Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDITORA
CASA FLUTUANTE
© 2016 by Organizadores
Organização
Neide Cristina da Silva
Telma Cezar S. Martins
Cláudia Cristina de Oliveira
Editor
EDITORA CASA FLUTUANTE
Rua João de Castilho Pinto, 79
São Paulo - SP
Fone: (11) 2567-6904 / 95497-4044
www.editoraflutuante.com.br
Capa | Diagramação
Israel Dias de Oliveira
eBook
ISBN 978-85-5869-004-1
CDU 37.06
CDD 306.43
370
Guerreiro Ramos
SUMÁRIO
PREFÁCIO........................................................................................9
ARTE E LITERATURA....................................................................35
Literatura infanto-juvenil brasileira no Ensino Básico do
Estado de São Paulo: uma abordagem das relações étnico-raciais............................... 37
Maurício Silva, Sandra Rosa Gomes dos Santos
Maurício Silva
F
alar sobre a interface entre a educação e as relações étnico-raciais
no Brasil é tratar não apenas de um dos temas mais complexos
que existem, mas também de um dos mais polêmicos e instigan-
tes. Não sem razão, tem-se optado, ultimamente, pela conjunção desses
dois conceitos, resultando no que se convencionou chamar, com muita
propriedade, de educação para as relações étnico-raciais, uma “vertente”
dos estudos da educação que privilegia esse amplo universo das relações
inter-raciais e interétnicas no contexto social brasileiro.
Não é outro o assunto destas Vozes emergentes: educação e questões
étnico-raciais, que têm como principal objetivo discutir, o mais amplo
e profundo possível, os possíveis enlaces - e, evidentemente, as tensões
deles resultantes - entre o vasto universo da educação e o não menos
dilatado mundo das relações étnico-raciais. Por isso mesmo, optou-se
por publicar este livro, que ora se apresenta ao público leitor, no âmbito
do grupo de pesquisa Educação para as relações étnico-raciais (EDUCA-
RE), sediado, há alguns anos, na Universidade Nove de Julho e congre-
gando vários pesquisadores, entre professores e alunos de doutorado,
mestrado e iniciação científica.
9
A história do grupo, por si só, merece uma consideração à parte: com
a aprovação da lei 10.639, de 2003, que tornou obrigatório o estudo de his-
tória e cultura africana e afro-brasileira no ensino fundamental e médio,
o interesse pelas relações étnico-raciais no âmbito da educação aumentou
exponencialmente, dando origem a diversas pesquisas, publicações e gru-
pos de estudos, entre os quais situa-se o referido EDUCARE, cujo objeti-
vo, na ocasião de sua constituição, foi relacionar temas próprios do uni-
verso cultural africano e afro-brasileiro à realidade do alunado do ensino
básico e superior, dentro da perspectiva de uma educação multicultural.
Hoje, esse objetivo permanece mais vivo do que nunca, mas enriquecido
de outras abordagens, diretrizes, atos e intenções...
Este livro é, portanto, mais um de seus vários resultados, entre teses
e dissertações, encontros e simpósios, palestras e artigos. Ele é testemu-
nha, além disso, de um projeto que, embora tímido em seu nascedouro,
deu e continua dando certo! Com certeza, é o primeiro de uma série de
publicações que deverá resultar do trabalho em conjunto que tem sido
feito no âmbito do referido grupo de pesquisa.
Como se poderá constatar, embora unidos por um mesmo princípio
norteador - a educação para as relações étnico-raciais - os temas são va-
riados, indo das questões relacionadas à literatura infantil e juvenil ao
ensino de cultura e história africana e afro-brasileira nas escolas pau-
listas, dos vínculos entre a educação para as relações étnico-raciais e o
currículo à abordagem dos moradores de ruas na cidade de São Paulo,
da filosofia de temática étnica e africana à inclusão do negro na univer-
sidade brasileira e muitos outros.
Trata-se, em resumo, de artigos que procuram refletir, de uma pers-
pectiva acadêmica, mas não sem fundamentá-la na experiência cotidiana
de cada autor, acerca do lugar que o negro ocupa na sociedade brasilei-
ra contemporânea, sobretudo num contexto em que as relações sociais
são mediadas por práticas educativas diversas, muitas delas excludentes.
Colocada nestes termos, tal perspectiva não prescinde, portanto, da con-
sideração de toda uma simbologia afro-brasileira, de um imaginário afri-
cano, de um aparato normativo baseado na equidade, de um conjunto de
valores herdados de uma tradição cultural afrocentrada, de um percurso
histórico marcado pela chaga do sistema escravagista... e tudo isso esta-
10
belece relação direta com uma espécie de estrutura mental afro-brasileira,
que Allan da Rosa – em seu livro sugestivamente intitulado Pedagoginga –
define como sendo “integrativa e não excludente, humanista e não tecni-
cista, polivalente, [que] visa à unidade dos elementos em sua diversidade
e não a sua fragmentação, abre espaço ao inesperado e ao desconhecido
que trazem novos arranjos e formas de entrosamento, caules novos de-
senvolvidos de raízes ancestrais” (ROSA, 2013, p. 60).
