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Introdução

Testemunha-se hoje um renovado interesse pela Diaconia Cristã e suas


implicações para a igreja e a sociedade. A responsabilidade social está em
voga nas diferentes áreas da sociedade, inclusive na iniciativa privada.
Empresas descobrem os aspectos sociais de sua atuação junto a seus
funcionários e à comunidade.

Cresce no meio cristão a consciência de que a diaconia é crucial para a fé,


a vida e a missão da igreja. Muitas vezes um tema negligenciado e mal
compreendido no pensamento e na prática cristã, o serviço cristão cada
vez mais tem sido entendido como inseparável da essência da igreja, a
continuação no mundo da vida de ADORAÇÃO da comunidade.

Por esta razão, a diaconia deve ser legitimada não somente como uma
função cristã, mas como o MODO DE SER da igreja.

Muitas igrejas, no entanto, não consideram este tema como prioritário em


sua agenda. Uma boa ilustração dessa atitude pode ser vista no
empobrecimento do ofício do diaconato em nossas comunidades. Em
muitas igrejas, os diáconos limitam-se a atividades tais como auxiliar a
manutenção da ordem durante os cultos e recolher as contribuições dos
fiéis sem qualquer reflexão bíblico-teológica sobre seu papel no culto.

Todavia, por ser um conceito central nas Escrituras, na Ética e na


Teologia, a Diaconia Cristã deve ter alta prioridade na vida e no
testemunho da igreja. Os diáconos, na igreja do primeiro século, eram
oficiais responsáveis pela assistência social aos pobres além de versados
na fé cristã.

 Definições

A palavra diácono vem da palavra grega diákonos, (δια´Κoνoς), que é


encontrada cerca de 30 vezes no Novo Testamento. Diákono significa:
servo, serviçal, garçom, atendente ou servente. É uma palavra composta
que também significa “fazer a poeira subir”.

A imagem é de alguém que está se movendo tão rapidamente para


cumprir suas obrigações, que seus pés, quando passa, fazem a poeira
levantar e rodopiar. Havia tanto para os diáconos fazerem que eles não
podiam parar, nem conversar trivialidades, nem se demorar muito em
suas funções.
Palavras semelhantes são diakonia (ministério ou diaconato)
e diakoneo(servir ou ministrar). A mesma palavra descreve empregados e
obreiros voluntários. A ênfase bíblico-teológica, no entanto, não está na
posição ou cargo hierárquico da pessoa, mas em relação ao
seu TRABALHO.

O sentido da palavra na Bíblia inclui: servos domésticos (Jo 2:5-9), e


governantes (Rm 13:4), além do uso mais comum de servos de Cristo e da
Igreja. Jesus usou a palavra para descrever seus discípulos, um em relação
ao outro (Mt 23:11). Paulo usou a mesma palavra freqüentemente para
descrever evangelistas ou pregadores da palavra (1 Co 3:5; Ef 6:21). Estes
termos, no uso geral, descrevem tanto homens como mulheres (Lc 10:40;
Rm 16:1). Todos os cristãos devem servir uns aos outros (1 Pe 4:10).

A palavra: servo, “doulos” (δoυλoς), inclui o sentido de ESCRAVO.


Conforme a afirmação de Paulo em Romanos 1:1, é aquele que não tem
direitos, não dispõe de sua pessoa, nem bens, está obrigado a servir.

Jesus empreende nova compreensão às relações de serviço no Reino de


Deus: “Já não vos chamo servos, ‘doulos’ (δoυλoς), porque o servo não
sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, ‘fhilous’ (Φι
´λoυς) porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.”
(Jo 15:15)

Não é que Paulo tentasse revogar a percepção de Cristo quanto ao


assunto, mas trata-se do apóstolo dramatizar e salientar ainda mais
sua SUBMISSÃO a Cristo, o que deveria ser nossa disposição voluntária à
soberania e ao governo de Cristo.

