Departamento de Educação
Colegiado de Pedagogia
Feira de Santana – Ba
2022
LEILIANE OLIVEIRA DOS SANTOS
NOME ORIENTADORA
INSTITUIÇÃO
NOME 1º AVALIADOR
INSTITUIÇÃO
NOME 2º AVALIADOR
INSTITUIÇÃO
Agradeço a Deus, pois até aqui Ele tem me sustentado, me dado forças para
não desistir, mesmo com todas as dificuldades, ansiedade e cansaço. Só Ele sabe o
quanto foi difícil chegar até aqui. Inúmeros foram os desafios, mas nem por isso ele
deixou de me impulsionar a continuar.
Agradeço à minha mãe, Aurora, pelo exemplo de força e determinação, e por
sempre estar ao meu lado, me dando apoio.
À minha família, Jaime, Gisele, Luis Gabriel e Maria Eduarda por acreditar em
mim quando nem eu acreditava.
À Gilmar, por todo suporte e apoio dado desde o início, quando nem eu mesma
acreditava que seria possível realizar esse sonho.
Ao meu orientador, Eduardo Luedy, pelo suporte e pelo compartilhamento de
conhecimentos, pelo auxílio no processo de construção da pesquisa com um tema tão
importante a ser discutido.
Agradeço a Lays, Nacia, Renata e Valcy, minhas companheiras de luta, por
nunca me deixarem cair e por terem sido essenciais para minha formação.
À diretora e professoras da creche pelo acolhimento, parceria e por abrir as
portas para que esse trabalho fosse realizado.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará. (Salmos 37:5)
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é estudar a percepção docente a respeito dos papéis de gênero na sala
de aula da Educação Infantil. No tocante aos objetivos específicos destacam-se: analisar o papel
docente frente às manifestações de gênero nas interações entre meninos e meninas ma Educação
Infantil; identificar os conhecimentos das docentes acerca do tema gênero; compreender como a
formação inicial influencia na percepção docente sobre os papéis de gênero. O estudo se configura
como uma pesquisa qualitativa e tem como instrumento de coleta de dados uma entrevista
semiestruturada, aplicada de forma presencial. Para embasar o estudo utilizamos contribuições de
autores como Foucault (1984), Weeks (2000) e Rodrigues (2016) que tratam sobre a temática da
sexualidade. Louro (2014) e Okin (2008) para pensarmos gênero e sexualidade e sua relação com a
educação. Portela, Anflor e Santaiana (2018) para a discussão acerca de gênero e sexualidade na
BNCC da Educação Infantil, entre outros autores, os dados da pesquisa revelam que há muito o que
avançar no que as professoras possuem um entendimento limitado sobre os papéis de gênero. As
professoras têm uma noção de infância distante da temática gênero. Os resultados inferem que a
inclusão da educação para as relações de gênero é algo ainda problemático por parte das professoras
entrevistadas, por se tratar de um assunto que pode, a priori, desestabilizar uma suposta ordem
heteronormativa. Observa-se a ausência de formação continuada voltada para estudos sobre a
temática ao mesmo tempo que reforçamos a fundamental importância dessa modalidade para a
compreensão da relevância de se trabalhar esse tema nos dias atuais.
SUMÁRIO
Resumo ............................................................................................................. 6
Lista de siglas................................................................................................... 7
Sumário ............................................................................................................. 8
Introdução ....................................................................................................... 10
Objetivo geral......................................................................................................... 13
Metodologia da pesquisa............................................................................... 20
Instrumentos .......................................................................................................... 21
Local ...................................................................................................................... 22
Participantes .......................................................................................................... 23
meninas ................................................................................................................. 25
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Referências ..................................................................................................... 32
INTRODUÇÃO
O ambiente familiar é o primeiro meio social no qual a criança é inserida. Po-
demos supor que é, aí, no ambiente familiar, que muito provavelmente as diferenças
entre os gêneros, como um reflexo do ambiente social mais amplo, são naturalizadas
e reforçadas.
Segundo Kronbauer e Schwertner (apud Oliveira e Haddad 2016), “desde a
infância, a educação de meninos e meninas é definida a partir de expectativas soci-
almente construídas para o sexo feminino e masculino”. Essas distinções costumam
ser demarcadas desde a descoberta da chegada de um bebê, quando, por meio de
exames de ultrassom, se é revelado o sexo biológico da criança que está por vir.
