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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA

IZABELLE AGUIAR MENDONÇA FERREIRA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE TRATAMENTO


FARMACOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS EM WEBSITES BRASILEIROS

Niterói, RJ
2022
IZABELLE AGUIAR MENDONÇA FERREIRA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE TRATAMENTO


FARMACOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS EM WEBSITES BRASILEIROS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de
Bacharelado em Farmácia, como
requisito parcial para conclusão
do curso.

Orientadora: Profª Draª Sabrina Calil Elias.


Coorientadora: Me. Thais Ribeiro Pinto Bravo

Niterói, RJ
2022
Ficha catalográfica automática - SDC/BFF
Gerada com informações fornecidas pelo autor

F383a Ferreira, Izabelle Aguiar Mendonça


AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS EM WEBSITES BRASILEIROS /
Izabelle Aguiar Mendonça Ferreira ; Sabrina Calil-Elias,
orientadora ; Thais Ribeiro Pinto Bravo, coorientadora.
Niterói, 2022.
48 p. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)-


Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Farmácia,
Niterói, 2022.

1. Diabetes Mellitus. 2. Consumo de Informação em Saúde.


3. Tratamento Farmacológico. 4. Internet. 5. Produção
intelectual. I. Calil-Elias, Sabrina, orientadora. II. Ribeiro
Pinto Bravo, Thais, coorientadora. III. Universidade Federal
Fluminense. Faculdade de Farmácia. IV. Título.

CDD -

Bibliotecário responsável: Debora do Nascimento - CRB7/6368


IZABELLE AGUIAR MENDONÇA FERREIRA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE TRATAMENTO


FARMACOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS EM WEBSITES BRASILEIROS

Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao curso
de Bacharelado em
Farmácia, como requisito
parcial para conclusão do
curso.

Aprovada em 25 de julho de 2022.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Profª Draª Sabrina Calil Elias

________________________________________________
Me. Thais Mendes Luquetti

________________________________________________
Me. Ana Amélia Rangel Ribeiro

Niterói, RJ
2022
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Amalia e Antônio, cujo projeto
de construção de família deu sentido à minha existência nesse plano.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos serão cheios dos bons clichês da vida: Deus, minha querida
família, amigos e todas as pessoas envolvidas no desenvolvimento deste trabalho, afinal, não
poderia ser de outra forma.
Agradeço a Deus em primeiro lugar por ter me dado a vida e condições tão
maravilhosas de exercê-la.
Agradeço aos meus pais, Amalia e Antonio, por terem me trazido a este mundo e
mostrado que ele pode ser melhor a cada dia se cada um de nós acreditar que assim pode ser
feito. Vocês são minha casa, meu porto seguro e meus melhores amigos. Amo vocês
eternamente.
Agradeço também ao meu companheiro de vida, Vinícius Carvalho, pela infinita
paciência, parceria e amor. Você faz o impossível ser possível, e a caminhada ao seu lado é tão
doce e leve quanto você.
À toda minha família, cujos laços de afeto se sobrepõem ao de amor, apesar de muitas
vezes caminharem juntos. Especialmente à minha madrinha Maria Gorete, que faz o amor
encurtar distâncias, à minha avó Maria de Aguiar pelo exemplo de luta e força, aos meus
afilhados Alexandre e Daniel que me ensinaram o significado de cuidar, aos meus queridos
sogros Sandra – que tenho a honra de referenciar como pesquisadora neste trabalho – e Ricardo
por todo carinho e cuidado e à minha linda sobrinha Anna Lia por todos os sorrisos e felicidade
emanada.
Aos meus amigos, que não são mais de algum lugar específico, mas sim do espaço-
tempo que chamo de vida: Catharine Porto, Crislaine Nolelat, Felipe Sena, Fernanda Lima,
Flavia Santos, Jaciara Gomes, Jhulia Fernandes, Lethícia Carvalho, Luciana Lima, Mariana
Braz, Matheus Vicente, Millena Monteiro, Pamela Milani, Pedro Mendes, Rafaela Gomes,
Renan Caetano, Thayane Alves e Vinicius Amaral. Obrigada por toda compreensão, paciência,
cuidado e carinho nos momentos que mais precisei. Vocês fazem parte da minha história!
Às minhas amadas orientadoras Dra. Sabrina e Msc. Thais, que fazem parte de quem
me tornei enquanto profissional e estão caminhando comigo desde 2018. Vocês são exemplos
de mulheres inspiradoras, pesquisadoras, profissionais e do que de fato nos torna humanos:
empatia, acolhimento, sensibilidade e amor. Obrigada por absolutamente tudo.
Gostaria de agradecer muitíssimo também à banca pelo tempo disponibilizado para
leitura e participação da defesa do trabalho, e desde já pelos pontos trazidos para a discussão.
Agradeço também à UFF, minha segunda casa, bem como os discentes e docentes que
acrescentaram muito à minha construção enquanto farmacêutica.
À estrela mais brilhante do céu, minha amada tia Vera Hazan, fica aqui meu eterno
muito obrigada. Conseguimos!
“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar
as coisas que não podemos modificar, coragem para
modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir
umas das outras.”
(Oração da Serenidade, Autor Desconhecido)
RESUMO

O diabetes mellitus é uma condição que define um conjunto de distúrbios metabólicos


resultando em hiperglicemia crônica, configurando como um dos problemas de saúde mais
prevalentes, sendo a sétima maior causa de morte no mundo. Indivíduos diabéticos necessitam
de mais informações, principalmente acerca dos medicamentos utilizados na terapêutica da
doença, e utilizam a Internet, inclusive os websites, como meio para obtê-las. A crescente
utilização dos websites como fonte de informação sobre o tratamento farmacológico do diabetes
mellitus traz preocupações com relação à qualidade do que está sendo disponibilizado aos
usuários. O presente trabalho objetiva a qualidade da informação sobre tratamento
farmacológico do diabetes mellitus presente em websites brasileiros. A seleção dos websites
foi realizada pelo buscador Google, com a combinação de palavras e operadores booleanos:
“diabetes” OR “diabetes mellitus” AND “tratamento diabetes”. A quantidade final dos websites
a serem analisados foi de 100 websites e foram incluídos no estudo os websites em português,
brasileiros, que abordassem o tema tratamento farmacológico do diabetes. Foi realizada a
análise quantitativa para observar as características gerais presentes nos websites. Ao se avaliar
a qualidade da informação sobre tratamento farmacológico do Diabetes Mellitus nos websites
brasileiros foi utilizada a ferramenta DISCERN Questionnaire. Foi aplicada estatística
descritiva e aplicado o teste de concordância kappa. Demonstrou-se que 81% dos websites
mencionaram o diabetes mellitus tipo 2 e que 7% apresentaram selo HONcode. Com relação
ao tratamento farmacológico, 38% citaram a metformina e 14% a insulina NPH. Foi
demonstrado também que 62% dos websites foram classificados como ruim para se obter
conteúdo sobre tratamento farmacológico. A má qualidade destas informações pode aumentar
os riscos de ocorrer problemas graves de saúde ao paciente diabético, além de potencialmente
estimular indevidamente um auto diagnóstico e/ou um auto tratamento por parte do indivíduo.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Consumo de Informação em Saúde. Tratamento
Farmacológico. Internet.
ABSTRACT

Diabetes mellitus is a condition that defines a set of metabolic disorders resulting in chronic
hyperglycemia, constituting one of the most prevalent health problems, being the seventh
leading cause of death in the world. Diabetic subjects need more information, especially about
the drugs used in the therapy of the disease, and they use the Internet, including websites, as a
means to obtain them. The increasing use of websites as a source of information on
pharmacological treatment of diabetes mellitus brings concerns regarding the quality of what is
being made available to users. The present study aims at the quality of information on
pharmacological treatment of diabetes mellitus present in Brazilian websites. The selection of
websites was carried out by the google search engine, with the combination of boolean words
and operators: "diabetes" OR "diabetes mellitus" AND "diabetes treatment". The final number
of websites that were analyzed was 100 websites and the Brazilian websites, in Portuguese
language, that addressed the subject pharmacological treatment of diabetes were included in the
study. Quantitative analysis was carried out to observe the general characteristics present in the
websites. By assessing the quality of information on pharmacological treatment of Diabetes
Mellitus on Brazilian websites, the DISCERN Questionnaire tool was used. Descriptive
statistics and the kappa agreement test were applied. It was demonstrated that 81% of the
websites mentioned type 2 diabetes mellitus and that 7% had an HONcode seal. Regarding
pharmacological treatment, 38% cited metformin and 14% NPH insulin. It was also
demonstrated that 62% of the websites were classified as bad to obtain content on
pharmacological treatment. The poor quality of these information may increase the risk of
serious health problems to diabetic patients, in addition to potentially unduly stimulating self-
diagnosis and/or self-treatment by the subject.

