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Sobre os autores
Sumário
1. Dieta cetogênica .................................................................................................................... 5
1.1. Introdução ......................................................................................................................... 5
1.2. Entendendo mais sobre a dieta ........................................................................................ 6
1.3. Possíveis riscos da dieta cetogênica para o nosso organismo ........................................ 24
1.4. Diferenças entre dieta cetogênica e dieta metabólica ................................................... 28
1.5. Elaborando uma dieta cetogênica .................................................................................. 33
1.6. Referências ...................................................................................................................... 37
2. Ciclo de carboidratos........................................................................................................... 41
2.1. Introdução ....................................................................................................................... 41
2.2. Maneiras de se realizar o ciclo de carboidratos .............................................................. 44
2.3. Ciclo de carboidratos na prática...................................................................................... 48
2.4. Referências ...................................................................................................................... 54
3. Carb backloading (cbl) ......................................................................................................... 57
3.1. Introdução ....................................................................................................................... 57
3.2. Cbl na prática................................................................................................................... 60
3.3. Referências ...................................................................................................................... 61
4. Dieta low carb ..................................................................................................................... 64
4.1. Mecanismos glicose-insulina ........................................................................................... 66
4.2. Resistencia a insulina: causas e consequências .............................................................. 68
4.3. O que causa resistência à insulina................................................................................... 72
4.4. Quantidade e qualidade dos carboidratos ...................................................................... 73
4.5. Índice glicêmico e carga glicêmica .................................................................................. 74
4.6. Aplicabilidade da dieta low carb ..................................................................................... 76
4.7. Em quem a low carb parece funcionar?.......................................................................... 79
4.8. Low carb, comportamento e adesão .............................................................................. 82
4.9. Em quem a low carb pode não funcionar? ..................................................................... 84
4.10. Mitos da dieta low carb............................................................................................... 86
4.11. Referências .................................................................................................................. 92
5. Jejum intermitente .............................................................................................................. 94
5.1. Mecanismos do jejum intermitente ................................................................................ 94
5.2. Estudos jejum intermitente x restrição calórica contínua .............................................. 95
5.3. Jejum e longevidade ........................................................................................................ 98
5.4. Jejum e insulina e jejum metabólico ............................................................................... 99
5.5. Segurança do jejum intermitente ................................................................................. 100
5.6. Jejum e crononutrição................................................................................................... 101
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1. Dieta cetogênica
1.1. Introdução
Dentre as dietas que ganharam mais popularidade nos últimos anos com
certeza a dieta cetogênica se destaca. Ela é muito divulgada por influenciadores
digitais e até mesmo por alguns profissionais da área da saúde como sendo a
melhor estratégia dietética quando o objetivo é perda de peso.
Os defensores assíduos de tal estratégia usam como argumento principal a
questão da insulina. Pelo fato da dieta cetogênica ser uma dieta com praticamente
nada de carboidratos, ela causaria uma maior queda nos níveis de insulina e por
conta disso promoveria uma maior perda de peso e uma redução da inflamação no
organismo, já que, segundo seus defensores, a insulina seria o hormônio
responsável pelo ganho de gordura e inflamação no nosso corpo.
Como sabemos, a insulina na verdade não é essa vilã que os extremistas
low carb gostam de afirmar que é, sendo assim, justificar que a dieta cetogênica
seria uma dieta superior para perda de peso por conta de uma maior queda nos
níveis de insulina acaba não tendo bom embasamento científico. Além disso, não
podemos nem afirmar que a dieta cetogênica realmente é a melhor estratégia para
melhora da sensibilidade a insulina, já que, a depender da composição das
gorduras presentes na dieta, tal estratégia pode até piorar o perfil glicêmico e
inflamatório, já que as gorduras saturadas, que muitas vezes são consumidas em
excesso na dieta cetogênica, acabam aumentando inflamação e piorando a
sensibilidade a insulina.
Ainda, a literatura já nos mostra que qualquer dieta com restrição calórica,
seja ela baixa em carboidratos ou em gorduras, já promove uma melhora na
sensibilidade a insulina. Sendo assim, apesar da dieta cetogênica ser uma
estratégia válida quando pensando em perda de peso e melhora do perfil
glicêmico, com certeza ela não é a única e nem necessariamente a melhor
estratégia para tais situações, sendo na verdade apenas mais uma das várias opções
que o nutricionista tem para usar no dia a dia do consultório com seus pacientes.
Apesar de ter ficado mais conhecida pela população em geral nos últimos
anos por conta da grande divulgação nas redes sociais, a dieta cetogênica é uma
dieta bem antiga, com muitos estudos publicados a seu respeito e com uma boa
aplicabilidade quando pensando em pacientes com epilepsia refretaria, ou seja,
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Para que esse acetil-CoA seja mais desviado para a síntese de corpos cetônicos
é necessário que tenha um “excesso” de acetil-CoA no organismo, causando uma
desproporção com os níveis de oxalacetato e desviando mais o acetil-CoA para
formação de corpo cetônicos. Contextualizando um pouco melhor, uma das vias
que o acetil-CoA pode tomar no nosso organismo é se unir com a molécula de
oxalacetato e através da enzima citrato sintase produzir a molécula citrato, que por
sua vez pode fazer rodar o ciclo de Krebs e auxiliar na produção energética
conforme mostra a figura abaixo.
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Além de toda essa divisão bem específica de macronutrientes que nós vimos
acima, para saber se o seu paciente está realmente fazendo a dieta cetogênica de
maneira correta e está em cetose nutricional, é preciso aferir a quantidade de
corpos cetônicos no seu organismo, sendo possível fazer essa medição através da
respiração, da urina e do sangue por aparelhos específicos.
A medição de cetose nutricional através da respiração ainda não é muito
comum no Brasil e não é a maneira mais precisa que nós temos para isso. Nesse
tipo de teste, o paciente respira em um aparelho específico que vai medir a
concentração de acetona expirada através da respiração. O corpo cetônico acetona,
devido ao seu pequeno tamanho, difunde-se nos espaços aéreos do pulmão e
aparece na respiração exalada, sendo possível medir a sua concentração com
determinados aparelhos.
Vem daí aquele famoso hálito cetônico que muitos experimentam ao fazer a
dieta cetogênica e que não costuma ser muito agradável. Como a acetona consegue
ser eliminada através da respiração ela acaba dando um odor diferente a mesma,
muitas pessoas inclusive começam a associar que estão entrando em cetose
nutricional quando o hálito tem mudanças significativas.
A nível de curiosidade, quando a quantidade de acetona está mais alta, ela
pode ser reduzida de maneira mais significativa para um álcool secundário
chamado de isopropanol, Este álcool secundário foi inclusive identificado no
sangue de pacientes com hiperglicemia e diabetes mal controlado. O isopropanol
não é distinguido do etanol no famoso teste do bafômetro realizado no mundo
inteiro. Sendo assim, existem alguns relatos de caso de falso-positivo no
bafômetro por conta da dieta cetogênica, mas é importante deixar claro que isso
não é algo comum de ocorrer. Abaixo a imagem da conversão da acetona em
isopropanol.
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Dessa forma, para fazer a dieta cetogênica de maneira correta, além de ser
necessário manter a dieta dentro de todas as recomendações específicas de
macronutrientes que vimos acima, é crucial também que o paciente faça aferições
frequentes da concentração de corpos cetônicos para saber se está mesmo em
cetose nutricional.
É muito comum que os pacientes que saem muito da dieta e não respeitam
corretamente a divisão de macronutrientes não atinjam valores significativos de
corpos cetônicos nos testes, servindo de alerta para o nutricionista de que a adesão
a dieta não está boa ou então que a sua prescrição não foi feita de maneira precisa.
O tempo necessário para atingir o estado de cetose nutricional vai variar muito
de acordo com cada paciente e com a estratégia específica de dieta cetogênica
escolhida. A literatura já nos mostra de maneira consistente que crianças possuem
uma maior capacidade para formação de corpos cetônicos e por conta disso entram
em cetose mais rapidamente.
Nos adultos o tempo para entrar em cetose acaba sendo mais variado, mas de
forma geral, a literatura nos mostra uma média de 2 até 10 dias para que a
concentração de corpos cetônicos aumente de maneira significativa em resposta a
dieta cetogênica menos agressiva (70-75% de gorduras). Sendo assim, se o
paciente já está há uma semana ou mais fazendo uma dieta cetogênica e ao aferir
os valores de corpos cetônicos no sangue ou na urina os números encontrados
foram muito baixos, isso é indicativo de que a adesão a dieta não está boa ou então
que a sua prescrição não foi feita de maneira precisa.
Existem algumas estratégias que podem ajudar a acelerar a entrada no estado
de cetose nutricional, sendo o jejum e a utilização de triglicerídeos de cadeia
média as duas mais eficazes com base nos artigos científicos.
Falando primeiro com relação ao jejum, sempre que permanecemos um
período maior em jejum o nosso organismo aumenta a produção de corpos
cetônicos já que estes servem de substrato energético alternativo para tecidos
extra-hepáticos, como por exemplo para a musculatura esquelética e para o
sistema nervoso central. Ou seja, o aumento da produção de corpos cetônicos
durante o período de jejum é algo fisiológico que tem como objetivo fornecer
energia para o nosso corpo. Alguns estudos em humanos, principalmente feitos
em crianças, mostram que períodos mais prolongados em jejum resultam em
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Conforme fica claro pela figura acima, o grupo que consumiu mais
triglicerídeos de cadeia média teve uma produção muito mais significativa de
corpos cetônicos quando comparado ao grupo que consumiu mais triglicerídeos
de cadeia longa, chegando a valores de quase 3 mmol/L de beta-hidroxibutirato
seis dias após o início da dieta. Vale a pena citar que no estudo em questão ambos
os grupos tinham uma dieta a base 580 kcals, ou seja, uma restrição calórica bem
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severa, fato esse que pode ter contribuído para esse valor mais elevado de beta-
hidroxibutirato encontrado.
Resumindo, se você quiser acelerar a entrada no estado de cetose nutricional
no início da dieta pode ser interessante associar a dieta cetogênica com alguma
estratégia de jejum ou então incluir triglicerídeos de cadeia média na dieta.
Falando especificamente deste último, é importante ficar atento que o consumo de
triglicerídeos de cadeia média em quantidades mais elevadas pode causar
desconfortos gastrointestinais bastante significativos. Sendo assim, uma dica
importante é tentar não utilizar mais do que 20-30 gramas de triglicerídeos de
cadeia média de uma única vez, pois doses acima destas tendem a causar mais
desconfortos.
Apesar de termos visto desde o início que o principal objetivo a se fazer uma
dieta cetogênica é entrar no estado de cetose nutricional, uma pergunta que muitos
ainda fazem é se há algum tipo de benefício em entrar em estado de cetose, se essa
produção mais elevada de corpos cetônicos poderia auxiliar em algo para a saúde
ou até mesmo na composição corporal.
Nesse caso temos que dividir em partes. Quando falamos do uso clínico da
dieta cetogênica em pacientes com epilepsia refrataria, ter um aumento
significativo de corpos cetônicos pode ter um papel crucial, já que os artigos
associam alguns efeitos anticonvulsivantes da dieta cetogênica com uma ação
direta dos próprios corpos cetônicos, em especial o beta-hidroxibutirato.
Em contrapartida, quando estamos lidando com uso da dieta cetogênica no
consultório, pensando em efeitos na composição corporal e na performance, a
importância dos corpos cetônicos é menos evidente. Uma possível vantagem de
entrar no estado de cetose nutricional seria o fato dos corpos cetônicos poderem
exercer um efeito poupador de proteínas, contribuindo assim para a preservação
da massa muscular em dietas hipocalóricas.
A explicação por detrás desse efeito poupador de proteínas é relativamente
simples. Como os corpos cetônicos podem ser utilizados como substrato
energético pelo sistema nervoso central, um aumento na quantidade deles poderia
diminuir a necessidade do uso de aminoácidos para geração de glicose a partir do
processo de gliconeogênese e com isso reduzir o catabolismo proteico, exercendo
assim um efeito poupador de proteínas.
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afirmar que esse efeito é realmente significativo a ponto de promover uma redução
no consumo alimentar.
Os estudos em humanos com dieta cetogênica voltados para perda de peso
mostram que ela é uma estratégia eficaz para esse objetivo, porém, não é uma
estratégia superior quando comparada a uma dieta low fat com a mesma
quantidade calórica. O que a dieta cetogênica pode sim ocasionar é uma maior
perda de peso inicial por conta de uma redução mais significativa de água, já que
ela causa uma redução nos níveis de glicogênio e uma diminuição aguda de
insulina por conta da restrição de carboidrato.
