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Vygotsky e o Processo de Formagao de Conceitos Marta Kohl de Oliveira Lev S. Vygotsky (1896-1934) um autor que tem despertacio grande Cenfemporines, Pncipulmens spar da cedimeningio da icin cogniva come ca So pesquisa, 23 SUBSTRATO BIOLOGICO E CONSTRUGAO CULTURAL NO DESENVOLVIMENTO HUMANO Falar da perspectiva de Vygotsky ¢ falar da dimensio social do desenvol- vimento humano. Interessado fundamentalmente no que chaiasos dé fungées psicolégicas superiores, e tendo produzido seus trabalhes dentro das eoncepedes inaterialistas predominantes na Unio Soviética pés-reve lugdode 1917, Vygotsky tem como um de seus pressupostos bisicos a (lian COEGILISEeIenquamtostal na suastclagio. como (Uimlorna-sc parte da natureza, que, 20 longo do dessnvolMientolmalespeeie © do individuo, molda'e incionamento psicoldgico do homem, Esse tedrico: linar, contudo, que chegow a estudar m na depois de formado em substrato material do desenvolv psicolégico, especificamente 0 cérebro, tendo realizado estudos sobre lesdes cerebrais, perturbagSes da inguagem ¢ organizagio de fungies psi patologicas, Suas proposigdes cont assim, a dupla natureza do ser ‘hhumano, membro de uma espécie bioldgica que 6 se desenvolve no interior de um grupo cultural. As propostas de Vygotsky sobre a base biolégica do funcionamento psicolégico foram aprofundadas ¢ estruturadas sob forma de uma teoris neuropsicolégica por A. R. Luria, seu discfpulo ¢ colaborador. Luria trabalhou durante mais de quarenta anos com diversos tipos de dados empfticos, que subsidiatam a produgio de uma vasta obra sobre os meca nismos cerebrais subjacentes aos processos mentais. £ principalmente humano fundamentam-se em sua idéia de que as funedes psicoligicas Superiores sao consiruidas-aoslongo dst Social do homem=Na sua relagao cour omTHNCO, jehtos € slinboros desenvol- vidos culturalmente, 0 set humano cria as formas de ago queo distinguem de outros animais. Sendo. Bssiii} al GohipiEetSaGaionclesenvohyiiety psicolégico néo.pode.ser-buscada em mn epeiadedee ee ‘érebto pode servir 4 hovas fung que sejam necessirias transformagdes morfoldgicas no érgio “Uma idgia fundamentalspuraque se cotmprechda casa concepedo Ea ideia de sistema funcional. Asfumgoes acs erty Portes espesthicns di cerebro OU Blas sii, 1850 sim, organizadas a partir da m_ de formal atuaURidaweacaam desempenhando um papel nage 8¢ constituiu como um. sistema funcional complexo. Esses elementos podem estar Ioeilizados em éreas diferentes do cétebro, freqtientemente distanies umas das outras. Aléin dessa estrutura complexa, os sistetnas funcionais podem utilizar compo- nentes diferentes, dependendo da situagio, Numa determinada tarefa (por exeinplo, a tespitacdo) um certo resultado final (no caso da respiracéo, 0 suptimento do oxigénio aos pulméese sua posterior absoreao pela corrente sangiiines) pode set atingido:de diversas maneiras alternativas. Se 0 Prineipal grupo de miisculos que funciona durante a respiragio para de atuar, os miisculos intercostals sfo chamados a trabalhar, mas se por alguma azo eles estiverem prejudicados, os misculos da laringe sio ‘mobilizados¢ o animal ou pessoa comega a engolir ar, que entio chega aos: lonsres poruma rota completamente difercnic JASRESEHERTE ‘uma tatefa constante desempenhada pot mecanismos variavels, produzin= do um resultado eonstante, 6 uma das. teisieas que distingue © funcionamento de cada