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Termodinâmica Básica

José Junio Urbano


É professor do Instituto Federal de Pernambuco
(IFPE), onde leciona as disciplinas de Motores de
Combustão Interna, Sistemas a Vapor, Máquinas
Hidráulicas e Circuitos Hidráulicos e Pneumáticos. É
Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), com ênfase na área de
Sistemas e Processos Térmicos. Também trabalha com
pesquisa, projeto e treinamento na área de equipamen-
tos e de processos térmicos industriais
FICHA CATALOGRÁFICA

© 2013 Editora do Livro Técnico Ltda – José Junio Urbano. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por pro-
cesso eletrônico, reprográfico, etc., sem autorização, por escrito, do autor e da editora.

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Direção Editorial Jeanine Grivot
Edição Paulo Roberto Kloeppel
Assistência Editorial Melissa Harumi Inoue Pieczarka
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Revisão Adriana Antunes Polak e
Simone Venske
Revisão Comparativa Fernanda Cristina de Lara e
Luciano Schühli

Projeto Gráfico Adriana de Oliveira


Editoração Fábio Roberto Hancke
Ilustração Fábio Roberto Hancke e
Leandro Winnikes

Urbano, José Junio


U73t Termodinâmica Básica / José Junio Urbano. – Curitiba :
Livro Técnico, 2013.
112 p. : il.

ISBN 978-85-63687-78-4

1. Termodinâmica. 2. Termometria. 3. Leis da


Termodinâmica. 4. Caldeiras. I. Título.

CDD 536.7
O manual do professor, referente a este livro, está disponível no endereço eletrônico:
www.editoralt.com.br/manualdoprofessor

2013

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Em conformidade com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos,
este livro é indicado, entre outros, para os seguintes cursos:

Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais

• Técnico em Máquinas Navais


• Técnico em Mecânica
• Técnico em Metalurgia
• Técnico em Refrigeração e Climatização

Eixo Tecnológico: Produção Alimentícia

• Técnico em Alimentos
Apresentação

A Termodinâmica está presente em diversos fenômenos que nos rodeiam.


A chuva, por exemplo, é um fenômeno diretamente ligado à Termodinâmica: a água
presente nos rios e oceanos evapora, passando do estado líquido para o estado de
vapor, formando as nuvens. Quando a água em estado de vapor, presente nas nuvens,
condensa, torna-se novamente líquida e cai em forma de chuva.

O cozimento de alimentos em uma panela de pressão também envolve fenô-


menos termodinâmicos. A água recebe calor da chama do queimador do fogão e,
como consequência, sua temperatura aumenta. Parte do vapor que é produzido pela
mudança de estado físico da água fica retido dentro da panela, devido à válvula de
alívio existente no topo desta, e isso proporciona o aumento da pressão interna da
panela. Esse aumento acelera bastante o processo de cozimento dos alimentos.

Diversos eletrodomésticos possuem seus funcionamentos baseados na


Termodinâmica. O condicionador de ar é um exemplo clássico. Sua função é deixar o
ambiente em uma temperatura termicamente confortável, retirando calor do ambiente
e, consequentemente, baixando sua temperatura. Fenômenos semelhantes ocorrem
no funcionamento de geladeiras, freezers, bebedouros e câmaras frigoríficas.

Pode-se constatar a presença da Termodinâmica no funcionamento de transpor-


tes aéreos, marítimos, terrestres e ferroviários. O motor de combustão interna de um
automóvel, a turbina a gás de uma aeronave e o sistema de propulsão de uma locomo-
tiva a vapor são bons exemplos.

O objetivo principal deste livro é esclarecer diversos conceitos e definições fun-


damentais da Termodinâmica, essenciais ao entendimento de vários fenômenos e
equipamentos termodinâmicos. Para esta finalidade, os conceitos serão abordados
juntamente com exemplos do cotidiano, facilitando assim a compreensão destes.
Algumas palavras-chaves, ao longo do texto, estarão destacadas (coloridas) e ao
final de cada capítulo será fundamental que você tenha domínio sobre tais conceitos.
Não acumule dúvidas relacionadas aos assuntos; é recomendado revisar os conceitos
já vistos quando esses forem aplicados ou mencionados nos capítulos seguintes. É
de extrema importância a resolução das atividades propostas no final de cada capítulo
para a fixação dos temas abordados. Então, mãos à obra!
Sumário
CAPÍTULO 1 – Conceitos e Definições Fundamentais 9
Massa Específica.................................................................................................... 9
Volume Específico................................................................................................... 11
Peso Específico....................................................................................................... 11
Pressão.................................................................................................................... 12
Atividades ............................................................................................................... 17

CAPÍTULO 2 – Termometria 19
Medindo a Temperatura......................................................................................... 20
Atividade.................................................................................................................. 20
Construção de um Termômetro............................................................................. 21
Escalas Termométricas.......................................................................................... 22
Atividades ............................................................................................................... 29

CAPÍTULO 3 – Calor e Trabalho 31


Calor........................................................................................................................ 32
Trabalho .................................................................................................................. 44
Atividades ............................................................................................................... 45

CAPÍTULO 4 – Substância Pura 47


Conceitos Iniciais.................................................................................................... 47
Diagramas Termodinâmicos p-T e T-υ................................................................... 48
Tabelas Termodinâmicas....................................................................................... 51
Mudança de Fase................................................................................................... 52
Atividades ............................................................................................................... 57

CAPÍTULO 5 – Leis da Termodinâmica 59


Primeira Lei da Termodinâmica............................................................................. 60
Segunda Lei da Termodinâmica............................................................................ 68
Atividades................................................................................................................ 69
CAPÍTULO 6 – Caldeiras 71
O Vapor e Seus Usos.............................................................................................. 71
Tipos de Caldeiras de Vapor.................................................................................. 72
Componentes de uma Caldeira............................................................................. 74
Termodinâmica Aplicada a uma Caldeira............................................................. 76
Atividades................................................................................................................ 77

CAPÍTULO 7 – Turbina a Vapor 79


Aplicação das Turbinas a Vapor............................................................................. 79
Classificação e Características das Turbinas a Vapor.......................................... 80
Componentes de uma Turbina a Vapor................................................................. 81
Termodinâmica Aplicada à Turbina a Vapor......................................................... 83
Atividades................................................................................................................ 85

CAPÍTULO 8 – Motores de Combustão Interna 86


Classificação dos Motores de Combustão Interna............................................... 87
Componentes de um Motor de Combustão Interna............................................. 88
Termodinâmica Aplicada a um Motor de Combustão Interna............................. 92
Atividades................................................................................................................ 94

CAPÍTULO 9 – Sistemas de Refrigeração 95


Aplicação da Climatização e da Refrigeração...................................................... 96
Componentes de um Sistema de Refrigeração.................................................... 97
Termodinâmica Aplicada em Sistemas de Refrigeração..................................... 100
Atividades................................................................................................................ 103

CAPÍTULO 10 – Turbinas a Gás 104


Aplicação das Turbinas a Gás................................................................................ 105
Classificação e Características de uma Turbina à Gás........................................ 105
Componentes de uma Turbina a Gás.................................................................... 106
Termodinâmica Aplicada à Turbina a Gás............................................................ 107
Atividades................................................................................................................ 107

Anexo 108
Tabelas Termodinâmicas....................................................................................... 108

Referências Bibliográficas 112


1

Conceitos e
Definições
Fundamentais
O estudo da Termodinâmica é extremamente importante para se
compreender diversos fenômenos e equipamentos presentes no dia a dia
das pessoas. Para tal compreensão, é necessário dominar-se alguns concei-
tos e definições fundamentais. Primeiramente, o que é Termodinâmica?
Termodinâmica é um termo proveniente de duas palavras de origem grega:
therme, que significa calor, e dynamis, que significa movimento. Portanto,
uma das muitas definições possíveis para a Termodinâmica seria: ciência que 9
estuda os efeitos causados pela variação da temperatura, pressão e volume.
À primeira vista, essa definição parece não estar ligada ao significado da pala-

Conceitos e Definições Fundamentais


vra termodinâmica, entretanto, mais adiante se percebe a ligação entre elas.
Outra definição muito utilizada para a Termodinâmica determina que ela é a
ciência que trata do calor, do trabalho e das propriedades de uma substância
que estão relacionadas ao calor e ao trabalho. No entanto, inicialmente, essa
definição não nos é muito conveniente, pois calor e trabalho só são detalhada-
mente abordados no capítulo 3.
Vamos iniciar nosso estudo no universo da Termodinâmica, compreen-
dendo alguns desses conceitos fundamentais.

Massa Específica
Imaginemos a seguinte situação: enche-se uma caixa de água de 1 000 litros
e, em seguida, coloca-a em uma balança para se conhecer sua massa, que é o
apontado pela balança, subtraindo a massa da caixa de água vazia. Em seguida,
divide-se a massa medida pelo volume da caixa de água. Se repetirmos essa
experiência com caixas de diferentes volumes, as respectivas massas medidas
serão sempre as mesmas. Isso significa que cada substância, inclusive a água,
possui uma massa específica.
Assim, a massa específica ρ é definida como massa por unidade de
volume e é dada pela seguinte relação:

ρ= m
V

Nessa equação, m representa a massa em kilogramas (kg) e V é o volume


em metro cúbico (m3). O volume, em muitas situações, é dado em litros (ℓ)
e, para convertermos para metros cúbicos (m3), utilizamos a seguinte relação:

1 m3 = 1 000 ℓ

A massa específica também é conhecida por


densidade.

A tabela 1.1 mostra a massa específica de algumas substâncias. É muito


comum encontrarmos outras unidades para a massa específica, como grama
g
por centímetro cúbico e kilograma por litro kg . Essas unidades se
cm3 ℓ
relacionam da seguinte maneira:
10
1 g 3 = 1 kg = 1 000 kg3
cm ℓ m
Conceitos e Definições Fundamentais

Tabela 1.1 – Massa específica de algumas substâncias


Substância ρ (kg/m3)
Água 1 000
Álcool 790
Ar* 1,22
Mercúrio 13 600
Gasolina 700
Gelo 920
Alumínio 2 700
Ferro 7 900
Chumbo 11 300
Madeira 300-900

* Ar atmosférico padrão a 1 atm, 25 0C.


Volume Específico
O volume específico ν é definido como o volume por unidade de massa, ou seja:

ν= V = 1
m ρ

m3
A unidade do volume específico é o metro cúbico por kilograma , quando o volume
kg
é dado em metro cúbico (m ) e a massa é dada em kilograma (kg).
3

O volume específico é o inverso da massa específica.

Peso Específico
O peso de uma unidade de volume é chamado de peso específico. O peso específico é
obtido por:

γ=ρ.g
11

m kg

Conceitos e Definições Fundamentais


Nessa equação, g é a aceleração da gravidade 2 e ρ é a massa específica . γ é o peso
s m3
N
específico dado em newton por metro cúbico . Adotaremos o valor de g igual a 10 m/s2.
m3

Atividade Resolvida
Um recipiente fechado contém uma substância desconhecida.
Sabe-se, porém, que o volume do recipiente é de 0,5 m3 e a
massa da substância contida no recipiente é 6 800 kg. Determine
a substância contida no recipiente.

Primeiramente, calcula-se a massa específica da substância:


ρ = m = 6 800 =13 600 kg3
V 0,5 m
Em seguida consulta-se a tabela 1.1 e descobre-se que a subs-
tância que tem essa massa específica é o mercúrio.
Pressão
Pressão é uma grandeza física dada pela relação
entre a intensidade de uma força aplicada perpendicu-
larmente em uma área. Por exemplo: se você pressionar
um lápis entre os dedos indicador e polegar, as pontas do
lápis estarão aplicando uma força que forma um ângulo
de 90° com a face dos seus dedos, conforme mostrado na
figura 1.1. Porém, mesmo que a força aplicada no lápis
seja a mesma para cada dedo, a ponta mais aguda do lápis
provoca uma maior pressão na face do dedo com a qual
está em contato. Isso ocorre porque a área da ponta mais
aguda do lápis é menor, resultando, portanto, em uma
pressão maior.
A unidade de pressão no Sistema Internacional de Figura 1.1 – A pressão na ponta do lápis é maior,
N porque possui uma área menor
Unidades (SI) é o newton por metro quadrado ,
m2
também conhecido por pascal (Pa).

p= F
A

Em que p é a pressão (Pa), F é a força aplicada em newton (N) e A é a área em metro


quadrado (m2).
12
Várias outras unidades podem ser utilizadas para expressar pressão e é muito comum
encontrarmos as unidades bar, kilograma força por centímetro quadrado kgf2 e atmosfera
cm
Conceitos e Definições Fundamentais

(atm). Essas unidades se relacionam entre si da seguinte maneira:


• 1 bar = 105 Pa

• 1 atm = 101,3 kPa

• 1 kgf2 = 0,9807 bar


cm

• 1 kgf2 = 0,967 atm


cm
• 1 atm = 1,013 bar

Além disso, também é muito comum utilizarmos múltiplos do pascal como o kilopascal (kPa)
e o megapascal (MPa), cujas relações são:
• 1 kPa = 103 Pa

• 1 MPa = 106 Pa
Atividade Resolvida
Uma caixa com massa igual a 5 kg é posta sobre uma chapa de
alumínio de 0,05 m2 de área. Determine a pressão exercida pela
caixa sobre a chapa.

Inicialmente, determina-se o peso P (N) que a caixa exerce sobre


a chapa de alumínio, que é dado por:
P=m.g
Nessa equação, m é a massa (kg) e g é a aceleração da gravi-
m
dade 2 , que aproximadamente é igual a 10 m .
s s2
Portanto,
P = 5 . 10 = 50 N
Assim, a força exercida pela caixa será o seu próprio peso P.
E, tendo a força, calcula-se a pressão exercida pela caixa:
p = F = 50 = 1 000 Pa = 1 kPa
A 0,05

Pressão Atmosférica
Todos estamos expostos a uma pressão exercida pela camada de ar que compõe a atmosfera.
13
Essa pressão é chamada de pressão atmosférica. A pressão atmosférica varia com a altitude
da seguinte maneira: quanto maior a altitude, menor será a pressão atmosférica, ou seja, uma
pessoa que está no topo de uma montanha está submetida a uma pressão atmosférica menor, se

Conceitos e Definições Fundamentais


comparado com outra pessoa que se encontra em uma cidade ao nível do mar, conforme ilus-
trado na figura 1.2. A mudança de pressão atmosférica influencia em muitos aspectos de nossa
vida. Por exemplo, o tempo de
Limite superior da atmosfera
cozimento de alimentos em locais
com elevada altitude é maior,
Coluna de ar

pois a água ferve a uma tempera-


tura e a uma pressão atmosférica
menor. Assim, o cozimento em
Coluna de ar

uma panela de pressão ocorreria


em uma pressão inferior. Ao rea-
lizarmos uma atividade física em
regiões de elevada altitude, cansa-
remos com maior facilidade. Isso
ocorre porque o ar nessas regiões
é mais rarefeito, ou seja, a massa Nível médio das águas do mar
específica do ar é menor. Logo,
para um mesmo volume de ar,
existirá uma menor quantidade Figura 1.2 – Variação da pressão atmosférica com a altitude
de massa de ar.
A pressão atmosférica é medida por um dispositivo chamado barômetro. Por isso, ela
também é conhecida por pressão barométrica. O italiano Evangelista Torricelli (1608-1647)
provou que a pressão atmosférica poderia ser medida pela inversão de um tubo cheio de mer-
cúrio em um recipiente também com mercúrio, conforme ilustrado na figura 1.3. A altura da
coluna de mercúrio, após a inversão do tubo dentro do recipiente, é 760 mm, que também pode
ser representada por 760 mmHg.

Mercúrio (Hg)

760 mmHg

Figura 1.3 – Barômetro

A pressão atmosférica ao nível do mar é de 101,3 kPa. Há, também, pressões inferiores e
superiores à pressão atmosférica.
14

Pressão Manométrica
Conceitos e Definições Fundamentais

Shutterstock/Oleg Begunenco
A pressão manométrica
é a pressão medida, considerando
a pressão atmosférica nula. Essa Manômetro:
pressão é, normalmente, medida É um aparelho utilizado para
medir a pressão manométrica e
por meio de um instrumento cha- consiste em um tubo de metal
mado manômetro, como o da oco com um formato de “C”;
figura 1.4. uma de suas extremidades
é fechada e acoplada a um
O funcionamento do manô- ponteiro. A outra extremidade é
metro é muito semelhante ao brin- conectada à tubulação ou a um
quedo chamado “língua de sogra”. equipamento do qual se deseja
Quando sopramos a “língua de medir a pressão.
sogra” seu formato totalmente
curvo passa para totalmente reto. Figura 1.4 – Manômetro
Isso ocorre devido ao aumento da pressão interna dentro do brinquedo ao soprarmos. É exata-
mente isso que acontece em um manômetro. Quando a pressão aumenta, tende a endireitar o
tubo oco e torná-lo reto. À medida que isso ocorre, o ponteiro se desloca de forma proporcional
à pressão sentida.
Na figura 1.5, é representado um manômetro e o tubo oco em formato de “C”, que é
chamado de Tubo de Bourdon.
Escala

Ponteiro Extremidade
fechada

Engrenagem setor
Bourdon e pinhão
tipo "C" 0 100

Soquete
Pressão
Figura 1.5 – Tubo de Bourdon

Pressão em um Líquido

Shutterstock/Orla
Considere um líquido com massa específica ρ, homogêneo
e incompressível. Se, por exemplo, colocarmos em um copo água
e óleo, mesmo tentando misturá-los, perceberemos duas regiões
diferentes, pois a água e o óleo não se misturam. Portanto, não com-
põem uma mistura homogênea, conforme mostrado na figura 1.6.
Entretanto, se misturarmos água mineral com água destilada não
se percebe qualquer diferença, uma vez que temos duas substân-
cias de mesma natureza ou de mesma espécie e no mesmo estado
físico. Isso caracteriza uma mistura homogênea. No capítulo 4,
voltaremos a falar com mais detalhes sobre homogeneidade. Figura 1.6 – Água e óleo, uma 15
Se colocarmos uma quantidade de água dentro de um mistura não homogênea
êmbolo, como uma seringa e, em seguida, pressionarmos o êmbolo, tentando comprimir a

Conceitos e Definições Fundamentais


água existente no seu interior, perceberemos não ser possível comprimi-la. Isso significa que a
água é incompressível. Essa característica de incompressibilidade é comum a todos os líquidos.
Entretanto, gases e vapores não são incompressíveis.
Sabendo o que é uma subs-
Shutterstock/S.Pytel

tância incompressível e homogênea,


podemos quantificar a pressão exer-
cida por um líquido. Por exemplo, à
medida que uma pessoa mergulhada
em uma piscina com dois metros de
profundidade, conforme ela desce
mais, constata-se um aumento de
pressão, que é sentido, principal-
mente, pelo ouvido, figura 1.7.
Essa pressão é o resultado do peso
da camada de água que está sobre a
pessoa.
Figura 1.7 – Homem mergulhando em uma piscina
Essa pressão percebida é dada por:

p=ρ.g.h

kg m
Em que, ρ representa a massa específica , g é a aceleração da gravidade 2 e h é a
m3 s
profundidade (m).

Atividade Resolvida
Calcule a pressão exercida sobre uma pessoa que se encontra
a uma profundidade de 3 m em uma piscina.

Sabe-se que a massa específica da água é 1 000 kg3 e


m
g = 10 m2 . Portanto,
s
p = ρ . g . h = 1 000 . 10 . 3 = 30 000 Pa = 30 kPa

Pressão Absoluta
16
A pressão absoluta é definida como a soma da pressão atmosférica com a pressão
manométrica.
Conceitos e Definições Fundamentais

p = patm + pmam

Atividade Resolvida
Calcule a pressão absoluta exercida sobre uma pessoa que se
encontra a uma profundidade de 3 m em uma piscina.

Como visto na atividade anterior, a pressão manométrica cal-


culada para esta condição é 30 kPa. Acrescenta-se, então, a
pressão atmosférica, que conforme visto anteriormente, é igual
a 101,3 kPa.
Tem-se, então:
p = patm + pmam = 101,3 + 30 = 131,3 kPa
Saiba Mais:
Influências fisiológicas causadas pelo aumento da pressão em mergulhos podem ser obtidas
no texto Fisiologia do mergulho, disponível no site <http://fisiologiaprofundidade.blogspot.
com.br/>.

Atividades
1) O que é Termodinâmica? Cite dois fenômenos do cotidiano
que possuam alguma relação com a Termodinâmica.

2) Faça as conversões solicitadas:

a. 5 g 3 para kg3 ;
cm m
b. 10 kg para kg3 ;
ℓ m
c. 12,5 g 3 para kg ;
cm ℓ
d. 15 kPa para MPa;
17
e. 25 m para ℓ;
3

Conceitos e Definições Fundamentais


f. 1 500 ℓ para m3;

g. 2,5 MPa para Pa.

3) Calcule a massa, o volume e o peso específicos para os seguin-


tes elementos:

a. Elemento A – Massa de 16 g e volume de 4 cm3.

b. Elemento B – Massa de 8 kg e volume de 2 m3.

c. Elemento C – Massa 27 kg e volume de 16 ℓ.

4) Dois líquidos A e B formam uma mistura homogênea.


A massa do líquido A é 5 g e a massa do líquido B é 6 g.
A mistura de A e B formam um volume de 11 cm3. Determine
a massa, o volume e o peso específico da mistura. Você
seria capaz de dizer que líquido é esse?
5) Determine o volume ocupado por 30 kg das seguintes
substâncias:

a. Alumínio (ρ = 2,7 g 3 );
cm
b. Ferro (ρ = 7 900 kg3 );
m
c. Chumbo (ρ = 11,3 g 3 );
cm
d. Platina (ρ = 21,5 kg );

e. Álcool (ρ = 0,79 g 3 ).
cm
6) Misturam-se massas iguais de dois líquidos com massas
específicas ρ1 = 0,3 g 3 e ρ2 = 0,7 g 3 . Determine a massa
cm cm
específica da mistura, supondo ser homogênea.

7) Misturam-se volumes iguais de dois líquidos com massas


específicas ρ1 = 0,3 g 3 e ρ2 = 0,7 g 3 . Determine a massa
cm cm
específica da mistura, supondo ser homogênea.

8) Supondo que sua massa é 50 kg, calcule a pressão que você


exerce em uma placa de concreto de 0,5 m2 de área superficial.

9) Um mergulhador está a 30 m de profundidade da superfície do


mar. Determine a pressão que a massa de água exerce sobre
18 ele e a pressão absoluta.

10) Um manômetro de uma tubulação de gás natural ao nível do


Conceitos e Definições Fundamentais

mar indica 2 MPa. Determine:

a. pressão manométrica;

b. pressão absoluta;

c. pressão atmosférica.

11) Suponha que um reservatório possua 10 m de altura e exista


um manômetro na base inferior do reservatório. Determine a
indicação desse manômetro para as pressões exercidas pelos
seguintes líquidos:

a. Água (ρ = 1 000 kg3 );


m
b. Mercúrio (ρ = 13 600 kg3 );
m
c. Álcool (ρ = 790 kg3 ).
m
2

Termometria
No capítulo anterior, vimos alguns conceitos de grande importância para
o curso de Termodinâmica Básica. Foram eles massa, volume e peso específi-
cos. Essas propriedades, assim como outras que ainda veremos, variam com a
temperatura e com a pressão. Dessa maneira, a temperatura desempenha um
19
papel fundamental na Termodinâmica e, por isso, necessitamos compreender
alguns aspectos relacionados à sua definição e medição.

