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E-book

Motivação e
aprendizagem

PROFª MS. ISABELLA CAROLINE BELEM


MOTIVAÇÃO E
APRENDIZAGEM
TEORIA DA AUTODETERMINAÇÃO

Para começar...
OLÁ CAROS ALUNOS(AS)!

Se você chegou até aqui, é porque você está no fim do seu percurso de sua formação
inicial e em breve será um professor, e nossos colega de profissão! O caminho pode
ter sido duro e longo, mas você venceu!

Este e-book irá tratar de uma das teorias de motivação mais utilizadas e aceitas em
todo o mundo, que é a Teoria da Autodeterminação. Este material contém um resumo
desta teoria com os principais conceitos, assim como a importância da motivação para
a aprendizagem, um tema de extrema relevância na formação e atuação de
professores.

Espero que goste, uma vez que este e-book foi elaborado com muito carinho para
você!
Quase começando...

Para possibilitar ainda mais o seu


desenvolvimento pessoal e profissional e
para que também, você possa
potencializar o processo de ensino e
aprendizagem de seus futuros alunos.
 
Desejo a todos ótimos estudos e que este
material possa contribuir para que você
consiga relembrar os conteúdos
estudados ao longo do curso sobre a
temática motivação, este conteúdo tão
importante para a nossa vida e para o
bom desenvolvimento de nosso trabalho.

Vamos lá!!!
E-BOOK UNICESUMAR

Sumário
NESTE E-BOOK

5 Motivação e aprendizagem

10 Referências

10 Para saber mais...

11 Mapa mental - resumo


Motivação e aprendizagem

Você já se perguntou qual a sua motivação para a realização do curso de


Educação Física? Qual a sua motivação para participar nas atividades do curso?
Será que sua motivação pode influenciar no seu aprendizado? Neste material,
iremos abordar a temática motivação, e entender como ela pode influenciar
nossas ações.
A motivação pode ser definida simplesmente como a direção e a
intensidade de nossos esforços (SAGE, 1977 apud WEINBERG; GOULD, 2017),
ou seja, podemos entendê-la como o motivo ou razão pelos quais fazemos algo
(RYAN; DECI, 2000b). A direção do esforço está relacionada a quanto o
indivíduo sente-se atraído por algumas situações. Por exemplo, um estudante
do ensino superior que é motivado a realizar as atividades da disciplina de dança,
por gostar da disciplina; um aluno que lê diversos livros sobre educação física
inclusiva. Já a intensidade dos esforços se refere ao empenho colocado em
determinada situação. Por exemplo, um aluno durante a aula de educação física
pode participar, mas pode não se empenhar para realizar as atividades.
No contexto educacional, a motivação tem sido muito estudada, devido a
sua estrutura multidimensional que se relaciona com o aprendizado e a
motivação acadêmica (AMRAI et al. 2011). Existem diferentes teorias as quais
tentam explicar os fatores motivacionais, contudo uma das mais utilizadas e
aceitas atualmente é a Teoria da Autodeterminação (TAD) desenvolvida por
Ryan e Deci (2000a). Os objetivos implícitos a motivação pode variar de pessoa
para pessoa e este continuum vai da motivação intrínseca a motivação
extrínseca (LOURENÇO; PAIVA, 2010).
A TAD propõe a existência de um continuum da motivação (Figura 1), em
que estão presentes os processos de internalização e integração. Segundo os
autores a “internalização é o processo de aceitação de um valor ou de uma
regulação, e a integração é o processo pelo qual os indivíduos transformam mais
completamente a regulação em si próprios, de modo que ela representará de
seu senso de identidade” (RYAN; DECI, 2000b). Portanto, a partir destes
processos é possível identificar que os níveis de motivação dos sujeitos podem
variar desde a amotivação a autodeterminação.

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Figura 1. Continuum da Autodeterminação (Fonte: Oliveira, 2018).

Os autores identificaram a existência de dois tipos de motivação devido


às razões ou objetivos que davam origem a ação dos indivíduos: a motivação
intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca é entendida como a realização
de algo por um desejo interno que leva a satisfação. (RYAN; DECI, 2000b; DECI;
RYAN, 1985). Assim, a motivação intrínseca atua como apoio para o
crescimento, e relaciona-se ao empenho para a realização de determinadas
tarefas e a satisfação em realizá-la, ou seja, a atividade tem um fim em si mesma
(LOURENÇO; PAIVA, 2010).
A motivação intrínseca pode ser (WEINBERG; GOULD, 2017):
 Motivação para conhecimento: a atividade é realizada pelo prazer e
pela satisfação de aprender, explorar ou entender algo novo.
 Motivação para realização: a participação em uma atividade se dá pelo
prazer e pela satisfação de criar algo novo ou dominar habilidades difíceis.
 Motivação para o estímulo: a participação em uma atividade se dá pela
vontade de experimentar sensações prazerosas, como alegria,
entusiasmo e prazer estético.
Já a motivação extrínseca é aquela em que as ações são motivadas por
receber alguma recompensa externa, e não por sentir prazer em realizar esta

