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Ministro da Cultura
Juca Ferreira
Presidente do Iphan
Luiz Fernando de Almeida
como você sabe, tem um valor mais alto [...] Muitas vezes, se a
Sou feliz da vida com ela [Arte Santeira], é tanto que o pessoal
A pesquisa foi realizada por Edu- dos santeiros, localizados nos municí-
car: artes e ofícios em parceria com os pios de Teresina, Campo Maior, José
pesquisadores do Grupo de Pesquisa de Freitas, Pedro II e Parnaíba.
– CNPq, “Memória, Ensino e Patrimô- O conhecimento e documenta-
nio Cultural”, da Universidade Federal ção produzidos subsidiarão o Iphan
do Piauí e Associação Nacional de His- - Piauí nas ações de salvaguarda
tória – ANPUH – Seção Piauí. referentes à Arte Santeira, além de
A equipe de trabalho teve natureza fornecer elementos para o processo
interdisciplinar. Colaboraram com o tra- de registro do bem no “Livro de
balho historiador, produtor audiovisual, Registro dos Saberes”, como esta-
fotógrafo, documentarista e administra- belece o Decreto nº 3.551, de 04 de
dor; da equipe participaram, ainda, alu- agosto de 2000:
nos do Curso de Graduação em Histó-
ria e Direito da UFPI. Artigo 1º - Fica instituído o Registro de Bens Cultu-
rais de Natureza Imaterial que constituem patrimô-
O projeto original foi uma inicia- nio cultural brasileiro.
tiva do Iphan no Piauí. O trabalho Parágrafo 1º Esse registro se fará em um dos
realizado privilegiou: o levantamento seguintes livros:
I - Livro de Registro dos Saberes, onde serão ins-
preliminar, a identificação e a docu- critos conhecimentos e modos de fazer enraizados
mentação do ofício e modos de fazer no cotidiano das comunidades [...]3
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Sabemos que essa postura autorrefle- que a submete à mudança. Não temos
xiva nos permitiu detectar continuida- como apreender a totalidade e com-
des, permanências, rupturas, memórias plexidade do real, daí porque a nossa
subterrâneas e muitas vezes em dis- descrição, mesmo que pretensamente
puta; o que nos impõe desafios éticos densa9, será parcial. Sabemos que as
enquanto pesquisadores, pois temos memórias capturadas são trabalha-
consciência de que o texto que produzi- das e permeadas de ressentimentos,
mos aqui será o produto reflexo de uma conflitos, experimentos e vivências
síntese, organização e interpretação de construídas ao longo do tempo e de
dados e que não estaremos isentos do gerações. Como orienta a discussão
nosso lugar social de fala. norteadora do INRC, nosso intento é
Estamos convictos de que o mate- captar o ofício, os modos de fazer, os
rial que produzimos [palavras e ima- sentidos e os significados que os arte-
gens] não é capaz de repor a origina- sãos lhe atribuem no momento parti-
lidade da realidade vista, vivida e sen- cular da história em que estamos inse-
tida no trabalho de campo, levando-se ridos, isto é, percebendo a sedimenta-
em consideração o conjunto de variá- ção de experiências e contribuições do
veis das quais a pesquisa pode even- passado, mas aceitando a abertura da
tualmente não dar conta, e a própria Arte Santeira às mudanças e desafios
inscrição da cultura na temporalidade, de nosso tempo.
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mudanças culturais do século XX que rino Vieira de Melo, dos anos 1920 aos
tornavam o Piauí, assim como o Brasil anos 1950, buscou reordenar sua hie-
inteiro, cada vez mais populoso, mas- rarquia e repensar suas relações com
sificado e, especialmente, urbano. os diferentes grupos da sociedade.