sistema func! ~O exemplo acima mostra como a respiragao é possbilitada por sistemas complexes, que podem se utilizar lagbes desse\sscomponcnles. iantes do funcionainentopsicolopieo ‘Quandopensamos.em tarefas ma ‘Bisico-c mais Higadas 4 relagao onde ele vive, mais fundamental se sistemas funcionais, 15 ~ 7, por exemplo, contanida nos dedos, fezendo-um célculo mental, usando nmi méquihasde ealeulary fazendo a operagio com lipis © implesimente lembrando-se de uma informagao ja armazeneda em sua memiria. thei dimapinaryeomoyeadasuma dessas-rotes para a Solucao de-Un Mesmo problema mobilizard diferentes partes de-seu aparato cognitive e, portanto, déseu funcionamento cerebraf. Conuumnosdedos inplica una alividade BOWWRMAMeesté ausente nos outtas estratégins: usa: agniiquinmdescalcular ‘exige o sole Ws informagao eehicw! Sobsoo.usoda maquina; fombear! de um resultado previamente themorizado exige uma operacio especifica ligada SimiehGtiene-assim por diante.“(Oliveira, 1993.) IFssa concepyao da OEBUMZAGAO Cerebral como sendo baseada em Sistemas funcionais que se estabclecem num processo filogenético e onto- ‘genético tem duas implicagoes diretas para a questo do desenvolvimento psicolégico, Por um lado, supde uma organizagao bisica do eérebro 25 humano, resultante da evolugio da espéele, Isto 6, a postulagio da plasti- S , mas a presenga deuma estrutura Essa ftenrre Foner hs ati yidads mental Teron coer espOnSGS L Na crianea pequepa as regides do oérebro .entral para a compreensio das concepeSes de Vygotsky humano como processo sécio-histérico é a idgia nto o hometn:nio tem acesso 06, feito através dosTecortes sto 6 que Substituem o real é que possibilita que o ser hitman taca relagGés mentais ‘na anséncia dos referentes concretos, imagine coisas jamais viveneindas, 2. Laria aprofinda em sua obra n questo da ecrutur bsica do eérebr, distinguindo trés 26 ‘{@Ga)pIERGSIBERA mr te!npo futuro, enfinny teasseonaABIeSpEeO eo tempo presentes, liberiando-se dos limites dados pelo mundo fisicamente percep- tivel e pelas ages motoras abertas. A operagio com sistemas simbélicos — © o conseqiiente desenvolvimento da abstragao © da: generalizagio. — iPenmite.a realizagiio,cie formas delpensamento, que flo seria possiveis ‘sent esseaprocessos dle Tepresentacao e define o salto pare OS lailiados rocessos psicolégicos superiores, ti mento da, plnestae = sistema simbotico Bisteo We toWlos sagnipos simbélices que se i otigem social. Isto simbélicos de representagio da realidade ©, pot significagdes que permite construir uma ordenaga dados do mundo real. A@lliongo. de. scu.desemvol intemnaliza formas culturalmente dadasieleor portamento, min proceso as, intrapsicoldgicas. As fungbes psi bascadas na operago com sistemas simbolicuss fundamental no desenvolvimento do funcionatnento psicolégico humano. (Oliveira, 1991) (© PROCESSO DE FORMAGAO DE CONCEITOS ‘A linguagem humana, sistema simbélico fundamentel na mediagdo entre Sujeito € objeto de conhccimento, tem, para Vygotsky, duas fungdes basicas: a de interedimbio social ca de pensamento generalizante..Isto €, real em categorias concei usuitios dessa linguagem. Ao utilizar nadgobjetoestaines, naverdace, classificando esseabjetonumuestegoria, uma classedesobjetos que (emiem omuM|serIos atributos. A utilizagio da linguagem favorece, assim, processas de abstragdo c generalizagao. Os altibutos relevantes tm de ser abstraidos da totalidade da experiencia (para que