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Refletir acerca das contribuições da neurociência, que busca educar pela atenção,
percepção, memória e emoções no processo de desenvolvimento e aprendizagem.
O objetivo principal é que você, acadêmico, seja capaz de demonstrar seu aprendizado
com relação aos estudos das neurociências e suas contribuições para o desenvolvimento e
aprendizagem humana, os processos psicopatológicos desses sujeitos e sua complexidade em
nossa sociedade.
Oliveira (2014, p. 14) afirma que a neurociência “tem raízes que somente a partir do século
XIX começaram a florescer”. Entre os profissionais envolvidos com essa área em neurociência, os
professores vêm despertando para a necessidade de se compreender eventos biológicos
relacionados ao desenvolvimento e à aprendizagem.
FIGURA 1 – NEUROCIÊNCIAS
FONTE:
<https://newsrondonia.com.br/noticias/conceitos+fundamentais+de+neurociencias+015+nascimento+vida+e
+morte+do+sistema+nervoso/100358>. Acesso em: 4 out. 2019.
A partir de Almeida (2010), explicitamos que o sistema nervoso central (SNC) é um órgão
de extrema importância para o ser humano. É por meio dele que se recebe e transmite
informações para todo o organismo. Trata-se do “Quartel General” das atividades do nosso corpo.
Constitui-se de duas divisões principais, que são o encéfalo (composto pelo cérebro, cerebelo e
tronco encefálico) e a medula espinhal (parte mais alongada do SNC) e a sua localização é dentro
do esqueleto axial, embora nervos penetram-se no crânio ou na coluna vertebral.
FONTE: <https://www.cienciasresumos.com.br/anatomia/sistema-nervoso-central-resumo/>.
Acesso em: 4 out. 2019.
LÉO – ESTUDANDO:
O cérebro é a porção mais maciça e o principal órgão do sistema nervoso. Ele é responsável por
comandar ações motoras, estímulos sensoriais e atividades neurológicas, como a memória, a
aprendizagem, o pensamento e a fala. Ele é formado por duas metades, os hemisférios direito e
esquerdo, separados por uma fissura longitudinal. Os dois hemisférios compreendem o
telencéfalo.
O cerebelo ou metencéfalo representa 10% do volume do encéfalo. Ele é relacionado com a
manutenção do equilíbrio corporal, controle do tônus muscular e aprendizagem motora. Assim
como ocorre no cérebro, o cerebelo possui dois hemisférios separados por uma faixa estreita, o
vérmis.
O tronco encefálico é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. O mesencéfalo é a menor
parte do tronco encefálico, localiza-se entre a ponte e o cérebro. A ponte localiza-se entre o
mesencéfalo e o bulbo. No bulbo, a parte inferior liga-se à medula espinhal e a superior com a
ponte.
A medula espinhal é a parte mais alongada do sistema nervoso central. É caracterizada por um
cordão cilíndrico composto por células nervosas, localizado no canal interno das vértebras da
coluna vertebral.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/sistema-nervoso-central/>. Acesso em: 14 nov. 2019.
Nesse sentido, Cosenza e Guerra (2011 apud OLIVEIRA, 2014, p. 16) nos esclarece que o
SNC é:
“uma célula nervosa, estrutura básica do sistema nervoso, comum à maioria dos
vertebrados. Os neurônios são células altamente estimuláveis, que processam e
transmitem informação através de sinais eletroquímicos. Uma das suas
caraterísticas é a capacidade das suas membranas plasmáticas gerarem impulsos
nervosos. A maioria dos neurônios, tipicamente, possui o corpo celular e dois tipos
de prolongamentos citoplasmáticos, as dendrites e os axônios” (MOREIRA, 2013,
p. 1).
Sinapses - tendo Bear, Connors e Paradiso (2002) como referência, podemos manifestar que as
sinapses podem ser entendidas como sendo tipos específicos de junções especializadas, nas
quais um terminal axonal estabelece contato com outro neurônio ou qualquer outro tipo celular.
