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BIOMEDICINA

ESTÉTICA APLICADA
Autoria
KARLA GLAZIELLE
G. DOS SANTOS
MALACHOSKI
Presidente da Divisão de Ensino Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Prof. Carlos Longo
Coordenação Geral de EAD Prof. Everton Renaud
Coordenação de Metodologia e Tecnologia Profa. Roberta Galon Silva
Autoria Profa. Karla Glazielle G. dos Santos Malachoski
Pareceristas Profa. Aniely Ruckhaber Barbosa
Supervisão Editorial Felipe Guedes Antunes
Projeto Gráfico e Capa DP Content

DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR

© Universidade Positivo 2019


Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
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Imagens de ícones/capa: © Shutterstock

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Metodologia

Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo tem por objetivo a aprendizagem e a comu-
nicação bidirecional entre os atores educacionais. Para que os objetivos propostos se-
jam alcançados, você conta com um percurso de aprendizagem que busca direcionar a
construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização prática e das
atividades individuais e colaborativas.
A proposta pedagógica da Universidade Positivo é baseada em uma metodologia dia-
lógica de trabalho que objetiva:

valorizar suas incentivar a estimular a oportunizar a


experiências; construção e a pesquisa;
reflexão teórica
reconstrução do
conhecimento; e aplicação
consciente dos
temas abordados.

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Metodologia
Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura:

OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Indicam o que se espera que você
aprenda ao final do estudo do ca- TÓPICOS QUE SERÃO ESTUDADOS
pítulo, baseados nas necessidades Descrição dos conteúdos que
de aprendizagem do seu curso. serão estudados no capítulo.

CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO
Contextualização do tema que será PERGUNTA NORTEADORA
estudado no capítulo, como um Ao final do Contextualizando o cená-
cenário que o oriente a respeito do rio, consta uma pergunta que esti-
assunto, relacionando teoria e prática. mulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvol-
vimento da sua capacidade de análi-
PAUSA PARA REFLETIR se crítica.
São perguntas que o instigam a
refletir sobre algum ponto BOXES
estudado no capítulo. São caixas em destaque que podem
apresentar uma citação, indicações
de leitura, de filme, apresentação de
um contexto, dicas, curiosidades etc.
PROPOSTA DE ATIVIDADE
Sugestão de atividade para que você
desenvolva sua autonomia e siste-
matize o que aprendeu no capítulo. RECAPITULANDO
É o fechamento do capítulo. Visa
sintetizar o que foi abordado, reto-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS mando os objetivos do capítulo, a
São todas as fontes utilizadas no pergunta norteadora e fornecendo
capítulo, incluindo as fontes mencio- um direcionamento sobre os ques-
nadas nos boxes, adequadas tionamentos feitos no decorrer do
ao Projeto Pedagógico do curso. conteúdo.

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Boxes

AFIRMAÇÃO
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.

ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares

ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

BIOGRAFIA
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.

CONTEXTO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se
a situação histórica do assunto.

CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.

DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

ESCLARECIMENTO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de
conhecimento trabalhada.

EXEMPLO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

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Sumário
Capítulo 1 - Introdução à Bioquímica
Objetivos do capítulo ....................................................................................................18
Contextualizando o cenário ..........................................................................................19

1.1 Legislação ............................................................................................................... 20


1.1.1 Resolução nº 197 do Conselho Federal de Biomedicina .......................................................................21
1.1.2 Resolução nº 200 do Conselho Federal de Biomedicina ......................................................................22
1.1.3 Resolução nº 214 do Conselho Federal de Biomedicina.......................................................................25
1.1.4 Resolução nº 241 do Conselho Federal de Biomedicina ......................................................................26

1.2 Código de Ética da Biomedicina .............................................................................. 28


1.2.1 Divulgação e propaganda ...........................................................................................................................28
1.2.2 Bioética .........................................................................................................................................................29

Proposta de Atividade ..................................................................................................30


Recapitulando .............................................................................................................30
Referências bibliográficas ........................................................................................... 32

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Sumário
Capítulo 2 - Analisadores da pele
Objetivos do capítulo ................................................................................................... 33
Contextualizando o cenário ......................................................................................... 34

2.1 Luz de Wood ............................................................................................................ 35


2.1.1 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................36
2.1.2 Indicações ....................................................................................................................................................38

2.2 Dermatoscópio ...................................................................................................... 38


2.2.1 Mecanismo de ação.....................................................................................................................................39
2.2.2 Indicações ....................................................................................................................................................42

2.3 Leitores de umidade, oleosidade e elasticidade ...................................................... 43


2.3.1 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................43
2.3.2 Indicações ....................................................................................................................................................45

2.4 Principais disfunções ............................................................................................ 45


2.4.1 Rosácea.........................................................................................................................................................45
2.4.2 Acne...............................................................................................................................................................47
2.4.3 Alterações pigmentares .............................................................................................................................49
2.4.4 Rítides ...........................................................................................................................................................52

Proposta de Atividade .................................................................................................. 53


Recapitulando ............................................................................................................. 53
Referências bibliográficas ........................................................................................... 55

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Sumário
Capítulo 3 - Eletroterapia básica
Objetivo do capítulo......................................................................................................57
Contextualizando o cenário ......................................................................................... 58

3.1 Endermologia vibratória .........................................................................................59


3.1.1 Propriedades ................................................................................................................................................59
3.1.2 Técnicas de aplicação.................................................................................................................................62
3.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................63

3.2 Endermologia a vácuo ............................................................................................ 64


3.2.1 Propriedades ................................................................................................................................................64
3.2.2 Técnicas de aplicação.................................................................................................................................65
3.2.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................66

3.3 Microcorrentes .......................................................................................................67


3.3.1 Propriedades ................................................................................................................................................67
3.3.2 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................69
3.3.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................70

3.4 Corrente russa ........................................................................................................ 71


3.4.1 Propriedades ................................................................................................................................................72
3.4.2 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................74
3.4.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................76

Proposta de Atividade ...................................................................................................76


Recapitulando ..............................................................................................................76
Referências bibliográficas ............................................................................................78

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Sumário
Capítulo 4 - Eletroterapia complementar
Objetivo do capítulo..................................................................................................... 80
Contextualizando o cenário ..........................................................................................81

4.1 Ultrassom............................................................................................................... 82
4.1.1 Propriedades ................................................................................................................................................82
4.1.2 Tipos de ultrassom e mecanismo de ação ...............................................................................................85
4.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................88

4.2 Radiofrequência .................................................................................................... 88


4.2.1 Propriedades biofísicas ..............................................................................................................................89
4.2.2 Mecanismo de ação.....................................................................................................................................90
4.2.3 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................92
4.2.4 Indicações e contraindicações na saúde estética .................................................................................92

4.3 Peeling mecânico...................................................................................................93


4.3.1 Tipos de peeling mecânico.........................................................................................................................94
4.3.2 Técnica de aplicação ..................................................................................................................................96
4.3.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................97

Proposta de Atividade .................................................................................................. 97


Recapitulando ............................................................................................................. 98
Referências bibliográficas ..........................................................................................100

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Sumário
Capítulo 5 - Eletrolipólise
Objetivo do capítulo....................................................................................................102
Contextualizando o cenário ........................................................................................103

5.1 Propriedades do equipamento................................................................................104


5.1.1 Classificação das ondas .......................................................................................................................... 106
5.1.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 106
5.1.3 Metabolização lipídica ............................................................................................................................. 108

5.2 Protocolo ..............................................................................................................108


5.2.1 Parâmetros de aplicação ........................................................................................................................ 110
5.2.2 Reações adversas ..................................................................................................................................... 111
5.2.3 Indicações e contraindicações na saúde estética............................................................................... 111

Proposta de Atividade ..................................................................................................112


Recapitulando .............................................................................................................113
Referências bibliográficas ...........................................................................................114

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Sumário
Capítulo 6 - Carboxiterapia
Objetivo do capítulo.....................................................................................................115
Contextualizando o cenário .........................................................................................116

6.1 Carboxiterapia e propriedades do equipamento ...................................................... 117


6.1.1 Efeito Bohr................................................................................................................................................. 119
6.1.2 Indicações e contraindicações na saúde estética............................................................................... 121
6.1.3 Reações adversas ..................................................................................................................................... 122

6.2 Técnicas subcutâneas ...........................................................................................123


6.2.1 Lipodistrofia localizada ........................................................................................................................... 123
6.2.2 Lipodistrofia ginoide (celulite)............................................................................................................... 125
6.2.3 Fibrose ....................................................................................................................................................... 126

6.3 Técnicas intradérmicas.........................................................................................126


6.3.1 Flacidez tissular.........................................................................................................................................127
6.3.2 Rejuvenescimento .................................................................................................................................... 128
6.3.3 Capilar........................................................................................................................................................ 129
6.3.4 Estrias ........................................................................................................................................................ 130

6.4 Outras técnicas .....................................................................................................131


6.4.1 Hiperpigmentação periorbital ................................................................................................................ 131
6.4.2 Flacidez muscular facial ......................................................................................................................... 132

Proposta de Atividade .................................................................................................134


Recapitulando ............................................................................................................134
Referências bibliográficas ..........................................................................................136

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Sumário
Capítulo 7 - Laserterapia
Objetivo do capítulo.................................................................................................... 137
Contextualizando o cenário ........................................................................................138

7.1 Laserterapia – luz intensa pulsada ..........................................................................139


7.1.1 Características básicas ........................................................................................................................... 140
7.1.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 142
7.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética ............................................................................... 143

7.2 Laser fracionado ...................................................................................................145


7.2.1 Preparo da pele..........................................................................................................................................147
7.2.2 Laser fracionado ablativo ........................................................................................................................ 148
7.2.3 Laser fracionado não ablativo ................................................................................................................ 150
7.2.4 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 151

7.3 Laser para epilação ...............................................................................................152


7.3.1 Laser de diodo ........................................................................................................................................... 153
7.3.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 153
7.3.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 154

Proposta de Atividade .................................................................................................155


Recapitulando ............................................................................................................155
Referências bibliográficas .......................................................................................... 157

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 13


Sumário
Capítulo 8 - Criolipólise
Objetivo do capítulo....................................................................................................159
Contextualizando o cenário ........................................................................................160

8.1 Criolipólise – Propriedades do equipamento ............................................................161


8.1.1 Biofísica ..................................................................................................................................................... 164
8.1.2 Tecnologia do aplicador e do vácuo ...................................................................................................... 165
8.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética................................................................................167

8.2 Atuação nas disfunções estéticas corporais ..........................................................168


8.2.1 Mecanismo de ação.................................................................................................................................. 169
8.2.2 Técnica de aplicação ................................................................................................................................171
8.2.3 Associações ................................................................................................................................................172
8.2.4 Reações adversas e complicações .........................................................................................................173

Proposta de Atividade ................................................................................................. 175


Recapitulando ............................................................................................................ 175
Referências bibliográficas ...........................................................................................177

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 14


BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 15
APRESENTAÇÃO

A Biomedicina Estética é uma área da Biomedicina em franca expansão. É de suma


importância que o profissional tenha conhecimento das resoluções que regem a profis-
são, sobre as áreas de atuação e os limites estabelecidos (nº 197, de 21 de fevereiro de
2011; 200, de 1º de julho de 2011; 214, de 10 de abril de 2012; 241, 29 de maio de 2014 e
a normativa nº 01, de 10 de abril de 2012 regulamentam a habilitação em Biomedicina
Estética). A disciplina de Biomedicina Estética Aplicada dará início aos estudos das mais
diversas tecnologias existentes na área da saúde estética. Dessa forma, o profissional
habilitado deverá ter conhecimento sobre as disfunções estéticas e também dominar o
mecanismo de ação de tecnologias para tratamento das disfunções. Assim, conseguirá
compreender o que ocorre no organismo humano durante e após a realização dos pro-
tocolos, podendo passar recomendações aos pacientes pré e pós-procedimento, poten-
cializando os resultados.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 16


O autor

A Professora Karla Glazielle Gonçalves


dos Santos Malachoski é especialista em
Biomedicina Estética pela FACEI (Faculda-
des Einstein), graduada em Biomedicina
pela UTP (Universidade Tuiuti do Paraná)
e sócia-proprietária em clínica de estética
avançada, além de docente universitária e
professora em especializações na área de
saúde estética.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4851254865648257

“Dedico ao meu marido e meu filho,


pelos momentos ausentes. Sempre
que precisei, pude contar com o
apoio e o incentivo.”

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 17


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer as habilidades que convêm LEGISLAÇÃO
• Resolução nº 197 do Conselho
ao profissional biomédico esteta,
Federal de Biomedicina
bem como seus direitos e deveres,
• Resolução nº 200 do Conselho
tornando-o, assim, um profissional Federal de Biomedicina
correto e ético. • Resolução nº 214 do Conselho
Federal de Biomedicina
• Resolução nº 241 do Conselho
Federal de Biomedicina

CÓDIGO DE ÉTICA DA BIOMEDICINA


• Divulgação e propaganda
• Bioética

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 18


Contextualizando o cenário
No nosso dia a dia, nos deparamos com profissionais da área estética mal preparados
para atender a população, que realizam diagnósticos errôneos e, consequentemente,
medidas corretivas sem resultados satisfatórios.
A Biomedicina forma profissionais instigadores, que estudam a origem da problemática.
Então, porque não atuar na saúde estética? Por observar toda essa questão, um grupo
de profissionais biomédicos, em uma reunião com membros do Conselho Federal de Bio-
medicina, levantou a possibilidade de criar uma habilitação em Biomedicina Estética e,
assim, formar profissionais preparados para contribuir em uma melhor reestruturação
da área estética. Mas, afinal, o que é a Biomedicina Estética? Em quais procedimentos
um biomédico esteta pode atuar? Quais os parâmetros a serem seguidos, no que se re-
fere à ética?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 19


1.1 Legislação
A Biomedicina é uma ciência atuante
desde 1966, quando foi criada com o intuito
de atuar no corpo docente da Medicina, da
Odontologia e de pesquisas científicas. Com
o passar do tempo, a profissão foi se aperfei-
çoando e, hoje, a área de atuação é muito am-
pla no mercado de trabalho. A área conta com
35 opções para habilitação, sendo uma delas a mais recente: a Biomedicina Estética.
A Biomedicina Estética começou a ser estudada e cogitada como área de atuação dos
profissionais biomédicos em 2010, quando alguns profissionais se reuniram em uma plenária
no Conselho Federal de Biomedicina (CFBM). Nesta ocasião, foram abordadas todas as qualifi-
cações de um profissional biomédico, evidenciando a competência deles em atuar na área da
saúde estética, com as mais altas tecnologias, tendo seu diferencial nos procedimentos mini-
mamente injetáveis. Na data, foi realizada a votação entre os membros da sessão plenária, na
qual foi aprovada a criação da especialidade em Biomedicina Estética.
Apesar da área ter sido aprovada para atuação do profissional biomédico no ano de 2010, a
primeira resolução autorizando a habilitação foi publicada apenas no ano seguinte.
A área da Biomedicina Estética é muito rica. O profissional conta com diversos procedimen-
tos autorizados pelo Conselho para atuar e cuidar não somente da estética, mas também da
saúde, do bem-estar e da qualidade de vida dos pacientes. O profissional biomédico que pre-
tende ingressar na área da saúde estética precisa ter a habilitação para essa atuação.
Até o momento, a Biomedicina Estética conta com quatro resoluções e três normativas, as
quais descrevem todos os procedimentos que o profissional habilitado está autorizado a realizar:
• Resolução nº 197 – 21 de fevereiro de 2011;
• Resolução CFBM nº 200 – 01 de julho de 2011;
• Resolução CFBM nº 214 – 12 de abril de 2012;
• Resolução CFBM nº 241 – 29 de maio de 2014;
• Normativa CFBM n° 003/2015 – 05 de novembro de 2015: dispõe do procedimento estético
injetável para microvasos;
• Normativa CFBM n° 004/2015 – 05 de novembro de 2015: dispõe do uso de fios de susten-
tação para fins estéticos;
• Normativa CFBM nº 005/2015 – 05 de novembro de 2015: dispõe da aplicação de ativos por
via intramuscular.

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1.1.1 Resolução nº 197 do Conselho Federal de Biomedicina
Para a validação da habilitação em Biomedicina Estética, o conselho de classe que respon-
de pelos profissionais precisa realizar a publicação de uma resolução, autorizando, a partir
daquele momento, a atuação dos profissionais na determinada área.
O primeiro documento na área da saúde estética foi redigido logo após a plenária que con-
cedeu direito da criação da habilitação. A Resolução nº 197 foi publicada pelo Conselho Fe-
deral de Biomedicina no dia 21 de fevereiro de 2011. O documento autoriza a atuação de um
profissional Biomédico na área da Estética.

DICA:
Para um melhor entendimento de seu conteúdo, você pode ler a Resolução nº 197
(e todas as outras resoluções mencionadas neste capítulo) na íntegra no site do
Conselho Federal de Biomedicina.

Na Resolução, fica esclarecido que, para a atuação do profissional Biomédico na área da saú-
de estética, ele precisa estar devidamente habilitado pelo Conselho e possuir o cadastro ativo.
O documento nº 197 salienta a competência do profissional biomédico durante a graduação
para atuar com procedimentos de alta tecnologia e minimamente injetáveis, garantindo sem-
pre a segurança, preceitos éticos e disciplinares e a saúde do paciente em primeiro lugar. Para
manter a excelência e a seriedade da profissão, o Conselho frisa a necessidade da fiscalização
do exercício profissional a nível nacional.

Figura 1. Diferencial do biomédico esteta: procedimentos minimamente injetáveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 21


Anteriormente às resoluções abordadas neste conteúdo, a saúde estética apresentava a
necessidade de uma reformulação no seu plano de serviço. Por esse motivo, a Biomedicina
Estética foi criada, visando dar um novo enfoque à área estética, no que diz respeito à orien-
tação das disfunções dermatológicas; comprovação e enriquecimento de medidas preventivas
e corretivas na beleza e autoestima; e oferta de um atendimento personalizado e primoroso.

Diagrama 1. Pilares da Biomedicina Estética

BELEZA

BIOMEDICINA SAÚDE
ESTÉTICA BEM-ESTAR
ESTÉTICA

QUALIDADE
DE VIDA

A área de humanas possui um mercado de atuação amplo, no qual diferentes categorias


profissionais conseguem trabalhar unidas para o crescimento da saúde e do bem-estar da
população.

1.1.2 Resolução nº 200 do Conselho Federal de Biomedicina


Com a aprovação da Biomedicina Estética, os profissionais iniciaram os parâmetros para
registro da habilitação. Porém, por ser uma nova área de atuação, as instituições de ensino
não estavam preparadas para dar suporte aos indivíduos interessados. Com o objetivo
de estabelecer normas e auxiliar na orientação das instituições, uma nova resolução foi
publicada (Resolução nº 200) no dia 01 de julho de 2011, especificando as prerrogativas para
a assimilação da nova habilitação, sendo possível a aquisição de uma habilitação provisória e,
posteriormente, uma definitiva.
Para que o indivíduo esteja devidamente habilitado, deve-se seguir três caminhos, conforme
indica o Diagrama 2.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 22


Diagrama 2. Formas para aquisição da habilitação em Biomedicina Estética

ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
500 HRS

GRADUAÇÃO EM PÓS-GRADUAÇÃO BIOMEDICINA


BIOMEDICINA (ESPECIALIZAÇÃO) ESTÉTICA

PROVAS DE
TÍTULOS

Estágio supervisionado: algumas instituições de ensino disponibilizam estágio obrigatório


de no mínimo 500 horas. Assim, ao término da graduação, o profissional já pode realizar o ca-
dastro juntamente ao conselho para incluir a habilitação em estética;
Pós-graduação: após o término da graduação, há a possibilidade de realizar uma especiali-
zação em Biomedicina Estética, de modo a estar devidamente habilitado;
Prova de títulos: outra possibilidade é a prova de títulos, disponibilizada pela Associação
Brasileira de Biomedicina.

Art. 5º: Quanto aos requisitos necessários para a habilitação definitiva em Bio-

medicina Estética, o profissional Biomédico deverá atender um (01) ou dois (02)

dos quesitos exigidos no art. 3º retro mencionado e, apresentar junto com o

seu requerimento: a) Certificado e/ou Diploma com título de especialista em

Estética, obtido ou reconhecido pela Associação Brasileira de Biomedicina -

ABBM e/ou Certifcado de pós-graduação (Lato ou Stricto Sensu), em conformi-

dade com LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e demais determinações

e normas estabelecido pelo CAPES - MEC.

Art. 6º: Considera-se no direito de requerer a habilitação definitiva o profis-

sional Biomédico que esteja fazendo graduação na área, respeitando o está-

gio supervisionado mínimo de quinhentas (500) horas (CONSELHO FEDERAL

DE BIOMEDICINA, 2011).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 23


Durante o estágio supervisionado ou a especialização, o estudante precisa ter o conheci-
mento básico para a aprovação da habilitação. De acordo com a Resolução nº 200, as exigên-
cias seguem os seguintes requisitos:
Conhecimento em:
• Avaliação e anamnese;
• Laserterapia (Fig. 2);
• Eletroterapia: a qual engloba radiofrequência, ultrassom, microcorrentes, endermologias,
iontoforese e sonoforese (Fig. 3).
• Peelings químicos e mecânicos;
• Cosmetologia;
• Carboxiterapia;
• Intradermoterapia.
Com todos esses requisitos preenchidos, a habilitação é concedida ao profissional, podendo
iniciar seus atendimentos.

Figura 2. Procedimento de laserterapia. Fonte: Shutterstock. Figura 3. Procedimento de eletroterapia. Fonte: Shutterstock.
Acesso em: 03/12/2018. Acesso em: 03/12/2018.

PAUSA PARA REFLETIR


Sabemos que o conselho da classe tem como principais funções defender os profissionais
devidamente cadastrados, disciplinar e fiscalizar a atuação do profissional biomédico. Qual
a importância dessas funções para a sociedade que usufrui dos serviços desses profissionais?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 24


1.1.3 Resolução nº 214 do Conselho Federal de Biomedicina
Com a área da Biomedicina Estética em crescimento, começaram a surgir as dúvidas sobre
quais ativos os profissionais teriam autorização para uso. A partir dessa questão, em 12 de
abril de 2012, o Conselho Federal de Biomedicina publicou a terceira resolução na área da saú-
de estética: a Resolução no 214.
O documento normatiza o uso de substâncias com cunho estético pelos profissionais de-
vidamente habilitados. As vias de administração podem ser injetáveis, orais e tópicas. Por ter
responsabilidade técnica, a Resolução nº 214 autoriza a compra e utilização dos seguintes ativos:

Quadro 1. Ativos autorizados pela Resolução nº 214


• Coenzima Q10 • DMAE (dimetillaminoetanol)
• Vitaminas • D-pantenol
• Biológicos – exemplo: toxina botulínica do tipo A • Elastina
• Fitoterápicos – exemplo: lipossomas de girassóis • GAG (glicosaminaglicanos)
• Ácido glicólico • Ginckgo Biloba
• Ácido alfa lipoico • L-glutamina
• Ácido hialurônico • Inositol
• Aminofilina • Ioimbina
• Benzopirona • L-carnitina
• Bicabornato de sódio 8,4% • L-fenilalanina
• Biotina • Glicina glutation
• Blufemedil • Hialuronidase
• Cafeína • L-taurina
• Castanha da Índia • L-triptofano
• Centella asiática • L-ornitina
• Cloreto de magnésio • Mesocaina (lidocaína)
• Colágeno • Minoxidil
• Condroitina sulfato • Procaína (anestésico)
• Dente de leão • Enzimas fitoterápicas
• Desoxicolato de sódio • Vitamina C

Quanto às vias de administração, observe o Diagrama 3.

Diagrama 3. Vias de administração

ORAL INTRADÉRMICA

VIAS DE TÓPICA SUBCUTÂNEO


ADMINISTRAÇÃO
INJETÁVEL INTRAMUSCULAR

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 25


A Resolução nº 214 trouxe mais segurança para a atuação dos profissionais da área de Bio-
medicina Estética, uma vez que relaciona, de forma clara, todos os ativos e formas de aplica-
ções autorizadas para o uso estético pelos profissionais em questão.

1.1.4 Resolução no 241 do Conselho Federal de Biomedicina


Com a publicação da Resolução nº 214, os biomédicos estetas depararam-se com mais um
obstáculo: as indústrias farmacêuticas e farmácias de manipulação indeferiram os pedidos
de compras de profissionais biomédicos estetas, mesmo tratando-se de substâncias anterior-
mente aprovadas. A justificativa dos estabelecimentos era que os biomédicos estetas não pos-
suíam o direito de prescrever formulações ou realizar pedidos de produtos industrializados, ou
seja, a autorização para compra e uso estava em vigência, porém, os pedidos eram indeferidos
devido ao fato da prescrição não estar no rol de procedimentos liberados pelo Conselho.
Deparando-se com tal situação, os membros do Conselho Federal de Biomedicina iniciaram
mais uma etapa, com a redação da quarta Resolução, de número 241. Esta entrou em vigor
no dia 29 de maio de 2014, tornando todo profissional biomédico esteta um prescritor.
As substâncias e medicamentos prescritos por um profissional têm teor de responsabili-
dade perante o paciente e a sociedade. Pela importância com a saúde do paciente, algumas
regras foram direcionadas para a descritiva da prescrição (Fig. 4).

DICA:
Para um melhor entendimento de seu conteúdo, você pode ler o manual de orien-
tações básicas para prescrição médica, disponível no site do Conselho Regional de
Medicina.

A prescrição precisa ser:


• Clara;
• Legível;
• Sem rasuras;
• Em letra de forma;
• Feita com utilização de tinta e de acordo com nomenclatura e sistema de pesos e medidas
oficiais;
• Sem abreviaturas, como: formas farmacêuticas, vias de administração, quantidades e doses;
• Sem códigos e símbolos.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 26


Art. 3º: Na prescrição devem constar: nome da substância ou formulação, forma

farmacêutica e potência do fármaco prescrito (a potência do fármaco deve ser

solicitada de acordo com abreviações do Sistema Internacional, evitando abre-

viações e uso de decimais); a quantidade total da substância, de acordo com a

dose e a duração do tratamento; a via de administração, o intervalo entre as

doses, a dose máxima por dia e a duração do tratamento; nome completo do

biomédico prescritor, assinatura e número do registro no Conselho Regional de

Biomedicina, local, endereço e telefone do prescritor de forma a possibilitar con-

tato em caso de dúvidas ou ocorrência de problemas relacionados ao uso das

substâncias prescritas; data da prescrição. A prescrição deverá seguir as instru-

ções contidas na RDC67 de 08 de outubro de 2007 e demais normas regulamen-

tadoras da ANVISA (CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA, 2014).

Vale ressaltar que a única habilitação biomédica autorizada a realizar prescrições é a saúde
estética. Os ativos autorizados para prescrição são exclusivos para finalidade estética, sendo eles:
• Ativos biológicas;
• Ativos utilizados na intradermoterapia, tais como ativos, eutróficos, venotróficos e lipolíticos;
• Preenchimentos absorvíveis a nível dérmico, com exceção dos produtos permanentes,
como polimetilmetacrilato/PMMA;
• Fitoterápicos;
• Nutrientes, como vitaminas, minerais, aminoácidos, bioflavonóides, enzimas e lactobacilos.

Nome do estabelecimento Estética Curitiba


com endereço Rua: Inácio Lustosa, 987*
São Francisco - Curitiba/PR

Nome do paciente

Via de administração Para Sra. Maria dos Santos*

Uso oral

Nome dos ativos, sem abreviaturas, legível com dosagem de Exsynutriment__________________________________________100 mg


cada um e a unidade de medida. Ex: Pomegranate____________________________________________80 mg
Resveratrol trans_________________________________________35 mg
Vitamina C______________________________________________400 mg
Vitamina E_______________________________________________70 mg
Exsynutriment_________________________________________100mg Qsp____________________________________________________60 doses

Posologia Tomar 1 dose ao dia, nunca em jejum

Data, nome do profissional,


número do registro profissional Dra. Karla G. G. Santos
CRBM 0000
Curitiba, 04/12/2018

Figura 4. Exemplo de prescrição.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 27


PAUSA PARA REFLETIR
Com a aprovação da prescrição para os biomédicos estetas com finalidade 100% es-
tética, qual é o benefício para os profissionais e para os pacientes no atendimento em
consultório?

1.2 Código de Ética da Biomedicina


Em toda profissão, existe a necessidade de um código de conduta, no qual os profissionais
poderão consultar seus direitos e deveres. Na Biomedicina não é diferente. O Código de Ética
profissional é a Resolução nº 198 do Conselho Federal de Biomedicina e foi publicado no dia
21 de fevereiro de 2011. O Código de Ética traz em seu rol de normativas algumas de suma im-
portância para a Biomedicina Estética, pois alguns pontos contrapõem os serviços prestados
para as empresas, no que diz respeito a publicidade e propaganda, os itens abaixo são deveres
que todo biomédico esteta precisa seguir:
• Divulgação de imagem de pacientes, com exceção para fins científicos;
• Divulgação de nome, endereço ou prontuário do paciente;
• Publicação em qualquer meio de comunicação de anúncios, promoções, valores dos
serviços oferecidos;
• Realizar publicações fraudulentas, sem integridade, veracidade e seriedade abusando da
boa fé do cliente.

1.2.1 Divulgação e propaganda


Partindo do pressuposto de que o biomédico esteta é um profissional da área da saúde,
e seguindo as normas do capítulo V do Código de Ética, entende-se os limites de divulga-
ção do profi ssional biomédico.
As publicações devem ser de cunho científico, transmitindo conhecimento sobre um
determinado assunto à população.
Portanto, fica vedado ao profissional expor qualquer material que tenha característica
de vendas, promoções, valores e fotografias de pacientes, uma vez que o documento que
regulamenta a ética de todos os profissionais da saúde defende que a saúde não é um
produto a ser vendido. O conselho, cuja uma das funções é a fiscalização, tem plenos
poderes de autuar o profissional e o estabelecimento que não cumprirem as normativas
estabelecidas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 28


DICA:
Para uma melhor explanação de como ocorrem as fiscalizações dos profissionais e
estabelecimentos de estética, você pode ler a reportagem Biomedicina Estética no
alvo da fiscalização,, veiculada na edição de agosto de 2018 da Revista do Biomédico.
O acesso pode ser feito através do site do Conselho Regional de Biomedicina.

