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TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL

 DIREITO PENAL
O Direito penal trabalha principalmente com o direito de ir e vir.
 FASES DO DIREITO PENAL
 Vingança Privada
o Não há regulamentação (escritas ou de costumes);
o Cada pessoa/grupo/família deve se vingar dos acontecimentos cotidianos (idade do
ouro da vítima);
o Fase anterior à fase mágica (início da transcendentalidade na mente humana); e
o Não há limite à vingança (não há razoabilidade ou proporcionalidade).
 Vingança Divina
o Os grupos começam a impor à pessoas ordenações (Código de Hamurabi, Livros
Divinos e Lei das XII Tábuas);
o Há um mais forte (Deus/Deuses) capaz de agregar os grupos;
o Prova de ordálio;
o O Direito mescla-se com a religião;
o Há Tribunais Eclesiásticos punitivos; e
o Há um início de proporcionalidade/razoabilidade.
 Vingança Pública
o O Direito se separa da religião (não sem muita luta);
o O Estado passa a ser o centro da vida humana;
o Ainda não há, plenamente, proporcionalidade ou razoabilidade; e
o Não se visa ao ser humano, mas o Estado.
 Período Humanitário
o Aberto pela obra: Dos delitos e das penas (1764), Marquês de Beccaria;
o O ser humano passa à centralidade dos pensamentos/atividades estatais
(iluminismo/racionalismo);
o A pena não pode mais ser cruel; e
o Há razoabilidade e proporcionalidade como postulados de todo o Direito (sempre
escrito, para garantia).
CRIME