Sendo assim, como o glicogênio está associado com moléculas de água e a
insulina é um hormônio que aumenta a retenção de sódio e de água, a perda de
peso (água) no início da dieta cetogênica tende a ser maior do que em uma dieta
low fat. Contudo, é importante citar que esse peso perdido a mais no início será
justamente por essa maior redução de água e não por uma maior perda de gordura.
Além disso, os estudos feitos a longo prazo mostram que essa perda de peso maior
no início da dieta não reflete em maior perda de peso de forma crônica, já que os
estudos com 6 meses ou mais de duração não observam maior perda de peso com
dietas restritas em carboidratos quando comparadas a dietas restritas em gorduras.
Entretanto, mesmo que não seja uma estratégia superior para perda de peso, a
dieta cetogênica é uma alternativa bastante válida para tal objetivo, principalmente
em pacientes com maior resistência a insulina. Apesar dos artigos serem mais
limitados e os resultados não serem unânimes, alguns dados científicos mostram
que pacientes com maior resistência a insulina podem, pelo menos de forma mais
aguda, ter uma melhor resposta metabólica quando submetidos a dietas com
menor consumo de carboidratos, como uma dieta low carb e a própria cetogênica.
Nesse sentido muitos profissionais têm dúvidas se a dieta cetogênica poderia
promover algum efeito benéfico adicional quando comparada a uma dieta low
carb comum. Porém, não temos respaldo científico para falar que a dieta
cetogênica seria superior nesse sentido e com base na literatura atual ambas são
igualmente eficazes.
Com base em tudo aquilo que foi exposto acima, fica claro de que a entrada
no estado de cetose nutricional e a dieta cetogênica em si não promovem efeitos
benéficos adicionais pensando em perda de peso, aumento de massa muscular,
performance esportiva e melhora da saúde.
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Vale citar também que a suplementação com corpos cetônicos exógenos, feita
geralmente com o sal ou éster de beta-hidroxibutirato, não possui boa
comprovação científica pensando em melhora da performance esportiva e
cognitiva e da composição corporal. Apesar de existirem alguns poucos estudos
mostrando melhora da performance esportiva e aumento da via do mTOR com tal
suplementação, é importante deixar claro que esses dados são muito limitados,
que as doses utilizadas nesses estudos são muito elevadas e que a forma de beta-
hidroxibutirato utilizada é em éster.
Contextualizando, no Brasil a suplementação com beta-hidroxibutirato é feita
na forma de sal de beta-hidroxibutirato e em sachês de 3 ou 6 gramas geralmente.
Já as doses utilizadas nos estudos científicos que mostram benefícios com a
suplementação desse corpo cetônico costumam ficar na casa de 10-30 gramas em
média e a suplementação geralmente é feita na forma de éster de beta-
hidroxibutirato, que é mais eficaz do que o sal desse corpo cetônico.
Com tudo isso dito, fica nítido que a comprovação científica da suplementação
de corpos cetônicos é ainda extremamente limitada, sendo necessário mais estudos
científicos bem controlados e mostrando efeitos positivos para justificar sua
prescrição.
No âmbito clínico, além da aplicabilidade da dieta cetogênica em pacientes
com epilepsia refratária, também é muito difundido o uso de tal estratégia em
pacientes com câncer e doenças neurodegenerativas, com algumas pessoas
inclusive utilizando a dieta cetogênica como tratamento principal contra o câncer.
Em primeiro lugar é importante entender de onde veio a ideia de que a dieta
cetogênica poderia auxiliar pacientes com câncer. Alguns profissionais da área da
saúde costumam divulgar que as células cancerígenas utilizariam apenas glicose
para geração de energia por conta do efeito Warburg que é altamente presente
nessas células.
Sendo assim, retirando os carboidratos (glicose) da dieta o câncer “morreria
de fome”, o que levaria a uma interrupção na sua multiplicação e a uma morte
celular, diminuindo o tumor e com o passar do tempo podendo ocasionar uma
remissão total.
Apesar da célula cancerígena realmente utilizar muita glicose pare geração de
energia e do efeito Warburg estar presente em tais células, os estudos científicos
já nos mostram que tais células também usam outros substratos energéticos para
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Outro fator que pode ocorrer na dieta cetogênica, ao menos no início, é uma
maior incidência de câimbras musculares. Isso se deve ao fato que ao começar
uma dieta cetogênica é esperado de que os níveis de insulina caiam de maneira
mais significativa de forma aguda. Como a insulina é um hormônio que aumenta
a retenção de sódio, uma queda mais significativa da mesma poderia reduzir os
níveis de sódio de forma mais expressiva, explicando o fato de algumas pessoas
relatarem câimbras no início da dieta.
Apesar de algumas profissionais recomendarem que os pacientes consumam
mais sódio ao realizarem a dieta cetogênica, cientificamente falando não temos
base para tal recomendação. Sendo assim, o aporte de sódio na dieta cetogênica
deve ser o mesmo de uma dieta tradicional. As câimbras, caso ocorram, tendem a
desaparecer depois de uns dias de dieta, não sendo algo que gere muita
preocupação.
Para finalizar sobre os possíveis riscos associados a dieta cetogênica, outro
fator mencionado é sobre os hormônios tireoidianos. Conforme já sabemos, a
conversão de T4 em T3 é realizada pelas enzimas deiodinases I, II e III. Os artigos
mostram que alguns micronutrientes são essenciais para o bom funcionamento de
tais enzimas e que o aporte calórico e o próprio consumo de carboidratos também
são extremamente importantes.
Dietas com maior restrição calórica e com consumo muito restrito de
carboidratos poderiam, ao menos em teoria, causar prejuízos com relação aos
hormônios tireoidianos. Por conta disso muitos indagam se a dieta cetogênica não
poderia impactar de forma mais significativa tais hormônios, com alguns
profissionais inclusive afirmando que a dieta cetogênica poderia levar a um
quadro de hipotireoidismo.
Apesar dos mecanismos existirem e os estudos em humanos mostrarem que a
restrição de calorias e carboidratos pode impactar a tireoide, geralmente causando
redução nos níveis de t3, t4 e aumento de TSH, os estudos feitos com dieta
cetogênica a longo prazo, principalmente em crianças com epilepsia refratária,
não são unânimes em relatar alterações significativas na função tireoidiana, com
alguns dados mostrando prejuízo e outros mostrando efeito nulo.
É importante citar que a maioria desses estudos são feitos a longo prazo,
geralmente acima de 6 meses de duração. Sendo assim, não é de se esperar que
um paciente que se submeta a um período mais curto de dieta cetogênica tenha
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Com tudo isso dito, fica claro que não podemos afirmar que a dieta cetogênica,
principalmente quando feita por um período mais curto de tempo (<6 meses), irá
causar qualquer tipo de alteração significativa nos hormônios tireoidianos. Porém,
temos que ficar atentos e monitorar os exames tireoidianos de pacientes que se
submetem a dieta cetogênica por um período mais prolongado, principalmente se
a dieta estiver com restrição calórica.
assim com que muitas pessoas confundam esses dois tipos de dieta, achando que
elas possuem o mesmo objetivo e forma de realização. Na verdade, conforme
vamos ver a seguir, apesar de algumas leves semelhanças, dieta cetogênica e dieta
metabólica não tem praticamente nada a ver uma com a outra quando paramos
para analisar de maneira mais minuciosa.
Na dieta metabólica a divisão de macronutrientes se assemelha com a dieta
cetogênica, sendo majoritariamente uma dieta a base de gorduras e com um
consumo de carboidratos bem restrito. Na dieta metabólica é recomendado que
durante a semana o paciente mantenha um consumo de gorduras na faixa de 40-
60% do valor energético total, proteínas entre 40-50% do valor energético total e
carboidratos na faixa de 30-50 gramas por dia.
Analisando assim até parece com a divisão de macronutrientes da dieta
cetogênica, haja visto que a restrição de carboidratos é bem severa e o consumo
de gorduras é bem maior do que o habitual em dietas mais tradicionais. Porém,
fazendo uma análise mais minuciosa fica clara algumas diferenças bem
significativas.
Como vimos anteriormente, a dieta cetogênica é uma dieta hiperproteica de
forma geral, com um consumo de proteínas entre 20-30% do valor energético total
ou então na faixa de 1.8-2 g/kg em média. Já na dieta metabólica esse consumo
proteico é relativamente maior, com a contribuição de proteínas podendo chegar
a 50% do valor energético total. Colocando em números, um paciente de 90 quilos
com uma dieta de 3000 kcals poderia consumir até 1500 kcals por dia oriundas
das proteínas, dando um total de 375 gramas de proteína por dia, equivalendo a
4.16 g/kg, ou seja, um aporte proteico muito mais elevado do que o recomendado
na dieta cetogênica.
Conforme mostrado, um excesso de proteínas na dieta cetogênica pode vir a
prejudicar a entrada no estado de cetose nutricional, principalmente quando causar
uma desproporção muito grande com o consumo de gorduras. Sendo assim, o
consumo proteico já é uma diferença bastante significativa entre a dieta cetogênica
e a dieta metabólica.
Outro ponto que temos que falar é com relação as gorduras. Na dieta
metabólica o consumo de gorduras fica na casa de 40-60% do valor energético
total, sendo classificada como uma dieta alta em gorduras. Já na dieta cetogênica
essa ingestão deve ser bem maior, com um consumo mínimo de gorduras ficando
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geralmente na casa de 70% do valor energético total e com algumas versões mais
severas da dieta chegando a ter 80-90% do valor energético total oriundo de
gorduras.
Sendo assim, apesar da dieta metabólica ser uma dieta com um consumo mais
alto de gorduras quando comparada a uma dieta tradicional, esse consumo é ainda
relativamente bem inferior do que aquele feito numa dieta cetogênica. Colocando
em número novamente, em uma dieta com 3000 kcals o consumo de gorduras na
dieta metabólica pode ser de 1200 kcals por dia, 40% do valor energético total.
Na dieta cetogênica o recomendado seria um consumo de pelo menos 2100 kcals
oriundos de gorduras, representando 70% do valor energético total. Novamente
vemos que, ao analisar de maneira mais minuciosa, as diferenças nas
recomendações de macronutrientes entre a dieta cetogênica e a dieta metabólica
são bastante significativas.
Para contribuir para uma diferença ainda maior entre as duas dietas, apesar do
consumo de carboidratos na dieta metabólica ser restrito a uma casa de 30-50
gramas por dia durante a semana, valor praticamente idêntico aquele proposto pela
dieta cetogênica, aos finais de semana a ingestão de carboidratos na dieta
metabólica é muito mais elevada, podendo representar até 60% do valor
energético total.
Explicando um pouco melhor, Mauro di Pasquile recomenda que nos
primeiros 12 dias de dieta metabólica o paciente mantenha a proporção de
gorduras entre 40-60% do valor energético total, proteínas entre 40-50% do valor
energético total e carboidratos na faixa de 30-50 gramas por dia de maneira
constante. Porém, após esses 12 dias iniciais o consumo de carboidrato na dieta
metabólica aos finais de semana pode chegar até 60% do valor energético da dieta,
configurando uma espécie de recarga de carboidratos ao final de semana durante
um período mínimo de 12 horas e máximo de 48 horas. A figura abaixo relata
como seria essa divisão de macronutrientes na dieta metabólica após os 12 dias
iniciais.
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a dieta metabólica que não foram ditas aqui por não terem relevância nessa questão
de comparação com a dieta cetogênica. Para aqueles que querem conhecer de
maneira mais aprofundada as ideias do doutor Mauro di Pasquele ao elaborar a
dieta metabólica vale a pena fazer a leitura dos seus livros dieta metabólica e
solução anabólica, onde ele fala de maneira bem minuciosa sobre tais estratégias.
Levem em consideração que os livros foram feitos pelo autor da dieta, então é
preciso um ótimo senso crítico para analisar melhor o que realmente tem
comprovação e embasamento científico e o que não tem.
cetogênica, para finalizar esse capítulo vamos dar um exemplo prático de como
seria a elaboração da dieta cetogênica em uma situação hipotética.
Vamos usar como exemplo um paciente de 80 kg fazendo uma dieta
cetogênica de 2200 kcals com objetivo de perder gordura, ou seja, uma dieta com
restrição calórica.
Iniciando com a parte de cálculos, resolvemos utilizar para esse paciente uma
proporção de 70% de gorduras, 26% de proteínas (1.8 g/kg) e 4% de carboidratos.