Essas junções podem se caracterizar por duas naturezas: as elétricas e as químicas.
Para Malloy-Diniz et al. (2010, p. 342), “a neurociência se preocupa com a complexa
organização cerebral, que trata da relação entre cognição e comportamento e a atividade do SNC
em condições normais e patológicas”. Em face dessa posição, como pode ser conceituada a
neurociência?
1 Comente sobre as capacidades do cérebro humano tendo em vista os aspectos abordados pela
neurocientista Suzana Herculano-Houzel no Programa Roda Viva, no dia 25 de março de 2013,
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VVMHrWallRc&t=1455s, cujo título é “Suzana
Herculano-Houzel - 25/03/2013”, bem como fazendo uso dessa breve contextualização e da
explicação do que é neurociência apresentada no vídeo “O que é a neurociência?”. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=m1gVM3Fn_R4.
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FIGURA 3 – NEUROCIÊNCIA
FONTE: <https://institutoagc.com.br/2016/04/15/neurociencias-pos-em-neurociencia-para-todas-as-areas/>.
Acesso em: 2 out. 2019.
Nesse tocante, recorremos a Bartoszeck (2006, p. 1) que define a neurociência como “uma
das áreas do conhecimento biológico que utiliza os achados de subáreas que a compõem, por
exemplo, a neurofisiologia, a neurofarmacologia, o eixo psiconeuroendoimuno, a psicologia
evolucionária, o neuroimageamento, a fim de esclarecer como funciona o sistema nervoso”.
Conhecer a neurociência pode nos ajudar a entender melhor como acontecem as nossas
aprendizagens, esse conhecimento pode subsidiar no sentido de saber como o cérebro aprende e
assim dar uma conotação educacional, buscando as melhores construções e articulações para
que o estudante aprenda mais e melhor. A aprendizagem está inteiramente relacionada ao
desenvolvimento do cérebro e os estudos de Fischer e Rose (1998) sinalizaram que o cérebro é
moldável aos estímulos do ambiente. Isso porque o que temos nesse cenário é um entendimento
de que há uma plasticidade cerebral, em que os estímulos ambientais colaboram para que os
neurônios constituam novas sinapses, em outros termos, trata-se da ativação de sinapses,
tornando-as mais presentes.
A neurociência é uma ciência nova, mas apresenta bases sólidas para a compreensão da
aprendizagem, tendo como foco o debate acerca do sistema nervoso central, visto que existe uma
anatomia e uma fisiologia em um cérebro que aprende, e isso dialoga com o debate educacional.
Essa ciência pode nos ajudar a entender a estrutura, o funcionamento e as patologias no
comportamento humano no que diz respeito à percepção, à memória, ao humor, à atenção, ao
sono e ao comportamento em geral. Oliveira (2014, p. 14) afirma que a neurociência se constitui
como:
Rato e Caldas (2010, p. 627) afirmam que “a ideia de que a investigação neurocientífica
pode influenciar a teoria e prática educacional já não é mais uma novidade. Atualmente, com as
novas descobertas científicas, a neurociência e a educação voltam a cruzar caminhos”.
Oliveira (2014, p. 14) destaca que “há entraves que podem ser apontados para esta
aproximação, por exemplo, a questão se refere à limitação em demonstrar cientificamente como a
mente e o cérebro funcionam”.
Fischer (2009) discorda dos autores que consideram prematura a ideia de relacionar a
educação com a neurociência. Esse autor defende a ideia de que a investigação da neurociência
em contextos educativos abriria um leque de possibilidades de descobertas tanto em Biologia
básica quanto aos processos cognitivos relacionados ao desenvolvimento e à aprendizagem. Ele
propôs a união da Biologia, neurociência, desenvolvimento e educação, que seriam a base da
pesquisa educacional.
