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Livro Eletrônico

Aula 00

Economia Brasileira p/ BACEN 2017 (Analista - Área 03) Com videoaulas

Professor: Vicente Camillo

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Economia Brasileira
Analista (çrea 3) Ð BACEN
Teoria e exerc’cios comentados
Prof. Vicente Camillo Ð Aula 00

AULA 00:

A CRISE DA DIVIDA EXTERNA NO BRASIL NO INêCIO DOS


ANOS 80; A INFLA‚ÌO, AS TENTATIVAS DE ESTABILIZA‚ÌO
DOS ANOS 80

Sum‡rio

1. APRESENTA‚ÌO ................................................................
0 2

2. INêCIO DOS ANOS 80 E A CRISE DA DêVIDA EXTERNA ........... 5

3. PLANOS HETERODOXOS ................................................... 13

4. GOVERNO COLLOR .......................................................... 22

5. QUESTÍES COMENTADAS E GABARITO .............................. 27

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1. APRESENTA‚ÌO

Estimado aluno (a), tudo bem?

Fico muito satisfeito em ministrar este curso de ECONOMIA


BRASILEIRA PARA ANALISTA DO BANCO CENTRAL (çREA 3 Ð
POLêTICA ECONïMICA).

O curso est‡ sendo lan•ado com base no œltimo edital, publicado pelo
CESPE/UNB1. (ƒ importante citar que o presente curso contempla
100% do conteœdo exigido pelo edital).

Bom, meu nome Ž Vicente Camillo, sou Economista formado pela


Universidade Estadual Paulista (UNESP), com especializa•›es em
Regula•‹o do Mercado de Capitais (Columbia Law School),
Contabilidade e Auditoria (FIPECAFI/USP) e Carreiras Pœblicas
(Anhanguera/Uniderp).

Atualmente trabalho na Comiss‹o de Valores Mobili‡rios, cuja sede


(meu local de trabalho) Ž no Rio de Janeiro/RJ. L‡ trabalho com a
regula•‹o das companhias abertas, alŽm de representar a autarquia
em f—runs nacionais e internacionais sobre governan•a corporativa e
desenvolvimento.

Ministro aulas de Economia, Conhecimentos Banc‡rios, Estrutura e


Funcionamento do Sistema Financeiro e Direito Societ‡rio, em n’vel de
gradua•‹o, em cursos livres preparat—rios para concursos pœblicos e
certifica•›es. Sou professor do EstratŽgia Concursos desde 2013!

AlŽm do meu e-mail vdalvocamillo@gmail.com e do F—rum de


Dœvidas dispon’vel na ‡rea restrita aos alunos matriculados no curso,
voc• pode me encontrar em minha p‡gina pessoal do Facebook, onde
posto rotineiramente materiais, dicas, exerc’cios resolvidos e assuntos
relacionados. ƒ s— acessar em:


1
http://www.cespe.unb.br/concursos/BACEN_13_ANALISTA_TECNICO/arquivos/ED_1_2
013_BACEN_ABT_AT.PDF
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https://www.facebook.com/profvicentecamillo.

Nosso curso ser‡ dividido em 03 aulas. Em todas adotaremos a mesma


metodologia: apresenta•‹o te—rica e resolu•‹o de (muitos!)
exerc’cios. Saliento, inclusive, que o presente curso possui um
enfoque na resolu•‹o de exerc’cios, visto que se trata da maneira
mais eficiente de se aprender a matŽria.

Como Ž imposs’vel deduzir qual a banca respons‡vel pelo pr—ximo


Edital, est‹o inclusos exerc’cios das bancas mais tradicionais (CESPE,
ESAF, CESGRANRIO, FGV e FCC), cobrados atŽ 2017.

O curso tambŽm ir‡ tambŽm contemplar videoaulas para todos os


t—picos. Caso voc• n‹o as tenha visualizado, Ž porque est‹o em
processo de edi•‹o.

O aluno interessado na aprova•‹o neste certame necessita cumprir


com dois objetivos: compreender a matŽria e saber resolver as
quest›es. Nada adianta saber tudo sobre macro, mas n‹o ter a pr‡tica
(a manha) na resolu•‹o de quest›es. Afinal, o que importa Ž pontuar
o m‡ximo poss’vel na prova!

Por isto que me comprometo na oferta destes dois pressupostos


necess‡rios para sua aprova•‹o. A apresenta•‹o da teoria ser‡ feita de
modo a facilitar a compreens‹o e memoriza•‹o da mesma. A resolu•‹o
de quest›es permite colocar em pr‡tica o esfor•o da compreens‹o.

E, apenas um aviso, como se trata da çrea de Pol’tica Econ™mica, as


quest›es ser‹o as mais complexas. Sendo sincero, as quest›es mŽdias
ir‹o complementar o assunto, enquanto que as dif’ceis levar o aluno
alŽm, testar os limites do conhecimento cobrado em concursos
pœblicos.

Antes de iniciar, segue um aviso e o cronograma de aulas para sua


organiza•‹o e conhecimento.

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Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos


termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e
prejudicam os professores que elaboram os cursos.

Espero que aprecie a experi•ncia e apresente o resultado t‹o


esperado: a aprova•‹o!

Sucesso e bons estudos!

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2. INêCIO DOS ANOS 80 E A CRISE DA DêVIDA
EXTERNA

No in’cio dos anos 80, o cen‡rio externo Ž desfavor‡vel ao Brasil pelos


seguintes motivos listados:

ü Choque do Petr—leo à o forte aumento dos pre•os do petr—leo


na segunda metade da dŽcada de 70 provocou um choque de oferta
na economia brasileira. Como era importador de petr—leo, o aumento
do pre•o do referido produto promoveu agravamento do dŽficit externo
em transa•›es correntes e aumento de pre•os (infla•‹o) na economia
interna.

ü Eleva•‹o das taxas de juros internacionais no final da


dŽcada de 70 à A eleva•‹o da taxa de juros internacional, iniciada
pela pol’tica do banco central norte-americano ˆ Žpoca, foi a sa’da dos
pa’ses desenvolvidos para lidar com o aumento da infla•‹o ocasionada
em virtude do aumento no pre•o do petr—leo. Este movimento
promoveu sa’da de capitais financeiros do Brasil, que foram ÒbuscarÓ
remunera•‹o elevada e segura em pa’ses desenvolvidos,
principalmente nos EUA.

ü Escassez de financiamento externo à A escassez de


financiamento externo Ž consequ•ncia direta do item visto acima e
adquiriu contornos preocupantes ˆ Žpoca quando consideramos os
dŽficits em conta corrente apresentados pelo Brasil. Ou seja, o
aumento no pre•o do petr—leo, que agravou o dŽficit comercial
brasileiro, foi acompanhado de uma dificuldade crescente de
financiamento via capital externo, em fun•‹o do direcionamento destes
aos pa’ses desenvolvidos.

Em resumo, os tr•s fatores acima expostos ocasionaram uma redu•‹o


do grau de liberdade da pol’tica econ™mica ˆ Žpoca (primeira metade

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da dŽcada de 80). A pol’tica econ™mica interna foi desenhada em
fun•‹o destas restri•›es externas.

Em termos de pol’tica econ™mica, podemos sumarizar o seguinte:

¥ Pol’tica Monet‡ria e Credit’cia

No lado monet‡rio, as tentativas de combate ˆ infla•‹o adotadas em


1979 n‹o objetivaram •xito e a confian•a na economia, no curto prazo,
se perdeu naquele momento (o aumento do pre•o do petr—leo
influenciou este aspecto).

O governo anuncia pol’tica monet‡ria ortodoxa para acabar com a


infla•‹o, controlando a demanda atravŽs de pol’tica monet‡ria
contracionista e queda no crescimento do crŽdito.

Ao lado deste problema, o financiamento do setor pœblico atingiu


volumosas emiss›es de t’tulos, o que elevou a d’vida pœblica e o
volume direcionado para pagamento de juros. O per’odo caracteriza-
se por uma complexa transi•‹o no in’cio do governo Figueiredo e
termina com explos‹o de desequil’brios internos que coincidiu com o
fim do governo militar.

Do lado credit’cio, houve libera•‹o de taxa de juros para emprŽstimos


dos bancos comerciais (a exce•‹o de crŽdito agr’cola e para
exporta•‹o) e implanta•‹o de teto de 50% para expans‹o nominal de
emprŽstimos ao setor privado e dos meios de pagamento e base
monet‡ria. No primeiro trimestre de 1981 os limites s‹o ainda mais
restritivos. A agricultura e as pequenas empresas, no entanto, recebem
aumento da oferta de crŽdito rural e para financiamento de capital de
giro.

No entanto, a infla•‹o n‹o reduz, em fun•‹o do elevado grau de


indexa•‹o da economia (inŽrcia inflacion‡ria). Assim, o efeito dessas
pol’ticas restritivas sobre a infla•‹o foi quase nulo. A rigidez
inflacion‡ria de 1981 refor•aria a tese inercialista. Os ’ndices de pre•os

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aceleraram atŽ o pico de 120% em meados de 1981, caindo para 100%
ao final desse ano. Em 1984, o ’ndice oficial de infla•‹o acumulou
223,8%, ’ndice similar ao ano anterior.

¥ Pol’tica Fiscal:

A pol’tica fiscal centrou-se no controle das despesas, atravŽs da


limita•‹o do crescimento nominal do investimento das estatais em
66%, centraliza•‹o da administra•‹o dos recursos or•ament‡rios e
maior controle das diversas contas governamentais.

Ocorreu aumento da tributa•‹o pela corre•‹o do imposto de renda em


55% (abaixo do n’vel da infla•‹o), aumento do IOF para opera•›es de
c‰mbio para importa•›es (de 15 para 25%) e cria•‹o de IOF (15%)
para importa•›es da Zona Franca de Manaus. Atuando ao contr‡rio, foi
restabelecido o incentivo fiscal do crŽdito-pr•mio para exporta•‹o de
manufaturados.

Ao final do per’odo (84), ocorreu reajuste das tarifas pœblicas.

¥ Pol’tica Externa/Cambial/Comercial

A pol’tica externa/cambial/comercial foi a que atraiu maiores esfor•os


do governo no per’odo, em fun•‹o das tentativas de acordo com o FMI
e a busca por uma solu•‹o externa para resolver o problema econ™mico
interno brasileiro.

Neste sentido, a pol’tica macroecon™mica de 1981-82 direcionava-se


para a redu•‹o da necessidade de divisas estrangeiras, atravŽs do
controle da absor•‹o interna. Estimulava-se a queda da demanda de
modo que as exporta•›es tornassem mais atraentes e as importa•›es
fossem reduzidas. A ideia era recuperar o crescimento da renda
brasileira atravŽs deste ajustamento comercial externo (eleva•‹o das
exporta•›es e redu•‹o das importa•›es, via recess‹o).

Guardadas as devidas propor•›es, esta pol’tica foi exitosa.

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Em 1981, apesar de uma deteriora•‹o nos termos de troca gra•as a
um incremento de 19% no pre•o do petr—leo, verificou-se uma
revers‹o da balan•a comercial para um super‡vit de U$ 1,2 bilh›es. As
exporta•›es aumentaram, enquanto caiu o coeficiente importador da
economia brasileira em raz‹o da recess‹o econ™mica.

