CRISTALINA - GO
2022
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CRISTALINA - GO
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RESUMO
Durante o período da escravidão no Brasil, especialmente na Bahia, os negros não
aceitaram pacificamente a condição infame a que eram submetidos. As disparidades
sociais entre brancos e negros ainda são muito acentuadas no país. A Lei nº
10.639/03 tornou obrigatórios os conteúdos de História e cultura afro-brasileira nas
escolas e representa o coroamento da resistência negra que deverá vir
acompanhada de uma mudança paulatina da mentalidade social. Dessa forma,
procura-se valorizar a cultura dos afrodescendentes com ampla conscientização da
sociedade para a igualdade de direitos entre todas as populações. O negro sempre
teve um papel ativo na sociedade e agora pode gozar como cidadão pleno tendo
seus direitos garantidos pela Constituição Federal. O objetivo geral desse artigo é
analisar o período colonial escravista no Estado da Bahia e as principais formas de
organização e resistência desenvolvidas pelos negros, escravos e libertos. Apesar
de termos consciência que costumes seculares não são abolidos com a mudança
das leis ou por decreto, mas esse processo de conscientização da sociedade
brasileira tem avançado no sentido de proporcionar uma releitura da participação do
negro na construção da base econômica da sociedade brasileira.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 5
2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................ 7
3. CONCLUSÃO ....................................................................................... 18
4. REFERÊNCIAS .................................................................................... 19
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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Houve uma verdadeira limpeza para que o passado de tais grupos étnicos
muçulmanos fosse esquecido”.
A revolta dos malês continha o poder da religião mesclado com a “consciência
ideológica da negritude e o desejo de ocupação das instâncias de atuação social [...]
a religião serviu para sustentar a rebeldia popular e dar suporte para a contestação”.
(AGUIAR, 2006, p. 87)
Pode-se dizer que o Brasil, devido à escravatura durante o período colonial
que se estendeu até a Abolição ocorrida em 1888, sempre manteve ligações
culturais com a África, no entanto, mesmo com a abolição da escravatura, o negro
foi mantido como subalterno nas relações socioeconômicas e culturais da sociedade
brasileira e, com a chegada dos imigrantes europeus, a mão-de-obra não
especializada dos negros foi preterida.
Silva (2009) está convicta que a história tradicional é a “história dos
vencedores” como constatou Walter Benjamim, pois é a história encontrada nos
livros, sendo capaz de impor o passado como verdadeiro, por meio de argumentos
políticos, chegando a ditar “como históricos alguns fatos míticos”.
A diáspora angolana “expulsou” para o Brasil centenas de milhares de luso-
angolanos e portugueses a partir de 1975. Atualmente o Brasil mantém boas
relações comerciais, culturais e econômicas com Angola por meio do que se
convencionou chamar eixo sul-sul.
Segundo Cardoso (2008), dos quase 300 mil luso-angolanos e portugueses
residentes em Angola na época da guerra pelo poder na metade da década de 1970,
muitos vieram dar às terras brasileiras como último refúgio para a maioria dos
imigrantes, que não quiseram ou não puderam ficar em Portugal. O Brasil foi a
opção de muitos.
Segundo Davies (1996), o livro didático atende às classes dominantes e aos
seus anseios, pois possibilita que os poderosos ampliem a acumulação de capital e
veiculem as visões que atendem aos seus interesses e sufoquem as potenciais
oposições. Na metade da década de 1990, o autor mostrava “como os livros
didáticos de História procuraram e procuram ainda construir uma memória oficial,
onde têm vez os ‘grandes homens’ das classes dominantes, o nacionalismo, e onde
os conflitos sociais são omitidos ou atenuados”.
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A história nos livros didáticos é contada a partir das escolhas realizadas pelos
autores em conjunto com os editores, sendo que há muitos aspetos envolvidos na
escolha da abordagem.
Um exemplo da mudança dos parâmetros na disciplina de História ocorreu
com a pressão que o movimento negro fez junto aos órgãos públicos e à classe
política para inserir uma nova visão do negro na construção da sociedade brasileira,
que resultou na Lei Nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003 dispõe sobre as diretrizes e
bases da educação nacional, promovendo a inclusão da temática História e Cultura
Afro-Brasileira como obrigatória na Rede oficial de Ensino público e privado.
