Através das diversas experiências a criança vai se apropriando das normas e valores presentes na
sociedade, formando assim a sua consciência ou juízo moral. Não se trata de um acontecimento
imediato, mas de um processo que vai ocorrendo durante toda a fase da infância. Dessa forma, é
importante conhecer como se dá esse processo de construção da moralidade e como tem
acontecido na prática no contexto da educação escolar, conforme será apresentado na sequência
deste trabalho.
Ao nascer, a criança age em função do seu ritmo interno, sob o forte comando das necessidades
básicas do seu corpo e impõe ao meio as suas regularidades de sono, alimentação e mesmo de
companhia e afecto. O organismo humano, como o de todos os seres vivos, orienta-se na busca
de uma adaptação a esse meio, efectuando trocas, acomodando-se às situações e objectos,
assimilando o real enquanto constrói sua personalidade, sua forma de relacionar-se com o
exterior, regulando seus impulsos às exigências dos que o rodeiam.
Os sentimentos e as necessidades das crianças são inibidos inúmeras vezes e, cada vez mais, em
função das preferências dos outros, pela aprovação e reprovação do meio circundante: “Desde o
berço é submetida a múltiplas disciplinas e, antes de falar, toma consciência de certas
obrigações.”
A personalidade se constrói pela busca de adaptação, de um lado pela estrutura cognitiva
que se vai formando em estágios cada vez mais abrangentes e elaborados e, de outro, pelo
julgamento do bem e do mal, do justo e do injusto que lhe dá não somente parte do seu
dinamismo, mas todo o sentido de sua orientação. “É o julgamento de valor que unifica a
personalidade, com vistas à sua formação.“
Nem o bem, nem o mal são dados à priori. A decisão de como agir vai depender da capacidade e
responsabilidade de cada um em responder, por si mesmo, aos desafios da vida em comum, da
sua coragem e determinação em enfrentar a si mesmo e ao problema moral da sociedade.
Freitag (1992) estudando a questão moral, conclui que não há um princípio de acção inequívoco,
racional, transparente, que nos diga para todo o sempre como agir, como julgar e interpretar as
acções alheias e as nossas, “a harmonia da consciência moral humana simplesmente inexiste.
Na obra “O Juízo Moral na Criança”, publicada pela primeira vez em 1932, Piaget
traz a proposta de tentar compreender o juízo moral do ponto de vista da criança, e
descreve as regras morais que se estabelecem durante seu desenvolvimento.
Considerações Finais