No entanto, a eleva•‹o das taxas de juros internacionais determinou


aumento do pagamento de juros da d’vida, que atingia 40% da receita
com exporta•›es.

O ano de 1982 apresenta uma queda consider‡vel das exporta•›es e


importa•›es brasileiras. A primeira foi decorrente da forte recess‹o
mundial, enquanto a segunda foi conseguida gra•as ˆ substitui•‹o de
importa•›es de bens intermedi‡rios e ˆ queda da demanda por bens
de capital, induzida pela recess‹o. No entanto, sobem os pagamentos
de juros da d’vida externa, o que leva ˆ independ•ncia do dŽficit em
transa•›es correntes da absor•‹o interna.

Assim, em setembro de 1982, iniciam-se as conversas com o FMI na


tentativa de se atrair recursos de ag•ncias multilaterais. Neste sentido,
o dŽficit do balan•o de pagamentos apurado em 1982 foi financiamento
atravŽs de uma opera•‹o de emerg•ncia acordada com o FMI e
credores internacionais, evitando suspens‹o de pagamento por falta
de divisas.

No ‰mbito deste acordo, o Governo se adotou um compromisso formal


de austeridade de forma a gerar um super‡vit de U$ 6 bilh›es em 1983
e massa critica para um acordo com o FMI.

Em 6 de janeiro de 1983 foi submetida ao FMI a primeira carta de


inten•›es (seriam sete em dois anos), com seguintes metas a serem
adotadas pelo Brasil: dŽficit em transa•›es correntes atŽ o limite de
U$6,9 bilh›es; infla•‹o anual de 78% com contra•‹o de gastos
pœblicos; e desvaloriza•‹o do c‰mbio real de forma gradual.

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Dada a dificuldade no atingimento destas metas e a ado•‹o de um
maxidesvaloriza•‹o cambial de 30% em mar•o/83, uma segunda carta
de inten•›es Ž levada ao fundo, contento um novo pacote de medidas,
como est’mulo ˆs exporta•›es e facilidades para substitui•‹o de
importa•›es. Houve desindexa•‹o salarial parcial como forma de evitar
a neutraliza•‹o da maxidesvaloriza•‹o, porŽm n‹o totalmente
aprovada pelo congresso Ñ resultou em perda de 15% no poder de
compra dos sal‡rios.

Quase todas as metas tra•adas para 83, relacionadas com as contas


externas, foram alcan•adas. Esse resultado deve-se a um conjunto de
fatores: recess‹o interna; queda do sal‡rio real; desvaloriza•‹o
cambial; queda do pre•o do petr—leo e da taxa de juros internacional,
alem da recupera•‹o dos EUA..

No entanto, os resultados fiscais e a infla•‹o apresentaram resultados


negativos. A indexa•‹o do servi•o da d’vida ˆ infla•‹o tornava
imposs’vel uma redu•‹o das necessidades nominais de financiamento
do setor pœblico. O FMI suspende desembolso de recursos pelo fracasso
brasileiro em reduzir os dŽficits nominais.

Novas negocia•›es foram iniciadas e uma quarta carta de inten•›es foi


enviada ao Fundo com um novo critŽrio de desempenho fiscal,
retirando as parcelas referentes ˆs corre•›es do estoque da d’vida das
necessidades nominais de financiamento do setor pœblico Ñ o dŽficit
cai de 6,2% do PIB em 1982 para 3% em 1983. As finan•as pœblicas
sofrem cortes significativos e a taxa de investimento cai dos 20%
vigentes atŽ 1982 para 14,3% do PIB em 1983.

Ajustamento externo da economia foi bem sucedido no sentido de


gera•‹o de vultuosos super‡vits comerciais e reequil’brio das
transa•›es correntes. PorŽm, fora muito limitado. O plano trienal do
FMI promoveu um ajustamento recessivo, sem considera•‹o ao papel
da recess‹o internacional na redu•‹o das exporta•›es e sem aten•‹o

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dirigida ao papel da indexa•‹o na economia. Os desequil’brios internos
e a infla•‹o foram tratados com toler‰ncia ou complac•ncia passiva.
Todas essas condi•›es aumentaram ainda mais o custo do processo de
ajustamento e as pol’ticas econ™micas adotadas contribu’ram para
aumentar os conflitos internos e agravar os efeitos inflacion‡rios.

Passa-se, a partir de agora, a analisar os resultados das pol’ticas


macroecon™micas citadas anteriormente.

Em 1981, verifica-se uma queda de 10% no produto industrial e queda


real do PIB brasileiro.

O ano de 1983 representou a maior recess‹o enfrentada pelo setor


industrial. A produ•‹o industrial caiu 5,2% e atingiu todas as categorias
de uso. A queda mais acentuada foi a de bens de capital (queda
acumulada de 55% entre 81 e 83), acompanhando a queda na taxa de
investimento.

O emprego industrial contraiu 7,5% e os setores mais atingidos foram


aqueles considerados din‰micos como material elŽtrico e
comunica•›es, mec‰nica e qu’mica. Houve uma recupera•‹o moderada
ao final do ano gra•as ao aumento vigoroso da demanda por
exporta•›es.

Acompanhando a indœstria, o PIB cai 2,8% em termos reais e a renda


per capita a pre•os constantes declina 11% entre o pico de 1980 e
1983. A recupera•‹o da indœstria come•a a ocorrer em 1984, em
virtude do impulso da demanda por exporta•›es e do relaxamento das
restri•›es externas sofridas pelo Brasil. Gra•as ˆ recupera•‹o dos EUA,
as exporta•›es brasileiras aumentam em 40% no primeiro semestre
de 1984.

Segundo o IBGE, a produ•‹o industrial cresceu 7% em 1984. A


indœstria de transforma•‹o cresceu 6,1%, enquanto a extrativa
mineral, 27,3%. Esse alto desempenho da indœstria extrativa mineral

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decorreu, basicamente, da expans‹o da produ•‹o nacional de petr—leo.
Essa, aliada ˆ queda nos pre•os internacionais do produto, permitiu
uma redu•‹o nas despesas de importa•›es da ordem de U$4 bilh›es
no per’odo. A indœstria de transforma•‹o teve o seu crescimento
proporcionado pela eleva•‹o das vendas externas e ao setor agr’cola.
O incremento da demanda ocorreu gra•as ˆ recomposi•‹o da renda
rural, devido ˆ expans‹o da agricultura de exporta•‹o e a pre•os
relativos mais favor‡veis. A renda rural se propagou para a renda
urbana, tambŽm impulsionada pelos reajustes salariais acima das
taxas prescritas. O consumo foi, ainda, impulsionado pela exacerba•‹o
das expectativas inflacion‡rias em fun•‹o da pr—pria demanda de
recomposi•‹o salarial; do boom do mercado financeiro; da pol’tica
monet‡ria frouxa; dos reajustes das tarifas pœblicas. O alto consumo
ajudou na dissemina•‹o da recupera•‹o dos setores industriais Ñ
quase todos os setores exibiram taxas positivas de crescimento em
1984.

Apesar da recupera•‹o econ™mica, a categoria de bens de consumo


dur‡veis ainda apresentou queda no ano (7,5%), enquanto os bens de
consumo n‹o dur‡veis observaram um pequeno crescimento,
decorrente da recomposi•‹o salarial. J‡ os bens de capital,
representaram a maior alta (14,8%), ap—s tr•s anos de quedas, devido
ˆ demanda agr’cola e de produtos para exporta•‹o. O PIB,
impulsionado pela retomada industrial, cresceu 5,7% em termos reais,
interrompendo o processo de encolhimento da renda per capita
observado desde 1981 Ñ com contribui•‹o da recupera•‹o das
lavouras. PorŽm, o processo inflacion‡rio n‹o se alterou. A
insensibilidade das taxas de infla•‹o ao aumento da oferta agr’cola era
apenas mais um sintoma da alta indexa•‹o da economia.

No Balan•o de Pagamentos, o aumento das exporta•›es e nova queda


das importa•›es geraram um super‡vit de U$13,1 bilh›es em 1984,
superando, pela primeira vez, em U$3 bilh›es a conta l’quida de juros
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acordada com o FMI. O saldo em transa•›es correntes estava
praticamente equilibrado e as reservas foram incrementadas. O
crescimento da d’vida externa l’quida foi mais moderado que nos anos
anteriores.

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3. PLANOS HETERODOXOS

Durante a 2» metade da dŽcada de 80, a pol’tica econ™mica brasileira


concentrou-se no combate ˆ infla•‹o: os planos de estabiliza•‹o
adotados no per’odo de 1981-84, promoveram o ajustamento externo
da economia, mas n‹o conseguiram evitar a escalada inflacion‡ria.
Portanto, fazia-se necess‡rio priorizar a desindexa•‹o da economia, o
que produziria uma queda mais r‡pida da infla•‹o do que a contra•‹o
da demanda agregada, com custos menores em termos de recess‹o e
desemprego.

Neste t—pico analisamos os aspectos principais dos planos econ™micos


adotados no per’odo 1985-89.

¥ Plano Cruzado

O Plano Cruzado, anunciado em 28 de fevereiro de 1986, entendia a


infla•‹o como um processo predominante inercial. Os contratos com
cl‡usula de indexa•‹o, generalizados na economia brasileira,
funcionavam como propagador da infla•‹o passada para a infla•‹o
corrente. Adicionavam-se a este fato eventuais choques de oferta ou
demanda que alimentavam a infla•‹o e se obtinha como resultado uma
infla•‹o crescente.

As medidas adotadas pelo Plano s‹o sumarizadas a seguir e os


coment‡rios seguem adiante:

– Reforma Monet‡ria e Congelamento à Cruzado, com


congelamento de pre•os a partir de 28.02.85 (Tabela Sunab) e c‰mbio
fixo;

– Desindexa•‹o da Economia à Substitui•‹o das ORTN pelas


OTN, que estavam congeladas por 1 ano; todos os contratos somente
poderiam ser reajustados no m’nimo anualmente;

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– Mudan•a de êndice de Pre•os à Substitui•‹o do IPCA pelo
IPC, a fim de eliminar o cont‡gio da infla•‹o do ’ndice no m•s de
fevereiro de 1985; e

– Reajustes Salariais à Abono de 8% e 16% aos sal‡rios e


sal‡rio m’nimo; Sal‡rios congelados e definidos em cruzados pela
mŽdia dos œltimos 6 meses em cruzeiros; Diss’dios anuais com
corre•‹o inferior a 100%; Ado•‹o do gatilho salarial, caso a infla•‹o
acumulasse 20%.

Em rela•‹o ˆ reforma monet‡ria e o congelamento de pre•os, Ž


importante observar que o Plano estabeleceu o ÒCruzadoÓ (Cz$) como
padr‹o monet‡rio nacional no lugar do cruzeiro. A taxa de convers‹o
foi fixada em mil cruzeiros (moeda anterior) por cruzado.

Os sal‡rios foram convertidos em cruzados, tomando como base o


poder de compra mŽdio dos œltimos 6 meses, mas n‹o foram
congelados, ao contr‡rio dos pre•os ( com exce•‹o das tarifas
industriais de energia elŽtrica), que foram congelados por tempo
indeterminado, sem qualquer compensa•‹o pela infla•‹o passada, nem
tampouco pela perda futura.

