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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

IMUNIDADE
ADAPTATIVA:
LINFÓCITOS T

IMUNOLOGIA 1
IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

IMUNIDADE
ADAPTATIVA:
LINFÓCITOS T

CONTEÚDO: HIASMIN ACOSTA ALVES


CURADORIA: FABRÍCIO MONTALVÃO

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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

SUMÁRIO

ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T .................................................................... 4

Reconhecimento do antígeno ............................................................................ 4

Coestimulação ....................................................................................................... 5

RESPOSTAS FUNCIONAIS DOS LINFÓCITOS T ........................................... 6

Moléculas de superfície........................................................................................ 6

Citocinas nas respostas imunes adaptativas ................................................ 7

Secreção e expressão do receptor de IL-2 .................................................... 7

Expansão clonal das células T ........................................................................... 7

Células T de memória ........................................................................................... 7

DECLÍNIO DAS RESPOSTAS DA CÉLULA T ................................................... 8

DIFERENCIAÇÃO E FUNÇÕES DAS CÉLULAS T ........................................... 8

Células T CD4+ efetoras ...................................................................................... 8

Células T CD8+ efetoras ..................................................................................... 12

Outros subtipos de células T .............................................................................14

REFERÊNCIAS............................................................................................... 15

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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T ativadas para eliminar microrganismos e,


caso necessário, realizar funções que
A ativação dos linfócitos T acontece geram dano tecidual. Células T de me-
principalmente nos órgãos linfoides se- mória, geradas pela ativação de células
cundários, que são locais onde ocorre a T, são células de vida longa com maior
apresentação do antígeno pelas células capacidade de reagir contra o antígeno,
dendríticas para os linfócitos T. Antes da pois já foram expostas a ele. A resposta
exposição ao antígeno, clones de linfó- das células T diminui depois que o antí-
citos T, cada um com uma especifici- geno é eliminado pelas células efetoras
dade diferente, são gerados no timo. As- e isso é muito importante para o retorno
sim, os linfócitos T imaturos, ou seja, do sistema imune a um estado de ho-
aqueles que ainda não reconheceram ou meostase.
responderam aos antígenos, circulam
pelo corpo em estado de repouso e fi- A proliferação de linfócitos T e sua dife-
cam funcionais somente depois de sua renciação em células efetoras e de me-
ativação. Os linfócitos T não ativados mória requerem que ocorra o reconheci-
(naive) também se movimentam pelos mento do antígeno e a coestimulação.
órgãos linfoides e interagem com as cé-
Reconhecimento do antígeno
lulas dendríticas até encontrar o antí-
geno pelo qual expressam receptores O antígeno é sempre o primeiro sinal que
específicos. A ativação dos linfócitos T se desencadeia a ativação dos linfócitos e
dá a partir do reconhecimento do antí- isso garante que a resposta imune ge-
geno em conjunto com outros estímulos rada seja específica para aqueleantí-
de ativação. Após esta ativação, os lin- geno. Além do reconhecimento de pep-
fócitos T secretam citocinas, proliferam tídeos pelo TCR (receptor de célula T)
(chamado de expansão clonal) e dife- apresentados por moléculas do MHC,
renciam em células efetoras. As APCs várias outras proteínas da superfície da
(células apresentadoras de antígenos), célula T participam do processo de ati-
além de realizar a apresentação de an- vação, como moléculas de adesão, cor-
tígenos, também expressam moléculas receptores e moléculas coestimulatórias.
de superfície e citocinas que orientam a A ativação das células T naive depende
natureza da resposta das células T. do reconhecimento do antígeno apre-
sentado pelas células dendríticas, que se
Diferentes tipos de APCs podem expres-
localizam em uma região favorável para
sar sinais distintos que induzem o desen-
interação com as células T naive. Além
volvimento de diferentes tipos de células
disso, as células dendríticas também ex-
efetoras. As células T efetoras reconhe-
pressam moléculas coestimulatórias que
cem antígenos em órgãos linfoides ou
são necessários para ativação das célu-
em tecidos não linfoides periféricos e são
las T. O processo ocorre quando

