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08/10/2021
Número: 0806736-40.2021.8.19.0008
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Belford Roxo
Última distribuição : 05/10/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cláusulas Abusivas, Cobrança de Quantia Indevida, Cobrança Indevida Telefonia Fixa -
Plano de Franquia/serviço - Sem Solicitação do Usuário.
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PAULO HENRIQUE DOS SANTOS (AUTOR) DANIEL GUEDES RAMSCHEID (ADVOGADO)
OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL (RÉU)
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Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
76365 05/10/2021 14:00 PAULO HENRIQUE DOS SANTOS minuta da ação - Petição
29 Assinado
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ____________ - ESTADO DE ___________.
PRELIMINARMENTE
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3. Indica ainda que, em virtude de da pandemia atual de COVID-19, bem como
nas inúmeras tentativas de resolução extrajudicial, não vislumbramos a
possibilidade de auto composição, ao que se declara não haver interesse na
realização de audiência de conciliação.
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1. Dos fatos
No mais, quando o autor foi cancelar, a atendente disse que o mesmo teria que pagar
uma multa ABSURDA de R$935,72 (novecentos e trinta e cinco reais e setenta e dois
centavos), conforme em anexo a esta exordial.
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2. Do direito
A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor define de forma cristalina
que são equiparados a consumidores todas as vítimas do evento danoso ocasionado
pelas condutas negligentes de todo e qualquer fornecedor, nos termos dos arts. 14 e
17 do Código do Consumidor, senão vejamos:
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento.
Tendo sido cobrada multa de fidelização de forma indevida do autor, pois lhe foi
fornecido um serviço de péssima qualidade de internet distinto do que fora ofertado,
além do que lhe foi cobrado valor também divergente do prometido, indevida é
a cobrança.
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valor também divergente do prometido, indevida é a cobrança. 2. Tratando-se de
obrigação insubsistente, indevida é a inscrição em cadastro de inadimplentes
embasada em tal débito, restando patente o abalo de crédito e o dano moral, pois este
prescinde de prova específica. Trata-se de dano moral puro, decorrente da própria
conduta ilícita. 3. Quanto ao valor da indenização por danos morais, fixado em R$
4.650,00, não comporta redução, pois em conformidade aos critérios da
proporcionalidade e da razoabilidade, além de respeitar o parâmetro jurisprudencial
das Turmas Recursais.Sentença confirmada por seus próprios fundamentos.Recurso
improvido.
(TJ-RS - Recurso Cível: 71002354603 RS, Relator: Ricardo Torres Hermann, Data de
Julgamento: 25/03/2010, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação:
31/03/2010)
O que é a “fidelização”?
De acordo com a Resolução nº 632/2014 da ANATEL, a prática comercial de
fidelização se dá quando “A Prestadora pode oferecer benefícios ao Consumidor e, em
contrapartida, exigir que permaneça vinculado ao Contrato de Prestação do Serviço
por um prazo mínimo”.
Tais requisitos, por si só já fazem com que esta multa abusiva seja indevida e não
mais cobrada, pois houve claro desrespeito ao direito de informar ao consumidor na
hora da contratação bem como, da real velocidade da sua internet.
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O repasse de informações claras e adequadas sobre o serviço que está sendo
contratado constitui um direito do consumidor e um dever da empresa responsável
por esse serviço, consoante artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor
(CDC).
A publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor ao erro, e pode ser por
comissão ou omissão. A repressão da publicidade enganosa pelo Código de Defesa
do Consumidor é consequência imediata do princípio da veracidade da informação
publicitária albergado nos termos do caput do art. 37 da Lei n. 8.078/90.
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Na hipótese de não cumprimento da oferta feita em apresentação nesse Código,
oferece à escolha do consumidor as alternativas de exigir cumprimento forçado de
obrigação nas condições mencionadas, aceitar outro produto ou prestação de
serviço equivalente ou rescisão contratual, (que foi o que o autor tentou fazer),
garantindo direito à restituição de quantia paga e perdas e danos.
