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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUN ICAÇÕES

Licenciatura em Gestão e Finanças

1° ANO

Cadeira / Disciplina:
TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO

Título / Tema:
 Coerência;
 Coesão;
 Ambiguidade.

7° Grupo - Turma: G12


Discente (s) / Elemento (s): Docente (s):

- Edilson Vasconcelos - Dr. Calado Panguana


- Otilia Bila - Dr.ª Rossana Malenda
- Sérgio Dimande

Classificação: Assinatura:

__________________ ______________________

1° Semestre
Maputo, Maio de 2017
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
2. COERÊNCIA ............................................................................................................................ 5
2.1 Tipos de coerência ............................................................................................................ 5
2.1.1 Coerência sintáctica ....................................................................................................... 5
2.1.2 Coerência semântica ...................................................................................................... 5
2.1.3 Coerência temática ......................................................................................................... 6
2.1.4 Coerência pragmática .................................................................................................... 6
2.2.5 Coerência estilística ....................................................................................................... 6
2.1.6 Coerência genérica......................................................................................................... 6
2.2 Princípios da coerência ..................................................................................................... 6
2.2.1 Princípio da relevância................................................................................................... 7
2.2.2 Princípio da não contradição.......................................................................................... 7
2.2.3 Princípio da não tautologia ............................................................................................ 7
2.3 Aspectos adicionais na construção do texto coerente ....................................................... 8
2.3.1 Continuidade temática ................................................................................................... 8
2.3.2 Progressão semântica ..................................................................................................... 8
2.3.3 Pontuação ....................................................................................................................... 8
3. COESÃO ................................................................................................................................... 9
3.1 Coesão frásica ................................................................................................................. 10
3.1.1 Concordância ............................................................................................................... 10
3.1.2 Ordem das palavras na frase ........................................................................................ 10
3.2 Coesão interfrásica.......................................................................................................... 10
3.3 Coesão temporal ............................................................................................................. 11
3.3.1 Processos com que a língua situa no tempo as acções e os estados ............................. 11
3.4 Coesão referencial........................................................................................................... 12
3.4.1 Referencia .................................................................................................................... 12
3.4.2 Co-referencia ............................................................................................................... 12
3.4.3 Cadeia anafórica .......................................................................................................... 12
3.5 Coesão lexical por semelhança ou contraste entre palavras ........................................... 13
3.5.1 Substituição.................................................................................................................. 13
3.5.2 Outros elos de coesão lexical ....................................................................................... 14
4. AMBIGUIDADE .................................................................................................................... 15
4.1 Classificação das ambiguidades...................................................................................... 15

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4.1.1 Ambiguidade sintáctica................................................................................................ 15
4.1.2 Ambiguidade lexical .................................................................................................... 16
4.1.3 Ambiguidade semântica ............................................................................................... 16
4.1.4 Ambiguidade morfológica ........................................................................................... 16
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 18
6. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 19

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1. INTRODUÇÃO

É notório nos dias de hoje, a falta de competência linguística entre os usuários da


língua portuguesa. Uma das causas deste fenómeno, é o défice de conhecimento das
regras que regem o português. Ainda assim, constata-se também, que o facto de haver
pouco domínio e prática da escrita e leitura, contribui bastante para uma oralidade
incoerente e ambígua. Contudo, a razão que levou o grupo a elaborar esta dissertação é,
dar a conhecer aos falantes da língua portuguesa, os componentes que permitem com
que os enunciados (escritos ou orais), sejam coerentes, coesos e isentos da ambiguidade.

De forma abstracta, importa dar uma mera satisfação, em relação, ao conteúdo


presente neste trabalho. Coerência e coesão são dois elementos fundamentais na
construção dum texto, pois, estes visam estabelecer as condições necessárias para que
haja textualidade, que por sua vez, é o conjunto de características que fazem com que
um texto seja considerado como tal, e não como um amontoado de palavras e frases. Em
contrapartida, a ambiguidade, é consequência da falta de clareza (que pode ser originada
pela incoerência) na enunciação de certo discurso.

O método de estudo usado para a elaboração do trabalho, baseou-se em intensas


pesquisas na internet, várias consultas em obras como, as gramáticas e manuais cujo
objectivo é a boa escrita, dentre outros.

