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de Moçambique
www.canal.co.mz Maputo, quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
60 Meticais Director: Fernando Veloso | Ano 13 - N.º 884 | Nº 534 Semanário
Págs. 2, 4 e 26
E ninguém viu
Armando Guebuza Pág. 5
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Serviços:
- Es va - Conferência de cargas
- Peamento - Aluguer de equipamentos portuários
- Superintendência - Gestão de terminais de carga especializadas
- Empacotamento - Peritagens - Operações de logís ca
- Limpeza e reparação de contentores
Destaques
Entrevista com o presidente da CNE
Empresa Nacional
ao Serviço da Nação
Empresa Nacional
ao Serviço da Nação
4 Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Destaques
(Continuação da página 02)
das Mesas das Assembleias de aos municípios onde o parti- aos distritos, depois para a
Voto. O segundo, os partidos do no poder tinha vantagem províncias, e depois trazidos
políticos têm a prerrogativa de e onde os partidos da opo- aqui, para nós requalificarmos.
credenciar os seus delegados sição não tinham vantagem. Vinham papéis aos milhões,
Ficha Técnica de candidatura. Qual é o papel Então nós não divulgávamos. isso fazia com que nós ficás-
DIRECTOR EDITORIAL do delegado de candidatura? É semos aqui a discutir durante
Fernando Veloso | canalmoz.fveloso@gmail.com
Canal – Mas só por
fiscalizar o processo. Depois, causa disso? A demo- uma semana sobre votos mal
Cel: (+258) 82 8405012
temos os observadores, temos ra no anúncio dos resul- votados. A nova legislação diz
EDITOR EXECUTIVO
os jornalistas. Temos uma série tados é fonte de conflito. que a requalificação dos votos
Matias Guente | mtsgnt@gmail.com | Cel: 823053185 de pessoas que estão ali para disputados deve ser feita a ní-
Abdul Carimo – No passa-
controlar o voto. Não vejo por vel do distrito, o que quer dizer
do, tornou-se uma interpreta-
CONSELHO EDITORIAL: Director, Editor, Sub-Editores, Chefe da que o cidadão não credenciado, que, depois do distrito, o que
ção bastante desgastante para
Redacção, Sub-Chefe da Redacção e Editores sectoriais. não treinado, não informado, vem a subir são os relatórios,
a nossa imagem, por isso nós
tenha de estar ali a dizer que as actas e os editais. No quinto
dissemos que nós não faremos
REDACÇÃO “Vou controlar o meu voto”. dia, as Comissões Provinciais
mais a transmissão rápida dos
Canal – Em termos de vão anunciar os resultados ao
Matias Guente | mtsgnt@gmail.com resultados, porque, de facto,
cronograma de divulgação nível provincial, então, no dia
André Mulungo | andremulungo4@gmail.com ela tem essas tendências. Há
dos resultados, até quan- seguinte, o sexto ou sétimo dia,
Cláudio Saúte | sauteclaudio@gmail.com zonas, por exemplo a Zam-
do teremos os resultados? todo o material já vai estar em
Eugénio da Câmara | eugeniodacamara@yahoo.com.br bézia e Nampula, a popula-
Maputo, e, como é pouco ma-
Abdul Carimo – Podemos ção é muita. Não vão conse-
COLABORADORES terial, se não houver nenhum
ter o resultado exactamente na guir terminar a contagem das
Alfredo Manhiça | freimanhica@gmail.com tipo de divergência, se as coi-
noite em que terminar a conta- três eleições no mesmo dia.
Amade Camal | amadecamal@sirmotors.com sa tiverem corrido bem a estes
gem, mas só podemos ter se os Canal – O que pre-
Hamilton de Carvalho | sarto.de.carvalho@gmail.com níveis, nós também, cá, não
partidos políticos fizerem uma tendem, então, fazer?
João Mosca | joao.mosca1953@gmail.com teremos nenhum tipo de pro-
contagem paralela, se a socieda-
Afonso dos Santos Abdul Carimo – O que blemas, um dia só é suficien-
de civil fizer uma contagem pa-
nós vamos fazer é o que a lei te para nós somarmos todos
DELEGAÇÃO DA BEIRA PROVÍNCIA DE SOFALA ralela ou se algum órgão de co-
obriga, que os distritos devem aqueles dados e divulgarmos
municação social também tiver
anunciar o resultado do apu- os resultados, não obstante a
Adelino Timóteo (Delegado) | adelinotimoteo@gmail.com um mecanismo montado para
ramento distrital até 72 horas Lei Eleitoral continuar a dar
Cel: +258 82 8642810 fazer essa contagem paralela.
depois do dia da votação. Este 15 dias à Comissão Nacional
Canal – Mas isso são é um resultado fiável, porque de Eleições, mas, devido a esta
José Jeco | Cel: 82 2452320 | josejeco@gmail.com
os observadores. Refiro- já passou pelo STAE, já passou nova modalidade e procedi-
-me a resultados oficiais pela Comissão Distrital, onde mento, nós achamos que antes
FOTOGRAFIA dos órgãos eleitorais. se encontram os representantes dos dez dias depois do dia da
Lucas Meneses Abdul Carimo – Nós, os dos partidos políticos, a socie- votação já poderemos ter os
órgãos de gestão eleitoral, não dade civil, está todo mundo resultados já anunciados e, aí,
REVISÃO vamos fazer, desta vez, a con- lá, e já discutiram tudo o que seguirem o seu caminho para
A.S. tagem e divulgação progres- tinham para discutir e têm um o Conselho Constitucional.
siva, naquilo que nós chama- edital e acta elaborada. Como Canal – As nossas elei-
PAGINAÇÃO E MAQUETIZAÇÃO
mos transmissão rápida dos órgãos de gestão eleitoral, ções são em meio de muita
Anselmo Joaquim | Cel: 84 2679410 | a.joaquim.m@gmail.com
resultados. Não vamos fazer. pensamos que este primeiro desconfiança e polémica, e
Jorge Neves | Cel: 84 6282451 | nwaneve@gmail.com
Canal – Mas porquê, se momento da divulgação dos re- depois degenera em confli-
CANALHA: AJM isso evita que demore, e a sultados vai ser crucial, vai ser tos. Para a opinião pública,
demora cria muita suspei- aquele que vai dar-nos indica- há pouco compromisso dos
PUBLICIDADE ção, senhor presidente? ções muito claras da tendência órgãos eleitorais para evitar
Cremilde Acácio Cumbane |847805978 | cremildeacacio@gmail.com do voto em termos de partidos, conflitos eleitorais. Pergunto
Abdul Carimo – Não vamos
Orlando Mulambo | 82 59 49 345 | 84 26 67 545 candidatos presidenciais e tudo a si, como presidente, se tem
orlandomulambo@gmail.com | canalipdfs@gmail.com
fazer. Recorda-se, nas eleições
isso, e, seguidamente a isso, a noção do processo conflituo-
autárquicas que realizámos no
lei obriga que cinco dias depois so que está a gerir e que pode
ASSINATURAS ano passado? Nestas eleições,
da votação, portanto depois do acabar por incendiar o país.
Simião Chambule | 84 21 96 773 | chambulesimiao@gmail.com a velocidade da transmissão
terceiro dia até ao quinto dia, a Abdul Carimo – Nós, cons-
dos resultados de distrito para
Comissão Provincial recebe de tantemente, costumamos recor-
DISTRIBUIÇÃO E EXPANSÃO (REVENDEDORES / AGENTES) distrito é totalmente diferente,
Orlando Mulambo | 82 59 49 345 | 84 26 67 545 todos os distritos os editais e as dar-nos, nas nossas reuniões,
de município para município
orlandomulambo@gmail.com | canalipdfs@gmail.com actas, e eles também fazem a que fazemos com os nossos
é totalmente diferente, portan-
Luís Inguane | 84 81 59 337 | 82 38 74 060 sua agregação e o apuramento colegas das províncias, que so-
to há uns municípios que têm
provincial. Eles pegam aquele mos pessoas que carregam, por
maior número de eleitores,
CONTABILIDADE edital e a acta provincial e tra- um lado, tambor de combustí-
por isso vão terminar muito
Aníbal Chitchango | Cel: 82 5539900 ou 84 3007842 | chitchango@ zem para nós, aqui em Maputo. vel, por outro lado o fósforo,
yahoo.com.br
mais tarde a contagem, logo a
transmissão vai ser muito mais Canal – Como é que que, juntando os dois, criam es-
tardia. Outros têm um número se resolve a questão tragos enormes. Temos a cons-
PROPRIEDADE
CANAL i, Lda * Bairro Central, Av. Maguiguana, n.º 1049 | Casa n.º bastante diminuto de Mesas, dos votos disputados? ciência de que o nosso trabalho
65000 R/C | canalipdfs@gmail.com * Maputo * Moçambique e a transmissão pode ser mais Abdul Carimo – Há uma mal feito é bastante nefasto
Cell: 82 36 72 025 | 84 31 35 998 rápida. No passado, isso, mui- inovação muito importante na para a sociedade, porque os
tas vezes, criou desequilíbrios, nova lei. É que, no passado, processos eleitorais, por princí-
REGISTO: 001/GABINFO-DEC/2006 e a interpretação que foi fei- os votos disputados ao nível pio, em todas as partes do mun-
IMPRESSÃO: Lowveld Media - Mpumalanga ta, no ano passado, foi de que da Mesa eram metidos em sa-
(Continua na página 26)
nós estávamos a dar prioridade cos invioláveis, eram levados
Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 5
Destaques
H
ouve a professo- cida orgânico fosfórico. O caso
ra Inês, mãe de foi entregue à PIC e, na altura,
Manuel de Araú- estava a ser seguido pelo direc-
jo, que ficou sem tor do SERNIC, Ilídio Miguel.