Observem nas tabelas abaixo como ficaria tal divisão, considerando 4 refeições
iguais contendo em média 42 gramas de gordura, 36 gramas de proteína e 5 gramas
de carboidrato.
Dieta de 2200 Gorduras Proteínas Carboidratos
kcal
% 70% 26% 4%
podem ser incluídas no cardápio para diversificar mais a dieta e com isso aumentar
ainda mais a adesão.
Vale a pena citar alguns pontos importantes. Apesar de ter sido mencionado
anteriormente que a base de gorduras da dieta cetogênica precisa ser de gorduras
poli e monoinsaturadas, isso não significa que o paciente não poderá consumir
gordura saturada na dieta.
No exemplo acima fica claro como a ingestão de gorduras na dieta cetogênica
é proporcionalmente muito mais alta que a de carboidratos e proteínas. Dessa
maneira, na dieta cetogênica costumamos ter que utilizar “gorduras de adição”,
que nada mais são do que alimentos compostos quase que exclusivamente a base
de gordura para poder manter a dieta dentro das kcals e da divisão de
macronutrientes proposta.
Na dieta elucidada acima as gorduras de adição utilizadas foram o azeite de
oliva e o óleo de canola, duas excelentes fontes de gorduras mono e
poliinsaturadas, com ótimos efeitos para o perfil lipídico e para a saúde de uma
maneira geral. Essas gorduras podem ser adicionadas para temperar os vegetais,
para fazer algum molho ou até mesmo para o preparo dos alimentos em si. As
oleaginosas também são bons exemplos de alimentos constituídos
majoritariamente por gorduras que podem ser utilizados como “gordura de
adição”, apesar destas possuírem mais carboidratos e gorduras quando
comparadas aos óleos vegetais. O que vale aqui é o profissional ter essa noção de
que ao elaborar a dieta cetogênica ele geralmente precisará utilizar alimentos
compostos basicamente por gordura para conseguir adequar os macronutrientes e
as kcals.
Na dieta acima temos a presença também de dois alimentos que não são muito
saudáveis de uma forma geral, o bacon, principalmente pelo fato de ser um
embutido e por conter uma maior quantidade de gordura saturada, e a picanha, que
apesar de não entrar na classe dos embutidos também é constituída
majoritariamente por gordura saturada, e como vimos antes, a gordura saturada
não é uma gordura considerada saudável.
Contudo, ao analisarmos a dieta como um todo fica bem claro que a maior
parte da gordura presente nela é oriunda de gorduras poli e monoinsaturadas, e é
isso que importa. Obviamente que não é interessante que o paciente coma bacon
todos os dias, porém, temos que nos lembrar que o principal fator para que uma
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dieta tenha sucesso é justamente o fato do paciente conseguir ter uma adesão a
ela. Sendo assim, se deixarmos o paciente fazer uma dieta cetogênica apenas a
base de peito de frango, azeite de oliva, abacate e vegetais todos os dias,
dificilmente ele conseguirá ficar 2-3 meses nessa dieta.
Sendo assim, o que importa aqui é sempre o bom senso. Você pode liberar
alimentos não tão saudáveis como bacon, torresmo, picanha etc., desde que esse
consumo seja feito de forma moderada, com o intuito de tornar a adesão maior e
que a base da dieta seja a partir de alimentos saudáveis.
Um dos principais empecilhos da prescrição da dieta cetogênica no consultório
é justamente a limitação de alimentos que ela possui por conta da restrição muito
severa de carboidratos. São poucos os pacientes que realmente vão se adaptar com
esse estilo de dieta e conseguir manter por um período maior, de pelo menos 2-3
meses. Para que isso ocorra você precisa tornar a dieta o mais atrativa possível.
Atualmente existem vários sites com receitas cetogênicas doces e salgadas que
você pode incluir na dieta do seu paciente para que ele possa variar os alimentos
e preparos e não enjoe tão fácil assim da dieta.
Outra dica muito importante pensando em aumentar a adesão do paciente é ir
fazendo reduções gradativas no aporte de carboidrato para que o paciente vá se
acostumando aos poucos com esse estilo de dieta. Com certeza se você prescrever
de um dia para o outro a dieta cetogênica para um paciente acostumado há um
bom tempo a consumir 50-60% do valor energético total da dieta a partir de
carboidratos ele não conseguirá manter a dieta por conta dos colaterais
relacionados a retirada abrupta do carboidrato e por conta da mudança no estilo
alimentar de forma muito radical.
A dieta cetogênica tem mais aplicabilidade para aqueles pacientes que já estão
acostumados a fazer uma dieta low carb e que gostariam de tentar algo diferente
para ver como o organismo vai reagir e como uma forma de motivação para
continuar na dieta, haja visto que alguns pacientes acabam reduzindo a adesão a
dieta quando permanecem por muito tempo com a mesma base alimentar,
relatando muitas vezes que gostariam de tentar algo novo para diversificar a dieta.
Nesses casos prescrever a dieta cetogênica pode ser bastante interessante.
Contudo, se o seu paciente não se encaixa nesse perfil, não há necessidade
alguma de “forçá-lo” a fazer uma dieta cetogênica, pois conforme vimos acima,
apesar de ela ser uma estratégia válida e eficaz para perda de peso e melhora de
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alguns quadros metabólicos, ela não é superior a uma dieta low carb tradicional
ou a uma dieta low fat quando o aporte calórico é semelhante, ela é apenas mais
uma estratégia que o nutricionista pode utilizar com os seus pacientes quando
achar válido.
1.6. Referências
1. Avogaro A., Crepaldi C., Miola M., Maran A., Pengo V., Tiengo A., del Prato S.
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12. Evans M., Cogan K.E., Egan B. Metabolism of Ketone Bodies During Exercise
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2. Ciclo de carboidratos
2.1. Introdução
Uma estratégia dietética que vem ganhando cada vez mais adeptos no âmbito
esportivo é o famoso ciclo de carboidratos. Apesar dos estudos científicos
relacionados a esse tipo de dieta serem bastante escassos, falando de maneira
mecanicista o ciclo de carboidratos se apresenta como uma estratégia dietética
interessante em certas ocasiões, principalmente em dietas hipocalóricas.
Como o próprio nome já indica, ciclo de carboidratos é uma estratégia que
oscila a quantidade de carboidrato na dieta, podendo oscilar ou não o aporte
calórico total. Existem duas maneiras mais clássicas de realizar o ciclo de
carboidratos, a primeira é oscilando a quantidade de carboidratos durante a
semana, e a segunda é fazendo oscilação no carboidrato entre as semanas, ambas
possuem vantagens e desvantagens como veremos a seguir.
Um ponto importante de deixar claro quando falamos sobre estratégias que
ciclam carboidratos é que, diferentemente do que ocorria na dieta cetogênica onde
nós tínhamos várias recomendações específicas com relação a ingestão de
macronutrientes e outras questões que eram cruciais para determinar se você
estava fazendo a dieta cetogênica de maneira correta ou não, com o ciclo de
carboidratos tais especificidades não existem.
Conforme mencionamos anteriormente, os dados científicos sobre estratégias
que ciclam carboidratos são extremamente limitados e os poucos existentes focam
muito mais numa oscilação de calorias em si do que uma oscilação apenas de
carboidratos. Um bom exemplo disso é o clássico estudo MATADOR publicado
por Byrne et al. (2018). Nesse estudo cinquenta e um participantes com obesidade
foram submetidos a dezesseis semanas de uma dieta com restrição calórica feita
de duas maneiras distintas, uma restrição calórica contínua e uma restrição
calórica intermitente.
Na restrição calórica intermitente os participantes alternavam entre duas
semanas de dieta com restrição calórica e duas semanas em dieta normocalórica,
totalizando dezesseis semanas em restrição calórica e quatorze semanas com dieta
normocalórica, sendo então trinta semanas no total. Já o grupo de restrição
calórica contínua permaneceu dezesseis semanas consecutivas em uma dieta
hipocalórica.
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fome, o gasto energético reduz mais, o desempenho no treino cai de maneira mais
relevante e a chance de perder massa muscular, considerando um paciente com
um percentual de gordura baixo, é maior também.
Nesses casos, oscilar dias fazendo essa dieta com maior restrição com dias
com maior aporte de carboidratos, sempre mantendo o déficit calórico da dieta,
poderia trazer benefícios na performance, na preservação de volume muscular, na
manutenção da fome e no aumento do gasto energético.
É importante lembrar que como esse paciente já vem de uma dieta com
restrição calórica há um tempo e a sua gordura vem diminuindo de maneira
gradativa, a sua sensibilidade a insulina estará muito maior, fazendo com que o
organismo responda muito melhor a esses dias de recarga de carboidratos, não
gerando aquele aumento de retenção clássico visto muitas vezes quando o
paciente faz um consumo maior de carboidratos. Esse também é um dos motivos
pelos quais a maior aplicabilidade dessa estratégia é em dietas com restrição
calórica.
Falando de maneira prática, você iniciaria a dieta de restrição calórica com
seu paciente de uma forma tradicional, com todos os dias possuindo a mesma
ingestão de carboidratos e a partir do momento que essa dieta começasse a ficar
muito restrita, com o paciente relatando muitos efeitos adversos relacionados a
dieta (fome, cansaço, fadiga precoce, dentre outros) você implementaria a
ciclagem de carboidratos para tentar atenuar tais efeitos.
Pensando em uma dieta hipercalórica com objetivo de ganho de massa
muscular o ciclo de carboidratos também pode ser utilizado, porém o efeito tende
a ser menos relevante. A vantagem de ciclar carboidratos, e nesse caso
principalmente calorias também, em uma dieta hipercalórica seria tentar aumentar
a sensibilidade a insulina do paciente e dessa forma diminuir o ganho de gordura
em dietas com superávit calórico.
Contextualizando um pouco melhor, sempre que fazemos uma dieta
hipercalórica a nossa sensibilidade a insulina tende a ir reduzindo com o passar
do tempo. Quanto maior o tempo de superávit, menor vai ficando a sensibilidade
a insulina. A redução da sensibilidade a insulina em resposta a uma dieta
hipercalórica é uma das causadoras do aumento de gordura. É importante ressaltar
que a insulina isoladamente não vai fazer você ganhar gordura, contudo, uma pior
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o doutor Mauro Di Pasquale. Mesmo não havendo nenhuma regra com relação ao
ciclo de carboidratos, as estratégias mais utilizadas são a ciclagem durante a
semana e a ciclagem entre as semanas.
Falando primeiramente sobre o ciclo de carboidratos durante a semana, como
o próprio nome já indica, nesse modelo a variação de carboidrato vai ocorrer
durante a semana, geralmente com dias de carboidrato baixo, carboidrato médio
e carboidrato alto. Para aqueles que praticam musculação, o mais comum é usar
os dias de carboidrato mais alto nos dias de treino de musculaturas maiores ou
grupos musculares que o paciente quer dar um enfoque maior.
Na divisão mais clássica são feitos dois dias de carboidrato alto, dois dias de
carboidrato médio e três dias de carboidrato baixo. Quando a divisão é feita de
acordo com o tamanho do grupamento muscular os dias de carboidrato alto são
utilizados nos dias de treino de pernas e dorsal, os dias de carboidrato médio nos
dias de treino de peitoral e ombro e os dias de carboidrato baixo nos dias de treino
de braços e dias sem treino.
Contudo, isso não é uma regra. A proporção de dias de carboidrato baixo,
médio e alto pode variar de acordo com cada paciente e os dias a se realizar o
consumo alto, médio ou baixo desse macronutriente também podem ser feitos em
grupamentos musculares distintos aos mencionados acima. Dando um exemplo
bem comum, em atletas de fisiculturismo da categoria men’s physique, categoria
essa em que os atletas competem de shorts e o físico em formato de “V” é o mais
solicitado, nos dias de treino de perna costuma ser feito o dia de carboidrato mais
baixo, já que não é um grupamento muscular julgado pelos árbitros nessa
categoria. Já nos dias de treino de ombro costuma se fazer o dia de carboidrato
mais alto, tendo em vista que esse grupamento muscular é um dos mais
importantes para tais atletas.
Além disso, o horário de treino do atleta também acaba sendo crucial. Se o
atleta treina logo pela manhã cedo é interessante que ele faça os dias de
carboidrato alto no dia anterior ao treino daquele grupamento muscular que ele
quer dar um maior enfoque, já que dessa maneira ele vai realizar esse treino com
os estoques de glicogênio mais cheios e com isso terá uma melhor performance.
Para aqueles que treinam mais no período noturno o dia de carboidrato alto pode
ser feito no dia do treino do grupamento muscular com maior enfoque.
