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Expressão utilizada por Luciano Oliveira em seu já consagrado ensaio com o
sugestivo título “Não Fale no Código de Hamurabi”, In: Sua Excelência o Comissário e
outros ensaios de Sociologia Jurídica, Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004, pp. 137-167.
No entanto, o professor não faz uma crítica direta aos manuais de Direito, mas à
tendência de se escrever nas monografias jurídicas “verdadeiros capítulos de manual”,
tratando de forma redundante sobre aspectos já exaustivamente conhecidos, como
princípios, conceitos, evolução histórica etc., sem uma abordagem diferenciada.
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O mais grave é quando a autoridade acadêmica é, ao mesmo tempo, autoridade
institucional, que não só constrói teorias como também forma a jurisprudência que
conduz o Judiciário brasileiro.
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O “reverencialismo” é outro problema criticado por Luciano Oliveira em seu ensaio.
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Introdução
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Publicado pela Editora Almedina Brasil, em 2009.
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Capítulo 1
Origens e aspectos do absenteísmo estatal e suas influências no
Brasil
A liberdade política
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Existe mais de uma edição brasileira desta importante obra de Spinoza, dentre todas, cf. SPINOSA,
Bento de. Tratado Teológico-Político. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Apenas por curiosidade,
observe-se, ainda, que as edições trazem diferentes referências ao nome do filósofo, indicando Bento
de, Baruch de, ou Benedictus de, e ainda a grafia Spinoza com “z” ou Spinosa, com “s”.
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Como se verá mais adiante, na concepção moderna, o “poder” aqui deve ser entendido
no sentido de “poder de exercício” e não exatamente de titularidade mesma do Poder
político, a qual caberia sempre aos reis, nas monarquias, e ao povo, nas repúblicas,
ocorrendo, em ambos os casos, um exercício aristocrático do Poder.
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Capítulo 2
O “Estado social”, seus afazeres domésticos
e os instrumentos judiciais de controle
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Cf. ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989;
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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Atente-se para o fato de que soberano não era exatamente o monarca, mas a qualidade do poder que
ele detinha, ou seja, um poder super omnes, que quer dizer sobre todos. Tal característica de poder
soberano, que surgiu com o Estado Moderno, poderia ter a representação em um monarca, como
queria Hobbes, ou em uma assembleia, como sustentava Locke.
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Curiosamente, a ideia de neutralidade política do liberalismo só tem validade para as questões
sociais, mas não para “salvar” uma instituição bancária com dificuldades financeiras. A regra, nesses
casos, é simplesmente de socialização dos prejuízos.
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Ivo Dantas apresenta em seu livro uma citação de Pérez Royo onde o autor espanhol informa que
“el Tribunal Constitucional no existe em todos los países europeus, sino unicamente en aquellos que
tuvieron excepcionales dificultades para transitar del Estado Liberal del siglo XIX al Estado
Democrático del siglo XX: Austria, Alemanha, Itália, Portugal y España” (DANTAS, 2007, p. 228).
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Capítulo 3
As omissões no Estado constitucional: um fenômeno bem
brasileiro
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Não se desconhece que o processo às vezes é invertido, ou seja, a Constituição precisa ser alterada
para se adequar às novas realidades, como no caso das reformas administrativas e da previdência.
Neste ensaio, entretanto, prevalece o primeiro sentido, acima esboçado no texto. Veja-se o caso das
uniões “homoafetivas”, oportuno neologismo criado por Maria Berenice Dias para enquadrar estas
formas de relações afetivas na acepção mais ampla de família ou “entidade familiar” inaugurada pela
Constituição. Uma lei específica que contemplasse essa forma de entidade familiar, não tão “nova”
como se costuma dizer, talvez suprisse uma grave lacuna na ordem jurídica, não só superando as
divergências jurisprudenciais, mas principalmente fortalecendo as bases de cidadania dos
homossexuais.
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Principalmente, no título da Ordem Econômica que se diz “conforme os ditames da justiça social”
(art. 170, CR)
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Não confundir com processo ou jurisdição constitucional, que se refere, como se verá no capítulo 4,
ao sistema de aplicação jurisdicional do direito material da Constituição, ou seja, as próprias ações
constitucionais, principalmente no que se refere ao controle de constitucionalidade e às garantias
fundamentais.
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A Lei 8.968/99, que regula as ações de controle abstrato de constitucionalidade, foi posteriormente
alterada pela Lei 12.063/2009 para acrescentar o art. 12-H, cujo parágrafo primeiro dispõe que “Em
caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de
30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em
vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido”.
