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Quem você realmente é?

Uma busca pela própria identidade.


Matheus Antunes Duarte - 4 de Abril de 2022

No início deste século, houveram mudanças de hábito radicais em nossas vidas, sem
sequer percebermos. Aos que vieram a esse vasto mundo em meados dos anos 2000 e após
isso, parecem ter nascido prontos para o aparentemente ingênuo mundo virtual.
Chamados popularmente de "Geração Z", estes, hoje jovens adultos, têm suas rotinas
totalmente diferente da geração passada, como as de seus pais ou avós. Foram submersos
profundamente no vasto oceano da tecnologia e já não sabem mais como voltar à superfície
para respirar. Carregam um mundo de distrações diariamente para onde quer que vão em seus
bolsos, como fogos de artifícios vibrantes de tão coloridos em constante falsos sentimentos de
euforia em seus idealizados - ou controlados - mundos virtuais mas com grande déficit em sua
saúde e relacionamentos do mundo real.

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Doenças como depressão, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade), depressão, entre outros transtornos mentais, problemas oculares, obesidade,
diabetes e uma série de patologias ortopédicas que anteriormente já existiam agora crescem
desenfreadamente acompanhados do vício pela internet (jogos, redes sociais) e de uma nova
fobia, classificada como nomofobia, derivada da expressão inglesa "no mobile phone", que é o
medo de perder o contato com a ferramenta de prazeres momentâneos. Com o início da
Pandemia de Coronavírus em 2020, esses casos se agravaram ainda mais. A RSPH (Royal
Society for Public Health) conduziu uma pesquisa no início de 2017 sobre o Impacto das
Redes Sociais na Saúde dos Jovens na qual participaram quase 1.500 jovens com a idade
compreendida entre 14 e 24 anos de toda a Inglaterra que nos ajudará a compreender melhor
esse cenário.
Foram citados 14 riscos que o uso das mídias sociais podem acarretar, dentre eles, os que
mais chamam a atenção são a solidão, insônia, dificuldades para manter relacionamentos
da vida real, cyberbullying e FOMO - Fear Of Missing Out (sensação de precisar estar
constantemente conectado por estar preocupado com as coisas que podem estar acontecendo
sem você). Mas nem tudo está perdido, os estudos apontaram também alguns benefícios,
como desenvolvimento de conhecimento em relação à saúde e criação de consciência sobre a
saúde de outras pessoas, acesso à informações de profissionais relacionada a saúde, entre
outras, como liberdade de expressão e identidade pessoal, também na área da comunicação,
principalmente para manter relações com pessoas distantes de você e formação de
comunidade, fazendo com que as pessoas se sintam acolhidas por outras com ideais
semelhantes. Dentre 5 plataformas, a considerada com maior impacto social positivo pelos
participantes foi o Youtube (destacando-se pelo quantidade de conteúdo educacional e
acolhimento social, em especial, durante a Pandemia) e a com pior impacto foi o Instagram (a
partir de uma pesquisa realizada por neurocientistas em 2014, relatou que quase 63% de seus
usuários se sentem "derrotados").

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Algoritmos
Dá um Google!

A partir de um artigo lido no Canaltech, "um algoritmo nada mais é do que uma receita que
mostra passo a passo os procedimentos necessários para a resolução de uma tarefa. Ele não
responde a pergunta “o que fazer?”, mas sim “como fazer”. Em termos mais técnicos, um
algoritmo é uma sequência lógica, finita e definida de instruções que devem ser seguidas para
resolver um problema ou executar uma tarefa." Embora passe despercebido, é utilizado
frequentemente nas consideradas maiores ferramentas e redes sociais, como o Google e o
Facebook. Estes citados, vão mais a fundo quando está em jogo a sua privacidade, que na
maioria das vezes passa despercebido...

Ao compactuar com esses termos, você autoriza com que o Facebook por exemplo, te
traga anúncios e notícias personalizados, focando somente no que você já gosta e conhece, no
seu habitual, sem furar a gigante bolha social que o circunda. Para pessoas menos sucedidas na
área educacional, podem restringir sua fonte de conhecimento apenas à essas plataformas,
tornando-se uma verdadeira marionete dos gigantes da tecnologia. Suas informações de perfil
pessoais e dados como sua idade, localização, tempo de uso e histórico de navegação, para
citar alguns, são vendidas para terceiros que agora podem, sem exagero algum, seguir seus
passos, identificar as fotos da sua galeria e rastrear a sua localização para que uma loja
próxima possa lhe oferecer promoções, por exemplo. Indo mais a fundo, as informações
anteriormente citadas são utilizadas para criar um perfil de usuário digital, que é vendido para
outros, seja para qual for a intenção. Eles também podem usar isso para influenciar seus
comportamento e decisões, dependendo do conteúdo exibido.