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são a adesão, já que nesse caso o paciente vai fazer a mesma dieta durante a
semana inteira, facilitando bastante o seu planejamento, e também a visualização
dos resultados.
Como no ciclo entre as semanas o paciente vai ficar uma semana inteira
comendo mais ou menos carboidrato, o resultado no espelho e até mesmo no peso
tendem a ser mais expressivos. Isso ajuda bastante o nutricionista a ter uma noção
melhor da resposta do seu paciente a essas oscilações e com isso poder ajustar de
maneira precisa a proporção desse ciclo. No ciclo durante a semana, como o
paciente fica apenas alguns dias na dieta, muitas vezes isso acaba não tendo um
impacto visual relevante, dificultando assim uma análise mais precisa do
nutricionista de como o paciente está reagindo com as diferentes dietas.
Novamente nessa situação o profissional pode ajustar a proporção da dieta
com o passar do tempo. Se você iniciou com uma proporção de uma semana de
carboidrato baixo para uma semana de carboidrato alto e agora começou a notar
que nas últimas semanas a massa muscular do paciente parece estar sendo mais
afetada você pode então aumentar a proporção de carboidrato alto, fazendo talvez
duas semanas de carboidrato alto para uma semana de carboidrato baixo e assim
por diante de acordo com a resposta que o paciente vai tendo a dieta.
A escolha entre ciclar o carboidrato durante ou entre as semanas precisa levar
em consideração principalmente a adesão do paciente a dieta. Se a restrição
calórica/de carboidratos está muito alta na dieta de carboidrato baixo, dificilmente
o paciente conseguirá se manter sete dias consecutivos nessa dieta com boa
adesão. Dessa forma, o melhor seria oscilar durante a semana, já que será muito
mais fácil fazer apenas 1-2 dias consecutivos dessa dieta mais restrita do que ficar
uma semana inteira com essa restrição mais severa.
Em contrapartida, se a restrição ainda está menor e o paciente não relata tanta
fome mesmo na dieta de carboidrato baixo, muitas vezes oscilar entre as semanas
será a melhor opção, já que isso tende a facilitar a adesão do paciente a dieta e
também a causar resultados visuais mais significativos, o que pode motivar mais
o paciente e também facilitar a análise da resposta as diferentes dietas por parte
do nutricionista, possibilitando assim ajustes mais precisos.
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calórico semanal será de 6060 kcal, dando uma média de 865 kcal por dia. Se
comparamos com o modelo anterior, onde eram oscilados apenas os
macronutrientes e a ingestão calórica se matinha constante em 2500 kcal/dia
(17.500 kcal/sem), o déficit calórico semanal será 2560 kcal maior, o equivalente
a um dia de dieta do modelo anterior.
Obviamente que para fazer uma estratégia mais agressiva como essa acima o
nutricionista tem que levar em consideração alguns fatores bem importantes,
como a fome do paciente, o seu desempenho no treino e o percentual de gordura.
Fazer uma restrição calórica mais severa em pacientes com percentual de gordura
muito baixo, principalmente se esses pacientes não forem usuários de esteroides
anabolizantes, aumenta muito o risco de perda de massa muscular. Sendo assim,
o exemplo acima poderia ser mais indicado para aqueles pacientes que ainda tem
uma quantidade mais considerável de gordura a ser perdida.
Uma outra opção também na hora de ciclar os carboidratos em dietas voltadas
para perda de peso é aumentar mais o consumo de carboidratos, inclusive
aumentando o aporte calórico da dieta, desde que seja mantido um déficit calórico
mínimo. Tal situação está ilustrada melhor através do exemplo abaixo:
carboidrato alto tinham 4 g/cho/kg, agora esses 4 g/kg estão presentes nos dias de
carboidrato baixo, com os dias de carboidrato alto chegando a 5g/cho/kg. Como
os outros macronutrientes não foram mexidos, consequentemente o aporte
calórico da dieta também aumentou, chegando a ter 2820 kcal nos dias de
carboidrato alto.
Mesmo com um aporte calórico mais alto, a dieta ainda permaneceu em déficit
calórico, já que o gasto energético total desse paciente é de 3000 kcal/dia. A
ingestão calórica semanal agora, considerando a mesma proporção de dois dias de
carboidrato alto, dois dias de carboidrato médio e três dias de carboidrato baixo,
ficou em 18.460 kcal. Fazendo uma comparação, na dieta ciclando carboidrato
sem oscilação de calorias a ingestão calórica semanal ficou em 17.500 kcal e na
dieta ciclando carboidrato com oscilação de calorias para baixo a ingestão calórica
semanal ficou em 14.940 kcal.
Ou seja, na situação acima o paciente vai consumir 960 kcal por semana a
mais do que no primeiro exemplo e 3520 kcal a mais do que no segundo exemplo.
Contudo, mesmo ingerindo mais kcal, o déficit calórico ainda permaneceu,
ficando com um déficit de 2540 kcal/sem, ou seja, uma média de 362 kcal/dia.
Esse exemplo acima, de oscilar os carboidratos oscilando também as kcal só
que dessa vez com um aumento no aporte calórico, pode ter uma maior
aplicabilidade para aqueles pacientes que querem perder gordura só que já estão
com um percentual de gordura muito baixo. Nesse caso, como o risco de perder
massa muscular é maior, o nutricionista pode trabalhar com um déficit calórico
um pouco menor. Obviamente que a perda de gordura será mais lenta pelo fato de
o déficit calórico ser menor, contudo, em algumas situações pode valer mais a
pena perder gordura mais lentamente se isso causar uma menor perda de massa
muscular também.
Para finalizar os exemplos práticos da ciclagem de carboidratos, vamos trazer
agora o ciclo de carboidratos no contexto de uma dieta hipercalórica. Como
vimos, a aplicabilidade de ciclagem de carboidratos em dietas com superávit
calórico é bem menor, porém, em algumas situações pensando na questão da
sensibilidade a insulina, oscilar carboidratos e calorias pode sim trazer algum
benefício para o nosso paciente.
Continuando com o exemplo do paciente de 80 kgs, vamos considerar agora
que o seu objetivo é hipertrofia e que você prescreveu para ele a seguinte dieta
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abaixo levando em consideração que seu gasto energético total é em torno de 3000
kcal.
CARBOIDRATOS 7 g/kg – 560 gramas – 2240 kcal
PROTEÍNAS 2 g/kg – 160 gramas – 640 kcal
GORDURAS 0.86 g/kg - 69 gramas - 620 kcal
KCAL 3500 kcal
muscular se tornará mais lento, já que a ingestão calórica total será menor, porém,
ter um ganho de massa muscular mais lento pode compensar se o ganho de
gordura for significativamente menor também. O profissional pode e deve ir
alterando a proporção da dieta de acordo com a resposta do paciente. Se o
nutricionista observar que depois de um certo período com essa oscilação o ganho
de gordura realmente diminuiu, ele pode experimentar manter mais tempo a dieta
de maior aporte calórico/carboidrato. Ao contrário, se ele nota que o ganho de
gordura continua sendo relevante, ele pode aumentar a proporção de dias/semanas
da dieta de menor aporte calórico/carboidrato. Novamente, pela ausência de
estudos científicos com tal estratégia, não podemos afirmar a relevância clínica
dessas oscilações.
Levando em consideração todos os exemplos vistos acima, fica muito claro
que o ciclo de carboidratos é uma estratégia nutricional com bastante
aplicabilidade e com muitos métodos distintos de realização. Os métodos
mencionados acima são apenas alguns exemplos dentro das opções disponíveis.
Por não ser uma estratégia engessada, o nutricionista pode ciclar carboidratos da
maneira que achar melhor com o seu paciente, oscilando apenas macronutrientes
sem oscilar calorias, oscilando macronutrientes e aumentando calorias, oscilando
macronutrientes e reduzindo calorias, ajustando a proporção de dias de
carboidrato alto e baixo com o passar do tempo, enfim, as opções são inúmeras,
basta o profissional ter conhecimento técnico e capacidade para aplicá-las.
2.4. Referências
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3.1. Introdução
Carb backloading, popularmente chamada de CBL, é uma estratégia dietética
que ganhou muita atenção no meio da musculação. Essa dieta foi criada pelo
nutricionista John Kiefer e basicamente foi uma adaptação feita a uma outra
estratégia dietética chamada de carb nite. Pelo fato do seu criador ser conhecido
no meio fitness essa estratégia começou a ganhar muito popularidade entre
fisiculturistas e praticantes de musculação, principalmente depois que o famoso
fisiculturista Ben Pakulski começou também a difundi-la.
A CBL é uma estratégia nutricional vinculada diretamente ao treino, ou seja,
não tem como realizar a estratégia CBL de maneira correta sem praticar exercício
físico. Assim como ocorria na dieta metabólica, John Kiefer fez um livro sobre a
dieta CBL explicando todas as suas particularidades e vantagens para o
organismo.
Para aqueles que querem entender toda a lógica do John Kiefer ao elaborar a
CBL e também todas as nuances dessa estratégia a leitura do livro é válida, porém,
é muito importante saber filtrar as informações pois muitos dados são passados de
forma extrapolada, sem possuir uma boa comprovação científica.
Explicando de maneira mais direta, a estratégia CBL é basicamente uma dieta
onde o paciente fica durante o dia sem consumir nada de carboidrato, ele pode
ficar em jejum ou então consumir alimentos com um pouco de proteína e gordura,
e concentra praticamente todo o carboidrato nas refeições feitas após o
treinamento, por isso que para você fazer a CBL você precisa praticar exercícios
físicos.
O autor da dieta menciona inclusive que esse exercício deveria ser praticado
preferencialmente no final da tarde/começo da noite para que o consumo de
carboidratos durante o dia fosse evitado, concentrando todo o aporte de
carboidrato da dieta no período noturno, que seria justamente o período pós-
treino. Essa ideia de concentrar mais carboidratos no período noturno vem da dieta
carb nite.
Segundo John Kiefer, ao ficar durante o dia sem consumir carboidratos,
mantendo-se em jejum ou comendo apenas proteínas e gorduras, os níveis de
insulina do paciente ficaram baixos o dia inteiro e os níveis de GH ficariam
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3.3. Referências
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HADERBACHE, Abdelmalik; BAYEN, Sabine; MESSAADI, Nassir. Food
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A dieta pregava uma restrição severa de carboidratos em suas fases iniciais (de 20
a 50g), sendo voltada principalmente para gorduras e proteínas de origem animal. Começa
restringindo severamente as opções alimentares e depois reintroduzindo aos poucos
fontes como queijo e nozes. Após atingir o peso desejado, o cardiologista recomenda a
reintrodução de carboidratos com moderação, chegando em até 100g e podendo então
incluir leguminosas, tubérculos e grãos. Veremos mais para frente como tal estratégia
pode não ser interessante para diversos tipos de públicos, não necessariamente pela
restrição de carboidratos, mas também pelas escolhas alimentares impostas, além das
exclusões.
Tal estratégia era completamente oposta ao que era divulgado como melhor dieta
na época. A partir do estudo populacional de 7 países de Ancel Keys, as gorduras
passaram a ser vistas como as grandes responsáveis pelas doenças cardiovasculares. Tal
estudo foi divulgado na década de 70 influenciando nas décadas seguintes as diretrizes
alimentares.
este aumento foi principalmente na forma de alimentos ultra processados que ganharam
cada vez mais atenção pela vida corrida e por aumentarem a facilidade de consumo,
palatabilidade e por custos cada vez menores. Quando vemos o consumo de açúcar, os
índices parecem crescer até os anos 2000, entretanto há ali uma diminuição do
crescimento e até mesmo queda, embora não significativa a ponto de levar ao
emagrecimento. Isto também se deve a produção de alimentos zero com adoçantes ou
restritos em açúcares.
Considerando este último exemplo, é afirmado que uma dieta que baixa
carboidratos restringe então o ganho de gordura e ajude no emagrecimento, por diminuir
os níveis de insulina e, assim, evitar a captação de glicose e gordura para o tecido adiposo.
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Até aqui, parece claro que a insulina tem função mais lipogênica e de ganho de
peso do que realmente uma ação inofensiva no organismo, mas reparem que todos estes
caminhos para serem realizados, é necessário excesso calórico.
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E caso não tenha nenhuma insulina disponível? Este seria apenas o caso para
pacientes diabéticos tipo 1 não tratados. Ou seja, é fisiológico ter insulina disponível,
mesmo que baixa no organismo. Na realidade, valores mais baixos de insulina, entre 2 a
5 microUI/ml demonstram uma maior facilidade para emagrecer do que uma insulina
mais alta, entre 25 a 30 ou até mais. Este último exemplo é comum nos pacientes com
resistência a insulina, situação que veremos mais para a frente neste capítulo.