Keywords: Diabetes Mellitus. Consumer Health Information. Drug Therapy. Internet


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Selo HONcode...........................................................................................................14


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos websites brasileiros selecionados relacionados ao tratamento


farmacológico do diabetes
mellitus............................................................................................19
Tabela 2 - Tratamentos Farmacológicos referentes ao diabetes mellitus mencionados nos
websites selecionados................................................................................................................21
Tabela 3 - Resultado da aplicação da ferramenta DISCERN Questionnaire para o estudo da
qualidade da informação sobre tratamento farmacológico do Diabetes Mellitus em websites
brasileiros..................................................................................................................................23
Tabela 4 - Qualidade final dos websites brasileiros selecionados, a partir da ferramenta Discern,
que abordam o tratamento farmacológico do Diabetes Mellitus................................................24
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Medicamentos utilizados para o tratamento do diabetes mellitus...............................7


Quadro 2 - Critérios do código de conduta HON (HONcode)....................................................13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMP Adenosina monofosfato


AMPK Proteinocinase ativada por AMP
ATP Adenosina trifosfato
CREMESP Conselho Regional de Medicina de São Paulo
DM Diabetes mellitus
DMG Diabetes mellitus gestacional
DMT1 Diabetes mellitus do tipo 1
DMT2 Diabetes mellitus do tipo 2
DPP-4 Dipeptidil peptidase
EUA Estados Unidos da América
FDA Food and Drug Administration
FTC The Federal Trade Comission
GLP-1 Receptor de polipeptídeo semelhante ao glucagon
GLUT-2 Transportador de glicose tipo 2
HON Health On Net
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDF International Diabetes Federation
MODY Maturity-Onset Diabetes of the Young
NPH Neutral Protamine Hagedorn
OMS Organização Mundial da Saúde
PDX1 Homeobox 1 pancreático e duodenal
PPAR- γ Receptor gama ativado por proliferador peroxissômico
RENAME Relação Nacional de Medicamentos essenciais
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
SUS Sistema Único de Saúde
URL Uniform Resource Locator
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3
2.2. Diabetes Mellitus 3
2.3. Internet: breve histórico. 10
2.4. Consolidação da Internet como fonte de informações sobre saúde 11
2.5. Qualidade da informação sobre saúde na Internet 12
3. OBJETIVOS 15
3.1. Objetivo Geral 15
3.2. Objetivos específicos 15
4. METODOLOGIA 16
4.1. Seleção dos websites 16
4.2. Análise quantitativa 16
4.3. Avaliação da qualidade da informação 17
4.4. Tratamento Estatístico 17
5. RESULTADOS 18
6. DISCUSSÃO 24
6. CONCLUSÃO 29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30
1

1. Introdução

As tecnologias digitais vêm tornando-se cada vez mais presentes no cotidiano (NETO;
FLYNN, 2018). No Brasil, o verbo “navegar” é utilizado quando se faz referência a acessar a
Internet para buscar algo ou comunicar-se com alguém ou um grupo de pessoas (NETO;
FLYNN, 2018). No final da década de 90, estimava-se que 4% da população global tinha acesso
à Internet, o que era observado também no Brasil naquele momento (FERREIRA, 2019). Em
2020 havia 152 milhões de usuários de Internet no Brasil, o que correspondia a 81% da
população do país com 10 anos ou mais (CETIC, 2021).
A Internet é uma ferramenta reconhecida por fornecer informações sobre diferentes
vertentes, entre elas saúde (DARAZ et al., 2019). Sabe-se também que o acesso às informações
sobre saúde está diretamente relacionado com desfechos positivos, tendo como exemplo, uma
melhor adesão ao tratamento no caso de pacientes acometidos por enfermidades crônicas e
agudas (LEE et al., 2021). No contexto de doenças crônicas, a exemplo do diabetes, a Internet
se torna uma ferramenta capaz de auxiliar na busca por informações, sobre o próprio
diagnóstico, prevenção, manejo e possibilidades de tratamentos (HOLTZ, 2020).
O diabetes mellitus é uma condição que define um conjunto de distúrbios metabólicos
resultando em hiperglicemia crônica (PETERSMANN et al., 2019). Esta condição ocorre
quando o corpo não produz, nenhuma ou suficientemente, ou não é capaz de utilizar a insulina
de forma apropriada, quadro caracterizado como resistência insulínica (INTERNATIONAL
DIABETES FEDERATION, 2021).
Nas últimas décadas, o diabetes mellitus se tornou um dos problemas de saúde mais
prevalentes, sendo a sétima maior causa de morte no mundo (GLOVACI; FAN; WONG, 2019).
A prevalência mundial cresceu de 108 milhões (4,7%) em 1980 para 425 milhões (8,5%) em
2017, e a estimativa é que em 2045 seja de 629 milhões de indivíduos (GLOVACI; FAN;
WONG, 2019). Dados de 2020 apontam que a prevalência no Brasil era de 16,8 milhões, isto
é, 11,4% da população brasileira entre 20 e 79 anos de idade (BARONE et al., 2020).
Sabe-se que pacientes portadores de doenças crônicas, como classifica-se o diabetes
mellitus, têm maior tendência a compartilhar experiências e procurar por auxílio na Internet
(WANG et al., 2020). Já é comprovado também que o fluxo de apoio social e emocional entre
indivíduos diabéticos, viabilizado pela Internet, auxilia no melhoramento do cuidado com o
paciente portador do diabetes (TENDERICH et al., 2019). Adicionalmente, indivíduos
2

diabéticos comumente necessitam de informações diversas sobre sua condição, como a eficácia
das opções de tratamento e sequelas do diabetes (KONG et al., 2021).
Embora a Internet represente uma excelente ferramenta para incrementar o
conhecimento e a educação, há uma crescente preocupação com a falta da qualidade da
informação presente sobre saúde disponível online (FULLARD; JOHNSTON; HEHIR, 2021).
Estudos realizados sobre a qualidade da informação sobre determinadas condições de saúde
como depressão pós-parto, fibrose pulmonar e câncer pancreático em websites demonstraram
que a maior parte das informações disponibilizadas eram imprecisas ou incompletas (REW;
SAENZ; WALKER, 2018).
Portanto, considerando a prevalência do diabetes mellitus no Brasil e a relevância da
Internet como fonte de informação e como ferramenta relacionada a resultados positivos
durante o tratamento do indivíduo, fazem-se necessários mais estudos sobre a qualidade de
informação sobre o tratamento da diabetes mellitus presente na Internet disponibilizada
livremente ao público brasileiro.
3