um objeto seja denominado “tridngulo” ele deve ter trés lados, inde~ ppencientementercle-sua:cor ou tainanhiGyjporexemplo).c a prescnca de um Thestio conjunto de atributosfelevanites permite a apHeagag Ueuti Micsino! SHOHGTH|Objotos MIVERSOS (un pasionsalemsorenuni-pequinésysAGTEmbOS 27 cachorros, apesar de suas diferengas: 08 attibutos de que compartiJham SPerMitemyquesejamclassiticados numa mesma categoria conceitual)- As .liadores na relagao do homem com o cada palavra refere-se a uma classe de sma forma de representagao dessa cate= mundo s6,emsi, general chicios, consistindo num goria de objetos, desse con ‘o“pensamento venlaahmao é una forma de comportamen- tnasé deterininado por um processo histitico-cultural {Gi FOpEICRACES|EMEISTESPEeitficasiquemaoypodei, scr encontrads naa formas naturais ds pensamento e al (V3 yotshy» 1989, p. 48. To 6 os Sificicnics para defthir urn cone dos elementos encontrados no muzdo real, selecionaslas como relevantes felon diversas grup eulturis: Be grupo cultural onde indivkivo.te ondena o real em categorias (© desse grupo. ‘Com base nessas eoncepges, € coetente cotn sta abordagem gené- igamyygoIskysioesliatSeu interesss:pela questao dus conccitos nowrocess 0 deformapdordas:conccilos, isto 6 einleoniOlss transfor, «0 longo co desenvolvimento, o sistema de relagies e generalizagGes co SPAIBURE “Como as tarefas de compreender e comlunicar-se sio essencial- ‘mente as mesmas pata o adulto e para a ctianga, esta desenvolve lentes funcionais de conceitos numa idade extremamente preco formas de pensamento que ela utiliza ao lidar com essas tarefas diferem profundamente das do adulto, em sua composigao, estrutura © modo de operacio”. (Vygoisky, 1989, p. 48.) Para estudaro processo de formagao de conecitos, Vygotsky utilizou uma tarefa experimental? na qual apresentava-se aos sujeitos varios objetos de diferentes cores, formas, alturas ¢ larguras, cuyjos nomes estavam eseritos na face inferior de catia objeto JEsses nomes designavam “concei- tosattificiais”, isto é, combinagées de atributos rotulaclos por palavras no existentes na Lingua natural Cmur” para obje tos ealtos, “bik” para objetos largos © baixas, par exemplo). Os objetos cram col tabuleitodigntedo sujeito co experimentador virava um dos bi ‘Seunomeemivozallia, Esce bloco era coldesdoy comp nomenis 3, ssa tarefa fol dosenvolvida por Vygotsky em colaboragdo com L. Sakharov, a partir de ‘experimentos de N. Ach. Como em outros casos de apresoningio de rsuliadas de pesquisa, ‘Vygouky no tmz, om sea texto, informagSes muito precisas sobre seus. procedimentos experimental, Para alguns informagdes adicionas sobre esa tarefa, vea-se nota do editor & pigina 49 do Livio Pensamento ¢ Linguagem (Vygessky, 1999). Vejuse também discussio aprofundada em Van der Veer e Valsiner, 1991. 28 ‘rinquedo de uma erianga de outra cultura, que havia maisibfinguedos EBSe lipo tne os objetos do tabuleireeMiewertanica deveria enconttirloss ‘Ao longo do experimento, conforme a crianga cscolhia diferentes objetos EotmO}Instincias do conceito em questa, 0 -pesquisador ia interferindows revelando 0 nome de outros objetos, como forma de fornecer informagdes ‘adicionais 4 erianga. A partir dos objetas escolhiclos, © de sua seqiéncia, & que Vygotsky propas um pereurso genético do desenvolvimento do pen= samento conceit Vaygoiskoadivide esse percurso em trés grandes estgios subdi dos em varias fases. (No)primeitosestigiojal/eHanga