Em contrapartida, profissionais da área argumentam sobre a necessidade de divulgar seus


serviços, visto que a Biomedicina Estética depende de vendas de protocolos e procedimentos
para ser competitiva no mercado.
Uma alternativa para isso seria a formulação de um Código de Ética exclusivo para a saúde
estética, a partir do momento que se entenda a necessidade da exposição dos seus serviços.

1.2.2 Bioética
No que diz respeito à bioética, são impostas aos profissionais da área, no capítulo II do Có-
digo de Ética, normas para resguardar a profissão e os profissionais.
Cabe ao biomédico esteta exercer a profissão com zelo e probidade, sempre de forma legal;
observar as boas práticas no exercício da profissão; guardar sigilo profissional e respeitar os
demais colegas de profissão, conforme menciona o Artigo 4 do Código de Ética:
Art. 4o – Obriga-se o biomédico a:

I – Zelar pela existência, fins e prestígio dos Conselhos de Biomedicina, dos

mandatos e encargos que lhe forem confiados e cooperar com os que forem

investidos de tais mandatos e encargos;

II – Manifestar, quando de sua inscrição no Conselho, a existência de qualquer

impedimento para o exercício da profissão e comunicar, no prazo de trinta dias,

a superveniência de incompatibilidade ou impedimento;

III – Respeitar as leis e normas estabelecidas para o exercício da profissão;

IV – Guardar sigilo profissional;

V – Exercer a profissão com zelo e probidade, observando as prescrições legais;

VI – Zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional;

VII – Representar ao poder competente contra autoridade e funcionário por

falta de exação no cumprimento do dever;

VIII – Pagar em dia as contribuições devidas ao Conselho;

IX – Observar os ditames da ciência e da técnica, bem como as boas práticas no

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 29


exercício da profissão;

X – Respeitar a atividade de seus colegas e outros profissionais;

XI – Zelar pelo perfeito desempenho ético da Biomedicina e pelo prestígio e

bom conceito da profissão (CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA, 2014).

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
pontue os pontos positivos e negativos das resoluções estudadas. Nos pontos negativos, faça
uma sugestão para a melhoria do trabalho do profissional biomédico esteta. Para essa produ-
ção, considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Estimado aluno, estamos encerrando o primeiro capítulo. Até o momento, conseguimos
perceber a importância de um conselho de classe ao profissional biomédico esteta, pois é o
conselho que determina os limites a que podemos chegar. Observamos que, com o crescimen-
to da saúde estética, foi necessário a formulação de várias resoluções, pelas quais estamos
amparados legalmente perante a justiça e a sociedade.
Na primeira pausa para refletir, pensamos sobre a importância das funções do Conselho
para a sociedade. Sobre isso, podemos chegar a alguns pontos, como o fato da garantia de
profissionais devidamente habilitados e cadastrados no Conselho. Dessa forma, sempre que
um paciente quiser conferir a especialidade do profissional, o conselho poderá transmitir da-
dos fidedignos. A fiscalização também é muito importante, pois, através dela, apenas os es-
tabelecimentos idôneos poderão atuar com segurança e de forma regular perante os órgãos
públicos e profissionais.
Observamos que o profissional biomédico esteta tem competência e conhecimento para
desenvolver todos os procedimentos descritos em cada resolução, como o manejo de equipa-
mentos de alta tecnologia e procedimentos minimamente injetáveis. Podemos perceber que a
única habilitação da Biomedicina autorizada a realizar prescrições é a área da estética, dando
a oportunidade aos profissionais de enriquecer os atendimentos à população.
Na segunda pausa para refletir, refletimos sobre a importância da prescrição tanto para os
profissionais quanto para os pacientes. Sobre isso, salienta-se que os profissionais passam a
ter à sua disposição várias substâncias que potencializam os protocolos realizados em cabine.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 30


Já o paciente pode realizar uma manutenção em sua residência, prolongando os efeitos do
tratamento realizado em consultório e com resultados muito mais satisfatórios.
Vimos, por fim, que o Código de Ética é um documento importante para o profissional da
área e deve ser respeitado, mesmo quando em discordância sobre seu teor.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 31


Referências bibliográficas
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Código de ética – Resolução nº 198 – 21 de fevereiro
de 2011. Brasília: CFBM, 1984.
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução nº 197 – 21 de fevereiro de 2011. Brasília:
CFBM, 1984.
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução nº 200 – 01 de julho de 2011. Brasília:
CFBM, 1984.
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução nº 214 – 12 de abril de 2012. Brasília: CFBM,
1984.
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução nº 241 – 29 de maio de 2014. Brasília:
CFBM, 1984.
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. Manual de orientações básicas para prescrição mé-
dica. João Pessoa, 2009. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/regional/crmpb/ma-
nualprescricao.pdf>. Acesso em: 02 dez. 2018.
REVISTA DO BIOMÉDICO. Biomedicina estética no alvo da fiscalização. São Paulo, n. 121,
ago.-set./2018. Disponível em: <https://crbm1.gov.br/site/wp-content/uploads/2018/08/revis-
ta121_f.pdf>. Acesso em: 02 dez. 2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 32


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Capacitar o aluno nos diversos ENDERMOLOGIA VIBRATÓRIA
• Propriedades
tratamentos faciais e corporais,
• Técnicas de aplicação
utilizando a eletroterapia como aliada
• Indicações e contraindicações na
na melhora da disfunção avaliada. saúde estética

ENDERMOLOGIA A VÁCUO
• Propriedades
• Técnicas de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

MICROCORRENTES
• Propriedades
• Parâmetros de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

CORRENTE RUSSA
• Propriedades
• Parâmetros de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 57


Contextualizando o cenário
A cada dia que passa, mais pessoas buscam nas academias e dentro das clínicas de es-
tética o que, para elas, simboliza o corpo perfeito. Por esse motivo, os profissionais da
saúde estética estão sendo solicitados, cada vez mais, para contribuir com essa busca.
Várias tecnologias são empregadas visando a melhoria das disfunções estéticas. A
eletroterapia faz parte desse rol tecnológico, contando com vários equipamentos que
atuam tanto no corpo quanto na face. O conhecimento correto da aplicação de cada
técnica leva a um resultado eficaz e satisfatório. Sendo assim, com quais tecnologias
podemos contar na eletroterapia básica? Em quais disfunções estéticas podemos em-
pregar essa técnica?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 58


3.1 Endermologia vibratória
A eletroterapia é uma técnica antiga que foi desenvolvida, em primeiro momento, para fi-
nalidades terapêuticas. Com o passar do anos e estudos sendo realizados sobre a tecnologia,
vários equipamentos foram desenvolvidos especificamente para a área estética, abrangendo
técnicas com objetivo de melhorar a circulação sanguínea, por meio de um aumento na oxigena-
ção e nutrição tecidual, promovendo também uma estimulação no metabolismo e ativando vá-
rios processos, tais como lipólise e síntese de
fibras colágenas e elásticas. Cada equipamen-
to possui suas particularidades, como o meca-
nismo de ação e parâmetros de aplicação, mas
todos, quando bem realizados, fornecem um
resultado positivo tanto nas disfunções faciais,
tais como flacidez; quanto nas disfunções cor-
porais, como celulite, gordura localizada, entre
outras. A eletroterapia conta com equipamen-
tos básicos e outros complementares. Os equi-
pamentos básicos que este capítulo irá abor-
dar são endermologia e correntes.
Quanto à endermologia vibratória, sendo uma tecnologia de origem francesa, trata-se de
um equipamento com atuação em um sistema que possibilita receber massagem em várias
direções, podendo ser em um sentido vertical e paralelo, mas nunca descendente, pois os mo-
vimentos precisam seguir o fluxo sanguíneo.
É um procedimento seguro e eficaz que traz benefícios e resultados desde o início do pro-
tocolo, podendo ser utilizado tanto para fins estéticos como para fins terapêuticos. Nessa oca-
sião, o enfoque será nas disfunções estéticas, e não terapêuticas, uma vez que os profissionais
da Biomedicina Estética realizam tratamentos com finalidade estética.

3.1.1 Propriedades
O equipamento da endermologia vibratória possui vários tipos de aplicadores, que são fa-
bricados com base de PVC. Para dar conforto ao paciente durante o procedimento, cada um tem
sua indicação, possibilitando, assim, vários tipos de movimentos e podendo atingir tecidos mais
profundos, como a musculatura.
Os aplicadores se dividem de acordo com a representação do Diagrama 1.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 59


Diagrama 1. Aplicadores da endermologia vibratória

Multipontas

Uma até
Aplicadores quatro
pontas

Côncavo

Figura 1. Tipos de aplicadores – aplicador multipontas. Figura 2. Tipos de aplicadores – aplicador de quatro pontas.

Figura 3. Tipos de aplicadores – aplicador côncavo.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 60


Os aplicadores de uma até quatro pontas podem ser utilizados para grandes regiões ou para
regiões pontuais. No caso das regiões maiores, utiliza-se o de quatro pontas, pois seu acopla-
mento é mais fácil, podendo assim mobilizar o tecido adiposo, remodelando o contorno corporal.
Com o de uma ponta, é possível trabalhar pon-
tos específicos, como planta dos pés e mãos.
Os aplicadores multipontas são utilizados em
grandes regiões, auxiliando não somente no
contorno corporal, mas também na FEG (Fi-
bro Edema Geloide). Já o aplicador côncavo é
utilizado para retenção hídrica, realizando um
bombeamento através de suas manobras.
A técnica está baseada nos conceitos de
condução e ressonância, com mais especificidade à água, pois é a maior porcentagem (90%)
da composição corporal, com ação da força e vibração, denominada, assim, de dupla força.
Ocorre também uma permeabilidade cutânea, o que facilita a penetração de ativos, aceleran-
do o resultado a ser obtido. É importante lembrar que, para a realização da técnica, é necessá-
rio um meio de condução para deslizamento da manopla e para facilitar a ação das manobras.
Este elemento de condução pode ser glicerina ou óleo corporal. Uma ótima opção é o óleo de
semente de uva.

ASSISTA:
Para melhor entendimento das manobras realizadas pelo equipamento, assista ao
vídeo Soin Jambes Minceur/slender Legs by Cellutec,, disponível no canal G5 Cellutec,
no YouTube.

O equipamento possui uma frequência de 60 Hz, sendo que o profissional pode diminuir e
aumentar esse valor de acordo com o objetivo a ser alcançado.
Os efeitos da endermologia vibratória no organismo humano são excelentes para os trata-
mentos de disfunções estéticas, tais como celulite e gordura localizada. Através de uma técnica
executada de forma adequada, é possível:
• Aumento da permeabilidade, facilitando a absorção de ativos;
• Troca metabólica entre os tecidos;
• Aumento da circulação sanguínea local e linfática;
• Aumento da oxigenação;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 61


• Melhora da nutrição tecidual;
• Melhora do tônus e da elasticidade da pele;
• Distribuição do tecido adiposo;
• Diminuição de aderências;
• Remoção de acúmulo de ácido lático na região dos músculos, realizando um relaxamento
durante a aplicação e também após.
Existem quatro fatores importantes em que a tecnologia se apoia:
• A escolha da ponteira;
• A angulação da ponteira durante a realização da técnica;
• A pressão que o profissional irá exercer na ponteira;
• A velocidade da vibração escolhida.
A pressão exercida é muito importante. Como o equipamento por si só já realiza uma pres-
são alta no tecido, atingindo camadas mais profundas, vale ressaltar que o profissional não
precisa aumentar essa pressão através dos seus movimentos, pois isso poderá deixar marcas,
dor ou hematomas.

3.1.2 Técnicas de aplicação


Para a realização da técnica, o profissional deve preparar a sala previamente, deixando tudo
organizado para o início da sessão. O paciente deve deitar na posição decúbito dorsal, quando
a região a ser tratada for a parte da frente do
corpo; ou decúbito ventral, quando a região a
ser tratada for a parte de trás do corpo.
De acordo com a disfunção, o profissional
deve realizar a escolha da ponteira, acoplar a
manopla e utilizar o meio de contato para o
deslizamento dos movimentos, podendo ser
óleo, cremes ou até mesmo glicerina. Ele deve
então escolher a frequência a ser trabalhada
e iniciar as manobras, que poderão ser: movi-
mentos circulares ou movimentos no sentido
do fluxo sanguíneo – ascendente. Figura 4. Aplicação.

O tempo em cada região dependerá do aparecimento dos sinais que precisam ser observa-
dos, como o aumento da temperatura local e hiperemia. Geralmente, esse tempo varia de 20 a
30 minutos por região.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 62


3.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
A endermologia vibratória é um excelente procedimento para auxiliar as massagens ma-
nuais. As disfunções estéticas em que a técnica pode ser aplicada são:
• Lipodistrofia ginoide;
• Gordura localizada;
• Retenção de líquidos;
• Textura da pele;
• Relaxamento muscular.
Na lipodistrofia ginoide, a melhora ocor-
re devido ao aumento da nutrição tecidual e
também da oxigenação, afinal, sabe-se que
um tecido bem nutrido e oxigenado é um teci-
do bonito e saudável. Já na gordura localizada,
através da vibração, pressão e manobras rea-
lizadas, ocorre uma mobilização da gordura
no local da aplicação, sendo possível delinear
a região, proporcionando um contorno corpo-
ral mais harmônico. Para a retenção de líqui-
dos, o aumento da circulação sanguínea com
a ativação das vias linfáticas estimula a eliminação de líquidos e toxinas em excesso presentes
no organismo. A textura da pele torna-se mais aveludada, pois o aumento da oxigenação e
nutrição também colaboram para essa melhora. Alguns detalhes são importantes, levando em
consideração os movimentos realizados e o produto utilizado como meio de contato. Como a
permeabilidade capilar aumenta, a penetração dos ativos presentes também aumenta, melho-
rando a aparência da pele e tornando-a mais hidratada e macia.
Porém, nem todas as pessoas podem realizar a técnica. São os casos de indivíduos com
feridas abertas no local da aplicação, contusões, varizes ou microvasos, fraturas, articulações
inflamadas, tumores não diagnosticados, problemas cardiovasculares (como trombose), ges-
tação e cirurgias recentes.

PAUSA PARA REFLETIR


Conhecendo a tecnologia vibratória e sabendo das contraindicações na realização da técnica,
por que não é permitida a realização do procedimento em pacientes com microvasos?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 63


3.2 Endermologia a vácuo
A endermologia a vácuo foi relatada na
década de 1970 com seu uso na parte tera-
pêutica. Alguns anos depois, com a realização
de alguns estudos, deu-se o início de sua utili-
zação na área estética. Ela é realizada confor-
me o próprio nome diz: uma sucção de pele,
tecido subcutâneo, além de componentes
vasculares e linfáticos, desencadeando diver-
sos fatores benéficos aos tecidos e colaborando para a melhora nas disfunções estéticas.
É sabido que há 3.000 anos essa técnica era utilizada de maneira mais rudimentar pelos
chineses, com finalidade terapêutica, como a cura de algumas patologias. Hoje, a técnica é uti-
lizada de maneira mais tecnológica, através da criação dos equipamentos.

3.2.1 Propriedades
O equipamento de endermologia a vácuo
realiza uma aspiração dos tecidos através de
dois rolos situados na manopla do equipa-
mento, também chamada de ventosa ou ma-
nípulos. Com a presença desses rolamentos,
é possível realizar uma manobra de dobra-
mento tecidual, auxiliando, juntamente com
a sucção, na melhora em disfunções tanto
estéticas quanto corporais e faciais. Figura 5. Rolamentos.

Figura 6. Esquema da sucção. Fonte: Ibramed, 2015. Acesso em: 09/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 64


A associação de sucção e dobramento é denominada de pressão negativa, na qual o maní-
pulo possui a função de “apalpar-sugar-rolar”, realizada por movimentos padronizados e con-
tínuos. O vácuo obtido durante os movimentos permite que o profissional alcance camadas
mais profundas, desta maneira, a atuação ocorre tanto no tecido subcutâneo quanto no sis-
tema circulatório e linfático, eliminando toxinas e melhorando a capacidade nutritiva e de oxi-
genação do tecido, restabelecendo, assim, um equilíbrio hidroeletrolítico no organismo. Tudo
isso só ocorre devido ao desnível de pressão, ou seja, a pressão negativa exercida nos tecidos,
melhorando o tônus tissular e realizando uma mobilização no tecido adiposo.
A mobilização adiposa ocorre com a desorganização dos adipócitos e rompimento dos nó-
dulos que caracterizam a celulite, melhorando o aspecto da pele e o contorno corporal.
A pressão negativa pode chegar a uma sucção a vácuo de 600 mmHg, formando assim uma
bomba, capaz de sugar o ar e o tecido de acordo com o objetivo a ser alcançado. A aspiração
poderá ser realizada de modo contínuo ou pulsado e os efeitos fisiológicos esperados são:
• Vascularização – melhorando a circulação sanguínea e realizando maior aporte de oxigê-
nio e nutrientes para o tecido, além de aumentar o metabolismo local, reduzindo o tamanho
dos adipócitos de maneira significativa;
• Tonificação tissular – através da técnica aplicada, ocorre uma estimulação na produção
de colágeno e elastina, podendo ser aplicada não somente no corpo, mas também na face;
• Diminuição na quantidade de líquidos corporais – através da ativação das vias linfáticas,
ocorre aumento e maior facilidade na eliminação de líquidos e toxinas do organismo.

3.2.2 Técnicas da aplicação


Para a realização da técnica, é necessá-
rio que o paciente retire todos os acessórios,
como pulseiras, colares, piercing, entre outros.
Com o paciente deitado, selecione a vento-
sa a ser utilizada, de acordo com a região em
que será realizada a técnica; selecione o parâ-
metro da pressão que irá utilizar, o tempo da
sessão e o tipo de sucção – pulsada ou contínua. Geralmente, o tempo da sessão varia entre
20 e 30 minutos por região. No início e no fim da sessão, existe a necessidade de abrir e fechar
os gânglios linfáticos. Para isso, o protocolo é iniciado com a depressomassagem pulsada; em
seguida, altera-se para contínuo e os movimentos são realizados em uma direção específica,
sempre a favor das fibras musculares e linhas de clivagem da pele – no sentindo distal-proximal.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 65


O profissional nunca deve realizar movimentos em regiões com presença de varicoses, varizes e
equimoses. Para encerrar, a sessão volta ao modo pulsado para o fechamento ganglionar.
Para o deslizamento, é necessária a utiliza-
ção de um meio de contato, podendo ser óleos,
cremes e glicerina. Porém, é preciso cuidado
com o excesso, pois a infiltração destes meios
para o interior do equipamento pode acarretar
danos a ele. Não há um número específico de
movimentos em cada local e, para mudar de re-
gião, existe a necessidade de visualizar alguns
sinais, como hiperemia e aumento da tempera-
tura. Isso difere de pessoa para pessoa e, por
Figura 7. Linhas de clivagem da pele. Fonte: Júnior, s/d.
isso, não há como especificar um número. Acesso em: 20/12/2018.

Ao finalizar a sessão, deve-se desligar o equipamento de forma adequada, realizar a assep-


sia do paciente e liberá-lo. O equipamento deverá ser higienizado no término de cada sessão,
evitando assim o acúmulo de produtos e um dano posterior.

3.2.3 Indicações e contraindicações na saúde estética


As indicações da endermologia a vácuo para finalidade estética são:
• Lipodistrofia ginoide;
• Estrias;
• Rugas;
• Retenção de líquidos;
• Gordura localizada;
• Envelhecimento cutâneo;
• Produção de colágeno e elastina.

ESCLARECIMENTO:
A realização da endermologia a vácuo estimula a produção de fibras colágenas
e elásticas em pacientes com índice leve de flacidez tissular, não sendo capaz de
aumentar uma flacidez devido à sucção e dobramento da pele. Porém, em pacientes
que já apresentam níveis de flacidez de moderado a severo, a realização da técnica
de maneira errônea poderá agravar o estado em que a pele se encontra.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 66


Algumas restrições precisam ser respeitadas, pois o não cumprimento delas pode acarretar
danos futuros ao paciente. São elas:
• Lesões cutâneas na região da aplicação;
• Alterações cardíacas;
• Fragilidade capilar;
• Trombose;
• Portadores de marca-passo;
• Gestantes e lactantes;
• Processos infecciosos;
• Seios carotídeos;
• Flacidez tissular em grau avançado.

3.3 Microcorrentes
A microcorrente pode ser representada também pela sigla MENS, que significa Microcur-
rent Electrical Neuromuscular Stimulation. O uso das MENS teve início através de aplicações
com finalidades terapêuticas, como auxílio
no processo de cicatrização de feridas. Po-
rém, com o avanço nos estudos, a técnica
hoje também é utilizada com finalidade esté-
tica. Sua atuação na saúde estética se dá em
prol do reparo tecidual, melhorando assim
as disfunções em que existe necessidade da
estimulação da neocolagênese.
A tecnologia emite correntes elétricas de baixa intensidade, de modo muito similar aos si-
nais elétricos do corpo humano, podendo desencadear uma série de fatores benéficos no pro-
cesso de reparação tecidual.

3.3.1 Propriedades
O corpo humano, em estado saudável, realiza emissão de correntes elétricas pelo orga-
nismo como um todo. Estas correntes possuem participação direta nas funções celulares e,
para que o corpo consiga realizar essa função, sinais magnéticos denominados de bioeletre-
cidade realizam um contato entre as células. Dessa maneira, elas desenvolvem com eficácia
o recebimento, decodificação e ação sobre os sinais recebidos. Com o passar dos anos, esse

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 67


fluxo de emissão elétrica começa a sofrer danos e a capacidade em armazenar as cargas
elétricas diminui, desencadeando uma série de fatores prejudiciais ao organismo humano.

Diagrama 2. Fatores desencadeantes para diminuição do armazenamento de cargas elétricas

Diminuição da capacidade
Interrupção Aumento de resistência
de armazenamento de
elétrica ao fluxo elétrico
cargas elétricas

Deterioração na
função e capacidade Comprometimento na
de resposta da pele síntese de proteínas

Diminuição da Diminuição na produção Diminuição na


oxigenação tecidual do colágeno e elastina renovação celular

As microcorrentes intervêm na desestabilização celular que ocorre no corpo humano


através de uma corrente de intensidade baixa na faixa de microampères, visto que esta é a
mesma faixa emitida no organismo humano, sendo compatível a ele.
Por emitir sinais compatíveis aos sinais do corpo humano, ocorre um efeito compensató-
rio na bioeletrecidade que está danificada a nível celular. Dessa maneira, ocorre um forne-
cimento de elétrons e prótons, acelerando o aumento na produção da adenosina trifosfato
(ATP), que pode chegar a uma estimulação de até 500%. O estímulo ocorre através da despo-
larização celular, emitindo um sinal de ação à membrana mitocondrial e atuando diretamen-
te no ciclo de Krebs.
O aumento significativo na produção de ATP favorece a capacidade do organismo de rea-
lizar funções importantes à reestruturação celular, tais como:
• Aumento no transporte de nutrientes para células danificadas;
• Aumento na síntese de proteínas;
• Aumento na eliminação de toxinas;
• Alinhamento e estimulação na produção das fibras colágenas e elásticas;
• Reestruturação no mecanismo de reparação e regeneração tecidual.
A aplicação da técnica é realizada por sondas em formato de bastonetes.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 68


Figura 8. Sonda de aplicação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/12/2018

A aplicação da microcorrente pode ser realizada por uma estimulação fixa ou uma estimu-
lação móvel. A mais utilizada é a móvel, promovendo resultados satisfatórios, com melhora da
reestruturação da pele e dos músculos.

3.3.2 Parâmetros de aplicação


Para a realização da técnica, é preciso programar o equipamento de acordo com o objeti-
vo a ser alcançado. A programação consiste em: tempo da sessão, intensidade e frequên-
cia a ser utilizada.
A frequência pode variar de 0,3 a 500 Hz, definindo o plano de atuação, sendo que quanto
mais baixa a frequência, maior a profundidade de penetração da corrente. Indica-se que,
para a região muscular, a frequência seja ajustada entre 0,5 e 50 Hz; no caso do tecido sub-
cutâneo, esse valor deve estar entre 100 e 150 Hz; na derme reticular, indica-se entre 200 e
250 Hz; na derme papilar, 300 Hz; e na epiderme, 500 Hz.
Já a intensidade atua no efeito desejado, sendo que os valores de 50 - 150 µA são para
estimulação, o valor de 300 µA é para nutrição e 500 µA é para normalização, ou seja, ajuste
do potencial da membrana.
O tempo de sessão pode variar de 10 até 40 minutos.
Os movimentos realizados com as sondas são de suma importância para atingir o efeito
desejado: eles podem ser sempre ascendentes, acompanhando as fibras musculares ou
por meio de movimentos de encurtamento muscular, a fim de estimular a tonicidade da
região. Os movimentos são feitos de fora para dentro, como se as sondas fossem se en-
contrar no centro.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 69


ASSISTA:
Para um melhor entendimento dos movimentos realizados na técnica da
microcorrente, assista ao vídeo Stimulus Face MENS Movel,, disponível no canal CAPPE
material médico-hospitalar, no YouTube.

Figura 9. Movimento das sondas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/12/2018.

A programação sempre é dividida em três fases:


• Primeira fase: o início da sessão será pela normalização, pois, no primeiro momento, é neces-
sário um estímulo no potencial da membrana, mantendo de 10 a 20 minutos nesse parâmetro;
• Segunda fase: em seguida, muda-se a programação para a tonificação da região, man-
tendo de 10 a 15 minutos nesse parâmetro;
• Terceira fase: será a nutrição tecidual, podendo ser chamada também de fase iontofo-
rética, mantendo de 5 a 10 minutos nesse parâmetro.

3.3.3 Parâmetros de aplicação


As indicações na utilização das microcorrentes na estética são:
• Rejuvenescimento facial: com a ativação do metabolismo celular, a estimulação ocor-
rida nos fibroblastos irá aumentar a síntese de colágeno e elastina. Assim, a vascularização
aumentada facilitará a nutrição e oxigenação tecidual e a ação na tonificação muscular, sen-
do também um auxílio na ptose facial;
• Acne: com a estimulação da regeneração e cicatrização tecidual, a pele com acometi-
mento de acne pode apresentar melhoras no quadro;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 70


• Pós-peeling: a estimulação da regenera-
ção tecidual e a ação anti-inflamatória favo-
recem a recuperação da pele;
• Retenção de líquidos: devido à estimu-
lação da vascularização linfática e também
venosa, a eliminação de líquidos e toxinas
são favorecidas;
• Celulite: com a ação anti-inflamatória e
estimulação da circulação sanguínea, favorecendo nutrição e oxigenação, o tecido acometi-
do pelos nódulos da celulite apresenta melhorias;
• Estrias: devido à reestruturação e estimulação das fibras de colágeno, a aparência das
estrias, no que diz respeito ao calibre e textura, é amenizada.
Como qualquer procedimento, existem as restrições para a realização do protocolo, sen-
do elas:
• Gestantes;
• Lactantes;
• Próteses metálicas;
• Marca-passo;
• Neoplasias;
• Osteomielite;
• Psoríase;
• Infecções.

3.4 Corrente russa


Os primeiros relatos sobre a corrente russa se deram por volta da década de 1970, atra-
vés dos estudos de Kots, quando ele utilizou a corrente russa para fortalecimento muscular
em atletas russos. Em seus estudos, Kots demonstrou um aumento de até 40% na força
muscular, despertando os olhares de estudiosos ocidentais pela tecnologia.
Nos anos 1980, a utilização da corrente russa foi muito útil para astronautas soviéticos,
pois os estudiosos perceberam que podiam estimular mecanicamente a musculatura dos
cientistas, visto que, ao retornarem para a Terra, os astronautas tinham a musculatura total-
mente debilitada.
A corrente russa é uma eletroestimulação neuromuscular, representada pela sigla EENM,
em que ocorre uma estimulação nos nervos motores a uma frequência média de 2.500 Hz.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 71


Dendritos coletam sinais

Junção neuromuscular

Axônios passam sinais

Fibra muscular

Figura 10. Nervo motor. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/12/2018.

Essa estimulação causa uma despolarização da membrana, realizando uma indução à con-
tração muscular e tendo como resultado o fortalecimento muscular.

3.4.1 Propriedades
A corrente russa tem sua formação através do que denominamos como trens de impul-
so. Para que isto ocorra, é necessária a ação de uma corrente específica, podendo ser a cor-
rente retangular ou senoidal, bipolar ou simétrica.

a
+

0
t

-
0 90 180 270 360

Figura 11. Corrente senoidal e bipolar. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 72


A frequência emitida pela corrente russa é de 2.500 Hz, porém, é modulada pelas ondas e
tem variação de 50 a 80 Hz.
Para o sucesso na aplicação da corrente russa, é preciso lembrar aspectos fisiológicos
musculares. É sabido que o sistema muscular esquelético é o responsável principal pelos
movimentos do organismo humano. Sua constituição é dada por células alongadas com uma
grande quantidade de filamentos proteicos, compostos pela actina e miosina, sendo as res-
ponsáveis pela contração. São classificados em dois tipos de fibras: tipo I, contração lenta;
e tipo II, contração rápida.

ASSISTA:
Para relembrar o processo de contração muscular intermediado pela actina e pela
miosina, assista ao vídeo Contração muscular,, disponível no canal 5 minutos de bio,
no YouTube. De forma bem lúdica, o vídeo explica todo o processo.