A palavra: diácono empresta leveza ao tema, pois se tem em mente o


servir com prazer, zelosa e diligentemente; ajudar seu superior na
execução de trabalhos. Nesse sentido o servo considera-se
um INSTRUMENTO e dá toda a glória a seu Senhor.

Por que existe o ministério do diácono? Qual a sua função e importância


na vida da igreja local? São questionamentos que veremos hoje. Hoje em
dia, há muitos que não entendem o assunto, “O Diaconato,”  e existe
muita confusão a respeito.  Há igrejas pequenas com muitos diáconos.  Há
igrejas com nenhum.  Há irmãos que pensam que o pastor tem que ser
diácono antes de ser pastor.  Outros acham que “Uma vez diácono,
sempre diácono,” e também que quando um diácono muda de uma igreja
para a outra, é automaticamente considerado diácono da  igreja de
destino.  Há igrejas que têm diácono, mas usam um outro membro como
tesoureiro. Algumas igrejas pensam do diácono como líder espiritual, um
irmão que deve decidir apenas as questões de natureza administrativa da
igreja.  Muitos irmãos querem consagrar um diácono no lugar de
pastor.  Outros não provam o candidato antes da consagração ao
diaconato.  Será que não devemos repensar a nossa posição sobre o
diácono e sua atuação na igreja?

A Instituição Dos Diáconos

Examinemos At 6:1-6:

Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve


murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles
estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze
convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável
que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas,
irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e,
quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.
O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estevão, homem
cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante
os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

A bênção”, “problema” e “reivindicação” são palavras-chave para o advento do


ministério formal dos diáconos em o Novo Testamento. A bênção foi o
extraordinário crescimento da igreja local em Jerusalém. A questão étnica
causada pela situação social de muitos que aceitavam a fé, especialmente
envolvendo viúvas judias de fala hebraica e as de fala grega (At 6.1), era o
problema. A reivindicação pode ser vista na manifestação verbal destas viúvas
que, sentindo-se injustiçadas pelo que elas interpretaram ser uma forma de
discriminação dos líderes da igreja de Jerusalém, cobraram sua assistência (At
6.1).

Matthew Henry em seu Comentário do Novo Testamento, escreve o seguinte:


“ausa-nos desalento descobrir que o crescimento do número dos discípulos (v.
1) dá oportunidade para discórdias. Até agora, todos eles eram unânimes em
uma mesma opinião. Esta. observação frequente significava uma honra para
eles. Mas agora que cresciam em número, começaram a murmurar,
semelhantemente ao que ocorreu no velho mundo. Quando os homens
começaram a multiplicar-se, eles se corromperam (Gn 6.1,12). Houve uma
murmuração, não uma desavença aberta, mas um ressentimento secreto.

Os queixosos eram os gregos, ou helenistas, contra os hebreus (v. 1). Os gregos


eram os judeus que se espalharam pela Grécia e outras regiões, falavam
comumente a língua grega e liam o Antigo Testamento na versão grega, não no
original hebraico. Muitos deles estavam em Jerusalém para a festa quando
aceitaram a fé cristã e foram acrescentados à igreja. Estes murmuraram contra
os hebreus, que eram os judeus nativos que usavam o original hebraico do
Antigo Testamento. Alguns pertencentes a cada um desses grupos se tornaram
cristãos, mas, pelo visto, essa aceitação conjunta da fé não teve sucesso, como
deveria, em extinguir os poucos ciúmes que tinham uns dos outros antes da
conversão. Eles retiveram um pouco do fermento velho e não entenderam ou
não se lembraram de que em CRISTO JESUS não há nem grego nem judeu (Cl
3.9). Portanto, não há distinção entre hebreus e helenistas, mas todos são
igualmente acolhidos em CRISTO, e deveriam ser, por causa dele, queridos uns
dos outros.

