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Estudo sobre o Panorama do Esforço Tecnológico no Setor de Saúde no Estado


de São Paulo. Leopoldo Mendonça (organizador) Gestão do Conhecimento e
Inovação Volume 4 1ª Edição

Chapter · November 2017

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3 authors:

Isabela Tatiana Teixeira André Romano


Universidade Federal de São Carlos Universidade Aberta
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A. G. Alves Filho
Universidade Federal de São Carlos
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Leopoldo Mendonça

(organizador)

Gestão do Conhecimento e
Inovação
Volume 4

1ª Edição

Belo Horizonte

Poisson

2017
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial

Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais


Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


G393
Gestão do Conhecimento e Inovação volume 4/
Organizador Leopoldo Mendonça – Belo
Horizonte (MG : Poisson, 2017)
307 p.

Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-31-7
DOI: 10.5935/978-85-93729-31-7.2017B001

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Conhecimento. 2. Inovação. I. Mendonça,


Leopoldo II. Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade


são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

contato@poisson.com.br
APRESENTAÇÃO
Notadamente, nas últimas décadas, os processos de Gestão do
Conhecimento e a dita “Sociedade da Informação” se caracterizam como um
movimento social em formação e expansão. Estamos atravessando um
período de novos paradigmas e novos valores, onde indivíduos e
organizações tem se adaptado a essa nova realidade.

A Gestão do Conhecimento trata-se de uma área de atuação transdisciplinar


envolvendo conceitos relacionados à tecnologia, sistemas de informação,
teoria organizacional e gestão estratégica, e ligada às tradicionais áreas de
conhecimento como a economia, administração, sociologia, antropologia,
psicologia, marketing dentre outras.

Esse livro apresenta uma reunião de vinte e seis artigos escritos por
pesquisadores que são o resultado de pesquisas delineadas e aplicadas nos
mais diversos setores e nos revelam um conjunto de práticas adotadas em
situações reais.
Essa oportunidade de leitura é fruto de esforços científicos de diversos
autores, devidamente referenciados ao final dessa publicação. Aos autores e
aos leitores, agradeço imensamente pela cordial parceria.

Leopoldo Mendonça
Capítulo 1: Inovação e métricas para a inovação: uma análise bibliométrica das
produções relevantes de 2004 a 2014 ................................................................ 7
(Adriano Carlos Moraes Rosa, Vanessa Cristhina Gatto Chimendes, Lucas Rodrigo da Silva,
Carlos Henrique Pereira Mello)

Capítulo 2: Análise bibliométrica de artigos científicos sobre a utilização da


gestão de riscos em projetos de software ........................................................... 16
(Breno Gontijo Tavares, Carlos Eduardo Sanches da Silva)

Capítulo 3: Gestão de projetos: da antiguidade às tendências do século XXI... 30


(Frederico Gonzaga Lafetá, Israel Vasconcelos Soares Gomes, Aline Alves Batistini, Carlos
Frederico O.Barros)

Capítulo 4: Inovações em produtos: um estudo no APL colheita do noroeste


gaúcho ................................................................................................................. 39
(Pedro Luis Buttenbender, Luciano Zamberlan, Ariosto Sparemberger, Nelinho Davi Graef, Cleber
Eduardo Graef

Capítulo 5: "Você pensa que cachaça é água?"- cachaça é inovação: uma


análise do engenho triunfo (PB/ Brasil) ................................................................ 51
(Givaldo Bezerra Da Hora, José Mário De Lima Freire, Maria Rejane Ferreira Dos Santos, Maria
Gilca Pinto Xavier)

Capítulo 6: Um novo olhar para o gerenciamento do ensino dos institutos


federais. Um estudo no estado do Tocantins à luz do processo de raciocínio da
teoria das restrições ............................................................................................. 62
(Gildemberg da Cunha Silva, Mateus Dall´ agnol, Kerlly Karine Pereira Herênio)

Capítulo 7: Redes de inovação em pólos tecnológicos ...................................... 72


(Maria Isabel Palmeiro Marcantonio, Bassiro Só, Marcia Ines Marasca Lazzeri)

Capítulo 8: Brand valuation: top 10 - marcas mais valiosas do Brasil: um estudo


sobre o reconhecimento da marca como ativo estratégico. ................................ 82
(Francisco Clairton Araujo, Fernando José Ferreira Lucas Bação, Mitsuru Higuchi Yanaze)

Capítulo 9: Aplicação das ferramentas da qualidade em indústria de


beneficiamento de couro em Parnaíba- PI ........................................................... 94
(Celina Maria de Souza Olivindo, Juliana Kuhn, Cellyneude de Souza Fernandes)
Capítulo 10: As formas de descarte do lixo eletrônico: estudo com universitários
da universidade estadual da Paraíba, Campus VII, Patos-PB ............................. 104
(Amanda Almeida de Araújo, Glycia de Araújo Izidro, Thágyda Pryscilla Gonçalves do Rêgo,
Samila Valdegleycia de Oliveira Costa, Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda

Capítulo 11: Um estudo exploratório das tecnologias da informação voltadas


para pessoas com deficiência visual ...................................................................
(Luis Fernando Gomes Simões, Antônio Costa Gomes Filho, Keli Rodrigues do Amaral) 114

Capítulo 12: O papel da educação no desenvolvimento de indivíduos que


possam transformar a sociedade pela capacidade de empreender .................. 123
(Gilda Maria Souza Friedlaender, Hilda Alberton de Carvalho, Fabiano Scriptore de Carvalho)

Capítulo 13: Aspectos relevantes da gestão da propriedade intelectual:


contribuições para a inovação farmacêutica ....................................................... 133
(Bárbara Juliana Pinheiro Borges, Vania Passarini Takahashi)

Capítulo 14: A inovação tecnológica: um estudo de caso da ampla energia e


serviços S.A ......................................................................................................... 143
(Tainah Barbosa Barros de Castro Souza, Cristiano Souza Marins, Daniela de Oliveira Souza,
Edson Terra Azevedo Filho, Waidson Bitão Suett)

Capítulo 15: O relacionamento universidade-empresa. Um estudo sobre


mecanismos de interação entre os meios acadêmicos e industriais ................... 154
(Andréia Fernandes de Oliveira, Leandro Baldez Penteado, Vinícius Carvalho Cardoso)

Capítulo 16: Variáveis inovativas para os serviços produtivos intensivos em


conhecimentos: uma perspectiva do setor de telecomunicações ....................... 167
(Alair Helena Ferreira)

Capítulo 17: Competências para inovar em empresas de base tecnológica: um


estudo na incubadora tecnológica de Campina Grande – PB ............................ 176
(Luciene Alencar Firmo Abrantes, Maria José da Silva Feitosa, Suzanne Erica Nobrega Correia)

Capítulo 18: Business intelligence: suporte à gestão do desempenho científico........ 184


(Felipe Zanellato Coelho, Igor Meirelles Gomes, Patrícia de Aquino Lannes, Maria Alice Veiga
Ferreira de Souza, Roquemar de Lima Baldam
Capítulo 19: Capacidades estratégicas voltadas para inovação: um estudo em
empresa de tecnologia da informação ................................................................ 195
(Sandra Martins Lohn Vargas, Claudio Reis Gonçalo)

Capítulo 20: Análise da produção intelectual nacional e internacional sobre


capital intelectual sob a ótica da bibliometria ...................................................... 205
(Alessandra Cassol, Taina Terezinha Coelho, Graciele Tonial)

Capítulo 21: Implantação do sistema de gestão do conhecimento e sistema de


inteligência competitiva: estudo de caso em uma empresa calçadista do estado
da Paraíba ............................................................................................................ 216
(Talita Freire Chaves, Amanda Pereira Gomes, Jessika Vanessa Farias Borba, Barbara Araujo
Soares, Francisco Kegenaldo Alves de Sousa

Capítulo 22: Estudo sobre o panorama do esforço tecnológico no setor de saúde


no estado de São Paulo ....................................................................................... 222
(Isabela Tatiana Teixeira, André Luiz Romano)

Capítulo 23: O impacto de uma inovação tecnológica em um negócio


sustentável: o caso extrair óleos naturais ............................................................ 231
(Marcos Paulo de Oliveira Motta, Sandro Luiz rosa reis, André Raeli Gomes, Darciane Alves
Justino, Eduardo Barbosa Bernardes

Capítulo 24: Gestão do conhecimento nas organizações: a importância do ciclo


do conhecimento ................................................................................................. 240
(Aryene Lopes Gomes, Marily Lopes Gomes, Emanuele da Silva Goulart, Romeu e Silva Neto,
Alair De Souza Aprigio

Capítulo 25: Evolução do pensamento e do conceito de inovação: um estudo


bibliométrico......................................................................................................... 253
(Allan Degasperi, Fernando Ribeiro dos Santos)

Capítulo 26: Concorrência entre embalagens de aço e alumínio: uma análise de


mercado no segmento de bebidas carbonatadas............................................... 264
(Dário Moreira Pinto Junior, Wellington Leoncio Costa)

Capítulo 27: Análise de viabilidade de projeto para implantação de uma


academia esportiva baseada no conjunto de conhecimentos em gerenciamento
de projetos (guia PMBOK®) ................................................................................. 272
(Edimárcio Macedo Alves, Marco Paulo Guimarães, Sílvia Parreira Tannús)

Autores ................................................................................................................. 287


Capítulo 1
INOVAÇÃO E MÉTRICAS PARA A INOVAÇÃO: UMA
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DAS PRODUÇÕES
RELEVANTES DE 2004 A 2014.

Adriano Carlos Moraes Rosa


Vanessa Cristina Gatto Chimendes
Lucas Rodrigo da Silva
Carlos Henrique Pereira Mello

Resumo: Um dos significados para inovação é fazer algo novo. É um dos principais
fatores para que um estado estacionário ou de extinção não aconteça em
empresas e seu processo se dá ao tornar oportunidades em novas ideias. Medir o
desempenho de pesquisas e seu respectivo desenvolvimento diante da inovação
tornou-se uma preocupação fundamental. É importante lembrar que mesmo com a
crescente capacidade inovadora do país, a transformação desse conhecimento em
resultado econômico pouco se destaca. Discursos sobre inovação se tornam
importantes e necessários, entretanto, a inexistência de uma técnica "efetiva" e
facilitadora do processo de mensuração de inovação ainda gera muita
controvérsia, pois, em pesquisas recentes pelo autor proponente notou-se que o
tema “métricas para inovação” é ainda bastante incipiente e que existe uma lacuna
dentro desta base de conhecimento. Este artigo propõe estudar a inovação, a
inovação em projetos e as métricas para a inovação abordando a bibliometria, ou
seja, identificando trabalhos relevantes para o tema. Como resultados já
alcançados, este trabalho proporcionou aprendizado e experiência para futuras
publicações e base para uma ferramenta de métrica para inovação aberta em
empresas de base tecnológica.

Palavras chave: Bibliometria, Inovação, Métricas, Tecnologia.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


1. INTRODUÇÃO de referências bibliográficas não contêm o
texto integral de todos os documentos,
As discussões a respeito da mensuração das
entretanto, é possível ver quais os artigos
produções científicas entre países e autores
citados por determinado artigo, ou verificar
perduram a mais de uma década. Cada
quantas vezes um artigo foi citado e por
comunidade científica gera modos próprios
quem.
de propor a sua produção de métricas
eficientes. Para isso é necessário identificar Por meio da bibliometria objetivou-se
variáveis adequadas e legítimas que retratem pesquisar trabalhos (artigos) que
a atividade coletiva de pesquisa de cada contemplassem os termos Métricas de
país. Inovação; Sistemas de Medição de
Desempenho para a Inovação; Medição de
Na tentativa dessa mensuração mais efetiva, a
Maturidade de Sistema de Inovação aplicados
ciência produz indicadores como os da
em centros de tecnologia; Principais fatores
abordagem bibliométrica, que surge como
de inovação; Técnica de Mensuração da
ferramenta poderosa na avaliação da
Inovação em centros específicos (como
produção científica em áreas do
universidades, empresas, parques
conhecimento objetivando o estudo de
tecnológicos e institutos de pesquisa);
publicações e referências bibliográficas.
Inovação Aberta. Objetivou-se também
A Bibliometria pode ser também conceituada identificar e catalogar os números de
como um método de recenseamento de publicação por ano (de acordo com cada
atividades correlatas e científicas utilizando assunto), assim como, os artigos mais citados
análise de dados com particularidades e os artigos mais relevantes até abril de 2015.
semelhantes ou iguais. (PEREIRA, 2014). Por
meio dessa metodologia identifica-se a
quantidade de trabalhos e artigos sobre um 2. REVISÃO TEÓRICA
determinado assunto; publicação deste(s) em
De acordo com Chimendes (2011) um dos
determinada data; publicação por autor, uma
significados para inovação é fazer algo novo.
instituição ou grupos difundidos por um
É um dos principais fatores para que um
periódico científico; grau de desenvolvimento
estado estacionário ou de extinção não
de P&D e de inovação, entre outros. Bryman e
aconteça em empresas e seu processo se dá
Bell (2007) explicam que o objetivo da
ao tornar oportunidades em novas ideias.
bibliometria está em captar o “estado da arte”
Medir o desempenho de pesquisas e seu
de um campo do conhecimento, por meio da
respectivo desenvolvimento diante da
revisão de trabalhos antigos e recentes.
inovação tecnológica tornou-se uma
Para Chen e Leimkuhler (1986) na análise se preocupação fundamental. Também segundo
consideram três principais leis bibliométricas a autora (CHIMENDES, 2011) é importante
que seguem: Lei de Bradford - sugere que lembrar que mesmo com a crescente
primeiros artigos sobre um (novo) assunto capacidade inovadora do país, a
logo que escritos são submetidos a uma transformação desse conhecimento em
seleção por determinado (s) periódico(s) e, se resultado econômico pouco se destaca.
aceito, esse(s) periódico(s) tendem a atrair
Discursos sobre inovação se tornam
mais artigos sobre o assunto. Na Lei de Lotka
importantes e necessários, entretanto, a
está relacionada a produtividade de autores
inexistência de uma técnica “efetiva” e
onde se defende que alguns pesquisadores
facilitadora do processo de mensuração de
publicam muito e outros publicam pouco.
inovação ainda gera muita controvérsia, pois,
Finalmente, a Lei de Zipf relaciona a
em pesquisas recentes notou-se que o tema
frequência de ocorrência entre palavras de
métricas para inovação é ainda bastante
um texto onde se estabelece uma relação
incipiente e que existe uma lacuna dentro
entre a posição e a frequência de seu
desta base de conhecimento.
aparecimento ao longo do texto.
Este artigo propõe estudar a inovação, a
A Web of Science, ou WoS (WEB OF
inovação em projetos, a inovação tecnológica
SCIENCE, 2014), é uma base de dados
e as métricas para a inovação, iniciando pela
unificada composta por outras bases também
abordagem bibliométrica, ou seja,
conhecidas como Science Citation Indexes,
identificando trabalhos relevantes para o tema
Social Science Citation Index, Arts and
e desmenbrando-os até uma nova abordagem
Humanities Citation Index, reunidas pelo
reconhecida: a Inovação Aberta.
Institute for Scientific Information (ISI). A base

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


De acordo com OCDE (2004) uma das menos custo e mais agilidade, pois
clássicas definições relacionadas as conhecimento e tecnologia são ingredientes
atividades de inovação é que elas podem ser cada vez mais caros e complexos. Os autores
executadas dentro da empresa ou podem também afirmam que ela pode ser entendida
envolver a aquisição de bens, serviços ou como o processo de inovação no quais
conhecimento de fontes externas. A empresa indústrias e organizações promovem ideias,
pode adquirir tecnologia externa de forma a pensamentos, processos e pesquisas
incorporar em seus conhecimentos. abertos, a fim de melhorar o desenvolvimento
de seus produtos, prover melhores serviços
Já para Chiesa e Frattini (2011) a
para seus clientes, aumentar a eficiência e
comercialização é uma fase crítica do
reforçar o valor agregado. Uma combinação
processo de inovação tecnológica,
de ideias internas e externas, como também,
principalmente pelos altos riscos e custos que
caminhos internos e externos para o mercado,
ela implica, apesar disso, muitos estudiosos
de modo a avançar no desenvolvimento de
consideram que é muitas vezes a fase menos
novas tecnologias em produtos e processos.
bem gerida de todo o processo de inovação,
e há ampla evidência empírica que corrobora Segundo Lindegaard e Callari (2011) existem
essa crença. Nos mercados de alta variações nos processos de Inovação Aberta
tecnologia, as dificuldades encontradas pelas e uma verdadeira diferenciação entre elas
empresas em comercializar a inovação está no nivel de envolvimento dos parceiros
tecnológica são exacerbadas pela externos, fornecedores e clientes. Muitas
volatilidade, a interconexão, e proliferação de companhias confiam em seus usuários para
novas tecnologias que caracterizam tais obter feed back e input sobre como
mercados. desenvolver ainda mais os seus produtos e
serviços, ou até mesmo sobre como pensar
Segundo Geraldi (et al, 2008) a gestão de
novas ofertas. Os autores também declaram
projetos inovadores é amplo campo de
que usualmente, esse tipo de inovação
estudo, pois, as pessoas têm desenvolvido
também é reconhecido como “Inovação
projetos inovadores há mais de 6.000 anos e
Direcionada pelo Usuário ou Cliente”. Ainda
os mesmos são a chave ou instrumento para o
que se busque as ideias do lado de fora, a
desenvolvimento da sociedade.
inovação se transforma em um negócio,
Para Chesbrough (2004) a inovação está se quase que inteiramente, através das
tornando mais aberta e necessitando de capacidades da inovação interna. Nas fases
mudanças na forma como as empresas a finais do processo não há envolvimento
gerencia. Fontes externas de conhecimento externo.
se tornam mais proeminentes, enquanto os
canais externos ao mercado também
oferecem maior promessa complicando a 3. METODOLOGIA
avaliação de projetos iniciais de tecnologia,
Valendo-se dessas premissas, o método
que muitas vezes envolvem incerteza técnica
utilizado neste artigo, quanto aos objetivos, foi
e de mercado. Em tais circunstâncias, as
a Pesquisa Exploratória que proporciona
empresas precisam "jogar poker", bem como
maior familiaridade com o problema e pode
o xadrez. Erros de medição são suscetíveis
envolver levantamento bibliográfico.
de resultar de julgamentos sobre o potencial
comercial dos projetos em fase inicial. Novas Quanto aos procedimentos técnicos utilizou-
métricas podem ajudar uma empresa a ter se a Pesquisa Bibliográfica desenvolvida com
mais foco em fontes externas de inovação base em material já elaborado e constituído
para aprimorar seu modelo de negócios e principalmente de livros e artigos científicos e
permitir à empresa salvar o valor de falsos a Pesquisa Documental, cuja natureza das
negativos que de outra forma seriam fontes vale-se de materiais que não
perdidos. receberam ainda um tratamento analítico, ou
que ainda podem ser reelaborados de acordo
Chesbrough, Vanhaverbeke e West (2008)
com os objetos da pesquisa. Também se
entendem a Inovação Aberta como o
obteve o suporte da Análise Bibliomética
movimento de entrada e saída do
utilizando como referência a base de dados
conhecimento das empresas e das
Web of Science (WoS) da Thomson Reuters,
instituições, entre elas, universidades e
uma das bases de dados mais importantes ao
centros de pesquisa. Um caminho para
nível das revistas científicas e segundo
colocar novos produtos no mercado, com
(ARCHAMBAULT et al, 2009) foi durante mais

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


de quarenta anos a maior base de dados Management Science; Planning
bibliométrica. Developing.
Elaborou-se, então, uma pesquisa documental  Tipo de Documento: Artigos
entre dezembro de 2014 e abril de 2015 tendo
 Idioma: Inglês.
como fonte a WoS e como parâmetros
considerados:
 Coleção: “Principal” WoS - Pesquisa: Usando a bibliometria na base de dados da
Por “Tópico”; WoS foram analisados 50 artigos onde foram
consideradas principais palavras-chave
 Palavras/Expressões Utilizadas:
inovação, capacidade, redes, estratégia,
Innovation; Technological Innovation;
valor, qualidade e prática. Estas palavras
Innovation and Projects; Metrics for
foram então, selecionadas em um grupo, cujo
Innovation; Open Innovation; Metrics
resumo (27 palavras).
for Open Innovation.
Pesquisando inovação; inovação tecnológica;
 Tempo de Produções: 2004 – 2014
inovação em projetos; métricas de inovação e
(Últimos 10 anos)
métricas para Inovação Aberta, procurou-se
 Categorias da Base: Business; perceber quais “caminhos” poderiam ser
Economics; Engineering; seguidos por estes termos.
Management; Operations Research

Figura 1: Palavras-chave encontradas nos artigos consultados

Fonte: Elaborado pelos autores

Os registros apontam oportunidades de 4. A PESQUISA DOCUMENTAL - WOS


pesquisa para os assuntos referentes a
Como resultado da pesquisa documental
inovação e uma rica bibliografia que gera
chegou-se ao desenvolvimento do Quadro 1,
muitos novos trabalhos. O termo se
uma representação dos resultados obtidos
fragmenta, evolui, e encontra-se numa atual
com a pesquisa realizada na base principal
renovação com a Inovação Aberta, e dela,
da WoS:
novas promessas de evolução.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Quadro 1: Resumo dos trabalhos pesquisados

Fonte; Adaptado de Web of Science (2014)

Para o termo Inovação, foram encontradas na totalmente empreendedoras que auxiliem no


coleção principal da WoS 18.897 artigos. uso do benchmarking com sucesso e na
Percebeu-se uma crescente produção de atividade de inovações de negócios.
2004 até 2012 onde neste ano (2012), se tem
Na coleção WoS 3.730 publicações foram
uma ligeira queda. O artigo mais citado (705
depuradas para o termo Inovação
apontamentos) foi Proximity and innovation: a
Tecnológica. Percebeu-se uma crescente
critical assessment, publicado pelo periódico
produção/interesse pelo assunto de 2004 (200
Regional Studies em 2005. O autor argumenta
artigos) até 2011 (450 artigos) onde se
sobre a geografia econômica e o impacto
mantém estagnados os resultados até 2014.
entre proximidade geográfica que não pode
O artigo considerado “mais citado” pelos
ser considerada de forma isolada, a
termos “Inovação Tecnológica” e também
aprendizagem e inovação interativa.
pelo termo “Inovação Aberta” pela WoS foi
O artigo Entrepreneurship as the Basic Open for Innovation: The role of openness in
Element for the Successful Employment of explaining innovation performance among UK
Benchmarking and Business Innovations foi manufacturing firms e a publicação foi feita
considerado a produção mais relevante pela pelo Strategic Management Journal em 2006.
base/coleção. Foi publicado por Inzinerine
Antecipando outro dos termos pesquisados,
Ekonomika-Engineering Economics em 2011 e
Inovação Aberta (Open Innovation), os
tem por objetivo propor o empreendedorismo
autores relatam que a parte central do
como o elemento básico para o emprego bem
processo de inovação diz respeito à forma
sucedido de inovações de benchmarking e de
como as empresas procuram novas ideias
negócios, como também, enfatizar a ligação
com potencial comercial. Representa uma
entre empreendedorismo e benchmarking
através da detecção de habilidades

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


grande relevância e multiplicação do tema resultado do desempenho do projeto de
(607 citações). inovação, o grau de qualidade do produto
novo e novidade do produto oferecendo uma
O artigo Research on the evaluation model of
análise mais refinada da relação entre as
Chinese enterprises' technological innovation
percepções de adequação dos recursos
system From a perspective of complex system
materiais e inovação no desempenho das
foi considerado como o mais relevante. Foi
equipes de projeto.
publicado em 2012 pelo periódico Chinese
Management Studies. Os autores objetivam Os resultados encontrados na coleção
concentrar modelos de avaliação do sistema principal da WoS foram 131 artigos sobre
de inovação tecnológica das empresas com Métricas de Inovação. Quantidade pequena
base na teoria do sistema complexo em relaçao aos demais demais catalogados
adaptativo combinando status quo e recentes para análise, entretanto, extremamente
estudos de inovação tecnológica. promissora. Foi percebida uma pequena
(mas, crescente) produção e interesse pelo
Para o termo Inovação em Projetos, a coleção
assunto, sendo mais 20 produções (e destes
principal da WoS mostra 1.737 publicações
mais de 350 citações) até 2014, onde se
depuradas. Também percebe-se crescente
estagna, aguardando resultados para 2015.
produção/interesse pelo assunto desde 2004
(aproximadamente 230 artigos). Para o tema “métricas de inovação” o artigo
mais citado pela base e coleção principal da
O trabalho Exploration and exploitation
WoS, KMPI: measuring knowledge
alliances in biotechnology: A system of new
management performance publicado pelo
product development publicado pelo
periódico Information & Management em
periódico Strategic Management Journal em
2005. Os autores fornecem no artigo um novo
2004 foi o mais citado (391 vezes), o que
KPMI ou Índice de Desempenho da Gestão
corrobora para que o assunto seja
Métrica do Conhecimento, para avaliar o
considerado “de grande interesse”. A
desempenho de uma empresa em sua
proposta dos autores foi de mostrar um
respectiva gestão do conhecimento. Também
caminho de desenvolvimento de produto
para os autores, as empresas assumem que
começando com alianças de exploração
sempre foram orientadas no sentido de
prevendo produtos em desenvolvimento, que
acumular e aplicar conhecimento para criar
por sua vez, podem prever alianças de
valor econômico e vantagem competitiva.
exploração, e que conclui com as alianças de
exploração levando a produtos no mercado. Sugerem, então, um KMPI que define como
Os autores argumentam também que este uma função logística que tem cinco
caminho integrado de desenvolvimento de componentes que podem ser usados para
produto é moderado negativamente pelo determinar o processo de circulação do
tamanho da empresa e como uma empresa conhecimento: criação de conhecimento,
de tecnologia cresce, tende a retirar-se do acúmulo de conhecimento, partilha de
caminho de desenvolvimento do produto para conhecimentos, utilização de conhecimento e
descobrir, desenvolver e comercializar internalização do conhecimento. O trabalho
projetos promissores através da integração recebe 114 citações.
vertical.
O artigo considerado pela base e coleção
O artigo Perceptions of Material Resources in principal WoS como mais relevante foi A
Innovation Projects: What Shapes Them and framework for the assessment of an
How Do They Matter? foi considerado o mais organisation's innovation excellence. A
relevante. Foi publicado em 2014 pelo publicação foi registrada pelo periódico Total
periódico Journal of Product Innovation Quality Management & Business Excellence
Management. É considerado pela em 2010. O autor defende que em um cenário
base/coleção o mais relevante sobre o tema. de economia global a maioria das empresas
Os autores estudam como o papel dos concorrentes estão prestando cada vez mais
recursos materiais para o desempenho da atenção para a inovação como motor
equipe em projetos de inovação têm fornecido essencial para essa competitividade.
resultados inconclusivos. Priorizam a
Com o aumento da taxa de mudança após o
percepção sobre a adequação dos recursos
início da crise econômica 2008-2009 a gestão
materiais fornecidos para resolver esta lacuna
da inovação surge como uma poderosa forma
dos membros da equipe. As análises deste
de facilitar a adaptação da empresa às novas
artigo diferenciam duas dimensões de
condições. Entretanto, existe uma insatisfação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


geral com os resultados realizados a partir de Na pesquisa realizada na WoS o artigo
investimentos em inovação. O autor descreve Exploring the structure of complex software
também um quadro integrado para a designs: An empirical study of open source
avaliação sistemática da qualidade de uma and proprietary code publicado em 2006 pelo
organização, ou seja, a capacidade de periódico Management Science foi apontado
geração de valor da sua gestão da inovação e como o mais citado (106 citações). Os autores
a identificação de formas de medir e melhora- mapearam as dependências entre os
la. elementos de um projeto e assim, definiram
métricas que permitiram comparar as
Como resultado de pesquisa, a coleção
estruturas de projetos diferentes.
principal da base WoS mostra para o termo
Inovação Aberta, considerando os parâmetros O artigo Knowledge matching in the
escolhidos, 1078 publicações. Para esta technology outsourcing context of online
pesquisa na coleção principal da WoS, o innovation intermediaries publicado pelo
artigo Open for innovation: The role of periódico Technology Analysis & Strategic
openness in explaining innovation Management em julho de 2014 além de “mais
performance among UK manufacturing firms recente”, foi considerado na pesquisa
foi apontado como “mais citado” na também como o “mais relevante” nos últimos
expressão “Inovação Tecnológica” e também 10 anos pela base e coleção principal da
é pontuado como “mais citado” pelo termo WoS. Os autores discorrem sobre a inovação
“Inovação Aberta”. A publicação foi feita pelo por meio de intermediários on-line que
periódico Strategic Management Journal em prestam serviços terceirizados de tecnologia.
fevereiro de 2006.
Apresentam, então, novas métricas para
O artigo When Is Open Innovation Beneficial? avaliar as formas de conhecimento
The Role of Strategic Orientation publicado correspondente entre o conhecimento exigido
pelo periódico Journal of Product Innovation pelos projetos patronais e os conhecimentos
Management em novembro de 2014 foi oferecidos pelos prestadores de serviços. As
considerado pela pesquisa como “mais métricas fornecem possíveis soluções para
relevante”. esse desafio.
Os autores defendem que vários estudiosos
têm feito muito para entender melhor eficácia
5. RESULTADOS / ANÁLISES
de Inovação Aberta. Alguns estudos
detalharam seus efeitos de desempenho, A bibliometria comprova-se como
enquanto outros demonstraram a eficácia de contribuidora positiva para o processo de
um aspecto da Inovação Aberta, como a análise de produções científicas.
colaboração com terceiros, a comercialização
O trabalho realizado despertou questões
de tecnologia externa, e co-criação.
relativas às teorias e métodos que os autores
Entretanto, estudos também indicam possíveis
consideram importantes, por exemplo, a
efeitos negativos e que isso resultou em uma
pesquisa deve ser apontada diante de dados
chamada para a pesquisa sobre que tipo de
idôneos, de qualidade por parte das bases e
contexto organizacional se adapte melhor a
periódicos.
Inovação Aberta.
Conforme apresentado na Figura 1 as
Finalizando a pesquisa documental, a coleção
palavras-chave inovação, capacidade, redes,
principal da base WoS mostrou como
estratégia, valor, qualidade e prática podem e
resultado para o termo Métricas Para
devem ser consideradas em futuros
Inovação Aberta, considerando os parâmetros
trabalhos/pesquisas.
escolhidos, apenas 11 publicações. Tais
números comprovam que em várias Também para sugestões de trabalhos futuros
instituições já estudadas é conhecida a e novas pesquisas abordando inovação
inexistência de uma técnica facilitadora do elaborou-se um extrato dos resumos
processo de mensuração de Inovação Aberta. disponibilizados na WOS (2014)
A busca no portal Web of Science também contemplando os autores mais citados e
mostrou que o tema métricas para Inovação respectivos assuntos de pesquisa, como
Aberta é ainda bastante incipiente e uma segue:
lacuna dentro desta base de conhecimento e
necessidade de novas pesquisas.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Inovação Inovação Aberta
 Boschma estuda a geografia  Laursen e Salter estudam o processo
econômica e o respectivo impacto de inovação onde sugerem que
da proximidade geográfica que pode empresas inovadoras mudem a
facilitar a aprendizagem e a inovação forma como buscam novas ideias
interativa; adotando estratégias de busca
“aberta” que envolvam o uso de
 Petuskiene e Glinskiene enfatizam o
atores externos no alcance e
empreendedorismo e benchmarking
sustentação da inovação;
através de habilidades somadas que
auxiliam na inovação.  Cheng e Huizingh estudam a melhor
eficácia de Inovação Aberta;
Inovação tecnológica
 Elhedhli, Akdemir e Astebro
 Chen e Shuming estudam avaliação examinaram o potencial de sucesso
de sistemas de inovação tecnológica comercial entre empresas através de
entre empresas relacionando suas uma modelagem de processo de
principais características; tomada de decisão.
 As pesquisas de Akgun e Keskin  Métricas para Inovação Aberta:
derivam do termo “resiliência”
 Comparando as arquiteturas de dois
(capacidade de resolução de
produtos de software, Mac Cormack,
problemas).
Rusnak e Baldwin caracterizaram
diferenças em estruturas de projeto
Inovação em projetos
entre esses produtos;
 Rothaermel e Deeds propõe um novo
 Dong e Pourmohamadi apresentam
caminho de desenvolvimento e de
métricas para avaliar formas de
lançamento de produto iniciado junto
conhecimento correspondente entre
a alianças de exploração entre
o conhecimento exigido e o serviço
empresas;
oferecido por um prestador online.
 Weiss, Hoegl, Gibbert estudam o
papel dos recursos materiais para o
desempenho de uma equipe em 6. CONCLUSÕES
projetos de inovação;
Considerou-se, então, que a utilização de
 Di Cagno, Fabrizi, Meliciani métodos quantitativos objetivando avaliação
investigam conhecimento e o da produção científica como “essenciais”, que
crescimento económico utilizando apoiados pela bibliometria, dão necessário
laços científicos em programas de suporte para uma efetiva gestão da qualidade
planeamento familiar para responder nas bases de dados e que estas registrem
sobre R&D. produções científicas sempre ricas e
informativas. Embora ainda existam
Métricas de inovação problemas como a indisponibilidade de
ferramentas (softwares específicos
 Objetivando avaliar o desempenho
bibliométricos) e dessa forma, fatores de “pré-
de uma empresa e sua gestão do
pesquisa” como esses devem ser
conhecimento Lee, Lee e Kang
considerados para uma análise efetiva.
elaboram um KPMI onde empresas
assumem sua orientação para Com um pequeno número de produções
acumular e aplicar conhecimento; nacionais e as produções internacionais
comprovou-se que existe sim muita
 Dervitsiotis estuda a inovação e
possibilidade de pesquisa e produção de
competitividade;
conhecimento para os termos inovação,
 Kumar, Khurshid e Waddell inovação tecnológica, Inovação Aberta, e
avaliaram pequenas e médias principalmente para métricas de Inovação
empresas (PMEs) e sua gestão. Aberta, pois os termos se renovam e
ramificam a cada dia, tornando o trabalho do
pesquisador ainda mais necessário.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Deste trabalho propõe-se uma nova pesquisa desenvolvimento desta nova ferramenta para
inserindo termos como empresas de base mensurar a inovação aberta, um questionário
tecnológica e respectivas métricas para a que será aplicado nestas empresas de base
inovação, pesquisa esta que será integrada tecnológica locadas em centros de
aos trabalhos de tese de doutoramento de um desenvolvimento como parques tecnológicos
dos autores que depois deste, foca agora em e universidades (intenciona-se Itajubá MG e
atualização de material e coleta de novos São José dos Campos SP).
documentos, assim como, no

REFERÊNCIAS [8] GERALDI, J.; RODNEY TURNER, J.;


MAYLOR, H.; SODERHOLM, A.; HOBDAY, M.
[1] BRYMAN, A.; BELL, E. Business Research Innovation In Project Management: voices of
Methods. 2ª Ed., New York: Oxford, 2007. researchers. International Journal of Project
[2] CHEN, Y.S.; LEIMKUHLER, F. F. A Management. 2008. Vol. 26, n. 5, pg. 586-589.
Relationship Between Lotka Law, Bradford Law, Disponível em:
and Zipf Law. Journal of the American Society for <http://dx.doi.org/10.1016/j.ijproman.2008.05.011>.
Information Science. Vol. 37. 5ª. Ed. pg. 307-314. Acesso em: 06/12/2014.
1986. [9] GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de
[3] CHESBROUGH, H. Managing Open Pesquisa. 4ª. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Innovation. Research-technology Management. Vol. [10] LINDEGAARD, S.; CALLARI, A. The Open
47. 1a. Ed. Pg. 23-26. 2004. Innovation Revolution: essentials, roadblock and
[4] CHESBROUGH, H.; VANHAVERBEKE, W.; leadership skills. John Wiley & Sons. A Revolução
WEST, J. (Ed.). Open Innovation: researching a da Inovação Aberta. São Paulo: Editora Evora,
new paradigm. New York: Oxford University Press, 2011.
2008. [11] OCDE. Organização para Cooperação
[5] CHIESA, V. ; FRATTINI, F. Econômica e Desenvolvimento. Manual de Oslo:
Commercializing Technological Innovation: Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação
Learning from Failures in High-Tech Markets. de Dados sobre Inovação Tecnológica, FINEP,
Journal of Product Innovation Management, July, 2004. Disponível em:<http://ww-
2011, Vol.28 p.437. Disponível em: w.finep.gov.briimprensaisala_oslo.pdr>. Acesso
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5885.2011.00818.x>. Acesso em: 09/12/2014. [12] PEREIRA, T. F. Minicurso de Introdução à
[6] CHIMENDES, V. C. G. Ciência e Análise Bibliométrica. Universidade Federal de
Tecnologia X Empreendedorismo: diálogos Itajubá (MG) UNIFEI, 2014.
possíveis e necessários. Tese (doutorado) UNESP. [13] WEB OF SCIENCE. WoS. Base de Dados
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Unificada. Thomson Reuters Disponível em:
Engenharia de Guaratinguetá, 2011. Disponível em: <http://apps.webofknowledge.com/UA_GeneralSea
<http://base.repositorio.unesp.br/bitstream/handle/ rch_input.do?product=UA&search_mode=General
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[7] sequence=1>. Acesso em 20/03/2015. aved=>. Acesso em 10/12/2014.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Capítulo 2
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS
SOBRE A UTILIZAÇÃO DA GESTÃO DE RISCOS EM
PROJETOS DE SOFTWARE.

Breno Gontijo Tavares


Carlos Eduardo Sanches da Silva

Resumo: A gestão de riscos é uma das áreas mais importantes da gestão de


projetos, pois auxilia na redução da probabilidade de ocorrência e/ou do impacto
de eventos negativos e no aumento da probabilidade e/ou do impacto dos eventos
positivos, proporcionando o aumento das chances de sucesso do projeto. Por outro
lado, percebe-se que a gestão de riscos vem sendo pouco utilizada no âmbito dos
projetos, inclusive dos projetos de software, que apresentam baixo índice de
sucesso. Este cenário traz a necessidade de intensificar a utilização da gestão de
riscos nos projetos de Software, apoiando-se nos estudos científicos acerca do
tema. O objetivo desta pesquisa é avaliar qual é o cenário atual das publicações
científicas acerca da Gestão de Riscos aplicada em projetos de software. Será
feita, portanto, uma análise bibliométrica dos artigos nacionais e internacionais que
têm como objetivo principal o estudo deste assunto. Como resultado, constatou-se
um reduzido número de artigos que explorassem o tema, indicando uma lacuna
nesta área de estudo, tanto a nível internacional quanto no Brasil, além de baixa
participação de autores da América Latina nas bases de periódicos científicos.

Palavras-chave: Gestão de Riscos, Software, Bibliometria, Gestão de Projetos.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


1. INTRODUÇÃO financeiro e os objetivos estratégicos (LOCH
et al., 2008; THIEME et al., 2003).
A pesquisa de Ibbs e Kwak (2000)
reconheceu que a gestão de riscos é a área Os objetivos da Gestão de Riscos do projeto
do conhecimento mais carente em termos são aumentar a probabilidade e o impacto
gerenciais. A preocupação com a gestão de dos eventos positivos e diminuir a
riscos se intensificou após esta publicação, probabilidade e o impacto dos eventos
mas de acordo com Raz et al. (2002) poucas adversos ao projeto (PMI, 2013). Para Suri e
organizações vêm aplicando a Gestão de Narula (2013), o processo de Gestão de
Riscos amplamente. Riscos é composto por todas as atividades
necessárias para identificar os riscos que
Para Jiang et al. (2001), o alto índice de
podem ter um impacto potencial no projeto.
insucesso de projetos de sistemas de
informação sugere a necessidade das Para se ter sucesso em um projeto, é
organizações melhorarem a sua capacidade necessário aprender a identificar, analisar e
de identificar e gerenciar os riscos. Neste controlar os riscos de forma que eles não
contexto, estão inseridos os projetos de aconteçam surpreendendo os envolvidos no
software que são empreendimentos projeto (GILB, 1988). De acordo com Raz et
complexos e suscetíveis a falhas al. (2002) e Ibbs e Kwak (2000) independente
(BANNERMAN, 2008). da sua complexidade, a Gestão de Riscos é
uma das áreas que tem sido muitas vezes
Estas evidências demonstram a relevância do
negligenciada na administração de projetos.
estudo da Gestão de Riscos em Projetos de
software, porém nos traz a seguinte pergunta: Há diversas abordagens de Gestão de
“Como estão as pesquisas científicas que Riscos, dentre elas vale destacar a do SEI
abordam a Gestão de Riscos em Projetos de (Software Engineering Institute) (HIGUERA et
software?”. al., 1994), CMMI (Capability Maturity Model
Integration) (SEI, 2010) e do Guia PMBOK
Este artigo descreve uma breve
(Project Management Body of Knowledge)
fundamentação teórica sobre a Gestão de
(PMI, 2013). De acordo com Neves et al.
Riscos aplicada em projetos de software e
(2014), mesmo sendo diversas abordagens
posteriormente realiza a análise bibliométrica,
de Gestão de Riscos, há um consenso entre
limitada as seguintes bases: Harzing’s Publish
as principais atividades que compõe este
or Perish (base de pesquisa fundamentada no
processo.
Google), ISI Web of Knowledge (base com
ênfase em periódicos internacionais) e Scielo A Tabela 1 apresenta as seis etapas da
(base com ênfase em periódicos nacionais e gestão de riscos segundo o PMBOK (PMI,
da América Latina). 2013). As cinco primeiras etapas
correspondem a fase de planejamento
enquanto que a última etapa corresponde a
2. REVISÃO DA LITERATURA fase de monitoramento, segundo o ciclo de
vida do projeto apresentado pelo PMI (2013).
2.1 GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS
Para Neves et al. (2014), a Gestão de Riscos
De acordo com o PMI (2013), o risco é um tende a concentrar os maiores esforços nas
evento ou condição incerta que, se ocorrer, etapas de planejamento em relação as etapas
terá um efeito positivo ou negativo em pelo de controle.
menos um dos objetivos do projeto. A
presença de riscos ao longo do ciclo de vida
do projeto afeta a viabilidade técnica de
custo, tempo de mercado, desempenho

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Tabela 1 – Modelo de Gerenciamento de Riscos proposto pelo PMI (2013)
Etapa Descrição Ferramentas
O processo de definição de como
1. Planejar o
conduzir as atividades de Técnicas analíticas, Opinião
gerenciamento
gerenciamento dos riscos de um especializada e Reuniões.
dos riscos
projeto.
Revisões de documentação,
Técnicas de coleta de informações,
O processo de determinação dos
Análise de listas de verificação,
2. Identificar os riscos que podem afetar o projeto e
Análise de premissas, Técnicas de
riscos de documentação das suas
diagramas, Análise de forças,
características.
fraquezas, Oportunidades e ameaças
(SWOT), Opinião especializada.
Avaliação de probabilidade e
O processo de priorização de impacto dos riscos, Matriz de
3. Realizar a riscos para análise ou ação probabilidade e impacto, Avaliação
análise qualitativa posterior através da avaliação e de qualidade dos dados sobre riscos,
dos riscos combinação de sua probabilidade Categorização de riscos, Avaliação
de ocorrência e impacto. da urgência dos riscos, Opinião
especializada.
4. Realizar a O processo de analisar Técnicas de coleta e apresentação
análise numericamente o efeito dos riscos de dados, Técnicas de modelagem e
quantitativa dos identificados nos objetivos gerais análise quantitativa dos riscos,
riscos do projeto. Opinião especializada.
Estratégias para riscos negativos ou
O processo de desenvolvimento de
5. Planejar as ameaças, Estratégias para riscos
opções e ações para aumentar as
respostas aos positivos ou oportunidades,
oportunidades e reduzir as
riscos Estratégias de respostas de
ameaças aos objetivos do projeto.
contingência, Opinião especializada.
O processo de implementar planos
de respostas aos riscos,
Reavaliação de riscos, Auditorias de
acompanhar os riscos
riscos, Análise de variação e
6. Controlar os identificados, monitorar riscos
tendências, Medição de desempenho
riscos residuais, identificar novos riscos e
técnico, Análise de reservas,
avaliar a eficácia do processo de
Reuniões.
gerenciamento dos riscos durante
todo o projeto.

2.2 GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DE de riscos no desenvolvimento e manutenção


SOFTWARE de Software, sendo que apenas 9,7% possuía
documentação dos riscos. No estudo de
Os riscos em projetos de Software podem ser
Neves (2010) que envolveu quinze gestores
definidos como uma série de fatores ou
de empresas de desenvolvimento de
condições que podem representar uma
Software, observou-se que algumas empresas
ameaça para o sucesso do projeto (WALLACE
utilizavam ou utilizariam abordagens gerais de
et al., 2004). É importante quantificar um risco,
gestão de riscos, ou seja, abordagens não
avaliando a probabilidade de sua ocorrência
específicas para a área de desenvolvimento
e o seu possível impacto no projeto (HUANG
de Software.
e HAN, 2008). Apesar desta recomendação,
há poucas ferramentas disponíveis para Muitos projetos de desenvolvimento de
apoiar os gestores de projetos na Software ainda utilizam mais recursos e levam
identificação e categorização dos fatores de mais tempo do que o planejado, além de
risco (WALLACE et al., 2004). fornecerem menos qualidade e funcionalidade
do que o esperado (BARROS et al., 2004).
Em pesquisa realizada pela Secretaria de
Planejamento em Informática (SEPIN, 2002), De acordo com The Standish Group (2013), a
identificou-se que apenas 11,8% das 446 taxa de sucesso dos projetos de software é
organizações pesquisadas aplicavam gestão de 39%, conforme o Gráfico 1.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Gráfico 1 - Índice de sucesso nos projetos de software

39%
43%
Sucesso
Falha
Desafio

18%

Fonte: Adaptado de The Standish Group (2013)


Nota: Sucesso = Projeto finalizado no prazo, no orçamento e totalmente funcional
Desafio = Projeto finalizado com atraso, com estouro de orçamento e/ou totalmente funcional
Falha = Projeto cancelado ou nunca utilizado

Diante deste cenário, a Gestão de Riscos a busca dos artigos nas bases escolhidas
pode aumentar a chance de sucesso dos contemplou apenas os artigos publicados no
projetos de Software (SEI, 2010). Para período de 2000 a 2014. Outro critério
Charette (2005), um dos motivos de insucesso utilizado foi a aplicação de um filtro para
deste tipo de projeto é justamente a considerar apenas os artigos que possuíam
inexistência de gestão de riscos aplicada nos em seus títulos determinadas palavras chave.
mesmos. De acordo com Dey et al. (2007), os Foram realizadas quatro buscas em cada uma
projetos de Software falham porque os riscos das bases, conforme as seguintes palavras
não são gerenciados sistematicamente ou chave:
ainda, porque a avaliação dos riscos técnicos
é priorizada em detrimento dos riscos de
mercado e financeiros, vitais para o sucesso  “Project” e “Software”;
do desenvolvimento de Software.
 “Risk” e ‘Management”;
 “Project”, “Risk” e “Management”;
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
 “Project”, “Software”, “Risk” e
A Análise Bibliométrica é uma ferramenta de “Management”.
análise quantitativa da literatura e introduzida
como uma técnica de análise por Pritchard no
final da década de 60 (SUN et al., 2012). De
acordo com Gumpenberger e Gorraiz (2012)
a bibliometria é uma disciplina das ciências A análise bibliométrica se concentrará na
da biblioteca e da informação, sendo avaliação dos artigos que possuem em seus
desenvolvida como uma ferramenta para títulos todas as seguintes palavras chave:
medir e monitorar a produção científica. “Project”, “Software”, “Risk” e “Management”.
Segundo Vanti (2002), a bibliometria é uma A seguir, realiza-se uma breve descrição das
das quatro subdisciplinas que possibilitam bases de dados utilizadas para essa análise
medir os fluxos da informação, a bibliométrica.
comunicação acadêmica e a difusão do
conhecimento científico. As demais
disciplinas são a cienciometria, a informetria e 3.1 HARZING’S PUBLISH OR PERISH
a webometria. O Harzing’s Publish or Perish é um Software
Para a condução desta análise bibliométrica, desenvolvido pela empresa Google Inc. com

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


o objetivo de identificar citações acadêmicas tratar de uma base informal, os resultados
e medir os fatores de impacto por autor e por obtidos devem ser analisados com cautela.
periódico. O Software utiliza a base de dados
A pesquisa nesta base de dados foi realizada
do Google Scholar e retorna os dados
no dia 15/10/2014, da qual obteve o resultado
encontrados em um formato mais amigável
apresentado na Tabela 2.
(SEGALLA, 2008). Vale ressaltar que por se

Tabela 2 – O número de artigos encontrados em cada uma das quatro buscas realizadas na base
Harzing’s Publish or Perish.
Palavras chave N⁰ Artigos Principais Autores
“Project” e “Software” +1.000 Giannozzi, S Baroni, N Bonini
“Risk” e ‘Management” +1.000 AJ Mcneil, R Frey, P Embrechts
“Project”, “Risk” e “Management” +1.000 A Huchzermeier, CH Loch
“Software”, “Project”, “Risk” e
132 H Barki, S Rivard, J Talbot
“Management”

A Tabela 3 apresenta os dez artigos mais citados. Observa-se que os artigos com maior
citados e publicados em periódicos número de citações foram publicados nos
científicos. Estes artigos estão ordenados de anos de 2001 e 2004.
acordo com o número de vezes em que foram

Tabela 3 – Os dez artigos mais citados e publicados em periódicos científicos da base Harzing’s
Publish or Perish sobre “Software”, “Project”, “Risk” e “Management”.
Posição Citações Autores Título Ano
H Barki, S Rivard, J An integrative contingency model of
1 366 2001
Talbot software project risk management
YH Kwak, J Project risk management: lessons learned
2 141 2004
Stoddard from software development environment
BBN-based software project risk
3 124 CF Fan, YC Yu 2004
management
Applied software risk management: a guide
4 36 CR Pandian 2006
for software project managers
DX Houston Jr, G A software project simulation model for risk
5 32 2000
Adviser-Mackulak management
Software project risk management modeling
Y Hu, J Huang, J
6 22 with neural network and support vector 2007
Chen, M Liu
machine approaches
A simple estimate of the cost of software
7 18 SP Masticola project failures and the breakeven 2007
effectiveness of project risk management
A study of software development project
8 10 Y Tao 2008
risk management
L Xiaosong, L The application of risk matrix to software
9 10 2009
Shushi, C Wenjun project risk management
Implementing and improving the SEI risk
J Esteves, J Pastor,
10 8 management method in a university 2005
N Rodriguez
software Project

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


O gráfico 1 apresenta o número de artigos foi o que teve o maior número de publicações.
publicados por ano, sendo que o ano de 2010

Gráfico 1 – Número de artigos publicados por ano da base Harzing’s Publish or Perish sobre “Software”,
“Project”, “Risk” e “Management”.

O gráfico 2 mensura o número de citações citações dos artigos publicados recentemente


por ano. Pode-se observar que o número de é menor.

Gráfico 2 – Número de citações dos artigos publicados por ano da base Harzing’s Publish or Perish
sobre “Software”, “Project”, “Risk” e “Management”.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Os artigos publicados no período de 2001 e o que apresenta maior número de citações
2004 foram os que tiveram o maior número de sobre o tema pesquisado. Já o periódico
citações. Já com relação à classificação dos Journal of Systems and Software é o periódico
artigos da amostra por revista de publicação, com o maior número de publicações sobre o
observa-se na Tabela 4 que o periódico tema.
Journal of Management Information Systems é

Tabela 4 – As cinco principais revistas da base Harzing’s Publish or Perish sobre “Software”,
“Project”, “Risk” e “Management”.
Principais Revistas N° de Citações N° de Artigos
Journal of Management Information Systems 366 1
Technovation 141 1
Journal of Systems and Software 124 2
Natural Computation 22 1
Economics of Software and Computation 18 1

Os periódicos são classificados pelo sistema 2014) e é classificado pelo JCR com o FI de
Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento 1,245 (THOMSON-REUTERS,2014)
de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Trata-
se de uma classificação de veículos de
divulgação da produção científica dos 3.2 ISI WEB OF KNOWLEDGE
programas stricto sensu para fundamentação
De acordo com Targino e Garcia (2000), a
do processo de avaliação da pós-graduação
base de periódicos científicos ISI Web of
nacional (CAPES, 2014). Esse sistema,
Knowledge busca suprir as demandas
referência para pesquisadores nacionais,
informacionais da comunidade científica nos
classifica os veículos de publicação em oito
diferentes campos do saber, mantendo a mais
estratos: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C – de
abrangente base de dados bibliográfica e
acordo com a sua abrangência geográfica e
multidisciplinar de informações científicas do
nível de qualidade.
mundo.
O periódico Journal of Management
A pesquisa nesta base de dados foi realizada
Information Systems possui classificação A1
no dia 15/10/2014. O resultado apresentado
pela Qualis Capes nas áreas de Ciência da
na Tabela 5 considerou apenas artigos
Computação e Matemática/Probabilidade e
científicos, aplicando-se o filtro “Article” no
Estatística (CAPES, 2014) e possui o FI de
campo “Tipo de Documento” do sistema de
1,925 pelo JCR (THOMSON-REUTERS, 2014).
busca da ISI Web of Knowledge.
Já o periódico Journal of Systems and
Software é classificado como B1 pela Qualis
Capes na área de Engenharias III (CAPES,

Tabela 5 – O número de artigos encontrados em cada uma das quatro buscas realizadas na base
ISI Web of Knowledge.
Palavras chave N⁰ Artigos Principais Autores
“Project” e “Software” 549 Gonze, X; Beuken, JM; Caracas, R
“Risk” e ‘Management” 4.993 Go, AS; Hylek, EM; Phillips, KA
“Project”, “Risk” e “Management” 153 Huchzermeier, A; Loch, CH
“Project”, “Software”, “Risk” e
10 Barki, H; Rivard, S; Talbot, J
“Management”

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


A Tabela 6 apresenta os dez artigos citações. O resultado está ordenado pelo
encontrados que possuem o maior número de número de citações.

Tabela 6 – Os cinco artigos mais citados na base ISI Web of Knowledge sobre “Software”, “Project”,
“Risk” e “Management”.
Posição Citações Autores Título Ano
Barki, H; Rivard, An integrative contingency model of software
1 118 2001
S; Talbot, J project risk management
Blowing the whistle on troubled software projects
- Despite inevitable personal risk, auditors owe
Keil, M; Robey, their organizations accurate information about
2 50 2001
D project status, especially bad news, in the
interests of halting software project runaways.
Management owes them the courtesy of listening.
Kwak, YH; Project risk management: lessons learned from
3 47 2004
Stoddard, J software development environment
Bannerman, Risk and risk management in software projects: A
4 42 2008
Paul L reassessment
5 41 Fan, CF; Yu, YC BBN-based software project risk management 2004

Observa-se que os artigos com maior número Harzing’s Publish or Perish. Pode-se observar
de citações estão nos anos de 2001 e 2004, no Gráfico 5 a distribuição dos 10 artigos
assim como na pesquisa realizada na base identificados.

Gráfico 3 – Número de artigos da base ISI Web of Knowledge sobre “Software”, “Project”, “Risk” e
“Management”.

3
3

2
2

1 1 1 1 1
1

0 0 0 0 0 0 0 0
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Pode-se observar no Gráfico 3 que os anos observar que os artigos publicados entre
de 2010 e 2011 foram os que tiveram o maior 2009 e 2014 ainda não foram citados nesta
número de artigos publicados. O gráfico 4 base.
mensura o número de citações. Pode-se

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Gráfico 4 – Número de citações dos artigos da base ISI Web of Knowledge sobre “Software”,
“Project”, “Risk” e “Management”.

Com relação à distribuição dos trabalhos por apenas uma publicação na amostra,
autor (Tabela 7), a análise da amostra revelou dificultando a identificação de um autor
uma dispersão considerável. Os autores com relevante para a área. No entanto, observa-se
maior número de trabalhos são representados que um dos grupos de autores foi citado em
por 5 grupos de autores, cada um possuindo 118 artigos.

Tabela 7 – Os principais autores da base ISI Web of Knowledge sobre “Software”, “Project”, “Risk” e
“Management”.
Autores N° Publicações N° Citações
Barki, H; Rivard, S; Talbot, J 1 118
Keil, M; Robey, D 1 50
Kwak, YH; Stoddard, J 1 47
Bannerman, Paul L 1 42
Fan, CF; Yu, YC 1 41

Já com relação à classificação dos artigos da volume de publicações, o periódico que


amostra por revista de publicação, observa-se apresenta o maior número de publicações
na Tabela 8 que embora não haja um sobre o tema é o Journal of Systems and
periódico com destaque significativo em Software.

Tabela 8 – As quatro principais revistas da base ISI Web of Knowledge sobre “Software”, “Project”,
“Risk” e “Management”.
Principais Revistas N° de Artigos N° de Citações
Journal of Systems and Software 3 98
Journal of Management Information Systems 1 118
Communications of the ACM 1 50
Technovation 1 47

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


O periódico Journal of Systems and Software padrões de relacionamento dos estudos
recebe classificação B1 pela Qualis Capes na publicados na área de gestão de riscos em
área de Engenharias III (CAPES, 2014). Pelo projetos.
JCR, este periódico está classificado com um
Primeiramente, na busca de uma identificação
FI de 1,245 (THOMSON-REUTERS, 2014).
das bases teóricas sobre as quais a amostra
O periódico com maior número de citações de publicações foi desenvolvida, construiu-se
sobre o tema é o Journal of Management uma rede de relacionamento entre os artigos
Information Systems. Esse periódico é da amostra e suas referências. O resultado
classificado como A1 nas áreas de Ciência da dessa primeira análise está demonstrado na
Computação e Matemática/Estatística e Figura 1. Embora não haja uma concentração
Probabilidade (CAPES, 2014) e é classificado clara em torno de referências específicas,
com um FI de 1,925 pelo JCR (THOMSON- pode-se observar que uma das referências foi
REUTERS, 2014). compartilhada simultaneamente por quatro
artigos da amostra, revelando certa influência
Após a análise descritiva das publicações, foi
nos trabalhos da área. Essa referência
feita uma análise de redes sociais com o
corresponde ao trabalho de Bannerman
intuito de entender as implicações dos
(2008).

Figura 1 - Rede de relacionamento entre os artigos da amostra e suas referências.

Nota: Os círculos representam os artigos da amostra inicial e os quadrados suas referências que foram citadas
pelo menos 2 vezes.

A análise de co-citação foi conduzida com o objetivo de identificar os pares de referências mais
utilizadas pelos trabalhos da amostra e também auxilia na consolidação da avaliação das bases
teóricas das publicações (Figura 2).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Figura 2 - Rede de relacionamento entre os artigos da amostra e suas referências.

Como última etapa da análise de redes relacionamentos, o critério de corte consistiu


sociais, foi estabelecida uma relação de co- em analisar as palavras-chave apenas dos
ocorrência das palavras-chave dos artigos da artigos que possuem mais do que duas
amostra. Nessa análise, com o objetivo de citações na data de extração dos dados e de
restringir a quantidade de dados e acordo com a base de dados do ISI Web of
proporcionar uma visão mais nítida dos Knowledge (ver Figura 3).

Figura 3 - Rede de co-ocorrência de palavras-chave.

As palavras-chave com maiores graus de científica nos países em desenvolvimento,


centralidade e intermediação são como por exemplo, na América Latina. A
“Performance” e “Risk Management”, nessa Scielo tem se tornado mais robusta a cada
ordem. A condução destas análises apoiou-se dia. Isso é devido aos periódicos estarem
na utilização do Software Sitkis (SCHILDT, sendo ainda mais criteriosos com relação a
2002) e do UCINET (BORGATTI et al., 2002). relevância e a metodologia utilizada nas
pesquisas (MENEGHINI et al., 2007).
A pesquisa nesta base de dados foi realizada
3.3 SCIELO
no dia 15/10/2014, da qual obteve o resultado
A base de dados Scielo (Scientific Eletronic apresentado na Tabela 9.
Library Online) foi desenvolvida para
responder as necessidades de comunicação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Tabela 9 – O número de artigos encontrados em cada uma das quatro buscas realizadas na base
Scielo
Palavras chave N⁰ Artigos
“Project” e “Software” 10
“Risk” e ‘Management” 138
“Project”, “Risk” e “Management” 7
“Project”, “Software”, “Risk” e “Management” 2

Assim como na base ISI Web of Knowledge, a “Risk” e “Management” obteve o menor
busca pelas palavras chave “Risk” e número.
“Management” foi a que retornou o maior
A Tabela 10 apresenta os dois artigos
número de artigos, enquanto que a busca
encontrados na pesquisa.
pelas palavras chave “Software”, “Project”,

Tabela 10 – Os dois artigos encontrados na base Scielo sobre “Software”, “Project”, “Risk” e
“Management”
Autores Título Ano
An evaluation of software project risk
B. de Wet; J.K. Visser 2013
management in South Africa
Yóris Linhares Souza; Maria
Knowledge sharing contribution to project
Celeste Reis Lobo Vasconcelos;
risk management: a study in the software 2010
Valéria Maria Martins Judice;
industry
George Leal Jamil

O primeiro artigo listado na Tabela 10 foi Já o segundo artigo foi publicado no


publicado no periódico South African Journal periódico Journal of Information Systems and
of Industrial Engineering e este não possui Technology Management (JISTEM) que
nenhuma classificação na Qualis Capes possui classificação B5 na área de
(CAPES, 2014). Todavia, este periódico foi Engenharias III (CAPES, 2014), mas não
classificado pelo JCR com um FI de 0.107 possui FI pelo JCR (THOMSON-REUTERS,
(THOMSON-REUTERS, 2014). 2014).

3.3 ANÁLISE DOS DADOS também foram os principais autores


identificados na base ISI Web of Knowledge.
Os principais resultados obtidos com a
pesquisa são sintetizados na Tabela 11. Outra similaridade identificada entre as bases
Analisando a Tabela 11, verifica-se que o foi com relação ao número de citações, onde
número de artigos encontrados na base do o ano de 2001 foi o que obteve o maior
Harzing’s Publish or Perish é maior do que número de artigos citados. Ressalta-se que
nas demais bases pesquisadas. É possível grande parte dos artigos da base do
também identificar que os principais autores Harzing’s Publish or Perish não possuem rigor
encontrados nesta base foram H Barki, S metodológico que os caracterizem como
Rivard, J Talbot. Estes mesmos autores artigos científicos.

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Tabela 11 – Principais resultados alcançados com a pesquisa
Análise Harzing´s Publish or Perish ISI Web of Knowledge Scielo
Barki, H; Rivard, S;
Principais autores Barki, H; Rivard, S; Talbot, J
Talbot, J -
Número de publicações dos
1 1
autores -
Número de citações dos
366 118
autores -
Número de Artigos Identificados 132 10 2
Ano(s) com mais publicações
2010 2004
(geral) -
Ano(s) com maior número de
2001 2001
citações -

4. CONCLUSÕES É importante ressaltar que os resultados desta


pesquisa não podem ser totalmente
Este trabalho objetivou identificar as principais
generalizados, pois se baseiam em uma
características da Gestão de Riscos em
amostra de publicações contidas nas bases
Projetos de Software utilizando a abordagem
de dados do Harzing’s Publish or Perish, ISI
metodológica de revisão sistemática da
Web of Knowledge e Scielo. Porém, tanto o
literatura apoiada na teoria bibliométrica e na
método selecionado como os dados obtidos a
análise de redes sociais.
partir dessas bases mostraram-se
As análises descritivas das publicações foram apropriados para atingir o objetivo do
utilizadas para identificar, num primeiro trabalho.
momento, os principais autores, periódicos e
Do ponto de vista prático espera-se que os
publicações da área. Por meio dessa análise
resultados deste trabalho, ao explorar os
também foi possível estabelecer um
elementos associados à Gestão de Riscos em
referencial teórico e a evolução das
Projetos de Software, possam auxiliar
publicações ao longo do tempo. Num
posteriores pesquisas.
segundo estágio, as análises de redes sociais
objetivaram identificar tanto as bases teóricas
do campo de estudo em Gestão de Riscos em
AGRADECIMENTOS
Projetos de Software, como também as
principais temáticas abordadas pelos artigos A FAPEMIG, CAPES, CNPq pelos
dessa área de pesquisa. financiamentos que permitiram o
desenvolvimento desta pesquisa.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Capítulo 3
GESTÃO DE PROJETOS: DA ANTIGUIDADE ÀS
TENDÊNCIAS DO SÉCULO XXI

Frederico Gonzaga Lafetá,


Israel Vasconcelos Soares Gomes
Aline Alves Batistini,
Carlos Frederico de Oliveira Barros

Resumo: A gestão de projetos tem se apresentado como uma importante teoria no


ambiente empresarial, auxiliando os gestores na forma de como atingir os objetivos
organizacionais. Estudar o desenvolvimento da gestão de projetos proporciona um
maior conhecimento das ferramentas e práticas, assim como permite o
entendimento e acompanhamento das novas tendências. Desta forma, o presente
artigo relata o desenvolvimento da gestão de projetos ao longo do tempo e
comenta, também, duas tendências em crescimento, os métodos ágeis e a ênfase
na gestão de portfolio de projetos. O trabalho se desenvolveu a partir de uma
pesquisa exploratória-descritiva, ao levantar e relatar informações históricas e
marcos na gestão de projetos. Conclui-se que as tendências do novo século trarão
grandes contribuições e alternativas às formas de gestão de projetos tradicionais.

Palavras-chave: Gestão de Projetos, histórico da gestão de projetos, métodos


ágeis, gestão de portfolio de projetos.

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1. INTRODUÇÃO exploratória e descritiva à medida que visou
levantar informações históricas para a
O tema gestão de projetos não é um assunto
compreensão de como se desenvolveu a
novo, visto que desde a construção das
gestão de projetos do passado até os tempos
pirâmides no Egito e das muralhas na China
atuais.
encontram-se vestígios do gerenciamento
empírico de projetos. A pesquisa exploratória tem o proposito de
proporcionar maior familiaridade com o
A gestão de projetos pode ser aplicada aos
problema, com vistas a torná-lo mais explícito
mais diversos tipos de organização, desde
ou a constituir hipóteses. Já a pesquisa
organizações individuais e microempresas,
descritiva têm como objetivo primordial a
passando por organizações sem fins
descrição das características de determinada
lucrativos, chegando até grandes grupos
população ou fenômeno ou, então, o
multinacionais. Praticamente tudo no
estabelecimento de relações entre variáveis.
ambiente organizacional pode ser tratado
(GIL, 2010)
através da gestão de projetos como, por
exemplo, a elaboração de um documento O principal procedimento utilizado foi a
para compra de um insumo, a implantação de pesquisa bibliográfica, a partir de livros e
um novo processo de produção ou a periódicos sobre gestão de projetos e novas
obtenção da certificação ISO 9001. A gestão tendências em gestão de projetos. Marconi e
de projetos permite, ainda, que a organização Lakatos (2010) afirmam que a revisão de
alcance objetivos e busque novos patamares literatura ou pesquisa bibliográfica é um
de indicadores e melhores resultados em apanhado geral sobre os principais trabalhos
seus processos e produtos. já realizados, revestidos de importância, por
serem capazes de fornecer dados atuais e
Soderlund e Lenfle (2013) colocam que
relevantes relacionados com o tema
estudar as práticas de projetos do passado e
escolhido. O estudo da literatura pertinente
seu desenvolvimento, poderia apoiar no
pode ajudar a planificar o trabalho e
enfrentamento dos desafios encontrados
representa uma fonte indispensável de
atualmente, permitindo, assim, uma visão
informações.
mais ampla das práticas da gestão de
projetos. Kerzner (2009) comenta que é
interessante traçar a evolução e o
2. CONCEITO DE PROJETOS E GESTÃO DE
crescimento do gerenciamento de projetos
PROJETOS
desde os primeiros dias da gestão de
sistemas até o que algumas pessoas chamam O termo projeto na literatura apresenta
de "gerenciamento de projetos moderno". algumas variações, porém, todas consideram
o sentido de desejo ou necessidade de
Acredita-se que o entendimento do processo
alcançar algum resultado, meta ou objetivo
de construção das teorias acerca da gestão
específico, em um conjunto de atividades
de projetos permite um melhor desempenho
temporárias. O PMI, Project Management
nos desafios atuais encontrados pelas
Institute (2008), através do seu guia de
empresas, como, por exemplo, a gestão de
conhecimento sobre gerenciamento de
portfolios ou o gerenciamento de grandes
projetos (PMBOK) coloca que projeto “é um
empreendimentos complexos. Desta forma, o
esforço temporário empreendido para criar
objetivo deste artigo é apresentar um breve
um produto, serviço ou resultado exclusivo”. A
histórico da evolução da gestão de projetos
metodologia PRINCE 2, da OGC - Office of
no mundo, apresentando seu
Government Commerce (2009), órgão do
desenvolvimento desde a antiguidade. O
governo britânico, define projeto como “uma
artigo sugere, também, um esboço sobre
organização temporária criada com o
duas tendências para gestão de projetos no
proposito de entregar um ou mais produtos de
século XXI.
negócio, de acordo com um Business Case
Este artigo se caracteriza como uma pesquisa pré acordado”. Entende-se por Business
qualitativa, pois considera que há uma Case, a ideia que gerará valor para
relação dinâmica entre o mundo real e o organização, fazendo com que está mantenha
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o o foco.
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
A partir da definição do que é projeto, o
que não pode ser traduzido em números.
gerenciamento de projetos pode ser definido
(TURRIONI E MELLO, 2012) Quanto aos
como a aplicação de conhecimento,
objetivos, a pesquisa se apresentou como

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habilidades, ferramentas e técnicas às ferramentas para a otimização, planejamento,
atividades do projeto a fim de atender aos monitoramento e controle. As técnicas de
seus requisitos (PMI 2008). A OGC (2009) gestão de projetos reconhecidas atualmente
define gestão de projetos como o apareceram a partir do século XX. Dentre
planejamento, delegação, monitoramento e elas, cita-se a gestão de aquisições e
controle de todos os aspectos do projeto, contratações, liderança e resolução de
bem como a motivação dos envolvidos para conflitos, que trouxeram melhorias nas
atingir os objetivos do projeto dentro das entregas dos projetos. (WALKER e DART,
metas de desempenho esperadas de tempo, 2011)
custo, qualidade, escopo, riscos e benefícios.
Foi a partir da revolução industrial, no século
XVIII, que o uso de técnicas gerenciais, de
forma empírica, passou a ser conhecido por
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO DE
um seleto grupo de profissionais, tais como os
PROJETOS
construtores de estradas de ferro e navios.
A gestão de projetos não é uma ciência nova. (PRADO, 2011). Soderlund e Lenfle (2013)
Desde o inicio da existência humana verifica- comentam que a história da gestão de
se indícios de planejamento e organização de projetos é uma mistura entre a história dos
recursos para o alcance de algum objetivo. negócios e história da gestão. Garel (2013)
Deve-se reconhecer a história dos projetos e afirma que por volta de 1765 a França
a sua incorporação aos aspectos utilizava técnicas associadas à gestão de
organizacionais permitindo, por exemplo, projetos para racionalizar ferramentas e
comparar o histórico de projetos máquinas na construção de prédios e navios.
consecutivos, ou a comparação transversal
O gerenciamento de projetos se desenvolveu
de projetos simultâneos. Estudantes de
em conjunto com as técnicas de gestão
gerenciamento de projetos devem ter em
organizacional apresentadas por Taylor, que
mente que cada projeto isoladamente
em 1895 apresentou à sociedade o que é
estudado constitui apenas um caso em muitos
considerado o primeiro trabalho da
diferentes projetos, atividades,
administração cientifica e se tratava de um
empreendimentos, empresas, problemas,
método para administrar o tempo das tarefas,
decisões e soluções que passam
controlando, assim, seu tempo e seu custo.
progressivamente através da sua história e
Maximiano (2007).
seu contexto organizacional. (ENGWALL,
2003)
Voltando à antiguidade, relatos demonstram 4. SÉCULO XX: PRINCIPAIS AVANÇOS ATÉ A
vestígios do gerenciamento de projetos GESTÃO DE PROJETOS COMO
arcaico e princípios de engenharia básica. CONHECEMOS
Exemplos clássicos estão nas pirâmides do
Foi no século XX que se desenvolveram os
Egito (2500 a.c), Muralha da China (220 a.c) e
principais métodos e ferramentas utilizadas na
o Coliseu de Roma (70 a.c). Diversas técnicas
gestão de projetos atual. Neste século
sofisticadas de engenharia e gestão eram
surgiram ferramentas que marcaram o
aplicadas como, por exemplo, para a
desenvolvimento da gestão e do
construção de sistemas de esgoto e irrigação,
gerenciamento de projetos. As mais
embarcações, canais, palácios e templos.
importantes e que constituem marcos na
(CLELAND e IRELAND, 2007; DINSMORE et
história são o Diagrama ou Gráfico de Gantt e
al, 2009; VALLE et al., 2010).
o PERT/CPM, ambas associadas ao
Os vestígios de gerenciamento de projetos planejamento de tempo.
encontrados no império romano há mais de
O Diagrama de Gantt é um dos métodos mais
dois mil anos apresentam muitas
antigos e mais eficazes de se apresentar
características da atualidade. De lá pra cá
informações de cronogramas. Desenvolvido
pouca coisa mudou. No entanto, em termos
por volta de 1917 por Henry L. Gantt, um
de como esses processos eram executados,
pioneiro no campo do gerenciamento
as mudanças foram radicais e significativas.
científico. O diagrama por ele desenvolvido
Muitas das mudanças relativas à forma como
ilustra o progresso planejado e atualizado
os processos de gerenciamento de projetos
para determinado número de tarefas,
estão evoluindo ao longo do tempo são
dispostas em uma escala de tempo horizontal.
causadas, principalmente, pelas mudanças
(MEREDITH e MANTEL, 2003). A técnica
tecnológicas e culturais, com o maior uso de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


popularizou-se no mundo todo como uma das controle. (MAXIMIANO, 2007; VALLE et al,
mais importantes técnicas de planejamento e 2010).

Figura 1 – Exemplo de Diagrama de Gantt

Fonte: Adaptado de PMI (2008)

A técnica PERT/CPM associada ao Gantt (MEREDITH e MANTEL 2003; KERZNER 2009;


revolucionou o planejamento e controle de GAREL 2013).
empreendimentos. Prado (2011) afirma que o
O Projeto Polaris da Marinha dos EUA é um
desenvolvimento da técnica PERT/CPM foi um
dos projetos mais lendários do século XX. Em
fato que exerceu forte influência na ascensão
1957, foi dada a ele a mais alta prioridade
do assunto Gerência de Projetos no final da
nacional possível, a fim de fechar a suposta
década de cinquenta.
"lacuna de mísseis" entre os EUA e a União
A Program Evaluation and Review Technique Soviética. Sua gestão enfrentou uma tarefa
(PERT) visa estimar prazos a partir de três extraordinária. O escopo foi desenvolver e
durações em diferentes cenários. A técnica implantar os submarinos da frota
dispõe de uma fórmula onde é possível obter transportando mísseis nucleares
uma duração mais próxima do que será intercontinentais o mais rápido possível.
realizado. Já o Critical Path Method ou
Kerzner (2009) coloca que mais ou menos ao
Método do Caminho Crítico (CPM) é uma
mesmo tempo em que a PERT se desenvolvia,
forma de representar o projeto em uma rede
a DuPont Company iniciou uma técnica
com atividades associadas através de
semelhante conhecida como o método do
flechas, objetivando determinar caminhos
caminho crítico (CPM - critical path Method),
com menor folga e que tomará maior tempo
que também se espalhou, e está
para sair do início até chegar ao fim do
particularmente concentrado nas indústrias de
cronograma (NOVAIS et al., 2011).
construção e processos industriais. Valle et al.
A PERT ou seja, Técnica de Programa, (2010) coloca que os métodos PERT (program
Revisão e Avaliação foi desenvolvida pela evaluation and review technique) e CPM
Marinha americana, com cooperação das (critical path Method) com o passar do tempo
consultorias Booz-Allen Hamilton e da se fundiram passando a se chamar
Lockheed Corporation para o projeto do PERT/CPM.
míssil/submarino Polaris, em 1958.

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Figura 2 – Exemplo de aplicação do método PERT/CPM

Fonte: Adaptado de KERZNER (2009)

A partir da década de 50 diversas  Organização por tarefas e a


ferramentas associadas à gestão de projetos integração organizacional;
se desenvolveram pelo mundo, Prado (2011)  Unidade de autoridade,
comenta que neste período a necessidade de responsabilidade e controle;
planejamento surgiu de forma intensa,  Equipes de projeto exclusivas
motivadas pelas duas grandes guerras e pelo dedicadas à entrega dos resultados no
surgimento das grandes fábricas. Garel prazo, dentro do orçamento e de acordo
(2013) afirma que a Corrida Espacial e a com as especificações.
Guerra Fria levaram a uma multiplicação de
Outro marco importante para o gerenciamento
programas aeronáuticos militares na década
de projetos moderno foi a introdução do
de 1950. A iminente guerra levou à
conceito de organização matricial, em um
progressiva padronização dos métodos de
artigo publicado na Bussiness Horizons em
gerenciamento de projetos, particularmente
1964, por John F. Mee. O artigo implica que a
devido à necessidade do cumprimento de
organização matricial favorece o
prazos apertados, coordenação de um
desenvolvimento da gestão de projetos nas
grande número de fornecedores e exigente
organizações, em contrapartida à estrutura
controle de custos.
funcional tradicional.
Clelland e Ireland (2007) afirmam que o artigo
Mee (1964) coloca que a organização
“The Project Manager” publicado na Harvard
matricial é usada para estabelecer um
Business Review em maio de 1959 por Paul
sistema flexível e adaptável de recursos e
Gaddis destacou idéias essências sobre a
procedimentos para atingir uma série de
disciplina como, por exemplo:
objetivos do projeto.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Figura 3 – Organização matricial

Fonte: Adaptado de PMI (2008)

A organização matricial é construída em torno organizacionais. Prado (2011) coloca que os


de projetos específicos. A um determinado projetos guardam características comuns,
gerente é dada a autoridade, como por exemplo:
responsabilidade e dever de prestar contas
 Está associado a um ciclo de vida;
pelas ações que visam à conclusão do
 É permeado por incertezas;
projeto. Este deve estar em conformidade
 Agrega possibilidades de
com as disposições de tempo, custo,
adequações e mudanças;
qualidade e quantidade acordada nos termos
 Promove o aumento do conhecimento
do projeto. Os projetos são desenvolvidos em
com o tempo;
linha horizontal, enquanto as funções de linha
 Permite e muitas vezes exige
vertical se dedicam a apoiar o
interfuncionalidade.
desenvolvimento dos projetos (MEE, 1964).
Em meados da década de 60 surgiram nos
Cleland e Ireland (2007) afirmam que o
EUA e na Europa as principais instituições
gerenciamento de projetos, durante sua
dedicadas exclusivamente ao estudo,
evolução, trouxe mudanças como:
consolidação e disseminação de práticas de
gestão de projetos. Dentre as principais  Constitui um meio de delegar
podemos citar o IPMA (International Project autoridade e responsabilidade para o
Management Association), criado em 1965 e o gerenciamento dos recursos dos projetos;
PMI (Project Management Institute), criado em  Provê uma alternativa estratégica para
1969. Atualmente estes órgãos constituem o atendimento de problemas emergenciais
importantes veículos para promoção das visando o uso de equipes alternativas na
práticas de gerenciamento de projetos pelo administração operacional e estratégica da
mundo. (CLELAND e IRELAND, 2007; organização.
DINSMORE et al, 2009; VALLE et al., 2010).  Testou e instituiu a legitimidade da
dimensão horizontal nas organizações
Kerzner (2009) relata que o crescimento e a
contemporâneas.
aceitação do gerenciamento de projetos
 Definiu o conceito de influencia dos
mudaram significativamente ao longo dos
interessados no projeto, e a importância de
últimos 40 anos, e essas mudanças são
gerenciá-los ao longo do projeto.
esperadas para continuar bem no século XXI,
 Criou e definiu uma nova carreira para
especialmente na área de gestão de projetos
gerentes e profissionais.
multinacionais.
Atualmente, a gestão de projetos se tornou
uma importante ferramenta no cotidiano
empresarial, permeando todas as dimensões

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


5. DUAS TENDÊNCIAS NA GESTÃO DE próximos passos sejam menos
PROJETOS dispendiosos de implementar; e
 Testar constantemente, pois quanto
A seguir, apresenta-se um esboço teórico de
mais cedo ocorrer à detecção do defeito
duas tendências percebidas que se acredita
menos dispendioso será para possíveis
estarão em alta nas próximas décadas, os
ações corretivas.
métodos ágeis de gestão de projetos e a
ênfase na gestão de portfolio de projetos. Os
métodos ágeis tem se desenvolvido para Stare (2014) ressalta que é importante
gestão iterativa de projetos, com foco no reconhecer que a metodologia ágil, antes de
planejamento de curto prazo. Outra tendência tudo, se concentra na fase de execução de
é o incremento de técnicas para gestão de um projeto e não define todo o ciclo de vida
portfolio de projetos. Com o crescente número do projeto, que em princípio permanece o
de projetos conduzidos paralelamente, as mesmo (iniciação, planejamento, execução e
empresas tem investido em profissionais que fechamento), com exceção da última parte da
se atentem para a sinergia e retorno de um iniciação, a definição de especificações, e a
conjunto de projetos e não de cada um parte do planejamento que são transferidas
isoladamente. para a fase de execução. A metodologia afeta
principalmente a precisão do planejamento,
sendo necessária a definição de uma
5.1 MÉTODOS ÁGEIS programação intensa para todo o início do
projeto, enquanto as iterações individuais são
As metodologias tradicionais de
planejadas com mais detalhes na fase de
gerenciamento de projetos focam num rico
execução (por exemplo, táticas, tarefas, horas
planejamento e na utilização sistemática de
de trabalho, operadores etc.).
documentação e processos. Para muitos
projetos essa configuração é eficaz, mas Outro fator importante a ser considerado é
existem outros, como por exemplo, o que equipes de desenvolvimento ágeis
desenvolvimento de um software, que concentram na competência individual como
necessitam de agilidade nas mudanças que fator crítico em projetos de sucesso. Se as
se fazem necessárias no decorrer do projeto. pessoas envolvidas no projeto são boas o
Dessa forma, estas metodologias os suficiente, elas podem aproveitar quase todo
prejudicam por serem geralmente pouco o processo e realizar sua missão. Se elas não
flexíveis, e em muitos casos, burocráticos. são boas o suficiente, nenhum processo irá
Para suprir essas dificuldades, uma nova reparar sua inadequação. Sendo assim, o
abordagem tem sido largamente utilizada. desenvolvimento ágil foca nos talentos e
Trata-se das metodologias ágeis de habilidades dos indivíduos, e molda o
gerenciamento de projetos, a qual se adapta processo para especificar pessoas e equipes,
facilmente as constantes mudanças do dia-a- não o contrário.
dia dos projetos que demandam soluções
Pode-se concluir que a metodologia ágil é
mais rápidas para a sua continuidade.
sobre como criar e responder à mudança. O
(PROCTER et al., 2011; STARE, 2014;
que há de novo sobre métodos ágeis não são
FERNANDEZ e FERNANDEZ, 2008; HOPE e
as práticas que eles usam, mas o seu
AMDAHL, 2011; CUI e OLSON, 2009;
reconhecimento das pessoas como os
MCHUGH et al, 2011)
principais impulsionadores do sucesso do
De acordo com Highsmith e Cockburn (2001) projeto, juntamente com um intenso foco na
a estratégia dos métodos ágeis é reduzir o eficácia e capacidade de mudanças. Isso
custo de mudança ao longo de um projeto. gera uma nova combinação de valores e
Algumas características dessa metodologia princípios que definem uma "ágil" visão de
são: mundo. (COKBURN e HIGHSMITH, 2001).
 Produzir a primeira entrega em
semanas, para conseguir uma ganho
5.2 GESTÃO DE PORTFÓLIO DE PROJETOS
antecipado e obter um feedback rápido;
 Inventar soluções simples, para que A gestão de Portfólio é uma forma de as
haja menos mudanças e fazer com que empresas analisarem e gerenciarem
essas mudanças sejam mais fáceis; coletivamente e de forma coordenada um
 Melhorar a qualidade do projeto grupo de projetos atuais ou propostos para
continuamente, fazendo com que os obter benefícios que não seriam possíveis se

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


eles fossem gerenciados individualmente. 6. CONCLUSÃO
(LABROSSE, 2010)
É inquestionável a importância da gestão de
Segundo Young e Conboy (2013), a gestão de projetos para o mundo empresarial
portfólio é um processo de tomada de contemporâneo. Nos dias de hoje é raro
decisão que orienta os projetos certos desde empresas que não tenham diretorias, setores,
a ideia até a sua implementação bem áreas, ou iniciativas conduzidas através de
sucedida. Essas decisões são feitas em projetos. Estudar o desenvolvimento da teoria
projetos presentes e também potenciais, e permitiu um melhor conhecimento e aplicação
inclui seleção, priorização, finalização, bem de ferramentas como, por exemplo, o gráfico
como a realocação dos recursos em todo o de Gantt e a técnica PERT/CPM.
portfólio de projetos.
Percebe-se que a gestão de portfolio constitui
O foco da gestão de portfólio está na criação um importante aliado para que a empresa
e na contínua revisão e atualização da maximize seus investimentos, coordenando
seleção de projetos e programas sob gestão um grupo de projetos que trarão benefícios
da organização. O objetivo principal é garantir devido à sinergia e aproveitamento dos
que a empresa continue a obter o melhor recursos compartilhados. Da mesma forma,
valor de seus investimentos nos projetos. os métodos ágeis que inicialmente foram
aplicados para TI, tem seu uso ampliado para
É importante considerar que um fator chave
outros tipos de projetos, como em
na gestão de portfólio é o gerente. De acordo
empreendimentos de engenharia mecânica e
com Beringer et al. (2013) os gerentes de
civil. Estes métodos auxiliam os gestores de
projeto são a parte interessada mais evidente
projeto a tratarem as mudanças como rotinas,
e são, sem dúvida, vistos como cruciais para
levando ao desenvolvimento de respostas
portfólios de projetos. Eles são responsáveis
efetivas, em tempo reduzido e com menor
pelo sucesso individual do projeto. Além
custo.
disso, eles representam sua equipe e clientes
internos ou externos de projetos em um Além das tendências citadas neste artigo,
portfólio. acredita-se que a ênfase na gestão de riscos
e a teoria dos projetos complexos se
Portanto, a gestão de portfólios garante
apresentam como abordagens alterativas às
muitos benefícios às empresas, pois
visões tradicionais, tendo muito a contribuir no
potencializa, através da priorização de
desenvolvimento futuro da gestão de projetos.
projetos e alocação de recursos, àqueles que
Estes temas se apresentam, inclusive, como
irão contribuir de forma significativa para o
oportunidades em trabalhos e estudos futuros
alcance do seu planejamento e metas.
sobre o tema.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Capítulo 4
*INOVAÇÕES EM PRODUTOS: UM ESTUDO NO APL
COLHEITA DO NOROESTE GAÚCHO

Nelinho Davi Graef


Pedro Luis Buttenbender
Ariosto Sparemberger
Luciano Zamberlan
Cleber Eduardo Graef.

Resumo: Este estudo aborda as inovações em produtos da indústria


metalmecânica com foco em empresas do Arranjo Produtivo Local (APL) Colheita,
integrante da cadeia do agronegócio na Região Fronteira Noroeste do Rio Grande
do Sul. Os arranjos produtivos locais assumem papel destaque para economia das
regiões onde se inserem, pois se caracterizam como um espaço para o aumento da
competitividade através da inovação e cooperação dos seus participantes. A
exploração do estudo é de natureza qualitativa, associada a uma abordagem
histórico-contextual e interpretativa. As fontes de dados foram pesquisa
bibliográfica; visitas técnicas às entidades do APL Colheita, onde se entrevistou
gestores de empresas do APL Colheita; outras fontes foram participação em
seminários, palestras e workshops do APL Colheita, observação direta e consulta a
documentos. Os resultados da pesquisa apontam que ocorrem inovações em
produtos de forma incremental, nas empresas fabricantes de máquinas agrícolas;
inovações radicais e incrementais nas sistemistas, porém estas inovações radicais
referem-se a produtos peças e equipamentos fornecidos sob encomenda para as
fabricantes de colheitadeiras. Deve-se considerar que apenas algumas destas
empresas possuem produtos próprios, nos quais as inovações são apenas
incrementais. Evidenciou-se ainda limitações em pesquisa e desenvolvimento de
produtos em empresas integrantes do APL Colheita. Isto evidencia a necessidade
de estratégias e ações que aportem para o processo de inovação em produtos nas
empresas do APL Colheita.

Palavras-chave: Arranjo produtivo local, Inovação em produtos, Inovação


incremental.