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E arremata, o autor:
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Cf. o livro de Roberto Gomes, editado pela Criar Edições, com o título Crítica da
Razão Tupiniquim, no qual o autor critica o que denomina de uma “alienação do
pensamento brasileiro”.
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Cf. o livro de Roberto Gomes, editado pela Criar Edições, com o título Crítica da
Razão Tupiniquim, no qual o autor critica o que denomina de uma “alienação do
pensamento brasileiro”.
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Cf. ADEODATO: 2002, p. 230, onde o autor faz um breve histórico sobre o assunto.
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A norma da CB de 1934 referia-se a leis e atos declarados inconstitucionais pelo “Poder Judiciário”.
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Observe-se que já era prevista uma espécie de ação direta de inconstitucionalidade na CF de 1934,
na forma de uma representação interventiva, mas que visava dar eficácia à lei formulada pelo Senado,
quando este órgão exercesse sua competência exclusiva para iniciativa de leis sobre intervenção
federal. Porém, não havia, ainda, um sistema concentrado para o controle de constitucionalidade de
leis estaduais e federais, o que só surgiu com a EC 16/65 à CF de 1946.
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Ver mais adiante a análise do julgamento efetivado na Reclamação 6568/SP.
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A representação argumentativa
dá bom resultado quando o tribunal
constitucional é aceito como instância de
reflexão do processo político. Isso é o caso,
quando os argumentos do tribunal
encontram uma repercussão no público e
nas instituições políticas, que levam a
reflexões e discussões, que resultam em
convencimentos revisados. Se um processo
de reflexão entre público, dador de leis e
tribunal constitucional estabiliza-se
duradouramente, pode ser falado de uma
institucionalização, que deu bom resultado,
dos direitos do homem no estado
constitucional democrático (ALEXY, 2011, p.
54).
98 Existem Omissões Constitucionais?
O paradoxo da soberania
política e jurídica do Estado, solucionado do
ponto de vista intra-sistêmico mediante a
Constituição como acoplamento estrutural,
vai ser solucionado na perspectiva extra-
sistêmica por meio da referência à
soberania do povo: decisões políticas
(também decisões constituintes) e normas
jurídicas (inclusive normas constitucionais)
baseiam-se, por fim, na soberania do povo
assubjetivada e construída discursivamente
(democracia) (NEVES, 2008, p. 165 – itálico
no original).
A Constituição estrutura um
regime democrático consubstanciando esses
objetivos de igualização por via dos direitos
sociais e da universalização das prestações
sociais (seguridade, saúde, previdência e
assistência sociais, educação e cultura). A
democratização dessas prestações, ou seja, a
estrutura de modos democráticos
(universalização e participação popular),
constitui fundamento do Estado
Democrático de Direito, instituído no art.
1.º. Resta, evidentemente, esperar que essa
normatividade constitucional se realize na
prática (SILVA, 2012, p. 128).
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Aqui, Afonso da Silva faz uma referência a Claude Julien, em seu livro O Suicídio das
Democracias.
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A partir da sociedade
envolvente, os sistemas jurídicos e políticos
são bloqueados generalizadamente na sua
autoprodução consciente por injunções
heterônomas de outros códigos e critérios
sistêmicos, assim como pelos
particularismos difusos que persistem na
ausência de uma esfera pública pluralista.
No interior do Estado, por sua vez,
verificam-se intrusões destrutivas do poder
na esfera do direito (NEVES, 2008, p. 239).
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O Brasil estaria incluído entre os países da modernidade periférica, em contraste com os países da
“modernidade central”, como os Estados Unidos e as nações europeias, os quais também enfrentariam
outros problemas em seu modelo de Estado democrático.
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Marcelo Neves dá como o exemplo os tribunais constitucionais da Europa, especialmente o da
Alemanha.
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Robert Alexy fala de “espaços estruturais” e “espaços epistêmicos” (2011, p. 78-92).
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Apenas por curiosidade, é interessante observar que tanto se pode falar de Santo ou São Tomás de
Aquino. Mas, por uma questão de eufonia, dispensa-se a segunda forma, para se evitar justamente a
cacofonia “santo más” (Fonte: site Catolicismo: Revista de Cultura e Atualidades –
www.catolicismo.com.br).
108 Existem Omissões Constitucionais?
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O Projeto de Lei 559/2003 foi arquivado em 06.03.2008, nos termos do art. 105 do Regimento
Interno da Câmara dos Deputados. Sobre o tema cf. o nosso livro Pena de Morte no Brasil: um
desafio às cláusulas pétreas, publicado pela Nossa Livraria.