Em suma, espera-se que, através deste trabalho o público em geral possa ter uma
visão básica, ou seja, um know-how de como um texto deve ser munido para que chegue
a sua perfeita forma.

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2. COERÊNCIA

Como ponto de partida, pode-se afirmar que coerência é a ligação lógica ou


coerente de ideias num texto. Para melhor elucidar a conceptualização da coerência são
propostas as seguintes contribuições de alguns autores:

“o texto coerente é aquele em que há uma continuidade de sentidos entre os


conhecimentos activados pelas expressões do texto.” (Beaugrande e Dressler, 1981, p.
84)

(...) A coerência está directamente ligada à possibilidade de se


estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o
texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida
como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do
texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem
para calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser
do todo, pois a coerência é global. (Koch e Travaglia, 2004, p. 21)

Concluindo, a coerência é o conjunto de factores semânticos e pragmáticos que


definem a estrutura profunda de um texto. Ou seja, é a ligação em conjunto, dos
elementos formativos de um texto.

2.1 Tipos de coerência

2.1.1 Coerência sintáctica

Princípio básico da sintaxe: construir frases nas quais os elementos da oração


estejam dispostos na ordem correcta. Com isso, a coerência sintáctica evita a
ambiguidade e garante o uso adequado dos conectivos.

2.1.2 Coerência semântica

Refere-se ao desenvolvimento lógico das ideias, ou seja, à construção de


argumentos harmónicos e livres de contradições. Pois, a semântica é a área da
linguística que estuda o significado das palavras, isto é, as relações entre os signos e os
seus referentes.

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2.1.3 Coerência temática

Refere-se ao princípio que privilegia apenas ideias que sejam relevantes para o bom
desenvolvimento do tema.

2.1.4 Coerência pragmática

Trata-se da parte da linguística que estuda o uso da linguagem considerando a


relação entre os interlocutores e a influência do contexto comunicacional. Todos os
textos, sejam eles orais ou escritos, devem obedecer à coerência pragmática.

Por exemplo, quando se faz uma pergunta, a sequência de fala esperada é a


resposta. Quando se faz um pedido, é pragmaticamente impossível que simultaneamente
se dê uma ordem. Caso essas expectativas sejam quebradas, teremos um claro exemplo
de incoerência pragmática.

2.2.5 Coerência estilística

Diz respeito à variedade linguística adoptada em um texto. Isto é, quando opta-se


pelo uso da variedade padrão, é coerente que se a preserve em todo o texto. Por
exemplo, não faz sentido começar uma redacção utilizando uma linguagem culta e de
repente alterar o estilo e empregar a linguagem coloquial. É preciso prevalecer apenas
com um estilo linguístico.

2.1.6 Coerência genérica

Está relacionada à escolha adequada do género textual. Existe um género disponível


para cada acto de fala e escrita: por exemplo, se a intenção de quem escreve é anunciar
algum produto para a venda, provavelmente ele optará pela linguagem utilizada nos
classificados de um jornal. Se a intenção é contar uma história, optará pelo conto ou a
crónica.

2.2 Princípios da coerência

Conforme o referido anteriormente, a coerência depende das relações de sentido que


se estabelecem entre as partes textuais e tais relações devem obedecer os três princípios:

a) O princípio da relevância;
b) O princípio da não contradição;
c) O princípio da não tautologia (ou não redundância).

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2.2.1 Princípio da relevância

Rejeita eventos que não estejam logicamente relacionados entre si. Ou seja, não
aprova a existência de partes textuais que falam de assuntos diferentes, mesmo que tais
partes contenham certa coerência individualmente.

Exemplo:

* Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e, por fim, planifico as
minhas ideias.

Como se pode ver, o enunciado acima infringe o princípio da relevância e acaba se


tornando incoerente pois, a sequência de acções não é lógica, porém, pode-se notar que
todas as acções se referem há um mesmo acontecimento. Portanto, o correcto seria:

 Primeiro, revejo o texto, depois planifico as minhas ideias e, por fim, faço um
primeiro esboço.

2.2.2 Princípio da não contradição

Enfatiza a inexistência de situações logicamente incompatíveis. Ou seja, num texto,


não se pode ter factos ou ideias que se contradizem entre si.

Exemplo:

* O Júlio é alto e baixo, magro e gordo.

