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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/10/2021

Número: 0806736-40.2021.8.19.0008
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Belford Roxo
Última distribuição : 05/10/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cláusulas Abusivas, Cobrança de Quantia Indevida, Cobrança Indevida Telefonia Fixa -
Plano de Franquia/serviço - Sem Solicitação do Usuário.
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PAULO HENRIQUE DOS SANTOS (AUTOR) DANIEL GUEDES RAMSCHEID (ADVOGADO)
OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
76365 05/10/2021 14:00 PAULO HENRIQUE DOS SANTOS minuta da ação - Petição
29 Assinado
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ____________ - ESTADO DE ___________.

PAULO HENRIQUE DOS SANTOS, casado, autônomo, com CPF, sob o n.


68336993720, RG sob o n. 080736614, residente em R VITORINO MONTEIRO SN LT
9 QD 23 NOVA AURORA / BELFORD ROXO, RJ CEP 26155-090, vem por seu
advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência
para, com fulcro no artigo 6º, 39 do Código de defesa do consumidor e demais
normas e princípios aplicáveis à hipótese, propor

AÇÃO ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO COM


PEDIDO DE DANOS MORAIS

em desfavor de (Empresa de telefonia móvel) OI MOVEL S.A. - EM RECUPERACAO


JUDICIAL, pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob o n. 05.423.963/0001, com filial mais
próxima do autor com sede na Av. Benjamin Pinto Dias, 1130 - Centro, Belford Roxo
- RJ, 26130-000, com telefone: (21) 3748-1056.

PRELIMINARMENTE

1. Preliminarmente, cabe indicar que a presente de ação encontra-se calcada


em relação de consumo, sendo, portanto, aplicável ao caso o artigo 101, I, do CDC,
que autoriza a propositura da presente ação no foro de domicílio da autora.

2. Por se tratar de ação de menor complexidade faz-se competente o juizado


especial cível para resolução do presente litígio nos termos do Art. 3°, I, da Lei n°
9.099.

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3. Indica ainda que, em virtude de da pandemia atual de COVID-19, bem como
nas inúmeras tentativas de resolução extrajudicial, não vislumbramos a
possibilidade de auto composição, ao que se declara não haver interesse na
realização de audiência de conciliação.

4. Ainda, em caráter preliminar, a autora pleiteia o benefício da justiça gratuita,


assegurado pelo artigo Art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, em virtude
da mesma não poder arcar com o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do seu sustento e de sua família.

5. Desta forma, declara a requerente não ter condições de arcar com as


despesas do processo, por esse motivo, requer lhe seja deferido os benefícios da
GRATUIDADE DA JUSTIÇA, nos termos do art. 5º LXXIV da Constituição Federal e
pelo art. 98 do NCPC, declaração que presta sob as penas da lei.

6. Ainda, devemos pontuar que, de acordo com a dicção do caput do artigo 98


do Código de Processo Civil, basta a afirmação de que não possui condições de arcar
com custas e honorários, sem prejuízo próprio e de sua família, para a concessão do
benefício, pelo que nos bastamos do texto da lei.

7. Frise-se que as normas legais mencionadas não exigem que os requerentes


da assistência judiciária sejam miseráveis para recebê-la, sob a forma de isenção de
custas, bastando que declarem a insuficiência de recursos para custear o processo,
ou, como reza a norma constitucional, que não estão em condições de pagar custas
do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, bem como as normas de
concessão do benefício não vedam tal benesse a quem o requeira através de
advogados particulares.

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1. Dos fatos

O autor recebeu uma ligação da empresa ré, com o oferecimento de um plano de


internet e foi orientado pela atendente na hora da contratação, que não haveria
fidelidade, podendo cancelar a qualquer momento e sem multa.

Já no primeiro mês o autor descobriu que tinha contraído um serviço de péssima


qualidade onde não fora entregado o que tinha sido acordado e vendido ao mesmo,
caracterizando aqui já uma propaganda enganosa.

No mais, quando o autor foi cancelar, a atendente disse que o mesmo teria que pagar
uma multa ABSURDA de R$935,72 (novecentos e trinta e cinco reais e setenta e dois
centavos), conforme em anexo a esta exordial.