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antígenos proteicos que atravessam a estimulam a eliminar o antígeno. Ainda,


barreira epitelial ou que derivam dos te- qualquer célula nucleada pode apresen-
cidos são capturados pelas células den- tar um antígeno via MHC de classe I, e ser
dríticas e transportados aos gânglios lin- destruída pelos linfócitos T CD8+.
fáticos. Os antígenos que alcançam a
circulação podem ser capturados por Coestimulação
células dendríticas no baço. Se esses an-
A proliferação e diferenciação de células
tígenos são componentes de microrga-
T naive necessitam de sinais fornecidos
nismos ou forem administrados com ad-
por moléculas nas APCs, as moléculas
juvantes (vacinas), a resposta imune
coestimulatórias, além do sinal induzido
inata gera a ativação de células dendrí-
pelo antígeno. O sinal fornecido pelas
ticas e induz a expressão de moléculas
moléculas co-estimulatorias é conhe-
coestimulatórias.
cido como segundo sinal. Sem a coesti-
Assim, as células dendríticas com os an- mulação, as células T, mesmo se encon-
tígenos migram para a região das célu- trarem antígenos, falham ao responder e
las T nos gânglios linfáticos. Tanto célu- morrem por apoptose ou entram em um
las T naive quanto células dendríticas estado de não responsividade (anergia).
maduras são atraídas para as zonas de Uma via muito importante de ativação
célula T nos linfonodos. Quando as célu- de células T envolve o receptor de super-
las dendríticas encontram as células T, fície de célula T, o CD28, que se liga às
elas exibem peptídeos antigênicos em moléculas coestimulatórias B-71 (CD80)
moléculas do MHC e moléculas coesti- e B7-2 (CD86), que são expressas nas
mulatórias. Células dendríticas apresen- APCs ativadas. As moléculas B7-1 e B7-2
tam peptídeos derivados de antígenos são glicoproteínas de membrana inte-
de proteínas endocitadas em conjunto gral e cadeia única, estruturalmente se-
com moléculas do MHC classe II para cé- melhantes, cada uma contendo dois do-
lulas T CD4+, e peptídeos de proteínas mínios extracelulares do tipo imunoglo-
endógenas apresentados por moléculas bulina (Ig). Já o receptor CD28 consiste
do MHCnclasse I para células T CD8+. em um homodímero ligado a pontes dis-
Além disso, as células T efetoras podem sulfeto e cada subunidade possui um
responder a antígenos apresentados por único domínio de Ig extracelular. A ex-
outras células e não somente pelas célu- pressão de B7 é regulada e garante que
las dendríticas. a resposta por parte dos linfócitos T seja
iniciada apenas quando necessário. As
Na resposta imune humoral, as células B moléculas B7 são expressas principal-
apresentam antígenos para as células T mente nas APCs, incluindo células den-
auxiliares e estas ativam as células B. dríticas, macrófagos e linfócitos B. As
Macrófagos também apresentam antí- moléculas B7 estão ausentes ou em ní-
genos para as células T CD4+, que os veis baixos nas APCs em repouso e