A Arte Santeira se desenvolve Mas é na administração de Dom Avelar
inscrita, naquele momento, com o Brandão Vilela, a partir do fim dos anos
registro de uma série de experiências 1950, que a instituição eclesiástica atu-
históricas, tais como a urbanização alizou suas práticas com as demandas
da capital piauiense, o fluxo migra- e com a realidade dos diferentes grupos
tório que esvaziava o campo e, mais sociais, incluindo aí toda a dimensão da
especificamente, a permanência da religiosidade popular. É nesse sentido
cultura do ex-voto, a atenção que a que vamos encontrar a Arte Santeira do
Igreja Católica passava a dedicar aos Piauí, quando de seu desenvolvimento
grupos e práticas populares, sobre- e visibilidade junto a uma prática emi-
tudo, a partir do Concílio Vaticano II, e nentemente popular, as trocas simbóli-
o próprio incentivo, dos anos 1970 em cas entre santos e fiéis, materializadas
diante, à busca e ao conhecimento nos ex-votos, estimulada e promovida
dos elementos rústicos que pudessem diretamente por clérigos piauienses,
caracterizar uma identidade piauiense como o próprio Dom Avelar e o Padre
tipicamente sertaneja e regional. Francisco Carvalho, pároco construtor
Com efeito, a Igreja Católica no da Igreja de Nossa Senhora de Lour-
Piauí, desde a atuação de Dom Seve- des, em Teresina.12
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Essa contribuição cultural de escravos e índios ter- depois, o povoado Tanque, município de Oeiras
se-á materializado, sobretudo, na construção dos [...] Como é natural em pequenas comunidades
templos e em sua decoração. Na talha de retábulos agrárias de nosso interior, iniciou-se o futuro
e confecção das peças do culto coletivo e que ali- mestre que é apenas alfabetizado, como lavra-
dor, atividades que partilharia, já a partir dos anos
mentavam, até o advento dos moldes para gesso, a
quarenta, com o comércio ambulante. O fato é
infinidade de oratórios domésticos de que viveu a fé
de significativa importância para o nosso estudo,
de uma colônia obcecada pela ideia de pecado. portanto essas viagens do pequeno comer-
Notáveis foram, desde o início da colonização, as ciante - que o levaram, muitas vezes a Juazeiro
reinterpretações artísticas de concepções euro- do Norte e Canindé, no Ceará - terão ensejado
peias, por mestres nativos; como notáveis os mes- contatos mais frequentes e mais próximos com
tres artistas do povo que, no interior mais distante, mestres santeiros das referidas cidades (centros
criaram as imagens de que o culto não prescindia regionais de peregrinação) e suas oficinas arte-
e a pobreza material das comunidades não permi- sanais [...]. A técnica usada foi a do entalhe com
faca e “ferro de volta”, instrumento desenvolvido
tia importar.13
pelo próprio artista. A madeira preferida, o cedro
[...]. Para as encarnações, utilizava-se da tinta
Dagoberto Carvalho Júnior indica a óleo mais facilmente encontrada no comércio
incipiente da região.14
exemplo do santeiro popular que loca-
lizou no Piauí:
Outro artista santeiro apontado
Nasceu Pedro Xavier Nunes em 15 de agosto de pelo historiador Carvalho Júnior é
1907, no lugar Chapada dos Nunes que integrou, Loreno Antônio da Cunha (1848-1929).
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Para o pesquisador, o primeiro artista Como a grande maioria dos artistas populares, não
assinava seus trabalhos e, como outro tanto, nem
popular historicamente documentado. uma marca de identificação adotou. Aceitou inú-
meras encomendas tendo sido, coincidentemente,
Loreno Cunha esculpiu sua primeira imagem com uma Santa Luzia a primeira que vendeu.15
quinze anos. A partir de então sua atividade no setor
não foi contínua pela falta de profissionalismo, mas foi
constante pela intuição artística que lhe marcou a vida Podemos citar ainda o caso do
de agropecuarista bem sucedido. Sua curiosidade o
faria ainda hábil mecânico - também neste caso mais artista popular Sebastião Mendes,
para suprimento de necessidades locais - de relógios nascido em terras do Piauí, respon-
e máquinas de costura. Mas, foi, efetivamente como
santeiro que preencheu as horas de lazer e realizou- sável por esculpir as portas da Igreja
se do ponto de vista intelectual [...].
Esculpiu aproximadamente cento e cinquenta ima-
de São Benedito, edificada pelos
gens desde aquela Santa Luzia de 1863. Essa pre- fiéis sob a coordenação e incentivo
dileção pela protetora dos olhos seria constante em
sua vida e em sua arte, tendo sido da referida santa o
do frei capuchino Serafim de Catâ-
maior número de peças que trabalhou, algumas des- nia, no final do século XIX.
sas imagens primorosamente entalhadas [...] Usava,
de preferência, a cajazeira e o instrumento foi sempre
Na imaginária produzida pelos
o canivete. O acabamento (pintura) era feito com as artistas populares está presente
grosseiras tintas de que dispunha. Na arte, não teve ainda o ex-voto, que designa uma
mestre. