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RESUMO
O Pé diabético é uma das complicações crônicas mais frequentes em pacientes diabéticos, gerando
grande impacto socioeconômico e diminuição da qualidade de vida dos pacientes, que ao
desenvolverem úlcera no pé diabético (UPD) buscam assistência ambulatorial e muitas vezes na
emergência. A avaliação dos pés nos pacientes diabéticos é uma intervenção de grande
importância que permite o rastreio precoce de paciente com o pé em situação de risco, ajudando
na prevenção de lesões e amputações. Objetivo: Elaborar uma revisão sistemática com o intuito
de revelar a importância da avaliação dos pés na prevenção de lesões e amputações, destacando
as mais recentes atualizações sobre este tema. Metodologia: A pesquisa bibliográfica ocorreu entre
agosto e outubro de 2020, com a busca de artigos nas seguintes bases de dados: SCIELO, PubMed,
LILACS e NEJM. Foram utilizados para realização da busca nas bases de dados os seguintes
descritores: “diabetic foot AND evaluation AND prevention”, “diabetic foot AND evaluation” e
“diabetic foot”. Os artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2015 e 2020.
Resultados: Foram encontrados 81 artigos, porém após a análise dos critérios de inclusão e
exclusão, resultaram em 24 artigos, dos quais 14 eram em inglês, 9 em português e 1 em espanhol.
Discussão: Existem cinco alicerces que sustentam a prevenção de problemas nos pés: identificação
do pé em risco; inspeção regular e exame dos pés; educação do paciente, família e profissionais
de saúde; uso rotineiro de calçados apropriados e tratamento de sinais pré-ulcerativos. Diversos
guidelines são discrepantes no que se refere aos níveis de evidência e graus de recomendação
sobre a abordagem do pé diabético, apesar disso, observou-se que as intervenções, altamente
recomendáveis, para o manejo do pé diabético, são avaliação dos pés, uso de calçado terapêutico
e desbridamento de lesões quando necessário. Em um estudo 87,3% dos pacientes nunca haviam
realizado avaliação dos pés, estes dados são de grande impacto e chamam a atenção para o fato de
que a assistência destes pacientes ainda é muito falha. Conclusão: A avaliação do pé diabético é a
principal ferramenta na prevenção de lesões em membros inferiores, em associação com medidas
de controle dos hábitos de vida e tratamento das comorbidades. Também é necessário que o
sistema de saúde funcione de forma multidisciplinar e integrada para que a prevenção seja
realizada de forma mais efetiva.
ABSTRACT
Diabetic foot is one of the most frequent chronic complications in diabetic patients, generating
great socioeconomic impact and diminishing the quality of life of the patients, who when
developing diabetic foot ulcer (UPD) seek outpatient and often emergency care. The evaluation
of the feet in diabetic patients is a very important intervention that allows early screening of
patients with the foot at risk, helping in the prevention of injuries and amputations. Objective: To
elaborate a systematic review in order to reveal the importance of foot evaluation in the prevention
of injuries and amputations, highlighting the most recent updates on this subject. Methodology:
The bibliographic research occurred between August and October 2020, with the search of articles
in the following databases: SCIELO, PubMed, LILACS and NEJM. The following descriptors
were used to perform the search in the databases: "diabetic foot AND evaluation AND
prevention", "diabetic foot AND evaluation" and "diabetic foot". The selected articles were
published between 2015 and 2020. Results: 81 articles were found, but after the analysis of
inclusion and exclusion criteria, they resulted in 24 articles, of which 14 were in English, 9 in
Portuguese and 1 in Spanish. Discussion: There are five foundations that support the prevention
of foot problems: identification of the foot at risk; regular inspection and examination of the feet;
education of the patient, family and health professionals; routine use of appropriate footwear and
treatment of pre-ulcerative signs. Several guidelines are discrepant regarding the levels of
evidence and degrees of recommendation on the approach to the diabetic foot, however, it was
observed that the highly recommended interventions for the management of the diabetic foot are
foot evaluation, use of therapeutic footwear and debridement of lesions when necessary. In a study
87.3% of the patients had never performed foot evaluation, these data are of great impact and call
attention to the fact that the assistance of these patients is still very flawed. Conclusion: The
evaluation of the diabetic foot is the main tool in the prevention of injuries in lower limbs, in
association with measures of control of life habits and treatment of comorbidities. It is also
necessary that the health system works in a multidisciplinary and integrated way so that the
prevention is carried out more effectively.