2. Fundamentação Teórica

2.2. Diabetes Mellitus

Estima-se que a palavra diabetes foi cunhada aproximadamente no primeiro século


a.C, a partir da expressão grega diabainein que significava à época “sifão”, referindo-se aos
sintomas de poliuria e polidipsia característicos da doença (SIMS et al., 2021). Atualmente, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve diabetes mellitus como um termo que
identifica diversos distúrbios metabólicos resultando em hiperglicemia (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2019).
O diabetes mellitus se mostra como um dos problemas de saúde mais prevalentes na
sociedade contemporânea a nível global, sendo a sétima maior causa de morte no mundo
(GLOVACI; FAN; WONG, 2019). A International Diabetes Federation (IDF) estimou em
2021 que a prevalência de indivíduos diabéticos representava 10,5% da população mundial, e
que este número será de 11,3% e 12,2% em 2030 e 2045, respectivamente (INTERNATIONAL
DIABETES FEDERATION, 2021). Com relação ao Brasil, estima-se que em 2020 a
prevalência do diabetes era de 16,8 milhões, isto é, 11,4% da população brasileira entre 20 e 79
anos de idade (BARONE et al., 2020).
A classificação do diabetes mellitus inclui quatro tipos principais:
• Diabetes mellitus tipo 1: proveniente da destruição das células β-pancreáticas
que, em geral, leva à deficiência total ou parcial de insulina.
• Diabetes mellitus tipo 2: é resultante de uma secreção defeituosa e/ou
progressiva de insulina e causada também por uma resistência insulínica periférica.
• Outros tipos específicos do diabetes mellitus: manifestações menos comuns
cujos defeitos ou processos causadores que podem ser devido a, por exemplo, um defeito
genético no funcionamento das células β-pancreáticas, defeito genético na ação da insulina,
doenças do pâncreas exócrino, entre outros. Alguns exemplos destas manifestações incluem
síndromes diabéticas monogênicas, como por exemplo: diabetes neonatal, diabetes MODY
(Maturity-Onset Diabetes of the Young) e diabetes induzida quimicamente ou por
medicamentos.
• Diabetes mellitus gestacional: diabetes diagnosticado durante a gravidez
(ARTASENSI et al., 2020; NOLASCO, 2017).
4

O diabetes mellitus do tipo 1 é diagnosticado por uma concentração elevada de glicose


no sangue na presença de sintomas como sede excessiva, urinação frequente, falta de energia
ou fadiga, fome constante, perda de peso e cetoacidose diabética (INTERNATIONAL
DIABETES FEDERATION, 2021).
Ainda de acordo com a IDF (2021), o diabetes mellitus do tipo 2, que representa 90%
de todos os casos de diabetes ao redor do mundo, também é caracterizado pela hiperglicemia e
pode apresentar sintomas semelhantes, porém de forma menos grave quanto do diabetes do tipo
1.
O diabetes mellitus gestacional é caracterizado pela intolerância à glicose, com início
ou diagnóstico realizado durante o período da gestação, cuja causa está relacionada ao estresse
causado pela gravidez, fatores genéticos e/ou nutricionais (DE SOUSA et al., 2022).
A hiperglicemia crônica está associada a complicações que afetam os olhos, rins e
nervos, além de aumentar o risco para o desenvolvimento da doença cardiovascular
(PUNTHAKEE; GOLDENBERG; KATZ, 2018). O diabetes está associado a danos a longo
prazo em vasos sanguíneos de grande e pequeno calibre e a complicação causada pela
hiperglicemia sob o sistema macrovascular, incluindo as artérias coronárias e
cerebrovasculares, é a principal causa de morte em indivíduos portadores do diabetes (COLE;
FLOREZ, 2020).
O aumento anormal dos níveis de glicose no sangue, principal característica do
diabetes mellitus, pode ser causado pela produção inadequada de insulina pelo pâncreas ou pela
sensibilidade celular inadequada ao hormônio (PRANATA et al., 2021).
A insulina é uma proteína de 51 aminoácidos considerada chave para o controle da
homeostase da glicose, metabolismo e do crescimento celular (VASILJEVIĆ et al., 2020). Em
1869, Paul Langerhans identificou as ilhotas pancreáticas nas quais ocorre a produção da
insulina, e partir deste momento diversos outros pesquisadores – como por exemplo
Minkowski, von Mering, Opie e Paulesco – conduziram estudos que demonstraram um fator
para o pâncreas cuja ausência ou deficiência levava ao diabetes mellitus (LEWIS;
BRUBAKER, 2021).
O pâncreas, que possui uma porção exógena e uma porção endógena, é responsável
pela produção da insulina, sendo o órgão no qual se localizam as células β que efetivamente
promovem a síntese do hormônio (SARAIVA, 2018). Ainda de acordo com Saraiva (2018), a
produção da insulina é mediada por fatores de transcrição, dentre os quais o NeuroD1 e o PDX-
1, cuja influência se dá tanto na regulação e manutenção funcionamento das células β-
5

pancreáticas quanto na expressão de genes anti-apoptóticos e anomalias no processamento da


insulina.
A glicose sérica elevada é um dos principais fatores que estimula a secreção da insulina
(COSTA; MOREIRA, 2021). A célula β-pancreática expressa o receptor GLUT-2, que
apresenta baixa afinidade para a glicose, em sua membrana plasmática, e por este motivo, a
glicose estará presente no ambiente intracelular desta célula somente quando há alta
concentração sérica da molécula (MONTERO et al., 2020).
Uma vez dentro da célula β-pancreática, a glicose é fosforilada e oxidada, e em
decorrência deste processo é gerado o ATP (Adenosina trifosfato) cuja produção faz com que
os canais de potássio dependentes de ATP sejam bloqueados, ocorre despolarização da
membrana com abertura dos canais de cálcio dependentes de voltagem que faz com que haja o
influxo de Cálcio+2 e, consequentemente, a secreção dos grânulos contendo insulina para o
ambiente extracelular (MONTERO et al., 2020; SARAIVA, 2018). A insulina é considerada o
principal hormônio anabólico humano principalmente devido ao caráter essencial de suas
funções no transporte da glicose e no metabolismo energético celular (SALLES et al., 2019).
Indivíduos com diabetes devem controlar os níveis glicêmicos para evitar as
complicações da doença por meio do tratamento, seja ele não farmacológico e farmacológico,
que consiste em diversas ações com o objetivo de otimizar a qualidade de vida do paciente, que
incluem dieta balanceada, prática de atividade física, uso de medicamentos e insulinoterapia
(CORDEIRO, 2019).
Sabe-se que a atividade física para pacientes com diabetes mellitus do tipo 2, por
exemplo, deve ser praticada por meio de exercícios de moderada a alta intensidade por pelo
menos 150 minutos por semana, distribuídos por um mínimo de 3 dias por semana
(RAVEENDRAN; CHACKO; PAPPACHAN, 2018). Sobre a dieta, neste mesmo grupo de
pacientes, estudos mostraram que a redução de carboidratos de 54% do total de calorias para
31% atenua significativamente excursões de glicose pós-prandiais diárias em 14%, mesmo após
apenas 1-2 dias (MAGKOS; HJORTH; ASTRUP, 2020).
O tratamento farmacológico se dá pela utilização de diversos medicamentos
antidiabéticos que atuam por mecanismos distintos, como por exemplos hipoglicemiantes orais,
injetáveis, inaláveis e insulinas (ARTASENSI et al., 2020; DA SILVA, 2019).
Para o diabetes mellitus do tipo 1, o tratamento farmacológico é feito exclusivamente
com a utilização da insulina, a exemplo das insulinas NPH e regular, uma vez que os indivíduos
são insulinodependentes, enquanto em pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 utilizam-se
6

medicamentos antidiabéticos orais e injetáveis majoritariamente quando mudanças no estilo de


vida do indivíduo não são suficientes (CORDEIRO, 2019). A metformina é medicamento de
primeira escolha para o tratamento e prevenção do diabetes mellitus do tipo 2, devido a sua
eficácia e segurança, baixa incidência de hipoglicemia e baixo custo (FILHO et al., 2022)
No que tange à terapia farmacológica de forma geral, as categorias de medicamentos
utilizadas no tratamento do diabetes mellitus, seus respectivos mecanismos de ação, principais
efeitos adversos e o tipo de diabetes para os quais são utilizados se encontram no quadro 1
abaixo:
7

Quadro 1 – Medicamentos utilizados para o tratamento do diabetes mellitus (continua)