A neurociência é muito importante para a educação, pois está diante da questão levantada
entre os educadores no sentido de pensar como fazer os estudantes aprenderem. Nessa
perspectiva, é essencial conhecer a biologia cerebral e suas relações com as dimensões:
cognitiva, emocional, afetivas e motoras para se constituir um grande aliado na construção de
conhecimentos que colaboram para uma construção de posturas pedagógicas. Precisamos nos
valer, na pedagogia, de bases científicas para podermos compreender melhor os nossos
estudantes.
Esse olhar de Kandel (1982) nos ilumina em direção ao rompimento dos rótulos presentes
nos ambientes escolares que culminam em posturas não inclusivas. A partir da compreensão dos
sistemas nervosos, podemos perceber o funcionamento do cérebro e isso nos ajuda a entender as
possibilidades humanas de reagir a estímulos, dando novas condições para a escrita, a fala, a
leitura e os cálculos matemáticos.
Com isso, é possível constatar que há várias possibilidades de aprender, então, existem,
também, várias formas de ensinar. Nesse sentido, a neurociência traz a ideia de sujeito cerebral,
que significa tratar o sujeito como único para poder incluí-lo. O nosso cérebro sofre alterações à
medida que o estudante é submetido a novas possibilidades de exposição e, assim, constitui-se a
plasticidade cerebral. Essa compreensão é crucial para a história do educando, pois quanto mais
conhecemos o cérebro, melhor poderemos educá-lo.
O educando é aquele que pensa, dialoga e usa a linguagem como ferramenta essencial
para o aprendizado. Dessa forma, é essencial olhar para a singularidade do sujeito cerebral na
pluralidade da sala de aula, considerado a partir da perspectiva coletiva. É a diversidade ou
pluralidade dentro da singularidade. Os nossos cérebros são únicos, porém sofrem alterações em
função dos processos de ensino e aprendizagem. É o ator principal na estimulação do sujeito do
século XXI. Em razão disso, é necessário entender as dimensões, as necessidades, as
expectativas, as capacidades, as limitações, os afetos e as emoções, em síntese, as
particularidades do funcionamento cerebral para usar a favor dos estudantes.
O cérebro humano é dividido didaticamente, mas ele funciona como um todo. Essa divisão
é originária dos nossos ancestrais. Com base na teoria da evolução, Volpi (2005, p. 3) afirma que
“o cérebro humano ganhou novas estruturas, as quais foram sendo sobrepostas umas às outras.
Tomando como base a teoria de MacLean, o cérebro humano evoluiu e adquiriu três estruturas: o
cérebro reptiliano, o cérebro límbico e o neocórtex”.
FIGURA 7 – TEORIA DO CÉREBRO TRINO
FONTE: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2013/12/teoria-do-cerebro-trino.html>.
Acesso em: 2 out. 2019.
Nessa mesma direção, Mograbi (2015) nos ensina que a compreensão do cérebro em
camadas sobrepostas é um recurso importante e um dos mais interessantes nesse campo, pois
na tradição da popularização do conhecimento científico, em termos de neuroanatomia, essa
maneira de pensar a estrutura cerebral pode nos ajuda a decifrar o ser humano. Essas camadas
do cérebro são divididas em: “o arquicórtex (arquipálio, cérebro primitivo ou cérebro reptiliano), o
paleocórtex (paleopálio ou sistema límbico) e o neocórtex (ou neopálio)” (MOGRABI, 2015, p.
228).
FONTE: <https://www.anatomiaemfoco.com.br/sistema-nervoso/tronco-encefalico-cerebral/>.
Acesso em: 2 out. 2019.
Para Volpi (2005), esse cérebro surgiu há 70 milhões de anos. Faz a cobertura do cérebro
reptiliano e se encontra em todos os animais de sangue quente. Além de estar associado às
emoções também se conecta com o sistema neurovegetativo. A sua composição se constitui do
paleocórtex e núcleos atrelados ao tronco encefálico. Essas emoções têm relação direta com o
nosso cotidiano, pois todas as relações afetivas e de vínculos se pautam no nosso cuidar e esse
cérebro intermediário diz respeito aos nossos prazeres e vivências afetivas. Uma estrutura
importante que se destaca nessa relação é o hipotálamo.
