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BIOFERTILIZANTES E CALDAS ALTERNATIVAS

Artur Rebouças Figueiredo


Extensionista Agropecuário I
EMATER MG

INTRODUÇÃO:

Não é de hoje que o agricultor, principalmente o pequeno, vem testando e acumulando conhecimento voltado para o controle
alternativo de pragas e doenças que afetam a produtividade de suas explorações.
Vale considerar que para algumas delas as descobertas partiram da observação curiosa de que sendo sempre isentas de
sintomas de ataque de pragas e doenças, poderiam por conseguinte ter princípios repelentes ou de choque úteis para composição de
caldas de pulverização contra essas pragas e doenças. Portanto, qualquer planta que dificilmente é afetada por pragas e/ou doenças
podem ser consideradas candidatas a entrarem no rol de testes e analises para fins de comprovação de eficiência no controle de pragas
e doenças e assim ampliar o receituário de caldas alternativas.
As caldas que serão apresentadas adiante foram selecionadas a partir de vivência práticas de extensionistas, produtores e
pesquisadores. Grande parte delas, além desse propósito, apresentam efeito nutricional (efeito tônico) que muito colaboram para
aumentar a resistência da planta frente a ataques de pragas e doenças.
Ainda que relativamente pouco pesquisadas por centros de pesquisas com os métodos estatísticos, alguns pesquisadores já
buscam essa linha de pesquisa. Para exemplificar essa atuação, são apresentados no último item desse trabalho, 3 experimentos
científicos, nos quais foram testadas caldas alternativas quanto a dosagens para determinação de níveis de controle, dando segurança
maior ao profissional quando recomenda-las.
Esperamos que os centros de pesquisas intensifiquem essa linha de pesquisa para determinar dosagens mais eficientes,
intervalo de aplicação e quais pragas e doenças podem ser eficientemente controladas. para alcançar os objetivos do produtor, uma
vez já que o consumidor além de desejar produtos mais saudáveis também preferirá produtos apresentáveis (isentos danos por pragas
e doenças).

Nas aplicações obedecer as seguintes recomendações:


·Testar algumas concentrações das caldas para situações novas (temperatura, umidade, fase da cultura, variedade, etc.), para verificar
a eficiência e a possível fitoxicicidade.
·Aplicar somente com o tempo fresco.
·Pulverizar de modo que as gotas cubram todas as partes da planta
·Manter a agitação da calda durante a aplicação.
·Não guardar a calda diluída para o dia seguinte.
·Uso obrigatório de equipamento de proteção individual (EPI).
·Lavar o equipamento após o uso (solução de limão ou vinagre 10%).

URINA DE VACA

Adubação foliar, controle de pragas e doenças


componentes médios: nitrogênio; potássio; fósforo total; cálcio; magnésio; enxofre; ferro; manganês; cobre; zinco; boro; sódio; e ph,
7,6.
Colete meio litros de urina de vaca e deixe por 8 a 10 dias em recipiente fechado (para transformação da uréia em amônia).Em
recipiente fechado a urina conserva suas propriedades até 12 meses.
Frutíferas : 5 % de urina (10 litros de água + 500 ml de urina).
Hortaliças : 0,5 % para folhosas e 1 % nas demais.
Café: 5 % em 2 a 4 pulverizações/ano após a colheita, quando também se pode regar o tronco com 2 litros/planta da mistura a 5 %.
Para o controle do Bicho Mineiro, pulverizar nas infestações com a diluição de 15 % ( 3 litros / 20 litros ); pode também ser utilizado
para mudas, através da rega de 3 litros em 97 litros de água, e/ou pulverizando 500 ml litro em 20 litros de água.
Para outras culturas, da família das Solanáceas - tomate, pimentão, jiló, berinjela, batata inglesa e pimentas - utilizar apenas um
copo comum para 20 litros de água.
Tratamento de sementes, manivas de mandioca e toletes de cana: imersão dos mesmos antes do plantio, durante um minuto na urina
pura - concentração de 100%.
Urina de vaca enriquecida:
Dissolver 100 g de farinha de trigo em 1 litro de água. Dissolver 50 g de sabão neutro em 1 litro de água quente o sabão na água. Em
seguida adicionar em 18 litros de água essas duas caldas previamente coadas e finalmente adicionar 200 ml de urina de vaca.
Pulverizar molhando bem toda as folhas da lavoura nas horas mais frescas do dia.
COMPOSTO ORGÂNICO

Os restos de culturas e materiais produzidos, apresentam composições mais ricas e equilibradas do que as folhas e gramas, mais
pobres em elementos. A produção de materiais orgânicos ainda possibilita a vantagem da escolha dos materiais desejados pelo
produtor. As gramíneas, geralmente apresentam-se mais ricas em carbono e as leguminosas, com o conteúdo maior em nitrogênio.

