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Não é exagero dizer que uma das grandes perguntas que assombram
o presente é: o que fazer diante dessa catástrofe de proporções inédi-
tas que nos tira completamente do eixo e nos deixa sem referências?
A falta de referências nos obriga a encontrar outras formas de nave-
gar nessa realidade. É esta situação que torna relevante o presente
livro. Em lugar de ser lido como um mero conjunto de textos sobre
o colapso climático, é muito mais rico tomá-lo como uma série de
pontos de vista que, juntos, formam mapas desse outro tempo que
vivemos.
Mas o que significa tentar se localizar em uma realidade sem
referências estáveis? Podemos pensar no problema partindo da
ideia do que é navegar: a condução, rumo a um objetivo, guiada por
pontos dispersos que nos permitem mensurar e transpor a distân-
cia até esse objetivo. No caso de um novo destino, não sabemos os
caminhos de antemão, e qualquer forma de orientação depende de
projeções e elaborações imaginárias sobre essa região desconheci-
da, a partir das informações que temos dos nossos desejos (a meta
ou destino) e das partes do mundo que conhecemos. Esses elemen-
tos nos fornecem marcadores que produzem em nós algum senso de
direção quanto ao caminho que podemos percorrer. Dessa forma, a
própria navegação também é parcialmente responsável pela manei-
ra como encaramos o território que pretendemos explorar — na