Fato Típico Ilícito/Antijuridicidade Culpável/Culpabilidade


 Fato típico – Conduta resultado Nexo de causalidade
 Ilícito/Antijuridicidade
o Excludentes:
 Legítima defesa;
 Estado de necessidade;
 Estrito cumprimento do dever legal; e
 Exercício regular do direito.
 Culpável/Culpabilidade
o Excludentes
 Imputabilidade;
 Potencial consciência da ilicitude; e
 Exigibilidade de conduta diversa.
O Direito Penal liga o crime a pena.
REGIMES/SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
 Inquisitivo
Origem do Direito Romano.
Juiz inquisidor - as três funções (acusar, defender e julgar) concentram-se nas mãos de
uma só pessoas.
Características:
o O processo é secreto;
o Sem ampla defesa;
o Sem contraditório;
o Sem igualdade das partes;
o Sem due process of law (Devido Processo Legal);
o Provas tarifadas (cada prova tem um valor distinto);
o Confissão peso absoluto;
o Aceita tortura como meio de obtenção de provas.
 Acusatório
Origem na Grécia, berço da Democracia.
Actum Trium Personarum: separação nítida das três funções (acusar, defender e julgar)
entre três atores distintos.
Típico da democracia.
Características:
o Dignidade da Pessoa Humana;
o Legalidade;
o Oficialidade;
o Juiz Natural;
o Igualdade entre as partes (Princípio da Isonomia);
o Princípio da publicidade dos atos processuais;
o Oralidade do processo;
o Princípio do contraditório e da ampla defesa (autodefesa e defesa técnica);
 Autodefesa – na fase do IP, é da escolha do acusado se pronunciar ou não.
 Defesa Técnica – feito pelos Advogado da parte ou pelo Defensor Público.
o Sistema de provas do livre convencimento;
o Imparcialidade do julgador.
 Misto
Também conhecido como Sistema Francês, ou Inquisitivo Mitigado.
Duas fases diferentes definidas no processo:
1° fase
o Preparatório Inquisitivo – instrução (coleta de provas) por meio de um juiz instrutor. Se
tem a presença do Delegado para instauração do IP.
2° fase
o Julgamento – realizado por um juiz, nos moldes do sistema acusatório.
Aula 02
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS
 Princípio da Legalidade
O art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, estabelece que “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O princípio da legalidade, busca
proteger o indivíduo dos abusos cometidos pelo Estado e também por particulares.
 Princípio do Devido Processo Legal (Due Process Of Law)
O inciso LIV, do art. 5º, da Magna Carta traz em sua redação que, “ninguém será privado
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Ou seja, é o princípio que assegura
a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias
constitucionais.
 Princípio da Oficialidade
Nesse princípio é abordado a competência do Estado, do Poder Judiciário, do
Ministério Público, da polícia judiciária. Sendo estes os órgãos oficiais responsáveis pela
investigação, pelo processo e pela punição dos agentes do crime, logo que por meio de
investigação fique comprovado como verdadeiro culpado.
 Princípio do Juiz Natural
Este princípio é regulamentado pelo artigo 5º, incisos XXXVII, da Constituição Federal,
que diz que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e o inciso LIII do mesmo artigo citado
anteriormente, determina que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente”. Ou seja, uma garantia inafastável.
 Princípio do Promotor Natural
Este princípio deriva das garantias fundamentais e do sistema processual, pois assegura
que o promotor competente será aquele responsável pela comarca estabelecida como
competente.
 Princípio da Publicidade
Garante que todo processo seja público, salvo os que tramitam em segredo de justiça.
 Princípio do Impulso Oficial
O art. 251 do CPP, expressa que “ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública”.
 Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição
O princípio da indeclinabilidade impede que o juiz se abstenha do julgamento ou que
passa adiante sua jurisdição.
 Princípio da Correlação
Este princípio orienta que o fato descrito na peça exordial – queixa ou denúncia – deve
guardar estrita relação com o fato objeto da sentença condenatória exarada pelo Estado-Juiz.
 Princípio da Igualdade Processual/Isonomia
Certifica que as partes tenham os mesmos direito em relação ao processo.
 Princípio do Contraditório
O princípio do contraditório nada mais é que o direito de resposta, assim dando ao suposto
autor da conduta, o direito de contar sua versão do caso em questão.
 Princípio do Contraditório para a Prova
O contraditório para a prova, também denominado contraditório real, que é a formação
da prova na presença do juiz e das partes; é o caso prova testemunhal.
 Princípio do Contraditório sobre a Prova
Em se tratando de contraditório sobre a prova, também chamado de contraditório diferido,
que é a oportunidade que as partes têm de contradizer, contestar ou combater as provas no
decurso do processo ou inquérito, posteriormente à decisão judicial quanto a determinada prova.
 Princípio da Ampla Defesa
Garante ao suposto autor da conduta criminosa o direito de se defender.
 Princípio da Defesa Técnica (Processual ou Específica)
É aquela defesa feita por profissionais, na pessoa do Defensor Público ou do Advogado
da parte.
 Princípio Autodefesa (Material Ou Genérica)
O acusado tem o direito de prestar esclarecimentos na fase de investigação,
acompanhar seu representante legal nas audiências, para saber como seu processo está sendo
conduzido e impetrar habeas corpus.
 Princípio da Celeridade
