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FACULDADE DE DIREITO

Curso: Licenciatura em Direito


Cadeira: Direitos Fundamentais
Ano de frequência: 2º ano

Tema:

Direitos Fundamentais no Estado Moçambicano

Amina Amade Caeva

Nampula, 17 de Maio de 2022


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1 Objectivos .......................................................................................................... 1

1.1.1 Geral ............................................................................................................... 1

1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 1

2 CONSTITUIÇÃO ................................................................................................... 2

2.1 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – DO SÉCULO XVIII AOS


NOSSOS DIAS ............................................................................................................. 2

2.2 A Força Normativo-Constitucional dos Direitos Fundamentais ........................ 5

3 A POSITIVAÇÃO TIPOLÓGICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ........ 5

3.1 Os direitos fundamentais e o futuro ................................................................... 6

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 7

4.1 Política Externa e Direito Internacional ........................................................... 11

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 14

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 15


1 INTRODUÇÃO

A Constituição da República de Moçambique é o documento que estabelece a forma de


organização e funcionamento do Estado bem como reconhece os direitos, deveres e
liberdades fundamentais dos cidadãos. A Constituição é a lei fundamental do nosso
Estado e serve como base de todas as leis que existem em Moçambique.

Em matéria de direitos fundamentais, o pouco que pudesse existir com esse nome, era
unicamente atribuído a grupos, como sucede ao observarmos o caso britânico, e sempre
dentro de uma lógica colectiva, de protecção de classes sociais, nada disso se
aproximando sequer dos verdadeiros direitos fundamentais da época contemporânea.

No que tange à representação e à democracia, os parlamentos desse período, na sua


qualidade de instâncias de veiculação da vontade das pessoas integradas na comunidade
política, mostravam-se ser peças de acção muito frágil, senão mesmo totalmente inútil,
num sistema que progressivamente se encaminhou rumo ao absolutismo real. A
representação era meramente estamental e a actividade dos parlamentos estava longe de
poder atingir um mínimo de actividade legiferante.

1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
O trabalho tem como objectivo geral, retratar o entendimento sobre os Direitos
Fundamentais no Estado Moçambicano.

1.1.2 Específicos
➢ Conceituar a constituição;
➢ Identificar os princípios fundamentais;
➢ Detalhar sobre os direitos e liberdades fundamentais;

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2 CONSTITUIÇÃO

A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado. Pois, aí estão consagrados


e protegidos os direitos e garantias fundamentais do cidadão. Também estão estabelecidas
as regras de organização e funcionamento dos órgãos estatuais bem como princípios
fundamentais válidos nesse Estado.

2.1 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – DO SÉCULO XVIII


AOS NOSSOS DIAS
Os direitos fundamentais em Moçambique não são devidamente cumpridos, por causa da
corrupção, no entanto o trabalho visa divulgar e informar as populações sobre a
Constituição da República de Moçambique (C.R.M) aprovada no dia 22 de Dezembro de
2004 e que trata dos princípios bem como dos direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos. Pretende se que esta brochura seja um instrumento importante para que as
comunidades conheçam e saibam defender os seus interesses e direitos.

I. A importância dos direitos fundamentais, bem como o nascimento da ideia de


cidadania, não se posicionam somente numa óptica de viragem para o Estado
Constitucional Contemporâneo, já que do mesmo modo se afiguram relevantes da
perspectiva do enriquecimento que proporcionaram à evolução da sociedade e do
Estado.

Essa é uma verificação que não deixa margem para hesitações quando analisamos a
evolução da positivação dos direitos fundamentais.

Por aí não só se percebe o eixo de acção das grandes instituições do Direito


Constitucional, assim como se pressente o seu valor para o próprio desenvolvimento do
Direito Constitucional.

II. Se muitas coisas aconteceram em dois séculos de constitucionalismo, é de pensar


primeiro na arrumação dessas mutações que tão substancialmente vieram
aperfeiçoar o catálogo constitucional dos direitos fundamentais.