Num contexto social heteronormativo, os pais das crianças tendem a reproduzir me-
canismos que reforçam determinadas identidades de gênero e sexualidade, como,
por exemplo, o enxoval de cor azul, se for para meninos, e de cor rosa, no caso das
meninas. Tais distinções perpassam a infância, adolescência e a vida adulta.
A escolha dos brinquedos também tende a reforçar as diferenciações de gê-
nero, ou seja, entre o que é apropriado para o feminino e para o masculino: a casinha
e as bonecas são endereçadas para as meninas; super-heróis, carrinhos, armas,
são endereçados aos meninos. De acordo com Bento (2011, p.550) “aquilo que evo-
camos como um dado natural, o corpo-sexuado, é resultado das normas de gênero”.
Em meu ambiente familiar, sempre questionei o porquê de as meninas, desde
muito novas, serem ensinadas a realizar tarefas domésticas, como lavar a louça,
organizar os quartos, limpar o chão, entre várias outras atividades “do lar”, enquanto
para os meninos não havia essa mesma “obrigação”.
Ou até mesmo o porquê de a mulher e o homem trabalharem e mesmo assim,
ao chegarem em casa cansados, o homem descansaria após um dia de serviço,
enquanto a mulher reassumiria o exaustivo trabalho do lar, bem como o cuidado com
os filhos. De acordo com Schienbinger (2001, p.182), “[...] as mulheres com vida
profissional ainda são responsáveis pela maior parte do trabalho doméstico e dos
cuidados com os filhos”.
As desigualdades da vida privada ficam mais evidentes quando percebemos
como as atividades domésticas e cuidados com os filhos são assumidas majoritari-
amente pelas mulheres. Segundo Okin (2008, p.308) as mulheres têm sido reconhe-
cidas como “naturalmente inadequadas à esfera pública”, ou seja, são subordinadas
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à vida privada. Os trabalhos domésticos, ainda hoje, para muitas pessoas, são con-
siderados parte das obrigações femininas, de tal modo que há por parte de alguns
homens o receio de assumir atividades consideradas femininas porque assim pode-
riam comprometer a sua “masculinidade”.
A escola, por sua vez, tão importante quanto o ambiente familiar, também nos
socializa. A escola não transmite apenas conhecimentos, mas também promove a
reprodução de valores considerados indispensáveis para a manutenção da socie-
dade.
As relações entre as crianças na Educação Infantil se apresentam como uma
das formas de introdução de meninos e meninas na vida social, oferecendo a esses
sujeitos a oportunidade de estar em contato com crianças oriundas de diversas clas-
ses sociais, religiões e etnias. Segundo Louro (2014, p.7), “[...] é no âmbito das re-
lações sociais que se constroem os gêneros”. A instituição escolar não cuida apenas
do corpo da criança, ela possui o papel de educar. Sendo o nosso corpo e gestos
frutos de nossa cultura, ele é, em suma, uma construção social que se dá entre as
relações com o meio.
Durante meu período de estágio em uma pré-escola da Rede Municipal de En-
sino de Feira de Santana, com uma turma do grupo 3, pude perceber como determi-
nados padrões relativamente aos papéis de gênero eram manifestados entre crian-
ças da Educação Infantil. Esses papéis eram manifestados na hora do brincar, em
algumas falas, comportamentos e através da professora, em ocasiões como na roda
de conversa, nos cantinhos temáticos e no momento do lanche. Comecei a observar
e a me questionar sobre essas manifestações das crianças e as atitudes da profes-
sora frente a essas situações. Essas observações e questionamentos foram cruciais
para a escolha do tema para a Monografia.
A sala de aula, por exemplo, costumava ser organizada em “cantinhos do brin-
car”. A cada quinze dias estes cantinhos eram arrumados com temáticas diferentes.
As professoras costumavam arrumar esses cantinhos com os brinquedos da brin-
quedoteca. Uma vez, a docente resolveu organizá-lo de modo que um dos cantinhos
parecesse um quarto. Neste quarto havia bonecas, camas, berços, armário, pente-
adeira, acessórios como maquiagens, entre outros. Percebi que as meninas de-
monstraram maior interesse em brincar. Já os meninos ficavam olhando, mas não
se aproximavam.
