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© 2013 Editora do Livro Técnico Ltda – José Junio Urbano. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por pro-
cesso eletrônico, reprográfico, etc., sem autorização, por escrito, do autor e da editora.
ISBN 978-85-63687-78-4
CDD 536.7
O manual do professor, referente a este livro, está disponível no endereço eletrônico:
www.editoralt.com.br/manualdoprofessor
2013
• Técnico em Alimentos
Apresentação
CAPÍTULO 2 – Termometria 19
Medindo a Temperatura......................................................................................... 20
Atividade.................................................................................................................. 20
Construção de um Termômetro............................................................................. 21
Escalas Termométricas.......................................................................................... 22
Atividades ............................................................................................................... 29
Anexo 108
Tabelas Termodinâmicas....................................................................................... 108
Conceitos e
Definições
Fundamentais
O estudo da Termodinâmica é extremamente importante para se
compreender diversos fenômenos e equipamentos presentes no dia a dia
das pessoas. Para tal compreensão, é necessário dominar-se alguns concei-
tos e definições fundamentais. Primeiramente, o que é Termodinâmica?
Termodinâmica é um termo proveniente de duas palavras de origem grega:
therme, que significa calor, e dynamis, que significa movimento. Portanto,
uma das muitas definições possíveis para a Termodinâmica seria: ciência que 9
estuda os efeitos causados pela variação da temperatura, pressão e volume.
À primeira vista, essa definição parece não estar ligada ao significado da pala-
Massa Específica
Imaginemos a seguinte situação: enche-se uma caixa de água de 1 000 litros
e, em seguida, coloca-a em uma balança para se conhecer sua massa, que é o
apontado pela balança, subtraindo a massa da caixa de água vazia. Em seguida,
divide-se a massa medida pelo volume da caixa de água. Se repetirmos essa
experiência com caixas de diferentes volumes, as respectivas massas medidas
serão sempre as mesmas. Isso significa que cada substância, inclusive a água,
possui uma massa específica.
Assim, a massa específica ρ é definida como massa por unidade de
volume e é dada pela seguinte relação:
ρ= m
V
1 m3 = 1 000 ℓ
ν= V = 1
m ρ
m3
A unidade do volume específico é o metro cúbico por kilograma , quando o volume
kg
é dado em metro cúbico (m ) e a massa é dada em kilograma (kg).
3
Peso Específico
O peso de uma unidade de volume é chamado de peso específico. O peso específico é
obtido por:
γ=ρ.g
11
m kg
Atividade Resolvida
Um recipiente fechado contém uma substância desconhecida.
Sabe-se, porém, que o volume do recipiente é de 0,5 m3 e a
massa da substância contida no recipiente é 6 800 kg. Determine
a substância contida no recipiente.
p= F
A
Além disso, também é muito comum utilizarmos múltiplos do pascal como o kilopascal (kPa)
e o megapascal (MPa), cujas relações são:
• 1 kPa = 103 Pa
• 1 MPa = 106 Pa
Atividade Resolvida
Uma caixa com massa igual a 5 kg é posta sobre uma chapa de
alumínio de 0,05 m2 de área. Determine a pressão exercida pela
caixa sobre a chapa.
Pressão Atmosférica
Todos estamos expostos a uma pressão exercida pela camada de ar que compõe a atmosfera.
13
Essa pressão é chamada de pressão atmosférica. A pressão atmosférica varia com a altitude
da seguinte maneira: quanto maior a altitude, menor será a pressão atmosférica, ou seja, uma
pessoa que está no topo de uma montanha está submetida a uma pressão atmosférica menor, se
Mercúrio (Hg)
760 mmHg
A pressão atmosférica ao nível do mar é de 101,3 kPa. Há, também, pressões inferiores e
superiores à pressão atmosférica.
14
Pressão Manométrica
Conceitos e Definições Fundamentais
Shutterstock/Oleg Begunenco
A pressão manométrica
é a pressão medida, considerando
a pressão atmosférica nula. Essa Manômetro:
pressão é, normalmente, medida É um aparelho utilizado para
medir a pressão manométrica e
por meio de um instrumento cha- consiste em um tubo de metal
mado manômetro, como o da oco com um formato de “C”;
figura 1.4. uma de suas extremidades
é fechada e acoplada a um
O funcionamento do manô- ponteiro. A outra extremidade é
metro é muito semelhante ao brin- conectada à tubulação ou a um
quedo chamado “língua de sogra”. equipamento do qual se deseja
Quando sopramos a “língua de medir a pressão.
sogra” seu formato totalmente
curvo passa para totalmente reto. Figura 1.4 – Manômetro
Isso ocorre devido ao aumento da pressão interna dentro do brinquedo ao soprarmos. É exata-
mente isso que acontece em um manômetro. Quando a pressão aumenta, tende a endireitar o
tubo oco e torná-lo reto. À medida que isso ocorre, o ponteiro se desloca de forma proporcional
à pressão sentida.
Na figura 1.5, é representado um manômetro e o tubo oco em formato de “C”, que é
chamado de Tubo de Bourdon.
Escala
Ponteiro Extremidade
fechada
Engrenagem setor
Bourdon e pinhão
tipo "C" 0 100
Soquete
Pressão
Figura 1.5 – Tubo de Bourdon
Pressão em um Líquido
Shutterstock/Orla
Considere um líquido com massa específica ρ, homogêneo
e incompressível. Se, por exemplo, colocarmos em um copo água
e óleo, mesmo tentando misturá-los, perceberemos duas regiões
diferentes, pois a água e o óleo não se misturam. Portanto, não com-
põem uma mistura homogênea, conforme mostrado na figura 1.6.
Entretanto, se misturarmos água mineral com água destilada não
se percebe qualquer diferença, uma vez que temos duas substân-
cias de mesma natureza ou de mesma espécie e no mesmo estado
físico. Isso caracteriza uma mistura homogênea. No capítulo 4,
voltaremos a falar com mais detalhes sobre homogeneidade. Figura 1.6 – Água e óleo, uma 15
Se colocarmos uma quantidade de água dentro de um mistura não homogênea
êmbolo, como uma seringa e, em seguida, pressionarmos o êmbolo, tentando comprimir a
p=ρ.g.h
kg m
Em que, ρ representa a massa específica , g é a aceleração da gravidade 2 e h é a
m3 s
profundidade (m).
Atividade Resolvida
Calcule a pressão exercida sobre uma pessoa que se encontra
a uma profundidade de 3 m em uma piscina.
Pressão Absoluta
16
A pressão absoluta é definida como a soma da pressão atmosférica com a pressão
manométrica.
Conceitos e Definições Fundamentais
p = patm + pmam
Atividade Resolvida
Calcule a pressão absoluta exercida sobre uma pessoa que se
encontra a uma profundidade de 3 m em uma piscina.
Atividades
1) O que é Termodinâmica? Cite dois fenômenos do cotidiano
que possuam alguma relação com a Termodinâmica.
a. 5 g 3 para kg3 ;
cm m
b. 10 kg para kg3 ;
ℓ m
c. 12,5 g 3 para kg ;
cm ℓ
d. 15 kPa para MPa;
17
e. 25 m para ℓ;
3
a. Alumínio (ρ = 2,7 g 3 );
cm
b. Ferro (ρ = 7 900 kg3 );
m
c. Chumbo (ρ = 11,3 g 3 );
cm
d. Platina (ρ = 21,5 kg );
ℓ
e. Álcool (ρ = 0,79 g 3 ).
cm
6) Misturam-se massas iguais de dois líquidos com massas
específicas ρ1 = 0,3 g 3 e ρ2 = 0,7 g 3 . Determine a massa
cm cm
específica da mistura, supondo ser homogênea.
a. pressão manométrica;
b. pressão absoluta;
c. pressão atmosférica.
Termometria
No capítulo anterior, vimos alguns conceitos de grande importância para
o curso de Termodinâmica Básica. Foram eles massa, volume e peso específi-
cos. Essas propriedades, assim como outras que ainda veremos, variam com a
temperatura e com a pressão. Dessa maneira, a temperatura desempenha um
19
papel fundamental na Termodinâmica e, por isso, necessitamos compreender
alguns aspectos relacionados à sua definição e medição.
Termometria
Antigamente, antes da invenção do termômetro, a temperatura não era
medida e, sim, comparada por meio da sensação de quente e frio dos sen-
tidos humanos. Porém, aquela metodologia de comparação de temperatura
era bastante limitada, por vários motivos, pois não era possível associar um
número ou valor à sensação térmica sentida ao se colocar a mão, por exemplo,
em um objeto aquecido. Também era muito difícil distinguir entre quente ou
frio quando se comparavam dois ou mais objetos com temperaturas muito
parecidas, uma vez que a sensibilidade térmica dos sentidos é bem limitada e
varia de pessoa para pessoa. E, por fim, essa comparação de quente ou frio se
limitava a uma faixa bem pequena, na qual era possível o contato físico com
o objeto, isso porque temperaturas muito altas ou muito baixas provocariam
desconforto e ferimentos caso houvesse o contato físico com os objetos.
Diante das limitações, tornou-se extremamente necessária uma análise
quantitativa da temperatura, ou seja, expressá-la numericamente, ao invés de
uma análise qualitativa, que apenas comparava quente e frio.
Essa quantificação fica a cargo da termometria, que é a medição de
temperatura e o objeto de estudo deste capítulo.
Medindo a Temperatura
Você aprendeu em química que a matéria é constituída por moléculas, as quais estão em
constante movimento e, por isso, este fenômeno é denominado de agitação térmica. A ener-
gia associada a essa agitação térmica é chamada de energia térmica.
A energia térmica de um corpo varia com a temperatura. Por exemplo, se aumentamos a
temperatura da água contida em um recipiente fechado, por meio de uma chama, provocamos o
aumento da agitação molecular e, por consequência, provocamos o aumento de sua energia tér-
mica. Essa agitação térmica, por outro lado, diminui se colocamos a água em contato com gelo.
Com a compreensão dos fenômenos de agitação térmica e energia térmica, podemos defi-
nir a temperatura de um corpo como sendo a medida do grau de agitação de suas moléculas.
Quanto maior a agitação térmica das moléculas de um corpo, maior será sua temperatura.
Mas como se mede a temperatura de um corpo? Para responder a essa pergunta, é necessá-
rio, em primeiro lugar, analisarmos o comportamento de algumas propriedades de um corpo em
relação à variação da sua temperatura. Vamos escolher, por exemplo, a dilatação ou a contração
sofrida por uma barra de ferro em função da variação de sua temperatura. Sabemos que o com-
primento de uma barra aumenta, o que chamamos de dilatação térmica, quando sua temperatura
aumenta; então, podemos associar a temperatura da barra com a variação do seu comprimento.
T0
L0
∆L
20 T = T0 + ∆T
L
Termometria
Atividade
Debata com seus colegas por que não usamos a dilatação e
a contração de uma barra de 100 cm para medirmos tempera-
tura? Escrevam suas conclusões no caderno.
Neste ponto, é importante definirmos o que é equilíbrio térmico. Ao
colocarmos dois ou mais corpos com temperaturas diferentes em contato
entre si, após determinado tempo, suas temperaturas se igualarão. Esse fenô-
meno é denominado de equilíbrio térmico.
Sabendo o que é equilíbrio térmico, ao colocarmos em uma panela que
contém água em vaporização, em torno de 100 °C, uma barra que estava ini-
cialmente à temperatura de 20 °C, após certo tempo, a temperatura da barra
também será de 100 °C (equilíbrio térmico).
Agora, vamos calcular a dilatação da barra, no caso, o aumento de seu
comprimento. A variação de comprimento ∆L da barra é diretamente pro-
porcional à variação de temperatura ∆T e do seu comprimento inicial L0. A
variação de comprimento da barra também depende do tipo de material desta,
ou seja, depende do coeficiente de dilatação linear do material α. Supondo
que a nossa barra seja de ferro, α = 0,000012 cm , assim:
cm°C
Termometria
Construção de um
Termômetro
Ao se graduar uma escala de um termômetro, identificam-se os valo-
res numéricos que a temperatura pode assumir. Isso constitui uma escala
termométrica. O termômetro de mercúrio é construído obedecendo às
seguintes etapas:
• Deve-se determinar dois pontos fixos de temperaturas de fácil
reprodução. Nesses pontos, a temperatura permanece constante no
decorrer do tempo. O primeiro ponto fixo é o ponto de gelo, que
consiste na fusão do gelo, ou seja, a mudança do estado sólido para o
líquido, na pressão atmosférica de 1 atm. O segundo ponto fixo é o
ponto de vapor, que consiste na vaporização da água, a mudança do
estado líquido para o gasoso, na pressão atmosférica de 1 atm.
