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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

DEPARTAMENTO DE PÓS GRADUAÇÃO


EM ACUPUNTURA

ELITA TELES DOS SANTOS FERREIRA

O TRATAMENTO DA DOR LOMBAR COM AURICULOTERAPIA:


VERTENTES FRANCESA E CHINESA

São Paulo
2020
ELITA TELES DOS SANTOS FERREIRA

O TRATAMENTO DA DOR LOMBAR COM AURICULOTERAPIA


VERTENTES FRANCESA E CHINESA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito para
aprovação no curso de pós graduação em
Acupuntura da Estácio de Sá, sob
orientação da Profª Suzete Colo Rosetto e
coorientação da Profª Renata Matsuo

São Paulo
2020
ACUPUNTURA

ELITA TELES DOS SANTOS FERREIRA

O TRATAMENTO DA DOR LOMBAR COM AURICULOTERAPIA


VERTENTES FRANCESA E CHINESA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como


requisito para a obtenção do grau de especialista em Acupuntura.

Aprovado em, ____/____/____

Examinador

Prof.(ª)

NOTA FINAL_________
Dedico este trabalho a Deus em primeiro
lugar, pois sem Ele nada seria possível.
“Em tudo daí graças; porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para
convosco” (1Ts 5:18).
Agradeço aos meus filhos Andriele,
Maxwell e Valter Junior por estarem
sempre presentes com espírito animador
e atitudes positivas. Agradeço ao meu
irmão Jurandir Matheus e especialmente
a minha amiga Roberta, que faz jus a
frase que diz: “Amigos são anjos que
Deus coloca em nossas vidas”. Roberta,
você é o meu anjinho especial. Obrigado
por tudo!
“Esperar ficar doente para procurar o médico, é
como esperar ter sede para começar a cavar o
poço”
(Imperador Amarelo)
RESUMO

A acupuntura é um dos microssistemas mais importantes da filosofia chinesa,


bem como, a auriculoterapia é uma ferramenta de primeira linha para o tratamento
da dor lombar nos países orientais. É importante destacar que essa filosofia
provinda da Medicina Tradicional Chinesa é baseada no holismo e olha para o
paciente como um todo, onde há uma série de mecanismos de energia
perfeitamente harmonizados. Assim, qualquer desequilíbrio nessa complexa
engrenagem pode levar a uma série de imperfeições no fluxo de energia e na saúde
do paciente. No mundo ocidental, a medicina é baseada no positivismo e no
reducionismo, onde tudo tem uma base científica e para cada doença existe uma
especialidade que orienta seu diagnóstico e tratamento a partir de sua perspectiva.
Esse tipo de pensamento não admite remédios de filosofias talvez não bem
compreendidas, como a oriental. No entanto, a auriculoterapia, nas duas vertentes,
chinesa e francesa, demonstraram através de estudos sua utilidade no tratamento
de patologias de origem dolorosa, como lombalgia e ciática. Todavia, deve-se notar
que são necessários mais estudos e pesquisas neste sentido. Este estudo tem como
objetivo refletir sobre os fundamentos auriculoterapia, de acordo com a cartografia
das escolas chinesa e francesa, no tratamento da lombalgia e reduzir a distância
entre a medicina ocidental e oriental, baseando-se no manejo de uma das patologias
com maior prevalência mundial, como dor lombar é vista de ambas as filosofias.

Palavras-chaves: Auriculoterapia. Escola Francesa. Escola Chinesa. Dor lombar.


Dor Crônica.
ABSTRACT

Acupuncture is one of the most important microsystems in Chinese


philosophy, as well, auriculotherapy is a first-line tool for the treatment of low back
pain in Eastern countries. It is important to note that this philosophy derived from
Traditional Chinese Medicine is based on holism and looks at the patient as a whole,
where there are a number of perfectly harmonized energy mechanisms. Thus, any
imbalance in this complex gear can lead to a series of imperfections in the flow of
energy and in the health of the patient. In the Western world, medicine is based on
positivism and reductionism, where everything has a scientific basis and for each
disease there is a specialty that guides its diagnosis and treatment from its
perspective. This type of thinking does not allow remedies from philosophies that are
perhaps not well understood, such as the Oriental. Through many studies,
acupuncture and auriculotherapy have shown their usefulness in the treatment of
pathologies of painful origin, such as low back pain and sciatica. However, it should
be noted that further studies and research are needed. This study aims to reflect on
the fundamentals of auriculotherapy in the treatment of low back pain and to reduce
the distance between western and eastern medicine, based on the management of
one of the pathologies with the highest prevalence in the world, as low back pain is
seen from both philosophies.

Keywords: Auriculotherapy. French School. Chinese School. Low Back Pain.


Chronic Pain.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Representação da interação dos 3 princípios básicos da MTC.............25

FIGURA 2 – Representação das estruturas anatômicas do pavilhão auricular na


região frontal................................................................................................................31

FIGURA 3 - Representação das estruturas anatômicas do pavilhão auricular na


região posterior...........................................................................................................32

FIGURA 4 - Representação das camadas de tecidos dérmicos. Essas camadas de


tecido embriológico estão representadas em três regiões diferentes da aurícula.....33

FIGURA 5 - Cartografia Auricular Francesa...............................................................40

FIGURA 6 - Cartografia Auricular Chinesa.................................................................41


LISTAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

DL - Dor Lombar
IASP - International Association for the Study of Pain
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MTC - Medicina Tradicional Chinesa
OMS - Organização Mundial de Saúde
PNPIC - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
SNC - Sistema Nervoso Central
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................12
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................16
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................17
3.1 Conceitos gerais da dor lombar.................................................................17
3.1.1 Anatomia da coluna vertebral........................................................................19
3.1.2 A dor lombar sob a perspectiva da medicina ocidental.................................20
3.1.3 Diagnóstico e principais tratamentos propostos pela medicina ocidental.....21
3.2 Os saberes milenares da medicina tradicional chinesa..........................22
3.2.1 Princípios básicos da MTC............................................................................25
3.2.2 Lombalgia na visão da medicina oriental.......................................................26
3.3 Auriculoterapia.............................................................................................27
3.3.1 Anatomia e áreas da orelha...........................................................................30
3.3.2 Embriologia....................................................................................................32
3.3.3 Inervação.......................................................................................................34
3.4 Vertentes da auriculoterapia – Escolas Francesa e Chinesa..................35
3.4.1 Auriculoterapia chinesa..................................................................................36
3.4.2 Auriculoterapia francesa................................................................................36
3.4.3 Diferença nas cartografias.............................................................................39
3.4.4 Mecanismo de ação e pontos auriculares mais usados................................42
4 CONCLUSÃO......................................................................................................43
REFERÊNCIAS...........................................................................................................45
12

1 INTRODUÇÃO

A dor sempre foi um tema de grande preocupação para humanidade desde o


princípio dos tempos. A compreensão deste fenômeno, que depende de fatores
subjetivos, físicos, emocionais, espirituais e culturais, é de vital interesse, mas ao
que parece, ainda não foi completamente alcançado. No entanto, o alívio da dor é o
principal objetivo do tratamento terapêutico em pacientes com dores de origem
especifica ou inespecífica.
A lombalgia ou dor lombar (DL), é definida como uma dor e desconforto
localizado nas regiões torácica, cervical ou lombar, com ou sem irradiação para a os
membros inferiores. A DL constitui uma das patologias musculoesqueléticas com
maior prevalência em nosso entorno e o segundo motivo mais frequente da visitação
ao médico em atenção primária (SILVA, LEÃO, 2004; ZENG, CHUNG, 2015).
Segundo estimativas, em torno 80% da população prevalecerá desse
desconforto ao menos uma vez na vida (BRASIL, 2002). A origem da dor pode ser
considerada como específica e inespecífica. De todos os pacientes diagnosticados
com lombalgia, 90% são classificados como inespecíficos e uma das características
mais importantes é a recorrência, essencial para entender sua predisposição à
cronicidade (ZENG; CHUNG, 2015). A característica “inespecífica” refere-se ao fato
de não ser atribuída a uma patologia concreta, diferente de quando há uma causa
bem definida para tal (ZENG; CHUNG, 2015).
Rached e colaboradores (2013), descrevem que dependendo da duração, a
dor pode ser classificada como aguda (se durar menos de 4 semanas), subaguda
(entre 4 e 12 semanas) e crônica (se durar mais de 12 semanas).
Por ser significativamente prevalente na população trabalhadora, constitui
uma problemática financeira devido demanda de custos no atendimento em saúde e
a incapacidade laboral (ZENG; CHUNG, 2015).
Um fator muito importante relacionado à cronicidade dessa condição são as
bandeiras amarelas, entendidas como indicadores que sugerem que fatores
biopsicossociais contribuem significativamente para os sintomas e destacam a
importância de uma abordagem multidisciplinar, enquanto as bandeiras vermelhas
identificam pacientes com dor lombar associada a patologias específicas da coluna,
como doenças inflamatórias (osteomielite, por exemplo) ou infecciosas,
espondilolistese, espondiloartrite, espondilite anquilosante, síndrome da cauda
13