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Numa outra ocasião, o cantinho foi arrumado com bonecas porque, segundo a
professora, havia mais meninas do que meninos. Vianna e Finco (2009) afirmam que
“os significados de gênero são impressos nos corpos de meninos e meninas de
acordo com as expectativas colocadas diariamente para as crianças, na forma como
as professoras interagem com elas”. Isto é, o cantinho foi arrumado para as meninas,
não foi pensado para que todas as crianças brincassem juntas. Em um determinado
momento um dos meninos se aproximou e foi rapidamente repreendido pela profes-
sora que o chamou para brincar no “escritório” de brinquedo que estava em outro
espaço da sala.
Noutro momento, um menino se aproximou desse mesmo cantinho, e se dire-
cionou a uma boneca para pegá-la e logo foi repreendido pelas meninas que diziam
que “boneca não era coisa de menino”. Quando questionadas por mim sobre por que
ele não poderia brincar com a boneca, elas insistiam em dizer que não era brinquedo
para o colega. Percebi que as meninas utilizaram frases do tipo “boneca não é brin-
quedo de menino”, que supostamente ouviram por algum adulto ou até mesmo fa-
miliares para justificar o motivo pelo qual seu colega não poderia brincar com a bo-
neca.
No horário do lanche, a professora corrigia a postura, o modo como as meninas
se sentavam de maneira rígida, enquanto os meninos se sentiam mais à vontade.
Para Louro (2014, p.65), essa maneira através da qual a professora estabelece de-
terminadas “regras” provém da produção de “corpos escolarizados, distinguindo o
menino da menina”.
Os meninos brincavam com espadas de brinquedo, de “luta”, de futebol, ima-
ginavam ser algum super-herói dos desenhos animados, entre outros. Algumas des-
sas brincadeiras eram mais agressivas e sempre resultava em algum conflito entre
eles. Para Kronbauer e Schwertner (2018, p. 80) é perceptível os papéis de gênero
presentes no contexto escolar, os mesmos “se revelam tanto nas brincadeiras infan-
tis como em conversas com os familiares das crianças”. As brincadeiras descritas
acima apontam para uma desigualdade de gênero, visto que as brincadeiras reali-
zadas pelas meninas apresentam uma conotação voltada para a realização de ativi-
dades domésticas e tendo a mãe um papel maternal.
Partindo do pressuposto que as relações de gênero se manifestam a todo ins-
tante na escola de educação infantil, nas interações entre meninos e meninas, apre-
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OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
REVISÃO DE LITERATURA
GÊNERO E SEXUALIDADE
A sexualidade pode ser considerada como um fator que define o que somos,
nossa forma de comportamento, nossos desejos e nossas marcas enquanto sujeitos
pertencentes a uma sociedade. Ter uma sexualidade traz o que Silva (2015) enfatiza
como uma articulação entre os conceitos de identidade e diferença, atrelados à
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Para Nascimento e Chiaradia, uma vez que a nova Base Nacional Curricular
Comum é construída a partir do Plano Nacional, as questões de gênero deixam de
fazer parte do escopo da educação escolar (apud SILVA e ARANTES, 2017, p.108).
Além disso, o PNE ao não estabelecer as temáticas de gênero e sexualidade
como conteúdos curriculares obrigatórios, possibilitou que outros documentos como
os Planos Municipais de Educação pudessem incluir ou não as questões relacionadas
a gênero e sexualidade em seus textos curriculares.
A retirada dos termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” ocorreu a
partir da insatisfação dos parlamentares representantes da bancada católica e
evangélica e da Frente Parlamentar Evangélica (MENDES, MAHEIRIE, GESSER,
2020, p.130). O discurso propagado pelos grupos conservadores como justificativa
para esta supressão foi o de que falar sobre tais assuntos seria o mesmo que impor
às crianças e adolescentes uma “ideologia de gênero”, a qual colocaria em risco a
família tradicional.
A BNCC, por sua vez, é um documento cujo objetivo é nortear os currículos
escolares da educação básica do Brasil. No que concerne à terceira versão aprovada
em 2017, nota-se a ausência das questões de gênero e sexualidade, que antes
constavam nas versões anteriores. Alguns autores chamaram a atenção para o fato
de que, em meio às 396 páginas desta terceira versão, as palavras sexualidade, sexo
e gênero aparecem apenas 20 vezes (PORTELLA, ANFLOR, SANTAIANA, 2018).
