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Para

todas as pessoas que acreditam no amor acima de tudo.


E para minha mãe, Edilene, por sempre me incentivar a escrever.
O Coração do Bad Boy
1º Edição
Copyright © 2018 Aurelio Collins
Revisão: Aurelio Collins
Diagramação Digital: Aurelio Collins
Capa: Maristela Santos
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Qualquer outra obra semelhante, após essa, será considerada plágio; como previsto na lei.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito do autor.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.


“Ele é o tipo de cara que ela deveria manter distância, mas os olhos azuis do bad boy a
hipnotizaram. Um romance proibido e divertido, que nos faz ficar completamente absorvidos na história,
que surpreende a cada página. ”
— Suzana — Tempo de Leitura

“O que fazer quando o cara que você deveria manter distância é aquele o qual você não
consegue ficar longe? Uma história para ganhar seu coração.
— Amy — Leitora Compulsiva

“Uma leitura extremamente viciante, com um casal de roubar o fôlego e


que nos faz pensar no decorrer da leitura, que o errado pode ser extremamente
certo em determinadas situações. Simplesmente apaixonante. ”
— The Book and The Girl









PLAYLIST
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
SOBRE O AUTOR
OUTROS TÍTULOS DO AUTOR
PLAYLIST

I Found — Amber Run
Ruul Campbell — The Call
The Sound Of Silence — Disturbed
Give Me Love — Ed Sheraan
Start Of Time — Gabrielle Aplin
You Were Never Gone — Hannah Ellis
I Hate U I Love You — Gnash ft. Olivia O´brian
In My Veins — Andrew Belle
Whats Is Love? — Jaymes Young
Way Down We Go — Kaleo
Use Somebody — Kings Of Leon
All I Want — Kodaline
The Only Exception — Paramore
Let Me Go — Ron Pope
Til My Hearts Stop — Too Far Moon
Wheres My Love — SYML
Video Games — Lana Del Rey
The Night We Met — Lord Huron
Fools — Troye Sivan

PRÓLOGO


Aquilo definitivamente era constrangedor.
Oh céus. Sem sombra de dúvida.
Não consigo compreender como as pessoas admiravam aquilo.
Era algo pornográfico, e explícito.
O que resulta em minha expressão enojada, observando minha colega de
quarto ter sua boca literalmente devorada por um cara, que por sinal, tinha mãos
de polvo, as descendo por todo seu corpo, e é claro, apalpando as regiões mais
intimas, descaradamente, se posso acrescentar. O que me surpreendia mesmo era
que Sheryl nem se importava com isso, retribuindo o beijo obsceno, e
escandaloso perante todo o refeitório, com toda a universidade assistindo de
camarote aquela pegação ilícita, e claro, bastante nojenta.
Não que eu seja contra beijos, claro que não, só tenho algo contra esse
tipo de cena explícita e vulgar. O cara estava praticamente tirando as roupas
dela.
Eu tinha até mesmo perdido o apetite devido a essa visão, desejando não
ter visto a cena. Porque infernos eles não iam para um lugar reservado?
Onde só estejam os dois.
Será que ninguém nos dias de hoje compreende o significado de atentado
ao pudor? Ou si quer privacidade?
Vindo de Sheryl não chega a me surpreender. No último verão, perdi a
conta de quantos garotos ela saiu. Talvez houvesse uma meta em sua cabeça,
com certeza deve ser algo como ter tido tantos garotos até a formatura.
— Eu a entendo. — Grace, minha melhor amiga comenta ao meu lado,
levando uma batata frita à sua boca, no entanto, com os olhos fixos sobre a cena
na mesa ao lado. — Ele é um gato. Sem contar nesse corpo sarado.
Não contenho um breve rolar de olhos.
— Não é motivo para tal cena. — Retruco, olhando para minha bandeja.
— Ah, vamos lá. Qualquer garota venderia sua alma para o próprio diabo
apenas por uma noite com ele. Ele é quente como o inferno.
— Eu não venderia. — Bufo. — Afinal, quem é ele?
Grace traz seu olhar incrédulo para mim.
— É sério que você não sabe?
Dou de ombros.
— Deveria?
— Ele é tipo, o cara mais gostoso e popular da universidade? —
Contínuo fitando ela sem visível interesse. — Ele é Tristan Keller. — Exclama.
— E a propósito, também é o novo amigo do seu irmão. Sério, você me
surpreende.
Levo meu olhar para a mesa onde os dois continuavam a se agarrar,
podendo ver meu irmão Black sentado nela com seus amigos ao redor.
Não era de meu interesse o tipo de amigos que Black tinha.
Portanto, nem dei importância a isso.
— Huum. — Aceno. — Legal.
— Soube que ele tem um piercing lá embaixo.
Ela se curva sobre a mesa, dando-me uma piscadinha sugestiva, rindo
sozinha.
Faço uma careta enojada.
— Eu não precisava ouvir isso.
— Sabe, as vezes acho que você não está jogando na dos caras.
— Só porque não conheço um cara que deve se achar o príncipe da
Inglaterra?
Ela ri junto a mim.
— Também. — Emenda. — Sabe, ele faz literatura inglesa com você.
Não sei como nunca o notou. Então, acho que no fim, ele não deva ser tão ruim
assim.
Levei meu olhar para a outra mesa novamente, vendo o cara sentado
sobre o banco, com Sheryl em suas pernas, agarrando seu rosto, em um beijo
molhado. Não pude ver muito bem sua face, no entanto, com certeza nunca o
havia visto. E por seu perfil meio desbocado, creio que Grace esteja errada. Um
cara como esse não parecia ser o tipo que se interessaria por literatura inglesa.
— Acho que está enganada.
— Não, não mesmo. — Mesmo com a boca cheia de batatas fritas, a
morena de cabelos caindo nos ombros esbraveja em afirmação. — Descobri tudo
sobre ele. Cada curso que ele escolheu. Até mesmo seus vinte e um anos. E sei
também que sua cor favorita, é azul. Bom, não tenho muito certeza se é azul
mesmo.
— Céus. Você é uma stalker.
Ergue seus ombros.
— Não me olhe assim, fiquei interessada nele. No entanto, minha opinião
mudou quando conheci o melhor amigo dele. Dustin.
— E então?
— Descobri tudo sobre ele também. E o melhor, ele faz religiões do
mundo comigo.
Soltou um gritinho eufórico.
— Você me assusta sabia?
— As vezes você é tão careta. — Fito a garota com atenção, observando
sua expressão pensativa por longos segundos. — Acho que sei como melhorar
isso.
— Não me venha com suas ideias.
— Qual é? Apenas ouça. — Suspira. — Haverá uma festa essa noite na
fraternidade e acho...
— Não. — Brando. — Não irei.
Ouço seu grunhido seguido por um bufo.
— O que há? Será legal.
— Não mesmo. — Apanho minha mochila e meu caderno de anotações,
levantando-me. — Preciso marcar alguns estudos e verificar alguns seminários a
serem entregues.
Viro-me pronta para sair, quando alguém que passava, esbarra em mim,
levando por milésimos de distância meu corpo para trás.
— Tome cuidado desastrada. — Ergo meu olhar para o comentário
irritado, fitando a tempo as costas do mesmo cara que devorava a boca de Sheryl
há alguns segundos.
— Idiota. — Resmungo, vendo o babaca se distanciar com ela agarrada a
ele, e outros caras o seguindo, inclusive, meu irmão.
Rolo meus olhos frustrada.
O grupinho dos idiotas.
CAPÍTULO 1


Eu definitivamente havia tido um dia exaustivo.
Depois da última aula de economia e anatomia humana, eu estava pronta
para pular sobre minha cama, e talvez permanecer uma eternidade sobre ela.
Parecia algo bom de se imaginar. Meu corpo sem energia alguma já sonhava
com isso.
Eu precisava disso. E muito.
No entanto, assim que entrei no dormitório feminino, encontrei Grace à
minha espera, um sorriso largo em sua face, com seus cabelos pretos amarrados
em um coque quase desajustado em sua cabeça.
Grace Williams era o tipo de garota que se destacava a quilômetros de
distância com suas roupas chamativas. Como nesse momento, onde uma calça
jeans surrada lhe caia, e um moletom rosa choque atraia bastante atenção.
Ela era um outdoor humano em neon.
Conheci a mesma em algumas aulas que fazíamos juntas no início do ano
letivo. Logo de cara nos demos bem. Apesar de algumas opiniões desiguais de
ambas.
— Finalizou suas aulas hoje? — Indagou quando me aproximei,
seguindo meu caminho para meu quarto, com ela ao meu alcance,
acompanhando-me.
— Sim. — Meu tom baixo denunciou meu cansaço.
Havia sido dezenas de aulas e alguns cursos eram consumidores.
Quando entrei em meu quarto — com Grace logo atrás tagarelando —
Encontrei Sheryl, minha colega de quarto, sobre sua cama, com dezenas de kits
de maquiagem e espelhos jogados por seu edredom.
Era quase raro a encontrar, a garota de cabelos castanhos e roupas curtas
sempre costumava dormir fora sempre que saía para festas nas repúblicas, ou até
mesmo escapava à noite para o dormitório masculino.
Sheryl Cherlls não era o tipo de garota que eu incluiria em meu circulo
de amigos, e tenho absoluta certeza que, eu não era inclusa no dela. Tínhamos
grandes diferenças, e aliás, as únicas palavras que trocávamos, eram necessárias.
Nada demais.
Ela ergueu seu olhar para nossa entrada, arqueando uma de suas
sobrancelhas definidas, enquanto passava um lápis de olho roxo em seu olho
esquerdo.
Como sempre, ela apenas nos ignorou.
Rumei para o meu lado do quarto, o lado mais organizado, se posso dizer,
onde minha parede era pintada de um tom azul claro, não contrastando nenhum
pouco com o tom vermelho do lado de Sheryl, que havia posto pôsters de bandas
e homens seminus em seu lado, enquanto anotações e alguns lembretes se
fixavam em minha parede.
Deixei minha bolsa e livros sobre a escrivaninha ao lado de minha cama.
O quarto não era pequeno. Tinha espaço suficiente para duas pessoas. Havia dois
armários, escrivaninhas para ambas, e uma mesa com um frigobar.
Grace se sentou ao meu lado quando cai de costas sobre minha cama.
— Sabe Crystal. — Começou, atraindo minha atenção para ela. — Estive
pensando se você se decidiu sobre o que falei hoje cedo?
Bufei um grunhido.
— Você falou muitas coisas hoje cedo.
A garota rolou os olhos com meu comentário.
— Sobre a festa de hoje.
— Ah, certo.
— E então?
— Sim, decidi. — Respondi. — Não irei.
— Qual é? Oras. Vai ser legal.
— Sabe que detesto festas de fraternidades.
— Não tem como você saber se gosta, já que nunca frequentou uma.
— Zero interesse em frequentar.
Uma risada fina e sarcástica ecoou pelo quarto.
— As duas estão pensando em ir na festa da Kappa Alpha hoje? — Ouvi
Sheryl questionar, o tom meio incrédulo, mesclado com ironia.
— Não. — Brandeio ao mesmo tempo em que Grace exclamou um
“Sim”.
Pude ouvi a risadinha sarcástica de Sheryl, entretanto, nem me esforcei
para olhar.
— Esnobe. — Grace resmungou para si mesma, bufando para Sheryl, no
entanto, pude ouvir perfeitamente.
— Desista. — A fitei. — Não gosto de ir a esses tipos de lugares, sabe
disso. Afinal, eu tenho que...
— Estudar. — Interrompeu minha fala. — Eu sei disso. Como sempre, é
claro.
— Não se esforce Williams. — Sheryl se dirigiu a Grace, sorrindo. —
Garotas como vocês não são o tipo que frequentam lugares divertidos.
— O que quer dizer com “garotas como nós”?
Dessa vez, levei meu olhar para a outra cama, encarando o olhar
entediado que Sheryl nos lançou. Abrindo um sorrisinho amarga.
— Sinto muito. — Piscou seus cílios. — Vocês não são aptas para isso.
Principalmente você Crystal. É muito careta. Mesmo se quisesse, nunca seria o
tipo de garota divertida ou ideal para frequentar festas como essa. Acredite, sei o
que digo.
Engoli em seco.
Aquilo havia acertado um nervo em mim, pegando-me em cheio com
suas palavras esnobes, e evidentemente zombeteiras.
Continuei fitando ela, desejando no fundo, tirar aquele sorrisinho de sua
face.
— Oras, quem essa garota pensa que é? — Grace retrucou, dessa vez alto
o suficiente para ela ouvir. — Só porque não saímos com a universidade toda,
somos caretas?
Ouvi minha colega de quarto grunhi com o que Grace disse,
repreendendo ela, que acabou sendo ignorada. Entretanto, eu permaneci imóvel,
com as palavras dela ecoando diversas vezes em minha cabeça, como alfinetes
irritantes.
Não queria aceitar, porém, elas haviam causado algum efeito em mim.
Sempre me dediquei a ser a garota perfeita aos olhos de todos.
Nunca gostei de ser o centro das atenções, ou preferi ser aquela que todos
repreendiam por suas atitudes, talvez por isso, sempre evitei qualquer tipo de
festas, ou reuniões onde haviam bebidas, drogas ou coisa pior que isso.
Em casa sempre fui a garotinha perfeita, mesmo com meus defeitos,
enquanto Black era o irmão extrovertido e festeiro. Talvez por isso nunca
fôssemos muito próximos. Éramos apenas dois irmãos em nossa casa, e aqui,
dois desconhecidos.
O mundo dele, e o de Sheryl, não era o meu.
Careta.
Ouvir isso estava provocando reações indesejáveis em mim. Eu detestava
isso. Ainda mais quando me provocavam. De forma alguma eu era careta.
Prefiro a companhia de um bom livro do que está em uma festa repleta de
jovens bêbados e drogados.
Por isso, escolhi literatura inglesa.
Como minha mãe, que hoje faz parte de uma grande equipe do jornal
semanal da cidade, sendo a escritora chefe das matérias em destaque.
Entretanto, estou cansada de todos sempre se acharem superiores,
principalmente minha colega de quarto que acha que sou uma mera formiga,
enquanto ela uma abelha rainha.
Não sou tão careta quanto ela pensa.
E eu iria mostrar isso para ela.


CAPÍTULO 2


Olhei impaciente para a rua adiante.
— Tem certeza que ele vem?
— Claro. — Grace afirmou. — Absoluta.
— Ele está cinco minutos atrasado.
Ela suspirou ao meu lado.
— Ou, nós estamos cinco minutos adiantadas.
— Oras. Não me venha com repreensões. Você me convenceu a vir.
— Então, aguarde um pouco.
— É isso que estou fazendo.
— Crystal. Quer ou não quer mostrar para a vaca da Sheryl que não
somos caretas? Que podemos ser até mais sexys e divertidas do que ela?
Sem sombra de dúvidas.
— Sim, mas, eu não...
— Apenas relaxe e se divirta, certo?
— Ok.
— Será uma noite incrível. — Ela saltitou animada. — Talvez até
consigamos um rolo com algum gatinho, o que me diz?
— Céus.
Balanço minha cabeça rindo.
— Ou talvez experimentemos um baseado.
Tornei-me horrorizada.
Quando eu estava prestes a retrucar, ouvimos o barulho de uma buzina,
com um carro vindo a toda velocidade, parando bem a nossa frente em uma
freada brusca.
— Veja só, ele chegou.
— Perdão a demora mademoiselles. — Andrew, nosso melhor amigo,
sorriu para nos, dentro de seu velho carro, em um falso sotaque francês. — Foi
uma missão impossível ligar essa belezinha aqui.
— Isso é uma lata velha. — Grace riu, dando a volta no carro e entrando,
sentando ao lado de Andrew, comigo indo para o banco de trás.
— Isso, minha doce garota, é uma obra de arte. — Ele exclamou para ela.
— Desencana Andrew.
Revirei meus olhos.
Passando a encostar minha cabeça sobre a janela do carro, observando as
altas estruturas do campus, fitando através do vidro a UCLA (University of
California).
— A propósito. — Voltei meu olhar para os dois a frente. — Vocês estão
lindas meninas.
Sorri para ele.
Andrew, como Grace, fizera matrícula em algumas aulas que eu fazia,
por isso, nos tornamos grandes amigos.
Ele era um loiro, de lindos olhos azuis, com um porte atlético adorável, e
até tinha um bom gosto para roupas.
— Estão prontas para curtir a noite?
Mordi meu lábio receosa.
Definitivamente eu não estava.
Era a primeira festa que eu iria, e eu não sabia o que fazer, ou como me
portar, já que toda a universidade estaria lá.
Santo céus.
Espero que essa não seja a decisão mais estúpida que já tomei.
Apesar de que, no fundo, eu já saiba a resposta.
Então, apenas respirei fundo quando Grace gritou animada junto a
Andrew, que logo em seguida deu a partida no carro.
— Então, como estão indo as aulas? — Andrew indagou, enquanto Grace
já escolhia uma música na rádio, portanto Lord Huron começou a tocar.
— Cansativas. — Me prontifiquei a respondê-lo.
— Uhu. Sim, muito mesmo. — Andrew concordou. — Sabe, acho que
minha professora de religiões do mundo não é muito minha fã.
— A Srta. Hernandez?
— Oh, sim.
— Não se sinta exclusivo.
— Ela sem sombra de dúvidas, é um pesadelo. — Grace assegurou.
— O pior deles. — Andrew emendou.
Ambos riram.
— Ah vamos lá, ela não é tão ruim assim.
— Crystal, você é uma nerd apaixonada por professoras rabugentas.
— Uma nerd linda. — Sorri com o elogio de Andrew. — Mas mesmo
assim uma nerd.
E de imediato desfiz meu sorriso.
— Acredita que ela não viu nada demais em Tristan Keller?
— O demônio veloz?
— Sim. — Grace confirmou.
Andrew me olhou pelo retrovisor no teto.
— Você é a primeira garota que conheço que não cai de amores por ele.
Ignoro seu comentário.
— Demônio veloz?
— Sim. É como o chamam.
Minha curiosidade foi atiçada.
— Por quê?
Outra vez Andrew me encarou pelo retrovisor.
— Você não sabe mesmo quem é ele hein?
— Não.
— O cara simplesmente corre em rachas ilegais.
— Dizem que é o melhor nas pistas.
— Por isso demônio veloz.
Aceno em compreendimento para Grace e Andrew.
— Um nome bem radical.
— Baby, caras como Tristan Keller tem mais do que apelidos radicais.
Posso até imaginar.
Ele deve ser o tipo de cara que as mães aconselham as filhas a manterem
distância, no entanto, nunca conseguem resistir à tentação de caras maus.
Esse, deve ser o tipo certo de cara errado.