eqüina, fratura da coluna vertebral, aneurisma aórtico abdominal dor visceral referida
(geniturinário e gastrointestinal), e suspeita de câncer na coluna (LADEIRA, 2011).
Quanto ao tratamento farmacológico, o mais comum é o uso de anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs) como medida analgésica, embora seja
empregado o uso de relaxantes musculares ou benzodiazepínicos, entre outros
(WONG et al. 2017). Embora os medicamentos pareçam ser uma das opções de
tratamento mais eficazes para lombalgia crônica inespecífica, seus efeitos colaterais
levantam questões (ZENG; CHUNG, 2015) e os pacientes com essa condição
geralmente ficam insatisfeitos com os resultados (YUN, 2012).
A escolha de um tratamento eficaz, seguro e econômico para os pacientes
pode ser um desafio, portanto, um grande interesse surge em terapias
complementares, onde a acupuntura é a mais comum (ZENG; CHUNG, 2015).
Pesquisas realizadas acerca do tema, sugerem que terapias complementares
podem ser incorporadas ao tratamento da dor, e por conseguinte, diminuem a
necessidade de tratamento farmacológico (ZENG; CHUNG, 2015).
De acordo com Ministério da Saúde, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é
constituída de conhecimentos técnicos, teóricos e empíricos em um processo de
equilíbrio e cura, com o uso das técnicas de massagem, fitoterapia, orientações
nutricionais, exercícios respiratórios e a mais comum dentre todas, a acupuntura.
Esse sistema médico, que incorpora uma ampla gama de métodos de
tratamento, inclui a acupuntura e a auriculoterapia como tecnologia de intervenção
para diagnosticar, prevenir e tratar problemas de saúde, através do equilíbrio dos
princípios de Yin-Yang, dos cinco movimentos e energias (fogo, madeira, metal,
água e terra) e a relação entre seres humanos e natureza, visto que, no olhar
oriental um organismo equilibrado não fica doente (BRASIL, 2006).
É importante notar que a filosofia da MTC tem o conceito de holismo como
princípio orientador e observa o paciente como um todo indivisível, onde há uma
série de mecanismos energéticos intrinsecamente conectados. Todavia, qualquer
desequilíbrio nessa engrenagem complexa, pode levar a um número de
imperfeições no fluxo de energia e na saúde do paciente
A acupuntura, alicerceada nas concepções fisiológicas e filosóficas da MTC,
vem sendo praticada há mais de 5000 anos nos países orientais, e de acordo com
historiadores, os habitantes dessa região mitigavam a dor com o calor e com o uso
de objetos pontiagudos feitos de pedra e osso colocados em locais específicos do
14

corpo, iniciando um dos sistemas médicos mais antigos do mundo, a acupuntura e


moxabustão (BRASIL, 2010).
Tendo o respaldo nos princípios chineses, surgiu a auriculoterapia, como
ferramenta poderosa no manejo da dor de origem crônica ou aguda. Este modelo
terapêutico milenar, tem sido usado para tratar diferentes doenças, e ainda é a
primeira escolha de tratamento complementar da dor lombar, com excelentes
resultados.
Um número crescente de pesquisadores em lombalgia e outras patologias
musculoesqueléticas concentrou seus estudos em várias terapias complementares e
alternativas, como acupuntura, auriculoterapia, massagem, exercício e hidroterapia.
A evidência clínica dos benefícios da auriculoterapia mostrou-se favorável,
recebendo esta forma de terapia reconhecimento e sendo cada vez mais aceita
internacionalmente por pacientes e profissionais de saúde (FONTOURA, NEVES,
2011; LORENZETTI et al., 2006; MONTEIRO, RIBEIRO, 2010; SILVA, SILVÉRIO-
LOPES, 2010).
Sendo assim, fez-se notável a relevância do estudo proposto, para a
comunidade acadêmica e sociedade em geral, com o entendimento teórico desta
prática terapêutica em sua complexidade.
Dado o fato de a lombalgia ser uma problemática social importante, já que
amiúde, quando caracterizada como patologia e não como sintoma, é associada a
quadros de deficiência nas atividades funcionais e laborais, à depressão, ao
afastamento social, à dependência, à alterações na rotina social e na própria
sexualidade, além de desencadear sofrimento psíquico e físico, uma vez que limita
as decisões e comportamento do paciente (MAYRINK; CUNHA, 2011), o objetivo
desta monografia é contextualizar sobre o tema da dor lombar, e a sua incidência
na mobilidade e funcionalidade, bem como, sobre as linhas de tratamento com os
princípios da auriculoterapia, nas vertentes chinesa e francesa, tendo como gatilho o
questionamento:
- Qual a efetividade da auriculoterapia, seguindo os protocolos da escola
francesa e chinesa, na redução da dor crônica na região lombar, em pessoas com
distúrbios musculoesqueléticos?
Com base nas considerações anteriores, este trabalho também pretende
responder as seguintes perguntas:
15

- Qual a resposta terapêutica na intensidade da dor lombar e na mobilidade


funcional do indivíduo, com o uso da auriculoterapia francesa e chinesa
como tratamento complementar?
- Qual o mecanismo de ação da auriculoterapia em sua aplicação para
analgesia?
- A auriculoterapia, como única forma de tratamento, pode alcançar
manutenção terapêutica adequada no controle da dor lombar?
- Quais os pontos divergentes e congruentes entre a auriculoterapia chinesa
(MTC) e a auriculoterapia francesa (Paul Nogier).
16

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho foi uma


revisão da literatura disponível sobre o tema. Para tanto, efetuou-se uma pesquisa
exploratória utilizando as plataformas PEDro, SciELO, LILACS, BVS e PubMed em
busca de artigos nacionais e internacionais, no período compreendido entre 2000 a
2019, sobre o tema tratamento da dor lombar com auriculoterapia.
Para pesquisa efetiva relacionada ao assunto, utilizou-se uma combinação
dos descritores: “dor lombar”, “lombalgia”, “dor crônica”, “medicina tradicional
chinesa”, “auriculoterapia”, “auriculoterapia chinesa”, “auriculoterapia francesa”,
“auriculocupuntura”, “acupuntura auricular” e “auriculomedicina”, no idioma vernáculo
e estrangeiro. A busca referiu-se tanto a artigos que indiquem métodos terapêuticos
utilizados no manejo da dor lombar, quanto a efetividade da auriculoterapia no
tratamento da lombalgia. Para marco teórico foram selecionados 29 artigos, dos
quais 12 foram efetivamente eleitos na pesquisa, tendo sido utilizado como método
de exclusão dos demais, a coerência e a proximidade com o assunto abordado.
Dado a escassez de material disponível sobre o tema, também foi elaborada
uma busca junto a teses, dissertações e livros técnicos. Esta revisão estruturada da
literatura identificou os estudos com a mais alta qualidade metodológica disponível e
resume as evidências atuais que nos permitem definir o papel dessa terapia no
tratamento desse grupo complexo de pacientes de maneira mais confiável.
17

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CONCEITOS GERAIS DA DOR LOMBAR

Definir a dor, e fazê-lo de tal maneira que seja uma definição de aceitação
unânime, irrefutavelmente é um processo complexo e, pode-se dizer, é impossível.
Somente aqueles que sofrem sabem o que sentem e não há meios humanos ou
científicos pelos quais todos os detalhes, nuances e sensações que acompanham a
experiência da dor possam ser transmitidos a outros.
A dor é conhecida pelo homem desde os tempos antigos e sempre foi um dos
desafios mais difíceis para os profissionais envolvidos na saúde. A experiência da
dor começa desde a infância, quando caímos e ralamos o joelho, e aprendemos a
usar a palavra “dor” para expressá-la. Mas a aprendizagem também nos leva a usar
a mesma palavra, em face de experiências que não têm uma causa externa,
atribuindo sua origem a uma causa interna do organismo.
De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor –
International Association for the Study of Pain – IASP (1986, p. 217), a definição
amplamente adotada para definir a dor é uma experiência sensorial e emocional
desagradável associada a dano real ou potencial ao tecido, ou descrita em termos
de tal dano. Para Merskey e Bogduk (1994, p. 210) a incapacidade de relatar e
quantificar a dor não exclui a possibilidade de sua existência, pois é uma experiência
individual, subjetiva e relacionada a uma lesão real ou potencial. A OMS (2012)
descreve a dor como um fenômeno multidimensional com componentes sensoriais,
fisiológicos, cognitivos, afetivos, comportamentais e espirituais.
Segundo os estudos apresentados pela OMS (2012) e por Cardoso (2009), a
dor pode ser classificado de acordo com sua duração, etiologia ou mecanismo de
produção, sem, no entanto, uma classificação excluir a outra:
- Duração: a) Dor aguda que aparece rapidamente e geralmente está
associada a uma relação causa/efeito definida. Na maioria das vezes é
gerada por lesão ou por um processo patológico, e dura apenas enquanto
o dano no tecido persistir (IASP, 1986) e b) Dor crônica que persiste ou se
repete por mais de 3 meses (IASP, 2003).
18

- Etiologia: oncológica, não oncológica, perda tecidual, lesão neuropática.


- Mecanismo: nociceptiva, neuropática e mista (CARDOSO, 2009).