Classes do Exemplos de Medicamentos Mecanismos de ação Principais efeitos Tipo de diabetes para qual é utilizado
medicamento adversos relacionados
ao uso
Biguanidas Metformina Reduz a produção hepática de Diarreia, náuseas, Diabetes mellitus do tipo 2
glicose pela ativação da enzima deficiência de vitamina
proteinocinase ativada por AMP B12, acidose láctica
(AMPK)
Secretagogos de insulina Glibenclamida; glipizida; Aumenta a liberação de insulina Ganho de peso e Diabetes mellitus do tipo 2
( sulfonilureias) glimepirida do pâncreas ao inibir o efluxo de hipoglicemia
potássio nas células β-pancreáticas
Secretagogos de insulina Repaglinida Modula a produção e liberação da Hipoglicemia Diabetes mellitus do tipo 2
(meglitinidas) insulina ao controlar o efluxo de
potássio pelos canais
correspondentes
Secretagogos de insulina Nateglinida Estimula a liberação muito rápida Hipoglicemia Diabetes mellitus do tipo 2
(derivados da D- de insulina através de canais de
fenilalanina) Potássio+ sensíveis ao ATP
Tiazolidinedionas Pioglitazona; rosiglitazona Diminui a resistência à insulina Retenção de líquidos, Diabetes mellitus do tipo 2
por serem ligantes do receptor edema, anemia,
gama ativado por proliferador ganho de peso, edema
peroxissômico (PPAR- γ) macular, fraturas ósseas
em mulheres
Inibidores da α- Ascarbose; miglitol Reduz as excursões pós-prandiais Sintomas Diabetes mellitus do tipo 2
glicosidase da glicose pois retardam a digestão gastrointestinais
e a absorção do amido e dos
dissacarídeos
Agonistas do receptor de Exenatida Potencializa a secreção da insulina Náusea, Diabetes mellitus do tipo 2
polipeptídeo semelhante mediada pela glicose, suprimem a dor de cabeça, vômitos,
ao glucagon (GLP-1) liberação pós-prandial de anorexia, leve
glucagon, atrasam o esvaziamento perda de peso, pancreatite
gástrico e causam a perda de
apetite
Inibidores da dipeptidil Sitagliptina Aumenta os níveis de GLP-1 Rinite, infecções Diabetes mellitus do tipo 2
peptidase (DPP-4) nativo e do polipeptídeo respiratórias, dores de
insulinotrópico dependente de cabeça,
glicose, diminuindo as excursões
8

Classes do Exemplos de Medicamentos Mecanismos de ação Principais efeitos Tipo de diabetes para qual é utilizado
medicamento adversos relacionados
ao uso
de glicose pós-prandiais ao pancreatite, reações
aumentar a secreção de insulina alérgicas raras
mediada pela glicose e diminuir os
níveis de glucagon
Análogo da amilina Pranlintida Modula os níveis pós-prandiais de Náusea, anorexia, Diabetes mellitus do tipo 1 e do tipo 2
glicose, por suprimir a liberação de hipoglicemia e cefaleia.
glucagon, retardar o esvaziamento
gástrico e exercer efeitos
anoréticos mediados pelo sistema
nervoso central
Sequestrador de ligação Cloridrato de colesevelam Reduz a absorção de glicose Constipação, indigestão e Diabetes mellitus do tipo 2
de ácidos biliares flatulência
Insulinas NPH (ação intermediária) e Ativa receptor de insulina Hipoglicemia, ganho de Diabetes mellitus do tipo 1 e do tipo 2*
regular (ação curta e rápida) peso, lipodistrofia.
*Para casos não controlados de diabetes mellitus do tipo 2.
Fonte: adaptado de Katzung e Filho et al. 2022.
9

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2020), o medicamento de


primeira escolha para o tratamento do diabetes gestacional é a insulina, pois além de sua eficácia
possui pequena passagem placentária, no entanto, é observada uma dificuldade de adesão ao
tratamento da insulinoterapia, principalmente, devido a fatores como a dificuldade na
autoadministração, estresse devido ao uso do medicamento e ganho de peso (DE SOUSA et al.,
2022).
Dentro do contexto do papel da saúde pública no tratamento do diabetes mellitus, a
Lei Brasileira de número 8080 de 1990, estabelece “o conjunto de ações e serviços de saúde,
prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração
direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público”, constituindo desta forma o
Sistema Único de Saúde, o SUS (BRASIL, 1990).
Fernandes e de Carvalho (2020) afirmam em seu trabalho que a Constituição Brasileira
já em 1988 reconhece o SUS como essencial para garantir o direito universal à saúde da
população. Subsequentemente, a Lei 8.080/90 reitera de forma clara a criação do SUS, além
de fundamentar seu funcionamento, regulamentar o serviço e a participação da sociedade bem
como os princípios, objetivos e diretrizes do Sistema (BRASIL, 1990; FERNANDES; DE
CARVALHO, 2020).
A Lei Federal de número 11347 de 2006 dispõe sobre a distribuição gratuita de
medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos
portadores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos, sendo um
instrumento essencial na garantia da qualidade do tratamento de indivíduos diabéticos no Brasil
(BRASIL, 2006). Outra ferramenta instituída com o fim de facilitar o acesso aos medicamentos
para os indivíduos diabéticos é o Programa Farmácia Popular do Brasil, que viabiliza o
fornecimento gratuito destes insumos e que conta com a coparticipação de drogarias comerciais
e farmácias privadas apresentando-se como “Aqui Tem Farmácia Popular” e está presente em
todos os municípios do Brasil (GONÇALVES; GURGEL, 2019).
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) é uma lista produzida
pelo SUS, na qual estão incluídos os medicamentos considerados básicos e essenciais para
atender a maioria dos problemas de saúde da população brasileira (SILVA, 2021). Atualmente,
fazem parte da lista de Medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica os
seguintes medicamentos antidiabéticos: cloridrato de metformina (comprimido de 500mg e
850mg), glibenclamida (comprimido de 5mg), gliclazida (comprimido de liberação prolongada
de 60mg e comprimido de 80mg), insulina humana NPH (suspensão injetável de 100 unidades
10

internacionais/mL) e insulina humana regular (solução injetável de 100 unidades


internacionais/mL) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).
O diabetes é considerado um grande problema de saúde pública, e por este motivo, é
alvo de diversas ações e programas mediados pelo SUS que visam a prevenção da doença e a
otimização da qualidade de vida de indivíduos diabéticos (GONÇALVES; GURGEL, 2019).
Considerando a sua cronicidade, as complicações da doença, e a variabilidade do tratamento
farmacológico disponibilizado principalmente pelo SUS, indivíduos diabéticos comumente
necessitam de mais informações, principalmente acerca dos medicamentos supracitados, e
utilizam a Internet, hoje considerada o principal repositório informacional vigente,
recorrentemente como meio para obtê-las.

2.3. Internet: breve histórico.

A tecnologia mudou a forma como o homem se relaciona com o próximo e com os


meios de comunicação (PONTALTI MONARI; BERTOLLI FILHO, 2019). A Internet é um
sistema global de redes de computadores interconectadas que servem como plataforma para
publicação e divulgação de diversos tipos de informações e prestação de serviços aos usuários
finais, serviços que podem incluir e-mail, bate-papo e um sistema que possibilita publicar
postagens e comentários pelos usuários (ŠRAMEL; HORVÁTH, 2021). A Internet foi criada e
se difundiu até ser estabelecida como um elemento indispensável no ambiente da comunicação,
da mídia, da vida cotidiana, da cultura e da sociedade (BRÜGGER et al., 2017). No entanto,
originalmente não foi este o intuito no momento da sua criação, como explica em seu livro
McCullough (How the Internet Happened: from Netscape to Iphone).
Os computadores, desenvolvidos primariamente entre as décadas de 1940 e 1950,
originalmente não foram idealizados para serem utilizados por cidadãos comuns, tampouco
para fins ordinários, pelo contrário, seu uso inicial objetivava a resolução de grandes problemas
como calcular trajetórias de mísseis e levar o homem à Lua (MCCULLOGH, 2018). A Internet
por sua vez foi originalmente criada pelo governo dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, e
foi neste contexto que cientistas e engenheiros desenvolveram uma rede de computadores que
seria o embrião da Internet que se conhece hoje em dia: a ARPANET (MEARS, 2022).
Durante os primeiros anos do século XXI, foi observado um crescente aumento do
acesso à Internet, e dados referentes até janeiro de 2021 estimavam o número de 4,66 bilhões
de pessoas conectadas à Internet, correspondendo à mais da metade da população global
(ZIMMERMANN; EMSPAK, 2022). No contexto brasileiro, o ano de 1995 marcou o início do
11