Trata-se de uma apreciação que emerge facilitada a partir de alguns pontos de


contraposição, os quais posteriormente permitem equacionar os grandes marcos de
alteração substancial na consagração dos direitos fundamentais:

✓ o liberalismo económico do século XIX transformou-se no intervencionismo


social keynesiano no século XX;

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✓ o nacionalismo político do século XIX cedeu o passo ao internacionalismo do
século XX, bem como à multiplicação e até proliferação das relações
internacionais;
✓ o individualismo filosófico do século XIX foi sensivelmente atenuado pelo
solidarismo do século XX.

Daí que as grandes linhas de viragem dos séculos XIX e XX, que se resumem a estes
fenómenos, podem implicar a necessidade de podermos equacionar várias alterações, de
que cumpre frisar a seguinte periodificação:

✓ o período liberal;
✓ o período social;
✓ o período cultural.
III. O período liberal em matéria de protecção dos direitos fundamentais analisa-se
pela consagração de um conjunto de direitos de natureza negativa, através dos
quais se tinha em mente, em primeiro lugar, a garantia de um espaço de autonomia
e de defesa dos cidadãos em face do poder público.

Isso é bem visível nas principais liberdades públicas que foram então consagradas e que
até aos nossos dias, salvo algumas pontuais alterações, continuam a fazer parte de um
património irrevogável do constitucionalismo liberal, que foi produzido pelos pioneiros.

Por outro lado, embora revelando uma preocupação específica, essa primeira geração de
direitos fundamentais é também preenchida pelo estabelecimento de várias garantias dos
âmbitos penal e processual criminal, dessa forma se alcançando a chamada
“humanização” do Direito Penal.

IV. O período social consagrou uma segunda geração de direitos fundamentais, nos
quais se torna evidente o propósito de alargar os fins do Estado e de neles fazer
reflectir uma protecção de natureza social.

É assim que, a partir da segunda metade do século XX, nascem os direitos de natureza
social, pelos quais o Estado se assume um prestador de serviços. Cria-se os direitos
fundamentais à educação, à protecção da saúde, à segurança social e à cultura, de entre
outros.

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Obviamente que esta visão social dos direitos fundamentais não pode ser desligada da
visão de Estado Social, bem como dos conteúdos económicos das Constituições, que
também ganham neste período foros de cidade, aspecto até então completamente
desconhecido.

V. O período cultural traduz a existência de uma terceira geração de direitos


fundamentais, em que se regista o aparecimento de novos direitos fundamentais.

Todavia, o que mais caracteriza esta fase não é tanto a sua unicidade, mas, pelo contrário,
a sua multi-direccionalidade, tal a diferença e sobretudo a pouca proximidade existente
entre os diversos novos direitos consagrados.

Um primeiro grupo de propósitos aflora nas questões ambientais, domínio que, por força
do desenvolvimento tecnológico, se tornou inevitável no seio das políticas públicas. Vão
assim surgir diversas posições subjectivas em matéria de ambiente, daí derivando direitos
fundamentais, deveres fundamentais e interesses difusos com o objectivo da sua
protecção.

Outro núcleo extremamente importante relaciona-se com os recentes desenvolvimentos


na investigação científica em matéria de manipulação genética, fazendo avançar o
progresso humano a níveis alarmantes para a própria destruição do homem e, por junto,
da própria civilização. É então indispensável que se adoptem mecanismos de protecção
da identidade genética humana e que se preserve o ser humano de indesejáveis avanços
tecnológicos e científicos.

É ainda de mencionar as fortes preocupações que passam a ser constitucionalmente


sentidas em matéria de representação das singularidades culturais dos povos, bem como
do fito de estabelecer os direitos dos grupos minoritários, numa óptica menos esmagadora
da força conformadora do princípio maioritário, que aqui encontra os seus limites.

VI. O facto de ser possível, em duzentos anos de constitucionalismo, frisar a


existência de três períodos bem marcados na evolução dos direitos fundamentais
não pode significar que os direitos da geração anterior deixassem de obter
reconhecimento.

Esta foi uma evolução tipicamente acumulativa e não alternativa, por cuja acção se
adicionaram sempre novos direitos àqueles que já pertenciam ao catálogo dos direitos
fundamentais previamente positivados nos textos constitucionais.