*Este artigo foi publicado no XXXI Encontro Nacional de Engenharia de Producao em 2011

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


1. INTRODUÇÃO investimentos.
Os avanços tecnológicos, novas arquiteturas Para as empresas se manterem competitivas
organizacionais, juntamente com as demais e lucrativas é preciso desenvolver novas
transformações da sociedade exigem novas ideias e conceitos para fazer frente à
posturas e competências estratégicas das concorrência. E é a partir da inovação que as
organizações e seus dirigentes, para a organizações podem criar valor e diferenciais
superação dos desafios e consequentemente dos seus produtos e serviços no mercado
a perenidade e desenvolvimento das (SARKAR, 2008). A indústria metalmecânica,
organizações. Aliado a isto, as indústrias do integrante do APL Colheita está inserida neste
setor metalmecânico da Região Fronteira cenário. As constantes exigências impostas
Noroeste do RS estão inseridas em um ao setor, além da dependência do setor
ambiente de instabilidade, onde em agrícola, taxa de câmbio, políticas
determinados períodos a produção chega ao governamentais, condições climáticas, etc.,
limite da capacidade produtiva e em outros, impactam fortemente o faturamento dessas
apresenta quedas consideráveis. Essa organizações. Isto justifica a importância da
sazonalidade traz duras consequências para cooperação para inovação dos produtos para
as empresas e também à sociedade. a busca de novos mercados.
Diante do contexto em que as empresas estão Segundo Bell e Pavit (1995) define-se
inseridas, e que apresenta uma economia competência tecnológica como sendo os
globalizada e extremamente competitiva, é recursos necessários para gerar e administrar
necessário estar constantemente buscando melhorias nos processos e produtos. Bell
inovações, não somente em produtos, (1984) afirma que aprendizagem se refere aos
serviços e processo, mas também em novas vários processos pelos quais os indivíduos, e
formas de organizações intra e por meio destes, as organizações adquirem
interorganizacional (AMATO NETO, 2000). habilidades e conhecimento tecnológico
Assim, aparecem os arranjos produtivos adicional. Destarte, o tema das inovações na
locais (APL) que estabelecem novas relações indústria metalmecânica integrante do APL
entre as empresas na busca da vantagem Colheita assume grande relevância, pois,
competitiva para os cenários competitivos em considerando o ambiente competitivo que
que se encontram. Dessa forma, os governos estão inseridas estas empresas, faz-se
e agências de desenvolvimento têm mostrado necessário assumir uma postura inovativa
um interesse cada vez maior na estruturação para enfrentar os desafios que se impõe,
das pequenas e médias empresas em APLs, dentre esses, a criação de novos produtos e
considerando como uma opção viável para a novos negócios.
capacidade de inovação e competitividade
Este artigo objetiva identificar inovações em
destas empresas (FREITAS, 2006). Além
produtos da indústria metalmecânica com
disso, por serem espaços que ampliam a
foco em empresas do Arranjo Produtivo Local
capacidade das empresas em gerar
(APL) Colheita, integrante da cadeia do
inovações, visando a perenidade dos seus
agronegócio na Região Fronteira Noroeste do
negócios.
Rio Grande do Sul. Para atingir o objetivo
O projeto de produto também ocupa utilizou-se a pesquisa qualitativa, associando-
importante destaque nas organizações. Além se a uma abordagem histórico-contextual e
de novas formas de organizações intra e interpretativa. A coleta de dados foi realizada
interorganizacional, é preciso alternativas na por meio de entrevistas em profundidade com
busca de vantagem competitiva frente à dirigentes, gerentes e gestores institucionais
concorrência e fatores que reduzem a organizações do APL colheita e por
participação das empresas no mercado. A observação direta
inovação em produtos se apresenta como
alternativa interessante, pois hoje, o
consumidor está exigindo cada vez mais 2. ARRANJO PRODUTIVO LOCAL E
produtos inovadores, atraentes, INOVAÇÃO
constantemente renovados e acessíveis e, só
No entendimento de Noronha e Turchi (2005),
as empresas que atingirem este objetivo
os arranjos produtivos locais (APL), podem
conseguem se destacar no mercado global.
ser considerados a tradução do termo inglês
Porém, muitas vezes, o trabalho de inovação
“cluster”. Porter (1999 p. 211) caracteriza
nas organizações não vem tendo a devida
cluster como “um agrupamento
valorização, pois envolvem grandes riscos e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


geograficamente concentrado de empresas pesquisa, instituições de ensino e entidades
inter-relacionadas e instituições correlatas públicas ou privadas. Isto resulta na geração
numa determinada área, vinculadas por de maior competência às empresas, maior
elementos comuns e complementares. O competitividade e inserção em mercados,
escopo geográfico varia de uma única cidade inclusive externos (STAINSACK, 2005). Os
ou estado para todo um país ou mesmo uma APLs apresentam como característica
rede de países vizinhos”. Ainda para o autor, importante proporcionar a cooperação, seja
o cluster representa uma maneira alternativa ela de produção com intuito de aumentar a
de organizar uma cadeia produtiva, produtividade, para melhoria dos índices de
contribuindo para a competitividade por meio qualidade e produtividade; e a cooperação
de três formas: i) elevação da produtividade inovativa, buscando reduzir custos, riscos e
das firmas; ii) pela direção e compasso da tempo, bem como otimizar o aprendizado
inovação; iii) estimulando a formação de interativo que consequentemente aumentaria
novos negócios. Os APLs constituem um caso o potencial inovativo dentro do APL (SEBRAE,
especial de firmas conectadas em rede que 2003). Para Freitas (2006) um APL é formado
possuem uma localização geográfica por três categorias de participantes: o núcleo
próxima. central, que compreende as empresas
especializadas; a segunda categoria é
Os arranjos produtivos locais se apresentam
formada pelas empresas que fornecem
como um tipo particular de cluster, pois são
componentes e serviços específicos para o
formados por empresas de pequeno e médio
núcleo, e a terceira categoria, chamada de
porte, agrupadas em torno de uma atividade
entidade de apoio, compreende as
econômica especifica (negócio ou profissão)
organizações que dão suporte de educação,
onde ocorrem relações formais e informais
treinamento, infra-estrutura de comunicação e
entre os atores envolvidos. Estas empresas
transporte, bancos, seguradoras, assessoria
mantêm vínculos de articulação, interação,
jurídica, instituições de pesquisa, agentes de
cooperação e aprendizagem entre si e com
fomento, entre outros.
outros locais: governo, associações
empresariais, instituições de crédito, ensino e A capacidade de gerar inovações tem sido
pesquisa (SEBRAE, 2003). No entendimento compreendida como fator chave do sucesso
de Cassiolato e Lastres (2003) arranjo de empresas e nações, sendo que esta é
produtivo local compreende aglomerações obtida por meio de interação entre os diversos
territoriais de agentes econômicos, políticos e atores, produtores e usuários de bens,
sociais com foco em um conjunto específico serviços e tecnologias, sendo facilitada pela
de atividades econômicas. Estes apresentam especialização em ambientes
vínculos, mesmo que incipientes. Na maior socioeconômicos comuns. As interações
parte das vezes abrangem a participação e a tecnológicas em torno de diferentes modos de
interação de empresas que podem ser desde aprendizado culturalmente delimitados criam
produtoras de bens e serviços finais até diferentes complexos ou clusters de
fornecedoras de insumos e equipamentos, capacitações tecnológicas que, no seu
prestadoras de consultoria e serviços, conjunto, definem as diferenças específicas
comercializadoras, clientes, entre outros e entre países e regiões (CASSIOLATO;
suas variadas formas de representação e SZAPIRO, 2003). Assim, a capacidade de
associação. Contempla, também, diversas alcançar patamares mais elevados de
outras instituições públicas e privadas competitividade pelas empresas é fortalecida
voltadas para a formação e capacitação de pelo arranjo produtivo local. Esta
recursos humanos (escolas técnicas e competitividade é resultante da capacidade
universidades); pesquisa, desenvolvimento e do APL em gerar inovações em contraposição
engenharia; política, promoção e a uma capacidade espúria, caracterizada por
financiamento. baixos salários, condições de trabalhos
precárias e exploração nociva de recursos
Os arranjos produtivos locais são
naturais (CASSIOLATO; LASTRES, 2002). As
extremamente importantes para o
vantagens competitivas conquistadas mais
desenvolvimento da região em que estão
frequentemente pelos arranjos produtivos
inseridos. Os APLs contribuem para o
locais são originadas da maior eficiência
desenvolvimento econômico, social e
operacional, flexibilidade produtiva e em
tecnológico de uma região, trazendo aportes
efeitos dinâmicos, benefícios tecnológicos e
às empresas e engajando ao seu redor
na redução de custos de transação. Algumas
comunidades locais, centros de tecnologia e
vantagens: redução de custos decorrentes de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


ganhos de escalas externas ou de pesquisa e instituições financeiras (ABICHT et
rendimentos crescentes derivados de custos al., 2008, SBICCA; PELAEZ, 2006). As
subaditivos; melhor enfrentamento e manejo inovações nas organizações são
das incertezas inerentes à concorrência e ao caracterizadas pelas mudanças planejadas
avanço de novas tecnologias; impactos nas suas atividades com o objetivo de
dinâmicos decorrentes do fluxo de circulação melhorar seu desempenho. Estas mudanças
de informações; e aprendizado obtido pela são percebidas em aumento da demanda e
interatividade (CUNHA, 2002). consequentemente a criação de novos
produtos, redução de custos, mudanças nos
Desta forma, pode-se perceber que os
métodos organizacionais visando elevar a
arranjos produtivos locais trazem como
eficiência e qualidade dos processos, novas
principal característica e beneficio a
práticas organizacionais, novos métodos de
capacidade de inovação das empresas,
vendas, entre outras (OSLO, 2005). As
gerando assim, vantagem competitiva para
inovações acontecem a partir da acumulação
enfrentar o competitivo mercado em que
de novas competências tecnológicas para a
estão inseridas. Deve-se considerar ainda que
implementação de inovações nas funções de
apenas a constituição do APL pelas empresas
processos, organização da produção,
não agregará nenhuma vantagem. Para que o
equipamentos e nos negócios
sucesso das organizações do arranjo
(BÜTTENBENDER, 2005). Dessa forma, a
aconteça, é fundamental que a cooperação,
organização inovadora se caracteriza por ter
aprendizagem e articulação estejam
na sua essência um processo continuo e
presentes na busca de ações inovativas
permanente de inovações, nas mais diversas
visando o desenvolvimento das organizações.
formas como produtos, processos, gestão,
A inovação é primordial para o crescimento negócios, etc. (BARBIERI et al., 2009).
de produto e da produtividade das nações,
Dessa forma, a inovação é vista como um
sendo que possibilita uma maior competição
fenômeno de ordem socioeconômica. Por
internacional, além de possibilitar novas
inovação entende-se, então, a possibilidade
formas de organização para lidar com
de gerar resultados positivos advindos de
cadeias de fornecimento global (OSLO, 2005).
novos conhecimentos e, por isso, portadores
Dessa forma os governos e agência de
de mais valor para a sociedade. Valores estes
desenvolvimento têm mostrado um interesse
que, por estarem inseridos em um contexto de
cada vez maior na estruturação das pequenas
legitimação social baseada nas relações de
e médias empresas em APL, considerando
troca, são essencialmente influenciados por
como uma opção viável para a capacidade
valores econômicos. E, neste contexto, a
de inovação e competitividade destas
firma, agente econômico produtor de valores,
empresas (FREITAS, 2006).
adquire um papel inquestionável (ZAWISLAK,
Inovação é a “implementação de um produto 2008).
(bem ou serviço) novo ou significativamente
Enquanto a vantagem competitiva pode advir
melhorado, ou um processo, ou um novo
de diversos fatores como de tamanho ou
método de marketing, ou um novo método
patrimônio, entre outros, percebe-se que o
organizacional nas práticas de negócios, na
cenário esta mudando gradativamente em
organização do local de trabalho ou nas
favor das organizações que conseguem
relações externas” (OSLO, 2005, p. 49.). Para
mobilizar conhecimento e avanços
Simantob e Lippi (2003, p. 2), “inovar é ter
tecnológicos no sentido de criar novas ofertas
uma ideia que seus concorrentes ainda não
de produtos e serviços e também novas
tiveram e implantá-la com sucesso. A
formas de oferta-los (TIDD et al., 2008).
inovação faz parte da estratégia das
Evidencia, portanto, a necessidade e
empresas: seu foco é o desempenho
importância da inovação na manutenção e
econômico e a criação de valor”.
busca de novos mercados por meio da
A inovação ainda pode ser definida como um renovação ou expansão do portfólio, aliado a
processo no qual as organizações apreendem qualificadas estratégias de marketing. A
e introduzem novas práticas, produtos, inovação precisa adquirir caráter de processo
desenhos e processos. Para tal, ela deve ser continuado, pois as vantagens geradas pelos
fruto de um processo de caráter interativo. processos inovativos anteriores perdem seu
Proporciona uma relação entre diversos poder competitivo à medida que os outros
atores, tais como empresas, agências imitam. Para manter as vantagens é preciso
governamentais, universidades, institutos de uma capacidade de progredir para inovações

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


cada vez maiores (TIDD et al., 2008). Para vi) novos métodos de merchandising para
Tidd et al. (2008) e OSLO (2005) a inovação vender o produto (SARKAR, 2008).
se classifica em quatro tipos que são: a)
Clark e Wheelwright (1992) apontam quatro
inovação em produto – mudanças nos bens
objetivos principais para a gestão estratégica
e/ou serviços que a empresa oferece; b)
de inovação em produtos, são eles:
inovação em processo – mudanças na forma
em que produtos/serviços são criados e
entregues; c) inovação de posição ou
 A criação, definição e seleção
marketing – mudanças no contexto em que
de uma série de projetos que deverão
produtos/serviços são introduzidos, novos
proporcionar produtos e processos
métodos de marketing; e d) inovação de
superiores;
paradigma – mudanças nos modelos mentais
 A integração e coordenação
subjacentes que orientam o que a empresa
das tarefas funcionais, técnicas e as
faz. Em relação à inovação como produto,
unidades organizacionais envolvidas nas
discute-se o impacto social e econômico do
atividades de desenvolvimento em um
desenvolvimento de tecnologias, produtos e
determinado espaço de tempo;
serviços reconhecidos pelo ambiente. Já a
 O gerenciamento do esforço
inovação como processo, além de gerar
de desenvolvimento para a consecução
impacto, é entendida como fenômeno
dos objetivos de negócios de uma maneira
complexo e sistêmico que afeta e é afetado
eficiente e eficaz quanto for possível;
por diversas variáveis (individuais,
 Criação e melhoramento das
organizacionais, industriais) e tem por
capacidades necessárias para que o
finalidade tornar uma ideia em algo concreto e
desenvolvimento de produtos seja uma
viável, seja como um produto ou serviço
vantagem competitiva de longo prazo.
(DAMANPOUR, 1991). A inovação em produto
se expressa na melhoria do desempenho do
produto ou alargamento das possibilidades As inovações podem ocorrer de forma
de aplicação de um produto ou serviço incremental ou de forma radical. As
(SARKAR, 2008). mudanças incrementais são caracterizadas
pela introdução de qualquer tipo de melhoria
Para compreender melhor o conceito de
em produto, processo ou organização da
inovação em produtos é necessário resgatar
produção dentro de uma organização, sem
alguns conceitos sobre a definição de
alteração na estrutura industrial. As inovações
produto. Para Kotler (1998, p. 28) “produto é
incrementais muitas vezes não são
algo que pode ser oferecido a um mercado
percebidas pelo consumidor, mas geram um
para satisfazer um desejo ou uma
crescimento da eficiência técnica, aumenta
necessidade”. Silocchi (2002) define produto
da produtividade, redução de custos,
como uma ideia, uma mercadoria, um serviço
aumento da qualidade e mudanças que visam
ou qualquer combinação entre os três com o
a ampliação de um produto ou processo
propósito de troca e o objetivo de satisfação
(ABICHT et al., 2008). As inovações
dos indivíduos ou organizações. O conceito
incrementais também podem ser
de produto “assume que os consumidores
consideradas quaisquer tipos de melhorias,
favorecerão os produtos que oferecem mais
por menores que elas sejam contemplando as
qualidade, desempenho ou características
melhorias continuas, elementos básicos de
inovadoras” (KOTLER, 1998, p. 35). Mata
todos os sistemas de gestão da qualidade.
(2008) afirma que a inovação em produto é o
São mudanças realizadas de modo
processo no qual as informações de mercado
sistemático e constante (BARBIERI et al.,
são transformadas em informações e bens
2009). Assim, existe uma relação entre o
necessários para a produção de um novo
movimento da qualidade e o estudo da
produto com fins comerciais.
inovação, sendo que os textos sobre inovação
A inovação de um produto deve satisfazer não precisam excluir as melhorias continuas,
pelo menos um dos elementos a seguir: i) apenas adaptá-las e incorporá-las (BARBIERI
posicionamento de um produto para novos et al., 2009). Dessa forma, a melhoria continua
usuários, ii) fornecimento de um beneficio ao e os processos de gestão da qualidade são
fornecedor, iii) oferta de valor adicional por considerados inovações. As mudanças
meio de uma nova formulação, iv) introdução radicais são representadas por uma ruptura
de uma nova tecnologia no produto, v) estrutural com o padrão tecnológico anterior,
abertura de um novo mercado para o produto, e a partir daí se originam novas indústrias,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


setores e mercados. Essas mudanças em profundidade com dirigentes, gerentes e
também implicam em aumento de qualidade e gestores institucionais e por observação
redução de custos em produtos já existentes direta. Foram consultadas bibliografias e
(ABICHT et al., 2008). Para uma organização documentos, como por exemplo, registros,
obter um resultado mais significativo na relatórios, publicações, atas de reuniões,
geração de inovações radicais, é importante memorandos, comunicações e outros
que sua estrutura seja mais flexibilizada e registros internos, aliado a isto, a participação
liberal, a fim de proporcionar maior autonomia em reuniões e workshops envolvendo o APL
aos trabalhadores na sua tomada de decisões Colheita.
e definição das responsabilidades (OSLO,
2005).
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
As empresas possuem grande dependência
de inovações para permanecer competitivas e 4.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO DO APL
enfrentarem o mercado que estão inseridas, COLHEITA
assim, ela deve ser constante. E para isso
A Região Fronteira Noroeste do Estado do Rio
deve-se considerar a capacidade
Grande do Sul é sede de importantes firmas
empreendedora dos funcionários, que
do setor metalmecânico que movimentam a
segundo diversos autores é o recurso mais
economia local. Atualmente a região se
importante para o processo de inovação nas
constitui num dos maiores pólos
organizações (BARBIERI et al., 2009).
metalmecânico do Brasil, sendo que de
acordo com a Agência de Desenvolvimento
(2009), cerca de 65% das colheitadeiras
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
nacionais são fabricadas pelas duas
Para atender o objetivo proposto foi utilizado o empresas situadas na região. O
método de estudo de caso (YIN, 2005). O fortalecimento da indústria metalmecânica na
estudo foi contemplado com o levantamento região é resultado da estratégia de visão
histórico de dados necessários ao longo do sistêmica de produção por meio de
período alvo do estudo, que se estendeu de terceirizações. A partir daí surgiram várias
março a novembro de 2009. O método empresas sistemistas atuando na fabricação
concentrou o foco no estudo e de peças e componentes. Grande parte
contextualização do arranjo produtivo local destas empresas tem como fundador
APL Colheita, situado na Região Fronteira trabalhadores egressos das empresas líderes
Noroeste do RS, detalhando as inovações em desta indústria.
produtos ocorridas em empresas do APL
As empresas do setor metalmecânico da
Colheita.
Região Fronteira Noroestes de RS, em sua
Para investigação do contexto organizacional maioria, se caracterizam por organizações
e inovativo do arranjo produtivo local APL inseridas no contexto histórico evolutivo da
Colheita e das organizações parceiras, região, que reporta as últimas cinco décadas.
utilizou-se a pesquisa qualitativa, associando- A década de 1960 é marcada por mudanças
se a uma abordagem histórico-contextual e importantes para Santa Rosa e municípios da
interpretativa. A investigação caracteriza-se região. Neste período são evidenciados
como pesquisa exploratória e descritiva, na momentos de crise e redefinições, que
medida em que tentou preencher uma lacuna modificaram o cenário geográfico e
no campo do estudo das organizações, pelo econômico da região Fronteira Noroeste do
fato dos limitados estudos sobre o tema, em Estado do Rio Grande do Sul. Durante este
especial, sobre este arranjo produtivo. A período, o cultivo da soja se fortaleceu como
pesquisa também compreendeu a pesquisa alternativa viável que impulsionou o
bibliográfica e documental. O tratamento das desenvolvimento econômico da região. O
informações e dados foi qualitativo, de acordo cultivo do grão se estendeu por diversas
com a sua natureza. As fontes para a coleta regiões do Brasil e de países do Mercosul,
dos dados e informações foram tornando Santa Rosa conhecida como berço
documentações do arranjo produtivo local nacional da soja (BÜTTENBENDER, 2001).
APL Colheita, de outros arranjos produtivos,
Em busca de um melhor desempenho frente
das organizações parcerias e de outras
ao cenário de incertezas e competitividade,
estruturas de pesquisa e desenvolvimento
um conjunto de empresas do setor
(P&D), ciência e tecnologia. A coleta de
metalmecânico da região associou-se em um
dados foi realizada por meio de entrevistas

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projeto inovador e perspicaz, o arranjo mercados. Compreende também a redução
produtivo local APL Colheita de custo e o aumento da qualidade em
(BÜTTENBENDER et al. 2008). Denominado relação aos produtos já existentes.
Arranjo Produtivo Local Implementos
A inovação incremental refere-se à introdução
Agrícolas Colheita Santa Rosa e Horizontina,
de qualquer tipo de melhoria no produto e
compreende um conjunto de empresas do
pode ser imperceptível aos olhos do
setor metalmecânico, sendo grande parte
consumidor. Gera crescimento da eficiência
destas, especialistas na produção de
técnica, aumento da produtividade, redução
máquinas e equipamentos agrícolas situadas
de custos, aumento da qualidade e mudanças
em um mesmo espaço físico, neste caso, a
que permitem a ampliação da aplicação de
região Fronteira Noroeste do Estado do RS.
um produto (LEMOS, 2009). O resultado de
O APL Colheita é composto por empresas de inovação do tipo radical está associado ao
diversos tamanhos, mas são lançamento de um produto novo para o
predominantemente pequenas e médias. O mercado. Já o resultado da inovação
núcleo produtivo central do APL Colheita é incremental está no lançamento de um
constituído em grande parte por empresas produto melhorado ao mercado, porém já
fabricantes de peças e componentes e existente. Esta classificação serve de base
organizações produtoras de equipamentos para a análise e interpretação dos dados
agrícolas de uso final. Pode-se dividir as coletados em cada tipo de empresa.
empresas em dois grupos. O primeiro grupo,
De acordo com as informações obtidas
formado por empresas sistemistas de
durante a pesquisa, evidenciou-se que as
subcontratação social e industrial, que
inovações em produtos nas empresas
produzem peças e componentes para os
montadoras de colheitadeiras ocorrem de
fabricantes de equipamentos agrícolas de uso
forma incremental. As máquinas e
final. Estas indústrias podem ser
equipamentos produzidos sofrem
consideradas prestadoras de serviços, pois
modificações e melhoramentos contínuos em
em sua maioria não possuem uma linha de
seus lançamentos. Produtos são lançados
produtos próprios e produzem produtos sob
apresentando tecnologias mais avançadas
encomenda das empresas compradoras,
em alguma parte do produto.
sendo as fabricantes de colheitadeiras, os
principais clientes. As empresas produtoras de colheitadeiras
iniciaram a sua produção há algumas
O segundo grupo é formado pelas empresas
décadas como referenciado anteriormente. Ao
de produção final de equipamentos agrícolas.
longo dos anos, estas empresas têm lançado
São as empresas cuja principal atividade é a
diversos modelos colheitadeiras agrícolas ao
produção de máquinas agrícolas. Cabe
mercado, ou seja, a empresa desenvolveu
destacar que algumas destas empresas
produtos novos, e que contemplam as
possuem uma produção mista, parte
características defendidas em Abicht et al.,
destinada a produtos finais e outra parte para
(2008), como: especificações técnicas
o fornecimento de peças e equipamentos
melhoradas, novos componentes, materiais e
para as empresas fabricantes de
algumas vezes softwares foram incorporados,
colheitadeiras. A linha de produtos próprios é
maior facilidade de uso, outras características
uma alternativa para a empresa não ser
de uso, novos benefícios, dentre outros,
totalmente dependente das montadoras de
caracterizando assim um conjunto de
colheitadeiras agrícolas. Este artigo foca sua
inovações incrementais no produto, por meio
análise no primeiro grupo de empresas.
de ajustes, melhoramentos e modificações de
ordem menor.
4.2 INOVAÇÕES EM PRODUTOS NO APL Esta pesquisa não identificou, nestas duas
COLHEITA empresas líderes, o lançamento de um
produto completamente novo ao mercado e
No entendimento de Lemos (2009), de forma
nova aplicabilidade. Entretanto,
genérica existem dois tipos de inovação, são
constantemente estão sendo lançados novos
elas: incremental e radical. A inovação radical
modelos de colheitadeiras agrícolas que
esta associada à criação e introdução de um
contemplam inovações incrementais com
novo produto ao mercado. Esse tipo de
novas tecnologias, benefícios, novos
inovação representa uma ruptura estrutural
componentes, etc. O foco destas empresas é
com o padrão tecnológico anterior,
produzir somente colheitadeiras. A pesquisa
originando, no caso dos produtos, novos

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ainda identificou que as principais inovações reposicionamento com a complementariedade
em produtos ocorridas nos últimos períodos e do portfólio. Porém, este processo demanda
que ainda estão ocorrendo se concentram na certo tempo e envolve um conjunto de fatores.
parte eletrônica das máquinas colheitadeiras.
Nas empresas fabricantes de colheitadeiras
Nas empresas sistemistas, produtoras e agrícolas, as inovações em produtos são
fornecedoras de peças e equipamentos para desenvolvidas em seus centros de Pesquisa e
as empresas fabricantes de colheitadeiras, os Desenvolvimentos situados em suas matrizes.
produtos fabricados sofrem mudanças e, Estes centros de P&D são responsáveis pelo
além disso, existem produtos novos que são desenvolvimento dos produtos fabricados nas
produzidos. Portanto, pode-se afirmar que unidades do Brasil. Quando o projeto está
existe inovação incremental e radical nestas pronto, é encaminhado para equipe de P&D
empresas. Sendo que vários projetos são das unidades brasileiras. As equipes de P&D
ajustados e melhorados ao longo do tempo, das unidades fabris brasileiras são
bem como, novos produtos são demandados responsáveis por fazer o processo de
e fabricados por estas empresas. Contudo, “tropicalização”, ou seja, fazer as adaptações
estas inovações são desenvolvidas e e ajustes necessários (terreno, temperatura,
repassadas pelas próprias empresas combustível, colheita noturna, etc.) às
compradoras. As empresas sistemistas condições que se apresentam nessa região e
apenas executam o projeto que lhes é pedido. onde os produtos serão comercializados.
Em algumas oportunidades sugerem alguns Estas alterações não devem modificar as
ajustes. Desta forma, em grande parte das especificações originais do novo produto.
empresas sistemistas não existe nenhuma Identificou-se que o processo de
inovação em produto desenvolvida tropicalização apresentação certa
internamente. A produção de novos produtos complexidade, dado que a plataforma base
(peças e ferramentas) está subordinada à dos novos produtos não levam em
pedidos feitos pelas empresas líderes. Por consideração as características da região, por
estas características, estas empresas, não se isso precisam uma série de ajustes, que
classificam como unidades fabris de exigem certo tempo para serem postos em
produção, são consideradas empresas prática.
prestadoras de serviços. Pois não possuem
Apesar de suas unidades de P&D locais
produto próprio, centro de P&D e os clientes
serem representativos, as funções mais
se restringem praticamente às fabricantes de
complexas concentram-se nos países de
colheitadeiras. Existem algumas exceções,
origem. Estas empresas ocupam-se das
em que algumas dessas empresas atendem a
reservas de conhecimento, da experiência e
outros setores, e algumas que possuem
do suporte técnico de suas matrizes, o que
alguns produtos próprios, mas pouco
faz com que seu processo de aprendizagem
representativos no faturamento.
tenha início a partir de um estágio superior, ou
As empresas sistemistas não dispõem de seja, a partir do estágio de cooperação em
centros de Pesquisa e Desenvolvimento, nem termos mundiais (TATSCH, 2008). Para
de profissionais exclusivos para o Oliveira Junior et al. (2009) as unidades de
desenvolvimento e criação de novos desenvolvimento de produto mais integradas
produtos. Justificam os empresários destas nas atividades de P&D globais das
empresas, que até o momento não haviam multinacionais, não possuem cooperação com
despertado o interesse para novos produtos. clientes, fornecedores ou institutos de
Seu foco esta direcionado quase que pesquisa no Brasil para a geração de
exclusivamente para o fornecimento de peças inovação tecnológica. Fica evidenciado que
e ferramentas às empresas montadoras de ocorre com essas empresas o processo de
colheitadeiras. Com a forte crise mundial no offshoring da produção, no qual
final do ano de 2008, as empresas se multinacionais adquiriram as plantas fabris
mostraram dispostas a produzirem novos das empresas existentes na Região para a
produtos e buscar novos mercados. O execução dos projetos desenvolvidos em
trabalho de sensibilização realizado suas matrizes, com um custo menor, e
principalmente pelo SEBRAE, que apontou também para aproveitar a expertise existente
várias oportunidades de crescimento e nessa região. Outrossim, os centros de P&D
lucratividade a partir da procura de novos da região, que antes tinham como finalidade o
mercados e principalmente com a criação em de desenvolvimento de produtos, atualmente
produtos próprios, fortaleceu a ideia de um são responsáveis pelo processo de

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tropicalização. O conhecimento acumulado Rio Grande do Sul, apesar da grande
nestes centros foi absorvido pelos demais produção, o conhecimento e as inovações
centros de P&D das multinacionais. não são produzidas nesta região. Existem
poucas estruturas voltadas a pesquisa e
As multinacionais consideram que os
desenvolvimento de novos produtos, o que
processos de concepção do produto e etapas
compromete seriamente a capacidade de
de pesquisa e desenvolvimento, são
expansão da produção na indústria
relativamente difíceis de fazer em outro país,
metalmecânica de máquinas agrícolas.
que não seja da matriz (NETO, 2009).
Entretanto, esta afirmação não representa a Sendo assim, a pesquisa comprova que a
situação das multinacionais da Região capacidade inovativa da cadeia produtiva de
Fronteira Noroeste. Pois estas empresas máquinas colheitadeiras é dependente da
contavam com P&Ds e desenvolviam as capacidade de criação de inovações dos
colheitadeiras por elas fabricadas. Este centros de P&D das multinacionais que
paradigma esta mudando, de acordo com controlam as unidades fabris existentes na
Oliveira Junior et al. (2009), as multinacionais Região Fronteira Noroeste e as empresas
estão começando o processo de offshoring fornecedoras de peças e ferramentas são
também com seus P&Ds em resposta a aplicadoras das inovações em produtos
crescente competição. Deslocam-se advindas das empresas compradoras.
segmentos de P&D para acessar outros pólos
Existe um movimento do APL Colheita para a
de talentos ou pesquisa, além da redução de
diversificação dos mercados a partir da
custos e aumento da velocidade do
inovação e fabricação de novos produtos.
desenvolvimento tecnológico. Para isto as
Esse objetivo está comprometido, pois não se
capacidades educacionais da região
identificou uma estrutura de Pesquisa e
precisam ser desenvolvidas.
Desenvolvimento para sustentar este
O processo de offshoring oferece a processo às empresas sistemistas. A
oportunidade de redução de custos alternativa para diversificação que resta, no
(OLIVEIRA JUNIOR et al., 2009), em que a curto prazo, é a busca por mercados
empresa passa a produzir em outros países similares. O reposicionamento pretendido,
por motivos como tributação, mão de obra mercados novos com produtos novos, carece
mais barata, legislação e outros processos de investimentos em Pesquisa e
que antes eram produzidos no próprio país e Desenvolvimento e o fortalecimento do
tem por objetivo tornar a empresa mais sistema de Ciência e Tecnologia da Região.
competitiva. Situação esta, que pode ser Esta estratégia carece de anos para se
visualizada na indústria metalmecânica consolidar e gerar resultados.
produtora de colheitadeiras. Para a região, o
Percebe-se que há uma preocupação
offshoring apenas da produção traz algumas
crescente dos fornecedores de peças em
externalidades negativas, pois ela passa a
diminuir essa dependência em relação às
depender totalmente de projetos externos.
empresas montadoras, sendo que algumas
Assim, seu desenvolvimento está atrelado ao
empresas conseguiram adentrar no segmento
conhecimento, investimentos e inovação de
de caminhões. A criação do APL Colheita
organizações de outras regiões e países e o
também evidência esta preocupação.
desenvolvimento das regiões está associado
Entretanto, até o momento, o APL Colheita não
à sua capacidade inovativa.
teve efetividade, para empresas sistemistas,
A partir da entrada do capital estrangeiro e no que tange a conquista de novos mercados,
também o controle destas empresas por na inovação de produtos de forma radical e
empresas multinacionais, os centros de P&D na criação de um ambiente propício para a
existentes foram incorporados pelos centros inovação. Dentre as hipóteses para esta
de P&D mundiais, situados nas sedes destas situação cita-se a não formalização e
empresas. Com esta nova postura adotada autonomia de um comitê gestor, que poderia
pelas organizações, o maior pólo produtivo de estar constantemente promovendo e
colheitadeiras do Brasil ficou sem condições e desenvolvendo ações.
estrutura de criar conhecimento e inovação. A
Esta situação aponta para a necessidade das
indústria metalmecânica da Região Fronteira
empresas do APL Colheita e da região em
Noroeste é dependente dos conhecimentos e
buscar o seu crescimento a partir de ações
inovações provindos do exterior. Este
internas em inovação e cooperação. Para
contexto evidencia uma situação de alerta
Souza (2005), a teoria do desenvolvimento
para a região Fronteira Noroeste do Estado do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


endógeno afirma que a região tem dentro de situação, transformando o APL Colheita num
si as fontes de seu próprio desenvolvimento. conjunto de empresas inovadoras, é
A ação cooperativa e inovativa desses necessária a definição e aplicação de
agentes contribui com a formação do capital estratégias. Isto evidência a necessidade de
ao gerar economias externas e de escala, um comitê gestor formalizado e
reduzindo os custos de transação e criando profissionalizado para o APL Colheita, que
condições para a atração de empresas de deverá ser o responsável por conduzir a
maior porte. Além disso, fomenta as indústrias escolha das estratégias e principalmente a
que se encontram na região. Para isso é transformação destas, em ações concretas de
importante criar condições que possibilitem a forma conjunta entre empresas,
cooperação e inovação nas empresas do APL universidades, poder público e incubadoras
Colheita. de empresas. Requena e Sellens (2002)
definem que este é um dos caminhos
importantes para o desenvolvimento da
5. CONCLUSÃO inovação nas empresas e, consequentemente
o aumento da competitividade.
O objetivo deste artigo consistiu em identificar
inovações em produtos da indústria As possibilidades de cooperação entre
metalmecânica com foco em empresas do empresas do APL Colheita e diferentes
Arranjo Produtivo Local (APL) Colheita, arranjos produtivos é algo possível e explícito,
integrante da cadeia do agronegócio na podendo ampliar o aporte de tecnologias,
Região Fronteira Noroeste do Rio Grande do bem como, aumentar a velocidade com que
Sul. Assim, verificou-se quais inovações em as inovações são transferidas e incorporadas
produtos ocorrem nas empresas da nos processos produtivos e em produtos.
metalmecânica, nas empresas multinacionais Assim, as empresas membros conseguem
fabricantes de colheitadeiras, nas empresas adicionar valor aos seus negócios, garantindo
sistemistas e nas empresas com produtos a longevidade organizacional
próprios. Estas inovações acontecem de (BÜTTENBENDER et al. 2009b). A
forma incremental na sua maioria. As consolidação da capacidade inovativa traria
empresas multinacionais estão aportes para reduzir a dependência das
constantemente lançando novos produtos empresas sistemistas em relação às
contendo inovações importantes. Estas empresas fabricantes de máquinas. Dessa
inovações são inovações incrementais. forma, nos períodos de retração de mercado
de colheitadeiras apenas uma parte de sua
Inovações radicais, no qual acontece o
renda estaria comprometida.
lançamento de um produto completamente
novo ao mercado não foram identificadas, Portanto, esta pesquisa evidenciou a baixa
dado que o foco destas empresas é fabricar capacidade inovativa em produtos,
máquinas colheitadeiras. Assim, as inovações principalmente no que se refere a inovações
acontecem de forma incremental, no sentido radicais, das organizações pertencentes ao
de qualificar e melhorar os produtos do APL Colheita. Aliado a este fator, a
portfólio. Ainda, a pesquisa identificou que necessidade de implantar ações que
estas empresas desenvolvem seus produtos e contribuam para o aumento desta capacidade
inovações nos P&Ds que estão situados nas inovativa. A partir de elementos gerados
matrizes destas multinacionais. Os centros de nesse estudo, acrescidas as competências
P&Ds situados nas unidades do Brasil estão tecnológicas, a liderança dos
focados em realizar o processo de empreendedores e parceiros o APL Colheita
tropicalização, que adapta os projetos às poderá conseguir grandes avanços na
necessidades locais. Para reverter esta construção da sua capacidade inovativa.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Capítulo 5
“VOCÊ PENSA QUE CACHAÇA É ÁGUA?"- CACHAÇA É
INOVAÇÃO: UMA ANÁLISE DO ENGENHO TRIUNFO
(PB/BRASIL)

Givaldo Bezerra da Hora


José Mário de Lima Freire
Maria Rejane Ferreira dos Santos
Maria Gilca Pinto Xavier

Resumo: A cachaça, bebida destilada tipicamente brasileira e de grande


relevância para o país, seja no contexto social, cultural e principalmente
econômico, é produzida em todas as regiões do Brasil, e atualmente vem
ampliando o seu mercado para allém das fronteiras nacionais. Esta ampliação
acontece via introdução de inovação de várias categorias, como de produtos,
serviços, processo, organização e marketing. Este trabalho tem como objetivo
analisar a introdução da inovação adaptativa existente no setor de cachaça no
município de areia-pb, especificamente no engenho triunfo. Para coleta dos
dados foi utilizada a pesquisa de campo com a aplicação de um questionário
composto por questões estruturadas e não-estruturadas, correspondendo ainda a
uma abordagem qualitativa. Os resultados obtidos apontam que o engenho
produz cachaça de qualidade através de inovações adaptativas, que além de
reduzir os custos, contribuem para a preservação do meio ambiente através da
reutilização de objetos e resíduos que poderiam ser descartados no lixo ou na
natureza, causando poluição.

Palavras-chave: Cachaça; Inovação; Engenho Triunfo.

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1. INTRODUÇÃO Ceará, Bahia e Minas Gerais (IBRAC, 2011).
Com o advento da tecnologia a partir da Destarte, este estudo faz uma análise de
Revolução Industrial, as empresas passaram um engenho situado no Estado da Paraíba,
a região que se destaca no cenário nacional
da produção de cachaça artesanal,
buscar a inovação em seus produtos,
registrando na safra 2010 / 2011 uma
processos e estrutura organizacional, de
produção de 15 milhões de litros de
modo que os consumidores tenham suas
cachaça. Desse total, 80% são consumidos
necessidades atendidas com maior
no próprio estado, entre 17% e 18% é
eficiência. Esta ação possibilita a obtenção
destinado para outros estados e entre 1% e
de resultados na cadeia de valor que
2% são exportados para o mercado
garantem a permanência das organizações
internacional. Ressalta-se que o estado da
no mercado.
Paraíba possui aproximadamente 75 marcas
Através da inovação as empresas garantem de cachaça e, destas, 55 são registradas no
vantagens competitivas em seus mercados e, Ministério da Agricultura e 20 estão na
algumas vezes, novas oportunidades para informalidade (VERBER e TEIXEIRA, 2011).
realizar processos de diversificação. A força
O engenho analisado localiza-se
da empresa está numa política de inovação
precisamente na região do Sítio Macacos, a
que lhe garante defesa contra a
6 km da sede do município de Areia, o qual
concorrência em sua área de
possui 119 hectares de área, uma ampla
especialização, possibilitando com isto sua
produção de cana- de-açúcar, e ao longo
expansão e consolidação (PENROSE, apud
dos anos, vem consolidando-se como o
HADDAD, 2010). São inúmeras as áreas do
melhor produtor de cachaça de Areia, e um
conhecimento que estudam a inovação e
dos melhores da Paraíba.
adotam nomenclaturas distintas, tais como a
área de economia, engenharia, marketing, Assim, este trabalho tem como objetivo,
administração, entre outras. No entanto, o analisar os tipos de inovação no setor de
conceito de inovação adquiriu relevância cachaça no Município de Areia-PB, de
dentro da teoria econômica a partir dos modo particular no Engenho Triunfo, uma
trabalhos de Joseph Schumpeter, nascido vez que este apresenta um grande diferencial
na Aústria em 1883, considerado como um em relação aos demais engenhos da região.
dos quatro maiores economistas de sua
época (SWEEZY, 1962).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
No agronegócio, especificamente no setor
da cachaça a discussão em torno da 2.1 O CONCEITO DE INOVAÇÃO
introdução da inovação tem ganhado
Com a atual dinâmica do mundo empresarial,
diversas dimensões em termos de benefícios
onde as organizações são direcionadas a
que podem ser gerados para a produção da
desenvolver novos produtos e processos, a
aguardente e seus derivados. A relevância
adoção de conceitos e técnicas
de realizar estudos neste segmento encontra-
relacionadas à inovação é de fundamental
se no fato de que a aguardente de cana é a
importância. Johansson (2006) afirma que a
terceira bebida destilada mais consumida no
criatividade resulta da interação entre culturas
mundo e a primeira no Brasil, contribuindo
e disciplinas distintas, que, ao se
de forma bastante significativa para o PIB
interceptarem, gera idéias
nacional (BRASIL, 2007).
inovadoras, ao que denominou de efeito
De acordo com o Ministério da Agricultura
Medici, em alusão a um período muito rico
Pecuária e Abastecimento – MAPA, em 2011
para as artes e ciência na Florença da era
cerca de 90 empresas exportaram um total
Medici. Nesse período, poetas, pintores,
9,80 milhões de litros, gerando uma receita
cientistas e filósofos de diversas partes do
de US$ 17,3 milhões, sendo que desse total,
mundo conviviam em Florença, criando um
pouco mais de 10% foi vendido para os
ambiente de diversidade em que o choque
Estados Unidos (BRASIL, 2012). No Brasil, os
de culturas e de multidisciplinaridade gerou
Estados que mais se destacam na produção
uma espiral de inovação.
da cachaça são: São Paulo, Pernambuco,
Ceará, Minas Gerais e Paraíba. Entretanto, os Todavia, com o passar dos tempos o
principais Estados consumidores Brasileiros conceito de inovação passou a ser
são: São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, estudado e utilizado com maior freqüência

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no campo das tecnologias, onde as argumento de Schumpeter de que “inovações
empresas, de modo geral, passaram a radicais provocam grandes mudanças no
introduzir este conceito para a criação de mundo, enquanto inovações ‘incrementais’
produtos, serviços, processos, dentre outros preenchem continuamente o processo de
itens. Assim, surgiram inúmeros estudos mudança”. Schumpeter propôs uma relação
acerca do assunto. de vários tipos de inovações:
Para Drucker (1997, apud Silva, Silva e
Gomes, 2002) a inovação pode ser definida
 Introdução de um novo produto ou
como uma ferramenta específica dos
mudança qualitativa em produto existente;
empresários, um instrumento através do qual
eles exploram a mudança como oportunidade  Inovação de processo que seja
para um negócio diferente. Esta visão aponta novidade para uma indústria;
para a idéia de que os empresários devem
 Abertura de um novo mercado;
buscar as fontes de inovação, as
mudanças e os seus impactos, os quais  Desenvolvimento de novas fontes
despontem uma oportunidade significativa. de suprimento de matéria-prima ou outros
Uma inovação, de modo mais objetivo pode insumos;
ser definido como “a implementação de um  mudanças na organização
produto (bem ou serviço) novo ou industrial.
significativamente melhorado, ou um
processo, ou novo método de marketing, ou
um novo método organizacional nas práticas As idéias de Schumpeter são corroboradas
de negócios, na organização do local de com afirmações como as de Zuim e Queiroz
trabalho ou nas relações externas” (OECD, (2006), no tocante ao conceito de inovações
2005, p. 46). incrementais e radicais, como mostra a
O Manual de Oslo (FINEP, 1997) cita o Tabela 1:

Tabela 1 - Classificação das inovações.


Inovações radicais Inovações incrementais
Observadas como eventos descontínuos, que Tendem a ocorrer de forma mais continua,
implicam a mudança técnica e organizacional referem-se somente a melhorias nos produtos
de um sistema produtivo ou de uma indústria. processos, organizações e sistemas de
produção.
Fonte: Adaptado de Zuim e Queiroz, 2006.

As inovações também são caracterizadas está inserida é essencial na definição do


por Takahashi e Takahashi (2007, apud nível de inovação a ser introduzida, como
Gomes, 2010). Estes autores afirmam que ocorre nos engenhos produtores de
a inovação incremental corresponde aos cachaça, que em sua maioria inovam de
melhoramentos em produtos já desenvolvidos, forma incremental.
portanto, possuem baixo grau de novidade.
Já a inovação radical possui uma nova base
tecnológica, proporciona desempenhos 2.2 A PRODUÇÃO DA CACHAÇA
superiores e diferenciados, transformando o
Constituindo-se como um dos principais
modo como pensamos e utilizamos as
produtos derivados da cana-de-açúcar, a
soluções existentes; possui alto grau de
versão mais aceita para a origem da
novidade.
cachaça na América Latina, é de que tenha
O tipo de inovação a ser adotado pela surgido com os escravos africanos através
organização é definido de acordo com da sobra do caldo da cana, de um dia para
seus objetivos, bem como a disponibilidade o outro, utilizado na fabricação do açúcar.
de recursos financeiros disponíveis para Este caldo fermentava, ganhava um gosto
investir em novas tecnologias. Entretanto, o diferente e causava sensação de
setor do mercado no qual a organização embriaguez, e então era servido aos

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escravos, pelos senhores de engenho. Aos processada em batelada, a destilação é
poucos essa bebida foi sendo valorizada, realizada em alambiques, atua em baixa
ganhando espaço no mercado, e hoje está escala de produção, capazes de produzir de
classificada como a terceira bebida destilada 100 até 1.000 litros/dia (SILVA, 2011).
mais consumida no mundo (SEBRAE, 2001).
Segundo Soratto, Varvakis, e Horii (2007) a
Assim, a cachaça foi sendo aperfeiçoada e fabricação de cachaça ocorre seguindo
ganhando novos tratos no processo basicamente os processos de produção da
produtivo, satisfazendo diferentes gostos e cana-de-açúcar, obtenção do caldo de cana,
culturas, uma vez que passou a ser fermentação do mosto, destilação do vinho
difundida em diversos países. Quanto sua volante, armazenamento da cachaça e
classificação de produção, a mesma pode ensaios finais,
ser realizada de dois modos: o primeiro envelhecimento/envase/rotulagem e
corresponde à cachaça industrial, enquanto o distribuição, como mostra a Figura 1.
segundo ao artesanal, que não requer o uso
de tecnologias avançadas.
Processo 01: produção da cana-de-açúcar
O Decreto nº 4.851, de 2 de outubro de
- para se obter uma cachaça de
2003, que altera dispositivos do Regulamento
qualidade os cuidados devem começar já na
aprovado pelo Decreto nº 2.314, de 4 de
escolha do solo e da adubação, bem com na
setembro de 1997, que dispõe sobre a
seleção das mudas da cana-de-açúcar;
padronização, a classificação, o registro, a
inspeção, a produção e a fiscalização de Processo 02: obtenção do caldo de cana -
bebidas, define que: após a colheita, a cana-de-açúcar passa
por um processo de higienização, e
posteriormente é colocada na moenda para
cachaça é a denominação típica e que seja extraído o seu caldo. A moenda é
exclusiva da aguardente de cana movida por meio da energia elétrica,
produzida no Brasil, com graduação possibilitando uma maior eficiência no seu
alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito processo;
por cento em volume, a vinte graus
Processo 03: fermentação do mosto - após
Celsius, obtida pela destilação do mosto
extraído, o caldo é coado e posto em tanques
fermentado de cana-de-açúcar com
para a decantação dos resíduos do bagaço
características sensoriais peculiares,
da cana, e muitas vezes da própria terra.
podendo ser adicionada de açúcares até
Concluído este processo, o mosto é
seis gramas por litro, expressos em
transportado via tubulação e sem nenhum
sacarose (BRASIL, 2003).
contato humano, para dornas onde ocorrerá
o processo de fermentação;
Processo 04: destilação do vinho volante -
nesta parte do processo, a cachaça é
Ainda de acordo com o SEBRAE (2001), a separada em três partes, de acordo com o
cachaça industrial apresenta algumas seu teor alcoólico: cachaça de cabeça,
características: a cana-de-açúcar utilizada é cachaça do coração e cachaça da calda,
originária de grandes plantações, que por com 10%, 80% e 10% de teor alcoólico
sua vez, se utilizam de produtos respectivamente;
agroquímicos; a colheita é mecanizada; há
queima da palha esporadicamente, e além Processo 05: armazenamento da cachaça e
disso, a cachaça é obtida via destiladores ensaios finais - após a destilação, a cachaça
contínuos. Neste tipo de produção, durante passa por um período de armazenamento em
o processo de fermentação, costuma-se usar barris de madeira para ganhar aroma, cor e
produtos quimicamente sintetizados. aprimorar o sabor. Geralmente, as madeiras
mais utilizadas neste processo, são:
A produção da cachaça artesanal, por sua umburana, carvalho, canela, jequitibá, entre
vez, é realizada em alambiques. Para isto, a outras;
cana-de-açúcar utilizada provém de
plantações próprias, sem agrotóxicos, e Processo 06: envase/rotulagem e distribuição
sem o uso de queimadas, e, além disso, a - antes que seja cumprida esta última etapa,
colheita é feita manualmente, e a fermentação a cachaça é coada para que não aja a
acontece totalmente de maneira natural. É possibilidade de passar nenhum resíduo

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de madeira. Posteriormente, é colocada e distribuída para os devidos mercados.
engarrafada na máquina, rotulada e

Figura 1 - Representação genérica do processo de produção da cachaça em seis fases.

Fonte: INMETRO (2005)

A introdução da inovação radical ou se fazer um estudo de caso em apenas um


incremental é um fator significante para que engenho do universo constituído por 28
todas essas etapas sejam realizadas com elementos: o Engenho Triunfo.
qualidade, agregando valor ao produto final.
Para tanto, foi elaborado um questionário
É através da inovação que o setor da
com questões abertas, e aplicado ao gerente
cachaça aumenta a sua produção e ganha
de produção da cachaça. Ressalta-se ainda,
novos mercados, contribuindo para o
que algumas entrevistas indiretas também
superávit do PIB nacional.
foram realizadas, com a proprietária do
engenho, a recepcionista, e um trabalhador
do campo, e, além disso, um dos meios
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
utilizados nesta pesquisa foi a observação
Este estudo partiu do conhecimento direta dos fatos in loco. Além de pesquisas
empírico já existente do universo de bibliográficas em livros, artigos, e sites
engenhos localizados no município de especializados, caracteriza-se ainda como
Areia/PB, além de dados obtidos através de pesquisa qualitativa.
pesquisa documental realizada pelo
Para obter uma maior validade e organização
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura
das informações referentes as inovações
e Urbanismo – PPGAU da Universidade
introduzidas no engenho, seguiu-se as
Federal da Paraíba – UFPB, disponíveis no
categorias adaptadas do Manual de Oslo,
acervo da instituição. Diante disso, escolheu-
como mostra o Quadro 1:

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Quadro 01 - Categorias de Inovação.
Categoria Conceito
Introdução de um bem novo ou significativamente melhorado, quando
Produto
comparado aos já existentes.
Introdução de um serviço novo ou significativamente melhorado com
Serviço
relação aos serviços existentes.
Implementação de um método de produção ou distribuição novo ou
significativamente melhorado. Estes métodos envolvem técnicas,
Processo
equipamentos e/ou softwares utilizados para produzir bens ou
serviços.
Implementação de um novo método organizacional, que pode ser uma
Organização nova prática de negócio da empresa, uma nova organização do local
de trabalho ou nas relações externas.
Implementação de novos métodos de marketing, como mudanças no
design do produto e na embalagem, na promoção do produto e
Marketing
sua colocação no mercado, e de métodos de estabelecimento de
preços de bens e serviços.
Fonte: Adaptado do Manual de Oslo – FINEP (1997).

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS obtenção dos equipamentos necessários,


em seu início, alguns velhos utensílios
4.1 PROCESSO DE INOVAÇÃO ADAPTATIVA
domésticos tiveram que ser transformados
NO ENGENHO TRIUNFO NO MUNICÍPIO DE
em “máquinas” para que fossem cumpridas
AREIA-PB.
todas as etapas do processo produtivo da
O engenho analisado foi fundado em 1994, cachaça.
destaca-se por ser um segmento familiar,
A princípio, uma centrífuga foi transformada
localizado na região do Sítio Macacos, a 6
em máquina de polir garrafas (Figura 2 A);
km da sede do município de Areia, possui
uma peça de bico onde os porcos bebiam
119 hectares de área, uma ampla produção
água nas pocilgas transformou-se em uma
de cana-de-açúcar, e ao longo dos anos,
envasadora (Figura 2 B); as garrafas
vem consolidando-se como o melhor produtor
utilizadas não eram de vidro e apropriadas,
de cachaça de Areia, e um dos melhores da
eram aproveitadas garrafas pet (Figura 2 C);
Paraíba.
um moinho de carne foi transformado em uma
Atualmente, é responsável pela geração de máquina de tampar garrafas (Figura 2 D);
52 empregos diretos, cujos ocupantes, um velho secador de cabelo foi reutilizado
pertencem todos ao município, o que ressalta para ajudar no lacre dos pacotes (Figura 2
ainda mais a importância do engenho na E) e a mesa de um frigorífico transformou-se
promoção do desenvolvimento local, no em uma
sentido de geração de renda, valorização da
máquina de esterilizar garrafas (Figura 2 F).
cultura, e interdependência entre outros
No entanto, conforme o passar do tempo,
setores que por sua vez geram os empregos
as adaptações iam sendo realizadas no
indiretos.
engenho, e máquinas começaram a ser
Dada a não tradicionalidade do Engenho, e montadas.
a ausência de recursos financeiros para a

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Figura 02 A, B, C, D, E e F: Utensílios transformados em máquinas.
A B C

D E F

Fonte: Criação própria

Atualmente, apesar de ainda recente, com A introdução de inovações no Engenho


apenas 18 anos de existência, o Engenho destaca-se pelo elo de cooperação
Triunfo tem um grande poder de existente entre o engenho e outras
competitividade, quando comparado aos empresas ou setores, objetivando a
demais engenhos do município, e esta, por promoção de novas oportunidades de
sua vez, emerge via introdução de mercado para todos. Neste sentido, por meio
inovações adaptativas/qualitativas, que a desta cooperação, foram introduzidos os
partir do ano 2000 (período considerado doces, trufas e sorvete, ao sabor de cachaça,
neste estudo de caso, e conforme as assim como as flores ornamentais e o
definições postas na metodologia) foram artesanato.
surgindo, como demonstra o Quadro 2.

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Quadro 2 - Categorias de Inovação introduzidas no Engenho Triunfo.
Categoria Inovação

 Doce, Trufas e Sorvete com sabor de


PRODUTO cachaça. Três sabores de Cachaça: Canela,
Umburana e Jaquitibá rosa. Flores e Artesanato
para ornamentação. Combustível

 Taxa de visitação- turismo. Parceria com


SERVIÇO a UFPB, SESI e Setor de Turismo da cidade.
Tratamento odontológico para funcionários.

 Moagem direta. Montagem de


PROCESSO maquinário. Reutilização da água usada no
processo de produção da cachaça.
Reaproveitamento do bagaço da cana

 Participação ativa dos integrantes d a


ORGANIZAÇÃO família na empresa. Contratação de mão-de-obra
qualificada para cargos de confiança.
MARKETING Realizado via o Turismo na região.
Fonte: Criação própria

Além das cooperações anteriormente citadas, produção não seja interrompido. Esta
destacam-se ainda as parcerias realizadas moagem, que tem como objetivo obter o
pelo engenho com: a UFPB, no sentido de caldo da cana é realizada por uma máquina
oferecer o campo para estudantes que aos poucos foi sendo construída. As
desenvolverem suas pesquisas; com o SESI peças foram compradas de vários lugares do
no sentido de alfabetizar todos os país e montada por um técnico do engenho,
trabalhadores do engenho, até que os sua manutenção é feita sempre em
mesmos concluam o ensino fundamental; e Fortaleza/CE, quando necessário.
destaca-se ainda a parceria com agências
O bagaço da cana-de-açúcar, antes jogado
de turismo, que é amplamente importante
fora, atualmente é vendido como ração para
dada a grande quantidade de turistas que
alimentar o gado no Sertão, bem como para
diariamente visitam a cidade, aumentando
cama de granja no próprio município de
assim os atrativos da cidade. Para ter
Areia. O lucro obtido com essa venda,
acesso a instituição é cobrada uma taxa de
segundo dados da entrevista, não é
visitação por pessoa, valor que
somado aos lucros da empresa, mas
posteriormente é dividido entre o guia turista
utilizado para o pagamento de tratamento
e o engenho. O objetivo dessa taxa é investir
odontológico para os funcionários. O bagaço
no acolhimento dos próprios visitantes, tanto
também é utilizado para o aquecimento das
em relação ao espaço de lazer que o
caldeiras, o que contribui para a
engenho disponibiliza, quanto na própria
preservação do meio ambiente, uma vez que
degustação oferecida no local. Dessa forma,
reduz a utilização da lenha neste processo.
o marketing vai sendo realizado e a cachaça
se consolidando pela qualidade. Após a obtenção do caldo, ocorre a sua
fermentação e por seguinte a destilação,
Outro tipo de inovação presente é a forma
sendo que neste último processo a cachaça
como a cana-de-açúcar é adquirida para ser
é separada em três partes: cabeça,
distribuída no seu processo de moagem.
coração e calda. A parte do coração é
Diferentemente dos outros engenhos, o
utilizada para a produção da cachaça
Triunfo adquire primeiro a cana-de-açúcar de
propriamente dita, o que corresponde a 80%
pequenos produtores, e quando estas se
do caldo, já as demais partes por possuírem
esgotam utiliza- se os recursos próprios.
um teor alcoólico muito alto, no caso da
Neste sentido, outra área de terra foi
cabeça, e muito baixo, no caso da calda,
comprada para que a plantação seja
deveriam ser jogadas fora. Entretanto, o filho
constante ao longo do ano, e o processo de
dos donos do engenho, com formação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


superior em Química Industrial, através de o órgão público toda a quantidade de
pesquisas, desenvolveu técnicas que cachaça produzida diariamente.
possibilitam o aproveitamento das outras Posteriormente, as garrafas são rotuladas,
partes (cabeça e calda), que correspondem lacradas, e enfim, prontas para serem
a 20% de álcool, transformando-as em distribuídas ao mercado.
combustível, que é utilizado para abastecer
São produzidos diariamente 2.000 pacotes,
todos os carros da família e agregados,
cada um com seis garrafas, totalizando
que por sua vez, possibilita uma ampla
uma quantia de 12.000 garrafas de cachaça
redução de custos.
por dia. A cachaça triunfo é 100% financiada
De acordo com o Manual de Oslo (FINEP, por recursos próprios, pois as altas taxas de
1997), pode ser considerado juros impossibilitam os financiamentos, e isto
significativamente melhorado, tudo aquilo que compromete a possibilidade de aumentar a
tenha sido adaptado, tanto em termos de produção.
melhor desempenho quanto de melhor custo.
Verificou-se que muitos fornecedores do
Destaca-se ainda como inovação adaptativa engenho são de outros Estados, por exemplo:
o processo de resfriamento de água. A as garrafas de vidro são fornecidas por uma
água quente é jogada em cima de uma empresa do Estado de São Paulo, numa
estrutura feita com bases de madeira, e quantidade de 120 mil unidades por
através da ventilação natural a mesma é semana, o que corresponde a dois
resfriada e reutilizada no processo caminhões; o lacre também é fornecido por
produtivo, como pode ser observado na uma empresa de São Paulo; as tampas
Figura 3. são fornecidas por uma empresa de
Fortaleza, e o rótulo, por sua vez provém
Por exigência da Receita Federal, foi
da cidade de Campina Grande na Paraíba.
implementada inovação também no pós-
Neste sentido, verifica-se que a
processo de engarrafamento, no qual as
interdependência entre setores é de extrema
garrafas passam por uma máquina que
importância para que o processo produtivo
contabiliza e repassa automaticamente para
seja contínuo e de qualidade.

Figura 3 - Resfriamento da água. Fonte: Criação própria

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS estratégia.


Com a grande competitividade existente no Levando em consideração que este trabalho
mercado do século XXI, as empresas são teve como objetivo analisar os tipos de
direcionadas a praticarem ações que inovação introduzidos no setor de cachaça
garantam vantagens e as consolidem no no Município de Areia-PB, de modo particular
mundo dos negócios. Diante deste no Engenho Triunfo, constatou-se que nesta
contexto, a introdução da inovação nos organização, ao longo dos anos, não ocorreu
produtos, processos, marketing, e outras nenhuma inovação radical, apenas
categorias desponta como uma eficiente adaptativa, impactando não na expansão da

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


produção, mas na qualidade do produto, resultados da pesquisa mostraram que a
agregando valores ao mesmo. inovação foi introduzida com maiores
números nos produtos e processos, enquanto
Notou-se também que a falta de recursos
que o marketing apresentou-se como o menor
financeiros necessários para a introdução de
número.
tecnologias avançadas, no tocante a
aquisição de máquinas modernas, não Assim conclui-se que o Engenho Triunfo
impediu que os proprietários do engenho produz cachaça de qualidade através de
usassem a criatividade, reaproveitando inovações adaptativas, que além de reduzir
utensílios em desuso, para elaborar os custos, contribuem para a preservação do
máquinas e processos de fundamental meio ambiente através da reutilização de
importância para a fabricação da cachaça. objetos e resíduos que poderiam ser
descartados no lixo ou na natureza,
No que se refere as categorias analisadas
causando poluição.
seguindo os critérios do Manual de Oslo, os

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


CAPÍTULO 6
UM NOVO OLHAR PARA O GERENCIAMENTO DO
ENSINO DOS INSTITUTOS FEDERAIS. UM ESTUDO NO
ESTADO DO TOCANTINS À LUZ DO PROCESSO DE
RACIOCÍNIO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES

Gildemberg da Cunha Silva


Mateus Dall´ Agnol
Kerlly Karine Pereira Herênio

Resumo: O presente artigo discorre sobre o gerenciamento do ensino no instituto


federal do Tocantins de araguaína, localizado na região norte do estado,
utilizando o processo de raciocínio da teoria das restrições – TOC (Theory of
Constraints) deseenvolvida por goldratt. Tendo como objetivo a busca por
inovação e perda de energia. Os gargalos existem e são problemas que precisam
sersuperados para aumento da produtividade e crescimento organizacional. os
recursos são limitados e o zelo pelo erário deve ser constante. a metodologia é
de caráter exploratório e descritivo. Os resultados demonstram que o processo
de raciocínio da teoria das restrições, quando utilizada com critério nos
processos gerências de ensino, traz ganhos significativos para os institutos
federais (IF’s), reduzindo tempo, custo e melhorando o fluxo de informação como
um todo.

Palavras-chave: Teoria das restrições; Gerenciamento; Institutos Federais.

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1.INTRODUÇÃO 2.1 ÁRVORE DA REALIDADE ATUAL (ARA) –
IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE
Este trabalho objetiva propor inovações no
gerenciamento do ensino nos Institutos Considerando que Árvore de Realidade Atual
Federais. Reconheceu-se o processo de tem como objetivo a caracterização dos
raciocínio da Teoria das Restrições (TOC) problemas centrais de um sistema (ANTUNES
como um método eficiente na busca de et al., 2004), verificou-se sua aplicabilidade na
melhorias no sistema educacional, em análise da operacionalidade no
especial a rede tecnológica brasileira, uma gerenciamento do ensino em Instituto
vez que a TOC mostrou ser aplicável e eficaz Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
no Instituto Federal do Tocantins, câmpus (IF’S). A construção da ARA do processo de
Araguaína. gerenciamento de um IF’S visa à obtenção
dos gargalos. Segundo Anselmo (2001), o
Assim, aplicação da TOC, procedeu em
primeiro passo consiste em identificar os
excelentes resultados. Propomos a
efeitos indesejáveis (EI), com uma conexão
compreensão que as ações não devem ser
lógica, “se então”, esta conexão estabelece
concebidas isoladamente na busca por
uma cadeia lógica de implicações com suas
resultados permanentes, em que o interesse
múltiplas conexões. A leitura da ARA se dá
institucional deve sobrepor às ações isoladas.
pelo escrutínio de cada flecha e entidade
Podemos assim dizer que, problemas
ao longo do percurso, usando as ressalvas
complexos surgem a partir da
legítimas (NOREEN et al., 1996). Ou seja, a
incompreensão de uma única visão, missão
Árvore da Realidade Atual é uma ferramenta
e linguagem no ambiente institucional (SILVA
que localiza a instituição ou problema no
et al., 2014). Portanto, há necessidade de um
tempo e no espaço do sistema.
esforço conjunto de todos os seus
elementos (CORBETT NETO, 2003; ROGERS A gerência de ensino nos IF’s obedece ao
et al., 2006, SILVA et al., 2014). Afinal, raciocínio de Nixon (2001) o qual defende a
sistemas possuem problemas complexos, similaridade com a gestão de cadeia de
que se atenuam no surgimento de suprimento (SCM – supply chain
questionamentos os quais necessitam de management).
solução e de melhor solução e mitigação
A partir de meados dos anos 90, as
(LACERDA, D.P. et al., 2011). Assim, o
universidades em nível internacional têm
gerenciamento do ensino pode caracterizar
participado ativamente do movimento em
problemas complexos (SILVA et al., 2014).
prol da sustentabilidade (MADEIRA, 2000;
NICOLAIDES, 2006; HASAN; MORRISON,
2011; VIEGAS; CABRAL, 2015). A educação
2. REFERENCIAL TEÓRICO
do futuro se relocou em sete categorias:
O Processo de Raciocínio tem como base as
cidadania, sustentabilidade, globalização,
ferramentas de análise lógica que capacitam
virtualidade, transdisciplinaridade,
o diagnóstico de problemas, a formulação de
dialogicidade e, planetaridade (GADOTTI,
soluções e a preparação de planos de ação
2000). Dessas, o autor aponta quatro com
(KIM, MABIN E DAVIES, 2008). Desse modo,
maiores afinidade ao desenvolvimento
o Processo de Raciocínio busca responder a
sustentável: cidadania, sustentabilidade,
três questões básicas inerentes a qualquer
transdisciplinaridade e, planetaridade.
tipo de organização (Cf. Tabela 1) por meio
de cinco ferramentas, a saber: Árvore da A gerência de ensino nos IF’S pode desafiar
Realidade Atual (o quê mudar), Diagrama de as fronteiras e criar um valente que lute por
Resolução de Conflito (DRC) ou Dispersão um novo mundo nas novas décadas (GREEN;
de Nuvem (DDN) (para quê mudar), Árvore BARBLAN, 2002). Segundo Lau (2007) na
da Realidade Futura (ARF) (para quê mudar), cadeia educacional, o processo da matéria
Árvore de Pré-Requisitos (APR) (como prima é o próprio estudante e se incluem:
provocar a mudança) e Árvore de design e desenvolvimento; sourcing
Transição (AT) (como provocar a estudante e seleção; treinamento acadêmico
mudança) (CRUZ et al. 2009; LACERDA et e não acadêmico do estudante; treinamentos
al. 2011). práticos; testes de resultados dos alunos e,
finalmente, aumento diferenciado do seu
desenvolvimento. Ficando sobre a gerência
de ensino o planejamento para implantação e
supervisão desse ambiente propício aos

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profissionais envolvidos na efetivação do departamentos para atingir a meta global
processo SCM no ambiente. da organização, que é ganhar dinheiro hoje
e no futuro (GUPTA; BOYD, 2008;
Devemos, portanto, considerar dois
LACERDA; CASSEL; RODRIGUES, 2010;
importantes conceitos, pois segundo Bacelar
PERGHER et al., 2011).
(2008) a gestão educacional situa-se no nível
macro, ao passo que a gestão escolar situa-
se no nível micro. Ambas articulam-se
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
mutuamente, dado que a primeira se
justifica a partir da segunda. Sarubi (2006) O presente trabalho foi desenvolvido no
reforça que a administração escolar tem câmpus do IFTO na cidade de Araguaína, na
embasamento na teoria geral da região norte do estado do Tocantins. A
administração. Até os anos 80, a gestão cidade de Araguaína possui 4.018,54 km² de
escolar refletia o taylorismo e faylorismo, área na mesorregião ocidental do Tocantins
baseados nos trabalhos especializados. Mas e 180.484 habitantes, ostenta a ser a
essa forma de gestão no ambiente segunda maior economia do estado (ATLAS,
educacional deu lugar a outras formas de 2013). Dados da ONU indicam a cidade de
gerenciamento: democrático – que propicia o Araguaína com o 4° maior IDHM (Índice de
debate e a tomada de decisão coletiva e a Desenvolvimento Humano Municipal) do
administração de conflitos, fazendo a Tocantins. O campus possui Ensino Médio
participação efetiva de todos. Integrado, Subsequente na área da saúde e
informática, Formação Inicial e Continuada -
No cotidiano de uma organização, os
FIC e Programa Nacional de Integração da
gestores são encorajados a tomar decisões,
Educação Profissional com a Educação
sendo que estas devem contribuir para a
Básica na Modalidade de Educação de
lucratividade da organização, garantindo sua
Jovens e Adultos - PROEJA na área de
sobrevivência (PERGHER et al., 2011). No
informática. Com um curso superior em
sistema educacional, as perdas consistem
Análises e Desenvolvimento de Sistemas e
na inoperância das ações planejadas pela
outros cursos superiores em fase de
comunidade e da dissociação do tripé
implantação (licenciaturas e bacharelado).
ensino, pesquisa e extensão (PAULA,
Atende atualmente cerca de 1.040 alunos nas
2003). Antunes (2008) define perdas como
diversas modalidades.
atividades que geram custos e não
adicionam valor ao produto, portanto, devem Trata-se de uma análise aprofundada de um
ser eliminadas do sistema. ou mais objetos (casos), para que permita o
seu amplo e detalhado conhecimento (GIL,
Para Fischer e Lima (2005), assim como
1996; BERTO; NAKANO, 2000; MIGUEL,
Neiva e Domingos (2011) os fatores de
2007). A principal tendência em todos os tipos
capacidade organizacional para mudança, os
de estudo de caso, é que estes tentam
quais podem exercer influência no processo
esclarecer o motivo pelo qual uma decisão ou
são: o fluxo de informação, a existência de
um conjunto de decisões foram tomados,
uma estratégia de atuação organizacional, as
como foram adotadas e quais resultados
coalizões que apóiem a mudança, a
alcançados (YIN, 2001; MIGUEL, 2007).
turbulência no ambiente externo, a autonomia
de grupos, a burocracia, o trabalho em grupo Este trabalho foi desenvolvido junto à
e a confiança na atuação gerencial. gerência de ensino e coordenações do
referido câmpus.
Tendo como enfoque a melhoria dos
processos, por meio da maximização do
ganho, a Teoria das Restrições propõe um
4. DISCUSSÕES
conjunto de regras que visam ao
gerenciamento pleno da organização. Nesse 4.1 ÁRVORE DA REALIDADE ATUAL (ARA)
enfoque, o gerenciamento da organização DO GERENCIAMENTO DO ENSINO DOS
ocorre pelo uso de um sistema de INSTITUTOS FEDERAIS
indicadores, divididos em duas vertentes: a)
A ARA da gerência de ensino (FIGURA 1)
indicadores locais, utilizados para auxiliar na
detectou os seguintes gargalos: alto índice de
tomada de decisão gerencial, referente a
retenção, baixo desempenho das comissões
uma decisão específica da organização; e b)
de elaboração de Projeto pedagógico de
indicadores globais, utilizados para avaliar
Curso PPC, dos novos cursos e construção
cada ação gerencial executada nos diferentes
de documentos institucionais, ações

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isoladas da coordenação de pesquisa e ou que a comunidade não tem usufruído de
extensão, dificuldade de cumprir carga todas as oportunidades de acesso à
prevista no calendário anual e conflito de informação. Entretanto o problema da
agendamento dos transportes com finalidade retenção fica longe de ter uma simples
de atender às demandas do ensino, solução, uma vez que há uma deficiência em
pesquisa e extensão do câmpus. Tal toda cadeia de ensino no país e, sobretudo,
afirmação no âmbito da gestão é na região norte. Dados do IBGE (2010)
preocupante, pois a retenção pode ser um apontam que o nível de instrução da região
indicador de que o ensino esteja defasado norte fica à frente apenas da região nordeste.

Figura 1 – Árvore da realidade atual da Gerência de Ensino

. Legenda: PR – problema raiz; CR – Causa Raiz; EI’s – Efeitos Indesejáveis


Fonte: Autores.

Considerando que os IF’S atuam nas mais exigida pelas disciplinas. Ter docentes com
diversas áreas do conhecimento (saúde, carga horária elevada e sem uma logística
tecnologia da informação, robótica, suficiente e necessária potencializa as ações
engenharias, entre outras), a problemática se de apagar pequenos “incêndios” de
potencializa, diante da necessidade problemas na cadeia de produção educativa
constante de laboratórios, docentes internos no âmbito do IF’S, por parte da gerência. Tais
e externos (estágios) e o atendimento à ações de “apagar pequenos incêndios”
comunidade (extensão e pesquisa). As nesse âmbito, tira do gerente a visão
capacitações, no entanto, demandam uma estratégica de toda concepção do processo,
logística de permutação de aulas que ora assim como também o poder de reinvenção
conflita com o cumprimento da carga horária e inovação da arquitetura dessa “linha de

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montagem”. Deixa de ser estratégico para incêndios ao longo do sistema de ensino do
ser simplesmente necessário em poder e IF’s, em virtude das demais etapas do
autoridade. sistema não exercerem com eficiência.Suas
atribuições, por serem limitadas e
Com a construção da ARA, é possível
deficitárias. Definiu-se como objetivo tornar
identificar os efeitos indesejáveis (EI’s),
as gerência de ensino estratégicas ao longo
causa raiz (CR) e problema raiz (PR). A partir
do sistema e ainda melhorar as condições
desse momento, para o Processo de
de trabalho e comunicação profissionais
Raciocínio, o PR torna-se o foco a ser
envolvidos no sistema.
solucionado pelos demais diagramas, pois
dá origem à maior parte dos EI’s a serem O passo seguinte é a elaboração da ARF,
resolvidos. uma vez que injeções foram propostas na
parte inferior do DDN. Essas injeções
projetam novas relações de causa-e-efeito
4.2 DIAGRAMA DE DISPERSÃO DE NUVENS que resultam, de baixo para cima, nos Efeitos
(DDN) Desejáveis (ED), isto é, na proposta de
solução para os EI’s.
O principal fator que leva as gerências de
ensino a uma baixa ação estratégica é a
intensa necessidade em apagar pequenos

Figura 2 – Diagrama de Dispersão de Nuvens.

Fonte: Autores.

4.3 ÁRVORE DA REALIDADE FUTURA (ARF) seja, a injeção proposta pela árvore de
realidade futura não é conclusiva, mas é o
Segundo Rodrigues (1995), a árvore da
início de um novo processo de
realidade futura (ARF) é uma estrutura que
reestruturação. Entretanto, seu maior
apresenta os resultados das injeções as
objetivo é sim aperfeiçoar o processo
quais transformarão os efeitos indesejáveis
levando a uma nova dimensão e fluidez.
por efeitos desejáveis.
Para isso, foi proposta a construção da
Noreen, Smith e Mackey (1996) ressaltam árvore da realidade futura (ARF) que é
que uma vez identificada uma injeção (a exatamente a identificação dos efeitos
base de uma solução), uma Árvore da desejáveis (ED), assim como estabelecer as
Realidade Futura é usada para verificar se a injeções.
aplicação bem sucedida da injeção irá
eliminar os sintomas. Ela é igualmente usada
para conferir se a injeção terá possibilidade
de gerar novas consequências negativas, ou

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Figura 3 – Árvore da Realidade Futura – ARF. Legenda: ED’s – Efeitos Desejáveis.

Fonte: Autores

4.4 ÁRVORE DOS PRÉ REQUISITOS (APR) metodologia da APR prevê a proposição de
objetivos intermediários. O próximo passo é
A partir da APR, visualizam-se os possíveis
a comunicação da estratégia e a definição
obstáculos para a aplicação das injeções
do plano de ação para o alcance desses
propostas. Para superar esses obstáculos, a
objetivos (Árvore de transição).

Figura 4 – Árvore dos Pré Requisitos

Fonte: Autores

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Figura 8 – Árvore dos Pré Requisitos

Fonte: Autores

4.5 ÁRVORE DE TRANSIÇÃO (AT) intermediários e os responsáveis pelas


mesmas.
A elaboração da Árvore de Transição
possibilita definir as ações concretas a
serem adotadas para o alcance dos objetivos

Figura 5 – Árvore de Transição.

Fonte: Autores

5. RESULTADOS de acompanhamento/supervisão das ações


de ensino, pesquisa e extensão;
Foi contatado que a injeção a ser aplicada
comunicação permanente com gerência de
neste câmpus seria necessariamente em
administração quanto às ações
quatro pontos: pleitear junto ao MEC a
desenvolvidas nos campi dos IF’s (em
ampliação do quadro dos servidores;
especial no campus analisado), ampliar
aumento dos programas de capacitação dos
programas de capacitação em consonância
servidores em consonância com área de
com área de atuação na instituição, e
atuação na instituição; melhoria do sistema

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sistema de comunicação com gerência de alimentícia, portanto, o uso de princípios
administração do campus quanto ações gerenciais (TOC) nos IF’S, em especial na
desenvolvidas. Tais ações possibilitariam à região norte, contribuirá para o mínimo de
gerência de administração, uma melhor perda de energia ao longo do sistema
distribuição da estrutura e melhor educacional, sendo assim um excelente
atendimento das necessidades método a ser adotado nas gerências de a fim
institucionais, como também transparência de resolver seus dilemas (gargalos).
à comunidade e economia dos recursos
Constatou-se, portanto, a viabilidade do uso
públicos.
da TOC como teoria norteadora de novo
Assim, o gerenciamento do ensino nos IF’s olhar na gestão do sistema educacional. A
requer uma atenção e cuidado além do construção da ARA, DDN, ARF, APR e AT
planejamento local. Atinge diretamente foram fundamentais na elevação da restrição
órgãos superiores na busca por uma gestão e início de um novo ciclo na gestão. Anulando
eficiente. Ressaltando as atribuições dos assim os efeitos indesejáveis da ARA e
servidores (docentes e TAE’s) no que diz obtendo os efeitos desejáveis na ARF.
respeito à execução, planejamento, apoio e Assim, um ponto fundamental é o
criação de ações que visem ao crescimento treinamento pleno dos servidores ao serem
da qualidade do ensino. Além disso, é inseridos nos IF’s da região norte para obter
indispensável treinamento dos novos uma visão plena das suas possíveis
servidores para o uso, manuseio e tratamento atribuições.
das mais diversas etapas do processo essa
Foram estabelecidos parâmetros para a
carência cria um imenso abismo nos IF’s
concepção de visão geral do sistema e
durante execução dos projetos que
suas implicações, no presente e no futuro.
promovam o desenvolvimento institucional
Ajudando a desonerar em médio prazo a
com qualidade.
cadeia produtiva educacional. Levou-se em
consideração que o profissional inserido nos
IF’S necessita constante redimensionamento
6. CONCLUSÕES
das ações e metas.
Os IF’S têm consigo uma responsabilidade
Sugerimos para futuras pesquisas a análise
quanto ao crescimento do país. Uma vez
do novo ciclo promovido pelas injeções
que esses existem também para formar
adotadas em outro contexto e região, assim
técnicos em um prazo menor, mantendo a
como o novo ciclo de análise que se iniciou
qualidade dos mais diversos cursos
com as medidas tomadas na pesquisa
(técnicos subsequentes, integrado, FIC/EJA,
apresentada. Há, ainda, lacunas na literatura
integral e integrado, tecnólogos,
quanto à dissonância ou consonância da
licenciaturas e pós-graduação). A região
TOC integrada à ferramenta de planejamento
norte, por sua vez, vem se destacando nas
estratégico para nortear no gerenciamento de
áreas da agropecuária, serviços e indústria
um IF’S.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


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repercussões na identidade e profissão dos

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CAPÍTULO 7
REDES DE INOVAÇÃO EM PÓLOS TECNOLÓGICOS

Maria Isabel Palmeiro Marcantonio


Bassiro Só
Marcia Ines Lazzari Marasca

Resumo: O artigo tem como principal objetivo identificar os principais elementos


de uma rede de inovação e a partir disto analisar se pólo de modernização
tecnológica da região norte do estado do rio grande do sul pode ser considerado
uma rede de inovação. o referencial teórico esta baseado em: redes de
inovação e redes interoganizacionais. utilizou-se o estudo de caso único com
subunidades de análise incorporadas foi estudado o pólo de modernização
tecnológica da região norte do estado do rio grande do sul que faz parte do
programa de apoio aos pólos modernização tecnológica do estado criado em
1985. foi possível verificarvários elementos presentes em uma rede de
inovação: (i) a relação de confiança construída no decorrer do tempo, (ii) a troca
e complementariedade de conhecimento entre os atores; (iii) o desenvolvimento
de atividades inovativas e a presença do estado como indutor da rede. há
indícios que o polo de modernização da região norte do estado do rio grande do
sul possa ser considerado uma rede de inovação

Palavras-chave: Redes de inovação; Inovação; Redes

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


1. INTRODUÇÃO organizacionais relevantes para a
coordenação d e relações interfirmas ou entre
No Brasil, grande parte das empresas
organizações é a teoria dos Custos de
registram baixas taxas de inovação e ainda
Transação (TCT). A TCT explica o sucesso
não vê o processo de inovação como algo
de redes interfirmas pela redução de custos
endógeno aos organizações embora exista
de governança entre os agentes envolvidos,
uma crescente percepção de que a inovação
além dos custos de produção (GRANDORI &
está fortemente associada ao aumento da
SODA, 1995), especialmente quando as
competitividade.
relações entre usuário-produtor envolvem
O presente trabalho tem como propósito transações comerciais que não encontravam
identificar os principais elementos de uma sustentação teórica nas formas clássicas de
rede de inovação e a partir disto analisar se organização econômica ou de governança
Pólo de Modernização Tecnológica da de transações – hierarquia e mercado. A
Região Norte do Estado do Rio Grande do TCT postula que custos de transação
Sul pode ser considerado uma rede de decorrem da transferência de produtos (bens
inovação.. O Governo do Estado do Rio e serviços) entre produtor-usuário e que, em
Grande do Sul, em 1989, através da uma transação específica, esses custos
Secretaria de Ciência e Tecnologia, podem variar em função de dois
estruturou o Programa de Apoio aos Pólos pressupostos:
Modernização Tecnológica (PAPMT) com o
objetivo de propiciar o aumento da
capacidade de desenvolvimento sócio- (i) racionalidade limitada; e
econômico de diversas regiões do Rio
(ii) oportunismo.
Grande do Sul. Neste contexto a participação
em uma rede voltada a inovação pode ser
um elemento de fundamental importância
dos resultados atingidos pelo mesmo. O Quando se trata do desenvolvimento de
artigo está estruturado da seguinte forma: inovações, muitas vezes, as firmas buscam
introdução, a primeira seção, a segunda complementaridade de recursos que são
seção referencial teórico: redes de inovação normalmente encontradas em firmas que
e redes interorganizacionais; a terceira a possuem grau de diferenciação elevado. A
métodologia; a quarta os resultados e busca por desenvolver relações para
discussões e a quinta conclusões. complementaridade de recursos entre
firmas com alto grau de diferenciação entre
si é um motivador para o desenvolvimento
2. REFERENCIAL TEÓRICO de redes (TEECE, 1986), enquanto o alto
grau de diferenciação entre firmas (ou
O referencial teórico esta baseado em redes unidades organizacionais) é um
de inovação e redes interoganizacionais. “desestruturador” das formas burocráticas
(hierárquicas) de coordenação. O objeto de
estudo das Redes de Inovação se caracteriza
2.1 REDES DE INOVAÇÃO por redes interorganizacionais envolvendo
empresas inovadoras, suas relações com o
O processo de inovação ocorre entre os
mercado (usuários/clientes), além de outros
diversos atores internos ou externos à
atores como governo, universidades, centros
organização como empresas, fornecedores,
de pesquisa e agentes financeiros. Envolve
clientes, órgãos públicos ou privados. Tal
também a visão institucional da TCT, na
processo é complexo, caracterizado por
medida em que o conceito de Rede de
atividade de pesquisa contínua. Dentro
Inovação deposita atenção especial ao tipo
deste contexto há as Redes de Inovação,
de interação entre os atores dos processos
que são definidas como o processo de
de inovação, creditando parte da eficiência
interação entre os atores heterogêneos
e eficácia desses processos à qualidade
produzindo inovação em qualquer nível de
dessas relações. Por outro lado, a
agregação seja local, regional, nacional e
coordenação entre os atores baseada na
global (BALESTRO, 2004). Conforme
confiança indica uma crescente partilha de
Grandori & Soda (1995), dentre as
objetivos, sentidos, padrões e valores de
abordagens da teoria das Organizações, a
comportamento (NOOTEBOOM, 2004). O
linha que traz as principais contribuições
fato de uma organização ou empresa
para descrever os mecanismos
pertencer a uma determinada Rede de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Inovação é dado pela participação em individual que domine todos os elementos
atividades inovativas realizadas com outras necessários ao desenvolvimento de um novo
empresas e organizações envolvidas nas produto, processo ou serviço. A formação
distintas etapas do processo de inovação, de competências deriva de um esforço
bem como pela participação em ações coletivo através da cooperação.
coletivas. Na abordagem de Redes de
Inovação há uma preocupação central com a
gestão de recursos como conhecimento e 2.2 REDES INTERORGANIZACIONAIS
informações úteis aos processos de
O termo rede não é novo e apresenta
inovação, inclusive informações de mercado,
diversos significados e aplicações nos mais
bem como dos relacionamentos entre os
variados contextos. Alguns autores destacam
atores envolvidos nesses processos. Uma
que não há uma definição única e precisa
forte motivação para a formação de Redes
em relação as redes organizacionais, entre
de Inovação tem a ver com a
eles, BRASS, BUTTERFIELD & SKAGGS
complexidade da base de conhecimento
(1998); NEDEVA (2000); GRANDORI & SODA
necessária para inovar. Isso é especialmente
(1995); NOHRIA (1992). Nohria & Eccles
verdadeiro em áreas como biotecnologia,
(1992), elencamtrês razões principais para o
nanotecnologia e robótica. A complexidade
aumento do interesse no tema sobre redes
da base de conhecimento, tornando
nos estudos organizacionais: (1) a
extremamente difícil a criação do
emergência de uma nova competição,
conhecimento necessário dentro das
baseada em redes de inter- relações laterais
fronteiras de uma única empresa, e a
intra e interfirmas, como a que está
dispersão das fontes de conhecimento,
acontecendo nos distritos industriais
tornam as redes (ao invés das firmas
italianos; (2) o surgimento das tecnologias de
individuais) o lócus da inovação (POWELL et
informação e de comunicação possibilitou
al., 1996). Outra motivação para a formação
uma maior capacidade de inter-relações
das Redes de Inovação é a qualificação das
entre firmas dispersas; e (3) a consolidação
relações e das informações sobre
da análise de redes como disciplina
mercado/demanda, reduzindo a incerteza e a
acadêmica, expandida para uma ampla
complexidade inerentes ao processo de
interdisciplinaridade dos estudos
inovação. KÜPERS & PYKA (2002) salientam
organizacionais. As redes intensificam a
três aspectos na conceituação de Redes de
interação, promovendo redução espaço-
Inovação: (i) constituem um dispositivo de
temporal nas inter-relações dos seus atores,
coordenação que possibilita e apóia a
como fator altamente estratégico para a
aprendizagem interorganizacional; (ii)
competitividade das organizações do século
permitem a exploração de
XXI (FAYARD, 2003). Marcon & Moinet (2000)
complementaridades, fundamental para
explicitam que no campo de estudos das
dominar soluções tecnológicas
ciências sociais, o termo rede designa um
caracterizadas pela complexidade e
conjunto de pessoas ou organizações
diversidade de áreas de conhecimento
interligadas ou indiretamente. POWELL
envolvidas; e (iii) constituem um ambiente
(1987), OLIVER (1990) E GRANDORI &
organizacional que abre a possibilidade da
SODA (1995) nas suas diversas obras,
exploração de sinergias pela junção de
destacam que, no campo organizacional, a
diferentes competências tecnológicas. Há
noção de rede é aplicada a uma ampla
pelo menos três fatores que podem estar
variedade de formas de relações entre firmas,
presentes na origem das Redes de Inovação:
como joint ventures, alianças estratégicas,
a concentração geográfica das empresas, a
relações de terceirização e subcontratação,
existência de projetos complexos e a ação
distritos industriais, consórcios, redes
institucional indutora da formação das
sociais, redes de cooperação entre
Redes de Inovação, seja através do Estado
pequenas e médias empresas. Corroborando
por meio de uma política pública
Caglio (1998) e Oliver & Ebers (1998)
específica. Redes de Inovação “é uma das
postulam que os estudos sobre redes
mais relevantes mudanças na economia do
oferecem preciosa base de interesses
aprendizado da cooperação interempresas
comuns e um potencial diálogo entre os
em harmonia com a inovação”. A
vários ramos da ciência social ressaltando
constituição de Redes de Inovação tem
que as investigações sobre redes
significativa importância para a aquisição de
interorganizacionais foram conduzidas com
competências. Visto que não há empresa
base nas seguintes correntes teóricas: (a)

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Economia Industrial; (b) Estratégias interorganizacionais que provocam
Interorganizacionais; (c) Dependência de ambigüidades no entendimento do tema,
Recursos; (d) Redes Sociais; (e) Custos de Marcon & Moinet (2000) criaram um gráfico
Transação; (f) Teoria Institucional; e (g) denominado mapa de orientação conceitual
Teorias Críticas e Radicais. Os autores configurado em quatro quadrantes; o eixo
MILES & SNOW (1992); WILLIAMSON vertical está ligado à natureza dos elos
(1985) conceituam redes organizacionais gerenciais estabelecidos entre os atores da
como agrupamentos de firmas ou rede, o eixo horizontal representa o grau de
unidades especialistas coordenadas por formalização estabelecido nas relações entre
mecanismos de mercado ao invés de cadeias os atores conforme descrição a seguir e
de comando. Tal conceito está baseado na ilustrado na Figura 1:
teoria dos custos de transação da mesma
forma que Grandori & Soda (1995) dentre as a) Redes verticais (dimensão da Hierarquia)
abordagens da teoria das Organizações, a – possui clara estrutura hierárquica,
linha que traz as principais contribuições sendo utilizada por grandes redes de
para descrever os mecanismos distribuição que adotam a estratégia de
organizacionais relevantes para a redes verticais visando a proximidade
coordenação de relações interfirmas ou com o cliente para estarem mais próximas
entre organizações é a teoria dos Custos de do cliente;
Transação (TCT). A TCT explica o sucesso b) Redes Horizontais (dimensão da
de redes interfirmas pela redução de Cooperação) – são constituídas por
custos de governança entre os agentes empresas que guardam cada uma sua
envolvidos, além dos custos de produção independência, mas que optam por
(Grandori & Soda, 1995), especialmente coordenar certas atividades específicas
quando as relações entre usuário- produtor de forma conjunta para atingir certos
envolvem transações comerciais que não objetivos (criação de novos mercados,
encontravam sustentação teórica nas formas compartilhamento de custos/riscos em
clássicas de organização econômica ou de P&D de novos produtos, gestão de
governança de transações – hierarquia e tecnologias e informações e ações de
mercado. A TCT está centrada na ideia que marketing).
custos de transação decorrem da
transferência de produtos (bens e serviços) c) Redes Formais (a dimensão Contratual)
entre produtor-usuário e que, em uma – são redes formalizadas por meio de
transação específica, esses custos podem termos contratuais que estabelecem
variar em função de dois pressupostos: (i) regras de conduta entre os atores, como
racionalidade limitada; e (ii) oportunismo. as alianças estratégicas, os consórcios
de exportação, as joint-ventures e as
Entretanto, para Debresson & Amesse
franquias;
(1991), há dois limites importantes do
enfoque dos custos de transação em rede: d) Redes Informais (a dimensão da
primeiro, a pouca atenção dada por esta Conivência) – permitem os encontros
teoria ao papel da confiança como uma informais entre os atores (empresas,
forma de governança (ou de como as organizações profissionais, instituições,
empresas gerem seu relacionamento no universidades, associações, entre
desenvolvimento de atividades conjuntas), outros). São formadas sem qualquer tipo
considerando relações formais e informais. de contrato formal que estabeleça regras,
Segundo, a ênfase na redução dos custos agindo em conformidade com os
de transação não permite captar benefícios interesses mútuos de cooperação,
da cooperação em forma de rede, tais como baseados principalmente na confiança
a criação de conhecimento, o entre os atores.
desenvolvimento de competências e o
aprendizado social importante para o Figura 1: Mapa de Orientação Conceitual
desenvolvimento de uma empresa, região ou sobre Redes Interorganizacionais
indústria. Devido à existência de uma Fonte: Adaptado de Marcon & Moinet (2000).
diversidade de tipologias de redes

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


com objetos incorporados, isto é, os atores
que atuam diretamente ou indiretamente
junto a Secretaria de Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul. A escolha do caso o
PAPMT é justificada pela: importante função
histórica do programa na medida em que
promoveu a criação dos pólos, o
acompanhamento de um amplo conjunto de
projetos, realização de repasse dos
recursos financeiros no âmbito estadual,
pela busca em promover a inovação e o
desenvolvimento regional. A utilização do
estudo de caso se justifica pela: a busca
do aprofundamento das análises em
Os diversos tipos de atores que podem detrimento da amplitude, pesquisa em
participar de arranjos interorganizacionais profundidade de uma grande quantidade de
desenvolvem uma série de relacionamentos informações, sem a preocupação com a
que influenciam em seus respectivos representação estatística dos resultados, por
ambientes onde normalmente verifica-se uma estudar uma configuração complexa com
conjuntura ímpar em cada arranjo. vários atores, a constatação de várias
variáveis ambientais inter-relacionadas.
Uma referência institucional comum entre os
atores contribui para o estabelecimento de Yin (2001) aponta que em estudos de caso,
um ambiente favorável na gestão das existe uma tendência de se valer de mais de
atividades da rede. Muitas vezes, a uma fonte de dados, entre os quais é
coordenação baseada na confiança conta possível incluir: entrevistas, observação
com organizações intermediárias, tais como direta, documentos e registros em arquivos.
agências de desenvolvimento,
A pesquisa ocorreu em duas etapas. Na
associações empresariais e/ou órgãos primeira, com o objetivo de melhor
governamentais. Alguns papéis destas compreender o objeto de estudo foi realizada
organizações entrevista com o coordenador do Programa
de Pólos de Modernização do Estado do RS.
intermediárias nas redes são: (i) facilitar a
Na mesma oportunidade foi efetuada uma
comunicação na busca de um entendimento
pesquisa a dados secundários: como
mútuo entre os atores; (ii) articular os atores
relatórios dos projetos, acesso a dados
em torno de ideias/projetos de interesse
históricos, pareceres técnicos e material de
comum; (iii) monitorar o fluxo de informação
apoio da SCT.
e operar como intermediário na construção
da confiança; e Com o objetivo de compreender as
relações entre a SCT e os demais atores
(iv) construir um sentido de pertencimento optou-se por analisar em profundidade o Pólo
a uma organização com o poder de um de Modernização Tecnológica da Região
coletivo (NOOTEBOOM, 2004). Outros Norte do Estado do Rio Grande do Sul. Esta
papéis importantes são a construção de escolha levou em consideração os seguintes
uma marca, de um código de ética e de aspectos: o tempo de funcionamento do
conduta para as relações internas e mesmo, o acesso facilitado às pessoas que lá
externas, de padrões de qualidade atuam, a boa classificação de desempenho
(recursos que sejam percebidos pelo obtida junto a SCT, a interação com o
mercado como valor adicional para setor produtivo, a infraestrutura da
desenvolvimento de relações de Instituições de Ensino Superior (IES).
fornecimento) e de desenvolvimento de
futuras inovações. Inicialmente foi elaborado um roteiro
semiestruturado que foi aplicado ao gestor
do Pólo de Modernização Tecnológica da
3.METODOLOGIA Região Norte do RS, após a entrevista
piloto o mesmo foi modificado visando
Para o desenvolvimento da presente adequar os pontos passíveis de melhorias.
pesquisa, optou-se pela adoção do estudo
de caso sendo abordado o Programa de Na segunda etapa, realizou-se um segundo
Apoio aos Pólos de Modernização (PAPMT) encontro na SCT e uma visita ao Pólo de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


Modernização Tecnológica da Região Norte 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES -
do Estado do Rio Grande do Sul situado PROGRAMA DE APOIO AOS PÓLOS DE
em Erechim, no interior do Estado do RS. Os MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO
entrevistados foram pessoas que possuem GRANDE DO SUL
efetiva interação com o Pólo da Região
O Programa de Apoio aos Pólos de
Norte do RS:
Modernização Tecnológica (PAPMT) surgiu
(i) coordenador do programa de Pólos de uma iniciativa do Governo do Estado do
do Estado do RS (PAPMT), Rio Grande do Sul tendo sido estruturado
pela Secretária de Ciência e Tecnologia do
(ii) dois gestores do Pólo;
Estado (SCT/RS) no ano de 1989.
(iii) diretor do Pólo e o coordenador dos
De 1989 até 1994, foram criados os
programas de pesquisas,
primeiros Pólos. As regiões eram visitadas
(iv) três pesquisadores ligados aos por técnicos da SCT/RS que analisavam a
projetos desenvolvidos pelo Pólo, viabilidade de implantação dos mesmos,
sendo um dos principais requisitos
(v) profissional ligado à Secretaria
considerados a existência de uma Instituição
Municipal da Agricultura de Erechim/RS
de Ensino Superior (IES). Nesta fase, os
e
projetos eram analisados em grupos, ou
(vi) dois gestores de empresas que atuam seja, em blocos, não havendo um
na Região. acompanhamento tão rigoroso, sendo que
os recursos financeiros eram solicitados
Aplicou-se um questionário semiestruturado
anualmente. Na segunda etapa, de 1995 a
cujas questões foram agrupadas nos
1999, o programa foi reestruturado com a
seguintes grandes tópicos: modelo de
finalidade de adequar-se à Lei n. 8.666 que
gestão e a dependência entre os atores,
regulamenta as licitações públicas. Desta
fatores relativos a limitações e melhorias e
forma, na apresentação do projeto junto a
desempenho, relacionamento entre o Pólo e
SCT/RS deveriam ser especificadas as
os atores para alavancar o processo de
metas técnicas e financeiras a serem
inovação, caracterização dos resultados
atingidas. O não cumprimento das metas
atingidos e o relacionamento junto a
colocava a universidade no Cadastro de
SCT.Cada entrevista teve duração de,
Inadimplente do Estado (CADIN), ficando a
aproximadamente,80 minutos,
Instituição impossibilitada de obter novas
posteriormente, fez-se a transcrição das
liberações de recursos por parte do Governo
informações. Com o propósito de aumentar a
do Estado até a regularização do débito. Do
compreensão das narrativas e garantir sua
prisma do Estado do RS, a implantação de um
fidedignidade aplicou-se a triangulação dos
Pólo é o resultado da integração de diversos
dados, considerando as informações
parceiros focados no desenvolvimento local
coletadas, resultantes dos dados primários
e/ou regional. Entre os envolvidos pode-se
e secundários.
citar: centros de pesquisa, universidades,
Yin (2001) também recomenda o uso de associações, prefeituras, cooperativas,
evidências cruzadas utilizando fontes órgãos públicos, o governo estadual, firmas e
distintas para corroborar um fato ou os agentes financeiros.
conclusão obtida, que recebe o nome de
Nesta fase, o objetivo do PAPMT estava
processo de triangulação de fontes de
centrado em proporcionar o aumento da
dados. É recomendável realizar um
capacidade de desenvolvimento sócio-
encadeamento de evidências, fazendo
econômico das regiões do Estado.
ligações explícitas entre as questões feitas, os
dados coletados e as conclusões obtidas. O programa, através da interação entre
universidades, atores locais, poder público
Foi realizada uma análise cronológica das
e setor produtivo, estimulava o
informações coletadas e separadas em fases
desenvolvimento de cada região de forma
distintas do desenvolvimento do programa e
autônoma.
a análise dados foi desenvolvida uma
seleção de categorias (EISENHARDT, 1989). Na última etapa, com início em 2000, o
programa foi modificado novamente com o
intuito de atender às demandas dos setores
produtivos. Formalmente, foi dada ênfase
aos aspectos relativos à inovação. A criação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


formal de um Pólo se dá, inicialmente, vistas à modernização do setor industrial,
através da assinatura do Protocolo de melhoria de qualidade dos produtos,
Intenções, entre o Governo do Estado do processos e serviços e o aumento da
RS, IES, Secretaria de Ciência e Tecnologia produtividade. As áreas definidas como
do Estado do RS, prefeitos, representantes do prioritárias no contexto do Pólo de
setor produtivo, entre outros. Modernização da Região Norte, são: (i)
energia e meio ambiente; (ii) tecnologia de
Cada Pólo está vinculado ao PAPMT que
alimentos; (iii) desenvolvimento industrial; e
representam a comunidade da região sendo
(iv) agropecuária. Estas escolhas são
aquele representado formalmente por um
realizadas de acordo com as características
coordenador que pertence aos quadros da
socioeconômicas da região do Estado. É
universidade executora. Os gestores
desejável que os projetos potencializem as
respondem por um amplo conjunto de ações,
vocações regionais (área de concentração) e
tais como: relações junto a SCT/RS e aos
introduzam inovações nos arranjos produtivos
demais atores que integram o Pólo. Além
locais conforme explicita o Protocolo de
disso, é responsável pela gestão global dos
Intenções. Os relatos das entrevista e a
projetos elaborados no âmbito do Pólo. Já a
consulta aos relatórios de acompanhamento
execução dos projetos4.1.1 conta com a
dos projetos permitiu identificar 6 programas
participação das equipes de pesquisadores e
de pesquisas desenvolvidos no âmbito do
dos demais atores envolvidos junto ao Pólo.
Pólo: (i) Programa de Desenvolvimento da
Cabe às Instituições de Ensino e Pesquisa: Cadeia da Erva-Mate, (ii) Programa de
i) propor projetos de acordo com as áreas Desenvolvimento na Cadeia de Óleos
de prioridade do Pólo; ii) disponibilizar Vegetais, (iii) Programa de Desenvolvimento
recursos físicos e materiais para a execução na Cadeia de Plantas Aromáticas e
dos mesmos; Medicinais, (iv) Programa de
Geoprocessamento e Planejamento
iii) executar os projetos contratados; e iv)
Ambiental, (v) Programa de Melhoria de
realizar a transferência dos resultados
Derivados de Petróleo; e (vi) Programa de
obtidos para os setores produtivos, quando
Tratamento de Resíduos.
exequível. Os Polos têm como propósito
contribuir para o desenvolvimento Analisando a evolução histórica do Pólo de
socioeconômicos da região através da Modernização da Região Norte do RS,
qualificação de recursos humanos, a condensando o relato dos entrevistados,
aplicação da tecnologia, melhoria de produto pode-se identificar três fases distintas, a
e processos. As áreas definidas como saber: (i) Fase 1 – Fase de Estruturação
prioritárias são elencadas de acordo com as (período 1995-1998); (ii) Fase 2 – Fase de
características socioeconômicas da região Desenvolvimento (período 1998-2000); e (iii)
em que o Polo se localiza no Estado. Fase 3 – Fase de Expansão (período 2000-até
os dias atuais).
A Fase de Estruturação, caracterizada por
4.1. O PÓLO DE MODERNIZAÇÃO
uma interação efetiva do Pólo da Região
TECNOLÓGICA DA REGIÃO NORTE DO
Norte com a SCT/RS. Na Fase de
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Desenvolvimento, observou-se uma alteração
O Pólo de Modernização Tecnológica da na configuração geral do Pólo em função da
Região Norte do RS foi criado em 1995, entrada de atores importantes e empresas
através da assinatura do Protocolo de privadas. Foram ampliadas as fontes de
Intenções entre o Governo do Estado do Rio financiamento ao Pólo, a efetivação de
Grande do Sul e as prefeituras que integram projetos mais complexos e consonantes
a Região Norte do Estado, os demandas mais sofisticadas, por parte da
representantes de associações de classe, PETROBRAS e da INTECNIAL (representam
do setor produtivo, a URI e a Fundação um fator essencial para a sustentabilidade do
Universidade Regional Integrada – FURI Pólo). Um ponto relevante de ressaltar foi a
(mantenedora da URI). O objetivo desse integração entre áreas multidisciplinares da
Pólo é contribuir para o desenvolvimento URI (Engenharia de Alimentos, Química,
socioeconômico do Estado através da Farmácia, Agronegócios e Engenharia
qualificação de recursos humanos e da Agrícola e participantes das várias fases da
aplicação produtiva da capacitação Cadeia da Erva-Mate).
tecnológica acumulada na região, com
Na Fase de Expansão, embora mantidas

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


ações ligadas à modernização, o enfoque patentes, enquanto resultados dos
foi a inovação como característica sistêmica processos de trabalho. A Figura 2 ilustra a
e pelo método de trabalho interdisciplinar, rede formada entre o Pólo e os demais
notam-se movimentos importantes em atores.
relação à tentativa da busca das primeiras

Figura 2: Configuração do Pólo de Modernização da Região Norte na Fase - Expansão

Fonte: Elaborado pelos autores

4.2 CARACTERÍSTICAS DE UMA REDE DE taxas de risco, que vão sendo melhor
INOVAÇÃO analisadas no transcorrer do desenvolvimento
das pesquisas tecnológicas. Neste sentido,
Há varios elementos que fazem parte da
as relações de confiança construídas
constituição de uma rede de inovação. Na
anteriormente parecem fundamentais para a
análise das entrevista identifica-se relatos
execução destes empreendimentos
significativos neste sentido.
tipicamente ligados à inovação. Um aspecto
Com o passar do tempo às firmas tendem relevante a salientar refere-se a
a dividir os riscos de um programa de complementariedade de recursos através da
pesquisa juntamente com a universidade, interação entre distintas áreas de pesquisa.
passam a ser feitas “apostas” em projetos de Neste sentido, os programas relacionados ao
longo prazo sem que se tenha “certeza” dos desenvolvimento das cadeias produtivas
resultados que serão obtidos ao final das tendeu a ensejar um rico processo de
mesmas. Nas palavras do Gestor do Pólo: interação entre as áreas de pesquisa, tais
“Nós vamos desenvolver uma pesquisa em como: a engenharia agrícola, agronegócio,
biodiesel. Em 2 anos de projeto química e engenharia de alimentos. No que
possivelmente nós vamos ter uma nova tange a complemtariedade de recursos
tecnologia e perguntamos ao empresário: externos ao Polo tais como a EMATER,
você quer correr este risco comigo? (...) na EMBRAPA e Empresas, é possível afirmar
primeira etapa tem 70%, na segunda, ele cai que o aspecto cooperação e a troca de
para 30% e na terceira etapa, o risco é de conhecimentos auxiliam na busca de
1%.” Ou seja, aos passos iniciais da objetivos comuns. O relato do Gestor do Pólo
pesquisa parecem estar associadas maiores explicita:

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


“(...) Quando se desenvolveu o formalizar muito isto é que a gente quebre
programa que engloba vários projetos esta relação que gera o conhecimento tácito
de pesquisa, por exemplo, o no nosso método de trabalho e que tem sido
programa da erva-mate que existe há extremamente essencial”.
12 anos. (...) inicialmente na área de
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul
campo (as cooperativas, os
teve atuação fundamental na constituição,
produtores, a EMATER e a
estruturação e continuidade do Polo. As
EMBRAPA). Para a industrialização
ações do Pólo dependeram completamente
(indústrias, os sindicatos das
dos recursos oriundos da Secretaria de
indústrias e outras universidades)
Ciência e Tecnologia do RS. Neste sentido, o
Quando se trabalhou com o
estímulo por parte do Governo foi central para
desenvolvimento de novos produtos,
a constituição do Pólo. As negociações entre
entraram outras áreas como química,
o Pólo e a SCT/RS estavam fortemente
farmácia, engenharia de alimentos,
ligadas às atividades de modernização dos
engenharia química e assim foi se
sistemas produtivos já existentes na Região.
ampliando as parcerias”.

5. CONCLUSÕES
Outro elemento importante a ser ressaltado
é relativo aos trabalhos desenvolvidos no Analisando o referencial teórico estudado
tema inovação de processo, realizados identifica-se várias caracteristicas de uma
conjuntamente entre a Empresa INTECNIAL rede de inovação no caso estudado. Verifica-
e o Centro Tecnológico da URI. Um dos se amplo processo de interação entre os
resultados mais expressivos oriundos desta atores heterogêneos conforme Balestro, pois
articulação através do Centro de este é um Pólo com mais de uma década de
Tecnologia/Empresa foi o encaminhamento de existência, que foi intensificando as
uma patente por parte da empresa interações com indústrias, órgãos do
INTECNIAL na Cadeia de Óleos Vegetais – Estado, Universidades, cooperativas, entre
registro referente a um novo equipamento outros. Neste período paulatinamente foi se
que permite a transformação de óleo de soja desenvolvendo uma relação de confiança
em Biodiesel. O compartilhamento de entre os membros de fundamental
conhecimento faz-se relevante o contexto de importância como enfatizado por Nooteboom,
rede de inovação. Tal fato é evidenciado A complementaridade de recursos entre
através das trocas de experiência entre a firmas com alto grau de diferenciação entre
Universidade e a Firma nem todos os si é um motivador para o desenvolvimento de
conhecimentos transferidos de parte a parte redes o que vem de encontro com as idéias
parecem ser passíveis de serem de TEECE o que impulsionou o
formalizados. Neste sentido, um dos desenvolvimento das atividades de inovação.
profissionais da URI envolvido nos projetos, Por fim existem indícios que o Polo de
destaca a importância do conhecimento Modernização da Região Norte do Estado do
tácito no processo: (...) Existe uma interação Rio Grande do Sul possa ser considerado
bastante grande, mas não é fácil de ser uma rede de inovação.
medida. O receio que a gente tem de tentar

REFERÊNCIAS [3]. DEBRESSON, C. & AMESSE, F. Networks


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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 4


CAPÍTULO 8
BRAND VALUATION: TOP 10 MARCAS MAIS VALIOSAS
DO BRASIL - UM ESTUDO SOBRE O
RECONHECIMENTO DA MARCA COMO ATIVO
ESTRATÉGICO.