O congelamento de pre•os adotado pelo Plano foi feito com base nos
pre•os do dia anterior ao congelamento. Sem a devida compensa•‹o,
isto provocou diversos problemas de pre•os relativas e efici•ncia
alocativa na economia. Primeiro, pois certos bens tinham sido
reajustados em data anterior pr—xima a do congelamento, enquanto
outros seriam reajustados em data posterior. Evidente que os bens
cujos pre•os n‹o tinham sido reajustados estavam em situa•‹o
adversa em rela•‹o aos demais bens. N‹o por coincid•ncia, mas estes
bens sem reajuste foram os primeiros a escassear na economia.

O outro problema do congelamento, e mais —bvio, Ž a inutilidade que


acarretou ao sistema de pre•os como ÒreguladorÓ da oferta de bens na
economia. A pre•os livres, bens relativamente escassos tendem a subir
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de pre•o, enquanto que os outros tendem a manter o pre•o constante
ou atŽ reduzir. Sem esta possibilidade, a aloca•‹o de bens na economia
tornou-se ineficiente e logo ocasionou desabastecimento e o fen™meno
do ‡gio nos mercados paralelos.

O Plano Cruzado deslocou a base do IPCA para 28 de fevereiro de 1986.


O novo ’ndice, denominado êndice de Pre•os ao Consumidor (IPC),
manteria as mesmas pondera•›es do IPCA.

A taxa de c‰mbio foi fixada em cruzados no n’vel vigente em 27 de


fevereiro de 1986 : a c™moda posi•‹o externa da economia brasileira
e a recente desvaloriza•‹o do d—lar americano n‹o sugeriram a
necessidade de uma maxidesvaloriza•‹o compensat—ria ou defensiva
do cruzado.

O Plano Cruzado n‹o estabeleceu regras ou metas para as pol’ticas


monet‡ria ou fiscal. O objetivo impl’cito da pol’tica monet‡ria durante
os primeiros meses do Plano era acomodar o incremento na demanda
de moeda que resultaria de uma mudan•a de carteira em favor da
moeda est‡vel, ˆ medida que este movimento era percebido como n‹o
inflacion‡rio.

Com respeito ˆ pol’tica fiscal, o governo havia anunciado em dezembro


de 1985, um pacote fiscal que tinha como objetivo eliminar as
necessidades de financiamento do setor pœblico. Entretanto, os ganhos
projetados de receita, que dependiam da continuidade do processo
inflacion‡rio - Òimposto inflacion‡rioÓ- n‹o se materializariam com a
queda das taxas de infla•‹o.

Em resumo, ambas as pol’ticas (monet‡ria e fiscal) foram utilizadas de


maneira passiva pelos gestores econ™micos, pois a aten•‹o destes
estava no diagn—stico predominantemente inercial da infla•‹o.

A an‡lise dos resultados do Plano Cruzado pode ser dividida em 3


per’odos:

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– Mar•o a junho de 1986 à Apresentou queda substancial da
infla•‹o e tambŽm pelos primeiros ind’cios da exist•ncia de excesso de
demanda na economia, em face do aumento do poder de compra dos
sal‡rios (reajuste salarial e controle de pre•os e infla•‹o);

– Julho a outubro de 1986 à Identificado pela total imobilidade


do governo ante o agravamento da escassez de produtos e ˆ
deteriora•‹o das contas externas. Neste momento, o Governo
anunciou o ÒCruzadinhoÓ: tratava-se de um t’mido pacote fiscal para
desaquecer o consumo que envolvia basicamente a cria•‹o de um
sistema de novos impostos indiretos na aquisi•‹o de gasolina e
autom—veis que seriam restitu’dos ap—s 3 anos e da cria•‹o de
impostos n‹o restitu’veis sobre a compra de moedas estrangeiras para
viagem e passagens aŽreas internacionais. O Cruzadinho n‹o reduziu
o excesso de demanda que, juntamente com a expectativa de
descongelamento dos pre•os, continuou a alimentar a escassez de
produtos e mercados paralelos.

– Novembro/86 a maio/87 à O fracasso do Plano Cruzado, com


o retorno das altas taxas de infla•‹o. Neste momento, foi anunciado o
ÒCruzado IIÓ, que tinha como objetivo aumentar a arrecada•‹o do
governo atravŽs de alguns pre•os pœblicos e do aumento de impostos
indiretos. Adicionalmente, foi regulamentado o reajuste salarial
(gatilho salarial), que ficariam limitados a 20% de corre•‹o quando a
infla•‹o atingisse esse patamar. Perdas adicionais nos sal‡rios seriam
carregadas para o gatilho seguinte. Por fim, o governo cedeu ˆs
press›es pela liberaliza•‹o dos pre•os, suspendendo abruptamente
quase todos os controles em fevereiro de 1987.

Segundo os "criadores" do Plano Cruzado, diversos foram os motivos


do seu fracasso, dentre os quais podemos citar: (i) pol’tica fiscal e
monet‡ria expansiva que n‹o colaboraram com a conten•‹o necess‡ria
da demanda agregada ; (ii) diagn—stico de infla•‹o puramente inercial,

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sendo que parte dela era tambŽm de demanda e isto pressionava os
pre•os; (iii) congelamento de pre•os excessivo, contribuindo para o
aparecimento de mercados paralelos; e (iv) acionamento do gatilho
salarial, que alimentou os reajustes de pre•os e acelera•‹o da infla•‹o.

Adicionalmente, Ž importante frisar que a falta de alinhamento dos


pre•os antes do congelamento tambŽm contribuiu para o problema do
desabastecimento e do fen™meno do ‡gio nos mercados paralelos,
como j‡ observado anteriormente, fato que tambŽm auxiliou no
fracasso do Plano Cruzado.

¥ Plano Bresser

O novo ministro, Bresser Pereira, iniciou sua gest‹o anunciando uma


meta para taxa de crescimento do PIB de 3,5% e demonstrou
disposi•‹o de voltar a dialogar com o FMI (pois em fevereiro/87 o
governo decidiu suspender por tempo indeterminado os pagamentos
da d’vida externa).

O Plano Bresser, apresentado em junho/87, tinha caracteriza•‹o


h’brida, pois continha tantos elementos ortodoxos (pol’ticas monet‡ria
e fiscal contracionistas), quanto heterodoxos (controle de pre•os) para
o combate ˆ infla•‹o. O novo programa n‹o tinha como meta a
Òinfla•‹o zeroÓ, nem tampouco tencionava eliminar a indexa•‹o da
economia. Pretendia apenas promover um choque deflacion‡rio com a
supress‹o da escala m—vel salarial e sustentar as taxas de infla•‹o
mais baixas com redu•‹o do dŽficit pœblico.

Os sal‡rios, assim como os pre•os, foram congelados por um prazo


m‡ximo de 3 meses, nos n’veis prevalecentes em 12 de junho de 1987.
Antes, foram concedidos aumentos para os pre•os pœblicos e
administrados (com o objetivo de evitar uma das falhas do Plano
Cruzado) e, a exemplo do Plano Cruzado, a base do IPC foi deslocada
para o in’cio da vig•ncia do congelamento: 15 de junho de 1987.

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O Plano Bresser institu’a tambŽm uma nova base de indexa•‹o salarial
para vigorar ap—s o congelamento: a Unidade de Refer•ncia de Pre•os
(a cada 3 meses seriam prŽ-fixados os percentuais de reajuste para os
3 meses subsequentes, com base na taxa de infla•‹o mŽdia
(geomŽtrica) dos 3 meses precedentes).

A taxa de c‰mbio n‹o foi congelada e, quanto ˆ ado•‹o de pol’ticas


monet‡ria e fiscal, o governo praticaria taxas de juros reais positivas,
a curto prazo e, no que tange ˆ pol’tica fiscal, seriam adotadas medidas
que visassem reduzir o dŽficit pœblico em 1987.

A perda de poder aquisitivo dos sal‡rios e a pr‡tica de taxas de juros


reais positivas durante a fase do congelamento tiveram reflexos
negativos nas vendas e no ritmo de produ•‹o industrial. Assim, em
contraste com o Plano Cruzado, a infla•‹o do congelamento n‹o podia
ser atribu’da a press›es de demanda e sim de um conflito distributivo
de rendas no setor privado e entre os setores privado e pœblico2.

As press›es inflacion‡rias levaram o governo, j‡ em agosto, a reduzir


o leque dos pre•os controlados e a permitir alguns reajustes de pre•os.
Essas medidas abalaram ainda a credibilidade do programa em duas
frentes: o congelamento e a URP.

Com a infla•‹o oficial no patamar de 14% em dezembro, sob uma onda


de rumores de um iminente novo congelamento, e diante do desgaste
provocado pelas resist•ncias a sua proposta de uma reforma tribut‡ria
progressista, o ministro Bresser Pereira pediu demiss‹o.

Ap—s a sa’da do Ministro, foram anunciadas novas medidas


econ™micas, que ficaram conhecidos como a pol’tica do Òfeij‹o com
arrozÓ.


2
A flexibilidade do novo congelamento permitiu que os aumentos de preços decretados na véspera do
Plano Bresser fossem repassados aos outros preços da economia, gerando inflação e neutralizando
parcialmente a transferência de renda para o setor público.
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O novo ministro da Fazenda, Mailson da N—brega, rejeita as
alternativas heterodoxas e anuncia metas modestas no combate ˆ
infla•‹o, como estabiliza•‹o da infla•‹o em 15% ao m•s e redu•‹o
gradual do dŽficit pœblico.

O sucesso destas medidas consistiu em evitar, a curto prazo, uma


explos‹o inflacion‡ria, embora se configurasse o retorno da taxa de
infla•‹o ao patamar anterior ao lan•amento do Plano Bresser.

¥ Plano Ver‹o

Em janeiro de 1989, sob o contexto dos fracassados planos de


0
estabiliza•‹o anteriores, o Governo anuncia outro programa de
estabiliza•‹o: o Plano Ver‹o.

O Plano Ver‹o, anunciado em 14 de janeiro de 1989, promoveu uma


nova reforma monet‡ria, instituindo o Cruzado Novo (NCz$), que
correspondia a mil cruzados, como a nova unidade b‡sica do sistema
monet‡rio.

Assim como o Plano Bresser, foi anunciado tambŽm como um plano


h’brido: do lado ortodoxo, o Plano pretendia promover uma contra•‹o
da demanda agregada a curto prazo, com eleva•‹o das taxas reais de
juros e conten•‹o do dŽficit pœblico e, do lado heterodoxo, extinguir
todos os mecanismos de realimenta•‹o da infla•‹o, promovendo
inclusive o fim da URP salarial.

Novo congelamento de pre•os foi anunciado, s— que desta vez por


tempo indeterminado. Assim como no Plano Bresser, na vŽspera do
anœncio do congelamento foram autorizados aumentos para os pre•os
pœblicos e administrados. AlŽm de recompor eventuais defasagens em
rela•‹o aos custos de produ•‹o, o alinhamento dos pre•os deveria
gerar uma margem de folga para suportar o congelamento e evitar
eventuais desabastecimentos.