Termometria
Antigamente, antes da invenção do termômetro, a temperatura não era
medida e, sim, comparada por meio da sensação de quente e frio dos sen-
tidos humanos. Porém, aquela metodologia de comparação de temperatura
era bastante limitada, por vários motivos, pois não era possível associar um
número ou valor à sensação térmica sentida ao se colocar a mão, por exemplo,
em um objeto aquecido. Também era muito difícil distinguir entre quente ou
frio quando se comparavam dois ou mais objetos com temperaturas muito
parecidas, uma vez que a sensibilidade térmica dos sentidos é bem limitada e
varia de pessoa para pessoa. E, por fim, essa comparação de quente ou frio se
limitava a uma faixa bem pequena, na qual era possível o contato físico com
o objeto, isso porque temperaturas muito altas ou muito baixas provocariam
desconforto e ferimentos caso houvesse o contato físico com os objetos.
Diante das limitações, tornou-se extremamente necessária uma análise
quantitativa da temperatura, ou seja, expressá-la numericamente, ao invés de
uma análise qualitativa, que apenas comparava quente e frio.
Essa quantificação fica a cargo da termometria, que é a medição de
temperatura e o objeto de estudo deste capítulo.
Medindo a Temperatura
Você aprendeu em química que a matéria é constituída por moléculas, as quais estão em
constante movimento e, por isso, este fenômeno é denominado de agitação térmica. A ener-
gia associada a essa agitação térmica é chamada de energia térmica.
A energia térmica de um corpo varia com a temperatura. Por exemplo, se aumentamos a
temperatura da água contida em um recipiente fechado, por meio de uma chama, provocamos o
aumento da agitação molecular e, por consequência, provocamos o aumento de sua energia tér-
mica. Essa agitação térmica, por outro lado, diminui se colocamos a água em contato com gelo.
Com a compreensão dos fenômenos de agitação térmica e energia térmica, podemos defi-
nir a temperatura de um corpo como sendo a medida do grau de agitação de suas moléculas.
Quanto maior a agitação térmica das moléculas de um corpo, maior será sua temperatura.
Mas como se mede a temperatura de um corpo? Para responder a essa pergunta, é necessá-
rio, em primeiro lugar, analisarmos o comportamento de algumas propriedades de um corpo em
relação à variação da sua temperatura. Vamos escolher, por exemplo, a dilatação ou a contração
sofrida por uma barra de ferro em função da variação de sua temperatura. Sabemos que o com-
primento de uma barra aumenta, o que chamamos de dilatação térmica, quando sua temperatura
aumenta; então, podemos associar a temperatura da barra com a variação do seu comprimento.

T0

L0
∆L

20 T = T0 + ∆T

L
Termometria

Figura 2.1 – Dilatação térmica de uma barra de ferro

Por isso, define-se a variação do comprimento da barra como a grandeza termométrica


e a correspondência entre a variação da temperatura e a variação do comprimento como a
função termométrica. Perceba que, para uma determinada temperatura, tem-se um deter-
minado comprimento correspondente, ou seja, nunca um mesmo comprimento da barra se
mantém em duas temperaturas diferentes. De certo modo, a barra pode ser considerada um
termômetro.

Atividade
Debata com seus colegas por que não usamos a dilatação e
a contração de uma barra de 100 cm para medirmos tempera-
tura? Escrevam suas conclusões no caderno.
Neste ponto, é importante definirmos o que é equilíbrio térmico. Ao
colocarmos dois ou mais corpos com temperaturas diferentes em contato
entre si, após determinado tempo, suas temperaturas se igualarão. Esse fenô-
meno é denominado de equilíbrio térmico.
Sabendo o que é equilíbrio térmico, ao colocarmos em uma panela que
contém água em vaporização, em torno de 100 °C, uma barra que estava ini-
cialmente à temperatura de 20 °C, após certo tempo, a temperatura da barra
também será de 100 °C (equilíbrio térmico).
Agora, vamos calcular a dilatação da barra, no caso, o aumento de seu
comprimento. A variação de comprimento ∆L da barra é diretamente pro-
porcional à variação de temperatura ∆T e do seu comprimento inicial L0. A
variação de comprimento da barra também depende do tipo de material desta,
ou seja, depende do coeficiente de dilatação linear do material α. Supondo
que a nossa barra seja de ferro, α = 0,000012 cm , assim:
cm°C

∆L = α L0 ∆T = 0,000012 . 100 . (100 – 20) = 0,096 cm

Note que, para uma variação de 80 °C (100 °C – 20 °C), a barra sofreu


uma variação de apenas 0,096 cm. É uma variação praticamente imperceptível
ao olho humano e, além disso, não seria nada prático um termômetro de
1 metro (100 cm). Por esses motivos, não utilizamos uma barra de ferro para
medirmos temperaturas.
Para resolvermos esse problema, utilizamos o termômetro de mercú- 21
rio. Nesse instrumento, o mercúrio contido no bulbo dilata e varia sua altura
em uma haste graduada de pequeno diâmetro.

Termometria
Construção de um
Termômetro
Ao se graduar uma escala de um termômetro, identificam-se os valo-
res numéricos que a temperatura pode assumir. Isso constitui uma escala
termométrica. O termômetro de mercúrio é construído obedecendo às
seguintes etapas:
• Deve-se determinar dois pontos fixos de temperaturas de fácil
reprodução. Nesses pontos, a temperatura permanece constante no
decorrer do tempo. O primeiro ponto fixo é o ponto de gelo, que
consiste na fusão do gelo, ou seja, a mudança do estado sólido para o
líquido, na pressão atmosférica de 1 atm. O segundo ponto fixo é o
ponto de vapor, que consiste na vaporização da água, a mudança do
estado líquido para o gasoso, na pressão atmosférica de 1 atm.
• Coloca-se o termômetro em contato com esses pontos fixos até que
seja alcançado o equilíbrio térmico. A cada altura atingida pela con-
tração e pela dilatação do mercúrio, atribui-se um valor numérico
arbitrário de temperatura. É recomendado utilizar o menor valor de
temperatura para o ponto fixo de gelo e o maior valor para o ponto
fixo de vapor.
• Divide-se o intervalo formado pelos pontos fixos de gelo e vapor em
partes iguais. A quantidade de divisões vai determinar o tipo de escala
termométrica.
Pressão atmosférica normal

100 ºC

100
partes

Gelo em fusão 0 ºC 0 ºC

Vapor de água em
ebulição

Figura 2.2 – Construção de um termômetro


22

Escalas Termométricas
Termometria

Atualmente, existem quatro escalas termométricas. A escala Celsius


adota 0 (zero) para o ponto de gelo e 100 para o ponto de vapor. Além
disso, divide em 100 partes iguais o intervalo formado entre pontos fixos
de gelo e vapor. A unidade utilizada na escala de temperatura Celsius é o
grau Celsius (°C).
A escala Fahrenheit adota o valor 32 para o ponto fixo de gelo e 212
para o ponto fixo de vapor. O intervalo formado entre pontos fixos de gelo e
vapor também é dividido, mas nesta escala, são em 180 partes iguais. A uni-
dade utilizada na escala de temperatura Fahrenheit é o grau Fahrenheit (°F).
As escalas Celsius e Fahrenheit podem assumir valores de temperatura
tanto positivos quanto negativos. Existem duas outras escalas termométricas
que não assumem valores negativos, chamadas de escalas absolutas: a escala
Kelvin, que é uma escala associada à escala Celsius, e a escala Rankine,
que está associada à escala Fahrenheit. A unidade de temperatura da escala
Kelvin é o kelvin (K) e a unidade de temperatura da escala Rankine é o grau
Rankine (°R).
Conversão entre Escalas Termométricas
É bastante comum a necessidade de transformação de uma temperatura
na escala Fahrenheit para a escala Celsius e vice-versa. Na verdade, se seguir-
mos a metodologia apresentada a seguir, poderemos converter temperaturas
para qualquer escala termométrica que quisermos.

Conversão entre as Escalas Termométricas


Celsius e Fahrenheit
Vamos iniciar a metodologia de conversão entre escalas termométricas
encontrando a relação de conversão entre as escalas Celsius e Fahrenheit. Para
isso, observe a figura 2.3.

Ponto de vapor
100 ºC 212 ºF

b
TC TF

Ponto de gelo
0 ºC 32 ºF

23

Figura 2.3 – Conversão entre escalas termométricas Celsius e Fahrenheit

Termometria
Observe as proporções a e b mostradas na figura. Inicialmente, iremos
usar a seguinte relação entre a e b.

a = TC – 0 = TF – 32
b 100 – 0 212 – 32

Observe que utilizamos a mesma relação entre a e b para os limites


das duas escalas termométricas Celsius e Fahrenheit, ou seja, a representa a
distância entre a temperatura em Celsius (TC) e a temperatura 0 °C. A mesma
analogia é feita para a escala termométrica Fahrenheit. E b representa a distân-
cia entre a temperatura 100 °C e a temperatura 0 °C.
Simplificando a relação acima:
TC – 0 = TF – 32
100 – 0 212 – 32

TC = TF – 32
100 180
Ou ainda:
TC = TF – 32
5 9

Podemos isolar os termos TC e TF na equação acima:


TC = 5 (TF – 32)
9

TF = 1,8TC + 32

Mas, qual seria o resultado se tivéssemos invertido a relação entre a e b na dedução das
relações entre as escalas termométricas?
b = 100 – 0 = 212 – 32
a TC – 0 TF – 32

Simplificando temos:
5 = 9
TC TF – 32

TC = TF – 32
5 9

Perceba que obtivemos a mesma relação anteriormente encontrada.


24
Conversão entre as Escalas Termométricas Celsius e Kelvin
Termometria

Agora, vamos desenvolver a relação de conversão entre as escalas termométricas Celsius e


Kelvin. Novamente, usaremos a mesma metodologia empregada na dedução das relações entre
as escalas Celsius e Fahrenheit. Observando a figura 2.4, percebemos a relação existente entre
as escalas Celsius e Kelvin.

Ponto de vapor
100 ºC 373 K

b
TC TK

Ponto de gelo
0 ºC 273 K

Figura 2.4 – Conversão entre escalas termométricas Celsius e Kelvin


a = TC – 0 = TK – 273
b 100 – 0 373 – 273

Simplificando temos:
TC = TK – 273
100 100

TC = TK – 273
Ou:
TK = TC + 273

Conversão entre as Escalas Termométricas


Fahrenheit e Rankine
Vamos encontrar a relação de conversão entre as escalas termométricas
Fahrenheit e Rankine.

Ponto de vapor
212 ºF 672 ºR

b
TF TR

a 25

32 ºF Ponto de gelo
492 ºR

Termometria
Figura 2.5 – Conversão entre escalas termométricas Fahrenheit e Rankine

a = TF – 32 = TR – 492
b 212 – 32 672 – 492

Simplificando temos:
TF – 32 = TR – 492
180 180

TF = TR – 460
Ou:
TR = TF + 460
Atividades Resolvidas
1) Em um deserto, a temperatura pode chegar a 60 °C. Determine
o valor dessa temperatura na escala termométrica Fahrenheit.


Usamos a metodologia aplicada para deduzirmos as relações de
conversões entre as escalas termométricas, como na figura 2.3,
ou outra opção é a utilização da equação de conversão encon-
trada anteriormente para as escalas Celsius e Fahrenheit.
Assim:
TC – 0 = TF – 32
100 – 0 212 – 32

Para TC = 60 °C, temos:


60 = TF – 32
100 180
Isolando o termo TF, encontramos:
TF = 60 . 180 + 32
100

TF = 140 °F

26 Observe que, se fosse utilizada a equação encontrada anterior-


mente, a resposta seria a mesma:
TF = 1,8 TC + 32
Termometria

TF = 1,8 . 60 + 32
TF = 140 °F

2) As escalas termométricas Celsius e Fahrenheit podem registrar


apenas uma temperatura que possui o mesmo valor numérico
em ambas as escalas. Determine essa temperatura.

Há duas maneiras de se solucionar esta questão:


Ou emprega-se a metodologia aplicada neste capítulo.

Ponto de vapor
100 ºC 212 ºF

b
TI TI
a

Ponto de gelo
0 ºC 32 ºF

Figura 2.6 – Relação entre as escalas termométricas Celsius e Fahrenheit


Perceba que chamamos de TI (temperaturas iguais) a temperatura
numericamente igual lida em ambas as escalas termométricas.
Assim:
TF = TC = TI
Substituindo:
TI – 0 = TI – 32
100 – 0 212 – 32
TI = TI – 32
100 180

180 . TI = 100 . TI – 3 200


180 . TI – 100 . TI = – 3 200
80 . TI = – 3 200
Finalmente:
TI = –40 °C = –40 °F
A segunda maneira, mais prática, é substituir diretamente na
equação de conversão.
TF = 1,8 TC + 32
Como:
TF = TC = TI
Assim:
TI = 1,8 . TI + 32
– 0,8 . TI = 32
27
TI = –40 °C = –40 °F

3) Uma escala termométrica desconhecida adota como tempe-

Termometria
ratura de ponto de gelo –22 °D e para temperatura de vapor
160 °D. Determine para essas condições:
a. A equação de conversão entre essa escala desconhecida e a
Celsius;
b. Qual a temperatura lida nessa escala desconhecida quando a
escala Celsius registra 15 °C.

a. Como não há relação de conversão existente, visto que a escala


é desconhecida, há que se deduzi-la aplicando a metodologia
empregada neste capítulo. Vamos chamar a temperatura da
escala termométrica desconhecida de TD.
Ponto de vapor
100 ºC 160 ºD

b
TC TD
a
Ponto de gelo
0 ºC –22 ºD

Figura 2.7 – Relação entre as escalas termométricas Celsius e a desconhecida


TC – 0 = TD – (–22)
100 – 0 160 – (–22)

TC = TD + 22
100 182

Dividindo ambos os lados da equação acima por 2, temos:


TC = TD + 22
50 91

Assim, a resposta para a questão a é:


91 . TC = 50 . TD + 1 100
Para verificarmos se esta equação está coerente, basta subs-
tituirmos os valores que já conhecemos entre as escalas, ou
seja, quando:
TC = 0 °C, TD = −22 °C ou TC = 100 °C, TD = 160 °C.

b. Para resolver a questão b, basta apenas substituirmos o valor


de TC = 15 °C na equação encontrada:
91 . TC = 50 . TD + 1 100
91 . 15 = 50 . TD +1 100
TD = 91 . 15 − 1 100
50

TD = 5,3 °C
28
4) Uma escala arbitrária X está relacionada com a escala Celsius
de acordo com o gráfico a seguir. Estabeleça a equação de
Termometria

conversão entre as escalas Celsius e a escala X.

ºX

60

30

ºC
0 30
Figura 2.8 – Gráfico relacionando as escalas termométricas Celsius e a arbitrária X

Analisando o gráfico, obtêm-se as seguintes informações:


• Quando a temperatura na escala Celsius marca 30 °C, a escala
arbitrária registra TX = 60 °X.
• Quando a temperatura na escala Celsius marca 0 °C, a escala
arbitrária registra TX = 30 °X.
Assim, podemos transformar essas informações na figura 2.9
e, em seguida, aplicar a metodologia ensinada neste capítulo.
Ponto de vapor
30 ºC 60 ºX

b
TC TX
a

Ponto de gelo
0 ºC 30 ºX

Figura 2.9 – Relação entre as escalas termométricas Celsius e a arbitrária X

Assim:
TC − 0 = TX − 30
30 − 0 60 − 30

TC = TX − 30
30 30

Simplificando, temos:
TC = TX − 30

Saiba Mais:
Influências fisiológicas causadas pela variação de temperatura podem ser obtidas no texto: 29
Efeitos da temperatura no corpo, disponível no site <http://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/
efeitos_temp.htm>.

Termometria
Atividades
1) Defina os seguintes termos:
a. termometria;
b. energia térmica;
c. temperatura de um corpo;
d. grandeza termométrica;
e. função termométrica;
f. termômetro;
g. equilíbrio térmico;
h. escala termométrica.
2) Explique o funcionamento de um termômetro de mercúrio.
3) Explique, resumidamente, as etapas de construção de um ter-
mômetro de mercúrio.
4) Cite as características das escalas termométricas Celsius e
Fahrenheit.
5) Uma amostra de água do mar foi coletada para análise. Para
medir sua temperatura, foram utilizados dois termômetros,
um na escala Celsius e outro na escala Fahrenheit. A leitura
na escala Celsius foi metade da leitura da escala Fahrenheit.
Determine a temperatura da água.
6) Um termômetro em Celsius registra –0,1 °C para temperatura
de ponto de gelo e 100,5 °C para temperatura de ponto de
vapor. Encontre a equação de correção deste termômetro.
7) Determine a temperatura correspondente na escala termomé-
trica Kelvin para a temperatura de 750 °F.
8) Você seria capaz de permanecer duas horas em uma sala onde
a temperatura é de 40 °F? Justifique sua resposta.
9) Uma escala termométrica desconhecida adota como tempera-
tura de ponto de gelo –5 °C e para temperatura de vapor 80 °C.
Determine para essas condições:
a. A equação de conversão entre essa escala desconhecida e a
30 Celsius;
b. Qual a temperatura lida nessa escala desconhecida quando a
escala Celsius registra 12 °C.
Termometria

10) Uma escala arbitrária Z está relacionada com a escala Celsius


de acordo com o gráfico seguinte. Determine:
a. A equação de conversão entre essa escala arbitrária Z e a
Celsius.
b. Qual a temperatura lida nessa escala arbitrária Z quando a
escala Celsius registra 50 °C.
ºZ

100

ºC
80
–5

Figura 2.10 – Relação entre as escalas termométricas Celsius e a escala termométrica arbitrária Z
3

Calor e Trabalho
É bastante comum se dizer que está com calor quando, por exemplo, caminha-se em uma
rua em um dia ensolarado de verão. Entretanto, essa colocação “estar com calor” é totalmente
errada, como veremos neste capítulo. A temperatura, estudada no capítulo 2, é uma das mais
importantes propriedades termodinâmicas, pois ela influencia todas as outras propriedades.
Diversos equipamentos industriais e eletrodomésticos, durante seu funcionamento, pro-
movem a alteração da temperatura, a qual pode ser um objetivo ou uma consequência. Um
forno micro-ondas tem por objetivo aquecer alimentos, enquanto que um refrigerador diminui
a temperatura dos alimentos para preservá-los por um período maior de tempo. Mas, o aumento
excessivo da temperatura de um motor de combustão interna de um veículo é uma consequên-
cia de outros fenômenos. Os motores de combustão interna são abordados no capítulo 8.
Outros fenômenos relacionados à temperatura estão presentes em nosso cotidiano. Se
colocarmos um termômetro em uma xícara com café a uma temperatura de 70 °C, por exem-
31
plo, notamos que, com o decorrer do tempo, a temperatura do café diminuirá. Se sairmos sem
agasalho em uma noite fria de inverno, em pouco tempo estaremos com baixa temperatura
corporal e isso pode causar danos à saúde. Se nos aproximarmos muito de uma fogueira, senti-

Calor e Trabalho
remos um grande desconforto e a nossa temperatura corporal aumentará. Tanto a diminuição
quanto o aumento da temperatura estão associados ao fenômeno chamado calor.
Shutterstock/Ollyy

Figura 3.1 – A diminuição ou aumento de temperatura estão associados ao fenômeno calor

A compreensão da definição dos fenômenos calor e trabalho são fundamentais, assim


como a influência da temperatura neles.
Calor
Calor é uma forma de energia. Entretanto, embora energia seja um
conceito fundamental na Termodinâmica e tenhamos uma ideia do que ela
seja, não temos uma definição exata para ela. Basicamente, sabemos que ela
pode ser armazenada e transmitida, além de poder ser convertida em outras
formas de energia. Por exemplo, supondo que uma pessoa solte uma laranja
do cume de uma montanha, à medida que a laranja cai, sua energia potencial
vai diminuindo, pois sua altura diminui e, consequentemente, sua energia
cinética aumenta, visto que sua velocidade aumenta. Assim, há a conserva-
ção da energia, ou seja, a energia potencial vai se transformando em energia
cinética. A quantidade de energia que entra em uma pessoa por meio da ali-
mentação, por exemplo, se for superior à que sai dessa pessoa, na forma de
atividade física, gera um acúmulo de energia em forma de gordura.
Percebeu o quanto a energia faz parte do nosso cotidiano? Assim sendo,
precisamos definir o que é a energia calor e, para tal, retomamos o exemplo
da xícara com café. Ao colocarmos uma xícara com café quente sobre uma
mesa, a temperatura do café tende a diminuir à medida que o tempo passa, até
que seja atingido o equilíbrio térmico, ou seja, a temperatura do café se iguala
à temperatura do ambiente e não haverá mais mudança de temperatura. O
mesmo fenômeno é observado quando expomos um copo com água gelada à
temperatura ambiente, pois a temperatura da água aumenta até que seja alcan-
çado o equilíbrio térmico.
Agora temos as ferramentas necessárias para definirmos calor. Calor
pode ser definido como a energia térmica em movimento, o qual é causado
32 pela diferença de temperatura entre dois ou mais corpos. Quando o equilíbrio
térmico é atingido, cessa-se a transferência de energia sob a forma de calor.
Calor e Trabalho

Corpo Quente Corpo Frio

Calor

Figura 3.2 – Calor é energia térmica em movimento

Se calor é uma forma de transferência de energia, então, não pode-


mos ter ou estar com algo que só se manifesta em movimento. Não há coisa
alguma que tenha calor, mas, sim, coisas que emitem ou transmitem calor.
Na verdade, o que sentimos em um dia quente é um desconforto térmico,
ocasionado pelo aumento da temperatura do ambiente.
A unidade no Sistema Internacional de Medidas (SI) para o calor, repre-
sentado pela letra maiúscula Q, bem como para qualquer outra forma de
energia, é o joule (J). Também se utiliza muito a unidade caloria (cal). Essas
unidades se relacionam da seguinte maneira:
1 cal = 4,186 J
1 kcal = 1 000 cal
Tipos de Calor
Se colocarmos uma barra de ferro sob a ação da chama de uma vela, a
temperatura dela aumentará, da mesma forma que se pusermos um cubo de
gelo dentro de um recipiente e o colocarmos em contato com a chama da vela.
Entretanto, diferentemente da barra de ferro, notaremos que o cubo de gelo
se transformará em água, ou seja, em estado líquido.

a b

Figura 3.3 – (a) Aquecimento de uma barra de ferro por meio de uma vela e (b) aquecimento de um recipiente
contendo gelo

Apesar dos dois casos serem bem semelhantes, existe uma grande dife-
rença entre eles. Note que, para o primeiro caso, o calor cedido à barra de 33
ferro apenas elevou sua temperatura e não causou mudança de fase. Já no
segundo caso, o calor cedido promoveu a mudança de fase do cubo de gelo.

Calor e Trabalho
Assim, quando um corpo recebe calor e este produz apenas mudança na tem-
peratura, chamamos este calor recebido de calor sensível. Quando o calor
recebido provoca mudança de fase, é chamado de calor latente.
Assim, se colocarmos uma barra de ferro dentro de uma geladeira, o
calor perdido pela barra de ferro causará apenas alteração na sua tempera-
tura; então, este calor é o sensível. Ao passo que se colocarmos um recipiente
com água dentro de um congelador, a água mudará da fase líquida para a fase
sólida; é, portanto, calor latente.
Podemos alterar a temperatura de um corpo ou provocar uma mudança
de fase nele por meio do calor cedido ou retirado. Assim, torna-se necessário
fazer uma convenção de sinais para o calor cedido e recebido por um corpo.

Aumento de Temperatura → Calor Recebido → Q Positivo


Diminuição de Temperatura → Calor Cedido → Q Negativo
Calor Sensível
Como falamos anteriormente, o calor sensível provoca apenas uma alte-
ração na temperatura de um corpo, mas não provoca mudança de fase. Para
compreendermos melhor as características do calor sensível, vamos imaginar
as seguintes situações de uma experiência:
1. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de alumínio com tempe-
ratura inicial de 20 °C e com 1 kg de massa, utilizando um queimador
de um fogão.
2. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de alumínio com
temperatura inicial de 20 °C e com 1 kg de massa, utilizando dois
queimadores de um mesmo fogão.
Analisando as duas situações da experiência, percebe-se que tanto o
material como a massa das barras são os mesmos, mas a fonte térmica, a chama
do queimador, para a situação 2 é o dobro da situação 1. Portanto, o calor rece-
bido pela barra da situação 2 é maior que a da situação 1. De fato:

A quantidade de calor recebida ou cedida por


dois ou mais corpos de mesma massa e mesmo
material é diretamente proporcional à variação de
temperatura ΔT.

