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Justiça Gratuita:

A Reclamante não possui condições de pagar as custas e as


despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência, com fundamento no art. 5º, LXXIV da CF e
art.98º do Código de Processo Civil, desse modo a Reclamante faz jus á
concessão de justiça gratuita.

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita


aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes


às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Tal garantia fundamental se mostra essencial, não só como


forma de possibilitar um acesso mais saudável e equitativo de todos à
justiça efetivamente, mas também como forma de tutelar o interesse de
parcelas sociais que, a priori, estariam à margem destes direitos,
principalmente no que tange aos aspectos econômico e social.
Evidenciando que a mudança de conceitos foi se alterando conforme as
necessidades e anseios vigentes em cada época. Por exemplo, na
Constituição Federal de 1934, o artigo 72 disponha expressamente
que a certidão do estado de hipossuficiência necessitava tanto do
comprovante de "rendimento ou vencimento que percebe e os
encargos pessoais ou de família”, quanto do respectivo atestado,
assinado pela parte, expedido pelo Serviço de Assistência Social
local. Somente com a disposição trazida no artigo 1°, § 3º da Lei de
Alimentos (Lei ri° 5.478/68), restou superado a comprovação
documental para fazer jus a este direito, necessitando apenas da
simples afirmação de necessidade, conforme já preconizava o artigo
4º da Lei ri° 1.060/50, que sofreu mudanças em sua redação, com o
advento da Lei ri° 7.510/86, passando a ter a seguinte redação hoje:
"A parte gozará dos beneficios da assistência
judiciária, mediante simples afirmação, na
própria petição inicial, de que não está
emcondições de pagar as custas do processo e
os honorários de advogado, sem prejuízo próprio
ou de sua família."

A título de exemplo, extrai-se o seguinte julgado, que


renete muito bem esta posição de acessibilidade de toda a população a
efetiva tutela do Estado:

ACESSO À JUSTIÇA - ASS1STÊNCIA JUDICIARIA - LU


1.060 DE 1950 - CL, ART. 5°, LXX1V. A garantia do art. 5º,
LXXIV - assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos - não revogou a de
assistência judiciária gratuita da Lei 1.060, de 1950, aos
necessitados, certo que, para obtenção desta, basta a
declaração, feita pelo próprio interessado, de que a sua
situação econômica não permite vir a juízo sem prejuízo da
sua manutenção ou de sua família. Essa norma
infraconstitucional põe-se, ademais, dentro do espírito da
Constituição, que deseja que seja facilitado o acesso de todos
à Justiça (CF ., art. 5", XXXV).

A Reclamante declara para os devidos fins e sob as penas


da lei, que não tem como arcar com as custas e demais despesas
processuais sem prejuízo de seu sustento ou de sua família, pelo que
solicita os benefícios da justiça gratuita.
I - PRELIMINARES

1.2 - Legitimidade Passiva:

Conforme descrito, o artigo 15 da Lei n.8036/90 delega todos os


empregadores ficam obrigados a depositar o saldo, ainda, a Reclamante é
empregada da CIA de Saneamento Ambiental do Maranhão sendo então
empregador, disso decorre a sua legitimidade para figurar no polo passivo da
demanda.

Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores


ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em
conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito)
por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que
tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que
se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as
modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.

1.2 – PRESCRIÇÃO

Em relação ao prazo prescricional, já está amplamente


assentado na doutrina e jurisprudência, que em relação ao pleito de
correção monetária do FGTS, a prescrição é trintenária.

Neste sentido, decisão do STJ:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. FGTS. CORREÇÃO DOS


SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ JULGADO PELO
REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO N.8/08 DO
STJ, QUE TRATAM DOS RECURSOS REPRESENTATIVOS DE
CONTROVÉRSIA.(…)3. No REsp n. 1.112.520 – PE, por seu
turno, firmou-se o seguinte entendimento: 4. Outrossim, não
deve prevalecer a interpretação da recorrente quanto à
ocorrência de prescrição quinquenal, pois este Tribunal já
decidiu que é trintenária a prescrição para cobrança de
correção monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos
termos das Súmula 210/STJ: “A ação de cobrança das
contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta anos”.(…)
(REsp 1150446 RJ 2009/0143136-0, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Julgamento: 10/08/2010, Órgão Julgador:
T2 – SEGUNDA TURMA, Publicação: DJe 10/09/2010)

Assim, a ação Revisional então proposta não está alcançada pela


prescrição, conforme se demonstrou.