O Manual de Cuidados Paliativos da ANCP (CARDOSO, 2009), apresenta a


classificação da dor de acordo com os mecanismos fisiopatológicos:
- Dor predominantemente nociceptiva: Ocorre quando uma lesão no
tecido ativa receptores específicos da dor, chamados nociceptores,
sensíveis ao calor, frio, vibração, alongamento, falta de O² nos tecidos,
destruição ou inflamação. É dividido em: a) Somática quando se origina
de tecidos como pele, tecido celular subcutâneo, músculos, ossos e
articulações e b) Visceral quando é originária de vísceras internas
(CARDOSO, 2009).
- Dor predominantemente neuropática: sua origem é a partir do sistema
somatossensorial central ou periférico, seja por dano estrutural ou
disfunção. Existem características sensoriais que a caracterizam como:
Alodinia, Hiperalgesia, Hipoalgesia, Parestesia, Disestesia, Hiperestesia,
Hipoestesia. (PALACIOS, 2015, p. 18; OMS, 2012)
- Dor mista: É o tipo mais frequente de dor na prática clínica. Um exemplo
de dor mista é a dor oncológica ou radiculopátia, casos em que além da
compressão de raízes e nervos (dor neuropática), também são afetadas
as estruturas musculoesqueléticas ativando dessa maneira os
nociceptores (dor nociceptiva) (MERSKEY; BOGDUK, 1994).

Visto que a dor é uma sensação subjetiva, para sua mensuração existem
diversas escalas, entre elas: Escala de Faces, Escala Numérica, Escala Qualitativa,
Escala Visual Analógica (BRASIL, 2003b). A escala visual analógica é uma das mais
utilizadas e mede a dor de 0 a 10, onde 0 não é dor, 1-3 dor leve, 4-6 dor moderada,
7-9 dor intensa e 10 é dor máxima.
Dados epidemiológicos indicam que a dor é o motivo mais frequente de
consulta no departamento de emergência e representa 70% dos atendimentos.
(TODD et al, 2007). Desse total, 30% dos pacientes com dor lombar aguda evoluem
para dor crônica (LADEIRA, 2011) e 75-85% das ausências do trabalho são devidas
a dor crônica recorrente (FREITAS, 2006; PALACIOS, 2015, p. 19). De acordo com
uma pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
19

(2010), as dores nas regiões musculoesqueléticas (13,5%) representam a condição


de saúde com a segunda maior prevalência no Brasil, sendo sobrepujada apenas
por casos de hipertensão arterial (14%).

3.1.1 Anatomia da coluna vertebral

A coluna vertebral ou espinha dorsal, como também é conhecida, se estende


do crânio até o ápice do cóccix. No adulto, tem um comprimento de 72-75 cm;
aproximadamente um quarto desse comprimento é formado pelos discos
intervertebrais, que separam e conectam as vértebras umas às outras. É constituída
por 33 vértebras distribuídas em 5 regiões: 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5
sacrais e 4 coccígeas. Movimentos significativos ocorrem apenas entre as 24
vértebras superiores (7cervicais, 12 torácicas e 5 lombares). Das 9 vértebras
inferiores, as 5 vértebras sacrais são fundidas no adulto para formar o sacro e as 4
vértebras coccígeas se fundem para formar o cóccix. O ângulo lombossacro é
formado na junção dos eixos longos da região lombar da coluna vertebral e do
sacro. (SANTOS, 1996)
As vértebras aumentam de tamanho à medida que a coluna vertebral desce
em direção ao sacro, e então esse tamanho diminui gradualmente em direção à
ponta do cóccix. Essas mudanças de tamanho estão relacionadas ao fato de as
vértebras suportarem quantidades crescentes de peso corporal à medida que desce
pela coluna vertebral. As vértebras atingem seu tamanho máximo imediatamente
acima do sacro, que transmite o peso à cintura pélvica ao nível das articulações
sacroilíacas (SANTOS, 1996). As curvaturas fisiológicas apresentadas na anatomia
da coluna vertebral são denominadas de: lordose cervical (região do pescoço),
cifose torácica (região do tórax), lordose lombar (região da cintura) e cifose
sacrococcígea (região da bacia).
Segundo Moraes (2009), a coluna vertebral também constitui um importante
eixo vertical que passa pelo centro de gravidade do corpo através das duas
extremidades da coluna vertebral: uma superior, a junção craniocervical e inferior na
junção lombossacra. Este eixo é o responsável por proteger e sustentar a medula
espinhal, que por sua vez é a responsável pela comunicação entre o sistema
nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP).
20

3.1.2 A dor lombar sob a perspectiva da medicina ocidental

Na medicina ocidental, a lombalgia ou dor lombar (DL) é classificada como


qualquer quadro de dor axial que ocorre na região lombossacra e tem sua origem
em alguma estrutura da coluna vertebral lombar, podendo variar de “dor súbita à dor
intensa e prolongada, no entanto, geralmente é de curta duração” (RACHED et al,
2013).  Designa-se lombociatalgia quando a dor apresenta irradiação para os
membros inferiores, percorrendo o trajeto de uma raiz nervosa do plexo lombar ou
dermátomo, e geralmente está associada com o comprometimento neurológico do
nervo ciático (KNOPLICH, 2003). De acordo com Ehrlich (2003, p. 671) “a dor
lombar não é uma doença nem uma entidade de diagnóstico, mas é uma dor de
duração variável em uma área anatômica, afetada com tanta frequência que se

tornou um paradigma de respostas a estímulos externos e internos”.


Os critérios utilizados para classificar a DL, são as combinações baseadas
nas sintomatologias do paciente e nos exames complementares. A DL pode ser
definida em termos de duração da dor ou etiologia (RACHED et al, 2013):
Quanto a duração, a DL é classificada em:
- Dor lombar aguda: menor que 6 semanas;
- Dor lombar subaguda: de 6 a 12 semanas;
- Dor lombar crônica: acima de 12 semanas.
Quanto a etiologia, a DL é classificada como:
- Especifica: As causas específicas de dor lombar incluem algumas
condições congênitas, degenerativas, inflamatórias, causas infecciosas e
neoplásicas, doenças ósseas metabólicas, hérnias de disco, trauma, etc...
- Inespecífica: A dor lombar inespecífica é definida como dor lombar não
atribuível a uma patologia específica conhecida, embora fatores
mecânicos, como por exemplo, má postura e obesidade, tenham sido
pensados para desempenhar um papel causal nela.
Para DUTTON (2010), aspectos ambientais, ocupacionais e psicossociais,
também contribuem para o desenvolvimento da difusão. Os fatores descritos pelo
autor são: Idade acima de 40 ou 50 anos, tabagismo, obesidade, baixo nível de
educação formal e de classe social, carga de trabalho física e psicossocial,
comorbidades, osteoartrite e dor isquiática.
21

 
3.1.3 Diagnóstico e principais tratamentos propostos pela medicina ocidental

Inicialmente o diagnóstico é elaborado com base na anamnese e exame físico


do paciente, para depois ser pautado em estudos radiológicos, tais como: radiografia
simples, tomografia computadorizada (muito útil em lesões ósseas), e a mais
relevante, a ressonância magnética que permite observação detalhada dos tecidos
moles (músculos, discos, estruturas neurais) e líquidos (líquido cefalorraquidiano,
hematomas e abscessos) e com a vantagem de não expor o paciente à radiação
ionizante. Algumas situações específicas requerem a solicitação de exames
complementares como mielografia, mielotomografia, cintilografia óssea,
densitometria óssea entre outros exames.
O primeiro recurso terapêutico utilizado no tratamento da dor aguda, e a
posteriori no manejo da dor crônica, é a intervenção farmacológica com o uso de
anti-inflamatórios, relaxantes musculares e analgésicos (RACHED et al., 2013).
Seguindo a linha não farmacológica, as principais intervenções propostas pela
medicina ocidental para controle e tratamento da dor envolvem exercícios físicos de
alongamento, fortalecimento, relaxamento, atividades aeróbicas, terapia manual,
massagens, mobilização articular da coluna, neuroestimulação elétrica transcutânea
(TENS) e a neuroestimulação elétrica percutânea (PENS), aguas termais, ultrassom,
ondas curtas, dentre outros (RACHED et al., 2013).
Exercícios específicos como os fundamentados na série de Willians,
Isostretching, Reeducação Postural Global (RPG), método Mackenzie, pilates
(KORELO et al., 2013), estabilização segmentar lombar (FRANÇA et al., 2008),
Escola de Postura (FERREIRA, NAVEGA, 2010; NOGUEIRA, NAVEGA, 2011)
também podem ser utilizados como adjuvantes no tratamento da dor lombar.
Após o estabelecimento da Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no Sistema Único de Saúde - PNPIC-SUS em 2006, notou-se um
aumento importante dos tratamentos com acupuntura, tanto em sua forma sistêmica
(que utiliza todo o corpo para a abordagem), quanto na auriculoterapia que utiliza
apenas o pavilhão auricular (SILVÉRIO-LOPES, 2013).
Estudos realizados por Fonseca (2011) apontam que o número de pacientes
atendidos com a prática de acupuntura pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
aumentaram em 106,96% em todo o país, no período de 2008 a 2010. Segundo o
22

