O documento discute a ideia de "ideologia de gênero" que é usada por alguns para espalhar desinformação e medo. Não há evidências de que tal ideologia exista de fato. Em vez disso, parece ser um discurso vazio usado para manipular as pessoas e ganhar apoio político, direcionando a atenção para longe de questões reais como abuso infantil. A educação sexual é importante para questionar padrões prejudiciais em vez de simplesmente controlar os corpos das pessoas.
Descrição original:
Resenha a disciplina Tópicos Especiais em Educação - Unicamp. 2022.
O documento discute a ideia de "ideologia de gênero" que é usada por alguns para espalhar desinformação e medo. Não há evidências de que tal ideologia exista de fato. Em vez disso, parece ser um discurso vazio usado para manipular as pessoas e ganhar apoio político, direcionando a atenção para longe de questões reais como abuso infantil. A educação sexual é importante para questionar padrões prejudiciais em vez de simplesmente controlar os corpos das pessoas.
O documento discute a ideia de "ideologia de gênero" que é usada por alguns para espalhar desinformação e medo. Não há evidências de que tal ideologia exista de fato. Em vez disso, parece ser um discurso vazio usado para manipular as pessoas e ganhar apoio político, direcionando a atenção para longe de questões reais como abuso infantil. A educação sexual é importante para questionar padrões prejudiciais em vez de simplesmente controlar os corpos das pessoas.
Não é de hoje que ao ouvirmos o termo gênero, já sabemos que existe
uma parcela da população que repulsa tal termo sob discursos totalmente equivocados e que são cada vez mais disseminadas diante da sua capacidade de convencimento mesmo que sem fontes. Os boatos e “fontes da minha cabeça” são o que ecoam por meio midiáticos, mas sem muitas explicações e apenas alarmes. É comum perceber que o gênero que eles se remetem é a uma tal ideologia de gênero que até então, nunca houve indícios de sua existência. Aparentemente, se tratou apenas de um discurso vazio que ecoou em cabeças similares e que não buscam a veracidade de fatos. Imagens como a figura 01 circularam as redes sociais fortemente e ganharam cada vez mais aceitação como verdade. Parece ser algo que as pessoas querem acreditar, pois ao terem acesso a tais informações, passam a compartilhá-las com sentimento de medo, raiva movidos por, talvez, uma conspiração.
Figura 1:Fake News sobre banheiros
Fonte: Facebook. Para contribuir com tais discursos, eles são movidos fazendo uso sempre de crianças, denotando uma defesa à elas, à família, à moral e aos bons costumes. Inicialmente nos invade um sentimento de revolta contra quem tem a coragem de fazer, montar e compartilhar este tipo de imagem, em especial, aqueles que buscam a veracidade dos fatos e compreendem que não se trata de nada disso. Por outro lado, basta parar e pensar que de fato, se trata de um discurso para manipular, conspirar e predar eleitores, afinal de contas, a política movimenta e constitui a sociedade. Mantêm-se a ideia de que existe uma articulação para criar aquilo que acreditam, mesmo que tal ideia não exista ou esteja totalmente desvirtuada ou mal interpretada. Talvez ainda, existe a possibilidade de interpretação incorreta proposital buscando a vigília e o “desvaneio” que beira a loucura. Esta última talvez não patologizada (infelizmente). Em meados de 2014 foi quando estes embates e debates mais afloraram e não faltaram pessoas públicas para se posicionar contra a tal ideologia de gênero que nem se quer existiu, a não ser para este mesmo meio que pode ter gerado pretensiosamente tais informações e como consequência manipulado uma grande massa social. O disciplinamento e corpos existe a muitos anos e talvez esta tenha sido a raiz destas discussões. Controlar os corpos, sempre foi necessário em uma sociedade, pois os disciplinando, você pode os domesticar e fazer com que façam aquilo que melhor satisfaça ao detentor do poder. Na política, estes jogos de poder, acredito serem uma dos mais complexos e explícitos, pois ao mesmo tempo que se sabe de sua existência, é onde ele ocorre com maior facilidade em relação a quantidade e propagação. Recentemente tivemos o caso dos banheiros do MC Donalds, no qual uma pessoa filma as portas de 4 ou 5 banheiros que possuem a identificação de banheiros individuais e com imagens dos comuns bonecos “homem e mulher” com a adição de um boneco “metade homem e metade mulher”. Ao ver o vídeo, parece de muito mal gosto, gerar uma interpretação com discursos de comunismo e de que ao utilizar o banheiro, entraria mais que uma pessoa dentro de cada unidade. Novamente cita-se crianças e mulheres, deixando implícito que estes grupos ao utilizarem tais banheiros, estariam em risco. Mas novamente questionamos, a quem interessa publicar um vídeo sobre banheiros individuais como profanos? Parece-me que todas as articulações para existência desta conspiração alcançaram muitos terrenos férteis, assim, o que se inicial com um simples boato, ganha cada vez mais apoiadores com compreensões e interpretações cada vez mais equivocadas. A utilização de crianças para apelação pública é uma excelente estratégia, até porque, diante deste mesmo público, elas são vistas como seres assexuados. Mas essa visão também é muito seletiva, relativa e tendenciosa. A defesa as crianças em saber o que é um casal homoafetivo é reprovado por esta parcela populacional, sob discursos de que os afetos não podem ser públicos e as intimidades devem ser realizadas dentro das quatro paredes de suas casas. Todavia, este mesmo grupo, ensina crianças a tirarem sarros de trejeitos, de atitudes fora dos padrões, perguntam sobre as namoradinhas a meninos de 3 anos e mais uma infinidade de problemáticas que não são vistas por eles, pois o intuito é propagar a heteronormatividade. Disciplinar para o padrão e o estereótipo. Muito nos inquieta ao refletir sobre a quem interessa tais movimentos e a quê necessariamente. Nossas preocupações inclusive se prolongam por questões de defesa de fato as crianças e adolescentes que são vítimas constantes de abusos e violências, por vezes, dentro do próprio ambiente familiar. Sob tais conspirações, cresce-se discursos da não oferta da Educação Sexual em ambientes escolares. De fato, a Educação Sexual, vem para questionar e quebrar padrões de disciplinamento de corpos e de sujeição imediata de outros. Seria um corpo livre? Com certeza não. Mas com certeza, seria livre da imposição de sistemas arcaicos que querem apenas controlar ações e emoções das pessoas em busca da permanência de seus status de poder.