Francisco Clairton Araujo


Fernando José Ferreira Lucas Bação
Mitsuru Higuchi Yanaze

Resumo: A marca continua representando um ativo intangível de grande valor


estratégico e financeiro para as empresas, portanto administradores que detenham
conhecimento contábil e saibam gerenciar suas particularidades poderá agregar
valor estratégico ao negócio principalmente em tempos de crise. Com a recente
adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) no Brasil, tornou-se
possível o reconhecimento contábil da marcas, logo o valor financeiro da marca
poderá ser melhor gerido pela administração da empresa. A contribuição deste
artigo consiste em verificar se as empresas que compõem o ranking Interbrand Top
10 (dez) marcas mais valiosas do Brasil, reconheceram o valor financeiro de suas
marcas como patrimônio – ativo intangível perante suas demonstrações contábeis.A
pesquisa se caracteriza como exploratória, as fontes de dados são primárias e
secundárias divulgadas ns sites das empresas e Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). Os resultados apresentaram que as empresas pesquisadas reconheceram
publicamente o valor de mercado de suas marcas em seu relatório de
administração, mas somente o grupo Ambev, Natura e Vivo reconheceram valores
de suas marcas nas demonstrações contábeis, o que já demonstra uma evolução.
Percebeu-se também não existir uma padronização de critérios para efeito de
apresentação das notas explicativas comprometendo a comunicação entre as
partes interessadas e mercado em geral.

Palavras-chave: Top 10 Interbrand, Valor Financeiro da Marca, IFRS Contabilização


da Marca, Marca Ativo Estratégico.

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1.INTRODUÇÃO Por outro lado, tal proibição nos leva à
seguinte reflexão: Como avaliar
A marca representa um ativo intangível de
adequadamente o valor de mercado de uma
grande valor estratégico e financeiro para as
empresa sem saber o valor justo da marca?
empresas e mesmo não possuindo forma
Para Kirk, Ray e Wilson (2013); Melo e Galan
física representa um diferencial para atrair
(2011) o valor da marca também exerce
clientes (PERES; FAMÁ, 2006). Para
influência significativa nos interesses dos
Wasserman (2015) a marca é tão
acionistas pois, seu valor reflete na
representativa ao ponto de influenciar na
valorização das ações da empresa, portanto,
decisão de compra do consumidor, logo gera
como é possível acreditar no valor patrimonial
fonte de informação estratégica e tática para
de uma ação cotada em bolsa de valores?
todos os gestores da empresa, principalmente
aos administradores responsáveis por Recentemente devido à relevância,
maximizar os resultados da empresa. notoriedade e influência do valor das marcas
nas empresas, sociedade e mercado de
Para Yanaze (2013) o maior desafio ao longo
capitais entre outras partes interessadas; os
das últimas décadas sempre foi medir o
órgãos reguladores que emitem as Normas de
retorno do investimento em comunicação; e
Contabilidade (IFRS) decidiram finalmente por
identificar confiavelmente o quanto dos gastos
reconhecer a marca como um ativo intangível
totais despendidos pela empresa
das empresas, sendo assim, formulam-se as
correspondem ou incrementam o valor da
questões-problema que nortearão os esforços
marca. Conhecer o valor da marca permite a
desta pesquisa que são: As empresas estão
empresa agir estrategicamente, planejando,
reconhecendo as marcas como ativos
investindo e desenvolvendo a marca e
intangíveis em suas demonstrações
produtos relacionados à marca fidelizando
contábeis? As notas explicativas fazem
seus consumidores visando a geração de
referência ao critério ou metodologia de
benefícios futuros (CRAVENS; GUILDING,
mensuração do valor da marca ?
2001).
A contribuição deste artigo consiste em
Ao longo do tempo o valor das marcas e
verificar se as empresas que compõem o
ativos intangíveis superaram os ativos
ranking Interbrand Top 10 (dez) marcas mais
tangíveis das empresas; estudos apontam
valiosas do Brasil, reconheceram o valor
que o valor da marca pode representar entre
financeiro de suas marcas como ativo
20% a 75% do valor da negociação em fusão
intangível perante as demonstrações
e aquisição, por isto a gestão de marca ganha
contábeis. Adicionalmente também será
mais notoriedade entre os administradores de
avaliado se o processo de comunicação e
empresa, gestores de marcas e mais
publicação dos relatórios anuais compostos
recentemente gestores financeiros conforme
por relatório de administração,
evidenciam estudos de (RINGLAND;YOUNG,
demonstrações contábeis e notas explicativas
2006); (BAHADIR; BHARADWAJ;
são transparentes e se fazem referência as
SRIVASTAVA, 2008); (FRANZEN;
marcas e seus valores de mercado.
MORIARTY,2009); (KITCHEN,2010), entre
outros autores. Ocorre que o processo de O presente artigo justifica-se com base no
avaliação financeira de uma marca é atendimento das condições propostas por
complexo devido ao conflito de interesses que Severino (2013) de originalidade, importância
envolvem questões não financeiras tais como: e viabilidade. A originalidade deste artigo está
imagem, percepção do consumidor, em conjugar estudos de administração e
lembrança, qualidade entre outras variáveis marketing com finanças e contabilidade ao
conforme apontadado por (SHUBA; ponto de aproximar estas áreas do
DOMINIQUE; HANSSENS,2009); (SGODA; conhecimento visando minimizar questões
FREITAG, 2015). polêmicas envolvendo a mensuração e
reconhecimento do valor das marcas. No que
Durante décadas o reconhecimento contábil
diz respeito à importância, no Brasil em 2014
da marca foi proibido pelas Normas de
foram registrados pela (Anbima) Associação
Contabilidade, e seguramente uma das
Brasileira das Entidades dos Mercados
principais razões para isto é a divergências
Financeiro e de Capitais mais de 192 bilhões
entre os métodos de avaliação do valor
de reais equivalentes à aproximadamente 146
financeiro da marca conforme apontam
transações de fusões e aquisições (F&A),
estudos de (WILLMOTT, 2010), (MIZIK,2010),
portanto, o valor da marca certamente esteve
(GELB; GREGORY, 2011), (SILVA,2012).
presente durante todo o processo de

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avaliação econômica da empresa. Segundo a Intelectual (2015), definem a marca como um
Interbrand o valor das (25) vinte e cinco “sinal que serve para distinguir os produtos ou
marcas mais valiosas quase atingiu o valor de serviços de uma empresa dos outros e de
100 bilhões de reais, fato inédito no mercado outras empresas”.
brasileiro. O estudo torna-se viável, uma vez
que os dados estão disponíveis nos sites das
empresas pesquisadas e Comissão de 3. BRAND VALUATION
Valores Mobiliários (CVM). Este estudo limita-
A definição de Brand Valuation ganhou mais
se apenas a pesquisar as Top 10 (dez)
notoriedade a partir da contribuição de Aaker
empresas e respectivas marcas mais valiosas
e Feldwick (1996), onde atribuiu o brand
perante o ranking publicado pela consultoria
equity como patrimônio da marca e Brand
Interbrand.
Valuation como representação financeira do
O estudo está organizado em três seções valor da marca. Com ascensão das
sendo a primeira de caráter introdutório; a operações de fusões e aquisições na década
segunda que abordará conteúdo conceitual e dos anos 80, o Brand Valuation passou a ser
técnico da pesquisa; a terceira seção intensamente discutido entre as partes
apresentará análise dos resultados; e, por fim, envolvidas na operação, isto porque
as considerações finais prevendo limitações e perceberam que os ativos intangíveis a
trabalhos futuros e por último as referências exemplo da marca podem representar forte
bibliográficas. A seguir a definição de marca valor estratégico à negociação. A partir daí,
segundo autoridades do setor e surgiram então as primeiras técnicas de
pesquisadores. avaliação de marcas e iniciou-se a discussão
da adequação à Contabilidade das empresas
(NUNES; HAIGH,2003) e (LOURO,2000).
2. DEFINIÇÃO DA MARCA
De acordo com (AMA) American Marketing
4. O MODELO DA INTERBRAND
Association (2015), Kotler (2008) e Machline
(2003) entre outros autores, a marca pode ser A Interbrand é uma empresa global de
definida como um nome, termo, desenho, consultoria especializada em valorização de
símbolo, desenho, ou uma combinação marca, sua metodologia foi desenvolvida em
desses elementos que deve identificar os 1988 em parceira com a London Business
bens e serviços de uma empresa ou grupo de School. A Interbrand foi a primeira consultoria
empresas e diferenciá-las da concorrência. a obter o certificado ISO 10.668 Global
Aaker (1991) ressalta a “marca como sendo Standard for Brand Valuations, que define os
não só um ativo estratégico mas, também a padrões mínimos que devem ser seguidos
fonte principal de vantagem competitiva para quanto aos procedimentos e métodos
uma empresa, ou seja, visão centrada no utilizados para valorização de marcas, por
negócio”. Ainda Aaker (2011) complementa esta razão foi o modelo escolhido para esta
sua própria definição anterior: "A soma pesquisa. Tal metodologia assume a marca
intangível dos atributos de um produto: Seu como um ativo estratégico do negócio capaz
nome, embalagem e preço, sua história, sua de gerar identificação e valor. A avaliação da
reputação, bem como a forma como ele é marca está condicionada ao atendimento das
anunciado" concluí ainda que “ A marca é a seguintes premissas: (i) a marca precisa ser
promessa de uma empresa faz para seus nacional mesmo que o controle acionário seja
clientes - e a única ligação emocional que os estrangeiro; (ii) apresentar demonstrativos
clientes formam com a empresa, quando esta contábeis e/ou publicados ao mercado; (iii)
promessa é consistentemente entregue a publicar resultados individuais de cada
cada interação©”. Para o (INPI) Instituto marca; (iv) gerar lucro econômico. A seguir
Nacional da Propriedade Industrial e a (OMPI) uma representação gráfica a respeito do
Organização Mundial de Propriedade modelo conceitual da Interbrand.

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Figura I - Demonstração conceitual da metodologia da Interbrand adaptado pelo autor

Fonte: www.interbrand.com.br acessado em 18/07/2015

A primeira etapa é a análise financeira e futuro da marca já descontado a uma taxa


representada pelo lucro econômico que leva de desconto.
em consideração a previsão das receitas
líquidas atuais e futuras atribuíveis aos
produtos e serviços da marca, após isto 5. IFRS / CPC – RECONHECIMENTO DA
subtrai-se os custos operacionais com isto MARCA COMO ATIVO ESTRATÉGICO.
isolando a parcela dos resultados diretamente
O valor da marca não podia ser registrado
atribuível à marca, na sequência desconta-se
nos demonstrativos contábeis por um
o custo de capital da operação para
impedimento legal da Lei das Sociedades
identificar os ganhos econômicos do negócio.
Anônimas N° 6.404, pois não previa o
A segunda etapa é análise de demanda reconhecimento dos ativos intangíveis. Além
representada pelo papel de marca que está disso, seus princípios contábeis eram
relacionada ao entendimento do baseados pelo custo histórico ou custo de
comportamento de compra do consumidor, a entrada, portanto, o valor da diferença entre o
ideia é medir a porção do comportamento de valor contábil baseado em custo histórico e o
compra do consumidor que é atribuída à valor de mercado pago provido pelo
marca em relação a outros fatores (como por (Valuation) avaliação econômico-financeira
exemplo, preço, conveniência ou era contabilizado como expectativa de
características do produto). Esse índice é rentabilidade futura também conhecida como
aplicado aos ganhos econômicos dos goodwill.
produtos ou serviços para se chegar aos
Com adoção das Normas Internacionais
lucros gerados apenas pela marca.
Contabilidade (IFRS) no Brasil, a partir das
A terceira etapa é análise da concorrência Leis 11.638 e 11.941, deu origem ao
representada pela força de marca que pronunciamento técnico CPC 04, baseado na
consiste em medir a capacidade que a marca norma internacional IAS 38, que permite o
possui em criar lealdade e de continuar reconhecimento dos ativos intangíveis desde
gerando demanda no futuro. Esse índice é que respeitado as seguintes condições: “Um
inversamente relacionado ao nível de risco ativo satisfaz o critério de identificação, em
associado às previsões financeiras. termos de definição de um ativo intangível,
quando: (a) for separável, ou seja, puder ser
O modelo Interbrand parte da análise de dez
separado da entidade e vendido, transferido,
fatores que quando comparados à
licenciado, alugado ou trocado,
concorrência, permite identificar uma taxa de
individualmente ou junto com um contrato,
desconto que melhor expresse os riscos
ativo ou passivo relacionado, independente
associados à demanda que a marca é capaz
da intenção de uso pela entidade; ou (b)
de gerar de resultados futuros. A quarta etapa
resultar de direitos contratuais ou outros
é apuração do valor da marca representada
direitos legais, independentemente de tais
pelo resultado livre de fluxo de caixa presente
direitos serem transferíveis ou separáveis da
entidade ou de outros direitos e obrigações”.

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Ainda de acordo com o CPC 04, uma classe mais claro ou construir questões importantes
de ativos intangíveis é um grupo de ativos de para a conclusão da pesquisa”.
natureza e com utilização similar nas
As fontes utilizadas na pesquisa são primárias
atividades da entidade. Entre os exemplos de
e secundárias obtidas junto ao site das
classes distintas, temos: (a) marcas; (b) títulos
empresas pesquisadas e Comissão de
de periódicos; (c) softwares; (d) licenças e
Valores Mobiliários (CVM). Por meio das
franquias; (e) direitos autorais, patentes e
fontes já mencionadas foram obtidas as
outros direitos de propriedade industrial, de
demonstrações contábeis completas,
serviços e operacionais; (f) receitas, fórmulas,
incluindo os relatórios de administração
modelos, projetos e protótipos; e (g) ativos
publicados ao mercado. A partir dos balanços
intangíveis em desenvolvimento.
contábeis foi possível identificar no grupo
Fica esclarecido pela norma que a marca (ativo) as contas de ativos intangíveis e
poderá ser registrada contabilmente como respectivos saldos apresentados em
ativo intangível desde que a marca possa ser 31/12/2014. Como etapa seguinte, rastreou-se
identificada separadamente, e que o seu valor as referências cruzadas representadas por
possa ser mensurado confiavelmente e que números sequenciais das notas explicativas.
flua geração de resultados futuros para As notas explicativas apresentam informações
empresa. complementares que buscam esclarecer de
modo transparente os resultados e a situação
econômico-financeira da empresa; trata-se de
6. METODOLOGIA uma exigência legal prevista pela Lei das
Sociedades Anônimas (art.176 § 4º da Lei
O tradicional ranking apresentado pela
6.404 ratificado pelas Leis 11.638 e 11.941).
consultoria Interbrand é composto por 25
empresas de diversos setores da economia Posteriormente, analisou-se todos os relatórios
brasileira. Em 2014 pela primeira vez as de administração e notas explicativas
avaliações de mercado das marcas quase publicadas ao mercado a fim de identificar
atingiram o montante de 100 bilhões reais o quais empresas haviam ou não reconhecido
que reafirma a potencialidade das marcas e o contabilmente o valor das marcas nas
mercado de capitais brasileiro mesmo em demonstrações contábeis. Para as empresas
tempos de crise. Para efeito de estudos foram que por ventura tivessem reconhecido o valor
selecionadas as Top 10 (dez) empresas e das marcas, procurou-se também identificar
respectivas marcas mais valiosas conforme por meio dos relatórios, informações relativas
serão apresentadas posteriormente por ordem a metodologia de mensuração e cálculo do
de valor de marca. valor da marca.
A fim de atingir os objetivos estabelecidos
neste artigo, a metodologia empregada é a
7. RESULTADOS
exploratória que de acordo com Severino
(2013) propõe-se a explicar os porquês das A seguir a relação das Top 10 (dez) empresas
coisas e suas causas, por meio do registro, e respectivas marcas mais valiosas do Brasil
da análise, da classificação e da ordenadas por valor conforme ranking da
interpretação dos fenômenos observados. Gil Interbrand em 2014. Observa-se que o
(2010 p.28) compartilha que a pesquisa ranking compõe o montante de 90,9 bilhões
exploratória visa identificar os fatores que de reais, liderado pelo setor de instituição
determinam ou contribuem para a ocorrência financeira (bancos) que representa 54% do
dos fenômenos e aprofunda o conhecimento total equivalente a 49,2 bilhões de reais;
da realidade porque explica a razão, o porquê seguido pelo setor de indústria de bebidas
das coisas. Segundo Beuren (2008, p. 80) que representa 27% do total equivalente a
contribui informando que a pesquisa 24,6 bilhões de reais; os demais setores
exploratória via de regra “ocorre quando há juntos representam 19% do total equivalente a
pouco conhecimento sobre a temática a ser 17,1 bilhões de reais distribuído entre os
abordada e por meio de um estudo setores de cosméticos, petróleo-gás e
exploratório, busca-se conhecer com maior telecomunicação.
profundidade o assunto, de modo a torná-lo

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Tabela 1 – Top 10 ranking empresas e marcas mais valiosas do Brasil

Fonte: www.interbrand.com.br acessado em 05/09/2015

7.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS milhões de reais, Natura - 56 mil reais e Vivo -
MARCAS 1,3 milhões de reais; totalizando 4 milhões
reais. De acordo com os demonstrativos
Após criteriosa análise das demonstrações
contábeis das referidas empresas, estes
completas (relatório de administração,
valores se referem à compra de marcas
demonstrativos contábeis e notas
oriunda de combinações de negócios com
explicativas) publicadas pelas empresas em
outras empresas.
2015 referente ao exercício findo em 2014, foi
possível obter os resultados que serão A respeito dos ativos intangíveis constatou-se
apresentados na Tabela 2: que todas as empresas reconheceram
contabilmente seus ativos intangíveis
De acordo com ranking da Interbrand as 10
totalizando 80,1 milhões de reais.
Top marcas mais valorizadas no Brasil
Basicamente estes ativos intangíveis referem-
totalizaram o valor de 90,9 bilhões de reais –
se a softwares, direitos de fundo do comércio,
foi a primeira vez que o ranking brasileiro
entre outros ativos intangíveis não
atingiu um montante tão expressivo. A marca
relacionados com a marca. A diferença
mais valorizada foi a marca do banco Itaú
apontada entre o valor da marca avaliada
avaliada em 21,6 bilhões de reais e a marca
pela interbrand em 90,9 bilhões de reais
menos valorizada é a marca do BTG Pactual
versus o valor contábil da marca 4 milhões de
avaliada em 1,9 bilhões de reais. O setor
reais atribui-se a um fenômeno que será
bancário e de bebidas composto pelo grupo
explicado no tópico de considerações finais,
Ambev (conglomerado de bebidas Skol,
mas antes apresentaremos os resultados
Brahma e Antártica) representam 81% do total
relacionados à análise das notas explicativas
avaliado.
das empresas.
Quanto ao reconhecimento contábil da marca
como ativo estratégico, apenas três empresas
reconheceram valores a titulo de marca em
seus balanços são elas: Grupo Ambev - 2,6

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Tabela 2 - Análise do valor financeiro das Top (10) marcas mais valorizadas do Brasil

Observações.
(a) mesmo grupo econômico AMBEV.
(1) Valor da marca - expresso em milhões de reais.
(2 e 3) Valor contábil e ativo intangível expresso em milhares de reais.
Fonte: elaborado pelo autor a partir de informações primárias e secundárias.

7.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS NOTAS demais empresas apesar de não
EXPLICATIVAS apresentarem uma padronização no esquema
de comunicação, acabam seguindo recortes
Todas as empresas apresentaram em
de trechos oriundos das Normas de
detalhes o mapa de ativo intangível líquido
Contabilidade que são profundamente
juntamente com as notas explicativas
técnicos e podem confundir o entendimento
apresentadas na Tabela 3:
de investidores e partes interessadas cuja
Algumas empresas como Itaú e Vivo ratificam formação não seja especifica em
em notas explicativas o valor de mercado de contabilidade, por isto é importante que os
suas marcas atribuído por consultoria administradores partipem mais ativamente na
especializada, no entanto, as referidas elaboração das notas explicativas não
empresas ainda não reconheceram totalmente deixando apenas a cargo da contabilidade da
o valor de mercado de suas marcas como um empresa.
ativo intangível. As notas explicativas das

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Tabela 3 – Notas explicativas extraídas das demonstrações contábeis das empresas.

Nº Nota
Empresa Texto original extraído das notas explicativas publicadas ao mercado.
Explicativa
“Em 2014, nossa marca foi apontada como a mais valiosa no Brasil pelo décimo
primeiro ano consecutivo, com um valor estimado de R$ 21,7 bilhões, de acordo
com a empresa de consultoria Interbrand. A análise é baseada na capacidade da
nossa marca de gerar resultados financeiros, influenciar o processo de seleção
de clientes e garantir uma demanda de longo prazo.
l) Ativos Intangíveis: Os ativos intangíveis são bens incorpóreos, incluem
Itaú S.A 16
softwares e outros ativos e são reconhecidos inicialmente ao custo de aquisição.
Os ativos intangíveis são reconhecidos quando provêm de direitos legais ou
contratuais, seu custo pode ser medido confiavelmente e, no caso de intangíveis
não oriundos de aquisições separadas ou combinações de negócios, é provável
que existam benefícios econômicos futuros oriundos do seu uso”.
(Grifo do autor).
“(1) Taxa de amortização: aquisição de direitos bancários – dentro dos prazos do
contrato; software – 20% a 50%; carteira de clientes – até 20%; e outros – 20%;
(2) Em “Outros”, refere-se, basicamente, ao direito relacionado ao programa de
patrocínio dos Jogos Olímpicos de 2016; e (3) Foram reconhecidas perdas por
Bradesco 29 redução ao valor recuperável (impairment), tendo em vista que o valor
recuperável de "aquisição de direitos bancários" e "software" é inferior ao valor
contábil. As perdas por redução ao valor recuperável foram reconhecidas no
resultado, na rubrica “Outras receitas/ (despesas) operacionais”.

Faz referência ao item (2) da nota explicativa especificando que o saldo “refere-
Banco do se principalmente ao ágio pela aquisição do Banco Nossa Caixa, incorporado em
16
Brasil novembro/2009 e “Inclui o valor de R$ 45.683 mil referente à transferência do ágio
da empresa Brasilprev Nosso Futuro Seguros e Previdência S.A.
“O item 2.12.2. Marcas e patentes: As marcas e patentes adquiridas
separadamente são demonstradas pelo custo histórico. As marcas e patentes
adquiridas em uma combinação de negócios são reconhecidas pelo valor justo
na data da aquisição. Item (d) Os saldos de ativos e passivos intangíveis
Natura 14
identificados nas combinações de negócios relativos às entidades localizadas no
exterior são expressos na moeda funcional da entidade no exterior e,
consequentemente, são convertidos, em cada data de encerramento contábil,
pela taxa de câmbio de fechamento para moeda funcional da Sociedade”.
“14.1. Imobilizado e Intangível: Na avaliação de recuperabilidade de seus ativos
imobilizados e intangíveis, a Companhia prioriza o emprego do valor em uso dos
ativos (individualmente, ou agrupados em unidades geradoras de caixa - UGC) a
partir de projeções que consideram: (i) a vida útil estimada do ativo ou do
conjunto de ativos que compõem a UGC; (ii) premissas e orçamentos aprovados
pela Administração da Companhia para o período correspondente ao ciclo de
vida esperado, em razão das características dos negócios; e (iii) taxa de
Petrobras 13 desconto pré-imposto, que deriva da metodologia de cálculo do custo médio
ponderado de capital (weighted average cost of capital - WACC) pós-imposto. A
definição de unidades geradoras de caixa (UGCs) está descrita na nota
explicativa 5.2. As principais estimativas utilizadas nas projeções de fluxo de
caixa para determinar o valor em uso das UGCs, foram: i) taxa de câmbio média
estimada de R$ 2,85 para US$ 1 em 2015 e 2016 (convergindo para R$ 2,61 a
longo prazo); e, ii) cotação do Brent de US$ 52 em 2015, alcançando US$ 85 a
longo prazo”.

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Tabela 3 – Notas explicativas extraídas das demonstrações contábeis das empresas (continuação)

Nº Nota
Empresa Texto original extraído das notas explicativas publicadas ao mercado.
Explicativa
“Marcas: Caso parte do valor pago em uma combinação de negócios
relacione-se a marcas, elas são reconhecidas em uma conta específica do
Ambev
grupo de Intangíveis e mensuradas pelo seu valor justo na data da aquisição.
(Skol,
12 Posteriormente, o valor das marcas pode sofrer redução no caso de perdas por
Brahma e
impairment. Gastos incorridos internamente para desenvolvimento de uma
Antártica)
marca são reconhecidos como despesa”. (Grifo do autor).

“Nossa Marca em 2014, a marca Vivo completou onze anos e conquistou, pela
10ª vez consecutiva, a posição de marca mais valiosa do Brasil no setor de
telecomunicações, segundo estudo da consultoria inglesa Brand Finance. O
valor da marca é estimado em US$ 2,616 bilhões, o que a coloca na 8ª posição
do ranking geral. A Companhia foi considerada pela décima primeira vez
consecutiva a operadora de telefonia mais confiável do Brasil (prêmio Marcas
Vivo 13
Mais Confiáveis do Brasil 2014 - Ibope). Além disso, manteve, pelo 8º ano, o
título de marca mais lembrada entre as operadoras móveis (Folha Top of Mind -
Datafolha). Item (g) das notas explicativas - Intangível, líquido. Marcas e
patentes: compreendem ativos intangíveis adquiridos por meio de combinação
de negócios, registrados pelo valor justo na data da aquisição”.

“m. Intangíveis. Corresponde aos direitos adquiridos que tenham por objeto
bens incorpóreos destinados à manutenção da entidade ou exercidos com
essa finalidade, de acordo com a Resolução CMN nº 3.642, de 26 de novembro
de 2008. Está composto
BTG por (i) valor de ágio pago na aquisição de sociedades, transferido para o ativo
17
Pactual intangível em razão da incorporação do patrimônio da adquirente pela
adquirida ou pela consolidação da companhia, e (ii) por direitos na aquisição
de contratos de gestão de ativos, e (iii) softwares e benfeitorias. A amortização
é calculada pelo método linear com base no período
em que os direitos geram benefícios”.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS maiores bancos do mundo; antes da fusão a


marca Unibanco havia sido avaliada 4,77
As normas contábeis (IFRS/CPC)
bilhões reais pela consultoria Interbrand.
apresentaram um grande avanço em termos
de gestão e mensuração do patrimônio, pois Já o grupo Ambev, Natura e Vivo
introduziram conceitos inovadores como valor reconheceram o valor das marcas adquiridas
de mercado, valor justo, valor realizável em seu balanço patrimonial, o que já
líquido, ativo intangível, e principalmente o demonstra uma tendência positiva frente ao
conceito da essência sobre a forma, que mercado em geral.
significa a essência econômica deve
Constatou-se também que os gastos e
prevalecer em relação a sua forma
investimentos realizados internamente pelas
documental quando esta não representar bem
empresas para fortalecimento e valorização
a realidade dos fatos (MARTINS, 2007). Os
de suas marcas transformando-as em um
avanços na ciência contábil contribuem para
ativo altamente valioso conforme divulgado no
que as ações estratégicas tomadas pelos
mercado pelas empresas e consultorias
gestores sejam rapidamente processadas e
especializadas, ainda não podem ser
visiveis na contabilidade, proporcionando
reconhecidos nos balanços das empresas,
assim mais transparência e realidade
isto porque a norma ainda impede o seu
econômico-financeira ao mercado e as partes
reconhecimento, ou seja, a norma permite
interessadas.
apenas o reconhecimento da marca adquirida
A respeito das empresas estudadas é curioso em combinações de negócios (F&A), dai a
não identificar o registro do valor de compra diferença entre o valor de mercado interbrand
da marca Unibanco pelo Itaú, uma fusão e o valor contábil.
bilionária que transformou o Itaú no maior
banco do hemisfério Sul e um dos 20(vinte)

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Segundo Gelb e Gregory (2011) não comercializadas, método de avaliação de
reconhecer a marca gerada internamente no marcas, imparidade das marcas, entre outras
balanço gera uma distorção no valor do informações julgadas necessárias.
investimento com a valoração da marca. Não
se pode continuar ignorando o valor da marca
gerada internamente (WASSERMAN,2015). 9. LIMITAÇÕES E ESTUDOS FUTUROS
De acordo com a consagrada teoria de O ranking da Interbrand é composto por (25)
finanças de Famá (1969) a teoria do mercado vinte e cinco marcas de empresas, no
eficiente, as informações publicadas ao entanto, limitou-se a pesquisar as 10 (dez)
mercado são rapidamente processadas e marcas pelo fato delas representaram 91% do
logo geram impactos a todas as partes total, portanto amostra suficiente para
interessadas; em especial as empresas julgamento das considerações. Os dados
estudadas que marcam presença no mercado utilizados foram do ano 2014, porque até o
de capitais, pois o fato de a empresa momento da conclusão referido artigo as
reconhecer o valor de mercado da sua marca demonstrações contábeis das empresas
e publicar tal informação em seu relatório referente ao ano de 2015 ainda não estavam
anual, logo o mercado atribuí direta ou disponíveis para consulta, estava disponível
indiretamente um prêmio ao valor das ações apenas o ranking da Interbrand 2015, cuja
da empresa, portanto, o reconhecimento da única mudança entre as TOP 10, foi a troca de
marca gerada internamente seria apenas a posição entre as marcas das empresas
consumação formal de um fenômeno latente Brahma (4ª lugar) e Banco do Brasil (5ª lugar).
na economia. Para estudos futuros, sugere-se pesquisa
semelhante tendo como amostragem as TOP
Considera-se que o presente artigo tenha
10 (dez) marcas mais valiosas do mundo;
atendido seu objetivo e respondida à questão
deve pesquisar se em outros países onde o
central, na medida em que evidenciou com
IFRS já foi implantado há mais tempo, houve
clareza as empresas e condições em que as
amadurecimento com relação ao
marcas foram reconhecidas como ativos
reconhecimento das marcas geradas
intangíveis nas demonstrações contábeis.
internamente. Sugere-se também estudo
Com relação as notas explicativas além do
tendo como amostragem as TOP 10 (dez)
que já foi exposto, devido a relevância das
fusões e aquisições (F&A) ocorridas no Brasil
marcas seria também recomendável a
após adoção do IFRS, deve-se pesquisar se
publicação de um conteúdo suplementar
as empresas compradoras avaliaram a marca
juntamente ao relatório anual e
separadamente da avaliação geral econômica
demonstrações contábeis consolidadas, pois
da empresa – Valuation, a fim de identificar a
assim seria possível prestar maiores
metodologia empregada e seu
esclarecimentos ao mercado e partes
reconhecimento patrimonial.
interessadas a respeito das marcas

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CAPÍTULO 9
APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE EM
INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE COURO EM
PARNAÍBA- PI

Celina Maria de Souza Olivindo


Juliana Kuhn
Cellyneude de Souza Fernandes

Resumo: Este artigo objetivou identificar os fatores que causam perdas na


produção de couros em uma indústria coureira do Piauí. O levantamento deste
dados servirão de fonte de informações para que as mesmas sejam utilizadas em
conjunto com ferramentas administrativas adequadas a fim de proporcionar uma
forma eficiente para o controle da produção garantindo assim padrões de
qualidade cada vez mais elevados. Primeiramente foram descritos o processo
produtivo e os controles existentes na empresa. Depois, com base nas referências
bibliográficas que alicerçaram este estudo direcionamos as informações mais
adequadas para serem aplicadas em conjunto com as ferramentas da qualidade
escolhidas para este estudo, que são: o brainstorming, folha de verificação e
Diagrama de Pareto. O estudo além de contribuir por meio das informações e
fortalecer o uso das ferramentas, também demonstrou como essas ferramentas
podem servir para melhorar a qualidade da informação gerencial para melhor guiar
e propor as ações que servirão para o aumento da qualidade e diminuição de
perdas e descartes. Em todo o estudo um ponto fundamental foi a identificação de
um dos fatores que causa perdas na industria. O maquinário utilizado no
beneficiamento está comprometendo a qualidade do produto. Sugere-se um maior
controle formal dos descartes, de maneira a possibilitar a tomada de decisão mais
eficiente para a correção das falhas no processo, bem como, é preciso que cada
colaborador, em todos os níveis hierarquicos, tenha claro seu papel e trabalhe
focado para a minimização de descartes.

Palavras-chave: Ferramentas da qualidade, Qualidade do couro, Controle de


Descartes.

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1 INTRODUÇÃO defeitos, mas para corrigi-los é necessário
que primeiro os conheçam.
O termo “qualidade” refere-se a um conjunto
de características que satisfaz determinados A revolução japonesa da qualidade da
requisitos e começou a ser inserida nas década de 50 propiciou a criação de uma
pautas de gestão a partir da Segunda Guerra série de ferramentas práticas, que têm a
Mundial, para corrigir os erros dos produtos função de auxiliar nos processos de
bélicos. A partir de 1950 organizações do identificação, quantificação e correção os
mundo todo passaram a implantar diferentes problemas. Deming (1990) menciona que nos
modelos de Gestão da Qualidade, de modo anos de 1948 e 1949 houve o que chamaram
que hoje ela já não é um diferencial, mas sim de “Despertar do Japão” onde várias
uma necessidade básica para qualquer empresas japonesas verificaram que a
empresa, seja de produtos ou serviços. O melhoria da qualidade dá lugar a um aumento
ambiente estável e globalizado traduz-se, de produtividade e redução de custos,
atualmente, em um mercado onde ações através do uso de ferramentas.
como o aumento da produtividade, a
Objetivou-se Identificar os fatores que causam
implantação de inovações tecnológicas, a
perdas na produção de uma indústria coureira
redução desperdícios e a racionalização dos
do Piauí para então usar ferramentas
processos produtivos se tornam ferramentas
adequadas para o controle da produção
de competitividade.
garantindo melhor qualidade.
O presente artigo trabalhou com uma indústria
de beneficiamento de peles (curtume) de
Parnaíba- PI, que atua no mercado há mais de 2 REFERENCIAL TEÓRICO
trinta anos e, como não poderia ser diferente,
2.1 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO
tem a “qualidade” como preocupação
PROCESSO PRODUTIVO DA INDÚSTRIA
fundamental em todas as fases do
processamento. Trabalha com diferentes
pontos de inspeção por amostragem, além de
Chama-se “curtume” aquela indústria cujo
revisão integral dos lotes antes do envio ao
objetivo é processar pele animal de maneira a
cliente. Contudo, faz-se necessário o
transformá-la em couros, que por sua vez
aperfeiçoamento e sistematização do sistema
podem ser utilizados na fabricação de
de controle de qualidade.
calçados, bolsas, cintos, artefatos ou móveis.
"Qualidade é a correção dos problemas e de
O processo é dividido em três grandes
suas causas ao longo de toda a série de
estágios:
fatores relacionados com marketing, projetos,
engenharia, produção e manutenção, que 1. Transformação da pele bruta ou "in
exercem influência sobre a satisfação do natura" para pele curtida ou wet blue;
usuário" (FEIGENBAUM, 1994 apud 2. Transformação da pele curtida (wet
ROSSATO, 1996). Fica evidenciada a blue) em pele crust (semiacabada);
importância que tem a correção dos 3. Processamento da pele de crust até o
problemas e causas que acarretarão em estágio de acabada.

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Figura 1- Fluxograma do processamento de couro

Fonte: próprio autor

Quando a cabra ou o carneiro são abatidos, a produzidos por vegetação rasteira,


pele é retirada (esfola) com ajuda de uma fermentação (devido a falta de sal ou tempo
faca e com a força do punho, após ela é excessivo entre a esfola do animal e a entrada
salgada e armazenada. O sal age como em processo), cortes de faca (devido ao
bactericida, evitando que a pele apodreça. O descaso na esfola), doenças do animal que
abate acontece nas fazendas (do Piauí, afetam a pele e picadas de inseto. Ou seja,
Pernambuco e Ceará, majoritariamente) e independem da fabricação, mas sim da
depois é fornecida ao curtume. Já no natureza. Cabe à indústria separar as peles
curtume, a primeira operação consiste no de acordo com sua qualidade, pois assim
aparamento de patas, rabo, pescoço e ubres serão valorizadas e dirigidas a artigos que
do animal. Assim, evita-se colocar em comportem cada tipo de danificação. Na
processo essas partes que não tem utilidade. chegada de um pedido as peles em wet-blue
Nessa etapa as peles são também separadas são medidas para serem colocadas em
por tamanho para formar lotes uniformes. produção de acordo com o classificado
(grupo) definido pela programação, que se
O seguinte estágio denomina-se “ribeira”.
baseia na modulação de vendas.
Primeiro é feito o caleiro, processo de
depilação da pele. Em contato com a cal e A etapa seguinte tem finalidade de
sulfeto, os poros do couro se abrem, transformar o wet-blue em semiacabado. O
liberando todo o pelo desnecessário ao primeiro passo é o rebaixe: a espessura é
processo. Em seguida (dois dias após o início igualizada em toda a pele, pois naturalmente
do caleiro) é realizado o descarne, retirada do é irregular, sendo mais grossa no fio do lombo
restante de gordura e carnaça remanescente do que na barriga. Em seguida é feito o
na parte interna da pele. Por fim, as peles recurtimento, onde se definem parte das
seguem para o curtimento, feito em fulões, as características físico-mecânicas, tais como
peles já descarnadas são processadas com maciez, elasticidade, enchimento e algumas
produtos químicos (especialmente cromo). características da flor, como: toque, tamanho
Após essa etapa, as peles encontram-se em do poro da flor1, além da cor final. É feito no
wet-blue, estágio onde já é possível fulão2 com água e recurtentes químicos. Por
armazenar em estoque e vender para outros fim, os couros são submetidos à operação de
curtumes.
1
O couro já no estágio de wet-blue é separado Flor: denominação dada à parte superficial do
em grupos conforme o tamanho, espessura e couro, àquela que não fica em contato com a carne
classificação (defeitos). Os defeitos mais do animal.
frequentes são: cicatrizes de arame farpado 2
Fulão: cilindro rotativo, geralmente de madeira,
(curadas e abertas) cicatrizes e riscos onde o couro é processado em meio aquoso.

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estiramento e enxugamento, visando abrir e Tipos de defeito que desqualificam as peles
alisar o couro e eliminar o excesso de água. normalmente são: erros operacionais (má
Toda operação visa máxima abertura da pele, regulagem das máquinas, erro na pesagem
pois no final será vendida por superfície. de químicos), falha humana (como sujeira das
mãos ao manipular as peles), falhas na
O couro é seco e depois mecanizado para
elaboração de fórmulas e/ou fichas técnicas
adquirir as características de cada artigo no
ou até descuido na limpeza de caixas de
que se refere a maciez e lisura. Após este,
armazenagem que podem manchar as peles.
chama-se SEMIACABADO e também pode
Procura-se detectar e corrigi-los no dia a dia,
ser vendido ou seguir para a fase final,
informalmente, através dos passos:
denominada “acabamento”. Este é um
processo onde são aplicadas composições
de produtos sobre o couro por meio de
[1]. Constatação do descarte;
pistolas, cortinas ou rolos impregnados. A
[2]. Avaliação para determinação da
principal finalidade do acabamento é a de
causa;
melhorar o aspecto e servir, ao mesmo tempo,
[3]. Comunicação ao encarregado do
como proteção para o couro. Intensificar e
setor onde a avaria ocorreu para tomar
homogeneizar a cor, fixar ou aumentar o
precauções.
brilho.
Depois de prontas, as peles são revisadas
Tal sistema é empírico e simplista, não
para conferir cor, classificação,
havendo uma regularidade, nem registro de
características do artigo e outros aspectos
principais ocorrências, que permitam construir
relevantes. Uma vez passado o controle de
planos de acordo com as dificuldades
qualidade elas são medidas (para alguns
encontradas.
países como o nosso em metros quadrados e
para outros em pés quadrados) e embaladas. Logo, pode-se afirmar que a preocupação
Esse grupo de atividades são atribuições do com a qualidade existe, mas não está
setor denominado “expedição”, que tem sistematizada e organizada. Há controle de
finalidade preparar para o envio e passar as peles por mês que chegam à expedição
informações ao faturamento e logística, que é como “prontas”, mas são barradas na
feita por frete aéreo, rodoviário ou marítimo. inspeção final, mas apenas um número total,
que não permite à administração ter uma
correta visualização sobre quais as principais
3 FORMA DE CONTROLE DA QUALIDADE causas de avarias.
ADOTADO PELA EMPRESA
Vale ressaltar, que a preocupação está nos
Através da apreciação da descrição descartes de produto acabado porquê em
detalhada do processo produtivo foi possível wet-blue ou semiacabado o couro fora de
observar que ele é longo (se feito de maneira conformidade não é descartado, mas sim
contínua, são cerca de dez dias, no total) e destinado para um processamento
complexo, além de demandar muita mão de (acabamento) diferente, de forma que possa
obra. ser melhor aproveitado.
Há controle de qualidade em todas as etapas Com base no discorrido fica evidente a falta
(por amostragem, onde é retirada uma de mensuração e controle a respeito de quais
amostra aleatória de cada lote e analisada) a procedimentos acarretam os maiores índices
fim de se detectar erros nas etapas iniciais e de peles com avaria, que são descartadas e
intermediárias, que ainda podem ser não enviadas para o cliente final.
corrigidos. Além disso, na expedição a
inspeção é de 100% das peles, onde são
separadas as peles com avarias daquelas 4 IMPORTÂNCIA DE UM CONTROLE
que atendem os requisitos e, portanto, podem FORMAL
ser enviadas ao cliente. Desta maneira,
Durante o processo de industrialização de
acumulam-se os descartes, constituídos por
peles, que passa pelo curtimento e
peles problemáticas (fora dos padrões de
recurtimento, é normal haver não
qualidade) e que são vendidas a preços até
conformidades, que viram descartes. Os
90% menores do que valeriam em condições
motivos são variados e vão desde problemas
normais.
da própria pele do animal, até os causados
por falha humana e ainda mecânica. O índice

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


de descarte na indústria em questão gira em diversas ordens. Tratam-se de elementos
torno de 0,9% do total das peles largamente utilizados por empresas de todos
processadas. Considerando que o produto os portes e tipos. As ferramentas da
final tem alto valor agregado, e o faturamento qualidade têm os seguintes objetivos
anual gira em torno de R$ 30 milhões, fica principais: facilitar visualização e o
fácil estimar o custo pelo que “se deixou de entendimento dos problemas, sintetizar o
faturar”, que fica em torno de R$270.000,00 conhecimento e as conclusões, desenvolver a
anuais. Logo, a preocupação com a criatividade das pessoas envolvidas, permitir
diminuição dos descartes de couros tingidos o conhecimento do processo, fornecer
passa a ser de suma importância para a elementos para monitoramento e permitir sua
gestão. Acredita-se que determinar as causas melhoria.
e criar índices estatísticos seria o primeiro
A implantação dessa forma de mensuração
passo, para depois trabalha-las
serve como primeiro passo para inserção na
separadamente a fim de reduzir os índices de
indústria de um método chamado “Ciclo
descarte e melhorar a produtividade.
PDCA”. Campos (2004) define o Método de
Campos (2004) fala sobre “produtividade” Melhorias – ou Ciclo PDCA como “(...) um
como sendo o quociente entre qualidade e método de gerenciamento de processos ou
custos. “Esta definição de produtividade torna de sistemas. É o caminho para se atingirem
clara a afirmação do Prof. Deming de que a as metas atribuídas aos produtos dos
produtividade é aumentada pela melhoria da sistemas empresariais”. Analisando a citação,
qualidade” (CAMPOS, 2004, p.3). Desta depara-se com a terminologia método, que
forma, fica claro concluir que a produtividade antecede o nome original. A palavra método é
(que está intimamente ligada à qualidade) é a união de duas palavras gregas: meta +
fator chave para uma empresa tornar-se hodos, ou seja, caminho para a meta. Logo,
competitiva e, portanto, ter sua sobrevivência de acordo com a própria definição da citação,
garantida. o Método PDCA é “um caminho para se
atingirem as metas” (Campos, 2004). As letras
As ferramentas da qualidade são as maneiras
que formam o nome do método, PDCA,
práticas as quais pretende-se utilizar para
significam em seu idioma de origem: PLAN,
chegar aos objetivos mencionados. Para
DO, CHECK, ACT, que significa, PLANEJAR,
Oliveira (2014, p.57):
EXECUTAR, VERIFICAR e ATUAR. Esses
As ferramentas da qualidade são importantes módulos fazem parte dos passos básicos
instrumentos para operacionalizar a teoria da concebidos originalmente por Shewhart,
qualidade. Elas permitem, de forma simples e sendo aprimorados posteriormente por
direta, que se verifiquem, interpretem e Deming.
solucionem problemas da qualidade das mais

Figura 2 – Ciclo PDCA

Fonte: adaptado de Campos (2004)

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Com base na bibliografia apresentada, foi trabalho de quem coleta esses dados e,
proposto a elaboração de um programa de principalmente, padronizar essa coleta.
controle de qualidade, através das
 Para construir uma folha de verificação
ferramentas. Definir-se-ão as metas através
que contasse com todas (ou a maioria
dos dados estatísticos coleados, com base no
das) possibilidade de defeitos que uma
que será feito treinamento dirigido às pessoas
pele pode ter, foram consultados os
e processos específicos, para seguinte
encarregados de setores juntamente
análise e melhoria, completando-se o ciclo
com o departamento técnico e utilizada
PDCA.
uma outra ferramenta da qualidade: o
brainstorming. Miguel (2001), define o
termo como “tempestade de ideias”, ou
5 METODOLOGIA
seja, pensamentos e ideias que cada
5.1 COLETA DE DADOS ATRAVÉS DA FOLHA pessoa do grupo pode expor sem
DE VERIFICAÇÃO restrições. Pode considerar, por
exemplo, fatores de influência de um
O estudo foi realizado em uma indústria de
determinado problema (causas), sendo
beneficiamento de peles (curtume) na cidade
posteriormente discutidos pelo próprio
de Parnaíba- PI, que atua no mercado há mais
grupo. Na prática, constitui-se uma
de trinta anos. A abordagem utilizada foi a
reunião onde todos os encarregados
quantitativa, que segundo Mattar, (2001) esse
falaram os motivos pelos quais uma
tipo de abordagem busca encontrar a
pele é descartada, com base no
validação das hipóteses mediante a
conhecimento empírico adquirido em
colocação de dados estruturados,
suas funções. Através dessas ideias
estatísticos, com análise de casos
transcritas foi possível chegar na folha
representativos.
de verificação da Figura 3, cuja cópia
Utilizou-se a folha de verificação que é seguiu junto com cada impressão de
uma das mais utilizadas e importantes ordem de produção.
ferramentas da qualidade. São formulários
 O setor de classificação final ficou
utilizados para padronizar e facilitar a
responsável por enumerar o motivo (ou
coleta de dados e a organização dos
motivos) de avaria de cada lote. Após,
mesmos para a estratificação. A
foram coletados esses números e
padronização e a facilidade na coleta de
somados para chegar-se em um total
dados irão garantir uma maior
somando todos os lotes produzidos.
probabilidade de que os dados coletados
reflitam os fatos e a realidade do processo  Para construção de uma boa base de
em análise, caso contrário todas as ações dados e permitir embasamento sólido,
subsequentes do projeto de melhoria foram coletados números durante três
poderão estar fundamentas sobre dados meses, durante o período de
falsos. 01/02/2016 à 30/04/2016. Esses
números foram agrupados em uma
Para Werkema (2006) a folha de
planilha, conforme segue.
verificação é um meio de facilitar,
organizar e padronizar a coleta de dados,
de maneira a permitir sua posterior
análise. Ela tem função de facilitar o

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Figura 3- Folha de Verificação

Fonte: próprio autor

Tabela 1- Número de peles descartadas por motivos

MOTIVO Nº PELES Percentual acumulado


Classificado incorreto 1700 46%
Sujeira pistola/cordas 750 67%
Dobras wet blue 560 82%
Retalhos 228 88%
Manchas tingimento 174 93%
Cortado na lixa 70 95%
Baixa flor 44 96%
Flor solta 43 97%
Sujeira banheira 40 98%
Dobras enxugadeira 30 99%
Flor ardida 22 100%
Sujeira vácuo 5 100%
Recalentado 3 100%
Fonte: Próprio autor

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Os motivos que não foram citados na tabela, concentração de esforços nas áreas mais
apesar de estarem na folha de verificação, representativas e permite a visualização clara.
não tiveram nenhuma ocorrência nos três Basicamente é uma forma de classificar os
meses de coleta de dados. problemas ou causas por ordem de
importância.
A construção do gráfico deu-se com a tabela
6 RESULTADOS
apresentada, feita em três simples passos:
6.1 CONSTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE
1. Ordenação das incidências do maior
PARETO
para o menor;
Werkema (2006) define o diagrama de Pareto 2. Cálculo da porcentagem sobre o total
como um gráfico de barras no qual as barras de cada item e porcentagem acumulada;
são ordenadas da mais alta até a mais baixa e 3. Construção do gráfico de barras com
é traçada uma linha que representa a uma linha representando a porcentagem
porcentagem acumulada de cada barra. Essa acumulada.
disposição da informação objetiva permitir a

Figura 4 – Diagrama de Pareto – Peles descartadas por motivo (01/02/2016 a 30/04/2016)

Fonte: próprio autor

7 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS significa que no setor de classificação de wet-


blue, onde, como explicado, elas são
Com utilização do Diagrama de Pareto foi
separadas por classes de acordo com a
possível visualizar que 88% das peles
quantidade de defeitos, houve um erro. A
descartadas provém de somente quatro
operação tem um alto grau de complexidade,
motivos: classificado incorreto, sujeira, dobras
pois são muitos os possíveis defeitos da pele
de wet-blue e retalhos. Isso significa que os
em wet-blue: riscos causados por cicatrizes
outros nove motivos levantados somam
do animal (que podem ser profundos,
somente 12% das peles e, que, portanto, os
chamados “abertos”, ou mais superficiais,
esforços de ação devem ser concentrados
chamados “fechados”), manchas causadas
nos quatro principais, sobretudo o primeiro
por problema de conservação, furos
mencionado que representa quase metade
causados na hora da esfola e carrapatos.
das peles descartadas.
Mais complexo ainda é estabelecer que
Quando dizemos que uma pele é alguns dos defeitos são disfarçados na hora
desclassificada por “classificado incorreto” do acabamento, enquanto outros não.

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Algumas cores também têm maior poder de torna-lo de fácil acesso. Após a construção do
cobertura que outras e podem absorver peles manual básico, sugere-se que seja
com pior classificado. Enfim, são diversas as apresentado em forma de reunião para o
variáveis e bastante complexas, que exigem grupo e que essas reuniões sejam semanais,
do profissional de classificação de wet-blue a fim de acompanhar os resultados obtidos.
um alto conhecimento do processo e das
Já no setor de acabamento, viu-se que as
peles.
limpezas de máquinas são feitas sem
Em relação as peles desclassificadas por periodicidade definida, apenas quando se via
sujeira, que representam 21% do total, que estavam muito sujas. Sugere-se a criação
observou-se que a maioria era por sujeira das de um dia, no sábado pela manhã, onde
máquinas de acabamento. Esses túneis de todos os túneis de pintura são limpos. Com a
pintura funcionam com fios de naylon criação dessa rotina é possível praticamente
posicionados lado a lado que conduzem as eliminar as peles descartadas por sujeira.
peles de uma ponta à outra, enquanto pistolas
Quanto as dobras de wet-blue, verificou-se
giratórias automatizadas borrifam tinta e
que também podem ser facilmente eliminadas
produtos de acabamento na superfície do
com o correto envolvimento e treinamento dos
couro. Acontece que, frequentemente, entre
funcionários. Além disso, sugere-se que, ao
um lote e outro esses fios ficam com resíduos
fechar para estocar um palete, o nome de
de tinta, que entra em contato só com o carnal
quem o embalou vá junto com a placa de
do couro, mas que ao ser empilhado suja a
identificação. Dessa forma, em caso de peles
pele de cima irreversivelmente.
dobradas, é possível rastrear que o fez de
Sobre as dobras de blue, essas são causadas maneira a orientá-lo. Cria-se assim maior
pelo mal empilhamento das peles na hora da comprometimento com a operação.
estocagem. A pele fica em paletes,
aguardando pedido para ser tingida, e muitas
vezes ao invés de empilhá-la aberta, essa fica 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
dobrada, sobretudo nas pontas. Essa marca
A qualidade tem fundamental importância na
acaba ficando no couro, sendo impossível de
rentabilidade de uma indústria e por isso deve
eliminar mesmo após de acabado.
estar em pauta constantemente. Sabe-se que
Já os descartes por retalhos, são aquelas não só de qualidade vive um empresa,
peles que rasgam nas máquinas (sobretudo entretanto é efidenciado sempre que
em enxugadeiras) por estarem já com um empresas de qualidade tende e permanecer
pequeno furo e engancharem nos rolos e mais tempo o mercado e lucros crescente.
acabarem rasgando. Embora seja o quarto Este estudo evidencia sua importancia dentro
principal motivo, na ordem de importância, de uma industria de beneficiamente de couros
observa-se que o número é bastante baixo e e demosntrou que após verificada a
dentro do estimado. importância econômica fica evidente a
necessidade de um controle formal dos
descartes, de maneira a possibilitar a tomada
8 SUGESTÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA de decisão adequada para se necessário
MINIMIZAR NÚMERO DE PELES devida correção no processo sempre
DESCARTADAS buscando a eficiencia do processo.
Visto que a principal causa de descarte é Este estudo vem a confimar a importancia doo
“classificado incorreto”, fica claro que os processo de gestão com foco na eficiencia
classificadores de wet-blue precisam de dos processos. Este tipo de gestão busca
maior treinamento. Verificou-se que cinco dos melhorar a competitividade de dentro para
sete funcionários da função têm menos de fora da empresa, ou seja, busca reduzir
dois anos de experiência, o que demonstra custos, almentar a qualidade, focar nas
uma equipe bastante nova. Propõe-se a relações interpessoais tudo contribuindo para
confecção de uma cartilha, feita pela gerência a competitividade da empresa e marges de
de produção juntamente com a parte técnica, lucros competitivas.
especificando quais tipos de defeitos são
A utilização da folha de verificação permite a
esperados para cada classificação, bem
coleta de dados, para a construção do
como quais cores tem maior poder de
Diagrama de Pareto, que, por sua vez, torna a
cobertura. Hoje esse conhecimento é apenas
informação clara para concentração de
tácito e precisa ser explícito de maneira a
esforços em aspectos realmente relevante

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para construção de planos de ação, o último minimização de descartes. Tal envolvimento é
passo do ciclo PDCA. feito através da comunicação, treinamento,
divulgação dos resultados e incentivos por
Outro aspecto que é importante na gestão
melhorias alcançadas (que podem ser
voltada à qualidade é o envolvimento de toda
financeiros ou não). A utilização do
o pessoal. Se a produtividade está
brainstorming deve ser frequente, pois as
intimamente ligada à qualidade, é preciso que
ideias de quem trabalha no dia a dia do
cada colaborador, de todos os níveis, tenha
processo produtivo geralmente tem alta
claro seu papel e trabalhe focado para a
relevância.

REFERÊNCIAS [5]. OILIVEIRA, Otávio J. Curso básico de


gestão da qualidade. São Paulo: Cengage
[1]. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle Learning, 2014.
da Qualidade Total (no estilo japonês). Nova Lima – [6]. ROSSATO, I. F., Uma Metodologia para a
MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004. Análise e Solução de Problemas. Dissertação de
[2]. DEMING, W. E. Qualidade. A revolução da Mestrado – Curso de Pós-Graduação em
Administração. Rio de Janeiro, Marques – Saraiva. Engenharia de Produção e Sistema, Universidade
1990. Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1996.
[3]. MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing. 3. [7]. WERKEMA, M. C. C. As ferramentas da
ed. São Paulo: Editora Atlas, 2001. qualidade no gerenciamento de processos. Belo
[4]. MIGUEL, P. A. C. Qualidade: enfoques e Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial,
ferramentas. São Paulo: Arttliber Editora, 2001 1995.

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CAPÍTULO 10
AS FORMAS DE DESCARTE DO LIXO ELETRÔNICO:
ESTUDO COM UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DA PARAÍBA, CAMPUS VII, PATOS-PB

Amanda Almeida de Araújo


Glycia de Araújo Izidro
Thágyda Pryscilla Gonçalves do Rêgo
Samila Valdegleycia de Oliveira Costa
Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda

Resumo: O presente artigo busca investigar investigar qual(is) a(s) forma(s) de


descarte do lixo eletrônico realizados pelos alunos do curso de Administração do
Campus VII da Universidade Estatual da Paraíba (UEPB). Para auxiliar o problema
da pesquisa, foi necessário observar os seguintes pontos: avaliar os problemas
encontrados no descarte e discutir a importância da consicentização e do acesso a
informação. A pesquisa é caracterizada como aplicada, qualitativa e quantitativa,
exploratória e descritiva, bibliografica e em forma de levantamento. O questionário
foi elaborado pelos autores, realizado o piloto e retirado as incongruências dos
tópicos abordados. A amostra é probabilística, do tipo casual simples, e
responderam cento e cinquenta e oito alunos matriculados. Como resultado foi
possível alcançar os objetivos traçados. Portanto, na análise foi observado que,
mesmo em uma Instituição de Ensino Superior, o nível de conhecimento da maioria
dos alunos, sobre o tema, ainda é parcial, revelando a necessidade de ações por
parte das empresas e do poder público no sentido de informar os riscos e os
prejuízos que o descarte incorreto do lixo eletrônico pode acarretar.

Palavras chave: descarte, lixo eletrônico, estudantes universitários.

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1 INTRODUÇÃO do interesse com meio ambiente, deste
período em diante, eventos promovidos por
O presente trabalho buscou investigar qual(is)
grupos ligados a diversos segmentos da
a(s) forma(s) do descarte do lixo eletrônico
sociedade intensificaram o debate sobre o
realizados pelos alunos do curso de
tema (CARVALHO, 2010). Segundo o autor,
Administração do Campus VII da
ocorreram os seguintes eventos
Universidade Estatual da Paraíba (UEPB).
cronologicamente:
Além do objetivo principal foi necessário
 1972: Foi publicada a obra intitulada
complementar com os seguintes objetivos
Limites do Crescimento, produzido por um
específicos: avaliar os problemas encontrados
grupo colegiado denominado Clube de
no descarte e discutir a importância da
Roma, o qual projetava uma catástrofe
consicentização e do acesso a informação.
ambiental no prazo de 100 anos, caso o
A pesquisa é justificada pelo trabalho mundo mantivesse o mesmo ritmo de
realizado na Associação de Empresas da produção e consumo que estavam vivendo
Indústria Móvel (GSMA) em parceria com a naquele momento (PEREIRA, apud
Universidade das Nações Unidas (2015), que CARVALHO, 2010); ainda, nesse ano, a
apresenta o Brasil como produtor de 36% do Organização das Nações Unidas
lixo eletrônico da América Latina, promoveu a primeira conferência cuja
contabilizando do 1,4 milhões de toneladas pauta foi o meio ambiente: a Conferência
deste resíduo. E o mais preocupante é a das Nações Unidas para o Meio Ambiente
previsão do aumento entre 5% e 7% por ano (CMMAD), em Estocolmo, na Suécia.
de e-lixo até 2018.  1987: O conceito de Desenvolvimento
Sustentável (DS) passou a ser difundido, a
O presente artigo contribui no sentido de
partir do relatório Brundtland “Nosso
promover ações informativas e de
Futuro Comum”, o DS é aquele que atende
conscientização sobre a forma de descarte do
as necessidades do presente sem
lixo eletrônico, da importância da educação e
comprometer a capacidade das gerações
dos impactos negativos ao meio ambiente e
futuras de atenderem as suas
para a saúde humana.
necessidades.
O diferencial do mesmo é cobrir o déficit de  1992: Ocorreu a ECO-92, realizado no
informações educativas na Universidade Rio de Janeiro, visando a celebração das
Estadual da Paraíba, Campus VII, a respeito diretrizes dominantes sobre a questão
do tema, e expor ao conhecimento do público ambiental sobe o manto da ideologia do
as formas corretas de descarte de resíduos DS. (OLIVEIRA, 2012)
eletrônicos. Logo, é de grande importância a  1998: Ocorreu, em Kyoto, no Japão,
pesquisa realizada, onde as informações outro evento mundialmente marcante, com
coletadas contribuem para ações futuras na foco na emissão de gases poluentes na
comunidade acadêmica, também tem o atmosfera e na necessidade de empenho
propósito de direcionar os futuros para combater o aquecimento global.
administradores a conscientização ambiental.  2012: Sucedeu o evento conhecido
com RIO+20, cujo objetivo, foi a renovação
Servirá como referência e pode orientar
do compromisso político com o
gestores públicos na formulação de políticas
desenvolvimento sustentável, por meio da
públicas que abordem, de maneira
avaliação do progresso e das lacunas na
específica, as formas corretas de tratamento
implementação das decisões adotadas
deste material.
pelas principais cúpulas sobre o assunto e
do tratamento de temas novos e
emergentes.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Seiffert (2011, pág.4), apresenta que:
A rapidez com que as mudanças estão
A partir do surgimento do conceito de
acontecendo no mundo, favorecem o
desenvolvimento sustentável, passou a
aumento dos problemas ambientais. A
existir um discurso cada vez mais
preocupação é antiga, mas, somente nas
articulado que procura condicionar a
últimas décadas houve um aprofundamento
busca de um novo modelo de

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


desenvolvimento aliado à noção de danosos a saúde humana. No lixo eletrônico
conservação do meio ambiente. são encontrados elementos como chumbo,
Entretanto, foi Ignacy Sachs quem mercúrio, cádmio, arsênio e berílio, os quais
amadureceu o conceito do podem causar danos ao sistema nervoso,
desenvolvimento, o qual só poderia ser cerebral, sanguíneo, fígado, ossos, rins,
alcançado através do equilíbrio integrado pulmões, doenças de pele, câncer de
entre cinco dimensões: econômica, pulmão, desordens hormonais e reprodutivas
ecológica, social, geográfica ou espacial e e ainda problemas respiratórios (MOREIRA
cultural. apud SEHNEM et al., 2007)

Outro fator preocupante nos dias atuais é o


Estimativas do Greenpeace indicam que
lixo eletrônico, fruto do descarte de produtos
50 milhões de toneladas de lixo eletrônico
eletrônicos, o próximo tópico aborda com
são geradas anualmente no nosso planeta.
maior detalhamento a temática formas de
Já o Programa das Nações Unidas para o
descarte.
Meio Ambiente (PNUMA) calcula que a
2.2 LIXO ELETRÔNICO geração de lixo eletrônico global cresce a
uma taxa de cerca de 40 milhões de
Com a evolução da tecnologia, os aparelhos
toneladas por ano. No âmbito nacional, o
eletrônicos passaram a ser obsoletos mais
cálculo é de 96,8 mil toneladas de
rapidamente. O consumo em grandes
computadores descartados anualmente.
proporções desse produto juntamente com a
Em média, cada brasileiro descarta 0,5 kg
busca constante por novidades tecnológicas
de lixo eletrônico por ano, considerando
faz acelerar a substituição dos aparelhos
apenas computadores. (SIQUEIRA e
eletrônicos, ocasionando assim o descarte
MACHADO, 2013, pág. 18)
desses resíduos na natureza. (OLIVEIRA et al,
2013).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente
Segundo Vieira et al (2009) resíduo eletrônico
(2016), a Lei nº 12.305/10, que institui a
é conceituado, como todo ou qualquer
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
produto que possua origem tecnológica,
prevê a prevenção e a redução na geração
tornando-se obsoleto ou inservível, sendo
de resíduos, tendo como proposta a prática
descartado ou jogado ao lixo.
de hábitos de consumo sustentável e um
conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos
Neste sentido, é possível considerar os
desses resíduos, além destinação
telefones celulares, televisores,
ambientalmente adequada. Institui a
eletrodomésticos portáteis, rádios, todos
responsabilidade compartilhada dos
os equipamentos de microinformática,
geradores de resíduos: dos fabricantes,
filmadoras, vídeos, ferramentas elétricas,
importadores, distribuidores, comerciantes, o
DVDs, brinquedos eletrônicos, lâmpadas
cidadão e titulares de serviços de manejo dos
fluorescentes, e milhares de outros
resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa
produtos que facilitam a vida da sociedade
dos resíduos e embalagens pré e pós-
moderna, e apresentam-se, atualmente,
consumo.
como produtos descartáveis, sendo estes
exemplos de resíduos eletrônicos Com isso, são necessárias medidas para
(LINHARES, 2012). reduzir o descarte incorreto do REEE, como o
TI Verde que alia a evolução da Tecnologia da
Informação (TI) à preservação do meio
Os Resíduos de Equipamentos
ambiente, visando o aumento da vida útil dos
Eletroeletrônicos (REE) descartados de
computadores, redução e reciclagem de lixo
maneira incorreta se tornam um problema de
eletrônico, equipamentos ligados somente
ordem tecnológica, social e ambiental, com
enquanto estão sendo utilizados, virtualização
proporções incalculáveis. (SEHNEM et al.,
e diminuição do consumo de papel em
2013). Os resíduos dos mesmos oferecem
impressões desnecessárias. (SIQUEIRA e
grande risco ao meio ambiente pois em sua
MACHADO, 2013). Além da chamada
composição há uso de metais pesados
Logística Reversa que corresponde ao retorno
altamente tóxicos, tanto ao meio ambiente, a
dos bens de pós-venda e de pós consumo ao
exemplo lençol freático e poluição do ar,
ciclo de negócios ou ciclo produtivos, por
como desencadeamento de vários problemas

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


meio dos canais de distribuição reversos. exemplos que estimulem a compreensão.
(LEITE, 2009). Assume, em geral, as formas de Pesquisas
Bibliográficas e Estudos de Caso. (SILVA e
O próximo tópico trata das ferramentas
MENEZES, 2005, pág. 21).
metodológicas que auxiliaram na consecução
dos objetivos. Será apresentada a
classificação da pesquisa, população e Portando, esta pesquisa visa explorar a
amostra e o instrumento de coleta e a análise. temática lixo eletrônico com intenção de
discutir problemas encontrados no descarte
destes resíduos com base nas informações
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS obtidas dos estudantes de Administração da
UEPB, Campus VII, Patos-PB.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Além disso, envolveu estudo bibliográfico que
Quanto à natureza da pesquisa, ela é
serviu para clarear e aprofundar o assunto
classificada como aplicada, pois objetiva
abordado.
gerar conhecimentos para aplicação prática e
dirigidos à solução de problemas específicos.
Envolve verdades e interesses locais. (SILVA
Pesquisa bibliográfica, quando elaborada
e MENEZES, 2005, p.20). A pesquisa sobre
a partir de material já publicado,
lixo eletrônico, envolvendo estudantes
constituído principalmente de livros,
universitários, irá gerar relevantes
artigos de periódicos e atualmente com
conhecimentos para entender como acontece
material disponibilizado na Internet. (SILVA
as formas de descarte e discutir a importância
e MENEZES, 2005. p.21) A utilização deste
da consicentização e do acesso a informação.
foi feita através de livros, sites da Internet,
Do ponto de vista da forma de abordagem do revistas, artigos e dissertações que
problema é classificada como qualitativa e serviram de alicerce para este novo
quantitativa. A primeira considera a estudo.
interpretação dos fenômenos e a atribuição
de significados é básica no processo de
A pesquisa é classificada como descritiva,
pesquisa qualitativa, não requer o uso de
uma vez que visa descrever as características
métodos e técnicas estatísticas. (SILVA e
de determinada população ou fenômeno ou o
MENEZES, 2005, p.20). Portanto, permitiu
estabelecimento de relações entre variáveis.
relacionar as questões não quantificáveis
Assume, em geral, a forma de levantamento.
sobre: logística reversa, lixo eletrônico e
(SILVA e MENEZES, 2005, p.21). Portanto, a
descarte.
utilização desse método visa descrever,
A quantitativa considera que tudo pode ser através das opiniões dos alunos, as formas de
quantificável, o que significa traduzir em descarte do lixo eletrônico e determinar os
números opiniões e informações para efeitos resultantes do manejo incorreto no
classificá-las e analisá-las, requer o uso de meio ambiente.
recursos e de técnicas estatísticas (SILVA e
É do tipo levantamento, quando a pesquisa
MENEZES, 2005, p.20). Foi utilizada a
envolve a interrogação direta das pessoas
abordagem quantitativa, no sentido de gerar
cujo comportamento se deseja conhecer
dados precisos, que serão analisados e,
(SILVA e MENEZES, 2005, p.21). Haverá
apartir daí, construir informações que irão dar
questionamento direto aos alunos do curso de
auxilio no direcionamento do descarte correto
administração com a finalidade de identificar
e da importância da consicentização.
as formas de descarte do lixo eletrônico,
Do ponto de vista de seus objetivos (GIL, utilizadas pelos mesmos.
1991) é classificada como:
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
População é a totalidade de indivíduos que
Pesquisa exploratória, pois visa possuem as mesmas características definidas
proporcionar maior familiaridade com o para determinado estudo. Amostra é a parte
problema com vistas a torná-lo explícito ou da população selecionada de acordo com
a construir hipóteses. Envolve uma regra ou plano, pode ser probabilística e
levantamento bibliográfico; entrevistas com não-probabilística (SILVA e MENEZES, 2005,
pessoas que tiveram experiências práticas p. 32)
com o problema pesquisado; análise de

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A população é representada pelos alunos do 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
curso de Administração do Campus VII da
A definição do instrumento de coleta de
Universidade Estadual da Paraíba, que
dados dependerá dos objetivos que se
totalizam 440, já a amostra é de 158, cujo
pretende alcançar com a pesquisa e do
cálculo amostral utilizou a seguinte formula:
universo a ser investigado (SILVA e
MENEZES, 2005, p.33). O instrumento de
coleta de dados utilizado foi o questionário
que é uma série ordenada de perguntas que
devem ser respondidas por escrito pelo
informante (SILVA e MENEZES, 2005, p.33).
Onde:
O questionário de múltiplas escolhas, ou seja,
n - amostra calculada questões fechadas com uma série de
N - população respostas possíveis (SILVA e MENEZES,
2005). Ele é composto por sete (7)
Z - variável normal padronizada associada questionamentos sobre as formas de descarte
ao nível de confiança do lixo eletrônico.
p - verdadeira probabilidade do evento
e - erro amostral (SANTOS, 2016) 4 RESULTADOS
Como já mencionado anteriormente o
O erro amostral é de 5%, o nível de confiança instrumento de coleta de dados utilizado foi o
é de 95%, e a distribuição populacional é questionário, este foi aplicado a cento e
homogênea (80/20). cinquenta e oito (158) alunos, no mês de Maio
de 2016, escolhidos aleatoriamente. Com
A amostra é probabilística, do tipo casual intuito de obter informações fidedignas
simples, onde cada elemento da população nenhum respondente foi obrigado a se
tem oportunidade igual de ser incluído na identificar nem apresentar documentos de
amostra (SILVA e MENEZES, 2005). Pois, comprovação. Os dados colhidos foram
cada aluno tem a mesma chance de ser dispostos em sete (7) quadros que serão
inserido na amostra da pesquisa. apresentados a seguir. O quadro 1 trata do
nível de conhecimento sobre do que se trata o
lixo eletrônico.

Quadro 1 - Nível de conhecimento do lixo eletrônico

01. Nível de conhecimento sobre lixo eletrônico? %

1.1 Conheço parcialmente, no entanto não sei bem do que se trata. 66

1.2 Conheço totalmente, e procuro sempre a melhor maneira de descartar. 27

1.3 Nenhum conhecimento, ainda não conheço este termo. 1

1.4 Indiferente. Não quero responder. 6

Total 100

Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

O primeiro questionamento da pesquisa sobre o tema, seja por desinteresse ou falta


abordou o nível de conhecimento sobre o lixo de conscientização. A falta de conhecimento
eletrônico. Como apresentado no quadro 1, a leva ao descarte incorreto desse material,
maioria dos alunos detém informação parcial como mostra o estudo desenvolvido pelo

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Programa das Nações Unidas para o Meio toneladas de lixo eletrônico ao ano (BRASIL,
Ambiente (PNUMA/ONU), que apresenta o 2016). O segundo ponto pesquisado trata dos
Brasil como maior produtor per capita de lixo motivos que levou o descarte, o quadro 2
eletrônico entre países emergentes e em apresenta os dados.
desenvolvimento, resultando em 96,8 mil

Quadro 2 - Motivos que levaram a descartar produtos e transformá-los em lixo eletrônico

02. O que levou a descartar produtos e transformá-los em lixo eletrônico? %

2.1 Defeito. 37

2.2 Funções adicionais de aparelhos novos. 10

2.3 Fim da vida útil 43

2.4 Novos modelos 15

2.5 Não opinou 10

* Pergunta de múltipla escolha


Fonte: Pesquisa de Campo (2016)
O segundo quadro retrata os principais pouco tempo. A inovação tecnológica e o
motivos do descarte, diante dessas aumento nos padrões de consumo da
informações é possível inferir que os produtos sociedade contemporânea têm gerado
eletrônicos produzidos atualmente tem sua crescimento constante na produção de
vida útil limitada, quebram e/ou danificam equipamentos elétricos e principalmente
com mais facilidade, e o custo para concerto eletrônicos (SEHNEM, 2013, p.5). Aliado a
é elevado, ocasionando substituição por isso, há um aumento expressivo na geração
aparelhos novos e consequentemente o de resíduos sólidos, relacionada à rápida
descarte do mesmo. obsolescência dos equipamentos eletrônicos
(GIARETTA, 2010 apud, SHENEM, 2013 p.5).
Além disso, o consumismo e inovações
O quadro 3 apresenta o destino dado aos
tecnológicas tornam produtos obsoletos em
resíduos eletrônicos.

Quadro 3 - Caso já tenha descartado, qual destino dado ao lixo eletrônico

03. Caso já tenha descartado, qual destino dado? %

3.1 Não lembro. 16

3.2 Lixo comum. 56

3.3 Empresa onde comprou o eletroeletrônico ou eletrodoméstico. 6

3.4 Lixo especializado. 10

3.5 Outro. 5

3.6 Não opinou. 7

Total 100
Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


O terceiro questionamento refere-se ao Eles devem ser descartados de forma correta,
destino dado ao lixo eletrônico, como pois possuem aproximadamente quarenta e
apresentado no quadro 3, 56% descartaram três (43) elementos químicos, incluindo cobre,
no lixo comum, 16% não lembram do destino, lítio, chumbo e cromo, causadores de danos
10% em local especializado, 5% na empresa tanto para o meio ambiente quanto para a
onde adquiriram o produto e 5,1% saúde. (SEHNEM, 2013 p.7).
responderam que fizeram esse descarte de
O resultado desta pesquisa converge com os
outras maneiras, como a venda do mesmo a
estudos realizados por Weiler et al (2013), que
terceiros, doações, ou ainda, aqueles que
diz que dos 71%, que já descartou algum
mantêm guardado em casa. Pode-se inferir
eletrônico ou eletrodoméstico de maneira
que a maioria das pessoas ainda têm o hábito
incorreta, 46% encaminhou ao lixo comum,
do descarte no lixo comum, o que é
11% devolveu a empresas em que adquiriu o
prejudicial tanto ao meio ambiente como
aparelho, 19% vendeu a terceiros, 12%
também a saúde humana, devido a uma
descartou em qualquer lugar e os demais
grande quantidade de substâncias
deram outro destino. O quadro 4 evidencia os
prejudiciais que esses materiais contêm.
dados sobre o nível de conhecimento que o
descarte incorreto proprociona.

Quadro 4 - Nível de conhecimento sobre os danos causados pelo descarte incorreto

04. Qual seu conhecimento a respeito dos danos causados pelo descarte incorreto do
%
lixo eletrônico?

4.1 Nenhum 5

4.2 Parcial, tenho ciência de que o descarte incorreto afeta o meio ambiente, mas não
53
sei quais os danos.

4.3 Completo, tenho conhecimento da necessidade do descarte correto, pois feito de


35
maneira incorreta pode contaminar o solo, o ar e o lençol freático.

4.4 Indiferente 1

4.5 Não opinou 6

TOTAL 100
Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

A maioria dos alunos sabem o impacto lençóis freáticos e no ar. As conseqüências


negativo que o descarte incorreto do lixo vão desde simples dor de cabeça e vômito
eletrônico pode causar no meio ambiente, até complicações mais sérias, como
porém continuam descartando em locais comprometimento do sistema nervoso e
impróprios, devido a ausência de informações surgimento de cânceres (GUARITÁ aput
sobre coleta especializada e de locais CARPANEZ, 2007). Em relação a
específicos. responsabilidade do lixo eletrônico o quadro 5
apresenta as opiniões dos respondentes,
Os danos gerados pela contaminação de
existindo uma concentração de resposta no
substâncias químicas existentes no lixo
item 5.4.
eletrônico causam problemas no solo, nos

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Quadro 5 - Sobre a responsabilidade do descarte do lixo eletrônico

05. Sobre a responsabilidade do descarte do lixo eletrônico %

5.1 A responsabilidade é de quem possui o mesmo. 26

5.2 É da loja que você o comprou, visto que a responsabilidade cabe aos
11
revendedores e a indústria de fazer o descarte adequado (praticar a logística reversa).

5.3 É do governo, pois o mesmo tem que ter políticas voltadas para esse assunto. 9

5.4 É do município, em cada cidade deve ser criado uma empresa ou órgão
44
encarregado pelo descartes destes materiais.

5.5 Não sei opinar 4

5.6 Não opinou 6

Total 100
Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

O quinto questionamento refere-se a pelo consumidor, de forma independente do


responsabilidade do descarte do lixo serviço público de limpeza urbana e de
eletrônico, diante dos resultados obtidos, manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
pode-se inferir que, devido ao conhecimento importadores, distribuidores e comerciantes
limitado da temática, as pessoas não sabem (...) VI - produtos eletroeletronico e seus
de quem é a responsabilidade do material a componentes.”
ser descartado, atribuindo até mesmo, ao
Pelo levantamento de 2015 do Sistema
próprio cliente. No entanto, nota-se a
Nacional de Informações sobre Saneamento,
necessidade de ações conjuntas do
só 724 das mais de 5.500 cidades brasileiras
Município, Governo Federal e Estadual e das
têm algum tipo de coleta de lixo eletrônico, E
empresas privadas.
não é por falta de Lei, a PNRS foi lançada há
Contudo, a Política Nacional de Resíduos cinco anos e prevê a implantação ações
Sólidos (PNRS), nº 12.305/2010 , delibera no eficientes como a logística reversa. O
Art. 33 que: “São obrigados a estruturar e penúltimo quadro questiona o aluno sobre
implementar sistemas de logística reversa, locais de coleta na cidade onde reside.
mediante retorno dos produtos após o uso

Quadro 6 - Na cidade que reside tem locais para coleta de eletrônico

06. Na cidade que reside tem locais para coleta de eletrônico? %

6.1 Não. 57%

6.2 Caso tenha, desconheço. 33,5%

6.3 Sim. 3,8%

6.4 Não opinou. 5,7%


Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

Em relação aos locais de coleta do lixo desses ambientes, 5,7% não opinaram e 3,8%
eletrônico, os respondentes afirmara que: afirmam que nas suas cidades os pontos
57% deles não sabem se existem locais em estão principalmente nos locais expresso no
sua cidade, 33,5% desconhecem a existência quadro 7.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Quadro 7 – Locais específicos para coleta de eletrônico

Locais de coleta

Secretaria do Meio Ambiente

Empresa de Energia pública (Energisa)

Ministério Público Federal

Empresa Privada

Praças e outros locais públicos


Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

Todos afirmaram que existe interesse em necessidade de conscientização, quase a


descartar corretamente o material, porém totalidade dos respondentes concordam que
cabe aos órgãos públicos ou privados esse é o primeiro passo para eliminar todas
disponibilizar locais destinados para esse fim. as incongruência das formas de descarte.
O último ponto investigado foi sobre a

Quadro 8 - Julga ser necessário a conscientização sobre o descarte correto do lixo eletrônico

07. Julga ser necessário a conscientização sobre o descarte correto do lixo eletrônico? %

7.1Sim, é de suma importância que todos saibam sobre este tema. 93

7.2 Em partes, não vejo tamanha relevância sobre o tema. 1%

7.3 Indiferente. 1%

7.4 Não opinou. 5%

Total 100
Fonte: Pesquisa de Campo (2016)

O último questionamento foi sobre a escolares e propagandas nas rádios e Tvs


necessidade de conscientização do descarte (29%) ou a partir de palestras (8%).
correto do lixo eletrônico, como apresentado
A população conscientizada passará a rever
quadro 8, a grande maioria (93%) afirmou
suas ações, tendo em vista as graves
sobre a importância da necessidade ao
consequências que o lixo eletrônico
acesso conhecimento, 5% não opinaram, 1%
proporciona ao meio ambiente e a própria
não observa importância sobre esse tema e
saúde humana.
1% é indiferente.
A partir desses dados, pode-se inferir que
grande parte dos alunos reconhece essa 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
temática como sendo de vasta relevância
No âmbito do problema abordado, realizou-se
para todos, como é reiterado na pesquisa
pesquisa com finalidade de identificar as
realizada no Rio Grande do Sul por Weiler et
formas de descarte do lixo eletrônico, através
al (2013), que apresenta as seguintes
da experiência dos alunos que cursam
informações: vê-se o interesse em pelo menos
Administração do Campus VII da
96% dos entrevistados em trabalhar o tema,
Universidade Estatual da Paraíba, além de
seja através de folders (32%), projetos
avaliar os problemas encontrados no descarte

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


incorreto e discutir a importância da Diante desta situação, o correto é fazer o
consicentização e do acesso a informação. descarte em locais apropriados como por
exemplo: empresas e cooperativas que atuam
Diante dos dados obtidos na pesquisa, foi
na área de reciclagem. As baterias dos
analisado que, mesmo em uma Instituição de
celulares podem ser encaminhadas para as
Ensino Superior, o nível de conhecimento da
empresas fabricantes.
maioria dos alunos, sobre o tema, ainda é
parcial, revelando a necessidade de ações Portanto, o trabalho não tem a pretenção de
por parte das empresas e do poder público encerrar o debate e sim instigar estudos
no sentido de informar os riscos e os prejuízos futuros a respeito do assunto, elucidando
que o descarte incorreto do lixo eletrônico pontos importantes em relação ao destino
pode acarretar. correto e da seriedade sobre o conhecimento
deste.
Também foi identificado que a falta de
conhecimento e de locais adequados leva ao Deste modo, o descarte depende não só da
descarte incorreto desse materiais, pois a educação ambiental, que deve fazer parte da
maioria dos alunos descartam em lixo comum, nossa cultura, mas também de políticas
que pode ocasionar a contaminação e públicas e ações de empresas privadas.
poluição do meio ambiente e também gerar
doenças nas pessoas.

REFERÊNCIAS da Associação Nacional de Pós-Graduação e


Pesquisa em Ambiente e Sociedade, 2012, Belém.
[1]. BRASIL. Lei nº 12.305, 2 de agosto de VI ENANPPAS - Encontro Nacional da Associação
2010; Institui a Política Nacional de Resíduos Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de Ambiente e Sociedade. Belém: ANPPAS / UFPA,
1998; e dá outras providências. Disponível em: 2012. v. 1.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- [9]. SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira.
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11h em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso
[2]. BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO em: [13/05/2016].
AMBIENTE. Legislação Ambiental CONAMA. [10]. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera
Disponível em <http://www.mma.gov.br.> Acesso Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração
em 13/05/2016, às 08h00 de dissertação. – 4. ed. rev. atual. – Florianópolis:
[3]. CARVALHO, Pedro Pereira de. Descarte UFSC, 2005.
de equipamentos de informática (reee) nas [11]. SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISSO
prefeituras do abc sob a perspectiva 14001 Sistemas de gestão ambiental: implantação
socioambiental. 2010. Dissertação de Mestrado em objetiva e econômica. 4ª Edição. São Paulo: Atlas,
Administração da Universidade Municipal de São 2011.
Caetano do Sul. [12]. SIQUEIRA M. L.; MACHADO C. M. C.
[4]. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Atividade extensionista e TI Verde: conectando
projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. instituição e comunidade. Revista Brasileira de
[5]. LEITE, P. R. Logística Reversa: Meio Computação Aplicada (ISSN 2176-6649), Passo
ambiente e competitividade. 2ª Ed. São Paulo: Fundo, v. 5, n. 2, p. 18-27, out. 2013
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[6]. LINHARES, S. N.; NOBRE M. F,; L. R.. A logística reversa do lixo tecnológico: um
MOSCARDI J. P,. Os resíduos eletroeletrônicos: estudo sobre o projeto de coleta de lâmpadas,
uma análise comparativa acercada percepção pilha e baterias da BRASKEM. Revista de Gestão
ambiental dos consumidores da cidade de Social e Ambiental. v.3, n 3, p.120-136. Set. – Dez.
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[7]. OLIVEIRA, E. L. ; KIST, Daniel ; PALUDO, 04 de janeiro de 2012.
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Sustentabilidade, v. 2, p. 79-95, 2013. Westphalen e Taquaruçu do Sul. Revista do Centro
[8]. OLIVEIRA, Leandro Dias de. A do Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa
Conferência do Rio de Janeiro - 1992 (Eco-92): Maria, Revista Eletronica em Gestão, Educação e
Reflexões sobre a Geopolítica do Desenvolvimento Tecnologia Ambiental - REGET (e-ISSN 2236 1170)
Sustentável. In: VI ENANPPAS - Encontro Nacional - v. 17n. 17 Dez 2013, p. 3401 – 3406

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 11
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO VOLTADAS PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL

Luis Fernando Gomes Simões


Antonio Costa Gomes Filho
Keli Rodrigues do Amaral

Resumo: As dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais tanto no trabalho


quanto nas atividades diárias é tema de estudo na área social. A solução para o
enfrentamento do problema pode ser com o uso de tecnologias que permitam
compensar essa deficiência e, por conseguinte, possibilitar sua inserção à
sociedade. O objetivo deste trabalho foi o de levantar na literatura as tecnologias
da informação disponíveis para os deficientes visuais com vistas à organização de
um guia de referência para portadores de deficiência visual. Os procedimentos
envolveram o uso de estratégias de busca com uso de palavras-chave em sites
comerciais, técnicos e científicos, e download dos arquivos mais importantes sobre
o assunto. Os resultados desse levantamento de dados serão utilizados para gerar
um guia que auxiliará os deficientes visuais a conhecer as tecnologias da
informação disponíveis para atender suas necessidades. A pesquisa está sendo
realizada desde o ano de 2012 e os resultados armazenados em banco de dados
já permitem a elaboração de uma versão alfa de um guia contendo tecnologias da
informação atualmente disponíveis para uso por portadores de deficiência visual.

Palavras chave: Tecnologia da informação, Inserção Social, Organização de


Conhecimento.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1 INTRODUÇÃO interação pode ser definida como a
comunicação com máquinas.
As dificuldades enfrentadas pelos deficientes
visuais tem sido preocupação dos estudiosos Então cabe questionar sobre quais
da área social. O termo deficiência, segundo tecnologias estão, atualmente disponíveis
Houaiss (2004, p. 926) significa “perda de para uso por portadores de deficiência visual,
quantidade ou qualidade; falta, carência”; já bem como quais delas possuem melhor
no dicionário de saúde significa “insuficiência desempenho no auxílio à inserção da
do desenvolvimento ou do funcionamento de sociedade organizada, de forma que o
um órgão, de um sistema ou do organismo portador de deficiência visual também possa
como um todo” (SILVA; SILVA, 2006, p. 177). ser produtivo.
Em 1966, a Organização Mundial de Saúde
O objetivo deste trabalho foi o de levantar na
registrou 66 diferentes definições utilizadas
literatura as tecnologias da informação
para fins estatísticos em diversos países
disponíveis para os deficientes visuais com
(ANACHE, 1994, p. 85).
vistas à organização de um guia de referência
Entre os portadores de deficiência visual, para portadores de deficiência visual,
distinguem-se dois tipos: os cegos e os possibilitando que os mesmos possam ter
portadores de visão subnormal; há que se acesso a informações sobre as tecnologias
refletir sobre as duas situações: assistivas de acordo com cada uma de suas
necessidades.
O texto foi dividido em: introdução, referencial
Cegueira: sob o ponto de vista médico
teórico, metodologia, resultados e discussão e
oftalmológico considera-se cego aquele
conclusões, além dos elementos pré e pós
que tem 0,1 ou menos de acuidade visual
textuais.
no melhor olho com a correção óptica
possível ou uma restrição no campo visual
a um ângulo que subentende 20 graus ou
2 REFERENCIAL TEÓRICO
menos, ou seja, a pessoa para enxergar
um objeto precisa estar a uma distância de Entende-se que as pessoas com deficiência
20 pés (6 metros). visual são aquelas que possuem baixa visão
ou são totalmente cegas.
Observa-se que a pessoa cega percebe o
Visão Subnormal: sob enfoque médico
mundo por meio dos sentidos remanescentes:
oftalmológico é diagnosticada como visão
(o tato, a audição, o paladar e o olfato), todos
subnormal às pessoas que possuem
esses sentidos possibilitam que as sensações
acuidade visual entre 6/20 e 6/60 e ou um
do mundo cheguem a ela de uma forma
campo visual entre 20 e 50 no melhor olho
diferente de uma pessoa com visão normal.
após correção óptica (BRASILa, 1995).
A Baixa Visão é a alteração da capacidade
funcional da visão, decorrente de inúmeros
Em um primeiro momento, a inclusão dos fatores isolados ou associados tais como:
deficientes tratava-se apenas de uma questão baixa acuidade visual significativa, redução
social; no momento atual essas questões importante do campo visual, alterações
passaram a ser legais, com ênfase na relação corticais e/ou de sensibilidade aos contrastes
interpessoal e no meio em que ela está que interferem ou limitam o desempenho
inserida e com intuito de eliminar obstáculos e visual do indivíduo (GIL, 2000).
barreiras que impeçam o pleno exercício dos
O fenômeno da deficiência visual pode ser
direitos humanos. O Brasil possui legislação
entendido sob diversos aspectos, presumindo
específica sobre acessibilidade. É o decreto-
que exista uma interligação entre questões
lei nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004,
sociais, legais e tecnológicas.
também conhecido como Lei de
Acessibilidade.
Sob o ponto de vista das tecnologias, o ideal 2.1 ASPECTO SOCIAL
é que elas sejam modeladas com base na
Para a Fundação Dorina Nowill para Cegos
Interação Humano-Computador. O objetivo é
(2011) o total da população brasileira de
tornar os softwares e hardwares mais
23,9% (45,6 milhões de pessoas) declarou ter
sofisticados, mais acessíveis possíveis, assim
algum tipo de deficiência. Entre as
tendo uma interação com o usuário. Essa

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


deficiências declaradas, a de maior alguma deficiência visual. Desse total:
incidência foi a deficiência visual, atingindo 528.624 pessoas são cegas e 6.056.654
3,5% da população. Em seguida, ficaram pessoas possuem baixa visão ou visão
problemas motores (2,3%), intelectuais (1,4%) subnormal. Ainda, outros 29 milhões de
e auditivos (1,1%). pessoas declararam possuir alguma
dificuldade permanente para enxergar,
Segundo dados do Instituto Brasileiro de
mesmo que usando óculos ou lentes
Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, no
(FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA
Brasil, mais de 6,5 milhões de pessoas têm
CEGOS, 2011).

Tabela 1: Deficientes visuais por região


Deficientes visuais por região Total % população local
Norte 574.823 3,6
Nordeste 2.192.455 4,1
Sudeste 2.508.587 3,1
Sul 866.086 3,2
Centro-Oeste 443.357 3,2
Fonte: Fundação Dorina Nowill Para Cegos (2011, p.19)

Acredita-se que tanto o portador de cegueira O artigo 3º do Decreto nº. 3.298/99, que
total como o de visão subnormal carecem de regulamenta a Lei nº. 7.853/89, a qual dispõe
recursos didáticos e tecnológicos especiais sobre apoio às pessoas portadoras de
para garantir suas possibilidades de deficiência e sua integração social, traz o
desenvolvimento e participação na seguinte conceito de deficiente:
sociedade.
De forma que, a sua integração no ambiente
I. deficiência: toda perda ou
social não é um processo estático, unilateral,
anormalidade de uma estrutura ou função
mas em constante movimento e é por essa
psicológica, fisiológica ou anatômica que
razão o assunto tem sido alvo de muitas
rege incapacidade para o desempenho de
discussões.
atividade, dentro do padrão considerado
normal para o ser humano;
2.2 ASPECTOS LEGAIS II. deficiência permanente: aquela que
ocorreu ou se estabilizou durante um
Em um primeiro momento, a inclusão dos
período de tempo suficiente para não
portadores de deficiência tratava-se apenas
permitir recuperação ou ter probabilidade
de uma questão social, evoluindo depois para
de que se altere, apesar de novos
questões legais com ênfase na relação
tratamentos;
interpessoal e no meio em que ela está
inserida, o intuito é o de eliminar obstáculos e III. incapacidade: uma redução efetiva e
barreiras que impeçam o pleno exercício dos acentuada da capacidade de integração
direitos humanos. social, com necessidade de
equipamentos, adaptações, meios ou
Segundo a Fundação Dorina Nowill (2011) “a
recursos especiais para que a pessoa
Lei nº 7.853/89 e o Decreto nº 3.298/99
portadora de deficiência possa receber ou
balizaram a política nacional para integração
transmitir informações necessárias ao seu
da pessoa com deficiência, criando assim as
bem estar pessoal e desempenho de
principais normas de acessibilidade para
funções ou atividades a ser exercida.
deficientes”; o objetivo do Decreto nº.
3.298/99 é o de assegurar os direitos
individuais e sociais das pessoas portadoras
O artigo 3º do mesmo dispositivo legal
de deficiência.
define:

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


IV – deficiência visual – acuidade visual § 3o Os telecentros comunitários
igual ou menor que 20/200 no melhor olho, instalados ou custeados pelos Governos
após a melhor correção, ou campo visual Federal, Estadual, Municipal ou do Distrito
inferior a 20º (tabela Snellen), ou Federal devem possuir instalações
ocorrência simultânea de ambas as plenamente acessíveis e, pelo menos, um
situações”. computador com sistema de som
instalado, para uso preferencial por
pessoas portadoras de deficiência visual.
Em 1989, foi promulgada a lei 7.853, também
houve mudanças na legislação,
especificamente, no artigo 93 da lei 8.213/91 A Lei Nº 8.989/95, Art. 1º as pessoas com
(BRASIL, 1991). Entraram em vigor os deficiência física, visual, mental severa ou
Decretos 3.298 de 1.999 e 5.296 de 2.004, profunda, ou autistas, ainda que menores de
todos tratando da questão da inclusão dos dezoito anos, poderão adquirir, diretamente
deficientes (FUNDAÇÃO DORINA NOWILL ou por intermédio de seu representante legal,
PARA CEGOS, 2011). com isenção do IPI, automóvel de
passageiros ou veículo de uso misto, de
O Brasil possui legislação específica sobre
fabricação nacional, classificado na posição
acessibilidade; é o Decreto-lei nº 5.296, de 2
87.03 da TIPI – Tabela de Incidência do
de dezembro de 2004, também conhecido
Imposto sobre Produtos Industrializados
como Lei de Acessibilidade. Com base nesse
(BRASILb, 1995)
decreto, o Artigo 80º, define acessibilidade
como sendo: Segundo a Lei nº 11.126, de 27 de junho de
2005, do artigo 1º é assegurado o direito a
I - acessibilidade: condição para
pessoa com deficiência visual usuária de cão-
utilização, com segurança e
guia ingressar e permanecer com o animal em
autonomia, total ou assistida, dos
todos os locais públicos ou privados de uso
espaços, mobiliários e equipamentos
coletivo (BRASIL, 2005).
urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos De acordo com a Cartilha da inclusão dos
dispositivos, sistemas e meios de direitos das pessoas com deficiência (2000,
comunicação e informação, por p. 32) o Estado garante 01 salário mínimo de
pessoa portadora de deficiência ou beneficio mensal à pessoa portadora de
com mobilidade reduzida. deficiência, na qual a Lei Federal 8.742, de 07
de dezembro de 1993, define a assistência
social (artigo 1º) como sendo um direito do
O documento estipula prazos e regulamenta o cidadão e dever do Estado e possui como
atendimento às necessidades específicas de objetivo, dentre outros, a habilitação e
pessoas com deficiência no que concerne a reabilitação das pessoas portadoras de
projetos de natureza arquitetônica e deficiência e a promoção de sua integração à
urbanística, de comunicação e informação, de vida comunitária (CARTILHA...2000).
transporte coletivo, bem como a execução de
Para ter direito ao beneficio o portador de
qualquer tipo de obra com destinação pública
deficiência deve comprovar que não possui
ou coletiva (BRASIL, 2004).
meios de prover a sua própria manutenção ou
Com base no Capitulo VI (BRASIL, 2004) do de tê-la provida por sua família, cuja renda
acesso à informação e à comunicação, pode- per capta seja inferior a ¼ do salário mínimo,
se evidenciar as normas sobre a e necessita comprovar ser incapacitada para
acessibilidade para pessoas com deficiência a vida independente e para o trabalho,
ao uso da internet. através de laudo expedido por serviço que
conte com equipe multiprofissional do SUS ou
do INSS.
§ 2o Os sítios eletrônicos acessíveis às
A advogada Maria Lucia Benhame explica
pessoas portadoras de deficiência
que o portador de deficiência perde o direito
conterão símbolo que represente a
ao beneficio quando ingressa ou reingressa
acessibilidade na rede mundial de
ao mercado de trabalho. Com isso se entende
computadores (internet), a ser adotado nas
que ao deficiente fica mais cômodo o mesmo
respectivas páginas de entrada.
não entrar no mercado de trabalho, pois é
preferível ter uma renda garantida do que

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


nada no futuro, caso ela perca o emprego final do contrato de experiência (90 dias) e no
(FAMILIARES... 2007); Ainda, segundo a contrato por prazo indeterminado, só poderá
advogada,"no caso de o deficiente começar a ocorrer após a contração de substituto que
trabalhar, o pagamento do benefício é apresente condições semelhante.
suspenso. Se ele for desligado da empresa e
A legislação que ampara os direitos dos
não conseguir outra colocação, volta a ser
deficientes constitui-se de políticas favoráveis,
pago”. Essa solução sugerida pela advogada
as quais vêm sendo muito discutidas e
Maria Lucia Benhame no ano de 2007, foi
aceitas de fato. A sociedade deu passos
ouvida pelo governo, e incorporada na lei
importantes elaborando normas e
12.435/11:
assegurando os direitos dos deficientes.

No art. 21 no § 4º a cessação do benefício


2.3 ASPECTOS TECNOLÓGICOS
de prestação continuada concedido à
pessoa com deficiência, inclusive em Na sociedade atual, a informação é de
razão do seu ingresso no mercado de extrema importância na vida das pessoas. O
trabalho, não impede nova concessão do acesso às tecnologias da informação é
benefício, desde que atendidos os condição essencial nesse contexto. Segundo
requisitos definidos em regulamento. Sordi e Meireles (2010, p. 20) a tecnologia da
(BRASIL, 2011) informação é “a tecnologia utilizada para
processar, armazenar e transportar
informações no formato digital, ou seja, é um
Simplificando o que diz a lei, o deficiente que conjunto de hardware, software e componente
entrar no mercado de trabalho terá o seu de telecomunicação”.
beneficio cessado, pois estará apto a
Desde os anos 50 ocorreram evoluções na
reabilitação e terá condição de sustentar-se
forma como se deve conceber as tecnologias
financeiramente, caso venha a ser demitido,
da informação, atualmente, os equipamentos
além de receber todas as verbas trabalhistas
tornaram-se mais baratos, os usuários
normais e o seguro-desemprego, ainda
emergem de diferentes áreas do
poderá pedir novamente o beneficio de
conhecimento e sabe-se muito mais acerca
prestação continuada para portadores de
de como produzir sistemas fáceis de usar.
deficiência.
Essa nova forma de ver a modelagem dos
No entanto, entende-se que o problema da sistemas remonta aos anos 70, pois durante a
demora na implantação do benefício, nesses explosão da tecnologia, a noção de interface-
casos podem ser um entrave e não estimulo usuário, identificada à de interface homem-
da iniciativa do portador de deficiência em máquina, começou a se tornar uma
tentar inserir-se no mercado de trabalho. preocupação dos projetistas de software.
Thakkar (1990) apud Carvalho (2003, p. 80)
Para estimular a contratação de portadores de
“definem Interação humano-computador
deficiência no mercado de trabalho, o
como o conjunto de processos, diálogos, e
governo criou um sistema de reservas de
ações por meio dos quais o usuário humano
vagas para portadores de deficiência visual, a
interage com um computador”.
Lei de Cotas nº 8.213/91 que obriga as
empresas a reservar uma parcela de suas Segundo Moreira, Melaré e Micali (2010, p.1)
vagas para a inclusão de pessoas com
A Interação do Homem com o Computador
deficiência. A Lei de Cotas exige que em
(IHC), portanto, constitui-se em uma área
estabelecimentos comerciais que tenham de
da Tecnologia da Informática voltada para
100 a 200 funcionários, 2% das vagas sejam
a compreensão das relações do homem
reservada para pessoas com deficiência. Para
com o computador, em seus aspectos
as que têm de 201 a 500 empregados, a cota
linguístico-visuais e psicológicos, em que
é de 3% e, para as que têm de 501 a mil
sempre se busca melhorar a compreensão
funcionários, é de 4%; acima disso, as
semântica desta relação, à procura da
empresas não devem ter menos de 5% de
evolução funcional dos computadores.
inclusões; o descumprimento da lei pode
resultar em multas, que podem ultrapassar
cem mil reais (BRASIL, 1991).
O objetivo é tornar os softwares e hardwares
De acordo com a Legislação Social (2006) a mais sofisticados, mais acessíveis possíveis,
dispensa de trabalhador com deficiência no assim tendo uma interação com o usuário.

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Essa interação pode ser definida como a leque de escolha de grau de ampliação,
comunicação com máquinas. Ainda para cor e tipo de fundo, texto manuscrito ou
Carvalho (2003, p. 77) “a interação Humano- impresso, ver imagens, objetos ou
computador tem característica multidisciplinar pequenos, escrever e realizar tarefas
e seu objetivo é tornar máquinas sofisticadas minuciosas. Pode estar equipado com uma
mais acessíveis, no que se refere à interação, câmara apenas para visão de perto ou ter
aos seus usuários potenciais”. uma 2.ª câmara apontada para longe
(ALEGRE, 2006);
Mas infelizmente, a interação humano-
computador parece não estar norteando  Reconhecedores de voz: softwares
todas as tecnologias disponiveis para a que permitem a substituição do teclado de
sociedade, há que se destacar o caso dos um computador, para a introdução de
portadores de deficiência visual, eles dados ou ações, por comandos de voz
necessitam de tecnologia assistivas, que de (LUZ; CARVALHO, 2005).
acordo com o Decreto-lei nº 5.296, de 2 de
dezembro de 2004 do Art. 61, “consideram-se
ajudas técnicas os produtos, instrumentos, 3 METODOLOGIA
equipamentos ou tecnologia adaptados ou
Tipo de pesquisa: a pesquisa é do tipo
especialmente projetados para melhorar a
exploratório que segundo Gil (2002, p. 41)
funcionalidade da pessoa portadora de
“esta pesquisa tem como objetivo
deficiência ou com mobilidade reduzida,
proporcionar maior familiaridade com o
favorecendo a autonomia pessoal, total ou
problema, com vistas a torná-lo mais explícito
assistida” (BRASIL, 2004).
ou a constituir hipóteses”. O método para
Atualmente há vários softwares e hardwares abordagem do problema é o indutivo, que
que ajudam os portadores de deficiência para Andrade (2006, p. 131), “a indução é a
visual a ter sua independência tecnológica, cadeia de raciocínio que estabelece conexão
como: ascendente, do particular para o geral. Neste
caso, as constatações particulares é que
 Voz sintetizada: atraves do softwares
levam às teorias e leis gerais”.
de leitores de tela ou screen reader para
transformar em áudio os caracteres Material: Foi utilizado o computador da sala
exibidos na tela do computador (SCHUCK, de pesquisa do Grupo GPACI/DEADM e os
2008); computadores pessoais da equipe envolvida
na pesquisa. Também foi utilizado o acesso à
 Programas de Ampliação: softwares
Internet tanto na Intranet da Universidade
que ampliam as letras e figuras que estão
quanto a partir das residências da equipe de
no monitor (ALEGRE, 2006);
pesquisa em horários alternativos.
 Linha ou terminal Braille: equipamento
Quanto aos procedimentos, foi seguido a
electrónico ligado ao computador por
seguinte ordem:
cabo, que possui uma linha régua de
células braille, cujos pins se movem para Nos meses de agosto e de setembro (2012)
cima e para baixo e que representam uma iniciaram-se os levantamentos dos dados
linha de texto do écran do computador. O secundários utilizando-se por forma de
número de células da régua pode ir de 20 consulta a literatura técnica e comercial sobre
a 80 (ALEGRE, 2006); tecnologia assistivas disponíveis para os
diversos estágios de deficiência visual.
 OCR (Optical Character Recognition):
software de reconhecimento de caracteres No processo de busca utilizou-se as palavras
que transforma a imagem digitalizada pelo chaves: tecnologia assistivas; tecnologia
scanner em texto editável e pode ser lido assistivas para cegos; tecnologia de apoio;
pelo leitor de tela (ALEGRE, 2006); tecnologia da informação para deficientes
visuais; tecnologia para cegos, palavras
 Scanners: permitem a digitalização de
essas no site de busca do Google e no site de
texto e imagens (ALEGRE, 2006);
busca do Scirus.
 Impressoras Braille: imprime em
Nos meses de março e de abril (2013) foi
Braille, texto digitado no computador
efetuado novo levantamento dos dados
(ALEGRE, 2006);
secundários utilizando-se de forma de
 Circuito fechado de televisão (CCTV) consulta a literatura técnica e comercial sobre
ou Lupa TV: permite ler, com um grande

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tecnologias assistivas disponíveis para os arquivo encontra-se em duas pastas, uma
diversos estágios de deficiência visual. com a busca realizada em 2012 e a outra com
a busca realizada em 2013.
Foi gerado um arquivo de referência contendo
todos os resumos dos textos baixados. Esses  Busca feita em 2012 - total de arquivos
resumos serviram de base para consulta e baixados: 48 arquivos
organização do Guia de Referência contendo
 Busca feita em 2013 - total de arquivos
os sofwtares disponíveis sobre o assunto.
baixados: 22 arquivos

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hoje o banco de dados da pesquisa conta
Hoje o grupo de pesquisa GPACI/DEADM com 70 arquivos, conforme apresentado na
conta com um banco de dados contendo tabela 2.
arquivos com o resultado da busca. Esse

Tabela 2 - Resultados da busca bibliográfica sistemática

Nome dos itens Busca 1 Busca 2 Total


Livros 1 4 5
Artigos de revistas 5 2 7
Artigos de eventos 10 2 12
Monografias 5 5
Dissertações 2 2 4
Teses 2 2
Normas Regulamentos e Politicas 1 3 4
Compêndio Decretos e Leis 2 2
Cadernos apostilas, manuais e palestras 11 4 15
Relatórios de pesquisa e melhores práticas 3 3
Folhetos e catálogos 1 1
*Dúvidas 7 3 10
Totais 48 22 70
*Documentos que não foram identificados por motivo de mudança na equipe de trabalho
Fonte: Banco de dados da pesquisa.

Com essa pesquisa bibliográfica já é possível repetição dos mesmos softwares já


conceituar o que é deficiência visual e os encontrados, como: Sistema Dosvox, NVDA,
seus aspectos. Com base no referencial Virtual Vision, Jaws.
teórico a equipe já está apta a desenvolver o
A tentativa é definir o guia que conterá todas
instrumento de pesquisa (questionário).
as tecnologias disponíveis atualmente para
Na busca feita em 2012, foram encontrados uso por portadores de deficiência visual. Esse
vários softwares que auxiliam o deficiente guia irá conter as características, vantagens e
visual no uso do computador. Alguns que desvantages de cada software disponível no
mais tiveram revocação foram: Sistema mercado. As buscas feitas nos anos de 2012
Dosvox, Delta Talk, NVDA, Virtual Vision, e 2013 visam responder as seguintes
Jaws, Orca, Acessibilidade do ambiente perguntas:
Windows.
Qual é o tipo de software? Operacional?
Na busca feita em 2013, no levantamento dos Aplicativo?
dados secundários os resultados foram a
Qual a sua linguagem de programação?

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Qual a sua utilizade? Para atender qual tipo 5 CONCLUSÕES
de necessidade do portador de deficiência
O objetivo deste trabalho foi o de levantar na
visual?
literatura as tecnologias da informação
Quais suas vantagens e desvantagens? disponíveis para deficientes visuais com
vistas à organização de guia de referência
O assunto é por demais complexo, no sentido
para uso por portadores de deficiência visual.
de que são muitas as necessidades do
portador de deficiência visual. As informações Os resultados apresentados servirão como
sobre os softwares não estão organizadas, e a subsídio a um projeto maior, que, de forma
busca em sites comerciais leva a uma visão mais ousada pretende gerar um guia
fragmentada da realidade, normalmente são contendo todas as tecnologias atualmente
encontradas mais vantagens que disponíveis, os documentos ora encontrados
desvantagens nos sites de fornecedores. A neste trabalho aqui apresentado serão
literatura científica está sendo utlizada para utilizados como referência principal.
melhorar a visão crítica, em especial para
Levando em conta que, entre os resultados
definir as desvantages de cada tecnologia
esperados até o final da pesquisa, um deles é
encontrada. A principal dificuldade no
a organização do conhecimento sobre as
momento reside em definir qual é a linguagem
tecnologias da informação disponíveis para
de programação utilizada por cada
deficientes visuais, entende-se que no
programador no software que o mesmo
período a que se refere a pesquisa aqui
desenvolveu.
relatada, a execução das atividades foi
A pesquisa está sendo realizada desde o ano satisfatória.
de 2012 e os resultados armazenados em
O tema em tela é relevante por se tratar de um
banco de dados da pesquisa já permitem a
estudo ainda não realizado junto a área de
elaboração de uma versão alfa de um guia
administração, e possui apelo social por se
contendo tecnologias da informação
tratar de pessoas portadoras de deficiência
atualmente disponíveis para uso por
visual. Acredita-se que, após a conclusão da
portadores de deficiência visual.
pesquisa seja possível auxiliar pessoas
portadoras de deficiência visual no uso de
tecnologias assistivas.

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Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 12
O PAPEL DA EDUCAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE
INDIVÍDUOS QUE POSSAM TRANSFORMAR A
SOCIEDADE PELA CAPACIDADE DE EMPREENDER

Gilda M. S. Friedlaender
Hilda Alberton Carvalho
Fabiano. Scriptore Carvalho

Resumo: O presente trabalho apresenta a importância da educação na formação


do profissional deste século. É focado o comportamento do ser humano, bem como
sua capacidade em desenvolver habilidades necessárias para o momento atual. A
educação é um dos pilares com o qual se constrói um país desenvolvido. A
responsabilidade da universidade é mais significativa numa sociedade em
desenvolvimento, considerando que as pesquisas do meio acadêmico oferecem
maiores subsídios para melhores condições de vida para a comunidade. Em
relação ao mercado de trabalho, as exigências de qualificação estão cada vez
maiores. Em todos os setores a tecnologia está se fazendo presente. O profissional
de hoje precisa ter uma cultura geral e um bom conhecimento de generalidades. O
crescente aumento da produtividade interfere no nível de emprego, provocando
uma situação em que pessoas com alta qualificação, graduadas e qualificadas
permanecem desocupadas ou insatisfeitas com suas atividades.

Palavras-chave: comportamento; formação profissional; conhecimento.

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1. INTRODUÇÃO A formação escolar deverá prover as pessoas
de competências básicas como: a
No mundo todo o que mais se percebe são as
capacidade de construção de mapas de
rápidas mudanças que tem ocorrido. Com
relevância das informações disponíveis, tendo
estas transformações são alterados hábitos e
em vista a tomada de decisões; a solução de
comportamento dos indivíduos e das
problemas ou atingimento de objetivos
sociedades.
previamente traçados; a capacidade de
As grandes mudanças na história, que colaborar, de trabalhar em equipe, e,
transformam de fato nossa maneira de pensar sobretudo, a capacidade de projetar o novo,
e agir, vão se infiltrando na sociedade até o de criar em um cenário de problemas, valores
dia em que tudo o que sabemos fica e circunstâncias para agir solidariamente (DA
ultrapassado, e nós nos damos conta de que RÉ, 2003).
estamos num mundo novo (RIFKIN, 2000, p.
A educação passa a ser um dos fatores que
93).
constituem a base a partir da qual se constrói
Então surgem os conflitos e insegurança para um país desenvolvido, uma vez que a
a comunidade como um todo, à medida que agregação de valores para as empresas
surgem incertezas para o futuro próximo. Ao depende de conhecimento e capacidade de
mesmo tempo, o avanço nos processos de inovar. A educação tem o papel fundamental
comunicação, de globalização e de a cumprir na alteração do modelo social, uma
tecnologia faz com que profissionais se vez que a difusão do novo paradigma
preparem melhor para assumir novos desafios produtivo requer qualidade na educação em
e terem condições de estarem inseridos no todos os níveis. Ou seja, educar para a
mercado de trabalho. cidadania, oferecendo uma boa formação
acadêmica, que seja abrangente,
As organizações, por outro lado, percebem
multidisciplinar e generalista
que os trabalhadores apresentam um perfil
(FRIEDLAENDER, BRINGHENTI e LAPOLLI,
diferente de antes, por isso há que se
2002).
gerenciar pelo diálogo e convencimento pois
o conhecimento e a capacidade de Esta nova realidade determina que,
empreender e inovar está nos indivíduos. “aprender” será a habilidade mais importante
e a educação, o tema estratégico para os
Pode-se dizer que o modelo brasileiro de
negócios. A educação é precisamente o meio
ensino, adotado pelas escolas e
que permite a uma nação inter-relacionar-se
universidades, tem formado profissionais
com outras nações e com suas economias de
preparados para enfrentar os riscos técnicos,
uma maneira eficiente (FRIEDLAENDER,
respondendo de maneira satisfatória os
LESZCZYNSKI e LAPOLLI, 2003).
desafios da concorrência. Porém, percebe-se
a dificuldade de encontrar profissionais A versatilidade e flexibilidade só se fortalecem
capazes de entender diferentes culturas com quando os processos educativos das escolas
o necessário conhecimento da tecnologia da rompem com o paradigma tradicional e
informação e com suficiente capacidade de incorporam metodologias didáticas que
pensamento crítico. estimulam a autoaprendizagem.
Antigamente a tendência da escola era A meta deve ser a transferência de
caminhar para a reclusão ao seu próprio conhecimento, que não é mais apenas
meio, que se vinculava aos aspectos teóricos responsabilidade exclusiva dos governos,
e abstratos. Consequentemente, a escola mas de toda a sociedade, principalmente de
tendia a se isolar não só da empresa, mas do instituições de ensino e dos educadores que
meio social (FRIEDLAENDER, LAPOLLI, se preocupam em formar o cidadão.
2001).
Deve-se educar para progredir e fornecer as
Frente a essa realidade, os desafios do ferramentas necessárias para a descoberta
sistema educacional são o de oferecer de novas habilidades, propiciando
oportunidades para todos de avançar além da experiências que auxiliarão no
educação obrigatória e, de conceber um desenvolvimento pessoal e profissional,
desenho para o ensino que garanta a todos colocando maior ênfase na aquisição do
as condições básicas para inserção no conhecimento e no desenvolvimento de
mundo do trabalho, a plena atuação na vida habilidades específicas para o uso desses
cidadã e os meios para continuar aprendendo conhecimentos.
(BERGER FILHO, apud DA RÉ, 2003).

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Segundo Vogt (2001), há grandes capacitado nos bancos das escolas para
probabilidades do setor industrial reduzir sua visualizar oportunidades, tomar decisões, ser
capacidade de empregar, o setor de serviços crítico, além de conhecedor de tecnologias.
tende a crescer, absorvendo essas vagas,
A capacitação do futuro profissional depende,
enfrentando desafios tecnológicos em vários
em grande parte, do comportamento do
níveis. É neste aspecto que a educação se
professor/facilitador, que precisa descobrir
torna mais significante; na formação desse
em si mesmo as condições para também se
profissional técnico, criativo, capaz de
tornar um ser humano proativo, utilizando uma
atualizar-se constantemente.
metodologia de ensino coerente com a atual
O objetivo deste artigo é de apresentar situação socioeconômica. Neste sentido é
discussão sobre o papel da formação importante a qualificação dos professores
educacional do indivíduo para que este possa para atuação compatível com o perfil
empreender nas organizações e na necessário ao novo empreendedor.
sociedade.
Nos dias atuais, organizar um projeto não será
o mais importante, mas concluí-lo é que será
significativo. O profissional há que ter
2. O PERFIL DOS PROFISSIONAIS
capacidade de abstrair quando necessário e
O indivíduo que se sente instigado, desde a capacidade de execução. Para que isto
cedo, a procurar informações, a saber, como ocorra é necessário contar com pessoas
tudo acontece, tem maiores condições de comprometidas com o resultado, que tenham
receber inovações, de despertar seu talento condições para enfrentar e administrar
interior, sua criatividade. Para tanto o sujeito conflitos e tenham o quociente prático
precisa ter formação técnica e gerencial. desenvolvido. Por isso, o estudo do perfil de
empreendedores é o tema central de estudos
Todas essas alterações compreendem um
e tem sido de grande valia para a educação
conjunto multidisciplinar de informações que
na área.
precisa ser integrado num trabalho que exige
mudança de comportamento.
A inovação deve ser o instrumento específico 3. COMPORTAMENTO
para o profissional atual, procurando
O comportamento humano é afetado por
encontrar maneiras diferentes de satisfazer as
aspectos psicológicos, biológicos,
necessidades de uma sociedade.
sociológicos, antropológicos, econômicos,
O indivíduo vem ao mundo motivado a políticos e culturais. Assim, percebe-se a
aprender, explorar e experimentar coisas natureza complexa do comportamento
novas. Deve-se trabalhar aspectos humano, que deve sempre ser avaliado de
qualitativos no desenvolvimento dos acordo com a situação.
indivíduos, fazendo-os perceber que o mundo
De acordo com a teoria hierárquica de
está mudando e que eles também precisam
Abraham Maslow, as necessidades do
mudar e se adaptarem a estas mudanças.
indivíduo são fisiológica, segurança, social,
A necessidade da inovação, criatividade e do estima e auto realização (MASLOW, 2003).
desenvolvimento de novas tecnologias faz Que embora a teoria apresente na forma de
com que as pessoas percebam que mudar é hierarquia no dia-a-dia do mundo do trabalho
um fator primordial para a sobrevivência. o sujeito vai trabalhar para satisfazer várias
Mudanças de comportamento não significam necessidades ao mesmo tempo e com
que houve aprendizagem; o comportamento frequência terá várias necessidades apenas
só muda quando existe a mudança de atitude. parcialmente satisfeitas.
O termo aprendizagem não se aplica somente É através do comportamento que a pessoa dá
às aprendizagens escolares que o estudante respostas a situações, procurando satisfazer
deve demonstrar o conhecimento adquirido. É suas necessidades. O processo
um fenômeno que ocorre no dia-a-dia desde o comportamental começa com a ocorrência de
início da vida. Essa é uma das maiores um evento e conclui com uma ação.
habilidades do ser humano.
O comportamentalismo dedica-se ao estudo
Considerando a necessidade do profissional do comportamento em relação ao meio
atual ser possuidor de características ambiente; é uma abordagem que vê o
específicas, torna-se necessário que ele seja comportamento como reações observáveis de

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


forma direta, utilizando métodos científicos todas as coisas, pessoas e acontecimentos
para o estudo dos fenômenos psicológicos. presentes no dia-dia.
Porém, todas as correntes da psicologia têm Quanto mais o homem aprende, tanto mais
características que formam o perfil do ser ele vislumbra o infinito universo de coisas a
humano, baseando-se em necessidades, serem ainda aprendidas. Poderão as aptidões
conhecimentos, habilidades e valores. intelectuais e supra intelectuais levar-nos ao
conhecimento e ao entendimento pleno de
Existem várias teorias abordando as
todas as coisas e do universo em todas as
diferentes linhas diretivas para o estudo da
suas implicações? (Miranda, 1997, p. 120).
personalidade, entre elas a teoria
psicodinâmica tem fundamental importância Cada ser humano é único e distinto dos
na compreensão da conduta humana demais e sua maneira de interpretar
(D´ANDREA, 2000). situações, comportamento das pessoas e
recepção das comunicações, também, é
As pessoas, mesmo sem conhecer os
única que faz sentido para ele mesmo.
fundamentos desta teoria, procuram ter uma
(FRIEDLAENDER, 2004)
atitude psicodinâmica quando tratam com
seus semelhantes. Ou seja, quando alguém As sociedades tradicionais, organizações
tenta compreender o comportamento de produtivas, educativas, sociais e políticas
outrem, em determinada situação, procura sofriam mudanças muito lentamente, porém, o
descobrir a motivação de suas atitudes e rápido desenvolvimento científico e
opiniões, sentimentos e crenças; resumindo, tecnológico dos dias de hoje e sua crescente
procura relacionar a conduta com impulsos, presença nos processos produtivos e sociais
emoções, pensamentos e percepções que a torna o conhecimento rapidamente superado
determinam e atua no mesmo modo na exigindo constante atualização.
previsão de novos comportamentos
Antigamente o pensamento lógico e abstrato
(D´ANDREA, 2000).
estava diretamente relacionado à matemática.
Todas as atividades psíquicas manifestam-se O dom para a matéria, assim como para a
com diversos graus de intensidade, assim, música, é uma capacidade que não se
pode-se estar pouco ou muito motivado para identifica nem com a lógica, nem com a
a obtenção de determinados fins, pode-se inteligência, mas apenas a usa como filosofia
realizar um maior ou menor esforço para e a ciência (JUNG, 1972, p. 146).
vencer obstáculos, pode-se sentir mais ou
A inteligência é algo difícil de mensurar;
menos intensamente amor, ódio, alegria ou
temos inteligências diversificadas e umas
tristeza e assim por diante (D´ANDREA, 2000,
mais evidenciadas do que outras. Nossa
p. 15).
cultura, porém, valoriza demais a inteligência
Esta variação de intensidade pode tentar ser lógico-matemática e ser inteligente,
explicada pela existência de diferentes geralmente, está associado a um
cargas de energia que são absorvidas pelo desempenho muito bom em áreas ligadas a
indivíduo de maneiras diferentes. este tipo de inteligência. Porém, o fato de não
se ter habilidades em uma determinada área
Sabe-se que o desenvolvimento da
não significa que não seja inteligente.
personalidade depende da superação de
Goleman (1995) apresentou estudos sobre a
obstáculos, enfrentar dificuldades de cada
inteligência emocional, cujos componentes
etapa. O sucesso na superação de cada
são: A empatia, autoconhecimento,
obstáculo proverá a pessoa de mais
autocontrole, automotivação e sociabilidade.
confiança, independência e integridade.
O quociente de inteligência emocional seria
E a autoconfiança é uma componente chave responsável pelo crescimento dos indivíduos
para o desenvolvimento de comportamento dentro das organizações. O QI contribui para
equilibrado e seguro diante da vida e das a entrada deste profissional na empresa, mas
pessoas. não garante o sucesso.
Todo indivíduo percebe o mundo sob vários Ou seja, aquilo que comumente se chama de
aspectos, fazendo com que permita à pessoa inteligência é, antes de tudo, a capacidade
uma percepção mais diversificada das várias que a inteligência tem de criar-se a si própria,
situações ambientais. O ser humano pode capacidade que não pode ser ignorada
exercitar e desenvolver a capacidade de friamente porque não se dá de modo simples
observação, compreensão e entendimento de e nem apenas como resultados genéticos ou

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individuais, mas constitui uma história cheia fatores genéticos e neurobiológicos quanto
de intrigas e com muitos personagens. por condições ambientais. Cada uma destas
inteligências tem sua forma própria de
Gardner (1985) demonstrou que as demais
pensamento, ou de processamento de
faculdades também são produtos de
informações.
processos mentais e que não há motivo para
diferenciá-las do que geralmente se considera Há dois tipos de conhecimento — racional e
inteligência. Desta forma, ampliou o conceito emocional — conectados entre si. A mente
de inteligência, que em sua opinião pode ser racional domina a coerência e a reflexão. A
definida como "a capacidade de resolver mente emocional está presente quando se
problemas ou elaborar produtos valorizados sabe que algo é verdade mesmo sem que o
em um ambiente cultural ou comunitário". racional admita o fato. Na maior parte das
vezes as duas mentes atuam
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de
harmoniosamente, mas pode ocorrer que a
Gardner (1985), é uma alternativa para o
emocional envolva a racional.
conceito de inteligência como uma
capacidade inata, geral e única, que permite A mente emocional é muito mais rápida que a
aos indivíduos uma performance, maior ou mente racional, o que significa uma ação
menor, em qualquer área de atuação. antes de qualquer reflexão analítica,
característica da mente pensante, a racional.
Nessa teoria é proposto que as habilidades
As ações que surgem da mente emocional
humanas não são organizadas de forma
possuem um grande senso de certeza, que
horizontal; ela propõe que se pense nessas
pode parecer intrigante à mente racional. O
habilidades como organizadas verticalmente,
rápido modo de percepção pode sacrificar a
e que, ao invés de haver uma faculdade
precisão pela rapidez, pois se baseia nas
mental geral, como a memória, talvez existam
primeiras impressões.
formas independentes de percepção,
memória e aprendizado, em cada área ou “A mente emocional é nosso radar para o
domínio, com possíveis semelhanças entre as perigo; se nós (ou nossos antepassados na
áreas, mas não necessariamente uma relação evolução) esperássemos que a mente
direta. racional fizesse alguns julgamentos,
poderíamos não apenas estar errados – mas
Gardner identificou as inteligências linguística,
mortos” (GOLEMAN, 1995, p. 308). O que não
lógico-matemática, espacial, musical,
impede que esses julgamentos podem estar
sinestésica, interpessoal e intrapessoal.
errados em algumas ocasiões.
Postula que essas competências intelectuais
são relativamente independentes, têm sua A lógica da mente emocional é associativa,
origem e limites genéticos próprios e relaciona elementos que significam uma
substratos neuroanatômicos específicos e realidade ou provocam um disparo de uma
dispõem de processos cognitivos próprios. lembrança, como se fosse a própria
Segundo ele, os seres humanos dispõem de realidade.
graus variados de cada uma das inteligências
A corrente naturalista humanista ou
e maneiras diferentes com que elas se
instrumentalismo caracteriza-se pela
combinam e organizam e se utilizam dessas
importância do valor do conhecimento da
capacidades intelectuais para resolver
resolução de problemas e situações
problemas e criar produtos. Ressalta-se que,
complicadas da vida.
embora estas inteligências sejam, até certo
ponto, independentes uma das outras, elas
raramente funcionam isoladamente. Embora
4. MOTIVAÇÃO
algumas ocupações exemplifiquem uma
inteligência, na maioria dos casos as Segundo Maslow, o comportamento humano é
ocupações ilustram bem a necessidade de motivado pela insatisfação de suas
uma combinação de inteligências. necessidades. Maslow, também, afirma que
cada indivíduo atualiza-se por si mesmo,
Em sua teoria, Gardner propõe que todos os
buscando seus próprios objetivos, desta
indivíduos, em princípio, têm a habilidade de
maneira cada um é capaz de alcançar níveis
questionar e procurar respostas usando todas
de satisfação através de uma aprendizagem
as inteligências. Todas as pessoas possuem,
que acarreta a motivação para o
como parte de sua bagagem genética, certas
desenvolvimento do indivíduo.
habilidades básicas em todas as
inteligências, que são influenciadas tanto por

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Vários são os conceitos de motivação, mas há estabelecimentos de ensino superior e cursos,
um consenso de que motivação é um estado o que significa que as universidades já não
interno ou uma condição - descrita como uma possuem o monopólio do ensino superior, tal
necessidade, um desejo ou um querer – que a variedade de estruturas, programas,
provoca determinados comportamentos do objetivos e público variado.
indivíduo e estimula sua persistência. A
Para evitar uma crise profissional é importante
motivação é importante, pois ela está
ressaltar os valores significativos para a
envolvida em todas as respostas individuais,
sociedade, evitando conflitos (TARDIF, 2000).
ou seja, influencia no comportamento
humano. Na sociedade em desenvolvimento a
responsabilidade da universidade é mais
As teorias sobre motivação são muitas, porém
significativa, pois as pesquisas do meio
todas têm um fundamento básico que é a
acadêmico oferecem maiores subsídios para
satisfação das necessidades do indivíduo
a formulação de políticas que conduzam a
(HUITT, 2003).
comunidade para melhores condições de
Tanto que Huitt (2003) e Alberton (2002) vida.
colocam que a dúvida fica em quanto a
Em relação ao mercado de trabalho, as
motivação pode alterar o comportamento do
exigências de qualificação estão cada vez
ser humano, o quanto ele pode ser
maiores. Em todos os setores a tecnologia
modificado em razão da motivação. O
está se fazendo presente. Os empregadores
conceito de comportamento é muito
estão procurando colaboradores que tenham
complexo, porém, estudos também
a capacidade de decidir, que possuam
demonstram que o meio ambiente, a
iniciativas, que saibam tomar decisões e
percepção, a memória, o desenvolvimento
solucionar problemas (o empreendedor). O
cognitivo, o emocional, a personalidade
profissional de hoje precisa ter uma cultura
podem ter influência pela motivação.
geral e um bom conhecimento de
Deve ficar claro que emoção não é motivação. generalidades; não basta mais ser
Emoção é o resultado da interação entre o especialista num determinado assunto.
indivíduo e algum estímulo externo (HUITT,
A educação é um dos pilares com o qual se
2003).
constrói um país desenvolvido, tem um papel
“Todo comportamento humano tem um fundamental a cumprir na alteração do
motivo, uma causa, uma coerência interna” modelo social, uma vez que o paradigma
(ALBERTON, 2002). A motivação é o que faz produtivo requer boa educação, ou seja,
as pessoas agirem, e, normalmente educar para a cidadania, oferecendo uma
provocadas pela necessidade de cada boa formação acadêmica, multidisciplinar e
indivíduo. Sabe-se que a necessidade surge generalista.
quando se rompe o estado de equilíbrio do
A preocupação com a educação, em todos os
organismo, podendo causar tensão,
níveis, para que seja orientada ao
insatisfação e desconforto.
desenvolvimento pessoal, despertando nos
Considera-se que a motivação é individual, alunos características que se tornam muito
dependendo das experiências de cada importantes para o sucesso dos futuros
pessoa, provoca estímulos internos suprindo profissionais.
suas necessidades, a fim de chegar aos seus
Aprender não é memorizar, armazenar
desejos, muitas vezes enfrentando e
informações e sim reestruturar seu sistema de
superando desafios (HUITT, 2003).
compreensão do mundo (PERRENOUD,
A motivação é primordial para que as pessoas 2000).
desenvolvam suas tarefas, principalmente na
A aprendizagem procura fazer com que as
sociedade atual, onde há grandes
pessoas deixem de lado velhos hábitos que
competições.
hoje já não são úteis para o crescimento
pessoal. Aprender a aprender e aprender a
fazer transformam velhos paradigmas em
5. O ENSINO NA FORMAÇÃO DO
conceitos mais fortes e mais competitivos.
PROFISSIONAL
Deve-se estimular o aprendizado seja pela
A globalização provocou pressões e as
curiosidade, pela circunstância ou pela
exigências do mercado de trabalho causaram
experiência diária. É importante considerar a
uma diversificação de tipos de

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aprendizagem dinâmica que é simples: a ação ou retrospectivamente. Então, nesse
aprender mais sobre o trabalho na prática. caso teremos uma reflexão sobre a ação e no
Trata-se, portanto, de efetuar mudanças no outro uma reflexão sobre a reflexão sobre a
modelo de pensamento e atitudes de toda a ação.
comunidade envolvida. É necessário haver
O profissional bem sucedido deve ter uma
uma renovação no processo de
competência artística, ou seja, um saber-fazer
aprendizagem, que pode levar tempo, mas é
criativo, que o permite agir no indeterminado,
realmente possível.
no não conhecido consciente.
Aprender é tarefa complexa e requer
intencionalidade, prontidão, além de um
contexto sócio afetivo propenso a essa 6. PROPOSTA METODOLÓGICA
empreitada. A aprendizagem se dá em uma
A educação atual deve envolver a realização
situação de vínculo tanto entre o aprendiz e
de uma prática centrada no desempenho do
seu ensinante como entre o aprendiz e o
aluno, onde se exige a adoção de
conhecimento. Portanto, ela é um processo de
determinados procedimentos metodológicos
inúmeros e contínuos episódios de ordem
fundamentais a uma prática ativa de ensino e
objetiva e subjetiva; estruturados e não
de aprendizagem. Essa prática implica
estruturados; em uma dinâmica de
deslocar o foco educacional de ensinar, da
construções e reconstruções do
simples transmissão de conteúdos, para o
conhecimento, cujos aprendizes e seus
aprender a aprender. Mudando o foco, antes
ensinantes são os protagonistas de suas
centrado no docente, para centrá-lo no aluno.
aprendizagens. Essa protagonização é o
cenário que dá continente a um sujeito que Nesse sentido, cabe ao docente avaliar sua
deseja aprender e ensinar, que desempenha prática pedagógica, propondo mudanças no
um papel ativo na construção de suas modo de pensar e agir, tornando-a crítica,
aprendizagens, que se conhece, que sabe contextualizada e comprometida com as
pensar e que traça seus próprios caminhos transformações das habilidades,
(PAROLIN, 2003). conhecimentos e valores dentro e fora do
espaço escolar.
O processo de aprendizagem considera os
aspectos relacionados ao estágio cognitivo Para propiciar uma prática pedagógica
que um aluno consegue operar e as inovadora recomenda-se ao docente:
condições de enfrentar os problemas
 selecionar e organizar os conteúdos
relacionados à aprendizagem.
de ensino, articulando-os às questões
A teoria de Shön envolve algumas etapas em vivenciadas pelos alunos em sua vida
que é preciso fundamentalmente refletir: profissional e social;
conhecimento na ação, reflexão na ação,
 provocar a reflexão dos alunos através
reflexão sobre a ação e reflexão sobre a
da proposição de situações em que os
reflexão sobre a ação (ALARCÃO, 1996;
interesses possam emergir e eles
GOMES e CASAGRANDE, 2012).
possam intervir;
O conhecimento na ação refere-se ao
conhecimento apresentado na execução da  dispor objetos/elementos/situações,
ação; é tácito, dinâmico e resulta numa propiciando condições em que o aluno
reformulação da ação, manifestando-se tenha acesso a elementos novos, que
espontaneamente. É possível descrever e possibilitem a elaboração de respostas
explicar este conhecimento. aos problemas suscitados; e

A reflexão a partir da ação permite aprender o  interagir com o aluno, acompanhando


sentido da mensagem do educador e o valor o processo de construção, intervindo,
epistemológico que concede à prática. sempre que necessário, para manter a
sua motivação.
Descrições verbais são resultantes de uma
reflexão e pode ocorrer simultaneamente com

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Figura: A empresa e a escola para o novo perfil profissional

Fonte: os autores

As possibilidades metodológicas são sejam metas claras, desafiadoras, mas


inúmeras em uma sala de aula, onde o exequíveis.
ambiente é receptivo e os alunos estão
Professor e aluno precisam refletir e concluir
dispostos a inovar, a aprender e a crescer,
que para ser bem-sucedido é preciso
portanto, o método de ensino nasce do grupo
iniciativa, busca de oportunidades,
do qual o docente faz parte, da sua totalidade
perseverança, comprometimento, qualidade,
e das suas riquezas.
determinação de metas significativas, busca
O método didático é um conjunto de de informações, capacidade de detalhar e
procedimentos escolares, lógica e monitorar, persuadir, independência,
psicologicamente estruturados, de que se autoconfiança e saber trabalhar em equipe.
vale o docente para orientar a aprendizagem
Na empresa, por outro lado, há que se
do educando. Ao planejar e organizar os
desenvolver ambientes que possibilitem ao
métodos didáticos a serem empregados
funcionário o desenvolvimento de suas
deverão ser previstas situações ativo-
habilidades técnicas e humanas para a
participativas, visando a socialização do
percepção e o desenvolvimento de
saber, à construção e reconstrução coletivas
oportunidades que possam ser transformadas
de conhecimentos, ao desenvolvimento de
em inovações.
níveis de competências mais complexas
como a capacidade de síntese, de análise, de
avaliação para a resolução de problemas,
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
assim como ao desenvolvimento de
habilidades, valores e atitudes. A noção de cultura é básica para a Teoria das
Inteligências Múltiplas. Com a sua definição
O presente não permite continuar vivendo
de inteligência como a habilidade para
perigosamente, pensando apenas no sucesso
resolver problemas ou criar produtos que são
do passado em face das alterações
significativos em um ou mais ambientes
profundas nas relações de emprego e dos
culturais, Gardner sugere que alguns talentos
impactos do ambiente socioeconômico nos
só se desenvolvem porque são valorizados
negócios e nas carreiras profissionais.
pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura
É necessário trabalhar a questão do sucesso valoriza certos talentos, que devem ser
como função de habilidades dominados por uma quantidade de pessoas
(competência/saber fazer), de motivação e, depois, passados para a geração seguinte.
(querer fazer) e de criatividade (fazer mais
com menos), desde que toda esta energia
seja canalizada para um foco bem definido ou

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


As emoções facilitam as decisões e guiam profissional neste novo perfil esta precisa
nossa conduta, porém ao mesmo tempo qualificar seus professores.
necessitam serem guiadas.
O conhecimento humano faz com que se
Deve-se lembrar que os dotes das pessoas torne um pouco mais difícil mudar atitudes
têm sempre dois lados: o da mente e o do tradicionais.
coração. A capacidade de adaptar o próprio
A empresa também precisa fazer o seu papel
sentimento ao dos outros, característica mais
no sentido de desenvolver seus gestores para
marcante nas mulheres, pode atuar no
que estes tenham a condição de propiciar
professor e assim causa nos alunos a
ambiente para que a criatividade e a inovação
impressão de estarem diante de uma pessoa
floresçam. O enriquecimento do trabalho pela
notável, porque eles se baseiam nas
delegação e o empoderamento são
realizações consideráveis que observa no
importantes para a motivação do sujeito. Os
mestre. Quando cessa sua influência pessoal,
fatores relacionados as outras necessidades
desaparece, também, este talento; isto
também podem ser trabalhados no sentido de
porque provém da capacidade de adaptação
oferecer ao indivíduo ambiente positivo para a
emotiva (entusiasmo), extinguindo-se muito
percepção de oportunidades e assumir
rapidamente e deixando apenas as cinzas da
riscos.
decepção.
O ser humano não nasce completo, depende
Essa lógica do coração – mente emocional - é
biologicamente e se constitui como sujeito a
bem explicada por Freud em seu conceito de
partir da qualidade das relações que ele
processo primário do pensamento; é a lógica
estabelece. Este ser começa a humanizar-se
da religião e da poesia, da psicose e das
a partir da apropriação da cultura em que
crianças, do sonho e do mito (GOLEMAN,
está inserido, das ferramentas sociais com
1995, p. 310).
que têm contato, do seu desejo e do desejo
O que se tem percebido é que a cultura, as do outro, numa dinâmica de aprender e
necessidades e hábitos de uma região conhecer, conhecendo-se. Entendendo e
determinam os comportamentos. Assim, respeitando o ambiente do qual faz parte e
normalmente, os profissionais refletem a que processa um conhecimento
cultura de sua comunidade. No ambiente historicamente herdado, o sujeito deve
globalizado, deve ocorrer mudança no interferir produzindo novos conhecimentos,
comportamento local, considerando que exercendo a condição de sujeito universal
todas as informações e novidades estarão (PAROLIN, 2003). O ser humano constrói seu
disponíveis praticamente instantaneamente, o próprio conhecimento do mundo em que vive;
que significa que atividades profissionais ele procura instrumentos que auxiliem a
estão ligadas às particularidades locais, compreender suas próprias experiências.
porém, as soluções podem surgir de qualquer Cada indivíduo percebe o mundo agregando
local. novas experiências a partir do que havia
compreendido (BROOKS e BROOKS, 1997).
O crescente aumento da produtividade
interfere no nível de emprego, provocando Sabe-se que mudar atitudes do ser humano
uma situação em que pessoas com alta não é tarefa muito fácil, porém é possível e
qualificação, graduadas e qualificadas viável, quando demonstrada as vantagens e
permanecem desocupadas ou insatisfeitas melhorias que acarretarão no decorrer dos
com suas atividades. Os empregos atuais dias. Os grandes desafios são superados
exigem pessoas com capacidade intelectual e quando alguém tem vontade e acredita ser
maior condições de senso crítico para tomada capaz de superá-los e a partir daí cria
de decisões nos momentos certos. alternativas e implementar as ações.
E necessário lembrar que para a escola fazer
o seu papel no desenvolvimento do

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


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CAPÍTULO 13
ASPECTOS RELEVANTES DA GESTÃO DA PROPRIEDADE
INTELECTUAL: CONTRIBUIÇÕES PARA A INOVAÇÃO
FARMACÊUTICA

Bárbara Juliana Pinheiro Borges


Vania Passarini Takahashi

Resumo: Tendo em vista os recursos requeridos para desenvolvimento de novos


fármacos, surgem questões relevantes sobre a proteção da propriedade intelectual
decorrente da pesquisa, posto que os investidores (governo e empresa) têm
direitos sobre os resultados, especialmente quando da atuação conjunta no âmbito
do paradigma da hélice tripla. Foi realizada revisão sistemática acerca das
inovações no setor farmacêutico nacional na literatura científica. Além disso,
investigou-se o papel da PI na conjuntura da inovação farmacêutica através de
estudos de casos em empresas farmacêuticas nacionais. No período entre 2010 e
2012, foram construídos estudos de casos de três empresas. Foi encontrado a
gestão da propriedade intelectual é um instrumento estratégico para as empresas
farmacêuticas nacionais. Embora alguns desafios tenham sido encontrados como
tempo de trâmite administrativo no escritório nacional de concessão de patentes
(INPI) e a carência de pessoal devidamente qualificado na área, concluindo-se pela
necessidade de desenvolvimento e investimento das empresas em formação de
recursos humanos especializados.

Palavras-chave: Gestão da propriedade intelectual, Inovação farmacêutica

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO enfocando, principalmente, as inovações no
setor farmacêutico nacional investigadas na
A inovação em sua essência envolve um
literatura. Além disso, investigou-se o papel
processo de geração e execução de ideias,
da PI na conjuntura da inovação farmacêutica
as quais levam à criação e aplicação de
através de estudos de casos em empresas
conhecimento (TAKAHASHI e TAKAHASHI,
farmacêuticas nacionais. Inicia-se pela
2007), partindo do paradigma reinante no
revisão teórica: gestão da propriedade
momento em que ocorre. Atualmente, vemos
intelectual e cenário da inovação
a difusão de um modelo que integra os
farmacêutica; seguida pela descrição da
principais atores socioeconômicos deste
metodologia empregada. Após são
processo, qual seja, o modelo denominado de
apresentados e discutidos os estudos de
hélice tripla. Possui como características a
caso, passando pelas contribuições à
dinamicidade de construção do ecossistema
inovação farmacêutica e, encerrando com as
para inovação sustentável e do
limitações da pesquisa e perspectivas futuras.
empreendedorismo (ETZKOWITZ e ZHOU,
2017).
Neste ambiente, a questão da propriedade 2. GESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
intelectual (PI) como um rol de regimes legais
Os direitos de propriedade intelectual
de proteção econômica e fomento à geração
conferem segurança e proteção de
de novos conhecimentos através de
importância crescente no cenário nacional e
investimentos em pesquisa, desenvolvimento
internacional, sendo um fator crítico de
e inovação (PD&I) (ZUCOLOTO, 2013) revela-
vantagem competitiva para o país.
se como componente estratégico tanto para
Hodiernamente, seu papel tem se destacado
empresas como para universidades e
na visibilidade política e valorização dos
institutos de pesquisa. Ainda mais no caso do
ativos imateriais em relação aos ativos
Brasil, que possui a peculiaridade de ter no
materiais (MATIAS-PEREIRA, 2010). Os
setor público um investimento massivo em
exemplos das três maiores marcas mundiais
ciência e tecnologia (C&T) com mais de 50%,
revelam o potencial dos ativos intangíveis
dos quais 30% se destinam às instituições
frente aos bens tangíveis, com a
públicas de ensino superior (MINISTÉRIO DE
expressividade das marcas Apple®, Google®
CIÊNCIA E TECNOLOGIA [MCT], 2010).
e Coca Cola® (INTERBRAND, 2017).
O setor farmacêutico é particularmente
Considerando o balanço entre o
sensível ao desenvolvimento da C&T porque
direcionamento das atividades de PD&I para
suas atividades de PD&I envolvem
o atendimento das necessidades humanas,
consideráveis riscos, pois o processo de
cumprindo papel social no país, e a demanda
desenvolvimento de novos fármacos
de elevados investimentos, este instrumento
demanda muito investimento, sendo complexo
legal fomenta avanços tecnológicos, por
e demorado (LAFORGIA, MONTOBBIO e
ofertar possibilidade de colaboração e
ORSENIGO, 2007). Assim, são levantados
parcerias, sendo relevante para interação
questionamentos acerca da PI na relação
harmônica entre empresas, universidades,
entre investidores públicos e privados quando
institutos público e privados de pesquisa,
do desenvolvimento conjunto no âmbito do
organizações não-governamentais, além de
paradigma da hélice tripla, posto que todos
outras entidades (BOCCHINO et al., 2010;
têm direitos sobre os resultados. A gestão de
MATIAS-PEREIRA, 2010).
ativos desta natureza pode requerer
adequação das organizações para os níveis Portanto, nas atuações em cooperações ou
de interação (parcerias, colaborações, parcerias, sua gestão jurídica com a proteção
prestações de serviços, etc.) e de inovações adequada e formal da PI viabiliza o equilíbrio
(radicais ou incrementais). De fato, em entre necessidades públicas e interesses
situações em que a empresa trabalha com privados ao mesmo tempo em que mantém o
parceiros, sejam eles instituições públicas ou fomento à produtividade inovativa, tornando-
particulares, o papel da PI se torna ainda mais se crítica ferramenta para todo o processo de
relevante (BOGERS, 2011). inovação (SHEMDOE, 2009).
Este trabalho pretende contribuir na Os métodos formais de apropriação
discussão do tema, sem a pretensão de tecnológica envolvem patentes de invenção,
esgotá-lo. São apresentadas algumas modelos de utilidade, desenhos industriais,
considerações acerca da gestão da PI, marcas e direitos do autor. No entanto, não só

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


estes mecanismos podem ser empregados proteger seus produtos e serviços. E, ainda,
pelas empresas para proteger seus ativos. as organizações públicas ou privadas vão
Não raras vezes, as empresas protegem seus construindo competências para as práticas
investimentos em atividades inovativas por em PI, promovendo ainda inovação
meio de estratégias distintas como tempo de organizacional. Esse conjunto de fatores
mercado, com liderança em relação aos podem atuar sinergicamente no mais rápido
concorrentes; segredo industrial; e, caminho para o sucesso (ENKEL,
complexidade no design de produtos GASSMANN e CHESBROUGH, 2009). O
(ZUCOLOTO, 2013). compartilhamento de conhecimento na área
acadêmica e nas empresas, e ainda, entre
Assim, percebe-se a necessidade de
estes dois setores, com desenvolvimento de
adequação das atividades de gestão de com
inovação aberta e colaborativa, pode trazer
vistas a atingir um balanço apropriado das
desafios às práticas de gestão de PI
ferramentas estratégicas disponíveis para
(BOGERS, 2011).

Figura 1. Modelo integrado de inovação

Fonte: adaptado de Johannessen (2009).


Estes ambientes, ao contrário do modelo mutuamente influenciáveis entre os fatores e a
linear de inovação, revelam novos inovação organizacional. No ambiente interno
paradigmas como o modelo integrado de da organização, são destacados os
inovação (Figura 1), que possui maior grau de elementos ou fatores relacionados com a
complexidade, sendo mais condizente com a inovação: competências, cultura, relações
realidade, posto que traz uma abordagem estruturais, tecnologia da informação, gestão
sistêmica. O macroambiente está relacionado e comunicação. No ambiente externo, que é
e interagem com os fatores internos e composto pelo macroambiente determinado
externos da organização, fornecendo por Sistemas Nacional e Regional de
substrato ou provocando alterações na sua Inovação e pelo microambiente, do qual
estrutura, traduzidos na inovação fazem parte os elementos ou fatores: relação
organizacional. São construídas relações com fornecedores, parceiros e clientes. É

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


importante ressaltar que os relacionamentos 2010). Ainda, a apropriação das inovações
seguem vias de mão-dupla, ou seja, os geradas pode ser garantida por meio do
fatores atuam de modo recíproco know-how em PD&I e segredo industrial
(JOHANNESSEN, 2009). (CHAVES e OLIVEIRA, 2007; AKKARI et al.,
2016).
Ainda, um dos elementos importantes na
macroeconomia é o quadro regulatório pois, O escritório nacional de patentes - INPI
por seu intermédio, são estabelecidas as (Instituto Nacional de Propriedade Industrial)
políticas e os sistemas de inovação (AKKARI apresenta metas relacionadas à ampliação e
et al., 2016). No Brasil, a Lei de Inovação agilização dos depósitos de patentes, além
Tecnológica Brasileira e o Decreto que a de fortalecer a disseminação da cultura de
regulamenta (Decreto nº 5.563, de gestão de PI através de capacitações na área
13.10.2005) foram editados para a formação e difusão de alternativas de depósito como o
de um panorama de fomento ao PCT (Tratado de Cooperação de Patentes)
desenvolvimento de parcerias estratégicas (INPI, 2010). Porém, o país deve superar
entre empresas e instituições públicas de ainda alguns desafios, como a difusão e
pesquisa e tecnologia. Esta lei foi cultivo da cultura de inovação associada a
substancialmente alterada em 2016, com a uma gestão adequada e eficiente dos seus
Lei 13.243, a qual tem fundamento na ativos intangíveis, sendo que empresários
Emenda Constitucional 85 de 2015. As brasileiros ressaltam algumas deficiências,
modificações representam um marco legal principalmente com relação ao registro de
para o país e visam dinamizar o processo de patentes (MATTIOLI e TOMA, 2009; MATIAS-
inovação nas instituições públicas, PEREIRA, 2010).
fomentando o desenvolvimento científico, a
Verifica-se, assim, para o segmento
pesquisa, a capacitação científica e
farmacêutico a relevância do papel dos
tecnológica e a inovação (COUTO et al.,
direitos de PI para os processos de inovação
2016).
neste setor industrial. Além disso, as práticas
No ecossistema de empreendedorismo e de gestão com foco no avanço econômico
inovação, as leis de PI e a regulamentação de aliado aos planos estratégicos de C&T podem
incentivo à inovação, como a Lei do Bem no contribuir para o desenvolvimento de uma
Brasil (Lei nº 11.196, de 21.11.2005) são nação e para a geração de vantagens
instrumentos governamentais aplicados competitivas (AKKARI et al., 2016), com
especialmente a áreas estratégicas para destaque para o fortalecimento de países
impulsionar a tecnologia. A partir da como o Brasil, por exemplo.
possibilidade de patenteamento dos produtos
químico-farmacêuticos, inserida pela LPI (Lei
nº 10.196, de 14.02.2001), o setor 2.2 CENÁRIO DA INOVAÇÃO
farmacêutico nacional obteve fortalecimento FARMACÊUTICA
das parcerias entre instituições públicas e
Apesar dos elevados investimentos em PD&I,
empresas (RYAN, 2010).
os resultados no setor farmacêutico não têm
A indústria farmacêutica, como intensiva em alcançado os níveis desejados mantendo-se a
conhecimento, tem como fontes de inovação: baixa produtividade, o que traz questões
a tecnologia, os investimentos em PD&I e problemáticas às indústrias farmacêuticas.
ciência básica elaboradas principalmente Este setor é um dos que mais dependem de
pelas instituições públicas no Brasil, além inovação tecnológica (TAKAHASHI, 2005) e a
disso estão envolvidos consideráveis riscos, fase inicial de PD&I é especialmente crítica,
pois o processo de desenvolvimento de novos pois nesta etapa ainda há elevada
fármacos além de demandar elevados insegurança e alto risco. Uma molécula eleita
investimento, é um processo complexo e que foi sintetizada ou alterada (via semi-
demorado (LAFORGIA, MONTOBBIO e síntese) é selecionada como a melhor droga
ORSENIGO, 2007; AKKARI et al., 2016). em potencial para atuação em determinado
alvo, sendo ideal que atenda aos critérios de
De fato, os direitos de PI se tornaram uma
patenteabilidade. Deve ainda atender aos
arma estratégica importante para as
requisitos de segurança, eficácia e qualidade,
empresas farmacêuticas, tendo em vista os
além de possuir boas estimativas de custos e
elevados investimentos em PD&I, poucas
de mercado (ELMQUIST e SEGRESTIN,
destas empresas empregam seus recursos
2007). A oferta de lançamentos de
sem proteção patentária (CHEN e CHANG,
medicamentos a cada ano sustenta o

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


crescimento do setor, porém não é tarefa fácil passando por um desenvolvimento focado e
em virtude das limitações e desafios analítico visando a identificação e seleção de
envolvidos (GASSMANN e REEPMEYER, substâncias candidatas aos testes (não
2005). clínicos e clínicos). Após, os produtos devem
ser registrados e serem submetidos a
Para a manutenção de seu compromisso com
processos de inspeção e fiscalização antes e
a melhoria da qualidade de vida e promoção
enquanto estão sendo comercializados. Os
da saúde, o segmento farmacêutico demanda
investimentos continuam com o marketing e
significativos investimentos em inovações que
atividades de farmacovigilância (esta não
precisam superar, com êxito, as fases de
mostrada na Figura 2). São fases de difícil
desenvolvimento de novos fármacos. Inicia-se
sustentação sem o estabelecimento de
com a reunião ou síntese de ideias
parceiros que podem ajudar a minimizar os
pulverizadas em projetos de pesquisa,
riscos e multiplicar os rendimentos (Figura 2).

Figura 2. Etapas no desenvolvimento de inovações farmacêuticas

Fonte: elaboração própria a partir de Schweizer (2005) e FitzGerald (2012).

Em 2013, o Brasil, que tem sido caracterizado os maiores representantes no ramo


como um dos mercados mais dinâmicos nos tecnológico são Alemanha, França, Reino
últimos 10 anos, obteve a sexta posição Unido e Suíça sendo responsáveis cerca de
mundial no mercado farmacêutico, 57% do índice europeu. Após vem a China,
principalmente baseado nos medicamentos com 7,09% e com o Japão, com 6,03%,
genéricos e pelo crescimento de novos revelando que o crescimento chinês foi capaz
consumidores (GOMES et al., 2014). Mas de ultrapassar o Japão (AKKARI et al., 2016).
mesmos se não pensarmos em inovações
A imperatividade das parcerias com outras
radicais - aquelas que correspondem aos
empresas, universidades ou centros de
novos princípios ativos ou farmoquímicos, os
pesquisa para a indústria farmacêutica
quais se distinguem dos existentes por sua
nacional não é uma demanda recente. Há
estrutura química e composição, mas
pelo menos 10 anos, uma pesquisa realizada
considerarmos as inovações incrementais,
pela Fundação Dom Cabral demonstrou que
que correspondem ao desenvolvimento de
executivos brasileiros (90-98%) já
melhorias em medicamentos já existentes, tais
consideravam a inovação e a criatividade
como os medicamentos conhecidos como
estrategicamente importantes para a
me-too, ou de segunda e terceira geração e
empresa, mas também reconheciam que não
as novas indicações, a posição do país ainda
conseguiriam fazer isso sozinhos. Somente 7-
é pouco expressiva em termos de inovação.
9% afirmaram possuir processos e sistemas
Segundo dados da Organização Mundial da estruturados que facilitem a inovação dentro
Propriedade Intelectual em 2015, o Brasil foi de sua empresa (MOREIRA et al., 2008).
responsável por apenas 0,06% das patentes
Novas estratégias de inovação surgem e o
farmacêuticas no mundo. O maior número de
saber relacionar-se com os demais atores se
patentes de produtos/processos
torna fundamental competência no suprimento
farmacêuticos está centrado nos EUA, com
das demandas tecnológicas (VIEIRA e
22,79% e na Europa, com 29,26%. Na Europa,
OHAYON, 2006).

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 3. Diálogo sobre relações entre governo, universidade e empresa baseado no modelo de
hélice tripla

Fonte: adaptado de Ribeiro (2010) e Etzkowitz e Zhou (2017).


O paradigma da hélice tríplice no processo As empresas farmacêuticas nacionais foram
inovativo possui características de selecionadas conforme critérios de
dinamicidade no fomento ao contínuo conveniência (localização no Estado de São
implemento do ecossistema de Paulo) e de realização de PD&I (Pesquisa,
empreendedorismo e inovação. São Desenvolvimento & Inovação) interno, com
apresentados três protagonistas, a saber, enfoque principal em inovação e em processo
governo, indústria e universidades e vários de implantação de práticas em propriedade
atores coadjuvantes (instituições híbridas na intelectual. Ao longo do estudo, são
interface central) neste modelo de inovação mencionadas como empresa A, empresa B e
considerado como universal (ETZKOWITZ e empresa. Procedeu-se à entrevista com
ZHOU, 2017). No entanto, as ideias e as diretores de PD&I das empresas A, B e C,
pessoas (RIBEIRO, 2010) são destacadas com suporte em questionário semiestruturado.
como elementos centrais e agentes da Para a construção dos casos, empregou-se
transformação por intermédio do diálogo, da análise de conteúdo (MINAYO, 2000). A
evolução auto organizada e integrada metodologia foi baseada em estudo de caso
voltados a um projeto comum (Figura 3), que qualitativo (RICHARDSON, 1999), com
pode ser desdobrado em outros formatos características de uma pesquisa descritivo-
englobando também a inovação exploratória (GIL, 2002).
organizacional (Figura 1).
No Brasil, a reunião de fatores como a
4 ESTUDOS DE CASO
macroeconomia pouco favorável, elevadas
taxas de rentabilidade auferidas pelas 4.1 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS
empresas no comércio de medicamentos
A empresa possui um total de 2.200
similares, delicado sistema de inovação,
colaboradores; destes, 123 trabalham no
demorado período sem políticas públicas
departamento de PD&. A empresa atua na
colaborou para o deslocamento do interesse
área farmacêutica nacional nos segmentos
em investimento por parte das indústrias
humano e farmoquímico. Desde 2008 mantém
farmacêuticas nacionais (PALMEIRA FILHO e
o mínimo de 7% do faturamento investidos em
CAPANEMA, 2010). Entre 2008 e 2012, com a
PD&I, majoritariamente em projetos
perda da proteção patentária de inúmeros
inovadores e em parceria.
medicamentos de referência no país, o
mercado de genéricos oferece oportunidade A empresa B atua na área farmacêutica
para a inserção e crescimento destas nacional e desenvolve suas atividades
empresas (GOMES et al., 2014), revertendo, principalmente com medicamentos similares.
mais uma vez o foco da inovação. Desde 2008, a empresa destina, por ano, pelo
menos 7% do seu faturamento para
investimento em PD&I. Para atuar com
3. METODOLOGIA estratégias de inovação com captação de
recursos externos, no âmbito da inovação

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


aberta e internamente com a estruturação de inovação farmacêutica. Embora em cada
um centro de PD&I, a empresa promoveu universidade os NITs estejam em etapas
profundas alterações organizacionais. distintas de evolução, os gestores da
empresa B identificam melhorias
A empresa C é uma indústria farmacêutica
consideráveis nas parcerias com a
nacional com um total de 3.000 funcionários.
intermediação dos NITs, além da adequação
Desde 2008, a empresa investe em PD&I no
de mecanismos de gestão com colaboração
mínimo, 10% de seu lucro bruto em projetos
de profissionais especializados como
de parcerias com universidades e institutos
advogados e administradores no setor
de pesquisa, e também em projetos internos.
público. Destacam ainda que a presença de
tais profissionais garante o desenvolvimento
de competências empresariais específicas
4.2 GESTÃO DA PROPRIEDADE
nos serviços públicos, facilitando o
INTELECTUAL NAS EMPRESAS
implemento do plano de execução e
4.2.1 EMPRESA A cronograma do projeto com mais eficiência
nas práticas em gestão da PI.
Na empresa A, o departamento de PD&I teve
início com o diretor e 3 colaboradores,
passando a contar com 28 doutores, 16
4.2.3 EMPRESA C
mestres e 79 profissionais com especialização
lato sensu; e perspectivas de expansão a 135 Na empresa C, que possui uma unidade de
colaboradores em PD&I. Este departamento PD&I interna, foram encontradas algumas
gerencia a PI através de colaboradores dificuldades em relação à gestão da PI.
especializados, os quais detém competências Embora a equipe interna seja formada por
diferenciais em conhecimento técnico, uma equipe de doutores, mestres e
administração e marketing. Estes farmacêuticos, envolvidos nos projetos de
pesquisadores ocupam os cargos de inovação aberta, foram relatados obstáculos
pesquisador sênior, supervisor e coordenador como: baixa taxa de confiança na empresa;
de PD&I. O gerenciamento da PI gerada em pouca experiência no gerenciamento de
PD&I está a cargo de um setor específico de patentes e registros de medicamentos, por
buscas e análise de patenteabilidade e parte das universidades e demais institutos
redação de pedidos de patente, em públicos de pesquisa; problemas burocráticos
colaboração com profissionais do em relação a contratos; dificuldade de
departamento jurídico. Em caso de litígios, há comunicação, e resistência por parte dos
opção pelo estabelecimento de parceria com colaboradores.
escritórios de advocacia especializados. Para
Para as parcerias, a empresa C desenvolveu
minimizar os riscos, a empresa emprega
como mecanismo saneador de problemas o
compõe seu plano de ação com base no uso
estabelecimento de postura transparente com
da inteligência de mercado, conduzindo
relação aos direitos de PI. Assim, caso não
análises de viabilidade comercial, patentária
tenha colaborado com o(s) pesquisador(es)
e, científica do projeto em fase inicial de
de modo efetivo na construção da ideia do
seleção. As etapas de avaliar, buscar,
projeto, a empresa não exige participação em
internalizar e gerir projetos em parceria são
PI e firma contrato sobre os direitos de
monitoradas objetivando o retorno de
exploração comercial. A equipe de PD&I da
informações relevantes para o processo de
empresa C analisa a viabilidade,
tomada de decisão.
acompanhando desde a ideia recebida do
projeto até seu planejamento e execução. No
âmbito gerencial, a equipe de inovação conta
4.2.2 EMPRESA B
com um diretor, e gerentes, analistas e
A empresa tem obtido crescimento acima do assistentes de diversas áreas da saúde. Estes
esperado e, mesmo em meio à crise colaboradores não recebem treinamento
financeira, conseguiu manter sua cultura de específico, sendo que a vivência prática e a
inovação investindo em projetos de PD&I. Na experiência de colaboradores, como o diretor,
empresa B, a gestão da PI evoluiu com a fundamentam a construção do conhecimento.
implementação dos Núcleos de Inovação No entanto, os gerentes participam de cursos
Tecnológica (NITs) nas universidades de pós-graduação do tipo MBA (Master of
públicas, pois suas atividades são focadas Business Administration).
em parcerias como elemento fundamental na

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


4.3 CONTRIBUIÇÕES À INOVAÇÃO minimizar assimetrias e desalinhamento de
FARMACÊUTICA metas.
Os casos das empresas farmacêuticas
nacionais A, B e C, forneceram análises
4.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E
relevantes para a identificação de alguns
PERSPECTIVAS FUTURAS
desafios à inovação no âmbito da gestão da
PI. Buscou-se apresentar uma contribuição
construtiva na discussão sobre as inovações
A empresa A recruta pesquisadores que
farmacêuticas, limitando-se ao objetivo deste
possuem competências diferenciais em várias
trabalho de analisar os aspectos relacionados
áreas do conhecimento como tecnologia,
aos desafios, vantagens e oportunidades da
gestão e marketing e, ainda, investe em
gestão da PI, sem a pretensão de esgotar o
formação e qualificação profissional de
tema. Muitos aspectos despontam para um
colaboradores especializados. Busca a
amplo campo para pesquisa, pois a temática
diversificação de ferramentas empregando a
de PI tem se expandido pela importância
inteligência de mercado para análises de
crescente, especialmente no contexto da
viabilidade comercial, patentária e científica
inovação farmacêutica no Brasil. Neste
do projeto em fase inicial de seleção com
cenário, a PI se revela um recurso valioso
objetivo de minimizar riscos de investimento
para as empresas farmacêuticas nacionais.
em inovação. Na empresa A há um setor
específico, que atua em colaboração com A literatura relata que o desenvolvimento de
profissionais do departamento jurídico, pesquisas inovadoras não apenas pelas
responsável por realizar buscas, análise de empresas, mas também por outras
patenteabilidade e redação de pedidos de instituições, relaciona-se diretamente com os
patente, que também faz a gestão de PI recursos compartilhados influenciando a
gerada em PD&I. Em situações de litígios, são coordenação, integração e apropriação dos
contratadas equipes externas especializadas. outputs. Assim, as indústrias farmacêuticas
realizam pesquisas em inovação tendo em
A empresa B busca fortalecer as parcerias
vista o suporte conferido pelos direitos de PI.
com vistas à implementação de inovações e
superou alguns desafios por intermédio das Apesar de resultados positivos para algumas
relações com seus parceiros públicos através empresas, como a implantação dos NITs nas
dos NITs. No setor público, a presença de ICTs, o investimento em formação e
profissionais especializados em gestão e qualificação profissionais e a disseminação
ciências jurídicas proporcionaram melhorias da cultura de inovação; as empresas
consideráveis para o processo de inovação analisadas se deparam, ainda, com barreiras
como um todo e também para as práticas de consideráveis como o tempo excessivo de
gestão de PI. As competências específicas trânsito do procedimento administrativo para
dos profissionais especializados e seu mais concessão de patentes no escritório nacional,
amplo conhecimento do ambiente empresarial o INPI. Além disso, os estudos de caso
proporcionaram o cumprimento dos revelaram que há carência de recursos
cronogramas da empresa, atendendo às humanos devidamente qualificados,
expectativas de evolução satisfatória dos demandando desenvolvimento de pessoal
projetos. especializado pelas empresas com
investimento direto nesta área.
Por outro lado, a experiência da empresa C
revela um caminho com mais obstáculos à Por fim, verificou-se que a inclusão e/ou
inovação. As relações de parceria revelaram, modificação de práticas na rotina de uma
para este caso, carência de experiência de instituição, empresa, organização tem seus
relações com parceiros privados e no custos inerentes, o que não seria diferente
desenvolvimento de inovações por parte das com a promoção de ações em gestão de PI.
universidades e, dificuldades na gestão do Porém, investimentos como este resultam em
compartilhamento e/ou exploração conjunta benefícios quando da avaliação de inserção
da PI produzida nas pesquisas. Diante disso, destas práticas. Para tanto, a continuidade
a empresa C implementou a prática de propor dos estudos é imprescindível para
inicialmente ao pesquisador os termos de investigação de outros aspectos relevantes de
participação na PI, fixando a contrapartida de pesquisa.
participação com transparência para

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


AGRADECIMENTOS que fez parte do trabalho de mestrado
concluído em 2012 na Faculdade de Ciências
Agradecemos à Coordenação de
Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP e
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
divulgado parcialmente no Encontro Nacional
(CAPES) e ao Conselho Nacional de
de Engenharia de Produção (ENEGEP) e no I
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Workshop do Programa de Pós-Graduação
(CNPq) pelo financiamento desta pesquisa
em Ciências Farmacêuticas, em 2011.

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Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 14
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: UM ESTUDO DE CASO
DA AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A

Tainah Barbosa Barros de Castro Souza


Cristiano Souza Marins
Daniela de Oliveira Souza
Edson Terra Azevedo Filho
Waidson Bitao Suett

Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o programa de inovação


tecnológica da Ampla Energia e Serviços S.A. Serão apresentados, através de um
estudo de caso, os projetos desenvolvidos e implantados com foco na minimização
da perda de energia elétrica, apontando para os benefícios obtidos tanto para a
empresa quanto os clientes.

Palavras-chave: Inovação tecnológica, competitividade, energia elétrica.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO competências, infra-estrutura de P&D
existente, pela percepção de oportunidades.
Com o passar dos anos, o mundo se torna
(SANTOS, 2006). Devido ao avanço da
mais competitivo, as empresas vivem
tecnologia, as empresas buscam pela
constantemente lutando por sua
excelência nos produtos e serviços prestados
sobrevivência, e a disputa torna-se ainda mais
a comunidade, em específico, a Ampla
acirrada objetivando a conquista da liderança
Energia e Serviços S.A, inova em tecnologia
de mercado, tudo isso acontece devido ao
para melhor atender a seus clientes.
avanço da tecnologia, que possibilita as
empresas a buscarem cada vez mais a O objetivo do presente trabalho é apresentar
perfeição em seus produtos e serviços e avaliar os projetos de inovação tecnológica
prestados para melhor atender e conquistar implantados pela Ampla Energia e Serviços
seus clientes. S.A entre os anos de 2003 e 2009,
caracterizando-se como um estudo de Caso.
A crise econômica e suas conseqüências tem
Para a elaboração do referencial teórico foi
se espalhado por todo o mundo, e as
realizada uma Pesquisa Exploratória sob
empresas procuram por melhores alternativas
forma de uma pesquisa bibliográfica,
para conseguir sair a salvo dessa. No entanto,
analisando literaturas especializadas e artigos
a melhor maneira para se obter sucesso
publicados sobre o tema.
diante de tal crise, é investir em inovação.
Idéias novas que são implantadas e que Além desta seção, este trabalho está
geram resultados positivos para a empresa, estruturado da seguinte forma: na seção 2
são consideradas inovação, porém, as que será apresentada uma síntese sobre o
não trazem ganho algum para a organização, conceito de inovação tecnológica e a história
não deve ser enquadrada como uma do Setor Elétrico Brasileiro. E na seção 3 será
inovação. Ao atender e criar novas apresentado o estudo um breve histórico da
necessidades para os consumidores, a empresa na qual foi feito o estudo de caso, e
inovação torna-se peça chave na alteração de explanação dos projetos por ela implantados.
condições de concorrência no mercado atual.
Ou seja, a inovação é um fator que pode
definir a vantagem competitiva de uma 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
empresa, que busca fortalecimento e possui
2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
uma visão futura de seu negócio. (ALVARES,
2009). A constante busca pela inovação tecnológica
passou a ser algo essencial para
Segundo o Instituto Inovação, inovação é a
sobrevivência das empresas, de forma que o
exploração com sucesso de novas idéias. A
avanço tecnológico é introduzido no mercado
inovação tecnológica possibilita a geração de
de forma tão rápida, que o ciclo de vida de
vantagem competitiva a médio e longo prazo,
um produto se torna cada vez mais curto.
inovar torna-se primordial para a
sustentabilidade da empresa. O acesso à A tendência do mercado é exatamente esta:
inovação possibilita não só as empresas em na medida em que os consumidores expõem
geral como também a sociedade, ao acesso a suas necessidades, o mercado investe cada
novos mercados, ao aumento do nível de vez mais em inovação para que supra a
renda e emprego, acesso ao mundo necessidade do cliente. E estes, tornam-se
globalizado. ainda mais exigentes, a procura de qualidade
em produtos/serviços. Quando o consumidor
A inovação tecnológica sólida é o segredo
percebe que tal produto não supre mais suas
para a garantia da competitividade e da
necessidades, ele vai à procura de produtos
liderança de mercado. Países que movem a
que atendam todos os seus anseios, e com
economia como a Índia e China, investem na
isso, à medida que o tempo passa, o mercado
exploração da inovação tecnológica e do
sente necessidade de fazer um novo produto,
conhecimento para sobressaírem entre os
pois aquele não atende mais as necessidades
demais, visando pela expansão da economia,
e não surpreende as expectativas do
geração de riquezas. A inovação tecnológica
consumidor. (MARIANO e MAYER, 2008)
e o conhecimento são os pilares fundamentais
para a competitividade e sobrevivência no Visto que investir em inovação tecnológica é o
mercado. Com isso, cada país busca pelo caminho a ser seguido pelas empresas que
modelo de gestão da inovação através de sua pretendem e almejam se expandir e
própria maneira, com base em suas sobressair cada vez mais no mercado

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


competitivo atual, aquelas que não investem econômico e social da empresa, além de
em produtos/serviços novos, tendem, com o considerá-la uma indispensável disciplina de
tempo, perder seu espaço no mercado, visto gestão empresarial.
que não possuem produtos que atendem às
Existe uma história a cerca do fenômeno da
necessidades dos consumidores. (MARIANO
criatividade. Diz-se que ela valoriza apenas o
e MAYER, 2008)
momento mágico da criação, em geral
Segundo Almeida e Barros et al (apud, REIS, caracterizado por uma luz que se acende na
2008) o conceito de inovação tecnológica mente do criador. Porém, ao contrário do que
formulado por Schumpeter contempla cinco diz o senso comum, a criatividade não é
casos: apenas um momento, mas sim um processo
que envolve uma série de fases.
De acordo Mariano e Meyer (2008, p. 350) as
1. Introdução de um novo bem, que os
fases seriam:
consumidores não conheçam, ou de
uma qualidade nova do bem.
2. Introdução de um novo método de a) Preparação: a primeira etapa é a
produção, ainda não testado no meio preparação, quando mergulhamos no
industrial em questão, que tenha sido problema, buscamos informações e
baseado em uma nova descoberta exploramos as soluções possíveis.
científica e que possa constituir-se em
b) Incubação: em seguida vem a
um novo modo de manusear
incubação, quando a mente
comercialmente um bem.
“descansa” e digere as informações
3. Abertura de um novo mercado, em recebidas.
que o ramo da indústria em questão
c) Iluminação: só então acontece a
não tenha penetrado, seja este
iluminação, o momento em que as
mercado preexistente, ou não.
peças do quebra-cabeça parecem
4. Conquista de uma nova fonte de finalmente se reunir e a idéia surge
fornecimento já existente, ou a ser clara em nossa mente.
criada.
d) Avaliação: finalmente, acontece a
5. Levar a cabo uma nova organização, avaliação, quando julgamos se a idéia
uma indústria, tal como criar ou realmente soluciona o problema.
romper uma posição de monopólio. Muitas vezes é necessário fazer
ajustes ou começar novamente,
adotando novas perspectivas ou
Utterback (1983) salienta que a inovação reunindo novas informações.
tecnológica deve ser entendida como um
processo que envolve a criação,
desenvolvimento, o uso e a divulgação de um O processo de inovação não é um processo
novo produto ou idéia. limitado, que se restringe a apenas uma
empresa ou organização. O desenvolvimento
Abernathy e Utterback (1978) descrevem
e a adoção da inovação tecnológica deve ser
inovações de produtos ou serviços e
compartilhado entre diversas empresas, a fim
processos a medida que as organizações
de formar uma gigante teia de inovação
evoluem. Partem do princípio que inovações
facilitando cada vez mais a relação inter-
em produtos e serviços ocorrem
empresariais. A inovação tecnológica não
freqüentemente em organizações de pequeno
envolve somente conhecimentos teóricos e
porte, empreendedoras, e que inovações em
práticos, mas também conhecimentos nas
processos ocorrem em unidades de grande
áreas de marketing e na área de gestão das
porte, de produção padronizada de alto
organizações. (REIS, 2008)
volume. Segundo esses autores, a
combinação desses opostos é chamada de Segundo Schumpeter (1982) a formação
“espectro da inovação”. tecnológica se dá por um processo lento de
assimilação e transferência de tecnologias
Drucker (1985) se baseia em uma orientação
importadas, que pode culminar com a
neo-schumpeteriana ao afirmar que a
inovação tecnológica, embora muitas vezes
inovação é um emprenho para criar
isto não aconteça.
modificações proveitosas ao potencial

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


De acordo com Mariano e Mayer (2008) a processo de consolidação do setor elétrico,
inovação se classifica quanto ao objeto, grupo / holding composto pela Empresa
quanto ao modelo de negócio e quanto ao Fluminense de Energia Elétrica (Efe), pelo
impacto no mercado, conforme é descrito Centro Fluminense de Eletricidade (Cefe),
abaixo: pela Empresa Força e Luz Ibero-Americana e
pela Companhia Norte Fluminense de
Eletricidade. A Celf uniu-se, quatro anos mais
a) Quanto ao objeto: inovação de tarde, às empresas sobre as quais tinha
produto e processo. influência, fornecendo energia a 62,7% do
estado.
b) Quanto ao modelo de negócio:
inovação de modelo de negócio. Em 1964, a CBEE passou a ser controlada
pelo governo federal, devido a sua
c) Quanto ao impacto no mercado:
estatização. Em 1979, assumiu os serviços de
inovação incremental/sustentada e
eletrificação rural antes realizado pelas
inovação radical/disruptiva.
Centrais Elétricas Fluminenses Sociedade
Davenport distingue a inovação de processo Anônima. No dia 17 de abril de 1980, a CBEE
da melhoria de processo. Segundo ele, a passou a se chamar Companhia de
melhoria de processo envolve um nível menor Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro
de alterações, afirmando que “se inovação de (Cerj).
processo significa realizar uma atividade
Foi privatizada em 1996, quando ainda se
através de uma alteração radical, a melhoria
chamava Companhia de Eletricidade do Rio
de processo significa realizar o mesmo
de Janeiro (Cerj), sendo adquirida por um
melhorando a eficiência e a eficácia.” (Reis,
consórcio de empresas de energia elétrica
2008, p.73)
constituído pelo Grupo Endesa que é a maior
companhia de eletricidade da Espanha,
Chilectra e Enersis do Chile e EDP Brasil de
3. ESTUDO DE CASO
Portugal. Foi na década de 1990, com a
3.1 A AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A sanção da Lei nº 8.031/1990, que criou o
Programa Nacional de desestatização (PND)
Foi no início do século XX, que se deu início a
que a aquisição foi realizada. A partir de
operação da empresa no setor elétrico, com a
1999, foi assumida somente pelo grupo
inauguração da hidrelétrica de Piabanha em
Endesa.
Entrerios, atualmente conhecido como Três
Rios. Em setembro de 2004, com a adesão de um
plano estratégico chamado Plano de
Nesse período, foi criada a Guinle &
Transformação, um novo nome e uma nova
Companhia, por Cândido Gaffrée e Eduardo
marca foram criados de forma que refletissem
Palassin Guinle,que passou a se chamar
a todas as transformações já realizadas,
Hidrelétrica Alberto Torres, sendo na época, a
surgindo assim a “nova” concessória de
principal fornecedora de energia elétrica do
energia do estado do Rio de Janeiro, a Ampla
Estado do Rio de Janeiro, abastecendo São
Energia e Serviços S.A.
Gonçalo, Niterói e Petrópolis.
Com sede em Niterói, a Ampla Energia e
Em 1909, a Companhia Brasileira de Energia
Serviços S.Aatende a 66 municípios do estado
Elétrica (CBEE) passou a comandar a Guinle
do Rio de Janeiro, distribuindo energia a 2,4
e Companhia, sendo em 1927 a CBEE
milhões de clientes, o que significa cerca de 7
adquirida pela American and Foreign Power
milhões de habitantes. Sua área de
Company Inc,que iniciou suas atividades no
concessão representa 73% do território
País adquirindo dezenas de concessionárias,
estadual. A empresa mantém
principalmente no interior do Estado de São
aproximadamente 70 lojas distribuídas em sua
Paulo.
área de concessão e uma Central de
Em 1930, a fim de expandir sua capacidade Relacionamento com o intuito de facilitar o
de atendimento, ela interligou seu sistema às atendimento aos clientes.
empresas Rio de Janeiro Trainway, Light and
A maior concentração de clientes encontra-se
Power Company Limited e Rio Light.
na região metropolitana de Niterói e São
Paralela à história da CBEE, foi fundada a Gonçalo e nos municípios de Itaboraí e Magé
empresa Centrais Elétricas Fluminense A Ampla também abastece a Companhia de
Sociedade Anônima (Celf) iniciando assim, o Eletricidade de Nova Friburgo (CENF) –

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


responsável pela distribuição de energia milhões de clientes. Além de manter
elétrica para o município de Nova Friburgo – e atividades relacionadas à energia elétrica,
outras duas áreas do estado (Região dos atua nas áreas de gás natural, co-geração,
Lagos e Costa Verde). energias renováveis, água e
telecomunicações.
Seu sistema elétrico é composto por 114
subestações, 4.354,90 MVA de potência Em 2007, a Endesa Brasil deu inicio a uma
instalada,98 mil transformadores de reestruturação organizacional, controlando
distribuição, 46,6 mil quilômetros de rede de todas as áreas de apoio das empresas. A
distribuição e 3,7 mil quilômetros de linhas de nova estrutura permitiu o compartilhamento de
transmissão, recursos, a adoção de melhores práticas e o
alinhamento estratégico entre as operações
A Ampla possui mais de 8,5 mil
no país. E em substituição do Plano de
colaboradores, entre próprios e parceiros.
Transformação (2004 a 2006), foi adotado
Pertence a uma das empresas do grupo
também em 2007, o Plano Atitude Ampla, que
Endesa Brasil, controlada pela Endesa que é
traça os caminhos da empresa para que ela
a quarta maior empresa de energia do mundo
seja uma empresa de soluções integradas em
e a principal da Espanha. A Endesa esta
2010.(AMPLA,2009).
presente em 13 países, possuindo mais de 23

Figura 1 – Área de Concessão Ampla

3.1.2 INVESTIMENTOS beneficiando 71 mil clientes. A empresa


realizou também,reformas nos pólos
Com o objetivo de melhorar a qualidade nos
operacionais e desenvolveu 25 projetos de
serviços prestados, melhor qualidade no
Pesquisa e Desenvolvimento, além de ações
fornecimento de energia, a empresa realiza
do Programa de Eficiência Energética, no qual
constantes melhorias em seus sistemas
a empresa faz a troca de geladeiras dos
técnicos e comerciais. Entre os anos 2002 e
clientes de comunidades populares por
2004, a empresa investiu R$ 631 milhões. No
equipamentos eficientes e a mudança das
triênio 2005-2007, o investimento foi de R$ 1,3
instalações elétricas desses clientes.
bilhão. E só no ano de 2007, a empresa
investiu R$ 427 milhões.
Do total de recursos aplicados em 2007, 42% 3.1.3 PROGRAMA DE PESQUISA E
foram direcionados ao combate às perdas, DESENVOLVIMENTO P&D
37% para atender ao crescimento do
Uma das ferramentas mais utilizada pela
mercado e 15% à melhoria da qualidade do
empresa, é o Programa de Pesquisa de
fornecimento de energia. Foram construídas
Desenvolvimento, nela, a empresa busca
quatro novas subestações – nos municípios
soluções diante dos desafios tecnológicos e
de Marica, Paraty e duas em Campos,

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


do mercado, buscando melhorias para a seus clientes, como também certificar a
empresa e para seus clientes. A empresa segurança da população e evitar a ilegalidade
busca o desenvolvimento energético que ocorre ao furtar a energia. Essas perdas
sustentável através do investimento em novas impactam significativamente na qualidade dos
tecnologias. serviços prestados a população, na vida
econômica das empresas como também na
O Programa Anual de Pesquisa e
arrecadação de impostos, além de
Desenvolvimento Tecnológico do Setor
representar risco de vida aos que furtam. Para
Elétrico foi criado pela Agência Nacional de
manter o equilíbrio econômico-financeiro do
Energia Elétrica – Aneel,cujo objetivo é a
contrato de concessão, a energia furtada é
busca de inovações para fazer frente aos
paga por todos os consumidores, visto que
desafios tecnológicos e de mercado das
esse valor é reconhecido e incorporado pela
empresas distribuidoras de energia elétrica.
Aneel na tarifa.
A empresa possui parcerias com
Em 2002, quando ainda era CERJ, a empresa
universidades e centros de pesquisa como
passava por dificuldades financeiras devido
um meio de disseminar novos conceitos
entre outras causas, a perda de energia, que
tecnológicos, e assim adquirir e transformar
aumentava a cada mês. Com isso, no final de
conhecimentos em novos processos e
2002, frente a essa crise, a empresa
serviços prestados a seus clientes. A Ampla
reformulou sua estrutura, passando a dar
investe cerca de R$ 3,6 milhões nos projetos
ênfase na perda de energia. Do total de 2,5
de P&D.
milhões de clientes aos quais a Ampla presta
A empresa estimula a criatividade e inovação serviços, cerca de 500 mil furtam energia.
em seus colaboradores para que estes
Em 2003, a empresa registrou um alarmante
possam, a cada dia, trazer soluções para
índice de perdas que chegou a
ganhos de eficiência, conforto e qualidade de
aproximadamente 24% da energia comprada
vida para os clientes e satisfação dos
pela Ampla. Com base no Relatório de
mesmos.
Tribunal de Contas da União (TCU),
A Ampla criou o Programa Inova onde os baseando-se em dados de 2007, foi verificado
colaboradores expõem suas idéias através de que o País deixa de arrecadar cerca de R$ 10
projetos que contribuem para a melhoria de bilhões em impostos por ano devido a perdas
processos e serviços prestados, esse de energia elétrica. Essa perda seria
programa levou a empresa a se destacar suficiente para fornecer energia elétrica os
entre as melhores do Grupo Endesa a qual Estados de Minas Gerais, Ceará, Bahia e
pertence.Em 2008, foram enviadas 244 idéias Pernambuco juntos, durante um ano. Para a
ao Programa, dos quais 15 foram Ampla, é uma questão de significativa
transformadas em projetos-piloto. importância, visto que o Estado do Rio de
Janeiro se enquadra entre as regiões que
Em Julho de 2009, a empresa ficou entre as
registram os maiores índices de perdas com
25 empresas mais inovadoras do Brasil, de
furto de energia do Brasil, segundo a Agência
acordo com pesquisa feita Revista Época
Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A
Negócios em conjunto com o Fórum de
agência estima que as perdas na rede de
Inovação da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
distribuição correspondam cerca de 15% da
a Escola de Administração de Empresas de
energia comprada pelas distribuidoras.
São Paulo (Eaesp) e o Great Place to Work
(GPTW), com o apoio técnico da Fundação Em 2008, a empresa registrou seu menor
Nacional da Qualidade (FNQ). índice de perda desde sua privatização
ocorrida em 1996: 20,2%. As perdas
significam a diferença entre o valor medido de
3.2 AVALIAÇÃO DOS PROJETOS DE energia que ingressou no sistema da
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AMPLA distribuidora e o valor de energia faturada por
mês e consolidada anualmente. A perda total
A perda de energia elétrica é um problema
é composta por uma parcela técnica que é a
enfrentado por todas as distribuidoras de
perda vinculada ao sistema elétrico e outra
energia do Brasil. Essas perdas que ocorrem
comercial que é a perda referente ao
através de furtos ou até mesmo por
consumo irregular.
desperdícios são o que motivam as empresas
a criarem soluções inovadoras para melhor Desde a privatização, já foram investidos na
garantir o fornecimento de energia elétrica a Ampla mais de R$ 2 bilhões em projetos em

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


sua área de concessão para reduzir a prática A) REDE AMPLA (REDE DAT –
do furto. DISTRIBUIÇÃO AÉREA
TRANSVERSAL)
A empresa leva à comunidade vários projetos
sociais como a conscientização da população Em 2003, devido a crescente perda de
sobre o uso eficiente de energia elétrica, energia q qual sofria, foi verificado que os
como também faz uma revisão gratuita das métodos tradicionais de combate ao furto de
instalações elétricas de clientes com baixo energia não surtiam mais efeitos. Sendo a
poder aquisitivo, e promove programas para principal forma de furto de energia feita por
geração de emprego e renda, com o intuito ligações clandestinas na rede de distribuição
de mostrar alternativas reais para que os de baixa tensão, foi realizado um projeto com
consumidores não encarem o acesso à o intuito de solucionar o problema, criou-se
energia elétrica como uma barreira,ou como então, a Rede DAT que consistia na mudança
uma prática de furto, destacando a de estrutura e topologia da rede de
importância do desarme a cultura do furto. distribuição de energia elétrica.
A partir de estudos de segmentação feitos O projeto da Rede Ampla foi desenvolvido por
pela empresa, constatou-se que nas regiões engenheiros da empresa com o uso de
de São Gonçalo, Magé, Itaboraí, Duque de tecnologia nacional. Devido ao número
Caxias e favelas de Niterói o problema era expressivo de perdas ocorrerem nos
mais alarmante, representando perdas municípios de Duque de Caxias, Itaboraí e
globais de aproximadamente 52% da São Gonçalo, foi-se instaladas redes DAT’s. O
Ampla,começando assim os trabalhos feitos sistema consiste na elevação do poste (11m),
nessas localidades. utilização de transformadores de pequena
potencia (até 12 clientes por transformador),
Com base nas perdas, a Ampla tem focado
instalação de medidores nos transformadores
de forma relevante seus projetos de pesquisa
para realização de balanço energético dos
e desenvolvimento na redução das mesmas.
clientes e elevação, isolamento e afastamento
Para isso, a empresa inseriu inovações
da rede de baixa tensão, o que dificulta as
importantes, que se tornaram referências no
ligações clandestinas, conforme figura 2.
mercado brasileiro. Abaixo destacaremos
alguns destes projetos:

Figura 2 - Rede DAT

As áreas que tiveram a Rede DAT instaladas de furto de energia através de ligações
obtiveram uma significativa redução de furto clandestinas na rede, os demais começaram
de energia, porém, em pouco tempo 14% dos a manipular o equipamento de medição, os
clientes voltaram a furtar energia, sendo que medidores.
somente 2% continuaram com a modalidade

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Com isso, a empresa iniciou estudos para sistema consiste na proteção dos medidos
desenvolver uma medição eletrônica para a das intervenções dos clientes, os medidores
criação de um medidor mais seguro. convencionais foram substituídos por
Desenvolveu então um projeto conhecido na medidores eletrônicos com função de
empresa como Ampla Chip. telemedição, ou seja, faz a leitura do
relógio,corte, restabelecimento de energia
elétrica, protegido por uma caixa lacrada
B) AMPLA CHIP denominada concentrador alojado na ponta
da cruzeta (estrutura de madeira acima do
O Ampla Chip foi desenvolvido como uma
poste) ao lado da rede de baixa tensão
extensão do projeto da Rede DAT. É um
(BT).Conforme mostrado na figura 3.
dispositivo eletrônico instalado nas caixas dos
medidores cujo o objetivo é aumentar a
segurança contra fraudes e violações.O

Figura 3: Rede Ampla Chip

Com isso, a leitura, a suspensão de energia de dados e comunicação, o Concentrador


elétrica e o restabelecimento, passaram a ser Primário (CP) até chegar à medição eletrônica
feitos remotamente a partir da concessionária de leitura localizada nos Concentradores
por intermédio de uma pequena central local Secundários (CS), conforme figura 4.

Figura 4 - Funcionamento do Ampla Chip

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


O chip trava ao ser ativado por meio de  Melhoria da qualidade do
identificação eletrônica e só destrava com a fornecimento;
chave eletrônica através da leitura dos dados
 Maior agilidade no atendimento ao
emitidos pela fechadura. Qualquer tentativa
cliente, pois o sistema (Ampla Chip)
de abertura, inclusive por chave não
possibilita a empresa ter o conhecimento
cadastrada, aciona remotamente o centro de
imediato de eventuais interrupções de
operações da Ampla. Esse investimento em
fornecimento por defeito na rede elétrica;
tecnologia levou a empresa a ser a primeira
do Brasil autorizada pela Agencia Nacional de  Rapidez na religação do fornecimento
Energia Elétrica a adotar em 2005 a medição de energia elétrica, em caso de corte por
eletrônica para clientes em baixa tensão. inadimplência, em tempos bem menores
Hoje, a medição eletrônica esta instalada em aos definidos pela legislação.
mais de 300 mil clientes.De acordo com a
 Em resumo, as principais alterações
pesquisa da revista Exame junto a consultoria
do modelo convencional para o Ampla
Monitor realizada em 2008, o Ampla Chip esta
Chip foram:
entre as dez maiores inovações brasileiras
dos últimos dez anos.  Elevação da rede de baixa tensão até
a rede de Média Tensão, evitando assim
Esse tipo de medição eletrônica, o Ampla
ligações clandestinas;
Chip, trouxe diversas vantagens aos clientes,
pois possibilita:  Substituição dos medidores
eletromecânicos que ficavam ou no muro
 Acompanhar o consumo diário por
da residência do cliente ou dentro de sua
meio do 0800 e demais Canais de
própria residência, por medidores
Atendimento como o Ampla Chat, Agência
eletrônicos instalados dentro de uma caixa
Virtual, Fale Conosco e lojas;
blindada na ponta da cruzeta em cima do
 Enviar mensagem pelo celular (SMS), poste que ficam a 11m do solo, com
por todas as operadoras de telefonia tecnologia de telemedição remota.
móvel, exceto Nextel;
 A tecnologia aplicada não só contribui
 Controlar diariamente o consumo e para minimizar as perdas de energia,
gastos; como também permite que as atividades
de corte, religação e leitura que antes
 Recebimento do histórico diário na
eram feitas por funcionários que iam até a
conta mensal;
casa do cliente, sejam feitos remotamente
e com maior agilidade.

Figura 5 - Comparação entre rede convencional e Ampla Chip

Além do principal benefício que esse projeto leitura; plataforma de fornecimento de


trouxe para a empresa que foi a redução das serviços adicionais; melhoria da qualidade
perdas de energia elétrica, podemos destacar dos serviços prestados aos consumidores;
outros benefícios tais como:redução de identificação de desvios e fraudes nos
leituras estimadas, melhora na precisão do medidores; melhoria nos serviços de
medidor,faturamento mais preciso; facilidade manutenção de medidores com defeitos,entre
de acesso aos dados dos medidores; outros.
melhoria da confiabilidade nos dados de

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Os clientes e a sociedade também se de medir a energia elétrica antes da
beneficiaram com o projeto, benefícios tais transformação. Dos 6.128 clientes do Grupo
como: A, 77% já possuem Máquinas AntiFurto
instaladas e 95% desses possuem a
funcionalidade de telemedição operando.Nos
A) PRINCIPAIS VANTAGENS PARA OS municípios de São Gonçalo e Magé 95% dos
CLIENTES: clientes possuem suas medições com
Máquinas AntiFurto.
 faturamento mais preciso e detalhado;
 maior confiabilidade no sistema de
leituras; 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
 automação entre a coleta de dados de A Ampla iniciou a substituição de medidores
leitura e o faturamento, eliminando eletromecânicos por eletrônicos em grande
erros que antes eram comuns; escala a partir de 2005, impulsionado
exclusivamente pela redução dos índices de
 agilidade e eficiência na prestação de
perdas comerciais, visto que todos os
serviços de corte e religação;
métodos tradicionais anteriormente utilizados
com medidores eletromecânicos não eram
suficientes para reprimir a reincidência dos
B) VANTAGENS PARA A SOCIEDADE:
furtos de energia elétrica. Primeiramente o
 redução do impacto foco foi sobre áreas com maior concentração
ambiental; populacional e com grande nível perda.
 melhoria da qualidade do Nestas áreas a medida era aplicada em todos
fornecimento; os clientes (Ampla Chip) e posteriormente
iniciou-se um trabalho individualizado em
 conscientização da redução e
clientes com grandes consumos e com
desperdício de energia e uso racional de
irregularidade na medição (Sentinela). Hoje, a
energia;
implantação da medição eletrônica faz parte
 aumento na arrecadação de do Plano Estratégico da Ampla possuindo um
impostos por parte do governo.No ano de destaque na empresa, pois é responsável por
2006 o governo deixou de arrecadar, grande parte do orçamento anual da
apenas na área de concessão da Ampla empresa.
R$ 148 milhões devido ao furto de energia.
Com esse tipo de medição foi possível
conquistar uma redução significativa nos
níveis de perdas juntamente com a redução
C) PROJETO SENTINELA
dos custos operacionais de leitura, corte e
Em complemento ao Ampla Chip, a Ampla religação.
criou em 2007, o Projeto Sentinela que é
Os benefícios que a medição eletrônica trouxe
destinado a clientes com consumos de
e continua trazendo para empresa são
energia elevado como comércio, industrias,
inúmeros, contudo o Projeto apenas é rentável
grandes residências e fazendas e que
quando aplicado onde se realiza a redução
apresentam irregularidade na medição. Essa
do furto de energia.
inovação consiste em um sistema de medição
individualizado com telemetria,ou seja Pode-se concluir que os benefícios tragos
medição remotamente.É composto por um pelos projetos acima relacionados à Ampla
medidor dentro de uma caixa blindada, com foram:
uma tranca especial, impedindo a abertura
 Redução dos níveis de perdas;
por pessoas não autorizadas, fica acoplado
no topo do poste.(INOVA,2009).  Redução dos custos operacionais;
 Redução das leituras estimadas;
D) MÁQUINAS ANTI-FURTO  Melhora na medição do medidor;
Criada para grandes clientes, consiste no  Fácil acessibilidade aos dados dos
agrupamento de todos os elementos da medidores;
medição em uma cabine de resina, instalada
 Maior confiabilidade nas dados das
no poste acima do transformador com o intuito
leituras dos medidores;

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 Identificação dos desvios e fraudes após o acerto do cliente perante a
nos medidores; concessionária (religação) passaram a ser
executadas de forma remota.
 Melhoria na qualidade dos serviços
prestados aos consumidores;
 Agilidade na percepção dos 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
medidores com defeitos, agilizando sua
O trabalho desenvolvido mostrou que as
manutenção.
empresas buscam incessantemente por sua
sobrevivência, visto que para sobressair-se
entre as demais e fazer frente a vantagem
Os benefícios tragos aos clientes foram:
competitiva com que o mundo enfrenta hoje,
 Maior precisão e detalhamento no deve-se investir pesadamente e de forma
faturamento; coerente em Inovação Tecnológica.
 Maior confiabilidade nos sistemas de Os clientes estão cada vez mais exigentes, e
leitura; buscam por qualidade nos produtos e
serviços prestados, por isso, as empresas
 Automação entre a coleta de dados
que não investem em Inovação Tecnológica
de leitura e o faturamento, eliminando erros
tendem a perder seu espaço no mercado em
que antes eram comuns;
questão de segundos, dando lugar aos
 Agilidade nos serviços de corte e concorrentes.
religação;
As concessionárias de energia elétrica apesar
 Melhoria na qualidade do de não viverem em um ambiente de
fornecimento; competitividade, tem a obrigação por lei de
investir parte do percentual de seus lucros em
 Conscientização dos consumidores à
pesquisas de P&D.
eficiência de energia elétrica.
Com isso, foi realizado um estudo de caso
com a concessionária de energia elétrica do
A implantação da medição eletrônica estado do Rio de Janeiro, a Ampla Energia e
proporcionou à Ampla uma nova forma de serviços S.A., focando projetos por ela
executar alguns serviços: coleta mensal de implementados ou implantados com a intuito
leitura de medidores para faturamento, de melhoria tanto para seu processo quanto
suspensão de fornecimento por inadimplência para seus clientes.
(corte) e restabelecimento de fornecimento

REFERÊNCIAS atitude empreendedora. Rio de Janeiro: Fundação


CECIERJ,2008.
[1]. ABERNATHY & UTTERBACK.“Patterns Of [7]. REIS, D. R. Gestão da inovação
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[6]. MARIANO, S.R.H.; MAYER, V. F.
Empreendedorismo e inovação: criatividade e

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CAPÍTULO 15
O RELACIONAMENTO UNIVERSIDADE-EMPRESA. UM
ESTUDO SOBRE MECANISMOS DE INTERAÇÃO ENTRE
OS MEIOS ACADÊMICOS E INDUSTRIAIS

Andreia Fernandes de Oliveira


Leandro Baldez Penteado
Vinicius Carvalho Cardoso

Resumo: Atualmente, é reconhecida a necessidade de alavancagem dos


processos de inovação no Brasil. Diante deste contexto, este artigo se propõe a
listar mecanismos de interação entre universidades e empresas relacionados à
pesquisa científica e teecnológica, a fim de aproximar o conhecimento gerado
nessas duas esferas. Primeiramente será apresentado um modelo com diversos
tipos de articulação entre esses dois atores que fora construído a partir de pesquisa
bibliográfica. Em seguida, através de três estudos de campo, o modelo é aplicado
em empresas nacionais buscando identificar quais das atividades do frame são
realizadas por estas organizações. Por fim, é possível analisar os testes feitos e
apontar eventuais gap’s na literatura a partir de um confronto com a realidade
estudada.

Palavras-chave: Relacionamento universidade-empresa, Mecanismos de interação


de conhecimento, Hélice Tripla

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1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Atualmente, não basta que as empresas 2.1. O MODELO HÉLICE TRIPLA
tenham sido grandes e bem sucedidas em
Durante a década de 90, nos Estados Unidos,
algum momento de sua existência para
os autores Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff
garantirem sua sobrevivência no mercado. A
estudaram o desenvolvimento das indústrias
capacidade de inovar, ou seja, conseguir se
locais, encontrando similaridades entre estes
capitalizar a partir de ideias novas vem se
processos. A partir desse ponto, foi criado um
destacando como um diferencial comum às
modelo no qual são retratadas as dinâmicas
empresas de sucesso. Por esta razão, cada
de relação entre as esferas da Universidade,
vez mais essas organizações estão
Governo e Indústria. Para Etzkowitz, o Sistema
procurando maneiras diferentes de produzir
Nacional de Inovação combina estes três
novos produtos e/ou serviços.
atores por meio de mecanismos sociais
Um dos meios que se destacam são as existentes entre eles. E como o modelo Hélice
parcerias com instituições acadêmicas, Tripla analisa esses processos de
representadas principalmente pelas desenvolvimento com base na inovação a
universidades. Este vem sendo um movimento nível nacional, ele pode ser usado para
crescente, onde existe uma aproximação da estudar as dinâmicas relacionais existentes
empresa com a principal fonte de nessa rede institucional formada.
conhecimento da sociedade. Essa parceria
O grande centro gerador das relações
pode ser feita de diversas formas, implicando
tratadas pelo modelo é o saber. Ele se
no uso diferenciado dos recursos, tendo de
associa diretamente ao conhecimento,
um lado a organização (pública ou privada) e
aprendizagem e gestão, determinantes para o
do outro a universidade no papel de usuária
desenvolvimento das relações entre os três
ou fornecedora de conhecimento.
atores apresentados. O modelo é construído a
O objetivo deste artigo é apresentar um partir de três configurações diferentes
estudo acerca dos mecanismos pelos quais descritas a seguir.
há uma troca de conhecimento entre o meio
 Configuração 1: cada uma
acadêmico e o empresarial, fazendo uso de
das três esferas possui suas funções bem
alguns estudos de campo para maior
definidas e até certo ponto limitadas - a
embasamento. Através deles poderão ser
universidade ensina, a indústria produz e o
identificados gap’s na literatura consultada
Governo regula.
em relação ao que é realizado pelas
 Configuração 2: as relações
organizações analisadas.
entre as três esferas começam a se
Basicamente, o processo de construção deste aprofundar, deixando de existir somente
estudo se baseia em duas frentes mais macro entradas e saídas no sistema para haver
com relação de dependência: Framework e uma troca de informações mais constante -
Estudos de Campo. O primeiro se destina a universidade assume um papel de
uma busca na literatura por artigos científicos prestadora de serviços à indústria,
que tenham como foco a relação entre direcionando suas pesquisas para os
universidade e empresa. Tal busca culmina objetivos desta; a indústria tem o poder
na elaboração de um framework que monetário de conseguir financiar as
consolida os mecanismos de interação de pesquisas; o Governo estabelece uma
conhecimento encontrados e selecionados. convergência entre as diferentes regiões,
Posteriormente há o aperfeiçoamento do visando um desenvolvimento sustentável e
frame a partir da avaliação de profissionais coerente para os Sistemas Regionais de
que exerçam atividades relacionadas e Inovação. Cada hélice representa sistemas
tenham, portanto, conhecimento aprofundado de comunicação, que consistem em
sobre o assunto. Na etapa de Estudos de operações de mercado, tecnológicas e
Campo, existe a aplicação de um questionário controle de interfaces entre as instituições.
e do próprio frame nas empresas  Configuração 3: cada uma
selecionadas, propiciando um entendimento das três esferas acaba por assumir papel
de sua realidade e seu posicionamento das outras, contudo, sem perder sua
quanto à realização dos mecanismos de própria identidade - universidade pode
interação de conhecimento mapeados. assumir, a partir da “capitalização do
conhecimento”, o papel de organizadora
do desenvolvimento tecnológico de uma

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sociedade através da sua capacidade em 2.2. RELACIONAMENTO UNIVERSIDADE -
transferir conhecimento; a indústria, a INDÚSTRIA
“capitalização do conhecimento” é
De acordo com Bercovitz e Feldmann (2006),
utilizada como ferramenta para a
a universidade é uma entidade que envolve
manutenção da sua competitividade no
objetivos educacionais, sociais, interesses de
mercado; para o Governo, a “capitalização
docentes e da comunidade cientifica, por isso
do conhecimento” se torna um instrumento
tendem a apresentar um elevado grau de
para superar possíveis barreiras ao
complexidade em suas regras, recompensas
desenvolvimento. Como pode ser visto, a
e estruturas de incentivos. Isso contrasta com
“capitalização do conhecimento” é o fator
as empresas, que são mais simples no
responsável pela aproximação das três
sentido de buscarem uma motivação ligada
esferas, na medida em que consegue
ao fim lucrativo.
fazer com que cada uma atinja seus
objetivos principais – financiamento, A função básica da universidade é a
competitividade e desenvolvimento. formação de recursos humanos.
Tradicionalmente, as empresas a enxergam,
principalmente, como fornecedora de mão de
Nessa modelagem, percebe-se o que
obra capacitada e especializada, sendo este
Etzkowitz (2002) afirma:
um dos relacionamentos mais buscados pelas
mesmas.
“A terceira dimensão é a criação de uma Estudos iniciais acerca da transferência de
nova camada de redes trilaterais e conhecimento entre os dois tipos de
organizações a partir da interação entre instituições acima citados se concentravam
as três hélices, formada com o propósito em patentes, licenciamento e formação de
de vir com novas idéias e formatos para empresas start-ups, acreditando que essas
desenvolvimento de alta tecnologia.”. eram as maiores contribuições da
universidade para a difusão tecnológica.
Entretanto, outros autores (Agrawal e
Esta última configuração denota uma maior Henderson, 2002; Mowery e Sampat, 2005;
complexidade nas relações entre as Cohen et al., 2002; Mansfield e Lee, 1996;
instituições do modelo. Ela implica a Schartinger et al., 2001 apud D’Este e Patel,
existência de um contínuo ajustamento para 2007) afirmam que a ligação da universidade
manter uma inter-relação de coesão no com a indústria engloba muitas outras
sistema, onde cada uma das esferas é atividades além da comercialização dos
influenciada pelo posicionamento das demais. direitos de propriedade intelectual. Inclusive,
Há a representação de instituições híbridas, estudos recentes apontam que estes
formadas a partir da atuação de cada esfera mecanismos tendem a ser menos utilizados
além de sua fronteira tradicional, sem do que outras estruturas formais como
abandonar suas funções originais. contratação de pesquisas e desenvolvimento
colaborativo de pesquisas. Aliás, segundo
Contudo, é preciso atentar para um ponto que
Meyer-Krahmer e Schmoch (1998) pesquisa
é gerado com a discussão apresentada, colaborativa é a forma mais difundida de
relacionado à funcionalidade da universidade
transferência de conhecimento.
como agente criador da inovação. É preciso
que ela não se situe como prestadora de O grau de envolvimento dos pesquisadores
serviços voltada apenas para pesquisas com a indústria deriva veementemente da
direcionadas ao campo comercial específico orientação comercial das pesquisas
de alguma indústria. Isso pode ocorrer, mas acadêmicas. Alguns dos fatores associados
não deve ser deixada de lado a necessidade com o nível de orientação comercial são a
da pesquisa básica necessária ao missão fundadora da universidade e a
desenvolvimento do conhecimento, e experiência de transferência de tecnologia
indiretamente responsável por alguns dos das universidades. Este último pode ser
avanços tecnológicos posteriores. Em vista verificado através da idade dos escritórios de
disso, o próximo tópico traz à tona uma transferência de tecnologia ou pela
discussão específica associada às relações quantidade de recursos recebidos pela
existentes apenas entre dois atores da hélice universidade para pesquisa industrial (Di
tripla: universidade e indústria. Gregório e Shane, 2003, apud D’Este e Patel,
2007).

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Não obstante o estímulo para as Adicionalmente, acredita-se que os
transmissões, os tipos de mecanismos acadêmicos os quais fazem uso de múltiplos
escolhidos também dependem do contexto canais para integração com a esfera de
em que o conhecimento é produzido e negócios estão mais propensos a desenvolver
transferido (David e Foray, 1996, apud D’Este as habilidades necessárias para construir a
e Patel, 2007). O setor industrial, o tamanho e ponte entre a pesquisa e a aplicação
as habilidades/capacidade de pesquisa da científica (D’Este e Patel, 2007).
empresa receptora afetam a probabilidade de
Os motivos para a indústria se relacionar com
utilização de certos canais e a quantidade de
a academia variam para além do desejo de
interações com as universidades. Na verdade,
adquirir conhecimento já desenvolvido e
a influência da pesquisa pública no P&D
comercializável. Elas inclusive buscam mais
industrial é maior em empresas de grande
os benefícios genéricos, como: acesso a
porte ou start-ups enquanto as empresas com
alunos, obtenção de “janelas” em tecnologias
altos investimentos em P&D são mais
emergentes e ampliação da base de
suscetíveis a possuir habilidades requeridas
conhecimento (Caloghirou et al. 2001; Feller
para identificar, selecionar e absorver
2005 apud Perkmann e Walsh, 2007). Para
conhecimento ao interagir com as
estas organizações, a contribuição da
universidades (Cohen et al., 2002, apud
pesquisa acadêmica na formação de
D’Este e Patel, 2007).
graduados habilidosos consiste em um dos
As disparidades não ocorrem apenas entre benefícios de maior valor (Dasgupta e David
universidades. Entre os departamentos, os 1994; Salter e Martin 2001, apud Perkmann e
diferentes focos de pesquisa e recursos de Walsh, 2007).
financiamento resultam em atitudes distintas
Schartinger et al. (2002) aponta que
frente às interações de conhecimento
pesquisas colaborativas e pesquisas
(Agrawal, 2001 apud D’Este e Patel, 2007).
contratadas são utilizadas para finalidades
Quando há maior foco em pesquisa aplicada
opostas e as empresas tendem a utilizar mais
e desenvolvimento tecnológico, a intensidade
de uma ou da outra. Com caráter de
de relacionamento com a indústria tende a ser
prestação de serviço, pesquisas contratadas
mais elevada (Lee, 1996; Bozeman, 2000;
e consultorias tendem a prover conhecimento
O’Shea et al., 2005 apud D’Este e Patel,
maduro e especializado requerido para as
2007). E quando existe um patamar superior
últimas etapas do ciclo de inovação (Polt et al.
de financiamento privado em detrimento do
2001 apud Perkmann e Walsh, 2007). Para
público, há maior propensão de transferência
comercialização de conhecimento disruptivo,
de tecnologia para a indústria. (Lee, 1996;
costuma-se fazer uso de spin-offs e
Colyvas et al., 2002 apud D’Este e Patel,
mobilidade de trabalho (Zucker et al., 2002;
2007). Neste sentido, a maioria das pesquisas
Bekkers et al., 2006 apud Perkmann e Walsh,
colaborativas subsidiadas pelo governo tende
2007).
a ser descontinuada quando os recursos
públicos deixam de ser disponibilizados. Já Bercovitz e Feldmann (2006) acrescentam
Contudo, a permanência da indústria em que as relações entre universidade e empresa
parcerias longas é alta quando as se caracterizam por serem tanto formais
universidades continuam perseguindo quanto informais, dependendo de fatores
agressivamente por patrocínio (Feller et al., como estratégia e características da indústria,
2002 apud Perkmann e Walsh, 2007). políticas da universidade bem como a
estrutura de operações de transferência de
Em nível individual, o interesse dos
tecnologia definidas por políticas
pesquisadores por trabalhos em conjunto com
governamentais. Esses aspectos de
a indústria decorre de motivações como:
estratégia, estrutura e cultura são muito
acesso a recursos adicionais, aplicabilidade
relevantes quando falamos, por exemplo, de
da pesquisa, acesso a habilidades e
universidades empreendedoras (Clark, 1998,
estruturas presentes nas empresas, e
2004 apud Tijssen 2006). Sua definição parte
atualização dos problemas da indústria.
da perspectiva de um elevado sistema
Porém, as formas de interação de
educacional, onde dentro dessa universidade
conhecimento dificilmente irão atender a
existe um espírito empresarial e de inovação e
todos esses estímulos simultaneamente, por
a promoção de uma cultura empreendedora
isso os pesquisadores interessados em
que vão além das fronteiras tradicionais entre
interagir com a indústria tendem a se
universidades. Elas estariam voltadas para a
relacionar através de mais de um mecanismo.
comercialização de seus ativos de

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


conhecimento e para isto desenvolvem uma plenamente atendido é o relativo ao
variedade de funções que comportam a balanceamento. Houve uma divergência no
transferência de tecnologia, integrando novas grau de detalhe dos itens do frame que se
práticas gerenciais e de mercado. refletiu no desbalanceamento da quantidade
de tipos de interação presente em cada
Para chegar a esse ponto, existe a mudança
agrupamento. Essa decisão foi proposital
de toda sua estrutura organizacional e de
dado que algumas formas de interação
suas políticas visando criar incentivos que
guardavam devidas especificidades que
atraiam o interesse de estudantes e docentes,
mereciam ser descritas com maior ênfase.
sendo através de cursos ou outras práticas
que introduzam o conceito de Na versão revisada do frame, em anexo, após
empreendedorismo na cultura da a validação com especialistas, foram
universidade. Entretanto, o grande problema inseridas 4 colunas para dar mais
que se apresenta é a universidade deixar de consistência à separação por agrupamentos.
atuar nas pesquisas de base cientifica. É Em decorrência ao aperfeiçoamento dessa
compreensível seu posicionamento em lógica, classificaram-se os itens com base em
relação à comercialização dos seus ativos de categorias já reconhecidas pela literatura.
conhecimento, mas não se deve trabalhar Assim, tornou-se possível a reorganização
apenas para isso, pois seus demais objetivos dos itens do frame de acordo essas novas
sociais e educacionais podem ser abdicados alternativas de categorização: transferência
em prol de um retorno financeiro, mudando de conhecimento tácito (W), direção do fluxo
completamente seu papel de origem. de transferência do conhecimento (X), grau
de formalização (Y) e grau de contato pessoal
(Z). As classificações elencadas decorrem de
3. ELABORAÇÃO DO FRAME características do conhecimento e auxiliam na
identificação de quais tipos de interação são
O frame é composto de mecanismos de
mais propícios para atender questões
interação entre universidade e empresa. Vale
relacionadas com tais características.
a pena ressaltar que, de acordo com
Perkmann e Walsh (2007), algumas das Analisando o frame, é possível também
interações se referem ao “meio” pelo qual há evidenciar alguns pontos limitantes e frágeis
a transferência de informação enquanto do mesmo. Na categoria “Novos Negócios”
outras dizem respeito a “processos sociais” existem três itens que configuram formas
ou “configurações”. Por este motivo, optou-se pontuais de interação. Os mecanismos 7.1,
neste trabalho por utilizar o termo genérico 7.3 e 7.4 possuem alta relevância no inicio do
“interação” para identificar as diferentes ciclo de vida da empresa, todavia o
formas que propiciam uma troca e/ou relacionamento entre esta e a academia tende
absorção de conhecimento entre a a diminuir de intensidade conforme seu
universidade e a indústria. amadurecimento. Os itens 7.1 e 7.4 apenas
serão realizados caso a empresa tenha
Para a elaboração do frame, foram utilizados
surgido a partir de um deles.
diferentes modelos encontrados nos artigos:
da Áustria, Schartinger, et al. (2002); Reino Dentro da classificação referente à “Direção
Unido, D’este e Patel (2007); Alemanha, do fluxo de transferência do conhecimento”,
Meyer-Krahmer e Schmoch (1998); os itens apresentam certo balanceamento,
universidade de Hessen, Pohlmann (2009); onde 44% são bidirecionais e 56%
universidades européias, Tijssen (2006); unidirecionais. Destes, apesar do fluxo ter
Holanda, Bekkers e Freitas (2008); Tailândia, uma única direção, alguns podem vir de
Brimble e Doner (2007); Holanda, Bercovitz e qualquer um dos dois atores. Nos demais, a
Feldmann (2006); Estados Unidos, Perkmann aplicação se torna mais consistente quando a
e Walsh (2007). fonte é originada de um ator em específico
(universidade ou empresa). A quantidade
Para verificação de consistência dos
superior de itens que seguem a direção
agrupamentos propostos foram utilizados os
universidade – empresa sugere que, em
critérios de validação de taxonomia
geral, o conhecimento flui neste sentido.
apresentados por Patrick Lambe (2007):
intuitividade, não ambiguidade, hospitalidade, É possível notar que existe uma elevada
consistência e previsibilidade, relevância, proporção entre os itens no que tange o grau
parcimônia, significância, durabilidade e de formalização das interações. A
balanceamento. O único critério que não foi classificação mais alta corresponde a 59% do

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


total do frame. Esta formalização é uma financiamento de pesquisa colaborativa,
maneira de garantir um nível suficiente de licenciamento e transferência de tecnologia,
confiança com o intuito de mitigar o risco etc.
advindo das incertezas. Ela é utilizada para
exigir um comprometimento dos recursos
humanos com os objetivos esperados e para 4. ESTUDOS DE CAMPO
evitar problemas relacionados a
Optou-se pela execução de testes através de
apropriabilidade do conhecimento gerado
idas a campo com a finalidade de reduzir o
(Bonaccorsi e Piccaluga, 1994 apud
risco de simplificações por se ater somente à
Schartinger, et al. 2002). O potencial
pesquisa na literatura. Os testes contribuem
econômico do conhecimento é uma das
para uma visão qualitativa do objeto de
motivações para a formalização dos
estudo, neste caso, os mecanismos de
mecanismos de interação, pois esta condição
interação entre universidade e empresa. A
geralmente exige segredo, aumento da
aplicação do estudo de campo é mais uma
confiança entre os atores e permissão de
ferramenta para a validação da teoria e
apropriação exclusiva (Saviotti, 1998 apud
verificação do conhecimento na realidade.
Schartinger, et al. 2002).
Ademais, seus detalhes e descrições ajudam
Outro ponto a se destacar é a o leitor a compreender o contexto real do
correspondência de 56% na relação entre o estudo.
“Grau de contato pessoal” e a “Transferência
Esses casos devem ser escolhidos para
de conhecimento tácito”, quando os dois
atender a finalidades específicas e contribuir
possuem intensidade igual. Considerando as
com a pesquisa de formas distintas (Yin, 2003
classificações “+/-“ e “+” como existência da
apud Rohrbeck, 2010). Por esta razão, foram
característica abordada e “-“ como não
selecionadas empresas de diferentes setores
existência, o percentual deste confronto
industriais: duas relacionadas à commodities
aumenta para 88%. Um percentual elevado
– óleo e gás e mineração – e uma de bens de
era esperado dado que em Schartinger, et al.
consumo – cosméticos. Elas apresentam
(2002) explicita-se as interações pessoais
estruturas bastante divergentes, uma com alta
como preponderantes para a transferência de
interferência do Estado, uma que passou por
conhecimento tácito e não codificado.
um processo de privatização polêmico e outra
Os agrupamentos “Mobilidade de trabalho” e com grande preocupação e envolvimento
“Infraestrutura” contêm as únicas 4 exceções. com sustentabilidade. Todas são nacionais e
O primeiro agrupamento é explicado pela desenvolvem ações ligadas à P&D.
mudança de status do pesquisador ao deixar
Esses estudos contribuem para o teste de
de ser membro da academia e migrar para
generalização do conteúdo presente no
empresas. Já o segundo considera que a
frame, contudo o resultado se limita devido ao
utilização do mesmo ambiente de trabalho
baixo número de empresas estudadas e às
proporciona, ao menos, um contato informal,
especificidades de cada caso. A amostra não
sem a necessidade de haver troca de
permite uma análise estatística de larga
conhecimento ou compartilhamento de
escala e não tem como objetivo alcançar
atividades. Ainda de acordo com Schartinger,
representatividade da população inteira.
et al. (2002), o contato pessoal contribui para
a construção de capital social como
confiança, linguagem comum e cultura de
4.1. EMPRESA DE PETRÓLEO – PETROBRAS
pesquisa colaborativa. Fatores estes que
/ CENPES
tornam a comunicação entre os agentes mais
natural e facilita a transmissão e troca de A Petrobras atua no setor de energia, mais
conhecimento. especificamente de óleo e gás. Para atender
a suas demandas tecnológicas que
Por fim, analisando o agrupamento
possibilitarão o seguimento das estratégias
“Mobilidade de trabalho”, os especialistas
corporativas, existe o Centro de Pesquisas e
entrevistados ressaltaram o estímulo do
Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez
governo brasileiro a concretização dos itens
de Mello – CENPES, que tem como base e
10.1, 10.2 e 10.3. Tal fato é ratificado através
principal área a tecnologia.
da Lei da Inovação (Lei nº10.973), que
também incentiva a realização de outros itens Toda a análise descrita neste estudo de caso
do frame como compartilhamento e é referente a Gerência de Relacionamento
disponibilização de infraestrutura, com comunidade de Ciência e Tecnologia -

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


RCT. Suas atribuições passam pela colaboração entre os grupos de pesquisa,
coordenação e articulação entre a Petrobras e mas na prática, constata-se que há pouco
toda a comunidade de C&T, buscando envolvimento entre as universidades e eles
oportunidades de desenvolvimento ocorrem em paralelo. Atualmente, existem 42
tecnológico e capacitação da comunidade de redes temáticas em funcionamento contendo
Ciência e Tecnologia em competências projetos com diversas instituições.
complementares que interessem à Petrobras.
Em 1997 foi promulgada a Lei do Petróleo (Lei
B) NÚCLEOS REGIONAIS DE
Nº 9.478) que extinguiu o monopólio da
COMPETÊNCIAS
Petrobras no setor do petróleo, acelerando a
necessidade da empresa em se modernizar. O modelo dos Núcleos Regionais de
Somado a isto, a ANP passou a incluir nos Competência tende a ser mais próximo das
“Contratos de Concessão para Exploração, áreas de operação da Petrobras. Eles estão
Desenvolvimento e Produção de Petróleo e/ou instalados em instituições de ensino e
Gás Natural” uma cláusula voltada para pesquisa localizadas na área de abrangência
investimentos em P&D e o valor-base de Unidades de Negócio da Petrobras e por
destinado para este fim é equivalente a 1% da isso suscitam um relacionamento mais estreito
receita bruta da produção do Campo no qual e interativo com essas unidades.
a Participação Especial seja devida, sendo ao
Hoje, a Petrobras conta com sete núcleos nas
menos 50% dessa quantia empregada junto a
seguintes localidades: Bahia (UFBA), Espírito
instituições de P&D localizadas no País.
Santo (UFES), Norte Fluminense (UENF), Rio
Anteriormente, a contratação de projetos junto Grande do Norte (UFRN), Rio de Janeiro
à comunidade de CT&I era efetuada de forma (PUC-Rio e CTEx) e Sergipe (UFS).
difusa e desestruturada. A atuação
Mesmo com toda essa estrutura e incentivos
independente das diferentes áreas se
para investimento em projetos colaborativos
baseava predominantemente na relação
com universidades, a maior parte ainda é
individual pesquisador-pesquisador, sem
realizada internamente. Algumas pesquisas
contribuir para um adequado relacionamento
realizadas no CENPES são confidenciais e
institucional. Esse modus operandi era um
recebem apoio direto das unidades de
obstáculo para a coordenação e organização
negócio.
de informações e muitas vezes não garantia o
desenvolvimento contínuo de atividades em
temas de alta relevância para a empresa.
4.2 EMPRESA DE MINERAÇÃO - VALE
Somando-se a isso a disseminação e
Segundo o sítio da empresa, hoje
aceitação interna do conceito de inovação
denominada Vale, ela foi criada pelo governo
aberta, o CENPES concebeu dois novos
brasileiro em 1942 e em 1997 foi privatizada,
modelos de relacionamento com instituições
apostando na diversificação de seu portfólio
de ensino e pesquisa: as redes temáticas e os
de produtos. Ela pesquisa, produz e
núcleos regionais de competências.
comercializa minério de ferro e pelotas,
Abarcando os dois modelos, a Petrobras
níquel, cobre, carvão, bauxita, alumina,
possui parceria com 72 instituições de 19
alumínio, potássio, caulim, manganês, ferro-
unidades da federação.
ligas, cobalto, metais do grupo de platina e
metais preciosos. Além disso, atua nos
segmentos de logística, energia e siderurgia.
A) REDES TEMÁTICAS
No ano de 2006, começou-se a amadurecer a
Por trás desse modelo, existe a ideia de
idéia da criação do centro de excelência em
fragmentar os desafios tecnológicos em
pesquisa intitulado Instituto Tecnológico Vale
pequenos problemas de ordem mais
(ITV), que culminou, em 2009, com a
específica, de forma que apenas a empresa
formalização de um departamento
tenha uma visão global do resultado
responsável por concretizar esse plano: o
estratégico esperado. O papel do CENPES na
DITV. Ele tem como outras atribuições a
parceria está mais ligado com a coordenação
gestão de tecnologia e propriedade
das pesquisas do que com um
intelectual da Vale além da articulação de
desenvolvimento conjunto do estudo.
parcerias de projetos de P&D com a
A rede tem o intuito de promover a integração comunidade acadêmica, estruturando de
entre os projetos de temas afins e a acordo com uma lógica de centralização da

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


gestão dos projetos relacionados à tecnológico, mas com perspectiva de ser
tecnologia, buscando identificar e explorar as disruptiva.
sinergias entre as pesquisas.
Um ponto de alta atratividade dessa estrutura
Em suma, os centros de P&D possuem foco para a Vale é a otimização de recursos para o
no desenvolvimento de projetos que atendam investimento em P&D. A articulação da Vale
a necessidades imediatas enquanto o DITV é com agências e órgãos de fomento (ex: FAPs,
responsável por monitorar tendências que CNPq, BNDES, Banco Mundial, etc.) aumenta
possibilitem a Vale se antecipar a problemas a quantia financiada para o desenvolvimento
e oportunidades em seus negócios. de pesquisa científica e tecnológica para a
Vale. Essa alavancagem de recursos externos
Existe também a Valer – Educação Vale, sua
pode se dar por meio da disponibilização de
universidade corporativa que foi criada em
bens e serviços ou com recursos financeiros.
2003. A atuação da Valer faz parte da
estratégia para atração, desenvolvimento e A Gerência de Cooperação e Fomento vem
retenção de profissionais qualificados, em para instaurar um novo modelo de articulação
escassez no setor de mineração. institucional para o desenvolvimento de
pesquisa. Funcionários dessa gerência foram
entrevistados para a avaliação do frame
aplicado na Vale.
A) INSTITUTO TECNOLÓGICO VALE (ITV)
O ITV é um dos instrumentos que possibilitará
a Vale a aproximar-se de sua visão de superar 4.3. EMPRESA DE COSMÉTICOS,
os padrões de excelência em pesquisa e FRAGRÂNCIAS E HIGIENE PESSOAL -
desenvolvimento. Já está confirmada a NATURA
construção de três unidades do instituto com
A Natura é uma empresa brasileira de
vocações distintas. A de Ouro Preto (MG) terá
cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal
foco em mineração sustentável, a de Belém
com um foco muito grande em inovação. O
(PA) em desenvolvimento sustentável e a de
Sistema de Gestão Natura direciona todo o
São José dos Campos (SP) em energia.
processo de inovação da empresa. Ele
Ressalta-se que os dois primeiros estados
promove uma estrutura descentralizada e
abrigam as áreas operacionais de maior
colaborativa, com o objetivo de manter uma
atuação da Vale no Brasil, enquanto São
postura inovadora na empresa.
Paulo é o estado sede da VSE (Vale Soluções
em Energia). A Natura pretende promover no mercado e no
meio cientifico inovações radicais, além de
A estratégia do ITV compreende a geração e
sustentar tecnologias diferenciadas, que
difusão de conhecimento científico inovador
podem ser desenvolvidas internamente ou
nos temas de sua vocação. Acredita-se que
através de uma rede de parcerias
tais centros de excelência apresentem
estratégicas, formadas por instituições
chamariz capaz de repatriar “cérebros”
brasileiras ou estrangeiras.
brasileiros que, por encontrarem melhores
oportunidades no exterior, optaram por sair do Ainda de acordo com a empresa, existe um
país para estabelecerem suas carreiras. Além constante investimento em pesquisa e
dos projetos de pesquisa, os institutos desenvolvimento que visa à geração de
contarão com ensino de pós-graduação tecnologias e produtos inovadores (um
stricto sensu, como mestrados e doutorados. montante equivalente a 2,6% de sua receita
líquida é investido em inovação - dados de
Desde sua fundação, a Vale migrou de um
2009). Para isso, a Natura mantém dois
modelo fortemente fechado de inovação para
processos alinhados: Funil de Tecnologia e
um modelo aberto, estimulando parcerias com
Funil de Inovação.
agentes externos geradores de
conhecimento. Apesar disso, a proporção de O primeiro envolve matérias-primas e
projetos de P&D internos ainda é maior do insumos, buscando a identificação, pesquisa
que os externos. e desenvolvimento de novos materiais. Seu
risco é alto e possui foco no longo prazo. Já o
Para desafogar o P&D das unidades de
segundo, diz respeito a identificar no mercado
negócio e assegurar uma visão de futuro para
oportunidades e desenvolver novos produtos.
a Vale, o DITV abraça as iniciativas com perfil
Os riscos são menores e o foco é no curto
mais arriscado ao sucesso da pesquisa, às
prazo. Para isso, as tecnologias são
vezes em fase inicial de amadurecimento

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


desenvolvidas tanto interna quanto materiais de pesquisa, porém atualmente já
externamente, dependendo de cada caso. existem projetos financiados integralmente
pela Natura. Pesquisadores e estudantes
No prosseguimento deste Estudo de Campo,
formalmente associados a ICTs podem
a Diretoria de Gestão e Redes de Inovação
participar do programa por meio de uma das
será o objeto estudado. Toda a parte de
quatro formas descritas a seguir:
relacionamento com o meio acadêmico, que é
de interesse deste Projeto, se concentra  Cadastro de Grupos de
nessa Diretoria. Dentre suas ações Pesquisa: O cadastramento no banco de
relacionadas à inovação, estão: projetos de dados do Programa permite que os grupos
pesquisa desenvolvidos internamente ou em de pesquisa submetam propostas nas
parceria com Instituições de Ciência e modalidades trabalhadas pela Natura e
Tecnologia (ICTs) - órgão ou entidade da recebam informações acerca das
administração pública que tenha por missão iniciativas de P&D da empresa;
institucional, dentre outras, executar  Cooperação em Pesquisa
atividades de pesquisa básica ou aplicada de Científica Básica e Pesquisa Tecnológica:
caráter científico ou tecnológico (Fonte: Lei no Envio de propostas de projetos de
10.973 - Lei da Inovação) -, investimento em pesquisa para realização em parceria com
infraestrutura laboratorial, aquisição de a Natura e financiamento. A aquisição de
tecnologias, fomento a projetos de pesquisa tecnologias prontas também é realizada
de alunos de Mestrado e Doutorado e prêmios através desta modalidade, por
para os melhores projetos científicos transferência de tecnologia ou
desenvolvidos em parceria. licenciamento de patentes. Todos projetos
desta modalidade serão enquadrados de
Para institucionalizar a relação da empresa
acordo com uma das duas categorias -
com as instituições parceiras, foi elaborada a
projetos de cooperação em pesquisa
Política Natura de Gestão de Parcerias,
científica básica ou projetos de
abordando questões relacionadas a: seleção
cooperação em pesquisa tecnológica.
dos projetos, Propriedade Intelectual,
 Vivência Empresarial: São
remuneração da pesquisa, transferência de
oferecidas bolsas a estudantes de
tecnologia e gestão e acompanhamento do
mestrado ou doutorado que participam da
projeto de pesquisa.
modalidade Cooperação Científica para
Além dos projetos colaborativos, a Natura se vivenciarem o desenvolvimento de projeto
relaciona com a academia através de comitês em interação com a empresa. Para isto, a
temáticos científicos compostos por Natura disponibiliza sua infraestrutura,
especialistas e pesquisadores. Eles foram equipamentos laboratoriais, planta-piloto e
instituídos em 2009 com o intuito de promover outros recursos eventualmente
discussões acerca das tendências necessários.
tecnológicas.  Prêmio de Inovação
Tecnológica Natura Campus:
Reconhecimento público e financeiro aos
A) PROGRAMA NATURA CAMPUS melhores projetos desenvolvidos em
parceria com a Natura. O prêmio foi criado
A Natura estruturou seu processo de gestão
em 2008 e será realizado a cada dois
dessas parcerias através de um grande
anos.
programa chamado Programa Natura Campus
de Inovação Tecnológica, que compreende a
gestão de todos os investimentos em projetos
5. CONCLUSÃO
externos de P&D, interligando a empresa com
as ICTs e órgãos de fomento à pesquisa. Fazendo uma análise global entre as
Existem raras exceções em que projetos são atividades desempenhadas pelas empresas
contratados apenas pelo seu cunho estudadas e a pesquisa bibliográfica acerca
institucional e ficam de fora do programa por dos mecanismos de interação entre
não fazerem parte do escopo temático de universidade e empresa, proposta pelo frame,
interesse da organização. chega-se a uma aderência de 76% para o
CENPES, 71% para a Vale e 65% para a
Órgãos de fomento como CNPq, FAPESP e
Natura.
FINEP participam como co-financiadores das
ações ao viabilizarem recursos para aquisição De todos os mecanismos realizados pela
de equipamentos, bolsas científicas e Petrobras, ressalta-se a importância

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


estratégica das pesquisas colaborativas, que dessas circunstâncias havia uma empresa se
são conduzidas desde os primórdios da destacando por apenas ela executar o
empresa, e o investimento em infraestrutura, mecanismo.
que se propõe a viabilizar condições
É interessante ressaltar que não existe
melhores para o desenvolvimento de
nenhum item executado por apenas uma das
pesquisas futuras.
empresas. Logo, subentende-se que elas
Em relação à Vale, destaca-se que uma das estão alinhadas quanto ao referido assunto.
categorias é realizada na sua completude Isso se reflete ao observar a quantidade de
enquanto em outra foi assinalado que não há itens que são realizados pelas três
nenhuma atividade relacionada: “Eventos organizações: 74% do frame.
técnicos” e “Infraestrutura”, respectivamente.
Em relação à consistência da teoria frente à
É interessante ressaltar, que excluindo o item
aplicação, constata-se que 21% dos itens não
“technology brokering” todas as outras
são realizados por nenhuma das
atividades referentes a “Prestação de
organizações. Contudo, esse percentual pode
serviços” são executadas diretamente pelos
diminuir devido ao fato de que um mecanismo
próprios requisitantes e estão entre as mais
está com implementação prevista – “Fórum de
utilizadas pela empresa.
Internet” na Vale e Natura - e outros dois não
Por fim, no estudo da Natura, dentre todas as se encaixam no contexto dessas empresas –
categorias presentes, “Novos negócios” não 7.1 e 7.4, apenas serão realizados caso a
obteve nenhuma indicação de atividade empresa tenha surgido a partir de um deles.
realizada. A justificativa da empresa para este Desta forma, restam nesta situação os
ponto se baseia no fato de que não existe mecanismos:
nenhuma ação desta natureza pautada na
 7.3 Spin-offs desenvolvidos
sua estratégia. Além disso, a estruturação do
dentro de incubadoras e parque
Programa Natura Campus aponta a
tecnológicos;
colaboração de pesquisas como uma das
 9.2 Participação em cursos de
atividades mais importantes para o
empreendedorismo por alunos ou
cumprimento da estratégia da empresa,
funcionários da universidade;
principalmente por esta ter adotado um
 9.4 Supervisão conjunta de
modelo de inovação aberta.
teses de doutorado e mestrado;
Inicialmente, o estudo se restringia a analisar  10.6 Períodos sabáticos de
as interações das empresas apenas com profissionais.
universidades. Entretanto, ao longo da
realização dos estudos de casos, sentiu-se a
Assim, ao se analisar a nova configuração, a
necessidade de ampliar esse pressuposto,
proporção de mecanismos não realizados
dado que todas as organizações analisadas
pelas três empresas cai para 12%, um índice
não diferenciam o tratamento dado a
relativamente baixo. Nenhum dos
universidades ou instituições de pesquisa,
entrevistados na etapa de estudo de campo,
considerando, na realidade, o conceito de
acrescentou alguma forma realizada por eles
ICTs.
que não fizesse parte do frame. O estudo é
Assim, ao generalizar o conceito para ICT, restrito ao que o interlocutor conhece da
surge a possibilidade de uma empresa empresa, e uma conclusão mais apurada
incorporar centros de pesquisa, o que não é demandaria uma análise mais ampla e
esperado em se tratando de uma aprofundada de toda a organização. Por
universidade. Portanto, sugere-se que este conta disto, não foi objeto deste Projeto uma
mecanismo possa ser incluído numa nova análise dos gap’s das empresas em relação
versão do frame. ao frame.
A Tabela 1 em anexo consolida o resultado da Todas as três empresas consultadas para os
aplicação do frame em cada empresa estudos de campo contam com um
estudada. Nela, estão destacados os itens os departamento especializado para tratar de
quais apresentam uma divergência quanto à possíveis interações com o meio acadêmico.
sua realização ou não. Alguns itens Como o frame é amplo o suficiente para
apresentam situações onde uma das englobar tanto os mecanismos de interação
empresas não segue as respostas das relacionados à Pesquisa e Desenvolvimento
demais. Após o levantamento, chegou-se a quanto os relacionados à educação, nenhum
um resultado curioso, pois em nenhuma destes departamentos abrangem esses itens

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em sua completude. Onde existe uma baixa objetivo. O frame proposto neste artigo
formalidade, sua realização não está poderia apoiar essa movimentação, pois ele
necessariamente atrelada a esta estrutura. se torna um leque de opções pelas quais as
empresas podem se relacionar com as
Outro ponto convergente nos estudos de
universidades, ou vice-versa. Tal ferramenta
campo foi o consenso acerca da importância
tem o potencial de ser utilizada na etapa de
e preferência do desenvolvimento de
seleção dos mecanismos e, também, pode
pesquisas, sejam elas colaborativas ou
evoluir para a medição e avaliação das
contratadas. Isto está diretamente ligado com
condições atuais de trabalho.
suas políticas e estratégias de P&D.
Para que este frame se torne um modelo de
Conclui-se que, dentro do universo estudado,
referência, é necessário que ele seja testado
todas as organizações buscam trabalhar com
à sua exaustão. Como proposta para estudos
o conceito de Inovação Aberta e estão se
posteriores, sugere-se este processo de teste
estruturando para melhor atender a este
e posterior validação do frame aprimorado.

REFERÊNCIAS [7] LAMBE, P., Organising Knowledge:


taxonomies, knowledge e organisational
[1] BERCOVITZ, J., & FELDMANN, M., effectiveness. Chandos Publishing, 2007.
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Understanding Knowledge-Based Economic interactions in four fields”, Research Policy, n. 27,
Development”, Journal of Technology Transfer, n. pp. 835-851, 1998.
31, pp. 175-188, 2006. [9] PERKMANN, M., & WALSH, K., X
[2] BEKKERS, R., FREITAS, I.M.B., “Analysing “University–industry relationships e open
knowledge transfer channels between universities e innovation: Towards a research agenda”,
industry: To what degree do sectors also matter?”, International Journal of Management Reviews, v. 9,
Research Policy, n. 37, pp. 1837-1853, 2008. n. 4, pp. 259-280, 1998.
[3] BRIMBLE, P., & DONER, R. F., “University– [10] SCHARTINGER, D., RAMMER, C.,
Industry Linkages and Economic Development: The FISCHER, M.M., et al, “Knowledge interactions
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pp. 1021–1036, 2007. patterns e determinants”, Research Policy, n.31,
[4] D’ESTE, P., PATEL, P., “University–industry pp. 303-328, 2002.
linkages in the UK: What are the factors underlying [11] Sitio da Vale:
the variety of interactions with industry?”, Research <http://www.inovacaovale.com.br/itv.php>,
Policy, n. 36, pp. 1295-1313, 2007. acessado em 13/11/2010.
[5] ETZKOWITZ, H., The Triple Helix of [12] Sitio da Petrobras:
University-Industry-Government: Implications for <http://www.petrobras.com.br/pt/>, acessado em
Policy e Evaluation. Science Policy Institute, ISSN 20/11/2010.
1650-3821, 2002. [13] Sitio da Natura: <http://sfc.natura.net>,
[6] POHLMANN, T., Innovationspotenzial und acessado em 27/11/2010.
Patentverwertungsaktivitäten an ausgewählten [14] TIJSSEN, R.J.W., “Universities e
hessischen Hochschulen: Eine Analyse von industrially relevant science: Towards measurement
Innovationsverwertungsstrategien relevanter models e indicators of entrepreneurial orientation”,
Wissenschaftler. Dissertação para obtenção de Research Policy, n. 35, pp. 1569-1585, 2006.
grau. Philipps Universität Marburg, Marburg,
HESSEN, Alemanha, 2009.

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ANEXO
Tabela 1 - Framework dos tipos de interação de conhecimento entre universidade e empresa
Agrupamento Tipos de interação de conhecimento Cenpes Vale Natura W X Y Z
1.1 Reuniões e comunicações Sim Sim Sim + - +

informais
1.2 Fórum de internet Não Não Não +  - +
Comitês e
contato 1.3 Contatos pessoais via adesão a Sim Sim Sim + - +
associações e comitês (científicos,
pessoal
comitês industriais, conselhos 
administrativos e fóruns
governamentais)
2.1 Leitura em textos de patentes Sim Sim Sim - - -
encontrados em bases de dados de

Conhecimento patentes ou em escritórios oficiais de
protegido patentes
2.2 Licenciamento de diretos de Sim Sim Sim - + -

propriedade intelectual
3.1 Leitura de publicações Sim Sim Sim - - -
científicas em revistas ou livros,

relatórios, publicações profissionais,
Publicações e documentos de patentes
pesquisas 3.2 Publicações científicas conjuntas Sim Não Sim + - +

entre a universidade e a indústria
3.3 Programas de pesquisa Sim Sim Sim + + +

colaborativa
4.1 Contratação de pesquisa Sim Sim Sim +/ + +

-
4.2 Consultoria por membros de Sim Sim Sim +/ + +

Prestação de universidade -
serviço 4.3 Compra de produtos e protótipos Sim Sim Não - + -

desenvolvidos por universidades
4.4 Technology brokering Sim Sim Sim +/ - +/-

-
5.1 Pesquisa patrocinada Sim Sim Não +/ + +/-

-
5.2 Criação de instalações físicas Sim Sim Sim +/ + +/-
Financiamento com o financiamento da indústria -
(incluindo laboratórios dos campi, 
incubadoras e centros de pesquisa
cooperativa)
6.1 Uso de instalações da Sim Não Sim - + +/-
universidade (por exemplo,

laboratórios, equipamentos,
habitação) por parte das empresas
Infraestrutura 6.2 Uso de instalações das Sim Não Sim - + +/-
empresas (por exemplo,
laboratórios, equipamentos, 
habitação) por parte das
universidades

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Tabela 2 - Framework dos tipos de interação de conhecimento entre universidade e empresa
(continuação)
Agrupamento Tipos de interação de conhecimento Cenpes Vale Natura W X Y Z
7.1 Criação de novas empresas por Não Não Não + + +/-

membros da universidade
7.2 Instalação de empresas em Sim Sim Não +/ + +/-
incubadoras de negócios ou - 
Novos parques tecnológicos
negócios 7.3 Spin-offs desenvolvidos dentro Não Não Não +/ + +/-
de incubadoras e parque - 
tecnológicos
7.4 Start-ups incubadas ou em Não Não Não +/ + +/-

parques tecnológicos -
8.1 Visitas técnicas Sim Sim Sim +/ - +

-
8.2 Seminários para a indústria Sim Sim Sim +/ + +

-
Eventos 8.3 Palestras em universidades Sim Sim Sim +/ + +
técnicos ministradas por membros de - 
empresas
8.4 Conferências ou outros eventos Sim Sim Sim +/ - +
com a participação da universidade - 
e empresa
9.1 Treinamento dos membros da Sim Sim Sim +/ +/ +

empresa em universidades - -
9.2 Participação em cursos de Não Não Não +/ +/ +
empreendedorismo por alunos ou -  -
Capacitação funcionários da universidade
9.3 Treinamento in-company Sim Sim Sim +/ + +

-
9.4 Supervisão conjunta de teses de Não Não Não +/ +/ +/-

doutorado e mestrado - -
10.1 Mobilidade temporária de Sim Sim Não + + +
pesquisadores entre a indústria e a 
universidade
10.2 Profissionais que ocupam Sim Sim Não + + +
posições em ambos - universidade e 
empresa
10.3 Fluxo de membros da Sim Sim Sim + +/ -
Mobilidade de
universidade para posições na  -
trabalho
indústria
10.4 Estudantes trabalhando como Sim Sim Sim + + +/-

estagiários
10.5 Emprego dos diplomados pelas Não Sim Sim + +/ -

empresas -
10.6 Períodos sabáticos de Não Não Não + + +

profissionais
Fonte: Os Autores

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CAPÍTULO 16
VARIÁVEIS INOVATIVAS PARA OS SERVIÇOS
PRODUTIVOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTOS:
UMA PERSPECTIVA DO SETOR DE
TELECOMUNICAÇÕES
Alair Helena Ferreira

Resumo: O presente artigo tem como foco discutir os Serviços Produtivos


Intensivos em Conhecimento (SPICs), destacando qual é a natureza das atividades
dos fornecedores de serviços especializados para as empresas de telefonia no
Brasil. Questiona-se se é adequado aplicar o conceito de firmas intensivas em
conhecimento ao se analisar o setor de serviços de telefonia, na área de
telecomunicações brasileira. Pode-se afirmar que são firmas promotoras e co-
responsáveis pelo processo inovativo da produção de serviços de telefonia? As
diversas empresas que são analisadas nessa pesquisa atuam em atividades como
desenvolvimento de software e aplicativos para utilização em celular, serviços de
consultoria para empresas operadoras de telecomunicações até empresas de
equipamentos que prestam serviços de alto valor agregado. A partir desse grupo
de empresas entrevistadas são discutidas a existência e a natureza dos SPICs no
Brasil nesse setor. O trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa empírica
com empresas de vários estados e de caráter não só quantitativo como também
qualitativo, para entender a dinâmica dessas empresas. Os resultados mostram
uma alta porcentagem de empresas que fizeram inovação por meio de
investimentos em P&D – aqui também entendido como atividades de engenharia e
desenvolvimento de novo software – e usaram mão-de-obra qualificada. Outras
características dos SPICs são a alta interação com o mercado e institutos de
pesquisa e entre empresas multinacionais e locais. A pesquisa confirmou a
importância da qualificação do pessoal para o desenvolvimento da inovação,
mostrando claramente uma maior participação média de graduados, mestres e
doutores nas áreas de P&D das empresas que realizaram inovação. Foi confirmada,
portanto, a existência de SPICs na cadeia produtiva de telecomunicações no Brasil
e não somente um fenômeno de terceirização de atividades rotineiras pré-
existentes nas empresas do setor.

Palavras-chave: SPICs (Serviços Produtivos Intensivos em Conhecimento),


Telecomunicações, Inovação Tecnológica, Setor de Serviços.

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1. INTRODUÇÃO processo de aprendizado é fundamental para
o crescimento e competitividade das firmas. O
Nessa pesquisa questiona-se qual é a
gerenciamento da inovação e o fato dele
natureza das atividades dos fornecedores de
exigir integração das dimensões tecnológica,
serviços especializados para as empresas de
organizacional e mercadológica tem
telefonia no Brasil? É adequado aplicar o
importância fundamental para a compreensão
conceito de firmas intensivas em
das diferentes formas de inovação dos SPICs.
conhecimento ao se analisar o setor de
serviços de telefonia, na área de
telecomunicações brasileira? Pode-se afirmar
2. SERVIÇOS PRODUTIVOS INTENSIVOS EM
que são firmas promotoras e co-responsáveis
CONHECIMENTO: UMA DISCUSSÃO
pelo processo inovativo da produção de
CONCEITUAL
serviços de telefonia?
Conforme ressalta Strambach (2001), as
O objetivo da pesquisa é compreender a
organizações que se enquadram na categoria
cadeia produtiva do setor de
de SPICs, são: i) empresas que fornecem
telecomunicações sob a perspectiva das
serviços para outras firmas ou instituições
características da inovação das empresas
públicas, isto é, possuem como clientes as
que participam do segmento dos Serviços
empresas e não os usuários finais dos
Produtivos Intensivos em Conhecimento
serviços; ii) empresas de serviços intensivas
(SPICs) no Brasil.
em “conhecimento”, não incluindo, portanto,
O processo de inovação e a construção de serviços de reparos e manutenção ou
encadeamentos dinâmicos de cooperação serviços rotineiros, e; iii) empresas que
inter-firmas constituem-se como respostas estimulam a inovação ou produzem um efeito
das grandes corporações às incertezas de “spillover”, ou “transbordamento de
associadas às condições econômicas e aos conhecimento”, nas áreas em que essas
riscos associados às novas trajetórias empresas provêem os serviços.
tecnológicas. Por exemplo, com a
Uma característica crucial é que as empresas
reestruturação das indústrias a partir dos anos
de SPICs têm uma interação e comunicação
70, muitas delas desenvolveram estratégias
intensiva que acontece entre empresas
de produção flexível com o foco na sua
usuárias e fornecedoras do conhecimento.
atividade principal (core competence) e
Nesse processo de geração do serviço, as
externalizaram outras atividades, incluindo
relações de comercialização de SPICs
serviços. Essas mudanças organizacionais e
envolvem incerteza e assimetria de
produtivas vêm demonstrando a preocupação
informações. Neste caso, o serviço prestado
das empresas no sentido de focar suas
promove a evolução qualitativa do fator
atividades em funções diretamente
conhecimento, por isso se difere da compra
relacionadas com a atividade principal.
de um produto padronizado. Serviços
Assim, com a terceirização de serviços-meio,
intensivos em conhecimento são fornecidos
muitas atividades que eram contabilizadas
por empresas de diferentes ramos de
como indústria de transformação nos sistemas
atuação, inclusive de serviços que não
de contabilidade nacionais agora são
existiam há alguns anos. Tais empresas
atividades especializadas do setor de
surgem rapidamente com capacidade de
serviços.
responder às recentes demandas do mercado
O gerenciamento da inovação significa para no processo de reestruturação produtiva, que
Tidd et al. (2001) que as corporações devem exige flexibilidade e competência para
integrar as tecnologias com inovações de resolver problemas corporativos.
mercado e organizacionais. O incremento do

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 1: Serviços Produtivos Intensivos em Conhecimento (SPICs).
SPICs 1: Serviços Profissionais Tradicionais propensos a serem usuários de novas tecnologias
 marketing, propaganda
 treinamentos (em novas tecnologias)
 design (serviços que utilizam novas tecnologias)
 alguns serviços financeiros
 serviços de escritório (que utilizam novos equipamentos)
 serviços de construção (engenharia, arquitetura, serviços que utilizam novos equipamentos e novas
tecnologias, incluindo sistema de gestão)
 consultoria (e outros que utilizem novas tecnologias)
 contabilidade
 serviços jurídicos
 serviços ambientais (não baseados em tecnologias elementares)
SPICs 2: SPICs baseados em novas tecnologias
 redes de computadores/telemática (exemplo: VANs, database on-line)
 alguns serviços de telecomunicações (especialmente novos negócios)*
 software*
 outros serviços relacionados à computação
 treinamento em novas tecnologias
 design que utilize novos equipamentos de escritórios
 serviços de escritório (especificamente aqueles que utilizem TI)
 consultorias que utilizam novas tecnologias*
 engenharia técnica*
 serviços ambientais que utilizam novas tecnologias, exemplo: intermediando, monitorando,
serviços de laboratório/científico.
 Consultoria em P&D e em alta tecnologia*
Nota: *SPICs estudados nesta pesquisa.
Fonte: Miles, I. (1995) apud Roberts, J. (2000, p.13).

O setor de telecomunicações passa 3. METODOLOGIA


constantemente por mudanças, em parte pela
A pesquisa está estruturada com base em um
abertura de mercado e privatização. O
survey, realizado pela autora entre 2006 e
dinamismo tecnológico é um fator
2007, de empresas do setor de serviços
determinante para garantir a competitividade
intensivos em conhecimento de telefonia.
das empresas que atuam nesse segmento. As
Esse survey permite a caracterização dos
configurações tecnológicas e organizacionais
SPICs nesse setor, compreendendo a
futuras da área são determinadas por esse
intensidade de conhecimento agregado à
dinamismo. Muitos trabalhos foram
cadeia de valor, o entendimento da
desenvolvidos com empresas transnacionais
organização da prestação de serviços nesse
fabricantes de equipamentos de
segmento e sua dinâmica de inovação.
telecomunicações – destaca-se, entre eles,
Galina (2003) – com o objetivo de verificar as O foco de investigação são empresas
tendências do desenvolvimento local para o desenvolvedoras de software para os serviços
desenvolvimento de produtos. de telefonia, consultorias e empresas de
equipamentos (ou seja, o foco está nos
fornecedores de SPICs), caso estas

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


desenvolvam serviços de alta tecnologia para cadastro ou registro a partir do qual fosse
os seus clientes corporativos em atividades possível montar uma amostra.
centrais para o seu funcionamento e que,
A pesquisa exploratória sobre o mercado de
principalmente, agreguem conhecimento ao
telecomunicações, por meio da técnica de
negócio. Essas duas áreas (desenvolvimento
entrevistas semi-estruturadas, foi a primeira
de software e telecomunicações) têm grande
etapa da pesquisa de campo, com o objetivo
participação na receita do setor de serviços e
de obter os dados para mapear o setor de
são áreas em que a inovação tem acontecido
telecomunicações e entender os principais
rapidamente, justificando o foco na interação
processos dessa cadeia produtiva. De acordo
entre elas.
com Yin (2002), as entrevistas semi-
Serão consideradas nesta pesquisa, portanto, estruturadas são aplicadas para temas
as empresas de serviços que atuam em complexos e conduzidas pelo entrevistador
atividades de informática – fornecedoras de através de um roteiro de questões sobre o
software para empresas de telecomunicações tema.
–, pesquisa e desenvolvimento (P&D),
Com base na pesquisa exploratória foram
serviços prestados às empresas (serviços de
definidos os critérios para a construção da
engenharia, de assessoramento técnico
amostra, conforme abaixo:
especializado, ensaios de materiais e de
produtos, análise de qualidade).
A pesquisa foi realizada por meio de uma  Empresas inseridas na cadeia de
amostra intencional de empresas de SPICs telecomunicações que desenvolvem
integrantes da cadeia produtiva do setor de atividades de serviços;
telecomunicações. Justifica-se esta escolha
 Empresas que fazem atividades de
pela necessidade de construir um
desenvolvimento de software;
questionário para produzir os dados primários
desta pesquisa, uma vez que não é possível  Empresas que possuem um potencial
selecionar o setor de SPICs em inovador;
telecomunicações, a partir das bases de
 Empresas citadas durante a entrevista
dados primários já existentes. Este é um
exploratória e indicadas por órgãos do
estudo exploratório, e segundo, não há um
setor, como a Abeprest e Telebrasil;

Figura 2: Empresas entrevistadas na cadeia de telecomunicações e suas interações.

Fonte: Elaboração própria, a partir de informações coletadas em campo, entre junho/2006 e junho/2007.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO características do processo inovativo dessas


empresas, que prestam serviços de alto valor
Nesta seção são analisados os indicadores
agregado para clientes de telecomunicações.
obtidos a partir da pesquisa de campo
realizada nas empresas fornecedoras de Os serviços, apresentados na Figura 3, foram
serviços, além de entender quais são as eleitos pela freqüência das respostas e dizem

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


respeito à natureza dos SPICs no setor de realização. Essa evidência é observada pela
serviços de Telecomunicações. Revelam uma alta taxa de pessoas alocadas em atividades
alta necessidade de conteúdo tecnológico e de P&D nos serviços que, nesta amostra, foi
conhecimento especializado em sua de 66%, conforme os dados da pesquisa.

Figura 3: Tipos de serviços ofertados pelas empresas de SPICs da amostra, para a cadeia de
telecomunicações
Serviços ofertados pelas empresas de SPICs da amostra
 Entretenimento (música, vídeo, blog).
 Automação de equipes de campo.
 Integração de Sistemas, Billing, Data Centers, Segurança, Fornecimento de Produtos de TI
(Servidores, Roteadores, Switchs, etc.).
 CRM, Mediação, Interconexão, Conteúdo, Aprovisionamento e Tramitação, Captura de
Ordens; Implementação, Consultoria estratégica.
 Integração de Serviços, automatização de call centers, soluções de mensagem e
mobilidade, solução para hospedagem de sites, CRM.
 Consultoria, Design, Instalação, Integração, Manutenção e Operação de Redes de
Telecomunicações.
 OSS/BSS – Sistema de Suporte a Operação para o Gerenciamento de QoS e Desempenho
de Rede baseado no tratamento on-line de registros de uso de rede (CDR, IPDR), Professional
Services – Suporte e manutenção, treinamento e implantação de processos operacionais.
 Sistemas de Suporte a Operações e a Negócios (Sistemas de Software) voltados para:
Gerência da Planta, Gerência da Força de Trabalho, Gerência de Centrais, Tarifador
Convergente, Supervisão de Rede Óptica e Supervisão de Telefonia Pública. Ensaios
envolvendo Interoperabilidade de Terminais para empresas celulares. Desenvolvimento de
Sistemas de Software sob demanda.
 Gestão de co-billing.
 Construção de Redes de Acesso Metálicos, Construção de Redes de Acesso Ópticos,
Construção de Backbones Ópticos, Comunicação de Dados, Implantação de Rádio Enlaces,
Implantação de Estação Terrena de Satélite, Infraestrutura / expansão Telefonia Celular,
Implantação SDH.
 Execução de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento envolvendo desenvolvimento de
Hardware, Software e mecânica.
 Comutação Digital de Circuitos (rede fixa), Unidades autônomas e cabeceiras, centrais
trânsito, Redes de sinalização SCC#7, Plataformas de Serviços, Plataformas Anti-fraude, redes
de nova geração,(NGN e IMS), serviços de suporte, manutenção e operação assistida.
 Serviços de Tecnologia de Informação (Suporte a servidores e estações de trabalho,
usuários, manutenção de equipamentos de comunicação e de TI, help desk)
Fonte: Elaboração própria, a partir de informações coletadas em campo, entre junho/2006 e junho/2007

A inovação tecnológica nas empresas do desenvolvimento econômico. A necessidade


setor terciário têm sido um tema de debate de incorporar este debate nas discussões de
internacional, à medida em que os serviços âmbito nacional é um fator preponderante
começam a se tornar comercializáveis, para a criação de novas possibilidades de
debate feito no primeiro capítulo. O aumento crescimento para empresas que têm o
do interesse por este tema, por parte de conhecimento como principal produto. A
órgãos públicos internacionais, tem um reflexo capacidade inovativa das empresas de
direto na proposição de políticas para o serviços nos países em desenvolvimento

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


pode ser uma “janela de oportunidade” para A decisão de incluir produtos, processos e
superar o atraso no desenvolvimento serviços na mesma questão ocorreu porque
econômico e uma possibilidade de fomentar no setor de serviços estes dois conceitos são
empregos qualificados no país. interdependentes e muitas vezes
sobrepostos. Esta foi a mesma concepção da
A taxa de inovação tecnológica, nas
PAEP, que em 2001 elaborou a questão com
empresas entrevistadas foi de 77%,
esta mesma característica.
destacando as fizeram pelo menos uma
inovação tecnológica de produto ou processo As empresas de serviços de alta intensidade
no período de 2003 a 2006. Este valor pode tecnológica, com mais de 10 pessoas
ser considerado alto, se comparado, por ocupadas, apresentaram taxas de inovação
exemplo, com os dados da PAEP (2001) em acima das observadas na indústria, segundo
que, mesmo nos setores mais inovadores a Pintec (2005). Nesta pesquisa de inovação
como informática e telecomunicações, as tecnológica, realizada pelo IBGE referente ao
empresas perfizeram 29,73% e 14,88%, período de 2003 a 2005, foram incorporadas
respectivamente. Como o objetivo dessa empresas de serviços de telecomunicações,
pesquisa é justamente estudar as informática e Pesquisa e Desenvolvimento. Os
características das empresas inovadoras resultados apontam que, entre as 3,8 mil
nesse setor, esse recorte da amostragem é empresas de informática, 57,6% afirmaram ter
adequado. feito inovações de produto ou processo. Entre
as empresas de telecomunicações, das 393
Ainda assim, seria possível argumentar, para
empresas, 45% implementaram produto ou
o caso da amostra desta pesquisa, como em
processo tecnologicamente novo. Já nas 42
uma amostra de SPICs pode ocorrer 23% de
empresas de serviços de pesquisa e
empresas que não inovaram? Já que, de
desenvolvimento, 97,6% apresentaram
acordo com a definição utilizada, as
inovações, coerentes com a natureza das
empresas de SPICs fazem essencialmente
atividades. Enquanto na indústria, mantendo-
inovações para seus clientes. As respostas
se o corte de 10 pessoas ocupadas, com a
apontam para uma possível diversificação de
participação de 91 mil empresas no ano de
atividades que estão na trajetória das
2005, a taxa de inovação foi de 33,3%,
terceirizações, ou seja, atividades vinculadas
mantendo-se o comportamento do período
a processos que envolvem maior rotina no
anterior da mesma pesquisa (33,4%).
aprovisionamento de serviços para os seus
clientes. Por exemplo, a implantação de rádio Esses dados mostram que a taxa de inovação
e estações terrenas de satélite que permitem nesta pesquisa pode ter sido influenciada por
acessos de voz, dados e imagem. Há alguns alguns dos motivos citados no item
anos várias empresas eram contratadas para dificuldades para inovar, como custos e riscos
construir os acessos, de acordo com a econômicos.
tecnologia adotada. Atualmente já existem
Nählinder (2005) seleciona os setores
empresas que possuem soluções sofisticadas
potenciais de SPICs, destacando atividades
tecnologicamente, que fazem o processo
relacionadas a informática, pesquisa e
completo aumentando a rapidez e a
desenvolvimento e outras atividades
qualidade da implantação, como
empresariais (setores 72, 73 e 74 International
conseqüência promove a diminuição de
Standard Industrial Classification of all
preços devido ao aumento de escala, sendo
Economic Activities ISIC, respectivamente),
atendido por um só fornecedor, com
apontando 81,2% de inovação no survey de
diminuição de custos administrativos. Nessa
empresas pesquisadas no período de 2000 a
mesma linha, alguns serviços de operação,
2002, na Suécia. Nesta pesquisa a autora
manutenção, implantação de sistemas de
utilizou duas bases de dados de pesquisas
telecomunicações tendem a ser serviços
sobre inovação. A primeira CIS2 – Community
terceirizados na cadeia produtiva. Em linhas
Innovation Survey II– no período dos anos de
gerais, as operadoras tendem a subcontratar
1994 a 1996, composta por empresas com
as atividades de rotina, como a operação da
mais de 10 funcionários. A outra base foi de
rede, onde não há valor agregado e outras
uma agência que visa o crescimento
empresas têm essa competência-chave,
econômico e desenvolvimento regional na
podendo executar tais tarefas com maior
Suécia, a NUTEK. Um dos seus serviços é
produtividade, qualidade e a custos
fornecer bases com dados estatísticos sobre
reduzidos.
a Suécia, neste caso foi utilizada uma base

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


com mais de 20 funcionários, no período de utilização do serviço pode evoluir de acordo
1996 a 1998. com a competitividade e as exigências do
mercado.
Segundo o IBGE (2007, p. 36):
No item dificuldade para inovar, as empresas
destacam o alto custo da inovação como o
A maior propensão a inovar – ditadas principal elemento dificultador do processo
nas telecomunicações e na inovativo, aliado a outros fatores financeiros
informática pelas necessidades de como risco do investimento e dificuldades
mercados muito dinâmicos e pelas para obter financiamento. As empresas de
investidas da concorrência – não é o pequeno e médio porte são mais suscetíveis a
único diferencial no padrão de essas dificuldades financeiras.
inovação vigente nos serviços de alta
Em relação ao grau de novidade das
intensidade tecnológica quando
inovações realizadas no período de 2003 a
comparado com o da indústria como
2006 nas empresas pesquisadas, a grande
um todo...aspectos tecnológicos
maioria fez inovação para o mercado
destes segmentos dos serviços fazem
brasileiro (64%). Em termos técnicos, este
prevalecer a estratégia de inovar em
produto/serviço não se trata, conforme a
produto e processo.
resposta do questionário, de simples
adaptação de tecnologia estrangeira, mas
sim, na maior parte dos casos (60% das
Mais relevantes que essa porcentagem de
respostas) de desenvolvimento
empresas é a compreensão dos produtos de
completamente inovador, ainda que baseado
seu processo inovativo, descritos pelo Quadro
em informações do mercado internacional.
5. No questionário, foi solicitado ao informante
que citasse, por ordem de importância, os As empresas de SPICs têm um padrão que
principais produtos, serviços ou processos denota uma agressividade para introdução de
tecnologicamente novos ou significativamente novos produtos/serviços nos mercados
aperfeiçoados na empresa no período de nacionais, já que o aprendizado acumulado
2003 a 2006, que atenderam aos clientes de faz com que as empresas possam reproduzir
telecomunicações, segundo o critério de as metodologia de trabalho, ganhar
expansão dos negócios ou eficiência, experiência e reduzir custos por meio da
indicando as novidades e explicando as escala dos projetos realizados. Do ponto de
características e benefícios da inovação. vista da empresa provedora de SPICs, os
clientes são vistos como organizações que
Com a reestruturação de mercado e aumento
possuem diferentes problemas, de origens
das terceirizações na área de tecnologia da
variadas e por meio da interação com os seus
informação, nota-se um maior rigor no
funcionários, a empresa de SPICs identifica o
processo de compra de serviços baseados
gargalo e faz desenvolvimentos tecnológicos
em novas tecnologias, seja por parte de
para adaptar tecnologias apreendidas em
bancos, indústrias, governo ou outras
clientes atendidos anteriormente. Nesse
empresas do setor de serviços.
sentido a metodologia pode ser reproduzida
Nota-se, além disso, uma grande para identificar o problema, no entanto, a
preocupação em relação ao controle do interpretação e a resolução do problema são
processo de prestação de serviços, tanto por individuais, direcionadas a cada cliente
parte do cliente como do fornecedor de corporativo de modo diferente.
serviços. No Brasil, aproximadamente 59%
das empresas já adotaram o conceito de
Service Level Agreement (SLA) para a 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
garantia do nível de serviços em TI. Já nos
O foco do artigo é questionar as seguintes
Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa
abordagens: qual é a natureza das atividades
realizada pela Pricewaterhouse Coopers
dos fornecedores de serviços especializados
revelou que 85% das empresas já utilizam
para as empresas de telefonia no Brasil? É
uma ferramenta para gestão automatizada de
adequado aplicar o conceito de firmas
SLA, sendo que, deste universo, 76% são
intensivas em conhecimento ao se analisar o
empresas do segmento de telecomunicações.
setor de serviços de telefonia, na área de
A partir do Quadro 8, percebe-se que existe
telecomunicações brasileira? Pode-se afirmar
uma mesma tendência no Brasil de adoção
que são firmas promotoras e co-responsáveis
deste tipo de ferramenta, sendo que a

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pelo processo inovativo da produção de levam a uma reposta afirmativa. Qual seria,
serviços de telefonia? então, a natureza dessas atividades? Nota-se
que as operadoras passaram a se preocupar
Sobre o tema de SPICs são encontrados
com os seus modelos de negócio, que
alguns estudos no âmbito do Brasil, tais como
representam o foco da sua lucratividade, não
Kubota (2006), Bernardes (2005) e Cerqueira
mais com atividades de tecnologia ou
e Quadros, (2002). Além disso, as pesquisas
engenharia. Estas, como pertencem a uma
internacionais já possuem um maior grau de
área dinâmica, em constante renovação, são
maturidade e apontam os efeitos dos SPICs
difíceis de serem acompanhadas em termos
para o crescimento econômico dos países da
de investimentos e podem ser delegadas a
OCDE (GALLOUJ, 1997; MILES et al., 2000,
outras empresas do grupo ou mesmo aos
STRAMBACH, 2001; MIOZZO e SOETE, 2001;
próprios fornecedores, responsáveis pela
NÄHLINDER, 2005).
geração de novos produtos e soluções. Em
Os resultados da pesquisa apontam para a alguns casos de operadoras multinacionais,
existência de empresas híbridas em relação que atuam em escala, em diferentes
aos SPICs no Brasil, ou seja, não há somente mercados, as suas atividades de
uma terceirização de atividades rotineiras das desenvolvimento ganharam status de uma
empresas deste setor. O indicador de nova divisão de negócios dentro da empresa.
intensidade em P&D (66%), representado pela
Consolidando os dados das entrevistas, foram
relação entre pessoal alocado em P&D e P.O.
apresentadas as características e as
total, sugere a existência de empresas de
principais condutas dessas empresas no
SPICs que agregam conhecimento na cadeia
sentido de desenvolverem atividades de
produtiva de telecomunicações e possuem
engenharia e desenvolvimento de software
condutas inovativas.
para os clientes de telecomunicações. Quanto
Os resultados mostraram a distribuição à primeira (e mais importante) pergunta, se
percentual dessas atividades, da seguinte existem SPICs no Brasil, pode-se concluir que
forma: o destaque dentro do grupo atividades sim. As evidências são observadas a partir da
de informática é o desenvolvimento de amostra, que apresentou uma alta
software, com o maior número de empresas, porcentagem de empresas que não só
quase 40%, que representam a maior receita fizeram inovação como uso de mão-de-obra
líquida (31,7%), maior índice de pessoas qualificada, mas que apresentaram ainda
ocupadas (32,2%), salários (37,37%) e outras características dos SPICs, tais como
retiradas de pró-labore dos sócios, proxyes alta interação com o mercado e institutos de
da variável lucro (36,81%). No segundo grupo pesquisa e entre empresas multinacionais e
destaca-se a pesquisa e desenvolvimento em locais.
ciências físicas e naturais, com a participação
Dois benefícios da inovação foram citados na
de quase 70% e maior número de pessoal
pesquisa como os de maior impacto: para os
ocupado. Enquanto, no terceiro grupo, as
fornecedores foi o aumento do seu mix de
atividades de serviços prestados
produtos e serviços e assim de sua
principalmente às empresas, as atividades
participação no mercado; enquanto, para os
jurídicas, contábeis e de assessoria em
clientes, foi o aumento de eficiência e redução
gestão empresarial estão se destacando com
de custos.
maior desempenho em termos dos
indicadores de receita líquida, pessoal Devido à relevância do tema, espera-se que
ocupado, salário e retiradas de pró-labore. futuros trabalhos possam ser realizados com
Neste sexto tópico foram discutidas as o objetivo de dar continuidade aos resultados
recomendações para a continuidade da obtidos nessa pesquisa. Realizar pesquisas
pesquisa. com empresas para verificar como a inovação
no setor de telecomunicações “transborda”
Observou-se que o indicador de 66% de
para outros setores da economia,
intensidade em P&D, que se refere à
particularmente nos SPICs, seria, certamente,
quantidade de pessoas ocupadas em
outro possível futuro trabalho, de amplo
atividades de P&D em relação ao total de
interesse no campo dos SPICs em âmbito
pessoal ocupado nas empresas da amostra,
nacional.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


REFERÊNCIAS [8]. MIOZZO, M; SOETE, L. Internationalization
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Simpósio de Administração da produção, logística employment in services: the case of knowledge
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[2]. GALINA, Simone Vasconcelos Ribeiro. Change. Sweden. 2005.
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Publishing, 2000, 159-174p. 200p.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 17
COMPETÊNCIAS PARA INOVAR EM EMPRESAS DE BASE
TECNOLÓGICA: UM ESTUDO NA INCUBADORA
TECNOLÓGICA DE CAMPINA GRANDE – PB

Luciene Alencar Firmo Abrantes


Maria Jose da Silva Feitosa
Suzanne Erica Nobrega Correia

Resumo: É importante investigar as competências que podem ser associadas à


elaboração dos processos de inovação, como forma aprimorá-los, visto que a
carência de competências no decorrer dos processos de produção pode danificar
a efetivação da inovvação no que tange ao resultado final do produto. Em
Empresas de Base Tecnológica (EBTs), a necessidade de se desenvolver
competências para inovar é ainda maior, devido à intensa competitividade
visualizada no contexto de atuação dessas empresas. Diante do exposto, este
artigo objetiva verificar as competências para inovar nas empresas de base
tecnológica alocadas na Incubadora Tecnológica de Campina Grande - PB. Para
tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva, bibliográfica, de abordagem
quantitativa. Os dados foram analisados com base na estatística descritiva. Os
resultados mostraram que dentre as dez competências consideradas ideais para
inovar, apenas duas apresentaram-se parcialmente desenvolvidas, a saber:
“Financiamentos para inovação” e “Gestão da propriedade intelectual”, visto que
ambas apresentaram as menores médias dentre as competências avaliadas
(46,15% e 46,16%, respectivamente). Apesar das empresas estudadas
desenvolverem a maioria das competências necessárias ao processo de inovação,
para que este ocorra efetivamente, é importante que atenção seja direcionada para
o desenvolvimento total das competências em estágio parcial.

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1. INTRODUÇÃO humano, o qual proporciona um melhor
aproveitamento dos métodos e agilidades que
O desenvolvimento de competências como
os indivíduos conseguem desenvolver ao
forma de aperfeiçoar os processos de
longo dos anos.
inovação vem, ao longo dos anos, sendo
considerado o foco de diferenciação de uma De maneira ampla, é fato que a inovação
empresa entre seus concorrentes e uma proporciona competitividade e produtividade,
maneira de sobrevivência no mercado, uma e isso leva ao aumento da rentabilidade
vez que este é inconstante e dotado de empresarial. É verdadeiro também que já são
complexidade. Nesse cenário, a inovação é muitas as organizações que visualizaram a
uma alternativa para as empresas se importância de inovar, porém, não são todas
adequarem às constantes mudanças as que conseguem combinar seus recursos e,
impostas pelo contexto no qual estão sobretudo, suas competências para inovar.
inseridas. Dessa maneira, organizar paralelamente as
competências ditas como necessárias ao
Neste sentido, é importante investigar as
processo de inovação é um desafio que
competências que podem ser associadas à
proporciona melhor visão do mercado, assim
elaboração dos processos de inovação, como
como o alcance dos resultados esperados
forma aprimorá-los, visto que a carência de
pela organização.
competências no decorrer dos processos de
produção pode danificar a efetivação da Diante de tais considerações, o presente
inovação no que tange ao resultado final do estudo se propõe a verificar as competências
produto. Nesse sentido, Alves, Bomtempo e para inovar nas Empresas de Base
Coutinho (2005) alertam que inovações Tecnológica (EBTs), alocadas na Incubadora
iniciadas a montante da cadeia produtiva Tecnológica de Campina Grande – PB (ITCG).
podem não apresentar os resultados É importante ressaltar que esses
desejados em termos de produtos finais, empreendimentos têm como base a
devido ao fato de terem sido bloqueadas por competitividade, e para alcançá-la procuram
ausência de competências em níveis a desenvolver esforços tecnológicos no que
jusante. tange ao desenvolvimento de novos produtos
e projetos inovadores. Nesse sentido, as
Assim sendo, observa-se que há uma relação
EBTs, ao canalizarem esforços para inovação,
de dependência entre as competências de
não apenas impulsionam seus recursos para
uma firma e seu comportamento inovador.
novos usos, mas constroem novos recursos
Cabe ressaltar que a capacidade de inovação
estratégicos, competências ou capacidades
está vinculada a um ambiente dinâmico e
estratégicas (SERRA et al., 2008).
este, por sua vez, é definido por meio de
competências geradas pela organização.
Nesse contexto, a empresa promove
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
competências para inovar (BOMTEMPO;
ALVES, 2007). 2.1 COMPETÊNCIAS PARA INOVAR
Diante dessa ótica de análise, a capacidade A noção de competências é rica e adequada
de inovar não depende apenas da bagagem para entender a dinâmica da inovação dentro
tecnológica que a organização conseguiu de um contexto orientado à aprendizagem e
desenvolver ao longo dos anos, mas envolve criação do conhecimento (ALVES;
também uma avaliação das competências BOMTEMPO; COUTINHO, 2005). Assim
que a empresa detém e as que são sendo, o conceito de inovação está atrelado
consideradas vitais para a introdução de uma ao de competências e essa associação tem
inovação. Para tanto, é necessário o sido investigada por meio de três enfoques
desenvolvimento e o aprimoramento dessas diferentes, a saber: a busca pela definição
competências e dos recursos para a geração das competências necessárias para inovar, a
de novas tecnologias. procura pelo entendimento de como certa
inovação desenvolve competências, e a
O desenvolvimento de investigações voltadas
tentativa de estabelecer estratégias voltadas
para introdução de inovações nas
para avaliação de inovações e a forma como
organizações como forma de gerar melhorias
impacta no progresso técnico (CUNHA,
nos processos, produtos e gestão, está além
2009).
de compreender, aperfeiçoar e agilizar as
técnicas já implantadas, visto que enfoca No caso do presente trabalho a ênfase está
também habilidades para explorar o potencial direcionada à definição de competências

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para inovar, ou seja, à determinação dos seguinte classificação: competências de
conhecimentos e habilidades de posse da meio, ou seja, aquelas relacionadas à
organização que podem tornar o processo de infraestrutura; competências técnicas, as
inovação seguro, certo e rentável. Essa quais se referem à habilidade de utilizar
orientação é defendida nos estudos de efetivamente o conhecimento tecnológico;
François et al. (1999). Para esses autores, a competências organizacionais, as quais
inovação passa a ser o objetivo maior para o favorecem a criação de novos conhecimentos
qual ocorre o desenvolvimento de e formas de aprendizagem; e competências
competências. Em outras palavras, trata-se da relacionais, as quais dizem respeito aos
inovação como finalidade que deve propiciar mercados e a capacidade de cooperar e
também rentabilidade. formar alianças e se apropriar das tecnologias
externas.
No entendimento de Munier (1999), a
inovação não decorre excepcionalmente de Dando continuidade às pesquisas referentes
estudos em laboratórios de pesquisa e à temática em questão, Alves, Bomtempo e
desenvolvimento ou da posse de Coutinho (2005) fizeram uma adaptação da
equipamentos e componentes que seguem a ferramenta proposta por François et al (1999)
evolução tecnológica. Contudo, é resultado e a aplicaram na indústria petroquímica
também uma junção de conhecimentos e brasileira com o objetivo de identificar e medir
habilidades difundidos pelos integrantes da o nível de desenvolvimento das competências
empresa e pela própria organização. Isso para inovar nessa indústria. Na aplicação do
significa que de nada adianta a empresa instrumento foram avaliadas as seguintes
possuir uma diversidade de ativos, se não competências: (1) inserir a inovação na
detém as competências necessárias para estratégia de conjunto da empresa; (2) seguir,
desenvolvê-los, o que mostra ser necessário prever e agir sobre a evolução dos mercados;
alinhar os recursos como forma de obter (3) desenvolver as inovações; (4) organizar e
vantagem competitiva e garantir a dirigir a produção de conhecimento; (5)
sobrevivência em ambientes dinâmicos. apropriar-se das tecnologias externas; (6)
gerir e defender a propriedade intelectual; (7)
Reconhecendo a importância do
gerir os recursos humanos numa perspectiva
desenvolvimento de competências para
de inovação; (8) financiar a inovação; (9)
inovar, François et al. (1999) identificaram
vender a inovação; (10) cooperar para inovar.
uma série de competências e em seguida as
reuniram em um grupo de nove, a saber: Essas dez competências compõem o grupo
inserir a inovação na estratégia de conjunto ideal de competências para inovar (ALVES;
da instituição; desenvolver inovações; BOMTEMPO; COUTINHO, 2005). Como uma
organizar e dirigir a produção do continuidade do estudo desses autores, a
conhecimento; gerenciar e defender a presente investigação visualizou a
propriedade intelectual; gerenciar os recursos possibilidade de verificar o grau de
humanos numa perspectiva de inovação; desenvolvimento dessas competências nas
seguir prever e agir sobre a evolução dos EBTs alocadas na ITCG. Para tanto, foram
mercados; se apropriar das tecnologias utilizados os seguintes procedimentos
externas; financiar a inovação; e vender a metodológicos.
inovação. Esses mesmos autores também
criaram instrumentos para avaliar as
competências organizacionais e os quais 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
denominaram “questionário de
Foi realizada uma pesquisa descritiva,
competências”. Conforme Alves, Bomtempo e
conforme Gil (2011), já que foram descritas as
Coutinho (2005), o questionário limita-se
características das empresas objeto de
exclusivamente a perguntar aos sujeitos da
estudo, considerando as peculiaridades das
pesquisa se eles consideram que suas
mesmas.
empresas detêm uma lista de competências
determinadas antecipadamente com base Quanto aos meios, foi utilizada pesquisa
para a inovação. bibliográfica para efetivação da revisão de
literatura e investigação de campo, devido à
As competências estabelecidas e agrupadas
necessidade que se teve de ir ao lócus de
por François et al. (1999), foram
estudo (ITCG) para observação e coleta de
posteriormente reagrupadas em quatro
dados (GIL, 2011).
grupos por Munier (1999). Nesse momento, as
competências para inovar passaram a ter a

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Em se tratando da abordagem, trata-se de um consolidação das competências nas
estudo quantitativo, baseado na estatística empresas investigadas.
descritiva, especificamente, média, desvio
padrão e coeficiente de variação. O universo
de estudo da pesquisa foram as EBTs 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
situadas na ITCG. Das 38 empresas RESULTADOS
incubadas, 20 são estruturadas fisicamente e
4.1 PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS
18 virtualmente. A pesquisa se restringiu às
empresas incubadas fisicamente, e foram os A pesquisa foi efetivada em treze Empresas
gestores das empresas os sujeitos desse de Base Tecnológica, as quais desenvolvem
estudo. suas inovações em três perspectivas, quais
sejam: (1) tecnologia e serviços, (2)
Nesses termos, foi utilizada uma amostra não
tecnologia e produtos e (3) gestão
probabilística por acessibilidade, de acordo
estratégica, sendo essas duas últimas em
com Gil (2011), visto que foram pesquisados
menor intensidade. Parte considerável dessas
13 empreendimentos dentre os 20 instalados
empresas tem entre dois e três projetos
fisicamente, isto é 65% do universo, o qual
desenvolvidos com a finalidade de incorporar
possibilitou uma representação positiva à
novas tecnologias, assim como lançaram de
análise confiável das variáveis quantitativas.
um a três produtos/serviços no mercado, nos
A coleta de dados foi efetivada por meio de últimos três anos. A maioria das EBTs
um questionário, composto por duas partes e estudadas possui até cinco colaboradores, o
contendo 23 questões, organizado em escala que as caracteriza, conforme o SEBRAE
de Likert de cinco pontos, cujos extremos (2010), como micro empresas.
eram “discordo totalmente” e “concordo
Os gestores dessas organizações são
totalmente”. As afirmativas contemplaram as
engenheiros e administrados com idade entre
dez competências utilizadas nos estudos de
20 e 30 anos, que têm formação superior
Alves, Bomtempo e Coutinho (2005). Para
variando entre especialização, mestrado e
efeito da análise dos dados foram
doutorado. Nesta perspectiva, é importante
considerados apenas os níveis de
ressaltar que as atividades desenvolvidas por
concordância parcial ou total, como forma de
tais profissionais, estão relacionadas com a
verificar o grau de consolidação das
formação que os mesmos adquiriram e suas
competências para inovar nas empresas
empresas têm poucos anos de funcionamento
objeto de estudo.
(até três anos de atividade).
O processo de tratamento e análise dos
Após essa breve contextualização atinente às
dados ocorreu com o auxílio do Statistical
peculiaridades das empresas objeto de
Package for the Social Sciences – SPSS®
estudo, a seguir estão explicitados os
16.0, instalado no laboratório do Programa de
aspectos relativos às competências para
Pós Graduação em Administração da
inovar em empresas de base tecnológica.
Universidade Federal de Pernambuco
(PROPAD/UFPE). Por meio do referido
software foram calculados a média, o desvio-
4.2 COMPETÊNCIAS PARA INOVAR
padrão, o coeficiente de variação, para todos
os indicadores, assim como a média global No que diz respeito à inovação, indicou-se um
concernente às competências para inovar, grupo de 10 (dez) competências
como forma de visualizar o grau de apresentadas como um conjunto “ideal” para
inovar.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Tabela 1: competências apresentadas como um conjunto “ideal” para inovar
Média por
COMPETÊNCIAS Desvio Coeficiente
INDICADORES Indicador
PARA INOVAR Padrão de Variação
em %
A empresa dedica uma estrutura para
projetos de Pesquisa e Desenvolvimento 76,92 0,1044 0,0013
1. Desenvolvimento
(P&D)
de invenções
Existe um perfil padrão dos funcionários para
76,93 0,0954 0,0012
atuar nessa estrutura de P&D
2. Inserção da Ao elaborar seu planejamento estratégico, a
inovação na empresa inclui a inovação como parte desse
100 5,1901 0,0671
estratégia da planejamento, assim como define metas e
empresa objetivos relativos à inovação
A empresa preocupa-se em acompanhar o
ambiente externo no seu mercado de atuação
77,65 0,0624 0,0008
3. Acompanhamento no que se refere aos avanços tecnológicos, à
da evolução dos concorrência e aos clientes
mercados A empresa busca se posicionar em relação à
inovação no mercado em que atua definindo 77,65 0,0624 0,0008
ações para isso
Existe uma política para relacionamentos
cooperativos (propriedade intelectual, gestão 69,23 1,8690 0,0241
4. Cooperação para de projetos)
inovação A empresa sente-se motivada e beneficiada a
partir de cooperações em projetos de 92,31 3,4259 0,0443
inovação
A empresa encontra dificuldade para obter
46,15 7,1639 0,0926
financiamentos para desenvolver inovações
5. Financiamento
A empresa trabalha fazendo financiamentos
para inovação
para investir no desenvolvimento de novos 76,93 0,0953 0,0012
produtos e tecnologias inovadoras
6. Gestão da A empresa trabalha com políticas de
propriedade propriedade intelectual e possui patentes 46,16 7,1639 0,0926
intelectual registradas e/ou depositadas
O ambiente organizacional visa à geração do
92,31 3,4259 0,0443
conhecimento
7. Gestão do Há uma preocupação da empresa na
conhecimento verificação na geração do conhecimento ao
83,61 1,4300 0,0185
que se refere ao compartilhamento desses
conhecimentos
A empresa direciona atenção para as
inovações tecnológicas já desenvolvidas por
84,62 1,4300 0,0185
outras organizações ou centros de
8. Absorção de
tecnologias e universidades
tecnologias externas
A empresa vê nas inovações tecnológicas
geradas por outras organizações um meio 92,31 3,4259 0,0443
para ajustar suas necessidades
A empresa motiva e estimula o processo de
100 5,1901 0,0671
inovação dentro do ambiente organizacional
9. Gestão de RH A gestão de RH trabalha visando provocar
numa perspectiva de seu quadro de funcionário para obter
inovação soluções inovadoras, aplicando treinamento 53,84 5,3997 0,0698
para motivá-los e tornar melhor seu
desempenho.
Há uma preocupação da empresa em
acompanhar a evolução das tecnologias de 92,31 3,4259 0,0443
10. Comercialização seus principais produtos
da invenção A empresa procura desenvolver relações de
comercialização de invenções com outras 53,85 5,3974 0,0697
empresas.
Média Global das Competências para Inovar 77,3767 -----
Fonte: Resultado da Pesquisa (2012)

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Na Tabela 01 estão expostas as dez periodicamente as etapas dos processos
competências para inovar, com seus produtivos organizacionais.
respectivos indicadores, para os quais foram
Em se tratando da competência
calculados a média, o desvio-padrão e o
“acompanhamento da evolução dos
coeficiente de variação. Entende-se que para
mercados” observou-se que 77,65% das
efeito da análise dos dados, considera-se que
empresas estão preocupadas em
as variáveis melhor avaliadas foram aquelas
acompanhar os avanços tecnológicos,
apresentaram maior média e menor
concorrência e clientes no ambiente externo
coeficiente de variação. Nessa linha de
no seu mercado de atuação, assim como
raciocínio, verifica-se que a maioria das
buscam se posicionar em relação à inovação
variáveis apresentou média elevada para os
nesse contexto em que atuam, definindo
indicadores referentes às competências,
ações para isso. Esses resultados expressam
assim como coeficiente de variação reduzido,
que a referida competência apresentou um
demonstrando que os dados são pouco
desenvolvimento satisfatório nas empresas
dispersos ou homegêneos. Dentre as dez
incubadas, já que as mesmas monitoram o
competências avaliadas, apenas duas
ambiente no qual estão alocadas, almejando
apresentaram médias com valores inferiores a
entendê-lo para, em seguida, se posicionarem
50% e coeficiente de variação superior a 0,09.
de maneira efetiva. Esse posicionamento
Uma descrição detalhada dos resultados
pode ser visualizado como um ponto
pode ser observada a seguir.
preponderante para a competitividade das
A partir da Tabela 01, constata-se que, em referidas na dinâmica da inovação.
relação à competência “desenvolvimento de
No que tange à competência “cooperação
invenções”, mais de 76% das EBTs estudadas
para a inovação”, constatou-se que a maioria
adotam uma estrutura para projetos de P&D
das empresas estudadas, isto é, 69,23%,
como base no desenvolvimento de invenções,
possui uma política de relacionamentos
bem como possuem funcionários treinados
cooperativos com outras organizações. Além
para atuar nessa estrutura. Isso implica dizer
disso, 92,31% delas se sentem motivadas e
que tal competência apresentou um
beneficiadas com as cooperações em
desenvolvimento significativo nas empresas
projetos de inovação. Esses resultados
pesquisadas e isso é importante devido às
demonstram que as empresas estudadas
constantes e aceleradas transformações do
desenvolveram esse tipo de competência,
mercado econômico, as quais exigem das
tendo em vista que parte notável destas
organizações flexibilidade e investimentos em
estabelecem relações de cooperação, as
projetos de P&D, como forma de auxiliar na
quais proporcionam o desenvolvimento de
transformação de conhecimentos em novas
habilidades em áreas de conhecimento ainda
tecnologias, assim como na elaboração de
não dominadas, fazendo com que os
produtos e/ou serviços inovadores que
processos de inovação sejam beneficiados
atendam as exigências do mercado.
por conhecimentos desenvolvidos através,
No que diz respeito à competência “inserção por exemplo, da universidade e empresas
da inovação na estratégia da organização”, que possuem o mesmo ramo de atuação.
verificou-se que 100% das empresas
Nesse contexto, a incubadora passa a ser
investigadas estão preocupadas em discutir
percebida como mecanismo que fomenta nas
as metas e os objetivos referentes aos
empresas incubadas o desenvolvimento de
processos inovadores no planejamento. Esse
relações pautadas na cooperação. Nessa
achado implica dizer que a referida
perspectiva, entende-se que as incubadoras
competência mostrou-se plenamente
focam o empreendedorismo inovador, na
desenvolvida nas EBTs estudadas, as quais
medida em que planejam um ambiente
passam a ter a capacidade de transformar-se
facilitador da difusão do conhecimento, bem
e adaptar-se rapidamente, como forma de
como têm o objetivo e apoiar projetos
manter-se no mercado. Isso porque, quando
inovadores e, para isso, oferecem auxilio
as inovações são incluídas no planejamento,
necessário para que as empresas apresentem
elas se tornam fáceis de serem
um crescimento significativo. Esse apoio se
desenvolvidas, pelo fato de já terem sido
dá na forma de serviços especializados,
estudadas e elaboradas. Esse estudo e
consultorias e orientações, bem como
elaboração são realizados por meio de
intermediações com institutos de ensino e
indicadores capazes de mensurar a
pesquisa.
capacidade de inovar e avaliar

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Em relação à competência “financiamento de tecnologias entre empresas, ou entre
para a inovação” verificou-se que 76,93% das essas e universidades, assim como está
empresas trabalham realizando preocupada com a criação de relações
financiamentos para investir no voltadas para transferências de tecnologias
desenvolvimento de novos produtos e inovadoras, bem como ao ajuste dessas às
tecnologias inovadoras. Nesse contexto, vale necessidades empresariais. Assim sendo, nas
salientar que as EBTs investigadas fazem EBTs pesquisadas houve o desenvolvimento
parte do PRIME (Programa Primeira Empresa), da referida competência de maneira
o qual beneficia empresas de zero a 24 satisfatória, já que as inovações tecnológicas
meses que possuem algum tipo de inovação, captadas de outras organizações passam a
oferecendo investimentos para os próximos auxiliar nos processos de inovação das
05 anos. No entanto, mesmo integrando o empresas incubadas.
referido programa, 46,15% EBTs incubadas
Considerando-se a competência “Gestão de
declararam encontrar dificuldades para
RH em uma perspectiva de inovação”
alcançar financiamentos orientados ao
verificou-se que todas as empresas, ou seja,
desenvolvimento de inovações. Tais
100% delas motivam e estimulam o processo
resultados apontam para a necessidade de
de inovação dentro do ambiente interno. No
ações que eliminem as barreiras de acesso,
entanto, esses estímulo e motivação não
visto que o capital é um elemento de notável
ocorrem apenas partir da aplicação de
importância, sobretudo, no estágio de
treinamentos, tendo em vista que somente
incubação. Diante disso, considera-se que
53,84% delas apontaram que aplicam esse
essa competência necessita de atenção para
tipo de ação para aumentar a motivação e o
que possa ser desenvolvida de forma efetiva.
desempenho dos colaboradores.
Quanto à competência “gestão da
Nesse sentido, as próprias características
propriedade intelectual” identificou-se que,
empresariais podem influenciar, já que na
em sua maioria, as empresas incubadas não
fase de incubação o quadro de funcionários é
estão preocupadas em patentear suas
reduzido (três ou quatro pessoas, por
invenções e proteger sua propriedade
exemplo) e os gestores possivelmente não
intelectual, tendo em vista que apenas
estão dispostos a dispender capital nesse
46,16% delas apontaram que adotam esse
sentido. Dessa forma, o reconhecimento do
tipo de medida. Dessa forma, entende-se que
potencial e do conhecimento do colaborador
a referida competência não está totalmente
passa a ser a principal fonte de satisfação e
desenvolvida nas EBTs estudadas. É possível
motivação do mesmo no ambiente de
que empresas nesse estágio inicial de vida
trabalho, aspecto este que afeta diretamente
tenham receio em despender recursos
a produção inovadora, resultando em maior
financeiros para a aquisição de patentes.
competitividade empresarial. Portanto, nas
No que concerne à competência “gestão do empresas estudadas a referida competência
conhecimento” detectou-se que o ambiente ainda não está plenamente desenvolvida e, é
no qual as empresas estão inseridas favorece provável que esse desenvolvimento só venha
a geração do conhecimento, já que 92,31% a ocorrer, de fato, quando as empresas
delas concordaram com essa afirmativa. Além migrarem da incubadora para o mercado,
disso, as EBTs pesquisadas também estão tornando-se graduadas.
preocupadas com o compartilhamento desse
Por último, no que tange à competência
conhecimento, visto que 83,61% delas
“comercialização da invenção”, observou-se
apresentaram esse entendimento. Esse
que 92,31% das empresas incubadas estão
caráter cumulativo de conhecimento
preocupadas em acompanhar a evolução das
proporciona às EBTs incentivos em seus
tecnologias inovadoras de seus
processos inovadores, além de melhorar a
produtos/serviços no mercado. Em
capacidade de desenvolver futuras
contrapartida, somente 53,85% das EBTs
invenções. A partir desses resultados,
investigadas buscam estabelecer relações
entende-se que as empresas estudadas
com outras empresas no sentido de formar
apresentam essa competência efetivamente
canais de distribuição voltados à
desenvolvida, o que acaba favorecendo os
comercialização de produtos e serviços
processos de inovação nas referidas.
desenvolvidos com tecnologias inovadoras.
Referindo-se à competência “absorção de Esse achado demonstra que tal competência
tecnologias externas”, notou-se que mais de não está efetivamente desenvolvida, pois não
84,00% das empresas utilizam a transferência há esforço de todas as empresas na formação

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


de canais para comercializar as invenções, o competências que carecem de melhorias
que acaba sendo um elemento negativo no como forma de tornar o processo de inovação
processo de difusão das inovações. eficiente e eficaz.
Para futuros trabalhos, sugere-se a ampliação
do universo de estudo, incluindo em uma
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
nova pesquisa as empresas incubadas
Apresentados os resultados, contata-se que o virtualmente e também as graduadas, isto é,
objetivo da pesquisa foi atingido na medida aquelas que por estarem já bem estruturadas
em que se verificou que a maioria das financeiramente e até fisicamente saem da
competências consideradas ideais para incubadora, podendo sobreviver sozinhas no
inovar, encontra-se desenvolvida nas mercado. Dessa forma, poderiam ser
empresas investigadas. No entanto, duas comparados resultados, como forma de
competências, nomeadamente, investigar se o estágio de evolução da
“financiamentos para a inovação” e “gestão empresa (incubação ou graduação) influencia
da propriedade intelectual” apresentaram-se no desenvolvimento de competências para
parcialmente desenvolvidas, o que demanda inovar.
atenção das empresas estudadas no sentido
No que tange às limitações, pode-se citar o
de canalizar esforços para o desenvolvimento
fato de ter sido considerada apenas a
total dessas competências, como forma de se
perspectiva dos gestores na aplicação dos
atingir efetividade total no processo de
questionários. Além disso, por ter sido
inovação.
utilizada apenas a abordagem quantitativa, a
A contribuição dessa pesquisa pode ser qual não contribuiu para esclarecer o porquê
vislumbrada tanto em uma perspectiva teórica de determinada competência apresentar um
quanto prática. Teoricamente, representa uma desenvolvimento parcial. Nesse sentido,
continuidade da aplicabilidade dos estudos sugere-se que em futuros estudos seja
concernentes às competências para inovar no realizada uma investigação de abordagem
Brasil. Em termos práticos auxilia os gestores mista como forma de sanar esse problema.
das empresas estudadas, esclarecendo as

REFERÊNCIAS performances. Approaches Interdisplinaires. Paris:


Éd. De I’ École des Hautes Études en Science
[1]. ALVES, Flávia Fernandes; BOMTEMPO, Sociales, 283- 303, 1999.
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Andrade.Competências para Inovar na Indústria pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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pour I’innovation: une proposition d’enquête. In:
FORAY, D.; MAIRSSE, J. Editores. Innovations et

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 18
BUSINESS INTELLIGENCE: SUPORTE À GESTÃO DO
DESEMPENHO CIENTÍFICO

Felipe Zanellato Coelho


Igor Meirelles Gomes
Patrícia de Aquino Lannes
Maria Alice Veiga Ferreira de Souza
Roquemar de Lima Baldam

Resumo: A presente pesquisa propôs-se a formalizar uma estrutura de Bussiness


Intelligence, composta de recursos como Extraction, Transform and Load (ETL),
Data Warehouse (DW), Data Marts (DMa), Data mining (DMi) e Online Analitical
Processing (OLAP) para dar suporte à gestão do desempenho científico no âmbito
público. Para isso se fez necessária uma pesquisa aplicada e uma pesquisa
bibliográfica. No estudo foi sugerida a utilização de um sistema ETL para alimentar
o DW e o DMa ficando a análise destes dados encarregadas de serem executadas
por um sistema de DMi e um sistema OLAP tomando como modelo os indicadores
de desempenho e a análise dinâmica antes elaborados. Com essa estrutura foram
propostos modelos de relatórios digitais com os resultados em forma de planilhas,
gráficos e tabelas de modo a tornar a tarefa de gerir a produção científica mais
produtiva.

