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b) Ocupação de coisas perdidas (artigo 1323º CC): neste caso há 2 hipóteses: i) O achador
sabe a quem pertence a coisa (nº1)- devendo entregar a coisa ao seu dono, ou avisá-lo
do achado.; ii) O achador não sabe a quem pertence a coisa (nº2), devendo avisar as
autoridades, e na pendência de resposta, dando-se como mero detentor. MAS se:
B1) Se ele anuncia às autoridades (nº4), mas não obtém qualquer resposta, isto é, se a coisa não
for reclamada no prazo de um ano, o achador pode fazer sua a coisa perdida;
B2) Se ele não anuncia às autoridades o achado, há posse por ocupação, mas é uma posse
oculta- posse não titulada por preterição de publicitação do achado;
2- Acessão- Forma de aquisição do Direito que tanto pode ser sobre coisas móveis ou imóveis;
Decorre: ou da adjunção, por obra da natureza ou do homem, a uma coisa (Objeto enriquecedor)
e outra coisa (objeto enriquecido) pertencentes a donos diferentes (1325º). A lei estabelece um
conjunto de pressupostos necessário para a aquisição do direito por acessão, caso estes se
cumpram o adjuntor é de boa fé, caso contrário, é de má fé. - Portanto, só existe acessão de boa
fé se o adjuntor não souber que o objeto é alheio ou que o seu dono não autoriza a adjunção;
caso contrário o adjuntor de má fé, pratica um verdadeiro ato de usurpação da posse.
A acessão tem dois tipos:
▪ Acessão natural: 1327º resulta exclusivamente das forças da natureza.
▪ Acessão industrial: 1339º implica indústria (ação) humana. (a lei protege, neste caso, quem
adjunta de boa fé)
3- Usurpação: A usurpação abrange todos os modos de aquisição originária feitos sem ou
contra a vontade do anterior possuidor.
3.1- Prática Reiterada ou aquisição paulatina (artigo 1263º, alínea a) CC);
Estamos no âmbito da aquisição, isto é, numa fase prévia à aquisição da posse. A própria
caracterização do fenómeno pela norma contém elementos pré-possessórios:
“a posse adquire-se pela prática reiterada, com publicidade, dos atos materiais
(corpus)correspondentes ao exercício do direito”
a) Prática de atos materiais: a prática reiterada pressupõe, desde logo, a prática atos
materiais (corpus). Trata-se da prática ou realização de atos inequívocos que exprimam
uma factualidade, um poder de facto.
b) Reiteração: a prática dos atos materiais tem de ter alguma continuidade, alguma
reiteração, mas tal não significa uma atuação ininterrupta ou continua.
c) Publicidade: Neste caso, a publicidade está relacionada com uma a ideia de consenso
público. O consenso público vai afirmar e creditar o exercício dos poderes empíricos
sobre a coisa. A publicidade não busca a legitimação da posse, busca apenas excluir a
clandestinidade da prática reiterada na qual ela assenta.
d) Correspondência dos poderes de facto ao exercício do direito: deve haver uma
prática de atos materiais correspondente ao exercício de um direito real.
Só há aquisição quando o círculo social reconhece a relação contínua de exclusividade da
pessoa com a determinada coisa.
3.2- Inversão do título da Posse (artigo 1265º CC);
A inversão do título da posse trata-se da conversão de uma detenção em posse por ato próprio
do detentor. É o fenómeno previsto nos artigos 1263º, alínea d) e 1265º CC. (quando alguém
que exerce poderes de facto sobre uma coisa com simples animus detinendi converte a sua
detenção em verdadeira posse, passando a agir com animus possidendi, juntando ao corpus que
já tinha, o animus).
A lei, limita-se a referir as suas modalidades, no artigo 1265º:
a- A inversão por oposição do detentor:
1) oposição explícita- é uma oposição formal, por meios notificativos diretos, levada ao
conhecimento do possuidor pelo detentor.
2) oposição implícita- não há nenhuma notificação, no sentido de uma declaração por meios
notificativos diretos. Há, porém, um ou vários factos concludentes.
b- A inversão do título da posse por ato de terceiro:
Trata-se aqui de uma oposição (implícita) provocada: um terceiro (sujeito estranho à relação
possessória), arrogando-se por qualquer motivo, ou sem ele, da titularidade da coisa. Temos de
fazer uma correção à fórmula da lei no artigo 1265º, in fine: “por ato de terceiro capaz de
transferir a posse”. Em primeiro lugar, se o terceiro, por definição, não tem posse, o seu ato não
é capaz de transferir posse alguma. Contudo, mesmo que o fosse, se o terceiro transferisse a
posse, estaríamos no âmbito da aquisição derivada e não originária. Por conseguinte,
concluímos que a letra da lei é manifestamente errónea. Na inversão por ato de terceiro, o
terceiro tem de realizar um ato translativo de um direito real que, em si mesmo e em abstrato
seja apto para transferir um direito real. Sendo assim, se for um ato absolutamente simulado, ou
com reserva mental, não desencadeia a inversão do título da posse
Conjunções da POSSE:
a) Posse sincrónica: A posse será sincrónica quando, no mesmo plano temporal, existirem
várias posses. Há 3 modalidades:
i)Posse simultânea: quando sobre a mesma coisa existem duas ou mais posses em termos
diferentes. (ex: uma em termos de propriedade e outra em termos de usufruto);
ii)Composse: Consiste numa contitularidade de posses em que cada compossuidor tem uma
posse autónoma sobre uma quota ideal ou alíquota da coisa.
iii)Posse in solidum: há apenas uma única posse que é exercida pelos vários possuidores sobre o
mesmo bem indiviso.
b) Posse diacrónica:
A posse será diacrónica quando há uma coexistência ou uma existência sucessiva no tempo de
diferentes posses. (sucessão na posse, acessão na posse, junção na posse).