1 INTRODUÇÃO
Pé diabético é a expressão utilizada para definir a presença de infecção, ulceração ou
destruição de tecidos do pé de um paciente com diabetes mellitus (DM), geralmente associado à
neuropatia e/ou doença arterial periférica (DAP) (NETTEN et al., 2020). O pé diabético é uma
das complicações evitáveis mais frequentes do DM, gerando um grande impacto socioeconômico
para a sociedade e afetando a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. De acordo com
estudos de anos anteriores, mais de 5% dos pacientes com DM têm histórico de úlcera em
membros inferiores, entre 15 e 25% apresentarão úlceras ao longo da vida e cerca de 1,3 milhão
de diabéticos sofrem uma amputação anualmente em consequência dessa complicação. Nos EUA
representa 25% das admissões hospitalares, com um custo de US$ 28 mil a cada admissão; No
Brasil, estima-se foram gastos R$ 335,500 milhões diretamente, no ano de 2014 (BOULTON et
al., 2005; BOULTON, 2004; BRASIL, 2016; TOSCANO et al., 2018).
Segundo as estatísticas há uma estimativa de que 629 milhões de pessoas sejam diabéticas
no mundo no ano de 2045, portanto diante da incidência relatada anteriormente de complicações
relacionadas ao pé diabético, isto implicará em custos cada vez maiores para os sistemas de saúde,
pois as úlceras em pé diabético (UPD) demandam hospitalizações frequentes, aumento da
necessidade de assistência domiciliar, além de aumentar a demanda por consultas de emergência
e ambulatoriais. Diante disso, fica evidente que esta complicação se constitui um problema de
saúde pública e deve ser tratada com um olhar especial pelos profissionais da área de saúde,
pacientes e familiares (RICE et al., 2014; VIEIRA-SANTOS et al., 2008; ZHENG; LEY; HU,
2018).
Na fisiopatologia do pé diabético geralmente há a sobreposição de graus variados de
comprometimento neurológico e vascular (BRASIL, 2016). O comprometimento gradual dos
nervos periféricos causa: a) perda da sensibilidade nociceptiva, vibratória, para temperatura e
percepção da pressão plantar; b) fraqueza muscular e hipotrofia/atrofia dos músculos intrínsecos
dos pés; c) anidrose, edema e shunts arteriovenosos (disautonomia simpática). Estes processos
resultam em deformidades neuropáticas típicas (dedos em garra e em martelo) que aumentam a
pressão plantar nas áreas dessas proeminências ósseas e contribuem para a formação de calos,
hemorragias subcutâneas e eventuais úlceras. Somado a isso, há o comprometimento macro e
microvascular gerando uma má perfusão tecidual e uma resposta inflamatória local prolongada, o
que eleva o risco para o desenvolvimento de UPD, uma vez que essa condição está presente em
algum grau em até 75% dos pacientes com DM e apenas uma minoria das úlceras nos pés é de
origem puramente isquêmica (ALAVI et al., 2014; CLAYTON; ELASY, 2009; FERREIRA,
2020; LEPÄNTALO et al., 2011; LIPSKY et al., 2016; POP-BUSUI et al., 2017; SCHAPER et
al., 2016; SINGER; TASSIOPOULOS; KIRSNER, 2017).
As UPD precedem as amputações de membros inferiores nos pacientes com DM em
aproximadamente 85% dos casos, com grande parte destas amputações sendo evitáveis (BRASIL,
2016). Com o intuito de diminuir a incidência de amputações e problemas relacionados ao pé
diabético, diversos grupos internacionais, o principal deles o International Working Group on the
Diabetic Foot (IWGDF), propuseram medidas que orientam o manejo dos pacientes com pé em
situação de risco. A metodologia proposta para a avaliação do pé em risco se baseia em técnicas
simples: história clínica do paciente e exame dos pés. Na história clínica é importante identificar
fatores que favoreçam o desenvolvimento de UPD, por exemplo, idade avançada, tempo de
diagnóstico do DM, baixa condição socioeconômica, sintomas de neuropatia diabética, presença
de DAP, história de trauma, úlcera anterior ou amputação (BUS et al., 2016;SCHAPER et al.,
2016).