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podem ser induzidas por vários estímu- CD28. Os receptores inibitórios da família
los, como produtos de microrganismos CD28 são CTLA-4 (antígeno 4 do linfócito
que se ligam a receptores do tipo Toll e T citotóxico) e PD-1. Esses receptores
a citocinas como interferon-γ. quando são associados com fosfatases
intracelulares. A atividade das fosfata-
De todas as APCs, as células dendríticas ses contrabalança a ação dos recepto-
maduras expressam os maiores níveis de res ativatórios, que possuem quinases
moléculas coestimulatorias e por isso associadas. A ativação das fosfatases
são as mais potentes estimuladoras de pelo PD-1 e CTLA-4 leva a uma inibição
células T naive. Sinais de CD28 garantem da resposta de linfócitos T.
a sobrevivência, proliferação e diferenci-
ação das células T específicas. Quando RESPOSTAS FUNCIONAIS DOS
ocorre a ligação B7-CD28, a PI3 quinase LINFÓCITOS T
é recrutada para a cauda citoplasmá-
tica do CD28, o que ativa a quinase pró- As primeiras respostas das células T são
sobrevivência Akt, bem como Itk e PLCγ, a expressão de várias moléculas da su-
que podem desencadear a sinalização perfície e a secreção de citocinas. Em se-
de cálcio. CD28 também contribui para a guida, ocorre a proliferação de células
ativação das vias de JNK MAP quinase, antígenoespecíficas e a diferenciação
amplificando a ativação da via do Nf-κB. das células ativadas em células efetoras
e de memória.
O resultado dessas sinalizações é a ex-
pressão aumentada de proteínas antia- Moléculas de superfície
poptóticas, como Bcl-2 e Bcl-XL, que
promovem sobrevivência das células T; Após o reconhecimento do antígeno e a
aumento da atividade metabólica das ligação do coestimulador, ocorrem alte-
células T; amplificação da proliferação rações na expressão de várias moléculas
das células T; produção de citocinas, de superfície nas células T. As principais
como interleucina-2 (IL-2); e diferencia- moléculas serão abordadas a seguir. A
ção de células T naive em efetoras e cé- molécula CD69, expressa por linfócitos T
lulas de memória. Muitos receptores ho- ativados, consiste em uma proteína de
mólogos a CD28 e seus ligantes homólo- membrana que se liga e diminui a ex-
gos a B7 foram identificados, e estas pressão do receptor da esfingosina 1-
proteínas regulam as respostas das cé- fosfato S1PR1, que controla a saída das
lulas T tanto positivamente quanto ne- células T de órgãos linfoides. Após a di-
gativamente. O resultado da ativação visão celular, a expressão de CD69 dimi-
das células T é influenciado por um equi- nui e as células efetoras e de memória
líbrio entre o acoplamento de receptores saem dos órgãos linfoides, guiadas pelo
de ativação e inibição da família maior gradiente de S1P no sangue. A mo-
lécula CD25 (IL-2Rα) consiste em uma

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das cadeias do receptor da IL-2. A ex- coestimulatórias. Os receptores de IL-2


pressão do CD25 faz com que a IL-2 ligue em células T tendem a se localizar na si-
com afinidade aumentada ao seu re- napse desta com a APC, de modo que
ceptor, permitindo a proliferação dos lin- permita a resposta celular a esse estí-
fócitos T ativados. A expressão do CTLA- mulo. Os receptores funcionais de IL-2
4 (CD152) pelas células T também ocorre são expressos transitoriamente na ati-
após 24 a 48 horas da apresentação do vação de células T naive e efetoras. As
antígeno. Essa molécula atua como um células T reguladoras expressam altos
inibidor da ativação da célula T, de níveis de CD25. A IL-2 também é neces-
modo a regular sua resposta. sária para a sobrevivência e o funciona-
mento das células T reguladoras, que su-
Citocinas nas respostas imunes primem as respostas imunes contra os
adaptativas antígenos. Porém, a IL-2 deve ser secre-
tada por outras células, pois as células T
A maioria das citocinas produzidas pro-
reguladoras não produzem quantidades
vém das células T auxiliares CD4+, mas
significativas.
citocinas produzidas por células T CD8+
e células B também possuem atividades Expansão clonal das células T
muito importantes. As citocinas produzi-
das durante as respostas imunes adap- A proliferação de células T em resposta
tativas estão envolvidas na proliferação ao antígeno é mediada por uma combi-
e diferenciação de células B e T estimu- nação de sinais a partir do receptor do
ladas por antígenos e nas funções efeto- antígeno, moléculas coestimulatórias e
ras das células T. A maioria destas cito- fatores de crescimento autócrinos, prin-
cinas atua sobre as células que as pro- cipalmente a IL-2. As células que reco-
duzem (ação autócrina) ou em células vi- nhecem o antígeno produzem IL-2, e
zinhas (ação parácrina). também podem responder a ele, garan-
tindo a proliferação das células T espe-
Secreção e expressão do receptor de cíficas. Essa proliferação gera um au-
IL-2 mento no tamanho dos clones específi-
cos para o antígeno, conhecido como
A IL-2 é um fator de crescimento, sobre-
expansão clonal. A expansão clonal pro-
vivência e diferenciação de linfócitos T,
duz um grande número de células neces-
que possui funções importantes na indu-
sárias para eliminar o antígeno a partir
ção de respostas das células T e no con-
de um pequeno conjunto de linfócitos T
trole das respostas imunes.
naive, específicos para o antígeno.
A IL-2 é produzida principalmente por
Células T de memória
linfócitos T CD4+ após o reconhecimento
do antígeno e de moléculas