forma conjuntos sineréticos, agrupando objetos comr-base- em nexos vagos, subjetivos © baseados cm talores perceptuais, como a proximidate espacial, por exer plo. Esses nexos sic instéveis € nio relacionados aos atrily dos objetos,O scgundo-estigio échamado por Vygoisky- de “pensemento, por complexes”. “Enr unrcomplexo, as SIG RORETEMANEVUCaismondo.abstratas Portauto, um compl de objetos unidos px assimcomorasquelelemjuaateriar, carccom de, do muitos tipos diferentes. Qualquer conexdo factualmente presente pode Jevar a incluso de um determinado elemento em um complexo. Festa a {llferenes principal entre um complexo™e Uli] @OnDEROR ENG unt sunt Gdiversns quanto eeGbtatospewmsndlayes due de fato existem entte-os SERERISEA CV ysotsky, 1989, p. 53.) ‘A formagao de comple cer sna similaridade, a unificagio de impressées dispersas. No tezcciro ‘slasio,que levart & forms—so dos conceitos propriamente ditos, #criatick agrupa objetos com base num: tinicovatribute, sendo-capaz. de abstrair CamoteristicasiSOlMdas da totstidacte da experiencia conereta, 10 primeiro, segundo & verdade, 0 terceiro est Ee depois que o pensamento por comp! todo 0 curso de seu desenvolvimento. E como se houvesse duas linhas sgenéticassduastalzes independents, que se une nummomento avangado do desenvolvimento para possibilitar a emergéncia dos conceitos genuinos. ‘Umia raiz, a do pensamento por complexas, estabelece Iigapoes e relagoes: 29 “0 pensamento por complexos dé inicio & unificas desordenadas: ao organizar elementos diseretos da exp. ceria uma base para generalizagGes posteriores” (Vygotsky, outta raiz.realiza o processo de andlise, de abstragao: “Mas o cone desenvolvido pressupée algo além da unificagio. Para formar esse conceito também é necessétio abstr it elementos, © examinar os element abstratos scparadamente dade da experiéncia concteta de que fazer parte, Na verdadeiza formaga de conceitosmtigualmente impor tante unir ¢ separar: GEIBtGs@idleve combinar-se com x aniliseyOlpensi complexos nio é capaz de realizar essas duas oporugdes. A sua nento da formacko de conceitos €a que preenche o | remonte # petiodos betn ante- jBrintoressantc cbsctvarltjne a idéia da convergéncia de duas linhas de desenvolvimento independentes na forinagio de processos psicoldgicos solnebes ehire pnsatnehto ¢ Tinguagem tl trafeldrias genétieas separadasy que mum dit: yolvimento se unem, dando origem 4 um processo qualitativamente dife- rente, roalizada, }4 que “todas as fungdes psiquicas superiotes so processos sniedliaosyieqUSIsiznoseonstinemomncio bisico para domind-las e dirigi- Tas. O signo mediador € incorporado. allie estelifli cOmi@ iia parte Finishes Vel VERE Mpanic central do processo como um todo Sunitewe quea ae que o designa tem na linguagem dos adultos. (Eiiessesentico.que.a questo dos conceitos coherctiza sseoneepgOes Uotado deumraparato biologico que cstabelece limites © possibiiciades Para SEUPURCIGRAETERtONPsicolSaicngifierese stmultaneamente com o-mundo real em que vive ¢ coin as formas de organizayao desse real daclas pela 30 dos processos psicolégicos superiores, a crianga interage com os atributos presentes nos elementos do mundo real, sendo ssa interagao direcionada pelas palavras que designam categorias culturalmente organizadas. Al linguagem, intemalizada, passa a representar essas cuteyorias ea funcionar como insirumento de organiza¢ao do conhecimento. O processo de formagao de conceit qui discutido