Dispõe a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LXXVIII que “a todos, no
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação”.
 Princípio da Economia Processual
O princípio da economia processual busca que o processo tenha maior eficácia, com
menos esforços e no menor tempo possível, mas nunca perdendo a qualidade do trabalho.
 Princípio da Duração Razoável do Processo e da Prisão Cautelar
Também regulamentado pelo artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF/88, o princípio da
Duração Razoável do Processo procura dá ao cidadão uma resposta mais rápida e eficiente
do caso concreto. Nesse mesmo sentindo é interpretada a prisão cautelar, pois o suposto
autor só poderá ficar preso por um prazo razoável.
 Princípio da (Busca da) Verdade Real
Busca evidencias que comprovem como de fato aconteceu a conduta em questão.
 Princípio da Presunção de Inocência
Todo suposto autor de conduta criminosa deve ser considerado inocente, até que como
base em provas adquiridas de forma licita, possa ser provado como verdadeiro culpado.
 Princípio da Regra Probatória (In Dubio Pro Reo)
O acusador tem o ônus da prova do caso concreto, desse modo cabe a ele provar que o
acusado é mesmo o culpado, caso contrário o querelado/réu será absolvido.
 Princípio da Regra De Tratamento
Ninguém será considerado culpado senão depois de sentença com trânsito em julgado,
conhecida também como a regra probatória ou de juízo in dúbio pro reo.
 Princípio da Constitucionalidade ou Inconstitucionalidade da Execução Provisória da Pena
A garantia Constitucional da presunção de inocência tem como objetivo impor ao
Magistrado um dever de tratamento ao réu como inocente desde o nascedouro do inquérito ou
das investigações até o trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória, impedindo,
como corolário legal, a execução provisória da pena. Definida a ratio essendi de ambas as
garantias constitucionais, é possível perceber claramente a inexistência de conflito entre elas.
 Princípio da Imparcialidade do Juiz
Os julgamentos dos processos devem sempre serem feitos de forma totalmente imparcial,
garantindo as partes que seus direitos sejam exercidos de forma correta, assim o juiz deve tratar
os envolvidos sempre de forma igualitária.
 Princípio da Persuasão Racional ou do Livre Convencimento Motivado
O juiz tem livre forma de convicção, mas a sua decisão deve ter como base os autos, as
provas apresentadas, as testemunhas ouvidas e fundamentação plausível, dessa forma, tomado
uma decisão justa.
 Princípio do Ne Bis In Idem
Assegura que o indivíduo não seja processado duas ou mais vezes pelo mesmo crime.
Também chamado de vedação da dupla punição pelo mesmo fato, ele garante ao agente o direito
de ser reintegrado na sociedade após cumprir sua pena. Deste modo só pode haver ação
revisional pro reu (colaboração em favor do réu) e nunca pro societate (colaborar em favor da
sociedade).
 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere
Ninguém é obrigado a se autoincriminar ou a produzir prova contra si mesmo.
 Princípio do Dever Legal de Interrupção Imediata do Interrogatório quando o Imputado
optar pelo Exercício do Direito ao Silêncio
O interrogatório é a oportunidade conferida ao réu de exercer o contraditório, ou seja, a
ampla defesa, sendo o verdadeiro corolário destes princípios, dando contornos concretos ao
direito de autodefesa (defesa pessoal). Por certo, o direito à defesa técnica deve ser manifestado
em todo e qualquer ato processual, incluindo o interrogatório, razão pela qual o acusado deve
estar acompanhado de seu Defensor e ser oportunizado a este a realização de perguntas.
No entanto, o arguido pode recusar responder a perguntas e apresentar elementos de
prova, sendo a razão de ser deste direito proteger o arguido de coacção por parte das autoridades
a fim de obterem elementos de prova. O direito ao silêncio aplica-se aos interrogatórios policiais
e a nível dos tribunais. O arguido deve ter o direito de não apresentar depoimento, mas é
necessário que o arguido seja sistematicamente informado deste seu direito.
 Princípio da Proporcionalidade
Este princípio busca proteger o indivíduo da punição em excesso, assim regulamentando
que o tempo de pena do agente cumpra seja o pré-estabelecido para sua conduta.
 Princípio da Proporcionalidade em Sentido Estrito
Deve haver uma proporção adequada entre os meios utilizados e os fins desejados. Assim,
o juiz, ao condenar o agente público por ato de improbidade, pode escolher, entre as sanções
previstas em lei, as que sejam mais proporcionais ao fato cometido. Ou seja, o crime maior se
sobressai ao crime com pena menor.
 Princípio da Adequação
Significa que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada
típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a
ordem social.
Exemplo: adultério.
 Princípio da Necessidade
A necessidade requer o menor sacrifico possível de um direito fundamental para se atingir
uma finalidade. Havendo diversas maneiras de se obter um determinado "fim", deve ser
escolhida a que cause o menor sacrifício aos direitos dos cidadãos. Em outras palavras, deve-
se escolher o meio mais suave para se resolver uma determinada questão ou um problema.
Aula 03
LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
TERRITÓRIO BRASILEIRO
 Territorialidade (art. 5° do CP) – aplicação da lei penal brasileira em território soberano.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de


direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

 Territórios por extensão (§ 1º)

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as


embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

 Extraterritorialidade Incondicionada (art. 7°, inciso I, do CP) – aplicação da lei penal


brasileira fora do território nacional.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Atenção! Não depende de condições.


 Extraterritorialidade Condicionada (art. 7°, inciso II, do CP) – aplicação da lei penal
brasileira fora do território nacional.

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Atenção! Depende de algumas condições.


 Intraterritorialidade/de fora para dentro – mesmo o crime sendo praticado no Brasil, a lei
estrangeira será aplicada em crimes em parte ou total em nosso território, quando assim
exigirem tratados e convenções internacionais.
PRINCÍPIOS DA LEI PENAL NO ESPAÇO E NO TEMPO
 Princípio da Territorialidade/Locus Regit Actum
É à aplicação da lei brasileira no território brasileiro (físico ou por extensão). É aplicar
as leis do Brasil aos crimes praticados no território nacional.
 Princípio da Defesa (ou Real)
Aplica a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado. Não importa o local do
crime ou a nacionalidade dos sujeitos.
TERRITÓRIO NACIONAL PARA FINS PENAIS
Entende-se por território nacional a soma do espaço físico (ou geográfico) com o espaço
jurídico (espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante).
 Território Físico – entende-se o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do
Estado (solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa - 12
milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e
insular - e espaço aéreo correspondente).
 Espaço Jurídico – para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e as aeronaves brasileiras
(matriculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5°, § 1° do CP).
É também aplicável a lei brasileira aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil (art. 5º, § 2° do CP).
EXCEÇÕES DO ART. 1° DO CPP

Art. 1°. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:

Princípio da Unidade
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
86, 89, § 2º, e 100);
OBS: As autoridades trazidas por esse inciso deve ser estendida aos termos da lei de
impeachment.
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial;

Atenção! No Brasil é vetado o tribunal de exceção. São apenas permitidos aqueles já nomeados
como Justiça Especial, ou seja, a Justiça Eleitoral, Militar e Trabalhista.

V - os processos por crimes de imprensa.

Atenção! Julgada inconstitucional pela ADPF (Arguição de descumprimento de preceito


fundamental) 130. O ministro Celso de Mello votou pela procedência integral da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130, julgando que a Lei de Imprensa (Lei
5250/67) é completamente incompatível com a Constituição de 1988.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos n°
s. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.

 Tratados Internacionais
Exemplos:
o Extradição – é o ato pelo qual um Estado estrangeiro entrega, a pedido, um indivíduo
“chamado de extraditando” a outro Estado estrangeiro que é competente para jugá-lo ou
puni-lo em virtude de crime praticado, pelo extraditando, em seu território – Competência
do STF (art. 102, inciso I, alínea g, da CF);
Atenção! Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
o Exequatur - será o documento autorizador para o cumprimento de cartas rogatórias no
Brasil - Competência do STJ (art. 105, inciso I, alínea i, da CF).
 Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional
O trâmite das medidas de cunho compulsório relativos à extradição e à transferência de
pessoas condenadas passou também a ser de competência do DRCI.
 Convenção de Viena
O Brasil é signatário dessa convenção, que confere aos Diplomatas e
Cônsules, imunidade processual, ou seja, caso cometam um crime no Brasil, não serão
punidos segundo as regras brasileiras.
 Os crimes de responsabilidade
Não se aplicam no seu julgamento, as regras previstas no Código de Processo Penal, pois,
os crimes de responsabilidade não é infração penal, ou seja, não é crime, já que se trata de
infração política administrativa.
Exemplo: a Dilma praticou Crime de responsabilidade e não foi presa, somente respondeu
conforme a lei de impeachment.
INFRAÇÃO PENAL

Crime Contravenção
Prisão simples
Detenção Reclusão
Crime (mais grave) – reclusão e detenção até 30 anos; ação penal pública e privada; tentativa é
punível.

Contravenção (mais leve) – prisão simples até 5 anos; apenas ação penal incondicionada;
tentativa não é punível.
LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Conforme o art. 2° do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.
Tempus regit actum – o tempo rege o ato.
Ex nunc – sua aplicação começa a partir de sua criação, não retroagindo.
Norma de natureza mista/híbrida (material e processual): é aquela que possui no
mesmo diploma legal, norma penal e norma processual penal.
Exemplo:
o Art. 366 do CPP, “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.
Exemplo: assalto no bando trabalho na aula da Prof. Bruna. Os acusados se fizeram presente,
foi decretado prisão preventiva, no entanto, os que não compareceram foram intimados.
o Art. 171, § 5º do CP – representação para o crime de estelionato (Lei nº 13.964, de 2019).
Matéria Processual
Suspensão do Processo
Prazo Prescricional
Prazos Materiais, em geral, são anteriores à existência do processo e tratam dos direitos
materiais;

