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Somos marcados desde o nosso primeiro momento da manhã por uma identidade que nos foi

dada pela graça: uma identidade que é mais profunda e mais real do que qualquer outra
identidade que vestiremos nesse dia.

“A espiritualidade de muitos cristãos é vivida por espasmos. Uma sensação nova em algum
culto, uma experiência arrebatadora num retiro, uma emoção diferente numa música. Ela está
sempre ligada a algo extraordinário, fora da normalidade ordinária do dia a dia. Tish Harrison
Warren nos leva a reconhecer que a espiritualidade cristã está na maneira como percebemos a
presença de Deus nos eventos mais comuns e monótonos de nossas atividades diárias. E ali,
onde vivemos as rotinas enfadonhas, que a graça de Deus nos forma”. Rev. Ricardo Barbosa,
pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto (Brasília - DF), presidente do Centro Cristão de
Estudos, autor de O Caminho do Coração e A Espiritualidade, a Igreja e a Sociedade

O cerne da nossa formação está na monotonia anônima das nossas rotinas diárias.

Nosso vício em estímulos, impulsos e entretenimento nos esvazia e nos torna chatos,
incapazes de abraçar as maravilhas ordinárias da vida em Cristo. Kathleen Norris escreve:
Como a liturgia, as tarefas de limpeza extraem muito do seu sentido e valor da repetição, do
fato de que elas nunca acabam, mas somente são postas de lado até o dia seguinte. Tanto a
liturgia quanto o que é chamado eufemisticamente de trabalhos “domésticos” também têm
uma relação intensa com o momento presente, um tipo de fé no presente que fomenta a
esperança e torna a vida possível no dia a dia

Tem um anúncio na parede da casa comunitária New Monastic Christian [Novo cristão
monástico]: “todo mundo quer uma revolução. Ninguém quer lavar a louça”. Eu era, e ainda
sou, uma cristã que anseia por uma revolução, pelas coisas serem renovadas e restauradas de
forma bela e grandiosa. Mas o que eu estou vendo lentamente é que você não pode alcançar a
revolução sem aprender a lavar a louça. O tipo de vida espiritual e as disciplinas necessárias
para sustentar a vida cristã são silenciosas, repetitivas e ordinárias. Eu frequentemente quero
pular as coisas entediantes e diárias para ter o êxtase de uma fé ousada. Mas é no cotidiano da
fé cristã, arrumar a cama, lavar a louça, orar pelos nossos inimigos, ler a Bíblia, o silencioso, o
pequeno, que a transformação de Deus se baseia e cresce.

Práticas sugeridas 1. Enquanto você arruma a sua cama, observe o que você sente. O que é
tangível nessa experiência? Tem algo de belo ou pacífico nela? 2. Escreva num papel uma
tarefa diária repetitiva na sua vida. Quando você executar essa tarefa, peça a Deus em oração
para te mostrar como ela te molda. Escreva num diário sobre isso ou discuta com um amigo. 3.
Tente observar essa semana como você resiste à tranquilidade e ao tédio. Dê espaço para
alguns minutos de silêncio diário e convide Deus para esse momento. 4. Observe pequenos
momentos de tranquilidade num dia: esperar o sinal no trânsito ou o seu café ficar pronto.
Abrace esses momentos ao mantê-los vazios e quietos. 5. 5. Se você tem um smartphone,
desligue-o por uma manhã, uma tarde ou um dia inteiro e reflita sobre essa experiência.
Cuide de sua devoção
O Senhor lhe disse: "Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o
Senhor vai passar” (I Reis 19.11)

Por fim, mas não menos importante, Deus cuidou da devoção de Elias. Deus
ajudou Elias a reencontrar o caminho da intimidade com ele. Se Deus já estava
falando com Elias dentro da caverna, por que ele diz para Elias sair e ser pôr
na entrada da caverna, pois o Senhor ia passar? É minha convicção é que foi
justamente por isso: na caverna, Elias estava tendo uma percepção da palavra
do Senhor, mas não estava, necessariamente, tendo um encontro com a
presença do Senhor.

Deus não queria dar a Elias apenas a sua palavra. Ele também queria dar a
Elias a sua presença. Assim, quando Elias vai para a porta da caverna, o
Senhor se manifesta e, praticamente, o mesmo teor da conversa do interior da
caverna se repete.
Mas desta vez, isso acontece baseado em um encontro pessoal de Deus com
Elias. E Elias tem sua espiritualidade renovada e sua missão re-enfocada. É
exatamente isso que acontece todas as vezes que temos uma experiência
renovadora com o poder do Espírito Santo em nossa vida.

Do que é que precisamos cuidar, portanto, para que tenhamos essa renovação
espiritual sendo operada em nós?