casa, incendiada no auge da Conspiração ou não, Ndambi
intolerância política. Houve Guebuza fez referência a esse
Filipe Nyusi a dançar “valim- episódio na audição que legali-
ba”, “batuqes” e, no momen- zou a sua prisão, apesar de não
to mais alto, até o estilo “hip ter dado todos estes detalhes.
hop”, à moda “mecânico”. Mas as acusações da famí-
Houve Florindo a queimar as lia Guebuza fazem parte de
suas muitas calorias, a sub- uma narrativa que também
meter a sua massa corporal, foi debitada pelos aficiona-
habituada a carros de luxo, dos de Filipe Nyusi, mais ou
a marchas a pé e, às vezes, menos nos mesmos moldes.
a agachar-se pedindo votos Lembram-se da reunião de
para o pai. Houve Bilal “Oba- quadros do partido Frelimo que
ma” Dhlakama, o filho sensa- se realizou em Abril de 2018,
ção de Afonso Dhlakama, que em Mocuba? Essa reunião não
animou a campanha, tornan- teve encerramento. Porquê?
do-se “viral” no público femi- Nyusi, que devia discursar no
nino, que lhe apreciava outros Sem motivos para dançar nem sorrir, Armando Guebuza recusou-se a aderir à campanha eleitoral encerramento, estava numa
atributos, não necessaria- cama na residência oficial do
mente políticos. Capitalizou Estado, untado com sal nas
rar o público tomando parte a provocação veio de Óscar quando afirmou que houve mãos e nos pés e inconsciente.
isso em favor de um Ossufo em várias cerimónias públi- Monteiro, uma “velha raposa”. uma tentativa de envenenar
Momade que surpreendeu na O que acontecera, segundo
cas, até que decidiu comentar Guebuza, que estava isolado e toda a família Guebuza usando se diz, é que, durante o almo-
comunicação, quando havia a dívida oculta com a céle- abalado com a vaga de prisões uma sobremesa, um pudim. Se,
muitas reservas. Houve Da- ço, a comida que foi servida a
bre frase “Há muita poeira”. de pessoas do seu círculo, dis- por um lado, essa declaração Filipe Nyusi e à sua mesa esta-
viz Simango a sacar da algi-
Mas a sua não comparência se: “Nós não estamos unidos podia caber numa estratégia de va envenenada. Nyusi teve de
beira um maço de dinheiro
na formatura para a campanha como devia ser. O tribalismo defesa para desviar a atenção ser desintoxicado. Na mesma
vivo para comprar tomate a
eleitoral não é nada mais, e está forte. Ainda fraco para a da questão principal, que é o leva, ficou também envenena-
umas vendedeiras que tive-
nada menos, que a confirma- dimensão e tamanho da Freli- envolvimento dos que rodeiam da a sua secretária particular,
ram sorte. Houve quem não
ção do azedar de relações en- mo, mas, se nós deixarmos ele Guebuza, por outro lado cons- Adelaide Chongo, que teve
teve sorte e morreu esmagado
tre Armando Guebuza e Filipe continuar, voltamos para 1962, titui uma narrativa sinistra de de ser internada no Hospital
no Estádio “25 de Junho”, em
Nyusi, que atingiu o ápice com com a diferença somente de ter- zanga de camaradas, que en- Militar. Ana Rita Sithole tam-
Nampula. A má sorte atingiu
a prisão do seu primogénito, mos um país independente. (...) controu a cura na administra- bém teve de ser desintoxicada.
também os que capotaram
Ndambi Guebuza, no início E. já agora que falamos disso, ção de substâncias venenosas Mesmo com todo este enre-
num camião no Songo, no ha-
do ano, acusado de ser o elo também é claro que devemos em alimentos de uns contra os do, nada fazia prever que Ar-
bitual transporte de eleitores
de ligação mafiosa nas dívidas compreender que a Frelimo outros. Fábula? Nem por isso. mando Guebuza, um comissá-
para dar ideia de enchentes.
ocultas. O sino do estalar do é nossa. A Frelimo é nossa. A família Guebuza, atra- rio político de craveira, pudesse
Houve Joaquim Chissano a
verniz já havia soado quando Igualmente de cada um de nós vés do seu grupo de choque, distanciar-se da Frelimo, ainda
arrastar-se, e Lurdes Mutola
o grupo de Armando Guebu- que está aqui, e de cada um dos distribuiu, na mesma semana, que se distanciasse de Nyusi
em operação que não se sabe
za mandou gravar Celso Cor- quatro milhões e meio de mili- um boletim de um diagnós- como forma de protesto contra
bem se de esforço ou reforço.
reia, o maestro da orquestra tantes que aqui se encontram. tico de laboratório feito ao a prisão do filho e da sua equipa
Houve de tudo na campanha
chefiada por Nyusi. Este não (...) Isso é caça às bruxas. Isso pudim, em que se comprova de trabalho. Mas o facto é que,
eleitoral, mas não houve Ar-
gostou da divulgação da gra- é caça às bruxas. É possível que que, nesse pudim, tinha sido em quarenta e cinco dias, houve
mando Guebuza, ex-Presi-
vação e interpretou como sen- nos dez anos em que eu estive, introduzida uma substância. de tudo na campanha eleitoral,
dente da República e membro
do uma mensagem que visava eu também cacei bruxas. Se eu Segundo apurou o “Canal mas não houve o comissário
dirigente do partido Frelimo.
enfraquecê-lo atingindo o seu fiz, fiz mal. Deviam-me ter dito de Moçambique”, o caso deu- político Armando Guebuza. De
Odiado por uns e amado por
“homem das soluções”. Desde isso. Ainda estão a tempo de me -se em Julho de 2017, quando resto, na lista da Comissão Na-
outros, Guebuza não apareceu cional de Eleições que indicava
na campanha eleitoral, vio- então, nada passou a ser como dizer para poder compreender”. a ex-primeira-dama provou um
onde cada dirigente do Esta-
lando os deveres estatutários antes. Inês Moiane foi presa Guebuza confirmava assim, pudim que ia ser servido como
do, incluindo ex-Presidentes
do seu próprio partido. Desde no mesmo grupo de Ndam- o mal-estar que o afectava. Já sobremesa num jantar de famí-
da República, iriam votar na
que o escândalo das dívidas bi Guebuza. Em Fevereiro. antes, em Fevereiro, uma de- lia e constatou que havia sido
terça-feira, não aparecia o
ocultas foi destapado, Gue- Em Maio, na reunião do Co- claração espampanante de Ale- lá colocado um produto que
nome de Armando Guebuza.
buza passou por um calvário mité Central, Armando Guebu- xandre Chivale, o diligente ad- queimava. O tal pudim foi leva-
Foi discretamente votar na
ditado pela opinião pública za pediu a palavra para “explicar vogado da família Guebuza, à do ao laboratório, em nome de Escola 3 de Fevereiro, con-
e optou por aparecer menos. umas questões”. Era a primeira saída da audição que legalizou uma outra família, para análise, firmando, assim, a sua zanga.
Mas, depois, percebeu que era vez que reagia com substância a prisão de Ndambi Guebuza, e o resultado, segundo o bole-
má estratégia. Decidiu enca- perante os seus camaradas. E deixou meio mundo perplexo, tim em nossa posse, e que foi de Moçambique
6 Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Editorial
Q
uando o jornal estiver nas mãos do estimado leitor, já gos podia ser favorecido e com devida compensação aos favorece-
teremos todos ido às urnas e teremos votado pelo futu- dores, mas isso não lhes estava a construir o país. As gentes dessas
ro do país. Muito provavelmente estaremos na gestão grandes democracias chegaram a um ponto comum em que concor-
de expectativas dos resultados que nos poderão ir chegando. O daram que, afinal de contas, eram todos filhos dessa terra, não ha-
presidente da Comissão Nacional de Eleições já disse, em en- vendo os predestinados para uma e outra posição no cenário político.
trevista exclusiva inserida nesta edição, que não haverá divul- E é assim que se constrói um país credível, quando os cida-
gação parcial dos resultados, para, alegadamente, não criar dãos desse país estão muito acima dos seus partidos e conver-
agitação. Os resultados só sairão consolidados a nível das Co- sas de grupo ou de domínio de uns sobre os outros e começam
missões Distritais para as Comissões Provinciais três dias de- a pensar em criar condições de convivência recíproca sem que
pois da votação e com todo o risco que o passado já nos ensinou. ninguém se sinta estrangeiro ou leproso dentro do seu próprio
Mas o mais importante de tudo é que quase todos já temos a país. A esse estágio, chamam-lhe responsabilidade pelo país.
consciência de que o problema maior dos conflitos no país são as E é exactamente o que nos recusamos a ter a todos os níveis. Esse
eleições, e os órgãos eleitorais pouco têm feito para mudar uma descompromisso com o país é o que nos faz estar onde estamos.
imagem de total falta de credibilidade. Atribuir essa crença na Quando, por exemplo, com a noção de que uma má gestão eleito-
descrença nos órgãos eleitorais ao alegado comportamento dos ral levou o país à guerra e a umas negociações mal, que acabaram
dirigentes do partido no poder parece-nos um expediente de auto- em remendos de última hora, e, mesmo assim, os titulares do Es-
-desresponsabilização. É claro que qualquer cidadão com diligên- tado continuam a agir no sentido de colocar mais gasolina na fo-
cia mediana é capaz de perceber que, de eleição em eleição, os gueira, é sinal inequívoco de que não há compromisso com o país.