Analisando outras duas experiências:


34 3. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de alumínio com tempe-
ratura inicial de 20 °C e com 1 kg de massa, utilizando um queimador
de um fogão.
Calor e Trabalho

4. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de alumínio com tempe-


ratura inicial de 20 °C e com 2 kg de massa, utilizando um queimador
de um fogão.
Observando essas duas situações da experiência, percebe-se que o mate-
rial continua o mesmo e a massa das barras é diferente. As fontes térmicas, a
chama do queimador do fogão, são iguais para as duas situações, portanto, o
calor recebido pela barra da situação 4 é maior que a da situação 3. De fato:

A quantidade de calor recebida ou cedida por


dois ou mais corpos de mesmo material e para o
mesmo intervalo de temperatura ΔT é diretamente
proporcional à massa do corpo.
Agora vamos verificar estas outras duas experiências:
5. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de alumínio com temperatura inicial de
20 °C e com 1 kg de massa, utilizando um queimador de um fogão.
6. Durante 10 segundos, aquece-se uma barra de ferro com temperatura inicial de 20 °C
e com 1 kg de massa, utilizando um queimador de um fogão.
Analisando essas duas últimas situações da experiência, percebe-se que tanto a massa das
barras como a fonte térmica são as mesmas para as duas barras. Contudo, os materiais que
constituem as barras são diferentes. De fato:

A quantidade de calor recebida ou cedida por dois ou mais cor-


pos, para o mesmo intervalo de temperatura ΔT e a mesma massa, é
proporcional ao tipo de material que constitui o corpo.

O termo ΔT corresponde à diferença de temperatura e é dado por:

ΔT = Tfinal – Tinicial

Dessa maneira, podemos expressar a quantidade de calor sensível da seguinte maneira:

Q = m . c . ΔT
35

Em que c é chamado de calor específico e é uma característica do material que constitui o

Calor e Trabalho
corpo. O produto da massa m e do calor específico c é chamado de capacidade térmica C.

C=m.c

Quando utilizamos a massa na unidade de gramas (g) e a diferença de temperatura em graus


Celsius (°C), o calor será dado na unidade de calorias (cal). Para isso, o calor específico deve ser
dado em caloria por grama grau Celsius.

Unidade de c = cal
g . °C

Quando utilizamos a massa em kilogramas (kg) e a diferença de temperatura em graus


Celsius (°C) ou kelvin (K), o calor será dado em joules (J). Para isso, o calor específico deve ser
dado em joule por kilograma Kelvin.

Unidade de c = J
kg . K
Na tabela 3.1 o calor específico de alguns materiais é mostrado.

Tabela 3.1 – Calor específico para algumas substâncias


cal
Material c
g .°C
Água 1
Gelo 0,55
Alumínio 0,22
Ferro 0,11
Latão 0,094
Cobre 0,092
Prata 0,056
Chumbo 0,031
Ouro 0,032

Para convertermos as unidades de calor específico, utilizamos a seguinte relação:


1 cal = 4,186 J
g . °C kg . K

O calor específico de uma substância mede numericamente a quantidade de calor capaz


de variar em 1 °C a temperatura de 1 g de substância.
No capítulo anterior, nós definimos o que é equilíbrio térmico, então, se colocarmos dois
ou mais corpos com temperaturas diferentes em contato entre si, após ser atingido o equilíbrio
36
térmico, não haverá mais troca de calor. Assim, o calor cedido por um dos corpos será igual ao
calor recebido pelo outro, portanto, podemos dizer que:
Calor e Trabalho

QA + QB + QC + ... Qn = 0

A soma da troca de calor entre n corpos é igual a zero.

Atividades Resolvidas
1) Para um recipiente que contém 50 g de água a 25 °C determine:

a. A quantidade de calor necessária para elevar a temperatura da


água para 75 °C.

b. A quantidade de calor necessária para que a temperatura da


água alcance 15 °C.

c. A capacidade térmica da água.


a. Utiliza-se a equação do calor sensível para uma substância.
O intervalo de temperatura é:
ΔT = 75 °C – 25 °C = 50 °C
Q = m . c . ΔT = 50 . 1 . 50 = 2 500 cal = 2,5 kcal
Como o valor encontrado para o calor é positivo, isso significa
que a água recebeu esse calor para elevar sua temperatura.

b. Utiliza-se também a equação do calor sensível para uma subs-


tância. O intervalo de temperatura é:
ΔT = 15 °C – 25 °C = –10 °C
Q = m . c . ΔT = 50 . 1 . (–10) = –500 cal = –0,5 kcal
O valor encontrado para o calor é negativo, o que significa que
a água cedeu ou perdeu esse calor para que sua temperatura
diminuísse.

c. A capacidade térmica pode ser obtida pela seguinte equação:


C = m . c = 50 . 1 = 50 cal
°C

2) Uma esfera de ferro de 500 g e com temperatura de 100 °C é


colocada dentro de um recipiente com 800 g de água a uma
temperatura de 20 °C. Determine a temperatura de equilíbrio
térmico do conjunto esfera e água. Considere o calor especí-
fico da água igual a 1 cal e o calor específico do ferro igual
g .°C
a 0,11 cal .
g .°C
37
Para este tipo de problema, é recomendado representar todos
os dados em uma tabela.

Calor e Trabalho
cal
Massa (g) c Tinicial Tfinal ΔT
g .°C
Água 800 1 20 Tf Tf – 20
Esfera de ferro 500 0,11 100 Tf Tf – 100

Como a água recebe calor proveniente da esfera de ferro,


assim: Q1 = m . c . ΔT = 800 . 1 . (Tf – 20) = 800 Tf – 16 000

E, a esfera de ferro cede calor à água, assim:


Q2 = m . c . ΔT = 500 . 0,11 . (Tf – 100) = 55 Tf – 5 500

Porém, no equilíbrio térmico, não há mais troca de calor, então:


Q1 + Q2 = 0
Substituindo:
800 Tf – 16 000 + 55 Tf – 5 500 = 0
855 Tf – 21 500 = 0

Tf = 21 500 = 25,1 °C
855
Calor Latente
Já vimos que o calor cedido ou recebido por um corpo que causa uma mudança de fase é
chamado de calor latente. Uma substância pura pode se encontrar em três fases, ou estados físi-
cos, diferentes: gasoso, sólido e líquido. Na fase gasosa, a substância não possui nem forma nem
volume definidos, pois, nessa fase, as moléculas estão livres e se movimentam constantemente.
Na fase líquida, o volume é definido, porém não possui forma definida, pois as moléculas ainda
possuem alguma liberdade de movimentação; e o líquido adquire a forma do recipiente que o
contém, assim como na fase gasosa. Na fase sólida, a substância possui volume e forma defini-
dos, já que as moléculas não possuem liberdade para se movimentarem.
Na figura 3.4 são mostradas as mudanças de fases de uma substância pura.
Fusão Vaporização

Solidificação Liquefação (condensação)


Sublimação
Figura 3.4 – Mudanças de fase de uma substância pura
38

Vamos imaginar a seguinte experiência: ao colocarmos um bloco de gelo em um reci-


piente em contato com uma chama, notamos que a temperatura do bloco começa a aumentar.
Calor e Trabalho

Supondo que a temperatura inicial do bloco de gelo seja –10 °C, após o contato com a fonte
de calor, a temperatura sobe até atingir 0 °C, e o bloco de gelo começa o processo de fusão, a
transformação da fase sólida para a fase líquida. No processo de mudança de fase, a tem-
peratura não varia. Quando a fusão termina, a água líquida formada tem sua temperatura
aumentada devido ao calor recebido pela chama. Se continuarmos o processo de aquecimento,
ao atingir 100 °C, a água líquida começa a vaporizar, ou seja, ocorre a mudança da fase líquida
para gasosa e a temperatura permanece constante até que toda a água líquida vaporize.

T (ºC) Mudança de fase:


Enquanto a substância não
Calor Latente muda de estado, é correto
dizer que sua temperatura
Calor Sensível aumenta/diminui quando
Calor Latente recebe/cede energia.
Q (cal) Durante a mudança de
Calor Sensível estado, entretanto, apesar
de receber ou ceder energia,
a temperatura da substância
permanece constante, ou
Figura 3.5 – Aquecimento ou resfriamento de uma substância pura seja, não muda.
Agora podemos definir o calor latente. O calor latente de uma mudança de fase é a
quantidade de calor que a substância recebe ou cede durante sua mudança de fase, mantendo a
temperatura constante.
A quantidade de calor latente é dada pela seguinte equação:

Q=m.L

Nessa equação, L representa o calor latente de mudança de fase. A seguir, são mostrados
valores de L para as mudanças de fase da água.
• Fusão do gelo a 0 °C → LF = 80 cal
g

• Solidificação da água a 0 °C → LS = –80 cal


g

• Vaporização da água a 100 °C → LV = 540 cal


g

• Condensação do vapor a 100 °C → LV = –540 cal


g

Atividades Resolvidas 39

1) Calcule o calor necessário para vaporizar 1 kg de água a

Calor e Trabalho
100 °C.

Como na vaporização da água, a temperatura permanece


constante, e o calor recebido pela água para vaporizar-se é
o calor latente de vaporização, deve-se, então, saber o calor
latente de vaporização da água a 100 °C:

LV = 540 cal .
g

Q = m . L = 1 000 . 540 = 540 000 cal = 540 kcal

Ao se utilizar essa equação, converte-se a unidade de massa


para gramas.
Em aplicações práticas, sempre encontramos processos de
aquecimento ou resfriamento que produzem mudança de
temperatura e mudança de fase. Dessa maneira, na análise da
quantidade de calor total cedido ou recebido, devemos sepa-
rar o calor sensível do calor latente. A atividade a seguir aborda
esse caso.
2) Determine o calor total para transformar um bloco de gelo de
100 g e temperatura inicial de –10 °C em água líquida a 20 °C.
Trace a curva de aquecimento desse processo. Considere o
calor específico do gelo igual a 0,51 cal e o calor específico da
g
água igual a 1 cal . O calor latente de fusão do gelo é 80 cal .
g g
O processo de aquecimento do bloco de gelo transforma-o em
água líquida a 20 °C, envolvendo tanto o calor sensível quanto
o calor latente. Por isso, tem-se que separar esse processo em
etapas.
• Etapa 1 − Aquecimento do gelo inicialmente a –10 °C até 0 °C.
Esse processo envolve apenas mudança de temperatura, por-
tanto, calor sensível. Assim, substituindo os valores, tem-se:
Q1 = m . c . ΔT = 100 . 0,5 . [0 – (–10)] = 500 cal

• Etapa 2 − Corresponde ao processo de fusão do gelo a 0 °C.


Esse é um processo de mudança de fase, portanto, calor
latente.
Q2 = m . L = 100 . 80 = 8 000 cal

• Etapa 3 − Corresponde ao processo de aquecimento da água


com temperatura inicial de 0 °C, imediatamente após a fusão
do gelo que ocorreu a 0 °C, até a temperatura de 20 °C. Assim,
obtém-se o calor sensível substituindo os termos:
40 Q3 = m . c . ΔT = 100 . 1 (20 – 0) = 2 000 cal

Agora que todas as parcelas de calor sensível e latente foram


Calor e Trabalho

calculadas, pode-se somar e determinar o calor total envolvido


no processo.
QTotal = Q1 + Q2 + Q3
QTotal = 500 + 8 000 + 2 000 = 10 500 cal

Assim, pode-se representar este processo de aquecimento em


um gráfico de temperatura por calor recebido pela água e pelo
gelo.
T (ºC)

20

0 Q (cal)
500 8 500 10 500

–10
Formas de Propagação de Calor
O calor sempre se propaga do corpo de maior temperatura para o corpo de menor tempe-
ratura e, quando é atingido o equilíbrio térmico, cessa-se a transferência de calor. Existem três
maneiras de transferência de calor: condução, convecção e radiação.

Condução
A transferência de calor por condução pode ocorrer em sólidos, líquidos e gases. Durante
o aquecimento de um material, as moléculas mais próximas da fonte de calor tornam-se mais
energéticas, ou seja, começam a se agitar. Essa agitação é transmitida para as moléculas mais
próximas e o processo é contínuo.
Por outro lado, existem mate-

Shutterstock/Kzenon
riais que são bons condutores de calor,
por isso as panelas utilizadas no cozi-
mento de alimentos são fabricadas
com materiais, como alumínio e aço,
que conduzem muito bem o calor.
Mas, você já deve ter notado que as
extremidades dos cabos da panela são
cobertas por um material mal con-
dutor de calor, material isolante ou
Figura 3.6 – Um isolante térmico evita que o calor cause queimaduras nas isolante térmico, e isso é para evitar
mãos de quem manuseia uma panela aquecida queimaduras ao manuseá-las.
Uma experiência bem simples pode ser realizada para evidenciar o fenômeno de transfe-
41
rência de calor por condução: se você segurar na extremidade de uma barra de alumínio e se a
outra extremidade estiver em contato com uma chama, você notará que, depois de certo tempo,
o calor chegará à extremidade onde se encontra a sua mão.

Calor e Trabalho
A condução pode ser quantificada pela Lei de Fourier, dada pela seguinte equação:

(T2 – T1)
Q=k.A.
L

Nesta equação, Q representa a taxa de transfe- A


rência de calor por condução, A é a área da superfície
onde está ocorrendo a troca de calor, L é a espessura T1 k
da superfície e T2 – T1 é a diferença de temperatura. Q
O termo k é chamado de coeficiente de condutividade
ou condutibilidade térmica e é uma característica do
material que constitui a superfície. O valor de k é alto T2
para os materiais condutores térmicos e é pequeno para
materiais isolantes térmicos. 0 x
L
Figura 3.7 – Condução de calor em uma parede
Atenção! Deve ser dada em relação às unidades do fluxo de calor. Se a área for dada em
centímetro quadrado (cm2), a espessura em centímetro (cm), a diferença de temperatura em
graus Celsius (°C) e a condutividade térmica em calorias por segundo centímetro graus Celsius
cal cal
, o fluxo de calor será dado em calorias por segundo .
s . cm . °C s
Por outro lado, se a área for dada em metro quadrado (m2), a espessura em metro (m),
a diferença de temperatura em graus Celsius (°C) e a condutividade térmica em joule por
J
segundo metro graus Celsius , o fluxo de calor será dado em joule por segundo,
s . m . °C
que é chamado de watt (W).
Resumindo:

Para a primeira condição de unidades:


cal cal
k , A (cm2), L (cm), ΔT (°C) → Q
s . cm . °C s

Para a segunda condição de unidades:


W
k , A (cm2), L (m), T (°C) → Q (W)
m . °C

42

Atividade Resolvida
Calor e Trabalho

Uma parede de 2 m2 possui uma espessura de 0,01 m. Sua


W
condutividade térmica é de 10 . A temperatura do lado
m . °C
interno é 20 °C e do lado externo é 40 °C. Determine a taxa de
transferência de calor.

Utiliza-se a Lei de Fourier, assim:

(T2 – T1) (40 – 20)


Q=k.A = 10 . 2 . = 40 000 W = 40 kW
L 0,01

Convecção
A transferência de calor por convecção só ocorre com líquidos e gases, pois exige que haja
movimento de um fluido. Um bom exemplo para visualizarmos a troca de calor por convecção
é a utilização de um corante em um recipiente que contém água. Ao aquecermos a água por
meio de uma chama, a porção mais próxima da fonte térmica torna-se menos densa e, portanto,
torna-se mais leve e sobe para a superfície, enquanto a porção mais afastada da fonte de calor
mais densa e fria, desce para o fundo do recipiente. Dessa forma, é criado um movimento no
fluido conhecido como correntes de convecção.

Figura 3.8 – Convecção em um líquido em aquecimento

É por esse motivo que os condicionadores de ar devem ser instalados na parte superior
de um ambiente. Com o aumento da temperatura, o ar quente tem sua densidade diminuída e
sobe; por sua vez, o ar frio proveniente do condicionador de ar desce, pois possui uma densi-
dade maior. Assim são criadas as correntes de convecção.
Outro exemplo de troca de calor por convecção é o resfriamento de um motor de com-
bustão interna. A água circula pelas paredes do motor e retira calor por convecção. Essa água
aquecida é enviada para o radiador do veículo e troca calor, também por convecção, com o ar
externo que está a uma temperatura menor.
43
A taxa de transferência de calor por convecção pode ser quantificada pela relação conhe-
cida por lei do resfriamento de Newton:

Calor e Trabalho
Q = h . A . (Tsup – Tfluido)

Nessa equação, h representa o coeficiente de troca de calor por convecção e sua unidade
W
é , a área A é dada em metros (m2) e a diferença de temperatura é dada em graus
m2 . K
Celsius (°C) ou em kelvin (K). A temperatura da superfície é dada pelo termo Tsup e Tfluido
representa a temperatura do fluido. Dessa maneira, a taxa de transferência de calor por con-
vecção é dada em watts (W).

Radiação ou Irradiação
Na transferência de calor por radiação ou irradiação, diferente da condução e da con-
vecção, não é necessária a existência de um meio material ou um fluido. A radiação térmica se
efetua por meio das ondas eletromagnéticas, as ondas caloríficas ou calor radiante. A transferên-
cia de calor do Sol ao nosso planeta é realizada pela radiação térmica, já que não existe qualquer
meio material ou fluido existente.
Um exemplo da transferência de calor por radiação pode ser visto no aumento da tempe-
ratura de um termômetro quando este se encontra próximo a uma lâmpada acesa. Percebe-se
que não é necessário o contato entre a lâmpada e o termômetro. Quando uma parede de uma
casa recebe a radiação do sol durante todo o dia, a parede emite parte desta radiação térmica
recebida no final do dia, por exemplo.
Um bom exemplo para visualizarmos todos os mecanismos de transferência de calor
é em uma fogueira. O calor da chama da fogueira aquece o ar que está mais próximo, e isso
provoca a diminuição da den-
sidade do ar que sobe, e seu
espaço é preenchido pelo ar
mais frio, que possui maior
Condução
densidade. Isso caracteriza a
convecção. Ao nos aproxi- Convecção
marmos da fogueira, sentimos
um desconforto térmico cau-
sado pela radiação térmica da
chama, caracterizando assim
a radiação. E, por fim, o calor
se propaga por condução Irradiação
ao longo da barra que está
em contato com a chama da Figura 3.9 – Mecanismos de troca de calor
fogueira.
A taxa de transferência de calor por radiação pode ser quantificada pela seguinte equação:

44 Q = ε . σ . A . (T4sup – T4viz)
Calor e Trabalho

W
Nessa equação, σ representa a constante de Stefan-Boltzmann (σ = 5,67 . 10–8 . K4),
m2
ε é a emissividade (0≤ ε ≤1) do material, A é a área em metros, Tsup é a temperatura em kelvin
da superfície e Tviz é a temperatura da vizinhança, o meio que envolve a superfície, que também
é dada em kelvin.

Trabalho
O trabalho (W), assim como o calor, são formas de transferência de energia e sua uni-
dade no Sistema Internacional de Unidades é o joule (J) ou a caloria (cal).
Considere um gás contido dentro de um conjunto cilindro e pistão. Se colocarmos uma
chama para aquecer esse gás, ele irá se expandir. Essa expansão será suficiente para provocar um
deslocamento no pistão.
Vimos, no capítulo 1, que a pressão está relacionada com a força pela seguinte equação:

p= F
A
Também sabemos da física mecânica que o trabalho (W) é dado pelo produto da força pela
distância:

W=F.d

Mas,

F=p.A

Substituindo na equação do trabalho, temos:

W = p . (A . d)

Como o produto (A . d) é a variação do volume. Assim, podemos escrever:

W = p . ΔV = p . (V2 – V1)

Algumas considerações precisam ser feitas: em uma expansão do gás, o volume final (V2)
será maior que o volume inicial (V1). Ou seja, o trabalho é positivo (∆V > 0). No caso da com-
pressão do gás, o volume final (V2) será sempre menor que o volume inicial (V1) e, portanto,
o trabalho será negativo (∆V < 0). No caso da expansão, temos um trabalho realizado pelo gás
(ou sistema) sobre o meio exterior e, no caso da compressão do gás, o meio exterior realizou 45
trabalho sobre o gás (sistema).
No exemplo do gás contido em um cilindro e pistão, foi possível visualizar a transferência

Calor e Trabalho
de energia entre dois sistemas: a chama cedeu calor ao gás que, ao se expandir, realizou trabalho,
sendo possível perceber a estreita ligação entre calor e trabalho.
Nos capítulos seguintes, veremos com mais detalhes essa interação calor/trabalho para
explicar o funcionamento de equipamentos térmicos.

Atividades
1) Por que a colocação “estar com calor” é errada? Cite um exem-
plo do cotidiano.

2) Defina calor sensível e calor latente.

3) Determine o calor necessário para elevarmos a temperatura de


600 g de água de 25 °C para 95 °C. Considere o calor especí-
fico da água igual a 1 cal .
g . °C
4) Determine o calor necessário para vaporizar 150 g de água a
100 °C. Considere o calor latente de vaporização da água igual
a 540 cal .
g

Para as questões 5 e 6 considere os seguintes dados:

• Fusão do gelo a 0 °C → LF = 80 cal


g

• Solidificação da água a 0 °C → LS = –80 cal


g

• Vaporização da água a 100 °C → LV = 540 cal


g

• Condensação do vapor a 100 °C → LV = –540 cal


g

• Calor específico da água → c = 1 cal


g . °C

• Aquecimento do gelo → c = 0,5 cal


g . °C

5) Calcule o calor total empregado para vaporizarmos 500 g de


gelo a –30 °C.

6) Calcule o calor total empregado para transformarmos 500 g de


46 água a 25 °C em gelo a –5 °C.

7) Trace as curvas de aquecimento e resfriamento das questões 5


Calor e Trabalho

e 6.

8) Uma esfera de ferro de 900 g e com temperatura de 90 °C é


colocada dentro de um recipiente com 1 800 g de água, a uma
temperatura de 20 °C. Determine a temperatura de equilíbrio
térmico do conjunto esfera e água. Considere o calor especí-
fico da água igual a 1 cal e o calor específico do ferro igual
g . °C
a 0,11 cal .
g . °C
9) Uma parede possui uma área de 1 500 cm2 e uma espessura
de 2 cm. A temperatura na face interna da parede é de 25 °C
e na face externa é de 45 °C. Calcule a taxa de transferência
de calor por condução, sabendo que o material que constitui a
parede possui uma condutividade térmica de 15 cal .
s . cm . °C
10) Calcule o trabalho realizado pela expansão de um gás que pro-
duz um deslocamento de 0,05 m no pistão de área de 1 m2.
A pressão no gás é de 5 000 Pa e pode ser considerada
constante.
4

Substância Pura
No capítulo anterior, abordamos os conceitos de calor e trabalho. Também vimos que
o calor e o trabalho são formas de energia, a qual pode ser armazenada e transmitida, além de
poder ser convertida em outras formas de energia. Entretanto, vimos que mesmo a energia
sendo um conceito fundamental na Termodinâmica, não temos uma definição exata para ela.
Neste capítulo, são apresentados novos conceitos, extremamente importantes e funda-
mentais para compreendermos os conteúdos abordados nos próximos capítulos. Estudaremos,
também, modos de avaliar propriedades e definir estados de um sistema formado por uma
substância pura.
47

Conceitos Iniciais

Substância Pura
Fase e Homogeneidade
Shutterstock/Evgeny Karandaev

Inicialmente, vamos compreender o que é fase e, para isso,


vamos tomar alguns exemplos práticos. Suponha que dentro de um
recipiente existam água e gelo; nesse caso, temos duas fases visíveis,
uma líquida e outra sólida. Ao colocarmos água para ferver, também
podemos identificar duas fases, uma correspondendo à fase líquida
e outra à gasosa. O ar que respiramos é composto por vários gases,
dentre os principais, o oxigênio e o nitrogênio, mas, o ar forma ape-
nas uma fase, pois não conseguimos distinguir ou visualizar os gases
que o constitui. Se misturarmos água e óleo de cozinha haverá duas
fases líquidas visíveis. Assim, podemos definir fase como sendo uma
quantidade de matéria sólida, líquida ou gasosa que é homogênea
na sua composição química e física. Em Física, homogeneidade
significa que a substância se encontra em um só estado físico, ou seja, Figura 4.1 – Água e gelo formam
apenas no estado sólido, líquido ou gasoso. uma mistura não homogênea
Substância Pura e Sistema
Define-se substância pura como sendo uma substância que possui uma composição
química uniforme e invariável, como no exemplo anterior, em que há em um recipiente com
água e gelo, pois, apesar de a mistura possuir duas fases, ela forma uma substância pura, visto
que a composição química da água líquida é a mesma da água sólida.
A partir de agora, falamos constantemente em sistema. O sistema é tudo aquilo que se
quer estudar, como o sistema do exemplo do recipiente contendo água e gelo.