A avaliação dos pés de forma rotineira é pedra angular no cuidado ao paciente diabético,
possibilitando o rastreio e diagnóstico da situação de risco precocemente. Para a realização do
exame dos pés deve-se remover os calçados e as meias, os quais também devem ser avaliados
quanto à sua adequação. Ao exame físico manifestações dermatológicas podem estar presentes,
como: pele seca; rachaduras; unhas hipotróficas, encravadas ou micóticas; macerações e lesões
fúngicas interdigitais; calosidades; ausência de pelos; alteração de coloração e temperatura.
Devem também ser observados os sinais vasculares como a ausência dos pulsos periféricos. Estes
sinais constituem condições pré-ulcerativas decorrentes de PND e DAP. (ALAVI et al., 2014;
SCHAPER et al., 2016).
Para avaliar a sensibilidade protetora plantar usa-se o estesiômetro de Semmes-Weinstein
(monofilamento de náilon) de 10 g, da cor laranja, em quatro áreas plantares: hálux, primeira,
terceira e quinta cabeças de metatarsos (BOULTON et al., 2008). Este é um procedimento de
baixo custo, não invasivo e fácil de ser realizado. Para a realização desse exame deve ser explicado
ao paciente que diga “sim” ou “não” durante o toque nas áreas de teste, sem que este esteja
visualizando o exame. Aplica-se força suficiente para curvar o monofilamento; procede-se a uma
aplicação simulada e uma aplicação concreta nas mesmas áreas, para confirmar a identificação,
pelo paciente, do local testado, havendo duas em três respostas corretas, descarta-se perda de
sensibilidade protetora (PSP). (BOULTON et al., 2008; SCHAPER et al., 2016).
Segundo o Guideline do IWGDF 2019, na ausência do monofilamento, pode-se usar o
diapasão 128 Hz, aplicando-se primeiro em uma proeminência óssea para demonstrar ao paciente
a sensação esperada. Depois, aplica-se perpendicularmente e com pressão constante na face dorsal
da falange distal do hálux ou de outro dedo do pé se o hálux estiver ausente, sempre com o paciente
de olhos fechados. Repete-se a aplicação duas vezes, mas alterna-se com pelo menos uma
aplicação “simulada”, na qual o diapasão não está vibrando. O teste será positivo se o paciente
responder corretamente a, pelo menos, duas das três aplicações.
Diante da importância deste tema, fica evidente que a avaliação do pé em situação de risco
é fundamental para diminuir o impacto negativo desta complicação. Devido a alta prevalência das
úlceras do pé diabético no país, objetiva-se, com este artigo, realizar uma análise dos dados mais
atuais a fim de destacar as melhores práticas de avaliação e manejo do pé diabético e, assim, evitar
complicações, como a amputação.
2 MÉTODOS
Trata-se de uma revisão realizada por meio de um levantamento bibliográfico seguindo os
moldes de uma revisão sistemática, com o objetivo de entender a correlação entre a avaliação
correta do pé diabético e a prevenção de lesões e amputações, além de conhecer o que há de atual
neste quesito. Dessa forma, é um estudo que analisa uma temática já abordada por estudos
anteriores, mas que visa melhorar a compreensão sobre o tema além de enfatizar as principais
práticas utilizadas. A revisão foi construída através de alguns passos, como da definição da questão
do tema; definição dos critérios de elegibilidade; identificação e seleção dos artigos; categorização
dos estudos selecionados; avaliação da elegibilidade dos estudos; análise e interpretação dos
resultados com a síntese dos dados e apresentação da revisão.
