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Independência da América espanhola

Introdução
Após quase quatro séculos de colonização espanhola na América, vários fatores
externos e internos levaram à Independência da América Espanhola.
O processo da independência ocorreu ao longo do século XIX e deu origem a jovens
países republicanos.
A independência da América Espanhola foi o movimento que garantiu a liberdade
política das colônias espanholas na América Latina. Esse movimento não se restringiu
apenas a acontecimentos no interior das colônias. Movimentos ocorridos na Europa e nos
Estados Unidos, aliados à insatisfação da elite colonial espanhola, contribuíram para que a
América dominada pela Espanha conquistasse sua independência.

Desenvolvimento: contexto histórico


Desde o Século XVI, várias regiões do continente americano foram colonizadas pelos
espanhóis. Essa colonização não foi um processo pacífico. Povos como os maias, astecas e
incas foram dominados violentamente nesse processo.
A estrutura social da América Espanhola colonial estava dividida
em chapetones (espanhóis) no topo; criollos (filhos de espanhóis que nasceram na América e
não detinham os mesmos privilégios que os chapetones) no centro; e índios, mestiços e
afrodescendentes na base da pirâmide.
A Independência da América Espanhola foi motivada pela insatisfação colonial com
a metrópole, a desestabilização política pós-Período Napoleônico, pelas ideias iluministas,
entre outras razões. Os criollos foram os principais agitadores das lutas por emancipação.

Causas externas
Em 1813, no começo do século XIX, ocorre a Independência dos Estados Unidos, a
primeira emancipação ocorrida no continente americano.
As treze colônias, antes pertencentes a Inglaterra e agora libertas, contagiaram e
influenciaram o processo de Independência da América Espanhola.
Nesse período, a Europa vivia o Período Napoleônico, onde vários territórios do
continente estavam sob o domínio de Napoleão Bonaparte.
Em meio a crise do trono vivenciada na Espanha, Napoleão acaba por destituir o
governante espanhol Fernando VII e destina o trono para seu irmão, José Bonaparte.
A legitimidade do irmão de Napoleão como governante foi questionada tanto pelos
espanhóis, quanto pelos colonos, gerando forte clima de insatisfação.
Outra influência importante foi o Iluminismo e suas ideias liberais, contrárias
ao Antigo Regime e, sendo assim, contrárias à dominação absoluta do Rei.
No século XIX, já existiam universidades na América Espanhola, o que possibilitou o
acesso dos criollos aos ideais iluministas, utilizadas para desestabilizar os argumentos em
torno do pacto colonial. A Revolução Francesa veio fortalecer esses ideais.
O apoio financeiro da Inglaterra também foi fundamental para Independência da
América Espanhola.
A potência britânica tinha profundos interesses comerciais e financeiros que ficavam
impedidos de serem concretizados com o pacto colonial. Por isso, apoiam as lutas de
emancipação na colônia. Outro apoio importante foi o do Haiti, que já havia se emancipado e
forneceu força militar.
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Causas internas
A relação da colônia com a metrópole começou a ficar extremamente tensa a partir do
século XVIII, principalmente por conta de algumas medidas adotadas pela Espanha na busca
por enriquecer apenas a metrópole.
Durante os governos de Carlos III e Carlos VI, a Espanha aumentou o monopólio dos
produtos comerciais nas colônias. Além disso, em busca de acúmulo de capital,
também centralizou a administração dos impostos e aumentou o rigor da cobrança.
É nesse momento também que a Espanha acaba com o sistema de porto único,
inaugurando outros 20 portos na América, que comercializavam produtos entre a metrópole e
a colônia, aumentando também a quantidade de impostos cobrados.
Essa política desagradou aos criollos (que queriam o livre comércio, ou seja,
comercializar com outros países) e aos comerciantes espanhóis (que queriam a exclusividade
no sistema de porto único de Sevilha).
A estratificação social que colocava os criollos em situação de desvantagem com os
chapetones criou muitos conflitos na América Espanhola.
Muitos dos criollos eram comerciantes e desejavam o livre comércio para o aumento
dos lucros. Mesmo o que não estavam envolvidos com o comércio, lutaram pela emancipação
em busca de maior poder político.
A situação social de índios, escravos e mestiços, com péssimas condições de
trabalho e submetidos àmiséria, também foi fator importante. Rebeliões como a de Tupac
Amaru (Peru, 1780) e o Movimento Comunero (Nova Granada, 1781), ocorridas ainda no
século XVIII, ajudaram a desestabilizar a relação metrópole-colônia.