Propriedade e Estado
Outro conceito que devemos compreender é o de propriedade, que é uma característica
que identifica um sistema. O volume, a pressão, a massa, a energia e a temperatura são exem-
plos de propriedades de um sistema. Perceba que podemos atribuir valores às propriedades
para caracterizar o sistema; por exemplo, dois recipientes fechados contêm água, sendo que o
primeiro tem 550 g de água a 95 °C e o outro 850 g de água a 25 °C. Temos, assim, dois sistemas
com suas respectivas propriedades que os identificam. Para identificar as propriedades desses
dois sistemas, necessitamos de um termômetro e de uma balança.
Define-se estado como a condição de um sistema Estado:
descrito por suas propriedades, por exemplo, se em um Esta definição de estado não se limita
recipiente aberto há água a 99 °C e ela está a uma pressão aos estados físicos da matéria – líquido,
sólido e vapor. A água líquida, por exemplo,
de 1 atm. Essas duas propriedades identificam o estado
pode estar em estados diferentes, apesar
da água no recipiente. Se houvesse água a 25 °C e a uma de estar no estado físico de líquido,
pressão de 15 bar, haveria outro estado. basta apenas que lhe sejam alteradas a
48 temperatura e/ou a pressão.

Processo
Substância Pura

Se um sistema sofrer qualquer alteração em alguma de suas propriedades, dizemos que


ocorreu uma mudança de estado. Também podemos dizer que o sistema percorreu um processo.
Assim, podemos definir processo como uma transformação de estado ocorrida em um sistema.

Diagramas Termodinâmicos
p-T e T-υ
As propriedades termodinâmicas, temperatura, pressão, massa específica, volume espe-
cífico e outras propriedades a serem abordadas, podem ser dependentes ou não entre si. Isso
significa que podemos determinar todas as propriedades de um sistema a partir do conheci-
mento de um conjunto de outras propriedades.
Após várias experiências realizadas, descobriu-se que a temperatura e o volume específico
podem ser considerados independentes e a pressão pode ser determinada por meio deles. Ou
seja, conhecendo-se a temperatura e o volume específico de um sistema, podemos determinar
todas as outras propriedades restantes desse sistema.
Utilizamos aqui, como exemplo inicial, a formulação de gás perfeito ou
gás ideal. A equação, a seguir, representa a equação de estado de gás ideal
ou de gás perfeito.

p.υ=R.T

Nessa equação, p representa a pressão (kPa) e υ é o volume específico


m 3
. T é a temperatura (K) e R é uma constante do gás que se está analisando
kg
que, para o caso do ar, corresponde ao seguinte valor:

R = 0,2870 kJ
kg . K

A tabela 4.1 mostra o valor da constante R para várias substâncias.


Tabela 4.1 – Constante R para várias substâncias
kJ
Substância R
kg . K
Água (H2O) 0,4614
Ar 0,2870
Argônio (Ar) 0,2082
Dióxido de carbono (CO2) 0,1889
49
Hélio (He) 2,0769
Hidrogênio (H2) 4,1240
Oxigênio (O2) 0,2598

Substância Pura
Nitrogênio (N2) 0,2968
Monóxido de carbono (CO) 0,2968

Na equação de estado de gás ideal, se a temperatura e o volume espe-


cífico forem conhecidos, pode-se determinar a pressão. Assim, com duas
propriedades independentes, podemos determinar outra propriedade.
Outra maneira de escrever essa equação é a seguinte:

p.υ=m.R.T

Nessa equação, V é o volume do sistema (m3) e m é a massa (kg). Esta


equação originou-se da anterior pelo fato de que o volume específico relacio-
na-se com o volume da seguinte forma:

υ= V
m
As propriedades podem ser classificadas em propriedades extensivas e propriedades inten-
sivas. As propriedades extensivas dependem da massa do sistema. Por exemplo, a massa e
o volume de um sistema variam conforme o aumento ou a diminuição da massa do próprio
sistema. Por outro lado, as propriedades intensivas não dependem da massa do sistema. Por
exemplo, a temperatura e a pressão de um recipiente contendo água não dependem da massa
de água contida no recipiente.
Na verdade, não há uma equação de estado para cada substância encontrada na natureza.
A equação de estado de gás ideal é uma aproximação que só pode ser utilizada para gases perfei-
tos. Para resolver esse problema, utilizamos gráficos ou tabelas para determinar as propriedades
de uma substância pura.
Para utilizarmos de forma coerente os referidos gráficos e tabelas, é necessário definir
mais alguns conceitos importantes. Chamamos de temperatura de saturação aquela que
ocorre uma mudança de fase, em uma determinada pressão, a qual é chamada de pressão de
saturação. Por exemplo, ao nível do mar, a água vaporiza, ou seja, muda do estado físico de
líquido para vapor, em uma temperatura de 100 °C. Mas, ao nível do mar, a pressão corresponde
a 1 bar. Assim, a temperatura de mudança de fase, a de saturação, quando a pressão é de 1 bar, é
100 °C. Da mesma forma, podemos dizer que a pressão de saturação, a de mudança de fase, da
água, quando a temperatura de saturação é 100 °C, é 1 bar.
Na figura 4.2, é mostrado o diagrama pressão-volume específico (p-υ). No diagrama, a
região com formato de sino é conhecida como domo de vapor, ou seja, dentro dela há uma
região bifásica formada por líquido e vapor. A região bifásica corresponde à existência de duas
fases durante a mudança de fase. Por exemplo, ao se colocar uma panela contendo água em
uma chama de um fogão, quando a água estiver fervendo, observa-se que a fase líquida e vapor
coexistem. No topo do domo de vapor, encontra-se um ponto chamado de ponto crítico.
50 Este ponto corresponde ao encontro das linhas de líquido saturado, a linha que forma a parte
esquerda do domo; e a linha de vapor saturado, a linha que forma a parte direita do domo.
Ainda neste capítulo, definimos líquido saturado e vapor saturado.
Substância Pura

As linhas curvas, mostradas no diagrama pressão-volume específico, correspondem a uma


determinada temperatura constante, ou seja, linhas isotérmicas. A temperatura não varia ao
longo de uma curva de temperatura constante.

p
Ponto Crítico Linha de vapor
saturado

Isotermas – Linhas de temperatura


constante

Região Bifásica

Linha de líquido saturado


υ

Figura 4.2 – Diagrama pressão-volume específico


A figura 4.3 mostra o diagrama temperatura-volume específico (T-υ).
Esse diagrama tem as mesmas características do diagrama pressão-volume
específico (p-υ). A diferença está presente nos eixos, pois a temperatura agora
ocupa o eixo que correspondia à pressão no diagrama pressão-volume especí-
fico, e as linhas que antes eram de temperatura constante são agora de pressão
constante (linhas isobáricas). Note também que o formato da curva de
pressão constante no diagrama temperatura-volume específico é diferente da
curva de temperatura constante no diagrama pressão-volume específico. As
linhas curvas mostradas no diagrama temperatura-volume específico corres-
pondem a uma determinada pressão constante (linhas isobáricas). A pressão
não varia ao longo de uma curva de pressão constante.

T
Ponto Crítico

Isotermas – Linhas de temperatura


constante
Região Bifásica

Linha de vapor
saturado

Linha de líquido saturado


υ
51
Figura 4.3 – Diagrama temperatura-volume específico

Substância Pura
Tabelas Termodinâmicas
Há diversas maneiras de obtermos dados de propriedades termodinâmi-
cas. Além das possibilidades de utilização de gráficos, equações e programas
computacionais, podemos utilizar tabelas termodinâmicas. É de extrema
importância a habilidade no manuseio dessas tabelas para a coleta correta das
propriedades termodinâmicas.
Há duas categorias de tabelas termodinâmicas: a tabela de água satu-
rada (líquido-vapor) e a tabela de vapor superaquecido. As tabelas de
água saturada (líquido-vapor) podem ser utilizadas para determinar as proprie-
dades da água nos seguintes estados: líquido comprimido, líquido saturado,
vapor saturado e água na região bifásica (líquido + vapor). As tabelas de vapor
superaquecido são utilizadas para obter dados de propriedades termodinâmi-
cas para o estado de vapor superaquecido.
Nas Atividades Resolvidas da página 54, mostramos a utilização das
tabelas termodinâmicas da água, que constam no anexo Tabelas Termodinâmicas,
página 108.
Mudança de Fase
Para compreendermos o processo de mudança de fase de uma subs-
tância pura, vamos utilizar um exemplo de um aquecimento de 1 kg de água
no estado líquido em um conjunto cilindro-pistão à pressão atmosférica de
1 bar (1 atm ou 0,1 MPa). Suponha que a água se encontra a 20 °C. Nesse
processo, a água é aquecida de forma bem lenta e a pressão dentro do con-
junto cilindro-pistão permanece constante e igual à pressão atmosférica.
Podemos representar, no diagrama temperatura-volume específico
(T-υ), o estado inicial da água antes do processo de aquecimento. Chamaremos
este estado de 1, quando o processo de aquecimento se inicia, a tempera-
tura começa a aumentar rapidamente, enquanto o volume específico da água
líquida sofre um pequeno aumento. Ao atingir a temperatura de 100 °C, o
sistema atinge o estado 2. Os estados podem ser vistos na figura 4.4.

T
Líquido
saturado 4 Vapor
superaquecido
Região Bifásica
(líquido + vapor) 3
2 Vapor
100 ºC saturado

20 ºC Líquido
1 comprimido
υ
52 Figura 4.4 – Representação dos estados do sistema em um diagrama temperatura-volume específico

O estado, ao longo do trecho 1-2, é conhecido como estado de líquido


Substância Pura

comprimido ou líquido sub-resfriado. Estado de líquido comprimido


significa que o sistema se encontra em uma pressão maior que a pressão de
saturação para a temperatura na qual ela se encontra. Por exemplo, consul-
tando a tabela de saturação da água na página 108, descobre-se que a pressão
de saturação a 20 °C é 2,33 kPa (0,233 bar) , porém, a água se encontra a 1 bar,
superior a 0,0233 bar, portanto, comprimida. Líquido sub-resfriado signi-
Temperatura de satu- fica que a água se encontra em uma temperatura menor que a temperatura
ração é a temperatura de
mudança de fase. Assim,
de saturação para a pressão que ela se encontra. A água, em uma pressão de
se um sistema contendo 1 bar, por exemplo, vaporiza em uma temperatura de 100 °C, mas a água se
água líquida for subme- encontra a 20 °C e não a 100 °C, portanto, ela é dita sub-resfriada.
tido a uma pressão de
0,0233 bar, ela vapori- Ao atingir o estado 2, a água alcança o estado de líquido saturado.
zará a uma temperatura Nesse estado, a água se encontra exatamente na temperatura e pressão de
de 20 °C. saturação, assim, uma transferência de calor adicionada ao sistema provoca a
formação de vapor (inicia-se a mudança de fase). Como vimos no capítulo 3,
quando um sistema recebe calor e altera apenas sua temperatura, chamamos
esse calor de calor sensível. Por outro lado, o calor que causa mudança de fase
é chamado de calor latente. Lembre-se de que, durante a mudança de fase, a
temperatura e a pressão permanecem constantes.
Se, portanto, o processo de aquecimento continua, o sistema alcança o ponto 3. Esse
ponto representa o estado de vapor saturado. O estado de vapor saturado significa que todo o
líquido saturado transformou-se em vapor na temperatura e na pressão de saturação.
Perceba que a pressão e a temperatura permanecem constantes na região bifásica (líquido
+ vapor), mas o volume específico continua sofrendo alteração. Portanto, não podemos deter-
minar o volume específico por meio da temperatura e da pressão como antes, pois existem
infinitos valores diferentes de volumes específicos para a temperatura e a pressão de saturação na
região bifásica. Assim, necessitamos de outra propriedade, e essa propriedade se chama título x.
O título é dado por:

x= mvapor
mvapor + mlíquido

O título x representa a razão entre a massa de vapor e a massa total (líquido + vapor) do
sistema. Assim, no estado de líquido saturado, o 2, não temos vapor formado, então, mvapor = 0
e x = 0.

x= 0 =0
0 + mlíquido

53
Quando o sistema atinge o estado 3, o vapor saturado não tem massa de líquido, assim
mlíquido = 0 e x = 1.

Substância Pura
x= mvapor = mvapor = 1
mvapor + 0 mvapor

Dessa maneira, quando ocorrer uma mudança de fase, necessitaremos de outra proprie-
dade, além da temperatura e da pressão de saturação, para definirmos o estado no qual o sistema
se encontra. Essa outra propriedade pode ser (e normalmente é) o título x.
Na verdade, qualquer propriedade está relacionada com o título x da seguinte maneira:

φ = (1 – x) . φl + xφv

Nessa equação, φ representa qualquer propriedade intensiva. φl é a propriedade corres-


pondente ao líquido saturado e φv é a propriedade correspondente ao vapor saturado.
Se, depois de atingido o estado de vapor saturado, o sistema continuar recebendo calor
à pressão constante, o vapor sofrerá aumento na sua temperatura e no seu volume específico.
Assim, ocorrerá o estado de vapor superaquecido, representado pelo ponto 4. O estado de vapor
superaquecido se refere a um sistema que se encontra a uma temperatura maior à temperatura
de saturação correspondente para a pressão em que o sistema se encontra.
No exemplo, foi escolhida a pressão de 1 bar, mas poder-se-ia ter escolhido qualquer
outra. Para cada pressão, ocorreria sua respectiva temperatura de saturação, e o processo de
aquecimento se daria com as mesmas características descritas no exemplo.
Segue o passo a passo para determinar as propriedades da água, utilizando as tabelas ter-
modinâmicas para vários estados. Sendo a temperatura e a pressão conhecidas, deve-se proceder
da seguinte maneira:
• Se a pressão que a água se encontra for maior que a pressão de saturação da tempera-
tura na qual a água se encontra, então ocorre o estado de líquido comprimido ou
líquido sub-resfriado. Neste caso, podem-se utilizar os dados das propriedades de
líquido saturado para a temperatura dada (ver atividade 1 das atividades resolvidas a
seguir).
• Se a temperatura da água for superior à temperatura de saturação para a pressão na qual
a água se encontra, então temos o estado de vapor superaquecido. Neste caso, deve-
mos buscar o valor da propriedade nas tabelas de vapor superaquecido, nas páginas 110
a 111, na pressão em que a água se encontra (ver atividade 2 das atividades resolvidas a
seguir).
• Se a temperatura da água for igual à temperatura de saturação para a pressão na qual a
água se encontra, temos então o estado de saturação. Nesse único caso, a temperatura
e a pressão são propriedades dependentes e, portanto, necessitamos de outra proprie-
54 dade, que, para o caso, é o título x. Se x = 0, temos o estado de líquido saturado; e
se x = 1, temos o estado de vapor saturado. Para valores intermediários do título x,
pode-se calcular a propriedade por meio da fórmula φ = (1 – x) . φl + x . φv (ver ati-
Substância Pura

vidade 3 das atividades resolvidas a seguir).

Atividades Resolvidas
1) Determine o volume específico da água a 20 °C, se a pressão
for 1 bar (0,1 MPa).

Verificando a tabela 1 de saturação da água, na página 108,


percebe-se que, para a temperatura de 20 °C, a pressão de
saturação é 2,33 kPa (0,0233 bar). Assim, o líquido se encon-
tra em uma pressão (1 bar ou 0,1 MPa) maior que a pressão
de saturação para a temperatura de 20 °C (0,0233 bar ou
2,33 kPa). Portanto, o estado da água é líquido comprimido
(líquido sub-resfriado).
Observando a tabela de saturação da água, na página 108,
para a temperatura de 20 °C no campo de volume específico –
líquido saturado (υl):

υl = 0,001002 m
2

kg

2) Determine o volume específico da água a 200 °C, se a pressão


for 1 bar (0,1 MPa).

Verificando a tabela 2 de saturação da água, na página 109,
percebe-se que, para a pressão de 1 bar (0,1 MPa), a tempe-
ratura de saturação é 99,62 °C. Assim, como a temperatura
da água se encontra acima da temperatura de saturação, para
a pressão na qual ela se encontra, ocorre o estado de vapor
superaquecido.
Deve-se, portanto, encontrar o valor da propriedade (volume
específico) na tabela 3 referente a vapor superaquecido, na
página 110, na pressão e temperatura nas quais a água se
encontra (0,1 MPa ou 100 kPa e 200 °C).

υ = 2,17226 m
3

kg

3) Determine o volume específico da água a 99,62 °C, com uma 55


pressão de 1 bar (0,1 MPa), considerando os seguintes valores
do título:

Substância Pura
a. x = 0;

b. x = 1;

c. x= 0,5.

Ao verificarmos a tabela 2 de saturação, na página 109, per-
cebe-se que a temperatura da água é igual à temperatura de
saturação para a pressão na qual a água se encontra. Assim, o
estado é saturado.

a. Quando x = 0, o valor do volume específico corresponde ao


volume específico de líquido saturado υl.

υl = 0,001043 m
3

kg
b. Quando x = 1, o valor do volume específico corresponde ao
volume específico de vapor saturado υv.

υv = 1,694 m
3

kg

c. Quando x = 0,5, o valor do volume específico é dado por meio


da aplicação da fórmula seguinte:

φ = (1 – x) . φl + xφv

Substituindo pela propriedade volume específico, temos:

υ = (1 – x) . υl + x . υv

υ = (1 – 0,5) . 0,001043 + 0,5 . (1,694) = 0,8475 m


3

kg

4) Considere um recipiente fechado que possui um volume de


0,5 m3. Esse recipiente contém 1 kg de uma mistura de água
líquida e vapor em uma pressão de 100 kPa. Calcule:

a. O volume e a massa de líquido;

56 b. O volume e a massa de vapor.

Como vimos anteriormente, o volume específico pode ser cal-


Substância Pura

culado de acordo com a seguinte expressão:

v = V = 0,5 = 0,5 m
3

m 1 kg

Analisando a tabela de água saturada – propriedades em fun-


ção da pressão, página 109, na pressão de 100 kPa temos:
• Volume específico para o líquido:

υl = 0,001043 m
3

kg

• Volume específico para o vapor:

υv = 1,6940 m
3

kg
Assim, o volume específico para a mistura líquido-vapor de
água é dado por:
υlv = υvap – υlíq = 1,6940 – 0,001043 = 1,6929 m
3

kg

O próximo passo é determinarmos o título x da mistura:


υ = (1 – x) . υl + x . υ v
0,5 = (1 – x) . 0,001043 + 1,6940 . x
0,5 – 0,001043 = 1,6929 . x – 0,001043 . x
x = 0,2947

Assim, a massa de líquido é:


ml = m . (1 – x)
ml = 1 . (1 – 0,2947) = 0,7053 kg

A massa de vapor é:
mv = m . x
mv = 2 . (0,2947) = 0,5894 kg

Finalmente, o volume de líquido é:


Vl = ml vl = 0,7053 . (0,001043) = 0,00073 kg

E o volume de vapor é:
57
Vv = mv . υv = 0,2947 . (1,6940) = 0,49927 kg

Substância Pura
Atividades
1) Defina os seguintes termos:

a. fase;

b. homogeneidade;

c. substância pura;

d. sistema;

e. propriedade;

f. estado;

g. processo.
2) O ar contido em um recipiente fechado possui uma pressão
interna de 10 MPa. A temperatura do ar é de 400 K. Determine o
volume específico, considerando que o ar seja um gás perfeito.

3) O argônio contido em um recipiente fechado possui pres-


são interna de 5 MPa. O volume específico é de 0,005 m .
3

kg
Determine a temperatura, considerando que o argônio seja um
gás perfeito.

4) Um recipiente fechado com volume de 2 m3 possui volume


específico de 0,001 m . Determine a massa da substância
3

kg
contida no recipiente.

5) Defina os seguintes termos:


a. líquido comprimido;
b. líquido sub-resfriado;
c. líquido saturado;
d. região bifásica;
e. vapor saturado;
f. vapor superaquecido;
g. título.
58
6) Qual a diferença entre propriedade intensiva e extensiva?

7) Qual o título de uma mistura bifásica de 0,5 kg de vapor satu-


Substância Pura

rado e 2,5 kg de líquido saturado?

8) Descreva todas as etapas do processo de aquecimento à


pressão constante de 1 bar no diagrama T-υ de 1 kg de água
inicialmente a 10 °C até o estado de vapor saturado.

9) Demonstre que o título x é igual a 0,5 para uma mistura bifásica


de mesma massa de vapor saturado e líquido saturado.

10) Determine o estado e o volume específico para a água nos


seguintes casos:
a. T = 100 °C e p = 5 MPa;
b. T = 20 °C e p = 0,1 MPa;
c. T = 300 °C e p = 0,1 MPa;
d. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0,8;
e. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0;
f. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 1.
5

Leis da
Termodinâmica

Shutterstock/Ollyy
No capítulo anterior, abordamos
vários conceitos bastante utilizados na
Termodinâmica. Também vimos o processo de
mudança de fase de uma substância pura em
um diagrama temperatura-volume específico
(T-υ). Como havíamos dito anteriormente,
esses últimos conceitos e propriedades são
constantemente retomados nos capítulos por
virem.
Neste capítulo, voltamos a abordar o
trabalho e o calor, que foram discutidos no
capítulo 3. Também retornamos a falar sobre
59
gás perfeito ou gás ideal. Duas novas pro-
priedades são introduzidas neste capítulo:
a energia interna específica (u), e a entropia

Leis da Termodinâmica
específica (s).
As Leis da Termodinâmica estão presen-
tes em diversos fenômenos que nos rodeiam.
Por exemplo, uma pessoa que se alimenta
promove a entrada de energia, mas se ela não
pratica exercício, ou seja, não estimula a saída
de energia, acaba engordando, na forma de
acúmulo de energia. Isso é conhecido como
a Primeira Lei da Termodinâmica ou a Lei da
Conservação da Energia.
Se colocarmos uma xícara de café quente
em uma mesa, com o decorrer do tempo, sua
temperatura diminuirá espontaneamente, até
o equilíbrio térmico com o ambiente ser atin-
gindo. Mas por que não ocorre o processo
inverso? Esse processo e o seu sentido são Figura 5.1 – Conservação da energia explica o aumento de peso
explicados pela Segunda Lei da Termodinâmica. de uma pessoa
Primeira Lei da Termodinâmica
Para compreender a Primeira Lei da Termodi-
nâmica (Lei da Conservação da Energia), tomamos com

Shutterstock/Cynoclub
exemplo o funcionamento de um ventilador, que obe-
decendo a essa lei, converte a energia elétrica em energia
mecânica, a qual é responsável pelo movimento circular do
eixo das pás do ventilador. Note que a energia elétrica foi
convertida em trabalho (W), que é uma forma de energia.
Outro exemplo da Primeira Lei da Termodinâmica
é o funcionamento de um automóvel. O combustível do
tanque é misturado com o ar atmosférico e uma centelha
(pequena faísca) promove a combustão (queima ou explo-
são) dessa mistura ar-combustível. A pressão decorrente
da queima do combustível empurra o pistão para baixo e
esse movimento alternativo é transformado em movimento
rotativo, que é utilizado para movimentar o veículo. Assim,
a energia química do combustível é convertida em energia Figura 5.2 – O funcionamento de um ventilador
térmica (calor) e esta, por sua vez, é convertida em trabalho, obedece à Primeira Lei da Termodinâmica
responsável pela movimentação do veículo.
A energia elétrica que chega a nossas casas é, proveniente de uma hidrelétrica, ou seja,
resultado da conversão da energia potencial e cinética de uma enorme massa de água da represa
em trabalho, o qual, ao girar o eixo de uma turbina hidráulica, é convertido em energia elétrica,
60 por um gerador elétrico.
Para darmos continuidade à Primeira Lei da Termodinâmica, é importante falarmos de
uma nova propriedade: a energia interna específica (u).
Leis da Termodinâmica