CAPÍTULO 3


A Kappa Alpha é uma das maiores fraternidades derivadas da UCLA, era
fora da universidade, um pouco afastada do bairro, localizada em uma zona de
Los Angeles repleta de árvores, próxima a uma área de condomínios. Era uma
grande construção de dois andares, a arquitetura em estilo Queen Anne, com um
bom número de jovens na frente, onde já se podia ouvir as batidas agitadas de
uma música eletrônica vindo da casa. O nome da fraternidade estava pintado nas
laterais do casarão com tinta vermelha bastante destacada e visível.
Parecia que, quanto mais nos aproximávamos, mais o som da festa se
tornava alto sobre meus tímpanos.
Pude ver as centenas de pessoas dançando e bebendo do lado de fora,
estremecia só em imaginar o cenário lá dentro. Céus. Eu já estava contrariada
com minha decisão de ter aceitado vir para essa festa.
Grace deixava bastante evidente sua animação, cantarolando a música
eletrônica.
— Essa é uma das maiores fraternidades do campus. Eles são conhecidos
por darem as melhores festas. — Andrew comentou visivelmente animado,
como Grace.
— Há alguma garota aqui? — Indago para os dois.
— Pelo que sei, ela é composta apenas por garotos, aliás, são eles que
colocam o terror no campus e no corpo docente. Sempre ingerindo álcool e num
convívio desleixado. Fazem festas escondidas, e estão sempre aprontando com
as outras repúblicas. E é claro, roubam à atenção das garotas por serem fortes e
bonitos. Alguns são jogadores de futebol. Namoradores, violentos e
encrenqueiros, tendo sempre uma saída inteligente para as furadas que se
enfiam.
Céus.
Eu realmente já estava arrependida por vir, depois das palavras de Grace.
Oh grande droga.
Andrew estacionou o carro em uma fileira enorme, Grace nem ao menos
esperou ele desligar o motor, já saindo apressada do carro, soltando gritinhos
eufóricos.
Respiro fundo.
Passando uma mão por meus cabelos loiros, que caiam livres por meus
ombros.
Pela décima vez, verifiquei minhas vestes, observando a forma como
meu vestidinho branco de alças finas caia em meu corpo, chegando na altura dos
meus joelhos.
Assim que tomo coragem, saio logo em seguida de Andrew, que ajustava
sua jaqueta de couro preta sobre seu corpo.
Levei meu olhar para a fonte do tremendo barulho e gritos, olhando tudo
ao nosso redor, vendo a quantidade de árvores e carros estacionados.
O frio abraçou-me aos poucos, estremecendo meu corpo, o clima de LA
era bem rigoroso nesses meados, ainda mais devido a extrema quantidade de
árvores envolta.
Parecia que a irmandade da Kappa havia colocado a fraternidade no meio
de uma vasta floresta.
— A universidade toda está aqui. — Andrew murmurou, também
encarando a festa adiante, apenas concordei em um aceno.
— Sem dúvida. — Grace assoviou. — É demais, não é?
Não, não era.
Aos meus dezenove anos, aquela estava sendo minha primeira festa
juvenil.
E eu estava aterrorizada com tudo que rolava nela.
Eu desejei tanto permanecer imóvel quando Grace segurou minha mão,
nos levando em direção a enorme casa, com Andrew nos seguindo.
Meus olhos se atentavam a tudo, fitando com horror um garoto
esparramado no gramado, desacordado, com vários copos vermelhos
contornando seu corpo inerte.
Pessoas dançavam e gritavam ao som da música, se esbarrando uns nos
outros, fora estava uma euforia imensa, eu nem conseguia imaginar dentro.
Nem precisei, quando começamos a subir os primeiros degraus, entrando
na casa, pude ver seu enorme interior.
O cheiro de bebida era forte na sala, onde havia dezenas de pessoas,
algumas caídas pelo piso, com centenas de copos e garrafas de bebidas
espalhadas pelo chão, garotos e garotas se esfregando, alguns desacordados pela
extensa sala, com uma fileira de pessoas dançando em uma escada.
— A música está muito alta. — Esbravejo para Grace, contemplando
tudo ao nosso redor com fascínio, enquanto eu, com completo horror.
— Eu sei. — Ela disse ao meu lado, balançando o corpo de acordo com o
som.
— Hei. — Andrew surgiu entre-nos. — Pegarei algumas bebidas para
nós.
E antes mesmo que eu tivesse a oportunidade de responder um não,
obrigada, ele desapareceu por entre a multidão.
— Não irei beber.
Grace virou seu rosto para mim.
— O quê?
— Eu disse que não irei beber nada.
Ela balançou a cabeça, arrastando-me para outro lugar, se aproximando
para ouvir-me.
— Não consegui entender.
Suspirei. Contendo um rolar de olhos.
— Não quero beber nada.
— Crystal. Apenas relaxe. — Disse sorrindo. — Estamos aqui para nos
divertir.
— Não irei ficar bêbada.
— Escute, apenas uma vez, se deixe levar, será legal, você anda
sobrecarregada demais.
— Realmente, não irei beber.
— Crystal, você precisa...
Suas palavras se perderam no ar.
Vi o olhar de Grace vacilar para algo atrás de mim, se arregalando,
fazendo-me franzir o cenho em confusão.
Quando virei meu olhar para a fonte de atenção dela, avistei o motivo,
vendo minha colega de quarto descer as escadas ao lado do garoto que devorava
sua boca mais cedo — que eu, a propósito, havia esquecido o nome — onde, eles
eram seguidos por outros garotos, que desciam as escadas com eles, com meu
irmão por último.
— Ah meu Deus. — Grace grasnou. — É o Dustin. Como ele é lindo e...
Gostoso.
Com certeza, Dustin era o garoto que ela havia falado mais cedo, amigo
do garoto agarrado a Sheryl, que por sinal, eu não conseguia para de encarar.
O que chamavam de demônio veloz.
Ele parecia o tipo de garoto que chamaria a atenção de todo o público
feminino que estava presente. Trajando um moletom vermelho, como uma
jaqueta jeans, daquelas de jogadores de futebol americano e calças jeans
surradas. O cabelo castanho estava penteado para trás, com alguns fios lisos
espetados para cima, desajustados em sua nuca, a pele branca era um contraste
perfeito, e eu poderia apostar que por debaixo de suas roupas, havia um corpo
bem construído e atlético devido aos ombros largos.
No máximo ele deveria ter 1,80m de altura.
Era alto e com um porte bem construído.
Devo ter o olhado tanto, que o garoto acabou virando seu olhar em minha
direção, encontrando meu olhar sobre ele, pegando-me no flagra, comigo
corando de imediato ao vê-lo franzir seu semblante para mim.
Ele era dono de uma expressão séria e um rosto bastante atraente.
Merda. O cara realmente era bonito.
Desviei o olhar rápido, voltando meu foco para Grace, que olhava
estupefata para eles.
Outra vez, a vi arregalar ainda mais seus olhos, parecendo em um nível
extremo de incredulidade.
— O que foi?
— Eles...
— Eles o que?
Ela exalou fundo.
— Estão vindos em nossa direção.
— O quê?
Dessa fez, fui eu a arregalar os olhos.
CAPÍTULO 4


— Céus. Eles estão vindo para cá.
— Como assim?
— Disfarça. — Grace joga uma mexa de seu cabelo para trás, forçando o
sorriso mais falso que já vi. — Então amiga, eu não acredito que aquilo
aconteceu comigo.
Que infernos? Do que ela estava falando?
Permaneci confusa enquanto ela forjava uma gargalhada estranha para
mim.
— Vejo que as nerds vieram.
Uma voz feminina soou atrás de mim.
De imediato a reconheci, devido ao tom de deboche.
Virei para trás. Engolindo em seco.
Passando a encarar Sheryl e o cara que continuava agarrado a ela,
juntamente a três garotos e duas garotas logo atrás, com Black.
— Sheryl. — A cumprimento.
Ela torce o lábio em desgosto.
— Confesso que estou surpresa em ver as duas aqui. Tem certeza de que
estão no lugar certo? Acho que erraram de lugar.
Que vaca.
— Não, tenho certeza que não. — Afirmo, devolvendo seu olhar
provocador.
— Crystal? — Meu irmão brandeou incrédulo, fitando-me.
— Black. — Forcei um sorrisinho.
— O que está fazendo aqui?
— O mesmo que você. — Mesmo sendo dois anos mais velho que eu,
Black conseguia ser um pé no saco às vezes, eu só não esperava que fosse agora.
Ele fez uma carranca.
O topete loiro caindo por sua face.
Quando pensei que ele iria começar um interrogatório, ou tentar me
convencer a ir embora, ele apenas deu de ombros, passando a ignorar minha
presença.
Como sempre fazia.
— São suas amigas She? — Uma voz rouca e tranquila ecoou, atraindo
minha atenção para o dono dela, o cara que tinha um braço em volta da cintura
de Sheryl.
Fui pega de surpresa ao ver que, os olhos do garoto, que por sinal, eram
azuis instigantes, estavam fixos sobre mim.
Ele me olhava de uma forma estranha, de um modo intrigante.
Como se me avaliasse com cuidado.
E tão perto assim, pude ver um detalhe em seu rosto que eu não havia
notado, bem acima de sua sobrancelha esquerda, havia um piercing.
Os lábios carnudos eram cheios, o olhar incandescente, até mesmo
dominante.
Senti uma sensação estranha com seu olhar sobre mim.
Causando efeitos incomuns.
— Oh não, querido. — Sheryl gargalhou alto. Com os outros garotos se
juntando a ela. O cara de olhar intrigante não reagiu, apenas permaneceu me
fitando. — Não ando com esse tipo de gente.
— Tanto faz. — Ele pronunciou, desviando, por fim, seu olhar do meu,
vagando por cada canto da sala. — Vamos para os fundos.
— Sim, querido. — Minha colega de quarto sorriu, acenando para ele,
criando uma expressão de tédio ao se voltar para nós. — Divirtam-se nerds.
Para em seguida, eles nos darem as costas, se afastando de nós, indo para
outra área.
— Santo Deus. Como eu detesto essa garota. — Grace grunhiu frustrada
logo atrás.
No entanto, meu foco se concentrou no garoto que se afastava, agarrado a
Sheryl.
Em um momento, ele olhou para trás, por cima de seu ombro, com
nossos olhares se encontrando, surpreendendo-me ao abrir uma espécie de
sorrisinho para mim, dando-me outra vez as costas e sumindo por entre a
multidão com seu grupo.
Céus.
O que foi que aconteceu?
E porque diabos eu me vi, de repente, sem fôlego?
— Impressão minha, ou Tristan Keller acabou de lançar um olhar e um
sorrisinho para você? — Engoli em seco com as palavras de Grace.
— Impressão sua.
— Preparadas para a maior bebedeira do século? — Andrew surgiu,
interrompendo qualquer tentativa de questionamento futuro de Grace.
— Não. Nem pense por um instante que ficarei bêbada.
Afasto o copo vermelho que Andrew estende para mim.
— Ah qual é, senhorita certinha?
Bufo com sua ironia.
Grace já terminava o copo que Andrew havia lhe entregado.
Fiz uma careta para isso.
— Que foi? — Resmungou ao perceber meu olhar recriminador para ela.
— Estou apenas me divertindo. Você deveria fazer o mesmo Crystal.
Olhei para a sala a frente, com quase todo mundo dançando e bebendo.
Com a música eletrônica só parecendo aumentar.
— Tem certeza que não vai aceitar a bebida Crystal?
— Tenho Andrew.
Portanto, ele jogou a cabeça para trás, levando a bebida à boca e tomando
tudo em um só gole, suspirando em seguida um forte cheiro de álcool.
— Uhu! — Grace sorriu animada para ele.
Só pelo cheiro forte, meu estômago já rejeitava a hipótese de ingerir o
que quer que fosse aquela bebida que todos tomavam.