Quando ocorre a contração, os filamentos de actina e miosina deslizam um sobre o outro,


através de pequenas projeções situadas na extremidade dos filamentos da miosina, forman-
do ligações com os filamentos da actina e estimulando o músculo a realizar a contração. A
contração esquelética é voluntária, e, quando acionado, o músculo é contraído, levando a
entender que os músculos são altamente excitáveis.
Dessa forma, a eletroestimulação realiza, através de estímulos motores, a contração mus-
cular da mesma forma que ocorre quando é de maneira voluntária. Uma das vantagens da
estimulação elétrica é poder ter um número maior de contrações musculares sem desenca-
dear a fadiga, aumentando assim a massa muscular.
A EENM é uma tecnologia que simula o pulso elétrico nervoso. Contraindo o músculo, sem
acionar verdadeiramente o sistema nervoso, o estímulo ocorre nos pontos motores da mus-
culatura. Estes pontos são regiões de gatilho para a contração mecânica, pois são áreas nas
quais se encontra maior excitabilidade da pele, sendo necessário um estímulo menor para
que haja a excitação neuromuscular.

PAUSA PARA REFLETIR


Conhecendo o mecanismo de atuação da corrente russa, como é possível tratar disfunções
estéticas que acometem o tecido adiposo, tais como gordura localizada e celulite?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 73


3.4.2 Parâmetros de aplicação
A corrente russa realiza a contração tanto das fibras vermelhas quanto das fibras brancas,
porém, é necessário realizar a estimulação dos grupos musculares corretamente para ob-
ter resultados satisfatórios.
O equipamento é composto por canais em
que ocorrem a ligação dos eletrodos à pele
do paciente. Entre a pele e o eletrodo, é obri-
gatório o uso de gel como meio de contato.
A técnica da corrente russa tem como
base o conhecimento de alguns parâmetros,
como tempo de contração e relaxamento.
O tempo de contração é caracterizado
Figura 12. Canais e eletrodos. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
pela sigla ON, e é o tempo em que o trem de 20/12/2018.

pulso está correndo para a contração muscular. Já o tempo de relaxamento é caracterizado


pela siga OFF, e ocorre quando o trem de pulso cessa a contração.
A emissão da onda é realizada numa faixa de 50 Hz, pois é a mesma frequência de uma
contração voluntária.

DICA:
Para uma melhor elucidação dos parâmetros utilizados na programação da corrente
russa, leia o artigo Parâmetros de modulação na eletroestimulação neuromuscular
utilizando corrente russa,, disponível na edição do primeiro semestre de 2007 da
revista Fisioterapia Ser.

A forma de aplicação também é importante e a classificação ocorre da seguinte forma:


• Recíproco (R): essa forma age de forma alternada, programando metade do número de
canais para contração. Enquanto a outra metade está em relaxamento, o tempo ON será o
mesmo do tempo OFF, por exemplo: contração de 6 segundos, relaxamento de 6 segundos;
• Sincronizado (S): essa forma atua de maneira conjunta, todos os canais contraem e
relaxam ao mesmo tempo. Nesse modo, o tempo ON e o tempo OFF podem ou não ser do
mesmo valor, exemplo: tempo ON 6 segundos, tempo OFF 3 segundos;
• Sequencial (Q): atuação em sequência, do menor para o maior, o tempo de contração e
repouso serão iguais;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 74


• Contínuo (C): eletroestimulação sempre estável e constante, sem tempo predefinido.
Existe também o tempo de subida (RISE) e descida (DECAY), que precede e sucede a con-
tração muscular, geralmente programados entre 2 e 3 segundos cada um.

Contração

Subida Descida

Relaxamento

Figura 13. Esquema de atuação da corrente russa.

Os eletrodos devem ser acoplados nos pontos motores, a fim de facilitar a excitação muscular.

Figura 14. Pontos motores. Fonte: Esteticmed. Acesso em: 12/12/2018.

Depois dos eletrodos posicionados e parâmetros ajustados, a sessão se inicia, podendo le-
var de 20 a 45 minutos, sendo ideal a realização diária ou, pelo menos, três vezes na semana,
para atingir um resultado eficaz.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 75


3.4.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
As indicações da eletroestimulação neuromotora na saúde estética são:
• Flacidez muscular;
• Fortalecimento;
• Gordura localizada;
• Celulite;
• Retenção de líquidos.
As contraindicações ocorrem por meio de pacientes gestantes, lactantes, fraturas ósseas
recentes, marca-passos, neoplasias, infecções ou inflamações, lesões musculares e miopa-
tias que impeçam a contração muscular.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore um
mapa conceitual do capítulo contendo as principais ideias abordadas. Como base, utilize as
leituras básicas e complementares realizadas ao longo dos seus estudos.

Recapitulando
Prezado aluno, finalizamos mais um capítulo. Pudemos observar, no Capítulo 3, a diversi-
dade de tecnologias existentes na eletroterapia básica. Percebemos que muitas disfunções
estéticas podem ser amenizadas com tais procedimentos.
No caso das endermologias, podemos perceber uma divisão em dois tipos – vibratória e a
vácuo. Cada uma delas atua na mobilização do tecido adiposo, porém, a vibratória age através
de condução e ressonância e a tecnologia a vácuo age através da pressão negativa. Na en-
dermologia vibratória, observamos que existem restrições para a realização da técnica, como
discutimos na primeira pausa para refletir. Pessoas com presença de microvasos são contrain-
dicadas, pois a pressão exercida no tecido aumenta a fragilidade capilar, e, consequentemente,
gera um aumento da proliferação dos vasos.
Nas correntes, observamos que as microcorrentes são excelentes para tecidos que estão com
deficiência na oxigenação e nutrição tecidual. Com o aumento da circulação, essas deficiências con-
seguem ser sanadas, além de garantir a diminuição da retenção de líquidos e eliminação de toxinas.
Por fim, vimos a corrente russa, com atuação na camada muscular, realizando uma tonifica-
ção e fortalecimento muscular. Porém, como pudemos observar na segunda pausa para refletir,

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 76


mesmo tendo uma especificidade na região muscular, conseguimos melhorar o quadro de ce-
lulite e gordura localizada quando utilizamos a eletroestimulação neuromuscular como coad-
juvante, pois a carga elétrica liberada no organismo ativa a circulação corporal, melhorando a
eliminação de líquidos, estimulando o metabolismo e, consequentemente, aumentado a lipólise.
Todas as técnicas estudadas requerem uma aplicação correta e definição de parâmetros
específicos para cada disfunção. Assim, obtemos funcionalidade e resultados significativos no
término dos protocolos.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 77


Referências bibliográficas
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corrente russa. Revista Fisioterapia Ser. Ano 2, n. 1, jan/fev/mar. 2007. Disponível em: <http://
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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 78


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STIMULUS FACE MENS MOVEL. Postado por: CAPPE material médico-hospitalar. (3min. 58s).
son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QjSmt9QwrGU>. Acesso
em: 20 dez. 2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 79


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Preparar o olhar do aluno para uma LUZ DE WOOD
• Mecanismo de ação
boa e correta avaliação da pele,
• Indicações
determinando com segurança a
disfunção mostrada pelo equipamento.
DERMATOSCÓPIO
• Mecanismo de ação
• Indicações

LEITOR DE UMIDADE, OLEOSIDADE E


ELASTICIDADE DA PELE
• Mecanismo de ação
• Indicações

PRINCIPAIS DISFUNÇÕES
• Rosáceas
• Acne
• Alterações pigmentares
• Rítides

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 33


Contextualizando o cenário
Na rotina diária de atendimentos aos pacientes, muitas vezes ocorrem situações em que
os profissionais não possuem alternativas para a realização de um diagnóstico preciso.
Indivíduos com disfunções patológicas precisam ser encaminhados ao dermatologista,
pois, se a análise incorreta for executada de maneira leviana, a situação pode se agravar.
Em casos de disfunções estéticas, a análise é importante para demonstrar ao paciente
segurança, conhecimento e, consequentemente, resultados eficazes. Sendo assim, qual é
a importância de uma análise de pele completa para a saúde estética do paciente?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 34


2.1 Luz de Wood
A anamnese é a primeira etapa para diagnosticar uma disfunção estética. Durante a entre-
vista com o paciente, é possível coletar dados correspondentes à saúde atual e tardia, trata-
mentos em andamento, alimentação e todos os aspectos da rotina diária de sua vida. Porém,
em determinados casos, a avaliação apenas a olho nu não é suficiente para afirmar qual a dis-
função presente. Para facilitar e tornar o diagnóstico fidedigno, os profissionais podem utilizar
equipamentos chamados de analisadores de pele.
Os analisadores fornecem informações mais aprofundadas sobre a pele avaliada, portanto,
é possível traçar um plano de ação mais certeiro e significativo.
Existem várias opções de analisadores de pele e um complementa o outro, são eles: Luz de
Wood (LW), dermatoscópio e os leitores de oleosidade, umidade e elasticidade da pele.
A Luz de Wood foi desenvolvida em 1903 por Robert Wood, um físico norte-americano.
Ele se baseou na fluorescência que a pele emite quando é iluminada por um comprimento
de onda. Essa luz é composta por lâmpadas de radiação ultravioleta fabricadas com vidros
de Wood, que são compostos por um arco de mercúrio onde é gerada a emissão da radiação
ultravioleta. São formados também por um filtro à base de silicato de bário e óxido de níquel,
de aproximadamente 9%.
O vidro de Wood tem uma opacidade, e isto é muito importante para o entendimento do
mecanismo de ação.
De modo geral, a lâmpada de Wood tem um custo-benefício muito bom por ser um equipa-
mento eficiente, de fácil utilização, investimento baixo, boa durabilidade, além de ser pequeno,
o que possibilita o transporte para vários locais.

Figura 1. Luz de Wood. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 35


2.1.1 Mecanismo de ação
A Luz de Wood é uma luz ultravioleta, do tipo A, com comprimento de onda longo. O vidro
da lâmpada é opaco e reage a quase todas as luzes, com exceção nos comprimentos de onda
que variam de 320 nm a 400 nm, tendo seu pico de absorção em 365 nm. A importância destas
características deve-se à base de ação da Luz de Wood – a fluorescência.
Esta, quando em contato com o tecido, gera um comprimento de onda que varia entre 340 nm
a 400 nm, derivada de alguns constituintes como colágeno, aminoácidos, elastina e a melanina
(mais especificamente seus precursores), muito parecida com o comprimento de onda da LW.
A camada da pele em que se encontra boa parte dos constituintes é a epiderme, principal-
mente no primeiro nível – o extrato córneo, embora possam ser encontrados constituintes
também em camadas mais profundas, como a derme. Portanto, a penetrabilidade da luz é de
maior intensidade nestas regiões. Entende-se, então, que a fluorescência nas regiões adjacen-
tes será maior, pois não haverá uma quantidade grande de absorção, como na melanina, por
exemplo, que está distribuída em sua grande maioria em camadas mais superficiais. Altera-
ções pigmentares na região epidérmica têm uma melhor visualização na LW, pois a melanina
absorve a radiação da LW, tornando toda região pigmentada mais escura e os tecidos a sua
volta mais iluminados. Já na melanina presente na derme, o contraste não é tão aparente, pois,
como a camada é mais profunda, existem interferências de outros constituintes, como o colá-
geno, e assim, diminui-se a fluorescência nos tecidos adjacentes. O exemplo citado mostra os
diferentes tipos de melasmas e suas profundidades. Sem a Luz de Wood, essa diferenciação
se torna impossível e o tratamento adequado depende de um diagnóstico preciso.
O oposto também ocorre: indivíduos com vitiligo não possuem pigmentação para absor-
ção da luz e, consequentemente, as regiões hipopigmentadas apresentam uma fluorescência
maior. A visualização da lesão, nestes casos, é na cor azul brilhante.
Outras colorações podem aparecer sob a LW, caracterizando outras alterações estéticas,
como indica o Diagrama 1.

Diagrama 1. Alterações na luz de Wood

ROXO
AZUL
MAQUIAGEM OU ESCURO
PONTOS NORMAIS
PROTETOR SOLAR E SAUDÁVEIS
LUZ DE
WOOD
ACNE E
COMEDÕES OLEOSIDADE
AMARELO LARANJA

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 36


Alterações patológicas também são visíveis na LW, porém, o biomédico esteta está auto-
rizado a tratar apenas disfunções estéticas. Caso haja indícios de alterações em algum nível
patológico, a recomendação é realizar o encaminhamento para o dermatologista.
O Quadro 1 apresenta alterações patológicas na LW.

Quadro 1. Achados na análise com Luz de Wood

PATOLOGIA ORIGEM FLUORESCÊNCIA

• Malassezia furfur • Fúngica • Cobre-alaranjado


• Tinea capitis • Fúngica • Azul-esverdeado
• Eritrasma • Bacteriana • Vermelho-coral
• Vitiligo • Alteração pigmentar • Azul brilhante
• Pitiríase versicolor • Fúngica • Amarelo-prateado

A avaliação deve ser realizada em um local


onde não haja presença de luz solar, assim, a
absorção da luz e a fluorescência serão visuali-
zadas com maior facilidade. E, mesmo se tudo
for realizado conforme o protocolo, vale ressal-
tar que a Luz de Wood apresenta seus limites,
como por exemplo, em indivíduos de fototipo
V e VI, de acordo com a classificação de Fitzpa-
trick. A LW é ineficiente nestes fototipos devido
a elementos de óptica. O uso de alopáticos tó-
Figura 2. Imagem mostrando coloração vermelho-coral, indicativo
picos e filtros solares são fatores que também
de eritrasma. Fonte: Surgical e Cosmetic Dermatology.
podem levar a um diagnóstico equivocado. Acesso em: 07/12/2018.

PAUSA PARA REFLETIR


Sabendo do uso da Luz de Wood quanto aos tipos de melasmas, quais são os existentes
e quais são suas diferenças?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 37


2.1.2 Indicações
A Luz de Wood é indicada para auxiliar no diagnóstico de várias disfunções, sejam elas
estéticas ou patológicas. Porém, o destaque neste momento será apenas para as indicações
estéticas, pois o profissional biomédico esteta só tem autorização para tratar disfunções 100%
estéticas. Qualquer comprometimento que a disfunção possa ter, o profissional precisa reali-
zar o encaminhamento para um dermatologista.
As indicações para a saúde estética são:
• Verificar a profundidade de uma pigmentação;
• Diferenciar um melasma dérmico de um melasma epidérmico;
• Examinar a oleosidade da pele;
• Examinar o ressecamento da pele;
• Verificar a presença de acne e comedões;
• Verificar lesões pigmentares.
Pode-se, então, através de um diagnóstico realizado pela Luz de Wood, traçar um protocolo
específico para a disfunção de cada paciente.

2.2 Dermatoscópio
O início da dermatoscopia foi em meados do século XVII, quando um microscópio foi utilizado
por Kohlhaus para visualizar vasos ungueais. O aprimoramento continuou no século XIX e lentes
de vidro foram utilizadas para examinar o lúpus vulgar, sendo que este exame foi realizado por
Unna. Nesta mesma época, observou-se que a utilização de um meio de contato, como o óleo de
imersão, tornava a camada epidérmica mais translúcida, facilitando a visualização do tecido-alvo.
No século XX, foi desenvolvido o primeiro equipamento binocular, por J. Saphier e, a partir
deste momento, uma nova nomenclatura foi criada: a dermatoscopia.
O dermatoscópio foi desenvolvido com o intuito de examinar as estruturas situadas em
camadas abaixo do estrato córneo, como da-
nos pigmentares na pele, e, principalmente,
na classificação de lesões benignas e malig-
nas. Esta diferenciação ocorreu pela primeira
vez em 1971, por Rona Mackie et al.
Esse meio de diagnóstico também pode
ser denominado de microscopia de superfí-
Figura 3. Dermatoscópio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018. cie ou microscopia de epiluminescência.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 38


2.2.1 Mecanismo de ação
A técnica empregada na dermatoscopia é a utilização de um dispositivo ótico que possui ca-
pacidade de aumento das imagens de seis até 400 vezes, porém, o mais utilizado clinicamente
é o equipamento de aumento em 10 vezes.
Atualmente, existem três tipos de dermatoscópios. O de maior utilização pelos profissionais
é um equipamento que conta com uma lâmpada halógena que realiza a emissão de um feixe
luminoso, atingindo a superfície tegumentar em uma angulação de 20º. Para diminuir o refle-
xo à luz, no que diz respeito à translucência da epiderme, é preciso adicionar entre o vidro e
a superfície cutânea um meio de contato, que pode ser óleo, glicerina, álcool gel, gel ou água.
O aumento da imagem torna possível a observação de características específicas nas dife-
rentes camadas da pele, como a epiderme e a derme, diferenciando aspectos decorrentes da
melanina e da hemoglobina.
O outro aparelho utiliza uma luz polarizada, em que não é necessária a utilização de qual-
quer tipo de meio de contato, tornando o exame mais rápido. Porém, neste caso, as cores
visualizadas podem ser adulteradas por conta da translucência.
A terceira opção é o dermatoscópio digital, um equipamento mais refinado, que aumenta
a imagem em até 70 vezes, tendo a capacidade, através de uma câmera digital, de capturar e
armazenar imagens e vídeos, possibilitando, assim, um acompanhamento da lesão e também
direcionando a uma discussão diagnóstica.

Figura 4. Dermatoscópio digital. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 39


As cores presentes nas imagens observadas no dermatoscópio são de suma importância
para a interpretação dos resultados. Geralmente, a melanina apresentará as seguintes cores:
azulado, preto e castanho. Já a hemoglobina caracteriza-se pelas cores vermelho e azulado.
Porém, as cores podem sofrer variações, dependendo da camada onde estiverem situados os
cromóforos.

Quadro 2. Associação das cores e profundidade tecidual

CAMADAS MALANINA – CORES HEMOGLOBINA – CORES

Córnea Preta –
Camada espinhosa Castanho-escuro –
Dermoepidérmica Castanho-claro –
Derme papilar e reticular Azul e cinza Vermelha

Para a obtenção de um resultado fidedigno, é necessário realizar a análise em um segmento


correto. No primeiro momento, existe a necessidade de diferenciar a lesão entre melanocítica
e não melanocítica. Se ficar determinado que a lesão é melanocítica, o segundo momento é
classificá-la entre benigna e maligna.

Diagrama 2. Diferenciação das lesões

NERVOS
BENIGNA MELANOCÍTICOS
LESÃO
PIGMENTADA

MALIGNA MELANOMA

MELANOCÍTICA

CARCINOMA BASOCELULAR,
NÃO CERATOSE SEBORREICA,
MELANOCÍTICA HEMANGIOMA,
DERMATOFIBROMA

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 40


Profissionais da Biomedicina Estética só poderão dar continuidade ao tratamento se o re-
sultado for uma lesão benigna, caso contrário, recomenda-se o encaminhamento imediato ao
profissional da dermatologia.
As características utilizadas pelo profissional biomédico esteta para determinar o tratamen-
to são: rede de pigmentação regular ou irregular, pseudópodes, estrias radiadas, áreas de
regressão, áreas de hipo ou hiperpigmentação e um véu azul-esbranquiçado. Para auxiliar nas
características, existe a regra ABCDE, representada na Fig. 5.

Conhecimento,
primeiro passo no combate ao melanoma!

Assimetria
Simétrico Assimétrico

Bordas Bordas regulares Bordas irregulares

Cores Uma cor só


Há diferentes cores
na pinta

Diâmetro Menor que 6mm Maior que 6 mm

Evolução Mudança de aparência

Figura 5. Características das lesões. Fonte: Site Juntos contra o melanoma. Acesso em: 04/12/2018.

Sendo assim, ao sinal de qualquer anomalia suspeita, o encaminhamento deve ser feito ime-
diatamente. Se o profissional da Biomedicina Estética insistir no tratamento de uma patologia,
estará infringindo a legislação e realizando exercício ilegal da profissão, sujeito a penalidades.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 41


2.2.2 Indicações
A dermatoscopia é um dos métodos de avaliação atual que apresenta o maior índice de acu-
rácia para diagnósticos de disfunções da pele. As alterações observadas pelo dermatoscópio
podem ser estéticas ou patológicas.
Na saúde estética, podemos contar com tal equipamento para as seguintes indicações:
• Alterações pigmentares
• Melasma dérmico
• Melasma epidérmico
• Efélides
• Nevos
• Lentigos
• Alterações vasculares
• Rosácea
• Poiquilodermia
• Ceratoses seborreicas
• Análise capilar
• Alopecia cicatricial
• Caspa e seborreia
• Falhas no couro cabeludo
• Estruturas
• Profundidades de rugas e sulcos
• Porosidade

Figura 6. Dermatoscopia capilar. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 42


Após a avaliação com o dermatoscópio, o diagnóstico torna-se preciso e, consequentemen-
te, com protocolos e resultados satisfatórios.

2.3 Leitores de umidade, oleosidade e elasticidade


Para uma pele ser considerada bonita e saudável, é necessário que os índices de oleosida-
de, hidratação e elasticidade estejam em equilíbrio. Os níveis de referência são:
• Umidade: acima de 50%;
• Oleosidade: abaixo de 30%.
Porém, ter o conhecimento dos níveis não é suficiente sem a possibilidade de realizar a
medição. Atualmente, podemos contar com os leitores de pele, nos quais conseguimos aferir
todos os itens citados (oleosidade, umidade e elasticidade).
Os leitores são pequenos e de fácil transporte e manuseio, facilitando, assim, o uso em con-
sultórios e clínicas de estética.

Figura 7. Leitor de oleosidade, umidade e elasticidade da pele. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

2.3.1 Mecanismo de ação


A técnica empregada nos leitores utiliza a tecnologia de impedância bioelétrica, ou bioim-
pedância.
O princípio da impedância bioelétrica é a associação de corrente elétrica e alta frequência

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 43


quando ocorre a passagem da alta frequência (geralmente o valor é de 50 kHz) e da corrente
elétrica de intensidade baixa por um condutor, sendo possível a análise dos compartimentos
corporais, pois o corpo humano é o condutor. A resistência desse condutor é medida pela
bioimpedância, adquirindo, assim, os resultados da análise.
A interpretação dos leitores, no caso da oleosidade e umidade, é em percentual. Desta
forma, é importante ter em mente os valores de referência. Já a elasticidade é sinalizada por
palavras – boa ou ruim.

ASSISTA:
Para entender melhor como funciona a interpretação dos resultados obtidos no
leitor, assista ao vídeo SkinUp - Leitor de Umidade, Oleosidade e Elasticidade da Pele
Pele,
disponível no YouTube, no canal Centro Técnico Flavia Mendes.

No fundo do visor, é possível observar uma coloração que pode variar em vermelho, verde
e amarelo.
A luz verde determina que, de modo geral, a pele está dentro dos parâmetros aceitáveis,
no entanto, precisa de cuidados básicos para melhorar ainda mais os índices. Esta pele possui
um leve desequilíbrio.
A luz vermelha indica um desequilíbrio total nos índices de oleosidade, umidade e elastici-
dade, indicando o início imediato de um protocolo corretivo.
A luz amarela indica uma pele em pleno equilíbrio entre os índices avaliados, o recomenda-
do é a realização de procedimentos apenas para manutenção da mesma.
Hoje, é utilizada uma metodologia chamada de gerenciamento de pele, e a hidratação é
um dos aspectos observados e analisados periodicamente. Por isso, a medição destes aspec-
tos é importante, pois a absorção de água só ocorre com níveis de oleosidade normais, ou seja,
uma pele que produz óleo em excesso terá dificuldade para absorver água.

PAUSA PARA REFLETIR


Muitas pessoas dizem que não fazem uso de hidratantes, pois a pele já é muito oleosa,
achwando que a pele com essa característica é um sinônimo de pele hidratada. Com o
conhecimento obtido até o momento, você acha que essa afirmação é verdadeira ou
falsa? Qual a justificativa?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 44


2.3.2 Indicações
Os leitores de pele podem ser utilizados em todas as partes do corpo, não se restringindo
apenas à face. Com o entendimento do que está ocorrendo na pele, a indicação de um proto-
colo estético se torna mais fácil e assertiva.
As indicações para o leitor são:
• Medida da oleosidade da pele;
• Medida da umidade da pele;
• Indicação da qualidade da elasticidade da pele.
Para pessoas com patologias que levam ao ressecamento excessivo da pele, como diabetes,
dermatites, psoríase, hipo e hipertireoidismo, essa análise é muito útil.

2.4 Principais disfunções


A pele é um órgão que sofre as mais variadas alterações. A degeneração ocorre predominante-
mente em regiões expostas às radiações. Com isso, disfunções pigmentares, vasculares e o apare-
cimento de marcas na pele tornam-se cada vez mais frequentes na sociedade. A análise da pele e o
diagnóstico preciso é fundamental para atingir resultados satisfatórios. Para isso, o conhecimento
da fisiologia dessas alterações é de suma importância durante a análise e o período de tratamento.

2.4.1 Rosácea
A rosácea é uma alteração vascular com presença de uma inflamação de alta cronicidade.
É possível perceber maior incidência em indivíduos do sexo feminino, acima dos 30 anos, com
fototipo I (pele e olhos claros), segundo classificação de Fitzpatrick, de descendência europeia.
Os indivíduos do sexo masculino também são acometidos e geralmente apresentam sinais e
sintomas mais exacerbados.
A disfunção, na maioria dos casos, acomete as regiões das bochechas, nariz e mento, po-
rém, dependendo do caso, são observados sinais no couro cabeludo, nas orelhas e no colo.
A gênese da disfunção ainda não foi elucidada, podendo ser multifatorial. Alguns fatores que
podem ser os desencadeantes da alteração, são:
• Fatores genéticos;
• Alterações psicológicas, como o estresse;
• Envolvimento de um ácaro – Demodex folliculorum;
• Envolvimento da bactéria – Bacilus oleronius.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 45


Figura 8. Indivíduo com rosácea. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

Em indivíduos que já possuem o diagnóstico da disfunção, os sinais podem se intensificar


através do consumo de alimentos com temperatura muito elevada, pimentas, consumo ex-
cessivo de bebida alcoólica, alterações nervosas, período menstrual e exposição excessiva às
radiações solares.
A rosácea apresenta sinais e sintomas, como a presença de um eritema insistente, edema local,
telangiectasias (proliferação de vasos sanguíneos), pápulas pustulosas que indicam o processo in-
flamatório intenso e, em casos mais raros, comprometimento ocular, como secura e irritação. Com
a observação desses sinais e auxílio do dermatoscópio, o diagnóstico é de fácil obtenção.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento da alteração denominada rosácea, assista ao vídeo
Rosácea - SBD Responde #7,, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, disponível no
site da SBD.

Até o momento, não existe nenhum método curativo para a rosácea, apenas controle dos
sinais. O controle deve ser realizado com o uso de filtros solares de alta proteção UVA e UVB,
sabonetes adequados, como os bactericidas, pomadas antibactericidas e antifúngicas. O sé-
rum à base de ácido azelaico é uma ótima opção e, em casos de recidiva, o uso de antibióticos
orais se torna necessário, geralmente utilizando a tetraciclina. Em consultório, o controle da
rosácea é realizado com sessões da Luz Intensa Pulsada.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 46


O tecido cutâneo de um portador da disfunção é extremamente sensível, então o uso de
produtos à base de álcool, procedimentos abrasivos e com alto poder de inflamação e peelings
químicos são contraindicados.
Com o diagnóstico realizado precocemente e os protocolos de controle cumpridos de ma-
neira correta, evita-se a progressão para formas mais graves e também controla-se os episó-
dios de surtos das lesões.

2.4.2 Acne
A acne é uma disfunção que acomete as glândulas sebáceas e folículos pilossebáceos atra-
vés de um processo inflamatório. As principais estruturas presentes na disfunção são as espi-
nhas e os comedões, conhecidos também como cravos, que surgem pelo bloqueio do orifício
de saída do folículo pilossebáceo. A obstrução e a proliferação podem ocorrer através da pre-
sença de um ácaro denominado de Demodex folliculorum, colonização da bactéria Propionibac-
terium acnes, acúmulo de secreções (sebo) e restos celulares.
A contabilização é de que aproximadamente 75% da população, durante alguma fase da
vida, tenha tido a presença de acne em alguma parte do corpo. A frequência maior é na fase
da puberdade, pois alterações no organismo ocorrem de forma abrupta, favorecendo o de-
senvolvimento da acne nos adolescentes. As alterações relacionadas à acne nessa fase são os
hormônios, classificados em andrógenos e estrógenos. A produção desses hormônios ocorre
pelos ovários, testículos e glândulas suprarrenais. Para iniciar a produção das glândulas sebá-
ceas, é necessária a presença de hormônios andrógenos produzidos na fase da puberdade. A
partir desse período, as glândulas sebáceas são estimuladas e a produção do sebo inicia, ge-
ralmente no couro cabeludo, peitoral, face e costas (regiões onde a presença da acne é maior).

ASSISTA:
Para um melhor entendimento da alteração denominada ACNE, assista ao vídeo
Cicatrizes de Acne - SBD responde #9, disponível no site da SBD.

No entanto, em outros momentos durante a vida, a acne pode ser desenvolvida, por fatores
como:
• Medicações;
• Disfunções hormonais;
• Períodos menstruais;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 47


• Estresse;
• Fatores genéticos;
• Hábitos alimentares;
• Patologias gastrointestinais.

PELE NORMAL APARECIMENTO DE ACNE

Epiderme

Derme

Camada
subcutânea

Figura 9. Folículo pilossebáceo com acne. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018.

As glândulas sebáceas em indivíduos com acne sofrem dilatação, produzindo, assim, mais
sebo, comparado a pessoas que não apresentam acne.
A acne pode ser classificada em graus de I até V, através da avaliação das lesões, utilizando-
se a Luz de Wood ou a dermatoscopia.