Energia Interna
A energia de um sistema é composta por duas parcelas de energia: a energia externa e a
energia interna. Associa-se à energia externa toda relação do sistema com o meio externo, ou
seja, a energia potencial e a energia cinética. Por outro lado, a energia interna está associada às
condições internas do sistema, tais como vibração, rotação, translação das moléculas do sistema
e de suas forças intermoleculares.
A energia interna intensiva é representada pela letra minúscula u. Na verdade, não nos
interessa a medida de uma propriedade no determinado estado, mas, sim, a diferença de energia
sofrida em um processo. Vamos entender o porquê neste próximo exemplo: acredite que um
corredor de maratona treina em uma pista de 10 000 metros de extensão, mas que precisa correr
apenas 1 000 metros no menor intervalo de tempo possível. Dessa maneira, o corredor pode
partir da marcação de 0 metro até a próxima marcação de 1 000 metros, ou partir de qualquer
outro ponto, contanto que percorra os 1 000 metros.
O mesmo acontece com a energia: não importa de onde partimos ou
onde chegaremos, na verdade o que realmente importa é a variação de energia
sofrida. Assim, podemos escrever a Primeira Lei da Termodinâmica para
um Sistema da seguinte forma:

∆E = ∆U + ∆Ep + ∆Ec

Essa equação nos diz que a variação total de energia ∆E, em um sistema
fechado, é igual às variações da energia interna (∆U), potencial (∆Ep) e ciné-
tica (∆Ec) do sistema. O sistema fechado pode ser entendido como aquele
cuja massa não varia, ou seja, não há entrada ou saída de massa. Os termos da
equação anterior podem ser analisados separadamente:

∆U = m . (u2 – u1)
∆Ep = m . (g . h2 – g . h1)

v22 – v21
∆Ec = m .
2

Assim, podemos agrupar as equações:

v22 – v21 61
∆U = m . (u2 – u1) + m . + m . (g . h2 – g . h1)
2

Leis da Termodinâmica
Lembre-se de que definimos propriedades extensivas e intensivas e elas
se relacionam da seguinte maneira:

U=m.u

∆Ec = m . m . v
2

2
Ep = m . g . h

Nas tabelas termodinâmicas, a energia interna


kJ
específica u é dada em . Assim, ao utilizarmos a
kg
equação da conservação da energia em um sistema,
devemos converter a energia interna específica para
J
multiplicando por 1 000.
kg
Atividade Resolvida
Calcule as seguintes parcelas de energia para os seguintes
estados:

a. Energia potencial de uma massa de 10 kg a uma altura de


100 metros.

b. Energia cinética de uma massa de 20 kg com velocidade de


50 m .
s
Para resolvermos esse problema, devemos lembrar que a
energia cinética e a energia potencial são representadas por:

Ec = m . v e Ep = m . g . h
2


Assim, a energia potencial de uma massa de 10 kg, a uma
altura de 100 metros, é:
Ep = m . g . h = 10 . 10 . 100 = 10 000 J ou 10 kJ

E a energia cinética de uma massa de 20 kg, com uma veloci-


dade de 50 m/s, é:
62
Ec = m . v = 20 . 50 = 25 000 J ou 25 kJ
2 2

2 2
Leis da Termodinâmica

Se uma substância se encontra na região bifásica, sua energia interna específica pode ser
determinada utilizando-se o título x.

u = (1 – x) . ul + x . uv

Atividade Resolvida
Determine a energia interna específica da água a 99,62 °C e
com uma pressão de 1 bar (0,1 MPa). Considere os seguintes
valores do título:

a. x = 0;

b. x = 1;

c. x = 0,5.
Ao verificarmos a tabela 2 de saturação, notaremos que a
temperatura da água é igual à temperatura de saturação para
a pressão na qual a água se encontra. Assim, o estado é
saturado.
a. Quando x = 0, o valor da energia interna específica corres-
ponde à energia interna específica de líquido saturado ul.
ul = 417,33 kJ
kg

b. Quando x = 1, o valor da energia interna específica corres-


ponde à energia interna específica de vapor saturado vv.
uv = 2 506,06 kJ
kg

c. Quando x = 0,5, o valor da energia interna específica é dado


pela aplicação da fórmula seguinte:
φ = (1 – x) . φl + x . φv

Substituindo pela propriedade do volume específico, temos:


u = (1 – x) . ul + x . uv
u = (1 – 0,5) . 417,33 + 0,5 . (2 506,06) = 1 461,70 kJ
kg

Mas, onde entram as parcelas de energia referentes ao calor e ao trabalho na Primeira Lei
da Termodinâmica? Na verdade, a única maneira de variarmos a energia de um sistema é pela
transferência de energia por meio de calor e trabalho. Dessa maneira, podemos escrever: 63

∆E = Q – W

Leis da Termodinâmica
Finalmente, igualando as duas equações, temos:

Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec

Assim, temos a equação da conservação da energia para um sistema.

Atividade Resolvida
Um líquido é colocado dentro de um liquidificador e o trabalho
fornecido pelo liquidificador ao líquido é de 10 kJ. O calor que
é transferido do líquido é de 2 000 kJ. Determine a variação da
energia interna nesse processo.
Sabemos que a Primeira Lei da Termodinâmica é:
∆E = ∆U + ∆Ep + ∆EC

Além disso:
∆E = Q – W

Assim, igualando as duas equações, temos:


Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆EC

É importante lembrar que o calor é retirado do líquido, portanto


seu sinal será negativo. Por outro lado, o trabalho é realizado
sobre o líquido, mas também será negativo. Nesse processo,
não ocorrerá variação de energia cinética nem energia poten-
cial: ∆Ep = 0 e ∆Ec = 0.

Simplificando a última equação, teremos:


Q – W = ∆U
Assim:
–2 000 – (–10) = ∆U
∆U = –1 990 kJ

Transformações Gasosas
64
Vamos aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica em gases ideais quando esses sofrem
uma mudança de estado (percorrem um processo). Outra informação muito importante é que
Leis da Termodinâmica

a energia interna de um gás ideal varia apenas com a temperatura.

Transformação Isocórica
Transformação isocórica é aquela cujo volume permanece constante, ou seja, há variação
apenas na temperatura e na pressão. Se certa massa de ar, que ocupa certo volume V e possui
uma pressão p1 e uma temperatura T1, sofrer um aquecimento até uma temperatura T2, e seu
volume for mantido constante, sua pressão se elevará para um valor p2. As pressões e as tempe-
raturas se relacionam da seguinte maneira:

p1 = p2
T1 T2

Em uma transformação, o volume constante, a pressão e a temperatura absolutas de um


gás são diretamente proporcionais.
Vimos, no capítulo 3, que o trabalho realizado pela expansão de um gás
é dado pela seguinte equação:

W = p . (V2 – V1)

Mas, o volume permanece constante, ou seja, V2 = V1, assim W = 0.


O calor trocado por um gás em uma transformação isocórica, ao sofrer
uma variação de temperatura, é dado por:

Q = m . cv (T2 – T1)

O termo cv é chamado de calor específico a volume constante.


Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica, desprezando as energias
cinética e potencial, temos:

Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec

Assim:

∆U = Q

65

Leis da Termodinâmica
Em uma transformação isocórica, a variação da
energia interna do gás é igual à quantidade de calor
trocada com o meio exterior.

Transformação Isobárica
Uma transformação é dita isobárica quando a pressão p permanece
constante, ocorrendo, portanto, variações apenas na temperatura T e no
volume V. Os volumes e as temperaturas se relacionam da seguinte maneira:

V1 = V2
T1 T2

Em uma transformação à pressão constante, o volume e a temperatura


absoluta de um gás são diretamente proporcionais.
O trabalho realizado pela expansão de um gás é dado pela seguinte
equação:

W = p . (V2 – V1)

Assim, o calor trocado por um gás em uma transformação isobárica, ao


sofrer uma variação de temperatura, é dado por:

Q = m . cp . (T2 – T1)

O termo cp é chamado de calor específico à pressão constante.


Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica, desprezando as energias
cinética e potencial, temos:

Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
Q – W = ∆U

Em uma transformação isobárica, a quantidade de


calor recebido é maior que o trabalho recebido: Q > W.

66

Transformação Isotérmica
Leis da Termodinâmica

Uma transformação é dita isotérmica quando a temperatura T per-


manece constante, ocorrendo, portanto, variações apenas na pressão p e no
volume V. Os volumes e as pressões se relacionam da seguinte maneira:

p1 . V1 = p2 . V2

Em uma transformação à pressão constante, a pressão e o volume são


inversamente proporcionais.
Como a temperatura não varia, a variação da energia interna é nula, ou
seja, pela Primeira Lei da Termodinâmica, desprezando as energias cinética e
potencial, temos:

Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
∆U = Q – W
Portanto, se ∆U = 0 :

Q=W

Em uma transformação isotérmica, o calor trocado


com o meio exterior é igual ao trabalho realizado na
mesma transformação.

Transformação Adiabática
Uma transformação adiabática é aquela que ocorre sem troca de calor
com o meio exterior, ou seja, Q = 0.
Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica, desprezando as energias
cinética e potencial, temos:

Q – W = ∆U + ∆Ep + ∆Ec
∆U = –W

Em uma transformação adiabática, a variação da 67


energia interna é igual em módulo e de sinal contrário ao
trabalho realizado na transformação.

Leis da Termodinâmica
Lei Geral dos Gases Perfeitos
Podemos chegar às fórmulas das transformações isocóricas, isobáricas e
isotérmicas a partir da Lei Geral dos Gases Perfeitos. Quando dizemos que
um gás se encontra em condições normais de temperatura e pressão (CNTP),
sua temperatura é 0 °C (273 K) e sua pressão é 1 atm (100 kPa).
A equação que representa a Lei Geral dos Gases Perfeitos é dada por:

p1 . V1 = p2 . V2
T1 T2

Para a transformação isocórica, V1 = V2 e, portanto, podemos elimi-


ná-la da equação acima, obtendo a equação para a transformação isocórica.
O mesmo pode ser verificado para as transformações isobáricas p1 = p2 e
isotérmicas T1 = T2.
Segunda Lei da
Termodinâmica
Antes de falarmos da Segunda Lei da Termodinâmica, é necessário
apresentarmos a definição de processo reversível e irreversível.
Um processo reversível é aquele que, depois de realizado, retorna
ao estado inicial sem causar variação no sistema e no meio externo.
Naturalmente, esse tipo de processo não existe no mundo real. Um exem-
plo de um processo reversível seria a descida de um bloco em um plano
inclinado, sem atrito, com seu retorno por meio de uma mola ideal (perfei-
tamente elástica).
Por outro lado, um processo irreversível é aquele que, depois de rea-
lizado, retorna ao seu estado inicial, mas causa alguma variação no sistema
e no meio externo. Se no exemplo anterior houver atrito durante a descida,
o atrito entre o bloco e o plano inclinado ocasionará um aquecimento e,
desse modo, uma perda de calor para o meio externo. Esse calor perdido
não é recuperado quando o bloco subir, retornando ao seu ponto de partida.
Dessa forma, o atrito é um fator que induz irreversibilidades. Muitos outros
fatores além do atrito incluem irreversibilidades:
• transferência de calor;
• expansão de um gás ou líquido até uma pressão mais baixa;
68 • reação química espontânea;
• mistura espontânea de matéria em estados ou composições
Leis da Termodinâmica

diferentes;
• fluxo de corrente elétrica por meio de uma resistência.
Na verdade, como falamos anteriormente, todos os processos reais
são irreversíveis. Quando colocamos uma xícara com café quente em
uma mesa, a sua temperatura diminuirá até chegar ao equilíbrio térmico.
A Primeira Lei da Termodinâmica não invalida esse fenômeno, porém, ela
também não invalidaria o efeito contrário, ou seja, a xícara com café quente
continuando a aumentar sua temperatura com o passar do tempo. Nesse
sentido, a Segunda Lei da Termodinâmica mostra se um fenômeno pode
ocorrer ou não, mesmo que isso não seja invalidado pela Primeira Lei da
Termodinâmica.
A Segunda Lei da Termodinâmica afirma que, nas transformações
naturais, a energia sofre uma espécie de degradação, partindo de uma forma
organizada para uma forma desordenada. Ainda conforme a Segunda Lei da
Termodinâmica, a transferência de calor se dá do corpo quente para o corpo
frio de forma espontânea.
Dois físicos, Kelvin e Planck, enunciaram a Segunda Lei da Termodinâmica da seguinte
maneira:

É impossível construir uma máquina térmica, operando em ciclos,


cujo único efeito seja retirar calor de uma fonte e convertê-lo totalmente
em trabalho.

Isso significa que sempre haverá perdas de energia e é impossível converter uma forma de
energia em outra sem que haja perda de energia.
Nesse aspecto, torna-se muito conveniente falarmos de outra propriedade termodi-
nâmica: a entropia específica (s). Da mesma forma que a energia, a entropia pode ser
transferida para um sistema. Já para sistemas fechados, a única forma para ocorrer transferên-
cia de entropia é por meio da transferência de calor.

s = (1 – x) . sl + x . sv

Ao contrário da energia e da massa que se conservam, a entropia é produzida (gerada) no


interior de sistemas sempre que existem irreversibilidades. Assim, podemos escrever o enun-
ciado da Segunda Lei voltada à entropia:

É impossível para qualquer sistema operar de alguma forma que a


69
entropia seja destruída.

Leis da Termodinâmica
Uma compreensão mais detalhada da Segunda Lei da Termodinâmica, assim como a da
entropia, foge do nosso objetivo, por isso, detalhes mais avançados sobre esses assuntos são
vistos em um curso superior de Engenharia.

Atividades
1) Defina a Primeira Lei da Termodinâmica. Cite um exemplo do
cotidiano que envolva o princípio da conservação da energia.

2) Defina as transformações isocórica, isobárica e isotérmica de


um gás perfeito.

3) Defina transformação adiabática.


4) Determine a energia interna específica para a
água nos seguintes casos:

a. T = 100 °C e p = 2 MPa;

b. T = 20 °C e p = 0,1 MPa;

c. T = 300 °C e p = 0,1 MPa;

d. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0,8;

e. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0;

f. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 1.

5) Determine a entropia específica para a água


nos seguintes casos:

a. T = 100 °C e p = 2 MPa;

b. T = 25 °C e p = 0,1 MPa;

c. T = 300 °C e p = 0,1 MPa;

d. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0,8;

e. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 0;

f. T = 99,62 °C, p = 100 kPa e x = 1.


70
6) Calcule o volume final de um gás que ocupa ini-
cialmente um volume de 1 m3 a 290 K, quando
Leis da Termodinâmica

sua temperatura aumenta isobaricamente para


350 K.

7) Calcule o volume final de um gás que ocupa


inicialmente um volume de 1 m3 a 5 000 Pa,
quando sua pressão aumenta isotermicamente
para 10 000 Pa.

8) Calcule a pressão final de um gás que se


encontra a 290 K e a 15 500 Pa, quando sua
temperatura aumenta isocoricamente para
350 K.

9) Qual o enunciado da Segunda Lei da


Termodinâmica, segundo Kelvin e Planck?

10) Qual o enunciado da Segunda Lei da


Termodinâmica, segundo o ponto de vista da
entropia?
6

Caldeiras
Nos capítulos anteriores, abordamos vários conceitos da Termodinâmica. Todo esse pro-
cesso tem como objetivo principal servir de base para a compreensão dos próximos capítulos.
A partir deste capítulo, damos início à abordagem dos principais equipamentos que possuem
seus funcionamentos regidos pela Termodinâmica.
Começamos com um equipamento de grande utilização na indústria: a caldeira. A fun-
ção da caldeira é produzir o vapor que será utilizado nos mais diversos processos industriais.
O vapor está presente em uma infinidade de seguimentos industriais, tais como na geração de
energia elétrica em usinas termelétricas e nucleares, na indústria de papel e celulose, refinaria
de petróleo, indústria alimentícia e farmacêutica.
Atualmente, o vapor constitui o modo mais econômico e prático de se transferir calor em
processos industriais. O vapor também pode ser usado para geração de trabalho mecânico de
acionamento de equipamentos. Costuma-se dizer que o vapor “movimenta” o mundo.
Neste capítulo, abordamos os principais aspectos relacionados ao vapor, seus tipos e
71
principais usos, além da atenção voltada às caldeiras, que são os equipamentos utilizados na
produção do vapor.

Caldeiras
O Vapor e Seus Usos
No capítulo 3, abordamos o processo de mudança de fase de uma substância pura, que
no nosso caso pode ser a água. Vimos que se certa massa de água, com temperatura inicial de
20 °C, por exemplo, é aquecida à pressão constante (pressão atmosférica), ela passa do estado
inicial de líquido comprimido (ou sub-resfriado) para o estado de líquido saturado, quando sua
temperatura atinge os 100 °C. E, à medida que o calor continua sendo absorvido pelo sistema,
formado pela massa de água, inicia-se a mudança de fase (região bifásica) e, nessa região, a pres-
são e a temperatura permanecem constantes. O estado de vapor saturado é alcançado quando
todo líquido vaporizar, estando o sistema ainda a 100 °C. Qualquer calor adicional cedido ao
sistema provocará o superaquecimento do vapor.
Atualmente, o vapor é utilizado em duas faixas de temperaturas diferentes. Para tempe-
raturas abaixo de 200 °C, o vapor é utilizado no processo de aquecimento da água para os mais
diversos fins, tais como higiene pessoal e higienização hospitalar, no cozimento de alimentos,
no aquecimento de ambientes internos de residências em regiões frias e em diversos processos
industriais. Acima de 200 °C, o vapor é utilizado principalmente no acionamento de equipa-
mentos, como as antigas locomotivas a vapor.
Em outras palavras, como já falamos anteriormente, o vapor pode ser
classificado em vapor saturado e vapor superaquecido. O vapor saturado
é utilizado em processos de aquecimento na indústria e sua temperatura está
situada em torno de 150 °C. Por outro lado, o vapor superaquecido possui
uma aplicação mais voltada a acionamentos de máquinas e sua temperatura
está situada em torno de 400 °C.
Até agora, só falamos da aplicação do vapor sob o ponto de vista da tem-
peratura. A maioria dos processos industriais envolve o uso de vapor saturado
com pressões inferiores a 10 bar (1 000 kPa). Existem centrais termelétricas
operando com pressões da ordem de 250 bar (25 MPa).

Tipos de Caldeiras de Vapor


Agora que sabemos os tipos

Shutterstock/Xtrekx
de vapores e suas aplicações,
voltamos nossa atenção ao equi-
pamento responsável pela geração
de vapor, a caldeira. Começando
por sua definição, caldeiras
ou geradores de vapor são
máquinas térmicas destinadas a
promover a mudança do estado
líquido da água para o de vapor.
O calor total utilizado nesse pro-
72 cesso é dividido em duas partes:
o calor sensível, que é responsá-
vel pela elevação da temperatura
Caldeiras

até a temperatura de saturação da


água daquela pressão em que ela
Figura 6.1 – Caldeira ou gerador de vapor industrial
se encontra; e o calor latente,
que é responsável pela mudança de fase da água no estado líquido para vapor.
Se a caldeira for de superaquecimento, teremos outra parcela de calor sensível
responsável pela elevação da temperatura do vapor, ou seja, de vapor saturado
para vapor superaquecido.
Vimos que, pela Primeira Lei da Termodinâmica, a energia não é criada
nem destruída, mas pode ser transformada (convertida) e conservada. Assim,
a energia química do combustível utilizado na caldeira, ao entrar em combus-
tão (queima) é convertida em energia térmica (calor), que é responsável pela
mudança de fase da água líquida para vapor.
A preferência pela utilização da água na geração de vapor se dá por alguns
motivos: é um fluido de trabalho, que possui grande disponibilidade, e possui
um calor específico, que é elevado (consulte a tabela de calores específicos de
algumas substâncias mostradas no capítulo 3). Outra justificativa do uso da
água está na segurança operacional do vapor, pois o vapor de outras substân-
cias, tais como os óleos, pode ser explosivo e/ou tóxico.
As caldeiras podem ser classificadas de várias maneiras. As principais classificações são
mostradas a seguir:
• Quanto ao nível de pressão de operação, as caldeiras podem ser classificadas em:
– baixíssima pressão (abaixo de 7 bar);
– baixa pressão (entre 7 e 14 bar);
– média pressão (entre 14 e 48 bar);
– alta pressão (entre 48 e 100 bar);
– altíssima pressão (acima de 100 bar).
• Quanto ao tipo de combustível utilizado, as caldeiras podem ser:
– combustíveis sólidos (lenha);
– combustíveis líquidos (óleo diesel);
– combustíveis gasosos (gás natural);
– caldeiras elétricas, que utilizam a energia elétrica para vaporizar a água.
• Quanto à posição da água e dos gases Gases
Saída de quentes
quentes, as caldeiras podem ser: Fornalha Tubos d'água
vapor
– Aquatubulares – A água circula pelo
interior de tubos e os gases quentes da
queima do combustível trocam calor
com a água por meio das paredes exter-
nas dos tubos. São aplicadas em indústrias
que consomem grandes quantidades de
73
vapor.
– Flamotubulares – Os gases quentes da Chaminé

Caldeiras
queima do combustível fluem por dentro
de tubos imersos em água. É utilizada em
aplicações de pequeno porte e são usadas
em operações que necessitam de vapor Entrada de água
saturado. Figura 6.2 – Caldeira aquatubular

Como visto, o calor é transferido do corpo


Saída de Gases mais quente (gases quentes da queima do com-
Caldeira
vapor quentes bustível) para o corpo mais frio (a água). Se os
gases quentes circulam dentro de tubos, a cal-
deira é dita flamotubular (flamotubular significa
tubo de fogo). Por outro lado, se a água circula
por dentro de tubos, a caldeira é dita aquatubu-
lar (aquatubular significa tubo de água).
As caldeiras flamotubulares são utilizadas
para a geração de vapor saturado e as caldeiras
aquatubulares são utilizadas para a geração de
Fornalha
Chaminé vapor superaquecido. Ambas podem utilizar
Figura 6.3 – Caldeira flamotubular combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos e isso
vai depender do tipo de projeto da caldeira.
Componentes de uma Caldeira
Agora que temos uma visão geral do que é uma caldeira e de seu funcionamento, pode-
mos detalhar seus principais componentes. Toda caldeira é constituída por um reservatório de
aço (tubulão de aço), dentro do qual está a água que sofrerá mudança de fase. Esse reservatório
de aço deve possuir elevada resistência mecânica para suportar as elevadas pressões do vapor.
Dentro desse reservatório de aço, temos os feixes de tubos internos por onde passam os gases
quentes da combustão nas caldeiras flamotubulares ou a água nas caldeiras aquatubulares. Esses
tubos também são de aço.
As caldeiras têm um alimentador de combustível, que pode ser manual ou automático.
A função do alimentador de combustível é fazer com que haja sempre queima de combustível,
pois, com isso, a troca de calor entre os gases e a água não sofre interrupções. Normalmente,
as caldeiras que operam com combustíveis sólidos, como a lenha, por exemplo, possuem ali-
mentação manual. O queimador de combustível é utilizado em caldeiras que operam com
combustíveis gasosos ou líquidos. Nesses tipos de caldeiras, a alimentação do combustível é
automática.
Após o vapor ser gerado, ele precisa ser extraído da caldeira e ir até os pontos de utilização
dentro da indústria. Isso é feito pela tubulação de saída de vapor. Essa tubulação se encontra
na região superior do reservatório de aço. Por outro lado, os gases quentes do processo de com-
bustão, depois que trocam calor com a água, necessitam ser retirados da caldeira. Isso é realizado
pela tubulação de saída dos gases queimados, que lançam esses gases na atmosfera.
A água, que é utilizada nas caldeiras, necessita ser tratada quimicamente e fisicamente, a
fim de amenizar a degradação dos componentes, que pode ocorrer pela corrosão. Mesmo com
o tratamento, a água utilizada nas caldeiras tende a depositar impurezas no fundo do reserva-
74 tório de aço. Essas impurezas são isolantes térmicos e dificultam a troca de calor entre os gases
quentes da combustão e a água. Assim, as caldeiras devem possuir uma válvula de descarga
de fundo, a fim de retirar os resíduos, ou lodos, depositados no fundo do tubulão de aço.
Caldeiras

Como vimos no início deste capítulo, as caldeiras operam com pressões muito elevadas,
podendo ser dezenas e centenas de vezes maiores que a atmosférica, por isso toda caldeira
deve possuir um dispositivo que reduza a pressão, caso haja uma elevação desta a um valor
muito perigoso. Acidentes com caldeiras, em geral explosões, são devastadores e podem causar
danos materiais elevadíssimos, além de mortes. Em função disso, existe uma norma brasileira,
NR-13, que exige que todas as caldeiras possuam, pelo menos, uma válvula de segurança. A
quantidade de válvulas de segurança vai depender de outros fatores do projeto, que fogem do
objetivo desse livro. A válvula de segurança funciona da seguinte maneira: a pressão de abertura
da válvula é ajustada por meio de uma mola encontrada na região superior da válvula. Desse
modo, quando a pressão da caldeira atingir o valor de ajuste da válvula, esta se abrirá pela ação
da pressão e liberará a passagem de vapor, reduzindo a pressão interna da caldeira.
Um dos principais fatores de explosão de caldeiras se dá pela falta ou pelo baixo nível
de água no interior destas. Por esse motivo, as caldeiras devem possuir algum tipo de controle
(visual ou automático) do nível de água no seu interior. O visor de nível é um acessório extre-
mamente importante na operação de caldeiras, pois ele informa exatamente o nível de água no
interior do reservatório de aço. Caso esse nível atinja valores muito baixos, deve-se cortar a
alimentação de combustível para encerrar a combustão na caldeira e, assim, interromper a troca
de calor entre os gases quentes e a água.
Além de controle do nível da água, toda caldeira deve possuir um dis-
positivo que indique a pressão do vapor. O manômetro tem a função de
informar a pressão do vapor no interior da caldeira. O excesso da pressão
do vapor pode causar uma explosão, caso a válvula de segurança não abra na
pressão de ajuste.
Nas caldeiras de superaquecimento, como as caldeiras aquatubulares,
o superaquecimento do vapor é realizado por um feixe de tubos chamados
superaquecedor. Após o vapor ser gerado no interior da caldeira, ele volta
a receber calor dos gases quentes, quando entra no superaquecedor. É dessa
maneira que o vapor superaquecido é formado. Quando a água que alimenta a
caldeira entra com temperatura elevada, gasta-se menos energia para vaporizá-
-la, ou seja, necessita-se de menos combustível para vaporizá-la. Um exemplo
prático disso pode ser visualizado se medirmos a quantidade de gás de cozinha
utilizado para vaporizar 1 kg de água a 50 °C e para vaporizar um bloco de
gelo de 1 kg. Obviamente, se gasta menos gás para vaporizar 1 kg de água a
50 °C. Para esse fim, algumas caldeiras utilizam um feixe de tubos, chamado
de economizador, por onde a água de alimentação sofre um preaquecimento
antes de entrar na caldeira. Esse preaquecimento ocorre quando a água de ali-
mentação entra em contato com os gases queimados da combustão. Também
podemos preaquecer o ar utilizado na combustão da caldeira. Para isso, é uti-
lizado um acessório chamado preaquecedor de ar.