CAPÍTULO 5


No quintal do casarão da Kappa, havia uma multidão de pessoas
dançando, mesmo ao longe, nas proximidades das centenas de árvores ao redor,
havia pessoas. Centenas de copos vermelhos e garrafas estavam jogados no
chão, ou espalhados por mesinhas. Um novo hit eletrônico tocava em um nível
absurdo, ecoando por todo o lugar, se mesclando com a gritaria e o barulho
incessante de conversas. E apenas havia algumas luzes da varanda envolta da
casa, que iluminavam todo o lugar devido à escuridão.
Aquela noite estava congelante, no que me tornava incrédula ao avistar
alguns garotos sem camisa, com o corpo pintado de tinta. Expondo o nome da
“Irmandade”.
Havia uma extensa mesa, semelhante a uma de ping pong, com dezenas
de bebidas sobre ela, e três garotas loiras — Seminuas — dançando em cima
dela, com um público de garotos eufóricos em torno da mesa.
Droga.
Onde eu estava com a cabeça quando decidi vir a um lugar desses?
Sem sombra de dúvidas, não me encaixo aqui.
Não que eu seja uma puritana, ou, que eu me ache melhor que todos. No
entanto, desde pequena, nunca me sai bem em lugares repletos de pessoas. É
como um pesadelo para mim. Esse então, era aterrorizador.
Depositei o copo em minha mão, sobre uma mesinha, quando passei por
ela, vendo Grace e Andrew tomarem longos goles de suas bebidas.
Dançando ao ritmo da música.
— Isto é maravilhoso. — Grace se aproximou de mim, saltitante, um
pouco alterada devido aos cinco ou seis copos que havia tomado.
— Você irá ficar bêbada. Ou já está. — Pôs suas mãos sobre meus
ombros, grunhindo com minha reclamação, balançando meu corpo de leve, de
acordo com o seu.
— Qual é? É apenas margarita. — Sorriu desnorteada. Tão bêbada. —
Beba um pouco.
Nego com a cabeça, quando ela direciona seu copo em direção a minha
boca, comigo virando meu rosto, com uma careta na face.
— Não. Pare com isso.
— Uh. Pare você de ser careta.
— Não sou careta. — Grasno, já irritada. Não deveria mesmo ter vindo.
— Só não irei ficar bêbada. Temos aulas amanhã esqueceu? Não podemos
acordar com ressaca.
— Ressaca? — Andrew chegou até nos rindo extasiado. Os cabelos lisos
bagunçados em sua nuca loira. A pele clara suada e brilhante como a de Grace.
— Sem ressaca. Nada de ressaca.
— Isso aí. — Grace gritou animada, jogando as mãos para o alto, unindo
Andrew e eu em um grande abraço a três.
— Céus. Vocês estão alterados.
— Não. — Andrew se soltou, dançando, sorrindo afoito. — Você que
está parada demais. Divirta-se um pouco Crystal.
Removendo uma mexa de meu cabelo, reviro meus olhos, tomando o
copo da mão de Grace, bebo um longo gole, não era a primeira bebida alcoólica
que já provei, entretanto, como as outras, essa era horrível e amarga, descendo
ardente e veloz por minha garganta, estremecendo meu corpo. O gosto amargo e
ardente ferveu minhas entranhas em uma mistura poderosa de álcool.
Lanço o copo ao longe no gramado, ouvindo Grace resmungar.
— Ei. — Repreendeu-me. — Era minha.
— Chega de bebidas por hoje.
Estava prestes a retirar a de Andrew, quando ele me impediu, a erguendo
com rapidez.
— Só um... Segundinho. — Riu bêbado. Levando o copo aos lábios e
tomando os últimos goles restantes, entregando-me o copo vazio em seguida. —
Prontinho.
— Idiota. — Bufo, lançando o copo na mesma direção em que o outro se
foi.
Quando me voltei para eles, tive minha atenção tomada para vários
garotos que seguiam em fila, parando em frente à porta da casa, e o mais
estranho, era que todos usavam uma espécie de colete preto, e armas.
Que diabos significava aquilo?
A música de imediato parou, fazendo com que todos notassem a fileira de
garotos.
Deveriam haver uns sete deles.
Todos com armas.
Merda. Aquilo não parecia algo bom.
Grace olhou de relance para mim, com cautela, juntamente com Andrew,
com ambos se aproximando ainda mais de mim.
Cada pessoa presente se concentrou naquilo, o único som que se ouvia
era de cochichos e murmúrios.
Porque infernos aqueles garotos estavam usando aquilo?
E o mais importante, porque estavam com armas?
Não tive um pressentimento bom disto.
Nem mesmo tive tempo de constatar o que realmente significava aquilo,
já que um garoto entrou na frente da fileira dos garotos armados. O mesmo
garoto que estava com Sheryl. O que tinha olhos azuis instigantes.
O mesmo que, de modo algum, eu conseguia recordar o nome.
Apenas a droga do apelido.
O demônio veloz.
— Desculpem interromper a festa galera. — Elevou seu tom para que
todas as pessoas ao redor o pudessem ouvir. No que funcionou, já que todas
ficaram atentas. — Nós da Kappa Alpha preparamos uma surpresa para vocês.
Algo complementar para tornar nossa festa ainda mais divertida.
O sorriso daquele garoto foi a definição perfeita de puro sarcasmo.
Porque não fiquei surpresa ao saber que ele fazia parte daquela
república?
O cara era o típico garoto problema, com aquele jeito e olhar mau
encarado.
Com certeza todos naquela república eram.
— Chamamos de caçada noturna. — Emendou, justificando. — É uma
brincadeira que creio eu que irão gostar, ou melhor, espero que gostem. Estão
vendo os garotos aqui? — Apontou para os garotos atrás de si com as armas. —
Serão os caçadores. E vocês a caça.
Santo inferno.
O silêncio não pendurou por muito tempo, logo várias vozes
preencheram o lugar.
— Oh, não precisam se preocupar. As balas não são de verdade. São
apenas balas de tinta, no entanto, posso afirmar que essas belezinhas causam
uma dor desconfortável, fora a sujeira que fazem certo? — Ele gargalhou alto,
sendo seguido pela fila de garotos. Enquanto eu os olhava horrorizada. Aquilo
era um absurdo. Eles não iriam fazer isso, iriam? Entretanto, elevando seu tom
acima dos murmúrios incrédulos, o cara continuou. — Estão preparados para
correr? Então, que a caçada comece.
Grace e Andrew me olharam em completo horror, no mesmo estado que
eu.
— Isso é loucura. — Andrew praguejou, com Grace sussurrando um
xingando.
— Temos que ir. — Minhas palavras foram abafadas por um barulho alto
e estridente.
Como a droga de um disparo.
Quando olhamos na direção do som, vimos uma garota gritar ao ser
atingida no peito, por uma tinta amarela, que devido a força do impacto a fez
cair para trás.
Em segundos, tudo se tornou um caos, os garotos e garotas corriam aos
gritos, empurrando todos, com o barulho de mais disparos ecoando, seguidos de
gritos.
Céus. Aquilo era uma idiotice.
Quando percebi, devido a multidão eufórica de pessoas fugindo para a
floresta, acabei sendo afastada de Andrew e Grace, que espero terem fugido
também.
— Grace! Andrew! — Gritei, varrendo toda aquela imensidão de garotos
a procura de ambos, sem nenhuma resposta.
Droga.
Os disparos eram incessantes.
Os gritos estrondosos.
Aquilo estava um completo inferno.
Pessoas caiam jogadas no chão, com manchas de tinta por suas roupas,
gritando agonizadas pela dor.
O restante corria para a floresta.
E a única opção que tive foi fazer o mesmo.

CAPÍTULO 6


Naquele momento eu corria como se estivesse em uma corrida sem fim,
ouvindo a gritaria atrás de mim, com centenas de pessoas espalhadas ao meu
redor, correndo pelas árvores em meio a toda escuridão. O barulho ensurdecedor
dos disparos causava tremores em mim. Meus pulmões estavam eufóricos com
todo meu nervosismo. Droga. Aquilo não podia está acontecendo.
Era insano e perverso.
Como puderam fazer isso? Todos são grandes babacas idiotas.
Se pudesse voltar atrás com minha decisão de ter vindo a essa maldita
festa.
Agora estou correndo feito uma louca, em meio a um bando de garotos e
garotas desesperados, em uma extensa floresta no meio da noite — e o que é
pior, com um grupo de garotos atirando balas de tintas nas pessoas — Aquilo
definitivamente era o que eu precisava logo no primeiro semestre de aula. Se o
corpo docente descobrisse isso. Todos estavam ferrados.
Eu não deveria ter vindo. Oh não. Não mesmo.
Eu esperava que aqueles desgraçados não houvessem pegado Grace ou
Andrew, com todo o alvoroço na multidão, acabamos sendo separados.
Inferno. Isso era um pesadelo.
Tinha que ser, e eu só queria acordar logo.
No entanto, a realidade se brotou em minha frente, quando um disparo
fisgou ao meu lado, e uma árvore a minha frente foi acertada, horrorizada com o
barulho do impacto, vi a tinta vermelha, como sangue, escorrer pelo caule da
árvore.
Olhei para trás por cima de meu ombro, vendo um dos garotos da Kappa,
com uma arma, vindo em minha direção, mirando, pronto para me acertar.
Céus. Quando isso vai acabar?
Retornei meus passos vorazes, correndo ainda mais rápido, desviando
das enormes árvores que surgiam a minha frente, tentando ao máximo enxergar
alguma coisa em meio a toda aquela escuridão.
— Eu vou pegar você gracinha. — Ouvi o idiota logo atrás gritar. Ah,
mas não vai mesmo. Ele ainda atirou duas vezes, acertando tudo, menos eu.
Vi mais adiante um garoto cair no chão, gritando ao ser bombardeado por
vários disparos, com seu rosto e corpo ficando irreconhecível devido a tinta, e
para meu azar, o atirador me viu, passando a vir até mim, com sua arma já
pronta.
Ótimo. Agora são dois.
Dobrei duas grandes árvores, saltando sobre um tronco caído, os esportes
que pratiquei na infância ajudando bastante no momento.
Mesmo me distanciando o suficiente, por cima do ombro, pude ver os
dois caras destinados a me seguirem, mirando e acertando nas árvores.
Quando eu já não aguentava mais a falta de fôlego, uma ideia passou por
minha cabeça, e após percorrer mais uma milha, consegui me esconder atrás de
um grande tronco em meio a centenas de galhos secos, abaixando-me,
escondendo ao máximo meu corpo atrás do tronco.
Expirando com força, esforcei-me para controlar o descompasso
acelerado de minha respiração descontrolada, depois de correr uns bons
quilômetros pelo que pareceu uns quinze minutos, eu estava um caco, suada e
ofegante, provavelmente, estaria dolorida na parte da manhã, com uma tremenda
dor de cabeça se aproximando.
Tomei foco quando vi os garotos passarem apressados, seguindo em
frente em uma direção que achavam que fui. Só consegui relaxar quando os vi
desaparecer, sumindo por completo do meu campo de visão.
Levantei com cautela, respirando fundo, averiguando cada canto que me
rodeava, atenta a qualquer mero movimento. De forma alguma eu permitiria que
me acertassem com uma daquelas coisas.
Passei uma mão por meus cabelos, relaxando meus nervos afoitos ao ver
que estava tudo limpo. Para logo em seguida, ser tomada pelo horror ao ver que
eu havia me afastado demais da casa.
Perfeito. Agora eu estava perdida no meio de uma floresta, em plena
noite.
Aquilo poderia ficar pior?
Tentei procurar um ponto fixo que me fizesse encontrar o caminho certo
em direção a casa, para que eu pudesse voltar e encontrar meus amigos, e acabar
de vez com essa noite desastrosa, que para início, eu nem deveria ter vindo.
Isso com certeza foi um aviso de que festas não são para mim.
Esse tipo de lugar, é o que devo manter distância.
Grunhi um choramingo ao me dá conta de que nem ligar para alguém eu
poderia, já que havia deixado meu celular no alojamento.
Entretanto, tive meu momento de desespero interrompido com o barulho
de galhos se quebrando logo a minha frente.
Oh merda. Séria uma fera? Havia animais selvagens na floresta?
Ou mais um daqueles idiotas com as armas de tinta?
Mesmo assim, me preparei, agarrando um grande galho seco, esperando
que me servisse como defesa.
Um vulto grande saiu por entre a escuridão das árvores, de imediato,
preparei meu galho para o ataque.
No entanto, quem saiu por entre as árvores, não era uma fera ou um dos
caras armados.
Era o garoto que andava com Sheryl.
O de olhos intrigantes e piercing.
— Ei, ei, calma. — Bradou ao ver minha posição de ataque. — Está tudo
bem. Não tenho armas, nem nada, certo?
O avalio bem, concordando.
— Certo. — Soltei o galho, recompondo-me.
Ainda assim, atenta a tudo.
— O que faz sozinha aqui?
Levei meu olhar de desprezo a ele.
— Nada. Só vim passear sozinha na floresta no meio da noite. — Grasno
sarcástica. — Acha que estou aqui por que quero?
— Bravinha você hein?
— Só estou tendo um péssimo dia. E graças a essa brincadeira idiota que
você e sua república infantil fez é que estou aqui.
— Infantil? Qual é?
— Quem faz uma brincadeira dessas?
O cara dá de ombros.
— É divertida. Não acha?
— Não. Não acho.
— Então pensamos diferentes.
— Se acha que é divertido saí atirando balas de tinta nas pessoas. —
Esbravejo raivosa. — É, pensamos muito diferente mesmo.
Ele apenas ri disso.
— Você é a amiga da Sheryl, certo?
— Não. — Faço uma careta.
— Pensei que fosse.
Grunhi, abraçando meu corpo com meus braços devido ao vento gelado,
com o frio colidindo em meus braços nus.
— Está com frio?
Levo meu olhar para ele, vendo o cara me fitando com curiosidade.
— Uhum. — Respondo a contragosto.
Vejo-o murmurar algo para si mesmo, começando a vir em minha
direção, com meu olhar atento sobre ele. Principalmente quando ele desceu o
zíper de seu moletom, o retirando de seus ombros.
O que ele esta fazendo?
Santo inferno. Essa noite não poderia ser pior do que ser perseguida, se
perder em uma floresta, e acabar sozinha com um completo desconhecido.
CAPÍTULO 7


Surpreendo-me ao vê-lo em uma regata branca, com seus braços
torneados a mostra, e o mais incrível, as tatuagens que o cobriam e chegavam até
metade de seu pulso.
Devido ao moletom ter mangas compridas, não tive a oportunidade de
vê-las, no entanto, agora meus olhos admiravam os desenhos em seus braços,
pude destingir umas espécies de símbolos tribais e um gavião em seu ombro, e
eu tinha quase certeza de que haviam mais em seu peitoral, quando fui
interrompida por ele, com sua voz grossa e rouca me trazendo de volta para a
realidade.
— Pegue. Vista isso, vai ajudar com o frio.
Ele nem sequer me deu a oportunidade de responder, já colocando o
moletom sobre meus ombros, se aproximando ainda mais de mim, permitindo-
me sentir seu aroma cítrico e masculino.
Forço um sorriso quando ele se afasta, encarando-me, com meu olhar se
fixando no piercing em sua sobrancelha esquerda.
— Obrigada. — Murmurei meio sem graça.
— Você foi seguida até aqui, não foi?
Confirmei em um aceno.
Inferno, um vento frio soprou sobre mim.
— Consegui despista-los.
O garoto me olhou com surpresa.
— Wol.
— Não queria acabar sendo atingida.
— Bom, você tem que concordar que foi divertido.
— Céus. Isso foi um absurdo de tão infantil.
Ele permaneceu longos minutos me fitando.
Aquele olhar duro e bruto era devasso.
O garoto era a definição de rebeldia, transpirando sexo e encrenca.
— Acho que a caçada acabou. — Ele murmurou.
Realmente a gritaria e o barulho haviam cessado, só se podia ouvir um
som inaudível vindo de algum lugar distante.
— Vem, vou te levar de volta
— Não, não precisa. — Me vi exclamando.
Ele ergueu a sobrancelha com o piercing.
Inferno.
O cara simplesmente exalava perigo e confusão com todo aquele ar de
garoto mal. Entretanto tenho que confessar que isso o tornava ainda mais
atraente.
— Você sabe como voltar por acaso? — Perguntou, o tom meio
presunçoso.
Merda! Não, não sabia.
Mordi meu lábio inferior.
Amaldiçoando essa noite infinitas vezes, olhando sem graça para ele.
Neguei com a cabeça.
— Foi o que pensei.
E me deu as costas, seguindo por entre as árvores com um andar
confiante.
Sem escolha. Eu o segui.
— Você não parece o tipo de garota que frequenta essas festas.
Levei meu olhar frustrado para ele.
— É por que não sou.
— Então porque está aqui?
Ele continuou a andar, ao meu lado, sem me dirigir o olhar.
— Ainda estou me perguntando isso.
— Tem certeza de que não quis vir raio de sol?
Dessa vez ele me olhou e sorriu.
Droga. Por um instante esqueci o que dizer.
— É claro que tenho.
O cara riu.
— Garotas como você sempre buscam esse tipo de lugares.
Que diabos ele insinuou?
— O que?
— Sabe, garotas inocentes procuram por aventura. Perigo e...
— Eu não. — Esbravejo irritada, interrompendo-o.
— Ok, raio de sol.
Fiz uma careta.
— Pare de me chamar assim.
— Certo. — Sorriu, e me amaldiçoei por achar seu sorriso bonito. —
Raio de sol.
Ele estava zombando de mim.
Idiota. Bufei.
Durante todo o caminho percorrido, mantive meus olhos distantes do
garoto tatuado ao meu lado, mesmo assim, eu podia sentir seu olhar vez ou outra
sobre mim. Passamos todo o trajeto em um puro, — e completo —, silêncio.
Apenas o barulho da fraternidade distante, e de algumas cigarras nas árvores, se
era ouvido. Como ele não falou mais nada, também mostrei minha falta de
interesse em uma possível conversa.
A proposito, eu realmente não tinha a menor vontade de conversar com
ele.
Caras desse tipo é o tipo perfeito que devo manter distância. E ele
comprovou isso hoje ao fazer essa brincadeira idiota com todos. Fora o piercing
e as tatuagens nos braços musculosos.
O garoto simplesmente cheirava a problemas, e isso era tudo que eu
menos queria.
Quando finalmente chegamos à fraternidade, suspirei em alívio, mesmo
horrorizada com os vários corpos sujos de tinta espalhados pelo gramado,
choramingando em dor, e agradeci mentalmente ao não reconhecer nenhum
deles.
Eu tinha que encontrar Grace e Andrew, para darmos o fora daqui.
— Prontinho raio de sol. — O tatuado exclamou ao meu lado. — Esteja
ciente de que, se resolver se perder outra vez em uma floresta, não estarei lá para
ajudar.
Que cretino presunçoso.
Assim que me voltei para, pelo menos, responder ao garoto tatuado e
mal-encarado por ter me trazido de volta, e devolver seu moletom, é claro, ele já
tinha saído, caminhando para longe, sem nem ao menos olhar para trás.
E resolvi não o chamar.
Varri todo aquele lugar com meus olhos, acabei avistando Andrew e
Grace sentados em espreguiçadeiras um ao lado do outro, agradecendo aos céus
ao vê-los bem.
Entretanto, sujos de tinta.
Respirei fundo, indo até eles.
CAPÍTULO 8


Naquela sexta-feira, eu aproveitei para levar algumas roupas para casa
para lavar, como sempre fazia, já que a lavanderia da universidade não era pouco
movimentada. Minha mãe, Vivian Meyer, havia saído cedo para o jornal, meu
pai, Cory Meyer, também, no entanto, esse trabalhava em uma agência de
construção civil, portanto, a casa era toda minha, já que, Black deveria estar em
sua fraternidade com seus amigos.
Coloquei meus fones de ouvido, acessando minha playlist enquanto
colocava as roupas na maquina de lavar. Passando em seguida minhas mãos por
meu moletom cinza, ajustando-o em meu corpo.
Apertei o botão central da máquina, ligando-a.
No segundo em que as roupas começaram a girar dentro dela, meu
celular apitou e vibrou em meu bolso traseiro, comigo o pegando, vendo uma
notificação de mensagem.
Duas novas mensagens de Grace.
Onde você esta?
Não estou muito bem.
Digitei uma resposta rápida.
Em casa. Dia de lavanderia, lembra?
Sua resposta veio em seguida.
Não. Estou exausta. Parece haver centenas de buzinas em minha cabeça.
Rolei meus olhos.
Grace e Andrew haviam exagerado no álcool noite passada.
Ambos também haviam sido pegos pelos garotos da Kappa.
Eu avisei. Tome algum comprimido para dores.
Sabe que tem aula mais tarde, certo?
Minutos depois veio sua resposta.
Irei faltar as duas primeiras aulas de anatomia. Estou tão acabada.
Quando comecei a digitar uma resposta para ela, outra mensagem veio.
Dessa vez era Andrew.
Acho que estou doente. Tem uma furadeira em minha cabeça.
Contive a vontade de xingar ambos.
Eu os havia avisado.
Tratei de mandar uma mensagem para Andrew.
Sério isso? Eu disse para você e Grace como estariam pela manhã.
Quando vi, havia três novas mensagens de Grace.
Abri elas, não contendo um rolar de olhos.
Acho que irei colocar minhas tripas para fora.
Eu não deveria ter bebido tanto ontem. Jesus.
Eu irei morrer Crystal.
Sorrio com seu exagero. Grace era uma perfeita Drama Queen.
Balançando a cabeça em desaprovação, envio uma resposta.
Pare de drama.
Você irá sobreviver.