Talvez seja mesmo uma questão de arranjos e raízes, de caules e de
ancestralidade! Isso nos faz lembrar uma passagem do magistral texto
do angolano José Luandino Vieira, que, ao narrar um dos episódios de
seus celebrados contos, relembra-nos a necessidade de resistência – e,
certamente, de resiliência também! – diante dos infinitos percalços da
vida, na metáfora do cajueiro que morre e renasce:
11
coletivos, mas principalmente que favoreça o empoderamento do negro e
incentive a agência afrodescendente. Faz-se necessário, portanto, realizar
escolhas, definir valores, estabelecer prioridades, pois – como afirma o
economista e sociólogo africano Célestin Monga, em seu Negritude e Nii-
lismo – “as prioridades que temos determinam a ordem dos valores que
escolhemos” (MONGA, 2010, p. 111).
Referências
12
abcdefghij
YLÊ EDUCARE: GÊNESE
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE:
RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
Introdução
14
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
5 SANTOS, Sales Augusto dos (org.). Ações Afirmativas e combate ao racismo nas Américas.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, 2005. 400 p. (Coleção Educação para Todos).
15
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
6 yle-educare.wix.com/educare
16
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
8 Bens móveis que possuem movimento próprio, tal como animais selvagens, domésticos ou
domesticados. In: Dicionário Jurídico Direito Net (2015).
17
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
18
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
9 Em 2003 foi acrescentada nova redação nesse parágrafo pela Lei 10.741, ampliando para
população idosa e para deficientes, assim, a nova redação ficou: “[...] se a injúria consiste na
utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa
idosa ou portadora de deficiência. ”
19
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
20
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
21
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
Quadro1: Cronograma
09h00 Credenciamento
09h30 Palavra de Abertura: Prof. Dr. Manuel Tavares - Docente
do programa de pós-graduação em Educação da UNINO-
VE – PPGE/PROGEPE
09h45 Apresentação Cultural: O negro e sua influência cultural
no universo chamado Brasil
Convidados: Alunos/as da Escola Estadual Salvador Liga-
bue.
10h00- Mesa-redonda 1: Cinedebate sobre a representação do
-12h00 negro no cinema
Convidados: Renato Candido de Lima (cineasta, professor
de direção, roteiro e fotografia); Luis Navarro (ator).
Ementa: O debate tem como objetivo abordar a produção
de imagens cinematográficas do negro, com ênfase no
Brasil, ao longo da sua história, refletindo sobre o caráter
ideológico deste processo e as consequências do mesmo
nos processos identitários.
Mediador: Antonio Germano (mestrando do PPGE -
UNINOVE)
14h00 Apresentação Cultural: Nascimento de um Guerreiro
Grupo de Dança UNINOVE
22
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
12 Palestra de Abertura do I Encontro YLÊ EDUCARE, proferida pelo professor Dr. Manoel
Tavares, em 12 de novembro de 2015, às 9h30, no Auditório da UNINOVE, Prédio da Graduação,
Campus Barra Funda - SP.
23
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
24
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
13 Sexo e as Negas é uma série de televisão produzida pela Rede Globo, exibida em 13 episódios,
no período de setembro a dezembro de 2014. Programa alvo de muitas críticas por reproduzir
cenas de racismo, e vincular a população negra à pobreza, baixa qualificação e sexualidade
exacerbada.
25
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
14 LESLÃO, Janaina. A princesa e a costureira. Rio de Janeiro: Metanoia Editora. 2015.
26
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
Considerações finais
27
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
16 X Colóquio de Pesquisa sobre Instituições Escolares e Plano Nacional de Educação: desafios
e perspectivas. 29 e 30 de outubro de 2015- UNINOVE.
28
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
29
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
30
TELMA CEZAR S. MARTINS, NEIDE CRISTINA DA SILVA, ESTEVÃO ANDRÉ DA SILVA
Referências
31
NASCIMENTO DO YLÊ-EDUCARE: RESISTÊNCIA NA ACADEMIA
GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos
da identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica 2008.
LOPES, Nei. O racismo explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,
2007.