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A cota•‹o do d—lar norte-americano foi fixada em NCz$ 1 : acreditava-
se que a rela•‹o unit‡ria entre o cruzado novo e o d—lar teria um efeito
psicol—gico positivo, na medida em que fosse percebida como um
indicador da disposi•‹o efetiva do governo em combater a infla•‹o
domŽstica e, assim, sustentar a nova paridade a mŽdio prazo. Ap—s o
estabelecimento da cota•‹o, a taxa ficaria fixa por tempo
indeterminado.

O ajuste fiscal proposto pelo governo junto com o Plano Ver‹o deveria
atuar em 4 frentes: redu•‹o das despesas de custeio atravŽs de uma
ampla reforma administrativa; redu•‹o das despesas de pessoal
atravŽs da demiss‹o de funcion‡rios pœblicos; redu•‹o do setor
produtivo estatal atravŽs de um amplo programa de privatiza•‹o;
rigidez na programa•‹o e execu•‹o financeira do Tesouro atravŽs de
limita•›es ˆ emiss‹o de t’tulos da d’vida pœblica.

No que tange ˆ pol’tica monet‡ria, seriam utilizados 3 instrumentos


b‡sicos: aumento da taxa de juros real de curto prazo de tal forma a
inibir movimentos especulativos; controle do crŽdito ao setor privado
atravŽs de limita•›es de crŽdito, altera•‹o do limite dos cheques
especiais, redu•‹o dos prazos de financiamento e do pagamento de
cart›es de crŽdito; e redu•‹o das press›es das opera•›es com moeda
estrangeira atravŽs da suspens‹o dos leil›es mensais de convers‹o da
d’vida externa em capital de risco.

Como na pr‡tica a pol’tica fiscal n‹o fora efetivada, o governo se viu


obrigado a manter as taxas de juros excessivamente elevadas por um
per’odo mais longo do que previsto, agravando o desequil’brio fiscal e
tendo um efeito perverso sobre o consumo: os ganhos proporcionados
pelas elevadas taxas de juros reais aumentaram a renda dispon’vel,
impulsionando o consumo; assim, a recess‹o que o Plano Ver‹o
admitia provocar, n‹o se materializou.

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Em resumo, o Plano Ver‹o fracassou rapidamente e as medidas
anunciadas mal foram aplicadas.

Concluindo, os Planos Cruzado, Bresser e Ver‹o n‹o produziram mais


do que um represamento tempor‡rio da infla•‹o, uma vez que: i) n‹o
foram solucionados desequil’brios estruturais da economia, que
poderiam ser considerados focos de press‹o inflacion‡ria a mŽdio
prazo; ii) o desequil’brio das contas do governo se agravou; iii) a
pol’tica monet‡ria foi predominantemente acomodat’cia; iv) o setor
empresarial passou a se defender com maior presteza e efic‡cia de
quaisquer defasagens dos pre•os em rela•‹o aos custos; e v) os
trabalhadores manifestaram com veem•ncia crescente sua insatisfa•‹o
quanto ao poder de compra dos sal‡rios.

Assim, os Planos acabaram se sustentando em medidas heterodoxas


insipientes, como desindexa•›es e congelamentos de pre•os, que
possibilitavam administrar a infla•‹o em um curto espa•o de tempo,
mas a acelerava no mŽdio e longo prazos.

A desacelera•‹o do crescimento na dŽcada de 80 foi comandada pela


indœstria - cujo produto real cresceu apenas 1,8% a.a. entre 1980 e
1988 -, n‹o abrindo espa•o para a retomada da taxa hist—rica de
crescimento, uma vez que os desequil’brios tanto externos quanto
internos da economia n‹o foram equacionados de forma definitiva. Por
este motivo, a dŽcada de 80 pode ser caracterizada como uma ÒdŽcada
perdidaÓ.

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4. GOVERNO COLLOR

Os concursos n‹o possuem tradi•‹o em cobrar conceitos relativos ao


Governo Collor, em virtude do breve per’odo que o ent‹o Presidente
Collor exerceu o cargo. No entanto, Ž preciso conhecer 3 aspectos
relativos a este per’odo: (i) mudan•a no papel do estado na economia;
(ii) abertura econ™mica e privatiza•‹o; e (iii) Planos Collor I e II.

ü Papel do Estado na economia, abertura econ™mica e


privatiza•›es

Segundo Giambiagi e AlŽm3, o modelo de desenvolvimento e


industrializa•‹o brasileiro entre os anos de 1950 e 1980 observaram
tr•s caracter’sticas principais: Ò(1) a participa•‹o direta do Estado no
suprimento da infraestrutura econ™mica (energia e transportes) e em
alguns setores considerados priorit‡rios (siderurgia, minera•‹o e
petroqu’mica); (2) a elevada prote•‹o ˆ industria nacional, mediante
tarifas e diversos tipos de barreiras n‹o tarif‡rias; e (3) o fornecimento
de crŽdito em condi•›es favorecidas para a implanta•‹o de novos
projetos.

Ou seja, a participa•‹o do Estado foi predominante e indutora no


crescimento econ™mico do per’odo. O instrumento utilizado foi o
gerenciamento, por sucessivos governos, da implanta•‹o de processo
de substitui•‹o de importa•›es, cujo mote principal era substituir as
importa•›es por produ•‹o domŽstica, principalmente de produtos
industrializados com maior valor agregado.

No entanto, este modelo demonstrou sinais de esgotamento durante


os anos 80, como demonstrado nas se•›es anteriores.


3
Economia brasileira contempor‰nea [recurso eletr™nico]: 1945- 2010/[organizadores Fabio Giambiagi...
et al.]. Ð Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
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Neste contexto interno, aliado a proposi•‹o de reformas institucionais
por pa’ses desenvolvidos4 e ˆ reestrutura•‹o da d’vida externa de
pa’ses em desenvolvimento atravŽs do Plano Brady, o Governo Collor
prop™s uma altera•‹o do papel do Estado na economia: de indutor e
participante ativo no desenvolvimento, o Estado deveria exercer mais
as fun•›es de regula•‹o, permitindo que o processo de
desenvolvimento ficasse a cargo dos mercados. O Estado Brasileiro
passaria de provedor de bens e servi•os e arbitrador do processo de
desenvolvimento para regulador dos agentes neste processo.

A partir deste momento, uma mudan•a institucional come•ou a ser ==0==

proposta, principalmente atravŽs da abertura da economia brasileira ˆ


economia internacional e do processo de privatiza•‹o das empresas
estatais.

As pol’ticas de intensifica•‹o da abertura econ™mica e de privatiza•‹o


do Governo Collor se inseriam no contexto da chamada nova Pol’tica
Industrial e de ComŽrcio Exterior (PICE). O objetivo do referido
programa era dotar a economia brasileira de competi•‹o e
competitividade. Ou seja, de um lado a ideia era abrir a economia ˆ
participa•‹o de novos agentes e competi•‹o e, de outro, fornecer
condi•›es para que os participantes nacionais adquirissem
competitividade e capacidade de competir nos mercados nacionais e
internacionais.

No que tange ˆ abertura comercial, Giambiagi e AlŽm informam que:

Ò[O] governo Collor tambŽm foi marcado por profundas mudan•as na


pol’tica de comŽrcio exterior uma vez que, simultaneamente ˆ ado•‹o


4
Segundo Giambiagi e AlŽm Òpor ocasi‹o de um encontro do Institute for International Economics em
Washington, D.C., o economista John Williamson listou uma sŽrie de reformas que os pa’ses em
desenvolvimento deveriam adotar na ‡rea econ™mica para que entrassem em uma trajet—ria de crescimento
autossustentado. Essa lista foi intitulada pelo pr—prio Willianson de ÒConsenso de WashingtonÓ, pois ele
acreditava ser um conjunto de medidas com que a maioria dos economistas ali presentes estaria de acordo.
Sumariamente, as propostas de Williamson visavam assegurar a disciplina fiscal e promover ampla
liberaliza•‹o comercial e financeira, alŽm de forte redu•‹o do papel do Estado na economia.Ó
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do c‰mbio livre, intensificou-se o programa de liberaliza•‹o de
importa•›es, que havia tido in’cio ao final dos anos de 1980. Assim, no
governo Collor, foram extintas as listas de produtos com emiss‹o de
guias de importa•‹o suspensa (o chamado ÔAnexo CÕ, que continha
cerca de 1.300 produtos) e os regimes especiais de importa•‹o (exceto
Zona Franca de Manaus, drawback e bens de inform‡tica). Na pr‡tica,
acabaram as formas mais importantes de controles quantitativos de
importa•‹o, para dar lugar a um controle tarif‡rio, com al’quotas
cadentes. Foi tambŽm anunciada uma reforma tarif‡ria, na qual se
anunciou que todos os produtos teriam redu•›es graduais ao longo de
quatro anos, a partir do qual atingiriam uma al’quota modal de 20%,
dentro de um intervalo de varia•‹o de 0 a 40%. Preanunciando
redu•›es graduais, o governo pretendia preparar os produtores
nacionais para a transi•‹o para uma economia mais aberta.Ó

Por fim, em rela•‹o ˆs privatiza•›es de empresas estatais, Ž


importante comentar que o Plano Nacional de Desestatiza•‹o proposto
ˆ Žpoca pretendia contribuir com a moderniza•‹o e competitividade
das empresas pœblicas a serem vendidas para a iniciativa privada, alŽm
de possibilitar a melhora das contas pœblicas. No entanto, os resultados
pretendidos n‹o foram atingidos, apenas 33 empresas pœblicas foram
privatizadas ao valor de US$8,6 bilh›es, com transfer•ncia de US$ 3,3
bilh›es em d’vidas ao setor privado.

ü Planos Collor I e II

Do lado monet‡rio, o Plano Collor I promoveu a reintrodu•‹o do


Cruzeiro como padr‹o monet‡rio e um novo congelamento de pre•os
de bens e servi•os.

No entanto, a medida de maior impacto do Plano foi o sequestro de


liquidez. Todas as aplica•›es financeiras que ultrapassassem o limite
de NCr$50.000 (cerca de US$1.200, ao c‰mbio da Žpoca) foram
bloqueadas por um prazo de 18 meses. O governo se comprometia a

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devolver os cruzados novos bloqueados, transformados em cruzeiros,
em 12 presta•›es iguais e sucessivas a partir de setembro de 1991.
Os recursos bloqueados receberiam corre•‹o monet‡ria mais juros de
6% ao ano.

Do lado fiscal, o referido Plano estabeleceu um aumento da receita


pœblica, atravŽs da cria•‹o de novos tributos, aumento do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Obriga•›es
Financeiras (IOF). Ocorreu tambŽm a redu•‹o de prazos de
recolhimento de tributos, suspens‹o de benef’cios e incentivos fiscais
n‹o garantidos pela Constitui•‹o, alŽm de uma sŽrie de medidas de
combate ˆ sonega•‹o.

Promoveu-se, ainda, uma redu•‹o do nœmero de ministŽrios, a


extin•‹o de uma sŽrie de autarquias, funda•›es e, inclusive, um
conjunto significativo de demiss›es de funcion‡rios pœblicos.

J‡ do lado cambial, o Plano implementou um regime de c‰mbio


flutuante.