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tarefa (RYAN; DECI, 2000b; DECI; RYAN, 1985). Assim, podemos entender que
os sujeitos não se dedicam a realizar uma atividade por prazer, mas sim tendo
por objetivo alguma recompensa externa. A motivação extrínseca pode ser:
 Motivação por regulação externa: é a categoria motivacional menos
autônoma. Indivíduos motivados por regulação externa têm seus
comportamentos por controlados por causalidade externa (DECI; RYAN;
WILLIAMS, 1996). Relaciona-se ainda a realização de uma tarefa para
obter uma recompensa ou evitar uma punição (RYAN; DECI, 2000a). Um
estudante que escolhe o curso de graduação devido a pressões familiares
pode ser um exemplo de motivação por regulação externa. Está
associada a baixos níveis de autodeterminação.
 Motivação por regulação introjetada: as ações têm o objetivo de evitar
a culpa ou a ansiedade, sentir-se mais orgulhoso ou melhorar o ego. Os
comportamentos são extrinsecamente motivados, regulados a partir das
consequências sentimentais que este comportamento pode gerar, ou
seja, realiza uma atividade para não se sentir culpado ou com vergonha.
Este comportamento é controlado por demandas internas, como a
autoestima, por exemplo, porém não é algo integrado ao self, não é parte
de sua identidade e o loco percebido de causalidade é externo (DECI;
RYAN; WILLIAMS, 1996; RYAN; DECI, 2000b). Está associada a baixos
níveis de autodeterminação.
 Motivação é o de regulação identificada: Esta é uma forma mais
autônoma da motivação extrínseca, em que os sujeitos compreendem a
importância para a realização de um comportamento, e o veem como
importante ou valioso para atingir seus objetivos (RYAN; DECI, 2000a). A
realização das atividades nem sempre são feitas por escolha, mas por
necessidade, e podem não apreciar tal atividade. Algumas pessoas
podem realizar atividade física ou praticar esportes não porque realmente
gostam, mas porque valorizam a importância do engajamento esportivo
para suas metas de saúde e desempenho. Um aluno que estuda anatomia
porque considera relevante para a sua formação, por ter como meta ser
um bom personal trainer, identificou o valor de se estudar esta disciplina.
 Motivação por regulação integrada: Neste ponto, os indivíduos
identificaram e assimilaram os comportamentos como seus. Quanto mais

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internalizamos as razões de uma ação e as adotamos como parte do self,
mais estas se tornam autodeterminadas. Portanto, esta é a forma mais
madura e autodeterminada de regulação extrínseca, contudo apesar de
ser a mais próxima da motivação intrínseca, a regulação integrada ainda
busca um resultado externo (RYAN; DECI, 2000a, 2000b).

Figura 2. Tipos de motivação extrínseca (Fonte: Oliveira, 2018).

Por fim temos a Amotivação. Pode-se entender a amotivação como falta


de vontade para realizar algo, ou por sentir-se forçada devido a um fator externo.
Também pode se relacionar a desvalorização da tarefa, ao sentimento de
incompetência e por não acreditar que a ação levará ao resultado desejado
(RYAN; DECI, 2000a, 2000b). Um exemplo de amotivação pode ser o caso de
alunos que não se identificam como uma determinada disciplina, e realizam as
atividades somente para não serem reprovados
Observa-se que as diversas formas de motivação são importantes para
entender os comportamentos dos alunos, bem como para que o professor trace
estratégias que possam motivar os estudantes a participar e aprender mais em
sua disciplina. Deci e Ryan (1985) apontam que a motivação esta relacionada a
aspectos como curiosidade, persistência, aprendizado e desempenho, pontos
estes essenciais para a educação (VALLERAND et al., 1992).
Deci et al. (1991) indicam que os elementos chaves para promover a
motivação autodeterminada nos estudantes são o apoio a autonomia e
envolvimento interpessoal. Quando os alunos têm o apoio de pessoas

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significativas como pais e professores, há uma maior chance de que os
estudantes mantenham a motivação intrínseca para aprender.
Resultados positivos quanto a este construto no contexto educacional tem
sido associada a motivação intrínseca. Para que isto ocorra é essencial que, as
necessidades psicológicas básicas de autonomia, competência e vínculo sejam
satisfeitas, e o estilo motivacional do professor destaca-se como um importante
fator para que isto ocorra (GUIMARÃES; BORUCHOVITCH, 2004). Incentivar o
desenvolvimento de autonomia, competência e vínculo é importante no sentido
de que é essencial que os alunos sejam autônomos para participar das
atividades curriculares e extracurriculares. Isto leva ao aperfeiçoamento e
aquisição de novas competências e habilidades, auxiliando o organismo a
interagir com o ambiente acadêmico. Este complexo processo de motivação
ligado a educação se dá pela interinfluência do ensinar do docente, e do
aprender do discente (SAMPAIO; BAES, 2014).
Assim, a autodeterminação compreende ainda três necessidades que são
a necessidade de autonomia, competência e estabelecimento de vínculos.
Conforme Oliveira (2018) quando essas necessidades são satisfeitas, os
indivíduos experimentarão melhor qualidade de motivação, de bem-estar
psicológico e se envolverão em comportamentos adaptativos. A “Autonomia
refere-se ao desejo de sentir a propriedade sobre o comportamento de alguém.
Já a Competência refere-se à necessidade de se sentir eficaz e alcançar
resultados valiosos. Por fim, o Estabelecimento de vínculos é o desejo de se
sentir aceito e, significativamente, conectado com os outros” (OLIVEIRA, 2018,
p. 84).
Deste modo, Weinberg e Gould (2017), destacam que estas necessidades
básicas, bem como o grau em que elas são satisfeitas influenciam a motivação
intrínseca de um indivíduo. Por isso é importante que o os alunos;
 Sintam-se confiantes e auto eficazes na realização das atividades
(competência);
 Sintam-se participantes ativos das atividades (autonomia);
 Sintam-se aceitos, e que recebem a atenção necessária.
Estar consciente desses fatores e alterar as coisas quando possível aumenta o
sentimento de motivação intrínseca do indivíduo.