Diante disso, a empresa ré OI s.a, negativou o nome e CPF do autor no SERASA,


trazendo diversos danos ao mesmo, que por ser pessoa simples e de poucas posses,
precisa do nome limpo, bem como, por sempre zelar pela boa fé e ser uma pessoa de
bem.

Seguem abaixo os protocolos:

Protocolo: 202100059972979, foi aberto em 13/04/2021 12:48:13

Protocolo: 202100059976413, foi aberto em 13/04/2021 12:52:51

Assim, o autor procura o amparo da tutela jurisdicional, para que, conforme a


legislação civil e consumerista, ao final seja declarada a inexistência de débito
apontado pela relação jurídica no que tange à contratação de um plano de consumo,
posteriormente ao fato da cobrança de multa feita evidentemente ilícita, o que
presume o dano moral.

Abaixo restará demonstrado, de forma capitulada, as razões que levam o autor a


promover a presente ação e os motivos que devem promover sua total procedência.

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2. Do direito

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor define de forma cristalina
que são equiparados a consumidores todas as vítimas do evento danoso ocasionado
pelas condutas negligentes de todo e qualquer fornecedor, nos termos dos arts. 14 e
17 do Código do Consumidor, senão vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento.

Pois bem, no presente caso o autor se enquadra como consumidor e nitidamente


estamos diante de conduta negligente por partes da Requerida ré, tendo em vista a
falta de cautela na prestação dos seus serviços ao emitirem cobranças indevidas de
uma suposta multa que não fora acertada entre as partes no momento da
contratação e não podendo chegar a este valor absurdo que está sendo cobrada.

Tendo sido cobrada multa de fidelização de forma indevida do autor, pois lhe foi
fornecido um serviço de péssima qualidade de internet distinto do que fora ofertado,
além do que lhe foi cobrado valor também divergente do prometido, indevida é
a cobrança.

Tratando-se de obrigação insubsistente, indevida é a inscrição em cadastro de


inadimplentes embasada em tal débito, restando patente o abalo de crédito e o dano
moral, pois este prescinde de prova específica. Trata-se de dano moral puro,
decorrente da própria conduta ilícita da empresa ré.

Conforme segue abaixo posicionamento do TJRS:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TELEFONIA MÓVEL. COBRANÇA


INDEVIDA DE MULTA DE FIDELIZAÇÃO. RESCISÃO CONTRATUAL MOTIVADA POR
DIVERGÊNCIA ENTRE A OFERTA REALIZADA E A PRESTAÇÃO APRESENTADA. 1.
Tendo sido cobrada multa de fidelização de forma indevida do autor, pois lhe foi
fornecido aparelho celular distinto do que fora ofertado, além do que lhe foi cobrado

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valor também divergente do prometido, indevida é a cobrança. 2. Tratando-se de
obrigação insubsistente, indevida é a inscrição em cadastro de inadimplentes
embasada em tal débito, restando patente o abalo de crédito e o dano moral, pois este
prescinde de prova específica. Trata-se de dano moral puro, decorrente da própria
conduta ilícita. 3. Quanto ao valor da indenização por danos morais, fixado em R$
4.650,00, não comporta redução, pois em conformidade aos critérios da
proporcionalidade e da razoabilidade, além de respeitar o parâmetro jurisprudencial
das Turmas Recursais.Sentença confirmada por seus próprios fundamentos.Recurso
improvido.

(TJ-RS - Recurso Cível: 71002354603 RS, Relator: Ricardo Torres Hermann, Data de
Julgamento: 25/03/2010, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação:
31/03/2010)

O que é a “fidelização”?
De acordo com a Resolução nº 632/2014 da ANATEL, a prática comercial de
fidelização se dá quando “A Prestadora pode oferecer benefícios ao Consumidor e, em
contrapartida, exigir que permaneça vinculado ao Contrato de Prestação do Serviço
por um prazo mínimo”.

DA MULTA INDEVIDA PELA FIDELIZAÇÃO

Não havendo nem a fidelização, e nem a ciência no momento da contratação


da mesma, fica configurado cobrança indevida e está multa, também ser indevida
quando a empresa descumprir o que fora ofertado ao consumidor (art. 58, §único
da Resolução 632/2014 da ANATEL).

