Você está na página 1de 4

INTRODUÇÃO

A insatisfação com a ineficiência do Estado moderno, que se encontra


sobrecarregado na execução de obras e serviços públicos, acarretou uma reforma
da mentalidade administrativa que impulsionou a ocorrência da desestatização, com
a finalidade de descentralização dos serviços públicos.
Nas palavras de García de Enterría e Tomás-Ramón Fernandez: “as funções
e atividades a serem realizadas pela Administração são algo puramente contingente
e historicamente variável, que depende essencialmente de uma demanda social,
distinta para cada órbita cultural e diferente também em função do contexto
socioeconômico em que se produzem. “.
Assim, o Poder Público passou a concentrar-se na elaboração de metas e na
política regulatória e fiscalizatória dos diversos setores da economia,
descentralizando a realização dos serviços públicos, por meio de permissões ou
concessões ao setor privado.
MORAES (2002) assevera que em uma acepção contemporânea da
Separação dos Poderes, mantém-se a centralização governamental nos Poderes
Políticos - Executivo e Legislativo, que deverão fixar os preceitos básicos, as metas
e as finalidades da Administração Pública, porém, exige-se maior descentralização
administrativa, para a consecução dos objetivos.
Nesse contexto, de acordo com MAZZA (2016), o Direito brasileiro incorporou,
com influências do direito norte-americano, francês e inglês, a ideia de
descentralização administrativa na prestação dos serviços públicos e consequente
gerenciamento e fiscalização por Agências Reguladoras. No Brasil, as agências
reguladoras são consideradas um instituto novo no Direito Público, surgido apenas a
partir da década de noventa.
Vale ressaltar que a regulação é um instituto proveniente da economia, mas
que adquiriu status jurídico, inclusive constitucional. As Emendas Constitucionais n.
8/95 e 9/95 são consideradas um marco introdutor das agências reguladoras
brasileiras. Essas Emendas acrescentaram dispositivos na Carta Magna
determinando a criação de “órgãos reguladores”.
De uma maneira geral, da forma como foram incorporadas pelo Direito
brasileiro, as agências reguladoras são pessoas jurídicas de Direito público,
constituídas sob a forma de autarquia com regime especial, possuindo todas as
características jurídicas das autarquias comuns mas delas se diferenciando pela
presença de algumas peculiaridades em seu regime jurídico. A finalidade das
agências é regular e/ou fiscalizar a atividade de determinado setor da economia de
um país, a exemplo dos setores de energia elétrica, vigilância sanitária e aviação
civil. 
Este estudo pretende construir um panorama acerca da regulação e das
agências reguladoras dentro do ordenamento jurídico brasileiro e desenvolver uma
discussão acerca dos limites da competência normativa atribuída às agências
reguladoras.
A relevância social e científica do trabalho reside na importância das
alterações na dinâmica da sociedade e do mercado resultante da introdução das
Agências Reguladoras na estrutura do Estado Brasileiro.
JUSTIFICATIVA

A criação das agências reguladoras no Brasil guarda uma conexão direta com
o processo de privatizações e a reforma do Estado que teve início na metade da
década de 90. Nas palavras de MAZZA (2016): “É Inevitável ligar a origem das
Agências Reguladoras a uma concepção neoliberal de política econômica voltada a
reduzir a participação estatal em diversos setores da economia”.
De uma forma geral, as agências foram introduzidas no Brasil para fiscalizar e
controlar a atuação de agentes privados que passaram a executar tarefas em
setores que antes eram dominados pelo Estado.
ARAGÃO (2013) aduz que este novo contexto fez com que uma série de
institutos e competências administrativas, existentes no nosso Direito, esteja sendo
submetido a uma releitura, atualizando-os às mais modernas leis de regulação da
economia, cuja implementação, em sua maioria, é de responsabilidade das agências
reguladoras criadas em seu bojo.
Nesta esteira, dado o caráter ainda inicial das agências reguladoras dentro do
Estado brasileiro, entende-se ser oportuna e conveniente a realização deste trabalho
abarcando o desenvolvimento e a evolução da regulação e das agências
reguladoras no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro e as alterações na
dinâmica do mercado e das interações entre os seus players decorrentes deste novo
cenário.

Você também pode gostar