É preciso lembrar que podemos também secretar insulina por outros alimentos que
não os ricos em carboidratos. As proteínas, principalmente ricas no aminoácido leucina,
são insulinotrópicas, ou seja, sinalizam o pâncreas também para secretar insulina, mesmo
na ausência de carboidratos por estimular o Peptídeo similar a glucagon (GLP-1), o
mesmo alvo que medicações como Liraglutida e Semaglutida atuam. Gorduras também
aumentam a secreção de insulina, tanto por fornecer energia via ATP (adenosina tri
fosfato) para o pâncreas, quanto pela via GRP40, um canal pancreático que também
estimula liberação de cálcio na célula e produção de insulina.
Para insulina influenciar o GLUT-4, ela primeiro precisa entrar na célula através
do seu receptor, o receptor insulínico. Porém, os fatores inflamatórios citados
anteriormente pelo excesso de gordura atrapalham a função deste receptor, adicionando
fosfatos em resíduos de serina e assim, modificando sua ação. Ao ter ação modificada, o
receptor capta menos insulina e transloca menos GLUT-4 para a membrana, diminuindo
então a captação de glicose no músculo e no tecido adiposo.
Na vida real, o exemplo não acaba apenas em pequenos aumentos de insulina para
manter a mesma função, afinal há constantes exposições a alimentos calóricos e
hiperpalatáveis, menor movimentação diária e maior chance de ganho de gordura. Esta
gordura, principalmente visceral, além do maior trabalho pancreático constante, levam a
uma piora cíclica de sensibilidade a insulina, justamente porque há maior gordura, menor
função de receptores insulínicos, maior glicemia e, por fim, maior secreção de insulina
pelo pâncreas. Nisto, temos então o conceito de resistência a insulina, onde o hormônio
fica elevado mesmo em jejum, dada a dificuldade maior de manter a glicemia estável no
organismo.
que a insulina inibe a enzima Lipase Hormônio Sensível, que faz lipólise. No estado de
resistência à insulina, o efeito inibitório fica menor, havendo então maior quebra da
gordura.
Algo que deve ser elucidado é também o papel da insulina na saciedade. Este
hormônio age nos neurônios hipotalâmicos da via Pro-opiomelanocortina e CART, que
aumentam saciedade, além de inibir a via NPY/AgRP, que estimula fome. Ou seja, o
papel fisiológico da insulina é aumentar saciedade. Não apenas no hipotálamo, mas em
outras áreas do encéfalo, a insulina também age, influenciando na síntese de serotonina,
o controle hedônico (menor busca por prazer alimentar) e, assim, maior comportamento
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de controle alimentar. Há, obviamente, alterações nestes efeitos, dado que a resistência a
insulina também atua nas áreas do encéfalo, alterando então saciedade e controle quando
num ambiente altamente calórico.
Até aqui, vimos que não é a insulina e a secreção dela e sim a resistência à insulina.
Nestes casos, a dieta low carb pode ser bem aplicável. Ou seja, não é correto afirmar que
ingerir carboidratos e secretar insulina prejudica o emagrecimento, e sim que em
pacientes com resistência à insulina, elevar ainda mais este hormônio pode não ser a
estratégia mais viável, ao menos de maneira aguda (semanas a meses).
Para começar o raciocínio, é importante lembrar que a maioria dos doces possui
não apenas carboidrato, mas também gordura, sendo que, caloricamente, o total de
gorduras é geralmente semelhante ou maior do que o total de calorias do carboidrato ali
presente. Ainda assim, não podemos culpar doces ou carboidratos de maneira isolada pelo
aumento de resistência à insulina e obesidade na população. O cenário é mais complexo.
O consumo de doces e não apenas alimentos ricos em carboidratos, mas também gordura,
quando em excesso, leva ao ganho de gordura. Também há uma maior palatabilidade nos
alimentos industrializados e estes geralmente combinam carboidratos e gorduras em sua
composição, além de sódio a depender do tipo, aumentando não apenas as calorias, mas
também o consumo além dos mecanismos de fome e saciedade.
Uma dieta hipocalórica, mesmo com 70% dela na forma de carboidratos, sendo
principalmente refinados e simples, não irá favorecer resistência a insulina, já que o efeito
principal inicialmente será de diminuir a gordura corporal. Quanto menor a gordura,
principalmente visceral, menor a secreção de citocinas inflamatórias, maior a captação de
glicose pelo músculo e tecido adiposo, menor então a glicemia e secreção de insulina pelo
pâncreas. De maneira interessante, tal dieta já foi testada, com 1100 calorias e boa parte
carboidratos na forma de alimentos ricos em açúcar e o efeito final foi justamente a
melhora da sensibilidade a insulina pelo emagrecimento. Claro que não devemos utilizar
dietas assim na prática, considerando que para emagrecer devemos ofertar alimentos de
melhor qualidade em boa parte das calorias, proteínas suficientes visando manutenção da
massa muscular e fontes de micronutrientes.
Como muitas das questões que abordam a dieta low carb envolvem também o tipo
de carboidrato, vamos falar sobre tal tema a seguir.
moderada low carb enquanto uma low carb seja em torno de 25% das calorias. Também
podemos nos basear por quantidade, onde alguns autores consideram que 150g de
carboidrato ou menos possa ser considerada uma dieta low carb, enquanto outros autores
citam valores de, no máximo, 100g.
Por exemplo, uma mulher de 60kg consumindo uma dieta de 1600 calorias e 25%
de carboidrato, irá então ter 400 calorias (ou 100g) de carboidrato. Já um homem de 80
kg consumindo 2800 calorias e também 25% de carboidrato, irá ingerir 700 calorias
(175g) de carboidrato). Reparem que, no segundo exemplo, pelo total de calorias fica
claro que é uma dieta low carb quando usamos percentual, mas não quando usamos
gramagem. Isto se deve justamente porque há mais calorias na dieta. Já uma dieta com
poucas calorias, por exemplo, 1200 kcal e 140g de carboidrato pode até ser considerada
uma dieta moderadamente low carb, mas quando pensamos em calorias temos 560 kcal
ingeridas a partir do carboidrato, ou 46,6%, o que não é considerada low carb.
Uma solução para tal questão é se basear em gramas por quilo de peso corporal,
onde alguns autores sugerem que uma dieta low carb pode ser considerada igual ou menor
a 2g/kg/dia de carboidrato. Entretanto, tal conceito ainda é recente e pouco utilizado
mesmo nos estudos atuais, não havendo ampla concordância na literatura.
Neste caso, temos que ter bom senso para não considerar os efeitos de uma dieta
low carb quando há excesso de calorias e, consequentemente, mais carboidratos, mesmo
que percentualmente abaixo de 50% da ingestão energética. Quando pensamos
principalmente em desfechos clínicos, como emagrecimento, melhora de sensibilidade a
insulina, redução de triglicerídeos, precisamos primeiro de déficit calórico, o que não é
condizente com um excesso calórico e carboidratos abaixo de 40%.
consumo de 50g de carboidrato do alimento testado é comparado com eles 50g de açúcar
ou pão branco. Alimentos com baixo índice glicêmico tem um índice de 55 ou menos,
alimentos de médio índice glicêmico valores entre 56 a 69 e alimentos com alto índice
glicêmico, valores acima de 70.
Entretanto este conceito ajuda pouco. Alimentos podem ter um alto índice
glicêmico, mas pouco carboidrato, como por exemplo a melancia ou o melão, que tem
bastante volume e poucas calorias (e carboidratos) por gramagem. Nisto, temos então o
conceito de carga glicêmica (CG), incluindo agora tanto a gramagem de carboidratos
quanto o IG. O cálculo é bem simples. Multiplicamos o IG do alimento pelo total de
carboidratos em 100 gramas e o resultado dividimos por 100.
Um exemplo clássico que mostra como alguns alimentos podem ter alto IG e baixa
CG é a melancia. Ela possui um IG de 72 porém apenas 5g de carboidrato em 100g,
totalizando uma CG de apenas 5. CG abaixo de 11 são consideras baixa, de 11 até 19
moderadas e acima são consideradas altas.
Por mais que tais conceitos sejam interessantes, precisamos pensar primeiro como
foram os testes e qual a praticidade. Os estudos iniciais avaliando IG de Jenkins eram
com poucos participantes. O consumo dos alimentos era de maneira isolada o que não
representa a realidade do nosso dia a dia (em boa parte das refeições que fazemos
diariamente, consumimos alimentos combinados). Estar ou não em jejum também altera
nosso tempo de digestão. É bem diferente o tempo de passagem de uma banana com aveia
no trânsito gastrointestinal na primeira refeição do dia, após jejum noturno, ou duas horas
após almoçarmos um prato típico com arroz, feijão, vegetais e carnes ou ovos. A maior
discrepância pode ocorrer também por diferenças na sensibilidade a insulina. Vamos
pensar em dois cenários:
rapidamente este carboidrato e levar para o músculo e tecido adiposo. Já o homem B irá
levar mais tempo para captação dado que está resistente a ação da insulina. Ou seja, o
homem B terá uma maior resposta glicemia nas horas seguintes após o consumo.
Por fim, outros estudos encontram grandes variações entre os indivíduos com o
consumo dos mesmos alimentos seja na secreção de insulina ou de glicemia. Tais
variações foram também dependentes da composição da microbiota, onde testaram pão
de farinha branca ou integral e alguns participantes responderam com maior pico
glicêmico com a farinha integral do que com a farinha branca.
O uso da CG pode ser mais prático. Escolher alimentos fontes de carboidrato com
baixa carga glicêmica pode ajudar na saciedade pois ter uma baixa carga glicêmica inclui
menos carboidratos por porção, maior volume e menos calorias. Por mais que haja
grandes variações individuais, alimentos com menos CG como frutas baixas em
carboidratos (kiwi, melão, melancia, morango) ajudam no emagrecimento e no controle
glicêmico de pacientes diabéticos.
Concluindo, uma dieta low carb não é baseada em alimentos específicos ou em baixo
IG ou CG. Ainda assim, como há diminuição de carboidratos totais na dieta, escolher
alimentos com mais qualidade (ricos em vitaminas, fibras, fitoquímicos e minerais) é
extremamente prudente. Não significa excluir alimentos refinados ou de alto teor calórico
e sim preferir frutas, tubérculos, vegetais e leguminosas em maior quantidade.
ocorrer quando modulamos macronutrientes, tanto visando proteína para maior saciedade
quanto carboidratos e gorduras a depender do perfil.
Podemos ver diversos relatos de caso de pacientes com obesidade que restringiram
carboidratos e emagreceram na internet. Entretanto, relato de caso não é uma evidência
cientifica de alto nível. Podemos ter também relatos opostos, de pessoas que acabaram
ganhando peso por tentarem uma dieta low carb ou mesmo de quem conseguiu emagrecer
realizando dietas low fat. Vamos olhar para os estudos científicos e as diferenças entre
eles.
Antes de continuarmos o raciocínio, vamos olhar para estudos mais curtos, como
os conduzidos pelo pesquisador Kevin Hall em câmeras metabólicas. Estudos assim
entregam os alimentos para os pacientes e avaliam o gasto energético deles durante o
acompanhamento. É valido explicar que aqui os pesquisadores encontram também
emagrecimentos similares entre dietas low carb e low fat, porém com menores variações
nos resultados. Enquanto no DietFits os autores encontram resultados de 5 a 6 kg de perda
de peso, em estudos de menor prazo, como em 14 dias a algumas semanas, a perda de
peso pode ser semelhante ou até maior. Tal fato deixa claro que os resultados mais
crônicos são mais limitados pelo menor acompanhamento e adesão.
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Como toda semana temos estudos novos a favor da low carb ou da low fat, é
importante entender quais são os outros fatores de confusão, além do controle e tempo,
que medeiam os resultados finais. É comum encontrarmos a palavra ‘ad libitum’ em
diversos trabalhos com dieta Low carb, principalmente no modelo Atkins. Tal termo
significa ingestão energética a vontade, contanto que siga as premissas do tratamento
(neste caso, ingestão de carboidratos abaixo de 50g, por exemplo). Quando um grupo faz
uma ingestão energética a vontade e outro ingere as calorias seguindo exatamente um
protocolo, há ainda mais variáveis de confusão. O grupo com ingestão a vontade, ainda
mais na Atkins, acaba nos trabalhos ingerindo bem mais proteínas do que o outro grupo,
chegando até 30% da dieta. Já no grupo controle ou low fat, a ingestão proteica gira
próximo das recomendações nutricionais, sendo então 15%.
