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A TAL DA IDEOLOGIA DE GÊNERO

Wellington Soares de Lima

Não é de hoje que ao ouvirmos o termo gênero, já sabemos que existe


uma parcela da população que repulsa tal termo sob discursos totalmente
equivocados e que são cada vez mais disseminadas diante da sua capacidade
de convencimento mesmo que sem fontes. Os boatos e “fontes da minha
cabeça” são o que ecoam por meio midiáticos, mas sem muitas explicações e
apenas alarmes.
É comum perceber que o gênero que eles se remetem é a uma tal
ideologia de gênero que até então, nunca houve indícios de sua existência.
Aparentemente, se tratou apenas de um discurso vazio que ecoou em cabeças
similares e que não buscam a veracidade de fatos.
Imagens como a figura 01 circularam as redes sociais fortemente e
ganharam cada vez mais aceitação como verdade. Parece ser algo que as
pessoas querem acreditar, pois ao terem acesso a tais informações, passam a
compartilhá-las com sentimento de medo, raiva movidos por, talvez, uma
conspiração.

Figura 1:Fake News sobre banheiros


Fonte: Facebook.
Para contribuir com tais discursos, eles são movidos fazendo uso sempre
de crianças, denotando uma defesa à elas, à família, à moral e aos bons
costumes. Inicialmente nos invade um sentimento de revolta contra quem tem a
coragem de fazer, montar e compartilhar este tipo de imagem, em especial,
aqueles que buscam a veracidade dos fatos e compreendem que não se trata
de nada disso. Por outro lado, basta parar e pensar que de fato, se trata de um
discurso para manipular, conspirar e predar eleitores, afinal de contas, a política
movimenta e constitui a sociedade.
Mantêm-se a ideia de que existe uma articulação para criar aquilo que
acreditam, mesmo que tal ideia não exista ou esteja totalmente desvirtuada ou
mal interpretada. Talvez ainda, existe a possibilidade de interpretação incorreta
proposital buscando a vigília e o “desvaneio” que beira a loucura. Esta última
talvez não patologizada (infelizmente).
Em meados de 2014 foi quando estes embates e debates mais afloraram
e não faltaram pessoas públicas para se posicionar contra a tal ideologia de
gênero que nem se quer existiu, a não ser para este mesmo meio que pode ter
gerado pretensiosamente tais informações e como consequência manipulado
uma grande massa social.
O disciplinamento e corpos existe a muitos anos e talvez esta tenha sido
a raiz destas discussões. Controlar os corpos, sempre foi necessário em uma
sociedade, pois os disciplinando, você pode os domesticar e fazer com que
façam aquilo que melhor satisfaça ao detentor do poder. Na política, estes jogos
de poder, acredito serem uma dos mais complexos e explícitos, pois ao mesmo
tempo que se sabe de sua existência, é onde ele ocorre com maior facilidade em
relação a quantidade e propagação.
Recentemente tivemos o caso dos banheiros do MC Donalds, no qual uma
pessoa filma as portas de 4 ou 5 banheiros que possuem a identificação de
banheiros individuais e com imagens dos comuns bonecos “homem e mulher”
com a adição de um boneco “metade homem e metade mulher”. Ao ver o vídeo,
parece de muito mal gosto, gerar uma interpretação com discursos de
comunismo e de que ao utilizar o banheiro, entraria mais que uma pessoa dentro
de cada unidade. Novamente cita-se crianças e mulheres, deixando implícito que
estes grupos ao utilizarem tais banheiros, estariam em risco.
Mas novamente questionamos, a quem interessa publicar um vídeo sobre
banheiros individuais como profanos? Parece-me que todas as articulações para
existência desta conspiração alcançaram muitos terrenos férteis, assim, o que
se inicial com um simples boato, ganha cada vez mais apoiadores com
compreensões e interpretações cada vez mais equivocadas.
A utilização de crianças para apelação pública é uma excelente estratégia,
até porque, diante deste mesmo público, elas são vistas como seres
assexuados. Mas essa visão também é muito seletiva, relativa e tendenciosa. A
defesa as crianças em saber o que é um casal homoafetivo é reprovado por esta
parcela populacional, sob discursos de que os afetos não podem ser públicos e
as intimidades devem ser realizadas dentro das quatro paredes de suas casas.
Todavia, este mesmo grupo, ensina crianças a tirarem sarros de trejeitos, de
atitudes fora dos padrões, perguntam sobre as namoradinhas a meninos de 3
anos e mais uma infinidade de problemáticas que não são vistas por eles, pois
o intuito é propagar a heteronormatividade. Disciplinar para o padrão e o
estereótipo.
Muito nos inquieta ao refletir sobre a quem interessa tais movimentos e a
quê necessariamente. Nossas preocupações inclusive se prolongam por
questões de defesa de fato as crianças e adolescentes que são vítimas
constantes de abusos e violências, por vezes, dentro do próprio ambiente
familiar. Sob tais conspirações, cresce-se discursos da não oferta da Educação
Sexual em ambientes escolares.
De fato, a Educação Sexual, vem para questionar e quebrar padrões de
disciplinamento de corpos e de sujeição imediata de outros. Seria um corpo livre?
Com certeza não. Mas com certeza, seria livre da imposição de sistemas
arcaicos que querem apenas controlar ações e emoções das pessoas em busca
da permanência de seus status de poder.

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