MONTAGEM DAS PILHAS DE COMPOSTAGEM

O preparo do composto orgânico, para manter uma boa relação carbono/nitrogênio (em torno de 30/1), sugere-se uma mistura de 30 a
40% de esterco bovino com 70% a 60% de resíduos vegetais. Como os estercos e resíduos vegetais, geralmente, contém menos de
1% de fósforo , devem ser corrigidos na hora da compostagem com 3% de fosfato natural de 1%.
A montagem das pilhas deve obedecer a seguinte seqüência:
1. Distribuir uma camada de palha e/ou capim no solo com 20 centímetros altura e 2 a 2,5 metros de largura, podendo
o comprimento variar de acordo com a quantidade de material a ser compostado (3 a 5 ou 6 metros) e molhar bem
antes de colocar outros materiais em cima.
2. Misturar e umedecer os materiais a serem compostados:
·1 carrinho de esterco bovino
·3 carrinhos de resíduos vegetais (capim picado, cana de açúcar triturada; pode-se usar até 1/2 carrinho de folhas de mamona)
·400 gramas de fosfato natural (Araxá) ou termofosfato magnesiano ou Farinha de osso
·400 gramas de cinzas
·200 gramas de sulfato duplo de potássio e magnésio
3. Formar a pilha com a mistura umedecida até 1,20 m a 1,60m de altura.
4. Cobrir com palha seca a pilha pronta, para manter a umidade e a temperatura.
O período de compostagem depende das temperaturas e do tamanho das partículas dos materiais e da aeração. Caso
acrescentar microrganismos, ocorrerá aceleração na decomposição. Não necessita fazer a reviragem.
·Partes pequenas, tipo capim picado, com temperaturas em torno de 60ºC = 55 a 60 dias.
·Partes médias, com 15 a 20 cm, com temperaturas em torno de 60ºC = 60 a 80 dias.
·Partes inteiras, com temperaturas até 60ºC = em torno de 90 dias.
·Somente esterco bovino, com temperaturas de 60 a 70ºC = 30 a 35 dias.

BIOFERTILIZANTE

100L de água
30kg de esterco fresco
3kg açucar mascavo
5 litros de soro de leite
30kg de sílica (folhas de bambu ou casca de arroz)
5kg de cinza
3 litros de melaço de cana
3kg de piperáceas ou puerária

Materiais necessários:
Recipientes: tambores de plástico, caixas de água, etc.
Peneira ou tela para coagem
Aparelho de verificação de pH
Vara para mexer o material
Luvas
Balde de medida
Modo de fazer:
Em um tambor comece a por os ingredientes um a um, sendo que as folhas devem ser picotadas;
somente a cinza deve ser colocada aos poucos durante o processo de fermentação;
Acrescente água e mexa bem o material com o auxílio de um pedaço de madeira;
Deixe o material descansar devidamente coberto;
Acrescente a cinza aos poucos a cada semana sempre verificando o pH do seu biofertilizante;
É preciso também mexer o biofertilizante aeróbico a cada semana para ajudar na decomposição;
Após um mês o biofertilizante está pronto e é hora de usá-lo;
Estando pronto é importante usar no tempo de um mês para não perder seus efeitos.
Modo de usar:
Via foliar: É a aplicação feita nas folhas das plantas com o pulverizador, para esse método é preciso que o biofertilizante seja coado
para não entupir o pulverizador;
No solo: É aplicado ao redor das plantas diretamente no solo aonde as raízes vão diretamente absorvê-lo.
ATENÇÂO: Tome cuidado ao aplicar para não molhar as folhas e queimar as plantas, por isso sempre irrigue com água depois do
biofertilizante para lavar os respingos.
Hortaliças
Via foliar: aplique na proporção de 1:20, uma vez por semana e parar antes da colheita;
No solo: aplique na proporção de 1:2 a partir da segunda semana depois do transplante.
Frutíferas e outras plantas
foliar- 1:15.
raiz- de 1:10 progredindo para 1:1.