Palavras-chave: Business Intelligence, Data Warehouse, Gestão do desempenho


científico, Produção científica.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1 INTRODUÇÃO servidores nos diferentes setores, nos
diferentes campi, visando direcionar os
Técnicas administrativas como Balanced
investimentos e as decisões de modo
ScoreCard (BSC), Business Intelligence (BI),
dinâmico e ágil, cumprindo, assim, com uma
Business Activity Monitoring (BAM) têm sido
gestão mais gerencial e voltada para
implantadas, mas, na maioria das vezes, não
necessidade da comunidade local e mundial.
refletem em um tempo ideal a realidade
organizacional, pois não é suficiente ter as Portanto, para garantir melhor uso dos dados
ferramentas, sendo também necessário colhidos em campo, se faz necessária a
interpretar os dados obtidos transformando-os implantação do conceito de Business
em informações úteis de forma mais ágil. O Intelligence (BI) que utiliza o processo de
desejo de os gestores guiarem-se por meio coleta, organização, análise,
de ferramentas computacionais, de tal forma compartilhamento e monitoramento de dados
que possam tomar decisões baseadas em para oferecer suporte adequado às tomadas
dados on line atualizados, parece, de fato, um de decisões de uma organização. O BI
problema. converte essas informações em conhecimento
estratégico, tal como desenvolvido pela
Pesquisadores da área, como Malina e Selto
Gartner Group (www.gartner.com),
(2001), acusam o uso das técnicas acima
posteriormente seguido por inúneras
realçando a ferramenta, e não o aspecto
organizações, que segundo Cody et al (2002)
gerencial, como possíveis causas que
essas organizações tem investido no
prejudicam a gestão que se quer. Essa
tecnologia de BI com o objetivo de obter
prática leva a resultados não confiáveis aos
conhecimento necessário para assegurar
tomadores de decisão. Uma solução é o
maiores vantagens competitivas.
maior uso de manipulação estatística dos
dados que gerem informações relevantes que Nesse sentido, propõe-se formalizar uma
os auxiliem na compreensão das atividades estrutura de BI, composta de recursos como
da organização. Extraction, Transform and Load (ETL), Data
Warehouse (DW), Data Marts (DMa), Data
No que diz respeito à Estatística, é indicado
mining (DMi) e Online Analitical Processing
que a prática organizacional conte com uma
(OLAP) para dar suporte à gestão do
ciência de dados, uma vez que a
desempenho científico do IFES, de modo a
compreensão desses é também uma
tornar as tomadas de decisões mais pautadas
habilidade chave nesse âmbito. Algumas
em informações atualizadas e guiar os
práticas estatísticas incluem, por exemplo, o
pesquisadores ao atingimento de metas
planejamento, a sumarização e a
previamente delineadas por instituições
interpretação de observações segundo
brasileiras de fomento à pesquisa, como a
Freedman, Pisani e Purves (2007).
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
A partir da produção de dados, da análise e Pessoal de Nível Superior) e o CNPq
do controle de processos é possível explicar a (Conselho Nacional de Desenvolvimento
frequência de fenômenos ligados à Científico e Tecnológico), dando à instituição
organização, contribuindo, assim, para a respaldo para ampliar seu desenvolvimento
previsão e o direcionamento de ações mais em pesquisas.
eficientes no futuro. Dessa forma, o objetivo
da Estatística aqui é a produção da
informação mais próxima possível da 2 REFERENCIAL TEÓRICO
realidade e em tempo hábil a partir dos dados
Han e Kamber (2001) nos contam que a área
disponíveis, sendo entendida como um ramo
de estudo interdisciplinar que fundamenta o
da teoria da decisão.
conceito de Business Intelligence está ligado
Particularmente, o âmbito público necessita à tecnologia da informação que tem como
da associação de recursos administrativos e objetivo de estudo a elaboração normativa de
estatísticos para fundamentar decisões sistemas de informação computacionais
importantes que envolvam, frequentemente, o responsáveis por organizar grandes volumes
direcionamento do orçamento público voltado de dados (data warehouse) e facilitar a
para a satisfação dos interesses sociais. É o descoberta de relações entre tais dados (data
caso do Instituto Federal do Espírito Santo mining).
(IFES) que, preocupado com a nova missão
Por outro lado, Inmon (2002) define um Data
de promover pesquisa científica, deve
Warehouse como uma coleção de dados
conhecer, por exemplo, a produção de seus

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


integrados, orientados por assunto, não- (2002) utilizar um DW não é requerimento
voláteis e variáveis com relação ao tempo, os para a utilização do DMi.
quais tem por finalidade o apoio ao processo
Outra ferramenta de análise que integra o
decisório gerencial. Os Data Warehouses, ou
conceito de BI é o OLAP (On-line Analytical
armazéns de dados, estão baseados em
Processing) que proporciona a capacidade
estruturas multidimensionais nas quais a
para manipular e analisar dados sob várias
informação é armazenada, calculando
perspectivas. A técnica OLAP tem a
previamente todas as combinações de todos
capacidade de projetar várias hipóteses, ou
os níveis de todas as aberturas de análise.
seja, várias formas diferentes de solucionar
Para “alimentar” um Data Warehouse, um problema dando ao gestor a possibilidade
segundo Andrade (2003), existem três de comparar essas hipóteses e escolher a
processos essenciais que são chamados de melhor, de acordo com Inmon (2002). Pendse
Extraction, Transform and Load (Extração, (2005) completa dizendo que uma ferramenta
Transformação e Carga dos dados) mais OLAP deve permitir uma análise rápida de
conhecido como sistema ETL. Barbieri (2001) informações multidimensionais onde o sistema
diz que o ETL são os processos necessários deve lidar com qualquer lógica de negócio e
para a transformação do modelo fonte para o análise estatística que seja relevante para a
modelo multidimensional. aplicação e para o usuário.
Já para Machado (2004) o processo ETL deve Inmon (2002) ainda afirma que os resultados
ser realizado com o propósito de garantir a das pesquisas realizadas por um sistema
consistência e a integridade das informações, OLAP podem ser apresentados de forma
construindo, desta forma, uma base de dados gráfica ou em formato de planilha, com as
de alta qualidade e confiabilidade, que retrate funcionalidades de drill-down e drill-up
efetivamente a realidade da instituição. Os (navegação para dentro ou fora dos níveis
sistemas ETL são responsáveis pela filtragem, hierárquicos das dimensões).
limpeza, sumarização e concentração dos
Com esses conceitos é possível a construção
dados espalhados pelas fontes externas e nos
de um sistema BI para auxiliar os gestores de
sistemas operativos.
pesquisa do IFES nas suas tomadas de
Para segmentar a construção de um Data decisões e na criação de indicadores de
Warehouse é feita a construção de Data Marts desempenho bem como projeções de onde
que, no futuro, irão compor o Data devem ser vinculados esforços para futura
Warehouse. Segundo Innom et al (2001) os melhoria de desempenho, pois segundo
Data Marts são estruturas moldadas pelos Negash (2004) os sistemas de BI
dados granulares encontrados no Data disponibilizam informações úteis no momento
Warehouse corporativo e pertecem aos certo, no lugar correto e na maneira correta
departamentos específicos dentro de uma para ajudar os tomadores de decisão.
empresa e são moldados pelos requerimentos
De acordo com Elmasri e Navathe (2000) o BI
dos departamentos. Portanto, para Machado
oferece interfaces que facilitam ao usuário o
(2004) os Data Marts são um subconjunto do
entendimento das relações entre os dados
Data Warehouse.
descritos e armazenados de modo a prover
Para analisar a massa de dados é utilizado melhores informações para a tomada de
um processo chamado de Data Mining. De decisão. Seus sistemas são mais elitizados e
acordo com Fayyad et al (1996) e buscam atender às necessidades gerenciais.
posteriormente também dito por Chung e Não é uma tecnologia que incentiva o
Gray (1999) o DMi é um processo não-trivial compartilhamento de conhecimento entre as
de identificar, em dados, padrões válidos, pessoas, mas tem como objetivo contribuir
novos, potencialmente úteis e ultimamente para gerar novos conhecimentos que resultem
compreensíveis. Os data mining tem como em efetivos resultados dentro da organização,
função principal a varredura de dados, a conforme Carvalho (2003).
procura de padrões e detecção de
Kimball e Ross (2002), por sua vez, definem
relacionamentos entre informações gerando
BI como sendo um conjunto de ferramentas e
novos subgrupos de dados. Tem como objeto
técnicas de projeto que, quando aplicadas às
eliminar os erros cometidos pelas pessoas ao
necessidades específicas dos usuários e aos
analisar os dados de maneira tendenciosa e
bancos de dados específicos, permitirá que
viciada. Vale lembrar que, segundo Janckson
planejem e construam um Data Warehouse.
Em resumo, é um sistema que armazena

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


dados históricos usados no processo de em DMa. Também foi utilizado os conceitos
tomada de decisão com a finalidade de de Online Analitical Processing (OLAP) que
integrar os dados de uma organização em um faz parte do processo de análises dos dados
único banco de dados. Fortulan e Gonçalves em perspectivas diferentes do DMi e gera
Filho (2005) completam a idéia afirmando que relatórios na forma de gráficos e tabelas com
enquanto o Data Warehouse possibilita o os resultados das análises visível em
armazenamento dos dados, as ferramentas interfaces computacionais.
de DMi e OLAP permitem a extração da
informação e do conhecimento para auxiliar o
gestor. 4 DESENVOLVIMENTO
Na estruturação de um sistema de auxílio na
tomada de decisões devem ser reunidos em
3 MÉTODOS, INSTRUMENTOS E
um Data Warehouse os elementos de dados
PROCEDIMENTOS
apropriados de diversas fontes de aplicativos
De modo a auxiliar a gestão do desempenho em um ambiente integral e centralizado,
científico no IFES e alertar para determinados simplificando o problema de acesso à
fatores, bem como apontar falhas e melhorias, informação e, consequentemente, acelerando
se fez necessária uma pesquisa aplicada o processo de consultas e análise.
pois, segundo Vergara (2007), ela é
Um dos problemas mais comuns quando é
fundamentalmente motivada pela
necessário consolidar informações ou realizar
necessidade de resolver problemas
tarefas de análise é a necessidade de saber
concretos, imediatos ou não, e tem finalidade
onde está armazenado cada dado, com qual
prática, ao contrário da pesquisa pura,
formato e qual o seu nível de consistência.
motivada basicamente pela curiosidade
Tudo isto sem mencionar sequer as
intelectual do pesquisador e situada,
complicações apresentadas pelo problema
sobretudo, no nível da especulação.
de acesso aos dados por questões de
Foram, portanto, utilizados dados históricos segurança. Portanto, se fez necessário o
extraídos da pesquisa de Meirelles et al auxílio do estudo realizado por Meirelles et al
(2011), indicadores de desempenho e índices (2011) em que foi realizado um levantamento
elaborados na pesquisa de Aquino et al histórico de toda a produção científica dos
(2011) e a análise dinâmica realizada na mestres e doutores do IFES do período de
pesquisa de Marchesi et al (2011), todas 2006 a 2010.
relacionadas ao IFES, de modo a se criar um
Segundo Meirelles et al (2011) para obtenção
banco de dados. Segundo preceitos do BI um
das informações contidas nos currículos dos
Banco de Dados é um conjunto de dados que
professores referente à sua produção
pertence ao mesmo contexto e está
científica foi utilizado um extrator, que captura
armazenado sistematicamente dentro de
as informações diretamente da base de
alguma estrutura que os suporta.
dados do Currículo Lattes - da base de dados
Quanto aos meios de investigação, a do CNPq - por meio do CPF (Cadastro de
pesquisa, segundo os critérios de Vergara Pessoa Física) disponibilizado no sistema que
(2007), é classificada como sendo gerencia os mais diversos setores e
bibliográfica que é o estudo sistematizado departamentos da instituição disponibilizando
desenvolvido com base em material informações precisas e com agilidade à
publicado em livros, revistas, jornais, redes comunidade acadêmica, este sistema é
eletrônicas, isto é, material acessível ao chamado de Q-ACADÊMICO.
público em geral.
Seguindo a linha da pesquisa de Meirelles et
Foram utilizados na pesquisa cinco conceitos al (2011) quanto à produção científica dos
que integram os sistemas de BI: o Extraction, professores, foram analisados os tipos de
Transform and Load (ETL), para fazer o trabalhos realizados: orientações concluídas
processo de extração dos dados na fonte e por nível de atuação: graduação, mestrado e
alimentar o banco de dados do BI, o Data doutorado, e produção como pesquisador:
Warehouse (DW) para ser o armazém dos em número de livros publicados, capítulos de
dados extraídos na fonte, os Data Marts livros, artigos em periódicos e participação
(DMa) que são as subdivisões do DW, o data em eventos.
mining (DMi) para fazer parte do processo de
Em seguida, os dados foram agrupados
análises dos dados armazenados em DW e
segundo as áreas de conhecimentos da

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPES: Ciências Exatas e da Terra, Ciências IFES será inicialmente alimentado com as
Biológicas, Engenharias, Ciências da Saúde, tabelas extraídas do trabalho de Meirelles et
Ciências Agrárias, Ciências Sociais al (2011) cujos respectivos Data Marts serão
Aplicadas, Ciências Humanas, Linguística, divididos de acordo com o nível acadêmico
Letras e Artes e Multidisciplinares. dos docentes como segue:
Portanto, o Data Warehouse do BI de apoio
aos gestores de desempenho científico do

GRADUADOS:
Tabela 1 – Classificação das orientações e produções científicas realizadas por docentes
graduados (Legenda: G – Graduação, E - Especialização, M - Mestrado e D - Doutorado)
Orientações
Produção Completa do Pesquisador
Concluídas
Produção
Docentes

Área do Pós - Total


Conhecimento Graduação Cap. Trabalhos (Orientações
Artigos em
G Livros de em + Produção)
Periódicos
E M D Livros Eventos

Ciências
Exatas e da 204 274 99 15 0 16 41 295 1025 1765
Terra
Ciências
31 51 11 1 0 0 6 47 259 375
Biológicas
Engenharias 216 303 86 36 3 31 48 195 1360 2062
Ciências da
25 159 21 0 4 1 9 38 177 409
Saúde
Ciências
61 89 14 3 2 25 49 250 1239 1671
Agrárias
Ciências
Sociais 99 383 96 2 0 4 13 78 231 807
Aplicadas
Ciências
73 87 152 2 0 13 12 79 258 603
Humanas
Linguística,
53 81 96 2 0 15 27 55 95 371
Letras e Artes
Multidisciplina
3 1 0 0 0 0 0 0 0 1
r
Total 765 1428 575 61 9 105 205 1037 4644 8064
Fonte: Adaptado de Meirelles et al (2011)

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MESTRES
Tabela 2 – Classificação das orientações e produções científicas realizadas por docentes mestrados
(Legenda: G – Graduação, E - Especialização, M - Mestrado e D - Doutorado)

Orientações
Produção Completa do Pesquisador
Concluídas Produção
Docentes

Área do Pós - Trabalhos Total


Conhecimento Graduação Capítulos Artigos em (Orientações
G Livros em
de Livros Periódico + Produção)
E M D Eventos

Ciências
Exatas e da 111 196 91 14 0 14 51 215 758 1339
Terra
Ciências
18 26 1 0 0 5 5 39 311 387
Biológicas
Engenharias 170 402 72 39 3 32 20 222 1419 2209
Ciências da
8 47 9 0 0 1 2 40 130 229
Saúde
Ciências
62 139 33 5 2 15 43 283 1290 1810
Agrárias
Ciências
Sociais 31 239 39 1 0 7 4 58 112 460
Aplicadas
Ciências
89 185 203 2 4 17 29 86 311 837
Humanas
Linguística,
26 76 62 2 0 14 26 51 83 314
Letras e Artes
Multidisciplinar 11 12 0 0 0 0 1 29 101 143
Total 526 1322 510 63 9 105 181 1023 4515 7728
Fonte: Adaptado de Meirelles et al (2011)
DOUTORES
Tabela 3 – Classificação das orientações e produções científicas realizadas por docentes
doutorados (Legenda: G – Graduação, E - Especialização, M - Mestrado e D - Doutorado)
Orientações
Produção Completa do Pesquisador
Concluídas Produção
Docentes

Área do Pós - Trabalhos Total


Conhecimento Graduação Capítulos Artigos em (Orientações
G Livros em
de Livros Periódico + Produção)
E M D Eventos

Ciências
Exatas e da 38 51 33 10 0 5 28 196 510 833
Terra
Ciências
16 41 22 1 0 0 4 44 250 362
Biológicas
Engenharias 67 276 76 37 2 34 22 175 1129 1751
Ciências da
3 36 6 0 0 1 1 32 104 180
Saúde
Ciências
38 82 19 3 2 18 44 234 1031 1433
Agrárias
Ciências
Sociais 3 42 31 1 0 1 5 20 36 136
Aplicadas
Ciências
33 107 61 2 4 12 30 48 254 518
Humanas
Linguística,
6 61 62 1 0 11 18 33 24 210
Letras e Artes
Multidisciplinar 6 14 9 5 1 4 2 51 156 248
Total 210 710 319 60 9 86 154 833 3494 5671
Fonte: Adaptado de Meirelles et al (2011)

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Para futuramente alimentar o Data Warehouse necessários a quem toma as decisões na
e os Data Marts será usado um sistema ETL gestão do desempenho científico do IFES.
que extrairá do Currículo Lattes dos
As análises iniciais dos dados coletados que
professores, que conste no Lattes o IFES
futuramente integrarão o Data Warehouse do
como local de trabalho, informações
BI de gestão do desempenho científico do
referentes às suas produções científicas.
IFES foram realizadas a partir das pesquisas
Essas informções por meio do sistema ETL
de Meirelles et al (2011), Aquino et al (2011) e
serão importadas para o Data Warehouse do
Marchesi et al (2011) de forma manual sem o
sistema BI dos gestores de desempenho
auxílio de um sistema computacional. Todo o
científico do IFES e serão sempre atualizadas
tratamento analítico dado pelos autores
a cada vinte e quatro horas garantindo que as
citados não sofrerá qualquer alteração, sendo
decisões sejam tomadas baseadas em
apenas implementado em uma estrutura de
informações atualizadas.
BI. A partir daí, é possível que a nova geração
Com os dados armazenados em Data de dados seja analisada com o mesmo rigor,
Warehouse é necessário formalizar o porém de forma computacional. Os relatórios
processo de análise desses dados. A serão produtos das análises elaboradas pelo
utilização do Data Mining é uma DMi e o sistema OLAP e, estes relatórios
argumentação ativa para esta etapa, isto é, serão expostos na forma de planilhas,
em vez de o gestor definir o problema, gráficos e tabelas como apresentados pelos
selecionar os dados e as ferramentas para autores citados anteriomente. A seguir são
analisar tais dados, as ferramentas do Data apresentados alguns relatórios
Mining pesquisam automaticamente os implementados utilizando-se o Data
mesmos à procura de anomalias e possíveis Warehouse inicial, permitindo-se, assim, a
relacionamentos, identificando, assim, disponibilidade dos resultados por meio de
problemas que não tinham sido identificados uma interface computacional.
pelo gestor.
As ferramentas de Data Mining analisam os
a) Relatórios de Máxima produção por
dados, descobrem problemas ou
área de conhecimento e Mediana de
oportunidades escondidas nos
produção dos professores:
relacionamentos dos dados, e então
diagnosticam o comportamento das Será apresentada nesta pesquisa apenas a
atividades, requerendo a mínima intervenção tabela referente aos docentes doutores,
do gestor. Assim, ele somente se dedicará à porém quando o modelo, aqui proposto, for
busca do conhecimento e em voltar a sua implementado será alimentado também com
atenção para medidas que melhorem o as tabelas referentes aos docentes
desempenho científico do IFES. Graduados e os docentes Mestres elaboradas
na pesquisa de Meirelles et al (2011).
Ainda dentro das ferramentas de análise dos
dados se faz necessário o uso de sistemas Na pesquisa de Meirelles et al (2011) definiu-
OLAP de modo a gerar relatórios na forma de se que a medida de centro mais
gráficos e planilhas das análises realizadas e, representativa é a mediana e será seguido
dessa forma, providenciar os elementos este critério como mostrado abaixo:

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Tabela 4 – Mediana e Máximo de produção realizada por docentes doutorados segundo a área de
conhecimento
Produção Completa do Pesquisador
Área do Trabalhos
Conhecimento Capítulos Artigos em
Livros em
de Livros Periódico
Eventos
Ciências Máximo 4 24 21 63
Exatas e da Mediana 0 0 3 11,5
Terra
Ciências Máximo 0 3 10 54
Biológicas Mediana 0 0 2 12,5
Máximo 15 4 15 63
Engenharias
Mediana 0 0 1 13
Ciências da Máximo 1 1 18 38
Saúde Mediana 0 0 3 17
Ciências Máximo 6 11 40 84
Agrárias Mediana 0 0 4 19,5
Ciências Máximo 1 4 10 13
Sociais Mediana 0 0,5 5 11,5
Aplicadas
Ciências Máximo 4 20 10 35
Humanas Mediana 0 0 0 4
Linguística, Máximo 6 12 23 15
Letras e Artes Mediana 1 1,5 1 2,5
Máximo 3 2 16 49
Multidisciplinar
Mediana 0 0 8,5 25
Fonte: Adaptado de Meirelles et al (2011)

b) Relatórios de indicadores e índeces Para os critérios de qualidade, a fórmula


quantitativos e qualitativos da produção utilizada foi o número de artigos A1, A2 e B1
científica do IFES no período de 2006 a 2010: dividido pela produção total de artigos,
multiplicado por cem. Para os critérios de
Segundo Aquino et al (2011) para gerar os
produtividade, utilizou-se a soma das médias:
indicadores, foi dividida a média da produção
do número de livros publicados, do número
dos professores pelo valor esperado (igual a
de capítulos de livros, do número de artigos
dois) pois, para se ter aprovado cursos de
em periódicos e do número de trabalhos em
pós-graduação pelos órgãos responsáveis,
eventos, divididos por dois e multiplicado o
como um curso de mestrado, é comum
resultado por cem.
exigirem, por exemplo, dois artigos
publicados, somados ao número de trabalhos Ainda segundo Aquino et al (2011) na
em eventos, ao número de livros e capítulos equação que exprime a qualidade é gerada a
de livros, por docente da área que integrará o proporção de artigos considerados de alta
programa que se pretende implantar qualidade com relação à produção total, e na
anualmente, sendo que os dois últimos de produtividade a proporção de produção
podem substituir um trabalho completo, com relação à meta, ambas separadas por
desde que seja de uma editora cadastrada e área e ano.
avaliada pela área a que pertence na CAPES.
Neste tópico foram realizadas análises dos
Estas informações foram disponibilizadas por
docentes mestres e doutores, divididos em
Quezada (2011), coordenador do Mestrado
DMa segundo as áreas de conhecimento da
em Educação em Ciências e Matemática do
CAPES, de acordo com a pesquisa de Aquino
IFES, entre outros profissionais ligados a
et al (2011) e será mostrado nesta pesquisa
programas de pós-graduação da mesma
apenas o resultado da análise da área de
instituição.
conhecimento Engenharias para ilustração de
como deverão ser os relatórios de indicadores

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


e índíces quantitativos e qualitativos da pesquisa de Aquino et al (2011) também
produção científica do IFES. As análises das deverão alimentar o modelo de BI aqui
outras áreas de conhecimento elaboradas na proposto.

Tabela 5: Resultados dos indicadores de qualidade e de produtividade (em %) para os mestres e


doutores da área de engenharias
Indicador de Indicador de
Ano Qualidade (%) Produtividade (%)
mestres doutores mestres doutores
2006 71,43 83,33 30,29 71,43
2007 63,16 58,33 34,71 100
2008 75 83,33 34,71 92,86
2009 55,56 83,33 45,29 126,19
2010 83,33 72,73 38,24 116,67

Fonte: Adaptado de Aquino et al (2011)

Figura 1 – Gráfico de percentual (eixo vertical) de artigos Qualis A e B publicados em periódicos por
mestres e doutores e percentual de alcance de meta de publicações da área de engenharias, no
período de 2006 a 2010 (eixo horizontal).

Fonte: Adaptado de Aquino et al (2011)

c) Relatórios da análise dinâmica do como é o valor médio dos dois limites, o valor
comportamento da produção científica do de LM = 1.
IFES no período de 2006 a 2010 usando as
Segundo Marchesi et al (2011) os gráficos de
ferramentas do Controle Estatístico do
controle foram feitos para a análise do
Processo:
indicador de produtividade da perspectiva
Neste tópico serão utilizados os gráficos de cliente do trabalho de Aquino et al (2011). A
controle da análise dinâmica realizada por perspectiva cliente engloba número de livros
Marchesi et al (2011) cujos limites de controle publicados, número de capítulos de livros,
não serão os três desvios padrões geralmente número de artigos em periódicos e trabalhos
usados para esses gráficos. No limite inferior em eventos, e o indicador de produtividade é
de controle (LIC) foi utilizado o valor zero pois o número dessas publicações, que, nesse
não haverá valores abaixo de zero para serem estudo, não foi usado o valor total e sim a
analisados. O limite superior de controle (LSC) média aritmética por mestre e doutor, ou seja,
adotado foi o valor dois pelo mesmo motivo somaram-se todos esses tipos de produção
mencionado no tópico anterior. Com isso, por ano e dividiu-se pelo número de mestre e
arbitramos o LSC = 2 e a linha média (LM), doutores de uma área.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Os gráficos de controle foram construídos de conhecimento das engenharias para
acordo com o nível acadêmico dos ilustração de como deverão ser os relatórios
professores e agrupados em DMa segundo as da análise dinâmica do comportamento da
áreas de conhecimento da CAPES produção científica. As análises das outras
contabilizando a média aritmética das áreas de conhecimento elaboradas na
produções científicas especificadas pesquisa de Marchesi et al (2011) também
anteriormente. Será mostrado nesta pesquisa deverão alimentar o modelo de B.I. aqui
apenas os resultados das análises da área de proposto.

Figura 2: Gráficos de controle da área Engenharias.

Fonte: Adaptado de Marchesi et al (2011)

5 CONCLUSÃO formulados com os dados iniciais coletados


na pesquisa de Meirelles et al (2011) e a
O objetivo principal do trabalho foi o de
análise destes dados ficam encarregadas de
apresentar um modelo de business
serem executadas por um sistema de DMi e
intelligence o qual tem por finalidade principal
outro OLAP tomando como modelo os
o auxílio aos gestores do desempenho
indicadores de desempenho elaborados na
científico do IFES, no que tange ao processo
pesquisa de Aquino et al (2011) e a análise
decisório de modo a guiar os pesquisadores
dinâmica realizada na pesquisa de Marchesi
ao atingimento de metas previamente
et al (2011). Na conclusão dessas análises,
delineadas por instituições brasileiras de
serão emitidos relatórios com os resultados
fomento à pesquisa, como a CAPES e o
em forma de planilhas, gráficos e tabelas para
CNPq, dando à instituição respaldo para
tornar a tarefa de gerir a produção científica
ampliar seu desenvolvimento em pesquisas
do IFES mais produtiva e com maior
bem como a abertura de cursos de pós-
embasamento.
graduação, mestrados e doutorados.
É importante que seja feita no futuro a
Foi, então, dada continuidade às pesquisas
estruturação dos sistemas de BI sugeridos
de Meirelles et al (2011), Aquino et al (2011) e
nessa pesquisa bem como a escolha dos
Marchesi et al (2011) a fim de formalizar um
programas que integrarão os sistemas ETL, o
Data Warehouse (DW) inicial para a
DW, o DMa , o DMi e o sistema OLAP. Devem,
modelagem do BI de auxílio à gestão do
também, serem criadas as interfaces do
desempenho científico.
usuário com os programas de modo a facilitar
Na pesquisa foi sugerida a utilização de um ao gestor o entendimento das relações entre
sistema ETL para alimentar o DW e o DMa os dados descritos e armazenados.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


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[12]. INMON, W. H.; TEDERMAN, R. H.; 2007.
INHOFF, C. Data Warehouse: Como transformar
informações em oportunidades de negócios.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 19
CAPACIDADES ESTRATÉGICAS VOLTADAS PARA
INOVAÇÃO: UM ESTUDO EM EMPRESA DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Sandra Martins Lohn Vargas
Cláudio Reis Gonçalo

Resumo: Este estudo visa analisar as capacidades estratégicas requeridas para


inovação em empresas de tecnologia de informação, identificando características e
como ocorre a mobilização de recursos e o desenvolvimento de capacidades que
contribuem para o exercício da atividade com inovação. Para a realização do
estudo, a fundamentação teórica abordou temas como inovação, recursos,
capacidades estratégicas e RBV. As evidências empíricas foram obtidas através de
um estudo de caso descritivo e exploratório na empresa. A análise do caso permitiu
compreender que o comportamento organizacional na empresa está voltado para o
processo de inovação, observando-se, através de programas desenvolvidos, o
quanto se atém no entendimento dos trabalhadores sobre o que é inovação, e
como está relacionado principalmente à capacidade de criar conhecimento na
empresa, associado também às características estudadas sobre a capacidade
tecnológica e a capacidade de orientação para o mercado.

Palavras-chave: Inovação. Capacidade estratégica. Visão Baseada em Recursos


(RBV).

* Publicado originalmente no Anais do XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Salvador, Bahia (2013)
1 INTRODUÇÃO 2 INOVAÇÃO: DO CONCEITO AO
PROCESSO
A intensidade da concorrência, a rápida
globalização e mudanças na área de Desde que se classificaram as inovações em
tecnologia da informação tornam a inovação radicais, aquelas que tendem a provocar
inevitável para as empresas, como forma de grandes mudanças no mundo; ou
capturar oportunidades, através do incrementais, aquelas que promovem
desenvolvimento de novos produtos e do continuamente o processo de mudança,
próprio mercado (HAUKNES, 1998; diferentes definições sobre o tema de
LOBIANCO; RAMOS, 2004; KUBOTA, 2009). inovação surgiram na literatura
A inovação não é baseada apenas em (SCHUMPETER, 1961). A inovação surge
pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, mas como a implementação de decisões
também em habilidades gerenciais e de deliberadas feitas para melhorar o
mercado, em conhecimento das formas de desempenho da empresa, explorando
gestão das organizações, dos aspectos oportunidades de mercado e respondendo
sociais e econômicos, havendo uma aos desafios do ambiente de negócios.
tendência de ser produzida por uma rede de Inovações podem ser limitadas e descritas
atores, e não por indivíduos ou organizações por mudanças demarcadas em
autônomas (HAUKNES, 1998; LOBIANCO; características de desempenho ou a criação
RAMOS, 2004; KUBOTA, 2009). de novas características de desempenho
(HAUKNES, 1998; MOREIRA; VARGAS, 2012).
A pesquisa em estratégia a partir da Visão
Baseada em Recursos (RBV) envolve o Salienta-se que para este estudo
equilíbrio entre a exploração dos recursos caracterizam-se quatro tipos de inovação,
existentes e o desenvolvimento de novos sendo produto, processo, marketing e
recursos organizacionais (WERNERFELT, organizacional (MANUAL DE OSLO, 2005).
1984; BARNEY, 1991). Os recursos podem Apresenta-se inovação de produto como
envolver as capacidades, as habilidades novos serviços baseados em novas funções,
gerenciais, os processos organizacionais, o entrando em uma nova área da esfera de
conhecimento, a marca, a informação sobre atuação (HAUKNES, 1998). O termo “produto”
clientes, a cultura organizacional, os abrange tanto bens quanto serviços, e as
financeiros ou outros atributos controlados inovações de produto incluem a introdução de
pela empresa que quando articulados de novos bens e serviços (TIDD; BESSANT;
forma peculiar apresentam oportunidades PAVITT, 2008).
estratégicas (BARNEY, 2001; BARNEY;
A inovação de processo pode reduzir custos
WRIGHT; KETCHEN JR., 2001).
de produção, melhorar a qualidade, ou ainda
Este artigo tem como objetivo analisar as produzir ou distribuir produtos novos ou
capacidades estratégicas requeridas para melhorados. Pode envolver mudanças nos
inovação em empresas de tecnologia de equipamentos e nos softwares utilizados em
informação, identificando características, a empresas orientadas para serviços ou nos
mobilização de recursos e o desenvolvimento procedimentos e técnicas, que são
de capacidades que contribuem para o empregados para os serviços de distribuição
exercício da atividade com inovação. Desta (MANUAL DE OSLO, 2005; TIDD; BESSANT;
forma, procurou-se responder a seguinte PAVITT, 2008).
pergunta de pesquisa: Como a empresa
Sobre a inovação de marketing, esta é voltada
estudada articulou recursos e desenvolveu
para atender as necessidades dos
capacidades para o exercício da atividade
consumidores, abrindo novos mercados, ou
organizacional com inovação?
reposicionando o produto de uma empresa no
Do ponto de vista teórico-aplicado, pretende- mercado, com o objetivo de aumentar as
se neste estudo também contribuir com a vendas. A diferença de uma inovação de
identificação de um contexto organizacional marketing é a implementação de um método
requerido para inovação, através de de marketing que não tenha sido utilizado
programas, mudanças necessárias na previamente pela empresa (MANUAL DE
operação, atividades peculiares e OSLO, 2005; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).
possibilidade de diversificar com inovações
A inovação organizacional pode visar a
em serviços.
melhoria do desempenho de uma empresa
por meio da redução de custos
administrativos ou de transação, melhorando

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


a produtividade do trabalho, o conhecimento recursos podem constituir uma fonte de
externo não codificado ou reduzindo os vantagem competitiva sustentável para a
custos de suprimentos. Compreende a empresa, porém, se um recurso é valioso,
implementação de novos métodos para a mas não raro, a empresa ficará em paridade
organização de rotinas e procedimentos para com outras empresas (BARNEY, 1991).
a condução do trabalho (MANUAL DE OSLO,
Neste estudo, pretende-se identificar os
2005; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).
recursos e características requeridas para o
O processo de inovação possui desenvolvimento de capacidades
características diferentes de uma organização estratégicas estruturantes como forma de
para outra, gerando comportamentos interagir no processo de inovação,
diferentes e histórias individuais, sendo as verificando-se o desenvolvimento de novas
forças deste processo externas ou internas. habilidades, criação de novos produtos e
As organizações necessitam estar preparadas aperfeiçoamento de processos
para se adaptar às mudanças rápidas do organizacionais, envolvendo o sistema físico,
mercado e do progresso tecnológico; os organizacional, pessoal e de relacionamento
trabalhadores precisam ser criativos e se com o mercado.
dedicar à singularidade dos produtos e
Apresenta-se a seguir as definições para
serviços prestados, precisando ser capazes
capacidades estratégicas sendo abordadas,
de assumir riscos, lidar com sucesso e
especificamente, as capacidades de criar
incerteza do mercado (HSIEH; CHEN, 2011).
conhecimento, tecnológica e de orientação
Na sequência, serão apresentados aspectos para o mercado, como àquelas consideradas
sobre recursos e capacidades estratégicas, a como estruturantes para uma organização de
partir da visão baseada em recursos tecnologia de informação proporcionar a
(WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991). geração de novas ideias e a articulação
criativa de seus recursos.
A criação do conhecimento nas organizações
2.1 RECURSOS E CAPACIDADES
pode ser entendida como um processo que
ESTRATÉGICAS
amplia o conhecimento criado pelos
Para que a empresa crie um contexto indivíduos participantes da mesma,
organizacional inovador, espera-se que tenha reconhecendo-o como parte da rede de
um conjunto mínimo de capacidades criativas conhecimento da organização a que está
para que possa executar suas principais inserida. Quando as organizações inovam,
atividades. Em muitos casos, uma inovação estas criam novos conhecimentos, recriando o
de serviço pode ser apenas de um tipo; nesse seu meio e revendo seus problemas e
caso, as empresas podem oferecer um novo soluções (NONAKA; TAKEUCHI, 2008;
serviço ou novas características de um NONAKA; VON KROGH, 2009).
serviço sem mudar o método oferecido
Nesse sentido, a criação do conhecimento
(MIRANDA; FIGUEIREDO, 2010).
eficaz depende de um contexto propício, um
O conceito de recursos envolve os ativos espaço compartilhado que promova relações
tangíveis, pessoas, tecnologia, produtos, emergentes. Tal contexto organizacional pode
ferramentas, instrumentos, equipamentos, ser físico, virtual, mental ou mediante as três
mercado e produtos; os ativos intangíveis, formas, ocorrendo com indivíduos, grupos de
conhecimento, imagem da marca e potencial trabalho, equipes de projeto, círculos
de recursos humanos; e habilidades da informais e linha de frente de contato com os
organização, gestão interna e negociação clientes (SNOWDEN, 2002; CHOO;
com os clientes, que são utilizados nos ALVARENGA NETO, 2010; ALVARENGA
processos produtivos e administrativos da NETO; CHOO, 2011).
empresa (CARVALHO; KAYO; MARTIN, 2010).
No presente estudo, a capacidade de criar
A visão baseada em recursos analisa os conhecimento significa incentivar,
atributos dos recursos e competências e compartilhar, organizar e processar a
como podem ajudar as empresas a se informação, através da criação de contexto
diferenciar das demais e manter tal diferencial propício para que ocorram processos de
ao longo do tempo. Se a empresa apresentar aprendizagem. Desta forma, o novo
recursos que criem valor e sejam raros, conhecimento gerado poderá permitir à
difíceis de serem imitados, e se a empresa organização o desenvolvimento de novas
puder se organizar para explorá-los, esses habilidades e capacidades, contribuindo para

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


a criação de novos produtos e novos serviços organização, enfatizando a gestão e a
(NONAKA; VON KROGH, 2009; CHOO; conexão interdepartamental, e
ALVARENGA NETO, 2010; ALVARENGA proporcionando a geração de novas
NETO; CHOO, 2011). perspectivas de mercado globalizado.
A capacidade tecnológica é a articulação de
recursos necessários para gerar e gerenciar
3 METODOLOGIA
atividades inovadoras em produtos,
processos e organização da produção, O estudo caracteriza-se como um estudo de
sistemas organizacionais e equipamentos. Os caso, sendo uma pesquisa exploratória e
recursos estão incorporados não apenas nos descritiva, com abordagem qualitativa. A
indivíduos (habilidades, experiências e escolha do estudo de caso permitiu investigar
qualificações formais), mas, também, no o tópico empírico específico, a partir de um
sistema organizacional, rotinas e conjunto de procedimentos pré-
procedimentos da empresa (MIRANDA; especificados. Contou-se com a observação
FIGUEIREDO, 2010). direta e com entrevistas em profundidade
(YIN, 2001).
Neste estudo, interpreta-se capacidade
tecnológica um conjunto de habilidades Utilizou-se a técnica de pesquisa
funcionais, envolvendo o sistema físico, bibliográfica, documental e observação,
organizacional, de pessoas, estratégias pesquisando o site da empresa, artigos
gerenciais, produtos e serviços de uma publicados em outros sites, programas de
empresa. Abrange também base de dados, televisão e documentos restritos à empresa,
software, máquinas e equipamentos, além da observação por parte da
assegurando à empresa um contínuo pesquisadora durante as visitas, destacando-
processo de aprendizagem tecnológica o que se que todas as técnicas citadas foram de
vem a fortalecer sua capacidade de inovar suma importância para a coleta e análise dos
(BALBINOT; MARQUES, 2009; GRADVOHL; dados.
FREITAS; HEINECK, 2011).
A pesquisa bibliográfica ocorreu para
A orientação para o mercado relaciona-se aos estruturar a fundamentação teórica, utilizando
valores culturais, sendo a criação de uma artigos nacionais e internacionais, livros e
organização orientada para o mercado um sites relacionados ao tema. Buscou-se
processo de transformação cultural. Além de primeiramente trabalhar com palavras-chave,
promover a aceitação dos valores culturais, o como Inovação, Visão Baseada em Recursos
objetivo principal ao criar uma orientação para (RBV) e Capacidade estratégica. A pesquisa
o mercado é aprender como implementar os foi feita em base de dados de artigos
condutores de orientação de uma empresa acadêmicos como EBSCO, Portal da Capes,
enfatizando a gestão, a conexão entre outras revistas nacionais e
interdepartamental e a centralização internacionais, além de livros, dissertações e
(LLONCH; RIALP; RIALP, 2011). teses.
Consideram-se como principais recursos O modelo adotado para estudo teórico e
necessários na orientação para o mercado os empírico neste estudo baseou-se na
recursos humanos, conhecimentos, perspectiva dos seis modelos de Gallouj
habilidades e atitudes dentro da organização, (2002), apresentados pelo autor como
recursos relacionais ou ativos de mercados. Radical, Ameliorativa, Incremental, Ad hoc,
Destaca-se o talento das pessoas como um Recombinativa e Formalização. Foram
dos elementos mais importantes, em função identificadas na empresa estudada as
da criatividade se expressar na prática características existentes sobre os modelos
organizacional (DIACONU, 2011). Dessa citados. Conforme os objetivos delineados, o
forma a organização poderá manter o estudo busca identificar na empresa estudada
equilíbrio certo, manter a sua liderança, atrair características quanto aos tipos de inovação,
e reter clientes, capturar novas oportunidades se ocorre a inovação do produto, do
e investir em um portfólio de inovações, processo, de mercado ou organizacional.
proporcionando assim resultados a médio e Busca identificar também recursos e
longo prazo (DAY, 2011). capacidades estratégicas adotadas na
empresa, pautando-se na teoria da RBV e,
Neste estudo, capacidade de orientação para
principalmente, características voltadas para
o mercado significa estar relacionada com o
a capacidade de criar conhecimento,
mercado por meio dos valores culturais da

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


capacidade tecnológica e capacidade de fazia sentido ao gestor de TI as perguntas
orientação para o mercado. elaboradas no roteiro.
A pesquisa ocorreu entre os meses de junho e Por fim a coleta dos dados na empresa
outubro de 2012 por meio de entrevistas com pesquisada deu-se após validação e
roteiro semiestruturado, sendo gravadas com aplicação do instrumento, sendo entrevistas
a autorização dos entrevistados, em uma com roteiro semiestruturado com gerentes da
empresa de Tecnologia da Informação na empresa (Gerente de Marketing e membro do
Cidade de Florianópolis - SC. O instrumento Comitê de Ética, Analista de Desenvolvimento
elaborado e utilizado para coleta de dados foi Humano e Organizacional e o Coordenador
dividido em quatro blocos: 1) identificação do de Projetos e Pesquisador da Fundação
entrevistado; 2) caracterização da CERTI, responsável pelo desenvolvimento do
organização; 3) processo de inovação Programa Ideias em Ação).
organizacional; 4) recursos estratégicos para
Para relacionar os dados, utilizou-se a análise
inovação em serviços / produtos,
de conteúdo, trata-se de uma metodologia
apresentando respectivamente 5 itens, 4
que possui um discurso elaborado sobre
itens, 9 itens e 10 itens.
qualidade, preocupando-se com a
Na primeira etapa da pesquisa, foi validado o fidedignidade e a validade dos dados
roteiro de entrevista com dois gerentes de analisados. A análise de conteúdo foi
diferentes empresas de tecnologia da desenvolvida na pesquisa social para análise
informação (TI), no mês de março de 2012, de materiais textuais e tem como vantagem o
sendo o primeiro gerente de marketing e o fato de ser sistemática e pública, fazendo uso
segundo sócio proprietário da empresa, de dados brutos que ocorrem naturalmente,
encaminhados por e-mail. De maneira lidando com grandes quantidades de dados.
espontânea e rápida, ambos devolveram o
roteiro de entrevista por e-mail com sugestões
conforme seu conhecimento na área de TI. A 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
validação foi importante na primeira etapa da RESULTADOS
pesquisa no sentido de verificar se havia
A empresa estudada atua no mercado desde
clareza nos questionamentos e informações
1990, sendo considerada uma das maiores
solicitadas no instrumento, obtendo-se êxito
empresas de sistemas de gestão do Brasil,
nessa etapa.
declarando sua atuação para “tornar a gestão
Na segunda etapa da pesquisa, foi validado o pública e privada no país mais transparente,
roteiro de entrevista em uma nova empresa de eficiente e ágil com o uso de tecnologias
TI com o sócio proprietário da empresa XY. modernas e inovadoras”, com foco em cinco
Nessa etapa, a pesquisadora pôde conhecer áreas de interesse, sendo a indústria da
a empresa e todo o seu funcionamento diante construção (SIENGE), departamentos de
das atividades desenvolvidas. A visita e infraestrutura, transportes e obras (SIDER),
validação ocorreram no mês de maio de 2012 judiciário, Ministério Público e procuradorias
com duração de 3 horas na cidade de São (SAJ), projetos cofinanciados por organismos
José, onde está localizada a empresa. internacionais (SAFF) e administração pública
(SOLAR).
A conversa ocorreu de maneira espontânea
por ambas as partes, sendo de suma A empresa apresenta alguns projetos como
importância para a pesquisadora ter contato forma de criar um contexto organizacional
com o contexto em uma empresa de TI, tendo apropriado para a inovação, conforme citado
em vista que um dos objetivos consiste em entrevista pelo Analista de
justamente conhecer o contexto da pesquisa Desenvolvimento Humano e Organizacional
e o campo empírico a ser investigado. Além da empresa (Figura 1).
disso, a pesquisadora pretendia descobrir se

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 1 - Projetos da empresa voltados para criação de um ambiente de inovação
Projetos Adotados na empresa Objetivos
Premiar o trabalhador quando indicar outra pessoa para
Projeto Quem Indica
atuar na empresa.
Programa de Aprendizagem Reter talentos.
Oferecer o curso ao trabalhador três vezes na semana
Curso de Inglês
por professores também trabalhadores.
Oferecer o curso ao trabalhador por professores
Curso de Dança de Salão
externos.
Oferecer um espaço ao trabalhador no horário do
Projeto Cine Pipoca almoço como forma de aproveitar o seu tempo ocioso
na empresa.
Projeto Novos Talentos Buscar jovens nas Faculdades.
Projeto Jovem Aprendiz Preparar alunos de ensino médio para trabalhar em
empresas de TI.

Programa de Treinamento Capacitar os trabalhadores.


Estimular os trabalhadores a sugerirem ideias criativas
Programa Ideias em Ação
e diferenciadas.
Fonte: Dados da pesquisa.

Existem na empresa estudada algumas trabalhadores, conforme se apresenta na


formas importantes de comunicação entre Figura 2 a seguir.

Figura 2 - Formas de comunicação para criação de contexto organizacional voltado para inovação
Formas de Comunicação
Objetivos
na empresa
Ferramenta em que os trabalhadores podem receber comunicados
Cá Entre Nós
da empresa.
Ferramenta que mede o grau de satisfação do trabalhador interno
Encantômetro
mediante a um benefício.
Tô Dentro Ferramenta que busca a opinião do trabalhador em alguma ação da
empresa, captando informações para tomada de decisão.

Colabore Ferramenta com informações direcionadas ao trabalhador.


Intranet Ferramenta utilizada para informar aspectos sobre a empresa.
Ferramenta que disponibiliza informações sobre apontamento de
SAC horas relacionadas a curso e capacitações realizadas pelo
trabalhador, funcionando de forma individual e com senha.
Fonte: Dados da pesquisa.

A empresa estudada, com o objetivo de solução e, assim, tentando aproximar da


inovar, deu início em 2011 ao Projeto Ideias rotina de trabalho das pessoas criou uma
em Ação, juntamente com a Fundação CERTI, sistemática do detalhamento embasada por
já com sua experiência de mercado. A um processo com início, meio e fim, o que se
empresa partiu para o detalhamento da tornaria uma rotina. Gerou uma ferramenta

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


chamada Colabore, uma comunidade Outro fator em relação ao tipo de inovação
baseada no sistema e voltada para inovação, organizacional observado na empresa são as
onde as pessoas poderiam interagir e formas de comunicação apresentadas. Foram
conversar com profissionais de outras áreas. desenvolvidas ferramentas possibilitando a
troca de informações entre as pessoas e a
Segundo o Coordenador da Fundação CERTI,
empresa, percebendo a satisfação do
era preciso “criar um estímulo nas pessoas e
trabalhador, identificando a sua opinião sobre
o estímulo ajudou as pessoas a saírem da sua
alguma ação e permitindo melhorar a
rotina”. Afirma que foi possível perceber o
produtividade (Figura 3).
quanto o projeto contaminou a todos na
empresa, percebeu-se a interação humana, Observou-se o interesse em criar novos
as pessoas se conhecendo e trocando ideias. conhecimentos como forma de facilitar a troca
E destaca: “o processo acontecia de uma de informações, como o caso do Programa
forma divertida e não como obrigação”. Ideias em Ação e corroborando com Sundbo
e Gallouj (1998), sobre a importância de gerar
A inovação organizacional refere-se à
novas soluções para a gestão de recursos
introdução de novas técnicas e planejamento
tangíveis e intangíveis e também de gerar
nas práticas de negócios, nas relações
novos comportamentos entre as pessoas
internas e externas e em novos sistemas de
(Figura 3).
informação, proporcionando mudanças e
melhoria no desempenho da empresa. Nesta Através do Programa Ideias em Ação,
categoria, observou-se na empresa a ênfase percebe-se a interação entre os
em práticas organizacionais para incentivar a trabalhadores, mas principalmente, a
participação dos trabalhadores no processo oportunidade de se criar novas ideias e
de inovação. Os diretores consideram o compartilhar com as demais pessoas na
contexto organizacional um fator primordial, empresa. Os trabalhadores puderam
que promove a iniciativa, a criatividade, o compreender o que era o significado de
envolvimento no treinamento, assim como a inovação voltada para o segmento da
comunicação organizacional espontânea empresa e procurar desempenhar sua
entre os trabalhadores (Figura 3). atividade de forma contributiva na
organização.

Figura 3 – Framework Teórico de Ações Estratégicas da empresa para Inovação

Fonte: Dados primários (2012).

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Além do Programa Ideias em Ação, outras Em resumo, a análise permitiu verificar que a
formas de se criar conhecimento foram empresa apresenta atividades voltadas para
evidenciadas como o “Tô Dentro”, o inovação favorecendo a criatividade entre os
“Programa de Treinamento” e o “Programa de trabalhadores e apoiando novas ideias, a
Aprendizagem” que também são formas de partir do envolvimento dos diretores nos
se criar conhecimento, permitindo que o projetos desenvolvidos. Focou-se nesta
trabalhador procure cada vez mais pesquisa em três capacidades estratégicas
conhecimento fora da empresa, voltado consideradas estruturantes voltadas para a
sobretudo para a sua área de atuação, e que capacidade de criar conhecimento,
retorne para a empresa e compartilhe. Outras capacidade tecnológica e capacidade de
formas de comunicação na empresa, como o orientação para o mercado. Foi possível
“Cá entre nós”, o “Colabore” e a “Intranet”, perceber na empresa maior ênfase quanto à
também são formas de se compartilhar capacidade de criar conhecimento,
conhecimento entre os trabalhadores, observando-se características presentes no
incentivando, compartilhando e utilizando a ambiente organizacional através dos projetos
informação como forma de aprender e inovar. e programas desenvolvidos na empresa.
A capacidade tecnológica envolve o sistema
físico, organizacional, pessoas, produtos e
5 CONCLUSÕES
serviços de uma organização. Parte-se de um
conjunto de habilidades funcionais voltado O objetivo deste estudo foi analisar as
tanto para a produção, processo e capacidades estratégicas requeridas para
equipamentos, quanto para o gerenciamento inovação em empresas de tecnologia da
e implementação de mudanças. Em uma informação, sendo identificadas
empresa voltada para a área de tecnologia, características quanto ao tipo de inovação e
como a empresa, a capacidade tecnológica é como recursos são articulados para
prioridade em sua estratégia gerencial, desenvolver capacidades estratégicas
procedimentos e rotinas organizacionais (ver estruturantes. Para tanto, buscou-se
figura 3). evidências em estudo de caso na empresa,
atuante no setor desde 1990, no Estado de
Da mesma forma, observou-se que a
Santa Catarina.
capacidade de orientação para o mercado
está também voltada para a relação entre a Na análise do caso identificou-se a promoção
empresa estudada e o mercado. Uma do conhecimento em diferentes contextos e
empresa atuante na área de tecnologia que a articulação de recursos baseados em
precisará estar sempre atenta às mudanças conhecimento poderá promover maior
do mercado, desta forma, poderá manter o desempenho com inovação em organizações
equilíbrio e a interpretação da evolução do de tecnologia de informação. Na perspectiva
negócio do cliente, além de identificar novas da articulação de recursos e capacidades
oportunidades. organizacionais, apresentaram-se evidências
sobre como ocorre a mobilização de
Através do Programa Ideias em Ação os
capacidades para a estratégia de inovação,
trabalhadores puderam discutir e criar ideias
abordando meios de comunicação e
como forma de implantar melhorias para a
estratégias de se criar conhecimento.
empresa, seguindo o planejamento
estratégico, mas buscando ideias O caso único estudado é um caso relevante
aperfeiçoadas, o que de fato ocorreu; de empreendedorismo e estratégia
constatou-se assim qualidade nas ideias e um organizacional. Tratando-se de uma empresa
efeito interno satisfatório por parte dos que atua no mercado há 22 anos com
trabalhadores e da empresa. Após a diferenciação em serviços de tecnologia de
implantação foi possível perceber a interação informação, a sua análise teórico-empírica
entre os trabalhadores e a possibilidade de buscou compartilhar experiências de
trocar ideias e debater as propostas administração estratégica para promover
realizadas de acordo com cada tema pré- inovação. Assumindo-se que os resultados
definido, ocorrendo de forma espontânea e desta pesquisa não podem ser generalizados,
não como obrigação, além de motivar e apresentou-se um framework teórico desta
valorizar os trabalhadores. experiência que expressa as ações

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


estratégicas desenvolvidas para promover desenvolver contextos propícios, requeridos
capacidades estruturantes para inovação. para criar e manter atividades com inovação
na atuação dos profissionais de tecnologia de
Este estudo pretendeu contribuir para a
informação. Futuros estudos serão
reflexão em relação ao comportamento de
necessários para identificar práticas
empresas de tecnologia da informação
organizacionais vivenciadas em diferentes
voltadas para a promoção da inovação. A
contextos internos e externos, atuação global,
proposição de capacidades estratégicas
ou em empreendedorismo nacional e
estruturantes para inovação corrobora com
internacional.
pesquisas no setor sobre a necessidade de

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Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 20
ANÁLISE DA PRODUÇÃO INTELECTUAL NACIONAL E
INTERNACIONAL SOBRE CAPITAL INTELECTUAL SOB A
ÓTICA DA BIBLIOMETRIA
Alessandra Cassol
Tainá Terezinha Coelho
Graciele Tonial

Resumo: Percebe-se que as pesquisas teóricas e empíricas acerca do capital


intelectual vêem crescendo nas últimas décadas. Talvez impulsionado pelo
investimento crescente das organizações neste ativo intangível, vislumbrando o
potencial do mesmo dentro da estrutura e como futuro financeiro das organizações.
Desta forma, o capital intelectual torna-se um grande propulsor da sustentabilidade
das organizações e transforma o contexto de criação de valor. Diante da relevância
do tema, o presente estudo objetiva analisar a produção científica em capital
intelectual, por meio de um estudo bibliométrico, e a contribuição das pesquisas
sobre capital intelectual para a gestão do capital humano nas organizações. Para
tanto, as técnicas de pesquisa utilizadas foram a bibliometria e análise de
conteúdo. Frente ao exposto, o presente estudo justifica-se por complementar as
pesquisas já realizadas e fornecer uma atualização da produção científica das
publicações desenvolvidas no Brasil e no exterior. O estudo analisa periódicos
nacionais e internacionais classificados pela QUALIS-CAPES nos conceitos A1, A2
e B1 além do periódico Journal of Intellectual Capital, contribuindo, desta forma,
para construção do conhecimento cumulativo acerca do capital intelectual,
buscando apresentar novos direcionamentos às pesquisas futuras. Observa-se nos
artigos analisados uma tendência dos estudos apresentarem o capital intelctual
como criação de valor para a organização, valor este que é percebido pelos seus
stakeholders. Seguidamente de forma homogênia as pesquisas direcionam-se para
a análise do capital intelectual relacionado aos modelos de gestão organizacional,
sobre a perspectiva de mensuração deste capital dentro das organizações e seu
efetivo resultado como diferencial no desempenho econômico das mesmas.

Palavras-chave: Produção científica, Capital intelectual, Estudo bibliométrico.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1 INTRODUÇÃO em publicações sobre o assunto capital
intelectual, contribuindo, desta forma, para
Percebe-se que o número de pesquisas
construção do conhecimento cumulativo
teóricas e práticas acerca dos ativos
acerca do capital intelectual, buscando
intangíveis ou capital intelectual vêem
apresentar novos direcionamentos a
crescendo nas últimas décadas. Talvez
pesquisas futuras e compreendendo como as
impulsionado pelo investimento crescente das
pesquisas já realizadas podem direcionar
organizações em seu capital intelectual
novos estudos empíricos em organizações
vislumbrando o potencial deste ativo dentro
que buscam melhorar suas praticas de gestão
de sua estrutura e como futuro financeiro das
do conhecimento.
organizações. Booth (1998) menciona que,
financeiramente, a principal característica da Vislumbra-se aqui também preencher uma
economia do mercado atual é a soma dos lacuna deixada pelos estudos realizados
custos de uma companhia (incluído o custo quanto à baixa utilização de periódicos
de capital), que não é necessariamente internacionais nas pesquisas, apresentando-
equivalente ao preço de mercado de suas se uma necessidade de compreender como
ações. se desenvolvem os estudos sobre capital
intelectual em outros países. Outro fator
Stewart (1998) afirma que o mercado de
relevante relaciona-se ao campo do
ações avalia uma organização em três, quatro
gerenciamento do conhecimento que
ou dez vezes mais que o valor contábil de
permanece importante na agenda de
seus ativos, ou seja, os ativos físicos de uma
pesquisa em Gestão, pois ativos intangíveis,
empresa baseada no conhecimento
como o capital intelectual, emergiram como
contribuem muito menos para o valor de seu
fatores-chave para a vantagem competitiva
produto (ou serviço) final do que os ativos
em diversas indústrias (DISTERER, 2003;
intangíveis (os talentos de seus funcionários, a
DAVENPORT; PRUSAK, 2003).
eficácia de seus sistemas gerenciais, o
caráter de seus relacionamentos com os O artigo constitui-se de uma revisão literária
clientes, que juntos formam o seu capital sobre capital intelectual, definição do método
intelectual). Desta forma, o capital intelectual e dos procedimentos de pesquisa, descrição
torna-se um grande propulsor da e análise dos dados e considerações finais.
sustentabilidade das organizações e
transforma o contexto de criação de valor.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE CAPITAL
Nessa perspectiva, o presente estudo objetiva
INTELECUAL
analisar a produção científica em capital
intelectual, por meio de um estudo Conforme Nonaka et al (2000) a visão
bibliométrico, e a contribuição das pesquisas baseada no conhecimento sustenta a
sobre capital intelectual para o processo de capacidade de criação de conhecimento
gestão nas organizações. Para tanto as transformando-a em uma importante fonte de
técnicas de pesquisa utilizadas foram a vantagem competitiva para a organização. O
bibliometria e análise de conteúdo. Leal, autor segue declarando que é por meio das
Oliveira e Soluri (2003) afirmam que traçar o capacidades da empresa de inovar em novos
perfil de determinada área por meio de uma produtos/serviços, ou de melhorar os já
análise bibliométrica não se constitui como existentes de forma eficiente e eficaz que
pesquisa inovadora, entretanto essa proporciona a competitividade sustentável,
informação não invalida a necessidade de um resultando no desenvolvimento contínuo do
campo disciplinar se voltar sobre si próprio conhecimento e o armazenamento da
para, na busca do entendimento de sua propriedade intelectual (NONAKA et al 2000).
trajetória, projetar caminhos futuros.
A criação do conhecimento, baseado na visão
Diante do exposto, o presente estudo justifica- da organização, contribui para o surgimento
se por complementar as pesquisas já de novas teorias organizacionais que
realizadas e fornecer uma atualização entendem o conhecimento e a capacidade de
científica dos estudos e publicações gerenciá-lo sendo as capacidades mais
desenvolvidas no Brasil e no exterior. O importantes como diferencial de
estudo analisa periódicos nacionais e competitividade da organização (NONAKA,
internacionais classificados pela CAPES nos 1990, 1991, 1994; PRAHALAD e HAMEL,
conceitos A1, A2 e B1 além do periódico 1990; NELSON, 1991; TEECE et al, 1990;
Journal of Intellectual Capital, que é referência SPENDER, 1996).

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


As organizações começaram desta forma, a perspectivas sob as quais o capital
buscar possibilidades de registrar e gerenciar intelectual é examinado: economia,
seus ativos intangíveis com objetivo de estratégia, contabilidade, finanças,
desenvolver diferenciais competitivos em evidenciação, marketing, gestão de recursos
relação aos seus concorrentes, intensificando humanos, sistemas de informação e direito, e
o valor da gestão do capital intelectual. O ainda sugere a investigação e o
capital intelectual está adquirindo um espaço mapeamento das diferentes perspectivas
importante dentro da economia moderna e no disciplinares.
meio organizacional representam atualmente,
Segundo Prusak e Davenport (1998), o ativo
em média, setenta e cinco por cento do valor
tangível de uma empresa, só terá valor real se
das fontes de receitas das empresas (SMITH,
as pessoas souberem o que fazer com ele. O
2009).
“souber fazer” refere-se ao conhecimento que
Contudo a pesquisa sobre o capital os colaboradores detêm, ou seja, o ativo
intelectual tem basicamente evoluído a partir intangível que a organização possui.
de autores como Bontis (1996), Brooking Abranches e Damaceno (2005) afirmam que
(1996), Darling (1996), Edvinsson e Sullivan as empresas estão visualizando o
(1996), Saint-Onge (1996). Quanto ao conhecimento e o perfil de seus
conceito de capital intelectual Brooking colaboradores como chave da vantagem
(1996) afirma ser uma combinação de ativos competitiva sustentável.
intangíveis, oriundos das mudanças nas áreas
Sob este contexto, quanto mais à organização
da tecnologia da informação, mídia e
e os seus colaboradores fazem uso do
comunicação, que trazem benefícios
conhecimento, mais este se valoriza. Todos os
intangíveis para as empresas e que
ativos e estrutura – querem tangíveis ou
capacitam seu funcionamento.
intangíveis – são resultados das ações
Stewart (1998), por sua vez, define capital humanas. Todos dependem das pessoas, em
intelectual como a soma do conhecimento de última instância, para continuar a existir
todos em uma empresa, o que acaba (ABRANCHES e DAMACENO, 2005).
proporcionando vantagem competitiva à
Desta forma, argumenta-se a necessidade
organização. Stewart em suas pesquisas
de investigar e mapear as diferentes
demonstrou a preocupação das
perspectivas das pesquisas realizadas no
organizações em compreender o
contexto brasileiro e internacional sobre
conhecimento intrínseco em seus processos
capital intelectual, pois estas pesquisas
para gerenciá-lo de forma que proporcione
podem contribuir para as organizações
uma melhor vantagem competitiva.
compreenderem formas de gestão do
A organização sob o olhar de Edvinsson e conhecimento extrínseco em sua estrutura.
Malone (1998) constitui-se de distintas Desta forma, o presente estudo bibliométrico
estruturas, ou então, distintas formas de busca apresentar os estudos realizados nos
capital, os autores dividem os fatores ocultos últimos anos de pesquisa sobre o tema
das organizações em duas categorias: o capital intelectual.
Capital Humano onde são considerados o
conhecimento, expertise, poder de inovação e
habilidade dos empregados, além dos valores 3 METODOLOGIA DA PESQUISA
e cultura da organização. E o Capital
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa,
Estrutural, que se constitui dos equipamentos
descritiva e exploratória. Considera-se
de informática, softwares, banco de dados,
descritiva porque apresentará os indicadores
patentes, marcas registradas, relacionamento
sobre as publicações acerca do tema capital
com os clientes e tudo o mais da capacidade
intelectual nos periódicos nacionais e
organizacional que apóia a produtividade dos
internacionais. Vergara (2000) argumenta que
empregados. Botins (1998) ainda contribuiu
a pesquisa descritiva expõe as características
acrescentando o Capital do Cliente que inclui
de determinada população ou fenômeno, que
o conhecimento intangível incorporado em
neste estudo refere-se às publicações sobre
clientes, fornecedores, governos ou
capital intelectual. .
associações relacionados com a
organização. O estudo considera-se exploratório, pois
busca conhecer a área de capital intelectual
Sob o contexto internacional Marr e
com base na pesquisa bibliométrica e no
Moustaghfir (2005) apontam nove diferentes
mapeamento das publicações que fazem

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


parte da amostra. Conforme o Köche (1997) periódicos que mais publicaram sobre
a pesquisa exploratória é adequada para capital intelectual e o número de publicações
casos em que o pesquisador ainda não por ano.
apresenta um conhecimento sobre as teorias
Posteriormente realizou-se uma análise do
e nem conhecimento amplo sobre o tema.
conteúdo detalhada ao longo do processo
Para que o objetivo proposto seja alcançado de leitura e interpretação dos artigos, desta
às técnicas de pesquisa utilizadas são a forma delimitaram-se os artigos que
bibliometria e a análise do conteúdo. A apresentavam uma construção da teoria
bibliometria, para Macias-Chapula (1998, P. sobre capital intelectual dentro do período
134) “é o estudo dos aspectos quantitativos analisado. Desta maneira, o resultado da
da produção, disseminação e uso da pesquisa procedeu em 89 artigos, os
informação registrada”. Porém, a análise de mesmos serviram de base para a elaboração
conteúdo é utilizada para o mapeamento dos de uma ficha padronizada, para a análise de
artigos, sendo definida por Bardin (2004) conteúdo individual de cada artigo, sendo
como um conjunto de técnicas de análise das categorizada com os seguintes tópicos:
comunicações, que visa obter indicadores perspectiva ou enfoque da pesquisa,
que possibilitem gerar conhecimentos em metodologia utilizada, natureza do estudo,
relação à produção ou recepção das número de autores por artigo, autores mais
mensagens expressas nestas comunicações. prolíferos na área de capital intelectual,
instituições de ensino superior (IES), obras
O objeto desta pesquisa está embasado nos
mais citadas, enfoque dado ao capital
artigos científicos publicados em periódicos
intelectual no artigo, tipos de usuários a
nacionais e internacionais publicados entre
quem o estudo é direcionado, resultados, e
1997 e 2012 com classificação A1, A2 e B1
conclusões dos autores.
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior. Os periódicos Em relação à natureza do estudo, os teóricos
selecionados como amostra são: Journal of foram divididos segundo a classificação de
Intellectual Capital, Management Decision, Alavi e Carlson (1992), que separam os
Journal of Knowledge Management, estudos em três categorias: conceituais,
Management Research News, Revista de ilustrativos e conceituais aplicados. Porém
Administração Contemporânea, Espacio em nossa pesquisa utilizamos duas das
Abierto, Produção, RAM. Revista de classificações: conceituais e ilustrativos. Os
Administração Mackenzie, RBGN Revista estudos conceituais são aqueles que
Brasileira de Gestão de Negócios, Revista definem estruturas, modelos ou teorias; os
Contabilidade & Finanças, RAE Eletrônica ilustrativos compreendem as pesquisas que
(Online), Invenio, European Business Review, funcionam como um guia prático.
International Journal of Managerial Finance,
Os estudos práticos foram divididos,
International Journal of Service Industry
segundo a classificação de Meirelles e
Management, Social Responsibility Journal,
Hoppen (2005), em estudos de caso,
Perspectivas em Ciência da Informação e
pesquisas survey e estudos experimentais –
Revista Brasileira de Zootecnia.
o estudo de caso permite contribuir com o
O critério de pesquisa foi baseado nas conhecimento dos fenômenos individuais,
terminologias utilizadas nas buscas organizacionais, sociais, de grupo, entre
localizadas nos títulos, palavras-chaves ou outros (YIN, 2005); a pesquisa survey
resumos. As terminologias utilizadas para a “procura descrever com exatidão algumas
pesquisas foram: capital intelectual, ativo características de populações designadas”
intangível, propriedade intelectual, gestão do (TRIPODI; FELLIN; MEYER, 1981); e,
conhecimento, intellectual capital, intangible conforme Jung (1997), o estudo experimental
assets, intellectual property, knowledge possibilita ao pesquisador exercer controle
management. sobre o grupo populacional fazendo com
que ele possa intervir na característica
A pesquisa iniciou-se a partiu de 973 artigos
investigada.
dos quais somente 465 artigos encontravam-
se dentro dos periódicos selecionados. Com
base na seleção dos 465 artigos buscou-se
compreender como se construiu a história
das publicações a cerca do capital
intelectual, para isso analisou-se quais os

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS pesquisa (A1, A2 e B1). Estes dados
referem-se a todos os periódicos que tratam
Na Tabela 1 apresenta-se o número de
sobre capital intelectual nos últimos anos e
artigos por periódico de acordo com a
que foram encontrados nas bases de dados
qualificação CAPES delimitada nesta
pesquisadas: Emerald, Scielo e Proquest.

Tabela 1 - Quantidade de artigos levantados por periódico no período de 1997 a 2012

Fonte: Elaborado pelos autores

Conforme a Tabela 1, na primeira análise, Management com 12,2% (57 artigos) das
encontram-se 465 artigos que falavam sobre publicações e o Management Decision com
capital intelectual. Destes 69,6% (324 artigos) 9,5% (45 artigos), respectivamente os
do periódico Journal of Intellectual Capital que periódicos possuem classificação CAPES A2
atualmente é a maior fonte de publicações e A1 e são considerados periódicos bem
sobre capital intelectual. Os outros dois conceituados mundialmente na comunidade
periódicos que mais publicam sobre o científica.
assunto são Journal of Knowledge

Tabela 2 - Publicações por períodicos entre o ano de 1997 e 2012

Fonte: Elaborado pelos autores

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


A partir da análise da Tabela 2 observa-se além do aumento nas publicações diversas
que as publicações como o tema capital revistas passaram a abordar o assunto.
intelectual, dentro do recorte temporal Outro fator relevante, relacionado ao aumento
adotado por esta pesquisa, teve oscilações das pesquisas relaciona-se ao interesse cada
entre 1997 até 2001 quando nos próximos vez maior das organizações em
anos segue uma média de publicações sobre compreenderem como gerenciar o capital
o assunto. Essa constância talvez indique o intelectual propiciando maior vantagem
surgimento do interesse da academia em competitiva.
debater mais profundamente o assunto, pois
Figura 1 - Número de publicações por ano dos artigos selecionado

Fonte: Elaborado pelos autores

O que podemos compreender sobre este ilustrativo, estudo de caso, survey e


contexto é a necessidade de novos estudos experimental. Realizamos a análise
sobre capital intelectual com diferentes bibliométrica dos 89 artigos selecionados
abordagens e contextos, estudos que conforme a delimitação do estudo. Na tabela
aproveitem as lacunas ou limitações já 3 analisou-se a natureza dos estudos,
evidenciadas em outras pesquisas e possam observa-se que dentro dos 37 estudos
continuar contribuindo para compreensão e teóricos analisados a predominância é por
análise deste tema tão relevante e atual estudos conceituais. No que tange os estudos
dentro do âmbito organizacional e científico. práticos, o restante das pesquisas avaliadas,
52 artigos, a predominância foi de estudos
Conforme proposto por este estudo,
survey. Esta análise nos apresenta que existe
delimitou-se dentro da amostra dos 465
um número maior de estudos práticos sobre
artigos apontados acima quais
Capital Intelectual, do que estudos teóricos,
apresentavam uma construção da teoria
hipótese que é confirmada pelo estudo
sobre capital intelectual dentro do período
realizado por Vasconcelos et al (2008), e
analisado. Sendo assim, as próximas
assinala o contexto das organizações estarem
análises referem-se a este filtro, no qual
buscando compreender a gestão do capital
resultou em 89 artigos.
intelectual por meio de pesquisas científicas
Desta forma, os artigos forma classificados de servindo de campo empírico.
acordo com as categorizações: conceitual,

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Tabela 3 - Natureza dos estudos analisados no bibliométrico

Fonte: Elaborado pelos autores

Em relação ao número de autores por artigos Contudo, podemos destacar um fato que aqui
podemos perceber, conforme demonstra a nos chama a atenção, nos periódicos A1 a
Figura 2, um equilíbrio entre os periódicos, maioria dos artigos possui três autores ou
pois 33% dos periódicos possuem artigos mais, o que nos demais classificações de
escritos por um autor, e igualmente 34% dos periódicos não acontece, pois se observa
periódicos possuem artigos escritos por dois uma distribuição mais equilibrada.
autores e 34% por três autores ou mais.

Figura 2 - Número de autores por artigos

Fonte: Elaborado pelos autores

A Tabela 4 demonstra os autores mais igualmente Luis Antonio Jóia que são autores
prolíficos na área de capital intelectual entre de IES brasileiras que aqui se destacam na
os artigos analisados e suas respectivas IES. publicação sobre capital intelectual. Cabe
O autor com maior número de publicações foi destacar as IES brasileiras que juntamente
Nick Botins que publicou artigos tanto sozinho com seus autores se destacaram nas
como em parceria com outros autores com publicações conforme apresentado na tabela
publicações menores não sendo acima, Universidade Mackenzie (Brasil),
consideradas na análise. Posteriormente Fundação Getúlio Vargas (Brasil) e Pontifícia
temos Maria Thereza Pompa Antunes e Universidade Católica do Paraná – PUCPR.

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Tabela 4 - Autores mais prolíficos dos artigos analisados

Fonte: Elaborado pelos autores

Posterior na Tabela 5 apresentam-se as IES Vargas (FGV), com base nos artigos
que mais publicaram artigos nos últimos anos analisados, posteriormente a maioria das
em todos os artigos analisados. Observa-se outras instituições são de outros países, visto
que a instituição que possui o maior número que o número de artigos analisados em
de autores que publicaram dentro da área de periódicos internacionais foi maior que em
capital intelectual foi a Fundação Getúlio periódicos nacionais.

Tabela 5 - Instituições de Ensino Superior que mais apareceram nos artigos publicados

Fonte: Elaborado pelos autores

Na Tabela 6 apresentam-se os autores e suas seus modelos são os mais usados nos
obras que mais foram citados nos artigos estudos práticos, seguidamente os autores
analisados. Verifica-se que os autores Stewart e Sveiby também se destacam como
Edvinsson e Malone com a obra apresentada o segundo e terceiro autores mais
e outras publicadas pelos mesmos são os referenciados, da mesma forma, seus
mais referenciados tanto em citações quanto modelos também são os mais utilizados em

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


pesquisas sobre mensuração do capital realizados pelos mesmos onde temos
intelectual. Podemos observar que os três Edvinsson com suas primeiras publicações
autores possuem uma proximidade em em 1992 quando o assunto capital intelectual
relação à freqüência com que suas obras são não era tão presente entre as publicações e
citadas em pesquisas e publicações, isso pesquisas realizadas nacional e
demonstra a consolidação dos trabalhos internacionalmente.

Tabela 6 - Obras e autores mais citados

Fonte: Elaborado pelos autores

Na Tabela 7 apresentam-se os enfoques das stakeholders. Seguidamente de forma


pesquisas quanto ao capital intelectual. As homogênia as pesquisas direcionam-se para
pesquisas analisadas apresentam sete a análise do capital intelectual relacionado
enfoques distintos em relação ao capital aos modelos de gestão organizacional, sobre
intelectual, observa-se a tendência dos a perspectiva de mensuração deste capital
estudos apresentarem o capital intelctual dentro das organizações e seu efetivo
como criação de valor para a organização, resultado como diferencial no desempenho
valor este que é percebido pelos seus econômico das mesmas.

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Tabela 7 - Enfoque das pesquisas quanto ao capital intelectual

Fonte: Elaborado pelos autores

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS relevante que tenha ocorrido no campo


teórico ou empírico. Pois se observou que na
O presente estudo objetivou analisar a
maioria dos estudos publicados as
produção científica sobre o capital intelectual
recomendações para estudos futuros
por meio de um estudo bibliométrico onde se
direcionam-se para a evolução ou
mapeou todos os estudos realizados no
continuidade das pesquisas e também para
período de 1997 a 2012 nos periódicos
novas pesquisas relacionadas ao tema.
nacionais e internacionais com classificação
O enfoque da maioria das pesquisas
CAPES A1, A2, B1 e o periódico Journal of
relaciona-se ao capital intelectual agregar
Intellectual Capital.
valor para a organização, o que corrobora
Inicialmente relacionaram-se todos os artigos
com o momento percebido no âmbito
sobre capital intelectual encontrados nas
organizacional onde se busca desenvolver
bases de dados Emerald, Proquest e Scielo
maneiras de transformar o capital intelectual
onde foram encontrados 465 artigos. Com
de forma explícita fazendo o mesmo ser
base nestes artigos relacionaram-se os
percebido pelos stakeholders da organização,
periódicos por números de publicações e
gerando, desta forma, uma cadeia de valor na
também a quantidade de publicações por ano
qual o capital intelectual encontra-se
dentro do período analisado. Primeiramente o
intrínseco.
periódico com maior número de publicações
Com base nas constatações levantadas pode-
é o Journal of Intellectual Capital periódico o
se concluir que o presente estudo atingiu seu
qual possui direcionamento para publicação
objetivo principal, que buscava apresentar um
de artigos relacionados ao assunto capital
histórico das publicações sobre capital
intelectual e suas derivações, em seguida se
intelectual e agregar conhecimento sobre o
destaca o periódico Journal of Knowledge
assunto aos autores do presente artigo. As
Management e o Management Decision,
recomendações para outros pesquisadores é
periódicos altamente conceituados perante a
que novas pesquisas desenvolvam-se com
comunidade científica.
objetivo que compreender como o capital
Em relação às publicações por ano, chama a
intelectual desenvolve-se dentro das
atenção dos autores do presente estudo, que
organizações e até mesmo as dificuldades
as publicações sobre capital intelectual
pelas quais as mesmas passam buscando
diminuíram a partir do ano de 2008, mais
compreender este tema tão presente no
especificamente entre os anos 2010 e 2011,
âmbito organizacional.
fato o qual não parece estar relacionado a
nenhum acontecimento em específico ou

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Management Decision, v. 43, n. 9, p.1114 – 1128, produção científica em capital intelectual. Revista
2005 de Administração Mackenzie. v. 9, n. 4, 2008.
[18]. MEIRELLES, F. S.; HOPPEN, N. Sistemas [33]. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de
de Informação: a pesquisa científica brasileira pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo:
entre 1990 e 2003. Revista de Administração de Atlas, 2000.
Empresas, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 338-347, [34]. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e
jan/mar. 2005. métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
[19]. NELSON, R.R.; WINTER, S. An
evolutionary theory of economic change. Belknap

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 21
IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DO
CONHECIMENTO E SISTEMA DE INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA
CALÇADISTA DO ESTADO DA PARAÍBA
Talita Freire Chaves
Amanda Pereira Gomes
Jessika Vanessa Farias Borba
Barbara Araújo Soares
Francisco Kegenaldo Alves de Sousa

Resumo: Este artigo tem como tema a gestão do conhecimento (GC) e a


inteligência competitiva (IC). A primeira citada pode ser explicada pela
identificação e mapeamento do que se sabe, pela captação e organização desse
conhecimento e, por fim, a utilização de forma que gerem retornos. Já a IC trata-se
de um processo sistemático que visa descobrir forças que regem negócios, reduzir
risco e auxiliar na tomada de decisão, além de proteger o conhecimento gerado.
Ao longo desse estudo apresentam-se conceitos, importâncias e modelos dos
sistemas de informação que são temas do decorrido artigo. Também sendo
observados os motivos pelos quais a gestão do conhecimento e a inteligência
competitiva apresentam tamanha importância para a maximização das chances de
sucesso das empresas. Por fim, a partir de um estudo realizado em uma empresa
do setor calçadista na cidade de Campina Grande-PB, abordaremos os problemas
encarados na implantação da GC e IC.

Palavras-chaves: Gestão do conhecimento, inteligência competitiva, tomada de


decisão, indústria calçadista.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO descritiva, que envolve observação, registro,
análise e explicação das variáveis
No atual cenário organizacional as empresas
relacionadas ao tema.
são marcadas pela alta competitividade e a
forte concorrência, que são reflexos do
processo de globalização. Esta resulta em
2. REFERENCIAL TEÓRICO
avanço tecnológico e inovações que podem
ser encontrados nas organizações. Desta 2.1. GESTÃO DO CONHECIMENTO
forma, destacamos a necessidade de as
A gestão do conhecimento (GC) foi criada “a
empresas estarem em constante adaptação e
partir da colisão de diversas outras áreas -
evolução. (Davenport e Prusak, 1998) apud
recursos humanos, desenvolvimento
(Oliveira e Cândido, 2008) afirmam que a
organizacional, gestão de mudança,
organização que sobreviverá é aquela que
tecnologia da informação, gestão da marca e
sabe como fazer bem e rápido novas coisas.
reputação, mensuração e avaliação de
Desta forma, diante de novas exigências de desempenho” (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002).
um mercado globalizado e de acirrada A GC também é definida como a maneira que
concorrência, as empresas precisam adotar a as empresas gerem, difundem e alavancam
gestão do conhecimento (GC) que segundo seus ativos intelectuais.
Kenneth (2010) refere-se ao conjunto de
Tratando-se assim, de um campo bastante
processos desenvolvidos em uma
dinâmico e cíclico que vem a envolver todos
organização para criar, armazenar, transferir e
os processos organizacionais, procurando
aplicar conhecimentos. Aumentando assim, a
reconhecer os conhecimentos existentes na
capacidade da organização para aprender
organização e aplica-los de uma forma
com seu ambiente e incorporar conhecimento
estratégica buscando alcançar o melhor
a seus processos de negócios e à tomada de
desempenho e produtividade organizacional,
decisões.
gerando assim um maior desenvolvimento de
Outro aspecto da cultura organizacional que seus produtos e serviços.
deve vir a ser aplicada dentro das empresas
Devido à importância que a gestão do
que visam aumentar suas chances de
conhecimento vem recebendo no ambiente
sucesso e de sobrevivência frente aos seus
acadêmico, nos últimos anos, uma ampla
concorrentes é a inteligência competitiva (IC)
contribuição literária com abordagens que
que para Valentim et al (2002) é um conjunto
tratam da gestão do conhecimento começou
de capacidades próprias mobilizadas por
a surgir, e em tais obras são propostos
uma entidade lucrativa, destinadas a
modelos específicos para a aplicação da GC.
assegurar o acesso, capturar, interpretar e
preparar conhecimento e informação com alto De acordo com Carvalho et al. (2006) tais
valor agregado para apoiar a tomada de modelos priorizam a geração do novo
decisão requerida pelo desenho e execução conhecimento, a criatividade, a inovação,
de sua estratégia competitiva. enquanto que outros modelos destacam a
preservação e a codificação do conhecimento
Apesar da importância que a gestão do
já existente. Certos modelos enfatizam o
conhecimento e a inteligência competitiva
conhecimento interno à empresa e a
apresentam, e de sua crescente aplicação
percepção do conhecimento como estoque.
nas empresas, o número de experimentos
Já outros autores descrevem o conhecimento
sobre essas ferramentas estratégicas ainda
como fluxo e desenvolvem modelos que
não atingiu dimensões que correspondem à
facilitam a troca de conhecimento em toda a
sua importância, e sua aplicação nos meios
cadeia de valor da organização.
empresariais é principiante.
Os principais modelos que visam uma gestão
Objetivamos assim, com esse artigo contribuir
do conhecimento integrada para as
para o embate desses temas relativamente
organizações, são: Modelo de Sveiby (1998),
novos e pouco explorados. Além de expor a
trazendo o conceito de conhecimento
importância e serventia da GI e IC dentro das
organizacional como ativo intangível; Modelo
organizações e indicar maneiras para um
de Edvinsson e Malone (1998), que tem como
melhor aproveitamento de dados, informações
intuito identificar e/ou melhorar o capital
e conhecimentos pelas empresas. A
intelectual da divisão dos serviços financeiros;
metodologia adotada para a elaboração
Modelo de Choo (2003), partindo do uso
desse artigo foi o uso de pesquisa
estratégico da informação nos processos de
bibliográfica, pesquisa in loco e abordagem

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


construção de sentido, criação de de atitudes que forneça a empresa vantagens
conhecimento e tomada de decisão; Modelo sobre seus concorrentes.
de Leonard-Barton (1998), evidenciando a
Também é importante enfatizar que a
vantagem competitiva das organizações
ferramenta da inteligência competitiva pode
sobre as atividades. Usando as atividades
ser aplicada em organizações de todos os
como geradoras de aptidões organizacionais;
tamanhos, pois nenhuma empresa,
Modelo de Terra (2001), defendo o modo pelo
independente do seu tamanho e de seu
qual os conhecimentos são gerados,
sucesso no mercado, pode ignorar os
difundidos, apropriados e aplicados por
acontecimentos que surgem internamente e
pessoas e por organizações; Modelo
externamente da sua empresa, pois nada
de Nonaka & Takeuchi (1997), denominado
garante que uma empresa líder absoluta no
de “O ciclo criativo do conhecimento”, visa à
mercado se mantenha assim para sempre.
construção do conhecimento organizacional.
Desta forma, Kenneth (2010) verifica que
aplicação da gestão do conhecimento e de 2.3. DIFERENCIAÇÃO ENTRE GESTÃO DO
seus modelos dentro de uma organização CONHECIMENTO (GC) E INTELIGÊNCIA
almejará a realização das atividades com COMPETITIVA (IC)
eficiência e eficácia, de uma maneira que as
Segundo NATSUI (2002) a discussão sobre
outras organizações não possam copiar.
Gestão do Conhecimento surge na década de
90 e tem como objetivo gerenciar o
conhecimento acumulado de funcionários a
2.2. INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
fim de transformá-los em ativos da empresa.
“Inteligência Competitiva (IC) é um processo Ela cria condições para que o conhecimento
sistemático e ético, ininterruptamente avaliado seja criado, socializado, compartilhado dentro
de identificação, coleta, tratamento, análise e da empresa, transformando-o de tácito em
disseminação da informação estratégica para explícito. Já a Inteligência Competitiva está
a organização, viabilizando seu uso no mais voltada para a produção do
processo decisório” (GOMES e BRAGA, conhecimento referente ao ambiente externo
2004). da empresa. Entretanto cabe salientar que a
implantação da Gestão do Conhecimento nas
Já segundo (Kahaner, 1996) apud
empresas facilita a atuação da área de
(De Oliveira, 2004) a IC é uma atividade de
Inteligência Competitiva e vice-versa.
gestão estratégica da informação que tem
como objetivo permitir que os tomadores de
decisão se antecipassem às tendências dos
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
mercados e à evolução da concorrência
detectem e avaliem ameaças e oportunidades A pesquisa realizada pode ser caracterizada
que se apresentem no seu ambiente para como exploratória e descritiva conduzida sob
definirem as ações ofensivas e defensivas a forma de estudo de caso. Sua natureza é
mais adaptadas às estratégias de qualitativa, considerando-se que não se
desenvolvimento da empresa. preocupa com representatividade numérica,
mas sim com o aprofundamento da
A ABRAIC (Associação Brasileira dos
compreensão de um grupo social, da
Analistas de Inteligência Competitiva) define a
organização etc.
Inteligência Competitiva como “um processo
informacional proativo que conduz à melhor A metodologia adotada para a elaboração
tomada de decisão, seja ela estratégica ou desse artigo foi o uso de pesquisa
operacional. É um processo sistemático que bibliográfica, pesquisa in loco e abordagem
visa descobrir as forças que regem os descritiva, que envolve observação, registro,
negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador análise e explicação das variáveis
de decisão a agir antecipadamente, bem relacionadas ao tema.
como proteger o conhecimento gerado”.
De acordo com tais definições, entendemos a
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
inteligência competitiva como um processo
onde as organizações têm a capacidade de Foram utilizadas como técnicas de pesquisa,
perceber o que acontece tanto em seu a aplicação de um instrumento do tipo
ambiente interno como também em seu questionário e a observação não participante.
ambiente externo, possibilitando uma tomada A população da pesquisa é composta por

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


todas as pessoas da empresa que exercem básicas e, portanto, mais urgentes e
algum tipo de função gerencial (diretoria e preocupantes.
gerência). O instrumento de pesquisa
Pode se apontar, em primeiro lugar, a maneira
utilizado continha questões abertas,
como a fábrica funciona inadequadamente e
permitindo que o entrevistado fizesse
sem planejamento necessário na execução de
comentários adicionais expondo uma série de
suas ações. Além disso, embora lucrativa a
afirmações sobre a existência ou não da
fábrica deixa de aumentar seus lucros ao não
gestão do conhecimento e da inteligência
controlar uma série de fatores importantes
competitiva dentro da organização.
para seu desenvolvimento, pois claramente a
fábrica não parece se desenvolver de forma
significativa.
3.2 A EMPRESA PESQUISADA
Outro problema identificado é a falta de
O ambiente da pesquisa é uma empresa do
métodos e procedimentos documentados e
setor calçadista paraibano, localizada no
formalizados, ocasionando ausência de
bairro do Catolé, na Cidade de Campina
conhecimento explícito dentro da
Grande, Paraíba.
organização. Além disso, muitas pessoas que
O critério de escolha foi intencional, tendo em dominam os conhecimentos e experiências
vista que a empresa é de pequeno porte, com dentro da empresa vão embora da mesma,
funcionários que detém boa habilidade na levando este conhecimento consigo e sem
realização de suas tarefas, maquinários na deixar nenhum registro, o que obriga aqueles
sua maioria de boas condições, embora que que permanecem na fábrica a descobrir por si
necessitem de manutenção e pequenas só o funcionamento dos processos, não
modificações. A organização produz calçados ocorrendo assim, a transferência do
femininos com design modernos, chamativos, conhecimento tácito entre os colaboradores
bonitos, elegantes, e que são vendidos com da empresa. Constatando assim que a
facilidade pelas lojas da franquia, localizados empresa não utiliza sistema do conhecimento,
nos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará, e não apresenta banco de dados que
Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe. disponibilize as informações dentro da
empresa.
Além destes, analisamos a falta de hábito de
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
olhar para o ambiente externo, não
Como discutido anteriormente, a busca e conseguindo assim se antecipar as mudanças
prática da gestão do conhecimento e ou, pelo menos, reagir a elas com mais
inteligência competitiva aplicada dentro de rapidez. Assim, constatamos que a empresa
organizações levará a maximização do não pode classificar-se como eficiente muito
sucesso da empresa diante dos seus menos como eficaz.
concorrentes. Alcançando assim, estar
Diante disso, pode-se argumentar que pela
sempre à frente no desenvolvimento de
atual situação da fábrica analisada, não faz
programas de qualidade e produtividade.
sentido realizar monitoramento do mercado e
Com base no questionário aplicado da concorrência, interno ou externo, porque a
desenvolvido pelas autoras desse artigo (ver priori é preciso solucionar problemas
em anexo), foram aplicados questionários e eminentes na organização.
feitas entrevistas com gerentes e diretores da
Em resumo, os pontos levantados com as
empresa em estudo. A fim de se levantar as
entrevistas, que mostraram a inviabilidade da
necessidades de inteligência e gestão da
aplicação de um sistema de IC e GC no
empresa, entre outras relevantes informações.
empreendimento, foram: perda de memória
A intenção inicial era propor um modelo de
organizacional; resistência ao
aplicação de um Sistema de Inteligência
compartilhamento de informações;
Competitiva (SIC) e um Sistema Gestão do
inaplicação de um sistema de conhecimento e
Conhecimento (SGC) para a organização
de um banco de dados; falta de preocupação
estudada, mas isto acabou mostrando-se
com o ambiente externo e dificuldade na
irrealizável após a conclusão das entrevistas.
tomada de decisões.
Muitos problemas relacionados à IC e GC
Entre as medidas a serem tomadas estão:
foram detectados dentro da empresa. Desta
aperfeiçoar a cultura organizacional;
forma, as entrevistas revelaram que a
aprimorar o fluxo de informações; estudos e
empresa possui outras necessidades mais

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


implementações de bancos de dados; voltar à da empresa não apresentar uma estruturada
atenção para os acontecimentos do ambiente cultura organizacional. Uma vez que, não
externo e melhorar a gestão do conhecimento investe na coleta de informações sobre
aumentando o fluxo de informações entre os mudanças tecnológicas e transformações no
membros do empreendimento para uma mercado, além de não apresentar um sistema
melhor e mais eficaz, tomada de decisão. hierárquico organizado impossibilitando o
fluxo de informações eficiente dentro da
De acordo com a análise realizada, podemos
empresa.
afirmar que o objetivo inicial deste artigo foi
alcançado, uma vez que o ambiente Desta forma, constatamos que inúmeras
organizacional da empresa é impróprio para a mudanças deverão ocorrer no
aplicação dos sistemas aqui estudados. empreendimento antes da aplicação de um
Dessa forma, este artigo contribuiu para a sistema de inteligência competitiva e de
confirmação sobre os requisitos para a gestão do conhecimento. No futuro, depois de
implementação de IC e GC nas organizações propagadas essas mudanças poderão ser
segundo fontes bibliográficas. aplicadas a implantação dos sistemas de IC e
GC, onde serão necessárias, principalmente
nos estados iniciais de funcionamento do
5. CONCLUSÃO sistema, o envolvimento, treinamento e
conscientização dos colaboradores em suas
Ainda que inovações e tecnologias sejam
funções e importância dentro do sistema
importantes para a aplicação de IC e GC
produtivo.
dentro de uma organização, tais sistemas
informacionais dependem principalmente das Por fim, averiguamos que a prática da
pessoas, uma vez que os próprios inteligência competitiva e gestão do
funcionários de uma organização são a conhecimento dentro das empresas
principal fonte de informação e disseminação paraibanas ainda são pouco disseminadas e
de conhecimento dentro da mesma. Porém, ainda não está plenamente desenvolvida. Esta
são estas pessoas, que se recusando a escassa disseminação reflete-se no baixo
compartilhar e absorver informações conhecimento dos gestores sobre estas
atrapalha o funcionamento eficaz da ferramentas. Para reverter esse quadro deve-
organização. se ocorrer uma maior divulgação das fontes
bibliográficas que tratam sobre o uso pratico
Outro aspecto importante para se destacar a
da IC e GC e dos benefícios que a aplicação
não possível implantação do sistema, é o fato
dos mesmos pode refletir nas organizações.

REFERÊNCIAS [5]. OLIVEIRA, J. N; CÂNDIDO, G. A.


Características E Práticas Gerenciais De Empresas
[1]. BUKOWITZ, W.R.; WILLIAMS, R.L. Manual Inovadoras: Um Estudo De Caso Numa Empresa
de gestão do conhecimento. Porto Do Setor Têxtil Do Estado Da Paraíba. Simpósio de
Alegre: Bookman, 2002. Inovação Tecnológica, v. 25, 2008.
[2]. CARVALHO, R. B.; FERREIRA, M. A. T.; [6]. DE OLIVEIRA, L. A estratégia
SILVA, R. V. Análise da maturidade e do perfil de organizacional na competitividade: um estudo
programas de gestão de conhecimento: pesquisa teórico. Revista eletrônica de administração, v. 10,
exploratória e comparativa em organizações n. 4, 2004.
brasileiras e portuguesas. In: Revista Gestão [7]. VALENTIM, Marta Lígia Pomim et
Industrial, v. 02, n. 03, 2006. al. Inteligência competitiva em organizações: dado,
[3]. GOMES, E.; BRAGA, F. Inteligência informação e conhecimento. DataGramaZero, Rio
Competitiva. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. de Janeiro, v. 3, n. 4, p. 1-13, 2002.
[4]. NATSUI, E. Inteligência Competitiva. São
Quebra de Página
Paulo, 2002.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


ANEXO

Questionário aplicado aos gestores da empresa

1) A empresa preocupa-se em buscar informação sobre mudanças tecnológicas e transformações


no mercado?

2) Como é feita a coleta dessas informações?

3) Como essas informações são absorvidas e aplicadas dentro do processo produtivo da empresa?

4) Por que você acha que decisões que promovam inovações são necessárias?

5) Quem é responsável por tomar essas decisões?

6) Cite exemplos passados de situações em que a empresa foi surpreendida e necessitou tomar
decisões inovadoras?

7) Quais as principais preocupações quando as ações e intenções dos concorrentes?

8) Quais os concorrentes que mais preocupam?

9) A empresa se classifica como eficiente ou eficaz?

10) A transferência de conhecimento ocorre de que forma dentro da organização?

11) Dentro da empresa é usado algum tipo de sistema do conhecimento (sistema que oferece
ferramentas para gestão, disponibilização, controle e avaliação de vários tipos de treinamento e
aprendizado dos funcionários)?

12) Existe algum banco de dados que disponibiliza informações dentro da empresa?

13) A empresa se preocupa em observar o conhecimento dos colaboradores?

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 22
ESTUDO SOBRE O PANORAMA DO ESFORÇO
TECNOLÓGICO NO SETOR DE SAÚDE NO ESTADO DE
SÃO PAULO

Isabela Tatiana Teixeira


André Luiz Romano
Alceu Gomes Alves Filho

Resumo: O intuito deste artigo é discutir o ambiente tecnológico para a produção e


proteção de conhecimento na área de saúde e a interação academia-empresa nas
universidades públicas do estado de São Paulo. A revisão bibliográfica, a análise
de dados da área e a busca de detalhes junto aos escritórios de transferência
tecnológica permitiram a construção de um panorama do setor. A análise setorial
apontou a relevância da pesquisa em saúde, pois mais de 30% do conhecimento
que se tenta proteger está relacionado com a área. A pesquisa demonstra
adicionalmente que, quanto mais consolidados os cursos da área da saúde, em
especial o de medicina, maior é a propensão da universidade em proteger o
conhecimento; isso se deve tanto à experiência que os pesquisadores vão
construindo ao longo do tempo quanto à quantidade de parcerias de longo prazo
estabelecidas entre universidades e empresas.