Nota: Requisitos/particularidades da acessão- Existência de um nexo de derivação entre as duas
posses, posses consecutivas, posse do assessor terá de ser pública e pacifica, tratando-se de
posses diferentes, a acessão tem lugar dentro da posse de menor âmbito.
A lei prevê, no 1276º, os meios judicias possíveis, sem embargo, de existirem ainda meios
extrajudiciais: a ação direta ou a legítima defesa.
Atentemos então quanto aos meios judicias: a lei prevê as ações possessórias, que seguem forma
de processo comum:
a) Ação de prevenção- 1276º
b) Ação de manutenção- 1278º
c) Ação de restituição- 1278º
d) Ação de restituição em caso de esbulho violento- 1279º
e) Embargos de terceiro- 1285º- a lei prevê também um procedimento especial (artigo
351º CPC), que tem lugar quando a posse é perturbada ou o possuidor é privado da
posse por ações/diligências judiciais, nomeadamente penhora ou arresto. Não tendo o
possuidor sido parte no processo, será este o meio adequado para a defesa da posse.
Efeitos da Posse:
Como já sabemos, estatisticamente, as situações de posse correspondem situações de direito. Ou
seja, normalmente, quem tem a posse tem também o direito.
A) Presunção da titularidade do direito- 1268ºCC (A lei presume que quem está na
posse de uma coisa é o titular do direito real correspondente. Trata-se de uma presunção
ilidível);
B) Perda ou detioração da coisa- 1269º- O possuidor de boa fé só responde pela perda ou
deterioração da coisa se tiver agido com culpa. O possuidor de má fé é equiparável ao
devedor em mora: nos termos do artigo 804º, por analogia, o possuidor de má fé está
obrigado a reparar os danos causados ao titular, mesmo que não tenha culpa na perda ou
na deterioração da coisa;
C) Usucapião- a posse do direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo,
mantida por certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, salvo disposição em contrário, a
aquisição do direito a cujo exercício corresponde a sua atuação: é o que se chama
usucapião”. a) Em regra, são posses relevantes para efeitos de usucapião apenas aquelas
em termos de direito de propriedade ou em termos de outros direitos reais de gozo, b) A
usucapião não é instantânea, c) A usucapião é facultativa e tem de ser invocada, d) a lei
pode afastar a possibilidade de usucapião;
Requisitos da usucapião:
1) Haver uma situação possessória;
2) Decurso do tempo: dependendo do bem em causa, determinado pela lei;
3) Posse pacífica e pública (artigo 1297º CC): enquanto for exercida de modo oculto ou com
violência, não decorrerão os prazos para efeitos da usucapião. As características da posse
relevam no momento do seu exercício e não no momento da sua aquisição, neste caso
excecional, superiores aos do regime normal. – artigo 1300º,nº2
Efeitos da usucapião: O efeito principal da usucapião é a aquisição de um direito real. Além
disso, temos os efeitos previstos no artigo 1288º. Os efeitos da usucapião retroagem à data do
início da posse. Deve-se ter ainda em atenção o artigo 1317º, alínea c) CC.
Capacidade de usucapir: Nos termos do artigo 1289º, “a usucapião aproveita a todos os que
podem adquirir”.
Suspensão e interrupção de prazos: Em primeiro lugar, temos de distinguir os dois conceitos:
a suspensão impede que o prazo para a usucapião corra durante o tempo em que se verifica a
causa, mas não inutiliza o prazo que decorreu até ao momento da suspensão; por outro lado, a
interrupção inutiliza esse prazo, começando-se a contar um prazo novo. O artigo 1292º remete-
nos para o regime da suspensão e da interrupção do prazo da prescrição, entre os artigos 318º e
223º e seguintes. Tipos de suspensão: a) Suspensão de início: as causas de suspensão verificam-
se no início da posse. b) Suspensão de curso: as causas de suspensão verificam-se durante o
exercício da posse. c) Suspensão de termo ou de fim: as causas da suspensão verificam-se
quando o prazo de usucapião termina, mas não se vence, dado ainda não se encontrar cumprida
uma determinada exigência da lei.
Direitos Reais
III- ORDENAÇÃO DOMINIAL EFETIVA
I-Princípios Constitucionais do direito das coisas:
1.1. Princípios ligados ao lado interno
1.1.1. Princípio da coisificação
1.1.2. Princípio da atualidade ou imediação (artigo 408º, nº2 e 211º CC)
1.1.3. Princípio da especialidade ou da individualização (artigo 408º, nº2 CC)
1.1.4. Princípio da compatibilidade ou da exclusão
1.1.5. Princípio da elasticidade
1.2. Princípios ligados ao lado externo
1.2.1. Princípio da tipicidade
1.2.2. Princípio da taxatividade ou numeros clausus (artigo 1306º CC)
1.2.3. Princípio da causalidade
-Título
-Modo
1.2.4. Princípio da consensualidade (artigo 408º, nº1)
1.2.5. Princípio da publicidade