Quadro 3. Classificação da acne

GRAU CARACTERÍSTICA
I Sem inflamação, apenas presença de comedões.
II Com inflamação, lesões pápulo-pustulosas.
III Com inflamação, presença de nódulos e cistos.
IV Presença de nódulos inflamatórios, formação de abcessos e fístulas.
V Denominada acne fulminante, acompanha febre, dor articular e leucocitose.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 48


O tratamento da acne deve ser iniciado o mais breve possível, para não dar continuidade à
progressão da disfunção e manter seu controle. A questão estética é muito importante, pois
indivíduos com acne tendem a ter problemas psicológicos, como insegurança, timidez, o que
pode até a desencadear um processo de depressão.
O início do tratamento se dá com a utilização de produtos específicos para pele acneica,
sabonetes com ácido salicílico e ácido glicólico, que são uma excelente escolha, bem como cre-
me secativo à base de peróxido de benzoíla e retinoides, que podem fazer parte dos cuidados
diários em casa.
Outros procedimentos, como limpeza de pele regular, luz intensa pulsada, entre outros, são
opções realizadas em consultório, trazendo resultados excelentes.
Em casos mais graves, o encaminhamento para o profissional da dermatologia é imprescin-
dível, pois os antibióticos sistêmicos se farão necessários para o tratamento do paciente.

2.4.3 Alterações pigmentares


A disfunção, no que diz respeito à pigmentação, se dá pela produção excessiva de melanina,
que é produzida por células denominadas de melanócitos. A enzima tirosinase é responsável
pela oxidação da tirosina, aminoácido responsável pela produção dos dois tipos de melanina:
a eumelanina e a feomelanina.
A síntese ocorre conforme indicado no Diagrama 3.

Diagrama 3. Síntese da melanina

TIROSINA EUMELANINA

FEOMELAMINA
TIROSINASE HIDROXILAÇÃO

OXIDAÇÃO DHI DHICA


DOPA

TIROSINASE OXIDAÇÃO DOPAcisteína

DOPAquinona
PRESENÇA DOPAcromo
DE CISTEÍNA

CICLIZAÇÃO

Fonte: NICOLETTI et al., 2002. (Adaptado).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 49


O distúrbio na produção de melanina pode ser desencadeado por diversos fatores, como
alterações hormonais, ação dos raios ultravioleta e fatores genéticos.
As principais alterações pigmentares são:
• Melasma: também conhecido como
cloasma, a mancha é apresentada clinica-
mente de forma lisa, bordas regulares e to-
nalidade castanha uniforme. A formação
geralmente atinge testa, bochechas, nariz
e mento. É comumente observada em indi-
víduos do sexo feminino de fototipo III e IV,
segundo classificação de Fitzpatrick. As cau-
sas podem ser devido à exposição excessi-
va de raios ultravioleta e distúrbios hormo-
nais, como ocorre no período da gestação. É
classificada em três tipos, de acordo com a
profundidade acometida no tecido: melasma
dérmico, melasma epidérmico e melasma
misto. Trata-se de uma disfunção que não
Figura 10. Forma do melasma. Fonte: Shutterstock.
tem cura, apenas controle dos sinais. Acesso em: 10/12/2018.

• Efélides: Também conhecidas como sardas, de cor castanho-amarelada, são desenvolvi-


das pelo aumento da melanogênese, que pode ser desencadeada por fatores genéticos e ex-
posição solar sem proteção. Acometem, na maior parte das vezes, o rosto e o dorso das mãos:
áreas de maior exposição solar. Podem desaparecer ao longo da vida de maneira espontânea.

Figura 11. Efélides. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 50


• Lentigos: Conhecidos como manchas senis, a predominância ocorre em pessoas de
cor clara e mais maduras, após os 50 anos. A apresentação é em máculas redondas ou
ovais, bem definidas, de coloração castanho-escuro. As regiões de maior desenvolvimento
são as expostas pelo sol, como colo, mãos e face.

Figura 12. Lentigos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/12/2018.

• Hiperpigmentação pós-inflamatória:
A fisiopatologia dessa disfunção ainda não é
elucidada, mas sabe-se que a hiperpigmen-
tação pode atingir tanto a epiderme quanto
a derme. É considerada uma resposta nor-
mal do organismo após a regeneração de
uma alteração da pele, como a acne. Quan-
do a hiperpigmentação é no nível epidérmi-
co, a produção de melanina é aumentada e
transferida para os queratinócitos. Já quando
a hiperpigmentação é dérmica, consiste em
um dano na membrana basal, transferindo o
pigmento para regiões mais profundas, que
Figura 13. Hiperpigmentação pós-inflamatória. Fonte: Shutters-
depois sofrerão fagocitose pelos macrófagos. tock. Acesso em: 07/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 51


2.4.4 Rítides
As rítides são marcas na pele também chamadas de rugas. Começam a aparecer durante
o envelhecimento cutâneo, quando ocorre a diminuição na produção de colágeno e elastina e
absorção dos coxins adiposos da face, que são responsáveis pela firmeza e sustentação da pele.
O envelhecimento pode ser classificado em intrínseco e extrínseco. O envelhecimento intrínseco
pode ser chamado também de envelhecimento cronológico: é aquele que ocorre naturalmente
desde o momento do nascimento; a diminuição na produção das fibras colágenas e elásticas e a
produção dos radicais livres são fatores que contribuem para a progressão do envelhecimento.
Já o envelhecimento extrínseco é aquele que se inicia através de fatores ambientais, como a ra-
diação solar, o tabagismo, consumo excessivo de bebida alcoólica e poluição.

Quadro 4. Características do envelhecimento intrínseco

• Diminuição da capacidade de renovação celular


• Menos células de Langerhan (menos defesa)
• Menos melanócitos
EPIDERME • Diminuição da espessura
• Menor capacidade mitótica da camada basal
• Perda de consistência da junção dermo-epidérmica (sen-
sação de pele em excesso)

• Menor número de fibroblastos


DERME • Diminuição do número de proteínas (colagênio e elastina)
• Diminuição do número de células

• Despigmentação do pelo (branqueamento)


• Perda de pelo ou cabelo
ANEXOS • Diminuição da microcirculação
CUTÂNEOS • Diminuição da produção de suor e sebo
• Diminuição da sensação de estímulos (por perda dos corpúsculos
de Pacini e Meissner)

Fonte: Repositório Institucional UFP. Acesso em: 02/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 52


Quadro 5. Características do envelhecimento extrínseco

• Menos células de Langerhans (menos defesa)


• Alterações nos melanócitos resultando manchas senis
• Aumento da espessura. Espessamento actínico (ação do sol): resulta por
EPIDERME
aumento da mitose e menor descamação córnea
• Achatamento da lâmina dermo-epidérmica (sensação de excesso de pele)
semelhante ao intrínseco

• Alteração principal no nível das fibras


• Fibras de elastina sofrem processo de elastose solar proliferando de forma
amorfa
DERME
• Fibras de colagénio devido à estimulação de metaloproteínases aparecem
degradadas
• Fibroblastos em menor número

Fonte: Repositório Institucional UFP. Acesso em: 02/12/2018.

As rugas podem ser classificadas de acordo com a profundidade, textura da pele e nível de
flacidez. Podem ser denominadas como:
• Rugas atróficas;
• Rugas elastóticas;
• Rugas de expressão;
• Rugas gravitacionais.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore um resu-
mo do capítulo. Não esqueça de destacar as ideias abordadas. Como base para essa produção,
utilize as leituras básicas e complementares realizadas ao longo dos seus estudos.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando o Capítulo 2. Nele, pudemos observar a importância de
realizar uma análise da pele para chegar a um diagnóstico preciso da disfunção apresentada.
Observamos que o profissional da Biomedicina Estética conta com vários tipos de analisado-
res, podendo adquirir aquele que melhor se encaixa nas disfunções por ele tratadas. Existe
também a possibilidade de associar dois tipos de analisadores, deixando assim o diagnóstico

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 53


completo, como no caso das pigmentações que surgem na pele. O exame é o diferencial para
descobrirmos o tipo de disfunção e a profundidade que ela se encontra. Na primeira pausa
para refletir, observamos que, através da Luz de Wood, é possível diferenciarmos os tipos de
melasmas existentes: melasma dérmico, epidérmico e misto, desenvolvendo, assim, um proto-
colo eficaz para o tratamento e controle da disfunção.
Durante este capítulo, entendemos que algumas alterações não podem ser tratadas pelos pro-
fissionais da Biomedicina Estética, pois têm uma patologia associada a elas. Com isso, o encami-
nhamento para o dermatologista é de suma importância. O profissional biomédico esteta é capaz
de detectar essas alterações patológicas através de um analisador chamado dermatoscópio.
Na segunda pausa para refletir, observamos que alguns mitos ainda persistem na popula-
ção, como é o caso da hidratação versus a oleosidade da pele. Algumas pessoas acham que o
fato de ter a pele oleosa é sinônimo de pele hidratada, e entendemos que isso é incorreto, pois,
na verdade, uma alta produção de óleo na pele inibe a absorção da água, desequilibrando a
hidratação cutânea.
E, por fim, entendemos que, para realizar uma análise completa, não basta apenas entender
o mecanismo de ação dos equipamentos, mas sim a fisiopatologia das alterações cutâneas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 54


Referências bibliográficas
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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 55


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WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 56


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer as diferenças entre os ULTRASSOM
• Propriedades
vários tipos de correntes elétricas,
• Tipos de ultrassom e mecanismo de
ultrassom, radiofrequência, entre
ação
outros, indicando a melhor forma de • Indicações e contraindicações na
utilizá-los. saúde estética

RADIOFREQUÊNCIA
• Propriedades biofísicas
• Mecanismo de ação
• Parâmetros de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

PEELING MECÂNICO
• Tipos de peeling mecânico
• Técnica de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 80


Contextualizando o cenário
Com o crescimento das tecnologias na área da saúde estética e a obtenção de resultados
eficazes e seguros, muitos pacientes estão deixando de lado procedimentos cirúrgicos
e recorrendo a técnicas menos invasivas, não sendo preciso o afastamento das rotinas
diárias e obtendo uma recuperação imediata. Mesmo assim, o profissional da Biomedi-
cina Estética precisa saber os limites que as tecnologias alcançam e, se for necessário,
explicar ao paciente que os resultados obtidos não poderão ser comparados com resul-
tados de cirurgias plásticas. Hoje, para tratamento de acúmulo de gordura localizada,
por exemplo, os equipamentos como ultrassons têm mostrado resultados excelentes,
assim como técnicas para rejuvenescimento facial. Você sabe qual é o funcionamento
dessas tecnologias? E como elas podem auxiliar nas disfunções estéticas?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 81


4.1 Ultrassom
A eletroterapia, com o passar dos anos e com a realização de muitos estudos, foi se tornando
cada vez mais abrangente. Tecnologias com base nas correntes elétricas foram desenvolvidas, au-
xiliando cada vez mais no tratamento das disfunções estéticas. Atualmente, é utilizada por vários
segmentos da saúde estética, promovendo resultados efetivos para disfunções faciais e corporais.
O ultrassom é uma tecnologia desenvolvida em meados de 1917, por um estudioso deno-
minado Langevin, que criou sonares para ajudar no rastreamento de submarinos. Na década
de 1930, foi aprimorado e introduzido na área da saúde para reabilitação, como reparo de
lesões musculares, cicatrização de feridas e analgesia.
Na década de 1940, o uso do ultrassom foi iniciado na área da saúde estética, pois, com a
capacidade de produzir calor em camadas mais profundas e ativar o metabolismo, observou-
-se uma melhora nas disfunções estéticas que acometem o tecido adiposo.

4.1.1 Propriedades
O equipamento de ultrassom na saúde estética é utilizado para mobilização do tecido adi-
poso, pois realiza emissão de vibrações sonoras de alta frequência, superiores às frequências
audíveis pelos seres humanos.
As ondas sonoras são emitidas através de um cabeçote que possui um transdutor que é
capaz de se deformar quando existir um campo elétrico, ou seja, possui a capacidade de trans-
formar energia elétrica em vibrações através da compressão e expansão da matéria, originan-
do, assim, as ondas ultrassônicas. Este efeito é denominado de piezoeletricidade.
Para que as ondas sejam emitidas de maneira satisfatória, o transdutor precisa sempre
estar acoplado à pele, já que a emissão de ondas no ar é muito fraca e pode queimar o cristal
piezelétrico presente no transdutor.

Figura 1. Cristal piezelétrico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 82


Com a penetração das ondas ultrassônicas no tecido ocorre a formação de dois efeitos – o
térmico e o mecânico. O efeito térmico é gerado pelo atrito celular liberando calor. Com isso,
o metabolismo celular é estimulado, favorecendo a circulação sanguínea. Para que o efeito
térmico ocorra de forma satisfatória, é necessário um aumento de temperatura entre 40 e 45
ºC e a manutenção dessa temperatura por cinco minutos. Com o atrito que ocorre entre as
moléculas, esse valor é alcançado facilmente. No efeito mecânico ocorre uma micromassagem
celular e também uma melhora na permeabilidade cutânea, favorecendo, assim, a absorção de
ativos. Este processo pode ser chamado de fonoforese.
Para que tudo flua como o esperado, alguns parâmetros são de suma importância no ultrassom.
As ondas ultrassônicas são perturbações que podem ser desenvolvidas em meios sólidos,
líquidos e gasosos, porém, o desenvolvimento é muito melhor no meio sólido e líquido que no
meio gasoso. Ela pode ser classificada em dois tipos: ondas contínuas e ondas pulsadas.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento sobre a diferença dos tipos de ondas, assista ao
vídeo Qual a diferença entre Ultrassom pulsado e contínuo?,, disponível no canal
Estética Experts, do YouTube.

A onda contínua é aquela que não tem interrupção e é contínua pelo período de um tem-
po programado. Na onda pulsada a emissão se dá por rajadas, ou seja, são interrupções que
ocorrem durante o fluxo da onda. Entende-se, então, que o efeito térmico será muito maior na
onda contínua, enquanto na onda pulsada, o efeito mecânico será superior.
Outro parâmetro importante é a frequência utilizada. Na saúde estética utilizamos basica-
mente duas frequências – 3 MHz e 1 MHz. A diferença entre elas está no alcance das ondas,
a frequência de 3 MHz é mais superficial, atingindo uma profundidade de até 4 cm, já na fre-
quência de 1 MHz a profundidade alcançada é maior, podendo atingir até 8 cm.
Existem outros três efeitos que podem ocorrer na aplicação do ultrassom, porém, estes
precisam ser evitados. São eles: refração, reflexão e impedância acústica.
A refração é observada quando ocorre uma mudança na velocidade da emissão da onda no
momento em que esta precisa transpassar uma barreira para outro meio, alterando, então,
não somente a velocidade, mas também o comprimento de onda e sua direção.
A reflexão se dá quando a emissão da onda bate no meio e retorna ao ponto de origem, man-
tendo todas as características, como velocidade e comprimento de onda. Em seguida, pode se
originar uma onda secundária, com o dobro da intensidade e que pode provocar queimaduras.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 83


A impedância acústica é a facilidade ou dificuldade que a onda tem em penetrar o meio.
Cada tecido possui um valor de impedância acústica diferente, por isso, na aplicação do ultras-
som, é utilizado um meio de contato para facilitar a emissão da onda.

Luz
Reflexão

Refração

Figura 2. Refração e reflexão. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

Para evitar esses efeitos, o cabeçote do ultrassom precisa estar sempre acoplado ao tecido,
entre a manopla e a pele do paciente. O uso de um meio de contato é obrigatório, no caso do
ultrassom a escolha é o gel, por ser o que transmite com maior eficiência a onda ultrassônica.

Figura 3. Desacoplamento do cabeçote. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

Com relação ao tempo de aplicação, existem várias divergências de opiniões, porém, a mé-
dia estipulada é de 20 a 30 minutos por região.
O efeito mais importante que ocorre na aplicação do ultrassom é a cavitação, é ela que de-
senvolve todo o mecanismo de ação no tecido adiposo. A cavitação é classificada em dois tipos
– cavitação estável e instável.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 84


4.1.2 Tipos de ultrassom e mecanismo de ação
O ultrassom pode ser classificado basicamente em dois tipos – não focalizado e focalizado.
Os equipamentos de ultrassom não focalizados ainda são os mais disponíveis no mercado.
Já os de alta intensidade, conhecidos como ultrassom focalizado, simbolizado pela sigla HIFU,
ainda estão em crescimento no mercado da estética.
Os parâmetros entre eles são os mesmos, porém, a programação se torna diferente. A fre-
quência dos equipamentos HIFU é programada entre 1 e 2 MHz, tendo uma profundidade maior
alcançada. Mas a grande diferença entre eles está no tipo de cavitação e na emissão das ondas.

A B
Transdutor
focalizado
Transdutor
plano
Pele Pele

Gordura Gordura Área


focal
Músculo Músculo

Figura 4. Emissão das ondas. Letra A – ultrassom não focalizado. Letra B – ultrassom HIFU. Fonte: Ibramed. Acesso em: 07/01/2018.

A cavitação é um mecanismo em que ocorre a formação de nanobolhas no meio intracelular.

ASSISTA:
Para entender um pouco mais sobre como ocorre a formação das nanobolhas,
assista ao vídeo Ultracavitação,, disponível no canal Body Health Brasil, no YouTube.

A cavitação estável provê um efeito terapêutico normal e aceitável, em que as nanobolhas


oscilam entre o aumento e a diminuição de tamanho, mas permanecem intactas. Essa cavita-
ção é encontrada nos equipamentos não focalizados.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 85


Diagrama 1. Cavitação estável

CAVITAÇÃO
ESTÁVEL

COMPRESSÃO (PRESSÃO −) BOLHAS AUMENTAM E


EXPANSÃO (PRESSÃO +) OSCILAM DIMINUEM DE VOLUME

PROVÊ EFEITO EFEITO CONSIDERADO


TERAPÊUTICO NORMAL E DESEJÁVEL

Na cavitação instável, as nanobolhas realizam uma implosão no líquido intersticial do te-


cido adiposo e a quantidade de energia liberada é suficiente para gerar um dano tecidual,
ou seja, o processo de apoptose celular, que causa a morte dos adipócitos. Desencadeando,
assim, um processo inflamatório com a presença de células de defesa, como macrófagos e
neutrófilos, que realizarão a fagocitose das células que sofreram danos. Essa cavitação está
presente nos equipamentos de intensidade elevada, os HIFU.

Diagrama 2. Cavitação instável

CAVITAÇÃO O VOLUME DA BOLHA SE ALTERA BOLHA


INSTÁVEL RÁPIDA E VIOLENTAMENTE COLAPSA

MUDANÇA NA TEMPERA-
DANO TECIDUAL
TURA

Apesar de ocorrer a lise celular, os tecidos adjacentes não são lesionados, permanecem de
maneira intacta, como vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, músculos e a pele.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 86


Início da apoptose

Triglicerídio

Adipócito

Fagocitose dos
resíduos

Fragmentação
celular

Macrófago

Figura 5. Apoptose adipocitária. Fonte: COLEMAN, 2009. (Adaptado).

Existe também uma diferença na forma como é realizada a movimentação do cabeçote


durante a aplicação. Nos equipamentos não focalizados a aplicação é dinâmica, ou seja, por
varredura, o cabeçote precisa estar em movimento a todo instante. Já nos equipamentos foca-
lizados, a emissão da onda é estática, parada e sempre perpendicular à pele.
Com uma grande quantidade de triglicerídeos liberados na corrente sanguínea, ocorre a
ação da enzima lipase, após sua ação, os ácidos graxos são encaminhados gradualmente para
a via hepática e, assim, realizam a metabolização. Em seguida, os ácidos graxos provenientes
da metabolização precisam ser eliminados, e isso ocorre de maneira eficaz com a produção de
energia – ATP.
É sabido que, para a produção de ATP, o organismo precisa de oxigênio e glicose. Caso a gli-
cose não esteja com níveis suficientes é utilizado o ácido graxo, por isso é importante orientar
o paciente a realizar uma atividade física para ter esse gasto calórico e manter uma alimenta-
ção pobre em carboidratos e gorduras, para que, assim, o organismo possa utilizar as molécu-
las lipídicas provenientes da aplicação do ultrassom.
Caso este gasto não aconteça, ocorrerá uma reabsorção dos ácidos graxos, depositando
novamente em outras células de gordura na forma de triglicerídeos.

PAUSA PARA REFLETIR


Com relação à diminuição dos depósitos de gordura, é possível considerar o ultrassom
um tratamento de emagrecimento?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 87


4.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
O ultrassom na saúde estética é indicado para disfunções que acometem, principalmente,
o tecido adiposo. São elas:
• Fibroedema geloide – celulite;
• Gordura localizada;
• Fibroses pós-cirúrgicas;
• Aderência cicatricial.
O aumento da circulação favorecendo a oxigenação, nutrição tecidual, eliminação de
líquidos e toxinas, auxilia na regressão da celulite, da fibrose e aderências. Já a melhora
observada na redução de medidas é de responsabilidade da cavitação, seja ela estável ou
instável.
As áreas de tratamento são bem abrangentes, a aplicação pode ser realizada no abdômen,
flancos, costas, culotes, interno de coxa, joelhos, braço, papada, região infraglútea, posterior e
anterior de pernas.
As contraindicações para a aplicação do ultrassom, são:
• Gestantes e lactantes;
• Região cardíaca: risco de mudanças no potencial de ação e sua capacidade contrátil;
• Tumores: o procedimento pode acelerar o crescimento ou até mesmo a progressão para
outros locais (metástase);
• Próteses metálicas: o metal possui uma alta absorção das ondas ultrassônicas, o que po-
deria acumular o efeito térmico, além da possibilidade de reflexão, gerando ondas secundárias
e causando queimaduras na região;
• Processos de infecção: risco de disseminação;
• Tromboses e varizes: alto risco de embolia devido à alteração na circulação sanguínea.

4.2 Radiofrequência
A radiofrequência é uma tecnologia segura e eficaz, podendo ser realizada desde pessoas
com fototipo I até pessoas com fototipo V. Consiste na emissão de correntes elétricas que alcan-
çam tecidos mais profundos, causando fricção e formando um campo eletromagnético que gera
calor. É classificada como radiação não ionizante, ou seja, não provoca danos à saúde humana,
como câncer, esterilidade, entre outros problemas que as radiações ionizantes podem provocar.
Uma tecnologia não ablativa, que auxilia nos tratamentos de flacidez tissular e remodela-
mento corporal.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 88


4.2.1 Propriedades biofísicas
A radiofrequência tem sua fonte de energia calculada entre 30 KHz e 300 MHz. Esta fonte
de energia gera calor, podendo atingir camadas mais profundas do tecido humano e elevando
a temperatura através da resistência do tecido – a impedância.
Para a conversão das ondas eletromagnéticas em calor, precisa ocorrer a troca de polarida-
de, é sabido que existem dois polos – negativo e positivo.
A radiofrequência apresenta três gerações – monopolar, bipolar e tripolar.
A tecnologia monopolar é composta por uma manopla com apenas um eletrodo. Para ocorrer
a troca de polaridade e gerar energia, como esperado, uma placa é utilizada para fechar o circuito
e realizar a aplicação de forma segura e eficaz. Essa placa fica afastada do eletrodo situado na
manopla do equipamento, porém, precisa ficar de uma maneira perpendicular à área tratada, por
exemplo, se a região de tratamento for o abdômen, a placa deve ficar posicionada na lombar do
paciente, enquanto a manopla realiza os movimentos na região abdominal.

Figura 6. Radiofrequência monopolar.

A tecnologia bipolar consiste na presença de dois eletrodos na manopla, não sendo neces-
sária a utilização da placa para troca de polaridade, pois a troca irá ocorrer entre os eletrodos
contidos no cabeçote.

Figura 7. Radiofrequência bipolar.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 89


A tecnologia tripolar é a terceira geração
da radiofrequência. Consiste na presença de
três ou mais eletrodos no cabeçote. Dessa
forma, a saída e o recebimento das correntes
entre os eletrodos ocorre de maneira mais
acelerada, causando um aquecimento mais
rápido e homogêneo das camadas superfi-
ciais e profundas do tecido. Figura 8. Radiofrequência tripolar ou multipolar.

Outro parâmetro muito importante na radiofrequência é a frequência utilizada durante a apli-


cação. Duas são as mais comuns – 1,2/1,5 MHz e 2,4 MHz. Na radiofrequência, quanto maior a
frequência, mais superficialmente a ação irá ocorrer.

Figura 9. Profundidade da radiofrequência através das frequências emitidas. Fonte: Surgical Cosmetic. Acesso em: 14/01/2018.

Conclui-se, então, que a frequência de 2,4 MHz é utilizada para tratar disfunções que acome-
tem camadas mais superficiais, como epiderme e derme. Já a frequência de 1,2/1,5 MHz é utili-
zada para tratar disfunções que acometem tecidos mais profundos, como o adiposo.

4.2.2 Mecanismo de ação


Conhecendo os parâmetros da radiofrequência, é possível entender os efeitos fisiológicos
que são desencadeados durante a aplicação da tecnologia.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 90


ASSISTA:
Para entender um pouco mais sobre os efeitos que a radiofrequência desencadeia,
assista ao vídeo Radiofrequência - Tratamento de celulite e flacidez,, disponível no canal
Dr. Rafael Crippa - Clínica MedDerm, no YouTube.

A elevação da temperatura leva o organismo a estimular vários fatores que irão colaborar para
o tratamento das disfunções estéticas, como a vasodilatação, melhorando o trofismo tissular,
eliminação de líquidos intercelulares, maior aporte de oxigênio e nutrientes ao tecido-alvo.
A temperatura elevada também estimula as células responsáveis pela produção de coláge-
no – os fibroblastos, levando a um processo de neocolagênese. O mesmo acontece por uma
inflamação controlada, liberando vários fatores imprescindíveis para a formação de um novo
colágeno, como a interleucina 1-beta, fator de necrose tumoral, fator de crescimento – TGF-b,
tropoelastina, fibrilina e procolageno I e II. O processo completo leva em torno de 28 dias para
ser concluído.
Para que os fibroblastos sejam ativados, é necessário alcançar uma temperatura específica, que
gira em torno de 40 – 45 ºC, somente assim o processo de neocolagênese será estimulado. Du-
rante a aplicação da tecnologia, ocorre instantaneamente um lifting da pele, este efeito é possí-
vel porque em elevadas temperaturas as fibras de colágeno já sintetizadas no organismo sofrem
um processo de desnaturação. Já que o colágeno é uma cadeia proteica, a fibra de colágeno
torna-se rígida, pois ocorre uma quebra nas pontes de hidrogênio na tríplice hélice do mesmo,
realizando, assim, sua contração imediata. Po-
rém, esse efeito de lifting dura apenas alguns
dias, depois o tecido tende a voltar ao estado
inicial. Por isso, a importância de estimular a
produção de uma nova fibra de colágeno, tor-
nando o tecido firme novamente.
A radiofrequência pode induzir a lipólise pelo
aumento da temperatura, a membrana ce-
lular do adipócito também é desnaturada,
liberando os triglicerídeos que sofrerão lise
através de uma enzima denominada lipase.
Os ácidos graxos provenientes da lise são en-
caminhados até o fígado para finalizar o pro-
cesso de metabolização.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 91


4.2.3 Parâmetros de aplicação
Para realizar a aplicação da radiofrequência, o equipamento precisa ser programado com a
frequência desejada, intensidade e tempo de sessão.
Recomenda-se que, para regiões superficiais, a frequência seja programada em 2,4 MHz, se
possível, e a intensidade no início da sessão pode ser em 100%.
Um meio de contato é necessário para o deslizamento da manopla, utiliza-se a glicerina ou
gel glicerinado. A região deve ser dividida em quadrantes de aproximadamente 15 cm2 cada
um, a temperatura deve chegar aos 40º C e ser mantida durante 5 minutos em cada quadrante.
Assim que a temperatura for atingida, a intensidade pode ser diminuída, apenas para man-
ter o calor necessário.
Para regiões mais profundas, seguir as mesmas recomendações, apenas trocar a frequên-
cia, se possível, para 1,2/1,5 MHz.
A manopla deve ser mantida sempre em movimento, nunca parada, pois a energia acumula
e pode causar queimaduras. Os movimentos podem ser circulares, vai e vem ou ascendentes,
o importante é manter em movimento.
A temperatura deve ser sempre aferida durante a aplicação, através de um termômetro
infravermelho, evitando assim o superaquecimento da região.
O tempo de sessão depende do tamanho da região, geralmente varia entre 20 a 40 minutos.
Nas disfunções estéticas em que o objetivo é a estimulação na produção do colágeno, as
sessões devem ter um intervalo de, no mínimo, 15 dias entre elas, pois o ciclo da neocolagê-
nese precisa ser respeitado. A partir do 14º dia, a fibra está pronta e só aguarda a maturação,
permitindo assim a realização de uma nova aplicação.
Já as disfunções estéticas, em que o objetivo é a mobilização do tecido adiposo, podem ser
realizadas até três vezes na semana. Quando realizadas isoladas ou se associadas a outras
tecnologias, esse número deverá ser reduzido para uma ou duas vezes na semana, no máximo.
Para um resultado eficaz e duradouro é necessário um ciclo de sessões, o número de apli-
cações irá depender do grau que se encontra a disfunção estética, mas geralmente a recomen-
dação é de seis a dez sessões.

4.2.4 Indicações e contraindicações na saúde estética


A radiofrequência é um equipamento versátil dentro de uma clínica de estética, as indica-
ções são tanto para disfunções da pele quanto do tecido adiposo, sendo elas:
• Flacidez tissular corporal;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 92


• Flacidez tissular facial;
• Rejuvenescimento;
• Estrias;
• Gordura localizada;
• Fibroedema geloide – celulite;
• Cicatrizes.
Como todas as tecnologias, existem contraindicações que precisam ser respeitadas. As da
radiofrequência são:
• Gestantes e lactantes;
• Doenças autoimunes;
• Presença de implantes metálicos;
• Trombose;
• Neoplasias;
• Disfunções tireoidianas descompensadas;
• Processos infecciosos;
• Lesões cutâneas na região de aplicação;
• Alterações de sensibilidade;
• Toxina botulínica A e preenchedores dérmicos.

PAUSA PARA REFLETIR


A radiofrequência é contraindicada para pessoas que realizam aplicação de toxina botu-
línica e preenchimentos dérmicos, qual é o motivo para tal limitação?