órgãos eleitorais, incluindo os tribunais, têm simplesmente jogado
A não evolução na forma de proceder revela desinteres-
a favor do partido no poder, esmagando toda a lógica dos factos.
se com a nação actual e também a falta de uma perspecti-
Podemos fingir que isso não é nada, tal como podemos fingir va futurista de que o país e as suas instituições irão continuar
que isso é conversa da oposição. Ou até podemos tramitar um e que as pessoas essas é que passam, cabendo à História jul-
velho argumento segundo o qual é normal que as eleições em gar a sua contribuição para a construção ou destruição do país.
Moçambique sejam das mais porcas possíveis, alegadamente por-
Por exemplo, se, em pleno dia, é possível que agentes da Polí-
que somos neófitos em matéria de democracia, e socorremo-nos
cia devidamente identificados crivem de balas um cidadão, como
daquele dito que postula que não podemos comparar-nos com
aconteceu em Gaza, é sinal de que, no Estado, há gente que nunca
países que já tem cem anos de democracia. Um argumento todo
devia ter lá estado. E se essa gente está lá por obra do crime, é um
ele esfarrapado, com o fim de acobertar o banditismo eleitoral.
exercício de natureza estéril exigir a essas gentes postura de Esta-
Ainda bem que foi o próprio presidente da Comissão Nacional de Elei- do. Não é possível, porque essa gente mal sabe o que é o Estado.
ções, o “sheik” Abdul Carimo, que nos disse que o Órgão que dirige
E é isso a que nos permitimos chegar hoje. Não há um tracejado claro
tem consciência que carrega nas mãos uma botija de gasolina e uma
sobre onde começam as pessoas e onde começa o Estado. A mescla
tocha de fogo, para dizer que qualquer actuação desconforme pode
que se permitiu para olear o culto da irresponsabilidade, do descom-
degenerar em verdadeiro incêndio ao país, com danos para todos.
promisso, com o bem-estar colectivo levou-nos a este ponto, onde,
A questão que se coloca, neste momento, é: será mesmo ver- agora, nem a farda do Estado tem algum significado de integridade.
dade que nós não temos capacidade de organizar um processo
Quanto a nós, achamos que o povo já demonstrou que tem
eleitoral inspirado na lisura, onde o vencedor é, de facto, quem
muita vontade de viver e de tentar construir um país sério. Re-
o povo indicou, em sufrágio, para o representar? A resposta é:
sulta cristalino que o povo tem aspirações fundadas na boa-
“Sim”. É possível. É possível, sim, organizar uma eleição cre-
-fé, no trabalho e na moralização do Estado e das suas ins-
dível. A questão é se existe, ou não, interesse para o efeito. A
tituições. E se o povo é portador dessas nobres aspirações,
resposta é: “Ainda não”. Ainda não está demonstrado que exis-
há-de ser também claro que, em alguma banda devidamen-
ta interesse, por parte de alguns senhores armados em “do-
te identificada, esses valores e anseios não são partilhados.
nos disto tudo”, na normalização do país e dos seus processos.
Vai daí que as coisas são feitas como se as consequências do que se
Achamos nós que não existirá um ano específico em que acordare-
faz não fossem da conta dos que o fazem. Como se os que o fazem
mos todos já preparados para a realização de uma eleição credível.
não vivessem no país em que o fazem. É preciso evoluir, em nome
Isso é pura conversa. Essa conversa de que as grandes democracias
de um país que ainda é possível concertar. Recusamo-nos a achar
levaram anos para se firmar, para justificar as tropelias que têm ca-
que este país já não tem mais concerto só porque uma clique achou
racterizado as nossas eleições, é apenas um expediente para ganhar
que assim deve ser. Recusamo-nos a acreditar que os milhares de
tempo e legitimar entidades ilegítimas que, em parelha com a admi-
braços e mentes dos moçambicanos não são capazes de perspec-
nistração eleitoral, esfolam a vontade popular no altar da sacanice.
tivar alguma coisa boa para a generalidade dos moçambicanos. É
Essas grandes democracias de que se fala não tiveram de atingir um possível um outro país em que cada um se sinta livre de escolher as
ano específico. Tiveram, em primeiro lugar, de aprender com os melhores opções para si e para os seus, em que o Estado esteja aci-
processos anteriores e chegaram a um ponto em que todos os cida- ma, de forma insuspeita, como bússola moralizadora da sociedade.
dãos compreenderam que, no fim de contas, até um grupo de ami- de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 Publicidade 7
8 Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Opinião
E
xmo. Secretário- da por 300 mil eleitores fan- tende no voto a possibilida- e diplomático, apelando ao que liberte o nosso país da
-geral das Na- tasmas de Gaza, ao mesmo de de manter um sistema de Governo capturado pela elite suspeição e o conduza para
ções Unidas, tempo que se cerceia e se blo- governação assente no nepo- dominante no sentido de se longe da dominação de uma
queia às organizações da so- tismo, no amiguismo, numa identificar com o postulado máfia, desencorajando o radi-
Sou escritor, pesqui-
ciedade civil a faculdade de nos artigos 1, 2 e 3 da Cons- calismo de qualquer espécie,
sador, artista plástico e jorna- incúria que concorre em de-
exercerem a observação elei- tituição da República, onde o como o uso da força policial,
lista moçambicano. Escrevo trimento da satisfação das
toral na referida província e escopo é que a maioria esma- da polícia secreta, para intimi-
a V. Excia. preocupado com necessidades da maioria, em
nas de Zambézia e Nampula; gadora não pode ser desres- dar e impor o estado de terror
a progressiva incidência da recursos que o país oferece;
peitada e marginalizada dos psicológico e físico sobre os
violação da lei constitucio- 2. São mais de quinze mil 4. Esta prática reincidente im- comícios de 15 de Outubro, a fiscais da oposição, enquan-
nal, no Estado moçambicano, observadores impedidos de pede que se tenha um novo criação de um clima favorável to aos membros do regime
a suspensão temporal desta, participarem activamen- Moçambique, porquanto an- à livre participação política e está garantida a imunidade.
pelo regime no poder. Tal te na fiscalização eleitoral, teriormente petições a justeza a acomodação do papel a ser O Exmo. SG deve estar ciente
decorre do autoritarismo, da por este sistema de anorma- desta forma de referendo foi desempenhado pela sociedade da importância do desempe-
sua propensão pelo controlo lidade constitucional, que negligenciada e tomada le- civil nacional e internacional. nho destas eleições na instala-
do sistema eleitoral e as ins- decorre da suspensão do vianamente por diversas ob-
tituições estabelecidas para a Pretendo ainda que o Exmo. ção da democracia e restabele-
Estado de Direito, o qual servações da União Europeia,
gestão da mesma, impedindo SG da ONU chame à cons- cimento da confiança do país
voltará a vigorar no período permissíveis e caridosas ao
consequentemente o princi- ciência ao Governo para a nas relações externas, afecta-
pós-eleitoral, para garantir refrão que deram os resultados
pal pressuposto do exercício responsabilidade que implica das por uma fraude de 2,2 mil
que o regime depois de se de eleições por “livres, justas defraudar o sistema de voto milhões de dólares, pela mes-
de direito a “voto igual”, num e transparentes, com irregu-
proclamar vencedor passe democrático livre, limpo e ma máfia que governa o Esta-
Estado de Direito, criando laridades insuficientes para
a dar clemência a cidadãos transparente, alertando-o a do, além da memória triste de
condições para a emergên- alterar os resultados finais”;
presos no dia da votação, pôr de lado os pequenos in- duas guerras civis em menos
cia de um conflito armado
como tem sido da praxe: jor- Todavia, sabe-se hoje que o teresses e favorecer o mais de dez anos, de consequências
pós-eleitoral, pelo seguinte:
nalistas, activistas e mem- número daqueles eleitores fan- alto e nobre desiderato, a nefastas, apesar da assinatura
1. A orgânica constitucional, bros de partidos de oposição; tasmas discrepa, por as estatís- NAÇÃO e o ESTADO uni- recente do Acordo de Paz De-
não obstante justa, não ga-
3. O modelo de eleição tri- ticas preverem que em tempo dos depois das eleições. finitiva, o que, no meio deste
rante que todos os cidadãos
bal com que o regime pre- real tal seria possível em 2040. Solicito de V. Excia. SG da cenário, nada garante a sua
gozem de iguais direitos, o
tende renovar o exercício de A obstrução da observação ONU um apelo à casta que durabilidade, sabendo que a
tratamento dos potenciais
poder visa garantir o acesso favorecerá essa anormali- capturou o Estado no sentido insurgência continua armada.
eleitores dos círculos eleito-
rais é diferenciado, fazendo diferenciado dos cidadãos dade, que consistiu na infla- de ceder e passar a trabalhar A bem da Nação,
emergir uma forma de “apar- aos recursos económicos, so- ção de 13 anteriores assen- em conjunto com os obser- Subscrevo-me mui-
theid” que pretende legiti- ciais e o usufruto dos direitos tos de Gaza para 22 actuais. vadores eleitorais nacionais e to cordial e atentamente,
mar por via de fraudulenta humanos entre os cidadãos, Pretendo com esta exposição internacionais, nos referidos
Adelino Timóteo.