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Respostas imunes a um antígeno media- células T CD4+ efetoras surgem a partir


das por células T normalmente resultam do reconhecimento do antígeno nos ór-
na geração de células T de memória es- gãos linfoides secundários e a maioria
pecíficas para esse antígeno. delas deixa esses órgãos e migra para os
locais periféricos da infecção para atuar
As células de memória possuem a capa- na eliminação dos microrganismos.
cidade de sobreviver após a eliminação Quando devem atuar contra microrga-
do antígeno e responder melhor e mais nismos fagocitados, as células T reco-
rapidamente. As células de memória ex- nhecem esses antígenos, mas os fagóci-
pressam níveis aumentados de proteínas tos são as células que realmente des-
antiapoptóticas, o que pode ser a causa troem esses agentes. A ingestão e a eli-
de sua longa sobrevivência. Além disso, minação de microrganismos pelos fagó-
as células de memória respondem mais citos são importantes mecanismos da
rápido à estimulação dos antígenos do imunidade inata, que podem ser estimu-
que células naive específicas para o ladas pelas células T. Existem três gran-
mesmo antígeno. des subgrupos de células T CD4+ efeto-
ras: Th1, Th2 e Th17. Esses subgrupos
DECLÍNIO DAS RESPOSTAS DA
atuam na defesa do hospedeiro contra
CÉLULA T diferentes tipos de agentes infecciosos e
também estão envolvidos em diversos ti-
A eliminação do antígeno leva à diminui-
pos de lesões de tecidos em doenças
ção da resposta da célula T, o que man-
imunológicas.
tém a homeostasia do sistema imune.
A principal diferença entre esses subgru-
DIFERENCIAÇÃO E FUNÇÕES DAS pos são as citocinas que produzem, os
CÉLULAS T fatores de transcrição que expressam e
as alterações epigenéticas nos loci ge-
Células T CD4+ efetoras
néticos específicos das citocinas. As
As funções das células T CD4+ efetoras principais citocinas produzidas pelos
são recrutar e ativar os fagócitos e ou- subgrupos são: interferon-gama (IFN-γ)
tros leucócitos que irão destruir os mi- pelas células Th1; interleucina-4 (IL-4),
crorganismos intracelulares e alguns ex- interleucina-5 (IL-5) e interleucina-13 (IL-
tracelulares, além de estimularem os lin- 13) pelas células Th2; e interleucina-17 (IL-
fócitos B a produzir anticorpos. Os linfó- 17) e interleucina-22 (IL-22) pelas células
citos T CD4+ são cruciais na eliminação Th17. Todos os subgrupos derivam dos
de microrganismos mediada por fagóci- linfócitos T CD4+ naive em resposta as
tos. Já as células efetoras CD8+ realizam citocinas da fase inicial das respostas
a erradicação dos microrganismos intra- imunes. A diferenciação destas células
celulares, normalmente dos vírus. As envolve a ativação transcricional e a

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modificação epigenética de genes de cada subgrupo é induzida pelos tipos de