Prazo de Prescrição é o tempo limite para manifestar determinada pretensão de direito material
para que ele não seja extinto (art. 189 do CC).
Exemplo:
Decadência
A decadência está presente nos crimes que precisa de representação, pois se tem um prazo
em que esta representação pode ser feita.
Exemplo de Decadência: Crimes contra a honra
O ofendido tem 6 (seis) meses para fazer a queixa crime, se não fizer nesse prazo,
acontece um ato penal e um ato processual penal.
Penal (Matéria Processual) – extinção da punibilidade do agente.
Processual Penal (Prazo prescricional) – o ofendido não pode mais representar, perde o
direito.
EXCEÇÕES DE QUANDO A LEI PROCESSUAL NÃO VAI SER APLICADA DE
FORMA IMEDIATA
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal:

Art. 2º. À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais
favoráveis.

Art. 3º. O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso,


será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no
Código de Processo Penal.

Atenção! Nesses casos prevalece a norma mais benéfica ao réu.


PARAÍSOS FISCAIS
São locais que oferecem mínimas taxas de impostos e divulgam o mínimo possível de
informações bancárias dos clientes com seus países de origem.
Aula 04
LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
De acordo com o art. 1° do CPP:

O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,


ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos no
s. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.

Características:
o Aplicação imediata;
o Não há retroatividade (ex nunc).
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL
Conforme o art. 3° do CPP, “a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”.
Interpretação Extensiva – amplia-se o alcance das palavras da lei.
Analógica – não é uma forma de interpretação, mas de integração.
o Não existe uma lei para disciplinar aquela situação e busca-se normas que disciplinam a
situação semelhantes ou com alguma proximidade lógica.
o Supre lacunas legais. Não há norma para ser interpretada, mas um fato ou situação que se
reclama uma norma para regulamentar.
JUIZ DE GARTANTIAS (ART. 3°-A A 3°-F DO CPP)
 Conceito
O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e
pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia
do Poder Judiciário (art. 3°-B do CPP).
 Competência
Vai durar todo o Inquérito Policial, ou seja, até o recebimento da denúncia;
O próprio juiz de garantias, recebi a denúncia.
 Pressupostos
Preservar à imparcialidade (subjetiva e objetiva).
Justice must not only be done; It must also be seen to be done

Justiça não deve ser feita apenas; também deve ser vista para ser feita.
 Dissonância Cognitiva
Baseia-se na premissa de que a pessoa se esforça para manter a coerência entre suas
cognições (convicções e opiniões). Quando a uma pessoa tem uma crença sobre algo e age
diferente do que acredita, ocorre uma situação de dissonância.
É ficar do lado mais confortável.
o Desvalorização de elementos cognitivos dissonantes (quando a pessoa tem uma opinião
sobre algo e age de outra forma);
o Busca involuntária por informações consoantes com a cognição pré-existente (busca
seletiva de informações);
o Evitação de aumento de elementos cognitivos dissonantes.
O Juiz de Garantias foi suspenso por meio de liminar concedida pelo Min. Luiz Fux.
Invasão da competência legislativa dos Estados (organização das justiças estaduais)
Autonomia financeira do Judiciário. Mais juízes.
Vício de iniciativa: Só o Poder Judiciário tem iniciativa para alterar organização e divisão
judiciária.
Há quem discorde.
O Pleno ainda vai analisar. Até lá está suspenso.
Tribunal Europeu de Direitos Humanos
Caso de Cubber X Bélgica
Anulou o julgamento de uma corte composta por 3 juízes.
Um deles decretou prisão, interrogou, indeferiu liberdade, indeferiu trancamento.
Corte considerou o juiz parcial
Caso Hauschils X Dinamarca
Corte manteve o julgamento de uma corte da Dinamarca.
Magistrado como mero supervisor da fase pré-processual não o coloca como parcial para
a fase judicial.
Decidiu sobre pedidos de prisão, etc. mas teve atuação mais discreta.
Em resumo para o TEDH não é verdade que a existência de um Juiz de Garantias é
conditio sine qua non para que possa falar em imparcialidade objetiva.
Há uma tendência para que os países adotem o Juiz de Garantias.