Os resultados do Plano Collor I n‹o foram satisfat—rios. Em que pese a


infla•‹o tenha baixado dos 80% ao m•s para n’veis pr—ximos de 10%
nos meses seguintes ˆ implanta•‹o do Plano, a economia sofreu forte
retra•‹o e a infla•‹o voltou a se acelerar ao longo do ano.

Diante destes fatos, foi lan•ado o Plano Collor II com o objetivo de


conter as taxas de infla•‹o, na Žpoca em torno de 20% ao m•s. A
forma de alcan•ar o controle da infla•‹o, na concep•‹o do Plano Collor
II, era atravŽs da racionaliza•‹o dos gastos nas administra•›es
pœblicas, do corte das despesas e da acelera•‹o do processo de
moderniza•‹o do parque industrial (a moderniza•‹o ampliaria a oferta,
a custos menores, que se refletiria em redu•‹o de pre•os e infla•‹o).

A maior novidade do Plano foi a cria•‹o da TR, a Taxa Referencial (TR),


que promovia a indexa•‹o dos contratos no mercado financeiro

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baseada numa mŽdia das taxas do mercado interbanc‡rio. A TR,
porŽm, ao contr‡rio dos antigos indexadores, introduzia um elemento
forward looking para a indexa•‹o no Brasil. Em vez de a indexa•‹o se
basear em movimentos da infla•‹o passada, como no mecanismo de
corre•‹o monet‡ria, a TR embutia expectativas de infla•‹o futura.

A ideia era que o indexador refletisse no presente a expectativa de


melhora futura nos ’ndices da economia, sobretudo ’ndices fiscais.
Segundo Giambiagi e AlŽm, Òtudo se passaria como na atua•‹o de um
Òc’rculo virtuosoÓ, em que os cortes fiscais baixam a infla•‹o, e (desde
que n‹o haja choques de nenhuma espŽcie) isso gera mais
credibilidade e novos espa•os pol’ticos para melhorar os
ÒfundamentosÓ (maiores cortes fiscais), o que, por sua vez, d‡ mais
credibilidade e gera novas pequenas vit—rias contra a infla•‹o e assim
sucessivamente Ñ permitindo a infla•‹o cair lentamente. O problema
Ž que, embora fosse defens‡vel como estratŽgia de estabiliza•‹o, o
neogradualismo [como ficou conhecida a ideia em quest‹o] n‹o
funcionou. A rigor, durante alguns meses, ele possibilitou a queda da
taxa de infla•‹o. PorŽm, a sucess‹o de esc‰ndalos pol’ticos inviabilizou
toda e qualquer a•‹o de pol’tica econ™mica que dependesse da
credibilidade do governo. As denœncias de corrup•‹o culminaram em
um processo de impeachment, que levou, por sua vez, ˆ renœncia de
Collor.Ó

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5. QUESTÍES COMENTADAS E GABARITO

01. FEPESE - Analista de Contas Pœblicas (MP TCE-


SC)/Economia/2014/

Em rela•‹o ao debate sobre a natureza da infla•‹o brasileira na


dŽcada de 1980 e seus planos de combate, considere as
seguintes afirmativas:

1. Na vis‹o ortodoxa a infla•‹o era decorrente da emiss‹o


monet‡ria relacionada aos dŽficits pœblicos, e para combat•-la
era necess‡ria uma pol’tica de redu•‹o do gasto pœblico e
aumento da tributa•‹o.

2. Na vis‹o heterodoxa a infla•‹o n‹o era decorrente da


emiss‹o monet‡ria relacionada aos dŽficits pœblicos, e para
combat•-la era necess‡ria uma pol’tica de congelamento de
pre•os.

3. O Plano Bresser foi influenciado pela vis‹o ortodoxa, dado


que n‹o adotou medidas de congelamento de pre•os.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

a) ƒ correta apenas a afirmativa 1.

b) ƒ correta apenas a afirmativa 2.

c) S‹o corretas apenas as afirmativas 1 e 2.

d) S‹o corretas apenas as afirmativas 2 e 3.

e) S‹o corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

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Vamos analisar as alternativas:

1. Correto.

O pensamento econ™mico ortodoxo brasileiro, cujo fundamento te—rico


se alinhava ˆ teoria quantitativa da moeda e ˆ linhagem monetarista
de economistas, entendia que o processo inflacion‡rio brasileiro se
originava em sucessivos dŽficits pœblicos e ˆs emiss›es monet‡rias
decorrentes para financi‡-los. Em resumo, na origem da infla•‹o, o
governo financiava seus excessos de gastos com emiss‹o de mais
moeda, o que, consequentemente, gerava mais infla•‹o.

De acordo com Barros e Castro em Economia Brasileira


Contempor‰nea:

ÒEm contraposi•‹o aos defensores do Pacto, encontrava-se o grupo do


ÔChoque OrtodoxoÕ. Baseado na teoria quantitativa da moeda, este
œltimo defendia que a infla•‹o no Brasil n‹o tinha nada de peculiar.
Como no resto do mundo, a infla•‹o era causada pela excessiva
expans‹o monet‡ria e esta nada mais era do que uma forma espœria
de financiar um governo que gastava alŽm de sua capacidade de
arrecadar receitas. Em suma, a causa da infla•‹o brasileira era o
excessivo gasto pœblico numa economia em que o Estado crescera
demais. (...) De acordo com esses economistas, era preciso promover
um ÔChoque OrtodoxoÕ. Ou seja, eram precisos: severos cortes de
gastos, aumento de receitas e tributos e corte brusco da emiss‹o de
moeda e de t’tulos da d’vida. Ao mesmo tempo, dever-se-ia promover
a desindexa•‹o da economia e a liberaliza•‹o total de seus pre•os.Ó

2. Correto.

De acordo com os economistas heterodoxos, a crescente infla•‹o


poderia ser explicada por outros fatores que n‹o o excesso de gastos
e de emiss‹o de moeda. Por exemplo, os economistas ligados ˆ
Unicamp entendiam que a infla•‹o derivava do Òconflito distributivoÓ.

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Conhecida como tese do ÒPacto SocialÓ, a ideia vinculava a infla•‹o a
uma busca por maximizar a remunera•‹o de empres‡rios e
trabalhadores. Em suma, os ganhos reais obtidos pelos trabalhadores
promoviam reajuste de pre•os por empres‡rios, novos aumentos
salariais aos trabalhadores que pressionavam o custo dos empres‡rios
e novos aumentos de pre•os e assim sucessivamente. A infla•‹o
derivava deste contexto e n‹o t‹o somente do excesso de gastos
pœblicos e moeda. O congelamento de pre•os, neste cen‡rio, era
tratado como uma medida œtil para evitar o aumento de pre•os e ciclo
vicioso ocasionado ˆ infla•‹o

Novamente de acordo com Barros de Castro:

ÒPor fim, tanto a proposta do ÒChoque HeterodoxoÓ quanto a da


ÒReforma Monet‡riaÓ eram defendidas por alguns economistas da PUC-
Rio e estavam baseadas em estudos economŽtricos que mostravam
dois fatos estilizados. O primeiro, que o componente de realimenta•‹o
pela infla•‹o passada (componente inercial) era a principal causa da
infla•‹o do ponto de vista estat’stico. O segundo indicava que a
influ•ncia sobre a infla•‹o de varia•›es no hiato do produto
(componente da ÒCurva de PhillipsÓ da infla•‹o) era muito pequena.
Nesse sentido, um hiato de produto de cerca de 15% reduziria a
infla•‹o em apenas 4% ou 6% ao ano. Isso seria insignificante, dada
a dimens‹o da infla•‹o no pa’s, alŽm de ser politicamente
insustent‡vel. Os economistas questionavam tambŽm a relev‰ncia do
dŽficit pœblico como causa da infla•‹o. Descontados os efeitos da
corre•‹o monet‡ria e cambial, o dŽficit pœblico no Brasil atingira
apenas 3,0% do PIB. Esse n’vel era semelhante ao verificado (nessa
Žpoca) em pa’ses como Estados Unidos e Fran•a e inferior ao verificado
na It‡lia e no Canad‡ Ñ pa’ses com infla•›es anuais muito inferiores
ˆs taxas brasileiras.Ó

3. Incorreto.

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Como vimos anteriormente, o Plano Bresser foi h’brido, contendo
elementos ortodoxos e heterodoxos. Do lado heterodoxo foi adotada
pol’tica de congelamento de pre•os.

O Plano Bresser foi influenciado pelas duas correntes de pensamento


econ™mico. Havia em seu conteœdo medidas ortodoxas e medidas
heterodoxas, inclusive com congelamento de pre•os.

De acordo com Barros de Castro em Economia Brasileira


Contempor‰nea:

ÒO ministro D’lson Funaro foi substitu’do na pasta da Fazenda por Lu’s


Carlos Bresser-Pereira, professor da FGV-SP, que anunciou no dia 12
de junho de 1987 um novo plano de estabiliza•‹o. O Plano Bresser
objetivava, basicamente, promover um choque deflacion‡rio na
economia, buscando evitar os erros do Plano Cruzado. A infla•‹o foi
diagnosticada como inercial e de demanda e, em consequ•ncia, o plano
foi concebido como h’brido, contendo elementos heterodoxos e
ortodoxos. (...) Do lado heterodoxo, foi decretado um congelamento
de pre•os e sal‡rios no n’vel vigente quando do anœncio do Plano, a
ser realizado em tr•s fases: (1) congelamento total por tr•s meses;
(2) flexibiliza•‹o do congelamento; e (3) descongelamento.Ó

Gabarito: Alternativa C

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02. FEPESE - Analista (MPE SC)/Economia/2014/

A partir da segunda metade da dŽcada de 1980 atŽ o in’cio dos


anos 1990 o Brasil implementou v‡rios planos econ™micos com
vistas a combater o processo inflacion‡rio.

Sobre os planos de estabiliza•‹o monet‡ria praticados no


per’odo em tela, Ž correto afirmar:

a) O Plano Bresser recorreu ˆ introdu•‹o de uma moeda


indexada, pois apesar de heterodoxo rejeitou o recurso ao
congelamento de pre•os.

b) O Plano Cruzado foi formulado a partir do diagn—stico de que


a infla•‹o brasileira era especialmente de car‡ter ÒinercialÓ, e
n‹o de demanda.

c) O fracasso do Plano Cruzado deveu-se a sua •nfase excessiva


sobre o controle do dŽficit pœblico e manuten•‹o de taxas de
juros reais

elevadas, pois acarretou recess‹o e eleva•‹o do desemprego.

d) O Plano Ver‹o foi introduzido como uma inova•‹o na forma


de combater a infla•‹o, pois foi o primeiro na dŽcada de 1980 a
n‹o recorrer ao congelamento de pre•os.

e) O Plano Collor procurou reduzir a infla•‹o a partir de uma


combina•‹o entre Òsequestro de ativos financeirosÓ,
fechamento completo da economia e ado•‹o de um regime de
taxa de c‰mbio fixa.