110 Existem Omissões Constitucionais?
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Fonte: Site da Câmara dos Deputados.
Colhido em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=503667
Acesso em 29 de maio de 2013.
112 Existem Omissões Constitucionais?
Capítulo 4
O controle das omissões pela função jurisdicional:
uma questão de justiça constitucional
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Professor de Direito Constitucional da Universidade de Havard e autor do livro Brenann and
Democracy, Princenton University, 2011. Nesse livro, Michelman mostra como importantes questões
sociais são consolidadas não pelo Legislativo, mas por decisões judiciais, analisando especificamente
a atuação do Juiz da Suprema Corte americana, William Brennan, que durante décadas foi
considerado modelo de “ativista judicial” nos Estados Unidos.
114 Existem Omissões Constitucionais?
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Por todos, cf. BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. São Paulo:
Malheiros, 2008.
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SAÚDE
EDUCAÇÃO
EMENTA: AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
TRANSPORTE DE ALUNOS DA REDE
ESTADUAL DE ENSINO. OMISSÃO DA
ADMINISTRAÇÃO. EDUCAÇÃO. DIREITO
FUNDAMENTAL INDISPONÍVEL. DEVER DO
ESTADO. 1. A educação é um direito
fundamental e indisponível dos indivíduos.
É dever do Estado propiciar meios que
viabilizem o seu exercício. Dever a ele
imposto pelo preceito veiculado pelo artigo
205 da Constituição do Brasil. A omissão da
Administração importa afronta à
Constituição.
2. O Supremo fixou entendimento no sentido
de que "[a] educação infantil, por qualificar-
se como direito fundamental de toda
criança, não se expõe, em seu processo de
concretização, a avaliações meramente
discricionárias da Administração Pública,
nem se subordina a razões de puro
pragmatismo governamental[...]. Embora
resida, primariamente, nos Poderes
Legislativo e Executivo, a prerrogativa de
formular e executar políticas públicas,
revela-se possível, no entanto, ao Poder
Judiciário determinar, ainda que em
bases excepcionais, especialmente nas
hipóteses de políticas públicas definidas
pela própria Constituição, sejam essas
implementadas pelos órgãos estatais
inadimplentes, cuja omissão - por
importar em descumprimento dos
encargos políticos-jurídicos que sobre
eles incidem em caráter mandatório -
mostra-se apta a comprometer a eficácia
e a integridade de direitos sociais
impregnados de estatura constitucional".
Precedentes. Agravo regimental a que se
nega provimento.
(RE 603575 AgR,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda
Turma, julgado em 20/04/2010, DJe-086
DIVULG 13-05-2010 PUBLIC 14-05-2010
EMENT VOL-02401-05 PP-01127 RT v. 99,
n. 898, 2010, p. 146-152)
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MEIO-AMBIENTE
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O fenômeno parece ter chegado ao Brasil com a polêmica PEC 33/2011 que visa alterar a
Constituição para criar mecanismos de limitação das decisões do Judiciário.
134 Existem Omissões Constitucionais?
A vigente Constituição
brasileira, admirada por seus vibrantes
preceitos fundamentais, bem como por seus
importantes institutos políticos de
democracia participativa, sofre, desde a sua
promulgação, com as causticantes
intempéries ideológicas. As investidas, nem
sempre legítimas, de governos alternados
sempre ameaçaram a pureza dos valores
previstos constitucionalmente, tendo em
vista a adequação à ordem econômica
neoliberal globalizada (JOBIM, 2012).
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Fonte: Site da Câmara dos Deputados.
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Em que pese a crítica de Jessé Souza à “tese patrimonialista” sobre as causas dos problemas sociais
no Brasil, como desdobramento das análises culturalistas feitas por Gilberto Freyre (cf. SOUZA,
Jessé. A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica.
2 ed., Belo Horizonte: UFMG, 2012), é de se reconhecer a sua validade, mesmo que de forma não
totalizante, para explicar a sociedade brasileira. Em matéria de cultura jurídica, são pertinentes as
observações quanto às condicionantes socioeconômicas que contribuíram para a formação, no Brasil,
de uma “tradição patrimonialista do direito civil” (cf. LÔBO, Paulo. Constitucionalização do direito
civil. In: Revista de Informação Legislativa - Secretaria de Edições Técnicas do Senado Federal,
Brasília, v. 36, n. 141, p. 99-109, jan./mar. 1999).
138 Existem Omissões Constitucionais?
5. Referências Bibliográficas.