estudo, observou-se que o número de municípios que incorporaram a pratica de


acupuntura ao SUS aumentou em 64,13% no mesmo período.
É importante salientar que os dados coletados do Sistema de Informação
Ambulatorial do Sistema Único de Saúde - SIA/SUS (FONSECA, 2011), apontam um
crescimento de 389,50% na região Norte, enquanto a região sul do país apresentou
um crescimento significativo, alcançando um acréscimo de 1512,27% do número de
consultas de acupuntura. Todavia, considerando as dimensões geográficas e a
população de cada região, a região Sudeste que teve um incremento de 140,64%
nos atendimentos, destaca-se como a região que mais realiza procedimentos.
No período compreendido entre o ano de 2008 e 2010, o total de aplicações
das técnicas de acupuntura nos serviços públicos do estado de São Paulo, foram de
428.156, enquanto que no ano de 2007, o número de aplicações foi de apenas
39.600 (FONSECA, 2011). Registros na página oficial do ministério da saúde
apontam que foram efetuados 142.000 atendimentos de auriculoterapia pelo SUS no
ano de 2017 (VALADARES, 2018).
Para Valadares (2018) “evidências científicas têm mostrado os benefícios do
tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e
complementares da auriculoterapia”, corroborando com pesquisas que indicam a
eficácia da pratica comprovada ao longo dos seus mais de 2500 anos, no
tratamento de várias doenças e condições (SHIN et al 2007; ZANG, 2002).
Com base nos dados apresentados, é possível verificar a importância da
incorporação da auriculoterapia como recurso terapêutico no tratamento da
lombalgia, em virtude da mesma ser uma ferramenta potencial de promoção e
prevenção da saúde, com acesso a insumos, baixa densidade tecnológica e
aplicabilidade viável às instalações das Unidades de Saúde.

3.2 OS SABERES MILENARES DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), é um sistema milenar de promoção da


saúde originária da China antiga, que se perpetuou e evoluiu ao longo da história. A
sua origem está na mesma área de nascimento e desenvolvimento da nação
chinesa: a bacia do rio amarelo. Seu escopo principal é “restaurar, promover e
equilibrar as funções energéticas dos tecidos e órgãos, melhorando a circulação
23

sanguínea, aumentando a imunidade, e trazendo bem-estar físico e mental”


(BRASIL, 2019).
Para se tornar o que é hoje, uma ciência com seus próprios princípios e
métodos, teve que passar por uma evolução de séculos, prosperando em algumas
dinastias imperiais, estagnando em outras e diversificando-se nas escolas. Embora,
inicialmente, não fosse considerada uma ciência da saúde, tratava-se de um estilo
de vida, que apresentava toda uma concepção sobre como o ser humano deveria
estar no seu universo, moldado por diversos fatores, incluindo ciência, religião,
politica, filosofia e cultura.
Para compreender o mecanismo de ação da acupuntura, seja na forma
sistêmica ou auricular, faz-se necessário uma breve reflexão sobre alguns conceitos
filosóficos e fisiológicos da MTC, visto ser uma ciência totalmente independente e
diversa do sistema de saúde convencional. Esta reflexão não tem como propósito
um aprofundamento no tema, visto não ser este o objetivo desta pesquisa e dada a
complexidade dos processos de doença e cura na visão chinesa.
Segundo Yamamura (2010), a MTC tem suas bases na filosofia taoísta
tradicional, a mais antiga escola de pensamento da China, portanto, seu verdadeiro
entendimento implica um prévio conhecimento da filosofia chinesa: o Tao. O Tao,
como uma lei divina, segundo a qual os laços entre o microcosmo e o macrocosmo
são tecidos, é conhecido como Yin e o Yang, e constituem os dois lados
dialeticamente opostos de todas as coisas, estabelecendo o começo de todos os
objetos e seres do universo.
Outro princípio filosófico é a teoria dos cinco elementos, e se refere aos cinco
estágios da transformação cíclica gerada pela alternância de Yin e Yang e, por
extensão, a cinco formas de expressão da natureza, que são representados
simbolicamente na madeira, fogo, terra, metal e água (YAMAMURA, 2010).
O conceito de holismo é o norte orientador da filosofia chinesa por excelência,
embasado na noção de que todas as facetas da criação formam um todo unificado e
são governadas pelas mesmas leis; o holismo é expresso na interação mútua,
controle recíproco, interdependência, equilíbrio dinâmico e transformação mútua do
Yin e Yang, cujo o ser humano é uno e suas partes são integradas e indivisíveis
(KUREBAYASHI, 2007).
Na MTC, o conceito de holismo se reflete em dois aspectos importantes: (a) a
consideração de que órgãos, sistemas e funções são sistemas orgânicos
24

interdependentes; (b) mudanças patológicas, diagnóstico e tratamento estão


intimamente relacionados ao meio ambiente, mudanças ambientais e fatores
naturais (KUREBAYASHI, 2012).
A principal premissa na teoria da MTC chinesa é que toda a vida no universo
é animada graças a uma energia vital chamada Qi. O Qi, substância fundamental do
organismo e do universo, permeia e penetra todo o cosmos. A digestão, por
exemplo, extrai Qi dos alimentos e bebidas e o transporta pelo corpo, a respiração
extrai Qi do ar nos pulmões. Quando essas duas formas de Qi se encontram no
sangue, o Qi circula como energia vital através dos meridianos ou canais de energia
(MACIOCIA, 2007).
Portanto, de acordo com a filosofia Taoísta, a perfeita interação e conexão
entre o ser e a natureza, através do equilíbrio das energias Yin e Yang, é a essência
da manutenção da saúde (TESSER, 2010) 
O grupo étnico Han, mais do que qualquer outro, foi quem forjou, através de
experiências milenares e formulações teóricas, o que é hoje conhecido no mundo
como medicina tradicional chinesa. Acredita-se que estes conhecimentos tenham
surgido há cerca de 5000 anos, a princípio sendo disseminados de forma oral e, e
mais tarde, por meio de registros escritos. O livro-pilar com os fundamentos da MTC
é o Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Nei Jing), descrevendo
inúmeras doenças, e conta com praticamente todo o conhecimento do diagnóstico e
tratamento pela acupuntura. O conteúdo é apresentado como um diálogo entre o
Imperador Amarelo (Huang Di) e seu ministro, (Qi Bai). Esta obra clássica é dividida
em dois livros: Ling Shu e Su-Wen, sendo o conteúdo da primeira obra específico
para o tratamento com acupuntura. (OLESON, 2008; SOUZA, 2007).
Nas características primitivas da escrita chinesa, gravadas em ossos de
animais ou conchas de tartarugas, descobertas na dinastia Han, havia anotações
sobre medicina, assistência médica e saúde pública, incluindo referências a mais de
10 tipos de doenças. sintomas e seu tratamento (WEN, 2008).
Durante a segunda metade do século XX, essa terapia foi introduzida nos
países ocidentais e ganhou ampla aceitação entre os usuários desses países que
encontraram uma medicina diferente, não agressiva e altamente preventiva, sem
efeitos colaterais, e através da, qual os resultados são obtidos de forma rápida e
eficaz (BRASIL, 2010).
25

3.2.1 Princípios básicos da MTC

A natureza é a marca da medicina tradicional chinesa. A premissa básica da


MTC é que nosso corpo é um microcosmo do mundo e do universo que nos rodeia,
e seus princípios básicos são apoiados em três pilares essenciais: a teoria do Yin e
Yang, a teoria dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras), a teoria dos Cinco Movimentos
(YAMAMURA, 2010).
De acordo com Yang (2018), 5 elementos (água, madeira, fogo, terra e metal)
mantêm a harmonia e o equilíbrio interno entre as energias Yin e Yang, através de
ciclos de controle e equilíbrio, também chamados de ciclo de denominação e ciclo
produtivo. O Yin e Yang estão intrinsecamente ligadas aos Órgãos Fu, que por sua
vez, são interconectados pelo sistema dos Meridianos responsáveis pela
comunicação e distribuição do Xue (sangue) e do Qi (energia). 

Figura 1 - Representação da interação dos 3 princípios básicos da MTC


Fonte: Google imagens.
26

A teoria do Yin e Yang é o conceito fundamental e básico de toda filosofia


oriental que se refere às duas forças principais do universo que são completamente
opostas, mas ao mesmo tempo se complementam perfeitamente, portanto, é preciso
haver um equilíbrio entre as duas para que tudo funcione. Já a teoria dos Cinco
Movimentos é um pensamento filosófico que nasceu da observação da natureza e
do mundo ao redor, como todas as teorias da medicina tradicional chinesa. No
entanto, ela vai um pouco além da teoria de Ying e Yang, visto que, com cinco
elementos se pode classificar e especificar melhor do que com dois (MACIOCIA,
2007).
Esta teoria explica como a energia flui e como é transformada através de
cinco fases comuns em todos os ciclos da natureza. Através da observação, a
filosofia oriental concluiu que todas as coisas são formadas pela combinação de
cinco materiais: madeira, fogo, terra, metal e água. Esses materiais têm
características próprias e estão presentes em todos processos evolutivos do
universo, da natureza, da saúde e da doença (MACIOCIA, 2007).
Na Teoria do Zang Fu, os Zang representam os órgãos (Yin) e os Fu
representam as vísceras (Yang). Esses órgãos agem do ponto de vista físico e
emocional. No estudo dessa teoria, é possível obter a compreensão da fisiologia
energética e da fisiopatologia das doenças e a também linha à ser adotada para o
tratamento, visto que, assume-se que as funções fisiológicas quando alteradas,
produzem distúrbios patológicos em cada um desses órgãos, com o consequente
aparecimento de doenças devido às interrelações entre eles (MACIOCIA, 2007).
Com fundamento nessas teorias, ao estimular determinados pontos
energéticos, é possível restabelecer as energias e o Qi, através do equilíbrio das
características estruturais e funcionais originais dos órgãos e do corpo. Por esta
razão, o profundo conhecimento desses princípios são a essência para o diagnóstico
e tratamento com a acupuntura, auriculoterapia ou outros métodos terapêuticos
da medicina tradicional chinesa.