32
abcdefghij
ARTE E LITERATURA
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA
NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO: UMA ABORDAGEM DAS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS
Maurício Silva1
Sandra Rosa Gomes dos Santos 2
Introdução
O encontro entre a literatura infanto-juvenil e as relações étnico-
-raciais resulta num complexo conjunto de manifestações artístico-li-
terárias, que engloba desde obras que tematizam o universo da cultura
africana e afro-brasileira ou que abordam o preconceito racial diante a
realidade social contemporânea, até obras que tratam da escravidão e
suas representações, da identidade negra e da diversidade cultural do
Brasil, entre outras. Essa discussão pode-se adensar ainda mais se levar-
mos em consideração a dificuldade de caracterizaração dessa literatura,
que para a crítica especializada se define ora como uma literatura negra,
ora como afro-brasileira, ora ainda como afro-descendente. De qualquer
maneira, independentemente da “divisão” que se faça da produção literá-
ria infanto-juvenil vinculada às questões étnico-raciais e da “definição”
34
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
que suas diversas manifestações podem assumir, o fato é que essa produ-
ção - ao se associar às noções de multiculturalismo e pluralidade étnica -
não prescinde de um agenciamento que resulta numa conscientização da
identidade negra, por isso mesmo não apenas inserindo-se no contexto
normativo da lei 10.639/03, mas principalmente numa ampla discussão
histórica da formação da sociedade brasileira. Ao se pensar analisar essa
produção, percebe-se, por exemplo, que, embora a figura do negro con-
tinue pejorativamente marcada no imaginário brasileiro, gerando pre-
conceitos diversos, há atualmente uma produção literária infanto-juvenil
que já aponta para um movimento de transformação desse padrão, com a
publicação de obras que procuram valorizar a figura do afrodescendente
e realçar uma identidade que se constrói a partir da diversidade. Nesse
sentido, percebe-se um caminhar na direção da construção de uma lite-
ratura mais condizente com a realidade contemporânea, mas sem deixar
de lado uma perspectiva crítica que, por isso mesmo, denuncia atos de
discriminação implícita ou explícita, ainda presentes em nossa produção
literária para crianças e jovens, reflexo mais evidente e direto de uma
sociedade cronicamente excludente, como é a sociedade brasileira. O pre-
sente artigo trata das possíveis relações entre a literatura infanto-juvenil
brasileira contemporânea e a questão das relações étnico-raciais, desta-
cando aspectos relacionados à crítica à discriminação racial e combate
ao racismo, bem como à representação da personagem afrodescendente
nesta produção literária. Para tanto, além de considerações analíticas de
obras que abordam as temáticas aqui destacadas, direta ou indiretamente
relacionadas ao universo das questões étnico-raciais, foram pesquisadas
quatro escolas sediadas na cidade de São Paulo, tendo sido elaborado um
questionário com quinze perguntas, aplicado a sessenta professores da
Educação Básica da rede pública e privada.
35
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
36
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
37
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
38
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
39
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
anos de idade, mas que ainda não foram transferidas para o pré, devido
à data em que completam a idade requerida. Para atender a esse alunado,
atualmente o CEI conta com o trabalho da diretora, auxiliar de direção,
aproximadamente 13 professores e 6 auxiliares, entre cozinheiras, auxi-
liares de cozinha, professora de balé e judô, além do serviço prestado por
alguns voluntários que contribuem para o bom funcionamento da creche.
A segunda instituição visitada foi uma Escola Municipal de Edu-
cação Infantil (EMEI), criada pelo Decreto nº 38.689, de 25/11/1999,
anteriormente regida pelo Decreto Municipal nº 37.205, de 08/12/1997.
Localizada na Praça Coronel Ezequiel, no bairro de Vila Silvia, distrito
de Cangaíba, Zona Leste, na cidade de São Paulo e vinculada à Co-
ordenadoria de Educação Penha, pertencente à Subprefeitura Penha.
Conforme o exposto pela equipe diretiva da instituição, a escola surgiu
devido a reivindicações da comunidade aos políticos da região, pois se
trata de uma área que apresentava grande número de crianças na faixa
etária entre quatro e seis anos de idade, resultado do permanente cres-
cimento populacional do bairro.
A equipe escolar é representada por um expressivo quadro, sendo
composta por: equipe técnica, representada pela diretora e coordenado-
ra pedagógica; equipe docente, representada por 21 professores; equipe
de apoio à educação, representada por agentes escolares e agentes de
apoio e limpeza;
Conforme dados extraídos do Projeto Pedagógico da Instituição, o
alunado atendido pela escola apresenta-se bastante diversificado, com-
posto principalmente por crianças que moram em favelas próximas e
outros tipos de residências, sendo que mais ou menos metade possui re-
sidência própria; além disso, a maior parte desse contingente mora no
bairro há mais de 5 anos, tendo alguns pais indicado que residem na re-
gião desde o nascimento. A maioria dos pais ou responsáveis apresenta
um grau de escolaridade compatível com o ensino fundamental, tendo,
uma boa porcentagem, concluído o ensino médio, com alguns casos mais
raros em que concluíram o ensino superior; a renda média dessas famílias
varia entre 1 e 3 salários mínimos.
Quanto à Proposta Pedagógica, é possível destacar dentre seus
princípios a valorização do direito de a criança brincar, como forma
40
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
41
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
42
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
43
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Após cuidadosa análise dos dados, buscamos destacar aqui alguns resul-
tados encontrados, dentre os que revelaram mais importância para a reflexão
que vimos fazendo até aqui.
O primeiro resultado da pesquisa assinalou que 50% dos professores
que responderam ao questionário consideram a sociedade brasileira racis-
ta e 46% acreditam que nossa sociedade é um pouco racista; 85% afirmam
ter conhecimento da Lei 10.639/03, que visa à obrigatoriedade do ensino de
história e cultura africana e afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio,
porém apenas 16% conhecem a lei que trata sobre a literatura africana ou
afro-brasileira; e ainda 60% acreditam não ser necessária uma lei específica
para abordar esse relevante tema.
Ao refletir a cerca destes percentuais encontrados é possível aferirmos
que um expressivo percentual de professores participantes da pesquisa reco-
nhece e identifica a desigualdade racial, pois considera a sociedade brasileira
racista ou um pouco racista; contudo, não relaciona essa desigualdade racial
à discriminação e ao preconceito, pois ignora, desconhece ou até mesmo de-
saprova a lei que aborda o tema.
