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AO DOUTO JUIZO DA VARA DO TRABALHO DE XXXXXXXXXXX

MIGUEL GOMEZ, portador da CTPS 17171-71, sob CPF: 171.171.171-71,


PIS: 171.171.171-0, residente e domiciliado na rua Pedro Alves Cabral, 171 – Bairro:
Todos os Anjos/RJ, qualificação: xxxxxx e endereço completo: xxxxxxxxx, vem, à
presença de Vossa Excelência, por intermédio do seu advogado adiante assinado,
com procuração anexa, com escritório profissional no endereço completo: xxxxxxxx,
onde recebe intimação ou notificação, com fulcro no art. 840, caput e §1º, da CLT,
propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Pelo Rito Ordinário

em face de NORTE SUL LTDA, CNPJ de nº 171.171.171/0001-71, situada na


rua Morte Certa, 171, Bairro: Nova Iguaçu, qualificação: xxxxxxxxx e endereço
completo: xxxxxxxxx, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

I - PRELIMINAR DE MÉRITO

I.1 – Tramitação Preferencial do feito

Miguel é portador de Neoplasia Maligna.


Nos termos do art. 1048, I, do CPC, quando se tratar de empregado PORTADOR de
DOENÇA GRAVE, é cabível a devida tramitação preferencial do feito.
Pelo exposto, requer, a tramitação preferencial do feito.

I.2 – Gratuidade de Justiça

O reclamante requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do § 3º


do art. 790 da CLT, uma vez que o seu salário é de R$2.000,00, quantia essa que se
adequa ao parâmetro legal, assim, declarando não possuir condições de arcar com as
despesas processuais.
(declaração de hipossuficiência em anexo).

II - DOS FATOS

MIGUEL, iniciou o seu labor na Empresa NORTE SUL LTDA em 10/10/2000 à


10/02/2022, na função de: Operador de Raio X, com salário de R$2.000,00. No entanto,
teve sua CTPS assinada somente no dia 10/10/2015. Foi dispensado com justa causa
em 10/02/2022 em virtude de sua adesão à greve deflagrada na empresa no dia
10/12/2021, tendo como último salário a quantia de R$ 2.000,00.
Por tais circunstâncias fáticas e pelos acontecimentos que serão demonstrados alhures
(lesão do direito), maiormente motivada pela ilegalidade na dispensa.
Assim, outra saída não há, senão buscar amparo judicial para garantir todos os seus
direitos.

III - DO DIREITO

III.1 – DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA SEM JUSTO MOTIVO

A reclamada dispensou por justa causa, sem que o Reclamante tivesse cometido
qualquer falta grave. Para a configuração de justa causa, exige-se algum dos motivos
estabelecidos no artigo 482 da CLT, portanto o simples fato do reclamante ter aderido à
greve, que é um exercício regular do Direito, garantido pela Constituição em seu art.
9º, não se enquadra nos motivos previstos no artigo 482 da CLT.
A atitude da reclamada ofende o artigo 7º, I da CF/88, nossa Lei Maior, que visa a
proteção do trabalhador contra dispensa arbitrária, in verbis:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;

Desta forma, a dispensa por justa causa foi injusta, devendo ser considerada nula.
Vejamos o que diz nossa jurisprudência:

PROCESSO nº 0000541-14.2017.5.17.0010 RO

RECORRENTE: DANIEL FEITOSA RIBEIRO


RECORRENTE: DANIEL FEITOSA RIBEIRO
RECORRIDO: TELEMONT ENGENHARIA DE
TELECOMUNICAÇÕES S/A, TELEMAR NORTE
LESTE S/A. - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RELATOR: DESEMBARGADOR CLÁUDIO
ARMANDO COUCE DE MENEZES EMENTA
REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE
GRADAÇÃO DAS PENAS. A justa causa é medida
restritiva e a maior penalidade aplicável ao
empregado, exigindo não só prova robusta para
sua caracterização, mas também
proporcionalidade na aplicação da medida. E, por
se tratar do grau máximo de punição que pode ser
aplicado ao empregado, a doutrina estabelece certos
requisitos para a configuração da justa causa,
nomeadamente: a) gravidade da falta; b) nexo causal
entre a falta e a dispensa; c) atualidade da falta e d)
proporcionalidade entre a falta e a punição, com a
devida gradação das penalidades. In casu, resta
claro nos autos que a pena de dispensa por justa
causa ao autor aplicada é desproporcional e
inadequada, e não atende ao caráter pedagógico do
exercício do poder disciplinar, com a correspondente
gradação de penalidades. Recurso provido. (grifos
nosso)
“JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE GRADAÇÃO DA
PENA. DESPROPORCIONALIDADE ENTRE A
FALTA E A PENA APLICADA. REVERSÃO EM
DISPENSA IMOTIVADA. A rescisão contratual por
justa causa, pena máxima prevista na legislação
laboral, dada as graves consequências que acarreta
à vida moral e profissional do empregado, demanda,
por parte do empregador, prova robusta à sua
caracterização, isenta de dúvidas ou contradições,
além da observância de alguns requisitos para a sua
configuração, quais sejam: previsão legal, conduta
faltosa determinante, imediatidade,
proporcionalidade, gradação pedagógica e non bis in
idem. Na vertente hipótese, após extensa auditoria
interna realizada pela ré, apurou-se que o
reclamante desrespeitou determinadas normas
internas de procedimento, comportamento este que
poderia ser penalizado com punições mais brandas,
visando, assim, a conservar o vínculo empregatício.
Verificando, posteriormente, a ineficácia dessas
medidas, caberia, então, a aplicação da penalidade
máxima. No entanto, a ré desprezando todo o
histórico do obreiro no emprego, concluiu que seria o
caso de despedi-lo por justa causa, o que não pode
ser referendado, pois encerrou clara
desproporcionalidade na medida adotada. Recurso
Ordinário do reclamante a que se dá provimento,
nesse aspecto”. (TRT- 2 - RO:
00026199320145020271 SP
00026199320145020271 A28, Relator: SIDNEI
ALVES TEIXEIRA, Data de Julgamento: 23/09/2015,
8ª TURMA, Data de Publicação: 28/09/2015).

