Você está na página 1de 446

Banco Regional de Brasília

BRB-DF
Escriturário

NV-005JL-22
Cód.: 7908428802585
Obra

BRB-DF — Banco Regional de Brasília


Escriturário

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO • Sérgio Mendes e Kairton Batista (Prof. Kaká) e Rafael Cardoso

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS • Fernando Nishimura

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO • Fernando Nishimura

GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE • Fernando Nishimura

INOVAÇÃO • Caroline Matos

LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL E REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES DO DISTRITO FEDERAL (ON-LINE) •
Fernando Paternostro Zantedeschi e Rafael de Oliveira

CONHECIMENTOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL E SOBRE A RIDE (EM VÍDEO) • Carla Kurz

PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES • Domínio Público do Governo

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS • Felipe Garcia, Felipe Pacheco, Renato Philippini, Ricardo
Barrios e Sirlo Oliveira

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS) • Caroline Matos, Cristiano Silva, Felipe
Pacheco, Fernando Nishimura e Sirlo Oliveira

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE • Bruno Oliveira, Cristiano Silva, Letícia Santos, Renato
Philippini, Ricardo Reis e Sirlo Oliveira

DEFESA DO CONSUMIDOR • Ana Philippini

PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA (ON-LINE) • Henrique Tiezzi, Kairton Batista (Prof. Kaká), Rafael
Cardoso e Sérgio Mendes

ISBN: 978-65-87525-62-4

Edição: Julho/2022

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro
foi organizado de acordo com o Edital Normativo nº 1/Cp-33 -
BRB, de 07 De Julho de 2022 para o cargo de Escriturário do Ban-
co Regional de Brasília.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gabari-
tados da banca IADES, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando
no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é
com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em
nossa plataforma: Conteúdo de Lei Orgânica do Distrito Federal
e Regime Jurídico dos Servidores do Distrito Federal e Probabi-
lidade e Estatística disponíveis em pdf para download, além de
Conhecimentos Sobre o Distrito Federal e sobre a Ride disponível
em videoaulas. Para acessar, basta seguir as orientações na pró-
xima página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Lei Orgânica do Distrito Federal e Regime Jurídico dos Servidores do


Distrito Federal - disponível em pdf para download
• Probabilidade e Estatística - disponível em pdf para download
• Conhecimentos sobre o Distrito Federal e sobre a Ride - disponível em videoaula

COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE

Se você comprou este livro em nosso site, o bônus já está liberado na sua área
do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar.

Mas, caso você não tenha comprado no nosso site, siga os passos abaixo para ter
acesso ao conteúdo on-line.

Acesse o endereço novaconcursos.com.br/bônus DÚVIDAS E SUGESTÕES


Código Bônus sac@novaconcursos.com.br

NV-003MR-20 Código Bônus


Digite o código que se encontra atrás da NV-003MR-20
apostila (conforme foto ao lado)

Siga os passos para realizar um breve 9 088121 44215 3

cadastro e acessar seu conteúdo on-line


VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
COMPREENSÃO E INTELECÇÃO DE TEXTOS................................................................................... 13

TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 15

ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 24

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 25

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.................................................................................. 25

FORMAÇÃO, CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS.......................................................................... 27

COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 37

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO............................................................................................... 47

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 57

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL............................................................................................ 60

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL........................................................................................................ 65

EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS................................................................ 66

PARALELISMO SINTÁTICO................................................................................................................ 68

RELAÇÕES DE SINONÍMIA E ANTONÍMIA........................................................................................ 69

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO..........................................................................79


OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES (SOMA, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO,
DIVISÃO, POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO)........................................................................................ 79

CONJUNTOS NUMÉRICOS (NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS) E OPERAÇÕES


COM CONJUNTOS.............................................................................................................................................79

PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE............................................................................. 89

ARRANJOS E PERMUTAÇÕES..........................................................................................................................89

COMBINAÇÕES..................................................................................................................................................90

RAZÕES E PROPORÇÕES (GRANDEZAS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS, GRANDEZAS


INVERSAMENTE PROPORCIONAIS, PORCENTAGEM, REGRAS DE TRÊS SIMPLES E
COMPOSTAS)...................................................................................................................................... 94

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES.............................................................................................................102
SISTEMAS DE MEDIDAS...................................................................................................................107

VOLUMES.........................................................................................................................................................107

COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO (ANALOGIAS,


INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES).................................................................................109

DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................111

NOÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA.......................................................................................120

JUROS SIMPLES E COMPOSTOS E TAXAS DE JUROS: NOMINAL, EFETIVA, EQUIVALENTE,


PROPORCIONAL, REAL E APARENTE.............................................................................................................120

CAPITALIZAÇÃO E DESCONTOS....................................................................................................................124

RENDAS UNIFORMES E VARIÁVEIS...............................................................................................................124

CÁLCULO FINANCEIRO: CUSTO REAL EFETIVO DE OPERAÇÕES DE FINANCIAMENTO, EMPRÉSTIMO


E INVESTIMENTO............................................................................................................................................126

Planos de Amortização de Empréstimos e Financiamentos....................................................................... 126

INFLAÇÃO, VARIAÇÃO CAMBIAL E TAXA DE JUROS....................................................................127

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS................................... 133


CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS,
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS AO USO DE INFORMÁTICA NO
AMBIENTE DE ESCRITÓRIO.............................................................................................................133

APLICATIVOS E USO DE FERRAMENTAS NA INTERNET E(OU) INTRANET................................133

REDES SOCIAIS.................................................................................................................................141

SOFTWARES APLICATIVOS DO PACOTE MICROSOFT OFFICE (WORD, EXCEL,


POWER POINT, OUTLOOK E ACCESS) E SUAS FUNCIONALIDADES............................................144

NAVEGADORES WEB (GOOGLE CHROME E INTERNET EXPLORER)............................................142

COMPUTAÇÃO NAS NUVENS..........................................................................................................175

ACESSO A DISTÂNCIA E TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO....................................................................175

APLICAÇÕES E APLICATIVOS EM DISPOSITIVOS MÓVEIS.........................................................179

INTERNET DAS COISAS....................................................................................................................181

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO............................ 187


ROTINAS DE BACKUP E PREVENÇÃO DE VÍRUS, ROTINAS DE SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ARQUIVOS...........................................................................187

POLÍTICA DE CONFIDENCIALIDADE...............................................................................................194
CONFIDENCIALIDADE, DISPONIBILIDADE E INTEGRIDADE DA INFORMAÇÃO, DIRETRIZES PARA
USO DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES CORPORATIVOS, PROCESSOS E CONTROLES PARA
PROTEÇÃO DA INFORMAÇÃO........................................................................................................................194

LEI Nº 13.709, DE 2018 – DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS........................ 194

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE................................................ 205


NOÇÕES DE GOVERNANÇA CORPORATIVA..................................................................................205

GESTÃO POR PROCESSOS .............................................................................................................................205

GESTÃO DE RISCOS.........................................................................................................................................212

PROCESSOS DE ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO......................................................................................213

GERENCIAMENTO DE CRISES........................................................................................................................215

COMPLIANCE: CONCEITOS, SUPORTE DA ALTA ADMINISTRAÇÃO, CÓDIGO DE


CONDUTA, CONTROLES INTERNOS, TREINAMENTO E COMUNICAÇÃO...................................215

LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO.....................................................................................................217

LEI Nº 12.846, DE 1° DE AGOSTO DE 2013....................................................................................................217

DECRETO N° 8.420, DE 11 DE MARÇO DE 2015............................................................................................219

NOÇÕES DE CONTRATOS ................................................................................................................227

LEI 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016...........................................................................................................227

CONDUTA BASEADA NO CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DO BRB ................................................246

INOVAÇÃO.......................................................................................................................... 251
LEI Nº 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004..................................................................................251

EMPREENDEDORISMO.....................................................................................................................257

AUTOCONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DE OPORTUNIDADES.....................................................261

O PROCESSO DE INOVAÇÃO............................................................................................................261

GERAÇÃO DE IDEIAS E O PROCESSO CRIATIVO...........................................................................262

INOVAÇÃO X INVENÇÃO..................................................................................................................264

TIPOS DE INOVAÇÃO........................................................................................................................264

ECOSSISTEMAS COMPLEXOS DE INFORMAÇÃO.........................................................................265

PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES........................................ 267


PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES (2020 – 2023)............................................267

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS – BANCÁRIOS............................................. 269


ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL....................................................................269

CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL.............................................................................................................273

BANCO CENTRAL DO BRASIL.........................................................................................................................278

COPOM – COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA..............................................................................................281

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS........................................................................................................282

CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL............................................................285

BANCOS MÚLTIPLOS E BANCOS COMERCIAIS COOPERATIVOS...............................................................286

BANCOS COMERCIAIS....................................................................................................................................286

CAIXAS ECONÔMICAS....................................................................................................................................287

COOPERATIVAS DE CRÉDITO.........................................................................................................................287

ADMINISTRADORAS DE CONSÓRCIOS.........................................................................................................289

CORRETORAS DE CÂMBIO.............................................................................................................................289

BANCOS DE INVESTIMENTO..........................................................................................................................289

BANCOS DE DESENVOLVIMENTO..................................................................................................................290

SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO...............................................................290

SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL..........................................................................................291

SOCIEDADES CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS E SOCIEDADES


DISTRIBUIDORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS..........................................................................292

SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO.......................................................................................................293

ASSOCIAÇÕES DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO...........................................................................................293

BNDES – BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL AGÊNCIAS


DE FOMENTO...................................................................................................................................................293

SOCIEDADES DE FOMENTO MERCANTIL (FACTORING)...............................................................294

SOCIEDADES ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO...................................................295

PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS.........................................................................................295

DEPÓSITOS .....................................................................................................................................................295

TRANSFERÊNCIAS..........................................................................................................................................297

LETRAS DE CÂMBIO........................................................................................................................................299
COBRANÇA E PAGAMENTO DE TÍTULOS E CARNÊS....................................................................................299

TRANSFERÊNCIAS AUTOMÁTICAS DE FUNDOS..........................................................................................300

CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO...................................................................................................................301

ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS E TARIFAS PÚBLICAS..................................................................................302

CRÉDITO ROTATIVO........................................................................................................................................303

DESCONTOS DE TÍTULOS...............................................................................................................................303

FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO........................................................................................................303

LEASING: TIPOS, FUNCIONAMENTO, BENS..................................................................................................303

FINANCIAMENTO DE CAPITAL FIXO..............................................................................................................304

CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR..............................................................................................................304

CRÉDITO RURAL..............................................................................................................................................305

CADERNETAS DE POUPANÇA........................................................................................................................307

TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO........................................................................................................................307

PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÃO PRIVADOS.................................................................................311

PLANOS DE SEGUROS.....................................................................................................................................312

ABERTURA E MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS: DOCUMENTOS BÁSICOS.....................................................315

PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: CAPACIDADE E INCAPACIDADE CIVIL, REPRESENTAÇÃO E


DOMICÍLIO........................................................................................................................................................316

TIPOS DE SOCIEDADE: EM NOME COLETIVO, POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA,


ANÔNIMAS, FIRMA INDIVIDUAL OU EMPRESÁRIA......................................................................................317

DOCUMENTOS COMERCIAIS E TÍTULOS DE CRÉDITO: NOTA PROMISSÓRIA, DUPLICATA, FATURA,


CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO...................................................................................................................318

CHEQUE: REQUISITOS ESSENCIAIS, CIRCULAÇÃO, ENDOSSO, CRUZAMENTO E COMPENSAÇÃO.........319

SISTEMA DE PAGAMENTO BRASILEIRO.......................................................................................................320

MERCADO DE CAPITAIS...................................................................................................................324

AÇÕES: CARACTERÍSTICAS E DIREITOS, DEBÊNTURES, NOTAS PROMISSÓRIAS COMERCIAIS,


DIFERENÇAS ENTRE COMPANHIAS ABERTAS E FECHADAS, FUNCIONAMENTO DO MERCADO
À VISTA DE AÇÕES, MERCADO DE BALCÃO..................................................................................................324

OPERAÇÕES COM OURO.................................................................................................................................335

MERCADO DE CÂMBIO.....................................................................................................................336

INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A OPERAR, OPERAÇÕES BÁSICAS, CARACTERÍSTICAS DOS


CONTRATOS DE CÂMBIO , TAXAS DE CÂMBIO E REMESSAS.....................................................................336

GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.....................................................................341


AVAL.................................................................................................................................................................342

FIANÇA.............................................................................................................................................................343

PENHOR MERCANTIL......................................................................................................................................343

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA................................................................................................................................344

HIPOTECA........................................................................................................................................................344

FIANÇAS BANCÁRIAS.....................................................................................................................................344

FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC)......................................................................................................345

CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO.................................................................................................345

CONCEITO E ETAPAS, PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: LEI Nº 9.613,


DE 1998............................................................................................................................................................345

CIRCULAR BACEN Nº 3.978, DE 2020.............................................................................................347

LEI N° 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016......................................................................................352

COAF – CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS...........................................353

AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA......................................................................................................355

OS BANCOS NA ERA DIGITAL.................................................................................... 361


INTERNET BANKING, BANCO VIRTUAL E “DINHEIRO DE PLÁSTICO”.........................................361

MOBILE BANKING.............................................................................................................................361

OPEN BANKING.................................................................................................................................361

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA RELAÇÃO COM O BANCO....................................362

A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO..........................................................................................................362

SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS.....................................................................................363

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COGNITIVA.........................................................................................364

BANCO DIGITALIZADO X BANCO DIGITAL.....................................................................................365

FINTECHS E STARTUPS...................................................................................................................367

SOLUÇÕES MOBILE E SERVICE DESIGN.........................................................................................367

O DINHEIRO NA ERA DIGITAL..........................................................................................................369

BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS CRIPTOMOEDAS (O DESAFIO DOS BANCOS NA ERA DIGITAL).........369

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE............................................. 373


SATISFAÇÃO, VALOR E RETENÇÃO DE CLIENTES.........................................................................373

ETIQUETA EMPRESARIAL: COMPORTAMENTO, APARÊNCIA, CUIDADOS NO


ATENDIMENTO PESSOAL E TELEFÔNICO......................................................................................376

NOÇÕES DE MARKETING DE RELACIONAMENTO........................................................................380

NOÇÕES DE IMATERIALIDADE OU INTANGIBILIDADE, INSEPARABILIDADE E


VARIABILIDADE DOS PRODUTOS BANCÁRIOS.............................................................................380

LEI Nº 10.048, DE 2000 – LEI DA PRIORIDADE DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA......................................................................................................................................381

LEI Nº 10.098, DE 2000 – LEI DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS PESSOAS


PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA OU COM MOBILIDADE REDUZIDA............................................382

DECRETO Nº 5.296, DE 2004, QUE REGULAMENTA A LEI Nº 10.048, DE 2000..........................386

TEMÁTICA DE RAÇA E ETNIA, CONFORME LEI Nº 12.288, DE 2010...........................................396

POLÍTICA NACIONAL PARA MULHERES E POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À


VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES..............................................................................................404

ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE RACIAL...........................................................................409

DEFESA DO CONSUMIDOR......................................................................................... 419


RESOLUÇÃO CMN Nº 4.860, DE 23 DE OUTUBRO DE 2020..........................................................419

LEI Nº 8.078, DE 1990 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.................................................422

DECRETO LEI Nº 6.523, DE 2008, QUE REGULAMENTA A LEI Nº 8.078, DE 1990......................440

RESOLUÇÃO CMN Nº 4.949, DE 2021.............................................................................................442


Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-
LÍNGUA PORTUGUESA ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.
COMPREENSÃO E INTELECÇÃO DE
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE
TEXTOS
INTERPRETAÇÃO
INTRODUÇÃO
A inferência é uma relação de sentido conhecida
A interpretação e a compreensão textual são aspec- desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- interpretação de texto.
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer
Dica
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e
texto, nas linhas apresentadas.
a aprovação.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
interpretação textual, ambas guardam uma relação Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
de proximidade com um assunto pouco explorado subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
pelos cursos de português: a semântica, que incide A primeira e mais importante delas é identificar a
suas relações de estudo sobre as relações de sentido orientação do pensamento do autor do texto, que fica
que a forma linguística pode assumir. perceptível quando identificamos como o raciocínio
Portanto, neste material você encontrará recursos dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
para solidificar seus conhecimentos em interpreta-
da análise de dados, informações com fontes confiáveis
ção e compreensão textual, associando a essas temá-
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, das consequências, a fim de se identificar as causas.
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- Por isso, é preciso compreender como podemos
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
precisa ser reconhecido por quem o lê. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
breve diferença entre os termos compreensão e
neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
interpretação textual.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
material, ainda que existam relações de sinonímia A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor que focam nas formas de inferência sobre um texto.
por um termo ao invés de outro reflete um sentido Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a o processo de inferência, que se dá por dedução ou
interpretação realiza ligações com o texto a partir
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto O marido da minha chefe parou de beber.
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou Observe que é possível inferir várias informa-
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos enunciador é casada (informação comprovada pela
linguísticos essencialmente relacionados à significa- expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação dor está trabalhando (informação comprovada pela
com a semântica.
LÍNGUA PORTUGUESA

expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido


Sabendo disso, é importante separarmos os con-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
compreensivo. Neste material, você encontrará um pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; interpretar essas informações.
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- Tratando-se de interpretação textual, os processos
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- texto junto da articulação com as informações acessa-
guísticas e suas consequências para o sentido. das pelo leitor do texto. 13
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- A DEDUÇÃO
senta como ocorre a relação desses processos:
A leitura de um texto envolve a análise de diversos
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
de maneira implícita no enunciado.
INFERÊNCIA Em questões de concurso, as bancas costumam
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
A partir desse esquema, conseguimos visualizar conhecimentos prévios a partir de uma informação
melhor como o processo de interpretação ocorre. que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
as estratégias que compõem cada maneira de inferir forme Kleiman (2016, p. 47):
informações de um texto. Por isso, vamos apresentar
nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nos- temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
so conhecimento de mundo na interpretação de textos. tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
A INDUÇÃO
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
As estratégias de interpretação que observam ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto conhecimento.
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- Fique atento a essa informação, pois é uma das
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
texto e que variam conforme o tipo textual. pretação textual: formular hipóteses, a partir da
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
identificar uma organização cronológica e espacial no cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- entre outras informações que podem vir como “aces-
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
ideia/ponto de vista. um objetivo mais definido.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são
organizadas a partir de uma especificação para uma O processo de interpretação por estratégias
generalização. Vejamos um exemplo:
de dedução envolve a articulação de três tipos de
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa conhecimento:
espécie de animal. O que observei neles, no tempo em
que estive na redação do O Globo, foi o bastante para z Conhecimento Linguístico;
não os amar, nem os imitar. São em geral de uma z Conhecimento Textual;
lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de z Conhecimento de Mundo.
receitas, só capazes de colher fatos detalhados
e impotentes para generalizar, curvados aos for- O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
tes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um
assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos
obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.

(BARRETO, 2010, p. 21) Conhecimento Linguístico

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Esse é o conhecimento basilar para compreensão
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
indutivo compõe a interpretação e decodificação de
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
nhecimento das regras de uma língua.
gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- É importante salientar que as regras de reconhe-
ção cronológica de um texto. cimento sobre o funcionamento da língua não são,
necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
A propriedade vocabular leva o cére-
PROCURE bro a aproximar as palavras que têm tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
SINÔNIMOS maior associação com o tema do que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
texto bo-objeto (SVO) etc.
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
Os conectivos (conjunções, prepo-
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos e
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
localizadores textuais
14 o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
vio que é essencial para a interpretação de questões.

Fonte: <https://bit.ly/3kCyWoI>. Acesso em: 22/09/2020.

Como é possível notar, o texto é uma peça publici-


tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores TIPOLOGIA TEXTUAL
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que Tipos ou sequências textuais são unidades que
podemos usar métodos dedutivos. estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
Conhecimento Textual autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais
marcam uma forma de organização da estrutura do
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- texto que se molda a depender do gênero discursivo e
mento linguístico e se desenvolve pela experiência da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de que apresentam a predominância de narrações – con-
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –,
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque em outros predomina a argumentação – redação do
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
reportagem como se lê um poema.
essa figura que demonstra como podemos identificar os
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
tipos textuais e suas principais características, tendo em
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
vista que cada sequência textual apresenta característi-
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
Conhecimento de Mundo
ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
LÍNGUA PORTUGUESA

importante que o candidato a cargos públicos reserve


um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes GÊNERO TEXTUAL
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com- FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
cérebro associar informações, a fim de compreender
o novo texto que está em processo de interpretação. A partir desse esquema, podemos identificar que a
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
cício para atestarmos a importância da ativação do tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
conhecimento de mundo em um processo de interpre- predominante que o texto deve manter, organizado
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence. 15
TIPO TEXTUAL Mandado foi ao Vietnã
Clímax
Lutar com vietcongs
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
Era um garoto que como eu
sentadas no texto. Também é chamado de sequência
Amava os Beatles e os Rolling Stones
textual Resolução
Girava o mundo, mas acabou
GÊNERO TEXTUAL Fazendo a guerra no Vietnã

Classifica-se conforme a função do texto, atribuída Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
socialmente
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
Situação final /
Uma última informação muito importante sobre ra-tá-tá-tá
Avaliação
tipos textuais que devemos considerar é que nem todos Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
Ao seu país não voltará
re é a existência de predominância de algumas sequên- Pois está morto no Vietnã [...]
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a No peito, um coração não há
Moral
Mas duas medalhas sim
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
suas principais características e marcas linguísticas.
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra-
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS tivo podem ser resumidas em marcas de organização
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS linguística caracterizadas por: presença de marcado-
res temporais e espaciais; verbos, predominante-
Narrativo mente, utilizados no passado; presença de narrador
e personagens.
Os textos compostos predominantemente por se-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man- Importante!
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos Os gêneros textuais que são, predominantemen-
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um tuais em sua composição, tendo em vista que
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. nenhum texto é composto exclusivamente por
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos: pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
z Situação inicial: Envolve a “quebra” de um equi-
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
z Complicação: Desenvolvimento da tensão apre- Para sua compreensão, também é preciso saber o
sentada inicialmente; que são marcadores temporais e espaciais.
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que São formas linguísticas como advérbios, prono-
ampliam a tensão; mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
z Resolução: Momento de solução da tensão; físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar-
z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
rativos, esses elementos são essenciais para marcar o
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
a resolução;
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
ria possa ter apresentado. e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
aqui, ali, então...
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu... sença do narrador da história. Por isso, é importante
Vamos ler e identificar essas características, bem aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- rador de um texto:
tual narrativo.
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
Era um garoto que como eu Amava os responsável por contar os fatos que compõem o texto
Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
As coisas lindas da América Situação inicial: soa. O narrador participa dos fatos
Não era belo, mas mesmo assim predomínio de
Havia mil garotas afim equilíbrio Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Cantava Help and Ticket to Ride soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Oh Lady Jane e Yesterday porém não participa das ações
Cantava viva à liberdade
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
Mas uma carta sem esperar
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América
Complicação: não participa das ações, porém o fluxo de consciência
início da tensão do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs 1ª pessoa
16
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
narrativos não significa que não possam apresentar
outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
ção nas marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
da como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas


nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
cia descritiva como suporte para um propósito maior.
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500. Fonte: <https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/
noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml>.
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam Note que há presença de muitos adjetivos, locu-
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima-
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne
da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de
com as curvas assim tintas, e também os colos dos queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên- está organizado de forma esquematizada em seções
cia assim descobertas, que não havia nisso desver- (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira
gonha nenhuma.
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente.

Fonte: <https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de- Organização do texto descritivo:


caminha>.

Note que apesar da presença pontual da sequência INTRODUÇÃO: DESENVOLVIMENTO:


narrativa, há predominância da descrição do cenário Apresentação do Apresentação
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje- objeto/da detalhada do
situação objeto/da
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
LÍNGUA PORTUGUESA

descritos situação
bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo para manter a comunicação entre
a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
siderando as emergências comunicativas do mundo CONCLUSÃO:
moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, Encerramento dos
fatos/da situação
aos poucos, substituído por outros gêneros como, por
descrita, busca-se
exemplo, o e-mail. uma retomada
A sequência descritiva também pode se apresentar com o início
de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
mos ver no cardápio abaixo: 17
Expositivo z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
sença de verbos de estado;
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo organizam a informação;
textual, é muito comum a presença de dados, informa- z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Presença de figuras de linguagem como metáfora
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- e comparação;
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: <https://glo.bo/2Jgh4Cj> Acessado em: 07/09/2020.
Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
Fonte: <https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico- horóscopos e também nos manuais de instrução.
dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua>.
A principal marca linguística dessa tipologia é a
presença de verbos conjugados no modo imperati-
O infográfico acima apresenta as informações per- vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
tinentes sobre o panorama mundial da situação da ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do Para que possamos identificar corretamente essa
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin- tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin- ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
gir esse objetivo. exemplo a seguir:
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
riormente, os textos expositivos também apresentam Como faço para criar uma conta do Instagram?
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
outras sequências textuais, tendo em vista que, para 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti- ou Google Play Store (Android).
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos. 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
É importante destacar que os textos expositivos para abri-lo.
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
argumentativos, uma vez que existem textos argumenta- telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
tivos que são classificados como expositivos, pois utilizam seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação. rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
Outra importante diferença entre a sequência bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma cadastrar com sua conta do Facebook.
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
para a argumentação, uma vez que o fato exposto lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
sobre uma questão não é posto em debate. se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- conta do Facebook, caso tenha saído dela.
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. Fonte: <https://www.facebook.com/help/instagram/>. Acessado em:
18 Marcas linguísticas do texto expositivo: 07/09/2020.
No exemplo acima, podemos destacar a presença O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM é
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai- um certame que cobra esse gênero em sua prova de
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, redação.
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte-
GÊNEROS TEXTUAIS
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos
a serem cumpridos para a realização correta da tare- Quando pensamos em uma definição para gêne-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
didática. buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
É importante lembrar que a principal marca cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
linguística dessa tipologia é a presença de verbos ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
nadas pelo gênero. em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
Argumentativo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
na época em que foram escritas.
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior ros textuais, devemos identificar os elementos que
grau de dificuldade na identificação, bem como em caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
plo, e também é fundamental identificar as razões que
tos que visam sustentar essa tese.
nos levam a classificar cada um desses gêneros com
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen- termos diferentes.
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No Importante!
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto belecer como os principais aspectos de classifi-
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- cação de um gênero textual.
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre-
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual
senta possíveis soluções para o problema em questão. gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
Outro aspecto importante dos textos argumentati- comportamentos estereotipados e anônimos que se
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
cas conhecidas como operadores argumentativos, que sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro
organizam as orações subordinadas, estruturas mais elemento que precisamos identificar para classificar
um gênero é o papel social, marcado pelos compor-
comuns nesse tipo textual.
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem
A seguir, apresentamos um quadro sintético com vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com-
algumas estruturas linguísticas que funcionam como preender tão bem quanto ser compreendido.
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife-
a leitura de textos argumentativos: rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
fator social dos gêneros textuais também irá direcio-
É incontestável que... nar outros aspectos importantes na classificação des-
Tal atitude é louvável, repudiável, notável... ses elementos, justamente devido à dinâmica social
LÍNGUA PORTUGUESA

É mister, é fundamental, é essencial... em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de


alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no
tornando o gênero completamente modificado, como
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju- se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam
estrutura argumentativa desse tipo textual. a uma finalidade específica e momentânea, como
O tipo textual argumentativo não pode ser confun- aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da
dido com o gênero textual dissertativo-argumentativo. loja “O Boticário”:
Esse gênero é composto por sequências argumentati-
vas, mas também há a apresentação, dissertação de
ideias, a fim de alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. 19
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
z Ações sociais
z Ações com configuração prototípica
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes

Outra importante característica que devemos refor-


çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
Fonte: <https://bit.ly/34yptsR>. Acessado em: 12/09/2020.
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi Relação com aspectos Associação a aspectos
modificada para que o propósito do anúncio fosse sociais linguísticos
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui-
Não podem sofrer altera-
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún- Podem ser alterados ção, sob pena de serem
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua reclassificados
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
fim de que a principal função do anúncio se cumpra, Estabelecem uma função Organizam os gêneros
social textuais
qual seja: vender um produto.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar
mais algumas características comuns a todos os tipos Apesar de não existir um número quantificável
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
propósito de um gênero, para alguns autores, como gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
na resolução de questões que envolvam esse assun-
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a gêneros textuais abordados em importantes bancas
posição de que o propósito comunicativo é o critério de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e tões de provas de concursos anteriores que irão nos
é vinculado ao poder do autor. auxiliar a praticar esse conteúdo.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o NOTÍCIA
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
textual, que resguarda características básicas do gêne- A notícia é um gênero textual de caráter jornalís-
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua
fada tanto na porção textual do anúncio que começa composição linguística, por isso, é fundamental sem-
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens pre termos em mente as características basilares de
que remetem ao conto da “Branca de Neve”. todos os principais tipos textuais, os quais tratamos
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os anteriormente.
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e Como aprendemos no início deste capítulo, os
também a escrever esse gênero quando necessitam. gêneros textuais possuem características que os dis-
Isso é o que torna a característica da prototipicidade tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter
um apelo a questões sociais, um propósito comunica-
tão importante no reconhecimento e na classificação
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos
de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto
um gênero devem ser reconhecidos por uma comu- entre os gêneros.
nidade, reafirmando o teor social desses elementos e Por ser um gênero, a notícia também apresenta
estabelecendo a importância de um indivíduo adqui- essas características. Seu propósito comunicativo é
rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
gêneros se é exposto. resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
Portanto, a partir de todas essas informações sobre com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra
importante característica da notícia é a sua configura-
resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por
cas situadas socialmente que servem a propósitos
leitores de uma comunidade.
específicos e são reconhecidos pelos seus traços Essa configuração própria da notícia é reconheci-
em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia.
as características básicas para a correta identificação Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro-
20 dos gêneros textuais: totípico desse gênero:
Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fugia da polícia, em Fortaleza Manchete
Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com seis munições Lead
Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão enquanto
fugia da polícia na tarde deste domingo (13), no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza.
Corpo
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes dirigiam em alta velocidade pe-
da notícia
las ruas após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela
abordava as pessoas colocando a arma na cabeça”, afirmou
Fonte: <https://glo.bo/35KM591>. Acessado em: 14/09/2020.

Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamental que o autor do
texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial e objetivo:

O quê?

Onde? MANCHETE

Quando?

CORPO DA Como?
NOTÍCIA
Por quê?

É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o gênero
notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a informação,
porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização das
notícias tentando passar alguma credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de
publicação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto a estrutura padrão do gênero da qual
tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em comparação com a notícia e
também é muito abordada em provas de concursos.

REPORTAGEM

A reportagem é um gênero textual que, diferentemente da notícia, além de oferecer informações acerca de um
assunto, também apresenta os pontos de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter argumentativo; essa é
a principal diferença entre os gêneros notícia e reportagem.
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar nesse
gênero a opinião do meio que a divulga. Por isso, nesse texto, as sequências textuais mais encontradas são a nar-
rativa e a descritiva, justamente com a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingrediente”
dos textos desse gênero que são representados, predominantemente, pela sequência argumentativa.
É importante relembrarmos que o tipo textual argumentativo é organizado em três macro partes: tese, desen-
volvimento e conclusão. Por manter esse padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais de ampla reper-
cussão e interesse do público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia busca apenas a
divulgação da informação.
Diante disso, o suporte de veiculação das reportagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, como a
televisão, o computador, o tablet, o celular. As reportagens têm um caráter de “matérias especiais” em jornais de
ampla repercussão, mas também podem ser veiculadas em suportes escritos, como revistas e jornais, apesar de,
com o avanço do uso das redes sociais, estas são os principais meios de divulgação desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a reportagem apresenta informações mais detalhadas sobre um fato
e/ou fenômeno de grande relevância social. Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados que compõem
LÍNGUA PORTUGUESA

a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria opinião sobre o tema.
A despeito dessas diferenças na construção dos gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guardam
semelhanças, como a busca pelas respostas às perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? Quem? Essas
perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem quanto da notícia, que se diferencia da primeira por seu cará-
ter essencialmente informativo.

NOTÍCIA REPORTAGEM

Apresenta um fato de forma simples e objetiva Questiona fatos e efeitos de um fato determinado

Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato

Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa


21
NOTÍCIA REPORTAGEM

Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar en-


Conteúdo de curto prazo
trevistas, dados, imagens, etc.

Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (conf.


acima)

Fonte: <https://bit.ly/3kD9tvk>. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.

É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portan-
to, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém
pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de
concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião.

ARTIGO DE OPINIÃO

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do
discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais.
Com o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, pode-
mos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor soluções para
a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele terá que
usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:

O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen-
ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição
assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação
constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam
convencer o interlocutor (2011. p. 305).

Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: enci-
clopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que
percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação pre-
sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”
(KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto. E,
dependendo da intenção, apoiar ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente.
Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco-
lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua
produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
estruturação:

z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
texto é concluído.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamentos de terceiros) – Acei-
Desenvolvimento
tação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado

No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
22 processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.

EDITORIAL

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.

EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.

EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS


z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural
z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante
z Linguagem clara, objetiva e impessoal

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.

EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS


Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresen-
Parágrafo 1
tar o assunto ao leitor
Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos
Parágrafo 2
do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir

A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
critério, o próximo gênero estudado é a crônica.

CRÔNICA

O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
LÍNGUA PORTUGUESA

de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA


z Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em
z Limita-se a contar fatos do cotidiano debate
z Pode apresentar um tom humorístico z Uso de argumentos e fatos
z Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa z Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
z Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo 23
Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:

O que é um livro?

O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver […].
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
–  Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: <https://bit.ly/2HIecxi>. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.

Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
pelo discurso; por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tra-
tados como do discurso.
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materializa-se por meio
de textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Podemos
distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros.

ORTOGRAFIA
As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica da
grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é derivada de processos históricos de evolução da língua.
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno craque em ortografia: leia sempre! Somente a prática de leitura
irá lhe garantir segurança no processo de grafia das palavras.
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior parte das regras não são efêmeras, porém, são em grande
número. Neste material, iremos apresentar uma forma condensada e prática de nunca mais esquecer os acentos
e os motivos pelos quais as palavras são acentuadas.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portuguesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras cujos
sons são semelhantes e geram confusão quanto à escrita correta. Veja:

z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.

USAMOS X: USAMOS CH:

� Depois da sílaba em, se a palavra não for derivada de � Depois da sílaba em, se a palavra for derivada de pala-
palavras iniciadas por CH: enxerido, enxada vras iniciadas por CH: encher, encharcar
� Depois de ditongo: caixa, faixa � Em palavras derivadas de vocábulos que são grafados
� Depois da sílaba inicial me se a palavra não for derivada com CH: recauchutar, fechadura
de vocábulo iniciado por CH: mexer, mexilhão

24 Fonte: <instagram/academiadotexto>. Acesso em: 10/10/2020.


z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- São as chamadas proparoxítonas aparentes.
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem; Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio. pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; palavras:
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: viajar, lisonjear. HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
Termos derivados do latim escritos com j; VÁ-CUO/ VA-CU-O
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
Antes de concluir, é importante mencionar o uso
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa;
do acento nas formas verbais TER e VIR:
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio-
Ele tem / Eles têm
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; Ele vem / Eles vêm
inglês; marquesa; duquesa. Percebam que, no plural, essas formas admitem o
Palavras que designam qualidade, cuja termina- uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: cia verbal quando usar esses verbos.
Embriaguez; lucidez; acidez. Antes de concluir, é importante mencionar o uso
do acento nas formas verbais TER e VIR:
Essas regras para correção ortográfica das palavras, Ele tem / Eles têm
em geral, apresentam muitas exceções; por isso é impor- Ele vem / Eles vêm
tante ficar atento e manter uma rotina de leitura, pois Percebam que, no plural, essas formas admitem o
esse aprendizado é consolidado com a prática. Sua capa- uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
cidade ortográfica ficará melhor a partir da leitura e da cia verbal quando usar esses verbos.
escrita de textos, por isso, recomendamos que se man-
tenha atualizado e leia fontes confiáveis de informação,
pois além de contribuir para seu conhecimento geral, sua
habilidade em língua portuguesa também aumentará.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
CRASE
ACENTUAÇÃO GRÁFICA Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
Muitas são as regras de acentuação das palavras da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
da língua portuguesa; para compreender essas regras, junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
respeitar a divisão das sílabas. marcação (`) + (a) = (à).
Regras de Acentuação Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí- Regra geral: haverá crase sempre que o termo
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, antecedente exija a preposição a e o termo conse-
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só; quente aceite o artigo a.
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto- Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua- Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns; ge preposição).
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto- Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: palavra que não aceita artigo).
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
abdômen, hímen.
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
dam no momento de identificação:
Importante!
Casos Convencionados
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
ditongo. z Locuções adverbiais formadas por palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, femininas:


rádio etc. Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e Espero vocês à noite na estação de metrô.
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem Estou à beira-mar desde cedo;
ser acentuadas! z Locuções prepositivas formadas por palavras
femininas:
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê- Ex.: Ficaram à frente do projeto;
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns z Locuções conjuntivas formadas por palavras
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por- femininas:
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
ou proparoxítona. aumentando; 25
� Quando indicar marcação de horário, no plural � Antes de demonstrativos
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
Fique atento ao seguinte: entre números teremos � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
que de = a / da = à, portanto: personalidades históricas
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
aquilo: O pacote foi entregue a ti ontem;
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada � Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
àquele outono. lado)
Por favor, entregue as flores àquela moça que está Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
sentada. de justiça;
Dedique-se àquilo que lhe faz bem; � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
sem determinante
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
de: Astronauta volta a Terra em dois meses.
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. Os pesquisadores chegaram a terra depois da
Referimo-nos à de preto; expedição marinha.
� Com o pronome relativo a qual, as quais: Vocês o observaram a distância.
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
de sair. Crase Facultativa
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
férias. Nestes casos, podemos escrever as palavras das
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Casos Proibitivos detalhadamente, observe as seguintes dicas:

Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor � Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
orientação de quando não usar a crase. se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
� Antes de nomes masculinos � Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- Ex.: Iremos a/à sua residência;
rial agrada a todos.” (MM) � Após preposição até, com ideia de limite
O carro é movido a álcool. Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Venda a prazo; “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
� Antes de palavras femininas que não aceitam às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
artigos afeto.” (CBr. 1, 67)
Ex.: Iremos a Portugal.
Casos Especiais
Macete de crase:
Se vou a; Volto da = Crase há! Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. forem femininos, normalmente a crase não será utili-
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza; zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
evitar ambiguidades.
� Antes de forma verbal infinitiva Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).
Ex.: Os produtos começaram a chegar. Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar instrumento).
com franqueza, parecem dar a entender que o Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).
fazem por exceção de regra.” (MM); Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
� Antes de expressão de tratamento instrumento).
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Excelência; Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Nomes de Lugares
a regência do verbo exigir preposição
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes; z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos moro em Copacabana, passo por Copacabana);
o pacote. � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio; Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- passo pela Bahia).
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do Macetes
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
suspeita de fraude. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Eles estavam conservando a certa altura. a, com a, à moda de, durante a;
Faremos a obra a qualquer custo. z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
26 A campanha será disponibilizada a toda a comunidade; Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
uma equivaler a a duas, não ocorre crase; em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui- depende de uma pessoa, um substantivo concreto
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
por a este, a esta e a isto; gem, liberalismo, feiura;
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e z Comum: Designam todos os seres de uma espécie.
nomes de cidades quando esses termos estiverem Ex.: homem, cidade;
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
tância de 200 metros do pico da montanha. Pedro, Fortaleza;
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun-
A compreensão da crase vai muito além da estética to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada.
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão. É importante destacar que a classificação de um
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, substantivo depende do contexto em que ele está inse-
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
rido. Vejamos:
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
pessoa = Próprio);
advérbio de instrumento da ação de pintar.
O amigo mostrou-se um judas (judas significando
traidor = comum).

FORMAÇÃO, CLASSE E EMPREGO DE Flexão de Gênero


PALAVRAS
Os gêneros do substantivo são masculino e
INTRODUÇÃO feminino.
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for- para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni-
mas; por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- formes. Os substantivos uniformes podem ser:
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
e suas funções. z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma-
Analogamente, para compreender bem as funções nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien-
precisamos conhecer como essa forma se classifica e te / a cliente; O líder / a líder;
como se organiza. z Epicenos: Designam geralmente animais que
Por isso, em língua portuguesa, estudamos as apresentam distinção entre masculino e feminino,
formas das palavras na morfologia, que organiza as mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo
classes das palavras em dez categorias. A seguir, estu- macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea;
daremos detalhadamente cada uma delas e também onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá
veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e
exigentes.
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
SUBSTANTIVOS
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
Já os substantivos biformes designam os substan-
característica básica dessa classe é admitir um deter-
tivos que apresentam duas formas para os gêneros
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
xionam-se em gênero, número e grau.
Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
Tipos de Substantivos
mas diferentes no masculino e no feminino:
A classificação dos substantivos admite nove tipos Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
diferentes. São eles: Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
LÍNGUA PORTUGUESA

z Simples: Formados a partir de um único radical. no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
Ex.: vento, escola; Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente; Gênero e Significação
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
substantivo. Ex.: pedra, dente; Alguns substantivos uniformes podem aparecer
z Derivado: Formados a partir dos derivados. Ex.: com marcação de gênero diferente, ocasionando uma
pedreiro, dentista; modificação no sentido. Veja, por exemplo:
z Concreto: Designam seres com independência
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
pendentemente de sua conotação espiritual ou z O testemunho: Relato de experiência, associado a
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; religiões. 27
Algumas formas substantivas mantêm o radical e z Varia apenas um elemento:
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
significado: Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
canas-de-açúcar;
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Substantivo + substantivo com função adjetiva.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Ex.: navios-escola.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
abaixo-assinados.
Além disso, algumas palavras na língua causam Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
das em contextos informais com gêneros diferentes. Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido; formados por
a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele- verbo + advérbio
verbo + substantivo plural
fonema; o trema.
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
Variação de Grau
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
Flexão de Número
uma diminuição.
Os substantivos flexionam-se em número, de z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufi-
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: xos aos substantivos indicar um aumento de
Casa / casas. tamanho.
Porém, podem apresentar outras terminações: Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
males, reais, animais, projéteis etc. fogaréu, boqueirão, poetastro;
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do
das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores; aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal, do ser.
terminada em L e que tem como plural “males”. Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL pequenina, papelucho.
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Dica
Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
e méis. dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem vras, podendo assumir um valor:
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. Afetivo: filhinha / mãezona;
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
Contudo, há substantivos que admitem até três
formas de plural, como os seguintes: O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas

z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães; O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
z Ancião: anciãos, anciões, anciães; para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. inicial maiúscula.
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas inicias das palavras que designam:
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
órgãos; órfão / órfãos.
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela;
Plural dos Substantivos Compostos
z Nomes de cidades, países, estados, continentes
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
Os substantivos compostos são aqueles formados
Ceará, Nárnia, Londres;
por justaposição. O plural dessas formas obedece às z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
seguintes regras: das Crianças;
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
z Variam os dois elementos: xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,
Gabinete da Vice-presidência, Organização das
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes- Nações Unidas;
tres -salas; z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar- Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
das -noturnos; nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas; bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei
28 -feiras. de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, demonstrando seu caráter adverbial.
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- As locuções adjetivas também desempenham fun-
fados com maiúsculas apenas quando utilizados ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer numerais e orações substantivas.
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
do uma direção, devem ser escritos com minúscu- Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
las. Ex.: Correu a América de norte a sul; Já as locuções adverbiais desempenham função de
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). orações adjetivas com esses valores.
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Atente-se: Em palavras com hífen, pode-se optar Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.
pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e Adjetivo de Relação
vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu- o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste. relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
ADJETIVO seguintes características:

z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-


Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
podem indicar:
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve;
z Qualidade: professor chato;
z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de
z Estado: aluno triste; relação sempre são posicionados após o substanti-
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
Locuções Adjetivas tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
— pai; mundial — mundo;
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor z Não admitem variação de grau: os graus com-
dos adjetivos, indicando as mesmas características parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:
deles. Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
Elas são formadas por preposição + substantivo, mundial”.
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti- te americano (não é subjetivo; posicionado após o
vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu substantivo; derivado de substantivo; não existe a
estudo: forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Voo de águia / aquilino; roteiro carnavalesco.
z Poder de aluno / discente;
z Conselho de professores / docente; Variação de Grau
z Cor de chumbo / plúmbea;
z Luz da lua / lunar; O adjetivo pode variar em dois graus: compara-
z Sangue de baço / esplênico; tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; respectivas categorias.
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
z Grau comparativo: Exprime a característica de
É importante destacar que, mais do que “decorar” um ser, comparando-o com outro da mesma classe
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- nos seguintes sentidos:
LÍNGUA PORTUGUESA

damental reconhecer as principais características de


uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e „ Igualdade: Compara elementos colocando-os
apresentar valor de posse. em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos
A abertura de conta pode ser realizada on-line. quanto simplórios;
Quando a locução adjetiva é composta pela prepo- „ Superioridade: Compara, evidenciando um
sição “de”, pode ser confundida com a locução adver- elemento como superior ao outro. Mais do que,
bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
perceber que a locução adjetiva apresenta valor de do que o dinheiro;
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para „ Inferioridade: Compara, evidenciando um ele-
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da mento como inferior ao outro. Menos do que,
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
zando o substantivo “abertura”. do que mulheres. 29
z Grau superlativo: Em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o menos).
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).
Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
(mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: São palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: Formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável:

„ Adjetivos compostos por azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete;


„ Locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializa-
vam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em
nosso país.

30
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

ADVÉRBIO

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
31
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

32 Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
GRAU -
SUPERLATIVO Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
LÍNGUA PORTUGUESA

z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOME

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto. 33
Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3º pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3º pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.

Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimo-
nioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
34 z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Bispos.
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
nomes de tratamento e suas respectivas designações a festa.
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
da Presidência da República. Portanto, essas designa- o substantivo, indicando grande, porém incerta,
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- quantidade de algo.
ro textual abordado for um gênero oficial. Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
Pronomes Demonstrativos
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-
tamento é importante destacar que o plural de Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
maioria das abreviaturas terminadas com a letra eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V.
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
tíssimo Juiz; z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú- z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
blica nunca deve ser abreviado.
Usamos este, esta, isto para indicar:
Pronomes Indefinidos
� Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de dade de algo ao falante.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes- Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova.
soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar
� Referência ao tempo presente.
e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
pagarei a última prestação da casa.
PRONOMES INDEFINIDOS1 � Referência ao espaço textual.
Variáveis Invariáveis Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém curava um presente para o marido (o pronome
refere-se ao último termo mencionado).
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém
nenhumas Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Todo, toda, todos, todas Quem me “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo mento de algo de quem fala.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Certo, certa, certos, certas Nada z Indicar distância que se deseja manter.
Vários, várias Cada Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Quanto, quanta, quantos, quantas Que fia nesses políticos.
z Referência ao tempo passado.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
Qualquer, quaisquer estive em São Paulo.
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Qual, quais
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
Um, uma, uns, umas falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
sa expressão utilizada.
As palavras certo e bastante serão pronomes
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
serão adjetivos quando vierem depois.
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
to de quem fala e de quem ouve.
indefinido).
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
LÍNGUA PORTUGUESA

Busco o modelo de carro certo (adjetivo). � Referência a um tempo muito remoto, um passa-
A palavra bastante frequentemente gera dúvida do muito distante.
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
do. Por isso, atente-se ao seguinte: tas abertas. Bons tempos aqueles!
� Referência a um afastamento afetivo.
z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen- Ex.: Não conheço mais aquela mulher.
te ao termo “muito”. � Referência ao espaço textual, indicando o pri-
Ex.: Elas são bastante famosas. meiro termo de uma relação expositiva.
z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-
ao termo “suficiente”. riu beber chá; aquela, refrigerante.
1  Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020. 35
Dica Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
O pronome “mesmo” não pode ser usado em quem? Do rapaz).
função demonstrativa referencial. Veja: � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo para indicar locais físicos.
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
ceu de preencher o gabarito. mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
pronomes relativos têm função muito importante na e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
língua, refletida em assuntos de grande relevância do em substituição a outros pronomes relativos,
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
é essencial conhecer adequadamente a função desses guísticos, como o “queísmo”.
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo guém se lembra.
ou a um pronome substantivo mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
nado anteriormente) chamamos de antecedente. textual, desfazendo estruturas ambíguas.
São pronomes relativos:
Pronomes Interrogativos
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, São utilizados para introduzir uma pergunta ao
quantas; texto.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como; Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O Quantos anos tem seu pai?
cachorro que estava doente morreu. A caneta que O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
emprestei nunca recebi de volta. tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
relativo “que”. indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
� Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
ser uma pessoa ou objeto personificado. tantivos, dando fluidez à leitura.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
� O pronome relativo quem pode fazer referência realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele zação da atividade. O tempo estava instável).2
que cala).
Pronomes Possessivos
� Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati- Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
vo; pode sofrer flexões. discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. 1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
� Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
para indicar posse e aparecer relacionando dois 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
possuída.
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
matéria (coisa possuída).
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme- a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
ro com a coisa possuída. a uma coisa.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
cujo: Cujo o, cuja a pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
Não podemos substituir cujo por outro pronome do pronome é com o objeto da posse.
relativo. Outras funções dos pronomes possessivos:
O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. z Delimitam o substantivo a que se referem;
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per- z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
gunta: “de quem/do que?” z Não concordam com o referente;
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor z O pronome possessivo que acompanha o substan-
do que? Do filme). tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
36 2  Exemplo disponível em: <https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/>. Acesso em: 30. jul. 2021.
As flexões verbais são marcadas por desinências,
COLOCAÇÃO PRONOMINAL que podem ser:

Estudo da posição dos pronomes na oração. z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no


singular ou plural, bem como em qual pessoa ver-
z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo. bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
Casos que atraem o pronome para próclise: z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo
verbais a ação foi realizada.
„ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.:
Não me submeto a essas condições; Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes,
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- porém, de abordarmos as desinências modo-temporais,
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel; precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
apresente como um rico investidor, ele nada Modos
tem;
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
Em se tratando de futebol, Maradona foi um relação enunciada pelo verbo.
ídolo;
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de
esperança de sermos ouvidos, muito lhe certeza.
agradecemos; Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! de dúvida, desejo ou possibilidade.
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver- z Imperativo: O modo imperativo designa ordem,
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: convite, conselho, súplica ou pedido.
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
que estejam conjugados no futuro, caso não Tempos
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei O tempo designa o recorte temporal em que a ação
dos nossos estudantes. verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem,
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:
que atraem o pronome para ênclise:
z Presente:
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
to honrada com esse título; Pode expressar não apenas um fato atual, como
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias
favor; no mesmo horário.
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e
quanto sou importante. instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!
Casos proibidos: (equivalente a estudarei).

„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / z Passado:


Dá-me esse caderno! (certo);
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- „ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou- no passado.
-se de nada (correto); Ex.: Estudei até ser aprovado;
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato „ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou
durativa.
VERBO Ex.: Estudava todos os dias;
„ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação, Conjugação, Emprego de Tempos e outra mais antiga.


Modos Verbais Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
bordara (ação anterior) da banheira.
Certamente, a classe de palavras mais complexa e
importante dentre as palavras da língua portuguesa é z Futuro:
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
e os agentes desses atos, além de ser uma importante „ Futuro do presente: indica um fato que deve
classe sempre abordada nos editais de concursos; por ser realizado em um momento vindouro.
isso, atente-se às nossas dicas. Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam „ Futuro do pretérito: Expressa um fato poste-
em número, pessoa, modo e tempo, além da designação rior em relação a outro fato já passado.
da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato. Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 37
A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio.
Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)

� Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.
Ex.: (que eu) Tenha estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: (se eu) Tivesse estudado
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.

z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.
z Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
z Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
z Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Quando cheguei, ela já tinha partido.
z Ele tinha aberto a janela.
z Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:

„ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina;
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
38 Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:

z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:


LÍNGUA PORTUGUESA

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos. 39
z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias Quando chegou, encontrou o animal morto
Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa
Tinha enxugado a louça quando o programa
Enxugar A roupa está enxuta
começou
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou Trabalho findo!

40 Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar Onde está o documento impresso?
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa!
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas
Submergir Após ter submergido os legumes, reparou no amigo Deixe os legumes submersos por alguns minutos
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso!

z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.

z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.

O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia mui-
tos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos
que não vejo Mariana”.

z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
passiva analítica.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:

„ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
„ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em
particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.

A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os
verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.

„ Infinitivo: Marca as conjugações verbais. 41


AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar, O “se” exercerá essa função apenas:
passear);
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
pôr); „ Com verbos que concordam com o sujeito;
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, „ Com a voz passiva sintética.
sair).
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
Dica
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-
ção, pois origina-se do verbo “poer”. cionará nessa condição quando não for possível
O mesmo acontece com verbos que deste identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Além disso, não podemos confundir essa função
derivam. do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
Vozes Verbais estar na voz ativa.

As vozes verbais definem o papel do sujeito na Outra importante característica do “se” como índi-
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
� Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação estar na 3ª pessoa do singular.
verbal. Ex.: Acredita-se em Deus.
Ex.: O policial deteve os bandidos.
� Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle-
verbal.
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial — xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
passiva analítica; procidade, auxiliando a construção dessas vozes
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
� Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes- cipais características são:
mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O „ Sujeito recebe e pratica a ação;
menino se agrediu. „ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto
� Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes- ou indireto;
mo tempo, porém há uma ação compartilhada „ O sujeito da frase poderá estar explícito ou
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti- implícito.
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
e sofrem a ação. Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- presente de aniversário (implícito).
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
cumprimentaram. z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
será parte integrante dos verbos pronominais,
A voz passiva é realizada a partir da troca de fun- acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva
se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do estar explícito ou implícito.
objeto direto. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha.
Importante! Não confunda os verbos pronomi- z Partícula de realce: Será partícula de realce o
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais “se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- juízo no sentido e na compreensão global do texto.
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um A partícula de realce não exerce função sintática,
pronome que faz parte integrante do seu significado, pois é desnecessária.
diferentemente das vozes verbais, que acompanham Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
o pronome “se” com função sintática própria. z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
Outras Funções do “Se” “se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
Como vimos, o “se” pode funcionar como item pela conjunção “caso”.
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
mento também acumula outras atribuições:
dar, será aprovado).
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
Conjugação de Verbos Derivados
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é Verbo derivado é aquele que deriva de um ver-
designado partícula apassivadora, nesse contexto. bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — verbos, é importante ter clara a conjugação de seus
“Se” (partícula apassivadora). “originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
42 relevantes em provas diversas:
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor; PREPOSIÇÃO
z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
São palavras invariáveis que ligam orações ou
z Ver: Antever, rever, prever;
outras palavras. As preposições apresentam funções
z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir. importantes tanto no aspecto semântico quanto no
aspecto sintático, pois complementam o sentido de
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- sem a presença da preposição, modificando a transiti-
preensão dessas conjugações verbais. vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os sentido de palavras deverbais3.
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
te, por, sem, sob, trás.
ção são, predominantemente, regulares. Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- chamadas pois pertencem a outras classes grama-
mente são irregulares e apresentam alguma modifi- ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
conjugação do verbo “passear”: equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”).
PRESENTE — INDICATIVO
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
Eu Passeio plos de uso em diferentes situações:
Tu Passeias
Ele/Você Passeia “A”

Nós Passeamos z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;


Vós Passeais z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
Eles/Vocês Passeiam z Destino (em correlação com a preposição de): De
Santos à Bahia;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
Conjugação de Alguns Verbos z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
Vamos agora conhecer algumas conjugações de z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
to de questões em concursos. z Lugar: Ir a Santa Catarina;
z Modo: Falar aos gritos;
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
z Sucessão: Dia a dia;
z Tempo: Nasci a três de maio;
PRESENTE — INDICATIVO z Proximidade: Estar à janela.
Eu Adiro
Tu Aderes “Após”
Ele/Você Adere
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
Nós Aderimos z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
Vós Aderis
“Com”
Eles/Vocês Aderem
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
São conjugados da mesma forma os verbos dispor, z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
entrepor, supor.
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância;
LÍNGUA PORTUGUESA

PRESENTE — INDICATIVO z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;


Eu Ponho comigo sempre é assim.
Tu Pões
“Contra”
Ele/Você Põe
Nós Pomos z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;
Vós Pondes z Direção: Olhar contra o sol;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
Eles/Vocês Põem
contra o peito.
3  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 43
“De” “Perante”

z Causa: Chorar de saudade; z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.


z Assunto: Falar de religião;
z Matéria: Material feito de plástico; “Por”
z Conteúdo: Maço de cigarro;
z Origem: Você descende de família humilde; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Posse: Este é o carro de João; sorteio;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Conformidade: Copiar por original;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Definição: Pessoa de coragem; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Meio: Ir por terra;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Meio: Viver de ilusões; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Modo: Olhar alguém de frente; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Preço: Caderno de 10 reais;
z Qualidade: Vender artigo de primeira; “Sem”
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
corajosa. z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
“Desde”
“Sob”
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
z Tempo: Desde ontem ele não aparece. z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
Pedro II;
“Em” z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.
z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
dólares; “Sobre”
z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
bom; z Direção: Ir sobre o adversário;
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as z Lugar: Cair sobre o inimigo.
mãos em concha;
z Transformação ou alteração: Transformou dóla- Locuções Prepositivas
res em reais;
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; São grupos de palavras que equivalem a uma
z Fim: Pedir em casamento; preposição.
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Modo: Escrever em francês; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Sucessão: De grão em grão; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. positivas sempre terminam em uma preposição (há
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
“Entre” do concessivo “não obstante”).
Veja alguns exemplos:
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve ram logo;
discórdia. z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
de finanças;
“Para” z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu
nada grave;
z Consequência: Você deve ser muito esperto para z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
não cair em armadilhas; a língua é indispensável para que possamos pen-
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência; sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal; z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim não passei no exame;
como nós estamos para as galinhas; z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
z Referência: Para mim, ela está mentindo; para com os mais velhos;
z Tempo: Para o ano irei à praia; z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
44 z Destino ou direção: Olhe para frente! um short.
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esse(s) = desse, desses
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + essa(s)= dessa, dessas
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + isso = disso
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + aquele(s) = daquele, daqueles
fim de; por meio de; em virtude de. de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo
� Com o pronome pessoal:
Importante! de + ele(s) = dele, deles
Algumas locuções prepositivas apresentam de + ela(s) = dela, delas
semelhanças morfológicas, mas significa- � Com o pronome indefinido:
dos completamente diferentes. Observe estes de + outro(s)= doutro, doutros
exemplos4: de + outra(s) = doutra, doutras
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane- � Com advérbio:
jamento inicial = Concordância. de + aqui= daqui
de + aí= daí
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + ali= dali
posta do programa = Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
z Preposição “em”:
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
„ Com artigo definido:
Oposição.
em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
Combinações e Contrações � Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
As preposições podem se ligar a outras palavras de em + essa(s)= nessa, nessas
outras classes gramaticais por meio de dois processos: em + isso = nisso
combinação e contração. em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas
z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu- em + isto = nisto
ma redução. em + aquele(s) = naquele, naqueles
a + o = ao em + aquela(s) = naquelas
a + os = aos em + aquilo = naquilo
z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem � Com pronome pessoal:
redução. em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas
Veja a lista a seguir5, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: z Preposição “per”:

z Preposição “a”: „ Com as formas antigas do artigo definido (lo,


la):
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra- per + lo(s) = pelo, pelos
tivo feminino: per + la(s) = pela, pelas
a + a= à
a + as= às z Preposição “para” (pra):
„ Com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele „ Com artigo definido:
a + aqueles = àqueles para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquela = àquela para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
Preposições
z Preposição “de”:
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
„ Com artigo definido masculino e feminino: o que significa Semântica. Semântica é a área do
de + o/os = do/dos conhecimento que relaciona o significado da palavra
LÍNGUA PORTUGUESA

de + a/as = da/das ao seu contexto.


� Com artigo indefinido: É importante ressaltar que as preposições podem
de + um= dum apresentar valor relacional ou podem atribuir um
de + uns = duns valor nocional.
de + uma = duma As preposições que apresentam um valor rela-
de + umas = dumas cional cumprem uma relação sintática com verbos
� Com pronome demonstrativo: ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
de + este(s)= deste, destes deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
de + esta(s)= desta, destas relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
de + isto= disto bios, os quais também apresentarão função deverbal.
4  Disponível em: <instagram.com/academiadotexto>. Acesso em: 20 nov. 2020.
5  Disponível em: <https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm>. Acesso em: 20 nov. 2020. 45
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida Importante: A conjunção “e” pode apresentar
pela regência do verbo concordar). valor adversativo, principalmente quando é antecedi-
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho
complemento nominal). não deixava.
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
gida pelo adjetivo). z Alternativas: Ligam orações com ideias que não
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,
advérbio). ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Em todos esses casos, a preposição mantém uma Ex.: Estude ou vá para a festa.
relação sintática com a classe de palavras a qual se Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na
sentença. Importante: A palavra “senão” pode funcionar
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
nal é preponderante apresentam uma modificação marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são
componentes obrigatórios na construção da senten- z Explicativas: Ligam orações, de forma que em
ça, divergindo das preposições de valor relacional. uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por-
As preposições de valor nocional estabelecem uma que, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir: enxada!
Viva bem, pois isso é o mais importante.
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES Importante: “Pois” com sentido explicativo ini-
Posse Carro de Marcelo cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
saudades.
O cachorro está sob a “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado
Lugar
mesa entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,
Votar em branco / Chegar pois, a subir.
Modo
aos gritos
Causa Preso por agressão z Conclusiva: Ligam duas ideias, de forma que a
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
Assunto Falar sobre política portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
Descende de família destarte, pois (deslocado na frase).
Origem
simples Ex.: Estava despreparado, por isso,
.
Olhe para frente! / Iremos
Destino Está na hora da decolagem; deve, então,
a Paris
apressar-se.

CONJUNÇÃO Dica
Assim como as preposições, as conjunções também As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
são invariáveis e também auxiliam na organização gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
ções. Por manterem relação direta com a organização concomitante acarreta em redundância.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas. Conjunções Subordinativas

Conjunções Coordenativas Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-


dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
As conjunções coordenativas são aquelas que apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo para terem o sentido apreendido.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
� Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como, Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
não só, mas também, não apenas, como ainda, uma vez que, como (equivale a porque) etc.
senão (após não só). Ex.: Como não choveu, a represa secou.
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. � Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
O gato era o preferido, não só da filha, senão de de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
toda família. modo que, de forma que, de sorte que etc.
z Adversativa: Colocam informações em oposição, Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- � Comparativa: Iniciam orações comparando ações
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
Ex.: Não tenho um filho, mas dois. nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
A culpa não foi a população, senão dos vereadores maior), tanto... quanto etc.
46 (equivale a “mas sim”). Ex.: Corria como um touro.
Ela dança tanto quanto Carlos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
� Conformativa: Expressam a conformidade de quê? Isso).
uma ideia com a da oração principal. Conforme, � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
como, segundo, de acordo com, consoante etc. bo e uma conjunção integrante.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual (errado).
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
tempo.
� Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia INTERJEIÇÕES
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que As interjeições também fazem parte do grupo de
etc. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
tivesse gostado.
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
Trabalhava, por mais que a perna doesse.
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
� Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
uma frase. Ex.: Tchau!
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
que, a menos que, somente se etc. As interjeições indicam relações de sentido diversas.
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
do sua mensagem. e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
Posso lhe ajudar, caso necessite.
� Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro- VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
porção que, à medida que, quanto mais...mais, Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
quanto menos...menos etc.
Alívio Arre! Ufa! Ah!
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
ser aprovado. Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
� Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
que, a fim de que etc.
Ex.: A professora dá exemplos para que você Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
aprenda! Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
Comprou um computador a fim de que pudesse
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
trabalhar tranquilamente.
� Temporal: Iniciam a abordem ess ideia de tempo. Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Quando, enquanto, assim que, até que, mal, logo
que, desde que etc. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
do Futuro. texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto.
Importante!
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
Os valores semânticos das conjunções não se va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
prendem às formas morfológicas desses elemen- como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
tos. O valor das conjunções é construído contex- exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
tualmente, por isso, é fundamental estar atento dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
aos sentidos estabelecidos no texto. Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
procura? (Se = causal = já que) que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto Ora bolas! Valha-me Deus!
ar puro no campo? (Quando = causal = já que).

Conjunções Integrantes
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
LÍNGUA PORTUGUESA

CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE


As conjunções integrantes fazem parte das orações
subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
oração principal à outra, subordinada. Existem apenas Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”. os grandes grupos de palavras existentes na língua,
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
� Quando é possível substituir o “que” pelo pronome pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
“isso”, estamos diante de uma conjunção integrante. nós construímos um painel morfológico.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? As palavras normalmente recebem uma dupla
Isso). classificação: a morfológica, que está relacionada à
� Sempre haverá conjunção integrante em orações classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
substantivas e, consequentemente, em períodos cionada à função específica que assumem em deter-
compostos. minada frase. 47
Frase No exemplo anterior a população é:

Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras. z O elemento que pratica a ação de implorar;
Ex.: Fogo! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Silêncio! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano z O termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos) do caso reto.
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
tá-lo completo ou incompleto. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
do determinada função sintática, que atua ou sofre a
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo,
poluição.
ou uma palavra com valor de substantivo, ou pronome.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Sujeito: O povo
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Núcleo do sujeito: povo
orações. z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
Classifica-se em: de dois ou mais termos.
As luzes e as cores são bem visíveis.
� Simples: possui apenas uma oração. Sujeito: As luzes e as cores
Ex.: O sol surgiu radiante. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Ninguém viu o acidente.
� Composto: possui duas ou mais orações. Dica
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
Chegou em casa e tomou banho. as expressões interrogativas quem? ou o quê?
Ates do verbo.
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO Ex.: A população pediu uma providência ao
governador.
Os termos que formam o período simples são dis- Quem pediu uma providência ao governador?
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- Resposta: A população (sujeito).
grantes (complemento verbal, complemento nominal Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, outro.
adjunto adverbial e aposto). O que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
Termos Essenciais da Oração
Tipos de Sujeito
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por Simples
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a DETERMINADO Composto
seguir cada um deles. Elíptico
Com verbos flexionados na 3ª pes-
SUJEITO
soa do plural
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo. se (índice de indeterminação do
O sujeito pode ser: sujeito)
Usado para fenômenos da
� O termo sobre o qual o restante da oração diz algo; INEXISTENTE natureza ou com verbos
� O elemento que pratica ou recebe a ação expressa impessoais
pelo verbo;
� O termo que pode ser substituído por um pronome z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
do caso reto; lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
� O termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina „ Simples: quando há apenas um núcleo.
48 da COVID-19. Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Sujeito simples: O aluguel da casa; Ex.: A minha saia azul está rasgada.
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. ça da partícula -se.
Núcleos: sons, cores. PREDICADO
Sujeito composto: Os sons e as cores;
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. mos essenciais na oração, há casos em que a oração
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
z Indeterminado: quando não é possível identificar impossível existir uma oração sem sujeito.
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. O predicado pode ser:
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
partícula “se”. Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar);
„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, Predicado: seguem sua marcha;
não se referindo a nenhuma palavra determi- z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
nada no contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Entende-se que alguém passou cedo; Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
„ Colocando-se verbos sem complemento direto
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) Para determinar o predicado, basta separar o
na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro- sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
nome se, que atua como índice de indetermina- do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
ção do sujeito. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: Não se vê com a neblina. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Dias)
condição. Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.

Esse tipo de situação ocorre quando uma oração Classificação do Predicado


não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
são impessoais e normalmente representam fenôme- A classificação do predicado depende do significa-
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer do e do tipo de verbo que apresenta.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Fazia um mês que tinha sumido. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Basta de confusão. a um predicativo do sujeito).
Há dois anos esse restaurante abriu. O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
Classificação do Sujeito Quanto à Voz (substantivo, adjetivo ou pronome).
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
z Voz ativa (sujeito agente) Mendes)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Predicado: são mais bonitas.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
ce a ação na frase; Bilac)
z Voz passiva sintética (sujeito paciente) Predicado: estão cheias de calafrios.
Ex.: Corta-se cabelo.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito É importante não confundir:
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
oração. mas um estado momentâneo ou permanente que
LÍNGUA PORTUGUESA

relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é


Importante notar que não há preposição entre o predicativo do sujeito;
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Precisa-se de cabelo. Ex.: O garoto está bastante feliz.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, Verbo de ligação: está.
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é Predicativo do sujeito: bastante feliz.
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina- Ex.: Seu batom é muito forte.
ção “-se”. Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito: muito forte.

49
Predicado Verbal No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do do de Assis)
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os Verbo transitivo direto: achou
demais termos do predicado. Objeto direto: o raciocínio
O verbo do predicado pode ser classificado em Predicativo do objeto: exato
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- concluir que temos um caso de predicativo do obje-
ge um complemento não preposicionado, o objeto to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
direto. o sujeito.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinque- O que é o predicativo do objeto?
do.” Noel Rosa É o termo que confere uma característica, uma
Verbo Transitivo Direto: Fazer. qualidade, ao que se refere.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Verbo Transitivo Direto: trouxe; adjetivo ou por um substantivo.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
vo indireto tem como necessidade o complemen- Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
to acompanhado de uma preposição para fazer
Predicativo do objeto: vitoriosa
sentido.
Para facilitar a identificação do predicativo do
Ex.: Nós acreditamos em você.
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: acreditamos
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: em
fica é relacionar o predicativo ao nome.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
O filme foi proveitoso.
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Ela era vitoriosa.
Preposição: a (a + os)
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Ex.: Os professores concordaram com isso.
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Verbo transitivo indireto: concordaram ligação (foi e era, respectivamente).
Preposição: com;
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto São vocábulos que se agregam a determinadas
indireto (com preposição). estruturas para torná-las completas. De acordo com
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe a gramática da língua portuguesa, esses termos são
outras.” (Machado de Assis) divididos em:
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas Complementos Verbais
Objeto indireto 1: lhe
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia São termos que completam o sentido de verbos
Objeto direto 2: outras transitivos diretos e transitivos indiretos.
Objeto indireto 2: lhe;
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
truir sozinho o predicado, que não precisa de com- panhado de preposição.
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da Ex.: Examinei o relógio de pulso.
oração. Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
Verbo intransitivo: adormeciam. aqueles).

Predicado Verbo-Nominal Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto

Ocorre quando há dois núcleos significativos: Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo pre exercem função de objeto direto, os pronomes
transitivo, predicativo do objeto). oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) essa função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
considerado predicativo do sujeito. Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Convidaram quem? Ela”)
Verbo intransitivo: marchou Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
50 Predicativo do sujeito: desorientado “Receberam quem? Nós”)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Vamos insistir em promover o novo romance de
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do ficção.
pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
z Objeto direto preposicionado nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
preposição no seu complemento, algumas palavras
requerem o uso da preposição para não perder o sen- comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
tido de “alvo” do sujeito. indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
facultativos.
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Preposição
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Não entendo nem a ele nem a ti. uma mensagem.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. COMPLEMENTO NOMINAL
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos).
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Preposição advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- presença de um complemento nominal nos contextos
le templo. de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
A escultura atrai a todos os visitantes.
do do nome.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num
pedestal. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Ao povo ninguém engana. Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Para melhor identificar um complemento nomi-
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- nal, siga a instrução:
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim Nome + preposição + quem ou quê
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa Como diferenciar complemento nominal de com-
bebeu uma porção da água, e não ela toda. plemento verbal?
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado. diretamente ao verbo “obedecia”)
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
Andrade) valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
z Objeto direto interno: Representado por palavra ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
mesmo significado.
Agente da Passiva
Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos.
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
Como diferenciar objeto direto de sujeito? lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) raramente, da preposição de.
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
LÍNGUA PORTUGUESA

Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares


O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. ser, estar, viver, andar, ficar.
Os jogos da seleção foram ignorados.
Termos Acessórios da Oração
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
preposição obrigatória, que se liga diretamente a Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa ra básica da oração, são importantes para compreen-
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
são do enunciado porque trazem informações novas.
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
casa 260. Esses termos são chamados acessórios da oração.
Gosto de ti, meu nobre.
Não troque o certo pelo duvidoso. 51
Adjunto Adnominal z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
São termos que acompanham o substantivo, z Origem: Descendia de nobres.
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo. Não confunda!
Categorias morfológicas que podem funcionar Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
como adjunto adnominal: adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
z Artigos; o sentido seja parecido.
z Adjetivos; Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
z Numerais; é um adjunto adnominal)
z Pronomes; Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
z Locuções adjetivas. adjunto adverbial)

Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Aposto


ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si. Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
Estava conquistando o respeito dos seus. ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
O novo regulamento originou a revolta dos identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
funcionários. tar algo, alguém ou um fato.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto Aposto: filha de D. Raimunda
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
exercem essa função sintática quando assumem des obras.
valor de pronomes possessivos. Aposto: Machado de Assis.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo); Classifica-se nas seguintes categorias:
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal? z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Separa-se do substantivo a que se refere por uma
Quando o adjunto adnominal for representado pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido ou dois-pontos.
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
a dica: ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
qual se liga for concreto. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
Ex.: A casa da idosa desapareceu. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Se indicar posse ou o agente daquilo que Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
expressa o substantivo abstrato. riachos.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo preconceito, antipatia e arrogância;
daquilo que expressa o substantivo. z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
foi respeitada. malmente, por um pronome indefinido.
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: estavam empolgados com a feira.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
-Bissau, países africanos onde se fala português;
Adjunto Adverbial � Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo;
Termo representado por advérbios, locuções � Circunstancial: Exprime uma característica
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- circunstancial.
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
circunstâncias. apropriadas;
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
z Tempo: Quero que ele venha logo; substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
z Modo: O dia começou alegremente; substantivos próprios.
z Intensidade: Almoçou pouco; Exs.: O mês de abril.
z Causa: Ela tremia de frio; O rio Amazonas.
z Companhia: Venha jantar comigo; Meu primo José;
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as z Aposto da oração: É um comentário sobre o fato
roupas; expresso pela oração, ou uma palavra que condensa.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
z Finalidade: Vivia para o trabalho; preocupação.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
52 z Assunto: Falávamos sobre o aluguel; ideia que não me agrada;
� Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente. PERÍODO COMPOSTO
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
para as perguntas. Observe os exemplos a seguir:
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. A apostila de Português está completa.
Um verbo: Uma oração = período simples
Dica Português e Matemática são disciplinas essen-
ciais para ser aprovado em concursos.
� O aposto pode aparecer antes do termo a que Dois verbos: duas orações = período composto
se refere, normalmente antes do sujeito. O período composto é formado por duas ou mais
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
na marcou uma geração; períodos simples e período compostos.
� Segundo o gramático Cegalla, quando o apos-
to se refere a um termo preposicionado, pode ele PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
vir igualmente preposicionado.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
tudo ele tinha medo; para evitar aglomeração
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. Para não esquecer:
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Período simples é aquele formado por uma só
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- oração.
Período composto é aquele formado por duas ou
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
mais orações.
de modo).
Classifica-se nas seguintes categorias:
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
z Por subordinação:
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?); vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O pletivas nominais, predicativas, apositivas;
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo „ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
adjetivo. explicativas;
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- comparativas, concessivas, condicionais, con-
jetivo) formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
Homem desesperado, João sempre perde o con- temporais.
trole.
(aposto; núcleo: homem – substantivo). z Por coordenação e subordinação: orações for-
Vocativo madas por períodos mistos;
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
O vocativo é um termo que não mantém relação
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- Período Composto por Coordenação
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- As orações são sintaticamente independentes. Isso
ja se comunicar. É um termo independente, pois significa que uma não possui relação sintática com
não faz parte da estrutura da oração. verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha período.
consulta. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. (Fernando Pessoa)
LÍNGUA PORTUGUESA

Oração coordenada 1: Deus quer


z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 2: o homem sonha
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Oração coordenada 3: a obra nasce.
outro termo da oração. Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
termo da oração. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. porta da sala de Damasceno
Sujeito: a cozinha de lufe. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao Conjunção adversativa: mas nada
sujeito).
53
Orações Coordenadas Sindéticas z Orações subordinadas substantivas justapostas:
introduzidas por advérbios ou pronomes interroga-
As orações coordenadas podem aparecer ligadas tivos (onde, como, quando, quanto, quem etc.);
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome roubadas.
sindética. Veremos agora cada uma delas: Não sei quem lhe disse tamanha mentira;
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
simultaneidade. no infinitivo.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras;
bém, mas ainda, bem como, como também, se- z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
não também, que (= e). exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
Os convidados não compareceram nem explica- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
ram o motivo; rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. cional) (or. sub. subst. subje.);
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, z Orações subordinadas substantivas objetivas
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- diretas: exercem a função de objeto direto de um
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. reto da oração principal.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
morte.” (Laurindo Rabelo); Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou subst. obj. dir.);
se excluem. z Orações subordinadas substantivas completi-
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... vas nominais: exercem a função de complemento
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
... talvez). da oração principal.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
Você quer suco de laranja ou refrigerante? mento nominal)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
sobre um raciocínio. plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- pl. nom.);
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início z Orações subordinadas substantivas predicati-
de frase). vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima oração principal. Sempre figuram após o verbo de
semana. ligação ser.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Mendes Campos); sujeito)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
porquanto, pois. z Orações subordinadas substantivas apositivas:
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
a “pois”) de dois-pontos ou entre vírgulas.
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
com fome. Só quero uma coisa: que você volte imediata-
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
raramente, aposto explicativo). São introduzidas
Formado por orações sintaticamente dependentes,
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
considerando a função sintática em relação a um ver-
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
bo, nome ou pronome de outra oração.
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
Tipos de orações subordinadas:
explicativas e restritivas;
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Substantivas; não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
z Adjetivas; tam uma explicação sobre o termo antecedente.
z Adverbiais. São consideradas termo acessório no período,
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
Orações Subordinadas Substantivas das por vírgulas.
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
São classificadas nas seguintes categorias: cria trinta gatos;
z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: especificam ou limitam a significação do termo
são introduzidas pelas conjunções subordinativas antecedente, acrescentando-lhe um elemento
integrantes que e se. indispensável ao sentido. Não são isoladas por
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de vírgulas.
impostos. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
54 Não sei se poderei sair hoje à noite; incurável;
Dica Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Como diferenciar as orações subordinadas adje-
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
vas explicativas? esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
Ele visitará o irmão que mora em Recife. representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai ções verbais. Exs.:
visitar apenas o que mora em Recife) [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [para fixar outros] – 2ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [que os rodeiam] – 3ª oração
mora em Recife) [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
ção (M. de Assis)
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
uma circunstância relativa a um fato expresso em basta, pertencente à 1ª (oração principal).
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
São introduzidas por conjunções subordinativas ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
tes grupos: Orações Reduzidas

„ Orações subordinadas adverbiais causais: z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
são introduzidas por: como, já que, uma vez nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
que, porque, visto que etc. Ex.: Caminhamos o z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
restante do caminho a pé porque ficamos sem iniciadas por conjunções;
gasolina; z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
„ Orações subordinadas adverbiais compa- por pronomes relativos;
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
rativas: são introduzidas por: como, assim
conectivos;
como, tal qual, como, mais etc. Ex.: A cerve-
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
ja nacional é menos concentrada (do) que a
prepositiva.
importada;
z Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
„ Orações subordinadas adverbiais concessi-
z O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
vas: indica certo obstáculo em relação ao fato
conjunção.
expresso na outra oração, sem, contudo, impe- z Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
di-lo. São introduzidas por: embora, ainda que, (desenvolvida).
mesmo que, por mais que, se bem que etc. Ex.: z O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
Mesmo que chova, iremos à praia amanhã;
„ Orações subordinadas adverbiais condicio- Orações Reduzidas de Infinitivo
nais: são introduzidas por: se, caso, desde que,
salvo se, contanto que, a menos que etc. Ex.: Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Você terá sucesso desde que se esforce para Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
tal;
„ Orações subordinadas adverbiais conforma- z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
tivas: são introduzidas por: como, conforme, S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
segundo, consoante. Ex.: Ele deverá agir con- Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
forme combinamos; direta reduzida de infinitivo)
„ Orações subordinadas adverbiais consecu- A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
tivas: são introduzidas por: que (precedido na predicativa reduzida de infinitivo)
oração anterior de termos intensivos como tão, Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
tanto, tamanho etc.) de sorte que, de modo que, completiva nominal reduzida de infinitivo)
de forma que, sem que. Ex.: A garota riu tanto, Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
que se engasgou; substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
„ “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
perfumadas que me estontearam.” (Cecília pelas mãos.
Meireles); O meu manual para fazer bolos certamente vai
„ Orações subordinadas adverbiais finais: agradar a todos;
indicam um objetivo a ser alcançado. São intro- z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
LÍNGUA PORTUGUESA

duzidas por: para que, a fim de que, porque e continua jogando bola.
que (= para que) Ex.: O pai sempre trabalhou Sem estudar, não passarão.
para que os filhos tivessem bom estudo; Ele passou mal, de tanto comer doces.
„ Orações subordinadas adverbiais propor-
cionais: são introduzidas por: à medida que, Orações Reduzidas de Gerúndio
à proporção que, quanto mais, quanto menos
etc. Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
a aprecio; sitivas, adjetivas, adverbiais.
„ Orações subordinadas adverbiais tempo-
rais: são introduzidas por: quando, enquanto, z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
logo que, depois que, assim que, sempre que, livre dos juros;
cada vez que, agora que etc. Ex.: Assim que z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
você sair, feche a porta, por favor. ajudando um ao outro. (subjetiva) 55
gora ouvimos artistas cantando no shopping.
z A � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta); entre si
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
coração; cautelosa, não faz tudo sozinha.
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
contou a verdade. Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa;
Orações Reduzidas de Particípio
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
entre si
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado.
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
presente
nós mesmos, ainda resiste;
Oração subordinada adverbial 2: quando não
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
estou;
ria problemas. (condicional)
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
(causal/temporal) mo período
Comprada a casa, a família se mudou logo. Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
(temporal). seu papel, no entanto a realidade não é assim.
Oração principal: Presume-se
O particípio concorda em gênero e número com os Oração subordinada subjetiva da principal: as
termos referentes. penitenciárias cumpram seu papel
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- Oração coordenada sindética adversativa da ante-
quentes em provas de concurso. rior: no entanto a realidade não é assim.

Períodos Mistos FUNÇÕES DO SE

São períodos que apresentam estruturas oracio- Embora já tenhamos abordado esse tema anterior-
nais de coordenação e subordinação. mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas cobradas desse vocábulo.
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal. Funções Morfológicas

z Pronome;
1ª oração 2ª oração 3ª oração
z Conjunção.
O homem entrou na que todos
e pediu Funções Sintáticas
sala calassem.

verbo verbo verbo � Pronome reflexivo com a função sintática de obje-


to direto
1ª oração: oração coordenada assindética. Ex.: Elas não se encontram na redação;
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em � Pronome reflexivo com a função sintática do obje-
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. to indireto
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar;
em relação à 2ª oração. � Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
Resumindo: período composto por coordenação e ca do objeto direto
subordinação. Ex.: Admiravam-se de longe;
As orações subordinadas são coordenadas entre si, � Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
ligadas ou não por conjunção. ca do objeto indireto
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas;
z Orações subordinadas substantivas coordena- � Pronome reflexivo com a função de sujeito de um
das entre si infinitivo
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe Ex.: Ela deixou-se ir;
meus pais, nem que culpe meus parentes.
� Pronome apassivador
Oração principal: Espero.
Ex.: Compram-se jornais;
Oração coordenada 1: que você não me culpe.
� Pronome de realce
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais.
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução;
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes.
� Índice de indeterminação do sujeito
Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo;
� Parte integrante dos verbos essencialmente
Importante!
pronominais
O segredo para classificar as orações é per- Ex.: Queixou-se muito da vida;
ceber os conectivos (conjunções e pronomes � Conjunção subordinativa integrante
relativos). Ex.: Ela queria ver se conseguiria;
� Conjunção subordinativa condicional
56 Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos.
FUNÇÕES DO QUE FUNÇÕES DO SEM QUE

Funções Morfológicas Locução conjuntiva com valor de condição, conces-


são, consequência, negação de consequência, negação
z Pronome; de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para
z Substantivo; formar orações subordinadas reduzidas de infinitivo.
z Preposição; Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
z Advérbio; atrás.”
z Interjeição; Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
z Conjunção. sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
ção reduzida de infinitivo.
Funções Sintáticas Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade
de informação e não será exercida sem que esta esteja
� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”) assegurada a todos os veículos de comunicação visual.”
Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece Poderia ser reescrita como “A democracia não será
termos; efetiva sem liberdade de informação e não será exer-
cida sem esta estar assegurada a todos os veículos
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi-
de comunicação visual”, formando agora uma oração
sa”) ligado ao verbo
reduzida de infinitivo.
Ex.: Elas não sabiam o que fazer;
� Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”,
“quanta”) ligado ao substantivo
Ex.: Que alegria!
� Pronome interrogativo (no final de frase é PONTUAÇÃO
acentuado)
Ex.: Por que não vai conosco? Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
Não vai conosco por quê? mos a seguir as regras sobre seus usos.
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é
acentuado) Uso de Vírgula
Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade;
� Preposição (a depender do contexto, pode ser subs- A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
tituído por “de”) funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer- voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
tas coisas; orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao qualquer ambiguidade.
adjetivo) Quando se trata de separar termos de uma mesma
Ex.: Que bela tarde! oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
� Interjeição (sempre acentuado)
Ex.: Quê! Você tem coragem? � Para separar os termos de mesma função
� Partícula expletiva Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
Ex.: Que experto que é teu irmão! z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
� Faz parte da locução expletiva enumeração.
Ex.: Ele é que sabe das coisas! Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
� Conjunção causal (igual a “porque”) arrastado pelo tsunami;
Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
adequadas; já apareceu na frase) do verbo
� Conjunção integrante Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Ex.: Suponhamos que elas viessem; Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
� Conjunção comparativa filmes de terror;
Ex.: Uma era mais esperta que a outra; � Para separar palavras ou locuções explicativas,
� Conjunção concessiva (igual a “embora”) retificativas
Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele; Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
� Conjunção condicional (igual a “se”) anos;
Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre- � Para separar datas e nomes de lugar
gar a mercadoria; Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
� Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos; � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
� Conjunção temporal e, nem, ou.
Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
tudo;
� Conjunção final A vírgula também é facultativa quando a expres-
Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse; são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
� Conjunção consecutiva mas uma palavra só. Exemplos:
Ex.: Falou tanto que ficou rouco; Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
� Conjunção aditiva Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
Ex.: Anda que anda e nada encontra; em casa.
� Conjunção explicativa Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir. Ontem, choveu o esperado para o mês todo. 57
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono Servem para:
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
ficou com sono durante a aula. � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
amanhã, se não chover. respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva
� Entre o sujeito e o verbo Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- sores, jornalistas, médicos;
ram a explicação. (errado) � Introduzir uma explicação ou enumeração após
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
saber, como.
sertaram minha visão. (errado); Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Filosofia, Ciências...;
dicativo do sujeito: z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- (relação semântica de oposição, explicação/causa
ção. (errado) ou consequência)
Os alunos precisam de, que os professores os aju- Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
homem culto.
dem. (errado)
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. cautela;
(errado); � Marcar invocação em correspondências
� Entre um substantivo e seu complemento nominal Ex.: Prezados senhores:
ou adjunto adnominal. Comunico, por meio deste, que...
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
Travessão
pelos alunos. (errado);
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
passiva: discurso de interlocutor: Ex.:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele – Bom dia, Maria!
professor para a feira. (errado); – Bom dia, Pedro!
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: � Serve também para colocar em relevo certas
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) expressões, orações ou termos. Pode ser substituído
por vírgula, dois-pontos, parênteses ou colchetes:
Considero interessantes, as suas aulas. (errado).
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Uso de Ponto e Vírgula Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
e vírgula (;): Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, Parênteses
ficou triste;
Têm função semelhante à dos travessões e das
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- mos, expressões ou orações.
to, exausto; Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma) vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
jantar. (oração intercalada)
ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ponto-Final
sorvete;
� Em enumerações, portarias, sequências É o sinal que denota maior pausa.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Usa-se:
O Procurador-Geral da República;
O Colégio de Procuradores da República; � Para indicar o fim de oração absoluta ou de
período.
O Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade;
Dois-Pontos � Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda sec. = secretário.
58 não foi concluída. a.C. = antes de Cristo.
Dica Usam-se nos seguintes casos:
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- � Antes e depois de citações:
tos químicos não vêm com ponto final: Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Exemplos: km, m, cm, He, K, C afirma Dad Squarisi, 64;
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
Ponto de Interrogação mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:
Marca uma entonação ascendente (elevação da Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
voz) em tom questionador. que desejava.
Usa-se: Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual;
� Em frase interrogativa direta: � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? às vezes com ironia ou malícia
� Entre parênteses para indicar incerteza: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
que havia palavra melhor no contexto; sonoro;
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar � Para citar nomes de mídias, livros etc.
surpresa: Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?); Colchetes
� E interrogações retóricas:
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro Representam uma variante dos parênteses, porém
que não jogaremos comida fora à toa”). tem uso mais restrito.
Usam-se nos seguintes casos:
Ponto de Exclamação
� Para incluir num texto uma observação de nature-
� É empregado para marcar o fim de uma frase com za elucidativa:
entonação exclamativa: Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Ex.: Que linda mulher! Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;
Coitada dessa criança! � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
� Aparece após uma interjeição: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
do.” (Machado de Assis);
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
Fonologia:
marcar uma ênfase:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy];
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 � Para suprimir parte de um texto (assim como
metros em 20 segundos!!! parênteses)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
Reticências desceu as escadas apressadamente. ou
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
São usadas para: ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
vel segundo as normas da ABNT).
� Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: ― Estou ciente de que... Asterisco
― Pode dizer...
� Indicar partes suprimidas de um texto: � É colocado à direita e no canto superior de uma
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois palavra do trecho para se fazer uma citação ou
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
de rodapé:
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
depois desceu as escadas apressadamente.)
triste acrescido do sufixo -eza*.
� Para sugerir prolongamento da fala:
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
vo, o que origina um novo substantivo;
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
LÍNGUA PORTUGUESA

� Quando repetido três vezes, indica uma omissão


� Para indicar hesitação: ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha tuição a um substantivo próprio:
vergonha. Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- nhado aos responsáveis;
mente com outras intenções: � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Uso das Aspas Ex.: Parecer, do latim *parescere;
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
São usadas em citações ou em algum termo que pre- tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
cisa ser destacado no texto. Pode ser substituído por itá- da gramática.
lico ou negrito, que têm a mesma função de destaque. * Edifício elaborou projeto o engenheiro. 59
Uso da Barra Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
cia: verbal e nominal.
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
CONCORDÂNCIA VERBAL
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
substituída pela conjunção “ou”: É a adaptação em número – singular ou plural –
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta; sujeito.
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
ção das conjunções e/ou. Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
e/ou escritos;
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- peus, asiáticos e africanos.”
ção entre si. Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
(plural/singular). respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
O carro atingiu os 220 km/h; singular.
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Destrinchando o período, temos que os termos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
barras para indicar a separação das estrofes. “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
Ex.: Prefiro natação a futebol.
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Verbo bitransitivo: Prefiro
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; Objeto direto: natação
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra Objeto indireto: a futebol
não foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de; Concordância Verbal com o Sujeito Simples
s/ = sem;
� Para separar o numerador do denominador nos Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
números fracionários, substituindo a barra da sujeito.
fração: Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
Ex.: 1/3 = um terço; exorbitante.
� Nas datas: Diferentes situações:
Ex.: 31/03/1983
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
� Nos números de telefone:
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
Ex.: 225 03 50/51/52;
multidão gritou entusiasmada;
� Nos endereços: z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232; verbo posterior ao pronome relativo concorda
� Na indicação de dois anos consecutivos: com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi-
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso; tes do Brasil que se situam mais próximos do
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: Meridiano?;
Ex.: /s/. z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
Embora não existam regras muito definidas sobre quem resolveu a questão.
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
nós quem resolvemos a questão.

z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,


demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- essa questão;
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
Observe o exemplo: zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
A pequena garota andava sozinha pela cidade.
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
A: Artigo, feminino, singular;
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Garota: Substantivo, feminino, singular. Unidos continuam uma potência;
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos z Estados Unidos continua uma potência;
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
60 número (singular) do substantivo. de de Santos fica em São Paulo.”);
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Importante! ter o espírito esportivo;
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
verbo fica no singular ou no plural. singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
davam. (preferencialmente no singular);
� Gradação entre os núcleos do sujeito
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, me acalmar. (preferencialmente no singular);
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: � Núcleos do sujeito no infinitivo
Mais de um aluno compareceu à aula. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
Mais de cinco alunos compareceram à aula. � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
mitivo (nada, tudo, ninguém)
A expressão mais de um tem particularidades: Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
nem um nem outro
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Mais de um irmão se abraçaram.
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
foco nos estudos;
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
vam presentes.
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
bem como, assim como, tanto quanto
z Quando o sujeito é formado po um número per- Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
centual ou fracionário, o verbo concorda com o final;
numerado ou com o número inteiro, mas pode z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
concordar com o especificador dele. Se o numeral aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
vier precedido de um determinante, o verbo con- como; não só... mas também etc.)
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. popularidade em alta;
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem. z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. com o núcleo único. Mas, se houver determinante
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
sujeito passa a ser composto.
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
combustíveis aumentaram.
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou. (Duas horas deram...)
Concordância Verbal do Verbo Ser
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
� Concorda com o sujeito
badaladas soaram)
Ex.: Nós somos unha e carne;
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
� Concorda com o sujeito (pessoa)
da escola soou dez badaladas);
Ex.: Os meninos foram ao supermercado;
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
� Em predicados nominais, quando o sujeito for
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
representado por um dos pronomes tudo, nada,
dem-se casas de veraneio aqui.
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
dará com o predicativo (preferencialmente) ou
interessada;
com o sujeito
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Ex.: No início, tudo é/são flores;
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
Majestade está preocupada? que ou quem
Suas Excelências precisam de algo? Ex.: Quem foram os classificados?
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
LÍNGUA PORTUGUESA

exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! (predicativo), o verbo concorda com o predicativo


Ex.: São nove horas.
Concordância Verbal com o Sujeito Composto É frio aqui.
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- � O verbo fica no singular quando precede termos
ticais diferentes como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos; menos etc. junto a especificações de preço, peso,
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com quantidade, distância, e também quando seguido
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- do pronome o
garam ontem; Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada Divertimentos é o que não lhe falta.
ou nenhum Dez reais é nada diante do que foi gasto; 61
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- � Concordância com sujeito oracional
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
verbo concordará com o termo não preposiciona- singular.
do entre eles. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
São eles que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Urge que você estude.
trução adequada) Era preciso encontrar a verdade
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada) Casos mais Frequentes em Provas

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
Concordância do Infinitivo
� Sujeito posposto distanciado
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal: Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- brasileira seres estranhos;
to esclarecido) � Verbos impessoais (haver e fazer)
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
implícito “nós”)
Havia problemas no setor.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
� Verbo na voz passiva sintética
muito. (preposição no início da oração)
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
� Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais)
do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
indicando tempo) Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Estudo para me considerarem capaz de aprova- tinham experiência;
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) � Sujeito coletivo com especificador plural
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- � Sujeito oracional
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
particípio); singular);
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: � Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- to ou complemento no plural
ção verbal) Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono atrito. (verbo no singular).
sendo sujeito do infinitivo).
Casos Facultativos
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
estádio;
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
com valor genérico)
fizeram rir;
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
z Fui eu quem faltou/faltei à aula;
dido de preposição de ou para)
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de
imperativo) z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira;
� Concordância do verbo parecer z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
Flexiona-se ou não o infinitivo. ciência. (1,5% corresponde ao singular);
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o z Chegaram/Chegou João e Maria;
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado aqui;
de acordo com o sujeito, no plural) z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, brasileira;
logo o infinitivo será impessoal); z O problema do sistema é/são os impostos;
� Concordância dos verbos impessoais z Hoje é/são 22 de agosto;
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
sempre na 3ª pessoa do singular. a aprovação;
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo Silepse de Número e de Pessoa
auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos. Conhecida também como “concordância irregular,
62 Geou muitas horas no sul; ideológica ou figurada”.
Vejamos os casos: Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
existem complicados”.
z Silepse de número: usa-se um termo discordando Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
do número da palavra referente, para concordar então é um adjunto adnominal.
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- z Com função de predicativo do objeto
dade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
CONCORDÂNCIA NOMINAL seus subordinados.

Define-se como a adaptação em gênero e número Algumas Convenções


que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, � Obrigado / próprio / mesmo
adjetivos, numerais). Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em A própria enfermeira virá para o debate.
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos. Dica
Casos com adjetivos
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
invariável.
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
Há casos em que o adjetivo concordará apenas
apenas queriam ficar sozinhas.)
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
A locução “a sós” é invariável.
tencer somente a este.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
ficar a sós;
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
� Quite / anexo / incluso
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
Concordam com os elementos a que se referem.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Ex.: Estamos quites com o banco.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Seguem anexas as certidões negativas.
Existem complicadas regras e conceitos.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
Quando houver apenas um substantivo qualifica- � Meio
do por dois ou mais adjetivos pode-se: Quando significar “metade”: concordará com o
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- elemento referente.
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
francesa e alemã. Quando significar “um pouco”: será invariável.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo � Grama
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
língua inglesa, a francesa e a alemã. do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
z Com função de predicativo do sujeito “A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
� É proibido entrada / É proibida a entrada
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará Se o sujeito vier determinado, a concordância do
com a soma dos elementos.
LÍNGUA PORTUGUESA

verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou


Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- rão com o determinante.
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos nhada está boa.
quanto com o nome mais próximo. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- entrada de crianças.
vam abandonados a casa e o quintal. Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- � Menos / pseudo
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os São invariáveis.
substantivos por um pronome: Ex.: Havia menos violência antigamente.
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
(substitui-se por “eles”) to é pseudo-objetivo; 63
� Muito / bastante Dica
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Quando modificam o verbo: invariáveis. quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito sempre invariáveis.
irritados. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
tante irritados.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por Lista de Flexão dos Dois Elementos
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis; � Nos substantivos compostos formados por pala-
� Tal qual vras variáveis, especialmente substantivos e
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, adjetivos:
com o substantivo posterior. segunda-feira – segundas-feiras;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os matéria-prima – matérias-primas;
pais. couve-flor – couves-flores;
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais guarda-noturno – guardas-noturnos;
quais os pais. primeira-dama – primeiras-damas;
Silepse (também chamada concordância � Nos substantivos compostos formados por
figurada) temas verbais repetidos:
É a que se opera não com o termo expresso, mas o corre-corre – corres-corres;
que está subentendido. pisca-pisca – piscas-piscas;
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é pula-pula – pulas-pulas.
linda!) Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
-piscas, pula-pulas;
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
Flexão Apenas do Primeiro Elemento
leiros, estamos esperançosos.);
� Possível
z Nos substantivos compostos formados por subs-
Concordará com o artigo, em gênero e número, em
tantivo + substantivo em que o segundo termo
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
limita o sentido do primeiro termo:
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
decreto-lei – decretos-lei;
Conheci crianças as mais belas possíveis.
cidade-satélite – cidades-satélite;
público-alvo – públicos-alvo;
PLURAL DE COMPOSTOS
elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
Substantivos
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves;
O adjetivo concorda com o substantivo referen- z Nos substantivos compostos preposicionados:
te em gênero e número. Se o termo que funciona cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
como adjetivo for originalmente um substantivo fica pôr do sol – pores do sol;
invariável. fim de semana – fins de semana;
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola pé de moleque – pés de moleque.
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é Flexão Apenas do Segundo Elemento
um substantivo; mantém-se no singular)
� Nos substantivos compostos formados por tema
Adjetivos verbal ou palavra invariável + substantivo ou
adjetivo:
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- bate-papo – bate-papos;
mo elemento concordará com o substantivo referente. quebra-cabeça – quebra-cabeças;
Os demais ficarão na forma masculina singular. arranha-céu – arranha-céus;
Se um dos elementos for originalmente um subs- ex-namorado – ex-namorados;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. vice-presidente – vice-presidentes;
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o ção do primeiro elemento:
plural, pois ambos são adjetivos. zum-zum – zum-zuns;
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no tico-tico – tico-ticos;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. lufa-lufa – lufa-lufas;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o reco-reco – reco-recos;
plural do substantivo referente, “folhas”. � Nos substantivos compostos grafados ligada-
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. mente, sem hífen:
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- girassol – girassóis;
bém pode ser um substantivo. pontapé – pontapés;
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma mandachuva – mandachuvas;
64 lógica de “musgo” do exemplo anterior. fidalgo – fidalgos;
� Nos substantivos compostos formados com Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
grão, grã e bel: to com sentido de “acariciar”)
grão-duque – grão-duques; A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
grã-fino – grã-finos; no sentido de “ser agradável a”);
bel-prazer – bel-prazeres. � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Não flexão dos elementos; transitivo direto e indireto
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- personificado)
re em frases substantivadas e em substantivos Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
compostos por um tema verbal e uma palavra personificado)
invariável ou outro tema verbal oposto: Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
o disse me disse – os disse me disse; reto: refere-se a coisas e pessoas);
o leva e traz – os leva e traz; � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
o cola-tudo – os cola-tudo. Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
preposição a, rege indiferentemente objeto direto
e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
indireto)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudaram o ladrão a fugir.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
nome é um termo regente, e seu complemento é um direto:
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudei-o muito à noite;
entre o nome e seu complemento. � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em sitivo direto com sentido de “angustiar”)
forma de pronome oblíquo átono. Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
foram leais. como complemento);
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
do sujeito (desprovido de preposição) Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Pronome oblíquo átono: lhe vo direto com sentido de “respirar”)
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
sujeito (desprovido de preposição). indireto no sentido de “desejar”);
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
REGÊNCIA VERBAL Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“prestar assistência”
Relação de dependência entre um verbo e seu O médico assistia os acidentados.
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- O médico assistia aos acidentados.
retas, isto é, com ou sem preposição. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Há verbos que admitem mais de uma regência sem Não assisti ao final da série;
que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
V. T. D: esquecia É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos. res de pessoas.”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Objeto indireto: dos favores recebidos. direto e indireto
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
seu significado. vo indireto)
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
(aspiramos = sorvemos) to e indireto);
LÍNGUA PORTUGUESA

V. T. D.: aspiramos � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de


Objeto direto: ar poluídos. predicativo do objeto
Os funcionários aspiram a um mês de férias. Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
(aspiram = almejam) to com sentido de “convocar”);
V. T. I.: aspiram Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
Objeto indireto: a um mês de férias dicativo do objeto com sentido de “denominar,
A seguir, uma lista dos principais verbos que qualificar”);
geram dúvidas quanto à regência: � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
� Abraçar: transitivo direto Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. indireto com sentido de “ser difícil”)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço; A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) 65
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo); análoga / analogicamente a
� Esquecer: admite três possibilidades contrária / contrariamente a
Ex.: Esqueci os acontecimentos. compatível / compativelmente com
Esqueci-me dos acontecimentos. diferente / diferentemente de
Esqueceram-me os acontecimentos; favorável / favoravelmente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; paralela / paralelamente a
transitivo direto e indireto próxima / proximamente a/de
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. relativa / relativamente a
(transitivo direto com sentido de “acarretar”)
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
Preposições Prefixos Verbais
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
disposição”)
Alguns nomes regem preposições semelhantes a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
seus “prefixos”:
direto e indireto com sentido de envolver-se”);
� Informar: transitivo direto e indireto dependente, dependência de
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à inclusão, inserção em
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou inerente em/a
sobre descrente de/em
Informaram o réu de sua condenação. desiludido de/com
Informaram o réu sobre sua condenação. desesperançado de
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- desapego de/a
sa: objeto indireto, com a preposição a convívio com
Informaram a condenação ao réu; convivência com
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- demissão, demitido de
reto, com as preposições em e por encerrado em
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia; enfiado em
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- imersão, imergido, imerso em
tivo direto e indireto instalação, instalado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- interessado, interesse em
sitivo com sentido de “cortejar”) intercalação, intercalado entre
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo supremacia sobre
indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO
“encantar-se”);
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos DE ESTRUTURAS
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito; A reescrita de textos é essencial em vários aspectos,
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- como para corrigir erros e escrever mais claramente.
tivo direto e indireto No contexto dos concursos públicos, para responder
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) às questões apresentadas, é necessário identificar
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo qual é a opção cuja reescrita mantém o sentido do tex-
indireto). to original, sem que haja mudança de compreensão,
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo baseada na intenção do emissor da mensagem.
direto e indireto); A coesão é um dos principais pontos a se obser-
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; var na produção de um texto e, consequentemente,
transitivo direto e indireto na reescritura, para manter a coesão e a harmonia
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) do texto. Conjunções, advérbios, preposições e pro-
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) nomes, principalmente, apresentam aspectos que
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e podem transformar completamente o sentido de um
indireto);
enunciado. Portanto, eles merecem especial atenção.
� Suceder: intransitivo; transitivo direto
Além disso, até mesmo uma vírgula pode mudar o
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
sentido de um enunciado, assim, elas também devem
sentido de “ocorrer”).
ser observadas.
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
de “vir depois”). As frases reescritas precisam manter a essência do
texto base, ou seja, a informação principal. É impor-
REGÊNCIA NOMINAL tante observar os tempos verbais empregados e a
ordem das palavras também.
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér- Após a reescrita, as frases precisam:
bios) exigem complementos preposicionados, exceto
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. z Manter o significado original;
z Manter a coesão;
Advérbios Terminados em “Mente” z Não expressar opinião que não esteja na frase
original;
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a z Respeitar a sequência das ideias apresentadas no
66 regência dos adjetivos: texto original.
Há algumas maneiras de rescrever um texto. Des- Palavra por Locução Correspondente
tacaremos aqui o deslocamento dos enunciados e a
substituição de palavras ou trechos. Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locu-
ção que corresponda a ela, ou vice-versa.
SUBSTITUIÇÃO Ex.:

A substituição pode ser realizada por meio de z O amor materno é singular / O amor de mãe é
recursos como sinônimos, antônimos, locução ver- singular.
bal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal,
conectivos, dentre outros. Conectivos com Mesmo Valor Semântico

Sinônimos Os conectivos são palavras ou expressões que têm


a função de ligar os períodos e parágrafos do texto.
Palavras ou expressões que possuem significados Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou
iguais ou semelhantes. advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem
Ex.: uma relação entre os termos conectados.
Por meio da substituição de conectivos, é possí-
z O carro está com algum problema / O automóvel vel modificar e reescrever um trecho sem que haja
apresentou defeitos. mudança de sentido.

Antônimos
Importante!
Palavras que possuem significados diferentes, ou Identifique a relação que cada conector indica,
seja, significados opostos que podem ser usados para pois, ao substituir um conector por outro que não
substituir a palavra anterior. possui relação semântica, pode ocorrer mudan-
Ex.: ça no sentido do texto.
Ao usar um conectivo para substituir outro, é
z O homem estava nervoso e inquieto / O senhor necessário que ambos estabeleçam o mesmo
não estava calmo.
tipo de relação.
Locução Verbal
A seguir, relembraremos algumas das principais
Ao invés de usar a forma única do verbo, é pos- relações que os conectores expressam:
sível substituir o verbo por uma locução verbal e
vice-versa. z Adição: E, também, além disso, mas também;
Exs.: z Oposição: Mas, porém, contudo, entretanto, no
entanto;
z Vou solicitar os documentos amanhã / Solicitarei z Causa: Por isso, portanto, certamente;
os documentos amanhã. z Tempo: Atualmente, nos dias de hoje, na socieda-
de atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até
Verbo por Substantivo e Vice-versa que;
z Consequência: Logo, consequentemente, por con-
Pode-se usar um substantivo correspondente no sequência;
lugar de um verbo ou vice-versa, desde que isso faça z Confirmação / Reafirmação: Ou seja, nesse sen-
sentido dentro do contexto. tido, nessa perspectiva, em suma, em outras pala-
Exs.: vras, dessa forma;
z Hipótese / Probabilidade: A menos que, mesmo
z Caminhar: caminho; que, supondo que;
z Resolver: resolução; z Semelhança: Do mesmo modo, assim como, bem
z Trabalhar: trabalho; como;
z Necessitar: necessidade; z Finalidade: Afim de, para, para que, com a finali-
z Estudar: estudos; dade de, com o objetivo de;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Beijar: beijo; z Exemplificação: Por exemplo, a exemplo de, isto


z O trabalho enobrece o homem / Trabalhar eno- é;
brece o homem. z Ênfase: Na verdade, efetivamente, certamente,
com efeito;
Voz Verbal z Dúvida: Talvez, por ventura, provavelmente,
possivelmente;
É possível mudar a voz verbal sem mudar a men- z Conclusão: Portanto, logo, enfim, em suma.
sagem do enunciado.
Exs.: Dentro de cada um dos grupos de conjunções aci-
ma citados é possível haver substituição entre as con-
z Eu fiz todo o trabalho / Todo o trabalho foi feito junções sem que haja prejuízo no entendimento final
por mim. do trecho reescrito. 67
DESLOCAMENTO Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado
tanto a questões de concursos quanto à produção de
Deslocamento é o recurso utilizado para reescre- redações e textos diversos.
ver determinado trecho, que se baseia em modificar Nas questões, é necessário analisar as opções
de lugar determinados termos. Ou seja: um termo dadas para encontrar aquela na qual a escrita esteja
que estava no início pode ir para o final do texto e gramaticalmente correta e o sentido original do tex-
vice-versa. to esteja presente, sem mudanças na compreensão.
Podemos citar como exemplo os períodos a seguir: Já nas redações, a reescrita é essencial para corri-
gir erros e escrever de forma mais clara. Ela auxilia,
z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat; também, para poder utilizar o texto-base como sub-
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São sídio para a escrita, fazendo modificações de alguns
Paulo. trechos e adaptando-os para a sua escrita.

Para reescrever frases utilizando o deslocamen-


to, é necessário observar se há mudança de sentido
e se a correção gramatical foi mantida. Do mesmo
modo, para analisar uma questão de reescritura, é PARALELISMO SINTÁTICO
necessário observar qual elemento foi deslocado e
se esse deslocamento provocou mudança de senti- Paralelismo é o estudo do uso adequado de estru-
do ou inadequação gramatical. É possível deslocar os turas sintáticas e semânticas na língua portuguesa.
seguintes termos em uma oração: Um texto deve ser compreendido como um todo coe-
rente e coeso; dessa forma, as ideias debatidas devem
Adjunto Adverbial ser apresentadas relacionando-se entre si e mantendo
a devida correspondência.
Ao organizar as ideias por meio de palavras, as
Ex.: Na semana passada, participei de todas as
normas da gramática normativa prescrevem que
aulas da faculdade. Participei de todas as aulas da
devemos coordenar frases que tenham os mesmos
faculdade na semana passada.
tipos de constituintes, assim, correlacionando adje-
Observando os pontos anteriormente menciona-
tivos com adjetivos; substantivos com substantivos;
dos, é possível perceber que neste caso não há mudan-
ça de sentido, e que a correção gramatical foi mantida, termos preposicionados com termos preposicionados;
já que o adjunto adverbial de tempo no final da ora- orações desenvolvidas com orações desenvolvidas etc.
ção não precisa de vírgula. Dessa forma, tornam-se errados os seguintes
exemplos, por quebra de paralelismo sintático:
Ex.: “Tenho uma prima inteligente e que tem
Adjetivo
muito dinheiro.”
“Leio para me informar e porque objetivo me
Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas;
tornar mais inteligente.”
Meu namorado novo trabalha com vendas.
A primeira oração quebra o paralelismo sintático,
Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do
pois mistura constituintes diferentes, apresentando
substantivo, e na segunda frase, aparece depois. No
um adjetivo e uma oração adjetiva. Devemos sempre
entanto, é possível perceber não há mudança de sen-
manter a relação de paralelo entre os constituintes, a
tido e que a correção gramatical foi mantida, já que
forma correta é: “Tenho uma prima inteligente e rica.”
essa mudança não implica necessidade de vírgula
A segunda oração quebra o paralelismo pelo mes-
nem provoca erro gramatical.
mo motivo, pois apresenta constituintes diferentes;
primeiro uma oração reduzida seguida de uma ora-
Pronome Indefinido
ção desenvolvida. Para manter o paralelismo, deve-
mos manter um único tipo de oração: “Leio para me
Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz;
informar e para me tornar mais inteligente”.
Não quero que situação alguma tire nossa paz.
Neste caso, não há mudança de sentido e a correção
PARALELISMO SINTÁTICO
gramatical foi mantida, pois essa mudança não implica
necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical.
O paralelismo sintático observa as relações entre os
Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas
constituintes das orações, que devem manter uma estru-
sobre as diferenças entre os recursos:
tura semelhante, como vimos nos exemplos anteriores.
Os principais elementos coordenativos que estabe-
DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS
lecem a boa relação de paralelismo são:
Deslocamento Substituição
Substitui determinado termo � Conectivos aditivos: e, nem.
Muda um termo de lugar den-
do trecho, mantendo o mes- Ex.: “É necessário que você estude e que estipule
tro do próprio enunciado
mo sentido um horário de estudos”;
Antes Antes � Correlação de valor aditivo: não só/somente;
Ex.: Dessa forma, todos po- Ex.: Dessa forma, todos po- mas/como também tanto/quanto.
deremos ir juntos ao local do deremos ir juntos ao local do Ex.: “Não só corrigiu os erros, como também aju-
evento evento dou a todos”;
Depois
Depois
� Correlação de valor alternativo: ou...ou; quer...
Ex.: Todos poderemos, dessa quer; seja...seja.
Ex.: Assim, todos poderemos
forma, ir juntos ao local do Ex.: “Seja na alegria, seja na tristeza, estarei ao seu
ir juntos ao local do evento
evento
68 lado”.
Vejamos alguns exemplos de quebra do paralelis- sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
mo sintático: uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
o que pode não acontecer em outras situações. O
z “Não gosto de calor nem de que faça frio” (primeiro uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
objeto indireto é um substantivo, segundo uma oração); exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
z “João enriqueceu com investimentos arriscados, lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
isto é, negociando day trade. (o complemento de de suas significações é diferente.
enriquecer é uma expressão nominal, logo, a expli- O emprego dos sinônimos é um importante recur-
cação após a partícula expletiva, deve ser da mes- so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
ma natureza); revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
z “Não só corrigiu os erros e ajudou a todos” (a cor- capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
relação não só estabelece que o complemento seja vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
mas/como também); do texto.
z “Lamentei não ter feito nada pelo cãozinho e que
ele saísse tão humilhado” (mistura de orações z Antonímia
reduzida e desenvolvida);
z “Aspirei e gostei do ar” (o verbo aspirar é regido
São palavras ou expressões que, empregadas em
pela preposição “a”, diferente do verbo gostar).
um determinado contexto, têm significados opostos.
PARALELISMO SEMÂNTICO As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
Assim como o paralelismo deve ser mantido entre dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
termos equivalentes, ele deve também ser observado casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
entre as ideias do texto, a fim de garantir a coerência
global do conteúdo.
Para cumprir com a organização das ideias tex-
tuais, o conteúdo deve ser apresentado de forma
coerente; nesse aspecto, o paralelismo tem função
primordial.
Ex.: Encontrei duas pessoas na rua: uma era sua
irmã, a outra estava de muletas.
A frase acima desrespeita o paralelismo, pois não
se direciona o enunciado para saber sobre o estado
físico das pessoas encontradas na rua, mas sim sobre
possíveis parentescos entre elas e o falante.
Para que as frases apresentem uma boa estrutura
paralela, é preciso buscar uma coordenação entre as
ideias defendidas no texto.
A seguir, apresentamos algumas estruturas com o
paralelismo semântico prejudicado e algumas suges-
tões de correção. Fonte: <https://bit.ly/3kETkpl>. Acesso em: 16/10/2020.

z O coronel da polícia militar fez duas operações: a A relação de sentido estabelecida na tirinha é
primeira no Morro do sacramento, a segunda no construída a partir dos sentidos opostos das palavras
pulmão. (errado) “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
Motivo: As ideias não mantêm relação de coorde- se contexto.
nação. O correto seria relacionar dois locais ou
dois órgãos.
O coronel da polícia militar fez uma operação no
Morro do sacramento, posteriormente, passou por HORA DE PRATICAR!
uma cirurgia no pulmão. (correto);
z Afonso tem um carro a diesel e outro importado. 1. (IADES — 2021)
(errado)
Motivo: Não podemos relacionar a origem do car- Iphan restaura o Forte de Coimbra
ro e o tipo de combustível.
Afonso tem um carro movido a diesel, ele possui Iniciou-se, em Mato Grosso do Sul (MS), a recuperação
um outro carro, importado. (correto) do histórico Forte de Coimbra, localizado no distrito
LÍNGUA PORTUGUESA

de Coimbra, município de Corumbá/MS. A edificação


é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), desde 1974, nos Livros
RELAÇÕES DE SINONÍMIA E do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico.
ANTONÍMIA A ocupação de seu sítio, às margens do rio Paraguai
e próximo às fronteiras paraguaia e boliviana, data do
z Sinonímia
último quarto do século 18 e, assim como seu contem-
porâneo Forte Real Príncipe da Beira, surge no contex-
São palavras ou expressões que, empregadas em to da fixação de limites entre Portugal e Espanha, que
um determinado contexto, têm significados seme- culminou em tratados como o de Madrid e o de Santo
lhantes. É importante entender que a identidade dos Ildefonso. 69
Sucessivamente atacado por guaicurus no final do não têm a capacidade de substituir a alimentação que
século 18, por espanhóis em 1801 e por paraguaios é baseada nos alimentos naturais e nas preparações
em 1864, o Forte de Coimbra passou por diversas culinárias desses alimentos.
recomposições e adaptações, até uma última reforma
pelo Exército Brasileiro em 1908; hoje, em terras ofi- Disponível em: <https://museudoamanha.org.br/pt-br/entrevista-
cialmente brasileiras e mantido pelos militares, suas commedico- carlos-monteiro-importancia-da-alimentacao-saudavel>.
Acesso em: 29 jul. 2021 (fragmento), com adaptações.
muralhas são um testemunho daquele período da his-
tória brasileira.
Fundamentalmente estão previstos no Forte a execu- 2. (IADES — 2021) Mantendo-se a correção gramatical,
ção de serviços de drenagem, iluminação, tratamento o sentido e a formalidade em “Nas últimas décadas,
de esgoto, pintura e recuperação de soteia e do res- mais e mais pessoas se alimentam não propriamente
pectivo madeiramento; além disso, em um âmbito de de alimentos naturais – ou destes alimentos modifica-
adaptação para novos usos, também se incluem a ins- dos como vem sendo há séculos, milênios –, mas con-
talação de peças para cozinha e sanitários e preparo sumindo fórmulas, formulações industriais.” (linhas de
de espaço para reserva técnica de museu que o Exér- 11 a 15), a forma verbal “há” poderia ser substituída
cito Brasileiro mantém nas dependências do Forte. por
Contemplaram também os critérios de acessibilidade
universal, na medida do possível, em se tratando da a) fazem.
natureza da edificação. b) existem.
c) têm.
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/noticias>. Acesso em: 29 d) faz.
ago. 2021, com adaptações. e) fazia.

Conforme as regras de ortografia e de acentuação grá- 3. (IADES — 2021) Em “Um consenso é o de que a ali-
fica vigentes, bem como as questões gramaticais do mentação precisa ser baseada em alimentos.”, o ter-
texto, assinale a alternativa correta. mo sublinhado é

a) O trecho “assim como seu contemporâneo” (linha 10) a) pronome oblíquo e faz referência a consumo.
poderia ser substituído corretamente pela redação da b) artigo definido masculino e substitui “consenso”.
mesma forma que seu conterrâneo, pois os vocábulos c) pronome demonstrativo e faz referência a “consenso”.
estão grafados corretamente e mantêm o sentido ori- d) pronome demonstrativo e faz referência a requisitos
ginal do texto. universais.
b) Na linha 27, a forma plural do vocábulo “mantém” e) pronome oblíquo e faz referência às ideias com as
deve ser acentuada da mesma forma se substituirmos quais muitos comungam.
“Exército” por Forças Armadas.
c) Na linha 21, o vocábulo “Fundamentalmente” poderia 4. (IADES — 2021) Texto 2 para responder à questão:
ser substituído corretamente pela forma Básicamente.
d) Na linha 20, as palavras “período” e “história” são acen- Homem é preso com mais de 110 papelotes de
tuadas por causa da presença de ditongos. entorpecentes
e) A palavra “espanhóis” (linha 15) está corretamente
acentuada porque o ditongo aberto a finaliza, mas, se Em Marituba, região metropolitana de Belém, um
ele não estivesse nesta posição, a palavra não levaria homem foi preso por tráfico de drogas após ter sido
acento, conforme o Novo Acordo Ortográfico. abordado por militares do 21o Batalhão de Polícia Mili-
tar (21o BPM), na noite de terça-feira, em que havia um
Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3: festejo. O homem, que possuía um mandado de prisão
em aberto, foi flagrado armazenando uma expressiva
“ Alimentação saudável” é uma expressão tão repetida quantidade de entorpecentes na residência em que
– desde a publicidade até os debates públicos – que morava.
parece ser um senso comum. Mas o que vem a ser Os policiais realizavam motopatrulhamento pelo bair-
alimentação saudável de fato? ro Canaã, quando avistaram o homem que circulava
em atitude suspeita na travessa Confiança. A equi-
Dependendo do tipo de alimentação que uma pessoa pe então se aproximou para realizar a abordagem e,
tem, ela terá mais ou menos saúde, mais ou menos durante a revista pessoal, encontraram com o suspei-
doença. A alimentação que é saudável, que dá mais to uma pequena quantidade de drogas. Ao ser questio-
saúde para as pessoas e as ajudam a viver mais e nado, o homem confessou aos policiais que mantinha
melhor, com mais bem-estar, é também a alimentação mais quantidade de entorpecentes na residência onde
que é produzida por um sistema alimentar que agride morava. Ao chegarem ao local indicado, os militares
menos o meio ambiente e promove mais igualdade. constataram a presença dos entorpecentes.
Os alimentos variam de lugar para lugar – mas há requi- Além disso, os militares também realizaram buscas
sitos que são, digamos, universais. Um consenso é o no sistema Infopen e constataram que já havia um
de que a alimentação precisa ser baseada em alimen- mandado de prisão em nome do suspeito e, por isso, o
tos. Parece uma constatação óbvia, mas não é. Nas homem foi preso em flagrante e conduzido, junto com
últimas décadas, mais e mais pessoas se alimentam o material apreendido, para a seccional de Marituba
não propriamente de alimentos naturais – ou destes onde passou pelos procedimentos cabíveis.
alimentos modificados como vem sendo há séculos,
milênios –, mas consumindo fórmulas, formulações Disponível em: <https://www.pm.pa.gov.br/component/content/
article/80- blog/news/>. Acesso em: 7 dez. 2020, com adaptações.
industriais. Por mais que tenhamos a capacidade tec-
nológica e industrial de criar esses compostos, eles
70
Nas duas ocorrências de “em que”, na linha 4 e na linha 6. (IADES — 2021) Texto 2 para responder à questão:
7, a expressão poderia, sem alterar o sentido e nem
promover incorreção ao texto, ser substituída, respec- Recentemente, em 2015, a Lei nº 13.104 alterou o art.
tivamente, por 121 do Código Penal Brasileiro, para prever o feminicí-
dio. A referida lei criou também causa de aumento de
a) onde e onde. 1/3 até 1/2 para os casos em que o feminicídio tenha
b) a qual e a qual. sido praticado dentro de certas hipóteses ou circuns-
c) na qual e no qual. tâncias elencadas na norma, além de incluir o femi-
d) quando e onde. nicídio no rol dos crimes hediondos. Paralelamente,
e) onde e aonde. no âmbito do Direito Internacional, o Brasil ratificou a
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
5. (IADES — 2021) de Discriminação contra a Mulher, da Organização das
Nações Unidas (ONU), e a Convenção Interamericana
O Mato Grosso do Sul e sua arquitetura para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher (Convenção de Belém do Pará, da Organização
A arquitetura histórica presente em Corumbá e Miran- dos Estados Americanos (OEA). São medidas legisla-
da é de grande valor para a região e para o País. Corum- tivas que representam conquistas relevantes em prol
bá, localizada às margens do Rio Paraguai e capital do da efetivação dos direitos humanos, notadamente,
Pantanal, é uma cidade que foi quase destruída com a quanto aos direitos das mulheres. Em matéria de polí-
Guerra do Paraguai, tendo parte de suas edificações e ticas públicas, atualmente, o Brasil conta com ações
de seu traçado urbano tombada como patrimônio da diversificadas por meio da Secretaria de Políticas para
União pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Mulheres, que possui um programa de ação conjunta
Nacional (Iphan) há 30 anos. Os casarões do século que envolve diferentes setores, em especial: assistên-
19, também presentes no sítio, retratam um período cia social, justiça e segurança pública. O programa
de imensa riqueza econômica, com a importação de visa ampliar e melhorar a qualidade do atendimento à
produtos da Europa que chegavam pela Bacia do Pra- mulher em situação de violência, à humanização e ao
ta. Em Miranda, o processo de tombamento federal de adequado encaminhamento das causas. Assim, con-
algumas edificações importantes já está encaminha- siderando o caráter multidimensional do problema da
do. Foram, entretanto, os ciclos do gado e da ferrovia violência doméstica contra a mulher, tornou-se neces-
Noroeste do Brasil que trouxeram o desenvolvimento sária a implantação, por meio do Estado brasileiro, de
e a integração para Mato Grosso do Sul (MS). Fazen- diversas medidas coibidoras desse tipo de violência.
das rurais e sua arquitetura tipicamente mineira fun- Considera-se que a lei possui um aspecto sistêmico
dem-se com o estilo eclético dos edifícios ferroviários de proteção à mulher vítima de violência doméstica,
– estações, rotundas, residências e armazéns, dese- na medida em que trouxe um conjunto de medidas
nhando o mosaico da arquitetura histórica do estado. que abrangem áreas da sociologia, da psicologia e do
Com a ferrovia, vieram os construtores, os materiais Direito, com destaque aos órgãos policiais e demais
e os novos estilos arquitetônicos em voga nas cida- órgãos de apoio às ações de proteção, como casas de
des mais importantes do País e do mundo e, assim, os acolhimento, assistentes sociais municipais e outros.
casarões, os edifícios comerciais e os novos prédios
institucionais começam a ser erguidos. Técnicas de Disponível em: <https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/uploads
/2018/06/edicao27.pdf>. Acesso em: 1o jan. 2021, com adaptações.
ornamentação e elementos de revestimento impreg-
naram as edificações que foram sendo erguidas no
final do século 19 e início do século 20. Novas cidades No último período do texto, a locução “na medida em
surgem no cenário geográfico como municípios dota- que” apresenta a
dos com a presença de importantes edifícios em estilo
eclético e art déco. Todo esse patrimônio é desconhe- a) razão de a lei possuir um aspecto sistêmico de prote-
cido do povo brasileiro, que tem referências sobre MS ção à mulher vítima de violência e, por isso, essa locu-
pelas belezas naturais de Bonito ou por meio das notí- ção pode ser substituída por na medida que, sem que
cias ruins de drogas e contrabando. haja alteração de sentido e nem prejuízo gramatical.
b) noção de que quanto mais leis maior garantia de pro-
Disponível em: <https://revistacontinente.com.br/edicoes>. Acesso teção às mulheres por parte da sociedade civil e dos
em: 27 ago. 2021, com adaptações. órgãos policiais. Desse modo, é correto substituir essa
locução por a medida que.
Em “Foram, entretanto, os ciclos do gado e da ferrovia c) explicação do porquê de o fato de a lei possuir um
Noroeste do Brasil que trouxeram o desenvolvimento e caso sistêmico de proteção à mulher vítima de violên-
a integração para Mato Grosso do Sul (MS).” (linhas de cia doméstica gerar medidas protetivas em diversas
LÍNGUA PORTUGUESA

13 a 16), “entretanto” poderia ser substituído, sem que áreas. Assim, essa locução pode ser substituída por
isso acarretasse incorreção gramatical e nem altera- uma vez que, sem alteração de sentido e nem prejuízo
ção de seu sentido original, pela conjunção gramatical.
d) relação entre a criação de leis e a proteção à mulher
a) contanto. vítima de violência em diversos aspectos. Assim, a
b) portanto. locução mencionada pode ser substituída por à pro-
c) contudo. porção que, sem alteração de sentido e nem prejuízo
d) conquanto. gramatical.
e) porquanto. e) ideia de que um conjunto de medidas policiais e
sociais, que abrangem áreas diversas, resultam no
fato de se considerar que a lei possui um aspecto
sistêmico de proteção à mulher vítima de violência.
71
Dessa maneira, essa locução pode ser substituída por De acordo com a significação contextual das palavras
visto que, sem que haja alteração de sentido e nem e dos trechos que compõem o texto, assinale a alter-
prejuízo gramatical. nativa correta.

7. (IADES — 2021) Texto 1 para responder à questão. a) A substituição do vocábulo “adequada” (título) pelo
antônimo apropriada alteraria a mensagem original.
Uma visão militar sobre o combate às drogas: esforço b) O vocábulo “além” (linha 1) funciona como sinônimo
conjunto na preservação de valores de aquém.
c) A substituição do trecho “inclusive aquelas” (linha 11)
Na atualidade, o tema drogas está presente na socie- pela construção com exceção daquelas preservaria o
dade brasileira e internacional, entranhando-se em sentido original.
todos os meios. Além disso, é tratado, muitas vezes, d) O vocábulo “essenciais” (linha 10) refere-se aos com-
com indiferença pelos que não são afetados pelos postos dispensáveis para a manutenção da saúde e a
nefastos danos produzidos no tecido social. Portanto, prevenção de muitas doenças.
a sua abordagem admite variados aspectos, desde os e) A mensagem do texto seria alterada caso a redação
tratados filosóficos, passando pelos traços culturais Entretanto, ela influencia, e bastante, na saúde fosse
e psicossociais de cada região ou país, para, por fim, empregada no lugar do período “Portanto, ela influen-
refletir no campo militar com suas consequências. cia, e muito, na saúde.” (linhas 4 e 5).
Sendo assim, esse assunto está presente constante-
mente na agenda do comandante em todos os níveis, 9. (IADES — 2021)
em particular na rotina do comandante de Organiza-
ção Militar (OM). Portanto, é importante tratá-lo de for- Guia Alimentar para a População Brasileira
ma objetiva no que diz respeito às suas causas e suas
consequências dentro da vida diária da caserna, nas Nas últimas décadas, o Brasil passou por diversas
polícias e nas Forças Armadas de maneira geral e, em mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais
particular, no tocante ao Exército Brasileiro (EB). que evidenciaram transformações no modo de vida da
Ao final, conclui-se que essa circunstância social pode população. A ampliação de políticas sociais na área
influenciar, também, nos pilares básicos da instituição de saúde, educação, trabalho e emprego e assistência
militar, quais sejam, a hierarquia e a disciplina, bens social contribuiu para a redução das desigualdades
jurídicos tutelados pelo Estado e fundamentais para a sociais e permitiu que o País crescesse de forma inclu-
manutenção do ordenamento militar. siva. Também se observou rápida transição demográ-
fica, epidemiológica e nutricional, apresentando, como
Disponível em: < https://www.mpm.mp.br/portal/wp-content/ consequências, maior expectativa de vida e redução
uploads/2018/06/edicao26.pdf> . Acesso em: 29 dez. 2020, com do número de filhos por mulher, além de mudanças
adaptações.
importantes no padrão de saúde e consumo alimentar
da população brasileira.
Em “Além disso, é tratado, muitas vezes, com indi-
As principais doenças que atualmente acometem os
ferença pelos que não são afetados pelos nefastos
brasileiros deixaram de ser agudas e passaram a ser
danos produzidos no tecido social.” , a palavra subli-
crônicas. Apesar da intensa redução da desnutrição
nhada poderia ser substituída por
em crianças, as deficiências de micronutrientes e a
desnutrição crônica ainda são prevalentes em grupos
a) ditosos. vulneráveis da população, como em indígenas, quilom-
b) propícios. bolas e crianças e mulheres que vivem em áreas vul-
c) convenientes. neráveis. Simultaneamente, o Brasil vem enfrentando
d) auspiciosos. aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em
e) desfavoráveis. todas as faixas etárias, e as doenças crônicas são a
principal causa de morte entre adultos.
8 (IADES — 2021) Qual o papel de uma alimentação Para o enfrentamento desse cenário, é emergente a
adequada e saudável no período da pandemia de necessidade da ampliação de ações intersetoriais que
Covid-19? repercutam positivamente sobre os diversos determi-
A função dos alimentos vai muito além de simplesmen- nantes da saúde e nutrição. A promoção da alimenta-
te nos manter saciados. Uma alimentação adequada e ção adequada e saudável no Sistema Único de Saúde
saudável garante uma boa nutrição e o funcionamento deve fundamentar-se nas dimensões de incentivo,
adequado de todo o corpo. Portanto, ela influencia, e apoio e proteção da saúde e deve combinar iniciativas
muito, na saúde. focadas em políticas públicas saudáveis, na criação
Alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras, de ambientes saudáveis, no desenvolvimento de habi-
grãos diversos, oleaginosas, tubérculos, raízes, carnes lidades pessoais e na reorientação dos serviços de
e ovos, são saudáveis e excelentes fontes de fibras, saúde na perspectiva da promoção da saúde.
de vitaminas, minerais e de vários compostos que são
essenciais para a manutenção da saúde e a prevenção Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes>.
de muitas doenças, inclusive aquelas que aumentam Acesso em: 29 jul. 2021, com adaptações.
o risco de complicações do novo Coronavírus, como
diabetes, hipertensão e obesidade. Em “A ampliação de políticas sociais na área de saú-
de, educação, trabalho e emprego e assistência social
Disponível em: <https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me- contribuiu para a redução das desigualdades sociais
alimentar-melhor>. Acesso em: 21 jul. 2021, com adaptações.
e permitiu que o País crescesse de forma inclusiva.”
(linhas de 4 a 7), o período é formado por
in natura: obtido diretamente da natureza, sem ter
72 sofrido alteração, sem ser processado.
a) uma oração absoluta em ordem direta e, por isso, é d) Em “O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirma que é
considerado simples. ‘provavelmente nos gostos alimentares que se pode
b) duas orações coordenadas e uma subordinada que encontrar a marca mais forte e indelével do aprendiza-
complementa a segunda oração coordenada com o do infantil. São lições que resistem por mais tempo à
que foi permitido com a ampliação de políticas sociais. distância ou ao colapso do ‘mundo nativo’’ (...)”, (linhas
c) orações coordenadas que apresentam ideias que se de 3 a 7), o ponto não pode ser substituído por vírgula
somam por meio da conjunção aditiva “e”. e nem por ponto e vírgula em razão de indicar o final de
d) orações subordinadas que apresentam ideias que uma declaração.
se integram por meio das conjunções “para” e “que”, e) Em “Isso porque são os únicos que se conectam direta-
respectivamente. mente com o hipocampo – o centro da memória de longo
e) orações coordenadas e subordinadas que, respectiva- prazo do cérebro.” (linhas de 20 a 22), o travessão poderia
mente, apresentam ideias que se somam, por meio da ser substituído por parênteses, mas não por vírgula.
conjunção aditiva “e”, e ideias que apresentam finali-
dade, por meio da conjunção “para”. 11. (IADES — 2021) Texto 1 para responder a questão:

10. (IADES — 2021) Água e sabão: entenda a química que torna a lavagem
de mãos tão eficaz
Comida é memória, afeto e identidade
O sabão possui uma função emulsificante, que ajuda
Na literatura, no cinema, nas ciências, na filosofia e reli- a unir água a gorduras, e, também, permite a remoção
gião, existem evidências da relação entre memória e mecânica tanto da sujeira quanto de micro-organis-
comida. O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirma que mos. Isso quer dizer que ele é capaz de unir moléculas
é “provavelmente nos gostos alimentares que se pode que normalmente não ficariam unidas, agindo como
encontrar a marca mais forte e indelével do aprendizado ponte para que elas sejam carregadas pela água. Em
infantil. São lições que resistem por mais tempo à dis- tempos de pandemia, o objetivo é tirar o máximo des-
tância ou ao colapso do ‘mundo nativo’ (conhecido pelo ses micróbios, como vírus, bactérias, fungos e proto-
mundo dos gostos primordiais e alimentos básicos) e que zoários, por exemplo, de circulação.
conservam a nostalgia.” O escritor francês Marcel Proust “É por isso que essa é uma orientação dada para quem
concluiu que o olfato e o paladar têm o poder de convocar foi ao banheiro, vai preparar uma refeição ou tocar
o passado. Ao se conectar com suas memórias, Proust pessoas vulneráveis, independentemente de qualquer
rompe com o incômodo vazio de sua escrita e produz a pandemia”, ressalta o infectologista Jamal Suleiman,
obra Em Busca do Tempo Perdido, considerada um dos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. As moléculas
principais clássicos da literatura mundial. Sua vida reco- de sabão têm duas “pontas”: uma hidrofílica, capaz de
meça com um gole de chá e um pedaço de bolo: “Mas, no se prender às moléculas de água, e outra hidrofóbica,
mesmo instante em que aquele gole, de envolta com as que se une às moléculas de óleos, gorduras e sujei-
migalhas do bolo, tocou o meu paladar, estremeci, atento ras. Uma vez que se enxáguam a mão e outras partes
ao que se passava de extraordinário em mim”. A neuro- do corpo, essa combinação age como uma conexão
ciência comprovou que Proust estava certo. Os sentidos entre as moléculas de água e de restos de vírus e
do olfato e do paladar são exclusivamente sentimentais. sujeiras, carregando-as ralo abaixo.
Isso porque são os únicos que se conectam diretamente A função emulsificante faz com que o sabão grude na
com o hipocampo – o centro da memória de longo prazo proteção do Coronavírus, rompendo-a. “As bactérias e
do cérebro. A visão, o tato e a audição são processados boa parte dos vírus têm capas de gordura, chamadas
primeiro pelo tálamo – a fonte da linguagem e porta de de membrana e envelope, respectivamente. A função
entrada para a consciência. É por isso que esses são bem dessa capa é proteger o micro-organismo do ambien-
menos eficientes em trazer à tona o passado. te. O sabão rompe essa proteção, fazendo com que
essas bactérias e vírus morram”, explica Laura de Frei-
Disponível em: <https://fbssan.org.br/2015/06/>. Acesso em: 29 jul. tas, doutora em biociências e biotecnologia na Unesp.
2021, com adaptações.
Disponível em: <https://www.uol.br/tilt/noticias/>. Acesso em: 5 mar.
Em relação à pontuação no texto, assinale a alternati- 2021, com adaptações.
va correta.
No que tange à pontuação, à ortografia e à concordân-
a) A vírgula após a enumeração que inicia o texto justifi- cia nos trechos “Uma vez que se enxáguam a mão e
ca-se porque adjuntos adverbiais são sempre seguidos outras partes do corpo, essa combinação age como
dessa pontuação, independentemente de sua extensão. uma conexão entre as moléculas de água e de restos
b) Em “Ao se conectar com suas memórias, Proust rom- de vírus e sujeiras, carregando-as ralo abaixo.” e “A
LÍNGUA PORTUGUESA

pe com o incômodo vazio de sua escrita e produz a função dessa capa é proteger o micro-organismo do
obra Em Busca do Tempo Perdido, considerada um ambiente.” , assinale a alternativa correta.
dos principais clássicos da literatura mundial.” (linhas
de 11 a 14), a primeira vírgula se justifica porque a pri- a) No primeiro trecho, a vírgula inicial é obrigatória por-
meira oração é adjetiva e antecede a oração principal. que houve uma inversão na ordem direta do período.
c) Em “Na literatura, no cinema, nas ciências, na filosofia b) No primeiro trecho, a forma verbal “enxáguam” estaria
e religião, existem evidências da relação entre memó- incorreta caso o termo “outras partes do corpo” fosse
ria e comida.” (linhas de 1 a 3), a vírgula que antecede- substituído por sua forma no singular.
ria “na literatura, no cinema, nas ciências, na filosofia e c) No primeiro trecho, estaria incorreto utilizar, respecti-
religião” não seria obrigatória se o período fosse estru- vamente, artigo definido masculino singular e femini-
turado na ordem direta. no plural antecedendo “vírus” e “sujeiras”.
73
d) No segundo trecho, a expressão “dessa capa” deveria b) O arquiteto representa o profissional mais impactado
estar entre vírgulas por ser uma explicação. pela pandemia, pois foi obrigado a ressignificar a sua
e) No segundo trecho, a grafia da palavra “micro-organis- profissão.
mo” pode ser corretamente substituída por microorga- c) No mundo pós-pandemia, os novos edifícios serão for-
nismo, microrganismo e micr’organismo. çados a atender a normas que reduzam a possibilidade
de contaminação, de aglomerações ou de contato físi-
Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13: co entre pessoas ou com superfícies contaminadas.
d) O edifício onde se instala a empresa de resíduos Bee’ah,
Novas arquiteturas nos Emirados Árabes, é um exemplo de que, mesmo
bem antes da pandemia, alguns projetos já considera-
Em meio a tantos questionamentos sobre os impactos vam a necessidade de evitar as doenças transmitidas
da pandemia nas cidades, é inevitável não pensar tam- pelo contato com superfícies contaminadas.
bém no papel e na resiliência da arquitetura. Com está- e) No último parágrafo, a aposta dos arquitetos se opõe
dios se transformando em hospitais de campanha, a à expectativa da autora em relação aos impactos da
adaptabilidade dos espaços construídos e a escolha pandemia na arquitetura, o que coloca em evidência o
por estruturas rápidas e flexíveis prometem influenciar caráter controverso da questão.
as construções futuras.
Com muitas das doenças, incluindo o coronavírus, Leia o texto a seguir para responder às questões 14 e 15:
sendo transmitidas especialmente pelo contato com
superfícies contaminadas, a tecnologia poderá ser Tecnologia da Informação e Eficiência Bancária no Brasil
outro fator decisivo para conceber os novos edifícios.
É o caso do projeto assinado pelo escritório de Zaha Com o advento da alta expansão do uso de computa-
Hadid para a empresa de resíduos Bee’ah, nos Emi- dores na sociedade ocorrendo na década de 1990 e a
rados Árabes. Desenvolvido para ter “caminhos sem proliferação massificada do uso da internet no mundo
contato”, tudo foi pensado para que os funcionários após o ano 2000, há uma necessidade cada vez maior
evitassem o toque por meio de elevadores controla- das empresas em compreender e direcionar o melhor
dos pelo smartphone e portas que se abrem via reco- uso da tecnologia da informação (TI). A l g u n s
nhecimento facial. defendem que a TI é parte intrínseca das organiza-
Os complexos corporativos também estão na mira de ções modernas e, portanto, exerce um papel crucial
mudanças. Se, até hoje, tínhamos amplos planos aber- no crescimento das firmas e dos países e na dinâmica
tos de escritórios e uma grande densidade de mesas competitiva dos mercados, mas outros questionam
próximas umas das outras, arquitetos apostam que esses ganhos na medida em que o acesso à tecnolo-
daqui pra frente empresas se organizarão em ilhas de gia da informação é cada vez mais fácil. Para estes, a
funcionários, corredores mais largos e ambientes com TI por si só já não é mais suficiente para a criação de
janelas mais generosas para ventilação. vantagem competitiva; ela deve estar aliada a outros
fatores como processos e capital intelectual, ou seja,
Disponível em: <https://www.cidades21.com.br/ o-futuro-do- a competitividade organizacional é alavancada pelo
urbanismo-e-da-arquitetura-na-cidade-da-pos-pandemia/>. Acesso melhor uso dos recursos de TI. Os usos da TI nos ban-
em: 14 ago. 2021, com adaptações.
cos brasileiros começou em meados da década de
1960 e, atualmente, os recursos alocados à TI fazem
12. (IADES — 2021) Com base nas regras de concordância parte de grande fatia dos orçamentos anuais de todos
prescritas pela norma-padrão e nas relações morfos- os bancos. Com isso, a tecnologia bancária brasilei-
sintáticas estabelecidas no texto, assinale a alternati- ra é reconhecida mundialmente como referência em
va correta. qualidade e inovação, sendo uma das redes bancárias
mais integradas, mesmo que com uma grande distri-
a) A forma verbal “prometem” (linha 6) foi empregada corre- buição geográfica. No Brasil, a eficiência do sistema
tamente na terceira pessoal do plural para concordar com bancário tem evoluído em função de uma série de
o sujeito “estruturas rápidas e flexíveis” (linhas 5 e 6). fatores, como a desregulamentação e as aquisições
b) Caso a autora substituísse a construção “Com muitas que vêm ocorrendo no setor. Entretanto, ainda é limi-
das doenças” (linha 7) pela redação Com grande parte tado o conhecimento a respeito dos reais ganhos de
das doenças, a forma “transmitidas” deveria ser man- eficiência gerados pelas despesas que os bancos bra-
tida no plural. sileiros incorrem com TI.
c) A forma verbal “tínhamos” (linha 18) poderia ser subs-
tituída pela construção haviam. Disponível em: https://www.insper.edu.br/ Acesso em: 31 de maio de
d) O termo sublinhado no trecho “que se abrem” (linha 2021, com adaptações.
16) poderia ser substituído pela construção o qual.
e) Caso fosse necessário incluir a construção e inte- 14. (IADES — 2021) De acordo com o texto, há uma neces-
riores logo após o termo sublinhado no trecho “pelo sidade cada vez maior por parte das empresas em
contato com superfícies contaminadas” (linhas 8 e 9), compreender e direcionar o melhor uso da tecnologia
a nova redação deveria ser pelo contato com superfí- da informação (TI)
cies e interiores contaminados.
a) desde a proliferação do uso da internet e a alta expan-
13. (IADES — 2021) De acordo com as informações do são do uso de computadores no século 21.
texto, assinale a alternativa correta. b) por ser a TI uma parte relevante das organizações
modernas e gerar o crescimento das empresas e dos
a) A instalação de hospitais de campanha em estádios, países.
necessidade imposta pela pandemia, trouxe experiên-
cias que prometem influenciar o futuro da arquitetura.
74
c) porque a tecnologia bancária brasileira é mundial- Química mudou isso de forma radical. Hoje, o CRIS-
mente conhecida, mesmo com grande distribuição PR é utilizado em laboratórios de pesquisa no mun-
geográfica. do inteiro como uma ferramenta capaz de ajudar em
d) para que se obtenha um conhecimento maior a respei- futuros tratamentos de doenças como o câncer, for-
to dos reais ganhos de eficiência ocasionados pelas talecer o sistema imunológico ou desligar partes do
despesas dos bancos com a TI. DNA responsáveis por doenças hereditárias. O Centro
e) embora haja opiniões divergentes acerca da relação de Pesquisas sobre o Genoma na Universidade de São
entre o uso da TI e os seus resultados para as empre- Paulo usa o CRISPR.
sas e os países.
Disponível em: <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/>.
15. (IADES — 2021) Em “outros questionam esses ganhos Acesso em: 28 fev. 2021 (fragmento), com adaptações.
na medida em que o acesso à tecnologia da informa-
ção é cada vez mais fácil.” (linhas de 9 a 11), a expres- No que se refere à compreensão e intelecção do texto
são sublinhada indica que o (s) apresentado, assinale a alternativa correta.

a) acesso à tecnologia é cada vez maior à proporção que a) As duas cientistas citadas no texto ganharam o Prê-
as firmas e os países crescem na dinâmica competiti- mio Nobel de Química pelo desenvolvimento de um
va dos mercados. novo antibiótico em 2012.
b) países e as firmas que compõem o mercado cres- b) O sistema CRISPR, desenvolvido pelas mencionadas
cem conforme se facilita o acesso à tecnologia da cientistas, consiste em uma técnica eficiente também
informação. no auxílio ao tratamento vindouro de certas doenças.
c) crescimento dos países e das firmas na dinâmica c) O sistema CRISPR destina-se especificamente ao tra-
competitiva dos mercados é questionado porque há tamento de diversos tipos de câncer.
cada vez mais facilidade no acesso à tecnologia da d) A técnica aludida foi apresentada pelas pesquisado-
informação. ras em um congresso científico em Porto Rico.
d) crescimento das firmas e dos países é para, na dinâmi- e) Segundo o texto, o sistema CRISPR foi resultado de
ca competitiva dos mercados, mostrar que o acesso à uma parceria entre a Alemanha, os Estados Unidos da
tecnologia da informação está facilitado hoje em dia. América e o Centro de Pesquisas sobre o Genoma na
e) acesso à tecnologia da informação é tamanho que a Universidade de São Paulo.
dinâmica competitiva dos mercados gerou crescimen-
to nas firmas e nos países. 17. (IADES — 2021)

16. (IADES — 2021) Texto 2 para responder a questão: História do Conselho Regional de Nutricionistas – 1a
Região
Duas cientistas ganham Nobel de Química por traba-
lho relacionado à genética Em 1980, um grupo de profissionais que esteve à
frente da luta pela aprovação da lei de criação dos
(7/10/2020) Duas cientistas ganharam o Prêmio Conselhos deu início ao funcionamento do Conselho
Nobel de Química por um trabalho relacionado à Regional de Nutricionistas – 1a Região (CRN-1). A pro-
genética. A americana Jennifer Doudna e a francesa vidência mais urgente da primeira gestão era inscrever
Emmanuelle Charpentier desenvolveram uma técnica os nutricionistas, inclusive os formandos da primeira
de edição genética que permite alterar o DNA de ani- turma do curso de Nutrição da Universidade de Bra-
mais, de plantas e de microrganismos com exatidão. A sília (UnB). Naquele ano, foram inscritos 92 profissio-
pesquisa contribuiu para novos tratamentos de câncer nais no Conselho Regional, que funcionava em uma
e para a cura de doenças hereditárias. É a primeira vez sala cedida ao Conselho Federal de Nutricionistas
que duas mulheres dividem o Prêmio Nobel. (CFN) pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutri-
As cientistas se conheceram em um café durante um ção (Inan).
congresso científico em Porto Rico. As conversas ren- A abrangência inicial do CRN-1 era Distrito Federal,
deram a ideia de desenvolverem juntas um novo anti- Goiás e Mato Grosso. Entre 1982 e 1990, foram incor-
biótico, mas acabaram criando uma ferramenta que, porados os estados do Pará, do Acre, do Amazonas
em 2012, teve impacto revolucionário nas ciências da e de Rondônia e os então territórios do Amapá e de
vida. Foi assim que a academia sueca descreveu o tra- Roraima. Após esse período, esses estados forma-
balho das duas pesquisadoras. ram o CRN-7, criado pela Resolução CFN no 98/1990.
Em seus laboratórios na Alemanha e nos Estados Tocantins só passou a integrar a 1a Região em 1991.
Unidos da América, elas desenvolveram o sistema Para atender ao crescente número de profissionais
CRISPR, uma maneira de mudar, de editar o código inscritos, o CRN-1 instalou, além da sede no Distrito
LÍNGUA PORTUGUESA

genético, aquele conjunto de informações que dão as Federal, delegacias em Mato Grosso, em Goiás e, mais
características de uma pessoa e também de muitas recentemente, em Tocantins.
de nossas doenças. Essas informações estão conti- Para fortalecer ainda mais o Sistema CFN/CRN, des-
das no DNA, que fica dentro das células e tem o for- de 2002, os técnicos em Nutrição e Dietética também
mato que parece uma escada em caracol ou um trilho passaram a ser registrados nos Conselhos Regionais.
de trem. A técnica criada pelas pesquisadoras permite Conforme dados de outubro de 2018, esses profissio-
editar esse DNA com precisão, tirar uma parte e emen- nais totalizavam 1.046 dos inscritos no CRN-1.
dar as pontas, ou até mesmo substituir a parte que
Disponível em: <https://novoportal.crn1.org.br/quem-somos/>.
gera doenças e trocar por outra.
Acesso em: 21 jul. 2021, com adaptações.
Antes do sistema CRISPR, fazer edição genética era
algo caríssimo, difícil e muito sujeito a erros. Mas a
ferramenta criada pelas ganhadoras do Nobel de 75
Considerando a leitura compreensiva do texto, assina- Com base nas informações do texto e nas relações
le a alternativa correta. entre elas, assinale a alternativa correta.

a) O autor tem como propósito principal defender um a) A relação entre o conteúdo do texto e a mensagem
ponto de vista a respeito da evolução do Conselho expressa pelo título ressalta que o propósito principal
Regional de Nutricionistas – 1a Região (CRN-1) no da autora é descrever a qualidade dos serviços presta-
período de 1980 a 2002, o que explica a presença dos virtualmente e o perfil dos consumidores em tem-
constante de passagens dissertativas ao longo dos pos de pandemia.
parágrafos. b) Os percentuais 47% e 25% relacionam-se a informa-
b) A primeira gestão do CRN-1 tinha como única meta ções que servem para justificar a ideia de que o novo
inscrever os formandos da primeira turma do curso de Coronavírus acelerou um processo que já estava em
Nutrição da Universidade de Brasília (UnB). curso antes da pandemia: a digitalização das empre-
c) Desde 1991, o CRN-1 abrange apenas o Distrito Fede- sas e dos hábitos dos consumidores.
ral e os estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins. c) O texto é predominantemente dissertativo, pois está
d) Em um período de pelo menos cinco anos, o CRN-1 estruturado em torno de uma sequência de ideias que
abrangeu, ao mesmo tempo, Distrito Federal, Goiás, sustentam a seguinte opinião: a importância da digi-
Mato Grosso, Pará, Acre, Amazonas, Rondônia, Ama- talização das relações comerciais e bancárias só foi
pá, Roraima e Tocantins. reconhecida após o advento da pandemia no Brasil.
e) Como o Sistema CFN/CRN ainda era muito frágil, os d) A afirmação “No setor financeiro, o movimento não
técnicos em Nutrição e Dietética também passaram a é diferente” antecipa uma sequência de informações
ser registrados nos Conselhos Regionais desde 2002. que se opõem à mensagem principal do primeiro
parágrafo.
18. (IADES — 2021) e) Conclui-se que, para a autora, a digitalização das ope-
rações comerciais e bancárias jamais teria se expan-
O consumidor quer ser digital dido caso o mundo não tivesse começado a enfrentar
a pandemia que ainda está em curso.
Mesmo antes da pandemia já existia um processo de
digitalização das empresas e dos hábitos dos consu- 19. (IADES — 2021) O atual cenário alimentar que a popu-
midores em curso, mas o novo Coronavírus acelerou, lação está enfrentando é de transição, e todas as
e muito, isso. escolhas, os comportamentos diários e posiciona-
Nos primeiros seis meses de 2020, o e-commerce bra- mentos frente a problemas socioambientais podem
sileiro registrou um aumento de 47% no faturamento influenciar diretamente os recursos naturais disponí-
de vendas. De acordo com a EbitNielsen, este foi o veis. Tornam-se preocupantes as exigências pessoais
melhor resultado do comércio eletrônico nos últimos dos indivíduos frente à atual realidade produtiva, em
20 anos. O uso de aplicativos, que oferecem desde que a origem dos produtos e o caminho que eles per-
entretenimento até compras e delivery, também teve correm até chegar ao consumidor não é um fator rele-
um crescimento exponencial. Segundo estudo da vante para suas escolhas. Muitas empresas, porém,
AppsFlyer, empresa de análise de dados de aplicati- começam a repensar seus produtos e serviços como
vos, o download de apps cresceu, em média, 25% em modo de reduzir os impactos ambientais provocados
todo o País. ao longo da cadeia produtiva.
No setor financeiro, o movimento não é diferente. Uma das mais significantes mudanças na história
Segundo a pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Ban- moderna da alimentação veio com o crescimento
cária, em 2019, de cada dez transações bancárias, populacional e a industrialização das grandes cida-
mais de seis aconteceram pelos meios digitais, princi- des. A população passou a depender da indústria
palmente via internet e mobile banking. De 2018 para e do mercado, deixando de lado a horta e a comida
2019, o número de contas ativas com mobile banking preparada no lar. Em meio a todas essas mudanças,
cresceu 34%. No ano de 2020, apenas entre janeiro e os indivíduos passaram a não se preocupar em como
abril, o número de transações realizadas nesse canal conseguir seus alimentos, e sim em saber quais ali-
por pessoas físicas já registrou aumento de 22%. mentos escolher, diante de tantas opções “rápidas e
práticas” nas prateleiras dos mercados.
Disponível em:https://online.fliphtml15.com/. Acesso em: 27 maio Deste modo, levando em consideração todas as
2021, com adaptações mudanças nos hábitos alimentares da população, bem
como as consequências oriundas desse processo, tor-
e-commerce: comércio eletrônico que acontece em na-se necessário conhecer alternativas positivas que
lojas virtuais existentes na internet; versão digital do possam contribuir com o atual cenário que vivemos.
comércio físico de lojas e shoppings; delivery: serviço
de entrega, distribuição ou remessa; download: (bai- MOURA, Julia F. R. de. Slow Food: características do movimento e
xar, em uma tradução simples) ação de descarregar, atuação frente ao sistema alimentar contemporâneo. In. Revista
transferir, copiar arquivos e informações contidas em Contexto e Saúde, com adaptações.
um computador remoto para um computador espe-
cífico; apps: abreviação do termo aplicativos, que se Com relação à tipologia e aos sentidos do texto, assi-
refere a programas de computador para processar nale a alternativa correta.
dados de modo eletrônico, de forma a facilitar e redu-
zir o tempo do usuário ao executar uma tarefa; mobile a) O primeiro parágrafo corresponde à introdução de um
banking: banco móvel que disponibiliza alguns servi- texto informativo, em que se apresenta um ponto de
ços tipicamente bancários por celular ou outros dispo- vista acerca das empresas que vendem produtos ali-
sitivos móveis. mentícios e se descrevem alternativas alimentares.

76
b) O segundo parágrafo é narrativo e apresenta uma
5 C
sequência de fatos que contribuíram para que hoje
se dê preferência ao consumo de alimentos rápidos e 6 E
práticos.
c) O texto é injuntivo, já que pretende apresentar informa- 7 E
ções a respeito da importância de haver consciência
na hora da escolha do alimento. 8 E
d) O terceiro parágrafo é a conclusão de um texto disser- 9 B
tativo e apresenta alternativas positivas para o atual
cenário em que vivemos. 10 C
e) O texto é dissertativo, uma vez que objetiva discutir, de
forma genérica, o cenário alimentar de transição pelo 11 A
qual a população está passando. 12 E

20. (IADES — 2021) Texto 3 para responder a questão: 13 A

14 e
Vencedora do Nobel de Química cria teste para detec-
tar a Covid-19 em cinco minutos 15 C

(10/10/2020) Jennifer Doudna, vencedora do Prêmio 16 B


Nobel de Química, desenvolveu um teste para detec-
17 C
tar o vírus da Covid-19 em apenas cinco minutos. O
teste é fundamentado na genética CRISPR, invenção 18 B
que levou Doudna ao pódio do Nobel. A investigação
foi desenvolvida em parceria com a Universidade da 19 E
Califórnia, nos Estados Unidos da América.
20 D
O teste está em fase experimental e aguarda aprova-
ção pela comunidade científica. No entanto, já captou
a atenção de muitos pelas suas características: o novo
teste é pequeno, portátil e pode ser usado por qual-
quer um, dispensando pessoal médico. Uma câmara
de telemóvel é o suficiente para saber se está positivo
ANOTAÇÕES
ou negativo para a Covid-19. Além de todas as novida-
des, o teste também identifica a fase da infecção em
que se encontra, sendo ela contagiosa ou não. (...)
Segundo a imprensa espanhola, esse teste pode ser
uma alternativa ao atual utilizado para identificar o
vírus da Covid-19, cujo resultado pode demorar até 48
horas, e até mesmo às análises sanguíneas.

Disponível em: <https://www.cmjornal.pt/sociedade/>. Acesso em: 3


mar. 2021. (fragmento), com adaptações.

No que tange à tipologia textual, o texto apresentado é

a) narrativo, pois conta uma sequência de fatos relativos


à trajetória de Jennifer Doudna.
b) argumentativo, já que defende um ponto de vista
relacionado aos testes mais eficazes para detectar a
Covid-19.
c) descritivo, uma vez que trata da descrição detalhada
da descoberta da genética CRISPR.
d) expositivo, tendo em vista o intuito de informar o leitor
quanto à descoberta de um teste, ainda em fase expe-
rimental, rápido e prático para identificação do vírus da
Covid-19.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) injuntivo, em razão de disponibilizar orientações quan-


to à identificação rápida do vírus da Covid-19.

9 GABARITO

1 E

2 D

3 C

4 D
77
ANOTAÇÕES

78
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.

RACIOCÍNIO LÓGICO Importante!


MATEMÁTICO A soma ou subtração de dois números pares tem
resultado par.
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.
A soma ou subtração de dois números ímpares
tem resultado par.
OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
APLICAÇÕES (SOMA, SUBTRAÇÃO, A soma ou subtração de um número par com
MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, outro ímpar tem resultado ímpar.
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO) Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
A multiplicação de números pares tem resultado
CONJUNTOS NUMÉRICOS (NÚMEROS NATURAIS, par.
INTEIROS, RACIONAIS E REAIS) E OPERAÇÕES COM Ex.: 8 x 6 = 48.
CONJUNTOS A multiplicação de números ímpares tem resul-
tado ímpar:
Operações e Propriedades Ex.: 3 x 7 = 21.
A multiplicação de um número par por um núme-
Os números construídos com os algarismos de 0 a ro ímpar tem resultado par:
9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
Ex.: 4 x 5 = 20.
to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
entre chaves:
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, Números Inteiros
17, …}
Os três pontos “as reticências” indicam que este Os números inteiros são os números naturais e
conjunto tem infinitos números naturais. seus respectivos opostos (negativos). Veja:
O zero não é um número natural propriamente Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
dito, pois não é um número de “contagem natural”.
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
importante é saber que todos os números naturais
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
Dica está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
O símbolo do conjunto dos números naturais é da que N é um subconjunto de Z. Observe:
a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que
representa os números naturais positivos, isto é,
excluindo o zero.

Conceitos básicos relacionados aos números


naturais:
Z N
z Sucessor: é o próximo número natural.

Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.

z Antecessor: é o número natural anterior.


Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-
Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77 ros. Veja:
é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
z Números consecutivos: são números em sequência. que são os números naturais;
z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números pois ele não é positivo nem negativo;
consecutivos. z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
não faz parte;
z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi- z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também te, o zero não faz parte.
é par. Logo, todos os números que terminam em 0,
2, 4, 6 ou 8 são pares. 79
Operações com Números Inteiros Multiplicação

Há quatro operações básicas que podemos efetuar A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
com estes números são: adição, subtração, multiplica- tição de adições. Veja:
ção e divisão. A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na multiplicação de
Veja mais alguns exemplos:
números.
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Principais Propriedades da Operação de Adição
Operações Resultados
z Propriedade comutativa: a ordem dos números + + +
não altera a soma.
- - +
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
+ - -
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
- + -
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado. Dica
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10 � A multiplicação de números de mesmo sinal
tem resultado positivo.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
adição, pois qualquer número somado a zero é � A multiplicação de números de sinais diferen-
igual a ele mesmo. tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.

z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- As principais propriedades da operação de


ros inteiros sempre gera outro número inteiro. multiplicação.

Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou


número inteiro 10 (8 + 2 = 10). seja, a ordem não altera o resultado.

� Subtração: subtrair dois números é o mesmo que Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.


diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
13: 20 – 7 = 13. x A, que é igual a (A x C) x B.

Veja mais alguns exemplos: Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20 z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
As Principais Propriedades da Operação de qualquer número, este número permanecerá
Subtração inalterado.
z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
Ex.: 15 x 1 = 15.
ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa.
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130. números inteiros sempre gera um número inteiro.

z Propriedade associativa: não há essa propriedade Ex.: 9 x 5 = 45


na subtração.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da z Propriedade distributiva: essa propriedade é
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C)
número, este número permanecerá inalterado. = (AxB) + (AxC)

Ex.: 13 – 0 = 13. Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36


Usando a propriedade:
z Propriedade do fechamento: a subtração de dois 3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
números inteiros sempre gera outro número
inteiro. z Divisão: quando dividimos A por B, queremos
repartir a quantidade A em partes de mesmo
80 Ex.: 33 – 10 = 23. valor, sendo um total de B partes.
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi-
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente
(n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
(n + 2) é igual a:
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
Algo que é muito importante e você deve lembrar
a) 440.
sempre, são as regras de sinais na divisão de números. b) 420.
c) 400.
SINAIS NA DIVISÃO d) 380.
e) 340.
Operações Resultados

+ + + Dividendo = 18 x n + 15
Dividendo = 17 x (n+2) + 1
- - + 18 x n + 15 = 17 x (n+2) + 1
+ - - 18n + 15 = 17n + 34 + 1
18n – 17n = 35 – 15
- + - n = 20
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
Letra A.
Dica
2. (FGV — 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é:
� A divisão de números de mesmo sinal tem
resultado positivo.
a) 13.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3 b) 15.
� A divisão de números de sinais diferentes tem c) 19.
resultado negativo. d) 22.
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 e) 23.

Esquematizando: Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as


demais operações:
Dividendo 2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Divisor
Resposta: Letra A.
30 5
0 6 3. (INSTITUTO AOCP — 2018) O total de números que
estão entre o dobro de 140 e o triplo de 100 é igual a:
Resto Quociente
a) 17.
b) 19.
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
c) 21.
30 = 5 · 6 + 0
d) 23.
e) 25.
As principais propriedades da operação de divisão.
Propriedade comutativa: a divisão não possui essa Dobro de 140 = 280
propriedade. Triplo de 100 = 300
Total de números entre 280 e 300:
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa 281 até 291 = 10 números
propriedade; 291 até 299 = 9 números
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- 10 + 9 = 19 números. RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número Resposta: Letra B.
por 1, o resultado será o próprio número.
5. (INSTITUTO CONSULPLAN — 2019) Os símbolos das
Ex.: 15 / 1 = 15; operações que deverão ser inseridos nos quadrados
para que o cálculo seja verdadeiro são, respectivamen-
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em te: 4_3_2_1 = 10:
uma diferença enorme dentro das operações de
a) + / x / +
números inteiros, pois a divisão não possui essa
b) x / – / ÷
propriedade. Uma vez que ao dividir números
c) + / ÷ / –
inteiros podemos obter resultados fracionários ou d) x / + / +
decimais.
4 * 3 – 2/1=
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos 4 * 3 = 12
números inteiros). –2/1= –2 =
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas 12 – 2 = 10
questões comentadas. Resposta: Letra B. 81
NÚMEROS RACIONAIS z Divisão de números decimais: devemos multipli-
car ambos os números (divisor e dividendo) por
São aqueles que podem ser escritos na forma da uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja, modo a retirar todas as casas decimais presentes.
escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
são números inteiros.
Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também, Ex.: 5,7 ÷ 1,3
que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são 5,7 × 100 = 570
divididos pelo número 1. 1,3 × 100 = 130
570 ÷ 130 = 4,38
Dica
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
Qualquer número natural é também inteiro e todo
questões comentadas.
número inteiro é também racional.
1. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir:
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os
a) 0,555... é um número racional.
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Q
Repare que o número 0,555... é uma dízima periódi-
ca. Vimos na teoria que as dízimas periódicas são
um tipo de número RACIONAL. Resposta: Certo.

Z N
b) Todo número inteiro tem antecessor.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante-


cessor. Basta subtrair 1 unidade. Veja: o antecessor
de 35 é o 34. O antecessor de 0 é -1. E o antecessor de
-299 é o -300. Resposta: Certo.
Representação Fracionária e Decimal

Há 3 tipos de números no conjunto dos Números 2. (FCC — 2018) Os canos de PVC são classificados de
Racionais: acordo com a medida de seu diâmetro em polegadas.
Dentre as alternativas, aquela que indica o cano de
z Frações: maior diâmetro é:

a) 1/2.
Ex.: 8 3 7 etc.
b) 1 ¼.
3 , 5 , 11
c) 3/4.
z Números decimais. d) 1 ½.
e) 5/8.
Ex.: 1,75
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja,
z Dízimas periódicas. vamos dividir o numerador pelo denominador da
fração. Veja:
Ex.: 0,33333... 5/8 = 0,625
½ = 0,5
Operações e Propriedades dos Números Racionais 1 ¼ = 1 + 0,25 = 1,25
¾ = 0,75
z Adição de números decimais: segue a mesma lógi- 1 ½ = 1 + 0,5 = 1,5
ca da adição comum. Logo, o maior diâmetro será 1 ½ polegadas, que
corresponde a 1,5 polegadas. Resposta: Letra D.
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
3. (FCC — 2017) Sabendo que o número decimal F é
z Subtração de números decimais: segue a mesma 0,8666 . . . , que o número decimal G é 0,7111 . . . e que
lógica da subtração comum. o número decimal H é 0,4222 . . . , então, o triplo da
soma desses três números decimais, F, G e H, é igual a:
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
a) 6,111 . . .
z Multiplicação de números decimais: aplicamos o b) 5,888 . . .
mesmo procedimento da multiplicação comum. c) 6
d) 3
82 Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05 e) 5,98
Podemos resolver de forma aproximada, somando: Operações com Frações
0,8666 + 0,7111 + 0,4222 = 1,9999 (aproximadamente 2)
A soma é aproximadamente 3×2 = 6. Frações nada mais são do que operações de divi-
4
Resposta: Letra C. são. Podemos, por exemplo, escrever 4 ÷ 8, como 8 .
Neste tópico, veremos todas as operações que
4. (FGV — 2016) Durante três dias, o capitão de um navio envolvem as frações, quais sejam: a adição, a subtra-
atracado em um porto anotou a altura das marés alta ção, a multiplicação e a divisão.
(A) e baixa (B), formando a tabela a seguir.
Adição ou Subtração de Fração
A B A B A B A B A B A
Para somar ou subtrair frações, é necessário ater-
1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0
-se, principalmente, aos denominadores, ou seja, à
“base” das frações. Vejamos duas situações possíveis:
A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
secutivas foi: z Denominadores iguais (nessa situação, basta repe-
a) 1,0. tir as bases e operar os numeradores):
b) 1,1.
1 3 1+3 4
c) 1,2. + = =
5 5 5 5
d) 1,3.
e) 1,4. 4

2
=
4–2
=
2
3 3 3 3
Vamos calcular as diferenças entre os valores da
tabela. Veja: z Denominadores diferentes (nessa situação, é pre-
0,3 – 1 = -0,7 ciso achar o denominador comum, a fim de reali-
1,1 – 0,3 = 0,8 zar a operação das frações):
0,2 – 1,1 = -0,9
1,3 – 0,2 = 1,1 1
+
3
0,4 – 1,3 = -0,9 3 4
1,4 – 0,4 = 1
0,5 – 1,4 = -0,9 Note que o número 12 é o primeiro múltiplo, ao
1,2 – 0,5 = 0,7 mesmo tempo, de 3 e 4. Cada um desses denominado-
res deverá ser dividido por 12 e, depois, deve-se multi-
0,4 – 1,2 = -0,8
plicar o resultado pelos numeradores.
1,0 – 0,4 = 0,6
Note que a maior diferença é 1,1. Resposta: Letra D. 1 3 4 ×1 3×3 4+9 13
+ = + = =
3 4 12 ÷ 3 12 ÷ 4 12 12
CONJUNTOS NUMÉRICOS
Dica
Fracionários
3–4 2 (aqui, dividi-se sempre pelo menor número primo possível).
Conjuntos numéricos fracionários são aqueles que 3–2 2
podem ser escritos na forma da divisão (fração) de dois 3–1 3
números inteiros. Ou seja, escritos na forma A/B (lê-se 1–1 MMC = 2×2×3 = 12.
A dividido por B), onde A e B são números inteiros.
Exemplos: z Todo número que é dividido apenas por ele mesmo
7/4 e –15/9 são racionais. e pelo número 1 é um número primo. Exemplos:
Veja, também, que os números 87, 321 e 1.221 são
racionais, pois são divisíveis pelo número 1. 3 (apenas pode ser dividido por 1 e 3); RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Qualquer número natural é, também, inteiro e 13 (apenas pode ser dividido por 1 e 13).
todo número inteiro é, também, racional.
O símbolo desse conjunto é a letra Q. Pode-se Multiplicação de Fração
representar, através de diagramas, a relação entre os
conjuntos naturais, inteiros e racionais. Veja: Fazer a multiplicação entre frações é muito sim-
ples: basta multiplicar os numeradores entre eles e,
em seguida, os denominadores entre eles. Veja:
Q
2 5 2×5 10
× = =
3 4 3×4 12

Z N Perceba que não chegamos ao resultado final da


operação, pois é necessário, ainda, simplificar a fração
o máximo possível. Para realizar esse procedimento,
deve-se achar um número que divide, ao mesmo tem-
po, o denominador e o numerador. No exemplo dado,
sabemos que é o número 2. Vejamos: 83
10 ÷ 2 5 Interpretando Regiões e Conhecendo a Interseção e
=
12 ÷ 2 6 União de Conjuntos

Assim, chegamos no resultado final, pois não há Uma outra situação é quando temos dois conjuntos
mais como simplificar. (X e Y), podemos representar da seguinte forma, no
geral:
Divisão de Fração
X Y
Para dividir frações, basta repetir a primeira fra-
ção e multiplicá-la pelo inverso da segunda fração.
Depois, realiza-se a multiplicação normalmente, da
mesma forma que aprendemos. Veja:

3
÷
5
=
3
×
2
=
3×2
=
6
=
6÷2
=
3 a b c
4 2 4 5 4×5 20 20 ÷ 2 10

Pode-se simplificar frações, dividindo o numera- d


dor e o denominador pelo mesmo número.
Interpretando os conjuntos anterior temos:
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
z O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
Introdução à Teoria de Conjuntos pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y;
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas z O elemento “c” faz parte somente ao conjunto Y;
que possuem a mesma característica, por exemplo, z O elemento “b” pertence aos dois conjuntos, ou seja,
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só faz parte da interseção entre os conjuntos X e Y.
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam A representação simbólica é feita por X ∩ Y. Como o
de músicas eletrônicas. elemento “b” faz parte dessa região, temos:
Representamos um conjunto da seguinte forma: z b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y;
Conjunto X z O elemento “d” não faz parte de nenhum dos dois
conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é
y a junção das regiões dos dois conjuntos e é repre-
sentada simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X
x ∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união entre
os conjuntos X e Y.

Vamos analisar uma outra situação:


Podemos afirmar que no interior do círculo há
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con- X Y
junto X, já na parte externa do círculo estão todos os
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
pertence ao conjunto X.
No gráfico acima podemos dizer que o elemento “x” X–Y X∩Y Y–X
pertence ao conjunto X e o elemento “y” não pertence.
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi-
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele-
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos
o símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Nesta representação, podemos interpretar a região
Matematicamente: X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região
formada pelos elementos de X que não fazem parte do
y ∉ X. conjunto Y. Veja o exemplo:

Complemento de um Conjunto X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}


Y = {5, 6, 7, 9, 10}
O complemento de X é o conjunto formado por
X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz
e também em Y, ou seja, X – Y = {2, 3, 4, 8}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão
Já no caso da região Y – X, temos:
presentes em X. Representamos o complemento ou
complementar pelo símbolo XC. Podemos afirmar que X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
“y” não pertence à X, mas pertence ao conjunto com- Y = {5, 6, 7, 9, 10}
84 plementar de X: matematicamente: y Є XC. Y – X = {9, 10}
Podemos falar, também, da região de interseção Agora, veja um outro exemplo:
dos conjuntos X ∩ Y.
B = {∃ x Є Z | x > 5}
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto
X ∩ Y = {5, 6, 7}
B existe x pertencente ao conjunto dos números intei-
E por fim, vamos identificar a união entre os ros, tal que x é maior do que 5.
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os Agora vamos esquematizar todas as simbologias
elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele- para que você possa gravar mais facilmente e aplicar
mentos presentes na interseção. Veja:
na hora de resolver as questões. Observe a tabela a
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} seguir:
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está chaves Ex: X = {a,b,c} representa
Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos {,} o conjunto X composto
por a, b e c
Em algumas situações, a intersecção entre os con- conjunto Significa que o conjunto
juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo. { } ou  ∅ vazio não tem elementos, é um
Isso acontece quando todos os elementos de B são conjunto vazio
também elementos de A. Veja isso no gráfico a seguir:
para todo Significa “Para todo” ou

“Para qualquer que seja”
X
pertence Indica relação de pertinên-
Є cia de elementos
não pertence Indica relação de não per-

tinência de elementos
Y
∃ existe Indica relação de existência.
não existe Indica que não há relação

de existência
está contido Indica que um conjunto
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos ⊂ está contido em outro
a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y conjunto
está contido no conjunto X, representado matemati- não está Indica que um conjunto
camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer, ainda, que o ⊄ contido não está contido em ou-
conjunto X contém o conjunto Y, representado mate- tro conjunto
maticamente por X ⊃ Y.
contém Indica que determinado
⊃ conjunto contém outro
conjunto
Importante!
não contém Indica que determinado
Entenda a diferença: ⊅ conjunto não contém ou-
● Falamos que um elemento pertence ou não tro conjunto
pertence a um conjunto; tal que Serve para fazer a ligação
● Falamos que um conjunto está contido ou não entre a composição de
|
está contido em outro conjunto. um conjunto na “repre- RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
sentação em chaves”
união de Lê-se como “X união Y”.
Representação de Conjunto usando Chaves A ∪ B
conjuntos
interseção de Lê-se como “X intersec-
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- A ∩ B
conjuntos ção Y”
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, diferença de Lê-se como “diferença de
A-B
c, d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáti- conjuntos A com B”
cas para representar os conjuntos. Veja o exemplo a complementar Refere-se ao complemen-
XC
seguir: to do conjunto X

A = {∀ x Є Z | x ≥ 0} Diagrama de VENN

Podemos entender e fazer a leitura do conjunto


Vamos entender como se resolve questões que
anterior da seguinte maneira: o conjunto A é compos-
to por todo x pertencente ao conjunto dos números envolvem Operações com Conjuntos se relacionando.
inteiros, tal que x é maior ou igual a zero. 85
Acompanhe os exemplos a seguir e a maneira 20 gostam de Matemática;
como desenvolvemos suas resoluções: 30 gostam de Português;
10 gostam dos dois;
z Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Mate- 10 gostam apenas de Matemática;
mática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das 20 gostam apenas de Português;
duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam 5 não gostam de nenhuma.
de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos
há nessa sala de aula? z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos;
Siga os passos abaixo:
Matemática (20) Português (30)
z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas;
z Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
z Preencha as demais informações no diagrama;
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
tos envolvidos.

Vamos à resolução:
5
z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas;
10+10+20+5 = X
Matemática Português X = 45 alunos é o total dessa sala.

Também seria possível resolver esse tipo de ques-


tão usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
Matemática (M)
z Preencha as informações de dentro para fora (da Português (p)
interseção para as demais informações);
n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
Matemática Português
n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10

n(M ∪ P) = 40

Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou


Português (aqui já está incluso quem gosta das duas
matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
10 somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Assim como nos problemas com 2 conjuntos, quan-
do nós tivermos 3 conjuntos será possível resolver
o problema por meio de Diagramas de Venn ou por
z Preencha as demais informações no diagrama; meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantidade
Matemática (20) Português (30)
de músicas. Nenhum deles gostaram de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
música alguma que somente um deles tenha gostado.
10
O número de músicas que eles ouviram foi?
20 – 10 = 10 30 – 10 = 20
Siga os passos a seguir:

z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas;
5 z Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
86 Total = X z Preencha as demais informações no diagrama;
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen- z 9 que somente André e Carol gostaram;
tos envolvidos. z 4 que somente Bernardo e Carol gostaram;
z 6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três
Vamos à resolução: conjuntos);
z Os “zeros” representam o fato de que não houve
z Identifique os conjuntos; música que somente um deles tenha gostado.
z Represente em forma de diagramas;
Logo, vem a última etapa:
André Bernardo
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos;

Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas

Questões com três conjuntos podem ser resolvidas


usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X


∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z)

Carol Traduzindo a fórmula:


Total de elementos da união = soma dos conjuntos
– interseções dois a dois + interseção dos três
Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
z Preencha as informações de dentro para fora (da aprendemos, não é mesmo? Vamos praticar!
interseção para as demais informações);
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Determinado porto rece-
André Bernardo beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
10 suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Nessa situação hipotética, 250 contêineres foram car-
regados somente com carne suína.

Carol ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Vamos extrair as informações e colocar dentro dos


diagramas:
800 contêineres distribuição;
z Preencha as demais informações no diagrama;
0 contêineres com os 3 produtos;
André Bernardo 300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
100 contêineres com frango e carne suína.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Bovina Frango
0 12 0

10 50 100 X

9 4

0 Carol
0
6
150 100

Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe- 200 Suína


mos que os três gostaram de dez músicas, depois
preenchemos com as demais informações:

z 12 músicas que somente André e Bernardo gosta- Veja que apenas 200 contêineres foram carregados
ram (na interseção entre os 2 apenas); somente com carne suína. Resposta: Errado. 87
2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Determinado porto rece- 4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um aeroporto, 30
beu um grande carregamento de frango congelado, passageiros que desembarcaram de determinado
carne suína congelada e carne bovina congelada, para voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais
exportação. Esses produtos foram distribuídos em ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner para ser examinados. Constatou-se que exatamente
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres 25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
foram carregados com carne bovina; 450, com carne em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. Com referência a essa situação hipotética, julgue o
Nessa situação hipotética, 50 contêineres foram car- item que se segue.
regados somente com carne bovina.
Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15
estiveram em A.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
diagramas: Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas
800 contêineres distribuição; em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti-
0 contêineres com os 3 produtos; veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros
300 contêineres carne bovina; estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram
450 contêineres carne suína; somente em um desses dois países. Logo,
100 contêineres com frango e carne bovina;
A B
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
100 contêineres com frango e carne suína.

Bovina Frango
X 6 25 – 6 – x =
50 100 X
19 – x

150 100

200 Suína
C 5

Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-


dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.

3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Determinado porto rece- Sabemos que o número de pessoas que estiveram em
beu um grande carregamento de frango congelado, B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para 11 = 6 + (19 – X)
exportação. Esses produtos foram distribuídos em 11 = 25 – X
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner X = 25 – 11
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres X = 14
foram carregados com carne bovina; 450, com carne Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne + 6 = 20. Resposta: Certo.
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Nessa situação hipotética, 400 contêineres continham 5. (CEBRASPE-CESPE — 2016) Situação hipotética: A
frango congelado. ANVISA realizará inspeções em estabelecimentos
comerciais que são classificados como Bar ou Res-
( ) CERTO  ( ) ERRADO taurante e naqueles que são considerados ao mesmo
tempo Bar e Restaurante. Sabe-se que, ao todo, são 96
Com as informações colocadas nos diagramas na estabelecimentos a serem visitados, dos quais 49 são
questão anterior, podemos somar todas as informa- classificados como Bar e 60 são classificados como
ções que não possuem contato com o conjunto de Restaurante. Assertiva: Nessa situação, há mais de 15
frango e subtrair do total. Veja: estabelecimentos que são classificados como Bar e
50 (só bovinos); como Restaurante ao mesmo tempo.
150 (bovinos e suínos);
200 (só suínos). ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com
outras carnes, o que sobrou do total será a resposta Extraindo os dados:
para a questão. total: 96;
800-400= 400 contêineres contêm franco. (Lembre-se, a bar: 49;
banca não perguntou somente frango). Logo, 400 con- restaurante: 60.
88 têineres continham frango congelado. Resposta: Certo.
Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total de z Identificar as etapas do enunciado;
96, porque estamos contando 2x vezes os estabeleci- z Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
mentos que estão na interseção. Logo, descontamos z Multiplicar.
o que passou do total. 109 - 96 = 13 estabelecimentos
que são classificados como Bar e como Restaurante Exemplo: Para fazer uma viagem São Paulo-For-
ao mesmo tempo. Resposta: Errado. taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de
transporte ônibus, carro, moto ou avião. De quantas
maneiras posso escolher os transportes?
Resolução: Usando o lembrete acima:
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
z Identificar as etapas do enunciado;
PROBABILIDADE z Escolher o meio de transporte para ida e para a
volta;
NOÇÕES BÁSICAS DE CONTAGEM E
z Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
PROBABILIDADE
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ôni-
bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4
Para estudarmos probabilidade é necessário uma
possibilidades de escolha (ônibus, carro, moto ou
boa base em noções básicas de contagem, ou seja, você
avião);
precisa saber muito bem o Princípio Fundamental da
z Multiplicar:
Contagem e é isso que vamos estudar agora.
Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
4 · 4 = 16 maneiras.
tante para o nosso estudo: Fatorial.
E se o problema dissesse que você não pode voltar
Fatorial de um Número Natural
no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria a
resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas vai
Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-
mudar na quantidade de possibilidades de escolhas
tões. Veja sua representação simbólica:
para voltar. Veja:
Resolução: Usando o lembrete:
Fatorial de N = n!

Sendo “n” um número natural, observe como z Identificar as etapas do enunciado;


desenvolver o fatorial de n: Escolher o meio de transporte para ida e para a
volta;
n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2 z Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ônibus,
1! = 1 carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi-
0! = 1 bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo
meio de transporte);
Exemplos: z Multiplicar:

3! = 3 · 2 · 1= 6 4 · 3 = 12 maneiras.

4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 ARRANJOS E PERMUTAÇÕES
5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
Permutação Simples
Agora, veja esse outro exemplo:
Imagine que temos 5 livros diferentes para serem
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é
Calcular 6!
4! possível ordenar? Para questões envolvendo permu- RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
tação simples, devemos encarar de um modo geral
Resolução: que temos n modos de escolhermos um objeto (livro)
que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher
6! 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30
4!
=
4·3·2·1 um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro)
Poderíamos, também, resolver abrindo o 6! até 4! e que ocupará o último lugar. Então, temos:
depois simplificar. Veja: Modos de ordenar:

6! 6·5·4! n · (n-1) · ... 1 = n!


4! = 6 · 5 = 30
=
4!
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
Princípio Fundamental da Contagem maneiras de ordenar os livros na estante.
Agora, observe um outro exemplo:
Podemos, também, encontrar como princípio mul- Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai Resolução:
ser bem simples para resolvermos problemas sobre o Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
tema, observe o lembrete: letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U. 89
Arranjo Simples
CAJU CUJA ACJU AUJC

CAUJ CJUA ACUJ ... Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
soas nas cadeiras de uma praça, mas tínhamos apenas
CUAJ CJAU AUCJ ... 3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
mos fazer isso?
Desta maneira, o número de anagramas é 4! = Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí-
4·3·2·1 = 24 anagramas. veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei-
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi
Dica utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
Anagrama é a ordenação de maneira distinta das restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
letras que compõem uma determinada palavra. em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada
Permutação com Repetição pela multiplicação a seguir:
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras =
Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O
problema é causado por conta da repetição de letras 5 · 4 · 3 = 60
na palavra ARARA.
Veja que temos 3 letras A e 2 letras R. De maneira O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim-
tradicional, faríamos 5! (número de letras na palavra), ples. Sua fórmula é dada a seguir:
mas é preciso que descontemos as letras repetidas.
Assim, devemos dividir pelo número de letras fatorial, n!
ou seja, 3! e 2!. A(n, p) =
(n - p) !
5! 5·4·3! = 5·4
= = 10 Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
3!·2! 3!·2·1 2
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA. a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade
Na permutação com repetição devemos descontar da outra.
os anagramas iguais, por isso dividimos pelo fatorial Observe a resolução do nosso exemplo usando a
do número de letras repetidas. fórmula:

5! 5!
Permutação com Repetição b= = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1
Vamos imaginar que temos uma mesa circular com
5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras Uma outra informação muito importante é que
distintas. Observe as duas disposições das pessoas A, nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem
B, C, D, e E ao redor da mesa: dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme-
A E ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça:
B A
E D
MESA CADEIRA 1ª 2ª 3ª
MESA
OCUPANTE Ana Bianca Clara

D C C B Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé


nessa disposição.

Diante do conceito de permutação, essas duas


disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua CADEIRA 1ª 2ª 3ª
direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente). OCUPANTE Clara Bianca Ana
Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a
à mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalen- Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou
tes. Isto porque não existe uma referência espacial foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma
(ponto fixo determinado). Nestes casos, devemos uti- simples mudança na posição da ordem gera uma nova
lizar a fórmula da permutação circular de n pessoas, possibilidade de posicionamento.
que é:
COMBINAÇÕES
Pc (n) = (n-1)!
Para entendermos esse tema, vamos imaginar
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de que queremos fazer uma salada de frutas e precisa-
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será: mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã,
banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã,
90 Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã d) 140 vezes.
para colocar em um outro prato.
Você percebeu que a ordem aqui não importou? Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1,
É exatamente isso, a ordem não importa e estamos 5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher
diante de um problema de Combinação. Será preciso 1, queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo
calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos- um de cada tipo. O total de possibilidades será dado
sível formar. por: 7 x 5 x 4 = 140 possibilidades (conjuntos de
Para resolvermos é necessário usar a fórmula: brinquedos diferentes). Resposta: Letra D.

n! 3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um aeroporto, 30


C(n, p) = (n - p) !p! passageiros que desembarcaram de determinado
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais
Substituindo na fórmula, os valores do exemplo, ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
temos: para ser examinados. Constatou-se que exatamente
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
4! em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
C(4, 3) = desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
(4 - 3) !3!
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
4·3·2·1 item que segue.
C(4, 3) = A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
1·3·2·1
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo
C(4, 3) = 4 menos um deles tenha estado em C é superior a 100.

Dica ( ) CERTO  ( ) ERRADO


No arranjo a ordem importa. Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles
Na combinação a ordem não importa. em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- modo que pelo menos um seja de C, teremos:
ria com exercícios comentados de diversas bancas. Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei-
Vamos lá! ros que seria:
C30,2 = 30.29/2 = 15.29 = 435
1. (VUNESP — 2016) Um Grupamento de Operações Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C,
Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para que seria:
investigações de campo, 6 pistas diferentes devem C25,2 = 25.24/2 = 25.12 = 300
ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada Então, pelo menos um deles é de C, teremos:
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen- 435 - 300 = 135. Resposta: Certo.
tes de se fazer essa distribuição é:
4. (IBFC — 2015) Paulo quer assistir um filme e tem dis-
a) 6. ponível 5 filmes de terror, 6 filmes de aventura e 3 fil-
b) 10. mes de romance. O total de possibilidades de Paulo
c) 12. assistir a um desses filmes é de:
d) 18.
e) 20. a) 90.
b) 33.
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3 c) 45.
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão d) 14.
outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos Paulo tem disponível 14 filmes no total, 5 de terror, 6
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem de aventura e 3 de romance; e dentre esses 14 filmes RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
não é relevante, então, vamos usar a combinação: disponíveis tem que escolher um, portanto o total
de possibilidades será dado pela combinação de 14
C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! =
6·5·4
=
6·5·4
= elementos, tomados um a um.
(6 - 3) !3! 3!3! 3! 3·2·1
C(14,1) = 14 possibilidades. Resposta: Letra D.
5 · 4 = 20. Resposta: Letra E.
5. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um processo de coleta
2. (IDECAN — 2016) Felipe é uma criança muito bagun- de fragmentos papilares para posterior identificação de
ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa. criminosos, uma equipe de 15 papiloscopistas deverá
Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode se revezar nos horários de 8 h às 9 h e de 9 h às 10 h.
levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho, Com relação a essa situação hipotética, julgue o item
1 boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carri- a seguir.
nhos, 5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes Se dois papiloscopistas forem escolhidos, um para
Felipe pode visitar a sua avó sem levar o mesmo con- atender no primeiro horário e outro no segundo horá-
junto de brinquedos já levados antes? rio, então a quantidade, distinta, de duplas que podem
ser formadas para fazer esses atendimentos é supe-
a) 100 vezes. rior a 300.
b) 115 vezes.
c) 130 vezes. ( ) CERTO  ( ) ERRADO 91
Quantos servidores há para escolher que ficará no Logo,
1° horário? 15.
Agora, já para escolher o que ficará no 2° horário, Probabilidade do Evento = 3 = 1 = 0,50 = 50%
temos apenas 14, pois um já foi escolhido para ficar 6 2
no 1° horário. Multiplicando as possibilidades =
15x14 = 210. Resposta: Errado. Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤ 100%.
PROBABILIDADE
Eventos Independentes
Conceito
Qual seria a probabilidade de, em dois lançamentos
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- consecutivos do dado, obtermos um resultado ímpar
ca que cria modelos que são utilizados para estudar em cada um deles? Veja que temos dois experimentos
experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ- independentes ocorrendo: o primeiro lançamento e o
são do resultado de determinado experimento. segundo lançamento do dado. O resultado do primeiro
lançamento em nada influencia o resultado do segundo.
Espaço Amostral e Evento Quando temos experimentos independentes, a
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos um resultado favorável no outro é feita pela multipli-
os resultados possíveis do experimento. cação das probabilidades de cada experimento:
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, P(2 lançamentos) = P(lançamento 1) · P(lançamento 2)
isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
conjunto dos resultados possíveis de um determinado Em nosso exemplo, teríamos:
experimento aleatório (não se pode prever o resul-
tado que será obtido, apenas podemos tentar achar P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
algum padrão).
Agora, pense que você só tem interesse nos núme- Assim, a chance de obter dois resultados ímpares
ros ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa- em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%.
ço amostral é o que chamamos de Evento – composto Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de
apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe- dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu- pela multiplicação da probabilidade de cada um deles:
la para calcular a probabilidade de um evento de um
determinado experimento aleatório, é o que podemos P (A e B) = P(A) x P(B)
chamar de probabilidade de um evento qualquer.
Sendo mais formal, também é possível escrever
P(A ∩ B) = P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção
Dica entre os eventos A e B.
Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
des possíveis e o evento é um subconjunto do PROBABILIDADE CONDICIONAL
espaço amostral.
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER recorrente em questões de concursos. Imagine que
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even-
tos distintos:
n (evento) A – sair um resultado ímpar
Probabilidade do Evento = B – sair um número inferior a 4
n (espaço amostral)
Para o evento A ser atendido, os resultados favo-
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os
Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele- resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi-
mentos do subconjunto Evento, isto é, o número damente a probabilidade de cada um desses eventos:
de resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o
número total de resultados possíveis no experimento 3 1
P(A) = = 0,5 = 50%
aleatório. 6 2
Por isso, costumamos dizer também que: 3 1
P(B) = = 0,5 = 50%
6 2
número de resultados favoráveis
Probabilidade do Evento = E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
números total de resultados
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um
Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme- resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per-
ros impares que nos interessam, temos: gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre-
z n(Evento) = 3 possibilidades; ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”.
z n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades. Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por-
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
92 (três resultados possíveis). Destes resultados, apenas
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por- Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
reu, é simplesmente: 6
P(A) =
20
2
P (A\B) = = 66,6% z P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
3

Uma outra forma de calculá-la é por meio da Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
seguinte divisão:
4
P(B) =
20
P (A k B)
P (A\B) =
P (B)
z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
de 3 e 5
A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba- Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a tempo.
probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4), P(A ∩ B) =
1
temos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3. 20
Isto é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo,
Aplicando na fórmula, temos:
2 1
P (A∩B) = 6 = 3 P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
6 4 1 6+4-1 9
Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos P (A ∪ B) = 20 + 20 - 20 = 20
=
20
que 3 resultados atendem. Portanto,
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS
3 1 EVENTOS
P (A∩B) = =
6 2
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A
Usando a fórmula acima, temos: probabilidade de A ∩ B é dada por:

1 P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B)


P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
P (A\B) = = ·
P (B) 1 3 1 3 Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de
2 ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A
(probabilidade condicional).
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS Se a ocorrência do evento A não interferir na pro-
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde-
Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade
da intersecção será dada por:
quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
P (A ∩ B) = P (A) · P (B)
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi-
vamente. Qual a probabilidade de sair um número
A fórmula pode ser traduzida como a probabilida- ímpar e o número 5? RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
de da união de dois eventos é igual a soma das pro- O “e” que aparece na pergunta é que determina a
babilidades de ocorrência de cada um dos eventos, utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a
subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois probabilidade de sair um número ímpar e o número
eventos simultaneamente. 5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even- interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois
tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P eventos independentes.
(A) + P (B). Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5};
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas Evento B: sair o número 5 = {5};
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Logo,
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
3 1
plo de 3 ou de 5? P(A) = =
6 2
Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e isso
nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sendo assim, 1
P(B) =
6
podemos extrair os dados para aplicar na fórmula:
1 1 1
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
z P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3 2 6 12 93
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40,
com exercícios comentados de diversas bancas. 48, 56, ou seja, 7 números.
Logo 7/60 = 11%.
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um grupo de 10 Resposta: Errado.
pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele-
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a 4. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Em um jogo de azar, dois
probabilidade de que no máximo duas dessas pes- jogadores lançam uma moeda honesta, alternada-
soas sejam crianças é igual a: mente, até que um deles obtenha o resultado cara. O
jogador que detiver esse resultado será o vencedor.
a) 1/6. A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
b) 2/6. logo em seu primeiro arremesso é igual a:
c) 3/6. a) 2/3.
d) 4/6. b) 1/2.
e) 5/6. c) 1/4.
d) 1/8.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o e) 3/4.
que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
obter os casos favoráveis. Precisamos calcular a probabilidade do primeiro joga-
Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6 dor tirar coroa e o segundo jogador obter cara. Pro-
1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E. babilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o segundo
tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4. Resposta: Letra C.
2. (VUNESP — 2017) Um centro de meteorologia infor-
mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva 5. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Cinco mulheres e quatro
no dia programado para ocorrer a operação. Mediante homens trabalham em um escritório. De forma aleató-
essa informação, o oficial no comando afirmou que as ria, uma dessas pessoas será escolhida para trabalhar
probabilidades de que a operação seja realizada nesse no plantão de atendimento ao público no sábado. Em
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não seguida, outra pessoa será escolhida, também aleato-
houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de riamente, para o plantão no domingo.
que a operação ocorra no dia programado é de: Considerando que as duas pessoas para os plantões
serão selecionadas sucessivamente, de forma aleató-
a) 59%. ria e sem reposição, julgue o próximo item.
A probabilidade de os dois plantonistas serem homens
b) 46%.
é igual ou superior a 4/9.
c) 41%.
d) 34%. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
e) 28%.
Sábado: Há 4 homens possíveis, em 9 pessoas no
Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a total = 4/9
probabilidade de não chover é de 40%. Para que a Domingo: Há 3 homens possíveis, de 8 pessoas no
operação ocorra no dia programado, temos duas total (uma já foi escolhida no sábado) = 3/8
situações: Como queremos que seja escolhido um homem no
chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x 20% sábado e um homem no domingo, multiplicamos as
= 12% probabilidades: 4/9 x 3/8 = 12/72 = 4/24.
não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40% A questão é errada, pois 4/24 não é igual ou maior
x 85% = 34% que 4/9.
Somando as probabilidades desses dois cenários, Resposta: Errado.
temos: 12% + 34% = 46%. Resposta: Letra B.

3. (CEBRASPE-CESPE — 2019) A sorte de ganhar ou per-


der, num jogo de azar, não depende da habilidade do
RAZÕES E PROPORÇÕES (GRANDEZAS
jogador, mas exclusivamente das probabilidades dos
resultados. Um dos jogos mais populares no Brasil é DIRETAMENTE PROPORCIONAIS,
a Mega Sena, que funciona da seguinte forma: de 60 GRANDEZAS INVERSAMENTE
bolas, numeradas de 1 a 60, dentro de um globo, são PROPORCIONAIS, PORCENTAGEM,
sorteadas seis bolas. À medida que uma bola é retira-
da, ela não volta para dentro do globo. O jogador pode REGRAS DE TRÊS SIMPLES E
apostar de 6 a 15 números distintos por volante e rece- COMPOSTAS)
berá o prêmio se acertar os seis números sorteados.
Também são premiados os acertadores de 5 números RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES
ou de 4 números.
A partir dessas informações, julgue o item que se segue. A razão entre duas grandezas é igual à divisão
A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um entre elas, veja:
número múltiplo de 8 é de 10%.
2
( ) CERTO  ( ) ERRADO 5

Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...} Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (lê-se 2 está para 5).
94 Números da Mega Sena: 1 a 60. Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
2 4 C D C+D 10.000
= = = = = 2.000
3 6 3 2 3+2 5

Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (lê-se 2 Aqui cabe uma observação importante!


está para 3 assim como 4 está para 6). Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Os problemas mais comuns que envolvem razão e Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
proporção é quando se aplica uma variável qualquer partes dentro da proporção. Veja:
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor
dela. Veja o exemplo: C
= 2.000
3
2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 C = 2000 · 3
3 6
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor- = 2.000
2
ção: produto dos meios pelos extremos.
Meio: 3 e x; D = 2.000 · 2
Extremos: 2 e 6. D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ber R$4.000.
3·X=2.6
3X = 12 z Somas Internas

X = 12/3 a c a+b c+d


= = =
b d b d
X=4
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
priedade fundamental. Porém, algumas questões
proporção.
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. a c a+b c+d
Vamos a elas! = = =
b d a c

Propriedade das Proporções Vejamos um exemplo:

z Somas Externas x 2
=
14 - x 5
a c a+c
= =
b d b+d x + 14 - x 2+5
=
x 2
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
uma questão-exemplo: 14 7
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- =
x 2
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- 7 · x = 2 · 14
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan- 14 · 2
x= =4
to cada um vai receber? 7
Resolução:
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C Portanto, encontramos que x = 4.
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos:
Importante!
C D
3
=
2
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
ve para subtrações internas.
Utilizando a propriedade das somas externas:
z Soma com Produto por Escalar
C D C+D
= =
3 2 3+2 a c a + 2b c + 2d
= = =
b d b d
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
então podemos substituir na proporção: 95
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Exemplo:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na dessas partes corresponde a:
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes propor-
cionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X é pro-
Resolução:
porcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é proporcional a
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o 6, ou seja, podemos representar na forma de razão. Veja:
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos:
X Y Z
A B
= = = constante de proporcionalidade.
= 4 5 6
2 3
Usando uma das propriedades da proporção,
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
somas externas, temos:
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
X+Y+Z 900.000
= 60.000
2A + 3B = 13.000 4+5+6 15

Agora multiplicando em cima e embaixo de um A menor dessas partes é aquela que é proporcional
lado por 2 e do outro lado por 3, temos: a 4, logo:
2A 3B
= X
4 9 = 60.000
4
Aplicando a propriedade das somas externas, X = 60.000 · 4
podemos escrever o seguinte:
X = 240.000
2A 3B 2A + 3B
= =
4 9 4+9 Inversamente Proporcional

Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- É um tipo de questão menos recorrente, mas, não
porção, temos: menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
2A 3B 2A + 3B tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
= = = 13.000 = 1.000 quinhão inversamente proporcional a três números.
4 9 4+9 13
Vejamos um exemplo:
Logo, Exemplo:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
2A inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
= 1.000
4 Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
2A = 4 · 1.000
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
2A = 4.000 total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
cálculo, veja:
A = 2.000

Fazendo a mesma resolução em B: X X X


+ + = 740.000
4 5 6
3B
= 1.000
9 Agora vamos precisar tirar o M.M.C. (mínimo múl-
3B = 9 · 1.000 tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
mos a fração.
3B = 9.000
B = 3.000 4–5–6|2
2–5–3|2
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
1–5–3|3
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
anos de casa receberão R$3.000 de bônus. 1–5–1|5
O total pago pela empresa será:
1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60
Total = 2 · 2000 + 3 · 3000 = 4000 + 9000 = 13000.
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e
REGRA DA SOCIEDADE multiplicando o resultado pelo numerador temos:
Diretamente Proporcional
15x 12x 10x
+ + = 740.000
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro- 60 60 60
va é “dividir uma determinada quantia em partes 37x
proporcionais a determinados números. Vejamos um = 740.000
60
exemplo para entendermos melhor como esse assun-
96 to é cobrado: X = 1.200.000
Agora, basta substituir o valor de X nas razões para d) 27.
achar cada parte da divisão inversa. e) 26.

x 1.200.000 A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o


= = 300.000
4 4 número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
x 1.200.000 120 4x Total de 9x
= = 240.000 121
=
5x
5 5
x 1.200.000 No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
= = 200.000
6 6 aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
a razão em questão passará a ser de 5/8.
Logo, as partes dividas inversamente propor- 120 4x - 2 5
cionais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente, = =
121 5x + 2 - 1 8
300.000, 240.000 e 200.000.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- 4x - 2
=
5
ria com exercícios comentados de diversas bancas. 5x + 1 8
Vamos lá!
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
1. (FAEPESUL — 2016) Em uma turma de graduação 32x – 16 = 25x + 5
em Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos
que a razão entre o número de mulheres e o número 7x = 21
total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de x=3
homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120
alunos. Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
valor de X na primeira equação:
a) 43 homens. 9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
b) 45 homens. grupo.
c) 44 homens.
d) 46 homens. Resposta: Letra D.
e) 47 homens.
3. (IBADE — 2018) Três agentes penitenciários de um
A razão entre o número de mulheres e o número país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
total de alunos é de 5/8: juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
M 5
= o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
T 8
de cada um, em ordem crescente de valores.
A turma tem 120 alunos, então: T = 120
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
Fazendo os cálculos:
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
M
=
5 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
T 8 d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
M 5 e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
=
120 8
D + A + W = 721
8 · M = 5 · 120 A = D + 36
W = A - 44
8M = 600
Substituímos Arley em Wanderson:
M=
600 W= A - 44
8 W= 36+D-44 RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
M = 75 W= D-8
Substituímos na fórmula principal:
A quantidade de homens da sala: D + A + W = 721
120 - 75 = 45 homens. D + 36 + D + D – 8 = 721
3D + 28 = 721
Resposta: Letra B. 3D = 721 - 28
D = 693/3
2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas D = 231
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número Substituímos o valor de D nas outras:
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com A = D + 36
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- A= 231+36= 267
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma W = A - 44
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a W= 267-44
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é: W= 223
Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
a) 30. son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
b) 29. R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00.
c) 28. Resposta: Letra D. 97
4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de razões, pro- z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
porções e inequações, julgue o item seguinte. deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque-
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, la utilizada para calcular a variação da grandeza
para ser divido entre elas, de forma inversamente pro- dependente.
porcional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente.
Assertiva: Nessa situação, Sandra deverá receber Existem dois tipos principais de proporcionalida-
menos de R$ 2.500. des que aparecem frequentemente em provas de con-
cursos públicos. Veja a seguir:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento
6x 9x 8x de uma grandeza implica o aumento da outra;
+ + = 7.900
1 2 3 z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen-
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos: to de uma grandeza implica a redução da outra.