votação um Governo assente favorecendo uma oligarquia solicitar que V. Excia. desem- comícios, em todas as assem-
bleias de voto, num plano de Moçambique
numa votação tribal, garanti- e uma cleptocracia, que pre- penhe um papel construtivo
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ASSINATURAS www.canal.co.mz
de Moçambique
Pacote Período de Contrato Período de Contrato
6 Meses 12 Meses
Opinião
C
om a entrada em casos, aplica-se imediata- LOJ), tendo, a partir dessa mínimo em vigor na Fun- balho em razão do valor.
vigor duma lei na mente a lei nova (art. 142.º). altura, a alçada dos tribunais ção Pública, sendo acima de É que a anterior LTT
pendência de um Se uma lei nova altera as re- judiciais de distrito passado 200 salários mínimos, para não previa a alçada e dis-
processo, ape- gras sobre a expedição dos a ser 25 vezes o salário míni- os tribunais de trabalho de punha, no art. 13, que os
nas os actos posteriores à recursos, aplica-se de ime- mo nacional (art. 38, nº 1 da província e até 200 salá- tribunais provinciais de
sua entrada em vigor serão diato aos recursos interpos- LOJ), quando no domínio rios mínimos para os tribu- trabalho eram competen-
praticados de acordo com a tos, mas não expedidos. Não da lei antiga30, a alçada dos nais de trabalho de distrito. tes, independentemente do
nova lei, sendo que os actos é o que ocorre com a LTT. tribunais judiciais de distri- Contrariando o regime valor da causa, para conhe-
praticados antes da entrada Já nos casos das condi- to de primeira classe era de da alçada da LOJ, o legis- cer das questões que exce-
dessa lei ficam salvaguar- ções de admissibilidade dos 25 vezes o salário mínimo lador não indicou um va- dam o valor fixado como
dados, porque foram prati- recursos, a solução merece nacional e a dos tribunais lor fixo da alçada mas sim limite da competência dos
cados na vigência duma lei alguma atenção, justamente judiciais de distrito de se- valores “acima de 200” e tribunais de escalão infe-
que os admitia. Apesar de porque nela tem impacto a gunda classe era de 10 vezes “até 200”, quando deveria rior, enquanto aos tribunais
a lei ser de aplicação ime- alçada29 que, foi, a exem- salários mínimos nacionais. ter dito “a alçada é de ”o distritais de trabalho não se
diata, a forma dos actos é plo do que ocorre na LOJ, Com o novo regime legal, que, bem vistas as coisas, indicava a competência em
determinada pela lei que fixada na LTT (art. 6). Na o novo valor da alçada dos impede recurso em mui- razão do valor. Sendo assim,
vigora no momento em que jurisdição comum, a alçada tribunais judiciais de distri- tos casos, designadamente as regras determinativas de
são praticados. Esta questão determina a forma de pro- to, aplica-se a todas as de- naqueles casos em que se competência em razão do
ganha relevância uma vez cesso aplicável (art. 462.º cisões proferidas depois da trate de acções inferiores valor dos tribunais de tra-
que no âmbito da antiga lei, do CPC) e por ela se afere data da sua entrada em vi- a 200 salários mínimos, balho, eram as mesmas dos
a forma dos actos proces- a possibilidade ou não de gor, ou seja, na data da noti- uma vez que, da decisão tribunais judiciais, justa-
suais seria a mais simples recurso (art. 305.º, n.º 2 do ficação da decisão, as partes aí proferida não haverá re- mente porque estes exer-
e adequada ao apuramen- CPC). Duas questões podem devem analisar se o valor curso, justamente porque o ciam, transitoriamente, as
to da verdade e à obtenção ser levantadas: quanto à for- da causa excede ou não a valor da causa (inferior aos respectivas competências.
de uma solução justa (art. ma de processo aplicável às alçada dos tribunais judi- tais 200 salários mínimos), Colocado o problema nes-
21, n.º1), quando na nova acções abrangidas pela mo- ciais de distrito para ver se, não excede a alçada do tri- tes termos, ou seja, tendo
lei ainda que se mantenha dificação da alçada e quanto nesse caso, haverá ou não bunal de que se recorre, ficado evidente que a LTT
o mesmo princípio (art. 27, à admissibilidade de recur- recurso dessa decisão31, quer seja tribunal de traba- não indica os valores deter-
n.º 1), impõem-se que a pe- sos das decisões proferidas sendo, pois, irrelevante a lho de distrito ou tribunal minativos de competência e
tição inicial ou requerimen- nas acções compreendidas alçada que vigorava na data de trabalho de província. não indica o valor da alçada
to possa ser apresentada por na área de modificação. No da instauração da acção. Parece, pois, que a forma – ou indica, mas de forma
escrito ou oralmente (art. que respeita à forma de pro- Do mesmo modo, na ju- como está elaborado o art. 6 deficiente –, a questão que
27, n.º2). VIII. Se quanto à cesso, na jurisdição laboral, risdição laboral, o novo re- da LTT visava, tão somen- se coloca é se haverá ou não
competência e ao formalis- a questão não se levanta, gime das alçadas aplicase te, fixar a competência dos recurso das decisões com o
mo processual, os proble- pois, tal como ficou assente, a todas as decisões profe- tribunais de trabalho em valor inferior a 200 salários
mas da aplicação da LTT justamente porque a LTT in- ridas depois da sua entrada razão do valor, sendo que mínimos que corram termos
não são difíceis de identifi- dica qual é a forma de pro- em vigor. Essa seria uma os tribunais de trabalho do nos tribunais de trabalho
car e solucionar, já no que cesso, cujo regime se man- solução fácil se o legisla- distrito seriam competen- de província ou nos tribu-
se refere aos recursos e à tém idêntico ao da lei antiga. dor tivesse determinado tes para conhecer de causas nais judiciais de província
alçada, os problemas são fá- O novo valor da alçada um valor fixo para a alçada. até 200 salários mínimos, quando exerçam, transito-
ceis de apontar mas difíceis aplica-se a todas decisões Como referimos, a alçada é enquanto os tribunais de riamente, as competências
de resolver. No âmbito dos proferidas após a sua entra- o valor até ao qual ou dentro trabalho de província se- dos tribunais de trabalho.
recursos há vários aspectos da em vigor, mesmo que se do qual os tribunais julgam riam competentes para co-
*Antigo Bastonário da Ordem
que devem ser considera- refiram a acções pendentes sem recurso. É, por isso, nhecer causas superiores
dos Advogados. Comunicação
dos, desde logo porque há na data em que principia a um valor fixo, que permi- a 200 salários mínimos. apresentada no dia 23 de Setem-
normas sobre as condições vigorar. Na jurisdição co- te estabelecer a relação da Aliás, não estabele- bro de 2019 no Seminário realiza-
de admissibilidade e de mum, um dos exemplos que causa com a alçada do tri- cendo isso o art. 6, cons- do pela Faculdade de Direito da
tramitação dos recursos. A podemos apontar, tem a ver bunal (art. 305.º do CPC). tata-se que a LTT não UEM, organizado pela FDUEM,
tramitação de um recurso com a extinção da classifi- Nos termos do art. 6 da estabelece os valores de- Associação Moçambicana de
constitui um formalismo cação dos tribunais judiciais LTT a alçada, que é deter- terminativos da compe- Juízes e Núcleo de Estudantes.
processual, por isso, nesses de distrito (art. 78, n.º2 da minada com base no salário tência dos tribunais de tra- de Moçambique
10 Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Opinião
O
assassinato de o recado para não continuarem no que os esquadrões da morte que foram assassinados depois raptaram. Bateram até deixá-los
vozes que inco- a falar muito. Foram assassina- estão ao serviço da Frelimo e da independência e com as ins- coxos José Macuane e o jorna-
modam o regime é dos centenas de compatriotas cuja missão é matar a oposição tituições da justiça instalados lista Ericino de Salema. O juiz
uma moda que veio nossos, entre camponeses, ope- e a todos que pensam de modo em todo o território nacional. Dinis Silica passou pelo castigo
mesmo para ficar. Quem levan- rários, professores, incluindo diferente do regime. A Frelimo A Frelimo viola a lei desde que de ferro e fogo dos esquadrões.
tar a voz pode ficar a saber que, estrangeiros que chegaram ao tem uma força dentro das Forças o país se tornou independente. Américo Sebastião, empre-
mais dia, menos dia, vai ter de nosso país à procura de opor- de Defesa e Segurança ao seu Nunca respeitou a vida huma- sário português, foi raptado e
se confrontar com os esqua- tunidades de negócios, também inteiro serviço que serve para na. A vida, para a Frelimo, pesa assassinado pelos esquadrões da
drões da morte. É assim como não escaparam ao desespero raptar e assassinar a oposição, menos que uma pena de um morte da Frelimo, em Nhamapa-
o regime da Frelimo decidiu de um regime déspota, totali- como tem sido provado em di- pombo. Durante o conflito, fo- za, na província de Sofala. Para
resolver as suas diferenças com tário, corrupto e sanguinário. versas ocasiões. Os esquadrões ram descobertas valas comuns se desculpar, o presidente Filipe
o pensar diferente. Essa maneira Os esquadrões da morte são da morte pertencem à Frelimo e com centenas de corpos como Nyusi despachou o seu ministro
de agir vai prosseguir até que o forças treinadas para assassi- pagos pelo Estado moçambica- resultado de assassinatos de do Interior a Lisboa a fim de acu-
povo ganhe consciência de que nar indivíduos da oposição no. Os esquadrões da morte es- cidadãos nacionais cujo crime sar a Renamo sobre o desapareci-
está a incubar um regime tota- ou com ela confundidos. Eles tão na FIR/UIR. Estão no GOE era a suspeição de apoiarem a mento do cidadão luso. Duvida-
litário com tendência a fascista. vivem dos impostos dos cida- – Grupo Operativo Especial. guerrilha da Renamo. Alguns mos se a mentira colou mesmo.
Quando muitos pensavam dãos desde salários, fardamento A Frelimo vai usar os esqua- corpos eram jogados debaixo Mataram, a 24 de Janeiro de
que o assunto sobre os esqua- e equipamentos. As armas e as drões da morte para se impor da ponte. Vimos com os nossos 2017, em Tambara, posto admi-
drões da morte pertencia ao balas com que crivam as suas nestas eleições porque, de modo próprios olhos corpos debaixo nistrativo de Nhacafula, o profes-
passado, somos surpreendidos vítimas são subvencionadas pe- contrário, será derrotada de- de areia e com as mãos de fora. sor primário e delegado político
com um assassinato de gen- los impostos das suas vítimas. vido ao monte de crimes que Fernandes Baptista, Jossias distrital do MDM, em Tambara,
te cuja culpa é porque pensa Nós não tínhamos dúvidas, anda a cometer contra o povo Dhlakama, altos quadros mili- Mateus Filipe Chiranga. O seu
de modo diferente da maneira como nunca tivemos de que os moçambicano. A Frelimo está tares, foram presos, torturados, corpo foi encontrado em Mat-
como o regime deseja que to- esquadrões da morte sejam das podre por dentro e por fora. algemados dos pés às mãos, me- sinho, arredores de Chimoio.
dos tenham um “pensamento forças de defesa e segurança, Não tem por onde se lhe possa tidos em sacos de ráfia e jogados Agora foi a vez de Anastácio
comum da linha correcta”, tal recebem ordens dos dirigentes pegar. Há motivos bastante for- para o fundo do mar pela Freli- Matavele, membro da Sala da
era num passado recente em da Frelimo para aniquilarem tes para que todos os cidadãos mo, na Ilha de Moçambique, em Paz, activista social e obser-
que contrariar o regime cons- a oposição. Agora estão bem lutem para afastar do poder a 1981. Foram os esquadrões da vador destas eleições de 15 de
tituía um pecado mortal que identificados. Foram descober- Frelimo que representa um pe- morte da Frelimo que intenta- Outubro, como forma para inti-
poderia custar a própria vida. tos – são forças ao serviço da rigo real para os interesses do ram contra a vida do líder da Re- midar os observadores. A nossa
Antigamente, os que não co- Frelimo para matarem a quem povo moçambicano. Equivale namo, em Manica, em 2015, e maior inquietação consiste em
mungavam do pensamento do se oponha à Frelimo. Eles cum- pôr a corda ao pescoço e ca- o cercaram na sua residência, na saber quem será a próxima víti-
regime eram capturados e joga- prem a sua missão com esmero: minhar, decididamente, à for- cidade da Beira. Mataram o pro- ma. Quem mais consta na longa
dos num campo de concentra- quem discordar da Frelimo é ca certa, por isso, uma pessoa fessor Gilles Cistac, José Manuel, lista para ser abatido nos próxi-
ção, e alguns foram fuzilados morto. Quem pensar de ma- consciente não se dá ao pra- membro do Conselho de Estado, mos tempos? Com tais práticas
sem dó nem piedade, cujas tum- neira diferente da Frelimo, é zer de se enforcar a si própria. Manuel Lore, membro do Conse- criminosas, Filipe Nyusi entra
bas ainda jazem em lugares des- morto. Em Moçambique, pen- Várias centenas de cidadãos lho de Estado, Jeremias Pondeca, nos anais da História de Mo-
conhecidos, até aos nossos dias. sar diferente é ser inimigo. já foram assassinados pelos es- membro do Conselho de Estado, çambique como o patrono dos
Nos tempos de Filipe Nyusi, os Para aqueles que ainda du- quadrões da morte. A Frelimo Paulo Marchava, jornalista, Fran- esquadrões da morte que, dia
opositores ou os confundidos vidavam da proveniência dos sempre se socorreu dos seus es- cisco Donquene, comerciante da após dia, semeiam luto nas nos-
como tais, são raptados, assas- esquadrões da morte, agora de- quadrões para se livrar de vozes localidade de Sabeta, distrito de sas famílias, e não só. A Frelimo
sinados e atirados numa cova. pois do assassinato de Anastácio incómodas, dos que pensam de Tambara, assassinado à queima- é um grande perigo para os mo-
Os mais sortudos são torturados Matavele, em Xai-Xai, a 6 de modo diferente. Estamos re- -roupa dentro da sua banca sob çambicanos honestos e íntegros!
e quebrados os membros, com Outubro corrente, fica cristali- cordando dos “reaccionários” o olhar da sua esposa e clientes, de Moçambique
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Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 Publicidade 11
12 Publicidade Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
EXPRESSION OF INTEREST
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
Nacional
AJM/2019
18 Publicidade Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
EXPRESSION OF INTEREST
Eni Rovuma Basin B.V., Mozambique - Ensure that the treatment and final disposal
Branch, on behalf of Eni Mozambico S.p.A, facilities are appropriate and authorized;
invites interested companies to submit their
Expression of Interest for the provision of - Maximize recycling of Area A5-A Operator’s
WASTE MANAGEMENT SERVICES to support waste over other disposal methods;
operations in Area A5-A in Mozambique. - Drilling waste to be considered under this
category are:
SCOPE OF WORK
ll spent Synthetic-Based Muds (SBMs)
Eni Rovuma Basin B.V., Sucursal de Moçam- de disposição final sejam adequadas e autori-
bique, em nome de Eni Mozambico S.p.A, zadas;
convida as empresas interessadas a submeter a
sua Manifestação de Interesse para prestação de - Maximizar a reciclagem de resíduos do Opera-
SERVIÇOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS para au- dor da A5-A sobre outros métodos de elimina-
xiliar as operações na Área A5-A em Moçambique. ção;
Nacional
Organizações não-governamentais
repudiam assassinato de Anastácio Matavele
tuação seja esclarecida”, disse.
Csauteclaudio@gmail.com
láudio Saúte
“Não estamos intimidados”
U
m grupo de organi- – Joaquim Oliveira, FDC
zações não-governa- Joaquim Oliveira, do Fun-
mentais juntou-se, no do do Desenvolvimento
passado sábado, ao da Comunidade, disse que
coro dos que repudiaram o as- o acto realizado, no sába-
sassinato, no dia 7 de Outubro, do, por estas Organizações,
de Anastácio Matavele, activis- mostra a falta de medo.
ta social, para afirmarem que os “Não estamos intimidados.
desfavorecidos perderam um Estamos determinados a le-
dos seus melhores defensores. var avante a luta que Matavele
“A sociedade civil condena deixou. Temos de pensar dife-
veementemente este acto bár- rente. Temos o direito de nos
baro e insta os órgãos da Justi- associar, reunir, e o direito de
ça para que desencadeiem uma apontar aquilo que não está cer-
investigação aturada e célere to. Estamos a querer contribuir
para identificação e responsa- para fortalecimento do Estado.
bilização dos autores materiais Nós temos o espaço que é cívi-
deste acto macabro”, disse co. Depois de se ter dito muita
Fernando Simão da “Joint”. coisa pelos números de Gaza,
Acrescentou que a “socie- não dá para dissociar isto do
dade civil” está profunda- trabalho que Matavele estava
mente chocada pela tentativa a fazer como sociedade civil”.
de Moçambique
de intimidação e perante a
violação das liberdades de- contribuir para um processo
mocráticas, nomeadamente transparente, justo e livre e
o direito à vida, liberdade de nós, mais do que nunca, con-
expressão e de associação. tinuaremos firmes a fazer esse
Desconhecidos emboscaram
“Este acto cruel e sem jus- papel”, disse Paula Monjane.
tificação, em pleno período
eleitoral, esvazia completa- “É estranho”
mente o ‘slogan’ ‘eleições
livres, pacíficas, justas’, en-
fraquecendo todo um esforço
– João Uthui, GMD
João Uthui, do Grupo Mo-
çambicano da Divida, disse
e incendiaram viatura do
de paz e democracia no país,
agravando também o ambien-
que o assassinato de Anastácio
Matavele não deixa de ser es- administrador de Gondola
te de insegurança e retardando tranho, por ter sido executado
o processo de reconciliação.” por quem tinha o direito de ga- Jjosejeco@gmail.com
osé Jeco, na Beira local onde ele se encontrava.
O administrador não reve-
girem nenhum dos ocupan-
tes, e incendiaram a viatura.
rantir a segurança do cidadão.
U
lou a identidade do ocupante O ataque ocorreu na EN6, na
“Exigimos justiça” “Achamos estranho, porque m grupo de malfei-
da viatura que sofreu a agres- mesma zona onde têm ocor-
– Paula Monjane, CESC não sabemos o que é que está por tores, até agora a
são dos malfeitores, afirmou rido vários ataques armados.
