No artigo 5º, da Carta Magna de 1988, são assegurados como direitos
fundamentais, invioláveis em sua integralidade, a vida, liberdade, igualdade, propriedade e a segurança. Isto é, as pessoas detêm, objetiva ou subjetivamente, garantia constitucional do mínimo existencial, do conforto e da segurança vitais para coexistência em sociedade. Todavia, tais prerrogativas, na realidade do país, não abraçam toda população, além disso, seu ócio acaba fomentado a construção da cultura do medo. Outrora, tal ideologia receosa ostenta duas causas sobressalentes: a difusão da violência e a ineficiência do estado no que diz respeito à segurança pública. Importa-se destacar, em primeiro momento, o aditamento da violência como um dos principais agentes que operam o medo social. Ademais, segundo dados cedidos pelo Índice Nacional de Homicídios do portal G1, houve o aumento de 5%, em 2020, no número de homicídios - mesmo em um período assolado pela pandemia do novo Corona Vírus. Contudo, entende-se que a violência é objeto da própria exclusão social e acesso limitado, dos mais pobres, aos bens. Partindo desse pressuposto, é lícito, a título de analogia, mencionar o pensamento do psicanalista alemão Erich Fromm, que contempla a violência de uma forma compensatória, praticada por indivíduos de impotência e que desejam reverter sua fraqueza mediante ações violentas. Ressalta-se, em segundo plano, a ingerência do Estado e sua falência no dever de proporcionar segurança aos seus administrados. Essa precarização do sistema público se dá, preponderantemente, devido às deficiências das instituições de controle social. Nesse viés, as corporações policiais apresentam treinamento rudimentar, salários ineptos e uma vulnerabilidade à corrupção. Somadas, essas desconformidades culminam na fragilidade da segurança pública. Outrossim, é válido salientar a caducidade da legislação penal criminal, que corrobora a diretriz lógica do sociólogo Sérgio Adorno, o qual fala sobre o sentimento de impunidade e como essa sensação gera descrença nas instituições democráticas encarregadas pela aplicação da lei e ordem. Portanto, são essenciais medidas incisivas para reversão desse estigma social relacionado à cultura do medo no país. Para isso, compete ao Superministério da Justiça – órgão que inclui o Ministério da Segurança pública, responsável pelas ações da Polícia – investir nos órgãos da segurança nacional, com propósito de melhorar a qualidade do policiamento. Isso pode ser feito mediante repasse de verbas públicas pelo Tribunal de Contas da União, visando aperfeiçoar a equipagem e o número de pessoal disponível, mediante concursos públicos. Sobretudo, cabe ao Congresso Nacional fornecer uma nova roupagem para legislação penal, intentando minimizar a impunibilidade dos infratores. Sendo assim, deduz-se que, com essas medidas, é possível perpassar maior conforto à população brasileira e, consecutivamente, reduzir o medo cultural.