Como se pode notar, o enunciado acima destorce o princípio da não contradição,


pois estão expostas várias ideias contraditórias. Portanto, o correcto seria:

 O Júlio é alto e magro. Ou,


 O Júlio é baixo e gordo. Ou,
 O Júlio é alto e gordo. Ou,
 O Júlio é baixo e magro.

2.2.3 Princípio da não tautologia

Tautologia é o vício de linguagem, isto é, repetição de factos ou ideias mas, com


recurso a expressões ou palavras diferentes. Nesse caso, este princípio exclui a
representação de factos repetidos, pois, um texto coerente deve ser claro e conciso
evitando, deste modo, rodeios ou repetições desnecessárias.

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Exemplo:

* Aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia dela, isto é, cheguei


perto do sítio onde ela passava muito do seu tempo.

Como se pode observar, há muita repetição de ideias e todas elas elucidam o


mesmo assunto. Este enunciado também desobedece o princípio, da não tautologia,
tornando-se deste modo, incoerente. Portanto, o mais apropriado seria:

 Cheguei perto do sítio onde ela passava muito do seu tempo.

2.3 Aspectos adicionais na construção do texto coerente

2.3.1 Continuidade temática

Quando não existe algum tipo de interrupção ou quebra de assunto.

Num texto, não podem ocorrer situações em que o autor debruça-se sobre
determinando assunto e, repentinamente há uma mudança de assunto sem se recorrer à
alguma forma de aviso. Daí que, é preciso respeitar a continuidade temática,
estabelecendo uma correlação entre as partes que compõem o texto.

2.3.2 Progressão semântica

Quando não há introdução de novas informações para dar sequencia ao texto.

Num texto, não podem ocorrer situações em que a informação disponível é bastante
monótona pois, acaba sendo cansativa a leitura do mesmo, e acaba brotando um
desinteresse da parte do leitor. Daí a necessidade de se incorporar informações novas e
cativantes.

2.3.3 Pontuação

É um recurso fundamental na construção coerente de qualquer tipo de enunciado,


frase ou texto.

Um texto mal pontuado é extremamente difícil de ser compreendido, pode ser


percebido de forma não planeada, isto é, corre o risco de não ser apreendido segundo à
intenção do autor.

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3. COESÃO

Tendo em conta às abordagens anteriormente discutidas sobre a coerência, importa,


mencionar que à coesão diferentemente da coerência (estudo do conteúdo) preocupa-se
com a forma de um texto, ou seja, procura garantir a ligação das palavras num texto.

Contudo, coesão consiste no conjunto de dependências lexicais e gramaticais que


caracterizam a estrutura superficial de um texto. Isto é, é a associação consistente dos
elementos formativos de um texto.

Segundo Mira Mateus (1983), “todos os processos subsequentes que asseguram (ou
tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que
ocorrem na superfície textual, podem ser encarados como instrumentos de coesão” que
se organizam da seguinte forma:

Coesão

Gramatical Lexical

Frásica
Substituição

Interfrásica

Temporal

Referencial

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3.1 Coesão frásica

É a ligação existente entre os componentes da frase. Verifica-se ao nível da


concordância, entre o nome e os seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o
sujeito e os seus predicadores, bem como ao nível da ordem dos vocábulos na oração e
ao nível da regência nominal e verbal.

3.1.1 Concordância

No que respeita à concordância, é o sujeito da frase o controlador de género


(masculino – feminino) e de número (singular – plural).

Exemplo:

o Ele (masculino, 3ª pessoa do singular) chegou (3ª pessoa do singular);


o Estas laranjas (feminino, plural) são (plural) azedas (feminino, plural).

3.1.2 Ordem das palavras na frase

Veja-se a ambiguidade de sentido da frase seguinte, consequência da incorrecta


colocação das palavras:

* O homem admirava a bailarina que dançava com um olhar lânguido.

Esta frase pode ser compreendida de duas formas, a saber:

 O homem, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que dançava. Ou,


 O homem admirava a bailarina que, com um olhar lânguido, dançava.

Portanto, a ocorrência deste tipo de situações pode ser corrigida reordenando e


pontuando a frase ou enunciado, de forma a retirar a ambiguidade patente no enunciado.