3.2.2 Lombalgia na visão da medicina oriental

Na medicina oriental, a dor lombar também é uma das doenças mais


recorrentes dentre as patologias musculoesqueléticas. O diagnóstico por
observação na medicina chinesa tem por base a premissa de que os Órgãos
27

Internos e seus desequilíbrios, se manifestam externamente na forma de imagens,


portanto, a dor lombar aguda pode ser observada quando ocorre a estagnação do Qi
(Energia) ou Xue (Sangue), enquanto a dor crônica é devido a patologias dos órgãos
internos (MACIOCIA, 2006, p. 1).
Existem outras causas que também incidem no desenvolvimento da patologia,
como por exemplo: tratamentos inadequados; traumas decorrentes de acidentes;
dieta irregular (deficiência ou excesso alimentar); sono de má qualidade;
sedentarismo ou excesso de exercícios físicos; maus hábitos; sexo em demasia ou
sua total ausência (MACIOCIA, 2007; ZEN, 2002). Segundo Maciocia (2006), na
MTC existe uma correlação entre tecidos e órgãos e os cinco elementos, por isso, a
dor lombar normalmente está relacionada a deficiência na energia do Rim e da
Bexiga, devido a região da lombar receber influência direta do meridiano da Bexiga e
do órgão Rim (MACIOCIA, 2006). O autor explica que:

A dor aguda na região lombar é decorrente de entorse ou invasão de Frio.


Se for decorrente de entorse, a dor é intensa, com rigidez pronunciada,
melhora pelo repouso e agrava pelo movimento; essa dor é decorrente da
estagnação local de Qi e do sangue. Se a dor for decorrente da invasão de
Frio, fica pior com o repouso, normalmente piora de manhã e melhora com o
movimento suave. A dor lombar crônica é decorrente de uma deficiência do
Rim, nesse caso a dor lombar melhora pelo repouso e piora pelo excesso
de trabalho e pelo excesso de atividade sexual (MACIOCIA, 2006, p. 258)

Portanto, a região lombar, em virtude da conexão energética entre os diversos


canais de Energia e das Inter-relações do Shen (Rim) com os demais Zang-Fu
(órgãos/vísceras), torna-se local frequente de manifestações dolorosas.

3.3 AURICULOTERAPIA

A auriculoterapia ou acupuntura auricular é uma técnica de microssistema


oriunda da Medicina Tradicional Chinesa, que usa o pavilhão auricular, uma região
ricamente inervada e conectada ao SNC, como referência da zona reflexa de todo o
organismo, estimulando os pontos localizados na aurícula para detectar e para
corrigir desequilíbrios (SOUZA, 2013; OLESON, 2008 ).
A origem do uso desse tipo de terapia está no Oriente, mas sua localização
se perde no tempo. Os primeiros documentos relacionando a
aurícula aos meridianos de energia, bem como o diagnóstico obtido pela observação
28

do pavilhão auricular também podem ser encontrados no Nei Jing. Esta obra
clássica da literatura chinesa, descreve que o pavilhão auricular é um “órgão isolado
que mantém relações com os demais órgãos e regiões do corpo através do reflexo
cerebral” (NEVES, 2010, p. 6).
De acordo com este texto, os seis meridianos yang estão diretamente
conectados ao átrio porque seus caminhos começam ou terminam na cabeça,
enquanto os meridianos yin estão indiretamente relacionados ao átrio através dos
meridianos yang. No entanto, os pontos auriculares da China antiga não foram
organizados como parte de uma estrutura anatômica, mas aparentemente foram
representados no ouvido como pontos dispersos sem ordem lógica (SOUZA ,2013;
NEVES, 2010).
A primeira menção à projeção do esquema corporal de pontos sem uma
ordem lógica dispersa no ouvido é encontrada no Ling Shu, de datação incerta,
aproximadamente entre 475 e 200 a. C. Entretanto, foi durante a dinastia Tang que
a estimulação da aurícula começou a se espalhar na medicina chinesa, como terapia
contra alguns distúrbios do corpo humano. Posteriormente, médicos chineses
desenvolveram o diagnóstico e o tratamento em auriculoterapia, com base em suas
práticas clínicas e em suas pesquisas, visto que foi durante a dinastia Qing que o
primeiro mapa mostrando os pontos da orelha foi desenvolvido (OLESON, 2008).
O mundo egípcio já conhecia o uso da estimulação do pavilhão auricular por
meio de punção ou cauterização para fins terapêuticos e para controle do
nascimento e gravidez, dor, etc... Hipócrates (IV a.C.) discorre sobre esse assunto
no tratado "Livro de Ares – Águas e lugares", escrito após uma estadia no Egito. Ele
cita que os médicos realizaram cauterizações e incisões na aurícula, a fim de
resolver problemas sexuais no homem e tratar problemas ciáticos. Mais tarde, em
Roma, o médico grego Galeno (130 d.C-200 d.C.) introduziu a medicina hipocrática
no império romano, e destacou o uso de sangrias auriculares e seu poder curativo
(SOUZA, 2013; OLESON, 2008).
A história da auriculoterapia, se confunde e se entrelaça com a história da
acupuntura, que por sua vez, também se perde nos véus dos conhecimentos
milenares da sabedoria chinesa. Desde sua primeira menção no Nei Jing, esta
prática terapêutica foi descoberta, reconhecida e aprimorada por diversos estudiosos
e médicos até os dias atuais.
29

Na metade do século XX, o Dr. Paul Nogier (1908-1996), um médico francês


redescobriu a técnica que permanecia à sombra da acupuntura sistêmica chinesa.
No atendimento clinico de alguns pacientes, ele notou cicatrizes de cauterização no
pavilhão auricular, localizadas sempre no mesmo ponto. Os pacientes ao serem
questionados, relataram que haviam sido curados de dores ciáticas recorrentes por
uma curandeira em Marselha com aplicações de uma técnica chinesa.
Curioso com o método e com os resultados obtidos, decidiu testar em seus
pacientes o procedimento e descobriu que as mesmas respostas terapêuticas
podiam ser obtidas com a estimulação de determinado ponto do pavilhão auricular
para o alívio de diversas algias, distintas daquelas provenientes somente do nervo
ciático. Apoiado nos resultados, Dr. Nogier deu início a uma busca de pontos no
pavilhão auricular que tivessem correspondência com outros órgãos e locais do
corpo e gradualmente foi traçando um mapa topográfico da orelha.
Após muitos outros experimentos, Dr. Nogier desenvolveu a teoria de que
cada órgão ou região do corpo correspondia a uma área específica do pavilhão
auricular e criou a primeira somatotopia com uma estrutura análoga a um feto
invertido, onde numerosos pontos que se relacionam a partes do corpo foram
encontrados. Mais tarde, o Dr. Nogier fez várias publicações que foram levadas para
a Alemanha, Japão e China. Em 1956, o Dr. Nogier apresentou sua "Auriculoterapia"
a colegas no Congresso da Sociedade Mediterrânea de Acupuntura, e seu conceito
terapêutico foi adotado por muitos acupunturistas, dando a ele o título “Pai da
Auriculoterapia”. Em 1958, a Equipe de Pesquisa do Exército de Nanjing iniciou um
ensaio clínico com mais de 2.000 pacientes e documentou a eficácia do método
Nogier (NOGIER, 1998; NETTO, 2019; MAS, 2005; NEVES, 2010).
Em 1987, a OMS reconheceu a auriculoterapia oficialmente como prática
médica, e em 1990 padronizou a nomenclatura dos 43 pontos auriculares (OLESON,
2008).
Após a padronização dos mapas de Auriculoterapia, mostrou de maneira
definida a existência de duas vertentes da auriculoterapia: a escola chinesa,
fundamentada e amparada nas teorias da MTC (MACIOCIA, 2006), e a escola
francesa, amparada pelos estudos da neurologia e da embriologia (NOGIER, 1998).
No Brasil, vários documentos foram deliberados no decorrer da história para a
até que a prática fosse incorporada no SUS:
30

- Na 8º Conferência Nacional de Saúde, foi designada a introdução de


práticas alternativas de assistência à saúde, “possibilitando ao usuário o
direito democrático de escolher a terapêutica preferida “(BRASIL, 1986,
pp. 10-11)
- Em 1988, a Comissão interministerial de Planejamento e Coordenação,
fixou diretrizes para o atendimento de fitoterapia, homeopatia, termalismo
e acupuntura sistêmica, tendo como técnica coadjuvante a acupuntura
auricular (BRASIL, 1988, pp. 3997-3998).
- Em 2003, iniciou-se a constituição de uma frente de trabalho no Ministério
da Saúde, com o intuito de elaborar um Plano Nacional de Medicina
Natura e Práticas Complementares do SUS (BRASIL, 2003a)
Finalmente, no 3 de maio de 2006, sob o nº 971, foi aprovada a Política
Nacional de Praticas Integrativas e Complementares no SUS (BRASIL, 2006)