• Coloca-se o termômetro em contato com esses pontos fixos até que
seja alcançado o equilíbrio térmico. A cada altura atingida pela con-
tração e pela dilatação do mercúrio, atribui-se um valor numérico
arbitrário de temperatura. É recomendado utilizar o menor valor de
temperatura para o ponto fixo de gelo e o maior valor para o ponto
fixo de vapor.
• Divide-se o intervalo formado pelos pontos fixos de gelo e vapor em
partes iguais. A quantidade de divisões vai determinar o tipo de escala
termométrica.
Pressão atmosférica normal
100 ºC
100
partes
Gelo em fusão 0 ºC 0 ºC
Vapor de água em
ebulição
Escalas Termométricas
Termometria
Ponto de vapor
100 ºC 212 ºF
b
TC TF
Ponto de gelo
0 ºC 32 ºF
23
Termometria
Observe as proporções a e b mostradas na figura. Inicialmente, iremos
usar a seguinte relação entre a e b.
a = TC – 0 = TF – 32
b 100 – 0 212 – 32
TC = TF – 32
100 180
Ou ainda:
TC = TF – 32
5 9
TF = 1,8TC + 32
Mas, qual seria o resultado se tivéssemos invertido a relação entre a e b na dedução das
relações entre as escalas termométricas?
b = 100 – 0 = 212 – 32
a TC – 0 TF – 32
Simplificando temos:
5 = 9
TC TF – 32
TC = TF – 32
5 9
Ponto de vapor
100 ºC 373 K
b
TC TK
Ponto de gelo
0 ºC 273 K
Simplificando temos:
TC = TK – 273
100 100
TC = TK – 273
Ou:
TK = TC + 273
Ponto de vapor
212 ºF 672 ºR
b
TF TR
a 25
32 ºF Ponto de gelo
492 ºR
Termometria
Figura 2.5 – Conversão entre escalas termométricas Fahrenheit e Rankine
a = TF – 32 = TR – 492
b 212 – 32 672 – 492
Simplificando temos:
TF – 32 = TR – 492
180 180
TF = TR – 460
Ou:
TR = TF + 460
Atividades Resolvidas
1) Em um deserto, a temperatura pode chegar a 60 °C. Determine
o valor dessa temperatura na escala termométrica Fahrenheit.
Usamos a metodologia aplicada para deduzirmos as relações de
conversões entre as escalas termométricas, como na figura 2.3,
ou outra opção é a utilização da equação de conversão encon-
trada anteriormente para as escalas Celsius e Fahrenheit.
Assim:
TC – 0 = TF – 32
100 – 0 212 – 32
TF = 140 °F
TF = 1,8 . 60 + 32
TF = 140 °F
Ponto de vapor
100 ºC 212 ºF
b
TI TI
a
Ponto de gelo
0 ºC 32 ºF
Termometria
ratura de ponto de gelo –22 °D e para temperatura de vapor
160 °D. Determine para essas condições:
a. A equação de conversão entre essa escala desconhecida e a
Celsius;
b. Qual a temperatura lida nessa escala desconhecida quando a
escala Celsius registra 15 °C.
b
TC TD
a
Ponto de gelo
0 ºC –22 ºD
TC = TD + 22
100 182
TD = 5,3 °C
28
4) Uma escala arbitrária X está relacionada com a escala Celsius
de acordo com o gráfico a seguir. Estabeleça a equação de
Termometria
ºX
60
30
ºC
0 30
Figura 2.8 – Gráfico relacionando as escalas termométricas Celsius e a arbitrária X
b
TC TX
a
Ponto de gelo
0 ºC 30 ºX
Assim:
TC − 0 = TX − 30
30 − 0 60 − 30
TC = TX − 30
30 30
Simplificando, temos:
TC = TX − 30
Saiba Mais:
Influências fisiológicas causadas pela variação de temperatura podem ser obtidas no texto: 29
Efeitos da temperatura no corpo, disponível no site <http://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/
efeitos_temp.htm>.
Termometria
Atividades
1) Defina os seguintes termos:
a. termometria;
b. energia térmica;
c. temperatura de um corpo;
d. grandeza termométrica;
e. função termométrica;
f. termômetro;
g. equilíbrio térmico;
h. escala termométrica.
2) Explique o funcionamento de um termômetro de mercúrio.
3) Explique, resumidamente, as etapas de construção de um ter-
mômetro de mercúrio.
4) Cite as características das escalas termométricas Celsius e
Fahrenheit.
5) Uma amostra de água do mar foi coletada para análise. Para
medir sua temperatura, foram utilizados dois termômetros,
um na escala Celsius e outro na escala Fahrenheit. A leitura
na escala Celsius foi metade da leitura da escala Fahrenheit.
Determine a temperatura da água.
6) Um termômetro em Celsius registra –0,1 °C para temperatura
de ponto de gelo e 100,5 °C para temperatura de ponto de
vapor. Encontre a equação de correção deste termômetro.
7) Determine a temperatura correspondente na escala termomé-
trica Kelvin para a temperatura de 750 °F.
8) Você seria capaz de permanecer duas horas em uma sala onde
a temperatura é de 40 °F? Justifique sua resposta.
9) Uma escala termométrica desconhecida adota como tempera-
tura de ponto de gelo –5 °C e para temperatura de vapor 80 °C.
Determine para essas condições:
a. A equação de conversão entre essa escala desconhecida e a
30 Celsius;
b. Qual a temperatura lida nessa escala desconhecida quando a
escala Celsius registra 12 °C.
Termometria
100
ºC
80
–5
Figura 2.10 – Relação entre as escalas termométricas Celsius e a escala termométrica arbitrária Z
3
Calor e Trabalho
É bastante comum se dizer que está com calor quando, por exemplo, caminha-se em uma
rua em um dia ensolarado de verão. Entretanto, essa colocação “estar com calor” é totalmente
errada, como veremos neste capítulo. A temperatura, estudada no capítulo 2, é uma das mais
importantes propriedades termodinâmicas, pois ela influencia todas as outras propriedades.
Diversos equipamentos industriais e eletrodomésticos, durante seu funcionamento, pro-
movem a alteração da temperatura, a qual pode ser um objetivo ou uma consequência. Um
forno micro-ondas tem por objetivo aquecer alimentos, enquanto que um refrigerador diminui
a temperatura dos alimentos para preservá-los por um período maior de tempo. Mas, o aumento
excessivo da temperatura de um motor de combustão interna de um veículo é uma consequên-
cia de outros fenômenos. Os motores de combustão interna são abordados no capítulo 8.
Outros fenômenos relacionados à temperatura estão presentes em nosso cotidiano. Se
colocarmos um termômetro em uma xícara com café a uma temperatura de 70 °C, por exem-
31
plo, notamos que, com o decorrer do tempo, a temperatura do café diminuirá. Se sairmos sem
agasalho em uma noite fria de inverno, em pouco tempo estaremos com baixa temperatura
corporal e isso pode causar danos à saúde. Se nos aproximarmos muito de uma fogueira, senti-
Calor e Trabalho
remos um grande desconforto e a nossa temperatura corporal aumentará. Tanto a diminuição
quanto o aumento da temperatura estão associados ao fenômeno chamado calor.
Shutterstock/Ollyy
Calor
a b
Figura 3.3 – (a) Aquecimento de uma barra de ferro por meio de uma vela e (b) aquecimento de um recipiente
contendo gelo
Apesar dos dois casos serem bem semelhantes, existe uma grande dife-
rença entre eles. Note que, para o primeiro caso, o calor cedido à barra de 33
ferro apenas elevou sua temperatura e não causou mudança de fase. Já no
segundo caso, o calor cedido promoveu a mudança de fase do cubo de gelo.
Calor e Trabalho
Assim, quando um corpo recebe calor e este produz apenas mudança na tem-
peratura, chamamos este calor recebido de calor sensível. Quando o calor
recebido provoca mudança de fase, é chamado de calor latente.
Assim, se colocarmos uma barra de ferro dentro de uma geladeira, o
calor perdido pela barra de ferro causará apenas alteração na sua tempera-
tura; então, este calor é o sensível. Ao passo que se colocarmos um recipiente
com água dentro de um congelador, a água mudará da fase líquida para a fase
sólida; é, portanto, calor latente.
Podemos alterar a temperatura de um corpo ou provocar uma mudança
de fase nele por meio do calor cedido ou retirado. Assim, torna-se necessário
fazer uma convenção de sinais para o calor cedido e recebido por um corpo.
ΔT = Tfinal – Tinicial
Q = m . c . ΔT
35
Calor e Trabalho
corpo. O produto da massa m e do calor específico c é chamado de capacidade térmica C.
C=m.c
Unidade de c = cal
g . °C
Unidade de c = J
kg . K
Na tabela 3.1 o calor específico de alguns materiais é mostrado.
QA + QB + QC + ... Qn = 0
Atividades Resolvidas
1) Para um recipiente que contém 50 g de água a 25 °C determine:
Calor e Trabalho
cal
Massa (g) c Tinicial Tfinal ΔT
g .°C
Água 800 1 20 Tf Tf – 20
Esfera de ferro 500 0,11 100 Tf Tf – 100
Tf = 21 500 = 25,1 °C
855
Calor Latente
Já vimos que o calor cedido ou recebido por um corpo que causa uma mudança de fase é
chamado de calor latente. Uma substância pura pode se encontrar em três fases, ou estados físi-
cos, diferentes: gasoso, sólido e líquido. Na fase gasosa, a substância não possui nem forma nem
volume definidos, pois, nessa fase, as moléculas estão livres e se movimentam constantemente.
Na fase líquida, o volume é definido, porém não possui forma definida, pois as moléculas ainda
possuem alguma liberdade de movimentação; e o líquido adquire a forma do recipiente que o
contém, assim como na fase gasosa. Na fase sólida, a substância possui volume e forma defini-
dos, já que as moléculas não possuem liberdade para se movimentarem.
Na figura 3.4 são mostradas as mudanças de fases de uma substância pura.
Fusão Vaporização
Supondo que a temperatura inicial do bloco de gelo seja –10 °C, após o contato com a fonte
de calor, a temperatura sobe até atingir 0 °C, e o bloco de gelo começa o processo de fusão, a
transformação da fase sólida para a fase líquida. No processo de mudança de fase, a tem-
peratura não varia. Quando a fusão termina, a água líquida formada tem sua temperatura
aumentada devido ao calor recebido pela chama. Se continuarmos o processo de aquecimento,
ao atingir 100 °C, a água líquida começa a vaporizar, ou seja, ocorre a mudança da fase líquida
para gasosa e a temperatura permanece constante até que toda a água líquida vaporize.
Q=m.L
Nessa equação, L representa o calor latente de mudança de fase. A seguir, são mostrados
valores de L para as mudanças de fase da água.
• Fusão do gelo a 0 °C → LF = 80 cal
g
Atividades Resolvidas 39
Calor e Trabalho
100 °C.
20
0 Q (cal)
500 8 500 10 500
–10
Formas de Propagação de Calor
O calor sempre se propaga do corpo de maior temperatura para o corpo de menor tempe-
ratura e, quando é atingido o equilíbrio térmico, cessa-se a transferência de calor. Existem três
maneiras de transferência de calor: condução, convecção e radiação.
Condução
A transferência de calor por condução pode ocorrer em sólidos, líquidos e gases. Durante
o aquecimento de um material, as moléculas mais próximas da fonte de calor tornam-se mais
energéticas, ou seja, começam a se agitar. Essa agitação é transmitida para as moléculas mais
próximas e o processo é contínuo.
Por outro lado, existem mate-
Shutterstock/Kzenon
riais que são bons condutores de calor,
por isso as panelas utilizadas no cozi-
mento de alimentos são fabricadas
com materiais, como alumínio e aço,
que conduzem muito bem o calor.
Mas, você já deve ter notado que as
extremidades dos cabos da panela são
cobertas por um material mal con-
dutor de calor, material isolante ou
Figura 3.6 – Um isolante térmico evita que o calor cause queimaduras nas isolante térmico, e isso é para evitar
mãos de quem manuseia uma panela aquecida queimaduras ao manuseá-las.
