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FLAMBAGEM DE ESTACAS
Urbano Rodriguez Alonso
1) Conceito de flambagem
A Figura 1, extraída de livros que tratam do assunto, apresenta dois casos em que a carga
normal N atua com uma excentricidade inicial (eo ou δo). É do conhecimento de Resistência dos
Materiais que a carga normal provoca um aumento dessa excentricidade inicial.
Para valores baixos de N, a carga normal produz uma excentricidade adicional δ chegando-
se a uma flecha total final δt. Em regime elástico, isto é, para tensões normais abaixo do limite de
proporcionalidade do material que compõe a estaca, demonstra-se a relação:
eo ouδ o
δt =
N
1−
N fl
onde
π 2 .E.I
N fl =
l 2fl
E = módulo de elasticidade do material da estaca
I = momento de inércia da seção transversal da estaca
Quando N se aproxima de Nfl, a flecha δt, tende para infinito, o que significa o colapso da
peça comprimida. A carga Nfl se denomina “carga de flambagem”, “carga crítica” ou “carga de
Euler” em homenagem ao matemático suíço Leonard Euler (1707 – 1783).
Conhecida a carga de ruptura por flambagem (Nfl) a carga admissível estrutural (Nadm) será:
N fl π 2 .E.I
N adm = o seja N adm =
2 2.l 2fl
2) Comprimento da estaca a ser considerado no do solo
Para esse cálculo utiliza-se, normalmente, o método de Davisson e Robinson (1965). Via de
regra também se adota o módulo de reação horizontal do solo crescendo linearmente com a
profundidade (K = ηh.z) já que o comportamento das estacas submetidas à flambagem (caso por
exemplo de estacas de pontes, cais e estruturas off-shore) é muito influenciado pelo solo que
ocorre nos primeiros metros.
O método proposto por Davison e Robinson para o estudo da flambagem substitui a estaca
por outra substituta, com comprimento Le (Figura 3) de modo que esta tenha a mesma carga
crítica.
3
Figura 3: Estaca equivalente proposta por Davison e Robinson
Figura 4: Obtenção de ST
Para o caso mostrado na Figura 3 (topo livre, pé engastado e K=ηh.z) lfl = 2*Le onde:
Le = (ST + JT)T
π 2 .E .I
N fl =
4.T 2 (S T + S T )
2
4
Para o caso do topo da estaca ser também engastado permitindo translação, tem-se lfl =Le
e, portanto:
π 2 .E.I
N fl =
T 2 (S T + S T )
2
No livro “Piling Engineering” editado Surrey University Press em 1.992, Fleming propõe
calcular o comprimento de flambagem, para o caso bi-engastado com translação por:
lfl = Lu + 0,5Ls
Nos parece um cálculo “um pouco arrojado” ainda sem uma comprovação de campo, pelo
menos nos projetos em que temos participado.
3) Exemplos de Aplicação
3.1) 1º exemplo: Estacas com 70 cm de diâmetro (chapa 10 mm e aço A-36) cravadas em perfil
geotécnico conforme Figura 5
5
. As estacas foram projetadas com 26 m cravados, porém só foi possível cravá-las 20,50 m
conforme se mostra na Figura 6.
São dois blocos com 4 estacas cada, cravadas no centro do rio, para apoio de uma
plataforma que servirá para a montagem de uma ponte metálica. Essas estacas serão travadas
tanto no sentido vertical quanto no horizontal, conforme se pode ver pela Figura 6, através de uma
estrutura treliçada espacial, em forma de X, cujos detalhes são mostrados na Figura 7.
2.100.000 x129.032
T =5 ≅ 345 cm L/T = 20,50/3,45 > 4 OK!
0,055
Lu 14,5
JT = = ≅ 4,2 ST = 1,8
T 3,45
Para estaca engastada e fixa no pé e com topo também engastado, porém permitindo
deslocamento a carga admissível contra a flambagem é:
Para essa verificação usaremos o método das tensões admissíveis, conforme Tabelas 2 e
3, respectivamente para aços com fy = 2.400 kgf/cm2 e fy = 3.500 kgf/cm2, da antiga NB-14.