36x
+
27x
+
16x = 7.900 Vamos esquematizar para sabermos quando será
6 6 6 direta ou inversamente proporcionais:
79x
= 7.900
6 DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / -
x = 600
Sendo assim, Sandra está inversamente proporcio- Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
nal a: (sinais iguais)
9x
2
PROPORCIONAL + / - OU - / +
Basta substituirmos o valor de X na proporção.
9x 9 x 600
= = 2.700 Aqui, uma grandeza aumenta e a outra diminui
2 2 (sinais diferentes)
(Valor que Sandra irá receber é maior que 2.500). Agora, vamos esquematizar a maneira que iremos
resolver os diversos problemas:
Resposta: Errado.
DIRETAMENTE
5. (IESES — 2019) Uma escola possui 396 alunos matri- PROPORCIONAL
Multiplica cruzado
culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de
5/7, determine o número de meninos matriculados. INVERSAMENTE
PROPORCIONAL
Multiplica na horizontal
a) 183
b) 225
c) 165 Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
d) 154 mais como funciona:

Total de alunos = 396 z Um muro de 12 metros foi construído utilizando 2


160 tijolos. Caso queira construir um muro de 30
Meninos = H metros nas mesmas condições do anterior, quan-
tos tijolos serão necessários?
Meninas = M

Razão:
H
+
5x Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
M 7x dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
proporcional.
Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
12x é igual ao total que é 396 12 m -------- 2160 (tijolos)
12x = 396 30 m -------- X (tijolos)
x = 33
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)
Portanto o número de meninos será:
e que para fazermos um muro maior vamos precisar
Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
Resposta: Letra C. (+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
12 m -------- 2.160 (tijolos)
Regra de Três Simples
30 m -------- X (tijolos)
A regra de três simples envolve apenas duas gran-
12 · X = 30 . 2160
dezas. São elas:
12X = 64800
98 X = 5400 tijolos
Assim, comprovamos que realmente são necessá- 40 ? ?
= ·
rios mais tijolos. X ? ?

z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para Analisando isoladamente duas a duas:
corrigir as provas de um vestibular. Considerando
6 (imp.) -------- 40 (min)
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro-
3 (imp.) ---- ---- X (min)
fessores para corrigir as provas?
Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos o valor diminui (-) e que o tempo irá aumentar (+),
montar a relação e analisar: pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
5 (prof.) --------- 12 (dias) inverter a razão.
30 (prof.) -------- X (dias)
40 3 ?
= ·
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um X 6 ?
aumento (+), mas, como agora estamos com uma equi-
pe maior, o trabalho será realizado de forma mais Analisando isoladamente duas a duas:
rápida. Logo, a quantidade de dias deverá diminuir
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
porcionais e vamos resolver multiplicando na hori- 2000 (panf.) ------ -- X (min)
zontal. Observe:
Perceba que de 1000 panfletos para 2000 panfletos
5 (prof.) 12 (dias) o valor aumenta (+) e que o tempo também irá aumen-
tar (+). Logo, as grandezas são diretas e devemos man-
30 (prof.) X (dias)
ter a razão.
30 · X = 5 · 12
40 3 1000
30X = 60 X
= ·
6 2000
X=2
Agora, basta resolver a proporção para acharmos
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias o valor de X.
para corrigir as provas.
40 3000
=
Regra de Três Composta X 12000

3X = 40 · 12
A regra de três composta envolve mais de duas
variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta- 3X = 480
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
X = 160
cautelosamente levando em conta alguns princípios:
As três impressoras produziriam 2000 panfletos em
z As análises devem sempre partir da variável
160 minutos, que correspondem à 2 horas e 40 minutos.
dependente em relação às outras variáveis;
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
z As análises devem ser feitas individualmente, ou
vamos analisar mais um exemplo.
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
mantendo as demais constantes;
„ Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas cada
z A variável dependente fica isolada em um dos
uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
lados da proporção.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o
número de linhas por página e para 40 o núme-
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
ro de letras (ou espaços) por linha. Consideran-
como isso tudo funciona:
do as novas condições, determine o número de
páginas ocupadas.
z Se 6 impressoras iguais produzem 1000 panfletos
em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas impres-
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
soras produziriam 2000 desses panfletos?
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
Da mesma forma que na regra de três simples,
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
cada uma delas isoladamente duas a duas. X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
6 ? ?
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min) X
=
?
·?
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
Analisando isoladamente duas a duas:
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
parte dependente de um lado e igualando as razões da
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
seguinte forma – se for direta, vamos manter a razão,
agora, se for inversa, vamos inverter a razão. Observe: X (pág.) -- ----- 30 (linhas) 99
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor aproximadamente 1.100 km, ele estimou, para contro-
diminui (-) e que o número de páginas irá aumentar lar as despesas com a viagem, o consumo de gasolina
(+). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver- do seu veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos,
ter a razão. considerou que esse consumo é constante.
Considerando essas informações, julgue o item que
6 30 ? segue.
= ·
X 45 ? Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
gasolina.
Analisando isoladamente duas a duas:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
6 (pág.) -------- 80 (letras)
Com 1 litro ele faz 10 km.
X (pág.) ------- 40 (letras) Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
dizer que com 1dm³ ele faz 10km.
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui Portanto,
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, 10 km -------- 1dc³
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão. 1.100 km --------- x
10x = 1.100
6 30 40
= · 80 x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
X 45
Resposta: Errado.
6 2 1
= ·
X 3 2 3. (VUNESP — 2020) Uma pessoa comprou determinada
6 2 quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
= guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
X 6
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guarda-
2X = 36 napos por dia. O número de guardanapos comprados foi:
X = 18
a) 60.
b) 70.
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto
c) 80.
respeitando as novas condições é igual a 18.
d) 90.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
e) 100.
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Vamos lá!
x = dias
3 guardanapos por dia -------- x
1. (CEBRASPE-CESPE — 2019) No item seguinte apre-
2 guardanapos por dia -------- x+15
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, São valores inversamente proporcionais, quanto
porcentagens e descontos. mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula comprou Assim, multiplicamos na horizontal:
alimentos em quantidades suficientes para que eles 3x = 2 · (x+15)
e seus dois filhos consumissem durante os 30 dias do 3x = 30+2x
mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos chegou de 3x-2x = 30
surpresa para passar o restante do mês com a família. x = 30
Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas Podemos substituir em qualquer uma das duas
consumir diariamente a mesma quantidade de ali- situações:
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão 3 guardanapos · 30 dias= 90
antes do dia 20 do mesmo mês. 2 guardanapos · 45(30+15) dias = 90.
Resposta: Letra D.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
4. (FUNDATEC — 2017) Cinco mecânicos levaram 27
4 pessoas ------- 24 dias minutos para consertar um caminhão. Supondo que
6 pessoas ------- x dias fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
na horizontal: tos minutos levariam para concluir o conserto desse
6x = 4 · 24 mesmo caminhão?
6x = 96
x = 96/6 a) 20 minutos.
x = 16 b) 35 minutos.
Como já haviam comido por 6 dias é só somar: c) 45 minutos.
6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por d) 50 minutos.
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril). e) 55 minutos.
Resposta: Errado.
Mecânicos ------ Minutos
2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) O motorista de uma 5 ---------------- 27
empresa transportadora de produtos hospitala- 3 ---------------- x
res deve viajar de São Paulo a Brasília para uma Quanto menos mecânicos, mais minutos eles
100 entrega de mercadorias. Sabendo que irá percorrer gastarão para finalizar o trabalho; logo a
grandeza é inversamente proporcional. Multiplica a) 11.
na horizontal: b) 12.
3x = 27 · 5 c) 13.
3x = 135 d) 14.
x = 135/3 e) 15.
x = 45 minutos.
Resposta: Letra C. 5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
5. (IESES — 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa Quanto mais dias para entrega do lote, menos
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta- horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui-
do para sete, em quantos dias essa mesma casa ficaria nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
pronta? serem entregues (direta).
Resolvendo:
a) 18 dias. 8/x = 1/2 · 8/6 · 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
b) 16 dias. 8/x = 1/2 · 4/3 · 4/5
c) 20 dias. 8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
d) 22 dias. 8/x = 8/15
8x = 120
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias)
x = 120/8
7 (pedreiros) ------------- X (dias)
x = 15 dias.
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
Resposta: Letra E.
cionais, então basta multiplicar na horizontal.
5 . 28=7 · X
7X = 140 8. (CEBRASPE-CESPE — 2018) No item a seguir é apre-
X = 140/7 sentada uma situação hipotética, seguida de uma
X = 20 dias . assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
Resposta: Letra C. de, divisão proporcional, média e porcentagem.
Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
6. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Determinado equipamen- com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
to é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, fun- clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
cionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa situação, xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
a quantidade de páginas que esse mesmo equipamen-
to é capaz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e ( ) CERTO  ( ) ERRADO
30 minutos diários para esse fim, é igual a:
3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
a) 2.666.
b) 2.160. 5 caixas - 20 clientes - x minutos.
c) 1.215. 10 5 12
= #
d) 1.500. X 3 20
e) 1.161.
5 · 12 · X = 10 · 3 · 20
Primeiro vamos passar para minutos: 60x = 600
5h = 300min.
4h30min= 270min. X = 10.
min.-----Dias-----Pag. Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
300 -------4-------1800 Não em menos de 10 como a questão afirma.
Resposta: Errado.
270 -------3-------X
Resolvendo, temos: 9. (VUNESP — 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho
ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan-
do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
300 (Simplifica por 30)
1800
=
4
· des de determinado produto. Para a fabricação de 400
270 (Simplifica por 30)
X 3 unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas,
1800 4 10 trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima-
= · do para a realização do serviço é de:
X 3 9
4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9 a) 5 horas e 54 minutos
b) 6 horas e 06 minutos.
X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é
c) 6 horas e 20 minutos.
capaz de digitalizar.
d) 6 horas e 40 minutos.
Resposta: Letra C. e) 7 horas e 06 minutos.

7. (VUNESP — 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
operando com a mesma capacidade de produção,
360 min ------ 5 máquinas ----- 600 unidades (corta os
fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
zeros iguais)
horas por dia. O número de dias necessários para que
4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri- x ------------- 3 máquinas ---- 400 unidades (corta os
quem dois lotes dessas peças é: zeros iguais) 101
360 3 6 O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
= ·
X 5 4 chamado de termo independente.
x·3·6 = 360·5·4 Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
todas as partes que possuem incógnitas de um lado
x·18 = 7200 igual e do outro os termos independentes. Veja um
x = 7200/18 exemplo:
10x = 5x + 20
x = 400
Logo, transformando minutos para horas novamen- Vamos achar o valor de “x”:
te, temos:
10x – 5x = 20
X = 400min
X = 6h40min Passamos o “5x” para o outro lado da igual com o
sinal trocado:
Resposta: Letra D.
5x = 20
10. (VUNESP — 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3
x = 20 / 5
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima,
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de
Isolamos o “x” transferindo o seu coeficiente “5”
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas
dividindo:
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado
para a realização desse trabalho será de: x = 4.

a) 6 horas e 40 minutos. O valor de x que torna a igualdade correta é cha-


b) 6 horas e 58 minutos. mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
c) 7 horas e 12 minutos. grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
d) 7 horas e 20 minutos. mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
e) 7 horas e 35 minutos. igual a zero em ambos os lados. Observe:
Para x = 4
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x 10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 · 4 + 20
Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer 40 = 40
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e 40 – 40 = 0
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são
menos máquinas trabalhando (inversa). z Inequação do Primeiro Grau
4 5000 2
= ·
X 6000 3 Nas inequações temos pelo menos um valor desco-
nhecido (incógnita) e sempre uma desigualdade. Nas
2·X·5 = 4·6·3 inequações usamos os símbolos:
10X = 72 > maior que
< menor que
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 · 60
≥ maior que ou igual
min = 7 horas e 12 minutos)
≤ menor que ou igual
OBS: Para transformar horas em minutos, basta Podemos representar das formas a seguir:
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas
= 0,2 · 60 = 120/10 = 12 min. Resposta: Letra C. ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES
Sendo a e b números reais e a ≠ 0, veja um exemplo
Conceito a seguir:
Resolva a inequação 5x + 20 < 40:
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
mais variáveis – geralmente são as letras do nosso 5x + 20 < 40
alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe- 5x < 40 – 20
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor 5x < 20
dessa incógnita. x < 20 / 5
x<4
Resolução e Discussão
Podemos resolver uma inequação de uma outra
z Equação do Primeiro Grau maneira, fazendo um gráfico no plano cartesiano.
No gráfico, fazemos o estudo do sinal da inequação.
A forma geral de uma equação do primeiro grau Vamos identificar quais valores de x transformam a
102 é: ax + b = 0. desigualdade em uma sentença verdadeira.
Siga os passos: Vamos aplicar isso em um exemplo:
Resolva a inequação 5x + 20 < 40: Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c.
z Coloque todos os termos da inequação em um mes-
mo lado. a=1
b = -3
5x + 20 - 40 < 0 c=2
5x - 20 < 0
Substituindo na fórmula:
z Substitua o sinal da desigualdade pelo da igualdade.
-b ! 2
b - 4ac
5x -20 = 0 x=
2a

z Resolva a equação, ou seja, encontre sua raiz. -(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2


x=
5x -20 = 0 2×1
5x = 20
x = 20 / 5 3! 9-8
x=
x=4 2
3!1
z Faça o estudo do sinal da equação, identificando os x=
2
valores de x que representam a solução da inequa-
ção. Obs.: O gráfico desse tipo de equação é uma 3+1
x1 = =2
reta. 2
3-1
x2 = =1
2

Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri-


4 + x minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual
a:

– Δ = b2 - 4ac

Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:

Identificamos que os valores < 0 (valores negati-


-b ! D
vos) são os valores de x < 4. x=
2a
z Equação do Segundo Grau
O discriminante fornece importantes informações
Equações do segundo grau são equações nas quais de uma equação do 2ª grau:
o maior expoente de x é igual a 2.
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0. z Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
Onde a, b e c são os coeficientes da equação. distintas;
z Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
„ a é sempre o coeficiente do termo em x²; idênticas;
„ b é sempre o coeficiente do termo em x; z Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais.
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Soma e Produto das Raízes RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
verdadeira.
z A soma das raízes é dada por –b/a.
Cálculo das Raízes da Equação z O produto das raízes é dado por c/a.

Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.


bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
colocá-los na seguinte expressão: Produto: c/a = 2 / 1 = 2
Quais são os dois números que somados resultam
2 “3” e multiplicados, “2”?
-b ! b - 4ac
x= Soma: 3 = (2 + 1);
2a Produto 2 = (2 ×1);
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor ria com exercícios comentados de diversas bancas.
utilizando o sinal negativo (-). Vamos lá! 103
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Os indivíduos S1, S2, S3 Para que a equação do segundo grau tenha raízes
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja
interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac.
depoimento, com relação à responsabilização pela 0 = 62 – 4.1.m
prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse 0 = 36 – 4m
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria. 4m = 36
A partir dessa situação, julgue o item a seguir. m = 9.
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja Resposta: Letra B.
8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
que S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a 4. (CONSULPLAN — 2016) Julgue a afirmativa:
140 anos, então é correto afirmar que S2 nasceu antes A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um
de 1984. número ímpar.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO


S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de A soma das raízes é:
idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos S = -b / a
dizer que: S = -(-5) / 1 = 5.
Idade de S2 = Idade de S4 + 2 Resposta: Certo.
Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-
tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que: 5. (IBFC — 2018) José perguntou ao seu avô Pedro, que
X2 = X4 + 2 é professor de matemática, com que idade ele se for-
Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a mou na faculdade. Pedro disse ao neto que sua idade
140 anos: era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 =
X1 + X2 + X3 + X4 = 140 0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre-
32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140 senta a idade que Pedro se formou na faculdade:
74 + 2.X4 = 140
2.X4 = 66 a) 18.
X4 = 33 b) 21.
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim, c) 24.
S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985. d) 27.
Resposta: Errado.
Achando as raízes da equação:
2. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Em um tanque A, há uma x² -10x + 21 = 0
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de
álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão -(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
misturados homogeneamente com 50 L de álcool. x=
A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente. 2×1
Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
igual à do tanque B, é suficiente acrescentar no tanque 10 ! 100 - 84
x=
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L. 2

( ) CERTO  ( ) ERRADO 10 ! 16


x=
2
A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150
10 + 4
= 1/3. x1 = + =7
2
A quantidade X de álcool precisa ser acrescentada
no tanque A para ele chegar nesta mesma propor- 10 - 4
x2 = - =7
ção. A quantidade de álcool passará a ser de 60 + 2
X, e a de gasolina será 240, de modo que ficaremos
com a razão: O produto das raízes é igual a 7 × 3 = 21 anos.
1/3 = (60+X) / 240 Resposta: Letra B.
240 x 1/3 = 60 + X
80 = 60 + X SISTEMA DE EQUAÇÕES
60 + X = 80
X = 80 - 60 Conceito. Resolução, Discussão e Representação
X = 20 litros. Geométrica, Situações-problema Envolvendo
Resposta: Certo. Sistemas de Equações

3. (FUNDATEC — 2011) Qual deve ser o valor de m para z Sistemas de equações de primeiro grau (siste-
que a equação x2 + 6x + m = 0 tenha raízes reais iguais? mas lineares)

a) 3. Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de uma


b) 9. incógnita. Imagine que um exercício diga que: x + y = 10.
c) 6. Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
d) -9. que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5,
104 e) -3. 15 e -10, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter
mais uma equação envolvendo as duas incógnitas Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma
para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o multiplicação, pois já temos a condição necessária
exemplo a seguir: para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos
fazer apenas a soma das equações. Veja:
*
x + y = 10

*
4x - y = 5 x + y = 10

4x - y = 5
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
5x = 15
do o método da substituição. Este método é muito sim-
ples e consiste basicamente em duas etapas: x=3

„ Isolar uma das variáveis em uma das equações; Substituindo o valor de “x” na primeira equação
„ Substituir esta variável na outra equação pela achamos o valor de “y”:
expressão achada no item anterior.
x + y = 10
Vamos aplicar no nosso exemplo: 3 + y = 10
Isolando “x” na primeira equação
y = 10 – 3
x = 10 – y y=7

Substituindo “x” na segunda equação por “10-y” Veja um outro exemplo que vamos precisar
multiplicar:
4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)

*
40 – 4y – y = 5 x + y = 10
-5y = 5 – 40 x - 2y = 4
-5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35 Multiplicando por -1 a primeira equação, temos:

y=7
(
- x - y = - 10

Logo, voltando na primeira equação, acharemos o x - 2y = 4


valor de “x”

x = 10 – y Fazendo a soma:

x = 10 – 7
(
- x - y = - 10
x=3 x - 2y = 4

Assim, x = 3 e y = 7. -3y = -6
y = -6 / -3
Dica
y= 2
Método da substituição
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações; Substituindo o valor de “y” na primeira equação
2: Substituir essa variável na outra equação pela achamos o valor de “x”: RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
expressão achada no item anterior.
x + y = 10
Há um outro método para resolver um sistema
x + 2 = 10
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou
soma) de equações. Veja: x = 10 – 2
x=8
„ Multiplicar uma das equações por um número
que seja mais conveniente para eliminar uma Sistemas de Equações do 2º Grau
variável;
„ Somar as duas equações, de forma a ficar ape- Vamos usar o mesmo método principal para resol-
nas com uma variável. vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili-
zamos no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o
Veja o exemplo a seguir: Método da Substituição. Veja um exemplo:

* (
x + y = 10 x+y=3
2 2
4x - y = 5 x -y =-3 105
Isolando x na primeira equação, temos que x = Me = 2.Mo
3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação, Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de
temos que: menta são o triplo das de morango:
(3 – y)2 – y2 = -3 Me – 5 = 3.(Mo – 5)
Me – 5 = 3.Mo – 15
9 – 6y + y – y2 = -3 Me = 3.Mo – 10
y=2 Na segunda equação, podemos substituir Me por
2.Mo.
2.Mo = 3.Mo – 10
Logo,
10 = 3.Mo – 2.Mo
10 = Mo
x=3–y=3–2=1 O valor de Me é:
Me = 2.Mo
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria Me = 2.10
com exercícios comentados de diversas bancas. Me = 20
Total: 10 + 20 = 30 balas.
1. (VUNESP — 2018) Em um concurso somente para os Resposta: Letra C.
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição
para um desses cargos. Sabendo que o número de Leia o trecho a seguir para responder as questões
candidatos inscritos para o cargo A era 3000 unidades de 3 a 5.
menor que o número de candidatos inscritos para o
cargo B, e que a razão entre os respectivos números, Considere que em um escritório de patentes, a quan-
nessa ordem, era igual a 0,4, então é verdade que o tidade mensal de pedidos de patentes solicitadas para
produtos da indústria alimentícia tenha sido igual à soma
número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
dos pedidos de patentes mensais solicitadas para produ-
pondeu, do total de candidatos inscritos, a:
tos de outra natureza. Considere, ainda, que, em um mês,
além dos produtos da indústria alimentícia, tenham sido
a) 3/7. requeridos pedidos de patentes de mais dois tipos de pro-
b) 5/9. dutos, X e Y, com quantidades dadas por x e y, respectiva-
c) 4/7. mente. Supondo que T seja a quantidade total de pedidos
d) 2/3. de patentes requeridos nesse escritório, no referido mês,
e) 5/7. julgue os itens seguintes.

A = B – 3000 3. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se T = 128, então as


A/B = 0,4 quantidades x e y são tais que x + y = 64, com 0 ≤ x ≤
A = 0,4B 64.
Substituindo essa última equação na primeira,
temos: ( ) CERTO  ( ) ERRADO
0,4B = B – 3000
3000 = B – 0,4B Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x
3000 = 0,6B + y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64.
Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
B = 3000/0,6
indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual
B = 5000
à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de a=x+y
A: O total de pedidos é:
A = 0,4 x 5000 T = a + x + y = a + a = 2a
A = 2000 Como T = 128, temos
Total 128 = 2a
A + B = 5000 + 2000 = 7000 a = 64
O número de inscritos para o cargo B, em relação Resposta: Certo
ao total, será:
5000/7000 = 5/7. 4. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se, em determinado mês,
Resposta: Letra E. a quantidade de pedidos de patentes do produto X foi
igual ao dobro da quantidade de pedidos de patentes
2. (FGV — 2017) O número de balas de menta que Júlia do produto Y, então a quantidade de pedidos de paten-
tinha era o dobro do número de balas de morango. tes de produtos da indústria alimentícia foi o quádru-
plo da quantidade de pedidos de patentes de Y.
Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores
para sua irmã, agora o número de balas de menta que
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos de
patentes do produto X foi igual ao dobro da quanti-
a) 42. dade de pedidos de patentes do produto Y, então a
b) 36. quantidade de pedidos de patentes de produtos da
c) 30. indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade
d) 27. de pedidos de patentes de Y.
106 e) 24. Sendo x o dobro de y, ou seja, x =2y, temos que:
a=x+y Km hm dam m dm cm mm
a = 2y + y (quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

a=3
Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”) ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10
são o triplo das patentes de Y.
Resposta: Errado
Km hm dam m dm cm mm
5. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se T = 128 e a quantida-
de x foi 18 unidades a mais do que a quantidade y, :10 :10 :10 :10 :10 :10
então a quantidade y foi superior a 25.
Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do
casas até chegar em centímetro. Logo,
que a quantidade y, então a quantidade y foi supe-
rior a 25. 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
Se T = 128, temos que x + y = 64. Foi dito ainda que:
x = y + 18 Medidas de Área (Superfície)
Substituindo x por y + 18, temos:
x + y = 64 A unidade principal tomada como referência é o
(y + 18) + y = 64 metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
y = 23 unidades. diferentes que servem para medir dimensões maiores
Resposta: Errado. ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 100. Veja o esquema a seguir:

SISTEMAS DE MEDIDAS Km2


(quilômetro
hm2
(hectômetro
dam2
(decâmetro
m2
(metro
dm2
(decímetro
cm2
(centímetro
mm2
(milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um


conjunto padronizado de definições para unidades de ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
medida correspondentes às grandezas físicas funda-
mentais. É o sistema de medição mais usado atualmente, Km2 mm2
hm2 dam2 m2 dm2 cm2
tanto no comércio como na ciência, visando uniformi-
zar e facilitar as medições e relações internacionais.
Segue uma tabela das principais medidas em suas :100 :100 :100 :100 :100 :100
respectivas grandezas de acordo com o SI.
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2:
Tempo Segundos (s) Para sair do metro quadrado e chegar no centíme-
tro quadrado devemos multiplicar por 10000 (100x100),
Massa Quilograma (kg) pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2.
Comprimento Metro (m)
Medidas de Volume (Capacidade)
Temperatura kelvin (k)

Quantidade de substâncias mol A unidade principal tomada como referência é o


metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
Corrente elétrica Ampére (A) diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície
Intensidade luminosa Candela (cd) segue potências de 1000. Veja o esquema a seguir

VOLUMES
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
Unidades de medida: Métrica, Áreas, Volumes,
Estimativas e Aplicações
×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
Quando estudamos o sistema de medidas, nos
atentamos ao fato de que ele serve para quantificar Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
Porém, existem as conversões entre as unidades para
:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000
uma melhor interpretação e leitura.

Medidas de Comprimento Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3:


Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
A unidade principal tomada como referência é o cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife- pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
rentes que servem para medir dimensões maiores ou cúbico. Logo,
menores. A conversão de unidades de comprimento
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo: 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3. 107
Veja, agora, algumas relações interessantes e que Vamos transformar 3,5 kg em gramas.
você precisa ter em mente para resolver a diversas Sabemos que 1 kg equivale a 1000 gramas, logo:
questões.
1 kg — 1000 g
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE 3,5 Kg — x
1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
x = 3,5 × 1000
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
x = 3500 g
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3) Então, podemos dizer que 3,5 kg equivalem a 3500 g.
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) Medidas de Temperatura

Medidas de Tempo O instrumento para a medição de temperatura é o


termômetro, que é um tubo graduado com um líquido
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu- em seu interior (mercúrio ou álcool). As escalas mais
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como comuns para medir temperatura são:
se faz a relação nessa unidade.
Para transformar de uma unidade maior para a z Celsius: Medida em graus centígrados;
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja: z Kelvin: Medido em Kelvin;
z Fahrenheit: Medida em graus Fahrenheit.
1 hora = 60 minutos
h = 4 x 60 = 240 minutos As conversões entre essas escalas termométricas
são dadas pelas fórmulas a seguir:
Para transformar de uma unidade menor para a
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
„ De graus Celsius para Kelvin: TK = ToC + 273;
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h. „ De graus Celsius para Fahrenheit: ToC / 5 = (ToF-
32) / 9.
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações: Veja os exemplos a seguir:

1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) Exemplo 1: Transformar 250 K para °C:

1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)


TK = ToC + 273
250 = ToC + 273
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
ToC = 273 – 250
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes, ToC = –23°
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
Exemplo 2: Transformar 85 oC para oF:
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante
do dia. ToC / 5 = (ToF-32) / 9

1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. 85/5 = (ToF-32) / 9


17 = (ToF-32) / 9
Medidas de Massa
17 × 9 = ToF-32
As unidades a seguir são as mais utilizadas quando
153 + 32 = ToF
estamos trabalhando a massa de uma matéria. Veja
quais são: ToF = 185°

z Tonelada (t); Veja, agora, algumas relações que você precisar ter
z Quilograma (kg); em mente para resolver diversas questões:
z Grama (g);
z Miligrama (mg).
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
Vamos tomar como base as relações a seguir para 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
converter uma unidade em outra. Observe: 1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)

z 1 t = 1000 kg (uma tonelada tem mil quilogramas); 1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
z 1 kg = 1000 g (um quilograma tem mil gramas); 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
z 1 g = 1000 mg (uma grama tem mil miligramas). 1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)

108 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)


Observe o exemplo a seguir de uma conversão:
Resolução de Problemas Envolvendo Grandezas l2 = 40000
l = √40000
Após olharmos toda a parte teórica, vamos resolver l = 200 metros.
algumas questões de diversas bancas que envolvem Logo, a medida do lado é de 200 metros. Resposta:
as grandezas de comprimento, volume, capacidade, Letra A.
tempo, massa, temperatura e área.
4. (ENEM — 2020) É comum as cooperativas venderem
1. (ENCCEJA — 2019) Tonel é um recipiente utilizado seus produtos a diversos estabelecimentos. Uma
para armazenar líquidos. Uma vinícola utiliza tonéis cooperativa láctea destinou 4 m3 de leite, do total
com capacidade de 1 000 litros cada um, para armaze- produzido, para análise em um laboratório da região,
nar sua produção de 50 m³ de vinho. separados igualmente em 4 000 embalagens de mes-
Quantos tonéis serão necessários para armazenar ma capacidade.
toda a produção dessa vinícola? Qual o volume de leite, em mililitro, contido em cada
embalagem?
a) 50.
b) 20. a) 0,1
c) 5. b) 1,0
d) 2. c) 10,0
d) 100,0
Para responder à questão, é necessário que lembre- e) 1 000,0
mos da seguinte relação:
1 m³ = 1000 l. Logo, 50 m³ = 50000 l. Então, a quan- Vamos fazer as devidas conversões: 4 m3 = 4 × 103
tidade de tonéis é de: 50000 / 1000 = 50 tonéis. Res- dm3 = 4 000 dm3 = 4 000 litros
posta: Letra A. O volume de leite, em litros, contido em cada emba-
lagem é (4000 litros) ÷ 4000 = 1 litro.
2. (ENCCEJA — 2019) De acordo com dados do Instituto
Logo, 1 litro = 1000 ml. Resposta: Letra E.
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produ-
ção brasileira de café, no segundo semestre de 2014,
foi estimada em 47 milhões de sacas de 60 kg cada.

Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 jul. 2014 COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS


(adaptado).
LÓGICAS E LÓGICA DE
A produção brasileira de café, em milhão de quilogra- ARGUMENTAÇÃO (ANALOGIAS,
mas, segundo essa estimativa, foi de: INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E
a) 107. CONCLUSÕES)
b) 282.
c) 2 420. ESTRUTURA LÓGICA
d) 2 820.
A Negação com o Conectivo “Não”
Para responder à questão, basta fazermos a seguin-
te multiplicação: 47 milhões × 60 kg. Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
Como a resposta é pedida em milhão de quilogra- Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos,
mas, faremos uma multiplicação direta: isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
47 × 60 = 2820 milhões de quilogramas. Resposta: e vice-versa. Exemplo:
Letra D. p: Matemática é difícil.
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
3. (ENCCEJA — 2018) Uma comunidade rural de um
estado brasileiro possui 4 hectares de terra, em forma Outras maneiras que podemos usar para negar
quadrada, para plantação de cana. Sabe-se que 1 hec- uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro- RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
tare equivale a uma área de 10 000 m2. vas de concursos são:
Dessa forma, a medida do lado, em metro, das terras
dessa comunidade é: z Não é verdade que matemática é difícil;
z É falso que matemática é difícil.
a) 200.
b) 400. Conjunção (Conectivo E)
c) 20 000.
d) 40 000. Representação simbólica: ^
Exemplos:
Extraindo os dados, temos:
1ha ------ 10 000m2 z Na linguagem natural:
4ha ------- x
x = 4 × 10000 „ O macaco bebe leite e o gato come banana.
x = 40 000 m2
Como o terreno é quadrado, então sabemos que sua z Na linguagem simbólica:
área é calculada elevando um lado ao quadrado, ou
seja: „ p ^ q. 109
Disjunção Inclusiva (Conectivo Ou) Veja que temos uma proposição condicional (se
então) e a representação simbólica apresentada é
Representação simbólica: v
de uma bicondicional. Representação da condicio-
nal (). Resposta: Errado.
Exemplos:

z Na linguagem natural: 2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Julgue o seguinte


item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. argumentação.
A proposição “A construção de portos deveria ser
z Na linguagem simbólica: uma prioridade de governo, dado que o transporte
de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
„ p v q. econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou)
são proposições simples adequadamente escolhidas.
Representação simbólica: ⊻
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Exemplos:

z Na linguagem natural: A representação simbólica apresentada para julgar-


mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta. tada uma proposição composta pela condicional na
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
z Na linguagem simbólica: e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.

„ p ⊻ q. 3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Considere as seguintes


proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
Condicional (Conectivo Se e Então)
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o
Representação simbólica: →
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
Exemplo: a negação da proposição S.
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se
z Na linguagem natural: o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
cação ou não receberá visitas.
„ Se estudar, então vai passar.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Na linguagem simbólica:
P: O paciente receberá alta;
„ p → q.
~P: O paciente não receberá alta;
Q: O paciente receberá medicação;
Bicondicional (Conectivo “Se e Somente Se”)
R: O paciente receberá visitas.
Representação simbólica: A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida:
Exemplo: Se o paciente não receber alta, então ele receberá
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.
z Na linguagem natural:
4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Julgue o item a seguir, a
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber respeito de lógica proposicional.
dinheiro. A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo
Estado é consequência da radicalização da socieda-
z Na linguagem simbólica: de civil em suas posições políticas.” pode ser corre-
tamente representada pela expressão lógica P→Q,
„ p ⟷ q. em que P e Q são proposições simples escolhidas
adequadamente.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Vamos lá!
A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado é
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) As proposições P, Q e R a
(verbo de ligação) consequência da radicalização
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
da sociedade civil em suas posições políticas. Temos
Carlos, Paulo e Maria: apenas um verbo e por esse motivo é uma proposi-
P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é ção simples.
mentiroso”. R: “Maria é inocente”. Cuidado com o uso da palavra consequência em
Considerando que ~X representa a negação da propo- proposições como esta. Em determinadas situações,
sição X, julgue o item a seguir. de fato, teremos uma proposição condicional, senão
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é vejamos:
culpada.” pode ser representada simbolicamente por Passar (verbo no infinitivo) é consequência de estu-
(~Q)↔(~R). dar (verbo no infinitivo)
Nesse caso, temos uma proposição composta pela
110 ( ) CERTO  ( ) ERRADO condicional. Resposta: Errado.
5. (CEBRASPE-CESPE — 2016) Considerando os símbo- z Nenhum A é B : É falsa;
los normalmente usados para representar os conecti- z Algum A é B : É verdadeira;
vos lógicos, julgue o item seguinte, relativos a lógica z Algum A não é B : é falsa.
proposicional e à lógica de argumentação. Nesse sen-
tido, considere, ainda, que as proposições lógicas sim- Quantificador Universal “Nenhum” (Negativo)
ples sejam representadas por letras maiúsculas.
A sentença A fiscalização federal é imprescindível
Exemplos:
para manter a qualidade tanto dos alimentos quanto
dos medicamentos que a população consome pode
z Nenhum A é B;
ser representada simbolicamente por P∧Q.
z Nenhum homem joga bola.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Para ser proposição composta, haveria mais de um
que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
verbo na frase, por isso, a frase em questão é con-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
siderada uma proposição simples. Procure o verbo
tação com diagrama:
na oração.
A fiscalização federal é imprescindível para manter
a qualidade tanto dos alimentos quanto dos medica-
A B
mentos que a população consome. Resposta: Certo.

DIAGRAMAS LÓGICOS

Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos


Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas,
que são elementos que especificam a extensão da vali-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan- Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
que indicam que houve quantificação. São exemplos tando o diagrama, serão os seguintes:
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
pelo menos um, nenhum. z Todo A é B – É falsa;
Esses quantificadores podem ser classificados em z Algum A é B – É falsa;
dois tipos: z Algum A não é B – é verdadeira.

z Quantificador Universal; Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo


z Quantificador Existencial (particulares). Menos um / Existe

Nos quantificadores universais temos todo e Exemplos:


nenhum, já nos particulares temos pelo menos um,
existe um e o algum. z Algum A é B.
Agora, vamos estudar a representação de cada um z Algum homem joga bola.
dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Quantificador Universal “Todo” (Afirmativo) exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que Algum A é B significa que o conjunto A tem pelo
Exemplos: menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
z Todo A é B; mos fazer representações com diagramas:
z Todo homem joga bola.
A B
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar que
Todo A é B significa que todo elemento de A também é ele-
mento de B. Logo, podemos representar com o diagrama:

A Os dois conjuntos possuem uma parte em comum

Veja que em todas as representações de A e B


possuem intersecção. Então, quando Algum A é B é
verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
O conjunto A dentro do conjunto B seguintes:

Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi- z Todo A é B : É indeterminado;


cos das outras proposições categóricas, interpretando z Nenhum A é B : É falsa;
os diagramas, serão os seguintes: z Algum A não é B : É indeterminado. 111
Quantificador Particular (Negativo): Algum / Pelo „ Termo médio: mamíferos.
Menos um / Existe + a partícula Não
Exemplo 2:
Exemplos:
z Todos os homens são mortais;
z Algum A não é B; z Sócrates é homem;
z Algum homem não joga bola. z Logo, Sócrates é mortal.

Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no „ Termo maior: mortais;


exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar que „ Termo menor: Sócrates;
Algum A não é B significa que o conjunto A tem pelo me- „ Termo médio: homem.
nos um elemento que não pertence ao conjunto B. Logo,
podemos fazer três representações com diagramas: REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO

Regras Relativas aos Termos

z 1ª Regra: O silogismo tem três termos: o maior, o


menor e o médio. Exemplos:

„ As margaridas são flores;


„ Algumas mulheres são Margaridas;
„ Logo, algumas mulheres são flores.
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
contato de alguns elementos de A com B Veja que margaridas e Margaridas são termos
equívocos. Não respeitamos esta regra, porque esse
Veja que em todas as representações o conjunto silogismo tem 4 termos. O termo margaridas está
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao empregado em 2 sentidos, valendo por 2 termos;
conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate- z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na con-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
Exemplos:
z Todo A é B : É falsa;
z Nenhum A é B : É indeterminada; „ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não
distribuído);
z Algum A não é B : É indeterminado.
„ Os portugueses não são espanhóis;
„ Logo, os portugueses não são inteligentes.
SILOGISMOS
Menor extensão na conclusão do que nas premissas;
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro do
raciocínio dedutivo e geralmente é formado por três z 3ª Regra : O termo médio nunca pode estar na con-
proposições, em que de duas delas, que funcionam clusão. Exemplos:
como premissas ou antecedente, extrai-se outra propo-
sição que é a sua conclusão ou consequente. Além disso, „ Toda planta é ser vivo;
podemos dizer que é um tipo especial de argumento. „ Todo animal é ser vivo;
„ Todo ser vivo é animal ou planta.
Estrutura do Silogismo Categórico
z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído
z Premissa maior: geralmente é a primeira. Con- pelo menos uma vez. Exemplos:
têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da „ Alguns (não distribuído) homens são ricos;
qual faz parte; „ Alguns (não distribuído) homens são artistas;
z Premissa menor: geralmente é a segunda. Con- „ Alguns artistas são ricos.
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor; Regras Relativas às Proposições
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
médio (M); z 5ª Regra: De duas premissas negativas nada se
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo pode concluir. Exemplos:
maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
sas, mas nunca aparece na conclusão. „ Nenhum palhaço é chinês;
„ Nenhum chinês é holandês;
Veja os exemplos a seguir: „ Logo, (não se pode concluir).
Exemplo 1:
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-
z Todos os mamíferos são animais; ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
z Os cães são mamíferos; que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
z Logo, os cães são animais. médio (que é o único que nos permite relacioná-los);

„ Termo maior: animais; z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se


112 „ Termo menor: cães; pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:
„ Todos os mortais são desconfiados;
„ Alguns seres são mortais;
„ Alguns seres não são desconfiados.

z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:

„ Todos os homens são felizes;


„ Alguns homens são espertos;
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca pode ser geral.

z 8ª Regra: De duas premissas particulares, nada se pode concluir. Exemplos:

„ Alguns italianos não são vencedores;


„ Alguns italianos são pobres;
„ Logo, (nada se pode concluir).

Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!

REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas negativas, nada se conclui
médio e menor
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu-
z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
são negativa
que os termos das premissas
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca
z O termo médio não pode entrar na conclusão
z De duas premissas particulares, nada se conclui
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez

Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria com exercícios comentados de diversas bancas. Vamos lá!

1. (FGV — 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto concluir que:

a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”.


b) “Quem não é pescador não sabe nadar”
c) “Todos os pescadores sabem nadar”.
d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”.
e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.

Veja que a questão pede a negação do quantificador “nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos negar o
“nenhum” usando o quantificado “todo” e vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estrategicamente as alter-
nativas C, D e E. Como temos um quantificador universal negativo e sabemos que para negar precisamos de um
particular afirmativo, só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B não está de acordo com a regra. Você
também poderia usar o lembrete “nenhum nega com PEA”.
Resposta: Letra A.

2. (FUNDATEC — 2019) A negação da sentença “algum assistente social acompanhou o julgamento” está na alternativa:

a) Algum assistente social não acompanhou o julgamento.


b) Todos os assistentes sociais acompanharam o julgamento. RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o julgamento.
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento.
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o julgamento.

A questão pede a negação do “algum” – quantificador particular afirmativo. Já aprendemos que, para fazer essa
negação, usamos um quantificador universal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”, pois o mesmo é uni-
versal negativo. Assim, a nossa sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o julgamento”
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julgamento” Resposta: Letra D.

3. (FUNDATEC — 2019) Assinale a alternativa que corresponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia da infor-
mação são bons desenvolvedores”.

a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação não é bom desenvolvedor.


b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom desenvolvedor.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não são bons desenvolvedores.
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são bons desenvolvedores.
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecnologia da informação. 113
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem- � “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”, matemático, então é Dialético”.
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”,
reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo,
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
são bons desenvolvedores” reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec-
nologia da informação não é bom desenvolvedor. Dialético
Resposta: Letra A.

4. (VUNESP — 2019) A alternativa que corresponde à Mat.


negação lógica da proposição composta: “todos os
cantores são músicos e existe advogado que é can-
tor”, é:
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
seja cantor. também que temos um dos casos de equivalência
b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe lógica do conectivo “se... então” – a contrapositiva).
advogado que seja cantor. IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
c) Há cantores que são músicos e existe advogado que co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
não é cantor.
como vimos nos diagrama da alternativa II).
d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
Resposta: Letra A.
seja cantor.
e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
do que é cantor. VERDADES E MENTIRAS

Só podemos negar um Quantificador Universal Estamos diante de um assunto bem interessante,


(“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen- pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a
cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim, um caso onde várias pessoas afirmam certas situações
eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas
as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor- também há aquela que só mente. Então, o seu dever
gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo. é entender o que o enunciado está querendo e achar
Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q: quem são os mentirosos e verdadeiros.
P: todos os cantores são músicose (^) Em algumas questões, você terá que fazer um teste
Q: existe advogado que é cantor. lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis-
Negando: posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos entre as informações, sua suposição estará correta e
um não é = algum não é) ou (v)
você conseguirá achar quem está falando a verdade
~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe =
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou
não existe advogado que seja cantor”. Resposta: que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem
Letra B. teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse
5. (VUNESP — 2019) Considere como verdadeira a pro- tipo de questão praticando bastante.
posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
enuncia que tal proposição implica, necessariamente, 1. (FCC — 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três
que: irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação.
I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético. Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles
II. Se Pedro é dialético, então é matemático. quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemático. cada um.
IV. Se Renato não é matemático, então não é dialético.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!”
Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
apenas: Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
a) I e III.
Sabendo que somente um dos três falou a verdade,
b) I e II.
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que
c) III e IV.
d) II e III. disse a verdade são, respectivamente:
e) II e IV.
a) Huguinho e Luizinho.
Você precisa lembrar das equivalências para res- b) Huguinho e Zezinho.
ponder essa questão. c) Zezinho e Huguinho.
� “Nenhum matemático é não dialético” equivale a d) Luizinho e Zezinho.
114 “Todo Matemático é Dialético”; e) Luizinho e Huguinho.
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- 3. (VUNESP — 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
mações contraditórias, pois numa contradição Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
haverá uma “verdade e mentira”. uma pessoa. Na delegacia:
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos
z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor-
z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
mações contraditórias:
z Rogério disse que tinha sido Paulo;
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
contradizem.
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi:
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que-
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira a) Lucas.
para quem não está na contradição). b) Sandro.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo c) Rogério.
ele quebrou o vaso. d) Vitor.
Eliminamos as letras C, D e E. e) Paulo.
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Luizinho falando a verdade. Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Resposta: Letra A. Se um estiver falando a verdade, outro está mentindo.
Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as
2. (IF-PA — 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são demais frases são verdadeiras. Assim, analisando
quatro amigas com diferentes idades. Quando se per- as afirmações, percebemos que a frase de Rogério
guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as (que é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi
seguintes respostas: Paulo.
Resposta: Letra E.
z Ângela: Eu sou a mais velha;
4. (COLÉGIO PEDRO II — 2017) Na mesa de um bar estão
z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem;
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
z Carol: Eu não sou a mais jovem;
e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
� Denise: Eu sou a mais jovem.
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a nota que um deles não entregou sua parte, consegue
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen- detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
te, são: do as seguintes alegações:

a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha. V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.

Vamos analisar: Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-


� Ângela: Eu sou a mais velha; tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
� Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem; a) Arnaldo.
� Carol: Eu não sou a mais jovem; b) Belarmino. RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
� Denise: Eu sou a mais jovem. c) Cleocimar.
Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois d) Dionésio.
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem e) Ercílio.
e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
jovem, teremos um cenário em que todas as meni-
gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não
o que diz Dionésio e Ercílio:
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
ser a mais jovem. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
Como o enunciado diz que apenas uma delas está Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse a verdade:
mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
mesmo tempo, o que é logicamente impossível em III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
um grupo de 4 meninas. V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais a verdade e disse que foi o Ercílio.
jovem. Resposta: Letra D. Resposta: Letra E. 115
5. (FCC — 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair Total = 320.
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas Séries = 256.
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus- Filmes = 194.
peitos deram as seguintes declarações: Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B.
Cássio: Jair é o culpado do crime.
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. 2. (FCC — 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram uma
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime.
maratona. Logo após a largada, Antônio estava em
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime.
primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e Carlos em
Jair: Eu não cometi o crime.
terceiro lugar. Durante a corrida Bruno e Antônio tro-
caram de posição 5 vezes, Bruno e Carlos trocaram de
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na
posição 4 vezes e Antônio e Carlos trocaram de posi-
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos,
ção 7 vezes. A ordem de chegada foi:
exatamente três mentiram na declaração. Sendo
assim, o único inocente que declarou a verdade foi:
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
a) Cássio. b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
b) Ernesto. c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º).
c) Geraldo. d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
d) Álvaro. e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º).
e) Jair.
Para resolver essa questão basta saber que: se o
Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó- número de trocas for PAR (não importa a quantida-
rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA. de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não
Cássio: Jair é o culpado do crime. importa a quantidade), serão trocadas.
Jair: Eu não cometi o crime. Logo,
Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul- 1º Antônio
pado e disse a verdade como o enunciado afirmou. 2º Bruno
Mas, note que não podemos ter duas verdades como 3º Carlos
a situação apresentada nos mostrou, pois é uma Bruno e Antônio trocaram 5 vezes  número ímpar,
contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru-
não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen- no 2º Antônio 3º Carlos
te e falou a verdade. Bruno e Carlos trocaram 4 vezes  número par,
Resposta: Letra E. cada um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio
3º Carlos
LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS Antônio e Carlos trocaram 7 vezes  número ímpar,
ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO então, Antônio trocará de lugar com Carlos:
1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B.
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos 3. (VUNESP — 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra-
agora resolver algumas questões que envolvem pro- balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana
blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana.
pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço.
já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos serviço nesse dia foram:
resolver questões para entendermos como são cobra-
das em provas.
a) Bete, Ana e Carol.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
b) Bete, Carol e Ana.
com exercícios comentados de diversas bancas.
c) Ana, Carol e Bete.
d) Ana, Bete e Caro.
1. (FUNDATEC — 2020) Em shopping da cidade, foram
e) Carol, Bete e Ana.
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de
séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam Ana chegou depois de Bete  Então, Ana não foi a
de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
uma das duas opções e que ninguém disse que não Carol chegou antes de Ana  Se Carol chegou antes
gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
filmes ao mesmo tempo? foi a última a chegar, elimine a alternativa A.
Carol não foi a primeira a chegar no serviço.  Já
a) 110. que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a
b) 130. alternativa E.
c) 150. Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana.
d) 170. Resposta: Letra B.
e) 190.
4. (IBADE — 2020) Numa avenida em linha reta, a agên-
Temos uma questão que relaciona os conceitos de cia dos correios fica entre a escola e o restaurante, e
conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos a escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con-
116 somar todos os valores e descontar do total. Fica: clui-se que:
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. Vamos analisar o exemplo:
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios.
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante. z p1: Todo padre é homem;
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola. z p2: José é padre;
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios. z c: José é homem.
Primeiro: Escola__Correios__Restaurante
Quando temos argumentos utilizando os quantifica-
Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
dores lógicos, representamos por meio dos diagramas
Ótica__Escola__Correios__Restaurante
lógicos para saber a validade de um argumento. Veja
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa
que temos uma proposição do tipo Todo A é B, logo:
representação).
Resposta: Letra E.
Homem
5. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Seis amigos — Alberto, Bru-
no, Carla, Dani, Evandro e Flávio — estão enfileirados, da
esquerda para a direita, e dispostos da seguinte forma: Padre

I. Bruno está em uma posição anterior à de Carla;


II. Carla está imediatamente após Dani;
III. Evandro não está antes de todos os outros, mas está José
mais próximo da primeira posição do que da última;
IV. Flávio está em uma posição anterior à de Bruno;
V. Bruno não ocupa a quarta posição da fila.

Com base nessas informações, julgue o item a seguir, Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
considerando a ordenação da esquerda para a direita. ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
Bruno e Dani estão, necessariamente, em posições padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
consecutivas. um padre não ser homem, podemos afirmar que José
também é homem, como afirma nossa conclusão.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Logo, o argumento é válido.
Vamos analisar agora um argumento usando
A primeira informação nos diz que Bruno está antes conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
de Carla. devemos usa o seguinte lembrete:
Da esquerda para a direita;
____Bruno___Carla___ z Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
No espaço pode conter outros amigos ou não; premissas são verdadeiras;
O item II deixa claro que Carla está logo após Dani, z Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
sem ninguém entre elas. conectivo envolvido no argumento;
___Dani-Carla___ z Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
Juntando à anterior, fica: valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
___Bruno___Dani-Carla___ mento é válido.
Item IV fala que Flávio está antes de Bruno:
__Flávio___ Bruno___ Dani-Carla___ Veja na prática:
Falta Alberto e Evandro, lembrando que:
Só a Dani pode ser a quarta pessoa ou não: Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Flávio – Evandro – Bruno – Alberto – Dani – Carla Fez sol. (V)
Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber- Logo, vou à praia. (F)
to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item
errado, pois tem outra forma. Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
Resposta: Errado. proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO valores lógicos para proposição composta pelo conec-
tivo “se..., então” na primeira premissa. Assim,
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
remos interessados em verificar se eles são válidos ou (V) (F)
inválidos. Então, passemos a seguir a entender o que sig- Se fizer sol, então vou à praia. (V)
nifica um argumento válido e um argumento inválido. Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F)
Argumentos Válidos
Como podemos notar, quando temos a combina-
Também podem ser chamados de argumentos ção lógica verdade no antecedente e falso no conse-
bem-construído ou legítimo. quente (V  F) para o conectivo “se...,então”, o nosso
Para que o argumento seja válido, não basta que resultado só poderá ser falso.
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente, (V) (F)
ou seja, quando a conclusão é uma consequência Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
necessária das premissas, dizemos que o argumento Fez sol. (V)
é válido. Logo, vou à praia. (F) 117
Percebe-se, então, que não está de acordo com a Veja na prática:
nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine-
argumento é válido. ma. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
ARGUMENTOS INVÁLIDOS Logo, vou ao cinema. (F)

Também podem ser chamados de argumentos mal Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos. proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
Dizemos que um argumento é inválido quando a lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
verdade das premissas não é suficiente para garantir ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro.
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo: Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; posta pelo conectivo “se... então” na primeira pre-
p2: Patrícia não é criança; missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. a proposição não vou ao cinema está negando o que
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos, valor lógico dela. Assim,
vamos representar por meio dos diagramas lógicos
para saber a validade de um argumento. Veja que (V) (V)
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Gostam de chocolate
Logo, vou ao cinema. (F)

Como já estudamos lá no módulo de tabela-verdade,


Crianças tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
- verdade no antecedente e falso no consequente (V
 F) para o conectivo “se..., então” – será verdadeiro.

Patrícia (V) (V)


Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)

Gostam de chocolate Percebe-se, então, que o argumento está de acordo


com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro.
Logo, nosso argumento é inválido.
Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Crianças
Deu Erro Argumento Válido

Patrícia
Não Deu Argumento
Erro Inválido
Não gostam de chocolate

Para podermos praticar um pouco mais sobre esse


assunto, analisaremos algumas questões comentadas
Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é
criança, temos duas interpretações: de concursos.

z Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate; 1. (FCC — 2018) Considere os dois argumentos a seguir:
z Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate.
Sendo assim, não há possibilidade de afirmar com I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não
100% de certeza que Patrícia não gosta de chocola- sabe escrever petições.
te, como consta na conclusão. Logo, o argumento Ana Maria nunca escreve petições.
é inválido. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
Para um argumento usando conectivos lógicos, nunca escreve petições.
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos Ana Maria nunca escreve petições.
válidos, só muda um detalhe. Veja: Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.

z Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as Comparando a validade formal dos dois argumentos e
premissas são verdadeiras; a plausibilidade das primeiras premissas de cada um,
z Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do é correto concluir que:
conectivo envolvido no argumento;
z Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes-
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- mo que a primeira premissa de I seja mais plausível
118 mento é inválido. que a de II.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri- a) “Todos os homens têm bom raciocínio”.
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. b) “Mulheres não jogam xadrez”.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das pri- c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I.
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mes- Vamos desenhar os diagramas para facilitar a nos-
mo que a primeira premissa de II seja mais plausível sa chegada à conclusão:
que a de I. Bom raciocínio

Começarei pelo Argumento II, para que você possa


entender o “macete”.
Argumento II. Joga xadrez
Se Ana Maria não sabe escrever petições (F), então
ela nunca escreve petições (V). = verdadeiro
Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever
petições. = falso
Não deu erro Portanto,argumento inválido. Homens
Argumento I.
Se Ana Maria nunca escreve petições (verdadeiro),
então ela não sabe escrever petições. (falso) = ver- Agora, vamos analisar cada alternativa e interpre-
dadeiro. (falso) tar os diagramas para achar nosso gabarito.
Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro a) “Todos os homens têm bom raciocínio”. Errado,
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever pois alguns homens têm bom raciocínio.
petições. = falso. b) “Mulheres não jogam xadrez”. Errado, pois a afir-
ocorreu um erro!!! Pois no V  F = falso. Portanto, a mação acima só fala de homens.
premissa não teve como resultado verdadeiro. c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez” Erra-
Se deu erro, então argumento válido Logo, do, pois eu posso ter bom raciocínio e jogar dama,
Argumento I - válido cartas, etc. alguns que tem bom raciocínio jogam
Argumento II - Inválido xadrez.
Sabendo disso, já daria para excluir as alternativas d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga
A, B, C e D. Resposta: Letra E. xadrez”. Certo, pois se o homem não tem bom racio-
cínio nem adianta jogar xadrez. Quem joga xadrez
2. (FCC — 2019) Em uma festa, se Carlos está acom- tem bom raciocínio.
panhado ou está feliz, canta e dança. Se, na últi- e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
ma festa em que esteve, não dançou, então Carlos, Errado, pois eu posso jogar dama, cartas e ter bom
necessariamente: raciocínio. Resposta: Letra D.

a) não estava acompanhado, mas estava feliz. 4. (IDECAN — 2019) Se Davi é surfista, então Ana não é
b) estava acompanhado, mas não estava feliz. bailarina. Bruno não é jogador de futebol ou Cinthia
c) não estava acompanhado, nem feliz. não é ginasta. Sabendo-se que Cinthia é ginasta e que
d) não cantou. Ana é bailarina, pode-se concluir corretamente que:
e) cantou.
a) Bruno é jogador de futebol e Davi é surfista.
Veja que precisamos achar uma conclusão para b) Bruno é jogador de futebol e Davi não é surfista.
o argumento e podemos escrever a sentença da c) Bruno não é jogador de futebol e Davi é surfista.
seguinte maneira: d) Se Bruno não é jogador de futebol, então Davi é surfista.
Temos a condicional: e) Bruno não é jogador de futebol e Davi não é surfista.
(está acompanhado ou está feliz)  (canta e dança) RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
(P v Q)  (R ^ T) Lembre-se do que estudamos quando o enunciado
Como a questão afirma que “dança” é Falso, pode- não dá a valoração das premissas: tudo é verdade!
mos dizer que o consequente “canta e dança” é fal- Sabendo-se que Cinthia é ginasta (V) e que Ana é
so, pois temos o conetivo “e” e basta um valor falso bailarina (V) podemos fazer a valoração das outras
para que tudo seja falso. Assim, o antecedente pre- premissas:
cisa ser falso também. Perceba, então, que temos o � Se Davi é surfista (F), então Ana não é bailarina
conetivo “ou” e que tudo precisa ser falso para que (F). F  F = V
tenhamos o resultado do antecedente falso. � Bruno não é jogador de futebol (V) ou Cinthia não
Assim, “não está acompanhado e não está feliz”. é ginasta (F). V
Resposta: Letra C. � Cinthia é ginasta (V) e que Ana é bailarina (V). V
Devemos agora analisar as alternativas fazermos
3. (FGV — 2019) Considere as afirmativas a seguir. uso da tabela verdade, ou seja, se resultar verdade
essa é a questão certa.
z “Alguns homens jogam xadrez”. a) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi é surfista
z “Quem joga xadrez tem bom raciocínio”. (F). Falso
b) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi não é sur-
A partir dessas afirmações, é correto concluir que fista (V). Falso 119
c) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi é sur- Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre
fista (F). Falso o valor original. Veja um exemplo para melhor entender.
d) se Bruno não é jogador de futebol (V), então Davi Exemplo 1:
é surfista (F). Falso Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
e) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi não é regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo
surfista (V). Verdade Resposta: Letra E. e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5
meses. Então temos o seguinte:
5. (IDECAN — 2019) Considere as premissas a seguir.
CAPITAL
1) Se o instrumento está afinado, eu toco bem. EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
2) Se o público aplaude, eu fico feliz. (1000,00)
3) Se eu toco bem, consigo dinheiro. 1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
4) Se eu consigo dinheiro, me caso ou compro uma bicicleta. 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
Sabendo-se que eu não me casei e não fiquei feliz,
assinale a alternativa correta. 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
a) O público não aplaudiu.
b) O instrumento não estava afinado. Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
c) Eu não consegui dinheiro. de juros.
d) Eu não toquei bem. Fórmulas utilizadas em juros simples
e) Eu não comprei uma bicicleta.
J=C·i·t
Partimos da presunção de que todas as premissas
são verdadeiras e sabe-se que eu não me casei e não
M=C+J
fiquei feliz, as duas são verdadeiras, ou seja, é a úni-
ca certeza que a questão nos mostra. Então, a partir
M = C · (1 + i ·J)
dela, vamos valorando as demais:
1) Se o instrumento está afinado (?), eu toco bem (?). = V Onde,
2) Se o público aplaude (F), eu fico feliz (F). = V J = juros
3) Se eu toco bem (?), consigo dinheiro (?). = V C = capital
4) Se eu consigo dinheiro (?), me caso (F) ou compro i = taxa em percentual (%)
uma bicicleta (V). = V t = tempo
“não me casei (V) e não fiquei feliz (V)” = V M = montante
A) O público não aplaudiu - de acordo com o valor
TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES
lógico da segunda proposição. Resposta: Letra A.
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é
importante saber a unidade de tempo sobre a qual
a taxa de juros é definida. Isto é, não adianta saber
NOÇÕES DE MATEMÁTICA apenas que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber
FINANCEIRA se essa taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos
que duas taxas de juros são proporcionais quando
JUROS SIMPLES E COMPOSTOS E TAXAS DE guardam a mesma proporção em relação ao prazo.
JUROS: NOMINAL, EFETIVA, EQUIVALENTE, Por exemplo, 12% ao ano é proporcional a 6% ao se-
PROPORCIONAL, REAL E APARENTE mestre, e também é proporcional a 1% ao mês.
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
Juros Simples obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
A premissa que é a base da matemática financeira
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado 12% ao ano ----------------------- 1 ano
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar Taxa bimestral ------------------ 2 meses
os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente
racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
não haja incidência de juros (ou caso esses juros xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando temporal, temos:
o dinheiro).
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço 12% ao ano ---------------------- 12 meses
do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan- Taxa bimestral ------------------ 2 meses
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
remuneração em cima do valor que ele te emprestou, Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa 12% x 2 = Taxa bimestral x 12
120 pela taxa de juros. Taxa bimestral = 2% ao bimestre
Duas taxas de juros são equivalentes quando são JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
Valores similares para Valores similares para
te final M, após o mesmo intervalo de tempo.
prazos e taxas curtos prazos e taxas curtos
Uma outra informação muito importante e que
você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
z Juros compostos – cálculo do prazo:
valentes quando estamos no regime de juros simples
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital Nas questões em que é preciso calcular o prazo
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío- você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t”
do de tempo. está no expoente da fórmula de juros compostos. A
propriedade mais importante a ser lembrada é que,
sendo dois números A e B, então:
Importante!
log AB = B x log A
No regime de juros simples, taxas de juros propor-
cionais são também taxas de juros equivalentes. Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
Juros Compostos Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
mos é a seguinte:
Imagine que você pegou um empréstimo de
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- log bAl = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B
lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês. B
Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é
não somente sobre o valor inicialmente emprestado. igual à subtração dos logaritmos de cada número.
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com- Também é importante ter em mente que “logA”
postos. Podemos montar a seguinte tabela: significa “logaritmo do número A na base 10”.
Observe um exemplo:
MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00
No regime de juros compostos com capitalização
1º MÊS 11.000,00 mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
2º MÊS 12.100,00 meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investido
para produzir o montante de R$120.000 é expressa por:
3º MÊS 13.310,00
4º MÊS 14.641,00 log2, 1
log1, 01
Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver
ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00. Temos a taxa j = 1%am, capital C = 100.000 e mon-
Fórmula utilizada em juros compostos tante M = 120.000. Na fórmula de juros compostos:

M = C x (1+j)t
M = C · (1 + i)t
120000 = 100000 x (1+1%)t
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem- 12 = 10 x (1,01)t
plo. Veja:
1,2 = (1,01)t
M = 10000 x (1 + 10%) 4

Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados:


M = 10000 x (1 + 0,10)4 RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
M = 10000 x (1,10)4 log1,2 = log (1,01)t

M = 10000 x 1,4641 log1,2 = t · log 1,01

M = 14.641,00 reais log1, 1


t=
log1, 01
Podemos fazer a comparação entre juros simples e
compostos. Observe a tabela a seguir:
Logo, questão errada.
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1 com exercícios comentados de diversas bancas.
Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
1. (FEPESE — 2018) Uma TV é anunciada pelo preço
Juros capitalizados no final Juros capitalizados perio-
de R$ 1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de
do prazo dicamente (“juros sobre
juros”) 159,00. A mesma TV custa R$ 1.410,00 para paga-
mento à vista. Portanto o juro simples mensal incluído
Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial na opção parcelada é: 121
a) Menor que 2%. J = c. i. t/100
b) Maior que 2% e menor que 2,5%. 65 = 1.200 x 2,5 x t/100
c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%. 65 = 30t
d) Maior que 2,75% e menor que 3%. t = 65/30 x 12
e) Maior que 3%. t = 26 meses
Resposta: Letra D.
1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
J=C·I·t 5. (IBADE — 2019) Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros
498 = 1410 · 12 · i / 100 simples, em uma aplicação que rende 3% ao mês,
49800 = 16920i durante 8 meses. Passados 8 meses, Juliana retirou
i = 49800/16920 todo o dinheiro e investiu somente metade em uma
i = 2,94%. outra aplicação, a juros simples, a uma taxa de 5% ao
Resposta: Letra D. mês por mais 4 meses. O total de juros arrecadado por
Juliana após os 12 meses foi:
2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Uma pessoa atrasou em
15 dias o pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja
a) R$ 1.200,00.
taxa de juros de mora é de 21% ao mês no regime de
b) R$ 1440,00.
juros simples.
c) R$ 620,00.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o
d) R$ 1820,00.
mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente.
e) R$ 240,00.
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é
equivalente à taxa de 252% ao ano.
J=C·i·t
J= 5000 · 0,03 · 8
( ) CERTO  ( ) ERRADO
J= 150 · 8
J = 1200 de lucro
No regime simples, sabemos que taxas propor-
Montante do aplicado com lucro M= C + J
cionais são também equivalentes. Como temos 12
M=5000 + 1200
meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am
M = 6200 montante inicial e lucro
é, simplesmente:
Nova aplicação de metade que lucrou 6200 / 2 =3100
21% x 12 = 252% ao ano
J=C·i·t
Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também
J = 3100 · 0,05 · 4
é equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está
certo. J = 155 · 4
Resposta: Certo. J = 620 lucro da nova aplicação
Somatório dos lucros:
3. (FUNDATEC — 2020) Qual foi a taxa mensal de uma M = 1200 + 620 = 1820 dos lucros
aplicação, sob regime de juros simples, de um capital Resposta: Letra D.
de R$ 3.000,00, durante 4 bimestres, para gerar juros
de R$ 240,00? 6. (FCC — 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos
para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data
a) 8%. do vencimento, fez um acordo com a instituição finan-
b) 5%. ceira credora para pagá-la 90 dias após a data do
c) 3%. vencimento. Sabendo que a taxa de juros compostos
d) 2%. cobrada pela instituição financeira foi 3% ao mês, o
e) 1%. valor pago pela empresa, desprezando-se os centa-
vos, foi, em reais:
J = 240
C = 3.000 a) 163.909,00.
i=? b) 163.500,00.
t = 4 bimestres, ou seja, 4 * 2 = 8 meses. c) 154.500,00.
Substituindo: d) 159.135,00.
J=C·i·t e) 159.000,00.
240 = 3000 · i · 8
240 = 24000 · i Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga
i = 240 / 24000 após t = 3 meses no regime de juros compostos, com
i = 0,01 ou 1% a taxa de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é
Resposta: Letra E. dado por:
M = C x (1+j)t
4. (VUNESP — 2020) Um capital de R$ 1.200,00, aplicado M = 150.000 x (1+0,03)3
no regime de juros simples, rendeu R$ 65,00 de juros. M = 150.000 x (1,03)3
Sabendo-se que a taxa de juros contratada foi de 2,5% ao M = 150.000 x 1,092727
ano, é correto afirmar que o período da aplicação foi de: M = 15 x 10927,27
M = 163.909,05 reais
a) 20 meses. Resposta: Letra A.
b) 22 meses.
c) 24 meses. 7. (FCC — 2017) O montante de um empréstimo de 4
d) 26 meses. anos da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram
122 e) 30 meses. juros compostos de 10% ao ano, será igual a:
a) R$ 26.000,00. situação, o montante auferido com a capitalização no
b) R$ 28.645,00. regime de juros compostos será superior ao montan-
c) R$ 29.282,00. te auferido com a capitalização no regime de juros
d) R$ 30.168,00. simples.
e) R$ 28.086,00.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C =
20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O Veja que a taxa de juros é mensal, e o prazo da apli-
montante final é: cação foi de t = 0,5 mês (quinze dias).
M = C x (1+j)t Quando o prazo é fracionário (inferior a 1 unida-
M = 20000 x (1+0,10)4 de temporal), juros simples rendem MAIS que juros
M = 20000 x 1,14 compostos. Logo, o montante auferido com a capi-
M = 20000 x 1,4641 talização no regime de juros compostos será infe-
M = 2 x 14641 rior ao montante auferido no regime simples.
M = 29282 reais Resposta: Errado.
Resposta: Letra C.
Efetiva
8. (FGV — 2018) Certa empresa financeira do mundo
real cobra juros compostos de 10% ao mês para os A taxa de juros efetiva é aquela em que a unidade
empréstimos pessoais. Gustavo obteve nessa empre- de tempo é igual à unidade de tempo dos períodos de
sa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento, capitalização.
incluindo os juros, três meses depois. Veja alguns exemplos para facilitar o entendimento:
O valor que Gustavo deverá pagar na data do venci-
mento é:
z 4% ao mês capitalizados mensalmente;
z 2% ao bimestre capitalizados bimestralmente;
a) 6.600 reais.
z 5% ao ano capitalizados anualmente.
b) 7.200 reais.
c) 7.800 reais.
Perceba que, nesses exemplos, é possível simples-
d) 7.986 reais.
mente dizer 4% ao mês, 2% ao bimestre, 5% ao ano etc.
e) 8.016 reais.
Podemos conceituar a taxa efetiva, ainda, como o
período de formação e incorporação dos juros ao capi-
Aqui foram dados C = 6000 reais, i = 10% a m e t = 3
tal coincidente com o período em que a taxa é referida.
meses. Aplicando a fórmula, temos:
Vale lembrar que devemos saber a diferença entre
M = C x (1 + j)t
M = 6000 x (1,1)³ a taxa efetiva e a taxa nominal para trabalharmos
M = 6000 x 1,331 dentro da matemática financeira. Veja agora alguns
M = 7986 reais detalhes sobre taxas nominais.
Resposta: Letra D. As taxas aparentes, também chamadas de taxas
nominais, são aquelas divulgadas pelo mercado.
9. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Um indivíduo investiu a Imagine uma propaganda sobre uma aplicação
quantia de R$ 1.000 em determinada aplicação, com financeira a respeito de um CDB com prazo de aplica-
taxa nominal anual de juros de 40%, pelo período de 6 ção de 2 anos e rendimento de 10% ao bimestre, capi-
meses, com capitalização trimestral. Nesse caso, ao talizados mensalmente. Esse período corresponde à
final do período de capitalização, o montante será de: taxa aparente ou nominal. Note que se trata de uma
taxa de juros em que a unidade de tempo da taxa (ao
a) R$ 1.200. bimestre) não é coincidente com a unidade de tempo
b) R$ 1.210. do período de capitalização (mensal).
c) R$ 1.331.
d) R$ 1.400. Dica
e) R$ 1.100.
Nas fórmulas matemáticas de juros compostos, RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes- não se pode utilizar a taxa nominal ou aparente.
tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 =
10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2 Cálculo da Taxa Efetiva
trimestres, o montante será:
M = C x (1+j)t Podemos calcular a taxa efetiva de juros através
M = 1.000 x (1+0,10)2 da fórmula:
M = 1.000 x 1,21
M = 1.210 reais Te = (1+i)n – 1
Resposta: Letra B.
Onde,
10. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Julgue o item seguinte,
relativo à matemática financeira. Te = taxa efetiva
i = taxa nominal na mesma periodicidade
Considere que dois capitais, cada um de R$ 10.000, n = tempo (período)
tenham sido aplicados, à taxa de juros de 44% ao
mês — 30 dias —, por um período de 15 dias, sendo Vamos resolver alguns exemplos sobre taxa de juros
um a juros simples e outro a juros compostos. Nessa efetiva. Atente-se aos detalhes das questões apresentadas. 123
Exemplo 1 CAPITALIZAÇÃO E DESCONTOS

Para empréstimos a clientes comuns, uma financeira Aumento e Desconto


cobra taxa nominal de juros de 84% ao ano com capi-
talização mensal. Para um empréstimo de dois meses, Esse tipo de operação com porcentagens é muito
a taxa efetiva de juros é, aproximadamente, de: usado no nosso dia a dia em muitas situações. Como
a) 14,1% clientes, buscamos negociar preços de mercadorias
b) 14,3% ou produtos, com a intensão de ganhar um desconto
c) 14,5% no valor final. Ou ainda, como empresário, queren-
d) 14,7% do fazer um movimento no comércio de seu estabe-
e) 14,9% lecimento você pode fazer inúmeras promoções com
desconto nos produtos oferecendo diversas taxas ou
Sabendo que a taxa nominal é de 84% a.a., a taxa porcentagem de desconto. Em outra situação, pode-
mensal será de: -se também ter a intenção de aumento, devido algum
84/12 = 7% = 0,07 reajuste nos valores de insumos utilizados para pro-
Calculando a taxa efetiva para um período de 2 dução de seus produtos. Essas são algumas situações
meses: possíveis para uso de métodos percentuais de corre-
Te = (1+i)n – 1 ção numérica.
Te = (1+0,07)2 – 1 Vamos analisar as seguintes situações hipotéticas
Te = (1,07)2 – 1 para melhor fixarmos a teoria:
Te = 1,1449 – 1 Supondo que você, como empresário, precisa rea-
Te = 0,1449  0,1449 · 100 = 14,49% = 14,5% justar uma mercadoria que de acordo com a inflação
aproximadamente. do período sofreu um reajuste de 11% e sua merca-
Resposta: Letra C. doria atualmente tem um custo para o cliente de
R$500,00 reais, então o custo atual tem uma referên-
Exemplo 2
cia em porcentagem de 100%. Se o ajuste será para
O tipo de taxa em que o período de formação e incor- aumentar o valor do produto em 11%, desta forma, o
poração dos juros ao capital coincide com o período novo valor do produto corresponderá em 100% + 11%
em que a taxa é referida e o tipo de taxa corrigida pela = 111%, onde 111% = 111/100 = 1,11. Assim, basta mul-
taxa inflacionária do período da operação são denomi- tiplicar o valor de referência da mercadoria por 1,11
nadas, respectivamente, taxas: e obtenha o valor dela corrigida com um aumento de
11% inflacionário. Logo, R$500,00 * 1,11 = R$555,00,
a) Real e Inflacionária. ou seja, um aumento de R$55,00 reais.
b) Nominal e de inflação. Com o mesmo raciocínio podemos fazer a aplica-
c) Constante e nominal. ção de um desconto nessa mercadoria, sendo agora o
d) Equivalente e real. empresário fazendo uma promoção para alavancar
e) Efetiva e Real. as vendas desse produto, assim dando um desconto
de 10% no valor dessa mercadoria de R$500,00 reais,
Vimos na parte teórica que a taxa efetiva poder ser
temos então que o valor de referência dela continua
entendida como o período de formação e incorpo-
sendo 100%. Se vai dar desconto, então a ideia ago-
ração dos juros ao capital coincidente com o perío-
ra não é de soma, mas sim de subtração, fazendo a
do em que a taxa é referida. Apenas sabendo dessa
diferença temos, 100% - 10% = 90%, então o valor a
informação já podemos chegar ao nosso gabarito,
ser pago pelo produto é 90% do valor original, 90%
pois somente a alternativa E tem como opção a taxa
= 90/100 = 0,90, assim basta multiplicar o valor de
efetiva. Resposta: Letra E.
referência da mercadoria por 0,90 e obtenha o valor
Exemplo 3 dela corrigida com um desconto de 10% promocional.
Logo, R$500,00 * 0,90 = R$450,00, ou seja, um desconto
Qual o valor aproximado de uma taxa efetiva anual de R$50,00 reais.
equivalente a uma taxa nominal de 40% ao ano, capita-
lizada trimestralmente? RENDAS UNIFORMES E VARIÁVEIS
a) 4%.
Rendas Uniformes
b) 22%.
c) 36%.
Rendas uniformes, anuidades ou rendas certas são
d) 46%.
pagamentos ou recebimentos iguais e em sequência
e) 64%
efetuados a intervalos de tempo iguais. Podemos
Primeiro, vamos encontrar a taxa trimestral falar, ainda, que consistem em uma série de fluxo de cai-
1 ano = 4 trimestres xa efetuada em intervalos de tempos iguais em que as
40/4 = 10% a.t parcelas são as mesmas, ou seja, pagamentos (ou recebi-
Agora, vamos calcular a taxa efetiva: mentos) constantes no mesmo intervalo de tempo.
Te = (1+i)n – 1
Te = (1+0,10)4 – 1 Tipos de Rendas Uniformes
Te = (1,10)4 – 1
Te = 1,4641 – 1 Há três tipos de rendas certas ou anuidades: ren-
Te = 0,4641  0,4641 · 100 = 46,41% = 46%. das certas postecipadas, rendas certas antecipadas e
124 Resposta: Letra D. rendas certas diferidas.
z Rendas Certas Postecipadas (1+i)n _ 1

i · (1+i)n
� → fator de valor atual
São aquelas rendas em que os pagamentos/recebi-
mentos ocorrem no final de cada período, a partir do Onde,
primeiro.
Por exemplo: pagamentos de R$ 50.000,00 para 𝑛 = número de parcelas iguais;
ocorrerem ao final de cada ano, a partir da data 1, 𝑖 = taxa de juros ou taxa de desconto.
durante 5 anos.

Data 1 Data 2 Data 3 Data 4 Data 5


Dica
ano
O Fator de Recuperação de Capital (FRC) signi-
fica, matematicamente, o inverso do Fator de
50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00 Valor Atual.

z Rendas Certas Antecipadas 1


FRC =
an¬i
São as rendas em que os pagamentos/recebimentos
ocorrem no início de cada período, a partir do primeiro. Valor Futuro de uma Série de Rendas Certas
Por exemplo: recebimentos de R$ 50.000,00 para Postecipadas
ocorrerem no início de cada ano, a partir da data 1,
durante 5 anos. O Valor Futuro (VF) é o valor no momento “n” que
equivale à soma de todas as n rendas certas P capitali-
Data 1 Data 2 Data 3 Data 4 Data 5 zadas pela mesma taxa de juros i. Ou seja, é a soma de
50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00 todos os pagamentos/recebimentos na mesma data do
último pagamento/recebimento.
ano Podemos calcular o Valor Futuro usando a seguin-
te fórmula:
z Rendas Certas Diferidas
(1+i)n _ 1
VF = P · � i

São as rendas em que os pagamentos/recebimentos
ocorrem a partir de uma data posterior ao fim do pri-
meiro período, ou seja, após um período de carência. Onde,
Por exemplo: recebimentos de R$ 50.000,00 para
ocorrerem após 2 anos de carência, a partir da data 1, VF = Valor Futuro de toda a série de rendas certas
durante 3 anos. postecipadas;
P = Parcela;
Data 1 Data 2 Data 3 Data 4 Data 5 𝑛 = número de parcelas iguais;
50.000,00 50.000,00 50.000,00 𝑖 = taxa de juros ou taxa de desconto

ano Fator de Valor Futuro


Período de carência
O fator que multiplica a Parcela na fórmula do
Valor Atual de uma Série de Rendas Certas Valor Futuro é chamado de Fator de Valor Futuro ou
Postecipadas Fator de Acumulação de Capitais.

O Valor Atual (VA) é o valor no momento “0”, tam- (1+i)n _ 1


� � → fator de acumulação de capitais
bém chamado de Valor Presente (VP), que equivale à i
soma de todas as n rendas certas P descontadas pela
mesma taxa de juros i. Onde,
Podemos calcular o Valor Atual usando a seguinte RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
fórmula: 𝑛 = número de parcelas iguais;
𝑖 = taxa de juros ou taxa de desconto
(1+i)n _ 1 1 _ (1+i) –n
VA = P · � � ou VA = P · � �
i · (1+i)n i Dica: o Fator de Formação de Capital (FFC) signi-
fica, matematicamente, o inverso do Fator de Valor
Onde, Futuro.

VA = Valor Atual de toda a série de rendas certas 1


FFC =
postecipadas; sn¬i
P = Parcela;
𝑛 = número de parcelas iguais; Valor Atual de uma Série de Rendas Certas
𝑖 = taxa de juros ou taxa de desconto. Antecipadas

Fator de Valor Atual O Valor Atual (VA) é o valor no momento “0”, tam-
bém chamado de Valor Presente (VP), que equivale à
O fator que multiplica a Parcela na fórmula do soma de todas as n rendas certas P descontadas pela
Valor Atual é chamado de Fator de Valor Atual. mesma taxa de juros i. 125
Podemos calcular o Valor Atual usando a seguinte z Sistema Francês de Amortização (Sf)
fórmula:
Neste Sistema de Amortização, as Prestações são
(1+i)n _ 1 1 _ (1+i) –n constantes e iguais em todos os períodos. Atente-se a
VA = P · � � · (1 + i) ou VA = P · � � · (1 + i)
i · (1+i)n i quatro observações que devem ser feitas:

Valor Futuro de uma Série de Rendas Certas z A forma de cálculo dos Juros será a mesma inde-
Antecipadas pendentemente do Sistema de Amortização. Será
sempre igual à Taxa de Juros vezes o Saldo Deve-
O Valor Futuro (VF) é o valor no momento “n” que dor inicial do Período;
equivale à soma de todas as n rendas certas P capitali- z O Saldo Devedor final do período também não
zadas pela mesma taxa de juros i, ou seja, é a soma de muda de cálculo. Será sempre o Saldo Devedor ini-
todos os pagamentos/recebimentos na mesma data do cial do período menos a Amortização;
último pagamento/recebimento. z No SF, a Prestação é constante;
z Diferentemente do SAC, em que as amortizações
Podemos calcular o Valor Futuro usando a seguin- eram constantes, no SF, as Amortizações variam e
te fórmula: não há uma fórmula de cálculo direto para elas.
Devemos primeiro calcular a Prestação, depois, os
(1+i)n _ 1 Juros, e a Amortização será a diferença entre esses
VF = P · � i

fatores.

RENDAS VARIÁVEIS No SF, primeiramente, devemos calcular a Presta-


ção de acordo com a seguinte fórmula:
Rendas variáveis são tipos de investimentos que
não garantem ganho fixo nem devolução do total apli-
;1 E ou E = P · < F
- (1 + i) -n (1 + i) n - 1
cado. Isso pode variar para mais ou para menos. Não é E=P·
i i $ (1 + i) n
possível saber antecipadamente como, ou se, ocorrerá
a rentabilidade. São, dessa forma, investimentos de
maior risco. Entretanto, o rendimento pode ser maior Posteriormente, calculamos os Juros do período.
que o da renda fixa, pelo fato de não haver limitações Os Juros são calculados pela multiplicação da Taxa de
de taxas de juros. Por isso, a volatilidade aumenta tan- Juros vezes o Saldo Devedor inicial do período. Veja:
to os riscos quanto o potencial de rentabilidade.1
Ji = i · SDinicial i
CÁLCULO FINANCEIRO: CUSTO REAL EFETIVO DE
OPERAÇÕES DE FINANCIAMENTO, EMPRÉSTIMO E E, por fim, encontramos a Amortização do período.
INVESTIMENTO
P = Ai + Ji → Ai = P – Ji
Planos de Amortização de Empréstimos e
Financiamentos TABELA PRICE E SAC

z Sistema de Amortização Constante (Sac) Ao financiar o sonho da casa própria, deve-se esco-
lher um sistema de pagamento. Para isso, existem as
Neste sistema de financiamento, as amortizações seguintes opções: tabela Price ou SAC. Aqui, discutire-
são iguais. Elas são calculadas assim: mos um pouco a respeito de tais sistemas, para enten-
dermos o que de fato eles são, se há alguma diferença,
𝑨 = 𝑬/𝒏 vantagem e/ou desvantagem entre eles e se um deles
é mais barato/acessível que o outro.
Onde: Esses sistemas, basicamente, são formas de amor-
A é o valor da cota de amortização tização e financiamento a longo prazo acertadas ao
E é o valor do financiamento (empréstimo) banco ou à construtora durante o financiamento da
n é o número de prestações do financiamento compra de um imóvel: a Tabela Price (Sistema Fran-
cês de Amortização) e o SAC (Sistema de Amortização
Devemos conhecer algumas características do Constante). Ambos, segundo José Mansini, planejador
SAC. As Amortizações são constantes, os Juros do SAC financeiro pela Planejar, “São dois cálculos distintos
são decrescentes e as Prestações no SAC também são que determinam de que forma o comprador do imó-
decrescentes. Algo que podemos destacar, ainda, é vel irá pagar [amortizar] o empréstimo que ele fez
que os Juros no último período do SAC são iguais ao para este fim. Nestes dois sistemas, será definido o
módulo da razão da PA de decréscimo dos Juros. valor da parcela mensal a ser paga”.
1 Fontes: O que é Renda Variável? Aprenda tudo sobre essa forma de investimento. Genial investimentos, 2021. Disponível em: <https://blog.
genialinvestimentos.com.br/o-que-e-renda-variavel/>. Acesso em: 10 jan. 2022.
O que é renda variável? Quais são os tipos, os riscos e como investir? Uol Economia. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/guia-de-econo-
126 mia/o-que-e-renda-variavel-entenda-e-veja-como-investir.htm>. Acesso em: 10 jan. 2022.
Diferenças entre Tabela Price e SAC Importante: a prestação terá seu valor corrigido
mensalmente, o que é, geralmente, feito pelo siste-
Há diferenças entre esses dois sistemas de amor- ma SAC. O valor da parcela, por sua vez, pode ou não
tização, mas a diferença que mais se destaca diz res- diminuir com o decorrer do tempo, pois depende da
peito à forma e à rapidez de amortização (diminuição trajetória da inflação, ao passo que, na tabela Price, a
gradativa da dívida). correção feita por meio do IPCA descaracteriza total-
Tal distinção afeta desde o valor das parcelas até mente o conceito de parcelas fixas.
a quantidade total de juros. No Sistema SAC, tem-se, A título de exemplo, leve em consideração o mesmo
inicialmente, prestações com valores mais altos e que valor utilizado na situação que vimos anteriormente,
ficam menores no final, pois (como dito anteriormente) de R$ 200 mil, financiados em 20 anos, diferenciando
há amortização mensal do valor financiado. Ou seja, da apenas a taxa, que passa a ser de 4,95%, e uma estima-
primeira parcela, até a última, o valor vai caindo, por- tiva de IPCA de 4%. Aqui, cabe salientar que se trata
que há uma diminuição progressiva dos juros. apenas de uma situação hipotética/simulada, já que
Na tabela Price, no entanto, as parcelas começam mais não é certa a previsão da trajetória da inflação por um
baixas, mas são estáticas, o que significa que não sofrem período tão longo.
alteração durante todo o período de financiamento.

Vantagens Oferecidas pela Tabela Price e pelo SAC SAC PRICE

Parcela inicial R$ 1.645,56 R$ 1.306,69


A escolha é sempre do comprador. Ou seja, cabe a
ele optar pela forma de pagamento que mais se adequa Parcela final R$ 1.833,30 R$ 2.853,77
a sua realidade financeira. A escolha, notadamente,
deve levar em consideração o fator de correção — Total pago R$ 433.014,03 R$ 475.426,66
Taxa Referencial (TR) ou Índice de Preços ao Consu-
midor Amplo (IPCA) — que julgar mais econômico no SIMULAÇÃO DE FINANCIAMENTO
momento da assinatura do contrato do financiamento.
Contudo, é válido ressaltar que, quando se neces- Para fazer simulações de financiamentos com
sita de financiamento, optar por um prazo mais curto, tabela Price e/ou com o SAC, basta acessar sites de
se possível, é sempre o melhor a se fazer. Isso porque, bancos, como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e
em financiamentos imobiliários, paga-se juros sobre Santander, e fazer as simulações.
o saldo devedor. Logo, quanto mais amortização hou-
ver, menos gastos com juros terá o comprador. Dica
Pensando nisso, o Sistema de Amortização Cons-
tante (SAC) pode ser mais vantajoso que a tabela Pri- O Sistema Price é um caso específico do Siste-
ce, porque representa uma economia de cerca de 10%, ma Francês de Amortização. Para fins de prova,
em média. A tabela Price possui como vantagem sua em resoluções numéricas, você irá adotá-las
parcela inicial, que, normalmente, é bem menor. No como expressões sinônimas.
entanto, pelo SAC, apesar de as parcelas serem maio- A única diferença reside na Taxa de Juros do
res no começo, há uma amortização maior da dívida, Empréstimo, ou seja: na Tabela Price, a Taxa de
o que leva a uma economia significativa no final. Juros fornecida é a Nominal. Então, para resol-
Para melhor ilustrar esse comparativo entre as ver, você precisa inicialmente converter a Taxa
vantagens oferecidas por cada um dos Sistemas (SAC Nominal em Taxa Efetiva. Já o Sistema Francês
e Price), veja o quadro a seguir, representando um fornece a Taxa Efetiva diretamente.
financiamento de R$ 200 mil parcelado em 20 anos,
com juros de 7% ao ano e correção pela TR. Perceba
que a prestação do SAC começa R$ 439 mais cara,
mas o valor total pago no final é quase R$ 30 mil mais
baixo. INFLAÇÃO, VARIAÇÃO CAMBIAL E
TAXA DE JUROS
SAC PRICE RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
INFLAÇÃO
Parcela inicial R$ 1.964,16 R$ 1.524,89
A inflação é, possivelmente, um dos atributos
Parcela final R$ 838,05 R$ 1.524,89 financeiros mais citados em discussões sobre econo-
mia e as problemáticas que envolvem a desvaloriza-
Total pago R$ 336.264,90 R$ 365.973,34
ção do dinheiro ou, ainda, a diminuição do poder de
compra. Diminuir o poder de compra significa com-
OUTRA FORMA DE CORREÇÃO POSSÍVEL DAS prar menos com a mesma quantidade de dinheiro, se
PRESTAÇÕES DE UM FINANCIAMENTO comparados dois ou mais momentos ao longo de um
certo período.
A Caixa Econômica Federal divulgou em agosto de Uma das estratégias utilizadas pelos governan-
2019 uma nova linha de crédito para aquisição de casa tes para amenizar os impactos da inflação é tentar
própria, que possui juros entre 2,95% e 4,95% ao ano, aumentar a renda bruta dos cidadãos, a partir do
mais a inflação do país, medida pelo IPCA. Disponível reajuste do salário mínimo anualmente, por exemplo.
somente para contratos novos, esse novo modelo pode No entanto, isso não garante que o poder de compra
ser usado para financiar até 80% do valor de imóveis seja compensado, afinal diversos fatores influenciam
novos e usados, com prazo de até 360 meses. nas taxas inflacionárias e impactam diretamente na
desvalorização monetária, tornando a inflação um 127
fenômeno especialmente complexo e dependente de Acompanhe os exercícios comentados a seguir
um estudo interdisciplinar para ser entendido. para revisar seus conhecimentos.
Na matemática financeira, a inflação tem uma
abordagem mais ampla e visa estudar situações hipo- 1. (NOVA CONCURSOS — 2022) Suponha que em janei-
téticas sobre investimentos, aplicações e valores sub- ro de um certo ano € 1 euro equivalia a cerca de US$
metidos às taxas de juros, que intercalam entre taxa 1,40 dólar americano e que uma determinada empre-
real e taxa nominal de juros. sa estadunidense tenha vendido uma mercadoria para
A primeira diz respeito, geralmente, a um valor uma representante europeia por € 7.000,00. O paga-
inferior ao nominal, já que desconsidera os efeitos mento por parte dos europeus estava condicionado a
inflacionários do período em que os juros foram gera- um prazo de até 90 dias após o recebimento do item
dos, enquanto a taxa nominal de juros leva em conta desejado. Ocorre que, quando os americanos recebe-
a variação sofrida comparada com o novo valor. Con- ram o pagamento com o valor já pré-estipulado de 7
sidere como Tn e Tr as taxas nominal e real de juros, mil euros, o dólar e o euro sofreram variação cambial
respectivamente, bem como C1 e C2 os valores que se e se encontravam, agora, equiparados, ou seja, 1 dólar
espera de variação do crédito considerado, com C2 > americano custava 1 euro. Responda a seguir se a
C1. Considere, ainda, como I a inflação do problema. O variação cambial foi ativa ou passiva e qual foi a dife-
cálculo da taxa nominal é dado por: rença entre o valor esperado e o valor recebido pela
empresa americana, em dólares, após os 90 dias?
C2 — C1
Tn = C1 a) passiva de 7.000.
Já para a taxa real deve ser considerada a b) ativa de 9.800.
expressão: c) ativa de 16.800.
d) passiva de 2.800.
(1 + Tn) = (1 + Tr) · (1 + I) e) passiva de 1.400.

VARIAÇÃO CAMBIAL Considere, primeiramente, que o pagamento fosse


feito logo em seguida à venda ou que não houvesse
Em matemática financeira, o conceito de varia- variação cambial durante o período citado. Neste
ção cambial depende diretamente das oscilações caso, o valor recebido pela empresa americana, em
que determinadas ordens cambiais sofrem com o dólares, seria, basicamente, a conversão dos 7.000
tempo. A diferença entre os valores de um determi- euros para dólares:
nado câmbio em um certo período é o que dá origem
aos estudos sobre variação cambial, já que há, nessa 7.000 · 1,4 = 9.800
variância, uma mudança de direitos e obrigações, em
que podemos ter uma variação passiva ou ativa. As No entanto, como houve o nivelamento das moedas
ordens mais comuns são as moedas de cada país, por usadas na transação cambial, deve ser considerado
exemplo, que variam a cada minuto ao longo de um como verdadeiro recebimento da empresa america-
dia e são constantemente comentadas nos telejornais. na o novo valor do dólar, ou seja, após os 90 dias, a
Considerando que elas realizam um papel funda- empresa desembolsou U$ 7.000,00, mesmo valor de
mental nas transações comerciais entre nações, em venda na Europa. A diferença entre os US$ 9.800,00
importações e exportações, pode-se perceber seu gran- esperados e os 7 mil será:
de impacto no mundo real. Os pagamentos em tran-
sações podem ser entendidos como as obrigações do 9.800 — 7.000 = 2.800
comprador e as mercadorias são entendidas como os
direitos do comprador. Os papéis se invertem, em se Portanto, a variação cambial para os americanos
tratando do vendedor; sua obrigação é o fornecimento foi de US$ 2.800,00 e ocorreu de forma passiva, já
da mercadoria e seu direito, o recebimento do valor que houve uma diminuição nos ganhos da empresa.
estipulado para pagamento. Quanto à variação ativa ou Resposta: Letra D.
passiva, as análises devem ser feitas em cima dessas
características de diretos e obrigações, a depender de 2. (IADES — 2019) Um estabelecimento comercial conse-
quem sofre a variação cambial, ou seja, aquele que pre- guiu atuar no mercado até outubro de 2017, com as
cisa converter seu câmbio para o do outro país. receitas superando as despesas. A partir de novem-
Ocorre que, ao se comprar ou vender de uma moe- bro de 2017, esse estabelecimento passou a apresen-
da para outra, devido às alterações temporais nos tar sucessivas quedas no próprio faturamento, em
valores das moedas, os produtos podem ficar mais relação ao mês anterior, por causa da crise econômi-
caros ou mais baratos, a depender da variação; e a ca. Em novembro de 2017, houve 20% de queda em
variação cambial pode ser passiva ou ativa, a depen- relação a outubro. No mês seguinte, outra queda de
der da intenção do sujeito. 20% em relação a novembro. Em janeiro de 2018, a
Ou seja, se se deseja vender para um país, porém, empresa teve queda de 60% em relação a dezembro
a sua própria moeda desvaloriza ou a do outro valori- de 2017. Diante dessas quedas sucessivas no fatura-
za, a variação será passiva, caso o pagamento seja feito mento, essa empresa decidiu encerrar as respectivas
na moeda do país comprador, pois o país que vendeu atividades.
venderá por menos após a variação, já que sua moeda
desvalorizou. Isso também vale para a variação ativa, Com base nessas informações, é correto afirmar que a
no entanto, nesses casos, houve uma valorização da queda acumulada no fechamento até janeiro de 2018,
128 própria moeda ou desvalorização daquele que compra. com referência a outubro de 2017, foi:
a) um valor próximo a 25%. e) 25%.
b) um valor abaixo de 100%, mas superior a 80%.
c) de 100%. Neste caso, apesar de o problema apresentar os ter-
d) de 50%. mos usuais de ganho, perda real e inflação, por tra-
e) um valor superior a 50%, mas abaixo de 75%. tar de juros sobre um investimento ou dívida, será
utilizado um raciocínio mais simplório. Uma vez
Para este tipo de exercício em que não há um valor que entre a compra e a venda houve uma inflação de
específico em reais para o faturamento da empresa, 25%, devemos considerar o valor original do produ-
pois as regras de porcentagem, a depender da varia- to para calcular por quanto ele deveria ser vendido
ção de queda ou aumento, devem ser aplicáveis em para que o poder de compra permanecesse o mes-
qualquer situação, seja qual for o faturamento da mo, ou seja:
empresa, podemos tomar um exemplo que será de
mais fácil compreensão das sucessivas quedas do
25% de 180.000 = 0,25 · 45.000
que realizar operações entre as porcentagens cita-
das pelo problema. Um erro comum é somar as por-
Portanto, com a inflação, ao invés de custar R$
centagens de queda e acreditar que 100%, letra C,
seria a resposta correta. No entanto, note que cada 180.000,00, o bem deveria ter sido vendido por R$
porcentagem de queda atua sobre o novo valor de 225.000,00 para que o vendedor tivesse o mesmo
faturamento de cada mês em específico, como vere- poder de compra com o dinheiro em mãos após o
mos a seguir, não sendo válida a soma de porcen- período decorrido. Como não foi vendido por esse
tagens. Considere um faturamento fictício de R$ valor, termos uma perda de:
1.000,00. Portanto, teremos:
• Novembro de 2017: Primeira queda de 20%, por- 225.000 — 216.000 = 9.000
tanto, o que resta do total será dado por 80% do
valor original: Essa perda de R$ 9.000,00 representa um percentual
de:
80
1.000 · = 10 · 80 = 800
100 9.000 9
= = 0,04 = 4%
225.000 225
• Dezembro de 2017: Segunda queda de 20%, sobre o
novo faturamento de R$ 800,00, o que resta do novo Com relação aos R$ 225.000,00 que deveriam ter
total um valor de: sido cobrados. Por fim, note que, em se tratando de
perda, utiliza-se o sinal de menos para denotar a
80 porcentagem perdida, portanto, a resposta final é –
800 · = 8 · 80 = 640
100 4%. Resposta: Letra B.
• Janeiro de 2018: Queda de 60% sobre o último fatu-
ramento de R$ 640,00, restando: 4. (CODEVASF — 2008) A taxa nominal de juros explici-
tada num empréstimo é de 42% ao ano. Tendo ocorri-
40 do uma variação de 18% nos índices de preços neste
640 · = 64 · 4 = 256
100 mesmo período, a taxa real anual de juros do emprés-
timo será de:
Portanto, o faturamento em janeiro de 2018, que
culminou no fechamento da empresa, foi de R$
256,00. Ou seja, a queda total do faturamento pode a) 22,5%
ser dada por: b) 20,3%
c) 18,0%
1.000 — 256 = 744 d) 22,9%
e) 23,1%
Por fim, o percentual desejado será dado pela com-
paração entre o faturamento original e a queda Note que, para resolução desta questão, devem ser
acumulada: consideradas as fórmulas que regem os estudos de RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
inflação. Daí, tira-se que a taxa nominal será dada por:
744
= 0,744 = 74,4%
1.000 Tn = 42% = 0,42
Portanto, como se pode ver, a queda acumulada no
E a “variação nos índices de preço” é uma expressão
fechamento até janeiro de 2018, com referência a
outubro de 2017, foi de 74,4%, ou seja, um valor supe- que se refere diretamente à inflação, portanto:
rior a 50%, mas abaixo de 75%. Resposta: Letra E.
I = 18% = 0,18
3. (QUADRIX — 2018) Um bem adquirido por R$
180.000,00 foi vendido por R$ 216.000,00 quando a Utilizando a fórmula que envolve justamente os
inflação era de 25%. Nesse caso hipotético, é correto conceitos de taxa nominal, inflação e a taxa real
afirmar que houve ganho/perda real de: desejada, temos:

a) -20%. (1 + Tn) = (1 + Tr) ·(1 + I)


b) -4%.
(1 + 0,42) = (1 + Tr) · (1 + 0,18)
c) 4%.
d) 5%. 1,42 = 1 + Tr) · 1,18 129
1, 42 b) 12%
1 + Tr = c) 14%
1, 18
d) 15%
1 + Tr = 1,203 e) 20%
Tr = 1,203 — 1
4. (IADES — 2021) O preço de um smartphone é reajusta-
Tr = 0,203 = 20,3% do duas vezes, primeiro em 10% e, em seguida, em 5%.
Resposta: Letra B. O novo preço é que porcentagem do preço original?

a) 110%
b) 115%
HORA DE PRATICAR! c) 115,5%
d) 120%
1. (IADES — 2021) Um feirante comprou, no Ceasa local, e) 125%
50 pés de alface por R$ 5,00 a unidade. No mesmo
dia, na feira do bairro, vendeu 30 pés de alface por R$ 5. (IADES — 2019) Um saco de farinha continha 1 kg e
8,00 cada. Mais tarde, antes do horário da xepa, ele custava R$ 3,00. Em uma nova embalagem, o saco de
conseguiu vender o restante dos pés de alface a R$ farinha contém 0,2 kg e custa R$ 0,70. Qual é o aumen-
4,00 a unidade. Acerca do resultado da movimentação to percentual aproximado do preço do quilo de farinha
de suas vendas, é correto afirmar que ele teve da embalagem nova em relação à antiga?

a) prejuízo de R$ 50,00. a) 17%


b) lucro de R$ 50,00. b) 46%
c) lucro de R$ 60,00. c) 25%
d) lucro de R$ 70,00. d) 33%
e) prejuízo de R$ 70,00. e) 21%

2. (IADES — 2019) O setor no qual determinado funcioná- 6. (IADES — 2019) Um estabelecimento comercial con-
rio trabalha no banco tem uma máquina contadora de seguiu atuar no mercado até outubro de 2017, com as
cédulas, que conta 6.000 cédulas em 5 minutos. Uma receitas superando as despesas. A partir de novembro
nova máquina contadora de cédulas foi adquirida, e o de 2017, esse estabelecimento passou a apresentar
funcionário observou que, com as duas máquinas tra- sucessivas quedas no próprio faturamento, em rela-
balhando em conjunto, 12.800 cédulas são contadas ção ao mês anterior, por causa da crise econômi-
em 4 minutos. ca. Em novembro de 2017, houve 20% de queda em
Nessas condições, quantas cédulas a nova máquina relação a outubro. No mês seguinte, outra queda de
contará em 3 minutos? 20% em relação a novembro. Em janeiro de 2018, a
empresa teve queda de 60% em relação a dezembro
a) 5.000 de 2017. Diante dessas quedas sucessivas no fatura-
b) 6.000 mento, essa empresa decidiu encerrar as respectivas
c) 2.000 atividades.
d) 4.000
Com base nessas informações, é correto afirmar que a
e) 3.000
queda acumulada no fechamento até janeiro de 2018,
com referência a outubro de 2017, foi
3. (IADES — 2021)
a) um valor próximo a 25%.
b) um valor abaixo de 100%, mas superior a 80%.
c) de 100%.
d) de 50%.
e) um valor superior a 50%, mas abaixo de 75%.

7. (IADES — 2019) Se o preço de uma mercadoria sofre


dois aumentos sucessivos de 15% e 20%, então esse
preço fica multiplicado por

a) 1,25.
b) 1,30.
c) 1,35.
d) 1,38.
Elaboração própria. e) 1,40

Suponha que esse gráfico represente o número de cri- 8. (IADES — 2019) Um automóvel faz a média de 14 km
mes violentos em determinada cidade do Brasil nos com cada litro de gasolina e 9 km com cada litro de
anos de 2019 e 2020. Qual foi a diminuição percentual álcool. Sabendo que um litro de gasolina custa R$ 5,00
dos crimes violentos no biênio 2019/2020? e que um litro de álcool custa R$ 3,50, a razão entre as
médias de km/R$ desse automóvel, quando abasteci-
130 a) 10% do com gasolina e com álcool, respectivamente, vale
a) 49/9. Caso determinado cliente contrate um empréstimo de
b) 14/9. R$ 2.000,00 a uma taxa efetiva de 10% ao mês pelo
c) 49/45. sistema francês, sem entrada e em duas parcelas,
d) 10/7. cada uma dessas parcelas será
e) 140/63.
a) um valor entre R$ 1.250,00 e R$ 1.500,00.
9. (IADES — 2021) Considere hipoteticamente que P. b) um valor entre R$ 1.000,00 e R$ 1.100,00.
M. C. e M. C. P. são servidores públicos e estão tra- c) superior a R$ 1.100,00, mas inferior a R$ 1.210,00.
balhando em uma comissão de análise de processos d) superior a R$ 1.500,00.
administrativos. Sabe-se que, trabalhando juntos, e) igual a R$ 1.000,00.
os servidores conseguem analisar 36 processos em
6 horas de trabalho. P. M. C., sozinho, analisa 7 pro- 14. (IADES — 2021) Considere as proposições P e Q a
cessos em 2 horas, então, trabalhando sozinho, em 4 seguir.
horas, M. C. P. analisa um número de processos igual a
P: José é nutricionista e Q: Maria é assistente admi-
a) 10. nistrativa. A proposição composta: “Se José não é
b) 6. nutricionista”, então Maria é assistente administrativa,
c) 9. pode ser corretamente representada simbolicamente
d) 7. por
e) 12.
a) P → Q
10. (IADES — 2021) Se 12 técnicos analisam 400 pro- b) P → ~Q
cessos em 5 dias, trabalhando 6 horas por dia, então c) ~P → ~Q
quantas horas por dia devem trabalhar 10 técnicos, d) ~Q → ~P
por 3 dias, para analisar 100 processos? e) ~P → Q

a) 4,5 15. (IADES — 2019) Considere as proposições a seguir.


b) 3
c) 2,5
p: Tony fala inglês;
d) 4
q: Antônio fala português.
e) 2
Qual é a tradução para a linguagem corrente da propo-
11. (IADES — 2019) Considere hipoteticamente que M. A.
sição ~(p ∧ ~q)?
S. é escriturária em um banco de varejo. Em determi-
nado dia, quando estava trabalhando como operadora
a) Não é verdade que Tony fala inglês e que Antônio não
de caixa, observou que, na abertura do caixa, só havia
fala português.
notas de R$ 20,00 e de R$ 50,00, e o total, em reais, era
b) Tony fala inglês e Antônio não fala português.
igual a R$ 360,00. Se o número de cédulas era o menor
possível no caixa de M. c) Não é verdade que Tony fala inglês e que Antônio fala
português.
d) Tony fala inglês ou Antônio não fala português.
A. S, é correto afirmar que, no caixa,
e) Se Tony fala inglês, então Antônio fala português.
a) havia mais cédulas de R$ 20,00 do que cédulas de R$
50,00. 16. (IADES — 2021) Em uma feira livre, havia um enorme
b) o número de cédulas de R$ 20,00 era o triplo do núme- cartaz com os dizeres: “Todos os produtos são orgâ-
ro de cédulas de R$ 50,00. nicos”. Mais tarde, descobriu-se que esse cartaz nun-
c) o total em cédulas de R$ 50,00 era igual a R$ 250,00. ca expressou a verdade acerca dos produtos da feira.
d) o total em cédulas de R$ 20,00 era igual a R$ 160,00. Com base na proposição apresentada, conclui-se que
e) o número de cédulas de R$ 50,00 era o dobro do núme-
ro de cédulas de R$ 20,00. a) todos os produtos não são orgânicos.
b) nenhum dos produtos é orgânico.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

12. (IADES — 2019) Certo cliente contratou um emprésti- c) alguns produtos são orgânicos.
mo de R$ 10.000,00 a uma taxa nominal de 80% ao ano, d) pelo menos um produto é orgânico.
capitalizados trimestralmente. Ficou acertado que ele e) alguns produtos não são orgânicos.
pagaria em duas vezes, a cada semestre, metade do
valor do empréstimo mais os juros incidentes sobre o 17. (IADES — 2021) A negação da proposição “Todo arqui-
saldo devedor. Assim, o valor pago na segunda e últi- teto é urbanista.” é a seguinte proposição:
ma prestação é igual a
a) Nenhum arquiteto é urbanista.
a) R$ 7.000,00. b) Nenhum urbanista é arquiteto.
b) R$ 5.000,00. c) Pelo menos um arquiteto é urbanista.
c) R$ 9.000,00. d) Pelo menos um arquiteto não é urbanista.
d) R$ 7.200,00. e) Não existe arquiteto urbanista.
e) R$ 9.400,00.
18. (IADES — 2019) Assumindo verdadeiras as senten-
13. (IADES — 2019) A tabela Price, ou sistema francês ças “todos os ricos são felizes”, “alguns felizes são
de amortização, é caracterizada por prestações pobres”, “alguns militares são ricos” e “o pai de Davi é
constantes. feliz”, é correto inferir que 131
a)
b)
o pai de Davi é rico.
o pai de Davi é militar.
ANOTAÇÕES
c) alguns militares são pobres.
d) alguns militares são felizes.
e) algum pobre não é feliz.

19. (IADES — 2019) Assinale a alternativa que correspon-


de à negação de “Todos os analistas de tecnologia da
informação são bons desenvolvedores”.

a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação


não é bom desenvolvedor.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom
desenvolvedor.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não
são bons desenvolvedores.
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são
bons desenvolvedores.
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno-
logia da informação.

20. (IADES — 2019) A negação da proposição: “Todos os


contadores são bons matemáticos.” é a seguinte:

a) todos os matemáticos são bons contadores.


b) alguns contadores são bons matemáticos.
c) nenhum contador é mau matemático.
d) todos os contadores são maus matemáticos.
e) pelo menos um contador é mau matemático.

9 GABARITO

1 D

2 B

3 C

4 C

5 A

6 E

7 D

8 C

9 A

10 B

11 E

12 D

13 C

14 E

15 A

16 E

17 D

18 D

19 A

20 E
132
CONCEITO USO COMENTÁRIOS

Conhecido como nuvem e tam-


bém como World Wide Web, ou
WWW, a Internet é um ambiente
USO DE TECNOLOGIAS Internet
Conexão entre
computadores
inseguro, que utiliza o protocolo
TCP para conexão em conjun-

EM AMBIENTES to a outros para aplicações


específicas

CORPORATIVOS Ambiente seguro que exige iden-


tificação, podendo estar restrito
a um local, que poderá acessar
Conexão com
Intranet a Internet ou não. A Intranet uti-
autenticação
liza o mesmo protocolo da In-
ternet, o TCP, podendo usar o
CONCEITOS BÁSICOS E MODOS UDP também
DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, Conexão remota segura, prote-
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E Conexão entre gida com criptografia, entre dois
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS AO Extranet dispositivos
ou redes
dispositivos, ou duas redes. O
acesso remoto é geralmente
USO DE INFORMÁTICA NO AMBIENTE suportado por uma VPN+
DE ESCRITÓRIO
Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
A Internet é a rede mundial de computadores que mas também questionam Extranet. A conexão remota
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, segura que conecta Intranet’s através de um ambiente
para proteger os sistemas de comunicação em caso de inseguro que é a Internet é naturalmente um resulta-
ataque nuclear durante a Guerra Fria. do das redes de computadores.
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
Internet, Intranet e Extranet
ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced Redes de
computadores
Research Projects Agency, era um modelo de troca e
compartilhamento de informações que permitia a
descentralização das mesmas, sem um “nó central”,
garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó Internet Intranet Extranet
fosse desligado.
Rede mundial de Rede local de Acesso remoto
A troca de mensagens começou antes da própria computadores acesso restrito seguro
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
a Internet como a conhecemos e a usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educa- Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca- Internet
dêmica. No início dos anos 90, ela se tornou aberta e

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


Padrão de Criptografia em
comercial, permitindo o acesso de todos. comunicação
Família TCP/IP
VPN

A Internet é transparente para o usuário. Qualquer


usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técni-
co dos equipamentos que existem para possibilitar a
Usuário Modem conexão.
Internet
Provedor de Acesso

Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se


conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
APLICATIVOS E USO DE
A navegação na Internet é possível através da com-
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
FERRAMENTAS NA INTERNET E(OU)
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5 INTRANET
camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes cen- Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con-
de backbones. São conexões de alta velocidade que teúdo disponível na Internet.
permitem a troca de dados entre as redes conectadas. As informações armazenadas em servidores,
O usuário não consegue se conectar diretamente no sejam páginas web ou softwares como um serviço
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou (SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
uma operadora de telefonia através de um modem e a são acessadas por programas instalados em nossos
empresa se conecta na “espinha dorsal”. dispositivos. São eles:
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
utilizar programas específicos para realizar a navega- z Navegadores de Internet ou browsers, para conteú-
ção e o acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores. do em servidores web; 133
z Softwares de correio eletrônico, para mensagens em servidores de e-mail;
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por empresas e usuários;
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft Bing, para encontrar informações na rede mundial;
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de WhatsApp e Telegram, como no formato clássico do Facebook e
Yahoo Grupos.

Este tópico é muito prático. Nos concursos públicos, são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como “Histórico”, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.

Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Esses são os itens questionados em concursos públicos.

Ferramentas e Aplicativos Comerciais de Navegação

As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos) identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira, a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Edge

Microsoft Navegador padrão do Windows 10, que substituiu o Microsoft Internet Explorer

Internet
Explorer
Navegador padrão do Windows 7, um dos mais questionados em concursos públi-
Microsoft
cos, por ser integrante do sistema operacional

Firefox

Mozilla Software livre e multiplataforma que é leve, intuitivo e altamente expansível

Chrome
Um dos mais populares navegadores do mercado, multiplataforma e de fácil
Google
utilização

Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da Apple, atualmente está disponível
Apple
para outros sistemas operacionais

Opera
Navegador leve com proteções extras contra rastreamento e mineração de moe-
Opera
das virtuais

Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns questionamentos: como é a identi-
ficação desse arquivo? Como acessamos essas informações? Isso ocorre através de um endereço URL. O endereço
URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução literal, é Localiza-
dor Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:

134 protocolo://máquina/caminho/recurso
“Protocolo” é a especificação do padrão de comuni- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
cação que será usado na transferência de dados. Pode- ail?path=/mail/inbox#open
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo esquema: https://
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text domínio: outlook.live.com
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- porta: 5012
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – caminho: /owa/
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. recurso: hotmail
“://” faz parte do endereço URL, para identificar querystring: path=/mail/inbox
que é um endereço na rede, e não um endereço local fragmento: open
como “/” no Linux ou ‘:\’ no Wndows.
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a Quando o usuário digita um endereço URL no seu
informação que desejamos acessar. navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui- servidor de nomes de domínios) será contactado para
vo está armazenado. traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos acessar. mação será localizada e transferida para o navegador
que solicitou o recurso.
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas
características.

ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS Servidor DNS
URL FICTÍCIO
Usando o protocolo http, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial Internet
Endereço URL
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos a Usuário
divisão multimídia (www) com arqui- Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas
h t t p : // w w w .
vos textuais, vídeos, áudios e imagens. os dados são armazenados em servidores web com números de
abc.com.br/
O recurso acessado é o index.html, IP. O servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a
entendido automaticamente pelo na- navegação na Internet.
vegador, por não ter nenhuma especi-
ficação de recurso no fim Conceitos e Funções Válidas para Todos os
Usando o protocolo https, acessare- Navegadores
mos o servidor abc, que é comercial
h t t p s : // m a i l . z Modo normal de navegação: as informações serão
(.com) e pode estar registrado nos
abc.com/caixa registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
Estados Unidos. Acessaremos o dire-
s/inbox/ de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
saremos o serviço mail no servidor Formulários, Favoritos e Downloads;
Usando o protocolo de transferência
de arquivos ftp, acessaremos o servi-
ftp://ftp.abc.g
dor ftp da instituição governamental
ov.br/edital.pdf
(gov) brasileira (br) chamada abc, que
disponibiliza o recurso edital.pdf

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


z Modo de navegação anônima: as informações de
Outra forma de analisar um endereço URL é na
navegação serão apagadas quando a janela for fecha-
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites
da. Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos;
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
de símbolos que não parecem legíveis. No entanto,
como tudo na Internet está padronizado, vamos ver as
partes de um endereço URL “completão”.
Confira:

esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
querystring#fragmento

Onde “esquema” é o protocolo que será usado na z Dados de formulários: informações preenchidas
transferência. em campos de formulários nos sites de Internet;
“Domínio” é o nome da máquina, o nome do site. z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário
“:” e “porta”, indica qual, entre as 65536 portas TCP para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá-
será usada na transferência. rio poderão ser exportados do navegador atual e
“Caminho” indica as pastas no servidor, que é um importados em outro navegador de Internet;
computador com muitos arquivos em pastas. z Downloads: arquivos transferidos de um servidor
“Recurso” é o nome do arquivo que está sendo remoto para o computador local. Os gerenciadores
acessado. de downloads permitem pausar uma transferência
“?” é para transferir um parâmetro de pesquisa, ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja
usado especialmente em sites seguros. mais disponível;
“#” é para especificar qual é a localização da infor- z Uploads: arquivos enviados do computador local
mação dentro do recurso acessado (marcas) para um servidor remoto; 135
z Histórico de navegação: são os endereços URL acessa- Ferramentas e Aplicativos de Correio Eletrônico
dos pelo navegador em modo normal de navegação;
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma
arquivos acessados durante a navegação; forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
funcionalidades adicionais ou propaganda; armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
z Atualizar página – acessar as informações armaze- disponível até ela ser acessada novamente.
nadas na cópia local (cache); O correio eletrônico (popularmente conhecido
z Recarregar página: acessar novamente as infor- como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
mações no servidor, ignorando as informações um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
armazenadas nos arquivos temporários; mantendo-se usual até os dias de hoje.
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet
no formato PDF podem ser visualizados direta- PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
mente no navegador de Internet, sem a necessida-
de de programas adicionais. O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail
gratuito com código aberto que poderá ser
usado em diferentes plataformas
Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores
de Internet
O eM Client é um cliente de e-mail gratuito
z Cookies: arquivos de texto transferidos do servidor para uso pessoal no ambiente Windows e
Mac. Facilmente configurável. Tem a versão
para o navegador com informações sobre as prefe-
Pro, para clientes corporativos
rências do usuário. Eles não são vírus de compu-
tador, pois códigos maliciosos não podem infectar O Microsoft Outlook, integrante do pacote
arquivos de texto sem formatação; Microsoft Office, é um cliente de e-mail que
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, o permite a integração de várias contas em
navegador receberá atualizações para a página uma caixa de entrada combinada
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre O Microsoft Outlook Express foi o cliente
sites para troca de conteúdo; de e-mail padrão das antigas versões do
z Certificado digital: os navegadores podem utilizar Windows. Ainda aparece listado nos editais
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, de concursos, porém não pode ser utilizado
aceitam certificados digitais para validação de cone- nas versões atuais do sistema operacional
xões e transferências com criptografia e segurança;
z Corretor ortográfico: permite a correção dos tex- Webmail. Quando o usuário utiliza um na-
vegador de Internet qualquer para acessar
tos digitados em campos de formulários a partir de
sua caixa de mensagens no servidor de
dicionários on-line disponibilizados pelos desen- e-mails, ele está acessando pela modalida-
volvedores dos navegadores. de webmail

Atalhos de Teclado
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem o
z Para acessar a barra de endereços do navegador: acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização das men-
F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome: é F6; sagens em pastas, sinalizadores, acompanhamento e tam-
z Para abrir uma nova janela: Ctrl+N; bém recursos relacionados a reuniões e compromissos.
z Para abrir uma nova janela anônima: Ctrl+Shift+N Os eventos adicionados ao calendário poderão ser
No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P; enviados na forma de notificação por e-mail para os
z Para fechar uma janela: Alt+F4; participantes.
z Para abrir uma nova guia: Ctrl+T; O Outlook possui o programa para instalação no
z Para fechar uma guia: Ctrl+F4 ou Ctrl+W; computador do usuário e a versão on-line. A versão
z Para reabrir uma guia fechada: Ctrl+ Shift+T; on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
z Para aumentar o zoom: Ctrl + = (igual); mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte-
z Para reduzir o zoom: Ctrl + - (menos); grante do Microsoft Office 365).
z Definir zoom em 100%: Ctrl+0 (zero);
z Para acessar a página inicial do navegador: Alt+ Home;
z Para visualizar os downloads em andamento ou
concluídos: Ctrl+J; Usuário
z Localizar um texto no conteúdo textual da página:
Ctrl+F;
z Atualizar a página: F5;
@
z Recarregar a página: Ctrl+F5.
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor
Nos navegadores de Internet, os links poderão ser de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador
abertos de 4 (quatro) formas diferentes. de Internet

z Clique: abre o link na guia atual; Formas de Acesso ao Correio Eletrônico


z Clique + CTRL: abre o link em uma nova guia;
z Clique + SHIFT: abre o link em uma nova janela; Podemos usar um programa instalado em nosso
z Clique + ALT: faz download do arquivo indicado pelo dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
136 link. de Internet para acessarmos as mensagens recebidas.
A escolha por uma ou por outra opção vai além da
preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
suas características e protocolos. Confira: Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP

FORMA DE Enviar – SMTP


CARACTERÍSTICAS
ACESSO Enviar e Receber
Receber – POP3 IMAP4
Protocolo SMTP para enviar mensa-
gens e POP3 para receber. As mensa-
Cliente de E-mail gens são transferidas do servidor para
o cliente e são apagadas da caixa de Remetente Destinatário
Cliente
mensagens remota Webmail

Protocolo IMAP4 para enviar e para Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
receber mensagens. As mensagens são (cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
Webmail copiadas do servidor para a janela do (Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
navegador e são mantidas na caixa de
os e-mails recebidos.
mensagens remota

Uso do Correio Eletrônico

Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o


usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial-
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
zada na RFC5322.
Receber – POP3 Receber IMAP4
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
Usuário
Usuário de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.

Cliente de e-mail Navegador de Internet De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para também possui o seu formato.
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando Existem bancas organizadoras que consideram o
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de formato reduzido usuário@provedor, no enunciado
Internet e mantida no servidor de e-mails. das questões, em vez do formato detalhado usuário@
provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Os protocolos de e-mails são usados para a troca
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas, PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
em concursos públicos, o que vale é a configuração

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


padrão, a qual foi apresentada neste material. COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco- Antes do símbolo de @, identifica um
lo para Transferência Simples de E-mails usado pelo Usuário
único usuário no serviço de e-mail
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men-
sagens e entre os servidores de mensagens do reme- Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é
tente e do destinatário. usado para separar a parte esquerda,
@ que identifica o usuário, da parte a sua
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
direita, que identifica o provedor do
Protocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de serviço de mensagens eletrônicas
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto,
removendo-as da caixa de entrada remota. Imediatamente após o símbolo de @,
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol) identifica a empresa ou provedor que
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet, Nome do domínio armazena o serviço de e-mail (o servi-
o qual é usado pelo navegador de Internet (sobre os dor de e-mail executa softwares como o
Microsoft Exchange Server por exemplo)
protocolos HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso
webmail, para transferir cópias das mensagens para a Identifica o tipo de provedor, por
janela do navegador, mantendo as originais na caixa exemplo: COM (comercial), .EDU
de mensagens do servidor remoto. Categoria do
(educacional), REC (entretenimento),
GOV (governo), ORG (organização não
domínio
governamental) etc., de acordo com
as definições de Domínios de Primeiro
Nível (DPN) na Internet

Informação que poderá ser omitida, quan-


do o serviço está registrado nos Estados
País Unidos. O país é informado por duas
letras, como: BR, Brasil; AR; Argentina; JP;
Japão; CN; China; CO; Colômbia; etc.
137
Dica A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
apagadas.
Quando o símbolo @ é usado no início, antes
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e
do nome do usuário, identifica uma conta em
não enviadas.
rede social. Para o endereço URL do Instagram A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
https://www.instagram.com/novaconcursos/, o o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
nome do usuário é @novaconcursos. ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
ocorre quando enviamos uma mensagem no app
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título A mensagem permanece com um ícone de relógio
da mensagem, entre outros. Para enviar a mensagem, enquanto não for enviada.
é preciso que exista um destinatário informado em Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são
um dos campos de destinatários. direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo.
Se um destinatário informado não existir no servi- Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida. solicitados, que geralmente são enviados para um gran-
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece- de número de pessoas. Quando o conteúdo é exclusiva-
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se mente comercial, esse tipo de mensagem é chamado de
o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado, UCE (do inglês Unsolicited Commercial E-mail – e-mail
a mensagem tentará ser entregue depois. comercial não solicitado). Essas mensagens são marca-
Conheça os elementos e seu papel na criação de das pelo filtro AntiSpam e procuram identificar men-
uma nova mensagem de e-mail: sagens enviadas para muitos destinatários ou com
conteúdo publicitário irrelevante para o usuário.
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
CAMPO CARACTERÍSTICAS Outras Operações com o Correio Eletrônico
Identifica o usuário que está enviando
a mensagem eletrônica, o remetente. O usuário poderá sinalizar as mensagens, tanto
FROM (De) as recebidas como as enviadas. Ele poderá solicitar
É preenchido automaticamente pelo
sistema confirmação de entrega e confirmação de leitura. Vale
Identifica o (primeiro) destinatário da
dizer que as mensagens recebidas podem ser impres-
mensagem. Poderão ser especificados sas, ignoradas ou, ainda, podem ter seu código-fonte
vários endereços de destinatários nes- exibido.
se campo e serão separados por vírgula Confira, a seguir, operações extras para o uso do
TO (Para)
ou ponto e vírgula (segundo o serviço). correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
Todos que receberem a mensagem co- lismo, facilitando a organização do usuário.
nhecerão os outros destinatários infor-
mados nesse campo
Ação e Características
Identifica os destinatários da men-
sagem que receberão uma cópia do z Alta prioridade: Quando marca a mensagem como
e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
CC (com cópia ou Alta Prioridade, o destinatário verá um ponto de
Copy (cópia carbono)
cópia carbono) exclamação vermelho no destaque do título;
Todos que receberem a mensagem
conhecerão os outros destinatários z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a
informados nesse campo mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
Identifica os destinatários da men-
sagem que receberão uma cópia do taque do título;
BCC (CCO – com cópia e-mail. BCC é o acrônimo de Blind z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou
oculta ou cópia carbo- Carbon Copy (cópia carbono oculta). navegador de Internet prepara a mensagem para
no oculta) Todos que receberem a mensagem ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
não conhecerão os destinatários in- ção do e-mail;
formados nesse campo z Ver código fonte da mensagem: As mensagens
Identifica o conteúdo ou título da possuem um cabeçalho com informações técnicas
SUBJECT (assunto)
mensagem. É um campo opcional sobre o e-mail as quais podem ser visualizadas
Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui- pelo usuário;
vo(s) que está(ão) sendo enviado(s) z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em alguns
junto com a mensagem. Existem res- webmails, ao ignorar uma mensagem, as próximas
ATTACH (anexo)
trições quanto ao tamanho do anexo e mensagens recebidas do mesmo remetente serão
tipo (executáveis são bloqueados pelos excluídas imediatamente ao serem armazenadas
webmails). Não são enviadas pastas na Caixa de Entrada;
O conteúdo da mensagem de e-mail z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensa-
Mensagem poderá ter uma assinatura associada gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
inserida no final eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
mensagens recebidas daquele remetente;
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a
salvas estarão em pastas do servidor de correio ele- mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
trônico, nominadas como “caixas de mensagens”. serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens estar enviando links maliciosos que tentam captu-
recebidas, lidas e não lidas. rar dados dos usuários;
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe- z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails do
138 tivamente enviadas. destinatário envia uma confirmação de entrega,
informando que a mensagem foi entregue na Cai- ITEM CARACTERÍSTICAS
xa de Entrada dele com sucesso;
Proprietário Criador do grupo
z Confirmação de Leitura: O destinatário pode
confirmar ou não a leitura da mensagem que foi Participantes convidados pelo proprie-
Gerentes ou
enviada para ele. tário para auxiliar na moderação das
Moderadores
mensagens e gerenciamento do grupo
A confirmação de entrega é independente da confir- Em grupos no Facebook, pode ser o
mação de leitura. Quando o remetente está elaborando Administrador criador ou gerente/moderador convi-
uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar as duas dado pelo dono do grupo
opções simultaneamente. Se as duas opções forem mar-
Como receberá as mensagens. Pode-
cadas, o remetente poderá receber duas confirmações
rá ser uma por uma, ou resumo das
para a mensagem que enviou, sendo uma do servidor de
mensagens por e-mail, ou e-mail de
e-mails do destinatário e outra do próprio destinatário. Assinatura
resumos (com os tópicos recebidos
no grupo), ou nenhum e-mail (para
leitura na página do grupo)
Servidor Exchange Servidor Gmail
Enviar e-mail Quais são as vantagens de um grupo?
com confirmação O servidor confirma a
de entrega entrega do e-mail na caixa
de entreda do destinatário z Os participantes podem enviar uma mensagem,
Recebendo a que será enviada para todos os participantes;
confirmação de entrega
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses;
Destinatário
z Organizar reuniões, eventos e conferências;
Webmail z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com
Remetente
Cliente possibilidade de acesso aos conteúdos que foram
enviados antes do seu ingresso no grupo.
Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails Os antigos grupos de discussão constituíram o mode-
do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
lo a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do
Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
Facebook, WhatsApp e Telegram. Nesses grupos, o par-
Enviar e-mail ticipante envia um post, ou anúncio, ou arquivo e todos
podem consultar na página o que foi compartilhado.

Servidor Exchange Servidor Gmail Como funcionam os grupos de discussão?


Enviar e-mail
com confirmação O destinatário
de leitura confirma a leitura O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
da mensagem
Recebendo a nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
confirmação de leitura
incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
o link recebido em um convite por e-mail.
Remetente
Cliente
Destinatário Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
Webmail
e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem.
Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem-

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


conteúdo do e-mail.
brando que, nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama-
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário.
Grupos de Discussão
O envio para um endereço único permite a distribui-
ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia
Existem serviços na Internet que possibilitam a
da mensagem e anexos, se houverem, será disponibiliza-
troca de mensagens entre os assinantes de uma lista
da no mural da página do grupo, para consultas futuras.
de discussão. O Grupos do Google é o último serviço
em atividade, segundo o formato original. Mensagem
Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro enviada para
Grupos de todos os
de 2019 e seus membros não poderão mais enviar ou discussão participantes
receber e-mails. inscritos no
Mensagem enviada grupo
Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou para o endereço de de discussão
Fórum de Discussão são denominações equivalentes e-mail do grupo

para um serviço que centraliza as mensagens recebi- Usuários da Internet


Quem não é inscrito
das que foram enviadas pelos membros redistribuin- no grupo, não recebe a
do-as para os demais participantes. Usuário participante mensagem
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den- Figura 8 Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam
tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os
pela facilidade de acesso, associação e participação. demais participantes.

ITEM CARACTERÍSTICAS A qualquer momento o usuário poderá desistir e


sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
O grupo poderá ser público e visível, ou
ço de e-mail próprio (unsubscribe).
restrito e visível (qualquer um pode pedir
Privacidade A principal diferença entre um grupo de discussão
para participar), ou secreto e invisível
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
(somente convidados podem ingressar) com a exibição do endereço dos participantes. Em um 139
grupo de discussão, cada membro tem acesso a um endereço que enviará cópia para todos os participantes do
grupo. Nas mensagens respondidas, aparece o endereço original do remetente.
Apesar do tópico aparecer em diversos editais de concursos, faz vários anos que não são aplicadas questões
sobre o tema, em todos os concursos, independente da banca organizadora.

Dica
Os Grupos de Discussão (com as características e funcionalidades originais) desapareceram ao longo do
tempo, sendo substituídos pelos grupos nas redes sociais (com novos recursos e integração com os perfis
delas). Esse é um tópico que deverá ser questionado cada vez menos, assim como Redes Sociais.

Sites de Busca e Pesquisa

Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos a
opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços do
cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa inteligen-
te), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para completar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.

SÍMBOLO USO EXEMPLO


Aspas duplas Pesquisa exata, na mesma ordem que forem digitados os termos “Nova Concursos”
Menos ou traço Excluir termo da pesquisa concursos –militares
Til (acento) Pesquisar sinônimos concursos ~públicos
Substituir termos na pesquisa, para pesquisar “inscrições encerradas”, e “inscri-
Asterisco inscrições *
ções abertas”, e “inscrições suspensas” etc
Cifrão Pesquisar por preço celulares $1000
Dois pontos Intervalo de datas ou preço campeão 1980..1990
Arroba Pesquisar em redes sociais @Instagram novaconcursos
Hashtags Pesquisar nas marcações de postagens #informática

COMANDO USO EXEMPLO


site: Resultados de apenas um site livro site:www.uol.com.br
filetype: Somente um tipo de arquivo apostila filetype:pdf
define: Definição de um termo define:smtp
intitle: No título da página intitle:concursos
inurl: No endereço URL da página inurl:nova
Pesquisa o horário em determinado
time: time:japan
local
related: Sites relacionados related:uol.com.br
cache: Versão anterior do site cache:uol.com.br
Páginas que contenham link para
link: link: novaconcursos
outras
location: Informações de um determinado local location:méxico terremoto

140 Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO


traduzir ... para ... Google Tradutor traduzir maçã para japonês
lista telefônica:número Páginas com o telefone Lista telefônica:99999-9999
código da ação Cotação da bolsa de valores GOOG
clima localidade Previsão do tempo clima são paulo
código do voo Status de um voo (viagens) ba247

Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.

Importante!
As bancas costumam questionar funcionalidades do Microsoft Bing que são idênticas às funcionalidades do
Google Buscas, com o intuito de confundir os candidatos acerca do recurso questionado.

REDES SOCIAIS
As redes sociais se tornaram populares entre os usuários ao oferecerem os pilares dos relacionamentos em
formato digital: curtir, comentar e compartilhar.
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. Na
prática, esses conceitos acabam sendo sobrepostos nas novas redes.
O modelo pode ser centralizado, descentralizado ou distribuído. No modelo centralizado, as informações são
exibidas para os usuários a partir de servidores de uma empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuário.
Localização, idade, sexo, preferências políticas e todas as demais informações dadas pelos usuários no perfil da
rede social serão usadas para a apresentação dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um exemplo
centralizado, com distribuição de conteúdo semelhante à topologia Estrela, das redes de computadores, com um

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


nó centralizador.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são aquelas que, apesar de existirem nós maiores e principais, os
usuários acessam apenas parte das informações disponíveis. Critérios informados nos perfis dos usuários, posta-
gens que ele curtiu, postagens que ele ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos dentro das redes sociais
etc. O Facebook é um exemplo de rede descentralizada, na qual as conexões pessoais são expandidas para o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que dependem das conexões de um usuário para terem acesso a
outras conexões. O LinkedIn, por exemplo, prioriza as conexões conhecidas e as conexões relacionadas, indepen-
dente dos grupos dos quais o usuário está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de dados de usuários pode comprometer a segurança da informa-
ção. Técnicas de Engenharia Social podem ser usadas para vasculhar as informações publicadas pelos usuários
à procura de conexões, relacionamentos, senhas, dados de documentos e outras informações que poderão ser
usadas contra o usuário.

REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

O Facebook é a maior rede social da atualidade Todos os usuários de Internet e empresas

O Twitter é uma rede social para publicações curtas e rápidas Ativistas, artistas, empresas e políticos

O LinkedIn é uma rede social para conexões entre empresas e


Empresas, empregados, empregadores e candidatos
empregados
141
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

Facebook Workplace, usado por empresas para conectar seus


Empresas que contratem o serviço e seus colaboradores
colaboradores

O Instagram é uma rede social para compartilhamento de fotos,


Todos os usuários de Internet e empresas
vídeos e venda de produtos

O Tumblr é uma rede social para compartilhamento de conteúdo,


Todos os usuários de Internet e empresas
como blogs (textos, imagens, vídeos, links, etc.)

MÍDIAS
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

Wordpress é um portal de blogs que permite o armazena- Usuários de Internet com foco em produção de
mento de website conteúdo

O Youtube é um portal de vídeos com recursos de redes


Produtores de conteúdo multimídia e consumidores
sociais

O Wikipedia é um site para publicação de conhecimento no Usuários colaboradores e voluntários que contribuem
formato colaborativo com novos conteúdos e revisões

Saiba:
Redes sociais é um tópico pouco questionado em concursos públicos, devido às atualizações que elas oferecem
quase diariamente em seus recursos e operação de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje com as regras e
recursos do Facebook do ano passado, verá que muitas funcionalidades foram alteradas.

NAVEGADORES WEB (GOOGLE CHROME E INTERNET EXPLORER)


Os navegadores de Internet reconhecem os protocolos da família TCP/IP, os quais permitem a comunicação
entre os dispositivos nas redes de computadores. São exemplos de protocolos de transferência de dados: HTTP
(hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio eletrônico),
NNTP (grupos de discussão e notícias), entre outros.
Ao navegar na Internet com um navegador ou browser, o usuário está em uma sessão de navegação. A sessão
de navegação poderá ser em janelas ou em guias dentro das janelas.
As guias ou abas podem ser iniciadas com o clique em links das páginas visitadas, ou clique no link enquanto
mantém a tecla CTRL pressionada, ou atalho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou clique no link com o
botão direito do mouse para acessar o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em nova guia”. As guias ou
abas podem ser fechadas com o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4.
A janela de navegação “normal” é aberta com o atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto mantém a
tecla SHIFT pressionada, ou clique no link com o botão direito do mouse para acessar o menu de contexto e esco-
lher a opção “Abrir link em nova janela”. A janela poderá ser fechada com o atalho de teclado Alt+F4. Se houver
várias guias abertas na janela, com o atalho de teclado Alt+F4 todas serão fechadas.
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada, pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
Os navegadores de Internet permitem a continuação da navegação nas guias que estavam abertas na última
sessão. Alterando as configurações do navegador, na próxima vez que ele for executado, exibirá as últimas guias
que foram acessadas na última sessão.
Os navegadores de Internet não permitem a edição de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF é o mais popu-
lar para distribuição de conteúdo na Internet e pode ser editado por aplicativos específicos, como o Microsoft Word.
Os navegadores de Internet possuem mecanismos internos que procuram proteger a navegação do usuário por
sites, alertando sobre sites que tenham conteúdo malicioso, download automático de códigos, arquivos que são
potencialmente perigosos se executados, entre outras medidas.

Importante!
Os navegadores possuem mais recursos em comum do que diferenças. As bancas costumam perguntar os itens
que são diferentes ou exclusivos.
142
Microsoft Edge Entretanto, caso utilize o modo de navegação privati-
va, esses dados não serão sincronizados.
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão Assim como nos outros navegadores, é possível
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o definir uma página inicial padrão, uma página inicial
kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma série escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar
de itens semelhantes ao Google Chrome. Integrado com a navegação das guias abertas na última sessão.
o filtro Microsoft Defender SmartScreen, permite o blo- No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela
queio de sites que contenham phishing (códigos mali- permite copiar, para a Área de Transferência do com-
ciosos que procuram enganar o usuário, como páginas putador, parte da imagem da janela que está sendo
que pedem login/senha do cartão de crédito). acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário pode-
Outro recurso de proteção é usado para combater rá colar a imagem capturada ou salvar diretamente
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que pelo navegador.
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar- Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles ofe-
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. Ele recem pequenas dicas para que você possa aproveitar
substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o visualiza- ao máximo o Firefox. Também pode aparecer novida-
dor padrão de arquivos PDFs no Windows 10. Foram des sobre produtos Firefox, missão e ativismo da Mozil-
adicionados recursos que permitem “Desenhar” sobre la, notícias sobre integridade da internet e muito mais.
o conteúdo do PDF.
Além disso, mantém as características dos outros Google Chrome
navegadores de Internet, como a possibilidade de insta-
lação de extensões ou complementos, também chamados O navegador mais utilizado pelos usuários da
Internet é oferecido pela Google, que mantém servi-
de plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
ços, como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube),
específicos para a navegação em determinados sites.
entre muitos outros. Uma das pequenas diferenças
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces-
desse navegador em relação aos outros navegadores
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, é a tecla de atalho para acesso à Barra de Endereços,
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas que, nos demais, é F4 e, nele, é F6. Outra diferença é o
como PDF no dispositivo do usuário. acesso ao site de pesquisas Google, que oferece a pes-
Coleções, no Microsoft Edge, é um recurso exclusi- quisa por voz se você acessar pelo Google Chrome.
vo que permite que a navegação inicie em um disposi- Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
tivo e continue em outro dispositivo logado na mesma Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
nomeado como Coleções, no Edge, permite adicionar não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
sugestões do Pinterest. poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
Outro recurso específico do navegador é a repro- Alguns recursos do navegador são “emprestados”
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site do site de buscas, como a tradução automática de
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). páginas pelo Google Tradutor.
É possível compartilhar o uso do navegador com
Internet Explorer outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
cada uma tenha as próprias configurações e arquivos.
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows O navegador Google Chrome possui níveis diferentes
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o de acessos, que podem ser definidos quando o usuário
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no conecta ou não em sua conta Google.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi- z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
mento de substitutos para os programas, que deter- gle, o navegador armazena localmente as informa-
ções da navegação para o perfil atual do sistema
mina que a nova versão ou novo produto terá os
operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
recursos e irá operar como as versões anteriores ou
consultar as informações armazenadas;
produtos de origem.
z Modo Normal conectado na conta Google: o nave-
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de
gador armazena localmente as informações da
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. navegação e sincroniza com outros dispositivos
As Opções de Internet, disponível no menu Ferra- conectados na mesma conta Google;
mentas, podem ser acessadas pelo Painel de Controle z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet,
do Windows, devido à alta integração do navegador mas não acessa as informações da conta Google
com o sistema operacional. registrada;
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces-
Mozilla Firefox sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
janela é fechada.
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, como
os demais browsers, possibilita o acesso ao conteúdo O navegador Google Chrome, quando conectado em
armazenado em servidores remotos, tanto na Internet uma conta Google, permite que a exclusão do histórico
como na Intranet. É um navegador com código aberto, de navegação seja realizada em todos os dispositivos
software livre, que permite download para estudo e modi- conectados. Essa funcionalidade não estará disponível
ficações. Possui suporte ao uso de applets (complementos caso não esteja conectado na conta Google.
de terceiros), que são instalados por outros programas no Um dos atalhos de teclado diferente no Google
computador do usuário, como o Java. Chrome, em comparação aos demais navegadores,
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincroniza- é F6. Para acessar a barra de endereços nos outros
ção de dados de navegação, semelhante ao Micro- navegadores, pressione F4. No Google Chrome, o ata-
soft Contas e Google Contas dos outros navegadores. lho de teclado é F6. 143
Para verificar a versão atualmente instalada do 2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e, depois, referência ao Open Document, do Open Office.
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram Microsoft Office
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
Office 2003 Office 2007 Office 365
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
com as mesmas credenciais de login.
O Google Chrome permite a personalização com
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. Microsoft Office eram identificados com extensões
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões
de concursos ainda apresentam estas extensões nas
alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup
SOFTWARES APLICATIVOS DO PACOTE Language) foi implementado para oferecer portabili-
MICROSOFT OFFICE (WORD, EXCEL, dade aos documentos produzidos. As extensões dos
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras,
POWER POINT, OUTLOOK E ACCESS) E como DOCX, XLSX e PPTX.
SUAS FUNCIONALIDADES Com o avanço dos recursos de computação na nuvem,
o Office foi disponibilizado na versão on-line, que poste-
Um pacote de aplicativos para escritório é sem riormente se chamou 365, e é a versão atual do pacote.
dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um com- Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas
putador pode ter instalado. Independente do perfil de mensais e anuais, ao invés da venda de licenças de uso,
utilização do usuário, algum dos aplicativos disponí- a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a
veis em um pacote como o Microsoft Office, atendem a última versão do pacote para escritórios.
diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft
mais complexas. Office usar ou estudar?
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de pro- Para bancas CESPE/Cebraspe e Instituto Quadrix,
dutividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice. você deve ter a última versão disponível. Elas ques-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que tionam as novidades das últimas versões disponíveis.
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente Já outras bancas organizadoras, a versão é indiferen-
está na versão Office 365, que disponibiliza recursos te. O mais importante será o conceito envolvido e sua
via Internet (computação nas nuvens), com armaze- aplicação na formatação de arquivos.
namento de arquivos no Microsoft OneDrive.
Serviços adicionais de comunicação, como o Micro- LibreOffice
soft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote
Microsoft Office 365.
Open Office BrOffice LibreOffice
MICROSOFT
PROGRAMAS LIBREOFFICE
OFFICE
O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-
LibreOffice ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
Editor de Textos Microsoft Word arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
Writer
os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen-
Planilhas de to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP
Microsoft Excel LibreOffice Calc
Cálculos (Presentation – apresentação de slides).
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o
Apresentações Microsoft LibreOffice
pacote com recursos especificamente úteis para os
de Slides PowerPoint Impress
brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo
programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
As extensões dos arquivos editáveis produzidos além das questões que já foram aplicadas pelas bancas.
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na O LibreOffice é o pacote atual, disponível para
tabela a seguir. download e instalação em diversas plataformas. Está
na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme-
EXTENSÕES MICROSOFT lhantes às versões anteriores, com uma interface
LIBREOFFICE redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis-
DE ARQUIVOS OFFICE
ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro-
Editor de Textos DOCX ODT soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc).
Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi-
Planilhas de ce usar ou estudar?
XLSX ODS
Cálculos Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins-
Apresentações tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis-
PPTX ODP ponível. No site do LibreOffice você poderá fazer o
de Slides
download gratuito. Ao passo que para outras bancas
organizadoras é recomendável verificar se o edital
As extensões do Microsoft Office, para arquivos pede uma versão específica (como LibreOffice 5) ou
editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo se pede várias versões (LibreOffice 5 ou superior). Se
144 formatado com XML, que foi introduzido na versão for uma versão específica, serão questionados ícones
e atalhos de teclado apenas dela. Se for uma versão instale um pacote de compatibilidade, disponível para
específica com o “ou superior” complementando, download no site da Microsoft.
então serão questionados os recursos válidos para Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
todas as versões, e você poderá usar a última versão podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
disponível para estudos. Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse
Grande parte das questões de concursos públicos PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos-
procuram questionar as diferenças entre os aplica- se um documento do Word.
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um O Microsoft Word pode gravar o documento no for-
recurso que é acionado com um atalho de teclado no mato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem documentos produzidos no outro pacote de aplicativos.
um atalho de teclado diferente. Durante a edição de um documento, o Microsoft Word:

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E „ Faz a gravação automática dos dados editados


APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT E enquanto o arquivo não tem um nome ou local
LIBREOFFICE) de armazenamento definidos. Depois, se neces-
sário, o usuário poderá “Recuperar documen-
Microsoft Word tos não salvos”;
„ Faz a gravação automática de auto recupera-
z Estrutura básica dos documentos ção dos arquivos em edição que tenham nome
e local definidos, permitindo recuperar as alte-
Os documentos produzidos com o editor de textos rações que não tenham sido salvas;
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica: „ As versões do Office 365 oferecem o recurso
de “Salvamento automático”, associado à con-
„ Documentos: arquivos DOCX criados pelo Micro- ta Microsoft, para armazenamento na nuvem
soft Word 2007 e superiores. Os documentos são Microsoft OneDrive. Como na versão on-line, a
arquivos editáveis pelo usuário, que podem ser cada alteração, o salvamento será realizado.
compartilhados com outros usuários para edição
colaborativa; O formato de documento RTF (Rich Text Format) é
„ Os Modelos (Template): com extensão DOTX, padrão do acessório do Windows chamado WordPad,
contém formatações que serão aplicadas e por ser portável, também poderá ser editado pelo
aos novos documentos criados a partir dele. Microsoft Word.
O modelo é usado para a padronização de Em questões sobre pacotes de aplicativos nas provas
documentos; elaboradas pela banca organizadora CESPE/Cebraspe, as
„ O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM extensões de arquivos são amplamente questionadas.
(Document Template Macros – modelo de Ao iniciar a edição de um documento, o modo
documento com macros): As macros são códigos de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de
desenvolvidos em Visual Basic for Applications Impressão”. O documento será mostrado na tela da
(VBA) para a automatização de tarefas; mesma forma que será impresso no papel.
„ Páginas: unidades de organização do texto, O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
segundo a orientação, o tamanho do papel e to sem outras distrações como a Faixa de Opções com
margens. As principais definições estão na guia os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a
Layout, mas também encontrará algumas defi- barra de título continua sendo exibida.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


nições na guia Design; O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
„ Seção: divisão de formatação do documento, visualizar o documento como ele seria exibido se esti-
onde cada parte tem a sua configuração. Sem- vesse publicado na Internet como página web.
pre que forem usadas configurações diferentes, Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de
como margens, colunas, tamanho da página, Títulos serão mostrados, auxiliando na organização
orientação, cabeçalhos, numeração de páginas, dos blocos de conteúdo.
O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”,
entre outras, as seções serão usadas;
exibe o conteúdo de texto do documento sem os elemen-
„ Parágrafos: formado por palavras e marcas de
tos gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
formatação. Finalizado com Enter, contém for-
Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que
matação independente do parágrafo anterior e
faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemen-
do parágrafo seguinte;
to da interface do Microsoft Office.
„ Linhas: sequência de palavras que pode ser um
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for Acesso Rápido
finalizado com Quebra de Linha, a configura-
Guia Atual
ção atual permanece na próxima linha; Guias ou Abas Item com Listagem

„ Palavras: formado por letras, números, símbo-


los, caracteres de formatação etc.

Os arquivos produzidos nas versões anteriores do


Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
vos de formato DOC são abertos em Modo de Compa-
tibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar
todos os recursos da versão atual, deverá “Salvar Ícone com Opções
Caixa de Diálogo do Grupo
como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX. Grupo

Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão


ser editados pelas versões antigas do Office, desde que Figura 1 Faixa de opções do Microsoft Word. 145
Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão 2007
ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmente ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a preferência
do usuário.
A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos.

GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Página Inicial Pincel de Formatação

Nome da fonte Calibri (Corp

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir
Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.

BOTÃO/GUIA DICA

Arquivo Comandos para o documento atual. Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar

Tarefas iniciais. O início do documento, acesso à Área de Transferência, formatação de fontes,


Página Inicial
parágrafos. Formatação do conteúdo da página

Tarefas secundárias. Adicionar um objeto que ainda não existe no documento. Tabela, Ilustrações,
Inserir
Instantâneos

Layout da Página Configuração da página. Formatação global do documento, formatação da página

Design Reúne formatação da página e plano de fundo

Referências Índices e acessórios. Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários, etc.

Correspondências Mala direta. Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos

146
BOTÃO/GUIA DICA

Correção do documento. Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de alte-
Revisão
rações, comentários, comparar, proteger, etc.

Exibir Visualização. Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Edição e Formatação de Textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.

Seleção

Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha

Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo

Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento

- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha

- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento

- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento

Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra

Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local

Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado

Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.

147
Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
subscrito
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independen-
te, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Edição e Formatação de Parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos;
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem;
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem;
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado;
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo;
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior;
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte;
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo;
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2 Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem;


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras;
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos;
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa;
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais;
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem;
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas;
z Sumário: índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os caracte-
148 res não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).
CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode


Enter -
mudar a formatação

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a for-


Shift+Enter -
matação atual

Quebra de página: muda de página, no local atual


do cursor. Disponível na guia Inserir, grupo Pági-
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Quebra de página
nas, ícone Quebra de Página, e na guia Layout,
grupo Configurar Página, ícone Quebras

Quebra de coluna: indica que o texto continua na


Ctrl+Shift+ Enter próxima coluna. Disponível na guia Layout, grupo Quebra de coluna
Configurar Página, ícone Quebras

Separador de Estilo: usado para modificar o estilo


Ctrl+Alt+ Enter -
no documento

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se esti-


TAB
ver no início de um texto, aumenta o recuo

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de linha, posi-
cionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as configurações na
planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel. 149
WORD EXCEL

Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos Somente o conteúdo da primeira célula será mantido

Em inglês, com referências direcio- Em português, com referências posicionais


Tabela, Fórmulas
nais =SUM(ABOVE) =SOMA(A1:A5)

Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente Recalcula automaticamente e manualmente (F9)

Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5

Quebra de linha manual Shift+Enter Alt+Enter

Copia apenas a primeira formatação


Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes
da origem

Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima

Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago

Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...

Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda

Atualizar os campos de uma mala


F9 Atualizar o resultado das fórmulas
direta

F11 - Inserir gráfico

Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na


Ctrl+Enter Quebra de página manual
célula atual

Alt+Enter Repetir digitação Quebra de linha manual

Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na


Shift+Enter Quebra de linha manual
célula acima da atual, se houver

Alternar entre maiúsculas e


Shift+F3 Inserir função
minúsculas

Índices

Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referências
Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Importante!
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
150
MICROSOFT EXCEL Mesclar e Centralizar

Mesclar e Centralizar
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde Mesclar através
a criação de uma agenda de compromissos, passan-
Mesclar Células
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de G H
pagamento, ao controle de estoque de produtos e base Desfazer Mesclagem de Células
de clientes. Diversas funções internas oferecem os
recursos necessários para a operação. E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de poderá juntar as informações das células.
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para disponível na guia Página Inicial:
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o z Mesclar e Centralizar: Une as células seleciona-
Office 2007, e permanece até hoje. das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
As planilhas de cálculos não são banco de dados. nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
Muitos usuários armazenam informações (dados) em los (títulos) que ocupam várias colunas;
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de z Mesclar através: Mesclar cada linha das células
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco- selecionadas em uma célula maior;
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecio-
banco de dados tem informações armazenadas em nadas em uma única célula, sem centralizar;
registros, separados em tabelas, conectados por rela- z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o proce-
cionamentos, para a realização de consultas. dimento realizado para a união de células.

Conceitos Básicos Elaboração de Tabelas e Gráficos

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon- A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi- de dados, é o conjunto de valores armazenados nas
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com células. Estes dados poderão ser organizados (classi-
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional); ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea- e funções), além de apresentar em forma de gráfico
das com uma letra; (uma imagem que representa os valores informados).
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume- Para a elaboração, poderemos:
radas com números;
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar
a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponí-
vel na área superior do aplicativo, a linha de fór-
mulas é o conteúdo da célula. Se a célula possui um
valor constante, além de mostrar na célula, este
aparecerá na barra de fórmulas. Se a célula possui
um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mos-

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


trada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado
através da Alça de Preenchimento ou pelas opções
automáticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser forma-
tados, ou seja, continuam com o valor original (na
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
linha de fórmulas) mas são apresentados com uma
folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas
formatação específica;
(nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão
de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acor-
z Também na caixa de diálogo Formatar Células,
do com quantidade de memória RAM disponível,
encontraremos o item Personalizado, para criação
nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
de máscaras de entrada de valores na célula.
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
da célula, permite que um valor seja copiado na
direção em que for arrastado. No Excel, se hou-
ver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 núme-
ros, uma sequência será criada. Se for um texto, é
copiado. Mas texto com números é incrementado.
Dias da semana, nome de mês e datas são sempre
criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Haven-
do diversos valores para serem mesclados, o Excel
manterá somente o primeiro destes valores, e cen-
tralizará horizontalmente na célula resultante.
151
Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

GERAL: SEM FORMATO ESPECÍFICO


123

12 NÚMERO: EX.: 4,00

MOEDA: EX.: R$4,00

CONTÁBIL: E.: R$4,00

DATA ABREVIADA: EX.: 04/01/1900

DATA COMPLETA: EX.: QUARTA-FEIRA, 4 DE


JANEIRO DE 1900

HORA: EX.: 00:00:00

PORCENTAGEM: EX.: 400,00 %

1 FRAÇÃO: EX.: 4
2
102 CIENTIFICO. EX.: 4,00E + 00

ab TEXTO: EX.: 4

As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exemplo,
na verdade é um número formatado como data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

O ícone % é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)

VALOR FORMATO PORCENTAGEM % ß,0


PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
1 100% 100,00%
0,5 50% 50,00%
2 200% 200,00%
100 10000% 10000,00%
0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
152 alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000
1500 R$1.500,00 1.500,00
16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00
1 R$1,00 1,00
400 R$400,00 400,00
27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

Multiplica 5 (multiplicando) por 4


* (asterisco) Multiplicação =5*4
(multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por


Percentual = 20%
(percentual) 100

Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) Exponenciação Cálculo de raízes =3^2=8^(1/3) Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica
de 8

Ordem das operações matemáticas

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

Como resolver as questões de planilhas de cálculos?


1. Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos)
2. Identificar a simbologia básica do Excel (informática)
3. Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática)
4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico)

OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
15, senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mos-


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
tre 20, senão mostre 40

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


>= (maior ou igual) Maior ou igual a = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 )
mostre 5, senão mostre 1

153
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


<= (menor ou igual) Menor ou igual a = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 )
mostre 11, senão mostre 23

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mos-


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
tre 100, senão mostre 8

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50

Princípios dos operadores relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=

O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor

Informa o caminho de outro arquivo do Ex-


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho cel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos

Princípios dos Operadores de Referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2

O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

154
a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00

A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11

= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador


Identifica uma função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma operação prioritária

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2

A função SE tem 3 partes, e estas estão


; (ponto e vírgula) Separador de argumentos =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
separadas por ponto e vírgula

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos

Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”

Exibe os zeros não significativos,


‘(apóstrofe) Número como texto. ‘0001
0001 como texto (ex.: placa de carro)

Exibe “Fernando Nishimura” (sem as


& (“E” comercial) Concatenar. = “Fernando ”&” Nishimura” aspas), o resultado da junção dos
textos individuais
155
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7)

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3)

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3)

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4)

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3)

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144)

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor.

Funções Básicas

z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas células selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.

z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja somado)

=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.

z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.

=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias não
entram no cálculo da média.

z MED(valores) : informa a mediana de uma série de valores.

Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados e o valor
156 no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantida- teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
de par, a mediana será a média dos valores que estão rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), é menor que zero, só poderia ser maior do que zero,
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
usado somente no início da digitação da célula.
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células As funções CONT são usadas para informar a quanti-
selecionadas. dade de células, que atendem às condições especificadas.

=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na - CONT.NÚM - para contar quantas células possuem
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape- números.
nas um será mostrado. - CONT.VALORES - quantidade de células que estão
preenchidas.
z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de - CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não
uma série, segundo o argumento apresentado. estão preenchidas.
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a
Valores iguais ocupam posições diferentes. uma condição específica.
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu- várias condições simultaneamente.
las A1 até D6.
z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as
z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu- células em um intervalo, exceto as células vazias.
las selecionadas.
= CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na contagem, informando quantas células estão preen-
área de A1 até D6. chidas com valores, quaisquer valores.

z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um


uma série, segundo o argumento apresentado. intervalo, exceto células vazias e células com texto.

Valores iguais ocupam posições diferentes. =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no


intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
las A1 até D6. z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan-
tas vezes aparece um determinado valor (número ou
z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor- texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro indicar qual é o critério a ser contado)
caso seja falso.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
Esta função é muito solicitada em todas as bancas. tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na do o valor 5.
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi- z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais ção2): Esta função conta quantas vezes aparece
serão realizadas as duas operações, somente uma um determinado valor (número ou texto) em um
delas, segundo o resultado do teste. intervalo de células (o usuário tem que indicar
A função SE usa operadores relacionais (maior, qual é o critério a ser contado), atendendo a todas
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen- as condições especificadas.
te) para construção do teste. As aspas são usadas para
textos literais. =CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)
Efetua a contagem de quantas células existem no
=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes-
célula A1 não é 10”) mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1
=SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O até B10 contendo o valor 7.
valor não é negativo”)
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias
não é positivo”) de um intervalo.

É possível encadear funções, ampliando as áreas =CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células


de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati- vazias existem no intervalo A1 até A8.
vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z SOMASE(células para testar;teste;células para
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é somar): Efetua um teste nas células especificadas,
negativo”;”Valor é positivo”)) e soma as correspondentes nas células para somar.
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos.
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for =SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo de A1 até A10 que sejam maiores que 6. 157
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores z AGORA(): Exibe a data e hora atuais do computador.
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem z DIA(data): Extrai o número do dia de uma data.
menores que 3. z MÊS(data): Extrai o número do mês de uma data.
z ANO(data): Extrai o número do ano de uma data.
z SOMASES(células para somar; células1; teste1; z DIAS(data1;data2): Informa a diferença em dias
células2; teste2): Verifica as células que atendem entre duas datas.
aos testes e soma as células correspondentes. z DIAS360(data1;data2): Informa a diferença em
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos. dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias)
z POTÊNCIA(base;expoente): Eleva um número
z MÉDIASE(células para testar;teste;células para (base) ao expoente informado.
calcular a média): Efetua um teste nas células especi- =POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16
ficadas, e calcula a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os mesmos. z MULT(número;número;número; ... ) : Multiplica
z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_ os números informados nos argumentos.
índice_coluna; [intervalo_pesquisa]): A função
PROCV é utilizada para localizar o valor_procurado FUNÇÕES LÓGICAS
dentro da matriz_tabela, e quando encontrar, retor-
nar à enésima coluna informada em núm_índice_ Retorna VERDADEIRO se todos
E (Função E) os seus argumentos forem
coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou
VERDADEIROS
FALSO, é usada para identificar se precisa ser o valor
exato (F) ou pode ser valor aproximado (V). Retorna VERDADEIRO se
Por exemplo: OU (Função OU) um dos argumentos for
VERDADEIRO
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) Inverte o valor lógico do
NÃO (Função NÃO)
argumento
A função PROCV é um membro das funções de pes- FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO
quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
Use a função tirar ou a função arrumar para VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela. VERDADEIRO) VERDADEIRO

Retornará um valor que você


z ESQUERDA(texto;quantidade): Extrai de uma especifica se uma fórmula for
sequência de texto, uma quantidade de caracteres SEERRO (Função
avaliada para um erro; do con-
especificados, a partir do início (esquerda). SEERRO)
trário, retornará o resultado da
fórmula
=ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern
ando”

z DIREITA(texto;quantidade): Extrai de uma sequên-


Importante!
cia de texto, uma quantidade de caracteres especifi- Foram apresentadas muitas funções neste
cados, a partir do final. material, não é verdade? Existem milhares de
funções no Microsoft Excel e LibreOffice Calc.
=DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”.
Em concursos públicos, estas são as mais
z CONCATENAR(texto1;texto2; ... ): Junta os textos questionadas. Em provas da banca organizado-
especificados em uma nova sequência. ra CESPE, raramente aparecem questões com
funções, e quando aparecem, são as básicas e
=CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá- intermediárias.
rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”.

z INT(valor): Extrai a parte inteira de um número. Gráficos

=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor Além da produção de planilhas de cálculos, o


3,14159 exibe 3. Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos
com os dados existentes nas células.
z TRUNCAR(valor;casas decimais): Exibe um Gráficos são a representação visual de dados numé-
número com a quantidade de casas decimais, sem ricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
arredondar. ‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas micas, são construídos com dados existentes em uma
decimais – valor 3,14159 exibe 3,141. ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
informações para a produção de relatórios completos.
z ARRED(valor;casas decimais): Exibe um número
com a quantidade de casas decimais, arredondan- z Os gráficos de Colunas representam valores em
do para cima ou para baixo. colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
decimais – valor 3,14159 exibe 3,142. pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

158 z HOJE(): Exibe a data atual do computador.


z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa
Coroplético.

z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-


z Os gráficos de Linhas representam valores com jam organizados em preço na alta, preço na baixa
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. -Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas,
de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas.
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos de Área representam dados de forma seme-


z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D, Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


z Os gráficos de Dispersão representam duas séries trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

159
z Os gráficos do tipo Histograma são usados para séries de valores com evolução, como idades da população. São
exemplos de gráficos do tipo Histograma: Histograma e Pareto.

z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.

Classificação de Dados

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores para os
menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou mais colunas.
Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por formato,
incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones.
A maioria das operações de classificação é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

160
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá ser ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas

Classificar números Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’ ou
‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais


Classificar datas ou horas nova’ ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo,
cronologicamente

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por
de fonte ou ícones essas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones cria-
dos ao aplicar uma formatação condicional

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK

Classificar por mais de uma colu-


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação
na ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Conti-
intervalo de células sem afetar as
nuar com a seleção atual”
demais

MICROSOFT POWERPOINT

As apresentações de slides criadas pelo Microsoft PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de extensão

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


.PPTX. Caso contenham macros (comandos para automatização de tarefas) será atribuída a extensão .PPTM. E
ainda podemos trabalhar com os modelos (extensão .POTX e POTM).
Apesar de ser um aplicativo com finalidade diferente do editor de textos, ele possui muitas semelhanças que
acabam ajudando quem está iniciando nele. Da mesma forma que o editor de textos, é possível trabalhar com
seções (divisões), é possível inserir números de slides, é possível comparar apresentações, etc.

EXTENSÃO TIPO DE ARQUIVO CARACTERÍSTICAS


PPT Apresentação editável Versão 2003 ou anterior
PPS Apresentação executável Versão 2003 ou anterior
POT Modelo de apresentação Versão 2003 ou anterior
PPTX Apresentação editável Versão 2007 ou superior
Versão 2007 ou superior, que não necessi-
PPSX Apresentação executável
ta de programas para ser visualizada
Recursos para padronização de novas
POTX Modelo de apresentação
apresentações
Recursos para padronização e automati-
POTM Modelo de apresentação com macros
zação de novas apresentações
Formato do LibreOffice Impress, que
ODP Open Document Presentation pode ser editado e salvo pelo Microsoft
PowerPoint
Formato de documento portável, sem
PDF/XPS Portable Document Format alguns recursos multimídia inseridos na
apresentação de slide
161
z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um
Importante! objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas ani-
Apresentações de slides é um tópico pouco mações simultaneamente, enquanto a transição do
questionado em provas de concursos. Conhe- slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saí-
cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint, da ou Trajetórias de Animação.
você poderá aproveitá-los quando estudar
LibreOffice Impress. Conceito de Slides

Conforme observado no item anterior, os slides são as


As apresentações de slides podem ser gravadas em unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as pági-
formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até nas de um documento do Microsoft Word, os slides pos-
transformadas em vídeo (extensão MP4). suem configurações como margens, orientação, números
Os recursos do PowerPoint, como animações, tran- de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc.
sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais
ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart de slides,
TV em totens de propagandas.
z Slide (modo de exibição Normal): cada slide é
mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos
slides mestres, alterando toda a apresentação de
uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout
dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout
das folhas de anotações.

Figura 1. Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão


Arquivo, menu Exportar, item Criar Vídeo.

Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati-


vo de edição de apresentações de slides.

z SLIDE: unidade de edição, como uma página da


apresentação;
z SLIDE MESTRE: slide com o modelo de formatação
que será usado pelos slides da apresentação atual;
z DESIGN: aparência do slide ou de toda a apresen-
tação. O design combina cores, estilos e padrões
para que a aparência tenha um visual harmoniza-
do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
Figura 3. Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de
objeto inserido no slide;
slides
z LAYOUT: disposição dos elementos dentro do slide.
Quando a apresentação é iniciada, o slide de slide
Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu
de título é apresentado. O usuário poderá alterar
uma pequena mudança em relação às versões ante-
para outro layout. Cada slide da apresentação pode-
riores, com a inclusão do item Modo de Exibição de
rá ter um layout diferente.
Estrutura de Tópicos:

z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas


Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo,
Seção Conteúdo o slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua
edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de
anotações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para
Legenda Legenda
editar e alternar entre slides no painel de estru-
tura de tópicos. Útil para a criação de uma apre-
Figura 2. Layout de slide sentação a partir dos tópicos de um documento do
Microsoft Word;
z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen- z Classificação dos Slides: no modo de exibição
tação (usadas para Apresentações Personalizadas). Classificação de Slides, apenas miniaturas dos sli-
Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e no des serão mostradas. Estas miniaturas poderão
início, escolher qual delas será exibida para o público; ser organizadas, arrastando-as. As operações de
z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao selecio- slides estão disponíveis, como Excluir slide, Ocul-
nar algum efeito de animação entre os slides (guia tar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo.
Transições, grupo Transição para este slide), será dis- Somente após duplo clique será possível a edição
162 ponibilizada a opção para configuração do Intervalo; do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.

Noções de Edição e Formatação de Apresentações

A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar, etc.
Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o ícone
‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone corres-
pondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.

FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO VÍDEO HIPERLINKS


PPTX X X X X X
PPSX X X X X X
PDF - - - - X
MP4 X X X X X
JPG/PNG - - - - -

Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )

O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5.

A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.

Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.

Apresentação de Slides Personalizada: Criar ou executar uma apresentação de slides personalizada.


Uma apresentação de slides personalizada exibirá somente os slides selecionados. Este recurso permite
que você tenha vários conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de slides de 30 minutos
e outra de 60 minutos) na mesma apresentação.

Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como o
modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pressio-
nar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides, etc.

Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.

Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua apre-
sentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses intervalos
para executar a apresentação automaticamente no futuro.
163
Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.

Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada ima-
gem será colocada em um slide individual.

Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você cli-
car nele ou passar o mouse sobre ele.

Inserir número do slide: o número do slide reflete sua posição na apresentação.

Inserir vídeo no slide: permite inserir um videoclipe no slide.

Inserir áudio no slide: permite inserir um clipe de áudio no slide.

Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.

Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e fai-
xas, textos explicativos e botões de ação.

LIBREOFFICE WRITER

A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interface da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um fundo
cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
O LibreOffice Writer é integrado com os demais programas do pacote, permitindo a inserção de fórmulas avan-
çadas de cálculos do LibreOffice Calc em uma tabela do documento de textos, por exemplo.
O LibreOffice Writer grava documentos com a extensão ODT, mas também poderá gravar em outros formatos
como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos que são gravados pelo programa, também poderão ser abertos por ele.

Importante!
O que você faz no Word, você faz no Writer. Quase tudo tem correspondente entre os aplicativos. Alguns atalhos
de teclado são diferentes, alguns nomes de comandos são diferentes, mas a maioria dos itens são iguais.

O botão abc é usado para fazer a verificação ortográfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação ortográfi-
ca o atalho é Shift+F7. A auto verificação ortográfica é para correção automática de todos os erros do documento
segundo as configurações pré-determinadas pelo editor de textos Writer.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma pala-
vra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado verde). Já
a autocorreção é um recurso diferente, que permite substituir erros comuns, como a ausência de maiúscula no
início de uma frase, corrigir o uso acidental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre maiúscula e minúscu-
la), acentuação na palavra não (quando digitamos naõ), e principalmente a substituição de símbolos por palavras,
definidos pelo usuário, no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.

Estrutura Básica dos Documentos

Os documentos do LibreOffice Writer possuem a seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos do Micro-
soft Word e conceitos:

z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text). Os documentos são arquivos editáveis pelo usuário. Os
Modelos, com extensão OTT (Open Template Text), contém formatações que serão aplicadas aos novos documen-
tos criados a partir dele;
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo o tamanho do papel e margens. Definições estão no menu
Formatar, item Estilo da Página..., guia Página;

164
A4

z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem
usadas configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usadas. Disponível no
menu Inserir, item Seção...;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação indepen-
dente do parágrafo anterior, e do parágrafo seguinte;
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação, etc. Podemos definir a formata-
ção do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Tex-
to. A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.

Edição e Formatação de Textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágra-
fos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração aplicada.

Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.

ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto


165
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - -

Contorno - - Exemplo de Texto

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Diminuir tamanho Ctrl+Shift+vírgula Ctrl + [ Exemplo de Texto

Maiúsculas EXEMPLO DE TEXTO

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo De Texto

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto

Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de Teclado dos Editores de Textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.

ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS

Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D1 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
166 preferidos do usuário.
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G2 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

Ctrl+J3 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador

Ctrl+L4 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo5 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N6 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)

Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual7 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F38 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
7  O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
8  O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 167
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta.

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+A Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Selecionar a frase

Botão principal - 4 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Cabeçalhos

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.

Inserir

Cabeçalho e rodapé Cabeçalho

Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.

MENU SIGNIFICADO

Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar, impri-
Arquivo
mir, propriedades)

Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecionar) e
Editar
área de transferência do Windows/Linux

Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom

Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos gráfi-
cos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé

Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e numera-
Formatar
ção, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento

Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser orga-
Estilos
nizadas em um índice

Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recurso.
Tabelas
Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida
168
MENU SIGNIFICADO

Formulá- Permite a edição e programação de formulários diretamente no documento aberto, para entrada de da-
rios dos padronizados

Ferra- Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os próxi-
mentas mos arquivos editados pelo aplicativo

Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos em edição

Impressão

Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).

Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.

LIBREOFFICE CALC

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante ao
Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças (que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Google Plani-
lhas. O arquivo produzido em um aplicativo poderá ser editado por outro programa, pois são compatíveis entre si.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir normalmen-
te. O LibreOffice Calc reconhece o formato XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de armazenamento não
influencia nos recursos disponíveis no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é um com-
ponente do ODF (Open Document Format). O arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABALHO, e poderá
ser gravado no formato do Microsoft Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc inicia com 1 planilha (folha de dados), identificada por abas na
parte inferior da tela de visualização. Cada planilha é independente das demais, e usamos o sinal de ponto final
para referenciar dados em outras planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui 1024
colunas). As linhas são numeradas com números, de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Microsoft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor ou pior.
Cuidado com as comparações. Quando a banca sugere uma comparação, menosprezando um dos itens, geralmen-
te está errado.

Conceitos Básicos

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números; 169
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma A formatação condicional pode apresentar visual-
folha de dados. Writer representa com (ponto final); mente as diferenças existentes nos dados da planilha
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de provas.
memória RAM disponível, nomeadas como Planilha
1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS; Simbologia Específica
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da
célula, permite que um valor seja copiado na direção z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, la da planilha. Colunas com letras, linhas com
ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência números. O formato de referência é idêntico no
será criada. No Calc, 1 número cria uma sequência Excel e Calc.
com incremento 1. Datas, dias da semana, nome dos Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.
meses, estas opções criam listas pré-definidas;
z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou
faz uma comparação dentro de um teste.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
te e exibe uma mensagem.

z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/


função.
Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O com o valor em A2.
LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a
forma como as células serão mescladas. Ao clicar z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/
no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo- função com inversão de resultado.
go “Mesclar células” será exibida. Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2, invertendo o resultado.
A célula pode receber diferentes formatações, espe-
cialmente na exibição de valores numéricos. Para a exi- z * (asterisco) multiplicação.
bição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A formação Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor
de células, linhas e colunas possibilita definir bordas, em A1 pelo valor em A2.
sombreamento, e padrões que serão aplicados a estas.
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no z / (barra ‘normal’) divisão.
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e pelo valor em A2.
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi-
derado na impressão.
z ^ (acento circunflexo) Exponenciação.
A formatação Condicional permite exibir célu-
Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do
las de diferentes cores e padrões, segundo condições
valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2.
estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os
números negativos sejam vermelhos e os positivos em
azul, é um caso. z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o
valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu-
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
Formatar resultado (por cento, por 100).

z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne


dois ou mais valores em uma única sequência.
Exemplo:
=”Fernando”&”Nishimura”
=15&30
Fernando Nishimura
1530

z . (ponto final) Significa Planilha.


Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua
Condiconal a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o
valor de A2 que está em Planilha2.

Geranciar... Importante!
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto
de exclamação, no Calc é o ponto final.
170
z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes, z ##### A célula não é larga o suficiente para mos-
para comparação. trar o conteúdo;
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) – z NUM! ou Err:503! Operação de ponto flutuante
efetua um teste e exibe uma mensagem. inválida. Um cálculo resulta em overflow no inter-
valo de valores definido;
z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes, z #VALOR ou Err:519! Sem resultado. A fórmula
para comparação. resulta em um valor que não corresponde à sua
Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) – definição; ou a célula que é referenciada na fórmu-
efetua um teste e exibe uma mensagem. la contém um texto em vez de um número;
z #REF ou Err:524! Referências inválidas. Em uma
fórmula, está faltando a coluna, a linha ou a plani-
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos,
lha que contém uma célula referenciada;
sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes,
z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi
para comparação. possível avaliar um identificador, por exemplo,
Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2 não foi possível encontrar uma referência válida,
é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem. um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu-
na/linha, uma macro, um separador decimal incor-
z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos, reto, suplemento não encontrado;
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes, z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação
para comparação. de divisão / quando o denominador é 0.
Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a A2”;”A2
é menor que A1”) – teste e exibe uma mensagem. Funções Básicas

z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti- z SOMA (valores) : realiza a operação de soma nas
vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o células selecionadas.
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis-
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
tentes nas células A1, A2 e A3.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem. =SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
tentes nas células A1 até A5
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores, =SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na =SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
matemática, apenas parênteses. tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’,
operando apenas áreas quadrangulares.
z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma =SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores
função ou separador de células em uma referência. A1 com B1 e C1 até C3.
Pode significar E em uma referência de valores. =SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São com 3 e o valor A1 duas vezes.
iguais”) – separando os três argumentos da função.
=SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu- z SOMASE (valores;condição) : realiza a operação
de soma nas células selecionadas, se uma condição
mentos que serão somados.
for atendida.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de =SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo-
faixa de células. res de A1 até A5 que sejam maiores que 15.
Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo- =SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3, res de A1 até A10 que forem iguais a 10. A sinta-
C1 e C2. xe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja
somado).
z “ (aspas) indicam expressões de textos literais.
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São z MEDIA (valores) : realiza a operação de média
iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas. nas células selecionadas e exibe o valor médio
encontrado.
z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans- =MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
formando a referência relativa em referência mista dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções, res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
quando ela mudar de célula, será alterada ou não. célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B vazias não entram no cálculo da média.
está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a z MED (valores): obtém o valor da mediana. A
Planilha2. mediana é o valor que está ‘no meio’ dos valores
ordenados informados
z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,
apenas um) Erro.

Mensagens de Erros

Seguem abaixo os erros mais comuns que podem


ocorrer em uma planilha do LibreOffice Calc: 171
=MED(A2:C2) qual é o valor que está no meio, de 6, A função PROCV é utilizada para localizar o
2 e 1? É o 2. valor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
=MÉDIA(A2:C2) qual é a média dos valores de A2 encontrar, retornar a enésima coluna informada em
até C2? (6+2+1)/3 = 3. núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
z MÁXIMO (valores) : exibe o maior valor das célu- o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
las selecionadas. Por exemplo:
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
nas um será mostrado.
A função PROCV é um membro das funções de pes-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
z MAIOR (valores;posição) : exibe o maior valor de
Se PROCV não localizar valor_procurado, e pro-
uma série, segundo o argumento apresentado.
curar_intervalo for VERDADEIRO, ela usará o maior
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu- valor que é menor do que o valor_procurado.
las A1 até D6.
z PROCH (o que ; onde ; linha ; aproximadamente )
z MÍNIMO (valores) : exibe o menor valor das célu- : procura um valor na horizontal. Caso encontre,
las selecionadas. retorna a linha correspondente ao argumento infor-
mado. E a busca poderá ser exata ou aproximada.
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
área de A1 até D6. Precedência dos Operadores

z MENOR (valores;posição) : exibe o menor valor de Tanto o LibreOffice Calc como o Microsoft Excel,
uma série, segundo o argumento apresentado. usam precedência de operadores matemáticos para a
resolução das fórmulas.
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
las A1 até D6. A ordem de prioridade é parênteses, depois expo-
nenciação (ou potência), depois multiplicação e divi-
são, e por último, adição e subtração.
z SE (teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro ^ Exponenciação A primeira operação que deve
caso seja falso. ser executada
* Multiplicação A próxima operação a ser executa-
z CONT.VALORES (células) : esta função conta todas da, assim como a Divisão.
as células em um intervalo, exceto as células vazias. / Divisão
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da + Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
contagem, informando quantas células estão preen- ção e divisão, faça a adição/subtração.
chidas com valores, quaisquer valores. - Subtração.
- Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for
z CONT.NÚM (células) : conta todas as células em realizado, faça a inversão do sinal.
um intervalo, exceto células vazias e células com Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera-
texto. dores matemáticos.
P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no cação, divisão, adição e subtração.
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos. Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
z CONT.SE (células;condição) : Esta função conta quan- e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
tas vezes aparece um determinado valor (número ou menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que compreender a sequência de comandos e menus do
indicar qual é o critério a ser contado) Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
LibreOffice Impress.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. MENU SIGNIFICADO

Oferece comandos para o gerencia-


z TEXTO (células;formato) : exibe um valor numéri- Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
co no formato especificado por uma máscara. está em primeiro plano
=TEXTO(7;”000”) Exibirá o número 7 com 3 casas, Acesso a recursos temporários (loca-
portanto, 007 Editar lizar, substituir, selecionar) e área de
transferência do Windows/Linux
z MUDAR (texto;início;caracteres;novo_texto) : per-
mite trocar no texto informado, iniciando na posi- Acesso aos controles sobre o que será
ção início, o novo_texto, até o limite de caracteres. Exibir mostrado na tela de edição, e como
será exibido
=MUDAR(“José Carlos”; 1; 4; “João”) Troca o
“José” por “João” Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é
z PROCV (valor_procurado; matriz_tabela; núm_ atualizável, será um campo
172 índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
MENU SIGNIFICADO

Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição

Planilha Opções de controle da planilha de dados no Calc

Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os pró-


Ferramentas
ximos arquivos editados pelo aplicativo

Dados Classificação, filtro, filtro avançado, e demais opções de organização dos dados

Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos

LIBREOFFICE IMPRESS

O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos que esta-
mos apresentando um PowerPoint, mesmo que o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft PowerPoint, LibreOffice Impress, Google Apresentações) permitem
a criação de uma apresentação de slides para exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher um modelo de apresentação para criação de um novo arqui-
vo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e escolher um arquivo que está gravado em um local de armazenamen-
to permanente, para ser aberto e editado naquela sessão de trabalho.

Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffice Impress (antigo OpenOffice, BrOffice).
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress (formato ODP – Open Document Presentation) podem ser
abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


O LibreOffice Impress permite exportar uma apresentação ou desenho para diferentes formatos, incluindo os
citados no enunciado da questão.

z BMP: Windowns Bitmap (*.bmp);


z EMF: Enhanced Metafile (*.emf);
z EPS: Encapsulated PostScript (*.eps);
z GIF: Graphics InterchangeFormat (*.gif);
z JPEG: Joint Photographic Experts Group (*.jpg;*.jpeg;*.jfif;*.jiif;*.jpe);
z PNG: Portable Network Graphic (*.png);
z SVG: Scalable Vector Graphics (*.svg; *.svgz);
z TIFF: Tagged Image File Format (*.tif; *.tiff);
z WMF: Windows Metafile (*.wmf).

Os modos de exibição permitem alternar entre a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Tópicos),
Notas (Anotações do apresentador) e Organizador de Slides (classificação de slides – miniaturas para organização).

Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides

173
z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo que será inserido no slide. Para não esquecer: é o esqueleto
de cada slide da apresentação. O layout do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição dos objetos dentro
de cada slide da apresentação;
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a aparência
da apresentação;
z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual que será utilizado na passagem de um slide para outro slide.
Para não esquecer: é a animação entre os slides da apresentação;
z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos os elementos dentro de uma apresentação, assim como confi-
gurações específicas. Podemos configurar os slides, folhetos e anotações. Para não esquecer: é o esqueleto de
toda a apresentação.

Exibir

Slide mestre

Elementos do slide mestre...

Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:

Internet: endereço URL ou endereço FTP.

Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.

Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.

Novo Documento: para qualquer outro arquivo editável do pacote LibreOffice.

Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.

MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
174
MENU SIGNIFICADO
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos

Menu Slide

Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.

Slide

Menu Apresentação de Slides

Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as opções e comandos para controle da apresentação. Foi man-
tido nas versões seguintes.
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresentação a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a partir do slide

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


atual. Esta é uma alteração importante, pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual, e agora é como no
PowerPoint, com dois atalhos de teclado diferentes.

COMPUTAÇÃO NAS NUVENS


ACESSO A DISTÂNCIA E TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO

Nas redes de computadores, os dados são arquivos disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servidores
web, com páginas web para serem acessadas por um navegador (browser) web; ou, ainda, servidores de arquivos
FTP, para serem acessados por um cliente FTP.
O acesso a distância a computadores será realizado, por meio do paradigma cliente servidor, onde um será o
servidor, que fornecerá o acesso ou arquivos, e o outro dispositivo será o cliente que estiver acessando. 175
Protocolo seguro
„ Arquivos HTML podem ser produzidos em edito-
res de textos sem formatação (como o Bloco de
Notas) ou em editores de textos completos (como
o Microsoft Word).
Usuário final Servidor remoto HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80

Tal acesso deverá ser realizado de forma segura, HTTP – request (requisição)
com uso de VPN (Virtual Private Network), que imple-
menta protocolos seguros na conexão, evitando moni-
Cliente HTTP – response (resposta)
toramento dos dados por terceiros. Web
Servidor
Web

Intranet Extranet Intranet


Protocolo seguro
Conexão z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
segura tocolo seguro de transferência de hipertextos:

Conexão
segura
„ Opera pela porta TCP 443;
Matriz Internet „ Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML,
Filial
etc.;
„ Protocolo mais utilizado para navegação segu-
Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os ra, tanto na Internet como na Intranet;
que definem a Extranet. Extranet é uma conexão segu- „ As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
ra entre ambientes seguros, usando uma infraestrutu- suem comandos adicionais (scripts) que com-
ra pública e insegura. A troca de dados entre o cliente plementam a exibição de conteúdo específico;
e o servidor será realizada por protocolos de transfe- „ Utiliza criptografia, acionando camadas adicio-
rência. Todas as redes utilizam os mesmos protocolos, nais como SSL e TLS na conexão.
linguagens e serviços.
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443
Transferência de Informação e Arquivos

Cada sistema operacional tem o seu sistema de HTTPS – request (requisição)


arquivos para endereçamento das informações arma- Cliente
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente, Web
HTTPS – certificado digital
não é possível a comunicação ou leitura desses dados.
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar Identidade confirmada
o envio e recebimento das informações entre disposi- Servidor
tivos conectados em rede, através dos protocolos de HTTPS – response (resposta) Web
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni-
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos
O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe-
vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet e
rência de dados.
Intranet, como em Transferência de dados e arquivos,
Alguns dos principais protocolos de transferência
como em Segurança da Informação.
de arquivos são:
z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe-
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo de
transferência de hipertextos; rência de arquivos:
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure: pro-
tocolo seguro de transferência de hipertextos; „ Opera com duas portas TCP, uma para dados
z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de transfe- (20) e outra para comandos (21);
rência de arquivos; „ Transfere qualquer tipo de informação;
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol: protocolo „ Pode transferir em modo byte a byte (arquivos
simples de transferência de e-mail. de textos) ou bit a bit (arquivos executáveis);
„ Os navegadores de Internet possuem suporte
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- para acesso aos servidores FTP;
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que „ O usuário pode instalar um cliente FTP dedi-
envolvem as redes de computadores. Mensagens de cado ao acesso aos servidores FTP, que opera
erros, problemas de conexão, instabilidades e proble- de forma mais rápida que nos navegadores de
mas de segurança da informação tornam-se mais claros Internet;
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento. „ Pode utilizar criptografia;
„ O modo anônimo caiu em desuso e poucos ser-
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de vidores FTP ainda aceitam conexão anônima.
transferência de hipertextos:

„ Opera pela porta TCP 80;


„ Transfere arquivos HTML (Hyper Text Markup Lan-
guage – linguagem de marcação de hipertextos);
„ Protocolo mais utilizado para navegação, tanto
na Internet como na Intranet;
„ As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo
176 navegador de Internet, que exibe o conteúdo;
FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)

FTP – Comando OPEN (iniciar


transferência)

FTP – Comando PUT (para upload,


adicionar arquivos)

FTP – Comando GET (para download,


baixar arquivos)

Servidor
Cliente FTP – dados transferidos para a
solicitação GET Web
Web

FTP – comando CLOSE


(finalizar transferência)

z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo simples de transferência de e-mail:

„ Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525;


„ A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloqueada pela maioria dos servidores, para evitar spam;
„ A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS (camada adicional de segurança);
„ A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre SSL), mas foi reatribuída e depreciada;
„ A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito usada por provedores para substituir a porta 587, quando
ela estiver bloqueada;
„ Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o servidor e de um servidor para outro servidor.
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de E-mail –
Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525

SMTP – enviar SMTP – enviar


e-mail e-mail

Cliente
E-mail Servidor Servidor
E-mail E-mail

Aplicativos de Áudio, Vídeo e Multimídia.

Os softwares instalados no computador, podem ser classificados de formas diferentes, de acordo com o ponto
de vista e sua utilização.
Vamos conhecer algumas delas.

CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO


Sistemas Operacionais que oferecem uma plataforma
Básico Windows e Linux

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


para execução de outros softwares
Programas que permitem ao usuário criar e manipular
Aplicativo Microsoft Office e LibreOffice, reprodutores de mídias
seus arquivos
Softwares que realizam uma tarefa para a qual fora Compactador de arquivos, Desfragmentador de Discos,
Utilitários
projetado Gerenciadores de Arquivos
Software malicioso, que realiza ações que comprometem Vírus de computador, worms, cavalo de Troia, spywares,
Malware
a segurança da informação phishing, pharming, ransomware etc.

Os softwares que reproduzem conteúdo multimídia, como o Windows Media Player e o Groove Music (além
de opções de terceiros, como o VNC Player), reconhecem o arquivo como tendo conteúdo multimídia a partir da
extensão dele.

EXTENSÃO COMENTÁRIOS
.avi Audio Video Interleave. Formato de vídeo padrão do Windows
.3gp Formato de vídeo popular entre aparelhos smartphones
.flv Formato de vídeo da Macromedia, usado pelo Adobe Flash, de baixa qualidade
Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo e legendas são encapsuladas em um único contêiner, suportando diversos
.mkv
formatos
.mov QuickTime File Format é um formato de arquivo de computador usado nativamente pela estrutura do QuickTime
Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3). Formato de áudio que aceita compressão em vários níveis. Pode utilizar o Win-
.mp3
dows Media Player ou Groove Music para reprodução
Moving Picture Experts Group. Arquivo de vídeo comprimido, visível em quase qualquer reprodutor, como por exemplo,
.mpg
o Real One ou o Windows Media Player. É o formato para gravar filmes em formato VCD
177
EXTENSÃO COMENTÁRIOS
.rmvb Real Media Variable Bitrate. Formato de vídeo com taxa variável de qualidade desenvolvido pela Real Networks
.wav Formato de áudio Wave, sem compactação com baixa amostragem
.wma Windows Media Audio, formato de áudio padrão do Windows
.wmv Windows Media Video, formato de vídeo padrão do Windows

As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados com áudio, vídeo e metadados. Os metadados são usados para
diferentes funções, como identificação da fonte, dados sobre duração da transmissão, verificação da qualidade etc.
Quando usados separadamente, o usuário pode baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modificar os metadados do
MP3 para exibir as informações editadas sobre autor, disco, nome da música etc. Os fluxos de dados devem ser anali-
sados na forma de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar a qualidade e quantidade de dados trafegados.
Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo e áudio transferidos de um servidor remoto para o disposi-
tivo local. Popularizado pelo serviço Netflix de filmes e séries, o formato stream fragmenta o conteúdo em pacotes
de dados para serem enviados pelo canal com protocolos TCP. Esses pacotes de dados são os contêineres.

Internet

A transferência de arquivos poderá ser realizada de três formas:

z Fluxo contínuo;
z Modo blocado;
z Modo comprimido.

Na transferência por fluxo contínuo, os dados são transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres.

Internet

Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres

No modo blocado, o arquivo é transferido como uma série de blocos precedidos por um cabeçalho especial.
Esse cabeçalho é constituído por um contador (2 bytes) e um descritor (1 byte).

Internet

00 A 01 C 02 B

Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor

No modo comprimido, a técnica de compressão utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência de
caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os dados comprimidos e as informações de controle são os parâ-
178 metros dessa transferência.
Sistema Operacional Android

Baseado no núcleo Linux e desenvolvido pela empre-


sa de tecnologia Google, a interface de usuário é baseada
Internet
na manipulação direta. É um sistema voltado para dispo-
Cliente
sitivos com tela sensível ao toque, como tablets e smart-
phones, porém pode ser encontrado em alguns aparelhos
Dados únicos
portáteis do tipo netbook, como o Chromebook (que utili-
Dados repetidos za o Chrome OS, uma variação do Android).
A loja de aplicativos é a Google Play, que antes era
Informações de
controle conhecida como Android Market. É um serviço de dis-
tribuição digital de aplicativos, jogos, filmes, progra-
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
mas de televisão, livros e músicas, operado pela Google.

A transferência de dados e arquivos pelas redes de Versões do Android


computadores compreende um dos temas que, comu-
mente, são abordados em provas de concursos. Os nomes das versões Android se tornaram uma
tradição. No início (2008), o Android 1.0 – Astro, foi
lançada junto ao aparelho HTC Dream.
Existiu a intenção de nomear as versões com
nomes de robôs e androides, e o próximo seria chama-
APLICAÇÕES E APLICATIVOS EM do de Bender (Futurama – Fox Channel), mas a emis-
DISPOSITIVOS MÓVEIS sora não autorizou o uso.
As diferentes versões de Android têm desde a ver-
Os sistemas operacionais embarcados ganharam são 1.5, nomes de sobremesas ou bolos (em inglês) e
destaque após a popularização dos celulares, smart- seguem uma lógica de ordem alfabética:
phones e tablets.
No início, os celulares possuíam um sistema operacio- z 1.5: Cupcake
nal dedicado, que não era atualizável e acompanhava o z 1.6: Donut
aparelho até o final de sua vida útil. As empresas fabrican- z 2.0 e 2.1: Eclair
tes de celulares desenvolviam algumas aplicações genéri- z 2.2: FroYo (Frozen Yogurt)
cas e entregavam no aparelho o conjunto de ferramentas z 2.3: Gingerbread
básicas como agenda telefônica e alguns jogos simples. z 3.0 e 3.2: Honeycomb
Com a era dos smartphones, iniciada com sistemas z 4.0: Ice Cream Sandwich
operacionais da Microsoft (Windows Mobile), apare- z 4.1;4.2 e 4.3: Jelly Bean
lhos iPhone da Apple (com sistema iOs) e aparelhos z 4.4: KitKat (autorizado pela Nestlé, mudou o foco
HTC com sistema Google Android, tudo mudou em do sistema para o usuário, explorando a experiên-
relação aos sistemas dos celulares. cia do usuário (User Experience) com elementos e
Se antes eram sistemas embarcados legados (aban- fatores que gerassem uma avaliação positiva).
donados), agora são sistemas móveis com atualizações z 5.0; 5.0.1 e 5.0.2: Lollipop
regulares de seus recursos. O crescimento da veloci- z 6.0 e 6.0.1: Marshmallow
dade e a expansão do acesso à Internet contribuíram z 7.0;7.1; 7.1.1 e 7.1.2: Nougat

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


para esta evolução. z 8.0 e 8.1: Oreo (utilizando uma nova arquitetura
A Apple lançou uma loja de aplicativos, onde os de software)
desenvolvedores poderiam oferecer aplicações e os z 9.0: Pie
usuários poderiam realizar o download e instalação z 10: Android 10 ou versão Q (recursos de biometria
em seus aparelhos. Os sistemas operacionais embar- e imagens aprimorados)
cados deixariam de ser sistemas legados e se torna- z 11: Android 11 ou versão R (última versão, lançada
riam sistemas móveis altamente personalizáveis. em fevereiro 2020)
Mantendo os princípios de funcionamento dos siste-
mas operacionais Windows e Linux, ou seja, oferecer uma Características do Android
plataforma para instalação de aplicações e interface para
o usuário interagir com o hardware, as características dos Quando o usuário adquire um aparelho com o siste-
sistemas móveis foram introduzidas nos sistemas ‘fixos’, ma operacional Android, ele precisará fazer login em uma
como a loja de aplicativos Microsoft Store, para Windows. conta Google para acesso aos recursos do dispositivo. A
Após esta breve contextualização, vamos conhecer conta de usuário poderá ter correio eletrônico gratuito,
os sistemas Google Android e Apple iOs. dados de aplicações, financeiros, localização, navegação,
privacidade, segurança, entre outras informações.
Possui código fonte aberto, disponível para ser bai-
Importante! xado, estudado, modificado e distribuído. É um sistema
operacional muito popular e flexível, tanto quanto os sis-
Este é um tópico novo em concursos públicos, temas embarcados Arduíno em aparelhos de automação.
que tem questionado sobre a estrutura e carac- O Android utiliza Java, mas contém vários módulos
terísticas dos sistemas embarcados ou móveis. desenvolvidos em HTML5. O desenvolvedor de aplica-
Com a aplicação de outras provas de concursos tivos Android pode usar o JME para desenvolvimento
com este item, a tendência é que sejam questio- de recursos, que serão publicados e distribuídos na
nadas funcionalidades práticas dos aparelhos. Google Play (loja de app’s). Ao contrário da Apple, os
desenvolvedores podem distribuir seu app em outros 179
locais fora da loja oficial, criando um problema de Core OS (núcleo)
segurança para os usuários.
Core Services (Foundation)
Os usuários podem, mas não devem, fazer download
de aplicativos para Android a partir de qualquer fonte, Media
porém o recomendado é que se utilize a loja virtual ofi-
cial. Apps baixados fora das lojas oficiais podem conter Cocoa Touch (UIKit)
malwares (como spywares, cavalos de Troia, adwares,
etc.) que comprometerão a privacidade do usuário.
Uma das principais características (e vantagens)
do Android é o acesso imediato aos recursos da Google,
como Google Cloud Print (para imprimir remotamen- Camadas do sistema iOs
te), Google Fotos (para armazenamento de cópia das
imagens e vídeos do aparelho), Google Drive (armaze- z Camada Core OS: como o kernel/núcleo, encapsu-
namento de dados na nuvem), entre outros. la o ambiente e interfaces de baixo nível, e as apli-
As configurações e preferências são armazenados na cações não têm acesso por questões de segurança;
Conta Google, podendo ser compartilhadas em outros z Camada Core Services (Foundation): fundação,
dispositivos que estejam conectados na mesma conta. ou base do sistema. Esta camada contém os recursos
O Google Assistente é o assistente virtual para o siste- que serão usados pelos aplicativos nativos do siste-
ma, que permite realizar tarefas com comandos de voz. ma iOs, como Safari, Casa, Saúde, Traduzir e iTunes;
z Camada Media: camada de mídia, que faz a ren-
Sistema Operacional iOs derização (transformação) de gráficos, áudio e
vídeo. Nesta camada estão os recursos de manipu-
O iOS é um sistema operacional desenvolvido pela lação dos conteúdos da interface;
Apple que pode ser encontrado no iPhone, iPad e iPod Tou- z Camada Cocoa Touch (UIKit – User Interface Kit):
ch da empresa, considerando que os notebooks da empre- interface com o usuário, como multitarefa, notifica-
sa utilizando o MacOS e os relógios inteligentes o watchOS. ções e acessibilidade.
iOS o “i” vem da expressão “internet”, enquanto o
OS significa “Operating System”, (“sistema operacio- Sistemas Operacionais Embarcados ou Móveis
nal”, em português).
Diferentemente do Android, seu núcleo é fechado, Os sistemas operacionais possuem características espe-
apesar de ter sido desenvolvido a partir do Linux e cíficas no âmbito de plataforma. Um aplicativo desenvolvi-
todos os controles são disponibilizados pela Apple. do para o sistema Android será executado no aparelho que
A loja de aplicativos Apple Store (ou apenas App possui esta plataforma, e o mesmo ocorrerá com sistemas
Store) disponibiliza aplicações que foram verificadas desenvolvidos em iOs. Se o usuário acessar a plataforma
pela empresa antes de serem publicadas. Assim, é de aplicativos (Google Play ou Apple Store), encontrará apli-
considerada mais segura, por ter camadas extras de cativos específicos para o seu sistema operacional, que às
validação antes da distribuição. vezes não possui correspondente na outra plataforma. Se o
usuário precisa de uma aplicação iOs no Android, caso não
Versões do iOs exista, não poderá fazer a emulação de forma plena.
O Android tem sua própria JVM que se chama Dalvik
As versões de iOs são numeradas. Iniciou na ver- (até Android 4.0) e ART (Android RunTime) na versão 5
são 1 com o lançamento do iPhone, e na versão 2 intro- e superiores. A máquina virtual Dalvik permite a exe-
duziu o conceito da App Store. cução de códigos originalmente desenvolvidos em Java
A cada nova versão foram introduzidos novos recur- dentro da plataforma Android. O XCode é o ambiente de
sos, e na versão 7 ocorreu uma mudança na interface, desenvolvimento nativo do sistema iOS, que não utiliza
central de controle e introdução do recurso AirDrop (para máquina virtual.
compartilhamento de arquivos entre aparelhos da Apple). A arquitetura do iOS é composta por camadas:
Com o lançamento de novos aparelhos iPhone, novos Cocoa Touch, Media, Core Services e Core OS. Os pro-
sistemas operacionais iOs foram disponibilizados, com gramas desenvolvidos para iOS, utilizam a linguagem
possibilidade de atualização de alguns modelos anterio- Swift e Object C (obsoleta).
res. Atualmente, estamos com o aparelho iPhone 12 à Nos sistemas operacionais da Apple, estão incluí-
dos métodos para o gerenciamento de itens armaze-
venda e o sistema iOs versão 14 disponível.
nados no iCloud. O iCloud é a nuvem da Apple, que
Ao contrário do Android que é personalizável de
armazena em uma conta cloud (nuvem), arquivos,
muitas formas, inclusive com relação às atualizações
fotos e configurações de um aparelho com iOS. Arqui-
do sistema, o iOs pode ser considerado um sistema
vos e diretórios existentes na nuvem serão sincroniza-
muito mais fechado, com poucas personalizações e
dos e poderão ser acessados por usuários do iOs, tanto
atualizações mandatórias (que devem ser instaladas).
no iPhone, iPad como no iMac e PCs.
A principal característica do iOs não está na sua
O serviço iCloud está associado a equipamentos
interface ou em seus recursos acessíveis pelo usuário,
Apple (iPad, iMac, entre outros), e possuem limitação
mas naquilo que existe por trás de tudo: as camadas iOs.
de espaço. Existem opções gratuitas de armazena-
mento no iCloud, até outras pagas com mais espaço,
Camadas iOs mas nenhuma opção ilimitada.
O smartphone que executa Android possui um sistema
São quatro camadas, semelhante a outros sistemas embarcado associado a um login de contas Google. O aplica-
operacionais, porém com nomes bem diferentes. Vou tivo instalado no aparelho não precisa utilizar a conta Goo-
usar aqui o diagrama usado no Linux, e poderá per- gle, que geralmente é usada apenas para acesso do usuário
ceber que essencialmente são os mesmos recursos, ao dispositivo e sincronização de configurações. O apli-
180 porém com novos nomes. cativo, caso possua esta funcionalidade, poderá capturar
e enviar arquivos armazenados na memória interna, no empresas como a Nokia. Com a mobilidade, as tradicio-
cartão SD (memória expandida) e nuvem (Google Drive), nais emissoras de TV procuraram melhorar suas produ-
independentemente das permissões de contas Google. ções, para que pudessem alcançar mais usuários, agora
Os aplicativos geralmente são disponibilizados com com TV digital portátil.
manifestos. Os manifestos são informações sobre o As redes sociais incentivaram a criação de distri-
desenvolvimento deles, que seguindo a ideia da licen- buidores de conteúdo, como o Youtube, reduzindo o
ça GNU GPL (Linux) da origem do Android, informa as compartilhamento ‘clandestino’ de conteúdo audio-
características do aplicativo, os recursos atualizados, e visual pelas redes Torrent. O aumento da mobilidade
as transações que ele executa no aparelho do usuário. incentivou o desenvolvimento de outras aplicações,
que com a rede social do Facebook (compartilhamento
de conteúdo), ganharam visibilidade.
IOS ANDROID Comunicadores instantâneos como o WhatsApp re-
volucionaram a comunicação entre as pessoas, derruba-
Exclusivo para Motorola, LG, ram os serviços das operadoras de telefonia (como SMS)
Hardware os dispositivos Samsung, Xiaomi, e com a opção de VoIP (ligações de áudio via mensagei-
da marca entre outras ros), tornaram obsoletos os telefones fixos residenciais.
A Transformação Digital é a combinação da evolu-
Desde o iPhone
Desde 2014, pos- ção de diferentes hardwares e softwares ao longo dos
Tempo de 8, os carregado-
sui gerenciadores últimos trinta anos.
bateria res são de alta Geralmente os editais cobram três itens sobre
de bateria
potência Transformação Digital: Internet das coisas, Big Data e
Inteligência Artificial.
A maioria dos
Os novos apa- São tópicos conceituais, que possuem muitos exem-
aparelhos usa a
relhos já estão plos práticos em nosso dia a dia. Como as tecnologias pro-
versão 7 (Nougat), curam ser transparentes para o usuário final, ou seja, não
Atualizações com o iOs 14, e
sendo a versão é necessário saber o funcionamento para utilizar o recur-
os recentes são
9 (Pie) a mais so, algumas pessoas poderão descobrir algumas curiosi-
atualizados
recente dades de sua vida cotidiana quando ler este material.
Um aplicativo Um aplicativo
INTERNET DAS COISAS (IOT)
para iPhone Android deve ser
Desenvolvi-
utiliza-se da desenvolvido em
mento Internet of Things, ou Internet das Coisas.
linguagem Swift linguagens especí-
Ao contrário dos filmes de ficção científica (como
e Objective-C ficas: Kotlin e Java
“AI - Inteligência Artificial”, “Eu, Robô” e “Matrix”), a
Integração Internet das Coisas está presente no nosso dia a dia
Total entre apa- de forma simples e transparente. Nada de máquinas
com outros Baixa e complexa
relhos da Apple assassinas que querem exterminar a humanidade, ok?
dispositivos
Tecnologias de comunicação como o Wi-Fi (Wire-
Aplicativos Aplicativos less Fidelity), Bluetooth e NFC (Near Field Communi-
Segurança cation) permitiram que dispositivos autônomos se
fechados personalizáveis
conectassem entre si e com outros sistemas, produ-
zindo uma Malha de Dispositivos.
Tabela comparativa alguns itens do sistema iOs (Apple) e É importante saber que os dispositivos conectados
Android (Google) através de cabos, por meio guiados também são usados

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


na Internet das Coisas, porém em menor quantidade.
Os dispositivos IoT geralmente possuem recursos de
mobilidade, que se estivessem conectados por cabos
INTERNET DAS COISAS de rede convencionais, poderiam ser limitados.
Uma “malha de dispositivos” é um conjunto de
Ao olharmos ao nosso redor, observaremos muitas tec- sensores, aparelhos eletrônicos de consumo, disposi-
nologias novas que alteraram significativamente o mundo. tivos automotivos, dispositivos ambientais (referente
Poderíamos falar sobre as Redes Sociais, mas as ao ambiente monitorado), wearables (tecnologias para
bancas não costumam questionar muito sobre isso em vestir) e dispositivos móveis, que se conectam com sis-
provas, mas é importante compreender que as redes temas, pessoas, redes sociais, governos e empresas, per-
sociais modificaram a interação entre as pessoas, intro- mitindo o acesso e compartilhamento de informações.
duzindo termos como páginas, grupos, posts, curtir, A Internet das Coisas (IoT) permite a interconexão
compartilhar e seguir, ao cotidiano das pessoas. de objetos inteligentes. Objetos inteligentes podem ser
Se olharmos para duas décadas atrás, as redes smartphones, tablets, televisores e sensores sem fio.
sociais eram embrionárias, técnicas e restritas. Afinal, É importante destacar que a inteligência dos objetos
o mundo estava iniciando o novo milênio e empresas inteligentes não é exatamente a Inteligência Artificial,
como a Google, que sobreviveu à ‘bolha da Internet na abordada em outro tópico. Esta inteligência dos objetos
bolsa de valores’, começaram a lançar produtos ino- é aquela programação inserida neles para realização
vadores e inéditos. A Google, que iniciou com o seu de tarefas esperadas, produzindo resultados iguais
indexador, desenvolveu o Orkut, que provavelmente para dados iguais inseridos em momentos diferentes.
se tornou a primeira rede social de muitos usuários. Por exemplo, um sensor de temperatura no proces-
A transformação digital observada foi seguida de sador do seu computador, que emite um alerta pop-up
mudanças no perfil de consumo dos usuários e com o
no seu sistema operacional se a marcação ultrapassar 80
lançamento de novos produtos (iPhone e os smartpho-
graus Celsius. Todas as vezes que a temperatura atingir
nes), a navegação na Internet se tornou móvel.
80 graus Celsius, o sensor enviará um alerta para um soft-
A seguir, a revolução provocada pelos produtos da
ware instalado no computador exibir uma mensagem de
Apple e Samsung, acabaram derrotando outras grandes 181
alerta para o usuário. Como podemos observar, o sensor quantidade de chuvas em uma região), também pode-
não é inteligente, pois apenas fez aquilo que foi progra- rão ser implementadas através da IoT. São muitas pos-
mado para fazer. sibilidades, e muitos dispositivos.
Diferentes protocolos de comunicação poderão ser Outro fator que colaborou para o avanço da Inter-
utilizados na comunicação entre os dispositivos e os net das Coisas foi a evolução do endereçamento IP da
sistemas. Comunicando-se na maioria das vezes atra- versão 4 (limitada) para a versão 6 (com uma quan-
vés de meio não guiado (transmissão sem fio), perce- tidade muito maior de números disponíveis). Quan-
bemos que nossas residências possuem um tráfego de do um dispositivo precisa ingressar em uma rede, ele
dados constante e invisível, interligando vários equi- deve ter um número de IP (identificação única, do
pamentos. O roteador wireless, a Smart TV, os smart- Internet Protocol) para poder se comunicar. O ende-
phones, os notebooks conectados em Wi-Fi etc. reçamento IPv4 de 32 bits com apenas 4.3 bilhões de
Mesmo com o uso de diferentes tecnologias de comu- combinações, não atenderia à necessidade de ende-
nicação, os dispositivos IoT utilizarão os mesmos proto- reçamentos da Internet das Coisas. O endereçamento
colos, linguagens e serviços da Internet, do padrão TCP. IPv6 de 128 bits permitirá até 1036 (Undecilhão, núme-
E os smartphones, que nos acompanham em todos ro 10 seguido de 36 zeros) dispositivos, mais que o
os momentos, como uma extensão do nosso corpo, suficiente para os 30 bilhões de dispositivos conecta-
além das conexões 4G (telefonia), Wi-Fi (dados média dos, segundo estimativas para o ano de 2021.
distância) e Bluetooth (dados de curta distância), ain- As três características da Internet das Coisas são:
da podem oferecer NFC (tecnologia Near Field Commu-
nication) para funcionalidades como o pagamento por z Computação: são os microcontroladores, proces-
aproximação, substituindo o cartão de crédito com sadores e FPGAs (Field Programmable Gate Array,
softwares como Apple Wallet e Google Pay. ou “Arranjo de Portas Programáveis em Campo” é
Quando aplicações de IoT interagem com o ser um circuito integrado fabricado para ser progra-
humano, podemos dizer que temos uma rede social mado “em campo”, pelo consumidor ou projetista,
do tipo Internet das Coisas Sociais (SIoT), onde os como os módulos Arduíno usados em robótica, por
objetos imitam o comportamento de seres humanos exemplo), responsáveis por executar os progra-
e criam seus próprios relacionamentos, baseados em mas nos objetos inteligentes;
regras programadas. z Comunicação: tecnologias e meios de transmissão
Exemplos: dos dados para conectar os objetos inteligentes,
que poderá ser WiFi (Wireless Fidelity), Bluetooth,
z Crachá funcional, com sensor de aproximação na IEEE 802.15.4 (curto alcance para WPAN – Wire-
catraca; less Personal Area Network) e RFID (Identificação
z Cartão de bilhete de transporte, com sensor de por radiofrequência ou no inglês Radio-Frequency
aproximação no posto do cobrador no ônibus ou IDentification);
catraca de bloqueio do acesso no Metrô;
z Semântica: é a habilidade de extrair conhecimen-
z Tag para pedestres, na liberação de acessos em
to, a partir dos objetos na IoT. Para o usuário fre-
edificações;
quente do supermercado, ofertas personalizadas
z Tag para pedágio e estacionamentos que usam
baseado nos produtos mais consumidos por ele.
RFID (identificador por radiofrequência);
z Tag antifurto em itens de livrarias, lojas e super-
No começo, a IoT tratava dos dispositivos indivi-
mercados que usam RFID;
dualmente. Com a integração entre eles, uma rede so-
z Detector de fumaça em uma residência, que gera
cial de dispositivos da Internet das Coisas poderá ser
alertas enviados para um smartphone.
formada. Softwares analisam as compras no cartão de
z Cartão de crédito ou débito, com sensor de aproxi-
crédito combinando com os locais onde ele adquiriu
mação na máquina de cobrança;
(estacionamento de shopping, com tag de pedágio) e
z Carros com tecnologia keyless, que dispensam a
personalizam as mensagens de ofertas para os usuá-
chave e destravam/ligam apenas por aproximação;
rios, em lojas do local onde ele costuma frequentar.
z Carros elétricos compartilhados, que combinam
A muitas possibilidades de uso da Internet das Coi-
geolocalização (GPS) com telefonia móvel (4G)
sas, que com recursos de Big Data e Inteligência Artifi-
para contratação e pagamento do uso;
cial, poderão mudar o mundo (Transformação Digital)
z Carros de locadoras (serviço Localiza Fast) que dis-
totalmente em poucos anos.
pensam procedimentos burocráticos, permitindo a
Através de softwares de automação, sensores e câ-
retirada do veículo diretamente com o smartphone.
meras, é possível realizar o monitoramento das opera-
ções que estão sendo desempenhadas pelos dispositivos
Dica conectados, comparando os resultados com os dados e
Certamente novos serviços e soluções estão estimativas que foram previamente planejados.
surgindo neste momento, com tecnologia IoT. A
lista de exemplos logo se tornará extensa, porém
transparente para a maioria dos usuários. Da HORA DE PRATICAR!
mesma forma que você pode viajar de avião sem
1. (IADES — 2019) No que se refere a hardware e softwa-
saber como funciona a aerodinâmica, o mun-
re e aplicativos para Windows 10, assinale a alternati-
do será altamente interconectado sem precisar
va que contém apenas hardware.
saber como são estas conexões.
a) Teclado e e-mail.
Outras aplicações, como monitoramento de pacien- b) Antivírus e sistema operacional Windows 10.
tes remotamente, ambientes de difícil acesso ou inóspi- c) E-mail e mouse.
182 tos, coleta de dados de um pluviômetro (para medir a
d) Mouse e pendrive. d) em qualquer lugar da frase com a tecla CTRL pressionada.
e) Sistema operacional Windows 10 e pendrive. e) em qualquer lugar do parágrafo e utilizar o atalho CTRL + T.