Por tudo exposto nesta exordial, fica claro que a exigência de uma multa se faz
indevida e totalmente desproporcional, bem como o direito do autor não só de ver
seu contrato cancelado sem qualquer fidelidade, como também um dano moral
pelo inconveniente e perda de tempo útil do mesmo via perdas e danos.
DO DANO MORAL
Em razão do abalo psíquico causado ao autor, que ficou revoltado ao saber que havia
surgido uma multa absurda de forma artificial em seu nome, por uma conduta
condenável da ré, é devido uma indenização por danos morais.
Não obstante a isso, também motiva o dever de indenizar da ré, o fato das cobranças
que agora o autor recebe por telefone e por carta e da absurda prática de inscrever
seu nome e CPF, no rol de maus pagadores.
Se não bastasse, a conduta praticada pela ré é ilícita, pois, se não ofende a boa-fé
contratual, se configura como conduta abusiva contra o autor em uma relação de
consumo.
Por isso, a ré deve ser condenada a pagar uma indenização por danos morais
ao autor, em vista que causou a ele, enorme constrangimento ao NÃO
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INFORMAR que os fatos aqui impugnados ocorreriam e que seriam cobrados
os valores constantes do débito que afirma existir.
Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe
seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na
solução de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.
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PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 20/02/2018, Publicado no DJE
23/02/2018).
Pois entende o artigo 186. Do Código Civil, que “ Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
E o artigo do mesmo diploma 927, que entende que “Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Por fim, o que ainda deve ser levado em consideração para a definição do valor da
indenização é o fato que a ré está no rol das empresas com maior índice de
reclamações do país, no Procon, o que é fato notório e ainda pertence a um dos
maiores conglomerados de comunicação do mundo, sendo uma empresa que fatura
bilhões de reais, fato que deve integrar o critério e fixação do valor da indenização.
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Da necessidade da inversão do ônus da prova
O artigo 6º, inciso VIII do CDC prevê a possibilidade da inversão do ônus probandi
quando for verossímil a alegação ou quando o autor for hipossuficiente.
Não só isso Exa., mas toda a prova encontra-se sob o poder da ré, pois detém as
gravações dos contatos telefônicos feitos, ou seja, é uma empresa que está sempre
preparada para documentar todos os negócios jurídicos realizados com seus
clientes, razão pela qual não poderia ser diferente em relação ao autor.
Em razão desses motivos, é de rigor que o ônus da prova seja invertido desde o início
do processo, já no despacho saneador, em vista da segurança que a situação impõe
na interpretação do referido instituto de direito que no caso em tela deve ser
deferido.
4. Considerações finais
Agora, com maior clareza, vimos que a ré ofendeu frontalmente os direitos básicos
do autor, quando criou um serviço mal prestado e uma fidelização imaginária com
multa elevadíssima para quem fosse cancelar, fazendo com que falhasse no dever de
informar e na prestação em si do serviço contratado.
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ainda pagar uma indenização pelos constrangimentos causados e já devidamente
narrados nesta petição.
5. Dos pedidos
A) a citação da empresa ré, para que responda aos termos da presente ação,
contestando-a, caso queira, no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto a
matéria de fato;
B) A inversão do ônus da prova, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor, em vista que se trata o caso, de evidente relação de consumo
e claramente ocorre um gritante desequilíbrio processual atinente à capacidade
técnica e financeira de produção de provas sobre os fatos;
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E) Da DISPENSA A REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO mesmo de
forma on line, pôr o autor não ter condições financeiras com fulcro no inciso VII
do art. 319. Também por motivos ligados a covid 19, bem como nas inúmeras
tentativas de resolução extrajudicial, não vislumbramos a possibilidade de
auto composição, ao que se declara não haver interesse na realização de audiência
de conciliação, requerendo o autor desde logo o prosseguimento com a citação do
réu para contestar na forma da lei e o julgamento do mérito;
Dá-se à causa, o valor de R$ 5.935, 79 (Cinco mil e novecentos e trinta e cinco reais
e setenta e nove centavos), para os fins de direito.
Nesses termos,
pede deferimento.
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