Na visão de Moraes (2009), os estados emocionais, na maioria das vezes, acabam por
envolver muitas áreas do sistema límbico. Quando consideramos estados, como a alegria ou a
raiva, notamos que esse processo se dá em intercalações entre estruturas ativadas e outras
inibidas, concomitantemente. Dessa forma, esse sistema processa nossas emoções no plano
bioquímico.
Diante dessa exposição, pontuamos que a Teoria do Cérebro Trino ainda é “a única visão
macroevolutiva no mercado sobre a morfologia e genética do cérebro humano e de como as
emoções humanas estariam a partir daí prefiguradas” (MOGRABI, 2015, p. 239).
Assim, o homem, ao longo de sua condição evolutiva, constituiu uma caminhada que o
impulsionou para uma etapa em que se edificou o patamar de ser pensado e dotado de saberes.
MacLean apresentou em 1970 a teoria do cérebro trino que definia essa divisão do
cérebro em três camadas e tentava explicar o funcionamento do cérebro humano
a partir delas: 1) O cérebro protoreptiliano (ou reptiliano), o eixo mais básico do
sistema nervoso, composto de medula espinhal, tronco cerebral, cerebelo,
diencéfalo e gânglios basais, responsáveis por comportamentos estereotipados
geneticamente determinados e funções parassimpáticas (involuntárias); 2) O
cérebro paleomamífero, composto pelo sistema límbico (hipocampo, amídala, giro
cingulado, giro para-hipocampal, tálamo, hipotálamo e fórnix), que é responsável
pela regulação de emoções, motivações, bem como algumas funções instintivas.
Memória e aprendizado também fazem parte das funções mais sofisticadas do
sistema límbico; 3) O cérebro neomamífero, que é aquilo que chamamos
propriamente de córtex cerebral e que é responsável por análise complexa de
estímulos internos e externos, racionalidade, linguagem, resolução de tarefas e
controle de comportamento flexível (MOGRABI, 2015, p. 228).
O nosso cérebro é constituído por uma estrutura anatômica de dois hemisférios, sendo que
no hemisfério esquerdo (análise, ordenação e classificação) são enfatizados a linguagem, a
lógica, os números, a matemática, a sequência e as palavras, ao tempo que no hemisfério direito
(espacialidade e temporalidade) a ênfase se dá na rima, no ritmo, na música, na pintura, na
imaginação e nos modelos. Entre esses dois hemisférios, encontra-se o corpo caloso que liga os
dois. O nosso cérebro apresenta um desenvolvimento em que ocorrem modificações em seu
funcionamento e no modo de construir suas decisões e como percebe as experiências.
FONTE: <https://notivagosodiapelanoite.blogspot.com/2019/03/cortex-pre-frontal-o-misterio-do-lobo.html>.
Acesso em: 3 out. 2019.
O cérebro afetivo e emocional é fundamental para nossas vidas, porque está relacionado
aos nossos vínculos emocionais representados no sistema límbico, especificamente no
hipotálamo, integrando-se às áreas do córtex frontal-orbital (resfriamento da explosão impulsiva),
do córtex cingulado-anterior (ativa outras regiões para responder conflitos) e das amígdalas
cerebrais (respostas ao medo e a outras emoções negativas).
FIGURA 18 – HIPOTÁLAMO
FONTE: <https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/hipotalamo/>. Acesso em: 3 out. 2019.
O hipotálamo é uma região que coordena parte significativa das funções endócrinas.
Exerce ação direta na hipófise e indireta em outras glândulas (mamárias, tireoide, gônadas
sexuais, adrenais). Localiza-se na base do encéfalo, abaixo do tálamo e acima da hipófise. A sua
dimensão é do tamanho de uma amêndoa. Atua na regulação de fatores, como a sede, a
temperatura, o apetite, o ciclo do sono e o sistema nervoso autônomo (GRAEFF, 2007).