2. (IADES — 2019) Um dos componentes de um compu- 7. (IADES — 2019) Com que fórmula padrão do Excel
tador é a parte lógica, que é criada por um programa- 2016, versão em português, para Windows, é possível
dor e executada pelo processador. A essa parte lógica remover o traço e o ponto do texto 123.456.789-10
é dado o nome de contido na célula F4?

a) gabinete. a) =REMOVER(REMOVER (F4;”.”;””);”-”;””)


b) hardware. b) =SUBSTITUIR(F4;”-”;””)+SUBSTITUIR(F4;”.”;””)
c) CPU. c) =E(SUBSTITUIR(F4;”-”;””);SUBSTITUIR(F4;”.”;””))
d) software. d) =TIRAR(TIRAR(F4;”.”;””);”-”;””)
e) circuitos integrados. e) =SUBSTITUIR(SUBSTITUIR(F4;”.”;””);”-”;””)

3. (IADES — 2019) Uma das causas mais comuns da per- 8. (IADES — 2019) No Excel 2016, versão em português,
da de dados é a ocorrência de picos e falta de energia configuração padrão, o que ocorrerá se um usuário
elétrica, que podem simplesmente desligar os com- selecionar a célula C2 e, em seguida, clicar em Conge-
putadores ou até mesmo causar danos físicos aos lar Painéis > Congelar Linha Superior?
equipamentos. A esse respeito, assinale a alternativa
correspondente a uma ação que previne a perda de a) As pessoas ficam impedidas de realizar alterações
dados para essa situação. indesejadas na linha superior.
b) A primeira coluna será mantida visível em todas as
a) Realização de back-ups dentro de uma mesma máquina. planilhas.
b) Ativação da função de salvamento automático dos c) A linha superior será bloqueada para edição, mas dei-
arquivos em edição na máquina em que estão sendo xada visível.
editados. d) A planilha é dividida em diferentes painéis, a partir da
c) Uso de no-breaks com filtros de linha. linha superior.
d) Instalação de antivírus. e) A linha superior ficará visível enquanto se rola pelo res-
e) Adoção de senhas de acesso fortes. to da planilha.

4. (IADES — 2019) Considere hipoteticamente que um 9. (IADES — 2019) No Excel 2016, versão em português,
usuário acessou o Disco C:\, selecionou um arquivo, para Windows, a função Potência eleva um número
arrastou-o e soltou-o no Disco D:\ com o movimento a uma potência. Por exemplo, a fórmula =POTÊN-
do mouse. Com base nessas informações, assinale a CIA(5;2) resulta em 25, isto é, 5². Uma outra forma
alternativa correta. de se obter esse mesmo resultado é com a seguinte
fórmula:
a) O arquivo original será apagado de C:\ e transferido
para D:\. a) =5*2.
b) Se, em D:\, já houver um arquivo com o mesmo nome b) =5^2.
do selecionado em C:\, o Windows criará uma cópia do c) =5x2.
arquivo que existia em D:\. d) =5|2.
c) O arquivo original continuará em C:\, enquanto D:\ terá e) =5°2.

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


uma cópia independente.
d) O arquivo original continuará em C:\, enquanto, em D:\, 10. (IADES — 2019) O PowerPoint 2016 possui diversas
será gerado um atalho para ele. funcionalidades que auxiliam a criação de apresen-
e) Se, em D:\, já houver um arquivo com o mesmo nome tações. Uma delas é representada pelo botão , cuja
do selecionado em C:\, o Windows não realizará qual- função é
quer ação.
a) direcionar o texto: alterar a orientação do texto.
5. (IADES — 2019) No Word 2016, versão em português, b) modificar o espaçamento entre linhas: controlar a
para Windows, qual o tipo de alinhamento de pará- quantidade de espaço entre as linhas de texto.
grafo que distribui o texto uniformemente entre as c) diminuir o tamanho da fonte.
margens? d) alinhar Texto: mudar a forma como o texto está
alinhado.
a) Distribuição espaçada e) converter o texto em SmartArt.
b) Alinhado à esquerda
c) Centralizado 11. (IADES — 2019) Acerca da Internet das Coisas, assina-
d) Justificado le a alternativa correta.
e) Alinhado à direita
a) Internet das Coisas é uma forma mais econômica
6. (IADES — 2019) Para selecionar um parágrafo inteiro, de acesso à internet, a qual permite que dispositivos
composto por cinco frases, de um texto redigido no como geladeiras ofereçam internet a celulares e com-
Word 2016, versão em português, para Windows, deve- putadores de usuários, dispensando a necessidade de
-se clicar aquisição de roteadores ADSL à parte.
b) Como exemplo de Internet das Coisas, é correto citar
a) duas vezes em qualquer lugar do parágrafo. um dispositivo que mede a temperatura ambiente
b) três vezes em qualquer lugar do parágrafo. interna de um escritório e envia essa informação pela
c) quatro vezes em qualquer lugar do parágrafo. internet. 183
c) Um exemplo de Internet das Coisas é o bitcoin, que é a) um sistema de proteção aos computadores de uma
uma moeda virtual e iniciou a era da Internet das Moe- empresa.
das, com bancos virtuais sem agências. b) uma rede de servidores conectados entre si.
d) A Internet das Coisas opera separadamente da Inter- c) um conjunto de computadores conectados em uma
net das Pessoas e, por isso, não é possível enviar os rede privada local.
dados coletados por dispositivos conectados à Inter- d) uma rede de smartphones conectados com um servi-
net das Coisas para a nuvem. dor local.
e) A Internet das Coisas tem grande aplicação em e) ferramentas Google de edição de planilha.
ambientes domésticos e escritórios, mas pouca em
ambientes industriais. 16. (IADES — 2019) A computação em nuvem, ou cloud
computing, trata a computação como um serviço ofe-
12. (IADES — 2019) Internet, intranet e extranet são termos recido por meio da internet de forma gratuita ou paga.
bastante utilizados no contexto tecnológico, tanto de A esse respeito, assinale a alternativa correspondente
organizações quanto de residências, para designar à categoria de cloud computing em que os softwares
tipos de acessos das redes de computadores. Acerca Google Docs e Gmail são classificados.
da intranet, é correto afirmar que se trata de um tipo de
rede a) Documentação de serviços
b) Software como serviço
a) restrita a um grupo seleto de pessoas e exclusiva de c) Infraestrutura de redes sociais
uma organização. d) Redes sociais como serviço
b) aberta ao público e exclusiva de um grupo de e) Hardware como serviço
organizações.
c) restrita a um grupo seleto de pessoas e exclusiva de 17. (IADES — 2019) A computação em nuvem é uma área
uma organização e dos respectivos fornecedores e recente da computação e trabalha com a transferên-
parceiros de negócio. cia de informação e o acesso de arquivos a distância.
d) aberta ao público e exclusiva de uma organização e Acerca da computação em nuvem, assinale a alterna-
dos respectivos clientes. tiva correta.
e) aberta ao público e de acesso irrestrito.
a) A computação em nuvem permite que a preocupação
13. (IADES — 2019) Acerca do navegador Chrome, é cor- com segurança deixe de existir.
reto afirmar que a opção de excluir o Histórico de b) Existem empresas especializadas em disponibilizar
Navegação serviços em nuvem.
c) A computação em nuvem permite o armazenamento
a) tem a mesma funcionalidade de limpar os dados de de dados com capacidade infinita, sem alterar o valor
navegação. cobrado pelo serviço.
b) apaga os cookies e outros dados dos sites. d) A qualidade de serviços de computação em nuvem
c) apaga todos os dados referentes à navegação, down- não depende da qualidade da conexão.
loads, senhas e formulários, bem como os cookies e) Não existem softwares para serem instalados local-
compartilhados com outros dispositivos. mente, tendo em vista que a computação em nuvem
d) permite apagar o histórico de download e os respecti- visa à descentralização geográfica.
vos arquivos.
e) limpa o histórico de todos os dispositivos conectados 18. (IADES — 2019) No que se refere à computação em
à conta do usuário. nuvem e a ferramentas com base nesse modelo, como
Microsoft OneDrive e Google Drive, assinale a alterna-
14. (IADES — 2019) Considere hipoteticamente que um tiva correta.
usuário utilizou um notebook para navegar pela inter-
net com a navegação anônima do Google Chrome ati- a) Documentos armazenados em nuvem podem ser
va. Com base nisso, assinale a alternativa correta. visualizados em computadores desktop e laptops,
mas não em celulares.
a) O histórico da navegação não será salvo pelo nave- b) Ferramentas em nuvem permitem que mais de um
gador, ao contrário das informações preenchidas em usuário edite o mesmo documento, mas nunca
formulários. simultaneamente.
b) Os cookies não serão utilizados durante esse tipo de c) Uma desvantagem da computação em nuvem é que
navegação. os arquivos ficam disponíveis em servidores na inter-
c) Não haverá risco de o notebook ser infectado por mal- net, podendo ser acessados livremente por qualquer
ware, pois as atividades ficarão ocultas. pessoa.
d) As atividades do usuário poderão ficar visíveis aos d) Ferramentas em nuvem podem permitir o download
administradores da rede utilizada ou ao provedor de de documentos para visualização posterior.
acesso à internet. e) Ferramentas em nuvem permitem compartilhar docu-
e) Os cookies e os dados dos sites serão mantidos mentos exclusivamente por meio de anexos de e-mail.
durante a navegação e após o fechamento do modo
de navegação anônima. 19. (IADES — 2021) As pessoas passam boa parte do dia
conectados à internet, e muito desse tempo é dedica-
15. (IADES — 2021) Cloud computing, ou computação em do às redes sociais. Atualmente, pela quantidade de
nuvem, possibilita a entrega de produtos, serviços e acessos diários, sabe-se que essas plataformas dei-
soluções empresariais por meio da internet e é classi- xaram de ser apenas um instrumento de comunicação
ficada como e lazer, e passaram a ser fonte rica de informação,
184 captação de novos clientes, marketing etc. Qual é a
rede social que conta com mais de 500 milhões de
usuários, que está voltada para relacionamentos pro-
fissionais e que pode ser usada na busca de empre-
go, anúncio de novas vagas, parcerias profissionais e
expansão da rede de contatos (networking)?

a) Flow
b) SharePoint
c) Hotmail
d) Shazam
e) LinkedIn

20. (IADES — 2021) A troca de mensagens instantâneas


pela internet é a principal funcionalidade do aplicativo

a) Evernote.
b) Spotfire.
c) LinkedIn.
d) Telegram.
e) Spotify.

9 GABARITO

1 D

2 D

3 C

4 C

5 D

6 B

7 E

8 E

9 B

10 A

11 B

USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS


12 A

13 E

14 D

15 B

16 B

17 B

18 D

19 E

20 D

ANOTAÇÕES

185
ANOTAÇÕES

186
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO

ROTINAS DE BACKUP E PREVENÇÃO DE VÍRUS, ROTINAS DE SEGURANÇA DA


INFORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ARQUIVOS
O Backup é a cópia de segurança dos dados do usuário.
Neste tópico estudaremos sobre as ferramentas do sistema operacional para proteção dos dados, a fim de com-
preender que cada uma possui um objetivo específico.
As cópias de segurança ganharam destaque nos últimos anos, devido aos ataques de ransomware. Como o
código malicioso reage às tentativas de acessos aos arquivos criptografados, as cópias de segurança, ao serem
restauradas, recuperam os arquivos sem alertar o atacante, prejudicando ainda mais o que já foi comprometido.
Ransomware é um ataque que criptografa os arquivos e as unidades do dispositivo do usuário, solicitando o
pagamento de um resgate para a liberação da chave de descriptografia. O usuário pode receber um arquivo com
o código malicioso por meio do correio eletrônico ou redes sociais e, após a execução do arquivo, seus dados serão
totalmente ou parcialmente criptografados. Alguns códigos ransomware criptografam apenas o início dos arquivos,
tornando-os inacessíveis. A técnica é usada para que o sequestro dos dados seja realizado de forma extremamente
rápida, evitando que alguma ação ou reação do usuário interrompa o processo de criptografia em andamento.

RECUPERAÇÃO USO
Criado como disco de inicialização, permite iniciar o
INICIALIZAÇÃO DO
Arquivos da inicialização do Windows Windows quando os arquivos essenciais do boot forem
SISTEMA
danificados
REPARAÇÃO DO Recupera arquivos alterados, danificados ou Retorna o Windows para suas configurações originais,
SISTEMA excluídos do sistema operacional sem os programas que foram instalados posteriormente
RESTAURAÇÃO DO A cada inicialização ou modificação, um ponto Retorna o sistema e programas para o ponto de restaura-
SISTEMA de restauração é criado ção escolhido, descartando alterações posteriores a ele
Recupera os arquivos do usuário que foram co- Restaurar os arquivos do usuário que foram copiados
BACKUP
piados para a cópia de segurança anteriormente no backup

As cópias de segurança são criadas pelo sistema operacional a partir de comandos do usuário, tanto programa-
dos pelo Agendador de Tarefas automaticamente, como, manualmente, pelo utilizador.
O Agendador de Tarefas é um recurso do Windows que permite a programação de comandos nos computadores.

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


O Agendador poderá executar uma vez ou várias vezes de forma recorrente (todos os dias, todas as segundas-feiras
etc). Ao inserir os comandos de backup (cópia de segurança) no Agendador de Tarefas, quando for o dia e horário pro-
gramados, será executado, para que o usuário tome as providências com relação à cópia de seus arquivos de dados.

TIPOS DE BACKUP

Atualmente, o usuário dispõe de recursos que realizam o backup na nuvem diretamente, sem sua interferência no
dia a dia. No smartphone Android, com a Conta Google, podemos autorizar a sincronização das imagens e vídeos da
câmera diretamente no Google Fotos. No smartphone iOS, com a Conta iCloud, podemos autorizar a sincronização das
imagens e vídeos da câmera diretamente no Apple iCloud. E outras soluções, como o Google Drive, Microsoft OneDrive
e Dropbox poderão fazer a cópia de segurança na nuvem dos arquivos gravados na respectiva pasta do dispositivo.
Entretanto, esta modalidade de backup na nuvem não é, exatamente, uma cópia de segurança, mas apenas
uma replicação (duplicação) de dados. Se os dados forem corrompidos ou criptografados por um ransomware,
corre-se o risco de ter as cópias “limpas” sobrepostas pelas cópias infectadas com o malware.
Os sistemas de sincronização de dados, como o Dropbox, OneDrive e Drive permitem o gerenciamento do
histórico de versões, possibilitando a recuperação de arquivos anteriores à última atualização de sincronização.
Em concursos públicos, são questionados os tipos de backup “clássicos”: completo, incremental e diferencial.
Cada um deles possui suas vantagens e desvantagens, as quais veremos a seguir.
As empresas costumam operar diferentes tipos de backup, de acordo com suas necessidades de aplicações,
disponibilidade, segurança e velocidade de acesso às informações copiadas.
A manutenção de cópias de segurança redundantes de arquivos importantes é recomendável. Ou seja, para os
arquivos mais importantes, ter duas ou mais cópias do mesmo backup é uma atitude correta, criando redundân-
cias. Se uma das cópias falhar, ou for comprometida, a outra cópia redundante poderá ser usada para recupera-
ção dos dados.

187
Backup Completo (ou Full) Backup Incremental

O Backup Completo ou Full é aquele no qual todos Como o backup completo, realizado todos os dias
os arquivos são copiados para outro local de armaze- demanda uma grande quantidade de espaço para
namento. A vantagem desse tipo de backup é a repro- armazenamento ou conexão da rede/Internet, uma
dução fiel e completa de todas as informações do alternativa é o backup Incremental.
ambiente, possibilitando a restauração dos dados de Neste tipo de backup, serão copiados os dados que
forma contínua e imediata. foram alterados desde o último backup incremental.
Entretanto, sua desvantagem é a quantidade de Como a quantidade de dados alterados pode variar de
um período para outro, a quantidade de espaço reser-
espaço de armazenamento necessário para os dados,
vado para as cópias de segurança do tipo incremental
além do tempo para conclusão do procedimento de
será menor, comparado ao backup completo.
cópia. Em sistemas críticos, que operam com banco Iniciando com um backup completo, as alterações
de dados e acesso 24 horas (como uma loja virtual de que forem observadas nos dados, em comparação com a
marketplace, as lojas Americanas), o backup comple- cópia completa, serão adicionadas na cópia incremental.
to poderia copiar dados que estariam desatualizados
alguns minutos depois, por não poder paralisar o sis- 1 TB
tema para que a cópia de segurança seja realizada.

1 TB

Completo

DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB

Figura 2 – backup incremental.


DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB Apenas os dados alterados em relação ao completo são copiados.
Figura 1 – backup completo de 1 TB.
Todas as cópias de segurança ocupam 1 TB cada. Se acontecer um problema no sábado, por exem-
plo, for preciso restaurar os arquivos, será necessá-
ria a cópia do último backup completo realizado e de
Se acontecer um problema no sábado, por exem-
todos os backups incrementais realizados até a data
plo, bastaria pegar o backup completo da sexta-feira e da ocorrência. A manutenção das cópias incrementais
pronto: arquivos restaurados! é trabalhosa, exigindo verificação regular das mídias
Se o backup completo for realizado em mídias “con- nas quais estão armazenados os arquivos.
vencionais”, provavelmente, será necessário que o usuá-
rio troque as mídias quando elas estiverem totalmente VANTAGENS DESVANTAGENS
ocupadas. Já se o backup completo for realizado dentro
� Rápido para A manutenção
da rede de dados da empresa, o tempo ocupado na cone- copiar dados
xão poderá atrapalhar o uso de outros recursos pelos INCREMENTAL das cópias é
� Rápido para mais trabalhosa
usuários. E se o backup completo for realizado na nuvem restaurar dados
(Internet), o tempo de uso da conexão de Internet poderá
atrapalhar o acesso à rede mundial pelos usuários. Backup Diferencial
Portanto, o backup completo deve ser realizado em
horários de menos utilização dos recursos da rede da A cópia diferencial é um pouco parecida com a
empresa, para otimizar sua operação e não atrapalhar cópia incremental.
os demais sistemas. Os dados que são copiados incluem os novos arqui-
O tempo de vida do backup completo dependerá vos e os arquivos alterados (diferentes) em relação ao
da Política de Segurança da Informação (PSI) definido backup completo.
pela empresa. As cópias são acumulativas, registrando na mídia
atual os dados que foram usados na cópia anterior.
O backup diferencial tem facilidade para recupe-
VANTAGENS DESVANTAGENS ração dos dados e segurança, pois, se uma das cópias
estiver com problema, as anteriores e posteriores
� Reprodução poderão conter a informação desejada.
fiel e completa � Maior Depois de um certo tempo, definido pela PSI, o
� Recuperação espaço de backup completo será realizado novamente, reini-
COMPLETO rápida em armazenamento ciando a contagem.
caso de � Maior tempo
desastres ocupado com
(restauração backup
total)
188
1 TB

Completo
DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB
Figura 3 – backup diferencial.
Os dados alterados de um dia acumulam com o anterior, mantendo a última cópia como a mais completa de todas.

Se ocorrer um problema no sábado, por exemplo, basta usar o backup completo e o último backup diferencial
disponível. Entretanto, se o último backup diferencial disponível estiver com problemas nos dados da segunda-fei-
ra, basta resgatar em uma das outras cópias (terça, quarta ou quinta) a parte faltante.

VANTAGENS DESVANTAGENS

DIFERENCIAL � Boa velocidade para copiar dados


� Ocupa mais espaço que o backup incremental
� Maior segurança dos dados

Backup Completo, Incremental e Diferencial

As questões de concursos costumam questionar o backup dentro de algumas diretrizes: tipos, vantagens, des-
vantagens, custo, desempenho e disponibilidade.

VANTAGENS DESVANTAGENS

� Reprodução fiel e completa


COMPLETO � Maior espaço de armazenamento
� Recuperação rápida em caso de desastres (res-
� Maior tempo ocupado com backup
tauração total)

INCREMENTAL � Rápido para copiar dados


� Manutenção das cópias é mais trabalhosa
� Rápido para restaurar dados

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


DIFERENCIAL � Boa velocidade para copiar dados
� Ocupa mais espaço que o backup incremental
� Maior segurança dos dados

CUSTO DESEMPENHO DISPONIBILIDADE


COMPLETO Alto Demorado para fazer, rápido para restaurar Imediata
Imediata, desde que tenham sido tomadas as
INCREMENTAL Médio Rápido para fazer e rápido para restaurar
medidas de manutenção
DIFERENCIAL Médio Rápido para fazer e demorado para restaurar Imediata

Outros Tipos de Backup

A escolha pelo modelo de backup ideal costuma considerar o custo, o desempenho e a disponibilidade. Portan-
to, além dos modelos básicos que caem em todas as provas de concursos, outras soluções são desenvolvidas pelas
empresas de tecnologia.
Existem soluções, no mercado, que combinam os modelos de backup “básicos”, oferecendo produtos
personalizados.

z Backup incremental contínuo: combina a ideia de um backup completo com atualizações semelhantes ao
backup diferencial, permitindo a recuperação com a última cópia incremental contínua;
z Backup completo sintético: combina um backup completo com cópias incrementais subsequentes, focando
nas alterações para reduzir a carga de trabalho dos servidores e a ocupação da banda da conexão de rede;
z Backup de espelhamento (o modelo de cópia do Dropbox, Microsoft OneDrive, Google Drive e Apple iCloud é
assim): Tudo o que for realizado no original (aparelho) será repetido na cópia na nuvem. Se uma foto é apaga-
da, ela poderá ser apagada da cópia na nuvem simultaneamente; 189
z Backup local: tanto o dispositivo com o original como Por serem cobertas por um composto magnético, as cabe-
o dispositivo com a cópia estão no mesmo local físico; ças de leitura e gravação tendem a “sujar” com resíduos
z Backup externo: comum em pequenas empresas, deste composto, prejudicando as novas leituras/gravações
compreende a situação na qual a cópia dos dados se os cabeçotes não forem regularmente limpos.
armazenada em um HD externo é levada para a Devido às demandas de segurança e manutenção,
casa do técnico por exemplo; elas começaram a desaparecer no início dos anos
z Backup FTP: um servidor FTP armazena os arqui- 2000. Atualmente, algumas empresas ainda mantém
vos enviados pelo cliente FTP instalado no servi- fitas DAT, mas por outros motivos, especialmente,
dor local. Opera de forma semelhante a um backup para a operação de servidores legados (sistemas aban-
na nuvem. donados que não são mais atualizados e só oferecem o
recurso de cópias de segurança via fita DAT).
BACKUP NA REDE DE DADOS OU INTERNET

A cópia de segurança deve ser armazenada em


uma mídia protegida contra alterações, preferencial-
mente, em um local físico diferente de onde se encon-
tram os arquivos originais.

Dica
O armazenamento de dados na nuvem é uma
Figura 4 – fita D2 e DAT comparadas a um smartphone.
realidade e muitas empresas possuem todas as
suas informações na nuvem ou estão migrando-as Fonte: Wikimedia. Disponível em: <https://commons.wikimedia.
para a Internet. A alta disponibilidade e segurança org/wiki/File:D-2_tape_vers._DAT_audio_tape_(6498603845).jpg>
Acesso: 26 mar. 2021.
dos serviços contratados com as provedoras de
nuvem torna o investimento mais interessante que Disco Rígido
a manutenção de sua estrutura local dedicada.
O disco rígido é uma mídia de armazenamento de
O gerenciamento de mídias, como fitas, discos rígidos, dados magnética, que se popularizou nos anos 90 por
discos flexíveis e discos ópticos exige um controle preciso sua capacidade e velocidade de acesso aos dados. Os
sobre o que está armazenado em cada mídia. Esse contro- primeiros modelos populares não ofereciam contro-
le poderá exigir funcionários e softwares especializados e, le de erros e, caso ocorressem problemas na mídia,
de acordo com o tamanho da empresa, podem aumentar alguns softwares específicos seriam executados para
os custos da área de TI de forma significativa. o isolamento dos problemas.
Portanto, uma das soluções está relacionada com O disco rígido “clássico” possui um ou mais discos
o local onde o armazenamento será realizado, trans- metálicos com superfície magnetizável, que giram em
ferindo das mídias removíveis para computadores velocidades de 5.400 rpm (rotações por minuto) em
remotos e sistemas de armazenamento de dados dedi- torno de um eixo central. Os braços de leitura e gra-
cados. Confira alguns exemplos figurativos: vação são posicionados acima da superfície do disco,
efetuando a coleta dos bits registrados ou gravando
z Originais armazenados no servidor A da matriz novas informações a cada giro do disco.
e backup no servidor B da filial, conectados pela Os braços de leitura e gravação possuem atuadores
rede interna e separados fisicamente; que identificam a posição na qual a informação está ou
z Originais armazenados no servidor A da matriz e deverá ser gravada, girando os respectivos discos (ou
backup no sistema NAS (Network Area Storage) da pratos) para o correto posicionamento. Quando posi-
empresa, separados fisicamente; cionado no local correto, a cabeça de gravação trans-
z Originais armazenados no servidor A da matriz fere as informações que precisam ser armazenadas, as
e backup na nuvem privada, instalada em uma quais permanecerão disponíveis por um bom tempo,
infraestrutura contratada como um serviço em mesmo sem o fornecimento de energia, tornando o
algum lugar do mundo literalmente. disco rígido uma forma de armazenamento de dados
permanente por não ser volátil, como a memória RAM.
MÍDIAS DE BACKUP

Fita

A fita de armazenamento de dados (ou, atualmen-


te, Fita DAT – Digital Audio Tape) é uma forma de
armazenamento magnético sequencial, que grava os
dados em uma mídia inserida em um leitor/gravador.
Muito usada no passado, em servidores de dados,
devido a sua alta capacidade de armazenamento de
dados e velocidade de leitura/gravação, atualmente
está obsoleta. Os servidores com discos rígidos ofere-
cem maior proteção às mídias de armazenamento se
comparados com as fitas magnéticas removíveis.
As fitas de armazenamento de dados, assim como as Figura 5 – Disco Rígido (sem a proteção externa).
fitas cassetes de áudio, populares nos anos 70 e 80, deman- Fonte: Overbr. Disponível em <https://overbr.com.br>. Acesso: 26
190 dam manutenção constante das mídias e de seus leitores. mar. 2021.
Os primeiros modelos trabalhavam com softwares da partição C: para a partição D: não é considerado
exclusivos para cada fabricante, que efetuavam a gra- como um backup.
vação dos dados, manutenção dos discos e até o “esta- O primeiro motivo é que a origem e o destino estão
cionamento” das cabeças de leitura/gravação para no mesmo local, portanto, em caso de sinistro no disco
transporte do equipamento desligado. de origem, perde-se a cópia de segurança na partição
Os discos são divididos, logicamente, em setores, de destino, que está no mesmo disco de origem. E o
trilhas e clusters. Um cluster é uma unidade de arma- segundo motivo é que as partições podem ser desfei-
zenamento de dados, localizado em determinado tas com a mesma rapidez com que são criadas, através
setor do disco, em determinada trilha. do Gerenciamento de Discos do Windows.
A divisão lógica de um disco rígido segue o padrão Os Discos Rígidos possuem capacidades elevadas,
que foi definido para os primeiros discos flexíveis, de 240 GB (gigabytes, bilhões de bytes), 320 GB, 500
com definição no momento da formatação ou particio- GB, 1 TB (terabyte, trilhão de bytes), 2 TB etc. Possuem
namento. A formatação consiste em definir o sistema um baixo custo de aquisição por megabyte se compa-
de arquivos, divisões e endereçamentos para o arma- rados as outras mídias de armazenamento de dados
zenamento de dados. O particionamento consiste em da atualidade.
dividir o disco em divisões lógicas distintas, que pos-
sibilitam reduzir o espaço físico para endereçamento Disco Flexível
e redução do tempo de latência das cabeças de leitura
e gravação (tempo que o sistema permanece parado). Com baixa capacidade e facilidade de manuseio,
os discos flexíveis ou disquetes foram muito popula-
A res até meados dos anos 2000. Com novos meios de
armazenamento disponíveis, como os discos ópticos
C e os pendrives, conectados em portas USB, eles caíram
B em desuso.
A capacidade de armazenamento dos discos flexí-
veis era de 180KB (modelo 5 ¼ de face simples) até
Discos: 2.88 MB (modelo 3 ½ de última geração).
Os discos ZIP (ZIP Drive) foram oferecidos no come-
Trilhas (A) ço dos anos 2000, com capacidade de 100 MB, operan-
Setores (B) do de forma semelhante às fitas DAT, com cartuchos
Cluster (C e D) próprios para uso em leitoras dedicadas. Apesar de
sua capacidade aumentada em relação ao disquete,
outras mídias de armazenamento já ofereciam maior
espaço para dados se comparadas aos “disquetes ZIP”.
O armazenamento de dados em discos flexíveis
D tornou-se impossível atualmente, pois as mídias dei-
xaram de ser fabricadas e o tamanho dos arquivos
Figura 6 – Disco Rígido
supera vários megabytes (milhões de bytes) facilmente
Representação da divisão lógica.
nos dias de hoje.
Os discos rígidos externos são usados para cópia
de segurança de dados, especialmente, pelos usuários
domésticos e pequenas empresas, dada a facilidade

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


de compra e praticidade de uso ao conectar em uma
porta USB, disponível em, praticamente, todos os dis-
positivos computacionais da atualidade.

COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
ARMAZENAMENTO
Memória se- IDE, SATA, USB
cundária de Permanente, não-
Disco rígido
armazenamento -volátil, “unidade
magnético1. C:”, hard disk (HD)
SATA II, USB
Memória se-
Permanente, não-
cundária de
Disco rígido -volátil, “unidade
armazenamento
C:”, SSD (Solid
memória flash2.
State Disk)
Figura 7 – Disco flexível 3 ½ desmontado.
Os discos SSD operam como discos rígidos, porém Fonte: Wikitionary. Disponível em: <https://es.wiktionary.org/wiki/
disquete>. Acesso em 26 mar. 2021.
com velocidade superior para leitura e gravação de
dados, por serem construídos com chips de memória.
Para os programas de backup, não muda nada.
Os discos rígidos e SSDs podem ter mais de uma
partição, como letra C: e D:. Entretanto, copiar dados
1 Existem modelos de disco rígido sem disco, como os SSD (Solid State Drive), que é uma memória flash, armazenamento eletrônico.
2 A memória flash permite que a troca de informação seja mais rápida e, quando o dispositivo é desligado, poderá voltar, rapidamente, para onde
estava antes. 191
Disco Óptico

Com a popularização das mídias ópticas, especialmente, por substituírem as fitas cassetes, os discos de vinil
e as fitas de vídeo, com qualidade de imagem superior, os usuários enxergaram a possibilidade de reutilizá-los
como cópias de segurança.
No início dos anos 2000, CDs, DVDs e o Blu-Ray eram os queridinhos para o armazenamento de dados. Suas
durabilidade, rapidez para leitura e gravação e grande capacidade (para os padrões da época) fizeram das mídias
ópticas as preferidas para a cópia de segurança.
O HD-DVD usava luz azul-violeta e acabou sendo superado pelo Blu-Ray devido às restrições de gravações e
baixa capacidade, sendo fabricado por cerca de cinco anos pela Toshiba, sem adesão de muitos outros fabricantes.

CAPACIDADE USO

CD – COMPACT DISC 700 MB Usado para música

DVD – DIGITAL VIDEO DISC 4.7 GB Usado para vídeo

HD-DVD - HIGH DENSITY DIGITAL VERSATILE DISC 15 GB Usado para vídeo de alta definição

BLU-RAY 25 GB Usado para vídeo de alta definição

O CD veio para substituir as fitas cassetes de áudio e os discos de vinil, com a gravação digital do áudio em uma
mídia durável de alta qualidade. Com capacidade de 700 MB e algumas características de construção específicas, rapi-
damente se tornaram o padrão para distribuição de instaladores de softwares, substituindo inúmeros disquetes.
Os drives leitores de CD do final dos anos 90 eram substituídos por drives gravadores de CD, permitindo a gra-
vação de áudio digital e arquivos em computadores domésticos equipados com o “kit multimídia”.
Unidades 12x, 24x, 48x e 52x se popularizaram, indicando, com os números, a velocidade de rotação do disco
e, consequentemente, maior velocidade de leitura/gravação em relação aos outros modelos semelhantes.

TIPO USO

CD ROM Somente leitura Gravado pelo distribuidor de software ou música

CD R Gravável Poderia gravar uma vez, ou várias vezes de forma incremental

CD RW Regravável Poderia gravar várias vezes, como um disquete

O DVD foi desenvolvido para substituir as fitas de vídeo, com maior qualidade de imagem e som, permitindo a
inclusão de vários conteúdos extras. Assim como os CDs, também existiram modelos ROM, R e RW de mídia DVD.
Na época dos DVDs, as mídias removíveis do tipo USB começaram a aparecer no mercado, oferecendo capa-
cidade semelhante ou superior aos DVDs. Pendrives com 512 MB (megabyte – milhão de bytes), 1 GB, 2 GB, 4 GB, 8
GB, 16 GB etc, rapidamente, se tornaram os preferidos dos usuários para o armazenamento portátil de dados em
detrimento das mídias ópticas do tipo DVD.
O padrão HD-DVD oferecia gravação de dados em mídias ópticas com densidade superior ao DVD e próximo
do Blu-Ray, mas nem chegou a “emplacar” no mercado.
O Blu-Ray foi desenvolvido para substituir o DVD, com maior capacidade de armazenamento de dados e a
possibilidade de gravações de vídeos em alta resolução (HD – High Definition), que ocupavam mais espaço que um
CD poderia armazenar.
Ainda foram propostos outros novos padrões de mídias ópticas, como o HVD (Holographic Versatile Disc), mas
a era dos discos refletivos já estava acabando.
Eles chegaram tarde, pois armazenavam 25 GB e os pendrives já estavam em 128 GB. Poucos usuários utilizaram
Blu-Ray em seus computadores, sendo mais usados em aparelhos leitores para a reprodução de filmes em alta resolução.

Figura 8 – Comparativo entre as mídias ópticas.


Fonte: Wikipedia.
192 Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/File:Comparison_CD_DVD_HDDVD_BD.svg>. Acesso em 26 mar. 2021.
O armazenamento de dados em discos ópticos foi z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias remo-
a opção ideal no momento errado. A demora na popu- víveis, acompanhar a cópia e trocar quando soli-
larização das mídias com o público e o surgimento de citado.
outras formas de armazenamento de maior praticidade
ou capacidade tornaram as mídias ópticas as preferi- Windows 8
das para o armazenamento de cópias de segurança por
z Executar a ferramenta “Salvar cópias de backup”;
quase uma década nas pequenas e médias empresas,
z Habilitar a opção “Ativar Histórico de Arquivos”;
porém sem tanta utilização pelos usuários domésticos.
z Excluir as pastas que não deseja que sejam copia-
das para o backup;
BACKUP NO WINDOWS
z A cópia de segurança será realizada localmente e o
usuário poderá recuperar os arquivos em “Históri-
O Windows é o sistema operacional da Microsoft muito
co de Arquivos”;
popular nos computadores pessoais. Desde a versão Win-
z Para cópia externa, usar backup de cópia (manual-
dows XP, existe uma ferramenta nativa para a reali-
mente) ou outra ferramenta de terceiros.
zação de backup (cópia de segurança dos dados do
usuário). O Windows 8 oferece a ferramenta Imagem de Sis-
A seguir, veremos os procedimentos para a reali- tema para criação de uma cópia de todos os dados do
zação da cópia de segurança em diferentes versões do computador. É como um backup completo, mas; no
sistema operacional. Os procedimentos básicos são os momento da recuperação dos dados, não é possível
mesmos, mudando um detalhe ou outro. Confira: escolher quais arquivos serão recuperados. A imagem
do sistema é uma cópia estática de todo o disco e será
Windows XP restaurada em sua totalidade.

z Executar a ferramenta Utilitário de Backup (nt Windows 10


backup.exe);
z Escolher o Assistente de Backup (para criação da z Acionar o menu Iniciar, item Configurações (ou
atalho de teclado Windows + I);
cópia de segurança);
z Abrir a opção “Atualização e Segurança”;
z Para recuperação dos arquivos, use a opção Assis-
z Executar a ferramenta “Backup”;
tente de Restore;
z Habilitar a opção “Ligar backup automático”;
z Definir o que será copiado: tudo, arquivos sele-
z Excluir as pastas que não deseja que sejam copia-
cionados, ou estado do sistema de backup (infor-
das para o backup;
mações sobre o gerenciamento das cópias de z Definir qual a periodicidade da cópia de segurança
segurança); em “Fazer backup dos meus arquivos”;
z Escolher o destino (unidade de disco externa, z Definir qual o prazo de validade da cópia de segu-
removível ou remota); rança em “Manter meus backups”;
z Escolher o nome para o arquivo (extensão BKF – z Para cópia externa, usar backup de cópia (manual-
Backup File); mente) ou outra ferramenta de terceiros.
z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias
removíveis, acompanhar a cópia e trocar quando O Windows 10 oferece a ferramenta Imagem de
solicitado. Sistema, como no Windows 8. Para recuperação dos
dados, escolha “Restaurar versões anteriores”.
A extensão BAK (Backup) é usada por programas As ferramentas do Windows para a realização de

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


instalados no computador para cópia de segurança, backup não trabalham com os conceitos de tipos de
geralmente temporária, de arquivos que estão em backup (completo, diferencial e incremental). Elas
edição. copiam os dados que o usuário escolher ou todo o dis-
co. Portanto, elas são ferramentas de backup completo
Windows Vista ou personalizado, sem detalhes que poderiam distin-
guir uma cópia incremental ou diferencial.
z Executar a ferramenta Backup e Restauração;
BACKUP NA INTERNET
z Escolher entre “Fazer backup de arquivos” ou “do
computador inteiro”; Ao instalar alguma ferramenta de armazenamen-
z Escolher o destino (unidade de disco externa, to de dados na nuvem, como o Microsoft OneDrive, ou
removível ou remota); o Google Drive, ou Dropbox, é possível associar pastas
z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias para serem copiadas para a Internet.
removíveis, acompanhar a cópia e trocar quando Conforme estudado no tópico sobre as definições
solicitado. de outros tipos de backups, este será um backup do tipo
espelhamento, no qual os dados apagados da cópia na
Windows 7 nuvem a partir de um dispositivo serão refletidos nos
outros dispositivos conectados na mesma conta.
z Executar a ferramenta Backup e Restauração;
As ferramentas oferecem espaço gratuito básico,
z Escolher Configurar backup;
com capacidade entre 2 GB e 15 GB, podendo contra-
z Escolher o destino (unidade de disco externa, tar mais espaço de armazenamento com 1 TB ou 2
removível ou remota); TB de capacidade. O pagamento será por licença de
z Escolher entre “Deixar o Windows escolher” ou assinatura mensal ou anual, semelhante ao modelo de
“Deixar que eu escolha”; licenciamento do Office 365.
z Faça as seleções desejadas e clique em “Salvar con-
figurações”, para executar o backup; 193
A segunda base legal da LGPD encontra-se no cum-
POLÍTICA DE primento de obrigação legal ou regulatória pelo con-
CONFIDENCIALIDADE trolador, que ocorre quando há determinação legal,
disposta em lei federal, estadual ou municipal ou em
CONFIDENCIALIDADE, DISPONIBILIDADE E demais normas, decretos, resoluções, regulamentan-
INTEGRIDADE DA INFORMAÇÃO, DIRETRIZES do que o controlador poderá realizar o tratamento de
PARA USO DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES dados pessoais com fundamento nessa base legal.
CORPORATIVOS, PROCESSOS E CONTROLES PARA
PROTEÇÃO DA INFORMAÇÃO III - pela administração pública, para o trata-
mento e uso compartilhado de dados necessá-
Este tópico você encontra disponível em formato rios à execução de políticas públicas previstas
em leis e regulamentos ou respaldadas em contra-
de vídeo, na área do aluno, em nosso site. O passo a
tos, convênios ou instrumentos congêneres, obser-
passo para acessar os materiais complementares
vadas as disposições do Capítulo IV desta Lei;
encontra-se nas primeiras páginas desta apostila.
Na terceira base legal da LGPD, a administração
pública poderá fazer o uso compartilhado de dados,
desde que isso ocorra com o objetivo de executar
LEI Nº 13.709, DE 2018 – DISPÕE políticas públicas, como exemplo, podemos citar os
programas Bolsa Família e Auxílio Emergencial, que
SOBRE A PROTEÇÃO DE DADOS fizeram uso da presente base legal.
PESSOAIS
IV - para a realização de estudos por órgão de
CAPÍTULO II — DO TRATAMENTO DE DADOS pesquisa, garantida, sempre que possível, a
PESSOAIS anonimização dos dados pessoais;

Com a modernização e o fácil acesso às informações Essa hipótese dispõe sobre o tratamento de dados
que a constante evolução do mundo vem trazendo, as para estudos feitos por órgãos de pesquisa. Esses órgãos,
principais empresas do mundo têm nos dados pessoais sejam entidades públicas ou privadas, poderão realizar,
o seu principal negócio. Por isso, os dados pessoais são com o uso de dados pessoais, pesquisas de caráter histó-
conhecidos como o “novo petróleo” diante de sua impor- rico, tecnológico ou estatístico. É importante ressaltar
tância. Dessa forma, é necessário que o tratamento de que, sempre que possível, tais órgãos deverão priori-
dados seja feito com as devidas regulamentações e pro- zar a anonimização dos dados pessoais.
teção à privacidade.
V - quando necessário para a execução de contra-
Seção I — Dos Requisitos para o Tratamento de to ou de procedimentos preliminares relacio-
Dados Pessoais nados a contrato do qual seja parte o titular, a
pedido do titular dos dados;
Os requisitos apresentados no art. 7º, da LGPD, são
indispensáveis para a compreensão a respeito do tra-
A quinta base legal ocorrerá em casos nos quais os
tamento de dados pessoais.
dados pessoais precisem ser tratados para a execução
Podemos observar as dez hipóteses, também
de obrigações contratualmente pactuadas, havendo
conhecidas como bases legais, que legitimam o trata-
mento dos dados pessoais. É importante ressaltar que pedido do titular para que isso ocorra.
se trata de um rol taxativo, não existindo nenhuma
VI - para o exercício regular de direitos em pro-
outra hipótese possível além das descritas no art. 7º.
cesso judicial, administrativo ou arbitral, esse
último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setem-
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente
bro de 1996 (Lei de Arbitragem);
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses:
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo
titular; Na sexta base legal da LGPD, é apresentada a possi-
bilidade para o tratamento de dados pessoais em razão
A primeira e mais conhecida das hipóteses é o con- dos direitos exercidos em contratos ou processos, sejam
sentimento, que consiste na manifestação livre, infor- eles judiciais, administrativos ou arbitrais. Deste modo,
mada e inequívoca do titular para que seja realizado os dados pessoais poderão ser armazenados, desde que
o tratamento dos seus dados pessoais. para essa única e exclusiva finalidade, enquanto per-
A hipótese de consentimento não é aplicável a sistir a necessidade de discussão da demanda.
todos os casos; as demais bases legais permitem o
tratamento de dados pessoais independentemente do VII - para a proteção da vida ou da incolumida-
consentimento do titular. de física do titular ou de terceiro;
O consentimento não é obrigatório em todos os
casos: a LGPD busca um equilíbrio entre os interesses Essa base legal visa à proteção da vida e da integri-
do titular e as necessidades dos controladores ao exer- dade do titular de dados que possa estar exposto a ques-
cerem suas atividades3. É importante ressaltar, ainda, tões graves que coloquem em risco a sua vida. Por isso,
que não há hierarquia entre tais bases legais. trata-se de um critério restritivo utilizado quando cons-
tatada a situação de fato, como, por exemplo, no caso
II - para o cumprimento de obrigação legal ou de usar os dados do celular de alguém que tenha sido
regulatória pelo controlador; sequestrado a fim de localizar o titular e salvar sua vida.
194 3 GONZÁLEZ, M. LGPD Comentada. Guia LGPD. Disponível em: <https://guialgpd.com.br/lgpd-comentada/>. Acesso em: 3 jan. 2021.
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de
saúde ou autoridade sanitária;

Nessa base legal, fica determinado que profissionais da saúde, além de outras entidades e estabelecimentos,
inclusive estaduais e municipais, poderão fazer uso da base legal para o tratamento de dados, desde que com o
objetivo específico de tutela da saúde, sendo vedado o desvio dessa finalidade.

IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador ou de terceiro, exceto no caso
de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais;
ou

O inciso IX dispõe que o tratamento de dados poderá ser realizado quando for preciso para atender a interesses legíti-
mos do controlador ou de terceiros. O inciso ainda traz a exceção de que isso não poderá ser feito quando prevalecerem
direitos e liberdades fundamentais dos titulares que exijam a proteção dos dados pessoais.

X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação pertinente.

Nesta hipótese, será possível verificar os dados acerca da adimplência e inadimplência do titular para analisar
uma possível concessão ou não de crédito.
Para uma melhor fixação do conteúdo, veja a seguir o fluxograma com as Bases Legais da Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais (LGPD):

Consentimento Cumprimento da obrigação legal

Estudo por órgãos de pesquisa Execução de políticas públicas

Execução de Contrato/
Proteção da vida BASES LEGAIS DA LGPD
Diligências Pré-contratuais

Exercício regular de Direitos Proteção ao crédito

Interesses legítimos do
Tutela da saúde
controlador/terceiros

§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o inte-
resse público que justificaram sua disponibilização

Mesmo que os dados se encontrem disponíveis de forma pública, eles somente poderão ser tratados se segui-
rem os princípios da finalidade, da boa-fé e do interesse público.
O princípio da finalidade afirma que deverá ser respeitada a finalidade pela qual os dados foram tornados

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


públicos, em eventual uso consecutivo por terceiros.
Já princípio da boa-fé afirma que não deverá haver utilização desvirtuando as legítimas expectativas dos seus
titulares dos dados.
O princípio do interesse público legitima que deverá ser identificado o interesse público que baseou disponi-
bilização dos dados. É evidente que o amplo acesso aos dados não retira a proteção que a eles deve ser concedida.

§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no caput deste artigo para os dados tornados manifesta-
mente públicos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios previstos nesta Lei.

Quando o titular dos dados pessoais tornar públicos seus próprios dados, não será necessário obter o seu
consentimento para o tratamento de dados; porém, mesmo diante dessa situação, não será totalmente livre a sua
utilização, a qual somente poderá ocorrer desde que sejam resguardados os direitos do titular.

§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no inciso I do caput deste artigo que necessitar comu-
nicar ou compartilhar dados pessoais com outros controladores deverá obter consentimento específico
do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses de dispensa do consentimento previstas nesta Lei.

Quando a base legal para tratamento dos dados pessoais for o consentimento e o controlador desejar comuni-
car ou compartilhar os dados com outro controlador, ele deverá ter o consentimento específico para isso. Deste
modo, caso o controlador queira utilizar os dados que já possui para tipo diverso de tratamento, é necessário
pedir o consentimento novamente.4

§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não desobriga os agentes de tratamento das demais obri-
gações previstas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e da garantia dos direitos do titular.

4 GONZÁLEZ, M. LGPD Comentada. Guia LGPD. Disponível em: <https://guialgpd.com.br/lgpd-comentada/>. Acesso em: 3 jan. 2021. 195
Quando for realizado o tratamento dos dados pes- O consentimento somente será permitido conforme
soais, deverão ser respeitados os princípios e direitos os propósitos legítimos, específicos, explícitos e informa-
dos titulares dos dados, previstos na LGPD, indepen- dos ao titular, sendo vedadas autorizações universais
dentemente da base legal que venha a ser escolhida para o tratamento dos dados, bem como tratamento
para o tratamento dos dados. posterior que seja incompatível com essas finalidades.

§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a § 5º O consentimento pode ser revogado a qual-
que se referem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser quer momento mediante manifestação expressa
realizado para novas finalidades, desde que obser- do titular, por procedimento gratuito e facilitado,
vados os propósitos legítimos e específicos para o ratificados os tratamentos realizados sob amparo do
novo tratamento e a preservação dos direitos do consentimento anteriormente manifestado enquanto
titular, assim como os fundamentos e os princípios não houver requerimento de eliminação, nos termos
previstos nesta Lei. do inciso VI do caput do art. 18 desta Lei.
Para flexibilizar o uso de dados pessoais cujo aces-
sos são públicos ou que foram tornados públicos O consentimento poderá ser revogado a qualquer
pelo titular, inclusive para novas finalidades, devem momento e com muita facilidade, devendo ser gratui-
ser respeitadas os demais pontos relevantes da LGPD, to e ser exercido a qualquer momento. Porém, a revo-
incluindo os fundamentos e os princípios. gação do consentimento não significará a automática
eliminação dos dados pessoais, pois a mesma somen-
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do te será feita, quando também for realizado pedido
art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou expresso do titular.
por outro meio que demonstre a manifestação
de vontade do titular. § 6º Em caso de alteração de informação referida
nos incisos I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o con-
Esse artigo trata da forma com que o controlador trolador deverá informar ao titular, com destaque
deve solicitar o consentimento do titular. Esse consenti- de forma específica do teor das alterações, podendo
mento deve ser realizado por escrito ou por outro meio o titular, nos casos em que o seu consentimento é
que demonstre a manifestação de vontade do titular. exigido, revogá-lo caso discorde da alteração.
O fato consolidado que temos diante do consenti-
mento é que ele jamais será considerado válido se for Não será necessário obter novo consentimento do
feito de forma genérica, não atendendo à boa-fé e à titular de dados, basta informá-lo das alterações realiza-
transparência, podendo ser obtido por qualquer meio das, nas situações em que houver alguma modificação
que evidencie a manifestação do titular. no que se trata da finalidade do tratamento dos dados,
da forma e duração do tratamento e da identificação
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escri- do controlador ou, ainda, sobre informações acerca do
to, esse deverá constar de cláusula destacada uso compartilhado de dados pelo controlador.
das demais cláusulas contratuais.
Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilita-
Quando o consentimento for obtido por escrito, a lei do às informações sobre o tratamento de seus
determina que a cláusula seja inserida de forma desta- dados, que deverão ser disponibilizadas de forma
clara, adequada e ostensiva acerca de, entre
cada, para que seja facilmente identificada pelo titular.
outras características previstas em regulamentação
Isso se dá pois usualmente o usuário não lê as cláusulas
para o atendimento do princípio do livre acesso:
dos termos de uso; deste modo, é necessário que o titular I - finalidade específica do tratamento;
tenha total clareza sobre o que está consentindo, devendo II - forma e duração do tratamento, observados os
a cláusula de consentimento ficar separada das demais. segredos comercial e industrial;
III - identificação do controlador;
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de IV - informações de contato do controlador;
que o consentimento foi obtido em conformi- V - informações acerca do uso compartilhado de
dade com o disposto nesta Lei. dados pelo controlador e a finalidade;
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o
Cabe ao controlador, utilizar os mecanismos devi- tratamento; e
dos para a coleta de consentimento que permitam a VII - direitos do titular, com menção explícita aos
geração de evidências acerca da sua obtenção, vez direitos contidos no art. 18 desta Lei.
que tais evidências devem ficar armazenadas durante § 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido,
todo o período em que os dados estiverem armazena- esse será considerado nulo caso as informações forne-
dos, independentemente da finalidade. cidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusivo
ou não tenham sido apresentadas previamente com
transparência, de forma clara e inequívoca.
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais
§ 2º Na hipótese em que o consentimento é reque-
mediante vício de consentimento.
rido, se houver mudanças da finalidade para o tra-
tamento de dados pessoais não compatíveis com
Caso não houver nenhuma outra base legal que o consentimento original, o controlador deverá
legitime o tratamento dos dados pessoais e o consen- informar previamente o titular sobre as mudanças
timento tiver algum vício o tratamento dos dados não de finalidade, podendo o titular revogar o consenti-
poderá prosseguir. mento, caso discorde das alterações.
§ 3º Quando o tratamento de dados pessoais for
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades condição para o fornecimento de produto ou de
determinadas, e as autorizações genéricas para serviço ou para o exercício de direito, o titular será
196 o tratamento de dados pessoais serão nulas. informado com destaque sobre esse fato e sobre os
meios pelos quais poderá exercer os direitos do titu- Já na existência de situação concreta, o titular de
lar elencados no art. 18 desta Lei. dados deverá ter a efetiva expectativa de que seus
dados serão tratados, em razão da existência de rela-
O titular dos dados deve ter acesso às informações ção prévia entre ele e o controlador.
atualizadas, claras e adequadas sobre o tratamento A LGPD apresenta um rol exemplificativo de situa-
dos seus dados pessoais, de modo a atender o princí-
ções que podem configurar o legítimo interesse do
pio do livre acesso.
controlador no tratamento de dados:
A LGPD apresenta um rol exemplificativo das
informações que devem ser prestadas pelos agentes
de tratamentos de dados aos titulares. Acompanhe o SITUAÇÕES QUE PODEM
fluxograma a seguir: CONFIGURAR O LEGÍTIMO
INTERESSE DO CONTROLADOR DE
Finalidade específica do DADOS
tratamento

Forma e duração do tratamento

Apoio e promoção de Proteção em relação


atividades do controlador ao titular do exercício
INFORMAÇÕES Identificação do controlador
regular de seus direitos ou
QUE DEVEM SER prestação de serviços que o
PRESTADAS Informações acerca do beneficiem, respeitadas as
PELOS AGENTES compartilhamento de dados pelo legítimas expectativas deles
controlador e a finalidade e os direitos e liberdades
DE TRATAMENTO fundamentais
DE DADOS AOS
Informações de contato do
TITULARES
controlador
§ 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo
Responsabilidade dos agentes de interesse do controlador, somente os dados pes-
tratamento soais estritamente necessários para a finalidade
pretendida poderão ser tratados.
Direitos do titular com menção
expressa aos dispostos no art. 18,
Conforme o legítimo interesse do controlador, somen-
da LGPD
te os dados que forem compatíveis e estritamente neces-
sários para o cumprimento das finalidades poderão ser
Caso o consentimento tenha algum vício ou tenha objeto de tratamento.
sido obtido sem que tenha havido prévia e extensa
informação ao titular acerca dos propósitos da LGPD, § 2º O controlador deverá adotar medidas para
será considerado nulo. garantir a transparência do tratamento de
Ademais, quando houver modificação da finalida- dados baseado em seu legítimo interesse.
de pela qual os dados foram obtidos que não seja com-
patível com o consentimento já manifestado, o titular O tratamento de dados com base no legítimo inte-
deve ser informado acerca disso, não sendo necessá- resse deverá ser executado com transparência ante
rio renovar o seu consentimento. É importante lem- o titular, diante da confiança do titular de que seus
brar que o titular poderá revogar o consentimento nas dados sejam tratados para a finalidade específica.
situações em que não concordar com a nova situação.

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


Quando o tratamento de dados pessoais for condi- § 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao con-
ção para o fornecimento de produto ou de serviço ou trolador relatório de impacto à proteção de dados
para o exercício de direito, o titular deve receber de pessoais, quando o tratamento tiver como funda-
forma clara e destacada todas as informações para tal. mento seu interesse legítimo, observados os segre-
dos comercial e industrial.
Art. 10 O legítimo interesse do controlador somente
poderá fundamentar tratamento de dados pessoais O referido documento trata-se dos processos de
para finalidades legítimas, consideradas a partir de tratamento de dados que podem gerar riscos aos titu-
situações concretas, que incluem, mas não se limitam a: lares, identificando o que pode ser feito para miti-
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e gação desses riscos, vez que a autoridade poderá
II - proteção, em relação ao titular, do exercício solicitar ao contador. A doutrina e a boa governança
regular de seus direitos ou prestação de serviços em proteção de dados indicam que esse documento
que o beneficiem, respeitadas as legítimas expecta- deve sempre estar pronto, o que tornará o tratamento
tivas dele e os direitos e liberdades fundamentais, de dados mais seguro.
nos termos desta Lei.
Seção II — Do Tratamento de Dados Pessoais
O legítimo interesse encontra limites que estão Sensíveis
previstos na própria LGPD, que determina que ela
somente poderá servir de fundamento para o trata- Dados pessoais sensíveis são aqueles que têm rela-
mento de dados pessoais quando baseado em finali- ção com origem racial ou étnica, convicção religiosa,
dades legítimas. opinião política, filiação a sindicato ou a organizações
As finalidades legítimas refletem que somente os religiosas, filosóficas ou políticas, relação com fatores
propósitos legítimos e também específicos, explícitos referentes à saúde e vida sexual, dados genéticos ou,
e informados ao titular justificarão o fundamento do ainda, dados biométricos. Essas características justifi-
interesse legítimo. cam a proteção extra que foi inserida pelo legislador, 197
uma vez que o seu vazamento ou mau uso pode cau- § 4º É vedada a comunicação ou o uso comparti-
sar prejuízos irreparáveis ao titular dos dados. lhado entre controladores de dados pessoais sen-
O tratamento de dados pessoais sensíveis é mais síveis referentes à saúde com objetivo de obter
restritivo, possuindo menos bases legais. vantagem econômica, exceto nas hipóteses relati-
vas a prestação de serviços de saúde, de assistên-
cia farmacêutica e de assistência à saúde, desde
Art. 11 O tratamento de dados pessoais sensíveis
que observado o § 5º deste artigo, incluídos os serviços
somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
auxiliares de diagnose e terapia, em benefício dos inte-
I - quando o titular ou seu responsável legal con-
resses dos titulares de dados, e para permitir:
sentir, de forma específica e destacada, para finali-
I - a portabilidade de dados quando solicitada
dades específicas;
pelo titular; ou
II - sem fornecimento de consentimento do titular,
II - as transações financeiras e administrati-
nas hipóteses em que for indispensável para:
vas resultantes do uso e da prestação dos serviços
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória de que trata este parágrafo.
pelo controlador;
b) tratamento compartilhado de dados necessários
Via de regra, os dados de saúde não poderão ser
à execução, pela administração pública, de políti-
compartilhados entre controladores em casos nos
cas públicas previstas em leis ou regulamentos;
quais o objetivo seja de vantagem econômica. Entre-
c) realização de estudos por órgão de pesquisa,
tanto, há algumas exceções que permitem o uso des-
garantida, sempre que possível, a anonimização
ses dados para fins econômicos, desde que isso ocorra
dos dados pessoais sensíveis;
com o objetivo de prestação de serviços de saúde, de
d) exercício regular de direitos, inclusive em con-
assistência farmacêutica e de saúde e que isso se dê
trato e em processo judicial, administrativo e arbi-
em benefício dos titulares.
tral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de
Também são trazidas outras duas situações em
setembro de 1996 (Lei de Arbitragem); que os dados de saúde poderão ser comunicados ou
e) proteção da vida ou da incolumidade física do compartilhados: casos de portabilidade de dados e em
titular ou de terceiro; transações financeiras e administrativas resultantes
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimen-
do uso e da prestação dos serviços.
to realizado por profissionais de saúde, serviços de
saúde ou autoridade sanitária; ou
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do
assistência à saúde o tratamento de dados de saúde
titular, nos processos de identificação e autentica-
para a prática de seleção de riscos na contratação
ção de cadastro em sistemas eletrônicos, resguar- de qualquer modalidade, assim como na contrata-
dados os direitos mencionados no art. 9º desta Lei ção e exclusão de beneficiários.
e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberda-
des fundamentais do titular que exijam a proteção
As operadoras de planos de saúde não poderão tratar
dos dados pessoais.
dados para a prática de seleção de riscos na contratação,
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer
assim como na contratação e exclusão de beneficiários.
tratamento de dados pessoais que revele dados pes-
Isso foi feito para evitar o cruzamento de informações
soais sensíveis e que possa causar dano ao titular,
ressalvado o disposto em legislação específica.
para práticas que possam ser entendidas como injustas,
algo que já é consolidado nesse tipo de mercado.
As disposições desse artigo se aplicam amplamen-
Art. 12 Os dados anonimizados não serão con-
te, inclusive nas situações em que o tratamento de
siderados dados pessoais para os fins desta Lei,
dados pessoais puder revelar dados sensíveis, salvo se salvo quando o processo de anonimização ao qual
houver disposição em contrário em lei específica. foram submetidos for revertido, utilizando exclusi-
vamente meios próprios, ou quando, com esforços
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas razoáveis, puder ser revertido.
“a” e “b” do inciso II do caput deste artigo pelos
órgãos e pelas entidades públicas, será dada publi- A anonimização dos dados pessoais é o processo pelo
cidade à referida dispensa de consentimento, nos qual se retira dos dados pessoais qualquer elemento
termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei. que possa conectá-lo ao seu titular. Assim sendo, o dado
anonimizado é aquele que não pode ser identificado,
As entidades públicas que realizarem o tratamen- considerando a utilização de meios técnicos razoáveis
to de dados sensíveis para cumprimento de obrigação e disponíveis em seu tratamento. Portanto, quando esti-
legal ou regulatória, bem como para a execução de vermos diante de dados não identificáveis de uma pes-
política pública, deverão dar ampla publicidade à dis- soa natural, eles não serão tidos como dados pessoais.
pensa de consentimento.
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de em consideração fatores objetivos, tais como cus-
dados pessoais sensíveis entre controladores com to e tempo necessários para reverter o processo de
objetivo de obter vantagem econômica poderá ser anonimização, de acordo com as tecnologias dispo-
objeto de vedação ou de regulamentação por parte níveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.
da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do
Poder Público, no âmbito de suas competências. Para a determinação do esforço razoável, serão
levados em consideração o custo e o tempo neces-
A comunicação ou o uso compartilhado de dados sários para reversão do processo, considerando a
pessoais sensíveis entre controladores com o objetivo tecnologia e o uso exclusivo de meios próprios para
198 de obter vantagem econômica poderá sofrer vedações. reverter o processo de anonimização.
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como Seção III — Do Tratamento de Dados Pessoais de
dados pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utili- Crianças e de Adolescentes
zados para formação do perfil comportamental de
determinada pessoa natural, se identificada. Art. 14 O tratamento de dados pessoais de
crianças e de adolescentes deverá ser realiza-
Existe também a hipótese em que os dados colhi- do em seu melhor interesse, nos termos deste
dos foram utilizados para a formação de um perfil artigo e da legislação pertinente.
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças
comportamental de determinada pessoa; assim, caso
deverá ser realizado com o consentimento espe-
essa pessoa seja identificada, os dados poderão ser
cífico e em destaque dado por pelo menos um
considerados como dados pessoais. dos pais ou pelo responsável legal.
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste
§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre artigo, os controladores deverão manter pública a
padrões e técnicas utilizados em processos de ano- informação sobre os tipos de dados coletados, a for-
nimização e realizar verificações acerca de sua ma de sua utilização e os procedimentos para o exer-
segurança, ouvido o Conselho Nacional de Prote- cício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
ção de Dados Pessoais. § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de
crianças sem o consentimento a que se refere o
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados tam- § 1º deste artigo quando a coleta for necessária
bém terá a função de dispor sobre padrões e técnicas para contatar os pais ou o responsável legal,
acerca da anonimização, determinando o que deverá utilizados uma única vez e sem armazenamen-
ser entendido como esforço razoável. to, ou para sua proteção, e em nenhum caso
poderão ser repassados a terceiro sem o con-
Art. 13 Na realização de estudos em saúde pública, sentimento de que trata o § 1º deste artigo.
§ 4º Os controladores não deverão condicionar a
os órgãos de pesquisa poderão ter acesso a bases
participação dos titulares de que trata o § 1º deste
de dados pessoais, que serão tratados exclusi-
artigo em jogos, aplicações de internet ou outras ati-
vamente dentro do órgão e estritamente para a
vidades ao fornecimento de informações pessoais
finalidade de realização de estudos e pesquisas
além das estritamente necessárias à atividade.
e mantidos em ambiente controlado e seguro,
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços
conforme práticas de segurança previstas em regula-
razoáveis para verificar que o consentimento a que
mento específico e que incluam, sempre que possível,
se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável
a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem
pela criança, consideradas as tecnologias disponíveis.
como considerem os devidos padrões éticos relaciona- § 6º As informações sobre o tratamento de dados refe-
dos a estudos e pesquisas. ridas neste artigo deverão ser fornecidas de maneira
§ 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto simples, clara e acessível, consideradas as característi-
do estudo ou da pesquisa de que trata o caput deste arti- cas físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e
go em nenhuma hipótese poderá revelar dados pessoais. mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais
§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela quando adequado, de forma a proporcionar a informa-
segurança da informação prevista no caput deste ção necessária aos pais ou ao responsável legal e ade-
artigo, não permitida, em circunstância alguma, a quada ao entendimento da criança.
transferência dos dados a terceiro.
§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo A LGPD autoriza o tratamento de dados pessoais de
será objeto de regulamentação por parte da autori- crianças e adolescentes desde que isso seja realizado
dade nacional e das autoridades da área de saúde e

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


em seu melhor interesse, sendo necessário o consen-
sanitárias, no âmbito de suas competências.
timento inequívoco de um dos pais ou responsáveis,
§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimiza-
vez que a proteção integral é um dos fundamentos do
ção é o tratamento por meio do qual um dado
Estatuto da Criança e do Adolescente.
perde a possibilidade de associação, direta ou
Embora o consentimento seja regra, há duas exce-
indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de infor-
mação adicional mantida separadamente pelo con-
ções, previstas no § 2º, do art. 14, em que o consenti-
trolador em ambiente controlado e seguro. mento não é exigido:

O art. 13 dispõe sobre o tratamento de dados pes- z Quando houver a necessidade de entrar em conta-
to com os pais ou com o responsável pela criança
soais por órgãos de pesquisa no que tange a questões
ou adolescente;
de saúde pública. Nesses casos, os órgãos de pesquisa
z Quando os dados forem necessários para proteger
poderão ter acesso ao banco de dados pessoais, desde
o titular menor de idade.
que a sua finalidade seja estudo e pesquisa. Os dados
serão tratados exclusivamente dentro do órgão e
Ademais, há um grande cuidado em garantir que
mantidos em ambiente controlado e seguro.
os dados pessoais de crianças e adolescentes não
O artigo trata ainda da pseudominação de forma
sejam coletados além do estritamente necessário. Nos
expressa, recomendando o seu uso nos estudos em
dias atuais, é comum que aplicativos e jogos possuam
saúde pública que tratam de dados sensíveis. Nesse
“termos de uso” para que sejam utilizados. Nesse caso,
mesmo artigo, a lei conceitua que a pseudominação
o compartilhamento de dados não-essenciais não
é o meio pelo qual um dado perde a possibilidade de pode ser requisito para que o titular possa utilizá-los.
associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão
pelo uso de informação adicional mantida separa- Seção IV — Do Término do Tratamento de Dados
damente pelo controlador em ambiente controlado e
seguro, sendo relevante a leitura dos parágrafos do Art. 15 O término do tratamento de dados pes-
referido artigo para melhor fixação dos seus estudos. soais ocorrerá nas seguintes hipóteses: 199
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de CAPÍTULO IV — DO TRATAMENTO DE DADOS
que os dados deixaram de ser necessários ou perti- PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO
nentes ao alcance da finalidade específica almejada;
II - fim do período de tratamento; A atividade administrativa realizada pelo Estado
III - comunicação do titular, inclusive no exercício está atrelada à gestão de uma série de dados sensí-
de seu direito de revogação do consentimento con- veis. Desta forma, tanto a coleta e o tratamento de
forme disposto no § 5º do art. 8º desta Lei, resguar- dados pessoais quanto a execução de políticas públi-
dado o interesse público; ou cas decorrentes das relações entre Estado e cidadãos
IV - determinação da autoridade nacional, quando foram temas abordados pela LGPD. Neste sentido, o
houver violação ao disposto nesta Lei. Capítulo IV regulamenta o tratamento de dados pes-
soais pelo Poder Público, determinando as hipóteses
A LGPD elenca as hipóteses de término do trata- legais em que o Estado pode tratar dos dados pessoais.
mento de dados pessoais. Para melhor fixação deste
conteúdo, observe o fluxograma a seguir: Seção I — Das Regras

A finalidade foi alcançada ou de Art. 23 O tratamento de dados pessoais pelas


que os dados deixaram de ser pessoas jurídicas de direito público referidas no
necessários ou pertinentes ao parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18
alcance da finalidade específica de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informa-
almejada ção), deverá ser realizado para o atendimento de
sua finalidade pública, na persecução do interesse
Com o fim do tratamento de dados público, com o objetivo de executar as competên-
HIPÓTESES DO TÉRMINO
cias legais ou cumprir as atribuições legais do ser-
DO TRATAMENTO DE O titular comunicou, exercendo
viço público, desde que:
DADOS o seu direito de revogação do
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer-
consentimento conforme disposto
cício de suas competências, realizam o tratamento
no § 5º do art. 8º desta Lei,
de dados pessoais, fornecendo informações claras e
resguardado o interesse público
atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
Por determinação da autoridade procedimentos e as práticas utilizadas para a exe-
nacional, quando houver violação cução dessas atividades, em veículos de fácil aces-
ao disposto na LGPD so, preferencialmente em seus sítios eletrônicos;
III - seja indicado um encarregado quando realiza-
Art. 16 Os dados pessoais serão eliminados após rem operações de tratamento de dados pessoais,
nos termos do art. 39 desta Lei;
o término de seu tratamento, no âmbito e nos limi-
tes técnicos das atividades, autorizada a conserva-
O referido dispositivo de lei não faz menção ao
ção para as seguintes finalidades:
compartilhamento de dados, tampouco alude a dados
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
sensíveis (dados que informem raça, etnia, dados
pelo controlador;
genéticos ou biométricos etc.). O art. 23, da LGPD,
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre
aborda o tratamento dos dados pessoais dos cida-
que possível, a anonimização dos dados pessoais;
dãos pelo Poder Público, considerando que isso pode
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os
ser realizado quando existir finalidade de interesse
requisitos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou
público.
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
Para a maior compreensão do artigo acima, acom-
so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
panhe a seguir o mencionado parágrafo único, do art.
O cuidado com a proteção dos dados pessoais deve 1º, da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011:
seguir desde a coleta até o seu encerramento, por isso,
Art. 1º (Lei nº 12.527, de 2011) [...]
a eliminação dos dados deve ser realizada com muita cau-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
tela, tanto com dados físicos quanto com os digitais, sendo Lei:
permitida a conservação nas hipóteses elencadas no flu- I - os órgãos públicos integrantes da administração
xograma a seguir, trazido para auxiliar nos seus estudos: direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin-
do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério
Cumprimento de obrigação legal Público;
ou regulatória pelo controlador II - as autarquias, as fundações públicas, as empre-
sas públicas, as sociedades de economia mista e
Estudo por órgão de pesquisa,
demais entidades controladas direta ou indire-
garantida, sempre que possível, a
tamente pela União, Estados, Distrito Federal e
HIPÓTESES QUE SÃO anonimização dos dados pessoais
Municípios.
AUTORIZADAS A
Transferência a terceiro, desde
CONSERVAÇÃO DOS Voltando ao estudo da LGPD:
que respeitados os requisitos de
DADOS APÓS O TÉRMINO
tratamento de dados dispostos na
DO TRATAMENTO
LGPD § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as
formas de publicidade das operações de tratamento.
O uso exclusivo do controlador, § 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pes-
vedado seu acesso por terceiro, e soas jurídicas mencionadas no caput deste artigo
desde que anonimizados os dados de instituir as autoridades de que trata a Lei nº
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso
200 à Informação).
§ 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos
direitos do titular perante o Poder Público observa- de administração e fiscal, com a participação de
rão o disposto em legislação específica, em especial acionistas minoritários;
as disposições constantes da Lei nº 9.507, de 12 de V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a
novembro de 1997 (Lei do Habeas Data), da Lei nº responsabilidade dos administradores.
9.784, de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Pro- 9§ 2º As empresas públicas e as sociedades de eco-
cesso Administrativo), e da Lei nº 12.527, de 18 de nomia mista não poderão gozar de privilégios fis-
novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação). cais não extensivos às do setor privado.
§ 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em § 3º A lei regulamentará as relações da empresa
caráter privado, por delegação do Poder Público, pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que
terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas
vise à dominação dos mercados, à eliminação da
jurídicas referidas no caput deste artigo, nos ter-
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
mos desta Lei.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi-
§ 5º Os órgãos notariais e de registro devem for-
dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá
necer acesso aos dados por meio eletrônico para a a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições
administração pública, tendo em vista as finalida- compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
des de que trata o caput deste artigo. contra a ordem econômica e financeira e contra a
economia popular.
Para proceder ao tratamento de dados, as pessoas
jurídicas de direito público devem, no exercício de Retomando o estudo dos artigos da LGPD, acompa-
suas competências, informar de modo claro e atuali- nhe o art. 25:
zado qual a base de dados que autoriza o tratamento, Art. 25 Os dados deverão ser mantidos em formato
bem como os procedimentos e as práticas utilizadas interoperável e estruturado para o uso comparti-
para isso, vez que também a autoridade nacional lhado, com vistas à execução de políticas públicas,
(ANPD) poderá dispor sobre as formas de publicidade à prestação de serviços públicos, à descentraliza-
das operações de tratamento de dados. ção da atividade pública e à disseminação e ao
É importante ressaltar que as pessoas jurídicas acesso das informações pelo público em geral.
de direito público deverão indicar um encarregado
quando realizarem o tratamento de dados, um DPO, Conforme a LGPD determina, os dados devem
que fará a ponte com o controlador, os titulares de ser armazenados de forma interoperável, ou seja,
dados e a ANPD, sendo fundamental a leitura do art. em formato aberto, que permita o seu consumo por
23 para compreensão desse conteúdo. outros órgãos ou entes públicos, inclusive mediante
a integração de sistemas, devendo ser observadas as
Art. 24 As empresas públicas e as sociedades de premissas técnicas viabilizando as finalidades especí-
economia mista que atuam em regime de concor- ficas, previstas no rol taxativo: a execução de políticas
rência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constitui- públicas, a prestação de serviços públicos, a descen-
ção Federal, terão o mesmo tratamento dispensado tralização da atividade pública, a disseminação e o
às pessoas jurídicas de direito privado particulares, acesso das informações pelo público em geral.
nos termos desta Lei.
Parágrafo único. As empresas públicas e as socie- Art. 26 O uso compartilhado de dados pessoais
dades de economia mista, quando estiverem ope- pelo Poder Público deve atender a finalidades espe-
racionalizando políticas públicas e no âmbito da cíficas de execução de políticas públicas e atribui-
ção legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


execução delas, terão o mesmo tratamento dispen-
respeitados os princípios de proteção de dados pes-
sado aos órgãos e às entidades do Poder Público,
soais elencados no art. 6º desta Lei.
nos termos deste Capítulo.
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a entida-
des privadas dados pessoais constantes de bases de
Acompanhe a seguir o art. 173, da CF, de 1988, dados a que tenha acesso, exceto:
mencionado no art. 24, da LGPD: I - em casos de execução descentralizada de ativida-
de pública que exija a transferência, exclusivamente
Art. 173 (CF, de 1988) Ressalvados os casos pre- para esse fim específico e determinado, observado
vistos nesta Constituição, a exploração direta de o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
atividade econômica pelo Estado só será permitida 2011 (Lei de Acesso à Informação);
quando necessária aos imperativos da segurança III - nos casos em que os dados forem acessíveis
nacional ou a relevante interesse coletivo, confor- publicamente, observadas as disposições desta Lei.
me definidos em lei. IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empre- cia for respaldada em contratos, convênios ou ins-
sa pública, da sociedade de economia mista e de trumentos congêneres; ou
suas subsidiárias que explorem atividade econômi- V - na hipótese de a transferência dos dados obje-
ca de produção ou comercialização de bens ou de tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
prestação de serviços, dispondo sobre: irregularidades, ou proteger e resguardar a segu-
rança e a integridade do titular dos dados, desde
I - sua função social e formas de fiscalização pelo
que vedado o tratamento para outras finalidades.
Estado e pela sociedade;
§ 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empre-
deste artigo deverão ser comunicados à autoridade
sas privadas, inclusive quanto aos direitos e obri-
nacional.
gações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, Diante da possibilidade de compartilhamento de
compras e alienações, observados os princípios da dados pessoais entre as bases de dados sob controle
administração pública; do Poder Público entre entes públicos, a LGPD afirma 201
que todas as operações devem seguir os principais Diante da constatação da ocorrência de infração
requisitos já estudados anteriormente, sendo eles: por órgão ou ente do Poder Público, a ANPD pode
a existência de finalidade, a existência de base legal enviar um documento chamado relatório de impac-
para os entes envolvidos e a validação do comparti- to, com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
lhamento. Isso posto, é fundamental a leitura do art. Porém, é importante destacar que não há previsão em
26 para a complementação dos seus estudos. qualquer dispositivo da LGPD sobre possibilidade de
a ANPD enviar semelhante relatório para as pessoas
Art. 27 A comunicação ou o uso compartilhado de jurídicas de direito privado.
dados pessoais de pessoa jurídica de direito público
a pessoa de direito privado será informado à auto-
ridade nacional e dependerá de consentimento do
titular, exceto:
I - nas hipóteses de dispensa de consentimento pre-
HORA DE PRATICAR!
vistas nesta Lei;
1. (IADES — 2021) A Lei Geral de Proteção de Dados
II - nos casos de uso compartilhado de dados, em
Pessoais (LGPD) aplica-se a qualquer operação de tra-
que será dada publicidade nos termos do inciso I do
caput do art. 23 desta Lei; ou tamento realizada por pessoa natural ou por pessoa
III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta Lei. jurídica de direito público ou privado, independente-
Parágrafo único. A informação à autoridade nacio- mente do meio, do país de sua sede ou do país onde
nal de que trata o caput deste artigo será objeto de estejam localizados os dados, desde que
regulamentação.
Art. 28 (Revogado) a) a operação de tratamento seja realizada no território
Art. 29 A autoridade nacional poderá solicitar, a nacional e os dados pessoais, objeto do tratamento,
qualquer momento, aos órgãos e às entidades do tenham sido coletados no território nacional.
poder público a realização de operações de trata- b) realizada para fins exclusivamente jornalísticos e
mento de dados pessoais, informações específicas artísticos, ou acadêmicos.
sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros c) os dados pessoais, objeto do tratamento, tenham sido
detalhes do tratamento realizado e poderá emi- coletados no território nacional.
tir parecer técnico complementar para garantir o d) realizada para fins exclusivos de segurança pública,
cumprimento desta Lei. defesa nacional, segurança do Estado, ou atividades
Art. 30 A autoridade nacional poderá estabelecer
de investigação e repressão de infrações penais.
normas complementares para as atividades de comu-
e) a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta
nicação e de uso compartilhado de dados pessoais.
ou o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamen-
to de dados de indivíduos localizados no território
Para ocorrer a transferência de dados de um ente
nacional, e os dados pessoais, objeto do tratamento,
público para um particular, basta estabelecer que nas
tenham sido coletados no território nacional.
hipóteses de uso compartilhado de dados entre o ente
público e o privado na transferência, a LGPD exige,
2. (IADES — 2021) Na Lei Geral de Proteção de Dados
como regra, a obtenção do consentimento do titular
Pessoais (LGPD), para a realização de estudos em
dos dados pessoais.
saúde pública, os órgãos de pesquisa poderão ter
O consentimento para compartilhamento de dados
acesso a bases de dados pessoais. Quanto a esse
pessoais deve ser específico para essa finalidade, não
assunto, assinale a alternativa correta.
bastando ao controlador tê-lo colhido para outras
modalidades de tratamento.
A comunicação, ou o uso compartilhado de dados a) Os dados serão tratados exclusivamente dentro do
pessoais de pessoa jurídica de direito público a pes- órgão, e estritamente para a finalidade de realização
soa de direito privado, será informada à autoridade de estudos e pesquisas, e mantidos em ambiente
nacional e dependerá de consentimento do titular. As controlado e seguro, sendo que, nesse caso, são dis-
exceções estão previstas no art. 27, sendo também os pensadas a anonimização ou a pseudonimização dos
arts. 29 e 30 autoexplicativos acerca das atuações da dados.
ANPD nesses aspectos. b) A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto
de estudos ou pesquisas apenas poderá revelar dados
pessoais na comunidade científica.
Seção II — Da Responsabilidade
c) A transferência dos dados a terceiro somente é permi-
tida quando realizada a órgão de natureza científica.
Art. 31 Quando houver infração a esta Lei em
decorrência do tratamento de dados pessoais por d) Os dados serão tratados estritamente para a finalida-
órgãos públicos, a autoridade nacional poderá de de realização de estudos e pesquisas e mantidos
enviar informe com medidas cabíveis para fazer em ambiente controlado e seguro, de preferência ano-
cessar a violação. nimizados e, nesse caso, permitido compartilhamento
com outras instituições de pesquisa, dentro dos pre-
Destaca-se que a ANPD possui poder normativo, ceitos éticos.
o que implica que o órgão pode emitir regulamentos e) Os dados serão tratados exclusivamente dentro do
complementares — informes, contendo as medidas órgão, e estritamente para a finalidade de realização
cabíveis, para fazer cessar a violação. de estudos e pesquisas, e mantidos em ambiente con-
trolado e seguro conforme práticas de segurança que
Art. 32 A autoridade nacional poderá solicitar a incluam, na medida do possível, a anonimização ou a
agentes do Poder Público a publicação de relatórios pseudonimização dos dados e considerem os devidos
de impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a padrões éticos relacionados a estudos e pesquisas.
adoção de padrões e de boas práticas para os trata-
202 mentos de dados pessoais pelo Poder Público.
3. (IADES — 2019) A Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de 9 GABARITO
Proteção de Dados) incide quanto ao cadastro de
usuários e clientes, alterando a maneira como as orga- 1 C
nizações devem tratar dados pessoais, com vistas a
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de 2 E
privacidade e a respeitar o livre desenvolvimento da
personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania. 3 C
Considerando o disposto na referida lei, assinale a 4 B
alternativa correta.
5 B
a) Essa lei aplica-se exclusivamente a dados coletados
por meio digital.
b) Para os fins dessa lei, considera-se dado pessoal qual-
quer informação relacionada a pessoa física ou jurídi-
ca identificada ou identificável.
ANOTAÇÕES
c) O tratamento de dados pessoais, bem como o com-
partilhamento desses dados, somente é permitido
mediante consentimento do titular, salvo casos de
exceção previstos na lei.
d) Dados pessoais de crianças podem ser coletados
sem consentimento prévio e armazenados para fins
de contato com os pais ou o responsável legal.
e) O consentimento do tratamento dos dados deve ser
fornecido pelo titular antecipadamente à coleta dos
dados e presume concordância com o compartilha-
mento dos respectivos dados pessoais com entidades
parceiras por tempo indeterminado.

4. (IADES — 2021) No que concerne à Lei Geral de Pro-


teção de Dados Pessoais (LGPD), com relação aos
agentes de tratamento de dados pessoais, assinale a
alternativa correta.

a) O controlador e o operador não podem manter registro


das operações de tratamento de dados pessoais que
realizarem, especialmente quando com base no legíti-
mo interesse.
b) O controlador, ou o operador, que, em razão do exer-
cício de atividade de tratamento de dados pessoais,
causar a outrem dano patrimonial, moral, individual
ou coletivo, em violação à legislação de proteção de

CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


dados pessoais, é obrigado a repará-lo.
c) A identidade e as informações de contato do encarre-
gado não podem ser divulgadas publicamente.
d) O operador responde solidariamente pelos danos
causados pelo tratamento quando descumprir as
obrigações da legislação de proteção de dados, inde-
pendentemente se a culpa for exclusiva do titular do
dado.
e) Entre as atividades do controlador, consta orientar os
funcionários e os contratados da entidade a respeito
das práticas a serem tomadas quanto à proteção de
dados pessoais.

5. (IADES — 2019) Considere que, em um órgão público,


foi detectada a necessidade da atribuição de respon-
sáveis para manterem registro das operações de tra-
tamento de dados pessoais. De acordo com a Lei nº
13.709/2018, quem devem ser esses responsáveis?

a) Os agentes de tratamento de dados e o conselho


diretor.
b) O controlador e o operador.
c) O presidente da República e o controlador.
d) A autoridade nacional e o operador.
e) O governante e a autoridade nacional. 203
ANOTAÇÕES

204
insumos que o sistema obtém do meio ambiente para
poder funcionar.
Ex.: matérias-primas, informação e energia.

GOVERNANÇA Processador

CORPORATIVA
É o próprio funcionamento interno do sistema. No
processamento é onde ocorre a transformação sobre
as entradas para proporcionar as saídas. É no proces-
ECOMPLIANCE sador que encontramos os diversos subsistemas tra-
balhando com relações de interdependência.
Ex.: recursos tecnológicos, equipamentos, métodos
de gestão e organização do trabalho.
NOÇÕES DE GOVERNANÇA Saídas
CORPORATIVA
Representa os produtos e/ou serviços que saem do
GESTÃO POR PROCESSOS sistema para o ambiente, ou seja, tudo que é produzido
pela organização como resultado de seu processamento.
Conceitos Iniciais Ex.: produto acabado, serviço prestado, lucro das
operações, tributos pagos ao governo.
Para quem não é da área de Administração ou ini-
ciou os estudos há pouco tempo, ao se deparar com Retroação
o tópico de gestão de processos, logo vem à cabeça a
gestão de processos judiciais. Vamos desmitificar essa Também chamado de realimentação, é um meca-
primeira impressão e demonstrar que a gestão de pro- nismo de equilíbrio do sistema, com o objetivo de
cessos nada se assemelha com os processos judiciais. regular e ajustar o bom funcionamento. Na prática,
Atualmente, todas as organizações, privadas ou é o pós-venda do produto e/ou serviço, captando as
públicas, podem ser vistas como um conjunto de pro- informações (positivas e/ou negativas) e realimentan-
cessos. A gestão de processos tornou-se uma filoso- do as entradas do sistema para correição.
fia de gestão organizacional neste novo século. Esse Dessa maneira as organizações funcionam como
modelo de gestão tem como objetivo descobrir o que é sistemas abertos, recebendo do ambiente os recursos
feito pela organização, de modo a desenvolver formas necessários, processando-os em seus subsistemas e
de otimização das atividades. Os modelos de gestão devolvendo-os ao ambiente em forma de produtos e
são aplicados diretamente na operação. serviços para o consumidor final.
A fim de compreender melhor o que é gestão de
processos, primeiramente, vamos entender o que é
um processo. Importante!
De acordo com Hammer e Champy (1993), “proces-
so é um grupo de atividades realizadas numa sequência As atividades e tarefas estão concentradas no
lógica com o objetivo de produzir um bem ou um servi- “Processamento” (Throughput).
ço que tem valor para um grupo específico de clientes”.
Nesse sentido, para os mesmos autores, os clientes não
estão preocupados e/ou interessados em saber como a Traduzindo o conceito para o nosso cotidiano: é
organização está estruturada, mas sim nos resultados quando você resolve fazer um almoço de domingo
para a sua família! As entradas são os insumos (maté-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


dos produtos ou serviços oriundos dos processos.
Na figura abaixo, temos os elementos dos proces- ria-prima) do seu prato, nesse exemplo: o macarrão, o
sos organizacionais e sua sequência: molho de tomate, a carne moída, queijo ralado. Com
os ingredientes em mãos, é hora da transformação
Processamento (agregar valor): é a preparação, conforme a receita da
(Throughput) “Nona”: cozinhar o macarrão, ralar o queijo, refogar
a cebola, temperar, etc. Como resultado (saída do pro-
Atividades e tarefas cesso), temos uma bela macarronada para servir!!!
Mas não para por aí! Após todos se deliciarem com a
Saída macarronada, chegou a hora da verdade: o momento
Entrada
(Input) (Output) de receber as críticas e elogios (feedback)! No próxi-
mo domingo, com essas informações, será possível
✓ Insumos ✓ Transformação ✓ Produtos melhorar seu banquete!
✓ Informação ✓ Agregação de ✓ Serviços Percebemos que todas essas atividades (de prepa-
✓ Energia valor
ro) não significam nada para quem vai se deliciar com
a macarronada. O que os seus familiares realmente
Retroação (Feedback) querem é a macarronada saborosa, quentinha e na
hora certa! Ou seja, o foco é nos desejos e necessida-
Entrada des dos clientes (nesse caso, sua família).
Diante do exposto, podemos afirmar que toda vez
É todo e qualquer recurso que alimenta o sistema que tivermos um conjunto de atividades sendo execu-
e que provém do meio ambiente. São basicamente os tadas de forma integrada e organizada com o objetivo 205
de fornecer um serviço e/ou produto que satisfaça as Como exemplo, podemos citar os processos de
necessidades do cliente, teremos um processo. recursos humanos em uma montadora.
Para internalizar o conhecimento, vamos para Os processos de suporte também são conhecidos
mais um exemplo prático! Dessa vez, analisaremos o por processos secundários, ou ainda, processos meios,
processo simplificado de produção de vinho: processos auxiliares e processos de apoio.

Processamento Produto final Satisfação Processos Gerenciais


Insumo
cliente
São aqueles responsáveis por medir, monitorar e
controlar as atividades. São ligados às estratégias e
utilizados na tomada de decisão, seu papel principal é
Uva Vinho o de coordenar as atividades de apoio e as finalísticas.
Meios de Resultado Normalmente, são executados pela alta administra-
produção pretendido ção da organização.
Como exemplo, podemos citar o planejamento
estratégico de uma montadora de veículos.
Na figura acima, inicia-se com a entrada (uva -
Vale ressaltar que os processos gerenciais são
insumo), perpassa pela transformação (agrega valor),
responsáveis pelas decisões no presente e elas irão
saída (vinho – produto final) e alcança o objetivo prin-
impactar o futuro da organização.
cipal (satisfação do cliente).
Sintetizamos os principais pontos dos tipos de pro-
Assim, podemos sintetizar o conceito de gestão de
cessos:
processos como sendo a metodologia na qual possi-
bilita a estruturação da sequência de trabalhos com
� Primários: Atividades agregam valor para cliente.
o intuito de simplificar as atividades, facilitar a aná-
Ex.: Produção de bens e serviços.
lise e sobretudo melhorar os processos, como forma
� De suporte: Fornecem condições necessárias aos pro-
de promover a permanente busca da melhoria de cessos primários.
desempenho. Ex.: Gestão de pessoas, compras.
� Gerenciais: Ligados às diretrizes estratégicas.
TIPOS DE PROCESSOS Ex.: Planejamento estratégico, Gestão da informação.

As empresas, com intuito de refinar sua gestão, Os processos acima mencionados também podem
classificam os processos de acordo com seu resultado. ser analisados conforme os seus níveis de detalha-
Dessa maneira, é possível alocar os recursos neces- mento, em forma de hierarquias.
sários e priorizar os processos que agregam valor ao É o nosso próximo assunto!
produto final.
Portanto, em termos de capacidade de geração de NÍVEIS DE DETALHAMENTO DOS PROCESSOS
valor, os processos podem ser assim classificados:
O nível de detalhamento de um processo é ineren-
Processos Primários te a análise de complexidade do processo.
Nesse sentido, quanto maior a complexidade de
São aqueles que entregam algum bem ou serviço ao um processo, maior será a necessidade de dividi-lo em
cliente final, representam as atividades essenciais que partes menores (subprocessos, atividades, tarefas) e,
a organização executa no cumprimento de sua missão. consequentemente, facilitar a gestão.
Normalmente, são processos interfuncionais ou Normalmente, nas organizações baseadas em pro-
interorganizacionais, fornecendo uma visão completa cessos, vão existir todos os tipos de processos: do mais
de ponta a ponta e que no final transformam os recur- complexo até o mais simples. Dessa maneira, essa
sos em serviços ou produtos para o consumidor final. classificação abaixo, em forma de hierarquia, é dema-
Nesse aspecto, seu modelo de serviço é orientado ao siadamente útil no tratamento das prioridades.
cliente com uma visão outside in (necessidades do A divisão dos processos segue a seguinte lógica:
cliente para organização, ou seja, de fora para dentro).
Como exemplo, podemos citar a entrega de um veícu- ✓ Gera um Impacto considerável na organização
lo (produto final) da montadora para o consumidor final. Macroprocesso e normalmente envolve + de uma área

Para fixar lembre-se que os processos primários


também são chamados de processos finalísticos, ou ✓ Atividades relacionadas e sequenciais:
Processo entradas + transformação + saída
ainda, processos chaves, processos essenciais, pro-
cessos principais e processos básicos.
✓ Processo inserido em um
Subprocesso processo maior
Processos de Suporte
✓ Trabalhos executados nos
São os processos internos indispensáveis para Atividade processos
que os processos primários possam ser executados,
ou seja, auxiliam à execução dos processos primários ✓ Menor elemento de um
contribuindo para o sucesso da organização. Tarefa processo: Subdivisão de
uma atividade.
Em regra, não geram valor direto para os clientes,
e sim entregam valor para outros processos. Normal-
mente, são associados às áreas funcionais da organi- z Macroprocesso: normalmente, abrange mais de
206 zação, fornecendo e gerenciando recursos. uma área da organização e compreende a visão
geral dos processos. Em regra, é composto por atividades executadas e de como ocorrem a interação
diversos processos principais e de suporte; entre elas.
z Processo: tem seu foco no atendimento das neces- De acordo com Porter (1990):
sidades do cliente final (interno e externo), é o con-
junto de atividade relacionadas e sequenciais em A cadeia de valores desagrega uma empresa nas
que recebem entradas (insumos), agregam valor e suas atividades de relevância estratégica para que
transformam em produtos e/ou serviços finais; se possa compreender o comportamento dos custos
z Subprocesso: refere-se a uma parte específica de e as fontes existentes e potenciais de diferenciação.
um processo, auxiliando o alcance do objeto do Uma empresa ganha vantagem competitiva, execu-
processo maior. Pode ser considerado um processo tando estas atividades estrategicamente importan-
dentro de outro processo maior; te de uma forma mais barata ou melhor do que a
concorrência.
z Atividade: é o conjunto de tarefas que descreve o
passo a passo para a execução. A cada atividade
executada, o processo deve agregar valor. A res- Nesse sentido, a atuação na maximização da
cadeia de valores é essencial na diferenciação entre
ponsabilidade de execução da atividade pode ser
as organizações e seus processos, estabelecendo assim
atribuída a uma pessoa ou departamento;
a tão aguardada vantagem competitiva.
z Tarefa: é a menor divisão de trabalho no processo.
Desse modo, cada uma dessas atividades deve, ao
Pode ser uma parte específica da atividade ou uma
final, entregar (agregar) valor aos processos da orga-
subdivisão de algum trabalho.
nização. Quanto maior o valor agregado entregue,
maior será a competitividade da empresa.
Dica Na figura abaixo, adaptada de Porter, percebemos
A tarefa é sempre atribuída e executada por uma a interdependência entre as atividades de apoio com
pessoa. as atividades primárias, tendo como resultado “as
margens” (valor agregado ofertado ao cliente, ou seja,
Para facilitar o entendimento desta classificação, o lucro esperado).
vamos ver como funciona na prática:
Na figura abaixo, escalonamos o macroprocesso
Atividades de Apoio
Infraestrutura
de Recursos Humanos e qualidade de vida no traba-
lho em processos menores para facilitar e refinar a Gestão de Recursos Humanos
gestão, e ainda analisar possíveis gargalos. Desenvolvimento Tecnológico

Margens
✓ Política geral de Recursos Humanos e Qualidade de Aquisição e Compras
Macroprocesso vida no trabalho

Marketing e
✓ Recrutamento e Seleção de novos Logística Operações Serviços
Processo vendas
colaboradores

Atividades Primárias
✓ Divulgação das vagas
Subprocesso para o mercado

✓ Análise dos candidatos a


A utilização da metodologia da cadeia de valor
Atividade seleção possibilita à organização a melhora da análise sobre
seus processos, alcançando as seguintes vantagens:
✓ Entrar em contato
Tarefa para marcar a entrevista z Possibilidade de verificar os valores agregados em

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


cada um dos seus processos;
z A importância das atividades de apoio na execu-
Analisando a figura acima, percebemos que ao “des- ção das atividades primárias;
cer” a escada da classificação dos processos, encontra- z A integração dos objetivos da estratégia organiza-
mos processos mais claros e com melhor definição. cional nos processos de execução operacional.
Assim, no topo da escada encontra-se o macroprocesso
(mais genérico) e no último degrau encontra-se a tarefa Chegou o momento de entender o passo a passo de
(mais específica, realizada por uma pessoa). como colocar em prática a gestão de processos!
Como já estudamos, o objetivo principal de um
processo é agregar valor ao cliente final. Com isso, MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHORIA DE
torna-se importante conhecer como podemos analisar PROCESSOS
e melhorar cada processo, e essa análise é realizada
pelo estudo da cadeia de valor. Adentramos agora no trabalho propriamente dito:
implantar uma gestão de processos na organização.
CADEIA DE VALOR Para que seja possível a melhoria do processo, o
primeiro passo é conhecê-lo!
Desenvolvida por Michael Porter, a cadeia de valor Dessa maneira, precisamos entender como é o fluxo
é o conjunto de atividades primárias e secundárias de trabalho de cada processo e sua interrelação entre os
que uma organização utiliza para entregar produtos setores e pessoas envolvidas, para que possamos decidir
e serviços para seu consumidor final. em que pontos e quais decisões necessitam ser tomadas.
A cadeia de valor permite identificar os principais Esse é o trabalho do mapeamento dos proces-
fluxos de processos, sendo possível um exame das sos, outra coisa não é, do que visualizar e entender 207
os caminhos do processo de trabalho e seus pontos desconexões, atrasos, gargalos, ineficiência, rupturas
críticos. e, em razão disso, deve ser analisada com cuidado.
Assim, o mapeamento é responsável pela descri- Em regra, quanto menor for o número de Hand-
ção bem detalhada das atividades e tarefas, contendo soff, menor será a vulnerabilidade do processo.
seus inter-relacionamentos de forma a retratar todo o Simplificando o conceito: handoff pode ser enten-
ambiente organizacional. dido como a passagem de uma atividade para a próxi-
O mapeamento de processo é uma representação ma atividade, nesse ponto, é onde ocorrem os atrasos
gráfica que provê uma perspectiva ponta a ponta dos e as desconexões, devido à falta de comunicação entre
processos finalísticos, de suporte ou de gerenciamento. as equipes envolvidas.
Para realizar o trabalho de mapeamento do pro- Na figura abaixo, temos uma representação gráfi-
cesso, normalmente, é utilizada a ferramenta chama- ca do handoff:
da de fluxograma (desenho gráfico do processo que
demonstra o fluxo das atividades e tarefas). Evento de
Para a compreensão do processo como um todo iniciação
e a elaboração do fluxograma, o gestor pode utilizar
Atividade
diversas técnicas, tais como: 1
Ponto de
z Entrevistas e reuniões; handoff
passagem entre
z Observação das atividades in loco; as atividades
Atividade
z Análise da documentação;
2
z Coleta de dados e evidências.
handoff
O mapeamento por meio do fluxograma deve con-
ter a essência do processo, demonstrando como os Atividade 3
elementos se relacionam, as entradas e saídas, quem
executa as atividades, os pontos de decisão e os atores Saída do
envolvidos (fornecedores, clientes). processo
Com o mapeamento em mãos, o próximo passo é
análise do processo! Com os processos mapeados (detalhados) e anali-
A análise do processo visa entender o estado atual do sados (estudados), é o momento de desenhar o novo
processo e suas atividades (análise AS-IS, ou em portu- processo, propondo melhorias na sua execução.
guês, “como está”) e mensurar quais pontos estão benefi- É importante lembrar que a análise de processos é
ciando e/ou atrasando o alcance dos objetivos do negócio. a base para o desenho de processos.
Essa análise do processo atual permite iniciar a O intuito do desenho de processos é a transforma-
definição do desenho do novo processo, adotando o ção da situação atual em um novo processo contendo
que está funcionando e eliminando as rupturas que todos os pontos que podem ser melhorados, eliminan-
interferem no desempenho do processo. do as atividades e tarefas que não agregam valor.
De acordo com o BPM CBOK V3.0 – Business Pro- Nesse sentido, é o redesenho do processo original
cess Management / Common Body of Knowledge Ver- com as possíveis melhorias propostas a partir da aná-
são 3.0, ou em português, Guia para Gerenciamento lise do processo.
de Processos de Negócio (considerado a “bíblia” para Para o sucesso no desenho do novo processo, é fun-
a gestão de processos), a informação gerada a partir damental por parte do gestor a atenção nas seguintes
da análise de processos inclui: atividades:

z Uma compreensão da estratégia, metas e objetivos z Desenhar o novo processo nos diversos níveis de
da organização; detalhe;
z O ambiente de negócio e o contexto do processo z Identificar o fluxo de trabalho futuro com as defi-
(porque o processo existe); nições das novas atividades;
z Uma visão do processo na perspectiva interfuncional; z Minimizar os efeitos do handoff;
z As entradas e saídas do processo, incluindo forne- z Definir indicadores e métricas;
cedores e clientes; z Realizar simulações e testes;
z Os papéis e handoffs de cada área funcional no z Elaborar um plano de implementação.
processo;
z Uma avaliação da escalabilidade, utilização e qua- Esse novo processo a ser implementado é chamado
lificação de recursos; de TO-BE ou seja, a visão do processo futuro. É nesse
z Uma compreensão das regras de negócio que con- momento que o estado desejado é desenvolvido, seja
trolam o processo; para um redesenho de processo ou para o desenvolvi-
z Métricas de desempenho que podem ser usadas mento de um novo processo.
para monitorar o processo; Portanto, a análise AS-IS é a visão do processo no
z Resumo das oportunidades identificadas para momento atual. Já a análise TO-BE, é a visão do proces-
aumentar a eficiência e a eficácia. so futuro com as melhorias a serem implementadas.

Tenha atenção ao conteúdo que se segue. Um


conceito crucial na análise do processo, e também
bastante explorado pelos examinadores, é o do Han-
doff. O Handfoff é qualquer ponto em um processo
em que o trabalho ou informação passa de uma fun-
208 ção para outra. Essa transferência pode resultar em
AS - IS TO - BE Racionalização do Trabalho

A racionalização do trabalho é uma técnica essen-


cial na busca da melhoria contínua dos processos,
consiste na maximização da eficiência por meio da
simplificação dos movimentos e minimização do tem-
"Como está" melhorias "Como vai ser"
po necessário para realizar a tarefa.
As atividades de racionalização do trabalho são rea-
Para facilitar o entendimento, na figura abaixo, sin- lizadas por meio de um procedimento com 3 passos:
tetizamos o caminho a ser percorrido para a implan-
tação da melhoria dos processos de uma organização: z Uma tarefa é observada e estudada crítica e sis-
tematicamente, para permitir a identificação de
aprimoramentos necessários;
Mapeamento Análise Desenho z Com base na análise crítica, entendimento de sua
lógica e eventual comparação com outras formas
mais eficientes de fazê-la, desenvolve-se uma
alternativa mais racional e eficiente;
z A alternativa mais eficiente é implantada, por meio
Detalhar da alteração dos movimentos e eventualmente da
Identificar os Propor
atividades e
tarefas atuais pontos críticos melhorias substituição de máquinas e equipamentos.

REENGENHARIA DE PROCESSOS
GESTÃO DE PROCESSOS E OS CUSTOS
Enquanto a racionalização do trabalho e a elimi-
A importância do custo como fator de competitivi- nação de desperdícios procuram melhorar continua-
dade coloca a gestão de processos na lista das priori- mente um processo existente, a fim de aumentar sua
dades da administração da organização. eficiência, a reengenharia de processos procura criar
Essa competitividade, utilizando a gestão de proces- um processo totalmente novo e mais eficiente, com o
sos, pode ser obtida com a eliminação de desperdícios, uso inteligente da tecnologia da informação.
racionalização do trabalho e reengenharia de processos. A ideia é a reinvenção da empresa.
A reengenharia de processos é um redesenho radi-
cal com o intuito de implantar mudanças drásticas no
modo de se fazerem as coisas dentro dos processos
✓ Eliminação de desperdícios organizacionais.
Gestão de Essa visão de reestruturação radical dos proces-
✓ Racionalização do trabalho sos foi proposta pelos autores Hammer e Champy na
Processos
✓ Reengenharia de processos década de 1990, como uma forma de responder às
intensas mudanças ocorridas nos cenários econômi-
cos, tecnológicos e culturais.
Partindo do pressuposto de que a maioria das
Eliminação de Desperdícios organizações criaram seus processos em décadas pas-
sadas, e assim seus fluxos de trabalho e normas foram
baseados em demandas e desafios que já não existem.
Eliminar desperdícios significa otimizar os proces-
Dessa maneira, a melhor ação para a busca da melho-
sos, com isso, reduzindo ao mínimo a atividade que
ria dos processos é “começar do zero”, ou melhor, não
não agrega valor ao produto ou serviço. Nesse sentido,
aproveitar nada do que está sendo feito, e sim dese-
a agregação de valor é a contrapartida da eliminação
nhar a partir do zero.

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


de desperdícios.
Segundo os autores Hammer & Champy (1993), a
reengenharia é “o repensar fundamental e a reestru-
Agregação de Valor Desperdício
turação radical dos processos empresariais que visam
Atividade que alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos
transforma recursos Atividade que consome e contemporâneos de desempenho, tais como, custos
para atender a recursos, mas não qualidade, atendimento e velocidade”.
necessidade de agrega valor ao produto
clientes Dica
A reengenharia é inerente ao princípio da folha
O desperdício ocorre quando são utilizados mais em branco, ou seja, inicia-se do zero como se
recursos do que os necessários para realizar um objetivo, fosse a primeira escrita!
consumem-se recursos em atividades que não agregam
valor e quando objetivos desnecessários são realizados. O ponto crucial não é a busca de melhorar o que já
Com a eliminação total dos desperdícios, o que res- existe, e sim em indagar o que é feito, por que é feito,
ta são as atividades que agregam valor ao produto ou se é necessário, por quem é feito, para quem é feito.
serviço, consequentemente diminuindo os custos de Nesse sentido, a reengenharia não busca consertar
produção, sem que a qualidade seja comprometida. nada! Busca melhorias radicais nos processos!
Como resultado, a eliminação de desperdícios
diminui os custos de produção, sem que o valor do
produto para o cliente fique comprometido. 209
Para auxiliar a implantação dessa filosofia, surgi-
Mudanças Melhorias ram os BPMS (Business Process Management Systems)!
Radicais Drásticas O BPMS é o sistema informatizado que dá suporte
para o gerenciamento de processos na organização.
Esse software dá suporte às atividades como mapea-
mento, modelagem, análise e aprimoramento dos
Reengenharia processos, integrando a gestão de informação aos pro-
cessos de negócios.

Fazer MAIS Começar do ZERO BPM


com menos (Folha em branco) ✓ Filosofia de Gestão
(Business Process ✓ Foco nos negócios
Management)
A reengenharia é uma forma de intervenção estra-
tégica para adaptar as organizações às mudanças no
ambiente em que atuam, provocando fortes altera- BPM
✓ Software
ções na sua estrutura.
(Business Process ✓ Foco em Tecnologia da
SISTEMAS DE GESTÃO Management Informação (T.I)
Systems)
O principal modelo para implantar uma gestão de
processos em uma organização é a filosofia BPM (Busi-
ness Process Management). Na disciplina de gestão de processos, é possível
O BPM (em português: gestão de processos de acertar um grande número de questões, especialmen-
negócio) é considerado a maior inovação gerencial te na banca CESPE, conhecendo as palavras-chave
deste século, possibilitando otimizar a tecnologia em associada a cada conceito/definição. Chamamos essa
benefício de um modelo gerencial amplo e apto para técnica de “palavras-chave associada”.
preparar as organizações no enfrentamento das inú- Segue abaixo, como essa técnica deve ser utilizada!
meras mudanças no ambiente atual, de forma inteli- Para facilitar sua memorização, na 1º coluna inserimos
gente e eficaz. “o conceito”, seguido da “palavra (s)-chave” na 2º coluna:
De acordo com Tadeu Cruz (2008), o BPM “é o con-
junto formado por metodologias e tecnologias cujo obje-
CONCEITO PALAVRA(S)-CHAVE
tivo é possibilitar que processos de negócios integrem.
Lógica e cronologicamente, clientes, fornecedores, par- Grupos de atividades/
ceiros, influenciadores, funcionários e todo e qualquer Gestão de Processos
sequência lógica
elemento com que possam, queiram ou tenham que
interagir, dando à organização visão completa e essen- Elementos de Gestão Entradas/Processamento/
cialmente integrada do ambiente interno e externo das de processos Saída/feedback
suas operações e das atuações de cada participante em
Processos Primários Entregam valor ao cliente
todos os processos de negócios”.
Sintetizando o conceito, de uma maneira mais Internos/auxiliam/áreas
simples e direta: O BPM é capaz de interligar todos Processos de suporte
funcionais
os processos principais e secundários, com todos
os participantes da cadeia, em prol dos objetivos Processos Gerenciais Estratégia Organizacional
organizacionais.
Visão geral
Para a sua prova de concurso, é essencial (e sufi- Macroprocesso
(visto como um todo)
ciente) conhecer as principais aplicações e facilidades
que o BPM oferece na melhoria da gestão de proces- Atendem os desejos do
sos, são elas: Processo
cliente

z Possibilidade de representar graficamente todos Processo dentro de um


Subprocesso
os tipos de processos, fluxos e desvios; processo
z Facilidade na gestão de pessoas: definição clara
Atividade Execução
dos responsáveis de cada atividade e tarefa;
z Maximiza a eficiência e produtividade com a Tarefa Parte específica da atividade
padronização dos processos;
z Integração entre a tecnologia da informação e Mapeamento Detalhar as atividades
pessoas;
Análise Identificar os pontos críticos
z Filosofia de gestão horizontal e flexível;
z Possibilita alcançar os objetivos organizacionais Desenho Propor melhorias
estratégicos com maior transparência.
Ponto de passagem entre
Handoff
Então, o BPM é um sistema de tecnologia da infor- as atividades
mação (software)? A resposta é um sonoro não!
“como está” – momento
O BPM é uma filosofia de gestão de processos com Análise AS-IS
atual
210 foco no negócio da empresa!
CONCEITO PALAVRA(S)-CHAVE indivíduos entrevistados pela pesquisa quanto à sua
satisfação do produto.
“como vai ser” – momento
Análise TO-BE
futuro Organização de Dados
Mudança radical – folha em
Reegenharia Na organização de dados temos:
branco
z F
requência e Representação Gráfica: Para auxi-
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA APLICADA AO liar na análise de um processo organizacional, uma
CONTROLE E À MELHORIA DE PROCESSOS informação bastante útil é o de quantas vezes uma
variável aparece. Esse é o conceito de frequência,
Cada vez mais, a utilização das técnicas estatísticas, ou seja, é o número de vezes em que uma variável
destinadas à análise de situações complexas ou não, tem assume um determinado valor.
aumentado e faz parte do cotidiano do administrador.
Neste sentido, a estatística é ferramenta essencial Para facilitar o entendimento, vamos analisar um
na análise e na melhoria dos processos organizacio- exemplo hipotético de uma pesquisa sobre o número
nais, permitindo ao administrador obter informações de defeitos na produção de um automóvel:
por meio de uma análise baseada em dados e indica-
dores de desempenho.
Segundo os autores Magalhães e Lima, podemos FREQUÊNCIA
DEFEITOS
conceituar estatística como: “um conjunto de técnicas (N° DE DEFEITOS)
que permite, de forma sistemática, organizar, descre-
Defeitos nas Rodas 50
ver, analisar e interpretar dados oriundos de estudos
ou experimentos, realizados em qualquer área do Defeitos no Estofado 30
conhecimento”.
Assim, a palavra-chave da conceituação acima é Defeitos no Chassi 20
“de forma sistemática”, ou seja, faz com que o admi-
Total 100
nistrador consiga tomar a melhor decisão baseado em
fatos estudados, afastando assim o famoso “achôme-
A tabela apresentada é uma forma de representação
tro” e opiniões subjetivas.
dos dados chamada de agrupamento simples, e está mos-
Estudaremos, então, diversos conceitos de ferra-
trando quantas vezes a variável “defeito” assume deter-
mentas estatística que podem auxiliar o administra-
minados valores, ou melhor, a frequência absoluta de
dor a tomar a melhor decisão cotidianamente.
cada um dos “defeitos” na montagem do automóvel;
Para possibilitar uma melhor análise dos proces-
sos, é importante conhecermos os seguintes conceitos
z Frequência Absoluta X Frequência Relativa:
de estatística:
A frequência absoluta, como vimos, apresenta a
quantidade que uma variável aparece em um pro-
População e Amostra cesso. Já a frequência relativa (ou proporção) leva
em conta o quanto cada valor assumido pelas
População é o conjunto de todos os elementos variáveis representa do total.
que possuem determinada característica. Por sua vez,
amostra é qualquer subconjunto não vazio da popu-
lação (parte não nula da população). FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA
DEFEITOS
Vejamos como esse assunto é utilizado na prática! (N° DE DEFEITOS) RELATIVA
Em uma pesquisa de satisfação de um produto, o
Defeitos
ideal seria que todos os compradores e usuários des- 50 50/100= 50%

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


nas Rodas
te produto fossem consultados, mas isso é impossível,
seja por não conhecer todos os usuários, seja pelo Defeitos no
30 30/100= 30%
tempo que seria necessário para isso. Estofado
Diante disto, as pesquisam baseiam-se em amos-
tras, ou seja, uma parcela que seria representativa da Defeitos no
20 20/100= 20%
população total. Chassi

Total 100 100/100= 100%


População
Dessa maneira, a frequência relativa permite reali-
zar comparações entre tabelas com diferentes quanti-
dades de dados analisados para uma mesma variável.
A comparação das frequências absolutas entre
duas tabelas não faz sentido, pois estaríamos compa-
Amostra rando 2 números absolutos sem conhecer o quanti-
tativo total. Por outro lado, na frequência relativa,
estaríamos comparando 2 percentuais.

Medidas Estatísticas na Análise de Processos

Neste exemplo, a população seria composta por Para uma melhor análise com o intuito de aperfei-
todos os usuários, enquanto que a amostra seriam os çoar os processos, o administrador utiliza-se de 2 tipos 211
de medidas estatísticas que são essenciais: Medidas de Essas medidas visam tornar a avaliação do conjunto
tendência e medidas de Variabilidade. Vamos enten- de dados mais próximas da realidade, facilitando assim
der a sua aplicação! a observação e entendimento na tomada de decisão.
As medidas de variabilidade mais utilizadas na
z Medidas de Tendência Central análise de processos são: a amplitude, variância e o
desvio padrão.
„ Média: A média aritmética dos dados é a soma
dos valores observados, dividida pelo total de Melhoria dos Processos Utilizando a Estatística
observações. Essa medida é a mais comum e
também uma das mais utilizadas na análise de O administrador, utilizando as ferramentas da
processos. estatística, tem como objetivo melhorar a média,
Exemplo: Qual é a média de salários dos direto- aumentar ou diminuir de acordo com o caso concreto
res da empresa X, de acordo com o rol a seguir? e sempre reduzir sua variabilidade.
Vamos entender melhor como essas medidas esta-
DIRETORES DA tísticas podem auxiliar na melhoria de processos ana-
SALÁRIOS lisando um caso prático:
EMPRESA X
Ao analisar um processo de fabricação de um auto-
Recursos Humanos R$ 30.000,00 móvel, o administrador coletou os seguintes dados, em
horas, para o término da produção: 4 + 3 + 10 + 8 + 6 + 8.
Financeiros R$ 20.000,00 Calculando o tempo médio, temos:
Produção R$ 40.000,00
39 Total
= Soma dos salários/n° de Média:
Média Aritmética diretores 6 N° de Variáveis
90.000,00 ÷ 3= 30.000,00

Média: 6,5
„ M
oda: A moda é o termo que mais se repete em
uma sequência de dados.
Assim, é função do administrador adotar medidas
para que o valor da média diminua e, consequente-
mente, o tempo médio de fabricação seja reduzido,
Importante! maximizando a eficiência.
Lembre-se do uso comum da palavra: o que está Um exemplo prático para alcançar esse resultado
na moda é o que se usa mais entre as pessoas. é contratar mais trabalhadores para a execução dos
Simplificando: é o resultado mais frequente, o processos.
que mais aparece. Outro fator a ser analisado é a redução da varia-
bilidade, pois não adianta ter uma boa média se os
resultados variam à cada unidade. Neste sentido, a
Vamos a um exemplo prático: Imagine que estamos variabilidade do tempo de produção proporcionará
analisando o tempo de produção, em horas, de um auto- uma maior previsibilidade, auxiliando assim, no pro-
móvel. Os resultados percebidos são: 3, 4, 4, 4, 5, 5, 6, 8 cesso de planejamento.
Observe que o resultado que apareceu com maior Percebemos que a gestão de processos funciona
frequência é o de 4 horas, assim, essa seria a moda como uma cadeia, com a melhora de um elemento, os
desse rol de dados; seguintes vão se beneficiando e no final ocorre uma
melhoria geral e contínua.
„ Mediana: A mediana é uma medida de posição, Sintetizando o exemplo:
na qual divide a sequência em 2 partes com a
mesma quantidade de dados. Assim, simplifi-
cando, é o termo do meio de uma sequência
de dados. Produção
Melhoria no � Aumenta a qualidade
� Média planejamento � Diminui o tempo
Dessa maneira, se o rol analisado apontar 9 dados, � Variabilidade de entrega para o
a mediana é o quinto elemento (posição central). consumidor
Maior previsibilidade
Exemplo: em uma grande empresa, com 9 filiais,
temos respectivamente no rol a seguir a representa-
ção dos números de funcionários: (40, 45, 50, 55, 70, Diante do exposto, inferimos que a moderna ges-
80, 80, 90, 110). Portanto, a mediana que representa o tão de processos tem como foco a busca pela quali-
rol acima é de 70 funcionários. dade e satisfação do cliente, tendo a aplicação dos
Caso ocorra de o número de variáveis de um rol ser ensinamentos da estatística como parte essencial nes-
par (não tem um termo que seja do meio), tomemos os ta busca.
2 termos centrais (meio) e fazemos a média entre eles.
GESTÃO DE RISCOS
Medidas de Variabilidade
A Gestão de Risco é um processo de identificação,
As medidas de variabilidade são utilizadas para análise e propostas de soluções para possíveis riscos
apontar quanto que os dados estão dispersos em rela- que uma empresa possa estar exposta.
ção à média. Neste sentido, quanto mais espalhados, Trata-se de um conjunto de providências que a
212 maior será a sua variabilidade. empresa toma para evitar ou minimizar perdas e
aproveitar oportunidades. Nesse sentido, a gestão PROCESSOS DE ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO
de riscos faz parte de uma gestão empresarial estra-
tégica, que está sempre atenta aos sinais internos e Tomar decisões é atividade recorrente no cotidia-
externos que podem interferir de forma positiva ou no dos administradores; desse modo, o processo de
negativa no negócio. tomar decisões firmou-se como disciplina autônoma
no campo da Administração.
O que são Riscos? Podemos conceituar decisões como sendo as esco-
lhas que as pessoas fazem para enfrentar problemas
Os riscos são eventos que têm causa e, dessa manei- e aproveitar oportunidades. Neste sentido, muito tem-
ra, geram consequências. Apesar de passar a ideia de po dos administradores é destinado a resolver proble-
algo negativo, existem riscos que não geram prejuí- mas e enfrentar outros tipos de situações que exigem
zos, mas sim a perda de uma oportunidade e ganhos. escolhas.
Nesse sentido, todo risco é composto por três ele- Dessa maneira, o processo decisório é a sequência
mentos centrais: de fases que se inicia na identificação de um proble-
ma ou oportunidade, até a escolha da melhor alterna-
tiva e a colocação em prática de uma ação ou solução,
z Evento: o fato que acontece;
que conduz a uma nova situação.
z Consequência: os fatos que são gerados a partir do
evento;
Problema ou oportunidade → Decisão → Execu-
z Causa: os fatos que permitiram que o evento ou as
ção → Nova situação
consequências acontecessem.
Sintetizando: as decisões são escolhas que procu-
Qual é a Importância da Gestão de Riscos?
ram resolver problemas e aproveitar oportunidades.
As decisões são classificadas conforme a natureza,
Conhecer a saber lidar com os riscos é essencial
urgência e o impacto dos problemas e situações que
para a gestão eficiente de uma empresa. Ao adotar a
podem trazer para a organização. Desse modo, cabe
gestão de riscos, de forma organizada e padroniza-
ao gerente definir quanta energia e quanto tempo
da, a companhia obtém diversos benefícios. Vejamos
devem ser dedicados para cada uma das decisões.
abaixo:
Vamos agora aprofundar o estudo nos tipos de
decisões mais cobrados pelas bancas examinadoras.
z Evita e minimiza perdas: O principal objetivo da Em primeiro lugar, de acordo com a familiari-
gestão de risco é permitir que a empresa faça uma dade da organização com as situações, as decisões
análise preditiva de todos os processos e situações podem ser classificadas em programadas e não
que ocorrem ou possam ocorrer eventualmente. programadas.
Com isso, ela consegue evitar boa parte das con- Decisões programadas são aquelas que são apli-
sequências negativas e minimizar os impactos que cadas aos problemas familiares ou repetitivos, ou
não pode ser evitado. seja, são problemas recorrentes, que acontecem fre-
z Garante o compliance interno e externo: A gesta- quentemente e exigem decisões padronizadas.
ção de risco é uma das principais aliadas da gestão Esse tipo de decisão é uma forma de ganhar efi-
da crise e do compliance de uma empresa. Nesse ciência em uma organização, pois, como se trata de
sentido, suas análises permitem que os processos um problema recorrente e, consequentemente, já ana-
sejam revisados com maior cautela e atenção, de lisado em outras situações, a decisão (resposta) já está
modo a garantir que todos os procedimentos este- padronizada; assim, é só seguir o roteiro estabelecido.
jam seguindo os padrões pré-determinados. Dessa Portanto, as decisões programadas economizam tem-
forma, evita-se o desalinhamento dos processos po e esforço intelectual, evitando que os gestores se des-
internos, a quebra de regras importantes para o gastem com problemas que, em tese, já estão resolvidos.
negócio e, consequentemente, o surgimento de Sintetizando: decisões programadas são os proce-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


problemas. dimentos de rotina, não sendo necessário e nem pos-
z Aumenta a produtividade e agilidade da equipe: sível desenvolver processos decisórios complexos e
Outro benefício interessante da gestão de riscos é específicos para cada ocorrência.
que ela aumenta a produtividade das equipes ao Por exemplo: quando um cliente em um restauran-
eliminar possíveis barreiras e gargalos nos pro- te reclama que o serviço não foi satisfatório, o gerente,
cessos ou mesmo quando evidencia um ponto de já acostumado com a situação, segue o protocolo esta-
melhoria que gera mais oportunidades de ganhos. belecido pela diretoria, ou seja, não cobra a taxa de ser-
viço e ainda fornece um formulário para a reclamação.
Como Fazer a Gestão de Riscos? Percebemos que nesse caso concreto não é necessária
uma análise detalhada para a tomada de decisão e, sim,
A gestão de riscos é um trabalho desenvolvido de seguir o que já está programado pela organização.
maneira contínua. Desta forma, vejamos as principais Já as decisões não programadas são aqueles apli-
etapas que precisam ser seguidas para um gestão efe- cadas para resolução de problemas com os quais a
tiva dos riscos do negócio: organização não tem qualquer familiaridade ou expe-
riência, ou seja, são problemas únicos, que demandam
z Organização do ambiente; uma maior análise e solução específica (sob demanda).
z Identificação dos riscos; Esse tipo de decisão é caracterizado pela condi-
z Mensuração dos riscos; ção de incerteza, ambiguidade, imprevisibilidade e
z Resposta aos riscos.1 inovação.
1RH e Gestão de Pessoas. Entenda o que é Gestão de Riscos, sua importância, etapas e aplicações. Disponível em: https://blog.solides.com.br/
gestao-de-riscos/ 213
Por exemplo: no mesmo restaurante do caso anterior, z Decisões Operacionais: As decisões operacionais con-
o gerente descobre que o principal concorrente lançará sistem na definição de meios e recursos para a execu-
um novo cardápio para o verão com preços muito atra- ção da tarefa, ou seja, o que é necessário para realizar a
tivos. Desse modo, o gerente precisará coletar e analisar tarefa, resolvendo os problemas do dia a dia.
todos as informações importantes e, assim, juntamente
com a diretoria, elaborar um plano para concorrer com Por exemplo: definição dos responsáveis pela exe-
esse problema (novo cardápio do concorrente). Percebe- cução da atividade, definição dos prazos para rea-
mos que nesse caso o problema exposto não é rotineiro lização da tarefa, elaboração de relatórios sobre o
e, por isso, demandará maiores esforços na resolução. andamento da tarefa.
Com isso, inferimos que, quanto mais alto o nível hie-
Dica rárquico, maior é o envolvimento com as decisões estra-
Se o problema for rotineiro, deve-se aplicar as tégicas e, consequentemente, menor o envolvimento e o
decisões programadas. Entretanto, se o proble- consumo de tempo com as decisões operacionais.
ma for novo ou pouco comum, deve-se aplicar as Na figura a seguir, podemos perceber a relação
decisões não programadas. entre os tipos de decisões e os níveis hierárquicos da
organização:

Tipos de Decisões
Alta direção Estratégicas
decisões

Decisões
Gerência Administrativas

Não
Programadas Decisões
Programadas Grupos de
Operacionais
trabalho

Problemas Repetitivos Problemas novos (ou Por fim, mas não menos importante, as decisões
pouco frequentes) podem ainda ser classificadas quanto ao tipo de resul-
Decisão
tado que delas se espera. Assim, elas podem ser:
padronizada Decisão
sob medida
z Satisfatórias: Muitas vezes, os gerentes, para
resolver um problema com rapidez, aceitam a
Outro modo de classificação das decisões é confor-
primeira solução que aparece, pois atende a certo
me o nível hierárquico em que são tomadas. A partir
objetivo e/ou critério. Esse tipo de decisão normal-
desse critério, as decisões podem ser classificadas em:
mente é motivado pela falta de tempo e/ou infor-
z Decisões Estratégicas: As decisões estratégicas mação, levando assim a tomar a decisão sem a
são, em regra, tomadas no nível hierárquico mais análise de outras possibilidades.
alto e compreendem as grandes escolhas de objeti-
vos organizacionais e meios para realizá-los. O exemplo clássico de uma decisão satisfatória é
quando o gerente decide comprar um material com
Essas decisões se caracterizam por um elevado base unicamente no preço, sem levar em conta a qua-
grau de incerteza e normalmente afetam a organi- lidade. Nesse caso, o objetivo de evitar a falta dessa
zação inteira. Por serem decisões abstratas, muitas matéria-prima já supre a necessidade.
vezes envolvendo situações competitivas, geralmente Atualmente, esse tipo de decisão é muito criticado no
são decisões não programadas.
meio empresarial, pois demonstra a preguiça de procu-
Exemplificando: definição dos produtos e servi-
rar por soluções melhores. Por isso, as decisões satisfa-
ços a serem ofertados pela organização, decisões de
tórias somente são aceitas em caso de extrema urgência.
investimentos e expansões, definição da missão, visão
e negócio da empresa.
z Maximizadas: As decisões maximizadas são aque-
z Decisões Táticas (Administrativas): As decisões las em que o gestor procura o melhor resultado
táticas são aquelas que colocam em prática as deci- possível, ao custo mais baixo, ou seja, o melhor
sões estratégicas, alocando meios e recursos para cenário para organização.
a operacionalização dos objetivos organizacionais.
Esse tipo de decisão normalmente é tomado com a
Em regra, essas decisões são tomadas no nível de identificação e análise criteriosa de todas as possíveis
gerência e têm como objetivo traduzir o que foi planejado alternativas, maximizando as consequências positivas
no nível estratégico para execução na ponta do processo e reduzindo ao mínimo as consequências negativas.
produtivo.
Por exemplo: é quando o gestor procura comprar o
Exemplificando: definição do fluxo de atividades
melhor produto ao preço mais baixo possível (cenário
dentro de uma unidade, implantação da estrutura orga-
ideal).
nizacional, seleção e organização dos recursos humanos,
alocação dos equipamentos nas unidades de produção.
z Otimizadas: As decisões otimizadas são aquelas
Dica em que o gerente procura uma solução média, ou
seja, está entre as decisões satisfatórias e as deci-
As decisões táticas funcionam como um elo sões maximizadas, atendendo a um certo número
214 entre as decisões estratégicas e as operacionais. de critérios e objetivos.
Não são tão boas quanto as decisões maximizadas, fatores de risco que precisem ser tratados para evitar
mas também não tão simples quantos as satisfatórias. as tensões antes que elas ocorram.
Muitas vezes, não é possível obter uma decisão maximi-
zada, mas também não é aceitável optar por uma decisão
satisfatória; nesses casos, o administrador escolhe uma solu-
ção média, que atenda a um número de critérios e objetivos.
Exemplificando: é quando o gerente procura com-
COMPLIANCE: CONCEITOS, SUPORTE
pra um produto que tenha certo equilíbrio entre a DA ALTA ADMINISTRAÇÃO, CÓDIGO
qualidade e o preço. DE CONDUTA, CONTROLES INTERNOS,
Para facilitar o entendimento, sintetizamos na figu-
ra a seguir as principais características de cada tipo de
TREINAMENTO E COMUNICAÇÃO
decisão:
CONCEITO
Programadas { Para resolver problemas repetitivos
Compliance é o conjunto de mecanismos, procedimen-
Não Programadas { Para problemas que não são familiares
tos e ferramentas que visam prevenir, detectar e sanar
o não cumprimento de normas legais, regulamentares
Tipos de Decisões

e/ou procedimentos internos de uma empresa.


Estratégicas { Definem objetivos
A palavra compliance tem origem no verbo inglês
Táticas
{ Colocam decisões estratégicas em práticas to comply, que significa cumprir, obedecer, estar de
(Administrativas)
acordo. No Brasil, usa-se também o termo “conformi-
Operacionais { Definem meios e recursos dade”. O compliance tem por objetivo o cumprimento
de leis, regulamentos e diretrizes.
Satisfatórias { Qualquer alternativa serve Porém, de acordo com o Guia Boas Práticas de Com-
{ Buscam os melhores resultados possíveis pliance da Federação Brasileira de Bancos (Febraban),
Otimizadas
Maximizadas { Equilibram vantagens e desvantagens Compliance transcende a ideia de “estar em confor-
midade” às leis, regulamentações e autorregulamen-
GERENCIAMENTO DE CRISES tações, abrangendo aspectos de governança, conduta,
transparência e temas como ética e integridade2.
Gerenciamento de crises é um conjunto de ações Ainda de acordo com o Guia,
e condutas que devem ser adotadas por uma empresa
para lidar com problemas ou situações que podem Além da atuação preventiva e detectiva, Compliance
prejudicar sua imagem e/ou causar prejuízos. A cada vez mais tem se tornado uma atividade também
intenção é reduzir os danos causados por esses consultiva, dando suporte aos objetivos estratégicos
problemas, que podem ter origem em acidentes e e fazendo parte da missão, visão, valores, cultura e
eventos naturais — como desastres ambientais —, em gerenciamento de riscos das Instituições3.
panes tecnológicos ou ataques hackers, na ocorrência
de epidemias ou pandemias que afetem o negócio, em Em linha com o defendido pela Febraban, a Polí-
ocorrências de bruscas variações econômicas ou de tica de Governança Corporativa do BRB define que o
mercado, ou até mesmo em campanhas publicitárias Compliance da instituição possui diretrizes, princípios
mal formuladas, dentre outras possibilidades. e melhores práticas estabelecidas em Política própria,
Episódios recentes, como as tragédias de Mariana
e Brumadinho, a pandemia de COVID-19 ou o assas- [...] com o intuito de garantir o atendimento pela
sinato de um cliente por seguranças em uma loja do Companhia aos requisitos previstos em normas
Carrefour, demonstram a importância do gerencia- legais e regulamentares, o cumprimento dos seus
mento de crises. Os prejuízos gerados por uma crise objetivos negociais e institucionais e o atendimento

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


vão desde prejuízos financeiros até impactos na ima- às expectativas das partes interessadas, observan-
gem e na reputação de uma marca. do os padrões éticos e de integridade esperados4.
A gestão de crise, portanto, deve se caracteri-
zar por um plano de ações voltado para diminuir SUPORTE DA ALTA ADMINISTRAÇÃO
os impactos causados por uma situação adversa,
determinando a implementação de medidas que pre- O conceito de Alta Administração engloba o Con-
vinam novas ocorrências do mesmo problema. selho de Administração e a Diretoria Executiva/
Cabe, ainda, ao gerenciamento de crises avaliar Colegiada de uma empresa. Para a existência de um
potenciais riscos em diferentes áreas (finanças, ope- Compliance efetivo, é fundamental o envolvimento da
rações, processos, pessoais, compras, vendas etc.) e Alta Administração, de forma a demonstrar a impor-
estabelecer planos de contingência, que são planeja- tância dada pela instituição ao tema.
mentos de caráter preventivo e alternativo, a serem De acordo com a Política de Compliance do BRB, o
aplicados em momentos críticos. Conselho de Administração deve assegurar:
Ou seja, além de lidar com as crises enquanto elas
ocorrem e com os efeitos que elas causam, o geren- a) a adequada gestão da Política de Conformidade;
ciamento de crises deve atuar preventivamente b) a efetividade e a continuidade da aplicação da
e estar permanentemente atento para identificar Política de Conformidade;

2 FEBRABAN. Guia Boas Práticas de Compliance. Ed. rev. atual. São Paulo: Febraban, 2018, p. 7.
3 Ibid.
4 BRB Administradora e Corretora de Seguros S.A. Política de Compliance. BRB, 2021. Disponível em: <https://novo.brb.com.br/wp-content/
uploads/2022/06/Politica-de-Compliance.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2022. 215
c) a comunicação da Política de Conformidade a Diretoria, da incorporação dos padrões de conduta
todos os empregados e prestadores de serviços ter- em todos os níveis da organização.
ceirizados relevantes; e A ampla divulgação do código de conduta também
d) a disseminação de padrões de integridade e con- é ponto fundamental para a disseminação de seus
duta ética como parte da cultura da Companhia5. valores e padrões éticos, assim como a existência de
um canal de denúncias.
Além disso, cabe ao Conselho de Administração O canal de denúncias deve estar previsto e regu-
“garantir que medidas corretivas sejam tomadas quando lamentado no código de conduta da organização, e é
falhas de conformidade forem identificadas”6 e “prover os instrumento relevante para acolher opiniões, críticas,
meios necessários para que as atividades relacionadas à reclamações e denúncias, contribuindo para o cum-
função de conformidade sejam exercidas adequadamen- primento do código.
te”7, observando o modelo de negócio da companhia.
Quanto à Diretoria Colegiada do BRB, é seu papel: CONTROLES INTERNOS

5.1. Fazer cumprir a aderência da Companhia ao De acordo com a definição do COSO ICIF 2013,
arcabouço legal, à regulamentação infralegal, às publicação elaborada pelo Committee of Sponsoring
recomendações dos órgãos de supervisão e, quando
Organizations of the Treadway Commission (COSO),
aplicáveis, aos códigos de ética e de conduta8;
que é adotada pelo BRB,
A Diretoria deve, também, “prestar suporte ao
Controle interno é um processo conduzido pela
Conselho de Administração quanto ao cumprimento de estrutura de governança, administração e outros
suas atribuições” relacionadas ao compliance, e “zelar profissionais da entidade, e desenvolvido para
pela informação e capacitação de todos os empregados proporcionar segurança razoável com respei-
e dos prestadores de serviços terceirizados relevantes, to à realização dos objetivos relacionados a
em assuntos relativos à conformidade”9. operações, divulgação e conformidade11.
Por fim, cabe aos Diretores:
Ainda de acordo com o COSO, essa definição reflete
5.4. Zelar para que os pontos levantados no rela- alguns conceitos fundamentais. O controle interno é:
tório de descumprimento de dispositivos legais e
regulamentares elaborado pelo auditor indepen- Conduzido para atingir objetivos em uma
dente sejam sanados; ou mais categorias – operacional, divulgação e
5.5. Apreciar o relatório anual de conformidade, conformidade.
deliberar sobre os pontos contidos no documento e Um processo que consiste em tarefas e ativida-
remetê-lo ao Conselho de Administração. des contínuas – um meio para um fim, não um fim
em si mesmo.
CÓDIGO DE CONDUTA Realizado por pessoas – não se trata simples-
mente de um manual de políticas e procedimentos,
O código de conduta é um documento que estabe- sistemas e formulários, mas diz respeito a pessoas
lece os princípios e valores adotados por uma organi- e às ações que elas tomam em cada nível da organi-
zação, trazendo um conjunto de regras que definem zação para realizar o controle interno.
esses valores e orientam as ações dos colaboradores Capaz de proporcionar segurança razoável -
da organização, estabelecendo diretrizes de compor- mas não absoluta, para a estrutura de governança
tamento e ação. e alta administração de uma entidade.
De acordo com a definição do Instituto Brasileiro Adaptável à estrutura da entidade – flexível na
de Governança Corporativa (IBGC), aplicação para toda a entidade ou para uma subsi-
diária, divisão, unidade operacional ou processo de
negócio em particular12.
O código de conduta tem por finalidade principal
promover princípios éticos e refletir a identidade e
cultura organizacionais, fundamentado em respon- O Guia Boas Práticas de Compliance da Federação
sabilidade, respeito, ética e considerações de ordem Brasileira de Bancos, por sua vez, determina que os Con-
social e ambiental10. troles Internos, independentemente do porte da Institui-
ção, devem ser efetivos e consistentes com a natureza,
A Alta Administração tem papel fundamental, sen- complexidade e risco das operações por ela realizadas.
do responsável por dar o exemplo no cumprimento De acordo com o Guia, são algumas das responsa-
do código de conduta. O Conselho de Administração bilidades dos Controles Internos:
deve ser o guardião dos princípios e valores da orga-
nização e, dentre suas responsabilidades, deve estar [...] mapear os processos, riscos e controles críticos
a disseminação e o monitoramento, com o apoio da para atingimento dos objetivos da organização,

5 Ibid.
6 Ibid.
7 Ibid.
8 Ibid.
9 Ibid.
10 IBGC. Código das Melhoras Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 93 apud IBGC. Compliance à luz da governança corporativa. São Pau-
lo: IBGC, 2017, p. 18.
11 COMMITTEE of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission — COSO. Controle Interno — Estrutura Integrada. (S l.) 2013, p. 6. Dis-
ponível em: <https://auditoria.mpu.mp.br/pgmq/COSOIICIF_2013_Sumario_Executivo.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2022.
216 12 Ibid.
em linha com as diretrizes de frameworks mun-
dialmente aceitos, como The Committee of Spon- LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO
soring Organizations of the Treadway Commission
(COSO); LEI Nº 12.846, DE 1° DE AGOSTO DE 2013
certificar, de forma independente, a existência, a
efetividade e a execução dos controles; A Lei nº 12.846, de 2013, conhecida como Lei Anti-
elaborar e aplicar Control Self-Assessment (Autoa- corrupção, dispõe sobre a responsabilização admi-
valiação de Controles ou CSA) para assuntos admi- nistrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática
nistrativos e operacionais de menor relevância; de atos contra a administração pública, seja ela
elaborar e aplicar Entity-Level Controls (Controles
nacional ou estrangeira. Nos termos:
de Nível de Entidade) para verificar a estrutura de
governança da Instituição;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização
executar os Testes de Aderência;
objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas
emitir parecer em relação aos riscos de Controles
pela prática de atos contra a administração públi-
Internos e assuntos correlatos13.
ca, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às
Em algumas Instituições, a área de Controles Inter- sociedades empresárias e às sociedades simples,
nos pode ser responsável por atividades relacionadas personificadas ou não, independentemente da for-
à função de compliance, como, por exemplo, a reali- ma de organização ou modelo societário adotado,
zação de testes de conformidade com leis e regula- bem como a quaisquer fundações, associações de
mentações. Nesses casos, as responsabilidades de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras,
cada área devem estar claras e formalizadas, devendo que tenham sede, filial ou representação no terri-
haver coordenação adequada para a realização das tório brasileiro, constituídas de fato ou de direito,
atividades e avaliação dos resultados. ainda que temporariamente.

TREINAMENTO E COMUNICAÇÃO De acordo com a lei, constituem atos lesivos à


administração pública todos aqueles praticados por
O fortalecimento da cultura de compliance, da pessoas jurídicas que atentem contra o patrimônio
integridade e da adesão ao Código de Conduta pres- público nacional ou estrangeiro, contra princípios da
supõe a contínua capacitação e treinamento de todos administração pública ou contra os compromissos
os colaboradores da empresa, com vistas a garantir as internacionais assumidos pelo Brasil. Esses atos lesi-
competências e habilidades necessárias a empregados vos são definidos no art. 5º:
e dirigentes para o pleno exercício de suas responsa-
bilidades legais, para a execução das respectivas dire- Art. 5º Constituem atos lesivos à administração
trizes corporativas que regulam o tema e para efetiva pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta
atuação enquanto agente ativo na consolidação de Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídi-
um ambiente interno pautado pelas boas práticas de cas mencionadas no parágrafo único do art. 1º, que
conduta. atentem contra o patrimônio público nacional ou
De acordo com o Febraban, cabe aos responsáveis estrangeiro, contra princípios da administração
pública ou contra os compromissos internacionais
pelas funções de compliance garantir a disseminação
assumidos pelo Brasil, assim definidos:
da cultura e dos temas relacionados a área, “apoian-
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
do a Alta Administração na definição de treinamento e
te, vantagem indevida a agente público, ou a tercei-
capacitação adequada a todos os colaboradores e pres- ra pessoa a ele relacionada;
tadores de serviços terceirizados relevantes”14. II - comprovadamente, financiar, custear, patroci-
Nesse sentido, são sugeridas algumas práticas, a nar ou de qualquer modo subvencionar a prática
saber: dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


a) Disseminar permanentemente a cultura de Com- pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular
pliance em todos os níveis e linhas de defesa da seus reais interesses ou a identidade dos beneficiá-
Instituição. rios dos atos praticados;
b) Definir os canais de comunicação e plano de IV - no tocante a licitações e contratos:
treinamento e capacitação aplicáveis aos colabo- a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
radores e prestadores de serviços terceirizados ção ou qualquer outro expediente, o caráter compe-
relevantes. titivo de procedimento licitatório público;
c) Identificar as áreas com necessidades de treina- b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de
mento específico e capacitação em Compliance, éti- qualquer ato de procedimento licitatório público;
ca e conduta para atuação prioritária. c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
d) Estabelecer canal para tratamento de dúvidas fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
relacionadas a Compliance. d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) Divulgar apropriadamente o canal de denúncias e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa
de atos ilícitos, descumprimentos regulatórios, jurídica para participar de licitação pública ou
condutas inapropriadas ou ilícitas ou práticas que celebrar contrato administrativo;
firam os princípios e padrões éticos15. f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo
fraudulento, de modificações ou prorrogações de
contratos celebrados com a administração públi-
ca, sem autorização em lei, no ato convocatório da

13 FEBRABAN, 2018, p. 25.


14 Ibid., p. 17.
15 Ibid. 217
licitação pública ou nos respectivos instrumentos pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes
contratuais; ou sanções:
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-fi- I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por
nanceiro dos contratos celebrados com a adminis- cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento
tração pública; bruto do último exercício anterior ao da ins-
V - dificultar atividade de investigação ou fiscali- tauração do processo administrativo, excluídos
zação de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem
intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das auferida, quando for possível sua estimação; e
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização II - publicação extraordinária da decisão
do sistema financeiro nacional. condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamen-
Na esfera administrativa, a instauração e o jul- te, isolada ou cumulativamente, de acordo com as
gamento de processo administrativo, para apuração peculiaridades do caso concreto e com a gravidade
da responsabilidade de pessoa jurídica, se dão através e natureza das infrações.
de um procedimento denominado Processo Admi- § 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo
será precedida da manifestação jurídica elaborada
nistrativo de Responsabilização (PAR), cuja ação de
pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistên-
ofício ou mediante provocação, observados o contra-
cia jurídica, ou equivalente, do ente público.
ditório e a ampla defesa, cabe à autoridade máxima § 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo
de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, não exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da
Legislativo e Judiciário. Veja os dispositivos: reparação integral do dano causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput, caso não seja
Art. 8º A instauração e o julgamento de proces- possível utilizar o critério do valor do faturamen-
so administrativo para apuração da responsa- to bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$
bilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessen-
máxima de cada órgão ou entidade dos Pode- ta milhões de reais).
res Executivo, Legislativo e Judiciário, que agi- § 5º A publicação extraordinária da decisão
rá de ofício ou mediante provocação, observados o condenatória ocorrerá na forma de extrato de
contraditório e a ampla defesa. sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios
§ 1º A competência para a instauração e o julga- de comunicação de grande circulação na área da
mento do processo administrativo de apuração prática da infração e de atuação da pessoa jurídica
de responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser ou, na sua falta, em publicação de circulação nacio-
delegada, vedada a subdelegação. […] nal, bem como por meio de afixação de edital, pelo
prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta-
No âmbito do Poder Executivo federal, a Contro- belecimento ou no local de exercício da atividade,
ladoria-Geral da União (CGU) tem competência de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na
concorrente para instaurar Processos Administrati- rede mundial de computadores.
vos de Responsabilização de pessoas jurídicas ou para Art. 7º Serão levados em consideração na aplica-
avocar os processos já instaurados, para exame de sua ção das sanções:
regularidade ou para corrigir o seu andamento. Nos I - a gravidade da infração;
termos: II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
III - a consumação ou não da infração;
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
Art. 8º […]
V - o efeito negativo produzido pela infração;
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Con-
VI - a situação econômica do infrator;
troladoria-Geral da União - CGU terá competência
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apura-
concorrente para instaurar processos administra-
ção das infrações;
tivos de responsabilização de pessoas jurídicas ou
VIII - a existência de mecanismos e procedimen-
para avocar os processos instaurados com funda-
tos internos de integridade, auditoria e incentivo
mento nesta Lei, para exame de sua regularidade
à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva
ou para corrigir-lhes o andamento.
de códigos de ética e de conduta no âmbito da pes-
soa jurídica;
Serão aplicadas às pessoas jurídicas, consideradas IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa
responsáveis pelos atos lesivos previstos na lei, as jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; e
sanções de multa e de publicação extraordinária Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de
da decisão condenatória, as custas da pessoa jurídi- mecanismos e procedimentos previstos no inciso
ca, em meios de comunicação de grande circulação VIII do caput serão estabelecidos em regulamento
na área da prática da infração e de atuação da pessoa do Poder Executivo federal.
jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação
nacional, além da afixação de edital, pelo prazo Cabe ressaltar que a responsabilidade da pessoa
mínimo de 30 dias, no próprio estabelecimento ou jurídica na esfera administrativa, no entanto, não
no local de exercício da atividade, de modo visível afasta a possibilidade de sua responsabilização na
ao público, e no site da empresa na internet. esfera judicial. Veja:
A multa, que irá variar de 0,1% a 20% do fatu-
ramento bruto do último exercício anterior ao da Art. 18 Na esfera administrativa, a responsabilida-
instauração do processo administrativo, excluídos de da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de
os tributos, nunca será inferior à vantagem auferida, sua responsabilização na esfera judicial.
quando for possível sua estimação. Vejamos:
Em razão da prática de atos previstos na lei, a
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
218 às pessoas jurídicas consideradas responsáveis por meio das respectivas Advocacias Públicas ou
órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o § 4º O acordo de leniência estipulará as condições
Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à necessárias para assegurar a efetividade da colabo-
aplicação de sanções às pessoas jurídicas infratoras. ração e o resultado útil do processo.
Veja: § 5º Os efeitos do acordo de leniência serão esten-
didos às pessoas jurídicas que integram o mesmo
Art. 19 Em razão da prática de atos previstos no grupo econômico, de fato e de direito, desde que
art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito firmem o acordo em conjunto, respeitadas as con-
Federal e os Municípios, por meio das respectivas dições nele estabelecidas.
Advocacias Públicas ou órgãos de representação § 6º A proposta de acordo de leniência somente se
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, tornará pública após a efetivação do respectivo
poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das acordo, salvo no interesse das investigações e do
seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras: processo administrativo.
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que § 7º Não importará em reconhecimento da prática
representem vantagem ou proveito direta ou indi- do ato ilícito investigado a proposta de acordo de
retamente obtidos da infração, ressalvado o direito leniência rejeitada.
do lesado ou de terceiro de boa-fé; § 8º Em caso de descumprimento do acordo de
II - suspensão ou interdição parcial de suas leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de cele-
atividades; brar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos con-
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; tados do conhecimento pela administração pública
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, do referido descumprimento.
subvenções, doações ou empréstimos de órgãos § 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o
ou entidades públicas e de instituições financeiras prazo prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
públicas ou controladas pelo poder público, pelo § 10 A Controladoria-Geral da União - CGU é o
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. órgão competente para celebrar os acordos de
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica leniência no âmbito do Poder Executivo federal,
será determinada quando comprovado: bem como no caso de atos lesivos praticados contra
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de for- a administração pública estrangeira.
ma habitual para facilitar ou promover a prática de
atos ilícitos; ou DECRETO Nº 8.420, DE 11 DE MARÇO DE 2015
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular
interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários O Decreto nº 8.420, de 2015, regulamentou a respon-
dos atos praticados. sabilização objetiva administrativa de pessoas jurídi-
cas pela prática de atos contra a administração pública,
A lei ainda estabelece sobre o Acordo de Leniência, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei nº 12.846, de
que é um acordo celebrado pela autoridade máxima 2013, no âmbito da administração pública federal.
de cada órgão ou entidade pública com as pessoas O decreto definiu que a autoridade competente
jurídicas responsáveis pela prática de atos previstos para instauração do Processo Administrativo de
nessa lei, de modo que o infrator colabore nas investi- Responsabilização. Veja:
gações e no próprio processo administrativo. Veja:
Art. 3º A competência para a instauração e para o
Art. 16 A autoridade máxima de cada órgão ou enti- julgamento do PAR é da autoridade máxima da
dade pública poderá celebrar acordo de leniência entidade em face da qual foi praticado o ato
com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática lesivo, ou, em caso de órgão da administração
dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetiva- direta, do seu Ministro de Estado.
mente com as investigações e o processo adminis- Parágrafo único. A competência de que trata o
trativo, sendo que dessa colaboração resulte: caput será exercida de ofício ou mediante pro-
I - a identificação dos demais envolvidos na infra- vocação e poderá ser delegada, sendo vedada
ção, quando couber; e a subdelegação.

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


II - a obtenção célere de informações e documentos
que comprovem o ilícito sob apuração. Veja o que dispõe o art. 4º:
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá
ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os Art. 4º A autoridade competente para instaura-
seguintes requisitos: ção do PAR, ao tomar ciência da possível ocorrên-
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar cia de ato lesivo à administração pública federal,
sobre seu interesse em cooperar para a apuração em sede de juízo de admissibilidade e mediante des-
do ato ilícito; pacho fundamentado, decidirá:
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu I - pela abertura de investigação preliminar;
envolvimento na infração investigada a partir da II - pela instauração de PAR; ou
data de propositura do acordo; III - pelo arquivamento da matéria.
III - a pessoa jurídica admita sua participação no
ilícito e coopere plena e permanentemente com as
No caso de abertura de investigação preliminar,
investigações e o processo administrativo, compa-
recendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, essa terá caráter sigiloso e não punitivo e será desti-
a todos os atos processuais, até seu encerramento. nada à apuração de indícios de autoria e materiali-
§2º A celebração do acordo de leniência isentará a dade de atos lesivos à administração pública federal.
pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II Essa investigação preliminar deverá ser conduzida
do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até por comissão composta por dois ou mais servidores
2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. efetivos. Nos termos:
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurí-
dica da obrigação de reparar integralmente o dano § 1º A investigação de que trata o inciso I do caput
causado. terá caráter sigiloso e não punitivo e será 219
destinada à apuração de indícios de autoria e mate- poderá apresentar alegações finais no prazo de dez
rialidade de atos lesivos à administração pública dias, contado da data do deferimento ou da intima-
federal. ção de juntada das provas pela comissão.
§ 3º Serão recusadas, mediante decisão fundamenta-
Em entidades da administração pública federal, da, provas propostas pela pessoa jurídica que sejam
cujos quadros funcionais não sejam formados por ilícitas, impertinentes, desnecessárias, protelatórias
servidores estatutários, a comissão será composta por ou intempestivas.
dois ou mais empregados públicos. O prazo para con- § 4º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa
clusão da investigação preliminar não deverá ultra- informações e documentos referentes à existência
e ao funcionamento de programa de integridade,
passar sessenta dias, mas poderá ser prorrogado
a comissão processante deverá examiná-lo segun-
por igual período, mediante solicitação justificada
do os parâmetros indicados no Capítulo IV, para a
do presidente da comissão à autoridade instauradora. dosimetria das sanções a serem aplicadas.

§ 2º A investigação preliminar será conduzida por


A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por
comissão composta por dois ou mais servidores
meio de seus representantes legais ou procuradores,
efetivos.
§ 3º Em entidades da administração pública federal sendo assegurado o amplo acesso aos autos.
cujos quadros funcionais não sejam formados por
servidores estatutários, a comissão a que se refere Art. 8º A pessoa jurídica poderá acompanhar o
o § 2º será composta por dois ou mais empregados PAR por meio de seus representantes legais ou pro-
públicos. curadores, sendo-lhes assegurado amplo acesso
§ 4º O prazo para conclusão da investigação pre- aos autos.
liminar não excederá sessenta dias e poderá ser Parágrafo único. É vedada a retirada dos autos da
prorrogado por igual período, mediante solicitação repartição pública, sendo autorizada a obtenção de
justificada do presidente da comissão à autoridade cópias mediante requerimento.
instauradora.
O prazo para a conclusão do PAR não excederá
O § 5º trata de uma importante disposição: ao final 180 dias, admitida a prorrogação, por meio de solici-
da investigação preliminar, deverão ser enviados à tação do presidente da comissão à autoridade instau-
autoridade competente as peças e relatórios conclu- radora, que decidirá de forma fundamentada.
sivos acerca da existência de autoria e materialidade, Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a
para que ela decida sobre a instauração do PAR. comissão elaborará relatório a respeito dos fatos apu-
rados e da eventual responsabilidade administrativa
§ 5º Ao final da investigação preliminar, serão da pessoa jurídica, no qual sugerirá, de forma moti-
enviadas à autoridade competente as peças de vada, as sanções a serem aplicadas, a dosimetria da
informação obtidas, acompanhadas de relatório multa ou o arquivamento do processo.
conclusivo acerca da existência de indícios de auto-
ria e materialidade de atos lesivos à administração Art. 9º O prazo para a conclusão do PAR não exce-
pública federal, para decisão sobre a instauração derá cento e oitenta dias, admitida prorrogação
do PAR. por meio de solicitação do presidente da comissão
à autoridade instauradora, que decidirá de forma
Caso a conclusão seja no sentido da instauração do fundamentada.
PAR, a autoridade designará uma comissão, compos- § 1º O prazo previsto no caput será contado da data
ta por dois ou mais servidores estáveis, que avaliará de publicação do ato de instauração do PAR.
fatos e circunstâncias conhecidos e intimará a pes- § 2º A comissão, para o devido e regular exercício
soa jurídica para, no prazo de trinta dias, apresen- de suas funções, poderá:
I - propor à autoridade instauradora a suspensão
tar defesa escrita e especificar eventuais provas
cautelar dos efeitos do ato ou do processo objeto da
que pretende produzir.
investigação;
Em entidades da administração pública federal, II - solicitar a atuação de especialistas com notório
cujos quadros funcionais não sejam formados por conhecimento, de órgãos e entidades públicos ou de
servidores estatutários, a comissão será composta por outras organizações, para auxiliar na análise da
dois ou mais empregados públicos, preferencialmen- matéria sob exame; e
te com, no mínimo, três anos de tempo de serviço na III - solicitar ao órgão de representação judicial ou
entidade. equivalente dos órgãos ou entidades lesados que
requeira as medidas necessárias para a investiga-
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autorida- ção e o processamento das infrações, inclusive de
de designará comissão, composta por dois ou mais busca e apreensão, no País ou no exterior.
servidores estáveis, que avaliará fatos e circunstân- § 3º Concluídos os trabalhos de apuração e análi-
cias conhecidos e intimará a pessoa jurídica para, se, a comissão elaborará relatório a respeito dos
no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e fatos apurados e da eventual responsabilidade
especificar eventuais provas que pretende produzir. administrativa da pessoa jurídica, no qual sugeri-
§ 1º Em entidades da administração pública federal rá, de forma motivada, as sanções a serem aplica-
cujos quadros funcionais não sejam formados por das, a dosimetria da multa ou o arquivamento do
servidores estatutários, a comissão a que se refe- processo.
re o caput será composta por dois ou mais empre- § 4º O relatório final do PAR será encaminhado à
gados públicos, preferencialmente com no mínimo autoridade competente para julgamento, o qual
três anos de tempo de serviço na entidade. será precedido de manifestação jurídica, elaborada
§ 2º Na hipótese de deferimento de pedido de produ- pelo órgão de assistência jurídica competente.
ção de novas provas ou de juntada de provas julga- § 5º Caso seja verificada a ocorrência de eventuais
220 das indispensáveis pela comissão, a pessoa jurídica ilícitos a serem apurados em outras instâncias,
o relatório da comissão será encaminhado, pela sancionador da administração pública, será efetuada
autoridade julgadora: por meio de Processo Administrativo de Responsabi-
I - ao Ministério Público; lização (PAR) ou de acordo de leniência, à luz do que
II - à Advocacia-Geral da União e seus órgãos vincu- dispõe o art. 2º.
lados, no caso de órgãos da administração pública
direta, autarquias e fundações públicas federais; ou DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
III - ao órgão de representação judicial ou equiva-
lente no caso de órgãos ou entidades da adminis-
tração pública não abrangidos pelo inciso II.
Da Investigação Preliminar

Estabelece o art. 11 que, da decisão administrati- Ao tomar ciência da possível ocorrência de ato lesi-
va sancionadora, cabe pedido de reconsideração com vo à administração pública, o titular da corregedoria
efeito suspensivo. Veja: da entidade decidirá:

Art. 3º O titular da corregedoria da entidade ou da


Art. 11 Da decisão administrativa sancionadora
unidade competente, ao tomar ciência da possível
cabe pedido de reconsideração com efeito sus-
ocorrência de ato lesivo à administração públi-
pensivo, no prazo de dez dias, contado da data
ca federal, em sede de juízo de admissibilidade e
de publicação da decisão.
mediante despacho fundamentado, decidirá:
§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impos-
I - pela abertura de investigação preliminar;
tas sanções no PAR e que não apresentar pedido de
II - pela recomendação de instauração de PAR; ou
reconsideração deverá cumpri-las no prazo de trin-
III - pela recomendação de arquivamento da
ta dias, contado do fim do prazo para interposição
matéria.
do pedido de reconsideração.
§ 1º A investigação de que trata o inciso I
do  caput  terá caráter sigiloso e não punitivo e
Caso seja feito o pedido de reconsideração, a auto- será destinada à apuração de indícios de autoria
ridade julgadora terá o prazo de trinta dias para deci- e materialidade de atos lesivos à administração
dir sobre a matéria alegada no pedido e publicar nova pública federal.
decisão. § 2º A investigação preliminar será conduzida
diretamente pela corregedoria da entidade ou
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de unidade competente, na forma estabelecida em
trinta dias para decidir sobre a matéria ale- regulamento, ou por comissão composta por dois
gada no pedido de reconsideração e publicar nova ou mais membros, designados entre servidores
decisão. efetivos ou empregados públicos.
§ 3º Mantida a decisão administrativa sancionado- § 3º Na investigação preliminar, serão praticados
ra, será concedido à pessoa jurídica novo prazo de os atos necessários à elucidação dos fatos sob
trinta dias para cumprimento das sanções que lhe apuração, compreendidas todas as diligências
foram impostas, contado da data de publicação da admitidas em lei, notadamente:
nova decisão. I - proposição à autoridade instauradora da sus-
pensão cautelar dos efeitos do ato ou do processo
objeto da investigação;
II - solicitação de atuação de especialistas com
conhecimentos técnicos ou operacionais, de órgãos
DECRETO N° 11.129, DE 11 DE JULHO e entidades públicos ou de outras organizações,
DE 2022 para auxiliar na análise da matéria sob exame;
III - solicitação de informações bancárias sobre
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES movimentação de recursos públicos, ainda que sigi-
losas, nesta hipótese, em sede de compartilhamento
do sigilo com órgãos de controle;
O Decreto nº 11.129, de 11 de julho de 2022, dispõe

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


IV - requisição, por meio da autoridade competente,
sobre a regularização administrativa e civil de pessoa
do compartilhamento de informações tributárias
jurídica pela prática de atos contra a administração da pessoa jurídica investigada, conforme previsto
pública, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei nº no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25
12.846, de 1º de agosto de 2013, nos moldes do art. 1º. de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional;
Vejamos: V - solicitação, ao órgão de representação judi-
cial ou equivalente dos órgãos ou das entidades
Art. 1° [...] lesadas, das medidas judiciais necessárias para a
§ 1º A Lei nº 12.846, de 2013, aplica-se aos atos lesivos investigação e para o processamento dos atos lesi-
praticados: vos, inclusive de busca e apreensão, no Brasil ou no
I - por pessoa jurídica brasileira contra administração exterior; ou
pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior; VI - solicitação de documentos ou informações a
II - no todo ou em parte no território nacional ou que pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou
nele produzam ou possam produzir efeitos; ou privado, nacionais ou estrangeiras, ou a organiza-
III - no exterior, quando praticados contra a adminis- ções públicas internacionais.
tração pública nacional. § 4º O prazo para a conclusão da investigação
§ 2º São passíveis de responsabilização nos termos do preliminar não excederá cento e oitenta dias,
disposto na Lei nº 12.846, de 2013, as pessoas jurídi- admitida a prorrogação, mediante ato da
cas que tenham sede, filial ou representação no ter- autoridade a que se refere o caput.
ritório brasileiro, constituídas de fato ou de direito. § 5º Ao final da investigação preliminar, serão
enviadas à autoridade competente as peças de
A apuração da responsabilidade administrativa informação obtidas, acompanhadas de relatório
de pessoa jurídica, decorrente do exercício do poder conclusivo acerca da existência de indícios 221
de autoria e materialidade de atos lesivos à § 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo:
administração pública federal, para decisão sobre I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputa-
a instauração do PAR.  do à pessoa jurídica, com a descrição das circuns-
tâncias relevantes;
Do Processo Administrativo de Responsabilização II - o apontamento das provas que sustentam o
entendimento da comissão pela ocorrência do ato
Para que ocorra a devida instauração do Processo lesivo imputado; e
III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado
Administrativo de Responsabilização (PAR), é necessá-
à pessoa jurídica processada.
rio observar os critérios de competência dispostos nos
§ 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha
arts. 4º a 18, do referido Decreto. êxito, será feita nova intimação por meio de edital
publicado na imprensa oficial e no sítio eletrônico
Art. 4º A competência para a instauração e para do órgão ou da entidade pública responsável pela
o julgamento do PAR é da autoridade máxima da condução do PAR, hipótese em que o prazo para
entidade em face da qual foi praticado o ato lesi- apresentação de defesa escrita será contado a par-
vo ou, em caso de órgão da administração pública tir da última data de publicação do edital.
federal direta, do respectivo Ministro de Estado. § 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente
Parágrafo único.   A competência de que tra- sua defesa escrita no prazo estabelecido no  caput,
ta o  caput  será exercida de ofício ou mediante contra ela correrão os demais prazos, independente-
provocação e poderá ser delegada, vedada a mente de notificação ou intimação, podendo intervir
subdelegação. em qualquer fase do processo, sem direito à repetição
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autorida- de qualquer ato processual já praticado.
de designará comissão, composta por dois ou mais
servidores estáveis. Ainda, pelo disposto no art. 7º, as intimações serão
§ 1º Em entidades da administração pública federal feitas por qualquer meio físico ou eletrônico.
cujos quadros funcionais não sejam formados
por servidores estatutários, a comissão a que se
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer
refere o  caput  será composta por dois ou mais
meio físico ou eletrônico que assegure a certeza de
empregados permanentes, preferencialmente
ciência da pessoa jurídica processada.
com, no mínimo, três anos de tempo de serviço na
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data
entidade. da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o
§ 2º A comissão a que se refere o  caput  exercerá dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento,
suas atividades com imparcialidade e observará observado o disposto no  Capítulo XVI da Lei nº
a legislação, os regulamentos e as orientações 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
técnicas vigentes. § 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-
§ 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que se as demais intimações processuais, até que a pessoa
necessário à elucidação do fato ou quando exigido jurídica interessada se manifeste nos autos.
pelo interesse da administração pública, garantido § 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notifica-
à pessoa jurídica processada o direito à ampla da e intimada de todos os atos processuais, indepen-
defesa e ao contraditório. dentemente de procuração ou de disposição contratual
ou estatutária, na pessoa do gerente, representante ou
administrador de sua filial, agência, sucursal, estabele-
Importante! cimento ou escritório instalado no Brasil.
Segundo a literalidade do § 4º, o prazo para a
A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por
conclusão dos trabalhos da comissão de PAR
meio de seus representantes legais ou procuradores.
não excederá cento e oitenta dias, admitida a
prorrogação, mediante solicitação justificada do Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o
presidente da comissão à autoridade instaurado- PAR por meio de seus representantes legais ou pro-
ra, que decidirá de maneira fundamentada. curadores, sendo-lhes assegurado amplo acesso
aos autos.
Parágrafo único. É vedada a retirada de autos
Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as físicos da repartição pública, sendo autorizada a
circunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pes- obtenção de cópias, preferencialmente em meio
soa jurídica processada para, no prazo de trinta dias, digital, mediante requerimento.
apresentar defesa escrita e especificar eventuais pro- Art. 10 A comissão, para o devido e regular exer-
vas que pretenda produzir (art. 6º). Acompanhemos cício de suas funções, poderá praticar os atos
algumas determinações quanto à intimação do PAR. necessários à elucidação dos fatos sob apuração,
compreendidos todos os meios probatórios admiti-
dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º.
Art. 6º [...]
§ 1º A intimação prevista no caput: Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a
I - facultará expressamente à pessoa jurídica a pos- comissão elaborará relatório a respeito dos fatos apu-
sibilidade de apresentar informações e provas que rados e da eventual responsabilidade administrativa
subsidiem a análise da comissão de PAR no que se da pessoa jurídica, no qual sugerirá, de forma moti-
refere aos elementos que atenuam o valor da multa, vada (art. 11):
previstos no art. 23; e
II - solicitará a apresentação de informações e Art. 11 [...]
documentos, nos termos estabelecidos pela Contro- I - as sanções a serem aplicadas, com a respecti-
ladoria-Geral da União, que permitam a análise do va indicação da dosimetria, ou o arquivamento do
222 programa de integridade da pessoa jurídica. processo;
II - o encaminhamento do relatório final à autorida- o julgamento, o processo será encaminhado
de competente para instrução de processo adminis- primeiramente àquela de nível mais elevado, para
trativo específico para reparação de danos, quando que julgue no âmbito de sua competência, tendo
houver indícios de que do ato lesivo tenha resultado precedência o julgamento pelo Ministro de Estado
dano ao erário; competente.
III - o encaminhamento do relatório final à Advo- § 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unida-
cacia-Geral da União, para ajuizamento da ação de de responsável no órgão ou na entidade pela gestão
que trata o art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, com de licitações e contratos deve comunicar à autori-
sugestão, de acordo com o caso concreto, da apli- dade a que se refere o  caput  do art. 3º eventuais
cação das sanções previstas naquele artigo, como fatos que configurem atos lesivos previstos no art.
retribuição complementar às do PAR ou para a pre- 5º da Lei nº 12.846, de 2013.
venção de novos ilícitos;
IV - o encaminhamento do processo ao Ministério A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito
Público, nos termos do disposto no art. 15 da Lei nº do Poder Executivo federal, competência:
12.846, de 2013; e
V - as condições necessárias para a concessão da Art. 17 A Controladoria-Geral da União possui, no
reabilitação, quando cabível. âmbito do Poder Executivo federal, competência:
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e
Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata II - exclusiva para avocar os processos instaurados
de encerramento dos seus trabalhos, que formalizará para exame de sua regularidade ou para lhes corri-
sua desconstituição, e encaminhará o PAR à autori- gir o andamento, inclusive promovendo a aplicação
dade instauradora, que determinará a intimação da da penalidade administrativa cabível.
pessoa jurídica processada do relatório final para, § 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a
querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez qualquer tempo, a competência prevista no caput, se
dias. Transcorrido o prazo de dez dias, a autoridade presentes quaisquer das seguintes circunstâncias:
instauradora determinará à corregedoria da entidade I - caracterização de omissão da autoridade origi-
ou à unidade competente que analise a regularidade e nariamente competente;
o mérito do PAR (art. 12 e seu parágrafo único). II - inexistência de condições objetivas para sua
Vejamos, ainda, a continuidade do PAR após a aná- realização no órgão ou na entidade de origem;
III - complexidade, repercussão e relevância da
lise da regularidade e mérito a partir do art. 13.
matéria;
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurí-
Art. 13 Após a análise de regularidade e mérito, o
dica com o órgão ou com a entidade atingida; ou
PAR será encaminhado à autoridade competente
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados
para julgamento, o qual será precedido de manifes-
com mais de um órgão ou entidade da administra-
tação jurídica, elaborada pelo órgão de assistência
ção pública federal.
jurídica competente.
§ 2º Ficam os órgãos e as entidades da
Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária
administração pública obrigados a encaminhar à
ao relatório da comissão, esta deverá ser funda-
Controladoria-Geral da União todos os documentos
mentada com base nas provas produzidas no PAR.
e informações que lhes forem solicitados, incluídos
Art. 14 A decisão administrativa proferida pela
os autos originais dos processos que eventualmente
autoridade julgadora ao final do PAR será publica-
estejam em curso.
da no Diário Oficial da União e no sítio eletrônico
Art. 18 Compete à Controladoria-Geral da União
do órgão ou da entidade pública responsável pelo
instaurar, apurar e julgar PAR pela prática de atos
julgamento do PAR.
lesivos a administração pública estrangeira, o qual
Art. 15 Da decisão administrativa sancionadora
seguirá, no que couber, o rito procedimental previs-
cabe pedido de reconsideração com efeito suspensi-
to neste Capítulo.
vo, no prazo de dez dias, contado da data de publi-
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da admi-
cação da decisão.
nistração pública federal direta e indireta deverão

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram
comunicar à Controladoria-Geral da União os indí-
impostas sanções no PAR e que não apresentar
cios da ocorrência de atos lesivos a administração
pedido de reconsideração deverá cumpri-las no
pública estrangeira, identificados no exercício de
prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para
suas atribuições, juntando à comunicação os docu-
interposição do pedido de reconsideração.
mentos já disponíveis e necessários à apuração ou
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta
à comprovação dos fatos, sem prejuízo do envio
dias para decidir sobre a matéria alegada no pedido
de documentação complementar, na hipótese de
de reconsideração e publicar nova decisão.
novas provas ou informações relevantes, sob pena
§ 3º Mantida a decisão administrativa
de responsabilização.  
sancionadora, será concedido à pessoa jurídica
novo prazo de trinta dias para o cumprimento das
sanções que lhe foram impostas, contado da data DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
de publicação da nova decisão. ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS 
Art. 16 Os atos previstos como infrações adminis-
trativas à Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes
a outras normas de licitações e contratos da admi- sanções administrativas, nos ditames do art. 19:
nistração pública que também sejam tipificados
como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão Art. 19 As pessoas jurídicas estão sujeitas às
apurados e julgados conjuntamente, nos mesmos seguintes sanções administrativas, nos termos do
autos, aplicando-se o rito procedimental previsto disposto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013:
neste Capítulo. I - multa; e
§ 1º Concluída a apuração de que trata o caput e II - publicação extraordinária da decisão adminis-
havendo autoridades distintas competentes para trativa sancionadora. 223
Parágrafo único.   Caso os atos lesivos apura- atos lesivos previstos na  Lei nº 12.846, de 2013,
dos envolvam infrações administrativas à  Lei nº e dos ilícitos administrativos previstos na  Lei nº
14.133, de 2021, ou a outras normas de licitações 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações
e contratos da administração pública e tenha ocor- e contratos, com vistas à isenção ou à atenuação
rido a apuração conjunta prevista no art. 16, a das respectivas sanções, desde que colaborem efe-
pessoa jurídica também estará sujeita a sanções tivamente com as investigações e o PAR, devendo
administrativas que tenham como efeito a restrição resultar dessa colaboração:
ao direito de participar em licitações ou de celebrar I - a identificação dos demais envolvidos nos ilíci-
contratos com a administração pública, a serem tos, quando couber; e
aplicadas no PAR.  II - a obtenção célere de informações e documentos
que comprovem a infração sob apuração.
Da Multa  Art. 34 Compete à Controladoria-Geral da União
celebrar acordos de leniência no âmbito do Poder
A multa prevista no  inciso I do  caput  do art. 6º da Executivo federal e nos casos de atos lesivos contra
Lei nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o fatu- a administração pública estrangeira.
Art. 35 Ato conjunto do Ministro de Estado da Con-
ramento bruto da pessoa jurídica no último exercício
troladoria-Geral da União e do Advogado-Geral da
anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos
União:
(art. 20). A multa aplicada será integralmente recolhida I - disciplinará a participação de membros da Advo-
pela pessoa jurídica sancionada no prazo de trinta dias, cacia-Geral da União nos processos de negociação e
observado o disposto no art. 15, pelo elencado na reda- de acompanhamento do cumprimento dos acordos
ção do art. 29, do Decreto n° 11.129, de julho de 2022. de leniência; e
II - disporá sobre a celebração de acordos de leniên-
Da Publicação Extraordinária da Decisão cia pelo Ministro de Estado da Controladoria-Geral
Administrativa Sancionadora da União conjuntamente com o Advogado-Geral da
União.
A pessoa jurídica sancionada administrativamen- Parágrafo único.  A participação da Advocacia-Ge-
te pela prática de atos lesivos contra a administração ral da União nos acordos de leniência, considera-
pública, nos termos da Lei nº 12.846, de 2013, publica- das as condições neles estabelecidas e observados
rá a decisão administrativa sancionadora na forma de os termos da  Lei Complementar nº 73, de 10 de
extrato de sentença, cumulativamente (art. 28): fevereiro de 1993, e da  Lei nº 13.140, de 26 de
junho de 2015, poderá ensejar a resolução consen-
sual das penalidades previstas no art. 19 da Lei nº
Art. 28 [...]
12.846, de 2013.
I - em meio de comunicação de grande circulação,
Art. 36 A Controladoria-Geral da União poderá
física ou eletrônica, na área da prática da infração
aceitar delegação para negociar, celebrar e moni-
e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em
torar o cumprimento de acordos de leniência rela-
publicação de circulação nacional;
tivos a atos lesivos contra outros Poderes e entes
II - em edital afixado no próprio estabelecimento
federativos.
ou no local de exercício da atividade, em localidade
que permita a visibilidade pelo público, pelo prazo
mínimo de trinta dias; e A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de leniência deverá (art. 37):
trinta dias e em destaque na página principal do
referido sítio. Art. 37 […]
Parágrafo único.   A publicação a que se refere I - ser a primeira a manifestar interesse em coope-
o  caput  será feita a expensas da pessoa jurídica rar para a apuração de ato lesivo específico, quan-
sancionada.  do tal circunstância for relevante;
II - ter cessado completamente seu envolvimento
DO ACORDO DE LENIÊNCIA  no ato lesivo a partir da data da propositura do
acordo;
III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto
Trata-se de um ato administrativo negocial decor-
aos atos lesivos;
rente do exercício sancionador do Estado, que visa à
IV - cooperar plena e permanentemente com as
responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de investigações e o processo administrativo e compa-
atos lesivos contra a administração pública nacional recer, sob suas expensas e sempre que solicitada,
ou estrangeira, segundo caput do art. 32, vejamos: aos atos processuais, até o seu encerramento;
V - fornecer informações, documentos e elementos
Art. 32 O acordo de leniência é ato administrativo que comprovem o ato ilícito;
negocial decorrente do exercício do poder sancio- VI - reparar integralmente a parcela incontroversa
nador do Estado, que visa à responsabilização de do dano causado; e
pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos contra VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, con-
a administração pública nacional ou estrangeira. forme o caso, os valores correspondentes ao acrésci-
Parágrafo único.   O acordo de leniência buscará, mo patrimonial indevido ou ao enriquecimento ilícito
nos termos da lei: direta ou indiretamente obtido da infração, nos ter-
I - o incremento da capacidade investigativa da mos e nos montantes definidos na negociação.
administração pública; § 1º   Os requisitos de que tratam os incisos III
II - a potencialização da capacidade estatal de recu- e IV do  caput  serão avaliados em face da boa-
peração de ativos; e fé da pessoa jurídica proponente em reportar à
III - o fomento da cultura de integridade no setor administração a descrição e a comprovação da
privado. integralidade dos atos ilícitos de que tenha ou
Art. 33 O acordo de leniência será celebrado com venha a ter ciência, desde o momento da propositu-
224 as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos ra do acordo até o seu total cumprimento.
§ 2º  A parcela incontroversa do dano de que trata § 1º   Não se fará divulgação da desistência ou da
o inciso VI do caput  corresponde aos valores dos rejeição da proposta do acordo de leniência, ressal-
danos admitidos pela pessoa jurídica ou àqueles vado o disposto no § 4º do art. 38.
decorrentes de decisão definitiva no âmbito do § 2º  Na hipótese prevista no caput, a administra-
devido processo administrativo ou judicial. ção pública federal não poderá utilizar os docu-
§ 3º  Nas hipóteses em que de determinado ato ilí- mentos recebidos durante o processo de negociação
cito decorra, simultaneamente, dano ao ente lesado de acordo de leniência.
e acréscimo patrimonial indevido à pessoa jurídica § 3º  O disposto no § 2º não impedirá a apuração
responsável pela prática do ato, e haja identidade dos fatos relacionados com a proposta de acordo
entre ambos, os valores a eles correspondentes de leniência, quando decorrer de indícios ou provas
serão: autônomas que sejam obtidos ou levados ao conhe-
I - computados uma única vez para fins de quanti- cimento da autoridade por qualquer outro meio.
ficação do valor a ser adimplido a partir do acordo Art. 44 O acordo de leniência estipulará as condi-
de leniência; e ções para assegurar a efetividade da colaboração e
II - classificados como ressarcimento de danos para o resultado útil do processo e conterá as cláusulas
fins contábeis, orçamentários e de sua destinação e obrigações que, diante das circunstâncias do caso
para o ente lesado. concreto, reputem-se necessárias.
Art. 45 O acordo de leniência conterá, entre outras
A proposta de celebração de acordo de leniência disposições, cláusulas que versem sobre:
deverá ser feita de forma escrita, oportunidade em I - o compromisso de cumprimento dos requisitos
que a pessoa jurídica proponente declarará expressa- previstos nos incisos II a VII do caput do art. 37;
mente que foi orientada a respeito de seus direitos, II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de
garantias e deveres legais e de que o não atendimen- descumprimento do acordo;
to às determinações e às solicitações durante a etapa III - a natureza de título executivo extrajudicial do
instrumento do acordo, nos termos do disposto
de negociação importará a desistência da proposta
no inciso II do caput do art. 784 da Lei nº 13.105,
(caput do art. 38).
de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil;
IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de
Art. 39 A proposta de celebração de acordo de programa de integridade, conforme os parâmetros
leniência será submetida à análise de juízo de estabelecidos no Capítulo V, bem como o prazo e as
admissibilidade, para verificação da existência condições de monitoramento;
dos elementos mínimos que justifiquem o início da V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela
negociação.
a que se refere o inciso VI do caput do art. 37; e
§ 1º  Admitida a proposta, será firmado memoran-
VI - a possibilidade de utilização da parcela a
do de entendimentos com a pessoa jurídica propo-
que se refere o inciso VI do caput do art. 37 para
nente, definindo os parâmetros da negociação do
compensação com outros valores porventura
acordo de leniência.
apurados em outros processos sancionatórios
§ 2º   O memorando de entendimentos poderá ser
ou de prestação de contas, quando relativos aos
resilido a qualquer momento, a pedido da pessoa
mesmos fatos que compõem o escopo do acordo.
jurídica proponente ou a critério da administração
pública federal.
§ 3º  A assinatura do memorando de entendimentos: DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE 
I - interrompe a prescrição; e
II - suspende a prescrição pelo prazo da negocia- O programa de integridade consiste, no âmbito
ção, limitado, em qualquer hipótese, a trezentos e de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos
sessenta dias. e procedimentos internos de integridade, auditoria e
Art. 40 A critério da Controladoria-Geral da União, incentivo à denúncia de irregularidades e na aplica-
o PAR instaurado em face de pessoa jurídica que ção efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas
esteja negociando a celebração de acordo de leniên- e diretrizes, com objetivo de:

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


cia poderá ser suspenso.
Parágrafo único.   A suspensão ocorrerá sem Art. 56 [...]
prejuízo: I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes,
I - da continuidade de medidas investigativas neces- irregularidades e atos ilícitos praticados contra a
sárias para o esclarecimento dos fatos; e administração pública, nacional ou estrangeira; e
II - da adoção de medidas processuais cautelares e II - fomentar e manter uma cultura de integridade
assecuratórias indispensáveis para se evitar pereci- no ambiente organizacional.
mento de direito ou garantir a instrução processual.
Art. 41 A Controladoria-Geral da União poderá O programa de integridade deve ser estruturado,
avocar os autos de processos administrativos em aplicado e atualizado de acordo com as características
curso em outros órgãos ou entidades da adminis-
e os riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica,
tração pública federal relacionados com os fatos
a qual, por sua vez, deve garantir o constante aprimo-
objeto do acordo em negociação.
Art. 42 A negociação a respeito da proposta do
ramento e a adaptação do referido programa, visando
acordo de leniência deverá ser concluída no prazo garantir sua efetividade (parágrafo único do art. 56).
de cento e oitenta dias, contado da data da assina- Para fins do disposto no  inciso VIII, do  caput  do
tura do memorando de entendimentos. art. 7º, da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de inte-
Parágrafo único.   O prazo de que trata gridade será avaliado, quanto a sua existência e apli-
o  caput  poderá ser prorrogado, caso presentes cação, de acordo com os seguintes parâmetros:
circunstâncias que o exijam.
Art. 43 A desistência da proposta de acordo de Art. 57 [...]
leniência ou a sua rejeição não importará em reco- I - comprometimento da alta direção da pessoa jurí-
nhecimento da prática do ato lesivo. dica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio 225
visível e inequívoco ao programa, bem como pela departamentos, diretorias ou setores, ou da estru-
destinação de recursos adequados; turação de grupo econômico;
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e IV - a utilização de agentes intermediários, como
procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os consultores ou representantes comerciais;
empregados e administradores, independentemen- V - o setor do mercado em que atua;
te do cargo ou da função exercida; VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;
III - padrões de conduta, código de ética e políticas VII - o grau de interação com o setor público e a
de integridade estendidas, quando necessário, a ter- importância de contratações, investimentos e sub-
ceiros, tais como fornecedores, prestadores de ser- sídios públicos, autorizações, licenças e permissões
viço, agentes intermediários e associados; governamentais em suas operações; e
IV - treinamentos e ações de comunicação periódi- VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurí-
cos sobre o programa de integridade; dicas que integram o grupo econômico.
V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise § 2º  A efetividade do programa de integridade em
e reavaliação periódica, para a realização de adap- relação ao ato lesivo objeto de apuração será consi-
tações necessárias ao programa de integridade e a derada para fins da avaliação de que trata o caput. 
alocação eficiente de recursos;
VI - registros contábeis que reflitam de forma com- DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS
pleta e precisa as transações da pessoa jurídica; INIDÔNEAS E SUSPENSAS E DO CADASTRO
VII - controles internos que assegurem a pronta ela- NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS 
boração e a confiabilidade de relatórios e demons-
trações financeiras da pessoa jurídica;
O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e
VIII - procedimentos específicos para prevenir frau-
Suspensas (CEIS) conterá informações referentes às
des e ilícitos no âmbito de processos licitatórios,
na execução de contratos administrativos ou em sanções administrativas impostas a pessoas físicas ou
qualquer interação com o setor público, ainda que jurídicas que impliquem restrição ao direito de par-
intermediada por terceiros, como pagamento de ticipar de licitações ou de celebrar contratos com a
tributos, sujeição a fiscalizações ou obtenção de administração pública de qualquer esfera federativa
autorizações, licenças, permissões e certidões; (art. 58), entre as quais:
IX - independência, estrutura e autoridade da ins-
tância interna responsável pela aplicação do pro- Art. 58 [...]
grama de integridade e pela fiscalização de seu I - suspensão temporária de participação em lici-
cumprimento; tação e impedimento de contratar com a admi-
X - canais de denúncia de irregularidades, abertos nistração pública, conforme disposto no  inciso III
e amplamente divulgados a funcionários e tercei- do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
ros, e mecanismos destinados ao tratamento das de 1993;
denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé; II - declaração de inidoneidade para licitar ou
XI - medidas disciplinares em caso de violação do contratar com a administração pública, conforme
programa de integridade; disposto no inciso IV do caput do art. 87 da Lei nº
XII - procedimentos que assegurem a pronta inter- 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156
rupção de irregularidades ou infrações detectadas da Lei nº 14.133, de 2021;
e a tempestiva remediação dos danos gerados; III - impedimento de licitar e contratar com a
XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municí-
para: pios, conforme disposto no art. 7º da Lei nº 10.520,
a) contratação e, conforme o caso, supervisão de de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462,
terceiros, tais como fornecedores, prestadores de de 4 de agosto de 2011, e no inciso III do caput do
serviço, agentes intermediários, despachantes, con- art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021;
sultores, representantes comerciais e associados; IV - suspensão temporária de participação em
b) contratação e, conforme o caso, supervisão de licitação e impedimento de contratar com a admi-
pessoas expostas politicamente, bem como de seus nistração pública, conforme disposto no  inciso
familiares, estreitos colaboradores e pessoas jurídi- IV do  caput  do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de
cas de que participem; e novembro de 2011;
c) realização e supervisão de patrocínios e doações; V - declaração de inidoneidade para licitar ou
XIV - verificação, durante os processos de fusões, contratar com a administração pública, conforme
aquisições e reestruturações societárias, do come- disposto no inciso V do caput do art. 33 da Lei nº
timento de irregularidades ou ilícitos ou da exis- 12.527, de 2011;
tência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas VI - declaração de inidoneidade para participar de
envolvidas; e licitação com a administração pública federal, con-
XV - monitoramento contínuo do programa de inte- forme disposto no art. 46 da Lei nº 8.443, de 16 de
gridade visando ao seu aperfeiçoamento na preven- julho de 1992;
ção, na detecção e no combate à ocorrência dos atos VII - proibição de contratar com o Poder Público,
lesivos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013. conforme disposto no art. 12 da Lei nº 8.429, de 2
§ 1º   Na avaliação dos parâmetros de que trata de junho de 1992;
o  caput, serão considerados o porte e as especifi- VIII - proibição de contratar e participar de lici-
cidades da pessoa jurídica, por meio de aspectos tações com o Poder Público, conforme disposto
como: no  art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
I - a quantidade de funcionários, empregados e 1998; e
colaboradores; IX - declaração de inidoneidade, conforme disposto
II - o faturamento, levando ainda em consideração no inciso V do caput do art. 78-A combinado com
o fato de ser qualificada como microempresa ou o art. 78-I da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001.
empresa de pequeno porte; Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS
III - a estrutura de governança corporativa e a outras sanções que impliquem restrição ao direito
226 complexidade de unidades internas, tais como de participar em licitações ou de celebrar contratos
com a administração pública, ainda que não sejam empresarial e acadêmico, em função dos notáveis
de natureza administrativa. avanços que trouxe com a implementação de práti-
cas de governança, transparência, controle interno
DISPOSIÇÕES FINAIS e gerenciamento de riscos nas empresas controladas
pelo poder público.
Art. 64 As informações referentes ao PAR instaura- As inovações trazidas pelo texto legal incluíram
do no âmbito dos órgãos e das entidades do Poder aspectos relacionados a conteúdos obrigatórios dos
Executivo federal serão registradas no sistema de estatutos sociais, a adoção de regras de governança
gerenciamento eletrônico de processos adminis- corporativa e transparência e a adequação de estru-
trativos sancionadores mantido pela Controlado- turas e práticas de gestão de riscos e de controle inter-
ria-Geral da União, conforme ato do Ministro de no, além da adoção de critérios para a composição da
Estado da Controladoria-Geral da União.
administração e, havendo acionistas minoritários, a
Art. 65 Os órgãos e as entidades da administração
existência de mecanismos para sua proteção. Além
pública, no exercício de suas competências regulatórias,
disporão sobre os efeitos da Lei nº 12.846, de 2013, no disso, a Lei das Estatais trouxe disposições sobre lici-
âmbito das atividades reguladas, inclusive no caso de tações e contratos, tema que motiva sua inclusão no
proposta e celebração de acordo de leniência. conteúdo programático do edital do BRB.
Art. 66 O processamento do PAR ou a negociação É a Lei nº 13.303, de 2016, que disciplina as lici-
de acordo de leniência não interfere no seguimento tações e os contratos administrativos realizados pelas
regular dos processos administrativos específicos empresas estatais. Como empresa estatal do Distrito
para apuração da ocorrência de danos e prejuízos Federal, o BRB, portanto, deve seguir seus ditames.
à administração pública federal resultantes de ato As bancas examinadoras de concurso usualmente
lesivo cometido por pessoa jurídica, com ou sem a se atrelam a cobrar a literalidade da lei. Desse modo,
participação de agente público. incluiremos a lei na íntegra e realizaremos destaques
Art. 67 Compete ao Ministro de Estado da Contro- nos pontos mais importantes para sua prova. Vejamos:
ladoria-Geral da União editar orientações, normas
e procedimentos complementares para a execução LEI Nº 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016.
deste Decreto, notadamente no que diz respeito a: TÍTULO I
I - fixação da metodologia para a apuração do fatu- DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS
ramento bruto e dos tributos a serem excluídos PÚBLICAS E ÀS SOCIEDADES DE ECONOMIA
para fins de cálculo da multa a que se refere o art. MISTA
6º da Lei nº 12.846, de 2013; CAPÍTULO I
II - forma e regras para o cumprimento da publi- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
cação extraordinária da decisão administrativa Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico
sancionadora; da empresa pública, da sociedade de econo-
III - avaliação do programa de integridade, inclusi- mia mista e de suas subsidiárias, abrangendo
ve sobre a forma de avaliação simplificada no caso toda e qualquer empresa pública e sociedade de
de microempresas e empresas de pequeno porte; e economia mista da União, dos Estados, do Distrito
IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções apli- Federal e dos Municípios que explore atividade
cadas em face de pessoas jurídicas e entes privados. econômica de produção ou comercialização de
Art. 68 O Ministério da Justiça e Segurança Públi- bens ou de prestação de serviços, ainda que a
ca, a Advocacia-Geral da União e a Controladoria- atividade econômica esteja sujeita ao regime
-Geral da União: de monopólio da União ou seja de prestação de
I - estabelecerão canais de comunicação serviços públicos.
institucional: § 1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts.
a) para o encaminhamento de informações referen- 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12 e 27, não se aplica à
tes à prática de atos lesivos contra a administra- empresa pública e à sociedade de economia mista
ção pública nacional ou estrangeira ou derivadas que tiver, em conjunto com suas respectivas subsi-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


de acordos de colaboração premiada e acordos de diárias, no exercício social anterior, receita opera-
leniência; e cional bruta inferior a R$ 90.000.000,00 (noventa
b) para a cooperação jurídica internacional e recu- milhões de reais).
peração de ativos; e § 2º O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta
II - poderão, por meio de acordos de colaboração Lei aplica-se inclusive à empresa pública dependen-
técnica, articular medidas para o enfrentamento da te, definida nos termos do inciso III do art. 2º da Lei
corrupção e de delitos conexos. Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que
explore atividade econômica, ainda que a atividade
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio
da União ou seja de prestação de serviços públicos.
NOÇÕES DE CONTRATOS § 3º Os Poderes Executivos poderão editar atos que
estabeleçam regras de governança destinadas às
suas respectivas empresas públicas e sociedades de
LEI 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016
economia mista que se enquadrem na hipótese do §
1º, observadas as diretrizes gerais desta Lei.
Promulgada em junho de 2016, a Lei Federal nº § 4º A não edição dos atos de que trata o § 3º no
13.303, de 2016, conhecida como Lei das Estatais, prazo de 180 (cento e oitenta) dias a partir da publi-
trouxe uma série de mudanças relevantes para o dia a cação desta Lei submete as respectivas empresas
dia das empresas estatais (empresas públicas e socie- públicas e sociedades de economia mista às regras
dades de economia mista) brasileiras, sejam elas fede- de governança previstas no Título I desta Lei.
rais, estaduais ou municipais. § 5º Submetem-se ao regime previsto nesta Lei
Desde sua discussão no Congresso Nacional, a Lei a empresa pública e a sociedade de economia
ganhou destaque, tanto na mídia quanto nos meios mista que participem de consórcio, conforme 227
disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezem- criação autorizada por lei e com patrimônio
bro de 1976, na condição de operadora. próprio, cujo capital social é integralmente
§ 6º Submete-se ao regime previsto nesta Lei a detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
sociedade, inclusive a de propósito específico, que Federal ou pelos Municípios.
seja controlada por empresa pública ou sociedade Parágrafo único. Desde que a maioria do capital
de economia mista abrangidas no caput. votante permaneça em propriedade da União, do
§ 7º Na participação em sociedade empresarial em Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
que a empresa pública, a sociedade de economia admitida, no capital da empresa pública, a partici-
mista e suas subsidiárias não detenham o controle pação de outras pessoas jurídicas de direito público
acionário, essas deverão adotar, no dever de fisca- interno, bem como de entidades da administração
lizar, práticas de governança e controle proporcio- indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
nais à relevância, à materialidade e aos riscos do e dos Municípios.
negócio do qual são partícipes, considerando, para Art. 4º Sociedade de economia mista é a enti-
esse fim: dade dotada de personalidade jurídica de
I - documentos e informações estratégicos do negó- direito privado, com criação autorizada por lei,
cio e demais relatórios e informações produzidos sob a forma de sociedade anônima, cujas ações
por força de acordo de acionistas e de Lei conside- com direito a voto pertençam em sua maioria
rados essenciais para a defesa de seus interesses na à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
sociedade empresarial investida; Municípios ou a entidade da administração
II - relatório de execução do orçamento e de realiza- indireta.
ção de investimentos programados pela sociedade, § 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de
inclusive quanto ao alinhamento dos custos orça- economia mista tem os deveres e as responsabili-
dos e dos realizados com os custos de mercado; dades do acionista controlador, estabelecidos na
III - informe sobre execução da política de transa- Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá
ções com partes relacionadas; exercer o poder de controle no interesse da compa-
IV - análise das condições de alavancagem financei- nhia, respeitado o interesse público que justificou
ra da sociedade; sua criação.
V - avaliação de inversões financeiras e de proces- § 2º Além das normas previstas nesta Lei, a socie-
sos relevantes de alienação de bens móveis e imó- dade de economia mista com registro na Comissão
veis da sociedade; de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições da
VI - relatório de risco das contratações para exe- Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976.
cução de obras, fornecimento de bens e presta-
ção de serviços relevantes para os interesses da
investidora; SOCIEDADE DE
VII - informe sobre execução de projetos relevantes EMPRESA PÚBLICA
ECONOMIA MISTA
para os interesses da investidora;
VIII - relatório de cumprimento, nos negócios da Personalidade Jurídica Personalidade Jurídica
sociedade, de condicionantes socioambientais esta- de Direito Privado de Direito Privado
belecidas pelos órgãos ambientais;
IX - avaliação das necessidades de novos aportes Criação Autorizada por Criação Autorizada por
na sociedade e dos possíveis riscos de redução da lei Lei
rentabilidade esperada do negócio;
X - qualquer outro relatório, documento ou infor- Patrimônio Próprio -
mação produzido pela sociedade empresarial inves- Qualquer modalidade Forma de Sociedade
tida considerado relevante para o cumprimento do empresarial Anônima (S/A)
comando constante do caput.
Art. 2º A exploração de atividade econômica Maioria das ações com
pelo Estado será exercida por meio de empresa Capital Social integral- direito a voto deve ser do
pública, de sociedade de economia mista e de mente público, detido ente público ou de enti-
suas subsidiárias. pela União, Estados, DF dade da administração
§ 1º A constituição de empresa pública ou de ou Municípios (100% do indireta
sociedade de economia mista dependerá de prévia
capital público) (50% + 1 do capital
autorização legal que indique, de forma clara,
público)
relevante interesse coletivo ou imperativo de segu-
rança nacional, nos termos do caput do art. 173 da
Constituição Federal. CAPÍTULO II
§ 2º Depende de autorização legislativa a cria- DO REGIME SOCIETÁRIO DA EMPRESA PÚBLI-
ção de subsidiárias de empresa pública e de CA E DA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
sociedade de economia mista, assim como a Seção I
participação de qualquer delas em empresa priva- Das Normas Gerais
da, cujo objeto social deve estar relacionado ao da Art. 5º A sociedade de economia mista será
investidora, nos termos do inciso XX do art. 37 da constituída sob a forma de sociedade anônima
Constituição Federal. e, ressalvado o disposto nesta Lei, estará sujeita ao
§ 3º A autorização para participação em empresa regime previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
privada prevista no § 2º não se aplica a operações de 1976.
de tesouraria, adjudicação de ações em garantia e Art. 6º O estatuto da empresa pública, da socieda-
participações autorizadas pelo Conselho de Admi- de de economia mista e de suas subsidiárias deve-
nistração em linha com o plano de negócios da rá observar regras de governança corporativa, de
empresa pública, da sociedade de economia mista transparência e de estruturas, práticas de gestão de
e de suas respectivas subsidiárias. riscos e de controle interno, composição da admi-
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de nistração e, havendo acionistas, mecanismos para
228 personalidade jurídica de direito privado, com sua proteção, todos constantes desta Lei.
Art. 7º Aplicam-se a todas as empresas públicas, as II - ter seu custo e suas receitas discriminados e
sociedades de economia mista de capital fechado e divulgados de forma transparente, inclusive no pla-
as suas subsidiárias as disposições da Lei nº 6.404, no contábil.
de 15 de dezembro de 1976, e as normas da Comis- § 3º Além das obrigações contidas neste artigo,
são de Valores Mobiliários sobre escrituração e as sociedades de economia mista com registro na
elaboração de demonstrações financeiras, inclusive Comissão de Valores Mobiliários sujeitam-se ao
a obrigatoriedade de auditoria independente por regime informacional estabelecido por essa autar-
auditor registrado nesse órgão. quia e devem divulgar as informações previstas
Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de neste artigo na forma fixada em suas normas.
economia mista deverão observar, no mínimo, os § 4º Os documentos resultantes do cumprimen-
seguintes requisitos de transparência: to dos requisitos de transparência constantes dos
I - elaboração de carta anual, subscrita pelos incisos I a IX do caput deverão ser publicamen-
membros do Conselho de Administração, com a te divulgados na internet de forma permanente e
explicitação dos compromissos de consecução de cumulativa.
objetivos de políticas públicas pela empresa públi- Art. 9º A empresa pública e a sociedade de econo-
ca, pela sociedade de economia mista e por suas mia mista adotarão regras de estruturas e práticas
subsidiárias, em atendimento ao interesse coletivo de gestão de riscos e controle interno que abranjam:
ou ao imperativo de segurança nacional que justi- I - ação dos administradores e empregados, por
ficou a autorização para suas respectivas criações, meio da implementação cotidiana de práticas de
com definição clara dos recursos a serem empre- controle interno;
gados para esse fim, bem como dos impactos eco- II - área responsável pela verificação de cumpri-
nômico-financeiros da consecução desses objetivos, mento de obrigações e de gestão de riscos;
mensuráveis por meio de indicadores objetivos; III - auditoria interna e Comitê de Auditoria
II - adequação de seu estatuto social à autorização Estatutário.
legislativa de sua criação; § 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de
III - divulgação tempestiva e atualizada de informa- Conduta e Integridade, que disponha sobre:
ções relevantes, em especial as relativas a ativida- I - princípios, valores e missão da empresa pública
des desenvolvidas, estrutura de controle, fatores de e da sociedade de economia mista, bem como orien-
risco, dados econômico-financeiros, comentários tações sobre a prevenção de conflito de interesses e
dos administradores sobre o desempenho, políticas vedação de atos de corrupção e fraude;
e práticas de governança corporativa e descrição da II - instâncias internas responsáveis pela atualiza-
composição e da remuneração da administração; ção e aplicação do Código de Conduta e Integridade;
IV - elaboração e divulgação de política de divulga- III - canal de denúncias que possibilite o recebi-
ção de informações, em conformidade com a legis- mento de denúncias internas e externas relativas
lação em vigor e com as melhores práticas; ao descumprimento do Código de Conduta e Inte-
V - elaboração de política de distribuição de divi- gridade e das demais normas internas de ética e
dendos, à luz do interesse público que justificou a obrigacionais;
criação da empresa pública ou da sociedade de eco- IV - mecanismos de proteção que impeçam qual-
nomia mista; quer espécie de retaliação a pessoa que utilize o
VI - divulgação, em nota explicativa às demonstra- canal de denúncias;
ções financeiras, dos dados operacionais e financei- V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras
ros das atividades relacionadas à consecução dos do Código de Conduta e Integridade;
fins de interesse coletivo ou de segurança nacional; VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo
VII - elaboração e divulgação da política de tran- anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a
sações com partes relacionadas, em conformidade empregados e administradores, e sobre a política
com os requisitos de competitividade, conformida- de gestão de riscos, a administradores.
de, transparência, equidade e comutatividade, que § 2º A área responsável pela verificação de cumpri-
deverá ser revista, no mínimo, anualmente e apro- mento de obrigações e de gestão de riscos deverá
vada pelo Conselho de Administração; ser vinculada ao diretor-presidente e liderada por