Conclusão: a Independência
Entre 1810 e 1833, aproveitando a fragilidade política da Espanha, dá-se início
as Guerras de Independência da América Espanhola.
Os movimentos de emancipação são divididos pelos historiadores em três momentos:
 Os Movimentos Precursores (1780-1810);
 As Rebeliões Fracassadas (1810-1816);
 As Rebeliões Vitoriosas (1817-1824).
Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu
o controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito
proclamar a independência do Vice-Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em
1813, novo fracasso: Hidalgo foi executado. A conquinta da independência veio em 1821,
liderada pelo general Itúrbide, que se proclamou imperador. Obrigado a abdicar em 1823,
morreu fuzilado. O méxico tornou-se então uma República federal independente.
Do Vice-Reino de Nova Granada surgiram Venezuela, Colômbia e Equador, libertados
por Simón Bolívar, respectivamente, em 1817, 1819 e 822. O Vice-Reino do Peru deu origem
a três países: Peru, Chile e Bolívia.
Do Vice-Reino do Prata surgiram outros três países: Argentina, Uruguai e Paraguai. O
Paraguai libertou-se sem guerras em 1811. O Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e
anexado ao Brasil com o nome de Porvíncia Cisplatina, só se tornou independente em 1828.
Diante da revolta generalizada, o rei espanhol Fernando VII chegou a pedir ajuda a
Santa Aliança (organização da qual a Espanha participava e que tse arrogava o direito de
intervir nas colônias). Mas os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram à intervenção e
reconheceram a independência das colônias espanholas. A Posição dos EUA pode ser
resumida na política estabelecida, em 1823, pelo presidente James Monroe, a chamada
Doutrina Monroe, que declarava "a América para os americanos". A Inglaterra era movida por
interesses econômicos, já que os novos países podiam representar mercado seguro para seus
produtos.
Sem a ajuda da Santa Aliança, o domínio da Espanha na América chegou ao fim.
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Mapa da América Espanhola no final do Século XVII, antes das lutas de emancipação

Primeiros anos da América Espanhola liberta


Após a emancipação, os caudilhos, influenciadores locais políticos e militares,
acabam tomando conta do poder na América Espanhola.
Bolívar ajudou na libertação da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador; e
propunha a unificação e integração político-econômica entre os novos países. Por isso, em
1826, acontece o Congresso do Panamá.
Entretanto, os caudilhos foram contra esse projeto, uma vez que buscavam garantir
cada um a manutenção da sua influência.
A Independência da América Espanhola não significou a emancipação econômica dos
países, uma vez que continuaram extremamente dependentes do comércio com os países
europeus. Além disso, internamente, as estruturas sociais e as oligarquias permaneceram
inalteradas.

Resumo sobre a independência da América Espanhola

A independência da América Espanhola foi influenciada pelas ideias iluministas, a


independência dos Estados Unidos e a invasão da França à Espanha.
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 As causas da independência foram o peso econômico da metrópole sobre a colônia, a


instabilidade política na Espanha por conta do reinado de José Bonaparte e a busca por
maior participação da economia colonial no mercado liberal.
 Sem o apoio inglês e norte-americano, as revoltas coloniais fracassaram, mas, após o
apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos, Simon Bolívar e José Martín conseguiram
liderar levantes militares que derrotaram os espanhóis e garantiram a independência da
América Espanhola.
 As consequências da independência foram: tentativa sem sucesso de Simon Bolívar de
fazer uma confederação pan-americana que garantisse a unidade territorial na América
Latina, mas as diversidades de cada região e a influência inglesa promoveram a
fragmentação do continente em várias repúblicas.

Referências

BRASIL ESCOLA. Independência da América espanhola. Disponível em:


<https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-geral/independencia-america-
espanhola.htm>. Acesso em: 21 mar. 2022.

PREPARA ENEM. Independência da América espanhola. Disponível em:


<https://www.preparaenem.com/historia/independencia-da-america-espanhola.htm>. Acesso
em: 21 mar. 2022.

QUERO BOLSA. Independência da América espanhola. Disponível em:


<https://querobolsa.com.br/enem/historia-brasil/independencia-da-america-espanhola>.
Acesso em: 21 mar. 2022.

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