3.2 Coesão interfrásica

Consiste na articulação relevante e adequada de frases ou de sequências de frases


(segmentos textuais). A coesão interfrásica é assegurada pelos marcadores discursivos
(articuladores ou conectores). Deste modo, quando escrevemos, ou falamos, devemos
assegurar-nos de que usamos o conector adequado à relação que queremos expressar.

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3.3 Coesão temporal

Um texto apresenta coesão temporal quando nele, os acontecimentos ou o estado


das coisas são referidos de acordo com o que os destinatários sabem ser uma sequência
possível dos fenómenos do mundo “normal”.

3.3.1 Processos com que a língua situa no tempo as acções e os estados

A língua tem vários processos com que situa as acções e os estados das coisas no
tempo e opera a ordenação temporal:

a) Os tempos dos verbos:


 Presente (simultaneidade – o „aqui e agora‟ do locutor);
 Passado ou pretérito (anterioridade);
 Futuro (posterioridade).

b) A correlação dos tempos e modos verbais

Exemplo:

i. Já terei sido mãe quando for avó.

Análise: terei sido – futuro perfeito (perfeito = realizado) do indicativo: forma


verbal que apresenta um facto futuro como realmente acontecido, uma vez que tal é a
condição necessária para que possa vir a ocorrer a hipótese – for - futuro imperfeito do
conjuntivo.

ii. Cheguei ao escritório, abri o computador, vi o correio electrónico.

Análise: Deixaria de haver coesão e coerência temporal se alguém escrevesse esta


frase alterando nela a ordem dos acontecimentos: Abri o computador, cheguei… O
contexto da frase pressupõe a referência a um computador não portátil, só accionável
depois de se entrar no escritório.

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3.4 Coesão referencial

Este tipo de coesão é referente a um conjunto de termos/expressões que remetem


para a mesma entidade presente no texto.

3.4.1 Referencia

Há referência quando no discurso (oral ou escrito), o locutor introduz pela


primeira vez algo (pessoa, coisa, ideia…) sobre que deseja falar.

Exemplo:

A menina que já andava… (A menina: segmento textual A)

3.4.2 Co-referencia

Há co-referência quando o locutor, na sua cadeia discursiva, após a primeira


introdução de algo – segmento textual A – continua a referir esse mesmo algo em
segmentos textuais sucessivos – B, C, D… (porque referem o mesmo, são co-referentes
do segmento textual A).

Exemplo:

A menina que já andava morta de saudades, por se ver sem os seus filhos, vestiu-
se à pressa com a sua saia de esquilhas [guizos], e partiu para a corte. A rainha estava
à espera dela e, assim que a viu, deixou-a entrar para um corredor, e lançou-lhe as
unhas, furiosa, para a afogar.

“A saia de esquilhas”, in Contos tradicionais do Povo Português.


Teófilo Braga (recolha), Lisboa, Publicações D. Quixote, 1994, Vol. 1, p. 92

3.4.3 Cadeia anafórica

Conjunto de segmentos A, B, C, D… que num texto têm o mesmo referente, de


modo explícito ou subentendido:

Pessoas que se propõem frequentar o ensino superior numa segunda oportunidade,


com o objectivo de aumentar as suas capacidades, que saíram do sistema antes de
terminar os cursos e, mesmo estando a trabalhar, desejam completar a licenciatura.

Luísa Melo, Diário de Notícias (Especial – Ensino Superior, p. 26), 2000-07-11

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Análise: a frase é uma clara cadeia anafórica. Depois da referência Pessoas,
seguem-se co-referentes explícitos que, se, que, suas, os quais, de facto, só adquirem
significado se correlacionados com Pessoas. Há também co-referentes subentendidos;
Pessoas é igualmente o sujeito de estando a trabalhar e de desejam.

3.5 Coesão lexical por semelhança ou contraste entre palavras

São, também, processos de construção da coesão, ou ligação formal do texto, as


relações de semelhança ou de oposição que as palavras estabelecem entre si.