refere-se aos conceitos “cotidianos” ou “espontaneos”, isto ¢, a0s conccitos desenvolvi- dos no decorrer da ativieate pritica da crianga, de Suas interagoes sociais dos chatnados como parte de um sistema cepaniadi. de conhecimentos, particularmente relevantes nas sociedades letradas, onde-as etfangas sio_submetidas a irugho escolar. Suas consideragBes a respeito jenlificosstambém clucidam suas concepgoes FAIS gerais acerca do processo dle desenvolvimento. OSWoneeites cicntificos, embora transi de ensino-aprendizagem, também passatn por um processo de desenvolvi- mento, isto é no s4o apreendidos em sua forma final_cefinidivamMas SpOALAneOS|GATeHaliga — por cxcinploley e do ‘irmio” — se desenvolvem em diregoes sfastados, a-sullevolucao faz com que terminerr onto fincamental da nos seonseidncia.dos seus con: lade de defini-los por meia de palavras, de operar tempo depoissdestersadguieeoTas i EEE GbjerC Ho qual o concesto se refere), mas nao est con desenvolvimento de um cone: Fomera-com sus definicao yer Hid6-caponlanbasiEeOSe operar eon 0 proprio concclio ‘na mente da crianga tem-infcio-a.um nivel gue 56 post latingido pelos conceitos espontinees.” ‘Wimeonccito, cotidiano da criangaRieormOMROMeKcmplonicrni0 Gs , embora consiga * -exploracio™ Ou. < c carecem da riqueza de ‘expetimentes de Piaget ele responder corretamente a questées sobre ‘eset “pliers ciVilmmesses.conceltos contetido proventente da ex expandidos no decorrer das I Poder-se-ia dizer que 0 desenv crianca € ascendente, enquanto 0 desenvolvimento dos seus conceitos \cientifieo€ descend nien p2r2-ui0 nivc] mais, clementarsescGTEWRI ssa 31 decorreddas diferentes formas pelas queis os dois tipos de conceltossurgem. Perle. se remontaralBtigem de um conc-Hoesponianeo mumconf:onio com, Tamassitiacdo concreta, HO passa queuiy conceHoerent infefo, uma atitude *mediada’ cm relagao a seu objeto.” ‘$Limbora.os conceilos cientificos ¢ espontineos se desenvolva em iregSes opostas, os dais processos esto intimamente relacionados. E ‘piagiso que o desenvolvimento de unteoncef6 espontaneo tenha afeanyaeo tim certo nivel para que a crlanga possa absorver um conceito eientifico forrelata. Par excinplomosjconcoiies hiisisricos <6 podem Comeyar # Se desenvolver quando 0 ConsetO COtiaN© que MSH Aiea Ren GT ESSA? ijerRURGEnIeMentoviiferenciado — quando a sua propria vida ea vidi ‘los que a cercam puder adaptarse & geheralizagao elementar no pasado ‘GEgorapOSSeustconceitos eoounificosesaciologicos devemse desehvol- Vere partir do esqucma simples “aq e-em OulnGIIIBAREpNesfnrean a sua Ionta trajetéria para cima, um eoneeita-cotidiany abre o caminho para um eonceito cientifico e 0 seu desenvolvimento descendente, Cris umalsérie sib esiruliias eceSSirias)puraajevoluedomdosespeciosjnais primitivos ¢ Pictnentancs de um conceito, que The-ciaocorpo © VilalidadSNO=sesfiGeiths cicntificos) ROEM ved; fomecem-estraturas part © Cesenyoivianentey BSeEentercios,concoilos cspontancos dla criancaremmrelaGaeaeonscie ¢ 20 uso deliberado. Os conceitos cientificos desenvolvem-se para Ipor meio dos conceitos espontan: tos espontanees desea ‘yem-se pra cima por meio dos {BAS OVY gotsky, 1989, 'p.93-94.) Essa longa citagiio de Vygotsky, sel snente sua concepcao acerca do deseny olvimento dos conceitos cienttficos; Gipresents-as Tdeias que fundamentam sua posigao de ue ox conceitos ‘ciomiificospdiferentementexios cotidianos.cstio otzanizados.cm sistemas, ‘consistentes