Paula Monjane, do Centro detrás deste acto. Mas, o pior, monte, emboscou, na
apenas que acredita que o ob- A Polícia, em Manica, confir-
de Aprendizagem e Capacita- trata-se de indivíduos à solta, e a terça-feira, a viatura
jectivo era assassiná-lo e que mou o incidente, mas declinou
ção Sociedade Civil, disse que interpretação teria outra dimen- protocolar do administrador dis-
são. Estamos claros de que são os malfeitores pensavam que fornecer detalhes sobre a ocor-
Anastácio Matavele vinha fa- trital de Gondola, Mogne Can-
zendo trabalho da “sociedade agentes da Polícia afectos ao ele estava na viatura que se- rência. Este é o quinto ataque a
deeiro. O grupo feriu um dos
civil” e foi morto. “Neste sen- Grupo de Operações Especiais. ocupantes e incendiou a viatura, guiu com a equipa de avanço. alvos civis que ocorre em me-
tido, o nosso primeiro ponto Sendo pessoas que deviam pro- na Estrada Nacional Número 6. “Quando chegámos à zona nos de dois meses em Gondola.
é a justiça. Queremos exigir a teger o cidadão, estamos mal.” O administrador não se encon- onde iria ocorrer o encontro po- Os primeiros três ocorreram
responsabilização e esperamos Segundo João Uthui, o trava na viatura porque estava pular, fiquei a orientar uma reu- na segunda semana de Setembro,
que o Estado cumpra todos mais estranho ainda é que numa reunião com o chefe da nião de preparação, e a equipa tendo causado quatro feridos,
os procedimentos para que os esta instituição, a Polícia, localidade de Pinhananga, no de avanço saiu, e, quando chega- dois dos quais em estado grave,
criminosos, os mandantes do já reconheceu publicamen- âmbito da campanha eleitoral. ram à localidade de Pinanhanga, e danos materiais avultados nos
crime sejam encontrados. Este te, faltando explicar o que é Mogne Candeeiro confirmou zona de Nhatanga, foram ataca- camiões atacados. O quarto ata-
é o primeiro passo. O segundo que está por detrás deste acto. o facto ao “Canal de Moçam- dos. Acho que os atacantes pen- que aconteceu na semana passa-
passo, somos observadores, “Para nós, é um acto maca- bique” e disse que o ataque savam que eu estivesse no carro. da, tendo sido alvo um autocar-
‘Sala da Paz’, ‘Votar Moçam- bro e invulgar. Na nossa le- deu-se a cinco quilómetros de Houve um ferido ligeiro”, disse. ro de transporte inter-provincial
bique’, ‘Monitor’, CIP, entre gislação não há espaço para onde deveria realizar-se um Os atacantes fizeram parar “Nagi”. O ataque causou um
outros. Faremos um trabalho assassinos. Vamos usar os ins- comício no âmbito da cam- a viatura e dispararam vários morto no local e vários feridos.
de observação com vista a trumentos legais para que a si- panha eleitoral, sendo esse o tiros, sem, no entanto, atin- de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 23
Publicidade
Outras coisas e
sabores
Por: Da Glória Cumba
Chiken Mogou
Ingredientes
1-frango
2- mandiocas médias e de Boa qualidade
1l- de leite de Coco
Sal qb
2- cebolas privadas
6-dentes de algo
mistura de especiarias a gosto
4- folhas de loiro
2-paus de canela
1-colher de açafrão
2- colheres de gengibre ralado
2- tomate ralado
Modo de preparar
Numa panela, coloque a cebola e fitar em dois fios de azeite
até dourar, acrescente o alto e o açafrão e logo depois o
frango previamente temperado com as especiarias, deixa
refogar até ficar bem cozido. Depois de tudo incorporado
acrescente a mandioca e o leite de Coco e deixa cozer.
Sirva quente e delicie-se
Dica: o ponto de cozedura é igual ao do doce de mandioca
24 Divulgação Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
DESTAQUE RURAL Nº 73
08 de Outubro de 2019
João Mosca
A agricultura de pequenas explorações (sector familiar/cam- dos ao aumento do número de parcelas (2,6 milhões de hecta-
poneses) representa 99% das explorações agrícolas do país. res em 1961 e cerca de 4 milhões em 20154),em consequência
Estes produzem todo o algodão, amendoim, batata-doce, caju, do crescimento demográfico. Ainda com excepção do milho e
feijões, mandioca, mapira, milho, tabaco, entre outras culturas da mandioca, a oferta de outros de bens alimentares “básicos”
alimentares e de rendimento. Os médios e grandes produtores (arroz, feijões e amendoim) de produção nacional por habitan-
produzem açúcar, soja, arroz (uma parte), batata-reno, cebola, te, entre 1961 e 2017, decresceu variavelmente em cada um
hortícolas. Os produtos pecuários não são referidos neste texto.dos bens alimentares5. A produção nacional satisfazia as neces-
sidades alimentares, segundo a dieta definida pelo Ministério
Sobre estes produtores, o único que se pode ler nos documen- da Saúde, em 73% em arroz, 38% em milho, 44% em feijões e
tos oficiais do Governo e dos ministérios de tutela, é o que 73% em amendoim.
designa por “agricultores emergentes”, isto é, a transformação
de pequenos em médios produtores, sobretudo pela ampliação O mesmo não acontece nas culturas considerados como com-
das áreas por introdução de máquinas e o chamado pequeno modities. As produtividades do açúcar, do algodão e do tabaco
“agricultor comercial”, referindo-se, sobretudo, aos produtores aumentaram com base, sobretudo, no incremento na utilização
que produzem sob contrato (out growers), como são os casos de insumos, assistência técnica e segurança de venda da pro-
dos produtores de algodão, tabaco, gergelim e feijão bóer e, em dução sob contrato com as empresas exportadoras. Estes bens
menor mas crescente escala, a cana-de-açúcar. sofrem uma primeira transformação, para facilitar a exportação
(por exemplo, o desfibração do algodão, o açúcar castanho sem
Com excepção da alta Zambézia e zonas contíguas da provín- refinação e a secagem do tabaco), isto é, para apenas poder
cia de Nampula, Norte de Tete (sobretudo relacionados com a exportar a matéria-prima para as indústrias de outros países.
produção de algodão, cana-de-açúcar, hortícolas e soja), o fe- As culturas de tomate, cebola e outras hortícolas, realizadas
nómeno designado por agricultores emergentes não acontece. maioritariamente por médios produtores, geralmente utilizam
Os médios agricultores, cerca de 1,3% do total das explorações sistemas de rega e usam sementes, fertilizantes, pesticidas e
e 2,3% da área agricultada1, são antigos agricultores do perío- possuem fácil acesso aos mercados e crédito, também tiveram
do final da colonização e elites locais que, sendo técnicos e incrementos de produtividade
dirigentes das antigas empresas estatais, se transformaram em
privados; existem ainda os que, beneficiando de créditos e de Além do decrescimento das áreas médias do sector familiar, da
outros benefícios, têm a actividade agrária como um comple- perda dos solos e das variações climáticas, cada vez mais fre-
mento da actividade principal, geralmente funcionários públi- quentes e de maior amplitude, as políticas têm contribuído para
cos e pessoas ligadas ao sistema do poder2. o deficiente desempenho da agricultura e, em particular, das
produções realizadas pelos camponeses. Os dados a seguir não
A área média cultivada pelos pequenos produtores, segundo deixam qualquer dúvida sobre a secundarização da agricultura
as Estatísticas Agrárias do MASA (2015), era de 1,1 hectares3. e, em particular, dos camponeses. Em 2015, 5% do total dos
Este mesmo indicador relativo ao ano de 2005 era de 1,5 hec- produtores utilizavam fertilizantes, 0,6% * tinham acesso ao
6
tares. Verifica-se portanto, uma redução da área média agricul- crédito, 4,3% dos agricultores tiveram, pelo menos, uma visita
tada pelo pequeno produtor. A produtividade, com excepção de um extensionista em um ano (2015). Quanto à utilização de
do milho e da mandioca e feijão bóer nos últimos anos, tem sementes, 7,4% dos agricultores utilizaram sementes melhora-
mantido ou diminuído nas últimas décadas. Estudos do MASA das, 3,7% de arroz, 3,6 de amendoim e 11,7% de feijão vulgar.
indicam perdas de fertilidade dos solos, o que é agravado por
elevada redução da cobertura florestal. Os incrementos de pro- As políticas públicas beneficiam os médios e grandes agricul-
dução dos bens essenciais alimentares são, basicamente, devi- tores. Os subsídios de gasóleo e as tarifas de água abaixo dos
Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 Divulgação 25
preços de mercado beneficiam menos de 0,5% dos produtores, São os países desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha,
todos eles de dimensão média e grande. As tarifas aduaneiras Reino Unido, China, França e China), os maiores produtores
baixas na importação de equipamentos e insumos (na maior e exportadores de produtos alimentares. A estes países, não
parte dos casos de 5%), beneficiam os utilizadores desses insu- interessa a emergência de novos países grandes exportadores
mos que são, igualmente, os médios e grandes agricultores. O de alimentos, impondo, inclusivamente, fortes barreiras alfan-
crédito a taxas de juro subsidiadas através de “linhas de crédito degárias. Seria, portanto, contra producente financiarem bens
especiais” ou do Fundo de Fomento Agrário (FFA) beneficiam alimentares em outros possíveis países, tornando-se em poten-
o mesmo tipo de produtores. ciais países agrícolas competidores.