Quando retornei a faculdade em um taxi, corri apressada pelo campus,
com meus livros sobre meu colo, temendo chegar atrasada na primeira aula.
Literatura inglesa. O professor Hector era um homem de quarenta e poucos anos
que não tolerava atrasos. Então, rumei de imediato para o prédio do curso,
vestindo minhas roupas casuais, uma calça jeans e uma camiseta rosa de mangas,
com o cabelo em um rabo de cavalo.
Agradeci aos céus pelo professor ainda não ter chegado quando entrei na
sala de aula, indo para meu lugar, a primeira cadeira na fileira da frente,
cumprimentando alguns colegas do curso, começando a preparar meus livros.
Por meu pequeno bloco de anotações, vi que hoje seria debate de obras.
Pus meus livros sobre minha carteira, sentando, ajustando meu coque.
Foi quando percebi um movimento ao lado.
Assim que virei meu olhar, grunhi um resmungo ao perceber do que se
tratava, quando vi o cara de ontem, o tatuado, praticamente expulsando o garoto
que se sentava ao meu lado de sua carteira, fazendo o mesmo correr para o
fundo, enquanto ele passava a se sentar, depositando seus livros e se virando
para mim.
Abrindo um sorrisinho cínico.
Então Grace tinha razão, ele realmente fazia essa aula.
Como eu nunca o tinha percebido?
Um cara como ele, com piercing e tatuagens era como um cartaz em
neon.
— Olá raio de sol. — O fitei com desgosto.
— Porque me chama assim?
Ele deu de ombros.
— Seus cabelos, são tão amarelos que algumas mechas parecem raios
solares.
Aquilo me pegou de surpresa.
Porém, não esboço nenhuma reação.
— A proposito raio de sol, quero minha jaqueta de volta.
Recordei de ontem à noite, quando ele havia a posto sobre mim na
floresta.
— Claro. Não se preocupe. — O fitei séria. — E pare de me chamar
assim.
— Ok, raio de sol. — Sorriu irônico.
Idiota.
Passei a ignorá-lo assim que o professor entrou.
Entretanto, pude sentir seus olhos presos em mim.
CAPÍTULO 9


— Hoje iremos discutir sobre o clássico, a odisseia.
Houve alguns resmungos contraditórios no fundo, com alguns murmúrios
animados também podendo ser ouvidos. Eu apenas permaneci neutra.
Já havia lido a obra.
— A odisseia é uma obra épica e dramática, sendo um grande nome na
literatura, criada pelo Grego Homero. Pedi na última aula que a lessem para que
debatêssemos esse grande clássico. Como sabem, pelo menos os que tiveram a
dignidade de ler, odisseia conta a história de Ulisses, que também é personagem
de Ilíada, outro grande clássico do autor. — O professor se encostou a mesa,
gesticulando enquanto falava. — Todo o tema da obra é abordado na historia de
Ulisses, que passa vintes anos sem ver sua esposa Penélope e o filho Telêmaco, o
que vocês têm a opinar sobre esse contexto?
O quão surpresa me vi quando o garoto tatuado ao meu lado levantou
uma mão.
— Com certeza Ulisses viu a furada que era o casamento e abandonou o
barco enquanto tinha tempo. — A sala se encheu de risos. Fechei minha
expressão.
— Bom ponto de vista Tristan. — O professor balançou a cabeça rindo.
— Então turma, concordam com o ponto de visão do Sr. Keller?
Suspirei, erguendo uma mão.
— Sim Srta. Meyer, nos dê sua opinião.
— Obrigada professor. — Sorri para ele. — Eu definitivamente discordo
da opinião do Sr. Keller. Sem sombra de dúvidas Ulisses amava a mulher, e
estava satisfeito com o casamento, durante vários pontos na obra vemos sua
ansiedade em retornar para casa.
— Claro que estava ansioso, depois de vinte anos de farra. — O garoto
tatuado, que agora eu sabia o nome, Tristan, exclamou, fazendo todos caírem na
risada.
Rangi os dentes.
Garoto irritante.
— Se acha que leu a obra, saberia que nesses vintes anos ele estava na
guerra de troia.
— E acha que ele não se divertiu nenhum pouco com uma gatinha? —
Tristan riu. — Qual é? Homens tem suas necessidades. Vinte anos é tempo
demais.
Babaca devasso.
— Tenho certeza que o coração de Ulisses pertencia a sua mulher.
Virei-me para ele, o desafiando com o olhar.
Ele aceitou o desafio, sorrindo malicioso para mim.
— Porque um cara charmoso como ele daria seu coração para uma,
quando poderia dá para várias? — Argumentou presunçoso em seu olhar.
Sorri para ele.
— Porque ele acreditava no amor.
Tristan riu com deboche.
— Amor é para os fracos. Ulisses era um guerreiro forte.
Balancei minha cabeça incrédula.
Como esse cara conseguia ser tão idiota?
— Isso não faz sentindo algum. Até mesmo o mais bruto dos guerreiros
pode se apaixonar. Ulisses é um desses.
— Eu voto que não. — Levantou sua mão, com ironia.
Minha vontade era de estapeá-lo.
Eu já estava pronta para respondê-lo quando o professor interveio.
— Ok. Já entendemos suas opiniões opostas sobre a história de Ulisses.
Obrigado Sr. Keller e Srta. Meyer. — Decretou. Apenas acenei, exalando fundo.
E durante todo o restante da aula eu passei a ignorar Tristan.
Foi inevitável não resmungar ao fim da aula, quando eu estava me
preparando para sair, e ele impediu, surgindo na minha frente.
— Ei, calma aí raio de sol.
— Saia da minha frente, por favor.
Os olhos peculiares são intensos, fisgando os meus.
Estávamos presos em uma conexão magnética.
Tremi na base, odiando aquelas sensações que sua proximidade me
causava.
— Está irritada raio de sol?
Grunhi. Ele me deixava furiosa.
— Pare de me chamar assim, droga!
— Então, esta mesmo brava.
— Você é um idiota.
— Qual é? Não foi você mesma que disse ontem que temos opiniões
diferentes.
— E como temos.
Tentei passar por ele, porém, o idiota segurou meu braço.
— Não pode ficar bravinha sempre que alguém discorda de você.
— Sério? — Ri sarcástica. — Irei lembrar-me disso.
Ele riu.
— Você é uma graça irritada raio de sol.
Rolei meus olhos.
Puxei meu braço de seu aperto, libertando-me.
— Fico feliz que ache demônio veloz.
Ele estanca ao ouvir minhas palavras.
— Você... Diabos garota!
Sorri em deboche para ele.
Começando a me afastar dele, rumando para a porta.
Dando as costas para Tristan Keller.
Ouvindo-o resmungar alto.
— Não me provoque raio de sol.
— Porque não? — Gritei ainda andando.
— Pode não gostar das consequências.









CAPÍTULO 10


— Se divertiu ontem?
Direcionei meu olhar para Sheryl do outro lado.
Se produzindo para mais uma festa.
— Sim. — Assegurei, o que era óbvio que eu estava mentindo.
Ela só não precisava saber.
Não iria dar esse gostinho a ela.
— Fico feliz. — Sorriu falsamente. Vaca. — Haverá outra festa hoje, não
gostaria de ir também? Não teria problema algum em levá-la.
Arqueio uma sobrancelha para ela.
— Não, obrigada. — Nego com a cabeça. — O corpo docente aprova
tantas festas assim em uma Kappa? Céus. Já houve uma ontem.
— Eles não dão importância. Alguns dos membros até participam. —
Deslizou um batom vermelho por sua boca, contornando seus lábios cheios.
Apenas assenti com a cabeça.
Voltando a me concentrar em minha leitura, deitada em minha cama, com
meu pijama rosa e meus óculos de leitura. O cabelo amarrado em um coque
desajustado.
— Os garotos da Kappa conseguiram acertar você na noite passada?
— Não. — Respondi sem tirar os olhos do livro.
— Que pena. — Retrucou do outro lado.
Fingi não ter ouvido seu comentário.
Voltando para minha leitura, quando a porta do quarto foi aberta.
Um garoto todo de preto entrou, passando uma mão pelos cabelos.
O pior era que não era qualquer garoto.
Era Tristan.
Suspirei virando meu rosto, ouvindo Sheryl sorrir animada.
— Como eu estou baby? — Indagou para ele.
Olhei com cautela, o vendo avaliando ela.
Precisamente o enorme decote de sua camiseta curta.
— Está gostosa. — Ela pulou sobre ele, o agarrando em um beijo
molhado.
Torci meu lábio enojada com a cena, grunhindo.
Atraindo a atenção de ambos.
— O que está fazendo aqui? — Tristan bradou quando colocou seus
olhos em mim.
Ele parecia surpreso em me ver.
Ate mesmo se afastou um pouco de Sheryl.
Respirei fundo.
— Este é o meu quarto.
Franziu seu cenho.
Os olhos fixos nos meus.
— Como assim?
Sheryl bufou entediada ao seu lado.
— Infelizmente ela é minha colega de quarto. Só a ignore.
Como um hábito, cada vez que eu ficava irritada com algo, eu revirava
meus olhos.
Como nesse momento.
Tristan não conseguia parar de me encarar.
Foi nesse instante que me recordei de algo.
Deixando meu livro sobre minha cama. Levantei, indo para meu cesto de
roupas, retirando a jaqueta que ele havia me dado.
— Aproveitando a oportunidade. — A estendi para ele. — Aqui esta sua
jaqueta.
Ele pareceu sair de um transe.
Franzi meu cenho para ele, com ele a pegando.
— Você a lavou?
Cruzei meus braços.
— Sim.
Acenou meio neutro.
— Vocês se conhecem? — Sheryl atirou. — E o que diabos você fazia
com a jaqueta dele?
Nem me abalei por seu olhar de desprezo.
— Não é da sua conta porra. — Tristan bradou para ela, que se encolheu
receosa, deixando-me surpresa. Com ele se dirigindo para mim. — Não
precisava ter lavado.
— Já foi feito. — Dei de ombros.
Voltando de imediato para minha cama e meu livro.
— Tristan querido, precisamos ir. — Sheryl pediu, comigo levando meu
olhar para ele outra vez, o vendo imóvel, fitando-me atento.
Ele estava incrível.
Vestindo uma regata preta que deixava seus braços musculosos a mostra,
expondo suas tatuagens cinza, com vários símbolos, e uma calça preta lhe caindo
como uma segunda pele em suas pernas longas e torneadas.
Um cordão de prata brilhava em seu pescoço.
O cabelo castanho penteado para trás, mesmo assim um pouco rebelde.
Sem sombra de dúvidas ele estava quente como o inferno.
E seu olhar, céus, era tão ilícito e devastador.
Eu já poderia sentir dezenas de borboletas voando em meu estômago
com apenas um olhar dele. O que era ruim. Muito ruim.
Porque eu não deveria sentir isso.
Era errado e perigoso.
Segurando a jaqueta em uma mão, seu olhar insistia em se manter sobre
mim.
O ruim é que eu também não conseguia parar de olhá-lo.
Resultando em um descontrole em meu coração.
— Certo, vamos. — Respondeu Sheryl, dessa vez consegui me
desprender de seu olhar, passando a colocar meu foco nas páginas do livro.
E pude ouvir quando os dois saíram do quarto.





CAPÍTULO 11


Batidas estrondosas soaram, perturbando meus tímpanos. Tentei
permanecer dormindo, no entanto, elas continuaram. Meu sono aos poucos foi
indo embora, com a pessoa do outro lado da porta do dormitório insistindo nas
batidas.
Grunhi ainda grogue, com os olhos semiabertos, levando minha mão para
a escrivaninha ao lado, ligando o abajur, vendo no relógio que eram apenas doze
horas da madrugada. Desejando que a pessoa fosse embora.
E quando percebi que isso não iria acontecer, acabei levantando
contrariada.
Quem diabos era a essa hora?
Quando abri a porta do quarto, Andrew surgiu a minha frente.
— O que infernos há? — Retruco esfregando minha face.
— É Grace. — Despertei de imediato. — Acho que ela precisa de nós.
— Oh Deus. — Um resmungo me escapou.
— Algumas horas atrás ela me ligou, e céus, ela estava tão bêbada, e o
pior, pude ouvir uma gritaria ao fundo e um barulho de motores de carro.
— Você só pode estar brincando.
O fitei com incredulidade.
Esperando que ele afirmasse sua mentira.
— Não mesmo.
— Droga. — Bufei. — Quando falei hoje cedo com ela, Grace
praticamente estava doente, mal se levantava da cama. Como você.
Andrew deu de ombros.
— Sabe como Grace é quando se trata de festas.
Afirmei frustrada.
— O que faremos?
— Acho que sei onde ela está.
— Então, onde?
Andrew pareceu meio receoso.
— Em um racha.
— Em um que? — Bradei incrédula.
— Um racha. — Esbravejou. — Corridas ilegais sabe?
— É claro que sei Drew. — Exclamo exasperada. Todo meu sono indo
embora em um mero instante. — O que deu em Grace?
— Não faço ideia. — Outra vez o loiro ergueu os ombros. — Não
podemos deixar ela no estado em que está nesse tipo de lugar.
Um ofego raivoso me escapou.
— Eu sei. — Respiro fundo. — Maldita seja Grace.
Números de um a dez passaram por minha cabeça.
— Então, você vem comigo?
Concordei para ele.
— Sim. — Ele sorriu em alívio. — Me dê uns segundos para que eu me
troque.
Nem ao menos esperei por uma resposta, fechando a porta, subindo
minha camiseta por minha cabeça, retirando ela e jogando sobre minha cama,
apanhei uma calça jeans preta de dentro do pequeno armário, com uma camiseta
azul de mangas, amarrando meus cabelos em um coque com uma liga.
Tudo isso em exatos sete minutos.
Apanhei meu celular, o pondo no bolso traseiro de minha calça, rumando
para a porta.
— Pronta? — Drew indagou quando a abri.
Avaliei minhas vestes.
— Sim, estou.
— Ok. — Acenou. — Então vamos.
E saímos, comigo fechando a porta.