(BRASIL, 2003)
Houve um nítido processo de invisibilidade cultural sofrida pela população
negra e, incontestavelmente, a participação desse grupo étnico foi fundamental para
a consolidação da identidade nacional em todas as suas derivações, desde a
identidade cultural às heranças na configuração urbana dos assentamentos
humanos, principalmente assentamos espontâneos informais. (SOMMER, 2005, p.
19)
O discurso de Monteiro Lobato, no papel de narrador na obra Negrinha
expressa bem o espírito da consciência negra e o espírito de uma sociedade mais
igualitária e justa ao referir-se à abolição assinada em maio de 1888: “o 13 de Maio
tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana”.
Costumes seculares não são abolidos por leis, de maneira que a instrução,
entre outras reparações e preparações que poderiam realmente conferir às
crianças filhas dos escravos libertos o status de cidadãs no novo Brasil que
a República proclamara, não foi concedida pela classe dirigente que mudou
o regime do país. E as gerações que se seguiram sentiram - e sentem ainda
- o peso da omissão daquela elite. (BIGNOTTO, 2005, p. 5)
No início do novo milênio, Vieira (2001) advertia sobre a espoliação que vinha
sofrendo o povo quanto ao desrespeito estatal frente aos direitos sociais, em uma
situação que já não era vista desde o Império Escravista.
Os espaços na escola, constantes do conteúdo programático, para o resgate
da história, das raízes, da cultura e da cidadania dos afrodescendentes são a
Educação Artística, a Geografia e a História. Dessa forma, os artistas negros ou os
que realizam em suas obras uma leitura crítica da participação do negro na
sociedade deve ser realçada para gerar reflexões acerca da cultura e da posição do
negro na sociedade. A própria Lei 11.645/2008 refere-se a determinadas disciplinas
que devem tratar da temática:
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos
indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e
história brasileiras. (BRASIL, 2008)
Para Lima (2008), a luta contra a desigualdade, no Brasil, sempre foi marcada
pelo envolvimento de intelectuais e militantes defensores da causa negra. Dessa
forma, foram envolvidos ao longo da diáspora negra muitas pessoas de posturas
mais africanistas ou relativizadoras:
Na pessoa do intelectual e militante Abdias do Nascimento, na década de
70, o movimento negro encontra um porta-voz para discordar da ideia de
monoetnicidade e monoculturalismo centrados nas concepções de
mestiçagem étnica e sincretismo cultural. A postura militante de
Nascimento, assim como de boa parte da militância da época era propor a
construção de uma democracia plurirracial e pluriétnica, na qual o
denominado mulato pudesse se solidarizar com o negro, em vez de ver
suas conquistas drenadas no grupo branco. Estas vozes discordantes
afirmam que, embora tida como ponte étnica entre negro e branco, o que
conduziria à salvação da raça branca, o mulato não goza de um status
social diferente do negro (MUNANGA apud LIMA, 2008, p. 37).
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ocupados por negros e brancos, pois não há como manter uma cultura baseada no
eurocentrismo, na qual o branco é europeu e europeu é branco necessariamente o
que negro é africano e africano é negro, necessariamente. Basta ver a diáspora
angolana ocorrida na década de 1970, quando da independência daquele país,
quando o governo comunista somado à guerra civil expulsou de Angola, quase meio
milhão de afro-descendentes, na maioria, luso-angolanos. Naquela altura, muitos
migraram para o Brasil.
Normalmente, para os brasileiros, o “negro” está circunscrito à África, como
única localidade onde existiam negros antes do tráfico negreiro que trouxe os
escravos para cá e costumamos relacionar “branco” a Europa, embora saibamos
que “não é apenas lá que habitavam historicamente homens e mulheres com estas
características, e também que parte significativa dos indivíduos que no padrão de
relações raciais brasileiro são classificados como “brancos” não é oriunda do que
chamamos de Europa”. (SANTOS, 2009, p. 5)
3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS