Você está na página 1de 11
LOCALIDADES DE REGISTRO E DISTRIBUIGAO GEOGRAFICA DE Caiman latirosiris (DAUDIN, 1802) : (CROCODYLIA: ALLIGATORIDAE) NO ESTADO DO. PARANA, BRASIL Sérgio Augusto Abrahdo Morato!:2 ABSTRACT This papor presents a list of locality records ¢f Caiman latirostris (PAUDIN, 1802) (Crocodylia: Alligotoridae) in the State of Porciné, Brazil, and give the distribution of the species in relotion to hydrographic systems ond hypsometric lines of the State. Habitat notes are given in several annoted localities INTRODUCAO A fauna neotropical apresenta uma grande diversidade de formas de Crocodylia, sendo registradas para a América do Sul oito espécies per- tencentes aos géneros Crocodylus, Paleosuchus, Melanosuchus Cai- man (MEDEM, 1963). Caiman latirosiris, conhecido popularmente no Brasil como jacaré-do-papo-amarelo, ¢ a Unica espécie que habita os ecossistemas litoraneos da por¢éo oriental do Continente, distribuindo-se do Rio Grande do Norte (Brasil) até a foz do Rio da Prate (Uruguai/- Museu de Hiséria Noturl Copso da Imbuia, Prefeiixa Municipal de Curitiba, Rue Banedito Concoigte, 407, 82500 —— Curtbo (PR, 2 — Bolusta do CNPq, Ref. Procesto 820078/89-1; Cento de Biologla Marinha, Universidade Fede- ‘al do Parané, [ActoBlelogicateopoldonsia | vei.13 | ne2 | sutho/exembro | 1991 | p.94-104 94 Argentina). € encontrado ainda nas bacias dos rios Sao Francisco, Doce, Paraiba, Parand e Paraguai (CARVALHO, 1955; MEDEM, 1983). No Estado do Parand, a distribuigéo de Caiman latirostris era, oté © momento, praticamente desconhecida, contando openas com esparsos registros em literatura. Diversos autores que se ocuparam da distribulgtio geral da espécie ov simplesmente omitiram esses registros ou apenas ci- tarom “Estodo do Parana”, referindo-se a este como um todo, sem as de- vidas consideragdes acerca de seus complexos geogréficos. No lentativa de suprir estas deficiéncias, o presente trabalho apre- senta uma lista comentada de localidades de registro de C. latirostris no Parané, com base nas quais foi possivel analisar sua distribuigéio em rela- Go a0 relevo e as diferentes bacias hidrograficas do Estado. MATERIAL E METODOS Pora @ elaboragée do presente trabalho foram, inicialmente, le- vantadas as informagées disponiveis em literatura, inclusive registros de antigos viojantes do Parané (e.g. Auguste Saint-Hilaire, Thomas P. Bigg- Wither, Todeusz Jaczewski, entre outros). Posteriormente foram verifica- dos exemplares de C. latirostris pertencentes a museus publicos @ porti- culares e a acervos de parques zoolégicos e afins: Museu de Histéria No- tural Capéo do Imbvia, Curitiba (MHNNC!); Museu Nacional do Rio de Jo~ neiro, Rio de Janeiro (MNRJ); Museu Ecolégico Augusto Ruschi, Cascavel (MEAR); Museu Sete Quedas, Guaira (MSQ); Museu de Hisiéria Natural Prof, Luiz Trojano da Silva, Cornélio Procépic (MITS) ¢ Parque Arthur Tho- mas, Londrina (PAT), Finalmente, foram realizadas campanhas de campo em diversas regides do Estado, de onde as informagées obtidos variaram de regisiros visuais do autor e de colaboradores