Uma experiência bem simples pode ser realizada para evidenciar o fenômeno de transfe-
41
rência de calor por condução: se você segurar na extremidade de uma barra de alumínio e se a
outra extremidade estiver em contato com uma chama, você notará que, depois de certo tempo,
o calor chegará à extremidade onde se encontra a sua mão.
Calor e Trabalho
A condução pode ser quantificada pela Lei de Fourier, dada pela seguinte equação:
(T2 – T1)
Q=k.A.
L
42
Atividade Resolvida
Calor e Trabalho
Convecção
A transferência de calor por convecção só ocorre com líquidos e gases, pois exige que haja
movimento de um fluido. Um bom exemplo para visualizarmos a troca de calor por convecção
é a utilização de um corante em um recipiente que contém água. Ao aquecermos a água por
meio de uma chama, a porção mais próxima da fonte térmica torna-se menos densa e, portanto,
torna-se mais leve e sobe para a superfície, enquanto a porção mais afastada da fonte de calor
mais densa e fria, desce para o fundo do recipiente. Dessa forma, é criado um movimento no
fluido conhecido como correntes de convecção.
É por esse motivo que os condicionadores de ar devem ser instalados na parte superior
de um ambiente. Com o aumento da temperatura, o ar quente tem sua densidade diminuída e
sobe; por sua vez, o ar frio proveniente do condicionador de ar desce, pois possui uma densi-
dade maior. Assim são criadas as correntes de convecção.
Outro exemplo de troca de calor por convecção é o resfriamento de um motor de com-
bustão interna. A água circula pelas paredes do motor e retira calor por convecção. Essa água
aquecida é enviada para o radiador do veículo e troca calor, também por convecção, com o ar
externo que está a uma temperatura menor.
43
A taxa de transferência de calor por convecção pode ser quantificada pela relação conhe-
cida por lei do resfriamento de Newton:
Calor e Trabalho
Q = h . A . (Tsup – Tfluido)
Nessa equação, h representa o coeficiente de troca de calor por convecção e sua unidade
W
é , a área A é dada em metros (m2) e a diferença de temperatura é dada em graus
m2 . K
Celsius (°C) ou em kelvin (K). A temperatura da superfície é dada pelo termo Tsup e Tfluido
representa a temperatura do fluido. Dessa maneira, a taxa de transferência de calor por con-
vecção é dada em watts (W).
Radiação ou Irradiação
Na transferência de calor por radiação ou irradiação, diferente da condução e da con-
vecção, não é necessária a existência de um meio material ou um fluido. A radiação térmica se
efetua por meio das ondas eletromagnéticas, as ondas caloríficas ou calor radiante. A transferên-
cia de calor do Sol ao nosso planeta é realizada pela radiação térmica, já que não existe qualquer
meio material ou fluido existente.
Um exemplo da transferência de calor por radiação pode ser visto no aumento da tempe-
ratura de um termômetro quando este se encontra próximo a uma lâmpada acesa. Percebe-se
que não é necessário o contato entre a lâmpada e o termômetro. Quando uma parede de uma
casa recebe a radiação do sol durante todo o dia, a parede emite parte desta radiação térmica
recebida no final do dia, por exemplo.
Um bom exemplo para visualizarmos todos os mecanismos de transferência de calor
é em uma fogueira. O calor da chama da fogueira aquece o ar que está mais próximo, e isso
provoca a diminuição da den-
sidade do ar que sobe, e seu
espaço é preenchido pelo ar
mais frio, que possui maior
Condução
densidade. Isso caracteriza a
convecção. Ao nos aproxi- Convecção
marmos da fogueira, sentimos
um desconforto térmico cau-
sado pela radiação térmica da
chama, caracterizando assim
a radiação. E, por fim, o calor
se propaga por condução Irradiação
ao longo da barra que está
em contato com a chama da Figura 3.9 – Mecanismos de troca de calor
fogueira.
A taxa de transferência de calor por radiação pode ser quantificada pela seguinte equação:
44 Q = ε . σ . A . (T4sup – T4viz)
Calor e Trabalho
W
Nessa equação, σ representa a constante de Stefan-Boltzmann (σ = 5,67 . 10–8 . K4),
m2
ε é a emissividade (0≤ ε ≤1) do material, A é a área em metros, Tsup é a temperatura em kelvin
da superfície e Tviz é a temperatura da vizinhança, o meio que envolve a superfície, que também
é dada em kelvin.
Trabalho
O trabalho (W), assim como o calor, são formas de transferência de energia e sua uni-
dade no Sistema Internacional de Unidades é o joule (J) ou a caloria (cal).
Considere um gás contido dentro de um conjunto cilindro e pistão. Se colocarmos uma
chama para aquecer esse gás, ele irá se expandir. Essa expansão será suficiente para provocar um
deslocamento no pistão.
Vimos, no capítulo 1, que a pressão está relacionada com a força pela seguinte equação:
p= F
A
Também sabemos da física mecânica que o trabalho (W) é dado pelo produto da força pela
distância:
W=F.d
Mas,
F=p.A
W = p . (A . d)
W = p . ΔV = p . (V2 – V1)
Algumas considerações precisam ser feitas: em uma expansão do gás, o volume final (V2)
será maior que o volume inicial (V1). Ou seja, o trabalho é positivo (∆V > 0). No caso da com-
pressão do gás, o volume final (V2) será sempre menor que o volume inicial (V1) e, portanto,
o trabalho será negativo (∆V < 0). No caso da expansão, temos um trabalho realizado pelo gás
(ou sistema) sobre o meio exterior e, no caso da compressão do gás, o meio exterior realizou 45
trabalho sobre o gás (sistema).
No exemplo do gás contido em um cilindro e pistão, foi possível visualizar a transferência
Calor e Trabalho
de energia entre dois sistemas: a chama cedeu calor ao gás que, ao se expandir, realizou trabalho,
sendo possível perceber a estreita ligação entre calor e trabalho.
Nos capítulos seguintes, veremos com mais detalhes essa interação calor/trabalho para
explicar o funcionamento de equipamentos térmicos.
Atividades
1) Por que a colocação “estar com calor” é errada? Cite um exem-
plo do cotidiano.
e 6.
Substância Pura
No capítulo anterior, abordamos os conceitos de calor e trabalho. Também vimos que
o calor e o trabalho são formas de energia, a qual pode ser armazenada e transmitida, além de
poder ser convertida em outras formas de energia. Entretanto, vimos que mesmo a energia
sendo um conceito fundamental na Termodinâmica, não temos uma definição exata para ela.
Neste capítulo, são apresentados novos conceitos, extremamente importantes e funda-
mentais para compreendermos os conteúdos abordados nos próximos capítulos. Estudaremos,
também, modos de avaliar propriedades e definir estados de um sistema formado por uma
substância pura.
47
Conceitos Iniciais
Substância Pura
Fase e Homogeneidade
Shutterstock/Evgeny Karandaev
Propriedade e Estado
Outro conceito que devemos compreender é o de propriedade, que é uma característica
que identifica um sistema. O volume, a pressão, a massa, a energia e a temperatura são exem-
plos de propriedades de um sistema. Perceba que podemos atribuir valores às propriedades
para caracterizar o sistema; por exemplo, dois recipientes fechados contêm água, sendo que o
primeiro tem 550 g de água a 95 °C e o outro 850 g de água a 25 °C. Temos, assim, dois sistemas
com suas respectivas propriedades que os identificam. Para identificar as propriedades desses
dois sistemas, necessitamos de um termômetro e de uma balança.
Define-se estado como a condição de um sistema Estado:
descrito por suas propriedades, por exemplo, se em um Esta definição de estado não se limita
recipiente aberto há água a 99 °C e ela está a uma pressão aos estados físicos da matéria – líquido,
sólido e vapor. A água líquida, por exemplo,
de 1 atm. Essas duas propriedades identificam o estado
pode estar em estados diferentes, apesar
da água no recipiente. Se houvesse água a 25 °C e a uma de estar no estado físico de líquido,
pressão de 15 bar, haveria outro estado. basta apenas que lhe sejam alteradas a
48 temperatura e/ou a pressão.
Processo
Substância Pura
Diagramas Termodinâmicos
p-T e T-υ
As propriedades termodinâmicas, temperatura, pressão, massa específica, volume espe-
cífico e outras propriedades a serem abordadas, podem ser dependentes ou não entre si. Isso
significa que podemos determinar todas as propriedades de um sistema a partir do conheci-
mento de um conjunto de outras propriedades.
Após várias experiências realizadas, descobriu-se que a temperatura e o volume específico
podem ser considerados independentes e a pressão pode ser determinada por meio deles. Ou
seja, conhecendo-se a temperatura e o volume específico de um sistema, podemos determinar
todas as outras propriedades restantes desse sistema.
Utilizamos aqui, como exemplo inicial, a formulação de gás perfeito ou
gás ideal. A equação, a seguir, representa a equação de estado de gás ideal
ou de gás perfeito.
p.υ=R.T
R = 0,2870 kJ
kg . K
Substância Pura
Nitrogênio (N2) 0,2968
Monóxido de carbono (CO) 0,2968
p.υ=m.R.T
υ= V
m
As propriedades podem ser classificadas em propriedades extensivas e propriedades inten-
sivas. As propriedades extensivas dependem da massa do sistema. Por exemplo, a massa e
o volume de um sistema variam conforme o aumento ou a diminuição da massa do próprio
sistema. Por outro lado, as propriedades intensivas não dependem da massa do sistema. Por
exemplo, a temperatura e a pressão de um recipiente contendo água não dependem da massa
de água contida no recipiente.
Na verdade, não há uma equação de estado para cada substância encontrada na natureza.
A equação de estado de gás ideal é uma aproximação que só pode ser utilizada para gases perfei-
tos. Para resolver esse problema, utilizamos gráficos ou tabelas para determinar as propriedades
de uma substância pura.
Para utilizarmos de forma coerente os referidos gráficos e tabelas, é necessário definir
mais alguns conceitos importantes. Chamamos de temperatura de saturação aquela que
ocorre uma mudança de fase, em uma determinada pressão, a qual é chamada de pressão de
saturação. Por exemplo, ao nível do mar, a água vaporiza, ou seja, muda do estado físico de
líquido para vapor, em uma temperatura de 100 °C. Mas, ao nível do mar, a pressão corresponde
a 1 bar. Assim, a temperatura de mudança de fase, a de saturação, quando a pressão é de 1 bar, é
100 °C. Da mesma forma, podemos dizer que a pressão de saturação, a de mudança de fase, da
água, quando a temperatura de saturação é 100 °C, é 1 bar.
Na figura 4.2, é mostrado o diagrama pressão-volume específico (p-υ). No diagrama, a
região com formato de sino é conhecida como domo de vapor, ou seja, dentro dela há uma
região bifásica formada por líquido e vapor. A região bifásica corresponde à existência de duas
fases durante a mudança de fase. Por exemplo, ao se colocar uma panela contendo água em
uma chama de um fogão, quando a água estiver fervendo, observa-se que a fase líquida e vapor
coexistem. No topo do domo de vapor, encontra-se um ponto chamado de ponto crítico.
50 Este ponto corresponde ao encontro das linhas de líquido saturado, a linha que forma a parte
esquerda do domo; e a linha de vapor saturado, a linha que forma a parte direita do domo.
Ainda neste capítulo, definimos líquido saturado e vapor saturado.
Substância Pura
p
Ponto Crítico Linha de vapor
saturado
Região Bifásica
T
Ponto Crítico
Linha de vapor
saturado
Substância Pura
Tabelas Termodinâmicas
Há diversas maneiras de obtermos dados de propriedades termodinâmi-
cas. Além das possibilidades de utilização de gráficos, equações e programas
computacionais, podemos utilizar tabelas termodinâmicas. É de extrema
importância a habilidade no manuseio dessas tabelas para a coleta correta das
propriedades termodinâmicas.
Há duas categorias de tabelas termodinâmicas: a tabela de água satu-
rada (líquido-vapor) e a tabela de vapor superaquecido. As tabelas de
água saturada (líquido-vapor) podem ser utilizadas para determinar as proprie-
dades da água nos seguintes estados: líquido comprimido, líquido saturado,
vapor saturado e água na região bifásica (líquido + vapor). As tabelas de vapor
superaquecido são utilizadas para obter dados de propriedades termodinâmi-
cas para o estado de vapor superaquecido.