Aula 05
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
São as investigações que acontecem antes da ação penal e que visam angariar elementos
para seu exercício. São preliminares justamente porque antecedem a ação penal.
Exemplos:
o Inquérito policial (art. 4° a art. 23 do CPP);
o Procedimentos Investigatório Criminal do Ministério Público (Resolução 181/2017
CNMP);
o Termo Circunstanciado de Ocorrência (art. 69 da Lei 9.099/95);
o Comissões parlamentares de inquérito (art. 58, § 3º da CF).
CONCEITO DO INQUÉRITO POLICIAL
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório presidido pelo Delegado de
Polícia que consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetiva
a identificação das fontes de provas e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e
materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar
em juízo.
NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL
Natureza administrativa - não se trata de processo judicial, logo, dele não resulta a
imposição direta de sanção.
FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL
Reunir o lastro probatório mínimo (justa causa) para que a Ação Penal seja manejada.
Ao mesmo tempo que possibilita o oferecimento da peça acusatória, contribui para que
pessoas inocentes não sejam injustamente submetidas ao processo penal.
O IP tem por finalidade produzir provas?
Tecnicamente precisamos diferenciar prova de elemento informativo.
 Elemento informativo – São aqueles colhidos na fase investigatória, sem necessidade de
participação dialética das partes. Não se opõe a eles o princípio do contraditório. Além de
permitirem a formação da opinio delicti, podem subsidiar a decretação de medidas cautelares
ou fundamentar uma decisão de absolvição (art. 397 do CPP). (Não tem o Princípio do
Contraditório; Sem participação das parte; Sistema Inquisitivo, ou seja, se tem apenas a
figura dos delegado).
 Prova – elementos levantados com dialética, sob o crivo do contraditório, em regra,
produzidos no curo do processo judicial.
O inquérito produz elementos informativos que, indicando autoria e materialidade, serão
a justa causa para o exercício da Ação penal. Na ação Penal o que for repetível será novamente
produzidos (oitiva de testemunha relevantes - as irrelevantes nem serão levadas para a AP). No
curso da Ação Penal proposta, a defesa tomará conhecimento dos elementos repetíveis juntados
na investigação e sobre eles poderá se manifestar (ex: Intercepção Telefônica e laudo de lesão
corporal).
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 155 do CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Significa dizer que o juiz que analisará o mérito não pode fazer menção ao Inquérito?
O juiz pode sim sopesar os elementos do inquérito, sobre os quais a defesa teve
conhecimento e pode se manifestar (prova, portanto). O que ele não pode é fundamentar
exclusivamente com base na investigação preliminar.

Ao contrário do que alegado pelos ora agravantes, o conjunto probatório que ensejou
a condenação dos recorrentes não vem embasado apenas nas declarações prestadas
em sede policial, tendo suporte, também, em outras provas colhidas na fase judicial.
Confirmação em juízo dos testemunhos prestados na fase inquisitorial.
Os elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento do
juiz para a decisão da causa quando complementam outros indícios e provas que
passam pelo crivo do contraditório em juízo.
Agravo regimental improvido. (STF - RE: 425734 MG, Relator: Min. ELLEN
GRACIE, Data de Julgamento: 04/10/2005, Segunda Turma, Data de Publicação:
DJ 28-10-2005 PP-00057 EMENT VOL-02211-03 PP-00529).

A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que é possível a utilização das provas


colhidas durante a fase inquisitiva para embasar a condenação, desde que
corroboradas por outras provas colhidas em Juízo, nos termos do art. 155 do Código
de Processo Penal. (STJ - AgRg no HC: 497112 SP 2019/0065213-5, Relator:
Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 03/09/2019, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 10/09/2019)

ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL


Lei 12.830/13:

Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas


pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

O Inquérito Policial é presidido por um Delegado de Polícia (civil ou federal).


Aula 06
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR II
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
 Escrito
Destinatário final – MP;
Função garantidora – evitar imputações infundadas. Ou seja, para que um inocente não
seja acusado.
 Dispensável
Pois serve para ajudar o opinio delicti (exercer seu juízo acerca do disposto nos atos) do
MP.
 Sigiloso (sigilo externo. Súmula vinculante 14 do STF)
Distinção de Sigilo externo e Sigilo interno
Sigilo externo: que inclui a relação com a imprensa, por exemplo, o próprio delegado do caso
pode determinar administrativamente o sigilo e não divulgar detalhes sobre a investigação em
curso.