No caso em tela, há AUSÊNCIA DE BENEFÍCIOS AO CONSUMIDOR ALÉM DE FALHA


NO SERVIÇO PRESTADO NO QUE TANGE AO DIREITO DE INFORMAÇÃO E DO
SERVIÇO SER MAU PRESTADO EM SÍ, não entregando a velocidade e a qualidade que
se esperava do mesmo.

Tais requisitos, por si só já fazem com que esta multa abusiva seja indevida e não
mais cobrada, pois houve claro desrespeito ao direito de informar ao consumidor na
hora da contratação bem como, da real velocidade da sua internet.

DA FALTA DE INFORMAÇÃO CLARA SOBRE A FIDELIZAÇÃO E A MULTA POR


CANCELAMENTO

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O repasse de informações claras e adequadas sobre o serviço que está sendo
contratado constitui um direito do consumidor e um dever da empresa responsável
por esse serviço, consoante artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor
(CDC).

Em decorrência dessa norma, só será devida a cobrança de multa de fidelidade se,


no ato da contratação, o cliente foi informado sobre a existência de prazo mínimo de
permanência e da penalidade em caso de cancelamento antecipado do serviço, ainda
que essas situações estejam previstas no contrato.

DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Se o serviço for prestado de forma inadequada ou fora dos termos do contrato,


o cliente poderá solicitar o cancelamento antes do término da fidelização sem
pagamento da multa, conforme artigo 58, parágrafo único, da Resolução nº
632/2014 da ANATEL.

Assim, se o usuário não estiver recebendo os benefícios ofertados pela empresa


ou se houver falha na prestação do serviço, como ausência de sinal, queda de
conexão, indisponibilidade do serviço na região onde mora, dentre outros
problemas, poderá cancelar o contrato sem a incidência da multa de quebra de
fidelidade.

DA PROPAGANDA ENGANOSA E O DEVER DE INFORMAR DO FORNECEDOR DE


SERVIÇOS NA VISÃO DO CDC

A publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor ao erro, e pode ser por
comissão ou omissão. A repressão da publicidade enganosa pelo Código de Defesa
do Consumidor é consequência imediata do princípio da veracidade da informação
publicitária albergado nos termos do caput do art. 37 da Lei n. 8.078/90.

Durante a oferta de produto ou serviço, o fornecedor deve deixar não só suas


características claras ao consumidor, como também “assegurar informações
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa”, devendo ainda
constar possíveis riscos à saúde e segurança de quem os faz uso, conforme o artigo
31° do Código de Defesa do Consumidor.

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Na hipótese de não cumprimento da oferta feita em apresentação nesse Código,
oferece à escolha do consumidor as alternativas de exigir cumprimento forçado de
obrigação nas condições mencionadas, aceitar outro produto ou prestação de
serviço equivalente ou rescisão contratual, (que foi o que o autor tentou fazer),
garantindo direito à restituição de quantia paga e perdas e danos.

Por tudo exposto nesta exordial, fica claro que a exigência de uma multa se faz
indevida e totalmente desproporcional, bem como o direito do autor não só de ver
seu contrato cancelado sem qualquer fidelidade, como também um dano moral
pelo inconveniente e perda de tempo útil do mesmo via perdas e danos.

DO DANO MORAL

Em razão do abalo psíquico causado ao autor, que ficou revoltado ao saber que havia
surgido uma multa absurda de forma artificial em seu nome, por uma conduta
condenável da ré, é devido uma indenização por danos morais.

Não obstante a isso, também motiva o dever de indenizar da ré, o fato das cobranças
que agora o autor recebe por telefone e por carta e da absurda prática de inscrever
seu nome e CPF, no rol de maus pagadores.

Se não bastasse, a conduta praticada pela ré é ilícita, pois, se não ofende a boa-fé
contratual, se configura como conduta abusiva contra o autor em uma relação de
consumo.

O autor se sentiu profundamente humilhado e enganado, pois combinou uma


situação e essa situação foi transformada ilicitamente pela ré.