A murmuração destes gregos era que as suas viúvas eram desprezadas no


ministério cotidiano (v. 1), quer dizer; na distribuição de refeições, e as viúvas
hebreias eram mais bem cuidadas. É pena que as pequenas coisas deste mundo
sejam pontos de discórdia entre os que admitem ter relações com as grandes
coisas do outro mundo. Os apóstolos fizeram a distribuição, obviamente, com a
mais absoluta imparcialidade, e nem de longe intentaram respeitar os hebreus
mais que os gregos. Contudo, houve queixa deles, que diziam estarem as viúvas
gregas sendo desprezadas. Embora elas fossem aptas a receber esse tipo de
assistência social, os apóstolos não lhes deram o suficiente, ou não
contemplaram todas, ou não deram exatamente a mesma soma oferecida às
viúvas hebreias.

Para resolver o impasse, orando e impondo-lhes as mãos, os apóstolos


separaram sete irmãos de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria para administrar uma questão étnica e social (At 6.2-7). Foi uma
decisão de caráter pacificador e de muito bom-senso para a igreja não se perder
em permanentes desentendimentos. O objetivo era estimulá-la a resolver a
questão reconhecendo o caminho equivocado antes aderido pelos líderes até
aquele momento. Assim, eles puderam executar as mudanças necessárias e
resolveram uma questão que poderia trazer sérios problemas para a igreja de
Jerusalém.

O Pr Altair Germano escreve o seguinte em seu Blog: “- Boa Reputação (gr.


martyrouménous): boa fama, alguém de quem se fala bem, louvado,
recomendável (esposa, filhos, vizinhos, patrão, igreja, pastor, etc.

Cada apóstolo já estava sobrecarregado com várias responsabilidades. Por


isso propuseram uma DIVISÃO do trabalho para assegurar assistência às
viúvas gregas que, na distribuição diária que a igreja fazia de alimentos
estavam sendo preteridas.

Sete homens de etnia grega, já que a queixa partia das viúvas gregas,
homens de boa REPUTAÇÃO, cheios do Espírito de Deus e de sabedoria
(At 6:3), se destacaram na congregação de Jerusalém, para executar essa
função. Alguns lembram que o diaconato não devia ser relacionado
somente a caridade, pois os diáconos escolhidos eram homens
de ESTATURA espiritual.

Estevão, por exemplo, “cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes


sinais entre o povo” (At 6:8), foi o primeiro mártir da igreja. Epafras,
gigante da oração, fiel guerreiro e trabalhador (Cl 4:12).

Filipe, apontado como um dos sete, os evangelizava a respeito do Reino de


Deus e do nome de Jesus Cristo e os batizava (At 8:12), vinte anos depois
de escolhido, ainda é mencionado como o evangelista e diácono (At 21:8).

Timóteo (I Tm 4:6), Tíquico (Cl 4:7), Paulo (I Cor 3:5) e o próprio Cristo
(Rm 15:8) são o exemplo de que a diaconia não se refere a uma posição
hierárquica, mas a uma CONDIÇÃO aquele que almeja ser digno de levar
a Mensagem do Reino de Deus.

O Novo Testamento enfatiza a compaixão pelas necessidades físicas e


espirituais dos indivíduos bem como o quanto devemos nos doar para
satisfazer essas necessidades. Deus nos capacita para o serviço com vários
dons espirituais. Quando realizamos esse serviço, em última análise,
ministramos ao próprio CRISTO (Mt 25:45).

Jesus equipara o ministério diaconal como uma função suprema daqueles


que servem ao Reino de Deus. Alimentar os famintos, saciar os sedentos,
acolher aos necessitados, vestir os que estão despidos, visitar os enfermos
e encarcerados (Mt 25: 31-46), são as prerrogativas daqueles que ouvirão
o “… vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo”. (Mt 25:34)

Em I Tm 3:8-13 são dadas instruções sobre as qualificações da função de


diácono, a maioria delas se relaciona ao CARÁTER e comportamento
pessoais. Um diácono deve falar a verdade, ser marido de uma só mulher,
não ser dado a muito vinho, e ser um pai responsável. Ou seja, são
pessoas profundamente comprometidas com uma DISCIPLINA pessoal,
são fiéis e frutíferas.