Visor de nível
Válvulas de Plataforma
segurança para inspeção 75
Manômetro

Caldeiras
Pressostatos Tubulação de
gases
Placa de
identificação

Queimador Escada de
acesso
Chama

Figura 6.4 – Caldeira e seus componentes


Termodinâmica Aplicada a uma
Caldeira
Antes de falarmos da conservação da energia em uma caldeira, necessitamos abordar outra
propriedade termodinâmica bastante utilizada: a entalpia específica (h). Na verdade, em cálculos
termodinâmicos sempre aparecem alguns termos com maior frequência. Um deles é o termo
kJ m3
u + p . υ, em que u é a energia interna , p é a pressão (kPa) e ν é o volume específico .
kg kg

Por definição a entalpia (h) é dada por:

h=u+p.ν

kJ
Assim, a unidade de entalpia específica é . Nas tabelas termodinâmicas, das páginas
kg
108 a 110, também encontraremos a entalpia para os estados de líquido saturado, vapor saturado
e vapor superaquecido. Caso não tenhamos o valor da entalpia, poderemos calculá-la usando a
equação anterior. Como qualquer propriedade específica, podemos expressar a entalpia especí-
fica em função do título x.

h = (1 – x) . hl + x . hv

Lembre-se de que hl é a entalpia de líquido saturado, hv é a entalpia de vapor saturado e


76 que podemos representar qualquer propriedade termodinâmica intensiva em função do título x.
Em alguns processos termodinâmicos, o calor absorvido ou cedido por um sistema está
relacionado com a variação da sua entalpia.
Caldeiras

Até o momento, falamos apenas de sistemas fechados, ou seja, a massa não varia com
o decorrer do tempo. Entretanto, existem diversos equipamentos nos quais há escoamento de
massa para dentro e/ou para fora. Por exemplo, um condicionador de ar recebe o ar atmosférico,
resfria-o e envia-o para o ambiente a ser refrigerado. Assim, há o escoamento de massa de ar
constantemente durante o funcionamento do equipamento. Para esses casos de escoamento de
massa, utilizamos o termo volume de controle para especificar uma região ou um equipa-
mento que estamos analisando.
Agora, podemos analisar a transferência de energia em uma caldeira, assim como sua potên-
kJ
cia térmica. Logo, o calor, por unidade de massa q , em uma caldeira, é dado por:
kg

q = hsai – hentra

Nessa equação, hsai representa a entalpia específica do vapor que sai da caldeira. Lembre-se
de que essa entalpia específica pode ser de vapor saturado ou de vapor superaquecido; isso vai
depender da temperatura e da pressão. O termo hentra é a entalpia do líquido, que entra na cal-
deira (líquido comprimido).
. kg
Se a vazão mássica m for conhecida, ou seja, a quantidade de massa que atravessa
s
o equipamento por unidade de tempo, então podemos calcular a potência térmica Q (W) da
caldeira:

Q = ṁ . (hsai – hentra)

Perceba que as unidades de calor por unidade de massa q e potência térmica Q são dife-
rentes, pois são entidades termodinâmicas completamente diferentes.

Atividade Resolvida
Uma caldeira produz vapor saturado a 2 MPa e sua alimentação
é realizada com água a 10 kPa (líquido comprimido). Calcule o
calor absorvido por kg de água e a potência térmica, supondo
a vazão mássica igual a 2 kg .
s

A entalpia específica de saída da caldeira é determinada facil-
mente, pois se conhece a pressão e também se sabe que o
estado é de vapor saturado. Assim, pela tabela termodinâ-
mica 2, temos a entalpia de vapor saturado hv em uma pressão
de 2 MPa igual a:
hv = 2 799,5 kJ
kg 77

Sabe-se que a água entra na caldeira em em uma pressão


de 10 kPa. O estado da água na entrada é de líquido com-

Caldeiras
primido, assim:
hl = 191,8 kJ
kg

Portanto, o calor absorvido por kg de água é:
q = hsai – hentra = 2 799,5 – 191,8 = 2 607,7 kJ
kg

Finalmente, a potência térmica é dada por:


Q = ṁ . (hsai – hentra) = 2 . (2 799,5 – 191,8) = 5 215,4 W ≅ 5,2 kW

Atividades
1) Descreva as etapas da geração de vapor saturado a partir de
um sistema que contém 10 kg de água, inicialmente a 15 °C.
Considere a pressão constante e igual a 1 bar (100 kPa).
2) Descreva as etapas da geração de vapor superaquecido a partir
de um sistema que contém 10 kg de água, inicialmente a 15 °C.
Considere a pressão constante e igual a 1 bar (100 kPa).

3) O que é uma caldeira? Comente sobre a energia utilizada em


uma caldeira para promover a vaporização da água.

4) Descreva as utilizações e as temperaturas de uso dos tipos de


vapores gerados pelas caldeiras.

5) Por que utilizamos a água na produção de vapor em caldeiras?

6) Classifique as caldeiras em relação à sua pressão de operação.

7) Classifique as caldeiras em relação ao combustível utilizado.

8) O que são caldeiras flamotubulares e que tipo de vapor elas


produzem?

9) O que são caldeiras aquatubulares e que tipo de vapor elas


produzem?

10) Descreva a finalidade dos seguintes componentes de uma


caldeira:

a. reservatório de aço;

b. feixes de tubos;
78
c. tubulação de saída de vapor;

d. tubulação de saída dos gases queimados;


Caldeiras

e. válvula de descarga de fundo;

f. válvula de segurança;

g. visor de nível;

h. manômetro;

i. superaquecedor;

j. economizador;

k. preaquecedor de ar.

11) Diferencie sistema fechado e volume de controle.

12) Uma caldeira produz vapor saturado a 4 MPa e sua alimen-


tação é realizada com água a 20 kPa (líquido comprimido).
Calcule o calor absorvido por kg de água e a potência térmica
supondo a vazão mássica igual a 4 kg .
s
7

Turbina a Vapor
No capítulo anterior, falamos sobre as caldeiras de vapor, seus tipos, seus principais
componentes e princípio de seu funcionamento. Também empregamos alguns cálculos ter-
modinâmicos para o cálculo do calor e da potência térmica em uma caldeira. Na verdade, as
caldeiras não funcionam sozinhas em uma indústria, mas elas são integradas em um circuito
com outros equipamentos. Um desses equipamentos pode ser uma turbina a vapor.
O vapor proveniente da caldeira incide sobre as pás da turbina e isso faz o seu eixo girar.
Este é acoplado a um gerador elétrico e, assim, faz-se a conversão de energia térmica da queima
de um combustível em energia elétrica. As turbinas a vapor são equipamentos térmicos bastante
difundidos no mundo, possuem alta confiabilidade e alta eficiência.

Aplicação das Turbinas a Vapor


Uma turbina a vapor é uma máquina térmica rotativa na qual a energia térmica do 79
vapor é convertida em energia mecânica de rotação devido à força do vapor, que age sobre as pás
da turbina. A energia é constantemente transformada nesse processo, ou seja, a energia química

Turbina a Vapor
do combustível é convertida em calor, este calor é utilizado para vaporizar a água na caldeira e,
em seguida, a energia térmica do vapor é convertida em energia mecânica de rotação.

Hélices

Figura 7.1 – Turbina a vapor


As primeiras invenções de máqui-
nas que mais se aproximam das turbinas
a vapor se deram por volta de 150 a.C.
por Hero de Alexandria, responsável pela
aeolipyle. O aeolipyle consistia em uma
esfera oca na qual o vapor era introduzido
com elevada pressão por um eixo vazado
e escapava por dois tubos curvos vazados,
dispostos de forma oposta ao longo do
diâmetro da esfera. A reação do escape do
vapor ocasionava a rotação da esfera. Porém,
a primeira máquina térmica com aplicação
prática foi construída por Watt, em 1780,
sendo, portanto, um dos impulsionadores
da Revolução Industrial. Figura 7.2 – Aeolipyle
Atualmente, o principal uso das turbinas a vapor está voltado à geração de
energia elétrica, mas estas também podem ser empregadas para acionar equi-
pamentos industriais como bombas, compressores e grandes ventiladores.

Classificação e
Características das Turbinas
80 a Vapor
As turbinas a vapor têm grande utilização e, por isso, existem vários
Turbina a Vapor

critérios para classificá-las. Assim, podemos classificar as turbinas a vapor da


seguinte maneira:
• Quanto à sua finalidade:
– Para Acionamento Elétrico – Utilizadas para acionamento de
geradores elétricos.
– Para Acionamento Mecânico – Utilizadas para o acionamento
de equipamentos mecânicos, tais como bombas, compressores,
ventiladores.
• Quanto ao princípio de funcionamento:
– Ação (Impulso) – O vapor à alta velocidade incide sobre as pás
da turbina, convertendo a energia cinética do vapor em trabalho
mecânico de rotação. O vapor atravessa as pás (palhetas) da tur-
bina à pressão constante.
– Reação – Esse tipo de turbina não trabalha com a pressão do
vapor constante, pois a pressão diminui à medida que passa pelas
palhetas da turbina. Há uma transformação parcial da energia tér-
mica do vapor em energia cinética.
Componentes de uma
Turbina a Vapor
Descrevem-se, agora, os principais componentes de uma turbina a vapor.
O estator, ou roda fixa, é um elemento fixo da turbina a vapor que envolve
o rotor e é responsável pela transformação da energia térmica do vapor em
energia cinética. O rotor, também conhecido por roda móvel, tem a função
de transformar a energia cinética do vapor em energia mecânica de rotação,
trabalho mecânico.
O expansor é o elemento responsável pela orientação do jato de vapor
sobre as palhetas móveis. Algo muito interessante ocorre no expansor: a pres-
são diminui e, como consequência, a velocidade aumenta. Para explicarmos
esse fenômeno, usamos a equação conhecida como equação de Bernoulli.
Na verdade, a equação de Bernoulli é uma equação de conservação da energia.
A energia de escoamento do vapor se conserva até que seja transformada em
outra forma de energia. A equação de Bernoulli é:

p + V2 + z = constante
g 2g

Note que, nessa equação, temos três parcelas de energias diferentes: a


p
energia de pressão, dada pelo primeiro termo do lado esquerdo g , a ener- 81
V 2
gia de velocidade (energia cinética) 2g , dada pelo segundo termo e a energia

Turbina a Vapor
potencial, dada pela altura (z). Essas três parcelas de energias devem permanecer
constantes. Mesmo que alguma delas mude de valor, os demais termos sofrem
alguma alteração para manter o mesmo valor da soma das três parcelas.
Para visualizarmos melhor a dependência da velocidade com a pressão,
vamos usar um exemplo numérico. Suponha que o valor da parcela de energia
de pressão tenha um valor 5 e a parcela de energia cinética possua um valor
de 4. A parcela de energia potencial possui valor 1. Então, de acordo com a
equação da conservação da energia, temos:
5 + 4 + 1 = 10
Lembre-se de que o valor da soma deve permanecer constante (igual a 10)
e, assim, se diminuirmos o valor da parcela de energia de pressão para 2 e supondo
que a parcela de energia potencial não sofreu alteração, o novo valor da energia
cinética para manter o valor da soma constante (igual a 10) deverá ser 7.
2 + 7 + 1 = 10
É exatamente isso que ocorre no expansor, ou seja, com a queda da
pressão ocorrerá um aumento da velocidade para que se tenha a conservação
da energia.
Assim, podemos expandir a equação de Bernoulli da seguinte maneira:

p + V2 + z p + V2 + z
g 2g 1
= g 2g 2
Nessa equação, não
estamos levando em consi-
deração a parcela do atrito do
A energia no ponto 1 deve ser a mesma no ponto 2. Nessa escoamento. Portanto, essa
m equação é uma idealização.
equação, p é a pressão (Pa), V é a velocidade s , g é a aceleração
m N
da gravidade 10 2 , g é o peso específico do fluido m3 e z é
s
a altura (m).
As palhetas móveis são os elementos que
estão fixados no rotor da turbina e possuem a

Shutterstock/Arogant
finalidade de receber o impacto do vapor pro-
veniente do expansor para a movimentação do
rotor. Os mancais são elementos responsáveis
por manter o eixo do rotor girando livremente.
A carcaça é o elemento que serve de
suporte para outros elementos da turbina a vapor,
tais como os mancais e as palhetas fixas, entre
outras.
As turbinas a vapor também possuem
válvulas, que regulam a vazão de vapor que a
turbina admite e regulam o bloqueio do vapor.
82 Figura 7.3 – Pás de uma turbina a vapor
Todas funcionam de forma automática.
Turbina a Vapor

Atividade Resolvida
Uma tubulação horizontal possui um escoamento de água
na entrada com uma velocidade de 1 m a uma pressão de
s
100 kPa. Na saída da tubulação, a velocidade é 2 m . Supondo
s
que não haja variação de altura no trecho da tubulação, deter-
mine a pressão na saída. Considere o peso específico da água
igual a 10 000 N e a aceleração da gravidade igual a 10 m .
m3 s2

Para resolver esse problema, é necessário aplicar a equação


de Bernoulli para os pontos de entrada e saída da tubulação.
Mas as alturas da entrada e da saída são iguais, assim:
p + V2 + z p + V2 + z
g 2g = g 2g
1 2

Denominando a entrada da tubulação de 1 e a saída de 2.
Então, os valores para os pontos 1 e 2 são:
p1 = 100 000 Pa

V1 = 1 m
s
V2 = 2 m
s
g = 10 m
s
2

g = 10 000 N
m2
p2 = ?

Substituindo os valores, tem-se:

100 000 + 12 p + 2
2
=
10 000 20 1
10 000 20 2

p + 4
10 + 1 =
20 1
10 000 20 2

p2 = 98 500 Pa = 98,5 kPa

Como a velocidade aumentou de 1 m para 2 m , a pressão


caiu de 100 kPa para 98,5 kPa. s s 83

Turbina a Vapor
Termodinâmica Aplicada à Turbina
a Vapor
Como vimos anteriormente, a função da turbina a vapor é produzir energia mecânica de
rotação no eixo. Essa energia é obtida pela conversão da energia térmica do vapor, que, ao passar
nas pás da turbina, sofre uma queda na pressão (turbina de vapor de reação). O escoamento do
vapor na turbina se dá por meio de bocais ou palhetas fixas, onde ocorre uma queda de pressão
do vapor. Em seguida, o vapor à alta velocidade escoa sobre as pás até ser lançado na atmosfera e a
velocidade sofre uma redução (a energia cinética é convertida em energia mecânica de rotação).
Na aplicação da conservação da energia ou Primeira Lei da Termodinâmica em turbina a
vapor, podemos desprezar as parcelas de energia cinética e energia potencial. Também pode ser
desprezada qualquer troca de calor entre a turbina e a atmosfera.
Assim, a energia mecânica de rotação, por unidade de massa de vapor (w), é dada pela
seguinte equação:

w = hentra – hsai
kJ
A unidade de w é , que é a mesma unidade da entalpia específica. Se a vazão mássica
kg
de vapor ṁ que entra na turbina for conhecida, podemos determinar a potência de operação da
turbina pela seguinte equação:

W = ṁ . (hentra – hsai)

kg
Lembre-se de que a unidade vazão mássica de vapor é . Dessa maneira, a potência de
operação da caldeira (W) é dada em watts (W). s

Atividade Resolvida
Uma turbina é alimentada com uma vazão mássica de vapor

de 200 kg . O vapor entra na caldeira a 350 °C e 2 MPa. O vapor


s
sai da turbina como vapor saturado a 0,1 MPa. Determine a
energia mecânica de rotação por unidade de massa de vapor
e a potência térmica desenvolvida pela turbina a vapor.

84
Deve-se, inicialmente, determinar os estados do vapor na
entrada e na saída para se poder utilizar as tabelas de vapor
Turbina a Vapor

na obtenção das entalpias. Na entrada, o vapor se encontra a


350 °C (vapor superaquecido). Assim, consultando a tabela de
vapor superaquecido, a uma pressão de 2 MPa, obtém-se o
seguinte valor da entalpia específica:

hentra = 3 137 kJ
kg

Na saída, o estado é de vapor saturado na pressão de 0,1 MPa,


assim:
hsai = 2 675,5 kJ
kg

w = hentra – hsai = 3 137 – 2 675,5 = 461,5 kJ


kg

A potência térmica é:

W = ṁ . (hentra – hsai) = 200 . (3 137 – 2 675,5) = 92,3 kW


Atividades
1) Defina turbina a vapor.

2) Descreva as conversões de energias ocorridas na caldeira até


o vapor alcançar a turbina a vapor.

3) Explique o funcionamento da máquina térmica de Hero de


Alexandria, o aeolipyle.

4) Classifique as turbinas a vapor em relação à sua finalidade.

5) Qual a função do estator e do rotor de uma turbina a vapor?

6) Explique a função do expansor de uma turbina a vapor. Use na


sua resposta a conservação da energia dada pela equação de
Bernoulli.

7) Suponha que, em um escoamento de água, a parcela da ener-


gia de pressão seja 2 metros, a parcela de energia cinética seja
de 5 metros e a parcela de energia potencial seja de 1 metro.
Calcule a energia total e a parcela da energia cinética, caso
a parcela de energia de pressão aumente para 4 metros e a
energia potencial aumente para 2 metros.

8) Uma tubulação inclinada possui um escoamento de água 85

na entrada com uma velocidade de 1 m a uma pressão de


s

Turbina a Vapor
200 kPa com uma altura de 1 metro. Na saída da tubulação,

a velocidade é 2 m e uma altura de 3 metros. Determine a


s
pressão na saída. Considere o peso específico da água igual a

10 000 N e a aceleração da gravidade igual a 10 m .


m3 s2
9) Uma turbina é alimentada com uma vazão mássica de vapor

de 100 kg . O vapor entra na caldeira a 350 °C e 3 MPa. O vapor


s
sai da turbina como vapor saturado a 0,1 MPa. Determine a
energia mecânica de rotação por unidade de massa de vapor
e a potência térmica desenvolvida pela turbina a vapor.

10) Uma turbina é alimentada com uma vazão mássica de vapor de

200 kg . O vapor entra na caldeira a 400 °C e 5 MPa. O vapor


s
sai da turbina como vapor saturado a 0,1 MPa. Determine a
energia mecânica de rotação por unidade de massa de vapor
e a potência térmica desenvolvida pela turbina a vapor.
8

Motores de Combustão
Interna
O motor de combustão interna é o elemento responsável pela conversão da energia
química do combustível em energia térmica, via queima do combustível e, por fim, na conver-
são dessa energia térmica em energia mecânica, que provoca a movimentação do veículo. Sem
dúvida, o motor de combustão interna foi uma das maiores invenções já realizadas pelo homem
e, atualmente, representa um dos maiores indicativos tecnológicos.
86
Entretanto, alguns desafios ainda estão sendo travados na busca por um motor mais efi-
ciente e que polua menos, e, nesse sentido, o combustível utilizado desempenha um papel
fundamental. Os motores de combustão interna (MCI) possuem algumas vantagens em relação
Motores de Combustão Interna

às outras máquinas térmicas, tais como as turbinas a vapor e as turbinas a gás, por exemplo. Os
motores de combustão interna são de pequeno tamanho, trabalham em rotações relativamente
baixas e são de fácil manutenção.
Por outro lado, os motores de combustão interna têm algumas desvantagens, tais como
limitações de potência, não utilização de combustíveis sólidos, peso elevado para a potência
desenvolvida, elevado número de componentes, baixa eficiência e grande emissão de poluen-
tes. Para atenuar esses inconvenientes, muitas mudanças já foram realizadas nos motores de
combustão interna. Uma dessas mudanças mais significativas foi a substituição dos antigos
carburadores pelo sistema de injeção eletrônica de combustível.
Os motores de combustão interna podem ser aplicados ao acionamento de máquinas
estacionárias, tais como geradores, máquinas de solda, bombas ou outras máquinas, que ope-
ram em rotação constante. Na aplicação industrial, o motor é destinado ao acionamento de
máquinas de construção civil, tais como tratores, guindastes, compressores de ar, máquinas
de mineração, e outras aplicações onde se exijam características especiais e específicas ao
acionador. Na aplicação marítima, o motor é usado para propulsão de barcos e máquinas de
uso naval. E, por fim, na aplicação veicular, o motor é utilizado no acionamento de veículos
de transportes em geral, tais como caminhões e ônibus.
Classificação dos Motores
de Combustão Interna
Os motores de combustão interna podem ser classificados de diversas
maneiras. Na próxima seção, veremos, com detalhes, os componentes de um
motor de combustão interna. As principais classificações desses motores são:
• Quanto à admissão:
– Ar – Característica dos motores Diesel, em que primeiro é admi-
tido o ar, para, logo em seguida, ser comprimido a elevadas pressões
e, depois, receber o combustível.
– Ar + Combustível – Característica dos motores Otto, nos quais
uma mistura de ar e combustível é admitida e, em seguida, com-
primida. Vemos, mais adiante, os tipos de motores de combustão
Otto e Diesel.
• Quanto à ignição:
– Por centelha − A combustão da mistura ar + combustível ocorre
devido à geração de uma centelha elétrica. Este sistema de ignição
é utilizado no ciclo Otto.
– Por compressão – Após a pressurização do ar, o combustível é
injetado e a combustão ocorre. Esse sistema é utilizado no ciclo
Diesel.
• Quanto ao movimento do pistão: 87
– Alternativo – Característico dos ciclos Otto e Diesel, em que as
etapas do ciclo se dão pelo movimento alternativo de um pistão.