CALDA BORDALESA:
A formulação a seguir é para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes.
a) Dissolução do sulfato de cobre:
No dia anterior ou quatro horas antes do preparo da calda, devemos dissolver o sulfato de cobre. Colocamos 100 g de sulfato de cobre
dentro de um pano de algodão, amarramos e mergulhamos em um vasilhame plástico com 1 litro de água morna;
b) Água de cal:
Colocamos 100 g de cal virgem em um balde com capacidade para 10 litros. Em seguida, adicionamos 9 litros de água, aos poucos.
c) Mistura dos dois ingredientes:
Adicionamos, aos poucos e mexendo sempre, o litro da solução de sulfato de cobre dentro do balde da água de cal.
d) Teste da faca:
Para ver se a calda não ficou ácida, fazemos um teste, mergulhando uma faca de aço comum bem limpa, por 3 minutos, na calda. Se a
faca sujar de marrom, a calda está ácida, e adicionamos mais cal na mistura. Se não sujar, a calda está pronta para o uso.
Usos da calda bordalesa:
- A calda bordalesa é usada no controle de doenças de plantas. Na diluição que preparamos, a 1 %, usamos para plantas adultas.
Assim, usamos para o míldio e alternaria da couve e do repolho, alternaria do chuchu, antracnose do feijoeiro, pinta preta e queima do
tomate, murchadeira da batata, queima das folhas da cenoura, etc. Também usamos a 1 % em frutíferas, como figueira, parreira,
macieira, etc.
- Em mudas pequenas e em brotações devemos aplicar essa calda misturada com mais água: uma parte de calda bordalesa para uma
parte de água. Também na alface, para o controle do míldio.
- Para mofos da cebola e do alho e mancha da folha da beterraba (cercosporiose), usamos outra diluição: 3 partes de calda bordalesa
para uma parte de água.
Cuidados: A calda bordalesa perde a força com o tempo, por isso deve ser usada até, no máximo, três dias depois de pronta. Não
aplicar em épocas muito frias, sujeito a ocorrência de geadas.

Casos especiais - dosagens para 20 litros de água.


Cultura Sulfato de Cobre Cal Virgem
Abobrinha, Alface, chicória, 100 100
caqui, morango, pepino
Couve, Repolho 500 500
Cucurbitáceas 60 60
CALDA VIÇOSA
Adubo foliar e fungicida
20 L d’água + 100 g de Sulfato de cobre (em época propensas a maior ocorrência de doenças fúngicas, essa dosagem poderá chegar a
200 g) + 40 g de Sulfato de zinco + 40 g de ácido bórico + 120 g de Sulfato de Magnésio + 80 g de uréia (*) + 110 g de Cal
Hidratado.
(*): Em aplicações sucessivas, alternar a uréia com o cloreto de potássio, na mesma dosagem.
MODO DE PREPARAR:
 Misture a quantidade especificada anteriormente de Sulfato de cobre + Sulfato de zinco + Sulfato de magnésio + ácido bórico
+ uréia ( ou Cloreto de potássio) em recipiente de plástico (balde) contendo 10 litros.
 Em outro recipiente de plástico de capacidade mínima de 20 litros, coloque 10 L d’água e adicione quantidade de cal
hidratada especificada anteriormente.
 Despeje os 10 litros de água contendo os minerais sobre os 10 litros contendo a cal hidratada .

Cuidados:
 Não aplicar Calda Bordalesa e Viçosa em goiabeira quando os frutos atingirem diâmetro superior a 2 cm.
 Aplicar a calda viçosa isoladamente, sem inseticidas ou espalhantes.
 Agitar o pulverizador antes e durante a aplicação.
 Não guardar a calda preparada de um dia para o outro.
 Lavar bem os equipamentos de aplicação, evitando assim a corrosão.

ÁGUA DE CINZA
Repelente de pulgão, lagartas, etc.
Dissolver 2 Kg de cinza em 10 litro d’água. Agitar e depois deixar descansar por 1 dia. Coar em saco de aniagem ou estopa para evitar
entupimento do pulverizador ou regador

FARINHA DE TRIGO
Controle de Pulgão
Pulverizar farinha de trigo na base de 200 g para 10 litros d’água

LEITE
Fungicida (oidio, míldio e outras), ácaro, ovos de lagarta
Diluição: 0,5 a 1 litros de leite + 10 litros de água. Pulverização semanal a quinzenal.
O saco de algodão u estpa embebidos de leite serve como iscas atrativas para lesmas. Distribuir próximo ao canteiro ou as plantas.
Nos períodos da manhã, inverter o saco ou estopa e matar mecanicamente as lesmas que se aninharam por debaixo desse material.

