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São Paulo
2020
ELITA TELES DOS SANTOS FERREIRA
São Paulo
2020
ACUPUNTURA
Examinador
Prof.(ª)
NOTA FINAL_________
Dedico este trabalho a Deus em primeiro
lugar, pois sem Ele nada seria possível.
“Em tudo daí graças; porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para
convosco” (1Ts 5:18).
Agradeço aos meus filhos Andriele,
Maxwell e Valter Junior por estarem
sempre presentes com espírito animador
e atitudes positivas. Agradeço ao meu
irmão Jurandir Matheus e especialmente
a minha amiga Roberta, que faz jus a
frase que diz: “Amigos são anjos que
Deus coloca em nossas vidas”. Roberta,
você é o meu anjinho especial. Obrigado
por tudo!
“Esperar ficar doente para procurar o médico, é
como esperar ter sede para começar a cavar o
poço”
(Imperador Amarelo)
RESUMO
DL - Dor Lombar
IASP - International Association for the Study of Pain
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MTC - Medicina Tradicional Chinesa
OMS - Organização Mundial de Saúde
PNPIC - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
SNC - Sistema Nervoso Central
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................12
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................16
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................17
3.1 Conceitos gerais da dor lombar.................................................................17
3.1.1 Anatomia da coluna vertebral........................................................................19
3.1.2 A dor lombar sob a perspectiva da medicina ocidental.................................20
3.1.3 Diagnóstico e principais tratamentos propostos pela medicina ocidental.....21
3.2 Os saberes milenares da medicina tradicional chinesa..........................22
3.2.1 Princípios básicos da MTC............................................................................25
3.2.2 Lombalgia na visão da medicina oriental.......................................................26
3.3 Auriculoterapia.............................................................................................27
3.3.1 Anatomia e áreas da orelha...........................................................................30
3.3.2 Embriologia....................................................................................................32
3.3.3 Inervação.......................................................................................................34
3.4 Vertentes da auriculoterapia – Escolas Francesa e Chinesa..................35
3.4.1 Auriculoterapia chinesa..................................................................................36
3.4.2 Auriculoterapia francesa................................................................................36
3.4.3 Diferença nas cartografias.............................................................................39
3.4.4 Mecanismo de ação e pontos auriculares mais usados................................42
4 CONCLUSÃO......................................................................................................43
REFERÊNCIAS...........................................................................................................45
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1 INTRODUÇÃO
eqüina, fratura da coluna vertebral, aneurisma aórtico abdominal dor visceral referida
(geniturinário e gastrointestinal), e suspeita de câncer na coluna (LADEIRA, 2011).
Quanto ao tratamento farmacológico, o mais comum é o uso de anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs) como medida analgésica, embora seja
empregado o uso de relaxantes musculares ou benzodiazepínicos, entre outros
(WONG et al. 2017). Embora os medicamentos pareçam ser uma das opções de
tratamento mais eficazes para lombalgia crônica inespecífica, seus efeitos colaterais
levantam questões (ZENG; CHUNG, 2015) e os pacientes com essa condição
geralmente ficam insatisfeitos com os resultados (YUN, 2012).
A escolha de um tratamento eficaz, seguro e econômico para os pacientes
pode ser um desafio, portanto, um grande interesse surge em terapias
complementares, onde a acupuntura é a mais comum (ZENG; CHUNG, 2015).
Pesquisas realizadas acerca do tema, sugerem que terapias complementares
podem ser incorporadas ao tratamento da dor, e por conseguinte, diminuem a
necessidade de tratamento farmacológico (ZENG; CHUNG, 2015).
De acordo com Ministério da Saúde, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é
constituída de conhecimentos técnicos, teóricos e empíricos em um processo de
equilíbrio e cura, com o uso das técnicas de massagem, fitoterapia, orientações
nutricionais, exercícios respiratórios e a mais comum dentre todas, a acupuntura.