A diaconia bíblica não se caracteriza por PODER e proeminência, mas por


serviço ao próximo, por cuidados pastorais. Não obstante, a conseqüência
natural do trabalho diaconal feito com zelo e dedicação é a admiração e,
sobretudo, intrepidez na fé. (ITm 3:13)

                                  Cada discípulo de Cristo foi feito para servir!


 O Novo Testamento apresenta o ministério do serviço como uma marca
de toda a igreja, isto é, como uma conduta normal para todos os
discípulos (Mt 20: 26-28; Lc 22: 26-27).

Diaconia não é apenas um certo setor da atividade da Igreja. Diaconia é a


própria identidade da Igreja. A Igreja não apenas exerce diaconia, ela se
define e se identifica pela diaconia: a Igreja de Jesus ou é diaconia, ou não
é Igreja de Jesus.

Para começar, é pela diaconia que Jesus se define a si mesmo em Mc


10,45: "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
entregar a sua vida pela multidão." E o seu testamento, na última ceia, foi
o gesto típico da diaconia: lavar os pés (Jo 13,1-15). Por isso, Paulo vai
designar a Jesus como "diácono dos circuncisos", enquanto veio "cumprir
as promessas feitas aos pais" (Rm 15,8). Isto é, toda a missão de Jesus é
diaconia.

Por isso, Jesus Servo é contemplado como princípio e paradigma


(modelo) de toda a missão de seus discípulos e discípulas: Mc 10,43-45;
Lc 22,26s. e Jo 12,25s.: seguir a Jesus é servir (cf. Mc 9,33-37). O serviço
é, assim, a própria identidade do discipulado. Não é que se é discípulo(a)
e, por conseqüência, se exerce o serviço. Não. É-se discípulo na medida
em que se é servidor. Discípulo equivale a diácono, a servidor.

A partir daí, compreende-se por que Paulo vai dizer que salvação é
diaconia de Deus mediante o Cristo (2Cor 3,7-9) e mediante seus enviados
(2Cor 5,18-20): a diaconia da reconciliação. Toda a missão em vista da
salvação do mundo é diaconia. E a salvação equivale, no NT, à "nova
criação", à transformação (cf. Rm 8). Particularmente em 2Cor, epístola
em que Paulo desenvolveu seu pensamento sobre o ministério cristão,
encontramos a clara identificação entre diaconia e missão cristã como tal:
somos diáconos, servos e servas, da nova aliança (3,6), da justiça de Deus
(11,15), de Cristo (11,23; cf. Cl 1,17), de Deus (6,4). Em Cl 1,25 diz-se que o
apóstolo é servo da comunidade da Igreja. Ao contrário do que pensavam
os gregos da condição dos homens livres, a glória do ministério cristão é a
própria condição de serviço (cf. 2Cor 3,8), pois é identificação ao Cristo
(cf. Mc 10,43-45; Lc 12,37). Na verdade, a imagem básica para refletir
sobre Jesus no NT foi a figura do servo, a partir dos Cânticos do Servo
Oprimido e Vitorioso, segundo a profecia de Isaías. Conforme o AT, servo
de Deus é alguém que pertence radicalmente a Deus e a Ele se entrega
totalmente, e por Ele sente-se protegido e amparado. Por isso, ser servo
equivale a permanecer em constante adoração (por isso, também o culto é
chamado de "serviço a Deus"), mas também "servir a Deus" é obedecer-
lhe em todos os atos da vida humana, a começar do cultivo da terra para
sobreviver. "Servir a Deus" é tanto o culto como o trabalho. Jesus é, antes
de qualquer outro título cristológico, o servo de Deus por excelência: At
3,13 - a catequese presente nos evangelhos se faz toda ela sobre o
paradigma do SERVO, completamente devotado a instaurar o reinado de
Deus.