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Referências

AMRAI, H. et al. The relationship between academic motivation and academic


achievement students. Procedia Social and Behavioral Sciences, v.15 p. 399–
402, 2011.
DECI, E. L.; RYAN, R. M. Intrinsic motivation and self-determination in
human behavior. New York: Plenum. 1985.
DECI, E. L.; RYAN, R. M.; WILLIAMS, G. C. Need Satisfaction and the
SelfRegulation of Learning. Learning and Individual Differences, v.8, n. 3, p.
165-183, 1996.
GUIMARÃES, S. É. R; BORUCHOVITCH, E. O estilo motivacional do professor
e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da teoria da
autodeterminação. Psicologia: reflexão e crítica, v. 17, n. 2, p. 143-150, 2004.
LOURENÇO, A. A.; DE PAIVA, M. O. A. A motivação escolar e o processo de
aprendizagem. Ciências & Cognição, v. 15, n. 2, 2010.
OLIVEIRA, L. P. Psicologia do esporte e do exercício. Maringá –
PR.:Unicesumar, 2018. 168 p.
RYAN, R. M.; DECI, E. L. (2000b). Self-determination theory and the facilitation
of intrinsic motivation, social development, and well-being. American
Psychologist, v. 55, n. 1, p. 68-78, 2000b.
RYAN, R. M.; DECI, E. L. Intrinsic and extrinsic motivations: classic definitions
and new directions. Contemporary Educational Psychology, San Diego, v. 25,
n. 1, p. 54-67, 2000a.
SAMPAIO, A. A.; BAES, M. A. C. Motivação inicial na formação docente. X
ANPED SUL, Florianópolis, out de 2014.
VALLERAND, R. J. et al. The academic motivation scale: a measure of intrinsic,
extrinsic and amotivation in education. Educational and Psychological
Measurement, v. 52, p. 1003-1017, 1992.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do
exercício. Artmed editora, 2017.

Para saber mais....

DECI, E. L. et al. Motivation in education: The selfdetermination


perspective. Educational Psychologist, v. 26, p. 325-346, 1991.
GUIMARÃES, S. E. R.; BZUNECK, J. A. Propriedades psicométricas de um
instrumento para avaliação da motivação de universitários. Ciências &
Cognição, v.13, n. 1, 101-113, 2008.
RYAN, R. M.; CONNELL, J. P.; DECI, E. L. A motivational analysis of self-
determination and self-regulation in education. Research on motivation in
education: The classroom milieu, v. 2, p. 13-51, 1985.

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1. Definição: a direção e a intensidade de nossos
esforços.
3. Motivação
Intrínseca

2. Amotivação:
ausência de
motivação.
Leva a
autodeterminação
do indivíduo!
Busca por
recompensas.
Motivação

Motivação
4. Motivação Extrínseca: divide-se em extrínseca por
regulação
Motivação integrada
extrínseca por
regulação externa Motivação extrínseca Motivação extrínseca
por regulação por regulação
introjetada identificada
PROFª MS. ISABELLA CAROLINE
BELEM

A professora Isabella Caroline Belem é É integrante do Grupo de Pesquisa

formada em Educação Física, pela sobre Formação e Trabalho em

Universidade Estadual de Maringá (UEM Educação Física – FORTEF (2017-atual).

- 2011), e mestre pelo Programa de Também é integrante do Grupo de

Pós-Graduação em Educação Física, Pesquisa Pró-Esporte na área de

pela Universidade Estadual de Maringá Psicologia do Esporte e do Exercício e

(UEM -2014). Atualmente cursa o de Comportamento Motor entre 2009 e

Doutorado na Universidade Estadual de 2020.

Londrina (UEL).

Atualmente atua como docente do

No campo da pesquisa, atua sobre as curso de Licenciatura e Bacharelado em

temáticas de Estágio, Formação Educação Física, no Centro

inicial e temas da psicologia esportiva. Universitário de Maringá (UniCesumar),

nas disciplinas de Estágio, Ginástica e

Intervenção Profissional em Educação

Física.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9338217673617968

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