Motores de Combustão Interna


– Rotativo – As etapas do ciclo se dão pelo movimento rotativo de
um pistão.
• Quanto ao ciclo de trabalho:
– Quatro tempos – As etapas do ciclo motor ocorrem em quatro
cursos do pistão.
– Dois tempos – As etapas do ciclo motor ocorrem em dois cursos
do êmbolo.
• Quanto ao número de cilindros:
– Monocilíndrico – Esse tipo de motor utiliza apenas um
cilindro.
– Policilíndrico – Esse tipo de motor utiliza mais de um cilindro.
• Quanto à disposição dos cilindros:
– Em linha – Os cilindros são dispostos, consecutivamente, em um
único plano, figura 8.1(a).
– Em V – Os cilindros são dispostos em dois planos, em uma confi-
guração de V, figura 8.1(b).
– Opostos (boxer) – Os cilindros são postos horizontalmente, figura 8.1(c).
– Radial (estrela) – Os cilindros são dispostos radialmente em um ou mais planos,
figura 8.1(d).
a b

Shutterstock/FooTToo

Shutterstock/Alex Mit
c d

Figura 8.1 – (a) Cilindros em linha, (b) cilindros em V, (c) cilindros opostos e (d) cilindros radiais
88

Componentes de um Motor de
Motores de Combustão Interna

Combustão Interna
Nessa seção, abordamos os principais componentes de um motor de combustão interna
e suas respectivas funções. Entretanto, é muito importante iniciarmos com algumas definições
muito empregadas no campo dos motores.
Chamamos de Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto Inferior (PMI) as
posições onde o êmbolo muda de sentido de movimento, estando no seu ponto máximo (PMS)
ou no seu ponto mínimo (PMI). O curso do pistão é definido como a distância percorrida
pelo pistão do ponto morto inferior até o ponto morto superior.
A cilindrada é o volume total deslocado pelo pistão, entre o PMI e o PMS, multiplicado
pelo número de cilindros do motor. É indicada em centímetros cúbicos (cm³) e pela a seguinte
fórmula:

πD2 . curso
C= . n°- de cilindros
4

Nessa equação, D é o diâmetro do cilindro (cm) e C é a cilindrada (cm3).


A câmara de combustão ou câmara de compressão é o espaço livre que fica acima
do pistão quando este se encontra no PMS. Nela, a mistura ar + combustível, que entra pela
válvula de admissão, é comprimida e, após a centelha, explode para que a expansão dos gases
movimente o pistão e dê sequência ao funcionamento do motor.

Câmara de combustão

PMS
Curso do pistão
PMI

Diâmetro do cilindro

Figura 8.2 – Curso, PMI, PMS e câmara de combustão

A taxa de compressão é a relação matemática que indica quantas vezes a mistura ar +


combustível (Otto) ou ar (Diesel) é comprimida dentro da câmara de combustão, antes que se
inicie o processo de queima. Assim, um motor a gasolina que tenha especificada uma taxa de
compressão de 8:1 (oito para um), por exemplo, indica que o volume aspirado para dentro do
cilindro foi comprimido oito vezes antes que a centelha iniciasse a combustão. A taxa de com-
pressão é diretamente responsável pelo rendimento térmico do motor. Assim, quanto maior a
taxa de compressão, melhor será o aproveitamento energético que o motor fará do combustível 89
consumido. A taxa de compressão é dada pela seguinte fórmula:

Motores de Combustão Interna


TC = C + v
v

Nessa equação, TC representa a taxa de compressão, C a cilindrada do motor (cm3) e


v é o volume da câmara de combustão (cm3).
Dividem-se os componentes de um motor de combustão interna em dois grupos: com-
ponentes fixos e componentes móveis. Entre os componentes fixos, estão o bloco do motor,
o cabeçote e o cárter.
Shutterstock/Vladislav Gajic

O bloco do motor é o motor propriamente dito. Nele,


são usinados os cilindros ou os furos para a colocação dos
cilindros. Os motores arrefecidos (refrigerados) a ar possuem
cilindros com aletas, permitindo que eles fiquem expostos à
circulação do ar de arrefecimento. Na parte inferior do bloco,
estão os alojamentos dos mancais centrais, onde se apoia o
eixo de manivelas (virabrequim). O bloco também é utilizado
como superfície de montagem e suporte para a maioria das
unidades auxiliares do motor. Figura 8.3 – Bloco do motor
O cabeçote é uma espécie de tampa do motor contra a qual o pistão comprime a mis-
tura de ar + combustível, no caso do ciclo Otto, ou o ar, no caso do Diesel. O cárter consiste
na parte inferior do bloco, cobrindo os componentes inferiores do motor. É o local onde está
depositado o óleo lubrificante do motor.

Shutterstock/ Adziohiciek
Shutterstock/ Loraks

Figura 8.4 – Cabeçote do motor Figura 8.5 – Cárter do motor

Os principais componentes móveis de um motor de combustão interna são: pistão


(êmbolo), biela, árvore de manivelas (virabrequim), árvore de comando de válvulas, válvula de
admissão e escape e volante.

Shutterstock/DmitriyGo
O pistão ou êmbolo é a parte móvel da câmara de com-
bustão. Recebe a força de expansão dos gases queimados e a
transmite à biela, por intermédio de um pino de aço (pino do
pistão). O pistão deve desempenhar algumas funções, tais como
transmitir a força gerada pelo gás de combustão às bielas e vedar
90 a câmara de combustão da árvore de manivelas.
Motores de Combustão Interna

Figura 8.6 – Pistão


A biela é o braço de
ligação entre o pistão e o eixo de manivelas, que recebe o
impulso do pistão, transmitindo-o ao eixo de manivelas
Shutterstock/Evgeny Kors
henkov (virabrequim). Seu comprimento é determinado pelo
curso do pistão.
Figura 8.7 – Biela

O virabrequim ou eixo de manivelas é o eixo motor propriamente dito, o qual, na


maioria das vezes, é instalado na parte inferior do bloco, recebendo, ainda, as bielas, as quais lhe
imprimem movimento. Ele converte o movimento alternativo dos pistões (transmitidos pela
biela) em movimento rotativo, disponibilizando o torque efetivo nas extremidades da árvore
de manivelas.
Shutterstock/Ana Vasileva

Figura 8.8 – Virabrequim


O eixo comando de válvulas tem a função de abrir as válvulas de
admissão e escape, respectivamente, nos tempos de admissão e escapamento.
É acionado pelo virabrequim por meio de engrenagem, corrente ou correia
dentada.

Shutterstock/Vladru
Figura 8.9 – Eixo comando de válvulas

Válvulas de admissão e válvulas de escape. A primeira abre-se


para permitir a entrada da mistura ar + combustível (Otto) ou ar (Diesel)
no interior do cilindro. A outra, de escape, abre-se para dar saída aos gases
queimados.
Shutterstock/Sergey Goruppa

91

Motores de Combustão Interna


Figura 8.10 – Válvulas

O volante destina-se a regularizar a rotação do virabrequim. O volante


do motor amortece os impulsos bruscos dos pistões e origina uma rotação
relativamente suave ao virabrequim. No momento da explosão, o volante
absorve a energia desenvolvida, e a restitui nos tempos não motores.

Figura 8.11 – Volante


Termodinâmica Aplicada a um
Motor de Combustão Interna
Inicialmente, descrevemos o funcionamento de um motor de combustão interna de qua-
tro tempos e verificamos as diferenças existentes entre os dois tipos de ciclos: Otto e Diesel. O
ciclo Otto é encontrado nos motores de veículos de passeio e o ciclo Diesel é encontrado em
veículos pesados e de transporte de passageiros como ônibus e caminhões.
O primeiro tempo, também conhecido como tempo de admissão, consiste na aber-
tura da válvula de admissão, enquanto a válvula de escape permanece fechada. O pistão, ao
descer, cria uma zona de baixa pressão, aspirando a mistura gasosa (ar + combustível, para o
ciclo Otto, ou apenas ar, para o ciclo Diesel). No fim desse percurso, a válvula de admissão se
fecha.
No segundo tempo, também conhecido como tempo de compressão, as válvulas de
admissão e escape permanecem fechadas. Ao subir, o pistão comprime a mistura ar + combus-
tível (ciclo Otto) ou comprime apenas o ar (ciclo Diesel) na câmara de combustão, também
conhecida por câmara de explosão.
No terceiro tempo, também conhecido como tempo de explosão, as válvulas de
admissão e de escape permanecem fechadas e a mistura ar + combustível (ciclo Otto) é infla-
mada devido à centelha que é produzida. No ciclo Diesel, o óleo combustível, ao entrar em
contato com o ar à alta pressão e temperatura, inicia a combustão espontaneamente. Logo após
a combustão, a mistura expande-se, impelindo o pistão para baixo. Esse tempo é considerado
o tempo motor, pois é nesse tempo que ocorre a conversão entre a energia da combustão da
mistura e a energia mecânica utilizada para movimentar o veículo.
92
No quarto tempo ou tempo de escapamento, a válvula de admissão permanece
fechada e a válvula de escapamento se abre. O pistão, ao subir, expulsa os gases da combustão.
Motores de Combustão Interna

PMS Admissão PMI Compressão Explosão Expansão Escape


Figura 8.12 – Fases de funcionamento de um motor de quatro tempos do ciclo Otto: Admissão, Compressão, Expansão e Escape. PMS
– ponto morto superior; PMI – ponto morto inferior; Explosão – momento da combustão a partir da centelha elétrica

O rendimento de um motor de combustão interna é dado pela seguinte relação:

ntérmico = 1 – 1
rv0,4
Atividades Resolvidas
1) Calcule a cilindrada de um motor de combustão interna de
quatro cilindros que possui 8,5 cm de diâmetro de pistão e um
curso de 8,5 cm.
A cilindrada de um motor representa o volume de ar e combus-
tível admitido pelo motor. A cilindrada é dada pela equação a
seguir:
π D2 . curso
C= . n°- de cilindros
4

Nosso motor possui as seguintes características:


Diâmetro de pistão D = 8,5 cm, curso = 8,5 cm e número de
cilindros = 4. Assim:

πD2 . curso π . 8,52 . 8,5


C= . n°- de cilindros = . 4 = 1 929 cm3
4 4

Esse motor é conhecido por um motor 2.0 ou 2 litros, uma vez


que 1 000 cm3 = 1 litro.

2) Calcule a taxa de compressão de um motor com 1 000 cm3 de 93


cilindrada e volume da câmara de combustão de 100 cm3.
A taxa de compressão pode ser calculada pela seguinte

Motores de Combustão Interna


equação:

TC = C + v = 1 000 + 100 = 11 ou 11:1


v 100

Observe que a taxa de compressão não tem unidade (também


conhecido por número adimensional).

3) Calcule o rendimento térmico de um motor de combustão


interna que possui uma relação de compressão de 10.
O rendimento térmico de um motor de combustão interna é
dado por:
ntérmico = 1 – 1
rv0,4

Em que a relação de compressão é rv = 10. Assim:

ntérmico = 1 – 1 = 0,602 = 60,2%


100,4
Atividades
1) Explique o princípio da conservação da energia em um motor
de combustão interna.

2) Cite três vantagens e três desvantagens de um motor de com-


bustão interna.

3) Cite as principais aplicações dos motores de combustão


interna.

4) Classifique os motores de combustão interna quanto à:

a. admissão;

b. ignição;

c. movimento do pistão;

d. ciclo de trabalho;

e. número de cilindros;

f. disposição dos cilindros.

94 5) Defina Ponto Morto Superior (PMS), Ponto Morto Inferior (PMI)


e cilindrada.

6) Defina câmara de combustão e taxa de compressão.


Motores de Combustão Interna

7) Um cilindro possui 5 cm de diâmetro e o curso do pistão 6 cm.


Calcule a cilindrada, sabendo que o motor possui 4 cilindros.

8) Supondo que a câmara de combustão do motor citado na


questão 7 possua 50 cm3, calcule a taxa de compressão desse
motor.

9) Descreva o funcionamento de um motor de combustão interna


de quatro tempos do tipo Otto.

10) Descreva o funcionamento de um motor de combustão interna


de quatro tempos do tipo Diesel.

11) Descreva os principais componentes fixos e os principais


componentes móveis de um motor de combustão interna.

12) Calcule o rendimento de um motor de combustão interna, que


possui uma taxa de compressão de 8:1.
9

Sistemas de Refrigeração
A refrigeração e a climatização são duas áreas da Termodinâmica de grande importân-
cia e utilização, tanto na área industrial quanto na residencial. A geladeira é um bom exemplo
da aplicação da refrigeração doméstica, assim como o condicionador de ar é para a climatização
residencial. Na verdade, existe diferença entre a refrigeração e a climatização, pois a refrigeração
trabalha com temperaturas mais baixas que a climatização.
Como vimos nos capítulos anteriores, o calor se propaga de um corpo de maior tempera- 95
tura para outro de menor temperatura, assim, podemos definir refrigeração como um processo
de retirada de calor de determinado meio ou ambiente. Essa remoção pode ser por meios mecâ-

Sistemas de Refrigeração
nicos ou naturais.
O Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário mundial de refrigeração e de climatiza-
ção e apresenta forte tendência de crescimento nessa área.
A climatização está voltada ao conforto térmico de ambientes. Por exemplo, um ambiente
a aproximadamente 24 °C é considerado termicamente agradável para uma pessoa em condi-
ções normais de saúde. Por outro lado, a refrigeração está voltada principalmente à conservação
de alimentos e a outros processos industriais. Nesse último caso, podem-se atingir temperatu-
ras na ordem de –30 °C. Mas é bastante comum utilizarmos apenas refrigeração para englobar
a refrigeração e a climatização juntas.
A aplicação da refrigeração ocorre nas categorias doméstica, comercial, industrial, trans-
porte e condicionamento de ar. Na refrigeração doméstica, destacam-se os refrigeradores e os
freezers. A capacidade dos refrigeradores varia bastante, com faixa de temperatura entre –8 °C a
–18 °C, no compartimento de congelados. Na refrigeração comercial, destacam-se os refrige-
radores especiais, utilizados em restaurantes, bares e açougues, podendo atingir temperaturas
de –5 °C a –30 °C. Na refrigeração industrial, os equipamentos possuem maior porte que nos
comerciais. São utilizados nas indústrias alimentícias, bebidas e de laticínios.
O objetivo deste capítulo é abordar o princípio de funcionamento dos sistemas de refri-
geração e climatização, descrevendo também seus principais componentes.
Aplicação da Climatização e da
Refrigeração
A necessidade da refrigeração de alimentos, bebidas e ambientes não é recente. Sabia-se,
por volta de 2000 a.C., que os alimentos refrigerados com neve eram preservados por um perío-
do de tempo maior. Registros antigos revelam que Alexandre, O Grande, por volta de 300 a.C.,
usava neve para refrigerar as bebidas que eram servidas a seus soldados.
Os processos mais antigos de refrigeração faziam uso do gelo natural, portanto, algumas
poucas regiões podiam usufruir desse mecanismo natural para refrigeração. Também foi desco-
berta a conservação do frio com a mistura de sal e neve. Por volta de 1000 a.C., o gelo natural era
conservado em ambientes isolados termicamente para seu uso posterior. Em 1806, em Nova
Iorque, deu-se início ao comércio de blocos de gelo, por um preço acessível à população.

Shutterstock/Serg Zastavkin
96
Sistemas de Refrigeração

Figura 9.1 – Gelo natural utilizado na refrigeração

É claro que os mecanismos de refrigeração mudaram ao longo dos anos e, hoje, o principal
método usado para produzir refrigeração baseia-se no processo de evaporação de um líquido
chamado refrigerante.
Atualmente, a aplicação da refrigeração e da climatização é a mais vasta possível. Além dos
exemplos clássicos que já falamos de refrigeração e climatização, como a geladeira e o condi-
cionador de ar, a refrigeração tem forte impacto no combate de infecções causadas por fungos e
bactérias em hospitais. Nas indústrias e empresas, o conforto térmico tem grande influência na
capacidade de concentração e produção dos trabalhadores, além de evitar problemas de saúde
e fadiga. Na indústria alimentícia, a refrigeração é fundamental na conservação e na produção
de alimentos.
Normalmente, classifica-se a refrigeração (climatização) de acordo com a faixa de tem-
peratura atingida, assim, para fins de conforto térmico (condicionadores de ar), a faixa de
temperatura é na ordem de 24 °C. Chama-se refrigeração de alta temperatura aquela que atinge
temperatura de 12,8 °C aproximadamente. Já a refrigeração de média temperatura se dá em
torno de 1,7 °C e a refrigeração de baixa temperatura em –23,3 °C. Por outro lado, em tempe-
raturas em torno de –31,7 °C, temos a refrigeração de temperatura muito baixa.
Classificamos os sistemas de refrigeração em três categorias: sistema de refrigera-
ção por compressão de vapor, sistema de refrigeração por absorção e sistema de refrigeração
termoelétrica.
No sistema de refrigeração por compressão de vapor, o funcionamento se dá pela
aplicação dos conceitos de trabalho e calor vistos no capítulo 3. O fluido refrigerante, que cir-
cula dentro do sistema, retira calor do meio enquanto é vaporizado a baixa pressão.
No sistema de refrigeração por absorção, os vapores de alguns fluidos refrigerantes
são absorvidos por líquidos ou soluções salinas. Quando essa solução, formada pelo vapor do
refrigerante mais o líquido absorvente, é aquecida, há separação entre o líquido e o vapor e
este é utilizado no sistema de compressão de vapor. A amônia (NH3) é o principal refrigerante
utilizado em sistemas de refrigeração por absorção, e a água, como absorvente.
O sistema de refrigeração termoelétrica utiliza-se de dois materiais diferentes, for-
mando um par termoelétrico. Quando uma diferença de potencial é aplicada, a temperatura da
junção localizada no espaço refrigerado diminui, enquanto a outra junção sofre um aumento
de temperatura.

Componentes de um Sistema de
Refrigeração
O sistema de refrigeração é formado por quatro componentes básicos: compressor, con-
densador, dispositivo de expansão e evaporador. Além desses quatro componentes, existe outro
elemento de extrema importância no sistema de refrigeração: o fluido ou gás refrigerante.
97
O fluido refrigerante sofre influência da temperatura e da pressão, assim como a água.
Então, poderíamos pensar em utilizar a água como fluido em um sistema de refrigeração, porém
a água evapora a uma temperatura muito elevada (100 °C em uma pressão de 1 bar) e congela

Sistemas de Refrigeração
também em uma temperatura elevada (0 °C em uma pressão de 1 bar). Em muitas aplicações
de refrigeração, necessitamos de temperaturas muito menores que 0 °C.
Um fluido refrigerante deve satisfazer alguns requisitos para ser utilizado em um sistema
de refrigeração:
• não deve agredir a camada de ozônio;
• deve absorver o calor de forma rápida;
• não deve ser nocivo à saúde;
• não deve ser explosivo nem inflamável;
• não deve alterar suas características químicas ao longo do uso;
• ter um tempo de vida útil longo, por questão de economia.
Existem famílias de fluidos refrigerantes mais utilizados em sistemas de refrigeração.
O primeiro deles é conhecido por CFC, que é formado pelos elementos cloro, flúor e car-
bono. Esse tipo de fluido refrigerante está proibido de ser comercializado e fabricado, isso
porque o cloro presente na sua composição é altamente destruidor da camada de ozônio. Os
principais fluidos refrigerantes da classe ou família CFC são o R-12 e o R-11. O R-12 foi
muito utilizado em refrigeradores, freezers e condicionadores de ar de carro, todos antigos.
Outra classe de fluido refrigerante é o HCFC, que possui, na sua com-
posição, o hidrogênio, o cloro, o flúor e o carbono. Os refrigerantes da família
HCFC são fluidos alternativos ou substitutos dos CFC. Entre os principais
fluidos refrigerantes do tipo HCFC, podemos citar o R-22, que é utilizado
em condicionadores de ar do tipo janela e splits.
Outra classe de fluido refrigerante é o HFC, que possui, na sua forma-
ção, o hidrogênio, o flúor e o carbono. Note que não há a presença do cloro na
sua composição como nas outras famílias ou classes de refrigerantes. Entre os
principais fluidos refrigerantes dessa classe, temos o R-134a, que é utilizado
em refrigeradores, freezers, condicionadores de ar de carros e em câmaras
frigoríficas.
O compressor, dentro do sistema de refrigeração, tem a função de
absorver o gás refrigerante vindo do evaporador e comprimi-lo à alta pres-
são e temperatura até o condensador. Os compressores utilizados no sistema
de refrigeração podem ser classificados em volumétricos e centrífugos. Nos
compressores volumétricos, a compressão ocorre devido à redução do
volume; já nos compressores centrífugos, a velocidade do gás refrigerante
é convertida em pressão quando este passa pelas pás de um rotor (equação
de Bernoulli).
Os compressores precisam ser refrigerados durante seu funciona-
mento e isso pode ser realizado de duas maneiras: utilizando-se ar ou água.
Os compressores refrigerados a ar possuem aletas, que facilitam a troca de
calor entre o compressor e o ar (essa troca de calor se dá por convecção). Já
nos compressores refrigerados à água, o processo é realizado pela circulação
de água em cavidades localizadas nas paredes do compressor (troca de calor
98
também por convecção).
Os compressores volumétricos podem ser divididos em:
Sistemas de Refrigeração

• Alternativos – Esses compressores possuem um pistão que executa


movimentos alternados. Ao descer, o pistão promove a sucção do
gás refrigerante devido à abertura da válvula de sucção e, ao subir,
realiza a compressão e a descarga deste.
• Rotativos – Esses compressores possuem palhetas (simples ou
múltiplas) e giram de forma excêntrica (fora do centro) em relação
ao rotor. Dessa forma, criam-se duas câmaras, uma de sucção e outra
de descarga, separadas pela palheta simples. A compressão é realizada
pela redução do volume na região de descarga quando o rotor gira.
• Parafuso – Esse tipo de compressor é formado por dois rotores
que se engrenam. A rotação contínua dos fusos promove a sucção do
gás refrigerante, comprime-o pela redução contínua do volume e o
descarrega.
• Scroll – Esse tipo de compressor possui dois rotores do tipo “cara-
col”, sendo um deles fixo, e o outro móvel. O “caracol” móvel
executa um movimento orbital dentro do fixo e, assim, é criada
uma redução contínua do volume, aumentando-se a pressão do gás
refrigerante.
O compressor centrífugo comprime o gás refrigerante pela ação da
força centrífuga. O gás refrigerante, vindo do evaporador, entra no compres-
sor centrífugo e, ao passar nas palhetas do rotor, sofre aumento de velocidade
e, em seguida, o gás é dirigido a passagens com perfis aerodinâmicos, que
reduzem a velocidade do gás refrigerante e convertem sua energia cinética em
energia de pressão.
Válvula de descarga

Sucção Descarga

Válvula de sucção Pistão

Cilindro
Biela
Eixo

Figura 9.2 – Compressor alternativo

O evaporador tem a função de retirar calor do meio a ser refrigerado


por meio do fluido refrigerante. Os evaporadores têm uma serpentina em
cobre, latão ou alumínio, quando usam refrigerantes convencionais, e aço,
quando utilizam a amônia como refrigerante. Os evaporadores podem ser
utilizados para refrigerar ar ou água. Na verdade, o fluido refrigerante entra
no evaporador no estado líquido e, ao receber calor proveniente do meio, 99
evapora e torna-se novamente gás.
O dispositivo de expansão tem a função de reduzir a pressão e con-

Sistemas de Refrigeração
trolar o fluxo de fluido refrigerante no estado líquido do condensador para o
evaporador.
O condensador tem por objetivo eliminar o calor absorvido pelo fluido
refrigerante no processo de compressão. O condensador elimina o calor do
fluido refrigerante enviando-o para outro fluido (ar ou água).
Shutterstock/You Touch Pix of EuToch

Stock.Xchng

Figura 9.3 – Evaporador Figura 9.4 – Dispositivo de expansão Figura 9.5 – Condensador de refrigerador
Termodinâmica Aplicada em
Sistemas de Refrigeração
O funcionamento de um sistema básico de refrigeração acontece da
seguinte maneira: o fluido refrigerante entra no compressor na mesma pres-
são do evaporador e é comprimido, até atingir a pressão de condensação.
O fluido refrigerante, ao atingir esta pressão de condensação, encontra-se no
estado de vapor superaquecido. Vamos chamar este processo de 1 para 2.