3.3.1 Anatomia e áreas da orelha

A orelha é constituída por uma camada elástica recoberta por pele, com
relevos variados, sendo formada de tecido fibrocartilaginoso, uma fina camada de
gordura e tecido conjuntivo. A inervação sensitiva da orelha é feita pelos nervos:
auricular maior, occipital menor e auriculotemporal, que são responsáveis pela
sensação de dor, tato, calor, frio. O pavilhão auricular possui um formato ovoide e
imagem semelhante a um feto em posição embrionária e sua analogia é embasada
na inervação do pavilhão auricular, pois este possui conexão neurológica com os
pares cranianos (NOGIER, 1998; NEVES, 2010).
De acordo com Oleson (2008) e Mas (2005), a anatomia do pavilhão auricular
é composta por:
a) Região frontal:
• Hélix: dobra semicircular proeminente que forma a borda superior da
orelha da orelha. Tem o formato de um ponto de interrogação (?).
• Raiz da hélix: Também denominada como ponto Zero, é o segmento inicial
da hélix ascendendo do centro da aurícula em direção ao rosto.
• Hélix superior: é a parte mais alta da hélix, tem uma forma de arco.
• Corpo do anti-hélix: crista larga localizada no terço médio do anti-hélix.
31

• Cauda da hélix: é a parte final da hélix, é direcionada para baixo em


direção a periferia da orelha.
• Anti-hélix: é uma proeminência em forma de “Y” e é oposta à hélix,
envolve a concha central do pavilhão auricular.
• Corpo do anti-hélix: crista larga localizada no terço médio do anti-hélix.
• Cauda anti-hélix: crista fina que forma o terço inferior do anti-hélix.
• Cruz superior do anti-hélix: é o braço, é direcionado verticalmente em
direção à hélix.
• Cruz inferior do anti-hélix: braço inferior, corre horizontalmente e para a
frente, indo para a hélix.
• Trago: é uma proeminência vertical em forma de trapézio, prende a orelha
à face, projeta-se nas costas em direção ao canal auditivo
• Antítrago: essa crista angular é “anti” (oposta ao) trago que se eleva acima
da porção mais baixa da concha inferior.
• Fissura intertrágica: é um entalhe em forma de “U”, que separa o trago do
antítrago.
• Lóbulo: é a parte mais baixa da orelha, seu tecido é macio e carnudo.
• Escafa ou fossa escafoide: tem a forma de um crescente, é um vale raso
que separa a hélix do anti-hélix.
• Fossa triangular ou navicular: sulco triangular no meio da raiz superior e
inferior do anti-hélix.
• Concha: é uma depressão em forma de caracol no centro do átrio.
• Concha superior: também chamada concha Cimba, é encontrada acima da
crista da concha e abaixo da raiz
inferior do anti-hélix.
• Concha inferior: também
chamada concha Cava, está
localizada abaixo da crista da
concha que comporta o canal
auditivo (OLESON, 2008, pp. 81-
89; MAS, 2005, p. 2).
32

Figura 2 – Representação das estruturas anatômicas do pavilhão auricular na região frontal.


Fonte: MAS, 2005

b) Região posterior:
• Lobo posterior: é uma região carnosa e macia e faz a correspondência
posterior do lobo da orelha.
• Sulco posterior: é uma depressão vertical que percorre todo o aspecto
posterior da orelha. No topo tem dois
braços.
• Triângulo posterior: em forma de “Y”, é
uma pequena área superior que repousa entre
os braços do sulco posterior.
• Concha posterior: região central do
aspecto posterior da orelha, atrás da
concha.
• Concha posterior: é a parte mais periférica do aspecto posterior da orelha,
atrás da hélix e da fossa escafoide. (OLESON, 2008, pp. 81-89; MAS,
2005, p. 2)

Figura 3 - Representação das estruturas anatômicas do pavilhão auricular na região posterior.


33

Fonte: MAS, 2005

3.3.2 Embriologia

Todos os organismos vertebrados começam como a união de um óvulo e um


espermatozoide, mas essa célula logo se divide para se tornar um organismo
multicelular. No entanto, durante a fase de desenvolvimento do embrião, surgem os
folhetos embrionários (camadas de células), em um ciclo de desdobramento e
diferenciação progressiva até ocorrer a formação das três camadas de tecido
embriológico. É a partir desses três tipos básicos de tecido que todos os outros
órgãos são formados (OLESON, 2008)

- Tecido endodérmico: corresponde à nutrição. Forma o trato gastrointestinal, o


sistema respiratório e os órgãos abdominais, como fígado, pâncreas, uretra e
bexiga. Também gera partes do sistema endócrino, como as glândulas
tireoide, paratireoide e timo. O tecido embriológico profundo é representado
na concha. A estimulação dessa área afeta as atividades metabólicas e os
distúrbios nutricionais dos órgãos mencionados, originários da camada
embrionária endodérmica.

- Tecido mesodérmico: corresponde ao movimento. Forma o sistema muscular


esquelético, músculo cardíaco, músculo liso, tecido conjuntivo, articulações,
ossos, células sanguíneas da medula óssea, sistema circulatório, sistema
linfático, córtex adrenal e órgãos urogenitais. Esse tecido é refletido no anti-
hélix, na fossa escafoide, na fossa triangular e em algumas partes da hélix.

- Tecido ectodérmico: corresponde à comunicação. Forma a pele, córnea,


cristalino, epitélio nasal, dentes, nervos periféricos, medula espinhal, cérebro,
hipófise, pineal e medula adrenal. É representado no lóbulo da orelha e cauda
da hélix. (OLESON, 2008, pp. 71-72).
34

Figura 4 - Representação das camadas de tecidos dérmicos. Essas camadas de tecido embriológico
estão representadas em três regiões diferentes da aurícula.
Fonte: Google imagens
3.3.3 Inervação

Nosso organismo funciona como uma rede elétrica. Todos os comandos


deixam e retornam ao cérebro. O ouvido está em um ponto estratégico, no tronco
cerebral, que é o canal por onde circulam todas as informações no corpo. Cada vez
que uma mensagem sobe ou desce do cérebro, ela "aparece" no nível do ouvido. No
pavilhão auricular, encontramos todo o território de inervação do corpo.
A inervação do pavilhão auricular é muito rica. Sua estrutura nervosa pode ser
dividida em duas partes principais:
- Nervos cerebrais: auriculotemporal e ramo auricular do vago, localizados
em sua maior parte na região das conchas.
- Nervo espinal: auricular maior e occipital menor, localizados na hélix, e
anti-hélix, fossa escafoide e lóbulo.
As principais inervações responsáveis pelas áreas mesodérmica,
endodérmica e ectodérmica, são os nervos trigêmeo, vago e plexo cervical,
respectivamente.
De acordo com Souza (2013), o pavilhão auricular possui 16 nervos
aferentes que conduzem sinais de neurônios sensoriais ao SNC e que recebem
sinais vindos dos órgãos dos sentidos e 4 nervos eferentes que conduzem sinais do
SNC ao longo dos neurônios motores para os músculos e glândulas alvo.
O mecanismo de ação e a eficácia terapêutica da auriculoterapia partem das
premissas de que quando estimulados, estes nervos sensibilizam determinadas
35

regiões do cérebro. Os pontos existentes no pavilhão auricular são relacionados


diretamente com determinados pontos do cérebro, que por sua vez estão
diretamente conectados pela rede do SNC ou regiões do corpo, comandando suas
respectivas funções. O autor explica que:

O estimulo periférico das agulhas sobre a malha de corrente sanguínea e


nervosa se transmite ao tálamo e deste ao cerebelo, ao tronco cerebral, ao
encéfalo, e, logo, a todos os núcleos cerebrais, nascendo daí , a ação do
cérebro sobre todo o organismo, que como feedback, se equilibra e se
regenera (SOUZA, 2013).

Considerando a associação aurícula-cérebro-órgão, a auriculoterapia torna-se


um eficaz recurso terapêutico para tratar as mais diversas patologias.

3.4 VERTENTES DA AURICULOTERAPIA – ESCOLAS FRANCESA E CHINESA

Atualmente existem três grandes escolas de auriculoterapia: a escola chinesa


tradicional, a escola francesa e a escola chinesa da Huang Li Chun, entretanto,
neste trabalho será abordado apenas os temas mais relevantes das escolas chinesa
e francesa.
A primeira, a escola chinesa, é fundamentada nas tradições da MTC,
seguindo os princípios cosmológicos de Yin e Yang, a fisiologia energética dos Zang
Fu (órgãos e vísceras) e a Teoria dos Cinco Movimentos, com características
específicas de avaliação e de diagnóstico (MACIOCIA, 2007; MAS, 2005). De
maneira diversa, a vertente francesa é embasada em estudos de embriologia e
neurologia, sendo regida pelo sistema parassimpático, através de reflexos de ações
neurofisiológicas. O mecanismo que determina a sua ação é a estimulação de um
determinado ponto da cartilagem auricular, para que através desse procedimento a
área cerebral responsiva descarregue morfinas ou endorfinas que irão agir no
sistema corporal, acionando a liberação de uma dessas substâncias (MAS, 2005;
NOGIER, 1998).
A auriculoterapia chinesa se diferencia da técnica francesa, principalmente
por
36

suas cartografias, que foram criadas com base em premissas diferentes, nos
protocolos de tratamento e nos instrumentos utilizados para a estimulação dos
pontos auriculares. A técnica chinesa é conhecida por utilizar agulhas sistêmicas ou
auriculares, imãs, cristais, sementes, moxabustão, massagens e sangrias, de forma
distinta da técnica francesa que se baseia no método reflexologia e além das
agulhas faz uso também laserterapia, infravermelho, eletroestimulação e
massagens, dentre outros, para produzir a estimulação dos pontos meridianos,
trazendo estado de equilíbrio necessário para o melhor funcionamento do organismo
e efeitos satisfatórios no tratamento. Enfaticamente, as duas escolas possuem
teorias e métodos independentes para diagnosticar e tratar as enfermidades
(KUREBAYASHI et al., 2012; MAS, 2005, p. 103; BRASIL, 2019, p. 23; NETTO, p.
14, 2019).

3.4.1 Auriculoterapia chinesa

Na visão oriental, o pavilhão auricular é considerado um centro de


agrupamento de meridianos, e por isso, possui influência sobre todo o organismo,
considerando-se que as doenças têm origem por um desequilíbrio energético
(SOUZA, 2013).
A MTC faz a correlação entre os órgãos e tecidos e os cinco elementos, por
isso, a lombalgia está geralmente associada a distúrbios da energia do Rim e
Bexiga, pois a região da lombar sofre influência direta do meridiano da Bexiga e do
órgão Rim (MACIOCIA, 2007), portanto o estímulo da zona auricular correspondente
à parte do organismo em desequilíbrio permitirá regularizar o fluxo de energia e
retomar o estado natural das funções corporais, pois é através dos pontos de
acupuntura que se torna possível “manipular” essa circulação energética, que pode
encontrar-se bloqueada, em deficiente ou excesso (SOUZA, 2007).
Seguindo os preceitos dessa escola, os pontos mais utilizados no tratamento
da lombalgia são: Shenmen, Simpático, Rim, Relaxamento muscular, Analgesia,
Adreanal e Coluna lombar. A escolha desses pontos é considerada apropriada, com
37

fundamento em estudos anteriores que apresentaram bons resultados para o


tratamento da dor lombar. (SOUZA, 2013; SILVÉRIO-LOPES, 2013).
Como a dor lombar apresenta-se como uma síndrome de deficiência de Yin e
excesso de Yang, seus sinais e sintomas característicos são: calor, palmas e plantas
dos pés quentes, boca seca, rubor facial, sudorese, ansiedade, língua avermelhada
e obstipação. A síndrome de Yin-Yang incorpora em si todas as outras
classificações, isso porque a síndrome Yin corresponde às síndromes profundas de
deficiência e frio, enquanto que a síndrome de Yang compreende as síndromes
superficiais de excesso e calor (WEN, 1985).

3.4.2 Auriculoterapia francesa

A Auriculoterapia na francesa, não tem nenhuma relação com as teorias da


MTC. A Escola Francesa está associada ao desenvolvimento dos 3 folhetos
embrionários na formação do ser humano, os quais vão dar origem aos diferentes
tecidos, órgãos, sistemas, aparelhos do corpo humano. Através de estudos e
pesquisas, o Dr. Nogier associou a endoderme, a mesoderme e a ectoderme a
diferentes partes da orelha externa, e fundamentou sua teoria nos pontos reflexos e
nos princípios da neurologia e da embriologia.
De maneira geral, os termos acupuntura auricular, auriculoterapia e
auriculomedicina (medicina auricular), são frequentemente usados sem definições
claras, entretanto, com um olhar mais atento, é possível notar as diferenças nas
terminologias e nas práticas.
Acupuntura auricular é um termo geral que descreve todas as medidas
diagnósticas e terapêuticas usando pontos na orelha, mesmo sem cartografia
definida. Auriculoterapia é a terminologia preferida pela escola francesa, embora o
termo possa significar apenas as intervenções terapêuticas na orelha. Em 1981, o
próprio Paul Nogier, escreveu um livro intitulado “De l'auriculothérapie à
l’auriculomédecine” - Da Auriculoterapia à Auriculomedicina (OLESON, 2008; MAS,
2005).
Em vista disso, o termo moderno proposto por Dr. Nogier é auriculomedicina,
referindo-se à forma contemporânea e abrangente de acupuntura auricular, que
inclui diagnóstico, tratamento e estudos científicos usando zonas do pavilhão
auricular que abrange todo um ramo completo e independente da ciência médica.
38

A auriculomedicina baseia-se seus estudos na percepção de um sinal arterial


vascular, que o Dr. Nogier descobriu em 1966, uma alteração semelhante ao reflexo
óculo-cárdico e nomeou de reflexo aurículo-cardíaco (RAC). Mas tarde foi
rebatizado como VAS (Vascular Autonomic Signal).
Complementando o entendimento, a auriculoterapia e auriculomedicina são
dois conceitos diferentes, enquanto o primeiro é uma terapia reflexa auricular, cujo
objetivo é o tratamento de diferentes patologias, a segunda visa dar um diagnóstico
usando o reflexo aurículo-cardíaco (RAC).
O Dr. Nogier descobriu as fases auriculares, que fazem alusão às diferentes
regiões auriculares reveladas por filtros de luz especificamente coloridos e que
foram mapeadas usando o sinal VAS. Mudanças no pulso em resposta à
estimulação de uma região da orelha foram mostradas para variar seletivamente
com cores claras. (OLESON, 2008, p. 74).
O conceito da auriculoterapia francesa baseia-se na compreensão da
natureza dos pontos. De acordo com Nogier (2009), é possível verificar dois tipos
de pontos:
- Pontos conectados ao sistema cérebro-espinhal, que são dolorosos
quando pressionados e indicam quando um órgão apresenta uma
patologia
- Pontos neuro-humoral, que são formados pelos complexos neuro
vasculares, e e só podem ser detectados eletricamente. Estes pontos
interferem na variação térmica dos órgãos, ou seja, em casos de
problemas funcionais.
A teoria das fases foi proposta por Paul Nogier no início dos anos 80. Essa
teoria apresenta a seguinte observação: Quando um ponto no pavilhão auricular é
estimulado, um efeito primário e dois efeitos secundários são frequentemente
observados. O efeito primário pode ser ectodérmico, mesodérmico ou endodérmico.
- Se o efeito primário de agulhar o ponto for ectodérmico, os efeitos
secundários serão mesodérmicos e endodérmicos.
- Se o efeito primário for mesodérmico, os efeitos secundários serão
ectodérmicos e endodérmicos.
- Se o efeito primário for endodérmico, os efeitos secundários serão
ectodérmicos e mesodérmicos.
39

Paul Nogier determinou três regiões na orelha: T1, T2 e T3; e descreveu três
camadas de tecido: superficial, média e profunda. De acordo com o autor, quando
uma agulha é inserida na aurícula, ela passa pelas três camadas de tecido. Isso
explica os três efeitos distintos causados pela agulha.
Na teoria das fases de Paul Nogier, existem três somatotopias diferentes
projetadas em cada uma dessas camadas de tecido: a somatotopia de um feto
invertido, a somatotopia de um adulto recostado, a somatotopia de um adulto em pé.
No entanto, quando Paul Nogier publicou sua teoria das fases, a estrutura dos
pontos auriculares não era realmente conhecida. Hoje conhecemos os complexos
neuro vasculares e é difícil defender a existência de três somatotopias sobrepostas.
Por outro lado, é possível que, quando um ponto da orelha é estimulado, esse
estímulo possa ser integrado em vários níveis pelo sistema nervoso (NOGIER, 1998;
NOGIER, 2009, pp. 104-106; OLESON, 2008, pp. 76-78).
Segundo Alimi (2006), os níveis de integração podem ser: Medular, Talâmico
ou Cortical. Ele se referiu a esses níveis de integração como fases 1, 2 e 3
respectivamente. No simpósio internacional em Porto Rico em 2002, um grupo de
trabalho drs. John Ackerman, Brian Franck, Michel Marignan e Raphael Nogier
propuseram uma definição oficial das fases:

As fases são representações neurológicas transitórias do corpo na orelha.