EXTRATO DE PLANTAS
Os extratos ou macerados de muitas plantas tem ação no controle de várias pragas e doenças, dentre elas selecionamos as seguintes:

ALHO + PIMENTA DO REINO + SABÃO


Fungicida e Inseticida
Faz-se 2 preparados em separados:
Numa garrafa colocar 1 litro de álcool + 100 g de pimenta do reino.
Em outra garrafa colocar 1 litro de álcool + 100 g de alho macerado. Deixar fechado numa garrafa durante 7 dias. No momento da
aplicação diluir: 20 litros de água + 200 ml da calda de pimenta do reino +100 ml da calda de alho + 50 gramas de sabão neutro
(previamente dissolvido em 1 litro de água quente). Pulverizar nas horas de temperatura amena do dia.

MACERADO DE MAMONA
Inseticida e Fungicida
Calda a base de mamona - André Henriques EMATER-MG
Macerar 300 g de folhas da mamona e coloca-las em 20 litros de água por aproximadamente 12 horas. Coar e logo em seguida
acrescentar 100 g de farinha de trigo + 50 g de sabão neutro + 200 ml de urina de vaca. Peneirar utilizando e logo em seguida
pulverizar a lavoura. Repetir o tratamento após 15 dias. Aplicar nas horas mais frescas do dia.

FUMO
Inseticida (pulgões, tripes e outras pragas).
Picar 100 g de fumo e deixar de molho em 1 litro de álcool por 3 hora e depois completar para 10 litros d’água, deixando descansar
por 24 horas. Coar e pulverizar no mesmo dia. Para aumentar a aderência, acrescentar 50 g de sabão comum aos 10 litros de calda
diluída.
Para ampliar espectro de ação contra diversas outras pragas, acrescentar ao final 1 colher de extrato de pimenta malagueta (molho em
50 ml de álcool ou cachaça por 3 dias) quenquéns).

CRAVO-DE-DEFUNTO
Combate a pulgões, ácaros e algumas lagartas
Picar e macerar 600 g de folhas e talo num vasilhame e adicionar 2 litro de água. Ferver por 10 minutos. Após esfriar, coar. Para
pulverizar completar a calda para 20 litros de água.

NEEM (Nim) (Azadirachta indica).


Inseticida (traças, lagartas, larva minadora dos citros, pulgões, gafanhotos).

Folhas: Em vasilhame colocar 20 litro de água + 300 g de folhas de folha picada (ou batida no liquidificador num pouco de água).
Deixar em repouso durante 12 horas. Coar e pulverizar no mesmo dia.
Sementes: Em vasilhame colocar 20 litro de água + 600 a 1000 g de semente moída ou triturada. Deixar em repouso durante 12 horas.
Coar e pulverizar no mesmo dia. Para aumentar eficiência, acrescentar 50 g de sabão comum aos 10 litros de calda diluída.

MANDIOCA – MANIPUEIRA
(extrato eliminado pela compressão da mandioca ralada)
Inseticida, Acaricida, Nematicida (ácaros, pulgões, lagartas, formigas, nematóides)
- Controle de ácaros, pulgões, lagartas, diluir: 10 litros de água + 10 litros de manipueira + 200 gramas de açúcar ou farinha de trigo.
Pulverizar a intervalo de 14 dias.
- Controle da formiga: 2 litros de manipueira no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias.
- Tratamento de canteiro (pragas de solo/nematóides): regar o canteiro na diluição de: 4 litros de manipueira/m 2, 15 dias antes do
plantio.
URTIGA
Inseticida

Bater no liquidificador 200 g de folhas de urtiga + 1 litro de água. Deixar de molho por 24 horas. Após esse tempo completar para 10
litros d’água. Para aumentar a aderência, acrescentar 50 g de sabão comum aos 10 litros de calda diluída.

ALHO, ENXOFRE E EUCALIPTO

Indicações de uso:
Controle de carrapato.
Materiais a serem utilizados:
100 g de sal comum
30 g de alho amassado
100 g de enxofre
5 kg de sal mineral
20 folhas de eucalipto
Modo de preparar e de usar:
Misturar tudo e fornecer, no cocho, aos animais 1 vez por dia, durante 1 semana.

Artur Rebouças Figueiredo


Extensionista Agropecuário I
EMATER MG

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