uso comercial no Brasil, com a disseminação da tecnologia para a utilização da população em


geral e segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, mais
da metade da população brasileira já tinha acesso à Internet e entre os anos de 2005 e 2015, a
porcentagem de pessoas que utilizavam a Internet aumentou em 36,6% (RODRIGUES et al.,
2018).
Em decorrência do aumento desta conectividade, observou-se uma disponibilização
maciça de vídeos, textos e demais conteúdos pelos usuários que a utilizam, estabelecendo a
Internet efetivamente como importante meio de comunicação (CORRÊA, 2013).
Adicionalmente, a Internet fornece informações instantâneas e de fácil acesso, se
configurando também uma plataforma para o desenvolvimento das relações sociais e do
compartilhamento de mídia, além de possibilitar a divulgação livre de pensamentos e opiniões
ao público (ŠRAMEL; HORVÁTH, 2021).

2.4. Consolidação da Internet como fonte de informações sobre saúde

Na era das informações propagadas em meios digitais, a Internet tornou-se essencial


para a coleta realizada por indivíduos acerca das informações de saúde (CACCIAMANI et al.,
2019). A comunicação em saúde, portanto, apesar de ser compreendida como um termo amplo,
pode ser definida como o estudo ou uso de tecnologias de comunicação, cujo objetivo final é
aprimorar a esfera sanitária como um todo (MHEIDLY; FARES, 2020). Neste contexto,
observou-se que a alta disponibilidade digital de dados referentes a cuidados com a saúde
resultou na ampliação da busca na Internet por temas relacionados à saúde, tornando-a uma
fonte-chave para a obtenção de uma coleta rápida e abrangente de informações (CACCIAMANI
et al., 2021).
No Brasil, 53% da população buscou informação sobre saúde na Internet em 2020 e
nos EUA mais de 80% dos adultos americanos buscou informações relacionadas a saúde na
Internet (AMANTE et al., 2015; CETIC, 2020). Um estudo realizado pela Organização Bupa
demonstrou que, em 2011, oito em cada dez brasileiros utilizavam a Internet para buscar sobre
informações de saúde, e em uma comparação com outros 11 países (Austrália, China, EUA,
França, Alemanha, Índia, Itália, México, Rússia, Espanha e Reino Unido), o Brasil ficou em
quinto lugar no índice de nações que mais pesquisam sobre saúde (GAZETA DO POVO, 2011).
Entretanto, sabe-se que na Internet a desinformação (informação fabricada, enganosa
e com intenção de causar danos) dissemina-se muito mais rapidamente do que dados
12

verdadeiros, e apesar da grande disponibilidade de dados, nem todas as informações são


confiáveis, principalmente porque são provenientes de diferentes indivíduos e organizações
(AFSANA et al., 2021).
Ainda, a compreensão de como a Internet alterou o engajamento da sociedade atual
com as informações de saúde disponíveis traz à tona preocupações, como por exemplo,
inerentes à capacidade do indivíduo de avaliar a veracidade da informação (SWIRE-
THOMPSON; LAZER, 2019).
Assim, a distinção entre informações de saúde não confiáveis das confiáveis na
Internet se coloca como uma tarefa árdua que pode levar a consequências particularmente
graves no que diz respeito à qualidade de vida e até mesmo ao risco de mortalidade dos
indivíduos (SWIRE-THOMPSON; LAZER, 2019; AFSANA et al., 2021)

2.5. Qualidade da informação sobre saúde na Internet

Sabe-se que a informação sobre saúde se difundiu com a expansão das tecnologias de
informação, visto que atualmente a sociedade tem um acesso rápido às informações que
necessitam por meio do uso da Internet, possibilitando uma maior compreensão dos indivíduos
quanto aos assuntos relacionados à saúde (SILVA; GOUVEIA, 2019).
No entanto, à medida em que aumenta a utilização da Internet como fonte para
informações sobre saúde, maior é a preocupação sobre a qualidade do conteúdo que está sendo
disponibilizado aos indivíduos, uma vez que este tipo de informação permitirá que os pacientes
acometidos por condições específicas assumam o controle dos cuidados com sua própria saúde
(DARAZ et al., 2019).
Neste contexto, os instrumentos e ferramentas de qualidade auxiliam pacientes a
avaliar a qualidade do conteúdo de informações on-line (KHAZAAL et al., 2012), sendo os
principais o DISCERN questionnaire e o selo certificador HONcode.
O instrumento DISCERN foi projetado para ajudar os usuários com informações de
saúde, a fim de julgar a qualidade das informações escritas sobre as opções de tratamento em
websites, sendo tanto validado para avaliar qualidade da informação em aplicativos de saúde
quanto em mídias sociais (KHAZAAL et al., 2012). Por ser uma ferramenta validada, estudos
descritos na literatura a utilizam para avaliar a qualidade da informação sobre diferentes
temáticas, como por exemplo de Portillo e colaboradores (2021) nos EUA, que avaliaram a
qualidade da informação em websites sobre COVID-19 (2021) e Banasiak e Meadows-Oliver
também nos EUA (2017), que avaliaram a qualidade da informação presente sobre asma.
13

A ferramenta Discern consiste em 16 questões usadas para avaliar a confiabilidade,


relevância, autoria, potencial viés e as opções de tratamento descritas pelo website de saúde
(PORTILLO; JOHNSON; JOHNSON, 2021). Se estabelece como um questionário composto
por 16 questões pontuadas em uma escala de 5 pontos que varia de 1“ausência da informação”,
2–4 “presença parcial” e “presença total” 5; as questões de 1 a 8 focam na confiabilidade da
literatura; as questões de 9 a 15 abordam informações disponíveis sobre as opções de
tratamento. A última questão, de número 16, é uma classificação global sobre a informação a
partir das respostas das demais questões. Pode-se obter através do questionário uma pontuação
máxima de 80 (questões 1 a 16) (DEVGIRE et al., 2020).
Outro conhecido ferramenta de qualidade da informação é o Código de Conduta
HONcode da Health on the Net Foundation (http://www.HealthOnNet.org), um conjunto de
padrões éticos, de transparência e de qualidade aplicáveis aos processos de criação e
manutenção de conteúdo de websites de saúde (BOYER et al., 2017).
Para obtenção do selo certificador HONcode, os websites devem submeter seu
conteúdo a uma avaliação por especialistas que irão julgar se há o cumprimento dos princípios
descritos quadro 2 (BIZZI, 2018; BOYER et al., 2017):

Quadro 2– Critérios do código de conduta HON (HONcode)


Princípio HONcode Detalhamento
Autoria Indicar as qualificações dos autores
Complementariedade A informação deve apoiar, e não substituir, a relação
médico-paciente
Política de privacidade Respeitar a privacidade e confidencialidade dos dados
pessoais submetidos ao site pelo visitante
Atribuição de critério de referência e data Citar a(s) fonte(s) das informações publicadas
Datar páginas médicas e de saúde
Justificabilidade Faz o backup de reivindicações relacionadas a benefícios
e desempenho
Transparência A apresentação é acessível; informações de contato estão
presentes
Financiamento Identifica as fontes de financiamento
Política de publicidade Distingue claramente a publicidade do conteúdo editorial

Fonte: (Adaptado de Boyer et al e Bizzi, 2018)

Após a confirmação de cumprimento dos princípios, o website pode exibir o selo


HONcode (Figura 1), e periodicamente serão feitas checagens para avaliar se o website continua
cumprindo os princípios supramencionados (BOYER et al., 2017).
14

Figura 1 – Selo HONcode


Fonte: Adaptado de Boyer et al.
Com isso, o presente estudo destinou a avaliar a qualidade informação disponível em
websites brasileiros a respeito do tratamento farmacológico do diabetes mellitus.
15

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Avaliar a qualidade da informação sobre tratamento farmacológico do diabetes


mellitus presente em websites brasileiros.
3.2. Objetivos específicos

• Selecionar páginas de websites que abordam o tratamento farmacológico do


diabetes mellitus.
• Realizar a análise quantitativa das características e informações coletadas sobre
o tratamento farmacológico do diabetes mellitus encontradas em websites.
• Avaliar a qualidade da informação sobre o tratamento farmacológico do diabetes
mellitus em websites.
16

4. Metodologia

Tratou-se de um estudo analítico transversal que avaliou websites brasileiros que


contêm informações sobre o tratamento farmacológico do diabetes mellitus.