3.5.1 Substituição

a) Sinonímia – sinónimos: palavras ou expressões de sentido idêntico.


b) Repetição elegante - é assim chamada a retoma do já nomeado, feita através
de expressões que, na situação comunicativa, lhe sejam equivalentes:

O cão/ o fiel amigo do homem/ o quadrúpede/ o canino/ o mamífero…

Nota: Como se vê neste exemplo, a chamada repetição elegante pode prestar-se a


ambiguidades e imprecisões. O seu uso está limitado aos textos de índole não científica.
Nos textos informativos, científicos, ou de carácter jurídico, para que não haja
ambiguidades ou imprecisões, é preferível a repetição da palavra ou expressão, como se
vê neste primeiro parágrafo das “Conclusões Principais d Cimeira de Lisboa” (23 e 24
de Março de 2000)

Com a Cimeira de Lisboa, a presidência portuguesa da União Europeia pretende


fixar um objecto estratégico claro para a União Europeia, nos próximos dez anos: fazer
da União Europeia a economia baseada no conhecimento mais competitiva e dinâmica,
capaz de um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e mais
coesão social.

in Público, 2000-03-25

c) Antonímia – antónimos: palavras ou expressões de sentido oposto.

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Exemplo:

Então toda a gente quer tudo, e toda a gente quer tudo já e sem esforço, mas
depois ninguém quer pagar nenhum preço, e ninguém quer pagar nenhum preço
nunca?

Clara Pinto Correia, “O preço a pagar”, Visão, n.º 378, p. 16

d) Hiperonímia – hiperónimo (hiper = acima de, em nome de, mais que): nome
que engloba os elementos de um conjunto, de uma classe. Por exemplo: o
hiperónimo ave inclui em si todo o „género‟ de animais com penas, como:
pardal, águia, piriquito, rouxinol, avestruz, etc.
Exemplo:
i. Os pardais pernoitam nas árvores da minha rua.
ii. Estas aves existem por todo o país.

e) Hiponímia – hipónimo (hipo = debaixo de, baixo): nome que individualiza os


elementos de uma classe. É o conceito oposto de hiperónimo. Assim: pardal,
águia, piriquito, rouxinol, avestruz, etc., são hipónimos de ave.

Exemplo:

Gosto de quase todas as aves, mas tenho uma preferência muito especial por
rouxinóis.

3.5.2 Outros elos de coesão lexical

A coesão textual é também construída por elos como os de:

a) Rede semântica ou campo associativo

Conjunto de palavras que os utilizadores da língua relacionam (consoante a sua


cultura) com um conceito ou tema. Por exemplo, ao tema ambiente associam-se
habitualmente palavras como:

poluição, cadeia alimentar, chuvas ácidas, clima, alterações climáticas,


saneamento, tratamento de lixos, consumismo, planificação, globalização, reduzir –
reutilizar – reciclar, camada de ozono, ecossistema, árvores, desflorestação, energia,
energias alternativas, organismos geneticamente modificados, agricultura biológica…

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b) Família de palavras (= palavras cognatas): conjunto de palavras com a
mesma etimológica. Assim, do étimo latino mare: Mar, marear, marítimo,
marinheiro, marinharia…

4. AMBIGUIDADE

Ambiguidade é a designação atribuída à duplicidade de sentidos, onde alguns


termos, expressões, frases apresentam mais de uma acepção ou entendimento possível.

Exemplo:

* Vi o João andando com seu carro.

O carro em questão pode ser do próprio João, ou da pessoa a quem a mensagem foi
dirigida. Nesse caso, o mais correcto seria:

 Vi o João andando do carro dele.

4.1 Classificação das ambiguidades

4.1.1 Ambiguidade sintáctica

Ambiguidade sintáctica refere-se à posição de um sintagma, que é o conjunto de


duas ou mais palavras que possuem um significado, mas que por si só não podem
formar uma frase completa.

Exemplo:

* O rapaz viu a moça na moto.

Neste contexto, a ambiguidade resulta da posição relativa em que o sintagma “na


moto” ocorre na frase. Essa frase pode ser interpretada como descrevendo a situação em
que o rapaz estava na moto quando avistou a moça ou, ainda, como descrevendo a
situação em que a moça estava na moto quando o rapaz a viu. Colocando o sintagma em
outra posição, no início da frase, por exemplo, o resultado deixa de apresentar essa
ambiguidade:

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 Na moto, o rapaz viu a moça.

