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sobre-textos-memorizados-na-alfabetizacao

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 237, 01 de Novembro |


2010

Prática Pedagógica

7 perguntas sobre textos


memorizados na
alfabetização
Respostas às dúvidas mais comuns sobre como e por que
usar textos que as crianças sabem de cor no ensino da
leitura e da escrita
NOVA ESCOLA
Beatriz Vichessi
Ana Rita Martins

Interpretações equivocadas sobre o uso de


parlendas, cantigas de roda e outros textos
que as crianças sabem de cor na alfabetização
ainda são comuns. Para responder às sete
dúvidas mais frequentes sobre o assunto,
NOVA ESCOLA consultou a bibliografia
disponível sobre o tema e a especialista em
alfabetização Telma Weisz.

1 Por que propor atividades de leitura e de escrita?

"Elas mobilizam saberes distintos e consequentemente ensinam coisas


diferentes", explica Telma. Para ler textos que sabem de cor, as crianças têm
de fazer a correspondência entre as partes do texto que já sabem com os
trechos escritos, descobrindo a relação entre fonema e grafia, conhecendo
letras novas e como se dá a segmentação das frases em pedaços menores e
independentes, as palavras (leia a sequência didática ). Já na situação de
escrita, precisam colocar em cena o nível do conhecimento do sistema
alfabético e o que já sabem a respeito da escrita convencional. Com baese em
tudo isso, fica claro que ambas devem ser realizadas em sala e que uma não
é pré-requisito para outra.
2 Quais textos memorizados devo usar para alfabetizar?

Qualquer cantiga de roda, parlenda ou adivinha que os alunos apreciem. O


importante é que todos eles saibam o conteúdo de cor e mentalmente. O que
define a complexidade da atividade são as particularidades do material e as
interações do educador, responsável por criar boas situações de
aprendizagem.

3 É interessante propor que escrevam em quartetos?

Não. O processo de interação entre as crianças é muito importante e, quando


se trabalha com muita gente reunida, ele não é satisfatório. Escrever a oito
mãos é difícil até para os adultos. É melhor organizar duplas, levando em
conta as hipóteses de escrita (pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e
alfabética) para que o trabalho seja realmente produtivo.

4 Na leitura, o que precisa ser problematizado?

Encontrar partes da totalidade ou do verso levando em conta o que os alunos


já sabem. Não se trata de caça-palavras, mas de uma situação que faz o
grupo enfrentar desafios a respeito da relação entre parte e todo. Por
exemplo, perguntar onde está escrito domingo em "Hoje é domingo,/ pede
cachimbo". Para responder, as crianças têm de fazer corresponder o falado
com cada pedaço escrito. Quer dizer, precisam localizar o verso e depois o
que foi perguntado. Têm de pensar como dividir o que falam para que
encontrem a palavra no exato lugar em que ela está.

5 E na de escrita? Quais são os desafios?

As crianças, para escrever, precisam pensar quais e quantas letras usar e em


que ordem colocá-las. Em fase de alfabetização, não é óbvio que tudo o que
se fala possa ser escrito na ordem em que é dito. Outros pontos
interessantes para explorar com eles são a escrita de artigos, monossílabos e
palavras curtas, já que isso vai contra a ideia que os alunos têm que para
escrever são necessárias no mínimo três letras.

6 A lista de nomes da turma pode servir de apoio?

Para atividades que tenham como foco a leitura, não. "Lê-se para escrever,
mas não para ler", diz Telma. Para localizar fragmentos do texto, os alunos
precisam pensar em como vão partir do falado para tal, o que vão considerar
como um pedaço para achar todos os pedaços. Não é necessário buscar
pistas fora do material: o problema é descobrir onde está escrito, não o que
está escrito. Para desafios que envolvem a escrita, sim: pesquisar em fontes
externas o jeito certo de escrever o fragmento que se quer é útil. Para
escrever "cachorrinho está latindo", se as crianças recorrem à lista de nomes
e encontram Camila e Karina, o professor tem uma situação para discutir.

7 É válido o grupo ditar para o professor escrever?


Sim, desde que ele atue como se só soubesse as letras, ou seja, não deve agir
como um escriba. Tem de ser simplesmente a mão que escreve o que os
estudantes ditam, incluindo aí os espaços entre as palavras. Porém é
importante observar que, se existirem alunos alfabéticos na sala, a atividade
não funcionará. Facilmente eles darão conta do desafio sozinhos, ditando
letras ao educador que os demais nem conhecem ainda.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Psicopedagogia da Linguagem Escrita, Ana Teberosky, 151 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 29 reais

INTERNET
Texto Situações de Leitura na Alfabetização Inicial: A Continuidade na Diversidade, de Mirta Castedo.
Texto Lectura de un Texto que se Sabe de Memória, de Mirta Castedo (em espanhol).

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