Esse sistema médico, que incorpora uma ampla gama de métodos de
tratamento, inclui a acupuntura e a auriculoterapia como tecnologia de intervenção
para diagnosticar, prevenir e tratar problemas de saúde, através do equilíbrio dos
princípios de Yin-Yang, dos cinco movimentos e energias (fogo, madeira, metal,
água e terra) e a relação entre seres humanos e natureza, visto que, no olhar
oriental um organismo equilibrado não fica doente (BRASIL, 2006).
É importante notar que a filosofia da MTC tem o conceito de holismo como
princípio orientador e observa o paciente como um todo indivisível, onde há uma
série de mecanismos energéticos intrinsecamente conectados. Todavia, qualquer
desequilíbrio nessa engrenagem complexa, pode levar a um número de
imperfeições no fluxo de energia e na saúde do paciente
A acupuntura, alicerceada nas concepções fisiológicas e filosóficas da MTC,
vem sendo praticada há mais de 5000 anos nos países orientais, e de acordo com
historiadores, os habitantes dessa região mitigavam a dor com o calor e com o uso
de objetos pontiagudos feitos de pedra e osso colocados em locais específicos do
14
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3 REVISÃO DE LITERATURA
Definir a dor, e fazê-lo de tal maneira que seja uma definição de aceitação
unânime, irrefutavelmente é um processo complexo e, pode-se dizer, é impossível.
Somente aqueles que sofrem sabem o que sentem e não há meios humanos ou
científicos pelos quais todos os detalhes, nuances e sensações que acompanham a
experiência da dor possam ser transmitidos a outros.
A dor é conhecida pelo homem desde os tempos antigos e sempre foi um dos
desafios mais difíceis para os profissionais envolvidos na saúde. A experiência da
dor começa desde a infância, quando caímos e ralamos o joelho, e aprendemos a
usar a palavra “dor” para expressá-la. Mas a aprendizagem também nos leva a usar
a mesma palavra, em face de experiências que não têm uma causa externa,
atribuindo sua origem a uma causa interna do organismo.
De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor –
International Association for the Study of Pain – IASP (1986, p. 217), a definição
amplamente adotada para definir a dor é uma experiência sensorial e emocional
desagradável associada a dano real ou potencial ao tecido, ou descrita em termos
de tal dano. Para Merskey e Bogduk (1994, p. 210) a incapacidade de relatar e
quantificar a dor não exclui a possibilidade de sua existência, pois é uma experiência
individual, subjetiva e relacionada a uma lesão real ou potencial. A OMS (2012)
descreve a dor como um fenômeno multidimensional com componentes sensoriais,
fisiológicos, cognitivos, afetivos, comportamentais e espirituais.
Segundo os estudos apresentados pela OMS (2012) e por Cardoso (2009), a
dor pode ser classificado de acordo com sua duração, etiologia ou mecanismo de
produção, sem, no entanto, uma classificação excluir a outra:
- Duração: a) Dor aguda que aparece rapidamente e geralmente está
associada a uma relação causa/efeito definida. Na maioria das vezes é
gerada por lesão ou por um processo patológico, e dura apenas enquanto
o dano no tecido persistir (IASP, 1986) e b) Dor crônica que persiste ou se
repete por mais de 3 meses (IASP, 2003).
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Visto que a dor é uma sensação subjetiva, para sua mensuração existem
diversas escalas, entre elas: Escala de Faces, Escala Numérica, Escala Qualitativa,
Escala Visual Analógica (BRASIL, 2003b). A escala visual analógica é uma das mais
utilizadas e mede a dor de 0 a 10, onde 0 não é dor, 1-3 dor leve, 4-6 dor moderada,
7-9 dor intensa e 10 é dor máxima.
Dados epidemiológicos indicam que a dor é o motivo mais frequente de
consulta no departamento de emergência e representa 70% dos atendimentos.
(TODD et al, 2007). Desse total, 30% dos pacientes com dor lombar aguda evoluem
para dor crônica (LADEIRA, 2011) e 75-85% das ausências do trabalho são devidas
a dor crônica recorrente (FREITAS, 2006; PALACIOS, 2015, p. 19). De acordo com
uma pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
19
3.1.3 Diagnóstico e principais tratamentos propostos pela medicina ocidental
3.3 AURICULOTERAPIA
do pavilhão auricular também podem ser encontrados no Nei Jing. Esta obra
clássica da literatura chinesa, descreve que o pavilhão auricular é um “órgão isolado
que mantém relações com os demais órgãos e regiões do corpo através do reflexo
cerebral” (NEVES, 2010, p. 6).