4.3 Peeling mecânico


O peeling mecânico, que também pode ser denominado de microdermoabrasão, foi desen-
volvido na Europa na década de 80 e é uma técnica não invasiva que promove a renovação
celular através de uma lesão programada e controlada.
Dependendo da disfunção a ser tratada, a microdermoabrasão pode ocorrer em profun-
didades diferentes da pele. A esfoliação mecânica pode atuar na epiderme, nível superficial,
onde é observado apenas um eritema. Poderá atuar também em um nível intermediário, atin-
gindo a epiderme e parte da derme, podendo ser observado, além do eritema, um edema
leve. Além disso, poderá atingir um nível mais profundo, atuando em toda a região da derme,
ocasionando um sangramento na região, seguido de um processo inflamatório programado,

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 93


porém o sangramento é um sinal de uma agressão mais severa, podendo trazer algumas com-
plicações, como a hiperpigmentação pós-inflamatória.

4.3.1 Tipos de peeling mecânico


A técnica de microdermoabrasão é realizada por duas tecnologias diferentes, porém, com o
mesmo objetivo, o peeling de diamante e o peeling de cristal.
O peeling de diamante é um equipamento a vácuo que foi desenvolvido na Austrália em
1996 e é composto por uma mangueira e uma caneta aplicadora com uma ponteira diaman-
tada. Essa ponteira pode ser trocada sempre que houver necessidade de tamanhos maiores e
menores.

Figura 10. Ponteira peeling de diamante. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

Por ser um equipamento a vácuo, o mecanismo de ação ocorre pela pressão negativa exer-
cida na pele. Desta maneira, a pele é sugada de maneira suave, pois a abertura na ponteira é
pequena, e através dos movimentos a epiderme é “lixada”. As ponteiras diamantadas possuem
granulometrias que podem variar de 50 a 200 micras, quanto maior a granulometria da lixa
diamantada, e maior a pressão exercida pelo profissional, maior será a profundidade da lesão.
A recomendação é que a abrasão fique apenas na camada da epiderme, evitando, assim, com-
plicações, como a hiperpigmentação pós-inflamatória.
O peeling de cristal exerce tanto a pressão negativa (sucção) quanto a pressão positiva (emis-
são). Desenvolvido em 1985, é uma tecnologia que libera cristais na pele através de um sistema
fechado, a fim de realizar a esfoliação.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 94


Figura 11. Ponteira peeling de cristal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

Estes cristais são formados de óxido de alumínio, enquanto os cristais são lançados na pele
para realizar a esfoliação mecânica através da pressão positiva, a pressão negativa aspira a pele
e os resíduos dos cristais ao mesmo tempo. O jateamento dos cristais pode chegar a 700 mmHg,
é recomendado iniciar com uma pressão baixa, perto dos 200 mmHg, e ir aumentando de acor-
do com a espessura da pele do paciente e o objetivo a ser alcançado.

DETRITOS DE PELE
E PARTÍCULAS

FEIXE DE PARTÍCULAS DE
ÓXIDO DE ALUMÍNIO

PARTE DA SUCÇÃO

CAMADA DE PELE NOVA

REMOÇÃO DE CÉLULAS
MORTAS DA PELE

Figura 12. Jateamento dos cristais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/12/2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 95


Ambas as técnicas estimulam efeitos fisiológicos parecidos, como proporcionar o afinamen-
to do tecido epitelial, melhorando assim a elasticidade e hidratação da região tratada. É de-
sencadeado um processo inflamatório controlado e programado, desta forma a produção de
fibras de colágeno é estimulada – neocolagênese e através da esfoliação é realizada uma re-
generação e renovação celular, promovendo o clareamento de hipercromias mais superficiais.
Com o sistema de sucção, a circulação é estimulada, melhorando o aporte de oxigênio e nu-
trientes para o tecido. Todos estes efeitos estabelecem uma pele saudável, firme e uniforme.
Os movimentos de ambas as técnicas precisam ser realizados com cautela, pois quanto
maior o número de movimentos realizados em uma mesma região, maior será a abrasão e a
profundidade alcançada.

4.3.2 Técnica de aplicação


Para iniciar a aplicação da técnica de dermoabrasão, a pele deve ser higienizada e seca,
a fim de retirar todas as impurezas contidas na região. Em seguida, os parâmetros do equi-
pamento devem ser ajustados, se for o peeling de diamante deve-se programar a intensi-
dade da pressão negativa. Se for o peeling de cristal, ajustar para a pressão positiva, ou
seja, a pressão do jateamento dos cristais. É importante lembrar que quanto maior for o
ajuste da pressão, maior será o jateamento na pele. É preferível iniciar com um jateamento
mais fraco e ir aumentando de acordo com a necessidade. Para que os movimentos sejam
realizados de maneira mais efetiva, a pele deve ser esticada com a ajuda de uma das mãos
e com a outra os movimentos serão realizados em um sentido de vai e vem, em círculos
ou ascendente, até se obter uma hiperemia da região. Ao finalizar a sessão, uma máscara
com ativos poderá ser aplicada para acalmar a região e potencializar a ação da esfoliação
mecânica.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação dos movimentos realizados na microdermoabrasão,
assista ao vídeo Peeling de Diamante - Beauty Dermo,, disponível no canal HTM
Eletrônica, no YouTube.

São recomendadas de cinco a dez sessões, podendo ser realizadas uma vez na semana, pois
a aplicação é rápida e indolor. Se aplicado da maneira correta, não provoca efeitos colaterais
preocupantes.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 96


4.3.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
As indicações dos peelings mecânicos na saúde estética abrandem todas as disfunções que
precisam de um processo de reparação e renovação celular, sendo elas:
• Cicatrizes de acne;
• Rugas;
• Clareamento de manchas superficiais;
• Poros dilatados;
• Estrias;
• Pele espessa;
• Comedões abertos e fechados;
• Fotoenvelhecimento.

Apesar de ser uma técnica que não traz efeitos colaterais relevantes, algumas contraindica-
ções são impostas para a realização das técnicas, como:
• Gestantes e lactantes;
• Processos inflamatórios;
• Lesões tegumentares;
• Exposição ao sol 48 horas antes da realização da técnica;
• Sensibilidade;
• Alergia a qualquer componente utilizado;
• Fragilidade capilar;
• Hemangiomas;
• Rosáceas – tomar cuidado na aplicação da técnica;
• Uso de ácidos pré e pós procedimento – só poderá ser aplicado pelo profissional.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma
síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo deste material. Ao produzir sua sín-
tese, pontue os pontos positivos e negativos das tecnologias estudadas. Para isso, considere as
leituras básicas e complementares realizadas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 97


Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo. Nele, observamos a evolução da ele-
troterapia. No tópico referente ao ultrassom, vimos que, através de um cristal, ocorre o efeito
chamado de piezoeletricidade, sendo capaz de realizar uma deformação nas cargas elétricas,
transformando-as em vibrações. Observamos também que alguns parâmetros são muito im-
portantes, como o tipo de onda a ser utilizado. Na onda contínua, conseguimos um efeito
térmico melhor, sendo preferível para os tratamentos estéticos; já na onda pulsada, é gerado
um efeito mecânico melhor, sendo mais utilizada nas finalidades terapêuticas. A frequência uti-
lizada também é importante, pois, dependendo da profundidade a ser alcançada, a frequência
fará diferença. Vimos que um dos efeitos mais importantes é a cavitação, podendo ser estável,
promovendo um efeito terapêutico; e instável, gerando um dano tecidual que leva à apoptose
adipocitária, sem colocar em risco os tecidos adjacentes.
Porém, como pudemos observar na primeira pausa para refletir, apesar dos depósitos de
gordura serem diminuídos, o ultrassom não pode ser considerado um procedimento para
emagrecimento, pois não realiza um efeito sistêmico, somente efeito local, reduzindo medi-
das de uma região específica. É indicado, portanto, para pessoas que já estão no peso ideal
e querem apenas tratar regiões específicas do corpo. Vimos que as disfunções estéticas que
podemos tratar com o ultrassom são aquelas que acometem principalmente o tecido adiposo,
como gordura localizada, celulite e fibroses.
Na radiofrequência, pudemos observar uma tecnologia que, através das correntes eletro-
magnéticas, obtém a produção de calor, podendo atingir camadas mais profundas, porém,
para que esse calor seja gerado, é preciso que ocorra uma troca de polaridade. Existem três
gerações de RF: a monopolar, a bipolar e a tripolar. Vimos que a frequência é muito importante
e inversa à profundidade: quanto maior a frequência, mais superficial será a ação da radiofre-
quência, e quanto menor a frequência, mais profunda será a ação.
Apesar de ser um procedimento não invasivo, a radiofrequência possui contraindicações.
Pudemos observar, na segunda pausa para refletir, que pessoas que realizam aplicação de
toxina botulínica e preenchedores dérmicos não podem realizar a aplicação da RF nos locais
das aplicações, pois, como a temperatura atingida é muito alta, isso causa uma vasodilatação,
desencadeando um processo inflamatório com vários fatores liberados. Desta forma, a absor-
ção do preenchimento ocorre de maneira mais rápida e a contração muscular é estimulada,
diminuindo assim os efeitos de ambas as aplicações.
Os peelings mecânicos são esfoliações mais efetivas realizadas na pele, podendo ser classi-
ficados em dois tipos de tecnologias: o peeling de diamante e o peeling de cristal. O peeling de

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 98


diamante utiliza uma ponteira diamantada e a pressão negativa, enquanto o peeling de cristal
atua tanto com a pressão negativa quanto com a positiva, emitindo cristais constituídos por
óxido de alumínio. Ambos atuam na regeneração, reparação e renovação celular, amenizando,
assim, muitas disfunções, como linhas de expressões, manchas superficiais, poros dilatados,
entre outros.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 99


Referências bibliográficas
BATISTA, H. F. Efeito do peeling de diamante no tratamento das hipercromias dérmicas. Temas
em Saúde, v. 17, n. 3. João Pessoa, 2017.
COLEMAN, K. M. Non-invasive, external ultrasonic lipolysis. Semin Cutan Med Surg., v. 28, p. 263-267.
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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 100


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www.youtube.com/watch?v=OR9kTH09xPc>. Acesso em: 28 dez. 2018.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 101


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Proporcionar conhecimento detalhado PROPRIEDADES DO EQUIPAMENTO
• Classificação das ondas
da técnica, executando-a com
• Mecanismo de ação
segurança e eficácia nos protocolos.
• Metabolização lipídica

PROTOCOLO
• Parâmetros de aplicação
• Reações adversas
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 102


Contextualizando o cenário
Os padrões de beleza impostos pela sociedade levam à busca do corpo perfeito. Nas
clínicas de estética, várias tecnologias são utilizadas para reduzir o acúmulo de gordura
em regiões específicas. A eletrolipólise é uma das primeiras técnicas existentes a partir
de equipamentos que realizam a diminuição lipídica. Com o auxílio de agulhas e corren-
tes, tem se mostrado um procedimento muito eficaz e seguro. Sendo assim, como se dá
o funcionamento dessa tecnologia?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 103


5.1 Propriedades do equipamento
A eletrolipólise é uma tecnologia que utiliza correntes de baixa frequência bidirecionais.
Essas correntes são entregues ao tecido através de agulhas bem finas, colocadas abaixo da
pele, mais especificamente entre a derme e a hipoderme.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação das camadas da pele, assista ao vídeo A estrutura de
pele: a epiderme, disponível no canal NovidermPt, no YouTube.

Camada córnea
Epiderme
Camada granular

Derme Tecido conjuntivo

Hipoderme Tecido adiposo

Figura 1. Derme-hipoderme. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/01/2019.

As correntes têm sua atuação nos adipócitos, desnutrindo e favorecendo a eliminação lipí-
dica. O equipamento de eletrolipólise é responsável pela diminuição de depósitos de gordura
em regiões específicas do corpo humano.

Figura 2. Equipamento de eletrolipólise. Fonte: Stimulus R. Acesso em: 12/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 104


Para realização da técnica, são utilizados pares de agulhas bem finas, com uma espessura
que pode sofrer variações entre 25 e 30 mm. Entende-se que quanto maior o calibre da agulha,
maior será a energia concentrada na região. As agulhas são utilizadas em pares para fecha-
mento do campo elétrico e são implantadas na junção derme-hipoderme, plugadas a conec-
tores chamados de “jacarézinhos”, possibilitando, assim, a passagem das correntes elétricas.

Figura 3. Agulhas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/01/2019. Figura 4. Garras estilo jacaré. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/01/2019.

O campo elétrico realiza uma alteração na permeabilidade da membrana do adipócito, esva-


ziando a célula de gordura e fazendo com que os triglicerídeos sejam liberados para o interstício.
A corrente aplicada é de baixa frequência e pode variar de 10 até 30 Hz. Porém, o valor de maior
eficiência fica na casa dos 25 Hz. Nessa frequência, a corrente atua diretamente nos adipócitos.

ASSISTA:
Para melhor elucidação sobre as células de gordura, assista ao vídeo Células de
Gordura, disponível no canal Dilson Nascimento, no YouTube.

As duas correntes mais utilizadas para a realização da eletrolipólise são a corrente russa e
a corrente aussie. Também pode ser utilizada a transcutaneous electrical nerve stimulation, ou
neuroestimulação elétrica transcutânea – simbolizada pela sigla TENS.
Na prática, percebe-se que o uso da corrente aussie é mais confortável ao paciente que a
corrente russa. Apesar da frequência básica utilizada ser a de 25 Hz, alguns estudos mostram
a eficácia na utilização de duas frequências, ambas muito baixas.
A frequência de 10 Hz, por exemplo, é utilizada para atuar na camada da derme, estimu-
lando os fibroblastos. Já a frequência de 25-30 Hz aplica-se para a atuação diretamente nos
adipócitos, librando o AMPc e ativando a lipólise.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 105


Para que essas frequências atuem de maneira correta, elas são classificadas em cinco tipos
de ondas, cada uma com sua função durante o procedimento.

5.1.1 Classificação das ondas


Para a realização da técnica, cinco tipos de ondas são empregados no decorrer da aplica-
ção da eletrolipólise.
A onda A é utilizada na diminuição da resistência interna da pele e atua também na diminui-
ção da sensibilidade, deixando a sessão confortável e sem dor. Caso haja a presença de dor,
isso significa que alguma agulha foi implantada de maneira errônea e precisa ser reimplantada.
A onda B atua na camada da derme. Sua função é a estimulação de células específicas,
neste caso, os fibroblastos, com o intuito de melhorar a tonicidade tissular, além de atuar na
vasodilatação através do aumento da microcirculação, melhorando a drenagem e diminuindo
o edema instalado no local. Observa-se também uma ação anti-inflamatória que só é possível
graças à reabsorção dos metabólitos liberados pelo processo de metabolização.
A onda C atua diretamente nas células adipocitárias, estimulando eletricamente as termi-
nações do Sistema Nervoso Autônomo Simpático. Essa estimulação age na liberação do AMPc
intra-adipocitário, liberando também os ácidos graxos e o glicerol.
Por último, as ondas D e E têm sua ação diretamente nos adipócitos e no tecido muscular,
ajudando a produção de energia a partir dos ácidos graxos liberados, promovendo, assim, a
eliminação dos produtos gerados após o processo da lipólise.

5.1.2 Mecanismo de ação


O esvaziamento dos adipócitos que ocor-
re durante a aplicação da eletrolipólise se
deve à alteração da permeabilidade da mem-
brana adipocitária.
Dois mecanismos de lipólise são ativados
durante o procedimento: um denominado de
humoral e o outro de neurogênico.
O mecanismo humoral consiste na libera-
ção dos ácidos graxos e do glicerol. Essa libe-
ração só ocorre pela ação de algumas subs-
Figura 5. Esvaziamento adipocitário. Fonte: Shutterstock. Acesso
tâncias, sendo elas: em: 12/09/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 106


• Hormônios de crescimento;
• Hormônios tireoidianos;
• Glicocorticoides.
Já no caso do mecanismo neurogênico, a estimulação das catecolaminas atua na lipólise
pela ativação da enzima lipase e também pela estimulação das fibras simpáticas. Estas têm
acesso direto ao adipócito, liberando outra enzima chamada de adenilato ciclase, que realiza
a conversão intracelular da ATP (adenosina trifosfato) para o AMPc (adenosina monofosfato
cíclico), que, por sua vez, ativa a lipólise.

Diagrama 1. Ativação da lipólise

CATECOLAMINAS LIPÓLISE AMPC

ENZIMAS
CONVERTEM ATP
LIPOLÍTICAS

A eletrolipólise pode ser classificada em quatro efeitos principais.


O primeiro está associado ao efeito Joule, que, por sua vez, está diretamente relacionado ao
calor produzido pela passagem da corrente elétrica, desencadeando a vasodilatação, aumen-
tando o fluxo sanguíneo e também o metabolismo celular local, o que facilita a queima calórica.
O segundo efeito é o eletrolítico, que atua na passagem da corrente elétrica pelo tecido,
promovendo o movimento iônico, alterando a polaridade das membranas e ocasionando um
consumo maior de energia celular.
O terceiro efeito é a estimulação das terminações nervosas, gerando a vasodilatação e
ativação na circulação, denominado de efeito circulatório.
O último efeito é o neuro-humoral, que consiste na quebra dos triglicerídeos em ácido
graxo e glicerol, através da ativação da enzima lipase, promovendo a lipólise, descrita acima.

PAUSA PARA REFLETIR


Com a diminuição dos depósitos de gordura, como seria possível manter o resultado de
um protocolo realizado?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 107


5.1.3 Metabolização lipídica
Com a estimulação do sistema nervoso simpático, realiza-se a ação lipolítica através
da liberação da adrenalina e da noradrenalina pelas catecolaminas. Estas, por sua vez, são
captadas pelos receptores β-adrenérgicos, que irão estimular duas enzimas: a lipase sen-
sível a hormônio (LSH) e a lipoproteínalipase (LPL), que irão atuar diretamente dentro
do adipócito. LSH tem a capacidade de liberar glicerol livre e ácido graxo livre na corrente
sanguínea, já a LPL age nas lipoproteínas de baixa densidade, liberando glicerol e ácido
graxo na circulação. Caindo na circulação sanguínea, o ácido graxo precisa ser direcionado
à produção de energia para consumir todo substrato liberado. Quem faz esse trabalho de
captação e transporte é a albumina, levando os ácidos graxos até os músculos e fígado
para oxidação, ou seja, obtenção de energia. Por isso a prática de atividade física mantém
um metabolismo sistêmico acelerado, garantindo um balanço energético negativo e conse-
quente consumo do substrato.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento da metabolização lipídica, assista ao vídeo Lipólise e
Oxidação de Gorduras disponível no canal Professor Raphael Carvalho, no YouTube.

Caso esse processo não ocorra, ó ácido graxo será reabsorvido pelo tecido adiposo, sendo
ligado novamente ao glicerol, formando o triglicerídeo intracelular.

5.2 Protocolo
Para iniciar a técnica de eletrolipólise, indica-se a realização prévia da adipometria, medi-
ção com fita métrica, e fotografia da região a ser tratada. Em seguida, com o paciente na posi-
ção ortostática, deve-se delimitar o perímetro em que as agulhas serão implantadas.
Já na posição decúbito dorsal, realiza-se a assepsia da região, podendo ser com álcool acima
de 50% ou clorexidina alcoólica. Na sequência, implanta-se as agulhas sempre na posição
horizontal, sendo que sua distribuição precisa ser feita de forma que cubra toda área a ser
tratada. Após conectar as agulhas aos cabos, programa-se o equipamento com a frequência,
tempo de sessão e intensidade para, então, iniciar o procedimento.
No término da sessão, as agulhas são retiradas e jogadas na caixa de perfuro cortante, pois
são de uso único e descartável.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 108


ASSISTA:
Para uma melhor elucidação sobre a implantação das agulhas, assista ao vídeo
Corrente Russa (Eletrolipólise Percutânea) HTM,, disponível no canal Lojaestetica2009,
do YouTube.

Figura 6. Caixa perfurocortante. Fonte: ITPAC, 2015.

É de suma importância orientar o paciente a realizar atividades físicas e seguir uma alimen-
tação saudável, para que ocorra a mobilização dos ácidos graxos em forma de energia. Caso
isso não aconteça, estes compostos retornarão ao meio intracelular.
Quanto ao número de sessões, não há um número exato. O mínimo recomendado é de 10
sessões, mas, dependendo do acúmulo lipídico, esse número pode ser três vezes maior.
Quando a eletrolipólise é realizada de maneira isolada, as sessões podem ser aplicadas até
três vezes por semana. Porém, quando associada a outras tecnologias, indica-se uma sessão
por semana, para que não ocorra sobrecarga no organismo.
No que diz respeito às associações, várias tecnologias podem somar aos resultados, tais
como:
• Corrente para fortalecimento muscular: o paciente tem a musculatura tonificada, o que
auxilia no aumento do gasto calórico;
• Ultrassom: potencializa os resultados com estímulo da lipólise. Se a técnica for a lipo-
cavitação, o resultado é ainda melhor, pois essa tecnologia causa morte celular programada
(apoptose) e os resultados obtidos passam a ser mais duradouros;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 109


• Carboxiterapia: pode ser associada tanto ao aumento da lipólise quanto ao tratamento
da região que está sendo reduzida, produzindo colágeno e melhorando a flacidez;
• Radiofrequência: pode ser associada à redução de medidas, através do estímulo da li-
pólise. Porém, pode também ser utilizada para produção de colágeno, amenizando a flacidez
causada com a redução do acúmulo lipídico;
• Intradermoterapia: a aplicação de ativos lipolíticos é uma excelente opção de associação,
com a potencialização da eliminação da gordura sendo estimulada de maneira significativa.

PAUSA PARA REFLETIR


Se a associação for feita com a radiofrequência, tendo em vista o alcance de um melhor resul-
tado, a eletrolipólise deve ser realizada antes ou depois deste procedimento? Por quê?

5.2.1 Parâmetros de aplicação


A frequência utilizada deve variar entre 10 Hz e 30 Hz e as agulhas devem ser utilizadas sempre
em pares, a fim de garantir o fechamento do campo elétrico. O número de agulhas dependerá da
adiposidade contida na região. Indica-se o mínimo de oito agulhas, ou seja, quatro pares, poden-
do chegar até 16 agulhas (oito pares). As agulhas devem ser implantadas no tecido subcutâneo
e o paciente não deve sentir dor na sua colocação. Caso haja a ocorrência de dor, é necessário
realizar a retirada da agulha e reimplantação.

Figura 7. Implantação das agulhas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 110


A intensidade na entrega das correntes deve seguir a sensibilidade de cada paciente, porém,
é importante aumentar esse parâmetro gradativamente sessão após sessão, potencializando os
resultados.
Para um resultado eficaz, a sessão deve durar em média 50 minutos.

5.2.2 Reações adversas


Alguns efeitos secundários podem ser desencadeados com a realização da eletrolipólise.
Parte desses sinais são um indicativo de que a técnica não está sendo realizada de forma cor-
reta, como, por exemplo, a sensação de dor no momento da colocação das agulhas. A agulha
precisa estar no tecido subcutâneo, onde não há nenhuma sensação de dor. Se existir um
desconforto na implantação, é provável que a agulha tenha sido colocada superficialmente.
Nesses casos, a extração deve ocorrer e a agulha deve ser implantada novamente, em um
plano mais angulado.
É possível também que o paciente relate sensação de espasmos ou contrações muscula-
res, indicando a implantação da agulha em plano muito profundo. A agulha, neste caso, tam-
bém precisa ser retirada e implantada corretamente em seguida.
Outro efeito indesejável pode ser registrado no fim da aplicação da corrente. Quando as
agulhas são retiradas, não pode haver sangramentos excessivos. Caso isso ocorra, é um sinal
de rompimento dos vasos, o que irá gerar um hematoma na região.
Um efeito secundário que pode surgir durante a aplicação da técnica é uma sensação de
formigamento na região. Quanto mais alta for a intensidade da corrente utilizada, mais forte
será essa sensação. Neste caso, o efeito é normal e desejável, mas sempre deve ser respeitado
o limite do paciente.

5.2.3 Propriedades biofísicas


A eletrolipólise é indicada basicamente para disfunções que acometem o tecido adiposo,
mais especificamente no acúmulo anormal de gordura, sendo indicada, então, para lipodistro-
fia localizada (gordura localizada).
Trata-se de um procedimento completo, pois pode ser utilizado em várias regiões do corpo,
tais como:
• Abdômen;
• Flancos;
• Braços;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 111


• Face;
• Gordura submentoniana (papada);
• Face interna de coxas;
• Face interna de joelhos;
• Gordura infraglútea.

Figura 8. Indicação gordura submentoniana. Fonte: Shutterstock. Figura 9. Indicação face interna de joelhos. Fonte: Shutterstock.
Acesso em: 12/01/2019. Acesso em: 12/01/2019

Como a tecnologia da eletrolipólise se dá a partir das correntes elétricas, existem restrições


a serem seguidas, consideradas básicas e absolutas, como:
• Gestação;
• Infecções ou processos inflamatórios;
• Patologias circulatórias graves;
• Insuficiência cardíaca, renal ou hepática;
• Presença de marcapasso;
• Neoplasias;
• Aversão a agulha;
• Presença de qualquer lesão na região do tratamento.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore um re-
sumo do capítulo, pontuando as principais especificidades do procedimento estudado. Como
base, utilize as leituras básicas e complementares realizadas ao longo dos seus estudos.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 112


Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo. Nele, conseguimos analisar que a
eletrolipólise é uma técnica de eletroterapia, pois a tecnologia se desenvolve a partir das cor-
rentes elétricas. Observamos que, através de agulhas muito finas implantadas no tecido sub-
cutâneo e uma corrente de baixa frequência, a ação ocorre diretamente nos adipócitos. A ação
inicia-se por uma alteração na permeabilidade da membrana, facilitando o esvaziamento da
célula adipocitária.
Podemos esperar quatro efeitos na ação da eletrolipólise: o primeiro está associado ao
efeito Joule, que está diretamente relacionado ao calor; o segundo efeito é o eletrolítico, que
atua na passagem da corrente elétrica pelo tecido, alterando a polaridade das membranas, ge-
rando um consumo maior de energia celular; o terceiro efeito é a estimulação das terminações
nervosas, gerando vasodilatação e ativação na circulação; o quarto efeito é neuro-humoral e
consiste na quebra dos triglicerídeos em ácido graxo e glicerol. Essa quebra ocorre devido ao
processo de lipólise, que é intermediado por substâncias como a adrenalina e noradrenalina,
que estimulam duas enzimas que agem diretamente no adipócito, liberando ácido graxo e gli-
cerol na corrente sanguínea.
Observamos que o ácido graxo precisa ser consumido em forma de energia. Como a primei-
ra pausa para refletir nos faz pensar, para queimar esse ácido graxo e manter os resultados
obtidos com o protocolo, é importante a realização de exercícios físicos diários e uma alimen-
tação equilibrada.
Pudemos analisar que, para uma aplicação correta, as agulhas precisam ser colocadas em
pares, de modo a fechar o circuito elétrico, e a sessão precisa ter uma média de 50 minutos
de duração, em uma frequência que pode variar entre 10 Hz e 30Hz. As sessões podem ser
realizadas três vezes na semana, isoladamente, ou uma vez na semana, quando associadas
a outras técnicas. Como observamos na segunda pausa para refletir, uma dessas associa-
ções pode ser a radiofrequência, que deverá ser realizada antes da eletrolipólise, a fim de
mobilizar o tecido adiposo, tornando-o mais maleável, além de fazer com que a quebra dos
triglicerídeos seja muito maior, alcançando resultados satisfatórios.
Vimos, por fim, que por ser uma técnica que atua diretamente no tecido adiposo, as
disfunções que podem ser tratadas são a gordura localizada de várias regiões e a celulite.
Assim como todas as técnicas, observamos restrições para sua realização, tais como nos
casos de portadores de marcapassos, tromboses e insuficiências cardíaca, renal e hepáti-
ca, entre outros.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 113


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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 114


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Capacitar o aluno na atuação prática CARBOXITERAPIA E PROPRIEDADES DO
EQUIPAMENTO
da Carboxiterapia para os tratamentos
• Efeito Bohr
estéticos faciais e corporais, através
• Indicações e contraindicações na
da aplicação de CO² medicinal nas saúde estética
afecções estéticas, interpretando • Reações adversas
sua aplicabilidade clínica e adequada
avaliação.
TÉCNICAS SUBCUTÂNEAS
• Lipodistrofia localizada
• Lipodistrofia ginoide e (celulite)
• Fibrose

TÉCNICAS INTRADÉRMICAS
• Flacidez tissular
• Rejuvenescimento
• Capilar
• Estrias

OUTRAS TÉCNICAS
• Hiperpigmentação periorbital
• Flacidez muscular facial

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 115


Contextualizando o cenário
Com o crescimento das tecnologias na área da saúde estética, o profissional da Biome-
dicina Estética pode contar com a carboxiterapia, uma técnica minimamente injetável,
através da qual é infiltrada uma quantidade específica de dióxido de carbono, sendo
possível tratar diversas disfunções estéticas. Considerada uma tecnologia essencial nas
clínicas de estética, a carboxiterapia é um excelente procedimento para ser associado a
outros equipamentos e, assim, obter um resultado satisfatório e seguro.
Portanto, como é o funcionamento da carboxiterapia? Para quais disfunções a carboxi-
terapia é indicada?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 116


6.1 Carboxiterapia e propriedades do equipamento
A carboxiterapia é uma técnica que surgiu em meados da década de 1930. Como a grande
maioria dos equipamentos na área da saúde estética, a descoberta foi feita para fins terapêu-
ticos. Através de um banho com água saturada em dióxido de carbono, profissionais puderam
observar uma melhora em alguns tipos de patologias inflamatórias e isquêmicas. O motivo
para esse resultado observado era o estímulo da circulação sanguínea.
Com a técnica disseminada na França e na Itália, foi criada a Sociedade Italiana de Carboxi-
terapia, onde, mais tarde, seria introduzida a técnica com uma finalidade estética.
Na década de 1950, 20 anos após a descoberta da técnica, a carboxiterapia passou a ser
utilizada por cardiologistas, com infiltração de anidro carbônico através de agulhas no tecido.
O cardiologista Jean-Baptiste Romuef publicou os primeiros artigos científicos demonstrando
o uso do gás carbônico para fins medicinais, auxiliando em cirurgias de videolaparoscopia,
histeroscopia e como contraste em arteriografias.
Após um período de quase 40 anos, em meados de 1980, o tema voltou a fazer parte dos
estudos, com direcionamento em cirurgias vasculares.
Apenas em 2004 a carboxiterapia começou a ser utilizada para a área de estética. A infiltra-
ção era realizada no tecido subcutâneo, em associação às cirurgias de lipoaspiração. A partir
desse período, verificou-se sua eficácia na diminuição de acúmulos na gordura localizada. Para
comprovação dos resultados, estudos histopatológicos foram realizados, confirmando a redu-
ção do tecido adiposo, bem como o espessamento da derme, ficando claro que além de auxi-
liar em procedimentos de acúmulos de gordura, a técnica era eficaz no estímulo da produção
de colágeno e fibras elásticas.
O procedimento nunca mais saiu do mer-
cado, muito pelo contrário; mais estudos fo-
ram realizados, com ênfase em diversas dis-
funções estéticas. Porém, mesmo com vários
artigos comprovando a eficácia da carboxite-
rapia na saúde estética, ainda não há um nú-
mero suficiente de documentos publicados
com valor científico para justificar o reconhe-
cimento da técnica na classe dos profissionais
da área da saúde.
Os equipamentos utilizados para a técnica
precisam ser registrados nos órgãos regula-

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 117


dores da saúde, como a Anvisa e a FDA. A administração do gás precisa ser de forma estéril,
com fluxo, pressão, quantidade controlada e plano de aplicação correto.
O aparelho possui um cilindro de gás carbônico conectado ao suporte principal, onde é
realizada sua programação.