idéneos, até a oblengao de exemplares capturados por moradores das regides visitadas, material este tombado no acervo herpetolégico do MHNCI. Nae foram coletados exomplares durante a realizagéo do trabalho. Todas os localidades paranaenses e de regides limitrofes levanta- das foram listadas e assinoladas em mapa de distribuicdo associado & hi- drografia do Estado (ITCF, 1987) (FIGURA 01). Optou-se por listar as locali- dades em concordéncia com sua posigéo no mapa, nao havendo, porlan- to, uma ordem cronolégica na presente lista. Os dados de cade registro encontram-se disposios da seguinle maneira: localidade, municipio, coordenadas, forma de registro (bibliogréfico, de institutes, observacdes de campo, etc.) ¢ demais comentarios que se fizeram necessarios.duran- FIGURA 1 — Distribuigé0 de Caiman latirostris em tungéo da hidrogra- fia do Estado do Parand — Brasil. Sub-bocios hidrogréficas pararcenses: a) Litoral; b) Ribeira; c) Itararé; d) Cinzas: 6) Paranapanema; #) Tibagi; g) Pirap6; h) Parané; i) Ivai; |) Piquirl; k) Iguacu; Localidades de registro: 1-Garuva: 2- Guaratuba (tio Cubatéo); 3-Poranagué; 4-Paranagué (rio Guareguagu); 5-Paranagué (Pontal do Sul); 6-Paranagué (liha do Mel); 7-Paranagué (Ilha Rasa da Cotinga); 8 Antoninha (Rio do Nunes); 9-Guaraquecaba (rio Borrachu- do); 10-Guaraquesaba (Tagacaba); 11-Guaraquesaba (rio Poruquara); 12-Adrianépolis (Vila Mota); 13-Adrianépolis {Panelas de Brojaévas); 14-Conselheiro Mairinck (Marim- bondo); 15-Andira; 16-Cornélio Procépio; 17-Jataizinho; 18-Rancho Alegre; 19-Centenario do Sul (Vila Progresso); 20-Rosana; 21-"Rio Parané”; 22-S80 Jorge do Wvai (rio Wval): 23-Borrax6polis (rio Jacarezinhos); 24-Ivaipor&/Grandes s (Salto do Ariranha): 25-Pitanga/Candido de Abreu (“oito milhas acima do Salto do Ub6"); 26-Pitanga (rio Marrequinhas); 27-Cascavel; 1a Roxa do Oeste; 29- Guaira (Parque Nacional de Sete Quedas); 30-Santa Hele- na (Refugio Biolégico); 31-Fox do Iguagu; 32-Fox do Iguacu (Parque Nacional do Iguasu); 33-"Misiones” (Parque Na- cional Iguezd); 34-Medianeira (Parque Nacional do Iguacu — rio Represa); 35-Nova Prata do Iguacu (rio Iguagu); 36- Dois Vizinhos/Sao Jorge de Oeste (rio Chopim); 97-Ver8/- Mapojara do Oeste (rio Marrecas). 96 te esta anélise. Na auséncia de localidades especificos, as coordenades anotadas referem-se a0 municipio-sede do registro RESULTADOS E DISCUSSAO LOCALIDADES DE REGISTRO: Foram obtidas, no total, 37 localidades de registro de Caiman lati- Fostris no Estado do Parané @ regiées limitrofes: 01. Municipio de Garuva (SC). 26°01'S; 48°51'W. -MHINCI.3125 (erénio), 20/1/1989, 02. Rio Cubatéo, municipio de Guaratuba (PR). 25°48'S; 48°46/W MHNCI. Sem némero (registro antigo, material perdido). 03. Municipio de Paranagué (PR). 25°31’; 48°31'W. MHNCI,508 (em meio liquido). 10/X/1984 04, Rio Guaraguacu, municipio de Poranagué (PR). 