Registro: 2022.0000615302
ACÓRDÃO
XISTO RANGEL
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
acusado determinou que a vítima ali se sentasse, sendo possível notar que o
motorista possuía entre as pernas uma arma de fogo. Com a liberdade
restringida pelos assaltantes, a vítima teve a carteira subtraída e o acusado notou
que ali não havia dinheiro. Contudo, mantida a restrição de liberdade, os
assaltantes notaram a presença de um cartão bancário (Banco do Brasil) e se
dirigiram com a vítima até ao Mercado 'Sonda', onde foi conferida a senha e
conferida a existência de saldo bancário.
Seguindo com a restrição de liberdade imposta à
vítima e mediante grave ameaça (tanto com a ciência da existência de arma de fogo
como da exibição de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida para que a vítima
'rezasse'), o acusado RODRIGO e seu comparsa realizaram a subtração de dinheiro
da conta bancária na agência da Avenida Nelson D'Ávila (R$ 500,00) e nova
subtração no terminal do Carrefour Aquarius (R$ 500,00 e 200,00).
No curso da investigação, o acusado RODRIGO foi
preso e também foi identificado o carro vermelho do próprio RODRIGO (carro
registrado em nome do acusado RODRIGO: fls. 17).
De fato, submetido a reconhecimento fotográfico, a
vítima reconheceu o acusado como o autor do delito. Não apenas: também
reconheceu o veículo do acusado (com várias particularidades) como aquele no qual
ela teve a liberdade restringida, sendo transportada para as sucessivas subtrações
de dinheiro de sua conta bancária (reconhecimento fotográfico a fls. 14/
reconhecimento do veículo e seus detalhes: fls. 15/26, com fotografias do veículo e
relato da vítima quanto aos detalhes observados).
Inconformada, a defesa técnica do sentenciado,
capitaneada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, interpôs recurso de
apelação. Sustentou, em síntese, a absolvição ante a insuficiência de provas e,
subsidiariamente, a redução da pena, na primeira e segunda fase da dosagem. Por
fim, pediu o afastamento do valor fixado a título de indenização à vítima. (fls.
204/212).
Em contrarrazões, o representante do Ministério
Público se manifestou pelo não provimento do recurso defensivo (fls. 217/220).
PGJ não discrepou (fls. 231/237).
de outro roubo com modus operandi bastante similar ao tratado aqui nestes autos, na
posse de um veículo cuja cor peculiar vermelha e outros detalhes internos foram
reconhecidos pela vítima, aliado ao reconhecimento extrajudicial da vítima, há prova
mais que segura para sustentar a condenação do ora apelante.
As causas de aumento de pena restaram caracterizada,
conforme se extrai da prova oral. O acusado agiu com um comparsa desconhecido,
assim como a vítima teve sua liberdade restringida por tempo juridicamente
relevante, enquanto os ladrões realizavam saques em caixas eletrônicos. Aliás, como
a vítima foi obrigada a fornecer senha de seus cartões bancários, haveria também, em
tese, a prática do crime de extorsão. No entanto, como não foi esse o entendimento
da acusação, nada poderá ser feito.
As penas não comportam ajustes.
A pena-base foi fixada em 1/6 acima do mínimo porque
registrada condenação anterior caracterizadora de mau antecedente (fl. 133
condenação alcançada pelo quinquênio depurador, com pena cumprida em
13.05.2016).
Na segunda fase, sobreveio acréscimo de 1/5, o que se
mostra proporcional à dupla recidiva (fls. 132/133). Ora, é evidente que alguém que
ostenta duas condenações caracterizadoras de reincidência merece ser apendo de
forma mais drástica do que aquele com uma única recidiva, em reverência à
individualização da pena.
Não há se falar em bis in idem porque maus
antecedentes e reincidência são alicerçados em condenações penais distintas. A
esdrúxula tese defensiva no sentido de que a reincidência, por ser mais grave, deve
absorver os maus antecedentes, não comporta guarida. Maus antecedentes e
reincidência incidem em fases distintas das dosagem e cada qual possui critérios
próprios.
Na terceira fase, de forma benevolente, houve aumento
mínimo e 1/3, em virtude das causas de aumente de pena (concurso de pessoas e
restrição de liberdade da vítima).
Réu duplamente reincidente e portador de mau
antecedente, só restava mesmo a imposição do regime prisional fechado, em