De acordo com este texto, os seis meridianos yang estão diretamente
conectados ao átrio porque seus caminhos começam ou terminam na cabeça,
enquanto os meridianos yin estão indiretamente relacionados ao átrio através dos
meridianos yang. No entanto, os pontos auriculares da China antiga não foram
organizados como parte de uma estrutura anatômica, mas aparentemente foram
representados no ouvido como pontos dispersos sem ordem lógica (SOUZA ,2013;
NEVES, 2010).
A primeira menção à projeção do esquema corporal de pontos sem uma
ordem lógica dispersa no ouvido é encontrada no Ling Shu, de datação incerta,
aproximadamente entre 475 e 200 a. C. Entretanto, foi durante a dinastia Tang que
a estimulação da aurícula começou a se espalhar na medicina chinesa, como terapia
contra alguns distúrbios do corpo humano. Posteriormente, médicos chineses
desenvolveram o diagnóstico e o tratamento em auriculoterapia, com base em suas
práticas clínicas e em suas pesquisas, visto que foi durante a dinastia Qing que o
primeiro mapa mostrando os pontos da orelha foi desenvolvido (OLESON, 2008).
O mundo egípcio já conhecia o uso da estimulação do pavilhão auricular por
meio de punção ou cauterização para fins terapêuticos e para controle do
nascimento e gravidez, dor, etc... Hipócrates (IV a.C.) discorre sobre esse assunto
no tratado "Livro de Ares – Águas e lugares", escrito após uma estadia no Egito. Ele
cita que os médicos realizaram cauterizações e incisões na aurícula, a fim de
resolver problemas sexuais no homem e tratar problemas ciáticos. Mais tarde, em
Roma, o médico grego Galeno (130 d.C-200 d.C.) introduziu a medicina hipocrática
no império romano, e destacou o uso de sangrias auriculares e seu poder curativo
(SOUZA, 2013; OLESON, 2008).
A história da auriculoterapia, se confunde e se entrelaça com a história da
acupuntura, que por sua vez, também se perde nos véus dos conhecimentos
milenares da sabedoria chinesa. Desde sua primeira menção no Nei Jing, esta
prática terapêutica foi descoberta, reconhecida e aprimorada por diversos estudiosos
e médicos até os dias atuais.
29
A orelha é constituída por uma camada elástica recoberta por pele, com
relevos variados, sendo formada de tecido fibrocartilaginoso, uma fina camada de
gordura e tecido conjuntivo. A inervação sensitiva da orelha é feita pelos nervos:
auricular maior, occipital menor e auriculotemporal, que são responsáveis pela
sensação de dor, tato, calor, frio. O pavilhão auricular possui um formato ovoide e
imagem semelhante a um feto em posição embrionária e sua analogia é embasada
na inervação do pavilhão auricular, pois este possui conexão neurológica com os
pares cranianos (NOGIER, 1998; NEVES, 2010).
De acordo com Oleson (2008) e Mas (2005), a anatomia do pavilhão auricular
é composta por:
a) Região frontal:
• Hélix: dobra semicircular proeminente que forma a borda superior da
orelha da orelha. Tem o formato de um ponto de interrogação (?).
• Raiz da hélix: Também denominada como ponto Zero, é o segmento inicial
da hélix ascendendo do centro da aurícula em direção ao rosto.
• Hélix superior: é a parte mais alta da hélix, tem uma forma de arco.
• Corpo do anti-hélix: crista larga localizada no terço médio do anti-hélix.
31
b) Região posterior:
• Lobo posterior: é uma região carnosa e macia e faz a correspondência
posterior do lobo da orelha.
• Sulco posterior: é uma depressão vertical que percorre todo o aspecto
posterior da orelha. No topo tem dois
braços.
• Triângulo posterior: em forma de “Y”, é
uma pequena área superior que repousa entre
os braços do sulco posterior.