Vamos lembrar que pacientes assim captam menos glicose para o músculo e para
o tecido adiposo, estão com glicemia em jejum geralmente elevada e a glicemia pós
prandial (após consumo alimentar) fica ainda mais elevada e por mais tempo, comparando
com pacientes sensíveis à insulina. O que mais ajuda na melhora da resistência a insulina
não é, entretanto, a retirada de carboidratos e sim o emagrecimento, principalmente da
gordura visceral. Porém, pacientes assim podem melhorar os níveis de insulina
justamente pela restrição aguda de carboidratos. Tal diminuição do consumo evita uma
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glicose pós prandial tão elevada e maior secreção de insulina pelo pâncreas. Alguns
estudos encontram efeitos de melhora nos níveis de insulina e glicemia mesmo sem déficit
calórico, mas com dieta menor em carboidratos e rica em gorduras poli e mono
insaturadas, como oleaginosas, abacates e óleos vegetais não tropicais. Entretanto, o
déficit calórico é fundamental quando pensamos em resultados mais expressivos.
Por mais que saibamos que a mudança de peso não significa perda de gordura, não
podemos desconsiderar os efeitos positivos de uma maior redução de peso no paciente
com obesidade, ainda mais dando a impressão de maior efeito e gerando maior adesão.
Muitas vezes por aumentar diurese e diminuir inchaço, os pacientes podem relatar
maiores índices de satisfação com a dieta, considerando as expectativas iniciais. Na
restrição de gordura, tal efeito pode não acontecer de maneira tão significativa e, assim,
não atender as expectativas geradas pelo esforço de começar uma nova dieta e estilo de
vida.
Há também diversos relatos de letargia pós consumo de carboidrato o que faz total
sentido considerando que nestes pacientes há maior inflexibilidade metabólica, com
glicemia pós prandial elevada e maior secreção de insulina. O efeito de maior saciedade
pode acontecer também porque nestes pacientes a insulina tem resistência no hipotálamo
e, assim, menor efeito de inibição de fome e aumento de saciedade. Como muitas vezes
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os pacientes trocam carboidratos refinados, doces e massas por outras fontes, mais
integrais e de digestão mais lenta, também há maior saciedade na low carb. Tal efeito não
de saciedade não é porque carboidratos aumentam a fome e sim pelas trocas de alimentos
mais refinados por alimentos mais íntegros em suas estruturas, pelo aumento do consumo
de proteínas, diminuição de alimentos ultra processados e por a insulina não possuir,
nestes pacientes, um efeito sacietógeno tão significativo comparando com pacientes
sensíveis ao hormônio.
Podemos então considerar que os mesmos 300g de feijão gerarão mais saciedade
do que 30g de castanhas, mesmo tendo ambos cerca de 180 a 190 calorias. O volume é,
inclusive, uma das variáveis mais importantes quando visamos saciedade. Como nestes
casos os pacientes não possuem resistência à insulina significativa, ou até mesmo boa
sensibilidade, há maior efeito sacietógeno também dado pela secreção de insulina.
deixa de usar carboidratos como energia no treinamento. Ou seja, não conseguimos fugir
do balanço calórico neste caso.
Por fim, a restrição de carboidratos naqueles que possuem LDL-c elevado também
não é interessante, ainda mais se acompanhada de alto consumo de gordura de origem
animal ou óleos vegetais tropicais, como óleo de coco e de palma. Tanto o consumo de
gorduras saturadas quanto o consumo de carboidrato refinado podem aumentar os níveis
de LDL-c, que possui ligação direta com risco cardiovascular por formação de placas de
aterosclerose. Neste caso, o consumo de fibras ajuda não apenas a limitar a captação de
colesterol dietético quanto também na remoção de colesterol via sais biliares. Aumentar
o consumo de gorduras poliinsaturadas também é importante para melhorar o perfil
lipídico, aumentando os receptores de colesterol ligado a LDL no fígado, diminuindo
então a disponibilidade deles no plasma e, assim, restringindo a captação por células do
sistema imune como macrófagos. A captação de colesterol por macrófagos e oxidação
subsequente aumenta a formação de placas de ateroma. Sendo assim, uma dieta rica em
fibras, carboidratos integrais e gorduras poliinsaturadas é indicada. A dieta Atkins, além
das dietas cetogênicas ricas em gorduras saturadas são claramente responsáveis por
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aumentar LDL-c nos estudos e tal conduta é arriscada em pacientes com colesterol
elevado.
melancia e morango) além dos vegetais, que quando não são tubérculos, como tomate,
brócolis, couve, repolho, entre outros, não precisam ser contabilizados.
Dieta low carb é ideal para prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como
diabetes, Alzheimer, câncer, entre outras!
gordura, já que este nutriente é mais facilmente captado pelo tecido adiposo. Ou seja, não
conseguimos fugir do balanço calórico.
Uma dieta low carb é baseada em baixo índice glicêmico ou carga glicêmica!
Tal recomendação pode ser inadequada não apenas para a dieta low carb, como
para qualquer outra, a depender do controle alimentar e conhecimento do paciente. A
saciedade é variável conforme os alimentos ingeridos, o volume total deles, a
sensibilidade a insulina, o período sem se alimentar anterior a refeição e, além de
saciedade também temos outros fatores que controlam nossa ingestão alimentar, tanto
sociais quanto comportamentais. Logo, comer até se sentir saciado pode não ser a opção
mais interessante, embora a troca de carboidratos refinados por proteínas e de alimentos
ultra processados por alimentos in natura ajude na saciedade.
Exemplo 1:
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Exemplo 2:
Vamos ver os mesmos princípios acima aplicados para uma mulher de 70 kg.
Reparem que a quantidade calórica agora é bem menor, dado que o gasto calórico também
é. A proteína permanece elevada e os carboidratos também abaixo das referências. Desta
vez, o percentual do macronutriente foi parecido com o do exemplo 1, porém com menor
quantidade por gramagem. Logo, pensar apenas em percentual ou gramagem pode ser
inadequado a depender do peso e gasto do paciente.
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Exemplo 3
Por fim, um último exemplo agora para o mesmo homem de 90 kg, porém com as
ideias inadequadas que infelizmente hoje são divulgadas sobre a low carb. Reparem que
agora há uma quantidade menor de carboidratos (mesmo eu tendo colocado abobora),
menos carboidratos ricos em fibra e maior quantidade de gordura saturada (manteiga, óleo
de coco, picanha, bacon, linguiça). Os efeitos no emagrecimento serão inicialmente
similares ao do Exemplo 1, porém haverá maior síntese de LDL-c e menor efeito na
melhora de sensibilidade a insulina, considerando que algumas gorduras saturadas
influenciam negativamente nesta sensibilidade. Concluindo, não podemos pensar apenas
em macronutrientes, mas também em toda composição alimentar.
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4.11. Referências
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15- HALL, Kevin D. et al. Effect of a plant-based, low-fat diet versus an animal-based, ketogenic
diet on ad libitum energy intake. Nature Medicine, v. 27, n. 2, p. 344-353, 2021.
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5. Jejum intermitente
O jejum intermitente é uma estratégia que consiste em ficar diversas horas a dias
sem se alimentar, buscando priorizar o uso de gorduras como energia e potencializar o
emagrecimento. Também é dito que tal estratégia é excelente quando visamos
longevidade e diminuição de riscos para doenças crônicas não transmissíveis.
A estratégia vem ganhando bastante notoriedade desde o início dos anos 2000,
mas o grande boom foi em 2016, quando o japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o prêmio
Nobel em medicina por supostamente ter estudado o jejum intermitente e ter encontrado
que ele é melhor do que comer de uma maneira menos intervalada. O que na verdade foi
estudado pelo ganhador foi o mecanismo de autofagia no modelo de leveduras, sendo a
fala ‘o vencedor do prêmio Nobel defende o jejum’ uma grande falácia, além de figura
de autoridade que não deve ser usada como evidência científica.
Agora devemos lembrar do capítulo de low carb e das vias da insulina. Durante o
jejum intermitente, a insulina estará em valores menores, afinal há menos estímulo para
sua produção considerando que nada está sendo ingerido. Seu hormônio antagônico, o
glucagon, produzido pelas células alfa-pancreáticas atua na manutenção da glicemia,
sinalizando para o fígado realizar gliconeogênese. Porém, nós vimos na parte de
resistência à insulina que mais lipólise não significa maior emagrecimento. Para haver
emagrecimento, é preciso que haja também oxidação desta gordura, ou seja, que ela vire
energia no ciclo de Krebs.
macronutrientes e gasto semelhante, para avaliar se realmente o jejum tem efeito adicional
ou não.
Mais uma vez, antes de pensarmos se funciona ou não funciona, o raciocínio deve
ser também em quem funciona, como funciona e qual o efeito adicional. Pegando estudos
que controlam calorias e ingestão alimentar, os estudos que comparam jejum intermitente
com ingestão contínua de alimentos não encontram diferenças quando o déficit calórico
é igual nos indivíduos com sobrepeso e obesidade.
Nos estudos onde os pacientes fazem jejum mesmo sem buscarem restringir
calorias, mas recebendo apenas a instrução de ingerir calorias em uma pequena janela
alimentar do dia, é visto emagrecimento de maneira involuntária. Nos estudos com grupo
controle (sem jejum) e com jejum de 18 ou 20 horas, é encontrado que os dois últimos
protocolos levam ao emagrecimento mesmo sem os pacientes buscarem restrição
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calórica. Tais estudos são agudos e não significam que haverá o mesmo resultado crônico.
É importante entender que a longo prazo pode haver compensação e, assim, o paciente
conseguir ingerir mais calorias do que nas semanas iniciais do jejum. Lembrando que até
agora falamos de pacientes com sobrepeso e obesidade sem treinamento.
tempo restrito de janela alimentar. Embora seja possível a hipertrofia com jejum
intermitente (ela é possível até mesmo em déficit calórico), talvez haja um menor
potencial do que quando se distribui as proteínas ao longo do dia. Isto não significa que
o jejum precise ser descartado no paciente que busca hipertrofia e prefere jejum
intermitente, mas é prudente sugerir uma janela alimentar maior, de 10 a 12 horas, por
exemplo, por precaução, considerando a falta de estudos bons visando hipertrofia.
Primeiro que gorduras também elevam insulina, tanto por fornecer energia para
célula beta pancreática estimular canais de cálcio e saída de insulina, quanto diretamente
via receptor tipo 40 acoplado a proteína G (GPR 40). Segundo que estimular ou não
insulina não vai necessariamente significar maior emagrecimento. Mesmo níveis
pequenos e basais da insulina no sangue já são suficientes para captar a gordura ingerida
para o tecido adiposo, por exemplo, além da glicose para o músculo e tecido adiposo. E
tal ação é fisiológica. Ter mais insulina não significa ter mais captação, já que este
potencial de captar é dependente das calorias ali presentes, não dos níveis de insulina.
Seria inclusive perigoso não captar por ter insulina baixa ou zerada, como visto em
pacientes diabéticos tipo 1.
Outro erro comum é dizer que o jejum causa refluxo ou gastrite. Não causa. A
relação que há é que pacientes que sofrem com tais condições podem se beneficiar
fracionando melhor a alimentação. Há também relatos de melhora de refluxo e gastrite
em pacientes que realizam jejum intermitente, mas tal melhora é também por diminuição
de gordura e melhores escolhas alimentares, não um efeito diretamente ligado ao jejum
intermitente.
Sobre a relação de tempo em jejum e maiores riscos, tudo irá depender do estado
basal do paciente. Há relatos de caso documentados em estudos onde pacientes com
obesidade mórbida ficam cerca de um ano sem ingestão calórica fazendo a reintrodução
alimentar aos poucos após, considerando o despreparo inicial no trato gastrointestinal
para receber alimentos. Alguns estudos também testam pacientes com sobrepeso e
obesidade em protocolos de até 20 dias de jejum e apenas ingestão hídrica, esta sim
necessária diariamente. Obviamente, há emagrecimento nessas condições. Mas não há
necessariamente perda de massa muscular significativa naqueles que não treinam (público
estudado). Há inicialmente uma excreção de nitrogênio maior e parte deste vem das
proteínas musculares, porém após a geração de corpos cetônicos pelo jejum prolongado
há diminuição da perda muscular, a depender do tanto de gordura que o paciente tem
disponível. Entretanto, como incentivamos a prática de exercícios físicos no
emagrecimento também para ajudar na manutenção do peso (que será abordada mais para
frente), e que períodos tão prolongados em jejum podem limitar o ganho de força,
performance e até levar a perda de massa muscular naqueles com menos gordura, a
estratégia de dias sem se alimentar é, em boa parte das vezes, invalida.