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de diretor estatutário, devendo o estatuto social pre-
carta anual de governança corporativa, que conso- ver as atribuições da área, bem como estabelecer
lide em um único documento escrito, em linguagem mecanismos que assegurem atuação independente.
clara e direta, as informações de que trata o inciso § 3º A auditoria interna deverá:
III; I - ser vinculada ao Conselho de Administração,
IX - divulgação anual de relatório integrado ou de diretamente ou por meio do Comitê de Auditoria
sustentabilidade. Estatutário;
§ 1º O interesse público da empresa pública e da II - ser responsável por aferir a adequação do con-
sociedade de economia mista, respeitadas as razões trole interno, a efetividade do gerenciamento dos
que motivaram a autorização legislativa, manifes- riscos e dos processos de governança e a confiabili-
ta-se por meio do alinhamento entre seus objetivos dade do processo de coleta, mensuração, classifica-
e aqueles de políticas públicas, na forma explicita- ção, acumulação, registro e divulgação de eventos
da na carta anual a que se refere o inciso I do caput. e transações, visando ao preparo de demonstrações
§ 2º Quaisquer obrigações e responsabilidades que financeiras.
a empresa pública e a sociedade de economia mis- § 4º O estatuto social deverá prever, ainda, a pos-
ta que explorem atividade econômica assumam em sibilidade de que a área de compliance se reporte
condições distintas às de qualquer outra empresa diretamente ao Conselho de Administração em
do setor privado em que atuam deverão: situações em que se suspeite do envolvimento do
I - estar claramente definidas em lei ou regulamen- diretor-presidente em irregularidades ou quando
to, bem como previstas em contrato, convênio ou este se furtar à obrigação de adotar medidas neces-
ajuste celebrado com o ente público competente sárias em relação à situação a ele relatada.
para estabelecê-las, observada a ampla publicidade Art. 10 A empresa pública e a sociedade de econo-
desses instrumentos; mia mista deverão criar comitê estatutário para 229
verificar a conformidade do processo de indicação mista, de informação que possa causar impacto na
e de avaliação de membros para o Conselho de cotação dos títulos da empresa pública ou da socie-
Administração e para o Conselho Fiscal, com com- dade de economia mista e em suas relações com o
petência para auxiliar o acionista controlador na mercado ou com consumidores e fornecedores;
indicação desses membros. II - preservar a independência do Conselho de
Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das Administração no exercício de suas funções;
reuniões do comitê estatutário referido no caput III - observar a política de indicação na escolha dos
realizadas com o fim de verificar o cumprimento, administradores e membros do Conselho Fiscal.
pelos membros indicados, dos requisitos definidos Art. 15 O acionista controlador da empresa
na política de indicação, devendo ser registra- pública e da sociedade de economia mista res-
das as eventuais manifestações divergentes de ponderá pelos atos praticados com abuso de
conselheiros. poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezem-
Art. 11 A empresa pública não poderá: bro de 1976.
I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores § 1º A ação de reparação poderá ser proposta pela
mobiliários, conversíveis em ações; sociedade, nos termos do art. 246 da Lei no 6.404,
II - emitir partes beneficiárias. de 15 de dezembro de 1976, pelo terceiro prejudica-
Art. 12 A empresa pública e a sociedade de eco- do ou pelos demais sócios, independentemente de
nomia mista deverão: autorização da assembleia-geral de acionistas.
I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração § 2º Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da
dos administradores; prática do ato abusivo, a ação a que se refere o § 1º.
II - adequar constantemente suas práticas ao Códi- Seção III
go de Conduta e Integridade e a outras regras de Do Administrador
boa prática de governança corporativa, na forma Art. 16 Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o admi-
estabelecida na regulamentação desta Lei. nistrador de empresa pública e de sociedade de eco-
Parágrafo único. A sociedade de economia mista nomia mista é submetido às normas previstas na
poderá solucionar, mediante arbitragem, as diver- Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
gências entre acionistas e a sociedade, ou entre Parágrafo único. Consideram-se administradores
acionistas controladores e acionistas minoritários, da empresa pública e da sociedade de economia
nos termos previstos em seu estatuto social. mista os membros do Conselho de Administração
Art. 13 A lei que autorizar a criação da empresa e da diretoria.
pública e da sociedade de economia mista deverá Art. 17 Os membros do Conselho de Administração
dispor sobre as diretrizes e restrições a serem con-
e os indicados para os cargos de diretor, inclusive
sideradas na elaboração do estatuto da companhia,
presidente, diretor-geral e diretor-presidente, serão
em especial sobre:
escolhidos entre cidadãos de reputação ilibada e
I - constituição e funcionamento do Conselho de
de notório conhecimento, devendo ser atendidos,
Administração, observados o número mínimo de 7
alternativamente, um dos requisitos das alíneas
(sete) e o número máximo de 11 (onze) membros;
“a”, “b” e “c” do inciso I e, cumulativamente, os
II - requisitos específicos para o exercício do cargo
requisitos dos incisos II e III:
de diretor, observado o número mínimo de 3 (três)
I - ter experiência profissional de, no mínimo:
diretores;
a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área
III - avaliação de desempenho, individual e coletiva,
de atuação da empresa pública ou da sociedade de
de periodicidade anual, dos administradores e dos
economia mista ou em área conexa àquela para a qual
membros de comitês, observados os seguintes que-
forem indicados em função de direção superior; ou
sitos mínimos:
a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos
à licitude e à eficácia da ação administrativa; seguintes cargos:
b) contribuição para o resultado do exercício; 1. cargo de direção ou de chefia superior em empre-
c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano sa de porte ou objeto social semelhante ao da
de negócios e atendimento à estratégia de longo empresa pública ou da sociedade de economia mis-
prazo; ta, entendendo-se como cargo de chefia superior
IV - constituição e funcionamento do Conselho aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não
Fiscal, que exercerá suas atribuições de modo estatutários mais altos da empresa;
permanente; 2. cargo em comissão ou função de confiança equi-
V - constituição e funcionamento do Comitê de valente a DAS-4 ou superior, no setor público;
Auditoria Estatutário; 3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de
VI - prazo de gestão dos membros do Conselho de atuação da empresa pública ou da sociedade de
Administração e dos indicados para o cargo de economia mista;
diretor, que será unificado e não superior a 2 (dois) c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional
anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três) recon- liberal em atividade direta ou indiretamente vin-
duções consecutivas; culada à área de atuação da empresa pública ou
VII – (VETADO); sociedade de economia mista;
VIII - prazo de gestão dos membros do Conselho II - ter formação acadêmica compatível com o car-
Fiscal não superior a 2 (dois) anos, permitidas 2 go para o qual foi indicado; e
(duas) reconduções consecutivas. III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibili-
Seção II dade previstas nas alíneas do inciso I do caput do
Do Acionista Controlador art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de
Art. 14 O acionista controlador da empresa pública 1990, com as alterações introduzidas pela Lei Com-
e da sociedade de economia mista deverá: plementar nº 135, de 4 de junho de 2010.
I - fazer constar do Código de Conduta e Integri- § 1º O estatuto da empresa pública, da sociedade
dade, aplicável à alta administração, a vedação à de economia mista e de suas subsidiárias poderá
divulgação, sem autorização do órgão competente dispor sobre a contratação de seguro de responsa-
230 da empresa pública ou da sociedade de economia bilidade civil pelos administradores.
§ 2º É vedada a indicação, para o Conselho de para a prevenção e mitigação dos principais riscos
Administração e para a diretoria: a que está exposta a empresa pública ou a socieda-
I - de representante do órgão regulador ao qual a de de economia mista, inclusive os riscos relacio-
empresa pública ou a sociedade de economia mista nados à integridade das informações contábeis e
está sujeita, de Ministro de Estado, de Secretário de financeiras e os relacionados à ocorrência de cor-
Estado, de Secretário Municipal, de titular de car- rupção e fraude;
go, sem vínculo permanente com o serviço público, III - estabelecer política de porta-vozes visando a
de natureza especial ou de direção e assessoramen- eliminar risco de contradição entre informações
to superior na administração pública, de dirigente de diversas áreas e as dos executivos da empresa
estatutário de partido político e de titular de man- pública ou da sociedade de economia mista;
dato no Poder Legislativo de qualquer ente da fede- IV - avaliar os diretores da empresa pública ou da
ração, ainda que licenciados do cargo; sociedade de economia mista, nos termos do inciso
II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e III do art. 13, podendo contar com apoio metodoló-
seis) meses, como participante de estrutura decisó- gico e procedimental do comitê estatutário referido
ria de partido político ou em trabalho vinculado a no art. 10.
organização, estruturação e realização de campa- Art. 19 É garantida a participação, no Conselho de
nha eleitoral; Administração, de representante dos empregados e
III - de pessoa que exerça cargo em organização dos acionistas minoritários.
sindical; § 1º As normas previstas na Lei nº 12.353, de 28
IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou par- de dezembro de 2010, aplicam-se à participação
ceria, como fornecedor ou comprador, demandan- de empregados no Conselho de Administração da
te ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer empresa pública, da sociedade de economia mista
natureza, com a pessoa político-administrativa e de suas subsidiárias e controladas e das demais
controladora da empresa pública ou da sociedade empresas em que a União, direta ou indiretamente,
de economia mista ou com a própria empresa ou detenha a maioria do capital social com direito a
sociedade em período inferior a 3 (três) anos antes voto.
da data de nomeação; § 2º É assegurado aos acionistas minoritários o
V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer for- direito de eleger 1 (um) conselheiro, se maior núme-
ma de conflito de interesse com a pessoa político- ro não lhes couber pelo processo de voto múltiplo
-administrativa controladora da empresa pública previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
ou da sociedade de economia mista ou com a pró- Art. 20 É vedada a participação remunerada de
pria empresa ou sociedade.
membros da administração pública, direta ou indi-
§ 3º A vedação prevista no inciso I do § 2º esten-
reta, em mais de 2 (dois) conselhos, de administra-
de-se também aos parentes consanguíneos ou afins
ção ou fiscal, de empresa pública, de sociedade de
até o terceiro grau das pessoas nele mencionadas.
economia mista ou de suas subsidiárias.
§ 4º Os administradores eleitos devem participar,
Art. 21 (VETADO).
na posse e anualmente, de treinamentos específicos
Parágrafo único. (VETADO).
sobre legislação societária e de mercado de capi-
Seção V
tais, divulgação de informações, controle interno,
Do Membro Independente do Conselho de
código de conduta, a Lei nº 12.846, de 1º de agosto
Administração
de 2013 (Lei Anticorrupção), e demais temas rela-
Art. 22 O Conselho de Administração deve ser com-
cionados às atividades da empresa pública ou da
posto, no mínimo, por 25% (vinte e cinco por cento)
sociedade de economia mista.
de membros independentes ou por pelo menos 1
§ 5º Os requisitos previstos no inciso I do caput
poderão ser dispensados no caso de indicação de (um), caso haja decisão pelo exercício da faculdade
empregado da empresa pública ou da sociedade de do voto múltiplo pelos acionistas minoritários, nos
economia mista para cargo de administrador ou termos do art. 141 da Lei nº 6.404, de 15 de dezem-
como membro de comitê, desde que atendidos os bro de 1976.
seguintes quesitos mínimos: § 1º O conselheiro independente caracteriza-se por:

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


I - o empregado tenha ingressado na empresa públi- I - não ter qualquer vínculo com a empresa pública
ca ou na sociedade de economia mista por meio de ou a sociedade de economia mista, exceto partici-
concurso público de provas ou de provas e títulos; pação de capital;
II - o empregado tenha mais de 10 (dez) anos de tra- II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou
balho efetivo na empresa pública ou na sociedade afim, até o terceiro grau ou por adoção, de chefe do
de economia mista; Poder Executivo, de Ministro de Estado, de Secre-
III - o empregado tenha ocupado cargo na gestão tário de Estado ou Município ou de administrador
superior da empresa pública ou da sociedade de da empresa pública ou da sociedade de economia
economia mista, comprovando sua capacidade mista;
para assumir as responsabilidades dos cargos de III - não ter mantido, nos últimos 3 (três) anos,
que trata o caput. vínculo de qualquer natureza com a empresa
Seção IV pública, a sociedade de economia mista ou seus
Do Conselho de Administração controladores, que possa vir a comprometer sua
Art. 18 Sem prejuízo das competências previstas no independência;
art. 142 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, IV - não ser ou não ter sido, nos últimos 3 (três)
e das demais atribuições previstas nesta Lei, com- anos, empregado ou diretor da empresa pública, da
pete ao Conselho de Administração: sociedade de economia mista ou de sociedade con-
I - discutir, aprovar e monitorar decisões envolven- trolada, coligada ou subsidiária da empresa públi-
do práticas de governança corporativa, relaciona- ca ou da sociedade de economia mista, exceto se o
mento com partes interessadas, política de gestão vínculo for exclusivamente com instituições públi-
de pessoas e código de conduta dos agentes; cas de ensino ou pesquisa;
II - implementar e supervisionar os sistemas de V - não ser fornecedor ou comprador, direto ou indi-
gestão de riscos e de controle interno estabelecidos reto, de serviços ou produtos da empresa pública 231
ou da sociedade de economia mista, de modo a I - opinar sobre a contratação e destituição de audi-
implicar perda de independência; tor independente;
VI - não ser funcionário ou administrador de socie- II - supervisionar as atividades dos auditores inde-
dade ou entidade que esteja oferecendo ou deman- pendentes, avaliando sua independência, a quali-
dando serviços ou produtos à empresa pública ou à dade dos serviços prestados e a adequação de tais
sociedade de economia mista, de modo a implicar serviços às necessidades da empresa pública ou da
perda de independência; sociedade de economia mista;
VII - não receber outra remuneração da empresa III - supervisionar as atividades desenvolvidas
pública ou da sociedade de economia mista além nas áreas de controle interno, de auditoria inter-
daquela relativa ao cargo de conselheiro, à exceção na e de elaboração das demonstrações financeiras
de proventos em dinheiro oriundos de participação da empresa pública ou da sociedade de economia
no capital. mista;
§ 2º Quando, em decorrência da observância do IV - monitorar a qualidade e a integridade dos
percentual mencionado no caput, resultar número mecanismos de controle interno, das demonstra-
fracionário de conselheiros, proceder-se-á ao arre- ções financeiras e das informações e medições
dondamento para o número inteiro: divulgadas pela empresa pública ou pela sociedade
I - imediatamente superior, quando a fração for de economia mista;
igual ou superior a 0,5 (cinco décimos); V - avaliar e monitorar exposições de risco da
II - imediatamente inferior, quando a fração for empresa pública ou da sociedade de economia mis-
inferior a 0,5 (cinco décimos). ta, podendo requerer, entre outras, informações
§ 3º Não serão consideradas, para o cômputo das detalhadas sobre políticas e procedimentos refe-
vagas destinadas a membros independentes, aque- rentes a:
las ocupadas pelos conselheiros eleitos por empre- a) remuneração da administração;
gados, nos termos do § 1º do art. 19. b) utilização de ativos da empresa pública ou da
§ 4º Serão consideradas, para o cômputo das vagas sociedade de economia mista;
destinadas a membros independentes, aquelas c) gastos incorridos em nome da empresa pública
ocupadas pelos conselheiros eleitos por acionistas ou da sociedade de economia mista;
minoritários, nos termos do § 2º do art. 19. VI - avaliar e monitorar, em conjunto com a admi-
§ 5º (VETADO). nistração e a área de auditoria interna, a adequa-
Seção VI ção das transações com partes relacionadas;
Da Diretoria VII - elaborar relatório anual com informações
Art. 23 É condição para investidura em cargo de sobre as atividades, os resultados, as conclusões
diretoria da empresa pública e da sociedade de e as recomendações do Comitê de Auditoria Esta-
economia mista a assunção de compromisso com tutário, registrando, se houver, as divergências
metas e resultados específicos a serem alcança- significativas entre administração, auditoria inde-
dos, que deverá ser aprovado pelo Conselho de pendente e Comitê de Auditoria Estatutário em
Administração, a quem incumbe fiscalizar seu relação às demonstrações financeiras;
cumprimento. VIII - avaliar a razoabilidade dos parâmetros em
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, a diretoria que se fundamentam os cálculos atuariais, bem
deverá apresentar, até a última reunião ordinária como o resultado atuarial dos planos de benefícios
do Conselho de Administração do ano anterior, a mantidos pelo fundo de pensão, quando a empre-
quem compete sua aprovação: sa pública ou a sociedade de economia mista for
I - plano de negócios para o exercício anual seguinte; patrocinadora de entidade fechada de previdência
II - estratégia de longo prazo atualizada com aná- complementar.
lise de riscos e oportunidades para, no mínimo, os § 2º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá pos-
próximos 5 (cinco) anos. suir meios para receber denúncias, inclusive sigi-
§ 2º Compete ao Conselho de Administração, sob losas, internas e externas à empresa pública ou à
pena de seus integrantes responderem por omis- sociedade de economia mista, em matérias relacio-
são, promover anualmente análise de atendimento nadas ao escopo de suas atividades.
das metas e resultados na execução do plano de § 3º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se
negócios e da estratégia de longo prazo, devendo reunir quando necessário, no mínimo bimestral-
publicar suas conclusões e informá-las ao Congres- mente, de modo que as informações contábeis
so Nacional, às Assembleias Legislativas, à Câma- sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação.
ra Legislativa do Distrito Federal ou às Câmaras § 4º A empresa pública e a sociedade de economia
Municipais e aos respectivos tribunais de contas, mista deverão divulgar as atas das reuniões do
quando houver. Comitê de Auditoria Estatutário.
§ 3º Excluem-se da obrigação de publicação a que § 5º Caso o Conselho de Administração considere
se refere o § 2º as informações de natureza estraté- que a divulgação da ata possa pôr em risco interes-
gica cuja divulgação possa ser comprovadamente se legítimo da empresa pública ou da sociedade de
prejudicial ao interesse da empresa pública ou da economia mista, a empresa pública ou a sociedade
sociedade de economia mista. de economia mista divulgará apenas o extrato das
Seção VII atas.
Do Comitê de Auditoria Estatutário § 6º A restrição prevista no § 5º não será oponível
Art. 24 A empresa pública e a sociedade de econo- aos órgãos de controle, que terão total e irrestrito
mia mista deverão possuir em sua estrutura socie- acesso ao conteúdo das atas do Comitê de Audito-
tária Comitê de Auditoria Estatutário como órgão ria Estatutário, observada a transferência de sigilo.
auxiliar do Conselho de Administração, ao qual se § 7º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá
reportará diretamente. possuir autonomia operacional e dotação orça-
§ 1º Competirá ao Comitê de Auditoria Estatutário, mentária, anual ou por projeto, dentro de limites
sem prejuízo de outras competências previstas no aprovados pelo Conselho de Administração, para
estatuto da empresa pública ou da sociedade de conduzir ou determinar a realização de consultas,
232 economia mista: avaliações e investigações dentro do escopo de suas
atividades, inclusive com a contratação e utilização § 1º A realização do interesse coletivo de que tra-
de especialistas externos independentes. ta este artigo deverá ser orientada para o alcance
Art. 25. O Comitê de Auditoria Estatutário será do bem-estar econômico e para a alocação social-
integrado por, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 mente eficiente dos recursos geridos pela empresa
(cinco) membros, em sua maioria independentes. pública e pela sociedade de economia mista, bem
§ 1º São condições mínimas para integrar o Comitê como para o seguinte:
de Auditoria Estatutário: I - ampliação economicamente sustentada do
I - não ser ou ter sido, nos 12 (doze) meses anterio- acesso de consumidores aos produtos e serviços
res à nomeação para o Comitê: da empresa pública ou da sociedade de economia
a) diretor, empregado ou membro do conselho fiscal mista;
da empresa pública ou sociedade de economia mis- II - desenvolvimento ou emprego de tecnologia
ta ou de sua controladora, controlada, coligada ou brasileira para produção e oferta de produtos e
sociedade em controle comum, direta ou indireta; serviços da empresa pública ou da sociedade de
b) responsável técnico, diretor, gerente, supervisor economia mista, sempre de maneira economica-
ou qualquer outro integrante com função de gerên- mente justificada.
cia de equipe envolvida nos trabalhos de audito- § 2º A empresa pública e a sociedade de economia
ria na empresa pública ou sociedade de economia mista deverão, nos termos da lei, adotar práticas
mista; de sustentabilidade ambiental e de responsabilida-
II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou de social corporativa compatíveis com o mercado
afim, até o segundo grau ou por adoção, das pes- em que atuam.
soas referidas no inciso I; § 3º A empresa pública e a sociedade de economia
III - não receber qualquer outro tipo de remunera- mista poderão celebrar convênio ou contrato de
ção da empresa pública ou sociedade de economia patrocínio com pessoa física ou com pessoa jurídi-
mista ou de sua controladora, controlada, coligada ca para promoção de atividades culturais, sociais,
ou sociedade em controle comum, direta ou indire- esportivas, educacionais e de inovação tecnológica,
ta, que não seja aquela relativa à função de inte- desde que comprovadamente vinculadas ao fortale-
grante do Comitê de Auditoria Estatutário; cimento de sua marca, observando-se, no que cou-
IV - não ser ou ter sido ocupante de cargo públi- ber, as normas de licitação e contratos desta Lei.
co efetivo, ainda que licenciado, ou de cargo em TÍTULO II
comissão da pessoa jurídica de direito público que DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS
exerça o controle acionário da empresa pública ou PÚBLICAS, ÀS SOCIEDADES DE ECONOMIA
sociedade de economia mista, nos 12 (doze) meses MISTA E ÀS SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE EXPLO-
anteriores à nomeação para o Comitê de Auditoria REM ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO
Estatutário. OU COMERCIALIZAÇÃO DE BENS OU DE PRES-
§ 2º Ao menos 1 (um) dos membros do Comitê de TAÇÃO DE SERVIÇOS, AINDA QUE A ATIVIDADE
Auditoria Estatutário deve ter reconhecida expe- ECONÔMICA ESTEJA SUJEITA AO REGIME DE
riência em assuntos de contabilidade societária. MONOPÓLIO DA UNIÃO OU SEJA DE PRESTA-
§ 3º O atendimento às previsões deste artigo deve ÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS.
ser comprovado por meio de documentação man- CAPÍTULO I
tida na sede da empresa pública ou sociedade de DAS LICITAÇÕES
economia mista pelo prazo mínimo de 5 (cinco) Seção I
anos, contado a partir do último dia de mandato do Da Exigência de Licitação e dos Casos de Dis-
membro do Comitê de Auditoria Estatutário. pensa e de Inexigibilidade
Seção VIII Art. 28 Os contratos com terceiros destinados
Do Conselho Fiscal à prestação de serviços às empresas públicas
Art. 26 Além das normas previstas nesta Lei, e às sociedades de economia mista, inclusive
aplicam-se aos membros do Conselho Fiscal da de engenharia e de publicidade, à aquisição
empresa pública e da sociedade de economia mista e à locação de bens, à alienação de bens e ati-
as disposições previstas na Lei nº 6.404, de 15 de vos integrantes do respectivo patrimônio ou à

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


dezembro de 1976, relativas a seus poderes, deveres execução de obras a serem integradas a esse
e responsabilidades, a requisitos e impedimentos patrimônio, bem como à implementação de
para investidura e a remuneração, além de outras ônus real sobre tais bens, serão precedidos
disposições estabelecidas na referida Lei. de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as
§ 1º Podem ser membros do Conselho Fiscal pes- hipóteses previstas nos arts. 29 e 30. (Vide Lei nº
soas naturais, residentes no País, com formação 14.002, de 2020)
acadêmica compatível com o exercício da função e § 1º Aplicam-se às licitações das empresas públicas
que tenham exercido, por prazo mínimo de 3 (três) e das sociedades de economia mista as disposições
anos, cargo de direção ou assessoramento na admi- constantes dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar
nistração pública ou cargo de conselheiro fiscal ou nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
administrador em empresa. § 2º O convênio ou contrato de patrocínio celebrado
§ 2º O Conselho Fiscal contará com pelo menos 1 com pessoas físicas ou jurídicas de que trata o § 3º
(um) membro indicado pelo ente controlador, que do art. 27 observará, no que couber, as normas de
deverá ser servidor público com vínculo permanen- licitação e contratos desta Lei.
te com a administração pública. § 3º São as empresas públicas e as sociedades de
CAPÍTULO III economia mista dispensadas da observância dos
DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA PÚBLICA E dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
DA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA I - comercialização, prestação ou execução, de for-
Art. 27 A empresa pública e a sociedade de econo- ma direta, pelas empresas mencionadas no caput,
mia mista terão a função social de realização do de produtos, serviços ou obras especificamente
interesse coletivo ou de atendimento a imperativo relacionados com seus respectivos objetos sociais;
da segurança nacional expressa no instrumento de II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja
autorização legal para a sua criação. associada a suas características particulares, 233
vinculada a oportunidades de negócio definidas e suprimento de energia elétrica ou gás natural
específicas, justificada a inviabilidade de procedi- e de outras prestadoras de serviço público, segun-
mento competitivo. do as normas da legislação específica, desde que o
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que objeto do contrato tenha pertinência com o serviço
se refere o inciso II do § 3º a formação e a extin- público.
ção de parcerias e outras formas associativas, XI - nas contratações entre empresas públicas
societárias ou contratuais, a aquisição e a aliena- ou sociedades de economia mista e suas res-
ção de participação em sociedades e outras formas pectivas subsidiárias, para aquisição ou aliena-
associativas, societárias ou contratuais e as ope- ção de bens e prestação ou obtenção de serviços,
rações realizadas no âmbito do mercado de capi- desde que os preços sejam compatíveis com os
tais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão praticados no mercado e que o objeto do contrato
competente. tenha relação com a atividade da contratada pre-
Art. 29 É dispensável a realização de licitação vista em seu estatuto social;
por empresas públicas e sociedades de econo- XII - na contratação de coleta, processamento e
mia mista: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) comercialização de resíduos sólidos urbanos
I - para obras e serviços de engenharia de valor recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com siste-
até R$ 100.000,00 (cem mil reais), desde que não se ma de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa-
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ções ou cooperativas formadas exclusivamente por
ou ainda a obras e serviços de mesma natureza e no pessoas físicas de baixa renda que tenham como
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e ocupação econômica a coleta de materiais reciclá-
concomitantemente; veis, com o uso de equipamentos compatíveis com
II - para outros serviços e compras de valor até as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e para aliena- XIII - para o fornecimento de bens e serviços,
ções, nos casos previstos nesta Lei, desde que não produzidos ou prestados no País, que envolvam,
se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra cumulativamente, alta complexidade tecnoló-
ou alienação de maior vulto que possa ser realiza- gica e defesa nacional, mediante parecer de
do de uma só vez; comissão especialmente designada pelo dirigente
III - quando não acudirem interessados à licitação máximo da empresa pública ou da sociedade de
anterior e essa, justificadamente, não puder ser economia mista;
repetida sem prejuízo para a empresa pública ou a XIV - nas contratações visando ao cumprimento do
sociedade de economia mista, bem como para suas disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973,
respectivas subsidiárias, desde que mantidas as de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios
condições preestabelecidas; gerais de contratação dela constantes;
IV - quando as propostas apresentadas consig- XV - em situações de emergência, quando carac-
narem preços manifestamente superiores aos terizada urgência de atendimento de situação que
praticados no mercado nacional ou incompatíveis possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segu-
com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; rança de pessoas, obras, serviços, equipamentos
V - para a compra ou locação de imóvel destina- e outros bens, públicos ou particulares, e somen-
do ao atendimento de suas finalidades precípuas, te para os bens necessários ao atendimento da
quando as necessidades de instalação e localiza- situação emergencial e para as parcelas de obras
ção condicionarem a escolha do imóvel, desde que e serviços que possam ser concluídas no prazo
o preço seja compatível com o valor de mercado, máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecuti-
segundo avaliação prévia; vos e ininterruptos, contado da ocorrência da
VI - na contratação de remanescente de obra, emergência, vedada a prorrogação dos respecti-
de serviço ou de fornecimento, em consequên- vos contratos, observado o disposto no § 2º;
cia de rescisão contratual, desde que atendida a XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades
ordem de classificação da licitação anterior e acei- da administração pública, inclusive quando efetiva-
tas as mesmas condições do contrato encerrado da mediante permuta;
por rescisão ou distrato, inclusive quanto ao preço, XVII - na doação de bens móveis para fins e
devidamente corrigido; usos de interesse social, após avaliação de sua
VII - na contratação de instituição brasileira incum- oportunidade e conveniência socioeconômica rela-
bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, tivamente à escolha de outra forma de alienação;
do ensino ou do desenvolvimento institucional ou XVIII - na compra e venda de ações, de títulos
de instituição dedicada à recuperação social do de crédito e de dívida e de bens que produzam ou
preso, desde que a contratada detenha inquestio- comercializem.
nável reputação ético-profissional e não tenha fins § 1º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar
lucrativos; a contratação nos termos do inciso VI do caput, a
VIII - para a aquisição de componentes ou peças empresa pública e a sociedade de economia mista
de origem nacional ou estrangeira necessários à poderão convocar os licitantes remanescentes, na
manutenção de equipamentos durante o período ordem de classificação, para a celebração do con-
de garantia técnica, junto ao fornecedor origi- trato nas condições ofertadas por estes, desde que o
nal desses equipamentos, quando tal condição de respectivo valor seja igual ou inferior ao orçamen-
exclusividade for indispensável para a vigência da to estimado para a contratação, inclusive quanto
garantia; aos preços atualizados nos termos do instrumento
IX - na contratação de associação de pessoas convocatório.
com deficiência física, sem fins lucrativos e de § 2º A contratação direta com base no inciso XV do
comprovada idoneidade, para a prestação de caput não dispensará a responsabilização de quem,
serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que por ação ou omissão, tenha dado causa ao motivo
o preço contratado seja compatível com o pratica- ali descrito, inclusive no tocante ao disposto na Lei
do no mercado; nº 8.429, de 2 de junho de 1992.
X - na contratação de concessionário, permis- § 3º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do
234 sionário ou autorizado para fornecimento ou caput podem ser alterados, para refletir a variação
de custos, por deliberação do Conselho de Adminis- a licitação ou a contratação for por preços unitá-
tração da empresa pública ou sociedade de econo- rios de serviço, ou ao valor global do objeto, se a
mia mista, admitindo-se valores diferenciados para licitação ou a contratação for por preço global ou
cada sociedade. por empreitada;
Art. 30 A CONTRATAÇÃO DIRETA será feita II - superfaturamento quando houver dano ao
quando houver inviabilidade de competição, patrimônio da empresa pública ou da sociedade de
em especial na hipótese de: (Vide Lei nº 14.002, de economia mista caracterizado, por exemplo:
2020) a) pela medição de quantidades superiores às efeti-
I - aquisição de materiais, equipamentos ou vamente executadas ou fornecidas;
gêneros que só possam ser fornecidos por produ- b) pela deficiência na execução de obras e serviços
tor, empresa ou representante comercial exclusivo; de engenharia que resulte em diminuição da quali-
II - contratação dos seguintes serviços técnicos dade, da vida útil ou da segurança;
especializados, com profissionais ou empresas de c) por alterações no orçamento de obras e de ser-
notória especialização, vedada a inexigibilida- viços de engenharia que causem o desequilíbrio
de para serviços de publicidade e divulgação: econômico-financeiro do contrato em favor do
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos bási- contratado;
cos ou executivos; d) por outras alterações de cláusulas financeiras
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; que gerem recebimentos contratuais antecipados,
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias distorção do cronograma físico-financeiro, prorro-
financeiras ou tributárias; gação injustificada do prazo contratual com custos
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de adicionais para a empresa pública ou a sociedade
obras ou serviços; de economia mista ou reajuste irregular de preços.
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou § 2º O orçamento de referência do custo global de
administrativas; obras e serviços de engenharia deverá ser obtido a
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; partir de custos unitários de insumos ou serviços
g) restauração de obras de arte e bens de valor menores ou iguais à mediana de seus correspon-
histórico. dentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
§ 1º Considera-se de notória especialização e Índices da Construção Civil (Sinapi), no caso de
o profissional ou a empresa cujo conceito no construção civil em geral, ou no Sistema de Custos
campo de sua especialidade, decorrente de Referenciais de Obras (Sicro), no caso de obras e
desempenho anterior, estudos, experiência, publi- serviços rodoviários, devendo ser observadas as
cações, organização, aparelhamento, equipe téc-
peculiaridades geográficas.
nica ou outros requisitos relacionados com suas
§ 3º No caso de inviabilidade da definição dos cus-
atividades, permita inferir que o seu trabalho é
tos consoante o disposto no § 2º, a estimativa de
essencial e indiscutivelmente o mais adequado
custo global poderá ser apurada por meio da uti-
à plena satisfação do objeto do contrato.
lização de dados contidos em tabela de referência
§ 2º Na hipótese do caput e em qualquer dos casos
formalmente aprovada por órgãos ou entidades da
de dispensa, se comprovado, pelo órgão de controle
administração pública federal, em publicações téc-
externo, sobrepreço ou superfaturamento, respon-
nicas especializadas, em banco de dados e sistema
dem solidariamente pelo dano causado quem hou-
específico instituído para o setor ou em pesquisa de
ver decidido pela contratação direta e o fornecedor
mercado.
ou o prestador de serviços.
§ 4º A empresa pública e a sociedade de economia
§ 3º O processo de contratação direta será instruí-
mista poderão adotar procedimento de manifesta-
do, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou ção de interesse privado para o recebimento de pro-
calamitosa que justifique a dispensa, quando for postas e projetos de empreendimentos com vistas
o caso; a atender necessidades previamente identificadas,
II - razão da escolha do fornecedor ou do cabendo a regulamento a definição de suas regras
executante; específicas.

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


III - justificativa do preço. § 5º Na hipótese a que se refere o § 4º, o autor ou
Seção II financiador do projeto poderá participar da licita-
Disposições de Caráter Geral sobre Licitações ção para a execução do empreendimento, podendo
e Contratos ser ressarcido pelos custos aprovados pela empre-
Art. 31 As licitações realizadas e os contratos cele- sa pública ou sociedade de economia mista caso
brados por empresas públicas e sociedades de eco- não vença o certame, desde que seja promovida a
nomia mista destinam-se a assegurar a seleção da cessão de direitos de que trata o art. 80.
proposta mais vantajosa, inclusive no que se refere Art. 32 Nas licitações e contratos de que trata
ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em esta Lei serão observadas as seguintes DIRE-
que se caracterize sobrepreço ou superfaturamen- TRIZES: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
to, devendo observar os princípios da impessoali- I - padronização do objeto da contratação, dos
dade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, instrumentos convocatórios e das minutas de con-
da eficiência, da probidade administrativa, da eco- tratos, de acordo com normas internas específicas;
nomicidade, do desenvolvimento nacional susten- II - busca da maior vantagem competitiva para
tável, da vinculação ao instrumento convocatório, a empresa pública ou sociedade de economia
da obtenção de competitividade e do julgamento mista, considerando custos e benefícios, diretos e
objetivo. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) indiretos, de natureza econômica, social ou ambien-
§ 1º Para os fins do disposto no caput, considera-se tal, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazi-
que há: mento de bens e resíduos, ao índice de depreciação
I - sobrepreço quando os preços orçados para a lici- econômica e a outros fatores de igual relevância;
tação ou os preços contratados são expressivamen- III - parcelamento do objeto, visando a ampliar
te superiores aos preços referenciais de mercado, a participação de licitantes, sem perda de eco-
podendo referir-se ao valor unitário de um item, se nomia de escala, e desde que não atinja valores 235
inferiores aos limites estabelecidos no art. 29, inci- será disponibilizada a órgãos de controle externo e
sos I e II; interno, devendo a empresa pública ou a sociedade
IV - adoção preferencial da modalidade de lici- de economia mista registrar em documento formal
tação denominada pregão, instituída pela Lei sua disponibilização aos órgãos de controle, sem-
nº 10.520, de 17 de julho de 2002, para a aquisição pre que solicitado.
de bens e serviços comuns, assim considerados § 4º (VETADO).
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade Art. 35 Observado o disposto no art. 34, o conteú-
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por do da proposta, quando adotado o modo de disputa
meio de especificações usuais no mercado; fechado e até sua abertura, os atos e os procedimen-
V - observação da política de integridade nas tos praticados em decorrência desta Lei submetem-
transações com partes interessadas. -se à legislação que regula o acesso dos cidadãos
§ 1º As licitações e os contratos disciplinados por às informações detidas pela administração pública,
esta Lei devem respeitar, especialmente, as normas particularmente aos termos da Lei nº 12.527, de 18
relativas à: de novembro de 2011, (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - disposição final ambientalmente adequada dos Art. 36 A empresa pública e a sociedade de econo-
resíduos sólidos gerados pelas obras contratadas; mia mista poderão promover a pré-qualificação de
II - mitigação dos danos ambientais por meio de seus fornecedores ou produtos, nos termos do art.
medidas condicionantes e de compensação ambien- 64. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
tal, que serão definidas no procedimento de licen- Art. 37 A empresa pública e a sociedade de econo-
ciamento ambiental; mia mista deverão informar os dados relativos às
III - utilização de produtos, equipamentos e servi- sanções por elas aplicadas aos contratados, nos
ços que, comprovadamente, reduzam o consumo de termos definidos no art. 83, de forma a manter
energia e de recursos naturais; atualizado o cadastro de empresas inidôneas de
IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma que trata o art. 23 da Lei nº 12.846, de 1º de agosto
da legislação urbanística; de 2013. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
V - proteção do patrimônio cultural, histórico, § 1º O fornecedor incluído no cadastro referido no
arqueológico e imaterial, inclusive por meio da caput não poderá disputar licitação ou participar,
avaliação do impacto direto ou indireto causado direta ou indiretamente, da execução de contrato.
por investimentos realizados por empresas públi- § 2º Serão excluídos do cadastro referido no caput,
cas e sociedades de economia mista; a qualquer tempo, fornecedores que demonstrarem
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou a superação dos motivos que deram causa à restri-
com mobilidade reduzida. ção contra eles promovida.
§ 2º A contratação a ser celebrada por empresa Art. 38 Estará impedida de participar de licita-
pública ou sociedade de economia mista da qual ções e de ser contratada pela empresa pública
decorra impacto negativo sobre bens do patrimônio ou sociedade de economia mista a empresa:
cultural, histórico, arqueológico e imaterial tomba- I - cujo administrador ou sócio detentor de mais de
dos dependerá de autorização da esfera de governo 5% (cinco por cento) do capital social seja diretor
encarregada da proteção do respectivo patrimônio, ou empregado da empresa pública ou sociedade de
devendo o impacto ser compensado por meio de economia mista contratante;
medidas determinadas pelo dirigente máximo da II - suspensa pela empresa pública ou sociedade de
empresa pública ou sociedade de economia mista, economia mista;
na forma da legislação aplicável. III - declarada inidônea pela União, por Estado, pelo
§ 3º As licitações na modalidade de pregão, na forma Distrito Federal ou pela unidade federativa a que está
eletrônica, deverão ser realizadas exclusivamente em vinculada a empresa pública ou sociedade de econo-
portais de compras de acesso público na internet. mia mista, enquanto perdurarem os efeitos da sanção;
§ 4º Nas licitações com etapa de lances, a empresa IV - constituída por sócio de empresa que estiver
pública ou sociedade de economia mista disponibi- suspensa, impedida ou declarada inidônea;
lizará ferramentas eletrônicas para envio de lances V - cujo administrador seja sócio de empresa sus-
pelos licitantes. pensa, impedida ou declarada inidônea;
Art. 33 O objeto da licitação e do contrato dela VI - constituída por sócio que tenha sido sócio ou
decorrente será definido de forma sucinta e clara administrador de empresa suspensa, impedida ou
no instrumento convocatório. (Vide Lei nº 14.002, declarada inidônea, no período dos fatos que deram
de 2020) ensejo à sanção;
Art. 34 O valor estimado do contrato a ser cele- VII - cujo administrador tenha sido sócio ou admi-
brado pela empresa pública ou pela sociedade de nistrador de empresa suspensa, impedida ou decla-
economia mista será sigiloso, facultando-se à con- rada inidônea, no período dos fatos que deram
tratante, mediante justificação na fase de prepara- ensejo à sanção;
ção prevista no inciso I do art. 51 desta Lei, conferir VIII - que tiver, nos seus quadros de diretoria, pes-
publicidade ao valor estimado do objeto da licita- soa que participou, em razão de vínculo de mesma
ção, sem prejuízo da divulgação do detalhamento natureza, de empresa declarada inidônea.
dos quantitativos e das demais informações neces- Parágrafo único. Aplica-se a vedação prevista no
sárias para a elaboração das propostas. (Vide Lei caput:
nº 14.002, de 2020) I - à contratação do próprio empregado ou dirigen-
§ 1º Na hipótese em que for adotado o critério de te, como pessoa física, bem como à participação
julgamento por maior desconto, a informação de dele em procedimentos licitatórios, na condição de
que trata o caput deste artigo constará do instru- licitante;
mento convocatório. II - a quem tenha relação de parentesco, até o tercei-
§ 2º No caso de julgamento por melhor técnica, o ro grau civil, com:
valor do prêmio ou da remuneração será incluído a) dirigente de empresa pública ou sociedade de
no instrumento convocatório. economia mista;
§ 3º A informação relativa ao valor estimado do b) empregado de empresa pública ou sociedade
236 objeto da licitação, ainda que tenha caráter sigiloso, de economia mista cujas atribuições envolvam
a atuação na área responsável pela licitação ou de obras, serviços e instalações necessárias, sob
contratação; inteira responsabilidade da contratada até a sua
c) autoridade do ente público a que a empresa entrega ao contratante em condições de entrada
pública ou sociedade de economia mista esteja em operação, atendidos os requisitos técnicos e
vinculada. legais para sua utilização em condições de segu-
III - cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, rança estrutural e operacional e com as caracte-
tenha terminado seu prazo de gestão ou rompido rísticas adequadas às finalidades para as quais foi
seu vínculo com a respectiva empresa pública ou contratada;
sociedade de economia mista promotora da licita- V - contratação semi-integrada: contratação que
ção ou contratante há menos de 6 (seis) meses. envolve a elaboração e o desenvolvimento do pro-
Art. 39 Os procedimentos licitatórios, a pré-qua- jeto executivo, a execução de obras e serviços de
lificação e os contratos disciplinados por esta Lei engenharia, a montagem, a realização de testes, a
serão divulgados em portal específico mantido pela pré-operação e as demais operações necessárias e
empresa pública ou sociedade de economia mista suficientes para a entrega final do objeto, de acordo
na internet, devendo ser adotados os seguintes pra- com o estabelecido nos §§ 1º e 3º deste artigo;
zos mínimos para apresentação de propostas ou VI - contratação integrada: contratação que envol-
lances, contados a partir da divulgação do instru- ve a elaboração e o desenvolvimento dos projetos
mento convocatório: básico e executivo, a execução de obras e serviços
I - para aquisição de bens: de engenharia, a montagem, a realização de testes,
a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotado como cri- a pré-operação e as demais operações necessárias e
tério de julgamento o menor preço ou o maior suficientes para a entrega final do objeto, de acordo
desconto; com o estabelecido nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo;
b) 10 (dez) dias úteis, nas demais hipóteses; VII - anteprojeto de engenharia: peça técnica com
II - para contratação de obras e serviços: todos os elementos de contornos necessários e fun-
a) 15 (quinze) dias úteis, quando adotado como damentais à elaboração do projeto básico, devendo
critério de julgamento o menor preço ou o maior conter minimamente os seguintes elementos:
desconto; a) demonstração e justificativa do programa de
b) 30 (trinta) dias úteis, nas demais hipóteses; necessidades, visão global dos investimentos e defi-
III - no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias úteis para nições relacionadas ao nível de serviço desejado;
licitação em que se adote como critério de julga- b) condições de solidez, segurança e durabilidade e
mento a melhor técnica ou a melhor combinação prazo de entrega;
de técnica e preço, bem como para licitação em que c) estética do projeto arquitetônico;
haja contratação semi-integrada ou integrada. d) parâmetros de adequação ao interesse público,
Parágrafo único. As modificações promovidas no à economia na utilização, à facilidade na execução,
instrumento convocatório serão objeto de divulga- aos impactos ambientais e à acessibilidade;
ção nos mesmos termos e prazos dos atos e proce- e) concepção da obra ou do serviço de engenharia;
dimentos originais, exceto quando a alteração não f) projetos anteriores ou estudos preliminares que
afetar a preparação das propostas. embasaram a concepção adotada;
Art. 40 As empresas públicas e as sociedades de g) levantamento topográfico e cadastral;
economia mista deverão publicar e manter atuali- h) pareceres de sondagem;
zado regulamento interno de licitações e contratos, i) memorial descritivo dos elementos da edificação,
compatível com o disposto nesta Lei, especialmente dos componentes construtivos e dos materiais de
quanto a: construção, de forma a estabelecer padrões míni-
I - glossário de expressões técnicas; mos para a contratação;
II - cadastro de fornecedores; VIII - projeto básico: conjunto de elementos neces-
III - minutas-padrão de editais e contratos; sários e suficientes, com nível de precisão adequa-
IV - procedimentos de licitação e contratação do, para, observado o disposto no § 3º, caracterizar
direta; a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de
V - tramitação de recursos; serviços objeto da licitação, elaborado com base

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


VI - formalização de contratos; nas indicações dos estudos técnicos preliminares,
VII - gestão e fiscalização de contratos; que assegure a viabilidade técnica e o adequado
VIII - aplicação de penalidades; tratamento do impacto ambiental do empreen-
IX - recebimento do objeto do contrato. dimento e que possibilite a avaliação do custo da
Art. 41 Aplicam-se às licitações e contratos regidos obra e a definição dos métodos e do prazo de execu-
por esta Lei as normas de direito penal contidas ção, devendo conter os seguintes elementos:
nos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de a) desenvolvimento da solução escolhida, de forma
1993. a fornecer visão global da obra e a identificar todos
Seção III os seus elementos constitutivos com clareza;
Das Normas Específicas para Obras e Serviços b) soluções técnicas globais e localizadas, suficien-
Art. 42 Na licitação e na contratação de obras e temente detalhadas, de forma a minimizar a neces-
serviços por empresas públicas e sociedades de eco- sidade de reformulação ou de variantes durante as
nomia mista, serão observadas as seguintes defini- fases de elaboração do projeto executivo e de reali-
ções: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) zação das obras e montagem;
I - empreitada por preço unitário: contratação por c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
preço certo de unidades determinadas; materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
II - empreitada por preço global: contratação por como suas especificações, de modo a assegurar os
preço certo e total; melhores resultados para o empreendimento, sem
III - tarefa: contratação de mão de obra para peque- frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
nos trabalhos por preço certo, com ou sem forneci- d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
mento de material; ção de métodos construtivos, instalações provisó-
IV - empreitada integral: contratação de empreen- rias e condições organizacionais para a obra, sem
dimento em sua integralidade, com todas as etapas frustrar o caráter competitivo para a sua execução; 237
e) subsídios para montagem do plano de licitação § 2º No caso dos orçamentos das contratações
e gestão da obra, compreendendo a sua programa- integradas:
ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis- I - sempre que o anteprojeto da licitação, por seus
calização e outros dados necessários em cada caso; elementos mínimos, assim o permitir, as estimati-
f) (VETADO); vas de preço devem se basear em orçamento tão
IX - projeto executivo: conjunto dos elementos neces- detalhado quanto possível, devendo a utilização
sários e suficientes à execução completa da obra, de de estimativas paramétricas e a avaliação aproxi-
acordo com as normas técnicas pertinentes; mada baseada em outras obras similares ser rea-
X - matriz de riscos: cláusula contratual definido- lizadas somente nas frações do empreendimento
ra de riscos e responsabilidades entre as partes e não suficientemente detalhadas no anteprojeto da
caracterizadora do equilíbrio econômico-financei- licitação, exigindo-se das contratadas, no mínimo,
ro inicial do contrato, em termos de ônus finan- o mesmo nível de detalhamento em seus demons-
ceiro decorrente de eventos supervenientes à trativos de formação de preços;
contratação, contendo, no mínimo, as seguintes II - quando utilizada metodologia expedita ou
informações: paramétrica para abalizar o valor do empreendi-
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à mento ou de fração dele, consideradas as dispo-
assinatura do contrato, impactantes no equilíbrio sições do inciso I, entre 2 (duas) ou mais técnicas
econômico-financeiro da avença, e previsão de estimativas possíveis, deve ser utilizada nas esti-
eventual necessidade de prolação de termo aditivo mativas de preço-base a que viabilize a maior pre-
quando de sua ocorrência; cisão orçamentária, exigindo-se das licitantes, no
b) estabelecimento preciso das frações do objeto em mínimo, o mesmo nível de detalhamento na moti-
que haverá liberdade das contratadas para inovar vação dos respectivos preços ofertados.
em soluções metodológicas ou tecnológicas, em § 3º Nas contratações integradas ou semi-integra-
obrigações de resultado, em termos de modificação das, os riscos decorrentes de fatos supervenientes
das soluções previamente delineadas no anteproje- à contratação associados à escolha da solução de
to ou no projeto básico da licitação; projeto básico pela contratante deverão ser alo-
c) estabelecimento preciso das frações do objeto em cados como de sua responsabilidade na matriz de
que não haverá liberdade das contratadas para ino- riscos.
var em soluções metodológicas ou tecnológicas, em § 4º No caso de licitação de obras e serviços de
obrigações de meio, devendo haver obrigação de engenharia, as empresas públicas e as sociedades
identidade entre a execução e a solução pré-defini- de economia mista abrangidas por esta Lei deverão
da no anteprojeto ou no projeto básico da licitação. utilizar a contratação semi-integrada, prevista no
§ 1º As contratações semi-integradas e integradas inciso V do caput, cabendo a elas a elaboração ou
referidas, respectivamente, nos incisos V e VI do a contratação do projeto básico antes da licitação
caput deste artigo restringir-se-ão a obras e serviços de que trata este parágrafo, podendo ser utilizadas
de engenharia e observarão os seguintes requisitos: outras modalidades previstas nos incisos do caput
I - o instrumento convocatório deverá conter: deste artigo, desde que essa opção seja devidamen-
a) anteprojeto de engenharia, no caso de contra- te justificada.
tação integrada, com elementos técnicos que per- § 5º Para fins do previsto na parte final do § 4º, não
mitam a caracterização da obra ou do serviço e a será admitida, por parte da empresa pública ou da
elaboração e comparação, de forma isonômica, das sociedade de economia mista, como justificativa
propostas a serem ofertadas pelos particulares; para a adoção da modalidade de contratação inte-
b) projeto básico, nos casos de empreitada por grada, a ausência de projeto básico.
preço unitário, de empreitada por preço global, de Art. 43 Os contratos destinados à execução de
empreitada integral e de contratação semi-integra- obras e serviços de engenharia admitirão os seguin-
da, nos termos definidos neste artigo; tes regimes: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
c) documento técnico, com definição precisa das fra- I - empreitada por preço unitário, nos casos em
ções do empreendimento em que haverá liberdade de que os objetos, por sua natureza, possuam impre-
as contratadas inovarem em soluções metodológi- cisão inerente de quantitativos em seus itens
cas ou tecnológicas, seja em termos de modificação orçamentários;
das soluções previamente delineadas no anteprojeto II - empreitada por preço global, quando for pos-
ou no projeto básico da licitação, seja em termos de sível definir previamente no projeto básico, com
detalhamento dos sistemas e procedimentos cons- boa margem de precisão, as quantidades dos ser-
trutivos previstos nessas peças técnicas; viços a serem posteriormente executados na fase
d) matriz de riscos; contratual;
II - o valor estimado do objeto a ser licitado será III - contratação por tarefa, em contratações de
calculado com base em valores de mercado, em profissionais autônomos ou de pequenas empresas
valores pagos pela administração pública em servi- para realização de serviços técnicos comuns e de
ços e obras similares ou em avaliação do custo glo- curta duração;
bal da obra, aferido mediante orçamento sintético IV - empreitada integral, nos casos em que o con-
ou metodologia expedita ou paramétrica; tratante necessite receber o empreendimento, nor-
III - o critério de julgamento a ser adotado será o malmente de alta complexidade, em condição de
de menor preço ou de melhor combinação de téc- operação imediata;
nica e preço, pontuando-se na avaliação técnica as V - contratação semi-integrada, quando for pos-
vantagens e os benefícios que eventualmente forem sível definir previamente no projeto básico as
oferecidos para cada produto ou solução; quantidades dos serviços a serem posteriormente
IV - na contratação semi-integrada, o projeto bási- executados na fase contratual, em obra ou serviço
co poderá ser alterado, desde que demonstrada a de engenharia que possa ser executado com dife-
superioridade das inovações em termos de redução rentes metodologias ou tecnologias;
de custos, de aumento da qualidade, de redução do VI - contratação integrada, quando a obra ou o
prazo de execução e de facilidade de manutenção serviço de engenharia for de natureza predominan-
238 ou operação. temente intelectual e de inovação tecnológica do
objeto licitado ou puder ser executado com diferen- Das Normas Específicas para Aquisição de
tes metodologias ou tecnologias de domínio restri- Bens
to no mercado. Art. 47 A empresa pública e a sociedade de eco-
§ 1º Serão obrigatoriamente precedidas pela elabo- nomia mista, na licitação para aquisição de bens,
ração de projeto básico, disponível para exame de poderão: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
qualquer interessado, as licitações para a contrata- I - indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses:
ção de obras e serviços, com exceção daquelas em a) em decorrência da necessidade de padronização
que for adotado o regime previsto no inciso VI do do objeto;
caput deste artigo. b) quando determinada marca ou modelo comer-
§ 2º É vedada a execução, sem projeto executivo, de cializado por mais de um fornecedor constituir o
obras e serviços de engenharia. único capaz de atender o objeto do contrato;
Art. 44 É vedada a participação direta ou indireta c) quando for necessária, para compreensão do
nas licitações para obras e serviços de engenharia objeto, a identificação de determinada marca ou
de que trata esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) modelo apto a servir como referência, situação em
I - de pessoa física ou jurídica que tenha elaborado que será obrigatório o acréscimo da expressão “ou
o anteprojeto ou o projeto básico da licitação; similar ou de melhor qualidade”;
II - de pessoa jurídica que participar de consórcio II - exigir amostra do bem no procedimento de pré-
responsável pela elaboração do anteprojeto ou do -qualificação e na fase de julgamento das propostas
projeto básico da licitação; ou de lances, desde que justificada a necessidade de
III - de pessoa jurídica da qual o autor do antepro- sua apresentação;
jeto ou do projeto básico da licitação seja adminis- III - solicitar a certificação da qualidade do pro-
trador, controlador, gerente, responsável técnico, duto ou do processo de fabricação, inclusive sob
subcontratado ou sócio, neste último caso quando o aspecto ambiental, por instituição previamente
a participação superar 5% (cinco por cento) do credenciada.
capital votante. Parágrafo único. O edital poderá exigir, como con-
§ 1º A elaboração do projeto executivo constituirá dição de aceitabilidade da proposta, a adequação
encargo do contratado, consoante preço previa- às normas da Associação Brasileira de Normas
mente fixado pela empresa pública ou pela socieda- Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade do
de de economia mista. produto por instituição credenciada pelo Sistema
§ 2º É permitida a participação das pessoas jurí- Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
dicas e da pessoa física de que tratam os incisos II Industrial (Sinmetro).
e III do caput deste artigo em licitação ou em exe- Art. 48 Será dada publicidade, com periodicidade
cução de contrato, como consultor ou técnico, nas mínima semestral, em sítio eletrônico oficial na
funções de fiscalização, supervisão ou gerencia- internet de acesso irrestrito, à relação das aquisi-
mento, exclusivamente a serviço da empresa públi- ções de bens efetivadas pelas empresas públicas e
ca e da sociedade de economia mista interessadas. pelas sociedades de economia mista, compreendi-
§ 3º Para fins do disposto no caput, considera-se das as seguintes informações: (Vide Lei nº 14.002,
participação indireta a existência de vínculos de de 2020)
natureza técnica, comercial, econômica, financei- I - identificação do bem comprado, de seu preço uni-
ra ou trabalhista entre o autor do projeto básico, tário e da quantidade adquirida;
pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsá- II - nome do fornecedor;
vel pelos serviços, fornecimentos e obras, incluin- III - valor total de cada aquisição.
do-se os fornecimentos de bens e serviços a estes Seção V
necessários. Das Normas Específicas para Alienação de
§ 4º O disposto no § 3º deste artigo aplica-se a Bens
empregados incumbidos de levar a efeito atos e pro- Art. 49 A alienação de bens por empresas públicas
cedimentos realizados pela empresa pública e pela e por sociedades de economia mista será precedida
sociedade de economia mista no curso da licitação. de: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Art. 45 Na contratação de obras e serviços, inclu- I - avaliação formal do bem contemplado, ressalva-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


sive de engenharia, poderá ser estabelecida remu- das as hipóteses previstas nos incisos XVI a XVIII
neração variável vinculada ao desempenho do do art. 29;
contratado, com base em metas, padrões de qua- II - licitação, ressalvado o previsto no § 3º do art.
lidade, critérios de sustentabilidade ambiental e 28.
prazos de entrega definidos no instrumento convo- Art. 50 Estendem-se à atribuição de ônus real a
catório e no contrato. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) bens integrantes do acervo patrimonial de empre-
Parágrafo único. A utilização da remuneração sas públicas e de sociedades de economia mista as
variável respeitará o limite orçamentário fixado normas desta Lei aplicáveis à sua alienação, inclu-
pela empresa pública ou pela sociedade de econo- sive em relação às hipóteses de dispensa e de inexi-
mia mista para a respectiva contratação. gibilidade de licitação. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Art. 46 Mediante justificativa expressa e desde que Seção VI
não implique perda de economia de escala, poderá Do Procedimento de Licitação
ser celebrado mais de um contrato para executar Art. 51 As licitações de que trata esta Lei obser-
serviço de mesma natureza quando o objeto da con- varão a seguinte sequência de fases: (Vide Lei nº
tratação puder ser executado de forma concorrente 14.002, de 2020)
e simultânea por mais de um contratado. (Vide Lei I - preparação;
nº 14.002, de 2020) II - divulgação;
§ 1º Na hipótese prevista no caput deste artigo, III - apresentação de lances ou propostas, conforme
será mantido controle individualizado da execução o modo de disputa adotado;
do objeto contratual relativamente a cada um dos IV - julgamento;
contratados. V - verificação de efetividade dos lances ou
§ 2º (VETADO). propostas;
Seção IV VI - negociação; 239
VII - habilitação; oferecido nas propostas ou lances vencedores a
VIII - interposição de recursos; eventuais termos aditivos;
IX - adjudicação do objeto; II - no caso de obras e serviços de engenharia, o des-
X - homologação do resultado ou revogação do conto incidirá de forma linear sobre a totalidade
procedimento. dos itens constantes do orçamento estimado, que
§ 1º A fase de que trata o inciso VII do caput pode- deverá obrigatoriamente integrar o instrumento
rá, excepcionalmente, anteceder as referidas nos convocatório.
incisos III a VI do caput, desde que expressamente § 5º Quando for utilizado o critério referido no inci-
previsto no instrumento convocatório. so III do caput, a avaliação das propostas técnicas
§ 2º Os atos e procedimentos decorrentes das fases e de preço considerará o percentual de ponderação
enumeradas no caput praticados por empresas mais relevante, limitado a 70% (setenta por cento).
públicas, por sociedades de economia mista e por § 6º Quando for utilizado o critério referido no inci-
licitantes serão efetivados preferencialmente por so VII do caput, os lances ou propostas terão o obje-
meio eletrônico, nos termos definidos pelo instru- tivo de proporcionar economia à empresa pública
mento convocatório, devendo os avisos contendo ou à sociedade de economia mista, por meio da
os resumos dos editais das licitações e contratos redução de suas despesas correntes, remunerando-
abrangidos por esta Lei ser previamente publicados -se o licitante vencedor com base em percentual da
no Diário Oficial da União, do Estado ou do Municí- economia de recursos gerada.
pio e na internet. § 7º Na implementação do critério previsto no inci-
Art. 52 Poderão ser adotados os modos de disputa so VIII do caput deste artigo, será obrigatoriamente
aberto ou fechado, ou, quando o objeto da licita- considerada, nos termos do respectivo instrumento
ção puder ser parcelado, a combinação de ambos, convocatório, a repercussão, no meio social, da
observado o disposto no inciso III do art. 32 desta finalidade para cujo atendimento o bem será utili-
Lei. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) zado pelo adquirente.
§ 1º No modo de disputa aberto, os licitantes apre- § 8º O descumprimento da finalidade a que se refere
sentarão lances públicos e sucessivos, crescentes o § 7º deste artigo resultará na imediata restituição
ou decrescentes, conforme o critério de julgamento do bem alcançado ao acervo patrimonial da empre-
adotado. sa pública ou da sociedade de economia mista,
§ 2º No modo de disputa fechado, as propostas apre- vedado, nessa hipótese, o pagamento de indeniza-
sentadas pelos licitantes serão sigilosas até a data e ção em favor do adquirente.
a hora designadas para que sejam divulgadas. Art. 55 Em caso de empate entre 2 (duas) propostas,
Art. 53 Quando for adotado o modo de disputa
serão utilizados, na ordem em que se encontram
aberto, poderão ser admitidos: (Vide Lei nº 14.002,
enumerados, os seguintes critérios de desempate:
de 2020)
(Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - a apresentação de lances intermediários;
I - disputa final, em que os licitantes empatados
II - o reinício da disputa aberta, após a definição do
poderão apresentar nova proposta fechada, em ato
melhor lance, para definição das demais colocações,
contínuo ao encerramento da etapa de julgamento;
quando existir diferença de pelo menos 10% (dez
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos
por cento) entre o melhor lance e o subsequente.
licitantes, desde que exista sistema objetivo de ava-
Parágrafo único. Consideram-se intermediários os
liação instituído;
lances:
III - os critérios estabelecidos no art. 3º da Lei nº
I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando
8.248, de 23 de outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º
adotado o julgamento pelo critério da maior oferta;
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quan-
do adotados os demais critérios de julgamento. IV - sorteio.
Art. 54 Poderão ser utilizados os seguintes crité- Art. 56 Efetuado o julgamento dos lances ou pro-
rios de julgamento: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) postas, será promovida a verificação de sua efeti-
I - menor preço; vidade, promovendo-se a desclassificação daqueles
II - maior desconto; que: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
III - melhor combinação de técnica e preço; I - contenham vícios insanáveis;
IV - melhor técnica; II - descumpram especificações técnicas constantes
V - melhor conteúdo artístico; do instrumento convocatório;
VI - maior oferta de preço; III - apresentem preços manifestamente
VII - maior retorno econômico; inexequíveis;
VIII - melhor destinação de bens alienados. IV - se encontrem acima do orçamento estimado
§ 1º Os critérios de julgamento serão expressa- para a contratação de que trata o § 1º do art. 57,
mente identificados no instrumento convocatório ressalvada a hipótese prevista no caput do art. 34
e poderão ser combinados na hipótese de parcela- desta Lei;
mento do objeto, observado o disposto no inciso III V - não tenham sua exequibilidade demonstrada,
do art. 32. quando exigido pela empresa pública ou pela socie-
§ 2º Na hipótese de adoção dos critérios referidos dade de economia mista;
nos incisos III, IV, V e VII do caput deste artigo, o VI - apresentem desconformidade com outras exi-
julgamento das propostas será efetivado mediante gências do instrumento convocatório, salvo se for
o emprego de parâmetros específicos, definidos no possível a acomodação a seus termos antes da adju-
instrumento convocatório, destinados a limitar a dicação do objeto e sem que se prejudique a atribui-
subjetividade do julgamento. ção de tratamento isonômico entre os licitantes.
§ 3º Para efeito de julgamento, não serão consi- § 1º A verificação da efetividade dos lances ou pro-
deradas vantagens não previstas no instrumento postas poderá ser feita exclusivamente em relação
convocatório. aos lances e propostas mais bem classificados.
§ 4º O critério previsto no inciso II do caput: § 2º A empresa pública e a sociedade de econo-
I - terá como referência o preço global fixado no ins- mia mista poderão realizar diligências para afe-
240 trumento convocatório, estendendo-se o desconto rir a exequibilidade das propostas ou exigir dos
licitantes que ela seja demonstrada, na forma do encerramento da fase prevista no inciso V do caput
inciso V do caput. do art. 51, abrangendo o segundo prazo também
§ 3º Nas licitações de obras e serviços de engenha- atos decorrentes da fase referida no inciso IV do
ria, consideram-se inexequíveis as propostas com caput do art. 51 desta Lei.
valores globais inferiores a 70% (setenta por cento) Art. 60 A homologação do resultado implica a
do menor dos seguintes valores: constituição de direito relativo à celebração do
I - média aritmética dos valores das propostas contrato em favor do licitante vencedor. (Vide Lei
superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor do nº 14.002, de 2020)
orçamento estimado pela empresa pública ou socie- Art. 61 A empresa pública e a sociedade de eco-
dade de economia mista; ou nomia mista não poderão celebrar contrato com
II - valor do orçamento estimado pela empresa preterição da ordem de classificação das propostas
pública ou sociedade de economia mista. ou com terceiros estranhos à licitação. (Vide Lei nº
§ 4º Para os demais objetos, para efeito de avalia- 14.002, de 2020)
ção da exequibilidade ou de sobrepreço, deverão ser Art. 62 Além das hipóteses previstas no § 3º do
estabelecidos critérios de aceitabilidade de preços art. 57 desta Lei e no inciso II do § 2º do art. 75
que considerem o preço global, os quantitativos e desta Lei, quem dispuser de competência para
os preços unitários, assim definidos no instrumento homologação do resultado poderá revogar a licita-
convocatório. ção por razões de interesse público decorrentes de
Art. 57 Confirmada a efetividade do lance ou pro- fato superveniente que constitua óbice manifesto e
posta que obteve a primeira colocação na etapa de incontornável, ou anulá-la por ilegalidade, de ofício
julgamento, ou que passe a ocupar essa posição ou por provocação de terceiros, salvo quando for
em decorrência da desclassificação de outra que viável a convalidação do ato ou do procedimento
tenha obtido colocação superior, a empresa pública viciado. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
e a sociedade de economia mista deverão negociar § 1º A anulação da licitação por motivo de ilegali-
condições mais vantajosas com quem o apresentou. dade não gera obrigação de indenizar, observado o
(Vide Lei nº 14.002, de 2020) disposto no § 2º deste artigo.
§ 1º A negociação deverá ser feita com os demais § 2º A nulidade da licitação induz à do contrato.
licitantes, segundo a ordem inicialmente estabele- § 3º Depois de iniciada a fase de apresentação de
cida, quando o preço do primeiro colocado, mesmo lances ou propostas, referida no inciso III do caput
após a negociação, permanecer acima do orçamen- do art. 51 desta Lei, a revogação ou a anulação da
to estimado. licitação somente será efetivada depois de se conce-
§ 2º (VETADO).
der aos licitantes que manifestem interesse em con-
§ 3º Se depois de adotada a providência referida no
testar o respectivo ato prazo apto a lhes assegurar
§ 1º deste artigo não for obtido valor igual ou infe-
o exercício do direito ao contraditório e à ampla
rior ao orçamento estimado para a contratação,
defesa.
será revogada a licitação.
§ 4º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste arti-
Art. 58 A habilitação será apreciada exclusivamen-
go aplica-se, no que couber, aos atos por meio dos
te a partir dos seguintes parâmetros: (Vide Lei nº
quais se determine a contratação direta.
14.002, de 2020)
Seção VII
I - exigência da apresentação de documentos aptos
Dos Procedimentos Auxiliares das Licitações
a comprovar a possibilidade da aquisição de direi-
Art. 63 São procedimentos auxiliares das licitações
tos e da contração de obrigações por parte do
regidas por esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
licitante;
I - pré-qualificação permanente;
II - qualificação técnica, restrita a parcelas do
objeto técnica ou economicamente relevantes, de II - cadastramento;
acordo com parâmetros estabelecidos de forma III - sistema de registro de preços;
expressa no instrumento convocatório; IV - catálogo eletrônico de padronização.
III - capacidade econômica e financeira; Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o
IV - recolhimento de quantia a título de adianta- caput deste artigo obedecerão a critérios claros e

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


mento, tratando-se de licitações em que se utili- objetivos definidos em regulamento.
ze como critério de julgamento a maior oferta de Art. 64 Considera-se pré-qualificação permanente
preço. o procedimento anterior à licitação destinado a
§ 1º Quando o critério de julgamento utilizado for identificar: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
a maior oferta de preço, os requisitos de qualifica- I - fornecedores que reúnam condições de habili-
ção técnica e de capacidade econômica e financeira tação exigidas para o fornecimento de bem ou a
poderão ser dispensados. execução de serviço ou obra nos prazos, locais e
§ 2º Na hipótese do § 1º, reverterá a favor da empre- condições previamente estabelecidos;
sa pública ou da sociedade de economia mista o II - bens que atendam às exigências técnicas e de
valor de quantia eventualmente exigida no instru- qualidade da administração pública.
mento convocatório a título de adiantamento, caso § 1º O procedimento de pré-qualificação será públi-
o licitante não efetue o restante do pagamento devi- co e permanentemente aberto à inscrição de qual-
do no prazo para tanto estipulado. quer interessado.
Art. 59 Salvo no caso de inversão de fases, o proce- § 2º A empresa pública e a sociedade de economia
dimento licitatório terá fase recursal única. (Vide mista poderão restringir a participação em suas
Lei nº 14.002, de 2020) licitações a fornecedores ou produtos pré-qualifica-
§ 1º Os recursos serão apresentados no prazo de 5 dos, nas condições estabelecidas em regulamento.
(cinco) dias úteis após a habilitação e contempla- § 3º A pré-qualificação poderá ser efetuada nos gru-
rão, além dos atos praticados nessa fase, aqueles pos ou segmentos, segundo as especialidades dos
praticados em decorrência do disposto nos incisos fornecedores.
IV e V do caput do art. 51 desta Lei. § 4º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total,
§ 2º Na hipótese de inversão de fases, o prazo refe- contendo alguns ou todos os requisitos de habi-
rido no § 1º será aberto após a habilitação e após o litação ou técnicos necessários à contratação, 241
assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de Art. 68 Os contratos de que trata esta Lei regu-
condições entre os concorrentes. lam-se pelas suas cláusulas, pelo disposto nes-
§ 5º A pré-qualificação terá validade de 1 (um) ano, ta Lei e pelos preceitos de direito privado.
no máximo, podendo ser atualizada a qualquer Art. 69 São cláusulas necessárias nos contratos
tempo. discipli
§ 6º Na pré-qualificação aberta de produtos, poderá I - o objeto e seus elementos característicos;
ser exigida a comprovação de qualidade. II - o regime de execução ou a forma de
§ 7º É obrigatória a divulgação dos produtos e dos fornecimento;
interessados que forem pré-qualificados. III - o preço e as condições de pagamento, os cri-
Art. 65 Os registros cadastrais poderão ser manti- térios, a data-base e a periodicidade do reajus-
dos para efeito de habilitação dos inscritos em pro- tamento de preços e os critérios de atualização
cedimentos licitatórios e serão válidos por 1 (um) monetária entre a data do adimplemento das obri-
ano, no máximo, podendo ser atualizados a qual- gações e a do efetivo pagamento;
quer tempo. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) IV - os prazos de início de cada etapa de execu-
§ 1º Os registros cadastrais serão amplamente ção, de conclusão, de entrega, de observação, quan-
divulgados e ficarão permanentemente abertos do for o caso, e de recebimento;
para a inscrição de interessados. V - as garantias oferecidas para assegurar a
§ 2º Os inscritos serão admitidos segundo requisi- plena execução do objeto contratual, quando
tos previstos em regulamento. exigidas, observado o disposto no art. 68;
§ 3º A atuação do licitante no cumprimento de obri- VI - os direitos e as responsabilidades das par-
gações assumidas será anotada no respectivo regis- tes, as tipificações das infrações e as respecti-
tro cadastral. vas penalidades e valores das multas;
§ 4º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspen- VII - os casos de rescisão do contrato e os meca-
so ou cancelado o registro do inscrito que deixar de nismos para alteração de seus termos;
satisfazer as exigências estabelecidas para habili- VIII - a vinculação ao instrumento convoca-
tação ou para admissão cadastral. tório da respectiva licitação ou ao termo que a
Art. 66 O Sistema de Registro de Preços especifica- dispensou ou a inexigiu, bem como ao lance ou pro-
mente destinado às licitações de que trata esta Lei posta do licitante vencedor;
reger-se-á pelo disposto em decreto do Poder Exe- IX - a obrigação do contratado de manter, durante
cutivo e pelas seguintes disposições: (Vide Lei nº a execução do contrato, em compatibilidade com
14.002, de 2020) as obrigações por ele assumidas, as condições de
§ 1º Poderá aderir ao sistema referido no caput habilitação e qualificação exigidas no curso
qualquer órgão ou entidade responsável pela exe- do procedimento licitatório;
cução das atividades contempladas no art. 1º desta X - matriz de riscos.
Lei. § 1º (VETADO).
§ 2º O registro de preços observará, entre outras, as § 2º Nos contratos decorrentes de licitações de
seguintes condições: obras ou serviços de engenharia em que tenha sido
I - efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado; adotado o modo de disputa aberto, o contratado
II - seleção de acordo com os procedimentos previs- deverá reelaborar e apresentar à empresa pública
tos em regulamento; ou à sociedade de economia mista e às suas respec-
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de tivas subsidiárias, por meio eletrônico, as planilhas
controle e atualização periódicos dos preços com indicação dos quantitativos e dos custos unitá-
registrados; rios, bem como do detalhamento das Bonificações
IV - definição da validade do registro; e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais
V - inclusão, na respectiva ata, do registro dos lici- (ES), com os respectivos valores adequados ao lan-
tantes que aceitarem cotar os bens ou serviços com ce vencedor, para fins do disposto no inciso III do
preços iguais ao do licitante vencedor na sequência caput deste artigo.
da classificação do certame, assim como dos lici- Art. 70 Poderá ser exigida prestação de garan-
tantes que mantiverem suas propostas originais. tia nas contratações de obras, serviços e compras.
§ 3º A existência de preços registrados não obriga (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
a administração pública a firmar os contratos que § 1º Caberá ao contratado optar por uma das
deles poderão advir, sendo facultada a realização seguintes modalidades de garantia:
de licitação específica, assegurada ao licitante I - caução em dinheiro;
registrado preferência em igualdade de condições. II - seguro-garantia;
Art. 67 O catálogo eletrônico de padronização III - fiança bancária.
de compras, serviços e obras consiste em sistema § 2º A garantia a que se refere o caput não excederá
informatizado, de gerenciamento centralizado, des- a 5% (cinco por cento) do valor do contrato e terá
tinado a permitir a padronização dos itens a serem seu valor atualizado nas mesmas condições nele
adquiridos pela empresa pública ou sociedade de estabelecidas, ressalvado o previsto no § 3º deste
economia mista que estarão disponíveis para a rea- artigo.
lização de licitação. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) § 3º Para obras, serviços e fornecimentos de gran-
Parágrafo único. O catálogo referido no caput de vulto envolvendo complexidade técnica e riscos
poderá ser utilizado em licitações cujo critério de financeiros elevados, o limite de garantia previsto
julgamento seja o menor preço ou o maior desconto no § 2º poderá ser elevado para até 10% (dez por
e conterá toda a documentação e todos os proce- cento) do valor do contrato.
dimentos da fase interna da licitação, assim como § 4º A garantia prestada pelo contratado será libe-
as especificações dos respectivos objetos, conforme rada ou restituída após a execução do contrato,
disposto em regulamento. devendo ser atualizada monetariamente na hipóte-
CAPÍTULO II se do inciso I do § 1º deste artigo.
DOS CONTRATOS Art. 71 A duração dos contratos regidos por esta
Seção I Lei não excederá a 5 (cinco) anos, contados a
242 Da Formalização dos Contratos partir de sua celebração, EXCETO:
I - para projetos contemplados no plano de negó- serviço ou fornecimento, até o limite admitido,
cios e investimentos da empresa pública ou da em cada caso, pela empresa pública ou pela socie-
sociedade de economia mista; dade de economia mista, conforme previsto no edi-
II - nos casos em que a pactuação por prazo supe- tal do certame.
rior a 5 (cinco) anos seja prática rotineira de mer- § 1º A empresa subcontratada deverá atender,
cado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere em relação ao objeto da subcontratação, as exi-
excessivamente a realização do negócio. gências de qualificação técnica impostas ao
Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo licitante vencedor.
indeterminado. § 2º É vedada a subcontratação de empresa ou con-
Art. 72 Os contratos regidos por esta Lei somen- sórcio que tenha participado:
te poderão ser alterados por acordo entre as I - do procedimento licitatório do qual se originou
partes, vedando-se ajuste que resulte em violação a contratação;
da obrigação de licitar. II - direta ou indiretamente, da elaboração de proje-
Art. 73 A redução a termo do contrato poderá to básico ou executivo.
ser dispensada no caso de pequenas despesas de § 3º As empresas de prestação de serviços técnicos
pronta entrega e pagamento das quais não resul- especializados deverão garantir que os integrantes
tem obrigações futuras por parte da empresa públi- de seu corpo técnico executem pessoal e diretamen-
ca ou da sociedade de economia mista. te as obrigações a eles imputadas, quando a res-
Parágrafo único. O disposto no caput não preju- pectiva relação for apresentada em procedimento
dicará o registro contábil exaustivo dos valores licitatório ou em contratação direta.
despendidos e a exigência de recibo por parte dos Art. 79 Na hipótese do § 6º do art. 54, quando não
respectivos destinatários. for gerada a economia prevista no lance ou propos-
Art. 74 É permitido a qualquer interessado ta, a diferença entre a economia contratada e a efe-
o conhecimento dos termos do contrato e a tivamente obtida será descontada da remuneração
obtenção de cópia autenticada de seu inteiro do contratado.
teor ou de qualquer de suas partes, admitida a Parágrafo único. Se a diferença entre a economia
exigência de ressarcimento dos custos, nos termos contratada e a efetivamente obtida for superior à
previstos na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de remuneração do contratado, será aplicada a san-
2011. ção prevista no contrato, nos termos do inciso VI
Art. 75 A empresa pública e a sociedade de econo- do caput do art. 69 desta Lei.
mia mista convocarão o licitante vencedor ou Art. 80 Os direitos patrimoniais e autorais de proje-
o destinatário de contratação com dispensa tos ou serviços técnicos especializados desenvolvi-
ou inexigibilidade de licitação para assinar o dos por profissionais autônomos ou por empresas
termo de contrato, observados o prazo e as condi- contratadas passam a ser propriedade da empre-
ções estabelecidos, sob pena de decadência do direi- sa pública ou sociedade de economia mista que
to à contratação. os tenha contratado, sem prejuízo da preservação
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado da identificação dos respectivos autores e da res-
1 (uma) vez, por igual período. ponsabilidade técnica a eles atribuída. (Vide Lei nº
§ 2º É facultado à empresa pública ou à sociedade 14.002, de 2020)
de economia mista, quando o convocado não assi- Seção II
nar o termo de contrato no prazo e nas condições Da Alteração dos Contratos
estabelecidos: Art. 81 Os contratos celebrados nos regimes previs-
I - convocar os licitantes remanescentes, na ordem tos nos incisos I a V do art. 43 contarão com cláu-
de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas sula que estabeleça a possibilidade de alteração,
mesmas condições propostas pelo primeiro classi- por acordo entre as partes, nos seguintes casos:
ficado, inclusive quanto aos preços atualizados em I - quando houver modificação do projeto ou
conformidade com o instrumento convocatório; das especificações, para melhor adequação técni-
II - revogar a licitação. ca aos seus objetivos;
Art. 76 O contratado é obrigado a reparar, corrigir, II - quando necessária a modificação do valor

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


remover, reconstruir ou substituir, às suas expen- contratual em decorrência de acréscimo ou
sas, no total ou em parte, o objeto do contrato em diminuição quantitativa de seu objeto, nos
que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções limites permitidos por esta Lei;
resultantes da execução ou de materiais emprega- III - quando conveniente a substituição da
dos, e responderá por danos causados diretamente garantia de execução;
a terceiros ou à empresa pública ou sociedade de IV - quando necessária a modificação do regi-
economia mista, independentemente da comprova- me de execução da obra ou serviço, bem como
ção de sua culpa ou dolo na execução do contrato. do modo de fornecimento, em face de verificação
Art. 77 O contratado é responsável pelos encar- técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
gos trabalhistas, fiscais e comerciais resultan- originários;
tes da execução do contrato. V - quando necessária a modificação da forma
§ 1º A inadimplência do contratado quanto aos de pagamento, por imposição de circunstân-
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não cias supervenientes, mantido o valor inicial atua-
transfere à empresa pública ou à sociedade lizado, vedada a antecipação do pagamento, com
de economia mista a responsabilidade por relação ao cronograma financeiro fixado, sem a
seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do correspondente contraprestação de fornecimento
contrato ou restringir a regularização e o uso das de bens ou execução de obra ou serviço;
obras e edificações, inclusive perante o Registro de VI - para restabelecer a relação que as partes
Imóveis. pactuaram inicialmente entre os encargos do
§ 2º (VETADO). contratado e a retribuição da administração para a
Art. 78 O contratado, na execução do contrato, justa remuneração da obra, serviço ou fornecimen-
sem prejuízo das responsabilidades contratuais to, objetivando a manutenção do equilíbrio eco-
e legais, poderá subcontratar partes da obra, nômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese 243
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis o contratado pela sua diferença, a qual será des-
porém de consequências incalculáveis, retardado- contada dos pagamentos eventualmente devidos
res ou impeditivos da execução do ajustado, ou, pela empresa pública ou pela sociedade de econo-
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato mia mista ou, ainda, quando for o caso, cobrada
do príncipe, configurando álea econômica extraor- judicialmente.
dinária e extracontratual. Art. 83 Pela inexecução total ou parcial do
§ 1º O contratado poderá aceitar, nas mes- contrato a empresa pública ou a sociedade de
mas condições contratuais, os acréscimos ou economia mista poderá, garantida a prévia defesa,
supressões que se fizerem nas obras, serviços aplicar ao contratado as seguintes sanções:
ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) I - advertência;
do valor inicial atualizado do contrato, e, no II - multa, na forma prevista no instrumento con-
caso particular de reforma de edifício ou de vocatório ou no contrato;
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta III - suspensão temporária de participação em
por cento) para os seus acréscimos. licitação e impedimento de contratar com a
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá entidade sancionadora, por prazo não supe-
exceder os limites estabelecidos no § 1º, salvo as rior a 2 (dois) anos.
supressões resultantes de acordo celebrado entre § 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da
os contratantes. garantia prestada, além da perda desta, responde-
§ 3º Se no contrato não houverem sido contempla- rá o contratado pela sua diferença, que será des-
dos preços unitários para obras ou serviços, esses contada dos pagamentos eventualmente devidos
serão fixados mediante acordo entre as partes, res- pela empresa pública ou pela sociedade de econo-
peitados os limites estabelecidos no § 1º. mia mista ou cobrada judicialmente.
§ 4º No caso de supressão de obras, bens ou servi- § 2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput
ços, se o contratado já houver adquirido os mate- poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
riais e posto no local dos trabalhos, esses materiais II, devendo a defesa prévia do interessado, no res-
deverão ser pagos pela empresa pública ou socie- pectivo processo, ser apresentada no prazo de 10
dade de economia mista pelos custos de aquisição (dez) dias úteis.
regularmente comprovados e monetariamente Art. 84 As sanções previstas no inciso III do art. 83
corrigidos, podendo caber indenização por outros poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
danos eventualmente decorrentes da supressão, profissionais que, em razão dos contratos regidos
desde que regularmente comprovados. por esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
§ 5º A criação, a alteração ou a extinção de quais- I - tenham sofrido condenação definitiva por prati-
quer tributos ou encargos legais, bem como a carem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhi-
superveniência de disposições legais, quando ocor- mento de quaisquer tributos;
ridas após a data da apresentação da proposta, II - tenham praticado atos ilícitos visando a frus-
com comprovada repercussão nos preços contrata- trar os objetivos da licitação;
dos, implicarão a revisão destes para mais ou para III - demonstrem não possuir idoneidade para con-
menos, conforme o caso. tratar com a empresa pública ou a sociedade de eco-
§ 6º Em havendo alteração do contrato que nomia mista em virtude de atos ilícitos praticados.
aumente os encargos do contratado, a empre- CAPÍTULO III
sa pública ou a sociedade de economia mista DA FISCALIZAÇÃO PELO ESTADO E PELA
deverá restabelecer, por aditamento, o equilí- SOCIEDADE
brio econômico-financeiro inicial. Art. 85 Os órgãos de controle externo e interno das
§ 7º A variação do valor contratual para fazer face 3 (três) esferas de governo fiscalizarão as empre-
ao reajuste de preços previsto no próprio contrato sas públicas e as sociedades de economia mista a
e as atualizações, compensações ou penalizações elas relacionadas, inclusive aquelas domiciliadas
financeiras decorrentes das condições de pagamen- no exterior, quanto à legitimidade, à economicida-
to nele previstas, bem como o empenho de dotações de e à eficácia da aplicação de seus recursos, sob
orçamentárias suplementares até o limite do seu o ponto de vista contábil, financeiro, operacional e
valor corrigido, não caracterizam alteração do patrimonial.
contrato e podem ser registrados por simples apos- § 1º Para a realização da atividade fiscalizatória de
tila, dispensada a celebração de aditamento. que trata o caput , os órgãos de controle deverão ter
§ 8º É vedada a celebração de aditivos decorrentes acesso irrestrito aos documentos e às informações
de eventos supervenientes alocados, na matriz de necessários à realização dos trabalhos, inclusive
riscos, como de responsabilidade da contratada. aqueles classificados como sigilosos pela empresa
Seção III pública ou pela sociedade de economia mista, nos
Das Sanções Administrativas termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
Art. 82 Os contratos devem conter cláusulas § 2º O grau de confidencialidade será atribuído
com sanções administrativas a serem aplica- pelas empresas públicas e sociedades de economia
das em decorrência de atraso injustificado na mista no ato de entrega dos documentos e informa-
execução do contrato, sujeitando o contratado a ções solicitados, tornando-se o órgão de controle
multa de mora, na forma prevista no instrumento com o qual foi compartilhada a informação sigilosa
convocatório ou no contrato. corresponsável pela manutenção do seu sigilo.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede § 3º Os atos de fiscalização e controle dispostos
que a empresa pública ou a sociedade de eco- neste Capítulo aplicar-se-ão, também, às empresas
nomia mista rescinda o contrato e aplique as públicas e às sociedades de economia mista de cará-
outras sanções previstas nesta Lei. ter e constituição transnacional no que se refere
§ 2º A multa, aplicada após regular processo admi- aos atos de gestão e aplicação do capital nacional,
nistrativo, será descontada da garantia do respec- independentemente de estarem incluídos ou não em
tivo contratado. seus respectivos atos e acordos constitutivos.
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da Art. 86 As informações das empresas públicas e das
244 garantia prestada, além da perda desta, responderá sociedades de economia mista relativas a licitações
e contratos, inclusive aqueles referentes a bases de § 2º O disposto no § 1º não será oponível à fiscali-
preços, constarão de bancos de dados eletrônicos zação dos órgãos de controle interno e do tribunal
atualizados e com acesso em tempo real aos órgãos de contas, sem prejuízo da responsabilização admi-
de controle competentes. nistrativa, civil e penal do servidor que der causa à
§ 1º As demonstrações contábeis auditadas da eventual divulgação dessas informações.
empresa pública e da sociedade de economia mista Art. 89 O exercício da supervisão por vinculação
serão disponibilizadas no sítio eletrônico da empre- da empresa pública ou da sociedade de economia
sa ou da sociedade na internet, inclusive em forma- mista, pelo órgão a que se vincula, não pode ense-
to eletrônico editável. jar a redução ou a supressão da autonomia confe-
§ 2º As atas e demais expedientes oriundos de reu- rida pela lei específica que autorizou a criação da
niões, ordinárias ou extraordinárias, dos conselhos entidade supervisionada ou da autonomia ineren-
de administração ou fiscal das empresas públicas e te a sua natureza, nem autoriza a ingerência do
das sociedades de economia mista, inclusive grava- supervisor em sua administração e funcionamento,
ções e filmagens, quando houver, deverão ser dispo- devendo a supervisão ser exercida nos limites da
nibilizados para os órgãos de controle sempre que legislação aplicável.
solicitados, no âmbito dos trabalhos de auditoria. Art. 90 As ações e deliberações do órgão ou ente
§ 3º O acesso dos órgãos de controle às informa- de controle não podem implicar interferência na
ções referidas no caput e no § 2º será restrito e gestão das empresas públicas e das sociedades de
individualizado. economia mista a ele submetidas nem ingerência
§ 4º As informações que sejam revestidas de sigi- no exercício de suas competências ou na definição
lo bancário, estratégico, comercial ou industrial de políticas públicas.
serão assim identificadas, respondendo o servidor TÍTULO III
administrativa, civil e penalmente pelos danos cau- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
sados à empresa pública ou à sociedade de econo- Art. 91 A empresa pública e a sociedade de econo-
mia mista e a seus acionistas em razão de eventual mia mista constituídas anteriormente à vigência
divulgação indevida. desta Lei deverão, no prazo de 24 (vinte e quatro)
§ 5º Os critérios para a definição do que deve ser meses, promover as adaptações necessárias à ade-
considerado sigilo estratégico, comercial ou indus- quação ao disposto nesta Lei.
trial serão estabelecidos em regulamento. § 1º A sociedade de economia mista que tiver capi-
Art. 87. O controle das despesas decorrentes dos tal fechado na data de entrada em vigor desta Lei
contratos e demais instrumentos regidos por esta poderá, observado o prazo estabelecido no caput,
Lei será feito pelos órgãos do sistema de controle ser transformada em empresa pública, mediante
interno e pelo tribunal de contas competente, na resgate, pela empresa, da totalidade das ações de
forma da legislação pertinente, ficando as empre- titularidade de acionistas privados, com base no
sas públicas e as sociedades de economia mista valor de patrimônio líquido constante do último
responsáveis pela demonstração da legalidade e da balanço aprovado pela assembleia-geral.
regularidade da despesa e da execução, nos termos § 2º (VETADO).
da Constituição. § 3º Permanecem regidos pela legislação anterior
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impug- procedimentos licitatórios e contratos iniciados ou
nar edital de licitação por irregularidade na apli- celebrados até o final do prazo previsto no caput.
cação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 Art. 92 O Registro Público de Empresas Mercantis e
(cinco) dias úteis antes da data fixada para a ocor- Atividades Afins manterá banco de dados público e
rência do certame, devendo a entidade julgar e res- gratuito, disponível na internet, contendo a relação
ponder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem de todas as empresas públicas e as sociedades de
prejuízo da faculdade prevista no § 2º. economia mista.
§ 2º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física Parágrafo único. É a União proibida de realizar
ou jurídica poderá representar ao tribunal de con- transferência voluntária de recursos a Estados, ao
tas ou aos órgãos integrantes do sistema de con- Distrito Federal e a Municípios que não fornecerem
trole interno contra irregularidades na aplicação ao Registro Público de Empresas Mercantis e Ativi-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


desta Lei, para os fins do disposto neste artigo. dades Afins as informações relativas às empresas
§ 3º Os tribunais de contas e os órgãos integran- públicas e às sociedades de economia mista a eles
tes do sistema de controle interno poderão solici- vinculadas.
tar para exame, a qualquer tempo, documentos Art. 93 As despesas com publicidade e patrocínio
de natureza contábil, financeira, orçamentária, da empresa pública e da sociedade de economia
patrimonial e operacional das empresas públicas, mista não ultrapassarão, em cada exercício, o limi-
das sociedades de economia mista e de suas sub- te de 0,5% (cinco décimos por cento) da receita ope-
sidiárias no Brasil e no exterior, obrigando-se, os racional bruta do exercício anterior.
jurisdicionados, à adoção das medidas corretivas § 1º O limite disposto no caput poderá ser amplia-
pertinentes que, em função desse exame, lhes forem do, até o limite de 2% (dois por cento) da receita
determinadas. bruta do exercício anterior, por proposta da direto-
Art. 88 As empresas públicas e as sociedades de ria da empresa pública ou da sociedade de econo-
economia mista deverão disponibilizar para conhe- mia mista justificada com base em parâmetros de
cimento público, por meio eletrônico, informação mercado do setor específico de atuação da empresa
completa mensalmente atualizada sobre a execu- ou da sociedade e aprovada pelo respectivo Conse-
ção de seus contratos e de seu orçamento, admitin- lho de Administração.
do-se retardo de até 2 (dois) meses na divulgação § 2º É vedado à empresa pública e à sociedade de
das informações. economia mista realizar, em ano de eleição para
§ 1º A disponibilização de informações contratuais cargos do ente federativo a que sejam vinculadas,
referentes a operações de perfil estratégico ou que despesas com publicidade e patrocínio que exce-
tenham por objeto segredo industrial receberá dam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos
proteção mínima necessária para lhes garantir que antecedem o pleito ou no último ano imediata-
confidencialidade. mente anterior à eleição. 245
Art. 94 Aplicam-se à empresa pública, à sociedade beneficia terceiros, entre eles investidores, consumido-
de economia mista e às suas subsidiárias as san- res e parceiros comerciais, na medida em que garante
ções previstas na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de que os mercados permaneçam competitivos, previne a
2013, salvo as previstas nos incisos II, III e IV do ocorrência de infrações e os danos delas resultantes.
caput do art. 19 da referida Lei. c) A conscientização promovida pelos programas de
Art. 95 A estratégia de longo prazo prevista no art. compliance permite que os funcionários identifiquem
23 deverá ser aprovada em até 180 (cento e oitenta) sinais de infrações legais nas companhias em que tra-
dias da data de publicação da presente Lei. balham, mas previne que o façam em relação a outras
Art. 96 Revogam-se: organizações, como concorrentes, fornecedores, dis-
I - o § 2º do art. 15 da Lei nº 3.890-A, de 25 de abril tribuidores ou clientes.
de 1961, com a redação dada pelo art. 19 da Lei nº d) Entre as vantagens dos programas de compliance,
11.943, de 28 de maio de 2009;
está a possibilidade de identificação antecipada de
II - os arts. 67 e 68 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto
problemas, permitindo-se que a empresa infratora fir-
de 1997.
me acordos com as autoridades, sejam de leniência
Art. 97 Esta Lei entra em vigor na data de sua
ou não, que podem implicar substancial elevação da
publicação.
pena, vedada a imunidade na esfera criminal para pes-
soas físicas.
e) Os programas de compliance concorrencial e de anti-
corrupção, previstos em diplomas legais distintos,
CONDUTA BASEADA NO CÓDIGO DE devem ser administrados por áreas diferentes da com-
CONDUTA ÉTICA DO BRB panhia, uma vez que a integração de áreas gera inefi-
ciências na correta fiscalização e prejudica a apuração
Prezado Candidato, de infrações.
Se você chegou até aqui, é porque está buscando se
preparar com qualidade para o seu certame. 2. (IADES — 2021) A governança não se confunde e nem
No decorrer do conteúdo, nossa equipe de pro- se restringe ao governo (a organização do setor públi-
fessores preocupou-se em trazer todas as legisla- co responsável pela direção política do Estado). É o
ções que demandavam muita interpretação, de processo de direção e controle que ocorre quando o
maneira clara, precisa e dinâmica. Assim, todas governo dirige politicamente o Estado, assim como
as legislações e decretos foram paulatinamente quando as empresas dirigem seus empregados ou os
explicados, no entanto, nem sempre todos os con- parceiros de uma rede fixam regras de deliberação e
teúdos demandam forte interpretação, por serem implementação de suas decisões.
autoexplicativos.
Nestes casos, recomenda-se uma boa leitura, pois Disponível em: <https://repositorio.enap.gov.br/>. Acesso em: 12
mar. 2021, com adaptações.
ela será a sua melhor amiga na almejada apro-
vação. Considerando a extensão e, também, que
o tópico Conduta baseada no código de conduta Em relação à governança corporativa, bem como à
ética do BRB se relaciona às atividade internas gestão de riscos, assinale a alternativa correta.
do seu próximo ofício, é essencial a sua leitu-
ra destalhada na íntegra. Acesse o conteúdo cli- a) A governança corporativa ou das sociedades é o siste-
cando aqui: https://www.iades.com.br/inscricao/ ma pelo qual as sociedades empresariais, civis e públi-
upload/249/2019050372844900.pdf cas são dirigidas e controladas, com a finalidade de
Lembre-se de que a meta é estudar até passar! promover valor aos proprietários (shareholder) e (ou)
às partes interessadas (stakeholders) e assegurar a
sua sustentabilidade, não abrangendo procedimentos
para tomada de decisão ou a definição dos meios para
HORA DE PRATICAR! alcançar os objetivos e os instrumentos para controlar
o desempenho.
b) É dever do principal shareholder ou stakeholder super-
1. (IADES — 2021) Compliance, ou conformidade, pode
visionar completamente o agente (gestor), motivo por
ser definido como “um conjunto de medidas internas,
que os riscos de agência (ou seja, estratégias oportu-
adotadas por um determinado agente econômico, que
permite a esse agente prevenir ou minimizar os riscos nistas podem ser adotadas pelo agente em detrimen-
de violação às leis decorrentes de sua atividade ou to do interesse do principal) e os custos de agência
detectá-los mais rapidamente, caso se concretizem”. (ou seja, custos relativos à supervisão dos agentes
pelos principais, a prestação de contas dos agentes
Disponível em: <https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de- aos principais e a assimilação das perdas residuais
conteudo/ publicacoes/guias-do-cade/guia-compliance-versao- que ainda resultarem das atitudes oportunistas não
oficial.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2021, com adaptações. mitigadas) não são inerentes a essas relações, sendo
observados apenas em instituições públicas (espe-
Acerca de compliance, assinale a alternativa correta. cialmente nos Poderes Executivo e Legislativo).
c) Um sistema eficiente de gestão de riscos reduz a zero
a) Inexiste um modelo único de compliance, motivo por- a ocorrência de eventos que afetam a realização ou o
que um programa de compliance raramente abarca- alcance dos objetivos da empresa e, por isso, é dever
rá a legislação pertinente a apenas um setor, sendo da sociedade, pública ou privada, imprimir esforços
comum que os programas tratem simultaneamente de para reduzir a tolerância a risco de seus gestores.
diversos aspectos e diplomas normativos. d) Governança corporativa e gestão de riscos são con-
b) Apesar de prejudicial ao valor e aos interesses da pró- ceitos distintos e que não se comunicam, uma vez que
246 pria empresa, a adoção de programas de compliance a preocupação primordial da governança corporativa
está na proteção do interesse das partes interessadas reguladores e com os regulamentos internos, de modo
(stakeholders), e o objetivo principal da gestão de ris- a garantir a eficiência, a eficácia e a confiabilidade
cos é a proteção de valor interno à companhia e a seus organizacional.
proprietários (shareholders). b) Garantir que as estratégias empresariais se comple-
e) A gestão de riscos é o processo que trata dos riscos tem segundo o cronograma planejado.
e das oportunidades que afetam a criação, a des- c) Incrementar o acesso a novos clientes por meio do
truição ou a preservação de valor nas organizações, aumento da gama de serviços ofertados.
sendo que a premissa inerente ao gerenciamento de d) Assegurar o retorno financeiro dos investimentos de
riscos é a de que a instituição, seja pública, seja cor- clientes e acionistas por meio de redução da burocra-
porativa, existe para gerar valor às partes interessadas cia e extinção de atividades-meio com finalidade de
(stakeholders). controle interno.
e) Completar o quadro de pessoal com ações de recru-
3. (IADES — 2019) O compliance envolve questão estra- tamento, seleção e contratação de mão de obra espe-
tégica [...] para a consolidação de um novo compor- cializada e capacitada para atividades relacionadas ao
tamento por parte das empresas, que devem buscar core business da instituição.
lucratividade de forma sustentável, focando no desen-
volvimento econômico e socioambiental na condução 6. (IADES — 2019) Assinale a alternativa que indica
dos seus negócios. o passo inicial do processo racional de tomada de
decisões.
MONKS, Robert A. G.; MINOW, Nell. Ownership-Based Governance:
Corporate Governance for the New Millennium, 1999. Disponível a) Desenvolver alternativas.
em: <https://ssrn.com/abstract=6148>. Acesso em: 14 jun. 2019,
tradução livre. b) Definir o problema.
c) Avaliar alternativas.
O objetivo da governança é maximizar a geração de d) Escolher a melhor alternativa.
riqueza na medida em que ela seja compatível com os e) Atribuir peso específico a cada critério para decisão.
interesses gerais da sociedade.
7. (IADES — 2019) Considerando a limitação da raciona-
RIBEIRO, Marcia Carla Pereira; DINIZ, Patrícia Dittrich Ferreira. lidade no processo de tomada de decisões, assinale a
Compliance e lei anticorrupção nas empresas. In: Revista de alternativa que apresenta o viés de ancoragem.
Informação Legislativa, v. 52, n. 205, p. 87-105, 2015. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/>. Acesso em: 14 jun. 2019. a) Um tipo de percepção seletiva em que se buscam
informações que corroborem as escolhas anteriores e
Com base no exposto, assinale a alternativa que indi- desprezam-se aquelas que as contestam.
ca uma prática ou atividade na qual os objetivos da b) A tendência de fixação em uma informação como pon-
governança corporativa se consorciam ao conceito de to de partida.
compliance. c) A tendência de aumentar o comprometimento quando
um curso decisório representa uma série de decisões.
a) Publicidade e propaganda d) A tendência de julgar as coisas com base nas informa-
b) Participação social na gestão ções mais disponíveis.
c) Modelos colaborativos de tomada de decisão e) A tendência de achar que se sabia antecipadamente o
d) Desenvolvimento e capacitação resultado de um evento após ele ter ocorrido.
e) Responsabilidade socioambiental corporativa
8. (IADES — 2021) Tendo em vista a hierarquia de proces-
4. (IADES — 2019) Governança é um termo referente a sos organizacionais, assinale a alternativa que indica
um sistema de mecanismos e incentivos que se pres- a correta definição de tarefa.
tam a monitorar e regular as organizações. Busca
assegurar que as atividades organizacionais não firam

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


a) Representa a menor fração de um processo, poden-
os interesses dos respectivos proprietários e da socie- do ser um único elemento ou o subconjunto de uma
dade em geral, contribuindo, ainda, para a perenidade atividade.
das atividades organizacionais. Com base no expos- b) São ações que decorrem dentro de um processo.
to, assinale a alternativa que apresenta os elementos c) É uma parte do processo inter-relacionada, de forma
essenciais da boa governança organizacional aplica- lógica, com outras partes desse processo.
da às entidades públicas. d) Representa mais de uma função na estrutura da orga-
nização, de forma que a operação impacta significati-
a) Agilidade, produtividade, redução de pessoal e econo- vamente o todo.
mia de recursos. e) É um conjunto de atividades sequenciais que transfor-
b) Transparência, eficiência, rastreabilidade e ética. mam uma entrada em uma saída definida.
c) Auditoria, burocracia, consultoria e advocacia
administrativa. 9. (IADES — 2021) O fluxograma é uma ferramenta da
d) Planejamento, decisão, controle e ação corretiva. gestão que é usada para representar a sequência e a
e) Sustentabilidade, meio ambiente, sociedade e interação das atividades do processo organizacional
economia. por meio de símbolos gráficos. O uso de todos os sím-
bolos não é obrigatório, mas há um consenso acerca
5. (IADES — 2019) Assinale a alternativa que indica os objeti- do uso de alguns símbolos mais usados como os de
vos da função de compliance em uma instituição financeira. atividade e o de direção do fluxo. Considerando a dis-
posição do fluxograma, o símbolo de atividade é o (a)
a) Assegurar que a instituição atue em conformidade
com a legislação, com as normativas dos órgãos a) círculo. 247
b) seta. d) Diretoria.
c) losangulo. e) Auditoria Interna.
d) linhas paralelas.
e) retângulo. 14. (IADES — 2019) A Lei nº 13.303/2016, que dispõe
quanto ao estatuto jurídico da empresa pública, da
10. (IADES — 2021) A análise da qualidade dos processos sociedade de economia mista e das subsidiárias
de uma organização pode apontar a necessidade de destas, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
melhorias. Nesse caso, o ciclo PDCA (Plan – Planejar, Federal e dos Municípios, tem sido objeto de intensos
Do – Executar, Check – Checar, Action – Agir) é usado debates no meio jurídico, notadamente a respeito dos
como um método de suporte para a otimização dos avanços promovidos no marco normativo aplicável
processos. Considerando essa informação, assinale a até então. No que se refere às disposições dessa lei,
alternativa que apresenta uma ação da última etapa em relação às entidades por ela disciplinadas, assina-
do ciclo PDCA (Action – Agir). le a alternativa correta.

a) Verificar os resultados alcançados pelas melhorias. a) As operações de tesouraria e a adjudicação de ações


b) Identificar oportunidades de melhoria. em garantia são exemplos legalmente excetuados da
c) Avaliar os resultados atuais do processo. exigência de prévia autorização legislativa para a par-
d) Agir corretivamente sobre o processo, quando necessário. ticipação das empresas públicas e das sociedades de
e) Implementar as melhorias no processo economia mista de que trata a referida lei em empre-
sas privadas.
11. (IADES — 2021) A condução eficiente da gestão por b) A área responsável pelas verificações de cumprimen-
processos pressupõe o entendimento de concei- to de obrigações e de gestão de riscos e a respectiva
tos fundamentais, como macroprocesso, processo, auditoria interna deverão ser vinculadas ao diretor-
subprocesso, atividade e evento. O conceito corres- presidente da estatal.
pondente a “o quê” é feito e “como” é feito durante o c) As despesas com publicidade e patrocínio da empresa
processo denomina-se pública e da sociedade de economia mista não ultra-
passarão, em cada exercício, o limite de cinco por cen-
a) macroprocesso. to da receita operacional bruta do exercício anterior,
b) processo. sendo, entretanto, vedado à empresa pública e à socie-
c) atividade. dade de economia mista realizar, em ano de eleição
d) subprocesso. para cargos do ente federativo a que sejam vincula-
e) evento. das, despesas com publicidade e patrocínio que exce-
dam a média dos gastos nos três últimos anos que
12. (IADES — 2019) A gestão por processos em uma orga- antecedem o pleito ou no último ano imediatamente
nização (business process management ) busca gerir, anterior à eleição.
de forma integrada, o percurso que uma atividade d) O acesso às atas e aos demais expedientes oriun-
segue dentro de uma organização, de modo a otimi- dos de reuniões, ordinárias ou extraordinárias, dos
zar recursos, incrementar a produtividade e permitir conselhos de administração ou fiscal das empresas
o acompanhamento e monitoramento pelas partes públicas e das sociedades de economia mista, inclu-
envolvidas. sive gravações e filmagens, quando houver, deve ser
disponibilizado aos cidadãos em geral, que a poderão
Acerca desse assunto, assinale a alternativa que indi- requerer na forma regulamentar.
ca característica da gestão por processos. e) Os contratos de que trata a mencionada lei regulam-se
pelas respectivas cláusulas, pelo disposto nessa lei e
a) Objetiva melhorar a imagem organizacional quanto à pelos preceitos de direito público.
respectiva clientela.
b) Tem início, meio e fim cronologicamente determina- 15. (IADES — 2021) A Lei no 12.846/2013 dispõe acerca
dos a priori. da responsabilização administrativa e civil de pessoas
c) Focaliza as atividades de planejamento estratégico da jurídicas pela prática de atos contra a Administração
organização. Pública, nacional ou estrangeira, e dá outras provi-
d) Abarca as principais atividades da alta cúpula dências. De acordo com o seu art. 5o , constituem
administrativa. atos lesivos à Administração Pública, nacional ou
e) Ultrapassa as fronteiras entre departamentos. estrangeira,

13. (IADES — 2021) A Lei no 13.303/2016 dispõe a respei- a) fraudar licitação pública, mas não contrato dela
to do estatuto jurídico da empresa pública, da socie- decorrente.
dade de economia mista e de suas subsidiárias, no b) criar pessoa jurídica para participar de licitação públi-
âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e ca ou celebrar contrato administrativo.
dos municípios. Considerando as competências dos c) financiar, custear, patrocinar ou, de qualquer modo,
órgãos societários, é correto afirmar que o dever de subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nes-
aprovar decisões envolvendo práticas de governança sa lei, independentemente de comprovação.
corporativa, relacionamento com partes interessadas, d) dificultar atividade de investigação ou fiscalização de
política de gestão de pessoas e código de conduta órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em
dos agentes cabe ao (à) sua atuação, inclusive no âmbito das agências regula-
doras e dos órgãos de fiscalização do sistema finan-
a) Conselho de Administração. ceiro nacional.
b) Comitê de Auditoria Estatutário. e) contribuir para o caráter competitivo de procedimento
248 c) Conselho Fiscal. licitatório público.
16. (IADES — 2019) A empresa X pratica ato sujeito a ins- c) executar atos administrativos que preservem a inte-
tauração e julgamento de processo administrativo de gridade dos envolvidos nas denúncias e garantam a
responsabilização nos termos da Lei nº 12.846/2013. estabilidade do ambiente de trabalho.
Quanto a esse processo administrativo de responsabi- d) propor a instauração de processo administrativo dis-
lização, assinale a alternativa correta. ciplinar em desfavor do empregado responsável pelo
ato de assédio, conforme a gravidade das provas
a) O processo administrativo para apuração da respon- colhidas ou a reincidência da ocorrência.
sabilidade de pessoa jurídica será conduzido por e) realizar diretamente apoio ao assediado e, quando
comissão designada pela autoridade instauradora necessário, proteção, de forma a resguardar sua inte-
e composta por dois ou mais servidores, sendo pelo gridade física e mental
menos o presidente da comissão estável.
b) A comissão deverá concluir o processo no prazo de 19. (IADES — 2019) Em conformidade com o que estabe-
180 dias contados da data da publicação do ato que a lece o Código de Conduta Ética do BRB, o atendimen-
instituir, de forma improrrogável e, ao final, apresentar to ao cliente externo e interno deve ser pautado pelos
relatórios a respeito dos fatos apurados e da eventual seguintes princípios:
responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo, de for-
ma motivada, as sanções a serem aplicadas. a) pessoalidade, respeito, educação e cordialidade no
c) O processo administrativo, com o relatório da comis- atendimento prestado.
são, será remetido à autoridade instauradora, na for- b) oferta de produtos e serviços com qualidade, seguran-
ma do art. 10 da Lei nº 12.846/2013, para julgamento. ça e inovação, seguindo os interesses de mercado.
d) No processo administrativo para apuração de respon- c) garantia do sigilo das informações cadastrais dos
sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de clientes, dos serviços e das operações bancárias, sem
60 dias para defesa, contados da intimação. exceção.
e) A instauração de processo administrativo específico d) receptividade às manifestações dos clientes, quando
de reparação integral ou parcial dos danos não preju- elas se mostrarem razoáveis e, de alguma forma, acar-
dica a aplicação imediata das sanções estabelecidas retarem melhoria do atendimento, menor preço, aper-
na Lei nº 12.846/2013. feiçoamento dos produtos e qualificação nos serviços
oferecidos.
17. (IADES — 2021) O Decreto nº 8.420/2015 regulamenta e) comercialização de produtos e serviços de maneira
a Lei nº 12.846/2013, que dispõe acerca da respon- eficaz, fornecendo informações e respostas tempes-
sabilização administrativa de pessoas jurídicas pela tivas, claras e confiáveis às consultas e reclamações,
prática de atos contra a Administração Pública, nacio- permitindo ao cliente a melhor decisão nos negócios e
nal ou estrangeira, e dá outras providências. No que assegurando a respectiva satisfação.
concerne às competências da Controladoria-Geral da
União (CGU), referentes ao Processo Administrativo 20. (IADES — 2019) Em conformidade com o Código de
de Responsabilização (PAR) e aos acordos de leniên- Conduta Ética do BRB no relacionamento com os
cia previstos no referido decreto, assinale a alternativa diversos setores da sociedade, quanto aos princípios
correta. adotados pela referida instituição, assinale a alternati-
va correta.
a) No âmbito do Poder Executivo federal, a CGU possui
competência concorrente para instaurar o PAR e com- a) Manter a reputação de empresa sólida e confiável,
petência exclusiva para julgar o PAR. buscando níveis crescentes de competitividade e ren-
b) No âmbito do Poder Executivo federal, a CGU possui tabilidade de acordo com o mercado.
competência exclusiva para avocar os processos ins- b) Zelar pelos valores, pela imagem e pelo patrimônio da
taurados para exame de sua regularidade ou para cor- instituição.
rigir-lhes o andamento, cabendo à autoridade máxima c) Estabelecer e difundir as melhores práticas de gover-

GOVERNANÇA CORPORATIVA ECOMPLIANCE


do órgão de origem a aplicação da penalidade admi- nança corporativa, preservando os compromissos
nistrativa cabível. com clientes, investidores, acionistas e o interesse
c) Compete à CGU instaurar, apurar e julgar PAR pela público.
prática de atos lesivos à Administração Pública d) Primar pela valorização, pelo respeito, pela diversi-
estrangeira.
dade, pela integridade, pela responsabilidade, pela
d) A CGU celebrará acordos de leniência no âmbito do
equidade, pela prudência e pela diligência, tanto nas
Poder Executivo federal, exclusivamente nos casos de
relações de trabalho, quanto nas relações institucio-
atos lesivos contra a Administração Pública brasileira.
nais com parceiros, fornecedores, prestadores de ser-
e) A CGU deverá firmar memorando de entendimentos
viços, comunidade, agentes públicos e clientes, exceto
com a pessoa jurídica proponente para formalizar a
concorrentes.
proposta e definir os parâmetros do acordo de leniên-
e) Reconhecer a responsabilidade socioambiental como
cia, ouvido o Ministério Público federal.
uma oportunidade de inovar processos, práticas e
produtos, a fim de atingir resultados melhores nos
18. (IADES — 2019) De acordo com o que estabelece o
negócios da organização, considerando o uso cons-
Código de Conduta Ética do BRB, compete à Comis-
ciente dos recursos naturais e sociais, relativizando o
são de Combate ao Assédio Moral e Sexual
econômico.
a) orientar e realizar ações de combate ao assédio nas
relações de trabalho. 9 GABARITO
b) aplicar diretamente alerta formal aos empregados res-
ponsáveis por condutas inapropriadas, após a confir-
1 A
mação de tais atos, com base em provas colhidas. 249
2 E

3 E

4 B

5 A

6 B

7 B

8 A

9 E

10 D

11 C

12 E

13 A

14 A

15 D

16 C

17 C

18 D

19 E

20 B

ANOTAÇÕES

250
Já o IX, art. 24, diz o seguinte:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito


Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
INOVAÇÃO IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;

O art. 167 traz algumas vedações relacionadas aos


orçamentos e uma das exceções é justamente (XIV, §
LEI Nº 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 5º, art. 167):
2004
Art. 167 […]
A Lei nº 10.973, de 2004, que dispõe sobre incen- § 5º A transposição, o remanejamento ou a transfe-
rência de recursos de uma categoria de programa-
tivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica
ção para outra poderão ser admitidos, no âmbito
no ambiente produtivo e dá outras providências, tem
das atividades de ciência, tecnologia e inova-
o intuito de promover maior desenvolvimento cientí- ção, com o objetivo de viabilizar os resultados de
fico e tecnológico do país por meio de, por exemplo, projetos restritos a essas funções, mediante ato do
um ambiente de parceria entre as empresas e as ICTs Poder Executivo, sem necessidade da prévia autori-
(Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação). zação legislativa prevista no inciso VI deste artigo.
Em 2016, essa lei foi amplamente alterada pela
Lei n º 13.243, de 2016, que dispõe sobre estímulos ao O art. 200 fala sobre as competências do sistema
desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação único de saúde (SUS), dentre elas:
científica e tecnológica e à inovação.
Os motivos que conduziram à elaboração das leis Art. 200 Ao sistema único de saúde compete, além
supracitadas envolvem diversas constatações sobre de outras atribuições, nos termos da lei:
o número reduzido de investimento em pesquisa e […]
desenvolvimento (P&D) e em patentes no país. V - incrementar, em sua área de atuação, o desen-
Vamos ver parte por parte da Lei nº 10.973, de volvimento científico e tecnológico e a inovação.
2004, começando pelo art. 1º:
Já o art. 213 fala sobre os recursos públicos desti-
Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à nados às escolas públicas:
inovação e à pesquisa científica e tecnológica
no ambiente produtivo, com vistas à capacitação Art. 213 Os recursos públicos serão destinados às
tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, defi-
ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional
nidas em lei, que:
e regional do País, nos termos dos arts. 23, 24, 167,
[…]
200, 213, 218, 219 e 219-A da Constituição Federal.
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de
estímulo e fomento à inovação realizadas por
Esquematizando: universidades e/ou por instituições de educação
profissional e tecnológica poderão receber apoio
Incentivo à inovação e à pesquisa financeiro do Poder Público.
científica e tecnológica
O art. 218 nos diz:

Capacitação tecnológica Art. 218 O Estado promoverá e incentivará o desen-


volvimento científico, a pesquisa, a capacitação
científica e tecnológica e a inovação.
Autonomia tecnológica

Por fim, o art. 219 e art. 219-A nos dizem o seguinte:


Desenvolvimento do sistema
produtivo nacional e regional do Art. 219 O mercado interno integra o patrimônio
país
nacional e será incentivado de modo a viabilizar
o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o
Para facilitar seu estudo, vejamos alguns dos arti- bem-estar da população e a autonomia tecnoló-
gos mencionados pelo art. 1º. gica do País, nos termos de lei federal.
O inciso V, art. 23, da Constituição Federal, de Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e
1988, traz algumas competências comuns da União, o fortalecimento da inovação nas empresas, bem
como nos demais entes, públicos ou privados, a cons-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, den-
tituição e a manutenção de parques e polos tecnológi-
INOVAÇÃO

tre elas: cos e de demais ambientes promotores da inovação,


a atuação dos inventores independentes e a criação,
Art. 23 […] absorção, difusão e transferência de tecnologia.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à Art. 219-A A União, os Estados, o Distrito Fede-
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e ral e os Municípios poderão firmar instrumentos
à inovação; de cooperação com órgãos e entidades públicos e
com entidades privadas, inclusive para o compar-
tilhamento de recursos humanos especializados e 251
capacidade instalada, para a execução de projetos acarretar o surgimento de novo produto, processo
de pesquisa, de desenvolvimento científico e ou aperfeiçoamento incremental, obtida por um ou
tecnológico e de inovação, mediante contraparti- mais criadores;
da financeira ou não financeira assumida pelo ente III - criador: pessoa física que seja inventora,
beneficiário, na forma da lei. obtentora ou autora de criação;
III-A - incubadora de empresas: organização ou
Vejam que diversos artigos da Constituição Fede- estrutura que objetiva estimular ou prestar apoio
ral, de 1988, respaldam o apoio tecnológico e científico. logístico, gerencial e tecnológico ao empreendedo-
Agora voltemos à Lei nº 10.973, de 2004, propria- rismo inovador e intensivo em conhecimento, com
mente dita. As medidas citadas no art. 1º, mencio- o objetivo de facilitar a criação e o desenvolvimento
de empresas que tenham como diferencial a realiza-
nado anteriormente, devem observar os seguintes
ção de atividades voltadas à inovação;
princípios:
IV - inovação: introdução de novidade ou aperfei-
çoamento no ambiente produtivo e social que resul-
Art. 1º […] te em novos produtos, serviços ou processos ou que
Parágrafo único. As medidas às quais se refere o compreenda a agregação de novas funcionalidades
caput deverão observar os seguintes princípios: ou características a produto, serviço ou processo
I - promoção das atividades científicas e tecno- já existente que possa resultar em melhorias e em
lógicas como estratégicas para o desenvolvimento efetivo ganho de qualidade ou desempenho;
econômico e social; V - Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação
II - promoção e continuidade dos processos de (ICT): órgão ou entidade da administração públi-
desenvolvimento científico, tecnológico e de ca direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito
inovação, assegurados os recursos humanos, eco- privado sem fins lucrativos legalmente constituí-
nômicos e financeiros para tal finalidade; da sob as leis brasileiras, com sede e foro no País,
III - redução das desigualdades regionais; que inclua em sua missão institucional ou em seu
IV - descentralização das atividades de ciência, objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou
tecnologia e inovação em cada esfera de governo, aplicada de caráter científico ou tecnológico ou o
com desconcentração em cada ente federado; desenvolvimento de novos produtos, serviços ou
V - promoção da cooperação e interação entre os processos;
entes públicos, entre os setores público e privado e
entre empresas;
VI - estímulo à atividade de inovação nas Institui- Dica
ções Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) É considerada ICT (Instituição Científica, Tecno-
e nas empresas, inclusive para a atração, a cons-
lógica e de Inovação) qualquer órgão ou entida-
tituição e a instalação de centros de pesquisa,
desenvolvimento e inovação e de parques e polos
de pública ou privada, sem fins lucrativos, que
tecnológicos no País; inclui, na respectiva missão, a pesquisa básica
VII - promoção da competitividade empresarial nos ou aplicada e o desenvolvimento tecnológico de
mercados nacional e internacional; novos produtos, serviços ou processos.
VIII - incentivo à constituição de ambientes favo- Esse tema já foi objeto de cobrança em prova.
ráveis à inovação e às atividades de transferência
de tecnologia; […]
IX - promoção e continuidade dos processos de for- VI - Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT): estru-
mação e capacitação científica e tecnológica; tura instituída por uma ou mais ICTs, com ou sem
X - fortalecimento das capacidades operacional, personalidade jurídica própria, que tenha por fina-
científica, tecnológica e administrativa das ICTs; lidade a gestão de política institucional de inovação
XI - atratividade dos instrumentos de fomento e e por competências mínimas as atribuições previs-
de crédito, bem como sua permanente atualização tas nesta Lei;
e aperfeiçoamento;
XII - simplificação de procedimentos para ges- Vale destacar que a principal finalidade do NIT é
tão de projetos de ciência, tecnologia e inovação e apoiar a gestão política de inovação da ICT Pública.
adoção de controle por resultados em sua avaliação;
XIII - utilização do poder de compra do Estado […]
para fomento à inovação; VII - fundação de apoio: fundação criada com a fina-
XIV - apoio, incentivo e integração dos inventores lidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e
independentes às atividades das ICTs e ao sistema extensão, projetos de desenvolvimento institucio-
produtivo. nal, científico, tecnológico e projetos de estímulo à
inovação de interesse das ICTs, registrada e creden-
Algumas definições importantes trazidas nessa lei ciada no Ministério da Educação e no Ministério da
estão no art. 2º: Ciência, Tecnologia e Inovação, nos termos da Lei
nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e das demais
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se: legislações pertinentes nas esferas estadual, distri-
I - agência de fomento: órgão ou instituição de tal e municipal;
natureza pública ou privada que tenha entre os VIII - pesquisador público: ocupante de cargo públi-
seus objetivos o financiamento de ações que visem co efetivo, civil ou militar, ou detentor de função
a estimular e promover o desenvolvimento da ciên- ou emprego público que realize, como atribuição
cia, da tecnologia e da inovação; funcional, atividade de pesquisa, desenvolvimento
II - criação: invenção, modelo de utilidade, dese- e inovação; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
nho industrial, programa de computador, topogra- IX - inventor independente: pessoa física, não ocu-
fia de circuito integrado, nova cultivar ou cultivar pante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego
essencialmente derivada e qualquer outro desen- público, que seja inventor, obtentor ou autor de
252 volvimento tecnológico que acarrete ou possa criação.
X - parque tecnológico: complexo planejado de tecnológica, as ações de empreendedorismo tecnológico
desenvolvimento empresarial e tecnológico, pro- e de criação de ambientes de inovação, inclusive incuba-
motor da cultura de inovação, da competitividade doras e parques tecnológicos, e a formação e a capacita-
industrial, da capacitação empresarial e da promo- ção de recursos humanos qualificados.
ção de sinergias em atividades de pesquisa científi-
ca, de desenvolvimento tecnológico e de inovação, Esse apoio poderá contemplar:
entre empresas e uma ou mais ICTs, com ou sem
vínculo entre si; (Incluído pela Lei nº 13.243, de
z As redes e os projetos internacionais de pesqui-
2016)
sa tecnológica;
XI - polo tecnológico: ambiente industrial e tecno-
lógico caracterizado pela presença dominante de z As ações de empreendedorismo tecnológico e
micro, pequenas e médias empresas com áreas cor- de criação de ambientes de inovação, inclusive
relatas de atuação em determinado espaço geográ- incubadoras e parques tecnológicos;
fico, com vínculos operacionais com ICT, recursos z E a formação e a capacitação de recursos huma-
humanos, laboratórios e equipamentos organiza- nos qualificados.
dos e com predisposição ao intercâmbio entre os
entes envolvidos para consolidação, marketing e Além disso, é possível a celebração de convênios
comercialização de novas tecnologias; (Incluído e contratos. Vejamos:
pela Lei nº 13.243, de 2016)
XII - extensão tecnológica: atividade que auxilia no Art. 3º-A A Financiadora de Estudos e Projetos -
desenvolvimento, no aperfeiçoamento e na difusão FINEP, como secretaria executiva do Fundo Nacio-
de soluções tecnológicas e na sua disponibilização nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
à sociedade e ao mercado; - FNDCT, o Conselho Nacional de Desenvolvimen-
XIII - bônus tecnológico: subvenção a microem- to Científico e Tecnológico - CNPq e as Agências
presas e a empresas de pequeno e médio porte, Financeiras Oficiais de Fomento poderão celebrar
com base em dotações orçamentárias de órgãos
convênios e contratos, nos termos do inciso XIII
e entidades da administração pública, destina-
do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
da ao pagamento de compartilhamento e uso de
por prazo determinado, com as fundações de
infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento tec-
apoio, com a finalidade de dar apoio às IFES
nológicos, de contratação de serviços tecnológi-
e demais ICTs, inclusive na gestão administrativa
cos especializados, ou transferência de tecnologia,
e financeira dos projetos mencionados no caput do
quando esta for meramente complementar àqueles
art. 1º da Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994,
serviços, nos termos de regulamento;
com a anuência expressa das instituições apoiadas.
XIV - capital intelectual: conhecimento acumula-
do pelo pessoal da organização, passível de apli-
cação em projetos de pesquisa, desenvolvimento e Ademais, a União, os Estados, o Distrito Federal, os
inovação. Municípios, as respectivas agências de fomento e as
ICTs poderão apoiar a criação, a implantação e a con-
Outro ponto semelhante, que já caiu em prova, diz solidação de ambientes promotores da inovação,
sobre as modificações sofridas pelo conceito de ICT. incluídos parques e polos tecnológicos e incubadoras
Antes da mudança, a ICT era definida como órgão ou de empresas, como forma de incentivar o desenvolvi-
entidade da administração pública que tivesse por mento tecnológico, o aumento da competitividade e a
missão institucional, dentre outras, executar atividades interação entre as empresas e as ICTs.
de pesquisa básica ou aplicada, de caráter científico ou
tecnológico. Porém, após a mudança, passou a ser: Dica
z Órgão ou entidade da administração pública dire- Lembrem-se: ambientes promotores da inova-
ta ou indireta; ção incluem parques tecnológicos, polos tecno-
z Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucra- lógicos e incubadoras de empresas.
tivos legalmente constituídas sob as leis brasilei-
ras (esse ponto foi adicionado na mudança); Outrossim, a União, os Estados, o Distrito Federal,
z Que inclua em sua missão institucional ou em seu os Municípios, as respectivas agências de fomento e as
objetivo social ou estatutário o desenvolvimento ICTs públicas poderão (§ 2º, art. 3º-B):
de novos produtos, serviços ou processos.
Art. 3-B […]
Quanto ao capítulo II, que fala sobre do estímulo à § 2º Para os fins previstos no caput, a União, os Esta-
construção de ambientes especializados e cooperati- dos, o Distrito Federal, os Municípios, as respectivas
vos de inovação, observe o que diz o art. 3º: agências de fomento e as ICTs públicas poderão:
I - ceder o uso de imóveis para a instalação e a con-
Art. 3º A União, os Estados, o Distrito Fede- solidação de ambientes promotores da inovação,
ral, os Municípios e as respectivas agências de diretamente às empresas e às ICTs interessadas ou
fomento poderão estimular e apoiar a constitui- por meio de entidade com ou sem fins lucrativos que
tenha por missão institucional a gestão de parques
INOVAÇÃO

ção de alianças estratégicas e o desenvolvimen-


to de projetos de cooperação envolvendo empresas, e polos tecnológicos e de incubadora de empresas,
ICTs e entidades privadas sem fins lucrativos volta- mediante contrapartida obrigatória, financeira ou
dos para atividades de pesquisa e desenvolvimento, não financeira, na forma de regulamento;
que objetivem a geração de produtos, proces- II - participar da criação e da governança das
sos e serviços inovadores e a transferência e a entidades gestoras de parques tecnológicos ou de
difusão de tecnologia. incubadoras de empresas, desde que adotem meca-
Parágrafo único. O apoio previsto no caput poderá con- nismos que assegurem a segregação das funções de
templar as redes e os projetos internacionais de pesquisa financiamento e de execução. 253
Além do mais, vejamos outros dispositivos: Outro artigo muito importante e que pode vir
como pegadinha é o seguinte:
Art. 3º-C A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios estimularão a atração de centros de Art. 5º São a União e os demais entes federa-
pesquisa e desenvolvimento de empresas estran- tivos e suas entidades autorizados, nos termos de
geiras, promovendo sua interação com ICTs e regulamento, a participar MINORITARIAMENTE
empresas brasileiras e oferecendo-lhes o acesso aos do capital social de empresas, com o propósito de
instrumentos de fomento, visando ao adensamento desenvolver produtos ou processos inovadores
do processo de inovação no País. que estejam de acordo com as diretrizes e priorida-
Art. 3º-D A União, os Estados, o Distrito Federal, des definidas nas políticas de ciência, tecnologia,
os Municípios e as respectivas agências de fomento inovação e de desenvolvimento industrial de cada
manterão programas específicos para as microem- esfera de governo.
presas e para as empresas de pequeno porte, obser-
vando-se o disposto na Lei Complementar nº 123,
de 14 de dezembro de 2006. Importante!
Nos termos do caput, do art. 4º, a ICT pública União, demais entes federativos e suas enti-
poderá, mediante contrapartida financeira ou não dades são autorizados a participar, minorita-
financeira e por prazo determinado, compartilhar riamente, do capital social de empresas, com o
e permitir a utilização de laboratórios, equipamentos, propósito de desenvolver produtos ou proces-
instrumentos, entre outros materiais. Atenção ao que sos inovadores […].
determina o art. 4º:

Art. 4º A ICT pública poderá, mediante contrapar- § 1º A propriedade intelectual sobre os resultados
tida financeira ou não financeira e por prazo deter- obtidos pertencerá à empresa, na forma da legisla-
minado, nos termos de contrato ou convênio: ção vigente e de seus atos constitutivos.
I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, § 2º O poder público poderá condicionar a partici-
instrumentos, materiais e demais instalações com pação societária via aporte de capital à previsão
ICT ou empresas em ações voltadas à inovação de licenciamento da propriedade intelectual para
tecnológica para consecução das atividades de atender ao interesse público.
incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística; § 3º A alienação dos ativos da participação societá-
II - permitir a utilização de seus laboratórios, ria referida no caput dispensa realização de licita-
equipamentos, instrumentos, materiais e demais ins- ção, conforme legislação vigente.
talações existentes em suas próprias dependências § 4º Os recursos recebidos em decorrência da alie-
por ICT, empresas ou pessoas físicas voltadas a nação da participação societária referida no caput
atividades de pesquisa, desenvolvimento e ino- deverão ser aplicados em pesquisa e desenvolvi-
vação, desde que tal permissão não interfira dire- mento ou em novas participações societárias.
tamente em sua atividade-fim nem com ela conflite; § 5º Nas empresas a que se refere o caput, o estatu-
III - permitir o uso de seu capital intelectual em to ou contrato social poderá conferir às ações ou
projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. quotas detidas pela União ou por suas entidades
Parágrafo único. O compartilhamento e a permis- poderes especiais, inclusive de veto às deliberações
são de que tratam os incisos I e II do caput obede- dos demais sócios nas matérias que especificar.
cerão às prioridades, aos critérios e aos requisitos § 6º A participação minoritária de que trata o caput
aprovados e divulgados pela ICT pública, observa- dar-se-á por meio de contribuição financeira ou não
das as respectivas disponibilidades e assegurada a financeira, desde que economicamente mensurável,
igualdade de oportunidades a empresas e demais e poderá ser aceita como forma de remuneração
organizações interessadas. pela transferência de tecnologia e pelo licenciamento
para outorga de direito de uso ou de exploração de
criação de titularidade da União e de suas entidades.
Esquematizando o exposto:
O capítulo III trata do estímulo à participação
Compartilhar Com ICT
seus das ICTs no processo de inovação. Observe alguns
laboratórios, pontos importantes:
equipamentos, Ou empresas
instrumentos, em ações Art. 6º É facultado à ICT pública celebrar con-
materiais voltadas à trato de transferência de tecnologia e de licen-
e demais inovação
ciamento para outorga de direito de uso ou de
instalações tecnológica
exploração de criação por ela desenvolvida isola-
Permitir a damente ou por meio de parceria.
A ICT PÚBLICA, Por ICT,
POR PRAZO utilização […]
empresas
DETERMINADO, de seus
ou pessoas Art. 7º A ICT poderá obter o direito de uso ou de
PODERÁ: laboratórios, exploração de criação protegida. […]
físicas voltadas
equipamentos, Art. 8º É facultado à ICT prestar a instituições
a atividades
instrumentos,
de pesquisa, públicas ou privadas serviços técnicos espe-
materiais
desenvolvimento cializados compatíveis com os objetivos desta
e demais
e inovação Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesqui-
instalações
sa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
Em projetos visando, entre outros objetivos, à maior competiti-
Permitir o uso
de pesquisa, vidade das empresas.
de seu capital
desenvolvimento
intelectual
e inovação
254
Art. 9º É facultado à ICT celebrar acordos de § 4º No caso de pesquisador público em instituição
parceria com instituições públicas e privadas militar, seu afastamento estará condicionado à auto-
para realização de atividades conjuntas de pesqui- rização do Comandante da Força à qual se subordine
sa científica e tecnológica e de desenvolvimento de a instituição militar a que estiver vinculado.
tecnologia, produto, serviço ou processo.
O art. 14 afirma que, ao pesquisador público, é
O art. 12 traz uma vedação muito importante: facultado o afastamento para prestar colaboração a
outra ICT, observada a conveniência da ICT de origem.
Art. 12 É vedado a dirigente, ao criador ou a O art. 14-A, por sua vez, fala sobre como se dará a
qualquer servidor, militar, empregado ou pres- participação em projetos daqueles pesquisadores com
tador de serviços de ICT divulgar, noticiar ou vínculo nas instituições públicas. Vale destacar que
publicar qualquer aspecto de criações de cujo este artigo já caiu em prova, portanto, observe:
desenvolvimento tenha participado diretamente ou
tomado conhecimento por força de suas atividades,
Art. 14-A O pesquisador público em regime de
sem antes obter expressa autorização da ICT.
dedicação exclusiva, inclusive aquele enquadra-
do em plano de carreiras e cargos de magistério,
Outro ponto importante: poderá exercer atividade remunerada de pesquisa,
desenvolvimento e inovação em ICT ou em empre-
Art. 13 É assegurada ao criador participação míni- sa e participar da execução de projeto aprovado ou
ma de 5% (cinco por cento) e máxima de 1/3 (um custeado com recursos previstos nesta Lei, desde
terço) nos ganhos econômicos, auferidos pela ICT, que observada a conveniência do órgão de origem
resultantes de contratos de transferência de tecno- e assegurada a continuidade de suas atividades de
logia e de licenciamento para outorga de direito de ensino ou pesquisa nesse órgão, a depender de sua
uso ou de exploração de criação protegida da qual respectiva natureza.
tenha sido o inventor, obtentor ou autor.
[…]
Outro ponto importante:
§ 2º Entende-se por ganho econômico toda forma
de royalty ou de remuneração ou quaisquer
benefícios financeiros resultantes da exploração Art. 15 A critério da administração pública, na for-
direta ou por terceiros da criação protegida, deven- ma do regulamento, poderá ser concedida ao pes-
do ser deduzidos: quisador público, desde que não esteja em estágio
I - na exploração direta e por terceiros, as despesas, probatório, licença sem remuneração para cons-
os encargos e as obrigações legais decorrentes tituir empresa com a finalidade de desenvolver ati-
da proteção da propriedade intelectual; vidade empresarial relativa à inovação.
II - na exploração direta, os custos de produção § 1º A licença a que se refere o caput deste artigo
da ICT. dar-se-á pelo prazo de até 3 (três) anos consecuti-
vos, renovável por igual período.
Em resumo, ganho econômico (royalty, remune-
ração ou quaisquer benefícios financeiros): O art. 15-A nos diz que a ICT de direito público
deverá instituir sua política de inovação, em con-
z (-) Encargos e as obrigações legais; sonância com as prioridades da política nacional de
z (-) Custos de produção da ICT. ciência, tecnologia e inovação e com a política indus-
trial e tecnológica nacional. Veja:
Outro ponto que também já apareceu em prova:
Art. 15-A A ICT de direito público deverá instituir
Art. 14 Para a execução do disposto nesta Lei, ao sua política de inovação, dispondo sobre a orga-
pesquisador público é facultado o afastamen- nização e a gestão dos processos que orientam a
to para prestar colaboração a outra ICT, nos transferência de tecnologia e a geração de inova-
termos do inciso II do art. 93 da Lei nº 8.112, de 11 ção no ambiente produtivo, em consonância com as
de dezembro de 1990, observada a conveniência da prioridades da política nacional de ciência, tecnolo-
ICT de origem. gia e inovação e com a política industrial e tecno-
§ 1º As atividades desenvolvidas pelo pesquisador lógica nacional.
público, na instituição de destino, devem ser com- Parágrafo único. A política a que se refere o caput
patíveis com a natureza do cargo efetivo, cargo deverá estabelecer diretrizes e objetivos:
militar ou emprego público por ele exercido na ins- I - estratégicos de atuação institucional no ambien-
tituição de origem, na forma do regulamento. te produtivo local, regional ou nacional;
§ 2º Durante o período de afastamento de que trata II - de empreendedorismo, de gestão de incubado-
o caput deste artigo, são assegurados ao pesquisa- ras e de participação no capital social de empresas;
dor público o vencimento do cargo efetivo, o soldo III - para extensão tecnológica e prestação de ser-
do cargo militar ou o salário do emprego público viços técnicos;
da instituição de origem, acrescido das vantagens IV - para compartilhamento e permissão de uso
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, bem por terceiros de seus laboratórios, equipamentos,
como progressão funcional e os benefícios do plano recursos humanos e capital intelectual;
INOVAÇÃO

de seguridade social ao qual estiver vinculado. V - de gestão da propriedade intelectual e de trans-


§ 3º As gratificações específicas do pesquisador ferência de tecnologia;
público em regime de dedicação exclusiva, inclusive VI - para institucionalização e gestão do Núcleo de
aquele enquadrado em plano de carreiras e cargos Inovação Tecnológica;
de magistério, serão garantidas, na forma do § 2º VII - para orientação das ações institucionais de
deste artigo, quando houver o completo afastamen- capacitação de recursos humanos em empreende-
to de ICT pública para outra ICT, desde que seja de dorismo, gestão da inovação, transferência de tec-
conveniência da ICT de origem. nologia e propriedade intelectual; 255
VIII - para estabelecimento de parcerias para instrumentos específicos e destinados a apoiar ati-
desenvolvimento de tecnologias com inventores vidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação,
independentes, empresas e outras entidades. para atender às prioridades das políticas industrial
e tecnológica nacional
Sobre o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT): § 1º As prioridades da política industrial e tecno-
lógica nacional de que trata o caput deste artigo
Art. 16 Para apoiar a gestão de sua política de ino- serão estabelecidas em regulamento.
vação, a ICT pública deverá dispor de Núcleo de § 2º-A. São instrumentos de estímulo à inova-
Inovação Tecnológica, próprio ou em associação ção nas empresas, quando aplicáveis, entre
com outras ICTs. outros:
§ 1º São competências do Núcleo de Inovação Tec- I - subvenção econômica;
nológica a que se refere o caput, entre outras: II - financiamento;
I - zelar pela manutenção da política institucional de III - participação societária;
estímulo à proteção das criações, licenciamento, ino- IV - bônus tecnológico;
vação e outras formas de transferência de tecnologia; V - encomenda tecnológica;
II - avaliar e classificar os resultados decorrentes VI - incentivos fiscais;
de atividades e projetos de pesquisa para o atendi- VII - concessão de bolsas;
mento das disposições desta Lei; VIII - uso do poder de compra do Estado;
III - avaliar solicitação de inventor independente IX - fundos de investimentos;
para adoção de invenção na forma do art. 22; X - fundos de participação;
IV - opinar pela conveniência e promover a prote- XI - títulos financeiros, incentivados ou não;
ção das criações desenvolvidas na instituição; XII - previsão de investimento em pesquisa e desen-
V - opinar quanto à conveniência de divulgação das volvimento em contratos de concessão de serviços
criações desenvolvidas na instituição, passíveis de públicos ou em regulações setoriais.
proteção intelectual; § 3º A concessão da subvenção econômica previs-
VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a ta no § 1º deste artigo implica, obrigatoriamente,
manutenção dos títulos de propriedade intelectual a assunção de contrapartida pela empresa benefi-
da instituição. ciária, na forma estabelecida nos instrumentos de
VII - desenvolver estudos de prospecção tecnológi- ajuste específicos.
ca e de inteligência competitiva no campo da pro- § 4º O Poder Executivo regulamentará a subvenção
priedade intelectual, de forma a orientar as ações econômica de que trata este artigo, assegurada a
de inovação da ICT; destinação de percentual mínimo dos recursos do
VIII - desenvolver estudos e estratégias para a Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
transferência de inovação gerada pela ICT; Tecnológico - FNDCT.
IX - promover e acompanhar o relacionamento da § 5º Os recursos de que trata o § 4º deste artigo
ICT com empresas, em especial para as atividades serão objeto de programação orçamentária em
previstas nos arts. 6º a 9º ; categoria específica do FNDCT, não sendo obriga-
X - negociar e gerir os acordos de transferência de tória sua aplicação na destinação setorial originá-
tecnologia oriunda da ICT. ria, sem prejuízo da alocação de outros recursos do
§ 2º A representação da ICT pública, no âmbito de FNDCT destinados à subvenção econômica.
sua política de inovação, poderá ser delegada ao § 6º As iniciativas de que trata este artigo poderão
gestor do Núcleo de Inovação Tecnológica. ser estendidas a ações visando a:
§ 3º O Núcleo de Inovação Tecnológica poderá ser I - apoio financeiro, econômico e fiscal direto a
constituído com personalidade jurídica própria, empresas para as atividades de pesquisa, desenvol-
como entidade privada sem fins lucrativos. vimento e inovação tecnológica;
§ 4º Caso o Núcleo de Inovação Tecnológica seja II - constituição de parcerias estratégicas e desen-
constituído com personalidade jurídica própria, a volvimento de projetos de cooperação entre ICT e
ICT deverá estabelecer as diretrizes de gestão e as empresas e entre empresas, em atividades de pes-
formas de repasse de recursos. quisa e desenvolvimento, que tenham por obje-
§ 5º Na hipótese do § 3º , a ICT pública é autorizada tivo a geração de produtos, serviços e processos
a estabelecer parceria com entidades privadas sem inovadores;
fins lucrativos já existentes, para a finalidade pre- III - criação, implantação e consolidação de incuba-
vista no caput. doras de empresas, de parques e polos tecnológicos
e de demais ambientes promotores da inovação;
IV - implantação de redes cooperativas para inova-
Por fim, o art. 17 diz o seguinte:
ção tecnológica;
V - adoção de mecanismos para atração, criação e
Art. 17 A ICT pública deverá, na forma de regula- consolidação de centros de pesquisa e desenvolvi-
mento, prestar informações ao Ministério da Ciên- mento de empresas brasileiras e estrangeiras;
cia, Tecnologia e Inovação. VI - utilização do mercado de capitais e de crédito
em ações de inovação;
O capítulo IV fala sobre o estímulo à inovação nas VII - cooperação internacional para inovação e
empresas. Observe na íntegra o art. 19: para transferência de tecnologia;
VIII - internacionalização de empresas brasileiras
Art. 19 A União, os Estados, o Distrito Federal, os por meio de inovação tecnológica;
Municípios, as ICTs e suas agências de fomento pro- IX - indução de inovação por meio de compras
moverão e incentivarão a pesquisa e o desenvolvi- públicas;
mento de produtos, serviços e processos inovadores X - utilização de compensação comercial, industrial
em empresas brasileiras e em entidades brasileiras e tecnológica em contratações públicas;
de direito privado sem fins lucrativos, mediante a XI - previsão de cláusulas de investimento em pes-
concessão de recursos financeiros, humanos, mate- quisa e desenvolvimento em concessões públicas e
256 riais ou de infraestrutura a serem ajustados em em regimes especiais de incentivos econômicos;
XII - implantação de solução de inovação para IV - dar tratamento preferencial, diferenciado e
apoio e incentivo a atividades tecnológicas ou de favorecido, na aquisição de bens e serviços pelo
inovação em microempresas e em empresas de poder público e pelas fundações de apoio para a
pequeno porte. execução de projetos de desenvolvimento institu-
§ 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os cional da instituição apoiada, nos termos da Lei
Municípios poderão utilizar mais de um instrumen- nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, às empresas
to de estímulo à inovação a fim de conferir efetivi- que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
dade aos programas de inovação em empresas. tecnologia no País e às microempresas e empresas
§ 8º Os recursos destinados à subvenção econômica de pequeno porte de base tecnológica, criadas no
serão aplicados no financiamento de atividades de ambiente das atividades de pesquisa das ICTs.
pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação V - promover a simplificação dos procedimentos
em empresas, admitida sua destinação para despe- para gestão dos projetos de ciência, tecnologia e ino-
sas de capital e correntes, desde que voltadas pre- vação e do controle por resultados em sua avaliação;
ponderantemente à atividade financiada. VI - promover o desenvolvimento e a difusão de tec-
nologias sociais e o fortalecimento da extensão tec-
O capítulo V fala sobre o estímulo ao inventor nológica para a inclusão produtiva e social.
independente. Observe o art. 22:

Art. 22 Ao inventor independente que comprove


Esquematizando em palavras-chave:
depósito de pedido de patente é facultado solicitar
a adoção de sua criação por ICT pública, que deci- Priorizar regiões menos desenvolvidas
dirá quanto à conveniência e à oportunidade da soli- do País e na Amazônia
citação e à elaboração de projeto voltado à avaliação
da criação para futuro desenvolvimento, incubação, Ampliação a exploração e o
desenvolvimento da Zona Econômica
utilização, industrialização e inserção no mercado.
Exclusiva (ZEE) e da Plataforma
Continental
Sobre o apoio ao inventor independente: DIRETRIZES
Tratamento diferenciado à
Art. 22-A A União, os Estados, o Distrito Federal, os Microempresas e às empresas de
Municípios, as agências de fomento e as ICTs públi- pequeno porte
cas poderão apoiar o inventor independente que
Simplificação dos procedimentos
comprovar o depósito de patente de sua criação,
entre outras formas, por meio de:
Inclusão produtiva e social
I - análise da viabilidade técnica e econômica do
objeto de sua invenção;
II - assistência para transformação da invenção em
produto ou processo com os mecanismos financei-
ros e creditícios dispostos na legislação;
EMPREENDEDORISMO
III - assistência para constituição de empresa que
produza o bem objeto da invenção; DEFINIÇÕES
IV - orientação para transferência de tecnologia
para empresas já constituídas Segundo Chiavenato (2007, p. 3), o empreendedor
não é somente um fundador de novas empresas ou o
O capítulo VI fala sobre os fundos de investimento: construtor de novos negócios. Observem, então, o que
é o empreendedor, nas palavras do autor:
Art. 23 Fica autorizada a instituição de fundos
Ele é a energia da economia, a alavanca de recursos,
mútuos de investimento em empresas cuja ativi-
o impulso de talentos, a dinâmica de ideias. Mais
dade principal seja a inovação, caracterizados
ainda: ele é quem fareja as oportunidades e precisa
pela comunhão de recursos captados por meio do
ser muito rápido, aproveitando as oportunidades
sistema de distribuição de valores mobiliários, na
fortuitas, antes que outros aventureiros o façam.
forma da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976,
destinados à aplicação em carteira diversificada de
valores mobiliários de emissão dessas empresas. O termo empreendedor também nos diz bastante
sobre o real significado de “empreender”: sua origem
vem do francês “entrepreneur” e significa, basica-
Por fim, o art. 27 afirma que, na aplicação do dispos-
mente, aquele que assume riscos e começa algo novo.
to nessa Lei, serão observadas as seguintes diretrizes:
Ou seja, o empreendedor é toda pessoa que, de algu-
ma forma, inicia e/ou opera um negócio para realizar
Art. 27 Na aplicação do disposto nesta Lei, serão
uma ideia ou projeto pessoal, assumindo os riscos e
observadas as seguintes diretrizes:
I - priorizar, nas regiões menos desenvolvidas
responsabilidades e inovando continuamente.
do País e na Amazônia, ações que visem a dotar a Vejam que, ao contrário do que preconiza o senso
pesquisa e o sistema produtivo regional de maiores comum, empreendedor não é somente aquela pessoa
INOVAÇÃO

recursos humanos e capacitação tecnológica; que inicia um negócio, mas também quem o opera e,
II - atender a programas e projetos de estímulo à ino- de alguma forma, assume riscos inerentes e procura
vação na indústria de defesa nacional e que ampliem trazer inovações.
a exploração e o desenvolvimento da Zona Econômi- Ou seja, o empreendedor (funcionário) pode ino-
ca Exclusiva (ZEE) e da Plataforma Continental; var a partir de negócios já existentes e dentro de
III - assegurar tratamento diferenciado, favorecido empresas já constituídas. É a partir dessa sistemática
e simplificado às microempresas e às empresas de que surgem os termos “Empreendedorismo Corpora-
pequeno porte; tivo” ou “Intraempreendedorismo”. 257
Schumpeter (apud Chiavenato, 2007, p. 8) vai além z Realizar ideias;
e amplia conceito, dizendo o seguinte: z Começar algo novo;
z Alavancar recursos;
O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem z Impulsionar talentos;
econômica existente graças à introdução no mer- z Dinamizar ideias;
cado de novos produtos/serviços, pela criação z Detectar oportunidade;
de novas formas de gestão ou pela exploração de z Equilíbrio;
novos recursos, materiais e tecnologias”. Para ele, z Introdução de novos produtos/serviços.
o empreendedor é a essência da inovação no mun-
do, tornando obsoletas as antigas maneiras de
Já vimos alguns conceitos sobre o empreendedor
fazer negócios.
e o empreendedorismo em si, mas qual a origem do
empreendedorismo? Reynolds e Schumpeter (apud
Já para Dornelas (2001, p. 37), a melhor definição
Chiavenato, 2007, p. 7) nos trazem alguns entendi-
para o tal quem empreende é a de Joseph Schumpe-
ter (1949), nos termos: mentos sobre essas origens.
Segundo os autores, o empreendedorismo tem
O empreendedor é aquele que destrói a ordem eco- sua origem na reflexão de pensadores econômicos
nômica existente pela introdução de novos pro- do século XVIII e XIX, defensores do laissez-faire ou
dutos e serviços, pela criação de novas formas de liberalismo econômico. Em suma, esses pensado-
organização ou pela exploração de novos recursos res econômicos defendiam que a ação da economia
materiais. era refletida pelas forças livres do mercado e da
concorrência.
Dornelas (2001, p. 37) também menciona a defini- No Brasil, segundo Dornellas (2001, p. 25), o movi-
ção de Kirzner: mento do empreendedorismo começou a tomar forma
na década de 1990, quando entidades como o Sebrae
Para esse autor, o empreendedor é aquele que cria (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
um equilíbrio, encontrando uma posição clara e Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Expor-
positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou tação de Software) foram criadas. Nesse contexto, o
seja, identifica oportunidades na ordem presente. empreendedorismo foi sendo formado como um arti-
fício que direciona a inovação e promove o desen-
Nesse sentido, o empreendedor é um exímio iden- volvimento econômico.
tificador de oportunidades, curioso por natureza e Não somente os fatos econômicos contribuíram
atento às informações ao seu redor. para a formação e compreensão do empreendedoris-
Dornelas (2001, p. 37) também traz sua própria mo. A própria sociologia, a psicologia e a antropolo-
definição de empreendedor: gia trouxeram pontos de vista sobre a expansão desse
fenômeno — os behavioristas (comportamentalis-
O empreendedor é aquele que detecta uma oportu- tas) da psicologia, por exemplo, foram incentivados a
nidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, traçar um perfil da personalidade do empreendedor.
assumindo riscos calculados.
Ao longo do tempo, diversas pesquisas sobre o per-
fil do empreendedor foram sendo construídas. Uma
Segundo o autor, em qualquer definição de dessas pesquisas foi proposta por Longenecker et
empreendedorismo, encontram-se, pelo menos, os
al (apud Chiavenato, 2007, p. 8) que trouxeram três
seguintes aspectos:
características básicas do espírito empreendedor:
z Iniciativa para criar um negócio e paixão pelo que
z Necessidade de realização: as pessoas apresen-
faz;
tam diferenças individuais quanto à necessidade
z Uso dos recursos disponíveis de forma criativa, de
de realização. Existem aquelas com pouca neces-
modo a transformar o ambiente social e econômi-
sidade de realização e que se contentam com o
co onde se vive;
status que alcançaram. Contudo, as pessoas com
z Aceitação dos riscos e da possibilidade de fracassar.
alta necessidade de realização gostam de compe-
tir com certo padrão de excelência e preferem ser
Já o Global Monitor Entrepreneurship (GEM), defi-
pessoalmente responsáveis por tarefas e objetivos
ne empreendedorismo como:
que atribuíram a si próprias. McClelland, da psico-
logia organizacional, descobriu em suas pesquisas
Qualquer tentativa de criação de um novo negó-
cio ou novo empreendimento, como por exemplo uma correlação positiva entre a necessidade de
uma atividade autônoma, uma nova empresa, ou a realização e a atividade empreendedora. Ou seja,
expansão de um empreendimento existente, por um os empreendedores apresentam elevada necessi-
indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já dade de realização em relação às pessoas da popu-
estabelecidas. lação em geral. É a famosa ambição;
z Disposição para assumir riscos: o empreendedor
Veja que todas essas definições conversam entre costuma assumir diversos riscos ao iniciar seu pró-
si e possuem pontos de convergência. A essência é, prio negócio:
basicamente, a mesma. Por exemplo, algumas pala-
vras-chave até aqui foram: „ Riscos financeiros decorrentes do investimento
do próprio dinheiro e do abandono de empre-
z Assumir riscos; gos seguros e de carreiras definidas;
z Inovar; „ Riscos familiares ao envolver a família no
258 z Criar; negócio;
„ Riscos psicológicos por conta da possibilidade Já Smith (apud Chiavenato, 2007, p. 11) considera
de fracassar, dentre outros. que os empreendedores apresentam enorme varia-
ção em seus estilos de fazer negócios. Por isso, o autor
Em geral, pessoas empreendedoras costumam prefe- sugere um continuum, dois padrões básico:
rir situações arriscadas até certo ponto, em que podem
exercer determinado controle pessoal sobre o resultado, z Empreendedores artesãos (ou executores): são
o que é totalmente diferente das situações de jogo, em aqueles que iniciam o negócio com habilidades
que o resultado depende apenas de sorte, por exemplo; técnicas e um pequeno conhecimento de gestão de
negócios. Esse tipo de empreendedor tem experiên-
cia em “colocar a mão da massa”, mas não dispõe de
z Autoconfiança: os empreendedores costumam
habilidades interpessoais ou de gestão. É o exemplo
possuir autoconfiança para enfrentar os desafios
do mecânico que resolve abrir uma oficina indepen-
e dominar os problemas. As pesquisas mostram
dente. Algumas características desse estilo são:
que os empreendedores de sucesso são pessoas
independentes, que enxergam os problemas ine- „ Ter uma orientação de tempo de curto prazo,
rentes a um novo negócio, mas acreditam em suas com pouco planejamento;
habilidades pessoais para superar tais problemas. „ Ser paternalista (dirige o negócio da forma
Enquanto as pessoas em geral sentem ter a vida como dirigiria sua própria família);
controlada pela sorte ou pelo acaso (foco exter- „ Relutar em delegar autoridade (é centralizador);
no de controle), os empreendedores possuem um „ Usar uma ou duas fontes de capital para abrir
foco interno de controle (acreditam que o sucesso sua empresa;
depende de seus próprios esforços e habilidades). „ Definir a estratégia de marketing em termos de
preço tradicional, da qualidade e da reputação
Em resumo, as três características básicas do da empresa;
empreendedor são: „ Esforçar-se nas vendas, basicamente, por moti-
vos pessoais.
Necessidade
z Empreendedores oportunistas (ou administra-
de realização
dores): é o outro extremo do continuum. Em geral,
é aquele empreendedor que possui alguma edu-
cação técnica suplementada por estudo de assun-
Disposição
Autoconfiança para assumir
tos mais amplos, como administração, economia,
riscos legislação ou línguas. Ele procura sempre estudar
e aprender. Veja algumas de suas características:
Fonte: Chivenato, 2007, p. 10 (adaptado pela autora).
„ Evitar o paternalismo na condução da equipe;
„ Costuma delegar autoridade às pessoas necessárias;
Chiavenato (2007) também afirma que diver-
„ Empregar estratégias de marketing e vendas;
sas pesquisas incluem outras características do „ Obter capitalização de mais de duas fontes de
empreendedor, tais como: dinheiro;
„ Planejar o crescimento futuro do negócio;
z A visão do empreendedor é, geralmente, apoiada „ Utilizar sistemas de registro e controle, orça-
por um conjunto interligado de ideias próprias e mento apropriado, oferta precisa e pesquisa
específicas, não disponíveis no mercado; sistemática de mercado.
z Sua abordagem geral para realizar a visão é clara,
embora os detalhes sejam incompletos, flexíveis e Dornelas (2001, p. 30) afirma que o empreende-
que emergem com a prática; dor de sucesso possui características extras, além dos
z Os empreendedores promovem sua visão com pai- atributos do administrador:
xão e entusiasmo;
z O empreendedor tem uma visão entusiástica e z São visionários;
constitui a força impulsionadora da empresa; z Sabem tomar decisões;
z O empreendedor desenvolve estratégias com per- z São indivíduos que fazem a diferença;
sistência e determinação para transformar sua z Sabem explorar o máximo de oportunidades;
visão em realidade; z São determinados e dinâmicos;
z Os empreendedores assumem a responsabilidade z São dedicados;
inicial, o que permite que sua visão venha a ser z São otimistas e apaixonados pelo que fazem;
z São independentes e constroem o próprio destino;
um sucesso;
z Ficam ricos (acreditam que o dinheiro é conse-
z Os empreendedores assumem riscos com pru-
quência do sucesso dos negócios);
dência, avaliam custos, necessidades de mercado/
z São líderes e formadores de equipes;
INOVAÇÃO

clientes e persuadem outros a se juntar a eles e a z São bem relacionados — possuem um networking
ajudar no empreendimento; (sabem construir uma rede de contato);
z Um empreendedor é, geralmente, um pensador z São organizados (sabem obter e alocar os recursos
positivo e um tomador de decisões; materiais, humanos, tecnológicos e financeiros, de
z A um empreendedor são necessárias inspiração, forma racional);
motivação e sensibilidade. z Planejam cada passo do seu negócio;
z Possuem conhecimento, que pode vir da experiên-
cia prática ou por meio de cursos, por exemplo; 259
z Assumem riscos calculados; z Porta-voz: transmite para o exterior as estraté-
z Criam valor para sociedade (geram emprego, dina- gias, políticas, atividades e os resultados organi-
mizam a economia, melhoram a vida das pessoas). zacionais. Exemplo: comunicados de imprensa,
entrevistas a grupos de interesse externos etc.
Ou seja, o empreendedor vai além do administra-
dor. Suas características estão próximas das caracte- Decisórios
rísticas de um líder.
Observe o que diz Chiavenato (2003, p. 258) sobre a Envolvem todos os eventos que, de alguma forma,
diferença entre gerentes (chefes) e líderes: implicam em tomada de decisão.
z O gerente administra, o líder inova; z Empreendedor: identifica oportunidades que
z O gerente é uma cópia, o líder é o original; potencializem o desenvolvimento da organização
z O gerente mantém, o líder desenvolve;
como, por exemplo, novos projetos e iniciativas;
z O gerente se concentra no sistema e na estrutura, o
z Solucionador de conflitos: resolve os conflitos
líder se concentra nas pessoas;
que impedem o desenvolvimento normal das ati-
z O gerente se baseia no controle, o líder inspira
vidades. Exemplo: resolução de conflitos entre
confiança;
subordinados;
z O gerente tem uma visão de curto prazo, o líder
z Administrador de recursos: aloca os recursos
tem uma perspectiva de longo prazo;
organizacionais em função dos objetivos e das
z O gerente pergunta como e quando, o líder per-
necessidades. Exemplos: realização de orçamentos
gunta o que e o porquê;
e programação dos trabalhos;
z O gerente tem os olhos nos resultados, o líder
z Negociador: representa a organização nas prin-
enxerga o horizonte;
cipais negociações. Exemplo: negociações com os
z O gerente aceita o status quo, o líder o contesta;
sindicatos, fornecedores etc.
z O gerente é o clássico bom soldado, o líder é sua
própria pessoa;
z O gerente faz as coisas corretamente, o líder faz a Dornelas (2008, p. 18) destaca, ainda, que o
coisa certa. empreendedorismo possui duas facetas:

Outro autor que ressaltou a importância do papel z Empreendedorismo de oportunidade: o


empreendedor foi Henry Mintzberg. O autor, consi- empreendedor é visionário, planeja aonde quer
derado um dos maiores especialistas em estratégia, chegar. Existe planejamento prévio e o intuito é a
estudou um grupo de altos executivos e classificou geração de lucros, empregos e riqueza. Aqui, existe
suas atividades em dez papéis gerenciais, que foram uma maior chance de sucesso;
agrupados em três famílias — interpessoais, infor- z Empreendedorismo de necessidade: o empreen-
macionais e decisórios. Veja o que ele diz (apud dedor acaba empreendendo por falta de opção.
Sobral e Peci, 2008) sobre o assunto: Os negócios são criados de maneira informal, por
conta de algum infortúnio (desemprego, falta de
Interpessoais dinheiro etc.). Não existe planejamento adequado.

São os papéis que envolvem as relações dos admi- Por fim, é possível ensinar o empreendedorismo?
nistradores com outras pessoas, membros da organi- Para Dornelas (2001, p. 38), por muito tempo, acredi-
zação ou grupos externos. tou-se que ser empreendedor era algo inato, que já
nascia predestinado. Porém, esse discurso mudou e é
z Símbolo: o gerente age como um símbolo da orga- possível concluir que o processo empreendedor pode
nização, atua como uma referência. Exemplos de ser ensinado e aprendido.
atividades: representar a organização em cerimô- O sucesso no empreendedorismo depende de uma
nias, solenidades, acompanhar visitantes etc.; série de fatores que incluem, por exemplo, diversos tipos
z Líder: direciona as atividades dos seus subordina- de capacitações e o desenvolvimento de uma gama de
dos. Exemplos de atividades: motivação, orientação competências (conhecimentos, habilidades e atitudes).
etc.;
z Ligação: ocorre o desenvolvimento de uma teia PROCESSO EMPREENDEDOR
de relações que permitem o intercâmbio de infor-
mações. Exemplos de atividades: manutenção de O processo empreendedor pode ser diferente, a
redes de contatos com o exterior, acompanhamen- depender do contexto ou da organização, por exem-
to de correspondência, construção de alianças etc. plo. Mas, em geral, existem algumas similaridades e
Dornelas (2008) resume o processo empreendedor em
Informacionais quatro fases:

Envolvem a coleta, o processamento e a comunica- z Identificar e avaliar a oportunidade: a oportuni-


ção de informações. dade é identificada e avaliada; os valores são perce-
bidos, os riscos e retornos ponderados, e a situação
z Monitor: coleta e analisa informações sobre a orga- dos competidores é levantada, por exemplo;
nização. Exemplos: leitura de periódicos e relatórios; z Desenvolver o plano de negócios: aqui, ocorre a
z Disseminador: partilha informações com os elaboração do negócio, com o sumário executivo,
subordinados por meio de redes de comunicação o conceito do negócio, a equipe de gestão, a estru-
interna. Exemplos: reuniões, e-mails informativos tura da operação, a análise estratégica, o plano
260 etc.; financeiro etc.;
z Determinar e captar os recursos necessários: Ou seja, nesse processo de autoconhecimento, é
os recursos são levantados e captados. Podem ser importante, ao menos inicialmente, se fazer as seguin-
recursos pessoais, de amigos, de bancos, governo, tes perguntas:
incubadoras etc.;
z Administrar a empresa criada: aqui, ocorre a z Em qual ponto você se situa?
administração propriamente dita, a definição do z Quais são as suas características pessoais?
estilo de gestão, identificação dos problemas atuais z Que tipo de empreendedor você é?
e potenciais, implementação dos sistemas de con- z Qual é a sua necessidade de realização?
trole, profissionalização da gestão etc. z Qual é a sua disposição para assumir riscos?

REFERÊNCIAS Qual é o seu grau de autoconfiança?


Por isso, a inteligência emocional, mais do que
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas nunca, se mostra tão relevante!
ao espírito empreendedor. 2. ed. rev. e atualiza- O domínio e o gerenciamento das emoções são habi-
da. São Paulo: Saraiva, 2007. lidades importantes para quando surgem aquelas “gran-
______. Introdução à Teoria Geral da Administra- des oportunidades” de negócios. Nem sempre essas
ção. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. “oportunidades” são tudo aquilo que aparentam ser.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: trans- Apesar de parecer um tanto lógico, é válido ressal-
formando ideias em negócios. Rio de Janeiro: tar que as decisões nos negócios demandam embasa-
Campus, 2001. mento e racionalidade. O “feeling” é importante, mas
______. Empreendedorismo: transformando decisões racionais também são. Ainda existe muito
ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. amadorismo no empreendedorismo e um tanto de
GEM 2003 — Global Entrepreneurship Monitor inteligência emocional cai bem!
2003. Relatório Executivo Empreendedorismo Nesse sentido, Daniel Goleman, no livro “Inte-
no Brasil 2003. Curitiba: IBPQ, 2003. p. 5. ligência Emocional”, afirma que Salovey (autor de
SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prá- Emotional intelligence. Imagination, Cognition and
tica no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson
Personality), propôs uma definição elaborada de inte-
Prentice Hall, 2008. ligência emocional, expandindo essas aptidões em
cinco domínios principais, como veremos a seguir.
Em resumo, os 5 domínios são:

AUTOCONHECIMENTO E PERCEPÇÃO z Conhecer as próprias emoções (autoconhecimento);


z Lidar com emoções (controle das emoções);
DE OPORTUNIDADES z Motivar-se;
z Reconhecer emoções nos outros (empatia);
O autoconhecimento, como o próprio nome suge-
z Lidar com relacionamentos (saber se relacionar).
re, diz respeito ao conhecimento que uma pessoa tem
sobre si mesma. Refere-se a uma investigação que o
Em resumo, conhecer a si mesmo, saber lidar com
indivíduo faz sobre seus gostos, dilemas, pontos fortes
as próprias emoções, motivar-se, ter empatia com
ou fracos, potenciais de melhoria, padrões de compor-
as outras pessoas e saber se relacionar são aspec-
tamento, sentimentos etc.
tos fundamentais nesse processo de percepção das
Esse processo pode ser estendido para o “empreen-
oportunidades.
dedor”, com o objetivo de ajudá-lo a compreender
qual são suas melhores oportunidades.
Sobre isso, Chiavenato (2007, p. 13) diz-nos o REFERÊNCIAS
seguinte:
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas
O autoconhecimento é fundamental para você ter ao espírito empreendedor. 2. ed. rev. e atualizada.
um referencial próprio. Deve ser o seu ponto de São Paulo: Saraiva, 2007.
partida antes da escolha de seu novo empreendi- GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Tradução:
mento. Um bom negócio é aquele que tem o seu fei- Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
tio pessoal, a sua cara, o seu jeito. O negócio deve
ajustar-se a você como se fosse feito sob medida.
Mas você tem de conhecer suas medidas para saber
se o negócio lhe cabe. Caso contrário, você se colo-
cará em um papel totalmente inadequado, que em O PROCESSO DE INOVAÇÃO
nada combina com suas características pessoais. O
novo negócio tem de ter o seu DNA. Como acontece a inovação? Existe, de fato, um pro-
cesso (sequência de atividades) para chegar à inova-
Veja que, por meio do autoconhecimento, o ção? Quais são, então, suas etapas? Este tópico busca
INOVAÇÃO

empreendedor pode evitar determinadas “enrasca- justamente responder essas perguntas.


das”, ou seja, situações que não têm a ver com os seus Aqui não vamos nos ater ao conceito propriamen-
objetivos, por exemplo. E, além disso, ele pode encon- te dito, mas vamos entender como acontece inovação
trar as oportunidades “certas”, que se encaixam com (o processo por trás disso).
o seu perfil. Preliminarmente, é importante sabermos que a ino-
Existem inúmeras possibilidades de negócios, vação possui um alto grau de novidade e, em geral, um
dos mais diversos tipos, mas nem todas elas são para alto valor e utilidade. Ou seja, não há como existir ino-
“todas as pessoas”. vação sem utilidade, sem consumidor, sem mercado. 261
A inovação pode ser, de fato, uma “novidade”, ou Inevitavelmente as inovações geram algum tipo de
um produto/serviço aperfeiçoado, que possa resul- mudança no ambiente organizacional, que acontece
tar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou por meio de um processo gradual dividido por Kurt
desempenho. Lewin (apud ROBBINS, 2009, p. 427) em três etapas:
Por exemplo, a Apple não surgiu a partir de uma
ideia nunca vista antes. Os celulares já existiam, o mer- z Descongelamento do status quo: para sair do
cado de smartphones já estava “voando”. O que, então, equilíbrio, superar as resistências e conformida-
essa marca fez para revolucionar? Eles uniram diver- des, é necessário ocorrer o descongelamento e
sos aspectos em um único produto, sanaram diversas abandonar velhos padrões, ideias e prática;
demandas (necessidades) do consumidor e recriaram z Movimento para uma nova condição: aqui ocorre
o smartphone de forma inovadora e funcional. a implementação da mudança propriamente dita;
Veja que, nesse sentido, fica difícil estabelecer z Recongelamento da mudança: aqui o objetivo
limites bem definidos, de forma cartesiana: a inova- é estabilizar a mudança, por meio do equilíbrio
ção é um processo sem fronteiras, contínuo (o início e entre as forças propulsoras e restritivas (limitado-
o fim não podem ser delimitados). ras). É o período em que ocorre a estabilização da
Como afirma Barbieri (2004), o processo de ino- mudança, por meio de um equilíbrio. Há incorpo-
vação não possui uma regularidade e uma sincroni- ração da mudança por meio de suporte e reforço,
cidade específica e bem definida. Tudo depende do de modo que ela se torno o novo padrão (norma).
contexto. Um projeto inovador pode sofrer inovações
de caráter incremental ao longo de todo o seu ciclo de Esquematizando:
vida (é justamente o caso da Apple).
É difícil distinguir com clareza quando termina a ino-
vação principal e quando começam os aperfeiçoamentos. Descongelamento Movimento Recongelamento
Ou seja, não existe fórmula pronta, do tipo “faça
isso ou aquilo que com certeza você alcançará a ino-
vação”. O processo é cíclico, interativo, dinâmico e REFERÊNCIAS
envolve uma rede de atores (pesquisadores, cientis-
tas, empresas, consumidores etc.). BARBIERI, J. C. Organizações Inovadoras: estudos
Porém, alguns autores propõem modelos que nos e casos brasileiros. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
ajudam nesse estudo da inovação. É o caso do mode- CARDOZA, G. A escada de aprendizado e inovação.
lo proposto por Cardoza (2004), que leva em conta as HSM Management Update; 2004, 15, 1-3, nov./dez.
diversas variáveis envolvidas no processo de inovação. 2004.
Ele chamou de modelo “escada” e trouxe as ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional.
seguintes etapas para o processo de aprendizado e 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
inovação (A&I):

z Busca por novas oportunidades e novas necessi-


dades de mercado. Uma equipe, por exemplo, pode GERAÇÃO DE IDEIAS E O PROCESSO
monitorar as necessidades existentes no mercado e
transformá-las em novas oportunidades de negócio;
CRIATIVO
z Exame das fontes de informações para avaliar, por
A Lei nº 10.973, de 2004, que dispõe sobre incenti-
exemplo: os indicadores de mercado, os produtos e
vos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no
serviços oferecidos pela concorrência, se existe ali-
ambiente produtivo e dá outras providências, em seu
nhamento com a estratégia corporativa, dentre outros
art. 2º, define criação e criador como:
aspectos;
z Avaliação das competências centrais, análise do
Art. 2º […]
custo-benefício e das capacidades técnicas, organiza-
II - criação: invenção, modelo de utilidade, desenho
cionais, gerenciais e de produção existentes;
industrial, programa de computador, topografia de
z Definição do projeto e de um plano de trabalho circuito integrado, nova cultivar ou cultivar essencial-
com metas de curto e longo prazo; mente derivada e qualquer outro desenvolvimento
z Desenho do produto e do processo (adaptação de tecnológico que acarrete ou possa acarretar o sur-
novas tecnologias relacionadas ao produto e aos gimento de novo produto, processo ou aperfeiçoa-
processos, testes de protótipos, aperfeiçoamento mento incremental, obtida por um ou mais criadores;
de padrões, rotinas de produção etc.); III - criador: pessoa física que seja inventora,
z Produção, distribuição e comercialização dos obtentora ou autora de criação;
novos produtos ou serviços;
z Exploração de mercado e interações (busca por Nesse processo criativo, a geração de ideias pode
novas oportunidades, com novos objetivos). ser estimulada por meio de algumas técnicas.
O brainstorming (ou tempestade de ideias, em
Observe que o processo é circular: começa com a português) é, basicamente, um processo de grupo em
busca por novas oportunidades e termina com essa que os indivíduos propõem ideias de forma livre, sem
mesma busca. O processo é “reiniciado” com toda críticas, no menor espaço de tempo possível.
a bagagem adquirida pela experiência anterior e, O intuito da técnica é explorar a criatividade em
assim, saltos de desenvolvimento são dados. grupo e o compartilhamento de ideias entre as pes-
Outro ponto importante quando falamos em ino- soas. Ou seja, é um processo de geração de ideias e de
vação nas organizações é a “mudança organizacio- desenvolvimento de alternativas criativas, de forma
262 nal”. Volta e meia esse assunto aparece em prova. livre, para posterior discussão e análise.
Geralmente, as sessões são curtas (10 a 15 minu- z Ideação: é a fase do brainstorming. É o momento
tos) e envolvem um grupo de até 15 participantes, que de coletar ideias para desenvolver uma solução
geram essa tempestade de ideias (alguns autores reco- para o problema. Aqui surgem propostas, insights,
mendam 5 a 12 pessoas). novas perspectivas (de maneira criativa e sem
Observem o que dizem Marshal et al (2021) sobre julgamentos);
o assunto: z Prototipagem e teste: aqui as ideias se transfor-
mam em soluções reais para o problema apre-
O brainstorming (tempestade de ideias) é um pro- sentado. Os protótipos funcionam como meios de
cesso de grupo em que os indivíduos emitem ideias testar a aderência da solução junto ao público e o
de forma livre, sem críticas, no menor espaço de resultado para a empresa;
tempo possível. [...]
z Implementação: depois da fase prototipagem,
O propósito do brainstorming é lançar e detalhar
são feitos os ajustes necessários e aí sim é hora
ideias com um certo enfoque, originais e em uma
atmosfera sem inibições. Busca-se a diversidade de de implementar o que foi planejado e colocar no
opiniões a partir de um processo de criatividade mercado.
brutal. Adicionalmente, é uma ferramenta que con-
tribui para o desenvolvimento de equipes. REFERÊNCIAS

Observemos algumas características do brains- MARSHALL, J. I. et al. Gestão da qualidade e pro-


torming, segundo os autores: cessos. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2021.

z Favorecimento da capacidade de autoexpressão,


livre de inibições ou preconceitos advindos da pró-
pria pessoa ou do grupo;
z Liberação da criatividade; INOVAÇÃO X INVENÇÃO
z Desenvolvimento da capacidade de acei-
tar e conviver com diferenças conceituais e DEFINIÇÕES
multidisciplinares;
z Ausência de julgamento prévio; Diversos autores propõem as mais variadas con-
z Registro das ideias geradas; ceituações sobre inovação. Iremos estudar algumas
z Desenvolvimento da capacidade de síntese; delas a seguir.
z Delimitação de tempo; Peter Drucker (apud CHIAVENATO, 2007, p. 261),
z Ausência de hierarquia durante o processo. por exemplo, sugere que a inovação é:

O autor afirma que existem três fases típicas no [...] o meio pelo qual o empreendedor cria novos
brainstorming: recursos produtores de riqueza ou dota recursos exis-
tentes com um maior potencial para criar riqueza.
z Apresentação do assunto, problema ou situação de
forma clara e objetiva; Ou seja, para o autor, a “inovação é a função especí-
z Geração e documentação das ideias; fica do empreendedorismo”. Ambos estão amplamente
z Análise e seleção. relacionados, apesar de nem todo empreendedor ser
necessariamente inovador.
Existe outra técnica, semelhante ao brainstor- O empreendedorismo não trata apenas da criação
ming, também já cobrada em prova, conhecida como de novos produtos ou serviços, mas também das ino-
brainwriting. vações em todos os âmbitos do negócio (processos,
A diferença é que, no brainwriting, as ideias são ideias, negócios etc.).
apresentadas por escrito (não há discussão/exposi- Segundo Dornelas (2019, p. 11):
ção por meio da fala), o que acaba reduzindo as chan-
ces de críticas e inibições (o autor da ideia geralmente A inovação ocorre a partir de uma criação, inven-
fica anônimo). Além disso, as ideias no brainwriting ção, da busca pela solução de questões ainda não
costumam ser mais “pensadas” e elaboradas que no resolvidas ou do aprimoramento de soluções já
brainstorming (mais espontâneo). existentes para problemas que o homem enfrenta
O brainwriting pode acontecer também por meio ao longo da vida e no dia a dia.
de fichas (ou formulários) que passam de participante
a participante e nas quais cada um deles fornece uma Esses “problemas” são desafios dos mais diversos:
quantidade predeterminada de ideias.
Já o design thinking é uma abordagem utilizada z Melhoria da saúde;
para criação de projetos e desenvolvimento de produ- z Aumento da produtividade de uma indústria;
tos que tem como base o pensamento dos designers. z Melhoria da qualidade de vida das pessoas nas
Consiste numa série de etapas, listadas a seguir: grandes cidades;
INOVAÇÃO

z Aumento da eficiência nas comunicações;


z Imersão: é a primeira etapa, considerada a fase de z Criação de novas soluções por meio dos mesmos
entendimento e compreensão de todos os elemen- recursos minerais;
tos de um problema; z Criação de recursos sustentáveis que não agridem
z Análise e síntese: depois de compreender os deta- o meio ambiente;
lhes sobre o problema, chegou a hora de analisar z Desenvolvimento de um novo modelo de produção
os dados coletados e elaborar uma síntese para e venda de produtos orgânicos, de forma rentável
guiar o processo de criação da solução; e ecologicamente correta. 263
Veja que é possível inovar em diversas áreas, em REFERÊNCIAS
diversos aspectos, mas a finalidade converge em um
ponto: impactar de forma positiva a vida da popula- CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas
ção. Não basta ter “criatividade”, é importante trans- ao espírito empreendedor. 2. ed. rev. e atualizada.
São Paulo: Saraiva, 2007.
formar essas ideias criativas em oportunidades de
DORNELAS, J. Empreendedorismo para visioná-
negócios que gerem valor ao consumidor final.
rios: desenvolvendo negócios inovadores para um
O autor também reitera que “inovar” é a premissa
mundo em transformação. São Paulo: Empreende,
que permite às empresas atingir a longevidade.
2019.
Não é possível uma empresa se manter com-
petitiva, em um mercado em constante mudança,
por exemplo, sem inovação. Inovações duradouras,
segundo o autor, não só ajudam a aumentar a pere-
nidade da empresa, mas também criam barreiras de
TIPOS DE INOVAÇÃO
entrada para os competidores.
Observe os tipos de inovação trazidos por Tigre
Já a Lei nº 10.973, de 2004, que dispõe sobre incen-
(2006):
tivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica
no ambiente produtivo e dá outras providências, em
z Incremental: ocorrem melhoramentos e modifi-
seu art. 2º, define inovação como: cações cotidianas (ou seja, é incremental, dia após
dia);
Art. 2º […]
z Radical: acontece, por exemplo, um salto descontí-
IV - inovação: introdução de novidade ou aperfei-
nuo na tecnologia de produtos e processos. É radi-
çoamento no ambiente produtivo e social que resul-
cal, abrupto;
te em novos produtos, serviços ou processos ou que
z Novo sistema tecnológico: são mudanças abran-
compreenda a agregação de novas funcionalidades
gentes (amplas) que afetam mais de um setor e
ou características a produto, serviço ou processo
dão origem a novas atividades econômicas, lite-
já existente que possa resultar em melhorias e em
ralmente um novo sistema tecnológico;
efetivo ganho de qualidade ou desempenho; [...]
z Novo paradigma tecno-econômico: são mudan-
ças que afetam toda a economia, alterando produ-
Segundo Dornelas (2019, p. 12), existem diferen- tos e processos, criando indústrias e estabelecendo
ças entre uma ideia irrelevante (do ponto de vista de trajetórias de inovações por várias décadas.
negócio), uma invenção e uma inovação.
Observe a matriz a seguir: Já Chiavenato (2007) traz os seguintes tipos de
inovação:
Valor e utilidade
z Inovação evolucionária: é aquele tipo que evolui
Baixo Alto (melhora) pouco a pouco, de modo gradual (incre-
mental e contínua);
Invenção Inovação z Inovação revolucionária: são inovações drásti-
Grau de novidade

Alto

cas que, de fato, revolucionam de forma profunda,


rompem o status quo e tornam obsoleto aquilo que
até pouco tempo atrás era novidade. É um tipo ino-
vação que quebra paradigmas;
z Inovação disruptiva: diz respeito àquele tipo
Baixo

Irrelevante Melhoria de inovação que se inicia com uma tecnologia


ou produto mais barato com o objetivo de “tapar
Figura 1.5 Matriz de classificação de ideia (Bygrave e Zacharakis) um buraco”, preencher uma lacuna com a qual as
organizações líderes de mercado não estão dispos-
z O grau de novidade indica quão diferente e única tas a trabalhar no momento. Geralmente o desem-
é a ideia; penho do produto/serviço costuma ser inferior (o
objetivo inicial é ampliar o acesso a produtos e ser-
z Já o valor e a utilidade indicam o quanto um gru-
viços), depois há uma preocupação com a melho-
po significativo de pessoas vai adotar essa ideia,
ria e o aperfeiçoamento.
comprar o produto ou aceitar a solução proporcio-
nada por ela.
O Manual de Oslo também traz tipos de inovação.
Vejamos do que se trata:
Observe o primeiro quadro (no topo, à esquer- O Manual de Oslo (2018), elaborado pela OCDE e
da): a invenção possui, basicamente, um alto grau de Eurostat, é basicamente um manual metodológico de
novidade e, em geral, um baixo valor e utilidade. Ou referência internacional para medir a inovação.
seja, alguém pode inventar e patentear “qualquer coi- Foi publicado pela primeira vez em 1995, com o
sa”, mas nem sempre “essa coisa” tem utilidade. título “Guia para a recolhida e interpretação de
Já a inovação (no topo, à direita) possui um alto dados sobre inovação”, e atualmente está na sua
grau de novidade e, em geral, um alto valor e utili- quarta edição (lançada em 2018).
dade. Por isso, não há como existir inovação sem uti- Em sua quarta edição (2018, p. 28), o manual afir-
lidade, sem consumidor, sem mercado. ma que o termo “inovação” pode significar tanto uma
264 atividade quanto o resultado da atividade.
E traz uma definição geral: Ou seja, as interações que acontecem entre “uni-
versidade-indústria-governo” formam uma “Hélice
Uma inovação é um produto ou processo novo ou Tríplice” de inovação e empreendedorismo, são a cha-
aprimorado (ou combinação deles) que difere signi- ve para o crescimento econômico e o desenvolvimen-
ficativamente dos produtos ou processos anteriores to social.
da unidade e que foi disponibilizado a usuários em Segundo os autores (2017), a “Hélice Tríplice” é um
potencial (produto) ou trazido para uso pela unida- modelo universal de inovação e é justamente o que
de (processo). está por trás do desenvolvimento do Vale do Silício,
por exemplo. O processo de inovação está amplamen-
Essa edição também reduziu os 4 tipos de ino- te relacionado à interação destes três protagonistas:
vação trazidos anteriormente (inovação de produto,
processo, marketing e organizacional) para dois prin-
cipais tipos:
Universidade
z Inovação de produto: diz respeito a um bem ou
serviço novo ou melhorado que difere significati-
vamente dos bens ou serviços anteriores;
z Inovação de processo de negócios: diz respeito
a um processo de negócios novo ou aprimorado HÉLICE
para uma ou mais funções de negócios, que dife- TRÍPLICE
re significativamente dos negócios anteriores da
empresa.
Indústria Governo
Observe os 4 tipos de inovação trazidos pela edi-
ção anterior (Terceira) do Manual:

z Inovação de produto: diz respeito ao desenvolvi-


Esses três atores interagem com o intuito de pro-
mento de um bem ou serviço novo ou melhorado.
mover o desenvolvimento e criar um ecossistema
Por exemplo: melhorias, especificações técnicas,
para inovação e empreendedorismo.
nos materiais, na funcionalidade etc.;
Por fim, os autores afirmam que, embora um ecos-
z Inovação de processo: diz respeito a um novo (ou
sistema de inovação resultante de uma configuração
melhorado) método de produção ou distribuição.
específica da Hélice Tríplice não possa ser duplica-
Por exemplos: mudanças em técnicas, equipamen-
do em seu formato exato — como o Vale do Silício,
tos, softwares etc.;
por exemplo —, uma Hélice Tríplice com esses três
z Inovação de marketing: diz respeito, por exem-
protagonistas e vários atores coadjuvantes pode ser
plo, a um novo método de marketing, com mudan-
reproduzida em qualquer lugar do mundo, como um
ças na concepção do produto, no posicionamento,
modelo universal de inovação.
promoção, praça, embalagem etc.;
z Inovação organizacional: envolve inovações nos
z As universidades, por exemplo, podem desenvol-
métodos organizacionais ou nas práticas de negó-
ver incubadoras e ampliar o seu papel de provedo-
cios da empresa, por exemplo.
ras de ensino e pesquisa, gerando novas empresas;
z O Governo pode fornecer investimentos e finan-
REFERÊNCIAS
ciamentos mais robustos, regulamentar o setor
etc.;
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas
z As indústrias têm um forte papel de protagonistas
ao espírito empreendedor. 2. ed. rev. e atualizada.
no âmbito da produção e podem desenvolver, por
São Paulo: Saraiva, 2007.
exemplo, universidades corporativas.
TIGRE, P. B. Gestão da Inovação: a economia da
tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Observe, na íntegra, o que os autores dizem:
OECD/EUROSTAT. Oslo Manual 2018: Guidelines
for Collecting, Reporting and Using Data on Inno-
A Hélice Tríplice “organizada” é uma ferramenta
vation, 4th Edition, The Measurement of Scienti- institucional invisível de crescimento econômico
fic, Technological and Innovation Activities. OECD regional e de desenvolvimento social. Portanto, não
Publishing, Paris/Eurostat, Luxembourg, 2018. podemos duplicar um ecossistema como o Vale do
Silício, pois algumas condições naturais e sociais
são limitadas; mas podemos criar uma dinâmica
ECOSSISTEMAS COMPLEXOS DE de Hélice Tríplice em qualquer lugar em que houver
academia, indústria e governo, ou a capacidade de
INFORMAÇÃO iniciar essas instituições com base nas condições
existentes para a inovação, mesmo na ausência de
INOVAÇÃO

Existe um modelo chamado de “Hélice Tríplice” que uma ou mais esferas. Todavia, como esses proces-
propõe, nas palavras de Etzkowitz e Zhou (2017, p. 23): sos podem ser aprimorados? (ETZKOWITZ; ZHOU,
2017, p. 30)
[...] uma metodologia para examinar pontos fortes
e fracos locais e preencher lacunas nas relações Ou seja, esse ecossistema complexo pode ser
entre universidades, indústrias e governos, com construído em qualquer lugar em que houver acade-
vistas a desenvolver uma estratégia de inovação mia, indústria e governo. Basta existirem as condi-
bem-sucedida. ções favoráveis. 265
Veja, como dito, que não é possível duplicar um desenvolvimento tecnológico de novos produtos, ser-
ecossistema como o Vale do Silício, pois algumas con- viços ou processos.
dições naturais e sociais são únicas desse lugar, mas b) ICT é toda e qualquer entidade pública que se dedique
é plenamente possível “montar” (construir) um ecos- ao ensino e à pesquisa.
sistema favorável, basta as condições adequadas c) ICT é toda e qualquer universidade e centro de pesqui-
serem formadas. sa e desenvolvimento.
d) ICT é toda e qualquer instituição, pública ou privada,
REFERÊNCIAS que se dedique a Pesquisa, Desenvolvimento e Inova-
ção (P&D&I).
ETZKOWITZ, H.; ZHOU, C. Hélice Tríplice: inova- e) É considerada ICT, para os fins da Lei nº 10.973/2004,
ção e empreendedorismo universidade-indús- a universidade ou centro de pesquisa, sem fins lucrati-
tria-governo. Estudos Avançados [online]. 2017, vos, que tenha acordos de cooperação firmados com
v. 31, n. 90, p. 23-48. Disponível em: <https://doi. empresas brasileiras, para atividades de P&D.
org/10.1590/s0103-40142017.3190003>. Acesso em:
14 jul. 2022. 3. (IADES — 2019) A Lei nº 10.973/2004, com redação
dada pela Lei nº 13.243/2016, estabeleceu, no art. 16,
que a Instituição Científica, Tecnológica e de Inova-
ção (ICT) pública deverá dispor de Núcleo de Inova-
HORA DE PRATICAR! ção Tecnológica (NIT) próprio, ou em associação com
outras ICT. A principal finalidade desses NIT é:
1. (IADES — 2021) O art. 14-A da Lei no 10.973/2004,
com redação dada pela Lei no 13.243/2016, estabele- a) coordenar e acompanhar as atividades de alunos de
ce como se dará a participação em projetos daqueles pós-graduação da ICT em programas de cooperação
pesquisadores com vínculo empregatício com institui- internacional.
ções públicas. De acordo com o artigo citado, assinale b) promover a seleção de alunos de mestrado e doutora-
a alternativa correta. do para a política de inovação da ICT.
c) comercializar os produtos resultantes de atividades
de inovação das quais a ICT participe.
a) O pesquisador público em regime de dedicação exclu-
d) apoiar administrativamente a ICT no estabelecimento
siva, com exceção daquele enquadrado em plano de
das grades das disciplinas relacionadas com as res-
carreiras e cargos de magistério, poderá exercer ativi-
pectivas atividades de pesquisa e desenvolvimento.
dade remunerada de pesquisa, desenvolvimento e ino-
e) apoiar a gestão da política de inovação da ICT pública.
vação em ICT ou em empresa e participar da execução
de projetos.
b) O pesquisador público em regime de dedicação 4. (IADES — 2019) A Lei nº 10.973/2004, com redação
exclusiva, inclusive aquele enquadrado em plano de dada pela Lei nº 13.243/2016, estabeleceu, no art. 16,
carreiras e cargos de magistério, não poderá exercer que a Instituição Científica e Tecnológica (ICT) públi-
atividade remunerada de pesquisa, desenvolvimento e ca deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica
inovação em ICT ou em empresa e nem participar da (NIT) próprio ou em associação com outras ICT. Qual
execução de projetos. é a principal finalidade desses NIT?
c) O pesquisador público em regime de dedicação exclu-
siva, inclusive aquele enquadrado em plano de car- a) Promover a colocação de egressos da pós-graduação
reiras e cargos de magistério, poderá participar da da ICT no mercado de trabalho.
execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e b) Promover a seleção de alunos de mestrado e doutora-
inovação em ICT ou em empresa, exercendo apenas do para a política de inovação da ICT.
atividades não remuneradas. c) Comercializar os produtos resultantes de atividades
d) O pesquisador público, inclusive aquele enquadrado de inovação das quais a ICT participe.
em plano de carreiras e cargos de magistério, pode- d) Apoiar a gestão da política de inovação da ICT pública.
rá participar da execução de projetos de pesquisa, e) Coordenar e acompanhar as atividades de alunos de
desenvolvimento e inovação em ICT ou em empresa, pós-graduação da ICT em programas de cooperação
desde que seu regime de trabalho não seja de dedica- internacional.
ção exclusiva.
e) O pesquisador público em regime de dedicação exclu- 9 GABARITO
siva, inclusive aquele enquadrado em plano de carrei-
ras e cargos de magistério, poderá exercer atividade
remunerada de pesquisa, desenvolvimento e inovação 1 E
em ICT ou em empresa e participar da execução de 2 A
projetos
3 E
2. (IADES — 2019) A Lei nº 10.973/2004 foi modificada
pela Lei nº 13.243/2016, e uma das modificações mais 4 D
importantes foi a do conceito de ICT, que passou a ser
Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação. Acer-
ca do conceito de ICT, assinale a alternativa correta.

a) É considerada ICT qualquer órgão ou entidade públi-


ca ou privada, sem fins lucrativos, que inclui, na res-
pectiva missão, a pesquisa básica ou aplicada e o
266
PLANO DISTRITAL DE
POLÍTICA PARA MULHERES

PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA


MULHERES (2020 – 2023)
Prezado candidato,

Se você chegou até aqui, é porque está buscando se


preparar com qualidade para o seu certame.
No decorrer do conteúdo, nossa equipe de profes-
sores preocupou-se em trazer todas as legislações que
demandavam muita interpretação, de maneira cla-
ra, precisa e dinâmica. Assim, todas as legislações e
decretos foram paulatinamente explicados, no entan-
to, nem sempre todos os conteúdos demandam forte
interpretação, por serem autoexplicativos.
Nestes casos, recomenda-se uma boa leitura, pois
ela será a sua melhor amiga na almejada aprovação.
Acesse o conteúdo clicando aqui.

https://www.mulher.df.gov.br/pdpm/

Lembre-se de que a meta é estudar até passar!


Cordialmente,

Editorial Nova Concursos

ANOTAÇÕES

PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES

267
ANOTAÇÕES

268
OPERAÇÕES ATIVAS (Aplicação de Recursos)

CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
- BANCÁRIOS
TOMADOR DE RECURSOS
Agente Econômico Deficitário
ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL Nas operações passivas, ocorre o contrário: as ins-
tituições financeiras captam recursos dos agentes
A estrutura base do Sistema Financeiro Nacional econômicos superavitários, os doadores de recursos.
(SFN) está prevista na Lei nº 4.595, de 31 de dezembro São chamadas de operações passivas, pois representam
de 1964. Foi essa norma que, ao apagar das luzes de passivos da instituição, uma obrigação.
1964, criou o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Nesse caso, como apliquei meu dinheiro no banco, eu
Banco Central do Brasil — doravante, BC, BCB ou Bacen. sou o doador dos recursos e passo a ter um crédito, um
Veja que a atual estrutura de nosso sistema finan- ativo, um direito perante ao banco. Eu sou o credor.
ceiro é relativamente jovem, estando em vigor há, ape-
nas, 56 anos. A moeda comemorativa dos 50 anos do BC OPERAÇÕES PASSIVAS (Captação de Recursos)
(de R$ 1,00), ainda em circulação, foi lançada em 2015.
Apesar do curto período, muita coisa mudou de lá
para cá: a tecnologia, a estabilização da moeda, o sur-
gimento de novos produtos, a alteração no relaciona-
mento entre as instituições financeiras e o consumidor
bancário, entre outras. Diversos fatores alteraram pro-
fundamente a forma de atuar do sistema financeiro e
isso gerou impactos diversos na normatização de suas
operações e na forma de atuar de suas instituições. DOADOR DE RECURSOS
Essas alterações ainda ocorrem de forma paulati- Agente Econômico Superavitário
na e espaçada, dificultando o estudo por meio da letra
seca da lei, que, muitas vezes, não está devidamente
Ao juntarmos as duas operações em uma só figu-
atualizada em relação a alterações feitas em outras
ra, teremos, então, a visão do papel institucional das
legislações.
instituições financeiras, que atuam na promoção da
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL intermediação financeira.

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é o conjunto INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA


de entidades e instituições que têm por função prin-
cipal promover a intermediação financeira, utilizan-
do-se de diferentes instrumentos financeiros para
possibilitar a transferência de recursos entre agentes

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


econômicos superavitários (os credores, investidores,
poupadores) e deficitários (os tomadores de recursos).
Portanto, esse sistema promove o encontro entre cre-
dores e tomadores de recursos.
Por meio dele é que as pessoas, as empresas e o
governo (os agentes econômicos) circulam a maior
DOADOR DE RECURSOS TOMADOR DE RECURSOS
parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam
Agente Econômico Superavitário Agente Econômico Deficitário
seus investimentos. Para compreender melhor, é
importante que você tenha clareza sobre a diferença
entre as operações ativas e as operações passivas de Essa explicação é importante para identificar quan-
uma instituição financeira (IF). do um produto ou serviço de uma instituição financeira
Operações ativas são aquelas em que as institui- representa uma operação ativa ou uma operação passiva.
ções financeiras emprestam recursos aos agentes Cumpre salientar que a intermediação financeira é a
econômicos deficitários, os tomadores de recursos. função principal do SFN, mas não é a única. Os bancos e
São chamadas de operações ativas, pois representam demais operadores do sistema exercem inúmeras outras
ativos da instituição, um crédito a receber. funções, por conta de todo o avanço e das facilidades
Isso faz sentido, porque se o banco me empresta emergidas nos últimos tempos.
dinheiro, eu, que sou o tomador de recursos, passo Além disso, a Constituição Federal de 1988 traz o art.
a ter uma dívida, um passivo, uma obrigação com o 192, em que define que o Sistema Financeiro Nacional
banco. Torno-me, portanto, um devedor. Já o banco será estruturado de forma a promover o desenvolvimen-
passa a ter um direito, um crédito a receber, um ativo to equilibrado do país e a servir aos interesses da coletivi-
para ele que é o credor. dade, em todas as partes que o compõem. Vejamos: 269
Do Sistema Financeiro Nacional
Art. 192 O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir
aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado
por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

A CF trouxe, portanto, uma função social ao SFN — promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos inte-
resses da coletividade — que está diretamente ligada a uma adequada intermediação financeira e, certamente, propicia
desenvolvimento, geração de emprego e de renda.

Como Ocorre, na Prática, a Intermediação Financeira?

Vamos simplificar: quando você exagera nas compras de Natal e falta grana para pagar as contas em janeiro, ou quando
resolve que, mesmo sem grana, não vai ficar em casa no carnaval, uma alternativa é ir ao banco e solicitar um empréstimo.
Todos nós, pessoas físicas, empresas, governos, somos agentes econômicos. No exemplo narrado, você era um agente
econômico deficitário, ou tomador de recursos, que recorreu ao SFN, para obter recursos que outro agente econômico
entregou aos cuidados de alguma instituição financeira em troca de uma remuneração oriunda da aplicação de uma taxa
de juros sobre o capital entregue. Esse era o agente econômico superavitário ou doador de recursos.
É importante compreender que, em regra, o banco não empresta o dinheiro dele, mas empresta o dinheiro dos outros.
Ou seja, o que o sistema financeiro faz é possibilitar que aqueles que precisam de recursos consigam acesso aos recursos
daqueles que os tem em excesso.
Isso é a intermediação financeira. Porém, essa intermediação não pode ser feita assim, de qualquer jeito, por qual-
quer um. Afinal, estamos lidando com dinheiro e sabemos como isso complica as coisas. Então, há a necessidade de que
exista uma estrutura bem definida, normatizada e regulada para tocar essa engrenagem, para fazer essa roda girar.
Essa estrutura é a própria estrutura do Sistema Financeiro Nacional, a qual você conhecerá a seguir.

Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

Nós podemos dividir o Sistema Financeiro Nacional em três níveis de atuação. A melhor maneira de visualizar isso é
utilizando a forma pela qual o Banco Central demonstra a organização do SFN:

Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdência Fechada


Órgãos normativos

CMN CNSP CNPC


Conselho Monetário Conselho Nacional de Conselho Nacional de
Seguros Privados Previdência Complementar
Nacional
Supervisores

BCB CVM Susep Previc


Banco Central Comissão de Valores Superintendência de Superintendência
do Brasil Mobiliários Seguros Privados Nacional de Previdência
Complementar
Operadores

Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e Entidades Fechadas da


Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores previdência Complementar
(fundo de Pensão)

Cooperativas Corretores Bolsa de mercadorias Entidades abertas de


de crédito e distribuidoras e futuros previdência

Instituições Demais instituições Sociedades


de pagamento não bancárias de capitalização

270
É imprescindível que você observe a figura horizontalmente. Perceba que, à esquerda, rótulos identificam
três níveis de atuação: órgãos normativos, supervisores e operadores.
No primeiro nível, temos os órgãos normativos. São eles que definem o regramento geral a ser seguido pelo
mercado. Porém, entenda que eles não são órgãos executores, não possuem uma estrutura física nem são servido-
res de quadro próprio. Eles apenas ditam as regras.
Veremos que, na realidade, todos esses órgãos normativos são Conselhos, colegiados compostos por diferen-
tes autoridades ligadas ao mercado que se pretende normatizar e regular e que se reúnem periodicamente. Eles
determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema.
No segundo nível, temos as entidades supervisoras. São autarquias federais que cumprem e fazem cumprir
aquele regramento estabelecido pelos órgãos normativos.
Aqui, sim, existe toda uma estrutura física e um quadro de servidores trabalhando em prol de um sistema
financeiro sólido e eficiente, em benefício da sociedade. As entidades supervisoras trabalham para que os inte-
grantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.
Por fim, tempos os operadores. São as instituições financeiras, públicas e privadas, que atuam nos diversos
ramos do SFN, promovendo a intermediação financeira e oferecendo produtos e serviços aos seus consumidores.
É com os operadores que temos contato no nosso dia a dia.
Eles constituem a parte mais visível do sistema financeiro. Os operadores são as instituições que ofertam ser-
viços financeiros, no papel de intermediários.
Vamos fazer um paralelo, para tentar simplificar o entendimento. Pense em uma empresa qualquer, uma loja
de roupas por exemplo. Vamos imaginar que a loja tenha a seguinte estrutura organizacional:

DONO

Gerente A Gerente B

Funcionário A1 Funcionário A2 Funcionário B1 Funcionário B2

Vários comércios possuem uma estrutura parecida com essa. Há um dono (o “chefão”), que diz como as coisas
devem funcionar; gerentes, que cuidam para que as coisas saiam como o patrão quer; demais funcionários, que
executam o trabalho propriamente dito.
Guarde esse paralelo na sua memória. Isso vai te ajudar a entender os papéis de cada um dos órgãos e institui-
ções do SFN e, como consequência, a resolver questões de prova.
Pense da seguinte forma: os órgãos normativos são os donos, os “chefões” do SFN. Eles ditam as regras, dizem
como as coisas devem funcionar e aquilo que pode e o que não pode ser feito.
Como dito, não são entidades, pois não possuem uma estrutura e quadro próprio de servidores. São Conselhos,
órgãos formados por diferentes autoridades que se reúnem periodicamente para elaborar o regramento de suas
áreas de competência. Como não são órgãos executivos, não costumam executar tarefas, apenas dizem como elas
devem ser feitas. São como os patrões: apenas dão ordens.
Já as instituições supervisoras — o segundo nível — são os “gerentes”. Eles trabalham, zelando para que os
operadores cumpram o que foi determinado pelos órgãos normativos, ou seja, tomam conta de sua atuação. São
órgãos executivos e fiscalizadores. Como os gerentes, eles ficam de olho no que os operadores fazem.
Por fim, os operadores são os vendedores, os que estão na frente da loja. É com eles que os clientes têm contato

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


direto. Eles querem vender seus produtos e serviços; querem faturar, lucrar, e, para isso, precisam atender as
demandas de seus clientes.

Importante!

Existe uma outra classificação, mais antiga e já pouco utilizada, que divide o Sistema Financeiro Nacional em
dois subsistemas: o subsistema normativo e o subsistema operativo (ou operacional ou de intermediação).
Nessa divisão, órgãos normativos e entidades supervisoras formam, conjuntamente, o subsistema normati-
vo, enquanto os operadores compõem o subsistema operativo, operacional ou de intermediação.

Essa classificação já foi objeto de prova e, por isso, vale a pena memorizá-la.
Por fim, veja como o próprio Banco Central, em seu site, define a organização e a estrutura do SFN:
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem a interme-
diação financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema financeiro que as pes-
soas, as empresas e o governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam seus investimentos.

Segmentação do Sistema Financeiro Nacional

Voltaremos à figura utilizada pelo Banco Central, para demonstrar a organização do SFN, porém, dessa vez, a
analisaremos verticalmente: 271
Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdência Fechada

Órgãos normativos
CMN CNSP CNPC
Conselho Monetário Conselho Nacional de Conselho Nacional de
Seguros Privados Previdência Complementar
Nacional
Supervisores

BCB CVM Susep Previc


Banco Central Comissão de Valores Superintendência de Superintendência
do Brasil Mobiliários Seguros Privados Nacional de Previdência
Complementar
Operadores

Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e Entidades Fechadas da


Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores previdência Complementar
(fundo de Pensão)

Cooperativas Corretores Bolsa de mercadorias Entidades abertas de


de crédito e distribuidoras e futuros previdência

Instituições Demais instituições Sociedades


de pagamento não bancárias de capitalização

* Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.
** As Instituições de Pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme
diretrizes estabelecidas pelo CMN.
Repare que a figura está segmentada em três colunas: moeda, crédito, capitais e câmbio; seguros privados;
e previdência fechada.
No primeiro nível, temos 3 (três) órgãos normativos: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacio-
nal de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Cada um deles enca-
beça uma dessas três colunas. Isso significa que cada um desses Conselhos determina as regras gerais (diretrizes)
dos mercados sob sua responsabilidade.
Neste ponto, vale recordar o que cada um deles faz:

z Conselho Monetário Nacional: O CMN define as regras para os mercados monetário, de crédito, de câmbio e
de capitais. É responsável por fixar as diretrizes e normas das políticas monetária, creditícia e cambial;
z Conselho Nacional de Seguros Privados: O CNSP fixa as diretrizes e normas para os mercados de seguros
privados, que abrangem os setores de seguros, resseguros, capitalização e previdência complementar aberta;
z Conselho Nacional de Previdência Complementar: O CNPC é órgão normativo que regula regimes de previdên-
cia complementar operados por entidades fechadas de previdência complementar, os chamados fundos de pensão.

Dica
Órgãos normativos são sempre Conselhos.