Pensei em dezenas de xingamentos que poderia despejar sobre Grace
quando a encontrássemos, no entanto, os perdi em meu subconsciente no
decorrer da trajetória que fazíamos por uma avenida restrita — E muito mal
iluminada, por sinal —Onde parecíamos estar atravessando os portões do inferno
quando Andrew dobrou uma esquina, onde quase todos os prédios e áreas eram
destruídos.
Foi quando pudemos ver a imensidão de pessoas ao longe, com as ruas
sendo iluminadas pelos milhares de carros ao redor. O barulho de motores, e a
gritaria, era ensurdecedor e quase insuportável.
O local parecia um show típico de uma banda de Heavy Metal.
— Minha nossa. — Arfei horrorizada, contemplando em choque o
cenário.
Havia um número absurdo de gente nas ruas.
Copos e garrafas espalhados pelas calçadas.
E algumas pessoas em pé sobre capôs de carros.
Não havia dúvidas que fosse o inferno na terra.
Grace. Grace. Grace.
O que diabos veio fazer aqui?
— Será quase impossível achar ela no meio desse turbilhão de gente.
— Sei disso.
— Céus. Os piores tipos de pessoas estão aqui.
— Andrew. Esse deve ser o pior lugar da cidade.
Engoli em seco.
— Precisamos mesmo fazer isso?
No fundo eu estava me perguntando isso.
Entretanto nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela nesse
inferno.
— Sim. Ela é nossa amiga.
Drew suspirou concordando.
— A encontramos, e a matamos em seguida.
Sorri em meio ao puro nervosismo.
— Parece uma boa ideia.


CAPÍTULO 12


Senti-me como um pequeno peixe em torno de um cardume de tubarões,
os olhares e sorrisinhos levianos pregados nas faces das pessoas ao redor,
causavam-me calafrios, entretanto, não me amedrontei por isso, nem pelos
garotos e garotas cobertos por tatuagens, até mesmo em seus rostos. A gritaria
era digna de berros e risadas estrondosas, tudo era simplesmente devastador.
Não consegui compreender como alguém poderia gostar de um ambiente
como esse. E no fim, não pude encontrar uma resposta sequer para meu
questionamento.
— Não a vejo em lugar algum. — Drew exclamou logo atrás, apertando
minha mão, temendo que nos separássemos, talvez, nem tanto quanto eu temia.
Desci meus olhos por cada canto e grupo de pessoas.
Nada de Grace.
Nesse instante, desejei no fundo, que ela estivesse em uma festa de
fraternidade. Seria bem menos aterrorizador que esse lugar insano.
— Também não a encontro. — Retruquei em um suspiro.
Arrastei Andrew comigo adiante, afastando algumas pessoas de meu
caminho.
Outra vez meus olhos vagaram pelo local.
E outra vez, nada de Grace.
No entanto, estava prestes a dá um passo, quando de repente avistei algo.
Do outro lado da rua havia uma garota aos afagos com um cara.
Reconheci em meros segundos aquelas vestimentas chamativas e o penteado
familiar.
Grace.
Há!
— A encontrei. — Esbravejei, abrindo um sorrisinho.
— O quê? Onde?
Não dei oportunidade para responder à pergunta de Drew, o puxando às
pressas para o outro lado da rua. Ele deve ter a visto, quando resmungou um
xingamento.
Quando nos aproximamos, entortei o lábio ao ver o cara sugando sua
boca.
Respirei fundo.
— Grace? — Intervi seu afago caloroso quase em um chiado.
— Huhu? — A ouvi ronronar baixinho.
Contive um xingamento.
Eu já havia tido demais dessa noite.
— Inferno. Pare com isso. — Bufei entre dentes. — Agora.
Assim que um grunhido se foi ouvido, ela afastou o cara de cabelos
loiros que agarrava ela, mesmo sobre os resmungos dele, o cara, que por sinal,
era tatuado, nos olhou com raiva por termos atrapalhado seu momento.
— Crystal? Andrew? — Grace sorriu para mim. — Que bom que vieram.
Droga. Por seu tom meio zonzo percebi o quão bêbada ela estava.
— Não viemos para ficar. — Drew assegurou.
— Estamos indo agora. — Agarrei sua mão. — E com você junto.
— O quê? Não mesmo. —Brandeou reluta. — Estou me divertindo.
— Estamos indo embora Grace.
Ignorei seus resmungos, a puxando comigo.
Entretanto, uma mão grossa apertou meu pulso, fazendo-me cessar.
— Deixe-a comigo porra. — Olhei por cima de meu ombro para o cara
loiro.
Ele mostrou os dentes para mim. Os olhos vermelhos mostrando sua
alteração.
Deveria está sobre efeito de alguma droga.
— Solte meu pulso.
O desgraçado riu com escarnio.
— Ou o que vadiazinha?
Rangi os dentes.
Quando tentei puxar minha mão de seu aperto, ele o fixou ainda mais.
Começando a me machucar.
Grande merda.
— Deixe ela filho da puta. — Drew deu um passo a frente.
O cara sorriu ainda mais.
— Apenas se deixarem que eu me divirta com a gostosinha aqui. —
Apontou com um sorriso nojento para Grace, que ofegou horrorizada.
— Solte-me agora. — Outra vez tentei me libertar.
— Vamos, deixe-a. — Andrew se direcionou para ele, no entanto, o
impedi, pondo uma mão a sua frente, barrando sua passagem.
— Não, Drew. — Exclamei para ele.
A noite não poderia ficar pior.
Céus.
— O que pensa que esta fazendo filho da puta?
Meu corpo foi tomado por dezenas de descargas elétricas quando aquela
voz grossa chegou aos meus tímpanos.
Fechei meus olhos, deixando uma respiração pesada escapar, quando
reconheço aquele tom rouco e potente.
Não ousei olhar para trás para vê-lo.
Mas pude ver uma pitada de temor brincar nos olhos do cara que me
segurava.
Ele parecia meio receoso, talvez, até assustado.
— A solte agora.
— Não se meta. — O idiota grasnou zombando. — Demônio veloz.
E com aquilo confirmei minhas dúvidas sobre o dono da voz.
Era ele.
Tristan Keller.


CAPÍTULO 13


— Dê o fora maldito Keller.
Engoli em seco com a situação abrasadora.
Aquilo estava se tornando um pesadelo.
Eu só desejava acordar em meu quarto em meu dormitório.
Entretanto, nada disso aconteceu. Meu pesadelo, era real.
— Não tornarei a repetir. — Tristan silvou em um rosnado. — Solte-a.
O cara alterado gargalhou em escárnio.
Era assustador o quanto seus olhos estavam vermelhos, em um nível que
era impossível distinguir a cor natural deles. Ele estava sob grande efeito de algo
forte.
Segurei um grunhido doloroso quando ele aumentou o aperto em meu
pulso.
— Se deseja tanto isso.
Em um movimento brusco fui arremessada para o chão com
agressividade, comigo indo de encontro a calçada fria e suja. Caindo sentada.
Meio atordoada com o impacto, pude ouvir em meros instantes Grace
gritar meu nome, e um rugido selvagem brandear em meus tímpanos.
Levou o tempo suficiente para que eu piscasse meus olhos e os abrisse,
para que tudo acontecesse rápido demais, e lá estava Tristan socando o cara que
havia me lançado ao chão, que agora, estava jogado sobre a calçada, levando
chutes e socos em meio a gemidos e lamentações de sua parte.
— Filho da puta. Se houver a machucado, eu o matarei. — Arquejei
diante a cena, vendo Tristan atingir o cara quase inconsciente com chutes
ferozes.
Céus. Ele iria matá-lo.
— Tristan. — Ele cessou de imediato ao me ouvir chamar seu nome pela
primeira vez. Tornando-se petrificado de costas para mim. — Pare, por favor.
O mais incrível foi que ele atendeu meu pedido, ajustando sua posição de
ataque.
Grace e Drew estavam paralisados, tão incrédulos quanto eu.
No entanto, mantive meu foco sobre o cara tatuado de pé sobre o corpo
inconsciente.
Tristan estava tão ofegante, antes de se voltar para mim, observei ele
praguejar um xingamento baixo, passando uma mão por seus cabelos revoltos.
— Você está bem raio de sol? — O comtemplei quando ele veio até mim,
caindo de joelhos ao meu lado, trazendo suas mãos para minha face.
Levei longos minutos para conseguir pronunciar algo.
— Acho que sim. — Acenei meio sem graça.
Tristan avaliou cada traço meu.
Tendo um olhar indecifrável em sua expressão fechada.
Nesse instante, pude comprovar o quão atraente ele era devido a sua
proximidade, e o calor ilícito que seus olhos azuis me causavam.
— Tem certeza que não está machucada?
Me fitou sério e com um olhar intrigante.
Apesar da dor latejante em minha bunda, e pulso, eu estava intacta.
— Sim, estou.
— Inferno raio de sol. — Sugou ar em um tom bravo. — O que diabos
faz aqui?
Perdi uma boa quantia de ar quando ele deslizou seu polegar em minha
bochecha.
Ele estava perto demais.
Isso não poderia ser mais embaraçoso.
— Acredite, se pudesse, nem sonharia em estar em um lugar como esse.
Tristan me olhou confuso.
— Então, o que a trouxe aqui?
Levei meu olhar para Grace, que nos encarava boquiaberta.
Tristan acompanhou meu olhar, e pelo estado de Grace, deve ter
compreendido.
— Esse não é o lugar de vocês.
Retornei meu olhar para ele.
— Sei disso.
— Não é o que parece.
Bufei para ele.
Algo passou por minha cabeça.
— Afinal, como sabia que estávamos aqui?
— Vi quando chegaram. Até mesmo passaram por mim.
Apenas acenei com sua justificação.
Era coincidência demais nos encontramos.
Parecia que o universo queria que estivéssemos sempre no mesmo lugar.
Tentei me levantar, no entanto, ele me impediu, se erguendo e estendendo
uma mão para mim, suspirando, a aceitei, com ele me erguendo.
No que resultou na colisão de nossos corpos.
Ofeguei ao estar tão colada a ele.
Seus olhos prenderam os meus em uma conexão magnética, que
pendurou por longos minutos.
— Crystal. — Drew esbravejou, fazendo com que quebremos nosso
contato físico. — Precisamos ir embora.
Levei meu olhar para ele, concordando.
— Sim. — Respirei fundo.
O cara idiota ainda continuava caído sobre o chão.
— Ele ainda está vivo. — Tristan exclamou ao ver meu olhar horrorizado
para o corpo inerte daquele cara. — Infelizmente.
O olhei em completo horror ao ouvir seu murmúrio.
E o cretino apenas piscou e sorriu para mim.
— Temos que ir. — Outra vez Drew se pronunciou.
— Irei acompanhar vocês. — Tristan emendou.
— Oh não, realmente não precisa.
— Eu não estava pedindo raio de sol.
E nos deu as costas seguindo em frente.















CAPÍTULO 14


— Isso só pode ser brincadeira.
Franzi o cenho ao ouvir o grunhido raivoso de Drew logo a frente,
apressando meu passo, passando por Tristan, arregalando meus olhos ao
encontrar o motivo do grande horror de Andrew, quando comtemplo em choque
os pneus de seu carro furados.
Grandes buracos feitos em cada um deles, como se houvessem sido
rasgados.
— Minha nossa. — Mordi meu lábio, fitando Drew, o vendo levar as
mãos à cabeça.
— O meu pai vai me matar. — Choramingou puxando seus cabelos.
— Tenha calma Drew.
— Como Crystal? Os pneus estavam novinhos.
— Isso aí está feio hein? — Grace cochichou baixinho.
— Calada. — Drew e eu esbravejamos em uníssono.
— Shiii... — Ela riu bêbada, erguendo o dedo indicador para os lábios.
Rolei meus olhos para seu estado.
— Isso tudo é sua culpa Grace. — Drew grasnou. — Não estaríamos
aqui se não fosse por sua causa. E olha o que esses vândalos fizeram com meu
carro.
Grace se encolheu meio receosa.
— Desculpe, desculpe... — Em um giro rápido, ela se curvou e vomitou
sobre a rua.
— Ótimo. — Ergui minhas mãos em um bufo.
— Merda. — Drew se abaixou sobre um dos pneus rasgados. Ainda
lamentando.
— Como iremos sair daqui? — O terror me abateu. A noite estava se
tornando um grande pesadelo a cada minuto que se passava.
Andrew choramingava pelo que haviam feito em seu carro, Grace
vomitava sem parar, e eu me via presa em uma situação catastrófica em meio a
tudo isso.
— Eu levo vocês. — Vire-me para o som daquela voz grossa.
Tristan. Eu até mesmo havia me esquecido de sua presença.
Com as mãos dentro dos bolsos frontais de sua calça, e a expressão
lívida, o garoto tatuado me olhava com uma tranquilidade invejável para mim.
— Não precisa. — Retruquei. Ele já havia feito o suficiente.
— Ah não? — Riu irônico. — Tem certeza raio de sol?
Indicou com a cabeça uma Grace desmaiada sobre o asfalto.
Grande merda.
Suspirei contendo a raiva, indo até ela.
— Vou pegar o carro. — Ele exclamou ao ver minha derrota.



Tristan deixou Drew em seu alojamento, quando havíamos conseguido
levar uma Grace inerte para seu quarto, sobre os resmungos de sua colega de
quarto, e após deixá-la depositada em sua cama, ele insistiu em me levar para
meu dormitório.
Fitei todo o campus pelo vidro da janela do carro, apenas para manter
meu olhar longe do garoto tatuado ao meu lado, concentrando-me em manter o
silêncio que havia se instalado entre ambos. Apenas inspirando seu aroma cítrico
exalando pelo carro.
Quando o carro parou, observei que havíamos chegado.
Inspirei fundo, virando meu olhar para ele, engolindo em seco ao
encontrar seus olhos cristalinos e brilhantes atentos sobre mim.
— Enfim, chegamos. — Puxou o canto de seu lábio em um sorrisinho.
O desgraçado sabia que isso o tornava ainda mais atraente.
— Sim. — Forcei um sorriso. Abrindo a porta. — Obrigada por tudo.
Assim que saí, o vento soprou contra meu rosto, trazendo algumas mexas
de meu cabelo para minha face, e tentei retirá-las, quando ouvi o barulho de uma
das portas do carro se abrindo.
— Raio de sol?
Meu coração bateu frenético ao ouvir apenas o som de sua voz.
Inferno. Porque essas reações?
E o mais importante, porque ele as causas em mim?
Esse frio constante em minha barriga e esse arrepio por toda minha pele,
eram sem dúvida alguma enlouquecedores.
— Sim? — Me virei para ele, segurando a porta do carro.
— Eu... Eu... — Ele parecia meio inseguro.
— Você? — O instiguei a completar sua frase.
Tristan passou uma mão por seus cabelos rebeldes.
O piercing na sobrancelha brilhou a um mero resquício de luz.
Soltando uma grande respiração, ele me fitou firme.
— O que acha de almoçar amanhã comigo?
Ergui uma sobrancelha surpresa com seu pedido.
— Almoçar? — Indago. — Com você?
— Sim. — Confirmou. — Caramba. É tão ruim assim pensar em almoçar
comigo?
Tristan ri meio desapontado.
— Oh não. — Sorri para ele. — Apenas estou surpresa.
— Por um cara como eu convidar uma garota como você para algo?
Semicerrei meus olhos.
No entanto acabei concordando com ele.
— Bom, sim. — Rimos em uníssono.
— O que me diz então?
Meu olhar se prendeu ao exato momento em que ele mordeu seu lábio
inferior.
Tristan Keller era o tipo de cara que eu deveria manter o máximo de
distância.
Então porque diabos eu não conseguia fazer isso?
Ele é o tipo certo de garoto errado.
E eu deveria correr para longe desse tipo.
Oh céus, e como deveria.
— Podemos passar a noite toda aqui, enquanto você pensa em minha
resposta.
Puxei um sorrisinho libidinoso para ele.
— Não será necessário.
— Não? — Questionou surpreso.
Neguei com a cabeça, dando as costas a ele e seguindo adiante.
— O vejo amanhã no almoço.
E não pude conter um sorrisinho ao ouvir sua risada.
CAPÍTULO 15