Nas Atividades Resolvidas da página 54, mostramos a utilização das
tabelas termodinâmicas da água, que constam no anexo Tabelas Termodinâmicas,
página 108.
Mudança de Fase
Para compreendermos o processo de mudança de fase de uma subs-
tância pura, vamos utilizar um exemplo de um aquecimento de 1 kg de água
no estado líquido em um conjunto cilindro-pistão à pressão atmosférica de
1 bar (1 atm ou 0,1 MPa). Suponha que a água se encontra a 20 °C. Nesse
processo, a água é aquecida de forma bem lenta e a pressão dentro do con-
junto cilindro-pistão permanece constante e igual à pressão atmosférica.
Podemos representar, no diagrama temperatura-volume específico
(T-υ), o estado inicial da água antes do processo de aquecimento. Chamaremos
este estado de 1, quando o processo de aquecimento se inicia, a tempera-
tura começa a aumentar rapidamente, enquanto o volume específico da água
líquida sofre um pequeno aumento. Ao atingir a temperatura de 100 °C, o
sistema atinge o estado 2. Os estados podem ser vistos na figura 4.4.
T
Líquido
saturado 4 Vapor
superaquecido
Região Bifásica
(líquido + vapor) 3
2 Vapor
100 ºC saturado
20 ºC Líquido
1 comprimido
υ
52 Figura 4.4 – Representação dos estados do sistema em um diagrama temperatura-volume específico
x= mvapor
mvapor + mlíquido
O título x representa a razão entre a massa de vapor e a massa total (líquido + vapor) do
sistema. Assim, no estado de líquido saturado, o 2, não temos vapor formado, então, mvapor = 0
e x = 0.
x= 0 =0
0 + mlíquido
53
Quando o sistema atinge o estado 3, o vapor saturado não tem massa de líquido, assim
mlíquido = 0 e x = 1.
Substância Pura
x= mvapor = mvapor = 1
mvapor + 0 mvapor
Dessa maneira, quando ocorrer uma mudança de fase, necessitaremos de outra proprie-
dade, além da temperatura e da pressão de saturação, para definirmos o estado no qual o sistema
se encontra. Essa outra propriedade pode ser (e normalmente é) o título x.
Na verdade, qualquer propriedade está relacionada com o título x da seguinte maneira:
φ = (1 – x) . φl + xφv
Atividades Resolvidas
1) Determine o volume específico da água a 20 °C, se a pressão
for 1 bar (0,1 MPa).
υl = 0,001002 m
2
kg
υ = 2,17226 m
3
kg
Substância Pura
a. x = 0;
b. x = 1;
c. x= 0,5.
Ao verificarmos a tabela 2 de saturação, na página 109, per-
cebe-se que a temperatura da água é igual à temperatura de
saturação para a pressão na qual a água se encontra. Assim, o
estado é saturado.
υl = 0,001043 m
3
kg
b. Quando x = 1, o valor do volume específico corresponde ao
volume específico de vapor saturado υv.
υv = 1,694 m
3
kg
φ = (1 – x) . φl + xφv
υ = (1 – x) . υl + x . υv
kg
v = V = 0,5 = 0,5 m
3
m 1 kg
υl = 0,001043 m
3
kg
υv = 1,6940 m
3
kg
Assim, o volume específico para a mistura líquido-vapor de
água é dado por:
υlv = υvap – υlíq = 1,6940 – 0,001043 = 1,6929 m
3
kg
A massa de vapor é:
mv = m . x
mv = 2 . (0,2947) = 0,5894 kg
E o volume de vapor é:
57
Vv = mv . υv = 0,2947 . (1,6940) = 0,49927 kg
Substância Pura
Atividades
1) Defina os seguintes termos:
a. fase;
b. homogeneidade;
c. substância pura;
d. sistema;
e. propriedade;
f. estado;
g. processo.
2) O ar contido em um recipiente fechado possui uma pressão
interna de 10 MPa. A temperatura do ar é de 400 K. Determine o
volume específico, considerando que o ar seja um gás perfeito.
kg
Determine a temperatura, considerando que o argônio seja um
gás perfeito.
kg
contida no recipiente.
Leis da
Termodinâmica
Shutterstock/Ollyy
No capítulo anterior, abordamos
vários conceitos bastante utilizados na
Termodinâmica. Também vimos o processo de
mudança de fase de uma substância pura em
um diagrama temperatura-volume específico
(T-υ). Como havíamos dito anteriormente,
esses últimos conceitos e propriedades são
constantemente retomados nos capítulos por
virem.
Neste capítulo, voltamos a abordar o
trabalho e o calor, que foram discutidos no
capítulo 3. Também retornamos a falar sobre
59
gás perfeito ou gás ideal. Duas novas pro-
priedades são introduzidas neste capítulo:
a energia interna específica (u), e a entropia
Leis da Termodinâmica
específica (s).
As Leis da Termodinâmica estão presen-
tes em diversos fenômenos que nos rodeiam.
Por exemplo, uma pessoa que se alimenta
promove a entrada de energia, mas se ela não
pratica exercício, ou seja, não estimula a saída
de energia, acaba engordando, na forma de
acúmulo de energia. Isso é conhecido como
a Primeira Lei da Termodinâmica ou a Lei da
Conservação da Energia.
Se colocarmos uma xícara de café quente
em uma mesa, com o decorrer do tempo, sua
temperatura diminuirá espontaneamente, até
o equilíbrio térmico com o ambiente ser atin-
gindo. Mas por que não ocorre o processo
inverso? Esse processo e o seu sentido são Figura 5.1 – Conservação da energia explica o aumento de peso
explicados pela Segunda Lei da Termodinâmica. de uma pessoa
Primeira Lei da Termodinâmica
Para compreender a Primeira Lei da Termodi-
nâmica (Lei da Conservação da Energia), tomamos com
Shutterstock/Cynoclub
exemplo o funcionamento de um ventilador, que obe-
decendo a essa lei, converte a energia elétrica em energia
mecânica, a qual é responsável pelo movimento circular do
eixo das pás do ventilador. Note que a energia elétrica foi
convertida em trabalho (W), que é uma forma de energia.
Outro exemplo da Primeira Lei da Termodinâmica
é o funcionamento de um automóvel. O combustível do
tanque é misturado com o ar atmosférico e uma centelha
(pequena faísca) promove a combustão (queima ou explo-
são) dessa mistura ar-combustível. A pressão decorrente
da queima do combustível empurra o pistão para baixo e
esse movimento alternativo é transformado em movimento
rotativo, que é utilizado para movimentar o veículo. Assim,
a energia química do combustível é convertida em energia Figura 5.2 – O funcionamento de um ventilador
térmica (calor) e esta, por sua vez, é convertida em trabalho, obedece à Primeira Lei da Termodinâmica
responsável pela movimentação do veículo.
A energia elétrica que chega a nossas casas é, proveniente de uma hidrelétrica, ou seja,
resultado da conversão da energia potencial e cinética de uma enorme massa de água da represa
em trabalho, o qual, ao girar o eixo de uma turbina hidráulica, é convertido em energia elétrica,
60 por um gerador elétrico.
Para darmos continuidade à Primeira Lei da Termodinâmica, é importante falarmos de
uma nova propriedade: a energia interna específica (u).
Leis da Termodinâmica
Energia Interna
A energia de um sistema é composta por duas parcelas de energia: a energia externa e a
energia interna. Associa-se à energia externa toda relação do sistema com o meio externo, ou
seja, a energia potencial e a energia cinética. Por outro lado, a energia interna está associada às
condições internas do sistema, tais como vibração, rotação, translação das moléculas do sistema
e de suas forças intermoleculares.
A energia interna intensiva é representada pela letra minúscula u. Na verdade, não nos
interessa a medida de uma propriedade no determinado estado, mas, sim, a diferença de energia
sofrida em um processo. Vamos entender o porquê neste próximo exemplo: acredite que um
corredor de maratona treina em uma pista de 10 000 metros de extensão, mas que precisa correr
apenas 1 000 metros no menor intervalo de tempo possível. Dessa maneira, o corredor pode
partir da marcação de 0 metro até a próxima marcação de 1 000 metros, ou partir de qualquer
outro ponto, contanto que percorra os 1 000 metros.
O mesmo acontece com a energia: não importa de onde partimos ou
onde chegaremos, na verdade o que realmente importa é a variação de energia
sofrida. Assim, podemos escrever a Primeira Lei da Termodinâmica para
um Sistema da seguinte forma:
∆E = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
Essa equação nos diz que a variação total de energia ∆E, em um sistema
fechado, é igual às variações da energia interna (∆U), potencial (∆Ep) e ciné-
tica (∆Ec) do sistema. O sistema fechado pode ser entendido como aquele
cuja massa não varia, ou seja, não há entrada ou saída de massa. Os termos da
equação anterior podem ser analisados separadamente:
∆U = m . (u2 – u1)
∆Ep = m . (g . h2 – g . h1)
v22 – v21
∆Ec = m .
2
v22 – v21 61
∆U = m . (u2 – u1) + m . + m . (g . h2 – g . h1)
2
Leis da Termodinâmica
Lembre-se de que definimos propriedades extensivas e intensivas e elas
se relacionam da seguinte maneira:
U=m.u
∆Ec = m . m . v
2
2
Ep = m . g . h
Ec = m . v e Ep = m . g . h
2
Assim, a energia potencial de uma massa de 10 kg, a uma
altura de 100 metros, é:
Ep = m . g . h = 10 . 10 . 100 = 10 000 J ou 10 kJ
2 2
Leis da Termodinâmica
Se uma substância se encontra na região bifásica, sua energia interna específica pode ser
determinada utilizando-se o título x.
u = (1 – x) . ul + x . uv
Atividade Resolvida
Determine a energia interna específica da água a 99,62 °C e
com uma pressão de 1 bar (0,1 MPa). Considere os seguintes
valores do título:
a. x = 0;
b. x = 1;
c. x = 0,5.
Ao verificarmos a tabela 2 de saturação, notaremos que a
temperatura da água é igual à temperatura de saturação para
a pressão na qual a água se encontra. Assim, o estado é
saturado.
a. Quando x = 0, o valor da energia interna específica corres-
ponde à energia interna específica de líquido saturado ul.
ul = 417,33 kJ
kg
Mas, onde entram as parcelas de energia referentes ao calor e ao trabalho na Primeira Lei
da Termodinâmica? Na verdade, a única maneira de variarmos a energia de um sistema é pela
transferência de energia por meio de calor e trabalho. Dessa maneira, podemos escrever: 63
∆E = Q – W
Leis da Termodinâmica
Finalmente, igualando as duas equações, temos:
Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
Atividade Resolvida
Um líquido é colocado dentro de um liquidificador e o trabalho
fornecido pelo liquidificador ao líquido é de 10 kJ. O calor que
é transferido do líquido é de 2 000 kJ. Determine a variação da
energia interna nesse processo.
Sabemos que a Primeira Lei da Termodinâmica é:
∆E = ∆U + ∆Ep + ∆EC
Além disso:
∆E = Q – W
Transformações Gasosas
64
Vamos aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica em gases ideais quando esses sofrem
uma mudança de estado (percorrem um processo). Outra informação muito importante é que
Leis da Termodinâmica
Transformação Isocórica
Transformação isocórica é aquela cujo volume permanece constante, ou seja, há variação
apenas na temperatura e na pressão. Se certa massa de ar, que ocupa certo volume V e possui
uma pressão p1 e uma temperatura T1, sofrer um aquecimento até uma temperatura T2, e seu
volume for mantido constante, sua pressão se elevará para um valor p2. As pressões e as tempe-
raturas se relacionam da seguinte maneira:
p1 = p2
T1 T2
W = p . (V2 – V1)
Q = m . cv (T2 – T1)
Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
Assim:
∆U = Q
65
Leis da Termodinâmica
Em uma transformação isocórica, a variação da
energia interna do gás é igual à quantidade de calor
trocada com o meio exterior.
Transformação Isobárica
Uma transformação é dita isobárica quando a pressão p permanece
constante, ocorrendo, portanto, variações apenas na temperatura T e no
volume V. Os volumes e as temperaturas se relacionam da seguinte maneira:
V1 = V2
T1 T2
W = p . (V2 – V1)
Q = m . cp . (T2 – T1)
Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
Q – W = ∆U
66
Transformação Isotérmica
Leis da Termodinâmica
p1 . V1 = p2 . V2
Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
∆U = Q – W
Portanto, se ∆U = 0 :
Q=W
Transformação Adiabática
Uma transformação adiabática é aquela que ocorre sem troca de calor
com o meio exterior, ou seja, Q = 0.
Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica, desprezando as energias
cinética e potencial, temos:
Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
∆U = –W
Leis da Termodinâmica
Lei Geral dos Gases Perfeitos
Podemos chegar às fórmulas das transformações isocóricas, isobáricas e
isotérmicas a partir da Lei Geral dos Gases Perfeitos. Quando dizemos que
um gás se encontra em condições normais de temperatura e pressão (CNTP),
sua temperatura é 0 °C (273 K) e sua pressão é 1 atm (100 kPa).
A equação que representa a Lei Geral dos Gases Perfeitos é dada por:
p1 . V1 = p2 . V2
T1 T2
diferentes;
• fluxo de corrente elétrica por meio de uma resistência.
Na verdade, como falamos anteriormente, todos os processos reais
são irreversíveis. Quando colocamos uma xícara com café quente em
uma mesa, a sua temperatura diminuirá até chegar ao equilíbrio térmico.
A Primeira Lei da Termodinâmica não invalida esse fenômeno, porém, ela
também não invalidaria o efeito contrário, ou seja, a xícara com café quente
continuando a aumentar sua temperatura com o passar do tempo. Nesse
sentido, a Segunda Lei da Termodinâmica mostra se um fenômeno pode
ocorrer ou não, mesmo que isso não seja invalidado pela Primeira Lei da
Termodinâmica.
A Segunda Lei da Termodinâmica afirma que, nas transformações
naturais, a energia sofre uma espécie de degradação, partindo de uma forma
organizada para uma forma desordenada. Ainda conforme a Segunda Lei da
Termodinâmica, a transferência de calor se dá do corpo quente para o corpo
frio de forma espontânea.
Dois físicos, Kelvin e Planck, enunciaram a Segunda Lei da Termodinâmica da seguinte
maneira:
Isso significa que sempre haverá perdas de energia e é impossível converter uma forma de
energia em outra sem que haja perda de energia.
Nesse aspecto, torna-se muito conveniente falarmos de outra propriedade termodi-
nâmica: a entropia específica (s). Da mesma forma que a energia, a entropia pode ser
transferida para um sistema. Já para sistemas fechados, a única forma para ocorrer transferên-
cia de entropia é por meio da transferência de calor.
s = (1 – x) . sl + x . sv
Leis da Termodinâmica
Uma compreensão mais detalhada da Segunda Lei da Termodinâmica, assim como a da
entropia, foge do nosso objetivo, por isso, detalhes mais avançados sobre esses assuntos são
vistos em um curso superior de Engenharia.
Atividades
1) Defina a Primeira Lei da Termodinâmica. Cite um exemplo do
cotidiano que envolva o princípio da conservação da energia.
a. T = 100 °C e p = 2 MPa;
b. T = 20 °C e p = 0,1 MPa;
a. T = 100 °C e p = 2 MPa;
b. T = 25 °C e p = 0,1 MPa;
Caldeiras
Nos capítulos anteriores, abordamos vários conceitos da Termodinâmica. Todo esse pro-
cesso tem como objetivo principal servir de base para a compreensão dos próximos capítulos.
A partir deste capítulo, damos início à abordagem dos principais equipamentos que possuem
seus funcionamentos regidos pela Termodinâmica.
Começamos com um equipamento de grande utilização na indústria: a caldeira. A fun-
ção da caldeira é produzir o vapor que será utilizado nos mais diversos processos industriais.
O vapor está presente em uma infinidade de seguimentos industriais, tais como na geração de
energia elétrica em usinas termelétricas e nucleares, na indústria de papel e celulose, refinaria
de petróleo, indústria alimentícia e farmacêutica.
Atualmente, o vapor constitui o modo mais econômico e prático de se transferir calor em
processos industriais. O vapor também pode ser usado para geração de trabalho mecânico de
acionamento de equipamentos. Costuma-se dizer que o vapor “movimenta” o mundo.
Neste capítulo, abordamos os principais aspectos relacionados ao vapor, seus tipos e
71
principais usos, além da atenção voltada às caldeiras, que são os equipamentos utilizados na
produção do vapor.
Caldeiras
O Vapor e Seus Usos
No capítulo 3, abordamos o processo de mudança de fase de uma substância pura, que
no nosso caso pode ser a água. Vimos que se certa massa de água, com temperatura inicial de
20 °C, por exemplo, é aquecida à pressão constante (pressão atmosférica), ela passa do estado
inicial de líquido comprimido (ou sub-resfriado) para o estado de líquido saturado, quando sua
temperatura atinge os 100 °C. E, à medida que o calor continua sendo absorvido pelo sistema,
formado pela massa de água, inicia-se a mudança de fase (região bifásica) e, nessa região, a pres-
são e a temperatura permanecem constantes. O estado de vapor saturado é alcançado quando
todo líquido vaporizar, estando o sistema ainda a 100 °C. Qualquer calor adicional cedido ao
sistema provocará o superaquecimento do vapor.
Atualmente, o vapor é utilizado em duas faixas de temperaturas diferentes. Para tempe-
raturas abaixo de 200 °C, o vapor é utilizado no processo de aquecimento da água para os mais
diversos fins, tais como higiene pessoal e higienização hospitalar, no cozimento de alimentos,
no aquecimento de ambientes internos de residências em regiões frias e em diversos processos
industriais. Acima de 200 °C, o vapor é utilizado principalmente no acionamento de equipa-
mentos, como as antigas locomotivas a vapor.
Em outras palavras, como já falamos anteriormente, o vapor pode ser
classificado em vapor saturado e vapor superaquecido. O vapor saturado
é utilizado em processos de aquecimento na indústria e sua temperatura está
situada em torno de 150 °C. Por outro lado, o vapor superaquecido possui
uma aplicação mais voltada a acionamentos de máquinas e sua temperatura
está situada em torno de 400 °C.
Até agora, só falamos da aplicação do vapor sob o ponto de vista da tem-
peratura. A maioria dos processos industriais envolve o uso de vapor saturado
com pressões inferiores a 10 bar (1 000 kPa). Existem centrais termelétricas
operando com pressões da ordem de 250 bar (25 MPa).
Shutterstock/Xtrekx
de vapores e suas aplicações,
voltamos nossa atenção ao equi-
pamento responsável pela geração
de vapor, a caldeira. Começando
por sua definição, caldeiras
ou geradores de vapor são
máquinas térmicas destinadas a
promover a mudança do estado
líquido da água para o de vapor.
O calor total utilizado nesse pro-
72 cesso é dividido em duas partes:
o calor sensível, que é responsá-
vel pela elevação da temperatura
Caldeiras
Caldeiras
queima do combustível fluem por dentro
de tubos imersos em água. É utilizada em
aplicações de pequeno porte e são usadas
em operações que necessitam de vapor Entrada de água
saturado. Figura 6.2 – Caldeira aquatubular
Como vimos no início deste capítulo, as caldeiras operam com pressões muito elevadas,
podendo ser dezenas e centenas de vezes maiores que a atmosférica, por isso toda caldeira
deve possuir um dispositivo que reduza a pressão, caso haja uma elevação desta a um valor
muito perigoso. Acidentes com caldeiras, em geral explosões, são devastadores e podem causar
danos materiais elevadíssimos, além de mortes. Em função disso, existe uma norma brasileira,
NR-13, que exige que todas as caldeiras possuam, pelo menos, uma válvula de segurança. A
quantidade de válvulas de segurança vai depender de outros fatores do projeto, que fogem do
objetivo desse livro. A válvula de segurança funciona da seguinte maneira: a pressão de abertura
da válvula é ajustada por meio de uma mola encontrada na região superior da válvula. Desse
modo, quando a pressão da caldeira atingir o valor de ajuste da válvula, esta se abrirá pela ação
da pressão e liberará a passagem de vapor, reduzindo a pressão interna da caldeira.
Um dos principais fatores de explosão de caldeiras se dá pela falta ou pelo baixo nível
de água no interior destas. Por esse motivo, as caldeiras devem possuir algum tipo de controle
(visual ou automático) do nível de água no seu interior. O visor de nível é um acessório extre-
mamente importante na operação de caldeiras, pois ele informa exatamente o nível de água no
interior do reservatório de aço. Caso esse nível atinja valores muito baixos, deve-se cortar a
alimentação de combustível para encerrar a combustão na caldeira e, assim, interromper a troca
de calor entre os gases quentes e a água.
Além de controle do nível da água, toda caldeira deve possuir um dis-
positivo que indique a pressão do vapor. O manômetro tem a função de
informar a pressão do vapor no interior da caldeira. O excesso da pressão
do vapor pode causar uma explosão, caso a válvula de segurança não abra na
pressão de ajuste.
Nas caldeiras de superaquecimento, como as caldeiras aquatubulares,
o superaquecimento do vapor é realizado por um feixe de tubos chamados
superaquecedor. Após o vapor ser gerado no interior da caldeira, ele volta
a receber calor dos gases quentes, quando entra no superaquecedor. É dessa
maneira que o vapor superaquecido é formado. Quando a água que alimenta a
caldeira entra com temperatura elevada, gasta-se menos energia para vaporizá-
-la, ou seja, necessita-se de menos combustível para vaporizá-la. Um exemplo
prático disso pode ser visualizado se medirmos a quantidade de gás de cozinha
utilizado para vaporizar 1 kg de água a 50 °C e para vaporizar um bloco de
gelo de 1 kg. Obviamente, se gasta menos gás para vaporizar 1 kg de água a
50 °C. Para esse fim, algumas caldeiras utilizam um feixe de tubos, chamado
de economizador, por onde a água de alimentação sofre um preaquecimento
antes de entrar na caldeira. Esse preaquecimento ocorre quando a água de ali-
mentação entra em contato com os gases queimados da combustão. Também
podemos preaquecer o ar utilizado na combustão da caldeira. Para isso, é uti-
lizado um acessório chamado preaquecedor de ar.
Visor de nível
Válvulas de Plataforma
segurança para inspeção 75
Manômetro
Caldeiras
Pressostatos Tubulação de
gases
Placa de
identificação
Queimador Escada de
acesso
Chama
h=u+p.ν
kJ
Assim, a unidade de entalpia específica é . Nas tabelas termodinâmicas, das páginas
kg
108 a 110, também encontraremos a entalpia para os estados de líquido saturado, vapor saturado
e vapor superaquecido. Caso não tenhamos o valor da entalpia, poderemos calculá-la usando a
equação anterior. Como qualquer propriedade específica, podemos expressar a entalpia especí-
fica em função do título x.
h = (1 – x) . hl + x . hv
Até o momento, falamos apenas de sistemas fechados, ou seja, a massa não varia com
o decorrer do tempo. Entretanto, existem diversos equipamentos nos quais há escoamento de
massa para dentro e/ou para fora. Por exemplo, um condicionador de ar recebe o ar atmosférico,
resfria-o e envia-o para o ambiente a ser refrigerado. Assim, há o escoamento de massa de ar
constantemente durante o funcionamento do equipamento. Para esses casos de escoamento de
massa, utilizamos o termo volume de controle para especificar uma região ou um equipa-
mento que estamos analisando.
Agora, podemos analisar a transferência de energia em uma caldeira, assim como sua potên-
kJ
cia térmica. Logo, o calor, por unidade de massa q , em uma caldeira, é dado por:
kg
q = hsai – hentra
Nessa equação, hsai representa a entalpia específica do vapor que sai da caldeira. Lembre-se
de que essa entalpia específica pode ser de vapor saturado ou de vapor superaquecido; isso vai
depender da temperatura e da pressão. O termo hentra é a entalpia do líquido, que entra na cal-
deira (líquido comprimido).
. kg
Se a vazão mássica m for conhecida, ou seja, a quantidade de massa que atravessa
s
o equipamento por unidade de tempo, então podemos calcular a potência térmica Q (W) da
caldeira:
Q = ṁ . (hsai – hentra)
Perceba que as unidades de calor por unidade de massa q e potência térmica Q são dife-
rentes, pois são entidades termodinâmicas completamente diferentes.