Sigilo interno: tem relação ao acesso às informações de uma investigação pelas pessoas
diretamente interessadas, como o promotor de Justiça, o advogado e o investigado.
Atenção! Diligencias que estão em curso, a defesa não pode ter acesso.
o “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
o Art. 20 do CPP, “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de
antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes”.
o O advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a diligência
realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada. Porém, em se tratando de
diligências que ainda não foram realizadas ou que estão em andamento, não há que se
falar em prévia comunicação ao advogado nem tampouco ao investigado, na medida em
que o sigilo é inerente à própria eficiência da investigação, que podem ser seriamente
prejudicada com a ciência prévia de determinadas diligências pelo investigado e por seu
advogado.
 Inquisitório
É o procedimento destinado a reunir elementos necessários à apuração da prática de uma
infração penal e de sua autoria (art. 4º do CPP).
 Discricionário
No que diz respeito a sequência de seus atos.
 Oficial (agente público + direito e obrigações)
É levado a efeito por órgãos públicos (polícia).
 Oficioso
Deve seguir por impulso oficial, ou seja, uma vez que chega a conhecimento da Polícia o
crime surge a obrigação desenvolver os atos do IP mesmo sem impulso da vítima.
 Indisponível
Art. 17 do CPP, “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.
 Temporário
o Não pode se procrastinar tanto no tempo, se arrastando.
o Lei 13.869/19.
o Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente.
INSTAURAÇÃO DO IP
As ações penais, que serão posteriores ao inquérito podem ser:
Ação Penal Pública - Procede-se mediante Denúncia do Ministério Público.
 Incondicionada – Não está sujeita a qualquer condição. As autoridades devem agir ex officio.
É oficiosa.
 Condicionada – A oficiosidade mitigada. Antes de iniciar a Ação Penal ou Inquérito deve
ser cumprida uma condição de procedibilidade, algo que deve ser observada para que se
proceda (inicie) a investigação:
o Representação da Vítima
o Requisição do Ministro da Justiça
 Ação Penal Privada – Procede-se mediante Queixa-Crime do ofendido.
Os crimes, em regra, são perseguidos por ação penal pública, então para que seja
condicionada ou privada, deve haver menção expressa pela lei acerca dessas condições.
Isso tudo é importante porque vai influenciar a instauração do IP.
Se o crime a ser apurado for:
 Ação Penal Pública.
o Incondicionada – O delegado deve agir ex officio. Instaurar o IP e proceder a investigação.
o Condicionada – O delegado só pode instaurar se cumprida a condição de procedibilidade:
 Representação da Vítima
 Requisição do Ministro da Justiça
 Ação Penal Privada – Só haverá instauração do IP se houver requerimento de quem tenha
legitimidade para posteriormente entrar com a queixa-crime. (Art. 5°, § 5° do CP).
Observe, que tudo isso não impede a prisão em flagrante de qualquer modalidade de crime
que seja. Efetuada a prisão o réu poderá inclusive ser solto após a lavratura do APF (Auto de
Prisão em Flagrante) na delegacia se não houver requisitos para prisões cautelares, e se não
sobreviver a condição de procedibilidade os autos serão arquivados.
O que acontece quando o promotor ou juiz tomam conhecimento de um crime? Como faz
para que as investigações se iniciem?
Art. 5°. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

O promotor de justiça poderá instaurar um PIC (Procedimento Investigatório Criminal),