Acima, uma imagem explicando um dos estudos com eTRF, onde houve efeito
benéfico na sensibilidade independente da perda de peso, mas dependente de consumir
mais calorias mais cedo.
Ainda assim, os dados não são unanimes. Muitos estudos também não encontram
grandes diferenças quando há um déficit significativo de calorias comparando grupos
com café da manhã ou com jantar mais calóricos. Os dados atuais demonstram que o
eTRF ou mesmo o jantar mais cedo podem beneficiar pacientes sem déficit calórico ou
em leve déficit calórico e com alto desejo por alimentos mais calóricos a noite ou também
com resistência à insulina.
beneficiar. Neste caso, o melhor seria ingerir alimentos um pouco antes, prevenindo que
o aumento de fome atue também na busca por alimentos mais calóricos e palatáveis.
Pacientes com gastrite e refluxo gastroesofágico podem ter mais malefícios do que
benefícios com a estratégia, dado que nestes pacientes fracionamos mais as refeições,
além de evitar alimentos ricos em cafeína, apimentados e consumo de líquido junto as
refeições.
Em pacientes com descontrole alimentar e que reagem mal aos estímulos de fome
e ambientes obesogênicos, utilizar o jejum também pode ser prejudicial, ainda mais se for
o jejum matutino. Na bulimia e nos pacientes que comem de maneira compulsiva, as
recomendações atuais são de se evitar o jejum prolongado, uma vez que pode haver maior
risco de descompensação alimentar conforme a maior fome.
Exemplo 1
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Neste exemplo, a paciente de 70kg relata que prefere jejum intermitente pois
trabalha a noite e não há opções saudáveis ou desejo de levar refeições. Neste caso, há
também influencia do timing visando o treinamento. Reparem como o carboidrato é bem
distribuído ao longo do dia visando síntese de glicogênio pré-treino e restauração pós
treino. Por mais que seja uma dieta de emagrecimento, a proteína também foi distribuída
ao longo do dia visando saciedade e controle glicêmico.
Exemplo 2
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5.10. Referências
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2- PATTERSON, Ruth E.; SEARS, Dorothy D. Metabolic effects of intermittent fasting. Annual
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7- YANG, Chao et al. Ten days of complete fasting affected subjective sensations but not
cognitive abilities in healthy adults. European Journal of Nutrition, p. 1-12, 2021.
8- CIENFUEGOS, Sofia et al. Effects of 4-and 6-h time-restricted feeding on weight and
cardiometabolic health: a randomized controlled trial in adults with obesity. Cell metabolism, v.
32, n. 3, p. 366-378. e3, 2020.
9- TINSLEY, Grant M. et al. Time-restricted feeding plus resistance training in active females: a
randomized trial. The American journal of clinical nutrition, v. 110, n. 3, p. 628-640, 2019.
10- MORO, Tatiana et al. Effects of eight weeks of time-restricted feeding (16/8) on basal
metabolism, maximal strength, body composition, inflammation, and cardiovascular risk factors
in resistance-trained males. Journal of translational medicine, v. 14, n. 1, p. 1-10, 2016.
11- YASUDA, Jun et al. Evenly distributed protein intake over 3 meals augments resistance
exercise–induced muscle hypertrophy in healthy young men. The Journal of nutrition, v. 150,
n. 7, p. 1845-1851, 2020.
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Outras definições vêm ganhando espaço, tanto de maneira popular quanto cientifica. Elas
incluem a redução de carne (meat reducionista), o consumo de peixes junto ao consumo
vegetariano (pescovegetariano) e até mesmo o polotarianismo, que inclui também o
consumo de aves, excluindo gado e suínos, por exemplo. Como os dados científicos são
mais robustos para dietas vegetarianas e veganas, é sobre elas que falaremos neste
capítulo.
A partir daqui, falaremos então dos macros e micronutrientes que devemos nos
atentar ao formularmos uma dieta vegana e vegetariana.
Algumas algas como espirulina e Chlorella possuem B12 em sua estrutura. Porém,
alguns estudos, principalmente com crianças, encontraram falta de B12 com o uso de
algas então é sim sugerida a suplementação profilática para veganos, embora não haja
uma concordância entre valores, podendo ir de 10mcg (absorção de 20%), até 1000 mcg
por dia (absorção de menos de 0,5%).
Entretanto, diferente vegano com b12, não precisamos suplementar ferro nos
pacientes vegetarianos. Para mulheres adultas até 50 anos, é recomendável a dose de
18mg por dia, enquanto para homens, 8mg. No entanto, pensando em vegetarianos e
veganos, é recomendável que, para atingir tal dose, multiplique as quantidades por 1,8x,
ficando 32,4 e 14,4 para mulheres e homens, respectivamente.
É ingerido tanto na forma de ácido alfa linolênico (ALA), como nas formas mais
ativas, sendo EPA e DHA, os ácidos eicosapentaenoicos e docosaexaenoicos. As
principais fontes de ômega 3, principalmente EPA e DHA são sabidamente os peixes de
água fria. No entanto, é também possível encontrar o ALA em alimentos como
oleaginosas e no óleo de linhaça.
Ainda assim, a conversão de ALA para EPA e DHA nos alimentos de origem
vegetal é menor. Portanto, é sugerido que a ingestão de ALA seja maior nos vegetarianos
e veganos, aumentando de 1,3 para 2,6g em homens, e 0,8 para 1,6g em mulheres.
Reparem que o leite possui uma menor absorção que o brócolis e a couve, por
exemplo. No entanto, por possuir mais cálcio por porção, a absorção estimada é muito
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Para veganos, além de vegetais verde escuros, alimentos fortificados com cálcio
como bebidas isoladas a base de soja podem ser interessantes para atingir as necessidades
diárias. Caso seja necessário suplementar, é recomendável a dose máxima de 500mg de
cálcio por refeição, considerando que a limitação é limitada acima desta dose.
As proteínas de origem animal, como peixes, ovos, lácteos e carne de gado e porco
possuem um perfil mais completo destes aminoácidos. Abaixo vejam que os alimentos
animais, como peixes, ovos, bifes, caseína, leite e whey tem uma quantidade maior de
leucina (um dos principais aminoácidos essenciais) e outros aminoácidos.
1- Baixo conteúdo de proteína sendo solucionado pela extração proteica industrial, como
por exemplo numa proteína isolada de batata.
Percebam pela conclusão da imagem abaixo que a indústria pode ser um grande
facilitador, inclusive adicionando vitamina B12 e cálcio em alguns suplementos. É
importante ter tais opções justamente para facilitar a adesão e prescrição dietética
daqueles que optam por uma dieta sem o consumo de alimentos de origem animal.
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Isto é por pura questão de acesso, afinal outros mamíferos não sabem ordenhar ou
ir ao mercado comprar lácteos. Entretanto, é bem claro que nos testes que entregam leite
de vaca para mamíferos domésticos e silvestres, há o consumo, mesmo sendo de outra
espécie.
Temos estudos tanto ligando o consumo de laticínios com maior risco para alguns
tipos de câncer, principalmente mama e próstata. Por outro lado, outros estudos ligam ao
menor risco para outros tipos de câncer, para diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Estes estudos são associativos, ou seja, não apontam que lácteos causam ou protegem
diretamente e sim que o consumo é ligado ao efeito. Porém, tal ligação pode ser por outros
fatores. Por exemplo, quem consome 4 porções de lácteos ao dia pode consumir
principalmente na forma de queijos gordos junto a outros alimentos como lanches e
massas. Por fim, o risco é de maneira relativa. Ou seja, se uma pesquisa aponta 30% de
aumento de risco ou diminuição, este risco é em cima do basal do paciente. Como
exemplo, se um paciente tem alto risco para câncer de próstata, como 1%, este risco pode
se elevar para 1,3%, e não 31%, dado que o aumento é relativo e não absoluto.
Esta, na verdade, é uma frase correta. Não existe alimento essencial na dieta.
Existem nutrientes essenciais que são os aminoácidos nutricionalmente essenciais, os
omegas 3 e 6, as vitaminas e minerais. Lembrando que o conceito usado para
essencialidade aqui é de sobrevivência. Porém, isso não significa que o consumo seja
deletério ou sem sentido. O alimento pode oferecer benefícios se bem indicado, se não
houver intolerância ou alergia a proteína do leite (caseína), se houver adesão e vontade
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do paciente de consumi-lo. Esta decisão é individual e muitas vezes motivada por motivos
além dos nutricionais.
O que é visto é que as carnes vermelhas podem aumentar o risco relativo para
câncer, porém há fatores de confusão graves como tipo de carne e quantidade de gordura
saturada, tipo de consumo (frita, grelhada, cozida, a vapor) e alimentos que são deixados
de lado quando os estudados optam por um maior consumo da carne vermelha. Estudos
mais recentes avaliaram se há aumento de risco em dietas com baixo ou alto consumo de
frutas e vegetais (menos que três porções ao dia ou mais que cinco). O que os autores
encontraram é que, quando há o consumo maior de frutas e vegetais, consumir até 500g
de carne vermelha por semana (valor máximo testado no estudo) não aumentou o risco
para 15 tipos de câncer. Já com carnes processadas, o consumo de frutas e vegetais
minimizou o risco relativo de 91 para 66% no total de mais de 170g por semana.
Como vimos anteriormente, seu corpo não lê apenas proteínas e sim aminoácidos.
Por mais que as proteínas vegetais tenham menor conteúdo de aminoácidos
nutricionalmente essenciais e até menor digestibilidade, ao ingerir proteínas suficientes
(ou, como segurança, 10% acima das referências de 1,6g/kg a 2,2g/kg, quando se trabalha
com veganos), haverá o mesmo potencial hipertrófico com proteínas vegetais ou animais.
Estratégias como blends proteicos também podem ajudar. Por fim, o carboidrato tem
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efeito poupador de proteínas, logo, uma dieta com mais carboidratos, comum em
pacientes veganos, terá papel positivo.
Esta também é uma confusão comum, embora muito falada por seguidores da
dieta vegetariana/vegana. A elevação dos fatores de risco irá depender dos alimentos
escolhidos. É muito diferente uma dieta vegana rica em frutas, leguminosas e vegetais ou
rica em alimentos ultra processados. Sair de uma dieta onívora e usar como padrão uma
vegana com ultra processados certamente eleva o risco. No entanto, sair de uma dieta
onívora saudável para uma dieta vegana saudável pode não diminuir ou elevar riscos de
maneira significativa, considerando aquilo que já fora explicado sobre risco relativo com
diversos tipos de carnes e lácteos. Quando há dieta é saudável, pelo padrão rico em fibras
e baixo em saturadas, são vistas reduções consideráveis no LDL-c, o que certamente é
útil para pacientes com dislipidemia.
Concluindo este capítulo e a resposta para esta pergunta, devemos lembrar que
outras dietas vistas como modelos de padrões saudáveis, como DASH e mediterrânea,
também incluem lácteos e carnes (porém priorizando brancas). A unanimidade nestes
padrões é justamente o consumo de frutas e vegetais, que devem estar presentes em
qualquer dieta.
Neste exemplo de dieta vegetariana (contém ovos e lácteos) para uma paciente de
70kg, a quantidade proteica está inadequada. Por mais que a RDA seja de 0,8g/kg dia,
aqui é uma paciente que treina e boa parte das proteínas vem de origem vegetal. Reparem
no exemplo abaixo como uma simples suplementação de proteína vegana pode ajudar a
corrigir:
Exemplo 2
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Exemplo 4
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O mais difícil mesmo é trabalhar com dietas mais baixas em calorias nos pacientes
veganos. A exclusão de ovos e lácteos pode divulgar o alcance de proteínas de maior
qualidade pensando em aminoácidos essenciais e digestibilidade.
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Agora temos uma dieta totalmente vegana para a mesma paciente de 70 kg. Além
de subir as calorias e carboidratos, usei tofu, bebida isolada de soja (popularmente
conhecido como leite de soja) e blend proteico de soja (escolhido apenas por estar
disponível no software, porém recomendo que haja maior diversidade justamente por
aspectos de sabor).