De igual sorte, a doutrina estabelece que para ser aplicada a pena de justa causa, faz-
se necessária a gravidade da conduta e o imediatismo da punição, vejamos:

“Os requisitos objetivos são: a gravidade do comportamento do empregado,


porque não há justa causa se ação ou omissão não representa nada; o
imediatismo da rescisão, sem o que pode desaparecer a justa causa
comprometida pelo perdão tácito com a falta de atualidade da dispensa em
relação ao conhecimento do fato pelo empregador;” (...) (NASCIMENTO,
Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 22 ed. p. 418)

Por tudo que aduziu, requer que seja considerada nula a dispensa sem justa causa,
devendo a mesma ser revertida para ser o Reclamante reintegrado ao emprego,
recebendo todas as verbas devidas ou indenizado, com o recebimento de salários
vencidos e vincendos durante todo o período de seu afastamento, assim como as
férias e terço legal e reflexos, 13º salário e reflexos, FGTS + 40% aviso prévio e
liberação de guias para seguro desemprego, até a data de seu desligamento.
III.2 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

O Reclamante trabalhou diretamente com Raio X durante 22 anos. Isto é, o reclamante


ficava exposto diariamente às radiações ionizantes.

Assim tem entendido o nosso Tribunal:

TRT-4 - Recurso Ordinário RO


00006436020125040402 RS 0000643-
60.2012.5.04.0402 (TRT-4)
Data de publicação: 01/08/2013
Ementa: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RAIO-
X . A comprovação do trabalho com exposição
habitual a radiações ionizantes (raio-X) gera o direito
ao pagamento de adicional de periculosidade.
Súmula n° 42 deste Tribunal.

TRT-4 - Recurso Ordinário RO


00010397420115040013 RS 0001039-
74.2011.5.04.0013 (TRT-4)
Data de publicação: 13/03/2014
Ementa: RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RAIO-X. A
exposição à radiação ionizante, seja pela operação
de aparelhos, pelo acompanhamento de pacientes
ou pela simples exposição em área de risco,
proveniente de aparelho de Raio-X, enseja o direito
ao adicional de periculosidade, nos termos da
Portaria MTb n° 3.393/87.

TRT-4 - Recurso Ordinário RO


371002119995040023 RS 0037100-
21.1999.5.04.0023 (TRT-4)
Data de publicação: 16/08/2001
Ementa: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RAIO-
X. O empregado que trabalha exposto aos efeitos
nocivos gerados pela radiação ionizante, nos termos
da Portaria 3.393/87, faz jus ao adicional de
periculosidade. HONORÁRIOS DE ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA. Na Justiça do Trabalho, somente a
assistência judiciária prestada pelo sindicato
representante da categoria a que pertence o
trabalhador necessitado enseja o direito à percepção
de honorários advocatícios, nos termos da Lei n°
5.584 /70, artigos 14 a 16 , no percentual nunca
superior a 15%. Entendimento jurisprudencial contido
no Enunciado de Súmula n° 20 deste TRT. (...)

O Reclamante não recebia adicional de periculosidade, portanto faz jus ao adicional


Correspondente pela exposição diária as radiações ionizantes.

III.3 - DAS HORAS EXTRAS SEMANAIS

O reclamante laborava de xxxx a xxxx de xxh às xxh, e aos sábados de xxh às xxh.

Totaliza assim, xxh. por semana, fazendo jus à 2 horas extras por semana, que nunca
foram pagas pela reclamada.

De acordo com o artigo 7º, XIII da CR/88, a jornada de trabalho é de 8 diárias com
limite de 44 semanais. Já o artigo 59, § 1º da CLT estabelece que a remuneração
referente a hora extra será pelo menos 50% do valor da hora normal.
Assim sendo, requer o pagamento de 2h, por semana, correspondendo a uma
importância de R$ XX por semana.