A BNCC estabelece cinco campos de experiências para a Educação Infantil,
são eles: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e
formas; Oralidade e escrita; Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações (BRASIL, 2017, p.40). Portella, Anflor e Santaiana (2018) chamam a
atenção para os campos “o eu, o outro e o nós” e “corpo, gestos e movimentos”.
Segundo as autoras, seriam nestes campos que o documento indicaria direções na
educação para a sexualidade dos corpos infantis. No entanto, a BNCC propõe que as
professoras trabalhem os corpos das crianças como se estes fossem isentos de
sexualidade. De acordo com Back e Nogueira, sua “ênfase é para o desenvolvimento
corporal das crianças” (2021, p.80), numa perspectiva biologicista.
Nessa perspectiva, é notável uma ideia voltada para o controle desses corpos
infantis, de modo a discipliná-los desde cedo. Assim, para Louro (2014, p.65) “[...]
gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporado por
meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos”.
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Por muito tempo, a infância era algo desconhecido, não havia consciência por
parte dos adultos sobre sua existência. Durante o período medieval (século XII), as
crianças eram entendidas como adultos em miniatura, seu tamanho era a única
característica representada nas artes medievais, o que os diferenciava dos adultos
(ARIES, 2011, P.17-18).
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Posto isto, fica evidente que a concepção de infância se torna mais evidente a
partir do momento em que o adulto passa a preocupar-se mais com as crianças, com
suas fragilidades. Assim sendo, “a palavra infância passou a designar a primeira idade
de vida: a idade da necessidade de proteção, que perdura até os dias de hoje”
(NASCIMENTO et. al., 2008, p.52).
Os direitos da infância é algo recente no Brasil e em diversos países, esse
reconhecimento decorre dos investimentos científicos no século XIX, sendo assim, a
criança passou a ser considerada sujeito de direitos (ANDRADE, 2010).
Para Andrade (2010)
No século XX, o discurso predominante sobre a infância atribuiu-lhe o
estatuto de sujeito de direitos, imagem construída com base na
elaboração de dispositivos legais e documentos internacionais, entre
os quais: a Declaração de Genebra (1923), a Declaração Universal
dos Direitos da Criança (1959) e a Convenção dos Direitos da Criança
(1989) (ANDRADE, 2010, p.80)
Com base nesta afirmação, nota-se uma educação pensada não apenas para
assistir crianças pobres, mas também para ensiná-las os ofícios da submissão.
Após a Constituição Federal de 1988 determinar a criança como sujeito de di-
reitos, “a educação Infantil passou a ser definida como a primeira etapa da educação
básica, [...] a partir da promulgação da LDBEN 9.394/96” (STEMMER, 2012, p.22)
em seu artigo 29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos,
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996).
METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia da pesquisa tem como finalidade fornecer informações e
resultados sobre o tema objeto de estudo, mediante a compreensão dos objetivos
elencados, explicitando os passos seguidos para alcançá-los.
Para Minayo (2011), a metodologia e
[...] o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da
realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da
abordagem (método), os instrumentos de operacionalização do
conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua
experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade) (2011, p.14).
nossas abordagens aos fenômenos que desejamos estudar bem como a escolha dos
procedimentos metodológicos que podem nos ajudar na obtenção de respostas para
as questões que desenvolvemos.
INSTRUMENTOS
LOCAL
PARTICIPANTES
ENTRADA EM CAMPO
meninos ou para meninas, ela respondeu que eles brincam com todos os brinquedos,
sem distinção.
Essa categoria tem como objetivo identificar a percepção docente acerca das
diferenças de comportamento entre meninos e meninas relativamente às questões de
gênero. Nessa perspectiva, entendemos que tais conhecimentos encontram-se
expressos nos depoimentos elencados. Questionamos se haveria diferenças nas
maneiras como meninos e meninas se comportam nas turmas.
Numa das respostas dada à questão acima, uma professora afirma não
perceber diferenças entre meninos e meninas, devido ao fato de que eles e elas são
ainda muito “pequenininhos”. Em sua resposta, podemos perceber como a noção de
infância parece distante da temática gênero, a qual parece, por sua vez, relacionada
a uma suposta perda da inocência.