4.1. Seleção dos websites

A seleção dos websites foi realizada em Janeiro de 2021 através da ferramenta de busca
Google (http://www.google.com.br). Foram aplicados os filtros de modo “Pesquisa avançada”,
opção “Páginas em português” e país “Brasil”.
Foi realizada uma pesquisa no buscador Google, com a combinação de palavras e
operadores booleanos: “diabetes” OR “diabetes mellitus” AND “tratamento diabetes” devido a
facilidade e conhecimento dos termos. A quantidade final de websites a serem analisados como
ponto de corte foi de 100 Uniform Resource Locator (URL).
A fim de diminuir vícios de busca e atuação de algoritmos, a tecnologia utilizada para
selecionar os websites foi formatada a partir da configuração “Histórico”, posteriormente
“Limpar dados de navegação”; “Modo avançado de limpeza” e por fim “Limpar dados de
navegação em todo o período”.
Foram incluídos no estudo os websites em português, brasileiros, que abordassem o
tema tratamento farmacológico do diabetes. Os resultados no formato de weblog também foram
incluídos. Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: duplicatas dos websites, URL que
redirecionavam a arquivos em formato “.pdf” (AdobeAcrobat) e “.doc” 34 (Microsoft Word),
assim como URL que direcionavam para conteúdo que não se referia especificamente ao
diabetes.

4.2. Análise quantitativa

Foi realizada a análise quantitativa afim de se observar as características gerais


presentes nos websites. Desta forma foram observados dados relativos à: filiação, tipos de
diabetes mellitus citadas, presença de selo HONcode, se há possibilidade de compartilhar
informação em redes sociais, tipos de tratamentos citados (hipoglicemiantes orais ou
subcutâneos; insulinas e/ou fitoterápicos e plantas medicinais) e tratamento não farmacológico.
17

4.3. Avaliação da qualidade da informação

Ao se avaliar a qualidade da informação sobre tratamento farmacológico do Diabetes


Mellitus nos websites brasileiros foi utilizada a ferramenta DISCERN Questionnaire. Esta é
composta por 16 questões no total, com cada questão pontuada de 1 a 5 pontos, no qual 1
representa ausência de determinado item; 2-4 presença parcial (pontuação com presença de
item; pontuação 2 presença de 1 item; pontuação 3 presença de 2 itens; pontuação 4 presença
de 3 itens) e 5 presença total. As questões são divididas em 3 partes: confiabilidade (questões
1 a 8), informações de qualidade sobre opções de tratamento (questões 9 a 15) e pontuação geral
(questão 16). Assim, para se definir a qualidade final da informação fez-se o somatório da
pontuação, no qual, muito ruim (16 a 26 pontos), ruim (27 a 38 pontos), regular (39 a 50 pontos),
bom (51 a 62 pontos) e excelente (63-80 pontos) (OLKUN; DEMIRKAYA, 2018). Esta
avaliação foi realizada a partir de dois observadores afim de assegurar a eficiência e
fidedignidade dos dados obtidos.

4.4. Tratamento Estatístico

Os resultados obtidos foram tabulados no programa Microsoft Office Excel 2016. Para
análise quantitativa foi aplicada estatística descritiva, através da utilização de medidas de
frequências simples e relativas. Para fazer correlação entre os resultados dos dois observadores
que realizaram as análises de qualidade foi feito o teste de concordância kappa, sendo valores
maiores que 0,75 representam excelente concordância. Valores abaixo de 0,40 representam
baixa concordância e valores situados entre 0,40 e 0,75 representam concordância mediana
aceitável. Foi utilizado o programa estatístico IBM SPSS Statistics 21.
18

5. Resultados

De acordo com a tabela 1, 55% dos websites apresentavam a filiação em saúde. Além
disso, o tipo de diabetes mellitus mais citado foi o do tipo 2 (81% dos websites). Observou-se
também que 10% dos websites não especificou o tipo de diabetes ao qual estava referindo-se e
apenas 7% dos websites apresentava o selo HONcode. Com relação aos tipos de tratamentos
citados, 49% dos websites citou algum hipoglicemiante oral, 18% citou a insulina e 45% citou
o tratamento não farmacológico.
19

Tabela 1. Características dos websites brasileiros selecionados relacionados ao tratamento farmacológico do diabetes mellitus.
Características dos websites Frequência (%)
Filiação -
Saúde 55
Organização não Governamental 15
Organização Governamental 8
Acadêmico 8
Blog 7
Comercial 6
Institucional 1
Tipos de Diabetes citada -
DMT2 81
DMT1 52
DMG 22
Não especificou 10
Presença de selo HONcode 7
Presença em perfis/links para redes sociais -
Facebook 80
Twitter 55
Instagram 53
Youtube 45
LinkedIn 20
Whatsapp 11
Messenger 5
G+ 5
Pinterest 3
Flickr 3
Não possuíam perfil em redes sociais 15
Tipos de tratamentos citados
hipoglicemiante oral 49
Insulina 18
hipoglicemiante injetável 8
tratamento farmacológico no geral 39
fitoterápico ou planta medicinal 0
tratamento não farmacológico 45
20

A tabela 2 traz as informações sobre o tipo de tratamento farmacológico citado dentre


a amostragem dos websites. Dentre as insulinas, destacam-se como as mais mencionadas a do
tipo NPH e a Regular (respectivamente, 14% e 11%), já entre os hipoglicemiantes orais, os
mais mencionados foram a metformina (38%), a glibenclamida (17%), a pioglitazona (16%) e
a dapaglifozina (13%).
21

Tabela 2. Tratamentos Farmacológicos referentes ao diabetes mellitus mencionados nos websites selecionados. (continua)

Tipos de tratamentos Medicamentos citados (%)

NPH 14
Regular 11
Glargina 11
Detemir 7
Insulinas Lispro 7
Asparte 6
Degludec 6
Glulisina 5
Afrezza 2
Liraglutida 6
Exenatida 3
Lixisenatida 2
Hipoglicemiantes injetáveis
Dulaglutida 1
Semaglutida 1
22

Tipos de tratamentos Medicamentos citados (%)

Metformina 38
Glibenclamida 17
Pioglitazona 16
Dapagliflozina 13
Nateglinida 13
Repaglinida 13
Arcabose 12
Sitagliptina 11
Glimepirida 10
Rosiglitazona 10
Empagliflozina 9
Alogliptina 8
Canagliflozina 8
Hipoglicemiantes orais Glipizida 8
Saxagliptina 8
Linagliptina 7
Miglitol 6
Vildagliptina 6
Clorpropamida 5
Gliclazida 5
Coleselevam 4
Gliburida 3
Fenformina 3
Bromocriptina 2
Pramlintida 2
23

A tabela 3 traz os resultados referentes à aplicação do DISCERN questionnaire para


os websites analisados. Destacam-se os resultados referentes às sentenças que apresentaram as
menores médias, ou seja, baixa presença deste conteúdo nos websites: presença de fontes
adicionais de suporte e informação que podem ser consultadas (1,2) e descrição do que
aconteceria caso nenhum tratamento fosse utilizado (1,0). As sentenças que apresentaram as
maiores médias indicando elevada presença nos websites foi referente questões para as quais
ainda não há certeza (4,9) e sobre o quão clara é a informação de que pode haver mais de uma
opção de tratamento (3,0).