A pesquisa bibliográfica ocorreu entre agosto e outubro de 2020, com a busca de artigos
nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), U.S. National
Library of Medicine National Institute of Health (PubMed), Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e New England Journal of Medicine (NEJM). Foram
utilizados para realização da busca nas bases de dados os seguintes descritores: “diabetic foot
AND evaluation AND prevention”, “diabetic foot AND evaluation” e “diabetic foot”. Foram
incluídos neste estudo, artigos que abordassem a importância da avaliação do pé diabético e outras
medidas para a prevenção de lesões e amputações, publicados entre os anos de 2015 a 2020. Além
disso, também foram utilizados como critérios de inclusão a possibilidade de leitura completa do
artigo de forma gratuita e artigos em inglês, português e espanhol. Excluíram-se deste estudo os
artigos em formato de relato de caso e capítulos de livros, além dos artigos que não abordaram o
tema em questão e artigos duplicados. Além disso, é importante citar que não foi necessária
aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), já que a pesquisa se constituiu através de
levantamento de dados de forma eletrônica.
3 RESULTADOS
Primeiramente, a busca deu-se na base de dados PUBMED, com os descritores “diabetic
foot AND evaluation AND prevention” e os filtros utilizados foram: texto completo gratuito,
últimos 5 anos, artigos de revisão, revisão sistemática, estudo clínico, estudo controlado
randomizado e metanálise. A pesquisa resultou em 33 artigos, destes 21 foram excluídos por não
Recomendou-se o controle
glicêmico adequado, inspeção
periódica dos pés e educação do
paciente e da família. Além do uso
de calçados terapêuticos
personalizados em pacientes
diabéticos de alto risco. Em caso de
Diretriz de prática UPD foi indicada a descarga com
clínica desenvolvida gesso de contato total ou bota fixa
pela Society for irremovível no tornozelo.
Vascular Surgery, em Radiografia simples se houvesse
HINGORANI et al 2016 colaboração com a Revisão de literatura suspeita de abscesso de tecidos
American Podiatric moles ou osteomielite. Foi ainda
Medical Association e a recomendado cuidados abrangentes
Society for Vascular de feridas e vários métodos de
Medicine. desbridamentos. UPDs que não
melhoram após 4 semanas de terapia
padrão devem receber terapia
adjuvante. Em pacientes com UPD
que têm doença arterial periférica,
recomenda-se revascularização por
bypass cirúrgico ou terapia
endovascular.
109 voluntários participaram deste
estudo e suas variáveis
sociodemográficas eram
homogêneas. Na análise entre os
Avaliar o efeito dos
grupos, foi observada melhora após
grupos operativos no Ensaio clínico,
a intervenção educativa na maioria
MOREIRA et al. 2020 ensino do autocuidado randomizado, controlado
das variáveis relacionadas aos
para a prevenção do pé e cego
anexos cutâneos, fluxo sanguíneo,
diabético.
sensibilidade e pressão do pé. Foram
observadas melhores pontuações
para risco de pé diabético no grupo
de tratamento.
83,3% dos pacientes tiveram a
sensibilidade vibratória presente e
58,3% tiveram a sensibilidade
Estudo transversal e protetora plantar preservada. Quanto
descritivo realizado em à estratificação do risco para o
pacientes diabéticos desenvolvimento do pé diabético,
Avaliar o conhecimento
avaliando-se a condição verificou-se predominância do grau
e as atitudes de
dermatológica, 0 (57,9%), seguido pelo grau 1
portadores de DM tipo
NETO et al. 2017 estrutural, circulatória, (23%) e 3 (10,6%). Observou-se um
2 com relação aos
neuropática, motora e número expressivo de pacientes com
autocuidados com os
neuropático-sensitiva conhecimento insuficiente (49,8%)
pés
mediante a realização de em relação aos autocuidados para
anamnese e exame físico prevenção do pé diabético.
dos pés. Constatou-se significativo
desconhecimento dos diabéticos em
relação ao tipo, formato e material
dos calçados adequados.
funcionalidade,
confiabilidade,
usabilidade e eficiência.