Para melhorar compreensão dos resultados, procuramos dar continuida-
de na analise realizada e percebemos que 55% dos professores afirmam não
44
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
ter obtido uma formação continuada alusiva à referida lei; 52% dizem ter
conhecimento de que a biblioteca da escola possui literatura relativa ao tema
e 50% dizem que esses livros não são usados em sala de aula; 94% acreditam
que a literatura é um meio de combater o racismo; no entanto, 48% não res-
pondeu que obra utiliza e 35% citaram Menina bonita do laço de fita.
Ainda na mesma linha reflexiva, parece evidente que estes profissionais,
carecem de formação específica voltada ao conhecimento da referida lei. Faz-
-se necessária a formação sólida do profissional da educação, da graduação à
formação continuada, a fim de se garantir as bases necessárias para se tratar
as relações étnico-raciais dentro da escola, onde a literatura pode e deve ser
uma aliada eficaz, uma vez que apenas a implantação e a obrigatoriedade
desses temas, por força da lei, não surtem os resultados almejados.
Em continuidade com a pesquisa e com as ponderações acerca do ques-
tionário, sublinhamos que 67% afirmam ter se confrontado (e mediado o
conflito) com algum tipo de racismo contra negros dentro do ambiente de
sala de aula; e 33% dizem não ter encontrado/mediado situação de racis-
mo. Neste caso, inferimos pela presença, no ambiente escolar, de um racismo
declarado, um tipo de racismo cordial, capaz de encobrir posicionamentos
racistas e preconceituosos.
Por fim, não podemos deixar de lembrar o que foi respondido a cerca
de Monteiro Lobato e sua obra ser ou não racista: 49% dizem não considerar
as obras de Lobato racistas e 39% consideram algumas obras racista, sendo
que 6% nem sequer conhecem as obras do autor. Elucidando a dimensão da
magnitude de Lobato e sua obra, analisando-o sob a perspectiva da questão
étnico-racial, Lajolo (1998), afirma que
45
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Considerações finais
46
MAURÍCIO SILVA, SANDRA ROSA GOMES DOS SANTOS
Referências
47
LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA NO ENSINO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA
ABORDAGEM DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
KNOP, Rita Maria. Antes, era uma vez, hoje, essa é a sua vez: uma
abordagem comparativa da representação social do negro na literatura
para crianças. Belo Horizonte, Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, 2010 (dissertação de mestrado).
48
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E
AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E
PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
Introdução
49
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
50
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
51
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
52
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
53
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
54
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
55
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
56
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
57
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
58
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
Considerações finais
59
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
60
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
Referências
61
LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: POSSIBILIDADE DE REPARAR
INJUSTIÇAS, ELIMINAR DISCRIMINAÇÕES E PROMOVER A INCLUSÃO CIDADÃ
DEL PICCHIA, Menotti. No país das formigas. São Paulo: Melhoramentos, 1932.
62
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ, VANDA APARECIDA DE ARAÚJO
63
abcdefghij
EDUCAÇÃO BÁSICA
E PEDAGOGIAS
ALTERNATIVAS
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA
AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO
ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NA CIDADE DE
SÃO PAULO
Antonio Germano 1
Manuel Tavares 2
Introdução
65
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
66
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
67
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
68
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
por um lado, nós temos uma ideologia racista que é uma doutri-
na, uma concepção do mundo, uma filosofia da história, às vezes
apresentada como uma teoria científica ou como uma filosofia.
O mesmo fenômeno se decompõe também em preconceito racial,
que é simplesmente uma disposição afetiva imaginária, ligada aos
estereótipos étnicos; uma atitude, uma opinião, que pode ser ver-
balizada ou não. Pode-se tornar uma verdadeira crença. (...) Final-
mente a discriminação racial, que é um comportamento coletivo
observável.
69
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
70
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
71
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
Diversidade e Currículo
72
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
73
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
74
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
Abordagem metodológica
75
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
76
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
77
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
78
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
79
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
Considerações Finais
80
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
81
A EFETIVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS NO ENSINO PÚBLICO E
PRIVADO NA CIDADE DE SÃO PAULO
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 48. ed. Petrópolis: Paz e Terra, 2014.
82
ANTONIO GERMANO, MANUEL TAVARES
SCHARCZ, Lília Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário:
cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo, Claro Enigma, 2012.
83
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
1. Introdução
1 Graduado em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Professor de
Educação Básica II da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e discente do Programa de
Mestrado em Gestão e Práticas Educacionais.
84
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
85
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
86
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
87
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
88
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
89
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
90
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
91
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
92
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
93
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
94
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
95
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
Considerações Finais
96
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
97
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
98
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
que possa fortalecer e afirmar, mas acima de tudo criar, uma educação
escolar para a diversidade das relações étnico-raciais.
O propósito maior deste debate consiste em pensar sobre as ma-
neiras mais eficazes de se materializarem na prática, a execução das
declarações, resoluções e tratados internacionais, traduzidas em ações
pedagógicas, que possam convergir institucionalmente em políticas so-
ciais favorecedoras da construção da identidade, relevância e diversi-
dade étnico-raciais dos protagonistas da prática pedagógica, isto é, de
toda comunidade educativa.