nos termos da Resolução 181 do CNMP ou requisitar o Inquérito Policial.
Quanto o juiz, deverá requisitar o IP, já que não pode, em regra, ele mesmo investigar.
A peça inaugural do Inquérito pode ser:
 Portaria – (Quando a pessoa entra com a ação, consequentemente a investigação traz o crime
à tona). É a peça inaugural do IP, em que o delegado indica os fatos que lhe chegaram ao
conhecimento e que pretende investigar. A portaria deve apresentar os fatos, delimitando-
os. Isso não impede que posteriormente outros crimes possam ser descobertos na
investigação, as a ação da autoridade policial, oficial e oficiosa que é, deve estar devidamente
limitada a um fato certo a ser investigado. Não se admite, por exemplo, um inquérito para
investigar todos os homicídios ocorridos em Araguaína no mês de março de 2021. Não há
um fato certo. O correto é ter um IP para cada fato.
 Auto de Prisão em Flagrante – nos casos em que o agente de fato é apanhado nas condições
do art. 302 do CPP ele é imediatamente levado à autoridade policial para que o APF seja
lavrado e nessa ocasião o IP já considera-se iniciado.
FISHING EXPEDITIONS
Nomeado como “expedição de pesca”, é percebida a partir de uma investigação criminal
especulativa, sem objeto certo ou determinado. Lança-se a rede das medidas especiais de
investigação para colher “alguma coisa”. O Fishing Expeditions viola o princípio constitucional
da intimidade e materializa prova ilícita.
Aula 07
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR III
NOTITIA CRIMINIS
É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial, acerca de
um fato delituoso. Pode ser:
 De cognição imediata (ou espontânea) – quando toma conhecimento do fato por suas
atividades rotineiras.
 De cognição mediata – quando toma conhecimento por meio de expediente escrito. Ex.
Requisição do Ministério Público.
 De cognição coercitiva – quando toma conhecimento através da apresentação do indivíduo
preso em flagrante.
Delatio Criminis – é uma espécie de notitia criminis feita por qualquer pessoa do povo e
não pela vítima ou por seu representante legal.
DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

Art. 6° do CP. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo
III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 15 da Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade). Constranger a depor, sob ameaça de
prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo
ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono.

O investigado pode optar. Pode falar sem advogado. Se optar por falar na presença de
advogado o delegado não poderá interrogar até haver uma defesa técnica presente.
INDICIAMENTO
Indicar é atribuir a autoria (ou participação) de numa pessoa em uma infração penal:
Deve ser fundamentado (art. 2° § 6° da Lei 12.830/13).

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,


mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade
e suas circunstâncias.

Pode ser feito logo no APF ou até o Relatório do IP. Após denúncia não é mais possível
indiciamento, pois é ato típico da fase investigativa.
É ato privativo do Delegado de Polícia.
 Desindiciamento
É possível Habeas Corpus para que haja o desindiciamento quando ausente qualquer
elemento de informação quando ao envolvimento do agente na prática delituosa. No entanto, o
desindiciamento é realizado pelo meio judicial, ou seja, vai ser apreciado pelo juiz.

CONCLUSÃO SOBRE O INQUÉRITO POLICIAL


Prazo
Investigado Preso Investigado Solto *

IP J. Estadual (caput do art. 10 do CPP c/c art. 3°- B § 10+15 30


2°)
IP Federal 15+15 30
IP Militar 20 40+20
Lei de Drogas 30+30 90+90
Crime contra Economia Popular 10 10
Prisão Temporária decretada em IP relativo a crimes 30+30 Não se aplica
hediondos ou equiparados
* Em se tratando de investigado solto, doutrina e jurisprudência admitem a prorrogação sucessiva
do prazo para conclusão do Inquérito Policial.

NATUREZA DO PRAZO
o Réu solto – Processual
o Réu preso – Material
Implica mudança na forma de contagem:
o Processual – exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do fim;
o Material – inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do fim.
RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese,
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1° A autoridade fará minuciosa relatório do que tiver sido apurdo e enviará autos ao
juiz competente.

Nessa peça o delegado relato os elementos colhidos (testemunhas ouvidas, perícias, etc).
Há discussão sobre se o delegado deve ou não fazer alguma capitulação da conduta.
A Lei de Drogas (Lei 11.343) fala expressamente:

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância
ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
do agente;

O indiciamento sempre deve ser fundamentado. Como dissemos, o indiciamento pode ser
feito a qualquer momento no IP. Se o delegado fizer o indiciamento no relatório final deverá,
de qualquer forma, justificar.
PROVIDÊNCIAS A SEREM ADOTADAS APÓS A REMESSAS DOS AUTOS DO IP
AP Privada – Autos aguardam em cartório (art. 19 do CPP)

Relatório Final Encaminha ao MP. O Promotor pode:


ANPP (Acordo de Não Persecução Penal)
Denúncia
Diligências
Declínio de Competência
Conflito de Competência

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