a. Primeiro precisamos resgatar um tempo de leitura devocional da palavra de


Deus. Podemos não perceber isso, ou podemos não querer admitir, mas é
muito comum que nós pastores, com o passar do tempo, comecemos a nos
distanciar da palavra de Deus como a palavra de Deus para a nossa própria
vida e passamos a usa-la apenas como uma ferramenta de trabalho.
Precisamos reencontrar o nosso amor e prazer pela Bíblia.
b. Outra prática que precisamos resgatar é a oração como um espaço de encontro
com Deus. Não a oração apenas para suplicar por coisas, interceder por
situações ou agradecer a Deus por feitos específicos. É claro que estas coisas
precisam ser inclusas em nossa prática de oração. Mas penso sobre nos
aprofundarmos em uma vida de oração que seja mais intensa e pessoal; que
seja carregada do simples prazer de nos encontrarmos na presença de Deus.
c. Outra prática que acredito precisamos resgatar em nossas vidas e ministérios é o
da adoração comunitária. O fato de estarmos todos os Domingos diante de um
grupo de pessoas, conduzindo-as em uma atividade não significa
necessariamente que estejamos conectadas a elas em adoração a Deus.
Novamente, é muito sutil, mas é extremamente fácil nos acostumarmos com
Deus e com as coisas de Deus, porque estamos servindo o tempo todo em sua
presença. É fácil tornar o que é sagrado em algo comum. Ao nos reunirmos
com nossa igreja para adoração, precisamos nos lembrar que estamos ali
também para adorar.
d. Outras práticas devocionais. Como somos pessoas diferentes podemos ter
práticas devocionais diferentes, que contribuam com o nosso cuidado
espiritual. Para alguns, talvez seja uma caminhada pelo parque contemplando
a natureza. Para outros, o ouvir uma bela canção de adoração. Outros, ainda,
aprofundarem-se na investigação de um determinado tema. E até, para alguns,
o serviço para suprir alguma necessidade de outrem. Seja como for, o mais
importante é que tenhamos consciência sobre como é relevante buscarmos a
prática de mais disciplinas espirituais.

Veja que após Deus ter cuidado de Elias e de tê-lo restaurado, Deus não o
dispensa. Ele não diz: “Tudo bem, Elias, sei que você já me serviu bastante,
agora vai curtir sua vida”. Não, assim que Deus o restaura como fruto do seu
cuidado, Elias é enviado de volta à missão, a fim de que possa cuidar de
outros.

O Senhor lhe disse: "Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de
Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho
de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para
suceder a você como profeta. (I Reis 19.15,16)

O cuidado com a vida espiritual

            Deixamos este item para este momento, todavia o relacionamento com Deus que
é a base da vida espiritual entendemos ser a primeira prioridade na vida de um crente.
Vamos abordar este tópico partindo de um exemplo extraído das Escrituras, a fim de
que tenhamos uma melhor compreensão do cuidado que devemos ter com a nossa vida
espiritual. Vida espiritual nos fala do nosso relacionamento íntimo com o Senhor. No
livro de Atos dos apóstolos encontramos uma situação interessante. Os apóstolos foram
tentados a desvirtuar suas reais prioridades (At. 6. 1-7) Deneval 1998. Aparentemente o
motivo era justo. Os helenistas achavam que suas viúvas estavam sendo desprezadas na
distribuição diária de alimentos, então foram aos apóstolos e pediram uma solução para
o problema. Os apóstolos não abriram mão de suas prioridades: “Nós nos
consagraremos à oração e ao ministério da Palavra”, At. 6.4. A Bíblia diz que eles
elegeram outros para executar este trabalho. Aprendemos duas grandes verdades nesta
passagem, que precisamos priorizar a nossa vida pessoal e a ministerial. A primeira
prioridade pessoal do obreiro que cuida de si mesmo é o seu relacionamento com
Deus (At. 6.4), ao tomarem esta decisão eles estavam seguindo o exemplo de Jesus, que
embora sendo Senhor e Mestre, separou parte das horas do dia para se dedicar a
comunhão com o Pai, (Mc. 1. 35; Lc. 5. 16, Mat. 14. 23). Compreendemos que a vida
agitada do século XXI, muitas vezes não nos deixa tempo para nos dedicar a oração e ao
estudo da Palavra de Deus como convém aos santos, mas sem estas ferramentas
espirituais não vamos conseguir executar a obra de Deus como convém. O resultado
desta negligencia é que podemos ficar vulneráveis as tentações, seduções e aos ataques
psicológicos e emocionais do inimigo da nossa alma.  

Para muitos a questão fundamental na vida ministerial do obreiro é realizar a


obra de Deus, precisamos sim realizar a obra de Deus, porém, não devemos esquecer
que o Deus da obra deve ser nossa primeira prioridade. Temos muitas responsabilidades
na igreja e na vida da congregação por isso devemos cultivar uma vida espiritual sadia e
frutífera, caso contrário, estaremos fadados ao insucesso. O obreiro (a) é alguém que
tem responsabilidades espirituais para com sua própria pessoa, sua família, sua igreja e
sociedade. A razão principal do fracasso de tantos obreiros é a sua falta de
espiritualidade, isto porque priorizam a obra, porém não priorizam sua intimidade com o
Deus da obra.

Portanto, para se alcançar uma vida espiritual plena, é necessário que o obreiro
tenha disciplina e se entregue diariamente a oração e ao estudo da Palavra de Deus,
reservando um tempo do seu dia para estar com o Senhor a sós. Quando se descuida da
oração e do estudo da Palavra de Deus, abre-se um caminho para a derrota, para o
fracasso, para o pecado e para a ruína de seu ministério. As grandes personalidades
cristãs, as quais tiveram um grande êxito, sempre estiveram em contato vivo com a
Palavra de Deus e a oração, exemplos; Daniel Berg, Gunnar Vingren, Lutero, Moody,
Whitefield, Wesley, Billy Graham entre outros. E o exemplo maior é nosso Senhor
Jesus que por muitas vezes estava só orando e buscando comunhão com o Pai, (Mc.
1.35).

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