Referências
99
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
100
DJALMA LOPES GÓES, JASON MAFRA
101
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O CURRÍCULO A PARTIR DA LEI 10.639/2003
102
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA
VIDA MARGINAL
Introdução
2 Doutoranda Educação UNINOVE. Profa. História na rede estadual de ensino de São Paulo.
neidesilva87@hotmail.com
103
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
104
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
Imersão histórica
105
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
106
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
107
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
108
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
109
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
110
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
111
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
que em grande parte foi causada pelo sistema social desigual e perverso
em que estão inseridos. Na verdade, tem-se um ciclo no qual a violência
e a desigualdade são formas de manter o poder da classe dominante. De
acordo com Freire (1987, p. 45),
112
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
O seu ideal é realmente ser homem, mas, para eles, ser homens, na
contradição em que sempre estiveram e cuja superação não lhes é
clara, é ser opressoras, este são o seu testemunho de humanidade.
[...] O seu conhecimento de si mesmo como oprimido se encontra
prejudicado pela “imersão” em que se acham na realidade opresso-
ra. “Reconhecerem-se”, a este nível, contrário ao outro, não signifi-
ca ainda lutar pela superação da contradição. Daí esta quase aber-
ração: um dos polos da contradição pretendendo a não libertação,
mas a identificação com o seu contrário.
Esta aderência ao opressor faz com que a libertação fique mais dis-
tante, pois a liberdade implica expulsão do outro. Não é uma doação,
exige uma busca constante e é uma ação na qual o oprimido deixa de
hospedar o opressor.
Cultura da regionalidade
O morar na rua não é igual para toda população de rua, existem dife-
renças com relação ao gênero, idade e local de ocupação. Referente a este
último item, a presente pesquisa identificou que existe uma cultura da re-
gionalidade, que se manifesta de formas diferentes de acordo com o local
em que o morador ou grupo de moradores de rua ocupam.
O conceito de cultura varia de uma sociedade para outra, assim como
de um grupo para o outro, de uma região para outra, de uma rua para
outra. Considerando que indivíduos de uma mesma sociedade possuem
visões de mundo diferentes, é natural que enxerguem a exclusão e a opres-
são de forma diversa e, no caso do morador de rua, não é diferente, cada
grupo se vê como melhor que o outro. De acordo com Laraia (2004, p. 16),
113
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
114
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
115
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
116
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
117
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
Considerações finais
118
FERNANDO LEONEL HENRIQUE SIMÕES DE PAULA, NEIDE CRISTINA DA SILVA
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
119
MORADORES DE RUAS EM SÃO PAULO: UMA VIDA MARGINAL
120
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A
TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA1
1 Este texto, originalmente, consta dos anais do V CBPN - Congresso Baiano de Pesquisadores
Negros. Aqui ele se apresenta com alterações a fim de atender às demandas desta produção.
121
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
122
JORGE ALVES DE OLIVEIRA
123
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
124
JORGE ALVES DE OLIVEIRA
125
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
3 Não se tem o propósito de reproduzir a história da colonização neste texto. Contudo, a tese
que reduz o negro a uma categoria de não humano foi a chave central para transforma-lo em
126
JORGE ALVES DE OLIVEIRA
escravo. Nesta condição toda a sorte conhecida no projeto colonizador português. Referência:
MIGNOLO, Walter D. La colonialidad a ló largo y a ló ancho: el hemisfério occidental em el
horizonte colnial de la modernidad.
127
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
128
JORGE ALVES DE OLIVEIRA
129
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
130
JORGE ALVES DE OLIVEIRA
Referências
131
A APROXIMAÇÃO DA FILOSOFIA COM A TEMÁTICA ÉTNICA NEGRA
http://people.duke.edu/~wmignolo/InteractiveCV/Publications/
Lacolonialidad.pdf
Acesso em 20/11/2014.
132
abcdefghij
EDUCAÇÃO E ENSINO
SUPERIOR
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA:
UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
1 Mestre em Educação com o tema “Entre Direitos e Deveres: Um estudo sobre as literaturas
africanas e afro-brasileiras nos cursos de Letras para o atendimento à lei 10.639/2003” (Uninove,
2016). Bacharel em Letras e História e atua como professora na Educação Básica. Contato:
ccolivei@yahoo.com.br
134
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
135
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
136
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
137
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
138
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
139
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
5 O Relatório Meira Mattos propõe uma reforma com o objetivo do progresso técnico,
econômico e social do país (CHAUÍ, 2001, p. 47).
140
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
141
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
142
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
6 O ECTS - European Credit Accumulation and Transfer System, Sistema Europeu de
Transferência e Acumulação de Créditos, implantado em 2003, é uma das ferramentas para
o fortalecimento do Processo de Bolonha, no que tange à equiparação nas formas de atribuir
créditos às disciplinas, na Europa que devem ser consonantes ao número total de horas de
trabalho que os estudantes devem ter para realizar uma disciplina. Além disso, a organização do
ensino superior é modificada para três ciclos: 1º ciclo, grau de licenciado, 2º ciclo, grau de mestre
e, 3º ciclo, grau de doutor.