A atitude da ré acabou por fazer que o nome do autor fosse parar de


abusivamente no cadastro de inadimplentes do SERASA, o que gera desconforto
constante ao longo do tempo, o que é inaceitável, ainda mais quando estamos
diante de uma situação tão esdrúxula.

Por isso, a ré deve ser condenada a pagar uma indenização por danos morais
ao autor, em vista que causou a ele, enorme constrangimento ao NÃO

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INFORMAR que os fatos aqui impugnados ocorreriam e que seriam cobrados
os valores constantes do débito que afirma existir.

O fato de ter sido “empurrado” um serviço ao autor também deve motivar a


condenação no pagamento de uma indenização, pois nesse fato tem a origem da
enganação, pois se não existisse esse fato, a cobrança indevida não existiria.

Levando em conta a gravidade do dano às funções pedagógica e punitiva do


instituto, a ré deve ser condenada ao pagamento de um valor que não seja suficiente
para enriquecer o autor, mas que não seja ínfimo a ponto de não atingir a
indenização, sua finalidade legal.

DO DANO PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL DO CONSUMIDOR

Este fato narrado acima, afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um


desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress.

Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe
seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na
solução de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

Vejamos o recente entendimento do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT)


sobre situação semelhante ao caso em tela, in verbis:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO NEGATIVA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS –


DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL – COBRANÇA INDEVIDA – CANCELAMENTO DO
PLANO CONTRATADO – REPETIÇÃO DO INDÉBITO – FALTA DE PAGAMENTO – DANO
MORAL CONFIGURADO – PERDA DO TEMPO ÚTIL - SITUAÇÃO QUE ULTRAPASSA O
MERO ABORRECIMENTO COTIDIANO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. [...] 2.
Não se pode jamais tolerar a conduta do fornecedor que, além de não ter cumprido o
contratado, comporta-se de modo omisso e indiferente, deixando de solucionar o
problema. 3. A cobrança por débito inexistente e o descaso desrespeitoso do fornecedor
para com o consumidor ao não lhe propiciar atendimento minimante adequado e
eficiente, são fatores que verdadeiramente transbordam a mera chateação decorrente
de um inadimplemento contratual, gerando também a frustração, ansiedade e
sentimento de ludibrio, aspectos que, por si só, bastam à caracterização do dano
extrapatrimonial. (N.U 0057869-87.2015.8.11.0041, JOÃO FERREIRA FILHO,

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PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 20/02/2018, Publicado no DJE
23/02/2018).

DA RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA RÉ

De acordo com o CDC, em seus artigos 12,13,14,18, 19 e 20, o fornecedor de


produtos ou serviços possui claramente responsabilidade objetiva, ou seja, deve
responder pelos prejuízos causados ao consumidor, independentemente da
existência de culpa.

Assim, em caso de reparação de dano, cabe ao consumidor demonstrar apenas o


prejuízo sofrido e o nexo de causalidade.

Pois entende o artigo 186. Do Código Civil, que “ Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

E o artigo do mesmo diploma 927, que entende que “Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

Desse modo, requer seja reconhecida a responsabilidade da empresa ré e o


dever de reparação do dano sofrido pelo Autor.

Por fim, o que ainda deve ser levado em consideração para a definição do valor da
indenização é o fato que a ré está no rol das empresas com maior índice de
reclamações do país, no Procon, o que é fato notório e ainda pertence a um dos
maiores conglomerados de comunicação do mundo, sendo uma empresa que fatura
bilhões de reais, fato que deve integrar o critério e fixação do valor da indenização.

Dentro desses parâmetros, Vossa Excelência deve arbitrar o quantum necessário


para que a indenização atinja seu fim legal, desde que não seja inferior a R$
5.000,00 (Cinco mil reais), valor que entende o autor, como mínimo para que se
sinta realmente compensado pelo sofrimento que passou e passa até hoje e para que
a ré dê atenção ao caso, atingindo as finalidades do instituto.

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Da necessidade da inversão do ônus da prova

O artigo 6º, inciso VIII do CDC prevê a possibilidade da inversão do ônus probandi
quando for verossímil a alegação ou quando o autor for hipossuficiente.

