Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISBN 978-65-87621-99-9
DOI 10.11606/9786587621999
(ORGANIZADORES)
FFLCH-USP
PROLAM-USP
2021
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional
ISBN 978-65-87621-99-9
DOI 10.11606/9786587621999
CDD 980
Esta obra é de acesso aberto. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
citada a fonte e a autoria e respeitando a Licença Creative Commons indicada.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e autoria,
proibindo qualquer uso para fins comerciais.
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 149
INTRODUÇÃO
Pode o indígena dizer o Direito? A pergunta,
provocativa, nos leva ao importante questionamento pós-
colonial de Spivak (2010). Nesse artigo, propomos uma
leitura aliada à descolonização para avançar no sentido do
reconhecimento jurídico da alteridade indígena. O artigo
discute a relação entre direito e descolonização, assim como
propõe um debate teórico com utilização das noções de
59
Doutorando em Filosofia e Teoria Geral do Direito na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP). Professor de Direito na Universidade São
Judas Tadeu (USJT), onde coordena o Núcleo de Direito e Descolonização
(USJT/CNPq), e na Escola Superior de Engenharia e Gestão (ESEG - Faculdade
do Grupo ETAPA). Mestre em Direito e Desenvolvimento pela Escola de Direito
de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito SP), com período de
pesquisa na Kent Law School. Bacharel em Direito pela USP. Advogado da
Conectas Direitos Humanos e consultor em São Paulo. E-mail:
gabrielmantelli@gmail.com
60
Graduando em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Pesquisador no Núcleo de Direito e Descolonização (USJT/CNPq) e do
Laboratório de Sociologia do Direito (UPM). Bolsista de iniciação científica pelo
MackPesquisa (UPM). E-mail: blopesn@hotmail.com
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 150
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 151
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 152
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 153
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 154
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 155
61
Nesse sentido, é mister a percepção de Frantz Fanon (1968), Paulo Freire
(1987, 2000, 2018), Catherine Walsh (2017), e bell hooks (2017) de uma
descolonização curricular, em que leve em consideração na formatação e
criação das disciplinas as reflexões que são invisibilizadas, e sobretudo
demonstrar todas as potencialidades dos pensamentos contemporâneos que
foram historicamente invisibilizados por conta do eurocentrismo. A
característica principal dessa pedagogia decolonial é vocalizar, revelar “coisas”
invisíveis, resgatar pensadores e pensadoras marginais, revisitar outros
conhecimentos, sempre partindo de uma posição crítica, pungente e
questionadora. Busca-se, com essa proposta, uma mudança epistemológica
decolonial que diz respeito à práxis de oposição ao projeto de conhecimento
eurocentrado e racista, no campo do direito, imposto como universal ao mundo,
desde os tempos coloniais.
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 156
62
No original, em inglês: “An exploration of the nexus between law and culture
will not be fruitful unless it can transcend and transform its initial categories. To
ask under what conditions it became conceivable to comprehend law as
something that regulates culture or culture as something that helps us
understand law is to inquire into a history that reveals mutual implications in
European modes of domination.” (COOMBE, 1998, p. 21).
63
Na contramão dessa afirmação, não podemos esquecer que, ainda hoje,
existem pequenas ilhas e países no mundo que são colônias no sentido
histórico da palavra. Citam-se, como exemplo, a Anguilla (Reino Unido), o Guam
(Estados Unidos) e a Nova Caledônia (França).
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 157
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 158
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 159
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 160
64
No original, em espanhol: “El desafío principal del pluralismo jurídico
cuestiona la exclusividad de la teoría del monismo jurídico para explicar
fenómenos jurídicos contemporáneos, pues considera que la realidad rebasa
sus marcos explicativos ante la emergencia de diferentes actores colectivos
cuyas normas de autorregulación no se reducen al derecho estatal ni se
explican desde la ciencia jurídica tradicional.” (LÓPEZ, 2014, p. 187).
65
Esse legado de um direito monista advém, principalmente, de Hans Kelsen
(2006), que acreditava na teoria da fonte de direito estatal, ao qual o caráter
normativo seria a única e exclusiva fonte de direito a ser considerada na
organização do Estado.
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 161
66
No original, em espanhol: “Luego de una histórica y sistémica exclusión de
las naciones y pueblos indígenas, el año 2009, Bolivia, reformó su Constitución,
refundando así el Estado con miras a una inclusión estructural de estos
colectivos, superando así la fase de la simple tolerancia de la diferencia
indígena, para consolidar una “real” construcción colectiva del Estado, que
cohesione derechos e intereses no solamente individuales, sino también
colectivos.” (BELLIDO, 2012, p. 135).
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 162
67
No original, em espanhol: “La eliminación de concepciones de superioridad e
inferioridad y de subalternidad, no es posible sin restarle poder a todo lo que
aparece como hegemónico y superior, justamente por ello mi apuesta por la
plurinacionalidad desde abajo, que va más allá de la visibilización y
copresencia, que significa el proceso de fortalecimiento de las comunidades y
organizaciones de bases [...]”. (LLASAG FERNÁNDEZ, 2017, p. 361).
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 163
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 164
68
Um dos grandes teóricos que questiona a necessidade de introduzir um
ensino jurídico crítico - geral - no Brasil é Antonio Carlos Wolkmer (2017b).
Segundo o teórico, há de se haver uma crítica ao estudo teórico, conceitual e
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 165
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 166
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivemos em um sistema moderno centrado no
indivíduo que, apesar de assegurar a vida e segurança de
uns, enfrenta e ameaça a continuidade da existência de
outros(as). Vimos, neste estudo, que o processo colonizador
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 167
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 168
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 169
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 170
REFERÊNCIAS
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 171
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 172
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 173
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 174
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 175
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 176
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 177
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 178
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 179
ais/1499473935_ARQUIVO_Texto_completo_MM_FG_Thula
Pires.pdf>. Acesso em 30 jun. 2021.
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 180
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 181
Diálogos Interdisciplinares
Povos Indígenas e Jurisprudência Internacional Página | 182
Diálogos Interdisciplinares