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a) Incorreto. Como j‡ observado anteriormente, o Plano recorreu ao
congelamento de pre•os.

b) Correto. O Plano Cruzado, lan•ado em fevereiro de 1986, seguia o


diagn—stico inflacion‡rio que afirma que a causa da infla•‹o era a
inŽrcia (reprodu•‹o) da infla•‹o passada mais os choques de
demanda/oferta. Em resumo, a infla•‹o presente ao menos reproduzia
a infla•‹o passada (componente inercial) alŽm de computar fen™menos
presentes, como eventuais choques de oferta (quebras de safra
agr’cola, por exemplo) e/ou de demanda.

c) Incorreto. Foi observado que, de acordo com os formuladores do


Plano Cruzado, seu fracasso deveu-se a: (i) pol’tica fiscal e monet‡ria
expansiva que n‹o colaboraram com a conten•‹o necess‡ria da
demanda agregada ; (ii) diagn—stico de infla•‹o puramente inercial,
sendo que parte dela era tambŽm de demanda e isto pressionava os
pre•os; (iii) congelamento de pre•os excessivo, contribuindo para o
aparecimento de mercados paralelos; e (iv) acionamento do gatilho
salarial, que alimentou os reajustes de pre•os e acelera•‹o da infla•‹o.

d) Incorreto. O Plano Ver‹o tambŽm foi um plano h’brido. Adotou


pol’ticas ortodoxas restritivas, mas tambŽm manteve o congelamento
de pre•os e sal‡rios.

e) Incorreto. O Plano Collor promoveu a abertura da economia (em


linha com o contexto internacional de maior abertura ˆ Žpoca) e adotou
um regime de c‰mbio flutuante.

GABARITO: LETRA B

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03. FEPESE - Analista (MPE SC)/Economia/2014/

A dŽcada de 1980 foi denominada de ÒdŽcada perdidaÓ, em


raz‹o da estagna•‹o do crescimento da renda per capita
nacional. O processo de acelera•‹o inflacion‡ria ocorrido nesse
per’odo Ž considerado como uma das principais causas do
desequil’brio da economia brasileira.

Pode-se conceber como uma das explica•›es do processo


inflacion‡rio brasileiro nesse per’odo:

a) A aus•ncia de mecanismo de indexa•‹o que restabelecesse


os valores reais dos contratos.

b) A ado•‹o, na dŽcada de 1980, de um regime de taxa de


c‰mbio nominal fixa.

c) A avers‹o do governo brasileiro em adotar pol’ticas


econ™micas ortodoxas durante a dŽcada de 1980.

d) O fato de que choques monet‡rios, externos e internos,


foram repassados aos pre•os via mecanismos de indexa•‹o.

e) A ado•‹o de pol’ticas econ™micas heterodoxas propostas


pelo Fundo Monet‡rio Internacional (FMI).

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O debate sobre as causas da infla•‹o nos anos 80 foi muito produtivo
entre economistas e estudiosos da quest‹o. Como o assunto Ž muito
cobrado em concursos, sobretudo as observa•›es feitas em Giambiagi
e AlŽm (anteriormente citados), abaixo seguem as cita•›es
pertinentes5:

ÒO Debate sobre as Causas da Infla•‹o no Brasil

Diante da inefic‡cia das medidas fiscais e monet‡rias implementadas


na primeira metade dos anos 1980, fortaleceu-se a tese de que o
princ’pio da corre•‹o monet‡ria, introduzido no Plano de A•‹o
Econ™mica do Governo (Paeg), tornara-se um elemento de dificuldade
para o combate ˆ infla•‹o. Mas, embora houvesse certa unanimidade
quanto ˆ necessidade de promover a desindexa•‹o da economia
brasileira, o modo de faz•-lo estava longe de ser consensual.

Em 1984, havia basicamente quatro propostas de desindexa•‹o sendo


discutidas: (1) ÒPacto SocialÓ, proposto por economistas do PMDB e da
Unicamp; (2) o ÒChoque OrtodoxoÓ, defendido, sobretudo, por alguns
economistas da FGV; (3) o ÒChoque HeterodoxoÓ de Francisco Lopes,
da PUC-Rio; e (4) a ÒReforma Monet‡riaÓ de AndrŽ Lara Resende e
PŽrsio Arida, ambos tambŽm da PUC-Rio.

Sinteticamente, os proponentes do ÒPacto SocialÓ defendiam que a


infla•‹o no Brasil resultava de uma disputa entre os diversos setores
da sociedade por uma participa•‹o maior na renda nacional Ñ o
chamado Òconflito distributivoÓ. Nele, cada grupo buscava se apropriar
de uma parcela da renda maior para si, que, somadas, eram
incompat’veis com a renda agregada da economia. Assim, a cada
momento, uma parcela da popula•‹o conseguia aumentar sua fatia na
renda real atravŽs da reivindica•‹o de um aumento de seus


5
Economia brasileira contempor‰nea [recurso eletr™nico]: 1945- 2010/[organizadores Fabio Giambiagi...
et al.]. Ð Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p‡ginas 101-103.

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rendimentos (por exemplo, aumentos nominais de sal‡rios). No
momento seguinte, porŽm, outro grupo reivindicava o direito ao
aumento (seguindo o exemplo, os empres‡rios subiam os pre•os de
seus produtos), corroendo o ganho real obtido pelo primeiro, e assim
sucessivamente. Em resumo, era atŽ poss’vel, transitoriamente,
alterar a participa•‹o de uma determinada categoria na renda nacional,
mas, ao longo do tempo, a distribui•‹o permanecia a mesma. O
resultado para a economia, todavia, era um processo inflacion‡rio. Vale
notar ainda que os economistas do PMDB compartilhavam a cren•a de
que o fim do Òconflito distributivoÓ s— seria poss’vel numa democracia,
em um governo de coaliz‹o. Nela, atravŽs de um acordo arbitrado ou
promovido pelo governo, seria poss’vel convencer empres‡rios e
trabalhadores de que a estabiliza•‹o era um bem maior. Bastaria que
todos concordassem em n‹o aumentar seus pre•os por um
determinado per’odo para dar fim ˆ infla•‹o.

Em contraposi•‹o aos defensores do Pacto, encontrava-se o grupo do


ÒChoque OrtodoxoÓ. Baseado na teoria quantitativa da moeda, este
œltimo defendia que a infla•‹o no Brasil n‹o tinha nada de peculiar.
Como no resto do mundo, a infla•‹o era causada pela excessiva
expans‹o monet‡ria e esta nada mais era do que uma forma espœria
de financiar um governo que gastava alŽm de sua capacidade de
arrecadar receitas. Em suma, a causa da infla•‹o brasileira era o
excessivo gasto pœblico numa economia em que o Estado crescera
demais. Alegava-se que a inefic‡cia no combate ˆ infla•‹o no in’cio dos
anos de 1980 Ñ com a ado•‹o do programa do FMI Ñ n‹o era culpa
da terapia, mas sim do modo incompleto e ineficiente com que esta
havia sido sempre aplicada no Brasil. De acordo com esses
economistas, era preciso promover um ÒChoque OrtodoxoÓ. Ou seja,
eram precisos: severos cortes de gastos, aumento de receitas e
tributos e corte brusco da emiss‹o de moeda e de t’tulos da d’vida. Ao

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mesmo tempo, dever-se-ia promover a desindexa•‹o da economia e a
liberaliza•‹o total de seus pre•os.

Por fim, tanto a proposta do ÒChoque HeterodoxoÓ quanto a da


ÒReforma Monet‡riaÓ (explicadas a seguir) eram defendidas por alguns
economistas da PUC-Rio e estavam baseadas em estudos
economŽtricos que mostravam dois fatos estilizados. O primeiro, que
o componente de realimenta•‹o pela infla•‹o passada (componente
inercial) era a principal causa da infla•‹o do ponto de vista estat’stico.
O segundo indicava que a influ•ncia sobre a infla•‹o de varia•›es no
hiato do produto (componente da ÒCurva de PhillipsÓ da infla•‹o) era
muito pequena. Nesse sentido, um hiato de produto de cerca de 15%
reduziria a infla•‹o em apenas 4% ou 6% ao ano. Isso seria
insignificante, dada a dimens‹o da infla•‹o no pa’s, alŽm de ser
politicamente insustent‡vel. Os economistas questionavam tambŽm a
relev‰ncia do dŽficit pœblico como causa da infla•‹o. Descontados os
efeitos da corre•‹o monet‡ria e cambial, o dŽficit pœblico no Brasil
atingira apenas 3,0% do PIB. Esse n’vel era semelhante ao verificado
(nessa Žpoca) em pa’ses como Estados Unidos e Fran•a e inferior ao
verificado na It‡lia e no Canad‡ Ñ pa’ses com infla•›es anuais muito
inferiores ˆs taxas brasileiras.Ó

Da cita•‹o acima, pode-se notar que a quest‹o da indexa•‹o dos


pre•os era um ponto pac’fico entre os economistas como
causa/reprodu•‹o da infla•‹o. Desta forma, eventuais choques
monet‡rios, externos e internos, eram repassados aos pre•os via
mecanismos de indexa•‹o, o que ocasionava o aumento da infla•‹o
entre per’odos, como notado na Letra D.

GABARITO: LETRA D

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04. ESAF - Analista de Finan•as e Controle (STN)/Economico-
Financeira/2008

Nos dez anos que se seguiram ˆ posse do Presidente JosŽ


Sarney, foram implementados v‡rios Planos de estabiliza•‹o
com o intuito de reduzir a infla•‹o no Brasil, sendo o œltimo o
Plano Real. Em rela•‹o a esses planos, Ž correto afirmar que:

a) o conceito de infla•‹o inercial esteve subjacente a grande


parte de tais planos de estabiliza•‹o; sendo assim, entendia-se
a infla•‹o como sendo explicada por uma sŽrie de choques de
custos ocorridos no per’odo.

b) o conceito de infla•‹o inercial era a principal tese acerca da


infla•‹o do per’odo; esse tipo de infla•‹o estava associado ˆs
constantes acelera•›es que a infla•‹o apresentava no per’odo,
sendo que os per’odos em que a infla•‹o apresentava uma
tend•ncia de estabilidade, esta tend•ncia estava associada a
um baixo hiato do produto.

c) apesar de a infla•‹o inercial ser um conceito de infla•‹o


importante para a maioria desses planos de estabiliza•‹o, a
estratŽgia de combate a essa infla•‹o foi diferente por exemplo
se compararmos o Plano Cruzado com o Plano Real, j‡ que no
primeiro optou-se pelo congelamento de pre•os, n‹o utilizado
no œltimo.

d) o Plano Collor difere dos demais planos do per’odo tanto por


n‹o se valer do congelamento de pre•os como por usar uma
forte ‰ncora monet‡ria.

e) Os Planos Cruzado, Bresser e Ver‹o utilizaram o


congelamento de pre•os, sal‡rios e da taxa de c‰mbio, alŽm de
terem mantido uma pol’tica de juros elevados, ap—s o plano.

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Ës alternativas:

a) Incorreto.

O erro da quest‹o est‡ na defini•‹o da infla•‹o inercial. Como j‡


observado, a inŽrcia foi fato importante na determina•‹o da infla•‹o,
via mecanismos que de indexa•‹o de pre•os. Portanto, dentro do
conceito de infla•‹o inercial, entendia-se a infla•‹o presente como
resultado da infla•‹o passada mais eventuais choques de
oferta/demanda. A infla•‹o de custo pode ser ocasionada por algum
choque de oferta ou demanda e ela, por si s—, n‹o explica a infla•‹o
inercial.

b)Incorreto.