— Porque infernos está de óculos escuros?
Franzi meu cenho para Grace a minha frente.
Os cabelos negros amarrados em um coque desajustado em sua cabeça,
com uma camiseta de mangas longas enormes, e grandes óculos escuros em sua
face.
Ela parecia estar doente, ou algo parecido.
A garota bufou em um choramingo.
— Estou repleta de olheiras, fora o inchaço em minhas pálpebras.
Rolei meus olhos para trás.
— Não me surpreendo que esteja assim depois da noite passada.
— Ugrr. — Grunhiu silvosa. — Por favor, nem me recorde.
— Nem preciso. Sua aparência tenebrosa já é o suficiente.
— Obrigada. — Guinchou repleta de sarcasmo.
Balancei minha cabeça, voltando para meu almoço, pegando uma
batatinha frita.
— Bom dia meninas. — Drew se aproximou de nossa mesa, sentando-se
ao lado de Grace, arregalando os olhos ao encará-la em completo horror. —
Céus. Você está horrível. E porque infernos está de óculos escuros em pleno dia?
Grace amaldiçoou, se erguendo da mesa e saindo aos bufos.
— O que eu disse de errado? — Drew se voltou para mim.
Dei de ombros rindo, no instante em que lanço uma batatinha no ar para
minha boca.
— E seu carro?
Ele fez uma expressão estranha.
— Está em conserto. O estrago foi feio nos pneus.
— Sinto muito Drew.
— Sem problemas.
Sorri para ele. Sabia o quanto ele amava aquele carro.
O que era bem estranho na verdade. O carro de Drew era uma herança
hereditária, havia pertencido ao seu bisavô, e passado a diante por sua família.
Era como uma espécie de joia rara em sua família.
— Atrapalho? — Engoli em seco, levando com rapidez meu olhar para o
dono da voz.
Meu olhar instantaneamente se encontrou com o de Tristan parado na
borda da mesa.
Puta merda.
Ele estava incrível naquela manhã, em um moletom verde, onde as
mangas chegavam até seus cotovelos, deixando os braços repletos de tatuagens
amostra.
Contemplei em admiração seu rosto impecável, o piercing brilhante em
sua sobrancelha esquerda, o olhar meio semicerrado e penetrante, com aqueles
olhos azuis cristalinos prendendo nossos olhares em uma conexão explosiva.
Com um cigarro entre seus lábios carnudos, ele puxou o canto de seu
lábio em um sorriso, destinado a me fitar com aquele olhar ardente.
— Não. — Drew se manifestou, quebrando nosso momento. — Eu já
estava de saída, tenho que assistir mais três aulas até o final da tarde. Até breve
Crystal.
Acenei para Drew assim que o mesmo deixou a mesa e saiu, com Tristan
se arrastando para seu lugar, passando a ficar a minha frente.
— Você tem algo com ele?
Tristan indagou, com os olhos meio semicerrados.
Franzi o cenho. Ele parecia carrancudo esta manhã.
— Com Drew?
Ele confirmou com a cabeça.
— Não. — Fiz uma careta. — Somos apenas amigos. Porque?
Deu de ombros.
— Estão sempre juntos. Achei que tivessem.
— Não, não temos.
Ele suspirou. E notei que seu semblante pareceu aliviado.
Logo tratou de mudar de assunto.
— Creio que se esqueceu que iriamos almoçar juntos, raio de sol.
Ergui uma sobrancelha com seu comentário.
Então recordei-me da noite passada.
— Oh merda. Tem razão. Perdoe-me Tristan.
Mordi meu lábio meio corada com ele rindo.
— Tudo bem. — Piscou um olho. — Você fica linda corada.
Pude senti as maçãs de meu rosto se tornarem ainda mais vermelhas.
Ele me achava linda?
Céus.
— Obrigada. — Ri com isso.
— Terminou suas aulas?
— Oh sim. — Suspirei. — Estou exausta. E preciso estudar cálculos
gráficos.
— Tendo problemas?
— E como.
Ele riu. E por Deus, como ele se tornava lindo quando o fazia.
Tristan soprou a fumaça do cigarro ao jogar sua cabeça para trás.
— Se precisar, posso lhe ensinar umas coisas. — Acho que foi apenas
impressão minha, no entanto, pude notar um tom meio malicioso em sua voz. —
Se quiser, é claro.
— Não sabia que gostava de cálculos. — O fitei com um meio sorriso.
Ele quase abriu um, todo despojado a minha frente, com o cigarro nos
lábios.
— Você não sabe muita coisa sobre mim Raio de sol.
Um brilho feroz cintilou em suas íris azuis.
Ele parecia me desafiar com aquele olhar serrado.
Cruzei meus braços sobre meus seios.
— Não parece ser o tipo de cara que curte cálculos.
Ele deu de ombros.
— Estou cursando engenharia. É um curso de cálculos.
Sorrimos em uníssono.
Mais um ponto para algo inédito que aprendo sobre esse cara.
— Tem razão. — Movi uma mecha de meu cabelo para trás de minha
orelha.
— E então... — Instigou. — Aceita umas aulas?
Mordi meu lábio para conter um riso bobo.
Alguma coisa em Tristan Keller me tornava estranha.
E causava coisas inéditas e sem respostas em mim.
Eu deveria temer isso. Deveria mesmo.
Entretanto, algo em seu sorriso não me fez titubear em minha resposta.
CAPÍTULO 16


Ajustei meus óculos sobre meus olhos, fitando a caligrafia impecável de
Tristan, enquanto ele anotava observações em meu bloco de notas. O garoto
tatuado, usando apenas uma regata branca — Já que havia retirado o moletom —
parecia tão concentrado no que fazia, enquanto eu me recriminava em meu
interior, por não conseguir parar de admirar as tatuagens desenhadas em seus
braços torneados.
Tristan Keller parecia um daqueles modelos de revistas sensuais jovens,
em que você vê estampada nas vitrines e passa quase meia hora a encarando.
Ambos estávamos sentados sobre o chão ao lado de minha cama, em meu
velho tapete felpudo, com diversos livros e folhas ao nosso redor.
Os cabelos do garoto caiam sobre sua face enquanto ele escrevia.
Eram quase tão rebeldes quanto o próprio Tristan.
Eu tinha que concordar que ele realmente era bom em cálculos, era
impressionante a forma como ele resolvia contas em uma rapidez surpreendente.
— O caso dessas, é como uma equação onde você sempre terá que
subdividir em três, ou pode até mesmo a extrair em uma dizima. — Explicou-
me, trazendo o bloco para perto de mim, ou seja, com ele ficando bem ao meu
lado.
Eu não queria ter tido a ideia de inspirar seu aroma, assim não estaria tão
fascinada com o quão bom era. Carregado de um perfume cítrico e meio
amadeirado.
Ele cheirava a menta e hortelã.
O aroma era delicioso que me vi tentada a mordê-lo.
Mais um dos efeitos causados por Tristan.
Balancei minha cabeça, tentando me concentrar em sua explicação.
— No caso desta, é como uma repetição onde a equação se repete
diversas vezes?
— Isso. E em todas ela deve ser resolvida.
Fiz uma careta.
— Todas?
— Aham.
Ele gracejou um sorrisinho.
Mordi meu lábio coçando minha nuca.
Ao avaliar o cálculo repleto de letras e adições, percebi que aquilo era
quase impossível de se resolver. Era uma grande equação múltipla em diversos
graus.
Como a droga de um tique nervoso, ajustei os óculos em minha face.
— Uh! Não consigo resolver todas da mesma forma.
— Tisc, tisc, tisc raio de sol. — Estalou a língua. — É necessário que a
solução de todas elas sejam a mesma para poder se obter um resultado
semelhante ao que a equação se pede. Compreende?
— Não. — Bradei em um bufo.
Tristan deu uma risada, pondo o bloco no chão.
— É até simples Crystal.
O fitei ao ouvi-lo pronunciar meu nome em seu tom rouco.
— Não. É bastante complicado.
Balançando a cabeça em negativa ele riu.
— Estou surpreso que não saiba esse conteúdo.
— Porque?
Deu de ombros.
— Você tem cara de nerd.
— Idiota. — Revirei meus olhos.
— É sério, não que isso seja ruim. — Justificou. — Você é bem diferente
do seu irmão.
Dessa vez tive que concordar com ele.
— Black e eu somos bem diferentes. — Exclamei o obvio. — Vocês são
amigos, né?
— Uhum. — Confirmou. Ele não parava de me fitar.
— Ele já falou sobre mim alguma vez?
— Não. — Decretou. — Nunca, para ser sincero.
Respiro fundo.
— Não me surpreende.
— Vocês não têm uma relação muito boa, não é?
Neguei ao balançar a cabeça.
— Na verdade, não temos nada. Somos dois estranhos um para o outro.
Ele tem seu grupo de amigos, e bom, eu tenho os meus.
— Entendo.
— E você Tristan Keller, conte-me sobre você. — Ajustei minha posição,
ficando frente a frente com ele. — Tem irmãos?
— Sim. — Riu. — Se chamam Beca e Dann. Ambos adolescentes.
— Moram em Los Angeles?
Concordou em um aceno de cabeça.
— Vivem com nossa mãe.
Pude perceber o modo como seus olhos brilham ao falar de sua família.
— Eles devem ser incríveis.
— Sim. São tudo para mim.
Sorrimos um para o outro.
— Bom, acho que já tomei bastante do seu tempo. De verdade Tristan,
obrigada mesmo pelas horas de explicação. — Apanhei meus cadernos e folhas
de notas.
— Não precisa agradecer. Foi divertido passar um tempo com você raio
de sol.
Entregou-me o bloco de notas, comigo meio sem graça com suas
palavras.
— Sim, realmente foi.
Ele se ergue do chão, ajudando-me a fazer o mesmo em seguida.
No instante em que fiquei em pé, ele quase me fez ir ao chão outra vez ao
puxar meu corpo em direção ao seu, colidindo um no outro, tornando nossos
rostos próximos.
— Quer sair comigo hoje à noite?
Minha boca secou e meu coração perdeu seu ritmo.
Em instantes me vi sem folego.
O que estava acontecendo comigo?
— Tristan... Eu...
— Não aceito não como resposta raio de sol.
Passo minha língua por meus lábios para umedecê-los.
— E aonde me levaria?
O garoto passa minutos fitando meus lábios em pura malicia no olhar
azul, para depois trazer seus olhos cristalinos para mim.
— Haverá uma festa na fraternidade Kappa Tau. Quero que vá comigo.
— Eu disse para mim mesma que nunca mais iria a uma.
— Abra uma exceção para mim.
— Sinto muito Tristan.
— Ah Crystal, qual é?
— Não mesmo.
— Prometo que será divertido. Se me der uma chance.
Ele piscou seus olhos diversas vezes para mim, como se fosse causar
algum efeito diferente em mim. E o pior foi perceber que ele havia conseguido.
Tristan tinha algo pelo qual eu não conseguia lutar.
CAPÍTULO 17


Sheryl não havia aparecido o dia todo, o que achei ótimo, já que assim
poderia ter o quarto apenas para mim. Era relaxante ficar sem seus resmungos ou
suas ofensas indiscretas direcionadas para mim. Agora, diante o espelho, vaguei
meus olhos em meu reflexo, mordendo meu lábio inferior ao avaliar meu visual.
Uma camiseta branca de mangas curtas e uma saia jeans que chegava até
metade de minhas coxas. Meus cabelos loiros caiam por minhas costas, bom, eu
não estava tão ruim, no entanto, não me sentia confortável o suficiente para sair
assim.
Para início de conversa, eu nem mesmo deveria sair do dormitório.
Onde infernos eu estava com a cabeça quando aceitei sair com Tristan?
Havia tido uma péssima experiência em minha primeira vez em uma
festa de irmandade das Kappas, e agora, aqui estava eu, pronta para ir a outra.
E ainda por cima com ninguém menos que Tristan Keller.
O mesmo garoto que prometi para mim mesma manter distância.
Eu sabia que me aproximar de Tristan era o mesmo que ignorar uma
daquelas placas de “Perigo”, entretanto algo em mim mudava quando se tratava
dele.
Ele era o tipo errado de cara.
Sua personalidade em si já esbanjava perigo e tudo que eu deveria correr
para longe. E o mais incrível de tudo era que uma parte minha queria fazer
exatamente isso, porém a outra se arriscava a correr para ele, sem temer as
consequências.
Talvez no fundo eu soubesse que toda aquela imagem suja e descabida
que projetei sobre ele em minha cabeça estivesse se desmanchando, junto a todas
as barreiras que eu havia criado. Tudo se desmoronava para Tristan.
Eu ainda não compreendia como ele me afetava apenas com a droga de
um olhar. Como era possível me causar tantas sensações com seu toque?
Nesse momento compreendi o que as mocinhas de Jane Austen sentiam.
Toda aquela confusão inicial e sensações turbulentas que Liz sentiu por Mr.
Darcy.
Seu lindo e doce cavalheiro.
Entretanto, Tristan estava longe de ser um cavaleiro
Quando eu já estava pronta para remover minhas roupas, pela quinta vez,
pude ouvir o som de uma buzina soar do lado de fora, em frente ao dormitório.
Meu coração titubeou em um nervosismo abrasante.
Ele havia chegado. Oh céus.
Meu olhar seguiu para o relógio no topo da parede.
Tristan não havia se adiantado como imaginei, pelo contrário, eu que
estava me atrasando com toda essa indecisão do que vestir.
Joguei todas as minhas peças de roupas uma por cima da outra sobre a
cama, deslizando minhas mãos várias vezes por minha saia, para tentar
desamassar qualquer traço visível que a torne desgastada.
Olhei uma última vez meu reflexo, respirando fundo, e desejando
mentalmente que essa noite não terminasse de uma forma desastrosa como eu
temia.
Peguei meu celular sobre minha escrivaninha, e o pus escondido em uma
pequena entrada entre meus seios no decote da camiseta.
Nesse mero instante, puxei uma grande respiração e pedi coragem para
mim mesma, para que eu saísse do quarto e o encontrasse.


Lá estava ele. Parado em frente ao dormitório feminino, encostado em
seu carro, fumando, enquanto olhava de uma forma fixa em minha direção.
Já eu, bom, eu estava congelada na entrada, contemplando o cara atraente
e repleto de tatuagens a alguns metros de mim, que nesse instante jogava a
cabeça para trás e soprava fumaça no ar por entre seus lábios.
Ele estava sem sombra de dúvidas lindo. Usando uma jaqueta de couro
preta, com as mangas indo até seus pulsos, e uma camiseta vermelha por baixo.
Apenas encará-lo era como um colírio relaxante para os olhos.
Toda aquela postura arrogante e rebelde causou um leve formigamento
em minha pele.
Engoli em seco, rumando até ele.
— Está repensando, certo? — Exclamou. Franzi meu semblante ao me
aproximar dele. Ele percebeu minha confusão e reformulou seu questionamento.
— Quer dizer, está decidindo se foi uma boa ideia sair comigo?
Abri um sorrisinho para ele.
— Uhum. — Suspirei. — Talvez um pouquinho.
— Sério? — Riu, jogando o cigarro fora.
— Claro. — Bradei. — Não sei se você é uma boa influência.
Tristan arqueou a sobrancelha com o piercing.
— Posso afirmar que sou um bom garoto.
— Sei. — Soltei um riso irônico.
De repente, ele se tornou quieto, concentrando seu olhar ardente em mim,
tornando-me tão corada como nunca estive.
Ter a atenção de seus lindos olhos azuis me fez sentir borboletas no
estômago.
As sensações outra vez estavam me tomando.
— Você está linda raio de sol. — Esbravejou sério.
Tornei-me meio sem graça.
E até mesmo sem palavras.
— Obrigada. — Murmurei.
Desci meu olhar para minhas sapatilhas, tentando fugir de seu olhar.
Ou melhor, das reações que ele me causava.
Ele se desencostou do carro, dando uns três passos em minha direção,
parando alguns meros centímetros de mim.
Mordi meu lábio inferior quando ele agarrou meu queixo com uma mão,
e ergueu meu olhar para o seu, para que eu pudesse encará-lo nos olhos.
Suas íris cristalinas pareceram cintilar quando nossos olhares se
cruzaram.
E ele sorriu para mim.
Um sorriso lindo e caloroso.
Como a brisa de uma manhã.
— Está pronta para se divertir raio de sol?
E com meu olhar preso ao dele, e meu coração pulsante em uma
adrenalina latente e incessável, eu retribuo seu sorriso. Sentindo-me bem ao seu
lado.
— Sim, eu estou.
CAPÍTULO 18