A política da transformação dos pequenos produtores em Porventura, por detrás das opções das políticas, existem razões
“emergentes” ou comerciais, sobretudo com base na contra- ideológicas. A crença de que o camponês é incapaz de inovar e
tação para a produção de commodities, tem uma abrangência de se transformar por via das dinâmicas económicas e sociais,
limitada, tanto em termos de número de produtores, como de que é insensível aos sinais de mercado, o facto de o campesi-
cobertura espacial. As 3,9 milhões de parcelas, corresponden- nato não ser, aparentemente, uma actor político activo e não
tes sensivelmente ao número de famílias que tem a agricultu- constituir uma das bases sociais da reprodução do poder e dos
interesses económicos, a possibilidade de captura do voto a
ra como fonte principal de rendimento, mantêm-se excluídas.
custos de campanha eleitoral muito baixos em consequência
Não existem políticas específicas para o sector familiar ou, se
da pobreza e da falta de informação entre outras razões.
existem, não são suficientemente abrangentes e eficazes. Os in-
dicadores acima referidos evidenciam esta afirmação.
Em resumo pode-se afirmar: (1) existem evidências da secun-
darização do sector familiar, no contexto geral da não prio-
As políticas específicas para o sector familiar exigiriam recur-
rização efectiva da agricultura nas políticas governamentais;
sos muito superiores aos orçamentados. Os valores orçamenta- (2) escassos recursos internos do orçamento do Estado são
dos para o MASA e MITADER foram, em média, entre 2005 alocados à agricultura com consequências sobre as capacida-
e 2019, de cerca de 6% do orçamento do Estado e 1% do PIB des institucionais para o exercício de algumas funções do Esta-
nacional. Estes escassos recursos, reforçam a pouca capacida- do para a promoção da produção alimentar, com acentuada gra-
de institucional para os órgãos dos ministérios de tutela realiza- vidade nos órgãos locais; (3) interesses externos relacionados
rem as suas funções de Estado, como, por exemplo, a sanidade com a exportação de commodities integradas em investimen-
animal e vegetal, a investigação agrária, a extensão agrária, a tos de agro-negócio internacional; (4) razões ideológicas que
construção e manutenção de infra-estruturas produtivas, a resi- consideram os camponeses como agentes económicos pouco
liência contra as calamidades naturais, a existência de estatísti- eficientes e actores não integrados no sistema de alianças do
ca acessível (aberta ao público na internet) e para a implemen- poder político e económico.
tação de políticas agrárias eficazes, eficientes, de longo prazo
(estáveis) e de acesso fácil aos pequenos produtores e políticasA redução da pobreza e das desigualdades, da insegurança ali-
de preços e mercados. A baixa capacidade institucional é mais mentar e da resiliência às mudanças climáticas, pelo menos nos
acentuada a nível local (provincial e distrital). Da alocação or-
próximos bastantes anos, exige um desempenho mais efectivo
çamentada para o sector de agricultura entre 2005 e 2019, entre da agricultura e dentro do sector, das produções alimentares
60 e 90% ficou no orçamento dos órgãos centrais das institui- para o mercado interno e da participação de 99% dos produ-
ções de tutela. tores agrários, que representam perto de 70% da população e
cujos rendimentos dependem em cerca de 70% da agricultura.
Perante as realidades expostas, não é lógico que, embora a taxa Esta é uma mensagem que o Observatório do Meio Rural vem
da população pobre tenha baixado ligeiramente entre 1998 e enfatizando nos últimos anos e que todavia não foi acolhida
2014, o número de pobres, devido ao efeito demográfico, tem com a devida importância pelos centros de decisão política.
aumentado. Não é surpreendente que a pobreza nas zonas ru-
rais sejam mais elevada que nas cidades, que as províncias de Num dos próximos Destaque Rural são apresentadas algumas
maior potencial agrícola (centro e norte do país) sejam as mais propostas para a promoção da produção alimentar com destino
pobres e que as desigualdades sociais de agravem. ao mercado interno e produzida essencialmente pelos campo-
neses.
Por outro lado, os projectos da cooperação destinados à agri-
cultura e ao desenvolvimento rural concentram-se na promo- 1
Censo Agro-Pecuário de 2009.
2
Feijó, João e Dadá, Yasser (2018), Médios produtores comerciais no corredor da
ção de médios agricultores ou nos agricultores comerciais e Beira: dimensão do fenómeno e caracterização social. Observador Rural Nº 68.
para a produção de determinadas culturas (por exemplo, soja, Observatório do Meio Rural. https://omrmz.org/omrweb/wp-content/uploads/
caju, frutas e outras). Isto é, alguns parceiros internacionais Observador-Rural-68.pdf
3
Mosca, João (2017), Agricultura, diversificação e transformação estrutural da
(através de projectos, donativos) e o investimento externo (al- economia. Observador Rural Nº 47. Observatório do Meio Rural. https://omrmz.
godão, banana, tabaco, entre outras), promovem produtos de org/omrweb/wp-content/uploads/Observador-Rural-47.pdf
que necessitam exportar, utilizando sobretudo os modelos de 4
Estatísticas Agrárias de 2015.
5
Nova, Yara (2018), Agricultura: produz-se o que não se consome e importa-se o
subcontratação ou promoção de médios agricultores e agri- que se consome. Destaque Rural, Nº 62. Observatório do Meio Rural. https://om-
cultores comerciais. Não existem investimentos em produtos rmz.org/omrweb/wp-content/uploads/DR-62.pdf
alimentares para abastecimento do mercado interno, excepto o Estima-se que cerca de 90% dos fertilizantes são utilizados somente nas culturas
6
Nacional
(Continuação da página 04)
do, encerram conflitos à partida. ção. Muitas vezes os partidos cessário. As decisões da CNE descobrir se há algum erro, mas, e justificaram que estavam a
Nós temos consciência disso. A políticos e alguns dirigentes são tomadas por consenso e, infelizmente, a instituição pre- lançar dois anos depois por-
lei já vem com elementos para não se apercebem que eles têm na falta de consenso, por vota- feriu não nos chamar a atenção que tiveram muita dificuldade
diminuir o nível de conflitos. uma dimensão suprapartidá- ção. É assim que, infelizmen- a nós, correu para a imprensa e no processamento dos dados.
Canal – Mas a minha per- ria que ultrapassa a militância. te, está na lei. No mandato em a dizer que “nos distanciamos Que tipos de problemas eles
gunta não tem a ver com o Eles pensam que estão a falar que nós estamos, temos estado desses dados”. Nós não podía- tiveram, eu não sei. Nós até
primado da lei, mas com o somente para os seus partidá- a fazer esforços acima do nor- mos fazer o que eles fizeram, questionámos se precisava de
que acontece efectivamente rios e não se apercebem, mas mal para garantir que as deli- e eu não podia sair para a im- dois anos para o processamen-
como acção deliberada, ou quem os ouve aprecia-os. São berações sejam todas elas por prensa. Deveriam encontrar- to de dados. Não acham que
não, dos órgãos eleitorais. crianças, jovens que nem se- consenso, mas, como disse, -nos e ter conversado, porque é dois anos é demasiado tempo?
quer têm alguma ligação com nós não recorremos à votação assim que funciona um Estado. Mas, se calhar, a estatística
Abdul Carimo – Sei que
aquele partido. Então, quando, por uma questão de que não Canal – Senhor presidente, e uma área profunda, que eu
não é sobre a lei que está a não domino, mas o certo que
por exemplo, em campanhas vamos conseguir debater, não uma questão é o protocolo que
questionar, mas sobre outros é que usámos dados antigos.
eleitorais, se juntam crianças e é por isso. Em alguns momen- desagradou à CNE, outra coisa
aspectos do dia-a-dia. Nós, este Eles agora estão a usar os da-
as excitam para rasgarem carta- tos, e quando já estamos fora é a verdade dos factos. A CNE
ano, decidimos instruir todos dos novos, e nós já tínhamos
zes dos outros, ou os famosos do prazo, pelo menos a minha confrontou os dados do INE
os nossos órgãos de apoio a aprovado os nossos dados.
grupos de choque para panca- Comissão pauta pela discus- com os seus, com o objectivo
nível provincial e distrital para daria e confrontar-se com os Se calhar a sua pergunta se-
são, a gente faz várias rondas, de chegar à verdade? Não vos
que eles constituíssem aqui- outros, estamos a transmitir à ria: vocês não podiam ter fei-
interrompemos a sessão, fica- preocupa essa discrepância?
lo que nós falámos de painéis sociedade valores negativos. to nada? O que aconteceu foi
mos três, quatro dias para o
de gestão de conflitos, e, esses Nós pensamos que não, aquilo Abdul Carimo – O processo que nós ficámos de mãos ata-
mesmo assunto e argumentos,
painéis, nós instruímos que de- é só para campanha, mas não. de recenseamento inicia, no mí- das, porque entrou um recurso
tudo isso na perspectiva de dar
vem incluir líderes religiosos, Aquele jovem está a aprender, nimo, com seis meses de ante- no Conselho Constitucional,
intervalos e fazer consultas.
dois ou três cidadãos idóneos depois da campanha ele vai cedência. Os partidos políticos, e, quando o processo está no
da região, procurador distrital, Canal – A quem fa- órgãos de gestão eleitoral local,
aplicar em algum sítio, uma Conselho Constitucional, não
procurador a nível provincial, zem essas consultas? fazem, primeiro, o mapeamen-
criança está a aprender a ras- podemos mexer no processo,
assim sucessivamente. Nós gar panfletos e depois diz que Abdul Carimo – Temos to dos locais de recenseamento, porque somos parte suspeita.