Atividade Resolvida
Uma caldeira produz vapor saturado a 2 MPa e sua alimentação
é realizada com água a 10 kPa (líquido comprimido). Calcule o
calor absorvido por kg de água e a potência térmica, supondo
a vazão mássica igual a 2 kg .
s
A entalpia específica de saída da caldeira é determinada facil-
mente, pois se conhece a pressão e também se sabe que o
estado é de vapor saturado. Assim, pela tabela termodinâ-
mica 2, temos a entalpia de vapor saturado hv em uma pressão
de 2 MPa igual a:
hv = 2 799,5 kJ
kg 77
Caldeiras
primido, assim:
hl = 191,8 kJ
kg
Portanto, o calor absorvido por kg de água é:
q = hsai – hentra = 2 799,5 – 191,8 = 2 607,7 kJ
kg
Atividades
1) Descreva as etapas da geração de vapor saturado a partir de
um sistema que contém 10 kg de água, inicialmente a 15 °C.
Considere a pressão constante e igual a 1 bar (100 kPa).
2) Descreva as etapas da geração de vapor superaquecido a partir
de um sistema que contém 10 kg de água, inicialmente a 15 °C.
Considere a pressão constante e igual a 1 bar (100 kPa).
a. reservatório de aço;
b. feixes de tubos;
78
c. tubulação de saída de vapor;
f. válvula de segurança;
g. visor de nível;
h. manômetro;
i. superaquecedor;
j. economizador;
k. preaquecedor de ar.
Turbina a Vapor
No capítulo anterior, falamos sobre as caldeiras de vapor, seus tipos, seus principais
componentes e princípio de seu funcionamento. Também empregamos alguns cálculos ter-
modinâmicos para o cálculo do calor e da potência térmica em uma caldeira. Na verdade, as
caldeiras não funcionam sozinhas em uma indústria, mas elas são integradas em um circuito
com outros equipamentos. Um desses equipamentos pode ser uma turbina a vapor.
O vapor proveniente da caldeira incide sobre as pás da turbina e isso faz o seu eixo girar.
Este é acoplado a um gerador elétrico e, assim, faz-se a conversão de energia térmica da queima
de um combustível em energia elétrica. As turbinas a vapor são equipamentos térmicos bastante
difundidos no mundo, possuem alta confiabilidade e alta eficiência.
Turbina a Vapor
do combustível é convertida em calor, este calor é utilizado para vaporizar a água na caldeira e,
em seguida, a energia térmica do vapor é convertida em energia mecânica de rotação.
Hélices
Classificação e
Características das Turbinas
80 a Vapor
As turbinas a vapor têm grande utilização e, por isso, existem vários
Turbina a Vapor
p + V2 + z = constante
g 2g
Turbina a Vapor
potencial, dada pela altura (z). Essas três parcelas de energias devem permanecer
constantes. Mesmo que alguma delas mude de valor, os demais termos sofrem
alguma alteração para manter o mesmo valor da soma das três parcelas.
Para visualizarmos melhor a dependência da velocidade com a pressão,
vamos usar um exemplo numérico. Suponha que o valor da parcela de energia
de pressão tenha um valor 5 e a parcela de energia cinética possua um valor
de 4. A parcela de energia potencial possui valor 1. Então, de acordo com a
equação da conservação da energia, temos:
5 + 4 + 1 = 10
Lembre-se de que o valor da soma deve permanecer constante (igual a 10)
e, assim, se diminuirmos o valor da parcela de energia de pressão para 2 e supondo
que a parcela de energia potencial não sofreu alteração, o novo valor da energia
cinética para manter o valor da soma constante (igual a 10) deverá ser 7.
2 + 7 + 1 = 10
É exatamente isso que ocorre no expansor, ou seja, com a queda da
pressão ocorrerá um aumento da velocidade para que se tenha a conservação
da energia.
Assim, podemos expandir a equação de Bernoulli da seguinte maneira:
p + V2 + z p + V2 + z
g 2g 1
= g 2g 2
Nessa equação, não
estamos levando em consi-
deração a parcela do atrito do
A energia no ponto 1 deve ser a mesma no ponto 2. Nessa escoamento. Portanto, essa
m equação é uma idealização.
equação, p é a pressão (Pa), V é a velocidade s , g é a aceleração
m N
da gravidade 10 2 , g é o peso específico do fluido m3 e z é
s
a altura (m).
As palhetas móveis são os elementos que
estão fixados no rotor da turbina e possuem a
Shutterstock/Arogant
finalidade de receber o impacto do vapor pro-
veniente do expansor para a movimentação do
rotor. Os mancais são elementos responsáveis
por manter o eixo do rotor girando livremente.
A carcaça é o elemento que serve de
suporte para outros elementos da turbina a vapor,
tais como os mancais e as palhetas fixas, entre
outras.
As turbinas a vapor também possuem
válvulas, que regulam a vazão de vapor que a
turbina admite e regulam o bloqueio do vapor.
82 Figura 7.3 – Pás de uma turbina a vapor
Todas funcionam de forma automática.
Turbina a Vapor
Atividade Resolvida
Uma tubulação horizontal possui um escoamento de água
na entrada com uma velocidade de 1 m a uma pressão de
s
100 kPa. Na saída da tubulação, a velocidade é 2 m . Supondo
s
que não haja variação de altura no trecho da tubulação, deter-
mine a pressão na saída. Considere o peso específico da água
igual a 10 000 N e a aceleração da gravidade igual a 10 m .
m3 s2
V1 = 1 m
s
V2 = 2 m
s
g = 10 m
s
2
g = 10 000 N
m2
p2 = ?
Substituindo os valores, tem-se:
100 000 + 12 p + 2
2
=
10 000 20 1
10 000 20 2
p + 4
10 + 1 =
20 1
10 000 20 2
Turbina a Vapor
Termodinâmica Aplicada à Turbina
a Vapor
Como vimos anteriormente, a função da turbina a vapor é produzir energia mecânica de
rotação no eixo. Essa energia é obtida pela conversão da energia térmica do vapor, que, ao passar
nas pás da turbina, sofre uma queda na pressão (turbina de vapor de reação). O escoamento do
vapor na turbina se dá por meio de bocais ou palhetas fixas, onde ocorre uma queda de pressão
do vapor. Em seguida, o vapor à alta velocidade escoa sobre as pás até ser lançado na atmosfera e a
velocidade sofre uma redução (a energia cinética é convertida em energia mecânica de rotação).
Na aplicação da conservação da energia ou Primeira Lei da Termodinâmica em turbina a
vapor, podemos desprezar as parcelas de energia cinética e energia potencial. Também pode ser
desprezada qualquer troca de calor entre a turbina e a atmosfera.
Assim, a energia mecânica de rotação, por unidade de massa de vapor (w), é dada pela
seguinte equação:
w = hentra – hsai
kJ
A unidade de w é , que é a mesma unidade da entalpia específica. Se a vazão mássica
kg
de vapor ṁ que entra na turbina for conhecida, podemos determinar a potência de operação da
turbina pela seguinte equação:
W = ṁ . (hentra – hsai)
kg
Lembre-se de que a unidade vazão mássica de vapor é . Dessa maneira, a potência de
operação da caldeira (W) é dada em watts (W). s
Atividade Resolvida
Uma turbina é alimentada com uma vazão mássica de vapor
84
Deve-se, inicialmente, determinar os estados do vapor na
entrada e na saída para se poder utilizar as tabelas de vapor
Turbina a Vapor
hentra = 3 137 kJ
kg
A potência térmica é:
Turbina a Vapor
200 kPa com uma altura de 1 metro. Na saída da tubulação,
Motores de Combustão
Interna
O motor de combustão interna é o elemento responsável pela conversão da energia
química do combustível em energia térmica, via queima do combustível e, por fim, na conver-
são dessa energia térmica em energia mecânica, que provoca a movimentação do veículo. Sem
dúvida, o motor de combustão interna foi uma das maiores invenções já realizadas pelo homem
e, atualmente, representa um dos maiores indicativos tecnológicos.
86
Entretanto, alguns desafios ainda estão sendo travados na busca por um motor mais efi-
ciente e que polua menos, e, nesse sentido, o combustível utilizado desempenha um papel
fundamental. Os motores de combustão interna (MCI) possuem algumas vantagens em relação
Motores de Combustão Interna
às outras máquinas térmicas, tais como as turbinas a vapor e as turbinas a gás, por exemplo. Os
motores de combustão interna são de pequeno tamanho, trabalham em rotações relativamente
baixas e são de fácil manutenção.
Por outro lado, os motores de combustão interna têm algumas desvantagens, tais como
limitações de potência, não utilização de combustíveis sólidos, peso elevado para a potência
desenvolvida, elevado número de componentes, baixa eficiência e grande emissão de poluen-
tes. Para atenuar esses inconvenientes, muitas mudanças já foram realizadas nos motores de
combustão interna. Uma dessas mudanças mais significativas foi a substituição dos antigos
carburadores pelo sistema de injeção eletrônica de combustível.
Os motores de combustão interna podem ser aplicados ao acionamento de máquinas
estacionárias, tais como geradores, máquinas de solda, bombas ou outras máquinas, que ope-
ram em rotação constante. Na aplicação industrial, o motor é destinado ao acionamento de
máquinas de construção civil, tais como tratores, guindastes, compressores de ar, máquinas
de mineração, e outras aplicações onde se exijam características especiais e específicas ao
acionador. Na aplicação marítima, o motor é usado para propulsão de barcos e máquinas de
uso naval. E, por fim, na aplicação veicular, o motor é utilizado no acionamento de veículos
de transportes em geral, tais como caminhões e ônibus.
Classificação dos Motores
de Combustão Interna
Os motores de combustão interna podem ser classificados de diversas
maneiras. Na próxima seção, veremos, com detalhes, os componentes de um
motor de combustão interna. As principais classificações desses motores são:
• Quanto à admissão:
– Ar – Característica dos motores Diesel, em que primeiro é admi-
tido o ar, para, logo em seguida, ser comprimido a elevadas pressões
e, depois, receber o combustível.
– Ar + Combustível – Característica dos motores Otto, nos quais
uma mistura de ar e combustível é admitida e, em seguida, com-
primida. Vemos, mais adiante, os tipos de motores de combustão
Otto e Diesel.
• Quanto à ignição:
– Por centelha − A combustão da mistura ar + combustível ocorre
devido à geração de uma centelha elétrica. Este sistema de ignição
é utilizado no ciclo Otto.
– Por compressão – Após a pressurização do ar, o combustível é
injetado e a combustão ocorre. Esse sistema é utilizado no ciclo
Diesel.
• Quanto ao movimento do pistão: 87
– Alternativo – Característico dos ciclos Otto e Diesel, em que as
etapas do ciclo se dão pelo movimento alternativo de um pistão.
Shutterstock/FooTToo
Shutterstock/Alex Mit
c d
Figura 8.1 – (a) Cilindros em linha, (b) cilindros em V, (c) cilindros opostos e (d) cilindros radiais
88
Componentes de um Motor de
Motores de Combustão Interna
Combustão Interna
Nessa seção, abordamos os principais componentes de um motor de combustão interna
e suas respectivas funções. Entretanto, é muito importante iniciarmos com algumas definições
muito empregadas no campo dos motores.
Chamamos de Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto Inferior (PMI) as
posições onde o êmbolo muda de sentido de movimento, estando no seu ponto máximo (PMS)
ou no seu ponto mínimo (PMI). O curso do pistão é definido como a distância percorrida
pelo pistão do ponto morto inferior até o ponto morto superior.
A cilindrada é o volume total deslocado pelo pistão, entre o PMI e o PMS, multiplicado
pelo número de cilindros do motor. É indicada em centímetros cúbicos (cm³) e pela a seguinte
fórmula:
πD2 . curso
C= . n°- de cilindros
4
Câmara de combustão
PMS
Curso do pistão
PMI
Diâmetro do cilindro
Shutterstock/ Adziohiciek
Shutterstock/ Loraks
Shutterstock/DmitriyGo
O pistão ou êmbolo é a parte móvel da câmara de com-
bustão. Recebe a força de expansão dos gases queimados e a
transmite à biela, por intermédio de um pino de aço (pino do
pistão). O pistão deve desempenhar algumas funções, tais como
transmitir a força gerada pelo gás de combustão às bielas e vedar
90 a câmara de combustão da árvore de manivelas.