Tabela 3. Resultado da aplicação da ferramenta DISCERN Questionnaire para o estudo da qualidade da informação
sobre tratamento farmacológico do Diabetes Mellitus em websites brasileiros.

Sentenças- DISCERN* Média DP**


1. Os objetivos estão claros? 2,3 0,6
2. A publicação alcança seus objetivos? 2,3 0,6
3. O texto traz informações relevantes? 2,2 0,8
4. Está claro quais fontes de informação foram usadas para elaborar a
2,0 1,5
publicação (outras além do autor ou produtor)?
5. Está claro quando as informações usadas ou reportadas na publicação
1,4 0,5
foram produzidas?
6. O texto é equilibrado e imparcial? 2,0 0,2
7. O texto fornece outras fontes adicionais de suporte e informação que
1,2 0,7
podem ser consultadas?
8. O texto aponta questões para as quais ainda não há certeza? 4,9 0,6
9. O texto descreve como funciona cada tratamento? 1,5 0,9
10. O texto descreve os benefícios de cada tratamento? 1,5 0,9
11. O texto descreve os riscos de cada tratamento? 1,4 0,9
12. O texto descreve o que aconteceria caso nenhum tratamento fosse
1,0 0
utilizado?
13. O texto descreve como as alternativas de tratamento afetam a
1,3 0,6
qualidade de vida em geral?
14. Fica claro que pode haver mais de uma opção de tratamento? 3,0 1,5
15. O texto oferece suporte para que a decisão seja tomada de forma
1,3 0,6
compartilhada?
16. Com base nas respostas para todas as perguntas acima, avalie a
qualidade geral da publicação como fonte de informação sobre as 1,7 0,9
alternativas de tratamento
* pontuação de 1-5 para cada sentença; índice kappa = 0,506.
** DP = desvio padrão

Com relação à qualidade final dos websites analisados (tabela 4), apenas 5%
apresentou qualidade da informação disponibilizada boa, 62% dos websites apresentou a
qualidade da informação ruim e nenhum dos websites analisados apresentou qualidade
excelente.
24

Tabela 4. Qualidade final dos websites brasileiros selecionados, a partir da ferramenta Discern, que abordam o
tratamento farmacológico do diabetes mellitus.

Quantidade de websites
Pontuação total DISCERN Classificação da Qualidade
(%)
16-26 Muito ruim 14
27-38 Ruim 62
39-50 Razoável 19
51-62 Bom 5
63-80 Excelente -

6. Discussão

A partir dos resultados acima expostos, entende-se que de forma geral, a qualidade
geral dos websites analisados foi insatisfatória. Dos websites analisados, mais da metade
apresentou a filiação à saúde e menos de um terço apresentou filiação do tipo comercial. Um
estudo realizado por Weymman e colaboradores (2015) demonstrou que cerca de metade dos
websites, língua inglesa e em alemão, analisados que dispunham sobre informações do diabetes
mellitus do tipo 2 eram financiados comercialmente. Um outro estudo elaborado por Talati e
colaboradores (2013) encontrou achados semelhantes ao de Weymman e colaboradores: dos
websites (em língua inglesa) sobre diabetes analisados, um pouco mais da metade apresentou a
filiação comercial. Pode-se inferir por estes dados que, no Brasil, há uma maior procura por
websites relacionados à saúde em si, o que pode levar ao usuário uma sensação de segurança e
confiança maior.
O tipo de diabetes mellitus mais mencionado dentre os websites analisados foi o do
tipo 2. Globalmente, o diabetes mellitus do tipo 2 corresponde a 90% de todos os casos (IDF,
2021) e no Brasil estima-se que atinge 9,2% da população (MUZY et al., 2021). Em relação ao
tratamento farmacológico, o tipo mencionado mais citado foram os hipoglicemiantes orais,
predominantemente utilizados na terapêutica do diabetes mellitus do tipo 2. Considerando este
tipo de DM como o mais prevalente, é coerente que ele seja o mais citado e que haja mais
informação disponível sobre seu tratamento, uma vez que proporcionalmente mais indivíduos
devem buscar online por este tipo de DM.
Ainda com relação ao tipo de DM citado, uma pequena parcela dos websites não
especificou a qual tipo de DM estava referindo-se. Considerando a vasta gama de medicamentos
que pode ser utilizada no tratamento do diabetes mellitus, a disponibilização de informação
referente ao tratamento farmacológico sem que haja a especificação sobre qual tipo de DM se
refere pode gerar um risco grave à saúde do indivíduo, como por exemplo intoxicações não-
25

intencionais. Arbourche e colaboradores (2021) afirmaram em seu trabalho que intoxicações


fatais provenientes da ingestão de metformina, sejam intencionais ou não, não são eventos raros
(ARBOUCHE et al., 2021). Complementarmente, uma revisão de dados de 5 anos mostrou que
de 11 milhões de exposições ocorridas nos EUA, 4072 envolveram a metformina resultando
em um total de 9 óbitos (BONSIGNORE et al., 2014).
As insulinas configuram-se como o segundo tipo de tratamento farmacológico mais
citado dentre elas sendo as mais citadas, respectivamente, a insulina NPH (Conforme
mencionado, estes tipos de insulinas são disponibilizados pelo Ministério da Saúde e constam
na RENAME (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022). É esperado que elas sejam os tipos mais
mencionados, subtendendo-se que por serem disponibilizadas pelo SUS são também as mais
dispensadas e utilizadas. Portanto, os indivíduos que fazem uso destes medicamentos tenderão
a pesquisar mais sobre elas e, consequentemente, poderão ter mais informação disponível sobre
elas em websites brasileiros.
O hipoglicemiante injetável mais mencionado foi a liraglutida que é um análogo de
GLP-1 cuja eficácia na diminuição dos níveis de glicose foi confirmada, além da sua associação
à redução de peso corporal e pressão arterial ter sido demonstrada por diversos estudos clínicos
(DUAN et al., 2019). A liraglutida foi aprovada pelo Food and Administration Drug (FDA) e
pelo European Medicines Agency (EMA) como adjuvante da terapia de estilo de vida para
controle de peso em adultos com obesidade ou sobrepeso (KELLY et al., 2020), e no Brasil, o
medicamento é aprovado pela ANVISA para o controle crônico de peso desde 2016 (ANVISA,
2017). É relevante citar também que o medicamento, quando administrado isoladamente,
apresenta eventos de hipoglicemia raros quando comparado com os demais antidiabéticos, o
que é uma vantagem frente a utilização de demais fármacos em conjunto com os benefícios já
citados (SOUZA; ARAÚJO; OLIVEIRA, 2021). Supõe-se, portanto, que devido a utilização
do medicamento no controle da obesidade para além de sua utilização como antidiabético, a
liraglutida tenha sido o hipoglicemiante injetável mais citado dentro da amostragem do estudo.
Dentre os hipoglicemiantes orais mais citados, encontram-se a metformina, a
glibenclamida, a pioglitazona e a dapagliflozina. A metformina, glibenclamida e dapagliflozina
também, bem como as insulinas NPH e regular, constam na RENAME e são disponibilizadas
pelo Sistema Único de Saúde aos indivíduos diabéticos gratuitamente (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2022). A metformina é o fármaco de primeira escolha para o tratamento do DMT2,
devido à sua eficácia, segurança, baixa incidência de hipoglicemia e baixo custo (FILHO et al.,
2022). Este medicamento também não induz o ganho de peso e é comumente administrado
26

associado a um fármaco secretagogo, como por exemplo uma sulfonilureia, como a


glibenclamida (DA CONCEIÇÃO; NOGUEIRA; BARBOSA, 2017). A utilização da
metformina com a glibenclamida na terapêutica do DMT2 é a associação mais utilizada quando
a metformina isolada não consegue realizar o controle da glicemia, e sua eficácia se dá
justamente por agir tanto na resistência à insulina quanto no comprometimento de sua secreção
(GALENDE et al., 2006). Estes medicamentos, portanto, são amplamente utilizados no
tratamento do DMT2 e era esperado que configurassem como mais citados pelos websites
analisados.
A dapagliflozina é um inibidor do cotransportador-2 de sódio-glicose altamente
potente, reversível e seletivo, amplamente indicado para o tratamento do diabetes mellitus tipo
2, cuja ação de redução da glicemia independe da ação da insulina (DHILLON, 2019). Também
apresenta na clínica benefícios relacionados à parte cardiovascular, pois diminuiu a retenção de
sódio e água auxiliando no controle da pressão arterial, favorecendo também pacientes
diabéticos cardiopatas, quando há correta indicação do medicamento (CAPITÃO, 2020). O
medicamento foi recentemente incorporado na RENAME (BRASIL, 2020), fazendo parte do
componente especializado da assistência farmacêutica do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2022). A dapagliflozina é indicada para pacientes portadores do DM do tipo 2 acima de 60 anos
com controle inadequado da hemoglobina glicada, quando há contraindicação de uso de
sulfoniuereias e em combinação com a metformina, além de poder ser utilizada associada à
insulina com ou sem outros antidiabéticos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Considerando
seu uso quando há impossibilidade de utilizar a glibenclamida na associação com a metformina,
por exemplo, e de sua recente incorporação à RENAME, esperava-se que a dapagliflozina
configurasse entre os medicamentos mais citados.
A partir dos resultados da aplicação do DISCERN Questionnaire nos websites
analisados, podem-se destacar algumas sentenças cujos resultados relevantes para a discussão.
A sentença acerca da presença de fontes adicionais de suporte e informação presentes nos
websites que podem ser consultadas teve a média de pontuação sendo uma das mais baixas
indicando que grande parte dos websites analisados não apresentava esse tipo de informação
complementar disponível para acesso do leitor. Del Giglio e colaboradores (2012) em seu
trabalho que buscou analisar a qualidade da informação em websites em português sobre
diabetes também encontrou resultado semelhante ao do presente estudo em relação à sentença
supracitada. A concordância entre os resultados nos permite inferir que não há a
disponibilização destas informações de suporte aos usuários dos websites, caso queiram acessá-
27

las ou obter mais informações sobre o diabetes, possivelmente limitando o indivíduo às


informações presentes em uma mesma página.
No caso de uma página cuja qualidade do conteúdo disponibilizado não seja adequada,
há o risco de que o indivíduo, sem acesso a outros tipos de informação num primeiro momento,
entenda aquele tipo de informação como correto e tome decisões sobre a própria saúde tendo
como base o que foi a ele fornecido (SWIRE-THOMPSON; LAZER, 2019; AFSANA et al.,
2021) . Este comportamento pode ser extremamente nocivo ao paciente, ocasionando, como já
mencionado cima, uma intoxicação acidental, por exemplo.
A sentença referente à descrição do que aconteceria caso nenhum tratamento fosse
utilizado teve a menor média observada. No mesmo estudo de Del Giglio e colaboradores
(2012) o mesmo observou média superior a do presente estudo mais ainda indicando certa
ausência deste tipo de informação. Ambos os estudos corroboram a ausência deste tipo de
informação em websites sobre diabetes, deixando de informar aos usuários sobre possíveis
complicações decorrentes do diabetes mellitus não tratado. Há o risco de que o indivíduo, sem
saber dos potenciais agravos da doença, possa deixar de realizar o tratamento prescrito pelo
médico ou sequer inicia-lo.
Quanto à sentença referente à disponibilização da informação de que mais de uma
opção de tratamento, a média obtida pela análise do presente estudo foi uma das maiores bem
próxima ao valor de Del Giglio e colaboradores (2012), no entanto, Weymann e colaboradores
(2014) citam que a grande maioria dos websites por eles analisados descreviam o que
aconteceria caso o diabetes seguisse seu curso natural. Esta diferença pode dar-se, por exemplo,
pois Del Giglio et al. analisaram websites em língua portuguesa do Brasil e Weymann e
colaboradores analisaram websites em língua inglesa e alemão, isto é, no segundo caso, pode
ser que tenha havido maior variabilidade no conjunto amostral e proporcionado um resultado
mais positivo em relação às análises de websites brasileiros. Os próprios autores, no segundo
caso, mencionam que a localização deles pode ter gerado resultados diferentes de outros
trabalhos em outros lugares do mundo (WEYMANN; HARTER; DIRMAIER, 2015).
Em termos de regulamentação presente, é importante destacar que, no Brasil, há um
manual de princípios éticos websites de saúde do Conselho Regional de Medicina de São Paulo
(CREMESP), elaborado em 2001, que define princípios éticos e critérios de conduta destes
websites semelhantes aos da HON Foundation. Em 2015, Mendonça e Neto trouxeram em seu
trabalho uma proposta para avaliar a qualidade da informação disponibilizada sobre saúde na
Internet brasileira, que inclui a avaliação de diversos indicadores e questões referentes ao
28

conteúdo do website (MENDONÇA; NETO, 2015). No entanto, estes critérios ainda não são
padronizados no Brasil – pelo contrário: a maioria dos médicos e dos pacientes nem mesmo os
conhece (DEL GIGLIO et al., 2012).
Nos Estados Unidos, o FDA chega a ter uma página voltada aos usuários com
orientações de como identificar se determinada informação disponibilizada online é confiável
ou não, e há menção de que The Federal Trade Comission (FTC) é o órgão que investiga
informações falsas e incorretas sobre saúde na Internet (FDA, 2018). Não foram encontradas
legislações expressas pertinentes à qualidade da informação sobre saúde na Internet emitidas
pela agência regulatória dos EUA, porém, recentemente na Alemanha, a Network Enforcement
Act (2017) é uma ferramenta legal que visa responsabilizar serviços de mídia pela publicação
de conteúdos ilícitos – como por exemplo as fake news – prevendo inclusive prazos e multas
caso não sejam retirados do ar a tempo (GERMAN LAW ARCHIVE, 2017).
Com relação à qualidade final dos websites analisados mais de dois terços estava
dentro da margem entre o “Ruim” e o “Muito ruim”. Nenhum dos websites obteve a qualidade
das informações por ele disponibilizada como “Excelente”. Estes dados, de forma insatisfatória,
corroboram o que outros pesquisadores encontraram em seus estudos. Ng e colaboradores
(2021) no Canadá afirmam que conclusões derivadas da literatura indicam que a qualidade das
informações encontradas online em torno do diabetes em geral é baixa, enquanto Weymann e
colaboradores (2014) corroboram o pensamento afirmando que a maior parte dos websites não
fornece aos indivíduos informações suficientes para dar suporte à tomada de decisões por eles
realizada. Talati et al. (2013) na Índia também estabeleceu através de seu trabalho que as
informações de saúde em websites sobre o diabetes contêm imprecisões e inconsistências, e que
é necessário avaliar o padrão das informações que estão sendo por eles fornecidas.
29

6. Conclusão

Diante dos resultados supracitados, o presente estudo demonstrou que há baixa


qualidade da informação sobre tratamento farmacológico do DM em websites brasileiros.
Surgem preocupações com o que diz respeito à qualidade das informações fornecidas,
conforme disposto anteriormente. Muitas vezes os indivíduos ao sentirem os primeiros
sintomas, partem para a busca online antes de ter contato com algum profissional de saúde o
que pode levar a um auto diagnóstico e a um auto tratamento por parte do paciente. Caso as
informações sobre as opções terapêuticas não provenham de uma fonte confiável ou não seja
mencionado que há mais de uma opção a se seguir, aumentam-se mais ainda os riscos de ocorrer
problemas graves de saúde ao paciente.
Deste modo, reforça-se mais estudos que tragam estes riscos à luz para que possam ser
elaboradas estratégias de educação em saúde, aos profissionais e pacientes, a fim de alertar
sobre os perigos relacionados à falta de qualidade do que é disponibilizado nos websites. Faz-
se necessário também que haja regulamentações perante ao conteúdo que forneçam diretrizes
de qualidade a serem seguidas pelas páginas da web, e que haja fiscalização efetiva quando
houver o descumprimento do que é estabelecido.
30

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