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Igualmente não se pode esconder que essa acumulação e sobreposição de direitos pôde
exercer uma influência limitativa naqueles que já estavam previamente consagrados,
evidenciando-se a passagem do período liberal ao período social. Só que esse fenómeno
deu-se aqui como em qualquer outro aspecto constitucional, a partir do momento em que
os textos constitucionais incorporaram uma cláusula social, mostrando-se permeáveis – e
já não neutrais, como no tempo liberal – à realidade constitucional circundante.

VII. O itinerário da positivação constitucional dos direitos fundamentais identicamente


não pode desconsiderar as profundas mutações que o Direito Internacional
Público conheceu na segunda metade do século XX, aos quais são directamente
atinentes aos valores internamente protegidos pelos direitos fundamentais.

2.2 A Força Normativo-Constitucional dos Direitos Fundamentais

1. A protecção dos direitos fundamentais, tal como tivemos ocasião de os descrever


e relatar no respectivo percurso, coloca um primeiro problema, que é o da sua
força jurídica.

Os direitos fundamentais ostentam, deste modo, uma força jurídica de teor


constitucional, que lhe é dada a partir do carácter constitucional das fontes normativas
que os consagram. Na verdade, estamos sempre perante posições jurídicas ex lege,
porquanto derivam sempre do ordenamento jurídico objectivo.

3 A POSITIVAÇÃO TIPOLÓGICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

I. O carácter constitucional dos direitos fundamentais, não obstante ser


extremamente importante na consolidação da sua eficácia protectora, não é
totalmente suficiente, dado que importa também atender a outra nota que foi
configurando a positivação dos direitos fundamentais desde que viram a luz
do dia no constitucionalismo liberal.

Tem ela que ver com a vontade de os direitos fundamentais, logo bem desde o seu início,
se terem apresentado segundo uma técnica de tipificação na respectiva declaração formal
dentro dos textos constitucionais.

Isso implica que, ao lado da sua força normativo- -constitucional, se acrescente outro
traço, que é o do seu matiz tipológico, o que se diferencia bem na Metodologia do Direito
como via específica de pensar e de formular os comandos normativos.

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II. A primeira dimensão do sentido tipológico dos direitos fundamentais – os
quais se mostram, por esta razão, verdadeiros tipos jurídicos – reside na
consequência de a respectiva formulação ser mais concisa do que seria se o
texto constitucional recorresse aos conceitos gerais e classificatórios.

Os direitos fundamentais não são, pois, consagrados por recurso a conceitos, que
pudessem abranger amplamente uma dada realidade a submeter aos efeitos do Direito –
são, antes, agrupados em realidades menos amplas, em torno, deste modo, de tipos
jurídicos, por cujo intermédio melhor se capta o pormenor do objecto e do conteúdo de
cada direito fundamental considerado.

III. Outra dimensão igualmente inerente à tipificação dos direitos fundamentais


nos textos constitucionais é concernente ao valor que os direitos fundamentais
devem possuir se vistos no conjunto das tipologias que entre si formam. É que
a eficácia fica acrescida porquanto se mostrem plurais, apresentando-se em
conjuntos que, como pudemos observar, se têm vindo a alargar.

O mais relevante desse valor colectivo dos direitos fundamentais, se observados como
tipos jurídicos contextualizados em tipologias jurídicas, é, porém, a possibilidade de essas
tipologias não serem tipologias fechadas e serem, ao invés, abertas ou exemplificativas.
Nunca em cada momento os direitos fundamentais positivados num dado texto
constitucional são únicos, havendo a possibilidade de recorrer ao conceito geral
subjacente, para formular outros direitos fundamentais, assim denominados direitos
fundamentais atípicos.

IV. Qualquer uma destas duas dimensões inerentes ao sentido tipológico dos
direitos fundamentais se encontram presentes em muitos dos textos
constitucionais, do século XIX e do século XX.

3.1 Os direitos fundamentais e o futuro

Os direitos fundamentais não são direitos infalíveis e, por isso, existem perigos que
actualmente se concebem e que podem lançar dúvidas quanto à efectividade da sua
protecção. Simplesmente, esses perigos, em vez de nos fazerem esmorecer, devem
inversamente suscitar a nossa reflexão, tendo em mente o desiderato de os vencer.

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O perigo mais sério – e simultaneamente o mais disfarçado – assenta na elevada
eventualidade que hoje existe no tocante à banalização da singularidade da garantia que
é inerente aos direitos fundamentais.