— Então, aos seus vinte e um anos, você nunca saiu de Los Angeles?
Fito estupefata o garoto ao meu lado.
Tristan, concentrado na direção, sorrir.
— Não. Nunca. — Me assegurou. — Surpresa?
— Sim. — Abri um sorriso para ele. — Você parece o tipo de cara que já
conheceu diversos lugares, já que tem tanta confiança e prepotência.
Tristan gargalhou com meu comentário.
— Me acha confiante e prepotente?
Ergui uma sobrancelha irônica para ele.
— Você é tipo, a pessoa mais convencida que conheço.
Ele ri.
— Não acho. — Deu de ombros. — E você, Crystal? Já conheceu muitos
lugares?
Retirei uma mexa de meu cabelo que insistia em cair em minha face, a
pondo atrás de minha orelha.
— Alguns. — Murmurei. — Meus pais viviam se mudando em minha
infância. E minha mãe é jornalista, eu sempre a acompanhava em suas viagens.
Era uma forma de estar presente com ela, já que na maioria das vezes ela estava
ausente sabe?
Olhei para ele, corando de imediato ao vê-lo me fitar de uma forma
estranha, meio penetrante e misteriosa, com um quase sorriso no canto de seu
lábio.
Minha expressão de embaraço o fez sorrir ainda mais.
— Desculpe.
— Não precisa se desculpar linda. — Céus. Ele estava piorando minha
ruborização. — É bom ouvir você falar. Posso passar horas apenas ouvindo você
contar histórias sobre sua infância.
Desviei meu olhar para a janela ao meu lado, nenhum um pouco afim de
mostrar o quanto eu estava vermelha e sem graça.
E acima de tudo, com um sorriso bobo em minha face.
— Não costumo falar muito sobre mim. No entanto, quando começo,
converso por horas. — Observo a paisagem através do vidro da janela.
— Já notei o quão reservada você é. — Tristan soltou um risinho. — Às
vezes eu me pegava passando longos minutos tentando desvendá-la nas aulas. O
incrível é que você sempre estava aérea, e nunca percebia meus olhares. Acho
que nem sabia quem eu era.
Virei meu rosto para ele.
Seus olhos azuis concentrados na direção.
Era impressionante como ele parecia relaxado enquanto revelava tudo
aquilo. Talvez Tristan Keller não fosse o tipo de cara que se envergonhasse de
algo. Não consegui captar nenhum traço de insegurança ou nervosismo nele.
— Então você passava minutos encarando-me nas aulas?
Sem desviar o olhar da direção, ele confirmou.
— Desde o início do semestre quando a vi pela primeira vez. Por alguma
razão seu jeito reservado chamou minha atenção.
Arqueio minhas sobrancelhas em surpresa.
Ele havia me notado desde o início do semestre, enquanto eu descobri
sua existência há algumas semanas.
Isso era bem embaraçoso.
— Isso é bem... — Analiso minha frase final. — Estranho.
Outro riso escapa dele.
— Você nem ao menos sabia quem eu era, estou certo, não é?
Mordi meu lábio, com ele virando seu olhar para mim, e sem graça, sorri
amarelo ao confirmar.
— Só notei você há alguns dias quando você praticamente fez um show
explícito com Sheryl no refeitório.
Tristan franziu seu cenho.
— Com Sheryl?
— Sim.
Então ele pareceu se dá conta.
— Lembro disso. — Seu sorrisinho malicioso me fez revirar os olhos.
— Sobre isso, vocês não têm algo?
— Algo?
— É, sei lá. Vocês sempre estavam juntos. E principalmente agarrados.
— Só saímos algumas vezes. Nada demais.
Por um instante algo passou por minha cabeça.
E se eu fosse como Sheryl para ele. Mais uma para sua lista.
Respirei fundo.
— Porque me chamou para sair?
Tristan franziu o cenho.
— Como assim?
Rolei meus olhos.
— O que o fez me convidar para sair? — Esbravejei. — Não sei se
percebeu, mas sou bem diferente do tipo de garota que você está acostumado.
Ao olhar para ele, ele sorriu, mas de uma forma diferente.
Uma forma única se posso dizer.
— Foi exatamente por isso raio de sol. — Brandeou. — Porque você é
diferente.
— E o que não me garante que só sou mais uma na sua listinha?
Tristan fez um bico em seus lábios.
— Não tenho uma listinha. — Murmurou. — Mas garanto que se tivesse,
seu nome não estaria nela.
Aquilo me pegou em cheio.
— Ah, qual é Tristan?
Ele bufou ao respirar fundo.
— Crystal. Acredite, não estou brincando com você. Você é... Diferente.
Não é como as outras. Talvez por isso me instiga tanto. Alguma coisa em você
chama minha atenção. Só não sei dizer o quê.
Calei-me de imediato com suas palavras.
Podendo até sentir o choque e o impacto de seu tom sincero e confiante.
Seu olhar cintilante perfurou o meu.
— Confie em mim.
Droga. Eu estava tão confusa. E carregando tantas sensações em meu
peito que só ele causava. Me senti tão desnorteada e sem saída.
Tristan Keller estava mexendo com minha cabeça.
Controlando cada emoção e temor.
Porque naquele instante todos os receios que criei, se desfizeram em
pedaços.
Eu deveria estar me tornando insana, entretanto, confirmei com a cabeça
seu pedido de confiança, o fazendo sorrir lindamente, voltando seu olhar para a
direção.
Pude sentir meu coração bater e o sangue correndo por minhas veias,
enquanto minha pele se arrepiava como se houvesse recebido uma descarga
elétrica.
Todos os sintomas causados pela simples presença dele.
E eu nem poderia descrever os pensamentos obscenos — que por sinal,
nunca os tive com outro caro — surgindo em meu subconsciente.
Eram tantas cenas indecentes e ilícitas que se passavam em minha
cabeça. E todas protagonizadas pelo cara tatuado ao meu lado.
Sem sombra de dúvidas eu estava enlouquecendo.
E por alguma razão estranha, Tristan, o causador disso tudo, parecia ser o
único remédio para minha loucura.
Tornando-me sedenta por ele.













CAPÍTULO 19


Tristan entrou em uma rua interditada, em um daqueles velhos bairros
com terrenos vazios e isolados. A rua estava deserta e os postes de iluminação
não estavam fazendo sua função muito bem.
Por um instante, me veio à cabeça uma hipótese.
E confirmei minhas suspeitas assim que ele dobrou o carro e entrou em
uma parte ainda mais assustadora da rua.
Soltei uma grande quantidade de ar ao ver o aglomerado de pessoas à
alguns quilômetros na rua, com diversos carros rugindo motores e uma música
estrondosa vindo de algum lugar.
Era uma festa de rua.
Santo inferno.
— Não disse que iríamos para uma festa em uma irmandade? — Grasnei
horrorizada para Tristan, que diminuía a velocidade do carro.
— E estamos. — Assegurou. — A Kappa Tau é a responsável por isso.
— Droga. — Olhei mais adiante, semicerrando os olhos quando centenas
de luzes de faróis iluminou o ambiente interior do carro. — Porque não me
alertou?
— Há algum problema com isso?
— Sim.
— Qual?
Rolei meus olhos frustrada.
— Odeio esse tipo de lugares.
Ele riu.
— Crystal, relaxa.
— Como? Há todo tipo de gente aqui. Da pior a mais terrível espécie.
— Ei. — Chamou-me, e por alguma razão aquele tom rouco e calmo me
fez relaxar quando levei meu olhar para suas íris azuis. — Estou aqui. Nada vai
acontecer com você raio de sol. Quero que se divirta, no entanto, se ao menos
desejar ir embora, diga-me e voltaremos ok?
Fitou-me com firmeza, sem estremecer ou desviar o olhar, e sua
confiança, ou um pouco dela, se contagiou em mim.
Confirmei com a cabeça para ele, relaxando os ombros e respirando
fundo.
Ele estacionou o carro em uma calçada livre, um pouco distante de onde
a algazarra acontecia.
Quando ele desligou o carro, retirei meu cinto, sentindo meu coração se
acelerando em uma voracidade eufórica.
Tristan saiu do carro, dando a volta nele, para em alguns instantes está
abrindo a porta ao meu lado, estendendo uma mão.
Meu subconsciente rosnou xingamentos para mim, chamando-me de
louca, por estar fazendo isso, chegando a me fazer repensar em estar nesse lugar
com ele.
Entretanto, mais uma vez desde que conheci esse garoto, os ignorei,
tomando o impulso — mesmo que nervoso — do meu coração, levando minha
mão a sua, com ele a apertando com firmeza.
Talvez por isso, por seu toque firme, um risco elétrico percorreu minha
pele, como um pequeno e formigante choque.
Tristan ajudou-me a sair do carro, fechando a porta e acionando o alarme.
— Pronta? — Se voltou para mim, causando vibrações em todo meu
corpo, ao se aproximar ainda mais, ainda segurando minha mão.
Ele mostrou os dentes perfeitos e alinhados ao sorrir para mim.
E seus olhos sorriam também ao cintilarem o reflexo de um brilho.
— Sim. — Foi instantâneo, meu lábio foi puxado para o lado em um
sorrisinho bobo, enquanto as maçãs de meu rosto ganhavam um tom vermelho.
De mãos dadas, rumamos para a extensa multidão, que mais se parecia a
plateia de um show livre, gritando e correndo, até mesmo dançando naquela rua
vazia e mal iluminada.
— Você sempre frequenta esse tipo de lugares?
Atirei um olhar curioso para ele.
Mesmo com o barulho ele compreendeu.
— Quase sempre.
Acenei com sua resposta.
— Não é tão ruim quanto parece raio de sol.
Ergui uma sobrancelha sarcástica.
— Tem razão. — Sorri. — É pior.
Tristan gargalhou enquanto caminhávamos.
— Estou feliz que tenha aceitado sair comigo. — Por um instante vi um
tom vermelho surgir em suas maçãs, no entanto, ele desviou o olhar para o outro
lado. Ele estava corando? Oh céus. Não pude deixar de rir. — De verdade
Crystal.
— Estou feliz por ter vindo. — Confessei, dessa vez sem me recriminar
por dizer algo assim.
E rápido, ele trouxe seu olhar surpreso para mim.
— É sério?
Parecia um garoto feliz com aquele enorme sorriso.
E por Deus, como ele ficava lindo assim. Todo bobo e ao mesmo tempo
rebelde, com o cabelo bagunçado de uma forma charmosa.
— Claro. — Confirmei. — Quer dizer, não por estar nesse lugar. Mas
com você. Gosto de sua companhia.
Meu subconsciente mandou que eu me calasse.
Porém, ver a expressão feliz que surgiu em sua face compensou.
— Também gosto de estar com você. — Firmou seu aperto, passando a
entrelaçar nossos dedos. Sorrimos um para o outro.
— Keller. — Nosso momento foi quebrado por uma voz masculina.
Desfiz nosso contato visual, levando meu olhar adiante, vendo um cara vir de
braços abertos em nossa direção, se lançando sobre Tristan em um abraço de
irmão, dando tapinhas em suas costas. Até tentei puxar minha mão da de Tristan,
no entanto, ele manteve o aperto. Enquanto o cara continuava a abraçá-lo. — O
grande demônio veloz.
— Steven. — Tristan, meio carrancudo, respondeu nenhum pouco cortês
quando o tal Steven o soltou.
— Pensei que não viria bro. Tem dado umas furadas nas últimas corridas.
— Andei ocupado.
— Humm. — Steven deu uma breve olhada para mim, ignorando-me em
seguida. — Vai correr hoje?
Levei meu olhar para Tristan.
Tinha me esquecido que esse era seu estilo de vida.
Radical e perigoso em rachas ilegais.
— Não. — Bradou neutro.
Ergui uma sobrancelha.
Steven deixou o queixo cair boquiaberto.
— O quê?
— Não irei participar do racha.
— Você está chapado?
Notei o rolar de olhos do tatuado.
— Desencana.
— Cara, todo mundo está esperando para ver você tocar fogo na pista.
Sabe o quanto rendemos nas apostas cada vez que você corre?
— Você não me deixa esquecer.
— Exato, porra. É muita grana.
Passei minha língua por meus lábios.
— Tristan? — O chamei baixinho.
Com rapidez ele trouxe seu olhar.
— Sim raio de sol?
— Raio de sol? Que merda é essa? — Steven grasnou.
Tristan o ignorou focado em mim.
Respirei fundo.
— Não tem problema se quiser correr. Eu não me importo.
Céus. O sorriso que recebi dele foi abrasante e de tirar o fôlego.
— Passarei cada segundo da noite ao seu lado Crystal. É isso que quero.
Segurou meu queixo, balançando de leve.
Senti um calor no peito, e naquele instante uma sensação de conforto e
alegria me tomou.
Assenti para ele.
— Vem, vamos. — Puxou-me consigo para a multidão, deixando um
Steven em choque parado.
Atravessamos um caminho fechado por pessoas bêbadas e alteradas pela
rua.
Parecia que a cada passo alguém parava para cumprimentá-lo, senti que
estava ao lado de uma celebridade, enquanto o próprio Tristan, que era o centro
das atenções por onde passava, parecia nem se importar.
Chegamos do outro lado da rua, perto de um enorme poste, onde havia
várias bebidas sobre um capô de um carro.
— Quer beber algo?
Horrorizada, olhei para ele.
— Não. — Torci o nariz ao olhar para as garrafas e os copos sobre o
carro.
Mais adiante vi uma garota vomitando do outro lado, desviei o olhar
rápido.
Tristan gargalhou, tirando sarro de mim.
— Está enojada raio de sol?
— Claro.
Bufei.
Ele riu.
O barulho estrondoso e chamativo de pneus rasgando o asfalto chamou
nossa atenção.
Quando viramos nossos rostos, vimos um carro preto dobrar a esquina
em alta velocidade, acelerando e parando alguns metros de onde estávamos na
rua.
Várias pessoas gritaram e até uivaram como lobos, e alguns minutos
depois outro carro branco fez o mesmo ato.
O garoto ao meu lado guinchou uma espécie de sorrisinho zombeteiro e
até superior.
— Era uma corrida?
Ele confirmou em um aceno.
— Sim. De amadores.
— O carro preto venceu, certo?
Outra confirmação.
Uma música do The Black Ghosts tocava em um nível absurdo em
alguma caixa de som no fundo de algum carro.
As pessoas começaram a correr até o carro vencedor da corrida.
E quão grande foi minha surpresa ao ver minha colega de quarto sair do
carro, logo após um cara alto.
Franzi meu cenho.
— É a Sheryl?
— Uhum.
Ela correu animada até o piloto do carro, se jogando sobre ele, beijando-o
sem pudor sobre os olhares e gritos das pessoas que assistiam.
Céus. Ela não tinha limites mesmos.
Olhei para Tristan para ver sua reação, ao ver a garota que um dia atrás
vivia em sua cola, agarrada sensualmente com outro cara.
E sua expressão era neutra e... Normal?
Seu rosto se contorce em uma expressão estranha, confusa, levo meu
olhar na direção que o seu seguia.
Então vejo Sheryl e o cara que agarrava ela vindo até nós.
— O grande Tristan Keller. — O cara de cabelos loiros e sorriso
zombeteiro se aproximou com Sheryl em seu encalço.
O olhar dela se arregalou ao me reconhecer, ainda mais ao perceber que
Tristan e eu estávamos de mãos dadas.
— Crystal? O que faz aqui?
Torceu o lábio em desgosto.
— Tristan me chamou para sair.
Sorri para ela.
Seu semblante irônico se desfez em surpresa.
— Vai correr hoje? — O cara ao lado dela se dirigiu a Tristan. —
Demônio veloz.
Percebi o sarcasmo em sua voz.
Já não gostei desse cara.
— Não. — Tristan grasnou. — Faísca.
Franzi o cenho. Faísca?
Não compreendi nada, fora o tom debochado de Tristan para o cara loiro.
Então naquele instante me dei conta de que havia uma certa rivalidade
entre ambos pelas olhadas desafiosas e zombeteiras.
— Ah, qual é Keller? Está com medo? Não aceito acreditar que
amarelou.
— Não me importo com o que deixa de acreditar Davis.
Sheryl ri junto ao loiro. Tão esnobe quanto ele.
Ela usava um mini short minúsculo e uma camiseta curta que chegava até
acima do umbigo com um colete preto por cima.
— Então aceitará meu desafio de correr comigo?
Corri o olhar para Tristan.
— Não.
— Putz, Keller. Está amarelando mesmo?
Tristan rangeu os dentes.
— Não se preocupe querido, você irá encontrar alguém a sua altura para
competir. Não perca seu tempo com ele. Veja que ele nem ao menos conseguiu
dá conta de mim, e optou por essa coisinha ridícula aí. — Sheryl deslizou uma
mão pelo peitoral de Davis, acenando para mim, beijando seu queixo.
Que vaca de merda.
Nunca senti tanta raiva dela como agora.
— Nunca ouse insultá-la desse jeito na minha frente porra. — Tristan
vociferou bruto, dando um passo para a frente, entretanto, fui mais rápida,
segurando seu braço.
— Não, Tristan. — Pedi. — Está tudo bem.
Sorri para ele.
Ele inspirou profundamente.
— Não posso aceitar que essa vadia a insulte raio de sol.
Seus olhos brilharam raivosos.
Ele parecia mortal.
Meu sangue ferveu ao ouvir a gargalhada de Sheryl e do tal Davis a
nossa frente.
— Então aceite o desafio. — Esbravejei de repente, tomada pelo impulso
da raiva, com meu olhar conectado ao seu. — Aceite e mostre para eles quem
você é.
Tristan piscou incrédulo.
Sorri para ele, pondo uma mão em sua face.
— Eu vou estar com você.
— Tem certeza?
Inspirou, fechando e abrindo os olhos ao sentir o contato de meu toque
em sua pele.
Sorri confiante para ele.
— Tenho.