Elas são o resultado de uma resposta cerebral integrativa aos dados,
incluindo informações ambientais. mentais, que resultam em condições
fisiológicas ou patológicas (NOGIER, 2009, pp 106). (OLESON, 2008, pp.
76-78)

Portanto, o diagnóstico da auriculoterapia francesa consiste na identificação e


na localização de pontos ou regiões alteradas no pavilhão auricular, e são
localizadas por meio de inspeção, de palpação, de eletro diagnóstico e também pela
queixa direta do paciente. A inspeção auricular evidencia o estado geral do paciente,
de acordo com as marcas observadas na orelha (pontos hipocrômicos,
hipercrômicos, vasos azulados ou vermelhos); a palpação identifica a história atual
pela reatividade à dor; e o método eletro diagnóstico localiza o ponto por meio de um
aparelho de localização elétrica (NOGIER, 1998).
Os pontos da área correspondente representam a anatomia corporal no
pavilhão auricular e levam os nomes de acordo com as partes anatômicas. Na
avaliação eles se tornam reativos quando existe algum problema na área que
40

representam, e, portanto, são chamados de pontos diagnósticos. Já os pontos de


ação específica correspondem a uma determinada ação, tendo função tanto no
diagnóstico, por se tornarem reagentes, como no tratamento de disfunções
específicas e representam a queixa principal do paciente (NEVES, 2010).
O fato de algumas áreas ou pontos estarem reagentes não significa uma
patologia específica, mas sim uma desordem na região examinada. É importante
enfatizar que a distribuição dos pontos na orelha é apenas uma referência gráfica da
localização onde o ponto reagente aparece frente a alguma disfunção. Na prática, a
localização exata é feita por meio da palpação e da busca do ponto reagente
(NEVES, 2010).

3.4.3 Diferença nas cartografias

Comparando-se a cartografia dos mapas chineses e franceses, notam-se


divergências em alguns pontos. Isso levou, há alguns anos, ao descrédito dessa
terapia. A cartografia chinesa contempla 200 pontos no pavilhão auricular para
tratamento (SOUZA, 2013), em contrapartida à escola francesa que são apenas 30
pontos Mestres e 7 pontos de Comando (OLESON, 2008; MAS, 2005).
No entanto, atualmente é possível saber “que a auriculoterapia não é um
estímulo direto, mas um estímulo da projeção cerebral, e muitas partes do corpo do
corpo para o cérebro estão próximas, e quando colocadas sobre o plano, dão a
impressão de estarem sobrepostas, o que acontece na orelha” (MAS, 2005, pp.
XVII- XVIII). Um exemple relevante constatado nas divergências das cartografias é o
ponto do útero no mapa chinês, e o ponto do joelho no mapa francês. Segundo, Mas
(2005), eles encontram-se sobrepostos na projeção cerebral, confundindo a projeção
energética.
Entretanto, existem vinte e quatro pontos de acupuntura auricular que
compartilham o mesmo nome e locais semelhantes e outras vinte e cinco subáreas
ou pontos que compartilham o nome anatômico auricular com diferentes partes
reflexas do corpo e diferentes efeitos terapêuticos (WANG et al, 2016).
Na cartografia francesa, todas as projeções devem ser feitas a partir do ponto
Zero, no início da raiz do hélix, de onde partem os seus pontos principais para as
calhas externa e interna e para o hélix.
41

Figura 5 - Cartografia Auricular Francesa


Fonte: Profº. Franco Joji Enomoto

Em relação à Auriculoterapia chinesa, mesmo depois da estandardização dos


pontos, ainda existem algumas diferenças de mapas, o que causa confusões entre
os profissionais. Isso ocorre tanto por erros nas traduções dos livros como também
pelo uso de sinônimos na nomenclatura utilizada por alguns autores que buscam
personalizar suas obras, e até mesmo pela descoberta de novos pontos,
fundamentada em experiências clínicas pessoais de cada autor.
42

Figura 6 - Cartografia Auricular Chinesa


Fonte: Profº. Franco Joji Enomoto

Segundo Neves (2010), talvez o erro mais grave, no que diz respeito a
mapas, esteja na tentativa de misturar os pontos da cartografia francesa com os da
chinesa. Mesmo que ambas as escolas possuam como base carta gráfica da figura
do feto na posição invertida, a evolução de cada escola, tanto em técnica como na
nomenclatura e distribuição dos pontos, obedece a critérios diferentes, de acordo
com seus fundamentos. Mesclar essas duas linhas confunde não apenas o
profissional, mas também o organismo que está sendo tratado. No entanto, ambas
as escolas alcançaram um nível de excelência indiscutível, comprovada tanto por
seus resultados clínicos como por pesquisas, e o fato de estarem difundidas no
mundo inteiro aponta para a credibilidade de que gozam junto a profissionais e
pacientes (NEVES, 2010).
Um dado considerado importante é que existe uma diversidade destes para o
tratamento da dor crônica lombar, porém, em nenhum dos estudos encontrados na
literatura, é mencionada uma explicação clara de escolha

3.4.4 Mecanismo de ação e pontos auriculares mais usados

De acordo com estudiosos, o alívio da dor pela auriculoterapia é explicado


através da liberação de neurotransmissores que a aplicação nos pontos proporciona.
O estímulo realizado nos pontos reflexos promove resposta neuro-humoral do
organismo, fazendo as células secretarem substâncias opioides como a serotonina,
encefalina e endorfina, que são espécies de analgésicos naturais e que propiciam
sensação de bem-estar e alívio de dores (SILVÉRIO-LOPES, SEROISKA, 2013;
FERREIRA, 2010).
43

Os pontos mais utilizados na lombalgia são: coluna torácica, espinha lombo


sacra, nervo ciático, nádegas, lombalgia, coluna lombar (chinesa) e (francesa),
quadril (chinesa e francesa), coluna lombar Fase II na crista da concha, coluna
lombar fase III no trago, coxa, panturrilha, ponto zero, shenmen, ponto tálamo,
Glândula Adrenal (Chinesa), Rim (Chinesa), Bexiga. E ponto complementar: ponto
tranquilizador. (OLESON, 2008, pp. 277).
44

4 CONCLUSÃO

A auriculoterapia é um método alternativo de tratamento, que compartilha


uma filosofia antiga, com uma realidade muito atual, através de uma abordagem
holística (chinesa) e cientifica (francesa), aliada a uma eficácia comprovada em todo
o mundo.
Ambos qualificadores são importantes para o manejo da dor de diferentes
intensidades e cronicidades, em especial a lombalgia, visto ser um tratamento de
baixo, sem efeitos colaterais e resultados surpreendentes que, em muitos casos, são
imediatos.
A auriculoterapia, nas suas duas vertentes, chinesa e francesa, podem e
devem ser usadas como tratamento na linha de frente, já que são úteis no campo
preventivo e no tratamento direcionado. Os estudos revisados para elaboração deste
trabalho demostraram a eficácia da auriculoterapia no tratamento e manejo de
muitas patologias dolorosas, agudas e crônicas, como por exemplo, a dor lombar.
Dado o fato que, cada paciente que apresenta uma patologia dolorosa deve
ser visto como um mundo diferente, e considerando que, sua abordagem de
tratamento deve ser única e direcionada, este trabalho de conclusão de curso,
buscou verificar a eficiência da terapia auricular no tratamento de pacientes com dor
lombar aguda e crônica, de origem especifica ou inespecífica, nos estudos
selecionados para a elaboração desta pesquisa de referencial teórico, avaliando a
diminuição da dor e aumento da funcionalidade e mobilidade lombar após as
sessões.
A auriculoterapia francesa foi efetiva para tratar a dor crônica nas regiões
cervical, torácica e lombar em pessoas com distúrbios musculoesqueléticos. Essa
efetividade foi demonstrada na redução da intensidade da dor, e na melhora do grau
de mobilidade dos voluntários.
Esse resultado condiz com alguns estudos (SUEN, WONG, 2008; WANG et
al., 2009; YEH et al., 2013; MARIGAN, 2014; YEH et al., 2014) que utilizaram a
auriculoterapia sistémica no tratamento da dor lombar crônica. Esses estudos
revelaram que essa terapêutica foi eficaz e conseguiu atingir uma melhora
significativa da dor entre os participantes, quando analisadas a redução da sua
intensidade, especialmente na região lombar.
45

Concomitantemente a esses resultados, a acupuntura auricular foi utilizada


para tratar indivíduos com dor lombar crônica inespecífica em um outro estudo
(TOLENTINO, 2016) que comparou o seu efeito quando realizada com agulhas e
sementes. Após o tratamento, foi observado que houve diminuição da intensidade
da dor e aumento da funcionalidade dos voluntários alocados.
A auriculoterapia chinesa difere da auriculoterapia francesa sob vários
aspectos, sendo os mais importantes o seu tipo de diagnóstico, mais baseado na
elementos da MTC do que nos conceitos científicos, e no mecanismo de ação, que
tem como base apenas respostas energéticas, ao contrário da francesa que tem
como base respostas neuro-endócrino-fisiológicas.
Com base no exposto, acredita-se que a escola francesa é mais objetiva,
visto que trata a queixa principal do paciente e age diretamente em sua patologia,
uma vez que está amparada nos princípios da neurofisiologia. Além disso, essa
escola possibilita a padronização do tratamento por trabalhar com a somatotopia e,
não, com o equilíbrio energético, o que reforça sua objetividade e facilidade para a
replicação (NOGIER,1998)
É muito importante continuar a pesquisa sobre o uso da auriculoterapia para
determinar o impacto no tratamento da dor lombar, em termos de custo-efetividade,
e diminuir o uso de medicamentos que muitas vezes levam a efeitos indesejados,
melhorando a qualidade de vida e promovendo a boa saúde do paciente.
Por fim, como estudante do curso de acupuntura, tenho apenas que incentivar
os colegas deste campo a trabalhar e unir esforços para que as diversas áreas da
Medicina Alternativa sejam acolhidas com mais interesse por todas as pessoas que
desejam uma mudança no tratamento de suas patologias.
46

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