Motores de Combustão Interna
Shutterstock/Vladru
Figura 8.9 – Eixo comando de válvulas
91
ntérmico = 1 – 1
rv0,4
Atividades Resolvidas
1) Calcule a cilindrada de um motor de combustão interna de
quatro cilindros que possui 8,5 cm de diâmetro de pistão e um
curso de 8,5 cm.
A cilindrada de um motor representa o volume de ar e combus-
tível admitido pelo motor. A cilindrada é dada pela equação a
seguir:
π D2 . curso
C= . n°- de cilindros
4
a. admissão;
b. ignição;
c. movimento do pistão;
d. ciclo de trabalho;
e. número de cilindros;
Sistemas de Refrigeração
A refrigeração e a climatização são duas áreas da Termodinâmica de grande importân-
cia e utilização, tanto na área industrial quanto na residencial. A geladeira é um bom exemplo
da aplicação da refrigeração doméstica, assim como o condicionador de ar é para a climatização
residencial. Na verdade, existe diferença entre a refrigeração e a climatização, pois a refrigeração
trabalha com temperaturas mais baixas que a climatização.
Como vimos nos capítulos anteriores, o calor se propaga de um corpo de maior tempera- 95
tura para outro de menor temperatura, assim, podemos definir refrigeração como um processo
de retirada de calor de determinado meio ou ambiente. Essa remoção pode ser por meios mecâ-
Sistemas de Refrigeração
nicos ou naturais.
O Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário mundial de refrigeração e de climatiza-
ção e apresenta forte tendência de crescimento nessa área.
A climatização está voltada ao conforto térmico de ambientes. Por exemplo, um ambiente
a aproximadamente 24 °C é considerado termicamente agradável para uma pessoa em condi-
ções normais de saúde. Por outro lado, a refrigeração está voltada principalmente à conservação
de alimentos e a outros processos industriais. Nesse último caso, podem-se atingir temperatu-
ras na ordem de –30 °C. Mas é bastante comum utilizarmos apenas refrigeração para englobar
a refrigeração e a climatização juntas.
A aplicação da refrigeração ocorre nas categorias doméstica, comercial, industrial, trans-
porte e condicionamento de ar. Na refrigeração doméstica, destacam-se os refrigeradores e os
freezers. A capacidade dos refrigeradores varia bastante, com faixa de temperatura entre –8 °C a
–18 °C, no compartimento de congelados. Na refrigeração comercial, destacam-se os refrige-
radores especiais, utilizados em restaurantes, bares e açougues, podendo atingir temperaturas
de –5 °C a –30 °C. Na refrigeração industrial, os equipamentos possuem maior porte que nos
comerciais. São utilizados nas indústrias alimentícias, bebidas e de laticínios.
O objetivo deste capítulo é abordar o princípio de funcionamento dos sistemas de refri-
geração e climatização, descrevendo também seus principais componentes.
Aplicação da Climatização e da
Refrigeração
A necessidade da refrigeração de alimentos, bebidas e ambientes não é recente. Sabia-se,
por volta de 2000 a.C., que os alimentos refrigerados com neve eram preservados por um perío-
do de tempo maior. Registros antigos revelam que Alexandre, O Grande, por volta de 300 a.C.,
usava neve para refrigerar as bebidas que eram servidas a seus soldados.
Os processos mais antigos de refrigeração faziam uso do gelo natural, portanto, algumas
poucas regiões podiam usufruir desse mecanismo natural para refrigeração. Também foi desco-
berta a conservação do frio com a mistura de sal e neve. Por volta de 1000 a.C., o gelo natural era
conservado em ambientes isolados termicamente para seu uso posterior. Em 1806, em Nova
Iorque, deu-se início ao comércio de blocos de gelo, por um preço acessível à população.
Shutterstock/Serg Zastavkin
96
Sistemas de Refrigeração
É claro que os mecanismos de refrigeração mudaram ao longo dos anos e, hoje, o principal
método usado para produzir refrigeração baseia-se no processo de evaporação de um líquido
chamado refrigerante.
Atualmente, a aplicação da refrigeração e da climatização é a mais vasta possível. Além dos
exemplos clássicos que já falamos de refrigeração e climatização, como a geladeira e o condi-
cionador de ar, a refrigeração tem forte impacto no combate de infecções causadas por fungos e
bactérias em hospitais. Nas indústrias e empresas, o conforto térmico tem grande influência na
capacidade de concentração e produção dos trabalhadores, além de evitar problemas de saúde
e fadiga. Na indústria alimentícia, a refrigeração é fundamental na conservação e na produção
de alimentos.
Normalmente, classifica-se a refrigeração (climatização) de acordo com a faixa de tem-
peratura atingida, assim, para fins de conforto térmico (condicionadores de ar), a faixa de
temperatura é na ordem de 24 °C. Chama-se refrigeração de alta temperatura aquela que atinge
temperatura de 12,8 °C aproximadamente. Já a refrigeração de média temperatura se dá em
torno de 1,7 °C e a refrigeração de baixa temperatura em –23,3 °C. Por outro lado, em tempe-
raturas em torno de –31,7 °C, temos a refrigeração de temperatura muito baixa.
Classificamos os sistemas de refrigeração em três categorias: sistema de refrigera-
ção por compressão de vapor, sistema de refrigeração por absorção e sistema de refrigeração
termoelétrica.
No sistema de refrigeração por compressão de vapor, o funcionamento se dá pela
aplicação dos conceitos de trabalho e calor vistos no capítulo 3. O fluido refrigerante, que cir-
cula dentro do sistema, retira calor do meio enquanto é vaporizado a baixa pressão.
No sistema de refrigeração por absorção, os vapores de alguns fluidos refrigerantes
são absorvidos por líquidos ou soluções salinas. Quando essa solução, formada pelo vapor do
refrigerante mais o líquido absorvente, é aquecida, há separação entre o líquido e o vapor e
este é utilizado no sistema de compressão de vapor. A amônia (NH3) é o principal refrigerante
utilizado em sistemas de refrigeração por absorção, e a água, como absorvente.
O sistema de refrigeração termoelétrica utiliza-se de dois materiais diferentes, for-
mando um par termoelétrico. Quando uma diferença de potencial é aplicada, a temperatura da
junção localizada no espaço refrigerado diminui, enquanto a outra junção sofre um aumento
de temperatura.
Componentes de um Sistema de
Refrigeração
O sistema de refrigeração é formado por quatro componentes básicos: compressor, con-
densador, dispositivo de expansão e evaporador. Além desses quatro componentes, existe outro
elemento de extrema importância no sistema de refrigeração: o fluido ou gás refrigerante.
97
O fluido refrigerante sofre influência da temperatura e da pressão, assim como a água.
Então, poderíamos pensar em utilizar a água como fluido em um sistema de refrigeração, porém
a água evapora a uma temperatura muito elevada (100 °C em uma pressão de 1 bar) e congela
Sistemas de Refrigeração
também em uma temperatura elevada (0 °C em uma pressão de 1 bar). Em muitas aplicações
de refrigeração, necessitamos de temperaturas muito menores que 0 °C.
Um fluido refrigerante deve satisfazer alguns requisitos para ser utilizado em um sistema
de refrigeração:
• não deve agredir a camada de ozônio;
• deve absorver o calor de forma rápida;
• não deve ser nocivo à saúde;
• não deve ser explosivo nem inflamável;
• não deve alterar suas características químicas ao longo do uso;
• ter um tempo de vida útil longo, por questão de economia.
Existem famílias de fluidos refrigerantes mais utilizados em sistemas de refrigeração.
O primeiro deles é conhecido por CFC, que é formado pelos elementos cloro, flúor e car-
bono. Esse tipo de fluido refrigerante está proibido de ser comercializado e fabricado, isso
porque o cloro presente na sua composição é altamente destruidor da camada de ozônio. Os
principais fluidos refrigerantes da classe ou família CFC são o R-12 e o R-11. O R-12 foi
muito utilizado em refrigeradores, freezers e condicionadores de ar de carro, todos antigos.
Outra classe de fluido refrigerante é o HCFC, que possui, na sua com-
posição, o hidrogênio, o cloro, o flúor e o carbono. Os refrigerantes da família
HCFC são fluidos alternativos ou substitutos dos CFC. Entre os principais
fluidos refrigerantes do tipo HCFC, podemos citar o R-22, que é utilizado
em condicionadores de ar do tipo janela e splits.
Outra classe de fluido refrigerante é o HFC, que possui, na sua forma-
ção, o hidrogênio, o flúor e o carbono. Note que não há a presença do cloro na
sua composição como nas outras famílias ou classes de refrigerantes. Entre os
principais fluidos refrigerantes dessa classe, temos o R-134a, que é utilizado
em refrigeradores, freezers, condicionadores de ar de carros e em câmaras
frigoríficas.
O compressor, dentro do sistema de refrigeração, tem a função de
absorver o gás refrigerante vindo do evaporador e comprimi-lo à alta pres-
são e temperatura até o condensador. Os compressores utilizados no sistema
de refrigeração podem ser classificados em volumétricos e centrífugos. Nos
compressores volumétricos, a compressão ocorre devido à redução do
volume; já nos compressores centrífugos, a velocidade do gás refrigerante
é convertida em pressão quando este passa pelas pás de um rotor (equação
de Bernoulli).
Os compressores precisam ser refrigerados durante seu funciona-
mento e isso pode ser realizado de duas maneiras: utilizando-se ar ou água.
Os compressores refrigerados a ar possuem aletas, que facilitam a troca de
calor entre o compressor e o ar (essa troca de calor se dá por convecção). Já
nos compressores refrigerados à água, o processo é realizado pela circulação
de água em cavidades localizadas nas paredes do compressor (troca de calor
98
também por convecção).
Os compressores volumétricos podem ser divididos em:
Sistemas de Refrigeração
Sucção Descarga
Cilindro
Biela
Eixo
Sistemas de Refrigeração
trolar o fluxo de fluido refrigerante no estado líquido do condensador para o
evaporador.
O condensador tem por objetivo eliminar o calor absorvido pelo fluido
refrigerante no processo de compressão. O condensador elimina o calor do
fluido refrigerante enviando-o para outro fluido (ar ou água).
Shutterstock/You Touch Pix of EuToch
Stock.Xchng
Figura 9.3 – Evaporador Figura 9.4 – Dispositivo de expansão Figura 9.5 – Condensador de refrigerador
Termodinâmica Aplicada em
Sistemas de Refrigeração
O funcionamento de um sistema básico de refrigeração acontece da
seguinte maneira: o fluido refrigerante entra no compressor na mesma pres-
são do evaporador e é comprimido, até atingir a pressão de condensação.
O fluido refrigerante, ao atingir esta pressão de condensação, encontra-se no
estado de vapor superaquecido. Vamos chamar este processo de 1 para 2.
Qcondensador
3 2
Condensador
Dispositivo Compressor
de Expansão
Wcompressor
Evaporador
4 1
Qevaporador
pcondensador 3
2
4
pevaporador 1
h3 = h4 h1 h2 h
Figura 9.7 – Diagrama pressão-entalpia
kJ
A energia kg , para comprimir o fluido refrigerante no compressor
(por unidade de fluido refrigerante), é dada por:
|w| = h2 – h1
qevap = h1 – h4
101
Sistemas de Refrigeração
Qevap = ṁ . (h1 – h4)
h1 = 386,08 kJ
kg
A entalpia do R-134a no estado de vapor superaquecido a 40 °C
na pressão de 0,2 MPa é:
102
h2 = 435,71 kJ
kg
Sistemas de Refrigeração
Portanto:
|w| = h2 – h1 = 435,71 – 386,08 = 49,63 kJ
kg
A potência de compressão é dada por:
|W| = ṁ . (h2 – h1) = 0,01 . 49,63 = 0,5 kW = 500 W
Para resolvermos esse problema, devemos nos lembrar de
que a energia cinética e a energia potencial são representadas
por:
EC = m . v e Ep = m . g . h
2
2
Assim, a energia potencial de uma massa de 10 kg, a uma
altura de 100 metros, é:
Ep = m . g . h = 10 . 10 . 100 = 10 000 J ou 10 kJ
E a energia cinética de uma massa de 20 kg, com uma veloci-
dade de 50 m/s, é:
EC = m . v = 20 . 50 = 25 000 J ou 25 kJ
2 2
2 2
Atividades
1) Cite e comente as classificações dos sistemas de refrigeração.
6) Classifique os compressores.
103
8) Qual a função do evaporador dentro do sistema de refri-
geração?
Sistemas de Refrigeração
9) Qual a função do dispositivo de expansão dentro do sistema
de refrigeração?
Turbinas a Gás
Nos capítulos anteriores, abordamos os princípios de funcionamento
de alguns equipamentos térmicos, com funcionamento explicado pela
Termodinâmica. Agora, abordaremos alguns detalhes das turbinas a gás, tais
como suas aplicações, classificação e características, além do seu princípio de
funcionamento.
As turbinas a gás surgiram muito depois de outros equipamentos térmi-
cos, como as caldeiras, turbinas a vapor e os motores de combustão interna.
Muitas tentativas frustradas ocorreram na obtenção de um funcionamento
satisfatório da turbina a gás. Outro aspecto que retardou um pouco o surgi-
mento delas foi a “concorrência desleal”, ou seja, o projeto, a construção e o
funcionamento das turbinas a vapor, das caldeiras e dos motores de combus-
tão interna eram muito mais fáceis, quando comparados à complexidade de
104 construção e funcionamento das turbinas a gás.
Outro problema encontrado no início das turbinas a gás foi a elevada
temperatura de operação, pois os materiais empregados na construção não
Turbinas a Gás
Turbinas a Gás
Classificação e
Características de uma
Turbina a Gás
As turbinas a gás industriais podem ser classificadas em relação à potên-
cia desenvolvida da seguinte maneira:
• Pequeno Porte – São turbinas com potência inferior a 1 MW
(106 W).
• Médio Porte – São turbinas com potência entre 1 MW e 15 MW.
• Grande Porte – São turbinas que possuem potência acima de
15 MW.
Ainda existem dois tipos de turbinas industriais: as turbinas aeroderiva-
tivas e as heavy duty.
As turbinas aeroderivativas são derivadas das turbinas a gás aero-
náuticas, com algumas mudanças no projeto, e são caracterizadas pela alta
confiabilidade, flexibilidade de manutenção e por serem mais eficientes.
Essas turbinas podem atingir potência de 50 MW e são aplicadas em pla-
taformas marítimas, bombeamento de gás, propulsão naval e em centrais
termoelétricas.
As turbinas industriais, heavy duty, são conhecidas pela possibilidade
de utilização de vários tipos de combustível, alta confiabilidade e baixo custo.
Essas turbinas podem atingir potência de 340 MW.
Componentes de uma
Turbina a Gás
Os principais componentes de uma turbina a gás são o compressor, a
câmara de combustão, a turbina e o eixo.
Shutterstock/ID1974
106
Turbinas a Gás
Shutterstock/Hywit Dimyadi
onde é expandido (diminuição de
sua pressão) e, assim, a energia do
fluido de trabalho é convertida em
trabalho mecânico de rotação do
eixo da turbina. Parte dessa ener-
gia mecânica de rotação é enviada
ao compressor para promover seu
funcionamento.
A máxima potência for-
necida por uma turbina a gás é
limitada pela temperatura que o
material da turbina pode supor-
tar e pela vida útil de trabalho da Figura 10.3 – Eixo e pás de uma turbina a gás
turbina.
107
Atividades
Turbinas a Gás
1) Defina turbina a gás.
108
Volume específico Energia interna Entalpia específica Entropia específica
m3 kJ kJ kJ
kg kg kg kg . K
T p (kPa) Líq. Sat. Vap. Sat. Líq. Evap. Vap. Líq. Evap. Vap. Líq. Evap. Vap.
(°C) Sat. Sat. Sat. Sat. Sat. Sat.
T p
Anexo
55 15,758 0,001015 9,56835 230,19 2219,89 2450,08 230,19 2370,66 2600,86 0,7679 7,2234 7,9912
60 19,941 0,001017 7,67071 251,09 2205,54 2456,63 251,11 2358,48 2609,59 0,8311 7,0784 7,9095
65 25,03 0,00102 6,19656 272 2191,12 2463,12 272,03 2346,21 2618,24 0,8934 6,9375 7,8309
Tabelas Termodinâmicas
70 31,19 0,001023 5,04217 292,93 2176,62 2469,55 292,96 2333,85 2626,8 0,9548 6,8004 7,7552
75 38,58 0,001026 4,13123 313,87 2162,03 2475,91 313,91 2321,37 2635,28 1,0154 6,667 7,6824
80 47,39 0,001029 3,40715 334,84 2147,36 2482,19 334,88 2308,77 2643,66 1,0752 6,5369 7,6121
85 57,83 0,001032 2,82757 355,82 2132,58 2488,4 355,88 2296,05 2651,93 1,1342 6,4102 7,5444
90 70,14 0,001036 2,36056 376,82 2117,7 2494,52 376,9 2283,19 2660,09 1,1924 6,2866 7,479
95 84,55 0,00104 1,98186 397,86 2102,7 2500,56 397,94 2270,19 2668,13 1,25 6,1659 7,4158
100 101,3 0,001044 1,6729 418,91 2087,58 2506,5 419,02 2257,03 2676,05 1,3068 6,048 7,3548
propriedades para outros valores de temperatura e pressão, deve-se consultar a bibliografia.
os valores de temperatura e pressão utilizados no livro. Caso haja a necessidade de pesquisar
da pressão e do vapor superaquecido para diferentes pressões. Essas tabelas apenas envolvem
As tabelas a seguir mostram as propriedades da água saturada em função da temperatura,
Volume específico Energia interna Entalpia específica Entropia específica
m3 kJ kJ kJ
kg kg kg kg . K
Vap. Líq. Vap.
p (kPa) T (°C) Líq. Sat. Vap. Sat. Líq. Sat. Evap. Líq. Sat. Evap. Vap. Sat. Evap.
Sat. Sat. Sat.
p T νI νV uI uIV uV hI hIV hV sI sIV sV
0,6113 0,01 0,001 206,132 0 2375,3 2375,3 0 2501,3 2501,3 0 9,1562 9,1562
1 6,98 0,001 129,208 29,29 2355,69 2384,98 29,29 2484,89 2514,18 0,1059 8,8697 8,9756
1,5 13,03 0,001001 87,98013 54,7 2338,63 2393,32 54,7 2470,59 2525,3 0,1956 8,6322 8,8278
2 17,5 0,001001 67,00385 73,47 2326,02 2399,48 73,47 2460,02 2533,49 0,2607 8,4629 8,7236
2,5 21,08 0,001002 54,25385 88,47 2315,93 2404,4 88,47 2451,56 2540,03 0,312 8,3311 8,6431
3 24,08 0,001003 45,66502 101,03 2307,48 2408,51 101,03 2444,47 2545,5 0,3545 8,2231 8,5775
4 28,96 0,001004 34,80015 121,44 2293,73 2415,17 121,44 2432,93 2554,37 0,4226 8,052 8,4746
5 32,88 0,001005 28,19251 137,79 2282,7 2420,49 137,79 2423,66 2561,45 0,4763 7,9187 8,395
7,5 40,29 0,001008 19,23775 168,76 2261,74 2430,5 168,77 2406,02 2574,79 0,5763 7,6751 8,2514
10 45,81 0,00101 14,67355 191,79 2246,1 2437,89 191,81 2392,82 2584,63 0,6492 7,501 8,1501
Tabela 2 − Propriedades da água saturada em função da pressão
15 53,97 0,001014 10,02218 225,9 2222,83 2448,73 225,91 2373,14 2599,06 0,7548 7,2536 8,0084
20 60,06 0,001017 7,6493 251,35 2205,36 2456,71 251,38 2358,33 2609,7 0,8319 7,0766 7,9085
25 64,97 0,00102 6,20424 271,88 2191,21 2463,08 271,9 2346,29 2618,19 0,893 6,9383 7,8313
30 69,1 0,001022 5,22918 289,18 2179,22 2468,4 289,21 2336,07 2625,28 0,9439 6,8247 7,7686
40 75,87 0,001026 3,99345 317,51 2159,49 2477 317,55 2319,19 2636,74 1,0258 6,6441 7,67
50 81,33 0,00103 3,24034 340,42 2143,43 2483,85 340,47 2305,4 2645,87 1,091 6,5029 7,5939
75 91,77 0,001037 2,21711 394,29 2112,39 2496,67 384,36 2278,59 2662,96 1,2129 6,2434 7,4563
100 99,62 0,001043 1,694 417,33 2088,72 2506,06 417,44 2258,02 2675,46 1,3025 6,0568 7,3593
1 000 179,91 0,001127 0,19444 761,67 1821,97 2583,64 762,79 2015,29 2778,08 2,1386 4,4478 6,5864
2 000 212,42 0,001177 0,09963 906,42 1693,84 2600,26 908,77 1890,74 2799,51 2,4473 3,8935 6,3408
3 000 233,9 0,001216 0,06668 1004,76 1599,34 2604,1 1008,41 1795,73 2804,14 2,6456 3,5412 6,1869
4 000 250,4 0,001252 0,04978 1082,28 1519,99 2602,27 1087,29 1714,09 2801,38 2,7963 3,2737 6,07
5 000 263,99 0,001286 0,03944 1147,78 1449,34 2597,12 1154,21 1640,12 2794,33 2,9201 3,0532 5,9733
109
Anexo
Tabela 3 − Propriedades do vapor superaquecido para a pressão Tabela 4 − Propriedades do vapor superaquecido para a pressão
de 100 kPa de 3 000 kPa
p = 100 kPa p = 3 000 kPa
T ν u h s T ν u h s
m3
kJ kJ kJ m 3
kJ kJ kJ
(°C) (°C)
kg kg kg kg . K kg kg kg kg . K
150 1,93636 2582,75 2776,38 7,6133 250 0,07058 2644 2855,75 6,2871
200 2,17226 2658,05 2875,27 7,8342 300 0,08114 2750,05 2993,48 6,5389
250 2,40604 2733,732 2974,33 8,0332 350 0,09053 2843,66 3115,25 6,7427
300 2,63876 2810,41 3074,28 8,2157 400 0,09936 2932,75 3230,82 6,9211
400 3,10263 2967,85 3278,11 8,5434 450 0,10787 3020,38 3344 7,0833
500 3,56547 3131,54 3488,09 8,8341 500 0,11619 3107,92 345,48 7,2337
600 4,02781 3301,94 3704,72 9,0975 600 0,13243 3285,03 3682,34 7,5084
700 4,48986 3479,24 3928,23 9,3398 700 0,14838 3466,59 3911,72 7,7571
800 4,95174 3663,53 4158,71 9,5652 800 0,16414 3653,58 4146 7,9862
900 5,41353 3854,77 4396,12 9,7767 900 0,1798 3846,46 4385,87 8,1999
1 000 5,87526 4052,78 4640,31 9,9764 1 000 0,19541 4045,4 4631,63 8,4009
1 100 6,33696 4257,25 4890,95 10,1658 1 100 0,21098 4250,33 4883,26 8,5911
1 200 6,79863 4467,7 5147,56 10,3462 1 200 0,22652 4460,92 5140,49 8,7719
1 300 7,2603 4683,47 5409,49 10,5182 1 300 0,24206 4676,63 5402,81 8,9442
–20 133,7 0,000738 0,14576 0,14649 173,65 192,85 366,5 173,74 212,34 386,08 0,9007 0,8388 1,7395
35 887,6 0,000857 0,02224 0,0231 248,34 148,68 397,02 249,1 168,42 417,52 1,1673 0,5465 1,7139
40 1017,0 0,000873 0,01915 0,02002 255,65 143,81 399,46 256,54 163,28 419,82 1,1909 0,5214 1,7123
Tabela 6 − R-134a Saturado – Propriedades
T
T
50
40
30
20
10
50
40
30
20
10
(°C)
(°C)
m
m
ν
ν
kg
kg
3
3
0,08382
0,08075
0,07762
0,07441
0,07111
0,12776
0,12335
0,11889
0,11436
0,10974
u
u
kJ
kJ
kg
kg
418,09
409,90
401,81
393,80
385,84
419,11
411,04
403,10
395,27
387,55
h
h
kJ
kJ
kg
kg
443,23
434,12
425,10
416,12
407,17
444,66
435,71
426,87
418,15
409,50
s
s
kJ
kJ
kg . K
kg . K
1,8755
1,8468
1,8175
1,7840
1,7564
1,9117
1,8360
1,8549
1,8256
1,7956
111
Anexo
Referências Bibliográficas
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112