143
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
144
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
145
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
146
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
7 Ver http://www.unilab.edu.br/noticias/2012/06/19/alunos-da-unilab-terao-a-oportunidade-
de-estudar-em-portugal/
8 Ver http://www.grupocoimbra.org.br/Sobre_o_Grupo.aspx
9 Ver http://www.unilab.edu.br/pli-gaia/
147
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
Jorge Rama Seabra Santos assinado pelo então reitor Professor Doutor
Paulo Speller. Ao longo da leitura deste documento, ressalta-se o item
Termo Aditivo ao Convénio de Cooperação entre a Universidade Federal
da Integração Internacional Luso-Afro-Brasileira – Unilab (Brasil) e a
Universidade de Coimbra (Portugal) que descreve, na Cláusula Primeira
– Objecto,
148
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
11 A análise extensiva do logotipo da Unilab, bem como dos discursos que o norteiam, são
objetos da pesquisa, em andamento, “Vozes e contra-vozes de um discurso universitário
149
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
Um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele tam-
bém reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer essa realidade,
ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto de vista específico, etc.
Todo o signo está sujeito aos critérios de avaliação ideológica (isto
é: se é verdadeiro, falso, correto, justificado, bom, etc.). O domínio
do ideológico coincide com o domínio dos signos: são mutuamente
correspondentes. Ali onde o signo se encontra, encontra-se tam-
bém o ideológico. Tudo que é ideológico possui um valor semiótico
(BAKHTIN, 1992, p. 32).
150
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
151
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
Referências
152
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
153
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA: UM PROCESSO DE RECOLONIZAÇÃO?
154
CLÁUDIA CRISTINA DE OLIVEIRA, FRANCISCA MÔNICA RODRIGUES DE LIMA, MARIA LÚCIA DA SILVA
155
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL
DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
Daniel Bocchini1
Manuel Tavares 2
Introdução
156
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
157
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
que essa temática revela, onde a sua composição social revela pouquís-
simos alunos negros em seus corredores, fato esse, que é justificado pela
legitimação hierárquica por mérito, a valorização do esforço individual,
onde ser aprovado num vestibular em uma universidade pública, onde
há mais alunos brancos, ocorre exclusivamente pelo mérito do indiví-
duo, perspectiva que soa na sociedade como sendo natural e justa, no
entanto, na suavização dessas práticas está escondida a validação da ex-
clusão e da desigualdade racial.
Além dessa justificativa revelar, na atualidade, um racismo anacrô-
nico, ao mesmo tempo, contribui para silenciar a luta histórica e cultural
de um povo que, desde o período escravista, foi oprimido, inferiorizado e
excluído de diversos espaços sociais, inclusive das universidades. Ribeiro
(1991) e Barcelos (1992) em seus estudos retratam as diversas dificulda-
des, tanto no acesso quanto na permanência, que são encontradas pelos
estudantes negros nas universidades. Outro dado que nos mostra essa ta-
manha diferença, são os dados publicados pelo Censo no Ensino Superior
de 2011, em que os negros representam apenas 19,8%, ou seja, ainda 80%
da população negra do Brasil não frequenta os bancos da universidade.
Com o objetivo de desocultar essas desigualdades, Pierre Bourdieu,
considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX a analisar
a educação contemporânea, explora essa temática a partir do estruturalis-
mo, ou seja, compreende que existe um peso muito maior das estruturas
sociais e institucionais, como é o caso da universidade, que estão por trás
das ações dos indivíduos. Sintetizando, é possível dizer que os compor-
tamentos das pessoas são apenas reproduções das orientações instituídas
pela estrutura social vigente (BOURDIEU, 2002).
A partir da análise do pensamento de Bourdieu, pode inferir-se que a
universidade é uma estrutura institucional que contribui para a constru-
ção de um sistema de dominação quer no que diz respeito aos mecanismos
de acesso quer aos currículos e conteúdos programáticos ministrados.
O próprio sistema de avaliação instituído contribui para a legitimação e
reprodução dos privilégios e dos saberes das classes dominantes; a insti-
tuição universitária foi construída historicamente para os brancos e para
o seu sucesso excluindo do seu seio os mais pobres, os negros e todos os
dominados pelo sistema de opressão capitalista.
158
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
3 Prévia ações para eliminar qualquer tipo de discriminação e racismo, na tentativa de corrigir
os obstáculos históricos na sociedade brasileira, adotando ações compensatórias.
4 Possui o objetivo de conceder bolsa a estudantes que a família tenha uma renda per capita de
até três salários mínimos.
159
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
5 Programa que busca ampliar o acesso, promover inovações pedagógicas, combate à evasão e
melhorar a qualidade dos cursos.
160
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
161
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
162
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
163
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
164
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
vítima, ações que vão desde aspectos ligados ao estereótipo até questões
epistemológicas, valorizando a cultura educacional europeia e silencian-
do a história e os conhecimentos oriundos da cultura afro-brasileira.
Nesse contexto, o movimento negro iniciou discussões de inicia-
tivas políticas a fim de democratizar as universidades. Assim, surgem
diversas políticas afirmativas adotadas pelo governo com o objetivo de
diminuir essa desigualdade racial (política de cotas, isenção na taxa de
inscrição nos vestibulares, cursinhos populares, etc). Essas ações visam
reconhecer e reparar os danos que a população negra sofreu ao longo
da história.