4.1.2 Ambiguidade lexical

A ambiguidade lexical ocorre quando é possível aplicar mais de uma interpretação


para uma unidade lexical (BRÄSHER, 1996). Uma unidade lexical está relacionada
com os vocábulos de uma língua. Um vocábulo é uma palavra que pode ter seu sentido
considerado quanto ao som ou à forma.

Exemplo:

O director comentou sobre os papéis da peça.

Nessa frase, a ambiguidade é resultado da palavra “papéis” que pode ser


interpretada de várias formas, por exemplo: pode-se interpretar papéis como uma série
de funções desempenhadas pelos actores; em um segundo momento, é possível
interpretar como o conjunto de documentos relacionados ao roteiro da peça.

4.1.3 Ambiguidade semântica

Segundo Silva (1997), ambiguidade semântica é a possibilidade de uma palavra


possuir uma multiplicidade de conceitos relacionados com a sua aplicabilidade. A
polissemia pode ser apontada como um fenómeno responsável por esse tipo de
ambiguidade.

Exemplo:

Ele compra pães de farinha e polvilho.

Nessa frase, podem-se ter duas interpretações válidas: a primeira pode fazer
referência aos pães que são compostos de farinha e polvilho e a segunda pode informar
que os pães não possuem duas matérias misturadas, compreendendo assim, dois de pães.

4.1.4 Ambiguidade morfológica

Monnerat (2003) afirma que a ambiguidade morfológica ocorre sempre que se


neutraliza a oposição entre a 1.ª e 3.ª pessoas do singular, como no imperfeito, mais-
que-perfeito e futuro do pretérito do indicativo, ou nos tempos do subjuntivo.

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Exemplo:

Eu corrigi o resultado e estava errado.

A ambiguidade nessa frase, pode ser identificada quando perguntamos, quem


estava errado?

Há duas possibilidades de interpretação, onde:

a) O resultado estava errado;


b) Eu estava errado.

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5. CONCLUSÃO

Tendo em conta os aspectos que neste trabalho foram abordados, é chegada a altura
em que se faz um balanço, com vista, a reportar que impacto tais aspectos podem
apresentar.

Recapitulando, a coerência, coesão e ambiguidade, conforme o referido no início,


são elementos que se devem ter em conta, por exemplo, quando nos é embutida a tarefa
de desenvolver ou mesmo redigir um texto (redacção, resumo, etc). Todo o conjunto de
palavras, frases e parágrafos para ser chamado de texto deve obedecer a coerência e a
coesão. Referimos que, a coerência está associada ao conteúdo do texto, isto é, é a
harmonia predominante entre as partes que constituem o texto, enquanto que, a coesão,
preocupa-se com a forma ou ligação das expressões. Por conseguinte, no estudo da
ambiguidade constatou-se que uma das causas para tal é a má colocação de certos
elementos como pronomes e preposições que, devido essa má colocação, acabam
gerando duplicidade de sentido.

Portanto, a nossa meta com este trabalho reside na transparência, ou seja, na


transmissão ao leitor (ou grupo de interessados), destes aspectos, impulsionando, deste
modo, uma melhoria no desempenho linguístico dos falantes da língua portuguesa.

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6. BIBLIOGRAFIA

 NASCIMENTO, Zacarias & Pinto, José M. de Castro. A dinâmica da escrita:


como escrever com êxito. 3ª ed. Lisboa, Plátano Editora, 2005.
 RIBEIRO, Helga e tal. Gramática Moderna da Língua Portuguesa. Lisboa:
Escolar, 2010
 FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. Ática
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/123829/mod_resource/content/1/LI
VRO%20OK%20Coes%C3%A3o%20e%20coer%C3%AAncia%20textuais%
20Leonor%20F%C3%A1vero.pdf> Acesso em 28 de Março de 2017
 ROQUE, Maria Serafina. Coerência e Coesão Textuais
<http://profserafina.weebly.com/uploads/1/6/6/2/1662499/coerencia_coesao.pd
f> Acesso em 28 de Março de 2017
 SILVA, Lúlcio Buzin da. Ambigüidades da língua portuguesa: recorte
classificatório para a elaboração de um modelo ontológico.
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2188/1/Lucio%20Buzon%20da%20
Silva.pdf> Acesso em 10 de Maio de 2017
 SANTIAGO, Emerson. Matéria sobre Ambiguidade.
<http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/>
Acesso em 10 de Maio de 2017

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