pensamos e temos certeza de aquilo é normal. Portanto, a membros de partidos políticos com acompanhamento dos par- Terminou no Conselho Cons-
que que há tipos de conflitos grande questão está nos valo- lá, então eles consultam as suas tidos políticos, régulos e todas titucional, um dia depois já
pequenos locais que podem ser res. O que que uma Comissão estruturas. Uma pessoa como as estruturas do bairro, e a apro- estava na Procuradoria-Geral,
resolvidos localmente através pode fazer para que um cidadão eu, que estou a liderar um ór- vação é feita de forma hierárqui- e nós não podíamos fazer
de pessoas de boa vontade sem se sinta seguro? É extremamen- gão, nesses momentos impor- ca desde os distritos até a nível nada, porque somos a parte
que se tenha de recorrer aos te complicado, porque a nossa tantes começo a ver quais são os central, e o nível central não suspeita. Basicamente foi isso.
tribunais, que são as instâncias sociedade ainda não percebeu pontos de aproximação de uns e pode reprovar o que já foi fei-
superiores, porque esses pro- o que é realmente o processo outros e, nesses momentos cru- to a nível local. Este manancial
blemas, quando não são resol- ciais, quando dou um intervalo, enorme de dados, mandámos Canal – Mas, senhor pre-
democrático, a nossa sociedade sidente, o Centro De Inte-
vido localmente, à medida que pensa que quem faz as eleições começo a pedir encontros com publicar no Boletim da Repúbli-
eles sobem também s tornam dirigentes de um e outro parti- ca, depois no jornal “Notícias”, gridade Pública escreveu
são os órgãos eleitorais. Na uma carta a manifestar
grandes. E isso não é nenhu- verdade, se fossemos só nós, do. Portanto, esses são exercí- em Janeiro. Iniciámos o proces-
ma inovação da nossa parte. A cios que devem ser feitos em so de recenseamento eleitoral, disponibilidade para aju-
não precisávamos de nenhum dar a CNE, financiando até
África do Sul, a Zâmbia, têm cidadão para ir votar. Todos órgãos colegiais desta natureza. e estava tudo tranquilo. O INE
uma auditoria. Essa car-
esse sistema. Mas há um ou- nós somos importantes, cada Quando nós chegamos à ques- divulga os dados do Censo Po-
ta foi recusada. Porquê?
tro aspecto que é de extrema com um com o seu papel, para tão da votação, não é por exaus- pulacional de 2017 no dia 15 de
importância, que é o distancia- tão, mas por questões de prazos. Maio. Estávamos a quinze dias Abdul Carimo – Eu expli-
a credibilização das eleições.
mento entre nós. Isso eleva o do fim do recenseamento eleito- co. Na verdade, o partido Re-
Canal – As decisões da Canal – Há discrepância en-
nível de desconfiança. Quando ral. A pergunta que faço é: será namo, através do mandatário,
CNE, apesar de saírem como tre os números da CNE/STAE
uma pessoa diz uma coisa, en- que não foram verificar que nós imediatamente após o acórdão
colegiais, em momentos cru- e os do INE, e isso até levou
tão nós começamos a interpre- já tínhamos feito um mês de re- do Conselho Constitucional
ciais são por votos. E pela à demissão do presidente do
tar, “parece que queria atingir censeamento e estávamos preo- submeteu uma queixa-crime
composição e em termos prá- INE. O que se passou? Como
a mim”. Quando nos aproxi- cupados em terminar o recen- contra os órgãos de gestão
ticos, a Frelimo tem a maioria dois órgãos do Estado, tenta-
mamos, temos mais conversa, seamento com maior sucesso? eleitoral. A Procuradoria-
na CNE. Querendo buscar ram ver o que se passou, para
encontramo-nos muitas vezes Começámos a ver alguns arti- -Geral da República, que é um
consenso, não acha que essa se aferir quem estava certo, ou
e começamos a falar a mesma gos no jornal, de alguns pes- órgão de facto competente em
votação mina o processo logo houve extremar de posições?
linguagem e nós começamos quisadores, académicos. Nós razão notificou os nossos co-
à partida? Porque, primei- Abdul Carimo – Eu, pessoal- legas ao nível da província de
a fazer vários encontros políti- ro, sabemos que os vogais da estivemos em todas as pro-
mente, vou-lhe dizer que fiquei Gaza, e foram investigados. E
cos. A confiança não se constrói CNE, apesar de alguns até víncias eleitorais para ir aferir
admirado quando, de repente, quando a investigação estava a
de um dia para o outro, de um serem juristas, não são espe- até que ponto estávamos a rea-
vi uma conferência de imprensa ser feita, o CIP submeteu o seu
ano para o outro. Estamos num cialistas em Direito e, algu- lizar bem, ou não, o trabalho.
do INE a falar desse assunto em pedido. Não sei se existe algum
processo, mas eu penso que já mas vezes, acabam por tomar Canal – Está a querer dizer
plena conferência de imprensa. sítio do mundo em que, quando
avançámos, de certo modo. decisões por votos sem neces- que o INE é que está errado?
Penso que uma instituição do uma entidade como uma Pro-
Canal – Falou de confiança. sariamente um crivo jurídico. Estado o mínimo que devia ter Abdul Carimo – Nos até curadoria-Geral está a realizar
Como é que um órgão como Por exemplo, o que aconteceu feito era enviar um ofício dizen- poderíamos dizer que o INE uma investigação, você ainda
a CNE transmite confian- em relação à candidatura de do que “recebemos o que vocês nos induziu em erro, porque, leva a base de dados para dar
ça popular, na sua opinião? Samora Machel Júnior, a publicaram ou o que vocês apro- para iniciarmos com esse tra- a uma empresa privada não
Como é que se transmite CNE tomou uma decisão por varam da província de Gaza e balho, nós temos de buscar os sei de onde, para fazer a mes-
confiança com eleições fre- voto, mas essa decisão era er- não corresponde àquilo que é a dados no INE. Essa é a nossa ma auditoria no mesmo sítio.
quentemente conflituosas. rada e veio a ser rectificada nossa projecção, então temos de prática. Mas o INE não tinha Foi isso que nós dissemos ao
Abdul Carimo – Isso depen- pelo Conselho Constitucional. sentar”. E procuraríamos saber disponível os dados do último CPI, que não era oportuno.
de de um conjunto de factores: Abdul Carimo – Infeliz- quais são os erros, haveria de Censo. E, quando lançaram es-
sociais, políticos, leis, a educa- mente a votação é um mal ne- haver um alerta e nós tentarmos ses dados, eu estava presente, de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 27
Cultura
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CONDOMÍNIO
Localizado na Rua Dona Maria II n º 138 – Bairro
SOMMERSCHILD – MAPUTO, MOÇAMBIQUE.
Sede: Bairro Central, Av. Maguiguana, n.º 1049 | Casa n.º 65000 R/C | canal.i.canalmoz@gmail.com
A
Renamo exigiu, na Pondeca, Manuel Lole e tantos lícia que o seu Ministério tu-
semana passada, a outros concidadãos que foram tela”, disse André Magibire.
demissão do ministro mortos pelos esquadrões da Dos quatro elementos da
do Interior, Basílio morte”, disse André Magibire. Polícia envolvidos no as-
Monteiro, por considerar que Os esquadrões da morte fo- sassinato, dois estão deti-
ele é incompetente para com- ram criados pelo regime para dos. Trata-se de Euclídio
bater o crime que é praticado eliminar físicamente os opo- Mapulasse e Edson Silica.
por agentes da Polícia tutelados sitores ao regime. Mais tarde Euclídio Mapulasse está a
pelo Ministério do Interior. As estenderam as suas acções, receber cuidados médicos no
declarações foram proferidas, atacando docentes universitá- Hospital Provincial de Gaza,
em Maputo, pelo secretário- rios, membros de organizações na sequência dos ferimentos
-geral da Renamo, André Magi- não-governamentais, jornalis- que contraiu num acidente
bire, em reacção ao assassinato, tas e todos os que não alinham durante a fuga. Edson Silica
na segunda-feira, de Anastácio com o pensamento do sistema está detido na 2.a Esquadra da
Matavele, que era presidente vigente em Moçambique. Entre PRM na cidade do Xai-Xai.
do Fórum das Organizações as vítimas de assassinato estão Anastácio Matavele foi al-
da Sociedade da Província de Gilles Cistac, Jeremias Ponde- vejado por dez tiros no interior
Gaza e membro da “Sala da ca, Manuel Lole e Mahamu- da sua viatura, cerca das 11h00
Paz”, uma plataforma de ob- do Amurane. Os esquadrões de segunda-feira, na cidade do
servação eleitoral conjunta. raptaram e espancaram José Xai-Xai, quando saía de uma
A Renamo usou a ocasião Jaime Macuane, professor uni- acção de formação de obser-
para condenar o assassinato de versitário, e Ericino de Salema. vadores eleitorais. Saiu do lo-
Anastácio Matavele. A Rena- Balearam Manuel Bissopo, ex- cal com vida para o Hospital
mo diz que esse assassinato é -secretário-geral da Renamo. Provincial de Gaza, onde veio
triste e arrepiante por ter sido Depois do assassina- a morrer por volta das 13h00.
praticado por agentes da PRM. to de Anastácio Matavele, Os restos mortais de Anas-
Numa conferência de im- contra Anastácio Matavele. cio Matavele fazem parte a Renamo exige a demis- tácio Matavele foram a en-
pressa realizada na terça-feira, A Renamo considera que dos esquadrões da morte. são de Basílio Monteiro. terrar na quarta-feira da se-
a Polícia confirmou que foram os membros da Polícia que “Pelo móbil do crime, fica “Exigimos a demissão, e com mana passada, em Gaza.
os seus agentes que dispararam dispararam contra Anastá- claro que esses assassinos fa- efeitos imediatos, do ministro de Moçambique
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