As discussões sobre a adoção de ações afirmativas se polarizou entre
a opinião pública na própria universidade; no Poder Legislativo Federal
e no Poder Judiciário, Heringer e Ferreira (2012) afirmam que esses de-
bates percorriam assuntos ligados à meritocracia, queda de qualidade,
aprovação de estatuto e a inconstitucionalidade da política.
O processo de ações afirmativas, na universidade, pode ocorrer por
meio de cotas, bonificação por pontos ou reservas; para concorrer a essa
vagas, na maioria das vezes, as universidades solicitam que o candida-
to apresente uma autodeclaração (documento que o candidato declara o
pertencimento ao grupo excluído); ressaltamos que a adoção dessa polí-
tica pode ser em instituições públicas ou privadas, em universidades pú-
blicas existentes; de acordo com os dados do IBGE (2012), apenas cerca
de 40% adotaram as políticas de cotas (HERINGER E FERREIRA, 2012).
Em outras palavras, podemos dizer que os debates, inicialmente,
se centraram na inclusão dos alunos negros no ensino superior, por
intermédio da discussão do ingresso via vestibular universalizado, ou
seja, aquele tradicional, onde o que define é a capacidade de cada um
- palavras contidas na própria constituição - que, consequentemente,
constrói, nitidamente, um espaço privilegiado a um determinado grupo
racial, na medida em que a maioria dos alunos brancos estuda em esco-
las particulares, consideradas de boa qualidade, enquanto grande parte
dos alunos negros está em escolas públicas, julgadas de baixa qualidade,
provocando uma competição desleal entre os candidatos.
A partir dessa configuração, é possível compreender que a proble-
mática em relação ao ingresso do estudante negro na educação superior
165
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
166
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
167
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
168
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
6 Diz-se de um pensamento marxista que defende que o homem deve se sentir completo a
partir de sua convivência em sociedade e de seu trabalho.
7 No dia 25 de maio comemora-se o Dia da África, data em que 32 chefes de estado africanos
se reuniram na Etiópia, em 1963, e criaram a Organização de Unidade Africana (OUA), com
objetivo de libertar o continente africano do colonialismo e do apartheid, e ainda promover a
emancipação do povo africano.
169
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
170
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
8 Para a área da Agricultura está previsto o Instituto de Ciências Agrárias, cujo foco inicial será
a produção sustentável de alimentos – em termos ambientais e sociais. (UNILAB, 2010)
10 O Instituto de Ciências Humanas e Sociais, por sua vez, terá como objetivo inicial
desenvolver a gestão pública, em especial das políticas públicas. Tendo em vista a necessidade de
promover o desenvolvimento educacional das populações, bem como tecnologias inovadoras de
ensino-aprendizagem sem perder de vista o pluriculturalismo, o plurilinguismo e a identidade
artística e cultural dos povos envolvidos, haverá o Instituto de Formação de Professores, voltado
à formação de docentes de educação básica. (UNILAB, 2010)
11 O Instituto de Tecnologias com a função de promover ciência, tecnologia e inovação para,
com aproveitamento de recursos existentes, desenvolver a base tecnológica necessária aos países
parceiros, com especial atenção à área de energia. (UNILAB, 2010)
171
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
172
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
173
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
Sim. Por exemplo, nós temos aqui o quarto cultural. Ele traz a apre-
sentação de crianças aqui da região, traz apresentações estrangei-
ras, danças, debates políticos, apresentações audiovisual da Guiné,
São Tome e Príncipe, Cabo Verde e de todos esses países da lusofo-
nia e o Timor Leste na Ásia. E é muito intercultural. No começo, é
como se eles fizessem questão de andar com as roupas tradicionais
e você vê o quanto é diferente a partir do modo de se vestir, do
modo de falar, de se comunicar. A música que eles ouvem muitas
vezes são muito parecidas com as dos brasileiros. E a gente vai ven-
do que há tantas amplas diferenças e amplas semelhanças. Então,
tratando da cultura da UNILAB, ela traz um forte investimento na
promoção cultural e na divulgação cultura, na pratica das políticas
culturais e afins.
174
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
Fora da sala de aula também se percebe isso, que existem alguns gru-
pos, onde cada um procura ficar com seus semelhantes: Brasileiros
ficam mais entre si, Africanos entre si, mas assim, Africanos tendem
a ficar com seus semelhantes, como Quenianos com Quenianos, Ca-
bos Verdianos com Cabo Verdianos, Santomenses com Santomenses,
mas assim, dentro da sala de aula isso acontece de uma forma mais
discreta, mas fora da sala de aula vemos com mais frequência.