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Polarização
Uma ameaça à democracia.

A polarização, como a conhecemos, nada mais é do que uma constante disputa


conflituosa sem acordo entre grandes grupos de pessoas. Cada adepto à uma certa ideia tem a
tendência de se fechar para outras opiniões e crer veementemente nas suas. Isso ocorre
escancaradamente quando o assunto está relacionado à política. Um claro exemplo disso
foram as suadas disputas das Eleições para Presidência da República Brasileira em 2018, em
que a população do país se dividiu abruptamente em dois extremos de preferência política,
direita (considerados os mais conservadores) e esquerda (liberais e progressistas). O então,
presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, na época, teve a brilhante - ou obscura - ideia de
promover sua candidatura por meio das redes sociais, que se espalhou rapidamente por todo o
país, com suas ideias ditatoriais acompanhadas de bizarras 'fake news' sobre os seus
oponentes. Isso, fortalece ideias extremistas,o que põe em risco a democracia, com um grande
líder "influente" que tem controle sobre suas massas. Para entender isso, basta lembrar os
tempos sombrios em que ocorreu o Holocausto sob o comando de um fascista que assim,
como Jair Bolsonaro na época das Eleições, controlava grande parte da população, com suas
ideias que soavam instigantes de certa forma, mas tendo como alicerce um terrível ideal. Outro
exemplo de polarização foi o ataque ao Capitólio que ocorreu no início deste ano, resultando
em diversas mortes, tanto de policiais, como de "manifestantes", que chamou a atenção do
globo inteiro. O que liga o sinal de alerta é saber que essas redes são mais uma ferramenta
para alavancar mais ainda esse tipo de assunto. Pode-se facilmente encontrar grupos anti-
negros, adeptos ao KKK (Ku-Klux-Klan), nas redes sociais, ou vídeos de pessoas se colocando

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em lugar de autoridades, disseminando informações baseadas apenas em suas opiniões (como
os terraplanistas), facilitando mais ainda a criação a qual chamo de "doença virtual",
popularmente conhecida como as fake news. Que de um olhar filosófico, pode ter a forma de
transmissão e tratamento parecidos com os da COVID-19. Mesmo com ferramentas para evitar
tipos de publicações que agridam propriedades intelectuais, a ética esteja atribuída ao
extremismo, a plataforma não dá conta do recado e inclusive, indica membros da própria
comunidade para participar de grupos os quais ferem essas diretrizes.
(foto mostra ataque ao Capitólio em Washington, EUA, no dia 6 de janeiro de 2021)

Partindo do pretexto do que foi apresentado até agora não é à toa que o Facebook tem
acordos milionários até mesmo com alguns países para que o app venha instalado nos
aparelhos telefônicos de fábrica. Coincidentemente, esses países são considerados emergentes
(de continentes como a África e Oriente Médio).

Redes sociais recebem diariamente inúmero processos por violarem a privacidade de


indivíduos como nós, pessoas comuns, que também não são capazes de enxergar o lado negro
que estas gigantes procuram esconder ao máximo. Entidades como /the social dilemma_
alertam para todos os perigos, através de palestras ao redor do mundo, não só das mídias
sociais, mas também sobre todo o ecossistema em que estão infiltradas. Estas, capazes
destruírem o cadeado da tão zelada privacidade. É hora de nos unirmos e não deixar com que
isso aconteça conosco e não corroa nosso espaço social, essencial para dar espaço à
diferentes falas, para que possamos viver em harmonia uns com os outros e todo o ambiente
que nos cerca. Empresas como Apple Inc. e Mozila Foudation já mostram ao usuário quando

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está sendo rastreado ou bloqueiam integralmente esse tipo terrível de comércio de dados (BIg
Data). É preciso se informar e protejer suas informações, tomando sempre muito cuidado caso
utilize as redes e levando em conta as precauções sobre tempo de uso (estudos apontam que
o vício causado pelas redes sociais podem ter consequências mais graves do que os grandes
vilões da sociedade - álcool & tabaco) sem abusar de quaisquer aparelho eletrônico. Evitando
assim, todo tipo de qualquer vindouro problema decorrente ao uso demasiado ou extremo,
para manter o equilíbrio mental e preservar as suas relações.

Bibliografia
rsph.org.uk
epocanegocios.globo.com
politize.com.br
thesocialdilemma.com

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