DICA:
Para entender um pouco mais sobre os planos de aplicação utilizados na
carboxiterapia, leia o artigo “Carboxiterapia: Planos de Aplicação – Novo conceito”,
disponível no site Fábio Borges Fisioterapeuta.

Figura 1. Equipamento de carboxiterapia. Fonte: IBRAMED, 2015. Acesso em: 14/01/2019.

A quantidade máxima que pode ser infiltrada em uma sessão é de 2.500 ml. Acima deste
valor, o organismo pode sofrer risco de toxicidade. A infiltração é realizada por meio de uma
agulha 30 G e uma “mangueira” acoplada ao suporte principal, denominado de equipo, que,
na outra ponta, é conectado à agulha, por onde a infiltração é realizada.

Figura 2. Equipo para carboxiterapia.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 118


É de suma importância frisar que o equipo é de uso único. A cada sessão realizada, um novo
dispositivo precisa ser aberto para aplicação do gás.

6.1.1 Efeito Bohr


A ação do gás carbônico no organismo desencadeia vários fatores, como o estímulo à mi-
crocirculação vascular, promovendo uma vasodilatação e aumento da drenagem venolinfática.
Com o estímulo da circulação, a nutrição e a oxigenação nos tecidos é melhorada. Para com-
provação do estímulo na circulação sanguínea, estudos realizados com pacientes acometidos
com arteriopatia periférica foram submetidos a um tratamento com gás carbônico. Ao final, foi
possível observar uma diminuição na amputação em 83% dos casos tratados.
Um efeito fisiológico também observado é o processo de angiogênese, ou seja, uma prolife-
ração na produção de novos vasos sanguíneos, possibilitando a reparação tecidual nas regiões
onde a infiltração é realizada.
Contudo, o principal mecanismo de ação no organismo é denominado de Efeito Bohr. Sa-
be-se que o gás carbônico é eliminado do corpo no processo natural de respiração. Quando
uma quantidade grande de gás carbônico é infiltrada em uma região específica, o metabolismo
é acionado nessa região, com a finalidade de eliminar o gás infiltrado. Assim, uma quantidade
significativa de oxigênio é deixada na região, promovendo a troca gasosa.
Esse efeito ocorre através de uma estrutura chamada de hemoglobina. No seu interior, ela
possui um grupamento chamado de heme e é nessa região que a troca gasosa acontece.

Ferro Heme

Cadeia de Moléculas
polipeptídeos de oxigênio

Figura 3. Hemoglobina e grupo heme. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 119


Quando há um aumento na concentração de gás carbônico em determinada região, o pH
local diminui e, com essa diminuição, o grupamento heme tem sua estrutura modificada, ten-
do mais afinidade pelo gás carbônico. Dessa maneira, o oxigênio presente é liberado na região
e, consequentemente, o gás carbônico é capturado. Seu transporte ocorre da seguinte forma:
• 7% da quantidade é dissolvida no plasma sanguíneo, estabelecendo a PCO2 no sangue;
• 70% fica sob forma de íon bicarbonato, responsável pela alteração do pH, buscando para
o organismo humano um equilíbrio homeostático;
• 23% é transportado pela hemoglobina, formando uma estrutura denominada de carba-
mino-hemoglobina.

Diagrama 1. Efeito Bohr

CO2 pH ACIDEZ

Liberação de H+
pH Ligação aos a.a
Mudanças nas Hb

Na cavidade pulmonar, o pH é mais básico, então a estrutura do grupamento heme sofre


uma outra mudança, aumentando sua afinidade pelo oxigênio. Dessa maneira, o gás carbôni-
co é liberado e posteriormente eliminado para o ar atmosférico.

Oxigênio Dióxido de carbono


(CO2)

Pulmões

Glóbulos
vermelhos Órgãos

Figura 4. Troca gasosa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 120


Através do Efeito Bohr, os principais fatores estimulados são:
• Vasodilatação arteriovenosa;
• Aumento do volume e da velocidade do fluxo sanguíneo local;
• Aumento da drenagem sanguínea e linfática;
• Favorecimento da eliminação de toxinas;
• Melhora da nutrição tecidual.
Outro mecanismo de atuação é a ação bioquímica, na qual ocorre uma distensão da pele
pelo gás infiltrado, levando a uma retração do tecido distendido e consequente estimulação
no processo de neocolagenese. A hiperdistensão do tecido celular subcutâneo, denominada
de enfisema subcutâneo, atua também liberando substâncias como bradiquinina, serotoninas,
histaminas e catecolaminas, que, por sua vez, estimulam os receptores beta-adrenérgicos, au-
mentando o AMPc e estimulando o processo de lipólise.

PAUSA PARA REFLETIR


Sabendo que a carboxiterapia realiza uma proliferação de vasos sanguíneos, pacientes
com presença de rosácea não podem realizar a técnica. Qual o motivo fisiológico para
essa contraindicação?

6.1.2 Indicações e contraindicações na saúde estética


Muitas são as indicações para o uso da carboxiterapia. Na área estética, todas as disfunções
que se beneficiam do aumento local do fluxo sanguíneo, aumento da oxigenação e retração da
pele, são colocados como indicações a este tratamento.
Na saúde estética, em específico, as indicações são:
• Rejuvenescimento facial;
• Celulite;
• Gordura localizada facial e corporal;
• Estrias;
• Flacidez tissular;
• Pré e pós-operatório;
• Hiperpigmentação periorbital;
• Capilar.
Com relação às contraindicações, especialistas afirmam que não existem importantes reações
sistêmicas descritas, sendo, portanto, um método seguro, de fácil execução e amplamente utilizado.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 121


O metobólito produzido no organismo, após a utilização do gás carbônico, não leva a uma
alteração da pressão arterial sistêmica, a não ser que o paciente já tenha alguma disfunção.
Portanto, recomenda-se seguir algumas contraindicações clássicas:
• Gestação;
• Insuficiência cardíaca;
• Insuficiência respiratória;
• Insuficiência renal e hepática – para disfunções que acometem o tecido adiposo;
• Diabetes;
• Problemas psicológicos;
• Epilepsia;
• Doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico;
• Casos imunodepressivos;
• Distúrbios da coagulação;
• Doenças relacionadas diretamente ao colágeno;
• Aumento anormal da circulação;
• Rosácea e poquilodermia;
• Tromboses.

6.1.3 Reações adversas


Como o gás carbônico é um produto presente na circulação, o tratamento com a carboxite-
rapia é considerado seguro, porém, alguns efeitos secundários podem ser desencadeados, e
são considerados normais e desejáveis. As possíveis reações adversas transitórias são:
• Hiperemia e aumento da temperatura local: devido ao estímulo no metabolismo local;
• Dor no local durante a aplicação: o gás carbônico, ao ser infiltrado no tecido, gera uma
ardência, causando um desconforto durante a realização da técnica;
• Eventuais hematomas e equimoses: como o procedimento é realizado com agulha, as
punturações realizadas podem romper pequenos vasos, gerando pontos de coloração roxa,
que desaparecem de forma natural após alguns dias.
• Creptação local: é gerada devido à formação de um enfisema local. Essa sensação é dimi-
nuída após 30 minutos do término da sessão;
• Sensação de peso e aumento de volume local: esses efeitos são gerados de acordo
com a velocidade que o gás é infiltrado. Quanto maior a velocidade, maior a sensação de
peso e aumento do volume. Este item está diretamente ligado também ao limiar de dor de
cada indivíduo;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 122


• Estancamento de gás: essa reação só ocorre se, no ato da infiltração, ao invés de ser libe-
rado apenas gás carbônico, também houver a infiltração do oxigênio. Neste caso, um edema
prolongado na região se desenvolve, podendo levar até sete dias para voltar à normalidade.
Para essa reação ser evitada, é muito importante que, no início de cada sessão, seja realizada
a drenagem do equipo, de modo a eliminar qualquer vestígio de oxigênio que esteja dentro da
“mangueira”. Além disso, uma drenagem no sistema deve ser realizada no início da jornada de
trabalho.
Alguns fabricantes, com o intuito de amenizar as reações transitórias que ocorrem durante
e após a aplicação da carboxiterapia, desenvolveram equipamentos com aquecimento do gás
carbônico, pois o gás quente diminui a sensação desconfortável na entrada do gás.

6.2 Técnicas subcutâneas


Na camada subcutânea, a carboxiterapia atua diretamente nas células adiposas por
meio da ativação da adenilciclase, estimulando a formação do AMPc, que, por sua vez, esti-
mula a enzima lipase responsável pela lipólise. Além disso, auxilia na redução das aderências
causadas por processos cirúrgicos, através do descolamento tecidual. Portanto, a prática da
carboxiterapia pode ser utilizada na redução do acúmulo de gordura localizada, celulite e
fibroses pós-cirúrgicas.

6.2.1 Lipodistrofia localizada


A lipodistrofia localizada é o acúmulo de
gordura excedente não metabolizada dentro
das células adipocitárias. Esse armazenamen-
to ocorre na forma de triglicerídeos, que são
compostos de uma molécula de glicerol e três
de ácido graxo. As células adiposas têm a ca-
pacidade de se esvaziar quando o organismo
precisa de uma fonte de energia, mas tam-
bém podem voltar a encher quando o orga-
nismo entende que é preciso armazenar.
Na carboxiterapia, ocorre um aumento no
metabolismo local. Com o metabolismo acele-
Figura 5. Gordura localizada. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
rado, o sistema nervoso simpático é ativado, 14/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 123


a fim de liberar as catecolaminas na corrente sanguínea. Estas, por sua vez, ativam a lipólise
interna dos adipócitos através da enzima lipase, que tem sua produção realizada pelo tecido
adiposo, transformando-o em um órgão endócrino. Após a liberação enzimática, os triglicerí-
deos são “quebrados” em ácido graxo e glicerol.
As moléculas de ácido graxo são, então, liberadas na circulação sanguínea. A partir desse
momento, dois fatores podem ocorrer: o primeiro deles é a possível queima desses ácidos
graxos, diminuindo de maneira eficaz o acúmulo de gordura na região tratada. Para que ocorra
essa queima, é importante a realização de atividade física diária e uma alimentação equilibra-
da; caso contrário, o segundo fator que pode ocorrer é a redeposição desse ácido graxo na
forma de triglicerídeos em outro adipócito, pelo processo chamado de lipogênese.
A técnica de aplicação é pontual, ou seja, realizada na região que deve ser reduzida, através
de uma agulha 30 G. Várias punturações são realizadas no tecido em uma angulação de 90º e a
quantidade de gás a ser infiltrada depende da quantidade de gordura retida no local. É preciso
observar um intumescimento da região e, a partir do momento que esse sinal é observado,
indica-se a quantidade ideal para tal região.
A marcação é realizada com o paciente na posição ortostática, vários pontos devem ser
marcados abrangendo 100% da região afetada. De um ponto a outro, uma distância de aproxi-
madamente 2 cm deve ser respeitada e, em cada ponto, uma quantidade entre 30 e 50 ml de
dióxido de carbono deve ser infiltrada.

Quadro 1. Aplicação para lipodistrofia localizada

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

30 a 50 ml
30 G Subcutânea 90 graus 7 dias
por ponto
* Por ponto aplicado.

No final da sessão, é preciso avaliar se, em algum ponto, a quantidade de gás não foi infiltrada
suficiente para causar intumescimento e hiperemia; caso isso seja observado, deve-se aplicar uma
quantidade maior. O intervalo das sessões para tratar a gordura localizada é de sete dias, quando
associada com outros procedimentos; ou duas vezes na semana, se utilizada isoladamente.
O número de sessões depende da quantidade de gordura armazenada na região, mas a
indicação é de pelo menos dez sessões, para iniciar. As regiões com acúmulo de gordura que
podem ser tratadas com a carboxiterapia são: abdômen, flancos, costas, papada, braços, culo-
te, lateral dos joelhos, região infraglútea (bananinha) e interno da coxa.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 124


6.2.2 Lipodistrofia ginoide (celulite)
A celulite, como se sabe, é uma disfunção estética que gera um mau funcionamento na cir-
culação sanguínea devido ao acúmulo exacerbado de gordura ou líquido em uma determinada
região. Com isso, gera-se uma compressão dos vasos sanguíneos e repuxamento dos septos
fibrosos, formando a aparência de casca de laranja.

Figura 6. Celulite. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

Como a carboxiterapia causa um aumento na circulação, o tecido acometido pelos nódulos


celulíticos recebe, de forma facilitada, uma nutrição e oxigenação tecidual, auxiliando também
na eliminação de líquidos e toxinas. Para os indivíduos que possuem um acúmulo maior de
lipídeos, a ação lipolítica oxidativa também contribui para a melhora do quadro da celulite.
A técnica consiste na infiltração do gás em toda a região acometida pela disfunção. Não há
uma marcação específica, é através do olhar clínico que o profissional irá identificar as regiões
que já foram insufladas das regiões que ainda precisam receber o gás.
A angulação é de aproximadamente 45º, distendendo todo o tecido que irá receber a infiltra-
ção do gás. A técnica para celulite pode ser realizada de duas a três vezes na semana.

Quadro 2. Aplicação para lipodistrofia ginoide

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

Máx. de 2 a 3x na
30 G Subcutânea 45 graus
2.500 ml semana

* Por ponto aplicado.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 125


As regiões com celulites que podem ser tratadas com a carboxiterapia são: anterior e poste-
rior da coxa, glúteos, lateral da coxa e interno da coxa. Não há como indicar um número espe-
cífico de sessões, o tratamento para celulite é paliativo, isto é, o paciente precisa manter o tra-
tamento sempre, pois, na ausência do procedimento, o quadro tende a progredir novamente.

PAUSA PARA REFLETIR


Nem todos os processos de celulite são realmente celulite. Em qual situação essa “pseu-
docelulite” se encaixa?

6.2.3 Fibrose
Muitas pessoas que realizam cirurgias plásticas tendem a formar fibroses (aderências te-
ciduais). Neste caso, a carboxiterapia é efetiva pelo descolamento que o gás infiltrado realiza.
Desta maneira, as aderências causadas pela cicatrização pós-cirúrgica são amenizadas, além
de promover um estímulo na produção de fibras colágenas e elásticas na região tratada.
A técnica consiste em aplicar o gás em toda a região acometida pela fibrose, inflando até
uma distensão tecidual visível ao profissional que está realizando a aplicação. Por esse motivo,
não há uma quantidade específica, só é importante lembrar que a quantidade máxima por
sessão é de 2.500 ml de gás infiltrado.

Quadro 3. Aplicação para fibrose

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

Junção derme Máx. de


30 G 45 graus 2x semana
hipoderme 2.500 ml

* Por ponto aplicado.

A sessão pode ser realizada até duas vezes na semana e, para um resultado mais rápido, é indicada
a associação com outras técnicas, como, por exemplo, o ultrassom ou até mesmo a massagem manual.

6.3 Técnicas intradérmicas


A carboxiterapia é um ótimo procedimento para realizar a estimulação na produção de fi-
bras de colágeno e elastina. Com essa função específica, várias disfunções estéticas que são

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 126


dependentes dessa estimulação podem ser amenizadas através da realização da técnica, como
a flacidez tissular, rejuvenescimento e estrias.
A aplicação é intradérmica, pois é na derme que se encontra o maior número das células
responsáveis pela produção das fibras colágenas e elásticas: os fibroblastos.

6.3.1 Flacidez tissular


Com o passar dos anos, o organismo humano diminui sua capacidade de produção de colá-
geno e elastina. Essa deficiência na produção gera uma pele atrofiada e perda da capacidade
de expansão e retração do tecido.
A carboxiterapia é uma aliada no tratamento
da disfunção, pois em cortes histológicos, já ficou
comprovado o aumento na espessura da derme
e, consequentemente, um estímulo no proces-
so de neocolagenese. O mecanismo de ação é
através da distensão tecidual e, nessa técnica
específica, um parâmetro do equipamento é
muito importante: o fluxo, ou seja, a velocidade
com que o gás é infiltrado (quanto maior o fluxo,
maior a microlesão gerada). Esta microlesão de-
Figura 7. Flacidez tissular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.
sencadeia um processo inflamatório programa-
do, estimulando os fibroblastos, células responsáveis pela produção de colágeno e elastina.
A técnica realizada é intradérmica, com angulação de aproximadamente 10º. Não há uma
marcação padronizada, sendo que a distensão precisa ser perceptível aos olhos do profissio-
nal, ficando clara as regiões distendidas e as que precisam receber o gás.

Quadro 4. Aplicação para flacidez tissular

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

30 G Intradérmica 10 graus 60 a 100 mL Mínimo 15 dias


* Por ponto aplicado.

Como o processo alvo é a produção de colágeno, é preciso respeitar o ciclo. Portanto as sessões
só podem ser realizadas com intervalo de, no mínimo, 15 dias entre uma e outra. A durabilidade do
tratamento depende da resposta do organismo para a produção das fibras colágenas e elásticas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 127


6.3.2 Rejuvenescimento
O envelhecimento é caracterizado pela formação de marcas na pele chamadas de rugas,
linhas de expressão e sulcos. Essas pregas são originadas devido à degradação e rompimento
das fibras de colágeno e elastina.

Figura 8. Envelhecimento. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

A carboxiterapia aplicada de forma intradérmica pode amenizar essas marcas no que diz
respeito à profundidade, deixando-as mais imperceptíveis aos olhos. O mecanismo desenca-
deado é o mesmo para a flacidez tissular; através da infiltração do gás carbônico, um processo
inflamatório programado é ativado, aumentando significativamente a produção de colágeno e
elastina, e diminuindo a profundidade das rugas e sulcos. Porém, a textura da pele também
é melhorada, pois, como ocorre um aumento da circulação sanguínea, o tecido tratado recebe
um maior aporte de nutrientes e oxigênio. A aplicação é superficial, portanto, a angulação é
de aproximadamente 10º. Como a essência da técnica é a produção de colágeno, as sessões
devem ser realizadas a cada 15 dias.

Quadro 5. Aplicação para rejuvenescimento

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

5 a 30 ml por
30 G Intradérmica 10 graus 15 dias
ponto
* Por ponto aplicado.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 128


A quantidade de sessões depende do grau de envelhecimento e resposta do organismo do pa-
ciente. Em média, com um total de seis a oito sessões já é possível observar o início dos resultados.

6.3.3 Capilar
Não existe apenas uma causa para a queda capilar. Estudos mostram mais de 200 causas,
mas um fator em comum a todas as causas é a diminuição drástica da circulação sanguínea no
couro cabeludo, o que leva ao enfraquecimento dos folículos.

Figura 9. Alopécia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

Através da vasodilatação, a carboxiterapia aumenta o fluxo sanguíneo na região alvo. Com


esse estímulo, uma quantidade significativa de nutrientes e oxigênio chega aos folículos pilo-
sos, facilitando as trocas gasosas, diminuindo a queda capilar por meio do fortalecimento dos
cabelos existentes e também estimulando o crescimento de novos fios.
A técnica é intradérmica, porém, a angulação é um pouco maior do que nos outros casos
semelhantes, pois o couro cabeludo é uma região endurecida quando punturada de maneira
muito superficial. A infiltração do gás carbônico se dá em toda a derme capilar, e a marcação é
realizada em linhas retas, com distância entre os pontos de aproximadamente 2 cm.

Quadro 6. Aplicação para queda capilar

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

30 G Intradérmica 20 a 30 graus 5 ml por ponto 2x semana


* Por ponto aplicado.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 129


O protocolo recomendado é iniciar as sessões duas vezes por semana e manter dessa forma
até a queda cessar ou diminuir significativamente. Como as disfunções capilares podem ter
origens em diversos mecanismos, sessões de manutenção precisam ser realizadas a cada 15
dias ou, no mínimo, uma vez ao mês.

6.3.4 Estrias
O rompimento das fibras de colágeno e elastina ocorre de maneira abrupta, promovendo esti-
ramentos na pele, denominados de estrias. A restauração do tecido não ocorre de maneira natu-
ral, pois o tecido elástico não se regenera, porém, é possível amenizar as marcas, diminuindo seu
calibre e melhorando a textura das estrias, deixando-as mais próximas à aparência natural da pele.

Figura 10. Estrias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

Para este quadro, a carboxiterapia realiza uma série de micropunturações, promovendo


um processo inflamatório que desencadeia a estimulação na replicação dos fibroblastos, au-
mentando a produção de colágeno e elastina e a espessura da derme, além de realizar um
rearranjo das fibras colágenas.
A técnica consiste em micropunturar toda a extensão das estrias, inflando-as com o gás
carbônico, para, assim, iniciar o mecanismo de ação que irá promover a melhora na aparência
e textura das estrias. Como a produção das fibras de colágeno e elastina são os principais me-
canismos, as sessões devem respeitar um intervalo de, no mínimo, 15 dias entre elas.

ASSISTA:
Para melhor elucidação da infiltração do gás carbônico nas estrias, assista ao vídeo
Aplicação de Carboxiterapia,, disponível no canal Diego Maeoka, no Youtube: https://
www.youtube.com/watch?v=m5teVAJfcbM.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 130


Quadro 7. Aplicação para estrias

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

30 G Intradérmica 10 graus – 15 dias


* Por ponto aplicado.

A quantidade de gás carbônico inflado não é específica, o importante são todas as estrias
estarem infladas no término de cada sessão.

6.4 Outras técnicas


A utilização da carboxiterapia demonstrou-se eficaz em outras disfunções estéticas, que
têm como base a melhora na circulação sanguínea e distensão de tecidos.

6.4.1 Hiperpigmentação periorbital


A hiperpigmentação periorbital é uma disfunção também conhecida como olheira. Ca-
racteriza-se pela pigmentação na parte infraorbital ou perda de volume, gerando uma profun-
didade na região. A pigmentação pode ter origens diferentes, como acúmulo de melanina ou
alterações vasculares, o que pode ocasionar um depósito de emossiderina na região.

Figura 11. Olheiras por hemossiderina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 131


A técnica da carboxiterapia tem eficácia apenas nas olheiras de origem vascular, pois a difi-
culdade em realizar a vascularização da área é amenizada com a infiltração do gás carbônico.
Com o aumento no aporte de oxigênio e nutrição, o tecido danificado sofre uma melhora sig-
nificativa. Pacientes que apresentam bolsas na região também podem ser beneficiadas com a
realização da técnica, pois, como a infiltração é intradérmica, ocorre um estímulo na produção
de colágeno, amenizando a aparência flácida da região.
A quantidade de gás inflado não é específica, a distensão da pálpebra inferior e superior
precisa ser observada pelo profissional para, assim, cessar a liberação do gás. A entrada da
agulha se dá no final da comissura dos olhos, com um espaço de 1 cm aproximadamente. É
necessário perfurar a pele apenas com a ponta do bisel da agulha e aguardar a distensão de
toda região. O intervalo entre as sessões, inicialmente, deve ser de sete dias. Após a melhora
do quadro, a manutenção mensal deve ser mantida, pois a alteração vascular pode progredir
novamente com o encerramento das sessões.

DICA:
Na aplicação do gás carbônico para olheiras, é fundamental realizar a drenagem do
equipo antes de iniciar a técnica, pois, se for infiltrado oxigênio na região, haverá
um estancamento do gás. Isso irá deixar a região edemaciada por um período bem
longo, podendo levar até uma semana para voltar totalmente ao normal, causando
desconforto e constrangimento ao paciente.

Quadro 8. Aplicação para hiperpigmentação periorbital

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

1x na semana
30 G Intradérmica 10 graus –
ou por mês
* Por ponto aplicado.

6.4.2 Flacidez muscular facial


A flacidez muscular facial é caracterizada pela falta de estímulos musculares, deixando as
fibras relaxadas, com perda de resistência. Na região facial, é possível ter acesso aos músculos
de uma forma mais fácil. Com isso, as técnicas estéticas utilizadas para tratar a flacidez muscu-
lar facial conseguem atuar de forma efetiva e segura.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 132


A carboxiterapia aumenta a circulação sanguínea, levando para os músculos uma quanti-
dade grande de oxigênio, fazendo com que a contração muscular seja estimulada. Outro me-
canismo importante é o descolamento que ocorre, seguido de movimentos manuais precisos
para realocar os músculos da face.
A técnica consiste em realizar a infiltração de gás em pontos específicos, descolando o mús-
culo e, em seguida, realizando movimentos específicos para realocar o tecido muscular. A apli-
cação deve ser feita em um ângulo de 90º para que a camada muscular seja alcançada.

Quadro 9. Aplicação para flacidez muscular facial

Agulha Aplicação Ângulo *ml de CO² Intervalo

30 G Intradérmica 90 graus 100 a 300 ml 30 dias


* Por ponto aplicado.

A quantidade de gás não é específica: o gás deve ser infiltrado até a distensão tecidual ocor-
rer entre os dedos do profissional. A marcação deverá ser realizada de acordo com a Fig. 12.

Figura 12. Marcação.