Qcondensador

3 2
Condensador

Dispositivo Compressor
de Expansão
Wcompressor

Evaporador
4 1

Qevaporador

Figura 9.6 – Circuito básico de refrigeração

O processo de 2 para 3 se dá no condensador e é caracterizado pela


rejeição do calor do fluido refrigerante para o meio (ar ou água). Esse processo
ocorre à pressão constante e, ao ser condensado, o fluido refrigerante torna-se
100
líquido saturado. O processo 3 para 4 ocorre no dispositivo de expansão. Esse
processo é isoentálpico, ou seja, a entalpia antes da entrada e depois da saída
do dispositivo de expansão é igual. Nesse processo, ocorre uma queda de
Sistemas de Refrigeração

pressão (pressão de condensação até a pressão de evaporação). O processo 4


para 1 ocorre no evaporador e é de transferência de calor à pressão constante.
Normalmente, representa-se esse ciclo em um diagrama pressão-entalpia.

pcondensador 3
2

4
pevaporador 1

h3 = h4 h1 h2 h
Figura 9.7 – Diagrama pressão-entalpia
kJ
A energia kg , para comprimir o fluido refrigerante no compressor
(por unidade de fluido refrigerante), é dada por:

|w| = h2 – h1

Perceba que estamos interessados no módulo do valor da energia.


Os termos h1 e h2 são as entalpias específicas na entrada e na saída do com-
pressor, respectivamente. A potência de compressão (kW) pode ser dada por:

|W| = ṁ . (h2 – h1)

O termo ṁ representa a vazão mássica (kg/s) de fluido refrigerante, que


escoa pelo compressor.
No dispositivo de expansão, temos a seguinte condição, como citada
anteriormente, h3 = h4.
No evaporador, a transferência de calor por unidade de fluido refrige-
kJ
rante kg é dada por:

qevap = h1 – h4
101

Também podemos expressar a potência térmica (kW) do evaporador da


seguinte maneira:

Sistemas de Refrigeração
Qevap = ṁ . (h1 – h4)

A medida do desempenho de um ciclo de refrigeração é dada pelo coe-


ficiente de eficácia β.
Qevap
β=
|w|
Atividade Resolvida
Considere um sistema de refrigeração que utiliza o refrigerante
R-134a. Esse fluido refrigerante entra no compressor como
vapor saturado a −20 °C e sai como vapor superaquecido
a 40 °C com pressão de 0,2 MPa. Determine a energia para
comprimir o fluido refrigerante e a potência de compressão,
sabendo que a vazão mássica de R-134a é 0,01 kg .
s
A equação que calcula a energia para comprimir o fluido refri-
gerante é dada por:
|w| = h2 – h1
Nessa equação, h2 corresponde à entalpia do refrigerante ao
sair do compressor (vapor superaquecido a 40 °C) e h1 repre-
senta a entalpia do fluido refrigerante na entrada do compressor
(vapor saturado a –20 °C na pressão de 0,2 MPa).
A entalpia do R-134a no estado de vapor saturado a –20 °C é:

h1 = 386,08 kJ
kg
A entalpia do R-134a no estado de vapor superaquecido a 40 °C
na pressão de 0,2 MPa é:
102

h2 = 435,71 kJ
kg
Sistemas de Refrigeração

Portanto:
|w| = h2 – h1 = 435,71 – 386,08 = 49,63 kJ
kg
A potência de compressão é dada por:
|W| = ṁ . (h2 – h1) = 0,01 . 49,63 = 0,5 kW = 500 W
Para resolvermos esse problema, devemos nos lembrar de
que a energia cinética e a energia potencial são representadas
por:
EC = m . v e Ep = m . g . h
2

2
Assim, a energia potencial de uma massa de 10 kg, a uma
altura de 100 metros, é:
Ep = m . g . h = 10 . 10 . 100 = 10 000 J ou 10 kJ
E a energia cinética de uma massa de 20 kg, com uma veloci-
dade de 50 m/s, é:

EC = m . v = 20 . 50 = 25 000 J ou 25 kJ
2 2

2 2
Atividades
1) Cite e comente as classificações dos sistemas de refrigeração.

2) Cite os componentes básicos de um sistema de refrigeração.

3) Cite as características que um fluido refrigerante deve possuir


para ser utilizado em um sistema de refrigeração.

4) Quais as três principais famílias de fluidos refrigerantes? Cite


exemplos de aplicações.

5) Qual a função do compressor dentro do sistema de refri-


geração?

6) Classifique os compressores.

7) Qual a função do condensador dentro do sistema de


refrigeração?

103
8) Qual a função do evaporador dentro do sistema de refri-
geração?

Sistemas de Refrigeração
9) Qual a função do dispositivo de expansão dentro do sistema
de refrigeração?

10) Descreva o funcionamento de um sistema básico de


refrigeração.

11) Considere um sistema de refrigeração que utiliza o refrigerante


R-134a. Esse fluido refrigerante entra no compressor como
vapor saturado a –15 °C e sai como vapor superaquecido a
30 °C com pressão de 0,3 MPa (300 kPa). Determine a energia
para comprimir o fluido refrigerante e a potência de compres-
são sabendo a vazão mássica de R-134a é 0,05 kg .
s
10

Turbinas a Gás
Nos capítulos anteriores, abordamos os princípios de funcionamento
de alguns equipamentos térmicos, com funcionamento explicado pela
Termodinâmica. Agora, abordaremos alguns detalhes das turbinas a gás, tais
como suas aplicações, classificação e características, além do seu princípio de
funcionamento.
As turbinas a gás surgiram muito depois de outros equipamentos térmi-
cos, como as caldeiras, turbinas a vapor e os motores de combustão interna.
Muitas tentativas frustradas ocorreram na obtenção de um funcionamento
satisfatório da turbina a gás. Outro aspecto que retardou um pouco o surgi-
mento delas foi a “concorrência desleal”, ou seja, o projeto, a construção e o
funcionamento das turbinas a vapor, das caldeiras e dos motores de combus-
tão interna eram muito mais fáceis, quando comparados à complexidade de
104 construção e funcionamento das turbinas a gás.
Outro problema encontrado no início das turbinas a gás foi a elevada
temperatura de operação, pois os materiais empregados na construção não
Turbinas a Gás

suportavam temperaturas tão elevadas. Desde o final da Segunda Guerra


Mundial, a turbina a gás tem sofrido desenvolvimento tecnológico, tais como
emprego de materiais mais resistentes a elevadas temperaturas.
Shutterstock/ID1974

Figura 10.1 – Turbina a gás


Aplicação das Turbinas a
Gás
As turbinas a gás são máquinas térmicas (turbomáquinas), que se
enquadram no grupo dos motores de combustão. Sua faixa de potência desen-
volvida varia de 100 kW, para pequenas potências, até 180 MW, mas podem
atingir 350 MW em usinas nucleares. Dessa forma, as turbinas a gás podem
substituir, em alguns casos de potência e valores econômicos, os motores de
combustão interna e as turbinas a vapor de baixa potência.
Entre as principais vantagens das turbinas a gás, estão o pequeno volume
e o pequeno peso. Além disso, nas turbinas a gás, não há movimento relativo
entre seus componentes, como nos motores de combustão interna Otto e
Diesel. Assim, há uma redução do atrito e, como consequência, tem-se um
equipamento que opera com baixo consumo de lubrificante e com pouco
desgaste de seus componentes. Logo, as turbinas a gás são equipamentos
de alta confiabilidade. Por outro lado, elas apresentam baixo rendimento e
elevadíssima rotação, sendo, portanto, fatores negativos quando aplicadas na
indústria.
O campo de aplicação das turbinas a gás é bastante amplo. A concepção
inicial das turbinas a gás tinha como objetivo o fornecimento de potência (ou
de trabalho mecânico). Porém, seu uso se desenvolveu bastante na aplicação
aeronáutica como elemento propulsor. Hoje, as turbinas a gás são utilizadas
como elemento propulsor em aviões e navios, além de serem empregadas no
105
setor ferroviário e na geração de eletricidade. As turbinas a gás são empregadas
em locais remotos e de difíceis acessos e instalações complexas, pois possuem
alta confiabilidade e simplicidade de operação.

Turbinas a Gás
Classificação e
Características de uma
Turbina a Gás
As turbinas a gás industriais podem ser classificadas em relação à potên-
cia desenvolvida da seguinte maneira:
• Pequeno Porte – São turbinas com potência inferior a 1 MW
(106 W).
• Médio Porte – São turbinas com potência entre 1 MW e 15 MW.
• Grande Porte – São turbinas que possuem potência acima de
15 MW.
Ainda existem dois tipos de turbinas industriais: as turbinas aeroderiva-
tivas e as heavy duty.
As turbinas aeroderivativas são derivadas das turbinas a gás aero-
náuticas, com algumas mudanças no projeto, e são caracterizadas pela alta
confiabilidade, flexibilidade de manutenção e por serem mais eficientes.
Essas turbinas podem atingir potência de 50 MW e são aplicadas em pla-
taformas marítimas, bombeamento de gás, propulsão naval e em centrais
termoelétricas.
As turbinas industriais, heavy duty, são conhecidas pela possibilidade
de utilização de vários tipos de combustível, alta confiabilidade e baixo custo.
Essas turbinas podem atingir potência de 340 MW.

Componentes de uma
Turbina a Gás
Os principais componentes de uma turbina a gás são o compressor, a
câmara de combustão, a turbina e o eixo.

Shutterstock/ID1974
106
Turbinas a Gás

Figura 10.2 – Turbina a gás, vista interna


Termodinâmica Aplicada à Turbina
a Gás
O fluido de trabalho (ar atmosférico), ao passar pelo compressor, tem sua pressão aumen-
tada. Em seguida, é enviado para a câmara de combustão, onde recebe a energia térmica do
combustível, aumentando sua temperatura. Ao sair da câmara de combustão, o fluido de traba-
lho é direcionado para a turbina,

Shutterstock/Hywit Dimyadi
onde é expandido (diminuição de
sua pressão) e, assim, a energia do
fluido de trabalho é convertida em
trabalho mecânico de rotação do
eixo da turbina. Parte dessa ener-
gia mecânica de rotação é enviada
ao compressor para promover seu
funcionamento.
A máxima potência for-
necida por uma turbina a gás é
limitada pela temperatura que o
material da turbina pode supor-
tar e pela vida útil de trabalho da Figura 10.3 – Eixo e pás de uma turbina a gás
turbina.

107

Atividades

Turbinas a Gás
1) Defina turbina a gás.

2) Quais equipamentos termodinâmicos as turbinas a gás podem


substituir, dependendo da faixa de potência desenvolvida e
questões econômicas?

3) Cite duas vantagens e duas desvantagens das turbinas a gás.

4) Cite o campo de aplicação possível das turbinas a gás.

5) Classifique as turbinas a gás em relação à potência


desenvolvida.

6) Cite as características das turbinas a gás aeroderivativas e das


turbinas a gás heavy duty.

7) Descreva os principais componentes de uma turbina a gás.

8) Descreva o funcionamento de uma turbina a gás.


Anexo

108

Volume específico Energia interna Entalpia específica Entropia específica
m3 kJ kJ kJ
kg kg kg kg . K
T p (kPa) Líq. Sat. Vap. Sat. Líq. Evap. Vap. Líq. Evap. Vap. Líq. Evap. Vap.
(°C) Sat. Sat. Sat. Sat. Sat. Sat.
T p
Anexo

νI νV uI uIV uV hI hIV hV sI sIV sV


0,01 0,6113 0,001000 206,132 0 2375,33 2375,33 0 2501,35 2501,35 0 9,1562 9,1562
5 0,8721 0,001000 147,118 20,97 2361,27 2382,24 20,98 2489,57 2510,54 0,0761 8,9496 9,0257
10 1,2276 0,001000 106,377 41,99 2347,16 2389,15 41,99 2477,75 2519,74 0,151 8,1498 8,9007
15 1,7050 0,001001 77,925 62,98 2333,06 2396,04 62,98 2465,93 2528,91 0,2245 8,5569 8,7813
20 2,3390 0,001002 57,7897 83,94 2318,98 2402,91 83,94 2454,12 2538,06 0,2966 8,376 8,6671
25 3,1690 0,001003 43,3593 104,86 2304,9 2409,76 104,87 2442,3 2547,17 0,3673 8,1905 8,5579
30 4,2460 0,001004 32,8922 125,77 2290,81 2416,58 125,77 2430,48 2556,25 0,4369 8,0164 8,4533
35 5,6280 0,001006 25,2158 146,65 2276,71 2423,36 146,66 2418,62 2565,28 0,5052 7,8478 8,353
40 7,3840 0,001008 19,5229 167,53 2262,57 2430,11 167,54 2406,72 2574,26 0,5724 7,6845 8,2569
45 9,5930 0,00101 15,2581 188,41 2248,4 2436,81 188,42 2394,77 2583,19 0,6386 7,5261 8,1647
50 12,3500 0,001012 12,0318 209,3 2234,17 2443,47 209,31 2382,75 2592,06 0,7037 7,3725 8,0762
Tabela 1 − Propriedades da água saturada em função da temperatura

55 15,758 0,001015 9,56835 230,19 2219,89 2450,08 230,19 2370,66 2600,86 0,7679 7,2234 7,9912
60 19,941 0,001017 7,67071 251,09 2205,54 2456,63 251,11 2358,48 2609,59 0,8311 7,0784 7,9095
65 25,03 0,00102 6,19656 272 2191,12 2463,12 272,03 2346,21 2618,24 0,8934 6,9375 7,8309
Tabelas Termodinâmicas

70 31,19 0,001023 5,04217 292,93 2176,62 2469,55 292,96 2333,85 2626,8 0,9548 6,8004 7,7552
75 38,58 0,001026 4,13123 313,87 2162,03 2475,91 313,91 2321,37 2635,28 1,0154 6,667 7,6824
80 47,39 0,001029 3,40715 334,84 2147,36 2482,19 334,88 2308,77 2643,66 1,0752 6,5369 7,6121
85 57,83 0,001032 2,82757 355,82 2132,58 2488,4 355,88 2296,05 2651,93 1,1342 6,4102 7,5444
90 70,14 0,001036 2,36056 376,82 2117,7 2494,52 376,9 2283,19 2660,09 1,1924 6,2866 7,479
95 84,55 0,00104 1,98186 397,86 2102,7 2500,56 397,94 2270,19 2668,13 1,25 6,1659 7,4158
100 101,3 0,001044 1,6729 418,91 2087,58 2506,5 419,02 2257,03 2676,05 1,3068 6,048 7,3548
propriedades para outros valores de temperatura e pressão, deve-se consultar a bibliografia.
os valores de temperatura e pressão utilizados no livro. Caso haja a necessidade de pesquisar
da pressão e do vapor superaquecido para diferentes pressões. Essas tabelas apenas envolvem
As tabelas a seguir mostram as propriedades da água saturada em função da temperatura,
Volume específico Energia interna Entalpia específica Entropia específica
m3 kJ kJ kJ
kg kg kg kg . K
Vap. Líq. Vap.
p (kPa) T (°C) Líq. Sat. Vap. Sat. Líq. Sat. Evap. Líq. Sat. Evap. Vap. Sat. Evap.
Sat. Sat. Sat.
p T νI νV uI uIV uV hI hIV hV sI sIV sV
0,6113 0,01 0,001 206,132 0 2375,3 2375,3 0 2501,3 2501,3 0 9,1562 9,1562
1 6,98 0,001 129,208 29,29 2355,69 2384,98 29,29 2484,89 2514,18 0,1059 8,8697 8,9756
1,5 13,03 0,001001 87,98013 54,7 2338,63 2393,32 54,7 2470,59 2525,3 0,1956 8,6322 8,8278
2 17,5 0,001001 67,00385 73,47 2326,02 2399,48 73,47 2460,02 2533,49 0,2607 8,4629 8,7236
2,5 21,08 0,001002 54,25385 88,47 2315,93 2404,4 88,47 2451,56 2540,03 0,312 8,3311 8,6431
3 24,08 0,001003 45,66502 101,03 2307,48 2408,51 101,03 2444,47 2545,5 0,3545 8,2231 8,5775
4 28,96 0,001004 34,80015 121,44 2293,73 2415,17 121,44 2432,93 2554,37 0,4226 8,052 8,4746
5 32,88 0,001005 28,19251 137,79 2282,7 2420,49 137,79 2423,66 2561,45 0,4763 7,9187 8,395
7,5 40,29 0,001008 19,23775 168,76 2261,74 2430,5 168,77 2406,02 2574,79 0,5763 7,6751 8,2514
10 45,81 0,00101 14,67355 191,79 2246,1 2437,89 191,81 2392,82 2584,63 0,6492 7,501 8,1501
Tabela 2 − Propriedades da água saturada em função da pressão

15 53,97 0,001014 10,02218 225,9 2222,83 2448,73 225,91 2373,14 2599,06 0,7548 7,2536 8,0084
20 60,06 0,001017 7,6493 251,35 2205,36 2456,71 251,38 2358,33 2609,7 0,8319 7,0766 7,9085
25 64,97 0,00102 6,20424 271,88 2191,21 2463,08 271,9 2346,29 2618,19 0,893 6,9383 7,8313
30 69,1 0,001022 5,22918 289,18 2179,22 2468,4 289,21 2336,07 2625,28 0,9439 6,8247 7,7686
40 75,87 0,001026 3,99345 317,51 2159,49 2477 317,55 2319,19 2636,74 1,0258 6,6441 7,67
50 81,33 0,00103 3,24034 340,42 2143,43 2483,85 340,47 2305,4 2645,87 1,091 6,5029 7,5939
75 91,77 0,001037 2,21711 394,29 2112,39 2496,67 384,36 2278,59 2662,96 1,2129 6,2434 7,4563
100 99,62 0,001043 1,694 417,33 2088,72 2506,06 417,44 2258,02 2675,46 1,3025 6,0568 7,3593
1 000 179,91 0,001127 0,19444 761,67 1821,97 2583,64 762,79 2015,29 2778,08 2,1386 4,4478 6,5864
2 000 212,42 0,001177 0,09963 906,42 1693,84 2600,26 908,77 1890,74 2799,51 2,4473 3,8935 6,3408
3 000 233,9 0,001216 0,06668 1004,76 1599,34 2604,1 1008,41 1795,73 2804,14 2,6456 3,5412 6,1869
4 000 250,4 0,001252 0,04978 1082,28 1519,99 2602,27 1087,29 1714,09 2801,38 2,7963 3,2737 6,07
5 000 263,99 0,001286 0,03944 1147,78 1449,34 2597,12 1154,21 1640,12 2794,33 2,9201 3,0532 5,9733
109

Anexo
Tabela 3 − Propriedades do vapor superaquecido para a pressão Tabela 4 − Propriedades do vapor superaquecido para a pressão
de 100 kPa de 3 000 kPa
p = 100 kPa p = 3 000 kPa
T ν u h s T ν u h s
m3
kJ kJ kJ m 3
kJ kJ kJ
(°C) (°C)
kg kg kg kg . K kg kg kg kg . K
150 1,93636 2582,75 2776,38 7,6133 250 0,07058 2644 2855,75 6,2871
200 2,17226 2658,05 2875,27 7,8342 300 0,08114 2750,05 2993,48 6,5389
250 2,40604 2733,732 2974,33 8,0332 350 0,09053 2843,66 3115,25 6,7427
300 2,63876 2810,41 3074,28 8,2157 400 0,09936 2932,75 3230,82 6,9211
400 3,10263 2967,85 3278,11 8,5434 450 0,10787 3020,38 3344 7,0833
500 3,56547 3131,54 3488,09 8,8341 500 0,11619 3107,92 345,48 7,2337
600 4,02781 3301,94 3704,72 9,0975 600 0,13243 3285,03 3682,34 7,5084
700 4,48986 3479,24 3928,23 9,3398 700 0,14838 3466,59 3911,72 7,7571
800 4,95174 3663,53 4158,71 9,5652 800 0,16414 3653,58 4146 7,9862
900 5,41353 3854,77 4396,12 9,7767 900 0,1798 3846,46 4385,87 8,1999
1 000 5,87526 4052,78 4640,31 9,9764 1 000 0,19541 4045,4 4631,63 8,4009
1 100 6,33696 4257,25 4890,95 10,1658 1 100 0,21098 4250,33 4883,26 8,5911
1 200 6,79863 4467,7 5147,56 10,3462 1 200 0,22652 4460,92 5140,49 8,7719
1 300 7,2603 4683,47 5409,49 10,5182 1 300 0,24206 4676,63 5402,81 8,9442

Tabela 5 − Propriedades do vapor superaquecido para a pressão de 5 000 kPa


p = 5 000 kPa
T ν u h s
m 3
kJ kJ kJ
(°C)
kg kg kg kg . K

110 300 0,04532 2697,94 2924,53 6,2083


350 0,05194 2808,67 3068,39 6,4492
400 0,05781 2906,58 3195,64 6,6458
Anexo

450 0,0633 2999,64 3316,15 6,8185


500 0,06857 3090,92 3433,76 6,9758
550 0,07368 3181,82 3550,23 7,1217
600 0,07869 3273,01 3666,47 7,2588
700 0,08849 3457,67 3900,13 7,5122
800 0,09811 3646,62 4137,17 7,744
900 0,10762 3840,71 4378,82 7,9593
1 000 0,11707 4040,35 4625,69 8,1612
1 100 0,12648 4245,61 4878,02 8,3519
1 200 0,13587 4456,3 5135,67 8,533
1 300 0,14526 4671,96 5398,24 8,7055
Volume específico Energia interna Entalpia específica Entropia específica
m3 kJ kJ kJ
kg kg kg kg . K
T (°C) p (kPa) Líq. Sat. Evap. Vap. Sat. Líq. Sat. Evap. Vap. Sat. Líq. Sat. Evap. Vap. Sat. Líq. Sat. Evap. Vap. Sat.
T p νI νIV νV uI uIV uV hI hIV hV sI sIV sV
–15 165 0,000746 0,11932 0,12007 180,07 189,32 369,39 180,19 209 389,2 0,9258 0,8096 1,7354
em função da temperatura

–20 133,7 0,000738 0,14576 0,14649 173,65 192,85 366,5 173,74 212,34 386,08 0,9007 0,8388 1,7395
35 887,6 0,000857 0,02224 0,0231 248,34 148,68 397,02 249,1 168,42 417,52 1,1673 0,5465 1,7139
40 1017,0 0,000873 0,01915 0,02002 255,65 143,81 399,46 256,54 163,28 419,82 1,1909 0,5214 1,7123
Tabela 6 − R-134a Saturado – Propriedades

T
T

50
40
30
20
10
50
40
30
20
10

(°C)
(°C)

m
m

ν
ν

kg
kg

3
3

0,08382
0,08075
0,07762
0,07441
0,07111
0,12776
0,12335
0,11889
0,11436
0,10974

u
u

kJ
kJ

kg
kg

Tabela 8 − R-134a Superaquecido


Tabela 7 − R-134a Superaquecido

418,09
409,90
401,81
393,80
385,84
419,11
411,04
403,10
395,27
387,55

p = 300 kPa (0,3 MPa)


p = 200 kPa (0,2 MPa)

h
h

kJ
kJ

kg
kg

443,23
434,12
425,10
416,12
407,17
444,66
435,71
426,87
418,15
409,50

s
s

kJ
kJ

kg . K
kg . K

1,8755
1,8468
1,8175
1,7840
1,7564
1,9117
1,8360
1,8549
1,8256
1,7956

111

Anexo
Referências Bibliográficas
BOTELHO, M.; BIFANO, H. Operação de caldeiras – gerenciamento, controle e manutenção.
1. ed. São Paulo: Blücher, 2011.
ÇENGEL, Y.; BOLES, M. Termodinâmica. 5. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
FOX, R.; McDONALD, A.; PRITCHARD, P. Introdução à mecânica dos fluidos. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2006.
INCROPERA, F. et al. Fundamentos de transferência de calor e massa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2008.
LORA, E.; NASCIMENTO, M. Geração termelétrica. 1. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
2 vols.
MARTINS, J. Motores de combustão interna. 2. ed. Porto: Publindústria, 2006.
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SILVA, J. Refrigeração comercial e climatização industrial. 1. ed. São Paulo: Hemus, 2004.
_____. Introdução à tecnologia da refrigeração e da climatização. 1. ed. São Paulo: Artliber, 2003.
SONNTAG, R.; BORGNAKKE, C.; VAN WYLEN, G. Fundamentos da termodinâmica. 6. ed.
São Paulo: Blücher, 2006.
STOECKER, W.; JABARDO, J. Refrigeração industrial. 2. ed. São Paulo: Blücher, 2002.

112

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