Sobre a verossimilhança das alegações, partimos do pressuposto que não haveria


como o autor inventar uma versão tão crível, a ponto de indicar datas, documentos
e fatos que são congruentes e que possuem nexo de causalidade.

Em relação à hipossuficiência, tal condição para a inversão do ônus da prova


também está presente, em vista que o autor é um simples profissional autônomo,
enquanto a ré é uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo,
notoriamente rica.

Não só isso Exa., mas toda a prova encontra-se sob o poder da ré, pois detém as
gravações dos contatos telefônicos feitos, ou seja, é uma empresa que está sempre
preparada para documentar todos os negócios jurídicos realizados com seus
clientes, razão pela qual não poderia ser diferente em relação ao autor.

Em razão desses motivos, é de rigor que o ônus da prova seja invertido desde o início
do processo, já no despacho saneador, em vista da segurança que a situação impõe
na interpretação do referido instituto de direito que no caso em tela deve ser
deferido.

4. Considerações finais

Agora, com maior clareza, vimos que a ré ofendeu frontalmente os direitos básicos
do autor, quando criou um serviço mal prestado e uma fidelização imaginária com
multa elevadíssima para quem fosse cancelar, fazendo com que falhasse no dever de
informar e na prestação em si do serviço contratado.

Os efeitos do comportamento da ré, além de gerarem a ira e do sentimento de


impotência do autor, lhe ameaçam, desde que soube da “dívida” que lhe é imposta,
o poder de realizar compras a prazo, colocando temores injustos em sua vida.

Ao não admitir o fim do contrato, a ré causou todo o constrangimento, o que não


pode prevalecer, razão pela qual deve ser condenado a cessar com a cobrança e

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ainda pagar uma indenização pelos constrangimentos causados e já devidamente
narrados nesta petição.

A dívida apontada pela ré e seu comportamento, então, restam totalmente


impugnados e a presente ação deve ser julgada totalmente procedente, na exata
descrição e extensão dos pedidos que abaixo são formulados.

5. Dos pedidos

Face ao exposto requer-se:

A) a citação da empresa ré, para que responda aos termos da presente ação,
contestando-a, caso queira, no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto a
matéria de fato;

B) A inversão do ônus da prova, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor, em vista que se trata o caso, de evidente relação de consumo
e claramente ocorre um gritante desequilíbrio processual atinente à capacidade
técnica e financeira de produção de provas sobre os fatos;

C) A TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, para, que seja:

 DECLARADO INEXIGÍVEL O DÉBITO APRESENTADO PELA RÉ, no valor de


R$935,72 (novecentos e trinta e cinco reais e setenta e dois centavos),
referente a multa por quebra de contrato de fidelização, ou qualquer outro,
de qualquer valor, bem como;
 o CANCELAMENTO DO CONTRATO, devido aos motivos já esclarecidos;
 Que seja a ré, seja CONDENADA AO PAGAMENTO DE UMA INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS a ser arbitrada por Vossa Excelência, em patamar não
inferior a R$ 5.000,00 (Cinco mil reais), a fim de que surta seus efeitos
punitivo e pedagógico;

D) O direito de provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


notadamente pelo depoimento pessoal do autor e do representante legal da ré,
oitiva de testemunhas, vistorias, acareações e quaisquer outros necessários para o
deslinde da questão.

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E) Da DISPENSA A REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO mesmo de
forma on line, pôr o autor não ter condições financeiras com fulcro no inciso VII
do art. 319. Também por motivos ligados a covid 19, bem como nas inúmeras
tentativas de resolução extrajudicial, não vislumbramos a possibilidade de
auto composição, ao que se declara não haver interesse na realização de audiência
de conciliação, requerendo o autor desde logo o prosseguimento com a citação do
réu para contestar na forma da lei e o julgamento do mérito;

Dá-se à causa, o valor de R$ 5.935, 79 (Cinco mil e novecentos e trinta e cinco reais
e setenta e nove centavos), para os fins de direito.

Nesses termos,

pede deferimento.

Rio de Janeiro, 2 de Outubro de 2021.

Daniel Guedes Ramscheid


OAB/RJ 206159

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