Foram incluídos 37 estudos, 8 testes
foram usados para prever a
cicatrização de feridas: índice
tornozelo-braço (ITB), velocidade
sistólica de pico do tornozelo,
medição de oxigênio transcutâneo
(TcPO2), índice digito-braquial,
pressão arterial sistólica do dedo do
pé, saturação microvascular de
Revisão sistemática e
oxigênio, pressão de perfusão da
meta-análise de testes
Revisão sistemática e pele e imagem hiperespectral. Para o
WANG et al. 2016 para prever a
meta-análise teste de TcPO2, o diagnostic odds
cicatrização de feridas
ratio (DOR) agrupado foi de 15,81
em pé diabético
(IC 95%) para a cicatrização de
feridas e de 4,14 (IC 95%) para o
risco de amputação. ITB também foi
preditivo, porém em menor grau que
o anterior, para o risco de
amputações (DOR 2,89; IC de
95%), e não foi preditivo para para a
cicatrização de feridas (DOR, 1,02;
IC de 95%).
Relatou-se que a hiperglicemia e
outros fatores de risco devem ser
controlados em pacientes durante as
fases iniciais da NDP. Os sinais e
sintomas devem ser avaliados, os
Discutir as implicações
sistemas de pontuação composta
clínicas de um
como o quantitative sensory testing
diagnóstico precoce de
(QST), bem como o nerve
WON; PARK. 2016 NDP e a importância da Artigo de revisão
conduction study (NCS) são
avaliação dos sinais e
complementares para diagnosticar
sintomas de NDP em
NDP em pacientes com DM. Mais
pacientes com diabetes.
pesquisas são necessárias para
investigar o papel do QST e NCS
para a detecção inicial e previsão de
NPD em pacientes coreanos com
DM2.
4 DISCUSSÃO
Problemas nos pés de pacientes diabéticos estão entre as complicações mais frequentes e
sérias do diabetes mellitus. Úlceras no pé diabético (UPD) e suas consequências, como infecções
e amputações, são a grande causa de perda de qualidade de vida para o paciente e seus familiares.
Desta forma, uma estratégia que inclua prevenção, educação do paciente e da equipe, tratamento
multidisciplinar das úlceras nos pés e seguimento contínuo podem reduzir substancialmente os
problemas nos pés e suas sequelas (HINGORANI et al., 2016; SCHAPER et al., 2016).
Existem cinco alicerces que sustentam a prevenção de problemas nos pés: identificação do
pé em risco; inspeção regular e exame dos pés; educação do paciente, família e profissionais de
saúde; uso rotineiro de calçados apropriados e tratamento de sinais pré-ulcerativos (SCHAPER et
al., 2016). É ponto pacífico que as diretrizes concordam com a importância de avaliar o pé para
determinar o risco do paciente e que sua prática rotineira tem um grande papel na prevenção de
úlceras, sendo altamente recomendado. Entretanto, o estudo conduzido por Pérez-Panero et al.
(2019), avaliou diversos guidelines sobre o assunto e concluiu que há uma heterogeneidade dos
níveis de evidência e graus de recomendação no que concerne à gestão, abordagem e tratamento
do pé diabético, o que dificulta a tomada de decisão dos profissionais na prática clínica. Apesar
disso, observou que as intervenções altamente recomendáveis para o manejo do pé diabético são:
desbridamento quando necessário (nível de evidência muito alto e fortemente recomendado),
avaliação dos pés (nível moderado de evidência e bastante recomendado) e calçado terapêutico
(nível moderado de evidências e bastante recomendado).
Para poder lidar melhor com essas complicações é importante saber os principais fatores
de risco para o desenvolvimento de UPD, que são a neuropatia diabética periférica (NDP), doença
arterial periférica (DAP), mobilidade articular limitada, deformidades do pé e qualquer ulceração
ou amputação anterior no mesmo ou membro contralateral. Outros fatores de risco estão
relacionados à condição geral do paciente, como retinopatia, idade avançada, doença renal crônica,
diabetes de longa duração (>10 anos) e hiperglicemia não controlada de forma sustentada ao longo
dos anos. O risco para surgimento de úlcera no pé diabético aumenta sete vezes em pacientes
com neuropatia diabética periférica, o que isoladamente já deve ser observado com atenção
especial pelos profissionais de saúde (AMIN; DOUPIS, 2016).