Quanto aos movimentos, eles precisam sempre ser ascendentes, com pressão para aderir à
musculatura novamente. A sessões devem ser realizadas uma vez ao mês, com um protocolo
de, no mínimo, seis a oito sessões.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 133


Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
pontue os pontos positivos e negativos da tecnologia estudada. Para essa produção, considere
as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo. Observamos que a tecnologia deno-
minada carboxiterapia possui muitas utilidades dentro da clínica de estética, servindo como
um equipamento essencial para as principais disfunções estéticas. Trata-se de uma técnica
que realiza a infiltração de gás carbônico em diferentes planos de aplicação, desencadeando
vários mecanismos de ação que são de suma importância para que os resultados esperados
sejam obtidos, como o Efeito Bohr. Através desse processo, conseguimos aumentar o fluxo
sanguíneo, entregando às regiões tratadas um aporte muito grande de oxigênio e nutrientes.
Também contamos com um aumento do metabolismo local, desencadeando a ação lipolítica
oxidativa, podendo reduzir ao acúmulo dos depósitos de gordura.
A carboxiterapia é um procedimento seguro, sem muitas consequências pós-procedimento.
Porém, como todas as técnicas, algumas restrições precisam ser seguidas (como pudemos ob-
servar na primeira pausa para refletir). Pacientes com presença de rosácea não podem receber
a técnica, pois esta é uma patologia que registra inflamação crônica e proliferação exacerbada
de vasos sanguíneos. Os tratamentos utilizados para a rosácea amenizam esses dois proces-
sos, e sabemos que a infiltração do gás carbônico realiza tanto a proliferação dos vasos quanto
o desenvolvimento de um processo inflamatório, restringindo a utilização da técnica nesses
pacientes em específico. O procedimento também é contraindicado para pacientes com pro-
blemas cardíacos e respiratórios, tendo em vista que demanda uma troca gasosa intensa.
Observamos que, para a realização das técnicas, determinados parâmetros precisam ser
seguidos, tais como: fluxo do gás, quantidade infiltrada e, principalmente, angulação da agulha.
A avaliação e o diagnóstico precisam ser realizados com prudência, pois nem sempre a
disfunção que aparenta ser é a correta, como mencionado na segunda pausa para refletir. No
caso da celulite, por exemplo, podemos encontrar uma “pseudocelulite”, a aparência de cas-
ca de laranja está presente, mas se a avaliação for feita de maneira correta, visualizamos, na
verdade, a presença de flacidez tissular. Desta maneira, o tratamento deve ser iniciado para
tratamento da flacidez, e não para a celulite.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 134


Para finalizar, é importante lembrar que, para algumas disfunções, a carboxiterapia funcio-
na como um coadjuvante, apenas contribuindo para o tratamento como um todo, como é o
caso das disfunções capilares.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 135


Referências bibliográficas
BORGES, Fábio; SCORZA, Flávia. Carboxiterapia: Planos de aplicação – novo conceito. Fábio
Borges Fisioterapeuta. Disponível em: <http://www.proffabioborges.com.br/carboxiterapia-
-planos-de-aplicacao-novo-conceito/>. Acesso em: 14 jan. 2019.
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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 136


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Preparar o aluno para a atuação segura LUZ INTENSA PULSADA
• Características básicas
e eficaz nas técnicas de laserterapia,
• Mecanismo de ação
diferenciando as tecnologias e suas
• Contraindicações
indicações. • Reações e complicações

LASER FRACIONADO
• Preparo da pele
• Laser fracionado ablativo
• Laser fracionado não ablativo
• Indicações e contraindicações

LASER PARA EPILAÇÃO


• Laser de diodo
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 137


Contextualizando o cenário
Procedimentos para rejuvenescimento facial estão em alta nas clínicas de estéticas, e
um dos procedimentos mais procurados é a técnica dos lasers. Existem vários tipos de
lasers, mais agressivos ou menos agressivos, tudo dependerá do grau de fotoenvelhe-
cimento que o paciente apresentar. A tecnologia de laserterapia sofreu inúmeras atua-
lizações ao longo dos anos, permitindo o uso de equipamentos de alta performance e
com resultados excelentes. Alterações como rugas, flacidez e manchas são amenizadas
significativamente pela utilização da tecnologia. Porém, uma boa avaliação precisa ser
realizada e a indicação do laser correto precisa ser feita, para assim diminuir os riscos
das complicações. Desta forma, quais são os equipamentos à laser disponíveis para
utilização?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 138


7.1 Laserterapia – luz intensa pulsada
A terapia à base de luz é uma das mais antigas utilizadas no tratamento de disfun-
ções patológicas, tais como cicatrização de feridas e hemangiomas. O primeiro laser a ser
desenvolvido denominou-se Maser e foi criado em 1959 por Townes e Schalow. Porém, o
primeiro profissional a manusear e trabalhar com um laser foi Theodore Maiman, em 1960,
com o laser de rubi, embora a atenção recebida pela classe médica tenha sido mínima.
Somente em 1963, com o considerado “pai dos lasers”, Leon Goldman, a tecnologia co-
meçou a ganhar espaço. Após isso, foram desenvolvidas demais tecnologias, como o CO2,
ganhando foco não apenas para fins terapêuticos, mas também para a área estética, pelo
fato de promover melhoria na textura e na
aparência cutânea do paciente.
Com a tecnologia em amplo desenvolvi-
mento, muitos equipamentos foram cria-
dos e aprimorados para o uso na saúde es-
tética, causando um impacto benéfico na
qualidade de vida dos pacientes.
A luz intensa pulsada (LIP) foi descoberta
na década de 1960, pelo cientista Leon Gold-
man, porém, foi desenvolvida apenas na dé-
cada de 1980, após a formulação da teoria da
fototermólise seletiva, que foi desenvolvi-
da por Anderson Parrish em 1983.
A tecnologia da LIP não pode ser con-
fundida com laser, pois suas características
são diferentes em relação à luz, coerência e
colimação, por exemplo. O funcionamento
é a partir da emissão de radiações eletro-
magnéticas.
Figura 1. Leon Goldman. Fonte: European Medical. Acesso em:
A espectrometria do comprimento de 21/01/2019.

onda na luz intensa pulsada é bem ampla, podendo variar desde o início das ondas UV,
com comprimentos de ondas menores de 100 nm, até o final das ondas UV, que pode
chegar a valores de até 2000 nm.
Com o avanço tecnológico, podemos utilizar a luz intensa pulsada em várias disfun-
ções, sejam elas estéticas ou patológicas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 139


7.1.1 Características básicas
Na luz intensa pulsada, utiliza-se um equipamento que realiza emissão de feixes de luz com
uma alta intensidade. Cada feixe de luz emitido pode conter um valor específico, chamado de
comprimento de onda.
O comprimento de onda em um equipamento de LIP pode variar entre 100 nm a 2000 nm,
porém, utiliza-se valores dentro de uma margem de segurança, diminuindo os parâmetros
para um faixa entre 200 nm e 950 nm. Esse parâmetro é essencial, pois através do valor, o alvo
do tratamento será selecionado.
A luz intensa pulsada é um equipamento policromático. Essa característica se dá justa-
mente pelo fato do espectro do comprimento de onda ser muito amplo, podendo atingir várias
estruturas, de acordo com a faixa escolhida para o comprimento de onda. Por meio do uso de
filtros, que recebem o nome de cut offs, a faixa de emissão é selecionada.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação sobre a técnica da luz intensa pulsada, assista ao vídeo
Como funciona? Luz intensa pulsada,, disponível no canal Dra. Luciana de Abreu, no
Youtube.

0 0 0 0 0
48 53 56 64 69

Filter Filter Filter Filter Filter


480 nm 530 nm 560 nm 640 nm 690 nm

Figura 2. Filtros para seleção do comprimento de onda. Fonte: BTLA Esthetics. Acesso em: 21/01/2019. (Adaptado).

A emissão de energia ocorre através de uma câmara de gás, especificamente o xenônio,


associada a uma corrente elétrica que libera pulsos de energia sob forma de luz (energia lumi-
nosa), através da ponteira do equipamento, que é constituída por safira ou quartzo.
As estruturas alcançadas são denominadas de cromóforos. Os cromóforos são associações
de átomos de uma determinada molécula, responsáveis pela cor de um composto fotodina-

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 140


micamente ativo. Cada composto, por sua vez, possui uma faixa de comprimento de onda
que absorve a energia luminosa, convertendo-a em calor. Tratam-se, portanto, de substâncias
fotoinstáveis.
Os principais cromóforos que a LIP consegue atingir são:
• Melanina;
• Vascular (hemoglobina, hemossiderina);
• Porfirina (acne);
• Colágeno.
A melanina é o cromóforo que possui a maior faixa no espectro do comprimento de onda, ab-
sorvendo a luz entre 340 nm a 1200 nm. Entretanto, seu pico de absorção é entre 400 nm e 430 nm.
As lesões vasculares à captação da energia luminosa ocorrem na faixa do espectro entre
300 nm e 580 nm.
A acne não possui um cromóforo específico, mas sabe-se que a bactéria P. acnes, respon-
sável pelo desenvolvimento da acne, sintetiza porfirinas, que são substâncias fotossensíveis.
Sendo assim, quando ocorre a absorção da energia luminosa, espécies reativas de oxigênio
desativam a P. acnes, melhorando o quadro da acne ativa. Essa absorção fica na faixa de 310
nm a 510 nm.
O colágeno é um cromóforo que absorve a energia na faixa entre 380 nm e 1200 nm. A
emissão de luz intensa pulsada possui feixes de luz não coerentes e, portanto, a absorção lu-
minosa abrange vários comprimentos de ondas simultaneamente, embora cada comprimento
tenha seu efeito específico desejado. As principais cores emitidas são o amarelo, verde, azul e
vermelho, além do infravermelho.

comprimento da onda em nanômetros

Figura 3. Cores e comprimentos de ondas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/01/2019. (Adaptado).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 141


As cores azuis e verdes geralmente atuam mais superficialmente, enquanto as vermelhas
agem em camadas intermediárias e a luz infravermelha atua mais profundamente.
Outra característica da LIP é não possuir colimação, ou seja, possuir uma divergência angu-
lar grande. Não há um ponto focalizado, como em uma lâmpada comum, por exemplo, e por
essa razão a emissão da luz pode ser denominada como flashlamps.

IPL

Figura 4. Colimação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/01/2019. (Adaptado).

Os aparelhos de LIP realizam e emissão de ondas quadradas, que são fragmentadas em


vários pulsos, entregando a energia em um comprimento de onda e com duração do pulso lumi-
noso combinados, para que a energia chegue até o cromóforo selecionado de forma eficaz, man-
tendo as estruturas adjacentes intactas. Esse processo é chamado de fototermólise seletiva.
Outros parâmetros importantes são:
• Potência: pode ser caracterizada como a quantidade de energia liberada por segundo.
• Energia: esse parâmetro é o responsável pela resposta térmica do tecido, é medida em Jou-
les (J) e corresponde à quantidade de potência entregue em um intervalo de tempo determinado.
• Fluência: caracteriza-se pelo total de energia entregue dividida pela abrangência da área e é
expressa em J/cm2. Define-se, portanto, como quanto maior for a fluência, o tecido será aquecido de
forma mais rápida, e, consequentemente, a intensidade do efeito desejado será maior e mais rápida.

7.1.2 Mecanismo de ação


O mecanismo de ação da luz intensa pulsada difere de acordo com a disfunção estética a
ser tratada.
Para as disfunções vasculares, a emissão de energia realiza uma coagulação intravascu-
lar através do aquecimento do vaso, alterando sua cor para azul acinzentado e substituindo

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 142


a coagulação por um material fibroso, reduzindo o fluxo sanguíneo. Com isso, ocorre a vaso-
constrição do vaso em sua totalidade. Uma das características da LIP é não realizar a ruptura
dos vasos, evitando a deposição de pigmentos na camada cutânea e evitando a púrpura pós
procedimento. Para alterações como a rosácea, a luz pulsada não se enquadra como uma
técnica curativa, mas promove um controle no quadro da disfunção.
Para tratamentos que exigem estimulação dos fibroblastos, o mecanismo de ação da luz
intensa pulsada se dá pelo aquecimento das fibras colágenas reticulares através da energia de
alta intensidade, promovendo uma retração instantânea da pele e reduzindo a frouxidão cutâ-
nea. Esse aquecimento também desencadeia um processo inflamatório controlado, de modo
a estimular as células responsáveis pela produção do colágeno (os fibroblastos), resultando em
síntese de elastina e colágeno dos tipos I e III.
Para quadros de acne vulgar, a tecnologia de luz intensa pulsada atua com dois mecanis-
mos: o primeiro mecanismo consiste na absorção da energia luminosa pelas porfirinas, que
são substâncias produzidas pela P. acnes. Esta absorção culmina na formação de radicais livres
que terão efeito bactericida, e esse mecanismo é denominado de efeito fotodinâmico. O se-
gundo mecanismo é a fototermólise seletiva, que atua nos vasos sanguíneos responsáveis
pela nutrição das glândulas sebáceas, reduzindo o fluxo sanguíneo nesses vasos e fazendo
com que a secreção de sebo pelas glândulas seja diminuída.
As alterações que acometem a produção exacerbada de melanina, denominadas hipercromias,
podem ser tratadas com a aplicação da LIP. Sua ação ocorre pela rápida diferenciação dos queratinó-
citos. O processo fototérmico que ocorre durante os disparos da luz remove os melanossomos com
queratinócitos necróticos da superfície cutânea. Após a realização da técnica, ocorre um escurecimen-
to nas regiões com manchas melanocíticas. Esse escurecimento posteriormente irá desencadear uma
crosta, que será eliminada alguns dias após seu aparecimento. Por baixo dessa casca, será observada
uma coloração mais rosada, que, após sua regeneração completa, culminará em um tecido mais claro.

PAUSA PARA REFLETIR


Sabendo da fisiopatologia que acomete o melasma, a luz pulsada pode ser considerada
uma boa opção para amenizar e controlar essa disfunção?

7.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética


A luz intensa pulsada tem uma ampla aplicação na saúde estética, sua utilização pode ame-
nizar e controlar várias disfunções cutâneas, tais como:

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 143


• Alterações vasculares;
• Rosácea;
• Telangiectasias;
• Poiquilodermia;
• Lesões melanocíticas;
• Melanoses solares;
• Efélides;
• Nevos;
• Hiperpigmentação pós-inflamatória;
• Hiperpigmentação infraorbitária;
• Acne;
• Epilação;
• Produção de colágeno;
• Fotorrejuvenescimento;
• Estrias;
• Cicatrizes.

As contraindicações na aplicação da LIP precisam ser seguidas à risca, para evitar compli-
cações. Tais restrições são:
• Uso de Isotretinoína (roacutan) nos últimos seis meses, pelo menos. O ideal são, na verda-
de, 12 meses de intervalo;
• Medicamentos via oral e tópica à base de corticoides, anticoagulantes há mais de três meses;
• Medicamentos fotossensibilizantes fortes;
• Pacientes bronzeados e em exposição contínua aos raios UV há pelo menos quatro se-
manas antes do tratamento, assim como indivíduos de fototipos acima de IV pela classifica-
ção de Fitzpatrick (Quadro1), pois o risco de causar queimaduras, hiperpigmentações e até
hipopigmentação é maior devido à absorção intensa da energia emitida;
• Pelos brancos, se o objetivo for epilação;
• Dermatoses desencadeadas ou agravadas pela luz;
• Pacientes com histórico de queloides;
• Lactantes e gestantes (contraindicação relativa);
• Diabetes descontrolada;
• Sinais de infecção e inflamação de pele;
• Sensibilidade à radiação da luz;
• Neoplasias.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 144


Quadro 1. Classificação de Fitzpatrick

TIPO DE PELE COR REAÇÃO AO SOL

I Alva Sempre queima


II Branca Quase sempre queima
III Morena clara Gerelmente queima
IV Morena Raramente queima
V Morena escura Muito raramente queima
VI Negra Nunca queima

Algumas reações e complicações podem ser desencadeadas com a aplicação da luz in-
tensa pulsada. As reações secundárias, consideradas normais e desejáveis, são: edema, li-
geira ardência, prurido e hiperemia, que amenizam após 24 horas da aplicação. Para ajudar
a amenizar o quanto antes essas reações, o uso de água termal e cremes regenerativos são
excelentes opções.
Já as complicações surgem pela aplicação errada da luz, podendo gerar sequelas na super-
fície cutânea, como cicatrizes hipertróficas; além de queimaduras, bolhas, hipopigmentação e
hiperpigmentações, mais comuns em pacientes bronzeados ou de pele morena.
As complicações podem ser evitadas seguindo algumas precauções, como:
• Realizar uma avaliação minuciosa, anotando todos os produtos de uso diário do paciente;
• Iniciar o tratamento com parâmetros baixos no equipamento, assim, as reações da pele
poderão ser observadas e, se for necessário, os parâmetros serão elevados com segurança;
• Realizar assepsia correta antes da sessão, retirando quaisquer substâncias que possam ter
interação com os feixes de luz;
• Indicar o uso diário do protetor solar durante todo o protocolo de tratamento.

7.2 Laser fracionado


laser foi introduzido no Brasil desde a década de 1990, com a tecnologia de laser não
fracionada. No início, os resultados obtidos foram muitos estimuladores, porém, depois de
um tempo, complicações começaram a surgir, pois a técnica realiza uma ablação completa da
epiderme, ou seja, remoção total da primeira camada da pele, deixando a derme exposta. Com
isso, vários fatores prejudiciais podem ser desencadeados, como cicatrizes e infecções. Frente
a essas intercorrências, notou-se uma diminuição drástica na utilização da tecnologia.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 145


Laser para remoção da pele
Antes Depois

Pele com Ablação da pele por laser Cura


problema

Figura 5. Laser tradicional. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/01/2019. (Adaptado).

Sendo assim, uma nova tecnologia foi desenvolvida: o laser não ablativo, que possui a
característica de ter uma penetração maior na derme, sem causar ablação na epiderme. Entre-
tanto, os resultados obtidos não foram muito animadores, pois se mostraram inferiores aos
desejados.
Com a fototermólise seletiva, que através do comprimento de onda e duração do pulso,
torna possível selecionar um cromóforo específico para absorção da energia, foi desenvolvida
uma nova geração de laser: o laser fracionado não ablativo e o laser fracionado ablativo.

Remoção da pele com laser fracionado


Antes Depois

Pele com Ablação da pele por laser Cura


problema

Figura 6. Laser fracionado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 146


No laser fracionado ablativo, o fracionamento dos raios é muito importante, pois apenas
uma parte da epiderme sofre ablação. A parte intacta é responsável pela regeneração do te-
cido como um todo. O pós-procedimento se tornou mais suportável e as complicações dimi-
nuíram significativamente, porém, os resultados são menores quando comparados com os do
laser não fracionado.
Algumas características dos lasers cuja compreensão é essencial para o profissional da saú-
de estética são:
• Cromóforo: O cromóforo, para o laser fracionado, é a água, pois os equipamentos atuam
em um comprimento de onda alto, e o valor da água fica na faixa dos 1200 nm, tornando o
laser uma tecnologia de alta especificidade;
• Monocromático: Essa característica significa que o laser contém apenas uma cor, com
feixes de um único comprimento de onda;
• Colimado: a colimação é o fato de não haver divergência dos feixes luminosos. Os raios se
propagam na mesma direção, de maneira uniforme e com pouca dispersão, tornando o laser
um equipamento preciso;
• Coerente: os raios de luz são unidirecionais, focalizando uma única direção. As ondas
possuem sincronismo, permanecendo em ordem por longas distâncias.
Os equipamentos mais utilizados dividem-se em dois tipos: fracionado ablativo e fracionado
não ablativo:
• Laser fracionado ablativo;
• CO2 fracionado;
• Erbium;
• Laser fracionado não ablativo;
• ND-Yag.

7.2.1 Preparo da pele


Na utilização do laser, é necessário um preparo de pele prévio, de modo a evitar complica-
ções e potencializar os resultados esperados. A preparação do paciente inicia-se com um mês
de antecedência, na consulta prévia, com o uso de despigmentantes, como o ácido glicólico ou
retinoico, associado à hidroquinona ou a outro ativo clareador, a fim de evitar a hiperpigmen-
tação pós-inflamatória. Uma semana antes do tratamento, o paciente retorna para que sejam
observadas as condições da pele e seja feita uma explicação, de preferência juntamente a um
familiar, sobre toda a evolução do procedimento. Então, decide-se como será realizado o pro-
cedimento e em quais áreas: se, por exemplo, na face toda, ou apenas em alguma região ana-

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 147


tômica específica. Se a técnica for aplicada apenas em uma região anatômica, decide-se tam-
bém o que será feito para uniformizar toda a face, como, por exemplo, um peeling associado.
Na consulta prévia, recomenda-se utilizar a seguinte fórmula, a fim de evitar uma crise her-
pética após a realização do laser:
• L-valina -------- 1g
• L-lisina -------- 2g
• Vit. C ---------- 100mg
• Sachê sabor xxx q.s.p. ------ 1 unidade.
Diluir um envelope em água ou suco por sete dias antes do laser e continuar dez dias após
a realização do procedimento.
No dia da sessão, recomenda-se lavar a face com sabonete antisséptico uma hora antes
do procedimento e enxugar. A seguir, aplica-se, massageando, cerca de uma colher de chá de
anestésico tópico, deixando-o agir por uma hora. Ainda antes de iniciar o procedimento, remo-
ve-se efetivamente todo o anestésico com água e sabonete antisséptico. Em seguida, enxuga-
-se muito bem e inicia-se a aplicação do laser.

7.2.2 Laser fracionado ablativo


O laser fracionado ablativo foi desenvolvido em 2006 e foi muito bem aceito pelos profis-
sionais, uma vez que os resultados são ótimos e as respostas, no que diz respeito à segurança
apresentada, são positivas.
Os feixes de luz são emitidos fracionadamente, mantendo uma boa parte da pele íntegra.
As zonas que recebem os raios são chamadas de Micro Thermal Zones (MTZs). As regiões que
não recebem esses feixes são responsáveis por auxiliar no processo de regeneração tecidual,
fazendo com que o período de recuperação se torne mais rápido e tranquilo.

Figura 7. Microzonas termais. Fonte: Medstética. Acesso em: 22/01/2019. (Adaptado).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 148


Os raios de luz emitidos são absorvidos pelo cromóforo que, nesse caso, é a água, e realiza
uma vaporização do tecido. Esse fenômeno ocorre quando o laser atinge a pele, registrando
um aquecimento muito rápido. Ocorre, então, uma ebulição e a vaporização da água contida
no tecido, gerando o processo de ablação. A alta temperatura que o laser atinge é responsável
pela desnaturação das fibras de colágeno, levando a uma retração instantânea da pele. O efei-
to térmico também estimula o processo de neocolagênese, através do processo inflamatório
desencadeado pela ação do laser.
Os parâmetros que são programados nos equipamentos antes do início da sessão são:
• Energia;
• Velocidade de entrega;
• Duração do pulso;
• Tamanho e formato da área tratada por disparo do laser;
• Concentração das colunas de ablação.

DICA:
Vale lembrar que, quanto maior o depósito de energia, maior o risco de que sejam
desencadeadas complicações pós-laser.

As duas tecnologias mais utilizadas são o laser de CO2 fracionado, que atua na faixa de com-
primento de onda 10.600 nm; e o Erbium, que atua na faixa dos 2.940 nm.
A diferença entre as duas está na capacidade de profundidade: o Erbium alcança uma pro-
fundidade de 1 a 3 µm de tecido por J/cm2, enquanto o laser de CO2 atinge a profundidade de
20 a 30 µm, resultando em um efeito térmico menor no Erbium, embora sua segurança na
aplicação seja maior, provocando o mínimo de danos para os tecidos.
Independente do laser escolhido, algumas reações e complicações podem ocorrer, como:
• Edema: pode ser de leve a moderado, e tende a regredir entre três a quatro dias após a
aplicação. Compressas geladas podem ser aplicadas na região. Se o edema for muito intenso,
existe a possibilidade de entrar com medicamento à base de corticoide para regredir mais
rapidamente o desconforto.
• Eritema: em todos os pacientes, é desencadeado o processo de hiperemia. Dependendo
da profundidade atingida pelo laser, a intensidade do eritema será maior ou menor, mas trata-
-se de uma reação transitória, melhorada após alguns dias.
• Prurido: a coceira é uma reação normal também, porém precisa de atenção pois pode
desencadear uma complicação devido a manipulação das unhas na pele ainda em processo de
regeneração, surgindo uma possível infecção na região.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 149


• Hipopigmentação: é uma complicação tardia, que é desencadeada devido ao uso do laser
com energia muito alta, em regiões que perdem a melanina, resultando em manchas esbran-
quiçadas, na maior parte das vezes sem reversão do quadro.
• Hiperpigmentação: a ocorrência dessa
complicação é comum em indivíduos com
fototipos mais elevados (IV e V), segundo a
classificação de Fitzpatrick. A realização do
preparo de pele prévia diminui drasticamente
essa reação. Além disso, o cumprimento das
recomendações pós-laser é muito importante
Figura 8. Hiperpigmentação pós-laser. Fonte: Redalyc. Acesso em:
para evitar complicações. 22/01/2019.

Algumas recomendações pós-procedimentos importantes são:


• imediatamente após o procedimento, pode ser realizada aplicação tópica de vaselina ou a
colocação de curativo do tipo filme oclusivo, que proporcionam sensação de conforto para o
paciente;
• evitar água muito quente e vapores, pois o paciente pode sentir algum ardor quando ex-
posto ao calor excessivo;
• após a descamação, que ocorre geralmente no quinto dia, deve-se utilizar muito hidratan-
te e filtro solar;
• para amenizar a sensação de ressecamento das pálpebras, é possível lubrificá-las com
pomadas oftálmicas estéreis lubrificantes.

7.2.3 Laser fracionado não ablativo


A tecnologia não ablativa atua na faixa de comprimento de onda de 1064 nm aproxima-
damente, e os cromóforos aumentam, não sendo apenas a água, mas também a melanina e a
hemoglobina. A técnica consiste na emissão de raios, promovendo colunas de coagulação da
camada cutânea, apesar de não ocorrer ablação tecidual. A epiderme fica 100% intacta, e, nas
colunas, o processo de regeneração é iniciado, recompondo toda a área coagulada.
A profundidade pode ser aletrada de acordo com a programação da fluência: quanto maior
a energia depositada na região, mais profunda será a agressão.
O laser ND-Yag é um dos equipamentos não ablativos mais utilizados pelos profissionais da
saúde estética. Sua penetração na camada da derme é menor, trazendo uma segurança maior
ao procedimento; porém, são necessárias algumas sessões para atingir o resultado esperado:
em média, são de quatro a cinco aplicações com intervalos mensais entre elas.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 150


7.2.4 Indicações e contraindicações
A utilização do laser é realizada para disfunções cutâneas. Na área da saúde estética, as
indicações são para:
• Fotoenvelhecimento: para os mais severos, os lasers fracionados são os mais indicados;
• Lesões pigmentares: com exceção do melasma, pois, neste caso, o quadro pode piorar;
• Flacidez tissular facial;
• Estrias;
• Ceratoses actínicas;
• Cicatrizes de acne.
As contraindicações são absolutas, pois as tecnologias apresentadas possuem um alto risco de
complicações, mesmo após a substituição da tecnologia tradicional para a fracionada. As restrições
permanecem, com um índice menor de reações, mas não anulando a aparecimento das mesmas.
As restrições absolutas que precisam ser seguidas e respeitadas são:
• Infecções: infecção ativa na face pode ser facilmente diagnosticada e o tratamento apro-
priado deve ser introduzido antes da realização do laser. Esse deve ser suspenso até que não
haja qualquer sinal de infecção na face do paciente;
• Infecção por herpes labial: muito prevalente na população adulta, há muitos medica-
mentos antivirais efetivos. Uma história pregressa de surto isolado não deve contraindicar o
laser. Quando ele for indicado, deve-se iniciar a profilaxia do herpes e continuar o tratamento
até a repitelização completa, de modo a permitir a reativação;
• Medicamentos: os medicamentos que os pacientes tomam e os históricos clínico e cirúrgi-
co devem ser cuidadosamente analisados. Qualquer medicamento com atividade fotossensibi-
lizante deve ser substituído. A isotretinoína promove atrofia das unidades pilossebáceas e tem
sido amplamente utilizada nos tratamentos de acne ativa grave. O processo de repitelização
após o laser origina-se das estruturais anexiais, como as unidades pilossebáceas. A alteração
dessas estruturas pode causar retardo no processo de restauração da pele e produzir seque-
las cicatriciais. Antes de qualquer lesão à derme, o uso da isotretinina deve ser suspenso, no
mínimo, seis meses antes do procedimento com laser.;
• Cirurgias e tratamentos esfoliativos anteriores: o aspecto de cicatriz decorrente de
cirurgias prévias pode ser indicativo da resposta do paciente aos métodos esfoliativos. Quali-
dade ruim de cicatrização, despigmentação ou qualquer evidência de processo de cura de má
qualidade podem ser consideradas contraindicações ao tratamento de laser. Como o laser não
promove lesão de espessura total, uma cicatriz de má qualidade por si só não exclui o trata-
mento em questão;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 151


• Pacientes com fototipos altos: indivíduos com fototipo acima de IV não podem realizar a
aplicação de laser, pois o índice de hipopigmentação e hiperpigmentação é alto, além de pos-
síveis sequelas, como cicatriz hipertróficas e queloides;
• Gestantes e lactantes.

7.3 Laser para epilação


A tecnologia do laser para remoção dos pelos tem grande eficácia, sendo um dos trata-
mentos mais realizados nas clínicas de estética, tanto por mulheres quanto por homens.
É importante frisar que a aplicação do laser não traz resultados definitivos: a média de eli-
minação é de 92% dos pelos, ou seja, uma porcentagem pequena dos pelos permanecem, mas
com características diferentes. Seu crescimento é mais lento, o aspecto é de coloração mais
clara e os pelos são também mais finos.
Existem várias tecnologias de laser para remoção de pelos, como Alexandrite, Rubi, ND-Yag
e diodo, conforme indica o Quadro 1.

Quadro 2. Laser para epilação

LASER VANTAGENS DESVANTAGENS

Lento
O melhor para pelos finos e pouco pigmentados. Maior risco de reações
Rubi (pulso longo)
É o que apresenta maior número de estudos adversas em peles mais
escuras

Efetivo também em pelos finos e morderada-


mente pigmentados
Alexandrite Risco relativo para peles
Praticamente indolor
(pulso longo) escuras
Não necessita de limpeza do sistema de arrefe-
cimento

Efetivo e relativamente seguro em peles escuras Pouco efectivo para pelos


Diodo
Efetivo para pelos grossos finos e claros

Seguros para todos ps tipos de pele


Nd:YAG Remoção temporária para pelos finos e claros Remoção permanente de
(Q-switched) Praticamente indolor pelos não demosntrada
Rápido

Nd:YAG Pouco efectivo para pelos


Seguro para todos os tipos de pele
(pulso longo) finos e claros

Neste capítulo, a tecnologia abordada será o laser de diodo, o mais utilizado pelos profissio-
nais da saúde estética.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 152


7.3.1 Laser de diodo
O laser de diodo atua na faixa do espectro do comprimento de onda entre 800-810 nm.
Nessa faixa, a absorção pela melanina é alta, tendo efetividade na absorção do pigmento dos
pelos. O aquecimento gerado no folículo piloso gera um dano térmico no bulbo, e as regiões
adjacentes se mantêm protegidas devido à fototermólise seletiva.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação do mecanismo do equipamento de epilação, assista
ao vídeo Soprano XL Módulo SHR – Actuallaser,, disponível no canal ActuallaserVídeos,
no Youtube.

A duração do pulso é um parâmetro muito importante para a epilação à laser: se ele for
curto demais, não alcançará o aquecimento necessário para atingir a estrutura-alvo; e se for
longo demais, poderá causar danos nas regiões circunjacentes.
O indicado é que a duração do pulso seja igual ao tempo de relaxamento térmico (TRT). O
TRT é o tempo que a região leva para resfriar metade da temperatura atingida pelos raios do
laser. No caso do laser de diodo, esse valor é de 10 e 100 ms.
A fluência também é importante, principalmente em pacientes de fototipos mais altos, pois
a melanina contida na pele também irá absorver a energia. Sendo assim, dependendo da in-
tensidade programada, complicações podem ser desencadeadas como a queimadura, seguida
da hiperpigmentação.
Os resultados começam a ser visíveis a partir da segunda sessão, em média, mas existe a
necessidade de, no mínimo, dez aplicações para um resultado efetivo e duradouro. As sessões
são realizadas com intervalo de tempo de no mínimo 25 dias entre as aplicações.