citocinas. O processo de diferenciação microrganismos que este combate de
pode ser dividido de acordo com as se- forma mais eficaz. O subgrupo Th1 se de-
guintes fases: indução, comprometi- senvolve a partir do contato com micror-
mento e amplificação. ganismos que são ingeridos por fagóci-
tos e os ativam. Esse subgrupo é a prin-
A indução ocorre quando as citocinas cipal população de células T efetoras na
atuam sobre as células T, estimuladas defesa do hospedeiro mediada por
por antígenos e moléculas coestimulató- fagócitos. A diferenciação em Th1 é influ-
rias, para induzir a transcrição dos genes enciada principalmente pelas citocinas
de citocinas que são característicos de interleucina-12 (IL-12) e IFN-γ e ocorre em
cada subgrupo. O comprometimento resposta a microrganismos que ativam
consiste nas modificações epigenéticas as células dendríticas, macrófagos e cé-
que resultam na transcrição de genes lulas NK. O IFN-γ e a IL-12 estimulam a di-
das citocinas de cada subgrupo. Por fim, ferenciação de Th1, ativando os fatores
a amplificação consiste na fase em que de transcrição de T-bet, STAT1 e STAT4.
as citocinas produzidas promovem o de- A principal função das células Th1 é ati-
senvolvimento específico de uma subpo- var os macrófagos para ingerir e destruir
pulação, inibindo a diferenciação de ou- os microrganismos. O IFN-γ é a principal
tras subpopulações CD4+. As citocinas citocina de ativação de macrófagos e
que direcionam o desenvolvimento das possui funções muito importantes na
subpopulações de células T CD4+ são imunidade contra microrganismos intra-
produzidas pelas APCs e outras células celulares. O IFN-γ também atua sobre as
do sistema imunológico. Outros estímu- células B para promover a mudança
los além das citocinas também podem para certas subclasses de IgG e para ini-
influenciar o padrão de diferenciação da bir a mudança para os isotipos depen-
célula T auxiliares. dentes de IL-4, como a IgE. O IFN-γ pro-
Os diferentes tipos de citocinas de po- move a diferenciação de células T CD4+
pulações de células diferenciadas são para o subtipo Th1 e inibe o desenvolvi-
controlados por fatores de transcrição mento das células Th2 e Th17.
que ativam a expressão de genes de ci- Além do IFN-γ, as células Th1 produzem
tocinas e por modificações da cromatina
fator de necrose tumoral (TNF) e várias
que afetam a acessibilidade aos promo-
quimiocinas, que contribuem para o re-
tores e elementos reguladores destes
crutamento dos leucócitos e inflamação
genes. Cada subgrupo de células efeto-
aumentada. As células Th1 ativam ma-
ras diferenciadas produz citocinas que
crófagos por sinais mediados por con-
promovem o seu próprio desenvolvi-
tato através de interações CD40L-CD40
mento e suprimem o desenvolvimento de
e pelo IFN-γ. Os macrófagos ativados
outros subgrupos. A diferenciação de

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destroem os microrganismos fagocita- a IL-13, secretadas pelas células Th2 ou


dos principalmente pelas ações de es- pelas células Tfh, estimulam a produção
pécies reativas de oxigênio, óxido nítrico
e enzimas lisossomais. O subgrupo Th2 de anticorpos IgE específicos para o hel-
atua principalmente pelos eosinófilos e minto, que os opsonizam e promovem a
mastócitos. A diferenciação em Th2 é in- ligação de eosinófilos.
duzida pela citocina IL-4 e ocorre em
Após isso, a IL-5 ativa os eosinófilos, que
resposta a helmintos e alérgenos. A IL-4
liberam o conteúdo dos seus grânulos.
é a principal citocina do subgrupo Th2 e
Os eosinófilos atuam contra os helmintos
funciona tanto como um indutor quanto
através da expressão de receptores Fc
como uma citocina efetora dessas célu-
de alta afinidade aos quais a IgE se liga,
las. As principais características da IL-4
resultando na desgranulação e libera-
são estimular o desenvolvimento de Th2;
ção de proteinas tóxicas para a parede
induzir a mudança de de Ig da célula B
dos helmintos. As citocinas produzidas
para o isotipo IgE e ser um fator de cres-
pelas células Th2 estão envolvidas no
cimento autócrino para células Th2 dife-
bloqueio da entrada dos microrganismos
renciadas.
e em sua retirada dos órgãos de muco-
A IL-4 também atua em conjunto com a sas através do aumento da produção de
IL-13 nas seguintes funções: contribuir muco e do peristaltismo intestinal. Além
para uma forma alternativa de ativação disso, a IL-4 e a IL-13 ativam os macró-
dos macrófagos, estimular o peristal- fagos para expressar enzimas que pro-
tismo no trato gastrintestinal, estimular o movem a síntese de colágeno e fibrose.
recrutamento de leucócitos e atuar na O desenvolvimento das células Th17 é in-
defesa contra helmintos e na inflamação duzido pelas citocinas pró-inflamatórias
alérgica. A IL-13 também atua no au- sintetizadas em resposta as bactérias e
mento da secreção de muco das células fungos extracelulares. As células Th17
epiteliais e das vias respiratórias e intes- atuam contra os microrganismos através
tinais. A IL-5, outra importante citocina do recrutamento dos leucócitos, princi-
para o subtipo Th2, é uma ativadora de palmente neutrófilos, para os locais de
eosinófilos e serve como a principal liga- infecção. A IL-17 desempenha funções
ção entre a ativação de células T e a in- muito importantes na atuação do sub-
flamação eosinofílica. As principais tipo Th17, pois ela induz a inflamação
ações de IL-5 são a ativação dos eosi- através de uma grande quantidade de
nófilos maduros e a estimulação do cres- neutrófilos; estimula a produção de ou-
cimento e diferenciação dos eosinófilos. tras citocinas e quimiocinas que recru-
As células Th2 funcionam na defesa con- tam neutrófilos e monócitos; aumenta a
tra infecções por helmintos por vários geração de neutrófilos através do au-
mecanismos, descritos a seguir. A IL-4 e mento da produção de G-CSF (fator es-
timulador de colônias de granulócitos) e