25°35'S; 48°28°W. NATTERER (1841) in MEDEM (1963). Obs. Esta locatidade foi disposta em MEDEM (1983) em ponto que ndo corresponde & sua devida locclizagéo, fornecendo assim uma idéia erré- nea acerca da distribuigdo do espécie no Estado. Desta maneira a locali- dade citada naquele trabalho como “Rio Paranagud” (sic), atualmente denominado Rio Guoraguacu (Fernando C. Straube, com.pess.) 6 aqui devidamente assinaloda, 05. Pontal do Sul, municipio de Paranagud (PR). 25°34’; 48°22'W. MHNCI.507 (em meio liquido). 10/X/1985. 06, IIha do Mel, municipio de Paranagué (PR). 25°30'S; 48°20°W. MHNCI.3534 (pele aberta + crénio). anterior o 1988. 07. Ilha Rasa da Cotinga, municipio de Paranagud (PR). 25°31'S; 48°26.W. Registro visual do autor em 01/11I/1990. Obs. Verificado um exemplar em rio de manguezal com predominancia vegetacional local de Avicennia tomentosa (Verbenaceae) 08. Rio do Nunes, municipio de Antonina (PR). 25°21’S; 48°46°W. Registro visual do autor em 11/1981 Obs. Nesta localidade foi verificado um exemplar em uma pequena la- goa &s margens de um rio de corredeiras (ambiente Iético). Na regio ocorre a formagao vegetacional de Floresta Ombréfila Densa Submonta- no. 09, Rio Borrachudo, municipio de Guaraquegaba (PR). 25°15°S; 48°29°W. NATTERER (1841) in MEDEM (1983), 7 Obs. Semethantemente ao topénimo n° 03 do presente trabalho, este foi ossinalodo indevidamente em MEDEM (1983). Tal equivoco 6 aqui corrigi- do. 10. Tagacaba, municipio de Guoraquecaba (PR). 25°14'S; 48°27'W. MHNCI.1456 (pele oberta). Xi/1986, 11. Rio Poruquara, municipio de Guaraquecaba (PR). 25°17°S; 48°17'W. MHNCI.3126 (em meio liquido). 15/V/1990. ‘Obs. Exemplar jovem, encontrado morto em manguezal. Presenga local de Crinum sp. (Amaryllidaceae) © Spartina sp. (Cyperaceae). 12, Vila Mota, municipio de Adrianépolis (PR). 24°40S; 48°52'W. MHNC.3059 (pele aberta, incompleta). Vi/1989. Obs. Exemplar copturado pela populacéo local em banhado com predo- minio de Typha sp. (Typhaceae), &s margens do rio Ribeira, 13. Ponelos de Brejauvas, municipio de Adrionépolis (PR). 2440'S 48°57 W. MHNNCI.3058 (crénio). X1/1986. Obs. Exemplar capturado no rio Ribeira pela populacao local 14, Marimbondo, municipio de Conselheiro Mairinck (PR). 23°33'S; 50°04'W. Tereza Cristina C, Margorido (com. pess.}, 1/1987. Obs. Um exemplar em banhado com predominio de Typha sp.” (Typha- cece) 15. Municipio de Andiré (PR). 23°03'S; 50°13'W. MIS. sem nimero, 16, Municipio de Cornélio Procépio (PR). 23°10'S: 50°39'W. MALTS. sem némero. 17, Municipio de Jataizinho (PR). 23°35'S; 50°58'W. PAT, (exemplar vivo). XI/1989. 18. Municipio de Rancho Alegre (PR). 23°04'S; 50°55°W. MHNC.006, 007, 008 ¢ 009 {exemplares taxidermizados). 1V/1967. 19. Vila Progresso, municipio de Centendrio do Sul (PR). 22°47’; 51°3i'w. MHNCI.3196, 3197 (em meio liquido), VI/1990. Obs. Segundo informagées pessoais de Luiz Alberto da Silva, Caiman la: tirostris 6 freqientemente encontrado na regiéo em lagoas cireundadas por plantios de milho e cana-de-agiicar. 20, Municipio de Rosana (SP). 22°35'S; 53°03'W, ROCHA E SILVA (1981). 21. Rio Parané, “entre a foz do rio Amambai (municipio de Navirai, MS) € a foz do rio Zororo (municipio de Guairo, PR)’. Entre 23°09 0 23°19'S @ 53°30’ a 53°40'W. 98 BERNILS & MOURA-LEITE (1990); (MHNCI 005). 