Palavras-chave: Área de saúde; transferência tecnológica; conhecimento.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO existe um processo anterior que envolve a
proteção, o depósito da mesma junto ao INPI
A transferência de tecnologia produzida do
(proteção nacional) ou outras instituições
meio acadêmico para o meio produtivo é
(proteção internacional).
uma fonte importante de geração e
aperfeiçoamento de negócios, produtos, O processo envolve o estabelecimento de
serviços e processos (GARNICA; contratos, normalmente de responsabilidade
TORKOMIAN, 2009). Nesse contexto, das ETT, que explicitam quais os deveres de
encontram-se os Escritórios de Transferência ambas as partes, qual a forma de se pagar
Tecnológica (ETT), instituições presentes pelo acesso (anual, por escala produzida, por
dentro das universidades e responsáveis por retornos na receita) e se esse acesso será ou
intermediar o processo legal de transferência. não exclusivo da empresa que está
licenciando a tecnologia (GARNICA,
Para a área de saúde, foco deste trabalho, o
TORKOMIAN, 2009). No Brasil, a Lei da
estreitamento das relações universidade-
Inovação (homologada em 2004),
empresa se apresenta como um meio de
foi instituída com o intuito de fomentar
acesso a novos materiais, produtos, técnicas
inovações no parque tecnológico-
capazes de aperfeiçoar a qualidade dos
industrial; segundo essa lei, as instituições
serviços prestados e do atendimento. O intuito
federais devem criar os chamados Núcleos
deste artigo é trazer uma discussão acerca do
de Inovação Tecnológica (NIT), que são ETT
esforço tecnológico na área de saúde no
cujas atribuições mínimas estão definidas na
Estado de São Paulo, destacando os
lei.
principais setores que vêm sendo
beneficiados, e também sobre algumas das Os ETT agem como intermediadores entre a
dificuldades nesse processo de transferência pesquisa acadêmica e a produção industrial
de tecnologia. A opção da averiguação junto (GRAFF; HEIMAN; ZILBERMAN; 2003). Mais
aos ETT das universidades selecionadas do que a função burocrática, a agenda atual
(USP, Unesp, Unicamp, Unifesp, UFABC e exige que os escritórios se envolvam
UFSCar) remete a intenção de se entender o diretamente nas atividades de
contexto da pesquisa e da formação do desenvolvimento e colaboração de
conhecimento na área de saúde nas pesquisa em longo prazo entre empresas e
universidades públicas do Estado. Para tanto, universidade, incentivando os pesquisadores
é necessário abordar, ainda que brevemente, na criação de spinoffs acadêmicos, busquem
a transferência tecnológica, o papel dos investimentos privados além das receitas com
ETT e a relevância da área de saúde. licenciamento, estimulem os estudantes de
graduação a ter uma visão empreendedora
para a carreira profissional, e propaguem
2. TRANSFERÊNCIA TECNOLÓGICA entre as empresas possibilidades de
consultorias dentro da própria
A transferência tecnológica é um processo
universidade (MARQUES, 2012).
pelo qual tecnologias, processos e
conhecimentos são transferidos de uma
organização para outra, através de uma
2.1. GANHOS E MELHORIAS PARA A
transação econômica, com o objetivo de
TRANSFERÊNCIA
otimização e ampliação da capacidade de
inovação da organização receptora (NELSEN, Pode-se afirmar que a transferência
2004). A transferência acadêmica envolve a tecnológica é um processo ganha-ganha, pois
passagem da pesquisa nas universidades tanto as universidades quanto empresas e
para o meio produtivo, respeitando-se a instituições que interagem são beneficiadas
legislação estadual e federal vigentes e na relação. Ainda que não existam retornos
regulamentações internas de universidades e financeiros, ou os mesmos não sejam
empresas. Entre os diversos mecanismos de imediatos, o processo de aprendizagem e
transferência existentes, pode-se destacar: (i) parceria é primordial para o sucesso
licenciamento de patentes; (ii) spin-offs dos projetos (GRAFF; HEIMAN; ZILBERMAN;
acadêmicos; (iii) palestras e workshops; (iv) 2003).
mão-de-obra qualificada; (v) publicações
Entre os ganhos da universidade pode-se
científicas; (vi) projetos de P&D – em
citar o reconhecimento como instituição de
cooperação; (vii) desenhos técnicos
pesquisa de ponta, retornos financeiros com
(GARNICA, TORKOMIAN, 2009). No caso das
licenciamentos de patentes, atração de
patentes, para que ocorra o licenciamento

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


pesquisadores e alunos, acesso ao meio pesquisas a longo prazo, e as empresas
produtivo (OLIVEIRA; FILION, 2008). Garnica focam em rápidos retornos nos investimentos,
e Torkomian (2005) destacam ainda a pode ser
expectativa das universidades em obter novos apontada como outra dificultadora (GARNICA;
investimentos por parte da iniciativa privada, TORKOMIAN, 2005). Apesar das dificuldades,
num relacionamento voltado ao longo segundo Pinho (2011), não somente existem
prazo. Para a empresa, se apresentam como relações entre universidades e empresas no
benefícios da transferência o acesso à Brasil, como as mesmas são intensas. As
tecnologia de ponta, estabelecimento de áreas que o país apresenta vantagens
parcerias futuras, contato com pesquisadores, competitivas são aquelas cujo relacionamento
o conhecimento de novos materiais surgidos com a universidade não só é estreito, como
no mercado, forma de baratear o processo de também de longa duração, gerando
P&D (uma vez que a empresa não necessita acumulação de conhecimentos e
ter laboratório próprio), capacitação da mão- competências; exemplos disso são as áreas
de-obra (GARNICA; TORKOMIAN, 2005). agrícola, de aviação e de saúde (SUZIGAN;
ALBUQUERQUE, 2011).
De acordo com Oliveira e Filion (2008), os
ganhos da transferência abrangem também
pesquisadores-empreendedores e a
3. IMPORTÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA PARA
sociedade. Para os pesquisadores, o
A ÁREA DE SAÚDE
processo é uma oportunidade de conhecer a
forma gerencial de uma empresa, aprender Mudanças tecnológicas, seja em insumo,
processos e desenvolver melhorias ou processo, produto ou forma como o serviço é
modificações para a tecnologia transferida. prestado são capazes de alterar a forma
Os ganhos da sociedade se apresentam, como se desenvolve um setor, afetando não
muitas vezes, de forma intangível, com a só o processo de produção, como também o
expectativa de desenvolvimento econômico, o padrão de vida da população. A importância
que inclui aumento na taxa de emprego e na da pesquisa em saúde é dependente da
renda da população. forma como a aplicação de novas tecnologias
pode alterar o perfil das atividades, e otimizar
Embora a transferência traga benefícios para
recursos, tempo de recuperação, materiais
ambos os parceiros, esse processo pode
utilizados, além de melhorar a qualidade dos
apresentar desvios e assimetrias (FALLEIROS,
diagnósticos, tempo de tratamento e
2009). Os dados referentes a um survey
resultados. O emprego de tecnologia, como
realizado com empresas
conhecimento aplicado, passou de
americanas, Thursby e Thursby (2001)
instrumento competitivo para pré-requisito de
apontam para os principais entraves da
sobrevivência no mercado (TORKOMIAN,
relação universidade-empresa; entre os
2011).
dificultadores para a transferência de
tecnologia para as Pesquisas de tecnologia de ponta,
empresas americanas estabelecidas no principalmente na área de saúde, requerem
mercado, os autores citaram: (i) muitas espaço físico apropriado, laboratórios, tempo,
alegam desconhecimento da existência de investimento, testes de componentes e
ETT; (ii) empresa considera tecnologia interesse social e comercial; muitas das
acadêmica ainda incipiente; (iii) choque empresas presentes na área não possuem
administrativo: universidade versus estrutura, pessoal ou recursos financeiros
a cultura na empresa; (iv) inexperiência dos para desenvolverem os estudos, e o papel
profissionais dos ETT; (v) exagerado aparato das universidades e centros de pesquisa se
burocrático; (vi) foco das pesquisas não torna essencial. O aproveitamento
condiz com as expectativas das empresas. do ambiente, da mão de obra capacitada e
do conhecimento intrínseco presentes no
No Brasil, os entraves para a transferência
espaço acadêmico mostra-se como uma
não são diferentes daqueles encontrados
alternativa para o setor de saúde. A
pelas empresas americanas (FALLEIROS,
transferência de conhecimento acadêmico
2009). Desmotivação pessoal do pesquisador
para a área não se baseia apenas na base
e desestruturação organizacional são alguns
tecnológica, como também na definição de
dos problemas na transferência (OLIVEIRA;
políticas públicas e modelos organizacionais
FILION, 2008); além disso, a assimetria nas
(AGÊNCIA FAPESP, 2012).
expectativas da pesquisa, onde a
universidade concentra esforços em

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


O setor de saúde cujas interações com o meio sucesso de ETT de universidades norte-
acadêmico se apresentam mais propícias é o americanas e a experiência adquirida nos
industrial. A integração entre centros de últimos anos, espera-se que o processo de
pesquisa e indústrias biotecnológicas (em transferência tecnológica nas universidades
especial as farmacêuticas), fomentada por públicas de São Paulo esteja em crescimento,
ações governamentais, é responsável por com elevação nos depósitos de patentes e
colocar no mercado medicamentos que aumento de esforços de licenciamento. A
alteram o padrão de tratamento e a concentração de depósitos de patente em
longevidade da população, e baratear determinadas áreas demonstra a vocação de
tratamentos que são caros e não estão à pesquisa da instituição, e as pesquisas
disposição de todos; contudo, apesar do conjuntas e o licenciamento traduzem quais
avanço tecnológico, esse continua pequeno e setores produtivos estão mais próximos da
com impactos modestos (SANTOS; PINHO, tecnologia produzida no meio acadêmico
2012). (isso não significa que os setores que não
licenciam não estão ligados ao conhecimento
Segundo Suzigan e Albuquerque (2011), o
gerado nas universidades, mas sim que o
Brasil é um país que apresenta excelência em
processo de transferência ocorre de outras
conhecimento de vacinas e soros, produzidos
formas).
na área biotecnológica. O entrave de uma
empresa de serviços em transferir tecnologia As universidades públicas de São Paulo foram
da área acadêmica para a área produtiva criadas e reconhecidas enquanto centros de
reside na dificuldade em se visualizar rupturas pesquisa e educação ao longo dos últimos 80
com sistemas anteriores, uma vez que as anos. A consolidação da pesquisa na área de
transformações tendem a ocorrer de forma saúde pode ser observada na composição
incremental e contínua (OECD, 2005). dos núcleos de ensino superior: todas as
instituições possuem centros de ciências
Da mesma forma que empresas relatam
biológicas/saúde, e o curso de graduação em
dificuldades na notificação, acesso e
Ciências Biológicas está presente nas 6
produção efetiva dos conhecimentos gerados
instituições. Os dados da tabela 1
nas universidades, os ETT também esbarram
demonstram a vocação dessas instituições
em dificuldades na transferência para a área
para gerar conhecimento na área de saúde:
de saúde (FALLEIROS, 2008). O trabalho de
USP, Unifesp e Unesp são as universidades
agências governamentais, tais como Agência
com a maior oferta de cursos na área,
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
respectivamente 19, 18 e 17 cursos em cada;
Agência Nacional de Saúde Suplementar
pelo próprio tempo de fundação, a UFABC é
(ANS), visa garantir a eficiência e a eficácia
aquela que apresenta o núcleo mais enxuto,
de novos produtos e serviços presentes no
que congrega 2 cursos; Unicamp e UFSCar
mercado, e para tanto, são exigidos testes em
possuem um núcleo de pesquisa centralizado
laboratórios e pequena escala; isso retarda o
em 9 cursos cada.
licenciamento de patentes e retornos rápidos.
Com exceção da UFABC, todas as
O depósito é um processo
instituições possuem o curso de
anterior à transferência tecnológica via
Medicina; a UFSCar é a que apresenta o
licenciamento. A análise das patentes
curso mais recente, cujo início se deu em
depositadas permite a compreensão da
2006, e a USP detém o curso mais antigo, que
relevância da pesquisa em saúde no
completou centenário em 2013 (o curso
conhecimento que se busca proteger, e pode
antecede a criação da universidade, e
apontar qual a vocação de pesquisa das
foi incorporado à mesma na data de sua
universidades.
criação, em 1934); o curso da Unesp
apresenta uma situação semelhante a da
USP, pois seu início, datado de 1958, se deu
4. PERFIL DOS DEPÓSITOS DE PATENTE
antes da criação da universidade em 1976;
NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS
em 1963 foi a vez da Unicamp começar as
ANALISADAS
atividades de ensino em medicina; a criação
A transferência tecnológica é um processo em da Escola Paulista de Medicina, que
evolução, aperfeiçoado conforme a posteriormente originou a Unifesp, ocorreu de
maturidade dos ETT e dos departamentos de forma conjunta com o início do curso de
P&D das empresas. Com os exemplos de medicina, em 1933.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Tabela 1 - Perfil graduação em saúde - universidades estudadas
UFSCar UFABC Unifesp USP Unesp Unicamp
Ciências Ciências Ciências Ciências Ciências Ciências
Biológicas Biológicas Biológicas Biológicas Biológicas Biológicas
Medicina Neurociência Medicina Medicina Medicina Medicina
Tec. em Inf. em Ciênc. Ciênc. Educação
Biotecnologia
Saúde Biomédicas Biomédicas Física
Educação Tec. em Ciências Educação
Enfermagem
Física Radiologia Médicas Física
Ed. Física
Enfermagem Tec. Oftálmica Enfermagem Farmácia
Esporte
Farmácia-
Fisioterapia Tec. em Saúde Enfermagem Fonoaudiologia
bioquímica
Farmácia-
Gerontologia Enfermagem Física Biológica Odontologia
bioquímica
Gest. e Análise Ciências do
Fonoaudiologia Fisioterapia Física Médica
Ambiental Esporte
Terapia Tecnologia
Fonoaudiologia Fisioterapia Nutrição
Ocupacional Oftálmica
Educação
Gerontologia Fonoaudiologia
Física
Medicina
Fisioterapia Med. Veterinária
Veterinária
Nutrição e
Nutrição Nutrição
Metabolismo
Psicologia Nutrição Odontologia
Serviço Social Obstetrícia Psicologia
Terapia
Odontologia Serviço Social
Ocupacional
Ciências Ter.
Psicologia
Ambientais Ocupacional
Farmácia e
Saúde Pública Zootecnia
Bioquímica
Ciências
Biológicas – Zootecnia
Mod. Médica
Ciênc. Físicas e
Biomoleculares
Fonte: INPI (2011)
Quanto mais antigo o núcleo de ensino e O levantamento dos pedidos de patente levou
pesquisa em saúde, maior a experiência das em consideração as informações dos NIT de
universidades, e maior a expectativa de cada universidade, comparadas como os
esforço tecnológico por parte da instituição, dados apresentado no site do INPI, no
com a transferência do conhecimento período acumulado de 2002 até
produzido para a área produtiva, seja na 2011. Conforme pode ser observado na
formação dos profissionais, na criação de tabela 2, embora em termos absolutos os
novas técnicas de atendimento, ou na resultados de USP e Unicamp sejam muito
proposição e teste de novos medicamentos e parecidos, é possível verificar que
equipamentos. a segunda é a que apresenta melhor
índice de patente por docentes.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Tabela 2 - Concentração dos Pedidos de Patente

Dados UNESP UNICAMP USP UFSCar UNIFESP UFABC

Agência Agência
Nome Escritório NIT – NIT –
AUIN Inova USP Inovação
de Transferência Unifesp UFABC
Inovação da Ufscar

Ano Fundação NIT 2007 2003 2005 2008 2002 2010

Pedidos de
patentes (INPI 51 567 577 78 35 1
acum. 2002-2011)

Docentes
3.354 2.052 5.940 968 1.211 432
(2010/2011)
Índice patente/
0,015 0,276 0,097 0,081 0,029 0,002
docente
Fonte: site ETTs/INPI (2013)

De uma forma geral, pode-se afirmar que a a que em termos absolutos depositou a maior
área de saúde possui significativa relevância quantidade de patentes na área da
no total de patentes depositadas entre os saúde (100%); essa instituição tem destacada
anos de 2002 e 2011. De acordo com a tabela sua vocação para a pesquisa na área, pois foi
3, quando analisadas na base do INPI as criada originalmente com esse fim (nos anos
patentes cuja classificação internacional 2000, para atender novas áreas de
esteja na seção A61 – Necessidades conhecimento, se criou os campi Guarulhos,
Humanas/Ciência Médica, Veterinária ou São José dos Campos e Osasco, que atuam
Higiene, a Unifesp é dentre as universidades na área de Tecnologia e Ciências Humanas).

Tabela 3 - Concentração dos Pedidos de Patente


Dados UNESP UNICAMP USP UFSCar UNIFESP UFABC Total
Pedidos de patente 51 567 577 78 35 1 1309
Pedidos de patente
18 239 192 5 35 0 489
em saúde

Percentual Pedidos em
35% 34% 41% 6% 100% 0% 37%
Saúde/Total

Fonte: site ETTs/INPI (2013)


Em contrapartida, verifica-se que a Federal do as empresas não esteja profundamente
ABC, mais jovem entre as universidades estabelecida.
públicas paulistas, possui a menor
Nos últimos 10 anos, todas as universidades
quantidade de patentes e docentes, em
públicas do Estado de São Paulo depositaram
termos absolutos. Pelo próprio tempo de
patentes; aparte a UFABC, cujo único
existência, e a formação das primeiras turmas
depósito não se encontra na área de saúde (o
tendo ocorrido apenas no biênio 2010-2011, é
ETT da UFABC informou que esse depósito
de se esperar que essa universidade seja
não é em saúde), todas as demais
aquela cujas pesquisas encontrem-se ainda
universidades públicas paulistas
em sua forma incipiente, e cuja parceria com

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


apresentaram depósitos de patentes na área o setor industrial tem maior espaço para a
de saúde. transferência via licenciamento.
Desconsiderando a UFABC, a UFSCar é a Embora o depósito de patente, por si só, não
universidade que apresenta a menor garanta licenciamento de produtos para o
participação da área no total de depósitos meio produtivo, e não garanta diretamente a
(6%): as patentes depositadas estão ligadas a transferência financeira do conhecimento, é
outras áreas de pesquisa. Isso não significa, possível considerar que os dados advindos
contudo, que não exista transferência de dele são um bom indicativo da forma como é
tecnologia da universidade para a área de produzido o conhecimento na área de saúde
saúde na UFSCar, mas sim que nessa e qual a vocação das instituições de pesquisa
instituição a busca pela proteção e futuro pública.
licenciamento dos estudos pode estar pauta
em tecnologias mais caras, e o conhecimento
geral transmitido na aprendizagem dos 5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
profissionais que compõe a área.
O debate acerca da pesquisa tecnológica e
Nas universidades estaduais, Unesp, os impactos da inovação na área de saúde
Unicamp e USP, nota-se importante brasileira é um tema que tem ganhado
participação da área de saúde no que se relevância acadêmica nos últimos anos. A
refere à busca de proteção do conhecimento, revisão bibliográfica demonstrou que as
encontrando-se nas 3 percentuais próximos parcerias para a pesquisa são um processo
de seu total de patentes depositadas, 35%, ganha-ganha, no qual empresas e
34% e 41% respectivamente, o que universidades trocam experiências,
demonstra a importância dessa área para a competências e informações capazes de
pesquisa no meio acadêmico das instituições. alterar as tecnologias vigentes, inovando
processos, produtos, serviços e a forma como
As patentes depositadas em saúde, nas 5
as empresas são geridas. Ainda que não
instituições que o fizeram, se concentram em
existam retornos financeiros, a transferência
medicamentos e compostos medicamentosos
se apresenta como um processo de
(fármacos), que compõe o setor bioquímico, e
aprendizagem para pesquisas futuras.
apresentam uma representatividade de
aproximadamente 72,5% dos depósitos totais A área de saúde corresponde a 37% do total
da área; todas as universidades depositaram de conhecimento que as universidades
patentes nesse setor, que concentra ainda o buscaram proteger; Unifesp, cuja vocação
maior volume de patentes licenciadas da está pautada em saúde desde a criação da
saúde. instituição, e Unicamp são as duas
universidades que apresentaram no período
O setor mecatrônico, cuja pesquisa abrange,
2002-2011 a maior participação da área de
entre outros elementos, materiais para órtese
saúde nos depósitos.
e novos equipamentos para precisão de
diagnósticos, representa 24,5% dos depósitos Há uma tendência entre a consolidação dos
da saúde; a descrição das características do cursos da área da saúde, em especial o de
depósito permite a compreensão que o medicina, com a propensão da universidade
conhecimento gerado por esse setor está em proteger o conhecimento; isso se deve
relacionado ao compartilhamento de tanto pela experiência que os pesquisadores
conhecimento com outras áreas de pesquisa, vão construindo ao longo do tempo, quanto
como Engenharia de Materiais e Física (lentes pelo grau de parcerias de longo prazo
ópticas); há depósitos de todas as estabelecidas; dessa forma, a UFSCar, que
universidades junto ao INPI. em termos relativos é aquela que possuí o
menor percentual de depósitos em saúde, e
Serviços é o segmento que apresenta os
também o curso de medicina mais recente,
números menos representativos em relação a
tende a aumentar o volume de patentes na
proteção do conhecimento: cerca de 3% dos
área conforme as pesquisas desenvolvidas no
depósitos em saúde estão nesse setor, e
curso estiverem consolidadas. A averiguação
UNESP e UFSCar, até a data da análise no
nas universidades paulistas e ETT permitiu
INPI, não possuíam depósitos no setor. Esses
constatar a relevância que a área de saúde
dados podem ser um indicativo que o acesso
apresenta, pois em todas as universidades,
ao conhecimento produzido para serviços
excetuando-se a novata UFABC, há depósito
está ligado com a formação da mão de obra
de patentes na área de saúde.
qualificada, e o conhecimento produzido para

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Entre as limitações desse estudo, pode-se com essas pelas universidades; esses pontos
citar que não aponta a quantidade de abrem perspectivas para pesquisas futuras no
patentes licenciadas, nem a receita auferida tema.

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[26]. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Conheça a

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 23
O IMPACTO DE UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM
UM NEGÓCIO SUSTENTÁVEL: O CASO EXTRAIR ÓLEOS
NATURAIS

Marcos Paulo de Oliveira Motta Sandro Luiz Rosa Reis


Andre Raeli Gomes
Darciane Alves Justino
Eduardo Barbosa Bernardes

Resumo: As empresas que investem em inovações tecnológicas e buscam um


processamento sustentável, ampliam seu leque de oportunidades e adquirem
vantagens competitivas frente a um mercado consumista. A Extrair - Óleos Naturais,
por ser tratar de umaa empresa inovadora e sustentável, com perspectivas
ambiciosas de mercado, vem crescendo e ganhando reconhecimento no setor de
extração de óleos de sementes. Neste contexto, este trabalho busca apresentar o
processo produtivo da empresa, descrever a inovação tecnológica desenvolvida e
agregada no processo, as vantagens competitivas geradas pela inovação, além de
levantar e apresentar os resultados obtidos com sua implementação. Os meios
utilizados para realização deste trabalho foram pesquisa bibliográfica por
documentação indireta, além do levantamento de informações através de
entrevistas com o diretor da empresa. Espera- se demonstrar neste artigo que a
inovação tecnológica pode ser um diferencial para as empresas que buscam
competitividade no mercado. No entanto, conclui-se que é de extrema importância
o implemento da inovação tecnológica nas atividades empresariais, por se tratar de
um diferencial competitivo, principalmente para micro e pequenas empresas.

Palavras-chave: Inovação Tecnológica, processo sustentável, vantagens


competitivas

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO trabalhos de conclusão de curso e etc.
O Estado do Rio de Janeiro, atualmente, é um Para coleta de informações mais precisas da
pequeno produtor, um médio processador e Extrair, foram realizadas entrevistas
um grande consumidor de maracujá in natura despadronizadas ou não estruturadas, porém
na forma de suco do país. Existe hoje no focalizadas, com o diretor da empresa. “Na
estado em torno de sete indústrias que entrevista despadronizada ou não
consomem essas frutas no processo de estruturada, o entrevistado tem liberdade para
fabricação de suco. Este grupo de indústrias desenvolver cada situação em qualquer
tem uma capacidade média de direção que considere adequada. É uma
processamento de 50 mil ton/ano, que forma de poder explorar mais amplamente
resultaria em 5.000 toneladas de sementes uma questão.” (MARCONI E LAKATOS, 2007)
(10%) podendo produzir, com isso, cerca de
Quanto aos fins, a pesquisa será descritiva, e
1.250 ton/ano (25%) de óleo de semente de
realiza-se um levantamento das informações
maracujá, que atualmente são adquiridos de
obtidas referentes às etapas do processo, a
produtores dos Estados do Espírito Santo,
inovação tecnológica desenvolvida e a
Minas Gerais, São Paulo e Bahia, já que o
geração das vantagens competitivas com a
estado do Rio de Janeiro produz apenas
inovação.
2.000 ton/ano da fruta. (CORREIO
BRAZILIENSE, 2012; IBGE, 2012)
Neste contexto, a empresa Extrair – Óleos 4. DESENVOLVIMENTO
Naturais foi criada a fim de efetuar a coleta
4.1 .INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
dos resíduos desse processo, neste caso as
sementes brutas, nas indústrias de fabricação Diante das exigências impostas pelo mercado
de sucos de frutas e transformá-las em óleo é notório a necessidade de Inovações
para ser usado nas indústrias de cosméticos, Tecnológicas de novos produtos e processos
alimentos e farmacêuticas. Ganha o meio e aperfeiçoar os existentes, uma vez que,
ambiente, ganha o produtor de maracujá e estas são consideradas condições essenciais
ganha a indústria de suco com mais uma para as empresas competirem nos seus
alternativa de renda. respectivos mercados.
Através de estudos em parcerias com O processo de Inovação tecnológica nas
instituições de pesquisa, a Extrair chegou a indústrias é caracterizado como o potencial
uma técnica inédita de limpeza e purificação interno de uma empresa para gerar novas
das sementes do maracujá, além de ideias, identificar novos mercados e variadas
implementar uma inovação incremental no oportunidades tecnológicas, alavancando
processo de secagem das mesmas. Estas recursos, competências e o aprimorando de
técnicas fazem com que a qualidade do óleo processos produtivos. Neste contexto, a
seja superior aos encontrados no mercado, inovação desempenha um papel fundamental
além de sua produção mais limpa e para manter o crescimento e o
sustentável. desenvolvimento da empresa.
O manual de Oslo (2005, p. 55) aborda que:
2. OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo apresentar o Inovação Tecnológica é a introdução de
processo produtivo da empresa Extrair, um produto (bem ou serviço) novo ou
descrever a inovação tecnológica significativamente melhorado, ou um novo
desenvolvida e agregada no processo, as processo, ou um novo método de
vantagens competitivas geradas por essa marketing, ou um novo método
inovação, além de levantar e apresentar os organizacional nas práticas de negócios,
resultados obtidos com sua implementação. na organização do local de trabalho ou nas
relações externas (OSLO, 2005, p. 55).

3. METODOLOGIA
Quanto aos meios foi realizada uma pesquisa
bibliográfica por documentação indireta, onde
foram utilizadas fontes secundárias como:
livros, artigos publicados em congressos,

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Para Shumpeter apud Zucoloto (2004) as O valor resultante dos recentes investimentos
inovações podem ser incrementais e radicais: e desenvolvimento em Inovações
Tecnológicas em diferentes áreas industriais
vem assumindo um papel de fundamental
 Inovação Incremental: são alterações importância para o crescimento não só
significativas, ou seja, melhoria ou apenas das empresas investidoras, mas
reconfiguração do produto, processo e também da economia nacional e global.
tecnologias já existentes. 4.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
 Inovação Radical: envolvem Em um mercado composto por clientes e
tecnologias radicalmente novas ou consumidores com exigências cada vez
podem se basear na combinação de maiores, e uma legislação cada vez mais
tecnologias existentes para novos restrita devido aos diversos problemas
usos, a inovação radical traz consigo ambientais, muitas empresas estão
uma revolução tecnológica. reformulando as estratégias nas quais elas
oferecem seus produtos e/ou serviços de
forma a perfeiçoar a qualidade e
Segundo Júnior (2006) Inovação Tecnológica desempenho, diminuindo os prazos de
esta interligada com o desenvolvimento, a entrega sem causar efeitos adversos sobre o
experimentação e a adoção de novos meio ambiente. A forma pela qual estas
produtos, novos processos, novas estruturas empresas estão aperfeiçoando seus
organizacionais e novas tecnologias. processos esta na adoção e na utilização do
Júnior (2006) ressalta ainda que o mercado Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como
onde as empresas estão inseridas em uma forma de obtenção de vantagem (SANTOS,
concorrência cada vez mais acirrada, devido LUCATO e JUNIOR, 2012).
a grande disponibilidade e diversidade de Marques, Barreto e Rodrigues (2011) afirmam
produtos com alta qualidade, têm exigido um que:
nível de desenvolvimento inovador e
tecnológico cada vez maior, por esta razão o
êxito nos resultados empresariais depende da O Sistema de Gestão Ambiental é a forma
capacidade das empresas de inovarem pela qual a empresa se mobiliza interna e
tecnologicamente, colocando assim a externamente na conquista da qualidade
disposição dos seus clientes novos produtos, ambiental desejada. Para atingir a meta, ao
com preços coerentes com a alta qualidade menor custo, de forma permanente, o SGA
do mesmo e com velocidades mais ágeis que é a ferramenta indicada, pois constitui
seus concorrentes. estratégia para que o empresário, em
Dentro deste cenário as empresas para processo contínuo, identifique
sobrepor seus concorrentes buscam na oportunidades de melhorias que reduzam
Inovação Tecnológica, vantagens os impactos das atividades de sua empresa
estratégicas, combinando conhecimento, sobre o meio ambiente, de forma integrada
habilidades tecnológicas e experiências de à situação de conquista de mercado e da
mercado para gerar novos produtos e lucratividade.
serviços, novos processos ou a reestruturação
deste e ate mesmo o início de novos
empreendimentos. Neste ambiente induzido Segundo Carvalho (2012) o Sistema de
pelo crescimento da utilização de Inovações Gestão Ambiental é um conjunto de
Tecnológicas constante, evidencia-se a princípios, estratégias, ações nos
modificação do mercado, uma vez que, se procedimentos administrativos e operacionais,
tem identificado à criação de novos modelos no qual a empresa se adequa com o intuito de
de negocio o que implica na mudança do reduzir ou ate mesmo eliminar os resíduos
panorama competitivo setorial, induzindo gerados durante o processo produtivo, assim
assim mudanças comportamentais de curto diminuindo gradativamente a agressão
prazo junto aos consumidores redesenhando ambiental.
novos padrões de consumo, levando as
O SGA esta ancorado em um conjunto de
empresas a adotarem estratégias inovadoras
rotinas e procedimentos que permite à
e tecnológicas de forma a adequada para um
organização administrar adequadamente as
bom posicionamento neste novo mercado relações entre suas atividades ao meio
(Zilber, Lex e Souza, 2007).

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ambiente que as abriga, atentando para as conta com dois funcionários contratados. Seu
expectativas dos clientes e da empresa de processo produtivo é desenvolvido por ordem
forma interligada, ou seja, este sistema serve de produção, de acordo com o pedido do
para distinguir o comportamento cliente. Conforme o aumento da demanda,
organizacional, na busca do aprimoramento contrata-se novos funcionários por um período
do desempenho ambiental através do de tempo, visando suprir a necessidade
comprometimento na utilização racional dos imediata da empresa.
recursos naturais e gerenciamento de seus
Hoje, tem como seu principal produto o óleo
insumos e resíduos (AZEVEDO et al., 2012).
proveniente de sementes de maracujá. A
Oswald, Ferreira e Hahn (2012) compreendem fábrica de extração de óleos vegetais criada
que a gestão ambiental está cada vez mais possui capacidade de processamento de 100
atrelada dentro das organizações, uma vez kg/dia de óleo.
que as mesmas estão vivenciando um modelo
A empresa possui parcerias estratégicas com
de sociedade onde as questões
a Empresa Brasileira de Pesquisa
socioambientais passam necessariamente a
Agropecuária (EMBRAPA) e com a
fazer parte do seu planejamento estratégico,
Universidade Estadual do Norte Fluminense
de acordo com as mudanças juntamente com
(UENF), que deu todo o aporte técnico para a
forma de gestão e a adaptação estratégica
instalação da indústria.
adotada de forma continua no processo de
aprendizagem. A indústria, única no segmento de extração
de óleos de sementes para cosméticos do
No entanto para Tiscoski e Campos (2012) “A
estado do RJ, comercializa o óleo para
maior dificuldade encontrada atualmente
indústrias de cosméticos no estado do Rio de
pelas empresas relaciona-se ao
janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas
gerenciamento da utilização dos recursos
Gerais e até do Pará, para serem utilizados na
naturais com a devida eliminação dos
fabricação desabonetes, shamppoo,
resíduos gerados na produção”. Neste
hidratantes e óleos trifásicos para pele,
contexto, é notório a necessidade de se
contribuindo para o conforto e bem-estar de
fomentar a gestão ambientail dentro das
quem os utiliza. Além disso, a empresa
empresas, utilizando-se das ferramentas já
também já iniciou suas atividades de
existentes.
exportação, disponibilizando seu óleo de
semente de maracujá para uma rede de
hospitais dos Estados Unidos e para algumas
5. ESTUDO DE CASO: EXTRAIR
empresas de cosméticos da França.
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA EXTRAIR
A empresa em questão é uma indústria de
5.2 ENTREVISTA
transformação, localizada no municipio de
Bom Jesus do Itabapoana, Estado do Rio de Em reuniões com o diretor da empresa no
Janeiro (RJ), divisa com o Estado do Espírito mês de março de 2013, durante o estudo de
Santo. Surgiu de forma legal em outubro de campo realizado na Extrair, foi desenvolvido
2009, porém o projeto foi criado no ano de um roteiro de entrevista despadronizada,
2008 quando o mesmo fora aprovado pela porém focalizado no tema proposto nesta
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a pesquisa. As respostas obtidas foram
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro culminantes no levantamento das informações
(FAPERJ). e totalmente satisfatória para o
desenvolvimento do artigo.
Durante o ano de 2009 foi realizada todas as
obras necessárias para a recepção e
instalação dos equipamentos. Suas atividades
5.3 PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE
foram iniciadas em fase experimental em julho
MARACUJÁ
de 2010 e em agosto do mesmo ano teve sua
inauguração. O fluxo do processo apresentado na figura a
seguir, mostra cada uma das etapas da
A Extrair tem uma área total de 2400 m² e uma
extração do óleo de maracujá:
estrutura física de produção de 500 m² e

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Figura 1 - Fluxograma de blocos para o Processo de Extração de óleo

de Maracujá
Fonte: Criação própria

As etapas deste processo iniciam-se com a sementes são bastante sensíveis à


captação das sementes brutas (com restos de deterioração por processos de fermentação, o
cascas, polpa e arilo), realizada nas indústrias que costuma resultar em óleo de baixa
de suco. As mesmas são coletadas e qualidade. A tecnologia criada para o
transportadas em sacos plásticos ou baldes processo de purificação e lavagem das
até a unidade de extração de óleo. Após o sementes foi desenvolvida em parceria com a
recebimento, os resíduos passam por um UENF e trata-se de um processo inédito.
processo de purificação e secagem em
Essa inovação busca beneficiar os resíduos
temperaturas padronizadas, reduzindo o
de poupa do maracujá através de um
conteúdo de umidade a 10%, preservando,
tratamento térmico que agiliza a limpeza das
assim, a qualidade do óleo.
sementes em até 90%, permitindo separar
Realizadas essas etapas, as sementes são completamente e em tempo recorde as
armazenadas ou imediatamente levadas ao sementes envolvidas nas mucilagens e arilo
equipamento de extração. Após o processo que ainda persistem no resíduo, mesmo após
de retirada do óleo, este é passado em um a despolpa do fruto do maracujá. Esta
filtro prensa e posteriormente colocado em um película que ainda envolve as sementes
tanque de decantação, para então ser contém suco e favorece o crescimento de
envasado em sacos de 25 kg e embalados microrganismos. Este equipamento substituiu
em “tambores” de polietileno. Realizado o a lavagem feita manualmente, e com isso,
envase, os tambores são empilhados e além de uma lavagem mais rápida, também
armazenados em temperaturas adequadas conseguiu-se a redução substancial da
até a sua comercialização. quantidade de água utilizada.
Na fase de secagem das sementes, a
tecnologia desenvolvida teve parceria da
5.3.1 DESCRIÇÃO DA INOVAÇÃO
EMBRAPA. Neste processo utiliza-se um
A extração de óleos naturais não é novidade. secador rotativo. Este equipamento funciona
No caso do maracujá, no entanto, as mediante um tambor rotativo do tipo com eixo

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horizontal. Dentro dele estão montados vários fabricados. Outro produto comercializado
tipos de pás; de rebatimento, de avanço e de pela Empresa é a semente desidratada do
alto rendimento, que favorecem a troca maracujá, sendo muito utilizados na
térmica entre os gases quentes e a semente a fabricação de caldas, preparados de frutas e
ser submetida à secagem, reduzindo o sorvetes.
conteúdo de umidade a 10%.
Paralelo ao projeto de aproveitamento das
Os secadores trabalham em "contra-corrente": sementes, a Extrair se prepara para aproveitar
o fluxo dos gases quentes é contrário à a casca do maracujá descartada também
direção de avanço das sementes que devem pela indústria de suco e que atualmente é
ser secas, aumentando o rendimento térmico utilizada na alimentação de gado. Casca esta
do processo. Os parâmetros de temperatura que será utilizada para a fabricação de
são ajustados para não prejudicar a farinha e isolamento da substância pectina,
qualidade na extração do óleo. muito utilizadas na fabricação de produtos
alimentícios, processo já comprovadamente
atestado sua eficiência pela UENF.
5.4 BENEFÍCIOS E VANTAGENS
Pode-se citar também que este modelo de
COMPETITIVAS GERADAS PELA INOVAÇÃO
purificação, lavagem e secagem impácta
Com a inovação descrita, uma das vantagens positivamente na qualidade do óleo, gerando
obtidas foi o aumento da validade das um alto valor agregado que pode influenciar
sementes, proporcionando uma estocagem seu preço de venda, com a mesma estrutura
de até um ano. Com esta ação, a empresa de custos da operação tradional, aumentando
consegue captar sementes mesmo sem a margem de lucro do produto.
demanda imediata, mantendo um estoque
Com relação ao descarte de sementes, pode-
adequado para atender os pedidos futuros ou
se também avaliar o impacto gerado pela
ainda comercializar as sementes limpas.
ação, onde as sementes que outrora eram
Nessas condições, a prensagem permite a descartadas no meio ambiente, trazendo um
obtenção de um óleo mais puro, podendo ser grande impácto, hoje são tratadas
considerado extra virgem, de baixa acidez, rapidamente e, os resíduos gerados nesse
menos de 1%, com melhor qualidade e um tratamento também são beneficiados,
maior rendimento de extração. O processo de gerando um ganho ambiental e econômico
limpeza das sementes, desenvolvido pela para a empresa.
UENF, encontra-se em processo de Patente
com a transferência de tecnologia, através de
convênio já assinado, para a empresa Extrair - 6. RESULTADOS OBTIDOS
Óleos Naturais.
Em razão a proposta inovadora e sustentável
O óleo, resultante do processo de extração apresentada pela empresa, a mesma galgou
das sementes, é utilizado como matéria-prima parcerias importântes e estratégicas com a
pelas indústrias de cosméticos, podendo ser EMBRAPA e com a UENF que deu todo o
incorporado a cremes, hidratantes, sabonetes aporte técnico na instalação da indústria
e xampus. Atualmente o óleo extraído pela facilitando na implantação de um processo
Extrair, é comercializado para indústrias de inovador. Além disso, essas instituições fazem
cosméticos do Rio de Janeiro, São Paulo, todas as análises físico-químicas necessárias
Minas Gerais e até do Pará. Além disso, a para avaliar a qualidade do óleo e da torta
empresa também já iniciou suas atividades de produzida. A FAPERJ também desempenhou
exportação, disponibilizando seu óleo de papel fundamental na realização do
semente de maracujá para uma rede de empreendimento, pois financiou parte do
hospitais dos Estados Unidos e para algumas projeto da fábrica através do Programa Rio
empresas de cosméticos da França. Inovação 2008 de apoio à inovação e à
difusão tecnológica no estado do Rio de
Além do óleo, a Extrair também comercializa o
Janeiro.
resíduo resultante da extração (torta) para
indústrias de cosméticos de todo o Brasil e se Como reconhecimento pelas atividades
prepara para disponibilizar este produto para inovadoras e sustentáveis desenvolvidas e
indústrias de alimentos, visto que pesquisas pela qualidade final de seus produtos e
comprovam que este resíduo pode substituir o subprodutos, o empreendimento recebeu
farelo de trigo em até 5%, sem afetar as vários prêmios, como descritos a seguir:
propriedades sensoriais dos produtos

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 Prêmio Brasil de Engenharia 2011
 Sindicato dos Engenheiros do Distrito Federal fevereiro de 2012
 Prêmio recebido pelo trabalho realizado na EXTRAIR - ÓLEOS NATURAIS;
 Prêmio Peter Muranyi Fundação Peter Muranyi Janeiro de 2012 Inovação e Tecnologia;
 Prêmio Sesi de Qualidade do Trabalho SESI
 Setembro de 2012
 Recebido o Primeiro lugar do Prêmio, na área de Inovação, Etapa Regional - Noroeste
Fluminense.

A Extrair, em pouco tempo, conquistou uma seus produtos. Na figura abaixo temos os
gama de clientes no setor de cosméticos e de principais clientes conquistados pela
alimentos devido ao alto grau de qualidade de empresa:

Figura 10 - Principais clientes

Fonte: http://www.ctaa.embrapa.br/projetos/maracuja/apresentacoes.htm

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS adquirindo muita importância. E, nesse


Devido o aquecimento da economia brasileira contexto, se insere a Extrair – Óleos Naturais,
e outros fatores, tais como a ampliação da indústria de extração de óleos vegetais para a
participação da mulher no mercado de indústria de cosméticos com base na
trabalho, lançamentos constantes de novos produção de óleo de maracujá, tendo como
produtos, aumento da produtividade com algumas de suas vantagens competitivas a
queda dos preços pelo uso intensivo de posição geográfica estratégica do município
tecnologia e aumento da expectativa de vida, de Bom Jesus do Itabapoana, o apoio
o que traz a necessidade de conservar uma tecnológico da EMBRAPA e da UENF,
impressão de juventude, além da crescente incentivos da Prefeitura Municipal de Bom
entrada do público masculino, as indústrias Jesus do Itabapoana, a disponibilidade de
de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos matéria-prima e a facilidade de escoamento
vem crescendo cada vez mais. Em razão das da produção para os grandes centros
contraindicações e dos efeitos colaterais consumidores.
resultantes dos cosméticos e perfumes A fábrica está localizada em área com
desenvolvidos a partir de substâncias infraestrutura adequada e condições para o
sintéticas, o uso dos óleos naturais vem seu desenvolvimento. Os cuidados com a

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


preservação do meio ambiente são, hoje, Essa finalidade social pode servir como
sinônimo de responsabilidade social e a estímulo para que outros empreendedores
Extrair se engloba neste contexto. privados desenvolvam negócios na mesma
O impacto da Inovação tecnológica na linha de atuação, para que causem impactos
empresa tem se mostrado atraente, a sociais na sua região, contribuindo para o
perspectiva é de que a fábrica, objeto deste aumento na renda do trabalhador e para que
estudo, respaldada nas vantagens se busque a diversificação no parque
competitivas obtidas, no crescimento do setor industrial e o desenvolvimento econômico do
e no aumento da demanda por seus produtos, município de forma socioambientalmente
produza 600 litros de óleo de semente de responsável, que é uma tendência entre os
maracujá por dia. Uma possibilidade futura de empreendimentos inovadores de sucesso.
negócio para o empreendimento é o Este trabalho buscou demonstrar que a
fornecimento de produtos para grandes inovação tecnológica pode ser um diferencial
empresas que dominam o mercado de beleza para as empresas que buscam
no Brasil, tais como Natura, Avon, Boticário e competitividade no mercado. No entanto,
etc. Outra poderá, em um futuro próximo, conclui-se que é de extrema importância o
entrar no mercado de vendas de créditos de implemento da inovação tecnológica nas
carbono. Outro objetivo evidente da empresa atividades empresariais, por se tratar de um
é a geração de novos empregos a médio diferencial competitivo, principalmente para
prazo. micro e pequenas empresas.

REFERÊNCIAS Administração e Contabilidade da Universidade de


São Paulo, Campus Ribeirão Preto, 2006.
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nas Industrias do Estado de São Paulo: Uma Inovação Tecnológica e as Vantagens
análise dos indicadores da PAEP. Dissertação de Competitivas Sustentáveis no Setor de
Mestrado Apresentada a Faculdade de Economia Telecomunicações Brasileiro: um Estudo

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Qualitativo da Convergência Digital. In: XXXI Setorial. Dissertação de Mestrado Apresentada a
Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro. Setembro Faculdade de Economia Administração e
2007. Contabilidade da Universidade de São Paulo,
[19]. ZUCOLOTO, G. F. A Inovação 2004.
Tecnológica na Indústria Brasileira: Uma Analise

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


CAPÍTULO 24
GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES: A
IMPORTÂNCIA DO CICLO DO CONHECIMENTO
Aryene Lopes Gomes
Marily Lopes Gomes
Emanuele da Silva Goulart Fernandes
Romeu e Silva Neto
Alair de Souza Aprigio

Resumo: O conhecimento nas organizações é considerado um bem patrimonial que


fazem diferença na competitividade e foram adquiridos com anos de experiência.
Questiona-se neste artigo se as técnicas que a organização utiliza para transferir os
conheccimentos dos funcionários mais antigos para os mais novos são suficientes
e eficazes, e teve como objetivo identificar e descrever os tipos de conhecimento
no setor de Pescaria e Testemunhagem, a movimentação dos conhecimentos e os
níveis de intelecto. Sugere como transferir o conhecimento para moldes descritivos,
explicativos e expositivos, aonde iram fixá-los de forma que se possa consultá-los,
demonstrá-los e utilizá-los, através de comunidades práticas, manuais eletrônicos,
seminários, universidade coorporativa, executando as tarefas no trabalho. O artigo
propõe uma metodologia para identificação das formas de gestão de conhecimento
nas organizações e esta metodologia é validada através do estudo de caso no
setor do E&P-CPM/CMP-SPO/SE por meio de pesquisa de campo, levantamento de
dados com especialistas e questionário realizados com funcionários da
PETROBRAS. Foi possível avaliar e observar que, para a organização a
disseminação do conhecimento ocorre de maneiras distintas entre o Segmento e o
Setor.

Palavras-chave: Gestão, Conhecimento, Pescaria, Testemunhagem1. Introdução

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1. INTRODUÇÃO valores e criatividade que levam a uma
ação. Não se armazena conhecimento,
Grandes empresas passaram a utilizar
apenas dados e informações, para se
tecnologia a partir da década de 90 com
chegar ao conhecimento (SCUCUGLIA,
muito mais intensidade e em virtude da
2008).
globalização, houve a abertura do
mercado mundial, provocando um Fazer gestão de conhecimento significa
acelerado crescimento no volume de ter que avaliar se está acontecendo ou
negócios nacionais e internacionais, não esse processo de transferência e
produzindo um aumento no volume de aprendizagem. Estes conceitos são
informações circulando pelo mundo. A descritos por Loyola e Chagas (2009) e
partir destes acontecimentos, o ambiente mencionado por Escrivão, (2010), onde
empresarial e externo encontra-se diante menciona que a criação do conhecimento
de um novo cenário, que se tornou mais é um processo de gestão que possibilita à
competitivo, complexo e dinâmico, fazendo gestão do conhecimento atingir um de
com que houvesse necessidade de seus objetivos, o de criar novos
realizar alterações para promover a conhecimentos.
evolução e mais rapidez na maturidade
Conforme descrito por Drucker (2006), em
das organizações. Para possibilitar estes
20 anos, a típica empresa será baseada no
processos, é indispensável entender e
conhecimento, uma organização
gerenciar o conhecimento das
composta, principalmente de
organizações do século XXI, isto irá
especialistas, que conduzem e disciplinam
permitir não só a sobrevivência das
seu próprio desempenho, por meio de
empresas, mas também a obtenção do
feed-back sistemático dos colegas, dos
sucesso. (SETZER, 2004)
clientes e da alta administração melhorando
Nesse novo ambiente de competição a performance de todo o grupo.
acirrada, muitas companhias entendem
O artigo analisa se as técnicas que a
que determinadas informações são
organização utiliza para transferir os
consideradas como Bem Patrimonial e
conhecimentos dos funcionários mais
estas informações são classificadas na
antigos para os mais novos são suficientes
maioria das vezes como confidencias, não
e eficazes, para manter o ciclo
podendo em alguns casos serem
cumulativo? Fazendo uma comparação
divulgadas. São informações estratégicas
com as teorias de alguns autores da
que fazem diferença na busca pela
literatura sobre gestão do conhecimento
competitividade e foram adquiridas com
na indústria, é possível recomendar ações
anos de experiência. Ter acesso a estas
para que o conhecimento seja transferido
informações significa estar preparado para
de forma eficiente.
consultá-las, interpretá-las e saber como
deverão ser utilizadas. Os novos Este trabalho tem como objetivo geral
empregados precisam ter a consciência propor uma metodologia para identificação
desta situação e buscar entendê-la com da gestão do conhecimento, assim como
muito afinco, enquanto que para os mais fazer uma analogia sobre a correlação da
velhos fica a responsabilidade de estar movimentação dos conhecimentos com os
orientando os mais novos e avaliando níveis de intelecto em uma organização. E
quais responsabilidades poderão ser tem como objetivo específico:
impostas aos mesmos, pois é de acordo
 Identificar e descrever os tipos de
com este grau, que os mais novos irão ter
conhecimento no setor de Pescaria e
a autonomia para utilizar e manipular as
Testemunhagem;
informações, por conseguinte gerando
novos conhecimentos.  Identificar e descrever a
movimentação dos conhecimentos;
A principal característica do conhecimento
é a ação que ele possibilita a quem  Identificar e descrever os níveis de
aprendeu com uma informação, quando intelecto;
alguém lê uma informação, precisa
 Fazer levantamento junto aos
interpretar para saber aplicar. Portanto,
profissionais, para perceber qual a
conhecimento não é nem dado nem
participação de cada um, na busca e a
informação, e sim algo extremamente
importância da gestão de conhecimento;
pessoal composto de experiências,

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


 Elaborar um quadro com os Vale ressaltar que, conforme descrito por
demonstrativos de custos das Miguel et al (2010), foi preciso ter o
operações de pescaria e cuidado de não acontecer o “efeito crachá”
testemunhagem; durante as conversas, pois os outros
membros da organização sabem que o
 Elaborar o quadro com os quatro
pesquisador em questão sempre será um
níveis de intelecto fazendo uma analogia
deles, e nem acontecer o efeito inverso nas
com os tipos de conhecimento: tácito e
observações, onde a experiência e a vivência
explícito.
do pesquisador na organização podem
Como vem acontecendo com a maior parte direcionar a observação do pesquisador para
das Companhias que compõem a indústria aqueles fatos que ele acredita serem os
de energia, a Petrobras se depara, verdadeiros.
atualmente, com o desafio de acelerar a
Seguindo a linha de raciocínio Miguel et al
formação dos seus novos empregados,
(2010), neste estudo de caso, para que o
agravado pelo fato de não ter realizado, por
pesquisador tivesse pouco envolvimento com
mais de dez anos, concursos públicos para
os indivíduos e a organização onde existiram
captação do capital humano que era
as conversas, as observações e as consultas
requerido. (BALCEIRO & GUIMARÃES, 2007).
aos documentos, foram feitos separadamente
um no seguimento e outro no setor da
organização.
2. CLASSIFICAÇÃO
De acordo com Miguel et al (2010), os
dados qualitativos e categóricos podem ser 3.1 PESQUISA METODOLÓGICA
classificados em dois tipos: Qualitativos
A metodologia é validada através de um
ordinais e Qualitativos nominais conforme
estudo de caso realizado no segmento E&P-
descritos abaixo:
CPM- CMP/SPO e no setor SE do referido
Qualitativos ordinais: Onde podem receber seguimento, que está sediada na Base de
as respostas, ordenados tais como: muito Imbetiba, localizado na cidade de Macaé
satisfeito; satisfeito; nem satisfeito, nem no norte do estado do Rio de Janeiro. O
insatisfeito ou muito insatisfeito. armazenamento, agrupamento e manipulação
de dados, que transformados em
Qualitativos nominais: São aqueles cujas
informações, foram compartilhados e
respostas não podem ser ordenadas. Por
transformados em conhecimentos, devido à
exemplo, a marca do último carro adquirido,
necessidade da empresa manter- se
as respostas possíveis poderiam ser:
competitiva, no âmbito da indústria petrolífera
Fiat,Volkswagen, Ford, Toyota e Honda.
mundial.
A pesquisa realizada neste trabalho poder
ser classificada como, qualitativa e
exploratória da seguinte forma: 3.1.1-GESTÃO DO CONHECIMENTO
Pesquisa qualitativa ordinal: utilizou-se Diferentemente do que muitas pessoas
questionários contendo perguntas fechadas podem imaginar, existem grandes diferenças
de única escolha onde as opções são entre um dado, uma informação e o
expostas de forma ordenada; conhecimento. Em grau de valor, pode-se
dizer que o conhecimento é mais importante
Pesquisa exploratória: através de revisão
que a informação e que a informação é mais
bibliográfica (consulta a livros, sites da
importante que o dado, sendo que é preciso
internet, diálogo com profissionais da
primeiro passar pela sequência de coleta de
Petrobras e da empresa contratada).
dados para se gerar informações e
Pesquisa de campo através da elaboração
transformá-las em conhecimento. (ABREU,
de questionário e análise de documentos,
2008).
padrões e procedimentos.
A Gestão do Conhecimento oferece uma
A pesquisa foi feita através de um estudo
estrutura geral para a organização dos
de caso realizado no segmento de E&P-
conteúdos estratégicos da aprendizagem,
CPM- CMP/SPO e no setor SE do referido
ampliando o portfólio de competências
seguimento. A opção por se fazer a pesquisa
organizacionais, tendo em vista adaptar-se
neste setor se deu pelo motivo de um dos
aos novos requisitos dos negócios e do
pesquisadores fazer parte desta organização.

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ambiente tecnológico relacionado. (SANTOS palavras”.
& AMATO NETO, 2010).
 Conhecimento explícito: é aquele
O objetivo básico da gestão do formal, claro, regrado, fácil de ser
conhecimento dentro das organizações é comunicado. Pode ser formalizado
fornecer ou aperfeiçoar a capacidade em textos, desenhos, diagramas,
intelectual da empresa para as pessoas que etc.. A palavra explícito vem do latim
tomam diariamente as decisões que, em explicitus que significa "formal,
conjunto, determinam o sucesso ou o fracasso explicado, declarado".
do negócio. (LARA, 2004).
Organizações saudáveis geram e usam Os Encontros técnicos, as Visitas Técnicas
conhecimento. À medida que interagem aos Fornecedores e os Serviços na oficina,
com seus ambientes, elas absorvem têm a intenção de reforçar a motivação
informações, transforman-nas em dos participantes, é onde se demonstra o
conhecimentos e agem com base numa ambiente de socialização (de tácito para
combinação desse conhecimento com suas tácito).
experiências, valores e regras internas. Através de treinamentos teóricos e dos cursos
(DAVEMPORT & PRUSAK, 1998). de formação, é local onde ocorre o
Nos dias atuais funcionários, empregados e aprendizado acadêmico, em um ambiente de
contratados, são considerados pelas externalização (de tácito para explícito).
organizações como colaboradores, são estes Experiência com empresa estrangeira,
colaboradores que manipulam, armazenam, leituras de documentos, manuais e livros
e trabalham com os dados, gerando técnicos, palestras, conversas e elaboração
informações e as transformam em de padrões, seria um ambiente de
conhecimento. Combinação (de explícito para explícito).
De acordo com Mendes (2005), o Adquirir conhecimento Aprendendo Com a
conhecimento se diferencia em dois níveis prática e o Treinamento prático, é o Ambiente
diferentes que são: de internalização (de explícito para tácito).
 Conhecimento tácito: é aquele que Na empresa criadora de conhecimento, todos
o indivíduo adquiriu ao longo da esses quatro padrões estão presentes, em
vida. Geralmente é difícil de ser constante interação dinâmica, constituindo
formalizado ou explicado. A palavra uma espécie de espiral de conhecimento,
tácito vem do latim tacitus que conforme Figura 1.
significa "não expresso por

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Figura 1- Espiral dos modos de conversão do conhecimento (tácito-explícito).

Fonte: (adaptado de NONAKA & KONO, 1998)

3.1.2 GERENCIANDO A INTELECTUALIDADE as empresas que investem em Gestão de


DAS ORGANIZAÇÕES Conhecimento, já entram na disputa com
uma boa margem de diferença.
De acordo com Nonaka, (2006), uma
Segundo Quinn et al, (2006). Para se
economia onde a única certeza é a
gerenciar o intelecto profissional é preciso
incerteza, apenas o conhecimento é fonte
saber como os indivíduos se interagem
segura de vantagem competitiva. As
nas organizações, como adquirem,
mudanças no mercado proliferam as
armazenam, utilizam e transferem os
tecnologias, aumentam o número de
conhecimentos adquiridos. O intelecto
concorrentes e os produtos se tornam
profissional de uma organização opera em
obsoletos muito rapidamente. Inovar
quatros níveis aqui apresentados em ordem
continuamente não é uma tarefa fácil, mas
de importância crescente:

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 Conhecimento cognitivo (know-what), que é o domínio básico de uma disciplina,
conquistado pelos profissionais por meio de treinamentos extensivos e certificação. Esse
conhecimento é essencial, mas longe de ser suficiente, para o sucesso comercial.
Sozinho não é suficiente, pois depende de ser aplicado pelo individuo que passou pelos
processos de treinamento;
 Habilidades avançadas (Know-How), que traduzem o “aprendizado acadêmico” em
exceção eficaz. A capacidade de aplicar as regras da disciplina a problemas complexos
do mundo real é o nível mais difundido da habilidade profissional criadora de valor.
 Compreensão sistêmica (Know-Why), que é o conhecimento profundo da rede de
relacionamentos de causa e efeito subjacentes a uma disciplina. Permite que os
profissionais ultrapassem a execução de tarefas e atinjam o estágio de
 solução de problemas maiores e mais complexos, capacitando-os a criar valor
extraordinários. Os profissionais com Know-Why são capazes de antecipar interações
sutis e consequências não intencionais;

Criatividade auto-motivada (Care-Why), cognitiva, em decorrência da


que envolve vontade, motivação e complacência.
adaptabilidade para o sucesso. Os
Através desta análise pode se verificar
grupos altamente motivados e criativos
os tipos de conhecimento e como se
geralmente superam em desempenho
apresenta o movimento da Espiral do
outros grupos com maiores recursos
Conhecimento no segmento e no setor, por
físicos ou financeiros. Sem criatividade
intermédio das Técnicas e Ferramentas de
auto-motivada, os líderes intelectuais
Gestão do Conhecimento empregadas pela
correm o risco de perder sua vantagem
organização.

Figura 2: Níveis do intelecto na Pescaria e Testemunhagem.


Pescaria e
Os quatro níveis do intelecto profissional
testemunhagem
Conhecimento Habilidades avançadas Compreensão sistêmica Criatividade auto-
Analogia dos cognitivo (Know-How). (Know-Why) motivada
conceitos com o (know-what). (Care-Why)
setor Ambiente de Ambiente de Ambiente de combinação Ambiente de
externalização internalização: socialização

Visitas Técnicas
Quando as
aos Fornecedores
operações de Experiência com empresa
Adquirir conhecimento - As atividades
pescaria estrangeira e leituras de
Aprendendo Com a exercidas nas
começaram a ser documentos, manuais e
pratica (exercendo a visitas técnicas
desenvolvidas na Treinamento Teórico; livros técnicos
profissão) (capacidade têm a intenção de
empresa e de que (aprendizado (capacidade de criar
de aplicar as regras da adquirir mais
maneira ela acadêmico) valor passando
disciplina a problemas informações e a
adquiriu informações dos mais
complexos do mundo capacidade de
conhecimento experientes para os mais
real). reforçar a
nesta área para novos).
motivação dos
iniciar o processo?
participantes.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 3 - Níveis de Intelecto na Organização.
As Técnicas e
Ferramentas de
Os quatro níveis do intelecto profissional na Organização
Gestão do
Conhecimento
Conhecimento Habilidades avançadas Compreensão Criatividade auto-
cognitivo (Know-How). sistêmica (Know-Why) motivada
Analogia dos (know-what). (Care-Why)
conceitos com o Ambiente de Ambiente de Ambiente de Ambiente de
setor externalização internalização: combinação socialização
Aprende Aplica Aprende Aplica
Universidade Benchmarking- Corpo Técnico Encontros técnicos-.
Petrobras- (capacidade de aplicar qualificado e As atividades
(treinamentos as regras da disciplina a experiente: exercidas nos
extensivos e problemas complexos (capacidade de criar desenvolvimentos de
certificação, seria o do mundo real) valor, passando equipe têm a
aprendizado informações dos mais intenção promover a
acadêmico). experientes para os troca de
mais novos) conhecimento tácito
entre indivíduo e
reforçar a motivação
dos participantes.
As Técnicas e
Ferramentas
CENPES (centro de Lições aprendidas- Visitas Técnicas aos
pesquisas e (capacidade de criar Fornecedores - As
desenvolvimento valor passando atividades exercidas
Leopoldo Américo informações dos mais nas visitas técnicas
Miguez de Mello) experientes para os têm a intenção de
(Local onde o mais novos e vice- promover a troca de
profissional do setor versa), estão ligadas conhecimento tácito
vai aprender a teoria, às operações diárias. entre indivíduo e
seria o aprendizado reforçar a motivação
acadêmico). dos participantes.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

4. PESCARIA E TESTEMUNHAGEM A organização trabalha em um segmento


de Exploração & Produção onde ocorrem
4.1 A ORGANIZAÇÃO E O SETOR, FOCOS
as seguintes atividades:
DO ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi escrito de uma  Exploração: Conforme descrito


forma geral para o Segmento de E&P- por Thomas & et al (2001) “A história do
CPM/CMP- SPO/SE - Exploração & petróleo no Brasil começa em 1858,
Produção- Construção de Poços quando o Marquês de Olinda assina o
Marítimos / Construção e Manutenção de decreto nº 2.226 concedendo a José
Poços - Serviços de Poço / Serviços Barros Pimentel o direito de extrair
Especiais. mineral betuminoso, para fabricação de
querosene.
De uma forma específica para a
atividades do Setor de Pescaria e  Perfuração: A perfuração de
Testemunhagem deste referido Segmento. um poço de petróleo é realizada
Estas intervenções necessitam ter o através de uma sonda. Na perfuração
acompanhamento do setor em questão, rotativa as rochas são perfuradas pela
pois depende da experiência dos ação da rotação e peso aplicados a uma
profissionais que são especialistas. O setor broca existente na extremidade de uma
possui um corpo técnico com uma coluna de perfuração (Thomas et al ,2001).
população de 61 profissionais, composta A figura 4 demonstra uma operação de
de: Engenheiros, Técnicos e soldadores. perfuração.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 4- Sonda de perfuração e coluna com broca.

Fonte: Foto cedida por Institute of Petroleum.

O setor possui como principais atividades a 4.1.1. TÉCNICAS DE ENCHIMENTO DE


Pescaria e testemunhagem, conforme FERRAMENTAS DE DESTRUIÇÃO.
detalhado a seguir:
Souza Neto (1986), menciona o seguinte:
 Pescaria: O termo “peixe” é É fato notório que boa parte do sucesso
utilizado na indústria do petróleo de tais operações apóia-se na qualidade e
para designar qualquer objeto na correta aplicação de material cortante
estranho que tenha caído partido nas ferramentas de pescaria utilizadas [...].
ou ficado preso no poço, O escopo deste trabalho é, portanto,
impedindo o prosseguimento das normalizar, divulgar e explicar os princípios
operações normais de perfuração. que regem a correta aplicação do material
Então o termo “pescaria” é [...] O trabalho não tem pretensão de ser
aplicado a todas as operações definitivo, visto que no processo de
relativas `a recuperação ou nacionalização, novos produtos são
liberação do “peixe”. (THOMAS et introduzidos ou modificados [...].
al, 2001).
A capacidade de ancoragem garante a
 Testemunhagem: Conforme
fixação das partículas de Carboneto de
Thomas et al (2001), a
Tungstênio, mesmo em condições severas
testemunhagem é o processo de
de trabalho. Esta capacidade de
obtenção de uma amostra real de
ancoragem da liga-matriz está relacionada
rocha de sub-superfície, chamado
com um grau de ductibilidade adequado.
testemunho. Operação onde se
Uma matriz excessivamente tenaz se
efetua retirada de material, com
auxilio de uma broca oca (coroa). quebrará ao redor das partículas de CW
quando estas forem submetidas a níveis
elevados de esforço. Alta ductibilidade
aumenta a resistência ao torque e ao
impacto mecânico (SOUZA NETO. 1986).

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Para que se tenha um serviço com uma descer e subir a ferramenta. Em
boa confiabilidade é preciso que os contrapartida se a empresa comprar o
fornecedores de ferramentas atendam aos mesmo tipo de ferramenta no valor de
requisitos de qualidade. É preciso também US$ 5 mil (economiza-se na ferramenta
que se tenha uma quantidade razoável de US$ 5 mil dólares) e só conseguirá operar
fornecedores, sendo necessário haver por 5 horas gastando também meio dia de
um equilíbrio entre preço e qualidade. sonda para descer e subir a ferramenta.
Partindo da ideia de que se a empresa Com isso a empresa terá um custo a mais
compra uma ferramenta no valor de de US$ 250 mil. Segue abaixo, o
US$ 10 mil e ao utilizá-la consegue operar Demonstrativo de custos em relação a
por pelo menos umas 10 horas, se gasta ferramentas de alta e baixa confiabilidade.
meio dia de sonda (US$ 250 mil) para

Figura 5: Demonstrativo de custos.

Ferramenta. Custo da Custo de cada Numero de Numero de Custo total da Custo a


ferramenta. Operação, subir operações. ferramentas Operação, mais
e descer coluna. necessárias. incluindo na
a ferramenta. operação
Alta U$ 10 mil U$ 250 mil 01 01 U$ 260 mil U$ 00
confiabilidade. (250+10)
Baixa U$ 05 mil U$ 250 mil 02 02 U$ 510 mil U$ 250
Confiabilidade. ((250+5)X2)) mil
Fonte: Elaboração Própria (2011)

Percebe-se que se a empresa ao utilizar 02 de tungstênio a ser inserido nas


ferramentas com baixa confiabilidade, para ferramentas.
fazer a mesma operação, o gasto com
De acordo com Souza Neto (1986)
ferramenta é de US$ 10 mil.
“Processo combinado de metalização e
Existe um sistema denominado Gás-Flux aplicação de fluxo em conjunto com a
que possibilita haver um processo de chama oxi-acetilênica através do acréscimo
soldagem, em que no momento da fusão, de borax ao acetileno representa uma
haja uma limpeza dos resíduos que evolução do método de soldagem.” Segue
aparecem devido ao alto grau de abaixo na figura 6, um dos serviços
derretimento do material que permite a efetuados por uma das contratadas em
ancoragem e agregamento do carboneto Sapatas de destruição.

Figura 6: Sapatas de destruição com material cortante depositado.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

5. RESULTADO abaixo, conforme a estratificação dos


resultados do questionário, ficando o
O tempo médio que um pescador leva resultado em uma proporção mais
para ser treinado e tenha condições de expressiva de média (15%) para regular
executar determinadas operações de (57%) ,onde verifica-se a necessidade de
pescaria é de aproximadamente 02 anos. se aumentar o tempo de treinamento.
Em relação a este tempo, segue o gráfico

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 7 – Tempo médio de treinamento

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Foi Percebido que esses padrões que estão interagindo com Espirais menores dos
presentes na organização, apresentam uma Setores, conforme Figura 8.
Espiral de Conhecimento do Segmento,

Figura 8. Agrupamento de Espirais de conhecimento (tácito-explícito).

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Legenda:
[1] Segmento de E&P;
[2] Setor de Pescaria e Testemunhagem;
[3] Setor de SCA;
[4] Setor de Fluídos.

Os dados, informações e conhecimentos além do SE do E&P-CPM/CMP-SPO que


que se movimentam pelos setores do executam serviços na área de Exploração
segmento de E&P são absorvidos e nesta & Produção - Construção de Poços
movimentação as informações são Marítimos / Construção e Manutenção de
trabalhadas, preconizando que as mesmas Poços a prática da Gestão do
sejam classificadas como: públicas, Conhecimento nas suas atividades
corporativas, reservas, confidenciais e contribuirá para alcançar resultados mais
secretas. sólidos, assim como para armazenar
agrupar e manipular dados onde serão
geradas todas as informações durante a
Especificamente, para outros setores execução das operações, fazendo com

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


que a empresa se favoreça por possuir um conhecimento se dá das seguintes formas:
quadro com os níveis de intelecto no
segmento de E&P e outro no setor de  No Segmento de E&P, ocorre de
pescaria e testemunhagem, e se beneficie uma maneira mais abrangente
também, por ter sido elaborado um quadro com a companhia, pois o mesmo
de custos, que poderão ser utilizados tem uma ligação mais efetiva com
atualmente e posteriormente com as a companhia;
futuras gerações de profissionais.
 No Setor de Pescaria e
Testemunhagem, a
7. CONCLUSÃO disseminação está diretamente
interligada com o segmento de
Esta pesquisa se propôs a avaliar a E&P, porque tem muitas
Gestão do Conhecimento nas informações que não tem
Organizações, onde verificou-se a necessidade de serem
importância do ciclo do conhecimento. O repassadas para outros setores e
objetivo geral do trabalho foi alcançado, segmentos.
pois através da análise dos questionários e Percebe-se que a metodologia aplicada
dos documentos, foram identificados os na pesquisa tornou-se de grande
seguintes elementos: importância para o mapeamento dos
dados. No futuro poderá ser utilizada a
metodologia 5W2H, onde irá aproveitar as
 Os tipos de conhecimento na informações adquiridas e recomendar
organização; ações que as empresas deverão tomar
 A movimentação dos para serem implementadas no
conhecimentos; planejamento estratégico das
 Demonstrativo de custos; organizações.
 Os níveis de intelecto; A partir deste trabalho o Setor desta
 A espiral do conhecimento da organização passa a ter dois quadros
organização. com os níveis de intelecto e outro com os
demonstrativos de custos, que poderão
Foi possível avaliar e observar que para a ser aproveitados, para serem efetuadas
ações no Planejamento Estratégico.
organização a disseminação do

REFERENCIAS [5] LARA, C. R. D. A atual Gestão do


conhecimento: a importância de avaliar e
[1] BALCEIRO, R. B. & GUIMARÃES, F. J. Z. identificar o capital intelectual nas organizações.
Alinhando a gestão do conhecimento com os São Paulo: .Nobel, 2004. p. 22- 129 p.
novos desafios da Petrobras. In: Rio de Janeiro: [6] LOYOLA, F. & CHAGAS A. A tríplice
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<http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/seminariointernacion Encontro Nacional de Engenharia de Produção
al2007/artigos/pdf/raquelborbabalceiro_alinhandoage (ENEGEP), 29, 2009, Salvador, BA, Brasil.
stao.pdf>. Acesso em: 20 Mar. 2011. Anais. Associação Brasileira de Engenharia de
[2] DAVEMPORT, T H. & PRUSAK L. Produção (ABEPRO), 2009. Internet. Disponível
Conhecimento empresarial. Como as em:
organizações gerenciam o seu capital intelectual. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_T
Rio de Janeiro: Campus 1998. p. 63. 243 p. N_STO_091_621_12670.pdf. Acesso em 13 Jun. de
[3] DRUCKER, P. F. O Advento da Nova 2011. pg 5.
Organização - Aprendizagem organizacional em [7] MENDES A. Gestão do Conhecimento -
Os melhores Artigos da Harvard Business Review - A espiral do conhecimento. 2008. Disponível
Tradução Editora Campos/Elsevier. Rio de Janeiro – em:
R.J, 2006. pg. 09. http://imasters.com.br/artigo/3599/gerencia/conheci
[4] ESCRIVÃO, G. et al. A gestão do mento_tacito_e_explicito/ Acesso em: 05 Abr. 2011.
conhecimento na educação ambiental (ENEGEP), [8] MIGUEL P. A. C. (Org.) et al Metodologia
12 a 15 outubro, 2010, São Carlos, S.P., Brasil. de pesquisa em Engenharia de produção e
Revista: Perspectivas em Ciência da Informação. Gestão de operações. Elsevier. ABEPRO, 2010.
Disponível em [9] NONAKA, I. A Empresa Criadora do
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci. Conhecimento - Aprendizagem organizacional
Acesso em 10 Mai. 2011. em: Harvard Business Review –Tradução Editora

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Campos/Elsevier. Rio de Janeiro –R.J, 2006. pg. 27- Ciência da Computação, Universidade de São
34. Paulo. Publicado no jornal do Grupo Folha
[10] QUINN, J. B.; ANDERSON P.; Educação No. 27, out./nov. 2004, pp. 6 e 7)
FINKELSTEIN S. Gerenciando o Intelecto [13] SOUZA NETO. I. S. Técnicas de
Profissional- Aprendizagem organizacional. Deposição de Material Destruidor em Ferramentas
Harvard Business Review - Tradução Editora de Pescaria. Material de Treinamento,
Campos/Elsevier. Rio de Janeiro :R.J, 2006. p 77- PETROBRAS, Agosto, 1986.
79. [14] SCUCUGLIA, R. O que significa i.i.
[11] SANTOS, I.; AMATO NETO, J. Gestão do (inteligência da informação) Internet. Disponível
Conhecimento em Indústria de Alta Tecnologia. em: http://www.baguete.com.br/artigos/336/rafael-
Revista. Disponível em: scucuglia/25/06/2008/o-que-significa-ii-inteligencia-
<http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso da- informacao. Acesso em 01 Mai. de 2012.
em: 03 Mai. 2010. [15] THOMAS, J. E. (Org.) et al. Fundamentos
[12] SETZER, V. W. Dado, Informação, de Engenharia de Petróleo, 1ª ed. Rio de Janeiro:
Conhecimento e Competência. Internet. Depto. de Interciências, PETROBRAS, 2001.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


ANEXO

QUESTIONÁRIO (PERGUNTAS FEITAS AOS FUNCIONÁRIOS DO S.E.)

Operação de Pescaria.

Quando as operações de pescaria começaram a ser desenvolvidas na empresa e de que maneira


ela adquiriu conhecimento nesta área para iniciar o processo?
Resposta:
____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

De que maneira o conhecimento foi e é transmitido?


Resposta:
____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

O tempo médio que um pescador leva para ser treinado para que o mesmo tenha condições
de executar determinadas operações de pescaria é de aproximadamente 02 anos. Avalie o tempo
de treinamento

[ ] Regular [ ] Médio [ ] Bom [ ] Ótimo


.

Por quê?

____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Capítulo 25
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO E DO CONCEITO DE
INOVAÇÃO: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO

Allan Degasperi
Fernando Ribeiro dos Santos

Resumo: O estudo sobre a inovação sempre foi o fator que favoreceu a


diferenciação no mercado, buscando constantemente a ação que promove o
ambiente inovador e a liderança do mercado. O tema tem sido de interesse
acadêmico durante todo esse tempo, tendo em vista que a inovação está
diretamente ligada à gestão do conhecimento e a melhor forma de gerir e promover
esse ambiente inovador. Apesar de diversos estudos realizados na área da
inovação, não foi encontrado trabalhos que mapeassem os artigos publicados no
período pesquisado. O presente artigo apresenta um estudo bibliométrico realizado
no período de 2010 até o mês de Março de 2014, levantando dados importantes e
que promovem a melhora do entendimento da importância atual da inovação e da
pesquisa para a inovação nas empresas, sendo elas nacionais ou multinacionais. O
artigo demonstra o cenário atual dos autores preocupados em continuar
publicando as suas pesquisas e casos de sucesso, este artigo, portanto, contribui
para instigar a compreensão no tema de inovação, apontando os rumos que as
pesquisas têm tomado e as prováveis tendências com o avanço nas pesquisas e a
evolução do entendimento do conceito da gestão da inovação.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1 INTRODUÇÃO 2 CONCEITO DE INOVAÇÃO
A inovação é considerada por muitos, São diversas as formas que se pode definir
(BESSANT; TIDD; PAVITT, 2008; FREEMAN, inovação, desde o simples conceito da
2002; SCHUMPETER, 1988; TIDD; BESSANT; realização de um processo utilizando uma
PAVITT, 2005) um fator crucial para o maneira não usual, sendo assim considerado
crescimento corporativo e uma das formas por muitos pesquisadores algo inovador, ou o
mais eficazes de se manter inserido em um ato de realizar uma transformação mais
mercado, sendo uma ferramenta usada para profunda no que tange uma mudança
alcançar a tão desejada vantagem significativa de ideia, postura ou paradigma.
competitiva e o destaque.
A inovação é considerada um processo
Conhecer todas as vertentes possíveis que complexo que envolve diversas
existem no processo de inovação é de suma características interdisciplinares e que sua
importância para desenvolver uma pesquisa e prática percorre operações funcionais
implementação, garantindo assim maior (BAREGHEH, ROWLEY, SAMBROOK, 2009).
sucesso nos processos. Para tanto o trabalho
O processo inovador ocorre no devido
bibliométrico é um aliado nessa etapa, tendo
momento em que a dificuldade é encarada
em vista que apresenta os pesquisadores e
com um olhar empreendedor, surgindo assim,
autores que se interessam pela área da
como uma possível oportunidade, o
inovação e se preocupam em compartilhar os
aproveitamento da situação e
seus feitos de sucesso ou insucesso.
estabelecimento de conexões (TIDD;
As técnicas bibliométricas são estudos de BESSANT; PAVITT, 2005).
aspectos quantitativos de produção e usos da
Segundo Drucker (2002, p. 6):
informação, que são processados por
cálculos matemáticos e estatísticos
(FRANCISCO, 2011; TAGUE-SUTCLIFFE,
A inovação é a função específica do
1992).
empreendedorismo, seja em uma
A pesquisa desenvolvida nesse artigo é empresa já existente, uma instituição de
baseada no estudo realizado no artigo serviço público, ou um novo
Inovação e Conhecimento Organizacional: um empreendimento iniciado por um
mapeamento bibliométrico das publicações indivíduo solitário na cozinha da família. É
científicas até 2009 dos autores Santos, o meio pelo qual o empresário ou cria
Maldonado e Dos Santos, publicada em 2011 novos recursos produtores de riqueza ou
na ROC (Revista Organizações em Contexto) dota recursos existentes com maior
da Universidade Metodista, porém no potencial de criação de riqueza.
presente artigo são analisados os artigos
publicados no período conseguinte, sendo de
Janeiro de 2010 a Março de 2014. Davila, Epstein e Shelton (2006, p. 20)
Usando técnicas bibliométricas como afirmam que “[...] inovação não é apenas a
ferramenta de busca e refinamento dos oportunidade de crescer e sobreviver, mas,
dados, este artigo apresenta a evolução do também de influenciar decisivamente os
pensamento e do conceito de inovação ramos da indústria em que se insere.”
focando nos autores que se mantêm ativos Tidd et al. (2005) afirmam que quando se fala
em suas publicações, em constante pesquisa de inovação estão, basicamente falando de
e descobertas. mudança, e esta pode assumir diversas
A proposta desse artigo é trazer a luz para a formas, dentre as quais são identificadas as
explanação, além da importância do estudo inovações nos processos de fabricação, de
na área da administração da inovação, mas conceito e de quebra de paradigma.
também compreender o rumo que está sendo Higgins (1995) define de forma bem clara que
tomado nas pesquisas atuais, explorando as inovação é o processo de confeccionar algo
vertentes e possibilidades da prática da novo com um valor percebido que seja
inovação. significativo de forma individual ou para um
coletivo inserido em uma organização ou na
sociedade.
Porém para que haja a inovação e o
desenvolvimento de maior consistência é

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


preciso que ocorra o comprometimento de posição, quando ocorrem mudanças no
todos os setores da empresa (LAVA, 2002). contexto em que produtos/serviços são
introduzidos; e de paradigma, quando ocorre
Tem-se, então, como verdade, que a inovação
mudança nos modelos mentais subjacentes
pode, previamente, ocorrer em qualquer setor
que orientam o que a empresa faz [GRIFO
da economia sem restrição, inclusive
NOSSO].
podendo acontecer em serviços públicos
como saúde ou educação (MANUAL DE A teoria do desenvolvimento econômico
OSLO, 2005). (SCHUMPETER, 1984) desenha a inovação de
cinco formas: (1) o ingresso de um produto
O Manual de Oslo foi desenvolvido com o
novo e/ou da melhora da qualidade de um
intuito de ser a principal fonte internacional de
bem já existente; (2) a utilização de um
diretrizes para coleta e uso de dados sobre
método recém-desenvolvido de produção; (3)
atividades inovadoras da indústria (MANUAL
a criação de um novo mercado para a
DE OSLO, 2005).
corporação; (4) a descoberta de um lugar em
Segundo o Manual de Oslo (2005, p. 39), os que se encontrem novas matérias primas e/ou
fatores que propiciam o desenvolvimento e produtos semi acabados e/ou em fase de
aprimoramento da inovação dentro do produção; e (5) a formação de uma nova
ambiente corporativo, são os fatores cultura organizacional dentro de uma
humanos, sociais e culturais, no que tange o determinada indústria.
aprendizado. Se referindo diretamente à:
Schumpeter (1984) deixa claro, que só é
possível uma ação inovadora quando a
indústria/empresa inicia um processo de
[...] facilidade de comunicações dentro da
desenvolvimento de novos métodos e de
organização, às interações informais, à
planejamento sobre as fases de um
cooperação e aos canais de transmissão
produto/serviço, tanto de elaboração quanto
de informações e habilidades entre as
de manufatura. O Manual de Oslo (2005)
organizações e dentro de cada uma
complementa afirmando que: “inovação é [...]
individualmente, e a fatores sociais e
a implementação de um produto ou serviço –
culturais que influem de modo geral na
novo ou aprimorado, de método, ou ainda de
eficácia da operação desses canais e
marketing”.
atividades.
A figura 1 apresenta o mapa mental do
processo de inovação segundo Bessant
A inovação pode ocorrer não somente no que (2008) e Tidd (2006).
tange a estrutura e cultura da empresa, mas O processo de inovação inicia com o estudo
sim em diversas categorias, como exemplo, dos cenários e a habilidade de detectar
têm se a inovação de produto, inovação de oportunidades (BESSANT et al.., 2008). Para
processo, inovação de posição e inovação de Tidd (2006) é realizada com ênfase na
paradigma (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005) competitividade da região, com a inovação
Tidd et al. (2005) definem as categorias de podendo ser a variação de um produto, a
inovação como: de produto, quando ocorre necessidade de informação ou a
mudança nas coisas (produtos/serviços) que oportunidade criada pela expansão dos
uma empresa oferece; de processo, quando negócios, contudo os dois autores afirmam
ocorre mudança na forma em que os que a inovação busca a redução de custos.
produtos/serviços são criados e entregues; de

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 1 – Mapa Mental do Processo de Inovação

Fonte: Os autores

3 ESTUDO BIBLIOMÉTRICO de qualquer pesquisa científica enquanto


única é um fato (PINHEIRO, 1983).
É comum definir bibliometria como “um
conjunto de leis e princípios baseados na Nesse estudo foi utilizado a Lei de Bradford
observação e experiência que contribuem com foco na importância do índice H de cada
para estabelecer os fundamentos teóricos da autor contemporâneo da área de gestão da
ciência da informação” (GUEDES; inovação.
BORSCHIVER, 2005).
Segundo Pinheiro (1983, p. 62) a Lei de
PRICE (1976, p. 36) afirma que “[...] parece Bradford consiste em:
clara a importância de se dispor de uma
distribuição que nos informe sobre o número
de autores, trabalhos, países ou revistas que se os periódicos forem ordenados em
existem em cada categoria de produtividade, ordem de produtividade decrescente de
utilidade ou o que mais desejarmos saber.” artigos sobre um determinado assunto,
poderão ser distribuídos num núcleo de
O termo bibliometria foi popularizado no artigo
periódicos mais particularmente devotados
publicado por Allan Pritchard, “Bibliografia
a esse assunto e em diversos grupos ou
Estatística ou Bibliometria, (Statistical
zonas contendo o mesmo número de artigos
Bibliography or Bibliometrics)”, publicado em
que o núcleo [...] Bradford definiu e
1969, no qual o termo foi utilizado com o
estabeleceu limites para a produtividade de
intuito de demonstrar a área de estudos que
periódicos, são eles (1) aqueles que
usam cálculos matemáticos e métodos
produzem mais de quatro referências por
estatísticos para investigar e quantificar os
ano; (2) os que produzem mais de uma e
processos escritos. [...] Contudo o termo foi
não mais do que quatro referências,
criado por Paul Otlet, considerado o pai da
anualmente; e (3) os periódicos que
ciência da informação, em 1934 (GUEDES;
produzem uma referência ou menos por ano
BORSCHIVER, 2005).
[GRIFO NOSSO].
A Bibliometria tem como base três leis
clássicas distintas, sendo elas: a Lei de
Bradford, a Lei de Lotka e a Lei de Zipf.
As leis têm como função a generalidade, pois
a partir de uma problematização o resultado

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Hirsch (2007) explica que o índice H de um 4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA
pesquisador é o número de trabalhos em
O levantamento dos dados dos autores que
coautoria pelo pesquisador com pelo menos
publicaram artigos sobre inovação no
H citações cada. Recentemente, propõe-se
intervalo de janeiro de 2010 ao mês de março
como uma medida representativa do indivíduo
de 2014 foi realizado utilizando-se a base de
conforme suas realizações científicas. Outra
dados do site de busca acadêmica Google
técnica comumente utilizada na bibliometria é
Scholar (www.scholar.google.com), no qual
a quantidade de trabalhos científicos
foram pesquisados os termos “gestão da
individuais, número total de artigos
inovação”, “administração da inovação” e
publicados (Np) e número total de citações
“management of innovation” com o filtro de
acumuladas (Nc).
período específico ativo nos anos de 2010 a
Lima, Velho, e Farias (2012) definem o índice 2014. Santos, Uriona-Maldonado, e Dos
H como uma ferramenta com o intuito de Santos (2011) apresentaram um levantamento
mensurar a quantidade da atividade de bibliométrico das publicações científicas até o
produção científica e com isso conhecer o ano de 2009.
impacto desses autores pesquisadores,
Após o levantamento da quantidade de
baseando-se nas publicações que foram
artigos, buscou-se o índice H de cada autor,
citados.
por meio do software Harzing’s Publish or
Com base no índice H de cada autor de Perish (do português “Publique ou Pereça”)
inovação pesquisado, foi possível realizar o versão 4.4.8.5075, que executa uma
levantamento do grau de influência e varredura e realiza buscas nos bancos de
importância exercida no meio acadêmico e na dados do Google Scholar por citações
gestão da inovação. acadêmicas, calculando assim o número de
citações e a estatística de impacto do autor
(HARZING, 2011)
Quadro 1 - Dados gerais da pesquisa

Critérios Números
Autores 44
Artigos 253
Quantidade de citações 11.270
Fonte: Os autores

O levantamento retornou 44 autores e por autor, nos quais houve uma variação das
meio da pesquisa foi possível apresentar os coautorias.
números referentes ao índice H dos mesmos,
O quadro 2 apresenta a lista de autores
a quantidade de artigos por autor e a
pesquisados, a quantidade de artigos
quantidade de artigos publicados por ano
publicados dentro do período pesquisado e a
(Quadros 1 e 2).
quantidade de citações de todos os artigos
Foi possível perceber que vários artigos correspondentes por autor.
pesquisados foram escritos por mais de um

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Quadro 2 – Autores, quantidade de artigos publicados e citações por artigos
Quantidade de artigos
Quantidade de
Nome do Autor publicados no período de
citações dos artigos
2010 a maio/2014
ABREU, AF 0 3
ADLER, OS 0 1
BALESTRIN, A 103 8
BERNARDES, R 0 1
BESSANT, J 4.572 35
BONINI, LA 4 2
BRESCIANI, LP 6 4
BURGELMAN, RA 0 1
CHIARINI, T 0 3
CHRISTENSEN, CM 200 7
COOPER, RG 95 4
DE LIMA, CRM 7 8
DJELLAL, F 103 19
EPSTEIN, J 3 1
FERRAZ, FT 1 1
GALLOUJ, F 144 21
GUIDEILI, NS 6 1
KAMEI, AG 8 1
KLEINSCHMIDT, EJ 3 1
LORENZETTI, J 8 2
MIRANDA, EC 16 3
PIRES, DP 18 4
PISANO, G 53 2
QUADRO, R 11 1
QUINTELLA, CM 8 1
RAYNOR, ME 5 3
RENAULT, T 1 1
SALERNO, MS 7 13
SBRAGIA, R 2 12
SEELY-BROWN,JS 49 4
SHELTON, R 462 2
SOARES, CAP 4 2
SOUZA, BBC 1 1
STAL, E 20 10
STEFANOVITZ, JP 10 4
STOECKICHT, IP 4 4
TANAJURA, AS 8 1
TIDD, J 4.504 13
TRINDADE, LL 18 5
VAHS, D 1 1
VARANDAS, A 2 3
VERGANTI, R 446 12
VILHA, AM 3 3
VON HIPPEL, E 354 24
Fonte: Os autores

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Observa-se que os autores: Bessant, Djellal, por Bessant.
Gallouj e Von Hippel tiveram em média mais
Na figura 2 é possível observar o gráfico que
de 4 artigos publicados por ano, mantendo
ilustra a quantidade de artigos publicados por
uma frequência e constância em publicações
ano, mostrando uma oscilação entre o número
que alcançam o número máximo de 35
de publicações a cada ano.
publicações no período estudado, alcançado

Figura 2 - Quantidade de publicações por ano (2010 - 2014)

80
68 69
70

60 55
50 2010
50
2011
40
2012
30 2013
20 2014
11
10

0
2010 2011 2012 2013 2014

Fonte: Os autores

É possível perceber que no ano de 2010 pesquisado. Houve no ano de 2013 uma nova
houve uma grande quantidade de queda (média de 4,16 artigos por mês) e no
publicações (média de 5,66 artigos por mês). ano de 2014, houve uma quantidade menor
No ano de 2011, houve uma redução na número de publicações, tendo em vista que a
quantidade de publicações (média de 4,58 pesquisa foi realizada até o mês de março
artigos por mês). No ano de 2012, houve um (média de 3,66 artigos por mês).
retorno ao patamar de 2010 (média de 5,75
Na figura 3 é possível visualizar o gráfico com
artigos por mês), sendo o ano com maior
a porcentagem referente à quantidade de
número de publicações no período
artigos publicados por ano.
Figura 3 - Gráfico com a porcentagem publicações separadas por ano

4,3% 2014
2013 2010
19,7% 26,8%

27,2% 21,7%

2012 2011

Fontes: Os autores

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


A porcentagem referente ao ano de 2014 é 26,8% e 27,2%. Esses dois anos foram
pequena com relação as demais, marcados com diversas pesquisas realizadas
considerando-se o período até o mês de na área de gestão da inovação e inovação
março do ano de 2014. tecnológica.
Têm se uma aproximação nos anos de 2010 e A figura 4 apresenta o levantamento da
2012 na quantidade de artigos publicados em quantidade de citações por ano no período
periódicos alcançando respectivamente, pesquisado.

Figura 4 - Gráfico com a quantidade de citações realizados por ano (2010-2014)

Fonte: Os Autores

Observa-se que os artigos mais citados são dentro do período pesquisado. Essa
do período de 2011 com o número de 9.579 publicação apresenta o conceito de
citações, ficando na segunda posição o ano integralização dos meios tecnológicos ao
de 2010 com 581, seguido respectivamente mercado e como isso influencia na cultura
pelos anos 2012 com 578, 2013 com 444 e organizacional da empresa.
2014 com apenas 3 citações.
Foram analisados também os repositórios
Os autores Bessant e Tidd detém o maior mais utilizados para a armazenagem e busca
número de citações no período, sendo dos artigos publicados, listando assim os 15
respectivamente 4.572 e 4.502, com isso têm repositórios com o maior número de artigos
se dois autores de grande influência no armazenados (Quadro 3).
assunto referente à gestão da inovação.
Dentre os repositórios listados se destacam o
A publicação com o maior número de norte americano EBSCOhost e a versão
citações é Managing innovation: integrating brasileira do reconhecido repositório, SciELO
technological, market and organizational Brasil, liderando a pesquisa com respectivos
change (BESSANT; TIDD, 2011), alcançando dezoito e quinze publicações.
4.473 citações e a média de 1.118,25 por ano

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Quadro 3 - Top 15 dos repositórios.
Repositório Quantidade de artigos armazenados
search.ebscohost.com 18
SiELO Brasil 15
Wiley Online Library 8
caim.info 8
Springer 6
hal.archives-ouvertes.fr 5
uff.br 5
papers.ssm.com 5
World Scientific 4
repositório.uninove.br 3
econ.uniurb.it 3
emeraldinsight.com 3
ieeexplore.ieee.org 3
abepro.org 3
dspace.mit.edu 3
Fonte: Os Autores

5 EVOLUÇÃO DA INOVAÇÃO cada vez mais fundamentadas no


TECNOLÓGICA conhecimento”.
Com o decorrer dos anos e a evolução Bessant e Tidd (2009, p. 27) afirmam que “o
tecnológica avassaladora nos últimos anos a sucesso da inovação parece depender de
inovação teve a sua definição aprimorada. dois ingredientes principais: recursos e
Segundo Drucker (1985) a inovação “é capacidade da organização para geri-los”.
passível de ser apresentada como uma
Salerno (2012, p. 48) esclarece que a
disciplina, de ser aprendida, de ser
inovação não se restringe “à inovação
praticada”.
tecnológica, mas sim que esta é o motor da
Schumpeter (1988) afirma que uma inovação inovação que agrega, ou captura, mais valor.”
“[...] no sentido econômico somente é
Para Howells e Bessant, (2012) “A inovação
completa quando há uma transação comercial
tem, portanto, representado um importante
envolvendo uma invenção e assim gerando
agente de mudança dinâmica constantemente
riqueza”.
alterando o equilíbrio nos padrões de
O procedimento de conceber um processo, produção e mudando a dinâmica da
conceito ou produto novo com valor concorrência”.
individual, para um grupo, corporação ou
A gestão da inovação tem se posicionado no
sociedade é definido como inovação.
centro das pesquisas acadêmicas e
(HIGGINS, 1995).
empresariais (SILVA; BAGNO; SALERNO,
Segundo Freeman (2002, p. 37): 2013) tendo em vista que por meio da
inovação é possível alcançar a tão desejada
vantagem competitiva.
inovação é o processo que inclui as
atividades técnicas, concepção,
desenvolvimento, gestão e que resulta na 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
comercialização de novos (ou
A pesquisa bibliomética utilizando o software
melhorados) produtos ou na primeira
Publish ou Perish retorna a quantidade de
utilização de novos (ou melhorados)
artigos, periódicos, citações e o índice H
processos.
permitindo que o estudo seja realizado com
maior abrangência e precisão.
Para Etzkowitz (2009) “A inovação, a Os resultados da análise da pesquisa
reconfiguração de elementos em uma bibliométrica sugerem o crescimento dos
combinação mais produtiva, toma um artigos publicados no ano de 2010 e 2012,
significado ainda mais amplo nas sociedades tendo como os principais autores dentro do

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


período estudado respectivamente, Bessant e ou processo apenas no que tange o lado
Tidd. palpável, atualmente têm-se o conceito de
inovação como uma vertente que promove a
Destaca-se também dentro do período
vantagem competitiva por meio de
pesquisado os autores Von Hippel, Gallouj e
conhecimento e informação, pesquisa e
Djellal, com a média de no mínimo 4
implementação, necessitando de um controle
publicações por ano, totalizando mais de 16
e método de gestão diferenciado, podendo
artigos publicados em diversos periódicos.
ser considerado um importante agente da
É possível perceber também o domínio dos mudança organizacional, seja cultural ou
repositórios de publicações norte americanos estrutural.
EBSCOhost e a distribuição brasileira do
A evolução do conceito de inovação segundo
repositório SciELO, com respectivos número
Burgelman; Christensen; Whellwright, (2012),
de 18 e 15 publicações armazenadas. Têm-se
consiste em “dois tipos de inovação: a
uma maior quantidade de citações realizadas
inovação que muda apenas os conceitos
no ano de 2011 com 9.579, e
essenciais do design de uma tecnologia e
desconsiderando o ano de 2014, tendo em
aquela que muda apenas as relações entre
vista que a pesquisa foi realizada até o mês
elas”
de Março, o ano com menor número de
publicações foi 2013, com 444. O estudo deixa como contribuição também o
levantamento do referencial teórico do tema
O estudo proporcionou a análise da evolução
com um período atual de desenvolvimento,
do conceito da gestão da inovação segundo
servindo como base para inúmeras
os autores pesquisados, onde se entendia
publicações relacionadas à inovação.
como inovação a criação de algum produto

REFERÊNCIAS sistemas de informação, de comunicação e de


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Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


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[24]. SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Managing Innovation: Integrating technological,
Desenvolvimento Econômico: uma investigação market and organizational change. Third Edit ed.
sobre lucros, capital, credito, juro e o ciclo [s.l.] Wiley, 2005.
econômico. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
[25]. SCHUMPETER, J. A. Capitalismo,
Sociedade e Democracia. São Paulo: Abril Cultural,
1988.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Capítulo 26
CONCORRENCIA ENTRE EMBALAGENS DE AÇO E
ALUMINIO: UMA ANÁLISE DE MERCADO NO
SEGMENTO DE BEBIDAS CARBONATADAS

Dário Moreira Pinto Junior


Welington Leôncio Costa

Resumo: Este trabalho tem como objetivo, fazer uma análise da concorrência entre
as embalagens de aço e alumínio, para latas de duas peças (DWI), no setor de
bebidas carbonatadas (cervejas e refrigerantes). Realizou-se dois tipos de
pesquisa: consultas a paginas especializadas da internet e através da aplicação de
entrevistas semi-estruturadas por meio de envio de questionários, via web, aos
fabricantes das embalagens metálicas e aos principais envasadores de bebidas
que utilizam embalagens de aço e alumínio, e também para algumas entidades
ligadas ao tema do trabalho. Observou-se que o alumínio domina amplamente o
mercado nacional. Especificamente na região Nordeste, o aço aparece como
grande fatia de mercado na demanda de embalagens metálicas para bebidas
naquela região. Observou-se ainda que o único fabricante de embalagens em aço
tem uma grande vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes (latas de
alumínio) devido ao fato de ter firmado uma parceria com o único fabricante de aço
para embalagens metálicas. Vale citar que, embora o aço ainda seja pouco
reciclável, a lata de aço retorna a natureza em no máximo 3,6 anos.