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a expressão dos seus receptores; e esti- Acredita-se que os TCRs (receptores de


mula a produção de substâncias antimi- células T) expressos nas células Treg re-
crobianas, incluindo as defensinas. conheçam os autoantígenos expressos
no timo, que ativam a expressão de
Outras citocinas importantes para o FoxP3. As células T reguladoras induzidas
subgrupo Th17 é a IL-22, produzida prin- são produzidas quando células T CD4
cipalmente por células Th17, por algumas virgens são ativadas na presença da ci-
células NK e linfócitos inatos do grupo 3 tocina TGF-β (fator de transformação do
linfoide. A IL-22 contribui para a inflama- crescimento β) e na ausência de IL-6 e de
ção através da estimulação da produ- outras citocinas pró-inflamatórias. Elas
ção epitelial de quimiocinas, podendo são diferenciadas pela expressão de
estar envolvida nas lesões de tecido em CD4 e CD25 na superfície celular. Basi-
doenças inflamatórias. A principal fun- camente, existem três mecanismos pelos
ção efetora das células Th17 é destruir as quais as células Treg podem suprimir res-
bactérias extracelulares e os fungos, postas imunes. As células Treg expres-
principalmente por indução da inflama- sam altos níveis de CTLA-4, que como ci-
ção neutrofílica. As células Th1 e Th17 fun- tado anteriormente, é um receptor inibi-
cionam em conjunto na eliminação de tório, competindo com o CD28 na liga-
microrganismos mediada pelos fagóci- ção das moléculas B7.
tos na imunidade celular. As células T re-
gulatórias ou reguladoras (Treg) também Isto faz com que o segundo sinal de ati-
representam uma subpopulação de lin- vação, fornecido pelas moléculas coes-
fócitos T CD4+. A função das células T re- timulatórias, torne-se indisponível. Tam-
guladoras é suprimir as respostas das bém, as células Treg consomem grande
células T efetoras, pois estão envolvidas quantidade de IL-2, tornando-a indispo-
na limitação da resposta imune e na pre- nível para a proliferação de linfócitos T
venção de respostas autoimunes, e in- efetores. Além disso, as células Treg são
flamação. O comprometimento com a li- capazes de secretar citocinas inibidoras,
nhagem reguladora é determinado pela como IL-10 e TGF-b. Todos estes meca-
expressão do fator de transcrição FoxP3. nismos conjuntamente garantem a su-
As células T reguladoras são divididas pressão mediada pelas células Treg. Ou-
em dois grupos principais: as células T tra subpopulação de linfócitos T CD4+
reguladoras naturais (Treg) e as células T são as células T foliculares (Tfh). Estas
reguladoras induzidas. As células Treg células T efetoras fornecem auxílio para
são produzidas no timo como uma pe- a produção de anticorpos de alta afini-
quena população de células T CD4. As dade pelas células B nos folículos linfoi-
células Treg expressam altos níveis das des. As células Tfh podem ser identifica-
proteínas de superfície CD25 e CTLA-4. das por sua localização e expressão de
marcadores como o CXCRS e o ICOS. As