22, Rio Avai, municipio de Sao Jorge do vai (PR). 23°26'S; 52°17°W, Ariel Scheffer da Silva (com. pess.), I/1973. 23, Rio Jacarezinhos, municipio de Borrazépolis (PR). 24°01'S; 51°37'W, MURICY (1975), Obs: O rio Jacarezinhos fol assim denominado por MURICY por terem si- do enconirados em svc foz, dez filhotes de “jacarés’, sobre os quais rea- lizou 0s seguintes comentarios: “Eram pretos, muito reluzentes e ja com boas deniaduras com que nos omeagovam morder, vindo ao nosso en- contro com as bocas abertas, corpos dures e pisando nas pontos das pa- tas” (2), 24, Salto do Ariranho, rio Ival, divisa entre os municipios de Ivaiporé & Grandes Rios (PR). 24°22'S; 51°27'W. JACZEWSKI (1925). Obs. Esta localidade refere-se o um exemplar de C. latirostris de 1,43 m de comprimento coletade para o Museu de Historia Natural de Varsévio em novembro de 1922, durante uma expedigéo zoolégica ao Parané coordenada pelo naturalista Tadeusz Chrostowski. JACZEWSKI essinala ainda a presenga frequente da espécie ao longo do curso do rio Ivai, sem, entretanto, citar outras localidades. 28. Rio Ivai, a cit milhas acima do Salto do Ubé, divisa entre os muni- clpios de Pitanga e Candido de Abreu (PR). 24°34'S; 51°27'°W. BIGG-WITHER (1974). Obs. Nesta localidade, segundo BIGG-WITHER, 0 rio Ivai assume uma mudanga no cardter de sua correnteza, tornando-se lento e apresentan- do grande profundidade. “Jacarés” foram encontrados as margens do 26, Rio Marrequinhas, municipio de Pitanga (PR). 24°40/S; 51°30'W. MURICY (1975). Obs. Préximo a foz deste ric, MURICY foz referéncia a um grupo de “ja~ racés", dentre os quais um foi copturado e sobre este realizados os se- guintes comentérios: “Era novo ainda, porém jd tinha dois metros de comprimento. Os outros eram muito maiores” (?). As localidades citadas em B1GG-WITHER (1974) © MURICY (1975) referem-se 0 observacées de “jacarés”; nao havendo citagdes sobre qual espécie estes autores se referiam, poder-se-ia colocar em questao a validade destes registros. Entretanto, 0 encontro de Caiman latirostris para a bacia do rio Ivai por JACZEWSKI (1925) e Ariel Scheffer da Silva (com. pess.), aliado & inexisténcia de registro de outras espécies de Cro- codylia para 0 Estado do Parand, permite tratar as referidas localidades como para a espécie ora em quesiao. 99 27. Municipio de Cascavel (PR). 24°57'S; 53°27°W. MEAR 184 (pele aberta + cranio), sem data; MEAR 1577 (exemplar taxidermizado), sem data. 28, Municipio de Terra Roxa do Oeste (PR). 24°11'S; 54°06'W. MSQ, sem némero (crénio}, 15/V/1987. 29. Parque Nacional de Sete Quedos, municipio de Guaire (PR). 24°06'S; 54°18'W. MSQ, som nimero (exemplar taxidermizado), 31/VINI/1963, ‘Obs. Exemplar capturado durante enchente junto &s corredeiras de Sete Quedas (Yoshiko Matsuyama, com. pess.}. 20. Refiigio Biolégico de Santa Helena, municipio de Sante Helena (PR). 24°52'S; 54°24'W, José Tadeu Motta (com. pess.), 18/11/1988. Obs. Visualizado um exemplar no lago artificial da Hidrelétrica de ltaipu, distante corca de 50 metros da itha do refigio biolégico. 