Palavras chave: Embalagem, latas DWI, bebidas carbonatadas, competitividade.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


1. INTRODUÇÃO que algumas condições essenciais favoreçam
o uso deste metal. O alumínio responde por
Dentre as diversas embalagens existentes, as
78% de um total superior a 220 bilhões de
de aço têm dominado nos últimos 30 anos os
unidades produzidas, até 2005, no Mundo e
segmentos de mercado em que elas estão
por impressionantes 92% das 12,7 bilhões de
presentes. Todavia, a lata de aço enfrentou
unidades produzidas no Brasil em 2007
perdas em alguns segmentos, tais como, no
(ABRALATAS, 2008). O restante, tanto no
setor de embalagens para bebidas
Brasil quanto no Mundo, é preenchido pelas
carbonatadas, nos quais foram introduzidas
latas de aço.
alternativas para o envasador, e
consequentemente, para o consumidor final. A melhoria das condições econômicas e
demográficas brasileiras é a grande
Conforme relatório do BNDES, os maiores
responsável pelo aumento do consumo de
produtores de embalagens metálicas no
embalagens metálicas no segmento de
Brasil, dois estão se encontram instalados no
bebidas, cuja taxa média de crescimento tem
Nordeste (Latasa-PE e a Metalic-CE), tres no
sido de 10% ao ano. A maturação do
Sudeste (Latasa, que tem três filias em MG,
mercado, que acredita-se já estar ocorrendo
SP e RJ, Crown Cork –SP e a Latapack Ball-
hoje, deverá gerar um crescimento da ordem
SP) e uma na região Sul (ANC/RS).
de 5% ao ano.
A esse respeito, destaca-se que a Metalic é a
Hoje, o mercado brasileiro é dominado por um
única fabricante a utilizar o aço como matéria-
oligopólio formado por Rexam Can, Latapack
prima de seus recipientes, enquanto que as
Ball, Crown Cork e Metalic. Estas 4 empresas
demais empresas utilizam o alumínio como
fornecem quase que a totalidade das latas
insumo básico na elaboração das referidas
necessárias para a venda de bebidas aqui no
latas.
Brasil. Seu principal cliente é a AMBEV.
Apesar do alumínio ser um produto de melhor
Em 2014, a indústria de latas de alumínio no
qualidade, sobretudo por não estar sujeito aos
Brasil faturou mais de 4 bilhões de reais
efeitos da corrosão, de conservar o sabor da
gerando impostos e contribuições superiores
bebida, bem como proporcionar mais leveza
a 1 bilhão de reais.É importante ressaltar que
as latas, sem contar com a vantagem da
as embalagens metálicas (aço e alumínio)
reciclagem das latas de alumínio comparadas
enfrentam grande concorrência com as
às de aço, ainda assim a Metalic optou pela
plásticas e de vidro, também utilizadas para
utilização do aço na fabricação de
bebidas carbonatadas.
embalagens metálicas.
No inicio da década de 90, as embalagens de
Segundo Dantas (2005), do CETEA – Centro
aço de “duas peças”, por meio de uma
de Tecnologia de Embalagens, o segmento
agressiva estratégia de marketing, entraram
de embalagens metálicas de bebidas
novamente neste nicho de mercado,
carbonatadas representa uma importante
tornando-a bastante prática, leve e
parcela do consumo de embalagens.
competitiva com as de alumínio.
Os diversos setores de embalagem têm
Vale destacar que um importante fator na
apresentado muitos desenvolvimentos
competição entre as latas de aço e de
tecnológicos visando o incremento das
alumínio é determinada por três fatores
propriedades da embalagem, para o melhor
principais, ou seja, a relação tecnologia/uso, a
atendimento dos requisitos de proteção das
comercialização e a reciclagem.
bebidas e a conquista de mercados e da
preferência dos consumidores (PRIA, 2000). O alumínio domina amplamente o mercado
nacional, com 92% de market share.
Desde o final da década de 80, o mercado
Especificamente na região Nordeste, o aço
mundial de embalagens metálicas para
aparece como grande fatia de mercado,
bebidas é dominado pelas latas de alumínio.
sendo responsável por nada menos que 51%
Antes, era o aço. Porém, devido à natureza
da demanda de embalagens metálicas para
dinâmica de alguns fatores importantes na
bebidas naquela região.
produção de embalagens metálicas, voltou a
existir no Brasil a produção em aço pela Realizou-se dois tipos de pesquisa: consultas
Metalic. As outras empresas que atuam nesta a paginas especializadas da internet e através
indústria também não descartam a da aplicação de entrevistas semi-estruturadas
possibilidade de voltar a usar o aço, desde por meio de envio de questionários, via web,

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


aos fabricantes das embalagens metálicas e bebidas aqui no Brasil. Estas empresas já
aos principais envasadores de bebidas que realizaram no país investimentos que superam
utilizam embalagens de aço e alumínio, e a casa de 1,5 bilhão de dólares, com 13
também para algumas associações ligadas estabelecimentos industriais presentes em 9
ao tema do trabalho. estados da federação. Em 2014, a indústria
de latas de alumínio no Brasil faturou mais de
Este trabalho tem como objetivo, fazer uma
4 bilhões de reais gerando impostos e
análise da concorrência entre as embalagens
contribuições superiores a 1 bilhão de reais
de aço e alumínio no setor de bebidas
(ABAL, 2008).A Metalic é a única produtora
carbonatadas (cervejas e refrigerantes). Cabe
de embalagens metálicas para bebidas do
ressaltar que foi levado em consideração as
Brasil a utilizar o aço como matéria prima. A
mais recentes informações disponíveis no
Metalic utiliza o aço DWI - Draw & Wall Ironing
âmbito nacional.
(Estampo e Estiramento) na fabricação das
latas. Trata-se de uma folha de flandres com
características especiais que permitem o
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
estiramento do metal e, portanto, uma
Segundo Dantas (2005), do CETEA – Centro redução de até 70% da espessura original da
de Tecnologia de Embalagens, o segmento chapa. O Aço DWI é produzido por um único
de embalagens metálicas de bebidas fabricante no Brasil que é a CSN.
carbonatadas representa uma importante
Latas DWI representam quase 60% de todas
parcela do consumo de embalagens.
as latas produzidas no mundo, atingindo
De acordo com dados do BNDES (1998), a cerca de 230 bilhões de unidades por ano
indústria de latas de alumínio para bebidas no (NUTTING, 2003). Sua expansão tem sido
Brasil teve sua origem em 14 de outubro de caracterizada também pela diversificação de
1989 quando a Latasa S.A. (atual Rexam) mercado. Por exemplo, na França, a empresa
inaugurou sua primeira fábrica no município Boxal produz latas DWI em aço para aerosol
de Pouso Alegre - MG. Nesse período de 18 desde 1997.
anos desde sua implantação, mais de 110
Os produtores de folha metálica (folha-de-
bilhões de latas já foram produzidas no Brasil.
flandres), matéria-prima para a fabricação de
Segundo a ABEAÇO (2006), as outras latas de aço, principalmente os europeus -
empresas que atuam nesta indústria também British Steel, Hoogovens, Sollac e Rasselstein,
não descartam a possibilidade de voltar a vêm efetuando inversões, segundo o Metal
usar o aço, desde que algumas condições Bulletin Monthly – MBM (2007), tanto no
essenciais favoreçam o uso deste metal. desenvolvimento da própria embalagem de
aço quanto na melhoria da qualidade das
O alumínio responde por 78% de um total de
folhas, visando aumentar a competitividade
220 bilhões de unidades produzidas no
da lata de aço no fator tecnologia/custo.
Mundo e por impressionantes 90% das 9,4
bilhões de unidades produzidas no Brasil em O peso das latas de aço reduziu-se em 20%
2005 (ABAL, 2006). O restante, tanto no Brasil nos últimos 20 anos, chegando a 26 gramas
quanto no Mundo, é preenchido pelas latas para as latas de 350 ml (12 oz), com
de aço. conseqüentes reduções nos custos diretos e
indiretos. Os produtores de latas de aço
A melhoria das condições econômicas e
ganharam a confiança de seus clientes, não
demográficas brasileiras é a grande
apenas devido à sua eficiência técnica, mas
responsável pelo aumento do consumo de
também em face da garantia de fornecimento
embalagens metálicas no segmento de
futuro em condições competitivas (ABEAÇO).
bebidas, cuja taxa média de crescimento tem
sido de 10% ao ano. A maturação do Segundo a ABIR – Associação Brasileira das
mercado, que acredita-se já estar ocorrendo Industrias de Refrigerantes e de Bebidas Não
hoje, deverá gerar um crescimento da ordem Alcoólicas, a reciclagem de latas de alumínio
de 5% ao ano. no Brasil atingiu a extraordinária marca de
98,0%, em 2014. O Brasil reciclou acima de
Hoje, o mercado brasileiro é dominado por um
14 bilhões de latas, o equivalente a valores
oligopólio formado por Rexam, Latapack,
acima de 30 milhões por dia, colocando o
Crown Cork & Seal e Metalic. Estas 4
nosso país em primeiro lugar entre os maiores
empresas fornecem quase que a totalidade
recicladores de latas de alumínio no mundo
das latas necessárias para a venda de
pelo sétimo ano consecutivo.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


3. METODOLOGIA DA PESQUISA Com relação a pesquisa bibliográfica relativo
a este tema, vale citar que existe escassez de
Segundo os objetivos, esta pesquisa
estudos relacionados ao tema em questão.
caracteriza-se como exploratória e
descritiva. “A pesquisa exploratória é O questionário do estudo da pesquisa é
aquela que se caracteriza pelo composto somente por perguntas abertas.
desenvolvimento e esclarecimento de Depois de redigido, ele foi testado antes de
idéias, com o objetivo de oferecer uma sua utilização definitiva, aplicando-se alguns
visão panorâmica, uma primeira exemplares em uma pequena população
aproximação a um determinado fenômeno escolhida.
que é pouco explorado e a descritiva, por
sua vez, pretende apresentar as
características de um fenômeno” 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
(VERGARA, 2007).
4.1 ASPECTOS TECNOLÓGICOS
Para atingir o objetivo proposto neste artigo,
Em ambas as embalagens, aço ou alumínio,
fez-se contato com os fabricantes de
as tampas são sempre feitas em alumínio
embalagens metálicas (alumínio e aço)
(espessura de 0,23 mm) devido ao sistema de
através de entrevistas por telefones e envio de
abertura com semi-corte (easy open), que se
questionários via web. Vale citar que foi feito,
presta apenas para este metal, face ao risco
também, contato com as seguintes entidades
de oxidação do aço nesta região.
ligadas ao tema: ABRE – Associação
Brasileira de Embalagens, ABRALATAS – O processo de produção de embalagens vem
Associação Brasileira de Latas de Alta apresentando constante evolução,
Reciclabilidade, ABEAÇO – Associação principalmente no que diz respeito a
Brasileira de Embalagens de Aço, ABAL - espessura da folha utilizada, o que traduz em
Associação Brasileira de Alumínio, ABIR – menor espessura da parede da lata, o que
Associação Brasileira das Industrias de propicia menor peso total da embalagem. Isto
Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas e é traduzido em economia, visto que a matéria
CETEA – Centro de Tecnologia de prima é o item de maior custo da produção. O
Embalagens. quadro 1 apresenta a espessura (E) das
folhas antes da fabricação das embalagens, a
espessura (e) da parede e o peso das latas
ao longo dos anos.

Quadro 1 - Espessura das folhas antes da fabricação das embalagens, da parede e o peso das
latas ao longo dos anos

Espessura (mm)
Alumínio Peso (g) E e
1995 16,66 0,28 0,12
1998 14,30 0,27 0,09
2007 13,50 0,26 0,09

Aço Peso (g) E e


1990 36,00 0,305 0,12
1995 34,00 0,28 0,10
2007 29,50 0,26 0,09

Fonte: Os autores

É importante ressaltar que no ano de 1990, experimental, em aço, com dados


os dados são referentes a uma produção extraídos do relatório (ITABORAY, 1991)

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


de produção de embalagens DWI cuja da outra. É um armazenamento simples e
experiência foi realizada na Inglaterra com seguro. .
resultados positivos.
A tampa é ecológica e fácil de abrir. Retêm
Como pode ser observado no quadro 1, o anel, evitando a poluição ambiental. E
que com o passar do tempo, houve uma por serem “one-way”, o revendedor não
redução na espessura da folha e na precisa fazer estoques de latas vazias, que
espessura final da parede, o que propiciou tomariam espaço físico dos
uma redução no peso total da embalagem estabelecimentos. E por não quebrarem,
o que consequentemente, promove uma eventuais acidentes durante o manuseio
queda no custo da embalagem. Isto das latinhas, não ocasionam transtornos
ocorreu tanto no aço quanto no alumínio. significativos. E ainda, muitos
comerciantes acabam também tendo
retorno financeiro com a reciclagem das
4.2 VANTAGENS DA EMBALAGEM latas usadas.
METÁLICA EM RELAÇÃO ÀS OUTRAS
EMBALAGENS
4.3 VANTAGENS DA EMBALAGEM DE
É um produto atóxico. Não contamina a
ALUMÍNIO EM RELAÇÃO À DE AÇO
bebida em hipótese alguma. É resistente,
maleável, inviolável e inquebrável. Protege Segundo relatórios da ABIR, o Brasil que é
o produto contra a luz e a água. Tem o maior coletor de latas de alumínio do
facilidade de estocagem, ou seja, são mundo, superou o seu próprio recorde no
facilmente empilhadas. Promove o rápido ano de 2014, com 98,4% de reutilização. O
resfriamento e embala de maneira segura aumento deu-se em parte pela alta do
e saudável a bebida envasada. Para o preço da energia. Os números que são
varejista, requer menos espaço nas positivos para o meio ambiente são
prateleiras e se tem menores índices de também reflexo da fragilidade que se
perda com estocagem. encontra a economia do País.
O envasador tem a oportunidade de exibir Hoje, 95% das bebidas vendidas em latas
a sua marca em um rótulo que aproveita no nosso país utilizam a embalagem de
100% da embalagem. Permite também alumínio.
utilizá-la em campanhas promocionais e no
Além de gerarem economia de eletricidade
desenvolvimento de rótulos temáticos por
por resfriarem a bebida rapidamente, o
ocasião de eventos especiais.
alumínio é mais leve que o aço e é um
No que se refere ao transporte, a latinha só produto que não sofre corrosão. É 100% e
traz vantagens. Em cada viagem, um infinitamente reciclável, o que diminui os
carrinho de mão pode levar de cinco a seis danos ao meio ambiente. Para os
engradados de garrafas e de oito a nove catadores, o alumínio é o material que
caixas de latas. Isso significa carga e apresenta mais valor na sua venda.
descarga mais rápidas, menos tempo no
Segundo a ABIR – Associação Brasileira
depósito e maior produtividade de
das Industrias de Refrigerantes e de
funcionários. Além disso, o sistema de
Bebidas Não Alcoólicas, a reciclagem de
fechamento das latinhas, protege melhor
latas de alumínio no Brasil atingiu a
os produtos acondicionados, garantindo
extraordinária marca de 98,5%, em 2014.
mais segurança na hora de transportá-las
O Brasil reciclou acima de 15 bilhões de
e garantia de procedência da bebida para
latas, o equivalente a 33,6 milhões por dia,
o consumidor.
colocando o nosso país em primeiro lugar
Assim como acontece nas residências dos entre os maiores recicladores de latas de
consumidores, em gôndolas e geladeiras alumínio no mundo pelo sétimo ano
industriais, seu armazenamento gera um consecutivo.
ganho de espaço de 17%. Seis latinhas
Além da geração de renda para milhares
(ou 2,1 litros) ocupam o mesmo espaço
de pessoas, a reciclagem da lata de
que três garrafas (1,8 litro). Além da
alumínio, permite a economia de milhões
facilidade de empilhamento, pois o fundo
de toneladas de bauxita e economia anual
da lata se encaixa perfeitamente na tampa
de energia equivalente ao abastecimento

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


de uma cidade com mais de um milhão de ecoeficiência, através da qual a produção
habitantes contribuindo diretamente para de latas de bebidas fizeram o mercado
um meio ambiente mais limpo e saudável. crescer não só quantitativamente, mas
qualitativamente. Os custos para produção
A indústria brasileira do alumínio é hoje
de lotes de 1000 latas de aço e de
referência mundial em ações de
alumínio são de: US$ 40.37 para o aço e
preservação ambiental. Graças às
de US$ 44.32 para o alumínio (Fonte: MBM
iniciativas pioneiras e às várias parcerias
– Metal Bulletin Monthly – Dez/96).
institucionais, o setor obteve grandes
resultados na redução de consumo de Já a reciclagem das latas de aço não é
recursos naturais, na redução de comercialmente vantajosa pois o preço da
emissões, na reabilitação de áreas sucata não justifica a coleta. Além disso, o
mineradas e no reaproveitamento e aço não tem a mesma reciclabilidade do
reciclagem de resíduos e produtos. Um alumínio. Apesar disso, A Metalic mantém
exemplo dos bons resultados do setor é a o “Reciclaço”, que é um projeto de
redução da emissão de gases que reciclagem de latas de aço. Segundo a
contribuem para o efeito estufa. Metalic, o índice de reciclagem de aço em
2013 atingiu 89%. Este projeto é um
investimento da companhia para
4.4 VANTAGENS DA EMBALAGEM DE conquistar a opinião pública, mantendo
AÇO EM RELAÇÃO À DE ALUMÍNIO uma boa imagem da empresa, diminuindo,
assim a poluição e degradação do meio
Pode-se citar como uma grande vantagem
ambiente.
do aço em relação ao alumínio, a parceria
firmada entre a Metalic (única fabrica de Segundo Dantas (2003) do CETEA, a
embalagens em aço) e a Companhia degradação da lata DWI, é de no máximo
Siderúrgica Nacional (CSN), na produção 3,6 anos, sem impactos na natureza, ou
do aço, como a sua principal matéria- seja, ela retorna para a natureza em forma
prima. É uma estratégia para ganhar de minério de ferro. É considerada a
competitividade no mercado de embalagem mais amiga da natureza e,
embalagens, proporcionando-lhe produzir além do mais a empresa fabricante da
seus bens a custos inferiores a de seus embalagem é 100 % nacional.
concorrentes, além de obter vantagens
com relação a preço. Em conseqüência
desta estratégia, ela já visualiza disputar 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
outros mercados no futuro, tamanho é a
No presente trabalho apresentou-se uma
produtividade obtida através da estratégia
análise da concorrência entre as
estabelecida no início de suas atividades.
embalagens de aço e de alumínio no
O que pode ser corroborado por
segmento de bebidas carbonatadas,
Porter(1999): “quanto maior o diferencial
particularmente cervejas e refrigerantes.
estratégico adotado por uma empresa,
São embalagens feitas com “duas peças”,
maior será a sua competitividade em
ou seja, corpo e fundo. Não levam nenhum
relação aos seus concorrentes”.
tipo de solda. São conhecidas
Sob o ponto de vista da Economia mundialmente como latas DWI.
Ambiental, a estratégia da Metalic em
Está ocorrendo um aumento do consumo
produzir latas de bebidas com aço ao
de embalagens metálicas no segmento de
invés de alumínio, constitui outra grande
bebidas, cuja taxa média de crescimento
vantagem competitiva, haja vista, ser o aço
tem sido de 10% ao ano. Isto se deve a
uma matéria-prima cujo tempo de erosão
melhoria das condições econômicas e
de no máximo 3,6 anos é bem menor do
demográficas brasileiras. A maturação do
que o alumínio que é maior que 100 anos,
mercado, que acredita-se já estar
além de ser tão reciclável, hoje, quanto o
ocorrendo hoje, deverá gerar um
alumínio. Por outro lado, como o aço é um
crescimento da ordem de 5% ao ano.
recurso mineral mais barato que o
alumínio, o custo de produção das latas de O alumínio domina amplamente o mercado
aço tornou-se mais barato do que o do nacional, com 92% de market share.
alumínio. Todos estes fatores se Especificamente na região Nordeste, o aço
enquadram perfeitamente no conceito de aparece como grande fatia de mercado,

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sendo responsável por nada menos que de latas provenientes do Sudeste
51% da demanda de embalagens brasileiro, com elevado custo de
metálicas para bebidas naquela região. transporte.
Além de gerarem economia de eletricidade
Com relação ao meio ambiente, o caso da
por resfriarem a bebida rapidamente, ele é
Metalic examinado no presente trabalho
mais leve que o aço e é um produto que
demonstra, como Souza (2000) relata: "A
não sofre corrosão. É 100% e infinitamente
Economia Ambiental existe, para ajudar na
reciclável, o que diminui os danos ao meio
busca da melhor escolha entre qualidade
ambiente. A reciclagem da lata de
ambiental e produção/consumo, com o
alumínio, permite a economia de milhões
objetivo de alcançar o equilíbrio entre eles
de toneladas de bauxita e economia anual
do ponto de vista do bem estar social." É
de energia elétrica equivalente ao
exatamente essa preocupação com a
abastecimento de uma cidade com mais
qualidade ambiental de que carece os
de um milhão de habitantes contribuindo
mentores da teoria econômica tradicional,
diretamente para um meio ambiente mais
produzir lata de bebidas utilizando-se o
limpo e saudável. Pode-se concluir que,
aço, ao invés do alumínio, proporciona
com relação a reciclagem, o alumínio sem
menor agressão ao meio ambiente, haja
duvida, leva muita vantagem sobre as latas
vista que o tempo de erosão do aço, hoje,
de aço.
é de apenas 3,6 anos ao passo que o
Pode-se citar como uma grande vantagem tempo de erosão do alumínio é superior a
do aço em relação ao alumínio, a parceria 100 anos. Obviamente, se, além da Metalic
firmada entre a Metalic e a CSN, na (que detém aproximadamente 10% da
produção do aço, como a sua principal produção de latas), os demais produtores
matéria-prima. É uma estratégia para instalados no Brasil (que detêm 92% da
ganhar competitividade no mercado de produção de latas) também utilizassem o
embalagens, proporcionando-lhe produzir aço como matéria-prima, claro que o meio
seus bens a custos inferiores a de seus ambiente seria muito menos prejudicado,
concorrentes, além de obter vantagens sem contar com o fato de que o aço,
com relação a preço. O fato dela produzir atualmente, é tão reciclável quanto ao
latas de aço, e não de alumínio, tornou-a alumínio.
mais competitiva que seus concorrentes
Outra vantagem do aço em relação ao
(fabricantes de latas de alumínio),
alumínio, não pode deixar de ser citado, é
sobretudo na região Nordeste do Brasil, a
o fator custo, que é menor que o alumínio
qual dependia até 1997, do abastecimento

REFERÊNCIAS [7]. CETEA – Centro de Tecnologia de


Embalagens. Disponível na internet.
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dos Fabricantes de Latas de Alta internet. http://www.latapack.com.br/. Consulta:
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Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


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[14]. METALIC – Companhia Metalic do Embalagem Para Bebidas. Revista: BRASIL
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[16]. PORTER, Michael E. Competição: Questão Ambiental: temas de economia,
estratégias competitivas essenciais. Rio de política e gestão do meio ambiente. Santa Cruz
Janeiro: Campus, 1999. do Sul, EDUNISC, 2000.
[17]. PORTER, Michael. Estratégia é mais [21]. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e
importante do que crescimento. Disponível na Relatórios de Pesquisa em Administração. São
internet. http://www.administradores São Paulo, Paulo: Editora Atlas, 2007.

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Capítulo 27
ANÁLISE DE VIABILIDADE DE PROJETO PARA
IMPLANTAÇÃO DE UMA ACADEMIA ESPORTIVA
BASEADA NO CONJUNTO DE CONHECIMENTOS EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS (GUIA PMBOK®)
Edimárcio Macedo Alves
Marco Paulo Guimarães
Sílvia Parreira Tannús

Resumo: Com a globalização e a necessidade de se ter uma norma reconhecida


mundialmente pelos profissionais de gerenciamento de projetos, fornecendo as
diretrizes para projetos com conceitos relacionados às áreas de conhecimento, o
Guia PMBOK tem sse firmado como uma valiosa ferramenta de apoio ao
Gerenciamento de Projetos. Descrevendo o ciclo de vida do projeto e seus
processos relacionados, identificando fatores internos e externos que influenciam
no sucesso de um projeto e desenvolvendo ferramentas de auxílio ao
gerenciamento de projetos, o Guia tem tido sua aplicação cada vez mais difundida.
Com o aumento da competitividade no mercado, a excelência e a qualidade
tornam-se cada vez mais uma exigência dos clientes. As empresas têm buscado
através da capacitação de seus profissionais maior dinamismo, competência,
agilidade e cumprimento do cronograma em seus projetos, oferecendo um maior
controle e eficiência nas implantações de projetos, procurando superar o nível de
satisfação dos clientes em tempo, custo e qualidade. Essas vantagens competitivas
são conquistadas pela melhoria das metodologias usadas nos processos de
Gerenciamento de Projetos. Assim, esse artigo trata da análise de viabilidade de
projeto para implantação de uma academia esportiva baseada no Conjunto de
Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos, o Guia PMBOK.
Palavras-chave: Gerenciamento de projetos; Guia PMBOK; Análise de viabilidade
de projetos; Academias esportivas.

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1. INTRODUÇÃO 1.1. JUSTIFICATIVA
A busca pela competitividade em Diante à necessidade de se realizar
qualquer empreendimento está um projeto dentro das determinações
relacionada ao atendimento das impostas no mercado atual, referindo-
necessidades e expectativas do se em cumprimento de cronograma,
mercado consumidor. custos, qualidade e etc., surgiu a
Segundo Coase (1952), Williamson necessidade da utilização do guia de
(1985), Nelson e Winter (1977) e Dosi conhecimento PMBOK, tendo como
(2006), esta competição é dinâmica e principal estratégia a utilização de
desencadeia mudanças constantes, suas áreas de conhecimento em
que por sua vez dão origem a novos processos de gerenciamento de
produtos, processos produtivos, projetos, que promove um padrão de
formas de comercialização, além de gerenciamento valorizado
novos segmentos de mercado. mundialmente. Para obter resultados
satisfatórios na implantação da
Este dinamismo, entretanto, aumenta Academia Esportiva, serão abordadas
a importância da avaliação e do as áreas de conhecimento propostas
gerenciamento de projetos, a partir no Guia, mostrando aspectos
dos anos 90, diante das limitações de relevantes para o planejamento e
prazos e de recursos, visando a controle dos riscos da implantação do
elevação da eficiência, que por sua empreendimento. Portando objetiva-se
vez assume um papel estratégico na atender as necessidades dos
condução de um negócio. Stakeholders que buscam eficiência e
As ferramentas e técnicas de sucesso em projetos semelhantes
gerenciamento evoluíram para através da aplicação de recursos
oferecer estimativas de custos e qualificados, que ofertam seus
cronogramas cada vez mais serviços atendendo os anseios do
confiáveis para a avaliação de empreendedor.
projetos potenciais. Dentre elas, uma
abordagem muito difundida é a
1.2. OBJETIVOS
abordada no Project Management
Body of Knowledge, conhecido como O objetivo geral do trabalho é dispor
Guia PMBOK. Baseado no conjunto de informações e técnicas de
de nove áreas distintas do gerenciamento de projetos na
conhecimento abordadas na quarta avaliação de viabilidade de
edição do Guia PMBOK (PMBOK, implantação de um projeto de uma
2008), que visam não só a avaliação e Academia Esportiva, atendendo uma
o gerenciamento do projeto, mas demanda crescente de
também a sua sustentabilidade social, conhecimentos por parte dos adeptos
econômica e ambiental, esse trabalho as novas práticas de gerenciamento
é desenvolvido à luz das práticas de projetos. Além disso, o trabalho
propostas pelo Guia PMBOK. visa dar suporte aos empreendedores
do ramo de academias na
Com base nesta metodologia, foi implantação de novos projetos,
avaliada a viabilidade de implantação principalmente no que tange à
de uma academia esportiva, viabilidade de implantação.
segmento que tem crescido de forma
vigorosa nos últimos anos no Brasil.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA está em sua quarta edição, sendo editado
pelo Project Management Institute, o PMI.
Segundo Kerzner (2000), projeto é uma série
de atividades e tarefas que tem um objetivo A aplicação da metodologia proposta no Guia
específico a ser completado dentro de certas PMBOK passa pelo trabalho com cinco
especificações: grupos de processos, conforme mostra a
Figura 1. Dentre esses grupos de processos,
 Tem uma data de início e de fim;
esse artigo se concentrará principalmente
 Tem limitações de orçamento;
sobre os dois primeiros, processos de
 Consomem recursos.
iniciação e de planejamento, visto que o
O Project Management Body Of Knowledge objetivo é avaliar a viabilidade do projeto, não
(PMBOK) é uma compilação das melhores sendo incluída a execução do projeto nos
práticas para gerenciamento de projetos e objetivos do trabalho.

Figura 1 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos

GRUPO DE PROCESSOS DE GERENCIMENTO DE PROJETOS

PROCESSOS DE
PROCESSOS DE PROCESSOS DE PROCESSOS DE PROCESSOS DE
MONITORAMENTO
INÍCIAÇÃO PLANEJAMENTO EXECUÇÃO ENCERRAMENTO
E CONTROLE

DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE GERENCIMENTO DE PROJETOS


Fonte: Elaborado pelos autores com base em PMBOK (2008).

Essas práticas estão divididas em nove áreas  Gerenciamento de Custos: Refere-se


diferentes do conhecimento. Cada uma aos processos envolvidos
dessas áreas indica os documentos, as no planejamento, na estimativa, na
ferramentas, as técnicas e os processos que composição dos orçamentos e no controle
devem ser utilizados, conforme cita o PMI de custo.
(2008):  Gerenciamento de Qualidade: inclui
as atividades que determinam as
 Gerenciamento de Integração: inclui
responsabilidades, os objetivos e as
os processos requeridos para assegurar a
políticas de qualidade, de modo que
coordenação dos diversos elementos do
o projeto atenda as necessidades que
projeto, com base nos objetivos e
motivaram a sua realização.
alternativas eventualmente concorrentes, a
 Gerenciamento de Recursos
fim de atingir ou superar as necessidades
Humanos: o gerenciamento de recursos
e expectativas.
humanos organiza e gerencia a equipe de
 Gerenciamento de Escopo: inclui os
pessoas do projeto, bem como suas
processos requeridos para assegurar que
funções e responsabilidades.
o projeto inclua somente o trabalho
 Gerenciamento de Comunicações: o
necessário, para complementar de forma
gerenciamento das comunicações refere-
bem sucedida o projeto. A preocupação
se a geração, coleta, distribuição,
fundamental compreende definir e
armazenamento, recuperação e
controlar o que está ou não incluído no
destinação final das informações do
projeto.
projeto.
 Gerenciamento de Tempo: segundo o
 Gerenciamento de Riscos: o
PMBOK o gerenciamento de tempo do
gerenciamento de riscos inclui os
projeto possui os processos necessários
processos que tratam da realização da
para realizar o termino do projeto no prazo.
identificação, da análise, da resposta, do
monitoramento e do controle de riscos do

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projeto, cujo objetivo é reduzir a incidência e agrícola e por estar em uma posição central
e o impacto dos eventos negativos. do país. Ainda, nessa análise estratégica
 Gerenciamento de Aquisições: o determinou-se para a empresa:
gerenciamento de aquisições é necessário
àaquisição de produtos, serviços ou
resultados necessários de fora da equipe  Visão: “Ser a melhor academia para
do projeto para realizar o trabalho. prática esportiva e fitness da Cidade”;
 Missão: “A busca da consciência de
um estado de completo bem estar: físico,
social e mental”;
3. APLICAÇÃO DOS PROCESSOS DE
 Valores: “Promover melhorias na
INICIAÇÃO
qualidade de vida e bem estar físico e
Dentre os processos de iniciação, o Guia mental para população de Catalão”.
destaca o desenvolvimento do termo de
abertura do projeto e da declaração do
O Termo de Abertura da Academia Esportiva
escopo preliminar do projeto, descritos a
cria condições para a existência do projeto de
seguir.
construir uma academia que ofereça serviços
de qualidade a preços acessíveis a diversas
classes sociais da população de Catalão.
3.1. DESENVOLVER O TERMO DE
Com os serviços, onde destaca-se a
ABERTURA DO PROJETO E IDENTIFICAR AS
musculação simples e a complexa, aulas de
PARTES INTERESSADAS
ginástica localizada, loja de produtos
Para desenvolver o termo de abertura do esportivos acima do padrão da cidade, a
projeto, o PMI (2008) cita algumas entradas academia buscará ser padrão de excelência
importantes como: contrato, declaração do em sustentabilidade de acordo com a visão
trabalho do projeto, necessidade de de uma vida saudável. O termo de abertura
negócios, descrição do escopo do produto e do projeto “Academia Esportiva”, mostrado na
plano estratégico. Uma análise estratégica Figura 2, foi desenvolvido considerando
preliminar indica que o mercado de informações obtidas em uma análise de
academias na cidade de Catalão/GO mostra- mercado e de acordo com a premissa de que
se promissor pelas seguintes razões: posição o empreendimento deverá atender as
estratégica da cidade de Catalão, franco necessidades de quem procura uma boa
crescimento da atividade industrial, comercial qualidade de vida.

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Figura 2 – Termo de Abertura do Projeto

TERMO DE ABERTURA DO PROJETO


NOME DO PROJETO: Academia Sportiva GERENTE: Edimárcio Macedo

ESCOPO
OBJETIVO: Oferecer serviços de qualidade com preços compatíveis com o mercado de
Catalão, novas modalidades de esportes atendendo a necessidade de todos os clientes, com
infra-estrutura acima do padrão da cidade. Buscando excelência em sustentabilidade no
negócio.
METAS: - Elaborar e implantar o projeto até dezembro de 2010;
- Retorno do capital investido (pay-back time) em 05 anos.
PREMISSAS: Próximo à represa do Haley; lucro RESTRIÇÕES: R$ 800.000,00 de
líquido no mínimo de R$ 10.000,00/mês; investimento inicial;
RISCOS
Concorrência com Academias Boa Forma, Olimpicos, Tichbum.

PRAZO INVESTIMENTO
08 de Dezembro de 2010 R$ 800.000,00
PRINCIPAIS FASES DATAS CUSTOS
Análise de mercado 01/07/2010 R$ 1.000,00
Levantamento de viabilidade 30/07/2010 R$ 5.000,00
Levantamento de despesas 20/08/2010 R$ 2.000,00
Levantamento de licenças 21/08/2010 R$ 1.000,00
Simulação de financiamento 01/09/2010 -
Contratos 20/09/2010 R$ 20.000,00
Fornecimentos de materiais para construção 01/10/2010 R$ 400.000,00
Fornecimentos de equipamentos e insumos 20/10/2010 R$ 100.000,00
Preparação do terreno 30/11/2010 R$ 20.000,00
Construção da academia 15/12/2010 R$ 130.000,00
Construção do Estacionamento 05/06/2011 R$ 50.000,00
Contratação e treinamento de pessoal 05/07/2011 R$ 2.000,00
Sistema de caixa 15/05/2010 R$ 1.000,00
Preparação e divulgação 01/07/2011 R$ 10.000,00
Inauguração 27/08/2011 R$ 18.000,00
Pos Inauguração Fluxo de Caixa 29/08/2011 R$ 40.000,00
PRINCIPAIS ENVOLVIDOS:
Prefeitura; Fornecedores; Academias concorrentes (Boa Forma, Olimpicos, etc)

COMENTÁRIOS:
Normas verificadas; Exigências legais verificadas; Restrições verificadas; Envolvidos
comunicados;
Data: Elaborado por: Edimarcio Macedo. Aprovado por:
26/06/2011 Edimárcio Macedo
Fonte: Elaborado pelos autores

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3.2. DESENVOLVER A DECLARAÇÃO DO tratar de um estudo de viabilidade, o plano de
ESCOPO PRELIMINAR DO PROJETO Gerenciamento não será foco deste trabalho.
Este é o processo necessário para
produzir uma definição preliminar do projeto
4.3. PLANEJAMENTO E DEFINIÇÃO DO
usando o termo de abertura junto com outras
ESCOPO
entradas para os processos de iniciação (PMI,
2008). O escopo preliminar deste projeto Em função da influência da localização e do
consiste de: conforto no retorno do investimento, questões
como localização e detalhes da construção
 Prazo: o projeto deverá ser iniciado
foram incluídas no escopo preliminar do
em 26/06/2010, com o lançamento do
projeto. Assim, a construção da Academia
termo de abertura, e deverá ser finalizado
Esportiva deverá contemplar as seguintes
em 29/08/2011, com a inauguração e
características:
entrega ao Patrocinador.
 Custo e Pay-Back: a implantação e  Área da Academia, salas de luta, área
pré-operação da Academia Esportiva não de descanso e banheiros alocados em um
poderá exceder o custo total de prédio com 1300 m²;
R$ 800.000,00 e o tempo de retorno, pay-  Estacionamento com 500 m²;
back, deverá ser de no máximo cinco  Área verde com 200 m² distribuídas
anos. por toda a academia;
 Atendimento a todas as normas, leis e
regras ambientais, municipais, estaduais e
4. APLICAÇÃO DOS PROCESSOS DE federais.
PLANEJAMENTO
Devido ao caráter sustentável que se
4.1. GERENCIAMENTO DE INTEGRAÇÃO pretende dar a imagem comercial da
academia, o empreendimento deverá contar
O Gerenciamento de Integração neste projeto
com:
envolverá todas as áreas e processos de
planejamento necessários, incluindo a  Sistema de captação de energia solar;
gerência de comunicação para assegurar que  Sistema de coleta seletiva;
os diversos elementos do projeto serão  Maior aproveitamento de iluminação e
coordenados de forma adequada, servindo ventilação natural;
como elo entre as etapas do projeto e a  No mínimo 10% da área do
aprovação do início das atividades do projeto. empreendimento arborizada;
 Estacionamento para bicicletas.

4.2. DESENVOLVER O PLANO DE


GERENCIAMENTO DO PROJETO 4.4. DEFINIR A ESTRUTURA ANALÍTICA DO
Este é o processo necessário para definir, PROJETO (EAP)
preparar, integrar e coordenar todos os Criar a Estrutura Analítica do Projeto (EAP)
planos auxiliares em um plano de consiste em subdividir as principais entregas
gerenciamento do projeto. O plano de do projeto em componentes menores e mais
gerenciamento do projeto se torna a principal facilmente gerenciáveis (PMI, 2008). A Figura
fonte de informações de como o projeto será 3 mostra a estrutura analítica do projeto para
planejado, executado, monitorado e o estudo de caso proposto.
controlado, e encerrado. Tendo em vista se

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 3 – Estrutura Analítica do Projeto

Fonte: Elaborado pelos autores

4.5. GERENCIAMENTO DE TEMPO dias. Uma folga de três dias ou menos não
será considerada como disponibilidade,
Consiste em definir atividades, estimar
devido a possibilidade de remanejamento de
recursos das atividades, desenvolver
horas de trabalho no projeto.
cronograma, sequenciar as atividades,
estimar duração das atividades e desenvolver Todas as mudanças no prazo inicialmente
o cronograma do projeto (VARGAS, 2003). previsto para o projeto devem ser avaliadas e
classificadas dentro do sistema de controle
O gerenciamento de tempo pode ser
de mudanças de tempo.
realizado a partir da alocação de percentual
completo nas atividades do projeto através da Serão considerados atrasos os decorrentes
utilização do Microsoft Office Project. A de medidas corretivas, que, se
atualização dos prazos do projeto pode ser influenciadoras do sucesso do projeto,
realizada no Microsoft Project através da deverão ser integradas ao plano. Inovações e
atualização de dados do projeto dos novos recursos não serão abordados pelo
seguintes relatórios: gerenciamento de tempo e serão passíveis de
negociação de prazos ou serão ignorados. A
 Gráfico de Gantt;
atualização da linha de base do projeto
 Diagrama de rede;
somente será permitida com autorização
 Percentual completo;
expressa do gerente de projeto e do
 Diagrama de marcos.
patrocinador, sendo a linha de base anterior
A avaliação de desempenho do projeto será arquivada, documentada e publicada para
realizada através da Análise de Valor fins de arquivo como ativos empresariais.
Agregado (Earned Value), onde o custo e o
Todas as solicitações de alteração do
prazo do projeto são acompanhados em um
cronograma, mudança nos prazos
único processo de controle (relatório Análise
previamente definidos deverão ser feitas por
de Valor Agregado).
escrito ou através de e-mail, e deverão seguir
Serão consideradas críticas todas as os passos descritos no fluxograma abaixo,
atividades com folga menor ou igual a três representado na Figura 4.

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Figura 4 – Fluxograma do Controle de Alteração do Cronograma

Fonte: Elaborado pelos autores

A verificação da utilização do recurso será escopo, pois as mesmas afetam diretamente


realizada após terem sido concluídos o os custos do projeto.
cálculo da duração das atividades, a
As estimativas dos custos deste projeto foram
alocação de recursos e os inter-
baseadas na EAP criada e nos valores
relacionamentos entre as atividades. O
atualmente aplicados no mercado. Os
processo irá verificar se nenhum recurso está
mesmos foram distribuídos no tempo
alocado em quantidade superior ao limite
demonstrando o desembolso mensal dos
máximo disponível para aquele período. A
recursos financeiros. Os custos foram
verificação será realizada através do Microsoft
estimados utilizando o Microsoft Office Project
Project no modo de exibição Utilização dos
de acordo com as sequencias de atividades
Recursos, como parte do gerenciamento dos
do projeto, adotando uma metodologia de
prazos do projeto.
avaliação dos custos do tipo top-down. À
medida que os projetos arquitetônicos e lista
de materiais forem concluídos, será realizada
4.6. GERENCIAMENTO DE CUSTOS
uma avaliação de custos do tipo bottom-up,
Consiste em estimar custos e determinar para que se tnha uma maior confiabilidade e
orçamentos. O Gerente do projeto será o exatidão nos custos.
responsável direto pelo gerenciamento de
custos e por fornecer estimativas de custos,
4.6.1. VIABILIDADE ECONÔMICO-
além de manter a atualização dessas
FINANCEIRA
estimativas durante todo o ciclo de vida do
projeto. Caso alguma solicitação de mudança Este estudo tem com finalidade avaliar a
de escopo seja aprovada conforme viabilidade econômico-financeira do projeto
sistemática de mudança de escopo, o plano de implantação de uma academia esportiva.
do projeto deverá ser atualizado a partir da
formalização da aprovação da mudança de

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


4.6.2. CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA calculada pelo método linear, foi diluída
uniformemente nos 05 primeiros anos do
Foram consideradas como premissas básicas projeto;
para este estudo:  Foram considerados financiamentos
 Aumento de 10% ao ano na receita, de R$ 800.000,00, para a construção e
no custo dos produtos e nas despesas aquisição de equipamentos e mais
administrativas e comerciais, referente ao R$ 40.000,00, destinados ao capital de
incremento de vendas associado a giro.
inflação do período; A Figura 5 mostra um fluxo de caixa
 Os ativos foram estimados em simplificado para o projeto da academia.
R$ 600.000,00 e sua depreciação,

Figura 5 – Fluxo de Caixa

FLUXO DE CAIXA - SIMPLIFICADO


Período ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5
VPL = 414,001 (Atraente)
TIR = 27,55 (Atraente)
Pay Back (Simples) = 5 anos
Investimento
(-) Investimento no Projeto R$ 760.000,00
(-) Investimento no Capital de Giro R$ 40.000,00
(=) Investimento Liquido R$ 800.000,00
Componente do Fuxo de Caixa
(+) Receitas Operacionais R$ 275.000,00 R$ 300.000,00 R$ 325.000,00 R$ 350.000,00 R$ 375.000,00
(-) Despesas Gerais R$ 80.000,00 R$ 140.000,00 R$ 180.000,00 R$ 200.000,00 R$ 200.000,00
(=) Lucro Liquido R$ 195.000,00 R$ 160.000,00 R$ 145.000,00 R$ 150.000,00 R$ 175.000,00
(=) Fluxo de Caixa Global R$ 800.000,00 R$ 195.000,00 R$ 355.000,00 R$ 500.000,00 R$ 650.000,00 R$ 825.000,00
Fonte: Elaborado pelos autores

4.6.3. CONSIDERAÇÕES taxa de desconto (taxa de juros) que iguala,


em um único momento, os fluxos de entradas
Após a construção do fluxo de caixa mostrado
com os de saída de caixa. Em outras
na Figura 5, foram calculados os seguintes
palavras, é a taxa de juros que produz um
indicadores de viabilidade:
VPL = 0. A TIR é dada por:
a) Valor Presente Líquido (VPL) ou fluxo de
caixa descontado – é a técnica mais usual n
para tomada de decisão de investimento e é VPL   ( B  C )t /(1  r*) t
0
dado por: t 0

n
Em que B são as receitas; C, os custos e
VPL   ( B  C )t /(1  r )
t 0
t
investimentos gerados pelo projeto; t, o
tempo; n, o tempo-limite e r*, a taxa interna de
desconto (TIR). A TIR reflete a rentabilidade
Em que B são as receitas; C, os custos e relativa (percentual) de um projeto de
investimentos gerados pelo projeto; t, o investimento expressa em termos de uma taxa
tempo; n, o tempo-limite e r, a taxa de de juros equivalente periódica. A aceitação ou
desconto. De acordo com esse método, rejeição do investimento com base neste
assume-se uma estratégia que será adotada método é definida pela comparação que se
até o final da vida útil do projeto, estimam-se faz entre a TIR encontrada e a taxa de
fluxos de caixa futuros com base nesta atratividade exigida pela empresa. Se a TIR
estratégia e descontam-se por uma taxa de exceder a taxa mínima de atratividade (taxa
juros que remunere adequadamente o risco de desconto) o investimento é classificado
corrido por acionista e credores. Quando o como economicamente atraente.
valor presente líquido do projeto mostra-se
positivo, recomenda-se o investimento. c) Payback time método que consiste, em
essência, no cálculo do prazo necessário
b) Taxa Interna de Retorno (TIR) representa a para que o montante do dispêndio de capital

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


efetuado seja recuperado através dos fluxos Para criar um orçamento das atividades, os
líquidos de caixa gerados pelo investimento. custos podem ser reunidos nos custos do
pacote de trabalho e, em seguida, os custos
n do pacote de trabalho são reunidos nos
PP   ( B  C )t  0 custos da conta de controle, e por fim, nos
t 0 custos do projeto. Esse processo é
demominado agregação de custos. As
reservas para contigências são somadas para
Em que B são as receitas; C, os custos e
alcançar a linha de base de custos.
investimentos gerados pelo projeto; t, o
tempo; n, o tempo-limite. O tempo de retorno Uma análise é necessária para que a linha de
do capital empregado para neste projeto é de base de custos e orçamento propostos se
60 meses. tornem adequadas, e conciliar todas as
restrições de custos no termo de abertura.
Pode ser também traçada uma “Curva S” de
Para isso, o Gerente de projetos deve
custos planejados acumulados no projeto.
promover reuniões com patrocinador,
Com esta curva S o gerente do projeto poderá
expondo todos os custos do projeto. Um
calcular os índices de custos para medir e
orçamento irreal é decorrente da falha do
comparar com o custo real e o valor agregado
Gerente de Projetos. Esta conciliação de
a fim de verificar a saúde do projeto.
informações faz parte do gerenciamento de
A orçamentação é feita e, depois de terem integração, área de conhecimento de
sido classificados todos os recursos de fundamental importância em todas as áreas
acordo com o tipo de orçamento ao qual eles de gerenciamento, inclusive no
pertencem, os grupos de recursos serviram gerenciamento de custos.
com base para exibir uma análise
Na etapa final as reservas de gerenciamento
comparativa com o orçamento geral que foi
são adicionadas, conforme mostra a Figura 6
configurado para o projeto.
através dos blocos em amarelo.

Figura 6 – Fluxo de Agregação de Custos

Fonte: Elaborado pelos autores

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4.7. GERENCIAMENTO DE QUALIDADE quantidade desejada, o que envolve
volumes de produção, etc;
O Plano de Gerenciamento da qualidade
 Serviço, isto é, os serviços
envolverá a definição de metas e a
necessários para que o produto seja
identificação dos padrões de qualidade
adequadamente usado e atenda
relevantes para o projeto, de acordo com um
efetivamente às necessidades do cliente,
conjunto de premissas:
como resolução de problemas após
 A importância da satisfação do entrega, acompanhamento da operação,
cliente, tanto no que se refere a atender os instalação, responsabilidade pelo produto,
requisitos quanto à adequação ao uso; etc.
 Prevenir é mais econômico do que
O plano de gerenciamento da qualidade será
inspecionar e corrigir;
avaliado mensalmente na primeira reunião
 Responsabilidade do Patrocinador em
mensal, juntamente com os outros planos de
fornecer os recursos necessários para o
gerenciamento do projeto.
sucesso;
 Gerente de Projetos e responsável por As necessidades de atualização do plano
definir e cumprir os padrões a serem antes da primeira reunião do projeto deverão
seguidos; ser tratadas segundo os planos descritos.
 Melhoria contínua em todos os
processos do projeto;
 Utilização de ferramentas de 4.8. GERENCIAMENTO DE RISCOS
qualidade como Diagrama de Pareto, Consiste em Planejar o Gerenciamento dos
Diagramas de causa-efeito (espinha de Riscos, Realizar Analise Qualitativa dos
peixe ou diagrama de Ishikawa), Riscos, Identificar os Riscos, Realizar Analise
Histogramas, Folhas de verificação, Quantitativa dos Riscos e Planejar Respostas
Fluxogramas e Cartas de controle. aos Riscos.
Algumas metas para aceitação do produto
incluem as seguintes características:
4.8.1. ANÁLISE SWOT
 Qualidade, isto é, características do
produto em si, como desempenho, A Figura 7, mostrada a seguir, apresenta uma
resistência, confiabilidade, fração análise SWOT, ferramenta muito utilizada para
defeituosa, embalagem, etc; avaliação de cenário ou de ambiente. Essa
 Custo, isto é, custo de produção, metodologia apresenta variáveis (pontos
preço dos produtos comprados, que são fortes, fracos, ameaças e oportunidades) que
afetados por rendimento, custos unitários, compõe tanto o ambiente interno como o
produtividade, perdas, retrabalho, etc.; externo à academia esportiva.
 Entrega, isto é, a capacidade de
entregar o produto ao cliente no prazo e na

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Figura 7 – Análise SWOT

Fonte: Elaborado pelos autores.

Com base nos dados apresentados é possível ao risco, a fim de reduzir a probabilidade e o
verificar que as ameaças poderão ser impacto de ameças ao projeto. Os riscos
revertidas em oportunidades na medida em deverão ser previamente selecionados
que a missão definida pela empresa for através de técnicas de coletas de
reconhecida pelos consumidores. São informações e terão que ser monitorados e
recomendadas tanto para reversão dos controlados dada a possibilidade de
pontos fracos quanto das ameaças, detecção de novos riscos que podem não ter
estratégias de marketing que contemplem sido identificados preliminarmente, sendo que
ações de divulgação e de atendimento. todos os riscos não identificados deverão ser
incorporados à matriz de riscos conforme
O planejamento das atividades de risco no
planilha de controle de riscos ilustrada na
projeto será definido através da análise das
Figura 8.
atividades identificadas que se enquadraram

Figura 8 – Categorização dos Riscos

ID CATEGORIA RISCO GATILHO RESPONSÁVEL


1 LICENÇAS NEGAR LICENÇA DE BOMBEIROS 1 MÊS ANTES DA DATA FINAL DO PROJETO EDIMÁRCIO
2 CONSTRUÇÃO FALTA DE MÃO DE OBRA RECRUTAMENTO 1 MÊS ANTES DO INÍCIO DA FASE DA CONSTRUÇÃO EDIMÁRCIO
3 ... ... ... ...
4 ... ... ... ...
Fonte: Elaborado pelos autores.
A frequência de avaliação dos riscos do identificados e qualificados, optou-se por
projeto será semanal dentro da reunião de estratégias diferenciadas para cada
acompanhamento do projeto prevista no necessidade, conforme mostra a Figura 9.
plano de comunicações. Para os riscos

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 9 – Descrição dos Riscos

ITEM FASE RISCO PROBABILIDADE GRAVIDADE RESPOSTA DESCRIÇÃO CUSTO


FALTA DE CONHECIMENTO
DOS INTEGRANTES DO TIME PARTICIPAÇÃO DO GERENTE DO PROJETO EM UM
SOBRE O PROJETO CURSO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS PAGO PELO
1 DIAGNÓSTICO PODENDO CAUSAR UMA ALTA MEDIA ATENUAÇÃO IMEDIATAMENTE ANTES DO INÍCIO DO PROJETO, BEM PATROCINADOR DO
EXCESSIVA DEPENDÊNCIAS DA COMO VISITA A OUTROS PROJETOS SIMILARES EM PROJETO
CONSULTORIA DURANTE O OUTRAS EMPRESAS.
PROJETO
FALTA DE NIVELAMENTO
REALIZAR REUNIÃO PRÉVIA COM TODOS OS
DO CONHECIMENTO DA
OPERARIOS COM O OBJETIVO DE ALINHAR TODAS AS
2 CONSTRUÇÃO TURMA, CAUSANDO PERDA ALTA MEDIA ATENUAÇÃO -
INFORMAÇÕES DO PROJETO E CUMPRIMENTO DE
DE PRODUTIVIDADE
PRAZOS PRÉ-ESTABELECIDOS NO PROJETO
DURANTE O PROJETO
3 ... ... ... ... ... ... ...
4 ... ... ... ... ... ... ...
Fonte: Elaborado pelos autores

A qualificação dos riscos será feita através da termos de custo, quanto de prazos,
identificação e qualificação dos mesmos na podendo ser facilmente resolvido;
sua probabilidade de ocorrência e impacto e  Média: o impacto do evento de risco é
na gravidade na influência nos resultados do relevante para o projeto e necessita de
projeto. um gerenciamento mais preciso, sob
pena de prejudicar os seus resultados;
 Alta: o impacto do evento de risco é
a) Probabilidade: extremamente elevado e, no caso de
não existir uma interferência direta,
 Baixa: a probabilidade de ocorrência
imediata e precisa da equipe do
do risco pode ser considerada
projeto, os resultados serão seriamente
pequena ou imperceptível (menor do
comprometidos.
que 20%);
 Média: existe uma probabilidade A Figura 10 complementa a análise anterior,
razoável de ocorrência do risco qualificando o risco de acordo com a
(probabilidade entre 20 e 60%); probabilidade e impacto no projeto.
 Alta: o risco é iminente (probabilidade
Visando conhecer melhor os riscos do projeto,
maior que 60%).
a Estrutura Analítica de Riscos foi feita e está
representada na Figura 11.
b) Gravidade:
 Baixa: o impacto do evento de risco é
irrelevante para o projeto, tanto em

Figura 10 – Qualificação de Riscos

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Figura 11 – Estrutura Analítica de Riscos

Fonte: Elaborado pelos autores.

Como o foco do trabalho é a análise de sistematizadas de Planejamento e Controle de


viabilidade de implantação de uma academia Projetos. Na incessante busca do incremento
esportiva, as etapas envolvidas nos grupos de no faturamento, que pode ser promovido pela
processos de execução, controle e implantação de novos projetos, os
encerramento do projeto não serão tratadas. conhecimentos abordados pelo
gerenciamento de projetos têm se tornado um
grande aliado dos stakeholders envolvidos
5. CONCLUSÕES nos projetos.
As modernas ferramentas de gestão de Desta maneira, a aplicação das práticas
projetos têm se tornado essenciais para o propostas pelo Guia PMBOK na avaliação da
sucesso de novos projetos no mundo dos viabilidade de projetos se mostrou uma
negócios, que se mostra cada vez mais ferramenta de grande valia, tendo em vista as
competitivo através da expansão promovida características de semelhança com projetos
pela globalização. completos, mostrando uma perfeita
adequação entre a análise de viabilidade de
A competição para domínio de mercado tem
projetos e as ferramentas abordadas no Guia.
feito com que as empresas busquem reduzir
seus custos de implantação de novos projetos
através da aplicação de técnicas

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


REFERÊNCIAS [4] NELSON, R.; WINTER, S. In Search of
Useful Theory of Innovation. Research Policy, v. 6,
[1] COASE, R. The Nature of the Firm. In: G. 1977.
Stigler e K. Boulding (eds.). Readings in Price
Theory. Nova York: George Allen and Urwin, 1952. [5] PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE,
PMI. Project Management Body of Knowledge
[2] DOSI, G. Mudanças técnicas e Guide – PMBOK. 4. ed. Newton Square, PA: PMI
transformação industrial: a teoria e uma aplicação Publications, 2008.
à indústria dos semicondutores. Campinas:
Unicamp, 2006. [6] VARGAS, R. V. Gerenciamento de
Projetos: estabelecendo diferenciais competitivos.
[3] KERZNER, H. Project Management: A 5. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2003.
Systems Approach to Planning, Scheduling and
Controlling. 6th Edition. USA: John Wiley & Sons, [7] WILLIAMSON, O. E. Las instituciones
2000. economicas del capitalismo. Mexico: Fondo de
cultura economica, 1985.

Gestão do Conhecimento e Inovação- Volume 4


Autores
AUTORES
Leopoldo Mendonça (Organizador)

Bacharelado em Psicologia (UFMG, 2000), Análise de Sistemas (Cotemig, 2001). Pós


Graduação em Gestão da Informação (Pucminas, 2007). Desenvolveu trabalhos de
gerenciamento, análise e transmissão de dados dos sistemas de informação ao DATASUS do
Governo Brasileiro (Sinan, Siscan, Scpa, e-Gestor, Sisprenatal, Geicom, SiPNI, e-SUS).
Implementação de sistemas para otimização do atendimento ao público. Implementação de
CMS (Content Management System) na UFMG (campi Belo Horizonte e Montes Claros), no
Departamento de Registro e Controle Acadêmico central da universidade, interligando setores
como EAD, PROGRAD e COPEVE, provendo informações sobre processos seletivos gerais,
implementação de formato virtual Mostra das Profissões e Portal de Acesso a Informação.
Gerenciamento e manutenção de sistema financeiro de terceiros com interface online para
movimentações financeiras (Internet Banking). Produção e implementação de projetos de
marketing digital em empresas.

Alair Helena Ferreira

Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas,


AUTORES

UNICAMP (2007), Mestre em Economia Aplicada, com ênfase em Agribusiness, pela


Universidade Federal de Viçosa (UFV, 1997) e Bacharel em Administração, formada pela
mesma Instituição (UFV- 1994). Foi Pesquisadora Senior Visitante no Technical Research
Center of Finland (2014), VTT, na Finlândia. Atualmente é Agente Regional de Inovação da
Região Metropolitana I, no Centro Paula Souza - CPS. Linha de pesquisa: Inovação
Tecnológica no Setor de Serviços, Gestão da inovação em países emergentes, políticas
públicas para o setor de jogos eletrônicos. Tem experiência nas áreas de Administração e
Economia, com ênfase em Gestão Estratégica Internacional , Teorias Organizacionais e
Economia da Inovação, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão da inovação
tecnológica, estudos setoriais, políticas de ciência, tecnologia e inovação, serviços intensivos
em conhecimento e competitividade.

Alessandra Cassol

Doutoranda em Administração na Linha de Pesquisa de Estratégia (Universidade Nove de


Julho - UNINOVE, 2014 a 2018). Mestre em Administração (Linha de Pesquisa: Estratégia e
Gestão Organizacional pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (2012-2014).
Especialista em Gestão Empresarial pela Universidade do Contestado (2010-2011).
Graduada em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela Universidade do
Oeste de Santa Catarina (2005-2009). Experiência na área de Estratégia, Capacidade
Absortiva, Inovação, Competências. Atuou como Coordenadora do Curso de Graduação em
Administração (2014 a 2017), é Docente no Curso de Administração e Ciências Contábeis e
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa de Administração e Ciências Contábeis (GEPACC) na
Universidade do Contestado (UNC). Integrante do Conselho Editorial da Revista de Gestão e
Secretariado. Editora Executiva Revista Ágora (Qualis B4) na área de Administração Pública e
de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo. Participou do curso de extensão: Innovation &
Entrepreneurship no Institut d' Administration des Entreprises de Grenoble - França (2014).
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/9005547281638334
Aline Alves Batistini

Engenheira Mecânica pela Universidade Federal do Espírito Santo; Experiência nas áreas de
Gestão de Portfólio de Projetos, Gestão de Processos e Indicadores de Gestão; Experiência
em Análise Econômica de projetos.

Allan Degasperi

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Metropolitana de Santos (2011).


Especialista em Docência e Pesquisa no Ensino Superior pela Unimes Virtual (2013) e
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão do EaD pela UFF - RJ (2014), Mestre
em Administração de Empresas pelo Centro Universitário FEI, (2017). Atualmente é Professor
Universitário na ESAMC Santos. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
Educação a Distância e Presencial, atuando principalmente nos seguintes temas
relacionados a Administração, Projetos e Tecnologia.

Amanda Almeida de Araújo


AUTORES

Paulista que reside na Paraíba. Cursando Administração na Universidade Estadual da


Paraíba, UEPB, Campus VII, Patos-PB.

Amanda Pereira Gomes

Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Campina Grande


(UFCG).

Andre Luiz Romano

Administrador, economista, pesquisador, consultor e professor. Possui Pós-doutorado em


Engenharia pelo Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção - UFSCar (2015).
Doutor em Engenharia pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção -
UNIMEP (2014). Pesquisador com interesse em temas ligados a Administração e Finanças,
Logística e Operações, Marketing, Cultura Organizacional, Estratégia Empresarial, Modelos
de Negócios, Sustentabilidade Corporativa e Dinâmica de Sistemas. Tem experiência
docente em instituições como, UNIARARAS, UNICEP, e FADISC. Atua como avaliador das
revistas e eventos acadêmicos: Revista Produção em Foco, Revista de Administração da
UNIMEP, Revista de Administração da UFSM, Revista de Gestão Organizacional, Journal of
Cleaner Production, SIMPEP, ENEGEP e CONEPRO-SUL. Consultor empresarial para as
áreas de controladoria e finanças corporativas, estratégia empresarial e modelo de negócio,
com experiência profissional e atuação de 20 anos nas áreas de Logística, Finanças e
Recursos Humanos em empresas de grande porte, como, Volkswagen do Brasil, Faber-
Castell e Alumínio Ramos.
André Raeli Gomes
Graduação em Engenharia Civil com ênfase em Produção pela Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro (1999), pós graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho pC2009), MBA em Gestão Acadêmica e Universitária pela Georgetown University
(2012), pós graduado em Gestão Educacional em IES pelo Centro Universitário Redentor
(2014), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro (2003) e doutorado em Cognição e Linguagem pela Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Atualmente é Avaliador do MEC em Cursos
Superiores de Tecnologia (CST) e Bacharelados - Presenciais e EaD, Pró-Reitor de
Graduação do Centro Universitário Redentor, Coordenador do Curso de Pós graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho e Coordenador do Curso de graduação em
Engenharia de Produção da Faculdade Redentor de Campos, além de Diretor Administrativo
do CREA/RJ. Tem ampla experiência na Gestão Acadêmica conquistando significativos
resultados em avaliações institucionais, ENADE, CPC, IGC, credenciamentos de IES, gestão
da permanência, novos projetos, dentre outros.

Andréia Fernandes de Oliveira


AUTORES

Gerente de projetos com 8 anos de experiência no Brasil e no exterior. É formada em


Engeharia de Produção pela UFRJ, com intercâmbio acadêmico realizado na Politecnico di
Torino (Itália). Recentemente obteve seu MBA pela AGSM (Austrália), tendo cursado matérias
na IE Business School (Espanha). Trabalhou com consultoria de processos e inovação na
indústria de mineração, gestão de mega projetos na indústria de óleo & gás e atualmente
atua em projeto de inovação e design thinking na indústria financeira. Está sempre em busca
de oportunidades para melhorar a performance dos ambientes por onde passa e ao mesmo
tempo expandir seu conhecimento durante esta jornada. Acredita que diversidade e
colaboração devem ser promovidos e alavancados pelas instituições. É apaixonada por
dança e por explorar o mundo.

Antônio Costa Gomes Filho


Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa
Catarina, UFSC (2010). Coordenou o projeto de pesquisa: um estudo exploratório das
tecnologias da informação voltadas para pessoas com deficiência visual (2012 - 2013). É
coordenador do livro Base de dados em Tecnologias Assistivas para pessoas com
deficiência visual BADATEC Editora Appris (2016). É docente e pesquisador na Universidade
Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO, Brasil (2017).

Ariosto Sparemberger
É professor e Pesquisador adscrito ao DACEC – Departamento de Ciências Administrativas,
Contábeis, Econômicas e da Comunicação da UNIJUI, atuando em programas de ensino de
Graduação e Pós-Graduação. Atua em projetos de pesquisa nas áreas do marketing, varejo,
serviços e desenvolvimento regional. Tem experiência na área de Administração, com ênfase
em Estratégias Organizacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: Teorias da
Administração, Competitividade, Marketing Estratégico e Agronegócio Possui publicações em
livros, periódicos e eventos abordando o marketing e cadeias do agronegócio. Atualmente é
Pró-Reitora -UNIJUI, bacharel em Administração, Tecnólogo em cooperativismo, especialista,
mestre e doutor em Administração.
Aryene Lopes Gomes

Possui graduação em Engenharia de Produção pelo Instituto Superior de Ensino do CENSA


(2012). Atualmente é técnico de operações de cabeça de poço, na Petrobras. Tem
experiência na área de Gerenciamento, Fiscalização e Elaboração de Contratos, executando
as seguintes tarefas: acompanhamento junto as contratadas, no atendimento aos serviços
prestados; Orientações no que diz respeito aos aspectos de QSMS (Qualidade, Segurança,
Meio Ambiente e Saúde). Atuou na área de Inspeção de Equipamentos de plataforma de
petróleo e Segurança do Trabalho.

Bárbara Araujo Soares

Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Campina Grande


(UFCG).

Bárbara Juliana Pinheiro Borges


AUTORES

Graduada em Farmácia-Bioquímica e Mestra em Ciências pela Faculdade de Ciências


Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Graduada em Direito pela
Faculdade Brasileira. Atualmente, curso o Doutorado em Biotecnologia no Núcleo de
Biotecnologia, Universidade Federal do Espírito Santo e Rede Nordeste de Biotecnologia.

Bassiro Só

Graduado em Administração de Empresas pelo UNASP, Mestrado em Administração de


Empresas pelo PPGA/FEA-USP. Atualmente, doutorando em Administração de Empresas
pelo PPGA/FEA-USP. Professor e coordenador de pesquisa do UNASPHT para os cursos de
Administração e Contabilidade. Pesquisador em Administração pelo PPGA/FEA-USP e
Faculdade FIA de Administração e Negócios, atuando nos principais temas: gestão de
projetos, Inovação, Administração Estratégica.

Breno Gontijo Tavares

Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (2018), Mestre


em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (2015), Certificado PSM-
Professional Scrum Master (2013), Certificado PMI-RMP-Risk Management Professional
(2012), Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Lavras
(2011), Pós-Graduado em Engenharia de Produção pelo Instituto de Educação Tecnológica
(2010), Certificado PMP-Project Management Professional (2009), Pós-Graduado em Melhoria
de Processo de Software pela Universidade Federal de Lavras (2008), Pós-Graduado em
Informática pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004), Graduado em Ciência da
Computação pela Universidade de Alfenas (2002). Atual Professor e Gerente de Tecnologia
da Informação e Comunicação do Instituto Nacional de Telecomunicações.
Carlos Eduardo Sanches da Silva
Economista (1989 - FACESM), Engenheiro Mecânico (1990 - UNIFEI), Especialista em
Qualidade e Produtividade (1994 - UNIFEI), Mestre em Engenharia de Produção (1996 -
UNIFEI), Doutor em Engenharia de Produção (2001 - UFSC), Pós-doutorado University of
Texas (2009). Professor Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) - Graduação e Pós-
graduação. Foco de pesquisa gerenciamento de projetos e desenvolvimento de produtos.
Membro da Câmara Técnica da FAPEMIG (2010-2012), CAPES - Engenharia III (2010 - 2012).
Diretor Científico da Associação Brasileira de Engenharia de Produção -ABEPRO (2010-
2011). Atualmente é Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UNIFEI (2013 - atual).

Carlos Frederico O.Barros


Engenheiro de Produção(1979)UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em
Engenharia de Produção Coppe/UFRJ(2006) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Doutor em Engenharia de Produção Coppe/UFRJ(2010) - Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Professor do Departamento de Engenharia/Instituto de Ciência e Tecnologia - ICT
UFF- Universidade Federal Fluminense. Experiência profissional de 38 anos, como executivo
de mercado em 4 multinacionais, e especialista em gestão de risco,automação e gestão de
AUTORES

projetos]

Carlos Henrique Pereira Mello


Possui graduação em Eng. Mecânica - ênfase em Gerência da Produção pela Universidade
Federal de Itajubá (1994), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal
de Itajubá (1998) e doutorado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (2005). Desde 2006 é docente da Universidade Federal de Itajubá
(UNIFEI) e atualmente é professor associado. Tem experiência na área de Engenharia de
Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão do Processo de
Desenvolvimento de Produtos/Serviços, Gestão da Inovação, Inovação Aberta (Open
Innovation) e Engenharia de Usabilidade/Fatores Humanos. Coordenou e participou de
projetos de pesquisa financiados pela FAPEMIG e pelo CNPq. Coordenador de Projeto de
Pesquisador Visitante Especial, na área de Engenharia de Fatores Humanos no
desenvolvimento de equipamentos médicos, com a Universidade de Toronto/Canadá,
financiada pelo CNPq. Tutor do Programa de Educação Tutorial (PET) da Engenharia da
Produção da Universidade Federal de Itajubá de outubro de 2009 a fevereiro de 2013 e de
dezembro de 2016 até os dias atuais. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq Nível
2 de março de 2013 a fevereiro de 2016. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da UNIFEI de julho 2014 a maio de 2017. Atual Diretor de Extensão
Tecnológica e Empresarial na Pró-Reitoria de Extensão da UNIFEI.

Celina Maria de Souza Olivindo


Professora Universitária, Pesquisadora, Escritora e Palestrante. Mestra em Administração pela
FEAD - MG (2014), Possui mais de 10 anos de experiência na área de Docência e 20 anos
em Administração de empresas, acredita na inovação social e na valorização das pessoas
com um grande diferencial na vida. Graduada em Administração pela Faculdade São
Francisco de Barreiras-BA (2004) Pós graduada em Gestão Estratégica em Recursos
Humanos pela UFRRJ-RJ (2006), Pós Graduada em Metodologia do Ensino Superior pelo
INTA-PI (2008).
Cellyneude de Souza Fernandes

Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2005), mestrado
em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (2007) e doutorado em zootecnia pela
Universidade Federal de Viçosa (2011). Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase
em Produção Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: caprinos, ovinos, manejo
de pastagens, Sistemas Agrossilvipastoris, bem como Desenvolvimento rural
sustentável.Atualmente é professora da Faculdade Luciano Feijão nos cursos de
Administração e Psicologia, onde desenvolve atividades voltadas para a sustentabilidade
ambiental e metodologia qualitativa. Também é pedagoga formada pela Universidade
Estadual Vale do Acaraú-UVA (2017).

Claudio Reis Gonçalo

Professor Doutor do Curso de Pós Graduação em Administração na Universidade do Vale do


Itajaí. Pesquisador e Coordenador do GESICON - Grupo de Estratégia em Serviços, Inovação
e Conhecimento.
AUTORES

Cleber Eduardo Graef

Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do


Paraná - UNIOESTE, Campus Toledo, PR. Administrador pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Campus Santa Rosa, RS. Bolsista pela
Fundação Parque Tecnológico Itaipu – FPTI/Brasil.

Cristiano Souza Marins

Possui graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense (2002) e


mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro (2007). Atualmente é Professor Auxiliar II da Universidade Federal Fluminense
no Pólo Universitário de Campos dos Goytacazes-RJ. Atua no curso de graduação em
Ciências Econômicas e Administração Pública (EAD) como professor da área de gestão de
operações (Administração da Produção, Administração de Materiais e Logística). E é
doutorando em Engenharia de Transporte no PET/COPPE/UFRJ na área de pesquisa em
transporte público.

Daniela de Oliveira Souza

Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Faculdade de Filosofia de Itaperuna


(2000). Tem especialização em Educação Matemática e é mestre em Pesquisa Operacional
com ênfase em Inteligência computacional . Doutora em Ciências da Educação pela
Universidad Americana (2016) ainda não revalidado no Brasil. Atualmente é professora da
UniRedentor/RJ. Atua como professora no ensino médio e fundamental da Secretaria
Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro-RJ e como professora no ensino
fundamental na Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Itaperuna. Tem
experiência nas áreas de Engenharia ,Arquitetura, Administração, Biologia e Sistema de
Informação .
Darciane Alves Justino

Graduada em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário Redentor (2013),


Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (UniREDENTOR, 2016). Possui
experiência na área de controle de estoque em empresa de distribuição e venda de produtos
Pet Shop - Empresa Dog Star, Atua como Gerente de contas- Empresa Startup Frete Rápido.

Dário Moreira Pinto Junior

Doutor em Engenharia. Mestre em Engenharia Metalúrgica. Especialização em Gestão de


Pessoas . Graduação em Engenharia Metalúrgica e em Administração de Empresas
.Trabalhou na Gerencia da Companhia Siderúrgica Nacional. Docente no Ensino Superior.
Consultor de empresas do SEBRAE Nacional e Especialista do INMETRO. Avaliador “Ad hoc”
de cursos e instituições para o MEC.

Edimárcio Macedo Alves


AUTORES

Possui graduação em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras (2008) e curso-


técnico-profissionalizante pelo Instituto Francisco Savério Petanha (2003) . Possui Pós
Graduação MBA Executivo em Gerenciamento de Projetos Fundação Getúlio Vargas - FGV
(2010), MBA Executivo Internacional em Gestão de Negócios ISCTE BUSINESS SCHOOL /
Fundação Getúlio Vargas - FGV Lisboa-Portugal (2010) e Pós Graduação MBA em Gestão
Estratégica da Produção pela Universidade Federal de Goiás – UFG (2011). Atualmente
empresário no ramo de roupas e acessórios infantis. Tem experiência nas áreas de
Mineração (Engenharia de Processos/Engenharia de Confiabilidade) e Automobilística
(Engenharia de Projetos/Administração de Engenharia).

Edson Terra Azevedo Filho

Doutorado em Sociologia Política pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF


(CCH), Mestrado em Engenharia de Produção pela UENF (CCT) e Graduação em
Administração pela Universidade Federal Fluminense - UFF. Professor Associado na UENF do
Laboratório de Engenharia de Produção - LEPROD. Diretor Financeiro da incubadora Tec
Campos na gestão 2016-2018. Possui como áreas de interesse principal:empreendedorismo,
prospectiva estratégica, inovação regional e tecnológica.

Eduardo barbosa bernardes

Graduado em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário Redentor (2013), Graduado


em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Redentor (2017), Especialista de Engenharia de
Segurança do Trabalho pelo Centro Universitário Redentor(2015) e Especialista em Docência
Superior pelo Centro Universitário Barão de Mauá (2016).
Emanuele da Silva Goulart

Graduada em Engenharia de Produção pelo Institutos Superiores de Ensino do CENSA(2011).


Atualmente é Chefe de Gabinete do campus Campos Guarus do Instituto Federal Fluminense.
Tem experiência como Diretora de Infraestrutura, Diretora de Administração e Diretora Geral
do Instituto Federal Fluminense campus Campos Guarus. Desenvolve projeto de extensão
“Construindo Cidadãos” que desenvolve as habilidades físicas, sociais e mentais dos infantes
de uma casa de acolhimento em Campos dos Goytacazes.

Fabiano Scriptore de Carvalho

Graduado em Processamento de Dados


Mestre em tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Professor de Redes de computadores do Departamento de Informática da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná

Felipe Zanellato Coelho


AUTORES

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e graduado
em Engenharia de Produção pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES).

Fernando José Ferreira Lucas Bação

Professor Associado e Subdiretor da NOVA Information Management School (NOVA IMS) . É


doutor em Gestão de Informação pela Universidade NOVA de Lisboa e presentemente ocupa
os cargos de Presidente do Conselho Pedagógico e Diretor do Programa de Doutoramento
em Estatística e Gestão de Informação. Na sua carreira científica já publicou mais de 6
dezenas de artigos científicos em revistas e conferências nacionais e internacionais e
recebeu prémios pela qualidade dos seus trabalhos. A investigação que desenvolve incide
sobre os temas da gestão de informação, business analytics, sistemas de apoio à decisão e
gestão dos sistemas de informação.

Fernando Ribeiro dos Santos

Doutor em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2015),


Mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Católica de Santos (UniSantos - 2006),
Pós-graduado em Modelos Organizacionais pelo Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte
- 2003), MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV - 2000) e Bacharel em
Administração pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (AEUDF - 1997).
Atualmente é professor efetivo (concursado) do IFSP - Campus Cubatão; da FATEC/PG e da
Unimes Virtual, trabalhando em Ensino a Distância (EAD) desde 2008 como Professor Tutor
nos Bacharelados e nos Tecnólogos e desde 2007 como Professor Autor (conteudista).
Francisco Clairton Araujo

Experiência profissional adquirida como CFO e financial adviser para empresas


multinacionais. Foi diretor de multinacional de auditoria e consultoria. Membro do conselho de
empresas no Brasil e exterior. Doutorando em Sistemas de Informações na Europa pela Nova
University. Mestre em ciências contábeis pela PUC/SP. Pós-graduação em tecnologias de
ensino a distância. Professor das disciplinas financeiras e contábeis dos programas de pós-
graduação e MBA de renomadas instituições de ensino. Professor pesquisador do Ceacom
ECA/ USP. Artigos publicados no Brasil e exterior. Associado ao IBEF/SP – Instituto Brasileiro
de Executivos de Finanças; CRC/SP – Conselho Regional de Contabilidade do Estado de
São Paulo e MHYanaze & Associados (mensuração de ativo intangível) e Gadec – Grupo de
Apoio a pequenas e médias empresas.

Francisco Kegenaldo Alves de Sousa

Doutor em Ciências e Engenharia de Materiais pela UFCG (2010). Atualmente é Professor


Adjunto IV na UFCG Campus de Campina Grande. Tem larga experiência em Engenharia de
Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: lean manufacturing, man-machine
AUTORES

assignment, optimization e multifunction workforce.

Frederico Gonzaga Lafetá

Gestor de projetos a mais de 10 anos, com experiência nos setores de TI, Manutenção,
Engenharia e Exploração de Óleo e Gás; Certificado PMP (Project Management Professional)
pelo PMI (Project Management Institute) desde 2010; Administrador pela Universidade
Federal de Lavras, MBA em Gestão de Negócios pela Unimontes e Mestre em Engenharia de
Produção e Sistemas pela Universidade Federal Fluminense; Diversos artigos publicados na
área de gerenciamento de projetos.

Gilda Maria Souza Friedlaender

Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina


Professora do Departamento de Informática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Gildemberg da Cunha Silva

Professor de Matemática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Tocantins (IFTO). Mestre em Engenharia de Produção e Sistema pela Universidade Vale do
Rio dos Sinos (UNISINOS - RS) com especialização em gestão Educacional (IESP) e
Matemática Pura (UFPB/IMPA). Gerente de Ensino do Campus Araguaína IFTO de 2014 a
2017. Tem interesse por inovações e novas leituras para educação científica, tecnologica e
gestão articuladas à sociedade e seus desafios.
Givaldo Bezerra da Hora

Professor do Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. Doutorando em Administração pela


Universidade Federal de Santa Catarina - CPGA/UFSC, com linha de pesquisa em
Organizações e Sociedade. Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, com linha de pesquisa em Gestão,
Mercados e Agronegócio. Especialista em Gestão de Logística Empresarial pela Faculdade
de Ciências Educacionais - FACE. Graduado em Administração pela Faculdade Sete de
Setembro - FASETE .

Glycia de Araújo Izidro

Faz graduação em Administração na Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, Campus VII,


Patos-PB.

Graciele Tonial
AUTORES

Doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa


Catarina. Mestre em Administração pelo Programa de Pós-graduação da Univali. Especialista
em Gestão de Marketing em Serviços e Varejo pela Universidade de Passo Fundo UPF (RS).
MBA em Estratégia de Marketing pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
Graduada em Administração pela Universidade de Passo Fundo UPF (RS). Atua como
docente e pesquisadora do grupo de pesquisa em gestão estratégica organizacional da
Unoesc, campus de Joaçaba. Possui experiência em EAD como Professora Formadora e
Professora Tutora. Também atua como professora dos programas de pós-graduação lato
sensu da Unoesc campus de Joaçaba.

Hilda Alberton de Carvalho

Graduada em Administração pela Universidade Estadual do oeste do Paraná - Unioeste


Doutora em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Professora Adjunta do Departamento de Gestão e Economia da UTFPR
Professora dos Mestrados: Planejamento e Governança Pública e Mestrado em
Administração Pública da UTFPR

Igor Meirelles Gomes

MBA em Gestão de Projetos (Universidade Estácio de Sá) e graduado em Engenharia de


Produção pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES).
Isabela Tatiana Teixeira

Doutoranda em Engenharia de Produção pela UFSCar. Mestre em Engenharia de Produção


pela UFSCar (2014), instituição na qual desenvolve pesquisas sobre Estratégia Competitiva e
Estratégia de Operações no setor de Serviços e saúde suplementar. Possui graduação em
Ciências Econômicas pela Unesp Araraquara (2006). Especialista em Administração
Estratégica da Produção e Operações (2009). Atuação profissional na área de gestão
estratégica e controladoria. Desenvolve ainda pesquisas na área de Cadeia de Suprimentos
em Serviços de Saúde, Economia Industrial, Medição de Desempenho, Sustentabilidade.;.,l

Israel Vasconcelos Soares Gomes

Engenheiro de Produção pela Universidade Federal do Espírito Santo, possui experiência nas
áreas de Projetos e Gestão de Processos.

Jessika Vanessa Farias Borba


AUTORES

Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Campina Grande


(UFCG).

José Mário De Lima Freire

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE, no


eixo de Gestão de Negócio e Empreendedorismo. Doutorando em Educação pela
Universidade de Lisboa, Portugal. Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, com linha de pesquisa em Gestão,
Mercados e Agronegócio. MBA em Logista Empresarial pela Faculdade de Ciência da
Administração de Pernambuco - FCAP. Graduação em Administração de Empresas pela
Faculdade Boa Viagem - FBV.

Juliana Kuhn

Habilidade em gestão de processos e pessoas. Administradora, Gerente de Produção,


bilingue.

Keli Rodrigues do Amaral

Especialista em Informação, Conhecimento e Sociedade pela Universidade Estadual de


Londrina, UEL (2008). Participou do projeto de pesquisa: um estudo exploratório das
tecnologias da informação voltadas para pessoas com deficiência visual (2012 - 2013). É co-
autora do livro Base de dados em Tecnologias Assistivas para pessoas com deficiência visual
BADATEC Editora Appris (2016). É Bibliotecária-Documentalista da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná , Brasil (2017).
José Mário De Lima Freire

Doutora em Letras pela Universidade Federal do Tocantins, mestrado em Estudos


Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professora, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, onde também atua como
coordenadora de pós-graduação e docente no Curso de Mestrado Profissional em Educação
Profissional e Tecnológica. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua
Portuguesa, Produção Textual, atuando principalmente nos seguintes temas: linguística e
análise do discurso.

Leandro Baldez Penteado

Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursou


um ano da graduação na Université de Technologie de Troyes - UTT, na França. Após
passagem pelas áreas de marketing e vendas em multinacionais de bebidas, atualmente é
Engenheiro da Petrobras, onde iniciou na área de Suprimento de Bens e Serviços para
empreendimentos de Abastecimento e agora atua na área de Programação e Controle da
Produção da Unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio de Janeiro.
AUTORES

Lucas Rodrigo da Silva

É mestrando em Engenharia da Produção pela Unesp Guaratinguetá (2017), graduado


Gestão Empresarial (2013) pela Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá FATEC GT e,
desde 06/2014 até o presente momento atua como auxiliar docente na Faculdade de
Tecnologia de Guaratinguetá ministrando aulas de Matemática Básica, Matemática Aplicada
a Negócios, Matemática Financeira, Fundamentos Matemáticos nos cursos de graduação da
instituição, e Estatística Básica no Curso de Lean Six Sigma Green Belt, como também, de
02/2014 até o presente momento, é coordenador e professor no Programa de Estudos
Preparatórios para Vestibular (PEPV), um projeto voluntário que tem como finalidade ajudar
as pessoas carentes da cidade de Guaratinguetá e região a ingressar em alguma faculdade.

Luciano Zamberlan

Possui graduação em Administração pela Sociedade Educacional Três de Maio (1994),


especialização em Gestão Empresarial com ênfase em Recursos Humanos - UFRGS/SETREM
(1996), especialização em Sistemas de Informação - UFSC (1998), mestrado em Gestão
Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas - RJ (2001) e é doutorando em Administração -
UNaM. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Marketing, atuando
principalmente nos seguintes temas: marketing, satisfação, comportamento do consumidor,
serviços e agronegócios. Atualmente é professor assistente da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Luciene Alencar Firmo Abrantes

Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD) da


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE e graduada em Administração de Empresas
pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Professora do Curso de
Administração da Universidade Federal de Campina Grande.

Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda

Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (2006) e


mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(2010). Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração da
produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Logística e logística reversa, cadeia
de suprimento, produção limpa. Também atua nas disciplinas de gestão do conhecimento e
empreendedorismo.

Luis Fernando Gomes Simões


AUTORES

Graduado em Administração pela Universidade Paranaense - UNIPAR (2014). Participou do


projeto de pesquisa: um estudo exploratório das tecnologias da informação voltadas para
pessoas com deficiência visual (2012 - 2013). Foi bolsista da Fundação Araucária e do CNPq
na execução do referido projeto.

Marcia Ines Marasca Lazzeri

Analista de Business Intelligence (BI) desde 2009 - Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(HCPA) Pós graduada em:- MBA Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento
ESAB – 2016. MBA em Business Intelligence AVM – 2015. SISTEMAS DE Informação na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - 1998

Marco Paulo Guimarães

Possui graduação em Engenharia Elétrica (2001) e mestrado em Engenharia Mecânica


(2004), ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Possui doutorado em Ciências
Mecânicas (2013) pela Universidade de Brasília. Atualmente é professor Adjunto II da
Universidade Federal de Goiás. Tem experiência nas áreas de Engenharia Elétrica e
Engenharia Mecânica, com ênfase em Automação e Controle. Atua principalmente nos
seguintes temas: automação de máquinas e processos, aquisição de dados, máquinas-
ferramenta, processos de fabricação, sistemas de controle, projeto do produto e usinagem de
ultraprecisão.
Marcos Paulo de Oliveira Motta

Técnico Químico pela Fundação São José (2007), graduado em Engenharia de Produção
pelo Centro Universitário Redentor (2013), Especialista em Docência do Ensino Superior
(UniREDENTOR, 2015) e Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho
(UniREDENTOR, 2015). Possui experiência na área de Inspeção da Qualidade Total -
Indústria Alimentícia, e Gestão de Processos - Empresa de Áudio Comunicação. Autor de
caderno EAD disciplina Planejamento das Instalações - Engenharia de Produção
UniREDENTOR. Atua como Gerente de Produção - Empresa de Comunicação Visual, e como
professor do curso de Engenharia de Produção - UniREDENTOR.

Maria Alice Veiga Ferreira de Souza

Graduada em Matemática pela Ufes; Doutora em Psicologia da Educação Matemática pela


Unicamp; Pós-doutora em Resolução de Problemas de Matemática pela Universidade de
Lisboa - Portugal. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação Strictu Sensu
em Educação em Ciências e Matemática do Ifes. Foi coordenadora e professora da Pós-
graduação Lato Sensu em Engenharia de Produção no Ifes ministrando disciplina de Métodos
AUTORES

Quantitativos.

Maria Gilca Pinto Xavier

É graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba, fez mestrado em


Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas e Doutorado pela Universidade
Federal de Pernambuco em Desenvolvimento urbano. Atualmente é professora ASSOCIADA
da Universidade Federal Rural de Pernambuco. É pesquisadora líder do grupo de Pesquisa
para Caracterização de Aglomeração Produtiva, Inovação e Empreendedorismo: CARISMA.
Faz parte do corpo Docente Permanente do Curso Pós-Graduação em Administração e
Desenvolvimento Rural (strictu-sensu )/UFRPE.

Maria Isabel Palmeiro Marcantonio

Doutora pela USP/FEA em administração em 2015, mestrado em Administração pela


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2006) e graduação em Informática pela Universidade
do Vale do Rio dos Sinos (1997), especialização em desenvolvimento de sistemas de
informação -UFRGS 1998, certificação m gerenciamento de projetos pelo PMI - PMP (2010),
profissional de informática com mais de 20 anos de experiência.

Maria José da Silva Feitosa

Doutoranda em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestra em Administração pelo Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco. Professora de
Administração na Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra
Talhada (UFRPE/UAST). Coordenadora do Grupo de Estudos em Sustentabilidade e
Organizações - GESO/UFRPE/UAST.
Maria Rejane Ferreira Dos Santos

Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal Rural de


Pernambuco/UFRPE, com Linha de pesquisa em Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural
Sustentável. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campina
Grande/UFCG. Atualmente, leciona como professora substituta na Unidade Acadêmica de
Economia e Finanças da UFCG, ministrando as seguintes disciplinas: Economia do Setor
Público, Formação Econômica do Brasil II e Economia

Marily Lopes Gomes

Possui Graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Candido Mendes (2009) e


Pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho (2011). Atuou como responsável
técnica de edificações na Fiscalização de controle de qualidade para fabricação de peças
de pré moldados para montagem de galpões industriais, fiscalização de obras, Levantamento
e execução de projetos e de orçamentos, controle de qualidade dos serviços, organização
de documentação, participação em licitações, execução de projetos e planilhas, elaboração
de programas de treinamentos específicos e de mapas de risco no que concerne a
AUTORES

segurança do trabalho. Atuou também, como Responsável técnica pela obra de construção
do Heliporto do Farol de São Tomé, em empresa contratada pela PETROBRAS (1997 a 1998).

Mateus Dall´ agnol

Possui Mestrado em Engenharia da Produção e Sistemas (2016), Unisinos- Rs, Bacharel em


Administração, Universidade Salgado de Oliveira (2004), Curso de Especialização, Pós-
Graduação Lato Sensu em Gestão em Saúde e Administração Hospitalar, Faculdade ITOP
(2009). Iniciou como Docente na Faculdade de Guaraí -TO (2006), Curso de Administração;
Docente na Faculdade Rio Sono - Riso (2006 à 2013), no curso Administração com Ênfase em
Agronegócio; Ingressou na Hospital Regional Público de Pedro Afonso -TO, no ano de (2007
à 2012), Cargos: Gerente de Unidade e Supervisor Administrativo. Em (2012), tomou posse
no Cargo de Analista de Recurso Humanos, na Prefeitura Municipal de Guaraí -TO. No final
de (2012). Coordenador de Pesquisa no ano de (2016) e atualmente assumiu a Coordenação
do curso Superior de Gestão da Produção Industrial - GPI; Consultor e Palestrante.

Mitsuru Higuchi Yanaze

Professor Titular de Marketing e Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da


Universidade de São Paulo – ECA/USP; Coordenador Geral do Centro de Estudos de
Avaliação e Mensuração em Comunicação e Marketing – CEACOM-ECA/USP; Diretor da
Mitsuru H. Yanaze & Associados, empresa de Consultoria;
Coordenador do Curso de Especialização em Gestão de Comunicação e Marketing da
ECA/USP. Formação: Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo;
Mestre em Master Of Business Administration – Michigan State University; Especialista em
Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas; Graduado em Publicidade e
Propaganda pela Universidade de São Paulo. Autor dos livros: Gestão de Marketing e
Comunicação: Avanços e Aplicações, Editora Saraiva, 1ª Edição em 2007 e 2ª Edição em
2011; Retorno de Investimentos em Comunicação: Avaliação e Mensuração, SENAC/Difusão
Editora, 1ª Edição em 2010 e 2ª Edição em 2013.
Nelinho Davi Graef

Doutorando e Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela UNIOESTE.


Administrador pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -
UNIJUÍ, Santa Rosa, RS. Analista de Projetos na Fundação Parque Tecnológico de Itaipu -
FPTI/Brasil.

Patricia de Aquino Lannes

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Engenheira
de Produção formada pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES).

Pedro Luis Buttenbender

Doutor em Administração, Mestre em Gestão Empresarial, Especialista em Cooperativismo e


em Administração Estratégica, Bacharel em Administração e Tecnólogo em Cooperativismo.
Professor pesquisador da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
AUTORES

Sul - UNIJUI, vinculado ao Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis,


Econômicas e da Comunicação. Coordenador de programa de Pós-Graduação e
Coordenador de projetos de Pesquisa e de Extensão. Possui experiência na área de
Administração, com atuação em temas do planejamento estratégico e gestão do
desenvolvimento, gestão universitária, estratégias, cooperativismo e associativismo,
tecnologia, inovação, aprendizagem e gestão de pessoas. Publicações em Livros, Periódicos,
Eventos Nacionais e Internacionais vinculados aos temas relacionados. Professor visitante em
Universidades no país e exterior, conferencista em eventos acadêmicos, empresarias,
públicos e comunitários.

Romeu e Silva Neto

Graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (1990), mestrado em


Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense (1993), especialização em
Desenvolvimento Local pela Organização Internacional do Trabalho OIT-Turim (2001),
doutorado em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro - PUC Rio (2002) e Pós-Doutorado em Economia Industrial pelo Instituto de Economia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008).

Roquemar de Lima Baldam

Doutorado em Engenharia de Produção. Tem experiência prática na implantação em


organizações Privadas e Públicas, nas áreas de Pesquisa, Processos, Projetos,
Gerenciamento Eletrônico de Informação, Gestão do Conhecimento, Ferramentas para
racionalização do trabalho. Certificado PMP (Project Management Professional), CBPP
(Certified Business Process Professional) e CDIA+ (Certified Document Imaging Architect+).
Samila Valdegleycia de Oliveira Costa

Cearense, que mora na Paraíba. Graduanda em Administração na Universidade Estadual da


Paraíba - UEPB, Campus VII Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas - CCEA, Patos-
PB. Colabora como voluntária na ONG Operação Resgate. Na instituição que estuda, está
vinculada a trabalhos e pesquisas acadêmicas voltadas a produção e publicação de artigos
científicos.

Sandra Martins Lohn Vargas

Doutora em Administração e Turismo e Professora do Centro Universitário Estácio de Sá de


Santa Catarina. Pesquisadora e membro do GESICON - Grupo de Estratégia em Serviços,
Inovação e Conhecimento.

Sandro Luiz rosa reis

Graduação em Engenharia Agronômica e de Segurança do Trabalho, com treinamento em


AUTORES

fazendas leiteira pela Universidade da Flórida - EUA, mestrado em Medic. Veterinaria (Hig.
Veter. Proc. Tecn. Prod. Org. Animal) pela UFF (2008), Especialista em Produção de
Ruminantes (UFLA) e Especialista em Gestão de Agronegócios pela UFES (2010). Foi
Responsável técnico de uma indústria de laticínios durante 5 anos e professor do curso de
Medicina Veterinária da UNIG (disciplinas de Tecnologia de Alimentos, Controle Físico-
quimico de alimentos, Zootecnia e Extensão Rural). Foi professor do Curso de Zootecnia do
Colégio Técnico Agrícola Idelfonso Bastos Borges - UFF. Foi também professor da Faculdade
Redentor nos cursos de Engenharia na área de Sustentabilidade Sócio-ambiental e
Engenharia Ambiental. Atualmente é editor do International Journal of Phytocosmetics and
Natural Ingredients e Estudante do Curso de Doutorado em Higiene Veterinária e
Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal da UFF (Bolsista CNPQ).

Sílvia Parreira Tannús

Possui graduação em Ciências Econômicas, mestrado em Economia Rural pela Universidade


Federal de Viçosa (UFV) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). Atua na área de economia com ênfase em Economia Aplicada,
principalmente nos seguintes temas: competitividade, engenharia econômica e agribusiness.

Suzanne Erica Nobrega Correia

Doutora em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da UFPE


Professora Adjunta do Curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande
Taina Terezinha Coelho

Possui especialização em Gerenciamento de Projetos pela Pontifícia Universidade Católica,


graduação em Licenciatura em Língua Espanhola e Literaturas de pela Universidade Federal
de Santa Catarina (2007). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em ciências
humanas, atuando principalmente nos seguintes temas: responsabilidade social,
sustentabilidade, educação a distância, material didático, modelagem de processo, gestão
universitária.

Tainah Barbosa Barros de Castro Souza

Possui graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense(2009). Tem


experiência na área de Administração.

Talita Freire Chaves

Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Campina Grande


AUTORES

(UFCG). Pós-Graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Integrada


de Patos (FIP). Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Thágyda Pryscilla Gonçalves do Rêgo

Paraibana, graduanda em Administração na Universidade Estadual da Paraíba - UEPB,


Campus VII Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas - CCEA, Patos-PB. Atua como
voluntária na ONG Operação Resgate. Desempenha na instituição que estuda trabalhos e
pesquisas acadêmicas voltadas a produção e publicação de artigos científicos.

Vanessa Cristhina Gatto Chimendes

Possui graduação em Ciências Econômicas pelo Centro Universitário Toledo (1996) .


Especialização em Gestão da Produção na Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita
Filho - UNESP / Guaratinguetá (2000). Especialização em Administração Financeira e
Auditoria na Universidade de Taubaté (2000). Mestre em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal de Itajubá (2007). Doutora em Engenharia Mecânica pela Universidade
Estadual Júlio de Mesquita Filho - UNESP/ Guaratinguetá, com especialidade em economia
da tecnologia. Professora 3/D na Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá - FATEC.
Vania Passarini Takahashi

Engenheira de Produção pela UFSCar e Doutora em Engenharia pela EESC/USP.


Pesquisadora da área de Gestão da Inovação e Gestão de Projetos Inovadores.
Coordenadora do Centro de Competências de Gestão Estratégica de Conhecimento e
Inovação (GECIN/CNPq) e Coordenadora da área de Gestão da Inovação do INCT
Nanofarma. Co-autora dos livros: Gestão de inovação de produtos: estratégia, processo,
organização e conhecimento (editora Campus) e Estratégia de inovação: oportunidade e
competências (edita Manole). Docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo(FCFRP/USP), nos cursos de graduação e pós-
graduação stricto sensu.

Vinícius Carvalho Cardoso

Professor Associado do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade Federal do


Rio de Janeiro. Lecionou também no CEFET-RJ, Universidade Cândido Mendes e também em
outras universidades de renome do Rio de Janeiro. É formado em Engenharia de Produção
pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e fez mestrado e
AUTORES

doutorado no Programa de Engenharia de Produção da COPPE. Como pesquisador do


Grupo de Produção Integrada (Poli e Coppe / UFRJ) desde 1992 atuou regularmente em
disciplinas e projetos de pesquisa e extensão tecnológica principalmente nas áreas de
Estratégia e Gerência de Operações, Engenharia de Processos, Gestão do Conhecimento,
Projeto Organizacional e Planejamento Tecnológico (Technology Roadmapping).

Waidson Bitão Suett

Bacharel em Administração pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2003. Mestre em


Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
(UENF) em 2006. Servidor Público Federal atuando como Administrador no Instituto Federal
Fluminense (IFF). Professor da Universidade Cândido Mendes - Unidade de Campos dos
Goytacazes-RJ, onde leciona nos cursos de Administração e de Engenharia de Produção.
Tem experiência na área de Assessoria e Consultoria em Administração de Empresas.

Wellington Leoncio Costa

Mestrado em Gestão e Estratégia em Negócios. Pós-graduação em Formação de Professor


do Ensino Superior. Pós-Graduação em Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes. Pós-Graduação em Engenharia Econômica. Graduação em Ciências Econômicas.
Consultor de Empresas. Diretor dos Institutos de Ciências Sociais e Humanas e de Ciência da
Saúde do Centro Universitário Geraldo Di Biase- UGB
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