CAPÍTULO 20


O motor rugiu feroz como um animal indomável quando Tristan acelerou
os controles até o centro da rua, onde já se via livre de pessoas, que agora, se
aglomeravam nas calçadas aos lados. Era uma grande plateia. E o incrível era
que todos clamavam por Tristan, gritando aos berros “Demônio veloz”.
Meu coração agia como uma locomotiva, acelerado e volátil, enquanto eu
tentava ao máximo manter meu nervosismo sobre controle.
Pude ver quando o carro de Davis se moveu alguns metros ao lado do de
Tristan, na mesma reta, um ao lado do outro, com o cretino descendo o vidro de
sua janela e mostrando o dedo do meio em nossa direção, com a vaca da Sheryl
acenando um tchau sarcástico sentada ao lado dele.
Virei meu rosto para Tristan, nenhum um pouco afim de encarar aqueles
dois.
O cara ao meu lado mantinha uma expressão neutra em sua face, como se
não estivesse nenhum pouco desconcertado com a situação, porém, percebi pelos
nós brancos de seus dedos ao apertarem com pressão o volante, que em seu
interior, ele devia está explodindo.
— Tristan. — Sussurrei levando uma mão para sua bochecha, trazendo
seu olhar azul para mim. Seus olhos se conectaram aos meus com rapidez. — Eu
acredito em você. Sei que irá vencer.
Seu semblante se iluminou.
Meu peito se apertou em um calor aconchegante quando ele esfregou seu
rosto contra a palma de minha mão, apreciando meu toque.
— Meu raio de sol. — Murmurou, quase em um sussurro inaudível,
fechando por breves segundos seus olhos.
Quando eu estava prestes a dizer algo, uma garota seminua, para não se
dizer nua, caminhou sensualmente a frente, usando um short que mais se parecia
com uma daquelas calcinhas short, e uma camiseta vermelha que quase não
cobria os seios, atraindo gritos estéticos e assovios da “plateia”.
Trazia consigo uma bandeira em uma mão, parando bem no centro,
alguns metros à frente dos carros.
— Inferno. Irá começar. — Tristan rosnou. — Aperte o cinto raio de sol.
Acenei, ainda mais nervosa ao ouvir suas palavras, verificando meu cinto
de segurança.
Pelos céus, o que eu estava fazendo?
Já havia lido dezenas de matérias de minha mãe sobre jovens mortos em
rachas como esse.
E aqui estou eu, prestes a participar de um, bem ao lado do garoto que
prometi manter distância para minha própria segurança.
Tristan Keller trazia o que era de pior em mim, e o mais surreal, era que
quando eu estava ao seu lado, eu não via as consequências ou sequer tinha
temores.
Ele estava comigo.
E por alguma razão desconhecida, isso me trazia uma sensação de
segurança.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — Olhou fixo para mim.
Engoli em seco.
O coração perdendo seu ritmo lento.
Passei minha língua por meus lábios secos, encarando seus olhos,
apreciando e contemplando toda aquela poção de brilho em suas íris.
— Tenho. — Sorri para ele. Sendo retribuída.
— Então vamos fazer esses fodidos comerem poeira, raio de sol. —
Deus. Como ele era lindo. E naquele instante senti uma vontade devoradora de
beijá-lo.
Poder sentir seus lábios dominantes sobre os meus. Entretanto, a contive.
Tristan piscou um olho para mim e sorriu.
E então aquilo me relaxou um pouco.
Uma contagem regressiva atraiu minha atenção para a garota, que
começou a berrar, sendo acompanhada pelas dezenas de pessoas na rua, que
contavam junto a ela.
Uma gota de suor desceu por minha testa, minhas mãos suavam e
tremiam em completo nervosismo.
Vi Tristan pisar no acelerador, fazendo o motor roncar, e Davis fazer o
mesmo ao lado.
Os gritos na rua pareceram aumentar.
Senti como se meu coração fosse parar.
E então a contagem regressiva parou.
E por fim, a garota ergueu a bandeirinha.
E o barulho dos pneus rasgando o asfalto foi ensurdecedor.
Segurei minha respiração quando o carro disparou como uma bala, se eu
não estivesse com o cinto preso a mim, estaria sendo arremessada para fora do
carro devido a intensidade de sua velocidade.
Tristan parecia congelado quando o fitei, com seu olhar preso a direção, e
sua expressão fechada em uma carranca, as mãos apertando o volante com força.
Senti o impacto quando ele dobrou uma esquina, e através da janela,
pude ver Davis ao lado, alguns metros atrás.
Pelo que entendi, eles deveriam dá a volta em todo o quarteirão e retornar
para o ponto de partida.
O primeiro a chegar, seria o vencedor.
Puxei grandes respirações, tentando manter meus olhos abertos o
suficiente para saber o que estava acontecendo.
Mais afrente, havia um poste caído sobre a rua.
Droga.
— Você precisa desviar. — Esbravejei, ele apenas acenou, sem ao menos
piscar.
Rodou o volante e o carro rodopiou.
— Tenho um atalho. — Esbravejou.
A adrenalina correu por meu corpo, quando fechei meus olhos e ele
acelerou na direção de onde o carro de Davis vinha.

CAPÍTULO 21


O barulho de buzinas e pneus rasgando o asfalto foi grotesco.
Entretanto, quando tornei a abri meus olhos, o vi entrar em um beco,
acelerando e girando, tornando a entrar na rua, seguindo em frente.
Engoli em seco.
— Céus. — Minha voz quase não saiu.
Vi um reflexo surgi no retrovisor do carro, como um borrão, e pude
distinguir o carro de Davis surgindo quilômetros atrás do nosso.
Um enorme sorriso surgiu em minha face, e me vi gargalhando, com
Tristan se juntando a mim.
— É isso aí porra. — Urrou eufórico e suado.
E então ele pisou no acelerador.
Por fim, dobrou umas cinco esquinas, para enfim seguimos a rota do
ponto de partida.
Céus. Ele era incrível.
Era como um deus da velocidade.
E pude constatar o vencedor quando ele entrou na rua do ponto de
partida.
No entanto, meu sorriso se desfez quando avistei várias viaturas policiais
fechando a mesma.
Centenas de pessoas corriam e gritavam, e o barulho de sirenes estavam
por todos os lugares com luzes vermelhas e azuis piscastes em cima dos carros.
— Caralho. — Tristan rosnou, freando bruscamente, atraindo a atenção
da polícia.
Oh merda.
Isso não podia está acontecendo.
— Precisamos sair daqui. — Olhei para ele, a ponto de ter um ataque
cardíaco com tamanho eram meus batimentos.
Ele concordou, no entanto, quando os motores rangeram, uma viatura se
prontificou em nossa direção.
Santo inferno.
Tristan xingou em um berro, girando o volante, dando a volta no carro e
pisando no acelerador, dando a partida veloz.
Ele de imediato entrou em um beco e saiu da rua, entrando em uma nova.
Rápido, olhei para trás, e o caminho livre, se desfez quando a viatura
surgiu logo atrás.
— Droga. Estão nos seguindo. — Grunhi alto, vendo o carro acelerar
ainda mais.
Vibrações tomavam meu corpo coberto por suor.
Cada nervo meu tremia pela pura adrenalina.
— Tenho que despista-los.
E pude ver quando outra viatura surgiu de um beco.
Mordi meu lábio.
Isso só podia ser um pesadelo.
— Já é o quarto lugar que esses merdas descobrem sobre nossos pontos.
— Tristan rosnava tão ofegante e rouco.
Ele virou em uma esquina e em mais outra, pisando com brutalidade no
acelerador.
Passei uma mão por meus cabelos revoltos.
Não podíamos ser pegos.
Não podíamos de modo algum ser presos.
Me virei para um Tristan raivoso.
— Você consegue despista-los. — Coloquei uma mão sobre sua coxa,
ignorando a descarga elétrica que me percorreu. — Eu confio em você.
Ele acenou.
Tristan seguiu uma rota vazia, livre de prédios ou constituições para que
ele pudesse de algum modo despista-los.
Era apenas um longo caminho de estrada.
Olhei para todos os lados, vendo apenas campos e árvores.
Não havia para onde ir.
Tentei ao máximo manter o controle.
E ignorar o fato de que estávamos sendo perseguidos por dois carros da
polícia.
Senti-me como em uma cena de um filme de ação.
— Confia mesmo em mim raio de sol?
Indagou quase sem voz, sem ao menos olhar para mim.
Meu coração deu dolorosas batidas.
Sem pensar duas vezes confirmei.
— Confio. — Exclamei rouca.
E então colidi paro o lado em um impulso quando ele se deslocou, saindo
da estrada, deixando a rota com voracidade, entrando em uma área de reserva,
repleta de campos e acelerou.

CAPÍTULO 22


— O que você... — Calei-me assim que vi uma enorme construção à
alguns metros, escondida pelas árvores e suas copas.
Ele seguiu até ela, rumando para atrás das grandes colunas como grandes
carvalhos. E simplesmente parou o carro.
Tristan desligou o carro, retirando seu cinto de segurança e abriu a porta
ao seu lado com rapidez. Eu não estava entendendo absolutamente nada.
— Saia. Precisamos nos esconder.
Ordenou e fiz o mesmo que ele, saindo do carro com as pernas trêmulas.
O coração batendo frenético e alucinado.
Ele correu até mim e segurou minha mão, nos levando mais adiante entre
as árvores, para a grande construção.
Quando chegamos mais perto, pude ver que era uma grande estufa
abandonada, com gigantescas colunas e vidraças enormes.
Olhei para trás, observando que o carro estava bem escondido da
rodovia.
Tristan puxou-me e juntos entramos dentro da gigantesca estufa.
Perdi completamente meu fôlego ao correr meu olhar por cada parte dela,
pelas estruturas de concretos cobertas por cipós e rosas, com dezenas de vários
tipos de flores espalhados por todo o lugar.
Céus. Era lindo.
Girassóis rodeavam e se enroscavam em uma enorme coluna que ia do
chão ao teto, enquanto rosas vermelhas rodeavam a próxima coluna.
— Uau. — Sussurrei ao contemplar em fascínio o ambiente floral ao meu
redor.
— Acho que conseguimos tirar eles de nossa cola. — Tristan exclamou
ofegante.
Pude ouvir o barulho de sirenes ao longe se afastando e o barulho enfim
sumindo aos poucos.
Olhei para ele, que passava uma mão por seus cabelos.
— Sim, conseguimos.
Puxei um sorriso, acabando por gargalhar.
Minha nossa. Não acredito no que acabamos de fazer.
— Fomos perseguidos pela polícia.
Tristan deu uma risada como se lesse meus pensamentos.
Meu olhar, prendeu o seu, com sua risada diminuindo, e seu olhar
penetrante fixou-se ao meu.
Senti uma formigação em minha pele ao sentir seu olhar faminto devorar-
me.
E não conseguimos pronunciar nada, apenas nós direcionamos um paro o
outro, e colidimos em um impacto único, com nossos corpos se unindo e nossas
bocas se conectando.
Minha pele parecia em chamas, e a adrenalina em minhas veias, tornou-
me fervente.
A boca de Tristan se encaixou na minha, e fui ao delírio quando sua
língua tocou a minha com devassidão e prazer.
Foi como se fogos de artificio explodissem em meu interior.
Suas mãos correram por meu corpo atiçado, com uma indo parar em
minha nuca e a outra em minha cintura.
Não sei o que deu em mim. Entretanto, comecei a tirar a jaqueta dele,
jogando-a no chão, sem ao menos cessar nosso beijo ardente.
Passei minhas mãos por debaixo de sua camiseta, arfando contra seus
lábios ao sentir seu abdômen definido e suado.
— Raio de sol. — Repreendeu-me em um alerta.
— Eu preciso. — Grunhi excitada. — Quero você.
Ele mordeu meu lábio e puxou.
— Você está me deixando louco. Pare enquanto pode, porque se eu
começar...
Inferno.
Eu não era nenhuma garota virgem, entretanto, queimei ardentemente
com suas palavras. Sentindo o poder delas me atingir.
Eu o quero agora.
— Não quero que pare.
O empurrei contra uma coluna.
Ele gemeu ao colidir com as costas contra ela.
Não dei a oportunidade para que ele ao menos pensasse, e me lancei
contra ele, começando a tirar sua camiseta.
A lancei para longe, admirando seu corpo musculoso e tatuado amostra.
Cada gominho rígido em seu abdômen aumentando minha excitação.
Todo o tesão que nutri por ele veio à tona.
— Tem certeza que quer fazer isso aqui?
Respondi sua pergunta com um beijo sedento e faminto.
Ele riu contra meus lábios.
Senti suas mãos no cós de minha camiseta e ele a puxou para cima, a
retirando de mim, deixando-me apenas de sutiã.
Tristan jogou sua cabeça em meu pescoço, passando a plantar beijos nele,
e arquejei alto quando ele agarrou minhas coxas e me ergueu, fazendo-me
enlaçar minhas pernas em sua cintura.
Empurrou-me contra uma coluna, mordiscando meu pescoço, levando-
me a loucura.
Ele ergueu seu olhar para o meu.
— Seu cheiro me deixa fora de controle. — E então ele me beijou. —
Meu raio de sol. Porra. Sou louco por você garota.
Tristan me carregou até uma enorme estrutura, sentando-me nela, ficando
entre minhas pernas.
Começamos a tirar nossas peças de roupa uma por uma, com rapidez.
E então estávamos nus um para o outro.
Meu olhar desceu por seu corpo tonificado, repleto de desenhos,
finalmente chegando em seu membro ereto.
Mordi meu lábio inferior, arregalando meus olhos.
Ele era grande.
No entanto, o que mais me assombrou, foi a argola de metal em sua
enorme e rosada glande.
Oh merda. Grace tinha razão.
Ele tinha um piercing no pau.
Aquilo não me aterrorizou ao ponto de desistir de tê-lo dentro de mim.
Pelo contrário, só me atiçou ainda mais.
— Você é tão perfeita. — Ele trouxe-me de volta de meus devaneios,
com seu olhar fixo em meus seios. — Sonhei tanto com isso.
Sorri para ele.
— Não precisa sonhar mais. — Seus olhos ganharam um novo brilho.
Um brilho diferente.
Tristan sorriu para mim, beijando-me, deitando meu corpo sobre o
concreto frio, com ele começando a deitar sobre mim.
— Sei que não sou o tipo certo de cara para você Crystal. Mas quero ser
esse cara. Porra, e como quero.
Aquilo me pegou em cheio.
Segurei seu rosto com minhas mãos, mantendo nosso olhar fixo.
— Você é o tipo certo de cara errado. — Ele franziu o cenho e eu sorri.
— E isso é o suficiente para mim.
Então eu o beijei apaixonadamente.
Pondo todos os sentimentos e emoções abordo em nosso beijo.
Quando enfim, Tristan me penetrou fundo, não estávamos conectados
apenas nesse sentindo, enquanto seus olhos mantinhas os meus presos aos seus.
Em cada estocada, eu sentia seu pau fundo em mim, vibrante e latejante,
levando-me a uma luxuria pecaminosa em apenas poder ter seu membro indo
fundo em meu interior, arrancando gemidos extasiados de ambos.
Tristan era gentil e carinhoso, tão habilidoso no que fazia que me senti no
céu.
E meu corpo amou a sensação de ter aquele corpo enorme e quente sobre
mim.
Com seu aroma se misturando ao meu.
Céus. Seu cheiro era tão bom. Mesmo suado era o meu favorito.
Até mesmo um simples toque dele em minha pele ardente, causavam-me
diversos tremores. E por Deus, isso era enlouquecedor.
E seus beijos. Uh! Eram como um maldito vicio para mim.
Mesmo quando chegamos juntos a alcançar nosso ápice, continuamos
conectados, aproveitando o conforto e o prazer que nos envolvia.
E rodeada de diversas árvores e rosas eu me entreguei a ele.
Sem pudor ou receio. E foi a melhor coisa que já fiz em minha vida.
Porque nesse momento único e especial, percebi que eu estava
entregando meu coração para Tristan Keller, e que sem sombra de dúvidas, de
alguma forma, eu havia conquistado o coração do bad boy.




SOBRE O AUTOR

Aurelio Collins, é apaixonado por séries, cinema e livros.
Quando tinha apenas onze anos de idade, ele se aventurou no mundo
literário e se encantou pela escrita. Desde os seus onze anos, os livros
sempre estiveram ao seu redor, desde histórias animadas, até aventuras
românticas. No entanto, só aos doze, ele resolveu se aventurar e
escrever seu primeiro romance, anos atrás, uma fan fic sobre o
romance "Não posso me apaixonar" da autora Bella Andre, apenas
para ele mesmo e alguns pouquíssimos amigos. Agora, alguns anos
depois, Aurelio se tornou louco pela escrita, a todo instante está com
uma ideia nova na cabeça. Hoje o medo de mostrar seus romances para
o mundo passou e agora suas histórias são publicadas para os leitores,
que como ele, são apaixonados por um romance envolvente.

Entre em contato com o autor pelo seu e-mail oficial:


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Table of Contents
PLAYLIST
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
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