31, Municipio de Foz do Iguacu (PR). 25°34'S; 54°34'W. CARVALHO (1955); (MNRJ 1019). 32. Parque Nacional do iguagu, municipio de Foz do Iguacu (PR). 25°99'S; 54°26'W. Marcos Ricardo Bornschein (com. pess.), 11/XII/1988. Obs, Um exemplar observado em banhade localizado a jusante das Ca- taratas do rio Iguacu, 33, Porque Nacional Iguaz, Misiones, Argentina, 25°39'S; 54°26'W, Ernani Straube (com. pess.), VI/1989. Obs. Verificado um exemplar a 1 km a montante dos Cataratas do rio Iguacu. 34, Rio Represa, Parque National do Iguacu, municipio de Medianeira (PR). 25°29°S; 5403°W. Reinaldo Marcos Castro (com. pess.) Obs. Verificados diversos exemplares em lagoas as margens do rio. 35. Rio Iguagu, municipio de Nova Prata do Iguagu (PR). 25°38'S; 53°20'W, Renato Silveira Bérnils (com. pess.). 36. Foz do rio Chopim, divisa entre os municipios de Dols Vizinhos @ So Jorge do Oeste (PR). 25°34'S; 53°04'W. Renato Silveira Bérnils (com. pess.) 37. For do tio Marrecas, diviso entre os municipios de Veré ¢ ltapejara do Oeste (PR). 25°52'S; 52°32'W. Renato Silveira Bérnils (com. pess.). DISTRIBUIGAO NO PARANA Comparando-se 0 mapa de registro de localidades (FIGURA 01) com os mapas hipsométrico ¢ hidrografico do Parané (ITCF, 1987), verificom-se algumas particularidades na distribuigdo de Caiman lotiros- tris no Estado. Segundo ROCHA E SILVA (1981), “a altitude & provavelmente um {ator limitante para essa espécie, @ acreditamos que ela nao deve trans- por os limites préximos @ 500 metros”, Dos registros anotados no presente trabalho, apenas 0 topdnimo 27 (municipio de Coscovel, PR) poderia enconirar-se situado acimo da linha hipsométrica dos 600 metros s.n.m. Entretanto, a auséncia de localidades especificas de coleta anolados, alioda & grande extenséo do municipio de Cascavel ¢ & posicao de divi- sor de dguas de sua sede, érea mais elevada da regido (aprox. 800 me- {ros s.n.m.}, permite supor originarem-se os exemplares daquele topéni- mo (MEAR 184; MEAR 1577) de porgdes mais baixas do municipio. Comparando-se entdo, a distribuicao de C. latirostris com a hip- sometria do Estado do Parand, observa-se que as localidades de registro ‘encontram-se situadas oo menos abaixo dos 600 metros s.n.m., 0 que pa- rece concordar com a idéia de ROCHA E SILVA (1981). Segundo MAACK (1981), distinguem-se no Estado do Parané cinco grande regides de paisagens naturais: a) Regiao litoréned ou literal; b) Serra do Mar; ¢) Primeiro plonalto ov planalto de Curitiba; d) Segundo planalto ou planalto de Ponta Grossa; e) Terceiro planalio ou planalto de “Trapp” do Parané ou de Guarapuava. Em funcée deste relevo, 0 Parané apresenta dois diferentes conjuntos de bacias hidrogréficas, que diferem entre si pela direcdo geral dos seus rios a partir das vertentes oriental ocidental da Serra do Mar (ITCF, 1987). Considera-se como Bacia Hidro. gF6tico do Atlantico o conjunto de rios que correm no sentido ceste-lesie @ desiguam no Oceano Ailéntico, e como Bacia Hidrogréfica do Rio Pa- rand 0 conjunto de rios que correm no sentido lesie-oeste e que sao, di reta ov indiretamente, ofluentes do rio Parané. Para uma melhor compreenséo da distribuicao de Caiman latiros- tris em fungdo de hidrogrefia poranaense, 6 aqui apresentada uma and- lise diferenciada de cada bacia hidrografica do Estado. 1 — Bacia Hidrogrética do Atlantico Encontram-se nesta bocia os sisternas das baias de Paranagué & Guaratuba (Sub-bacia do litoral) e a Sub-bacia do rio Ribeira, cvjo rio principal, 0 Ribeira, deségua no litoral paulista (ITCF, 1987). 101 Na regiao litoranea parancense, C. latirostris 6 encontrado nos ecossislemas ocorrentes na desembocadura de rios, normalmente em ambientes Iénticos. O topdnimo 08 do presente trabalho (Rio do Nunes, municipio de Antonina, PR) & 0 dnico conhecido para a planicie litoranea onde a espécie foi encontrada préximo a ambiente I6tico (rio de corre- deiras). Pora 0 Prime Planalto Paranaense, a regiéo do vale do Ribeira apresenta-se como a Unica com 0 registro de Caiman latirosiris, aparen- temente limitado és margens do rio Ribeira. Sendo « Gnica ligacdo entre © plonalto e 0 litoral, as populagées de jacorés ai ocorrentes devem originar-se da regido litorénea paulista. 2. — Bacia Hidrogréfica do Rio Parana A ccorréncia de Caiman latirostris pora a bacia do rio Parané:é tratada por diversos autores (CARVALHO, 1955; FREIBERG & CARVALHO, 1965; MEDEM, 1983; BRAZAITS et al., 1988, entre outros). Eniretento, a partir deste rio, desconhecia-se « dispersao da espécie para 0 interior do Estado. No sentido norte-sul, séio 0s mais importantes afluentes do rio Pa- rand, no Estado, os rios Paranapanema, Ivai, Piquiri e Iguacu (MAACK, 1981). Para a sub-bacia do rio Paranapanema, afluem os rios latararé, Cinzos, Tibagi e Pirap6 (MAACK, 1981), A partir do rio Parané, C. latirostris adentra as sub-bacios dos rios vai, Piquiri 6 Paranapanema, ¢ a partir deste ditimo adentra as sub- bacias dos rios Tibagi e Cinzas. Em toda a drea de distribuigéo, observa. se que a altitude 6 inferior aos 600 metros s.n.m, e & possivel que a espé- cie enconire-se representada nas sub-bacias dos rios Itararé ¢ Pirapé até préximo a esta linha hipsométrica Semelhantemente a estas sub-bacias, Caiman latirostris adentra © rio Iguacu até 0 nivel da linha altitudinal proposta como limite. Entre- lanio, segundo CARVALHO (1955), “"merecem especial aiengGo dos estu- diosos 0s seguintes problemas: (...) Perlencerd & forma de focinho muito large, do sul e do rio Iguasst absixo do salto C, latirostris?”. Aporente- mente Carvalho considera as Cataratas do rio Iguacu (“salto”) como uma barreira & dispersao da espécie. De igual modo HASEMAN (1911) afirma: “the fauna of the upper isolated Iguassu is remarkable, There are no tur- tles and no alligators”. Esta afirmativa, referindo a todo 0 rio Iguacu a montante das cataraias, pode ser contestada quanto a quel6nios, pois ao 102 menos trés espécies (Platemys spixil, Hydromedusa tectifera e Phrynops cf. geoffroanus) ocorrem em diversas regides desta sub-bacia (registros do MHNCI e MNRJ). CONCLUSAO Dionte dos dades aqui apresentados, pode-se estabelecer como sendo a seguinte a distribuicao de Caiman latirostris no Estado do Para- 1né: Bacia Hidrografica do Atlantico e Bacia Hidrogréfica do Parané abai x0 dos 600 metros s.n.m. Desta maneira, exclui-se o espécie para a Serra do Mar paranaense, regides de Campos Limpos (Campos Gerais do Se- gundo Planalto ¢ Campos de Guarapuava) e regides de Florestas com Araucéria, sityades no Parané, acima dos 500 metros e.n.m.. Cabe res- saltar que a diferencga de 100 metros observada entre a distribuigéo de Caiman Iatirostris @ estas formacdes vegetacionais nao esta suficiente- mente definida, e é possivel que estas formagdes atuem como um fator limitante & dispersée da espécie. AGRADECIMENTOS © autor & grato as seguintes pessoas pelo auxilio na elaboracéo do presente trabalho: Renoto Silveira Bérnils (MHNCI), Julio Cesar de Mouro-Leite (MHNCI), Fernando Costa Stroube (MHNCI), Vinalto Graf (UFPR), Marco Fabio Maia Corréa (Centro de Biol. Marinha — UFPR), ‘Marcos Ricardo Bornschein (MHNCI), José Tadeu Motta (MHNCI), Luiz Al berto da Silva (Prefeitura de Centendrio do Sul, PR) @ Ariel Scheffer da Silva (Centro Biol, Marinha — UFPR). 103 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BERNILS, R.S. & J.C. MOURA-LEITE, 1990, A contribuigdo de André Mayer & Histéria Natural no Parané (Brasil). Il. Réptets. Arq, Biol. Teenol. 388 (2): 469-480. BIGG-WHITER, T.P. 1878 (1974). Nove Caminho no Brasil Meridional: A Provincia do Parand. Trés Anos de Vida om suas Florestas © Cam- pos — 1872-1875. Col, Documentos Brasileiros, Livr. José Olympio Ed., RJ., Univ, Fed, Parané, Curitiba, xxviii + 420pp., ilustr. BRAZAITS, P., C. YAMASHITA & G. REBELO. 1988. CITES Central South ‘American Caiman Study. Phase | — Central and Southern Brazil Subm. CITES, 31. may. 1988, 62pp., mimeo. CARVALHO, A.L. 1955. Os jacor6s do Brasil. Arq. Mus. Nacion 127-139, 4 pls. FREIBERG, M.A. & A.L. CARVALHO. 1965. El yacare Sudamericano Caiman latirostris (Doudin). Physis, 25 (70): 351-360, HASEMAN, J.D. 1911. Some new species of fishes from the rio Iguassu. ‘Ann, Carnegie Mus., 7 (3-4): 374-387. LT.C.F. 1987. Atlas do Estado do Parand. Secr. Est, Agr. Abast., Inst. Ter- ras, Carlografia Florestas, Curitiba, PR., xi + 73pp. JACZEWSKI, T. 1925. The Polish zoological expedition to Brazil in the ‘yeors 1921-1924, Itinerary and brief report. Ann. Zool. Mus. Poloni Hist. Nat., 4 (4): 326-351 LUEDERWALDT, H. 1926. Chave para determinacéo dos Crocodilideos bra- sileiros, com uma lisia dos espécies do Museu Pauliste, Rev. Mus. Paulista, 14: 387-392 IMAACK, R. 1981. Geografia Fisica do Estado do Parana, Livr. José Olym- pio Ed., RJ, 450pp., ilustr. MEDEM, F. 1983. Los Crocodylia de Sur America, vol. Il. Colciencias, Bo- goto, 270pp., ilusir. MURICY, J.C.S, 1975. Viagem ao Pais dos Jesuitas. impr. Of. Estado do Parané, Curitiba, xv + 404pp. ROCHA E SILVA, R. 1981. Sobre @ protecao do jacaré-de-papo-amarelo, Coimon latirostris. Brasil Florostal, 11 (46): 21-26. SAINT-HILAIRE, A. 1978. Viagem a Curitiba e Provincia de Santa Cotar- na. Ed. Wtatiaic, MG; EDUSP, SP, 209pp. 42(1):

Você também pode gostar