II - Do Direito:

2.1 – Correção Monetária:

A correção monetária não é um plus que se acrescenta, mas


um minus que se evita. No Código Civil:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por


perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

O FGTS é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. É uma


conta aberta pelo empregador em nome do funcionário, onde a empresa
deposita todo mês 8% do salário do trabalhador. Todo trabalhador registrado
em carteira tem direito ao FGTS, caso em que a Reclamante se encaixa
perfeitamente. Este fundo serve para proteger o trabalhador no caso de
demissão sem justa causa, quando isso acontece o trabalhador tem direito
40% do valor do FGTS. Além disso, o saque total poderá ser feito em caso de
aposentadoria ou doenças graves e o trabalhador pode adquiri sua casa
própria, fato esse impossibilitado no caso da Reclamante pela falta da
correção monetária.
Dessa forma, o Instituto do FGTS é regulamentado pela lei 8.036,
de 11 de maio de 1990, a qual, por meio de seu artigo 13, dita que os valores
depositados na conta vinculada dos trabalhadores serão corrigidos
monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos
saldos dos depósitos de poupança e capitalização com juros de 3% ao ano.
Em raciocínio complementar o art.15, obriga todos os empregadores a
depositar, a cada mês, em conta bancária vinculada, a importância de 8% da
remuneração paga ou devida, do mês anterior, a cada trabalhador.

Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão


corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização
juros de (três) por cento ao ano.

Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores


ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em
conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito)
por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que
tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que
se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as
modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.

Nessa perspectiva, a Lei n.8036/90 mais uma vez disciplina


sobre o FGTS e a sua devida aplicação, contemplando em seu art.2º
expressamente a obrigatoriedade da atualização monetária sobre os saldos
das contas vinculadas ao referido fundo, logo em seu captu, assim:

Art. 2º. O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas


a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados,
devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de
modo a assegurar a cobertura de suas obrigações.
Assim, o FGTS é uma oportunidade ao trabalhador de constituir
patrimônio, podendo ser sacado em momentos especiais, como a aquisição
da casa própria, maior objetivo da Reclamante com o seu saldo e a devida
correção monetária.

Contudo, com a aplicação do TR (Taxa Referencial) como


indexador dos valores depositados nas constas vinculadas do FGTS, o
trabalhador está “perdendo dinheiro”, tendo em vista que percentualmente a
inflação cresce muito mais que os valores depositados em sua conta. No
caso da Reclamante, ela teria a sensação de um acréscimo dos valores dos
imóveis de forma abismal, quando na verdade o seu dinheiro depositado que
apresenta um percentual muito menor de crescimento. Mediante isto, ao
analisar as ADI 4425 e 4357, o Supremo Tribunal Federal firmou
entendimento de que a TR não pode ser utilizada como índice de atualização
monetária, eis que não é capaz de espelhar o processo inflacionário
brasileiro. Nesse sentido, a jurisprudência vem confirmando e adotando o
seguinte entendimento:

INCIDÊNCIA DO IPCA-E EM LUGAR DA TR - TESE JURÍDICA


FIRMADA PELO STF EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL
(RE Nº 870.947/SE - TEMA 810). I - O Plenário do STF
reconheceu a repercussão geral da matéria debatida nos autos do
RE nº 870.947 e, após conclusão do julgamento do feito, firmou a
seguinte tese: “o art. 1º-F da Lei nº9.494/97, com a redação dada
pela Lei nº11.960/09, na parte em que disciplina a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo
a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
como medida adequada a capturar a variação de preços da
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.” II
- A atualização monetária dos precatórios, bem como das
condenações judiciais impostas à Fazenda Pública, há de ser
realizada com base na variação do IPCA-E (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo Especial), índice considerado pelo STF
como mais adequado para recompor a perda do poder de
compra da moeda. III - Agravo de Instrumento não provido. IV -
Agravo interno prejudicado.(TRF-2 - AG: 00018913420184020000
RJ 0001891-34.2018.4.02.0000, Relator: SERGIO SCHWAITZER,
Data de Julgamento: 11/05/2018, 7ª TURMA ESPECIALIZADA,
#14652543).