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células Tfh e as células B dos centros muitos microrganismos intracelulares.


germinativos interagem, onde fornecem Outra função importante desempe-
sinais importantes umas para as outras. nhada por essas células é a erradicação
As células B expressam o ligante ICOS de diversos tumores. Além disso, pos-
(ICOSL), que coestimula as células Tfh suem atuação na rejeição aguda de en-
através do ICOS, e as células Tfh expres- xertos de órgãos. A ativação de células T
sam o CD40L, que se liga ao CD40 das CD8+ naive necessitam do reconheci-
células B, aumentando a expressão de mento do antígeno e sinais secundários,
Bcl-xL, que promove a sobrevivência das de forma semelhante ao de outras res-
células B inibindo a apoptose. postas de células T.

Além disso, as células Tfh produzem Porém, a ativação de células T CD8+


grandes quantidades de IL-21, principal naive depende de MHC de classe I, e
citocina envolvida com a estimulação de pode também exigir auxílio das células T
linfócitos B e consequente entrada na CD4+. A diferenciação das células T
reação de centro germinativo, sofrendo CD8+ em CTLs efetores envolve o desen-
troca de classes de Igs, maturação de volvimento dos fatores necessários para
afinidade e geração de memória. destruir as células-alvo. No citoplasma
de CTLs diferenciados, há muitos lisosso-
Células T CD8+ efetoras mos modificados que contêm proteínas,
como perforinas e granzimas, que pos-
Os vírus evoluíram de forma a utilizar vá-
suem a função de destruir outras células.
rias moléculas da superfície celular para
Além disso, os CTLs diferenciados secre-
conseguir entrar nas células e se replicar
tam citocinas, principalmente IFN-γ, que
e se disseminar de uma célula para ou-
ativam os fagócitos. Os antígenos reco-
tra. Por isso, eles podem infectar e sobre-
nhecidos pelas células T CD8+ podem ser
viver em uma ampla variedade de célu-
vírus que estejam infectando outros tipos
las. Os vírus não podem ser destruídos se
celulares, incluindo outras células além
as células infectadas não possuírem me-
das células dendríticas, ou eles podem
canismos microbicidas ou se os vírus es-
ser antígenos de tumores derivados a
tiverem no citosol. Assim, para erradicar
partir de vários tipos celulares. As células
a infecção estabelecida, é necessário
dendríticas especializadas ingerem as
destruir a célula infectada, liberando o
células infectadas, células tumorais ou
vírus para o meio extracelular e parali-
proteínas expressas por estas células,
sando sua capacidade de sobreviver e
transportam os antígenos para o citosol
se replicar. Essa morte de células com ví-
e os apresentam em conjunto com a mo-
rus no citosol é mediada por linfócitos T
lécula de MHC de classe I à célula T
citotóxicos CD8+ (CTLs). As citocinas
CD8+.
produzidas por células efetoras T CD8+
também estimulam a eliminação de

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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