Numa altura em que o discurso sobre a protecção das pessoas por intermédio dos direitos
fundamentais se vulgarizou, inevitavelmente que também se vulgarizou o recurso a essa
técnica jurídico-formal. O resultado é o da multiplicação, que pode ser excessiva, do
número dos direitos fundamentais existentes.

Outro risco que igualmente nos deve apoquentar é atinente à eventual uniformização dos
direitos fundamentais que progressivamente vamos consagrando nos textos
constitucionais, tendência que ter-se-á afirmado, primeiro, ao nível da protecção
internacional dos direitos humanos.

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I
REPÚBLICA

Artigo 1
(República de Moçambique)

A República de Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de


justiça social.

Artigo 2
(Soberania e legalidade)

1. A soberania reside no povo.

2. O povo moçambicano exerce a soberania segundo as formas fixadas na


Constituição.

3. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade.

4. As normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do


ordenamento jurídico.

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Artigo 3
(Estado de Direito Democrático)

A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de


expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e
liberdades fundamentais do Homem.

Artigo 4
(Pluralismo jurídico)
O Estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução de conflitos que
coexistem na sociedade moçambicana, na medida em que não contrariem os valores e os
princípios fundamentais da Constituição.

Artigo 5
(Nacionalidade)

1. A nacionalidade moçambicana pode ser originária ou adquirida.

2. Os requisitos de atribuição, aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade são


determinados pela Constituição e regulados por lei.

Artigo 6
(Território)

1. O território da República de Moçambique é uno, indivisível e inalienável,


abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo
delimitados pelas fronteiras nacionais.

2. A extensão, o limite e o regime das águas territoriais, a zona económica exclusiva,


a zona contígua e os direitos aos fundos marinhos de Moçambique são fixados por
lei.

Artigo 7
(Organização territorial)

1. A República de Moçambique organiza-se territorialmente em províncias,


distritos, postos administrativos, localidades e povoações.

2. As zonas urbanas estruturam-se em cidades e vilas.

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3. A definição das características dos escalões territoriais, assim como a criação de
novos escalões e o estabelecimento de competências no âmbito da organização
político-administrativa é fixada por lei.

Artigo 8
(Estado unitário)

A República de Moçambique é um Estado unitário, que respeita na sua organização os


princípios da autonomia das autarquias locais.

Artigo 9
(Línguas nacionais)

O Estado valoriza as línguas nacionais como património cultural e educacional e promove


o seu desenvolvimento e utilização crescente como línguas veiculares da nossa
identidade.

Artigo 10
(Língua oficial)

Na República de Moçambique a língua portuguesa é a língua oficial.

Artigo 11
(Objectivos fundamentais)

O Estado moçambicano tem como objectivos fundamentais:

a) a defesa da independência e da soberania;


b) a consolidação da unidade nacional;
c) a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material,
espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos;
d) a promoção do desenvolvimento equilibrado, económico, social e regional do
país;
e) a defesa e a promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante
a lei;
f) o reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social
e individual;
g) a promoção de uma sociedade de pluralismo, tolerância e cultura de paz;
h) o desenvolvimento da economia e o progresso da ciência e da técnica;

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i) a afirmação da identidade moçambicana, das suas tradições e demais valores
sócio- culturais;
j) o estabelecimento e desenvolvimento de relações de amizade e cooperação com
outros povos e Estados.
Artigo 12
(Estado laico)

1. A República de Moçambique é um Estado laico.

2. A laicidade assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas.

3. As confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas


funções e de culto e devem conformar-se com as leis do Estado.

4. O Estado reconhece e valoriza as actividades das confissões religiosas visando


promover um clima de entendimento, tolerância, paz e o reforço da unidade
nacional, o bem-estar espiritual e material dos cidadãos e o desenvolvimento
económico e social.

Artigo 13
(Símbolos nacionais)

Os símbolos da República de Moçambique são a bandeira, o emblema e o hino nacionais.

Artigo 14
(Resistência secular)

A República de Moçambique valoriza a luta heroica e a resistência secular do povo


moçambicano contra a dominação estrangeira.