Para a entrevistada P3, as professoras "não têm esse olhar pra brincadeira de
menino ou brincadeira de menina”.
P1-É muito bom, né? Porque pelo menos a pessoa vai ter mais
experiência e vai saber mais como lidar com esses casos.
Porque hoje em dia é um tabu, né?, ainda é um tabu. Aí, então,
o professor tendo um curso, é muito mais fácil para entender
mais a mente da pessoa, né? [...]
P3- …. teve uma disciplina que falou muito sobre isso, que, e…
como é que se diz? que não era pra gente influenciar (pausa)
deixar a criança se descobrir… no decorrer… entendeu? porque
tem coisas também que eu não concordo não, viu? Estou sendo
sincera. Eu acho assim, se eu, a partir do momento em que eu
concebi um ser no meu ventre, ele vai nascer, quando completar
idade ele vai nascer, e claro que ele vai ser registrado com o que
ele nascer, se é menina vai ter nome de menina, se é menino aí
ter o nome de menino, na minha concepção. Eu respeito,
também, os estudiosos, as pessoas que pensam diferente,
entendeu?
temática. Mais ainda: esta professora reforça em sua fala uma compreensão
problemática da educação para as relações de gênero, ao tomar seu campo de
estudos como algo que pode confundir uma suposta ordem natural das coisas: “a partir
do momento em que eu concebi um ser no meu ventre, ele vai nascer [...] e claro que
ele vai ser registrado com o que ele nascer, se é menina vai ter nome de menina, se
é menino aí ter o nome de menino”.
A professora P4, em sua fala, diz que “não chama a atenção para eles, porque
é criança, né?". Mais uma vez, estes depoimentos reforçam uma noção problemática
da educação para as relações de gênero, como algo a ser, inclusive, evitado. Ao
mesmo tempo, reforçam uma noção de infância cuja inocência deve ser preservada.
No entanto, ao contrário do que pensam estas professoras, para Kronbauer e
Schwertner (2018, p.77) “as discussões de gênero precisam fazer parte da formação
das educadoras, tanto em aspecto acadêmico inicial, como em formação continuada”,
uma vez que, esses estudos poderiam ajudá-las diante situações cotidianas na sala
de aula relacionadas às questões de gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência ao realizar esta pesquisa foi bastante significativa, uma vez que
possibilitou resgatar memórias vivenciadas durante o estágio não supervisionado em
uma Instituição de Educação Infantil. Durante esse período, percebi que os papéis de
gênero eram manifestados pelas crianças em diversos momentos e ocasiões, a partir
de então, me questionei sobre as atitudes das professoras frente a essas situações,
e assim surgiu meu tema de pesquisa.
Outro fator importante é que pude conhecer melhor umas das Instituições de
Educação Infantil da cidade em que nasci e cresci, isso foi algo que somou
positivamente na minha pesquisa. Além disso, a pesquisa proporcionou a discussão
de um tema de grande importância na área da educação, que é pouco discutido e
muita das vezes passa despercebido que é a educação para as relações de gênero.
No decorrer da pesquisa, os objetivos: analisar o papel docente frente às
manifestações de gênero nas interações entre meninos e meninas; identificar os
conhecimentos das docentes acerca do tema gênero; e compreender como a
formação inicial influencia na percepção docente sobre os papéis de gênero foram
contemplados. Através da análise, constatamos que as professoras têm uma noção
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REFERÊNCIAS
AFFONSO, J. B. A. As questões de gênero na Educação Infantil. Trabalho de
Conclusão de Curso– Faculdade de Educação, Universidade Federal
Fluminense. Niterói, 2019.
em:https://revistaensinoeeducacao.pgsskroton.com.br/article/view/4901 Acessado
em: 28 de setembro de 2021.
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Nome da estudante/pesquisadora
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1-Dados pessoais
Qual seu nome completo e sua idade?
2- Dados profissionais
Qual sua formação básica? E continuada?
Desde quando atua na educação?
Qual o tempo de serviço na escola?
Quanto tempo de experiência na educação infantil?
Quantas crianças há em sua classe?
Qual a idade das crianças?