[...] um sistema biológico que está em constante interação com a cultura, ou seja,
as funções mentais superiores são desenvolvidas durante a evolução do sujeito,
da história social e do desenvolvimento de cada indivíduo. Pode-se dizer que se
tem aqui o conceito de plasticidade cerebral. Compreendendo-se que o cérebro
humano possa revitalizar (neuroplasticidade), têm-se outras possibilidades para
trabalhar o processo de ensino e aprendizagem, já que o cérebro é dinâmico, tem
a capacidade de mudar em resposta aos desafios da sociedade moderna. Essa
visão permite mudanças nas ações dos educadores compreendendo que nada é
determinante, podendo-se obter resultados cada vez melhores a partir de novas
práticas pedagógicas (LURIA, 2008 apud SOUSA; ALVES, 2017, p. 322).
Diante das considerações figuradas no capítulo acerca da neurociência e do
posicionamento de Luria (2008 apud SOUSA; ALVES, 2017), na citação em apreço, entendemos
que o reconhecimento das implicações do funcionamento do cérebro, suas estruturas e regiões,
como lobos e sulcos no processo de aprendizagem, ainda não são levadas em consideração em
muitos estudos e na formação inicial e continuada dos professores. Em vista disso, destaca-se a
importância de retratar as estratégias pedagógicas que os profissionais podem fazer uso em suas
ações docentes no ato de ensinar direcionadas à aprendizagem dos estudantes.
Boruchovitch (1999, p. 4) defende ainda que “um dos principais objetivos da escola é
ajudar o estudante a gerenciar e autorregular sua própria aprendizagem. Se ele não utiliza, ainda,
estratégias necessárias para sua aprendizagem, um dos objetivos do ensino deve ser, portanto,
ajudá-lo a adquiri-las”.
O autor afirma também que essas atividades externas e sociais são gradualmente
internalizadas pela criança, conforme ela passa a regular sua própria atividade intelectual. Além
disso, as estratégias são importantes para impulsionar o desenvolvimento das competências
cognitivas, mediante a formação de conceitos e desenvolvimento do pensamento teórico, como
também os meios pelos quais os estudantes podem melhorar e potencializar sua aprendizagem.
Refere-se ao saber como fazer, para estimular as capacidades investigadoras dos estudantes,
ajudando-os a desenvolver competências e habilidades mentais.
Assim, Libâneo (2004) aponta que uma prática pedagógica a serviço de uma pedagogia
voltada para a formação de sujeitos pensantes e críticos deve privilegiar estratégias pedagógicas
que oportunizem os estudantes internalizar conceitos, desenvolver competências e habilidades do
pensar, assumir postura crítica para lidar com a realidade, resolver problemas, tomar decisões e
formular estratégias de ação.
LÉO – ESTUDANDO:
Com a intenção de enriquecer seu aprendizado nesta disciplina, leremos um fragmento do artigo:
A neurociência na formação dos educadores e sua contribuição no processo de aprendizagem,
escrito por Anne Madeliny Oliveira Pereira de Sousa e Rilton Nogueira Alves.
FONTE: A autora
FIGURA 20 – BINGO DE SÍLABAS E PALAVRAS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
FONTE: A autora
LÉO – OUTRO:
Filme: Como Estrelas na Terra
Este filme conta a história de um menino de nove anos de idade, chamado Ishaan Awasthi, que
vivencia a dislexia. Ele estuda em uma escola regular, repetiu uma vez o terceiro ano e está
correndo o risco de reprovar novamente. O menino diz que as letras dançam em sua frente e não
consegue acompanhar as aulas e nem prestar atenção. Seu pai acredita que ele é indisciplinado e
o trata com rudez e falta de sensibilidade. Quando foi para o internato, a aprendizagem ficou ainda
mais sem sentido.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VPElZ85VLcg.