No segundo nível, abaixo dos órgãos normativos, estão os supervisores, também chamados de entidades ou
instituições supervisoras. São as entidades que atuam de forma preventiva e reativa para o cumprimento das
regras emitidas pelos órgãos normativos. São elas:

z O Banco Central do Brasil (BCB), que é responsável pelos mercados monetário, de crédito e de câmbio;
272 z A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é responsável pelo mercado de capitais;
z A Superintendência de Seguros Privados (Susep), O CMN deve buscar também o aperfeiçoamento
que é responsável pelo mercado de seguros privados; das instituições financeiras e de seus produtos e servi-
z A Superintendência Nacional de Previdência ços, objetivando facilitar e fortalecer a intermediação
Complementar (Previc), que é responsável pelas financeira.
entidades fechadas de previdência.
Art. 3º [...]
Finalmente, no último e terceiro nível, vemos os ope- VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições
radores do SFN. Essas são as instituições, públicas e priva- financeiras;
das, que executam a intermediação financeira, atuando
diretamente com o público. São os bancos comerciais, a A liquidez e a solvência das instituições financei-
Caixa Econômica, os bancos de investimento, as socieda- ras impactam na segurança e no grau de confiabilida-
des de arrendamento mercantil, as corretoras, as distri- de do Sistema Financeiro Nacional. Trata-se, portanto,
buidoras de títulos e valores mobiliários etc. de permanente preocupação do CMN.
Existem diversos tipos de instituições operadoras
no SFN, que também costumam atuar de forma seg- Art. 3º [...]
mentada. Neste sentido, pode-se afirmar que, como VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia,
regra geral, cada tipo de instituição financeira opera orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e
produtos específicos, diferentemente dos produtos externa.
operados por outros tipos de IF.
O CMN é, portanto, o grande coordenador das polí-
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL ticas econômicas do país.
Lembre-se: O CMN é um órgão apenas normati-
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o princi- vo, não é um órgão executivo. Formular a política da
pal órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi-
(SFN), e tem, conforme o previsto no art. 2º da Lei nº co e social do país, é sua principal atribuição. Então,
4.595, de 1964, a finalidade de formular a política da tudo que a ele se referir estará relacionado à emissão
moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi- de normas, à definição de regras.
co e social do país. Atente-se, sempre, ao verbo utilizado na questão.
O CMN é responsável pelas diretrizes e normas das Verbos de ação (fazer, executar, efetuar, realizar, fis-
políticas monetária, creditícia e cambial. É ele, portanto, calizar) geralmente não se enquadram nas atividades
que coordena a política macroeconômica do governo. do CMN, que não possui atividades executivas e, sim,
Nosso primeiro passo será conhecer os seus objeti- dá ordens, por ser o “chefe”.
vos. Na prática, para que o CMN foi criado?
COMPETÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS
OBJETIVOS
Estabelecidos os objetivos do CMN, vamos conhe-
A melhor forma de conhecer os objetivos do CMN cer algumas competências e características que mere-
é analisá-los, um por um, conforme dispostos no art. cem atenção e que estão definidas em diferentes
3º da Lei nº 4.595, de 1964. Vejamos: legislações.
Existem quatro legislações que nos interessam
para a prova. Qualquer questão que trate do CMN terá
Importante! embasamento em uma dessas quatro normas. São
elas:
Alguns incisos desse artigo foram revogados
pela Lei Complementar nº 179, de 2021. z Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964;
Portanto, apresentaremos a seguir apenas os z Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976;

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


incisos que permanecem vigentes. z Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995;
z Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999.

Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional Vamos seguir a ordem cronológica, aprendendo
objetivará: [...] o que cada uma dessas legislações atribuiu ao CMN.
IV - Orientar a aplicação dos recursos das insti- Você não precisa ir até essas normas e estudar a “lei
tuições financeiras, quer públicas, quer privadas; seca”, pois o que nos interessa está aqui.
tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do
País, condições favoráveis ao desenvolvimento har- LEI Nº 4.595, DE 31 DEZEMBRO DE 1964
mônico da economia nacional;
O art. 4º da Lei nº 4.595, de 1964, traz as competên-
O CMN define regras gerais de atuação para os cias do CMN previstas naquela Lei, e seu estudo aju-
diversos tipos de instituições financeiras, estabele- dará a formar o conceito sobre o que é o CMN e qual
cendo os segmentos em que podem atuar. Pode ainda a sua função.
diferenciar certas regras conforme as regiões do país,
buscando diminuir desigualdades regionais. Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional,
segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da
Art. 3º [...] República:
V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e I - Revogado;
dos instrumentos financeiros, com vistas à maior II - Revogado;
eficiência do sistema de pagamentos e de mobiliza- III - Aprovar os orçamentos monetários, prepara-
ção de recursos; dos pelo Banco Central da República do Brasil, por 273
meio dos quais se estimarão as necessidades glo- XIX - Revogado;
bais de moeda e crédito; XX - Autorizar o Banco Central da República do
IV - Determinar as características gerais das cédu- Brasil e as instituições financeiras públicas federais
las e das moedas; a efetuar a subscrição, compra e venda de ações
V - Fixar as diretrizes e normas da política cambial, e outros papéis emitidos ou de responsabilidade
inclusive quanto a compra e venda de ouro e quais- das sociedades de economia mista e empresas do
quer operações em Direitos Especiais de Saque e em Estado;
moeda estrangeira; XXI - Disciplinar as atividades das Bolsas de Valo-
VI - Disciplinar o crédito em todas as suas moda- res e dos corretores de fundos públicos;
lidades e as operações creditícias em todas as XXII - Estatuir normas para as operações das ins-
suas formas, inclusive aceites, avais e prestações tituições financeiras públicas, para preservar sua
de quaisquer garantias por parte das instituições solidez e adequar seu funcionamento aos objetivos
financeiras; desta lei;
VII - Coordenar a política de que trata o art. 3º des- XXIII - Fixar, até quinze (15) vezes a soma do capital
ta Lei com a de investimentos do Governo Federal; realizado e reservas livres, o limite além do qual os
VIII - Regular a constituição, funcionamento e fisca- excedentes dos depósitos das instituições financei-
lização dos que exercerem atividades subordinadas ras serão recolhidos ao Banco Central da República
a esta lei, bem como a aplicação das penalidades do Brasil ou aplicados de acordo com as normas
previstas; que o Conselho estabelecer;
IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de XXIV - Decidir de sua própria organização; elabo-
juros, descontos, comissões e qualquer outra forma rando seu regimento interno no prazo máximo de
de remuneração de operações e serviços bancários trinta (30) dias;
ou financeiros, inclusive os prestados pelo Banco XXVI - Conhecer dos recursos de decisões do Banco
Central da República do Brasil, assegurando taxas Central da República do Brasil;
favorecidas aos financiamentos que se destinem a XXVI - Revogado;
promover: XXVII - Aprovar o regimento interno e as contas
- Recuperação e fertilização do solo; do Banco Central do Brasil e decidir sobre seu
- Reflorestamento; orçamento e sobre seus sistemas de contabilidade,
- Combate a epizootias e pragas, nas atividades bem como sobre a forma e prazo de transferência
rurais; de seus resultados para o Tesouro Nacional, sem
- Eletrificação rural; prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
- Mecanização; União.
- Irrigação; XXVIII - Aplicar aos bancos estrangeiros que fun-
- Investimento indispensáveis às atividades agrope- cionem no País as mesmas vedações ou restrições
cuárias; equivalentes, que vigorem nas praças de suas
matrizes, em relação a bancos brasileiros ali insta-
lados ou que nelas desejem estabelecer - se;
Obs.: Esse inciso dá competência ao CMN para
XXIX - Colaborar com o Senado Federal, na instru-
autorizar taxas de juros diferenciadas para operações
ção dos processos de empréstimos externos dos
direcionadas ao crédito agrícola em geral. É um bene-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para
fício que a lei traz para o setor do agronegócio e da cumprimento do disposto no art. 63, nº II, da Cons-
agricultura familiar. tituição Federal;
XXX - Expedir normas e regulamentação para as
X - Determinar a percentagem máxima dos recur- designações e demais efeitos do art. 7º, desta lei.
sos que as instituições financeiras poderão empres- XXXI - Baixar normas que regulem as operações
tar a um mesmo cliente ou grupo de empresas; de câmbio, inclusive swaps, fixando limites, taxas,
XI - Estipular índices e outras condições técnicas prazos e outras condições.
sobre encaixes, mobilizações e outras relações XXXII - Regular os depósitos a prazo de instituições
patrimoniais a serem observadas pelas instituições financeiras e demais sociedades autorizadas a fun-
financeiras; cionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive entre
XII - Expedir normas gerais de contabilidade e aquelas sujeitas ao mesmo controle acionário ou
estatística a serem observadas pelas instituições coligadas.
financeiras; § 1º O Conselho Monetário Nacional, no exercí-
XIII - Delimitar, com periodicidade não inferior a cio das atribuições previstas no inciso VIII deste
dois anos o capital mínimo das instituições finan- artigo, poderá determinar que o Banco Central da
ceiras privadas, levando em conta sua natureza, República do Brasil recuse autorização para o fun-
bem como a localização de suas sedes e agências cionamento de novas instituições financeiras, em
ou filiais; função de conveniências de ordem geral.
XIV - Revogado; § 2º Competirá ao Banco Central da República do
XV - Estabelecer para as instituições financeiras Brasil acompanhar a execução dos orçamentos
públicas, a dedução dos depósitos de pessoas jurídi- monetários e relatar a matéria ao Conselho Mone-
cas de direito público que lhes detenham o controle tário Nacional, apresentando as sugestões que con-
acionário, bem como dos das respectivas autar- siderar convenientes.
quias e sociedades de economia mista, no cálculo a § 3º Revogado;
que se refere o inciso anterior; § 4º O Conselho Monetário nacional poderá convi-
XVI - Revogado; dar autoridades, pessoas ou entidades para prestar
XVII - Revogado; esclarecimentos considerados necessários.
XVIII - Outorgar ao Banco Central da República § 5º Nas hipóteses do art. 4º, inciso I, e do § 6º, do
do Brasil o monopólio das operações de câmbio art. 49, desta lei, se o Congresso Nacional negar
quando ocorrer grave desequilíbrio no balanço de homologação à emissão extraordinária efetuada,
pagamentos ou houver sérias razões para prever a as autoridades responsáveis serão responsabiliza-
274 iminência de tal situação; das nos termos da Lei nº 1059, de 10/04/1950.
§ 6º O Conselho Monetário Nacional encaminhará Em seu art. 2º, a Lei n° 6.385, de 1976, apresenta o
ao Congresso Nacional, até 31 de março de cada que são os valores mobiliários:
ano, relatório da evolução da situação monetária e
creditícia do País no ano anterior, no qual descreve- Art. 2º São valores mobiliários sujeitos ao regime
rá, minudentemente as providências adotadas para desta Lei:
cumprimento dos objetivos estabelecidos nesta I - as ações, debêntures e bônus de subscrição;
lei, justificando destacadamente os montantes das II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e cer-
emissões de papel-moeda que tenham sido feitas tificados de desdobramento relativos aos valores
para atendimento das atividades produtivas. mobiliários [...];
§ 7º O Banco Nacional da Habitação* é o prin- III - os certificados de depósito de valores mobiliários;
cipal instrumento de execução da política habi- IV - as cédulas de debêntures;
tacional do Governo Federal e integra o sistema V - as cotas de fundos de investimento em valores
financeiro nacional, juntamente com as sociedades mobiliários ou de clubes de investimento em quais-
de crédito imobiliário, sob orientação, autorização, quer ativos;
coordenação e fiscalização do Conselho Monetário VI - as notas comerciais;
Nacional e do Banco Central da República do Bra- VII - os contratos futuros, de opções e outros deri-
sil, quanto à execução, nos termos desta lei, revoga- vativos, cujos ativos subjacentes sejam valores
das as disposições especiais em contrário. mobiliários;
VIII - outros contratos derivativos, independente-
Observação: O Banco Nacional da Habitação foi mente dos ativos subjacentes; e
IX - quando ofertados publicamente, quaisquer
extinto e incorporado à Caixa Econômica Federal (que
outros títulos ou contratos de investimento coleti-
o sucedeu em todos os seus direitos e obrigações) pelo
vo, que gerem direito de participação, de parceria
Decreto-Lei nº 2.291, de 1986.
ou de remuneração, inclusive resultante de presta-
Sobre as competências do CMN previstas no art. 4º ção de serviços, cujos rendimentos advêm do esfor-
da Lei nº 4.595, de 1964, é importante observar que: ço do empreendedor ou de terceiros.
§ 1º Excluem-se do regime desta Lei:
z As competências listadas estão relacionadas a: I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou
municipal;
„ Política monetária (moeda); II - os títulos cambiais de responsabilidade de insti-
„ Política creditícia (crédito e juros); tuição financeira, exceto as debêntures.
„ Política cambial;
„ Aperfeiçoamento das instituições e instrumen- A Lei 6.385, de 1976, também traz alguns dispositi-
tos financeiros e solidez do SFN. vos que definem competências e atribuições ao CMN.
Veja o que dizem os arts. 3º e 4º:
z Os verbos utilizados sempre estão relacionados com
o fato de o CMN ser um órgão normativo, e não exe- Art. 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional:
cutivo. Veja que os incisos começam com “autori- I - definir a política a ser observada na organiza-
zar”, “estabelecer”, “aprovar”, “determinar”, “fixar”, ção e no funcionamento do mercado de valores
“disciplinar”, “coordenar”, “regular”, “estipular” etc. mobiliários;
II - regular a utilização do crédito nesse mercado;
É importante compreender e fixar essas caracte- III - fixar, a orientação geral a ser observada pela
rísticas para resolver questões que abordem as com- Comissão de Valores Mobiliários no exercício de
petências do CMN na sua prova. suas atribuições;
IV - definir as atividades da Comissão de Valores
Mobiliários que devem ser exercidas em coordena-
LEI Nº 6.385, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1976
ção com o Banco Central do Brasil.
V - aprovar o quadro e o regulamento de pessoal da
A Lei nº 6.385, de 1976, é o diploma legal que insti-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Comissão de Valores Mobiliários, bem como fixar a
tuiu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entida- retribuição do presidente, diretores, ocupantes de
de supervisora responsável por fiscalizar, normatizar, funções de confiança e demais servidores. (Inciso
disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobi- Incluído Pela Lei nº 6.422, de 8.6.1977)
liários no Brasil. Vejamos o que dizem o art. 1º e seus VI - estabelecer, para fins da política monetária e
respectivos incisos: cambial, condições específicas para negociação de
contratos derivativos, independentemente da natu-
Art. 1º Serão disciplinadas e fiscalizadas de acordo reza do investidor, podendo, inclusive: (Incluído
com esta Lei as seguintes atividades: pela Lei nº 12.543, de 2011)
I - a emissão e distribuição de valores mobiliários a) determinar depósitos sobre os valores nocionais
no mercado; dos contratos; e (Incluído pela Lei nº 12.543, de 2011)
II - a negociação e intermediação no mercado de b) fixar limites, prazos e outras condições sobre as
valores mobiliários; negociações dos contratos derivativos. (Incluído
III - a negociação e intermediação no mercado de pela Lei nº 12.543, de 2011)
derivativos; § 1º Ressalvado o disposto nesta Lei, a fiscalização
IV - a organização, o funcionamento e as operações do mercado financeiro e de capitais continuará a
das Bolsas de Valores; ser exercida, nos termos da legislação em vigor,
V - a organização, o funcionamento e as operações pelo Banco Central do Brasil. (Incluído pela Lei nº
das Bolsas de Mercadorias e Futuros; 12.543, de 2011)
VI - a administração de carteiras e a custódia de § 2º As condições específicas de que trata o inciso
valores mobiliários; VI do caput deste artigo não poderão ser exigidas
VII - a auditoria das companhias abertas; para as operações em aberto na data de publica-
VIII - os serviços de consultor e analista de valores ção do ato que as estabelecer. (Incluído pela Lei nº
mobiliários. 12.543, de 2011) 275
Art. 4º O Conselho Monetário Nacional e a Comis- § 1º O Conselho deliberará mediante resoluções, por
são de Valores Mobiliários exercerão as atribuições maioria de votos, cabendo ao Presidente a prerroga-
previstas na lei para o fim de: tiva de deliberar, nos casos de urgência e relevante
I - estimular a formação de poupanças e a sua apli- interesse, ad referendum dos demais membros.
cação em valores mobiliários; § 2º Quando deliberar ad referendum do Conselho,
II - promover a expansão e o funcionamento eficien- o Presidente submeterá a decisão ao colegiado na
te e regular do mercado de ações, e estimular as primeira reunião que se seguir àquela deliberação.
aplicações permanentes em ações do capital social § 3º O Presidente do Conselho poderá convidar
de companhias abertas sob controle de capitais pri- Ministros de Estado, bem como representantes de
vados nacionais; entidades públicas ou privadas, para participar das
III - assegurar o funcionamento eficiente e regular reuniões, não lhes sendo permitido o direito de voto.
dos mercados da bolsa e de balcão; § 4º O Conselho reunir-se-á, ordinariamente, uma
IV - proteger os titulares de valores mobiliários e os vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que
investidores do mercado contra: for convocado por seu Presidente.
a) emissões irregulares de valores mobiliários; § 5º O Banco Central do Brasil funcionará como
b) atos ilegais de administradores e acionistas con- secretaria-executiva do Conselho.
troladores das companhias abertas, ou de adminis- § 6º O regimento interno do Conselho Monetário
tradores de carteira de valores mobiliários. Nacional será aprovado por decreto do Presidente
c) o uso de informação relevante não divulgada no da República, no prazo máximo de trinta dias, con-
mercado de valores mobiliários. tados da publicação desta Lei.
V - evitar ou coibir modalidades de fraude ou mani- § 7º A partir de 30 de junho de 1994, ficam extintos
pulação destinadas a criar condições artificiais de os mandatos de membros do Conselho Monetário
demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários Nacional nomeados até aquela data.
negociados no mercado; Art. 9º É criada junto ao Conselho Monetário
VI - assegurar o acesso do público a informações Nacional a Comissão Técnica da Moeda e do Crédi-
sobre os valores mobiliários negociados e as com- to, composta dos seguintes membros:
panhias que os tenham emitido; I - Presidente e quatro Diretores do Banco Central
VII - assegurar a observância de práticas comer- do Brasil;
ciais equitativas no mercado de valores mobiliários; II - Presidente da Comissão de Valores Mobiliários;
VIII - assegurar a observância no mercado, das III - Secretário-Executivo e Secretários do Tesouro
condições de utilização de crédito fixadas pelo Con- Nacional e de Política Econômica do Ministério da
selho Monetário Nacional. Economia;
§ 1º A Comissão será coordenada pelo Presidente
A Lei nº 6.385, de 1976 traz, portanto, competên- do Banco Central do Brasil.
cias e atribuições do CMN relacionadas ao mercado § 2º O regimento interno da Comissão Técnica da
de capitais. Moeda e do Crédito será aprovado por decreto do
Presidente da República.
Art. 10 Compete à Comissão Técnica da Moeda e
Importante! do Crédito:
I - propor a regulamentação das matérias tratadas
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão na presente Lei, de competência do Conselho Mone-
normativo responsável por definir as regras para tário Nacional;
os mercados monetário, de crédito, de câmbio e II - manifestar-se, na forma prevista em seu regi-
de capitais. mento interno, previamente, sobre as matérias
Subordinadas ao CMN, temos duas entidades de competência do Conselho Monetário Nacional,
supervisoras: o Banco Central e a Comissão de especialmente aquelas constantes da Lei nº 4.595,
Valores Mobiliários (CVM). de 31 de dezembro de 1964;
O Banco Central é o supervisor dos mercados III - outras atribuições que lhe forem cometidas
monetário, de crédito e de câmbio. Já a CVM é o pelo Conselho Monetário Nacional.
órgão supervisor do mercado de capitais. Art. 11 Revogado.

O CMN é composto pelos seguintes membros:


LEI Nº 9.069, DE 29 DE JUNHO DE 1995
z Ministro de Estado da Economia, que é o seu pre-
A Lei nº 9.069, de 1995, foi a Lei que instituiu o Pla- sidente;
no Real. Ela alterou a composição do CMN e a lista das z Presidente do Banco Central do Brasil;
Comissões que atuam junto ao Conselho (anteriormen- z Secretário Especial de Fazenda do Ministério da
te previstas nos arts. 6º e 7º da Lei nº 4.595, de 1964, que Economia.
não estão mais em vigor), e foi recentemente modifica-
da pela Lei nº 13.844, de 2019, em função da nova orga- Nos casos de urgência e relevante interesse, o
nização ministerial estabelecida pelo atual governo. Presidente do CMN pode deliberar ad referendum do
Além disso, essa lei traz outros pontos importantes Conselho, submetendo a decisão ao colegiado na pri-
sobre o CMN que são frequentemente abordados em meira reunião que se seguir àquela deliberação. Isso
concursos. Vamos a ela: significa que, havendo urgência e relevante interesse,
o Presidente do CMN (o Ministro da Economia) pode
Art. 8º O Conselho Monetário Nacional, criado
deliberar sobre determinado assunto e submeter sua
pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, passa
a ser integrado pelos seguintes membros: decisão aos demais membros na próxima reunião do
I - Ministro de Estado da Economia, que o presidirá; Conselho.
II - Presidente do Banco Central do Brasil; e O Conselho reúne-se, ordinariamente, uma vez por
III - Secretário Especial de Fazenda do Ministério mês, e, extraordinariamente, sempre que for convoca-
276 da Economia. do por seu Presidente.
De acordo com seu Regimento Interno (Decreto nº Art. 63 [...]
1.307, de 1994), participam das reuniões do CMN: I - Ministro de Estado da Economia, que o presidirá;
II - Presidente do Banco Central do Brasil; e
Art. 16 [...] III - Secretário Especial de Fazenda do Ministério
I - os Conselheiros; da Economia.
II - os membros da Comoc;
III - os Diretores do Banco Central, não integrantes A Lei nº 13.844, de 2019, também atualizou a com-
da COMOC; posição do Comissão Técnica da Moeda e do Crédito
IV - Representantes das Comissões Consultivas, (Comoc), que passou a ser composta dos seguintes
quando convocados pelo Presidente do CMN. membros:

Ainda de acordo com o Regimento Interno, pode- z Presidente e quatro Diretores do Banco Central do
rão assistir as reuniões do CMN: Brasil;
z Presidente da Comissão de Valores Mobiliários;
Art. 16 [...] z Secretário-Executivo e Secretários do Tesouro
§ 1º [...] Nacional e de Política Econômica do Ministério da
a) assessores credenciados individualmente pelos Economia.
conselheiros;
b) convidados do presidente do conselho [...]; A Comissão é coordenada pelo Presidente do Ban-
c) funcionários da secretaria-executiva do conse-
co Central do Brasil.
lho, credenciados pelo Presidente do Banco Central
do Brasil.
Dica
As decisões do CMN são tomadas por maioria sim-
As bancas de concursos públicos costumam
ples de votos. Somente aos conselheiros é dado o direi-
to de voto (§ 2º, art. 16). perguntar sobre a composição do CMN e/ou da
A Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc) Comoc.
é composta pelos seguintes membros:
DECRETO Nº 3.088, DE 21 DE JUNHO DE 1999
z Presidente e quatro Diretores do Banco Central do
Brasil; Com o Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999,
z Presidente da Comissão de Valores Mobiliários; o Brasil passou a adotar como um dos pilares de sua
z Secretário-Executivo do Ministério da Economia; política monetária o regime de metas para a inflação.
z Secretário do Tesouro Nacional; Trata-se de um regime monetário no qual o Banco
z Secretário de Política Econômica. Central compromete-se a atuar de forma a garantir
que a inflação efetiva esteja em linha com uma meta
A Comoc é coordenada pelo Presidente do Banco preestabelecida, anunciada publicamente.
Central, e atua como órgão de assessoramento técnico O Decreto trouxe, então, novas atribuições ao CMN:
na formulação da política da moeda e do crédito. A
Comoc manifesta-se previamente sobre assuntos de Art. 1º Fica estabelecida, como diretriz para fixa-
competência do CMN. ção do regime de política monetária, a sistemática
Segundo seu regimento interno, são quatro dire- de “metas para a inflação”.
tores do Banco Central do Brasil, indicados pelo seu § 1º As metas são representadas por variações
Presidente1, que participarão da Comissão. Como essa anuais de índice de preços de ampla divulgação.
indicação é alterada de acordo com a pauta das reu- § 2º As metas e os respectivos intervalos de tole-
niões, todos os diretores do BC tornam-se membros rância serão fixados pelo Conselho Monetário
potenciais da Comoc. Nacional - CMN, mediante proposta do Ministro de

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


O Banco Central do Brasil exerce a Secretaria- Estado da Economia [...].
-Executiva do CMN e também da Comoc. Compete ao Art. 2º Ao Banco Central do Brasil compete execu-
Banco Central organizar e assessorar as sessões deli- tar as políticas necessárias para cumprimento das
berativas (preparar, assessorar e dar suporte duran- metas fixadas.
te as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo Art. 3º O índice de preços a ser adotado para os
histórico). fins previstos neste Decreto será escolhido pelo
Além da Comoc, funcionam junto ao Conselho Mone- CMN, mediante proposta do Ministro de Estado da
tário Nacional as seguintes Comissões Consultivas: Fazenda.
Art. 4º Considera-se que a meta foi cumprida quan-
Art. 5º [...] do a variação acumulada da inflação - medida pelo
I - de Normas e Organização do Sistema Financeiro; índice de preços referido no artigo anterior, relati-
II - de Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros; va ao período de janeiro a dezembro de cada ano
III - de Crédito Rural; calendário - situar-se na faixa do seu respectivo
IV - de Crédito Industrial; intervalo de tolerância.
V - de Crédito Habitacional, e para Saneamento e Parágrafo único. Caso a meta não seja cumprida,
Infra-Estrutura Urbana; o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará
VI - de Endividamento Público; publicamente as razões do descumprimento, por
VII - de Política Monetária e Cambial. meio de carta aberta ao Ministro de Estado da
Fazenda, que deverá conter:
Importante! A Lei nº 13.844, de 2019, em seu art. I - descrição detalhada das causas do descumprimento;
63, alterou a Lei nº 9.069, de 1995, estabelecendo que II - providências para assegurar o retorno da infla-
o CMN agora é composto da seguinte forma: ção aos limites estabelecidos; e

1 Inciso VII, do art. 2º, do Decreto nº 1.304, de 9 de novembro de 1994. 277


III - o prazo no qual se espera que as providências e rendas resultantes, na data da vigência desta lei,
produzam efeito. do disposto no art. 9º do Decreto-Lei número 8495,
Art. 5º O Banco Central do Brasil divulgará, até de 28/12/1945, dispositivo que ora é expressamente
o último dia de cada trimestre civil, Relatório de revogado.
Inflação abordando o desempenho do regime de Parágrafo único. Os resultados obtidos pelo Banco
“metas para a inflação”, os resultados das decisões Central do Brasil, consideradas as receitas e des-
passadas de política monetária e a avaliação pros- pesas de todas as suas operações, serão, a partir
pectiva da inflação. de 1º de janeiro de 1988, apurados pelo regime de
competência e transferidos para o Tesouro Nacio-
Cabe ao CMN, portanto: nal, após compensados eventuais prejuízos de exer-
cícios anteriores.
z Fixar as metas e os respectivos intervalos de
tolerância para a inflação anual. Esse é o artigo que criou o Banco Central, sucedendo a
antiga Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC).
Para este ano de 2021, a meta foi fixada em 3,75%, Destaca-se também que o resultado obtido pelo Bacen
com intervalo de tolerância de 1,50%. em suas operações é transferido ao Tesouro Nacional,
Já para o ano de 2022, a meta foi fixada em 3,50%, compondo o resultado primário do Governo Central.
com intervalo de tolerância de 1,50%.
Art. 9º Compete ao Banco Central da República do
Brasil cumprir e fazer cumprir as disposições que
z Escolher, mediante proposta do Ministro de Esta-
lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as nor-
do da Fazenda (atual Ministro de Estado da Eco- mas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional.
nomia), o índice de preços a ser adotado como
referência para o cumprimento da meta. Como sabemos, o Banco Central é (enquanto enti-
dade supervisora do SFN responsável pela implemen-
Atualmente, adota-se o Índice de Preços ao Con- tação das políticas monetária, creditícia e cambial)
sumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Bra- subordinado às determinações da lei e do Conselho
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Monetário Nacional.
Caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Ban- Na sequência, temos os arts. 10 e 11, que definem
co Central do Brasil divulgará publicamente as razões do as competências do Banco Central. Há alguns incisos
descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro que estão desatualizados e outros que merecem com-
de Estado da Fazenda (atual Ministro da Economia). plementação. Acompanhe nos tópicos a seguir.

BANCO CENTRAL DO BRASIL BANCO EMISSOR

O Banco Central (Bacen ou BC) é uma autarquia Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
federal vinculada — mas não subordinada — ao da República do Brasil:
Ministério da Economia, criada pela Lei nº 4.595, de I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condi-
31 de dezembro de 1964. É a entidade supervisora dos ções e limites autorizados pelo Conselho Monetário
mercados monetário, de crédito e de câmbio. Sua mis- Nacional
são é “assegurar a estabilidade do poder de compra II - Executar os serviços do meio-circulante;
da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”.
Assim, o Banco Central é o responsável pelo controle A lei definiu que cabe ao Conselho Monetário
da inflação, atuando para regular a quantidade de moe- Nacional (CMN) autorizar a emissão de moeda, e ao
da na economia, de maneira a manter a estabilidade de Banco Central emiti-la. Ao BC também cabe executar
preços. Além disso, ele é responsável pela segurança e os serviços do meio circulante, sendo responsável pela
confiabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN). emissão, distribuição e controle do dinheiro nacional.
Por isso, regula e supervisiona as instituições financei- Para entendermos esse ponto, é necessário pri-
ras. Atua sempre executando as orientações do Conse- meiro conhecermos o “ciclo do dinheiro”. Pense que
lho Monetário Nacional. É, portanto, órgão executivo. o dinheiro (cédulas e notas) nada mais é do que um
No exercício de suas atribuições, conduz as políticas produto industrializado como outro qualquer; assim,
monetária, cambial, de crédito e de relações financeiras ele precisa ser produzido.
com o exterior, a administração do Sistema de Pagamen- No Brasil, o dinheiro é produzido pela Casa da Moe-
tos Brasileiro (SPB) e os serviços do meio circulante. da do Brasil (CMB), que é uma empresa pública. O BC,
Agora, veremos o que a Lei nº 4.595, de 1964, que o portanto, contrata a Casa da Moeda para que fabrique
criou, dispõe sobre o Banco Central. Vamos dissecar os o dinheiro brasileiro, e paga por isso. Você já deve ter
arts. 8º a 16, que trazem o conteúdo que nos interessa. ouvido a frase “dinheiro custa dinheiro”. E custa mesmo!
Ao mesmo tempo em que estudamos a Lei, conhe- Entretanto, é fundamental compreender que
ceremos as atribuições da Autoridade Monetária, a fabricação das cédulas e moedas e a emissão do
como o Bacen também é chamado. Lembre-se: o dinheiro são dois processos diferentes.
Bacen é a principal entidade supervisora do SFN. O conceito de emissão de moeda não está rela-
cionado à impressão de papel moeda. Emitir moeda
Art. 8º A atual Superintendência da Moeda e do Cré- significa ampliar a base monetária, que é o total de
dito é transformada em autarquia federal, tendo sede dinheiro em circulação na economia, e que considera
e foro na Capital da República, sob a denominação de tanto cédulas e moedas emitidas quanto as reservas
Banco Central da República do Brasil, com personali- que os bancos possuem no Banco Central. Ou seja, um
dade jurídica e patrimônio próprios este constituído crédito em conta de Reservas Bancárias pode emitir
dos bens, direitos e valores que lhe são transferidos moeda sem que para isso tenha ocorrido impressão
278 na forma desta Lei e ainda da apropriação dos juros de papel moeda.
O dinheiro, enquanto o Banco Central não o emi- V - realizar operações de redesconto e empréstimo
te (ou seja, não o contabiliza como parte do meio cir- com instituições financeiras públicas e privadas,
culante e o coloca à disposição do público), é apenas consoante remuneração, limites, prazos, garantias,
papel impresso. Ele não passa a valer automatica- formas de negociação e outras condições estabele-
mente após a sua fabricação, mas somente após a sua cidos em regulamentação por ele editada; [...]
emissão. XII - efetuar, como instrumento de política mone-
tária, operações de compra e venda de títulos
O monopólio da emissão pertence ao BC. Uma vez
públicos federais, consoante remuneração, limites,
emitido, o dinheiro será distribuído aos bancos, que
prazos, formas de negociação e outras condições
fazem encomendas de numerário ao Banco Central. estabelecidos em regulamentação por ele editada,
Ao mesmo tempo, o BC preocupa-se com o aspecto sem prejuízo do disposto no art. 39 da Lei Comple-
físico do dinheiro em circulação. A Autoridade Mone- mentar nº 101, de 4 de maio de 2000; [...]
tária recolhe e retira de circulação cédulas e moedas § 3º O Banco Central do Brasil informará previa-
sem condições de uso. É o chamado “saneamento” do mente ao Conselho Monetário Nacional sobre o
meio circulante, que compreende as atividades de deferimento de operações na forma estabelecida no
recebimento, conferência, seleção e troca, pelo Bacen, inciso V do caput deste artigo, sempre que identifi-
de cédulas e moedas danificadas, que serão destruídas. car a possibilidade de impacto fiscal relevante.
Esses são os serviços do meio circulante. O dinhei-
ro “novo” (cédulas e moedas), após emitido, precisa Nesses trechos, a lei traz funções do BC enquanto
ser distribuído aos bancos para “circular”. Da mesma executor da política monetária, talvez a principal fun-
forma, o dinheiro “velho” (sujo, rasgado, rabiscado) ção de um banco central. Além disso, há funções que
precisa ser retirado de circulação. também o classificam como o banco dos bancos.
Essas competências retratam uma das funções Através da execução da política monetária, o Ban-
clássicas do Banco Central: a de banco emissor, aque- co Central controla os meios de pagamento, o crédito
le que possui o monopólio da emissão. e a taxa de juros.
A Lei nº 13.416, de 23 de fevereiro de 2017, autori- Em situações de recessão, o Bacen adota uma polí-
zou o Banco Central do Brasil a adquirir papel-moeda tica monetária expansionista, aumentando a liquidez
e moeda metálica fabricados fora do país por fornece- e a oferta de moeda, estimulando o crédito, o consumo
dor estrangeiro. e o investimento.
A condição imposta pela norma é de que haja Já em situações de avanço inflacionário, o Banco
situação de emergência, caracterizada quando hou- Central adotará uma política monetária contracionis-
ver inviabilidade ou fundada incerteza quanto ao ta ou restritiva, diminuindo a liquidez e aumentando
atendimento da demanda de cédulas e moedas pela a taxa de juros.
Casa da Moeda. Os instrumentos de política monetária fazem
O inciso I, do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 13.416, de parte do nosso conteúdo, e serão apresentados mais
2017, traz um exemplo de situação de emergência adiante.
para a aquisição de papel-moeda e moeda metálica
fabricados por fornecedor estrangeiro: EXECUTOR DA POLÍTICA CAMBIAL

Art. 2º [...] Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central


I - o atraso acumulado de 15% (quinze por cento) da República do Brasil: [...]
das quantidades contratadas, por denominação, de VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros,
papel-moeda ou de moeda metálica. nos termos da lei; [...]
XV - efetuar, como instrumento de política cambial,
EXECUTOR DA POLÍTICA MONETÁRIA E BANCO operações de compra e venda de moeda estrangei-
DOS BANCOS ra e operações com instrumentos derivativos no
mercado interno, consoante remuneração, limites,

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


prazos, formas de negociação e outras condições
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
estabelecidos em regulamentação por ele editada.
da República do Brasil: [...]
[...]
III - determinar o recolhimento de até cem por cen-
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú-
to do total dos depósitos à vista e de até sessenta
blica do Brasil; [...]
por cento de outros títulos contábeis das institui-
III - Atuar no sentido do funcionamento regular
ções financeiras, seja na forma de subscrição de
do mercado cambial, da estabilidade relativa das
Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou com-
taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de paga-
pra de títulos da Dívida Pública Federal, seja atra-
mentos, podendo para esse fim comprar e vender
vés de recolhimento em espécie, em ambos os casos
ouro e moeda estrangeira, bem como realizar ope-
entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e
rações de crédito no exterior, inclusive as referentes
condições por ele determinadas, podendo:
aos Direitos Especiais de Saque, e separar os mer-
a) adotar percentagens diferentes em função:
cados de câmbio financeiro e comercial;
1. Das regiões geoeconômicas;
2. Das prioridades que atribuir às aplicações;
3. Da natureza das instituições financeiras; Toda regulação do mercado de câmbio também
b) determinar percentuais que não serão recolhi- é efetuada pelo BC. É o Banco Central que executa a
dos, desde que tenham sido reaplicados em finan- política cambial do país.
ciamentos à agricultura, sob juros favorecidos e A responsabilidade pela normatização das opera-
outras condições por ele fixadas. ções da política cambial, das reservas e das demais
IV - receber os recolhimentos compulsórios de que atribuições da área financeira externa é do CMN. A
trata o inciso anterior e, ainda, os depósitos volun- execução da política cambial cabe ao BC. Para isso,
tários à vista das instituições financeiras, nos ter- o Bacen mantém ativos em ouro, títulos e moedas
mos do inciso III e § 2° do art. 19. estrangeiras para atuação nos mercados de câmbio, 279
que compõem as reservas internacionais do país, de f) alterar seus estatutos.
forma a contribuir para a sustentabilidade das con- g) alienar ou, por qualquer outra forma, transferir
tas externas e evitar variações excessivas no valor do o seu controle acionário. [...]
Real frente às demais moedas. XI - Estabelecer condições para a posse e para o
exercício de quaisquer cargos de administração de
BANQUEIRO DO GOVERNO instituições financeiras privadas, assim como para
o exercício de quaisquer funções em órgãos consulti-
vos, fiscais e semelhantes, segundo normas que forem
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
expedidas pelo Conselho Monetário Nacional; [...]
da República do Brasil: [...]
XIII - Determinar que as matrizes das instituições
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e
financeiras registrem os cadastros das firmas que
moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque
operam com suas agências há mais de um ano. [...]
e fazer com estas últimas todas e quaisquer opera-
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o inci-
ções previstas no Convênio Constitutivo do Fundo
Monetário Internacional; [...] so X deste artigo, com base nas normas estabelecidas
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco Central
blica do Brasil; da República do Brasil, estudará os pedidos que lhe
I - Entender-se, em nome do Governo Brasilei- sejam formulados e resolverá conceder ou recusar a
ro, com as instituições financeiras estrangeiras e autorização pleiteada, podendo incluir as cláusulas
internacionais; que reputar convenientes ao interesse público.
II - Promover, como agente do Governo Federal, a § 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, as
colocação de empréstimos internos ou externos, instituições financeiras estrangeiras dependem de
podendo, também, encarregar-se dos respectivos autorização do Poder Executivo, mediante decreto,
serviços; [...] para que possam funcionar no País. [...]

No inciso VIII, do art. 10, e nos incisos I e II, do art. Os incisos VI, IX, X, XI e XIII trazem atribuições da
11, surgem competências que colocam o Banco Cen- função de supervisor do sistema financeiro. Lem-
bra-se de que parte da missão do BC é assegurar um
tral no exercício de outra função clássica: a de ban-
sistema financeiro sólido e eficiente? No cumprimen-
queiro do governo.
to dessa missão, o BC é responsável por autorizar
Como banqueiro do governo, o Banco Central atua
entidades a funcionar, regular o seu funcionamento e
nos leilões de títulos públicos federais em nome do
executar a fiscalização, supervisão e monitoramento
Tesouro Nacional, administra as reservas internacio-
das entidades e de suas operações.
nais do país, representa o Brasil junto a organismos Atualmente, essa supervisão tem ênfase na avalia-
internacionais e recebe em depósito as disponibilida- ção dos riscos assumidos pelas entidades e na qualida-
des de caixa da União. de dos controles existentes para mitigar esses riscos.
O Banco Central não concede empréstimos ao Especialmente em operações que envolvam parti-
Tesouro Nacional e não pode financiar déficits fiscais. cipação estrangeira, a autorização para aquisição de
Isso já ocorreu no passado, mas está proibido desde a participação societária em instituições financeiras
Constituição de 1988. nacionais, o aumento de participação já existente ou
Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei a instalação de nova instituição financeira dependem
Complementar nº 101, de 2000) também proibiu que de autorização via decreto presidencial. Ou seja, no
o Banco Central emita títulos da dívida pública. Só o caso de instituições estrangeiras, é o Presidente da
Tesouro Nacional emite títulos públicos. República, e não o Banco Central, quem autoriza a
Essas medidas foram de extrema importância para operação no Brasil.
tornar clara a separação entre as atividades da auto-
ridade monetária (BC), responsável pelas políticas Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú-
monetária e cambial; e da autoridade fiscal (Secre- blica do Brasil; [...]
taria do Tesouro Nacional — STN), responsável pela VII - Exercer permanente vigilância nos mercados
condução da política fiscal. financeiros e de capitais sobre empresas que, direta
ou indiretamente, interfiram nesses mercados e em
relação às modalidades ou processos operacionais
SUPERVISOR DO SISTEMA FINANCEIRO
que utilizem; [...]
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
O inciso VII, do art. 11, reforça o papel do BC como
da República do Brasil: [...]
supervisor do sistema financeiro.
VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas
formas; [...]
Destaque para o fato de que, atualmente, o mer-
IX - Exercer a fiscalização das instituições financei- cado de capitais é supervisionado pela Comissão de
ras e aplicar as penalidades previstas; Valores Mobiliários (CVM), e não pelo BC.
X - Conceder autorização às instituições financei-
ras, a fim de que possam: OUTRAS ATRIBUIÇÕES
a) funcionar no País;
b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependên- Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú-
cias, inclusive no exterior; blica do Brasil; [...]
c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou VI - Regular a execução dos serviços de compensa-
encampadas; ção de cheques e outros papéis; [...]
d) praticar operações de câmbio, crédito real e venda
habitual de títulos da dívida pública federal, estadual A compensação de cheques entre instituições
ou municipal, ações Debêntures, letras hipotecárias e financeiras é um serviço regulado pelo Banco Central.
outros títulos de crédito ou mobiliários; A execução do serviço é atribuição do Banco do
e) ter prorrogados os prazos concedidos para Brasil, que o realiza por através da Centralizadora da
280 funcionamento; Compensação de Cheques (Compe).
A competência do Banco do Brasil para executar a O Regimento Interno do Banco Central dispõe que a
compensação está definida na própria Lei nº 4.595, de Diretoria Colegiada é composta por até nove membros,
1964, em seu art. 19. Vejamos: “Ao Banco do Brasil S. A. um dos quais o Presidente, todos nomeados pelo Presi-
competirá precipuamente, sob a supervisão do Conselho dente da República, entre brasileiros de ilibada reputação
Monetário Nacional e como instrumento de execução da e notória capacidade em assuntos econômico-financeiros,
política creditícia e financeira do Governo Federal [...]”. após aprovação pelo Senado Federal. São demissíveis ad
nutum, o que significa que são cargos de livre nomeação e
Art. 11 [...] exoneração, a juízo da autoridade competente.
VIII - Prover, sob controle do Conselho Monetário Atualmente, o Bacen possui oito diretorias, ocu-
Nacional, os serviços de sua Secretaria.
pando todos os nove cargos previstos (Presidente + 8
Diretores).
O Banco Central do Brasil é a Secretaria-Executiva
do CMN, sendo responsável por organizar e assesso-
Art. 16 Constituem receita do Banco Central do
rar suas reuniões.
Brasil as rendas:
I - de operações financeiras e de outras aplicações
Art. 11 [...]
de seus recursos;
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o
inciso IX do artigo 10 desta lei, o Banco Central do II - das operações de câmbio, de compra e venda
Brasil poderá examinar os livros e documentos das de ouro e de quaisquer outras operações em moeda
pessoas naturais ou jurídicas que detenham o con- estrangeira;
trole acionário de instituição financeira, ficando III - eventuais, inclusive as derivadas de multas e de
essas pessoas sujeitas ao disposto no artigo 44, § juros de mora aplicados por força do disposto na
8º, desta lei. [...] legislação em vigor.

Trata-se de uma prerrogativa do BC no exercício da Por fim, o art. 16 aponta as receitas do Banco Cen-
atribuição de supervisor do sistema financeiro: ter aces- tral. O resultado obtido pelo Bacen em suas operações
so a quaisquer documentos que julgar necessários para é transferido ao Tesouro Nacional e integra o resulta-
o exercício da função. A própria Lei nº 4.595, de 1964, do primário do Governo Central.
prevê que a negativa de atendimento será considerada
como embaraço à fiscalização, sujeito à pena de multa, COPOM – COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA
sem prejuízo de outras medidas e sanções cabíveis.
Instituído em 20 de junho de 1996, tem como obje-
Art. 11 [...] tivo estabelecer as diretrizes da política monetária
§ 2º O Banco Central da República do Brasil ins- e definir a taxa de juros básica que será seguida
talará delegacias, com autorização do Conselho pelos bancos.
Monetário Nacional, nas diferentes regiões geo-eco- O Copom é composto pelos membros da Diretoria
nômicas do País, tendo em vista a descentralização Colegiada do Banco Central do Brasil: o presiden-
administrativa para distribuição e recolhimento da te, que tem o voto de qualidade; e os diretores de
moeda e o cumprimento das decisões adotadas pelo Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão
mesmo Conselho ou prescritas em lei.
de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do
Sistema Financeiro e Controle de Operações do Cré-
O Banco Central possui, além da sede em Brasília,
dito Rural, Política Econômica, Política Monetária,
DF, representações em outras nove capitais brasilei-
Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento
ras. Essa capilaridade facilita principalmente as ativi-
Institucional e Cidadania.
dades relacionadas ao meio circulante.
Também participam do primeiro dia da reunião os
chefes dos seguintes departamentos do Banco Central:
Art. 12 O Banco Central da República do Brasil operará
Departamento de Operações Bancárias e de Sistema

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


exclusivamente com instituições financeiras públicas e
privadas, vedadas operações bancárias de qualquer
de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações
natureza com outras pessoas de direito público ou pri- do Mercado Aberto (Demab), Departamento Econô-
vado, salvo as expressamente autorizadas por lei. mico (Depec), Departamento de Estudos e Pesquisas
Art. 13 Os encargos e serviços de competência do (Depep), Departamento das Reservas Internacionais
Banco Central, quando por ele não executados dire- (Depin), Departamento de Assuntos Internacionais
tamente, serão contratados de preferência com o (Derin) e Departamento de Relacionamento com In-
Banco do Brasil S. A., exceto nos casos especialmen- vestidores e Estudos Especiais (Gerin).
te autorizados pelo Conselho Monetário Nacional. A primeira sessão dos trabalhos conta ainda com a
Art. 14 Revogado. presença do chefe de gabinete do presidente, do asses-
Art. 15 O regimento interno do Banco Central da sor de imprensa e de outros servidores do Banco Cen-
República do Brasil, a que se refere o inciso XXVII, tral, quando autorizados pelo presidente.
do art. 4º, desta lei, prescreverá as atribuições do Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21
Presidente e dos Diretores e especificará os casos de junho de 1999, da sistemática de metas para a
que dependerão de deliberação da Diretoria, a qual
inflação como diretriz de política monetária. Des-
será tomada por maioria de votos, presentes no
de então, as decisões do Copom passaram a ter como
mínimo o Presidente ou seu substituto eventual e
dois outros Diretores, cabendo ao Presidente tam-
objetivo cumprir as metas para a inflação definidas
bém o voto de qualidade. pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mes-
Parágrafo único. A Diretoria se reunirá, ordina- mo Decreto, se as metas não forem atingidas, cabe
riamente, uma vez por semana, e, extraordinaria- ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta
mente, sempre que necessário, por convocação do Aberta ao Ministro da Economia, os motivos do des-
Presidente ou a requerimento de, pelo menos, dois cumprimento, bem como as providências e prazo para
de seus membros. o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos. 281
Formalmente, os objetivos do Copom são: e para a imprensa a partir das 18h30 do dia da segunda
sessão. Em inglês, deverão ser publicadas no 7º dia útil.
z Implementar a política monetária; Ao final de cada trimestre civil, o Copom divulga,
z Analisar o Relatório de Inflação divulgado pelo através do Bacen, o documento Relatório de Infla-
Banco Central ao final de cada trimestre civil; ção3, que analisa detalhadamente a conjuntura eco-
z Definir a meta para a Taxa Selic, ficando viés nômica e financeira do País, bem como apresenta suas
extinto (Circular 3868/17). projeções para a taxa de inflação. Dentro das políti-
cas monetárias, o CMN e o Bacen, buscando facilitar
A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a a confecção desse relatório de inflação, criaram os
Meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamen- aglomerados monetários, e dentro deles, os meios de
tos diários, com lastro em títulos federais, apurados pagamento, que são a forma como o dinheiro está pre-
no Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic), sente na economia, quer em dinheiro “vivinho” ou em
a qual vigora por todo o período entre reuniões ordi- “papel que vale dinheiro”.
nárias do Comitê.
Vale ressaltar que existe também uma taxa Selic
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
chamada Selic Over, que é a taxa SELIC de um dia
específico, pois o que é traçado pelo Copom é uma
meta, mas o que acontece diariamente chama-se A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada
Selic Over; isso ocorre porque, como qualquer outro pela Lei nº 6.385, de 1976, é a entidade supervisora
papel que vale dinheiro, os títulos públicos variam de do SFN responsável pelo mercado de capitais. A CVM
preço todo dia. observa, no exercício de suas atribuições, as orienta-
Até dezembro de 2017, o Copom podia divulgar ções gerais fixadas pelo Conselho Monetário Nacional
essa Meta da Taxa Selic com um viés, ou seja, com uma (CMN), órgão normativo máximo do SFN.
tendência de alta ou de baixa. Esse artifício era utili- É importante relembrar o conceito de intermedia-
zado para casos extremos de variação econômica nos ção financeira inserido no tópico Sistema Nacional
quais o Presidente do Copom poderia elevar ou abai- Financeiro.
xar a taxa Selic sem, necessariamente, convocar uma O mercado de capitais tem como objetivo canalizar
reunião extraordinária do colegiado do comitê. Entre- recursos de médio e longo prazo para agentes defici-
tanto, em 19 de dezembro de 2017, através da Circular
tários que necessitem de recursos financeiros para rea-
3868, o Bacen não mais autorizou ao Copom divulgar
lizar investimentos produtivos. Esses agentes buscam
Taxa Selic com vieses de alta ou de baixa, para evitar
quaisquer tipos de especulações no mercado. esses recursos através da venda de títulos e valores
As reuniões ordinárias do Copom ocorrem apro- mobiliários. Por isso, o mercado de capitais também é
ximadamente de 45 em 45 dias e dividem-se em dois chamado de mercado de valores mobiliários.
dias/sessões: geralmente, a primeira sessão às terças- O mercado de valores mobiliários é, portanto, o
-feiras e a segunda, às quartas-feiras. segmento do sistema financeiro que viabiliza a trans-
O número de reuniões ordinárias foi reduzido para ferência de recursos de maneira direta entre agentes
oito ao ano a partir de 2006, sendo o calendário anual econômicos deficitários e superavitários. Nesse mer-
divulgado até o fim de junho do ano anterior, admitidas cado, as instituições financeiras, responsáveis pela
modificações até o último dia do ano da divulgação. intermediação, geralmente atuam como meras pres-
No primeiro dia das reuniões, os chefes de depar- tadoras de serviço.
tamento apresentam uma análise da conjuntura Se você, por acaso, resolver investir seu décimo-
doméstica abrangendo inflação, nível de atividade, -terceiro em ações de uma companhia aberta (aque-
evolução dos agregados monetários, finanças públi- la que tem seus valores imobiliários admitidos para
cas, balanço de pagamentos, economia internacional,
negociação em Bolsa de Valores — por exemplo, a
mercado de câmbio, reservas internacionais, mercado
Petrobrás), procurará uma instituição financeira para
monetário, operações de mercado aberto, avaliação
prospectiva das tendências da inflação e expectati- intermediar essa operação. Ao realizar a compra das
vas gerais para variáveis macroeconômicas. ações, você se tornará um acionista da empresa (um
No segundo dia da reunião, do qual participam de seus sócios), e não um credor de uma instituição
apenas os membros do Comitê e o chefe do Depep, financeira, como se tivesse feito um depósito na pou-
sem direito a voto, os diretores de Política Monetária pança. Dessa forma, você estará financiando direta-
e de Política Econômica, após análise das projeções mente a empresa com recursos de longo prazo, que
atualizadas para a inflação, apresentam alterna- poderão ser utilizados para expansão das atividades,
tivas para a taxa de juros de curto prazo e fazem construção de fábricas, investimento em inovação etc.
recomendações acerca da política monetária. Em Por isso, um dos objetivos estratégicos da CVM é
seguida, os demais membros do Copom fazem suas estimular a formação de poupança e a sua aplicação
ponderações e apresentam eventuais propostas alter- em valores mobiliários. A teoria econômica afirma que
nativas. Ao final, procede-se à votação das propostas, o mercado de capitais é fundamental para o desenvol-
buscando-se, sempre que possível, o consenso. A deci- vimento econômico, pois permite a captação de recur-
são final – a meta para a Taxa Selic e o viés, se houver
sos que serão utilizados para a ampliação de atividades
– é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo
tempo em que é expedido Comunicado através do Sis- empresariais, gerando riqueza, emprego e renda.
tema de Informações do Banco Central (SisBacen). Tanto as operações que ocorrem no mercado de
As atas em português das reuniões do Copom são valores mobiliários quanto os seus participantes são
divulgadas às 8h30 da quinta-feira da semana posterior regulados pela Comissão de Valores Mobiliários. A
a cada reunião, dentro do prazo regulamentar de até CVM tem, portanto, o objetivo de fiscalizar, normati-
quatro dias úteis após o fim da segunda sessão, sen- zar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores
do publicadas na página do Banco Central na internet2 mobiliários no Brasil.
2  Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom
282 3  Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/ri
Cabe à CVM ser a “gerente” desse mercado. Nenhu- ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
ma distribuição pública de valores mobiliários (ações,
debêntures etc.) será efetivada no mercado sem pré- Nos termos da legislação vigente, o exercício das
vio registro na Comissão de Valores Mobiliários. atribuições da CVM tem como objetivos:
A CVM mantém registros das autorizações:
z Estimular a formação de poupança e sua aplicação
z Para emissões públicas de valores mobiliários; em valores mobiliários;
z Para negociação na bolsa; z Promover a expansão e o funcionamento eficiente e
z Para negociação no mercado de balcão, organiza- regular do mercado de ações e estimular as aplicações
do ou não. permanentes em ações do capital social de companhias
abertas sob controle de capitais privados nacionais;
Somente os valores mobiliários emitidos por com- z Assegurar e fiscalizar o funcionamento eficiente
panhia registrada na CVM podem ser negociados na dos mercados regulamentados de valores mobiliá-
bolsa e no mercado de balcão. rios (bolsas de valores, mercado de balcão e bolsas
de Mercadorias e Futuros);
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO z Proteger os titulares de valores mobiliários e os
investidores do mercado contra:
A Comissão de Valores Mobiliários foi instituída
como entidade autárquica em regime especial, vin- „ Emissões irregulares de valores mobiliários;
culada ao Ministério da Economia, com personalidade „ Atos ilegais de administradores e acionistas das
jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade companhias abertas, ou de administradores de
administrativa independente, ausência de subordina- carteira de valores mobiliários;
ção hierárquica, mandato fixo e estabilidade para seus „ O uso de informação relevante não divulgada
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária, no mercado de valores mobiliários.
conforme disposto no art. 5º, da Lei nº 6.385, de 1976.
De acordo com o art. 6º da mesma lei, a CVM é z Evitar ou coibir modalidades de fraude ou mani-
administrada por um Colegiado composto por um Pre- pulação destinadas a criar condições artificiais de
sidente e quatro Diretores, nomeados pelo Presidente demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários
da República, depois de aprovados pelo Senado Federal, negociados no mercado;
dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida com- z Assegurar o acesso do público a informações sobre
petência em matéria de mercado de capitais. os valores mobiliários negociados e as companhias
O § 1º, do art. 6º, da Lei nº 6.385, de 1976, dispõe que os tenham emitido;
que o mandato dos dirigentes da CVM é de cinco anos, z Assegurar a observância de práticas comerciais
vedada a recondução, devendo ser renovado a cada ano equitativas no mercado de valores mobiliários;
um quinto dos membros do Colegiado. Ou seja, a cada z Fazer cumprir a Lei nº 6.404, de 1976, chamada de
ano, um dos dirigentes deverá ser afastado e dar lugar Lei das Sociedade Anônimas (S/A), em relação aos
a um novo membro, a ser nomeado pelo Presidente da participantes do mercado de valores mobiliários;
República após a aprovação pelo Senado. z Realizar atividades de credenciamento e fiscali-
No curso do mandato, os dirigentes da CVM somen- zação dos participantes do mercado de valores
te o perderão em virtude de renúncia, de condenação mobiliários;
judicial transitada em julgado ou de processo admi- z Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas e
nistrativo disciplinar. os fundos de investimento;
Os §§ 2º e seguintes do art. 6º apresentam as hipó- z Apurar, mediante inquérito administrativo, atos
teses em que os dirigentes da CMV perderão o manda- ilegais e práticas não-equitativas de administra-
to. Vejamos: dores, membros do conselho fiscal e acionistas de
Art. 6° [...] companhias abertas, de intermediários e de quais-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


§ 2º Os dirigentes da Comissão somente perderão quer participantes do mercado de valores mobiliá-
o mandato em virtude de renúncia, de condenação rios, aplicando as penalidades previstas em lei.
judicial transitada em julgado ou de processo admi-
nistrativo disciplinar. A esfera de competência da CVM, portanto, abran-
§ 3º Sem prejuízo do que prevêem a lei penal e a lei de ge as companhias de capital aberto e incentivadas,
improbidade administrativa, será causa da perda do fundos de investimento, ofertas públicas de valores
mandato a inobservância, pelo Presidente ou Dire- mobiliários e as instituições participantes do sistema
tor, dos deveres e das proibições inerentes ao cargo. de distribuição, assim como os clientes e investidores
§ 4º Cabe ao Ministro de Estado da Fazenda ins- que operam no mercado de valores mobiliários.
taurar o processo administrativo disciplinar, que Além disso, o auditor independente, para exercer
será conduzido por comissão especial, competindo atividade no âmbito do mercado de valores mobi-
ao Presidente da República determinar o afasta- liários, está sujeito ao registro na CVM. As demons-
mento preventivo, quando for o caso, e proferir o
trações financeiras das companhias abertas serão
julgamento.
obrigatoriamente submetidas à auditoria por audito-
§ 5º No caso de renúncia, morte ou perda de man-
dato do Presidente da Comissão de Valores Mobi-
res independentes registrados na CVM.
liários, assumirá o Diretor mais antigo ou o mais Atenção! Somente os valores mobiliários de emis-
idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem pre- são de companhia registrada na Comissão de Valores
juízo de suas atribuições. Mobiliários podem ser negociados no mercado de
§ 6º No caso de renúncia, morte ou perda de man- valores mobiliários. Da mesma forma, nenhuma dis-
dato de Diretor, proceder-se-á à nova nomeação tribuição pública de valores mobiliários será efetiva-
pela forma disposta nesta Lei, para completar o da no mercado sem prévio registro na Comissão de
mandato do substituído. Valores Mobiliários. 283
Além disso, dependem de prévia autorização da III - 3 (três) vezes o montante da vantagem econô-
CVM o exercício das atividades de distribuição e de mica obtida ou da perda evitada em decorrência do
emissão no mercado, mediação ou corretagem de ilícito; ou
operações com valores mobiliários e compensação e IV - o dobro do prejuízo causado aos investidores
liquidação de operações com valores mobiliários. em decorrência do ilícito.
§ 2º Nas hipóteses de reincidência, poderá ser apli-
cada multa de até o triplo dos valores fixados no §
PODER PUNITIVO
1º deste artigo.
[...]
Quanto à apuração de práticas legais, cabe salien- § 5º A Comissão de Valores Mobiliários, após aná-
tar que a CVM não tem competência para determinar lise de conveniência e oportunidade, com vistas a
o ressarcimento de eventuais prejuízos sofridos pelos atender ao interesse público, poderá deixar de ins-
investidores em decorrência da ação ou omissão de taurar ou suspender, em qualquer fase que preceda
agentes do mercado. a tomada da decisão de primeira instância, o pro-
As providências adotadas pela CVM com relação a cedimento administrativo destinado à apuração de
casos concretos limitam-se à esfera administrativa, infração prevista nas normas legais e regulamen-
de acordo com as atribuições que lhe foram conferi- tares cujo cumprimento lhe caiba fiscalizar, se o
das pela Lei nº 6.385, de 1976. investigado assinar Termo de Compromisso no
No entanto, caso o investidor sinta-se lesado em qual se obrigue a:
I - cessar a prática de atividades ou atos considera-
decorrência da ação ou omissão de agentes do mer-
dos ilícitos pela Comissão de Valores Mobiliários; e
cado, pode recorrer ao Poder Judiciário e, no curso de
II - corrigir as irregularidades apontadas, inclusive
ação judicial, provocar a atuação da CVM na função indenizando os prejuízos.
de amicus curiae (amigo da corte, em latim), provo- § 6º O Termo de Compromisso não importará con-
cando sua manifestação técnica sobre o caso específi- fissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimen-
co em julgamento. to de ilicitude da conduta analisada.
Em relação ao seu poder punitivo, a Lei nº 6.385, § 7º O Termo de Compromisso deverá ser publica-
de 1976, em seu art. 11 define que a CVM poderá do no sítio eletrônico da CVM, com discriminação
impor aos infratores das normas cujo cumprimento do prazo para cumprimento das obrigações even-
lhe caiba fiscalizar as seguintes penalidades, isoladas tualmente assumidas, e constituirá título executivo
ou cumulativamente: extrajudicial.
§ 8º Não cumpridas as obrigações no prazo, a CVM
Art. 11 [...] dará continuidade ao procedimento administrati-
I - advertência; vo anteriormente suspenso, para a aplicação das
II - multa; penalidades cabíveis.
III - revogado § 9º Serão considerados, na aplicação de penalida-
IV - inabilitação temporária, até o máximo de 20 des previstas, o arrependimento eficaz e o arrepen-
(vinte) anos, para o exercício de cargo de admi- dimento posterior, ou a circunstância de qualquer
nistrador ou de conselheiro fiscal de companhia pessoa, espontaneamente, confessar ilícito ou pres-
aberta, de entidade do sistema de distribuição ou de tar informações relativas à sua materialidade.
[...]
outras entidades que dependam de autorização ou
registro na Comissão de Valores Mobiliários;
Por arrependimento eficaz entende-se aquele em
V - suspensão da autorização ou registro para
que sujeito que praticou a infração atua no sentido
o exercício das atividades de que trata esta Lei;
de impedir a efetivação do ato ilícito. Já o arrependi-
VI - inabilitação temporária, até o máximo de 20
mento posterior consiste na reparação voluntária do
(vinte) anos, para o exercício das atividades de
dano causado pela prática da infração.
que trata esta lei (atuação no mercado de valores
mobiliários); [...]
VII - proibição temporária, até o máximo de 20 § 11 A multa aplicada pela inexecução de ordem
(vinte) anos, de praticar determinadas ativida- da Comissão de Valores Mobiliários, nos termos do
des ou operações, para os integrantes do sistema inciso II do caput e do inciso IV do § 1º do art. 9º
de distribuição ou de outras entidades que depen- desta Lei, independentemente do processo adminis-
dam de autorização ou registro na Comissão de trativo previsto no inciso V do caput do art. 9º desta
Valores Mobiliários; Lei, não excederá, por dia de atraso no seu cumpri-
VIII - proibição temporária, até o máximo de 10 mento, o maior destes valores:
(dez) anos, de atuar, direta ou indiretamente, em I - 1/1.000 (um milésimo) do valor do faturamento
uma ou mais modalidades de operação no mercado total individual ou consolidado do grupo econô-
de valores mobiliários. mico, obtido no exercício anterior à aplicação da
multa; ou
Quanto à aplicação de multas, o § 1º, do art. 11, da II - R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Lei nº 6.385, de 1976, prevê que deve-se observar, para § 12 Da decisão que aplicar a multa prevista no
fins de dosimetria, os princípios da proporcionalidade e parágrafo anterior caberá recurso voluntário, no
prazo de dez dias, ao Colegiado da Comissão de
da razoabilidade, a capacidade econômica do infrator e
Valores Mobiliários, sem efeito suspensivo.
os motivos que justifiquem sua imposição, e não deverá § 13 Adicionalmente, pode haver ainda a proibição
exceder o maior destes valores: de contratar, por até de 5 (cinco) anos, com institui-
ções financeiras oficiais; e de participar de licitação
Art. 11 [...] que tenha por objeto aquisições, alienações, reali-
§ 1º [...] zações de obras e serviços e concessões de serviços
I - R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais); ou públicos, no âmbito da administração pública fede-
II - o dobro do valor da emissão ou da operação ral, estadual, distrital e municipal e das entidades
284 irregular; ou da administração pública indireta.
§ 14 Os créditos oriundos de condenação do ape- demais instituições supervisionadas pelo Banco
nado ao pagamento de indenização em ação civil Central do Brasil e os integrantes do Sistema de
pública movida em benefício de investidores e Pagamentos Brasileiro);
demais credores do apenado e os créditos do Fun- IV - proibição de realizar determinadas ativi-
do Garantidor de Crédito (FGC) ou de outros meca- dades ou modalidades de operação;
nismos de ressarcimento aprovados pelo Banco V - inabilitação para atuar como administra-
Central do Brasil ou pela Comissão de Valores dor e para exercer cargo em órgão previsto em
Mobiliários, se houver, preferirão aos créditos estatuto ou em contrato social de pessoa men-
oriundos da aplicação da penalidade de multa. cionada no caput do art. 2º desta Lei;
§ 15 Em caso de falência, liquidação extrajudicial VI - cassação de autorização para funciona-
ou qualquer outra forma de concurso de credores mento.
do apenado, os créditos da Comissão de Valores
Mobiliários oriundos da aplicação da penalidade No caso da Comissão de Valores Mobiliários (CMV),
de multa de que trata o inciso II do caput deste arti- tivemos conhecimento sobre o seu poder punitivo.
go serão subordinados. Em ambos os casos, estamos falando de punições que
ocorrem na esfera administrativa e que são passíveis
Créditos subordinados são aqueles que, em caso de
de recursos a uma segunda e última instância, que é
insolvência de devedor (quando o devedor não dispõe
o CRSFN.
de recursos financeiros para cumprir sua obrigação
de pagar), serão pagos por último.
As penalidades impostas são passíveis de recurso ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
para o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
Nacional (CRSFN). O CRSFN é um órgão paritário. Isso significa que
é composto por um número igual de representantes
CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA de órgãos governamentais e de representantes de
FINANCEIRO NACIONAL entidades representativas do mercado financeiro e de
capitais.
Todos os conselheiros titulares e suplentes são
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
designados pelo Ministro de Estado da Economia, com
Nacional (CRSFN) tem previsão no Decreto nº 9.889, de
mandato de três anos, renovável por igual período
27 de junho de 2019. Trata-se de um órgão colegiado,
por até duas vezes. Os conselheiros devem ter com-
de segundo grau, integrante da estrutura do Ministé-
petência reconhecida e conhecimentos especializados
rio da Economia, e que tem por finalidade julgar, em
nas matérias de competência do CRSFN.
última instância administrativa, os recursos contra as
O CRSFN é constituído por dezesseis conselhei-
sanções aplicadas pelo Bacen e pela CVM e, nos pro-
ros, sendo oito membros (quatro titulares e respecti-
cessos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas
vos suplentes) indicados por órgãos governamentais
pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(conforme quadro a seguir) e oito (quatro titulares e
(COAF), pela Superintendência de Seguros Privados
respectivos suplentes) indicados em lista tríplice por
(SUSEP) e pelas demais autoridades competentes.
entidades representativas dos mercados financeiro e
Sabe-se que o Banco Central, ao exercer sua função
de capitais.
de supervisor do sistema financeiro, é responsável
A composição do CRSFN foi definida pela Portaria
pela fiscalização das instituições financeiras. No exer-
do Ministério da Fazenda nº 246, de 2 de maio de 2011,
cício dessa competência, ele pode aplicar penalidades
alterada pela Portaria nº 423, de 29 de agosto de 2011,
às instituições financeiras, às demais instituições por
e está demonstrada a seguir:
ele supervisionadas e aos integrantes do Sistema de
Pagamentos Brasileiro.
O Bacen também pode punir pessoas físicas ou REPRESENTANTES DE ÓRGÃOS
jurídicas que: GOVERNAMENTAIS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Responsável pela
Número de Conselheiros
z Exerçam, sem a devida autorização, atividade indicação
sujeita à sua supervisão ou à sua vigilância; 4 (sendo 2 titulares e 2
z Prestem serviço de auditoria independente para as Ministério da Economia
suplentes)
instituições que ele supervisiona;
z Atuem como administradores, membros da dire- Comissão de Valores 2 (sendo 1 titular e 1
toria, do conselho de administração, do conselho Mobiliários suplente)
fiscal, do comitê de auditoria e de outros órgãos Banco Central do Brasil 2 (sendo 1 titular e 1
previstos no estatuto ou no contrato social de insti- (BACEN) suplente)
tuição por ele supervisionada.

O Bacen pode aplicar as seguintes penalidades: REPRESENTANTES DE ENTIDADES REPRESENTA-


TIVAS DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Lei nº 13.506, de 2017 Indicação de membro Indicação de membro
Art. 5º [...] titular suplente
I - admoestação pública (advertência pública que
consiste na publicação de notícia sobre a imposição Conselho Consultivo do
da pena e do texto especificado na decisão condena- Federação Brasileira dos Ramo Crédito da Organi-
tória no site do Banco Central); Bancos (FEBRABAN) zação das Cooperativas
II - multa; Brasileiras (OCB/CECO)
III - proibição de prestar determinados servi-
ços para as instituições mencionadas no caput
do art. 2º desta Lei (instituições financeiras, as 285
REPRESENTANTES DE ENTIDADES REPRESENTA- compulsório, ao encaixe obrigatório e ao direciona-
TIVAS DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS mento obrigatório de recursos;
z Decisões das autoridades competentes relativas à
Associação Brasileira
Associação Brasileira de aplicação das sanções de que trata a Lei nº 9.613,
das Entidades dos Mer-
Administradores de Con- de 1998, que dispõe sobre os crimes de “lavagem”
cados Financeiros e de
sórcio (ABAC) ou ocultação de bens, direitos e valores.
Capitais (ANBIMA)
Associação Nacional BANCOS MÚLTIPLOS E BANCOS COMERCIAIS
das Corretoras e Dis- COOPERATIVOS
Associação de Investidores
tribuidoras de Títulos
no Mercado de Capitais
e Valores Mobiliários, A Resolução do Conselho Monetário Nacional nº
(AMEC)
Câmbio e Mercadorias 2788, de 2000, permitiu às cooperativas centrais de
(ANCORD) crédito que constituam bancos comerciais ou ban-
Associação Brasileira Instituto dos Auditores cos múltiplos que fiquem sob seu controle acionário.
das Empresas de Capital Independentes do Brasil Essas instituições devem incluir a expressão “Banco
Aberto (ABRASCA) (IBRACON) Cooperativo” em sua denominação social.
As cooperativas centrais de crédito integrantes do
grupo controlador do banco cooperativo devem deter,
Preside o CRSFN um dos conselheiros indicados
no mínimo, 51% das ações com direito a voto da insti-
pelo Ministério da Economia, assim designado pelo
tuição. No caso de banco múltiplo, este deve possuir,
Ministro. O Vice-presidente do Conselho é designado
obrigatoriamente, carteira comercial.
pelo Ministro de Estado da Economia dentre os conse-
Em resumo, portanto, bancos cooperativos são
lheiros indicados pelas entidades privadas represen-
bancos controlados por cooperativas centrais de
tativas dos mercados financeiro e de capitais. crédito, que atuam com as mesmas prerrogativas de
Mais recentemente, a Portaria do Ministério da bancos comerciais e, no caso de bancos múltiplos, das
Fazenda (MF) nº 352, de 24 de julho de 2018 (art. 2º), demais carteiras que possuírem.
definiu que as indicações do setor público para a com- Curiosidade: hoje, existem apenas dois bancos coo-
posição do CRSFN recairão sobre servidores públicos perativos no Brasil: o Sicredi, com presença marcante na
com mais de trinta anos de idade, que possuam for- região Sul; e o Bancoob, muito atuante no Centro-Oeste.
mação superior, reconhecida capacidade técnica e
pelo menos 5 (cinco) anos de experiência profissional
BANCOS COMERCIAIS
nas matérias relacionadas à competência do CRSFN.
Já as indicações das entidades representativas
Se eu pedisse a você que pensasse em uma institui-
dos mercados financeiro e de capitais deverão com-
ção financeira, muito provavelmente, o que lhe viria
por lista tríplice e recairão sobre brasileiros natos ou
à cabeça é um banco comercial. São essas instituições
naturalizados que possuam mais de 30 anos de idade,
que desenvolvem a atividade bancária clássica, mais
formação superior, reconhecida capacidade técnica,
comum no nosso dia a dia.
notório conhecimento especializado nas matérias de
Os bancos comerciais são instituições financeiras,
competência do CRSFN e pelo menos 10 anos de atua- privadas ou públicas, que têm a captação de depósitos
ção nos mercados financeiros ou de capitais, segundo à vista como sua atividade típica, o que os classifica
o art. 3º da Portaria 352, de 2018. como instituição financeira bancária ou monetária.
Depósito à vista é aquele recebido em contas de depósi-
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS tos popularmente conhecidas como “contas correntes”.
As contas correntes, portanto, constituem o produ-
De acordo com o disposto no Decreto nº 9.889, de to utilizado pelos bancos para a captação dos depósi-
2019, compete ao Conselho de Recursos do Sistema tos à vista, uma captação a custo zero, já que os bancos
Financeiro Nacional julgar, em última instância admi- não remuneram esses recursos. Seu objetivo principal
nistrativa, os recursos contra: é a intermediação entre agentes econômicos supe-
ravitários e deficitários, possibilitando o acesso a
z Decisões cautelares do Banco Central; recursos de crédito (empréstimos e financiamentos)
z Ato que determinar o cancelamento do registro espe- de curto e médio prazos ao comércio, à indústria, às
cial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do empresas prestadoras de serviços, às pessoas físicas,
Brasil S/A. (CACEX) e na Secretaria da Receita Federal; ou seja, a terceiros em geral.
z Penalidades impostas pela Comissão de Valores
Mobiliários;
z Das decisões do Coaf relativas às aplicações de Importante!
penas administrativas ao Conselho de Recursos do
Sistema Financeiro Nacional; Saiba distinguir empréstimos de financiamentos:
z Penalidades impostas por decisões proferidas pelo os recursos obtidos através de um empréstimo
Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valo- não têm destinação específica. Já no financia-
res Mobiliários em função de infrações às normas mento, há uma destinação específica para os
legais e regulamentares que regem o sistema de recursos tomados, como, por exemplo, a aquisi-
pagamentos; ção de um veículo ou de um bem imóvel. Por isso
z Decisões do Banco Central do Brasil; é que se fala em “financiamento da casa própria”,
z Referentes à desclassificação e à descaracterização “financiamento de veículo” e “empréstimo pes-
de operações de crédito rural; soal” — nos dois primeiros dizeres, o recurso tem
z Relacionadas à retificação de informações, à aplica- um destino específico; no terceiro, não.
286 ção de custos financeiros associados ao recolhimento
Os bancos comerciais também podem captar A Caixa também é gestora dos recursos do Fun-
depósitos a prazo (Certificados de Depósito Bancário do de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de
— CDBs — e Recibos de Depósito Bancário — RDBs) outros fundos do Sistema Financeiro de Habita-
e depósitos de poupança. Obrigatoriamente, devem ção (SFH). O SFH é destinado a facilitar e promover
ser constituídos sob a forma de sociedade anônima a construção e a aquisição da casa própria ou mora-
(S/A) e possuir a palavra “Banco” em sua denomina- dia, especialmente pelas classes de menor renda da
ção social. Além disso, nenhum estabelecimento ban- população.
cário privado pode usar, em sua denominação social, Ainda, a Caixa é responsável pelo Programa de
a palavra “Central”. Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego. Ela
Entre seus principais produtos e serviços estão: administra e detém o monopólio de venda das loterias
federais e das operações de penhor civil, e por fim,
z Depósitos à vista (conta-corrente); atua como operadora de programas sociais do gover-
z Depósitos a prazo (CDBs e RDBs) e de poupança; no, como o Bolsa Família, o FIES e o Programa Minha
z Operações de crédito de curto e médio prazos; Casa Minha Vida.
z Desconto de títulos (duplicatas); Um dos principais objetivos da Caixa é receber depó-
z Cartão de crédito; sitos da economia popular com o propósito de incentivar
z Crédito Rotativo (o famoso “cheque especial”); e educar a população brasileira nos hábitos da poupan-
z Conta Garantida (espécie de “cheque especial” ça e fomentar o crédito em todas as regiões do país.
para pessoas jurídicas);
z Crédito rural; COOPERATIVAS DE CRÉDITO
z Captação de recursos para repasse (linhas de cré-
dito com recursos do BNDES por exemplo); Cooperativa de crédito é uma instituição financei-
z Operações acessórias e prestação de serviços (cus- ra formada pela associação de pessoas para prestar
tódia de valores por exemplo). serviços financeiros exclusivamente aos seus asso-
ciados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e
CAIXAS ECONÔMICAS usuários da cooperativa, participando de sua gestão e
usufruindo de seus produtos e serviços.
Caixas econômicas são instituições financeiras Nas cooperativas de crédito, os associados encon-
públicas constituídas sob a forma de empresas públi- tram os principais serviços disponíveis nos bancos,
cas. Exercem atividades típicas de banco comercial, como depósitos à vista (conta corrente), aplicações
mas têm como prioridade institucional a concessão financeiras, cartão de crédito, empréstimos e finan-
de empréstimos e financiamentos de programas e ciamentos. Os associados têm poder igual de voto,
projetos de natureza social. independentemente da sua cota de participação no
Tais instituições podem captar recursos atra- capital social da cooperativa. O cooperativismo não
vés de depósitos à vista, depósitos de poupança e visa lucros. Os direitos e deveres de todos são iguais,
depósitos a prazo (Certificados de Depósito Bancário e a adesão é livre e voluntária.
— CDBs — e Recibos de Depósito Bancário — RDBs).
São, portanto, instituições financeiras bancárias ou
monetárias. Importante!
No passado, alguns estados tiveram as próprias
caixas econômicas, como a Nossa Caixa, do Estado de Desde 2019, as cooperativas de crédito também
São Paulo, e a Caixa Econômica Estadual do Rio Gran- podem captar depósitos de poupança. Os recur-
de do Sul. sos captados podem ser destinados a operações
Atualmente, a única em atividade é a Caixa de crédito rural e para a concessão de financia-
Econômica Federal (Caixa), empresa pública mentos imobiliários. Essas são alterações recen-
federal vinculada ao Ministério da Economia. Como tes nas normas, por isso, atente-se a elas.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


instituição participante do Sistema Financeiro Nacio-
nal (SFN), sujeita-se às normas e decisões dos órgãos
normativos do SFN e à supervisão e fiscalização do Por meio da cooperativa de crédito, o cidadão tem
Banco Central. a oportunidade de obter atendimento personalizado
A Caixa tem forte presença na execução de polí- para suas necessidades. O resultado positivo da coo-
ticas públicas patrocinadas pelo Governo Federal, perativa é conhecido como sobra, e é repartido entre
especialmente em programas e ações que beneficiam, os cooperados em proporção com as operações que
prioritariamente, a população de baixa renda, com cada associado realiza com a cooperativa. Assim, os
destaque para as áreas de habitação e saneamento. ganhos voltam para a comunidade dos cooperados.
Ainda, integra o Sistema Brasileiro de Poupança e No entanto, assim como partilha das sobras, o coopera-
Empréstimo (SBPE), que tem por finalidade promo- do está sujeito a participar do rateio de eventuais perdas,
ver o financiamento imobiliário em geral por meio da em ambos os casos na proporção dos serviços usufruídos.
captação e do direcionamento dos recursos de depósi- As cooperativas de crédito (e só as de crédito) são
tos de poupança. autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central,
Compõem o SBPE os bancos múltiplos com car- ao contrário dos outros ramos do cooperativismo, tais
teira de crédito imobiliário; as caixas econômicas; as como transporte, educação e agropecuária.
sociedades de crédito imobiliário; as associações de Importante destacar que as cooperativas poderão
poupança e empréstimo; as cooperativas de crédito adotar por objeto qualquer gênero de serviço, opera-
autorizadas a captar depósitos de poupança. Mais ção ou atividade. Ou seja, cooperativas de crédito não
adiante, trataremos dos bancos múltiplos, das socie- são a única espécie do gênero cooperativas. Existem
dades de crédito imobiliário e das associações de pou- também cooperativas agrícolas, cooperativas habita-
pança e empréstimo. cionais, cooperativas de pesca etc. 287
As cooperativas devem possuir área de admissão Além disso, as cooperativas de créditos, nos termos
de associados limitada às possibilidades de reunião, de legislação específica, poderão ter acesso a recursos
controle, operações e prestação de serviços. Essa área oficiais para o financiamento das atividades de seus
geográfica de atuação deve estar expressamente defi- associados.
nida no projeto e no estatuto social. No caso das coo- Porém, excetuando-se a captação de recursos e a
perativas de crédito, cabe ao Banco Central aprovar concessão de créditos e garantias, é permitida a pres-
ou não a área de atuação. tação de outros serviços de natureza financeira e
São três os tipos de cooperativas: afins a associados e a não associados.
Geralmente são encontrados nas cooperativas de
z Cooperativas Singulares: São as constituídas pelo crédito os principais serviços disponíveis nos bancos,
número mínimo de vinte pessoas, sendo permi- como conta corrente (depósitos à vista), poupança,
tida a admissão de pessoas jurídicas que tenham aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos,
por objeto atividades econômicas correlatas às de cobrança e custódia. Destaque para as operações de
pessoa física, ou, ainda, aquelas sem fins lucrati- crédito rural em favor de associados produtores rurais.
vos. As cooperativas singulares caracterizam-se Como podem captar depósitos à vista, as cooperati-
pela prestação direta de serviços aos associados; vas de crédito, portanto, são instituições financeiras
z Cooperativas Centrais ou Federações de Coope- bancárias ou monetárias.
rativas: São as constituídas de, no mínimo, três Portanto, as cooperativas de crédito podem con-
singulares filiadas. As cooperativas centrais e ceder crédito e captar depósitos à vista, a prazo
federações de cooperativas objetivam organizar, (apenas RDB) e de poupança dos respectivos asso-
em comum e em maior escala, os serviços econô- ciados, realizar recebimentos e pagamentos por conta
micos e assistenciais de interesse das filiadas, inte- de terceiros, realizar operações com outras institui-
grando e orientando suas atividades, bem como ções financeiras e obter recursos de pessoas jurídicas,
facilitando a utilização recíproca dos serviços. em caráter eventual, a taxas favorecidas ou isentas de
Para a prestação de serviços de interesse comum, remuneração, além de outras operações.
é permitida a constituição de cooperativas centrais Os depósitos em cooperativas de crédito têm a
às quais se associem outras cooperativas de objeto proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo
e finalidades diversas; de Crédito (FGCoop). Esse fundo garante os depósi-
z Confederações de Cooperativas Centrais: São
tos e os créditos mantidos nas cooperativas singula-
as constituídas por pelo menos três cooperativas
res de crédito em caso de intervenção ou liquidação
centrais ou federações de cooperativas, da mes-
extrajudicial dessas instituições. O valor limite dessa
ma ou de diferentes modalidades. As confedera-
ções de cooperativas têm por objetivo orientar e proteção é o mesmo em vigor para os depositantes de
coordenar as atividades das filiadas, nos casos em bancos via Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
que o vulto dos empreendimentos transcender o O total de créditos de cada pessoa contra a mesma
âmbito de capacidade ou conveniência de atuação cooperativa será garantido até o valor de R$ 250.000,00
das centrais e das federações. (duzentos e cinquenta mil reais). Devem ser somados
todos os créditos de cada credor identificado pelo CPF
As instituições financeiras constituídas sob a for- ou CNPJ na mesma cooperativa. Nas contas conjuntas,
ma de cooperativas de crédito submetem-se — além o valor de garantia é limitado a R$ 250.000,00 ou ao
da legislação sobre as sociedades cooperativas, em saldo da conta, quando inferior a esse limite, dividi-
especial à Lei nº 5.764, de 1971 — à Lei Complemen- do pelo número de titulares, sendo o crédito do valor
tar nº 130, de 2009, que dispôs sobre o Sistema Nacio- garantido feito de forma individual.
nal de Crédito Cooperativo, e à legislação do Sistema O capital social das cooperativas de crédito é sub-
Financeiro Nacional. dividido em quotas-partes, que são subscritas e inte-
De acordo com a Lei Complementar nº 130, de gralizadas pelos associados.
2009, as cooperativas de crédito destinam-se, pre- A integralização das quotas-partes do capital de
cipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a cooperativa de crédito, tanto na constituição quanto
prestação de serviços financeiros a seus associados, nas subscrições posteriores, deve ser sempre feita em
sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do moeda corrente, não podendo ser feita com bens ou
mercado financeiro. mediante retenção de determinada percentagem do
Instituições financeiras constituídas sob a forma valor do movimento financeiro de cada associado.
de cooperativas de crédito deverão conter em sua
Esses associados são, ao mesmo tempo, donos e
denominação a expressão “cooperativa de crédito”,
usuários da cooperativa, participando de sua gestão e
sendo vedada a utilização da expressão “Banco”.
usufruindo de seus produtos e serviços.
Cooperativas de crédito são, portanto, instituições
financeiras formadas pela associação de pessoas para A administração da cooperativa será exercida por
prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus uma diretoria ou por um conselho de administração,
associados. composto, em qualquer dos casos, exclusivamente de
A captação de recursos e a concessão de crédi- associados eleitos pela assembleia geral, com mandato
tos e garantias devem ser restritas aos associados, máximo de quatro anos, sendo obrigatória a renovação,
ressalvados: no caso de conselho de administração, de no mínimo 1/3
(um terço) dos seus membros, observado que, caso o cál-
z A captação de recursos dos Municípios, de seus órgãos culo resulte em número fracionário, deve ser considera-
ou entidades e das empresas por eles controladas; do o número inteiro imediatamente superior.
z As operações realizadas com outras instituições No entanto, as cooperativas de crédito com con-
financeiras; selho de administração podem criar diretoria exe-
z Os recursos obtidos de pessoas jurídicas, em cará- cutiva a ele subordinada, na qualidade de órgão
ter eventual, a taxas favorecidas ou isentos de estatutário composto por pessoas físicas associadas
288 remuneração. ou não, indicadas por aquele conselho.
As cooperativas singulares de crédito poderão As administradoras de consórcio devem remeter
constituir cooperativas centrais de crédito com o obje- periodicamente ao BC informações contábeis e não-
tivo de organizar, em comum acordo e em maior esca- -contábeis sobre as operações de consórcio.
la, os serviços econômicos e assistenciais de interesse
das filiadas, integrando e orientando suas ativida- CORRETORAS DE CÂMBIO
des, bem como facilitando a utilização recíproca dos
serviços. As corretoras de câmbio atuam, exclusivamen-
te, no mercado de câmbio, intermediando operações
ADMINISTRADORAS DE CONSÓRCIOS entre clientes e bancos ou comprando e vendendo
moeda estrangeira de clientes ou para clientes, dire-
Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídi- tamente ou através de correspondentes cambiais
cas em grupo, com prazo de duração e número de cotas (empresas contratadas por instituições financeiras e
previamente determinados, promovida por adminis- demais instituições autorizadas pelo Banco Central
tradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a para a prestação de serviços de atendimento no mer-
seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de cado de câmbio). também podem negociar moeda
bens ou serviços, por meio de autofinanciamento. estrangeira no mercado interbancário e realizar ope-
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica rações com instituições financeiras no exterior.
prestadora de serviços com objeto social principal volta- Conhecidas por sua expressiva atuação na compra
do à administração de grupos de consórcio, constituída e venda de moeda estrangeira em espécie, as correto-
sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima. ras de câmbio também realizam outros tipos de ope-
A adesão de um consorciado a um grupo de con- rações de câmbio, a exemplo de ingresso e remessa
sórcio se dá mediante assinatura de contrato de par- de valor do exterior ou para o exterior. As operações
ticipação. Nesse contrato, devem estar previstos os de câmbio realizadas pelas corretoras de câmbio são
direitos e os deveres das partes, tais como a descrição limitadas ao valor de US$ 300 mil ou o seu equivalente
do bem a que o contrato está referenciado e seu res- em outras moedas.
pectivo preço (que será adotado como referência para A diferença com relação aos bancos que operam
o valor do crédito e para o cálculo das parcelas men- em câmbio é que estes, além de atuarem sem limites
sais do consorciado). No contrato deve haver, ainda, de valor, podem realizar outras modalidades de opera-
as condições para concorrer à contemplação por sor- ção como financiamentos a exportações e importações,
teio, bem como as regras da contemplação por lance. além de adiantamentos sobre contratos de câmbio.4
O interesse do grupo de consórcio prevalece sobre
o interesse individual do consorciado. Os grupos de BANCOS DE INVESTIMENTO
consórcio caracterizam-se como sociedade não perso-
nificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser Bancos de investimento são instituições financei-
confundido com o patrimônio dos demais grupos nem ras privadas especializadas em operações estrutura-
com o da administradora. ​ das para empresas. Essas operações podem envolver
Contemplação no consórcio: participação societária de caráter temporário, finan-
ciamento da atividade produtiva para suprimento de
z A contemplação é atribuição de crédito ao consor- capital fixo e de giro e administração de recursos.
ciado para a aquisição de bem ou serviço; Tais instituições devem ser, obrigatoriamente,
z As contemplações podem ocorrer por meio de sor- constituídas sob a forma de sociedade anônima e,
teios ou lances; em sua denominação, adotar a expressão “Banco de
z A contemplação por lance somente pode ocorrer Investimento”.
depois de efetuadas as contemplações por sorteio De acordo com a Resolução CMN nº 2.624, de 1999,
ou se estas não forem realizadas por insuficiência aos bancos de investimento também é permitido:

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


de recursos do grupo de consórcio;
z Uma vez contemplado, o consorciado terá a faculdade Resolução CMN nº 2.624, de 1999
de escolher o fornecedor e o bem desde que respeita- Art. 1º [...]
da a categoria em que o contrato estiver referenciado; § 2º [...]
z O fato de a administradora eventualmente ser vin- I - praticar operações de compra e venda, por con-
culada a alguma concessionária, revendedora ou ta própria ou de terceiros, de metais preciosos, no
montadora de bens não pode restringir a liberda- mercado físico, e de quaisquer títulos e valores
de de escolha do consorciado. mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais;
II - operar em bolsas de mercadorias e de futuros,
bem como em mercados de balcão organizados, por
O Banco Central (BC) é responsável pela normati-
conta própria e de terceiros;
zação, autorização, supervisão e controle das ativida-
III - operar em todas as modalidades de concessão de
des do sistema de consórcios, com foco na eficiência e
crédito para financiamento de capital fixo e de giro;
solidez das administradoras e cumprimento da regu- IV - participar do processo de emissão, subscrição
lamentação específica. para revenda e distribuição de títulos e valores
As questões inerentes às relações de consumo mobiliários;
entre clientes e usuários das instituições financeiras V - operar em câmbio, mediante autorização espe-
e das administradoras de consórcio estão sujeitas ao cífica do Banco Central do Brasil;
Código de Defesa do Consumidor, cabendo aos órgãos VI - coordenar processos de reorganização e rees-
integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consu- truturação de sociedades e conglomerados, finan-
midor (SNDC) fazer a mediação dessas questões. ceiros ou não, mediante prestação de serviços de

4O que é corretora de câmbio? Banco Central do Brasil. Acesso em: 15/06/2022. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/
corretorascambio 289
consultoria, participação societária e/ou concessão V - Promover a incorporação e o desenvolvi-
de financiamentos ou empréstimos; mento de tecnologia de produção, o aperfeiçoa-
VII - realizar outras operações autorizadas pelo mento gerencial, a formação e o aprimoramento de
Banco Central do Brasil. pessoal técnico, podendo, para este fim, patrocinar
programas de assistência técnica, preferencialmen-
A mesma Resolução prevê que os bancos de inves- te através de empresas e entidades especializadas.
timento podem captar através de:
A mesma Resolução prevê que os Bancos de Desen-
Art. 2º [...] volvimento são instituições que operam basicamen-
I - depósitos a prazo, com ou sem emissão de certi- te com empréstimos e financiamentos, e que só
ficado (CDBs e RDBs); podem fornecer apoio financeiro a:
II - recursos oriundos do exterior, inclusive por
meio de repasses interbancários; Art. 19 [...]
III - repasse de recursos oficiais; I - Pessoas físicas residentes e domiciliadas no
IV - depósitos interfinanceiros (DIs); e País, desde que os recursos concedidos sejam vin-
V - outras formas de captação autorizadas pelo culados à execução de projeto aprovado pelo banco
Banco Central do Brasil. e/ou à realização de capital social, ou à aquisição
do controle acionário de empresas cujas atividades
Bancos de Investimento não são instituições ban- tenham importância para a economia estadual ou
cárias, portanto não oferecem contas-correntes, não regional;
podem captar depósitos à vista e não têm o poder II - Pessoas jurídicas de direito privado, sedia-
de criar moeda bancária ou escritural. Podem, porém, das no País [...];
manter contas, sem juros e não movimentáveis por III - Pessoas jurídicas de direito público ou enti-
cheque, relativas a recursos de terceiros recebidos dade direta ou indiretamente por elas controladas.
para aplicação em títulos e valores mobiliários e
outros ativos financeiros e/ou modalidades operacio- Além de empréstimos e financiamentos, os Ban-
nais disponíveis nos mercados financeiro e de capi- cos de Desenvolvimento podem efetuar investimen-
tais. Essas contas são utilizadas, exclusivamente, para tos (subscrição de ações ou debêntures para revenda
a movimentação dessas aplicações. no mercado, garantia de subscrição, participação no
capital social de empresas) e operações de arrenda-
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO mento mercantil.
Os Bancos de Desenvolvimento podem captar
Bancos de Desenvolvimento são instituições recursos através de (art. 28):
financeiras públicas não federais que têm como
objetivo principal proporcionar o suprimento opor- z Depósitos a prazo fixo (prazo nunca inferior a
tuno e adequado dos recursos necessários ao finan- 360 dias);
ciamento, a médio e longo prazos, de programas e z Operações de crédito, assim entendidas as prove-
projetos que visem a promover o desenvolvimento nientes de empréstimos e financiamentos obtidos
econômico e social de seus Estados. no país ou no exterior, na forma da legislação e
Excepcionalmente, quando o empreendimento regulamentação vigentes;
visar benefícios de interesse comum, os bancos de z Operações de crédito ou contribuições do setor
desenvolvimento podem prestar assistência a progra-
público federal, estadual ou municipal;
mas e projetos desenvolvidos em estado limítrofe à
z Emissão ou endosso de cédulas hipotecárias,
sua área de atuação.
bem como endosso de títulos hipotecários previs-
São constituídos sob a forma de Sociedade Anôni-
ma e adotam em sua denominação, obrigatória e pri- tos em lei para o crédito rural;
vativamente, a expressão “Banco de Desenvolvimento” z Letras financeiras.
seguida do nome do Estado em que tenham sede.
De acordo com a Resolução CMN nº 394, de 1976, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
os bancos de desenvolvimento podem apoiar iniciati- e Social (BNDES) é uma empresa pública federal, e não
vas que visem a: um banco de desenvolvimento.
Note que, por definição, Bancos de Desenvolvi-
Art. 5º [...] mento são instituições financeiras públicas não fede-
I - Ampliar a capacidade produtiva da econo- rais. Portanto, o BNDES, apesar de atuar como banco
mia, mediante implantação, expansão e/ou reloca- de desenvolvimento, não recebe essa classificação. No
lização de empreendimentos; entanto, o BNDES é instituição integrante do Sistema
II - Incentivar a melhoria da produtividade, Financeiro Nacional e, como tal, é supervisionado
por meio de reorganização, racionalização, moder- pelo Banco Central.
nização de empresas e formação de estoques - em
níveis técnicos adequados - de matérias primas e de SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
produtos finais, ou por meio da formação de empre-
INVESTIMENTO
sas de comercialização integrada;
III - Assegurar melhor ordenação de setores da
economia regional e o saneamento de empresas por As Sociedades de Crédito, Financiamento e Inves-
meio de incorporação, fusão, associação, assunção de timento (SCFI), mais conhecidas como “financeiras”,
controle acionário e de acervo e/ou liquidação ou con- são instituições privadas que fornecem emprésti-
solidação de passivo ou ativo onerosos; mos e financiamentos para a aquisição de bens, ser-
IV - Incrementar a produção rural por meio de viços e capital de giro. Em suma, emprestam recursos
projetos integrados de investimentos destinados à que possibilitam às pessoas efetuarem compras a pra-
290 formação de capital fixo ou semifixo; e zo de eletrodomésticos, carros, entre outros.
Tal operação é popularmente conhecida como Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Além disso, essas institui-
ções podem conceder empréstimos pessoais.
Cumpre mencionar que existem financeiras independentes — que atuam sem qualquer vínculo com outra
instituição financeira — e financeiras que fazem parte de conglomerados financeiros, atuando como um braço de
um grande banco. Há, ainda, financeiras que fazem parte de conglomerados econômicos e operam como braço
financeiro de grupos comerciais ou industriais. É o caso de financeiras que pertencem a lojas de departamento
ou montadoras de veículos.
Sabe quando você está em uma loja de departamento e o(a) vendedor(a) pergunta se você tem o cartão da loja?
Esse, geralmente, é um serviço da Financeira daquele grupo, a qual financia as suas aquisições através do cartão.
As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento também operam em nichos que, normalmente, não
são atendidos pelos conglomerados bancários, principalmente nos empréstimos e financiamentos com caracterís-
ticas específicas e/ou risco mais elevado, como no caso do financiamento de veículos usados.
As financeiras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e, em sua denominação social, deve
constar a expressão “Crédito, Financiamento e Investimento”. Trata-se de instituições financeiras supervisiona-
das pelo Banco Central.
Vale destacar que não é possível abrir uma conta corrente em uma SCFI. Logo, elas não captam depósitos à
vista. As financeiras captam recursos por meio de:

z Certificados de Depósitos Bancários — CDB;


z Recibos de Depósitos Bancários — RDB;
z Depósitos Interfinanceiros — DI;
z Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Créditos — DPGE;
z Letras de Câmbio;
z Letra de Crédito do Agronegócio — LCA;
z Letra Financeira — LF;
z Letra Imobiliária Garantida — LIG;
z Operações compromissadas;
z Operações de cessão de créditos.

Importante!
As financeiras foram autorizadas a captar recursos por meio de Certificados de Depósitos Bancários (CDB)
pela Resolução CMN nº 4.812, de 30 de abril de 2020. Trata-se de alteração recente e relevante, pois tem
cheiro de prova!

SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL

As Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM) têm como principal operação o arrendamento de bens
móveis e imóveis. Esses bens são adquiridos pela SAM, que, em seguida, os “aluga” para os clientes, chamados de
arrendatários, mediante o pagamento de prestações chamadas de contraprestações. Assim, o cliente arrenda-
tário tem a posse e o direito ao uso do bem sem, no entanto, possuir sua propriedade.
A lógica disso está no fato de que o lucro de uma atividade produtiva não depende da propriedade dos bens de
produção, mas sim da sua utilização. Assim, uma empresa não precisa ser dona de seu maquinário, por exemplo,
precisa apenas explorá-lo para produzir e gerar receitas.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Há outros fatores que podem ser vantajosos na opção pelo arrendamento mercantil, especialmente relaciona-
dos a questões tributárias.
A operação de arrendamento mercantil é conhecida como leasing. O leasing, portanto, assemelha-se a uma
locação; o cliente, ao final do contrato, tem as opções de renová-lo, de adquirir o bem ou de devolvê-lo à empresa.
As Sociedades de Arrendamento Mercantil devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, e em
sua denominação social deve constar a expressão “Arrendamento Mercantil”.
A constituição e o funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil dependem de autorização do
Banco Central do Brasil.
Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central e realizem operações com características de um financiamento,
essas sociedades não são consideradas instituições financeiras, mas sim entidades equiparadas a instituições
financeiras.
As operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas modalidades principais: leasing
financeiro e leasing operacional.
A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o arrendatário tem a possibili-
dade de adquirir o bem pelo valor residual garantido (VRG), predeterminado em contrato. Ao final do leasing
financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução, embora possível,
financeiramente vantajosa.
No leasing operacional, o preço para o exercício da opção de compra é o valor de mercado do bem arren-
dado. Não há previsão de pagamento de VRG.
Há outros tipos de leasing, como o leaseback (o cliente arrendatário é o próprio fornecedor do bem) e o leasing
importação (arrendamento de bens fabricados no exterior, adquiridos pela Sociedade de Arrendamento Mercan-
til diretamente do fornecedor estrangeiro, para uso de arrendatário brasileiro). 291
O quadro a seguir demonstra as principais diferenças entre o leasing financeiro e o leasing operacional.

CARACTERÍSTICAS LEASING FINANCEIRO LEASING OPERACIONAL


2 anos para bens com vida útil ≤ 5 anos
Prazo mínimo de duração 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor Residual Garantido (VRG) Permitido Não permitido
Pactuada no contrato, normalmente pelo
Opção de compra Conforme valor de mercado
VRG
Por conta do arrendatário ou da
Manutenção do bem Por conta do cliente arrendatário
SAM, conforme contrato
Total dos pagamentos, incluindo VRG, deve A soma dos pagamentos devidos no
Pagamentos garantir à SAM o retorno financeiro da aplica- contrato não pode exceder 90% do
ção (valor pago pelo bem + juros) valor do bem

Além de recursos próprios, as Sociedades de Arrendamento Mercantil podem captar recursos através de:

z Empréstimos contraídos no exterior;


z Empréstimos e financiamentos de instituições financeiras nacionais, inclusive de repasses de recursos
externos;
z Recursos de instituições financeiras oficiais, destinados a repasses de programas específicos;
z Colocação de debêntures de emissão pública ou particular e de notas promissórias destinadas à oferta
pública (lembre-se: Sociedades de Arrendamento Mercantil não são instituições financeiras, são equiparadas
a instituições financeiras. Por isso, podem emitir debêntures);
z Cessão de contratos de arrendamento mercantil, bem como dos direitos creditórios deles decorrentes;
z Depósitos interfinanceiros.

SOCIEDADES CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS E SOCIEDADES DISTRIBUIDORAS DE


TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) e Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valo-
res Mobiliários (DTVM) são instituições que atuam no mercado financeiro e de capitais e, também, no mercado
cambial, intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de
recursos.
Até 2009, havia uma diferença básica entre essas instituições: somente as Corretoras eram autorizadas a ope-
rar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados organizados de Bolsa de Valores. As Distri-
buidoras necessitavam contratar os serviços de uma Corretora, para efetuar suas operações no mercado de ações.
Ocorre que, naquele ano, uma decisão conjunta do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários —
CVM (Decisão Conjunta 17/2009) — autorizou as Distribuidoras a operar diretamente em Bolsas de Valores,
eliminando a principal diferença entre as corretoras e as distribuidoras, as quais, hoje, podem realizar, pratica-
mente, as mesmas operações. Por essa razão, iremos estudá-las conjuntamente.
Corretoras e Distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços, como plataformas de investi-
mento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de investimentos, financiamento para compra
de ações (conta margem) e administração e custódia de títulos e valores mobiliários de seus clientes.
Repare que Corretoras e Distribuidoras não captam ou repassam recursos diretamente aos seus clientes.
Elas atuam como prestadoras de serviços, intermediando as negociações e cobrando comissões e taxas por essa
prestação de serviço. Por isso, são também conhecidas como instituições auxiliares do SFN.
As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de
responsabilidade limitada. Trata-se de instituições que dependem de autorização do Banco Central para sua
constituição e funcionamento.
Ainda, para operarem no mercado de valores mobiliários, também precisam de prévia e expressa auto-
rização da Comissão de Valores Mobiliários que, como se sabe, é a entidade supervisora do SFN responsável
pelo mercado de valores mobiliários.
Deste modo, Corretoras e Distribuidoras são supervisionadas e fiscalizadas tanto pelo Banco Central quan-
to pela Comissão de Valores Mobiliários. As Bolsas de Valores também têm competência para fiscalizar as
operações realizadas por essas instituições.
As principais atividades das corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários são:

z Comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;


z Operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros;
z Intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;
z Operar em Bolsas de Valores;
z Administrar carteiras e custodiar títulos e valores mobiliários;
z Subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
z Exercer funções de agente fiduciário;
292 z Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
z Intermediar operações de compra e venda de II - a distribuição aos associados, como dividendos, da
moeda estrangeira, além de outras operações no totalidade dos resultados líquidos operacionais, uma
mercado de câmbio; vez deduzidas as importâncias destinadas à constitui-
z Praticar operações de compra e venda de metais ção dos fundos de reserva e de emergência e a participa-
preciosos no mercado físico por conta própria e ção da administração nos resultados das associações.
de terceiros;
z Realizar operações compromissadas; Os recursos dos depositantes são, assim, classifi-
z Praticar operações de conta margem; cados no patrimônio líquido da associação, e não no
z Emprestar títulos e valores mobiliários inte- passivo exigível.
grantes das respectivas carteiras aos seus comiten- Os associados podem participar da APE de duas for-
tes, exclusivamente para oferta de garantia; mas básicas: ao adquirir financiamento imobiliário
z Emitir moeda eletrônica; ou ao depositar seu dinheiro para formar poupança.
z Prestar serviços de intermediação e de assesso- Suas operações ativas (aplicação de recursos) são,
ria ou assistência técnica em operações e ativida- basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário e
des nos mercados financeiro e de capitais. ao SFH, através de financiamentos imobiliários.
Já as operações passivas, de captação de recursos,
Como vimos, operações de conta margem são finan- além dos depósitos de poupança, são constituídas de:
ciamentos para a compra de ações que as Corretoras e
Distribuidoras podem conceder aos seus clientes. Com z Letras Hipotecárias (LH);
exceção das operações de conta margem, é vedado z Repasses e refinanciamentos contraídos no país;
a Corretoras e Distribuidoras realizar operações que z Empréstimos e financiamentos contraídos no exterior;
caracterizem, sob qualquer forma, a concessão de z Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
financiamentos, empréstimos ou adiantamentos a seus z Depósitos interfinanceiros.
clientes, inclusive através da cessão de direitos.
As APEs compõem o Sistema Brasileiro de Poupan-
SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO ça e Empréstimo (SBPE) e são supervisionadas pelo
Banco Central.
Hoje, a Poupex (Associação de Poupança e Emprés-
Sociedades de Crédito Imobiliário são instituições
timo) é a única APE em funcionamento. Como foi dito,
financeiras integrantes do Sistema Financeiro de
as APEs têm, por definição, âmbito de atuação regio-
Habitação (SFH) especializadas em operações de
nal. No entanto, curiosamente, a Poupex tem a parti-
financiamento imobiliário.
cularidade de atuar em âmbito nacional. Ela é gerida
São constituídas sob a forma de sociedade anônima,
pela Fundação Habitacional do Exército (FHE).
devendo constar em sua denominação social a expressão
“crédito imobiliário”. São supervisionadas pelo Banco
Central. BNDES – BANCO NACIONAL DE
A área de atuação da SCI é o financiamento para DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
construção de habitações, a abertura de crédito para AGÊNCIAS DE FOMENTO
compra ou construção de casa própria e o financiamen-
to de capital de giro a empresas incorporadoras, produto- Criado em 1952 como autarquia federal, foi enqua-
ras e distribuidoras de material de construção. drado como uma empresa pública federal, com
As Sociedades de Crédito Imobiliário não captam personalidade jurídica de direito privado e patri-
recursos do público. Elas apenas repassam recur- mônio próprio, pela Lei n° 5.662, de 21 de junho de
sos captados por outras instituições pertencentes 1971. O BNDES é uma Empresa Pública vinculada ao
ao Sistema Financeiro de Habitação. Ministério da Economia e tem como objetivo:
Por conta disso, atuam de forma mais limitada,
voltando-se para operações específicas, como o pro- z Apoiar empreendimentos que contribuam para o
desenvolvimento do país.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


grama Minha Casa, Minha Vida.

ASSOCIAÇÕES DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO Suas linhas de apoio contemplam financiamentos


de longo prazo e custos competitivos, para o desen-
As Associações de Poupança e Empréstimo (APE) volvimento de projetos de investimentos e para
são instituições constituídas sob a forma de socieda- a comercialização de máquinas e equipamentos
de civil, sendo de propriedade comum de seus asso- novos, fabricados no país, bem como para o incre-
ciados. Sua atuação é de âmbito regional, restrita à mento das exportações brasileiras. Contribui, tam-
determinada região. bém, para o fortalecimento da estrutura de capital das
Elas foram criadas para facilitar aos associados a empresas privadas e desenvolvimento do mercado de
aquisição da casa própria e captar, incentivar e dis- capitais. A BNDESPAR, subsidiária integral, investe
seminar a poupança. Os depositantes tornam-se asso- em empresas nacionais através da subscrição de ações
ciados da instituição e são considerados seus acionistas. e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de
Por isso, não recebem rendimentos e, sim, dividendos. fundamental importância, na execução de sua política
As APE fazem parte do Sistema Financeiro da de apoio, a observância de princípios ético-ambientais
Habitação (SFH). De acordo com o Decreto-lei nº 70, e assume o compromisso com os princípios do desen-
de 1966, as APE têm como marcantes características: volvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro
e os programas do BNDES atendem às necessidades
Art. 2º [...] de investimentos das empresas de qualquer porte
I - a formação de vínculo societário, para todos os e setor, estabelecidas no país. A parceria com ins-
efeitos legais, através de depósitos em dinheiro efe- tituições financeiras, com agências estabelecidas em
tuados por pessoas físicas interessadas em delas todo o país, permite a disseminação do crédito, pos-
participar; sibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES. 293
Segundo o Projeto de Lei, o contrato de fomento mer-
SOCIEDADES DE FOMENTO cantil poderá prever, conjugadamente com a prestação
MERCANTIL (FACTORING) de serviços, a compra à vista, total ou parcial, pela
sociedade de fomento mercantil de direitos creditórios
Ao estudar as Sociedades de Fomento Mercantil, ou no mercado nacional ou internacional.
Factorings, como são conhecidas, a primeira infor- Como você pode ver, as Factorings atuam, basica-
mação que você deve guardar é a de que elas não são mente, como assessorias creditícias e mercadológicas. No
instituições financeiras e, como tais, não são regu- entanto, sua principal atividade é a compra de direitos
ladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil creditórios originados de contratos de venda mercan-
ou pela Comissão de Valores Mobiliários. Trata-se til a prazo. Esta é, aliás, a definição de uma operação de
de uma atividade comercial que deve ser legalmente factoring: aquisição de direitos creditórios resultantes de
constituída e registrada na Junta Comercial, não vendas mercantis a prazo.
necessitando de autorização ou registro no Banco As Factorings (Sociedades de Fomento Mercantil) são
Central ou na CVM para funcionamento. assim chamadas porque realizam operações de factoring,
A propósito, o Conselho Monetário Nacional pro- ou seja, as Sociedades de Fomento Mercantil prestam
nunciou-se através da Resolução CMN nº 2144, de 1995, serviços e compram créditos (direitos) de empresas resul-
em que afirmou que qualquer operação praticada tantes de suas vendas mercantis a prazo. A transação do
factoring é mercantil. Trata-se de uma compra definitiva
por empresa de fomento mercantil que não se ajuste
em que a Sociedade de Fomento Mercantil assume os ris-
ao previsto na legislação tributária e que caracterize
cos de insolvência dos direitos creditórios que adquiriu.
operação privativa de instituição financeira, nos
Apesar da semelhança com o desconto bancário, as
termos do art. 17, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro
operações de factoring dele se diferenciam, pois não há
de 1964, constitui ilícito administrativo e criminal.
o chamado direito de regresso, ao contrário da opera-
ção bancária. Caso o crédito adquirido pela Sociedade de
Art. 17 Consideram instituições financeiras, para
Fomento Mercantil não seja pago pelo devedor, não há
os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídi-
previsão para que a empresa cliente que cedeu (vendeu)
cas públicas ou privadas, que tenham como ativi-
dade principal ou acessória a coleta, intermediação
o crédito arque com o pagamento. Por se tratar de ope-
ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de ração mercantil (de compra e venda), ao adquirir o cré-
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a dito, a Factoring assume o risco de um eventual não
custódia de valor de propriedade de terceiros. pagamento. Vale ressaltar que há algumas divergências
na doutrina sobre o tema, mas essa tem sido a posição
Neste sentido, Sociedades de Fomento Mercantil adotada pelas bancas de concursos.
não podem coletar, intermediar ou aplicar recur- Resumindo, o factoring (o termo em português, que é
sos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda pouco utilizado, é faturização) consiste em um negócio
nacional ou estrangeira, e tampouco custodiar valo- complexo no qual a empresa-cliente pode contratar dife-
rentes serviços de apoio e assessoria empresarial, aí com-
res de propriedade de terceiros.
preendida a venda à vista para a Sociedade de Fomento
O que as Factorings fazem? Quais as atividades
Mercantil dos direitos de suas vendas mercantis (crédi-
que desenvolvem?
tos), materializados em títulos de crédito, gerando recur-
Não há uma lei específica que regule essa ativida-
sos imediatos para aplicação em seu ciclo operacional.
de no Brasil. No entanto, um Projeto de Lei sobre o
Essa empresa cliente (faturizada) transfere os direitos
assunto tramita no Congresso Nacional desde o ano
de suas vendas mercantis para a Sociedade de Fomento
2000 e está parado na Mesa Diretora da Câmara dos
Mercantil (faturizadora), que, no vencimento, vai cobrar
Deputados desde julho de 2012.
do comprador (sacado, devedor). Trata-se, portanto, de
A legislação tributária citada na Resolução do
uma autêntica transação mercantil realizada à vista
CMN prevê que Factorings são pessoas jurídicas que
com recursos próprios da empresa de fomento mercantil
exploram as atividades de prestação cumulativa e, não, de uma operação de crédito.
e contínua de serviços de assessoria creditícia, Vale destacar, também, que a operação de factoring
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, é uma atividade comercial mista atípica, que agrega
administração de contas a pagar e a receber, com- prestação de serviços com compra de créditos (direi-
pras de direitos creditórios resultantes de vendas tos creditórios) resultantes de vendas mercantis. Em
mercantis a prazo ou de prestação de serviços. Já o geral, Sociedades de Fomento Mercantil têm como foco
referido Projeto de Lei, que está parado no Congresso principal atender pequenas e médias empresas, nor-
Nacional e, embora ainda não tenha sido aprovado, malmente com mais dificuldade de acesso a serviços no
serve de referência para a atividade, define que se sistema financeiro, fomentando-as de modo a ajudá-las
entende por fomento mercantil a prestação contínua a solucionar problemas operacionais e de fluxo de caixa.
por sociedade de fomento mercantil de um ou mais
dos seguintes serviços a sociedades ou firmas que
tenham por objetivo o exercício das atividades mercan- Importante!
tis ou de prestação de serviços, bem como a pessoas que
exerçam atividade econômica em nome próprio e de for- Apesar de o factoring não ser considerado uma
ma organizada: operação financeira, de acordo com a legislação
tributária, ao cliente vendedor dos direitos cre-
z Acompanhamento de processo produtivo ou ditórios cabe arcar com o pagamento de IOF —
mercadológico; imposto sobre operações de Crédito, Câmbio e
z Acompanhamento de contas a receber e a pagar; Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliá-
z Seleção e avaliação de clientes, devedores ou rios, mais conhecido como Imposto sobre Ope-
294 fornecedores. rações Financeiras.
MODALIDADES DE FACTORING
PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS
z Convencional: É a compra de direitos de crédi-
to das empresas (clientes) fomentadas, formaliza- DEPÓSITOS
da através de um contrato de fomento mercantil.
Quase que a totalidade das operações realizadas Para fins de prova, a principal diferença entre os
no Brasil são dessa espécie; depósitos se dá em função da possibilidade de livre
z Maturity: A Sociedade de Fomento Mercantil movimentação e da existência de remuneração. Eles
administra as contas a receber do cliente, elimi- se dividem em depósitos à vista e depósitos a prazo.
nando gastos e profissionalizando as operações de
cobrança; DEPÓSITO À VISTA
z Trustee: Trata-se de uma prestação de serviços
Depósito à vista é o depósito recebido em contas
mais completa, conjugada com a compra de cré-
de depósitos, popularmente conhecidas como contas
ditos. A Factoring compra os títulos de crédito,
correntes.
assume a cobrança e presta assessoria adminis-
É o instrumento clássico de captação de recursos
trativa e financeira ao cliente;
pelos bancos comerciais. Representam, portanto, uma
z Exportação: A exportação é intermediada por operação passiva dos bancos.
duas Factorings, uma em cada país envolvido na A capacidade de receber depósitos à vista é o que
operação comercial, que garantem a operacionali- diferencia as instituições financeiras bancárias ou
dade e liquidação do negócio; monetárias das instituições financeiras não bancá-
z Fomento à matéria-prima: A sociedade de rias ou monetárias.
Fomento Mercantil opera como intermediária Isso porque, captando depósitos à vista, os bancos
entre seu cliente e um fornecedor de matéria-pri- têm a capacidade de criar moeda escritural ou bancá-
ma. A Factoring compra a matéria-prima à vista ria, graças ao efeito multiplicador do crédito, também
e adquire o direito futuro do fornecedor. Poste- chamado de multiplicador monetário ou bancário.
riormente, o cliente paga a empresa de fomento Por conta disso, as instituições que captam depósi-
mercantil com o faturamento gerado após a trans- tos à vista estão sujeitas ao recolhimento compulsó-
formação da matéria-prima. rio de parte dos recursos captados. Isso significa que
parte dos recursos deve, obrigatoriamente, permane-
cer na conta Reservas Bancárias (espécie de “conta
corrente” dos bancos no Banco Central).
SOCIEDADES ADMINISTRADORAS DE Atualmente, a exigibilidade do recolhimento com-
pulsório sobre recursos à vista corresponde a 21%
CARTÕES DE CRÉDITO
(vinte e um por cento) da média aritmética dos sal-
dos apurados no período de cálculo, deduzida de R$
Sociedades Administradoras de Cartão de Crédito
500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais).
são instituições não financeiras emissoras de car-
Portanto, lembre-se: em uma questão perguntan-
tão de crédito.
do qual a alíquota do compulsório sobre depósitos à
A princípio, é necessário compreender que exis-
vista (improvável, pois essa alíquota é alterada com
tem dois tipos de instituição que podem emitir cartões
certa frequência), atente-se ao percentual de 21%.
de crédito, quais sejam:
O cálculo da exigibilidade de recolhimento compul-
z Instituições financeiras: Notadamente, são ban- sório de cada instituição é refeito a cada duas semanas.
cos que emitem e administram cartões próprios ou E quais são as instituições financeiras que podem
de terceiros e concedem financiamento direto aos captar depósitos à vista?
Podem receber depósitos à vista, e por isso são

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


portadores;
classificadas como bancárias ou monetárias, as
z Sociedades Administradoras de Cartão de Cré-
seguintes instituições financeiras:
dito: São instituições não financeiras que emitem
e administram cartões próprios ou de terceiros,
z Bancos comerciais;
mas não financiam para os seus clientes.
z Caixas econômicas;
A partir de 2013, com o advento da Lei nº 12.865, z Cooperativas de crédito;
de 2013, as Sociedades Administradoras de Cartão de z Bancos (múltiplos ou comerciais) cooperativos;
Crédito foram incluídas no rol das chamadas Institui- z Bancos múltiplos com carteira comercial.
ções de Pagamento. Mais recentemente, o Banco Cen-
tral definiu, de forma mais esclarecedora, que uma Porém, atenção: as cooperativas de crédito não
das modalidades das instituições de pagamento é estão sujeitas ao recolhimento compulsório sobre
depósitos à vista. Somente bancos e caixas econômi-
a de emissor de instrumento de pagamento pós-
cas têm essa obrigação.
-pago, que vem a ser a instituição de pagamento
Os depósitos à vista são de livre movimentação.
que gerencia conta de pagamento de usuário final Essas movimentações ocorrem através de depósitos,
pagador, do tipo pós-paga, e disponibiliza transação saques, pagamentos instantâneos (Pix), cheques, trans-
de pagamento com base nessa conta. Essa definição ferências entre contas da mesma instituição, ordens de
aprimorou o texto anteriormente trazido pela Lei nº pagamento, Documento de Crédito (DOC), Transferên-
12.865, de 2013, descrevendo, de forma clara, a atua- cia Eletrônica Disponível (TED), cartões de débito etc.
ção de uma sociedade administradora de cartões de Recursos depositados em contas de depósitos à
crédito. vista são de livre movimentação, mas é importante
você saber alguns detalhes sobre isso: 295
Saques z Taxa prefixada — A taxa é fixa, ou seja, foi prefi-
xada. O cliente sabe, na data da aplicação, qual
É vedado postergar saques em espécie de contas será o valor a resgatar no vencimento.
de depósitos à vista de valor igual ou inferior a R$
5.000,00 (cinco mil reais). No entanto, é admitida a Por exemplo, imagine que um cliente aplique R$
postergação para o expediente seguinte de saques 100.000,00 em um CDB, por um prazo de 365 dias, a
de valor superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). uma taxa prefixada de 12% a.a., que é a taxa oferecida
pelo banco nesse momento.
Débitos Automáticos Aconteça o que acontecer, ele sabe que ao final de um
ano terá R$ 112.000,00 em valor bruto. Porém, ao reali-
É vedada às instituições financeiras a realização zar o saque, incidirá o Imposto de Renda sobre os juros.
de débitos em conta de depósitos e em contas salário
sem prévia autorização do cliente. z Taxa pós-fixada — A remuneração da aplicação
Essa autorização de débitos em conta pode ser seguirá a variação de um indicador pós-fixado,
formalizada na instituição depositária (detentora da geralmente taxas de juros de mercado ou índices
conta a ser debitada) ou por meio da instituição desti- de inflação.
natária (que receberá os valores debitados).
A autorização deve ser fornecida por escrito ou
Por exemplo, imagine que aquele mesmo cliente
por meio eletrônico, com estipulação de prazo de vali-
tenha resolvido aplicar seus R$ 100.000,00 em um CDB
dade, que poderá ser indeterminado, admitida, quando
de 365 dias que rende 110% da taxa DI (remuneração
se tratar de autorização de débitos formalizada pelo
cliente na instituição depositária, a discriminação de do depósito interbancário, taxa similar à Selic). Ele só
mais de uma conta para a realização de débitos, res- saberá o valor que terá direito no resgate ao final do
peitada a ordem de precedência definida pelo titular. prazo, pois isso dependerá da variação da taxa DI ao
É assegurado ao titular da conta o direito de can- longo do prazo do título.
celar a autorização de débitos. Esse cancelamento Digamos que a economia andou bem, as taxas de
pode ser formalizado na instituição depositária ou na juros caíram ao longo desse ano e, ao final desse perío-
instituição destinatária. do, a variação acumulada da taxa DI tenha somado
A instituição depositária deve comunicar ao titu- 8%. Como o CDB foi pós fixado em 110% da taxa DI, o
lar da conta e, se for o caso, também à instituição cliente fará jus a uma taxa de 8,8% de remuneração,
destinatária, o acatamento do cancelamento da auto- e terá direito a resgatar R$ 108.800,00 em valor bruto.
rização de débitos em até dois dias úteis contados Porém, caso ocorra um agravamento da crise
da data do seu recebimento. financeira e as taxas de juros subam ainda mais, pode
O encerramento de todas as contas objetos da ser que, ao final do prazo, a taxa DI tenha acumulado
autorização de débitos, sem a correspondente indi- um crescimento de 15%. Nesse caso, o cliente receberá
cação de outra conta que as substituam, equivale ao 16,5% de juros por sua aplicação, podendo resgatar R$
cancelamento da autorização concedida. 116.500,00 em valor bruto.
Os recursos depositados em conta de depósitos à Como dito anteriormente, os contratos de depósi-
vista não são remunerados. Representam, portanto, tos a prazo devem observar os prazos mínimos e as
uma captação a custo zero para os bancos. formas de remuneração estabelecidos na legislação
Aliás, é vedado o oferecimento ou distribuição de e na regulamentação vigentes. Vejamos quais são os
bonificações, prêmios ou outras vantagens, inclusive prazos mínimos estabelecidos pelo Banco Central:
o pagamento de juros, na captação de depósitos à vista.
Os depósitos à vista estão cobertos pelo Fundo Garan-
tidor de Créditos — FGC —, que garante até o limite de TAXA DE JUROS PRAZO MÍNIMO
R$ 250.000,000 (duzentos e cinquenta mil reais) consi-
derando o total de créditos, por CPF, contra uma mesma Prefixada Sem prazo mínimo
instituição ou conglomerado financeiro. Nas contas con- Pós fixada (TR ou TJLP) 1 mês
juntas, o valor da garantia é limitado aos R$ 250.000,00.
Pós fixada (TBF) 2 meses
DEPÓSITOS A PRAZO (CDB E RDB)
Pós fixada — Taxas Flutuantes
Sem prazo mínimo
Os depósitos a prazo estão entre as aplicações mais (Taxa DI)
comuns do mercado financeiro.
Trata-se, portanto, de importante forma de capta- Pós fixada — Índices de preços
1 ano
ção de recursos por bancos e outras instituições finan- (IPCA, INPC, IGP-M)
ceiras, também representando uma operação passiva.
Ao investir em depósitos a prazo, o cliente se com- Note que, se comparamos o depósito a prazo com o
promete a manter os recursos aplicados na institui- depósito à vista, a diferença é que o cliente abre mão
ção financeira por um período pré-determinado e, da livre movimentação e, em troca, faz jus à remune-
em contrapartida, recebe a promessa de, ao final do ração por uma taxa de juros.
prazo, poder resgatar o valor investido acrescido da Para os bancos, a vantagem é a de que — ao contrário
taxa de juros pactuada. do que acontece com os recursos alocados em depósitos
Esse período pré-determinado é fixado na nego- à vista — existe previsibilidade sobre o tempo em que
ciação entre a instituição financeira e o cliente. As o recurso permanecerá disponível para ser alocado em
normas do Banco Central estabelecem apenas os operações ativas. Afinal, o banco “pega dinheiro empres-
prazos mínimos para as operações. tado” dos clientes superavitários, através dos depósitos,
Depósitos a prazo são investimentos de renda para poder emprestar para seus clientes deficitários.
fixa. No entanto, essa taxa de remuneração pode ser Ter previsibilidade sobre o prazo durante o qual
296 prefixada ou pós-fixada. poderá dispor dos recursos dos depósitos que recebeu
possibilita ao banco melhor adequar os prazos dos O CDB tem liquidez, pois como pode ser negociado
empréstimos que fará. e é transferível, o investidor pode resgatar o dinheiro
Existem dois tipos de depósitos a prazo: os Certi- a qualquer momento.
ficados de Depósito Bancário (CDB) e os Recibos de Já o RDB, como não pode ser resgatado antes do
Depósito Bancário (RDB). vencimento, possui liquidez somente no vencimen-
Ambos são títulos privados representativos de to, e não possui liquidez diária.
depósitos a prazo feitos por pessoas físicas ou jurídicas. Porém, entende-se que a legislação permite a alie-
Os Certificados de Depósito Bancário (CDB) são nação dos direitos representados no RDB por meio
depósitos a prazo com emissão de certificado e os de contrato de cessão de crédito. Caso apareça algo
Recibos de Depósito Bancário (RDB) são depósito a parecido na prova, lembre-se disso.
prazo sem emissão de certificado.
Por último, saiba que tanto CDBs quanto RDBs estão
Podem captar os depósitos a prazo:
cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos, que garan-
te até o limite de R$ 250.000,000 (duzentos e cinquenta
z Bancos múltiplos;
mil reais) considerando o total de créditos, por CPF, con-
z Bancos comerciais;
tra uma mesma instituição ou conglomerado financeiro.
z Bancos de investimento;
z Bancos de desenvolvimento;
z Caixas econômicas; TRANSFERÊNCIAS
z Sociedades de crédito, financiamento e investimento.
Transferências são as diferentes formas de se
Além dessas instituições, as cooperativas de crédi- transferir dinheiro entre contas de depósito através
to também podem captar depósitos a prazo, desde que do Sistema de Pagamentos Brasileiro — SPB.
São quatro as formas mais utilizadas atualmen-
z Captem exclusivamente de seus associados, apenas te: a Transferência Eletrônica Disponível (TED),
por meio de Recibos de Depósito Bancário (RDB); ou o Documento de Crédito (DOC), as transferências
z Captem de Municípios, de seus órgãos ou entida- entre contas da mesma instituição (book transfer) e,
des e das empresas por eles controladas. mais recentemente, o pagamento instantâneo (Pix).

A diferença entre CDBs e RDBs é que o RDB, por TRANSFERÊNCIA ELETRÔNICA DISPONÍVEL (TED)
se tratar de recibo representativo de depósito a prazo
em instituição financeira, não possui a cambiaridade5 Transferência Eletrônica Disponível — TED — é
(ou cambialidade) típica dos títulos de crédito. Por a transferência financeira entre diferentes bancos e
essa razão, o RDB é inegociável e intransferível. demais instituições (financeiras ou de pagamentos)
Essa restrição não existe no CDB, que é negociável detentoras de contas Reservas Bancárias ou de Conta
e transferível. de Liquidação no Banco Central.
Geralmente, o próprio banco emissor recompra o Pode ser utilizada para transferir valores entre
CDB, caso o investidor queira negociá-lo. Além disso, correntistas — pessoas físicas ou jurídicas — de dife-
o CDB é considerado um título de crédito e, como tal,
rentes instituições, e entre as próprias instituições,
pode ser transferido por endosso, possibilitando sua
envolvendo ou não o pagamento de obrigações.
negociação no mercado secundário.
Ou seja, a TED é uma ordem de transferência de
Portanto, ao aplicar em um RDB, da mesma forma
fundos interbancária.
que em um CDB,
Sua principal característica é o fato de que, regra
o investidor empresta dinheiro para uma institui- geral, o crédito será feito na conta do beneficiário
ção financeira por um determinado período em no mesmo dia de sua emissão.
troca de uma remuneração. No entanto, a grande Não há limite de valor para envio da TED. Quanto
ao horário, ele é definido pelas instituições, respeitan-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


diferença desses papéis é em relação à liquidez: o
RDB é intransferível e não pode ser revendido do o horário máximo determinado pelo Banco Central
pelo investidor no mercado secundário.6 (17h em dias úteis). Após o horário-limite estabeleci-
do pela instituição, a TED pode ser agendada para o
Ou seja, o CDB é uma aplicação que garante liqui- dia útil seguinte ou para data posterior.
dez, o que não ocorre com o RDB. O processamento de uma TED — que envolve a
emissão da ordem de transferência de fundos pelo
z Liquidez é um conceito econômico que se refere à cliente, a liquidação da operação no respectivo siste-
facilidade em converter um ativo em dinheiro. ma de transferência de fundos e o crédito do corres-
pondente valor na conta do beneficiário — está sujeito
Quanto mais fácil transformar um ativo em dinhei- a várias regras emitidas pelo Banco Central.
ro, mais liquidez ele tem. Por exemplo: o saldo da sua Na emissão dessas regras, o Banco Central neces-
conta corrente é um ativo líquido, pois você o trans- sariamente observa as disposições do Conselho
forma em dinheiro no momento em que quiser. Monetário Nacional.
Já um imóvel é um ativo com baixa liquidez, pois A TED deve ser encaminhada pela instituição do clien-
não é tão simples e imediato vendê-lo e transformá-lo te emissor ao sistema de transferência de fundos (Siste-
em dinheiro. ma de Transferência de Reservas — STR ou Sistema de
5 A cambiaridade é uma das características do título de crédito, e diz respeito a possibilidade de transferir o título para outra pessoa, que passa
a ser o titular do crédito.
6 PAPP, A. C. Desconhecido, RDB oferece bom retorno para quem pode abrir mão de liquidez. Estado de Minas, 2018. Disponível em: https://www.
em.com.br/app/noticia/economia/2018/01/15/internas_economia,931000/desconhecido-rdb-oferece-bom-retorno-para-quem-pode-abrir-mao-
-de-liqu.shtml. Acesso em: 30 maio 2022. 297
Transferência de Fundos — CIP-Sitraf), onde será liquida- Por exemplo: digamos que eu faça um DOC para
da em até 30 minutos após o débito na conta do cliente. a sua conta corrente no dia 06/06/2022, uma segun-
Após ser liquidada, o valor deve ser creditado na da-feira. O débito na minha conta corrente será feito
conta do beneficiário em até 60 (sessenta) minutos. nesse mesmo dia, 06/06/2022.
Entretanto esse tempo pode ser maior, a critério das No entanto, apesar de você só conseguir sacar o
instituições envolvidas, caso haja necessidade de uma dinheiro da sua conta na terça-feira, dia 07 de junho,
verificação adicional de irregularidades ou execução pode ser que o crédito apareça em seu extrato com data
de procedimentos de prevenção à lavagem de dinheiro. de segunda, 06 de junho. Nesse caso, se cair um débito
na sua conta na compensação do dia 06 de junho (um
Não contam nesses limites o tempo gasto com o
cheque que você tenha emitido, por exemplo, e que
processo de compensação e de liquidação da TED
tenha sido depositado pelo portador no dia 06), o valor
no Sistema de Transferência de Reservas (STR) ou
no Sistema de Transferência de Fundos (CIP-Sitraf), do DOC poderá cobrir o pagamento do cheque.
dependendo do sistema de liquidação que a institui- Para efeito de prova, no entanto, a não ser que
ção emitente submeteu a operação.7 a questão aborde a possibilidade de haver efeitos
financeiros na mesma data da emissão, você deve
Resumindo, o período entre a saída dos recursos considerar que o crédito do DOC na conta do benefi-
da conta do cliente emissor e o crédito na conta do ciário ocorre no dia útil seguinte ao dia de emissão.
beneficiário pode variar, a depender do tempo da No mais, cada instituição pode estabelecer um
liquidação entre as instituições envolvidas. Porém, o horário limite para emissão de DOC.
crédito ocorrerá no mesmo dia, desde que obede- Além disso, a instituição financeira pode cobrar do
cido, pelo cliente emissor, o horário-limite do banco remetente do DOC tarifa pela sua emissão.
para a emissão da TED.
Usualmente, a transferência será concluída rapida- TRANSFERÊNCIAS ENTRE CONTAS DA MESMA
mente, podendo, em algumas situações, ser concluída INSTITUIÇÃO (BOOK TRANSFER)
até o final do dia, sempre que obedecido o horário-li-
mite da instituição para a emissão da TED. Transferência entre Contas é a operação de transferên-
No caso de a TED ser feita em dia útil na cidade de cia de recursos envolvendo contas de clientes de uma mes-
quem envia o dinheiro, mas for feriado ou dia não útil ma instituição financeira ou de pagamentos. No mercado
na cidade da agência de quem recebe, a TED é debi-
financeiro ela é comumente chamada de book transfer.
tada da conta do emissor na data da autorização da
Geralmente, o valor transferido é creditado ime-
transferência, mas o valor será creditado na conta do
diatamente na conta do credor, mesmo se a operação
beneficiário apenas no próximo dia útil.
ocorrer em finais de semana ou em dias não úteis.
A instituição financeira do cliente emissor pode
Entretanto, a instituição pode dispor critérios para
efetuar cobrança de tarifa do remetente da TED.
esse tipo de situação.
DOCUMENTO DE CRÉDITO (DOC) As regras que se aplicam ao book transfer são de res-
ponsabilidade de cada instituição financeira ou de paga-
O Documento de Crédito — DOC — assim como a mentos. Não há uma regra específica do Banco Central
TED, é uma ordem de transferência de fundos inter- ou do Conselho Monetário Nacional sobre o assunto.
bancária, emitido por conta ou a favor de pessoas físi-
cas ou jurídicas, clientes de instituições financeiras. PAGAMENTO INSTANTÂNEO (PIX)
O DOC somente pode ser remetido e recebido
pelos bancos comerciais, bancos múltiplos com O Pix é uma forma de pagamento instantâneo. Tra-
carteira comercial e pela Caixa Econômica Fede- ta-se de um meio de pagamento criado pelo Banco Cen-
ral, que são participantes de sistema de compensa- tral pelo qual os recursos são transferidos entre contas
ção e de liquidação aprovado pelo Banco Central, por em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. Pode ser
meio do qual o DOC é processado. realizado a partir de uma conta corrente, de uma conta
O DOC somente pode ser emitido no valor de poupança ou de uma conta de pagamento pré-paga.
até R$ 4.999,99 (quatro mil, novecentos e noventa e
nove reais e noventa e nove centavos), nas seguintes Além de aumentar a velocidade em que pagamentos
modalidades: ou transferências são feitos e recebidos, o Pix tem o
potencial de:
z DOC E: destinado à transferência de recursos entre alavancar a competitividade e a eficiência do mercado;
contas de titulares diferentes (CPF ou CNPJ distintos); baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar
z DOC D: destinado à transferência de recursos a experiência dos clientes;
entre contas de mesma titularidade. incentivar a eletronização do mercado de paga-
mentos de varejo;
O débito na conta do cliente emissor ocorre no mes- promover a inclusão financeira; e
mo dia da operação. Já o crédito na conta do beneficiá- preencher uma série de lacunas existentes na cesta
rio ocorre no dia útil seguinte à data de emissão. de instrumentos de pagamentos disponíveis atual-
Entretanto, o efeito financeiro na conta do cliente mente à população.8
emissor, para determinados fins, pode ocorrer na mesma
data da emissão, a critério da instituição recebedora.
7 TED, DOC e book transfer: entenda como funcionam os tipos de transferências entre contas. Banco Central do Brasil, 2019. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/327/noticia. Acesso em: 30 maio 2022.
298 8 O que é Pix? Banco Central do Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix. Acesso em: 30 maio 2022.
O Banco Central tem dois importantes papéis quan- com moedas estrangeiras. Câmbio, nesse caso, está
to ao Pix: relacionado ao significado da palavra que remete à
troca, permuta.
z O de regulador, definindo as regras de funciona-
E como funciona essa operação? As Financeiras
mento do Pix;
são instituições privadas que fornecem emprésti-
z O de gestor das plataformas operacionais, proven-
mos e financiamentos para aquisição de bens, ser-
do as infraestruturas tecnológicas necessárias.
viços e capital de giro. Quando a Financeira empresta
recursos ao cliente para que ele adquira um bem ou
A infraestrutura, que liquida as transações entre
serviço, ela está concedendo um crédito para esse
instituições distintas e possibilita que um pagamento
cliente. É como se o cliente “sacasse”, junto à Financei-
aconteça em segundos, e a plataforma, que permite
ra, a quantia necessária para realizar sua compra. Por
que o pagamento seja feito a partir de informações
isso, quando se trata de Letra de Câmbio, o cliente é
simples e de forma intuitiva, foram desenvolvidas e
chamado de sacador, e a Sociedade de Crédito, Finan-
são operadas pelo Bacen. O foco do BC é aumentar a
ciamento e Investimento, ou Financeira, é o sacado.
eficiência, a competitividade e a digitalização do mer-
Em compensação ao “saque”, o cliente sacador
cado de pagamentos de varejo no Brasil.
emite Letras de Câmbio, que são ordens de pagamen-
Participantes to. Ou seja, ele assume a responsabilidade de pagar
determinada quantia em uma data futura. Essas Letras
A participação no Pix foi formatada de forma a ser de Câmbio são entregues à Financeira. Na sequência,
ampla e flexível, permitindo a adesão de diversos essas Letras de Câmbio recebem o “aceite” do sacado,
agentes e promovendo uma maior competitividade. o que significa que a Financeira assume a responsabi-
Critérios de participação no Pix lidade pelo pagamento no lugar do sacador.
Todas as instituições financeiras e de pagamento Após o aceite, as Financeiras utilizam essas Letras
que ofertam conta transacional podem participar do de Câmbio para captar recursos no mercado finan-
Pix, na modalidade provedor de conta transacional. ceiro, colocam as Letras de Câmbio no mercado,
As instituições autorizadas pelo BC e que tenham
repassando-as para investidores, que passarão a ser
mais de 500 mil contas de clientes ativas, consideran-
os beneficiários daquelas ordens de pagamento.
do as contas de depósito à vista, as contas de depósito
de poupança e as contas de pagamento pré-pagas, são As operações de abertura de crédito mediante
obrigadas a participar, ofertando a seus clientes a ini- aceite de Letras de Câmbio por Sociedade de Crédito,
ciação por meio da inserção manual dos dados, chave Financiamento e Investimento são regidas por contra-
Pix, leitura de QR Code e Pix copia e cola e também to escrito e formal e são realizadas exclusivamente
o recebimento de pagamentos. Essa obrigatoriedade para o financiamento da compra de bens efetuada
tem o objetivo de garantir que o Pix seja efetivamente por usuário ou consumidor final e de capital de
ofertado a uma maior parcela da população. giro de empresas.
As demais instituições financeiras que ofertem contas Repare que o risco de investir na Letra de Câmbio
transacionais e instituições de pagamento, mesmo é o de a Financeira não pagar, e não o cliente. Isso por-
aquelas que ainda não atingiram os limites para reque- que esse risco é assumido pela Financeira. Por isso se
rer autorização de funcionamento como instituição de
diz que as Financeiras captam recursos mediante o
pagamento, podem participar de forma facultativa.
Ao chegar à quantidade de 500 mil contas transa- aceite e colocação de Letras de Câmbio.
cionais, a instituição financeira ou de pagamento Em resumo, a Letra de Câmbio é um título de
autorizada pelo BC deve solicitar adesão ao Pix no renda fixa (sua remuneração pode ser prefixada
prazo de 90 dias.9 ou pós-fixada) utilizado pelas Sociedades de Crédito,
Financiamento e Investimento para captar recursos
Chave Pix no mercado financeiro. Esses recursos captados pos-
sibilitarão à Financeira conceder mais créditos, finan-
A chave Pix funciona como um “apelido” da conta. ciando novos clientes.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Cabe ao cliente escolher a chave, que pode ser o seu
As Letras de Câmbio estão cobertas pelo Fundo
CPF/CNPJ, um e-mail, um número de celular ou uma
Garantidor de Créditos (FGC), que garante até o limi-
chave aleatória. Com chave, o cliente não precisa mais
te de R$ 250.000,000, considerando o total de créditos
informar banco, agência e conta para receber um Pix.
No entanto, não é necessário cadastrar uma chave por CPF, contra uma mesma instituição ou conglome-
para fazer ou receber um Pix. Ele também pode ser feito rado financeiro.
a partir dos dados bancários (banco, agência e conta).
Cada conta de pessoa física pode ter até 5 chaves COBRANÇA E PAGAMENTO DE TÍTULOS E CARNÊS
vinculadas a ela, independentemente da quantidade
de titulares. Ou seja, se a conta for individual ou con- A cobrança e o recebimento de boletos, títulos e car-
junta, ela poderá ter, no máximo, 5 chaves Pix. No caso nês constituem um dos principais produtos ofertados
de pessoa jurídica, o máximo é de 20 chaves por conta. pelos bancos aos seus clientes e ao público em geral.
O produto cobrança é um conjunto de serviços
LETRAS DE CÂMBIO financeiros oferecidos pelos bancos que têm por fina-
lidade o recebimento de valores (referentes à venda,
As Letras de Câmbio são títulos utilizados exclusi- à disponibilização de produtos e serviços ou ao recebi-
vamente pelas Sociedades de Crédito, Financiamen- mento de doações) por meio de boletos de pagamento.
to e Investimento, conhecidas como “Financeiras”. Para os pagadores (sacados), a grande vantagem é
Antes de mais nada, você precisa saber que o que os boletos bancários podem ser pagos em todos os
nome Letra de Câmbio não está relacionado a ope- canais de atendimento da rede bancária, o que facilita
rações cambiais, como são chamadas as operações a sua quitação. Já para os beneficiários (cedentes),
9 Ibid. 299
a vantagem reside na maior facilidade de pagamento Logicamente, ao apresentar um título a vencer
oferecida aos seus clientes devedores, o que aumenta para desconto, o cliente não recebe o valor integral do
o percentual de adimplemento (pagamento em dia) de título apresentado — o valor do título é descontado
seus créditos a receber. por uma taxa de desconto (a taxa de juros da opera-
Os boletos podem ser emitidos pelos clientes usuá- ção), além de impostos e tarifas administrativas. No
rios do serviço de cobrança por meio de sistemas pró- vencimento, caso o título não seja pago pelo sacado
prios ou por sistema de cobrança disponibilizado pelo (devedor), o cliente que descontou o título (cedente)
banco contratado. Esses sistemas disponibilizados assume a obrigação pelo pagamento. Trata-se do
pelos bancos oferecem funcionalidades que possibili- chamado direito de regresso que o banco possui em
tam ao cliente utilizá-lo como ferramenta de gerencia- relação ao cliente cedente dos títulos.
mento de sua carteira de cobrança. Em suma, a Nova Plataforma de Cobrança é um siste-
Atualmente, boletos bancários são registrados na ma que foi criado para atualizar o processo de liquidação
Nova Plataforma de Cobrança, um software do mer- dos boletos bancários, com a implantação de mecanis-
cado financeiro que centraliza toda a base de registros mos que trazem mais controle e segurança a esse meio
de pagamento. Trata-se de uma iniciativa tomada pelo
de boletos. A Nova Plataforma de Cobrança começou a
próprio setor bancário após as instituições financeiras
operar em julho de 2017, quando passaram a ser pro-
entenderem que o sistema de liquidação para os boletos
cessados os boletos de valor igual ou acima de R$50
de pagamento precisava ser modernizado.
mil, e chegou a sua fase final de implementação em
novembro de 2018 com a migração de todos os boletos.
TRANSFERÊNCIAS AUTOMÁTICAS DE FUNDOS
Com a Nova Plataforma, foi encerrado o uso de
boletos sem registro. Antes disso, o cliente podia emitir
A transferência automática de fundos é um serviço
boletos sem registrá-los no sistema do banco emissor.
oferecido pelos bancos mediante prévia autorização
O sistema agora permite a troca on-line de infor- dos clientes. Geralmente, é utilizada para a aplicação
mações sobre os boletos no sistema financeiro, admi- automática de recursos disponíveis em contas correntes.
tindo que um boleto de qualquer banco seja validado Os recursos depositados em contas de depósitos,
na base centralizadora previamente a sua liquida- à vista, não são remunerados. Ou seja, caso sua con-
ção. Isso evita o risco de pagamentos indevidos ou ta apresente um saldo positivo de R$ 5.000,00, esse
inconsistências. dinheiro não é remunerado, fazendo com que você
O software possibilita, também, a inclusão, altera- perca a oportunidade de aplicá-lo de alguma forma e,
ção, exclusão e consulta de boletos pelas instituições assim, receba juros pela sua rentabilidade.
financeiras ou instituições de pagamento participan- Não é uma boa escolha, certo? Por menor que seja
tes, o que também reduz o risco de fraudes e ilicitu- a taxa de juros, antes receber alguma remuneração,
des através do uso de boletos bancários. do que deixar o dinheiro parado!
Outra vantagem da Nova Plataforma de Cobrança Em função disso, os bancos oferecem aos clientes
é evitar os pagamentos em duplicidade, pois o siste- a possibilidade de aderir a aplicações automáticas.
ma não permite a aceitação de pagamentos em dupli- Porém, o cliente precisa consentir, pois o banco não
cidade. Ademais, o pagador de um boleto vencido não pode acessar a conta sem sua autorização. Essa é uma
precisa mais ir até o banco emissor do boleto para qui- forma de propiciar ao cliente uma rentabilização de
tar seu débito. O sistema viabiliza que um boleto, seu saldo de conta corrente.
mesmo que vencido, seja pago em qualquer insti- Caso o cliente autorize, sempre que o seu saldo
tuição financeira ou canal de atendimento dispo- estiver credor (positivo), o banco transfere automa-
nível, tais como agências, correspondentes bancários, ticamente o valor disponível na conta corrente para
internet banking, mobile banking e ATMs (Automated uma aplicação, geralmente fundos de investimento de
Teller Machine), os famosos caixas eletrônicos. curto prazo e baixo risco.
Ainda sobre boletos, o Banco Central determina Ocorrendo a transferência, aparecerá no extrato o
que todo boleto de pagamento apresente os seguintes histórico de “aplicação automática”. Da mesma forma,
dados: CPF ou CNPJ do beneficiário e do pagador, caso o cliente utilize esse saldo (faça um saque, emita um
valor e data de vencimento. A inserção do CPF é fun- cheque, pague uma conta etc.), o recurso será resgatado
da aplicação e transferido de volta para a conta corrente
damental, também, para proporcionar mais seguran-
para cobrir o débito efetuado. Nesse caso, o cliente deverá
ça e facilidade nos processos de DDA (Débito Direto
ver o histórico “resgate automático” em seu extrato.
Autorizado) e na prevenção de fraudes.
Dessa forma, apesar de não aparecer no saldo em con-
Desde 28 de maio de 2018, é vedado às instituições
ta corrente, o recurso estará sempre disponível para uti-
financeiras o recebimento de boleto de pagamento
lização, independentemente da realização de resgates de
de valor igual ou superior a R$10.000,00 (dez mil
aplicações pelo cliente. Tudo ocorre de forma automática.
reais) com a utilização de recursos em espécie. No caso de um cliente possuir mais de uma con-
Por outro lado, os bancos somente podem recusar o ta na mesma instituição financeira (situação comum,
recebimento de boletos de pagamento de valor infe- principalmente em se tratando de empresas), o ser-
rior a R$10.000,00 (dez mil reais) com a utilização de viço também pode ser oferecido para transferir
recursos em espécie, se houver indício de tentativa recursos de uma conta credora para a outra que,
de burlar a vedação. Isso pode ocorrer, por exem- em função de algum débito, tenha ficado devedora.
plo, através do fracionamento do pagamento. Não É uma forma de evitar que o cliente pague juros
havendo indícios dessa tentativa, as instituições são sobre saldo devedor em uma de suas contas quando
obrigadas a receber pagamentos de boletos de valor possuir saldo disponível em uma outra, que seja cor-
inferior a R$10.000,00 (dez mil reais) com a utilização rente, na mesma instituição.
de recursos em espécie. Por último, é importante conhecer a possibilidade
300 da portabilidade salarial. Essa opção permite que o
trabalhador, que recebe seu salário por um banco definido pelo empregador, transfira de forma automática e gratuita
(é vedada a cobrança de tarifa pela transferência) o recebimento de sua remuneração mensal para um banco ou
instituição em que já tenha ou queira ter relacionamento, e não seja obrigado a utilizar os serviços do banco com o qual
o empregador tem convênio.

Mesmo que o salário do funcionário seja transferido para outro banco ou instituição de pagamento, a folha de paga-
mento da empresa continua sendo processada pelo banco de escolha do empregador. Esse banco apenas irá realizar
uma transferência automática para outra instituição financeira, caso o funcionário faça essa opção.10

CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO

Consistem, basicamente, em uma linha de crédito rotativo, onde o cliente compra com o cartão e pode pagar
de uma só vez ou parcelado.
Conforme for pagando as faturas, o crédito vai sendo liberado novamente e pode ser reutilizado.
As atividades de emissão de cartão de crédito exercidas por instituições financeiras estão sujeitas à regulamen-
tação baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central do Brasil, nos termos dos arts. 4º e 10 da
Lei n° 4.595, de 1964. Todavia, nos casos em que a emissão do cartão de crédito não tem a participação de instituição
financeira, não se aplica a regulamentação do CMN e do Banco Central.
Vale lembrar que existem as instituições de pagamento, que nada mais são do que instituições não financei-
ras que operam recebendo e processando os pagamentos dos cartões dos clientes. Estas instituições se submetem
a regulamentação do CMN e do Bacen.
Hoje no Brasil prevalece a Circular 3.885, de 2018, que exige solicitação de autorização para funcionamento
de instituições de pagamento, que incluem as administradoras de cartões de crédito, apenas se ultrapassarem o
parâmetro de 500 milhões de reais em transações comuns ou 50 milhões em transações pré-pagas.
Desta forma, não há uma regra que o Bacen autoriza funcionamento de administradoras de cartão, ficando
obrigatório apenas as que ultrapassarem os parâmetros acima.

TIPOS DE INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO


Gerencia conta de pagamento do tipo Exemplo: emissores dos cartões de
Emissor de moeda eletrônica pré-paga, na qual os recursos devem ser vale-refeição e cartões pré-pagos em
depositados previamente moeda nacional
Gerencia conta de pagamento do tipo
Exemplo: instituições não financeiras
Emissor de instrumento de pós-paga, na qual os recursos são de-
emissoras de cartão de crédito (o cartão
pagamento pós-pago positados para pagamento de débitos já
de crédito é o instrumento de pagamento)
assumidos
Não gerencia conta de pagamento, mas
Exemplo: instituições que assinam con-
habilita estabelecimentos comerciais
Credenciador trato com o estabelecimento comercial
para a aceitação de instrumento de
para aceitação de cartão de pagamento.
pagamento
Não gerencia conta de pagamento, mas
Exemplo: instituições que assinam con-
habilita estabelecimentos comerciais
Credenciador trato com o estabelecimento comercial
para a aceitação de instrumento de
para aceitação de cartão de pagamento.
pagamento
Uma mesma instituição de pagamento pode atuar em mais de uma modalidade (Fonte: bcb.gov.br)

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Tipos de Cartão de Crédito

Existem duas categorias de cartão de crédito: básico e diferenciado. O cartão básico é aquele utilizado somen-
te para pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. Já o cartão diferenciado é aquele
cartão que, além de permitir a utilização na sua função clássica de pagamentos de bens e serviços, está associado a
programas de benefício e/ou recompensas, ou seja, oferece benefícios adicionais, como programas de milhagem,
seguro de viagem, desconto na compra de bens e serviços, atendimento personalizado no exterior etc.
O cartão de crédito básico é de oferecimento obrigatório pelas instituições emissoras de cartão de crédito, quan-
do possuem o produto cartão de crédito em seu portifólio. Esse cartão básico pode ser nacional ou internacional, mas o
valor da anuidade do cartão básico deve ser menor do que o valor da anuidade do cartão diferenciado, por este motivo
o cartão básico não tem direito a participar de programas de recompensas oferecidos pela instituição emissora.
Existem ainda os Retailer Cards, que são cartões de loja que só podem ser usados na rede da loja especifica,
por exemplo: Renner e Riachuelo. E os Co-Branded Cards, que são cartões de crédito que fazem parcerias com
outras empresas de grande nome no mercado, exemplo: Itaú TAM fidelidade.
Além dessas classificações, o Banco Central, através da resolução CMN nº 4.549, adicionou uma outra classificação
quanto ao pagamento dos valores das faturas que são: cartão com rotativo regular e cartão com rotativo não regular.
O rotativo regular: Pagamento apenas do mínimo e não parcela o restante, situação em que adere ao crédito
rotativo regular, em que se sujeita o titular do cartão ao pagamento dos juros e dos encargos financeiros previstos
10 ALMEIDA, M. Novas regras para portabilidade de salário começam no dia 1º. O que muda. Exame, 2018. Disponível em: https://exame.com/
invest/minhas-financas/portabilidade-de-salario-para-contas-pre-pagas-comeca-no-dia-1-como-fazer/. Acesso em: 30 maio 2022. 301
em contrato, sendo vedada a cobrança de juros adicio- Importante!
nais punitivos (comissão de permanência).
O fornecimento de cartão com a função débito é
O rotativo não regular: Pagamento de valor infe-
considerado um serviço essencial e, como tal, é
rior ao mínimo, sem parcelamento: cliente fica ina-
dimplente, podendo ser aplicados os procedimentos
vedada a cobrança de tarifas:
previstos no contrato para situações de inadimple- � em seu fornecimento;
mento: juros do crédito rotativo (por dia de atraso � no fornecimento de segunda via do cartão,
sobre a parcela vencida ou sobre o saldo devedor não exceto nos casos de pedidos de reposição for-
liquidado); multa de 2% sobre o principal; e juros de mulados pelo correntista decorrentes de perda,
mora de 1% ao mês. Atenção! O prazo máximo de uti- roubo, furto, danificação e outros motivos não
lização de crédito rotativo é de 30 dias, até o venci- imputáveis à instituição emitente.
mento da fatura subsequente.

CARTÕES DE DÉBITO ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS E TARIFAS PÚBLICAS

A arrecadação de tributos e tarifas públicas é um


serviço prestado aos entes governamentais (União,
Estados, DF e Municípios), às empresas públicas, às
sociedades de economia mista e às empresas con-
cessionárias e permissionárias de serviços públicos.
As condições para o recebimento e repasse dos
valores aos governos e empresas são definidos através
de acordos ou convênios firmados entre os bancos
e os beneficiários dos valores recolhidos (governos
ou empresas públicas ou privadas).
A utilização da rede bancária para o recebimento de
tributos e tarifas públicas traz vantagens para todos
os lados envolvidos na transação. Para os beneficiá-
O cartão de débito permite o acesso a terminais
rios finais (governos e empresas), a vantagem reside na
de autoatendimento (caixas eletrônicos) para a rea-
desnecessidade de ter uma estrutura própria para o
lização de saques, depósitos, transferências, paga-
recebimento desses tributos e tarifas, o que demanda-
mentos de contas, consultas a extratos, entre outras
ria espaço físico, infraestrutura e mão de obra.
funções.
Além disso, o uso da capilaridade do sistema
Além disso, o uso do cartão de débito permite a
bancário gera uma facilidade para o pagador e, conse-
realização de pagamentos de compras de produtos e
quentemente, aumenta o percentual de adimplemento
serviços em estabelecimentos credenciados, debi-
dos pagamentos. Ou seja, a facilidade para o paga-
tando o dinheiro diretamente da conta corrente do
mento favorece tanto devedores quanto credores.
proprietário do cartão, mediante a digitação de uma
Imagine se para pagar o IPTU, por exemplo, tivésse-
senha pessoal.
mos que ir até a Prefeitura de nosso Município? Ou se
A transação é feita através de terminais eletrô-
para pagar o Imposto de Renda precisássemos nos des-
nicos, que podem ser do tipo POS (Point of Sale — as
locar até um posto de atendimento da Receita Federal?
maquininhas de cartão) ou TEF (Transferência Eletrô-
Claro que é muito mais fácil utilizar o sistema bancá-
nica de Fundos — aqueles terminais que ficam fixa-
rio e todos os seus canais de atendimento disponíveis.
dos nos caixas dos supermercados, em que inserimos
Assim, fica clara a vantagem para o contribuinte ou
o cartão e digitamos a senha), instalados no estabe-
usuário do serviço público. Logicamente, é preferível
lecimento comercial e conectados diretamente à rede
pagar todas as contas no banco (no caixa eletrônico,
bancária. Um comprovante é emitido ao final da tran-
pelo computador, pelo celular etc.) do que enfrentar
sação, e a transação é lançada no extrato da conta do
filas na Prefeitura, na fornecedora de luz, na compa-
cliente.
nhia de água e esgoto etc.
Além das funções mais comuns, como compra e
Por último, para os bancos é benéfico receber esses
saque, alguns cartões de débito também podem ser
pagamentos, pois são mais recursos que eles terão
utilizados em funções de débito pré-datado e Crédito
em seu poder, enquanto não os transferir para
Direto ao Consumidor (CDC).
os beneficiários finais. Além disso, as contas levam
A função débito pré-datado depende de negocia-
o cidadão até o banco, possibilitando a captação de
ção com o estabelecimento comercial, sujeito aos limi-
novos clientes ou o estreitamento do relaciona-
tes definidos pelo banco emissor do cartão.
mento com aqueles que já são usuários.
Já a função CDC é uma linha de crédito, com limites
Os recursos recebidos pelos bancos oriundos de
e prazos pré-aprovados e cobrança de taxas de juros.
pagamentos de tributos estão sujeitos ao recolhi-
Os cartões de débito possuem aparência seme-
mento compulsório.
lhante à dos cartões de crédito. Alguns cartões podem
As regras são as mesmas aplicadas aos recursos
ser emitidos tanto com a função débito quanto com a
captados em depósitos à vista.
função crédito. Nesse caso, são denominados cartões
A alíquota da exigibilidade do recolhimento com-
múltiplos.
pulsório é a mesma aplicada aos depósitos à vista:
21% (vinte e um por cento).

302
CRÉDITO ROTATIVO

Os créditos rotativos nada mais são do que operações em que o devedor pode reutilizar o valor liberado pelo
banco sempre que liquidar a operação anterior.

DESCONTOS DE TÍTULOS

O desconto de títulos é a operação na qual o cliente antecipa o recebimento de suas vendas a prazo, garan-
tindo o retorno imediato de seu capital de giro. Em outras palavras, é uma operação de crédito em que o cliente
recebe, antecipadamente, o valor dos títulos descontados (duplicatas, notas promissórias, cheques pré-data-
dos) junto à instituição financeira.

FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO

O financiamento de capital de giro envolve operações de crédito destinadas a suprir necessidades de caixa
de uma empresa.
Mas, afinal, o que é capital de giro?
O capital de giro é o dinheiro utilizado no dia a dia para assegurar o funcionamento de uma empresa. São os
recursos que devem estar disponíveis para manter os estoques de matéria - prima e/ou mercadorias no nível adequado
e pagar fornecedores, salários, impostos etc. Representa, portanto, o montante necessário para manter em dia os paga-
mentos de custos e despesas operacionais.
Os bancos costumam oferecer diferentes linhas de crédito destinadas ao financiamento do capital de giro.
Geralmente, tratam-se de operações de empréstimos de curto ou médio prazo e pagamentos mensais.
Nessas operações, os bancos podem ou não exigir a apresentação de garantias. A existência e o tipo de garantia
oferecida pelo cliente terão impacto na taxa de juros cobrada pela instituição financeira.

O BASA, por exemplo, possui as linhas Giro Essencial, destinada às micro e pequenas empresas, para aqui-
sição de matéria-prima, insumos, bens ou produtos para a formação ou manutenção de estoque do empreen-
dimento. O Giro Amazônia destinado às médias e grandes empresas exportadoras não rurais da Região Norte,
para aquisição de matéria - prima, insumos, bens ou produtos para a formação ou manutenção de estoque do
empreendimento do beneficiário, objetivando exclusivamente a exportação.

LEASING: TIPOS, FUNCIONAMENTO, BENS

z Leasing ou Arrendamento Mercantil – Principal produto das Sociedades de Arrendamento Mercantil (S.A.M),
o leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. As partes desse
contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de
arrendamento mercantil, o arrendador, e, de outro, o cliente, o arrendatário.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua
utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do
contrato, são do arrendatário. Residindo aí a principal vantagem do leasing, pois o arrendatário, ou seja o cliente
que irá usar o bem, o utilizará sem necessariamente ter sua propriedade, o que em um financiamento comum não
será possível, pois o cliente estaria comprando o bem e não apenas alugando. Desta forma, o Leasing é um serviço
e, por isso, não incide sobre suas operações o IOF, mas sim o Imposto Sobre Serviço, o ISS.
O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de
propriedade do arrendador. Esta opção deve ser indicada no momento da contratação.
Caso o cliente deseje/almeje ficar com o bem no final, deverá pagar ao Arrendador o Valor Residual Garantido
(VRG) que nada mais é do que um valor de mercado do bem. Este VRG pode ser diluído nas parcelas do aluguel
durante todo o contrato se assim for pactuado.
Duas das principais vantagens do Leasing são:

z A não incidência de IOF, e sim de ISS, o que torna a operação mais barata;
z A possibilidade, para as Pessoas Jurídicas, de deduzir do Imposto de Renda como despesa operacional as
parcelas do Leasing.

303
Como nos Empréstimos Normais é Possível Quitar o Leasing Antes do Prazo Definido no Contrato?

Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos mínimos previstos na legislação e na regulamentação (art. 8º
do Regulamento anexo à Resolução CMN 2.309, de 1996), o contrato não perde as características de arrendamento
mercantil. Entretanto, caso realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o contrato perde sua caracterização
legal de arrendamento mercantil e a operação passa a ser classificada como de compra e venda a prazo (art. 10 do
citado Regulamento). Nesse caso, as partes devem arcar com as consequências legais e contratuais que essa des-
caracterização pode acarretar.

BEM OBJETO DO LEASING

Arrendatário
Arrendador (Banco)
(Cliente)
Proprietário
Usuário

Deve vender o bem após o fim do contrato caso o


Pode optar por ficar com o bem no final
cliente não o adquira no final

QUADRO RESUMO
Leasing financeiro Leasing operacional
Prazo mínimo de duração do 2 anos para bens com vida útil < 5 anos
90 dias
leasing 3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor residual garantido - VRG Permitido Não permitido
Pactuada no início do contrato, normalmen-
Opção de compra Conforme valor de mercado
te igual ao VRG
Por conta do arrendatário ou da
Manutenção do bem Por conta do arrendatário (cliente)
arrendadora
Total dos pagamentos, incluindo o VRG,
O somatório de todos os paga-
deverá garantir à arrendadora o retorno fi-
mentos devidos no contrato não
Pagamentos nanceiro da aplicação, incluindo juros sobre
poderá exceder 90% do valor do
o recurso empregado para a aquisição do
bem arrendado
bem
Valor pré-fixado no contrato para exercer a opção de compra (Fonte: Banco Central)

OBS. 1: Os bens que podem ser arrendados são móveis ou imóveis, nacionais ou estrangeiros. Para os estran-
geiros é necessário que estes estejam em uma lista elaborada pelo CMN.
OBS. 2: Sale and Leaseback (Apenas para bens Imóveis): tipo de Leasing em que o dono de um imóvel o
vende para uma Sociedade de Arrendamento, e no mesmo contrato a Sociedade de Arrendamento arrenda o bem
para o vendedor, entretanto esta modalidade só é possível no leasing financeiro e só para Pessoas Jurídicas.
OBS. 3: Os bens objetos de arrendamento mercantil – Leasing, não podem ser arrendados ao próprio fabrican-
te do bem, ou seja, por exemplo: A Embraer que fabrica aviões no Brasil, não pode arrendar seus aviões para si.

FINANCIAMENTO DE CAPITAL FIXO

São financiamentos de longo prazo destinados a financiar a implantação, expansão e modernização de


empresas, a construção ou reformas de imóveis, ou a aquisição ou reposição de máquinas, equipamentos,
móveis, utensílios e veículos.
São operações que financiam os ativos imobilizados das empresas destinados ao funcionamento de suas atividades.
Esses financiamentos geralmente são operados por bancos de investimento, bancos de desenvolvimento,
agências de fomento e pelo BNDES.
O BASA opera linhas de financiamento de capital fixo repassando recursos do BNDES/FINAME e do Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte — FNO.

CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR

Esta modalidade de crédito é a mais comum, pois é direcionada para diversas áreas, como: Automático, Turis-
mo, Salário/ Consignação (30% da renda, debitado do contracheque) e o CDC para bens de consumo duráveis:
carros, motos etc.
Admite garantias reais ou fidejussórias, ou até mesmo sem garantias. Obs.: Existe ainda o CDC-I (Crédito Dire-
to ao Consumidor com Interveniência) que é realizado quando o vendedor é o fiador ou avalista do cliente na
operação, ou seja, o banco fornece crédito ao cliente, pois o vendedor está assumindo o risco da operação junto ao
304 banco, para que este libere o recurso parcelado ao cliente.
CRÉDITO RURAL Quais são as Modalidades da Operação? Resolução
CMN 4.899, de 2021
É uma linha de crédito barata, com taxas determi-
nadas por legislação que buscam ajudar aos produ- z Custeio: destina-se a cobrir despesas normais
tores rurais e suas cooperativas em suas atividades. dos ciclos produtivos como aquisição de bens e
Beneficiários: insumos, suplemento do capital de trabalho, além
de atender às pessoas dedicadas à extração de pro-
z Produtor rural (pessoa física ou jurídica); dutos vegetais. (é comprar insumos para plantar
z Cooperativa de produtores rurais; grãos, vegetais, etc.);
z Pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo z Investimentos: destina-se às aplicações em bens
produtor rural, dedique-se a uma das seguintes ou serviços, cujo desfrute se estenda por vários
atividades: períodos de produção. (Modernização);
z Comercialização: destina-se a assegurar ao pro-
dutor ou cooperativas os recursos necessários à
„ Pesquisa ou produção de mudas ou sementes
colocação de seus produtos no mercado, poden-
fiscalizadas ou certificadas;
do compreender a pré-comercialização, os des-
„ Pesquisa ou produção de sêmen para insemina- contos de Nota Promissória Rural, Duplicatas
ção artificial e embriões; Rurais e o Empréstimo do Governo Federal (EGF);
„ Prestação de serviços mecanizados de nature- z Crédito de industrialização: destina-se a produ-
za agropecuária, em imóveis rurais, inclusive tor rural para industrialização de produtos agro-
para proteção do solo; pecuários em sua propriedade rural, desde que, no
„ Prestação de serviços de inseminação artificial, mínimo, 50% (cinquenta por cento) da produção
em imóveis rurais; a ser beneficiada ou processada seja de produção
„ Medição de lavouras; própria; e a cooperativas, na forma definida no
„ Atividades florestais. Manual do Crédito Rural, desde que, no mínimo,
50% (cinquenta por cento) da produção a ser bene-
Cuidado! Sindicatos rurais estão fora, ou seja, não ficiada ou processada seja de produção própria ou
podem ser beneficiários do crédito rural. de associados.
Pode ser concedido, com finalidades especiais,
crédito rural a pessoa física ou jurídica que se dedi- Taxa de Juros
que à exploração da pesca e da aquicultura, com
fins comerciais, incluindo-se os armadores de pes- A taxa de juros máxima admitida no crédito rural
é de 6% a.a. (seis por cento), podendo ser reduzidas a
ca. (Resolução BACEN 4.106/2012)
critério da instituição financeira e escalonada confor-
O tomador do crédito está sujeito à fiscalização da
me origem dos recursos dos Fundos Constitucionais
Instituição Financeira.
(FNE, FNO e FCO).
Da Origem dos Recursos Quais são os Limites de Financiamento?

Controlados/Obrigatórios: são controlados por O limite de crédito de custeio rural, por benefi-
Lei, ou seja, exige-se que sejam repassados ao cré- ciário, em cada safra e em todo o Sistema Nacional
dito rural. de Crédito Rural (SNCR), é de R$3.000.000,00 (três
Caso os bancos descumpram esta exigência, milhões de reais), devendo ser considerados, na apu-
pagam multa e o valor desta multa será revertida ração desse limite, os créditos de custeio tomados com
em recursos ao credito rural. recursos controlados, exceto aqueles tomados no
âmbito dos fundos constitucionais de financiamento
z Os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibili- regional ou aqueles cuja origem do recurso sejam as

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


dade de depósito à vista); Letras de Crédito do Agronegócio.
z Os das Operações Oficiais de Crédito sob supervi- Nas operações de investimento, o limite de crédi-
são do Ministério da Economia; to dependerá do objeto a ser adquirido e da disponibi-
z Os de qualquer fonte destinados ao crédito lidade da instituição financeira, pois é vedado utilizar
rural na forma da regulação aplicável, quando recursos controlados/obrigatórios para operações de
investimentos, exceto se disposto em norma específi-
sujeitos à subvenção da União, sob a forma de
ca, que são as linhas que utilizam recursos da Poupan-
equalização de encargos financeiros, inclusive os
ça Rural e de linhas de crédito do BNDES. Além disso
recursos administrados pelo Banco Nacional de devem ser observados os seguintes prazos:
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
z Os oriundos da poupança rural, quando aplicados z Investimento fixo: 12 (doze) anos;
segundo as condições definidas para os recursos z Investimento semifixo: 6 (seis) anos, exceto
obrigatórios; quando se tratar de aquisição de animais para
z Os dos fundos constitucionais de financiamento reprodução ou cria, cujo prazo será de até 5 (cin-
regional; co) anos, incluído até 12 (doze) meses de carência.
z Os do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Fun-
café); Para a comercialização o valor máximo será libera-
z Letra de Crédito do Agro Negócio/LCA. (Novo!) do de acordo com a garantia ofertada que poderá ser de
até 4,5 milhões se as garantias forem de Nota Promis-
Não controlados: todos os demais. O banco capta sória Rural ou uma Duplicata Rural, podendo chegar
se quiser e empresta como quiser. a 25 milhões para Financiamento Especial de Estoca-
gem (FEE) de sementes, com recursos controlados.
305
Para o crédito de industrialização limite do cré- z Aval ou fiança;
dito para as operações de industrialização, ao ampa- z Seguro rural ou ao amparo do Programa de Garan-
ro dos recursos controlados, é de R$1.500.000,00 (um tia da Atividade Agropecuária (Proagro) (Isento de
milhão e quinhentos mil reais) por tomador, em cada IOF);
ano agrícola e em todo o SNCR, onde, no mínimo, 50% z Proteção de preço futuro da commodity agrope-
(cinquenta por cento) da produção a ser beneficiada cuária, inclusive por meio de penhor de direitos,
ou processada deve ser de produção própria do pro-
contratual ou cedular;
dutor rural, da cooperativa de produção ou de asso-
z Outras que o Conselho Monetário Nacional admitir.
ciados; podendo chegar a 400 milhões, com recursos
dos fundos constitucionais, se tomado por cooperati-
vas de produção agropecuárias. A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural?

O que é Nota Promissória Rural? z Remuneração financeira (taxa de juros);


z Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e
Título de crédito, utilizado nas vendas a prazo de Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e
bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quan- Valores Mobiliários (IOF);
do efetuadas diretamente por produtores rurais ou por z Custo de prestação de serviços;
suas cooperativas; nos recebimentos, pelas cooperati- z As previstas no Programa de Garantia da Ativida-
vas, de produtos da mesma natureza entregues pelos de Agropecuária (Proagro);
seus cooperados, e nas entregas de bens de produção ou
de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus associa- O Proagro é o Programa de Garantia da Atividade
dos. O devedor é, geralmente, pessoa física. Agropecuária. É um programa do governo federal que
garante o pagamento de financiamentos rurais quan-
O que é Duplicata Rural? do a lavoura sofrer danos provocados por eventos cli-
máticos adversos ou causados por doenças e pragas
Nas vendas a prazo de quaisquer bens de nature- sem controle.
za agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas
diretamente por produtores rurais ou por suas coo- z Prêmio de seguro rural, observadas as normas
perativas, poderá ser utilizada também, como título divulgadas pelo Conselho Nacional de Seguros
do crédito, a duplicata rural. Emitida a duplicata rural
Privados;
pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la ou a
z Sanções pecuniárias, as famosas MULTAS por
remetê-la ao comprador, que a devolverá depois de
assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica. descumprimento de normas, que acabam virando
recursos para o crédito rural;
Como Pode ser Liberado o Crédito Rural? z Prêmios em contratos de opção de venda, do mes-
mo produto agropecuário objeto do financiamento
De uma só vez ou em parcelas, por caixa ou em de custeio ou comercialização, em bolsas de merca-
conta de depósitos, de acordo com as necessidades do dorias e futuros nacionais, e taxas e emolumentos
empreendimento, devendo sua utilização obedecer a referentes a essas operações de contratos de opção.
cronograma de aquisições e serviços.
Para liberação do crédito rural a instituição finan- Nenhuma outra despesa pode ser exigida do
ceira pode exigir um projeto, podendo este ser dis- mutuário, salvo o exato valor de gastos efetuados à
pensado caso haja garantias de Notas Promissórias sua conta pela instituição financeira ou decorrente de
Rurais ou Duplicatas Rurais. expressas disposições legais. Cuidado! A Alíquota do
Os objetivos do crédito rural são: IOF é zero, mas existe um IOF adicional de 0,38%
sobre o Crédito Rural.
z Estimular os investimentos rurais efetuados pelos
produtores ou por suas cooperativas; Quando Deve ser Realizada a Fiscalização do Crédito
z Favorecer o oportuno e adequado custeio da produ-
Rural?
ção e a comercialização de produtos agropecuários;
z Fortalecer o setor rural;
Deve ser efetuada nos seguintes momentos:
z Incentivar a introdução de métodos racionais no sis-
tema de produção, visando ao aumento de produti-
z Crédito de custeio agrícola: antes da época previs-
vidade, à melhoria do padrão de vida das populações
ta para colheita;
rurais e à adequada utilização dos recursos naturais;
z Propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e regu- z Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso
larização de terras pelos pequenos produtores, pos- da operação;
seiros e arrendatários e trabalhadores rurais; z Crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez
z Desenvolver atividades florestais e pesqueiras; no curso da operação, em época que seja possível
z Estimular a geração de renda e o melhor uso da verificar sua correta aplicação;
mão-de-obra na agricultura familiar. z Crédito de investimento para construções, refor-
mas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão
As garantias da operação: do cronograma de execução, previsto no projeto;
z Demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após
z Penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou cada utilização, para comprovar a realização das
cedular; obras, serviços ou aquisições.
z Alienação fiduciária;
306 z Hipoteca comum ou cedular;
Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos E essa tal data de aniversário? O que é?
recursos orçamentários, o desenvolvimento das ativi-
dades financiadas e a situação das garantias, se houver. A data de aniversário da conta de depósito de
poupança será o dia do mês de sua abertura, consi-
CADERNETAS DE POUPANÇA derando-se a data de aniversário das contas abertas
nos dias 29, 30 e 31 como o dia 1° do mês seguinte.
As instituições financeiras captadoras de poupan-
z 2ª O crédito dos rendimentos será efetuado:
ça são geralmente as que aplicam em financiamen-
tos habitacionais, ou seja, pegam o valor arrecadado I - mensalmente, na data de aniversário da conta,
na poupança e emprestam boa parte do valor em para os depósitos de pessoa física e de entidades
financiamentos habitacionais. Existem, no entanto, sem fins lucrativos; e
as poupanças rurais que são captadas pelos bancos II - trimestralmente, na data de aniversário no últi-
comerciais, para empréstimos no setor rural. mo mês do trimestre, para os demais depósitos.
As instituições que captam poupança no País são:
Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI), Associações Resumindo, para você receber o rendimento da
de Poupança e Empréstimo (APE) e a Caixa Econô- sua poupança, é preciso deixar o recurso depositado
mica Federal (CEF), além de outras instituições que até a data de aniversário da poupança, e no aniversá-
queiram captar, mas deverão assumir o compromisso rio dela quem ganha o presente (os juros) é você! Note
de emprestar parte dos recursos em financiamentos que para isso você deve deixar o valor depositado até
habitacionais. que o valor complete o aniversário, mas há, neste pon-
A caderneta de poupança constitui um instrumen- to, uma confusão entre a interpretação da lei e ques-
to de aplicação de recursos muito antigo, que visa, tões de prova, pois a lei é bem clara ao afirmar que a
entre outras coisas, a aplicação com uma rentabilidade data de aniversário é o dia da abertura da conta e não
razoável para o cliente. Esta rentabilidade é composta o dia do depósito do recurso.
por duas parcelas sendo uma básica e a outra variá- Entretanto, as bancas examinadoras de concursos de
vel. A parcela básica chamamos de TR ou Taxa de refe- bancos vêm afirmando que a conta poupança pode ter
rência, que nada mais é do que a média das Letras do 28 aniversários, ou seja, um para cada dia de depósitos,
Tesouro Nacional (tipo de título público federal pré-fi- uma vez que posso realizar depósitos todo dia, e que os
xado) negociadas no mercado secundário e registradas depósitos nos dias 29,30 e 31 são contabilizados como
na Selic. Já a parcela Variável é a remuneração adicio- efetivamente realizados no dia 01 do mês seguinte.
nal, que pode ser de 0,5% ao mês, aproximadamente Desta forma, para conciliar os dois pensamen-
6,17% ao ano; ou 70% da Meta da taxa Selic. tos, podemos consolidar que a poupança só rende-
rá se completar aniversário, e este aniversário é do
mês corrido para pessoas físicas e entidades sem fins
lucrativos; e para os demais será o trimestre corrido.
Para pessoas físicas e pessoas jurídicas sem
fins lucrativos, não há incidência de tributação de
imposto de renda, entretanto devem ser declarados
no imposto de renda; mas declarar é diferente de
pagar imposto, ok? Para as pessoas jurídicas com
fins lucrativos há incidência de imposto de renda
nos rendimentos trimestrais da poupança, a alíquota
a ser cobrada será de 22,5% sobre os rendimentos.

TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO

É um produto em que parte dos pagamentos reali-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


zados pelo subscritor (adquirente) e usado para for-
mar um capital mínimo, segundo cláusulas e regras
aprovadas e mencionadas no próprio título (Condições
Gerais do Título), e que, além disso, será pago em moe-
Para que você possua direito à rentabilidade da da corrente nacional em um prazo máximo esta-
poupança, existem algumas regrinhas que você deve belecido no contrato, dando também ao adquirente/
obedecer, conforme a Lei 8.177, de 1991, que é a lei que subscritor o direito a participação em sorteios.
determinar remuneração da poupança e suas regras. Os prazos dos títulos de capitalização são:

z 1ª A remuneração será calculada sobre o menor z Prazo de Pagamento: é o período durante o qual o
saldo apresentado em cada período de rendimen- Subscritor compromete-se a efetuar os pagamentos
to. Mas o que é um período de rendimento? que, em geral, são mensais e sucessivos. Outra possi-
bilidade, como colocada acima, é a de o título ser de
I - para os depósitos de pessoas físicas e entida- Pagamento Periódico (PP) ou de Pagamento Único (PU);
des sem fins lucrativos, o período de rendimento z Prazo de Vigência: é o período durante o qual o Título
é o mês corrido, a partir da data de aniversário de Capitalização está sendo administrado pela Socieda-
da conta de depósito de poupança; de de Capitalização, sendo o capital relativo ao título,
II - para os demais depósitos, o período de ren- em geral, atualizado monetariamente pela TR e capi-
dimento é o trimestre corrido a partir da data talizado pela taxa de juros informada nas Condições
de aniversário da conta de depósito de poupança. Gerais. É o prazo que compreende o início e o fim do
título, ou seja, o prazo em que o cliente ou subscritor
concorre aos sorteios; 307
z Prazo de Carência: é o período em que o subscri- O subscritor neste caso é a empresa que compra o
tor (cliente) não pode solicitar o resgate da capita- título e o cede total ou parcialmente (somente o direi-
lização, mesmo com perdas. Esse prazo é máximo to ao sorteio) aos clientes consumidores do produto
de 24 meses em qualquer modalidade. utilizado no evento promocional.
Tem prazo de vigência mínimo de 60 dias e prazo
Formas de pagamento: de 60 dias de carência para resgate.

z Por Mês (PM) z Modalidade de instrumento de garantia


É um título que prevê um pagamento a cada mês
Permite que o título de capitalização seja utiliza-
de vigência do título.
do como uma garantia ou caução. Com isso, o título
de capitalização passa a ser uma alternativa ao segu-
z Por Período (PP)
ro garantia e à fiança à locação ou obrigação com
É um título em que não há correspondência entre terceiros.
o número de pagamentos e o número de meses de O título só poderá ser resgatado pelo terceiro, caso
vigência do título. o contrato seja quebrado pelo subscritor/adquirente
do título, desta forma não se fala de carência para res-
z Pagamento Único (PU) gate. O subscritor/ adquirente poderá resgatar o título
durante a vigência, entretanto, só poderá fazê-lo com
É um título em que o pagamento é único (realiza- a anuência do terceiro.
do uma única vez), tendo sua vigência estipulada na A vigência mínima será de 6 meses.
proposta. (no mínimo 12 meses). Note que nem sem-
pre os prazos de vigência e pagamento vão coincidir. z Modalidade de filantropia premiável

Modalidades: É um instrumento para que entidades beneficen-


tes de assistência social angariem recursos. Nessa
z Modalidade Tradicional modalidade, o direito de resgate do valor do título de
capitalização é cedido para a entidade beneficente,
Define-se como Modalidade Tradicional o Título de permanecendo o cliente apenas com o direito de par-
Capitalização que tem por objetivo restituir ao titular, ticipar de sorteios.
ao final do prazo de vigência, no mínimo, o valor Só pode ser estruturado na forma PU (pagamento
total dos pagamentos efetuados pelo subscritor
único), vigência mínima de 60 dias e para resgate ape-
(cliente), desde que todos os pagamentos previstos
tenham sido realizados nas datas programadas. nas após 60 dias contados da aplicação.
Deve possuir prazo de vigência mínimo de 12
meses e tem carência mínima de 30 dias para resgate. Categoria Instantânea

z Modalidade Compra-Programada A famosa raspadinha agora pode ser atrelada a


título de capitalização. Este procedimento já era feito
Define-se como Modalidade Compra-Programa- há anos no Brasil, mas não era regulamentado pela
da o Título de Capitalização em que a sociedade de SUSEP, o que mudou após a publicação da Circular
capitalização garante ao titular, ao final da vigência, 569/2018. É importante frisar que Categoria Instantâ-
o recebimento do valor de resgate em moeda corrente
nea não pode ser confundida com modalidade.
nacional, sendo disponibilizada ao titular a faculdade
Como é estruturado um título de capitalização?
de optar, se este assim desejar e sem qualquer outro
custo, pelo recebimento do bem ou serviço referen- Os títulos de capitalização são estruturados com
ciado na ficha de cadastro, subsidiado por acordos prazo de vigência igual ou superior a 12 meses e em
comerciais celebrados com indústrias, atacadistas ou séries cujo tamanho deve ser informado no próprio
empresas comerciais. título, sendo no mínimo de 10.000 títulos. Por exem-
Devem ser estruturados na forma PM (Por Mês) ou plo, uma série de 100.000 títulos poderá ser adquirida
PP (Por Período), possuem prazo de vigência míni- por até 100.000 clientes diferentes, que são regidos
mo de 6 meses e 30 dias de carência para resgate. pelas mesmas condições gerais e se for o caso, concor-
rerão ao mesmo tipo de sorteio.
z Modalidade Popular O título prevê pagamentos a serem realizados pelo
subscritor. Cada pagamento apresenta, em geral, três
Define-se como Modalidade Popular o Título de componentes:
Capitalização que tem por objetivo propiciar a partici-
pação do titular em sorteios, sem que haja devolução z Cota de Capitalização: parte que é destinada a
integral dos valores pagos. Tem vigência mínima de
acumulação do capital, corrigira monetariamente
12 meses e carência mínima de 60 dias para resgate.
por um índice fixado no contrato. Deve ser maior
A Tele Sena é um ótimo exemplo desta modalidade.
que as demais cotas;
z Modalidade Incentivo z Cota de sorteio: parte destinada ao pagamento
dos prêmios aos sorteados;
Entende-se por Modalidade Incentivo o Título de z Cota de Carregamento: parte destinada as despe-
Capitalização que está vinculado a um evento promo- sas administrativas da sociedade de capitalização
cional de caráter comercial instituído pelo Subscritor com a administração do título.
para alavancar as vendas de seus produtos ou servi-
308 ços ou para fidelizar seus clientes.
Os valores dos pagamentos são fixos?
Nos títulos com vigência igual a 12 meses, os pagamentos são obrigatoriamente fixos. Já nos títulos com vigên-
cia superior, é facultada a atualização dos pagamentos, a cada período de 12 meses, por aplicação de um índice
oficial estabelecido no próprio título. O resgate é sempre inferior ao valor total que foi pago?
Não. Alguns títulos possuem ao final do prazo de vigência um percentual de resgate igual ou até mesmo supe-
rior a 100%, isto é, se fosse, por exemplo 100%, significaria que o titular receberia ao final do prazo de vigência,
tudo o que pagou, além da atualização monetária, que é o caso do produto Tradicional.

ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Entidades abertas de previdência complementar - são entidades constituídas unicamente sob a forma de
sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário,
concedidos em forma de renda continuada, pagamentos por período determinado ou pagamento único, aces-
síveis a quaisquer pessoas físicas.

Os Planos de Previdência Complementar Abertos

Os planos são comercializados por bancos e seguradoras, e podem ser adquiridos por qualquer pessoa física
ou jurídica. O órgão do governo que fiscaliza e dita as regras dos planos de Previdência Privada é a Susep (Supe-
rintendência de Seguros Privados), que é ligada ao Ministério da Economia.
Os dois planos mais comuns são PGBL e VGBL. PGBL significa Plano Gerador de Benefício Livre e VGBL quer
dizer Vida Gerador de Benefício Livre.
São planos previdenciários que permitem que você acumule recursos por um prazo contratado. Durante esse
período, o dinheiro depositado vai sendo investido e rentabilizado pela seguradora ou banco escolhido.
Tanto no PGBL como no VGBL, o contratante passa por duas fases: o período de investimento e o período de
benefício. O primeiro normalmente ocorre quando estamos trabalhando e/ou gerando renda. Esta é a fase de
formação de patrimônio. Já o período de benefício começa a partir da idade que você escolhe para começar a
desfrutar do dinheiro acumulado durante anos de trabalho. A maneira de recebimento dos recursos é você quem
escolhe. É possível resgatar o patrimônio acumulado e/ou contratar um tipo de benefício (renda) para passar a
receber, mensalmente, da empresa seguradora.
É importante lembrar que tanto o período de investimento quanto o período de benefício não precisam ser
contratados com a mesma seguradora. Desta forma, uma vez encerrado o período de investimento, o participante
fica livre para contratar uma renda na instituição que escolher.

Diferença entre PGBL e VGBL

A principal distinção entre eles está na tributação. No PGBL, você pode deduzir o valor das contribuições da sua
base de cálculo do Imposto de Renda, com limite de 12% da sua renda bruta anual. Assim, poderá reduzir o valor do
imposto a pagar ou aumentar sua restituição de IR. Vamos supor que um contribuinte tenha um rendimento bruto
anual de R$ 100 mil. Com o PGBL, ele poderá declarar ao Leão R$ 88 mil. O IR sobre os R$ 12 mil restantes, aplicados
em PGBL, só será pago no resgate desse dinheiro. Mas atenção: esse benefício fiscal só é vantajoso para aqueles que
fazem a declaração do Imposto de Renda pelo formulário completo e são tributados na fonte.
Para quem faz declaração simplificada ou não é tributado na fonte, como autônomos, o VGBL é ideal. Ele é
indicado também para quem deseja diversificar seus investimentos ou para quem deseja aplicar mais de 12% de
sua renda bruta em previdência. Isto porque, em um VGBL, a tributação acontece apenas sobre o ganho de capital.

É possível a portabilidade entre planos do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e PGBL (Plano Gerador de

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Benefício Livre)? Não, a portabilidade só é permitida entre planos do mesmo segmento, isto é, entre planos de previ-
dência complementar aberta (PGBL para PGBL), ou entre planos de seguro de vida com cobertura por sobrevivência
(VGBL para VGBL).11

Os planos denominados PGBL E VGBL, durante o período de diferimento, terão como critério de remunera-
ção da provisão matemática de benefícios a conceder, a rentabilidade da carteira de investimentos do Fundo de
Investimentos Exclusivo (FIE), instituído para o plano, ou seja, DURANTE O PERÍODO DE DIFERIMENTO NÃO
HÁ GARANTIA DE REMUNERAÇÃO MÍNIMA, ou seja, pode render negativo.
PGBL ou VGBL, como avaliar os dois tipos de planos de previdência.

PGBL X VGBL
Abatimento das contribuições no Imposto de Renda Durante o período de acumulação, os recursos aplica-
(até o limite de 12% da Renda Bruta anual) durante o dos estão isentos de tributação sobre os rendimentos.
Tratamento Fiscal
período de acumulação. Sobre os valores de resgate Somente no momento do recebimento de renda ou
e rendas haverá a incidência de tributação resgate haverá a incidência de Imposto de Renda
Mais atraente para quem declara Imposto de Renda Para quem é isento, declara Imposto de Renda simplifi-
Para quem é
completo, podendo aproveitar o abatimento da Renda cado ou tem previdência complementar e/ou já abate o
indicado
Bruta anual na fase de contribuição limite máximo de 12% da Renda Básica anual

Fonte: Conde Consultoria Atuarial

11 Fonte: http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-ao-publico/planos-e-produtos/previdencia-complementar-aberta#duvidasfaq 309


Os planos de Previdência Privada cobram dois Entretanto, caso sua renda passe a ser tributável, ou
tipos de taxa que devem ser observados na hora da seja, você passe a ganhar o suficiente para pagar impos-
contratação: a taxa de administração financeira e a to de renda, a tributação que era 15% passa a acompa-
taxa de carregamento. nhar a tributação do seu salário, e quando você efetuar
A taxa de administração financeira é cobrada o resgate, terá de fazer um ajuste no seu imposto de ren-
pela tarefa de administrar o dinheiro do fundo de da para mais ou para menos, a depender o valor do seu
investimento exclusivo, criado para o seu plano, e salário e da alíquota cobrada, por isso o nome Progressi-
pode variar de acordo com as condições comerciais va, pois aumenta conforme seu salário progride.
do plano contratado. Os que têm fundos com investi- Por exemplo, eu ganho 10 mil reais por ano, por-
mentos em ações, por serem mais complexos, normal- tanto não preciso declarar imposto de renda, e se eu
mente têm taxas um pouco maiores do que aqueles declarar não preciso pagar imposto, logo minha pre-
que investem apenas em renda fixa. vidência está sujeita a imposto de 15% e quando você
efetuar o resgate e for cobrado o imposto, como você
não deve pagar imposto de renda, pode receber o
valor cobrado de volta como restituição.
Importante! Agora um outro exemplo:
A taxa de administração financeira é cobrada Ganho 70 mil reais por ano, logo, devo declarar
diariamente sobre o valor total da reserva e a imposto de renda e devo pagar imposto, ou esse pode
rentabilidade informada é líquida, ou seja, com o ser retido no meu salário pelo meu empregador se eu
valor da taxa de administração já debitado. for assalariado. Para quem ganha 70 mil reais por ano
o imposto devido é de 27,5%, ou seja, minha previ-
dência sairá de um imposto de 15% para um imposto
A taxa de carregamento incide sobre cada depósito de 27,5%. Desta forma você deverá pagar imposto a
que é feito no plano. Ela serve para cobrir despesas de cor- mais por ela e não receberá nada de volta a título de
retagem e administração. Na maioria dos casos, a cobrança restituição.
dessa taxa não ultrapassa 5%, sendo o máximo autorizado Por isso, essa forma de tributação deve ser escolhi-
pela SUSEP de 10%, sobre o valor de cada contribuição que da com cuidado, e com o pensamento no fato de que
você fizer. No mercado há três formas de taxa de carrega- se sua renda subir demais você pagará mais imposto.
mento, dependendo do plano contratado. São elas:
A Alíquota Regressiva
z Antecipada: incide no momento do aporte. Esta taxa
é decrescente em função do valor do aporte e do Esta alíquota indica que o imposto será cobrado na
montante acumulado. Ou seja, quanto maior o valor forma inversa a Progressiva, ou seja, começará alto,
do aporte ou quanto maior o montante acumulado, em 35%, e terminará em 10% ao fim de dez anos, ou
menor será a taxa de carregamento antecipada; seja, a alíquota reduz com o tempo. Logo, esta modali-
z Postecipada: incide somente em caso de porta- dade é mais indicada para aqueles que desejam ficar no
bilidade ou resgates. É decrescente em função do plano de previdência por muito tempo, e que queiram
tempo de permanência no plano, podendo chegar utilizar a aplicação como benefício futuro de aposenta-
a zero. Ou seja, quanto maior o tempo de perma- doria. Indicada para aqueles clientes que estão pensan-
nência, menor será a taxa; do em muito longo prazo. Deve, também, ser escolhida
z Híbrida: a cobrança ocorre tanto na entrada (no com atenção, pois esta escolha entre progressiva ou
ingresso de aportes ao plano), quanto na saída (na Regressiva é irretratável, ou seja, você não pode mudar.
ocorrência de resgates ou portabilidades). Como Tome cuidado, pois existe a possibilidade de troca
você pode ver, existem produtos que extinguem a de regime tributário de Progressivo para Regressivo,
cobrança dessa taxa após certo tempo de aplica- e isso encontra amparo na Lei 11.053. Embora a lei
ção. Outros atrelam esse percentual ao saldo inves- não seja muito clara, ela faz menção ao fato de que
tido: quanto maior o volume aplicado, menor a o cliente que tenha uma previdência na moralidade
taxa. Nos dois casos, não deixe de pesquisar antes tributária progressiva possa migrar para a alíquota
de escolher seu plano de previdência. regressiva, mas isso só pode ser feito uma única vez
e é irreversível.
Alíquotas do Imposto de Renda (IR) Da mesma forma, em 2015 a SUSEP e a PREVIC
assinaram um acordo em março daquele ano para
A alíquota do imposto de renda serve para tributar que fosse possível a migração entre previdência
a renda que você receberá ao final do plano, quando complementar aberta para fechada e vice-versa,
for gozar o benefício de forma parcelada ou de uma entretanto o acordo não especifica como e em que ter-
única vez. Claro que a receita federal não ficaria de mo essa migração é feita, ficando clara apenas a auto-
fora desse seu dinheiro, não é? Logo, esta alíquota rização para migração.
pode ser cobrada de duas formas de acordo com a
escolha do cliente. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA

A Alíquota Progressiva Como vimos anteriormente, além das Sociedades


de Capitalização, das seguradoras e das Entidades
Esta forma de tributação é ideal para quem não Abertas de Previdência Complementar, existem as
declara imposto de renda ou se declara como isento, Entidades Fechadas de Previdência complemen-
pois o imposto cobrado na previdência no momento tar. Entretanto, estas não são subordinadas ao CNSP
do resgate será de 15%, independente do prazo. nem, tampouco, são fiscalizadas pela SUSEP. Vejamos:

310
CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA O Plano de Previdência Fechado
COMPLEMENTAR
Também conhecido como fundos de pensão, é cria-
Conselho Nacional de Previdência Complementar do por empresas e voltado exclusivamente aos seus
(CNPC) é um órgão colegiado que integra a estrutura do funcionários, não podendo ser comercializado para
Ministério da Economia, reunindo-se trimestralmen- quem não é funcionário daquela empresa.
te, e cuja competência é regular o regime de previdên- A Superintendência Nacional de Previdência Com-
cia complementar operado pelas entidades fechadas de plementar (PREVIC) é uma autarquia vinculada ao
previdência complementar (fundos de pensão). Ministério da Economia, responsável por fiscalizar
O CNPC é o novo órgão com a função de regular
as atividades das entidades fechadas de previdência
o regime de previdência complementar operado
pelas entidades fechadas de previdência comple- complementar (fundos de pensão).
mentar, nova denominação do Conselho de Gestão da Atenção! Em ambas as entidades a aplicação dos
Previdência Complementar. recursos das reservas é orientada pelo CMN.

SUPERINTENDÊNCIA DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR (PREVIC)

Lei nº 12.154, de 23 de dezembro de 2009:

Art. 1º Fica criada a Superintendência Nacional de


Previdência Complementar - PREVIC, autarquia de
natureza especial, dotada de autonomia administra-
tiva e financeira e patrimônio próprio, vinculada ao
Ministério da Economia, com sede e foro no Distri-
to Federal e atuação em todo o território nacional.
PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÃO
Parágrafo único. A Previc atuará como entidade
de fiscalização e de supervisão das atividades das PRIVADOS
entidades fechadas de previdência complementar
e de execução das políticas para o regime de pre- Os planos de aposentadoria e pensão privados são
vidência complementar operado pelas entidades planos de previdência complementar aberta, que fazem
fechadas de previdência complementar, observadas parte do Regime de Previdência Complementar —
as disposições constitucionais e legais aplicáveis. RPC — e têm por finalidade proporcionar uma proteção
Art. 2º Compete à Previc:
previdenciária adicional àquela oferecida pelo Regime
I - proceder à fiscalização das atividades das enti-
dades fechadas de previdência complementar e Geral de Previdência Social — RGPS — ou pelos Regimes
de suas operações; Próprios de Previdência Social — RPPS — para os quais as
II - apurar e julgar infrações e aplicar as penali- contribuições dos trabalhadores são obrigatórias.
dades cabíveis;
III - expedir instruções e estabelecer procedimen- No RPC o benefício de aposentadoria será pago
tos para a aplicação das normas relativas à sua com base nas reservas acumuladas ao longo dos
área de competência, de acordo com as diretrizes anos de contribuição, ou seja, o que o participante
do Conselho Nacional de Previdência Complemen-
contribui hoje formará a poupança que será utilizada
tar, a que se refere o inciso XVIII do art. 29 da Lei no
10.683, de 28 de maio de 2003; no futuro para o pagamento de seu benefício. Esse sis-
IV - autorizar: tema é conhecido como Regime de Capitalização.12
a) a constituição e o funcionamento das enti-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


dades fechadas de previdência complementar, Um detalhe para o qual vale prestar atenção: partici-
bem como a aplicação dos respectivos estatutos e pante é a pessoa física que contrata ou adere a um plano.
regulamentos de planos de benefícios; Esse participante, quando passar a receber os benefícios
sob a forma de renda, será chamado de assistido.
Entidades Fechadas de Previdência Complementar
Ou seja, você participa hoje para ser assistido
As entidades fechadas de previdência complemen- amanhã.
tar (fundos de pensão) são organizadas sob a forma de O RPC é composto por dois segmentos: o aber-
fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são to, operado pelas entidades abertas de previdência
acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma complementar, e o fechado, operado pelas entidades
empresa ou grupo de empresas ou aos servidores da fechadas de previdência complementar, cada qual
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com suas especificidades e características.
entes denominados patrocinadores ou aos associados O nosso estudo se concentrará no segmento
ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissio- aberto, ou seja, nos planos oferecidos pelas entida-
nal, classista ou setorial, denominadas instituidores.
des abertas de previdência complementar.
As entidades de previdência fechada devem seguir
As entidades abertas de previdência complemen-
as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Mone-
tário Nacional, por meio da Resolução 3.121, de 25 tar ou privada
de setembro de 2003, no que tange à aplicação dos
recursos dos planos de benefícios.
12 O que é Previdência Complementar. Governo Federal, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previden-
cia-complementar/mais-informacoes/o-que-previdncia-complementar. Acesso em: 30 maio 2022. 311
São constituídas unicamente sob a forma de socie- diferencia-se do primeiro por ser um seguro de
dades anônimas e têm por objetivo principal ins- vida com cobertura de sobrevivência;
tituir e operar planos de benefícios de caráter Esse modelo é indicado a quem não precisa
previdenciário, concedidos em forma de renda optar pela dedução fiscal. No entanto, para com-
continuada ou pagamento único, acessíveis a pensar a ausência dessa vantagem, a tributação é
quaisquer pessoas físicas.13 feita apenas sobre os rendimentos. Assim como
no PGBL, os ganhos financeiros também não são
TIPOS DE BENEFÍCIOS tributados durante a fase de acumulação. 15

Os planos previdenciários podem ser contratados de Qual a Diferença entre o VGBL e o PGBL?
forma individual ou coletiva, e podem oferecer, juntos ou
separadamente, os seguintes tipos básicos de benefício: VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e
PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) são pla-
Renda por sobrevivência: renda a ser paga ao parti- nos por sobrevivência (de seguro de vida e de pre-
cipante do plano que sobreviver ao prazo de diferimento vidência complementar aberta, respectivamente)
contratado, geralmente denominada de aposentadoria; que, após um período de acumulação de recursos
Renda por invalidez: renda a ser paga ao participan-
(período de diferimento), proporcionam aos investi-
te em decorrência de sua invalidez total e permanente
dores (segurados e participantes) uma renda mensal
ocorrida durante o período de cobertura e depois de
cumprido o período de carência estabelecido no plano; — que poderá ser vitalícia ou por período determina-
Pensão por morte: renda a ser paga ao(s) beneficiá- do — ou um pagamento único.
rio(s) indicado(s) na proposta de inscrição em decor- O primeiro (VGBL) é classificado como seguro de
rência da morte do participante ocorrida durante o pessoa, enquanto o segundo (PGBL) é um plano de
período de cobertura e depois de cumprido o período previdência complementar.
de carência estabelecido no plano; A principal diferença entre os dois reside no
Pecúlio por morte: importância em dinheiro, tratamento tributário dispensado a um e outro.
pagável de uma só vez ao(s) beneficiário(s) indica-
do(s) na proposta de inscrição, em decorrência da Em ambos os casos, o imposto de renda incide ape-
morte do participante ocorrida durante o período nas no momento do resgate ou recebimento da ren-
de cobertura e depois de cumprido o período de da. Entretanto, enquanto no VGBL o imposto de
carência estabelecido no plano; renda incide apenas sobre os rendimentos, no
Pecúlio por invalidez: importância em dinheiro, PGBL o imposto incide sobre o valor total a ser
pagável de uma só vez ao próprio participante, em resgatado ou recebido sob a forma de renda.
decorrência de sua invalidez total e permanente ocor- No caso do PGBL, os participantes que utilizam
rida durante o período de cobertura e depois de cum-
o modelo completo de declaração de ajuste anual
prido o período de carência estabelecido no plano.14
do IRPF podem deduzir as contribuições do res-
pectivo exercício, no limite máximo de 12% de
TIPOS DE APLICAÇÃO sua renda bruta anual.16

Em relação aos ativos que compõem a carteira dos Os prêmios/contribuições pagos a planos VGBL
planos, temos a seguinte classificação: não podem ser deduzidos na declaração de ajuste
anual do Imposto de Renda e, portanto, este tipo de
z Soberano (perfil conservador) — investe 100% plano seria mais adequado aos consumidores que uti-
em títulos públicos;
lizam o modelo simplificado de declaração de ajuste
z Renda fixa (perfil moderado) — investe 100% em
anual do IR ou aos que já ultrapassaram o limite de
títulos de renda fixa, públicos ou privados;
12% da renda bruta anual para efeito de dedução dos
z Composto (perfil agressivo) — aplica até 49% em
prêmios e ainda desejam contratar um plano de acu-
renda variável, a porcentagem residual fica com
mulação para complementação de renda.
os títulos de renda fixa.
PLANOS DE SEGUROS
TIPOS DE PLANOS

O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é um São entidades, constituídas sob a forma de socie-
plano de previdência, mais bem aproveitado por dades anônimas, especializadas em pactuar contrato,
quem faz a declaração completa do IR. As contri- por meio do qual assumem a obrigação de pagar
buições são dedutíveis até o limite de 12% da ren- ao contratante (segurado), ou a quem este designar,
da bruta tributável anual. Os ganhos financeiros uma indenização, no caso em que advenha o risco
não são tributados durante a fase acumulação; indicado e temido, recebendo, para isso, o prêmio
O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), por estabelecido.
sua vez, apesar de também ser tratado como um
plano de acumulação similar ao modelo anterior,

13 ROMANO, R. T. Anotações sobre a previdência complementar. Jus.com.br, 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/61913/anotacoes-so-
bre-a-previdencia-complementar. Acesso em: 30 maio 2022.
14 PREVIDÊNCIA complementar aberta. SUSEP, 2020. Disponível em: http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-ao-publico/planos-e-produtos/
previdencia-complementar-aberta. Acesso em: 30 maio 2022.
15 GODOY, M. Previdência Privada permite pagar menos Imposto de Renda; saiba como. nd+, 2021. Disponível em: https://ndmais.com.br/finan-
cas-pessoais/previdencia-privada-permite-pagar-menos-imposto-de-renda-saiba-como/. Acesso em: 30 maio 2022.
16 PERGUNTAS e respostas — Planos PGBL/PAGP/PRGP/PRSA/PDR. SUSEP, [s.d.]. Disponível em: http://susep.gov.br/setores-susep/cgpro/
312 copep/perguntas-e-respostas/perguntas-e-respostas-2013-planos-pgbl-pagp-prgp-prsa-pdr. Acesso em: 30 maio 2022.
O Seguro Para garantir com precisão um risco aceito, as
seguradoras usualmente repassam parte dele para
Contrato mediante o qual uma pessoa denomina-
uma resseguradora que concorda em indenizá-las por
da Segurador, se obriga, mediante o recebimento de
eventuais prejuízos que venham a sofrer em função
um prêmio, a indenizar outra pessoa, denominada
da apólice de seguro que vendeu. O contrato de resse-
Segurado, do prejuízo resultante de riscos futuros,
guro pode ser feito para cobrir um determinado risco
previstos no contrato. (Circular SUSEP 354/07).
isoladamente ou para garantir todos os riscos assumi-
Ou seja, o Segurador assume o risco do segurado
dos por uma seguradora em relação a uma carteira ou
e em troca disto recebe um prêmio em dinheiro, logo,
ramo de seguros. O seguro dos riscos assumidos por
cabe ao Segurador decidir se aceita ou não o risco do
uma seguradora é definido por meio de um contrato
segurado.
de indenização.
Para se proteger as seguradoras se valem de pes-
Os Resseguradores fornecem proteção a varia-
quisas e questionários sobre o segurado para buscar
dos riscos, inclusive para aqueles de maior vulto e
calcular a probabilidade de um evento acontecer ou
complexidade que são aceitos pelas seguradoras. Em
não. Estes eventos são os fatos geradores ou, simples-
contrapartida, a cedente (segurador direto) paga um
mente, sinistros. Quando estes sinistros ocorrem o
prêmio de resseguro, comprometendo-se a fornecer
segurador deve indenizar o segurado conquanto que
informações necessárias para análise, fixação do pre-
o sinistro esteja previsto no contrato firmado entre os
ço e gestão dos riscos cobertos pelo contrato.
dois. Este contrato chamamos de apólice.
Resumindo, a seguradora fica com medo de dar um
As partes da proposta de seguro:
problema sério na apólice de seguro, ou o valor a indeni-
zar ser alto demais, e acaba por tentar diminuir o risco,
z Apólice: proposta formal aceita pela seguradora;
dividindo com uma resseguradora. É o seguro do Seguro.
z Endosso: poder que se tem de mudar o bem em
garantia ou características do bem garantido;
O Cosseguro
z Prêmio: prestação paga periodicamente pelo segurado;
z Sinistro: prejuízo causado a um bem segurado;
z Indenização: valor que segurado recebe caso o O cosseguro nada mais é do que pegar uma apólice
sinistro ocorra; de seguro e distribuí-la para mais de uma seguradora, ou
z Franquia: contribuição do segurado para libera- seja, quando o risco é alto demais, as seguradoras dividem,
ção da indenização, é a coparticipação do segura- entre elas, o risco daquela apólice, pois caso haja algum
do no prejuízo. problema, o sinistro, o prejuízo é dirimido entre elas.
Aqui há algumas características dos seguros:
Os seguros podem ser classificados em seguros
Dentro do mercado de seguros, nós temos dois
individuais ou em grupo.
grandes grupos de seguros:
O seguro individual é uma relação entre uma pes-
soa ou uma família e uma seguradora. A seguradora,
Seguros de Acumulação evidentemente, terá de aferir corretamente o risco
segurado e pulverizá-lo, colocando-o numa carteira
Onde eu invisto um capital por um determinado pra- onde existem diversos riscos semelhantes, mas inde-
zo e, ao final, recebo o valor de volta, corrigido por um pendentes entre si.
indexador de juros. Então é chamado de acumulação O seguro em grupo é o seguro de um conjunto
porque há um acúmulo de dinheiro que ao final poderá de pessoas ligadas entre si de modo que se estabelece
ser devolvido ao segurado caso o sinistro não ocorra. uma relação triangular entre a seguradora, o segura-
Exemplo: Previdência Complementar Aberta (PGBL, do e o grupo a que ele pertence.
VGBL), Títulos de Capitalização. O grupo pode ser constituído por uma empresa,
por uma organização sem fins lucrativos, por uma
Seguros de Risco associação profissional, ou por uma pessoa física. Os

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


seguros contratados por empresas são chamados de
São os famosos fatos geradores. Esses seguros empresariais ou corporativos. É um seguro em gru-
foram criados para o segurado contribuir com um po, formalizado por uma única apólice que garante
valor, e por meio dessa contribuição ele recebe uma coberturas estabelecidas de acordo com um critério
indenização caso algum sinistro aconteça com o bem objetivo e uniforme, não dependente exclusivamente
segurado, que pode ser um bem material ou até mes- da vontade do segurado.
mo a própria vida. A seguradora, com base nos contratos de adesão ao
Neste tipo de seguro, o acúmulo de capital não é seguro, emite para cada segurado um documento que
devolvido ao segurado ao final do prazo contratado, comprova a inclusão no grupo (Certificado de Seguro).
Nesse documento constam a identificação do segura-
pois o valor pago destina-se ao prêmio pago ao Segu-
do e a designação dos seus beneficiários.
rador para assumir o risco do sinistro do segurado.
Os seguros diferem também segundo o regime de
Ex: Vida, Automóveis, acidentes pessoais, saúde,
financiamento, ou seja, a técnica atuarial que deter-
residenciais e viagem.
mina a forma de financiamento das indenizações e
benefícios integrantes do contrato.
O RESSEGURO OU RETROCESSÃO Os regimes se dividem em repartição e capitaliza-
ção. O regime de repartição, por sua vez, se divide entre
O Resseguro é o Seguro das Seguradoras repartição simples e repartição de capitais de cobertura.
No regime de repartição simples, todos os prê-
É um contrato em que o ressegurador assume o mios pagos pelos segurados em determinado perío-
compromisso de indenizar a companhia segurado- do formam um fundo que se destina ao custeio de
ra (cedente) pelos danos que possam vir a ocorrer em indenizações a serem pagas por todos os sinistros
decorrência de suas apólices de seguro. ocorridos no próprio período (e às demais despesas da 313
seguradora). Isso implica em que o prêmio cobrado é calculado de forma que corresponda à importância necessária
para cobrir o valor das indenizações relativas aos sinistros esperados. Não há, assim, a possibilidade de devolução
ou resgate de prêmios e contribuições capitalizadas ao segurado, ao beneficiário ou ao estipulante, como nos
casos de planos de previdência.
Tipicamente, esse regime se aplica aos planos previdenciários ou de seguro de vida em grupo, em situações
em que a massa de participantes é estacionária e as despesas com pagamento de benefícios são estáveis e de
curta duração. É usado também na previdência social estatal (INSS e regimes próprios do Estado), porém, sem a
condição de estabilidade mencionada. É o caso também dos seguros de vida em grupo, de seguros de automóveis,
de saúde etc.
Ocorrido o sinistro, o segurado recebe uma indenização pré-estabelecida independentemente do valor
que pagou. No mercado de seguros, entretanto, para garantia da solvência das empresas, a legislação impõe a
formação de provisões de prêmios não ganhos, de oscilação de riscos e de sinistros, devidamente atestadas pelos
atuários em Nota Técnica e Avaliação Anual.
O regime de repartição de capitais de cobertura é o método em que há formação de reserva apenas para garantir os
pagamentos das indenizações e benefícios iniciados no período, ou seja, arrecada-se apenas o necessário e suficiente
para formação de reserva garantidora do cumprimento dos benefícios futuros que se iniciam neste período.
Em outras palavras, há formação de um fundo correspondente ao valor atual dos benefícios de prestação continuada
iniciados no período em questão. Nesse regime, há a obrigação de constituição de provisão de benefícios concedidos.
O regime de capitalização é o método que consiste em determinar a contribuição necessária para atender
determinado fluxo de pagamento de benefícios, estabelecendo que o valor da série de contribuições efetuadas ao
longo do tempo seja igual ao valor da série de pagamentos de benefícios que se fará no futuro.
Esse modelo de financiamento constitui reservas tanto para os participantes assistidos, como para os ativos e
obviamente pressupõe a aplicação das contribuições nos mercados financeiros, de capitais e imobiliários a fim de
adicionar valor à reserva que se está constituindo. A capitalização é dividida em duas fases distintas: a primeira
denominada “fase contributiva” e a segunda “fase do benefício”.
A legislação vigente torna obrigatória a utilização do regime financeiro de capitalização para os benefícios de
pagamento em prestações que sejam programadas e continuadas. Nesse regime, obriga-se a empresa a constituir
provisão de benefícios concedidos, como no caso anterior, e provisão de benefícios a conceder. Assim, no regime
de capitalização, o objetivo não é apenas pagar indenização ou benefício pré-estabelecido, mas permitir ao
segurado ou participante retirar ao final do contrato uma poupança que, idealmente, cubra os riscos de morte,
invalidez, aposentadoria etc.