Por este motivo, para estratificar o paciente diabético quanto ao risco de desenvolver UPD,
o exame dos pés deve ser feito buscando por sinais e sintomas de neuropatia periférica ou doença
arterial periférica. Após o exame do pé, cada paciente pode ser atribuído a uma categoria de risco
que orientará a melhor linha de cuidado na prevenção de lesões. As categorias, suas características
e a frequência para repetição do exame para rastreio são: a) categoria 0 - pacientes sem neuropatia
periférica - exame anual; b) categoria 1 - pacientes com neuropatia periférica - exame semestral;
c) categoria 2 - pacientes com neuropatia periférica e DAP, neuropatia e deformidades nos pés ou
DAP e deformidades - exame entre 3 e 6 meses; d) categoria 3 - paciente com neuropatia ou DAP
e história de úlcera ou amputação de membro inferior - exame entre 1 e 3 meses. (SCHAPER et
al., 2016).
Outras técnicas também podem auxiliar no rastreamento do pé diabético em risco, um
exemplo é através de uma ficha de avaliação clínica (FAC) dos membros inferiores. A FAC é uma
ferramenta de baixo custo que pode detectar precocemente o pé em risco, avaliar o grau de
autocuidado e orientar pacientes e familiares quanto ao cuidado com os pés. A FAC utiliza a
entrevista para preenchimento de um questionário semiestruturado (fases 1 e 3), registra os dados
do exame físico geral e específico (fase 2) e, ao final, descreve, de forma sistematizada, as
principais orientações educacionais para prevenir o PD (fase 4) (DA FONTOURA DE
ALBUQUERQUE MELLO; ELIAS PIRES; KEDE, 2017). Existe ainda o uso de aplicativos
destinados a profissionais de saúde como o desenvolvido por Vêscovi et al. (2017), o aplicativo
CuidarTech “Exame dos Pés” além de avaliar o risco do paciente de acordo com o preenchimento
dos dados e resultados de exames também fornece as orientações adequadas para cada nível de
risco. O seu uso mostrou-se funcional, confiável e eficiente, o que permitiria que outros
profissionais da saúde pudessem participar do processo de prevenção, monitoramento e controle
de complicações nos pés de pessoas com diabetes mellitus, melhorando a resolutividade da
Atenção Primária à Saúde.
O exame dos pés é fundamental para rastreio e diagnóstico de condições pré-ulcerativas e
a sua não realização pode ser considerada como um fator de risco. No estudo realizado por Brito
et al. (2020) observou-se que 39,2% das pessoas apresentaram alteração sensório motora por meio
do teste com monofilamento de 10 g e 97,1% dos participantes apresentaram alguma alteração no
exame físico. As principais alterações encontradas foram as de pele (71,6%) e as ungueais
(45,1%). Porém, o dado que mais chama a atenção é que das pessoas avaliadas, 87,3% nunca
haviam realizado avaliação nos pés. Cabe ressaltar que não se trata de um fato isolado, pois outros
estudos mostraram um cenário semelhante, como o de Silva et al. (2019), que mostrou que a
avaliação do pé diabético foi realizada em apenas 2,2% da população da pesquisa, demonstrando
uma falha na assistência.
De acordo com revisão realizada por Amin; Doupis (2016), para a realização do exame,
algumas ferramentas podem ser utilizadas, o monofilamento de Semmes-Weinstein é uma delas.
Este teste avalia a integridade de fibras nervosas grossas, responsável pela sensibilidade protetora
plantar, e apresenta uma sensibilidade entre 66%-91% na detecção de pacientes diabéticos com
alto risco de ulceração nos pés em vários estudos. O diapasão de 128 Hz também pode ser
utilizado e assim como o monofilamento avalia a integridade de fibras grossas, mais
especificamente da sensibilidade vibratória, com sensibilidade de 53%. Há ainda o diapasão
graduado de Rydel-Seiffer, neuroestesiômetro e bioestesiômetro. O neuroestesiômetro e o
bioestesiômetro são dispositivos eletrônicos graduados em Volts, que emitem vibrações de várias
intensidades através de um transdutor aplicado à proeminência óssea do hálux. À medida que
exista uma diminuição da sensibilidade vibratória o limiar da sensibilidade se eleva e pode ser
quantificada pelo aparelho, tendo como ponto de corte para risco de UPD 25 V (sensibilidade de
83%) e aumento do risco em vinte vezes para valores acima de 42 V.