Sugere-se, nesse caso, que o professor dê mais tempo ao estudante disléxico quando tiver
de executar atividades escritas, mas ele poderá, ainda, modificar a didática ou o tipo de material –
aulas mais oralizadas e menos textos escritos, considerando que esses procedimentos didáticos
tanto atendem às necessidades do estudante disléxico quanto não prejudicam os estudantes que
estão construindo sua aprendizagem sem obstáculos.
Por outro lado, nos dias de hoje, as emoções podem contribuir para a aprendizagem dos
estudantes de forma significativa e o estresse tem efeito contrário. Cabe ao professor colaborador
na produção da consciência e memória, trocar a dispersão pela atenção consciente. Nessa
perspectiva, Tunes, Tacca e Bartholo Júnior (2005, p. 691) ressaltam que a “vivência na escola
perpassa por um processo significativo, despertando o desenvolvimento integral do indivíduo e as
múltiplas inteligências implicam novos paradigmas para a educação, pois afirmam que os alunos
são construtores do seu conhecimento”.
Com isso, o estudante deve ser considerado em seu contexto geral, pois possui outras
inteligências e o professor, o mediador do processo de aprendizagem, portanto, não é um
transmissor de informações prontas e o estudante um reprodutor dessas informações. A teoria
das inteligências múltiplas revela a nós educadores que os sujeitos humanos possuem diferentes
tipos de inteligências e diversas possibilidades para compor atividades diversificadas (ANTUNES,
1998; 2014).
Cosenza e Guerra (2011) afirmam ainda que é importante o professor compreender com
clareza quais os problemas dos estudantes, pois assim ele poderá criar estratégias que
influenciarão no processo de aprendizagem, por exemplo, estudantes com dificuldades de
concentração, ele pode colocar o estudante para sentar-se na primeira fileira, próximo a sua
mesa, para manter o contato visual mais constante e manter a sala de aula mais silenciosa, com
menos estímulos e quando for trabalhar com grupos, inserir esse estudante em um dos grupos
que costumam se engajar nessas atividades. Observa-se que essas estratégias têm trazido
resultados positivos para todos os estudantes.
Pfromm (1987, p. 36) destaca a “importância da motivação para que uma ação seja
iniciada e sustentada. O envolvimento e a persistência nas tarefas escolares são essenciais e
mostram adequadamente esta característica da motivação relacionada à iniciação e à sustentação
de um comportamento”. O envolvimento também possibilita a aquisição de novos conhecimentos
e habilidades de forma qualitativa, ou seja, estudantes motivados demonstram interesse pelas
tarefas e geralmente trabalham com mais vontade. Portanto, é essencial que o professor crie
planejamentos de ensino que mantenham a motivação da turma.
Em síntese, observa-se que as dificuldades de aprendizagem não são situações isoladas e
para fazer a diferença na vida dos estudantes que apresentam essas dificuldades, é
imprescindível compreendê-las para propor estratégias adequadas tanto para os estudantes com
dificuldades quanto para os que não estão com essas dificuldades, como trabalhar o mesmo
conteúdo de diversas formas, tais como: textos de diversos gêneros, filmes, brincadeiras, entre
outras estratégias.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Além disso, apresentamos algumas estratégias pedagógicas que podem ser criadas pelo
professor para atender, especialmente, os estudantes que apresentam dificuldades de
aprendizagem. Sugerimos algumas orientações que podem fazer o professor repensar sua prática
pedagógica, privilegiando o tipo, o modo e o sentido com que fazem as perguntas aos estudantes
em sala de aula, isto é, se as perguntas são feitas somente com o intuito de despertar a
curiosidade dos estudantes, sem constrangê-los.
REFERÊNCIAS
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PANTANO T.; ZORZI J. L. Neurociência Aplicada à Aprendizagem. São José dos Campos:
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