Assim são apresentadas a vocação e missão de Jesus no batismo e na


transfiguração: Is 42. Sua tarefa é assumir a missão do profeta-servo,
conforme Is 61, como nos diz Lucas no discurso programático na sinagoga
de Nazaré (Lc 4,16ss.). Para Mateus, toda a ação de Jesus de restaurar a
vida e a dignidade de pessoas necessitadas e humilhadas é a do servo que
"leva nossas enfermidades e carrega nossas dores" (Is 53,4). É assim que
Ele se levanta como luz a brilhar para quem está esmagado em regiões de
trevas (Is 8,23-9,1; 49,1-7). Toda a caminhada de subida a Jerusalém se
inspira na figura do servo, e isso é dito de três modos, fundamentalmente:
entregar a própria vida, acolher os pequeninos e tornar-se como eles,
aceitar fazer comunidade com os pobres. Finalmente, há o texto clássico
de Fl 2,5-11, texto eminentemente pascal: ser servo, obediente até a morte
de cruz, é a identidade de Jesus, e é a condição que "convém a quem está
em Cristo Jesus". A ressurreição é a confirmação por parte de Deus de que
o caminho da restauração - nós diríamos hoje, da humanização - é o
caminho do servo.

Por isso, toda tarefa de dedicação ao evangelho é diaconia, desde a


proclamação missionária até a edificação da comunidade: é o "Serviço do
Evangelho" (cf. 2Cor 4,1; 5,18; Cl 1,23; Rm 11,13). Quem se entrega à
proclamação do evangelho é diácono, servo(a) (1Cor 3,5; 2Tm 4,5.11). Os
Atos dos Apóstolos insistem em designar a proclamação do evangelho
como diaconia: 6,4; 20,24; 21,19.
O objetivo da "Diaconia do Evangelho" é criar koinonia, comunhão,
solidariedade comunitária. É edificar a Igreja como Corpo de Cristo no
mundo. Daí por que o gesto da mesa comum, da "Ceia do Senhor", onde
Cristo se faz presente no lava-pés e na partilha e entrega do pão que dá
vida ao Corpo, é o símbolo central da Igreja. É seu anúncio profético.

O que é a realidade da Igreja, senão a diversidade dos dons (carismas) do


mesmo Espírito? E todos os dons são concedidos em vista do proveito
comum: os diversos dons se constituem em diversos "ministérios". Paulo
usa aqui o termo "diversidade de diaconias" (1Cor 12,4-44). Em Rm 12,3-
13, fala-se da diaconia como de um ministério particular (v. 7), mas, ao
mesmo tempo, diz-se que todos os dons têm de ser entregues em proveito
de todos, "cada qual considerando a outrem como mais digno de honra",
em tudo "servindo o Senhor". O mesmo se acha em 1Pd 4,7-11: "Conforme
o dom que cada qual recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros" (v.
10). Ou seja, a diaconia, o serviço é a própria identidade da Igreja. Igreja é
troca de serviços recíprocos, pois aí todos somos radicalmente servos e
servas. É sintomático que todas as tarefas sejam designadas como
ministérios.
Em um sentido amplo, vemos no Novo Testamento a palavra “diakonos” e
suas variantes serem, mais de 100 vezes, aplicadas. Refere-se a quem
serve os convidados (Jo 2:5-9), servos do rei (Mt 22:13), ministro de
Satanás (II Co 11:15), ministro de Deus (II Co 6:4), ministro de Cristo (II
Co 11:23) e à autoridade (Rm 13:4).

No sentido restrito e específico, porém, vemos em At 6:1-6 a palavra


“diakonos” aplicada a homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, que receberam o ofício de servir à mesa como deliberação dos
apóstolos após a discórdia entre helenistas e hebreus quanto a
distribuição diária de alimentos às VIÚVAS gregas na comunidade cristã.

Bem, todo crente foi salvo para servir, não para ser SERVIDO. Portanto,
no sentido teológico, todo crente deve ser um serviçal, “diakonos” de
Deus, de sua igreja local e de cada um dos seus irmãos individualmente.

Toda organização tem pessoas que trabalham nos bastidores. Esta é a


função do diácono na igreja. Ele trabalha nos bastidores para servir e
ministrar às necessidades das pessoas. A palavra diaconato descreve o
serviço do grupo de diáconos e diaconisas dentro de uma igreja.