Novamente o item define de maneira incorreta a infla•‹o inercial. Hiato


do produto Ž a diferen•a entre o PIB efetivo e o PIB real. Quanto maior
o hiato do produto, maior a diferen•a entre o PIB potencial (capacidade
de produ•‹o) e o PIB efetivo (o que foi produzido). Em geral, quando
o hiato Ž baixo, a economia opera pr—ximo do seu limite produtivo, o
que alimenta a infla•‹o. Note que a quest‹o inverteu a ideia.

c) Correto.

O Plano Real ser‡ abordado na pr—xima aula. No entanto, j‡ sabemos


que o Plano Cruzado utilizou o congelamento de pre•os como
instrumento no combate ˆ infla•‹o.

O Plano Real, por sua vez, utilizou instrumentos distintos, como pol’tica
fiscal, ‰ncora cambial, a URV, entre outras medidas que veremos
posteriormente..

d) Incorreto.

åncora monet‡ria Ž uma forma de pol’tica econ™mica para ÒancorarÓ


os pre•os a alguma medida, como o valor de uma moeda estrangeira,
por exemplo. A ideia da utiliza•‹o da ancora monet‡ria Ž deixar a
infla•‹o dependente (ancorada) na varia•‹o desta medida. A respeito,
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o Plano Collor n‹o utilizou este tipo de pol’tica, pois valeu-se de
congelamento de pre•os e sequestro de liquidez..

e) Incorreto.

O Plano Cruzado n‹o praticou pol’tica de juros elevados, pois, na


realidade, a taxa real de juros d—i negativa no per’odo do Plano.

No Plano Bresser, n‹o houve congelamento do c‰mbio (c‰mbio era


desvalorizado periodicamente).

GABARITO: LETRA B

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05. CESPE - Diplomata (Terceiro Secret‡rio)/2009/

Gra•as ao crescimento acelerado dos pre•os na primeira


metade dos anos 80 do sŽculo XX, o combate ˆ infla•‹o
transformouse em meta priorit‡ria da pol’tica econ™mica do
governo Sarney (1985- 1989), dando origem a tr•s planos de
estabiliza•‹o consecutivos: o Plano Cruzado, o Plano Bresser e
o Plano Ver‹o. Os tr•s planos mostraram-se incapazes de
reduzir as taxas de infla•‹o, que apresentaram varia•‹o
negativa somente no ano de 1986. A taxa anual de crescimento
dos pre•os, medida pelo IGP, praticamente dobrou de 1985 a
1987 e de 1987 a 1988. O fracasso desses planos tem sido
atribu’do, em especial, a interpreta•›es err™neas e (ou)
incompletas das verdadeiras causas da infla•‹o.

Tendo o texto acima como refer•ncia inicial, assinale a op•‹o


correta acerca dos planos econ™micos citados.

a) Para os formuladores do Plano Cruzado, os aumentos de


pre•o resultavam basicamente do excesso de oferta de moeda.
Para reverter o processo inflacion‡rio, avaliavam que a
principal medida a ser tomada seria dotar o Banco Central de
independ•ncia.

b) A pol’tica inflacion‡ria do Plano Cruzado reduziu as


expectativas de lucro dos empres‡rios, provocando redu•‹o
substancial na produ•‹o industrial com consequ•ncias
adversas no n’vel de emprego.

c) O Plano Ver‹o foi um plano estritamente ortodoxo de


combate ˆ infla•‹o.

d) O diagn—stico da infla•‹o que fundamentou o Plano Bresser


atribu’a a infla•‹o em vigor n‹o s— ˆ indexa•‹o geral da
economia, mas tambŽm a um excesso de demanda. Com base

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nesse diagn—stico, o plano propunha tanto medidas pol’ticas
antiinflacion‡rias ortodoxas quanto heterodoxas.

e) O severo ajuste fiscal ocorrido em 1989 contribuiu para o


relativo sucesso do Plano Ver‹o. As taxas de infla•‹o foram
substancialmente reduzidas em 1990.

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Vamos aos itens:

a) Incorreto.

O aumento de pre•os, segundo os formuladores do Plano Cruzado, era


resultado da inŽrcia inflacion‡ria, ou seja, da influ•ncia do aumento
dos pre•os passados no reajuste de pre•os no presente. Portanto, n‹o
h‡ rela•‹o com a quantidade de moeda.

b) Incorreto.

Ap—s a instaura•‹o do Plano Cruzado, a demanda agregada aumentou


de maneira significativa, em resposta ao aumento do poder de compra
dos consumidores. Este fato resultou em aumento da produ•‹o.

c) Incorreto.

O Plano Ver‹o recorreu a elementos ortodoxos, como redu•‹o das


despesas pœblicas, limita•‹o das emiss›es monet‡rias e medidas de
restri•‹o do crŽdito, e a elementos heterodoxos, como congelamentos
de pre•os e sal‡rios.

d) Correto.

O item est‡ correto. De fato, o Plano Bresser entendeu a infla•‹o como


resultados da inŽrcia inflacion‡ria e do excesso de demanda. Para
resolver o problema, prop™s incialmenre a utiliza•‹o de pol’ticas fiscal
e monet‡ria contracionista e posteriormente o congelamento de
pre•os, a fim de evitar o aumento de pre•os posterior ˆ estabiliza•‹o.

e) Incorreto.

A infla•‹o foi reduzida apenas em fevereiro/89, sendo que em mar•o


ela j‡ acelerou novamente. Em 1990 o Brasil registrava o fen™meno da
hiperinfla•‹o.

GABARITO: LETRA D

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06. CESPE - Analista Administrativo (TCE-ES)/Administra•‹o-
Economia/2013/

Com rela•‹o aos principais planos de estabiliza•‹o da economia


brasileira, assinale a op•‹o correta.

a) O aumento do poder de compra dos trabalhadores foi um


resultado importante observado no Plano Cruzado.

b) Nos Planos Cruzado e Bresser, os sal‡rios foram congelados.

c) O principal objetivo do Plano Bresser foi a completa


elimina•‹o da indexa•‹o da economia.

d) O Plano Ver‹o instituiu o cruzado novo com o objetivo de


expans‹o da demanda agregada da economia por meio da
expans‹o monet‡ria.

e) O Plano Ver‹o instituiu a URP (unidade de refer•ncia de


pre•os) salarial, o que culminou na retroalimenta•‹o da
infla•‹o.

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a) Correto.

O Plano Cruzado promoveu amplo congelamento de pre•os e aumento


dos sal‡rios m’nimo e mŽdio. Como consequ•ncia, o poder de compra
dos trabalhadores aumentou no decorrer do Plano.

b) Incorreto.

O Plano Bresser, apesar de promover congelamento inicial de sal‡rios,


previa um fator de corre•‹o para o mesmo, a Unidade de Refer•ncia
de Pre•os. Ou seja, o sal‡rio n‹o permaneceu congelado no decorrer
do Plano. O mesmo aconteceu no Plano Cruzado, que congelou os
sal‡rios no in’cio do Plano, mas o reajustou em seu decorrer.

c) Incorreto.

O principal objetivo do Plano Bresser era o controle gradual da infla•‹o,


n‹o eliminando a indexa•‹o.

d) Incorreto.

Um dos objetivos do Plano Ver‹o era a conten•‹o da demanda


agregada atravŽs receitu‡rio econ™mico ortodoxo, isto Ž, pol’ticas
monet‡ria e fiscal contracionista

e) Incorreto.

A referida unidade foi institu’da no Plano Bresser, como informado na


alternativa B.

GABARITO: LETRA A

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07. CESPE - Analista Legislativo (CAM DEP)/çrea IX/Consultor
Legislativo/2014/

Com rela•‹o aos planos econ™micos brasileiros das dŽcadas de


1980 e de 1990, julgue o item a seguir.

O fracasso do Plano Cruzado pode ser atribu’do ˆ dura•‹o


excessiva do congelamento e ˆ deteriora•‹o das contas
externas.

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Giambiagi e AlŽm, oportunamente citados, discutem as falhas do Plano
Cruzado:

ÒDe acordo com os pr—prios ÔpaisÕ do Cruzado, houve v‡rios erros na


concep•‹o e na pr—pria condu•‹o do Plano, a saber: (1) o diagn—stico
de que a infla•‹o era Òpuramente inercialÓ estava equivocado. Antes
da introdu•‹o do Plano, a infla•‹o j‡ estava se acelerando; (2) os
abonos salariais contribu’ram para refor•ar a explos‹o de consumo que
normalmente ocorre ap—s a estabiliza•‹o; (3) a condu•‹o das pol’ticas
monet‡ria e fiscal foi excessivamente ÒfrouxaÓ, o que poderia ter
evitado o aquecimento de demanda; (4) o congelamento durou
demasiadamente: 11 meses (eram previstos inicialmente
apenas tr•s meses); (5) diferentemente dos sal‡rios, os pre•os
foram congelados em seus n’veis correntes e n‹o mŽdios, introduzindo
diversas distor•›es de pre•os relativos; (6) o gatilho salarial
reintroduziu e agravou a quest‹o da indexa•‹o dos pre•os; (7) a
chamada Ôeconomia informalÕ ficou fora do congelamento, o que
contribuiu para desalinhar ainda mais os pre•os relativos; (8) a
manuten•‹o do c‰mbio fixo de fevereiro atŽ novembro, somada
ao crescimento da demanda, fez com que as contas externas se
deteriorassem; e (9) a exist•ncia de uma defasagem nos pre•os
pœblicos no momento do congelamento piorou a situa•‹o fiscal do
governo. Dessa forma, nos planos que se seguiram ao Cruzado,
o governo Sarney procurou n‹o repetir os erros citados. O resultado,
porŽm, esteve longe de ser satisfat—rio.Ó (grifos meus)

Os grifos do trecho acima salientam os motivos apresentados pela


quest‹o.

GABARITO: CERTO

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08. FGV - TŽcnico de N’vel Superior (AL BA)/Economia/2014/

A partir de 1985, o combate ˆ infla•‹o se tornou o objetivo


principal dos governos brasileiros, do Plano Cruzado (1986) atŽ
o Plano Collor II (1991).

Como caracter’stica comum, esses planos

a) se basearam no fluxo de capitais internacionais que


facilitaria o controle de pre•os.

b) entenderam que a infla•‹o era de custos e, portanto,


medidas de conten•‹o da demanda conteriam o n’vel de pre•os.

c) diagnosticaram a infla•‹o de car‡ter inercial, tendo como


medida principal o congelamento dos pre•os.

d) fixaram o pre•o dos aluguŽis como forma de conten•‹o dos


pre•os residenciais.

e) dependeram da abertura da economia como forma de conter


os pre•os dos bens comercializados.

Quest‹o sobre as caracter’sticas comuns entre os planos


Cruzado e Collor II.

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Vamos ˆs alternativas:

a) Incorreto. Na concep•‹o e implanta•‹o dos referidos planos de


estabiliza•‹o n‹o houve a preocupa•‹o com o fluxo externo de capitais.
A respeito, apenas o Plano Real, posteriormente concebido, apresentou
tal preocupa•‹o.

b) Incorreto.