7.3.2 Mecanismo de ação


A aplicação do laser de diodo é realizada com
intuito de absorção da energia pelos folículos pi-
lossebáceos. A energia, ao aquecer a região a uma
temperatura de 60º, irá desnaturar ou coagular
a proteína dos pelos pigmentados, danificando,
pelo dano térmico, o bulbo e a papila dérmica.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 153


Laser de remoção de pelos

Figura 9. Ação do laser no pelo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

Para que essa absorção ocorra de forma


efetiva, os pelos precisam estar na fase aná-
gena, pois, nesta fase, o pelo ainda se encon-
tra ligado à matriz pilossebácea, onde está
contida a melanina, cromóforo que irá absor-
ver a energia.
Como a melanina da pele compete pela me-
lanina contida no folículo pilossebáceo, os
pacientes que obtém os melhores resultados
são aqueles de pele mais clara e pelos mais
Figura 10. Fase anágena. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
escuros. Mas isso não anula outros fototipos 23/01/2019. (Adaptado).

de realizarem a aplicação do laser, os resultados serão mais demorados e talvez menos efica-
zes, mas a técnica pode ser realizada.
O número de sessões não é definido, pois os pelos são divididos em três fases (anágena, catá-
gena e telógena), e a eficácia ocorre apenas na anágena. Sendo assim, todos os pelos precisam
passar por essa fase para serem destruídos.

7.3.3 Indicações e contraindicações


A indicação do laser de diodo é a remoção de pelos, que pode ser realizada em várias partes
do corpo, como:
• Pernas;
• Virilha;
• Região íntima – masculina e feminina;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 154


• Braços;
• Axilas;
• Rosto;
• Abdômen e costas;
• Seios.
As contraindicações existem também, uma vez que a tecnologia pode trazer algumas rea-
ções e complicações. As restrições são:
• Peles bronzeadas (embora alguns equipamentos à laser já autorizem a realização);
• Fototipo VI;
• Uso de isotretinoína;
• Pelos brancos e finos;
• Dermatites ativas;
• Gestantes.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual a explicação para não ser possível a aplicação do laser em pelos brancos?

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma
síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capitulo. Ao produzir sua sín-
tese, pontue os pontos positivos e negativos das tecnologias estudadas. Para essa produção,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Vimos, neste capítulo, que a laserterapia é uma técnica antiga e muito utilizada. Observa-
mos que a tecnologia da LIP não pode ser confundida com laser, pois suas características são
diferentes em relação a luz, coerência e colimação. Seu funcionamento se dá a partir da emis-
são de radiações eletromagnéticas.
Vimos ainda que a espectrometria do comprimento de onda na luz intensa pulsada é bem
ampla, podendo variar de 250 nm a 910 nm.
Com o avanço tecnológico, podemos utilizar a luz intensa pulsada em várias disfunções,
sejam elas estéticas ou patológicas. Vimos que as principais características da LIP são a policro-

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 155


maticidade, a não coerência e não colimação, características opostas ao laser.
Vimos também que o cromóforo é muito importante, pois é a estrutura que absorve a ener-
gia emitida, e que os principais cromóforos da LIP são melanina, hemoglobina e o colágeno
Na primeira pausa para refletir, observamos que a tecnologia de laserterapia é contrain-
dicada para indivíduos com melasma, pois a agressão depositada na pele é muito alta, esti-
mulando o mecanismo de proteção da pele e fazendo com que a produção de melanina seja
ativada, provocando um efeito rebote.
Conseguimos entender que o laser é classificado em dois tipos: fracioando não ablativo e
fracionado ablativo. O laser fracioando ablativo realiza uma ablação da pele em microfeixes,
criando zonas com colunas coaguladas e áreas de pele íntegra que auxiliam na regeneração
tecidual. Observamos também que o cromóforo para o laser fracionado ablativo é a água, que
sofre vaporização juntamente com a epiderme, gerando calor, desnaturando o colágeno e es-
timulando a neocolagênese.
Os equipamentos mais utilizados diferem entre dois tipos: CO2 fracionado e o Erbium. Já o
laser fracionado não ablativo atua na derme, deixando a epiderme intacta. Neste caso, o equi-
pamento mais utilizado é o ND-Yag.
Entendemos que, para evitar complicações pós-procedimento, o preparo prévio da pele é
essencial, com uso de despigmentantes tópicos e ativos profiláticos orais.
Notamos que as principais indicações dos lasers são para disfunções cutâneas, como fo-
toenvelhecimento, lesões pigmentares, flacidez tissular facial, estrias e cicatrizes de acne.
Observamos também que a existência do laser de diodo é eficaz para epilação, pois os folí-
culos pilosos são eliminados satisfatoriamente. Os resultados são melhores em fototipos I, ou
seja, pele branca com pelos escuros, mas isso não impede os outros fototipos de realizarem a
técnica. Por fim, como pudemos verificar na segunda pausa para refletir, os pelos brancos não
são eliminados pela técnica estudada devido à falta de pigmento, tendo em vista que o cromó-
foro do laser de diodo é a melanina.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 156


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FRANCINE, B. C. Complicações com o uso de lasers. Parte II: laser ablativo fracionado e não
fracionado e laser não ablativo fracionado. Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 3, núm. 2,
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serta%C3%A7%C3%A3o_Aplica%C3%A7%C3%B5es%20do%20Laser%20em%20Dermatologia.
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MATEUS, A. Cosmiatria e Laser no consultório. Rio de Janeiro: AC Farmacêutica, 2012.
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PATRIOTA, R. C. R. et al. Luz intensa pulsada no fotoenvelhecimento: avaliação clínica, histo-
patológica e imuno-histoquímica. An Bras Dermatol. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/abd/v86n6/v86n6a10>. Acesso em: 22 jan. 2019.
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BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 157


SOUTOR, C. Dermatologia Clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
TEXAS INSTITUTE OF DERMATOLOGY. Fractional CO2 Laser. Disponível em: <http://www.sear-
chenginetopper.com/fractional-co2-laser/>. Acesso em: 21 jan. 2019.
WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 158


TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer os efeitos gerados PROPRIEDADES DO EQUIPAMENTO

sobre o tecido adiposo, entendendo


• Biofísica
• Tecnologia do aplicador e do vácuo
todas as respostas benéficas e/ou
• Indicações e contraindicações na
maléficas, identificando, assim, as saúde estética
indicações precisas para a realização do
procedimento.
ATUAÇÃO NAS DISFUNÇÕES
ESTÉTICAS CORPORAIS
• Mecanismo de ação
• Técnica de aplicação
• Associações
• Reações adversas e complicações

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 159


Contextualizando o cenário
A gordura localizada é uma das disfunções que mais incomoda as pessoas que prezam
por um corpo perfeito. Ela também pode aumentar o risco de algumas patologias em
indivíduos com grande percentual de gordura acumulada. Apesar de existirem inúme-
ras técnicas terapêuticas utilizadas no combate desta disfunção, algumas são contrain-
dicadas para pessoas que tenham alteração hepática, colesterol e triglicerídeos alto,
entre outros. Por esse motivo, a criolipólise foi desenvolvida para atender àqueles que
desejam reduzir a camada adiposa, independente de possuir alguma alteração ou não,
pois esse é um procedimento seguro, sem agulhas ou injeções, atuando diretamente na
camada adiposa. Diante do exposto, questiona-se: o que é a criolipólise? Como ocorre a
eliminação lipídica com essa técnica?

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 160


8.1 Criolipólise – propriedades do equipamento
A criolipólise é uma tecnologia não invasiva
para redução de medidas. A técnica foi desenvol-
vida em 2008 na Universidade de Harvard, po-
rém os testes em seres humanos foram iniciados
em 2009 e finalizados em 2010, quando o equi-
pamento foi aprovado para finalidades estéticas.
A criação da tecnologia teve como base os estudos realizados na década de 70, os quais
constataram que crianças que consumiam muito picolé tinham diminuição da gordura na re-
gião das bochechas e lábios. E, também, em estudos que identificaram a diminuição de gordu-
ra na região interna da coxa de mulheres que praticavam equitação utilizando calças bem jus-
tas em temperaturas muito baixas. Com isso, os estudos mostraram que as células de gordura
são mais suscetíveis ao frio do que ao calor.
Quando a criolipólise foi aprovada pela FDA (Food and Drugs Administration), a agência de-
terminou o resfriamento e o tempo máximo em que o organismo poderia ser exposto, sem
trazer riscos decorrentes das temperaturas baixas, como queimaduras.
A tecnologia consiste na sucção de gordura em uma região específica, realizada através
de uma manopla, e o resfriamento é acionado com um valor de temperatura e tempo limite
para exposição.
Durante os estudos e testes, o tratamento com a criolipólise não promoveu nenhuma lesão
irreversível nas estruturas que foram expostas ao frio, e, também, não houve alteração no
perfil lipídico, triglicerídeos e colesterol. Portanto, trata-se de uma técnica altamente segura,
até mesmo para pessoas que possam ter alguma alteração lipídica.
O equipamento de criolipólise gera um evento que recebeu o nome de paniculite do
picolé ou também paniculite equestre, no qual a palavra paniculite refere-se a um pro-
cesso inflamatório no tecido adiposo. A palavra picolé foi adicionada ao termo devido aos
estudos realizados com crianças que consumiam picolé em excesso, já a palavra equestre
faz referência aos estudos realizados com mulheres que praticavam equitação em tempe-
ratura muito baixas.
O equipamento funciona através de uma metodologia que retira o calor da região a ser
tratada e resfria gradativamente a pele e o subcutâneo. O resfriamento atinge temperaturas
negativas eliminando, dessa forma, as células de gordura – adipócitos. Para que todo o proces-
so ocorra corretamente é necessário que o equipamento contenha um mecanismo de sucção
juntamente com o congelamento.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 161


ASSISTA:
Para melhor entendimento de como ocorre o congelamento e a sucção do tecido
adiposo, assista ao vídeo Cool-shaping cryolipolysis,, disponível no canal Albany
Cosmetic and Laser Centre, no YouTube.

Congelamento da gordura com


criolipólise

Vácuo
Resfriamento
crio

Células de gordura

Figura 1. Sucção criolipólise. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

Dessa maneira, algumas características do


equipamento são de suma importância para
o profissional da saúde estética e o conheci-
mento da funcionalidade é fundamental para
uma aplicação segura e eficaz.
Os equipamentos de criolipólise têm um
peso médio de 50 kg e o gabinete é a maior
estrutura do aparelho. No gabinete estão
contidos os componentes eletrônicos que
controlam os parâmetros de funcionamento
do aparelho, como a bomba de sucção e o
controle da temperatura. A tela está presente na parte frontal, e no display o profissional po-
derá programar os parâmetros desejados para a aplicação da técnica.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 162


Figura 2. Gabinete. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019.

A manopla, ou aplicador, está conectada diretamente ao gabinete por um cabo e é o ins-


trumento responsável pelo resfriamento da região acoplada. Ela apresenta vários tamanhos e
formatos para que possa se encaixar adequadamente às regiões de aplicação.

Figura 3. Manopla. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 163


Dependendo da máquina de criolipólise, pode-se observar de uma até quatro manoplas
para realizar aplicações simultâneas.

8.1.1 Biofísica
Durante a aplicação da técnica, a região alvo é sugada por um vácuo para dentro da mano-
pla, no qual duas placas de resfriamento são acionadas e o congelamento inicializado. Para que
o congelamento ocorra, o equipamento precisa estar funcionando.
O chiller é um componente importante do equipamento, pois é responsável pela troca do
calor pelo frio e pela estabilidade da temperatura. Esse mecanismo é composto por:
• Placas de peltiers;
• Bomba de alta pressão;
• Tanque para reservatório de água.
As placas de peltiers são pastilhas termoelétricas formadas por duas placas de cerâmica
e pequenos cubos de telureto de bismuto. Elas são responsáveis pelo resfriamento do tecido.
A teoria do efeito peltier foi descoberta em 1834, atestando que a diferença de temperatura
se estabelece na interface de dois condutores de polaridades diferentes para a passagem de
uma corrente elétrica. Desse modo, enquanto um dos lados resfria, o outro aquece, ou seja,
ao se inverter a corrente elétrica, o lado de resfriamento irá aquecer e o lado que estava aque-
cendo irá resfriar.

calor absorvido (lado frio) semicondutor tipo N

placa de
cerâmica

negativo

semicondutor tipo P
condutor

calor liberado (lado quente) positivo

Figura 4. Placas de peltier. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 164


A partir dessa teoria, pode-se concluir que, para um funcionamento perfeito das placas de
peltier, tanto a bomba de alta pressão, responsável pela sucção, quanto o sistema de água
devem ser exclusivos para as placas. Caso não sejam, ocorrerá a perda de potência da sucção
e alcance das temperaturas programadas.
Outras questões sobre o funcionamento devem ser consideradas: o reservatório de água
não deve ser compartilhado e cada aplicador deverá possuir o seu próprio reservatório, pois é
preciso considerar um sistema independente.
Todos os estudos realizados que confirmaram a eficácia da criolipólise tinham um sistema
totalmente independente, comprovando eficácia e segurança nos resultados.

8.1.2 Tecnologia do aplicador e do vácuo


O equipamento possui ponteiras de vá-
rios tamanhos para que o acoplamento pos-
sa se ajustar às diferentes regiões do cor-
po. A manopla realiza a sucção através de
um vácuo, que pode ser programado, pois,
dependendo da quantidade de gordura acu-
mulada na região, poderá ter uma intensi-
dade maior ou menor.
A manopla é, também, a parte responsável pelo resfriamento, o qual ocorre por meio das pla-
cas localizadas nas laterais. O congelamento pode ser programado variando de -2 ºC até -11 ºC e
essa variação de temperatura vai depender da avaliação realizada previamente.
Existem diferentes formas de aplicação da criolipólise e as principais são:
• Técnica convencional: nessa técnica é realizado um resfriamento direto da região, atin-
gindo os adipócitos, mas sem causar danos em tecidos vizinhos.
• Método espanhol: consiste em um resfriamento direto sem aquecimento prévio da
região. Os padrões programados são sucção contínua, temperatura de 8 ºC e tempo de dura-
ção de 30 minutos;
• Método americano: consiste em um resfriamento direto sem aquecimento prévio da
região. Os padrões programados são sucção contínua, temperatura de -5 ºC e tempo de dura-
ção de 60 minutos;
• Método brasileiro: consiste em um resfriamento direto sem aquecimento prévio da
região. Os padrões programados são sucção contínua, temperatura de -7º C e tempo de dura-
ção de 60 minutos;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 165


• Método asiático: consiste em um aquecimento prévio com temperatura de 40 ºC du-
rante cinco minutos. Após esse processo, o sistema de resfriamento é acionado, atingindo um
resfriamento de -11 ºC com duração de 60 minutos.
• Técnica de contraste: esse método consiste em um aquecimento prévio da região para
proporcionar maior maleabilidade, e para que a sucção ocorra de maneira mais significativa.
Também compreende um aquecimento após o congelamento da região, para ativar a microcir-
culação e promover melhores resultados ao procedimento.
• Método espanhol: consiste em um aquecimento inicial de 40 ºC durante cinco minu-
tos, seguido de um resfriamento em uma temperatura de 5 ºC durante 30 minutos e finalizan-
do com um novo aquecimento da região, em uma temperatura de 38 ºC durante dez minutos,
sempre em sucção contínua;
• Método brasileiro: consiste em um aquecimento inicial de 40 ºC durante cinco minu-
tos, seguido de um resfriamento em uma temperatura de -7 ºC durante 60 minutos, e finalizan-
do com um novo aquecimento da região, em uma temperatura de 38 ºC durante dez minutos,
sempre em sucção contínua;

CONVENCIONAL 60MIN

REPERFUSÃO 70MIN

CONTRASTE 80MIN

Figura 5. Métodos de aplicação. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

É importante ressaltar que, independentemente do método escolhido para a realização do


procedimento, é necessária a utilização da membrana criogênica ou manta criogência (in-
serida embaixo da manopla). Ela tem a finalidade de proteger a pele de possíveis queimaduras
e é composta por um gel crioprotetor, o qual irá impedir a ruptura da membrana durante a
sucção. Seu uso é único e ela deve ser trocada a cada sessão realizada.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 166


DICA:
Para melhor entendimento da composição e função da membrana protetora na
criolipólise, leia o artigo “Criolipólise: A importância da membrana anticongelante
na prevenção de queimaduras”, disponível na edição de junho de 2017 da Revista
InterfacEHS, do Senac.

Figura 6. Membrana protetora. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019.

O registro na ANVISA é obrigatório, pois os principais motivos de complicações são devido


ao uso de mantas falsificadas ou ao reaproveitamento em várias sessões.

8.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética


A aplicação da técnica pode ser feita em várias regiões, considerando sempre o tamanho da
ponteira ideal para o acoplamento total da manopla. Há áreas com acúmulo de gordura que
podem ser diminuídas através da tecnologia da criolipólise são:
• Região submentoniana;
• Prega axilar;
• Abdômen superior e inferior;
• Cintura;
• Flancos;
• Região pubiana;
• Interno de coxa superior e inferior;
• Braços;

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 167


• Região dorsal superior e inferior;
• Região lombar;
• Culote;
• Prega infraglútea.
Apesar de ser uma tecnologia segura, a criolipólise possui suas limitações. Deve ser reali-
zada apenas por pessoas com gordura localizada, ou seja, indivíduos com o peso ideal e que
pretendem definir regiões específicas do corpo. Logo, é um procedimento contraindicado para
pessoas com sobrepeso ou pessoas obesas. Outras restrições são:
• Doenças autoimunes;
• Cicatriz na região;
• Comprometimento circulatório periférico;
• Crioglobulinemia;
• Dermatites;
• Diabetes;
• Excesso de gordura visceral;
• Feridas abertas;
• Processos infecciosos;
• Flacidez tissular severa na região que será congelada;
• Gravidez;
• Hepatite C;
• Hérnia na região de aplicação;
• Lipoaspiração ou outro procedimento cirúrgico na região nos últimos seis meses;
• Neoplasias;
• Prega inferior a 2,0 cm;
• Urticária ao frio.

PAUSA PARA REFLETIR


Se a criolipólise é uma tecnologia de redução de gordura, por que a gordura visceral é
uma contraindicação?

8.2 Atuação nas disfunções estéticas corporais


A criolipólise é uma técnica realizada especificamente para redução de medidas, ou seja, di-
minuir os acúmulos adiposos em determinadas regiões do corpo humano. É importante frisar

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 168


que a técnica não é para emagrecimento, portanto pessoas que estão em sobrepeso ou até
mesmo obesidade, não terão resultados satisfatórios. A tecnologia promoverá ótimos resulta-
dos para pessoas que se encontram em peso ideal e apenas apresentem acúmulos adiposos
em regiões isoladas.
Seu mecanismo de ação é totalmente diferente das demais tecnologias para a redução de me-
didas. Assim, o profissional precisa ter conhecimento amplo da fisiologia do corpo humano, pois
o organismo precisa estar em homeostasia para desencadear e executar com eficácia sua função.
A camada adiposa da região que foi exposta a temperaturas baixas, por um período de
tempo adequado, pode atingir até 30% de redução. Vale lembrar que pacientes que obtiveram
uma redução inferior a esse número também têm resultados satisfatórios, visto que cada or-
ganismo é único e responde de maneira diferente aos processos estimulados durante o tempo
de ação da tecnologia.

8.2.1 Mecanismo de ação


Com o congelamento da região, vários fa-
tores são desencadeados para realizar a eli-
minação da gordura. Os triglicerídeos são
criosensibilizados dentro do adipócito. Nes-
se caso, não ocorre a liberação em corrente
sanguínea, como nos demais procedimentos
para redução de medidas. Os estudos defen-
dem dois mecanismos para a eliminação adi-
posa: mudança para um formato fractal e a
apoptose celular.
O primeiro mecanismo é o fractal, que significa fração ou quebra. Com o congelamento,
o adipócito sofre uma mudança estrutural e essa nova forma do adipócito é conhecida então
como fractal. Duas características dessa mudança estrutural são importantes para a eficácia
da eliminação. A primeira é que a nova forma estrutural é irreversível, portanto, mesmo que
haja um novo aquecimento da região, os triglicerídeos intracelulares não voltarão a sua estru-
tura primária. A segunda característica indica que o organismo humano não reconhecerá os
lipídeos modificados como estruturas naturais, logo, serão identificados como corpos estra-
nhos. A partir desse momento, uma resposta inflamatória se inicia na tentativa de eliminar
esses “corpos estranhos”. É por meio desse processo inflamatório que ocorre a eliminação da
gordura, de forma lenta, podendo chegar até 90 dias para o resultado final.

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 169


O segundo mecanismo é a apoptose celular, que ocorre devido ao congelamento que, jun-
tamente ao processo inflamatório, irá iniciar a autodigestão controlada, seguida da remoção
das células danificadas. A autodigestão é realizada pelo sistema complemento, ele é respon-
sável por promover a opsonização de microrganismos (componente C3b) para fagocitose me-
diada pelo receptor do complemento presente nos fagócitos (CR1-3), promover a inflamação
(fragmentos C5aC3aC4a) e a lise de microrganismos (complexo MAC), realizando então a remo-
ção de células apoptóticas através da fagocitose de todo o material desconhecido. As principais
células que realizam essa “limpeza” são os macrófagos.

ASSISTA:
Para melhor entendimento de como ocorre a apoptose seguida pela fagocitose,
assista ao vídeo Apoptose - Resumo,, disponível no canal Biologia Celular e Molecular
NF, no YouTube.

Apoptose
Formação de bolhas
Célula começa a apoptose

Condensação
do núcleo Bolhas
Corpo
apoptótico

Partição do citoplasma
e núcleo em corpos
Fagocitose
apoptóticos

Figura 7. Apoptose. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

Pode-se observar que, em nenhum momento, as moléculas lipídicas foram para a corrente
sanguínea realizar a metabolização lipídica clássica. Isso prova que indivíduos com alterações
lipídicas podem realizar a criolipólise sem receio algum de piorar o quadro sistêmico lipídico.
Como todo o processo de eliminação leva em torno de 90 dias, a reaplicação da técnica deve
respeitar um intervalo mínimo de 45 dias. Deste modo, se houver necessidade, uma nova ses-

BIOMEDICINA ESTÉTICA APLICADA 170


são poderá ser realizada, desde que respeitado o intervalo mínimo. A redução adiposa pode
chegar até 30% após o intervalo de 90 dias.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual o motivo do intervalo entre uma sessão e outra ser maior na criolipólise do que em
outras tecnologias de redução de medidas?

8.2.2 Técnica de aplicação


A técnica de aplicação é semelhante em todos os procedimentos, independentemente do
equipamento utilizado. Sempre é necessário utilizar a manta protetora entre a pele e a ma-
nopla, e a quantidade de gordura tem que ser suficiente para preencher toda a cavidade do
aplicador, com o mínimo de 2 cm de prega.
Inicie demarcando a região com o paciente em posição ortostática, em seguida acomode-o
de forma confortável. Escolha o aplicador de acordo com o volume da prega adiposa. Após a
conexão do aplicador ao equipamento, ligue o aparelho e programe a temperatura e o tempo
de aplicação.
Com uma membrana nova, proteja a pele do paciente, de modo que não formem bolhas
de ar entre a pele e a membrana criogênica. Posicione o aplicador na região e inicie a sucção
ativando o botão presente no aplicador. É importante verificar se a região adiposa preencheu
o mínimo da cavidade do aplicador.

Figura 8. Acoplamento. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/01/2019.

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Quando iniciado, o processo de resfriamento deve permanecer até o término do tempo pro-
gramado. Em seguida, retirar o aplicador da região e realizar massagem manual para desfazer
o empedramento.

Figura 9. Pós-procedimento. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019.

Liberar o paciente ciente das recomendações a serem seguidas:


• Manter uma alimentação equilibrada;
• Consumir bastante água;
• Evitar atividades físicas nas primeiras 48 horas;
• Não é recomendado o consumo de anti-inflamatórios;
• Quinze dias após a aplicação é recomendado iniciar um protocolo pós-criolipólise com
tecnologias associadas para potencialização do resultado.

8.2.3 Associações
Como visto ao longo do capítulo, a técnica da criolipólise pode ser associada a outras tecno-
logias, com finalidade de potencializar o resultado. São vários os procedimentos para associa-
ção, porém, alguns trazem um resultado mais satisfatório, tais como:
• Lipocavitação: a cavitação auxilia na remoção dos adipócitos que não foram atingidos
com a criolipólise, já que também é uma técnica que realiza apoptose celular;
• Radiofrequência: a tecnologia da radiofrequência também auxilia na quebra lipídica, po-
rém pode ser empregada no processo de neocolagênese, prevenindo uma possível flacidez da
região tratada;

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• Carboxiterapia: a carboxiterapia, com o mecanismo de estimulação do metabolismo e
aumento significativo da lipólise, juntamente com a cavitação, potencializa significativamente
a redução da camada adiposa que permanece sem a ação da criolipólise;
• Intradermoterapia: a aplicação de ativos lipolíticos na região pode ser um forte aliado na
redução da camada adiposa, além de auxiliar na redução de medidas. Outros ativos podem
ser empregados, como, por exemplo, fatores de crescimento, vitamina C, DMAE, entre outros,
estimulando, assim, a produção de colágeno, evitando a progressão de uma possível flacidez
tissular durante a perda de gordura na região que está recebendo os procedimentos.
É importante lembrar que qualquer procedimento estético deve ser iniciado apenas 15 dias
após a realização da criolipólise. Antes desse intervalo, não é indicada a aplicação de nenhum
método, mesmo que seja em outras regiões corporais.

8.2.4 Reações adversas e complicações


Os relatos de efeitos adversos são mínimos
quando a técnica é realizada de maneira corre-
ta e responsável. Mas, algumas podem ocorrer
e são consideradas normais, tais como:
• Dor leve e moderada: pode persistir até
15 dias após a aplicação, mas regride espon-
taneamente;
• Alterações sensoriais: reação transitória
que tende a regredir 15 dias após a aplicação da técnica;
• Eritema e hematoma: ocorrem pela forte sucção do aplicador e podem permanecer por
até três semanas, porém sua regressão será espontânea;
• Edema: ocorre devido ao processo inflamatório, e o acúmulo de líquidos na região é nor-
mal. Pode permanecer por até quatro semanas após a aplicação, mas sessões de drenagem
linfática podem ajudar para que a regressão seja mais rápida;
• Lipotimia: essa reação é mais rara e ocorre quando o paciente fica nervoso ou ansioso
antes da realização do procedimento.
Quando a aplicação é realizada de maneira irresponsável, seja pela falta de preparo profis-
sional, pela reutilização da membrana protetora ou pela falta de manutenção do equipamento,
podem ocorrer complicações, como queimaduras.
A queimadura causada por frio é uma lesão muito dolorosa e pode chegar a uma lesão de
3.º grau. Também pode causar cicatrizes muitas vezes irreversíveis e, inclusive, consequências
físicas e psicológicas ao paciente.

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24 HORAS APÓS A SESSÃO 15 DIAS APÓS A SESSÃO

Figura 10. Queimadura. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019. (Adaptado).

A hipertrofia paradoxal é outra reação que também pode ocorrer após a criolipólise. É
uma alteração rara e ocorre em apenas 0,0051% dos casos. Geralmente, aparece de dois a três
meses após a aplicação da técnica de criolipólise.
A reação caracteriza-se pelo aumento da região tratada e não por redução. Surge uma pro-
tuberância na forma do aplicador e a região se torna endurecida.

Figura 11. Hipertrofia paradoxal. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019.

Em cortes histopatológicos, observa-se adipócitos desorganizados com diferentes formas


e tamanhos.

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Figura 12. Corte histológico. Fonte: Ibramed. Acesso em: 23/01/2019.

Ainda não é elucidado o mecanismo de ação para tal efeito, bem como não existem estudos
de sua regressão espontânea. Logo, é necessário que ocorra uma intervenção cirúrgica para a
resolução do quadro.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu nesse capítulo. Elabore uma
síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua sín-
tese, ressalte os pontos positivos e negativos das tecnologias estudadas. Para essa produção,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, finalizamos mais um capítulo. Pudemos observar, no capítulo 8, que a crioli-
pólise é uma técnica de redução de medidas que foi desenvolvida em Harvard. Ela tem seu fun-
cionamento com base no frio, pois os primeiros estudos comprovaram que as células adiposas
são mais suscetíveis ao frio do que ao calor. O procedimento consiste em aplicação de uma
manopla que possui uma cavidade a qual pode variar de tamanho. O sistema compreende a
sucção da camada adiposa de uma região específica e, por meio de duas placas de peltier, o
tecido adiposo é exposto a temperaturas mínimas, podendo chegar até -11 ºC.
É importante relembrar, como vimos na primeira pausa para refletir, que a gordura subcutâ-
nea é a única indicada para esse tratamento. A gordura visceral não é indicada para a aplicação

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da técnica, pois, além de ser uma gordura densa, está situada em camadas mais profundas,
onde a sucção a vácuo da manopla não atinge.
Com o congelamento do tecido adiposo, observamos uma mudança estrutural nos trigli-
cerídeos, fazendo com que o organismo não reconheça mais tais estruturas. Também ocorre
a apoptose celular, ou seja, a redução da camada adiposa é segura e efetiva. A eliminação é
realizada por células como os macrófagos, através de um processo chamado de fagocitose.
Como a gordura não cai em corrente sanguínea, não há alteração no perfil lipídico, e, desse
modo, é possível a realização da técnica em indivíduos que apresentem alterações lipídicas.
Vimos que o resultado não é instantâneo, tendo um prazo de 90 dias para obtenção de
100% da redução, que pode chegar a até 30% a menos de gordura na região tratada.
Como observamos na segunda pausa para refletir, um processo inflamatório surgirá em
decorrência do procedimento. O sistema imunológico vai começar a atuar e não será possível
realizar outras sessões logo em seguida. Assim, é preciso respeitar o intervalo mínimo de 45
dias para uma nova aplicação, visto que o sistema imune já estará 100% reconstituído para
uma nova ativação.
A criolipólise é considerada uma técnica segura, mas apresenta alguns cuidados que preci-
sam ser respeitados. Durante o procedimento, é necessário utilizar a membrana criogênica, a
qual é resposável por proteger a pele contra possíveis queimaduras. Seu uso inadequado pode
desencadear complicações. Outra questão relevante é que podem ocorrer reações adversas
após a aplicação, mas elas são consideradas normais, como é o caso do edema, eritema, he-
matoma, entre outros.
Portanto, ressaltamos a importância de se realizar uma avaliação prévia em pacientes com
restrições de saúde antes da aplicação, a fim de evitar complicações.

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