Um bom cristão é essencialmente antes de tudo um bom


diácono!

Qualidades do Diáconos. Semelhantemente, quanto a diáconos, é


necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a
muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério
da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente
experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato.
Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja
marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois
os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa
preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus. 1Tm 3:8-13.

As qualificações dos diáconos descritas no livro de Atos e na primeira


carta a Timóteo revelam que em nada elas diferem da atribuição ética
exigida aos bispos (1 Timóteo e Tito).
 
Caráter: I Tm 3:8. Respeitável, de uma só palavra, não inclinado a muito
vinho, não cobiçoso de sórdida GANÂNCIA.

a) Caráter moral (1Tm 3.8). Os diáconos devem ser pessoas honradas,


dignas, corretas e íntegras. Não pode haver “língua dobre” neles, isto é, a
sua palavra deve ser sim, sim e não, não. A ganância por dinheiro tem de
passar longe da sua vida, pois sua função é exatamente a de executar
trabalhos administrativos da igreja local, como auxiliar nas tarefas do
culto e acompanhar as viúvas e os pobres da Igreja do Senhor.

b) Caráter espiritual (1Tm 3.9,10). Ter a plena convicção do que é crer no


Evangelho. O diácono guarda a revelação de Deus que está em Cristo
Jesus, o nosso Senhor (cf. Rm 16.25). Por isso, a liderança e a igreja local
devem avaliar o candidato ao diaconato levando em conta o seu caráter
moral e espiritual.

c) Caráter familiar. O candidato deve ser marido de uma mulher, fiel à sua
esposa e bom pai. A exemplo dos bispos, os diáconos devem ser zelosos
com o seu lar, amar as suas esposas com amor sacrifical. Devem respeitar
os seus filhos, para obterem deles o mesmo respeito. O “serviço” do
diácono à sua família revelará como ele servirá a igreja local

Fé: I Tm 3:9. Deve conservar o MISTÉRIO da fé com a consciência limpa.


Não necessariamente ser apto para o ensino, mas deve entender e
sustentar sua fé e a doutrina.

Reputação: At 6:3. Conhecido como alguém cheio do Espírito Santo e


de SABEDORIA. 

Questão de GêneroI Tm 3:11. As mulheres são elegíveis para esse


ofício. Elas devem ter qualificações inerentes. Não devem ser
maledicentes porque boa parte do seu serviço inclui VISITAÇÃO.

Por causa do grande número de mulheres convertidas (At 5:14; 17:4), as


mulheres atuavam na área de visitação, discipulado e auxiliavam no
batismo. Em Rm 16:1-2, lemos que Paulo elogiou Febe por ser uma
ajudadora no serviço da igreja de Cencréia. Outra abordagem possível é a
de que esta passagem refere-se às esposas dos diáconos.

Em Rm 12:8 e I Tm 3:4-5 encontramos outras qualidades desejadas ao


diácono comuns aos demais ministros.

 O Diácono e sua Atuação na Igreja 

Eleição dos Diáconos – É necessário um período de experiência (ITm


3:10). A eleição formal é feita pela igreja e sancionada pelo corpo de
pastores ou presbíteros (At 6:1-6). Na igreja do primeiro século sempre
havia pluralidade de diáconos (At 6:1-6; Fp 1:1).

O mandato dos Diáconos – A duração do mandato não é especifica na


Bíblia e pode ser regulamentada pela assembléia de membros da igreja
desde que autenticado pelo Espírito Santo. O diácono é um cargo
ministerial local e não vitalício, ou seja, em uma eventual mudança de
congregação o diácono pode ou não ser reconhecido como tal na outra
igreja ou poderá ser exonerado de sua função.

O Número de diáconos – O número de diáconos em exercício na igreja


deve ser proporcional ao número de membros. Uma equivalência próxima
a cinco por cento dos membros seria um número adequado, isso claro
depende da atuação social da igreja junto à comunidade. O
estabelecimento de um número proporcional evitaria as
figuras DECORATIVAS no diaconato.

