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PORTUGUÊS

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo


cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem Espontâneo: que faz por si mesmo.
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações, Birita: qualquer bebida alcóolica.
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando Expedir: enviar para o destino;
pelo direito augusto de viver. despachar.

Parvamente: tolamente;
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
estupidamente.
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, Decreto: determinação.
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade , "Receita de Ano Novo". Editora Record. 2008.

Biografia
Carlos Drummond de Andrade
Data de nascimento: 31 de outubro de 1932.
Data de falecimento: 17 de agosto de 1987.
Carlos Drummond de Andrade, escritor considerado por muitos o mais influente poeta
Brasileiro do século XX, além de um excepcional poeta, foi contista e também escritor
de crônicas que encantam, até hoje, leitores do Brasil e do mundo todo. Drummond foi um dos principais
poetas da segunda geração do Modernismo, escola literária de grande valor estético e social para a literatura
brasileira.
Agora que você já leu o poema de Drummond, tirou suas dúvidas sobre o significado de algumas palavras
e conheceu um pouco a respeito da vida desse importante escritor brasileiro, resolva as questões a
respeito do texto lido.

1- Quantos versos há no poema “Receita de ano novo”?


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2- A quem o eu lírico (aquele que fala no poema) se dirige ao estabelecer uma receita para o ano
novo?
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3- Por que é possível afirmar que esse poema é um “poema-receita”? Justifique sua resposta.
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4- O eu lírico do poema afirma, no decorrer dos versos, que o ano novo pode se configurar de duas
formas: como uma marcação cronológica (mudança de um ano para o outro) ou como “um novo
espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, / mas com ele se come, se passeia, / se ama, se
compreende, se trabalha”.
Explique essa segunda definição dada pelo eu lírico com base na leitura do texto.
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5- Umas das ações que o eu lírico alega não ser necessária para se ter um “belíssimo ano novo” é a
seguinte: “Não precisa fazer lista de boas intenções / para arquivá-las na gaveta”. Explique o que
ele quis dizer com essa afirmação.
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6- Quando o eu lírico diz, em meio às suas orientações para um bom ano novo, que “Para ganhar um
ano novo / que mereça este nome, / você, meu caro, tem de merecê-lo, / tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil”, ele afirma que sabe que essa tarefa é difícil, assumindo a mesma condição
do seu interlocutor. O que é possível deduzir com base nessa afirmação? Comente sua resposta.
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7- O eu lírico de Drummond finaliza o poema dizendo “É dentro de você que o ano novo / cochila e
espera desde sempre”. O que esses versos significam dentro do contexto construído ao longo do
poema? Você concorda com essa afirmação? Por quê?
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O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.


Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.

Manoel de Barros
8- O poema apresenta informações sobre o menino.
a) Cite dois adjetivos que o caracterizam. 
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b) Por que as pessoas atribuíam essas características ao menino? 
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c) No contexto do poema, o que significa “carregar água na peneira”? 
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9- Ao longo do poema, são apresentados ações e um sentimento, considerados despropositados.
a) Transcreva o trecho do poema em que isso ocorre. 
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b) Por que essas ações e o sentimento são considerados despropositados?
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10- O menino descobre que os seus despropósitos podem ser realizados por meio de uma determinada ação.
a) Que ação é essa? 
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b) O que o menino imagina que pode ser com essa ação? 
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c) Quais ações consideradas incríveis ou peraltagens o menino consegue realizar?
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11- Por que a mãe do menino compara o gosto do filho em carregar água na peneira ao ofício do poeta? 
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Você já deve ter visto, pessoalmente ou pela televisão, faixas e cartazes de protesto. Pode também ter
ouvido canções que denunciam problemas políticos ou sociais. Agora, você vai estudar poemas usados
para protestar. Leia, a seguir, um poema-protesto, Depois, responda às questões.
REFLETINDO SOBRE O TEXTO

1- O que o eu lírico do poema “Exp” recusa? O que ele aconselha ao interlocutor?


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2- Observe a escolha das palavras que compõem o poema.

a) A quem se refere o pronome você (vc) nesse poema?


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b) Além de vc, quais outras palavras não estão escritas conforme as convenções da ortografia?
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c) Por que o uso dessa linguagem ajuda a esclarecer a crítica feita no poema?
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d) Observe as estrofes que concentram essas palavras. O que ocorre ao longo do poema?
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e) Na sua opinião, o que explica a mudança no uso dessas palavras?


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3- Analise o uso da palavra atravessador.

a) Por que as pessoas que interferem na vida dos outros são chamadas no poema de “atravessadores”?
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b) Que outra palavra também está ligada ao campo de sentido da economia? O que ela significa no contexto?
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4 Releia a última estrofe.

a) Que sentidos podem ser atribuídos à palavra viva?


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b) O que a palavra sua reforça no encerramento do poema?


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5- Suponha que alguém tivesse compartilhado o poema “Exp” usando um perfil de rede social. Para que não
houvesse contradição entre o poema e os demais conteúdos, que postagens não seriam esperadas por parte do
mesmo perfil?
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6- O que torna “Exp” um poema com linguagem contemporânea?


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