Segundo WON, PARK (2016), o diagnóstico precoce da polineuropatia é fundamental para
uma abordagem bem-sucedida do diabetes e suas complicações. Os sinais precoces de neuropatia
diabética periférica são perda da sensação vibratória e propriocepção, causada pela perda de fibras
grossas, além de diminuição das sensações de dor, toque e temperatura, ocasionada pela perda de
fibras nervosas pequenas. A distribuição da parestesia e da perda sensorial causada pela neuropatia
diabética periférica é comumente descrita em meia-luva, o que aumenta o risco de lesão nos pés,
como ulcerações e infecções. Desta forma, o controle da glicemia pode prevenir ferimentos
complexos nestes pacientes, diminuindo a incidência de NDP.
A presença de doença arterial periférica de forma independente aumenta o risco de úlceras
que não cicatrizam, infecções e amputações (ARMSTRONG; BOULTON; BUS, 2017). Por este
motivo, a avaliação vascular no exame dos pés é também muito importante. Inicialmente, a
palpação dos pulsos periféricos faz parte da investigação diagnóstica, porém a sua presença não
exclui a existência de DAP, uma vez que podem ser palpáveis mesmo na vigência de doença
isquêmica. Seguindo o rastreio de DAP, o índice tornozelo-braço (ITB) é uma ferramenta simples
que permite avaliar a gravidade da DAP. O intervalo normal do ITB está entre 0,9-1,3 e valores
abaixo de 0,9 apresentam especificidade de 93% para DAP. O exame pode ser falseado pela
presença de calcificações na camada média arterial; O índice digital-braço (IDB) é calculado
semelhante ao ITB, usando um manguito especial para a aferir a pressão sanguínea no dedo do pé.
A sua aferição é útil nos casos de ITB com valores maiores que 1,30, pois as pequenas artérias do
membro inferior têm menor probabilidade de calcificação. Um IDB inferior a 0,70 é diagnóstico
para DAP; Outros métodos diagnósticos também foram citados: ultrassonografia duplex (com
avaliação das ondas de fluxo arteriais), medida da pressão parcial transcutânea de oxigênio,
angiografia com contraste e angiotomografia (AMIN; DOUPIS, 2016).
Diversas alterações podem estar presentes no exame dos pés e alguns estudos elencados
nesta revisão corroboram esta afirmação, Soares, et al. (2018) evidenciou elevada frequência de
alterações neurovasculares em membros inferiores dos pacientes diabéticos internados no Hospital
Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora– MG, sendo a alteração mais comum a
perda da sensibilidade vibratória (65,7%) seguida da sensitiva e térmica-dolorosa (28,9%). As
alterações vasculares como diminuição/ausência de pulsos corresponderam a 26,3%. No estudo
conduzido por Noronha, et al. (2020) no ambulatório de endocrinologia de um hospital público do
município de Campina Grande-PB verificou-se que 119 indivíduos (53,1%) apresentaram
percepção do tato alterada. Com relação aos testes neurológicos, a sensibilidade vibratória foi
as palmilhas feitas baseadas no formato do pé e nos dados de pressão plantar são mais efetivas em
descarregar a pressão do antepé do que as palmilhas baseadas unicamente no formato dos pés.
Palmilhas com amortecimento dos metatarsos e amortecimento local combinados com uma
cobertura de Plastazote® pode reduzir o pico de pressão plantar em até 24%. Importante ressaltar
que a maioria dos estudos avalia a redução das medidas de pressão plantar como resultado, ao
invés da ocorrência de ulceração, o que pode ser uma limitação do estudo e que a falta de adesão
por parte dos pacientes prejudica enormemente o tratamento. (AHMED et al., 2020)
A produção de calçados que reduzem a pressão plantar (PP) de maneira individual tem um
custo elevado e pode inviabilizar a sua prescrição quando se deseja evitar uma primeira úlcera,
exceto em pacientes com algum fator de risco. Somado a isso há o fato de que é limitado o
conhecimento de como as variações das características do calçado influenciam na redução da PP.