Artigo 15
(Libertação nacional, defesa da soberania e da democracia)

1. A República de Moçambique reconhece e valoriza os sacrifícios daqueles que


consagraram as suas vidas à luta de libertação nacional, à defesa da soberania e
da democracia.

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2. O Estado assegura protecção especial aos que ficaram deficientes na luta de
libertação nacional, assim como aos órfãos e outros dependentes daqueles que
morreram nesta causa.

3. A lei determina os termos de efectivação dos direitos fixados no presente artigo.

Artigo 16
(Deficientes de guerra)

1. O Estado assegura protecção especial aos que ficaram deficientes durante o


conflito armado que terminou com assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992,
bem como aos órfãos e outros dependentes directos.

2. O Estado protege igualmente os que ficaram deficientes em cumprimento de


serviço público ou em acto humanitário.

3. A lei determina os termos de efectivação dos direitos fixados no presente artigo.

4.1 Política Externa e Direito Internacional

Artigo 17
(Relações internacionais)

1. A República de Moçambique estabelece relações de amizade e cooperação com


outros Estados na base dos princípios de respeito mútuo pela soberania e
integridade territorial, igualdade, não interferência nos assuntos internos e
reciprocidade de benefícios.

2. A República de Moçambique aceita, observa e aplica os princípios da Carta da


Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana.

Artigo 18
(Direito internacional)

1. Os tratados e acordos internacionais, validamente aprovados e ratificados,


vigoram na ordem jurídica moçambicana após a sua publicação oficial e enquanto
vincularem internacionalmente o Estado de Moçambique.

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2. As normas de direito internacional têm na ordem jurídica interna o mesmo valor
que assumem os actos normativos infraconstitucionais emanados da Assembleia
da República e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção.

Artigo 19
(Solidariedade internacional)

1. A República de Moçambique solidariza-se com a luta dos povos e Estados


africanos, pela unidade, liberdade, dignidade e direito ao progresso económico e
social.

2. A República de Moçambique busca o reforço das relações com países


empenhados na consolidação da independência nacional, da democracia e na
recuperação do uso e controlo das riquezas naturais a favor dos respectivos povos.

3. A República de Moçambique associa-se a todos os Estados na luta pela


instauração de uma ordem económica justa e equitativa nas relações
internacionais.

Artigo 20
(Apoio à liberdade dos povos e asilo)

1. A República de Moçambique apoia e é solidária com a luta dos povos pela


libertação nacional e pela democracia.

2. A República de Moçambique concede asilo aos estrangeiros perseguidos em razão


da sua luta pela libertação nacional, pela democracia, pela paz e pela defesa dos
direitos humanos.

3. A lei define o estatuto do refugiado político.

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Artigo 21
(Laços especiais de amizade e cooperação)

A República de Moçambique mantém laços especiais de amizade e cooperação com os


países da região, com os países de língua oficial portuguesa e com os países de
acolhimento de emigrantes moçambicanos.

Artigo 22
(Política de paz)
1. A República de Moçambique prossegue uma política de paz, só recorrendo à força
em caso de legítima defesa.

2. A República de Moçambique defende a primazia da solução negociada dos


conflitos.

3. A República de Moçambique defende o princípio do desarmamento geral e


universal de todos os Estados.

4. A República de Moçambique preconiza a transformação do Oceano Índico em


zona desnuclearizada e de paz.

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5 CONCLUSÃO

Os direitos fundamentais permeiam toda a esfera da vida privada e as ações dos poderes
públicos, pelo que, ao fazer-se uma análise sistemática da Constituição, conclui se que
existem direitos fundamentais que se encontram dispersos pelo texto constitucional, para
uma compreensão das questões conceptuais dos direitos fundamentais que assegure a sua
correcta aplicação, é fundamental, para além de identificar as funções destes direitos, o
seu âmbito de protecção e os mecanismos necessários à sua positivação, determinar ainda
quem são os titulares dos direitos fundamentais.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Aprovada pela


Assembleia da República, aos 16 de Novembro de 2004.

2. CHIAVENATO, ILDALBERTO. 2007– Administração: Teoria, Processos e


Prática. 4ª ed. Rio de Janeiro: Campus - Elsevier, Bibliografia Básica.

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