Item totalmente incorreto. Primeiro, os planos entenderam que a


infla•‹o possu’a predominantemente o componente inercial. Segundo,
medidas de conten•‹o de demanda, quando implantadas, foram
realizadas de maneira ineficaz.

c) Correto.

Todos os planos diagnosticaram a infla•‹o como predominantemente


inercial. E, como ÒremŽdioÓ, todos prescreveram o congelamento de
pre•os.

d) Incorreto.

Esta foi uma das medidas aplicadas no Plano Bresser.

e) Incorreto.

Como visto de maneira reiterada, a abertura comercial n‹o foi utilizada


nos planos citados. O fator comum entre eles foi a utiliza•‹o de
congelamento de pre•os.

GABARITO: LETRA C

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09. FGV - TŽcnico Superior Especializado (DPE
RJ)/Economia/2014/

Uma das principais medidas do Plano Cruzado foi o (a)

a) congelamento dos sal‡rios como forma de estancar a


infla•‹o.

b) maxidesvaloriza•‹o como forma de estimular o setor


exportador e gerar super‡vits comerciais.

c) implementa•‹o de uma pol’tica monet‡ria restritiva, com


eleva•‹o da taxa de juros.

d) defini•‹o de regras de convers‹o de pre•os que evitasse


efeitos redistributivos de renda.

e) estabelecimento de uma pol’tica fiscal austera de combate ˆ


infla•‹o.

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O Plano Cruzado, com o diagn—stico de que a infla•‹o era de car‡ter
inercial, adotou as seguintes principais medidas:

¥ Reforma Monet‡ria e Congelamento Ð estabelecimento do


cruzado com nova moeda e congelamento de pre•os a partir de
28/02/1986;

¥ Desindexa•‹o da Economia Ð os contratos deveriam ser


reajustados com no m’nimo 1 ano e as ORTNs foram substitu’das pelas
OTNs, cujo valor estava congelado; E

¥ Pol’tica Salarial Ð abono de 8% para todos os sal‡rios e 16% para


o sal‡rio m’nimo e congelamento dos sal‡rios neste n’vel, diss’dios
anuais e gatilho salarial, caso a infla•‹o atingisse 20%.

Neste contexto, vejamos as alternativas:

a) Os sal‡rios foram reajustados, conforme item (iii)

b) A taxa de c‰mbio foi congelada durante 1 ano, com o objetivo de


n‹o exercer influ•ncia na eleva•‹o da infla•‹o

c) As pol’ticas fiscal e monet‡ria n‹o contribu’ram para o sucesso do


plano. Enquanto a pol’tica fiscal era expansiva, o lado monet‡rio
apresentou juros reais negativos, desincentivando a poupan•a e
contribuindo no aumento do consumo.

d) Correto. Como visto no item (ii), a economia passou pela


desindexa•‹o, atravŽs de regras de convers‹o de pre•os que evitasse
efeitos redistributivos de renda

e) Como afirmado na alternativa 'c', o Plano Cruzado promoveu uma


pol’tica fiscal expansiva.

GABARITO: LETRA D

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10. CESPE - Economista (MJ)/2013/

Com refer•ncia ˆ influ•ncia do endividamento pœblico no Brasil


e ˆ infla•‹o, julgue o item a seguir.

A extin•‹o da conta-movimento do Banco do Brasil em 1986


prejudicou a pol’tica de controle inflacion‡rio, tendo em vista
que essa conta era um dos instrumentos de pol’tica monet‡ria.

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A conta movimento, que funcionou entre 1965 e 1986, consistia no
repasse dos recursos do Banco Central do Brasil (BACEN), para que
este "cobrisse" os desequil’brios entre ativos e passivos do Banco do
Brasil (BB). Na pr‡tica, o Banco do Brasil concedia crŽditos ao Tesouro
Nacional, promovendo aumento dos meios de pagamento e,
consequentemente, pressionando a infla•‹o.

No caso do BB apresentar desequil’brios entre as entradas e sa’das de


caixa, o BACEN, atravŽs da conta movimento, concedia os recursos
necess‡rios para equilibrar ativos e passivos diariamente. Como estes
valores n‹o transitavam pelo or•amento federal, os gastos do governo
poderiam superar os gastos autorizados pelo or•amento.

Portanto, a extin•‹o da conta-movimento concedeu mais


transpar•ncia ˆs pol’ticas fiscal e monet‡ria, alŽm de auxiliar no
controle da infla•‹o.

GABARITO: ERRADO

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11. NCE e FUJB (UFRJ) - Profissional B‡sico
(BNDES)/Economia/2005

Entre as causas do fracasso do Plano Cruzado (1986), pode-se


apontar:

a) A desindexa•‹o parcial da economia, j‡ que s— os sal‡rios


foram desindexados.

b) A pr‡tica de pol’ticas fiscal e monet‡ria expansivas, que,


aliada ˆ valoriza•‹o real da taxa de c‰mbio, acabou por
inviabilizar a sustenta•‹o do tabelamento de pre•os, sal‡rios e
c‰mbio.

c) O cen‡rio externo extremamente desfavor‡vel ˆ economia


brasileira, marcado pela retra•‹o da atividade econ™mica, do
comŽrcio e do crŽdito internacional, o que inviabilizou a
sustenta•‹o do tabelamento da taxa de c‰mbio, que deveria
atuar como ‰ncora dos pre•os.

d) A baixa credibilidade do ent‹o Ministro da Fazenda e do


pr—prio Plano junto ˆ opini‹o pœblica inviabilizou, desde o
in’cio, o controle de pre•os e sal‡rios.

e) O desvio entre a pol’tica macroecon™mica (fiscal, monet‡ria


e cambial) prevista no Plano, de car‡ter restritivo, a ser
combinada com a desindexa•‹o da economia, e a pol’tica
efetivamente praticada no per’odo, que foi expansiva.

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Giambiagi e AlŽm, oportunamente citados, discutem as falhas do Plano
Cruzado:

ÒDe acordo com os pr—prios ÔpaisÕ do Cruzado, houve v‡rios erros na


concep•‹o e na pr—pria condu•‹o do Plano, a saber: (1) o diagn—stico
de que a infla•‹o era Òpuramente inercialÓ estava equivocado. Antes
da introdu•‹o do Plano, a infla•‹o j‡ estava se acelerando; (2) os
abonos salariais contribu’ram para refor•ar a explos‹o de consumo que
normalmente ocorre ap—s a estabiliza•‹o; (3) a condu•‹o das pol’ticas
monet‡ria e fiscal foi excessivamente ÒfrouxaÓ, o que poderia ter
evitado o aquecimento de demanda; (4) o congelamento durou
demasiadamente: 11 meses (eram previstos inicialmente
apenas tr•s meses); (5) diferentemente dos sal‡rios, os pre•os
foram congelados em seus n’veis correntes e n‹o mŽdios, introduzindo
diversas distor•›es de pre•os relativos; (6) o gatilho salarial
reintroduziu e agravou a quest‹o da indexa•‹o dos pre•os; (7) a
chamada Ôeconomia informalÕ ficou fora do congelamento, o que
contribuiu para desalinhar ainda mais os pre•os relativos; (8) a
manuten•‹o do c‰mbio fixo de fevereiro atŽ novembro, somada
ao crescimento da demanda, fez com que as contas externas se
deteriorassem; e (9) a exist•ncia de uma defasagem nos pre•os
pœblicos no momento do congelamento piorou a situa•‹o fiscal do
governo. Dessa forma, nos planos que se seguiram ao Cruzado,
o governo Sarney procurou n‹o repetir os erros citados. O resultado,
porŽm, esteve longe de ser satisfat—rio.Ó (grifos meus)

Neste contexto, vejamos as alternativas:

a) Incorreto.

A desindexa•‹o da economia foi total, com a proibi•‹o de reajustes


contratuais com prazo inferior a 1 ano.

b) Correto.

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Como mostrado acima, este foi um dos principais motivos do fracasso
do Plano: as pol’ticas monet‡ria e fiscal frouxa contribu’ram para a
manuten•‹o de elevada demanda agregada, tornando insustent‡vel o
tabelamento de pre•os.

c) Incorreto.

N‹o havia ‰ncora cambial no Plano Cruzado. Ou seja, o c‰mbio n‹o foi
utilizado como forma de controlar (ancorar) os pre•os.

d) Incorreto.

No in’cio do Plano o congelamento de pre•os, assim como o controle


da infla•‹o, obtiveram resultados positivos.

e) Incorreto.

Como j‡ salientando, as pol’ticas econ™micas n‹o tiveram car‡ter


restritivo na condu•‹o do Plano.

GABARITO: LETRA B

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13. CESPE - Analista do Banco Central do Brasil/çrea 3 - Pol’tica
Econ™mica e Monet‡ria/2013/

Se as medidas econ™micas implementadas no in’cio dos anos


80 do sŽculo passado se concentraram em debelar a crise da
d’vida externa, as que se seguiram, nessa mesma dŽcada,
tiveram como principal meta o combate do processo
inflacion‡rio em curso.

Acerca dessa conjuntura, julgue o item que se segue.

O Plano Bresser reajustou os pre•os pœblicos e administrados,


o que provocou uma infla•‹o corretiva.

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O objetivo do Plano Bresser era um s—: controlar a infla•‹o!

De acordo com o Plano, a infla•‹o possu’a dois diagn—sticos: inŽrcia e


excesso de demanda.

Para tanto, se valia de elementos ortodoxos, tais como o uso de


pol’ticas monet‡ria e fiscal claramente contracionistas, a fim de
controlar o excesso de demanda agregada. E, de outros heterodoxos,
como o congelamento de pre•os e sal‡rios, os quais pretendiam
debelar o componente inercial da infla•‹o (com o congelamento de
pre•os).

No entanto, o Plano Bresser promoveu um reajuste de pre•os pœblicos


e administrados, a fim de conter o dŽficit pœblico, alimentando a
pr—pria infla•‹o.

GABARITO: CERTO

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14. CESPE - Analista Legislativo (CAM DEP)/çrea IX/Consultor
Legislativo/2014/

Com rela•‹o aos planos econ™micos brasileiros das dŽcadas de


1980 e de 1990, julgue o item a seguir.

O governo promoveu uma sŽrie de ajustes fiscais por meio do


Plano Ver‹o, tendo conseguido efetivamente conter o avan•o
da demanda agregada.

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A respeito do assunto, cabe citar novamente Giambiagi e AlŽm:

ÒDo ponto de vista da efic‡cia do Plano Ver‹o, a infla•‹o baixou no


primeiro m•s de sua implementa•‹o (fevereiro), mas, j‡ em mar•o,
entrou em rota ascendente. Agora, sem nenhum mecanismo de
coordena•‹o de expectativas devido ˆ extin•‹o dos indexadores, cada
agente olhava o ’ndice que melhor lhe convinha, e os per’odos de
reajuste de pre•os foram sistematicamente reduzidos. O resultado
para a economia foi um grande aumento da infla•‹o, que ultrapassou
80% ao m•s no come•o de 1990.Ó

Objetivamente, a quest‹o est‡ incorreta ao afirmar que o Plano Ver‹o


conseguiu controlar a demanda agregada. Adicionalmente, o excesso
de demanda foi um fator importante no avan•o da infla•‹o no per’odo.

GABARITO: ERRADO

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