de titer telacOcs bt uma atitude mediada desde © injeio de sua construcio, cientificos implicamsumaratitudestnelacognitivayiStGReTUSeonsci SOPRBISEliBeradlo-por parte do individuo, que, domina seu contet nivel de sua definigao [ede 0a Felagio com Outros eoriecitos Jpolmesiio modo que asipestula, ccs de, Vygotsky. sobre a formagio ‘des conceitos cotidianos, conforme-fseutide ahterionnente/cOnGrSUzaih suas concepedes sobte'o proceso de-desenvolvimento psicolégico, suas. concepgGes sobre o processo de formacdo de coneeroseienificas remetem a idéias mais gerais acerca do desenvolvimento humano. Em primeiro Migaryparticular importancia Hioveseolirhas sociedades letra 32 Wades, A inteivencdo pedagdgicé provoca avatc: cespontaneamente. importancia di inkerveneae (0 Individuo interage COM Outhas pessons O processo de ehsinonpremuiZas PEMEGueMeoemaescola propicia o acesso dese imiatiras da cultura lctradaad conheclMeMOlegastiuresieecumulado pela ciéncia ca fplefnbros cesses grupos cultures RuiclOiabliintelectialmentescomibase (BTEOHEEHOSEsponkiinecs, gcrados.nassitnaches coMeretese mAs eX poric ccias pessosis, Sot processo de formnacto de eonlellpsmacninchyi idade nit gepRyeulinrais estariam bases dasass advindo do prOpHe Miles Mere ZiGso, cas a As postulacies de Vygotsky sobre 9 haar desenvolvimento psicoldgico apontam para dois eaminhos complementares sessebro.conio subsisaten siawatividladhe»psicolosicac,-dc outro Tado,-a cultura como ‘odo ser humano, nuth processo em que bio! ’stGrico. A construgid de uma concepgaa que compoeo homem chquanto I de Vygotsky e seusicola- a raflexao Conternipo™ Tas investigesdes ‘mente, objetil GEBLGO dosprojcio i ossdoses=pormmaneocamdessfio pares BIBLIOGRAFIA Luria, A. R. Fundamentas de neuropsicologia. Rio de Janeiro, Livros Técnicos Cientificos/EDUSP, 1981. 33 Luis, A. R. Desenvolvinento cognitive: seus findanentas cultural ¢ sociais. Sto Paulo, feoue, 1990. : din, MK. de. A abcedagem de Vygotsky: principtis postulados te6ricos. In Sto Paulo, Seereiania de Edueagéo, Centro de Esiudos © Nommas Pedagégicas pees edicacionais. SioPavlo, CENP, 1990. "dultral: a contribuigao de Vygotsky &.compreen- 1ano, Trabalho apresertado no I Congresso Latino- sia I Congresso Brasileiro de Neuropsicologia, de 26 de novembr, 1991, Sto Paulo (mimeo) Oliveira, MK. de. Pygotsty. Sio Paulo, Seipione, 1993 SISSer Vee, €. 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Foi médico de batalhéo durante a pri ene ‘Sua formagéo traz a marca da filosofia ¢ da medicina: dai as fre- giientes insergdes da psicologia na corrente do pensamento ocidental até as suas otigens gregas, ¢ também a preocupagao permanente com a infra-estrutura organica de todas as fungdes psiquicas que investiga, Tendo se ocupado, durante a guetta, de lesdes cerebrais, no podetia j esquecer que a atividade mental tem sua sede em um drgdo de cuja h depende. Esse fato o aptoxima de Lutia, cujos procedimentos conclusdes confirmam ¢ completam muitas das suas hipdteses neurolégicas. ‘A matétia-prima de que partiu for is de duzentas observagées de criangas doentes, casos de retardo, anomalias psicomotoras icado depois da guerra (1925), quand. ‘0s adultos traumatizados renovou e aprofundou as suas con tou disso:L’enfant turbulent, republicado recentemente na Franga (1984) 35 ‘TranThong, que insere suas conclusdes no ‘Sua psicogendtica (la o foi desde 0 prinefpio — Lenfant turbulent x ‘em sua primeira parte, uma