A dignidade dos Diáconos – O próprio titulo implica em grande


honra. Serviço conferido a anjos (Mt 4:11), como aquele do próprio
Senhor (Mt. 20:28). O candidato ao diaconato deve ser provado antes da
chancela de seu cargo na igreja. De forma prática ele deve ser observado
antes mesmo de sua indicação. Estão entre os requisitos para exercer a
função: a cordialidade, a presteza, a iniciativa, a organização, a prudência,
o discernimento espiritual e a alegria necessária a todo
trabalho VOLUNTÁRIO.

As Funções dos Diáconos – Cabe ao diácono, em geral, funções


executivas e administrativas que cercam a vida e a realidade da igreja.
Não obstante, ele não está isento de sua missão primeira que é
o SACERDÓCIO universal de todo cristão.

 Auxiliar na introdução dos visitantes ao templo e na ordem do ambiente;


 Guardar a porta e perceber o fluxo externo à igreja durante os cultos para
evitar a invasão por animais e pessoas mal intencionadas;
 Aproximar-se de pessoas no interior do templo em situação de
vulnerabilidade, (emoção extrema, possessão, desequilíbrio);
 Auxiliar na ministração e distribuição dos elementos da ceia;
 Distribuir, a critério da junta diaconal e do Conselho Gestor, a
beneficência ou os auxílios aos necessitados da igreja;
 Visitas juntamente com o pastor ou a critério deste a hospitais, prisões e
velórios;
 Prestar relatórios ao pastor a respeito das necessidades comunicadas
pelos membros da igreja;
 Providenciar a manutenção de equipamentos ou das dependências da
igreja quando necessário; 
A recompensa dos Diáconos – Pois os que desempenharem bem o
diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita
intrepidez na FÉ em Cristo Jesus. (ITm 3:13)

            Em geral, as qualificações dos diáconos para sua


função incluem as exigências para as funções ministeriais dos
demais ministros, além de suas especificidades. A seguir
apresenta-se um quadro com estas referências.

Em relação a Deus

Apegados à palavra, fiel I Tm 3:9; Tito 1:9

Justos e piedosos Tito 1:8

Aptos para ensinar I Tm 3:2; 5:17; Tito 1:9

Irrepreensíveis I Tm 3:2-9; Tito 1:6

Não sejam neófitos I Tm 3:6

Amigos do bem Tito 1:8

Experimentados I Tm 3:10
 

Em relação aos outros

De uma só palavra I Tm 3:8

Respeitáveis I Tm 3:2-8

Hospitaleiros I Tm 3:2; Tito 1:8

Inimigos de contendas I Tm 3:3

Não violentos, porém cordial I Tm 3:3; Tito 1:7

Tenham bom testemunho dos de fora I Tm 3:7

Não arrogantes Tito 1:7

Não cobiçosos de sórdida ganância I Tm 3:8; Tito 1:7


 
Em relação a si mesmo

Que tenham domínio de si Tito 1:8

Temperantes I Tm 3:2,8; Tito 1:7

Não avarentos I Tm 3:3

Sóbrios I Tm 3:2; Tito 1:8

Não irascíveis Tito 1:7

Não dados ao vinho I Tm 3:3,8; Tito 1:7


 

Em relação à família

Esposos de uma só mulher I Tm 3:2,12; Tito 1:6

Que governem bem a sua própria


I Tm 3:4,12; Tito 1:6
casa

Que tenham filhos obedientes I Tm 3:4,5,12; Tito 1:6

A Diaconia de Cristo

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,


pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser
igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo
a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se
obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Fil. 2:5-11

Como foi dito no princípio, a diaconia deve ser legitimada não somente
como uma função cristã, mas como o modo de ser da igreja. Deus foi o
primeiro diácono ao se esvaziar de sua inteira completude para que
houvesse a CRIAÇÃO. Jesus Cristo se esvaziou de sua glória para que
houvesse SALVAÇÃO. O Espírito Santo se esvazia no derramamento e
plenitude de sua ação dentro de nós para que haja SANTIFICAÇÃO.