Nota: Para um cálculo mais moderno (NB-14 – NBR 8800) ver Capítulo 7 do livro “Estruturas
Metálicas – Cálculos, Detalhes, Exercícios e Projetos” de Antonio Carlos da Fonseca
Bragança Pinheiro – Editora Edgard Blucher Ltda. Entretanto, como se trata de uma
verificação, usaremos a Tabela 2 por ser de mais fácil aplicação e por não ser este curso
dedicado ao dimensionamento de estruturas metálicas, mas sim sobre fundações.
l fl 1.760
λ= = = 72 σadm = 1.081 kgf/cm2
i 24,4
122.000 410.000
σ = ± = 673 kgf/cm2 << 1.081 kgf/cm2
217 3.686
116.000 1.010.000
σ = ± = 809 kgf/cm2 << 1.081 kgf/cm2
217 3.686
8
Tabela 2: Flambagem com carga axial (aço fy = 2.400 kgf/cm2)
9
Tabela 3: Flambagem com carga axial (aço fy = 3.500 kgf/cm2)
2º Exemplo: Fornecer os coeficientes de molas para que o projetista de fundações do cais possa
usá-las no programa SAP para calcular os esforços nas estacas devido à flambagem.
I = 520.622 cm4
ηh = 0,055 kgf/cm3 (argila mole submersa)
A = área (432 cm2)
i= raio de giração (34,7 cm)
10
Figura 10: Dados relevantes da estaca a analisar
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Como já vimos na aula anterior o comportamento de uma estaca submetida a carregamento
transversal no topo é muito influenciado pelo solo que ocorre nos primeiros metros. Para o caso
de solos com módulo de reação crescente com a profundidade (como é o caso desta obra) o
comportamento da estaca é comandado pelo solo que ocorre até a profundidade z = T.
ηh = 0,055 kgf/cm3
2.100.000 x520.622
T =5 ≅ 460 cm sejam 5 m
0,055
Nessa profundidade, abaixo da cota de dragagem, só ocorre argila muito mole, conforme se
mostra na Figura 10. Os coeficientes de mola, metro a metro, apresentados na Figura 11, são
obtidos a partir da expressão:
Para o cálculo da força máxima (Fmáx) basta multiplicar a o módulo de reação horizontal pela
área correspondente (A = D * 1m). O coeficiente de mola, em tf/m, será:
Fmáx (tf )
K mola =
0,025m
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Figura 12: Estaca mista com 52 m (admitir topo engastado com translação)
π
A=
4
(90 2
)
− 60 2 = 3.534 cm2 peso q = 0,35x2,4 ≈ 0,84 ou 840 kgf/m
π
I=
64
(90 4
)
− 60 4 = 2.585.000 cm4 W =2I/D ≈ 57.400 cm3
I
i= = 27 cm
A
250.000 x 2.585.000
T =5 ≅ 410 cm
0,055
π 2 x 250x 2.585.000
N crit = ≅ 925 tf Padm = 460 tf
2625 2
Adotaremos para carga externa aplicada pela estrutura à estaca N= 450 tf (<460 tf) que
acrescida da carga de protensão (50 tf) perfazem 500 tf.
l fl 2625
λ= = = 97 ≈ 90 (método do pilar padrão com curvatura aproximada)
i 27
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Nota: É prudente nas estacas de concreto armado não ultrapassar λ = 90.
Momento mínimo de 1ª ordem Neste caso a carga a adotar será a aplicada pela estrutura
à estaca (450 tf).
1 0,005 0,005
= = = 0,0045 m-1
r h(ν + 0,5) 0,9(0,7 + 0,5)
26,25 2
M 2 d = (1,4 x 450 + 1,2 x50 )x x0,0045 = 210 tf.m
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Ábaco de Montoya
ϑ = 0,7
w = 0,75
23.650.000
µ= = 0,25
3.534 x90 x 285
Para a armadura de protensão adotaremos fios de 8 mm, aço CP 150 RB, cuja força de
protensão é:
F = 0,75x0,5x15 = 5 tf/fio
A verificação do tubo metálico passa pela carga aplicada à estaca (450 tf) reduzida da
parcela de atrito transferida para o solo. Como não é objeto deste tema, deixarmos de analisá-lo.
Referências Bibliográficas
Davinson, M.T. e K.E. Robinson (1965) “Bending and Buckling of Partially Embebed Piles” – 6th
ICSMFE – Canadá.
Diniz, R.A.C. (1972) “Análise de Esforços em Estruturas Aporticadas com Fundações em Estacas”
– COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro.
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