Apenas alguns tipos de células dendríti- engajamento do receptor inibitório PD-1


cas são eficientes na apresentação cru- na membrana de linfócitos T CD8+. A
zada e por isso são muito importantes morte mediada por CTLs envolve o reco-
para a ativação de células T CD8+ naive. nhecimento específico de células-alvo e
As citocinas necessárias para a diferen- a liberação de proteínas que induzem a
ciação das células T CD8+ e para a ma- morte celular. Os CTLs matam as células
nutenção de células efetoras e de me- que expressam o antígeno associado à
mória dessa linhagem são, principal- MHC I de mesma classe que desenca-
mente, a IL-2, a IL-12, o interferon (IFN) do deou a proliferação e diferenciação de
tipo I, a IL-15 e a IL-21. A IL-2 promove a células T CD8+ naive. Os CTLs se ligam e
proliferação e diferenciação de células T atuam na célula-alvo através do seu re-
CD8+ em CTLs e células de memória. As ceptor antigênico, o correceptor (CD8), e
células T CD8+ expressam as cadeias β e moléculas de adesão.
γ do receptor de IL-2 e podem expressar
níveis elevados da cadeia α (CD25) após Após o receptor de antígenos do CTL re-
a ativação. A IL-12 e o IFN do tipo I esti- conhecer seu antígeno em uma célula-
mulam a diferenciação de células T CD8+ alvo, ele libera proteínas dos grânulos
naive em CTLs efetoras. Essas citocinas (perforinas e granzimas) que conduzem à
são produzidas por diferentes popula- morte apoptótica da célula-alvo. As cé-
ções de células dendríticas durante a lulas CD8+ podem também ter função
resposta imune inata em condições de em algumas reações inflamatórias indu-
infecções virais e algumas infecções zidas por citocinas, como reações cutâ-
bacterianas. neas de sensibilidade de contato indu-
zida por produtos químicos ambientais.
Outra citocina importante são a IL-15,
que também é importante para a sobre- Em infecções causadas por microrganis-
vivência das células CD8+ de memória. mos intracelulares, a atividade citolítica
Em algumas infecções virais crônicas, as dos CTLs é importante para a erradica-
respostas das células T CD8+ podem ser ção do reservatório de infecção. Porém,
iniciadas, mas diminuem gradualmente, a destruição de células infectadas por
o que é chamado de exaustão. O termo CTLs é uma causa de lesão tecidual em
exaustão é utilizado para atribuir que a algumas doenças infecciosas. Em casos
resposta efetora se desenvolve, mas de infecção pelos vírus da hepatite B e C,
está ativamente suprimida. Esse con- as células do fígado infectadas são des-
ceito é o contrário de tolerância, que é truídas pela resposta do hospedeiro me-
quando os linfócitos normalmente não se diada por CTLs, e não pelos vírus. Estes
desenvolvem em células efetoras. O fe- vírus não são citopáticos, mas o hospe-
nômeno de exaustão é observado no mi- deiro reage contra o micróbio infeccioso
croambiente de tumores, e se deve ao e não é capaz de diferenciar os

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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

micróbios que são prejudiciais ou relati- adaptativas se desenvolverem; a vigi-


vamente inofensivos. lância contra células estressadas, como
células que sofreram danos no DNA ou
Outros subtipos de células T estão infectadas, e a eliminação das
mesmas; e a produção de citocinas que
Além das células T CD4+ e T CD8+, há
influenciam as respostas imunológicas
outras pequenas populações de células
adaptativas tardias.
T que possuem funções especializadas
na defesa do hospedeiro. Essas células Diversas atividades biológicas têm sido
consistem nas células γδ T e as células atribuídas às células T γδ, como a secre-
NKT, que reconhecem uma grande vari- ção de citocinas e a destruição de célu-
edade de antígenos, muitos dos quais las infectadas. Já as células NKT e outras
não são peptídeos e não são apresenta- células T específicas de antígenos lipídi-
dos pelas moléculas do MHC. Os recep- cos são capazes de produzir citocinas,
tores de antígenos de muitas células γδ T como a IL-4 e o IFN-γ, após a ativação e
e de células NKT possuem diversidade li- eles podem estimular as células B a pro-
mitada, sugerindo que essas células duzir anticorpos contra antígenos lipídi-
possam ter evoluído para reconhecer um cos. As células NKT também podem me-
determinado grupo de antígenos micro- diar as respostas imunológicas inatas
bianos. Esses dois tipos de células estão protetoras contra alguns agentes pato-
presentes em tecidos epiteliais, como o gênicos, como as micobactérias. Além
trato gastrintestinal. Suas funções em disso, as células NKT invariantes podem
comum são: a defesa precoce contra mi- regular as respostas imunes adaptativas
crorganismos encontrados no epitélio, principalmente através da secreção de
antes das respostas imunológicas citocinas.

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IMUNIDADE ADAPTATIVA: LINFÓCITOS T

REFERÊNCIAS

Referência bibliográfica ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI,


Shiv. Imunologia celular e molecular. 8ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

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