Mesmo com 60g de proteína isolada de soja, a ingestão proteica ainda ficou um
pouco abaixo de 1,6g/kg por dia. Uma solução seria deixar o déficit ainda menor do que
500 a 600 no exemplo atual, elevando carboidratos e leguminosas como grão de bico. É
importante mais uma vez a adesão, principalmente pelo excesso de proteína isolada de
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soja ou blends proteicos ali prescritos. Vale mais, a longo prazo, diminuir um pouco a
ingestão proteica e de blends, e minimizar o déficit calórico, caso o paciente assim prefira.
6.9. Referências
1- MELINA, Vesanto; CRAIG, Winston; LEVIN, Susan. Position of the Academy of Nutrition and
Dietetics: vegetarian diets. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 116, n. 12,
p. 1970-1980, 2016.
2- LUPTON, Joanne R. et al. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty
acids, cholesterol, protein, and amino acids. National Academy Press: Washington, DC, USA,
v. 5, p. 589-768, 2002.
3- SAUNDERS, Angela V.; DAVIS, Brenda C.; GARG, Manohar L. Omega‐3 polyunsaturated
fatty acids and vegetarian diets. Medical journal of Australia, v. 199, p. S22-S26, 2013.
5- PARK, Sung Keun et al. Association of serum ferritin and the development of metabolic
syndrome in middle-aged Korean men: a 5-year follow-up study. Diabetes Care, v. 35, n. 12, p.
2521-2526, 2012.
6- COLLINGS, Rachel et al. The absorption of iron from whole diets: a systematic review. The
American journal of clinical nutrition, v. 98, n. 1, p. 65-81, 2013.
7- MELINA, Vesanto; CRAIG, Winston; LEVIN, Susan. Position of the Academy of Nutrition and
Dietetics: vegetarian diets. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 116, n. 12,
p. 1970-1980, 2016.
8- WEAVER, Connie M.; PROULX, William R.; HEANEY, Robert. Choices for achieving adequate
dietary calcium with a vegetarian diet. The American journal of clinical nutrition, v. 70, n. 3, p.
543s-548s, 1999.
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9- ORNISH, Dean et al. Can lifestyle changes reverse coronary heart disease?: The Lifestyle
Heart Trial. The Lancet, v. 336, n. 8708, p. 129-133, 1990.
10- LI, Min et al. Fruit and vegetable intake and risk of type 2 diabetes mellitus: meta-analysis of
prospective cohort studies. BMJ open, v. 4, n. 11, p. e005497, 2014.
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tomadas. Dietas não engordam, mas seus efeitos não são eternos e devem ser vistos como
parte do dia a dia e não de maneira temporal.
Também ligado aos exercícios, está o gasto calórico por atividades do dia a dia
(NEAT- Termogênese por atividades não relacionadas ao exercício). Mesmo este gasto
parece reduzir, de maneira involuntária nos pacientes que emagreceram. Como o NEAT
pode variar entre 20 até mais de 50% do gasto calórico diário, é importante monitorar a
movimentação do dia a dia, visando aumentar quantidade de passos, por exemplo. Os
relógios que contam passos, embora errem feio na contagem de calorias, ajudam bastante
para o proposito de aumentar o NEAT e podem ser utilizados.
Vimos no capítulo de low carb x low fat um estudo que comparava dietas plant
based (ricas em carboidratos) com dieta cetogênica. O grupo plant based emagreceu de
uma maneira involuntária justamente por consumir muitos alimentos de baixa densidade
calórica, apesar do peso não ter caído tanto inicialmente (dado que cada grama de
glicogênio carrega consigo 2,5 a 3g de água). Tal saciedade pode ser atribuída pelo maior
consumo de fibras, mas também de alimentos menos densos em calorias por gramagem,
considerando que carboidratos possuem 4 kcal por grama e gorduras 9 kcal por grama.
Uma dieta com mais carboidratos portanto pode ajudar na manutenção do
emagrecimento. A dieta não precisa necessariamente ser high carb, mas valores entre 40
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a 60% são uteis quando o indivíduo já está com boa sensibilidade a insulina (menor
circunferência de cintura, glicemia em jejum abaixo de 100mg/dl, menores valores de
triglicerídeos séricos). Lembrando que a insulina é sacietógena e secretá-la quando há boa
sensibilidade é positivo para controle de apetite e hedônico.
Percebam que ela não inibe o emagrecimento. Se este paciente tem um fator de
atividade física de 1,5, gastando 2550 kcal e ele ingerir valores abaixo disto, continuará
a emagrecer. Alguns estudos com pacientes com obesidade indo de 105 kg para média de
90kg encontram uma termogênese adaptativa de 90 kcal. Ou seja, nada significativo a
ponto de impedir o emagrecimento. De maneira ainda mais interessante, ao retirar estes
pacientes do déficit calórico e colocá-los numa dieta de manutenção de peso por 4
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semanas, foi visto que a taxa metabólica em repouso, a termogênese adaptativa foi de
apenas 38 kcal. Após um ano, e com reganho de 4 a 5 kg, os pesquisadores não
encontraram diferenças no gasto medido e no previsto, não havendo então termogênese
adaptativa.
Entretanto, outros estudos com pacientes com obesidade severa demonstraram que
mesmo eles perdendo 60 kg (indo de 150 a 90kg) e recuperando de 40 kg, ainda havia um
efeito significativo na termogênese adaptativa, ficando 500 kcal abaixo do previsto seis
anos depois após a perda. Obviamente, se trata de um estudo pequeno e com pouco
acompanhamento, além de um grupo muito específico da população. Ainda assim, não
está descartada a hipótese de que nestes pacientes talvez os efeitos sejam mais
significativos na redução do gasto metabólico em repouso.
Há estudos com diabéticos, por exemplo, e dietas de 800 kcal, mostrando remissão
do diabetes e controle da hemoglobina glicada para valores abaixo de 6,5%. Há também
estudos com pacientes com obesidade iniciando o treinamento e consumo de 800 kcal,
encontrando perda de gordura e leve ganho de massa livre de gordura. Em estudos
específicos para mulheres pós menopausa, os pesquisadores encontraram maior adesão
no grupo que fez dieta abaixo de 1200 kcal comparando com as que não realizaram. E
como seria possível uma maior adesão comendo tão pouco? Devemos lembrar que não é
apenas a flexibilidade dietética que define a adesão, mas sim o ambiente, os fatores
sociais, culturais, e os RESULTADOS. A perda inicial mais severa foi suficiente para
estimular as pacientes a continuarem dada a relação custo (fazer dieta) / benefício (perda
rápida de peso).
Muitos também devem se perguntar, ao ler estes dados, se esta perda foi realmente
de gordura ou de massa livre de gordura. Nos pacientes com obesidade, o tecido adiposo
protege a massa muscular do catabolismo caso haja proteínas suficientes (o treinamento
com pesos também ajuda). O consumo de proteínas acima de 1g/kg nestes pacientes
sedentários ajudou a evitar o catabolismo proteico. Uma outra preocupação é com o
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Apesar das dietas abaixo da TMB serem uteis, é restrita a sua prescrição para
pacientes com elevado peso, com doenças crônicas onde há remissão com a diminuição
de gordura e que conseguem adesão. Em pacientes com sobrepeso ou baixa massa
muscular, popularmente conhecidos como ‘falsos magros’, uma restrição severa de
calorias não é interessante. Nestes, pode haver uma maior perda de massa muscular dado
o menor conteúdo de gordura e, como explicado anteriormente, o efeito fat overshooting
pode agir, aumentando mais a fome, prejudicando a adesão e a composição corporal.
Dietas muito baixas em calorias também não devem ser prescritas para pacientes
com osteoporose, osteopenia, anemia ferropriva, em fase de crescimento, com caquexia
ou sarcopenia. Nestes, há mais riscos do que benefícios e a prática não é recomendada.
grupo consome as 1600 kcal durante o mês inteiro. Quando a análise foi feita avaliando
todos as participantes desde o início, o emagrecimento foi bem parecido durante as 24
semanas do estudo. Porém, quando a análise envolve quem concluiu o estudo, há uma
vantagem no grupo que ciclou calorias e consumiu o chocolate, justamente pela maior
adesão que o protocolo proporcionou.
Para terminar, um terceiro estudo comparou grupos com restrição diária de 25%
das calorias de segunda a segunda enquanto outro grupo restringiu as calorias 35% de
segunda a sexta, gerando uma redução de 175% na semana em ambos os protocolos.
Apesar dos resultados similares entre os grupos, houve maior adesão no grupo que ciclou
calorias e teve maior flexibilidade dietética aos finais de semana. Também houve leve
ganho de massa livre de gordura no grupo intermitente e a hipótese (não avaliada no
estudo) foi de maior performance nos treinos iniciais da semana, dado maior conteúdo
energético pela reposição calórica no final de semana.
Por fim, é importante entender o peso usual e ideal do paciente. Há uma forte
influência genética na obesidade e pacientes que sempre foram muito acima do peso
provavelmente terão mais dificuldades para atingir o peso ideal para o IMC.
Exemplificando, alguém com 1,70 que na vida adulta pesou 70 kg e passa para 80 kg terá
mais facilidade para chegar aos 70 novamente do que alguém que na vida adulta pesou
90 kg e chegou agora a 80, mesmo com a mesma altura. Neste último caso, é preciso
avaliar a dificuldade ao continuar emagrecendo e sugerir uma fase de manutenção dado
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que chegar ao peso ideal por IMC será uma tarefa muito difícil e ainda mais complicado
para manter após.
Dieta 1
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Dieta 2
Vocês devem ter notado que os macronutrientes e calorias são similares, que há
uma boa ingestão proteica, porém que os alimentos são bem discrepantes. Conforme
falado, uma das variáveis mais importantes no emagrecimento é o volume alimentar.
Agora percebam a diferença na quantidade de comida entre a dieta 1 e 2:
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Dieta 1:
Dieta 2:
Você também deve estar se perguntando por que uma quantidade calórica
relativamente baixa para uma mulher de 70kg sendo que está em fase de manutenção.
Alguém que emagreceu provavelmente tem um gasto calórico menor do que aquele
predito por fórmulas como Harris Benedict. É recomendável que, durante a transição da
fase de finalização do emagrecimento para fase de manutenção, o aumento calórico seja
progressivo. Aqui, a paciente passou de 1450 calorias para quase 1750. A partir dos
resultados no retorno, é avaliado o quanto mais é possível subir de energia.
Vamos agora ver um exemplo de ciclo de calorias para um paciente de 80kg que
ainda precisa emagrecer, e queremos garantir uma melhor adesão e menor chance de
reganho.
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Lembrem-se que os exemplos aqui são hipotéticos e servem apenas para facilitar
a didática, não devendo ser interpretados literalmente (2000 kcal podem ser muito pouco
para um paciente com 80 kg e bom nível de treinamento).
Por fim, espero que o capítulo tenha ajudado e atualizado a todos, sendo claro e
didático sobre o que temos de principais referências na literatura quando buscamos
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manutenção dos resultados, ainda mais considerando que a finalização e manutenção são
as fases mais difíceis para o paciente que buscou emagrecer.
7.6. Referências
1- POLIDORI, David et al. How strongly does appetite counter weight loss? Quantification of the
feedback control of human energy intake. Obesity, v. 24, n. 11, p. 2289-2295, 2016.
2- FOTHERGILL, Erin et al. Persistent metabolic adaptation 6 years after “The Biggest Loser”
competition. Obesity, v. 24, n. 8, p. 1612-1619, 2016.
3- MARTINS, Catia et al. Metabolic adaptation is an illusion, only present when participants are
in negative energy balance. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 112, n. 5, p. 1212-
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4- SEIMON, Radhika V. et al. Effect of weight loss via severe vs moderate energy restriction on
lean mass and body composition among postmenopausal women with obesity: the TEMPO diet
randomized clinical trial. JAMA network open, v. 2, n. 10, p. e1913733-e1913733, 2019.
5- BRYNER, Randy W. et al. Effects of resistance vs. aerobic training combined with an 800
calorie liquid diet on lean body mass and resting metabolic rate. Journal of the American
College of Nutrition, v. 18, n. 2, p. 115-121, 1999.
6- BYRNE, Nuala M. et al. Intermittent energy restriction improves weight loss efficiency in obese
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7- GEIKER, Nina RW et al. A weight-loss program adapted to the menstrual cycle increases
weight loss in healthy, overweight, premenopausal women: a 6-mo randomized controlled
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8- CAMPBELL, Bill I. et al. Intermittent energy restriction attenuates the loss of fat free mass in
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9- XIE, Junqing et al. Evaluating the validity of current mainstream wearable devices in fitness
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10- ASTRUP, Arne et al. The role of dietary fat in body fatness: evidence from a preliminary meta-
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