descrigao das primeiras etapas do desenvolvimento psicomotor: os estégios impul onal, sens6rio~ motor e projetivo, e s6 depois a apresentagio das si tem, por conseguinte, como ponto de partida o patolé doenga como um (dos muitos) elemento necessério 4 compreensio da normalidade fica assentada desde o inicio. B médico pteocupado em curar, mas também con dera a doenge, jeira de Claude Bernard, uma experiéneia natural, a forma de experimentagio mais epropriada jiea esto Iangadas: & psi ‘As fungdes devem ser estudadas ev’ feresse pela doenga e pela velhice), -oraparando-as com as suas equiva rentes momentos da hist6ri quivoco de classificar de organicista a sua proposta vem da ineompreen- sao de dois fatotes fundamentais: em primeiro lugar, que genético abtange a dimensio da eopéci bre espao pars a incorporagton dos resultados da “psicologia histéri fato de que, para Wallon, estrutura organica supée a intervengio da seguramente ciidossaria e aproveitaria a expresso vygotskiana de “extta- cortical” para significar aquela parte do cérebto humano que esté fora do cérebro, i conheeimento. 0 método adequado para a psicologia € x 0 |, que niio perde o seu rigot por nao poder intervir no: logo deveria aguardar “os eclipses”, representados pelos observacio. si preocupagéo nenhuma com a quantificagio de resultados. Se cla no ‘quantitativa e sintética como a psicométrica, que resume os seus resultados ‘ein um escore, seria entio qualitativa e analitica? Qualitativa certamente: ‘quanto A anilise, Wallon opta pela andlise genética, Gnica forma, aseu ver, denio deixar perder a inteitidade do objeto. ‘A base para essas decisbes metodok ‘numa atitude que se podetia qi Tosse concteta ¢ objetivamente sustentada pela experiéncia médica. 36 Confrontado com o anabélico ¢ 0 catabslico da metabol a sistole ¢ a didstole da atuagdo cardiaca, com a alternativos que caractetiza 0 funcionamento subcortical ¢ cortical do so explicitados mais tarde. Obra germinal, contém em embrio smas que serao retomados e aptofundados: movimento, emogio, igéncia e porsonalidade. Falta apenas a perspectiva pedagdgica, que mais tarde vit a pesar mult AMOTRICIDADE: DO ATO MOTOR AO ATO MENTAL Mas o grande cixo 6 a questio da motticidade; os outros surgem porque Wallon nao consegue dissocié-lo do eonjunto do funcionamenio da pessoa. ‘motricidade (no se estranhe a expresso, porque, em. sempre sinénimo de “psicomotor”) se confunde com a psicogénese da pessoa, e a patologia do movimento com a patologia do funcionamento da personalidade. Por esse motivo foi tio aproveitado por Le Boulch, cuja psicocinética © propostas de educagao psicomotora se caractetizam pela abrangéneia da sua compreensio do significado psico- I6gico do movimento. iso infra-estrutural, Wallon busca os érgios do movimento: a musculatura e as estrututas cerebrais responsi organizagio. Na atividade muscular identifica duas fung clénica, e postural, ira responde pelomovimento visivel, pela mudanica de posi¢&o do corpo ou de segmentos do corpo no espaco, ‘asogunda, pela manutengdo da posigao assuimida (atitude), e pela A primeira é a atividade do mii miisculo parado. Este substrato da fungao cine adequada, é caracteristicamente walloniano. Wallon encontra nela a mais arcaiea atividade muscular, presente antes de a motricidade adquirir sua mas como sede de uma atividade toniea que pode set intensa; presente na 37

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