Em outras palavras, os juros que deveriam, supostamente,


remunerar o capital, não são sequer suficientes para repor o poder de
compra perdido pela inflação acumulada, não havendo, portanto, correção
monetária alguma sequer do saldo.

Tutela Antecipada:

O Artigo 273 do Código de Processo Civil preceitua que é


possível a concessão de tutela antecipada se o Juiz ficar convencido do
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. O fundado receio de
dano de difícil reparação advém do fato de que a correção monetária é uma
obrigação de trato sucessivo. O Artigo 12 da Lei nº 8.177/91, com redação
da Lei nº 12.703/12, determina que a remuneração dos depósitos será feita em
cada período de rendimento.

Cada período de rendimento que a CAEMA sonega a correção


monetária dos depósitos do FGTS, o dano contra o trabalhador se configura. A
ausência de correção monetária implica em menos dinheiro à disposição
do trabalhador para a consecução dos seus negócios jurídicos naquelas
hipóteses em que a lei permite. Cada casa que o trabalhador deixa de
comprar, cada prestação de imóvel que ele deixa de abater, cada remédio
que se deixa de comprar porque seu FGTS perdeu o poder aquisitivo, é
um dano de difícil reparação que se renova. Tendo em vista, que isto são
destinações comuns do dinheiro na sua utilização do dia a dia, ainda, vale
enfatizar que o objetivo maior da reclamante é a obtenção da casa própria.
Acresça-se a este dano, a situação de refém que o trabalhador com depósito
do FGTS se encontra quando quer financiar seu imóvel pelo SFH com a Caixa.
Hoje, e enquanto durar a TR (Taxa Referencial) , ele terá que financiar mais do
que seria necessário, pois o que lhe pertence de direito – correção monetária –
não está incidindo sobre seu depósito.
Não há dúvida de que há um risco de difícil reparação na medida
em que não é possível quantificá-lo, mas não há como negá-lo, tanto se
levarmos em conta o trabalhador individualmente considerado como a
coletividade de trabalhadores. Assim, imperioso é que desde já a TR seja
substituída pelo INPC, índice que corrige o salário mínimo ou pelo IPCA, índice
oficial de medida de inflação. Índices que minimamente repõem as perdas
monetárias haja vista que hoje não há nenhum tipo de correção monetária dos
depósitos do Fundo .Por outro lado, não há dano de irreversibilidade do
provimento antecipado porque é da natureza do FGTS ser um fundo de
aplicação a longo prazo.

Assim, requer a concessão da tutela para substituir


imediatamente a TR, como índice de correção monetária nos depósitos do
FGTS dos ora substituídos, pelo INPC, IPCA ou índice que, no entender
deste Juízo, melhor reflita as perdas inflacionárias daqui por diante, até o
trânsito em julgado do presente feito.

DOS PEDIDOS:

Antes o exposto, a Reclamante pede e requer:

Seja a presente ação julgada totalmente procedente em seus termos.

A) Seja o reclamado condenado ao depósito do FGTS, devidamente


atualizado, cumulado com as multas previstas nos Arts. 22 da Lei 8.036/90 e
467 da CLT;

B) Que a TR seja substituída pelo IPCA como índice de correção dos depósitos
efetuados em nome da autora a partir de sua concessão até o trânsito em
julgado da presente ação, com a consequente aplicação do novo índice sobre o
depósito constante da conta vinculada;

C) Se não provido o constante no item B, a aplicação de qualquer outro índice


que reponha as perdas inflacionárias do trabalhador nas contas do FGTS, no
entender deste Doutor Juízo, até o trânsito em julgado da presente ação, com a
consequente aplicação do novo índice sobre o depósito constante da conta
vinculada.

Atribui-se à causa o valor de R$ XXXXX (valor por extenso).

Cidade, Data do Protocolo.

(ASSINATURA)
Advogado
Advogado/OAB nº XXXXXX

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