Qual, portanto, deve ser o papel do cristão e da igreja diante do exemplo


trinitário de esvaziamento e serviço?

Ninguém pode entrar inteiro em uma relação. A vida cristã é baseada em


comunhão e relacionamentos. Cabe a cada um de nós crentes no Senhor
Jesus a tarefa de nos esvaziar através do serviço, da cumplicidade, do
amor para que haja COMUNHÃO.

A comunhão e o amor dos crentes é o que mostrará o amor de Deus à


humanidade. A diaconia é o amor em ação. Um profundo compromisso
com as necessidades uns dos outros mostra um alto nível de autenticidade
do cristianismo vivido entre nós.

Sobretudo, a diaconia é um ato de doação e partilha, de prazer e alegria. 


É um ato da Graça Divina a ser refletido na vida dos cristãos. A diaconia
como doação e partilha é o ato/efeito de se esvaziar da necessidade
do TER através do serviço para se alcançar o SER. O ser cheio de graça
“karis” (χα′ρις), alegria, riso, gozo, satisfação, contentamento. É o
transcender por meio do sentir-se útil ao Reino de Deus.

 A graça deve ser a tônica de todo serviço cristão! 

A diaconia de Jesus é um ato de grande nobreza, ato sublime e singelo de


submissão e serviço. É o Criador que cinge os lombos com uma toalha e
lava os pés de sua criação mesmo diante da iminente TRAIÇÃO. (Jo
13:4,5) É ato de humildade, identificação, é a ENCARNAÇÃO levada às
últimas conseqüências.

O nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo representam a


diaconia do próprio Deus que trabalha em favor da REDENÇÃO da
humanidade. Que dá o exemplo de iniciativa diante do necessitado, do
pobre, cego e nu. É ato de pura misericórdia e amor.

Diante dessa perspectiva a Igreja Batista Vale Verde propõe um norte


para a ação diaconal de nossa igreja. CRESCER PARA SERVIR deve ser
nossa meta/alvo. Crescer na graça e no conhecimento do Filho de Deus
pra servir à nossa comunidade e às pessoas que necessitem de nosso
serviço.
Um serviço que não se dá somente dentro da vida litúrgica ou do culto de
nossa igreja, mas principalmente na história de nossas relações de forma
concreta, plausível, honesta e intensa.

Conclusão:

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade,


considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada
um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é
dos outros.

Fil. 2:3,4

 O diácono, além de um ministro espiritual, ministra também a respeito


das questões materiais. Ele deve lembrar-se de que Cristo é o Dono da
Igreja, mas que deu o exemplo de ser o primeiro e maior diácono de
todos.

Há diferenças fundamentais entre as funções do pastor e as funções do


diácono, mas as exigências para o serviço são as mesmas, assim também
como a recompensa.

O diácono deve ser examinado e aprovado pela igreja e seus líderes, é


respeitado pela igreja como homem honesto, um bom administrador, um
bom crente.

É austero, sincero, amigo, prestativo, serve com alegria porque sabe a


quem está servindo. Está preocupado com a glória de Cristo através do
bom desempenho de seu serviço na igreja e na comunidade.

O diácono não pertence a uma hierarquia funcional inferior, mas à luz da


teologia bíblica pertence a mais excelente classe diante de Deus: aqueles
que servem. Ele não é empregado da igreja, mas a serve com zelo, temor e
gratidão.

Sejamos, portanto diáconos uns dos outros!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Diaconia de Jesus, Rodolfo Gaede Neto, Editora Sinodal, Paulus e CEBI

ANDRADE, Claudionor de. Manual do Diácono. 1 ed., RJ: CPAD, 1999.

STOTT, John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1 ed., RJ, CPAD, 1995.

http://igrejavaleverde.com.br/blog/tag/curso-de-diaconia/

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