RAMOS DE SEGUROS

GRUPOS CARACTERÍSTICAS GERAIS

Seguros contra incêndio, roubo de imóveis, bem como os seguros compreensivos


1 Patrimonial
residenciais, condominiais e empresariais

2 Riscos Especiais Seguros contra riscos de petróleo, nucleares e satélites

Seguros contra indenizações por danos materiais ou lesões corporais a terceiros


3 Responsabilidades
por culpa involuntária do segurado

4 Cascos em (“run off”) Seguros contra riscos marítimos, aeronáuticos e de hangar

Seguros contra roubos e acidentes de carros, de responsabilidade civil contra tercei-


5 Automóvel
ros e DPVAT

Seguros de transporte nacional e internacional e de responsabilidade civil de car-


6 Transporte
gas, do transportador e do operador

7 Riscos Financeiros Seguros diversos de garantia de contratos e de fiança locatícia

8 Crédito em (“run off”) Seguros de crédito à exportação e contra riscos comerciais e políticos

Seguros coletivos de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de
9 Pessoas Coletivo
sobrevivência, prestamista e educacional

Seguros contra riscos de morte e invalidez do devedor e de danos ao imóvel


10 Habitacional
financiado

11 Rural Seguros agrícola, pecuário, de florestas e penhor rural

12 Outros Seguros no exterior de sucursais e de seguradoras no exterior

Seguros individuais de vida e acidentes pessoais, vida com cobertura para risco de
13 Pessoa Individual
sobrevivência, prestamista e educacional

Seguros compreensivos para operadores portuários, responsabilidade civil facultati-


14 Marítimos
va para embarcações e marítimos
314
RAMOS DE SEGUROS

GRUPOS CARACTERÍSTICAS GERAIS

Seguros de responsabilidade facultativa para aeronaves, aeronáuticos, responsabili-


15 Aeronáutico
dade civil de hangar e responsabilidade do explorador ou transportador aéreo

16 Microsseguros Microsseguros de pessoas, microsseguros de danos

17 Saúde Seguro Saúde

ABERTURA E MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS: DOCUMENTOS BÁSICOS

Bom pessoal, muitos de nós já fomos a algum banco, alguma vez, para abrir, ou assistir alguém abrir uma con-
ta. A conta que abrimos no banco nada mais é do que um contrato, e como tal precisa de regras e de orientações
sobre sua forma.
Lembrando que esse contrato é composto por uma ficha-proposta e um cartão de assinatura.
A ficha-proposta deve conter no mínimo: Qualificação do depositante, endereço residencial e comercial
completos, telefone com DDD, referencias pessoais, data da abertura da conta e o número dessa conta, e a assina-
tura do depositante.
Estas orientações estão contidas na Resolução CMN nº 4753, de 2019, que dita às regras básicas que devem
nortear as Instituições Financeiras quando da Abertura e manutenção de contas de depósito.
Então vamos ver o que o CMN e o BACEN têm dito sobre isso:
No caso de pessoa física:

z Documento de identificação (carteira de identificação ou equivalente, como, por exemplo, a carteira nacional
de habilitação, passaporte, CTPS, carreiras de órgão de classe);
z Inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
z Comprovante de residência.

Para que exista uma pessoa física, basta que esta nasça com vida. Ela se extingue com a morte do indivíduo.
No caso de pessoa jurídica:

z Documento de constituição da empresa (contrato social e registro na junta comercial);


z Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);
z Documentos que qualifiquem e autorizem os representantes, mandatários ou prepostos a movimentar a conta.
z Para que uma Pessoa Jurídica de direito Privado exista é necessário que o contrato social seja registrado na
JUNTA COMERCIAL do Estado onde a empresa se situa.
z Nos casos de Partidos Políticos deve-se registrar o estatuto no TSE – Tribunal Superior Eleitoral. (estes são pes-
soas jurídicas de direito privado).
z As pessoas jurídicas podem ser também de direito Público Interno: União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios; Autarquias e Fundações Públicas. (são criados por Lei)
z Existem ainda as de Direito Público Externo: que são os territórios e entidades governamentais no exterior.

A pessoa jurídica extingue-se com a dissolução desta, mediante acordo entre os sócios ou por decreto judicial,
exceto para as públicas, que serão por meios específicos.
Além disso, a instituição financeira pode estabelecer critérios próprios para abertura de conta de depósito, desde
que seguidos os procedimentos previstos na regulamentação vigente (Resolução CMN 4753/2019).

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Ou seja, as instituições Financeiras podem exigir outros documentos ou termos para abrir esta conta, mas
desde que não firam a resolução acima.
Ex.: Depósito Inicial e comprovante de rendimentos.
Vamos compreender sobre a ficha-proposta agora.
Esta deve conter no mínimo:

z Condições para fornecimento de talonário de cheques;


z Necessidade de comunicação pelo depositante, por escrito, de qualquer mudança de endereço ou número
de telefone ou no cadastro;
z Condições para inclusão do nome do depositante no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos (CCF);
z Informação de que os cheques liquidados, uma vez microfilmados, poderão ser destruídos; (estas micro-
filmagens devem permanecer por no mínimo 10 anos no arquivo);
z Tarifas de serviços, incluindo a informação sobre serviços que não podem ser cobrados;
z Saldo médio mínimo exigido para manutenção da conta se houver essa exigência.

A Ficha-Proposta somente poderá ser microfilmada depois de transcorridos no mínimo cinco anos, a contar do
início do relacionamento com o cliente.
É facultado à instituição financeira abrir, manter ou encerrar contas de depósito caso o cliente esteja inscrito
no CCF – Cadastro de Emitente de Cheques sem Fundos. O cliente será incluído no CCF nas seguintes condições:

z Devolução de cheque sem provisão de fundos na segunda apresentação;


z Devolução de cheque por conta encerrada; 315
z Devolução de cheque por pratica espúria. (práticas z Deixar depositado na conta valores para com-
ilegais). pensar débitos e compromissos assumidos na
relação do cliente com o banco.
Veremos com mais detalhes mais a frente.
Sobre as tarifas que podem ser cobradas na sua Atente para algumas informações:
conta veja: z Pessoas Físicas com idade entre 16 e 18 anos, não
Quando se fala em serviços do Banco, lembramos emancipadas, podem ter conta de depósitos, e
que são 4 categorias de serviços: acesso a crédito também, desde que na abertura
ou na assinatura do contrato sejam assistidas por
z Serviços essenciais: aqueles que não podem ser seus responsáveis legais!;
cobrados z Já as Pessoas Físicas com idade inferior a 16 anos,
podem ter contas de depósitos, e devem ser repre-
„ Emissão da primeira via do cartão de débito. sentadas por seus representantes legais;
(segundas vias, exceto nos casos decorrentes de z Pessoas Físicas com Deficiência Visual podem
perda, roubo, furto, danificação e outros moti- ter contas de depósitos, e até firmar contratos de
vos não imputáveis a Instituição emitente); empréstimo, desde que sejam assistidas por duas
„ 4 saques durante o mês. (No caso de poupança testemunhas e que o contrato seja lido em voz alta;
são 2 saques por mês); z Os residentes e domiciliados no exterior podem
„ Até 10 folhas de cheque durante o mês; ter conta no Brasil, mas as movimentações ocor-
„ 2 extratos por mês; ridas em tais contas caracterizam ingressos ou saí-
„ Até dia 28 de fevereiro de cada ano o banco das de recursos no Brasil e, quando em valor igual
deve enviar ao cliente um extrato consolida- ou superior a R$10 mil, estão sujeitas a comprova-
do, mostrando seus rendimentos no ano ante- ção documental, registro no sistema informatizado
rior, geralmente para fins de Imposto de Renda; do Banco Central e identificação da proveniência
e destinação dos recursos, da natureza dos paga-
„ 2 Transferências entre contas da mesma insti-
mentos e da identidade dos depositantes e dos
tuição por mês. (No caso da poupança 2 transfe-
beneficiários das transferências efetuadas. (Lem-
rências entre contas de mesma titularidade);
brando que só instituições autorizadas a operar
„ Consultas via internet;
com câmbio podem ter esse tipo de conta).
„ Prestação de qualquer serviço por meios eletrô-
nicos, no caso de contas cujos contratos prevejam PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: CAPACIDADE
utilizar exclusivamente meios eletrônicos; E INCAPACIDADE CIVIL, REPRESENTAÇÃO E
„ Compensação de cheques. DOMICÍLIO

z Serviços prioritários: O banco é obrigado a for- Nesse tópico, iremos abordar alguns aspectos de
necer um pacote básico destes serviços priori- Direito Civil.
tários, que são aqueles relacionados a contas de
depósitos, transferências de recursos, operações PESSOA FÍSICA
de crédito e de arrendamento mercantil, cartão
de crédito básico e cadastro, somente podendo ser Capacidade Civil e Representação
cobrados os serviços constantes da Lista de Servi-
ços da Tabela I anexa à Resolução CMN 3.919, de
De acordo com o art. 1º, do Código Civil, toda pes-
2010, devendo ainda ser observados a padroni-
soa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Portan-
zação, as siglas e os fatos geradores da cobrança,
também estabelecidos por meio da citada Tabela I; to, todos possuem capacidade de direito.
z Serviços especiais: aqueles cuja legislação e regu- No entanto, a capacidade de fato é a aptidão de
lamentação específicas definem as tarifas e as um indivíduo de executar e atuar plenamente em sua
condições em que aplicáveis, a exemplo dos servi- vida civil, isto é, de exercer pessoalmente seus atos.
ços referentes ao crédito rural, ao Sistema Financeiro Quando se fala em incapacidade, portanto, essa se
da Habitação (SFH), ao Fundo de Garantia do Tempo refere à ausência da capacidade de fato.
de Serviço (FGTS), ao Fundo PIS/PASEP, às chamadas Aos dezoito anos completos a pessoa fica habili-
“contas-salário”, bem como às operações de microcré- tada à prática de todos os atos da vida civil, adquirin-
dito de que trata a Resolução CMN 4.000, de 2011; do assim a capacidade de fato.
z Serviços diferenciados: aqueles que podem ser Já a incapacidade pode ser absoluta ou relativa.
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou ao
usuário as condições de utilização e de pagamento.
Importante!
No encerramento da conta é necessário tomar
alguns cuidados: Desde 2015, em função da alteração no Código
Civil, são absolutamente incapazes de exercer
z Pode ser encerrada por ambas as partes, cliente ou pessoalmente os atos da vida civil apenas os
banco, desde de que acompanhada de aviso prévio, menores de 16 (dezesseis) anos (art. 3º).
por meio de carta registrada ou meio eletrônico;
Os absolutamente incapazes devem ser repre-
z Informar se há cheques a serem compensados, pois
havendo, o banco pode ser negar encerrar a conta, sem
sentados por um responsável legal.
a devida comprovação de que eles foram liquidados;
z Devolver as folhas de cheque restantes ou decla-
rar que as inutilizou;

316
Quanto à incapacidade relativa, são considera- Além do mais, para exercer tais direitos, a pessoa
dos relativamente incapazes (art. 4º): jurídica recorre as pessoas físicas que a represen-
tam, ou seja, quem os respectivos estatutos designa-
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito rem ou, não os designando, pelos seus diretores.
anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; Domicílio
III - aqueles que, por causa transitória ou perma-
nente, não puderem exprimir sua vontade; e É o lugar onde funcionam as respectivas direto-
IV - os pródigos. rias e administrações, isto quando nos seus estatutos
não constar eleição de domicílio especial.
Os relativamente incapazes devem ser assisti- Tendo a pessoa jurídica de direito privado diversos
dos pelos representantes legais. estabelecimentos em lugares diferentes, cada um será
Em relação aos menores de 18 anos, é possível que considerado domicílio para os atos nele praticados (§
ocorra a emancipação, que é a antecipação da capaci- 1º, art. 75, do Código Civil).
dade de fato.
De acordo com o Código Civil, a incapacidade ces- TIPOS DE SOCIEDADE: EM NOME COLETIVO,
sará, para os menores (parágrafo único, art. 5º): POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA,
ANÔNIMAS, FIRMA INDIVIDUAL OU EMPRESÁRIA
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na
falta do outro, mediante instrumento público, Sociedade em Nome Coletivo
independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor Na sociedade em nome coletivo, os sócios respon-
tiver dezesseis anos completos; dem de forma igualitária entre eles. Entretanto, é pos-
II - pelo casamento; sível limitar essa responsabilidade no contrato social.
III - pelo exercício de emprego público efetivo; Ainda, não pode haver denominação social, isto
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; é, um nome empresarial abstrato.
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou Deve constar o nome dos sócios ou suas iniciais,
pela existência de relação de emprego, desde seguido pelo termo “& Cia” ou “Companhia”. Apenas
que, em função deles, o menor com dezesseis anos eles podem ser os administradores da empresa.
completos tenha economia própria.
Sociedade Limitada
Domicílio
A sociedade limitada precisa possuir no mínimo
O domicílio da pessoa natural (pessoa física) é o dois sócios, podendo ficar temporariamente com um
lugar onde ela estabelece a sua residência com âni- único sócio por apenas 180 (cento e oitenta) dias.
mo definitivo (art. 70, do Código Civil). Depois desse prazo, a sociedade ou se dissolve ou
Se, porém, a pessoa natural tiver diversas resi- se transforma em empresário individual ou EIRELI
dências, onde, alternadamente, viva, considera-se (falaremos adiante).
seu domicílio qualquer delas (art. 71). O Contrato Social é seu principal documento, e
É também domicílio da pessoa natural, quanto deve ser registrado na Junta Comercial da Unidade
às relações concernentes à profissão, o lugar onde da Federação de sua atuação.
essa é exercida (art. 72). Ou seja, o local de trabalho. É chamada de limitada em função da responsabili-
dade de seus sócios, que é limitada ao seu investimen-
Art. 72 [...] to. Ou seja, o sócio só responde pelo quinhão que investiu.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em Da mesma forma, sua participação também fica
lugares diversos, cada um deles constituirá domicí- limitada proporcionalmente ao montante investido.
lio para as relações que lhe corresponderem. Assim, se a sociedade contrair dívidas, o patrimô-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


nio pessoal dos sócios não deve ser atingido; respon-
No caso da pessoa que não tenha residência dem apenas pelo montante de capital social investido.
habitual, seu domicílio será o lugar onde ela for A administração da sociedade pode ser feita por ter-
encontrada (art. 73). ceiros, ou seja, por alguém que não precisa ser sócio da
empresa, mas deve ser escolhida pela maioria dos sócios.
PESSOA JURÍDICA
Sociedade Anônima
Capacidade Civil e Representação
A Sociedade Anônima (S/A) é um tipo de sociedade
em que o capital está divido em ações. As S/A devem
A existência legal das pessoas jurídicas de direi- ter, no mínimo, 7 acionistas.
to privado começa com a inscrição do ato constituti- A responsabilidade do acionista será limitada ao
vo no respectivo registro, precedida, quando necessário, preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, aver- O documento básico regulador da sociedade anô-
bando-se no registro todas as alterações por que passar nima é o Estatuto. Estão previstos nele os direitos e
o ato constitutivo (art. 45, do Código Civil). as obrigações dos acionistas.
No momento em que a pessoa jurídica registra seu O capital social pode ser classificado em “aberto”,
contrato constitutivo, adquire personalidade, isto é, quando as ações podem ser negociadas em bolsa de
capacidade para ser titular de direito. Naturalmente, valores, ou “fechado”, quando não há negociação de
ela só pode ser titular daqueles direitos compatí- ações em bolsa.
veis com a sua condição de pessoa fictícia, ou seja,
os patrimônios. Nesse viés, não lhe admitem os direi-
tos personalísticos. 317
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (FIRMA INDIVIDUAL) OU Duplicata e Fatura
FIRMA EMPRESÁRIA
A duplicata é uma ordem de pagamento emitida
Empresário individual, anteriormente conhecido pelo credor ao realizar uma venda de mercadorias ou
como firma individual ou firma empresária, “é um prestar um serviço.
tipo de empreendedor que atua como o único titu- Essa venda ou prestação de serviço está represen-
lar de seu negócio, sendo este uma pessoa física e tada em uma fatura, que deve ser paga pelo compra-
sem a presença de outros sócios.”17 dor das mercadorias ou pelo tomador dos serviços.
O empresário individual não possui personali- Uma duplicata só pode corresponder a uma única
dade jurídica como as empresas de sociedades, e efe- fatura e precisa ser apresentada ao devedor em no
tua o registro com o próprio nome na razão social, máximo 30 dias.
formalizado na Junta Comercial da cidade onde fica a A duplicata, portanto, é um título de crédito, cuja
emissão depende de uma causa anterior.
empresa.
Veja o que dispõe a Lei nº 5.474, de 1968:
Nesse formato, não existe um capital mínimo
para a constituição da empresa.
§ 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas
“As responsabilidades do empresário individual ou, quando convier ao vendedor, indicará somente
comum (EI) não são limitadas, ou seja, o patrimônio os números e valores das notas parciais expedidas
e dívidas, pessoais ou da organização, são os mes- por ocasião das vendas, despachos ou entregas das
mos.”18 Diz-se que sua responsabilidade é ilimitada. mercadorias.
Caso queira essa separação jurídica de seus bens pes-
soais dos bens da empresa, deve requerer a categoria Dispensa-se a fatura quando a nota fiscal é do
EIRELI. tipo “nota fiscal-fatura”, na qual já constam os ele-
mentos da fatura necessários à emissão da duplicata.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE A duplicata somente pode ser emitida após a emis-
RESPONSABILIDADE LIMITADA — EIRELI são da fatura.
Acompanhe o art. 2º, da lei citada:
O empresário individual tem a opção de limitar
as suas responsabilidades, sem que para isso tenha a Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá
necessidade de adicionar um sócio para a constituição ser extraída uma duplicata para circulação como
efeito comercial, não sendo admitida qualquer
de uma sociedade limitada, o que antes era comum.
outra espécie de título de crédito para documentar
o saque do vendedor pela importância faturada ao
A categoria Empresa Individual de Responsabili-
comprador.
dade Limitada (EIRELI) permite ao empresário
individual ter o capital da empresa separado
Dessa forma, a duplicata é um título de crédi-
do seu pessoal. Porém, para isso é preciso investir
to causal que se vincula a operações de compra e
um capital de, no mínimo, valor equivalente a
venda de mercadorias ou de prestação de serviços,
100 salários mínimos.19
com pagamento à vista ou a prazo, representativo do
crédito originado das referidas operações.
DOCUMENTOS COMERCIAIS E TÍTULOS DE
A fatura é emitida por uma empresa e geralmente é
CRÉDITO: NOTA PROMISSÓRIA, DUPLICATA, acompanhada do boleto bancário para o pagamento.20
FATURA E CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO
Cédula de Crédito Bancário
Notas Promissórias Comerciais (“Comercial Papers”)
Veja a definição de Cédula de Crédito Bancário
Commercial Papers são títulos, papéis que dada pela Lei nº 10.931, de 2004:
valem dinheiro. São uma aplicação. Parecem muito
com as debêntures e com as notas promissórias que Art. 26 A Cédula de Crédito Bancário é título de
estudamos no tópico sobre Títulos de Crédito (a famo- crédito emitido, por pessoa física ou jurídica,
sa amarelinha). em favor de instituição financeira ou de enti-
São títulos de curto prazo, que têm prazo míni- dade a esta equiparada, representando promes-
mo de 30 dias e máximo de 360 dias, emitidos por sa de pagamento em dinheiro, decorrente de
instituições não financeiras, ou seja, as instituições operação de crédito, de qualquer modalidade.
§ 1º A instituição credora deve integrar o Sistema
financeiras estão fora, pois podem captar recursos
Financeiro Nacional, sendo admitida a emissão da
de outras maneiras. Então, o Commercial Paper serve
Cédula de Crédito Bancário em favor de instituição
para captar recursos no mercado interno, pois cons- domiciliada no exterior, desde que a obrigação este-
titui uma promessa de pagamento na qual incidem ja sujeita exclusivamente à lei e ao foro brasileiros.
juros a favor do investidor. § 2º A Cédula de Crédito Bancário em favor de
instituição domiciliada no exterior poderá ser
emitida em moeda estrangeira.

17 EMPRESÁRIO individual. Dicionário Financeiro, 2022. Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro.com/empresario-individual/. Acesso em:
30 maio 2022.
18 Ibid.
19 Ibid.
20Diferença entre boleto, fatura e duplicata. Acesso em 17/06/2022. Disponível em: http://www.galirows.com.br/meublog/blogdasdiferencas/2016/10/21/
318 diferenca-boleto-fatura-duplicata/#:~:text=A%20fatura%20%C3%A9%20emitida%20por,e%20contas%20sem%20notas%20fiscais.
Veja ainda o que diz o art. 27, da mesma lei: CIRCULAÇÃO

Art. 27 A Cédula de Crédito Bancário poderá ser São três as formas de emissão do cheque:
emitida, com ou sem garantia, real ou fidejussória,
cedularmente constituída. a) nominal (ou nominativo) à ordem: só pode
Parágrafo único. A garantia constituída deverá ser ser apresentado ao banco pelo beneficiário indica-
especificada na Cédula de Crédito Bancário [...]. do no cheque, podendo ser transferido por endosso
do beneficiário;
Nos termos do art. 28, b) nominal não à ordem: só pode ser apresentado
ao banco pelo beneficiário indicado no cheque e não
Art. 28 A Cédula de Crédito Bancário é título execu- pode ser transferido pelo beneficiário;
tivo extrajudicial e representa dívida em dinheiro, c) ao portador: não nomeia um beneficiário e é
certa, líquida e exigível, seja pela soma nela indi- pagável a quem o apresente ao banco sacado. Não
cada, seja pelo saldo devedor demonstrado em pla- pode ter valor superior a R$ 100,00;w
nilha de cálculo, ou nos extratos da conta corrente Para tornar um cheque não à ordem, basta o
[...]. emitente escrever, após o nome do beneficiário, a
§ 1º Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser expressão “não à ordem”, ou “não-transferível”, ou
pactuados: “proibido o endosso”, ou outra equivalente.
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os Cheque de valor superior a R$100,00 tem que ser
critérios de sua incidência e, se for o caso, a periodi- nominal, ou seja, trazer a identificação do benefi-
cidade de sua capitalização, bem como as despesas ciário. O cheque de valor superior a R$100,00 emiti-
e os demais encargos decorrentes da obrigação; do sem identificação do beneficiário será devolvido
II - os critérios de atualização monetária ou de pelo motivo ‘48-cheque emitido sem identificação
variação cambial como permitido em lei; do beneficiário - acima do valor estabelecido’.21
III - os casos de ocorrência de mora e de incidência
das multas e penalidades contratuais, bem como as
ENDOSSO
hipóteses de vencimento antecipado da dívida;
IV - os critérios de apuração e de ressarcimento,
pelo emitente ou por terceiro garantidor, das des- O endosso é o processo em que o beneficiário
pesas de cobrança da dívida e dos honorários advo- transfere a posse e os direitos do crédito de um
catícios, judiciais ou extrajudiciais, sendo que os cheque para um terceiro, identificando a ação no
honorários advocatícios extrajudiciais não pode- próprio documento.
rão superar o limite de dez por cento do valor total
devido; Para endossar um cheque apenas é preciso que o
V - quando for o caso, a modalidade de garantia da beneficiário do cheque assine no verso do cheque,
dívida, sua extensão e as hipóteses de substituição com a possibilidade de indicar quem deve ser o
de tal garantia; novo beneficiário do título.
VI - as obrigações a serem cumpridas pelo credor; O endosso do cheque pode acontecer de duas maneiras:
VII - a obrigação do credor de emitir extratos da Endosso em branco: quando o beneficiário ape-
conta-corrente ou planilhas de cálculo da dívida, nas assina no verso do cheque;
ou de seu saldo devedor, de acordo com os critérios Endosso em preto: quando o beneficiário assina e
estabelecidos na própria Cédula de Crédito Bancá- também escreve o nome do novo beneficiário a que
rio [...]; e o cheque se destina.22
VIII - outras condições de concessão do crédito, suas
garantias ou liquidação, obrigações adicionais do
emitente ou do terceiro garantidor da obrigação, des-
CRUZAMENTO
de que não contrariem as disposições desta Lei.
O cruzamento significa que o cheque somente pode
ser pago mediante crédito em conta: “O cruzamento

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


CHEQUE: REQUISITOS ESSENCIAIS, CIRCULAÇÃO, pode ser geral, quando não indica o nome do banco, ou
ENDOSSO, CRUZAMENTO E COMPENSAÇÃO especial, quando o nome do banco aparece entre os traços
Requisitos Essenciais de cruzamento. O cruzamento não pode ser anulado.”23

São requisitos essenciais do cheque, de acordo COMPENSAÇÃO


com o art. 1º, da Lei nº 7.357, de 1985:
“A compensação de cheques é o acerto de contas entre
I - a denominação “cheque” inscrita no contexto do
instituições financeiras”,24 referente aos cheques depo-
título e expressa na língua em que este é redigido; sitados em estabelecimentos diferentes dos sacados.
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; A compensação de cheques é considerada um ser-
III - o nome do banco ou da instituição financeira viço essencial.
que deve pagar (sacado); Desde abril de 2018 o tempo para a compensa-
IV - a indicação do lugar de pagamento; ção de cheques de qualquer valor passou a ser de
V - a indicação da data e do lugar de emissão; um dia útil. Ou seja, o prazo de bloqueio do valor do
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu cheque não pode ser superior a um dia útil, contado a
mandatário com poderes especiais. partir do dia seguinte ao do depósito.
21 CHEQUE informações! ACESLO, 2016. Disponível em: https://www.aceslo.com.br/noticia/cheques-informacoes. Acesso em: 30 maio 2022
22 EXPLICADOR — O que é um cheque endossado e como endossar? Diário Econômico, 2021. Disponível em: https://www.diarioeconomico.
co.mz/2021/02/03/economia/abc-financeiro/o-que-e-um-cheque-endossado-e-como-endossar/. Acesso em: 30 maio 2021.
23 CHEQUE informações! ACESLO, 2016. Disponível em: https://www.aceslo.com.br/noticia/cheques-informacoes. Acesso em: 30 maio 2022.
24 PERGUNTAS e respostas – cheques. Banco Central do Brasil, 2019. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfre-
quentes-respostas/faq_cheques. Acesso em: 30 maio 2022. 319
Ressalta-se que os depósitos efetuados em cheque A soma dos saldos negativos nas contas Reser-
que sofrerem bloqueio por prazos superiores aos vas Bancárias, entre as 7h e às 23h de cada dia, era
regulamentares devem ser remunerados, por dia de um risco privado (dos bancos) assumido diaria-
excesso, pela Taxa Selic. mente pelo Banco Central. Ou seja, indiretamente,
era assumido por toda a sociedade.
SISTEMA DE PAGAMENTO BRASILEIRO Por outro lado, se o Banco Central rejeitasse os lan-
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) com- çamentos de um banco para evitar a existência de saldo
preende as entidades, os sistemas e os procedimentos negativo em sua conta Reservas Bancárias, estaria trans-
relacionados ao processamento e à liquidação de ope- ferindo a falta de liquidez (dinheiro) desse banco para
rações de transferência de fundos, de operações com o resto do sistema financeiro e para a clientela do siste-
moeda estrangeira ou com ativos financeiros e valores ma bancário. Sim, porque se um banco não honrasse
mobiliários, chamados, coletivamente, de entidades seus débitos, outros bancos deixariam de receber os
operadoras de Infraestruturas do Mercado Financeiro recursos que tinham a receber desse banco.
(IMF). Além das IMF, alguns arranjos e instituições Isso poderia gerar o que se costuma chamar de
de pagamento também integram o SPB. “crise sistêmica”, com a quebra sucessiva de ins-
Zelar pelo funcionamento normal, seguro e efi- tituições financeiras — um “efeito dominó” — e a
ciente do sistema de pagamentos é função essencial interrupção da cadeia de pagamentos do setor real
de um banco central. Tal função tem como objetivo da economia, seguida, invariavelmente, de recessão
primordial garantir a eficiência e a segurança no uso econômica. O risco de crise sistêmica era algo que o
de instrumentos de pagamento por meio dos quais a Banco Central precisava evitar a qualquer custo.
moeda é movimentada. Dessa forma, era comum que, quando o problema
Como forma de atingir esses objetivos, o BC tem as de liquidez de um determinado banco fosse grave,
competências de regulamentar e exercer a vigilância o Banco Central sustentasse esse banco por meio de
e a supervisão sobre os sistemas de compensação e de empréstimos, a fim de evitar o risco sistêmico.
liquidação, os arranjos e as instituições de pagamento. Há uma expressão comum no mercado financeiro
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse universo? sobre isso: “too big to fail” (“grande demais para que-
brar”, em português). Esse é também o nome de um
HISTÓRICO
filme de 2011 que aborda a crise do sistema financeiro
Inicialmente, é importante compreender como ope- norte-americano de 2008. Fica a sugestão para assisti-
rava o Sistema Financeiro Nacional antes do surgimen- -lo, pois irá te ajudar a compreender um pouco mais
to do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). como funciona o sistema financeiro.
Os bancos têm no Banco Central (Bacen) uma conta Essa situação propiciava o chamado risco moral
denominada Reservas Bancárias, que funciona de forma (moral hazard), que surge quando um agente econômi-
similar a uma conta corrente. Nessa conta é processada co muda seu comportamento de acordo com o contexto
toda a movimentação financeira diária entre os bancos, da transação econômica. Nesse caso, os bancos podiam
decorrente de operações próprias ou de seus clientes. agir de forma menos prudente, acreditando que, caso
Antes do surgimento do novo SPB, às 7 horas da necessitassem, seriam “socorridos” pelo Banco Central.
manhã de cada dia útil, eram lançados nas contas Grandes bancos, como o Nacional, o Bamerindus
Reservas Bancárias das instituições financeiras, os e o Econômico, que eram bancos expressivos, con-
resultados financeiros (positivos ou negativos) apura- correntes de grandes nomes que continuam na ativa
dos nos diversos mercados de títulos e valores mobi- hoje, foram liquidados (quebraram) na segunda meta-
liários nas negociações dos dias anteriores. de da década de 1990.
Estamos falando dos resultados de operações com Em junho de 2001, o balanço do Banco Central
ações, derivativos, títulos privados etc., além do resul- indicava saldo devedor nas contas Reservas Bancá-
tado da compensação, entre os bancos, dos valores rias de R$ 12,3 bilhões decorrentes de lançamentos
pagos pelas pessoas físicas e jurídicas por intermédio
não rejeitados, embora as instituições não dispuses-
de cheques e DOC (Documentos de Crédito).
sem de liquidez suficiente ou de garantias para ofere-
O único resultado que era lançado no mesmo dia
cer em um empréstimo.
das operações era aquele informado pelo Selic, relati-
Com esse percurso histórico, conseguimos compreen-
vo às negociações com títulos públicos federais. Mes-
mo assim, esse lançamento era realizado às 23h, após der qual era o cenário antes do surgimento do Sistema
o encerramento dos mercados. de Pagamentos Brasileiro. Veja a seguir quais foram as
O que ocorria era que, ainda que o banco não dispu- mudanças implementadas em sua reestruturação.
sesse de saldo suficiente em sua conta para satisfazer os
pagamentos previstos para as 7h, o Banco Central hon- MEDIDAS ADOTADAS NA REESTRUTURAÇÃO DO
rava a liquidação das obrigações, e o banco passava a SISTEMA DE PAGAMENTOS
apresentar saldo negativo na conta Reservas Bancárias.
Perceba: é como se os bancos possuíssem um “cheque A reestruturação do Sistema de Pagamentos Bra-
especial” com limite infinito junto ao Banco Central. Ain- sileiro (SPB) compreendeu um conjunto de medidas
da que não tivessem recursos disponíveis em sua conta para solucionar os graves problemas existentes que
Reservas Bancárias, seus compromissos eram liquidados. foram expostos aqui.
Esse saldo negativo normalmente era regulariza- Os principais riscos assumidos pelo Banco Cen-
do às 23h, pois os bancos mantinham títulos públi- tral no antigo Sistema de Pagamentos eram o risco de
cos federais em volume suficiente para o adequado crédito e o risco de liquidez. As instituições deten-
gerenciamento de seu caixa. Ou seja, se a conta Reser- toras de contas Reservas Bancárias no Banco Central
vas Bancárias ficasse negativa, o banco vendia títulos comandavam as ordens de transferências de recursos
públicos federais ao longo do dia e, às 23h, regulariza- sem que houvesse checagem automática da suficiên-
va sua situação, deixando de apresentar saldo devedor. cia dos saldos na conta, ficando tal conferência para o
320
final do dia e pelo valor líquido (compensação multi- z Criação, pelo setor privado, de rede de telecomu-
lateral dos saldos comandados ao longo do dia). nicações dedicada exclusivamente ao sistema
Assim, se uma contraparte na operação não honras- financeiro e operada sob rígidos padrões de segu-
se o compromisso de transferência do fundo por motivo rança e confiabilidade definidos pelo Banco Central;
de falta de liquidez momentânea (risco de liquidez) ou z Assunção do risco privado pelo setor privado,
insolvência (risco de crédito), o Banco Central, desempe- com a definição de regras mais rígidas para as
nhando a função de mantenedor do equilíbrio do sistema câmaras de compensação privadas, que adota-
financeiro, assumia o papel de fornecedor de liquidez e ram adequados mecanismos de gerenciamento
crédito do sistema. O Banco Central, portanto, assumia o de riscos, como o estabelecimento de limites para
papel, involuntário, de garantidor das operações cur- os bancos com base no recebimento prévio de
sadas no âmbito do Sistema de Pagamentos. garantias. Se o Banco Central rejeita lançamento
As câmaras de compensação (sistemas de liqui- na conta Reservas Bancárias de um banco que não
dação de operações com títulos públicos, títulos pri- disponha de liquidez suficiente, a câmara executa
vados, cheques, operações de câmbio etc.) liquidavam as garantias que lhe tenham sido entregues pelo
diretamente na conta Reservas Bancárias no Banco banco inadimplente e honrará os pagamentos cor-
Central. Também não havia críticas quanto à insufi- respondentes, com fundamento na Lei 10.214, de
ciência de saldo. Nesse caso, o Banco Central assu- 2001. Outra consequência foi que os participantes
mia os riscos decorrentes da operação, dado que as tiveram que conhecer e gerenciar melhor os riscos
câmaras não possuíam mecanismos de gerenciamen- a que estavam expostos nessas câmaras;
to de riscos capazes de suprir a insolvência de seus z Adoção de mecanismo indutor à oferta, pelos
participantes. bancos, de novos produtos à clientela, que per-
Portanto, havia um cenário complexo, com o Ban- mitiram a migração dos pagamentos de maior
co Central atuando principalmente como fornecedor valor, à época realizados por cheques e documen-
de liquidez caso as instituições bancárias detentoras tos de crédito, para instrumentos de pagamento
de conta Reservas Bancárias não honrassem as suas eletrônico adequadamente estruturados.
ordens de transferências de recursos ao final do dia,
fosse devido à falta de liquidez, à insolvência, a frau- Podemos dizer que as medidas mencionadas, entre
des ou mesmo por problemas operacionais. outros aspectos positivos:
Diante disso, na construção do novo Sistema de
Pagamentos Brasileiro, que passou a operar em 22 z Retiraram riscos privados do setor público;
de abril de 2002, diversas medidas passaram a ser z Fortaleceram o sistema financeiro;
adotadas: z Dotaram o país de um sistema de pagamentos
moderno;
z Revisão da base legal do Sistema de Pagamen- z Reduziram a percepção de risco do país;
tos Brasileiro, com a edição da Lei nº 10.214, de z Permitiram maior atratividade para o capital externo;
27 de março de 2001, que disciplinou a atuação z Geraram ganhos de eficiência à economia.
das câmaras e dos prestadores de serviços de com-
pensação e de liquidação no âmbito do sistema de Além disso, surgiu para o cidadão comum a possi-
pagamentos brasileiro. Dentre os pontos discipli- bilidade de transferir recursos de sua conta corrente
nados pela Lei, pode-se destacar a previsão da para conta de outra pessoa em banco diferente do seu,
compensação multilateral e a criação de prote- em agência de qualquer localidade do país, sendo o
ção jurídica para a execução segura das garan- recurso imediatamente disponível para o destinatá-
tias aportadas nas câmaras de compensação; rio, através da Transferência Eletrônica Disponível
z Monitoramento, em tempo real, do saldo de (TED).
cada conta Reservas Bancárias, não sendo admi-
tido, a partir do dia 24 de junho de 2002, saldo ESTRUTURA DO NOVO SISTEMA DE PAGAMENTOS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


devedor em qualquer momento do dia; BRASILEIRO (SPB)
z Oferta de empréstimo ponte diário (redescon-
to intradia), mediante operações de compra, pelo O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) com-
Banco Central, de títulos públicos federais dos preende as entidades, os sistemas e os procedi-
bancos, que são recomprados do Banco Central no mentos relacionados com o processamento e a
próprio dia, registrando-se em tempo real o resul- liquidação de operações de transferência de fun-
tado financeiro na conta Reservas Bancárias. Isso dos e de operações com moeda estrangeira ou com
garante a oferta da liquidez necessária para o ativos financeiros e valores mobiliários, chamados,
fluxo normal dos pagamentos ao longo do dia, sem coletivamente, de entidades operadoras de Infraes-
riscos para o Banco Central; truturas do Mercado Financeiro (IMF).
z Implantação de sistema de troca de fundos com Além das IMF, alguns arranjos e instituições de
liquidação bruta em tempo real, que processa pagamento também integram o SPB.
ordens de transferência eletrônica de fundos entre O Banco Central exerce a função de zelar pelo fun-
bancos, inclusive as por conta de clientes. Essas cionamento normal, seguro e eficiente do sistema de
ordens, uma vez processadas pelo sistema, passa- pagamentos. Tal função tem como objetivo primordial
ram a gozar dos atributos de irrevogabilidade e garantir a eficiência e a segurança no uso de instru-
incondicionalidade, isto é, uma vez processadas, mentos de pagamento por meio dos quais nossa moe-
não podem ser desfeitas (não há estorno). Assim, da é movimentada.
passou a existir alternativa segura aos cheques e Assim, o Banco Central tem as competências de
documentos de crédito para a realização de paga- regulamentar e exercer a vigilância e a supervisão
mentos de grande valor (é o surgimento da Trans- sobre os sistemas de compensação e de liquidação, os
ferência Eletrônica Disponível — TED); arranjos e as instituições de pagamento. 321
As IMF desempenham um papel fundamental para o sistema financeiro e para a economia de uma forma
geral. É importante que os mercados financeiros confiem na qualidade e na continuidade dos serviços prestados
pelas IMF. Seu funcionamento adequado é essencial para a estabilidade financeira e condição necessária para
proteger os canais de execução da política monetária.
Cabe ao Banco Central atuar no sentido de promover sua solidez, seu normal funcionamento e seu contínuo
aperfeiçoamento.
No caso dos pagamentos de varejo, o Banco Central direciona suas ações no sentido de promover a interope-
rabilidade, a inovação, a solidez, a eficiência, a competição e o acesso não discriminatório aos serviços e às
infraestruturas. Além disso, o Bacen zela pelo atendimento às necessidades dos usuários finais e pela inclusão
financeira.

INFRAESTRUTURAS DO MERCADO FINANCEIRO (IMF)

São integrantes do SPB os seguintes serviços:

z Serviço de compensação de cheques;


z Serviços de compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito, de transferência de
fundos e de outros ativos financeiros;
z Serviços de compensação e de liquidação de operações com títulos e valores mobiliários;
z Serviços de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros;
z Serviços de depósito centralizado e de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários.

Todas as entidades que prestam esses serviços são denominadas Infraestruturas do Mercado Financeiro
(IMF).
O tráfego de informações entre as IMF ocorre através da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN).
A RSFN, portanto, é a estrutura de comunicação de dados que tem por finalidade amparar o tráfego de
informações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.

Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF) e Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN)

Fonte: site do Banco Central.

AUTORIZAÇÃO, SUPERVISÃO E REGULAÇÃO

No Brasil, qualquer IMF, para funcionar, está sujeita à autorização e à supervisão do Banco Central.
Na função de supervisão, cabe ao Banco Central assegurar que as IMF em operação no Brasil sejam adminis-
tradas consistentemente com os objetivos de interesse público, mantendo a estabilidade financeira e reduzin-
do o risco sistêmico.
322
Cabe, ainda, ao Bacen, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o papel de regu-
lador, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas suas respectivas esferas de competência.
Como regulador, portanto, o Banco Central atua no sentido de converter as políticas estabelecidas em regras a
serem aplicadas pelas IMF.
Além disso, ele busca adequar as normas brasileiras, quando relevante, ao que recomendam os organismos
internacionais, como é o caso do Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações
Internacionais (CPMI/BIS) e do Comitê Técnico da Organização Internacional de Comissões de Valores (TC/IOSCO).

GESTÃO E OPERAÇÃO

Além da supervisão e da regulação, o Banco Central também atua como provedor de serviços de liquidação.
Nesse papel, o Banco Central é o responsável pela gestão e operação das seguintes IMF:

z Sistema de Transferência de Reservas (STR);


z Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI);
z Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

O STR e o SPI são sistemas de pagamento (transferências de fundos). O Selic é um sistema de liquidação de
ativos e um depositário central que opera a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, além de
ser o responsável pelo eventual registro de ônus e gravames sobre tais títulos.
Neste momento, vamos falar sobre o STR e o SPI.

SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE RESERVAS (STR)

O Sistema de Transferência de Reservas (STR) é o coração do Sistema de Pagamentos Brasileiro, pois é onde
ocorre a liquidação final de todas as obrigações financeiras no Brasil.
A transferência de fundos no STR é irrevogável, isto é, só é possível “desfazer” uma transação por meio de
outra transação no sentido contrário. Além disso, para garantir a solidez do sistema, no STR não há possibilidade
de lançamentos a descoberto. Ou seja, não se admite saldo negativo.
O STR é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, as operações são liquidadas
uma a uma por seus valores brutos em tempo real.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS

Estrutura do STR
Fonte: site do Banco Central.

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS (SPI)

O Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) é a infraestrutura centralizada e única para liquidação de paga-
mentos instantâneos entre instituições distintas no Brasil.
323
“Pagamentos instantâneos” te lembra alguma coisa? Sim! O SPI é a infraestrutura de liquidação financeira do Pix.
A operação do SPI, gerida pelo Banco Central, teve início em novembro de 2020.
O SPI é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, que processa e liquida transa-
ção por transação. Uma vez liquidadas, as transações são irrevogáveis.
Os pagamentos instantâneos são liquidados com lançamentos nas contas de propósito específico que as insti-
tuições que são participantes diretos do sistema mantêm no Bacen, denominadas Contas Pagamento Instantâneo
(Contas PI). Para garantir a solidez do sistema, não há possibilidade de lançamentos a descoberto, isso é, não se
admite saldo negativo nas Contas PI.
Existem duas modalidades de participação na infraestrutura de liquidação do SPI:

z Participantes diretos, aqueles que farão a liquidação das transações diretamente no SPI;
z Participantes indiretos, cujas transações serão liquidadas por intermédio de um participante direto ou liqui-
dante especial.

Bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas que sejam participan-
tes do Pix deverão, obrigatoriamente, ser participantes diretos do SPI. As demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central que sejam participantes do Pix podem optar por serem participantes diretos ou
indiretos do SPI.
As instituições de pagamento sem autorização de funcionamento do Banco Central (aquelas para as quais não
há essa exigência) e que sejam participantes do Pix devem, necessariamente, ser participantes indiretos do SPI.

Formas de acesso ao SPI


Fonte: site do Banco Central.

MERCADO DE CAPITAIS
AÇÕES: CARACTERÍSTICAS E DIREITOS, DEBÊNTURES, NOTAS PROMISSÓRIAS COMERCIAIS, DIFERENÇAS
ENTRE COMPANHIAS ABERTAS E FECHADAS, FUNCIONAMENTO DO MERCADO À VISTA DE AÇÕES, MERCADO
DE BALCÃO

O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de propor-
cionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas
bolsas de valores, sociedades corretoras distribuidoras e outras instituições financeiras autorizadas.
Anteriormente, quando falamos de autoridades monetárias, vimos uma delas como principal supervisora e
reguladora do mercado de valores mobiliários, a CVM.
A CVM é a principal autarquia responsável por garantir o adequado funcionamento do mercado de valores
mobiliários. Logo, para que qualquer companhia possa operar nesse mercado, dependerá de autorização prévia
da CVM para realizar suas atividades.

324
Para que Serve o Mercado de Valores Mobiliários? EMPRESAS E COMPANHIAS

Em alguns casos, o mercado de crédito não é As Companhias são as empresas que são emissoras
capaz de suprir as necessidades de financiamento dos papéis negociados no mercado de capitais. Essas
dos agentes ou das empresas. Isso pode ocorrer, por empresas têm um objetivo em comum: captar recur-
exemplo, quando um determinado agente, em geral sos em larga escala e de forma mais lucrativa. Para
uma empresa, deseja um volume de recursos muito que isso ocorra, as empresas devem solicitar à CVM
superior ao que uma instituição poderia, sozinha, autorização para emitir e comercializar seus papéis.
emprestar. Além disso, pode acontecer de os custos Essas empresas são chamadas Sociedades Anôni-
dos empréstimos no mercado de crédito, em virtude mas ou, simplesmente, S/A. Ao adotarem esse tipo de
dos riscos assumidos pelas instituições nas operações, constituição, elas passam a ter uma quantidade de
serem demasiadamente altos, de forma a inviabilizar sócios maior do que teriam se fossem empresas de
os investimentos pretendidos. Surgiu, com isso, o que responsabilidade limitada – LTDA, por exemplo.
Estas S/As podem ser constituídas de forma aberta
é conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado
ou fechada. Vejamos as diferenças:
de Valores Mobiliários.
As S/A abertas admitem negociação dos seus
No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os
títulos nos mercados abertos, como Bolsa e Balcão
investidores emprestam recursos diretamente aos Organizado; já as fechadas só podem ter seus papéis
agentes deficitários, como as empresas. Caracteriza-se negociados restritamente entre pessoas da própria
por negócios de médio e longo prazo, nos quais são empresa ou próximas à empresa.
negociados títulos chamados de Valores Mobiliários.
Como exemplo, podemos citar as ações, que repre-
COMPANHIAS
sentam parcela do capital social de sociedades anô-
nimas, e as debêntures, que representam títulos de Abertas Fechadas
dívida dessas mesmas sociedades.
Nesse mercado, as instituições financeiras atuam,
basicamente, como prestadoras de serviços, assesso-
rando as empresas no planejamento das emissões de Características
valores mobiliários, ajudando na colocação deles para
o público investidor, facilitando o processo de forma- Nº de cotistas limitados a
Atuam nas bolsas de
ção de preços e a liquidez, assim como criando condi- 20 patrimônio pequeno não
valores ou mercados de
ções adequadas para as negociações secundárias. operam em bolsas de valo-
balcão organizados
Elas não assumem a obrigação pelo cumprimen- res ou balcões organizados
to das obrigações estabelecidas e formalizadas nesse
mercado. Assim, a responsabilidade pelo pagamento NEGOCIAÇÕES DE PAPÉIS
dos juros e principal de uma debênture, por exemplo,
é da emissora, e não da instituição financeira que a Para as Companhias Abertas, que admitem negocia-
tenha assessorado ou participado do processo de colo- ção de seus papéis no mercado público, há distribuição
cação dos títulos no mercado. São participantes desse em dois tipos de mercados: o primário e o secundário.
mercado, como exemplo, os Bancos de Investimen- Oferta pública de distribuição, primária ou secun-
to, as Corretoras e Distribuidoras de títulos e Valores dária, é o processo de colocação, junto ao público, de cer-
Mobiliários, as entidades administradoras de merca- to número de títulos e valores mobiliários para venda.
do de bolsa e balcão, além de diversos outros presta- Envolve desde o levantamento das intenções do mercado
dores de serviços. em relação aos valores mobiliários ofertados até a efeti-
No mercado de capitais, os principais títulos nego- va colocação junto ao público, incluindo a divulgação de
ciados são: informações, o período de subscrição, entre outras etapas.
As ofertas podem ser primárias ou secundárias.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


z Ações – ou de empréstimos tomados, via mercado, Quando a empresa vende novos títulos e os recursos
por empresas; dessas vendas vão para o caixa da empresa, as ofer-
z Debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição; tas são chamadas de primárias.
z Commercial papers ou Notas Promissórias Comer- Por outro lado, quando não envolvem a emissão
ciais, que permitem a circulação de capital para de novos títulos, caracterizando apenas a venda de
custear o desenvolvimento econômico. ações já existentes – em geral dos sócios que querem
“desinvestir” ou reduzir a sua participação no negócio
O mercado de capitais abrange, ainda, as nego- – e os recursos vão para os vendedores e não para o
ciações com direitos e recibos de subscrição de valo- caixa da empresa, a oferta é conhecida como secun-
res mobiliários, certificados de depósitos de ações e dária (block trade).
demais derivados autorizados à negociação pela CVM. Além disso, quando a empresa está realizando a
Esses títulos são papéis que valem dinheiro, ou seja, sua primeira oferta pública, ou seja, quando está
são uma forma de uma empresa ou companhia arre- abrindo o seu capital, a oferta recebe o nome de ofer-
cadar dinheiro, na forma de aquisição de novos sócios ta pública inicial ou IPO (do termo em inglês, Inicial
ou credores. Isso decorre do fato de que, muitas vezes, Public Offer).
arrecadar dinheiro através da emissão de títulos é mais Quando a empresa já tem o capital aberto e já rea-
barato para a empresa do que contratar empréstimos lizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são
em instituições financeiras. conhecidas como ofertas subsequentes ou, no termo
em inglês, follow on.

325
z Mercado Primário O fato de uma emissão ser colocada por meio de
underwriting firme oferece uma garantia adicional ao
„ Oferta Pública Inicial – IPO (títulos novos); investidor, porque, se as instituições financeiras do
„ Sensibilizam o caixa da empresa; consórcio estão dispostas a assumir o risco da opera-
„ Pode ter valor nominal ou valor de mercado. ção, é porque confiam no êxito do lançamento, uma
vez que não há interesse de sua parte em imobilizar
z Mercado Secundário recursos por muito tempo;

„ Negociação dos títulos já emitidos anteriormente; z Underwhiting Best Efforces (Melhores Esfor-
„ Não sensibiliza o caixa da empresa; ços): Modalidade de lançamento de ações na qual
„ Os papéis terão seu valor apenas pelo valor de a instituição financeira assume apenas o com-
mercado. promisso de fazer o melhor esforço para colocar
o máximo de uma emissão junto à sua clientela,
A Lei n° 6.385, de 1976, que disciplina o mercado nas melhores condições possíveis e em um deter-
de capitais, estabelece que nenhuma emissão públi- minado período de tempo. As dificuldades de colo-
ca de valores mobiliários poderá ser distribuída no cação das ações irão se refletir diretamente na
mercado sem prévio registro na Comissão de Valores empresa emissora. Nesse caso, o investidor deve
Mobiliários, apesar de lhe conceder a prerrogativa de proceder a uma avaliação mais cuidadosa, tanto
dispensar o registro em determinados casos, e delega das perspectivas da empresa quanto das institui-
competência para a CVM disciplinar as emissões. ções financeiras encarregadas do lançamento;
Além disso, exemplifica algumas situações que carac-
z Residual ou stand-by underwriting: Nessa for-
terizam a oferta como pública, por exemplo: a utilização
ma de subscrição pública, a instituição financeira
de listas ou boletins, folhetos, prospectos ou anúncios des-
não se responsabiliza, no momento do lançamen-
tinados ao público; a negociação feita em loja, escritório
ou estabelecimento aberto ao público, entre outros. to, pela integralização total das ações emitidas.
Em regra, toda oferta pública deve ser registrada Há um comprometimento, entre a instituição e a
na CVM. Porém, o registro poderá ser dispensado con- empresa emitente, de negociar as novas ações jun-
siderando as características específicas da oferta em to ao mercado durante certo tempo findo, no qual
questão, como, por exemplo, a oferta pública de valo- poderá ocorrer a subscrição total, por parte da ins-
res mobiliários de emissão de empresas de peque- tituição, ou a devolução, à sociedade emitente, das
no porte e de microempresas, assim definidas em lei, ações que não foram absorvidas pelos investidores
que são dispensadas automaticamente do registro para individuais e institucionais;
ofertas de até R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatro- z Aspectos Operacionais do underwriting: A deci-
centos mil reais) em cada período de 12 meses, desde são de emitir ações, seja pela oferta pública, seja
que observadas as condições estabelecidas nos §§ 4º ao para abertura ou aumento do capital, pressupõe
8º, do art. 5º, da instrução CVM 400/03. que a sociedade ofereça certas condições de atra-
As ofertas públicas devem ser realizadas por inter- tividade econômica, bem como supõe um estudo
médio de instituições integrantes do sistema de dis- da conjuntura econômica global a fim de evitar
tribuição de valores mobiliários, como os bancos que não obtenha êxito por falta de senso de opor-
de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas tunidade. É preciso que se avaliem, pelo menos, os
instituições poderão se organizar em consórcios com seguintes aspectos: existência de um clima de con-
o fim específico de distribuir os valores mobiliários no fiança nos resultados da economia, estudo setorial,
mercado e/ou garantir a subscrição da emissão, sem- estabilidade política, inflação controlada, mercado
pre sob a organização de uma instituição líder, que secundário e motivações para oferta dos novos
assume responsabilidades específicas. Para participar títulos.
de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadas-
trado em uma dessas instituições.
MERCADOS DE ATUAÇÃO DAS COMPANHIAS
Essas instituições integrantes do Sistema de Dis-
tribuição de Valores Mobiliários são os chamados
No mercado organizado de valores mobiliários,
agentes subscritores ou agentes underwhiters. Esses
temos a criação de mecanismos, sistemas e regulamen-
agentes realizam a subscrição dos títulos, ou seja, assi-
tos que propiciam a existência de um ambiente segu-
nam embaixo atestando a procedência dos papéis, por
ro para que os investidores negociem seus recursos e
isso o nome underwhiting.
movimentem a economia do país. No Brasil, existem
Esse evento pode ser dividido em 3 tipos:
dois tipos de mercado organizado, que são as Bolsas
de Valores e os Balcões Organizados de negociação.
z Underwhiting Firme: Modalidade de lançamen-
to na qual a instituição financeira, ou consórcio
� Bolsas de Valores:
de instituições, subscreve a emissão total, encar-
regando-se, por sua conta e risco, de colocá-la
„ Ambiente no qual se negociam os papéis das
no mercado junto aos investidores individuais
S/A abertas;
(público) e institucionais. Nesse tipo de operação,
„ Podem ser Sociedades civis sem fins lucrativos
no caso de um eventual fracasso, a empresa já
ou S/A com fins lucrativos;
recebeu integralmente o valor correspondente às
„ Opera via pregão eletrônico, não havendo mais
ações emitidas. O risco é inteiramente do under-
o pregão viva voz, que era chamado presen-
writer (intermediário financeiro que executa uma
cial. Agora, as transações são feitas por telefone
operação de underwriting).
através dos escritórios das instituições finan-
ceiras autorizadas;
„ Registra, supervisiona e divulga as execuções
326 dos negócios e as suas liquidações.
Em resumo, as Bolsas de Valores compreendem CVM e, neste momento, deverá especificar onde seus
um ambiente que pode ser físico ou eletrônico. títulos serão negociados no mercado secundário, se
Nele, são realizadas negociações entre investidores e em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.
entre companhias e investidores. Entretanto, pelo fato Essa decisão é muito importante, pois, uma vez
de as empresas que operam na Bolsa serem grandes concedido o registro para negociação em mercado
demais e possuírem uma tradição, aquelas que estão de balcão organizado, este só pode ser alterado com
começando têm dificuldade para serem tão atrativas
um pedido de mudança de registro junto à CVM.
quanto elas.
A companhia aberta é responsável por divulgar
Pensando nisso, a CVM autorizou a criação de
Mercados de Balcão, que são, também, ambientes para a entidade administradora do Mercado de Balcão
virtuais nos quais empresas menores podem nego- Organizado todas as informações financeiras e atos ou
ciar seus títulos com mais facilidade. Vale dizer que fatos relevantes sobre suas operações. A entidade admi-
o Mercado de Balcão pode ser Organizado ou Não nistradora do Mercado de Balcão Organizado, por sua
Organizado. vez, irá disseminar essas informações através de seus
sistemas eletrônicos ou impressos para todo o público.
No Mercado de Balcão Organizado, a companhia
aberta pode requerer a listagem de seus títulos atra-
ORGANIZADO NÃO ORGANIZADO
vés de seu intermediário financeiro ou este poderá
requerer a listagem independentemente da vontade da
companhia. Por exemplo, se o intermediário possuir
uma grande quantidade de ações de uma determinada
Utiliza exclusivamente
o Sistema Eletrônico de
Não existe sistema companhia, ele poderá requerer a listagem da mesma
padrão e negociar esses ativos no Mercado de Balcão Organiza-
Negociação
do. Nesse caso, a entidade administradora do Mercado
de Balcão Organizado disseminará as informações que
a companhia aberta tiver encaminhado à CVM.
Supervisiona a Não existe padrão na Além de ações e debêntures, no mercado de balcão
Liquidação dos papéis supervisão dos papéis
organizado, são negociados diversos outros títulos,
tais como:

Em resumo, o Mercado de Balcão Organizado tem z Bônus de subscrição;


normas e é bastante confiável. Já o Não Organizado é z Índices representativos de carteira de ações;
uma verdadeira bagunça. z Opções de compra e venda de valores mobiliários;
Tradicionalmente, o Mercado de Balcão é um mer-
z Direitos de subscrição;
cado de títulos sem local físico definido para a reali-
z Recibos de subscrição;
zação das transações que são feitas por telefone entre
z Quotas de fundos fechados de investimento, incluin-
as instituições financeiras. Ele é chamado de Organiza-
do quando se estrutura como um sistema de negociação do os fundos imobiliários e os fundos de investimen-
de títulos e valores mobiliários, podendo estar organi- to em direitos creditórios;
zado como um sistema eletrônico de negociação por z Certificados de investimento audiovisual;
terminais, que interliga as instituições credenciadas z Certificados de recebíveis imobiliários.
em todo o Brasil, processando suas ordens de compra e
venda e fechando os negócios eletronicamente. Sistemática do Mercado Organizado
O Mercado de Balcão Organizado é um ambien-
te administrado por instituições autorreguladoras,

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa
que propiciam sistemas informatizados e regras
para a negociação de títulos e valores mobiliários. A empresa decide Busca autorização A empresa decide
Essas instituições são autorizadas a funcionar pela tornar-se Companhia
– se S/A aberta ou
junto à CVM, para
entrar nos mercados
em qual mercado de
atuação deseja estar
CVM e por ela são supervisionadas. S/A fechada de atuação
Atualmente, a maior administradora de balcão
organizado do país era a CETIP. Atualmente, ela foi
comprada pela BM & F Bovespa e, hoje, compõe a
B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Se S/A Aberta
CVM Autoriza Mercado de Balcão
ou não Organizado

Quais os Títulos Negociados no Mercado de Balcão


Organizado? Vale destacar que a companhia pode trocar de merca-
do. Todavia, como se trata de uma grande burocracia que
O Mercado de Balcão Organizado pode admitir a
envolve recomprar todos os papéis em circulação em um
negociação somente as ações de companhias abertas
mercado para poder migrar para o outro, a CVM editou
com registro para negociação em mercado de balcão
a IN CVM 400, a qual dita as regras para a mudança de
organizado. As debêntures de emissão de companhias
abertas podem ser negociadas simultaneamente em mercado de atuação.
Bolsa de Valores e Mercado de Balcão Organizado des- Para as ações, é proibida a comercialização em ambos
de que cumpram os requisitos de ambos os mercados. os mercados simultaneamente. Já para as debêntures, é
Conforme vimos, antes de ter seus títulos nego- permitida a negociação simultânea nos dois mercados.
ciados no mercado primário, a companhia deverá
requerer o registro de companhia aberta junto à 327
Qual a Diferença Entre uma Bolsa de Valores e as Entidades que Administram o Mercado de Balcão Organizado?

As Bolsas de Valores também são responsáveis por administrar o mercado secundário de ações, debêntures e
outros títulos e valores mobiliários. Na verdade, ainda que não haja nenhum limite de quantidade ou tamanho de
ativos para uma companhia abrir o capital e listar seus valores para negociação em bolsas de valores, em geral,
as empresas listadas em bolsas de valores são companhias de grande porte.
Isso prejudica a “visibilidade” de empresas de menor porte e, de certa forma, a própria liquidez dos ativos
emitidos por essas companhias. Por isso, em muitos países, há segmentos especiais e/ou mercados segregados espe-
cializados para a negociação de ações e outros títulos emitidos por empresas de menor porte.
Ao mesmo tempo, no Brasil, no Mercado de Balcão Organizado é admitido um conjunto mais amplo de
intermediários do que em Bolsas de Valores, o que pode aumentar o grau de exposição de companhias de
médio porte ou novas empresas ao mercado.
Assim, o objetivo da regulamentação do mercado de balcão organizado é ampliar o acesso ao mercado
para novas companhias, criando um segmento voltado à negociação de valores emitidos por empresas que não
teriam, em bolsas de valores, o mesmo grau de exposição e visibilidade.
Para os investidores, a principal diferença entre as operações realizadas em bolsas de valores e aquelas rea-
lizadas no mercado de balcão organizado é que, nesse último, não existe um fundo de garantia que respalde
suas operações.
O fundo de garantia é mantido pelas bolsas com a finalidade exclusiva de assegurar aos investidores o ressar-
cimento de prejuízos decorrentes de execução infiel de ordens por parte de uma corretora membro, entrega de
valores mobiliários ilegítimos ao investidor, decretação de liquidação extrajudicial da corretora de valores, entre
outras.
Uma segunda diferença refere-se aos procedimentos especiais que as bolsas de valores devem adotar no
caso de variação significativa de preços ou no caso de uma oferta, representando uma quantidade significativa
de ações. Nesses casos, as bolsas de valores devem interromper a negociação do ativo.
Para as companhias, a regra para se tornar uma companhia aberta é a mesma, independentemente de buscar
uma listagem em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado.

Importante!
Não pode haver negociação simultânea de uma mesma ação de uma mesma companhia em bolsa de valores
e em instituições administradoras do Mercado de Balcão Organizado.

MERCADO DE AÇÕES

Dentro do Mercado de Capitais, está o mercado mais procurado e utilizado, que é o Mercado de Ações. Nele,
são comercializados os papéis mais conhecidos no mundo dos negócios, os quais tornam o seu possuidor um sócio
da companhia emitente.
O mercado de ações consiste na negociação, em mercado primário ou secundário, das ações geradas por
empresas que desejam captar dinheiro de uma forma mais barata. Neste sentido, ação pode ser entendida como
a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades anônimas. É, portanto, um título patrimonial
e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio no limite das ações
possuídas.
Uma ação é um valor mobiliário expressamente previsto no inciso I, do art. 2º, da Lei 6.385/1976. No entanto,
apesar de todas as companhias ou sociedades anônimas terem o seu capital dividido em ações, somente as ações
emitidas por companhias registradas na CVM, chamadas companhias abertas, podem ser negociadas publicamen-
te no mercado de valores mobiliários.
Atualmente, as ações são predominantemente escriturais, mantidas em contas de depósito, em nome dos
titulares, sem emissão de certificado, em instituição contratada pela companhia para a prestação desse serviço, em
que a propriedade é comprovada pelo “Extrato de Posição Acionária”. As ações devem ser sempre nominativas,
não mais sendo permitida a emissão e a negociação de ações ao portador ou endossáveis.

Espécies de Ações

As ações podem ser de diferentes espécies, conforme os direitos que concedem a seus acionistas. O Estatuto
Social das Companhias, que é um conjunto de regras que deve ser cumprido pelos administradores e acionistas,
define as características de cada espécie de ações, que podem ser:

z Ação Ordinária (sigla ON – Ordinária Nominativa)

Sua principal característica é conferir ao seu titular o direito a voto nas Assembleias de acionistas;

z Ação Preferencial (sigla PN – Preferencial Nominativa)

Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em contrapartida, concede outras
vantagens, tais como prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, podendo, ainda,
328 possuir prioridades específicas se admitidas à negociação no mercado.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, tais como, classe “A”, “B” etc. Os direitos de cada classe
constam do Estatuto Social.
As ações preferenciais têm o direito de receber dividendos ao menos 10% a mais que as ordinárias. Vale
observar que, em regra, elas não possuem direito a voto ou, quando o tem, ele é restrito. Isso porque existem dois
casos em que as ações preferenciais adquirem direito a voto temporário, quais sejam:

z Quando a empresa passar mais de três anos sem distribuir lucros;


z Quando houver votação para eleição dos membros do Conselho Administrativo da companhia.

ORDINÁRIAS PREFERENCIAIS FRUIÇÃO OU GOZO


Ex.: Ações
Lucro
Ações que foram compradas de volta pelo
Voto � Pelo menos, 10% maior que as ordinárias
emitente, mas que o titular recebeu um novo
51% controlador � Se a empresa passar mais de 3 anos sem dar
título representativo do valor que é negociável
lucro, essas ações adquirem o direito ao voto
e endossável

Características das Ações

z Quanto ao valor:

„ Nominais: o valor da ação vai descrito na escritura de emissão no momento do lançamento;


„ Não nominais: o valor da ação será dito pelo mercado, mas não pode ser inferior ao valor dado na emissão
das ações (essa manobra é mais arriscada, porém pode dar maior retorno).

z Quanto à forma:

„ Nominativas: há o registro do nome do proprietário no cartório de registro de valores mobiliários e a


emissão física do certificado;
„ Nominativas Escriturais: não há a emissão física do certificado, mas apenas o registro no Livro de Regis-
tros de Acionistas; as ações são representadas por um saldo em conta.

Obs.: ações ao portador não são mais permitidas no Brasil desde 1999, pois eram alvo de muita lavagem de
dinheiro.

Importante!
Termo que pode aparecer na prova:
� Blue Chips: Ações de primeira linha, de grandes empresas e, por isso, possuem muita segurança e tradição.
São ações usadas como referência para índices econômicos.

z Quanto à remuneração das ações:

Elas podem ser remuneradas de quatro formas:

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


„ Dividendos: compreendem a parcela do lucro líquido que, após a aprovação da Assembleia Geral Ordi-
nária, será alocada aos acionistas da companhia. O montante dos dividendos deverá ser dividido entre as
ações existentes, para sabermos quanto será devido aos acionistas a cada ação por eles detida.

Para garantir a efetividade do direito do acionista ao recebimento de dividendos, a Lei das S.A. prevê o sistema
do dividendo obrigatório, de acordo com o qual as companhias são obrigadas a, havendo lucro, destinar parte
dele aos acionistas a título de dividendo. Porém, a referida Lei confere às companhias liberdade para estabelecer,
em seus estatutos sociais, o percentual do lucro líquido do exercício, que deverá ser distribuído anualmente aos
acionistas, desde que o faça com “precisão e minúcia” e não sujeite a determinação do seu valor ao exclusivo
arbítrio de seus administradores e acionistas controladores.
Caso o Estatuto seja omisso, os acionistas terão direito a recebimento do dividendo obrigatório equiva-
lente a 50% do lucro líquido ajustado nos termos do art. 202, da Lei das S.A;

„ Ganhos de Capital: Ocorrem quando um investidor compra uma ação por um preço baixo e vende a mesma
ação por um preço mais alto, ou seja, realiza um ganho;
„ Bônus de Subscrição: Quando alguém adquire ações, passa a ser titular de uma fração do capital social de
uma companhia. Todavia, quando o capital é aumentado e novas ações são emitidas, as ações até então deti-
das por tal acionista passam a representar uma fração menor do capital, ainda que o valor em moeda seja o
mesmo.

329
Para evitar que ocorra essa diminuição na participação percentual detida pelo acionista no capital da com-
panhia, a Lei assegura a todos os acionistas, como um direito essencial, a preferência na subscrição das novas
ações que vierem a ser emitidas em um aumento de capital (art. 109, inciso IV, da Lei das S.A.), na proporção de
sua participação no capital, anteriormente ao aumento proposto.
Da mesma forma, os acionistas também terão direito de preferência nos casos de emissão de títulos con-
versíveis em ações, tais como debêntures conversíveis e bônus de subscrição.
Neste período, o acionista deverá manifestar sua intenção de subscrever as novas ações emitidas no âmbito do
aumento de capital ou dos títulos conversíveis em ações, conforme o caso. Caso não o faça, o direito de preferência
caducará.
Alternativamente, caso não deseje participar do aumento, o acionista pode ceder seu direito de preferência
(art. 171, § 6º, da Lei das S.A.). Da mesma forma que as ações, o direito de subscrevê-las pode ser livremente nego-
ciado, inclusive em Bolsa de Valores;

„ Bonificação: Ao longo das atividades, a Companhia poderá destinar parte dos lucros sociais para a consti-
tuição de uma conta de “Reservas” (termo contábil). Caso a companhia queira, em exercício social posterior,
distribuir aos acionistas o valor acumulado na conta de Reservas, poderá fazê-lo na forma de Bonificação,
podendo efetuar o pagamento em espécie ou com a distribuição de novas ações. É importante destacar que,
atualmente, as empresas não mais distribuem bonificação na forma de dinheiro, pois preferem fidelizar
ainda mais os sócios, dando-lhes mais ações.

Ações Preferenciais e Distribuição de Dividendos

A Lei das S.A. permite que uma sociedade emita ações preferenciais, que podem ter seu direito de voto suprimido
ou restrito por disposição do estatuto social da companhia. Em contrapartida, tais ações deverão receber uma vantagem
econômica em relação às ações ordinárias.
Além disso, a Lei permite que as companhias abertas tenham várias classes de ações preferenciais, que con-
ferirão a seus titulares vantagens diferentes entre si. Nesse caso, os titulares de tais ações poderão comparecer às
Assembleias Gerais da companhia, bem como opinar sobre as matérias objetos de deliberação, mas não poderão
votar.
As vantagens econômicas a serem conferidas às ações preferenciais em troca dos direitos políticos suprimidos,
conforme dispõe a Lei, poderão consistir em prioridade de distribuição de dividendo, fixo ou mínimo, prioridade
no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele, ou a cumulação dessas vantagens (art. 17, caput e incisos I a III,
da Lei das S.A.).
Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encontra devidamente quantificado no Estatuto, seja em montante
certo em moeda corrente, seja em percentual certo do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do valor do
patrimônio líquido da ação. Nessa hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou seja, uma vez atingido
o montante determinado no Estatuto, as ações preferenciais com direito ao dividendo fixo não participam dos
lucros remanescentes, que serão distribuídos entre ações ordinárias e preferenciais de outras classes se houver.
Dividendo mínimo é aquele também previamente quantificado no Estatuto, seja com base em montante certo
em moeda corrente, seja em percentual certo do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do valor do patrimônio
líquido da ação. Porém, ao contrário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus ao dividendo mínimo participam
dos lucros remanescentes após assegurado às ordinárias dividendo igual ao mínimo. Assim, após a distribuição do
dividendo mínimo às ações preferenciais, às ações ordinárias caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuído
será partilhado entre ambas as espécies de ações em igualdade de condições.
O dividendo fixo ou mínimo assegurado às ações preferenciais pode ser cumulativo ou não. Sendo cumulativo,
no caso de a companhia não ter obtido lucros durante o exercício em montante suficiente para pagar integralmen-
te o valor dos dividendos fixos ou mínimos, o valor faltante será acumulado para os exercícios posteriores. Essa
prerrogativa depende de expressa previsão estatutária.
No caso das companhias abertas que tenham ações negociadas no mercado, as ações preferenciais deverão
conferir aos seus titulares ao menos uma das vantagens a seguir (art. 17, § 1º, da Lei 6.404/1964, Lei das S/A.):
� Direito a participar de uma parcela correspondente a, no mínimo, 25% do lucro líquido do exercício,
sendo que, desse montante, garante-se um dividendo prioritário de, pelo menos, 3% do valor do patrimônio
líquido da ação e, ainda, o direito de participar de eventual saldo desses lucros distribuídos, em igualdade de
condições com as ordinárias, depois de ter sido assegurado a elas dividendo igual ao mínimo prioritário;
z Direito de receber dividendos, pelo menos, 10% maiores que os pagos às ações ordinárias;
z Direito de serem incluídas na oferta pública em decorrência de eventual alienação de controle.

Com relação aos direitos dos acionistas, existem algumas situações que as bancas de concursos gostam de
cobrar em prova e, por isso são importantes.
Quando a empresa realiza Sobra no Caixa, ou seja, Lucro, ela pode comprar ações de acionistas minoritários,
pois, assim, concentrará mais o valor das ações. A esse evento chamamos de amortização de ações. O persona-
gem que mais ganha nessa história é o Controlador, pois, como ele detém 51% das ações, seu poder ficará maior,
já que o número de acionistas ou de ações diminui, aumentando seu percentual.
A CVM, vendo esse aumento de poder do controlador, baixou a Instrução Normativa nº 10, que, em outras pala-
vras, diz que a recompra de ações, uma vez feita, finda por aumentar o poder do controlador da empresa. Entretanto,
essas ações que foram recompradas devem permanecer em tesouraria por, no máximo, 90 dias e, depois, devem
ser revendidas ou canceladas.
Ou seja, a CVM está limitando esse aumento de poder do controlador, para evitar que os acionistas mino-
ritários percam sua participação na administração da empresa.
330
Quanto à mudança de controlador – o acionista majoritário, que detém 51% das ações – a CVM também edita
norma que regula essa troca, para evitar prejuízos aos acionistas minoritários. É a IN CVM 400 que diz que, para a
troca do controlador, o novo controlador deve garantir que, caso queira fechar o capital da S/A, deverá comprar
as ações dos minoritários por, ao menos, 80% do valor pago pelas ações do controlador anterior. Fazendo isso,
a CVM garante que os acionistas minoritários não terão prejuízos, pois o novo controlador poderia comprar as ações
a um preço bem mais baixo do que pagou pelas do controlador anterior. É preciso dizer que, para que isso ocorra,
deve haver uma concordância mínima entre os acionistas gerais. A esse princípio chamamos de tag along.
Existem, ainda, manobras que o mercado de capitais faz, as quais geram impacto sobre o valor das ações no mer-
cado e sua capacidade de comercialização. Vejamos:

z Desdobramento ou Split

É uma estratégia utilizada pelas empresas com o principal objetivo de melhorar a liquidez de suas ações.
Acontece quando as cotações estão muito elevadas, o que dificulta a entrada de novos investidores no mercado.
Imagine que uma ação é cotada ao valor de R$ 150, com lote padrão de 100 ações. Para comprar um lote des-
sas ações, o investidor teria que desembolsar R$ 15.000, que é uma quantia considerável para a maior parte dos
investidores (pessoa física).
Desdobrando suas ações na razão de 1 para 3, cada ação dessa empresa seria multiplicada por 3. Assim, quem
possuísse 100 ações, passaria a possuir 300 ações. O valor da cotação seria dividido por 3, ou seja, passaria de R$
150 para R$ 50.
Na prática, o desdobramento de ações não altera, de forma alguma, o valor do investimento ou o valor da
empresa. É apenas uma operação de multiplicação de ações e divisão dos preços, para aumentar a liquidez das
ações.
Agora, depois do desdobramento, o investidor que quisesse adquirir um lote de ações da empresa, gastaria
apenas R$ 5.000. Note que o investidor que possuía 100 ações cotadas a R$ 150, com um valor total de R$ 15.000,
ainda possui os mesmos R$ 15.000, porém distribuídos em 300 ações cotadas a R$ 50.
Com as ações mais baratas, mais investidores se interessam em comprá-las. Isso pode fazer com que as cota-
ções subam em curto prazo, devido à maior entrada de investidores no mercado, porém não há como prever se
isso irá ou não acontecer. A companhia também pode utilizar os desdobramentos como parte de sua estratégia de
governança corporativa, para mostrar atenção e facilitar a entrada de novos acionistas minoritários.
Os desdobramentos podem acontecer em qualquer razão. No entanto, as mais comuns são de 1 para 2, de 1
para 3 e de 1 para 4 ações.

z Grupamento ou Inplit

Exatamente oposto ao desdobramento, o grupamento serve para melhorar a liquidez e os preços das ações
quando estão cotadas a preços muito baixos no mercado.
Imagine uma empresa com ações cotadas na bolsa a R$ 10, com lote padrão de 100 ações. A empresa julga,
baseada em seu histórico e seu posicionamento estratégico, que suas ações estão cotadas por um valor muito bai-
xo no mercado e aprova, em assembleia geral, que fará um grupamento na razão de 5 para 1. Ou seja, cada cinco
ações passarão a ser apenas uma ação e os preços serão multiplicados por 5.
Antes do grupamento, o investidor que possuísse 100 ações cotadas a R$ 10 teria o valor total de R$ 1.000. Após
o grupamento, o mesmo investidor passaria a ter 20 ações (100/5) cotadas a R$ 50, ou seja, continuaria possuindo
os mesmos R$ 1.000 investidos. O grupamento, assim como o desdobramento, não altera em absolutamente nada
o valor do investimento.
Um dos objetivos do grupamento de ações é tentar diminuir a volatilidade dos ativos. Assim, R$ 1,00 de varia-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


ção em um ativo cotado a R$ 10,00 significa 10% de variação. Já em um ativo cotado a R$ 50,00, representa apenas
2%. É importante ressaltar que nada garante se isso irá ou não acontecer.
Outro objetivo do grupamento pode estar atrelado ao planejamento estratégico da companhia e a suas práticas
de governança corporativa. As cotações de suas ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da
empresa por parte dos investidores.

DESDOBRAMENTO OU SPLIT GRUPAMENTO OU INPLIT


� Manobra feita para tornar as ações mais baratas e atrati-
vas para novos investidores � Manobra feita para tornar as ações mais caras e, aparen-
� Diminui o valor das ações, mas mantém o valor aplicado temente, elevar seu valor
pelo investidor � Aumenta valor das ações, mas mantém o valor aplicado
� Aumenta a quantidade de ações do investidor
� Não altera o capital do investidor � Diminui a quantidade de ações
� Aumenta a liquidez das ações, pois ficam mais baratas e � Não altera o capital do investidor
fáceis de serem comercializadas

Mercado à Vista de Ações

O mercado à vista de ações é aquele no qual ocorrem as negociações deste papel de forma imediata, ou
seja, nele, você pode comprar e vender uma ação no mesmo dia. O comprador realiza o pagamento (liquida-
ção financeira) e o vendedor entrega as ações objeto da transação (liquidação física) em D+2 (dois dias) 331
– liquidação física e financeira –, ou seja, no segundo dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os
preços são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação.
No mercado à vista de ações, temos:

� Operações imediatas ou de curto prazo;


z Operacionalizado na Bolsa de Valores;
z Sistema eletrônico de negociação;
z Câmara de liquidação de ações – antiga CBLC.

Hoje, o mercado à vista de ações é coordenado pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Dentro dele, temos a compra e
venda de ações quase que instantaneamente, pois é nele que ocorrem as negociações diárias do mercado de capitais.
Durante o dia, temos o pregão que, atualmente, é eletrônico, funcionando das 10h às 18h. Ele nada mais é do
que a B3 coordenando a compra e venda dessas ações.
Após seu fechamento, que ocorre às 18h, não se pode mais realizar nenhuma transação no ambiente.
Até 2019, existia o After Market, que era um curto espaço de tempo em que os investidores poderiam realizar
negociações fora do horário regular da Bolsa. Todavia, com a modificação do horário de fechamento para 18h, em
2020, o After Market foi extinto.
Quando funcionava, o After Market era uma reabertura para que as pessoas que não pudessem negociar no
mercado no horário regular conseguissem participar, assegurando práticas equitativas ao mercado. Das 17h30
às 17h45, ocorria a pré-abertura desse mercado, no qual só podiam ser canceladas operações feitas no horário
normal. Das 17h45 às 18h, podiam ser feitas transações no mercado, mas somente com papéis que já haviam
sido comercializados no dia, então não se podia lançar títulos novos no After Market.
Existia, ainda, um limite máximo e mínimo para as operações – 2% para mais ou para menos, além de limite
de valor. Nele, eram executadas ordens simples tais como compra e venda, execução ou cancelamento de compra
ou venda, além de dar ordem a mercado.
As ordens podiam ser dadas:

z A Mercado: quando especifica a quantidade e as características do que vai ser comprado ou vendido (exe-
cutar na hora);
z Limitada: executar a preço igual ou melhor do que o especificado;
z Administrada: a mesma a mercado, mas, nesse caso, fica a critério da intermediadora decidir o melhor
momento;
z ON-STOP: define o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada;
z Casada: ordem de venda de um e compra do outro (ambas executadas ao mesmo tempo).

DÁ A ORDEM

� Investidor

EXECUTA A ORDEM

� CTVM
� DTVM
� Banco de Investimentos

REALIZA A ORDEM

� After Market
� Sistema de negociação eletrônico

As ordens diurnas que estivessem no sistema pendentes, sujeitavam-se aos limites de negociação do After
Market. O sistema rejeitava ordens de compra superiores ao limite e ordens de venda a preço inferior ao limite.
A variação permitida era de 2% para mais ou para menos, além de ter um limite de operações de R$ 100 mil por
investidor (já somado ao que ele havia feito no pregão regular).
Os negócios feitos na B3 devem ser divulgados em D+1. A liquidação física das compras e vendas de ações
deve ser até D+2, a qual ocorre quando o vendedor entrega as ações à Câmara de liquidação de ações.
A liquidação financeira das ações compradas ou vendidas é, também, em D+2. Esta ocorre quando é feito o
débito na conta do comprador e, ao mesmo tempo, é entregue a ação fisicamente ao comprador.

Lei 6.404 (art. 64) – DEBÊNTURES

Debêntures são valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus
detentores (debenturistas) o direito de crédito contra a companhia emissora. Essa companhia emissora pode
ser uma S/A aberta ou fechada, mas somente as abertas podem negociar suas debêntures no mercado das bol-
sas ou balcão, pois nas fechadas, as debêntures nem precisam de registro na CVM, pois é algo fechado, restrito.
Lembre-se de que, para operar na Bolsa ou no Mercado de Balcão, as coisas precisam vir a público. Então, uma
empresa fechada não tem vontade de vir a público, somente as abertas.
332
Até agora, você já sabe que existem duas pessoas nesse processo de debêntures. Vejamos:

Agente fiduciário viabiliza

Investidor do Mercado que deseja


Companhia que emite a Debênture e
emprestar seu dinheiro ao emissor
deseja captar recursos
em troca de juros previamente pactuados
(Envia a Debênture)
(Envia o Dinheiro)

Agente underwritter

Para essa debênture ter validade, ela precisa apresentar alguns requisitos legais, pois, acima de tudo, se trata
de um contrato e, como tal, precisa de algumas especificações. Vejamos quais são elas:

z Deve constar o nome debênture com a indicação da espécie e suas garantias;


z Nº de emissão, série e ordem;
z Data da emissão;
z Vencimento (determinado ou indeterminado – perpétua – e se poderá ou não ter seu prazo de vencimento
antecipado);
z O índice que vai ser usado para corrigir o valor da debênture. (ex.: CDI, IPCA, IGP-M);
z Quantidade de debêntures que irão ser emitidas (limitada ao capital próprio da empresa);
z Valor nominal da debênture (ou valor de face);
z As condições para conversão ou permuta e seus respectivos prazos;
z Se a debênture terá garantias ou não (e, se tiver, quais serão). Tais garantias podem ser:

„ Real: a mais valiosa, pois a garantia existe fisicamente (hipoteca, penhor, caução, bens determinados);
„ Flutuante: não existe um bem específico; a garantia é uma parte do patrimônio da empresa (até 70% do
valor do capital social);
„ Quirografária: nenhuma garantia ou privilégio (a garantia em caso de falência será o que sobrar e se
sobrar alguma coisa);
„ Subordinada: em caso de falência, oferece preferência apenas sobre o crédito dos acionistas.

Agora, você já sabe o que é necessário para fazer uma debênture, quem pode emitir e quais as garantias que
podem ser usadas ou não. Porém, de que forma é possível materializar, ou seja, transformar essa debênture
em algo que se possa ver? Existem duas formas para isso. Vejamos o esquema a seguir:

z Nominativas

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


„ Título físico;
„ Registrado na CETIP;
„ Emite o certificado;
„ Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas.

z Nominativas Escriturais

„ Informação Eletrônica;
„ CETIP registra e custodia;
„ Não emite certificado;
„ Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas.

Importante!
� A escritura da debênture é obrigatória, mas a emissão do certificado é facultativa;
� Não é comum o debenturista solicitar o certificado da debênture, mas, se solicitá-lo, a empresa deve
emiti-lo;
� As Debêntures só podem ser emitidas por instituições que não sejam instituições financeiras.

333
Quanto aos prazos das debêntures, que devem Já quanto à remuneração, pode-se ter:
constar na escritura da emissão, podem ser:
z Juros (fixos ou variáveis);
z Determinado: prazo fixado na emissão da debênture;
z Indeterminado ou perpétua: via de regra, não Aqui, atente-se ao fato de que as Sociedades de
tem prazo de vencimento, mas esse prazo pode ser Arrendamento Mercantil e as Companhias Hipote-
decretado pelo agente fiduciário quando ocorrer cárias só podem remunerar a juros pela TBF – Taxa
inadimplência no pagamento dos juros ou dissolu- Básica Financeira;
ção do emitente, a empresa;
z Antecipado: z Participação nos Lucros;
z Prêmio de Reembolso: não pode ser atrelado, inde-
„ Antes do resgate: deve constar na escritura o pra- xado a TR, TBF ou TJLP.
zo para resgate e a possibilidade de isso ocorrer;
„ Antes do vencimento: quando ocorrer um Medição dos Riscos nas Debêntures
colapso no mercado ou o agente fiduciário vir
que o debenturista corre algum risco. z Alta qualidade: baixa taxa de retorno;
z Baixa qualidade: alta taxa de retorno.
Agente Fiduciário
Basta lembrar que quanto mais risco, mais grana;
A Lei n° 6.404, de 1976, estabelece que a escritura quanto menos risco, menos grana.
de emissão, por instrumento público ou particular, de
debêntures distribuídas ou admitidas à negociação As Ofertas das Debêntures
no mercado terá, obrigatoriamente, a intervenção de
agente fiduciário dos debenturistas. O agente fiduciá- z Pública
rio é quem representa a comunhão dos debenturistas
perante a companhia emissora, com deveres específi- „ Público em geral;
cos de defender os direitos e interesses dos debentu- „ Há registro na CVM;
ristas, entre outros citados na Lei. „ Assembleia Geral ou Conselho Administrativo
Para tanto, possui poderes próprios também atri- decidem;
buídos pela Lei para, na hipótese de inadimplência „ Agente Fiduciário;
da companhia emissora, declarar, observadas as z Privada
condições da escritura de emissão, antecipadamen-
te, vencidas as debêntures e cobrar o seu principal e „ Grupo restrito de investidores;
acessórios, executar garantias reais ou, se não existi- „ Não há registro na CVM.
rem, requerer a falência da companhia, entre outros.
Esse personagem viabiliza a operação de compra Os Mercados das Debêntures
das debêntures, por parte do debenturista, e a venda,
por parte da empresa emissora, ou seja, ele intermeia a
situação. Além disso, o agente fiduciário deve, acima de
tudo, proteger o debenturista. Para isso, ele representa PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
� Debêntures já
o debenturista em caso de colapso do mercado, ou para: existentes
� Emissão pela 1ª vez
� Compra e venda por
investidores
z Proteção do debenturista;
z Executar garantias reais da emissora;
� Balcão Organizado
z Requerer falência da emissora. (Sistema Nacional
� Influi no caixa da
de Debêntures -
empresa
administrado pela
Vale dizer que o agente fiduciário pode reque- CETIP S/A)
rer essas situações para garantir ao debenturista o
recebimento dos créditos.
São Agentes Fiduciários os Bancos Múltiplos, os Commercial Papers
Bancos de Investimento, CTVM e DTVM.
Quanto aos tipos ou classes de debêntures, po- Commercial Papers são títulos, papéis que valem
dem ser: dinheiro. São uma aplicação. Parecem muito com as
debêntures e com as notas promissórias que estudamos
z Simples: Um simples direito de crédito contra a no tópico sobre Títulos de Crédito (a famosa amarelinha).
emissora ou empresa; São títulos de curto prazo, que têm prazo mínimo de
z Conversíveis: podem ser trocadas por ações da
30 dias e máximo de 360 dias, emitidos por instituições
empresa emitente das debêntures;
não financeiras, ou seja, as instituições financeiras estão
z Existe prazo máximo para que o debenturista
decida se irá querer converter em ações ou não e, fora, pois podem captar recursos de outras maneiras.
nesse prazo, a empresa não pode mudar nada Então, o Commercial Paper serve para captar recursos no
nos seus papéis; mercado interno, pois constitui uma promessa de paga-
z Permutáveis ou não conversíveis: é a opção que mento na qual incidem juros a favor do investidor.
o debenturista tem de trocar as debêntures por As debêntures podem ser emitidas para fora do país
ações de outras companhias, depois de haver com garantia real de bens situados no Brasil. Já os Com-
passado um prazo mínimo. mercial Papers não podem. Eles podem ser emitidos
apenas para dentro do Brasil.
334
OPERAÇÕES COM OURO Futuro de Ouro

Existem diferentes operações no sistema financei- Assim como o Termo de Ouro, o Contrato Futuro de
ro envolvendo o ouro como ativo financeiro ou como Ouro foi desenvolvido com o objetivo de ser uma fer-
instrumento cambial. Acompanhe a seguir. ramenta para a gestão do risco de oscilação de preço
(hedge). O contrato também é negociado pela cotação
OURO — ATIVO FINANCEIRO em reais por grama. A cotação do contrato futuro de
ouro reflete as expectativas do mercado internacional
O ouro como ativo financeiro é negociado em bol- atreladas ao mercado interno e à variação do dólar.
sas de mercadoria e de futuros. No Brasil, essas opera- Os contratos futuros são negociados em lotes
ções ocorrem na B3 — Brasil, Bolsa, Balcão —, única padrão de 250 gramas de ouro fino, e têm venci-
bolsa em atividade no país. mento, todos os meses, na última sessão de negocia-
Ele é negociado sob quatro diferentes formas: o ção do mês anterior ao mês de vencimento.
Ouro à Vista, o Termo de Ouro, o Futuro de Ouro e A diferença do contrato a termo é que, no con-
trato futuro, como os contratos são padronizados,
Opções sobre Disponível de Ouro.
fazendo com que haja liquidez, os contratos podem
ser negociados antes do vencimento no mercado
Ouro à Vista
secundário.
A negociação do ouro como produto financeiro no
Opções de Ouro
Brasil é realizada na B3 sob forma de lingotes de ouro
fino, fundido por empresa refinadora e custodiado em
Na opção de ouro, compra-se o direito de comprar
instituição depositária, ambas credenciadas pela B3. ou de vender ouro a um determinado preço no futuro.
O ouro pode ser negociado em lote padrão de ouro Há, portanto, opções de compra e opções de venda.
fino, correspondente a um lingote de 250 gramas, Por esse direito, paga-se o prêmio, cotado em
lotes fracionários de 10g e lotes fracionários de reais por grama de ouro.
0,225g, com teor de pureza de 999,0 partes de ouro Aquele que vende a opção (lançador) fica com
fino para cada 1.000 partes de metal. a obrigação de comprar ou de vender o ouro pelo
O ouro enquanto ativo financeiro apresenta as preço de exercício na data de vencimento da opção.
seguintes vantagens: Aquele que compra a opção (titular) fica com o
direito de comprar ou de vender o ouro pelo preço
z Representa uma reserva de valor durável; de exercício na data de vencimento da opção.
z Tem liquidez internacional; Na data de vencimento, caso seja financeiramente
z É aceito como garantia, com menor grau de desá- vantajoso, o exercício da opção é realizado pelo titu-
gio, para negociação de outros ativos na B3; lar da opção. O não exercício da opção incorrerá no
z Opção para diversificação de investimentos; encerramento das obrigações por parte do vendedor.
z Alternativa de investimento para épocas de crise
financeira. OURO — INSTRUMENTO CAMBIAL

Termo de Ouro O ouro pode ser classificado como instrumento


cambial por instituições autorizadas pelo Banco Cen-
O Termo de Ouro foi desenvolvido com o objetivo tral a operar no mercado de câmbio.
de ser uma ferramenta para a gestão do risco de osci- Nesse caso, o ouro é considerado equivalente a
lação de preço (hedge). Diferentemente das bolsas uma moeda estrangeira.
estrangeiras, em que o contrato é negociado em relação O ouro-instrumento cambial é aquele constante

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


à onça troy, a bolsa negocia ouro em reais por grama. da posição de câmbio das instituições autorizadas
No Contrato a Termo, duas partes, a vendedora e pelo BC a atuar no mercado de câmbio, e é decor-
rente de operações:
a compradora, fixam um preço para uma negocia-
ção de ouro em data futura, em quantidades do lote
z De compra de ouro-ativo financeiro da própria
padrão de 250 gramas de ouro fino.
instituição;
Ele difere do futuro de ouro, pois, ao contrário do
z De compra ou de venda de ouro ao Banco Central
contrato futuro, é um contrato não padronizado,
do Brasil com essa finalidade;
em que as partes envolvidas definem o preço do com-
z De compra ou de venda de ouro-instrumento cam-
promisso e a data futura em que vencerá o contrato. bial entre instituições financeiras que operam no
Por não ser padronizado, não há liquidez, e as mercado de câmbio;
partes compradora e vendedora ficam vinculadas z De arbitragem com outra instituição integrante do
uma à outra até a liquidação do contrato, ou seja: Sistema Financeiro Nacional ou com instituição do
exterior, na forma da regulamentação cambial.
z O comprador do termo leva o contrato até o final
do prazo contratado, paga pelo ativo objeto do con- Uma vez incorporado à posição de câmbio da insti-
trato (ouro) e quer recebê-lo; tuição, o ouro somente pode ser negociado com outra
z O vendedor quer levar o contrato até o final, quer instituição integrante do sistema financeiro autoriza-
entregar o ativo objeto (ouro) e receber o corres- da a operar no mercado de câmbio, com instituição
pondente pagamento. externa ou com o Banco Central do Brasil, observadas
as mesmas condições estabelecidas para a negociação
de moeda estrangeira. 335
As operações com ouro-instrumento cambial Com exceção dessas três, as demais podem realizar
devem ser registradas no Sistema Câmbio tomando por todas as operações do Mercado de Câmbio, embora algu-
unidade o grama e ser classificadas como moeda XAU. mas tenham restrições de valor, mas não de operações.
As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários,
as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliá-
rios e as sociedades corretoras de câmbio têm algumas
restrições quanto ao valor das operações:
MERCADO DE CÂMBIO
� Operações de câmbio com clientes para liquidação
INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A OPERAR,
pronta de até US$ 300 mil ou o seu equivalente em
OPERAÇÕES BÁSICAS, CARACTERÍSTICAS DOS
outras moedas;
CONTRATOS DE CÂMBIO, TAXAS DE CÂMBIO E
z Operações no mercado interbancário (arbitra-
REMESSAS
gens no país) e por meio de banco autorizado a
operar no mercado de câmbio (arbitragem com o
O que é Câmbio?
exterior).
Câmbio é a operação de troca de moeda de um
Além desses agentes, o Banco Central também con-
país pela moeda de outro país. Por exemplo, quando
cedia autorização para agências de turismo e meios
um turista brasileiro vai viajar para o exterior e pre-
de hospedagem de turismo para operarem no Merca-
cisa de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo
do de Câmbio. Atualmente, não se concede mais auto-
Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe
rização para esses agentes, permanecendo, ainda,
do turista brasileiro a moeda nacional e entrega-lhe
apenas aquelas agências de turismo cujos proprietá-
(vende-lhe) a moeda estrangeira. Já quando um turis-
rios pediram ao Banco Central autorização para cons-
ta estrangeiro quer converter moeda estrangeira em
tituírem instituição autorizada a operar em câmbio.
reais, o agente autorizado a operar no mercado de
Enquanto o Banco Central está analisando tais pedi-
câmbio compra a moeda estrangeira do turista estran-
dos, as agências de turismo ainda autorizadas podem
geiro, entregando-lhe os reais correspondentes.
continuar a realizar operações de compra e venda de
No Brasil, o mercado de câmbio é o ambiente
moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de
no qual se realizam as operações de câmbio entre
viagem relativamente a viagens internacionais.
os agentes autorizados pelo Banco Central e entre
Em resumo:
estes e seus clientes, diretamente ou por meio de
seus correspondentes. Esse mercado é regulamen-
z Os meios de hospedagem não podem mais operar
tado e fiscalizado pelo Banco Central e compreen-
câmbio de jeito nenhum;
de as operações de compra e de venda de moeda
z As agências de turismo que pediram autorização
estrangeira, as operações em moeda nacional entre
ao BACEN continuam até que ele decida se elas
residentes, domiciliados ou com sede no país e resi-
ficam efetivamente ou não.
dentes, domiciliados ou com sede no exterior e as
operações com ouro-instrumento cambial realiza-
Ainda, as Instituições Financeiras podem contratar
das por intermédio das instituições autorizadas a
correspondentes para operar câmbio por elas. Nesse
operar no mercado de câmbio pelo Banco Central,
caso, teríamos um plano B para as agências de Turis-
diretamente ou por meio de seus correspondentes.
mo que tiverem seus pedidos negados pelo BACEN,
Incluem-se, no mercado de câmbio brasileiro, as
pois, se elas se filiarem a uma Instituição Financeira,
operações relativas aos recebimentos, pagamentos e
não mais precisarão da autorização deste.
transferências do e para o exterior, mediante a utili-
Pela Resolução nº 4.811, de 2020, as operações
zação de cartões de uso internacional, bem como as
realizadas pelos correspondentes são de total respon-
operações referentes às transferências financeiras
sabilidade da instituição contratante, devendo ela
postais internacionais, inclusive vales postais e reem-
estabelecer as regras e condutas que os corresponden-
bolsos postais internacionais.
tes deverão seguir, quais sejam:
À margem da lei, funciona um segmento denomi-
nado Mercado Paralelo. São ilegais os negócios rea-
lizados nesse mercado, bem como a posse de moeda z Execução ativa ou passiva de ordem de pagamento
estrangeira oriunda de atividades ilícitas. relativa à transferência unilateral (ex.: manuten-
ção de residentes, transferência de patrimônio,
prêmios em eventos culturais e esportivos) do ou
Quem Opera no Mercado de Câmbio?
para o exterior, limitada ao valor equivalente a
U$$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, em espé-
Bancos Múltiplos, Comerciais, de Investimentos,
cie e 1 mil dólares por operação;
de Desenvolvimento, CEF, SCFI, CTVM, DTVM, Agên-
z Compra e venda de moeda estrangeira em espécie,
cias de Fomento e Corretoras de Câmbio são institui-
cheque ou cheque de viagem, bem como carga de
ções habilitadas a operarem no Mercado de Câmbio.
moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao
Cabe destacar que apenas os Bancos e a CEF, exceto
valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados
os Bancos de Desenvolvimento, podem operar livre-
Unidos, por operação e em espécie 1 mil dólares;
mente nele. Já algumas instituições operam com restri-
z Recepção e encaminhamento de propostas de
ções, ou seja, não podem fazer qualquer operação, mas
operações de câmbio.
somente as especificadas pelo BACEN. São elas:
A ECT – Empresa de Correios e Telégrafos do Bra-
z Bancos de Desenvolvimento;
sil – também é autorizada pelo Banco Central a realizar
z Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento;
operações com vales postais internacionais, emissi-
z Agências de Fomento.
336 vos e receptivos, destinadas a atender compromissos
diversos, tais como: manutenção de pessoas físicas, con- No entanto, operar com duas bandas cambiais era
tribuições previdenciárias, aposentadorias e pensões, muito burocrático, pois cada uma tinha suas especi-
aquisição de medicamentos para uso particular, paga- ficações. Então, em 2005, ficou instituída, no Brasil, a
mento de aluguel de veículos, multas, doações. Por meio banda cambial, que foi resultante da junção das ban-
dos vales postais internacionais, a ECT também pode das Livre e Flutuante. Aqui, vale lembrar que, como
dar curso a recebimentos ou pagamentos conduzidos o Governo intervém indiretamente no mercado, com-
sob a sistemática de câmbio simplificado de exportação prando e vendendo moeda, essa flutuação recebeu o
ou de importação, observado o limite de US$ 50 mil, nome de flutuação suja.
ou seu equivalente em outras moedas, por operação.
As Operações no Mercado de Câmbio
� Memorize os limites elencados pelo resumo a
seguir: As operações mais comuns são:

„ CTVM, DTVM e Corretoras de Câmbio: 300 mil z Compra e Venda de moeda estrangeira;
dólares por operação; z Arbitragem (operação em que há a compra de
„ Empresa de Correios e Telégrafos: 50 mil dóla- moeda estrangeira com outra moeda estrangeira);
res por operação; z Exportação e Importação.
„ Correspondentes Bancários e Agências de Turis-
mo ainda em operação: 1 mil dólares por operação Como se Efetivam as Trocas de Moedas?
– em contrapartida, em espécie – e 3 mil dólares
em operações escriturais (Resolução nº 4.811/20). As trocas de moedas podem ser:

z Manuais: em espécie;
Importante! z Sacadas: quando não existe o dinheiro vivo, mas,
sim, papéis que valem dinheiro.
As instituições são obrigadas a informar o VET –
Valor Efetivo Total nas operações. Quando falamos de câmbio, pensamos, também,
Isso deve-se ao fato de que nas operações de nas taxas cambiais, ou seja, nas taxas que revelam
câmbio há custos embutidos como: quanto uma moeda vale em relação a outra moeda.
� Tarifa de Conversão das moedas Entre elas, as mais comuns são:
� IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
Vale destacar que o IOF é um imposto que incide z Taxa Repasse ou Cobertura: feita entre os Bancos
sobre quase todas as operações financeiras. e o BACEN;
z Dólar Pronto: para as operações com entrega em
até 48 horas ou D+2;
Resolução nº 3.568, de 2008 com Alterações z PTAX: Média das compras e vendas de moedas
Posteriores pela Resolução nº 4.811, de 2020 estrangeiras entre as Instituições Financeiras den-
tro do país – sempre em dólar americano. Essa é a
Art. 8º As pessoas Físicas e Jurídicas podem com- taxa de câmbio que é divulgada diariamente pelo
prar e vender moeda estrangeira ou realizar transfe- Banco Central e serve de referência para várias
rências internacionais em reais, de qualquer natureza, operações no mercado cambial.
sem limitação de valor, sendo contraparte na ope-
ração agente autorizado a operar no mercado de Taxa de Câmbio Nominal x Taxa de Câmbio Real
cambio, observada a legalidade da transação, tendo
como base a fundamentação econômica e as responsa- A Taxa de Câmbio Nominal indica o preço do ati-
bilidades definidas na respectiva documentação. vo financeiro, enquanto que a Taxa de Câmbio Real

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


indica o preço relativo entre duas moedas, o que per-
Neste sentido, pode-se dizer que qualquer pessoa mite medir a competitividade relativa entre os dois
física ou jurídica pode comprar e vender moeda países em questão.
estrangeira desde que a outra parte na operação de Em resumo, a taxa nominal é o preço de um ativo
câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a limpo e seco, sem nenhuma interferência. Já o valor
operar no Mercado de Câmbio (ou seu corresponden- real é o preço do ativo comparado entre duas moedas
te para tais operações) e que seja observada a regu- – dessa forma, é possível saber quanto aquele deter-
lamentação em vigor, incluindo a necessidade de minado ativo vale em um país e noutro.
identificação em todas as operações.
É dispensado o respaldo documental das operações A Forma de Materializar as Operações de Câmbio: O
de valor até o equivalente a US$ 10 mil, preservando-se, Contrato de Câmbio
no entanto, a necessidade de identificação do cliente.
Contrato de câmbio é o documento que formaliza a
Banda Cambial no Brasil operação de compra ou de venda de moeda estrangeira.
Nele, são estabelecidas as características e as condi-
Uma Banda Cambial é a forma como um país defi- ções sob as quais se realiza a operação de câmbio, reve-
ne suas taxas de câmbio, quer sejam fixas ou livres, lando informações relativas à moeda estrangeira que
ou, até mesmo, flutuantes. Até 2005, existiam duas um cliente está comprando ou vendendo, à taxa contra-
bandas cambiais, a Livre e a Flutuante. A primeira, tada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos
por exemplo, vinha dos empréstimos e envios de nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de
dinheiro do Brasil para fora e vice-versa. câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio pelo
agente autorizado a operar no mercado de câmbio. 337
Nas operações de compra ou de venda de moeda O ACE pode ser contratado com prazo de até 390
estrangeira de até US$ 10 mil, ou seu equivalente em dias após o embarque da mercadoria. A liquidação
outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a for- da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
malização do contrato de câmbio. O agente do merca- to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
do de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a mento dos juros devidos pelo exportador.
operação no Sistema Câmbio.
O Contrato de Câmbio deve conter alguns requisitos ACE
ACC
legais para ter validade, devendo ser registrado no ADIANTAMENTO
ADIANTAMENTO SOB
SISBACEN, constando: CONTRATO DE CÂMBIO
SOB CONTRATO DE
EXPORTAÇÃO

z Qual a moeda em questão;


z A taxa cobrada;
z O valor correspondente em moeda nacional; Pré-Embarque Pós-Embarque

z Nome do comprador e do vendedor. � Financia a mercadoria a ser � Antecipa os recursos a serem


exportada recebidos do Comprador
� Deve ser contratado até 360 � Deve ser feito até 390 dias
dias antes do embarque da posteriores ao embarque da
Importante! mercadoria mercadoria

Até 10 mil dólares não é necessário o Contrato


de Câmbio. No entanto, o registro da operação é
O pagamento é feito quando
obrigatório (Circular Bacen nº 3.825/17). no embarque da mercadoria
O pagamento da operação
deverá ser feito quando o
ou no ingresso do dinheiro
importador enviar os recursos
pago pelo importador

Existem 10 (dez) tipos de Contratos de Câmbio. A


seguir, listaremos os que são mais comumente cobra-
Tanto no ACC quanto no ACE, os limites de finan-
dos em prova. Vejamos:
ciamento são de até 100% do valor das mercadorias e
não incidem IOF sobre essas operações, por se trata-
z ACC – Adiantamento Sobre Contrato De Câmbio
rem de incentivos à exportação.
As operações de Exportação e Importação devem ser
O ACC é um dos mais conhecidos e utilizados meca-
registradas em um sistema chamado SISCOMEX – Siste-
nismos de financiamento à exportação. Trata-se de
ma de Comércio Exterior. Esse Sistema é utilizado em
financiamento na fase de produção ou pré-embarque.
conjunto pela SECEX (Secretaria de Comércio Exterior),
Para realizar um ACC, o exportador deve procurar
pela Secretaria da Receita Federal e pelo BACEN, para
um banco comercial autorizado a operar em câmbio.
fiscalizar a entrada e a saída de recursos do Brasil para o
Tendo limite de crédito com o banco, o exportador cele-
exterior e vice-versa, trazendo vários benefícios aos pro-
bra com este um contrato de câmbio no valor corres-
cessos de exportação e importação, quais sejam:
pondente às exportações que deseja financiar, ou seja, o
contrato de câmbio é celebrado antes mesmo do expor-
z Harmonização de conceitos e uniformização de
tador receber do importador o pagamento de sua venda.
códigos dos processos;
Neste sentido, o exportador pede ao banco o adianta-
z Ampliação de pontos de atendimento;
mento do valor, em reais, correspondente ao contrato de
z Eliminação de coexistências de controles e siste-
câmbio. Assim, além de obter um financiamento compe-
mas paralelos de coleta de dados;
titivo para a produção da mercadoria a ser exportada, o
z Diminuição, simplificação e padronização de do-
exportador também fixa a taxa de câmbio da sua operação.
cumentos;
Cabe destacar que o ACC pode ser realizado em
z Agilidade nos processos e diminuição dos custos
algumas exportações de serviços e, ainda, em até 360
administrativos.
dias antes do embarque da mercadoria. A liquidação
da operação ocorre com o recebimento do pagamento
O SISCOMEX é um sistema e, como tal, é neces-
efetuado pelo importador, acompanhado do pagamento
sário que as pessoas se cadastrem nele para operar.
dos juros devidos pelo exportador, ou pode ser feita com
Existem 4 (quatro) tipos de cadastros para o seu aces-
encadeamento com um financiamento pós-embarque.
so. Vejamos:
z ACE – Adiantamento Sobre Cambiais Entregues: O
z Habilitação ordinária: destinada à pessoa jurídi-
ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues – é
ca que atue habitualmente no comércio exterior.
um mecanismo similar ao ACC, só que contratado
Nesta modalidade, a empresa está sujeita ao acom-
na fase de comercialização ou pós-embarque.
panhamento da Receita Federal com base na análise
prévia da sua capacidade econômica e financeira;
Após o embarque dos bens, o exportador entrega
os documentos da exportação e as cambiais (saques)
Obs.: essa é a modalidade mais completa de habi-
da operação ao banco e celebra um contrato de câm-
litação, a qual permite aos operadores realizar qual-
bio para liquidação futura. Então, o exportador pede
quer tipo de operação. Quando o volume de suas
ao banco o adiantamento do valor, em reais, corres- operações for incompatível com a capacidade econô-
pondente ao contrato de câmbio. Assim, além de obter mica e financeira evidenciada, a empresa estará sujei-
um financiamento competitivo para conceder prazo ta a procedimento especial de fiscalização.
de pagamento ao importador, o exportador também
fixa a taxa de câmbio da sua operação. z Habilitação simplificada: destinada às pessoas
físicas, às empresas públicas e às sociedades de
338 economia mista – entidades sem fins lucrativos;
z Habilitação especial: destinada aos órgãos da bonificação nas operações para liquidação futura. Esse
Administração Pública direta, autarquias, fun- prêmio a que o Banco Central se refere no Capítulo 1,
dações públicas, órgãos públicos autônomos e da série “Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais
organismos internacionais; Internacionais”, é o Prêmio de Risco. Ele nada mais é
z Habilitação restrita: destinada à pessoa física ou que um viés (uma tendência) entre a taxa de câmbio no
jurídica que tenha operado anteriormente no mercado futuro e a esperança do câmbio no futuro.
comércio exterior exclusivamente para realização
Por fim, vale lembrar que podemos analisar o Prê-
de consulta ou retificação de declaração.
mio de Risco, comparando a paridade coberta dos
juros à paridade descoberta destes.
No mercado de Câmbio temos, também, as ope-
rações de Remessas. As remessas são operações de
CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS DE CÂMBIO
envio de recursos para o exterior, por meio de ordens
de pagamento (cheque, ordem por conta, fax, internet,
cartões de crédito). Em suma, são formas de enviar De acordo com a Circular Bacen/DC nº 3.691, de 16
dinheiro para fora do país através de instituições. de dezembro de 2013:
Existem remessas do Exterior para o Brasil e vice-
-versa. Elas podem ser: Art. 40 Contrato de câmbio é o instrumento espe-
cífico firmado entre o vendedor e o comprador
z Em espécie: por Instituição Financeira ou pelo de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas
ECT; as características e as condições sob as quais se
z Via cartão de crédito: seguem a mesma lógica da realiza a operação de câmbio.
remessa em espécie, entretanto o pagamento é fei-
to por cartão de crédito. No contrato de câmbio estão informações relativas
à moeda estrangeira que um cliente está comprando
O que é Posição de Câmbio? ou vendendo, à taxa contratada, ao valor correspon-
dente em moeda nacional e aos nomes do comprador e
A posição de câmbio é representada pelo saldo das do vendedor. Nesse viés, as características do contrato
operações de câmbio (compra e venda de moeda estran- de câmbio podem ser livremente adaptadas pela ins-
geira, de títulos e documentos que os representem e de tituição autorizada a operar no mercado de câmbio,
ouro-instrumento cambial) prontas ou para liquidação observada a integridade das informações requeridas.
futura realizadas pelas instituições autorizadas pelo O contrato pode, ainda, ser assinado eletronica-
Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio.
mente, desde que as partes concordem sobre a forma
para seu consentimento e que seja possível compro-
O que é Posição de Câmbio Comprada?
var a autoria e integridade do documento eletrônico
A posição de câmbio comprada é o saldo em moe- utilizado para a celebração do contrato. Os contratos
da estrangeira registrado em nome de uma instituição de câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio,
autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou mantido pelo Banco Central, pelo agente autorizado a
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- operar no mercado de câmbio.
los e documentos que as representem e de ouro-ins- Veja o que dispõe a mencionada Circular:
trumento cambial em valores superiores às vendas.
Art. 46 São os seguintes os tipos de contratos de
O que é Posição de Câmbio Vendida? câmbio e suas aplicações:
I - compra: destinado às operações de compra de
A posição de câmbio vendida é o saldo em moeda moeda estrangeira realizadas pelas institui-
estrangeira registrado em nome de uma instituição ções autorizadas a operar no mercado de câmbio;
autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou II - venda: destinado às operações de venda de

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- moeda estrangeira realizadas pelas instituições
los e documentos que as representem e de ouro-ins- autorizadas a operar no mercado de câmbio.
trumento cambial em valores superiores às compras.
Ou seja, o sujeito do contrato de câmbio é sem-
O que é Prêmio de Risco? pre a instituição autorizada a operar no mercado
de câmbio. É a sua posição no contrato que define se
Para melhor explicar isso, retomaremos alguns o contrato é de compra ou de venda.
conceitos já estudados. Acompanhe, ainda:
Sabemos que a taxa de câmbio é livremente pac-
tuada entre os agentes autorizados a operar no mer- Art. 55 São registradas no Sistema Câmbio e dis-
cado de câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo pensadas da formalização do contrato de
as operações de câmbio ser contratadas para liquida- câmbio:
ção pronta ou futura. Neste sentido, temos a possibi- I - as operações de câmbio relativas a arbitragens
lidade de realizar operações com vencimento futuro, celebradas com instituições bancárias no exte-
ou seja, a operação só será finalizada em uma data rior ou com o Banco Central;
previamente acordada entre as partes. II - as operações de câmbio em que o próprio ban-
Ocorre que, no caso de operações interbancárias, co seja o comprador e o vendedor da moeda
a termo (contrato), as partes devem observar que, nas estrangeira;
operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de III - os cancelamentos de saldos de contratos
câmbio deve refletir exclusivamente o preço da moe- de câmbio cujo valor seja igual ou inferior a
da negociada para a data da contratação da operação US$ 5.000,00 (cinco mil dólares dos Estados Uni-
de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio ou dos) ou seu equivalente em outras moedas; 339
IV - as operações cursadas no mercado interbancário e com instituições financeiras do exterior;
V - operações de compra e de venda de moeda estrangeira de até US$ 10.000,00 (dez mil dólares dos Estados
Unidos) ou do seu equivalente em outras moedas.

TAXAS DE CÂMBIO

Acompanhe a tabela a seguir, retirada do site do Banco Central do Brasil, que mostra as cotações do dólar ame-
ricano no período de 14 de junho a 13 de julho de 2022:

Cotações e Boletins

Cotações de Fechamento Ptax4/ do DÓLAR DOS E.U.A, Código da Moeda: 220, Símbolo da Moeda: USD, Tipo da
Moeda: A, período de 14/06/2022 a 13/07/2022.

COTAÇÕES EM REAL¹/
DATA TIPO
COMPRA VENDA

14/06/2022 A 5,1197 5,1203

15/06/2022 A 5,1113 5,1119

17/06/2022 A 5,1307 5,1313

20/06/2022 A 5,1635 5,1641

21/06/2022 A 5,1456 5,1462

22/06/2022 A 5,1503 5,1509

23/06/2022 A 5,1827 5,1833

24/06/2022 A 5,2328 5,2334

27/06/2022 A 5,2208 5,2214

28/06/2022 A 5,2173 5,2179

29/06/2022 A 5,2262 5,2268

30/06/2022 A 5,2374 5,2380

01/07/2022 A 5,3136 5,3142

04/07/2022 A 5,3032 5,3038

05/07/2022 A 5,3893 5,3899

06/07/2022 A 5,4315 5,4321

07/07/2022 A 5,3634 5,3640

08/07/2022 A 5,3080 5,3086

11/07/2022 A 5,3471 5,3477

12/07/2022 A 5,4114 5,4120

¹/ - Moeda contra Real


4/ - Fechamento Ptax = A partir de 1/7/2011, é a média aritmética das taxas de compra e das taxas de venda dos
boletins do dia, conforme Circulares 3506, de 23/9/10, e 3537, de 25/5/11. Até 30/6/2011, é a taxa média ponderada
dos negócios realizados no mercado interbancário de câmbio com liquidação em dois dias úteis, calculada pelo Ban-
co Central do Brasil, conforme Comunicado n° 6.815, de 1999.

Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/historicocotacoes>. Acesso em: 13 jul. 2022.

A taxa de câmbio é o valor em moeda nacional em relação a uma unidade da moeda estrangeira.
Por exemplo, se a taxa de câmbio do dólar é 5,40, significa que um dólar dos Estados Unidos custa R$ 5,40. A
taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra.

340
TAXA DE COMPRA VERSUS TAXA DE VENDA
GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO
A taxa de compra é o valor pelo qual a instituição NACIONAL
autorizada se propõe a comprar a moeda estrangei-
ra do cliente. O PAPEL DAS GARANTIAS
A taxa de venda é o valor pelo qual a instituição
autorizada se propõe a vender a moeda estrangeira Pode-se dizer, de maneira direta, que as garantias
ao cliente. Ou seja, assim como nos contratos de câmbio, têm por objetivo dar maior segurança, maior proteção,
a prática consolidada de mercado denomina uma taxa às operações de crédito. A garantia é, portanto, algo aces-
como “de compra” ou “de venda” tendo como base a sório à obrigação principal, que é a obrigação de pagar
posição da instituição financeira na transação. do devedor.
Veja o que dispõe o site do Banco Central do Brasil: Em regra, como toda garantia é acessória a uma
obrigação principal, com a extinção da obrigação prin-
Assim, se uma pessoa física deseja comprar cipal (ou seja, com o pagamento da dívida), a garantia
moeda estrangeira junto a uma instituição auto- também se extingue, deixa de existir.
rizada a operar com câmbio, a instituição estará Aparentemente, pode parecer que essa “segurança”
vendendo e, portanto, a taxa ofertada será a dada pela garantia, na realidade, só é vantajosa para
de venda. Se a pessoa física quer vender moe- quem empresta. Para os tomadores de recursos, a exigên-
da estrangeira, a instituição está comprando e, cia de garantia muitas vezes soa como uma dificuldade
assim, a taxa será de compra25. a mais na obtenção de crédito. Entretanto, observando
atentamente, você perceberá que a existência de uma
A diferença entre as taxas de compra e de ven- garantia é vantajosa para ambos os lados da operação.
da é chamada de spread. Não há dúvidas de que para o credor (aquele que
empresta recursos), a garantia significa uma maior pro-
REGIME CAMBIAL babilidade de receber aquilo que lhe é devido. Afinal, a
garantia ofertada pelo cliente em uma operação reduz o
chamado risco de crédito.
Adota-se no Brasil o regime de câmbio flutuante, De acordo a Resolução CMN nº 4.557, de 2017, define-
o que significa que o Banco Central não interfere no -se o risco de crédito como a possibilidade de ocorrência
mercado para determinar a taxa de câmbio, mas, sim, de perdas associadas a:
para manter a funcionalidade do mercado de câmbio.
A taxa de câmbio, portanto, é livremente pactua- Art. 21 [...]
da entre os agentes autorizados a operar no mercado I - não cumprimento pela contraparte de suas obri-
de câmbio ou entre estes e seus clientes. As condições gações nos termos pactuados;
do mercado de câmbio – oferta e procura por moeda II - desvalorização, redução de remunerações e ganhos
estrangeira – determinam a taxa de câmbio. esperados em instrumento financeiro decorrentes da
No entanto, o Banco Central é capaz de atuar deterioração da qualidade creditícia da contraparte,
do interveniente ou do instrumento mitigador;
diretamente no mercado, comprando e vendendo
III - reestruturação de instrumentos financeiros; ou
moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, IV - custos de recuperação de exposições caracteri-
objetivando conter movimentos desordenados da zadas como ativos problemáticos.
taxa de câmbio.
Em resumo, o risco de crédito é o risco que a insti-
CÂMBIO COMERCIAL VERSUS CÂMBIO TURISMO tuição financeira tem de não receber, de que seu cliente
fique inadimplente.
Como você já sabe, as taxas de câmbio são livre- As perdas com a inadimplência são um dos princi-
mente pactuadas entre as partes de uma operação pais elementos na formação do custo do crédito. Quanto
cambial. maior a inadimplência de uma determinada linha de cré-
dito, maior será a taxa de juros cobrada pela instituição

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Assim, apesar de existir um único mercado de
câmbio legal no País, as terminologias “câmbio financeira de seus clientes.
comercial” ou “dólar comercial”, e “câmbio turismo” Porém, diversos fatores podem potencializar ou
ou “dólar turismo” são utilizadas pelo mercado para mitigar o efeito da inadimplência sobre o custo do cré-
indicar as diferentes taxas praticadas de acordo dito; entre eles, a existência de garantias oferecidas pelo
com a natureza da operação, e são utilizadas mesmo tomador de crédito. As garantias estão diretamente rela-
cionadas à capacidade das instituições financeiras de
quando as operações são realizadas em outras moe-
recuperar a dívida não paga.
das estrangeiras, como o euro, iene etc.
Entretanto, para o devedor (aquele que toma recur-
sos emprestados) também há vantagens. Oferecer uma
As expressões “câmbio turismo” ou “dólar turis- garantia facilita o acesso ao crédito e torna esse crédito
mo” são utilizadas comumente para classificar as ope- mais barato.
rações relativas a compra e venda de moeda para Quantas vezes você já viu reportagens sobre as absur-
viagens internacionais, geralmente em espécie. das taxas de juros cobradas pelos bancos? Diversas, com
As expressões “câmbio comercial” ou “dólar comer- certeza. E quais são sempre os exemplos citados? Certa-
cial” são usadas para as demais operações realiza- mente, os juros do cartão de crédito e os juros do cheque
das no mercado de câmbio, tais como exportação, especial. Eis que o motivo principal é o fato de que nessas
importação e transferências financeiras26. operações não há garantias.

25 PERGUNTAS e respostas. Banco Central do Brasil, 2020. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-res-


postas/faq_taxacambio>. Acesso em: 13 jul. 2022.
26 Ibid. 341
Por mais que também sejam altos, os juros do Dica
financiamento da casa própria ou do financiamento
Duplicata: Título de crédito em que o comprador
de veículos, por exemplo, são muito menores.
se obriga a pagar dentro do prazo estipulado o
O Banco Central lança regularmente um documen-
to chamado “Relatório de Economia Bancária”. No
valor contido na fatura.
relatório lançado em meados de 2019, relativo ao ano
de 2018, o Bacen analisou, dentre outros assuntos, a Tem-se, portanto, três personagens na relação de
relação entre garantias e taxas de juros das operações aval:
de crédito a pessoas físicas.
Foram encontradas evidências de que operações z Avalista: Aquele que presta o aval;
de crédito com garantias têm taxas de juros significati- z Avalizado: Aquele que recebe o aval, o devedor
vamente menores. Adicionalmente, observou-se que, principal;
quanto maior a qualidade da garantia fornecida pelo z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito
tomador de crédito, menor a taxa de juros cobrada. de crédito.

Fonte: site do Banco Central. O aval pode ser lançado no próprio título ou em
folha de alongamento (pedaço de papel anexado ao
Para melhor compreensão do tema, é interessante título de crédito). A simples assinatura no título é sufi-
diferenciar as garantias pessoais ou fidejussórias das ciente para configurar o aval.
garantias reais. O aval é uma garantia solidária, ou seja, o avalis-
ta é coobrigado. De acordo com o art. 899, do Código
Garantias Pessoais ou Fidejussórias X Garantias Civil, o avalista equipara-se àquele cujo nome indi-
Reais car, ou seja, o avalista se obriga no mesmo nível do
avalizado.
A garantia pessoal (ou fidejussória) é a garantia A responsabilidade do avalista é tamanha que ele
dada por uma terceira pessoa, que se responsabiliza responde pela obrigação que garantiu em pé de igual-
pela obrigação de honrar o compromisso estabelecido dade com o devedor principal, sendo facultado ao cre-
caso o devedor deixe de cumpri-lo. Ou seja, um ter- dor exigir, simultaneamente, do devedor e do avalista
ceiro — que não está na relação principal entre cre- o pagamento da obrigação vencida. O avalista pode,
dor e devedor — assume a responsabilidade pelo inclusive, ser acionado para pagar antes do avalizado,
pagamento da dívida caso o devedor principal fique o devedor principal.
inadimplente. A obrigação do avalista é independente da obriga-
É uma garantia baseada na confiança que mere- ção do avalizado. Diz-se que o aval é autônomo. A
ce o garantidor — em seu caráter, sua honradez, sua obrigação do avalista é mantida, ainda que a obriga-
“boa fama”, e, logicamente, na sua capacidade de hon- ção que ele garantiu seja nula.
rar o compromisso caso o devedor não honre. O Direi- O aval em branco ocorre quando há a simples
to prevê dois tipos de garantias pessoais: a fiança e o assinatura do avalista no título, sem especificar
aval. quem é o avalizado. O aval em preto ocorre quando
Por sua vez, uma garantia real dá ao credor o feito, declarando o nome do avalizado. No caso de
direito de se fazer pagar pelo valor ou pelos rendi- aval prestado por pessoas físicas casadas, é neces-
mentos de certos e determinados bens, móveis ou sária a autorização do cônjuge, exceto no regime de
imóveis, do próprio devedor ou de terceiros. separação absoluta de bens.
Nosso edital cobra três modalidades de garantia O avalista possui o chamado direito de regresso.
real: a hipoteca, o penhor mercantil e a alienação Deste modo, caso ele pague a obrigação, poderá, pos-
fiduciária. A seguir, detalharemos cada um deles. teriormente, cobrá-la do avalizado.
Por fim, cabe destacar que o aval pode ser dado
AVAL mesmo após o vencimento do título de crédito, pois,
desde que seja antes do protesto do título, ainda
O aval é uma garantia pessoal de pagamento, for- assim, será válido.
mal e solidária, dada por um terceiro, o avalista. Vejamos os artigos do Código Civil (Lei nº 10.406,
Consiste, pois, na assinatura desse terceiro em de 2002) sobre o aval:
um título de crédito, responsabilizando-se pelo seu
pagamento, solidariamente com o devedor ou com Art. 897 O pagamento de título de crédito, que con-
qualquer outro coobrigado (endossante ou até mes- tenha obrigação de pagar soma determinada, pode
mo outro avalista). Ou seja, o avalista, pessoa física ser garantido por aval.
ou jurídica, garante o pagamento de um título de Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
crédito que foi emitido ou endossado pelo avalizado. Art. 898 O aval deve ser dado no verso ou no anver-
so do próprio título.
Um título pode ter mais de um avalista. Nesse caso,
§ 1° Para a validade do aval, dado no anverso do
todos são solidários com o avalizado no cumprimen-
título, é suficiente a simples assinatura do avalista.
to da obrigação. Mesmo havendo mais de um avalis- § 2° Considera-se não escrito o aval cancelado.
ta, o pagamento da obrigação por um deles libera os Art. 899 O avalista equipara-se àquele cujo nome
demais da obrigação. indicar; na falta de indicação, ao emitente ou deve-
O aval é uma garantia específica dos títulos cam- dor final.
biais (aqueles passíveis de transferência para outras § 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regres-
pessoas), que se aplica exclusivamente a títulos de so contra o seu avalizado e demais coobrigados
crédito. anteriores.
Estamos falando, basicamente, de cheques, letras
de câmbio, notas promissórias e duplicatas.
342
§ 2° Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda Art. 824 As obrigações nulas não são suscetíveis de
que nula a obrigação daquele a quem se equipara, fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapa-
a menos que a nulidade decorra de vício de forma. cidade pessoal do devedor.
Art. 900 O aval posterior ao vencimento produz os Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo
mesmos efeitos do anteriormente dado. não abrange o caso de mútuo feito a menor.
[...] Art. 825 Quando alguém houver de oferecer fiador,
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha
outro, exceto no regime da separação absoluta: [...] de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para
III - prestar fiança ou aval. cumprir a obrigação.
Art. 826 Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz,
FIANÇA poderá o credor exigir que seja substituído.
[...]
Art. 838 O fiador, ainda que solidário, ficará
A fiança é uma garantia fidejussória firmada por
desobrigado:
contrato em que uma ou mais pessoas se obrigam,
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder mora-
perante o credor, a satisfazer uma obrigação, caso tória ao devedor;
o devedor não a cumpra. Ela representa uma forma II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação
de garantia que poderá efetivar-se mediante a entrega nos seus direitos e preferências;
de bens móveis ou imóveis. III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar ami-
Há dois contratos: o principal, entre o devedor e gavelmente do devedor objeto diverso do que este era
o credor, e um acessório, entre o fiador e o devedor obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo
(afiançado). por evicção.
A fiança é formal, e deve sempre ser dada por [...]
escrito, não admitindo interpretação extensiva (além Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
do estabelecido expressamente no contrato). O con- dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto
trato definirá claramente as condições da fiança. Isso no regime da separação absoluta:
quer dizer que não se admite a fiança verbal, e que [...]
a fiança deverá ser interpretada restritivamente. Sur- III - prestar fiança ou aval.
gindo alguma dúvida, deve-se interpretar a questão
favoravelmente ao fiador, parte vulnerável em regra, PENHOR MERCANTIL
presumindo-se a sua boa-fé objetiva.
Porém, em contratos bancários com renovação perió- O penhor mercantil, também chamado de
dica e automática, a fiança também é prorrogada, mes- penhor industrial, é a entrega de um bem móvel
mo sem autorização expressa do fiador, desde que a para garantia de uma dívida. Podem ser objeto de
prorrogação esteja prevista em cláusula contratual. penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumen-
São três os personagens na fiança: tos, instalados e em funcionamento, com os acessó-
rios ou sem eles; animais utilizados na indústria; sal e
z Fiador: Aquele que presta a fiança, que se obriga a
bens destinados à exploração das salinas; produtos de
satisfazer a obrigação caso o devedor não o faça;
suinocultura; animais destinados à industrialização
z Afiançado: O devedor principal;
de carnes e derivados; matérias-primas e produtos
z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito de
industrializados.
crédito.
Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil,
A fiança é uma garantia acessória e subsidiária, ou mediante instrumento público ou particular, registra-
seja, o fiador só está obrigado no caso do afiançado (deve- do no Cartório de Registro de Imóveis da circunscri-
dor principal) não cumprir a obrigação. É uma garantia ção onde estiverem situadas as coisas empenhadas.
que somente pode ser estipulada em contratos. Não há O devedor não pode, sem o consentimento por

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


fiança em títulos de crédito. escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou
Vejamos os principais artigos do Código Civil (Lei nº mudar-lhes a situação, nem delas dispor.
10.406, de 2002) a respeito da fiança: O devedor que, anuindo o credor, alienar as coi-
sas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma
Art. 818 Pelo contrato de fiança, uma pessoa garan- natureza, que ficarão sub-rogados no penhor.
te satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo Tem o credor direito a verificar o estado das coisas
devedor, caso este não a cumpra. empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por
Art. 819 A fiança dar-se-á por escrito, e não admite si ou por pessoa que credenciar.
interpretação extensiva.
As coisas empenhadas continuam em poder do
Art. 820 Pode-se estipular a fiança, ainda que sem con-
devedor, que as deve guardar e conservar.
sentimento do devedor ou contra a sua vontade.
Art. 821 As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; No penhor mercantil, temos dois personagens:
mas o fiador, neste caso, não será demandado senão
depois que se fizer certa e líquida a obrigação do prin- z Devedor;
cipal devedor. z Credor pignoratício, beneficiário da garantia.
Art. 822 Não sendo limitada, a fiança compreenderá
todos os acessórios da dívida principal, inclusive as Art. 1.433 O credor pignoratício tem direito:
despesas judiciais, desde a citação do fiador. I - à posse da coisa empenhada;
Art. 823 A fiança pode ser de valor inferior ao da II - à retenção dela, até que o indenizem das des-
obrigação principal e contraída em condições menos pesas devidamente justificadas, que tiver feito, não
onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for sendo ocasionadas por culpa sua;
mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofri-
obrigação afiançada. do por vício da coisa empenhada; 343
IV - a promover a execução judicial, ou a venda ami- garantia contra a inadimplência do devedor. Por isso,
gável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou é um contrato acessório.
lhe autorizar o devedor mediante procuração; O credor, portanto, é o proprietário e possuidor indi-
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada reto ou mediato do bem, enquanto o devedor fica com a
que se encontra em seu poder; posse direta ou imediata, sendo seu usuário e depositário.
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia A propriedade por parte do credor é limitada, somen-
autorização judicial, sempre que haja receio funda-
te sendo exercida para os fins previstos na lei, e é reso-
do de que a coisa empenhada se perca ou deteriore,
devendo o preço ser depositado. O dono da coisa
lúvel, pois retorna automaticamente para o devedor
empenhada pode impedir a venda antecipada, subs- fiduciante no momento em que for cumprida integral-
tituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. mente a obrigação.

O credor não pode ser constrangido (obrigado) a HIPOTECA


devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes
de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimen- A hipoteca é uma garantia real que recai, geral-
to do proprietário, determinar que seja vendida apenas mente, sobre imóveis de propriedade do devedor
uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente ou de terceiros. No entanto, bens móveis de grande
para o pagamento do credor, conforme o art. 1.434. valor também podem ser objeto de hipoteca, como
máquinas agrícolas, aeronaves, navios etc.
Art. 1.436 Extingue-se o penhor: Assim como na alienação fiduciária, que será vista
I - extinguindo-se a obrigação; mais adiante, a posse do bem móvel ou imóvel hipo-
II - perecendo a coisa; tecado permanece com o devedor. Por outro lado, na
III - renunciando o credor; hipoteca, não há a transferência da propriedade do
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades bem ao credor. O devedor retém o bem, apenas gra-
de credor e de dono da coisa; vando-o para garantia de uma obrigação, permane-
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a
cendo, portanto, com o direito de aliená-lo (vendê-lo),
venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por
ou mesmo de ofertá-lo como garantia ao pagamento
ele autorizada.
Art. 1.437 Produz efeitos a extinção do penhor
de outra dívida sua ou de terceiros.
depois de averbado o cancelamento do registro, à Trata-se de uma garantia que abrange todas as
vista da respectiva prova. acessões (os aumentos), melhoramentos ou constru-
ções do imóvel. O credor não a perde, caso o bem seja
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA alienado. Para o credor, a hipoteca consiste em um
direito real em coisa alheia.
A alienação fiduciária em garantia é o contrato A hipoteca deve ser registrada no Cartório de
pelo qual o devedor (fiduciante), como garantia de Registro de Imóveis do município em que se localiza o
uma dívida, pactua a transferência da propriedade imóvel hipotecado. No caso de bens móveis, o registro
fiduciária de bem móvel ou imóvel ao credor (fidu- deve ser feito nos órgãos competentes (Registro Aero-
ciário) de acordo com cláusula resolutiva. náutico, Registro de Propriedade Marítima etc.)
A cláusula resolutiva pode ser expressa ou tácita O credor é chamado de credor hipotecário e o
(não consta no contrato e, para se fazer valer, é neces- devedor, de devedor hipotecário. A hipoteca é feita
sária interpelação judicial). Tem previsão no art. 475 mediante contrato acessório e formal.
do Código Civil. É nula a cláusula que proíbe o proprietário de ven-
der imóvel hipotecado. No entanto, o contrato pode
Art. 475 A parte lesada pelo inadimplemento pode definir que vencerá o crédito hipotecário, caso o imó-
pedir a resolução (fim) do contrato, se não preferir vel seja vendido.
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra
dos casos, indenização por perdas e danos. hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do
mesmo ou de outro credor.
Para o credor, a propriedade fiduciária é um Salvo no caso de insolvência do devedor, o credor
direito real em coisa própria. O devedor, no entanto, da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá
permanece com a posse do bem. Ou seja, continua uti- executar o imóvel antes de vencida a primeira.
lizando e usufruindo do bem.
Cumprindo a obrigação, o devedor retoma a pro- FIANÇAS BANCÁRIAS
priedade do bem. Caso o devedor não honre a obriga-
ção, a posse do bem é transferida para o credor. A fiança bancária é um produto bancário disponibi-
A alienação fiduciária é comumente utilizada lizado a clientes que necessitam oferecer garantia para
como garantia em financiamentos para aquisição obrigações assumidas perante terceiros.
de bens móveis, como veículos, por exemplo. No Através da fiança bancária, o banco emissor da carta
entanto, ela também pode ser utilizada em financia- de fiança garante as obrigações de seu cliente. O banco é,
mentos imobiliários (bens imóveis). portanto, o fiador, e o cliente, o afiançado.
Os dois personagens da alienação fiduciária, portan- A fiança bancária pode ser usada para:
to, são:
z Obtenção de empréstimos e financiamentos;
z Fiduciante (devedor); z Habilitação em concorrência pública;
z Fiduciário (credor). z Locações;
z Adiantamento por encomenda de bens.
A alienação fiduciária em garantia não tem por
finalidade a transmissão da propriedade ou da pos- A grande vantagem da fiança bancária é a de não
344 se do bem ao credor, mas sim a constituição de uma comprometer o caixa ou os bens do cliente.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC) A lavagem é chamada de “crime parasitário”.
Observe bem que a lavagem (que é crime) tem relação
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma enti- com a prática de uma infração (crime ou contraven-
dade privada, sem fins lucrativos e sem vínculos gover- ção) anterior. De acordo com o art. 1º, o julgamento
namentais, que administra mecanismos de proteção a independe do processo e do julgamento das infrações
titulares de crédito contra possíveis problemas que pos- penais antecedentes.
sam ocorrer no futuro, nas instituições financeiras. Neste sentido, para que seja punível a lavagem,
Em suma, o FGC garante o pagamento ao credor deve haver um fato típico e ilícito anterior. No entan-
caso a instituição financeira não consiga arcar com to, não é necessária a condenação no crime anterior,
seus compromissos, em casos de decretação de inter- somente será excluída a lavagem. Ou seja, se a infra-
venção ou liquidação extrajudicial. ção penal antecedente foi atípica (fato inexistente) e,
Atualmente (2022), o limite de cobertura está em por isso, não constituir infração penal, ou, ainda, se
R$250.000,00. houve causa que excluísse a ilicitude, não há como o
agente responder por lavagem de dinheiro.
Seguindo com o nosso estudo, incorrerá na mes-
ma, pena prevista no caput do art. 1º, quem pratica as
CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO condutas que estão no art. 1º, § 1º:

CONCEITO E ETAPAS, PREVENÇÃO E COMBATE AO Art. 1° [...]


CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: LEI Nº 9.613, DE § 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar
1998 ou dissimular a utilização de bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal
I - os converte em ativos lícitos;
Também conhecida como Lei de Lavagem de Capi-
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou
tais, a Lei nº 9.613, de 1998 visa combater a ocultação
recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
ou dissimulação de bens ou valores que tenham sido
movimenta ou transfere;
obtidos de forma ilícita (frutos de infrações penais). III - importa ou exporta bens com valores não
O termo lavagem diz respeito à necessidade de se correspondentes aos verdadeiros.
dar aparência de legalidade — “lavar” o dinheiro ili-
citamente obtido (“sujo”). A expressão tem origem no O inciso I trata da hipótese de a lavagem dar-se com a
direito estadunidense, “money laundering”, com a des-
conversão dos bens, direitos ou valores em ativos lícitos,
coberta de que criminosos, na década 1920, usavam
como, por exemplo, ações na Bolsa. Por esse viés, pode-se
lavanderias para esconder a origem criminosa de
falar na chamada “lavagem em cadeia” (lavagem da lava-
bens (alguns países utilizam a expressão “branquea-
gem), que é a ocultação ou dissimulação de bens, dinhei-
mento de capitais”, mas seu uso não é muito aceito,
ro ou valores, provenientes de lavagens anteriores (neste
tendo em vista a conotação racista).
caso, o delito antecedente é outra lavagem). Um exemplo
Um exemplo de lavagem é a compra de obras de
da lavagem em cadeia seria a aplicação, na Bolsa de Valo-
arte para revenda com dinheiro obtido por meio do
res, de rendimentos obtidos numa lavagem anterior.
tráfico ilícito de drogas.
O inciso II trata da figura do receptador dos bens,
Uma das grandes novidades trazidas pela Lei nº
direitos ou valores.
9.613, de 1998 é que, antes dela, apenas o tráfico de
Já o inciso III cuida da hipótese específica de
drogas poderia configurar um crime antecedente que
lavagem por meio de operações de importação e
pudesse gerar a lavagem de dinheiro. Com sua entrada
exportação.
em vigência, outros crimes podiam ser antecedentes
O parágrafo 2º do artigo 1º apresenta outras hipó-
da lavagem. Em 2012, a Lei nº 12.683, de 2012 alterou
teses equiparadas à lavagem de dinheiro. O inciso I do
a Lei nº 9.613, de 1998, de modo que, hoje, qualquer
§ 2º pune a lavagem no exercício de atividade econô-
infração penal (crime ou contravenção, como, por

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


mica ou financeira e o inciso II pune a associação para
exemplo, o jogo do bicho) podem ser considerados cri-
fins de lavagem de capitais. Vejamos:
mes antecedentes para a lavagem.
Art. 1° [...]
CONCEITO E FORMAS DE LAVAGEM
§ 2° Incorre, ainda, na mesma pena quem:
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira,
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, ori- bens, direitos ou valores provenientes de infração
gem, localização, disposição, movimentação ou
penal;
propriedade de bens, direitos ou valores prove-
II - participa de grupo, associação ou escritório ten-
nientes, direta ou indiretamente, de infração
do conhecimento de que sua atividade principal ou
penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
secundária é dirigida à prática de crimes previstos
Pena – reclusão, de 3 a 10 anos, e multa.
nesta Lei.
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágra-
O art. 1º traz o conceito de lavagem de dinheiro (ou fo único do art. 14 do Código Penal.
capitais). De maneira simples, temos que a lavagem
de dinheiro consiste no ato ou atos praticados com a O § 3º traz importante disposição no sentido de
finalidade de dar aparência lícita a bens, direitos ou que é punível a tentativa de lavagem de capitais.
valores que tenham origem na prática de uma infra-
ção penal (crime ou contravenção). Art. 1° [...]
Veja que os núcleos do tipo (verbos) são ocultar e § 4º A pena será aumentada de um a dois ter-
dissimular. Se o agente pratica os dois, dentro do mes- ços, se os crimes definidos nesta Lei forem come-
mo contexto, responde por um único crime. tidos de forma reiterada ou por intermédio de
organização criminosa. 345
Crimes cometidos de forma reiterada significa aque- Diminuição da pena de 1 a 2/3 e fixação
las infrações praticadas repetidamente. Lado outro, por do regime inicial aberto ou semiaberto
organização entende-se um grupo de 4 ou mais pessoas
que se organiza com divisão de tarefas para a prática Substituição da pena privativa de
destes crimes com o objetivo de obter vantagem de qual- libertada por pena restritiva de direitos
quer natureza de forma direta ou indireta. Perdão judicial (causa extintiva de
O § 4º do art. 1º, traz uma causa de aumento de punibilidade)
pena (de 1/3 a 2/3) se os crimes previstos na Lei de
Lavagem forem cometidos:
Esses benefícios aplicam-se somente à colaboração
z De forma reiterada; premiada nos crimes de lavagem de dinheiro.
z Por intermédio de organização criminosa. Existem outras formas de colaboração premiada
previstas em outras leis (como a Lei de Organizações
Criminosas, por exemplo) que oferecem ao colabora-
Dica dor outros “prêmios” (como o não oferecimento de
O conceito de organização criminosa se encon- denúncia).
tra § 1°, do art. 1°, na Lei nº 12.850, de 2013.
AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Já vimos que existe hipótese de aumento de pena
nos crimes de lavagem. E será que existe alguma hipó- Art. 1° [...]
tese de diminuição? Sim, ela se encontra prevista no § § 6º Para a apuração do crime de que trata este
5º , do art. 1º, da Lei nº 9.613, de 1998. artigo, admite-se a utilização da ação controlada
e da infiltração de agentes.
COLABORAÇÃO PREMIADA
A fim de efetivar a apuração do crime de lavagem
Art. 1° [...] de dinheiro, a Lei admite a utilização dos meios espe-
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois ciais de investigação da ação controlada (situação
terços e ser cumprida em regime aberto ou excepcional na qual o flagrante, que deve ser imedia-
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá- to, é retardado para que se consiga descobrir outros
-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena res- sujeitos envolvidos na prática do delito, reunindo-se
tritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe provas mais robustas ou, ainda, recuperando-se o pro-
colaborar espontaneamente com as autoridades, duto ou proveito do crime — é chamado de flagrante
prestando esclarecimentos que conduzam à apu- prorrogado, retardado ou diferido) e da infiltração
ração das infrações penais, à identificação dos de agentes (prevista no art. 10 da Lei de Organiza-
autores, coautores e partícipes, ou à localização ções Criminosas, que tem como objetivo permitir que
dos bens, direitos ou valores objeto do crime. policiais ingressem legalmente em organizações cri-
minosas, utilizando-se de identidades falsas, a fim de
Para ser beneficiado pela colaboração premiada, o investigar suas atividades).
indivíduo deve colaborar, a qualquer tempo (ou seja, na Uma das formas de ação controlada é a conheci-
fase investigatória ou processual), de uma das três formas da “entrega vigiada”, prevista no Decreto nº 5.015, de
previstas (basta uma; os requisitos não são cumulativos): 2004, que consiste na permissão de remessas inter-
nacionais ilícitas ou suspeitas, feitas com o conheci-
z Conduzir à apuração das infrações penais; mento e controle das autoridades com o objetivo de
z Conduzir à identificação de autores, coautores e permitir a colheita de mais provas e a identificação
partícipes; dos envolvidos.
z Conduzir à localização dos bens, direitos ou valo-
res objeto do crime. DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS

z Formas de colaboração (alternativas) (§ 5º , do A partir do art. 2º, a Lei nº 9.613, de 1998 passa a
art. 1º, da Lei nº 9.613, de 1998) tratar de disposições que se aplicam ao processo cri-
minal da lavagem de dinheiro. Veremos, a seguir, os
pontos mais relevantes.
Apuração de infrações
O primeiro ponto que merece destaque diz respei-
to à competência. Os crimes de lavagem, via de regra,
Identificação de Autores, são de competência da Justiça Estadual.
Coautores e Partícipes Excepcionalmente, a competência será da Justiça
Localização dos Bens, Direitos ou Federal, nas hipóteses do inciso III do art. 2°, quais sejam:
Valores
z Crimes praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira;
Colaborando, o indivíduo tem a possibilidade de z Crimes praticados em detrimento de bens, serviços
obter os seguintes benefícios (“prêmios”; daí se cha- ou interesses da União ou de suas entidades autár-
mar de colaboração premiada). quicas ou empresas públicas;
z Quando a infração penal antecedente for de com-
z Benefícios ao colaborador na lavagem de petência da Justiça Federal.
dinheiro (§ 5º , do art. 1º, da Lei nº 9.613, de 1998)

346
Por sua vez, o art. 4º prevê a possibilidade de o juiz, § 1º A União e os Estados, no âmbito de suas competên-
de ofício, a requerimento ou mediante represen- cias, regulamentarão a forma de destinação dos bens,
tação do delegado de polícia (ouvido o Ministério direitos e valores cuja perda houver sido declarada,
Público), desde que haja indícios suficientes de infra- assegurada, quanto aos processos de competência da
Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos federais
ção penal, decretar, em 24 horas, medidas assecura-
encarregados da prevenção, do combate, da ação penal
tórias de bens direitos ou valores do investigado e do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quan-
ou acusado, ainda que estejam em nome de terceiros, to aos processos de competência da Justiça Estadual, a
se constituam instrumento, produto ou proveito dos preferência dos órgãos locais com idêntica função.
crimes de lavagem ou de crimes antecedentes. § 2º Os instrumentos do crime sem valor econômi-
As medidas assecuratórias são aquelas que asse- co cuja perda em favor da União ou do Estado for
guram o direito do ofendido e a responsabilização decretada serão inutilizados ou doados a museu
pecuniária do criminoso. As medidas assecuratórias criminal ou a entidade pública, se houver interesse
possíveis são o sequestro, a hipoteca legal e o arresto. na sua conservação.

Medidas Assecuratórias O art. 7º estabelece, como efeito da condenação,


a perda de todos os bens e valores ligados direta ou
z Sequestro: indiretamente aos crime de lavagem, preservando o
direito do lesado ou terceiro de boa-fé. Por exemplo,
É a decisão judicial, bem como a consequente se o crime antecedente for um roubo, o bem ou valor
retenção por depósito da coisa litigiosa em mãos de é devolvido ao legítimo dono.
terceiros estranhos à lide, com o fim de preservar o O dispositivo estabelece, ainda, que, se os condena-
direito sobre ela (Mirabete). dos forem funcionários públicos ou diretores, mem-
Na esfera penal, o sequestro é a retenção de bem bros de conselho de administração ou de gerente das
imóvel ou móvel, havido com os proventos da infra- pessoas jurídicas elencadas no art. 9º (Bolsa de Valo-
ção, com o fim de assegurar as obrigações civis deste res, seguradoras, administradoras de cartão de crédi-
- (Magalhães Noronha). to, empresas de leasing etc), estes ficarão interditados
de exercerem seus cargos ou funções pelo dobro de
tempo da pena privativa de liberdade imposta.
z Hipoteca Legal

Art. 134 do Código Processo Penal A hipoteca legal


sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo
ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja CIRCULAR BACEN Nº 3.978, DE 2020
certeza da infração e indícios suficientes da autoria.
A presente circular lista procedimentos de com-
O dispositivo recai sobre os bens imóveis e serve pliance, ou seja, de controles internos para que se
para assegurar a reparação do dano.
previna o crime de lavagem de dinheiro. De maneira
geral, temos que a circular:
z Arresto
Dispõe sobre a política, os procedimentos e os
Art. 137 do Código de Processo Penal Se o res- controles internos a serem adotados pelas insti-
ponsável não possuir bens imóveis ou os possuir tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central
de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens
do Brasil visando à prevenção da utilização do
móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é
sistema financeiro para a prática dos crimes
facultada a hipoteca legal dos imóveis.
de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e
valores de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de
Recai sobre o patrimônio lícito ou ilícito do sujeito 1998, e de financiamento do terrorismo, previsto na
e tornam indisponível. Ou seja, se o investigado com

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
o lucro obtido por meio da prática de crime de contra-
bando, adquiriu um veículo, este pode ser sequestrado. Lembre-se de que todas as instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central devem adotar esta circular.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO Trata-se de uma circular extensa, com muito detalhamen-
to técnico. Nosso objetivo neste tópico será extrair desse
O art. 7º estabelece alguns efeitos da condenação documento os pontos que mais acreditamos que possam
por crimes de lavagem, além dos que constam no
ser cobrados em prova. Então, vamos lá:
Código Penal:
Art. 1º Esta circular dispõe sobre a política, os
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos
procedimentos e os controles internos a serem
previstos no Código Penal:
adotados pelas instituições autorizadas a fun-
I - a perda, em favor da União - e dos Estados,
nos casos de competência da Justiça Estadual -, de cionar pelo Banco Central do Brasil visando à
todos os bens, direitos e valores relacionados, prevenção da utilização do sistema financeiro para
direta ou indiretamente, à prática dos crimes a prática dos crimes de “lavagem” ou ocultação
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº
para prestar a fiança, ressalvado o direito do 9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento
lesado ou de terceiro de boa-fé; do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260, de 16 de
II - a interdição do exercício de cargo ou função março de 2016.
pública de qualquer natureza e de diretor, de mem- Parágrafo único. Para os fins desta circular, os cri-
bro de conselho de administração ou de gerência mes referidos no caput serão denominados generi-
das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro camente “lavagem de dinheiro” e “financiamento
do tempo da pena privativa de liberdade aplicada. do terrorismo”. 347
POLÍTICA DE PREVENÇÃO As instituições devem indicar formalmente ao
Banco Central do Brasil diretor responsável, nos ter-
Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º mos do art. 9º. Esse diretor pode desempenhar outras
devem implementar e manter política formulada funções na instituição, contanto que isso não gere
com base em princípios e diretrizes que busquem conflito de interesses.
prevenir a sua utilização para as práticas de lava-
gem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO
A política de prevenção ao crime de lavagem de Art. 10 As instituições referidas no art. 1º devem
dinheiro, de acordo com o parágrafo único do art. 2º realizar avaliação interna com o objetivo de iden-
desta Circular, deve ser adequada ao perfil: tificar e mensurar o risco de utilização de
seus produtos e serviços na prática da lavagem de
z Dos clientes, da instituição e dos funcionários, par- dinheiro e do financiamento do terrorismo.
ceiros e prestadores;
z Das operações, transações, produtos e serviços; Sem segredos, a avaliação interna:
z Resumidamente, essa política de prevenção deve
contemplar, conforme disposição do art. 3º; z Deve considerar o perfil das operações e das pes-
z Diretrizes para definir responsabilidades, proce- soas envolvidas;
dimentos, avaliação interna do risco, promoção da z Deve ser documentada e aprovada;
cultura organizacional, seleção correta de funcio- z As categorias de risco devem ser definidas para
nários etc.; maior possibilidade de mitigação;
z Diretrizes para implementar procedimentos z Pode ser realizada de forma centralizada em ins-
de coleta, verificação, registro, monitoramento, tituição do conglomerado prudencial e do sistema
comunicação ao Conselho de Controle de Ativida- cooperativo de crédito, nos termos do art. 11.
des Financeiras (COAF), entre outras.
PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER OS
Segundo o inciso III do art. 3º, é necessário o com-
CLIENTES
prometimento da alta administração com a efetivi-
dade e a melhoria contínua da política.
Art. 13 As instituições mencionadas no art. 1º
De acordo com o art. 4º, admite-se a adoção de polí- devem implementar procedimentos destinados a
tica de prevenção à lavagem de dinheiro e ao finan- conhecer seus clientes, incluindo procedimentos
ciamento do terrorismo única por conglomerado que assegurem a devida diligência na sua identifi-
prudencial e por sistema cooperativo de crédito. Essa cação, qualificação e classificação
política de prevenção deve ser: § 1º Os procedimentos referidos no caput devem ser
compatíveis com:
z Documentada, aprovada pelo Conselho ou Direto- I - o perfil de risco do cliente, contemplando medi-
ria e mantida atualizada; das reforçadas para clientes classificados em cate-
z Divulgada aos envolvidos em linguagem gorias de maior risco, de acordo com a avaliação
compreensível. interna de risco referida no art. 10;
II - a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao
Nos termos literais dos arts. 6º e 7º: financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º; e
III - a avaliação interna de risco de que trata o art.
Art. 6º A política referida no art. 2º deve ser divul- 10.
gada aos funcionários da instituição, parceiros e
prestadores de serviços terceirizados, mediante lin- É importante notar que os procedimentos devem
guagem clara e acessível, em nível de detalhamento ser formalizados em manual específico, que deve ser
compatível com as funções desempenhadas e com a aprovado pela diretoria da instituição e mantido atua-
sensibilidade das informações.
lizado, de acordo com os parágrafos 2º e 3º do art. 13.
Art. 7º A política referida no art. 2º deve ser:
I - documentada;
II - aprovada pelo conselho de administração ou, se
Identificação dos Clientes
inexistente, pela diretoria da instituição; e
III - mantida atualizada. Art. 16 As instituições referidas no art. 1º devem
adotar procedimentos de identificação que permi-
DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO tam verificar e validar a identidade do cliente.
À LAVAGEM DE DINHEIRO § 1º Os procedimentos referidos no caput devem
incluir a obtenção, a verificação
e a validação da autenticidade de informações de
Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º
identificação do cliente, inclusive, se necessário,
devem dispor de estrutura de governança visando
mediante confrontação dessas informações com as
a assegurar o cumprimento da política referida no
disponíveis em bancos de dados de caráter público
art. 2º e dos procedimentos e controles internos de
e privado.
prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamen-
§ 2º No processo de identificação do cliente devem
to do terrorismo previstos nesta circular.
ser coletados, no mínimo:
I - o nome completo, o endereço residencial e o
Dica número de registro no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), no caso de pessoa natural; e
Governança tem a ver com boas práticas II - a firma ou denominação social, o endereço
administrativas. da sede e o número de registro no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ),
348 no caso de pessoa jurídica.
Se o cliente for do exterior, desobriga-se o CPF. Se a Identificação e da Qualificação do Beneficiário Final
empresa for com sede no exterior, desobriga-se o CNPJ.
Art. 24 Os procedimentos de qualificação do cliente
Qualificação dos Clientes pessoa jurídica devem incluir a análise da cadeia de
participação societária até a identificação da pes-
soa natural caracterizada como seu beneficiário
Art. 18 As instituições mencionadas no art. 1º devem
final, observado o disposto no art. 25. [...]
adotar procedimentos que permitam qualificar seus
clientes por meio da coleta, verificação e validação
de informações, compatíveis com o perfil de risco do É também considerado beneficiário final o repre-
cliente e com a natureza da relação de negócio. sentante, inclusive o procurador e o preposto, que
exerça o comando sobre as atividades da pessoa jurí-
As instituições deverão avaliar sempre: dica. Esse procedimento não é necessário em relação
às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de com-
z A capacidade financeira do cliente; panhia aberta ou entidade sem fins lucrativos e as
z O perfil de risco. cooperativas.

A qualificação do cliente deve ser reavaliada e Art. 25 As instituições mencionadas no art. 1º devem
estabelecer valor mínimo de referência de participação
sempre atualizada.
societária para a identificação de beneficiário final.
§ 1º o valor mínimo de referência de participação
z Pontos de Atenção na Qualificação societária de que trata o caput deve ser estabe-
lecido com base no risco e não pode ser superior
Nos termos do art. 19, os procedimentos de qua- a 25% (vinte e cinco por cento), considerada, em
lificação devem incluir a verificação da condição do qualquer caso, a participação direta e a indireta.
cliente como: § 2º o valor de referência de que trata o caput
deve ser justificado e documentado no manual
„ Pessoa politicamente exposta: Detentores de de procedimentos referido no art. 13, § 2º.
mandato, ocupantes de cargos de natureza especial,
tais como ministros e altas autoridades públicas; Qualificação como Pessoa Exposta Politicamente
„ Familiar: Parentes até o segundo grau;
„ Estreito colaborador: Pessoa conhecida por Art. 27 As instituições mencionadas no art. 1º devem
ter qualquer tipo de estreita relação com pessoa implementar procedimentos que permitam qualifi-
exposta politicamente. car seus clientes como pessoa exposta politicamente.

Para esses clientes, devem ser adotados procedi- Consideram-se pessoas expostas politicamente, entre
mentos de qualificação compatíveis com sua condição. outros:

Classificação dos Clientes Art. 27 [...]


§ 1º Consideram-se pessoas expostas politicamente:
Art. 20 As instituições mencionadas no art. 1º devem I - os detentores de mandatos eletivos dos Poderes
classificar seus clientes nas categorias de risco defini- Executivo e Legislativo da União;
das na avaliação interna de risco mencionada no art. II - os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da
10, com base nas informações obtidas nos procedi- União, de:
mentos de qualificação do cliente referidos no art. 18. a) Ministro de Estado ou equiparado;
Parágrafo único. A classificação mencionada no b) Natureza Especial ou equivalente;
caput deve ser: c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalen-
I - realizada com base no perfil de risco do cliente e tes, de entidades da administração pública indireta; e

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


na natureza da relação de negócio; d) Grupo Direção e Assessoramento Superiores
II - revista sempre que houver alterações no perfil de (DAS), nível 6, ou equivalente;
risco do cliente e na natureza da relação de negócio. III - os membros do Conselho Nacional de Justi-
ça, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais
As instituições devem classificar seus clientes: Superiores, dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais
Regionais Eleitorais, do Conselho Superior da Jus-
z Nas categorias de risco definidas na avaliação
tiça do Trabalho e do Conselho da Justiça Federal;
interna de risco; IV - os membros do Conselho Nacional do Ministério
z Usando como base as informações obtidas nos pro- Público, o Procurador-Geral da República, o Vice-Pro-
cedimentos de qualificação. curador-Geral da República, o Procurador-Geral do
Trabalho, o Procurador-Geral da Justiça Militar, os
Essa classificação deve ser revista sempre que Subprocuradores-Gerais da República e os Procurado-
houver alterações no perfil do cliente. res Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;
Segundo o art. 23, é vedado às instituições iniciar V - os membros do Tribunal de Contas da União, o Pro-
relação de negócios sem que os procedimentos de iden- curador-Geral e os Subprocuradores-Gerais do Minis-
tificação e de qualificação do cliente estejam concluídos. tério Público junto ao Tribunal de Contas da União;
Admite-se, por um período máximo de 30 dias, o VI - os presidentes e os tesoureiros nacionais, ou
início da relação de negócios em caso de insuficiên- equivalentes, de partidos políticos;
cia de informações relativas à qualificação do clien- VII - os Governadores e os Secretários de Estado e
te, desde que não haja prejuízo aos procedimentos de do Distrito Federal, os Deputados Estaduais e Dis-
monitoramento e seleção, de acordo com o parágrafo tritais, os presidentes, ou equivalentes, de entida-
des da administração pública indireta estadual e
único do mesmo artigo.
distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça, 349
Tribunais Militares, Tribunais de Contas ou equiva- referidas no art. 1º devem incluir nos registros
lentes dos Estados e do Distrito Federal; e mencionados no art. 28 as informações necessárias
VIII - os Prefeitos, os Vereadores, os Secretários à identificação da origem e do destino dos recursos.
Municipais, os presidentes, ou equivalentes, de enti-
dades da administração pública indireta municipal As instituições devem incluir nos registros:
e os Presidentes de Tribunais de Contas ou equiva-
lentes dos Municípios. z Identificação da origem;
§ 2º São também consideradas expostas politica- z Identificação do destino dos recursos.
mente as pessoas que, no exterior, sejam:
I - chefes de estado ou de governo; Art. 30 [...]
II - políticos de escalões superiores; § 3º Para fins do cumprimento do disposto no caput,
III - ocupantes de cargos governamentais de esca- devem ser incluídas no registro das operações, no
lões superiores; mínimo, as seguintes informações, quando couber:
IV - oficiais-generais e membros de escalões supe- I - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ
riores do Poder Judiciário; do remetente ou sacado;
V - executivos de escalões superiores de empresas II - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ
públicas; ou do recebedor ou beneficiário;
VI - dirigentes de partidos políticos. III - códigos de identificação, no sistema de liquida-
ção de pagamentos ou de transferência de fundos,
REGISTRO DE OPERAÇÕES das instituições envolvidas na operação; e
IV - números das dependências e das contas envol-
Disposições Gerais vidas na operação

Registro das Operações em Espécie


As instituições devem manter registros de todas
as operações realizadas, produtos e serviços contrata- Art. 33 No caso de operações com utilização de
dos, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recursos em espécie de valor individual superior a
recebimentos e transferências de recursos, nos ter- r$2.000,00 (dois mil reais), as instituições referidas no
mos do art. 28 desta Circular: art. 1º devem incluir no registro, além das informa-
ções previstas nos arts. 28 e 30, o nome e o respectivo
Art. 28 [...] número de inscrição no cpf do portador dos recursos.
§ 1º os registros referidos no caput devem conter, Art. 34 No caso de operações de depósito ou apor-
no mínimo, as seguintes informações sobre cada te em espécie de valor individual igual ou superior
operação: a r$50.000,00 (cinquenta mil reais), as instituições
I - tipo; referidas no art. 1º devem incluir no registro, além
II - valor, quando aplicável; das informações previstas nos arts. 28 e 30:
III - data de realização; I - o nome e o respectivo número de inscrição no cpf ou
IV - nome e número de inscrição no cpf ou no cnpj no cnpj, conforme o caso, do proprietário dos recursos;
do titular e do beneficiário da operação, no caso de II - o nome e o respectivo número de inscrição no
pessoa residente ou sediada no país; e cpf do portador dos recursos; e
V - canal utilizado. III - a origem dos recursos depositados ou aportados.

Registro de Operações Envolvendo Pessoa do Exterior Segundo o parágrafo único do art. 34, na hipótese
de recusa do cliente ou do portador dos recursos em
Art. 28 [...] prestar a informação, a instituição deve registrar o
§ 2º No caso de operações envolvendo pessoa natu- fato e utilizar essa informação nos procedimentos de
ral residente no exterior desobrigada de inscrição monitoramento.
no cpf, na forma definida pela secretaria da receita
federal do brasil, as instituições devem incluir no Art. 35 No caso de operações de saque, inclusi-
registro as seguintes informações: ve as realizadas por meio de cheque ou ordem de
I - nome; pagamento, de valor individual igual ou superior
II - tipo e número do documento de viagem e respec- a R$50.000,00 (cinquenta mil reais), as instituições
tivo país emissor; e referidas no art. 1º devem incluir no registro, além
III - organismo internacional de que seja represen- das informações previstas nos arts. 28 e 30:
tante para o exercício de funções específicas no I - o nome e o respectivo número de inscrição no
país, quando for o caso. CPF ou no CNPJ, conforme o caso, do destinatário
§ 3º No caso de operações envolvendo pessoa jurí- dos recursos;
dica com domicílio ou sede no exterior desobrigada II - o nome e o respectivo número de inscrição no
de inscrição no cnpj, na forma definida pela secre- CPF do portador dos recursos;
taria da receita federal do brasil, as instituições III - a finalidade do saque; e
devem incluir no registro as seguintes informações: IV - o número do protocolo referido no art. 36, § 2º,
I - nome da empresa; e inciso II
II - número de identificação ou de registro da
empresa no respectivo país de origem. Perceba que saques de grande valor podem indi-
car operações suspeitas, daí a necessidade de registro
Registro de Operações de Pagamento, Recebimento das operações. Os saques de grande valor também
e Transferência de Recursos não possuem a obrigatoriedade de estarem disponí-
veis de imediato nos bancos; dessa forma, deve haver
Art. 30 No caso de operações relativas a paga- solicitação de provisionamento com, no mínimo, 3
mentos, recebimentos e transferências de recursos, dias úteis de antecedência, das operações de valor
350 por meio de qualquer instrumento, as instituições igual ou superior a R$ 50.000,00.
As instituições devem: para saque que apresentem indícios de ocultação
ou dissimulação da natureza, da origem, da locali-
Art. 36 [...] zação, da disposição, da movimentação ou da pro-
I - possibilitar a solicitação de provisionamento por priedade de bens, direitos e valores;
meio do sítio eletrônico da instituição na internet e c) as operações realizadas e os produtos e serviços
das agências ou Postos de Atendimento; contratados que, considerando as partes e os valo-
res envolvidos, apresentem incompatibilidade com
II - emitir protocolo de atendimento ao cliente ou
a capacidade financeira do cliente, incluindo a ren-
ao sacador não cliente, no qual devem ser infor-
da, no caso de pessoa natural, ou o faturamento, no
mados o valor da operação, a dependência na qual
caso de pessoa jurídica, e o patrimônio;
deverá ser efetuado o saque e a data programada
d) as operações com pessoas expostas politica-
para o saque; e
mente de nacionalidade brasileira e com represen-
III - registrar, no ato da solicitação de provisiona-
tantes, familiares ou estreitos colaboradores de
mento, as informações indicadas no art. 35, confor-
me o caso. pessoas expostas politicamente;
e) as operações com pessoas expostas politicamen-
te estrangeiras;
Atenção: é vedado postergar saques em espécie de
f) os clientes e as operações em relação aos quais
contas de depósitos à vista de valor igual ou inferior a
não seja possível identificar o beneficiário final;
R$5.000,00, admitida a postergação para o expediente
g) as operações oriundas ou destinadas a países ou
seguinte de saques de valor superior ao estabelecido.
territórios com deficiências estratégicas na imple-
mentação das recomendações do Grupo de Ação
MONITORAMENTO, SELEÇÃO E ANÁLISE DE Financeira (Gafi);
OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS h) as situações em que não seja possível manter
atualizadas as informações cadastrais de seus
As instituições devem implementar procedimen- clientes; e
tos de monitoramento, seleção e análise de operações II - as operações e situações que possam indicar
e situações com o objetivo de identificar e dispensar suspeitas de financiamento do terrorismo.
especial atenção às suspeitas de lavagem de dinhei-
ro e de financiamento do terrorismo, nos termos do
Em suma, podemos destacar que as instituições
caput do art. 38. Lembre-se de que operações suspei-
devem implementar procedimentos em operações
tas requerem maior atenção.
que possam indicar suspeitas, especialmente:
Os procedimentos devem:

Art. 38 [...] z Operações atípicas que envolvam valor suspeito


I - ser compatíveis com a política de prevenção ou forma de operacionalização suspeita, tais como
à lavagem de dinheiro e ao financiamento do depósitos e saques fracionados;
terrorismo de que trata o art. 2º; z Operações de depósito ou saque em espécie que
II - ser definidos com base na avaliação interna apresentem indícios de ocultação ou dissimulação;
de risco de que trata o art. 10; z Operações com pessoas expostas politicamente
III - considerar a condição de pessoa exposta de nacionalidade brasileira e estrangeira;
politicamente, nos termos do art. 27, bem como
z Clientes e operações em relação aos quais não seja
a condição de representante, familiar ou estreito
colaborador da pessoa exposta politicamente, nos possível identificar o beneficiário final;
termos do art. 19; e z Operações oriundas ou destinadas a países ou
IV - estar descritos em manual específico, apro- territórios com deficiências estratégicas na imple-
vado pela diretoria da instituição. mentação das recomendações do Grupo de Ação
Financeira (Gafi).
Monitoramento e Seleção de Operações e Situações
Suspeitas O período para a execução dos procedimentos de
monitoramento e de seleção das operações e situações

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


Existem diversos procedimentos que as instituições suspeitas não pode exceder o prazo de 45 dias, contados a
devem implementar. Essas hipóteses estão elencadas no partir da data de ocorrência da operação ou da situação.
art. 39 desta Circular. Vejamos o dispositivo na íntegra: Todas as instituições, nos termos do art. 40, devem
assegurar que os sistemas utilizados no monitoramento e
Art. 39 As instituições referidas no art. 1º devem na seleção de operações e situações suspeitas contenham
implementar procedimentos de monitoramento informações detalhadas das operações. As instituições
e seleção que permitam identificar operações e
também devem manter documentação detalhada
situações que possam indicar suspeitas de lava-
gem de dinheiro e de financiamento do terrorismo, Os procedimentos de monitoramento e seleção
especialmente: podem ser realizados de forma centralizada em insti-
I - as operações realizadas e os produtos e ser- tuição do conglomerado prudencial e do sistema coo-
viços contratados que, considerando as partes perativo de crédito.
envolvidas, os valores, as formas de realização, os
instrumentos utilizados ou a falta de fundamento Procedimentos de Análise de Operações e Situações
econômico ou legal, possam configurar a existência Suspeitas
de indícios de lavagem de dinheiro ou de financia-
mento do terrorismo, inclusive:
a) as operações realizadas ou os serviços presta- Art. 43 As instituições referidas no art. 1º devem
dos que, por sua habitualidade, valor ou forma, implementar procedimentos de análise das opera-
configurem artifício que objetive burlar os proce- ções e situações selecionadas por meio dos proce-
dimentos de identificação, qualificação, registro, dimentos de monitoramento e seleção de que trata
monitoramento e seleção previstos nesta Circular; o art. 39, com o objetivo de caracterizá-las ou não
b) as operações de depósito ou aporte em espécie, como suspeitas de lavagem de dinheiro e de finan-
saque em espécie, ou pedido de provisionamento ciamento do terrorismo. 351
Esquematicamente: As instituições que não tiverem efetuado comu-
nicações ao Coaf em cada ano civil deverão prestar
z As instituições devem implementar procedimentos declaração, até dez dias úteis após o encerramento do
de análise das operações e situações selecionadas referido ano, atestando a não ocorrência de operações
por meio dos procedimentos de monitoramento e ou situações passíveis de comunicação.
seleção. O prazo para essa análise é de 45 dias con-
tados da operação; PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER
z É vedada a contratação de terceiros para a reali- FUNCIONÁRIOS, PARCEIROS E PRESTADORES DE
zação da análise. SERVIÇOS TERCEIRIZADOS

PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO AO COAF Art. 56 As instituições mencionadas no art. 1º devem


implementar procedimentos destinados a conhecer
Art. 48 As instituições referidas no art. 1º devem comu- seus funcionários, parceiros e prestadores de servi-
nicar ao Coaf as operações ou situações suspeitas de ços terceirizados, incluindo procedimentos de identi-
lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. ficação e qualificação.
§ 1º A decisão de comunicação da operação ou
situação ao Coaf deve: Nos termos do art. 60, as instituições, na celebração
I - ser fundamentada com base nas informações de contratos com terceiros não sujeitos à autorização
contidas no dossiê mencionado no art. 43, § 2º; para funcionar do Banco Central do Brasil, participan-
II - ser registrada de forma detalhada no dossiê tes de arranjo de pagamento do qual a instituição tam-
mencionado no art. 43, § 2º; e bém participe, devem:
III - ocorrer até o final do prazo de análise referido
no art. 43, § 1º. Art. 60 [...]
§ 2º A comunicação da operação ou situação I - obter informações sobre o terceiro que permitam
suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia útil compreender a natureza de sua atividade e a sua
seguinte ao da decisão de comunicação. reputação;
II - verificar se o terceiro foi objeto de investigação
O prazo referido no inciso III do art. 48 será de ou de ação de autoridade supervisora relacionada
45 dias da operação. A comunicação da operação ou com lavagem de dinheiro ou com financiamento do
situação suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia terrorismo;
útil seguinte ao da decisão de comunicação. III - certificar que o terceiro tem licença do institui-
dor do arranjo para operar, quando for o caso;
Comunicação de Operações em Espécie IV - conhecer os controles adotados pelo terceiro
relativos à prevenção à lavagem de dinheiro e ao
financiamento do terrorismo; e
Art. 49 As instituições mencionadas no art. 1º
V - dar ciência do contrato ao diretor mencionado
devem comunicar ao Coaf:
no art. 9º.
I - as operações de depósito ou aporte em espécie
ou saque em espécie de valor igual ou superior a
r$50.000,00 (cinquenta mil reais); DISPOSIÇÕES FINAIS
II - as operações relativas a pagamentos, recebimentos As disposições finais estão dispostas no capítu-
e transferências de recursos, por meio de qualquer ins- lo XII desta circular nº 3.078. Podemos sintetizar as
trumento, contra pagamento em espécie, de valor igual
informações mais importantes nos itens seguintes:
ou superior a r$50.000,00 (cinquenta mil reais); e
III - a solicitação de provisionamento de saques em z Percebe-se que toda a circular é repetitiva no sen-
espécie de valor igual ou superior a r$50.000,00 tido de que os procedimentos devem ser contro-
(cinquenta mil reais) de que trata o art. 36. lados sempre para evitar as ocorrências que a
circular se destina a prevenir;
Dica z Devem ser adotadas medidas de avaliação da efe-
tividade dos controles previstos nesta circular.
A Circular deixa como “gatilho” o valor de R$
50.000,00 em variadas situações.

A comunicação da operação ou situação suspeita


LEI N° 13.260, DE 16 DE MARÇO DE
ao Coaf deve ser realizada até o dia útil seguinte ao da 2016
ocorrência da operação. As comunicações alteradas
ou canceladas após o quinto dia útil seguinte ao da A Lei nº 13.260, de 2016, disciplinou a legislação
sua realização devem ser acompanhadas de justifica- sobre o terrorismo, tratando de disposições investiga-
tiva da ocorrência. tórias e processuais, e reformulou o conceito de orga-
nização terrorista.
Art. 53 As comunicações referidas nos arts. 48 e 49 De acordo com a Lei,
devem especificar, quando for o caso, se a pessoa
objeto da comunicação: Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um
I - é pessoa exposta politicamente ou representante, ou mais indivíduo dos atos previstos neste artigo,
familiar ou estreito colaborador dessa pessoa; por razões de xenofobia, discriminação ou precon-
II - é pessoa que, reconhecidamente, praticou ou ceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometi-
tenha intentado praticar atos terroristas ou deles dos com a finalidade de provocar terror social ou
participado ou facilitado o seu cometimento; e generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimô-
III - é pessoa que possui ou controla, direta ou indire- nio, a paz pública ou a incolumidade pública.
352 tamente, recursos na instituição, no caso do inciso II. § 1º São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, Nesses últimos dois casos, a pena é de reclusão de
portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, quinze a trinta anos.
venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares
ou outros meios capazes de causar danos ou pro-
mover destruição em massa;
II - (Vetado);
III - (Vetado); COAF – CONSELHO DE CONTROLE DE
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com ATIVIDADES FINANCEIRAS
violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de
mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, O Conselho de Controle de Atividades Financeiras, ins-
ainda que de modo temporário, de meio de comunica-
tituído pela Lei nº 9.613, de 1998, foi criado, originalmen-
ção ou de transporte, de portos, aeroportos, estações
te, no âmbito do Ministério da Fazenda (atual Ministério
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde,
da Economia). Recentemente, a Lei nº 13.974, de 2020,
escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou
locais onde funcionem serviços públicos essenciais,
reestruturou o Coaf e o vinculou administrativamente ao
instalações de geração ou transmissão de energia, Banco Central do Brasil. De acordo com essa atualização
instalações militares, instalações de exploração, refi- da lei, o Coaf dispõe de autonomia técnica e operacional e
no e processamento de petróleo e gás e instituições atua em todo o território nacional com competência para:
bancárias e sua rede de atendimento; e
V - atentar contra a vida ou a integridade física de Art. 3º [...]
pessoa. I - produzir e gerir informações de inteligência financei-
ra para a prevenção e o combate à lavagem de dinheiro;
Destaca-se que, conforme a Lei, a tipificação de II - promover a interlocução institucional com
órgãos e entidades nacionais, estrangeiros e inter-
conduta como terrorismo:
nacionais que tenham conexão com suas atividades.
§ 2º [...] não se aplica à conduta individual ou cole-
tiva de pessoas em manifestações políticas, movi-
Adicionalmente, o Coaf mantém competências
mentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de que estavam previstas na Lei nº 9.613, de 1998, quais
categoria profissional, direcionados por propósitos sejam (arts. 14 e 15):
sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, cri-
ticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender z Disciplinar, aplicar penas administrativas, rece-
direitos, garantias e liberdades constitucionais [...]. ber, examinar e identificar as ocorrências suspei-
tas de atividades ilícitas de “lavagem” ou ocultação
O texto legal previu que também incorrem em cri- de bens, direitos e valores;
z Coordenar e propor mecanismos de cooperação e
me aqueles que venham a:
de troca de informações que viabilizem ações rápi-
das e eficientes no combate à ocultação ou dissi-
z “Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, mulação de bens, direitos e valores;
pessoalmente ou por interposta pessoa, a organiza- z Requerer dos órgãos da Administração Pública as
ção terrorista” (art. 3º); informações cadastrais bancárias e financeiras de
z “Realizar atos preparatórios de terrorismo com o pro- pessoas envolvidas em atividades suspeitas;
pósito inequívoco de consumar tal delito” (art. 5º); z Comunicar às autoridades competentes, para a ins-
z “Recrutar, organizar, transportar ou municiar indi- tauração dos procedimentos cabíveis, nas situações
víduos que viajem para país distinto daquele de sua em que o Conselho concluir pela existência ou fun-
residência ou nacionalidade” (I, § 1º, art. 5º), com o dados indícios de crimes de “lavagem”, ocultação de
propósito de praticar atos de terrorismo; bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito.
z “Fornecer ou receber treinamento em país distin-
to daquele de sua residência ou nacionalidade” (II, O § 1º, do art. 14, da Lei nº 9.613, de 1998, também

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


§ 1º, art. 5º), com o propósito de praticar atos de atribuiu ao Coaf a competência de regular os setores
terrorismo. econômicos para os quais não haja órgão regulador
ou fiscalizador próprio.
Além dessas, também foram tipificadas como cri- Nessas situações, caberá ao Coaf a definição das
me práticas que podem envolver instituições financei- pessoas abrangidas e dos meios e critérios para envio
ras, quais sejam: de comunicações, bem como a expedição das instru-
ções para a identificação de clientes e manutenção de
Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guar- registros de transações, além da aplicação de sanções
dar, manter em depósito, solicitar, investir, de previstas na lei.
qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos,
ativos, bens, direitos, valores ou serviços de Estrutura Organizacional
qualquer natureza, para o planejamento, a prepa-
ração ou a execução dos crimes previstos nesta Lei: De acordo com o art. 4º, da Lei nº 13.974, de 2020:
[...]
Parágrafo único. [...] oferecer ou receber, obti- Art. 4º A estrutura organizacional do Coaf
ver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, compreende:
investir ou de qualquer modo contribuir para a I - Presidência;
obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, II - Plenário; e
com a finalidade de financiar, total ou parcialmen- III - Quadro Técnico.
te, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, § 1º O Plenário é composto do Presidente do Coaf e
organização criminosa que tenha como atividade de 12 (doze) servidores ocupantes de cargo efetivos,
principal ou secundária, mesmo em caráter even- de reputação ilibada e reconhecidos conhecimentos
tual, a prática dos crimes previstos nesta Lei. em matéria de prevenção e combate à lavagem de 353
dinheiro, escolhidos dentre integrantes dos qua- as informações que forem solicitadas pelo Coaf ou
dros de pessoal dos seguintes órgãos e entidades: demais entidades reguladoras!
I - Banco Central do Brasil; A Lei nº 9.613, de 1998, buscou ser explícita, e esti-
II - Comissão de Valores Mobiliários; pulou que se sujeitam as mesmas obrigações (ou seja,
III - Superintendência de Seguros Privados; também são pessoas obrigadas):
IV - Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;
V - Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil;
Art. 9º [...]
VI - Agência Brasileira de Inteligência;
Parágrafo único. [...]
VII - Ministério das Relações Exteriores;
I - as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou
VIII - Ministério da Justiça e Segurança Pública;
IX - Polícia Federal; futuros e os sistemas de negociação do mercado de
X - Superintendência Nacional de Previdência balcão organizado;
Complementar; II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as
XI - Controladoria-Geral da União; e entidades de previdência complementar ou de
XII - Advocacia-Geral da União. capitalização;
III - as administradoras de cartões de credencia-
Compete ao Presidente do Banco Central do Brasil mento ou cartões de crédito, bem como as adminis-
escolher e nomear o Presidente do Coaf e os membros tradoras de consórcios para aquisição de bens ou
do Plenário. serviços;
IV - as administradoras ou empresas que se utili-
Mecanismos de Prevenção da Utilização do Sistema zem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico,
Financeiro para a Realização de Ilícitos magnético ou equivalente, que permita a transfe-
rência de fundos;
Em seus arts. de 9º a 12, a Lei nº 9.613, de 1998, diz V - as empresas de arrendamento mercantil (lea-
respeito aos mecanismos de prevenção e combate ao sing), as empresas de fomento comercial (factoring)
crime de lavagem de dinheiro. Nesse sentido, pessoas e as Empresas Simples de Crédito (ESC);
físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanen- VI - as sociedades que efetuem distribuição de
te ou eventual, como atividade principal ou acessória, dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mer-
cumulativamente ou não: cadorias, serviços, ou, ainda, concedam descon-
tos na sua aquisição, mediante sorteio ou método
Art. 9º [...] assemelhado;
I - a captação, intermediação e aplicação de recur- VII - as filiais ou representações de entes estrangei-
sos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou ros que exerçam no Brasil qualquer das atividades
estrangeira; listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro VIII - as demais entidades cujo funcionamento
como ativo financeiro ou instrumento cambial; e dependa de autorização de órgão regulador dos
III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de
negociação, intermediação ou administração de seguros;
títulos ou valores mobiliários. IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, que operem no Brasil como agentes,
Deverão (art. 10):
dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por
z identificar seus clientes e manter cadastro atua- qualquer forma representem interesses de ente
lizado, nos termos de instruções emanadas das estrangeiro que exerça qualquer das atividades
autoridades competentes; referidas neste artigo;
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam ativi-
z manter registro de toda transação em moeda
dades de promoção imobiliária ou compra e venda
nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliá-
de imóveis;
rios, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercia-
passível de ser convertido em dinheiro, que ultra-
lizem joias, pedras e metais preciosos, objetos de
passar limite fixado pela autoridade competente e
arte e antiguidades.
nos termos de instruções por esta expedidas; XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercia-
z adotar políticas, procedimentos e controles inter- lizem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem
nos, compatíveis com seu porte e volume de ope- a sua comercialização ou exerçam atividades que
rações, que lhes permitam atender às exigências envolvam grande volume de recursos em espécie;
da lei; XIII - as juntas comerciais e os registros públicos;
z cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem,
órgão regulador ou fiscalizador e, na falta deste, mesmo que eventualmente, serviços de assesso-
no Conselho de Controle de Atividades Financeiras ria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselha-
(Coaf), na forma e condições por eles estabelecidas; mento ou assistência, de qualquer natureza, em
z atender às requisições formuladas pelo Coaf na operações:
periodicidade, forma e condições por ele estabele- a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos
cidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o comerciais ou industriais ou participações societá-
sigilo das informações prestadas. rias de qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou
Essas pessoas (que podem ser físicas ou jurídi- outros ativos;
cas!) são chamadas de pessoas obrigadas. Para o c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de
nosso objetivo, podemos ter em mente que todas as poupança, investimento ou de valores mobiliários;
instituições que atuam no Sistema Financeiro Nacio- d) de criação, exploração ou gestão de sociedades
nal são pessoas obrigadas, e devem adotar controles de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciá-
internos adequados, registrar adequadamente seus rios ou estruturas análogas;
354 clientes e as transações por eles realizadas, e prestar e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre con-
tratos relacionados a atividades desportivas ou AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA
artísticas profissionais;
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na pro- z O que é o Sistema Brasileiro de Autorregulação
moção, intermediação, comercialização, agencia- Bancária?
mento ou negociação de direitos de transferência
de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos A auto regulação bancária é um sistema de nor-
similares;
mas criado pelo próprio setor bancário, com o propó-
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores;
sito básico de criar um ambiente ainda mais favorável
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercia-
lizem bens de alto valor de origem rural ou animal à realização dos 4 (quatro) grandes princípios que o
ou intermedeiem a sua comercialização; e orientam:
XVIII - as dependências no exterior das entidades
mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz „ Ética e Legalidade: adotar condutas benéficas
no Brasil, relativamente a residentes no País. à sociedade, ao funcionamento do mercado e
ao meio-ambiente; respeitar a livre concorrên-
A lei também define que as pessoas (físicas e jurí- cia e a liberdade de iniciativa; atuar em con-
dicas) obrigadas a prestar informação devem, ainda, formidade com a legislação vigente e com as
de acordo com o art. 11: normas da auto regulação;
„ Respeito ao Consumidor: tratar o consumi-
z Dispensar especial atenção às operações que, nos dor de forma justa e transparente, com atendi-
termos de instruções emanadas das autoridades mento cortês e digno; assistir o consumidor na
competentes, possam constituir sérios indícios avaliação dos produtos e serviços adequados
dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles se às suas necessidades e garantir a segurança e a
relacionar; confidencialidade de seus dados pessoais; con-
z Comunicar ao Coaf — abstendo-se de dar ciência ceder crédito de forma responsável e incenti-
de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela a var o uso consciente do crédito;
que se refere a informação, no prazo de 24 horas „ Comunicação Eficiente: fornecer informações
— a proposta ou realização: de forma precisa, adequada, clara e oportuna,
proporcionando condições para o consumidor
„ de toda transação em moeda nacional ou tomar decisões conscientes e bem informadas;
estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos a comunicação com o consumidor, por qual-
de crédito, metais, ou qualquer ativo passível quer veículo, pessoalmente ou mediante ofer-
de ser convertido em dinheiro, que ultrapas- tas ou anúncios publicitários, deve ser feita de
sar limite fixado pela autoridade competente, modo a informá-lo sobre os aspectos relevantes
acompanhada da identificação do cliente; do relacionamento com a Signatária;
„ das operações que, nos termos de instruções „ Melhoria Contínua: aperfeiçoar padrões de
emanadas das autoridades competentes, pos- conduta, elevar a qualidade dos produtos,
sam constituir sérios indícios dos crimes pre- níveis de segurança e a eficiência dos serviços.
vistos na lei;
Nesse Sistema, os bancos estabelecem uma série
z Comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da de compromissos de conduta que, em conjunto com as
sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na periodi- diversas outras normas aplicáveis às suas atividades,
cidade, forma e condições por eles estabelecidas, a contribuirão para que o mercado funcione de forma
não ocorrência de propostas, transações ou opera- ainda mais eficaz, clara e transparente, em benefício
ções passíveis de serem comunicadas.
não só do próprio setor, mas de todos os envolvidos

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


nesse processo – os consumidores e a sociedade como
As pessoas físicas e jurídicas sujeitas às obriga- um todo.
ções estabelecidas pela lei e os administradores das
pessoas jurídicas, que deixem de cumprir com tais
z Como esse Sistema vai interferir no relaciona-
obrigações, ficam sujeitos, cumulativamente ou não,
mento entre bancos e consumidores?
às seguintes sanções:
O propósito maior do Sistema de Autorregulação
Art. 12 [...]
I - advertência; Bancária é promover a melhoria contínua da qualida-
II - multa pecuniária variável não superior: de do relacionamento entre os bancos signatários do
a) ao dobro do valor da operação; Sistema e os consumidores (pessoa física). Assim, ao
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivel- contribuir para um melhor funcionamento do setor,
mente seria obtido pela realização da operação; ou os consumidores deverão ser diretamente beneficia-
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de dos por esse processo.
reais);
III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez z Como será monitorada e avaliada a conduta dos
anos, para o exercício do cargo de administrador bancos, para que se saiba quem está, de fato,
das pessoas jurídicas sujeitas ao cumprimento da cumprindo as normas do Sistema?
lei;
IV - cassação ou suspensão da autorização para o
exercício de atividade, operação ou funcionamento. O monitoramento das condutas dos bancos, para
que se avalie e assegure sua efetiva adequação a todas
as normas da autorregulação será feito pela Diretoria
de Autorregulação – criada pelo próprio Código de 355
Autorregulação Bancária, na estrutura da Febraban, Art. 3º As normas da auto regulação abrangem
para essa finalidade específica. todos os produtos e serviços ofertados ou dispo-
Para cumprir essa sua missão, a Diretoria de Autor- nibilizados pelas Signatárias a qualquer pessoa
regulação trabalhará com os seguintes procedimentos: física, cliente ou não cliente (o “consumidor”).

„ Relatórios de Conformidade: documento que REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


cada banco signatário do Sistema deverá preen-
cher a cada semestre, indicando e demonstran- https://www.autorregulacaobancaria.com.br/.
do seus pontos de adequação, bem como as Acesso em 4 de jul. 2021.
ações que esteja tomando, ou que virá a tomar,
para completa adequação de quaisquer condu-
tas que, de alguma forma, apresentem qualquer
desajuste, em relação ao disposto nas normas do HORA DE PRATICAR!
Sistema;
„ Relatório de Ouvidoria: os bancos signatários 1. (IADES — 2019) Considerando as disposições da Lei
deverão enviar à Diretoria de Autorregulação nº 4.595/1964 acerca das restrições à realização de
os mesmos relatórios de Ouvidoria que reme- operações das instituições financeiras com partes
tem ao Banco Central do Brasil; relacionadas, assinale a alternativa correta.
„ Central de Atendimento: fornecer acesso à
população a um sistema para registro de ocor- a) Consideram-se partes relacionadas, entre outras, as
rências que os consumidores identifiquem pessoas jurídicas com as quais a instituição financeira
como desajustes com as normas da Autorre- tenha qualquer participação societária.
gulação. Esse sistema, que não se volta ao tra- b) É vedada a realização de qualquer operação de insti-
tamento ou solução de problemas individuais, tuição financeira com a parte relacionada.
tem por finalidade específica propiciar um c) É permitida a realização de operações de instituições
monitoramento amplo do mercado por parte financeiras públicas federais com empresas controla-
da Diretoria de Autorregulação, no sentido de das pela União.
avaliar o efetivo cumprimento das normas do d) É vedada a realização de operações de depósitos
Sistema sob a perspectiva do público. interfinanceiros de bancos com as respectivas partes
relacionadas.
z O Sistema de Autorregulação poderá ajudar a e) É permitida a realização de operações com as partes
resolver algum problema pessoal/individual relacionadas em condições compatíveis com as de
que o consumidor venha experimentando junto mercado, ainda que importem benefícios adicionais
a algum dos bancos signatários? às operações efetuadas com os demais clientes de
mesmo perfil.
Sim. Caso autorizado pelo consumidor, o Sistema de
Autorregulação Bancária enviará a demanda ao canal 2. (IADES — 2019) Segundo a Lei nº 4.595/1964, compe-
de atendimento responsável do próprio banco signatá- te ao Banco Central do Brasil
rio reclamado. A Instituição reclamada será responsá-
vel por responder diretamente o caso em até 15 dias. a) determinar as características gerais das cédulas e das
moedas.
z Quando eu identificar que algum banco não b) limitar, sempre que necessário, as taxas de juros.
está cumprindo as regras, eu posso noticiar o c) expedir normas gerais de contabilidade a serem obser-
Sistema quanto a isso? Como me manifestar? vadas pelas instituições financeiras.
d) emitir moeda nas condições aprovadas pela respecti-
Sim. Você não apenas pode se manifestar como, va diretoria colegiada.
na verdade, é esperado que você o faça. Esses regis- e) determinar o recolhimento de até 100 por cento do total
tros não serão individualmente respondidos, nem isso dos depósitos à vista pelas instituições financeiras.
gerará, de imediato ou necessariamente, alguma san-
ção ao(s) banco(s) apontado(s). No entanto, eles serão 3. (IADES — 2018) Os bancos múltiplos são instituições
uma fonte preciosa de monitoramento da atuação de financeiras privadas ou públicas, que realizam as
cada agente do Sistema, para que possamos melhor operações ativas, passivas e acessórias das diversas
conferir se, de fato, as normas da Autorregulação instituições financeiras. A respeito das carteiras que
estão sendo corretamente cumpridas. um banco múltiplo pode operar, assinale a alternativa
Dentre os vários normativos que a FEBRABAN edi- correta.
tou a respeito da Autorregulação Bancária, destaca-
mos alguns pontos que podem ser abordados nas suas a) A carteira de desenvolvimento pode ser operada por
provas. Vejamos: instituições públicas ou privadas.
b) Bancos múltiplos devem operar, no mínimo, duas car-
Código De Auto-Regulação Bancária teiras, sendo uma delas obrigatoriamente a carteira
Art. 2º As normas da auto regulação não comercial.
se sobrepõe, mas se harmonizam à legislação c) Somente bancos múltiplos com carteira comercial são
vigente, destacadamente ao código de Defesa do autorizados a captar depósitos à vista.
Consumidor, às leis e normas especificamente dire- d) Bancos múltiplos privados não são autorizados a ope-
cionadas ao sistema bancário e à execução de ati- rar a carteira de investimento.
vidades delegadas pelo setor público a instituições e) Bancos múltiplos organizados sob a forma de socie-
financeiras. dade limitada só podem operar uma única carteira.
356
4. (IADES — 2019) Considere uma instituição financeira e) Por questão de segurança, o banco digital permi-
autorizada a operar três carteiras: a carteira de desen- te a consulta de produtos e serviços financeiros por
volvimento, a carteira de crédito imobiliário e uma meio de canais eletrônicos, mas ainda não permite a
outra carteira. contratação.