Mais uma vez, em sua pesquisa, Heleno (2014) salienta que o ato de
integrar e cooperar só existem de fato quando ocorre numa via de mão
dupla, ou seja, onde os brasileiros aprendem com os países parceiros e eles
com os brasileiros, a fim de corroborar com esse quadro, um aluno africano
comenta sobre a responsabilidade do papel de integração na UNILAB:
175
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
Eu não digo que somos nós que distanciamos deles, nem que eles
são os que distanciam de nós. Isso é algo em comum. Nós fazemos
e eles também. Mas eu acho que deveria ser eles a abrir o coração
e deixar nós entrarmos, porque nós viemos na casa deles. É como
você receber um hóspede. Tem que mostrar a esse hóspede todo
esse espaço e mostrar que ele é bem-vindo aqui. Mas, tem brasi-
leiros aqui que reclamam que os africanos não devem receber o
mesmo dinheiro que eles.
Acho que tem diferença sim, no meu ponto de vista, os cidadãos na-
cionais são mais privilegiados. Por exemplo, no nosso curso posso
dizer que existem algumas bolsas que os Africanos não sabem que
existem. Então acho que os brasileiros sabem mais sobre bolsas do
que os Africanos. E sobre a afinidade, acho que existe mais afinidade
entre os professores com os brasileiros, do que com os africanos. Até
das comidas, fazem comidas africanas uns 3 meses, mas na maioria
do ano é brasileira. (Estudante africana, graduanda em Humanidades)
eu percebo que tem algumas, porque quando cheguei aqui percebi que
tinha racismo entre os brasileiros, alguns diziam que nós estávamos
aqui tirando vaga de brasileiro, então acho que isso é um ato de racis-
mo. Já sofri racismo na rua, no ônibus. Na sala de aula mesmo você
176
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
vê, que sempre tem separação na sala, onde tem africanos sentados,
dificilmente você vê um brasileiro, é cada um de um lado. (Estudante
africana, graduanda em Humanidades)
Considerações finais
177
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
avaliação, simboliza uma via crúcis onde os negros não possuem seus
conhecimentos validados.
Com vistas a minimizar tal prejuízo, nos últimos anos, foram im-
plantadas políticas de democratização e expansão das universidades.
Desse modo, o governo passou a adotar diversas ações afirmativas (po-
lítica de cotas, isenção na taxa de inscrição nos vestibulares, cursinhos
populares, etc) que visam diminuir essa desigualdade racial em nosso
país. Além disso, foram criadas universidades que se propõem como
populares, ou seja, alternativas a esse modelo tradicional vigente. De
um modo geral, essas instituições possuem como metas a inclusão so-
cial e a autonomia política de determinados grupos sociais que, his-
toricamente, sofreram e ainda sofrem preconceitos; assim, procura-se
resgatar uma dívida da negação ao acesso e permanência na educação
superior.
Desse modo, a UNILAB possui em sua proposta um espaço para
a integração de países parceiros da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), e, além disso, em suas diretrizes gerais aponta suas
ações no sentido de construir uma universidade intercultural e inclusi-
va, tanto em relação ao currículo, bolsas de estudos, auxílios, como em
eventos culturais. Assim, procuramos investigar se o estudante negro é
incluído nessa proposta de educação superior que, como dito, procura
se contrapor ao modelo hegemônico de educação.
A partir das entrevistas realizadas pudemos identificar que, de uma
maneira geral, os estudantes da UNILAB percebem que a universidade
é intercultural por meio do inevitável encontro de diferentes culturas,
variadas formas de andar, se vestir, falar, por meio de datas comemora-
tivas das independências dos países; comentaram também que a cidade
de Redenção, por ser pequena, permite a aproximação entre as diferen-
ças culturais. Alguns estudantes compreendem que tais ações ainda se
configuram de maneira superficial nas relações sociais que permeiam a
instituição, de certa forma eles atribuem um direcionamento institucio-
nal nessa integração, pois, quando existe liberdade, a tendência é cada
um se relacionar com o seu semelhante. Outra questão citada diz respei-
to ao ato de cooperar que pressupõe uma ação de mão dupla. Para os es-
tudantes entrevistados, não ocorre de forma satisfatória e deram como
178
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
Referências
. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
179
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
180
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
181
DA REPRODUÇÃO CULTURAL À INCLUSÃO SOCIAL DO NEGRO NA UNIVERSIDADE: O CASO DA UNILAB
182
DANIEL BOCCHINI, MANUEL TAVARES
183
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL
NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
1. Introdução
184
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
185
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
186
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
187
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
188
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
189
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
190
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
191
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
192
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
193
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
194
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
195
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
196
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
197
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
[...] as cotas têm um caráter de, ao mesmo tempo em que elas per-
mitem um pluralismo nas diversas instituições nacionais, políti-
ca inclusiva. É uma política onde as diferenças se encontram e se
celebram, ao contrário da sociedade hegemônica, que confina os
diferentes aos espaços privados. Então diferentemente do discurso
de que a política de cotas cria diferenças, castras, ela inclui, traz
para o espaço público essa multiplicidade da vida social. (BRASIL.
STF, 2010, p. 15-16).
198
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
199
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
Referências
200
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
201
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
202
EVANGELITA CARVALHO DA NÓBREGA, MAURÍCIO SILVA
203
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: JUSTIÇA SOCIAL NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS DE AÇÕES
AFIRMATIVAS
PAIVA, Angela Randolpho (Org.). Entre dados e fatos: ação afirmativa nas
universidades públicas brasileiras. Rio de Janeiro: PUC-Rio; Pallas, 2010.
204