Visando sanar essas limitações, o estudo elaborado por Preece, et al. (2017) investigou 8 variações
de características dos calçados (4 apex positions x 2 rocker angles) buscando entender como cada
alteração interfere na PP e se grupos de calçados pré-fabricados seriam capazes de ter níveis de
pressão menores que 200 KPa, para depois comparar até que ponto esses calçados pré-fabricados
são similares aos customizados individualmente. Concluiu-se que o pico de PP aumentou
significativamente conforme o apex position foi movido distalmente e o rocker angle foi reduzido
(p <0,001). Com o projeto pré-fabricado, 71-81% das pressões de pico estavam abaixo do limite
de 200 kPa. É importante ressaltar que quando os participantes usaram calçados selecionados
individualmente pequenas melhoras (<5%) nessa proporção foram observadas, evidenciando que
os calçados pré-fabricados podem reduzir a PP na maioria das pessoas que possuem PP elevada
de forma similar aos calçados confeccionados individualmente, o que facilitaria a comercialização
em larga escala e a preços mais baixos. No entanto, mais estudos são necessários nesta área.
Mesmo curadas, as úlceras no pé diabético recidivam frequentemente, chegando até 40%
dentro de 1 ano e 60% em 3 anos. A terapia agressiva durante a doença ativa combinada com foco
na melhoria do cuidado durante a remissão pode levar a mais dias sem úlcera, menos pacientes
internados, menos atendimentos ambulatoriais e uma melhor qualidade de vida (ARMSTRONG;
BOULTON; BUS, 2017). Uma revisão sistemática com 62 estudos demonstrou que o controle
glicêmico intensivo previne amputações de membros inferiores e produz mais quadros de
hipoglicemia, embora não previna úlceras nos pés mais do que o controle padrão para diabetes
tipo 2 (DY, M.D., M.S.; BENNETT, M.D., M.P.H.; SHARMA, B.SC., 2017). Já o estudo de
GHAVAMI, 2018, demonstrou que a intervenção no estilo de vida contribuiria com sucesso na
redução da neuropatia periférica por diabetes mais do que a prescrição de medicamentos para dor
neuropática, como gabapentina e pregabalina, que podem estar associadas com efeitos adversos
de resistência aos medicamentos, dependência e vício. Essa revisão ressaltou, ainda, a importância
de um estilo de vida saudável para reduzir a dor, a perda sensorial e a instabilidade de marcha,
relacionada à neuropatia periférica diabética. Complicações do pé diabético, como as úlceras e a
amputação, também podem ser minimizadas com a melhoria da qualidade de vida destes pacientes.
Em relação a complicações das úlceras, segundo SINGER et al, 2017, pacientes com risco
de perda de membro, pacientes com infecções sistêmicas que não respondem a antibióticos orais
e pacientes que não possuem condições de cuidar da sua ferida, devem ser internados e avaliados
por um cirurgião vascular ou um especialista em feridas. Todos os outros pacientes podem ser
tratados com um curativo e alívio da pressão plantar, quando indicado, e referenciado ao médico
de cuidados primários ou especialista em feridas, aventando a possibilidade de utilização de
calçados especiais como medida preventiva. Diante o impacto que as úlceras de membros
inferiores representam nos sistemas de saúde os profissionais devem se concentrar não apenas na
intervenção precoce e tratamento adequado das lesões, mas principalmente na prevenção em
pacientes em risco de úlceras nas extremidades inferiores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, observamos que a avaliação do pé diabético é a principal ferramenta na
prevenção de lesões em membros inferiores, em associação com medidas de controle dos hábitos
de vida e tratamento das comorbidades. É notório que ainda há um desconhecimento considerável
por parte dos pacientes sobre os cuidados necessários na prevenção de lesões, por este motivo é
necessário um maior empenho por parte dos sistemas de saúde para promover educação e
informação para estes pacientes. Também é necessário que o sistema de saúde funcione de forma
multidisciplinar e integrada para que a prevenção seja efetiva, sendo indispensável alguns itens:
a) educação para indivíduos com DM e seus cuidadores, equipes de hospitais e centros
especializados, bem como na atenção básica; (b) sistema para a identificação de indivíduos em
risco de ulceração, através do exame dos pés com intervalos determinados de acordo com o grau
de risco; (c) intervenções para redução do risco de UPD, como cuidados podiátricos e uso de
calçados apropriados; (d) tratamento efetivo e imediato quando houver qualquer complicação nos
pés.
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