Com base apenas nessas informações, é correto afir- 8. (IADES — 2019) Quanto às diferenças entre bancos
mar que a instituição digitalizados e bancos digitais, assinale a alternativa
correta.
a) está autorizada a captar depósitos à vista.
b) pode emitir debêntures. a) Um banco digital pode permitir que o próprio cliente
c) opera uma carteira comercial. ajuste o respectivo limite de transferência ou do car-
d) consiste em um banco público. tão de crédito e, por medida de segurança, demandar
e) está organizada sob a forma de sociedade limitada. que tal cliente dirija-se a um caixa eletrônico ou agên-
cia para concluir o processo.
5. (IADES — 2019) À luz da Lei Complementar no b) Permitir que o cliente abra a própria conta corrente sem
167/2019, que dispõe acerca da Empresa Simples de precisar sair de casa e não cobrar taxa de manutenção
Crédito (ESC) e das respectivas operações, assinale a da conta são os únicos requisitos obrigatórios que dife-
alternativa correta. renciam um banco digital de um banco digitalizado.
c) Para que um banco seja considerado digital, basta que
a) A remuneração da ESC somente pode ocorrer por disponibilize um ambiente de internet banking e aplicati-
meio de juros remuneratórios, sendo vedada a cobran- vos móveis, mesmo que, por medida de segurança, seja
ça de quaisquer outros encargos, mesmo sob a forma necessário instalar softwares de segurança adicionais
de tarifa. que possam comprometer a experiência do cliente.
b) O BRB pode participar do capital social de uma ESC d) Demandar que o cliente se dirija a um caixa eletrôni-
constituída na forma de sociedade limitada, se ela tiver co para desbloquear o respectivo cartão ou senha de
internet é aceitável para bancos digitalizados, mas
por objeto a realização de operações com microem-
não para bancos digitais.
presas sediadas no Distrito Federal.
e) Disponibilizar serviços gratuitos e pacotes padroniza-
c) O capital social da ESC pode ser integralizado em
dos de serviços, tais como os exigidos pela Resolução
moeda corrente ou em títulos da dívida pública federal
nº 3.919, art. 2º, inciso I, do Banco Central, é o que
com vencimento de até um ano.
define um banco como digital.
d) A ESC pode realizar operações de empréstimo e de
financiamento com recursos próprios ou de tercei-
9. (IADES — 2019) A respeito das definições de startups
ros, tendo como contraparte os microempreendedo-
e dos respectivos tipos e nichos de atuação, assinale
res individuais, as microempresas e as empresas de
a alternativa correta.
pequeno porte.
e) A validade dessas operações de crédito não está
a) Startups B2B são as que têm outras empresas como
condicionada ao respectivo registro em entidade
consumidores finais e, para se manterem competiti-
registradora.
vas, precisam evitar que o respectivo modelo de negó-
cio seja repetível.
6. (IADES — 2019) A alienação de direitos creditórios b) Startups são empresas nascentes escaláveis ou não,
para uma sociedade mercantil, decorrentes de vendas desde que atuem com negócios digitais inovadores e
a prazo, em que o cedente não responde pela solvên- em cenários minimamente estáveis.
cia do devedor, caracteriza uma operação de c) Toda empresa no respectivo estágio inicial pode ser
considerada uma startup, exceto franqueadas, por se
a) financiamento bancário. tratarem, na verdade, de filiais de empresas cuja mar-

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS


b) desconto bancário. ca já é consolidada.
c) capital de giro. d) Fintechs são bancos digitais que aproveitam o alcan-
d) crédito rotativo. ce da internet para ofertarem serviços financeiros a
e) fomento mercantil. um custo menor e nos quais o foco está na experiên-
cia do usuário.
7. (IADES — 2019) O sistema bancário vem passando e) Startups B2B2C são as que atuam com modelos de
por um processo acelerado de transformação digital. negócio repetível e escalável em parceria com outras
Entretanto, o nível de maturidade digital varia de banco empresas, visando à realização de vendas para o
para banco. A respeito desse assunto, assinale a alter- cliente final.
nativa correta.
10. (IADES — 2019) De acordo com a Lei nº 6.385/1976, são
a) Uma característica do banco digital é a realização de considerados valores mobiliários e, como tais, sujeitos
processos não presenciais, como o envio de informa- à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários
ções e documentos por meio digital e a coleta eletrô-
nica de assinatura para a abertura de contas. a) contratos derivativos, independentemente dos ativos
b) Um banco digital é o mesmo que um banco digitali- subjacentes.
zado, visto que ambos apresentam o mesmo nível de b) títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal.
automação dos processos. c) criptomoedas, como o Bitcoin.
c) A oferta de canais de acesso virtual representa o mais d) títulos ou contratos de investimento coletivo, de modo
alto nível de maturidade digital. geral.
d) O banco digitalizado dispensa o atendimento presen- e) títulos cambiais de responsabilidade de instituição
cial e o fluxo físico de documentos. financeira, exceto as debêntures. 357
11. (IADES — 2019) Acerca do poder sancionador da b) São aplicáveis a todas as instituições financeiras e
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tal como demais instituições autorizadas a funcionar pelo Ban-
definido na Lei no 6.385/1976, assinale a alternativa co Central do Brasil, independentemente de vínculo
correta. associativo ou adesão voluntária.
c) Decorrem de lei.
a) Por tratarem de informações sigilosas, os procedi- d) Constituem-se de recomendações sem força obrigató-
mentos investigativos não podem ter a respectiva ins- ria, não havendo previsão de aplicação de sanções em
tauração divulgada. caso de descumprimento.
b) Somente pode recair sobre condutas fraudulentas pra- e) A criação, a organização e o funcionamento desses
ticadas no Brasil. sistemas não dependem de autorização do Banco
c) A CVM pode deixar de instaurar ou suspender o procedi- Central do Brasil.
mento administrativo se o investigado assinar termo de
compromisso, o qual não importará confissão de fatos e 14. (IADES — 2019) A atividade principal de uma socie-
dade administradora de cartão de crédito, pessoa
nem reconhecimento da ilicitude da conduta investigada.
jurídica não financeira, é a prestação de serviços
d) Por se tratar de um ente supervisor, a CVM não pode
remunerados, e não a intermediação financeira. Supo-
exercer atividade consultiva aos participantes do mer-
nha que o titular de um cartão de crédito não efetuou o
cado, podendo, no máximo, divulgar alertas.
pagamento integral do saldo devedor na data do venci-
e) É possível a aplicação aos infratores de proibição tem- mento da fatura.
porária para atuar em uma ou mais modalidades de Nesse caso, o cliente entra automaticamente no crédi-
operação no mercado, até o máximo de 30 anos. to rotativo do cartão, que é

12. (IADES — 2019) Dentro do arranjo do Sistema de Paga- a) financiado pela própria administradora de cartão de
mentos Brasileiro (SPB), compete ao Banco Central auto- crédito.
rizar e vigiar o funcionamento das entidades operadoras b) financiado por uma operação de crédito realizada por
de Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF), além de instituição financeira distinta da administradora de
atuar como regulador do sistema e provedor de serviços cartão de crédito.
de liquidação. As IMF operadas pelo Banco Central para c) parcelado com melhores condições de financiamento,
transferência de fundos e liquidação de operações com desde que o cliente tenha efetuado o pagamento míni-
títulos públicos são, respectivamente, o (a) mo obrigatório de 15% do valor da fatura.
d) parcelado, independentemente das condições do
a) Sistema de Transferência de Reservas (STR) e a Cen- financiamento.
tral de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos e) renovado, a cada mês, até que o cliente efetue o paga-
(Cetip). mento integral da fatura.
b) Sistema de Transferência de Reservas (STR) e o Siste-
ma Especial de Liquidação e Custódia (Selic). 15. (IADES — 2019) A Lei nº 9.613/1998 tipifica, no res-
c) Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e a pectivo art. 1º, os crimes de lavagem de dinheiro, com
Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos enquadramento penal básico consistente na oculta-
(Cetip). ção ou dissimulação da natureza, origem, localização,
d) Centralizadora de Compensações de Cheque (Compe) disposição, movimentação ou propriedade de bens,
e o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). direitos ou valores provenientes, direta ou indireta-
e) Central de Cessão de Crédito (C3) e o Sistema Espe- mente, de infração penal, ao tempo em que estabele-
cial de Liquidação e Custódia (Selic). ce, nos arts. 2º a 7º, disposições especiais referentes
a processo e julgamento, bem como aos efeitos pes-
soais e patrimoniais de eventual condenação.
13. (IADES — 2019) As entidades representativas das insti-
tuições financeiras, a exemplo da Federação Brasileira de Considerando os aspectos legais referentes à lava-
Bancos (Febraban), têm envidado esforços para a criação gem de dinheiro e o fato de que ela se desenvolve em
e o aprimoramento contínuo de sistemas de autorregula- fases que eventualmente se superpõem ou comuni-
ção destinados a reforçar publicamente o compromisso cam, assinale a alternativa correta.
do setor financeiro com a observância dos princípios da
integridade, equidade, transparência, sustentabilidade e a) A primeira fase da lavagem de dinheiro, denominada
“dissimulação” ( layering), é caracterizada por uma
confiança, orientando, no relacionamento com o consu-
multiplicidade de operações e transações realizadas
midor, o atendimento das necessidades e dos interesses
mediante empresas e contas sem aparente relação
deste de forma justa, digna e cortês, a fim de garantir a
com o agente envolvido na prática delituosa, tornando
respectiva liberdade de escolha e a tomada de decisões
impossível ou extremamente difícil identificar a ori-
conscientes, sem prejuízo da adoção de políticas e medi-
gem ilícita dos bens, direitos ou valores provenientes,
das voltadas à responsabilidade socioambiental, preven- direta ou indiretamente, de infração penal.
ção de situações de conflitos de interesse e de fraude, b) Os crimes de lavagem de dinheiro somente se confi-
além da prevenção e do combate à corrupção, à lavagem guram caso sejam cometidos de forma reiterada ou se
de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. a infração penal antecedente tiver sido praticada por
organização criminosa.
No que se refere aos sistemas de autorregulação men- c) A pena para os crimes de lavagem de dinheiro poderá
cionados, assinale a alternativa correta. ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regi-
me semiaberto ou aberto, sendo possível ao juiz deixar
a) Podem ser revogados por ato do Banco Central do de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena
Brasil. restritiva de direitos, se o agente, no curso de investiga-
358 ção ou processo, colaborar espontaneamente com as
autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam
à apuração das infrações penais, à identificação dos
autores, coautores e partícipes, ou à localização dos
bens, direitos ou valores objeto da infração penal.
d) Os tipos penais de lavagem de dinheiro admitem a for-
ma culposa, em que o agente criminoso dá causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
e) O processo e julgamento dos crimes de lavagem de
dinheiro são de competência exclusiva da Justiça
Federal.

9 GABARITO

1 C

2 E

3 C

4 D

5 A

6 E

7 A

8 D

9 E

10 A

11 C

12 B

13 E

14 B

15 C

ANOTAÇÕES

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BANCÁRIOS

359
ANOTAÇÕES

360
MOBILE BANKING
Banco móvel (às vezes utilizado o termo em inglês
mobile banking) são ferramentas que disponibilizam
OS BANCOS NA ERA alguns serviços tipicamente bancários através de dis-
positivos móveis, como um celular.
DIGITAL (PRESENTE E “Mobile Banking (operação bancária móvel) refere-
-se à disposição e vantagem dos serviços da operação

TENDÊNCIAS) bancária e financeiros com a ajuda dos dispositivos


móveis da telecomunicação. A variedade de serviços
oferecidos pode incluir facilidades para realizar ope-
rações bancárias e transações do mercado acionário,
para administrar clientes e para ter acesso a informa-
INTERNET BANKING, BANCO VIRTUAL ções personalizadas.”
Serviços de informação, por outro lado, pode ser
E “DINHEIRO DE PLÁSTICO” oferecido como um módulo independente.
HOME/OFFICE BANKING, REMOTE BANKING,
BANCO VIRTUAL

A ligação entre o computador do cliente e o com- OPEN BANKING


putador do banco é o que basicamente se define como
Home Banking. Se fôssemos traduzir ipsis litteris, Open Banking
Para que houvesse uma redução de custos de inter- significaria Banco Aberto. Mas esse é um termo que
mediação financeira, os bancos concluíram que havia remete aos métodos de Inovação Aberta pensados
necessidade de reduzir o trânsito e a fila de clientes exclusivamente para o setor bancário.
nas agências. Dentro do que chamamos de Open Banking está a
Esse o motivo para o aprimoramento dos Bancos prática da colaboração entre instituições bancárias
24 horas, onde se dá o atendimento remoto – fora das tradicionais com startups, fintechs e empresas de tec-
agências – da clientela. nologia. Essas parcerias resultam em soluções e apli-
Esse tipo de atendimento se utiliza da rede ban- cações inovadoras.
co 24 horas (saques, depósitos, pagamento de con- E isso só acontece por que as Interfaces de Progra-
tas, solicitação de entrega de talões de cheques etc.), mação de Aplicativos (APIs) permitem que terceiros
empresas tipo balcão eletrônico, cartões magnéticos acessem informações financeiras com eficiência, o
em redes de postos de gasolina, redes de lojas. que promove o desenvolvimento de novos aplicativos
Pode-se, então, obter uma integração dos requisi- e serviços. Elas também facilitam a coleta e a análises
tos de conveniência, segurança, eficácia e relaciona- sofisticadas de volumes exponenciais de dados.
mento, exigidos pelo conceito de remote bank. APIs abertas são ótimas oportunidades para criar
A segurança na transmissão de dados é garantia pelo novos modelos de negócios bancários, iniciando o tão
perfil que o banco, concede por meio de uma palavra- necessário processo de Transformação Digital, res-
ponsável por tirar as instituições financeiras da área

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


-chave-password que limita o acesso às informações.
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
de conforto e guiá-las rumo a estratégias fundamenta-
contabilidade/remote-banking-(banco-virtual)/24984 das em user-centric.
O Open Banking propõe elaboração de produtos e
INTERNET BANKING/BANCO DIGITAL serviços online, 100% digitais que geram vantagens
para o usuário final. Sim, a ideia não é resolver o pro-
Muito além de oferecer serviços por internet ban- blema do banco e de seus desenvolvedores, mas o do
king ou aplicativos que auxiliem clientes a realizar seu consumidor.
suas transações financeiras, o banco digital se carac- Idealmente, uma estratégia de Open Banking deve
teriza por apresentar uma proposta de valor onde a resultar em uma melhor experiência para os consu-
maioria dos seus produtos e serviços sejam oferecidos midores. A diferença entre o conceito e outras estra-
de forma digital. tégias rotineiras no mercado é o novo cenário criado
É um modelo operacional com infraestrutura por ele, em que correntistas acessam serviços e fun-
capaz de responder às interações de seus clientes em cionalidades do banco a partir de sites e aplicativos
tempo real e criar uma cultura que se adeque às ino- terceiros.
vações tecnológicas de forma ágil. A instituição financeira deixa de existir apenas
De acordo com a pesquisa FEBRABAN de tecnologia em seus próprios domínios e passa a ter contato com
bancária 2014, o Banco digital possui um processo não seu cliente em outros espaços digitais, ampliando sua
presencial no momento da abertura de contas, com cap- atuação, público, portfólio de serviços e tempo de
tura digital de documentos e informações e coleta eletrô- contato.
nica de assinatura. Com relação à consulta e resolução de A plataforma de API aberta do banco deve ser
problemas, o banco digital possui acesso a canais eletrô- capaz de conectar o correntista, mais especificamente
nicos para todas as consultas e contratação de produtos. os dados dele, à outras plataformas de sua escolha. O
A resolução de problemas é feita por múltiplos canais poder de escolha é do usuário, o de conexão de dados
sem a necessidade da ida à agência. é da instituição financeira.
Fonte: https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/open-banking/ 361
Porém, como já foi dito, o termo vem sendo utili-
O COMPORTAMENTO DO zado para descrever o sentimento de uma pessoa ao
CONSUMIDOR NA RELAÇÃO COM O interagir com uma empresa notadamente através
BANCO de sites, aplicativos e tecnologias digitais em geral.
Em regra, o cliente escolherá a instituição que
O perfil do cliente de serviços bancários tem muda- lhe oferecer a melhor experiência de usuário, ou
do nos últimos anos. Bancos tradicionais já não conse- seja, a melhor experiência como cliente.
guem suprir as necessidades de clientes que nasceram As startups financeiras (fintechs, bancos digitais) vêm
mergulhados na era digital, como a geração Y. revolucionando a experiência do usuário do sistema
Por isso, a fim de oferecer um relacionamento financeiro, e forçando os bancos tradicionais a também
mais personalizado, é essencial compreender quais evoluírem no assunto. Segundo a Pesquisa Febraban
são os interesses e necessidades dessa nova geração de Tecnologia Bancária, divulgada em 2018, o foco dos
de consumidores, assim como o que eles esperam dos investimentos dos bancos em 2017 esteve em adquirir e
serviços financeiros. desenvolver novas soluções e serviços, capazes de levar
A geração digital deseja ser localizada por seus experiências melhores e mais qualidade aos consumi-
interesses específicos e características peculiares e
dores. De fato, vultuosos investimentos em tecnologia e
não ser somente um número em amplos dados demo-
em qualificação de pessoas tornaram-se cada vez mais
gráficos. Ela é composta por clientes participativos e
necessários, e vem sendo realizados pelos bancos.
que desejam ser questionados sobre os produtos e ser-
viços que o banco oferece. Já na pesquisa divulgada em 2022, 91% das institui-
São consumidores que esperam que o banco tenha ções pesquisadas afirmaram que decidiram alavancar
uma visão ampla de seu relacionamento, atuando de canais digitais como principal meio de relacionamen-
forma antecipatória, observando possíveis problemas to e forma de entregar melhor experiência ao cliente.
e criando soluções. Eles querem ser surpreendidos Segundo a pesquisa,
com serviços especiais em momentos inesperados
e esperam que a instituição financeira esteja ao seu Tornou-se padrão da indústria proporcionar uma
lado no longo prazo, nos diversos momentos da sua melhor experiência para os clientes nos canais
vida. digitais e a eficiência através da digitalização das
Estes clientes também esperam que o banco tenha operações, levando o setor a explorar uma série de
caráter informativo e orientador. Além de terem inte- temas que complementam as estratégias de investi-
resse em assuntos financeiros, querem que a institui- mentos em tecnologia.
ção os eduque através de dicas e canais on-line, assim Boa parte dessas prioridades buscam alavancar
como os informe sobre o atual cenário econômico, ainda mais os canais digitais e suas capacidades de
alertando-os sobre mudanças financeiras. relacionamento e geração de negócios.1
Desejam sentir que estão seguros e protegidos, que
podem escolher os melhores canais para interagir Há vários elementos que contribuem para a con-
com o banco. cepção de boas experiências para o público, como a
Fonte: http://blog.simply.com.br/banco-digital-desafio-setor- interface do usuário, a facilidade de navegação e os
financeiro/ mecanismos de busca.
A qualidade da experiência é algo extremamente
valorizado, principalmente pelo público mais jovem.
E os bancos precisam ter uma estratégia de experiên-
A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO cia do usuário.
Uma experiência do usuário positiva, logicamente, cau-
“Experiência do Usuário” é a tradução do termo sará uma boa impressão, e pode ajudar a converter visi-
inglês User Experience, ou simplesmente UX. tantes em clientes e fidelizar aqueles que já são usuários.
O termo surgiu nos anos 1990, e se refere em como Para possibilitar uma boa experiência do usuário
um cliente se sente ao interagir com uma empresa, em um site ou aplicativo, por exemplo, devem ser
produto, serviço ou sistema. observados aspectos como:
Atualmente, o conceito de User Experience está
muito ligado à tecnologia, com o uso de sites ou
z Utilidade — o conteúdo deve ser útil;
aplicativos, mas ele não se resume a isso.
z Usabilidade — o uso e a navegação devem ser
Por exemplo: lembre-se de quando você teve que
simples;
ir a uma agência bancária e levou minutos para con-
seguir atravessar a porta giratória, quase tendo que z Acessibilidade — recursos de acessibilidade,
se despir para isso. E que, depois de conseguir o feito como funções para deficientes visuais;
de entrar na agência, pegou a senha de número 182, e z Funcionalidade — deve ser algo que funcione da
logo viu no painel que o último cliente chamado tinha maneira esperada, que cumpra seu objetivo;
sido o de número 113... já aconteceu algo parecido com z Confiabilidade — acesso seguro, ferramentas de
você? Em caso positivo, eu diria que, nesse episódio, segurança, logout automático.2
sua “Experiência de Usuário” não foi muito positiva.

1 TECNOLOGIA Bancária 2022: IA, Segurança e Open Finance. Simply, 2022. Disponível em: https://blog.simply.com.br/tecnologia-bancaria-2022/.
Acesso em: 26 mai. 2022.
362 2
conseguia anunciar nos programas de maior audiên-
SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES cia. Essa realidade mudou completamente desde que
DIGITAIS a internet se popularizou, principalmente com o uso
em massa de redes sociais.
O marketing digital é essencial para a comunicação
das atividades de uma marca, afinal neste ambiente é Direcionando Investimento e Mensagem
possível se posicionar e garantir uma audiência quali-
ficada. Neste sentido, a estratégia é ainda mais asser- Hoje, a grande oportunidade de consolidação no
tiva quando as ações e campanhas de marketing são mercado e fortalecimento de marca não está mais na
personalizadas de acordo com o público e comparti- divulgação para grandes públicos, mas na identificação
lhadas no momento certo para atingir o cliente. e foco em nichos de mercado onde se concentram as
Ao estabelecer um planejamento para a divul- pessoas com mais potencial de compra e fidelização.
gação de uma campanha no Facebook é necessário A segmentação é uma forma de otimizar investi-
selecionar, dentre os diversos filtros demográficos e mentos por meio de uma mensagem mais objetiva e
perfis de interação, quem deverá ser impactado por com escopo mais bem definido. Se por um lado gasta-se
sua publicação. Saiba como começar: menos com tempo de exibição em horário nobre, por
outro ganha-se mais relevância em campanhas dese-
z Crie ‘personas’ nhadas para atrair organicamente. É uma forma única
no mundo corporativo de fazer mais com muito menos.
Definir as características da pessoa que você quer
atingir por meio da associação com seus valores e Criando uma Identidade
informações facilita a seleção de interesses que con-
tribuam para uma segmentação eficaz. Selecione fato- O Marketing Digital surgiu dessa necessidade de
res como idade, profissão, hobbies, gostos culturais e aproximar marca e público de forma como nunca antes
atividades praticadas regularmente; foi possível. O termo do momento em divulgação publi-
citária é “conexão emocional”. Campanhas segmenta-
z Utilize a mídia correta das e que se apoiam em redes sociais para passar uma
mensagem tornam a empresa mais próxima do público,
Saber quem é o seu público alvo ideal é a chave como mais uma amiga em sua rede de relacionamentos.
para descobrir onde o seu cliente está e, a partir dis- Dessa forma, é possível criar uma identidade bem
so, estabelecer qual a mídia deve ser prioritária na definida para o negócio e seus produtos. A marca é
ação. Conhecer as opções de segmentação, uso e perfis personificada em uma mensagem e é muito mais fácil
existentes em cada ambiente é essencial para que sua se relacionar afetivamente com uma persona do que
campanha tenha bom desempenho; apenas um nome na tela.

z Teste variáveis Aumentando taxas de conversão

Durante a publicação da campanha é fundamental Ou seja, a segmentação de público é hoje a fórmu-


criar variantes de público para entender a receptivida- la mais rápida e eficiente para aumentar a sua taxa
de de cada um. Segmentações diferentes influenciam de conversão (a porcentagem de pessoas atingidas
resultados diferentes, por isso ter públicos segmenta- pela mensagem que realmente fazem uma compra ou

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


dos permite elevar seu entendimento da audiência a assinam um serviço), além de necessitar de um custo
cada interação da campanha, permitindo resultados menor para manter esse cliente fidelizado.
cada vez melhores; Conexão emocional é barata de criar e difícil de ser
quebrada — duas características que qualquer empre-
z Mensure os resultados sa busca em suas campanhas de marketing. Segmen-
tar seu público é a forma mais eficiente de alcançar
Acompanhar os dados de demografia, renda, enga- esse resultado.
jamento, tempo de visita e conversão, disponibiliza-
dos ao analisar as campanhas, possibilita que a cada Marketing Digital e a estratégia de segmentação
publicação você conheça melhor seu público. A partir
disso é possível ajustar a nova etapa da ação e seg- Agora que a importância da segmentação de públi-
mentar de forma ainda mais precisa, provocando co ficou clara, é hora de entender melhor como o
impacto na hora certa e na pessoa certa. Marketing Digital pode fazer isso na prática. São bene-
Fonte: https://infographya.com.br/segmentacao-de-publico-no- fícios que vão muito além da mensagem em si e sua
ambiente-digital/ plataforma de divulgação, mas também estratégias
de Business Intelligence para garantir que seu inves-
A Importância da Segmentação Pública timento em divulgação seja feito de forma assertiva:

É difícil até hoje mensurar o quanto a internet está Entendendo o seu Público
transformando a humanidade em todos os aspectos:
social, cultural, econômico, mas, algumas caracterís- O primeiro passo para uma divulgação adequada
ticas dessa nova era digital já são bastante evidentes, a esse novo público é entender quem são seus clientes
mensuráveis e aplicáveis em estratégias de marketing. potenciais. Por meio de pesquisas e aplicação de téc-
Na época de ouro da TV aberta, o grande público nicas de prospecção, é possível identificar nichos de
geral era o objetivo final de qualquer campanha. Ven- mercado potenciais para divulgar e engajar.
dia mais quem tinha mais espaço publicitário, quem 363
A prática de mais sucesso atualmente é a criação
de buyer personas, perfis fictícios que representam INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COGNITIVA
seus consumidores e ajudam a elaborar e implementar
campanhas de marketing mais segmentadas e focadas. O uso da inteligência artificial cognitiva representa
uma evolução em relação aos canais de atendimen-
Criando Campanhas em Plataformas Unificadas to a clientes no sistema financeiro. A maior parte das
instituições está investindo fortemente em tecnologias
Parte de entender seu público passa também por relacionadas à inteligência artificial e à computação
mapear seu comportamento na internet e hábitos ao cognitiva, tecnologias que se complementam. Ambas
consumir conteúdo digital. Para aproveitar informa- estão diretamente ligadas à entrega de maior comodida-
ções valiosas como essas, é preciso criar ou contratar de e assertividade aos consumidores, quando eles utili-
plataformas que unifiquem e automatizem a sua pre- zam os serviços disponíveis.
sença nesses ambientes. Com a inteligência artificial cognitiva, os sistemas
Hoje o Marketing Digital é obrigatoriamente mul- conseguem agir baseados em aprendizado e racio-
ticanal e só é possível mensurar resultados e adaptar cínio, deduzindo e ampliando o que sabem, podendo
estratégias se todos os dados coletados em diversas oferecer informações, detectar e evitar problemas
fontes estiverem centralizados em um bom sistema possíveis e identificar padrões de dados. Há a possi-
de monitoramento. bilidade de combinação de dados internos de tran-
sações bancárias com dados externos de redes
Economia de Dinheiro sociais e aplicativos, o que cria interações e formas
novas de informação e aconselhamento para clientes,
O resultado mais relevante que o Marketing Digi- possibilitando a antecipação de problemas de forma
tal traz para a segmentação do público é otimizar a proativa.
taxa de conversão — como dissemos, fazer mais com Como exemplo, podemos citar recursos dos aplica-
menos. Ao entender os hábitos e gostos do seu públi- tivos de bancos, chamados “chatbots”, que nada mais
co e ter um sistema integrado de monitoramento, a são do que sistemas robotizados que imitam conver-
divulgação se torna mais barata e eficiente. sas reais, por meio de inteligência artificial. No Banco
Imagine uma campanha em TV aberta que atinja do Brasil, exemplificando, com o uso desse recurso,
um milhão de pessoas, sendo que apenas 10 mil sejam os clientes já podem realizar saques, transferências
seu público alvo. Ao aplicar técnicas de Marketing entre contas, recarga de celular, liberação de cartão
Digital à mesma campanha, é possível conseguir o de crédito e consultas de saldos e extratos de con-
mesmo resultado, 10 mil, em um grupo segmentado tas corrente, poupança e investimentos através do
de entusiastas com 20 mil pessoas. Você gasta apenas Whatsapp, sem necessidade de cartão e senha para
uma fração do dinheiro em um ambiente muito mais finalizar a operação.
propício ao engajamento. A experiência mais bem-sucedida no Brasil, até
o momento, parece ser a BIA (Bradesco Inteligência
Artificial), que, recentemente, ao final do primeiro
Segmentando de Forma Inteligente
trimestre de 2022, ultrapassou a marca de 1,3 bilhão
de interações. Foram 40,7 milhões de interações entre
E a segmentação do Marketing Digital, principal-
janeiro e março de 2022 no WhatsApp.
mente utilizando Big Data, não se resume apenas ao
gosto de um público. Com a captação de mais infor-
No aplicativo mobile, somando clientes pessoa físi-
mações sobre clientes e visitantes por meio de site e
ca e pessoa jurídica, BIA teve 9,7 milhões de intera-
redes sociais, é possível segmentar com muito mais
ções no período, uma alta de 14% na comparação
precisão. Pode-se criar campanhas específicas, por com o mesmo período de 2021.3
exemplo, para uma única cidade, uma faixa etária ou
até um horário do dia. Seja por mensagens de texto, chat interativo ou
voz, a BIA é capaz de esclarecer dúvidas sobre pro-
Retendo Clientes Através de Relacionamento dutos e serviços através do aplicativo do Brades-
co, aplicativo do Next (Banco Digital do Bradesco),
Por último, uma das grandes vantagens do Marke- Google Assistente e WhatsApp.
ting Digital na segmentação de público é a capacidade Com tempo de resposta menor que 3 segundos e
de separar a aquisição da fidelização de clientes. índice de 95% de resoluções de demandas,
Em campanhas de massa, não há como fazer essa
diferenciação — a mesma mensagem é divulgada a BIA dispensa em muitos casos a ida até agências,
para clientes e não clientes. Já o Marketing Digital e auxilia na realização de diversos serviços digitais
possibilita campanhas específicas de remarketing e como consultas de saldo e extrato, transferências,
relacionamento que tratem apenas sua base já con- pagamentos de conta, investimentos, recargas de
quistada, otimizando o investimento menor na manu- celular, empréstimos, entre outras transações. No
tenção desse público fidelizado com engajamento e a total, a BIA já responde sobre mais de 85 produtos
tão desejada conexão emocional. e serviços do Bradesco.4
Fonte: https://2dcb.com.br/blog/como-o-marketing-digital-ajuda-na-
segmentacao-de-publico

3 MEDEIROS, H. BIA do Bradesco acumula 1,3 bilhão de interações. MobileTime, 2022. Disponível em: https://www.mobiletime.com.br/noti-
cias/06/05/2022/bia-do-bradesco-acumula-13-bilhao-de-interacoes/. Acesso em: 26 maio 2022.
4 ASSISTENTE digital do Bradesco atinge a marca de 100 milhões de interações. Ti Inside, 25 de mar. de 2019. Disponível em: https://tiinside.com.
364 br/25/03/2019/assistente-digital-do-bradesco-atinge-a-marca-de-100-milhoes-de-interacoes/. Acesso em: 26 de maio de 2022.
No entanto, a Inteligência Artificial não é utilizada só no atendimento ao cliente. A tecnologia vem sendo utili-
zada em diferentes áreas dentro das instituições financeiras.

Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2020.

De acordo com a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022, a Inteligência Artificial tem a capacidade
de melhorar a eficiência, aumentar a diferenciação e influenciar a experiência do cliente, e é uma das principais
apostas dos bancos para 2022. Ela vem sendo utilizada muito fortemente nas áreas de crédito e de cobrança e tem
permeado praticamente todos os negócios, incluindo as centrais de atendimento.

BANCO DIGITALIZADO X BANCO DIGITAL


Bancos digitais caracterizam-se por apresentar uma proposta aos clientes na qual produtos e serviços são
oferecidos de forma digital, simples e segura.
O modelo de banco digital pressupõe uma instituição capaz de atender às necessidades dos clientes de uma
forma menos burocrática do que as instituições tradicionais, através de inovações tecnológicas que permitem
estabelecer uma relação mais personalizada e ágil.
A discussão sobre as diferenças entre um banco digitalizado e um banco digital foi estimulada pela pesquisa
da Febraban sobre Tecnologia Bancária de 2014.

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


De acordo com a pesquisa, os bancos variam em termos de maturidade digital de acordo com o nível de
automação e digitalização dos processos.
No nível máximo de maturidade digital (banco digital), uma instituição deveria ter:

z procedimentos de gestão de risco automatizados;


z segmentação dinâmica de clientes;
z ofertas focadas de produtos e serviços;
z integração total entre os canais de atendimento;
z ferramentas complexas de CRM, sigla para Customer Relationship Management, que significa Gestão do
Relacionamento com o Cliente.

Ainda segundo a pesquisa, em grandes bancos, o processo de transformação digital tem passado por três
estágios:

z “Oferta de Canais Virtuais”;


z “Banco Digitalizado”;
z “Banco Digital”.

Em relação a eventos básicos, como abertura de contas e resolução de problemas, as diferenças entre um
Banco Digitalizado e um Banco Digital foram representadas da seguinte forma.

365
“BANCO DIGITALIZADO” “BANCO DIGITAL”

Processo presencial
Na agência (onde a con- Processo não presencial, com captura digi-
Abertura de Fluxo física de documen-
ta fica vinculada) — ca- tal de documentos e informações e coleta
contas tos e assinaturas
dastro remoto nos canais eletrônica de assinatura
eletrônicos

Contato com o gerente


Canais eletrônicos para Acesso a canais
vinculado à conta para Resolução de proble-
Consulta e consultas e transações eletrônicos para
resolução de problemas mas por múltiplos
resolução de não complexas — dú- todas as consul-
com necessidade de canais sem a necessi-
problemas vidas canalizadas para tas e contratação
presença na agência pelo dade de ida à agência
gerente de produtos
cliente

Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2014.

Ou seja, no banco digitalizado, apesar do oferecimento de soluções tecnológicas e canais de atendimento


digital, ainda há, em relação aos eventos estudados, processos presenciais, com a necessidade da presença do
cliente em uma agência.
Já no banco digital, os eventos ocorrem sem a necessidade de processos presenciais, com a resolução dos
eventos através dos canais eletrônicos de atendimento.
O fato é que a evolução dos canais digitais de atendimento na preferência dos consumidores bancários é uma
realidade incontestável.
Por exemplo, a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária divulgada em 2021 demonstra que, em 2020, quan-
do o número de transações bancárias cresceu 20%, no maior salto dos últimos anos, a participação dos canais
digitais (mobile banking e internet banking) nessas transações aumentou de 62% para 66%.
Nesse cenário, o mobile banking (ou seja, o celular) se consolidou como o principal canal utilizado pelos
clientes e, pela primeira vez, representou mais da metade do total das transações bancárias.

Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2021.

Essa mesma pesquisa informa que o número de contas abertas pelo mobile banking aumentou 90% em 2020
— o que demonstra o acelerado crescimento dos bancos digitais — e que as transações com movimentação finan-
ceira no mobile tiveram um salto de 64%, impulsionadas pelo contexto da pandemia e do auxílio emergencial.

366
Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2021.

FINTECHS E STARTUPS
FINTECHS

Fintechs são as startups que criam inovações no setor financeiro, baseados em tecnologia. Elas têm sido uma
aposta dos bancos tradicionais para acelerar a inovação tecnológica e se inserir na era digital.
Os bancos beneficiam-se da interação com essas empresas disruptivas pela facilidade e agilidade na criação
e aprimoramento de produtos e serviços. Enquanto as FinTechs veem nessa parceria, uma maneira de validar o
negócio, receber investimentos e ganhar experiência.
Além disso, os bancos possuem uma base ampla, consolidada e crescente de clientes e oferecem estabilidade,
confiança e experiência em atender à regulamentação do Sistema Financeiro Nacional.
No Brasil, diversas instituições financeiras têm promovido programas que dialogam com as FinTechs. O Bra-
desco, por exemplo, criou em 2014 o programa InovaBra, que promove a interação do banco com startups com
potencial de desenvolvimento de negócios e produtos relacionados a serviços financeiros. Dentro desse ecossiste-
ma, foi criado em 2017 o InovaBra habitat, do qual a Simply é uma das empresas participantes. Um espaço onde
empresas, startups, investidores, mentores e empreendedores geram novos negócios e buscam soluções inovado-
ras com base no networking e na colaboração.

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


Outro exemplo dessa interação é o Cubo, um espaço de coworking lançado pelo Itaú em parceria com a
Redpoint, localizado na zona sul de São Paulo. Ele comporta e apoia até cinquenta startups, sendo seis delas,
FinTechs.
O banco digital representa uma evolução na forma de se relacionar com o cliente tendo como base a inovação
tecnológica. Ou seja, busca uma relação mais personalizada e próxima do consumidor a fim de atender uma nova
geração de clientes mais exigentes e conectados.
Fonte: http://blog.simply.com.br/banco-digital-desafio-setor-financeiro/

STARTUP

Startup significa o ato de começar algo, normalmente relacionado com companhias e empresas que estão no
início de suas atividades e que buscam explorar atividades inovadoras no mercado.
Empresas startup são jovens e buscam a inovação em qualquer área ou ramo de atividade, procurando desen-
volver um modelo de negócio escalável e que seja repetível.
Um modelo de negócio é a forma como a empresa gera valor para os clientes. Um modelo escalável e repetí-
vel significa que, com o mesmo modelo econômico, a empresa vai atingir um grande número de clientes e gerar
lucros em pouco tempo, sem haver um aumento significativo dos custos.

SOLUÇÕES MOBILE E SERVICE DESIGN


SOLUÇÕES MOBILE

Mobile significa móvel. Refere-se a dispositivos móveis, basicamente celulares e tablets.


A solução mobile nada mais é do que a solução utilizada por determinada empresa para que seus clientes
possam acessá-la através de dispositivos móveis. 367
Com a explosão dos smartphones, tornou-se essen- afetar como o usuário final se sente, mas sempre have-
cial para as empresas a adoção de soluções mobile. rá alguns elementos que estão fora do controle do
Elas se tornaram fundamentais para permitir uma designer”5 (profissional que criou o design do serviço).
maior aproximação dos clientes e obter dados de seu Veja como a preocupação com o service design apa-
perfil, proporcionando maior fidelização. rece logo na apresentação do BRB Mobile:
Além disso, as soluções mobile permitem a redu-
ção de custos, pois tornam os processos mais ágeis e,
geralmente, diminuem consideravelmente a necessi-
dade de atendimento ao cliente de forma presencial.
Há três tipos básicos de soluções mobile:

Site Responsivo

É um site adaptado para responder melhor a um


acesso através de smartphones ou tablets. Ou seja, é o
mesmo site acessado através de computadores, porém
adaptado para acesso mobile.
Qualquer site pode ser acessado através de dispo-
sitivos móveis, mas sites não responsivos, pensados
exclusivamente para acesso a partir de computado-
res, podem não oferecer uma disposição adequada
dos quadros e menus em telas de celulares ou tablets.

Plataforma Mobile, Site Mobile ou Web App

Nesse caso, ao acessar o site da empresa em um


dispositivo mobile, o cliente será direcionado para
uma versão mobile específica do site.
Nesses dois casos não é possível interagir com o
dispositivo móvel do cliente (acessar câmera, galeria
de fotos, localização etc.)

Aplicativo (App)

É o aplicativo que você instala no seu celular.


Os aplicativos, por oferecerem muito mais recur-
sos, tornaram-se quase que obrigatórios para certos
setores da economia, e isso é sem dúvida uma verdade
quando se trata de bancos.
Os aplicativos permitem acesso a aplicativos nati-
vos do celular ou tablet do cliente (câmera, microfone,
GPS etc.), possibilitando a oferta de um número muito
maior de serviços, e gerando uma experiência mais
positiva para o usuário.
O BRB, por exemplo, também possui o seu BRB Mobile.

SERVICE DESIGN

O service design, ou design de serviços, preocupa-


-se com os processos, espaços e dispositivos em que
o serviço ocorre e com a experiência almejada pela
empresa para os usuários.
Seu objetivo é planejar e organizar pessoas, comu-
nicação, infraestrutura e componentes materiais de um
serviço para otimizar a qualidade e a interação entre a
empresa que oferece o serviço e os seus consumidores.
O service design é uma tendência adotada por
grandes corporações. É o “desenho” dos serviços de
maneira otimizada, em benefício do cliente.
As técnicas oriundas do service design baseiam-se
no ambiente de transformação digital, design interati-
vo, experiência do consumidor e inovação de produtos.
Perceba que a há uma diferença entre o service
design e a experiência do usuário. “Otimizar e refinar
os componentes do design podem consideravelmente

5 REYES, C. O que é Experiência do Usuário? Liferay, 2022. Disponível em: https://www.liferay.com/pt/resources/l/user-experience. Acesso em:
368 26 mai. 2022.
É permitido realizar transferência internacional
O DINHEIRO NA ERA DIGITAL utilizando “moedas virtuais”?

BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS CRIPTOMOEDAS Não. Transferências internacionais devem ser fei-
(O DESAFIO DOS BANCOS NA ERA DIGITAL) tas por instituições autorizadas pelo Banco Central a
operar no mercado de câmbio, que devem observar as
Moedas Virtuais normas cambiais.
Fonte: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/
As chamadas “moedas virtuais” ou “moedas crip- perguntasfrequentes-respostas/faq_moedasvirtuais
tográficas” são representações digitais de valor que
não são emitidas por Banco Central ou outra autorida- BlockChain
de monetária. O seu valor decorre da confiança depo-
sitada nas suas regras de funcionamento e na cadeia O BlockChain espécie de banco de dados, onde
de participantes. ficam armazenadas todas as informações sobre as
Veremos agora algumas perguntas quando fala- transações de Bitcoins. O mais legal é que este grande
mos de moedas virtuais: arquivo é acessível a todos os usuários.
Dessa forma, você pode acessar essa base de dados
O Banco Central do Brasil regula as “moedas pelo seu computador e ver uma negociação que ocor-
virtuais”? reu entre duas pessoas: uma na China e outra na Ale-
manha, por exemplo.
Não. As “moedas virtuais” não são emitidas, garan- Os detalhes sobre quem são os envolvidos não é
tidas ou reguladas pelo Banco Central. Possuem for- possível saber, pois tudo é criptografado. Mas você
ma, denominação e valor próprios, ou seja, não se sabe que aquela transação ocorreu e que ela está gra-
vada na blockchain para sempre.
trata de moedas oficiais, a exemplo do real.
E falamos para sempre no sentido literal. Afinal,
As “moedas virtuais” não devem ser confundidas
não é possível desfazer ou alterar uma transação após
com “moedas eletrônica”, prevista na legislação. Moe-
ela ser inserida no sistema. Ou seja, não dá para voltar
das eletrônicas se caracterizam como recursos em
atrás caso tenha se arrependido de vender seus Bit-
reais mantidos em meio eletrônico que permitem ao
coins. Ficou mais claro agora o que é blockchain?
usuário realizar pagamentos.

O Banco Central do Brasil autoriza o funcionamento Dica


das empresas que negociam “moedas virtuais” e/ Blockchain é uma cadeia de blocos, daí o nome,
ou guardam chaves, senhas ou outras informações que fazem parte de um sistema de registro cole-
cadastrais dos usuários, empresas conhecidas como tivo. Isso quer dizer que as informações não
“exchanges”? estão guardadas em um lugar só, pois em vez
de estarem armazenadas em um único compu-
Não. Essas empresas não são reguladas, autoriza-
tador, todas as informações da blockchain estão
das ou supervisionadas pelo Banco Central. Não há
distribuídas entre os diversos computadores
legislação ou regulamentação específica sobre o tema
ligados a ela.
no Brasil.
Fonte: https://blog.toroinvestimentos.com.br/bitcoin-blockchain-o-
O cidadão que decidir utilizar os serviços presta-

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


que-e
dos por essas empresas deve estar ciente dos riscos de
eventuais fraudes ou outras condutas de negócio inade-
Mineração de Criptomoeda
quadas, que podem resultar em perdas patrimoniais.
Na rede Bitcoin, cada bloco possui diversas transa-
É possível realizar compras de bens ou serviços no
ções e sua transmissão acontece a cada dez minutos
Brasil utilizando “moedas virtuais”?
quando alguém descobre um “quebra-cabeças”.
O sistema Bitcoin utiliza o “Secure Hashing Algori-
A compra e venda de bens ou de serviços depende thm 256” (ou SHA-256), algoritmo que fornece valores
de acordo entre as partes, inclusive quanto à forma a partir de um conjunto alfanumérico, usando uma
de pagamento. No caso de utilização de “moedas vir- função matemática e criptográfica.
tuais”, as partes assumem todo o risco associado. São cálculos quase impossíveis de se realizar, pois
exigem uma rapidez além do normal. Assim, foram
Qual o risco para o cidadão se as moedas virtuais criados hardwares de mineração para solucionar
forem utilizadas para atividades ilícitas? esses cálculos.
O objetivo desses hardwares é solucionar os algo-
Se utilizada em atividades ilícitas, o cidadão pode ritmos matemáticos e, assim, conseguir um espaço
estar sujeito à investigação por autoridades públicas. no blockchain para registrar suas transações com as
bitcoins.
As “moedas virtuais” podem ser utilizadas como Blockchains são conhecidos por serem extrema-
investimento? mente seguros e praticamente não hackeáveis. Isso
porque usam “mecanismos de consenso” que, basica-
A compra e a guarda de “moedas virtuais” estão mente, são regras que definem a forma (justa) em que
sujeitas aos riscos de perda de todo o capital investido, uma rede cripto deve funcionar.
além da variação de seu preço. O cidadão que investir Os dois principais mecanismos de consenso exis-
em “moedas virtuais” deve também estar ciente dos tentes em blockchains são proof-of-work (PoW) e proo-
riscos de fraudes. f-of-stake (PoS). 369
O algoritmo proof-of-work garante a segurança da Alguns tipos de arranjo de pagamentos não estão
rede blockchain pela mineração de criptomoedas — sujeitos à regulação do BCB, tais como os cartões pri-
processo em que poder computacional é aplicado para vate label – emitidos por grandes varejistas e que só
encontrar uma solução matemática complicada que podem ser usados no estabelecimento que o emitiu
dá o direito de transmissão de um bloco de transações. ou em redes conveniadas. Também não são sujeitos
Esse é o algoritmo de consenso utilizado pelas à supervisão do BC os arranjos para pagamento de
redes Bitcoin, Ethereum (por enquanto), Bitcoin serviços públicos (como provisão de água, energia
Cash, Monero e demais blockchains que utilizam a elétrica e gás) ou carregamento de cartões pré-pagos
mineração cripto para garantir sua segurança. de bilhete de transporte. Incluem-se nessa categoria,
Assim, aqueles que tiverem as máquinas de mine- ainda, os cartões de vale-refeição e vale-alimentação.
ração mais potentes têm mais chances de encontrar O BR Code, que é um exemplo de arranjo de paga-
essa solução matemática mais rápido e garantir a mento, passará a ser o padrão único para QR Codes
segurança e confiabilidade do blockchain. (código de barras bidimensional) a serem utilizados
Porém, PoW é criticado, pois a mineração cripto para a iniciação de transações em arranjos de paga-
não é algo sustentável, já que milhares de máqui- mento. A Resolução BCB nº 10, que entrou em vigor
nas precisam estar ligadas ao mesmo tempo, em em 20/08/2020, estabelece que os arranjos de paga-
uma grande competição tecnológica, a fim de obter mentos terão até 21/04/2021 para adaptarem os QR
a recompensa fornecida pelo protocolo a cada trans- Codes ao BR Code.
missão de bloco (atualmente, de 6,25 BTC). E isso custa Com esse novo padrão, o usuário pagador poderá
muita energia elétrica, que polui o meio ambiente. utilizar o mesmo QR Code para iniciar uma transação
Outro mecanismo muito conhecido e que visa subs- em diferentes arranjos – a depender do aplicativo
tituir o insustentável modelo PoW é proof-of-stake. escolhido, de acordo com suas preferências. Os pres-
Em vez de solucionar um quebra-cabeça matemá- tadores de serviço de pagamento devem informar ao
tico, um nó (participante da rede) garante o direito de usuário qual o arranjo de pagamento está sendo utili-
transmitir o bloco de transações à rede com base na zado naquela transação.
quantia que está “bloqueada” (aplicada) na rede, ou A legislação proíbe que instituições de pagamento
seja, a quantia em staking de seus criptoativos. prestem serviços privativos de instituições financei-
Quando soluciona o quebra-cabeça da rede, recebe ras, como a concessão de empréstimos e financiamen-
uma recompensa na forma do token principal da rede. tos ou a disponibilização de conta bancária e de
Porém, se fizer algo de errado, uma parte de seus crip- poupança.
toativos em staking pode ser “queimada”, como um Não são regulados e supervisionados pelo BC os
tipo de punição para maus agentes. seguintes arranjos de pagamento:
(Fonte: moneytimes.com.br-Daniela do Nascimento)
z Que apresentem volumetria inferior a:
Arranjos de Pagamento
„ R$500 milhões de valor total das transações,
Um arranjo de pagamento é o conjunto de regras e acumulado nos últimos doze meses; e
procedimentos que disciplina a prestação de determi- „ 25 milhões de transações, acumuladas nos últi-
nado serviço de pagamento ao público. As regras do mos doze meses.
arranjo facilitam as transações financeiras que usam
dinheiro eletrônico. Diferentemente da compra com z Cujos cartões sejam emitidos para uso exclusivo
dinheiro vivo entre duas pessoas que se conhecem, o em uma rede de estabelecimento de um gran-
arranjo conecta todas as pessoas que a ele aderem. É de comerciante, como lojas de departamento, ou
o que acontece quando o cliente usa uma bandeira de em estabelecimentos pertencentes a uma rede de
cartão de crédito numa compra que só é possível por- franquia ou de licenciados;
que o vendedor aceita receber daquela bandeira. z Exclusivos para pagamento de serviços públicos,
Os arranjos podem se referir, por exemplo, aos pro- como água, luz e transporte;
cedimentos utilizados para realizar compras com car- z Baseados em moedas virtuais, como programas de
tões de crédito, débito e pré-pago, em moeda nacional benefícios, como de milhagem aérea e outros pro-
ou estrangeira. Os serviços de transferência e remes- gramas que tenham como objetivo incentivar uso
sas de recursos também são arranjos de pagamentos. e a fidelidade do cliente por meio de prêmios;
As pessoas jurídicas não financeiras que executam z Decorrentes de programas governamentais de
os serviços de pagamento no arranjo são chamadas benefícios, a exemplo de vale-alimentação, vale-
de instituições de pagamento e são responsáveis pelo -refeição e vale-cultura;
relacionamento com os usuários finais do serviço. z De saque e aporte, nos quais as condições de pres-
Instituições financeiras também podem operar com tação desses serviços são estabelecidas por meio
pagamentos. de contratos comerciais entre as operadoras de
A instituição é chamada de Instituidor de Arranjo caixas eletrônicos e as instituições financeiras e de
de Pagamento quando é a pessoa jurídica responsável pagamento, e que, atualmente, não são submeti-
pela criação do arranjo de pagamento e pela manu- dos à aprovação do BC; e
tenção do seu funcionamento. A ele cabe o papel de z Destinados ao recebimento de doações eleitorais.
organizar e criar regras para o funcionamento do
arranjo, observada a regulamentação do Banco Cen-
tral, e de monitorar se os participantes dos arranjos Importante!
estão seguindo as regras e os procedimentos estabele-
cidos. As bandeiras de cartão de crédito são exemplos O Banco Central (BC) supervisiona todos os
de instituidor de arranjo. O Banco Central é o institui- arranjos de pagamento que não se enquadrem
370 dor dos arranjos TED, DOC, boleto e Pix, por exemplo. nas condições descritas acima.
Ainda, segundo a Lei 12.865/13, em seu artigo 7º II - o acesso não discriminatório; e
Os arranjos de pagamento e as instituições de paga- III - a mitigação de conflitos de interesse.
mento observarão os seguintes princípios, conforme O Fórum Pix é um comitê consultivo permanente
parâmetros a serem estabelecidos pelo Banco Central que tem como objetivo subsidiar o Banco Central do
do Brasil, observadas as diretrizes do Conselho Mone- Brasil na definição das regras e dos procedimentos
que disciplinam o funcionamento do Pix.
tário Nacional:
O Fórum Pix é integrado por:
I - participantes do arranjo, individualmente ou
I - Interoperabilidade ao arranjo de pagamento e por meio de associações representativas de âmbito
entre arranjos de pagamento distintos; nacional;
II - Solidez e eficiência dos arranjos de pagamen- II - provedores e potenciais provedores de serviços
to e das instituições de pagamento, promoção da de tecnologia da informação,
competição e previsão de transferência de saldos III - usuários pagadores e recebedores, por meio de
em moeda eletrônica, quando couber, para outros associações representativas de âmbito nacional; e
arranjos ou instituições de pagamento; IV - câmaras e prestadores de serviços de compen-
III - Acesso não discriminatório aos serviços e às sação e de liquidação que ofertem mecanismos de
infraestruturas necessários ao funcionamento dos provimento de liquidez no âmbito do Pix.
arranjos de pagamento;
IV - Atendimento às necessidades dos usuários A Coordenação do Fórum Pix será Exercida pelo
finais, em especial liberdade de escolha, segurança, Banco Central do Brasil.
proteção de seus interesses econômicos, tratamen-
to não discriminatório, privacidade e proteção de Compete ao Coordenador do Fórum Pix:
dados pessoais, transparência e acesso a informa-
ções claras e completas sobre as condições de pres-
I - apresentar, por iniciativa própria ou a partir de
tação de serviços; sugestão de participante, propostas de acréscimos
V - Confiabilidade, qualidade e segurança dos ser- ou de alterações de regras que possam ensejar a
viços de pagamento; e necessidade de alteração no Regulamento do Pix,
VI - Inclusão financeira, observados os padrões quando referentes a temas que impactem a atuação
de qualidade, segurança e transparência equivalen- dos participantes e seus correspondentes modelos
tes em todos os arranjos de pagamento. de negócio;
II - analisar e responder as contribuições dos parti-
PIX – PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS cipantes do Fórum Pix acerca das propostas de que
trata o inciso I;
RESOLUÇÃO BCB Nº 1, DE 12 DE AGOSTO DE 2020 III - definir os temas a serem discutidos pelo Fórum
Pix;
A participação no PIX é obrigatória para as insti- IV - definir a periodicidade das reuniões do Fórum
Pix;
tuições financeiras e para as instituições de pagamen-
V - decidir sobre a constituição de grupos de tra-
to autorizadas a funcionar pelo Banco Central do balho temáticos, com objeto delimitado, de forma
Brasil com mais de quinhentas mil contas de clientes permanente ou por prazo determinado, e sobre a
ativas, consideradas as contas de depósito à vista, as composição, a coordenação, os produtos, os prazos
contas de depósito de poupança e as contas de paga- e as diretrizes de atuação desses grupos;
mento pré-pagas. VI - decidir sobre a constituição de comitês, inclu-
Consideram-se contas de clientes ativas as contas sive de autorregulação, sua composição e objeto de

OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)


de depósito à vista, as contas de depósito de poupança atuação; e
e as contas de pagamento pré-pagas não encerradas. VII - coordenar a atuação das entidades envolvidas
É facultada a adesão ao PIX: no encaminhamento das soluções aprovadas.

I - das demais instituições financeiras e instituições Os clientes que desejarem usar o sistema PIX pre-
de pagamento cisam cadastrar uma chave de acesso a uma conta
II - da Secretaria do Tesouro Nacional, na condição específica em uma ou mais instituições financeiras.
de ente governamental. No total existem 5 chaves possíveis:

z Seu CPF ou CNPJ;


Importante! z Seu número de telefone;
z Seu e-mail;
As instituições de pagamento que optarem por z Chave aleatória;
aderir ao PIX, e não se enquadrarem nos crité- z Pix Copia e Cola.
rios previstos na regulamentação em vigor para
serem autorizadas a funcionar pelo Banco Cen- Eu posso ter várias chaves cadastradas na mesma
tral do Brasil, serão consideradas integrantes do conta, mas nunca várias contas vinculadas a mesma
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) a partir chave, pois a chave só poderá abrir uma conta de
do momento em que apresentarem pedido de cliente.
adesão ao PIX.
Shadow banking

Os processos e estruturas de governança do PIX O shadow banking, também conhecido em portu-


devem garantir: guês como “sistema bancário sombra”, é um con-
junto de operações e intermediários financeiros que
I - a representatividade e a pluralidade de institui- fornecem crédito em todo o sistema financeiro glo-
ções e de segmentos participantes; bal de forma “informal”. 371
Ou seja, por meio de uma série de atividades
paralelas ao sistema bancário, algumas instituições
e agentes conseguem realizar financiamentos de for-
ma indireta, sem passar por nenhuma supervisão ou
regulação.
Dentre os intermediários não-regulamentados que
podem fazer parte do shadow banking estão os:

z Bancos de investimento;
z Fundos de hedge;
z Operações com derivativos e títulos securitizados;
z Fundos do mercado monetário;
z Companhias de seguros;
z Fundos de capital privado;
z Fundos de direitos creditórios;
z Factorings e fomentadoras mercantis;
z Empréstimos descentralizados (peer-to-peer lending).

Por que o Shadow Banking Existe?

Instituições que praticam o shadow banking geral-


mente servem como intermediários entre credores
e tomadores de empréstimos, fornecendo crédito e
capital para investidores e corporações.
Mas como essas instituições não são bancárias, elas
não recebem depósitos tradicionais como um banco
tradicional. Por isso, muitas operações feitas por essas
instituições possuem maiores riscos de mercado, de
crédito e de liquidez, além de não possuir uma reser-
va de capital para servir como garantia.
Mas com o desenvolvimento dos mercados glo-
bais e a estruturação de operações cada vez mais
complexas, o shadow banking passou a desempenhar
um papel cada vez mais relevante em todo o sistema
financeiro. De acordo com estudos da área, estima-se
que em 2015 existiam 92 trilhões de dólares em os ati-
vos financeiros não bancários circulando pelo mundo

ANOTAÇÕES

372
Um tema muito presente em concursos voltados
para vagas de cargos administrativos é o “Técnicas
de vendas”, que corresponde não apenas às carreiras
bancárias, mas também as abordagens técnicas. Nes-
se viés, um dos principais estudiosos da área chama-
QUALIDADE NO -se Philip Kotler, um professor norte-americano.

ATENDIMENTO E Elementos de Vendas

DIVERSIDADE Para que a relação de vendas se desenvolva são


necessários os três elementos abaixo:

z Vendedor;
z Produto ou serviço (tangível ou intangível);
SATISFAÇÃO, VALOR E RETENÇÃO DE z Cliente (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica).
CLIENTES
Visão do Vendedor
FUNIL DE VENDAS
As organizações tornaram a visão do vendedor
mais gerencial, e menos burocrática. Em seguimento:
O funil de vendas conduz um método tático divi-
dido em estágios, que estruturam os aspectos visuais
z Visão tradicional: o vendedor busca apenas divul-
dos procedimentos de compra de um possível cliente.
gar seus produtos, não atendendo as necessidades
do cliente e desenvolvendo uma relação ruim com
z Aprendizagem/descoberta;
este;
z Reconhecimento do problema; z Visão contemporânea: o vendedor é responsável
z Decisão; por conciliar os interesses do banco e os do cliente.
z Ação. Assim, sendo melhor visto.

MODELO AIDA Alguns termos técnicos pautados na visão do ven-


dedor possuem relação direta com o objetivo deste no
z Attention (atenção); momento de realização da venda pretendida.
z Interest (interesse);
z Desire (desejo); z Hard Selling (Foco no produto): visão tradicional,
z Action (ação). não é indicada para vendas em bancos;
z Soft Selling (Foco no cliente): visão contemporâ-
ANÁLISES DE MERCADO nea, indicada para vendas em bancos.

z Market Share (Percentual de vendas); ETAPAS DE VENDAS (KOTLER)


z Mind Share (Memória da marca);
z Top of Mind (Marca líder de memória). As etapas de vendas iniciam-se antes do momento
de oferta e convencimento acerca do bem ou serviço
MOTIVAÇÃO a ser oferecido para o cliente, e são concluídas depois
da efetuação da venda. Para tanto, podem ser classi-
A motivação ocorre de forma particular para ficadas em três fases: Pré-venda, Venda e Pós-venda.

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


cada indivíduo, levando em conta que, atualmente, o
homem não é um sujeito movido exclusivamente pela Pré-venda
economia, mas também por suas ações sociais.
A Pré-venda é responsável por consolidar as carac-
z Remuneração; terísticas do público-alvo a ser escolhido. Para isso,
são necessários dois elementos:
z Promoção (meritocracia);
z Realização pelo trabalho;
z Prospecção: simboliza o momento de levanta-
z Reconhecimento;
mento de dados dos clientes potenciais e suas res-
z Metas individuais e de equipes.
pectivas localizações, aspectos essenciais para o
planejamento de vendas;
FORÇA DE VENDAS z Qualificação: nessa etapa é feito o detalhamento
das características dos clientes levantadas na pros-
A força de vendas atribui determinados grupos de pecção, consolidando a Pré-venda e os tipos de ser-
pessoas que vendem ou buscam vender os serviços viços ideais para cada grupo de clientes, mediante
oferecidos por um banco. suas particularidades.

z Estrutura material; Venda


z Espaço físico;
z Treinamento e capacitação; Trata-se do momento de negociação entre vende-
z Remuneração; dor e cliente, para aquisição de bem ou serviço. São
z Tamanho da equipe. momentos desta etapa: 373
z Pré-abordagem: representa o momento anterior vendedor para ter o direito de possuir o bem ou de
ao processo de atendimento do cliente, dá-se atra- receber a prestação de serviço.
vés de cartazes, banners, ou instruções sobre o Preço não é o mesmo que custo total no proces-
bem ou produto que será apresentado; so de vendas, pois quando se analisa o custo existem
z Abordagem: é o contato inicial de atendimento ao outras variáveis para a organização bancaria, já no
cliente, no momento em que o contato é estabele- Preço final cobrado ao cliente, deve ser considerado
cido e tem inicio a venda propriamente dita. Nesta o custo de produção do bem ou incluído na prestação
etapa são levantadas as necessidades do cliente; de serviço. O preço é o único componente do mix de
z Apresentação: momento em que as condições e as marketing que gera receita para a organização.
características do bem ou serviço são detalhadas,
assim como o preço e custos vinculados a ele; Praça
z Superação de objeções: momento em que o respon-
sável pela venda esclarece ao cliente as barreiras No Mix de Marketing a Praça pode ser definida
existentes por parte deste, como preço, caracterís- como as Agências Bancárias Correspondentes, ou
ticas, custo-benefício, etc.; seja, ponto de venda ou centro de distribuição de
z Fechamento: momento em que a venda é finali- bens. Quando se trata de canais de distribuição pode-
zada, e as condições para a aquisição do bem ou mos considerar duas formas, a distribuição direta,
serviço determinadas entre as partes envolvidas quando o bem ou serviço é oferecido diretamente ao
foram acordadas. consumidor final, e a distribuição indireta, quando a
instituição utiliza uma rede de distribuidores.
Pós-venda
Promoção
A venda não termina no momento da contratação
do bem ou do serviço, quando finalizado o acordo. O Este P pode ser desdobrado em três: Promoção,
momento posterior é fundamental para a manuten- Propaganda e Publicidade. Trata-se de elementos dis-
ção da relação do cliente para vendas futuras, visando tintos dentro da Técnica de Vendas. Veja:
a fidelização do cliente com a organização, e a lucrati-
vidade contínua. São momentos desta etapa: z Propaganda: no Mix de Marketing a Propagan-
da é um elemento do Composto Promoção, e tem
z Acompanhamento: é o momento em que a insti- função de gerar valor ao cliente. A propaganda
tuição acompanha os primeiros passos da relação tem função de dar as informações necessárias
de propriedade do bem por parte do cliente ou de ao cliente sobre o bem ou serviço ofertado e des-
recebimento do serviço; pertar o desejo pela aquisição. Segue os tipos de
z Manutenção: o companhamento permanente da propagandas:
instituição e contato esporádico para se manter a
relação de vendas futuras e garantir a satisfação „ Informativa: tem a função de apresentar as
do cliente. características e necessidades para o cliente, e
geralmente é utilizada para novos bens e servi-
Mix de Marketing (Produto, Preço, Promoção e ços, que ainda não são de amplo conhecimento
Praça) dos clientes e do mercado;
„ Persuasiva: foca no convencimento da necessi-
Os 4 P’s do Marketing, ou Mix de Marketing são os dade do bem ou serviço, e geralmente apresen-
elementos fundamentais em técnicas de vendas para ta comparativos com concorrentes ou situações
desenvolver uma campanha consistente de vendas, e hipotéticas de necessidade;
seu planejamento estratégico. Analisaremos os aspec- „ Lembrança: quando um bem ou serviço já está
tos de cada P, como a instituição bancária deve desen- estabelecido no mercado e existe a necessidade
volver tais elementos e sua influência no processo de de lembrança para o cliente, em determinada
vendas global. Vejamos: época do ano;
„ Reforço: geralmente empresas e líderes de
Produto mercado, realizam a propaganda de reforço
bens e serviços já estabelecidos para se manter
Trata-se daquilo que é oferecido como objeto de de forma constante na memória do mercado e
vendas e que atenda a uma necessidade do mercado. consumidor;
Este P não inclui apenas o bem ou serviço que é ven-
dido mas sim tudo aquilo que o envolve, como uma z Promoção: a promoção é sempre por tempo limi-
marca, embalagem, serviços oferecidos, etc. Resumi- tado, pois, ao contrário, seria Preço estabelecido,
damente, este P do Mix de Marketing pode represen- contudo não é perene. A promoção de bens e ser-
tar bens tangíveis ou serviços intangíveis. viços pode ser materializada por agrupamentos,
Dos quatro P’s, o produto é o mais crítico e que cupons, prêmios e visam gerar valor percebido
demanda mais atenção no planejamento em vendas e pelo cliente;
no processo decisório. z Publicidade: no Mix de Marketing é toda comuni-
cação e espaço conquistado nas diversas médias,
Preço um espaço conquistado e não é pago. Como não
existe ônus financeiro para a instituição, é diferen-
No Mix de Marketing o Preço representa o volume te da propaganda. A publicidade positiva é quan-
de dinheiro que é cobrado no processo de vendas de do a comunicação agrega valor de forma direta ou
um produto (bem ou serviço). Trata-se da quantidade indireta, e a publicidade negativa é quando one-
374 exata de dinheiro que o cliente deve entregar para o ra a instituição, o bem ou serviço.
Marketing Direto z Tente resolver na hora e não “daqui a pouco”, eli-
minando o hábito da procrastinação (adiamento
Refere-se à apresentação direta ao cliente, utili- ou “deixar para depois”);
zando diversas mídias simultâneas. Tem o objetivo z Evite também o jogo de responsabilidade; há
de conquistar, desenvolver e realizar manutenção da quem mande as pessoas de um lugar para outro,
relação de lucratividade com o cliente. sem nunca resolver nada;
z Evite falar segurando nas pessoas — mantenha
Endomarketing uma distância razoável;
z Não se refira à pessoa como “querido”, “amigo”
Nos dias atuais o público interno é tão importante etc.;
quanto o externo, com isso, o endomarketing repre- z Evite falar alto no seu trabalho.
senta as ações voltadas para o público interno, com o
objetivo de levar este público a ter a mesma satisfação Uso do Celular
que o público externo.
z Ao atender o celular, sendo assunto particular, fale
Marketing de Serviços baixo e seja breve;
z Mantenha o toque do seu celular em um tom em
O marketing de serviços tem aspectos particula- que somente você ouça;
res que o diferencia do marketing de produtos. Veja z Se o telefone celular alheio tocar e seu dono não
a seguir as características do marketing de serviços. estiver no local, não atenda. Telefone celular é um
objeto pessoal.
z Intangibilidade;
z Inseparabilidade; Internet
z Variabilidade;
z Perecibilidade. z Procure responder os e-mails em até 24 horas;
z Cheque os e-mails a cada duas horas. Demandas
Marketing de Relacionamento mais urgentes virão pessoalmente ou por telefone;
z Use o e-mail institucional apenas para assuntos
É a separação de clientes comuns, representa a relacionados ao banco. A instituição pode ter aces-
maior parte dos clientes de um banco, e dos clientes so aos sites que você costuma acessar, por isso,
diferenciados, que geram uma relação de lucrativida- fique atento.
de permanente com a organização.
A política de relacionamento prevê serviços e aten- GESTÃO DE QUALIDADE
dimento exclusivos, inclusive agencias diferenciadas.
As recentes demandas da administração pública,
Marketing de Guerrilha a fim de adquirir vantagem competitiva, têm, na ges-
tão de qualidade, um dos mais relevantes objetivos de
É uma estratégia geralmente utilizada por empre- todo gestor público alinhado com a Nova Administra-
sas menores, tem como base o uso de meios não con- ção Pública. Em um estudo inicial, podemos definir a
vencionais e seu objetivo é criar grande impacto e até Gestão de Qualidade como sendo atividades que obje-
mesmo polêmica. tivam atingir a maior satisfação do cliente-cidadão
com a prestação de serviços públicos, sempre aten-
Marketing de Emboscada dendo a altas expectativas.
A gestão de qualidade, dessa forma, está correla-
Esta é questionável eticamente, pois utiliza-se de cionada com ações tomadas e normas procedimentais

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


ferramentas de marketing do concorrente para pro- adotadas pelos níveis hierárquicos e departamentos
mover seus interesses, inclusive de empresas de outros de uma organização, sendo desnecessárias certifica-
mercados. Caracterize-se pela ocupação de espaços de ções externas para se atingir os níveis de qualidade
terceiros, e ações não legalizadas ou autorizadas. esperados pelos clientes e/ou cidadãos e organizados
pelos gestores públicos.
PADRÕES DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO AOS O objetivo de qualquer ação pública é a prestação
CLIENTES de serviços de qualidade e satisfatória e, nesse sentido,
o foco sempre será o utilizador do serviço. Para isso,
Postura em Vendas é preciso normatizar procedimentos e regras internas
que garantam a qualidade. Não existe a gestão de qua-
Veja a seguir, exemplos de posturas que devem ser lidade somente como objetivo interno, ou seja, sem
seguidas no momento da venda: focar naquilo que é uma demanda do cidadão.

z Coloque-se no lugar das pessoas e procure atender PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE QUALIDADE


às expectativas;
z Tenha atenção: não apenas ouça as pessoas, mas Os princípios da gestão de qualidade podem ser
esforce-se para entender o real significado do que resumidos em:
dizem;
z Seja gentil, atencioso e disposto; z Atender às necessidades do cliente — o enfoque
z Use palavras simpáticas no relacionamento diário sempre precisa ser agregar valor aos que usu-
com as pessoas à sua volta: “Bom dia”, “Por favor”, fruem dos serviços prestados pela administração
“Com licença”, “obrigado”, “obrigada”; pública; 375
z Manter o lucro — a qualidade está ligada à saúde equipe com os objetivos do planejamento e a moti-
financeira e orçamentária do serviço público, não vação do coletivo como elementos que contribuem
com a busca pelo lucro, por meio da manutenção com a qualidade;
orçamentária dentro do planejamento previsto; z Abordagem sistêmica — essa abordagem visa a
z Evitamento de falhas — por meio de uma aborda- ações que analisem toda a disposição e o escopo
gem racional para a tomada de decisões, utilizar de uma organização, pois a ação em um setor tem
métodos e procedimentos para evitar que even- consequência em outros;
tuais falhas voltem a acontecer; z Sinergia — a busca pela qualidade deve visar à
z Planejamento — a organização deve adotar o pla- capacidade de junção das forças existentes em
nejamento ao se embasar em cenários possíveis, a
uma organização para que os objetivos sejam
níveis estratégico, táticos e operacionais;
alcançados efetivamente;
z Comunicação — ter uma comunicação satisfatória
z Empoderamento — a qualidade tem direta relação
e efetiva que garanta a tradução e o alinhamento
de procedimentos em toda a organização. com a competência das organizações em possibili-
tar que o cidadão se empodere das ações públicas
KAIZEN E CICLO PDCA e seja parte constituinte delas.

Algumas ferramentas tiveram origem pela iniciati-


va privada e foram incorporadas pela administração
pública, na busca pela qualidade. Duas dessas fer- ETIQUETA EMPRESARIAL:
ramentas são o “Kaizen” e o “Ciclo PDCA”, definidos
como:
COMPORTAMENTO, CUIDADOS
NO ATENDIMENTO PESSOAL E
z Kaizen: é focado na premissa de que as ações de TELEFÔNICO
uma organização sempre devem tentar melhorar;
z Ciclo PDCA: é uma ferramenta de melhoria con- UTILIZAÇÃO DE CANAIS REMOTOS PARA VENDAS
tínua que tem sido adotada pela administração
pública. Os passos do ciclo PDCA são:
São canais remotos para venda:
„ Plan (Planejamento);
z Telemarketing;
„ Do (Execução);
z Mobile Banking;
„ Check (Verificação);
„ Act (Ação De Encerramento Ou Refinamento). z Internet banking;
z Chatbot;
CLASSIFICAÇÃO ABC (TEOREMA DE PARETO) z Terminais.

Outra ferramenta significativa para a tomada de ORIENTAÇÕES PARA ATENDIMENTO TELEFÔNICO


decisões, que visam a garantir a qualidade, é a utili- AOS CLIENTES - DE FORMA PASSIVA OU ATIVA
zação do Teorema de Pareto, que serve para decidir
as prioridades dentro de uma organização. De acordo Sua Voz
com estudos feitos por Pareto, os elementos (produ-
tos, ações, funcionários etc.) de uma organização são O tom de voz de quem atende o cliente é a primeira
classificados em: referência na comunicação. Por este fator, podemos
deduzir se o atendimento será bom ou não, se o moti-
z A — são os elementos de maior importância e que vo do telefonema vai ser ouvido e solucionado, ou não.
atendem a 20% da quantidade e 80% da relevância Por isso, tente fazer com que a sua voz tenha estas
em uma organização; características:
z B — são elementos de importância mediana e que
atendem a 30% da quantidade e 15% da relevância z Seja agradável e natural (não mecânica);
em uma organização; z Seja clara e alta, para ser ouvida sem esforços;
z C — são elementos de importância menor e que z Que o ritmo da fala seja compassado (nem rápido,
atendem a 50% da quantidade e 5% da relevância nem lento);
em uma organização.
z Que o tom e o ritmo da fala transmitam calma,
especialmente com clientes insatisfeitos.
ABRANGÊNCIA DA GESTÃO DE QUALIDADE
Sua Atitude
A gestão de qualidade abrange:
Ter uma atitude positiva e profissional é qualidade
z Planejamento — a busca pela qualidade dos servi-
ços públicos deve ter real impacto no planejamen- essencial de quem trabalha com atendimento. Esse é
to de uma organização, pois a ação prevista para o fator que pode estabelecer a necessária relação de
o futuro, em um ato de previsão de cenários, deve respeito, que é importante para o bom encaminha-
procurar sempre pontos positivos, oportunidades mento de uma conversa. Ainda que em um contato
externas e forças internas; telefônico complicado, a manutenção dessa atitude
z Envolvimento das pessoas — toda organização é positiva e profissional é fundamental, principalmen-
constituída por pessoas que, em ações dos líderes, te para não permitir que reações adversas desviem a
ao coordenarem as atuações de um grupo, sempre objetividade da conversa.
376 devem gerar ações para o foco, o alinhamento da
Assim sendo, tente sempre transmitir atitude: CONSIDERANDO O MOMENTO DO
RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
z Entusiástica (mostre que você está realmente dis-
ponível e disposto para ouvir); z Atender prontamente e dar-lhe total atenção;
z Confiante; z Demonstrar compreensão, ouvir com interesse
z Orientada para soluções; e deixar o cliente falar, principalmente quando
z Séria e profissional; insatisfeito;
z Honesta (se não sabe, não minta e, se o erro foi seu, z Saber dizer o não sem agressividade, explican-
admita). do as razões e evitando que se formem barreiras
intransponíveis para a solução do problema;
Suas Maneiras
z Saber argumentar, discutir e concluir em coopera-
ção com o cliente, para chegar a um acordo;
Se não houver espírito de cordialidade e cortesia,
z Lembrar-se de que não existem situações sem
não existirá relação profissional que avance. Por isso,
importância;
é sempre bom ser cortês. Para o atendente, isso soma
qualidades ao perfil profissional e, para o cliente, isso z Evitar impasses, situações de ataque e defesa;
indica que existe uma consideração profissional. z Explicar as discordâncias, ao invés de insistir
Algumas orientações, que traduzem formas ideais nelas;
de tratamento aos clientes, devem ser aplicadas para z Ter em mente que problemas pessoais e os da
um bom atendimento em seus contatos telefônicos. empresa não interessam ao cliente;
Confira: z Lembrar-se de que as críticas ou ataques da pessoa
que liga não são pessoais. Dirigem-se à empresa ou
z Atender imediatamente quando o telefone tocar; serviço;
z Identificar sua empresa, dizer seu nome e cumpri- z Desculpar-se pela empresa, se for o caso;
mentar o cliente; z Explicar a situação e o funcionamento da empresa
z Saber escutar, anotar o nome da pessoa com quem está que representa;
falando e os pontos mais importantes da conversa; z Evitar críticas à concorrência;
z Chamar o cliente pelo nome; z Trabalhar sobre o que pode ser feito.
z Usar palavras cordiais como: por favor, desculpe,
obrigado; TÉCNICAS DE VENDAS DE SERVIÇOS E
z Não deixar o cliente esperando na linha e evitar, ao PRODUTOS FINANCEIROS NO SETOR BANCÁRIO:
máximo, pausas durante as conversações. Quando PLANEJAMENTO, TÉCNICAS, MOTIVAÇÃO PARA
for possível, fornecer a informação de imediato;
VENDAS
z Consultar o cliente, quando as pausas forem neces-
sárias, para saber se ele pode aguardar ou se ele
Valor Percebido pelo Cliente
prefere que a ligação seja retornada assim que as
informações estiverem disponíveis;
z Terminar as ligações com palavras de Existe satisfação apenas quando o valor percebido
agradecimento; pelo cliente é positivo. Este valor percebido pelo clien-
z Tomar muito cuidado uso da terminologia (as te é o resultado do Valor Total (aquilo que é positivo
expressões técnicas devem ser evitadas em con- e agrega) e o Custo Total (aquilo que é negativo e não
versas com clientes. Os termos técnicos podem agrega).
ser muito bem entendidos pelos funcionários, mas
pode não ser pelos clientes); Elementos de Vendas
z Não abandonar o cliente, o que significa que,
periodicamente, você deve mantê-lo informado do Para que exista a relação de vendas, são necessá-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


encaminhamento do assunto conversado; rios os seguintes elementos:
z Estar sempre atento às necessidades de quem ligou;
z Ter as informações necessárias prontas para falar; z Vendedor;
z Não desligar o telefone antes do cliente; z Produto ou serviço (tangível ou intangível);
z Lembrar-se frequentemente de que, para o cliente, z Cliente (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica).
você é a empresa.
Visão do Vendedor
PARA EXECUTAR BEM O SERVIÇO DE
ATENDIMENTO
Ao longo dos anos as organizações foram adaptan-
do a visão do vendedor, que deixou de ser burocráti-
z Conhecer profundamente os produtos e os servi-
co, tornando -se mais gerencial.
ços da empresa;
z Saber dos preços, condições de pagamento, prazos,
z Visão tradicional: o vendedor é um mero divulga-
condições de entrega etc;
z Estabelecer, para si mesmo, os pontos altos (carac- dor de produtos e seu foco não é atender as neces-
terísticas principais) desses produtos ou serviços; sidades do cliente, e por este motivo não é bem
z Conhecer a organização e funcionamento da visto pelo cliente;
empresa que você representa; z Visão contemporânea: o vendedor é um concilia-
z Saber o que você pode e o que não pode decidir dor, entre os interesses do banco e os interesses do
(ou fazer); cliente, e neste sentido é melhor visto pelo cliente;
z Conhecer e utilizar técnicas de vendas e atendi-
mento telefônico. 377
Dica Por conseguinte vamos fazer uma ampla análise
nos tópicos de cunho jurídico contido na Resolução
Atente-se! Existem termos técnicos que são vin- 2878 e propriamente a visão jurisprudencial a res-
culados à visão do vendedor, e estes tem relação peito do tema de amplo interesse nacional
direta com o foco que o vendedor tem no momen-
to da venda. 2.Noções Gerais da Resolução Nº 2878

z Hard Selling (Foco no produto): visão clássica e 1-MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INS-
tradicional, não é indicada para vendas em bancos; TITUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUI-
z Soft Selling (Foco no cliente): visão contemporâ- ÇÕES AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO
nea, que é indicada para vendas em bancos. BRASIL NA CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÕES E NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS BANCÁRIOS: (CLÁUSU-
A seguir, veja a literalidade do Código de defesa do LA PRIMEIRA)
cliente bancário1: Trata-se efetivamente do dever de informação
contido no Código de Defesa do Consumidor em
Código de defesa do cliente bancário seus artigos 30,31 e 46. Não há portanto nenhuma
novidade do Banco Central do Brasil, pois o nosso
Autor: Celso Oliveira – consultor empresarial, dire- Código já garante o direito pleno do consumidor-
tor da CMO Consultores Associados, membro do -correntista de Banco em ter plena a publicidade
Instituto Brasileiro de Direito Bancário e do Insti- em seus contratos bancários.
tuto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor Devemos expor que pelo dispositivo primeiro da
resolução 2878 temos que não pode ocorrer a publi-
1.Introdução
cidade enganosa, bem como a transparência nas
É oportuna e necessária a intervenção do Banco relações contratuais e a fixação das cláusulas con-
Central do Brasil e do Conselho Monetário Nacio- tratuais bancárias de forma clara e de fácil com-
nal na organização do Sistema Financeiro Nacio- preensão por parte do cliente-consumidor. Forma
nal no sentido de limitar os poderes das Instituições objetiva, simples e clara, como determina a lei con-
Financeiras na contratação de operações e na pres- tratual e defesa do consumidor. O correntista não
tação de serviços aos clientes consumidores e ao pode ficar a mercê da boa vontade do Banco, que
público em geral. deve formular e obedecer contratos equilibrados
Diante disto foi outorgado a Resolução 2878 ou o Portanto, é necessário a transparência nas relações
Código de Defesa do Cliente Bancário onde os pre- contratuais mediante prévio e integral conheci-
ceitos positivados pelo Código de Defesa do Con- mento das cláusulas dos contratos bancários, bem
sumidor. Na verdade a Resolução 2878 veio em como o fácil entendimento, dispondo os valores a
consolidar muitas teses já sufragadas pela nossa serem negociados, as taxas de juros, de mora e de
doutrina e nossa jurisprudência e principalmente administração, comissão de permanência, encar-
dentro dos dogmas já delimitados pelo Codex do gos moratórios e multas por inadimplemento.
Consumidor.
Portanto, a atividade bancária tout court é consi- 2-MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INS-
derada como de comércio, por expressa disposição TITUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUI-
dos arts. 119 do Código Comercial, 2 da Lei de S. A. , ÇÕES AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO
e 2 da Lei 4594/64, de como que os Bancos são con- BRASIL NO SENTIDO DE INFORMAÇÕES QUE
siderados fornecedores porque exercem comércio, ASSEGUREM TOTAL CONHECIMENTO AOS CON-
subsumindo-se na atividade designada no caput do SUMIDORES : (CLÁUSULA SEGUNDA)
Art. 3 do Codex do Consumidor. Trata-se efetivamente de uma determinação admi-
Em sendo portanto a atividade bancária sujeita a nistrativa do Banco Central do Brasil onde deve
normatização do Código do Consumidor, a relação facilitar também o pleno conhecimento acerca de
jurídica que o Banco celebra como o Consumidor- situações que possam implicar recusa de docu-
-correntista é de consumo. Assim, para não apenas mentos por parte do Banco. Para manutenção do
delimitar o que já está consagrado nas normas de equilíbrio das relações exige lealdade de informa-
defesa do consumidor ou em nossa legislação civil ção e publicidade dos serviços bancários. Neste
e comercial, vêm o Banco Central do Brasil através sentido destacamos a informações apresentadas
do Conselho Monetário Nacional em delimitar os pela Federação dos Bancos a respeito da cobran-
poderes das Instituições Financeiras e Administra- ça dos serviços bancários, os motivos de devolu-
doras de Cartões de Crédito com a Resolução 2878. ção de documentos no serviço de compensação de
Outrossim é importante que o Consumidor-cor- cheques e que as Instituições Financeiras devem
rentista venha em conhecer os seus direitos. informar com ampla publicidade para os seus
Destacamos inicialmente algumas ponderações clientes-consumidores
apresentadas em estudo da Fundação Procon de
São Paulo sobre os serviços bancários: ” Os servi- 3-MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INSTI-
ços bancários e financeiros estão sujeitos às nor- TUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUIÇÕES
mas do Código de Defesa do Consumidor, conforme AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO BRA-
determina o art. 2º da Lei Federal 8078/90 SIL NO SENTIDO DE EVIDENCIAR AOS CLIENTES
É certo que, a Resolução 2878 nos aspectos ligados CONSUMIDORES DAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS:
aos serviços bancários nada mais é que uma apli- (CLÁUSULA TERCEIRA)
cação das normas contida no Código de Defesa do Trata-se de uma condicionante da Responsabili-
Consumidor e que já deveriam ser obedecidas pelas dade Civil e Criminal na emissão de cheques sem
Instituições Financeiras e pelas demais Instituições a provisão de fundos e das situações da inscrição
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do do correntista no cadastro de emitentes de cheques
Brasil. sem fundos. E ainda uma obrigatoriedade de publi-
cidade pêlos Bancos das condições contratuais e as
378 1 Disponível em: https://www.procon.go.gov.br/noticias/codigo-de-defesa-do-cliente-bancario.html. Acesso em: 18 jul. 2022.
tarifas cobradas pela instituição. As regras devem parágrafo único, I) e a leitura do contrato pelo defi-
ser bem claras para o correntista, em especial ciente auditivo, antes da sua assinatura (art. 12,
envolvendo os contratos de abertura de crédito em parágrafo único, II). A norma, apesar de parecer ter
conta corrente ou cheque especial além dos dispo- um bom objetivo, pode ter o inconveniente de legi-
sitivos aos direitos e as obrigações entre as duas timar os abusos das instituições financeiras, posto
partes que não há previsão de fiscalização do cumprimen-
to da leitura do contrato pelo banco, ou mesmo
4-MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INSTI- punição para o caso de desrespeito; assim, ter-se-ia
TUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUIÇÕES a presunção de que ao deficiente visual foi oportu-
AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO BRA- nizada a oitiva do contrato por um funcionário do
SIL NO SENTIDO DE EVIDENCIAR AOS CLIENTES banco, razão pela qual não poderia alegar que des-
CONSUMIDORES UMA AMPLA PUBLICIDADE conhecia os termos do instrumento.
DOS SEUS CONTRATOS E SERVIÇOS BANCÁRIOS:
(CLÁUSULA QUARTA, QUINTA E SEXTA 6-MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INSTI-
No artigo 4 temos a obrigatoriedade do cumpri- TUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUIÇÕES
mento das informações ou publicidade referente AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO BRA-
aos contratos, operações e serviços oferecidos ou SIL NO SENTIDO DE EVIDENCIAR AOS CLIENTES
prestados pelos Bancos. E no supra parágrafo úni- CONSUMIDORES O DIREITO DE UM PLENO ATEN-
co temos que a publicidade deve ser de forma clara, DIMENTO, SENDO VEDADA OPERAÇÕES CASA-
simples e imediata. No artigo 5 temos que é vedado DAS OU CONDICIONADAS: (CLÁUSULAS DÉCIMA
a prática da publicidade enganosa ou abusiva No QUINTA E SEXTA E SÉTIMA)
artigo seguinte temos que a Instituição Financeira Nos artigos acima descritos temos duas questões
quando solicitada pelo correntista, deve comprovar fundamentais. Os saques imediatos e a venda casa-
a veracidade e a exatidão da informação divulgada. da. No que tange aos saques imediatos temos que
termina também a recusa das Instituições Finan-
5- MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELAS INSTI- ceiras em pagar saques em espécie no ato da soli-
TUIÇÕES FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUIÇÕES citação do Consumidor-correntista. A disposição
AUTORIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO BRA- limita-se, no entanto, para os casos em que os
SIL NO SENTIDO DE EVIDENCIAR AOS CLIENTES saques são realizados, em espécie, em conta cor-
CONSUMIDORES O DIREITO DE UMA LIQUIDAÇÃO rente de depósitos à vista na agência em que o cor-
ANTECIPADA, DA FACILIDADE DE COMPREENSÃO rentista mantenha conta. A regra agora é a de que
DE SUAS TABELAS E DE GARANTIA DE UM PLENO saques inferiores a R$ 5.000,00 devem ser pagos no
ATENDIMENTO AOS NÂO CLIENTES E PORTADO- ato pelo banco e os superiores devem ser pagos no
RES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA: (CLÁUSULAS SÉTI- mesmo dia, desde que o cliente venha em requerer
MA Á DÉCIMA QUARTA) com até 4 horas de antecedência do fechamento do
Não se faz nenhuma novidade o contido no arti- expediente bancário (art. 16).
go sétimo da Resolução 2878 a respeito do direito No que tange a venda casada fica terminantemente
á liquidação antecipada do débito, pois o próprio proibida em função do Artigo 17 da Resolução 2878
Código de Defesa do Consumidor já prevê em seu do BCB e do dispositivo consagrado no Artigo 39
Artigo 52 inciso 2 o direito do Consumidor-corren- I do Código Civil Brasileiro. Todavia, não se retira
tista onde em caso de antecipação de pagamento do Banco o poder de impor o débito em conta cor-
de seus débitos, descontados proporcionalmente os rente como única forma de pagamento de obriga-
juros (Resolução, art. 7º) e outros acréscimos ante- ções, o que é uma das maiores formas de pressão
cipados pela Instituição Financeira. de uma instituição financeira para fazer com que os
O artigo oitavo trata de uma obrigatoriedade para clientes que, mesmo não concordando com alguma
as Instituições Financeiras em utilizar de forma prática realizada pelo banco, se submetam a ela de
clara e inequívoca de tabelas de tarifas de serviços, qualquer forma.
de informativos e demonstrativos de movimenta-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


ção, para uma clara identificação e entendimento 7-MEDIDAS VEDADAS PELAS INSTITUIÇÕES
das operações realizadas. Finalmente temos o arti- FINANCEIRAS E DEMAIS INSTITUIÇÕES AUTO-
go nono onde trata também de uma obrigatorieda- RIZADAS PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL:
de aos Bancos que venham em facilitar o acesso e (CLÁUSULAS DÉCIMA OITAVA E SEGUINTES)
atendimento prioritário para pessoas portadoras No artigo 18 temos as vedações para as Instituições
de deficiência física ou com mobilidade reduzida, Financeiras onde destacamos :
temporária ou definitiva, idosos, com idade igual ou 1..Inicialmente temos a vedação a transferência
superior a sessenta e cinco anos, gestantes, lactan- automática de recursos de conta de depósitos à
tes e pessoas acompanhadas pôr criança de colo. E vista e de conta de depósitos de poupança para
concede um prazo de 720 dias para que venham em qualquer modalidade de investimento, bem como
se adequar as normas contida na Resolução 2878. a realização de qualquer outra operação ou pres-
As novas agências somente poderão funcionar caso tação de serviço sem prévia autorização do clien-
atendam às disposições do art. 9º. Essa norma não te ou do usuário, salvo em decorrência de ajustes
é nada mais do que atendimento a princípio consti- anteriores entre as partes. A autorização do cliente
tucional que já existia para edifícios de uso público deve ser passada pôr escrito (arts. 18 e parágrafo
(CF, art. 227, § 2º e 244), mas que tem cunho orien- 1º). Essa previsão reprime nada mais do que uma
tativo para o setor privado; todavia, tem grande prática abusiva comum (CDC, art. 39, V e 51, IV)
valia na medida em que fixa prazo para seu atendi- e até mesmo inconstitucional, na medida em que
mento, apesar de extremamente extenso. feria o direito de propriedade (CF, art. XXII).
Observa-se também uma preocupação com o for- 2..Posteriormente temos a vedação sobre o elevar,
necimento de informações sobre o conteúdo do sem justa causa, o valor das taxas, tarifas ou qual-
contrato para os deficientes visuais e auditivos, quer outra forma de remuneração das operações e
obrigando-se a leitura do contrato aos deficientes serviços contratados, ou cobrá-las em valor supe-
visuais, na presença de duas testemunhas (art. 12, rior ao legalmente admissível (art. 18, III). Trata-se 379
efetivamente de uma condição preponderante para
a manutenção do equilíbrio econômico, contratual NOÇÕES DE MARKETING DE
e financeiro. RELACIONAMENTO
3..No mesmo sentido temos a vedação a aplicação
de fórmula ou índice de reajuste diverso (IV), pois
MARKETING DE RELACIONAMENTO
pelo Código de Defesa do Consumidor é uma condi-
ção potestativa, como por exemplo o uso de cláusu-
la de flutuação no uso de indexadores monetários. O foco do marketing de relacionamento está nos
4..Não podemos deixar de expor que o conteúdo o clientes já existentes. É claro que toda organização dese-
item VII a respeito de cobrança de dívida, o Consu- ja conquistar novos clientes, mas apostar em uma rela-
midor-correntista já tem apoio das normas regidas ção permanente e duradoura fará até mesmo com que
pelo Código de Defesa do Consumidor. a organização consiga uma economia nos seus gastos
Destarte finalmente que os Bancos devem obedecer de marketing e publicidade de maneira surpreendente.
aos termos da Resolução do Banco Central do Bra- Para que uma empresa possa ter seu foco nos clien-
sil, como bem delimita o Artigo 19, sob pena das tes já existentes e não somente na angariação de novos,
sanções prevista na legislação. conseguir apostar no marketing relacional e fidelizar
seus clientes, deverá ter em atenção alguns pontos:
3.Conclusões Finais conhecer bem o cliente, saber comunicar e escutar as
suas necessidades e reconhecer a sua fidelidade.
Devemos concluir o nosso trabalho com a certe- Problemas com relacionamento e atendimento
za que em função da Resolução 2878 tivemos um existirão, mas é preciso afastar os fatores que podem
avanço nos procedimentos que as instituições potencializar a perda de clientes, que normalmente
financeiras serão obrigadas a cumprir na pres- ocorrem por negligência em alguma área.
tação de serviços bancários no sentido de uma No atendimento, as negligências são conhecidas
manutenção do equilíbrio econômico, contratual, como sete pecados capitais:
jurídico e financeiro.
Importante ainda que a comunidade venha em soli-
citar o cumprimento integral do Código de Defesa
z Apatia: Relacionada à indiferença no tratamento,
do Cliente Bancário pelas Instituições Financeiras, sem demonstração de interesse;
pois o seu direito também encontra-se expresso nas z Má vontade: Falta de ação ou atitude por parte do
normas de Defesa dos Direitos dos Consumidores. atendente;
Trata-se portanto a presente Resolução de um z Frieza: Atendimento entendido como distante,
reforço dos direitos dos consumidores e com certas sem observar os desejos do cliente;
inovações administrativas. Entre suas principais z Desdém: Quando o atendente demonstra um “ar” de
inovações cabe ressaltar novamente a questão da superioridade e trata o cliente com certo desprezo;
formulação do consumidor dos serviços bancários z Robotismo: Atendimento engessado;
e ao fornecedor como a própria Instituição Finan- z Apego às normas: Atendimento sem flexibilidade;
ceira, que atua no mercado de consumo, abran- z Jogo de Responsabilidade: Quando o atendente
gendo essencialmente as operações de crédito; um não assume a responsabilidade e “joga” para os
elenco de direitos básicos dos consumidores dos demais ou outros setores.
serviços bancários e instrumento de implementa-
ção; regramento de publicidade dos contratos e das
tarifas bancárias; controle das práticas e cláusulas
abusivas, bancos de dados e cobrança de dívidas de NOÇÕES DE IMATERIALIDADE OU
consumo e ao incentivo à composição entre os Con- INTANGIBILIDADE, INSEPARABILIDADE
sumidores-correntistas dos serviços bancários e as
Instituições Financeiras. E VARIABILIDADE DOS PRODUTOS
Essas são regras absolutamente razoáveis e com BANCÁRIOS
elas o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetá-
rio Nacional pretendem tornar mais clara e estável Para tratar do tema, precisarei, primeiro, comen-
a relação das Instituições Financeiras com os seus tar sobre o setor bancário, pois, nele, há muita com-
clientes e com a população em geral, de maneira a petitividade, não é mesmo? Basicamente, os bancos
evitar que as autoridades monetárias tenham que oferecem produtos e serviços bem semelhantes, sen-
punir Bancos e Instituições como as Administrado- do o marketing bancário algo necessário.
ras de Cartões de Crédito ou que os Consumidores Nesse momento, você deve estar se perguntando o
tenham que recorrer á justiça para fazer valer seus que isso tem a ver com as características do serviço. Ini-
direitos já consolidados nas normas de defesa do cialmente, é preciso que saiba que, em termos comuns
consumo. de comparação, os termos produto e serviço consti-
Finalmente devemos expor que a condensação de tuem coisas diferentes. Os bancos, apesar de oferece-
normas de prestação do serviço bancário, sejam rem produtos, necessitam de um ótimo serviço, para
elas novas ou não, em uma resolução do Banco persuadir (influenciar) o cliente. Neste sentido, o mar-
Central do Brasil ou do Conselho Monetário Nacio- keting bancário é bem diferente dos de outros setores.
nal tende a dar mais visibilidade a essas regras, O marketing diferencial dos bancos é a imateriali-
o que contribui para torná-las efetivas. E sempre dade de seus produtos. Como exemplo, imagine uma
devemos lembrar que temos uma experiência bas- venda de seguros. O cliente, normalmente, fecha o
tante positiva que o País tem há mais de uma déca- seguro, por causa do contato personalizado que terá
da com o Código de Defesa do Consumidor. com a empresa, ou seja, pelo contato pessoal. Eviden-
temente, outros aspectos são também importantes,
como: o layout, o ambiente, os recursos físicos e tudo
o que se possa ter uma noção de tangibilidade. Aliás,

380
esse é o “tchan” do diferencial no serviço: pegar algo
que é intangível e deixá-lo mais tangível. LEI Nº 10.048, DE 2000 – LEI DA
Após essa breve introdução, vamos ao tema! PRIORIDADE DE ATENDIMENTO ÀS
z O que é produto? PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Produto é algo material, tangível, estocável, dura- A Lei nº 10.048, de 2000 completará 21 anos em
douro. Algo que apresenta aspectos de tangibilidade, 8 de novembro de 2021. Ela regula a prioridade de
isto é, você pode pegar, sentir, apalpar. Imagine o seu atendimento às pessoas com deficiência e, durante
desejo de trocar de celular. Você vai à loja e solicita esse tempo, já sofreu algumas alterações. A mais sig-
o modelo ao atendente. Com certeza, revirará o pro- nificativa foi promovida pelo Estatuto da Pessoa com
duto. Fará alguns testes, verificará o layout, as cores, Deficiência (Lei nº 13.146, de 2015).
o painel e, assim, por diante. Isso tudo é experimen- Você pode se perguntar: quem terá prioridade de
tação. Com esse exemplo, buscamos mostrar que os atendimento? A resposta está no art. 1º da Lei. Acom-
produtos são mais facilmente experimentados, dife- panhe a seguir:
rentemente dos serviços.
z Pessoas com deficiência;
CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS
z Idosos com idade igual ou superior a 60 anos;
z Gestantes;
z Intangibilidade: Não são vistos ou provados antes z Lactantes;
de serem adquiridos, pois a experimentação é difí- z Pessoas com crianças de colo;
cil de ocorrer. Aliás, usamos outras maneiras de
z Obesos.
experimentar, como o visual do local ou a deco-
ração, mas, ainda assim, é complicado de experi-
Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com
mentar antes. Vamos pensar, como exemplo, em
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as
um corte de cabelo. Você nunca cortou o cabelo na gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de
“Barbearia do Manuel” e foi até lá pela primeira colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos
vez. Você só vai ter certeza de que o corte de cabelo termos desta Lei.
é bom depois de cortar, não é mesmo? O que pro-
vavelmente você faria é ficar atento ao redor, bus-
A todas as pessoas citadas no art. 1º será assegu-
cando a sensação de experimentação.
rado um atendimento prioritário pelas instituições
financeiras (bancos), repartições públicas e empre-
Os serviços podem ser ideias ou conceitos e, por sas concessionárias de serviços públicos.
isso, são intangíveis. Por muitas vezes, compramos ou Além do atendimento prioritário, as empresas
adquirimos algo pela reputação da organização. Veja
públicas de transporte coletivo e concessionárias
a importância de um atendimento personalizado;
deverão reservar assentos especiais e identificados
a idosos, gestantes, lactantes, pessoas com deficiência
z Inseparabilidade: Serviços, diferentemente de e pessoas acompanhadas por crianças de colo.
produtos, são consumidos no momento em que são
criados, portanto de maneira simultânea e não são
separados no instante em que é oferecido. Podemos
dizer que é indissociável. Tomemos, como exem-
plo, uma aula presencial. Caso você acabe perden-
do a aula, não terá como voltar. Mesmo que você
combine com o professor de repetir essa aula, ela
nunca será a mesma, pois são muitas variáveis que
influenciam o momento de realização de uma aula;
z Variabilidade: Diferentemente dos produtos, que são

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


homogêneos, os serviços são heterogêneos, pois não
têm uma certa uniformidade. O serviço é único e, cada
vez que é feito, a entrega será diferente. Aqui, serve o
exemplo da aula também: por mais que a organiza-
ção se esforce para entregar um serviço igual, nunca
será. A variabilidade ocorre da combinação tanto de
quem está entregando o serviço quanto do cliente. É
um resultado da interação das partes;
z Perecibilidade: Os serviços devem ser consumi-
dos assim que são criados/produzidos, simples-
mente pelo fato de não ser mais possível a sua
utilização. Não é estocável/armazenável e não será
feito de maneira antecipada.

Imateriais

Bancários Inseparáveis
PRODUTOS
Prestação de
Variáveis
Serviços

Perecíveis
381
Art. 3º As empresas públicas de transporte e as Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios
concessionárias de transporte coletivo reservarão básicos para a promoção da acessibilidade das pes-
assentos, devidamente identificados, aos idosos, soas portadoras de deficiência ou com mobilidade
gestantes, lactantes, pessoas portadoras de defi- reduzida, mediante a supressão de barreiras e de
ciência e pessoas acompanhadas por crianças de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliá-
colo. rio urbano, na construção e reforma de edifícios e
nos meios de transporte e de comunicação.
Uma das significativas mudanças promovidas pelo
advento da Lei nº 10.048, de 2000 foi a necessidade Vejamos agora algumas definições que a Lei de
de que, para a construção de logradouros, sanitários promoção da acessibilidade das pessoas portadoras
públicos e edifícios públicos, houvesse normas cla- de deficiência ou com mobilidade reduzida confere
ras destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais em relação a sua finalidade:
às pessoas com deficiência. Essas normas deverão
ser aprovadas para efeito de licenciamento dessas z Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcan-
edificações. ce para utilização, com segurança e autonomia,
por pessoa com deficiência ou com mobilidade
Art. 4º Os logradouros e sanitários públicos, bem reduzida, de espaços, mobiliários, equipamentos
como os edifícios de uso público, terão normas de urbanos, edificações, transportes, informação e
construção, para efeito de licenciamento da respec- comunicação (inciso I do Art. 2º);
tiva edificação, baixadas pela autoridade compe- z Barreiras: Qualquer entrave, obstáculo, atitude
tente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses ou comportamento que limite ou impeça a parti-
locais pelas pessoas portadoras de deficiência. cipação social da pessoa, bem como o gozo, a frui-
ção e o exercício de seus direitos à acessibilidade,
Até 1 ano (12 meses) após a publicação da Lei nº à liberdade de movimento e de expressão, à comu-
10.048, de 2000, os veículos de transporte coletivo tive- nicação, ao acesso à informação, à compreensão,
ram que se planejar para facilitar o acesso das pessoas à circulação com segurança, entre outros (inciso II
com deficiência a seu interior. do Art. 2º).
A Lei nº 10.048, de 2000 utiliza a terminologia
“pessoa portadora de deficiência”. Contudo, o termo Antes de prosseguirmos com as demais definições,
definido pela Convenção das Nações Unidas é “pessoa é importante colocar que, nas alíneas de “a” a “d” do
com deficiência”. inciso II do art. 2º, a Lei subdivide barreiras em:
Caso haja ofensa à legislação específica, os infra-
tores estarão sujeitos ao seguinte, de acordo com os z Barreiras urbanísticas: As existentes nas vias e
nos espaços públicos e privados abertos ao público
incisos do art. 6º:
ou de uso coletivo;
z Barreiras arquitetônicas: As existentes nos edifí-
INFRATOR SANÇÕES
cios públicos e privados;
Servidor ou chefia responsá- Penalidades previstas na le- z Barreiras nos transportes: As existentes nos sis-
vel pela repartição pública gislação específica
temas e meios de transportes;
Multa de R$ 500,00 a R$ z Barreiras nas comunicações e na informação:
2.500,00, por veículos sem as Qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor-
Empresas concessionárias de
condições de assentos iden- tamento que dificulte ou impossibilite a expressão
serviço público
tificados e que não sigam as
ou o recebimento de mensagens e de informações
normas para construção
por intermédio de sistemas de comunicação e de
tecnologia da informação.
Se, por acaso, houver reincidência, as penali-
dades poderão ser elevadas ao dobro do previsto, Art. 2º Para os fins desta Lei são estabelecidas
segundo o parágrafo único do art. 6º. as seguintes definições: [...]
Como puderam perceber, a Lei nº 10.048, de 2000 II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude
é curta e direta. ou comportamento que limite ou impeça a partici-
pação social da pessoa, bem como o gozo, a frui-
ção e o exercício de seus direitos à acessibilidade,
à liberdade de movimento e de expressão, à comu-
LEI Nº 10.098, DE 2000 – LEI DE nicação, ao acesso à informação, à compreensão,
PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS à circulação com segurança, entre outros, classifi-
cadas em:
PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias
OU COM MOBILIDADE REDUZIDA e nos espaços públicos e privados abertos ao públi-
co ou de uso coletivo;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos
edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos
Em seu art. 1º, a lei estabelece que a promoção da
sistemas e meios de transportes;
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiên- d) barreiras nas comunicações e na infor-
cia ou com mobilidade reduzida se dará através de mação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
eliminação de barreiras e de obstáculos nas vias e comportamento que dificulte ou impossibilite a
nos espaços públicos, no mobiliário urbano, na cons- expressão ou o recebimento de mensagens e de
trução e reforma de edifícios e nos meios de transpor- informações por intermédio de sistemas de comu-
382 te e de comunicação. nicação e de tecnologia da informação;
Seguimos com as definições dispostas para as TECNOLOGIA ASSISTIVA OU AJUDA TÉCNICA
finalidades da Lei de promoção da acessibilidade das
Produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto-
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
dologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem
reduzida, também dadas nos incisos do art. 2º:
promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à
participação da pessoa com deficiência ou com mobili-
PESSOA COM DEFICIÊNCIA dade reduzida, visando à sua autonomia, independên-
Aquela que tem impedimento de longo prazo de natu- cia, qualidade de vida e inclusão social
reza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
Observem as diferenças entre elementos de urba-
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
nização e imobiliário urbano que o art. 2º, em seus
de condições com as demais pessoas
incisos VII e VIII, apresenta. Inclusive, mais adiante,
PESSOA COM MOBILIDADE REDUZIDA voltaremos a falar desses dois tópicos, pois a Lei de
Aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade Promoção da Acessibilidade das pessoas portadoras
de movimentação, permanente ou temporária, geran- de deficiência ou com mobilidade reduzida irá deta-
do redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da lhar mais alguns pontos sobre eles.
coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso,
gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso Art. 2º Para os fins desta Lei são estabelecidas as
ACOMPANHANTE seguintes definições: [...]
VI - elemento de urbanização: quaisquer compo-
Aquele que acompanha a pessoa com deficiência, po- nentes de obras de urbanização, tais como os refe-
dendo ou não desempenhar as funções de atendente rentes a pavimentação, saneamento, encanamento
pessoal para esgotos, distribuição de energia elétrica e de
gás, iluminação pública, serviços de comunicação,
Veja que a condição da Pessoa com Deficiência é abastecimento e distribuição de água, paisagismo e
os que materializam as indicações do planejamento
um impedimento de longo prazo, e, quanto à mobi-
urbanístico;
lidade reduzida, a dificuldade de movimentação
VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos exis-
poderá ser permanente ou temporária, nessa últi-
tentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos
ma incluídos idosos, gestantes, lactantes, pessoas com
ou adicionados aos elementos de urbanização ou
criança no colo e obesos.
de edificação, de forma que sua modificação ou seu
traslado não provoque alterações substanciais nes-
Art. 2º Para os fins desta Lei são estabelecidas as
ses elementos, tais como semáforos, postes de sina-
seguintes definições: [...]
lização e similares, terminais e pontos de acesso
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impe-
coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixei-
dimento de longo prazo de natureza física, mental,
ras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quais-
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
quer outros de natureza análoga;
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua partici-
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
condições com as demais pessoas;
[...] metodologias, estratégias, práticas e serviços que
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aque- objetivem promover a funcionalidade, relacio-
la que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de nada à atividade e à participação da pessoa com
movimentação, permanente ou temporária, geran- deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
do redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, sua autonomia, independência, qualidade de vida e
da coordenação motora ou da percepção, incluindo inclusão social;
idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de IX - comunicação: forma de interação dos cida-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


colo e obeso; dãos que abrange, entre outras opções, as línguas,
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a
ELEMENTO DE URBANIZAÇÃO visualização de textos, o Braille, o sistema de
sinalização ou de comunicação tátil, os carac-
Quaisquer componentes de obras de urbanização, tais teres ampliados, os dispositivos multimídia,
como os referentes a pavimentação, saneamento, enca- assim como a linguagem simples, escrita e oral;
namento para esgotos, distribuição de energia elétrica X - desenho universal: concepção de produtos,
e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, ambientes, programas e serviços a serem usa-
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e dos por todas as pessoas, sem necessidade de
os que materializam as indicações do planejamento adaptação ou de projeto específico, incluindo os
urbanístico recursos de tecnologia assistiva.
IMOBILIÁRIO URBANO
ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO
Conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços
públicos, superpostos ou adicionados aos elementos Como mencionado, voltamos a falar dos elemen-
de urbanização ou de edificação, de forma que sua tos da urbanização, afinal, no interesse de seu ideal, a
modificação ou seu traslado não provoque alterações Lei de promoção da acessibilidade das pessoas porta-
substanciais nesses elementos, tais como semáforos,
doras de deficiência ou com mobilidade reduzida, já
postes de sinalização, pontos de acesso coletivo, fon-
em seu art. 1º, vem expor seu papel, que é estabelecer
tes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos etc.
as normas gerais e critérios básicos a fim de suprimir
barreiras e obstáculos, dentre outros, em vias, espaços
públicos e mobiliário urbano.
383
A Lei define que o planejamento e a urbanização Evidentemente, em todas as áreas de estaciona-
das vias públicas, de parques e dos demais espaços de mento de veículos, localizadas em vias ou em espa-
uso público, deverão ser concebidos e executados de ços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas
forma a torná-los acessíveis para todas as pessoas, dos acessos de circulação de pedestres, devidamen-
inclusive para aquelas com deficiência ou com mobi- te sinalizadas, para veículos que transportem
lidade reduzida. pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de
Observe o que afirma o art. 3º: locomoção, conforme disposição do art. 7º. De acor-
do com seu parágrafo único, essas vagas deverão ser
Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias em número equivalente a dois por cento do total,
públicas, dos parques e dos demais espaços de garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente
uso público deverão ser concebidos e executados sinalizada e com as especificações técnicas de desenho
de forma a torná-los acessíveis para todas as pes- e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes.
soas, inclusive para aquelas com deficiência ou com
mobilidade reduzida. DESENHO E LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO
Parágrafo único. O passeio público, elemento obri- URBANO
gatório de urbanização e parte da via pública, nor-
malmente segregado e em nível diferente, destina-se
Veremos aqui mais sobre o mobiliário urbano, que
somente à circulação de pedestres e, quando possível,
remete ao conjunto de objetos existentes nas vias
à implantação de mobiliário urbano e de vegetação.
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados
aos elementos de urbanização ou de edificação, con-
O art. 4º dispõe que as vias públicas, os parques e os
forme o inciso VII do art. 2º da Lei de promoção da
demais espaços de uso público existentes, assim como
acessibilidade.
as respectivas instalações de serviços e mobiliários
Dentre esse conjunto de objetos, segundo seu art.
urbanos deverão ser adaptados, visando a maior efi-
8º, estão sinais de tráfego, semáforos, postes de ilu-
ciência das modificações, no sentido de promover mais
minação e quaisquer outros elementos verticais de
ampla acessibilidade às pessoas portadoras de deficiên-
sinalização que devam ser instalados em itinerário
cia ou com mobilidade reduzida.
ou espaço de acesso para pedestres. Eles deverão ser
O parágrafo único desse artigo coloca que no míni-
dispostos de forma a não dificultar ou impedir a cir-
mo 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipa-
culação e de modo que possam ser utilizados com a
mento de lazer existentes nas vias públicas, parques e os
máxima comodidade.
demais espaços de uso público, devem ser adaptados
e identificados, tanto quanto tecnicamente possível, Art. 8º Os sinais de tráfego, semáforos, postes de
para possibilitar sua utilização por pessoas com defi- iluminação ou quaisquer outros elementos verti-
ciência, inclusive visual, ou com mobilidade reduzida. cais de sinalização que devam ser instalados em iti-
Deverão observar os parâmetros estabelecidos nerário ou espaço de acesso para pedestres deverão
pelas normas técnicas de acessibilidade da Associa- ser dispostos de forma a não dificultar ou impedir
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) o projeto a circulação, e de modo que possam ser utilizados
e o traçado dos elementos de urbanização públicos e com a máxima comodidade.
privados de uso comunitário, neles compreendidos:
A Lei também considera, no art. 9º, a obrigatorie-
z Os itinerários e as passagens de pedestres; dade de os semáforos para pedestres instalados em
z Os percursos de entrada e de saída de veículos; vias públicas de grande circulação, ou que deem aces-
z As escadas e rampas; so aos serviços de reabilitação, estarem equipados
z Pelo menos um sanitário e um lavatório em banhei- com mecanismo que emita sinal sonoro suave para
ros de uso público existentes ou a construir em orientação do pedestre.
parques, praças, jardins e espaços livres públicos. Os elementos do mobiliário urbano devem ain-
da ser projetados e instalados em locais que permi-
O § 1º do art. 6º dispõe, ainda, que eventos organi- tam sejam eles utilizados pelas pessoas portadoras de
zados em espaços públicos e privados em que haja deficiência ou com mobilidade reduzida, segundo o art.
instalação de banheiros químicos, deverão contar com 10. E o art. 10-A dispõe que a instalação de qualquer
unidades acessíveis a pessoas com deficiência ou com mobiliário urbano em área de circulação comum
mobilidade reduzida, sendo o número mínimo corres- para pedestre que ofereça risco de acidente à pes-
pondente a 10% do total, garantindo-se pelo menos soa com deficiência deverá ser indicada mediante
1 unidade acessível caso a aplicação do percentual sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as
resulte em fração inferior a 1. normas técnicas pertinentes.

Art. 6º [...] ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE


§ 1º Os eventos organizados em espaços públicos USO COLETIVO
e privados em que haja instalação de banheiros
químicos deverão contar com unidades acessí- A Lei de promoção da acessibilidade, em seu art.
veis a pessoas com deficiência ou com mobilidade 11, estatui que a construção, ampliação ou refor-
reduzida. ma de edifícios públicos ou privados destinados
§ 2º O número mínimo de banheiros químicos aces- ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que
síveis corresponderá a 10% (dez por cento) do total, sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras
garantindo-se pelo menos 1 (uma) unidade acessí- de deficiência ou com mobilidade reduzida, definindo,
vel caso a aplicação do percentual resulte em fra- para essa finalidade, os seguintes requisitos míni-
384 ção inferior a 1 (um). mos (§ único do art. 11):
I - Nas áreas externas ou internas da edificação, a instalação de um elevador adaptado. Acompanhe a
destinadas a garagem e a estacionamento de uso seguir o que dispõe a Lei 10.098, de 2000:
público, deverão ser reservadas vagas próximas
dos acessos de circulação de pedestres, devidamen- Art. 13 Os edifícios de uso privado em que seja
te sinalizadas, para veículos que transportem pes- obrigatória a instalação de elevadores deverão ser
soas portadoras de deficiência com dificuldade de construídos atendendo aos seguintes requisitos
locomoção permanente; mínimos de acessibilidade:
II - Pelo menos um dos acessos ao interior da edi- I - percurso acessível que una as unidades habita-
ficação deverá estar livre de barreiras arquitetôni- cionais com o exterior e com as dependências de
cas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a uso comum;
acessibilidade de pessoa portadora de deficiência II - percurso acessível que una a edificação à via
ou com mobilidade reduzida; pública, às edificações e aos serviços anexos de uso
III - Pelo menos um dos itinerários que comuniquem comum e aos edifícios vizinhos;
horizontal e verticalmente todas as dependências e III - cabine do elevador e respectiva porta de entra-
serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá da acessíveis para pessoas portadoras de deficiên-
cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata cia ou com mobilidade reduzida.
esta Lei; Art. 14 Os edifícios a serem construídos com mais
IV - Os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um de um pavimento além do pavimento de acesso, à
banheiro acessível, distribuindo-se seus equipa- exceção das habitações unifamiliares, e que não
mentos e acessórios de maneira que possam ser estejam obrigados à instalação de elevador, deve-
utilizados por pessoa portadora de deficiência ou rão dispor de especificações técnicas e de projeto
com mobilidade reduzida. que facilitem a instalação de um elevador adaptado,
devendo os demais elementos de uso comum destes
A lei dispõe também, em seus arts. 12 e 12-A, sobre edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.
a reserva para pessoas que utilizam cadeira de rodas,
e de lugares específicos para pessoas com deficiência ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE
auditiva e visual, inclusive acompanhante, em locais COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO
de espetáculos, conferências, aulas e outros de nature-
za similar. Dispõe, ainda, que os centros comerciais e A fim de para garantir o direito de acesso à infor-
os estabelecimentos congêneres devem fornecer car- mação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao
ros e cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer às pessoas
atendimento da pessoa com deficiência ou com mobi- portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade
lidade reduzida. de comunicação, o Poder Público promoverá a elimi-
nação de barreiras na comunicação e estabelecerá
Art. 12 Os locais de espetáculos, conferências, mecanismos e alternativas técnicas que tornem aces-
aulas e outros de natureza similar deverão dispor síveis os sistemas de comunicação e sinalização.
de espaços reservados para pessoas que utilizam
cadeira de rodas, e de lugares específicos para pes- Art. 17 O Poder Público promoverá a eliminação
soas com deficiência auditiva e visual, inclusive de barreiras na comunicação e estabelecerá meca-
acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a nismos e alternativas técnicas que tornem acessí-
facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e veis os sistemas de comunicação e sinalização às
comunicação. pessoas portadoras de deficiência sensorial e com
Art. 12-A Os centros comerciais e os estabelecimen- dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o
tos congêneres devem fornecer carros e cadeiras direito de acesso à informação, à comunicação, ao
de rodas, motorizados ou não, para o atendimen- trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao
to da pessoa com deficiência ou com mobilidade esporte e ao lazer.

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


reduzida.
Segundo o art. 28, o Poder Público também respon-
ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO sável por implementar a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais
Constituem requisitos mínimos de acessibilida- e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de
de (edifícios de uso privado em que seja obrigatória a comunicação direta à pessoa portadora de deficiência
instalação de elevadores): sensorial e com dificuldade de comunicação.

z Percurso acessível que una as unidades habitacio- AJUDAS TÉCNICAS


nais com o exterior e com as dependências de uso
comum;
Por meio dos organismos de apoio à pesquisa e das
z Percurso acessível que una a edificação à via
agências de financiamento, o Poder Público fomen-
pública, às edificações e aos serviços anexos de uso
comum e aos edifícios vizinhos; tará programas destinados à promoção de pesquisas
z Cabine do elevador com porta de entrada aces- científicas voltadas ao tratamento e prevenção de
síveis para pessoas portadoras de deficiência ou deficiências, ao desenvolvimento tecnológico orienta-
com mobilidade reduzida. do à produção de ajudas técnicas para as pessoas por-
tadoras de deficiência, bem como à especialização de
Os edifícios a serem construídos com mais de um recursos humanos em acessibilidade, de acordo com o
pavimento, além do pavimento de acesso, à exceção art. 21 da lei estudada.
das habitações unifamiliares, e que não estejam Às pessoas com deficiência visual será garantido,
obrigados à instalação de elevador, deverão dispor sem custo adicional, quando por elas solicitado, um
de especificações técnicas e de projeto que facilitem kit que conterá, no mínimo (art. 21-A): 385
z Etiqueta em braile: Filme transparente fixo ao Dica
cartão com informações em braile, com a identifi- A própria forma de se referir a essas pessoas é
cação do tipo do cartão e os 6 (seis) dígitos finais do
fruto de uma construção histórica. Até o século
número do cartão;
XIX, as pessoas com deficiência eram chamadas
z Identificação do tipo de cartão em braile: Pri-
de inválidos.
meiro dígito, da esquerda para a direita, identifi-
No século XX, até a década de 60, eram deno-
cador do tipo de cartão;
minados incapazes ou incapacitados. Entre a
z Fita adesiva: Fita para fixar a etiqueta em braile
década de 60 e a de 80, os termos utilizados
de dados no cartão;
eram deficientes, defeituosos ou excepcionais.
z Porta-cartão: Objeto para armazenar o cartão
De 1981 a 1987, passaram a ser chamados de
e possibilitar ao portador acesso às informações
pessoas deficientes. Entre 1988 e 1993, eram
necessárias ao pleno uso do cartão, com identifica-
denominadas pessoas portadoras de deficiên-
ção, em braile de todas suas informações.
cia. A partir de 1993, a nomenclatura mudou para
portadores de necessidades especiais, pessoas
Por fim, como forma de disposições finais, a Lei
com necessidades especiais, pessoas especiais,
de promoção da acessibilidade, dispõe em seu art. 23
portadores de direitos especiais ou pessoas com
que, anualmente, a Administração Pública federal
direta e indireta destinará, dotação orçamentária para deficiência.
as adaptações, eliminações e supressões de barreiras
arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público de Dentro deste cenário, tem-se o Decreto nº 5.296, de
sua propriedade e naqueles que estejam sob sua admi- 2004, cuja finalidade é regulamentar a Lei nº 10.048,
nistração ou uso. de 2000, que trata da prioridade de atendimento a
O Poder Público também promoverá, de acordo determinadas pessoas, e a Lei nº 10.098, de 2000, que
trata das normas gerais e dos critérios básicos para a
com o art. 24, campanhas informativas e educati-
promoção da acessibilidade das pessoas com deficiên-
vas dirigidas à população em geral, com a finalidade de
cia ou com mobilidade reduzida.
conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à acessibilidade
O decreto, que é composto por 72 artigos, encon-
e à integração social da pessoa portadora de deficiência
tra-se dividido em nove capítulos.
ou com mobilidade reduzida.
Disposições Preliminares

O Capítulo I traz as disposições preliminares e


DECRETO Nº 5.296, DE 2004, QUE compreende os 4 primeiros artigos. Além de deixar
REGULAMENTA A LEI Nº 10.048, DE claro o objetivo da norma, que é de servir de regula-
mentação para as leis de prioridade de atendimen-
2000 to e promoção da acessibilidade, traz as situações
que ficam sujeitas ao seu cumprimento. Veja:
DECRETO Nº 5.296, DE 2 DE DEZEMBRO DE
2004 — NORMAS GERAIS E CRITÉRIOS BÁSICOS Art. 2º Ficam sujeitos ao cumprimento das dispo-
PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS sições deste Decreto, sempre que houver interação
PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA OU com a matéria nele regulamentada:
COM MOBILIDADE REDUZIDA, E DÁ OUTRAS I - a aprovação de projeto de natureza arquitetô-
PROVIDÊNCIAS nica e urbanística, de comunicação e informação,
de transporte coletivo, bem como a execução de
qualquer tipo de obra, quando tenham destinação
A proteção aos direitos das pessoas com deficiência
pública ou coletiva;
é recente. Na realidade, a preocupação da sociedade
II - a outorga de concessão, permissão, autorização
com essa parcela da população faz parte de um discurso ou habilitação de qualquer natureza;
atual, porém que se modificou ao logo da história. Nes- III - a aprovação de financiamento de projetos com a
se sentido, é possível observar quatro fases. A primeira utilização de recursos públicos, dentre eles os projetos
fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi- de natureza arquitetônica e urbanística, os tocantes à
ciência. Neste período a deficiência simbolizava a impu- comunicação e informação e os referentes ao trans-
reza, o pecado, ou, até mesmo, o castigo divino. porte coletivo, por meio de qualquer instrumento, tais
A segunda fase foi fase marcada pela invisibilida- como convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e
de das pessoas com deficiência. Dela decorreu a ter- IV - a concessão de aval da União na obtenção de
empréstimos e financiamentos internacionais por
ceira fase, marcada pelo assistencialismo e pautada
entes públicos ou privados.
na perspectiva médica e biológica de que a deficiência
era uma patologia e, como tal, deveria ser curada. Por
Cumpre esclarecer que, nos casos em que o decreto
fim, a quarta fase voltou-se para os direitos humanos,
deve ser aplicado, mas deixa de ser, a norma traz a tri-
despontando os direitos à inclusão social, com ênfase pla responsabilização: administrativa, penal e civil.
na relação da pessoa com deficiência com o meio em
que ela está inserida. Além disso, emergia a necessi- Art. 3º Serão aplicadas sanções administrativas,
dade de eliminar obstáculos e barreiras que impeçam cíveis e penais cabíveis, previstas em lei, quando
o pleno exercício de direitos humano, quer sejam eles não forem observadas as normas deste Decreto.
culturais, físicos ou sociais.
386
O capítulo é finalizado com a previsão de gestão d) deficiência mental: funcionamento intelectual
participativa, ou seja, da possibilidade do Conselho significativamente inferior à média, com manifesta-
Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Defi- ção antes dos dezoito anos e limitações associadas
ciência, dos Conselhos Estaduais, Municipais e Dis- a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas,
tritais e das organizações representativas de pessoas tais como:
com deficiência acompanharem e sugerirem medidas 1. comunicação;
2. cuidado pessoal;
para o cumprimento dos requisitos estabelecidos na
3. habilidades sociais;
norma. Nos termos:
4. utilização dos recursos da comunidade;
5. saúde e segurança;
Art. 4º O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
6. habilidades acadêmicas;
Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais,
7. lazer; e
Municipais e do Distrito Federal, e as organizações 8. trabalho;
representativas de pessoas portadoras de deficiên- e) deficiência múltipla - associação de duas ou
cia terão legitimidade para acompanhar e sugerir mais deficiências.
medidas para o cumprimento dos requisitos esta-
belecidos neste Decreto.
Para todas as demais que, não se enquadrando
no conceito de pessoas com deficiência, tenham difi-
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
culdade para se movimentar, mesmo que tempora-
riamente, e esta dificuldade gere redução efetiva da
O Capítulo II cuida das regras acerca do atendi-
mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e per-
mento prioritário e é composto dos arts. 5º ao 7º.
cepção, o decreto enquadra como pessoa com mobi-
Para tanto, estabelece que os órgãos da Administra-
lidade reduzida. São exemplos os idosos (idade igual
ção Pública Direta (União, Estados, Distrito Federal
ou superior a 60 anos), as gestantes, as lactantes e as
e Municípios) e das entidades públicas da Admi-
pessoas com criança de colo. Veja:
nistração Indireta (autarquias, fundações públicas,
sociedades de economia mista e empresas públicas), Art. 5º […]
bem como empresas privadas, quando prestadoras II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não
de serviços públicos ou quando atuarem como ins- se enquadrando no conceito de pessoa portadora de
tituições financeiras, devem prestar o atendimen- deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade
to prioritário às pessoas com deficiência ou com de movimentar-se, permanente ou temporariamente,
mobilidade reduzida. Veja: gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade,
coordenação motora e percepção.
Art. 5º Os órgãos da administração pública direta, § 2º O disposto no caput aplica-se, ainda, às pes-
indireta e fundacional, as empresas prestadoras de soas com idade igual ou superior a sessenta anos,
serviços públicos e as instituições financeiras deverão gestantes, lactantes e pessoas com criança de colo.
dispensar atendimento prioritário às pessoas porta-
doras de deficiência ou com mobilidade reduzida. No que tange ao atendimento prioritário, ele
compreende tanto o tratamento diferenciado como
Para tanto, considera-se como pessoa com defi- o atendimento imediato.
ciência aquela que possui limitação ou incapacida- O atendimento diferenciado é aquele que possi-
de para o desempenho de atividade e que se enquadra bilita o efetivo atendimento às pessoas com defi-
nas seguintes categorias: ciência ou com mobilidade reduzida. Veja:

Art. 5º […] Art. 6º O atendimento prioritário compreende tra-


I - […] tamento diferenciado e atendimento imediato às
a) deficiência física: alteração completa ou par- pessoas de que trata o art. 5º.

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


cial de um ou mais segmentos do corpo humano, § 1º O tratamento diferenciado inclui, dentre
acarretando o comprometimento da função físi- outros:
ca, apresentando-se sob a forma de paraplegia, I - assentos de uso preferencial sinalizados, espaços
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraple- e instalações acessíveis;
gia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, II - mobiliário de recepção e atendimento obrigato-
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de riamente adaptado à altura e à condição física de
membro, paralisia cerebral, nanismo, membros pessoas em cadeira de rodas, conforme estabeleci-
com deformidade congênita ou adquirida, exceto do nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT;
as deformidades estéticas e as que não produzam III - serviços de atendimento para pessoas com
dificuldades para o desempenho de funções; deficiência auditiva, prestado por intérpretes ou
b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais
ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, - LIBRAS e no trato com aquelas que não se comuni-
aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, quem em LIBRAS, e para pessoas surdocegas, pres-
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; tado por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade neste tipo de atendimento;
visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, IV - pessoal capacitado para prestar atendimento
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que às pessoas com deficiência visual, mental e múlti-
significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor pla, bem como às pessoas idosas;
olho, com a melhor correção óptica; os casos nos V - disponibilidade de área especial para embarque
quais a somatória da medida do campo visual em e desembarque de pessoa portadora de deficiência
ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ou com mobilidade reduzida;
ocorrência simultânea de quaisquer das condições VI - sinalização ambiental para orientação das pes-
anteriores; soas referidas no art. 5º; 387
VII - divulgação, em lugar visível, do direito de aten- c) barreiras nos transportes: as existentes nos ser-
dimento prioritário das pessoas portadoras de defi- viços de transportes; e
ciência ou com mobilidade reduzida; d) barreiras nas comunicações e informações: qual-
VIII - admissão de entrada e permanência de cão- quer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossi-
-guia ou cão-guia de acompanhamento junto de bilite a expressão ou o recebimento de mensagens
pessoa portadora de deficiência ou de treinador por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas
nos locais dispostos no caput do art. 5º, bem como de comunicação, sejam ou não de massa, bem como
nas demais edificações de uso público e naquelas de aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à
uso coletivo, mediante apresentação da carteira de informação;
vacina atualizada do animal; e III - elemento da urbanização: qualquer com-
IX - a existência de local de atendimento específico ponente das obras de urbanização, tais como os
para as pessoas referidas no art. 5º. referentes à pavimentação, saneamento, distribui-
ção de energia elétrica, iluminação pública, abas-
Já o atendimento imediato é aquele prestado tecimento e distribuição de água, paisagismo e os
antes de qualquer outra pessoa, depois de concluído que materializam as indicações do planejamento
o atendimento que estiver em andamento, observan- urbanístico;
do, ainda, o estabelecido pelo Estatuto do Idoso. Neste IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos
ponto, cumpre esclarecer que os serviços de emergên- existentes nas vias e espaços públicos, superpos-
cia relativos aos atendimentos à saúde, a prioridade tos ou adicionados aos elementos da urbanização
fica condicionada à avaliação médica, em face da gra- ou da edificação, de forma que sua modificação
vidade de outros casos a atender. ou traslado não provoque alterações substanciais
Ainda com relação ao atendimento prioritário, o nestes elementos, tais como semáforos, postes de
decreto estabelece a obrigação de os órgãos, as empre- sinalização e similares, telefones e cabines telefô-
sas e as instituições financeiras possuírem, ao menos, nicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises,
um telefone de atendimento adaptado para comu- quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;
nicação com e por pessoas com deficiência auditiva. V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equi-
Veja os dispositivos: pamentos ou tecnologia adaptados ou especialmen-
te projetados para melhorar a funcionalidade da
Art. 6º […] pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
§ 2º Entende-se por imediato o atendimento presta- reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total
do às pessoas referidas no art. 5º, antes de qualquer ou assistida;
outra, depois de concluído o atendimento que esti- VI - edificações de uso público: aquelas admi-
ver em andamento, observado o disposto no inciso nistradas por entidades da administração pública,
I do parágrafo único do art. 3º da Lei no 10.741, de direta e indireta, ou por empresas prestadoras de
1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso). serviços públicos e destinadas ao público em geral;
§ 3º Nos serviços de emergência dos estabelecimentos VII - edificações de uso coletivo: aquelas destina-
públicos e privados de atendimento à saúde, a priori- das às atividades de natureza comercial, hoteleira,
dade conferida por este Decreto fica condicionada à cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa,
avaliação médica em face da gravidade dos casos a social, religiosa, educacional, industrial e de saúde,
atender. inclusive as edificações de prestação de serviços de
§ 4º Os órgãos, empresas e instituições referidos no atividades da mesma natureza;
caput do art. 5º devem possuir, pelo menos, um telefo- VIII - edificações de uso privado: aquelas des-
ne de atendimento adaptado para comunicação com e tinadas à habitação, que podem ser classificadas
por pessoas portadoras de deficiência auditiva. como unifamiliar ou multifamiliar; e
IX - desenho universal: concepção de espaços, arte-
DAS CONDIÇÕES GERAIS DA ACESSIBILIDADE fatos e produtos que visam atender simultaneamen-
te todas as pessoas, com diferentes características
O Capítulo III trata das condições gerais da aces- antropométricas e sensoriais, de forma autônoma,
sibilidade e compreende os arts. 8º e 9º. Leia com segura e confortável, constituindo-se nos elementos
atenção os nove conceitos estabelecidos pela norma: ou soluções que compõem a acessibilidade.
Art. 9º A formulação, implementação e manu-
Art. 8º Para os fins de acessibilidade, considera-se: tenção das ações de acessibilidade atenderão às
I - acessibilidade: condição para utilização, com seguintes premissas básicas:
segurança e autonomia, total ou assistida, dos I - a priorização das necessidades, a programação
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das em cronograma e a reserva de recursos para a
edificações, dos serviços de transporte e dos dispo- implantação das ações; e
sitivos, sistemas e meios de comunicação e infor- II - o planejamento, de forma continuada e articula-
mação, por pessoa portadora de deficiência ou com da, entre os setores envolvidos.
mobilidade reduzida;
II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que Da Implementação da Acessibilidade Arquitetônica e
limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimen- Urbanística
to, a circulação com segurança e a possibilidade
de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à
O Capítulo IV trata da implementação da acessi-
informação, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias
bilidade arquitetônica e urbanística. Esta parte é
públicas e nos espaços de uso público; subdivida em quatro seções.
b) barreiras nas edificações: as existentes no entor- A Seção I, que compreende os arts. 10 a 13, cuida
no e interior das edificações de uso público e coleti- das condições gerais para a concepção e a implanta-
vo e no entorno e nas áreas internas de uso comum ção dos projetos arquitetônicos e urbanísticos.
388 nas edificações de uso privado multifamiliar;
O art. 10 estabelece que os projetos arquitetônicos especialmente das pessoas portadoras de deficiên-
e urbanísticos devem atender aos princípios do dese- cia ou com mobilidade reduzida, durante e após a
nho universal, tendo como referências básicas as sua execução, de acordo com o previsto em normas
normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legisla- técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação
ção específica e as regras contidas nesse decreto. Veja: específica e neste Decreto.

Art. 10 A concepção e a implantação dos projetos Por fim, o art. 13 orienta que as regras previstas
arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos nas normas técnicas brasileiras de acessibilidade
princípios do desenho universal, tendo como refe- devem ser observadas. Veja:
rências básicas as normas técnicas de acessibili-
dade da ABNT, a legislação específica e as regras Art. 13 Orientam-se, no que couber, pelas regras
contidas neste Decreto. previstas nas normas técnicas brasileiras de aces-
§ 1º Caberá ao Poder Público promover a inclu- sibilidade, na legislação específica, observado o
são de conteúdos temáticos referentes ao desenho disposto na Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001,
universal nas diretrizes curriculares da educação e neste Decreto:
profissional e tecnológica e do ensino superior dos I - os Planos Diretores Municipais e Planos Direto-
cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos. res de Transporte e Trânsito elaborados ou atuali-
§ 2º Os programas e as linhas de pesquisa a serem zados a partir da publicação deste Decreto;
desenvolvidos com o apoio de organismos públicos II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de
de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deve- Uso e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário;
rão incluir temas voltados para o desenho universal. III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de san-
O art. 11 traz a obrigatoriedade para a construção, ções, incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e
reforma ou ampliação de edificações de uso público V - a previsão orçamentária e os mecanismos tribu-
ou coletivo, assim como para a mudança de destina- tários e financeiros utilizados em caráter compen-
ção desses tipos de edificação, de executar o projeto satório ou de incentivo.
de modo que o local seja ou se torne acessível às pes- § 1º Para concessão de alvará de funcionamento ou
soas com deficiência ou com mobilidade reduzida. sua renovação para qualquer atividade, devem ser
Nos termos: observadas e certificadas as regras de acessibilida-
de previstas neste Decreto e nas normas técnicas de
acessibilidade da ABNT.
Art. 11 A construção, reforma ou ampliação de edi-
§ 2º Para emissão de carta de “habite-se” ou habi-
ficações de uso público ou coletivo, ou a mudança
litação equivalente e para sua renovação, quando
de destinação para estes tipos de edificação, deve-
esta tiver sido emitida anteriormente às exigências
rão ser executadas de modo que sejam ou se tor-
de acessibilidade contidas na legislação específica,
nem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou
devem ser observadas e certificadas as regras de
com mobilidade reduzida.
acessibilidade previstas neste Decreto e nas nor-
§ 1º As entidades de fiscalização profissional das
mas técnicas de acessibilidade da ABNT.
atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas,
ao anotarem a responsabilidade técnica dos proje-
tos, exigirão a responsabilidade profissional decla- A Seção II, que cuida das condições específicas, é
rada do atendimento às regras de acessibilidade composta pelos arts. de 14 a 27.
previstas nas normas técnicas de acessibilidade da Enquanto o art. 14 estabelece quais são as regras
ABNT, na legislação específica e neste Decreto. a serem observadas na promoção da acessibilidade
§ 2º Para a aprovação ou licenciamento ou emissão (Decreto, normas técnicas de acessibilidade da ABNT
de certificado de conclusão de projeto arquitetônico e disposições contidas nas legislações estaduais, dis-
ou urbanístico deverá ser atestado o atendimento tritais e municipais), o art. 15 cuida das regras para
às regras de acessibilidade previstas nas normas o planejamento e urbanização das vias, praças, dos

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação logradouros, parques e demais espaços de uso públi-
específica e neste Decreto. co (normas técnicas de acessibilidade da ABNT), tais
§ 3º O Poder Público, após certificar a acessibili- como construção ou rebaixamento de calçadas e ins-
dade de edificação ou serviço, determinará a colo-
talação de piso tátil direcional e de alerta.
cação, em espaços ou locais de ampla visibilidade,
do “Símbolo Internacional de Acesso”, na forma
Art. 14 Na promoção da acessibilidade, serão
prevista nas normas técnicas de acessibilidade da
observadas as regras gerais previstas neste Decre-
ABNT e na Lei nº 7.405, de 12 de novembro de 1985.
to, complementadas pelas normas técnicas de aces-
sibilidade da ABNT e pelas disposições contidas na
O art. 12 estabelece a obrigação do Poder Público e legislação dos Estados, Municípios e do Distrito
das empresas concessionárias responsáveis pela exe- Federal.
cução das obras e dos serviços públicos de, na hipó- Art. 15 No planejamento e na urbanização das
tese de qualquer intervenção nas vias e logradouros vias, praças, dos logradouros, parques e demais
públicos, garantir o livre trânsito e a circulação, de espaços de uso público, deverão ser cumpridas as
forma segura, das pessoas, em especial das pessoas exigências dispostas nas normas técnicas de aces-
com deficiência ou com mobilidade reduzida, tanto sibilidade da ABNT.
durante como após a sua execução. § 1º Incluem-se na condição estabelecida no caput:
I - a construção de calçadas para circulação de
Art. 12 Em qualquer intervenção nas vias e logra- pedestres ou a adaptação de situações consolidadas;
douros públicos, o Poder Público e as empresas II - o rebaixamento de calçadas com rampa aces-
concessionárias responsáveis pela execução das sível ou elevação da via para travessia de pedestre
obras e dos serviços garantirão o livre trânsito e a em nível; e
circulação de forma segura das pessoas em geral, III - a instalação de piso tátil direcional e de alerta. 389
§ 2º Nos casos de adaptação de bens culturais imó- equipamento em outros locais por meio de solicitação
veis e de intervenção para regularização urbanís- dos interessados. Nos termos:
tica em áreas de assentamentos subnormais, será
admitida, em caráter excepcional, faixa de largura Art. 17 Os semáforos para pedestres instalados nas
menor que o estabelecido nas normas técnicas cita- vias públicas deverão estar equipados com meca-
das no caput, desde que haja justificativa baseada nismo que sirva de guia ou orientação para a tra-
em estudo técnico e que o acesso seja viabilizado de vessia de pessoa portadora de deficiência visual ou
outra forma, garantida a melhor técnica possível. com mobilidade reduzida em todos os locais onde
a intensidade do fluxo de veículos, de pessoas ou
O art. 16 trata das características que devem ter a periculosidade na via assim determinarem, bem
o desenho e a instalação do mobiliário urbano, que como mediante solicitação dos interessados.
precisam garantir tanto a aproximação segura como
seu uso por pessoa com deficiência visual, mental ou O art. 18 estabelece que os espaços coletivos nas
auditiva, além da aproximação e do alcance visual e edificações de uso privado multifamiliar devem aten-
manual para as pessoas com deficiência física, como der aos preceitos da acessibilidade na interligação de
no caso dos cadeirantes. Veja: todas as partes de uso comum ou abertas ao público.
Tais regras se aplicam, por exemplo, aos acessos à pis-
Art. 16 As características do desenho e a instalação cina, recreação, salão de festas e de reuniões, saunas
do mobiliário urbano devem garantir a aproxima- e banheiros, quadras esportivas, portarias, estaciona-
ção segura e o uso por pessoa portadora de defi- mentos e garagens, entre outros.
ciência visual, mental ou auditiva, a aproximação
e o alcance visual e manual para as pessoas porta- Art. 18 A construção de edificações de uso privado
doras de deficiência física, em especial aquelas em multifamiliar e a construção, ampliação ou refor-
cadeira de rodas, e a circulação livre de barreiras, ma de edificações de uso coletivo devem atender
atendendo às condições estabelecidas nas normas aos preceitos da acessibilidade na interligação de
técnicas de acessibilidade da ABNT. todas as partes de uso comum ou abertas ao públi-
§ 1º Incluem-se nas condições estabelecida no caput: co, conforme os padrões das normas técnicas de
I - as marquises, os toldos, elementos de sinaliza- acessibilidade da ABNT.
ção, luminosos e outros elementos que tenham sua § 1º Também estão sujeitos ao disposto no caput
projeção sobre a faixa de circulação de pedestres; os acessos, as piscinas, os andares de recreação,
II - as cabines telefônicas e os terminais de auto-a- os salão de festas e de reuniões, as saunas e os
tendimento de produtos e serviços; banheiros, as quadras esportivas, as portarias, os
III - os telefones públicos sem cabine; estacionamentos e as garagens, entre outras partes
IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos das áreas internas ou externas de uso comum das
comandos e outros sistemas de acionamento do edificações de uso privado multifamiliar e das de
mobiliário urbano; uso coletivo.
V - os demais elementos do mobiliário urbano; § 2º O disposto no caput não se aplica às áreas desti-
VI - o uso do solo urbano para posteamento; e nadas ao altar e ao batistério das edificações de uso
VII - as espécies vegetais que tenham sua projeção coletivo utilizadas como templos de qualquer culto.
sobre a faixa de circulação de pedestres.
§ 2º A concessionária do Serviço Telefônico Fixo O art. 19 traz a obrigação de que, na construção,
Comutado - STFC, na modalidade Local, deverá ampliação ou reforma de edificações de uso público
assegurar que, no mínimo, dois por cento do total exista, ao menos, um acesso ao seu interior que seja
de Telefones de Uso Público - TUPs, sem cabine, livre de barreiras e de obstáculos que impeçam ou
com capacidade para originar e receber chamadas dificultem a acessibilidade.
locais e de longa distância nacional, bem como,
pelo menos, dois por cento do total de TUPs, com Art. 19 A construção, ampliação ou reforma de edi-
capacidade para originar e receber chamadas de ficações de uso público deve garantir, pelo menos,
longa distância, nacional e internacional, estejam um dos acessos ao seu interior, com comunicação
adaptados para o uso de pessoas portadoras de com todas as suas dependências e serviços, livre de
deficiência auditiva e para usuários de cadeiras de barreiras e de obstáculos que impeçam ou dificul-
rodas, ou conforme estabelecer os Planos Gerais de tem a sua acessibilidade.
Metas de Universalização. § 1º No caso das edificações de uso público já exis-
§ 3º As botoeiras e demais sistemas de acionamen- tentes, terão elas prazo de trinta meses a contar
to dos terminais de auto-atendimento de produtos e da data de publicação deste Decreto para garantir
serviços e outros equipamentos em que haja intera- acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência
ção com o público devem estar localizados em altura ou com mobilidade reduzida.
que possibilite o manuseio por pessoas em cadeira § 2º Sempre que houver viabilidade arquitetônica, o
de rodas e possuir mecanismos para utilização autô- Poder Público buscará garantir dotação orçamen-
noma por pessoas portadoras de deficiência visual tária para ampliar o número de acessos nas edifica-
e auditiva, conforme padrões estabelecidos nas nor- ções de uso público a serem construídas, ampliadas
mas técnicas de acessibilidade da ABNT. ou reformadas.

O art. 17 trata dos semáforos para pedestres, O art. 20 trata dos desníveis das áreas de circu-
que devem ser equipados com mecanismo que sir- lação internas ou externas quando da construção,
va de guia ou orientação para a travessia de pessoa ampliação ou reforma, que deverão ser transpostos
com deficiência visual ou com mobilidade reduzida, por meio de rampa ou equipamento eletromecânico
nos locais onde a intensidade do fluxo de veículos, de deslocamento vertical, salvo se houver outro aces-
de pessoas ou onde a periculosidade na via assim so mais cômodo para pessoa com deficiência ou mobi-
390 determinar. Salienta-se que é possível a instalação do lidade reduzida.
Art. 20 Na ampliação ou reforma das edificações O art. 23 estabelece que deve haver espaços livres
de uso púbico ou de uso coletivo, os desníveis das para os cadeirantes e assentos para pessoas com defi-
áreas de circulação internas ou externas serão ciência ou com mobilidade reduzida nos teatros, cine-
transpostos por meio de rampa ou equipamento mas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de
eletromecânico de deslocamento vertical, quando espetáculos e de conferências e similares, que devem
não for possível outro acesso mais cômodo para
respeitar alguns requisitos. Veja:
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida, conforme estabelecido nas normas técni-
cas de acessibilidade da ABNT. Art. 23 Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios,
ginásios de esporte, locais de espetáculos e de con-
ferências e similares, serão reservados espaços
O art. 21 dispõe que, tanto os balcões de atendi-
livres para pessoas em cadeira de rodas e assentos
mento quanto as bilheterias em locais de uso público
para pessoas com deficiência ou com mobilidade
ou coletivo e as urnas das seções eleitorais devem dis- reduzida, de acordo com a capacidade de lotação
por de, pelo menos, uma parte da superfície acessí- da edificação, conforme o disposto no art. 44 § 1º,
vel para atendimento às pessoas com deficiência ou da Lei 13.446, de 2015.
mobilidade reduzida. § 1º Os espaços e os assentos a que se refere o
caput, a serem instalados e sinalizados conforme
Art. 21 Os balcões de atendimento e as bilheterias os requisitos estabelecidos nas normas técnicas de
em edificação de uso público ou de uso coletivo acessibilidade da Associação Brasileira de Normas
devem dispor de, pelo menos, uma parte da super- Técnicas - ABNT, devem:
fície acessível para atendimento às pessoas porta- I - ser disponibilizados, no caso de edificações com
doras de deficiência ou com mobilidade reduzida, capacidade de lotação de até mil lugares, na pro-
conforme os padrões das normas técnicas de aces- porção de:
sibilidade da ABNT.
a) dois por cento de espaços para pessoas em cadei-
Parágrafo único. No caso do exercício do direito de
ra de rodas, com a garantia de, no mínimo, um
voto, as urnas das seções eleitorais devem ser ade-
espaço; e
quadas ao uso com autonomia pelas pessoas porta-
b) dois por cento de assentos para pessoas com defi-
doras de deficiência ou com mobilidade reduzida e
ciência ou com mobilidade reduzida, com a garan-
estarem instaladas em local de votação plenamente
tia de, no mínimo, um assento; ou
acessível e com estacionamento próximo.
II - ser disponibilizados, no caso de edificações com
capacidade de lotação acima de mil lugares, na pro-
O art. 22 traz a obrigatoriedade de as edifica-
porção de:
ções de uso público ou coletivo possuírem sanitários a) vinte espaços para pessoas em cadeira de rodas
acessíveis às pessoas com deficiência ou mobilidade mais um por cento do que exceder mil lugares; e
reduzida. b) vinte assentos para pessoas com deficiência ou
com mobilidade reduzida mais um por cento do que
Art. 22 A construção, ampliação ou reforma de exceder mil lugares.
edificações de uso público ou de uso coletivo devem
dispor de sanitários acessíveis destinados ao uso
Importante consignar, ainda, que, nesses espaços,
por pessoa portadora de deficiência ou com mobi-
lidade reduzida.
50% dos assentos reservados para pessoas com defi-
§ 1º Nas edificações de uso público a serem cons- ciência ou com mobilidade reduzida devem ter carac-
truídas, os sanitários destinados ao uso por pessoa terísticas dimensionais e estruturais também para o
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzi- uso por pessoa obesa.
da serão distribuídos na razão de, no mínimo, uma Há de se mencionar o direito à meia entrada para
cabine para cada sexo em cada pavimento da edi- pessoas com deficiência não está restrito a esses espa-
ficação, com entrada independente dos sanitários ços e assentos, mas está sujeito ao limite estabelecido

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


coletivos, obedecendo às normas técnicas de aces- pela Lei nº 12.933, de 2013.
sibilidade da ABNT. O art. 23-A estabelece que, na falta de procura com-
§ 2º Nas edificações de uso público já existentes, provada a esses espaços, os assentos podem, excepcio-
terão elas prazo de trinta meses a contar da data de nalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência
publicação deste Decreto para garantir pelo menos
ou que não tenham mobilidade reduzida.
um banheiro acessível por pavimento, com entrada
independente, distribuindo-se seus equipamentos e
acessórios de modo que possam ser utilizados por Art. 23-A Na hipótese de não haver procura com-
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade provada pelos espaços livres para pessoas em
reduzida. cadeira de rodas e assentos reservados para pes-
§ 3º Nas edificações de uso coletivo a serem construí- soas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
das, ampliadas ou reformadas, onde devem existir esses podem, excepcionalmente, ser ocupados por
banheiros de uso público, os sanitários destinados pessoas sem deficiência ou que não tenham mobi-
ao uso por pessoa portadora de deficiência deverão lidade reduzida.
ter entrada independente dos demais e obedecer às § 1º A reserva de assentos de que trata o caput será
normas técnicas de acessibilidade da ABNT. garantida a partir do início das vendas até vinte e
§ 4º Nas edificações de uso coletivo já existentes, quatro horas antes de cada evento, com disponi-
onde haja banheiros destinados ao uso público, os bilidade em todos os pontos de venda de ingresso,
sanitários preparados para o uso por pessoa por- sejam eles físicos ou virtuais.
tadora de deficiência ou com mobilidade reduzida § 2º No caso de eventos realizados em estabele-
deverão estar localizados nos pavimentos acessí- cimentos com capacidade superior a dez mil pes-
veis, ter entrada independente dos demais sanitá- soas, a reserva de assentos de que trata o caput
rios, se houver, e obedecer as normas técnicas de será garantida a partir do início das vendas até
acessibilidade da ABNT. setenta e duas horas antes de cada evento, com 391
disponibilidade em todos os pontos de venda de § 2º As edificações de uso público e de uso coletivo
ingresso, sejam eles físicos ou virtuais. referidas no caput, já existentes, têm, respectiva-
§ 3º Os espaços e os assentos de que trata o caput, mente, prazo de trinta e quarenta e oito meses, a
em cada setor, somente serão disponibilizados às contar da data de publicação deste Decreto, para
pessoas sem deficiência ou sem mobilidade reduzi- garantir a acessibilidade de que trata este artigo.
da depois de esgotados os demais assentos daque-
le setor e somente quando os prazos estabelecidos O art. 25 estabelece que, nos estacionamentos
nos § 1º e § 2º se encerrarem.
externos ou internos de locais de uso público ou uso
§ 4º Nos cinemas, a reserva de assentos de que trata
o caput será garantida a partir do início das vendas
coletivo, bem como os localizados nas vias públicas,
até meia hora antes de cada sessão, com disponi- 2% do total de vagas para veículos deve ser reservado
bilidade em todos os pontos de venda de ingresso, para aqueles que transportem pessoas com deficiên-
sejam eles físicos ou virtuais. cia física ou visual. Salienta-se, ainda, que, no míni-
mo, uma vaga deve estar em local próximo à entrada
O art. 23-B estabelece que os espaços livres para principal ou ao elevador da estrutura, para facilitar a
cadeirantes e os assentos reservados para pessoas acesso e a circulação de pedestres.
com deficiência ou com mobilidade reduzida serão
identificados nos mapas de assentos localizados nos Art. 25 Nos estacionamentos externos ou internos
pontos de venda de ingressos e de divulgação dos das edificações de uso público ou de uso coletivo, ou
eventos, sendo eles físicos ou virtuais. naqueles localizados nas vias públicas, serão reser-
vados, pelo menos, dois por cento do total de vagas
Art. 23-B Os espaços livres para pessoas em cadei- para veículos que transportem pessoa portadora de
ra de rodas e assentos reservados para pessoas deficiência física ou visual definidas neste Decreto,
com deficiência ou com mobilidade reduzida serão sendo assegurada, no mínimo, uma vaga, em locais
identificados no mapa de assentos localizados nos próximos à entrada principal ou ao elevador, de fácil
pontos de venda de ingresso e de divulgação do acesso à circulação de pedestres, com especificações
evento, sejam eles físicos ou virtuais. técnicas de desenho e traçado conforme o estabele-
Parágrafo único. Os pontos físicos e os sítios ele- cido nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
trônicos de venda de ingressos e de divulgação do § 1º Os veículos estacionados nas vagas reserva-
evento deverão: das deverão portar identificação a ser colocada
I - ser acessíveis a pessoas com deficiência e com em local de ampla visibilidade, confeccionado e
mobilidade reduzida; e fornecido pelos órgãos de trânsito, que disciplina-
II - conter informações sobre os recursos de acessi- rão sobre suas características e condições de uso,
bilidade disponíveis nos eventos.
observando o disposto na Lei no 7.405, de 1985.
§ 2º Os casos de inobservância do disposto no §
O art. 24 trata da obrigação de todos os estabele- 1º estarão sujeitos às sanções estabelecidas pelos
cimentos de ensino proporcionarem as condições órgãos competentes.
de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou § 3º Aplica-se o disposto no caput aos estacionamen-
compartimentos para pessoas com deficiência ou tos localizados em áreas públicas e de uso coletivo.
com mobilidade reduzida. O dispositivo refere-se, § 4º A utilização das vagas reservadas por veículos
inclusive, às salas de aula, bibliotecas, instalações des- que não estejam transportando as pessoas citadas
portivas, áreas de lazer, aos auditórios, ginásios, labo- no caput constitui infração ao art. 181, inciso XVII,
ratórios e sanitários. da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997.

Art. 24 Os estabelecimentos de ensino de qualquer O art. 26 traz a obrigatoriedade da existência de


nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados,
sinalização visual e tátil para orientação de pessoas
proporcionarão condições de acesso e utilização de
com deficiência auditiva e visual nas edificações de
todos os seus ambientes ou compartimentos para
pessoas portadoras de deficiência ou com mobili- uso público ou de uso coletivo.
dade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas,
auditórios, ginásios e instalações desportivas, labo- Art. 26 Nas edificações de uso público ou de uso
ratórios, áreas de lazer e sanitários. coletivo, é obrigatória a existência de sinalização
§ 1º Para a concessão de autorização de funcio- visual e tátil para orientação de pessoas portado-
namento, de abertura ou renovação de curso pelo ras de deficiência auditiva e visual, em conformi-
Poder Público, o estabelecimento de ensino deverá dade com as normas técnicas de acessibilidade da
comprovar que: ABNT.
I - está cumprindo as regras de acessibilidade arqui-
tetônica, urbanística e na comunicação e informa- Finalizando a seção, o art. 27 cuida da obrigato-
ção previstas nas normas técnicas de acessibilidade riedade de instalação de novos elevadores ou de sua
da ABNT, na legislação específica ou neste Decreto; adaptação em edificações de uso público ou coletivo,
II - coloca à disposição de professores, alunos, servi-
e da instalação em edificação de uso privado a ser
dores e empregados portadores de deficiência ou com
mobilidade reduzida ajudas técnicas que permitam o construída.
acesso às atividades escolares e administrativas em
igualdade de condições com as demais pessoas; e Art. 27 A instalação de novos elevadores ou sua
III - seu ordenamento interno contém normas adaptação em edificações de uso público ou de uso
sobre o tratamento a ser dispensado a professo- coletivo, bem assim a instalação em edificação de
res, alunos, servidores e empregados portadores de uso privado multifamiliar a ser construída, na qual
deficiência, com o objetivo de coibir e reprimir qual- haja obrigatoriedade da presença de elevadores,
quer tipo de discriminação, bem como as respecti- deve atender aos padrões das normas técnicas de
392 vas sanções pelo descumprimento dessas normas. acessibilidade da ABNT.
A Seção III é composta pelos arts. 28 e 29 e trata Art. 32 Os serviços de transporte coletivo terrestre
da Acessibilidade na Habitação de Interesse Social. são:
Enquanto o art. 28 trata das ações para assegurar as I - transporte rodoviário, classificado em urbano,
condições de acessibilidade nas habitações de interes- metropolitano, intermunicipal e interestadual;
se social, o art. 29 traz a competência do Ministério II - transporte metroferroviário, classificado em
das Cidades para aplicação de tais normas. urbano e metropolitano; e
III - transporte ferroviário, classificado em inter-
municipal e interestadual.
Art. 28 Na habitação de interesse social, deverão ser
promovidas as seguintes ações para assegurar as
condições de acessibilidade dos empreendimentos: O art. 33 traz quais são os responsáveis pela con-
I - definição de projetos e adoção de tipologias cessão e permissão dos serviços de transporte coletivo.
construtivas livres de barreiras arquitetônicas e
urbanísticas; Art. 33 As instâncias públicas responsáveis pela
II - no caso de edificação multifamiliar, execução concessão e permissão dos serviços de transporte
das unidades habitacionais acessíveis no piso tér- coletivo são:
reo e acessíveis ou adaptáveis quando nos demais I - governo municipal, responsável pelo transpor-
pisos; te coletivo municipal;
III - execução das partes de uso comum, quando se II - governo estadual, responsável pelo transpor-
tratar de edificação multifamiliar, conforme as nor- te coletivo metropolitano e intermunicipal;
mas técnicas de acessibilidade da ABNT; e III - governo do Distrito Federal, responsável pelo
IV - elaboração de especificações técnicas de pro- transporte coletivo do Distrito Federal; e
jeto que facilite a instalação de elevador adaptado IV - governo federal, responsável pelo transporte
para uso das pessoas portadoras de deficiência ou coletivo interestadual e internacional.
com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Os agentes executores dos progra- O art. 34 estabelece que os sistemas de transporte
mas e projetos destinados à habitação de interesse coletivo devem ser concebidos, organizados, implan-
social, financiados com recursos próprios da União tados e adaptados segundo o conceito de desenho uni-
ou por ela geridos, devem observar os requisitos versal, com o objetivo de garantir seu uso pleno, com
estabelecidos neste artigo. segurança e autonomia, por todas as pessoas.
Art. 29 Ao Ministério das Cidades, no âmbito da
coordenação da política habitacional, compete: Art. 34 Os sistemas de transporte coletivo são
I - adotar as providências necessárias para o cum- considerados acessíveis quando todos os seus ele-
primento do disposto no art. 28; e mentos são concebidos, organizados, implantados
II - divulgar junto aos agentes interessados e orien- e adaptados segundo o conceito de desenho univer-
tar a clientela alvo da política habitacional sobre as sal, garantindo o uso pleno com segurança e auto-
iniciativas que promover em razão das legislações nomia por todas as pessoas.
federal, estaduais, distrital e municipais relativas à Parágrafo único. A infra-estrutura de transporte
acessibilidade. coletivo a ser implantada a partir da publicação
deste Decreto deverá ser acessível e estar disponí-
Por fim, a Seção IV trata da Acessibilidade aos vel para ser operada de forma a garantir o seu uso
Bens Culturais Imóveis. Veja o que dispõe o art. 30: por pessoas portadoras de deficiência ou com mobi-
lidade reduzida.
Art. 30 As soluções destinadas à eliminação, redu-
ção ou superação de barreiras na promoção da O art. 35 assegura espaços para atendimento,
acessibilidade a todos os bens culturais imóveis assentos preferenciais e meios de acesso devidamen-
devem estar de acordo com o que estabelece a Ins- te sinalizados para o uso das pessoas com deficiência
trução Normativa no 1 do Instituto do Patrimônio

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


ou com mobilidade reduzida em terminais, estações,
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, de 25 de
pontos de parada e nos veículos.
novembro de 2003.
Art. 35 Os responsáveis pelos terminais, estações,
Da Acessibilidade aos Serviços de Transportes pontos de parada e os veículos, no âmbito de suas
Coletivos competências, assegurarão espaços para atendi-
mento, assentos preferenciais e meios de acesso
O Capítulo V trata da acessibilidade aos serviços devidamente sinalizados para o uso das pessoas
de transportes coletivos. Esta parte é subdivida em portadoras de deficiência ou com mobilidade
seis seções. reduzida.
A Seção I, que cuida das condições gerais, é com-
posta pelos arts. 31 a 37 do decreto. O art. 36 se refere à responsabilidade de imple-
O art. 31 elenca quais são os serviços de transporte mentação de tais medidas pelas empresas concessio-
a que a norma se aplica. Veja: nárias e permissionárias, bem como as responsáveis
pela gestão dos serviços de transporte coletivo.
Art. 31 Para os fins de acessibilidade aos serviços
de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, Art. 36 As empresas concessionárias e permissio-
considera-se como integrantes desses serviços os nárias e as instâncias públicas responsáveis pela
veículos, terminais, estações, pontos de parada, gestão dos serviços de transportes coletivos, no
vias principais, acessos e operação. âmbito de suas competências, deverão garantir
a implantação das providências necessárias
O art. 32, por sua vez, especifica quais são os servi- na operação, nos terminais, nas estações,
ços de transporte coletivo terrestre. nos pontos de parada e nas vias de acesso, de 393
forma a assegurar as condições previstas no § 3º Os telecentros comunitários instalados ou cus-
art. 34 deste Decreto. teados pelos Governos Federal, Estadual, Municipal
Parágrafo único. As empresas concessionárias e ou do Distrito Federal devem possuir instalações ple-
permissionárias e as instâncias públicas responsá- namente acessíveis e, pelo menos, um computador
veis pela gestão dos serviços de transportes cole- com sistema de som instalado, para uso preferencial
tivos, no âmbito de suas competências, deverão por pessoas portadoras de deficiência visual.
autorizar a colocação do “Símbolo Internacional de Art. 48 Após doze meses da edição deste Decreto,
Acesso” após certificar a acessibilidade do sistema a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos de
de transporte. interesse público na rede mundial de computadores
(internet), deverá ser observada para obtenção do
Por fim, o art. 37 traz a obrigação de as empresas financiamento de que trata o inciso III do art. 2º.
concessionárias e permissionárias e de as instâncias
públicas responsáveis pela gestão dos serviços de O art. 49 trata das ações que devem ser imple-
transportes coletivos qualificarem seus profissionais mentadas pelas empresas prestadoras de serviços de
para que eles prestem atendimento prioritário às pes- telecomunicações para garantir o pleno acesso das
soas com deficiência ou com mobilidade reduzida. pessoas com deficiência auditiva ao Serviço Telefô-
nico Fixo Comutado (STFC), disponível para uso do
Art. 37 Cabe às empresas concessionárias e per-
público em geral e no Serviço Móvel Celular ou Servi-
missionárias e as instâncias públicas responsáveis ço Móvel Pessoal.
pela gestão dos serviços de transportes coletivos O art. 50 estabelece prazo de seis meses para a
assegurar a qualificação dos profissionais que Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)
trabalham nesses serviços, para que prestem aten- regulamentar os procedimentos a serem observados.
dimento prioritário às pessoas portadoras de defi- Os arts. 51 e 52 se referem à necessidade de o
ciência ou com mobilidade reduzida. Poder Público incentivar a oferta de aparelhos de tele-
fonia celular que indiquem, de forma sonora, todas as
Os demais artigos não possuem grande relevância operações e funções neles disponíveis, bem como de
para a sua prova. Basta que você saiba: aparelhos de televisão equipados com recursos tecno-
lógicos que permitam sua utilização, de modo a garan-
z A Seção II cuida das normas de Acessibilidade no tir o direito de acesso à informação pelas pessoas com
Transporte Coletivo Rodoviário, compreenden- deficiência auditiva ou visual.
do os arts. 38 e 39;
z A Seção III traz as regras de Acessibilidade no Art. 51 Caberá ao Poder Público incentivar a oferta
Transporte Coletivo Aquaviário e compreende de aparelhos de telefonia celular que indiquem, de
os arts. 40 e 41; forma sonora, todas as operações e funções neles
z A Seção IV, que compreende os arts. 42 e 43, cui- disponíveis no visor.
Art. 52 Caberá ao Poder Público incentivar a oferta
da das normas de Acessibilidade no Transporte
de aparelhos de televisão equipados com recursos
Coletivo Metroferroviário e Ferroviário;
tecnológicos que permitam sua utilização de modo
z A Seção V, que trata das regras de Acessibilidade no a garantir o direito de acesso à informação às pes-
Transporte Coletivo Aéreo, é composta pelo art. 44; soas portadoras de deficiência auditiva ou visual.
z A Seção VI cuida das Disposições Finais, sendo Parágrafo único. Incluem-se entre os recursos refe-
composta pelos arts. 45 e 46. ridos no caput:
I - circuito de decodificação de legenda oculta;
ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO II - recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP); e
III - entradas para fones de ouvido com ou sem fio.
O Capítulo VI trata do acesso à informação e à
comunicação. Os arts. 47 e 48 estabelecem o prazo de O art. 53 traz os procedimentos a serem observa-
doze meses, a contar da data de publicação do Decre- dos para implementação do plano de medidas técni-
to, para se adequar às exigências da norma e dar a cas previstas para os serviços de radiodifusão sonora
acessibilidade em seus portais e sítios eletrônicos da e de sons e imagens.
administração pública na rede mundial de computa-
Art. 53 Os procedimentos a serem observados para
dores (internet).
implementação do plano de medidas técnicas pre-
vistos no art. 19 da Lei nº 10.098, de 2000., serão
Art. 47 No prazo de até doze meses a contar da data regulamentados, em norma complementar, pelo
de publicação deste Decreto, será obrigatória a Ministério das Comunicações.
acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos da § 1º O processo de regulamentação de que trata o
administração pública na rede mundial de com- caput deverá atender ao disposto no art. 31 da Lei
putadores (internet), para o uso das pessoas nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
portadoras de deficiência visual, garantindo- § 2º A regulamentação de que trata o caput deverá
-lhes o pleno acesso às informações disponíveis. prever a utilização, entre outros, dos seguintes siste-
§ 1º Nos portais e sítios de grande porte, desde que mas de reprodução das mensagens veiculadas para
seja demonstrada a inviabilidade técnica de se con- as pessoas portadoras de deficiência auditiva e visual:
cluir os procedimentos para alcançar integralmen- I - a subtitulação por meio de legenda oculta;
te a acessibilidade, o prazo definido no caput será II - a janela com intérprete de LIBRAS; e
estendido por igual período. III - a descrição e narração em voz de cenas e imagens.
§ 2º Os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas § 3º A Coordenadoria Nacional para Integração da
portadoras de deficiência conterão símbolo que Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE da Secre-
represente a acessibilidade na rede mundial de taria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
computadores (internet), a ser adotado nas respec- da República assistirá o Ministério das Comunica-
394 tivas páginas de entrada. ções no procedimento de que trata o § 1º.
O art. 54 estabelece que as autorizatárias e as § 2º A partir de seis meses da edição deste Decreto, os
consignatárias do serviço de radiodifusão de sons e fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos e mecâ-
imagens poderão adotar plano de medidas técnicas nicos de uso doméstico devem disponibilizar, median-
próprio, como metas antecipadas e mais amplas do te solicitação, exemplares dos manuais de instrução
que aquelas previstas pelo plano. em meio magnético, braile ou em fonte ampliada.

Art. 54 Autorizatárias e consignatárias do serviço O art. 59 estabelece que o Poder Público deve
de radiodifusão de sons e imagens operadas pelo apoiar, preferencialmente, os congressos, seminários,
Poder Público poderão adotar plano de medidas oficinas e demais eventos científico-culturais que ofe-
técnicas próprio, como metas antecipadas e mais reçam os meios de acessibilidade, tais como apoios
amplas do que aquelas as serem definidas no âmbi- humanos às pessoas com deficiência auditiva e visual,
to do procedimento estabelecido no art. 53. ou tecnologias de informação e comunicação, tais
como a transcrição eletrônica simultânea.
O art. 55 trata da capacitação de profissionais Finalizando o capítulo, o art. 60 trata do financia-
em LIBRAS, que é de responsabilidade dos órgãos e mento dos programas e das linhas de pesquisa que
entidades públicas, diretamente ou em parceria com contemplem temas voltados para tecnologia da infor-
organizações sociais civis de interesse público e sob a mação acessível para pessoas com deficiência.
orientação do Ministério da Educação e da Secretaria
Especial dos Direitos Humanos. Art. 60 Os programas e as linhas de pesquisa a
serem desenvolvidos com o apoio de organismos
Art. 55 Caberá aos órgãos e entidades da adminis- públicos de auxílio à pesquisa e de agências de
tração pública, diretamente ou em parceria com financiamento deverão contemplar temas voltados
organizações sociais civis de interesse público, sob para tecnologia da informação acessível para pes-
a orientação do Ministério da Educação e da Secre- soas portadoras de deficiência.
taria Especial dos Direitos Humanos, por meio da Parágrafo único. Será estimulada a criação de
CORDE, promover a capacitação de profissionais linhas de crédito para a indústria que produza com-
em LIBRAS. ponentes e equipamentos relacionados à tecnologia
da informação acessível para pessoas portadoras
O art. 56 estabelece que o projeto de desenvolvi- de deficiência.
mento e implementação da televisão digital no Bra-
sil deve contemplar, obrigatoriamente, os três tipos AJUDAS TÉCNICAS
de sistema de acesso à informação: circuito de deco-
dificação de legenda oculta, recurso para Programa O Capítulo VII cuida das ajudas técnicas. Para tan-
Secundário de Áudio (SAP) e entradas para fones de to, o art. 61 considera como ajudas técnicas os produ-
ouvido com ou sem fio. tos, instrumentos, equipamentos ou tecnologias que
O art. 57 se refere à responsabilidade da Secretaria estejam adaptados ou foram projetados para melho-
de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da rar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou
Presidência da República de editar, no prazo de doze com mobilidade reduzida, de modo a favorecer sua
meses, a contar da data da publicação do decreto, nor- autonomia pessoal, total ou assistida.
mas complementares.
Art. 61 Para os fins deste Decreto, consideram-se
Art. 57 A Secretaria de Comunicação de Governo ajudas técnicas os produtos, instrumentos, equipa-
e Gestão Estratégica da Presidência da República mentos ou tecnologia adaptados ou especialmente
editará, no prazo de doze meses a contar da data projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa
da publicação deste Decreto, normas complemen- portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida,
tares disciplinando a utilização dos sistemas de favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida.
acesso à informação referidos no § 2º do art. 53, na § 1º Os elementos ou equipamentos definidos como

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


publicidade governamental e nos pronunciamen- ajudas técnicas serão certificados pelos órgãos
tos oficiais transmitidos por meio dos serviços de competentes, ouvidas as entidades representativas
radiodifusão de sons e imagens. das pessoas portadoras de deficiência.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput § 2º Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os
e observadas as condições técnicas, os pronuncia- cães-guia de acompanhamento são considerados
mentos oficiais do Presidente da República serão ajudas técnicas.
acompanhados, obrigatoriamente, no prazo de seis
meses a partir da publicação deste Decreto, de sis- O art. 62 trata do apoio aos programas e às linhas
tema de acessibilidade mediante janela com intér- de pesquisa que contemplem temas voltados para
prete de LIBRAS. ajudas técnicas, cura, tratamento e prevenção de defi-
ciências ou que contribuam para impedir ou minimi-
O art. 58 trata dos mecanismos de incentivo pelo zar o seu agravamento.
Poder Público para tornar disponíveis em meio mag-
nético, em formato de texto, as obras publicadas no Art. 62 Os programas e as linhas de pesquisa a
Brasil. serem desenvolvidos com o apoio de organismos
públicos de auxílio à pesquisa e de agências de
Art. 58 O Poder Público adotará mecanismos de financiamento deverão contemplar temas voltados
incentivo para tornar disponíveis em meio magnéti- para ajudas técnicas, cura, tratamento e prevenção
co, em formato de texto, as obras publicadas no País. de deficiências ou que contribuam para impedir ou
§ 1º A partir de seis meses da edição deste Decreto, a minimizar o seu agravamento.
indústria de medicamentos deve disponibilizar, median- Parágrafo único. Será estimulada a criação de
te solicitação, exemplares das bulas dos medicamentos linhas de crédito para a indústria que produza com-
em meio magnético, braile ou em fonte ampliada. ponentes e equipamentos de ajudas técnicas. 395
Do mesmo modo, o art. 63 dispõe sobre o desenvol- IV - levantamento dos recursos humanos que atual-
vimento científico e tecnológico voltado para a pro- mente trabalham com o tema; e
dução de ajudas técnicas, por meio de parcerias com V - detecção dos centros regionais de referência em
universidades e centros de pesquisa, para a produção ajudas técnicas, objetivando a formação de rede
nacional de componentes e equipamentos. nacional integrada.
§ 1º O Comitê de Ajudas Técnicas será supervi-
Art. 63 O desenvolvimento científico e tecnológico sionado pela CORDE e participará do Programa
voltado para a produção de ajudas técnicas dar- Nacional de Acessibilidade, com vistas a garantir o
-se-á a partir da instituição de parcerias com uni- disposto no art. 62.
versidades e centros de pesquisa para a produção § 2º Os serviços a serem prestados pelos membros
nacional de componentes e equipamentos. do Comitê de Ajudas Técnicas são considerados
Parágrafo único. Os bancos oficiais, com base em relevantes e não serão remunerados.
estudos e pesquisas elaborados pelo Poder Públi-
co, serão estimulados a conceder financiamento às DO PROGRAMA NACIONAL DE ACESSIBILIDADE
pessoas portadoras de deficiência para aquisição
de ajudas técnicas. O Capítulo VIII trata do Programa Nacional de
Acessibilidade. De acordo com o art. 67, tal programa
Vejamos o que dispõe o art. 64: será coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, por intermédio da Coordenadoria Nacional
Art. 64 Caberá ao Poder Executivo, com base em para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
estudos e pesquisas, verificar a viabilidade de:
(CORDE).
I - redução ou isenção de tributos para a importa-
ção de equipamentos de ajudas técnicas que não
Já art. 68 traz as ações que deverão ser prestadas
sejam produzidos no País ou que não possuam pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
similares nacionais;
II - redução ou isenção do imposto sobre produtos Art. 68 A Secretaria Especial dos Direitos Huma-
industrializados incidente sobre as ajudas técnicas; e nos, na condição de coordenadora do Programa
III - inclusão de todos os equipamentos de ajudas Nacional de Acessibilidade, desenvolverá, dentre
técnicas para pessoas portadoras de deficiência ou outras, as seguintes ações:
com mobilidade reduzida na categoria de equipa- I - apoio e promoção de capacitação e especializa-
mentos sujeitos a dedução de imposto de renda. ção de recursos humanos em acessibilidade e aju-
Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pes- das técnicas;
quisas a que se referem o caput, deve-se observar o II - acompanhamento e aperfeiçoamento da legisla-
disposto no art. 14 da Lei Complementar no 101, de ção sobre acessibilidade;
2000, sinalizando impacto orçamentário e financei- III - edição, publicação e distribuição de títulos refe-
ro da medida estudada. rentes à temática da acessibilidade;
IV - cooperação com Estados, Distrito Federal e
O art. 65 estabelece as diretrizes que o Poder Públi- Municípios para a elaboração de estudos e diag-
co deve viabilizar: nósticos sobre a situação da acessibilidade arqui-
tetônica, urbanística, de transporte, comunicação e
Art. 65 Caberá ao Poder Público viabilizar as informação;
seguintes diretrizes: V - apoio e realização de campanhas informativas e
I - reconhecimento da área de ajudas técnicas como educativas sobre acessibilidade;
área de conhecimento; VI - promoção de concursos nacionais sobre a
II - promoção da inclusão de conteúdos temá- temática da acessibilidade; e
ticos referentes a ajudas técnicas na educação VII - estudos e proposição da criação e normatiza-
profissional, no ensino médio, na graduação e na ção do Selo Nacional de Acessibilidade.
pós-graduação;
III - apoio e divulgação de trabalhos técnicos e cien- Finalizando o Decreto nº 5.296, de 2004, os arts. 69
tíficos referentes a ajudas técnicas; a 72 compõem o Capítulo IX, que trata das Disposições
IV - estabelecimento de parcerias com escolas e cen-
Finais.
tros de educação profissional, centros de ensino uni-
versitários e de pesquisa, no sentido de incrementar a
formação de profissionais na área de ajudas técnicas;
e TEMÁTICA DE RAÇA E ETNIA,
V - incentivo à formação e treinamento de ortesis-
tas e protesistas.
CONFORME LEI Nº 12.288, DE 2010
LEI Nº 12.288, DE 2010 ESTATUTO DA IGUALDADE
O art. 66 estabelece que a Secretaria Especial dos
Direitos Humanos deverá instituir Comitê de Ajudas RACIAL
Técnicas. Veja:
A discriminação com base na raça, cor, descendên-
Art. 66 A Secretaria Especial dos Direitos Humanos cia, origem nacional ou étnica constituem graves vio-
instituirá Comitê de Ajudas Técnicas, constituído lações dos direitos humanos e são um obstáculo para
por profissionais que atuam nesta área, e que será que os seres humanos possam viver livres e iguais em
responsável por: dignidade e direitos.
I - estruturação das diretrizes da área de O Brasil é um país multicultural e multiétnico,
conhecimento; mas, no entanto, sofre com a questão da discrimina-
II - estabelecimento das competências desta área; ção, que se constitui um enorme problema social e
III - realização de estudos no intuito de subsidiar a impede a construção de uma sociedade justa, solidá-
396 elaboração de normas a respeito de ajudas técnicas; ria e igualitária.
A Constituição de 1988 (CF), em seu art. 1º, inc. III z Título IV – Disposições finais.
adotou como fundamento da República Federativa do
Brasil o superprincípio da dignidade da pessoa humana. TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES:
Por sua vez, o art. 3º, IV da CF estabelece como obje- CONCEITOS E DEFINIÇÕES GERAIS
tivo fundamental da República a promoção do bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, O Título I do Estatuto compreende os arts. 1º ao 5º
idade e quaisquer outras formas de discriminação. e cuida das Disposições Preliminares.
Já o art. 5º, caput, adota o princípio da igualdade ao A finalidade do Estatuto da Igualdade Racial, insti-
afirmar que “Todos são iguais perante a lei, sem distin- tuído pela Lei nº 12.288, de 2010, é garantir à popula-
ção de qualquer natureza [...]” ção negra a efetivação da igualdade de oportunidades,
No Brasil a primeira lei a tratar do tema racismo foi a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e
a chamada Lei Afonso Arinos, Lei nº 1.390 de 3 de julho
difusos e o combate à discriminação e às demais for-
de 1951. A lei, que previa como contravenção condu-
mas de intolerância étnica (art. 1º).
tas como recusar a atender, hospedar ou servir alguém
Além de instituir o Estatuto e definir sua finalida-
com base na cor ou raça, infelizmente, “não pegou”.
de, o art. 1º nos traz seis importantes conceitos.
Foi apenas após a promulgação da CF que surgiu
uma nova lei que veio punir de forma mais firme os
crimes de racismo: a Lei nº 7.716, de 1989 (que, em Discriminação Racial ou Étnico Racial
1997, foi modificada pela Lei nº 9.459, de 1997).
Logo ficou claro que reprimir a discriminação, Art. 1° parágrafo único [...]
meio de leis penais, é importante, mas resolvia o pro- I - Discriminação Racial ou Étnico-Racial: toda
blema. Ainda eram necessárias mais ações no sentido distinção, exclusão, restrição ou preferência basea-
de promover a redução das desigualdades raciais. da em raça, cor, descendência ou origem nacional ou
Nesse contexto é que surge a Lei nº 12.288, de 20 étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reco-
de julho de 2010, que instituiu o Estatuto da Igualda- nhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condi-
ções, de direitos humanos e liberdades fundamentais
de Racial e trouxe uma série de direitos da população
nos campos político, econômico, social, cultural ou em
negra, assim como obrigações estatais, objetivos e metas
qualquer outro campo da vida pública ou privada
que dizem respeito a todos os cidadãos brasileiros.
Trata-se de um texto de 65 artigos, tratando dos
mais diversos assuntos que buscam a inclusão social Em primeiro lugar vale observar que discrimi-
da população negra; acesso à saúde; educação, cultura nação é um tratamento (um agir ou deixar de agir)
e lazer; liberdade de crença; acesso a terra e moradia; preconceituoso dispensado a uma pessoa ou grupo de
trabalho e meios de comunicação. pessoas (guarde isso, pois vai ajudar a diferenciar do
O Estatuto da Igualdade Racial não traz nenhum conceito de desigualdade). Veja que o Estatuto esta-
tipo penal em seu texto (ou seja, não define crimes). belece que a discriminação é racial ou étnico-racial,
Os crimes de racismo são tratados pela Lei nº 7.716, ou seja, baseia-se tanto em fatores biológicos (como
de 1989. A Lei nº 12.288, de 2010 constou nos editais a cor da pele e traços físicos) como também de etnia
anteriores para investigador da PCCE, dentro de Leis (características baseadas em uma ancestralidade
Penais Extravagantes, mas ainda não foi cobrada. comum; semelhanças culturais, linguísticas, históri-
Como não há carga de doutrina ou jurisprudência cas e nacionais).
sobre a Lei nº 12.888, de 2010, as questões formuladas A discriminação ocorre em todas as esferas da vi-
pela banca vão fazer referência a letra da lei. da. Assim, por exemplo, constitui discriminação o fato
de uma pessoa, concorrendo em igualdade de condi-
ESTRUTURA ções com outros candidatos, ser excluída de um pro-
cesso seletivo para admissão em uma empresa pelo
A Lei nº 12.288, de 2010: fato de ser negra. Da mesma forma, ocorre discrimi-
nação quando se deixa de atender uma pessoa negra

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


z Instituiu o Estatuto da Igualdade Racial; e em uma lanchonete ou restaurante.
z Alterou: a Lei nº. 7.716, de 1989, que trata dos cri- Biologicamente não se podem classificar os seres
mes e racismo; a Lei nº 9.029, de 1995, que comba- humanos em raças; somos uma raça única. No entan-
te a discriminação nas relações de trabalho; Lei nº to, o conceito de raça é levado em consideração para
7.347, Lei da Ação Civil Pública; e a Lei nº 10.778, quem estuda ciências humanas, entre elas o Direito.
que trata da notificação compulsória caso de vio-
lência contra a mulher que for atendida em servi- Desigualdade Racial
ços de saúde públicos ou privados.
Art. 1° parágrafo único [...]
O Estatuto da Igualdade Racial é estruturado em 4 II - desigualdade racial: toda situação injustifi-
títulos conforme ilustrado abaixo: cada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e pri-
ESTRUTURA DO ESTATUTO vada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori-
gem nacional ou étnica;
z Título I – Disposições preliminares: conceitos e
definições gerais; A desigualdade, por sua vez, não é um agir ou dei-
z Título II – Direitos Fundamentais: Saúde, Educa- xar de agir, mas sim um fenômeno, ou melhor, situa-
ção, Cultura, Esporte, Lazer, Liberdade de cons- ção de diferenças sociais, como por exemplo o fato das
ciência e de crença e livre exercício dos cultos populações negras serem a maioria com baixa renda,
religiosos; dificuldade de acesso à moradia e educação etc.
z Título III – SINAPIR – Sistema Nacional de promo-
ção da Igualdade Racial; 397
Desigualdade de Gênero e Raça em concursos públicos ou na seleção em empresas são
exemplos de ações afirmativas.
Art. 1° parágrafo único [...] É importante saber que as políticas públicas são
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria atribuições do Estado. Já as ações afirmativas são ado-
existente no âmbito da sociedade que acentua a tadas tanto pelo Estado quanto pela iniciativa privada.
distância social entre mulheres negras e os demais O art. 2º do Estatuto afirma ser responsabilida-
segmentos sociais
de do Estado e da Sociedade garantir a igualdade de
oportunidades a todo cidadão brasileiro independen-
Assimetria significa grande diferença, discrepân-
temente de etnia ou cor da pele. Não é, pois, obrigação
cia. Diferença de gênero diz respeito à diferença entre
apenas do Estado.
homens e mulheres. A jornada total média semanal de
Além dos princípios, direitos e garantias consti-
uma mulher é maior do que a de um homem, tendo
tucionais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como
em vista a necessidade que elas têm de realizar tare-
fas domésticas. Quando se observa apenas as mulhe- diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de
res negras essa disparidade tende a ser maior. desigualdade étnico-racial, a valorização da igualda-
de étnica e o fortalecimento da identidade nacional
População Negra brasileira (art.3º).
O art. 4º estabelece as formas prioritárias (e não
Art. 1° parágrafo único [...] as únicas) como se dará a participação da população
IV - população negra: o conjunto de pessoas que negra na vida econômica, social, política e cultural do
se autodeclaram pretas e pardas, conforme o que- País:
sito cor ou raça usado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que Art. 4º A participação da população negra, em
adotam autodefinição análoga; condição de igualdade de oportunidade, na vida
econômica, social, política e cultural do País será
O Brasil adota o critério da autodefinição para promovida, prioritariamente, por meio de:
determinar a cor ou raça da população brasileira den- I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvi-
tre os cinco grupos que compõem a população brasi- mento econômico e social;
leira: pretos, pardos, brancos, amarelos e indígenas. II - adoção de medidas, programas e políticas de
Assim, no Brasil temos, por meio da autodeclaração a: ação afirmativa;
III - modificação das estruturas institucionais do
Estado para o adequado enfrentamento e a supera-
Pretos ção das desigualdades étnicas decorrentes do pre-
conceito e da discriminação étnica;
POPULAÇÃO NEGRA
IV - promoção de ajustes normativos para aperfei-
Pardos çoar o combate à discriminação étnica e às desi-
gualdades étnicas em todas as suas manifestações
individuais, institucionais e estruturais;
Políticas Públicas V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocul-
turais e institucionais que impedem a represen-
Art. 1° parágrafo único [...] tação da diversidade étnica nas esferas pública e
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e progra- privada;
mas adotados pelo Estado no cumprimento de suas VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
atribuições institucionais; oriundas da sociedade civil direcionadas à promo-
ção da igualdade de oportunidades e ao combate
De modo bem simples, políticas públicas consistem às desigualdades étnicas, inclusive mediante a
no conjunto de medidas e programas que visam resol- implementação de incentivos e critérios de condi-
ver um problema público. São elas que dão forma ao cionamento e prioridade no acesso aos recursos
país e buscam colocar em prática os direitos previstos públicos;
na Constituição Federal e na legislação infraconstitu- VII - implementação de programas de ação afirma-
cional. As políticas públicas de promoção da igualda- tiva destinados ao enfrentamento das desigualda-
de racial são um exemplo. des étnicas no tocante à educação, cultura, esporte
e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios
Ações Afirmativas de comunicação de massa, financiamentos públi-
cos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
Art. 1° parágrafo único [...] Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa
VI - ações afirmativas: os programas e medidas constituir-se-ão em políticas públicas destinadas
especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa pri- a reparar as distorções e desigualdades sociais e
vada para a correção das desigualdades raciais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas
para a promoção da igualdade de oportunidades. esferas pública e privada, durante o processo de
formação social do País.
Ações afirmativas são medidas especiais de políti-
cas públicas (políticas públicas focalizadas) e/ou ações Fechando o título das Disposições Preliminares, o
privadas que visam corrigir as desigualdades raciais e art. 5º estabelece que, para alcançar os objetivos da
promover a igualdade de oportunidades. Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção da
Exemplificando, a promoção da igualdade racial Igualdade Racial (Sinapir), que se encontra organiza-
no âmbito do trabalho é um exemplo de política públi- do no Título III.
398 ca; o estabelecimento de cotas para populações negras
TÍTULO II - DIREITOS FUNDAMENTAIS IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população
negra nos processos de formação e educação per-
Os direitos fundamentais encontram-se distribuí- manente dos trabalhadores da saúde;
dos entre os arts. 6º e 46 do Estatuto da Igualdade V - a inclusão da temática saúde da população
Racial. negra nos processos de formação política das lide-
Cabe lembrar que os direitos fundamentais se ranças de movimentos sociais para o exercício da
encontram previstos na Constituição Federal (não há participação e controle social no SUS.
direitos fundamentais decorrentes de lei). O que o
Estatuto faz, então, não é criar esses direitos, mas sim O Estatuto afirma, ainda, que as comunidades de
garantir seu exercício. remanescentes de quilombos receberão atenção de
saúde específica (art. 8º, parágrafo único).
“Comunidades remanescentes de quilombos”, “co-
TÍTULO II
munidades negras rurais” ou simplesmente “comuni-
dades quilombolas” são grupos étnicos constituídos
z Saúde;
pelos descendentes dos escravos que, no processo de
z Educação, cultura, esporte, lazer;
resistência à escravidão, ocuparam um território co-
z Liberdade de consciência, de crença e de exercício
mum (quilombo) e compartilharam certas caracterís-
de cultos religiosos;
ticas culturais que permanecem até os dias de hoje.
z Terra e moradia;
São comunidades muito carentes e, por isso, necessi-
z Trabalho;
tam de atenção especial.
z Meios de comunicação.
A declaração de quilombola se faz pela autodeclaração, nos termos
do art. 2º do Decreto nº 4.887/03.
Direito à Saúde
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
A saúde é um direito fundamental de todos e dever
do Estado, conforme estabelece o art. 196 e seguin- Os direitos à educação, à cultura, ao esporte e ao
tes da Constituição Federal. O Estatuto da Igualdade lazer tem como eixo central o desenvolvimento pes-
Racial estabelece regras específicas destinadas à saú- soal e social. Aqui também o Estatuto se preocupou
de da população negra, direito que será garantido: com os interesses e as condições específicas da popu-
lação negra, de modo a contribuir para o patrimônio
z Pelo poder público mediante políticas universais, cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
sociais e econômicas; Para garantir o acesso da população negra as ativida-
z Destinadas à redução do risco de doenças e outros des educacionais, culturais, esportivas e de lazer, os
agravos. governos de todas as esferas (federal, estadual, distrital
e municipal) devem adotar as seguintes providências:
O Estatuto garante a atenção integral à saúde da
população negra, por meio do Sistema Único de Saúde Art. 10 [...]
(SUS) bem como que o acesso aos planos privados de I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
saúde se dará sem discriminação. acesso da população negra ao ensino gratuito e
às atividades esportivas e de lazer;
A fim de garantir o direito à saúde da população
II - apoio à iniciativa de entidades que mante-
negra será efetivada a Política Nacional de Saúde Inte- nham espaço para promoção social e cultural
gral da População Negra tem as seguintes diretrizes: da população negra;
III - desenvolvimento de campanhas educativas,
Art. 7º [...] inclusive nas escolas, para que a solidariedade
I - ampliação e fortalecimento da participação de aos membros da população negra faça parte da
lideranças dos movimentos sociais em defesa da cultura de toda a sociedade;

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


saúde da população negra nas instâncias de parti- IV - implementação de políticas públicas para o
cipação e controle social do SUS; fortalecimento da juventude negra brasileira.
II - produção de conhecimento científico e tecnoló-
gico em saúde da população negra; Educação
III - desenvolvimento de processos de informação,
comunicação e educação para contribuir com a A educação é direito de todos e dever do Estado e
redução das vulnerabilidades da população negra. da família, nos termos do art. 205 da CF.
O Estatuto da Igualdade Racial estabelece as
Quanto aos objetivos da Política Nacional de Saúde seguintes disposições relativas à educação:
Integral da População Negra, temos:
z Obrigatoriedade do estudo da história geral da Áfri-
Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacional ca e da história da população negra no Brasil, no
de Saúde Integral da População Negra: ensino fundamental e médio (públicos e privados);
I - a promoção da saúde integral da população
z Formação inicial e continuada de professores e
negra, priorizando a redução das desigualdades
elaboração de material didático específico; e
étnicas e o combate à discriminação nas institui-
ções e serviços do SUS; z Incentivo ao debate nas datas comemorativas de
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de caráter cívico;
informação do SUS no que tange à coleta, ao pro-
cessamento e à análise dos dados desagregados por Estabelece, ainda, uma série de deveres do poder
cor, etnia e gênero; público. Aqui cabe chamar a atenção para um detalhe
III - o fomento à realização de estudos e pesqui- importante nos arts. 13 a 16 do Estatuto. Em alguns
sas sobre racismo e saúde da população negra; momentos a Lei menciona Poder Executivo Federal; 399
em outros, apenas “poder público” (fazendo menção z Garantir o reconhecimento das sociedades negras,
a todas as esferas: federal, estadual, distrital e muni- clubes e outras formas de manifestação coletiva
cipal, portanto). Para facilitar o entendimento, veja a da população negra, com trajetória histórica com-
diferença abaixo, que contém os deveres relativos à provada, como patrimônio histórico e cultural, nos
educação. termos dos arts. 215 e 216 da CF;
z Dar especial atenção à preservação dos documen-
z Poder Executivo Federal tos e dos sítios detentores de reminiscências histó-
ricas dos antigos quilombos (art. 18);
„ Incentivar as instituições de ensino superior z Incentivar a celebração de personalidades e datas
públicas e privadas: comemorativas relacionadas à trajetória do samba
e de outras manifestações culturais de matriz afri-
Art. 13 [...] cana, bem como sua comemoração nas instituições
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e de ensino públicas e privadas (art. 19);
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos z Garantir o registro e a proteção da capoeira, em
diversos programas de pós-graduação que desen- todas as suas modalidades, como bem de nature-
volvam temáticas de interesse da população negra; za imaterial e de formação da identidade cultural
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cur- brasileira (art. 20);
sos de formação de professores temas que incluam z Garantir, por meio dos atos normativos necessários,
valores concernentes à pluralidade étnica e cultu- a preservação dos elementos formadores tradicio-
ral da sociedade brasileira; nais da capoeira nas suas relações internacionais.
III - desenvolver programas de extensão univer-
sitária destinados a aproximar jovens negros de Esporte e Lazer
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários; É dever do poder público também fomentar (esti-
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos mular) o acesso da população negra ao esporte e ao
estabelecimentos de ensino públicos, privados e comu- lazer (consolidando-os como direitos sociais) (art. 21).
nitários, com as escolas de educação infantil, ensino A capoeira, já reconhecida como patrimônio cultu-
fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a ral, é também reconhecida como desporto de criação
formação docente baseada em princípios de equidade, nacional, sendo a atividade de capoeirista reconhecida
de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. em todas as modalidades em que a capoeira se mani-
festa, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo
„ Por meio dos órgãos responsáveis pelas políti- livre o exercício em todo o território nacional. O ensino
cas de promoção da igualdade e de educação, da capoeira é facultado nas instituições públicas e pri-
acompanhará e avaliará os programas de que vadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública
trata a Seção relativa à Educação, do Estatuto. e formalmente reconhecidos (art. 22, § 1 e § 2°).

z Poder Público Direito à Liberdade de Consciência e de Crença e ao


Livre Exercício dos Cultos Religiosos
„ Estimular e apoiar ações socioeducacionais rea-
lizadas por entidades do movimento negro que O Estatuto estabelece a inviolabilidade de cons-
desenvolvam atividades voltadas para a inclu- ciência e de crença, assegurando o livre exercício dos
são social, mediante cooperação técnica, inter- cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a pro-
câmbios, convênios e incentivos, entre outros teção aos locais de culto e a suas liturgias. Visa prote-
mecanismos; ger manifestações religiosas tais como o candomblé, a
„ Adotar programas de ação afirmativa. umbanda, o catimbó, entre outros, e que são os princi-
pais alvos de intolerância no Brasil.
É necessário saber que toda vez que a Lei não O direito à liberdade de consciência e de crença e
fizer menção a um Poder específico, mencionando ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz afri-
apenas “poder público” entenda que a determina- cana compreende:
ção se dirige a todas as esferas: federal, estadual,
distrital e municipal. Quando o legislador quis fazer Art. 24 [...]
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões rela-
referência a uma esfera específica, a Lei identifica
cionadas à religiosidade e a fundação e manuten-
qual, como, por exemplo, quando menciona “Poder ção, por iniciativa privada, de lugares reservados
Executivo Federal”. para tais fins;
II - a celebração de festividades e cerimônias de
Cultura acordo com preceitos das respectivas religiões;
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa pri-
O art. 215 da CF garante o pleno exercício dos direi- vada, de instituições beneficentes ligadas às respec-
tos culturais, o acesso às fontes da cultura nacional e o tivas convicções religiosas;
apoio e incentivo às manifestações culturais. Por sua IV - a produção, a comercialização, a aquisição e
vez, o art. 216 define em que se constitui o patrimônio o uso de artigos e materiais religiosos adequados
cultural nacional. aos costumes e às práticas fundadas na respectiva
O Estatuto da Igualdade Racial trata do direito à religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas por
cultura nos seus arts. 17 a 20. legislação específica;
A Lei assegura aos quilombolas o direito à preser- V - a produção e a divulgação de publicações rela-
vação de seus usos, costumes, tradições e manifestos cionadas ao exercício e à difusão das religiões de
religiosos, sob a proteção do Estado. matriz africana;
O Estatuto estabelece, ainda, uma série de deveres VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas
400 do poder público: naturais e jurídicas de natureza privada para a
manutenção das atividades religiosas e sociais das Por sua vez, em relação ao direito à moradia o poder
respectivas religiões; público deve garantir a implementação de políticas
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunica- públicas para assegurar o direito à moradia adequada
ção para divulgação das respectivas religiões; da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas
VIII - a comunicação ao Ministério Público para urbanas subutilizadas, degradadas ou em processo de
abertura de ação penal em face de atitudes e práti- degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana
cas de intolerância religiosa nos meios de comuni- e promover melhorias no ambiente e na qualidade
cação e em quaisquer outros locais. de vida. Vale destacar que o Estatuto menciona que o
direito à moradia adequada inclui também a garan-
O Estatuto assegura a assistência religiosa aos pra- tia e de infraestrutura urbana (rede de água, esgoto,
ticantes de religiões de matrizes africanas internados iluminação, rede telefônica etc.) e dos equipamentos
em hospitais ou em outras instituições de internação comunitários associados à função habitacional (esco-
coletiva, inclusive àqueles submetidos a pena privati- las, áreas de lazer e cultura etc.). Além disso, o poder
va de liberdade (art. 25). público deve prestar assistência técnica e jurídica para
Além disso, o Estatuto determina que o poder a construção, a reforma ou a regularização fundiária
público tem o dever de adotar as medidas necessárias da habitação em área urbana (art. 35).
para o combate a intolerância às religiões de matrizes Deve ser facilitado, por fim, o acesso da população
africanas e à discriminação de seus seguidores. negra aos financiamentos habitacionais (art. 37).

Do Acesso à Terra e à Moradia Adequada Trabalho

O acesso à terra e à moradia são historicamente O direito ao trabalho está elencado entre os direi-
negados à população negra. Visando reverter tal situa- tos sociais, previstos no art. 6º da CF. Buscando garan-
ção, o Estatuto da Igualdade Racial prevê uma série tir a maior inclusão da população negra no mercado
de medidas, algumas especialmente voltadas para os de trabalho, o Estatuto encarrega o poder público de
remanescentes das comunidades dos quilombos. implementar políticas públicas que devem observar
Em relação ao acesso à terra, o Estatuto prevê: os compromissos assumidos pelo Brasil perante a
comunidade internacional.
O poder público deve promover ações que asse-
z Poder público
gurem a igualdade de oportunidades no mercado de
trabalho para a população negra, inclusive mediante
„ Elaborará e implementará políticas públicas capa-
a implementação de medidas visando à promoção da
zes de promover o acesso da população negra à
igualdade nas contratações do setor público e o incen-
terra e às atividades produtivas no campo; tivo à adoção de medidas similares nas empresas e
„ Promoverá ações para viabilizar e ampliar o organizações privadas (art. 39).
acesso da população negra ao financiamento Especificamente, o Poder Executivo Federal, pode-
agrícola; rá estabelecer critérios para ampliar a participação de
„ Promoverá a educação e a orientação profissio- negros em cargos em comissão e funções de confiança
nal agrícola para os trabalhadores negros e as (art. 42).
comunidades negras rurais
Dica
z Poder Executivo Federal
Cargos em comissão, também chamados de
„ Elaborará e desenvolverá políticas públicas cargos de confiança, assim como as funções de
especiais voltadas para o desenvolvimento sus- confiança encontram-se previstos no art. 37, inc.
tentável dos remanescentes das comunidades II da CF, sendo cargos de livre provimento e livre

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


dos quilombos, respeitando as tradições de pro- exoneração.
teção ambiental das comunidades.
Dos Meios de Comunicação
z Remanescentes das comunidades dos quilombos
O último Capítulo relativo aos direitos diz respeito
„ Se estiverem ocupando suas terras é reconheci- aos meios de comunicação. É notória a baixa repre-
da a propriedade definitiva, devendo o Estado sentação da população negra nos meios de comunica-
emitir-lhes os títulos respectivos; ção; daí a preocupação do legislador em destinar um
„ Para fins de política agrícola, receberão dos Capítulo do Estatuto ao tema.
órgãos competentes tratamento especial dife- Nesse sentido, afirma a Lei, que a produção vei-
renciado, assistência técnica e linhas espe- culada pelos órgãos de comunicação deve valorizar a
ciais de financiamento público, destinados à herança cultural e a participação da população negra
realização de suas atividades produtivas e de na história do País, de acordo com o art. 43.
infraestrutura; Nas produções de filmes, programas e peças publi-
„ Se beneficiarão de todas as iniciativas previs- citárias, assim como nas salas de exibição, devem ser
tas nesta e em outras leis para a promoção da dadas oportunidades de emprego para atores, figuran-
igualdade étnica. tes e técnicos negros, sendo proibida a discriminação
de natureza política, ideológica, étnica ou artística (a
Além disso, serão assegurados à população negra a exigência de contratar atores e figurantes se dá quando
assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao o programa ou filme tratar de um grupo étnico deter-
crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura minado como, por exemplo, um filme sobre um tribo
de logística para a comercialização da produção. indígena ou uma colônia de imigrantes japoneses). 401
No caso de filmes, programas ou quaisquer peças
publicitárias contratadas por órgãos e entidades da PODER EXECUTIVO
FEDERAL
administração pública federal direta, autárquica, ou
fundacional, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista federais deverão incluir cláusulas de
participação de artistas negros (exceto quando abor- Plano Nacional
darem especificamente de grupos étnicos determina- de Promoção da
Igualdade Racial
dos). Veja bem que a lei se restringiu à esfera federal.

SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA Metas


IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)

Uma das mais importantes medidas do Estatuto da Princípios


Igualdade Racial foi instituir o Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR) que tem o
propósito de organizar e articular as políticas e serviços Diretrizes

destinados a superar as desigualdades étnicas (art. 47).