Totalizando assim R$XX por mês trabalhado, devendo ser calculado o DSR.
Requer ainda, o pagamento dos reflexos nas parcelas resilitórias, bem como, salário,
décimo terceiro proporcional, férias proporcionais + 1/3 e FGTS.

III.4 - DAS PARCELAS RESCISÓRIAS

01. Tendo em vista que não foram alcançados ao Reclamante os valores integrais a que
tinha direito a receber; como o computo das horas extras e o adicional de periculosidade
. Portanto, faz jus o Reclamante a diferenças das parcelas rescisórias que não lhe foram
pagas no momento oportuno.

02. Deste modo, pugna pela condenação da Reclamada no pagamento do aviso prévio,
além dos reflexos e integrações em férias, 1/3 constitucional, 13° salários, R.S.R., FGTS
e multa de 40%, tudo atualizado na forma da lei.

III.5 - DA MULTA DO ARTIGO 477§ 8º

A multa do art. 477, § 8º, da CLT deve ser aplicada porque a Reclamante não recebeu
as verbas rescisórias. O valor é calculado sobre a maior remuneração mensal
percebida pelo Reclamante.

Assim sendo, requer o reclamante a importância de R$ XXXX a título de indenização,


tendo em vista que esta foi a maior remuneração do reclamante, conforme
contracheque do mês 02/2022.

III.6 - DO FGTS E MULTA COMPENSATÓRIA

Tendo em vista a diferença salarial (horas extras) que o Reclamante deixou de perceber
durante toda a contratualidade REQUER que o FGTS incida sobre tais verbas, para que
a Reclamada seja condena a indenizar o Reclamante conjuntamente com a multa
compensatória.

III.7 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

Vale ressaltar após a reforma trabalhista que o patrono do reclamante perfaz o direito
de receber os honorários sucumbenciais, neste sentido o art. 791-A da CLT autoriza
um percentual de cobrança desses honorários, sendo assim requer a condenação do
reclamado no percentual de 15%.

4 - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

1. Reintegração no emprego, em razão da decretação da nulidade da dispensa por


justa causa;

2. Deferida a reintegração, o pagamento imediato:

2.1 - Das parcelas salariais correspondente ao período de xxxxxxxxxxx até a data


efetiva de reintegração ao emprego, sendo que, se fosse calculado com a data da
distribuição, xxxxxxxxxxx e seus reflexos, daria o importe de
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

2.2 - Seja depositado em conta vinculado do FGTS os valores relativos ao período


de xxxxxxxxxxx até a data efetiva de reintegração ao emprego, sendo que, se fosse
calculado com a data da distribuição, xxxxxxxxxxxx e seus reflexos, daria o importe
de xxxxxxxxxxxxxxx

3. Todavia, não sendo acolhido o pedido de reintegração, sucessivamente, conforme


permite o artigo 289 do CPC, pleiteia seja convertida a dispensa por justa causa
para dispensa SEM JUSTA CAUSA, sendo INDENIZADO a receber:

3.1 - Deposito/liberação de FGTS+40%, correspondente ao período de todo o contrato


de trabalho, até a data da dispensa xxxxxxxxx

3.2- Aviso Prévio indenizado no total de xxxx dias xxxxxxxxxxxxxxxx

4. Seja a Reclamada condenada a atualizar o vínculo empregatício no arquivo do


Instituto Nacional do Seguro Social e realizar o reenvio de GFIP, de todo o período
laborado, além de informar o devido pagamento das contribuições previdenciárias
referente ao vínculo empregatício a ser reconhecido;

5. Sejam a reclamada condenada a apresentar as guias de SD/CD para


processamento do seguro desemprego e chave de conectividade, sob pena de
indenização substitutiva;

6. A notificação da Reclamada no endereço contido no preambulo, através de Carta


com Aviso de Recebimento (AR), para comparecer à audiência, sob pena de revelia
e confissão;
7. A condenação da Reclamada ao pagamento
de honorários sucumbenciais/honorários advocatícios/honorários patrimoniais em
valor não inferior a 15% do valor bruto da condenação;

8. A concessão ao Reclamante dos benefícios da justiça gratuita, por ser pobre no


sentido legal, fazendo prova a juntada da declaração de pobreza.
Provará o alegado por todos os meios de prova que se fizerem necessários,
notadamente a prova testemunhal, documental, pericial e depoimento pessoal do
representante legal da reclamada.

Requerimentos finais:

Diante do exposto, requer:

a) A notificação da reclamada para oferecer resposta à reclamação trabalhista, sob


pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
b) Que seja deferida a gratuidade de justiça;

Por fim, a procedência dos pedidos com a condenação da reclamada ao


pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e correção monetária.

Atribui-se à causa o valor de R$xxxxxxx, correspondente à somatória dospedidos.

Pede deferimento.

Local e data...

Advogado (a)

OAB/UF...

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