• Concha posterior: região central do
aspecto posterior da orelha, atrás da
concha.
• Concha posterior: é a parte mais periférica do aspecto posterior da orelha,
atrás da hélix e da fossa escafoide. (OLESON, 2008, pp. 81-89; MAS,
2005, p. 2)
3.3.2 Embriologia
Figura 4 - Representação das camadas de tecidos dérmicos. Essas camadas de tecido embriológico
estão representadas em três regiões diferentes da aurícula.
Fonte: Google imagens
3.3.3 Inervação
suas cartografias, que foram criadas com base em premissas diferentes, nos
protocolos de tratamento e nos instrumentos utilizados para a estimulação dos
pontos auriculares. A técnica chinesa é conhecida por utilizar agulhas sistêmicas ou
auriculares, imãs, cristais, sementes, moxabustão, massagens e sangrias, de forma
distinta da técnica francesa que se baseia no método reflexologia e além das
agulhas faz uso também laserterapia, infravermelho, eletroestimulação e
massagens, dentre outros, para produzir a estimulação dos pontos meridianos,
trazendo estado de equilíbrio necessário para o melhor funcionamento do organismo
e efeitos satisfatórios no tratamento. Enfaticamente, as duas escolas possuem
teorias e métodos independentes para diagnosticar e tratar as enfermidades
(KUREBAYASHI et al., 2012; MAS, 2005, p. 103; BRASIL, 2019, p. 23; NETTO, p.
14, 2019).
Paul Nogier determinou três regiões na orelha: T1, T2 e T3; e descreveu três
camadas de tecido: superficial, média e profunda. De acordo com o autor, quando
uma agulha é inserida na aurícula, ela passa pelas três camadas de tecido. Isso
explica os três efeitos distintos causados pela agulha.
Na teoria das fases de Paul Nogier, existem três somatotopias diferentes
projetadas em cada uma dessas camadas de tecido: a somatotopia de um feto
invertido, a somatotopia de um adulto recostado, a somatotopia de um adulto em pé.
No entanto, quando Paul Nogier publicou sua teoria das fases, a estrutura dos
pontos auriculares não era realmente conhecida. Hoje conhecemos os complexos
neuro vasculares e é difícil defender a existência de três somatotopias sobrepostas.
Por outro lado, é possível que, quando um ponto da orelha é estimulado, esse
estímulo possa ser integrado em vários níveis pelo sistema nervoso (NOGIER, 1998;
NOGIER, 2009, pp. 104-106; OLESON, 2008, pp. 76-78).
Segundo Alimi (2006), os níveis de integração podem ser: Medular, Talâmico
ou Cortical. Ele se referiu a esses níveis de integração como fases 1, 2 e 3
respectivamente. No simpósio internacional em Porto Rico em 2002, um grupo de
trabalho drs. John Ackerman, Brian Franck, Michel Marignan e Raphael Nogier
propuseram uma definição oficial das fases:
Segundo Neves (2010), talvez o erro mais grave, no que diz respeito a
mapas, esteja na tentativa de misturar os pontos da cartografia francesa com os da
chinesa. Mesmo que ambas as escolas possuam como base carta gráfica da figura
do feto na posição invertida, a evolução de cada escola, tanto em técnica como na
nomenclatura e distribuição dos pontos, obedece a critérios diferentes, de acordo
com seus fundamentos. Mesclar essas duas linhas confunde não apenas o
profissional, mas também o organismo que está sendo tratado. No entanto, ambas
as escolas alcançaram um nível de excelência indiscutível, comprovada tanto por
seus resultados clínicos como por pesquisas, e o fato de estarem difundidas no
mundo inteiro aponta para a credibilidade de que gozam junto a profissionais e
pacientes (NEVES, 2010).
Um dado considerado importante é que existe uma diversidade destes para o
tratamento da dor crônica lombar, porém, em nenhum dos estudos encontrados na
literatura, é mencionada uma explicação clara de escolha
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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pp. 671-676, 2003. Disponivel em: https://www.who.int/bulletin/volumes/81/9/en/
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