Anemia Infecciosa Equina

Etiologia
● A A.I.E é causada por um vírus do gênero Lentivirus da família
Retroviridae. A transmissão desse vírus ocorre principalmente por
insetos hematófagos do gênero Tabanidae.
● Os Lentivírus causam doenças com longo período de incubação
e curso insidioso prolongado.
● É um vírus do tipo RNA, envelopado com núcleo de forma cônica e
densa.
● A proteína nuclear p26 induz uma forte resposta imune humoral
na maioria dos cavalos infectados e é usada como base na
maioria dos testes de diagnóstico sorológicos para o vírus.
● O vírus da AIE é inativado por desinfetantes comuns que contêm
detergentes, por hidróxido de sódio, hipoclorito de sódio, por
solventes orgânicos e pela clorexidina.
● Esse vírus é estável no pH entre 6 e 9.
● São inativados em 56°C por 30 min.

Epidemiologia
● Prevalência em torno de 3%
● Na região centro- oeste e nordeste têm uma elevada
soropositividade, devido a fatores climáticos e forma de manejo
que são favoráveis à disseminação do vírus.
● Não há variáveis quanto à raça, espécie, sexo e idade
● Hospedeiros e Transmissão:
★ Ocorre transmissão entre equídeos infectados e não infectados
★ Equinos, asininos e muares são reservatórios e hospedeiros
naturais
★ Vetores mecânicos (no verão especialmente): mosca do cavalo e
mosca do veado (família Tabanidae); mosca do estábulo
(Stomoxys spp) e mosquitos (Culicoides spp)
★ Transmissão iatrogênica: transfusão de sangue contaminado ou
utilização de agulhas ou instrumentos cirúrgicos contaminados,
ou até mesmo material de montaria contaminado
★ Transmissão horizontal: do animal infectado para o animal
suscetível
★ Transmissão transplacentária: ocorre quando tem viremia com
alto título durante a gestação
★ Transmissão pelo colostro/leite
● Tem distribuição mundial, exceto na Antártica
● O período de incubação pode chegar a três semanas
● Ocorre mais em zonas pantanosas.
● Fatores que contribuem para a disseminação da doença:
concentração de animais não testados (cavalgadas, rodeios…),
deslocamento de animais não fiscalizados de uma cidade para
outra

Patogenia
● O mapa da patogenia desse vírus é o seguinte:
1. Infecção
2. Replicação primária nos macrófagos maduros do tecido hepático,
baço, nódulos linfáticos, pulmões, rins e glândulas adrenais.
3. Aumento da temperatura retal após o período de incubação (7 a
21 dias)
4. Alta concentração de antígenos virais na circulação/tecidos, com
aumento na produção de anticorpos
5. Infecção dos linfócitos
● Todos esses processos levam a uma anemia hemolítica
imunomediada, depressão da medula óssea com consequente
trombocitopenia. E também a glomerulonefrite, hepatite e
linfadenopatia. Diminuição da imunoglobulina nos eritrócitos.
● Podem ocorrer hemorragias.
● Cavalos infectados não conseguem remover completamente o
vírus do seu organismo e permanecem infectados por toda a
vida.
● O fator que contribui para a persistência viral é a habilidade do
vírus em inserir uma cópia de DNA viral no DNA cromossomal do
hospedeiro, formando o pró-vírus que pode não ser manifestado
por longo período de tempo, com pouca ou nenhuma
transcrição/tradução de genes virais.
● Durante a fase aguda os animais ainda são soronegativos e a
produção de anticorpos começa somente dias após a infecção (aí
eles se tornam soropositivos)

Sinais Clínicos
● Os sinais clínicos variam em função da cepa viral, da dose viral
recebida e da resposta individual do hospedeiro; da espécie
animal (equinos são mais suscetíveis que muares)
● Forma aguda: febre de 40,5 a 41 °C, anorexia, anemia e acentuada
viremia
● Forma crônica: perda de peso, edema, leucopenia,
trombocitopenia resultando em hemorragias, letargia,
glomerulonefrite e ataxia.
● Outros sintomas associados: anorexia, depressão, sudorese,
epistaxe (sangramento nasal) ou secreção serosa no focinho
● Pode ocorrer também de forma assintomática

Diagnóstico
● Visualização de lesões macroscópicas (esplenomegalia) e
microscópicas (glomerulonefrite/hemossiderose) hemossiderose é o acúmulo excessivo de
hemossiderina (depósito de ferro)
● Esfregaço sanguíneo: procurar sideroleucócitos (monócitos
fagocitando eritrócitos) na medula óssea -> indica infecção prévia
pelos vírus da AIE
● Técnica de imunodifusão em Gel de Ágar (IDGA): teste
confirmatório da doença e teste padrão.
● Este teste detecta anticorpos produzidos em resposta à infecção
com AIE. As reações específicas são indicadas através da
formação de linhas de precipitação entre o antígeno e o soro
teste, e confirmadas pela identidade com a reação que ocorre
entre o antígeno e o soro padrão positivo.
● Desvantagens do IDGA: resultados falso-negativos ; é um teste de
interpretação subjetiva que dá a possibilidade de diferentes
resultados entre laboratórios; janela imunológica
● Teste de 3 camadas: ELISA -> IDGA -> Western Blotting (quando os
resultados dos dois primeiros forem divergentes)
● Outros testes: ELISA (elisa competitivo), PCR, Isolamento Viral e
Imunoblot

Controle e Prevenção
● Não compartilhar agulhas entre os animais
● Notificação pelos laboratórios de diagnóstico credenciados pelos
levantamentos oficiais do serviço estadual e municipal
● Interdição de propriedades infectadas
● Levantamento sorológico do foco, peri-foco e propriedades
envolvidas
● Sacrifício dos reagentes positivos
● Realização de dois exames consecutivos de todo efetivo equídeo,
se todos derem negativos pode desinterditar a propriedade
● Aumentar a distância entre os animais e evitar a aglomeração
destes (margem de segurança: 180 m de distância entre os
animais)
● Realização do exame de IDGA 1-2 vezes por ano
● Exigir o exame quando for adquirir, vender ou cruzar animais
● Participar somente de eventos autorizados e controlados
● Combater insetos, principalmente mutucas e moscas nos
estábulos
● Controle do Trânsito Equídeo:
★ É feito por equipes de fiscalização volantes e nos postos de
barreira sanitária
★ Exigências: guia de trânsito animal; exame de AIE; nota fiscal
interestadual; exame de influenza equina (interestadual-
averiguar a necessidade)

Não existe vacina e nem tratamento eficiente para a AIE e é uma

doença de notificação compulsória no Brasil