Veja o quadro abaixo que demonstra quem parti- O Poder Público Federal fica autorizado a criar um
cipa do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade fórum intergovernamental para a promoção da igual-
Racial: dade étnica, com o objetivo de incorporar a política
nacional de promoção da igualdade étnica das ações
SINAPIR governamentais de Estados e Municípios (§ 2°, art. 49).
Organiza e articula a implementação das políticas e serviços A participação da sociedade civil na elaboração
destinados a superar as desigualdades étnicas. das diretrizes das políticas nacional e regional de pro-
Podem participar
Incentiva a moção da igualdade étnica é assegurada (§ 3°, art. 49).
Instituído no mediante
participação da
âmbito do Poder adesão: Estados,
sociedade e da Das Ouvidorias Permanentes e do Acesso à Justiça e
Público Federal Distrito Federal e
iniciativa privada. à Segurança
Municípios

Cabe, ainda, ao poder público federal instituir, no


O SINAPIR é instituído no âmbito do Poder Públi- âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvido-
co Federal. Somente os entes federados (Estados, DF e rias Permanentes de Defesa da Igualdade Racial, que
Municípios) podem aderir. A sociedade e a iniciativa têm objetivo de receber e encaminhar as denúncias
privada participam colaborando, mas não aderem. de preconceito e discriminação com base em etnia ou
cor e para a promoção da igualdade (art. 51).
Objetivos do SINAPIR Às vítimas de discriminação étnica, para a garan-
tia de seus direitos, é assegurado o acesso:
São objetivos do SINAPIR:
z Aos órgãos de Ouvidoria Permanente;
Art. 48 São objetivos do Sinapir: z À Defensoria Pública;
I - promover a igualdade étnica e o combate às z Ao Ministério Público; e
desigualdades sociais resultantes do racismo, z Ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias.
inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
II - formular políticas destinadas a combater os Por sua vez, em relação ao Estado, o Estatuto impõe
fatores de marginalização e a promover a integra- em seus arts. 51 a 55, as seguintes atribuições:
ção social da população negra;
III - descentralizar a implementação de ações z Assegurará atenção às mulheres negras em situa-
afirmativas pelos governos estaduais, distrital e ção de violência, garantida a assistência física, psí-
municipais; quica, social e jurídica;
IV - articular planos, ações e mecanismos volta- z Adotará medidas especiais para coibir a violência
dos à promoção da igualdade étnica; policial incidente sobre a população negra;
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos z Implementará ações de ressocialização e proteção
criados para a implementação das ações afirmativas da juventude negra em conflito com a lei e exposta
a experiências de exclusão social;
e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
z O Estado adotará medidas para coibir atos de dis-
criminação e preconceito praticados por servido-
Organização e Competência do SINAPIR
res públicos em detrimento da população negra.
É competência do Poder Executivo Federal a ela-
Veja que dentre as medidas de atribuição do Esta-
boração do plano nacional de promoção da igualdade do está a de adotar medidas especiais para coibir a
racial, que contem as metas, princípios e diretrizes para violência policial que recai sobre a população negra.
a implementação da Política Nacional de Promoção da
402 Igualdade Racial (PNPIR), de acordo com o art. 49.
Do Financiamento das Iniciativas de Promoção da Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa
Igualdade Racial privada.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
O Estatuto preocupou-se, também, em tratar sobre § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de
as formas de financiar e destinar recurso para as ini- discriminação de raça ou de cor ou práticas resul-
ciativas de promoção da igualdade racial dispostas em tantes do preconceito de descendência ou origem
seu texto. nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288,
O poder público deve, ao implementar os progra- de 2010)
I - deixar de conceder os equipamentos neces-
mas e as ações que constam nos planos plurianuais e
sários ao empregado em igualdade de condi-
nos orçamentos anuais da União, observar as políticas
ções com os demais trabalhadores; (Incluído
de ação afirmativa que constam no art. 4º, inc. VII, do
pela Lei nº 12.288, de 2010)
Estatuto: II - impedir a ascensão funcional do emprega-
do ou obstar outra forma de benefício profis-
Art. 4° [...] sional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
VII - implementação de programas de ação afirma- III - proporcionar ao empregado tratamento
tiva destinados ao enfrentamento das desigualda- diferenciado no ambiente de trabalho, espe-
des étnicas no tocante à educação, cultura, esporte cialmente quanto ao salário. (Incluído pela Lei
e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios nº 12.288, de 2010) (Vigência)
de comunicação de massa, financiamentos públi- § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
cos, acesso à terra, à Justiça, e outros.”. de serviços à comunidade, incluindo atividades de
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios
Assim como outras políticas que visem a promo- ou qualquer outra forma de recrutamento de traba-
ção da igualdade de oportunidades e a inclusão social lhadores, exigir aspectos de aparência próprios
da população negra. de raça ou etnia para emprego cujas ativida-
Quanto aos recursos para o financiamento das ini- des não justifiquem essas exigências. (Incluído
ciativas, dispõe o art. 57 do Estatuto, que podem ter pela Lei nº 12.288, de 2010)
origem em: Art. 20 Praticar, induzir ou incitar a discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro-
z Recursos ordinários; cedência nacional.
z Transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Federal e dos Municípios; § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
z Doações voluntárias de particulares; símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gama-
z Doações de empresas privadas e organizações não
da, para fins de divulgação do nazismo.
governamentais, nacionais ou internacionais;
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
z Doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
z Doações de Estados estrangeiros, por meio de con- cometido por intermédio dos meios de comunica-
vênios, tratados e acordos internacionais. ção social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Dica § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi-
A principal fonte de financiamento das iniciativas do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
de promoção da igualdade racial são os recursos de desobediência
ordinários. Recursos ordinários são aqueles pro- III - a interdição das respectivas mensagens ou
venientes principalmente da receita de impostos páginas de informação na rede mundial de compu-
e taxas. tadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

Por fim, o Estatuto afirma que as medidas insti- z Lei modificada: Lei nº 9.029, de 1995, que proíbe a

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


tuídas em seu texto não excluem outras que venham exigência de atestados de gravidez e esterilização
a ser adotadas no âmbito de qualquer dos entes da para admissão ou permanência no trabalho.
Federação e determinada que o Poder Executivo Fede-
ral deve criar instrumentos para medir a eficácia das Atenção: Depois das modificações feitas pelo Esta-
medidas previstas na Lei, bem como efetuar seu cons- tuto da Igualdade Racial, em 2010, a Lei nº 9.029, de
tante monitoramento. 1995 foi novamente modificada em 2015, desta vez
Os artigos finais do Estatuto se prestam a promo- pela Lei nº 13.146, de 2015.
ver alterações em outras leis e serão dispostos a seguir
(os dispositivos da lei que foram modificados serão Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no artigo ante-
destacados em negrito): rior, as infrações do disposto nesta lei são passíveis
das seguintes cominações:
z Lei modificada: Lei de Crimes Raciais. Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e
nos dispositivos legais que tipificam os cri-
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, mes resultantes de preconceito de etnia, raça
devidamente habilitado, a qualquer cargo da ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são
Administração Direta ou Indireta, bem como das passíveis das seguintes cominações: (Redação
concessionárias de serviços públicos. dada pela Lei nº 12.288, de 2010)
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2° desta
Parágrafo único. Incorre na mesma pena Lei e nos dispositivos legais que tipificam os crimes
quem, por motivo de discriminação de raça, resultantes de preconceito de etnia, raça, cor ou
cor, etnia, religião ou procedência nacional, deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei são
obstar a promoção funcional. (Incluído pela passíveis das seguintes cominações: (Redação dada
Lei nº 12.288, de 2010) pela Lei nº 13.146, de 2015 403
I - multa administrativa de dez vezes o valor do A PNPM foi estruturada em 199 ações, distribuídas
maior salário pago pelo empregador, elevado em em 26 prioridades. Cada uma dessas ações tinha como
cinqüenta por cento em caso de reincidência; objetivos:
II - proibição de obter empréstimo ou financiamen-
to junto a instituições financeiras oficiais. 1. a igualdade de gênero, raça e etnia;
Art. 4º O rompimento da relação de trabalho por 2. o desenvolvimento democrático e sustentável,
ato discriminatório, nos moldes desta lei, faculta ao levando em consideração as diversidades regionais
empregado optar entre: com o objetivo de superar as desigualdades econô-
Art. 4º O rompimento da relação de trabalho micas e culturais;
por ato discriminatório, nos moldes desta Lei, 3. o cumprimento dos tratados, acordos e conven-
além do direito à reparação pelo dano moral, ções internacionais firmados e ratificados pelo
faculta ao empregado optar entre: (Redação Governo Brasileiro, relativos aos direitos humanos
dada pela Lei nº 12.288, de 2010) das mulheres;
I - a readmissão com ressarcimento integral de 4. o pleno exercício de todos os direitos e liberdades
todo o período de afastamento, mediante pagamen- fundamentais para distintos grupos de mulheres;
to das remunerações devidas, corrigidas moneta- 5. o equilíbrio de poder entre mulheres e homens,
riamente, acrescidas dos juros legais; em termos de recursos econômicos, direitos legais,
I - a reintegração com ressarcimento integral de participação política e relações interpessoais;
todo o período de afastamento, mediante paga- 6. o combate às distintas formas de apropriação
mento das remunerações devidas, corrigidas mone- e exploração mercantil do corpo e da vida das
tariamente e acrescidas de juros legais; (Redação mulheres;
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 7. o reconhecimento da violência de gênero, raça
II - a percepção, em dobro, da remuneração do e etnia como violência estrutural e histórica, que
período de afastamento, corrigida monetariamente expressa a opressão das mulheres que precisa ser
e acrescida dos juros legais. tratada como questão de segurança, justiça e saúde
pública;
z Lei modificada: Lei nº 7.437, de 1985, que trata da 8. o reconhecimento da responsabilidade do Estado
Ação Civil Pública na implementação de políticas que incidam na divi-
são social e sexual do trabalho;
O art. 13 passou a vigorar acrescido do seguinte § 9. a construção social de valores, por meio da Edu-
2º, renumerando-se o atual parágrafo único como § 1º: cação, que enfatizem a importância do trabalho
historicamente realizado pelas mulheres, além da
Art. 13 [....] necessidade de viabilizar novas formas para sua
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por vio- efetivação;
lência contra a mulher qualquer ação ou conduta, 10. a inclusão das questões de gênero, raça e etnia
baseada no gênero, inclusive decorrente de discri- nos currículos escolares, além do reconhecimento
minação ou desigualdade étnica, que cause morte, e busca de formas que alterem as práticas educati-
dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à vas, a produção de conhecimento, a educação for-
mulher, tanto no âmbito público quanto no privado. mal, a cultura e a comunicação discriminatórias;
11. a inclusão de recursos nos Planos Plurianuais,
Leis de Diretrizes Orçamentárias e Leis Orçamentá-
rias Anuais para implementação de políticas públi-
cas para as mulheres;
POLÍTICA NACIONAL PARA 12. a elaboração e divulgação de indicadores
MULHERES E POLÍTICA NACIONAL sociais, econômicos e culturais sobre a população
afro-descendente e indígena, como subsídios para a
DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA formulação e implementação de políticas públicas
CONTRA AS MULHERES de saúde, previdência social, trabalho, educação
e cultura, que levem em consideração a realidade
Em 2003, foi criada a Secretaria Especial de Polí- urbana e rural;
13. a capacitação de servidores(as) públicos(as) em
ticas para as Mulheres da Presidência da República
gênero, raça, etnia e direitos humanos, de forma a
(SPM/PR), com o objetivo de formular, coordenar e garantir a implementação de políticas públicas vol-
articular políticas que promovam a igualdade entre tadas para a igualdade;
mulheres e homens. Assim, para a consecução de 14. a participação e o controle social na formula-
seus objetivos, foi realizada, em 2004, a I Conferên- ção, implementação, monitoramento. e avaliação
cia Nacional de Políticas para as Mulheres (I CNPM), de políticas públicas, disponibilizando dados e indi-
resultando na elaboração do I Plano Nacional de cadores relacionados aos atos públicos e garantin-
Políticas para as Mulheres. do a transparência das ações;
A Política Nacional para as Mulheres (PNPM) foi 15. a criação, o fortalecimento e a ampliação de
organismos específicos de defesa dos direitos e
estabelecida com base nos seguintes princípios:
de políticas para as mulheres no primeiro esca-
lão de governo, nas esferas federal, estaduais e
z Igualdade e respeito à diversidade; municipais.
z Equidade;
z Autonomia das mulheres; As ações desse I Plano foram traçadas a partir de
z Laicidade do Estado; 4 linhas de atuação, consideradas, na época, como as
z Universalidade das políticas; mais importantes e urgentes para assegurar o direito
z Justiça social; a uma vida melhor e mais digna para as mulheres. As
z Transparência dos atos públicos; linhas de atuação foram: autonomia, igualdade no
404 z Participação e controle social. mundo do trabalho e cidadania; educação inclusiva
e não sexista; saúde das mulheres, direitos sexuais Na sequência, em 2011, foi realizada a III Confe-
e direitos reprodutivos; e enfrentamento à violência rência Nacional de Políticas para as Mulheres, geran-
contra as mulheres. do, como resultado, o PNPM 2013-2015.
Para o monitoramento das ações desenvolvidas no O PNPM é dividido em 10 eixos estratégicos, que
PNPM foi criado, em 2005, um Comitê formado por constam como Capítulos próprios. Cada um dos eixos
representantes: traz um aspecto motivacional, isto é, o motivo pelo qual
cada um dos eixos deve existir. Além disso, cada eixo
z da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres; orientador é composto por objetivos gerais, objetivos
z do Ministério da Educação; específicos, metas, linhas de ações e planos de ações.
z do Ministério da Justiça; Cumpre mencionar que o plano possui caráter trans-
z do Ministério da Saúde; versal e complexo, pois algumas ações podem ser imple-
z do Ministério das Cidades; mentadas por diversos órgãos e não só pela SPM. É por
z do Ministério das Minas e Energia; esta razão que o PNPM é extremamente detalhado.
z do Ministério de Desenvolvimento Social e Comba- Antes de tratar de cada eixo, faz-se necessário con-
te à Fome; signar que o PNPM acrescentou outros princípios
z do Ministério do Desenvolvimento Agrário; orientadores, além daqueles que constavam dos pla-
z do Ministério do Planejamento, Orçamento e nos anteriores. São eles:
Gestão;
z do Ministério do Trabalho e Emprego; z Autonomia das mulheres em todas as dimensões
z da Secretaria Especial de Direitos Humanos; da vida;
z da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da z Busca da igualdade efetiva entre mulheres e
Igualdade Racial; e homens, em todos os âmbitos;
z do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. z Respeito à diversidade e combate a todas as for-
mas de discriminação;
Na sequência, em 2007, foi realizada a II Conferên- z Caráter laico do Estado;
cia Nacional de Políticas para as Mulheres, resultando z Universalidade dos serviços e benefícios ofertados
na aprovação do II Plano Nacional, tendo como fina- pelo Estado;
lidade validar os princípios e pressupostos da PNPM, z Participação ativa das mulheres em todas as fases
bem como as diretrizes e prioridades apontadas na das políticas públicas; e
primeira conferência. z Transversalidade como princípio orientador de
No entanto, buscou-se, também, ampliar o escopo todas as políticas públicas.
do plano e introduzir novos eixos estratégicos, uma
vez que, embora o I PNPM tenha representado avan- EIXO ESTRATÉGICO I — IGUALDADE NO MUNDO DO
ços na inserção da temática de gênero, raça e etnia TRABALHO E AUTONOMIA ECONÔMICA
no processo de elaboração do orçamento e planeja-
mento do governo, na criação de organismos gover- O Eixo Orientador I dispõe sobre a autonomia econô-
namentais estaduais e municipais para coordenação mica e a igualdade entre mulheres e homens no mun-
e gerenciamento das políticas para as mulheres e do do trabalho, sendo estruturado em ações específicas
na incorporação da transversalidade de gênero nas para eliminação da desigual divisão sexual do trabalho,
políticas públicas, existiam pontos que necessitavam com foco na erradicação da pobreza e garantia de partici-
ser superados, como a não existência de organismos pação das mulheres no desenvolvimento do Brasil.
de políticas para as mulheres em inúmeros gover- O objetivo geral do eixo é:
nos estaduais e na maioria dos governos municipais,
além de baixo orçamento para as políticas, crimina- Promover a igualdade no mundo do trabalho e a

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


lização do aborto, falta de dados, baixa incorporação autonomia econômica das mulheres urbanas, do
da transversalidade de gênero nas políticas públicas, campo e da floresta, considerando as desigualdades
discrepância nas tarefas do trabalho doméstico e de entre mulheres e homens, as desigualdades de clas-
cuidados, fragilidade dos mecanismos institucionais, se, raça e etnia, desenvolvendo ações específicas
entre outros. que contribuam para a eliminação da desigual divi-
Além disso, foram acrescentados mais seis eixos são sexual do trabalho, com ênfase nas políticas de
estratégicos: erradicação da pobreza e na valorização da parti-
cipação das mulheres no desenvolvimento do país.
z Participação das mulheres nos espaços de poder e
decisão; Seus objetivos específicos são:
z Desenvolvimento sustentável no meio rural,
I. Ampliar a participação e a permanência das mulhe-
na cidade e na floresta, com garantia de justiça
res no mundo do trabalho, garantindo a qualidade nas
ambiental, soberania e segurança alimentar;
condições e igualdade de rendimentos. Igualdade no
z Direito à terra, moradia digna e infraestrutura
mundo do trabalho e autonomia econômica;
social nos meios rural e urbano, considerando as II. Promover a organização produtiva e o acesso à
comunidades tradicionais; renda para mulheres, especialmente das em situa-
z Cultura, Comunicação e Mídia igualitárias, demo- ção de vulnerabilidade social.
cráticas e não discriminatórias; III. Promover a valorização e o reconhecimento da
z Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia; e contribuição das mulheres do campo, da floresta,
z Enfrentamento das desigualdades geracionais mulheres indígenas, das comunidades tradicionais
que atingem as mulheres, com especial atenção às e das mulheres com deficiência para o desenvolvi-
jovens e idosas. mento econômico do país. 405
IV. Promover políticas que visem o compartilhamento EIXO ESTRATÉGICO III — SAÚDE INTEGRAL DAS
das responsabilidades domésticas e que contribuam MULHERES, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS
para a superação da divisão sexual do trabalho. REPRODUTIVOS
V. Ampliar a formalização do trabalho das mulhe-
res e a garantia de direitos. O Eixo Orientador III considera a mulher como parte
de um segmento social fundamental para as políticas de
EIXO ESTRATÉGICO II — EDUCAÇÃO PARA saúde, em especial porque as desigualdades históricas
IGUALDADE E CIDADANIA entre mulheres e homens impactam sua condição de
saúde. Além disso, existem questões importantes relati-
O Eixo Orientador II dispõe sobre a importân- vas às relações sociais de gênero e outras variáveis como
cia da educação para consolidação do exercício raça, etnia, situação de pobreza, orientação sexual e ida-
de direitos, construção da autonomia individual de, que aprofundam essas desigualdades.
e coletiva e desenvolvimento econômico e social. O objetivo geral do eixo é:
Para tanto, busca-se eliminar as desigualdades sociais
de gênero, raciais, étnicas, geracionais, de orientação Promover a melhoria das condições de vida e saúde
sexual, regionais e locais. das mulheres em todas as fases do seu ciclo vital,
Seus objetivos gerais são: garantindo os direitos sexuais e os direitos repro-
dutivos, bem como os demais direitos legalmente
I - Contribuir para a redução da desigualdade entre constituídos; e ampliar o acesso aos meios e servi-
mulheres e homens e para o enfrentamento do ços de promoção, prevenção e assistência da saúde
preconceito e da discriminação de gênero, étnica, integral da mulher em todo o território brasileiro,
racial, social, religiosa, geracional, por orientação sem discriminação de qualquer espécie, resguarda-
sexual, identidade de gênero e contra pessoas com das as identidades e especificidades de gênero, raça,
deficiência por meio da formação de gestores/as, etnia, geração, classe social, orientação sexual e
profissionais da educação e estudantes em todos os mulheres com deficiência.
níveis e modalidades de ensino.
II. Consolidar na política educacional as perspecti- Já os objetivos específicos são:
vas de gênero, raça, etnia, orientação sexual, gera-
cional, das pessoas com deficiência e o respeito à I. Fortalecer e implementar a Política Nacional de
diversidade em todas as suas formas, de modo a Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM, con-
garantir uma educação igualitária e cidadã. siderando as mulheres em sua diversidade.
III. Promover o acesso e a permanência de meni- II. Garantir os direitos sexuais e os direitos reprodutivos
nas, jovens e mulheres à educação de qualidade, das mulheres em todas as fases do seu ciclo de vida e
prestando particular atenção a grupos com bai- nos diversos grupos populacionais, sem discriminações.
xa escolaridade (mulheres adultas e idosas, com III. Contribuir para a redução da morbidade e mortali-
deficiência, negras, indígenas, de comunidades dade das mulheres no Brasil, especialmente por causas
tradicionais, do campo e em situação de prisão, e evitáveis, em todas as fases do seu ciclo de vida e nos
meninas retiradas do trabalho infantil). diversos grupos populacionais, sem discriminações.
IV. Promover a ampliação, qualificação e humani-
Já os objetivos específicos são: zação das ações de atenção integral à saúde das
mulheres na rede pública e privada. V. Contribuir
I. Eliminar conteúdos sexistas e discriminatórios para a redução da gravidez na adolescência.
e promover a inserção de temas voltados para a
igualdade de gênero e valorização das diversidades EIXO ESTRATÉGICO IV — ENFRENTAMENTO DE
nos currículos, materiais didáticos e paradidáticos TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA AS
da educação básica. MULHERES
II. Promover a formação continuada de gestores/as
e servidores/as públicos/as de gestão direta, socieda- O Eixo Orientador IV busca coibir a violência
des de economia mista e autarquias, profissionais da
doméstica e familiar contra a mulher.
educação, como também a formação de estudantes de
O objetivo geral do Eixo é:
todos os níveis, etapas e modalidades dos sistemas de
ensino público de todos os níveis nos temas da igualda-
de de gênero e valorização das diversidades. Reduzir os índices de todas as formas de violência
III. Promover políticas para a ampliação do acesso contra as mulheres.
e permanência das mulheres no ensino profissional,
tecnológico e no ensino superior, com destaque para Seus objetivos específicos são:
as áreas científicas e tecnológicas, com igualdade de
gênero, raça, etnia, considerando as mulheres em sua I. Garantir e proteger os direitos das mulheres em
diversidade. situação de violência considerando as questões
IV. Estimular a produção de conhecimento sobre rela- étnicas, raciais, geracionais, de orientação sexual,
ções sociais de gênero, identidade de gênero e orientação de deficiência e de inserção social, econômica e
sexual, levando em consideração os aspectos étnicos, regional.
raciais, geracionais e das pessoas com deficiência. II. Garantir a implementação e aplicabilidade da
V. Promover políticas para reduzir o analfabetismo Lei Maria da Penha, por meio de difusão da lei e do
feminino, em especial entre as mulheres acima de fortalecimento dos instrumentos de proteção dos
50 anos, negras e indígenas. direitos das mulheres em situação de violência.
VI. Contribuir para a redução da violência de gêne- III. Ampliar e fortalecer os serviços especializados,
ro no ambiente escolar e universitário, com ênfase integrar e articular os serviços e instituições de
no enfrentamento do abuso e exploração sexual de atendimento às mulheres em situação de violência,
406 meninas, jovens e adolescentes. especialmente as mulheres do campo e da floresta.
IV. Proporcionar às mulheres em situação de vio- V. Fortalecer a participação social na formulação e
lência um atendimento humanizado, integral e implementação das políticas públicas de promoção
qualificado nos serviços especializados e na rede de da igualdade de gênero e de combate a todas as for-
atendimento. mas de discriminação considerando as dimensões
V. Desconstruir mitos e preconceitos em relação étnicas, raciais, de orientação sexual, identidade de
à violência contra a mulher, promovendo uma gênero, geracionais e mulheres com deficiência.
mudança cultural a partir da disseminação de ati-
tudes igualitárias e valores éticos de irrestrito res- EIXO ESTRATÉGICO VI — DESENVOLVIMENTO
peito às diversidades e de valorização da paz. SUSTENTÁVEL COM IGUALDADE ECONÔMICA E
VI. Identificar e responsabilizar os agressores das SOCIAL
mulheres que sofrem violência doméstica e sexual.
VII. Prestar atendimento às mulheres que têm seus O Eixo Orientador VI reflete a importância de
direitos humanos e sexuais violados, garantindo os implementar políticas e ações para promoção das
direitos sexuais e os direitos reprodutivos na pers- mudanças necessárias para o desenvolvimento sus-
pectiva da autonomia das mulheres sobre seu cor- tentável, a proteção e a justiça ambiental brasileira,
po e sobre sua sexualidade.
com a ampla participação das mulheres do campo, da
VIII. Garantir a inserção das mulheres em situação
floresta e das cidades.
de violência nos programas sociais nas três esferas
Assim, seu objetivo geral é:
de governo, de forma a fomentar sua independên-
cia e autonomia.
Incentivar o desenvolvimento sustentável com a
inclusão das mulheres em todas as suas especifici-
EIXO ESTRATÉGICO V — FORTALECIMENTO E dades e diversidades, considerando as dimensões
PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS ESPAÇOS DE sociais, econômicas e ambientais, democratizando
PODER E DECISÃO o acesso aos bens da natureza e aos equipamentos
sociais e serviços públicos.
O Eixo Orientador V busca ampliar a participação
das mulheres em postos de direção, espaços de poder Seus objetivos específicos são:
e de decisão dos governos, nos espaços de contro-
le social das políticas públicas, no Poder Legislativo, I. Promover alterações no padrão de desenvolvi-
nos partidos políticos, nos movimentos sociais, no mento econômico, social e ambiental no sentido
meio acadêmico e no acesso às profissões tidas como do reconhecimento do trabalho reprodutivo como
masculinas. essencial para a sociedade, articulando de forma
Seu objetivo geral é: harmônica, produção, reprodução e consumo.
II. Estimular a participação das mulheres em todas
Fomentar e fortalecer a participação igualitária, as instâncias de formulação, implementação e con-
plural e multirracial das mulheres nos espaços de trole social das políticas ambientais e do desenvol-
poder e decisão, por meio da promoção de mudan- vimento socioambiental.
ças culturais, legislativas e institucionais que con- III. Estimular o crescimento da participação das
tribuam para a construção de valores e atitudes mulheres nas atividades econômicas relacionadas
igualitárias e democráticas e para a construção de à soberania e segurança alimentar, com vistas à
políticas para a igualdade. transição agroecológica e a promoção do desenvol-
vimento com sustentabilidade socioambiental.
IV. Promover as políticas públicas de defesa da água
Já os objetivos específicos são: como bem público e da democratização de seu uso.
V. Promover a ampliação da infraestrutura social
I. Apoiar a reforma política, bem como a criação, nas áreas urbana e rural, garantindo o direito das
revisão e implementação de instrumentos normati- mulheres à habitação e moradia digna, com acessi-
vos com vistas à igualdade de oportunidades entre

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


bilidade, por meio, dentre outras ações, da facilita-
mulheres e homens, e entre as mulheres, na ocupa- ção de formas de financiamento.
ção de postos de decisão nas distintas esferas do
poder público. EIXO ESTRATÉGICO VII — DIREITO À TERRA COM
II. Estimular a ampliação da participação das
IGUALDADE PARA AS MULHERES DO CAMPO E DA
mulheres em cargos de poder e decisão nos três
FLORESTA
poderes das três esferas federativas, considerando
as dimensões étnicas, raciais, de orientação sexual,
identidade de gênero, geracionais e mulheres com O Eixo Orientador VII estabelece as políticas públi-
deficiência. cas e ações voltadas para viabilizar a produção das
III. Promover criação e institucionalização de orga- mulheres no campo e na floresta, considerando tais
nismos de políticas para as mulheres com o papel ações como condição básica para a conquista, o forta-
de articular, elaborar, implementar e monitorar as lecimento e a consolidação da autonomia econômica
políticas nos estados, Distrito Federal e municípios da mulher.
e promover a gestão transversal da Política Nacio- Seu objetivo geral é:
nal para as Mulheres.
IV. Estimular a ampliação da participação de Promover o fortalecimento econômico e o direito à
mulheres nos partidos políticos e nos cargos de vida de qualidade das mulheres no meio rural, res-
liderança e de decisão no âmbito das entidades peitando as especificidades das mulheres do campo
representativas de movimentos sociais, sindicatos, e da floresta e comunidades tradicionais (inclusive
conselhos de naturezas diversas e em todos os tipos ribeirinhos), com garantia do acesso à terra, aos
de associação considerando as dimensões étnicas, bens, aos equipamentos e aos serviços públicos.
raciais, de orientação sexual, identidade de gênero,
geracionais e mulheres com deficiência. 407
Já os objetivos específicos são: EIXO ESTRATÉGICO IX — ENFRENTAMENTO DO
RACISMO, SEXISMO E LESBOFOBIA
I. Promover a autonomia econômica das mulhe-
res do campo, da floresta, por meio do fortaleci- O Eixo Orientador IX cuida do enfrentamento das
mento da organização produtiva, da participação questões relacionadas ao racismo, sexismo e lesbofo-
na gestão econômica, da ampliação do acesso aos bia, além do preconceito e discriminação baseada na
recursos naturais e à renda, da qualificação da orientação sexual e identidade de gênero.
agricultura familiar e da participação ativa na for- Constitui objetivo geral do eixo:
mulação de políticas.
II. Promover os direitos das mulheres ao acesso Instituir políticas, programas e ações de enfren-
à terra, à reforma agrária e ao desenvolvimento tamento ao racismo, sexismo, lesbofobia e ao pre-
sustentável, garantindo a disponibilização de ins- conceito e discriminação baseadas na orientação
trumentos e a implementação de políticas públicas sexual e identidade de gênero.
para este fim.
III. Fortalecer políticas públicas que incidam sobre Já os objetivos específicos são:
toda a cadeia produtiva, garantindo instrumentos
de apoio à produção, o acesso à comercialização e I. Contribuir para a superação das desigualda-
à expansão da produção estruturada em padrões des baseadas no racismo, sexismo, na orientação
de sustentabilidade ambiental e social. sexual e identidade de gênero.
IV. Garantir a participação das mulheres na defi- II. Fomentar a produção e difusão de conheci-
nição das políticas agrícolas e agrárias e nos pro- mentos sobre a dimensão ideológica do racismo,
cessos de definição da estrutura fundiária do país. sexismo e lesbofobia e sobre todas as formas de dis-
criminação e preconceito contra as mulheres, em
especial a misogenia e a heteronormatividade.
EIXO ESTRATÉGICO VIII — CULTURA, ESPORTE, III. Contribuir para a superação da violência contra
COMUNICAÇÃO E MÍDIA as mulheres, decorrente do racismo, do sexismo e
da lesbofobia.
O Eixo Orientador VIII busca agregar ações nas IV. Contribuir para a superação do racismo institu-
áreas de cultura, esporte, comunicação e mídia, de cional contra mulheres, garantindo o acesso equâ-
forma a construir uma cultura igualitária, democráti- nime aos diferentes serviços e políticas públicas.
ca e não reprodutora de estereótipos de gênero. V. Contribuir para a superação de todas as formas de
Seus objetivos gerais são: violência institucional que atingem as mulheres em
razão do racismo, sexismo, lesbofobia e de todas as
formas de preconceito e discriminação baseadas em
I. Contribuir para a construção de uma cultura iguali-
gênero, orientação sexual e identidade de gênero.
tária, democrática e não reprodutora de estereótipos
de gênero, raça, etnia, orientação sexual e geração.
II. Promover a visibilidade da contribuição cultu- EIXO ESTRATÉGICO X — IGUALDADE PARA AS
ral das mulheres na sociedade brasileira e o acesso MULHERES JOVENS, IDOSAS E MULHERES COM
das mulheres aos meios de produção cultural e de DEFICIÊNCIA
conteúdo.
III. Promover maior participação e assegurar a Por fim, o Eixo Orientador X busca promover a igual-
inserção igualitária das mulheres no esporte e dade para as mulheres jovens, idosas e com deficiência,
lazer, considerando as dimensões étnicas, raciais, garantindo seu protagonismo nas políticas públicas e no
de classe social, orientação sexual, identidade de acesso a equipamentos e serviços públicos.
gênero, geracionais e mulheres com deficiência. Seus objetivos gerais são:

Já os objetivos específicos são: I. Garantir o protagonismo das mulheres jovens,


idosas e mulheres com deficiência na elaboração,
no monitoramento e na avaliação das políticas
I. Promover uma imagem não estereotipada das
públicas.
mulheres, valorizando-as em sua diversidade.
II. Garantir o acesso das mulheres jovens, idosas e
II. Valorizar e promover as iniciativas e a produção
mulheres com deficiência a políticas, equipamentos
cultural das mulheres e sobre as mulheres.
e serviços públicos.
III. Valorizar e promover a participação das mulheres
no esporte e no lazer, favorecendo maior divulgação.
Já os objetivos específicos são:
IV. Estimular, ampliar e qualificar o acesso de
meninas, adolescentes, mulheres adultas, idosas e
I. Garantir a igualdade de direitos e oportunidades
mulheres com deficiência ao esporte e ao lazer, pro-
no acesso, permanência e promoção das adolescen-
movendo a qualidade de vida, a inclusão social, a
tes e jovens no mercado de trabalho, em especial as
cidadania e o desenvolvimento humano. negras e as mulheres com deficiência.
V. Promover a participação das mulheres na prepa- II. Ampliar a permanência das meninas e mulhe-
ração e realização dos grandes eventos esportivos. res jovens na educação formal, evitando a evasão
VI. Contribuir para o debate do marco regulatório escolar, em especial para as negras, trabalhadoras
do sistema de comunicação brasileiro e formular rurais, quilombolas, indígenas, lésbicas, deficientes
propostas que contribuam para veiculação não e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.
discriminatória e não estereotipada da imagem da III. Fortalecer ações de prevenção, especialmente
mulher nos meios de comunicação e em mensagens em relação a DSTs e HIV/Aids, e assistência integral
de utilidade pública, promovendo a participação à saúde de meninas, adolescentes e jovens, conside-
social. rando as especificidades de raça, etnia, identidade
408 de gênero, orientação sexual e deficiência.
IV. Fortalecer ações de promoção da autonomia Dica
das mulheres jovens e idosas, considerando as suas
especificidades e diversidades.
Essa política foi utilizada diversas vezes na his-
V. Fortalecer ações de promoção da autonomia das tória como, por exemplo, nas ações que culmina-
mulheres com deficiência, considerando as suas ram e justificaram a escravidão de determinados
especificidades e diversidades, com especial aten- povos como também nos extermínios nazistas
ção ao que se refere à acessibilidade, acesso ao antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
mercado de trabalho, educação especial e enfrenta-
mento à violência. Há de se mencionar, todavia, que embora a classi-
VI. Incentivar e fortalecer a inclusão das mulheres ficação em raças seja rejeitada cientificamente, o con-
no sistema previdenciário. ceito raça passou a designar linhagem e descendência,
isto é, pessoas que possuem características físicas em
comum por decorrerem de um ancestral comum.
Com a finalidade de eliminar as distorções cria-
ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE das por estes mecanismos de dominação, de maneira
a implementar políticas que resguardassem a igual-
RACIAL dade, foi elaborada a Lei n° 12.288, de 20 de julho de
2010, também denominada de Estatuto da Igualdade
De início, faz-se necessário esclarecer que a consti- Racial.
tuição de grupos étnicos resulta de eventos históricos O Estatuto da Igualdade Racial é composto por 65
consubstanciados em contrastes culturais preestabe- (sessenta e cinco) artigos e dividido em quatro títulos.
lecidos. Destes contrastes advêm fronteiras étnicas O Título I trata das Disposições Preliminares e
com traços culturais determinados. compreende os cinco primeiros artigos do Estatuto.
Assim, ao se identificar grupos pelos próprios O art. 1º traz o objetivo da norma, que é garantir a
autores, em decorrência do processo de sua geração e efetiva igualdade de oportunidades, defesa dos direi-
manutenção, é possível estabelecer as categorias étni- tos étnicos e combate à discriminação e outras formas
cas. Neste sentido, considera-se a expressão “grupo de intolerância étnica e racial.
étnico” a população que se perpetua biologicamente, Para garantir seus objetivos, o parágrafo único do
que compartilha valores culturais, que constitui um dispositivo conceitua discriminação e desigualdade
campo de combinação e de interação, e que possui racial ou étnico-racial, desigualdade de gênero e raça,
grupo de membros que se identifica e são identifica- população negra, políticas públicas e ações afirmati-
dos como parte do grupo. vas. Leia com atenção os conceitos:
Observa-se, entretanto, que no decorrer da história
da humanidade, passou a existir uma espécie de domina- Art. 1º […]
ção, quer política, quer cultural, quer história, entre essas Parágrafo único […]
relações interétnicas. Essa dominação, que decorreu das I - discriminação racial ou étnico-racial: toda dis-
relações assimétricas de poder, resultou em subordina- tinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
ção e exclusão de grupos e na formação de um padrão raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
predeterminado de identidade cultural e social. que tenha por objeto anular ou restringir o reconheci-
Consequentemente, para que um padrão fosse mento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
de direitos humanos e liberdades fundamentais nos
formado, houve a necessidade de excluir aqueles
campos político, econômico, social, cultural ou em
que não se encaixavam no conceito, seja por meio da
qualquer outro campo da vida pública ou privada;
escravidão seja pela negação de sua existência. Foi o II - desigualdade racial: toda situação injustifi-
que aconteceu com os indígenas e com os africanos e cada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
seus descendentes. serviços e oportunidades, nas esferas pública e pri-
Neste ponto, é importante esclarecer que, tanto do vada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


ponto de vista biológico como do ponto de vista gené- gem nacional ou étnica;
tico, não existe a separação dos seres humanos em III - desigualdade de gênero e raça: assimetria
raças, uma vez que o termo é utilizado para descrever existente no âmbito da sociedade que acentua a
um grupo com características morfológicas homogê- distância social entre mulheres negras e os demais
neas, o que não é o caso dos seres humanos. Portanto, segmentos sociais;
só existe uma raça, a raça humana. IV - população negra: o conjunto de pessoas que
Na realidade, quando se fala em raças humanas, se autodeclaram pretas e pardas, conforme o que-
o que existe é um conteúdo político e social, fruto da sito cor ou raça usado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que
relação de poder. Isto porque as teorias raciais surgi-
adotam autodefinição análoga;
ram como forma de tentar justificar a ordem social e
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e pro-
as relações de subordinação entre os povos. Por esta gramas adotados pelo Estado no cumprimento de
razão, era útil que os seres humanos fossem subdivi- suas atribuições institucionais;
dos em subespécies, de modo a sustentar um conjun- VI - ações afirmativas: os programas e medidas
to de relações de exclusão, encarceramento e morte especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa pri-
daqueles considerados hierarquicamente inferiores, vada para a correção das desigualdades raciais e
como, por exemplo, para justificar a colonização dos para a promoção da igualdade de oportunidades.
europeus aos povos africanos.
Trata-se, portanto, de uma estratégia desenvolvida Para entender tais conceitos é preciso compreen-
por meio de uma biopolítica da população em que as der a existência histórica de privilégios decorrentes
raças tidas como inferiores deveriam ser eliminadas da hierarquização racial e de que o sistema norma-
ou escravizadas para a regeneração e purificação da tivo de proteção visa eliminar exatamente estas dis-
raça. torções. Portanto, não se trata de mecanismos de 409
segregação e muito menos de conceder direitos indis- Trata-se, portanto, da igualdade efetiva, real, con-
tintamente, mas de corrigir por meio de políticas de creta ou situada. Assim, a igualdade consiste em tratar
inclusão e ações afirmativas, as discrepâncias criadas igualmente os iguais, com os mesmos direitos e obri-
entre os indivíduos, tendo como base o conceito polí- gações, e desigualmente os desiguais, na medida de
tico e social de raças. sua desigualdade.
Assim sendo, discriminação racial ou étnico-ra- O art. 2° traz o Estado e a sociedade como respon-
cial é qualquer tipo de distinção, exclusão, restrição sáveis por garantir a igualdade.
ou preferência que tem como base a raça, entenden-
do esta como ascendência, linhagem ou origem, a Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garantir
pigmentação da pele ou a etnia com a finalidade de a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo
retirar ou diminuir os direitos destas pessoas. Exem- cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou
plo: recusar o acesso de determinadas pessoas em um da cor da pele, o direito à participação na comu-
nidade, especialmente nas atividades políticas,
estabelecimento comercial.
econômicas, empresariais, educacionais, culturais
e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valo-
res religiosos e culturais.
Importante!
O art. 3° estabelece a diretriz político-jurídica do
A discriminação não se confunde com precon- Estatuto, que é a inclusão das vítimas de desigualdade
ceito. Preconceito é o juízo baseado em este- étnico-racial, valorização da igualdade étnica e forta-
reótipos, que podem ou não ensejar em práticas lecimento da identidade nacional brasileira.
discriminatórias, como, por exemplo, considerar
os negros violentos ou os judeus avarentos. Já Art. 3º Além das normas constitucionais relativas
discriminação é o tratamento diferenciado a aos princípios fundamentais, aos direitos e garan-
membro de um grupo identificado, tendo como tias fundamentais e aos direitos sociais, econô-
micos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial
requisito fundamental o poder de atribuir vanta-
adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
gem ou desvantagem. vítimas de desigualdade étnico-racial, a valoriza-
ção da igualdade étnica e o fortalecimento da iden-
tidade nacional brasileira.
Já desigualdade racial se refere às situações injus-
tificadas de diferenças de oportunidades e condições
O art. 4°  cuida dos meios para a promoção da
de vida em razão da raça ou etnia. Exemplo: menor
igualdade étnico-racial, vejamos:
contratação de negros para cargos de chefia.
O conceito de desigualdade de gênero e raça tem Art. 4º A participação da população negra, em
como base a interseccionalidade, ou seja, a ideia de condição de igualdade de oportunidade, na vida
que quando incide mais de um fator de desigualda- econômica, social, política e cultural do País será
de, esta é potencializada. Exemplo: de acordo com promovida, prioritariamente, por meio de:
dados obtidos pelo IBGE, uma mulher branca recebe I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvi-
em média 20% a menos de salário que um homem mento econômico e social;
branco no desempenho da mesma função. Já no caso II - adoção de medidas, programas e políticas de
da mulher negra, esta diferença é 44% inferior aos ação afirmativa;
homens brancos. III - modificação das estruturas institucionais do
Com relação ao conceito de população negra, o Estado para o adequado enfrentamento e a supera-
critério adotado é o da autodeclaração. A justificativa ção das desigualdades étnicas decorrentes do pre-
conceito e da discriminação étnica;
para este critério é que o processo de mestiçagem da
IV - promoção de ajustes normativos para aperfei-
população brasileira dificultou o seu enquadramento
çoar o combate à discriminação étnica e às desi-
e invisibilizou o grupo social advindo da vertente afri- gualdades étnicas em todas as suas manifestações
cana com a criação de vários subgrupos hierárquicos individuais, institucionais e estruturais;
de acordo com a gradação da cor da pele. Assim, a V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocul-
consequência destes vários subgrupos é tanto a per- turais e institucionais que impedem a represen-
manência destes nos índices de marginalidade social tação da diversidade étnica nas esferas pública e
como a dificuldade de seu enquadramento como titu- privada;
lares de determinados direitos por não serem identifi- VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
cados nem como negros nem como brancos. oriundas da sociedade civil direcionadas à promo-
Por fim, políticas públicas e ações afirmativas são os ção da igualdade de oportunidades e ao combate
meios utilizados para se atingir a igualdade material. às desigualdades étnicas, inclusive mediante a
Existem dois tipos de igualdade: a formal e a implementação de incentivos e critérios de condi-
cionamento e prioridade no acesso aos recursos
material:
públicos;
VII - implementação de programas de ação afirma-
z A igualdade formal consiste em tratar a todos tiva destinados ao enfrentamento das desigualda-
de maneira igual, independente de qualquer des étnicas no tocante à educação, cultura, esporte
condição; e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios
z Já a igualdade material busca a igualdade de de comunicação de massa, financiamentos públi-
fato para que todos tenham os mesmos direitos e cos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
obrigações.
Por fim, o art. 5° cria o Sistema Nacional de Pro-
410 moção da Igualdade Racial (Sinapir).
O Título II traz os Direitos Fundamentais, sen- Veja:
do dividido em seis capítulos. O Cap. I é composto dos
arts. 6º a 8º e trata do direito à saúde. Objetiva-se com Art. 9º A população negra tem direito a participar
os dispositivos que a população negra possa usufruir, de atividades educacionais, culturais, esportivas e
em igualdade de condições, o seu acesso (universal e de lazer adequadas a seus interesses e condições,
de modo a contribuir para o patrimônio cultural de
igualitário) ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo
sua comunidade e da sociedade brasileira.
dever do Poder Público garantir mediante políticas
Art. 10 Para o cumprimento do disposto no art. 9º,
universais, sociais e econômicas a igualdade e a não os governos federal, estaduais, distrital e munici-
discriminação. Para tanto, a norma cria um conjunto pais adotarão as seguintes providências:
de ações de saúde denominado de Política Nacional I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
de Saúde Integral da População Negra. Vejamos: acesso da população negra ao ensino gratuito e às
atividades esportivas e de lazer;
Art. 6º O direito à saúde da população negra será II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham
garantido pelo poder público mediante políticas espaço para promoção social e cultural da popula-
universais, sociais e econômicas destinadas à redu- ção negra;
ção do risco de doenças e de outros agravos. III - desenvolvimento de campanhas educativas,
§ 1º O acesso universal e igualitário ao Siste- inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos
ma Único de Saúde (SUS) para promoção, pro- membros da população negra faça parte da cultura
teção e recuperação da saúde da população de toda a sociedade;
IV - implementação de políticas públicas para o for-
negra será de responsabilidade dos órgãos e
talecimento da juventude negra brasileira.
instituições públicas federais, estaduais, dis-
tritais e municipais, da administração direta
e indireta.
Os arts. 11 a 16 cuidam especificamente da educa-
§ 2º O poder público garantirá que o seg-
ção. Em síntese, eles estabelecem como matéria obri-
mento da população negra vinculado aos gatória nos estabelecimentos de ensino fundamental
seguros privados de saúde seja tratado sem e médio, tanto públicos como privados, o estudo da
discriminação. história geral da África e da história da população
Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à negra no Brasil, bem como o incentivo às pesquisas e
população negra constitui a Política Nacional de a programas de estudo voltados para temas referentes
Saúde Integral da População Negra, organizada de às relações étnicas, aos quilombos e às questões perti-
acordo com as diretrizes abaixo especificadas: nentes à população negra. Salienta-se que tal incenti-
I - ampliação e fortalecimento da participação de vo se estende ao ensino superior (público e privado).
lideranças dos movimentos sociais em defesa da Além disso, dispõe acerca do apoio às ações socioe-
saúde da população negra nas instâncias de parti- ducacionais realizadas por entidades do movimento
cipação e controle social do SUS; negro e a adoção de programas de ação afirmativa,
II - produção de conhecimento científico e tecnoló- estabelecendo, ainda, a responsabilidade do Poder
gico em saúde da população negra; Executivo federal para a consecução de tais objetivos.
III - desenvolvimento de processos de informação, Vejamos os dispositivos:
comunicação e educação para contribuir com a
redução das vulnerabilidades da população negra. Art. 11 Nos estabelecimentos de ensino fundamen-
tal e de ensino médio, públicos e privados, é obri-
gatório o estudo da história geral da África e da
Os objetivos da Política Nacional de Saúde Inte-
história da população negra no Brasil, observado
gral da População Negra estão estabelecidos no art. 8º: o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996.
:Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacional § 1° Os conteúdos referentes à história da popula-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


de Saúde Integral da População Negra: ção negra no Brasil serão ministrados no âmbito de
I - a promoção da saúde integral da população todo o currículo escolar, resgatando sua contribui-
negra, priorizando a redução das desigualdades ção decisiva para o desenvolvimento social, econô-
étnicas e o combate à discriminação nas institui- mico, político e cultural do País.
ções e serviços do SUS; § 2° O órgão competente do Poder Executivo fomen-
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de infor- tará a formação inicial e continuada de professores
mação do SUS no que tange à coleta, ao processa- e a elaboração de material didático específico para
mento e à análise dos dados desagregados por cor, o cumprimento do disposto no caput deste artigo.
etnia e gênero; § 3° Nas datas comemorativas de caráter cívico,
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas os órgãos responsáveis pela educação incentivarão
sobre racismo e saúde da população negra; a participação de intelectuais e representantes do
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população movimento negro para debater com os estudantes
negra nos processos de formação e educação per- suas vivências relativas ao tema em comemoração.
manente dos trabalhadores da saúde; Art. 12 Os órgãos federais, distritais e estaduais
de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-
V - a inclusão da temática saúde da população
rão criar incentivos a pesquisas e a programas de
negra nos processos de formação política das lide-
estudo voltados para temas referentes às relações
ranças de movimentos sociais para o exercício da
étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à
participação e controle social no SUS.
população negra.
Art. 13 O Poder Executivo federal, por meio dos
O Capítulo II trata do direito à educação, à cul- órgãos competentes, incentivará as instituições de
tura, ao esporte e ao lazer, sendo que os arts. 9 e 10 ensino superior públicas e privadas, sem prejuízo
estabelecem as disposições gerais atinentes ao tema. da legislação em vigor, a: 411
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e Art. 18 É assegurado aos remanescentes das comu-
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos nidades dos quilombos o direito à preservação de
diversos programas de pós-graduação que desen- seus usos, costumes, tradições e manifestos religio-
volvam temáticas de interesse da população negra; sos, sob a proteção do Estado.
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cur- Parágrafo único. A preservação dos documentos e
sos de formação de professores temas que incluam dos sítios detentores de reminiscências históricas
valores concernentes à pluralidade étnica e cultu- dos antigos quilombos, tombados nos termos do
ral da sociedade brasileira; § 5o do art. 216 da Constituição Federal, receberá
III - desenvolver programas de extensão univer- especial atenção do poder público.
sitária destinados a aproximar jovens negros de Art. 19 O poder público incentivará a celebração
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da das personalidades e das datas comemorativas
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários; relacionadas à trajetória do samba e de outras
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, manifestações culturais de matriz africana, bem
nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e como sua comemoração nas instituições de ensino
comunitários, com as escolas de educação infantil, públicas e privadas.
ensino fundamental, ensino médio e ensino técnico, Art. 20 O poder público garantirá o registro e a
para a formação docente baseada em princípios de proteção da capoeira, em todas as suas modalida-
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças des, como bem de natureza imaterial e de formação
étnicas. da identidade cultural brasileira, nos termos do art.
Art. 14 O poder público estimulará e apoiará ações 216 da Constituição Federal.
socioeducacionais realizadas por entidades do Parágrafo único. O poder público buscará garantir,
movimento negro que desenvolvam atividades vol- por meio dos atos normativos necessários, a pre-
tadas para a inclusão social, mediante cooperação servação dos elementos formadores tradicionais da
técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre capoeira nas suas relações internacionais.
outros mecanismos.
Art. 15 O poder público adotará programas de Os arts. 21 e 22 disciplinam o esporte e o lazer,
ação afirmativa. garantindo o pleno acesso da população negra às
Art. 16 O Poder Executivo federal, por meio dos práticas desportivas e o reconhecimento da capoeira
órgãos responsáveis pelas políticas de promoção como esporte, luta, dança ou música.
da igualdade e de educação, acompanhará e avalia-
rá os programas de que trata esta Seção.
Art. 21 O poder público fomentará o pleno acesso
da população negra às práticas desportivas, conso-
A cultura é tratada nos arts. 17 a 20 do Estatu- lidando o esporte e o lazer como direitos sociais.
to. Para tanto, estabelece como responsabilidade do Art. 22 A capoeira é reconhecida como desporto de
Poder Público garantir e reconhecer sociedades, clu- criação nacional, nos termos do art. 217 da Consti-
bes e outras formas de manifestação coletiva da popu- tuição Federal.
lação negra como patrimônio histórico cultural, § 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em
desde que sua trajetória histórica seja comprovada. todas as modalidades em que a capoeira se manifes-
Como consequência, assegura aos remanescentes das ta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo
comunidades quilombolas o direito à preservação de livre o exercício em todo o território nacional.
seus usos, costumes, tradições e manifestos religiosos. § 2º É facultado o ensino da capoeira nas insti-
tuições públicas e privadas pelos capoeiristas
e mestres tradicionais, pública e formalmente
Importante! reconhecidos.

Os quilombos eram locais em que os escravos O Cap. III cuida do direito à liberdade de cons-
foragidos e alguns libertos produziam e comer- ciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
cializavam determinados gêneros agrícolas e religiosos.
artesanais, bem como se organizavam militar- O art. 23 repete o inciso VI, art. 5º, da CF, de 1988
mente para lutar pela abolição da escravidão. ao garantir o direito de consciência e de crença, bem
Com a Lei Áurea, a situação das pessoas que como sua expressão.
habitavam os quilombos passou a se dar por
meio da territorialização étnica, ou seja, de iden- Art. 23 É inviolável a liberdade de consciência e de
tificação com os valores, costumes, além da crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
ligação territorial. Surge, então, o conceito de
ção aos locais de culto e a suas liturgias.
quilombolas.
A liberdade de consciência abrange a liberdade de
Traz, ainda, o incentivo à celebração das persona- consciência em sentido estrito, ou seja, a liberdade
lidades e das datas comemorativas relacionadas à tra- de pensamento de foro íntimo em questões não reli-
jetória do samba e de outras manifestações culturais giosas, tais como convicções de ordem ideológica ou
de matriz africana e o registro e a proteção da capoei- filosófica, e a liberdade de crença, isto é, a liberdade
ra. Vejamos os dispositivos: de pensamento de foro íntimo em questões de nature-
za religiosa. Com relação à religião, assegura tanto a
Art. 17 O poder público garantirá o reconhecimen- liberdade de crença (foro íntimo), ou seja, de ter uma
to das sociedades negras, clubes e outras formas religião, como a liberdade de expressão, isto é, de culto.
de manifestação coletiva da população negra, com Além disso, estabelece a liberdade religiosa, ou seja, de
trajetória histórica comprovada, como patrimônio mudar de crença ou religião e de manifestação desta.
histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 Como consequência, o art. 24 elenca quais são os
412 da Constituição Federal. direitos assegurados:
Art. 24 O direito à liberdade de consciência e de Art. 29 Serão assegurados à população negra a
crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de assistência técnica rural, a simplificação do acesso
matriz africana compreende: ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraes-
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões rela- trutura de logística para a comercialização da
cionadas à religiosidade e a fundação e manuten- produção.
ção, por iniciativa privada, de lugares reservados Art. 30 O poder público promoverá a educação e a
para tais fins; orientação profissional agrícola para os trabalha-
II - a celebração de festividades e cerimônias de dores negros e as comunidades negras rurais.
acordo com preceitos das respectivas religiões; Art. 31 Aos remanescentes das comunidades dos
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa pri- quilombos que estejam ocupando suas terras é
vada, de instituições beneficentes ligadas às respec- reconhecida a propriedade definitiva, devendo o
tivas convicções religiosas; Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e Art. 32 O Poder Executivo federal elaborará e desen-
o uso de artigos e materiais religiosos adequados
volverá políticas públicas especiais voltadas para
aos costumes e às práticas fundadas na respectiva
o desenvolvimento sustentável dos remanescentes
religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas por
das comunidades dos quilombos, respeitando as
legislação específica;
tradições de proteção ambiental das comunidades.
V - a produção e a divulgação de publicações rela-
Art. 33 Para fins de política agrícola, os remanes-
cionadas ao exercício e à difusão das religiões de
matriz africana; centes das comunidades dos quilombos receberão
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas dos órgãos competentes tratamento especial dife-
naturais e jurídicas de natureza privada para a renciado, assistência técnica e linhas especiais de
manutenção das atividades religiosas e sociais das financiamento público, destinados à realização de
respectivas religiões; suas atividades produtivas e de infraestrutura.
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunica- Art. 34 Os remanescentes das comunidades dos
ção para divulgação das respectivas religiões; quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas
VIII - a comunicação ao Ministério Público para previstas nesta e em outras leis para a promoção
abertura de ação penal em face de atitudes e práti- da igualdade étnica.
cas de intolerância religiosa nos meios de comuni-
cação e em quaisquer outros locais. Já os arts. 35 à 37 tratam da moradia, garantida
por meio de políticas públicas, programas, projetos
O art. 25 é decorrência do direito à liberdade de e outras ações governamentais realizadas no âmbito
crença e culto de matriz africana, de modo a garan- do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
tir aos internados em estabelecimentos prisionais e de (SNHIS) e ações para viabilizar o acesso à população
saúde, o acesso à assistência espiritual e religiosa. negra aos financiamentos habitacionais.
O art. 26 estabelece a responsabilidade do Poder
Público de adotar as medidas necessárias para o com- Art. 35 O poder público garantirá a implementa-
bate à intolerância com as religiões de matrizes afri- ção de políticas públicas para assegurar o direito
canas e à discriminação de seus seguidores. Vejamos: à moradia adequada da população negra que vive
em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas,
Art. 26 O poder público adotará as medidas neces- degradadas ou em processo de degradação, a fim
sárias para o combate à intolerância com as reli- de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover
giões de matrizes africanas e à discriminação de melhorias no ambiente e na qualidade de vida.
seus seguidores, especialmente com o objetivo de: Parágrafo único. O direito à moradia adequada,
I - coibir a utilização dos meios de comunicação para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o pro-
social para a difusão de proposições, imagens ou vimento habitacional, mas também a garantia da
abordagens que exponham pessoa ou grupo ao infraestrutura urbana e dos equipamentos comuni-
ódio ou ao desprezo por motivos fundados na reli-

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


tários associados à função habitacional, bem como
giosidade de matrizes africanas;
a assistência técnica e jurídica para a construção, a
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos,
reforma ou a regularização fundiária da habitação
obras e outros bens de valor artístico e cultural, os
em área urbana.
monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológi-
Art. 36 Os programas, projetos e outras ações
cos vinculados às religiões de matrizes africanas;
governamentais realizadas no âmbito do Sistema
III - assegurar a participação proporcional de
representantes das religiões de matrizes africanas, Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS),
ao lado da representação das demais religiões, em regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005,
comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de devem considerar as peculiaridades sociais, econô-
deliberação vinculadas ao poder público. micas e culturais da população negra.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e
O Capítulo IV trata do acesso à terra e à moradia os Municípios estimularão e facilitarão a participa-
ção de organizações e movimentos representativos
adequada, sendo que os arts. 27 a 34 estabelecem as
da população negra na composição dos conselhos
regras sobre o acesso à terra.
constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacio-
nal de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
Art. 27 O poder público elaborará e implementará
Art. 37 Os agentes financeiros, públicos ou priva-
políticas públicas capazes de promover o acesso da
dos, promoverão ações para viabilizar o acesso da
população negra à terra e às atividades produtivas
no campo. população negra aos financiamentos habitacionais.
Art. 28 Para incentivar o desenvolvimento das ati-
vidades produtivas da população negra no campo, O Capítulo V cuida do direito do trabalho, com-
o poder público promoverá ações para viabilizar e preendendo os arts. 38 a 42. O art. 38 traz os seguintes
ampliar o seu acesso ao financiamento agrícola. compromissos e responsabilidades do Poder Público: 413
Art. 38 A implementação de políticas voltadas para Em síntese, busca que a produção dos veículos de
a inclusão da população negra no mercado de tra- comunicação valorizem a herança cultural e a partici-
balho será de responsabilidade do poder público, pação da população negra na história do Brasil, além
observando-se: de garantir oportunidades de emprego para atores,
I - o instituído neste Estatuto; figurantes e técnicos negros. Para tanto, estabelece
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao rati-
que os órgãos e entidades da Administração Pública
ficar a Convenção Internacional sobre a Elimina-
Federal incluam cláusulas de participação de artistas
ção de Todas as Formas de Discriminação Racial,
negros nos contratos de realização de filmes, progra-
de 1965;
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao rati- mas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
ficar a Convenção no 111, de 1958, da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que trata da dis- Art. 43 A produção veiculada pelos órgãos de
criminação no emprego e na profissão; comunicação valorizará a herança cultural e a par-
IV - os demais compromissos formalmente assumi- ticipação da população negra na história do País.
dos pelo Brasil perante a comunidade internacional. Art. 44 Na produção de filmes e programas desti-
nados à veiculação pelas emissoras de televisão e
O art. 39 se refere à responsabilidade do Poder em salas cinematográficas, deverá ser adotada a
Público de assegurar a igualdade de oportunidades prática de conferir oportunidades de emprego para
atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada
no mercado de trabalho para a população negra e das
toda e qualquer discriminação de natureza política,
ações de políticas afirmativas.
ideológica, étnica ou artística.
Parágrafo único. A exigência disposta no caput
Art. 39 O poder público promoverá ações que asse-
não se aplica aos filmes e programas que abordem
gurem a igualdade de oportunidades no merca-
especificidades de grupos étnicos determinados.
do de trabalho para a população negra, inclusive
Art. 45 Aplica-se à produção de peças publicitárias
mediante a implementação de medidas visando à
destinadas à veiculação pelas emissoras de televi-
promoção da igualdade nas contratações do setor
são e em salas cinematográficas o disposto no art.
público e o incentivo à adoção de medidas similares
44.
nas empresas e organizações privadas.
Art. 46 Os órgãos e entidades da administração
§ 1° A igualdade de oportunidades será lograda
mediante a adoção de políticas e programas de pública federal direta, autárquica ou fundacional,
formação profissional, de emprego e de geração de as empresas públicas e as sociedades de economia
renda voltados para a população negra. mista federais deverão incluir cláusulas de parti-
§ 2° As ações visando a promover a igualdade de cipação de artistas negros nos contratos de reali-
oportunidades na esfera da administração pública zação de filmes, programas ou quaisquer outras
far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a peças de caráter publicitário.
serem estabelecidas em legislação específica e em § 1º Os órgãos e entidades de que trata este artigo
seus regulamentos. incluirão, nas especificações para contratação de
§ 3° O poder público estimulará, por meio de serviços de consultoria, conceituação, produção e
incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor realização de filmes, programas ou peças publicitá-
privado. rias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportu-
§ 4° As ações de que trata o caput deste artigo asse- nidades de emprego para as pessoas relacionadas
gurarão o princípio da proporcionalidade de gêne- com o projeto ou serviço contratado.
ro entre os beneficiários. § 2º Entende-se por prática de iguais oportunida-
§ 5° Será assegurado o acesso ao crédito para a des de emprego o conjunto de medidas sistemáticas
pequena produção, nos meios rural e urbano, com executadas com a finalidade de garantir a diversi-
ações afirmativas para mulheres negras. dade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada
§ 6° O poder público promoverá campanhas de ao projeto ou serviço contratado.
sensibilização contra a marginalização da mulher § 3º A autoridade contratante poderá, se conside-
negra no trabalho artístico e cultural. rar necessário para garantir a prática de iguais
§ 7° O poder público promoverá ações com o obje- oportunidades de emprego, requerer auditoria por
tivo de elevar a escolaridade e a qualificação pro- órgão do poder público federal.
fissional nos setores da economia que contem com § 4º A exigência disposta no caput não se aplica às
alto índice de ocupação por trabalhadores negros produções publicitárias quando abordarem especi-
de baixa escolarização. ficidades de grupos étnicos determinados.

O art. 40 trata do Conselho Deliberativo do Fundo O Título III trata do Sistema Nacional de Promo-
de Amparo ao Trabalhador (Codefat) como respon- ção da Igualdade racial (Sinapir), sendo dividido em
sável por formular políticas, programas e projetos quatro capítulos. O Cap. I compreende o art. 47 e traz
voltados para a inclusão da população negra no mer- à disposição preliminar, ou seja, que o Sinapir busca
cado de trabalho e orientação quanto à destinação de organizar e articular ações voltadas à implementação
recursos para seu financiamento. do conjunto de políticas e serviços destinados a supe-
O art. 41 cuida das ações de emprego e renda, pro- rar as desigualdades étnicas brasileiras. Sua gestão
movidas por meio de financiamento para constituição envolve a participação dos Estados, o Distrito Federal
e ampliação de pequenas e médias empresas e de pro- e os Municípios por meio de adesão e da sociedade e
gramas de geração de renda. iniciativa privada mediante incentivo.
Por fim, o art. 42 trata da criação de critérios para
provimento de cargos em comissão e funções de con- Art. 47 É instituído o Sistema Nacional de Promo-
fiança destinados a ampliar a participação de negros. ção da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de
O Capítulo IV trata do direito aos meios de comu- organização e de articulação voltadas à implemen-
414 nicação, compreendendo os arts. 43 a 46 do Estatuto. tação do conjunto de políticas e serviços destinados
a superar as desigualdades étnicas existentes no atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito
País, prestados pelo poder público federal. Federal e Municípios que tenham criado conselhos
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de promoção da igualdade étnica.
poderão participar do Sinapir mediante adesão.
§ 2º O poder público federal incentivará a sociedade O Capítulo IV trata em seus arts. 51 a 55 das ouvi-
e a iniciativa privada a participar do Sinapir. dorias permanentes e do acesso à Justiça e à segu-
rança. Nos termos do art. 51 cabe ao Poder Público
O Capítulo II traz no art. 48 os objetivos do Sinapir:
Federal instituir as Ouvidorias Permanentes para
receber denúncias de preconceito e discriminação,
Art. 48 São objetivos do Sinapir:
bem como implementar as medidas para assegurar a
I - promover a igualdade étnica e o combate às desi-
gualdades sociais resultantes do racismo, inclusive igualdade nos Poderes Legislativo e Executivo.
mediante adoção de ações afirmativas; O art. 52 garante às vítimas de discriminação étni-
II - formular políticas destinadas a combater os ca o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à
fatores de marginalização e a promover a integra- Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
ção social da população negra; Judiciário. Além disso, assegura assistência física, psí-
III - descentralizar a implementação de ações quica, social e jurídica às mulheres negras.
afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
municipais; Art. 52 É assegurado às vítimas de discriminação
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanen-
à promoção da igualdade étnica;
te, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos
Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, para
criados para a implementação das ações afirmativas
a garantia do cumprimento de seus direitos.
e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às
mulheres negras em situação de violência, garan-
O Capítulo III cuida da organização e competên-
tida a assistência física, psíquica, social e jurídica.
cia do Sinapir. De acordo com o art. 49 a competência
para traçar a Política Nacional de Promoção da Igual-
O art. 53 estabelece obrigação do Estado brasilei-
dade Racial (PNPIR) é do Poder Executivo Federal.
ro de adotar medidas especiais para coibir a violên-
Art. 49 O Poder Executivo federal elaborará plano cia policial incidente sobre a população negra, além
nacional de promoção da igualdade racial conten- de ações de ressocialização e proteção da juventude
do as metas, princípios e diretrizes para a imple- negra.
mentação da Política Nacional de Promoção da Se o art. 53 trata do policial, o art. 54 diz respeito
Igualdade Racial (PNPIR). à discriminação e preconceito praticados por servido-
§ 1º A elaboração, implementação, coordenação, res públicos.
avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem Por fim, o art. 55 estabelece a ação civil pública
como a organização, articulação e coordenação como meio judicial adequado para tratar das lesões
do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável
e das ameaças de lesão aos interesses da população
pela política de promoção da igualdade étnica em
âmbito nacional.
negra decorrentes de situações de desigualdade étni-
§ 2º É o Poder Executivo federal autorizado a ins- ca. Vejamos:
tituir fórum intergovernamental de promoção da
igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão res- Art. 53 O Estado adotará medidas especiais para
ponsável pelas políticas de promoção da igualdade coibir a violência policial incidente sobre a popu-
étnica, com o objetivo de implementar estratégias lação negra.
que visem à incorporação da política nacional de Parágrafo único. O Estado implementará ações de
promoção da igualdade étnica nas ações governa- ressocialização e proteção da juventude negra em

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE


mentais de Estados e Municípios. conflito com a lei e exposta a experiências de exclu-
§ 3º As diretrizes das políticas nacional e regional são social.
de promoção da igualdade étnica serão elaboradas Art. 54 O Estado adotará medidas para coibir atos
por órgão colegiado que assegure a participação da de discriminação e preconceito praticados por
sociedade civil. servidores públicos em detrimento da população
negra, observado, no que couber, o disposto na Lei
Já o art. 50 estabelece a possibilidade de criação no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
de conselhos de igualdade étnica pelos Poderes Exe- Art. 55 Para a apreciação judicial das lesões e
cutivos estaduais, distritais e municipais, bem como das ameaças de lesão aos interesses da população
o Poder Executivo Federal priorizará o repasse dos negra decorrentes de situações de desigualdade
recursos referentes a esses programas e atividades étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à
nos casos de criação estadual, distrital ou municipal. ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de
24 de julho de 1985.
Art. 50 Os Poderes Executivos estaduais, distrital
e municipais, no âmbito das respectivas esferas Finalizando o Título III, o Capítulo V cuida do finan-
de competência, poderão instituir conselhos de ciamento das iniciativas de promoção da igualda-
promoção da igualdade étnica, de caráter perma-
de racial e compreende os arts. 56 e 57 do Estatuto. O
nente e consultivo, compostos por igual número de
representantes de órgãos e entidades públicas e de
art. 56 estabelece que os programas e ações constantes
organizações da sociedade civil representativas da dos planos plurianuais e orçamentos anuais da União
população negra. deverão observar as políticas de ação afirmativa, com
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o o escopo de promover a igualdade de oportunidades e
repasse dos recursos referentes aos programas e a inclusão social da população negra. Vejamos: 415
Art. 56 Na implementação dos programas e das d) Trata-se do gerenciamento das informações detalha-
ações constantes dos planos plurianuais e dos orça- das sobre cada cliente e de toda análise de contato
mentos anuais da União, deverão ser observadas as com ele, com o objetivo de maximizar a fidelidade dos
políticas de ação afirmativa a que se refere o inciso clientes.
VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas e) É o valor agregado das empresas.
que tenham como objetivo promover a igualdade
de oportunidades e a inclusão social da população 2. (IADES — 2014) É correto afirmar que o objetivo da
negra, especialmente no que tange a: gestão do relacionamento com o cliente é
I - promoção da igualdade de oportunidades em
educação, emprego e moradia; a) analisar que quanto mais fiéis forem os clientes,
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educa- menor será o valor do cliente.
ção, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da b) produzir o valor parcial de cada cliente.
qualidade de vida da população negra; c) produzir um alto valor do cliente.
III - incentivo à criação de programas e veículos de d) obter o valor parcial de todos os clientes.
comunicação destinados à divulgação de matérias e) alcançar o valor total de cada cliente ao longo do
relacionadas aos interesses da população negra; prazo.
IV - incentivo à criação e à manutenção de microem-
presas administradas por pessoas autodeclaradas 3. (IADES — 2014) Considerando que, atualmente, os
negras; clientes são mais independentes e tendem à valoriza-
V - iniciativas que incrementem o acesso e a perma- ção de serviços confiáveis e ágeis, a cada dia, deman-
nência das pessoas negras na educação fundamen- da-se, com mais intensidade, um bom relacionamento
tal, média, técnica e superior; com eles. Com base nessas informações, assinale
VI - apoio a programas e projetos dos governos a alternativa correta quanto à estratégia que melhor
estaduais, distrital e municipais e de entidades da desenvolve a lealdade de clientes.
sociedade civil voltados para a promoção da igual-
dade de oportunidades para a população negra;
a) Comunicação em via única.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da
b) Visão em 90° do cliente e da empresa.
memória e das tradições africanas e brasileiras.
c) Multicanal de contato.
d) Serviço ao cliente.
Já o art. 57 dispõe sobre a possibilidade de consig- e) Técnicas generalizadas de marketing.
nação nos orçamentos fiscais e da seguridade social
para financiamento: 4. (IADES — 2014) Observe o conceito a seguir: “Um pro-
cesso de análise dos padrões de comportamento dos
Art. 57 Sem prejuízo da destinação de recursos consumidores ou visitantes online, objetivando man-
ordinários, poderão ser consignados nos orçamen- ter clientes ou buscar novos consumidores por meio
tos fiscal e da seguridade social para financiamento de relacionamento.” Tendo em vista que, no mercado,
das ações de que trata o art. 56: surgem frequentemente novas siglas, e intensificam-
I - transferências voluntárias dos Estados, do Dis- -se os propósitos, assinale a alternativa que corres-
trito Federal e dos Municípios;
ponde à definição apresentada e à respectiva sigla.
II - doações voluntárias de particulares;
III - doações de empresas privadas e organizações
a) Gestão de Marketing de Relacionamento Social (CRM
não governamentais, nacionais ou internacionais;
Social).
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou
b) Sistema de Informação Gerencial (SIG).
internacionais;
c) Sistema de Apoio à Decisão (SAD).
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de
d) Sistema de Gestão Empresarial (ERP).
convênios, tratados e acordos internacionais.
e) Marketing de Relacionamento na Internet (E-CRM).
O Título IV, composto pelos arts. 58 a 66, cuida das
5. (IADES — 2014) Em relação à retenção de clientes,
Disposições Finais, encerrando, assim, o Estatuto da
assinale a alternativa correta.
Igualdade Social.
a) A conquista de novos clientes pode custar até cinco
HORA DE PRATICAR! vezes menos que satisfazer e reter os já existentes.
b) A indução de clientes satisfeitos a deixarem de contra-
tar os próprios fornecedores é uma estratégia fácil de
1. (IADES — 2014) Em relação à definição de Customer ser realizada.
Relationship Management (CRM), assinale a alternati- c) As empresas perdem em média 10% dos próprios
va correta. clientes por ano.
d) A redução de 5% no índice de perda de clientes pode
a) Trata-se do gerenciamento organizacional das infor- reduzir os lucros de 25% a 85%.
mações gerais de todos os clientes, objetivando o e) A taxa de lucro por cliente tende a ser reduzida ao lon-
melhor atendimento a um grupo de clientes priorizado go do tempo de permanência do cliente retido.
pela empresa.
b) Permite que as empresas ofereçam um excelente 6. (IADES — 2014) Considerando uma sala de cinema
atendimento ao cliente em tempo futuro. com 400 vagas, assinale a alternativa que indica quan-
c) Possibilita que os clientes ofereçam uma excelente tos lugares para pessoa em cadeira de rodas devem
expectativa de consumo para as empresas em tempo ser disponibilizados.
futuro.
416
a) 2.
b) 4.
c) 6.
d) 8.
e) 10.

9 GABARITO

1 D

2 C

3 C

4 E

5 C

6 D

ANOTAÇÕES

QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE

417
ANOTAÇÕES

418
Logo em seguida, temos o importantíssimo Capítu-
lo II desta Resolução, “Da finalidade”, que aponta as
finalidades que deverão ser alcançadas pela ouvido-
ria. Vejamos:

DEFESA DO Art. 3º A ouvidoria tem por finalidade:


I - atender em última instância as demandas dos
CONSUMIDOR clientes e usuários de produtos e serviços que não
tiverem sido solucionadas nos canais de aten-
dimento primário da instituição; e
II - atuar como canal de comunicação entre a
instituição e os clientes e usuários de produtos
RESOLUÇÃO CMN Nº 4.860, DE 23 DE e serviços, inclusive na mediação de conflitos.
Parágrafo único. Para efeitos desta Resolução, con-
OUTUBRO DE 2020 sidera-se primário o atendimento habitual realiza-
do em quaisquer pontos ou canais de atendimento,
A presente Resolução CMN nº 4.860, de 2020, dispõe incluídos os correspondentes no País e o Serviço de
sobre a constituição e o funcionamento de componente Atendimento ao Consumidor (SAC) de que trata o
organizacional de ouvidoria pelas instituições autori- Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008.
zadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (Bacen).
A intenção da Resolução é explicitada no art. 1º: Perceba que o inciso I do art. 3º aponta que as ouvi-
dorias somente irão atender as demandas em última
Art. 1º Esta Resolução disciplina a constituição e instância, o que quer dizer que as demandas deverão
o funcionamento de componente organizacional de passar primeiramente por outros meios e canais de
ouvidoria pelas instituições que especifica. atendimento primário da instituição e, somente caso
estas não puderem ser solucionadas, então serão des-
O art. 2º aponta quais instituições devem consti- tinadas às ouvidorias.
tuir as ouvidorias: Já o capítulo III desta Resolução trata da organiza-
ção e estrutura da ouvidoria:
Art. 2º O componente organizacional de ouvidoria
deve ser constituído pelas instituições autoriza- Art. 4º A estrutura da ouvidoria deve ser compatí-
das a funcionar pelo Banco Central do Brasil que vel com a natureza e a complexidade dos produtos,
tenham clientes pessoas naturais, inclusive empre- serviços, atividades, processos e sistemas de cada
sários individuais, ou pessoas jurídicas classifica- instituição.
das como microempresas e empresas de pequeno Parágrafo único. A ouvidoria não pode estar vin-
porte, nos termos da Lei Complementar nº 123, de culada a componente organizacional da ins-
14 de dezembro de 2006. tituição que configure conflito de interesses
Parágrafo único. Ficam dispensados de consti- ou de atribuições, a exemplo das unidades res-
tuir ouvidoria os bancos comerciais sob con- ponsáveis por negociação de produtos e serviços,
trole societário de bolsas de valores, de bolsas gestão de riscos, auditoria interna e conformidade
de mercadorias e futuros ou de bolsas de valo- (compliance).
res e de mercadorias e futuros que desempenhem Art. 5º É admitido o compartilhamento de ouvi-
exclusivamente funções de liquidante e custodiante doria pelas instituições, observadas as seguintes
central, prestando serviços às bolsas e aos agen- situações e regras:
tes econômicos responsáveis pelas operações I - a instituição integrante de conglomerado com-
nelas cursadas. posto por pelo menos duas instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil pode com-
De acordo com o caput do art. 2º, a ouvidoria deve- partilhar a ouvidoria constituída em qualquer das
rá ser constituída pelas instituições esquematizadas a instituições autorizadas a funcionar;
seguir: II - a instituição não enquadrada no disposto no
inciso I do caput pode compartilhar a ouvidoria
constituída:
a) em empresa ligada, conforme definição de que
Instituições autorizadas a
trata o § 1º; ou
Funcionar pelo Banco Central
b) na associação de classe a que seja filiada ou na
do Brasil, que Tenha como bolsa de valores ou bolsa de mercadorias e futuros
Clientes
DEFESA DO CONSUMIDOR

ou bolsa de valores e de mercadorias e futuros nas


quais realize operações;
III - a cooperativa singular de crédito filiada a coo-
perativa central pode compartilhar a ouvidoria
constituída na respectiva cooperativa central, con-
Pessoas Pessoas federação de cooperativas de crédito ou banco do
Jurídicas Naturais sistema cooperativo; e
IV - a cooperativa singular de crédito não filiada a
cooperativa central pode compartilhar a ouvidoria
constituída em cooperativa central, federação de
cooperativas de crédito, confederação de cooperati-
z Microempresas de Incluindo os vas de crédito ou associação de classe da categoria.
pequeno porte empresários § 1º Para efeito do disposto no inciso II, alínea «a»,
z Microempresas individuais do caput, consideram-se ligadas entre si as institui-
ções autorizadas a funcionar pelo Banco Central do 419
Brasil e as empresas não autorizadas a funcionar número de prorrogações a 10% (dez por cento) do
pelo Banco Central do Brasil: total de demandas no mês, devendo o demandante
I - as quais uma participe com 10% (dez por cento) ou ser informado sobre os motivos da prorrogação.
mais do capital da outra, direta ou indiretamente; e
II - as quais acionistas com 10% (dez por cento) ou Já o art. 7º refere-se às outras instituições que
mais do capital de uma participem com 10% (dez devem atender aos critérios elencados. São essas ins-
por cento) ou mais do capital da outra, direta ou tituições aquelas autorizadas a funcionar pelo Banco
indiretamente. Central do Brasil que tenham clientes pessoas natu-
§ 2º O disposto no inciso II, alínea «b», do caput, rais, inclusive empresários individuais, ou pessoas
não se aplica a bancos comerciais, bancos múl-
jurídicas classificadas como microempresas e empre-
tiplos, caixas econômicas, sociedades de crédito,
sas de pequeno porte, vide art. 2º desta Resolução.
financiamento e investimento, associações de pou-
pança e empréstimo e sociedades de arrendamento
mercantil que realizem operações de arrendamento Art. 7º As instituições referidas no art. 2º devem:
mercantil financeiro. I - manter sistema de informações e de controle
§ 3º O disposto nos incisos II, alínea «b», e IV, do das demandas recebidas pela ouvidoria, de forma a:
caput, somente se aplica a associação de classe ou a) registrar o histórico de atendimentos, as infor-
bolsa que possuir código de ética ou de autorregu- mações utilizadas na análise e as providências ado-
lação efetivamente implantado, ao qual a institui- tadas; e
ção tenha aderido. b) controlar o prazo de resposta;
II - dar ampla divulgação sobre a existência da
ouvidoria, sua finalidade, suas atribuições e for-
O capítulo IV da Resolução trata especificamen-
mas de acesso, inclusive nos canais de comunica-
te do funcionamento das ouvidorias, incluindo suas ção utilizados para difundir os produtos e serviços;
atribuições, formas de funcionamento, seus deveres, III - garantir o acesso gratuito dos clientes e dos
entre outras atribuições. Inicialmente, de acordo com usuários ao atendimento da ouvidoria, por meio
o disposto no art. 6º, a ouvidoria deverá abranger as de canais ágeis e eficazes, inclusive por telefone,
seguintes atividades: cujo número deve ser:
a) divulgado e mantido atualizado em local
visível ao público no recinto das suas dependên-
ATIVIDADES DAS OUVIDORIAS (ART. 6º)
cias e nas dependências dos correspondentes no
I - atender, registrar, instruir, analisar e dar tratamento País, bem como nos respectivos sítios eletrônicos
formal e adequado às demandas dos clientes e usuá- na internet, acessível pela sua página inicial;
b) informado nos extratos, comprovantes, inclusive
rios de produtos e serviços
eletrônicos, contratos, materiais de propaganda e
II - prestar esclarecimentos aos demandantes acerca de publicidade e demais documentos que se desti-
do andamento das demandas, informando o prazo pre- nem aos clientes e usuários; e
visto para resposta c) inserido e mantido permanentemente atua-
lizado em sistema de registro de informações
III - encaminhar resposta conclusiva para a demanda do Banco Central do Brasil.
no prazo previsto Parágrafo único. As informações relativas às
demandas recebidas pela ouvidoria devem perma-
IV - manter o conselho de administração, ou, na sua necer registradas no sistema mencionado no inci-
ausência, a diretoria da instituição, informado sobre os so I pelo prazo mínimo de cinco anos, contados da
problemas e deficiências detectados no cumprimento data da protocolização da ocorrência.
de suas atribuições e sobre o resultado das medidas
adotadas pelos administradores para solucioná-los O capítulo V trata das exigências formais que ver-
sam sobre as ouvidorias e engloba pontos específi-
Dentre as atividades realizadas pela ouvidoria está cos, como formulação do estatuto ou contrato social,
o atendimento adequado às demandas dos clientes e designação de responsáveis, designação de nomes do
usuários de produtos e serviços. Esse atendimento ouvidor, entre outras disposições. Neste momento, é
deverá atender os critérios expostos a seguir: importante o contato com a legislação pura, vez que,
usualmente, as bancas cobram a literalidade da lei.
Art. 6º [...] Realizamos destaques na legislação para que tornem
§ 1º O atendimento prestado pela ouvidoria: a leitura mais fluida e de fácil memorização:
I - deve ser identificado por meio de número de
protocolo, o qual deve ser fornecido ao demandante; Art. 8º O estatuto ou o contrato social, conforme a
II - deve ser gravado, quando realizado por tele- natureza jurídica da sociedade, deve dispor, de for-
fone, e, quando realizado por meio de documento ma expressa, sobre os seguintes aspectos:
escrito ou por meio eletrônico, arquivada a res- I - a finalidade, as atribuições e as atividades
pectiva documentação; e da ouvidoria;
III - pode abranger: II - os critérios de designação e de destituição do
a) excepcionalmente, as demandas não recepciona- ouvidor;
das inicialmente pelos canais de atendimento pri- III - o tempo de duração do mandato do ouvi-
mário; e dor, fixado em meses; e
b) as demandas encaminhadas pelo Banco Central IV - o compromisso formal no sentido de:
do Brasil, por órgãos públicos ou por outras entida- a) criar condições adequadas para o funcionamen-
des públicas ou privadas. to da ouvidoria, bem como para que sua atuação
§ 2º O prazo de resposta para as demandas não seja pautada pela transparência, independên-
pode ultrapassar dez dias úteis, podendo ser pror- cia, imparcialidade e isenção; e
rogado, excepcionalmente e de forma justifica- b) assegurar o acesso da ouvidoria às informa-
420 da, uma única vez, por igual período, limitado o ções necessárias para a elaboração de resposta
adequada às demandas recebidas, com total apoio confederação de cooperativas de crédito ou bran-
administrativo, podendo requisitar informações e co do sistema cooperativo;
documentos para o exercício de suas atividades no z IV - a cooperativa singular de credito não filiada;
cumprimento de suas atribuições. z à cooperativa central pode compartilhar a ouvi-
§ 1º Os aspectos mencionados no caput devem ser doria constituída em cooperativa central, federa-
incluídos no estatuto ou no contrato social na pri- ção de cooperativas de crédito, confederação de
meira alteração que ocorrer após a constituição da cooperativas de crédito ou associação de classe da
ouvidoria. categoria:
§ 2º As alterações estatutárias ou contratuais exigi-
das por esta Resolução relativas às instituições que
„ I - responder por todas as instituições que com-
optarem pela faculdade prevista no art. 5º, incisos
I e III, podem ser promovidas somente pela institui- partilharem a ouvidoria;
ção que constituir a ouvidoria. „ II - integrar os quadros da instituição que cons-
§ 3º As instituições que não constituírem ouvidoria tituir a ouvidoria.
própria em decorrência da faculdade prevista no
art. 5º, incisos II e IV, devem ratificar a decisão na Art. 11 Para cumprimento do disposto no caput do
primeira assembleia geral ou na primeira reunião art. 9º, nas hipóteses previstas no art. 5º, inciso II,
de diretoria realizada após tal decisão. as instituições referidas no art. 2º devem:
I - designar perante o Banco Central do Brasil ape-
Retomando novamente o conceito e as instituições nas o nome do respectivo diretor responsável pela
ouvidoria; e
referidas no art. 2º (instituições autorizadas a funcio-
II - informar o nome do ouvidor, que deverá ser o do
nar pelo Banco Central do Brasil que tenham clientes
ouvidor da associação de classe, da bolsa de valo-
pessoas naturais, inclusive empresários individuais,
res, da bolsa de mercadorias e futuros ou da bolsa
ou pessoas jurídicas classificadas como microempre- de valores e de mercadorias e futuros, ou da entida-
sas e empresas de pequeno porte), o art. 9º dita que de ou empresa que constituir a ouvidoria.
essas instituições deverão designar os nomes do ouvi-
dor e do direito responsável pela ouvidoria: Por fim, o capítulo VI trata da prestação de informa-
ções e formas de divulgação das atividades desenvolvidas:
Art. 9º As instituições referidas no art. 2º devem desig-
nar perante o Banco Central do Brasil os nomes do Art. 12 O diretor responsável pela ouvidoria deve
ouvidor e do diretor responsável pela ouvidoria. elaborar relatório semestral quantitativo e
§ 1º O diretor responsável pela ouvidoria pode qualitativo referente às atividades desenvolvidas
desempenhar outras funções na instituição, pela ouvidoria, nas datas-base de 30 de junho e 31
inclusive a de ouvidor, exceto a de diretor de admi- de dezembro.
nistração de recursos de terceiros. Parágrafo único. O relatório de que trata o caput
§ 2º Nos casos dos bancos comerciais, bancos múl- deve ser encaminhado à auditoria interna, ao comi-
tiplos, caixas econômicas, sociedades de crédito, tê de auditoria, quando constituído, e ao conselho
financiamento e investimento, associações de pou- de administração ou, na sua ausência, à diretoria
pança e empréstimo e sociedades de arrendamento da instituição.
mercantil que realizem operações de arrendamento Art. 13 As instituições referidas no art. 2º devem
mercantil financeiro, que estejam sujeitos à obri- divulgar semestralmente, nos respectivos sítios
gatoriedade de constituição de comitê de audito- eletrônicos na internet, as informações relativas às
ria, na forma da regulamentação, o ouvidor não atividades desenvolvidas pela ouvidoria, inclusi-
poderá desempenhar outra função, exceto a de ve os dados relativos à avaliação direta da quali-
diretor responsável pela ouvidoria. dade do atendimento de que trata o art. 16.
§ 3º Nas situações em que o ouvidor desempe- Art. 14 O Banco Central do Brasil poderá estabele-
nhe outra atividade na instituição, essa atividade cer o conteúdo, a forma, a periodicidade e o prazo
não pode configurar conflito de interesses ou de de remessa de dados e de informações relativos às
atribuições. atividades da ouvidoria.
Art. 10. Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos I,
III e IV, o ouvidor deve:
A avaliação direta da qualidade do atendimento
I - responder por todas as instituições que compar-
mencionada no art. 13 é uma ferramenta de satisfa-
tilharem a ouvidoria; e
II - integrar os quadros da instituição que constituir
ção dos usuários e clientes, que avaliam o atendimen-
a ouvidoria. to prestado pela ouvidoria.
Seguindo o estudo da Resolução CMN nº 4.860/2020,
o capítulo VII trata da certificação, ou seja, ocorrerá
DEFESA DO CONSUMIDOR

Para auxiliar seu entendimento, vejamos esque-


um exame de certificação para que os integrantes da
maticamente o disposto no art. 10, incluindo os incisos
ouvidoria que realizam as atividades do art. 6º desta
do art. 5º mencionados:
Resolução sejam considerados aptos. Acompanhe a
seguir:
Ouvidor deve:
Art. 15 As instituições referidas no art. 2º devem
z I - a instituição integrante de conglomerado com-
adotar providências para que os integrantes da
posto por pelo menos duas instituições autoriza- ouvidoria que realizem as atividades mencionadas
das a funcionar pelo Banco Central do Brasil pode no art. 6º sejam considerados aptos em exame de
compartilhar a ouvidoria constituída em qualquer certificação organizado por entidade de reconheci-
das instituições; da capacidade técnica.
z III - a cooperativa singular de crédito filiada à § 1º O exame de certificação deve abranger, no
cooperativa central pode compartilhar a ouvido- mínimo, temas relativos à ética, aos direitos do
ria constituída na respectiva cooperativa central, consumidor e à mediação de conflitos. 421
§ 2º A designação de integrantes da ouvidoria refe- II - disponibilizada ao cliente ou usuário em
ridos no caput fica condicionada à comprovação de até um dia útil após o encaminhamento da
aptidão no exame de certificação, além do atendi- resposta conclusiva de que trata o art. 6º, inciso
mento às demais exigências desta Resolução. III, e § 2º; e
§ 3º As instituições referidas no caput devem asse- III - concluída em até cinco dias úteis após o
gurar a capacitação permanente dos integrantes da prazo de que trata o inciso II.
ouvidoria em relação aos temas mencionados no § 1º. Art. 18 Os dados relativos à avaliação mencionada
§ 4º O diretor responsável pela ouvidoria sujeita-se no art. 16 devem ser:
à formalidade prevista no caput, caso exerça a fun- I - armazenados de forma eletrônica, em ordem
ção de ouvidor. cronológica, permanecendo à disposição do Ban-
§ 5º Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos II e IV, co Central do Brasil pelo prazo de cinco anos,
aplica-se o disposto neste artigo aos integrantes da contados da data da avaliação realizada pelo
ouvidoria da associação de classe, entidade ou empre- cliente ou usuário; e
sa que realize as atividades mencionadas no art. 6º. II - remetidos ao Banco Central do Brasil, na
forma por ele definida.
O capítulo VIII, por sua vez, traz a necessidade de
avaliação direta da qualidade do atendimento pres- As disposições finais da Resolução CMN nº 4.860, de
tado pela ouvidoria. Esse assunto já foi brevemente 2020, estão inseridas no capítulo IX. Podemos destacar
abordado quando tratamos do art. 13. Observe como as seguintes informações:
será realizada a avaliação direta de qualidade:
z O relatório e a documentação, bem como a gra-
Art. 16 As instituições referidas no art. 2º devem vação telefônica do atendimento realizado pelas
implementar instrumento de avaliação direta da ouvidorias, deverão permanecer à disposição do
qualidade do atendimento prestado pela ouvi- Bacen pelo prazo mínimo de 5 anos;
doria a clientes e usuários. z O número de telefone da ouvidoria, os dados do
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se somente diretor responsável e os dados do ouvidor deve-
aos bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos rão ser inseridos e mantidos permanentemente
de investimento, caixas econômicas e sociedades atualizados em sistema de registro de informa-
de crédito, financiamento e investimento. ções do Banco Central do Brasil.

Art. 20 O número do telefone para acesso gratuito


Bancos à ouvidoria e os dados relativos ao diretor respon-
comerciais sável pela ouvidoria e ao ouvidor devem ser inseri-
dos e mantidos permanentemente atualizados em
sistema de registro de informações do Banco Cen-
tral do Brasil.
Bancos Parágrafo único. O disposto no caput deve ser
Múltiplos observado, inclusive, pela instituição que não cons-
tituir componente de ouvidoria próprio em decor-
rência da faculdade prevista no art. 5º.
Art. 21 O Banco Central do Brasil poderá adotar as
Bancos de medidas necessárias à execução do disposto nesta
investimento Resolução.

Avaliação de Quali-
dade do Atendimento
Prestado pela Ouvido- Caixa
econômicas LEI Nº 8.078, DE 1990 – CÓDIGO DE
ria Aplica-se a
DEFESA DO CONSUMIDOR
A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhe-
Sociedades cida como Código de Defesa do Consumidor (CDC),
de crédito estabeleceu as regras de proteção ao consumidor. Sua
edição foi necessária, porque, até a promulgação da
Constituição Federal de 1988 (CF, de 1988), os adqui-
rentes de produtos e serviços não possuíam normas
próprias, tendo que fundamentar a defesa de seus
Sociedades de direitos no antigo Código Civil de 1916 e nas seguin-
Financiamento tes legislações: Decreto nº 869, de 1938 (Lei de Crimes
Contra a Economia Popular); Decreto-Lei nº 22.626, de
1943 (Lei da Usura); Lei Delegada nº 4, de 1962, que
cuida da intervenção estatal no domínio econômico
Sociedades de
para a garantia de distribuição de produtos de primei-
Investimento ra necessidade; Lei nº 4.137, de 1962 (Lei de Repressão
do Poder Econômico), que instituiu o Sistema Brasilei-
ro de Defesa da Concorrência e criou o CADE – Conse-
Art. 17 A avaliação direta da qualidade do atendi- lho Administrativo de Defesa Econômica, estruturado,
mento de que trata o art. 16 deve ser: atualmente, pela Lei nº 12.529, de 2011.
I - estruturada de forma a obter notas entre 1 e 5, Com a CF, de 1988, a defesa do consumidor adqui-
sendo 1 o nível de satisfação mais baixo e 5 o nível riu um novo patamar. Ao mesmo tempo em que a
422 de satisfação mais alto; defesa do consumidor passou a ser tida como um
direito fundamental, tornou-se, também, um prin- uma vez que legitima a adoção de políticas protetivas
cípio da ordem econômica. Para tanto, foi o próprio para o consumidor. Como consequência, o Estado
legislador constituinte que determinou a elaboração poderá intervir na ordem econômica fundamentado
de um código para a defesa do consumidor. Assim, o na defesa e interesses dos consumidores.
Congresso Nacional elaborou a Lei nº 8.078, de 1990 e Por fim, o art. 48, do Ato das Disposições Constitu-
deu efetividade ao comando constitucional para inau- cionais Transitórias, estabeleceu o prazo de 120 (cento
gurar um novo microssistema de proteção. e vinte) dias da promulgação da CF, de 1988 para que
o Congresso Nacional elaborasse o Código de Defesa
Dica do Consumidor. Trata-se, portanto, de uma resposta
legal protetiva.
Sabe o porquê de estudar o CDC para o concur-
Embora a CF, de 1988 tenha estabelecido o prazo
so almejado? Porque o CDC é aplicado às ins-
para elaboração do CDC, observa-se que o prazo tem-
tituições financeiras. É neste sentido a Súmula
poral estabelecido pelo legislador constituinte não foi
297, do Superior Tribunal de Justiça: “O Código
observado, uma vez que o Código foi promulgado em
de Defesa do Consumidor é aplicável às institui-
11 de setembro de 1990 e sua entrada em vigor ocor-
ções financeiras”.
reu em 11 de março de 1991.
Além de se reportar a estes dispositivos constitu-
O CDC é uma norma relativamente enxuta, com-
posta por 119 (cento e dezenove) artigos estruturados cionais, o art. 1º, do CDC, estabelece que as normas
em seis títulos. Em concursos públicos, a cobrança de proteção ao consumidor são de ordem pública e
do CDC envolve, basicamente, os tópicos conceituais; interesse social, ou seja, são normas cogentes (obri-
as hipóteses de aplicabilidade e a própria letra da lei gatórias), que não podem ser afastadas ou modifica-
(legislação “seca”). Deste modo, o presente estudo será das pela vontade das partes e que, ao mesmo tempo
voltado para esses pontos, tendo, como parâmetro, o em que buscam trazer equilíbrio na relação jurídica,
concurso do Banco do Brasil, em especial, os dois pri- equalizam a diferença entre consumidor e fornecedor.
meiros títulos da norma. Em síntese, o CDC estabelece normas que vão regular
Antes de iniciar o estudo, no entanto, é preciso ter os contratos de consumo e limitar a autonomia da von-
em mente que, para melhor compreendê-la, é primor- tade, além de impossibilitar a renúncia do consumidor
dial entender sua estrutura e identificar as ideias mais quanto aos direitos estabelecidos na lei, salvo os casos
importantes da legislação. Por essa razão, é extre- de expressa disposição em sentido contrário. Vale lem-
mamente importante ler o texto de lei e tentar com- brar que normas de ordem pública são aquelas que
preender os pontos mais importantes dos artigos, sem revestem valores importantes para toda a coletividade,
precisar, contudo, decorá-los. isto é, que transcendem aos interesses particulares.
Feitas essas considerações iniciais, bons estudos! Observa-se, no entanto, que, para que exista a rela-
ção de consumo, é preciso o requisito subjetivo, ou seja,
TÍTULO I – DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR a presença de um consumidor e de um fornecedor,
além do requisito objetivo, isto é, uma relação que diga
Os direitos do consumidor compreendem o pri- respeito ao fornecimento de um produto ou serviço.
meiro título do CDC. Eles se encontram disciplinados
do art. 1º ao art. 60. Vejamos cada um deles:
RELAÇÃO JURÍDICA
Art. 1 O presente código estabelece normas de pro- DE CONSUMO
teção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
48 de suas Disposições Transitórias.
Elementos subjetivos:
Elemento objetivo:
O art. 1º, do CDC, reporta-se a três dispositivos Consumidor e
Produto ou Serviço
Fornecedor
constitucionais. A primeira proteção encontra-se no
art. 5º, XXXII, da CF, de 19881, isto é, no Título “Dos
Direitos e Garantias Fundamentais”. Assim sendo, a
Para tanto, o CDC traz os seguintes conceitos nos
proteção ao consumidor constitui um dos direitos e
arts. 2º e 3º: consumidor, fornecedor, produto e servi-
deveres individuais e coletivos. Como consequência, a
ço. Vejamos tais conceitos:
defesa do consumidor promovida por meio do Estado
é uma das denominadas cláusulas pétreas.
Art. 2 Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
Trata-se, portanto, de matéria que não pode ser
DEFESA DO CONSUMIDOR

que adquire ou utiliza produto ou serviço como des-


objeto de modificação por meio de qualquer proposta
tinatário final.
de Emenda Constitucional tendente a abolir ou esva- Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a cole-
ziar a defesa dos direitos do consumidor. tividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
A segunda proteção encontra-se no art. 170, da CF, haja intervindo nas relações de consumo.
de 19882, de modo que a defesa do consumidor consti- Art. 3 Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
tuiu um dos princípios pelo qual a ordem econômica pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
brasileira é estabelecida. Assim, a defesa do consumi- como os entes despersonalizados, que desenvol-
dor é princípio de ação política do Estado brasileiro, vem atividade de produção, montagem, criação,

1  Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na
forma da lei, a defesa do consumidor.
2  Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor. 423
construção, transformação, importação, exporta- intervindo na relação de consumo, mesmo que sem
ção, distribuição ou comercialização de produtos firmar o contrato de consumo.
ou prestação de serviços. A finalidade do conceito é garantir a proteção cole-
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, tiva do consumidor, de modo a ampliar a abrangência
material ou imaterial. do CDC para além do consumidor individualmente
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mer- considerado na sua relação com o fornecedor, uma
cado de consumo, mediante remuneração, inclusi- vez que se trata de interesse que transcende ao indi-
ve as de natureza bancária, financeira, de crédito víduo, ou seja, interesse difuso, coletivo e individual
e securitária, salvo as decorrentes das relações de homogêneo dos consumidores, conforme veremos
caráter trabalhista. pela leitura do texto do art. 81, do CDC. Atente-se ao
fato de que o art. 17 traz o conceito de consumidor
O caput do art. 2º traz o conceito de consumidor bystander e o art. 29, o conceito de consumidor em
em sentido estrito, que comporta três elementos: sentido amplo, exposto ou virtual. Portanto, são
mais dois dispositivos que ampliam o conceito de con-
z Elemento Subjetivo: pessoa física ou jurídica; sumidor e serão tratados posteriormente.
z Elemento Objetivo: que adquire ou utiliza produ- Por outro lado, o caput do art. 3º conceitua for-
to ou serviço; necedor como aquele que desenvolve a atividade
z Elemento Teleológico: como destinatário final. profissional no mercado de consumo com habitua-
lidade, especialização e com finalidade econômica.
Portanto, consumidor é toda pessoa física ou jurí- Trata-se, portanto, de um conceito amplo que engloba
dica, independentemente se brasileira ou não, que as seguintes espécies: produtor, montador, criador,
adquire ou utiliza um produto ou serviço na qualida- fabricante, construtor, transformador, importador,
de de destinatário final. exportador, distribuidor, comerciante e o prestador
de serviços.
O núcleo do conceito de fornecedor é a atividade
desempenhada, ou seja, somente é considerado forne-
Importante!
cedor aquele que exerce a atividade de forma profis-
O conceito de consumidor abrange não só o sional, com habitualidade e com finalidade econômica.
adquirente, como também o usuário de produtos Os §§ 1º e 2º, do art. 3º, trazem os conceitos dos obje-
ou serviços colocados no mercado de consumo. tos da relação de consumo, ou seja, de produto e servi-
ço. Por produto, entende-se qualquer bem, seja móvel
ou imóvel, material ou imaterial, podendo ser forneci-
Cumpre mencionar, ainda, que o ponto central do do de forma remunerada ou não (ex.: amostra grátis).
conceito envolve compreender e delimitar o âmbi- As normas sobre as classificações dos bens não
to de incidência da expressão destinatário final, estão no CDC, mas no Código Civil.
ou seja, distinguir relação de consumo e a relação Por serviço, entende-se qualquer atividade for-
empresarial. Nesse sentido, três correntes dominam necida no mercado de consumo por meio de remu-
os debates. A primeira é a corrente objetiva ou mar- neração, seja ela direta ou indireta. A remuneração
xista, que dá à expressão “destinatário final” a maior indireta ocorre quando o custo do serviço já está
amplitude possível ao considerar o adquirente como embutido no preço de outro produto ou serviço ofer-
destinatário fático do produto ou serviço, por ter reti- tado pelo estabelecimento, como, por exemplo, no
rado este do mercado, sendo indiferente se o destina- caso de serviços de estacionamento em supermerca-
tário adquiriu o produto ou serviço com finalidades dos e shoppings ou o oferecimento de lavagem de veí-
lucrativas ou não, como, por exemplo, a empresa que culos em estacionamentos ou postos de combustível.
compra couro para produzir sapatos.
Portanto, há a incidência do CDC mesmo em caso de
A segunda corrente é a corrente subjetiva ou
prestação de serviços aparentemente gratuitos.
finalista, que considera consumidor somente aque-
Sobre serviço, cumpre mencionar, ainda, que,
le não profissional que adquire produto ou contrata
quando a prestação de serviços se dá com pessoalida-
serviço, de modo a esgotar em si mesmo o consumo,
sem qualquer finalidade lucrativa, como, por exem- de e subordinação, aplica-se a Consolidação das Leis
plo, a pessoa que adquire o sapato. Por fim, a terceira do Trabalho (CLT) e, não, o CDC, por se tratar de rela-
corrente é a finalista mitigada ou mista, que opta ção de trabalho. Já no caso dos profissionais liberais,
por analisar o caso concreto, para enquadrar como em regra, eles podem ser enquadrados como fornece-
destinatário final, como, por exemplo, o motorista de dores de serviços, ressalvando-se sua responsabiliza-
caminhão quando adquire o veículo ou a costureira ção mediante aferição de culpa nos termos do art. 14,
quando adquire a máquina de costura. Cabe destacar, § 4º, do CDC, que será explicado a frente.
por fim, que a teoria finalista mitigada leva em consi-
deração a vulnerabilidade, conceito que será estuda- Política Nacional das Relações de Consumo
do posteriormente.
Se o caput traz o conceito de consumidor em senti- A Política Nacional das Relações de Consumo é tra-
do estrito, o Parágrafo Único estabelece o conceito de tada nos arts. 4º e 5º, do CDC. Vejamos os dispositivos:
consumidor em sentido coletivo, de modo a equipa-
rar ao consumidor a coletividade de pessoas, mesmo Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consu-
que indetermináveis, que aja intervindo nas relações mo tem por objetivo o atendimento das necessida-
de consumo, como, por exemplo, no caso de compra des dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
de um alimento por uma pessoa, para ser consumido saúde e segurança, a proteção de seus interesses
por diversas outras em sua residência, de modo que, econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
se todos sofrem lesão em decorrência do produto, bem como a transparência e harmonia das relações
424 todos serão consumidores por equiparação, por terem de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumi- consumidor com relação aos efeitos da obrigação que
dor no mercado de consumo; contrai junto ao fornecedor ou aos casos de contra-
II - ação governamental no sentido de proteger efe- tos de adesão, que, por ser produzido unilateralmente
tivamente o consumidor: pelo fornecedor, não há possibilidade de discussão de
a) por iniciativa direta; suas cláusulas pelo consumidor.
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de O segundo princípio é o Princípio da Intervenção
associações representativas; Estatal, que impõe a atuação do Estado no sentido de
c) pela presença do Estado no mercado de consumo; proteger o consumidor. Tal proteção pode ser feita
d) pela garantia dos produtos e serviços com por iniciativa direta, como, por exemplo, no caso de
padrões adequados de qualidade, segurança, dura- criação dos Serviços de Proteção ao Consumidor (Pro-
bilidade e desempenho.
con); por incentivos à criação e ao desenvolvimento
III - harmonização dos interesses dos participan-
de associações representativas, de modo a oportuni-
tes das relações de consumo e compatibilização
zar a organização dos consumidores; por meio da pre-
da proteção do consumidor com a necessidade
sença do Estado no mercado de consumo, como nos
de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
casos das atividades essenciais ou que digam respeito
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda
a ordem econômica (art. 170, da Constituição Fede-
ao interesse público; pela garantia dos produtos e ser-
ral), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas viços com padrões adequados de qualidade, seguran-
relações entre consumidores e fornecedores; ça, durabilidade e desempenho, de maneira a atender
IV - educação e informação de fornecedores e con- não só às necessidades dos consumidores, como a pró-
sumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com pria viabilidade de inserção de produtos e serviços no
vistas à melhoria do mercado de consumo; mercado em razão dos padrões de exigência.
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios O terceiro princípio tratado no art. 4º do CDC é o
eficientes de controle de qualidade e segurança de Princípio da Harmonização dos Interesses. Tal prin-
produtos e serviços, assim como de mecanismos cípio busca equacionar os interesses dos participantes
alternativos de solução de conflitos de consumo; das relações de consumo, de modo a compatibilizar a
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abu- proteção do consumidor com a necessidade de desen-
sos praticados no mercado de consumo, inclusive volvimento econômico e tecnológico do fornecedor.
a concorrência desleal e utilização indevida de Em síntese, busca viabilizar os princípios nos quais se
inventos e criações industriais das marcas e nomes funda a ordem econômica com o equilíbrio nas rela-
comerciais e signos distintivos, que possam causar ções entre consumidor e fornecedor.
prejuízos aos consumidores; O quarto princípio é o Princípio da Conscientiza-
VII - racionalização e melhoria dos serviços ção, ou seja, o CDC impõe, como diretrizes da Políti-
públicos; ca Nacional das Relações de Consumo, a educação e
VIII - estudo constante das modificações do merca-
a informação tanto do fornecedor, como do consu-
do de consumo.
midor. Por conscientização, entende-se a busca tan-
to pela educação formal, como, por exemplo, com a
O art. 4º estabelece os objetivos da Política Nacio-
inclusão do tema nas grades curriculares das escolas,
nal e enumera os princípios aplicáveis a sua elabo-
como na educação informal, como, por exemplo, nas
ração e planejamento. Em síntese, os objetivos da
ações dos Procons ou das associações civis.
Política Nacional das Relações de Consumo são cinco:
O quinto princípio estabelecido no art. 4º, do CDC,
é o Princípio do Incentivo à Autoiniciativa. Trata-se
z Atendimento das necessidades dos consumidores; do incentivo à criação de meios eficientes de contro-
z Respeito a sua dignidade, saúde e segurança; le de qualidade e segurança de produtos e serviços
z Proteção de seus interesses econômicos;
pelos fornecedores, além do incentivo aos mecanis-
z Melhoria da sua qualidade de vida;
mos alternativos de solução de conflitos, tais como os
z Transparência e harmonia das relações de consumo.
métodos extrajudiciais de solução de controvérsias,
como a arbitragem, mediação e conciliação.
Com relação aos princípios elencados no dispo- O sexto princípio é o Princípio da Coibição do
sitivo, o primeiro deles é o Princípio do Reconhe- Abuso, que se refere à obrigação do Estado de coibir
cimento da Vulnerabilidade e da Proteção do e reprimir os abusos praticados no mercado de consu-
Consumidor. Explicando melhor: o consumidor é mo, como, por exemplo, a concorrência desleal e a uti-
a parte mais frágil da relação de consumo, pois, em lização indevida de inventos e criações industriais de
regra, o fornecedor possui situação econômica supe- marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que
rior, além de deter conhecimentos científicos, técnicas possam causar prejuízos aos consumidores.
de elaboração do produto e execução do serviço, entre O sétimo princípio previsto é o Princípio da Racio-
outros. Por essa razão, o consumidor ocupa posição de
DEFESA DO CONSUMIDOR

nalização e Melhoria dos Serviços Públicos, ou seja,


vulnerabilidade, de modo que, para equilibrar a rela- os serviços devem ser prestados de modo adequado
ção jurídica de consumo, o CDC trata de forma desi- e racional. Esse princípio será retomado quando for
gual fornecedor e consumidor. analisado o art. 22, do CDC, que trata da obrigatorieda-
A vulnerabilidade pode ocorrer por fatores fáticos, de de os serviços serem fornecidos de forma adequa-
técnicos ou jurídicos. A vulnerabilidade fática refere- da, eficiente, segura e, no caso de serviço essencial, de
-se à própria situação socioeconômica do consumidor modo contínuo por parte dos órgãos públicos ou por
face ao fornecedor, ou seja, em razão do poder econô- intermédio de suas concessionárias.
mico do fornecedor ou do monopólio ou essencialida- O oitavo e último princípio disposto no art. 4º, do
de do produto oferecido. A vulnerabilidade técnica CDC, é o Princípio do Estudo Constante das Modifi-
está relacionada ao processo de elaboração, fabrica- cações do Mercado de Consumo, ou seja, a necessi-
ção ou prestação, uma vez que o consumidor, por não dade de constante averiguação da evolução de oferta
fazer parte desse processo, não detém conhecimento de produtos e serviços no mercado de consumo em
pleno sobre o produto ou serviço. Por fim, a vulnera- decorrência do desenvolvimento de novas tecnologias
bilidade jurídica está ligada ao desconhecimento do ou de novos hábitos. 425
Por outro lado, o art. 5º, do CDC, estabelece os ins- X - a adequada e eficaz prestação dos serviços
trumentos a serem utilizados na sua execução da polí- públicos em geral.
tica Nacional das Relações de Consumo. São eles: XI - a garantia de práticas de crédito responsável,
de educação financeira e de prevenção e tratamen-
Art. 5° [...] to de situações de superendividamento, preservado
I - manutenção de assistência jurídica, integral e o mínimo existencial, nos termos da regulamenta-
gratuita para o consumidor carente; ção, por meio da revisão e da repactuação da dívi-
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa da, entre outras medidas;
do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; XII - a preservação do mínimo existencial, nos ter-
III - criação de delegacias de polícia especializadas mos da regulamentação, na repactuação de dívidas
no atendimento de consumidores vítimas de infra- e na concessão de crédito;
ções penais de consumo; XIII - a informação acerca dos preços dos produ-
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Cau- tos por unidade de medida, tal como por quilo, por
sas e Varas Especializadas para a solução de lití-
litro, por metro ou por outra unidade, conforme o
gios de consumo;
caso.
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvi-
Parágrafo único. A informação de que trata o inci-
mento das Associações de Defesa do Consumidor.
VI - instituição de mecanismos de prevenção e tra- so III do caput deste artigo deve ser acessível à
tamento extrajudicial e judicial do superendivida- pessoa com deficiência, observado o disposto em
mento e de proteção do consumidor pessoa natural; regulamento.
(Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
VII - instituição de núcleos de conciliação e media- O inciso I, do art. 6º, do CDC, estabelece o direito
ção de conflitos oriundos de superendividamento. de proteção à vida, saúde e segurança como direito
(Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) fundamental contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados
Pode-se dizer que se trata de um rol meramente perigosos ou nocivos. Conforme será visto a seguir,
exemplificativo. os arts. 8º a 11 são destinados à proteção à saúde e
à segurança do consumidor e à responsabilização do
Dos Direitos Básicos do Consumidor fornecedor pelos acidentes de consumo.
O inciso II, do art. 6º, do CDC, trata do direito à
Os arts. 6º e 7º, do CDC, trazem os direitos funda- educação e divulgação sobre consumo adequado,
mentais do consumidor. Trata-se, portanto, dos prin- uma vez que é direito do consumidor a educação e
cípios que regem as relações de consumo, tais como a divulgação sobre consumo adequado dos produtos
proteção à vida, saúde e segurança, educação e infor- e serviços, visando que as escolhas sejam realizadas
mação, não abusividade, equilíbrio contratual, pre- de modo correto e sem artimanhas. O dispositivo
venção e reparação integral, entre outros. engloba, ainda, o dever de assegurar a liberdade de
decidir e o acesso em igualdade de condições a outros
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: consumidores.
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
O inciso III estabelece o direito à informação, de
riscos provocados por práticas no fornecimento
de produtos e serviços considerados perigosos ou modo a garantir ao consumidor que sejam prestadas
nocivos; as informações adequadas e claras sobre os diferentes
II - a educação e divulgação sobre o consumo ade- produtos e serviços, sendo dever do fornecedor a sua
quado dos produtos e serviços, asseguradas a liber- prestação. O dever de informação refere-se à especifi-
dade de escolha e a igualdade nas contratações; cação correta de quantidade, característica, composi-
III - a informação adequada e clara sobre os dife- ção, qualidade, tributos incidentes e preço, além dos
rentes produtos e serviços, com especificação cor- riscos que podem apresentar o produto ou serviço.
reta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e
Importante!
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou des- São desdobramentos do direito à informação a
leais, bem como contra práticas e cláusulas abu- garantia da cognoscibilidade prevista no art. 46,
sivas ou impostas no fornecimento de produtos e do CDC, e as regras de redação dos contratos de
serviços;
adesão trazidas no art. 54, § 3º e 4º do CDC.
V - a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as O inciso IV trata do direito a não abusividade, ou
tornem excessivamente onerosas; seja, a proteção contra a publicidade enganosa e abu-
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patri- siva, contra métodos comerciais coercitivos ou des-
moniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
leais, assim como contra práticas e cláusulas abusivas
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrati-
ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
vos com vistas à prevenção ou reparação de danos
Os conceitos de publicidade enganosa e abusiva,
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou
difusos, assegurada a proteção Jurídica, adminis- inclusive por omissão, estão previstos no art. 37, do
trativa e técnica aos necessitados; CDC. O elenco das práticas abusivas foi exemplifica-
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusi- do no art. 39. Por fim, a garantia de não exposição a
ve com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no qualquer tipo de situação vexatória, constrangimento
processo civil, quando, a critério do juiz, for veros- ou ameaça no caso de inadimplência encontra-se dis-
símil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, ciplinada no art. 42 e o rol das cláusulas contratuais
segundo as regras ordinárias de experiências; consideradas abusivas no art. 51, do CDC.
426 IX - (Vetado);
O inciso V do art. 6º, do CDC, estabelece o direito Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mer-
ao equilíbrio contratual. Por equilíbrio contratual cado de consumo não acarretarão riscos à saúde
entende-se a garantia de modificação de cláusulas ou segurança dos consumidores, exceto os conside-
contratuais que estabeleçam prestações despropor- rados normais e previsíveis em decorrência de sua
cionais ou sua revisão em razão de fatos superve- natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores,
em qualquer hipótese, a dar as informações neces-
nientes que as tornem excessivamente onerosas. Esse
sárias e adequadas a seu respeito.
direito também é denominado de princípio da modi-
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabri-
ficação das prestações desproporcionais ou princípio cante cabe prestar as informações a que se refere
da preservação. este artigo, através de impressos apropriados que
O inciso VI, do art. 6°, do CDC trata do direito à devam acompanhar o produto.
prevenção e reparação integral, de modo a impor a § 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos
completa reparação de danos patrimoniais e morais, e utensílios utilizados no fornecimento de produtos
quer individuais, coletivos ou difusos. Por esse direito, ou serviços, ou colocados à disposição do consumi-
depreende-se que o CDC veda o tarifamento de inde- dor, e informar, de maneira ostensiva e adequada,
nização por dano moral nos contratos de consumo, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.
ou seja, cabe ao juiz, no caso concreto, estabelecer os
valores indenizatórios com base nas características. Observa-se que o art. 8º traz a regra de que o pro-
O inciso VII estabelece o direito ao acesso à Jus- duto ou o serviço da relação de consumo não devem
tiça. Portanto, ao consumidor é assegurado o acesso acarretar risco à saúde ou à segurança dos consumi-
aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à dores. No entanto, existem riscos considerados nor-
prevenção ou reparação de danos. mais e previsíveis, que são da própria natureza de
Esse princípio deve ser conjugado com o art. 5º, do determinados produtos ou serviços, como, por exem-
CDC, que prevê, como instrumentos de execução da plo, uma serra ou um processador de alimentos, que
Política Nacional das Relações de Consumo, a institui- podem trazer determinado risco no seu manuseio.
ção ou a manutenção de assistência jurídica, integral Existe, também, produto ou serviço cujo grau de
e gratuita para o consumidor carente, a instituição periculosidade ou de nocividade é mais acentuada,
de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor tais como no caso dos agrotóxicos ou dos serviços de
e a criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas dedetização. Nesses casos, face à utilidade gerada com
e Varas Especializadas para a solução de litígios de sua colocação no mercado, é necessário que o produto
consumo. ou serviço seja acompanhado de informações ostensi-
O inciso VIII, do art. 6º, do CDC, dispõe sobre o vas e adequadas sobre sua nocividade e periculosida-
direito à facilitação da defesa dos direitos, mani- de, sem prejuízo de outras medidas no caso concreto,
nos termos do art. 9º.
festada por diversos mecanismos, tais como a soli-
dariedade passiva na reparação de danos (art. 7º),
Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços poten-
a responsabilização objetiva por fato do produto ou
cialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segu-
serviço (arts. 12 e 14), a vedação à denunciação da rança deverá informar, de maneira ostensiva e
lide (art. 88), a prerrogativa da propositura da ação no adequada, a respeito da sua nocividade ou periculo-
domicílio do consumidor-autor (art. 101, inciso I, do sidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
CDC) e a possibilidade de inversão do ônus da prova. cabíveis em cada caso concreto.
Por fim, o inciso X estabelece o direito à adequa-
da e eficaz prestação dos serviços públicos. A Lei nº 13.486, de 2017 inseriu os dois parágra-
Já nos termos do art. 7º, do CDC, os direitos estabe- fos constantes do art. 8º, do CDC. O primeiro trata
lecidos pela norma não excluem outros decorrentes da obrigação do fabricante de produto industrial de
de tratados ou convenções internacionais, da legis- prestar as informações relativas à segurança por meio
lação interna ordinária, de regulamentos expedidos de impressos apropriados que o acompanhem. Já o
pelas autoridades administrativas competentes, bem segundo trata da exigência de higienização dos equi-
como dos que derivem dos princípios gerais do direi- pamentos e utensílios utilizados no fornecimento de
to, analogia, costumes e equidade. produtos ou serviços, informando ostensiva e adequa-
damente sobre eventual risco de contaminação.
Art. 7º Os direitos previstos neste código não O art. 10 trata da hipótese de a periculosidade ou
excluem outros decorrentes de tratados ou conven- nocividade do produto ou serviço extrapolar o razoá-
ções internacionais de que o Brasil seja signatário, vel. Nesse caso, o CDC veda expressamente a sua colo-
da legislação interna ordinária, de regulamentos cação no mercado, como, por exemplo, nos casos de
DEFESA DO CONSUMIDOR

expedidos pelas autoridades administrativas com- medicamentos proibidos em que os efeitos colaterais
petentes, bem como dos que derivem dos princípios superam os benefícios trazidos.
gerais do direito, analogia, costumes e equidade. No entanto, existem casos em que esse risco só
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, é detectado após a colocação do produto ou serviço
todos responderão solidariamente pela reparação no mercado. Nessa hipótese, o fornecedor é obriga-
dos danos previstos nas normas de consumo. do a comunicar o fato imediatamente às autoridades
competentes e aos consumidores, mediante anúncios
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção publicitários, veiculados na imprensa, rádio e televi-
e da Reparação dos Danos são, às suas expensas.

Com relação à qualidade do produto e serviço, à Art. 10 O fornecedor não poderá colocar no mer-
prevenção e à reparação dos danos, os arts. 8º a 11 tra- cado de consumo produto ou serviço que sabe ou
tam da Proteção à Saúde e Segurança, estabelecendo deveria saber apresentar alto grau de nocividade
as regras preventivas. ou periculosidade à saúde ou segurança. 427
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, pos- III - a época em que foi colocado em circulação.
teriormente à sua introdução no mercado de con- § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo
sumo, tiver conhecimento da periculosidade que fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
apresentem, deverá comunicar o fato imediatamen- no mercado.
te às autoridades competentes e aos consumidores, § 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou
mediante anúncios publicitários. importador só não será responsabilizado quando
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o § provar:
anterior serão veiculados na imprensa, rádio e I - que não colocou o produto no mercado;
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou II - que, embora haja colocado o produto no merca-
serviço. do, o defeito inexiste;
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de pericu- III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
losidade de produtos ou serviços à saúde ou segu-
rança dos consumidores, a União, os Estados, o z Tipos de Responsabilidade Civil no CDC:
Distrito Federal e os Municípios deverão informá-
-los a respeito. „ Responsabilidade objetiva (3 elementos): Con-
duta (ação ou omissão) + Dano (resultado) + Nexo
Trata-se do chamado recall. de Causalidade (a conduta gerou o resultado);
Se por um lado o CDC busca privilegiar a prevenção, „ Responsabilidade subjetiva (4 elementos):
por outro, sabe-se que danos podem ocorrer. Por esse Conduta (ação ou omissão) + Dano (resultado) +
motivo que um dos direitos fundamentais do consumi- Nexo de Causalidade (a conduta gerou o resul-
tado) + Culpa em sentido amplo (dolo ou culpa).
dor é a reparação integral, sendo que a responsabilida-
de é solidária, conforme estudado no inciso VI, do art.
O art. 12, do CDC, trata do fato do produto ao atri-
6º e Parágrafo Único, do art. 7º, respectivamente. Assim
buir a responsabilidade objetiva do fabricante,
sendo, o CDC dedicou seção própria para disciplinar a
produtor, construtor (nacional ou estrangeiro) ou
responsabilidade civil do fornecedor/prestador. importador pelos danos causados aos consumidores
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, cons-
trução, montagem, fórmulas, manipulação, apresen-
Importante! tação ou acondicionamento de seus produtos, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
A responsabilidade pode ser apurada em três
sobre sua utilização e seus riscos. Trata-se, portanto,
esferas: civil, penal e administrativa. O CDC tra- de produto defeituoso, cuja responsabilidade inde-
ta, nos arts. 12 a 25, da responsabilidade civil, pende da existência de culpa.
ou seja, da responsabilidade de indenizar caso a Observa-se que o art. 12 é bem abrangente, uma
conduta gere um dano ao consumidor. vez que busca atingir toda a cadeia produtiva, isto é,
desde a concepção do produto até a sua divulgação.
Assim, trata-se de rol meramente exemplificativo.
Antes de iniciar o estudo sobre a responsabilida- Complementando o caput do art. 12, o § 1º concei-
de civil do fornecedor, é preciso distinguir o vício e tua como produto defeituoso aquele cujo risco excede
o fato do produto ou serviço. Vício refere-se a uma ao esperado. Portanto, são aqueles que extrapolam
impropriedade ou inadequação do objeto de consumo os riscos normais do produto em si, ou seja, aos ris-
quanto a sua qualidade ou quantidade, atingindo a cos decorrentes da própria natureza do produto, ten-
esfera econômica do consumidor, como, por exemplo, do em consideração sua apresentação, uso e riscos
um aparelho eletrônico que não liga ou não funciona razoáveis e a época em que foi colocado em circula-
adequadamente ou um alimento embalado como 1 ção, como, por exemplo, triturador de alimentos com
(um) quilo, mas que contém somente 900 (novecentos) a hélice solta, bateria de celular com sobrecarga ou
gramas. Fato diz respeito ao denominado acidente de automóvel cujo airbag não funciona adequadamente.
Em contrapartida, o § 2º exclui do conceito de
consumo, ou seja, um defeito no produto ou serviço
defeito o produto ou serviço que é colocado no mer-
que vai atingir a saúde ou a segurança do consumidor,
cado quando existe outro de melhor qualidade. Expli-
como, por exemplo, um aparelho eletrônico montado
cando melhor: o fato de existirem computadores ou
de forma errada e que pode explodir ou um alimento telefones celulares com novas tecnologias não torna
contaminado. os produtos anteriores defeituosos.
Os arts. 12, 13, 14 e 17 tratam da responsabilidade O § 3º, por sua vez, trata das hipóteses de excluden-
civil pelo fato do produto ou serviço: te de responsabilidade. Assim, para afastar sua obri-
gação de indenizar, deve o fornecedor provar que:
Art. 12 O fabricante, o produtor, o construtor,
nacional ou estrangeiro, e o importador respon- z Não colocou o produto no mercado, como, por
dem, independentemente da existência de culpa, exemplo, nos casos decorrentes de falsificação do
pela reparação dos danos causados aos consumido-
produto;
res por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
z Embora tenha colocado o produto no mercado, o
construção, montagem, fórmulas, manipulação,
defeito inexiste, ou seja, que o produto foi devida-
apresentação ou acondicionamento de seus pro-
dutos, bem como por informações insuficientes ou mente fabricado ou o serviço regularmente prestado;
inadequadas sobre sua utilização e riscos. z A culpa é exclusiva do consumidor ou de tercei-
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a ro, como, por exemplo, o aparelho quando é utili-
segurança que dele legitimamente se espera, levan- zado em voltagem incorreta e pega fogo.
do-se em consideração as circunstâncias relevan-
tes, entre as quais: O art. 13 trata da responsabilidade objetiva do
I - sua apresentação; comerciante. Como regra, o acidente de consumo
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se ocorre por um defeito no processo de fabricação
428 esperam; do produto. Deste modo, quando se trata de fato do
produto, diferente do que ocorre com o vício, a res- existência de culpa, pela reparação dos danos causa-
ponsabilidade principal é sempre do fabricante, dos aos consumidores pela existência de defeito ou
construtor, produtor ou importador, respondendo informações insuficientes ou inadequadas. Exemplo:
o comerciante apenas quando o fabricante, o cons- serviço de dedetização com aplicação de veneno em
trutor, o produtor ou o importador não puderem ser dosagem acima do recomendado, de modo a causar
identificados ou, podendo, não o são de fato. intoxicação ao consumidor.
Geralmente, é o caso dos produtos “in natura”, isto O § 1º, do art. 14, que traz o conceito de serviço
é, aqueles colocados no mercado sem processos indus- defeituoso, ou seja, aquele que não fornece a segu-
triais ou de transformação, como uma refeição servi- rança esperada ao consumidor, tendo em vista as cir-
da em restaurante ou a venda de cereais a granel no cunstâncias relevantes, entre as quais o modo do seu
varejo. Também há responsabilidade do comerciante fornecimento, o resultado e risco que dele são espera-
no caso de o produto fornecido sem identificação cla- dos e a época em que foi fornecido. Exemplo: ausência
ra do seu fabricante, produtor, construtor ou impor- de informação adequada sobre a profundidade de
tador. Por fim, há a responsabilidade no caso de má uma piscina em um hotel, causando lesão ao hóspede
conservação do produto, como nas hipóteses de pro- que mergulhou no local.
duto com lacre violado ou mau acondicionado. O § 2º, do art. 14, é semelhante ao do art. 13.
Enquanto este se refere ao produto, aquele trata da
Art. 13 O comerciante é igualmente responsável, evolução das técnicas de execução de um serviço.
nos termos do artigo anterior, quando:
Assim, não se pode considerar defeituoso o serviço
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o impor-
tador não puderem ser identificados; somente pelo fato de existirem técnicas mais moder-
II - o produto for fornecido sem identificação cla- nas para sua execução.
ra do seu fabricante, produtor, construtor ou Já o § 3º, do art. 14, trata das hipóteses de exclu-
importador; dentes de responsabilidade. De acordo com o
III - não conservar adequadamente os produtos dispositivo, o fornecedor de serviços não será respon-
perecíveis. sabilizado se provar que, tendo prestado o serviço, o
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento defeito inexiste ou a culpa é exclusiva do consumidor
ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso ou de terceiro.
contra os demais responsáveis, segundo sua parti- O § 4º traz uma exceção à responsabilidade obje-
cipação na causação do evento danoso.
tiva do prestador de serviço, ou seja, a responsabi-
lidade subjetiva do profissional liberal. Portanto,
deve ser apurada a culpa dos profissionais liberais
Importante! para imputar a responsabilidade. Exemplo: serviço
Em decorrência da dificuldade de prova, o Pará- prestado por um médico em seu consultório, a res-
grafo Único, do art. 13, estabelece a possibilidade ponsabilidade é subjetiva, devendo verificar se houve
de o consumidor ingressar com a demanda em negligência, imprudência ou imperícia.
face de todos os integrantes da cadeia de produ- Por fim, o art. 17 traz a noção de consumidor
ção/fornecimento por meio de ação regressiva, para proteger todas as vítimas do evento. Trata-se do
de modo a resolver entre si a questão em confor- denominado consumidor bystander, ou seja, aque-
midade com sua participação no evento danoso. la vítima que não participou diretamente do negócio,
mas sofreu as consequências do evento danoso. São
exemplos:
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, indepen-
dentemente da existência de culpa, pela reparação z Aparelho celular que explode com terceiro que
dos danos causados aos consumidores por defeitos não aquele que comprou o aparelho;
relativos à prestação dos serviços, bem como por z Avião que cai em uma residência e mata, além de
informações insuficientes ou inadequadas sobre
seus passageiros, os moradores do local.
sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar, Art. 17 Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
levando-se em consideração as circunstâncias rele- aos consumidores todas as vítimas do evento.
vantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento; Os arts. 18 a 25 tratam da responsabilidade civil
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele pelo vício do produto ou serviço. Vejamos:
se esperam;
III - a época em que foi fornecido. Art. 18 Os fornecedores de produtos de consumo
DEFESA DO CONSUMIDOR

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela duráveis ou não duráveis respondem solidariamen-
adoção de novas técnicas. te pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsa- tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
bilizado quando provar: que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; como por aqueles decorrentes da disparidade, com
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. a indicações constantes do recipiente, da embala-
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais gem, rotulagem ou mensagem publicitária, respei-
liberais será apurada mediante a verificação de tadas as variações decorrentes de sua natureza,
culpa. podendo o consumidor exigir a substituição das
partes viciadas.
O art. 14, do CDC, trata da responsabilidade obje- § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de
tiva do fornecedor do serviço. Assim como ocorre trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativa-
com o produto, o acidente de consumo decorrente mente e à sua escolha:
de fato ou vício do serviço impõe, também, a respon- I - a substituição do produto por outro da mesma
sabilização do fornecedor, independentemente da espécie, em perfeitas condições de uso; 429
II - a restituição imediata da quantia paga, mone- A durabilidade do produto ou serviço está relacio-
tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais nada à expectativa de sua utilidade para com o consu-
perdas e danos; midor. Assim, considera-se produto durável aquele
III - o abatimento proporcional do preço. que não se consuma imediatamente, possuindo vida
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução útil com duração razoável, tais como, automóveis,
ou ampliação do prazo previsto no § anterior, não celulares, computadores; já os serviços duráveis são
podendo ser inferior a sete nem superior a cento e
aqueles cujos efeitos são por prazo também razoáveis,
oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula
tais como reforma ou pintura de imóvel ou assistência
de prazo deverá ser convencionada em separado,
técnica de eletrodoméstico, entre outros.
por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das Em contrapartida, produtos não duráveis são
alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em aqueles cujo consumo importa em destruição imedia-
razão da extensão do vício, a substituição das par- ta da substância ou em lapso temporal muito peque-
tes viciadas puder comprometer a qualidade ou no, tais como os gêneros alimentícios e os produtos de
características do produto, diminuir-lhe o valor ou higiene pessoal; serviços não duráveis são aqueles
se tratar de produto essencial. que perduram por um prazo bem curto, tais como ser-
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa viços de transporte, lavagem de automóvel, manicure,
do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível entre outros.
a substituição do bem, poderá haver substituição De acordo com o caput do art. 18, complementado
por outro de espécie, marca ou modelo diversos, por seu § 6º, são considerados impróprios ao uso e
mediante complementação ou restituição de even- consumo os produtos cujos prazos de validade este-
tual diferença de preço, sem prejuízo do disposto jam vencidos; os produtos deteriorados, alterados,
nos incisos II e III do § 1º deste artigo. adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou,
será responsável perante o consumidor o fornece-
ainda, aqueles em desacordo com as normas regula-
dor imediato, exceto quando identificado claramen-
mentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
te seu produtor.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo: os produtos que, por qualquer motivo, se revelem ina-
I - os produtos cujos prazos de validade estejam dequados ao fim a que se destinam. São exemplos: os
vencidos; produtos perecíveis, tais como alimentos, cujo prazo
II - os produtos deteriorados, alterados, adultera- se encontra fora da validade ou brinquedo falsificado
dos, avariados, falsificados, corrompidos, frauda- ou que não atenda às normas técnicas de fabricação
dos, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, ou segurança.
aqueles em desacordo com as normas regulamen- No caso de vício de qualidade do produto, o § 1º
tares de fabricação, distribuição ou apresentação; estabelece ao fornecedor o prazo de trinta dias para
III - os produtos que, por qualquer motivo, se reve- sanar o vício. Já ao consumidor cabe optar por uma
lem inadequados ao fim a que se destinam. destas possibilidades:
Art. 19 Os fornecedores respondem solidariamente
pelos vícios de quantidade do produto sempre que, z Pedir a substituição do produto por outro da mes-
respeitadas as variações decorrentes de sua natu- ma espécie, em perfeitas condições de uso, ou por
reza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
produto diverso mediante complementação ou
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
restituição de eventual diferença de preço;
ou de mensagem publicitária, podendo o consumi-
dor exigir, alternativamente e à sua escolha: z Pedir a restituição imediata da quantia paga, mo-
I - o abatimento proporcional do preço; netariamente atualizada, sem prejuízo de even-
II - complementação do peso ou medida; tuais perdas e danos;
III - a substituição do produto por outro da mesma z Pedir o abatimento proporcional do preço.
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, mone- Portanto, deve-se pedir a troca do produto, o res-
tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais sarcimento do valor pago ou a diminuição do seu
perdas e danos. preço.
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do O consumidor não precisa aguardar o prazo legal
artigo anterior. para fazer uso dessas alternativas se, em razão da
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quan- extensão do vício, a substituição das partes viciadas
do fizer a pesagem ou a medição e o instrumento puder comprometer a qualidade ou características do
utilizado não estiver aferido segundo os padrões produto, diminuir-lhe o valor ou tratar-se de produto
oficiais.
essencial.
O art. 19, do CDC, trata do vício de quantidade do
Observa-se que os dois primeiros artigos (18 e produto, ou seja, aquele decorrente de variação não
19) tratam dos vícios do produto, ou seja, produtos tolerável de conteúdo em relação às indicações cons-
que, em razão da qualidade ou quantidade, se tornem tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
impróprios ou inadequados ao consumo ou lhes dimi- mensagem publicitária. Exemplo: produto alimentício
nuam o valor, assim como por aqueles decorrentes de cujo peso não atinja ao informado na embalagem.
disparidade. Exemplo: computador cuja memória ou Ao consumidor, cabe optar por uma destas alter-
processador é inferior ao informado nas suas especi- nativas:
ficações técnicas ou produto com quantidade inferior
ao especificado na embalagem. Semelhante ao fato do z Abatimento proporcional do preço;
produto, a responsabilidade civil por vício do produ- z Complementação do peso ou medida;
to também é objetiva, recaindo tanto sobre produtos z Substituição do produto por outro da mesma espé-
duráveis como não duráveis. cie, ou por produto diverso, mediante complemen-
430 tação ou restituição de eventual diferença de preço;
z Restituição imediata da quantia paga. Nos termos do art. 23, do CDC, o fato de o forne-
cedor desconhecer o vício de qualidade por inade-
O art. 20 do CDC disciplina a responsabilidade pe- quação dos produtos e serviços não o exime de sua
los serviços com vício de qualidade, ou seja, aquele responsabilidade.
vício que o torne impróprio ao consumo ou que lhe di-
minua o valor, como, por exemplo, aqueles decorren- Art. 23 A ignorância do fornecedor sobre os vícios
tes de disparidade com relação à oferta publicitária. de qualidade por inadequação dos produtos e servi-
Disciplina, ainda, a responsabilidade pelos serviços ços não o exime de responsabilidade.
impróprios, isto é, aqueles que se mostram inade-
quados para o fim que dele se espera, assim como O art. 24 trata da garantia legal de adequação do
aquele que não atende às normas regulamentares de produto ou serviço. Explicando melhor, a garantia
prestabilidade, tais como serviço de funilaria de auto- decorre de lei e independe de termo expresso, ou seja,
móvel que descasca na semana seguinte à realização; ela é assegurada ao consumidor independentemente
planos de prestadoras de telefonia móvel com serviço de o fornecedor estipular que não se responsabiliza
indisponível; planos de saúde sem cobertura prevista, por vício no serviço ou produto.
entre outros. Nesses casos, pode o consumidor optar
pelas seguintes alternativas: reexecução dos serviços, Art. 24 A garantia legal de adequação do produto
sem custo adicional ou realização deste por terceiro ou serviço independe de termo expresso, vedada a
capacitado, por conta e risco do fornecedor; restitui- exoneração contratual do fornecedor.
ção imediata da quantia paga; abatimento proporcio-
nal do preço. São modalidades de garantia:

Art. 20 O fornecedor de serviços responde pelos z Garantia legal


vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
„ É obrigatória;
aqueles decorrentes da disparidade com as indica-
ções constantes da oferta ou mensagem publicitá- „ Independe de termo expresso;
ria, podendo o consumidor exigir, alternativamente „ Vedada exoneração do fornecedor;
e à sua escolha: „ 30 dias produtos e serviços não duráveis;
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e „ 90 dias produtos e serviços duráveis.
quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, mone- z Garantia contratual
tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos; „ Não é obrigatória;
III - o abatimento proporcional do preço. „ Depende de termo expresso;
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada
„ É complementar à garantia legal.
a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem Portanto, quem fixa a garantia legal é o CDC. Já as
inadequados para os fins que razoavelmente deles partes podem fixar a garantia contratual, que é com-
se esperam, bem como aqueles que não atendam as plementar a legal. Deste modo, este prazo começa a
normas regulamentares de prestabilidade. valer após expirado o prazo da garantia legal. Exem-
plo: se para determinado produto a garantia legal é de
Dica 30 (trinta) dias, mas o fornecedor concede 7 (sete) dias
de garantia contratual. Na realidade, serão 37 (trinta
Não há, no CDC, previsão expressa de vício de e sete) dias no total.
quantidade do serviço. No entanto, aplica-se, por
analogia, o artigo do CDC que trata do vício de Dica
quantidade do produto.
O prazo de garantia legal não está no art. 24. Ele
O art. 22 trata dos serviços públicos, sejam estes é expresso no art. 26.
prestados pelos órgãos públicos diretamente ou indi-
retamente pelas empresas concessionárias, permis- Complementando o art. 24, o art. 25 do CDC veda a
sionárias ou autorizadas. exoneração ou atenuação da garantia legal por meio
A responsabilidade pelos serviços públicos é obje- de contrato, ou seja, o fato de não estar previsto em
contrato não retira a garantia do produto. Exemplo, o
DEFESA DO CONSUMIDOR

tiva e deve o serviço ser fornecido de modo adequado,


eficiente, seguro e, no caso de serviço essencial, como fato de um estacionamento fixar placas dizendo que
serviço de água, iluminação e segurança pública, por não se responsabiliza pelo veículo não o exime de sua
exemplo, de forma contínua. responsabilidade.

Art. 22 Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, Art. 25 É vedada a estipulação contratual de cláusu-
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer la que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação
outra forma de empreendimento, são obrigados a de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, § 1º Havendo mais de um responsável pela causação
quanto aos essenciais, contínuos. do dano, todos responderão solidariamente pela
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
total ou parcial, das obrigações referidas neste arti- § 2º Sendo o dano causado por componente ou peça
go, serão as pessoas jurídicas compelidas a cum- incorporada ao produto ou serviço, são responsá-
pri-las e a reparar os danos causados, na forma veis solidários seu fabricante, construtor ou impor-
prevista neste código. tador e o que realizou a incorporação. 431
Os arts. 26 e 27 do CDC estabelecem as regras sobre VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO –
decadência e prescrição. Assim: INADEQUAÇÃO COM OS FINS ESPERADOS
30 produtos e serviços não
Art. 26 O direito de reclamar pelos vícios aparentes
duráveis
ou de fácil constatação caduca em: Decadência
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de ser- 90 para produtos e servi-
viço e de produtos não duráveis; ços duráveis
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de Fato do produto ou do serviço – acidente de consumo
serviço e de produtos duráveis.
Prescrição 5 anos
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços. O art. 28 do CDC trata da Desconsideração da Per-
§ 2º Obstam a decadência: sonalidade Jurídica:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e ser- Art. 28 O juiz poderá desconsiderar a personali-
viços até a resposta negativa correspondente, que dade jurídica da sociedade quando, em detrimento
deve ser transmitida de forma inequívoca; do consumidor, houver abuso de direito, excesso
II - (Vetado). de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou vio-
III - a instauração de inquérito civil, até seu encer- lação dos estatutos ou contrato social. A descon-
ramento. sideração também será efetivada quando houver
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decaden- falência, estado de insolvência, encerramento ou
cial inicia-se no momento em que ficar evidenciado inatividade da pessoa jurídica provocados por má
o defeito. administração.
Art. 27 Prescreve em cinco anos a pretensão à § 1º(Vetado).
reparação pelos danos causados por fato do pro- § 2º As sociedades integrantes dos grupos societá-
duto ou do serviço prevista na Seção II deste Capí- rios e as sociedades controladas, são subsidiaria-
tulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do mente responsáveis pelas obrigações decorrentes
conhecimento do dano e de sua autoria. deste código.
Parágrafo único. (Vetado). § 3º As sociedades consorciadas são solidariamen-
te responsáveis pelas obrigações decorrentes deste
código.
Inicialmente, cumpre mencionar que o CDC traz
§ 4º As sociedades coligadas só responderão por
a responsabilidade do fornecedor para os casos de culpa.
vícios aparentes ou de fácil constatação e não § 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa
somente para os vícios ocultos. Para tanto, o prazo jurídica sempre que sua personalidade for, de algu-
decadencial é de 30 (trinta) dias para bens não durá- ma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
veis ou 90 (noventa) dias para bens duráveis. Assim, causados aos consumidores.
o consumidor possui 30 dias para reclamar de um
alimento ou medicamento e 90 dias para reclamar de Trata-se da possibilidade de atingir o patrimônio
um eletrodoméstico ou eletrônico. particular das pessoas que compõem o quadro socie-
Nos termos do art. 26, § 1º, o prazo decadencial tário de determinada empresa, sempre que haja des-
tem início com a entrega efetiva do produto ou do tér- vio de finalidade ou abuso de direito em relação à
mino da execução do serviço. Isto significa dizer que autonomia patrimonial conferida à pessoa jurídica.
se um objeto, por exemplo, é comprado como presen- Assim, o art. 28 busca resguardar a situação do con-
te, o prazo só começa a fluir com a entrega ao presen- sumidor frente aos atos dolosos do fornecedor, quer
teado e não com a data da compra. abusivos quer fraudulentos quer ilícitos.
Este dispositivo é aplicado no caso de vício aparen- Além disso, resguarda o consumidor no caso de
te ou de fácil constatação, ou seja, aquele que pode ser atos culposos graves, tais como a má administração,
facilmente detectado. Caso se trate de vício oculto, o que levem à falência, insolvência ou extinção da pes-
prazo decadencial terá início no momento em que soa jurídica, permitindo também a desconsideração
ficar evidenciado o defeito, com conformidade com da pessoa jurídica.
o § 3º. A desconsideração da personalidade jurídica pre-
O § 2º do art. 26 traz as hipóteses de obstaculização vista no CDC é diferente da disposta no Código Civil.
da decadência. São elas: reclamação formulada pelo A do CDC é chamada teoria menor; sua amplitude é
consumidor até a resposta negativa do fornecedor e maior que a do CC, tendo em vista que ao consumi-
a instauração de inquérito civil a cargo do Ministério dor não é necessário fazer prova quanto ao abuso de
Público, até seu encerramento. Portanto, nestas hipó- direito, fraude ou confusão patrimonial.
teses não computa o prazo.
Se a decadência tem por efeito extinguir o direito, Das Práticas Comerciais
a prescrição visa extinguir a ação. A prescrição para
o fato do produto ou serviço encontra-se disciplina- As práticas comerciais estão disciplinadas nos
da no art. 27 do CDC. Assim, o prazo para que o consu- arts. 29 a 45, de modo a envolver a oferta, a publici-
midor ingresse com a ação para reparação dos danos dade, as práticas abusivas, as regras para cobrança de
causados por fato do produto ou do serviço prescreve dívidas e o tratamento dos dados dos consumidores.
em 5 (cinco) anos, contados a partir do conhecimento O art. 29 trata das disposições gerais e traz o con-
do dano e de sua autoria. ceito de consumidor em sentido amplo, exposto ou
432 virtual.
Assim: riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.
Art. 29 Para os fins deste Capítulo e do seguinte, Parágrafo único. As informações de que trata este
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao
determináveis ou não, expostas às práticas nele consumidor, serão gravadas de forma indelével.
previstas.
O art. 31, por sua vez, trata das características da
Observa-se, portanto, que o art. 29 é mais uma das oferta e do modo de apresentação dos produtos e ser-
hipóteses que amplia o conceito de consumidor. Tra- viços. São característica da oferta:
ta-se de equiparar ao consumidor do art. 2º a todas
as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas z Informação correta, ou seja, verdadeira, não po-
previstas no CDC, ou seja, os consumidores em poten- dendo ser enganosa;
cial que, embora não tenham concretizado a relação
de consumo, encontram-se exposto às práticas do Puffing é uma técnica admitida no ordenamento
mercado, tais como oferta e publicidade. jurídico em que há um exagero publicitário, denomi-
As regras acerca da oferta são tratadas nos arts. 30 nado dolus bônus. Exemplo: “melhor hamburger do
a 35 do CDC. Vejamos os dispositivos: mundo!”, “melhor sorvete que existe”. No entanto,
esta técnica só é permitida se a informação que cons-
Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficien-
ta na mensagem for um dado subjetivo, isto é, aquele
temente precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a produtos e ser-
que varia de pessoa para pessoa. Portanto, pode ser
viços oferecidos ou apresentados, obriga o fornece- melhor hambúrguer do mundo para Fulano e não ser
dor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra para Beltrano.
o contrato que vier a ser celebrado.
z Informação clara e de entendimento de imediato;
O princípio da vinculação da oferta está previsto z Informação precisa e exata. Exemplo: pacote com
no art. 30 do CDC. Por oferta, entende-se toda e qual- 20kg;
quer manifestação de vontade do fornecedor com o z Informação ostensiva, sendo fácil percepção e ca-
objetivo de externar sua intenção de contratar e as pitação;
condições deste negócio jurídico. Em síntese, é uma z Informação em língua portuguesa;
espécie de informação pré-contratual.
A oferta possui as seguintes características:
Importante!
z Deve abranger toda informação ou publicidade,
desde que suficientemente precisa, de modo a É possível a utilização de Língua Estrangeira
identificar o produto ou serviço ofertado pelo for- para produtos e serviços importados, porém de
necedor, e veiculada por qualquer forma ou meio forma excepcional.
de comunicação, como, por exemplo, jornal, televi-
são, folheto, cartaz, entre outros;
z A oferta obriga o fornecedor a cumprir integral- z Informação indelével, ou seja, que não se apaga com
mente a oferta veiculada. Exemplo: ofertou produ- o tempo;
to a R$ 100,00 (cem reais), mesmo que alegue que z Informação legível (visível).
o valor correto seria R$ 130,00 (cento e trinta), é
obrigado a cumprir integralmente a oferta, pouco Quanto ao modo de apresentação, os produtos
importando a alegação de que o anúncio saiu com ou serviços devem conter as características, qualida-
erro. des, quantidade, composição, preço, garantia, prazos
de validade e origem, entre outros dados, tais como
Fornecedor fez a oferta e vinculou, sua responsabi- sobre os riscos que apresentam à saúde ou à seguran-
lidade é objetiva, ou seja, independe de culpa/dolo na ça do consumidor.
oferta errada, salvo no caso de a oferta possuir erro O art. 32 estabelece que os fabricantes e importado-
grosseiro, patente e identificável, como, por exemplo, res deverão assegurar peças para reposição. Exemplo:
vinculou o produto por R$ 100,00 (cem reais), mas ele o fabricante disponibiliza um determinado equipa-
custa R$ 1.000,00 (um mil). mento elétrico no mercado e, mesmo que modernize
tal equipamento, deverá continuar a disponibilizar as
DEFESA DO CONSUMIDOR

z A oferta integra o contrato que vier a ser celebrado, peças para reposição deste na versão antiga.
mesmo que não constante expressamente do teor
das cláusulas contratuais. Exemplo: no momento Art. 32 Os fabricantes e importadores deverão
da oferta o vendedor afirma ao consumidor que na assegurar a oferta de componentes e peças de repo-
aquisição do veículo terá tanque cheio, ou seja, a sição enquanto não cessar a fabricação ou impor-
concessionária se compromete a entregá-lo com o tação do produto.
tanque de combustível completo, mesmo que isso Parágrafo único. Cessadas a produção ou importa-
não conste do contrato a ser celebrado. ção, a oferta deverá ser mantida por período razoá-
vel de tempo, na forma da lei.
Art. 31 A oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa O CDC não estabelece um prazo para que o for-
sobre suas características, qualidades, quantidade, necedor e/ou importador continuem com o dever de
composição, preço, garantia, prazos de validade reposição das peças.
e origem, entre outros dados, bem como sobre os 433
No entanto, tanto a doutrina como a jurisprudên- Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de
cia entendem que o critério a ser utilizado é o da vida seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder,
útil do bem. Portanto, se a durabilidade média deste para informação dos legítimos interessados, os
equipamento é de 5 (cinco) anos, ele é obrigado a ofer- dados fáticos, técnicos e científicos que dão susten-
tar ao mercado peças de reposição por este prazo. tação à mensagem.
Art. 37 É proibida toda publicidade enganosa ou
O art. 33 trata da oferta ou venda por telefone ou
abusiva.
reembolso postal. Seu objetivo é garantir a transpa-
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informa-
rência nas relações de consumo, de modo que haja a ção ou comunicação de caráter publicitário, intei-
correta identificação do fabricante e do seu domicí- ra ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
lio empresarial tanto na embalagem, publicidade ou modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em
em todos os seus impressos. Já o seu Parágrafo Único erro o consumidor a respeito da natureza, carac-
proíbe a publicidade de bens e serviços por telefone, terísticas, qualidade, quantidade, propriedades,
quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origem, preço e quaisquer outros dados sobre pro-
original. Exemplo: operadora de celular que liga para dutos e serviços.
oferecer um determinado produto ao cliente quando § 2º É abusiva, dentre outras a publicidade dis-
este se encontra fora da área de cobertura gratuita, criminatória de qualquer natureza, a que incite à
de modo a pagar pela chamada realizada pela própria violência, explore o medo ou a superstição, se apro-
operadora. veite da deficiência de julgamento e experiência da
criança, desrespeita valores ambientais, ou que
seja capaz de induzir o consumidor a se compor-
Art. 33 Em caso de oferta ou venda por telefone ou
tar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde
reembolso postal, deve constar o nome do fabrican-
ou segurança.
te e endereço na embalagem, publicidade e em todos
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é
os impressos utilizados na transação comercial.
enganosa por omissão quando deixar de informar
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
sobre dado essencial do produto ou serviço.
serviços por telefone, quando a chamada for onero-
§ 4º (Vetado).
sa ao consumidor que a origina.
Art. 38 O ônus da prova da veracidade e correção
da informação ou comunicação publicitária cabe a
O art. 34 do CDC trata da responsabilidade pelos quem as patrocina.
atos dos prepostos ou representantes autônomos.
Assim, o fornecedor é solidariamente responsável Assim, a publicidade é a prática utilizada para a
pelos atos de seus agentes. promoção de bens e serviços colocados no mercado,
com o objetivo de dar conhecimento ao consumidor
Art. 34 O fornecedor do produto ou serviço é soli- da sua existência e convencê-lo a adquiri-lo. Nos ter-
dariamente responsável pelos atos de seus prepos- mos do art. 37, a publicidade deve se pautar pelo prin-
tos ou representantes autônomos. cípio da boa-fé, sendo proibida publicidade enganosa
ou abusiva. Por conseguinte, o consumidor deve ter
Por fim, o art. 35 estabelece as opções que tem o consciência do que se trata a publicidade ao ser expos-
consumidor diante da recusa do fornecedor em cum- to a ela, sendo vedada a publicidade subliminar, isto
prir a oferta veiculada. Neste caso, pode o consumi- é, aquela oculta.
dor, alternativamente e à sua livre escolha, optar por
exigir o cumprimento forçado da oferta; aceitar outro
produto/serviço equivalente; rescindir o contrato. Importante!
Art. 35 Se o fornecedor de produtos ou serviços A publicidade subliminar ou oculta fere o princí-
recusar cumprimento à oferta, apresentação ou pio da identificação da publicidade.
publicidade, o consumidor poderá, alternativamen-
te e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos O § 1º do art. 37 traz o conceito de publicidade
termos da oferta, apresentação ou publicidade; enganosa. Por publicidade enganosa entende-se aque-
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço la que induz o consumidor a erro, independentemen-
equivalente; te de ter sido a intenção do fornecedor de enganar ou
III - rescindir o contrato, com direito à restituição não o consumidor.
de quantia eventualmente antecipada, monetaria- Portanto, a responsabilidade do fornecedor por
mente atualizada, e a perdas e danos. uma publicidade enganosa é objetiva. Exemplos de
publicidade enganosa: pacote turístico que afirma
Uma das espécies de oferta é a publicidade. Ofer- contemplar o aéreo e a hospedagem e, no momento
ta é gênero do qual comporta toda e qualquer decla- da estadia, o consumidor é surpreendido com a infor-
ração de vontade voltada à celebração da relação de mação de que a hospedagem não está contemplada ou
consumo, ao passo que publicidade é a informação o fornecedor que não informa na embalagem que o
que promove comercialmente o produto ou serviço. produto contém glúten e lactose e o consumidor que o
As normas que disciplinam a publicidade são trata- adquiriu é alérgico e acaba sofrendo danos.
das nos arts. 36 a 38 do CDC. Vejamos os dispositivos: Já o § 2º do art. 37 traz um rol exemplificativo
do que considera como publicidade abusiva, tais
Art. 36 A publicidade deve ser veiculada de tal for- como a publicidade discriminatória; a exploradora
ma que o consumidor, fácil e imediatamente, a iden- do medo ou superstição; a incitadora de violência; a
tifique como tal. antiambiental; a indutora de insegurança; a dirigida
434 a crianças.
Por fim, o art. 38 estabelece o princípio da inversão bancário condicionado a aquisição de seguro de vida,
do ônus da prova. Assim, em caso de dúvida acerca da consulta oftalmológica condicionada à compra dos
publicidade, cabe ao fornecedor provar que a publici- óculos, entre outros.
dade não é enganosa ou abusiva. O inciso I do art. 39 também impede o fornecedor
de obrigar o consumidor a adquirir uma quantidade
Das Práticas Abusivas mínima ou máxima de um determinado produto. Por
esta razão, as promoções de aquisição de mais de um
As regras sobre as práticas abusivas encontram- produto, como, por exemplo, as promoções “leve 2
-se nos arts. 39 a 41 do CDC. Vejamos os dispositivos: pelo preço de 1” são de caráter facultativo e não obri-
gatório, pois é permitido ao consumidor a alternati-
Art. 39 É vedado ao fornecedor de produtos ou ser- va de efetuar a aquisição de apenas um produto da
viços, dentre outras práticas abusivas: espécie, abrindo mão do desconto oferecido, se for o
I - condicionar o fornecimento de produto ou de ser- caso. Quanto a limitação máxima de quantidades de
viço ao fornecimento de outro produto ou serviço, produtos, esta só é possível em situações justificá-
bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; veis, como, por exemplo, nos casos de adversida-
II - recusar atendimento às demandas dos consu- des climáticas ou em hipótese de racionamento de
midores, na exata medida de suas disponibilidades determinado produto.
de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos O inciso II do art. 39 trata da recusa imotivada ao
e costumes; atendimento de demanda do consumidor, ou seja,
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicita- recusar o fornecimento de um determinado produ-
ção prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer
to/serviço quer em relação aos consumidores de um
serviço;
modo geral, quer em relação a um consumidor espe-
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do con-
sumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conheci-
cífico. Exemplo: ter um determinado produto em esto-
mento ou condição social, para impingir-lhe seus que, mas recusar vendê-lo a um consumidor por ter
produtos ou serviços; com ele problemas de ordem pessoal.
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente O inciso III trata do fornecimento não solicita-
excessiva; do do produto ou serviço, como, por exemplo, ban-
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de co que disponibiliza crédito em conta do correntista
orçamento e autorização expressa do consumidor, como forma de ofertar empréstimo ou produto que é
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores enviado ou entregue ao consumidor, sem solicitação
entre as partes; prévia.
VII - repassar informação depreciativa, referente a O fornecimento não solicitado não se confunde
ato praticado pelo consumidor no exercício de seus com amostras grátis, uma vez que neste caso, o con-
direitos; sumidor não tem a obrigação de pagar pelo produto
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer ou serviço.
produto ou serviço em desacordo com as normas O inciso IV trata do abuso da condição de espe-
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se cial vulnerabilidade, de modo a proibir que o for-
normas específicas não existirem, pela Associação
necedor prevaleça da vulnerabilidade ou ignorância
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
do consumidor para forçar a aquisição do produto ou
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
serviço. Atenção: trata-se de condição de vulnerabili-
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de ser- dade para o mercado de consumo, como nos casos de
viços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los idade, conhecimento, condição social, entre outros.
mediante pronto pagamento, ressalvados os casos O inciso V dispõe acerca da exigência de vanta-
de intermediação regulados em leis especiais; gem excessiva. Deste modo, é proibido ao fornecedor
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou exigir vantagem manifestamente excessiva do consu-
serviços. midor. Exemplo: plano de saúde que exige troca de
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de categoria para manter paciente em UTI. Basta a mera
22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando exigência, não sendo, portanto, necessária a concreti-
da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 zação da vantagem pleiteada.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento O inciso VI refere-se à execução de serviço sem
de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo orçamento e autorização. Assim sendo, não é possí-
inicial a seu exclusivo critério. vel a execução de serviços pelo fornecedor sem a pré-
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso via elaboração de orçamento e autorização expressa
do legal ou contratualmente estabelecido. do consumido.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos
DEFESA DO CONSUMIDOR

O inciso VI é complementado pelo art. 40 do CDC,


comerciais ou de serviços de um número maior de
que trata do conteúdo, validade e efeitos do orçamen-
consumidores que o fixado pela autoridade admi-
to prévio elaborado pelo fornecedor.
nistrativa como máximo.
O inciso VII trata do repasse de informações
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produ-
depreciativas referente ao consumidor ou a ato pra-
tos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipó-
ticado por este no exercício de seus direitos, com o
tese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
objetivo de garantir a devida utilização dos bancos de
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
dados e cadastros de consumidores. Exemplo: criar
uma lista de “maus pagadores”.
O art. 39 do CDC traz, em seus incisos, rol exempli- O inciso VIII estabelece as regras acerca da obser-
ficativo das práticas abusivas na relação de consumo. vação das normas técnicas, ou seja, se há norma
No inciso I trata do condicionamento no forneci- técnica expedida pelos órgãos oficiais competentes
mento do produto ou serviço ao fornecimento de regulamentando o fornecimento de produto/serviço,
outro produto ou serviço, ou seja, a denominada compete ao fornecedor respeitá-la, sob pena de carac-
venda casada. Exemplo: concessão de empréstimo terização de prática abusiva. 435
O inciso IX trata do intermediário obrigatório, Portanto, é dever do fornecedor respeitar os limi-
isto é, a recusa à venda de bens/serviços diretamen- tes oficiais sob pena de responder pela restituição da
te a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto quantia recebida em excesso, monetariamente atua-
pagamento, ressalvando nos casos em que a interme- lizada, ou de ter o negócio desfeito pelo consumidor.
diação é regulamentada por lei. Portanto, o disposi-
tivo afasta a figura do intermediário obrigatório em Art. 41 No caso de fornecimento de produtos ou de
casos em que a lei não faz tal exigência. serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabe-
O inciso X trata da elevação de preço sem justa lamento de preços, os fornecedores deverão respei-
causa, isto é, a elevação de preços sem justificativa, tar os limites oficiais sob pena de não o fazendo,
como, por exemplo, no caso do álcool em gel no início responderem pela restituição da quantia recebida
da pandemia da COVID-19. em excesso, monetariamente atualizada, podendo o
O inciso XII trata do prazo para cumprimento de consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do
negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
obrigação, de modo a vedar que o fornecedor deixe
de estipular prazo para o cumprimento de sua obriga-
ção ou fixe tal prazo a seu critério exclusivo. Exemplo, As normas acerca da cobrança de dívida estão
construtoras que deixam de fixar prazo para conclu- disciplinadas nos arts. 42 e 42-A do CDC. Vejamos os
são das obras. dispositivos:
O inciso XIII dispõe sobre o reajuste, de forma a
proibir o reajuste contratual por meio da aplicação de Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor ina-
dimplente não será exposto a ridículo, nem será
fórmula ou índice diverso do legal ou contratualmen-
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
te estabelecido. Exemplo: reajuste de planos de saúde
ameaça.
fora do pactuado ou do permitido pela lei. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quan-
Por fim, o inciso XIV trata do ingresso em estabe- tia indevida tem direito à repetição do indébito,
lecimentos comerciais. De acordo com o dispositivo, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
constitui prática abusiva permitir o ingresso de um acrescido de correção monetária e juros legais, sal-
número maior ao máximo permitido de consumido- vo hipótese de engano justificável.
res em estabelecimentos comerciais ou de serviços. Art. 42-A Em todos os documentos de cobrança de
Portanto, a fixação de lotação máxima fixada pela débitos apresentados ao consumidor, deverão cons-
autoridade está relacionada à segurança. tar o nome, o endereço e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Art. 40 O fornecedor de serviço será obrigado a Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor
entregar ao consumidor orçamento prévio discri- do produto ou serviço correspondente.
minando o valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos a serem empregados, as condições O art. 42 disciplina a cobrança de dívidas. De
de pagamento, bem como as datas de início e tér- acordo com o dispositivo, o consumidor não poderá
mino dos serviços. ser submetido a qualquer tipo de constrangimento
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado ou ameaça, como no caso de cobrança vexatória ou
terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu invasiva (carro de som anunciando o nome dos ina-
recebimento pelo consumidor. dimplentes de uma empresa, por exemplo), cobrança
§ 2º Uma vez aprovado pelo consumidor, o orça- efetuada em local indevido ou por meio que possibili-
mento obriga os contraentes e somente pode ser
te o conhecimento de terceiros (cobrança por meio de
alterado mediante livre negociação das partes.
publicação em rede social, por exemplo).
§ 3º O consumidor não responde por quaisquer
Semelhante ao art. 940 do Código Civil, o Parágrafo
ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de
serviços de terceiros não previstos no orçamento Único do art. 42 impõe a restituição em dobro daqui-
prévio. lo que o consumidor pagou em excesso em razão da
cobrança indevida, acrescido de correção monetária
O art. 40 do CDC estabelece as regras acerca do e juros legais, exceto nos casos de engano justificável.
orçamento prévio que deve ser entregue pelo for- Por fim, o art. 42-A traz as regras acerca de como
necedor. Neste, devem estar discriminando: valor da deve ser procedida a cobrança.
mão-de-obra, valor dos materiais e equipamentos a Com relação aos bancos de dados e cadastro de
serem utilizados, as condições para pagamento e as consumidores, suas regras estão dispostas nos arts.
datas de início e término. 43 a 44 do CDC. Vejamos os dispositivos:
O § 1º trata da validade deste, ou seja, o orçamento
Art. 43 O consumidor, sem prejuízo do disposto no
é válido pelo prazo de 10 (dez) dias, contados do rece-
art. 86, terá acesso às informações existentes em
bimento pelo consumidor, sendo, no entanto, possível cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
a estipulação de forma diversa. consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
O § 2º do art. 40 estabelece que, no caso de aprova- suas respectivas fontes.
ção do orçamento prévio pelo consumidor, este vincu- § 1º Os cadastros e dados de consumidores devem
lará fornecedor e consumidor, podendo ser alterado ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
apenas pela vontade das partes. de fácil compreensão, não podendo conter infor-
O § 3º trata do ônus ou acréscimos decorrentes da mações negativas referentes a período superior a
contratação de serviços de terceiros não previstos no cinco anos.
§ 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados
orçamento prévio. Este é de responsabilidade do for-
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por
necedor e não do consumidor. escrito ao consumidor, quando não solicitada por
Finalizando a parte atinente as práticas abusivas, ele.
o art. 41 trata do tabelamento de preços para o for- § 3º O consumidor, sempre que encontrar inexati-
436 necimento de produtos ou serviços. dão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo As normas gerais de proteção contratual têm iní-
de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos even- cio no art. 46 do CDC, que traz a denominada garan-
tuais destinatários das informações incorretas. tia de cognoscibilidade. Trata-se do desdobramento
§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a do direito à informação disciplinado no inciso III do
consumidores, os serviços de proteção ao crédito e art. 6º do CDC. Como consequência, o contrato não
congêneres são considerados entidades de caráter obrigará o consumidor se, ao emitir sua declaração
público. de vontade, este não possuir conhecimento prévio do
§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de clausulado, como nos casos em que a falta de clareza
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos impede a exata compreensão do conteúdo. O contrato
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quais-
obrigará apenas o fornecedor.
quer informações que possam impedir ou dificultar
O art. 47 trata da interpretação mais favorável
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
ao consumidor. Isso ocorre devido ao fato de ele ser
§ 6o Todas as informações de que trata o caput des-
a parte vulnerável da relação de consumo.
te artigo devem ser disponibilizadas em formatos
acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência,
mediante solicitação do consumidor. Art. 47 As cláusulas contratuais serão interpreta-
das de maneira mais favorável ao consumidor.
O art. 43 traz os direitos básicos dos consumido-
O art. 48 do CDC disciplina as declarações de von-
res, que são:
tade constantes de escritos particulares, recibos e
pré-contratos. Nesses casos, toda proposta ou decla-
z Direito ao acesso, ou seja, a saber quais são as
ração constante desses escritos particulares obriga-
informações existentes em cadastros, fichas e
rão os fornecedores. Assim sendo, caso o fornecedor
registo de dados pessoais e de consumo, além de
entregue um orçamento prévio ao consumidor, ele
acesso às fontes que originaram tais informações;
estará obrigado a prestar o serviço pelo modo e pelo
z Direito à exclusão, isto é, de a informação nega- preço orçado.
tiva não perdurar por período superior a 5 (cinco)
anos; Art. 48 As declarações de vontade constantes de
z Direito à retificação, ou seja, de ter retificado dado escritos particulares, recibos e pré-contratos rela-
incorreto constante dos arquivos de consumo; tivos às relações de consumo vinculam o fornece-
z Direito à comunicação, isto é, de ser comunicado dor, ensejando inclusive execução específica, nos
quando seus dados forem inseridos nos arquivos termos do art. 84 e parágrafos.
de consumo. Art. 49 O consumidor pode desistir do contrato, no
prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do
O art. 44 do CDC disciplina acerca do chamado ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
cadastro de reclamações fundamentadas, que é uma que a contratação de fornecimento de produtos e
espécie de banco de dados de maus fornecedores. serviços ocorrer fora do estabelecimento comer-
cial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direi-
Art. 44 Os órgãos públicos de defesa do consumidor
to de arrependimento previsto neste artigo, os valo-
manterão cadastros atualizados de reclamações
res eventualmente pagos, a qualquer título, durante
fundamentadas contra fornecedores de produtos e
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente.
monetariamente atualizados.
A divulgação indicará se a reclamação foi atendida
ou não pelo fornecedor.
§ 1º É facultado o acesso às informações lá cons- O art. 49 estabelece o instituto do direito ao arre-
tantes para orientação e consulta por qualquer pendimento, ou seja, o prazo de reflexão para com-
interessado. pras realizadas fora do estabelecimento comercial.
§ 2º Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mes- Seus requisitos são:
mas regras enunciadas no artigo anterior e as do
Parágrafo Único do art. 22 deste código. z Exercício do direito potestativo3 dentro do prazo
legal;
Da Proteção Contratual z Contratação ocorrida fora do estabelecimento
comercial. Exemplo: por telefone, internet, catálo-
Na sequência, os arts. 46 a 54 estabelecem as regras gos, entre outros.
sobre a Proteção Contratual no Código de Defesa do
O prazo legal para arrependimento é de 7 dias,
DEFESA DO CONSUMIDOR

Consumidor. Trata-se de um rol com cláusulas consi-


deradas abusivas, além de estabelecer o conceito e os contados da assinatura do contrato ou do ato de rece-
requisitos para a validade e eficácia dos contratos de bimento do produto ou serviço.
adesão. Vejamos os dispositivos gerais:
Dica
Art. 46 Os contratos que regulam as relações de
consumo não obrigarão os consumidores, se não
Não se trata de qualquer inadequação por vício
lhes for dada a oportunidade de tomar conheci- do produto ou serviço, mas do direito do consu-
mento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos midor de desistir da relação contratual. Não se
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar demanda motivos ou explicações, desde que
a compreensão de seu sentido e alcance. obedecido o prazo legal e a condição de ter sido
a aquisição realizada fora do estabelecimento
comercial.
3  Direito incontroverso e que não cabe discussões. 437
Art. 50 A garantia contratual é complementar à XV - estejam em desacordo com o sistema de prote-
legal e será conferida mediante termo escrito. ção ao consumidor;
Parágrafo único. O termo de garantia ou equiva- XVI - possibilitem a renúncia do direito de indeniza-
lente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira ção por benfeitorias necessárias.
adequada em que consiste a mesma garantia, bem § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser vantagem que:
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, deven- I - ofende os princípios fundamentais do sistema
do ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo jurídico a que pertence;
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado II - restringe direitos ou obrigações fundamentais
de manual de instrução, de instalação e uso do pro- inerentes à natureza do contrato, de tal modo a
duto em linguagem didática, com ilustrações. ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o con-
O art. 50 do CDC trata da garantia contratual, ou sumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
seja, aquela que complementa a garantia legal discipli- contrato, o interesse das partes e outras circuns-
nada no art. 26, sendo facultativa e conferida median- tâncias peculiares ao caso.
te termo escrito, observados os seguintes requisitos: § 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusi-
va não invalida o contrato, exceto quando de sua
ausência, apesar dos esforços de integração, decor-
z Ser padronizada;
rer ônus excessivo a qualquer das partes.
z Esclarecer em que consiste a garantia, a forma, o
§ 3º (Vetado).
prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os
§ 4º É facultado a qualquer consumidor ou entida-
ônus a cargo do consumidor; de que o represente requerer ao Ministério Público
z Ser entregue ao consumidor devidamente preen- que ajuíze a competente ação para ser declarada
chido pelo fornecedor, no ato do fornecimento; a nulidade de cláusula contratual que contrarie o
z Estar acompanhada de manual de instrução, de disposto neste código ou de qualquer forma não
instalação e uso do produto em linguagem didáti- assegure o justo equilíbrio entre direitos e obriga-
ca, com ilustrações. ções das partes.
Art. 52 No fornecimento de produtos ou serviços que
Ainda com relação à proteção contratual, os arts. envolva outorga de crédito ou concessão de financia-
51 a 53 estabelecem as regras acerca das cláusulas mento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
abusivas. Vejamos os dispositivos: requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente
Art. 51 São nulas de pleno direito, entre outras, as nacional;
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva
produtos e serviços que: anual de juros;
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a respon- III - acréscimos legalmente previstos;
sabilidade do fornecedor por vícios de qualquer IV - número e periodicidade das prestações;
natureza dos produtos e serviços ou impliquem V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de § 1º As multas de mora decorrentes do inadimple-
consumo entre o fornecedor e o consumidor pes- mento de obrigações no seu termo não poderão ser
soa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em superiores a dois por cento do valor da prestação.
situações justificáveis; § 2º É assegurado ao consumidor a liquidação ante-
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembol- cipada do débito, total ou parcialmente, mediante
so da quantia já paga, nos casos previstos neste redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
código; § 3º (Vetado).
III - transfiram responsabilidades a terceiros; Art. 53 Nos contratos de compra e venda de móveis
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, ou imóveis mediante pagamento em prestações,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvan- bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
tagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas
boa-fé ou a eqüidade; que estabeleçam a perda total das prestações pagas
V - (Vetado); em benefício do credor que, em razão do inadimple-
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em pre- mento, pleitear a resolução do contrato e a retoma-
juízo do consumidor; da do produto alienado.
VII - determinem a utilização compulsória de § 1º (Vetado).
arbitragem; § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de pro-
VIII - imponham representante para concluir ou dutos duráveis, a compensação ou a restituição
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou descontada, além da vantagem econômica auferida
não o contrato, embora obrigando o consumidor; com a fruição, os prejuízos que o desistente ou ina-
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamen- dimplente causar ao grupo.
te, variação do preço de maneira unilateral; § 3º Os contratos de que trata o caput deste artigo
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato serão expressos em moeda corrente nacional.
unilateralmente, sem que igual direito seja conferi-
do ao consumidor; Em síntese, as cláusulas abusivas são todas aque-
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos las que vão de encontro à proteção do CDC. Por essa
de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito
razão, o rol trazido pelo art. 51 é meramente exempli-
lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilate- ficativo. A consequência para uma cláusula abusiva é
ralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, a sua nulidade, de modo a conservar o negócio jurídi-
após sua celebração; co, mas declarar nula a cláusula, retirando-a da rela-
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de nor- ção contratual e garantindo a manutenção dos demais
438 mas ambientais; termos, salvo impossibilidade.
A nulidade da cláusula abusiva, por ser de pleno Das Sanções Administrativas
direito, pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, salvo
em casos de contratos bancários. Nesse caso, aplica-se Os arts. 55 a 60 tratam do poder de polícia, ou
a Súmula nº 381 do Superior Tribunal de Justiça: “Nos seja, da função administrativa para promover o inte-
contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de resse comum por meio da atividade estatal de disci-
ofício, da abusividade das cláusulas”. plinar e restringir determinadas ações. Vejamos os
O art. 54, por sua vez, disciplina os contratos de dispositivos:
adesão:
Art. 55 A União, os Estados e o Distrito Federal, em
Art. 54 Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de
tenham sido aprovadas pela autoridade competen- atuação administrativa, baixarão normas relativas
te ou estabelecidas unilateralmente pelo fornece- à produção, industrialização, distribuição e consu-
dor de produtos ou serviços, sem que o consumidor mo de produtos e serviços.
possa discutir ou modificar substancialmente seu § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
conteúdo. Municípios fiscalizarão e controlarão a produ-
§ 1º A inserção de cláusula no formulário não desfi- ção, industrialização, distribuição, a publicidade
gura a natureza de adesão do contrato. de produtos e serviços e o mercado de consumo,
§ 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusu- no interesse da preservação da vida, da saúde,
la resolutória, desde que a alternativa, cabendo a da segurança, da informação e do bem-estar do
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto consumidor, baixando as normas que se fizerem
no § 2º do artigo anterior. necessárias.
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigi- § 2º (Vetado).
dos em termos claros e com caracteres ostensivos e § 3º Os órgãos federais, estaduais, do Distrito
legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao Federal e municipais com atribuições para fiscali-
corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão zar e controlar o mercado de consumo manterão
pelo consumidor. comissões permanentes para elaboração, revisão
§ 4º As cláusulas que implicarem limitação de direi- e atualização das normas referidas no § 1º, sen-
to do consumidor deverão ser redigidas com desta- do obrigatória a participação dos consumidores e
que, permitindo sua imediata e fácil compreensão. fornecedores.
§ 5º (Vetado) § 4º Os órgãos oficiais poderão expedir notificações
aos fornecedores para que, sob pena de desobediên-
O contrato de adesão é uma das modalidades de cia, prestem informações sobre questões de interesse
comercialização e comunicação em massa. Trata-se do consumidor, resguardado o segredo industrial.
do instrumento colocado à disposição pelo fornecedor
para conferir agilidade às transações comerciais, ou O art. 55 trata do poder de regulamentação e
seja, negócios jurídicos em larga escala, por meio de fiscalização. De acordo com o caput do dispositivo,
estipulações uniformes e sem a possibilidade de nego- compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal,
ciação por parte do consumidor, como, por exemplo, de modo concorrente, elaborar as normas relativas
nos contratos bancários, contratos de seguro, contra- à produção, industrialização, distribuição e ao con-
tos de planos de saúde. O conceito de contrato de ade- sumo de produtos e serviços. Por se tratar de compe-
são é trazido no art. 54 do CDC. tência “conjunta”, a União deve cuidar das normas de
Características do contrato de adesão: caráter geral, isto é, aplicadas a todo o país, reservan-
do aos Estados e ao Distrito Federal as normas de inte-
z Predeterminação: o consumidor não participa da resse regional.
composição das cláusulas do contrato, pois são pre- O Brasil é uma federação, o que significa dizer
viamente estabelecidas pelo fornecedor ou pela auto- que existe uma divisão interna do poder. A CF, de
ridade competente; 1988 estabeleceu como seus entes federativos a União
z Uniformidade: não possui variação significativa Federal, os Estados-Membros, o Distrito Federal e os
de um contrato para outro; Municípios, cada qual com autonomia e discriciona-
z Rigidez contratual: é estável. riedade, além de possibilidade de se organizarem e
legislarem. Deste modo, compete à União estabelecer
Cumpre salientar que, nos termos do § 1º do art. as regras do Estado brasileiro como um todo, tendo
54, a mera inserção de cláusula não tem o condão de como parâmetro a CF, de 1988. Se à União cabem as
descaracterizar o contrato de adesão. Assim sendo, diretrizes de âmbito nacional, aos Estados compete
pequenas modificações não são capazes de retirar seu traçar as normas regionais; ao Distrito Federal, regras
DEFESA DO CONSUMIDOR

caráter de adesão. distritais e os Municípios, as regras locais.


O § 2º, por sua vez, estabelece a possibilidade de Já o § 1º do art. 55 estabelece que os entes da fede-
cláusula resolutória no contrato de adesão, desde que ração, além de criar normas sobre as relações de
alternativa e a escolha seja do consumidor. consumo, exercerão seu poder de polícia para fiscali-
O § 3º trata das regras aplicadas aos contratos zação e controle da produção, industrialização, distri-
de adesão, que são redação em termos claros e com buição, publicidade de produtos e serviços e mercado
caracteres ostensivos e legíveis e tamanho da fonte de consumo. O objetivo da atividade estatal é preser-
não inferior ao corpo 12. var os direitos básicos do consumidor, ou seja, sua
Por fim, é possível nos contratos de adesão a pre- vida, saúde, segurança, informação e bem-estar.
visão de cláusulas restritivas de direitos do consu- O § 3º trata da atribuição de fiscalização e controle
midor. No entanto, estas devem constar de maneira do mercado de consumo. Por essa razão, o dispositivo
compreensível e de fácil percepção ao consumidor. estabelece que os entes da federação deverão manter
comissões permanentes para elaboração, revisão e
atualização das normas regulatórias. 439
No entanto, para que essa atividade seja efetiva, Quanto aos arts. 57 a 60, eles estabelecem a forma
estabelece, ainda, a composição de tais comissões. de aplicação de cada uma das sanções administrativas:
Assim, será obrigatória a participação tanto dos con-
sumidores quanto dos fornecedores, para que os dois Art. 57 A pena de multa, graduada de acordo com
lados da relação de consumo possam tratar de seus a gravidade da infração, a vantagem auferida e a
interesses. condição econômica do fornecedor, será aplicada
Por fim, o § 4º do art. 55 dispõe acerca da possibili- mediante procedimento administrativo, revertendo
para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
dade de notificação dos fornecedores, para que estes
julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para
prestem informações sobre questões de interesse do
os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao
consumidor, resguardado o segredo industrial. consumidor nos demais casos.
Parágrafo único. A multa será em montante não
Art. 56 As infrações das normas de defesa do con- inferior a duzentas e não superior a três milhões de
sumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguin- vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir),
tes sanções administrativas, sem prejuízo das de ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
natureza civil, penal e das definidas em normas Art. 58 As penas de apreensão, de inutilização de
específicas: produtos, de proibição de fabricação de produtos,
I - multa; de suspensão do fornecimento de produto ou servi-
II - apreensão do produto; ço, de cassação do registro do produto e revogação
III - inutilização do produto; da concessão ou permissão de uso serão aplicadas
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão pela administração, mediante procedimento admi-
competente; nistrativo, assegurada ampla defesa, quando forem
V - proibição de fabricação do produto; constatados vícios de quantidade ou de qualidade
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou por inadequação ou insegurança do produto ou
serviço; serviço.
VII - suspensão temporária de atividade; Art. 59 As penas de cassação de alvará de licença,
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; de interdição e de suspensão temporária da ativi-
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de dade, bem como a de intervenção administrativa,
atividade; serão aplicadas mediante procedimento adminis-
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, trativo, assegurada ampla defesa, quando o forne-
de obra ou de atividade; cedor reincidir na prática das infrações de maior
XI - intervenção administrativa; gravidade previstas neste código e na legislação de
XII - imposição de contrapropaganda. consumo.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo § 1º A pena de cassação da concessão será aplicada
serão aplicadas pela autoridade administrativa, à concessionária de serviço público, quando violar
no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplica- obrigação legal ou contratual.
das cumulativamente, inclusive por medida cau- § 2º A pena de intervenção administrativa será
telar, antecedente ou incidente de procedimento aplicada sempre que as circunstâncias de fato desa-
administrativo. conselharem a cassação de licença, a interdição ou
suspensão da atividade.
§ 3º Pendendo ação judicial na qual se discuta
O art., 56, por sua vez, trata das sanções admi- a imposição de penalidade administrativa, não
nistrativas. Observa-se que são três as espécies de haverá reincidência até o trânsito em julgado da
sanções: sentença.
Art. 60 A imposição de contrapropaganda será
z Sanções pecuniárias: Multas que decorrem do não cominada quando o fornecedor incorrer na prática
adimplemento dos deveres relativos ao consumo; de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do
z Sanções objetivas ou reais (incidem no produ- art. 36 e seus §, sempre às expensas do infrator.
to ou serviço): Apreensão, inutilização do pro- § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo res-
duto, cassação do registro do produto, proibição ponsável da mesma forma, freqüência e dimensão
de fabricação e suspensão de fornecimento de e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espa-
ço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício
produtos/serviços;
da publicidade enganosa ou abusiva.
z Sanções subjetivas (vinculadas à atividade): In-
terdição, total ou parcial, de estabelecimento, de
obra ou atividade; suspensão temporária da ati-
vidade; revogação de concessão ou permissão de
uso; cassação de licença do estabelecimento ou de DECRETO LEI Nº 6.523, DE 2008, QUE
atividade; intervenção administrativa; imposição REGULAMENTA A LEI Nº 8.078, DE
de contrapropaganda, entre outros. 1990
O parágrafo único do art. 56 trata da responsabi- O referido decreto regulamenta a Lei n° 8.078, de
lidade administrativa do fornecedor. Ele estabelece 11 de setembro de 1990, e fixa normas gerais sobre o
que tais sanções serão aplicadas pela autoridade admi- Serviço de atendimento ao consumidor (SAC) por tele-
nistrativa em conformidade com sua atribuição. Essas fone, no âmbito dos fornecedores de serviços regula-
sanções podem ser aplicadas cumulativamente ou não. dos pelo Poder Público Federal, com observância dos
Podem, também, ser aplicadas de maneira antecedente direitos básicos do consumidor de obter informação
ou incidente no procedimento administrativo. adequada e clara sobre os serviços que contratar e,
Além da responsabilidade administrativa, o forne- também, de manter-se protegido contra práticas abu-
cedor poderá responder tanto civilmente como penal- sivas, ou ilegais, impostas no fornecimento desses ser-
440 mente por seus atos. viços (art. 1°).
DO ÂMBITO DA APLICAÇÃO O atendente, para exercer suas funções no SAC,
deve ser capacitado com as habilidades técnicas e
À luz do disposto no art. 2º, do Decreto n° 6.523, procedimentais necessárias para realizar o adequado
de 2008, compreende-se, por SAC, o serviço de aten- atendimento ao consumidor, em linguagem clara, nos
dimento telefônico das prestadoras de serviços regu- termos do que alude o art. 9°.
lados, cuja finalidade é auxiliar os consumidores, No que se refere à transferência de ligação para
concedendo-lhes informações, ouvindo suas dúvidas, resolução da reclamação, ou até mesmo para cancela-
reclamações, e, também, realizando suspensão, ou mento de serviços, observemos o que dispõe o art. 10:
cancelamento, de contratos e serviços.
Nos termos do que determina o parágrafo único, Art.  10 Ressalvados os casos de reclamação e de
do art. 2°, do referido Decreto, excluem-se, do âmbito cancelamento de serviços, o SAC garantirá a trans-
de aplicação deste decreto, a oferta e a contratação de ferência imediata ao setor competente para aten-
produtos e serviços realizados por telefone. dimento definitivo da demanda, caso o primeiro
atendente não tenha essa atribuição. 
DA ACESSIBILIDADE DO SERVIÇO § 1º A transferência dessa ligação será efetivada em
até sessenta segundos. 
Quanto à acessibilidade ao serviço, observemos o §  2º  Nos casos de reclamação e cancelamento de
disposto nos arts. 3° a 7°, do Decreto: serviço, não será admitida a transferência da liga-
ção, devendo todos os atendentes possuir atribui-
Art.  3ºAs ligações para o SAC serão gratuitas e o ções para executar essas funções. 
atendimento das solicitações e demandas previs- §  3º  O sistema informatizado garantirá ao aten-
to neste Decreto não deverá resultar em qualquer dente o acesso ao histórico de demandas do
ônus para o consumidor.  consumidor. 
Art.  4º  O SAC garantirá ao consumidor, no pri- Art.  11  Os dados pessoais do consumidor serão
meiro menu eletrônico, as opções de contato com preservados, mantidos em sigilo e utilizados exclu-
o atendente, de reclamação e de cancelamento de sivamente para os fins do atendimento. 
contratos e serviços.  Art.  12  É vedado solicitar a repetição da deman-
§  1º  A opção de contatar o atendimento pes- da do consumidor após seu registro pelo primeiro
soal constará de todas as subdivisões do menu atendente. 
eletrônico.  Art. 13  O sistema informatizado deve ser progra-
§ 2º O consumidor não terá a sua ligação finalizada mado tecnicamente de modo a garantir a agilida-
pelo fornecedor antes da conclusão do atendimento.  de, a segurança das informações e o respeito ao
§  3º  O acesso inicial ao atendente não será con- consumidor. 
dicionado ao prévio fornecimento de dados pelo Art. 14 É vedada a veiculação de mensagens publi-
consumidor.  citárias durante o tempo de espera para o atendi-
§  4º  Regulamentação específica tratará do tempo mento, salvo se houver prévio consentimento do
máximo necessário para o contato direto com o consumidor. 
atendente, quando essa opção for selecionada.  
Art.  5º  O SAC estará disponível, ininterruptamen- DO ACOMPANHAMENTO DE DEMANDAS 
te, durante vinte e quatro horas por dia e sete dias
por semana, ressalvado o disposto em normas O consumidor também terá direito ao acompanha-
específicas.  mento da demanda, para solução de seus problemas,
Art. 6º O acesso das pessoas com deficiência audi- por meio de registros numéricos. A regulamentação
tiva ou de fala será garantido pelo SAC, em caráter está elencada nos arts. 15 a 16, do respectivo Decreto:
preferencial, facultado à empresa atribuir número
telefônico específico para este fim. 
Art.  15  Será permitido o acompanhamento pelo
Art.  7º  O número do SAC constará de forma cla-
consumidor de todas as suas demandas por meio
ra e objetiva em todos os documentos e materiais
de registro numérico, que lhe será informado no iní-
impressos entregues ao consumidor no momento
cio do atendimento. 
da contratação do serviço e durante o seu forneci-
§ 1º Para fins do disposto no caput, será utilizada
mento, bem como na página eletrônica da empresa
seqüência numérica única para identificar todos os
na INTERNET.
atendimentos. 
Parágrafo  único.    No caso de empresa ou grupo
§ 2º O registro numérico, com data, hora e objeto da
empresarial que oferte serviços conjuntamente,
demanda, será informado ao consumidor e, se por
será garantido ao consumidor o acesso, ainda que
DEFESA DO CONSUMIDOR

este solicitado, enviado por correspondência ou por


por meio de diversos números de telefone, a canal
meio eletrônico, a critério do consumidor. 
único que possibilite o atendimento de demanda
§ 3º É obrigatória a manutenção da gravação das
relativa a qualquer um dos serviços oferecidos. 
chamadas efetuadas para o SAC, pelo prazo míni-
mo de noventa dias, durante o qual o consumidor
DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO poderá requerer acesso ao seu conteúdo. 
§ 4º O registro eletrônico do atendimento será man-
O SAC deverá obedecer a alguns princípios, confor- tido à disposição do consumidor e do órgão ou enti-
me determina o art. 8°, do referido decreto. Vejamos: dade fiscalizadora por um período mínimo de dois
anos após a solução da demanda. 
Art. 8º O SAC obedecerá aos princípios da dignida- Art. 16 O consumidor terá direito de acesso ao con-
de, boa-fé, transparência, eficiência, eficácia, celeri- teúdo do histórico de suas demandas, que lhe será
dade e cordialidade.  enviado, quando solicitado, no prazo máximo de
setenta e duas horas, por correspondência ou por
meio eletrônico, a seu critério.   441
DO PROCEDIMENTO PARA A RESOLUÇÃO DE VII - suspensão temporária de atividade;
DEMANDAS  VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de
Quanto ao prazo para a resolução das demandas, atividade;
alude o art. 17: X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento,
de obra ou de atividade;
Art.  17  As informações solicitadas pelo consumi- XI - intervenção administrativa
dor serão prestadas imediatamente e suas recla- XII - imposição de contrapropaganda.
mações, resolvidas no prazo máximo de cinco dias Art. 20 Os órgãos competentes, quando necessário,
úteis a contar do registro.  
expedirão normas complementares e específicas
§ 1º O consumidor será informado sobre a resolução
para execução do disposto neste Decreto.
de sua demanda e, sempre que solicitar, ser-lhe-á
Art.  21  Os direitos previstos neste Decreto não
enviada a comprovação pertinente por correspon-
dência ou por meio eletrônico, a seu critério.  excluem outros, decorrentes de regulamentações
§ 2º A resposta do fornecedor será clara e objetiva expedidas pelos órgãos e entidades reguladores,
e deverá abordar todos os pontos da demanda do desde que mais benéficos para o consumidor.
consumidor. 
§  3º  Quando a demanda versar sobre serviço não
solicitado ou cobrança indevida, a cobrança será
suspensa imediatamente, salvo se o fornecedor
indicar o instrumento por meio do qual o serviço
RESOLUÇÃO CMN Nº 4.949, DE 2021
foi contratado e comprovar que o valor é efetiva-
mente devido.  Inicialmente, cabe destacar que o Banco Central
do Brasil – BACEN –, de acordo com o seu endereço
DO PEDIDO DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO  eletrônico institucional, é o guardião dos valores do
Brasil. Ele constitui uma autarquia de natureza espe-
O Decreto n° 6.523, de 2008, em seu art. 18, tam- cial criada pela Lei nº 4.595, de 1964 e com autonomia
bém assegura, ao consumidor, o cancelamento do res- estabelecida pela Lei Complementar nº 179, de 2021.
pectivo serviço contratado. Como o BACEN é uma autarquia, pode-se dizer que
ela possui autonomia nas suas funções, não sendo
Art. 18 O SAC receberá e processará imediatamen- subordinada a nenhum outro órgão público. Ela pos-
te o pedido de cancelamento de serviço feito pelo sui diversas atribuições, como a de responsabilidade
consumidor. 
pela estabilidade da economia brasileira e a de regula-
§  1º  O pedido de cancelamento será permitido e
assegurado ao consumidor por todos os meios dis- mentação do sistema financeiro brasileiro4.
poníveis para a contratação do serviço.  A Resolução em estudo dispõe acerca dos princí-
§ 2º Os efeitos do cancelamento serão imediatos à pios e procedimentos a serem adotados no relacio-
solicitação do consumidor, ainda que o seu proces- namento entre clientes e usuários de produtos e de
samento técnico necessite de prazo, e independe de serviços financeiros, sendo, por isso, de suma impor-
seu adimplemento contratual.  tância para o concurso almejado. Para o estudo dela, é
§  3º  O comprovante do pedido de cancelamento bom que o leitor tenha contato com a legislação pura,
será expedido por correspondência ou por meio
pois as bancas costumam cobrar a literalidade da lei.
eletrônico, a critério do consumidor. 
O art. 1º, da Resolução nº 4.949, de 2016, dispõe
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS  sobre o relacionamento entre clientes e usuários.
Vejamos:
Art.  19  A inobservância das condutas descritas
neste Decreto ensejará aplicação das sanções pre- Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre princípios e
vistas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990, sem pre- procedimentos a serem adotados no relacionamen-
juízo das constantes dos regulamentos específicos to com clientes e usuários de produtos e de serviços
dos órgãos e entidades reguladoras. pelas instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Atenção: Vejamos quais são as infrações dispostas Brasil.
no art. 56, da Lei n° 8.078, de 1990: § 1º O disposto nesta Resolução não se aplica às
administradoras de consórcio e às instituições de
Art. 56 As infrações das normas de defesa do con- pagamento, que devem seguir as normas editadas
sumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguin- pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua
tes sanções administrativas, sem prejuízo das de competência legal.
natureza civil, penal e das definidas em normas § 2º Para efeito desta Resolução, o relacionamento
específicas: com clientes e usuários abrange as fases de pré-
I - multa; -contratação, de contratação e de pós-contratação
II - apreensão do produto; de produtos e de serviços.
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão
competente; Pela leitura do dispositivo, podemos identificar
V - proibição de fabricação do produto; que a Resolução estipula que a relação entre clientes e
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou usuários deve ser pautada em princípios norteadores
serviço; que estão dispostos no art. 2º dessa Resolução.
4 BONA, André. BACEN: o que é e o que faz o Banco Central do Brasil? Disponível em: https://andrebona.com.br/bacen-o-que-e-e-o-que-faz-o-
442 banco-central-do-brasil/. Acesso em: 24 jun. 2021.
Vejamos: serviço de pagamento envolver instituições partici-
pantes de diferentes arranjos de pagamento;
Art. 2º As instituições de que trata o art. 1º, no rela- VI - encaminhamento de instrumento de pagamen-
cionamento com clientes e usuários de produtos e to ao domicílio do cliente ou usuário ou a sua habi-
de serviços, devem conduzir suas atividades com litação somente em decorrência de sua expressa
observância de princípios de ética, responsabili- solicitação ou autorização; e
VII - tempestividade e inexistência de barreiras, cri-
dade, transparência e diligência, propiciando
térios ou procedimentos desarrazoados para:
a convergência de interesses e a consolidação de
a) o atendimento a demandas de clientes e usuá-
imagem institucional de credibilidade, segurança rios, incluindo o fornecimento de contratos, reci-
e competência. bos, extratos, comprovantes e outros documentos e
informações relativos a operações e a serviços;
Ética b) a extinção da relação contratual relativa a pro-
dutos e serviços, incluindo o cancelamento de con-
tratos; e
Responsabilidade c) a transferência de relacionamento para outra
instituição, se aplicável.
Transparência
Princípios

Por sua vez, o art. 5º dispõe sobre atendimento


presencial a clientes ou usuários:
Diligência
Art. 5º É vedado às instituições referidas no art. 1º
Segurança impedir o acesso, recusar, dificultar ou impor res-
trição ao atendimento presencial em suas depen-
dências, inclusive em guichês de caixa, a clientes ou
Competência usuários de produtos e de serviços, mesmo quando
disponível o atendimento em outros canais.
§ 1º O disposto no caput não se aplica:
Não obstante à necessidade de observação dos I - aos serviços de arrecadação ou de cobrança
princípios presentes no art. 2º, o art. 3º aponta outras prestados a terceiros, quando:
providências que devem ser observadas e garantidas. a) não houver contrato ou convênio para a sua
Vejamos: prestação celebrado entre a instituição financeira
e o ente beneficiário; ou
Art. 3º A observância do disposto no art. 2º requer,
b) o respectivo contrato ou convênio celebrado não
entre outras, as seguintes ações:
contemple o recebimento em guichê de caixa das
I - promover cultura organizacional que incenti-
dependências da instituição;
ve relacionamento cooperativo e equilibrado com
II - ao recebimento de boletos de pagamento padro-
clientes e usuários; e nizado pela regulamentação do Banco Central do
II - dispensar tratamento justo e equitativo a clien- Brasil emitidos fora do padrão, das especificações
tes e usuários, considerando seus perfis de relacio- ou dos requisitos vigentes para o instrumento;
namento e vulnerabilidades associadas. III - ao recebimento de documentos mediante paga-
mento por meio de cheque;
O art. 4º dispõe sobre os procedimentos de contra- IV - às instituições que não possuam dependências
tação e da prestação de serviços. Vejamos: ou às dependências de instituições sem guichês de
caixa;
Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º, na con- V - aos postos de atendimento instalados em recin-
tratação de operações e na prestação de serviços, to de órgão ou de entidade da Administração Públi-
devem assegurar:
ca ou de empresa privada com guichês de caixa,
I - adequação dos produtos e serviços ofertados ou
nos quais sejam prestados serviços do exclusivo
recomendados às necessidades, aos interesses e aos
interesse do respectivo órgão ou entidade e de
objetivos dos clientes e usuários;
seus servidores ou da respectiva empresa e de seus
II - integridade, conformidade, confiabilidade, segu-
empregados e administradores, conforme a regula-
rança e sigilo das transações realizadas, bem como
mentação específica sobre dependências; e
legitimidade das operações contratadas e dos ser-
viços prestados; VI - às situações excepcionais previstas na legisla-
III - prestação, de forma clara e precisa, das infor- ção ou na regulamentação específica.
mações necessárias à livre escolha e à tomada de § 2º Para fins do disposto no caput, é vedada a
decisões por parte de clientes e usuários, explicitan- imposição de restrições quanto à quantidade de
DEFESA DO CONSUMIDOR

do, inclusive, direitos e deveres, responsabilidades, documentos, de transações ou de operações por


custos ou ônus, penalidades e eventuais riscos exis- pessoa, bem como em relação a montante máximo
tentes na execução de operações e na prestação de ou mínimo a ser pago ou recebido ou ainda quan-
serviços; to à faculdade de o cliente ou o usuário optar por
IV - utilização de redação clara, objetiva e adequa- pagamentos em espécie, salvo as exceções previstas
da à natureza e à complexidade da operação ou na legislação ou na regulamentação específica.
do serviço, em contratos, recibos, extratos, com- § 3º As instituições de que trata o art. 1º devem
provantes e documentos destinados ao público, de divulgar em suas dependências e nas dependências
forma a permitir o entendimento do conteúdo e a dos correspondentes no País, em local visível e em
identificação de prazos, valores, encargos, multas, formato legível, as situações de que tratam os inci-
datas, locais e demais condições; sos II, III e V do § 1º.
V - identificação dos usuários finais beneficiários de § 4º O disposto neste artigo deve ser observado
pagamento ou transferência em demonstrativos e indistintamente em relação a clientes e a não clien-
extratos de contas de depósitos e contas de paga- tes, exceto pelas cooperativas de crédito, que devem
mento pré-paga, inclusive nas situações em que o observar o disposto no § 5º. 443
§ 5º As cooperativas de crédito devem informar em X - sistemática de cobrança em caso de inadimple-
suas dependências, em local visível e em formato mento de obrigações contratadas;
legível, se realizam atendimento a não associados XI - extinção da relação contratual relativa a pro-
e quais os serviços disponibilizados, assegurando dutos e serviços;
nesse caso as condições previstas neste artigo. XII - liquidação antecipada de dívidas ou de obri-
gações; e
O art. 6° trata da política institucional de relaciona- XIII - transferência de relacionamento para outra
mento com cliente e usuários. instituição.
§ 1º Com relação ao disposto nos incisos II e III do
Art. 6º As instituições de que trata o art. 1º devem caput, e em observância ao art. 4º, inciso I, as insti-
manter política institucional de relacionamento tuições devem estabelecer o perfil dos clientes que
com clientes e usuários que consolide diretrizes, compõem o público-alvo para os produtos e servi-
objetivos estratégicos e valores organizacionais, de ços disponibilizados, considerando suas caracterís-
forma a nortear a condução de suas atividades em ticas e complexidade.
conformidade com o disposto no art. 2º. § 2º O perfil referido no § 1º deve incluir informa-
§ 1º A política de que trata o caput deve: ções relevantes para cada produto ou serviço.
I - ser aprovada pelo conselho de administração ou, Art. 8º As instituições de que trata o art. 1º devem:
caso inexistente, pela diretoria da instituição; I - promover o equilíbrio das metas de resultados
II - ser objeto de avaliação periódica; e de incentivos associadas ao desempenho de fun-
III - definir papéis e responsabilidades no âmbito da cionários e de correspondentes no País com as
instituição; diretrizes e os valores organizacionais previstos na
IV - ser compatível com a natureza da instituição e
política institucional de que trata o art. 6º; e
com o perfil de clientes e usuários, bem como com
II - tratar adequadamente eventuais desvios rela-
as demais políticas instituídas;
cionados ao contido no inciso I.
V - prever programa de treinamento de emprega-
Art. 9º Em relação à política institucional de rela-
dos e prestadores de serviços que desempenhem
cionamento com clientes e usuários, as instituições
atividades afetas ao relacionamento com clientes e
usuários; de que trata o art. 1º devem instituir mecanismos
VI - prever a disseminação interna de suas dispo- de acompanhamento, de controle e de mitigação de
sições; e riscos com vistas a assegurar:
VII - ser formalizada em documento específico. I - a implementação das suas disposições;
§ 2º Admite-se que a política de que trata o caput II - o monitoramento do seu cumprimento, inclusive
seja unificada por: por meio de métricas e indicadores adequados;
I - conglomerado; ou III - a avaliação da sua efetividade; e
II - sistema cooperativo de crédito. IV - a identificação e a correção de eventuais
§ 3º As instituições que não constituírem política deficiências.
própria em decorrência da faculdade prevista no § § 1º Os mecanismos de que trata o caput devem
2º devem formalizar a decisão em reunião do con- ser submetidos a testes periódicos pela auditoria
selho de administração ou da diretoria. interna, consistentes com os controles internos da
§ 4º O documento de que trata o inciso VII do § 1º instituição.
deve ser mantido à disposição do Banco Central do § 2º Os dados, os registros e as informações relati-
Brasil. vas aos mecanismos de controle, processos, testes e
trilhas de auditoria devem ser mantidos à disposi-
O gerenciamento da Política Institucional de Rela- ção do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo
cionamento com Clientes e Usuários é regulamento de cinco anos.
pelos arts. 7°, 8° e 9°, da referida Resolução, vejamos:
Para que haja fiscalização do cumprimento das
Art. 7º As instituições de que trata o art. 1º devem normas e diretrizes principiológicas estabelecidas por
assegurar a consistência de rotinas e de procedi- essa Resolução, o art. 10 destaca que deverá ser indi-
mentos operacionais afetos ao relacionamento cado um diretor responsável pela observância dos
com clientes e usuários, bem como sua adequação à
dispositivos dessa Resolução.
política institucional de relacionamento de que tra-
ta o art. 6º, inclusive quanto aos seguintes aspectos:
I - identificação e qualificação de clientes e de Art. 10 As instituições de que trata o art. 1º devem
usuários para fins de início e manutenção de indicar ao Banco Central do Brasil diretor respon-
relacionamento; sável pelo cumprimento das obrigações previstas
II - concepção de produtos e de serviços; nesta Resolução.
III - oferta, recomendação, contratação ou distri- Art. 11 O Banco Central do Brasil poderá adotar
buição de produtos ou serviços; medidas complementares necessárias à execução
IV - requisitos de segurança afetos a produtos e a do disposto nesta Resolução.
serviços;
V - cobrança de tarifas em decorrência da presta-
ção de serviços;
VI - divulgação e publicidade de produtos e de
HORA DE PRATICAR!
serviços;
1. (IADES — 2019) De acordo com o Código de Defesa do
VII - coleta, tratamento e manutenção de informa-
ções dos clientes em bases de dados; Consumidor, acerca da Política Nacional de Relações
VIII - gestão do atendimento prestado a clientes de Consumo, dos direitos básicos do consumidor,
e usuários, inclusive o registro e o tratamento de da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e
demandas reparação de danos, nas relações de consumo, assi-
444 IX - mediação de conflitos; nale a alternativa correta.
a) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado 4. (IADES — 2018) Com relação às relações de consumo
de consumo, com ou sem remuneração, inclusive as disciplinadas no Código de Defesa do Consumidor e
de natureza bancária, financeira, de crédito e securi- ao empresário, assinale a alternativa correta.
tária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista. a) A pessoa jurídica de direito público e a integrante dos
b) Um dos princípios que embasam a Política Nacional serviços sociais autônomos não são consideradas
de Consumo é o da racionalização e melhoria dos ser- fornecedores, de modo que possuem imunidade ante
viços públicos. o consumidor.
c) A garantia legal de adequação do produto ou serviço b) A pessoa jurídica que adquire ou utiliza produto
depende de termo expresso, vedada a exoneração ou serviço como destinatária final é considerada
contratual do fornecedor. consumidor.
d) O prazo decadencial dos vícios aparentes se inicia da c) A pessoa jurídica de direito público não se submete
ciência do vício pelo(a) consumidor(a). às disposições do Código de Defesa do Consumidor,
e) O serviço é considerado defeituoso pela adoção de e os litígios que a envolvam deverão ser tratados nos
novas técnicas. termos da lei civil.
d) Uma empresa não poderá litigar com outra invocan-
2. (IADES — 2019) Conforme o Código de Defesa do Con- do o Código de Defesa do Consumidor, sob pena de
sumidor, acerca da natureza, das regras e dos princí- ofensa ao princípio da hipossuficiência técnica e
pios que regem as relações de consumo e dos direitos econômica.
básicos do consumidor, daqueles(as) que integram as e) Em litígios que envolvam relações de consumo, a
relações de consumo, assinale a alternativa correta. personalidade jurídica da sociedade não poderá ser
desconsiderada, sob pena de ofensa ao princípio da
a) O Código de Defesa do Consumidor estabelece enun- preservação da empresa.
ciados normativos de proteção e de defesa do con-
sumidor, enquadrados como de ordem privada e de 5. (IADES — 2017) De acordo com a Lei nº 8.078/1990, no
interesse social. que se refere à qualidade de produtos e serviços, à pre-
b) Consumidor é toda pessoa humana que adquire ou uti- venção e à reparação dos danos, assim como à proteção
liza produto ou serviço como destinatário final. à saúde e à segurança, assinale a alternativa correta.
c) O Código de Defesa do Consumidor apresenta, de
forma expressa, como um dos direitos básicos do(a) a) Não constitui como direito básico do consumidor
consumidor(a) a efetiva reparação de danos mate- a proteção da vida, da saúde e da segurança contra
riais, extramateriais, individuais, coletivos e difusos, os riscos provocados por práticas no fornecimento
sem prever expressamente a efetiva prevenção de de produtos e serviços considerados perigosos ou
danos materiais, extramateriais, individuais, coletivos nocivos.
e difusos. b) Os produtos e os serviços colocados no mercado de
d) Todo(a) aquele(a) que seja enquadrado(a) como con- consumo não acarretarão riscos à saúde ou à segu-
sumidor(a) possui vulnerabilidade em relação ao (à) rança dos consumidores, exceto os considerados nor-
fornecedor(a) nas relações de consumo. mais e previsíveis em decorrência de sua natureza e
e) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo fruição, não se obrigando os fornecedores, em qual-
em favor do(a) consumidor(a) será admitida quando, quer hipótese, a dar as informações necessárias e
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando adequadas a respeito desses produtos e serviços. Em
o(a) consumidor(a) for vulnerável, segundo as regras se tratando de produto industrial, ao fabricante não
ordinárias de experiências. cabe prestar informações.
c) O fornecedor de produtos e serviços potencialmente
3. (IADES — 2018) A Lei Federal no 8.078/1990, que nocivos ou perigosos à saúde ou à segurança deverá
instituiu o Código de Defesa do Consumidor (CDC), é informar, de maneira ostensiva e adequada, a respei-
considerada uma legislação bastante avançada, e tem to da nocividade ou da periculosidade, com prejuízo
por objetivo o atendimento das necessidades dos con- da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso
sumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segu- concreto.
rança, a proteção de seus interesses econômicos, a d) Os anúncios publicitários de produto ou serviço que se
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a trans- sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocivi-
parência e harmonia das relações de consumo. Com dade ou periculosidade à saúde ou à segurança serão
base nas disposições do CDC, assinale a alternativa veiculados na imprensa, no rádio e na televisão, às
correta. expensas do fornecedor do produto ou serviço. Mes-
DEFESA DO CONSUMIDOR

mo que tiverem conhecimento da periculosidade de


a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que produtos ou serviços à saúde ou à segurança dos
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatá- consumidores, a União, os estados, o Distrito Federal
rio final. e os municípios não têm obrigação de informá-los a
b) A coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, respeito.
que haja intervindo nas relações de consumo, não e) O fornecedor não poderá colocar no mercado de con-
pode ser equiparada como consumidor. sumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber
c) O bem imaterial não é considerado produto. apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à
d) As atividades de natureza bancária e securitária estão saúde ou à segurança. O fornecedor de produtos e ser-
excluídas da incidência do CDC, pois não são conside- viços que, posteriormente à sua introdução no merca-
radas serviços de consumo e são regulamentadas por do de consumo, tiver conhecimento da periculosidade
leis especiais. que apresentam deverá comunicar o fato imediata-
e) A pessoa jurídica estrangeira não pode ser considera- mente às autoridades competentes e aos consumido-
da fornecedora de serviços. res, mediante anúncios publicitários.
445
6. (IADES — 2018) acordo com a Lei n° 8.078/1990, se
o vício de um produto não for sanado ou reparado no
prazo máximo de 30 dias, o consumidor pode

a) negociar, obrigatoriamente no prazo de sete dias, a


substituição do produto por um outro qualquer, à esco-
lha do fornecedor, em perfeitas condições de uso.
b) exigir, à escolha do fornecedor, somente a substitui-
ção por outro da mesma espécie ou a restituição da
quantia paga no prazo máximo de 30 dias, com prejuí-
zo de eventuais perdas e danos.
c) exigir a restituição imediata da quantia paga, moneta-
riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas
e danos.
d) negociar a restituição, no prazo máximo de 15 dias, da
quantia paga, sem atualização monetária, com prejuí-
zo de eventuais perdas e danos.
e) solicitar somente o abatimento proporcional do pre-
ço, cujo percentual será definido pelo fornecedor, com
prejuízo de eventuais perdas e danos.

9 GABARITO

1 B

2 D

3 A

4 B

5 E

6 C

ANOTAÇÕES

446

Você também pode gostar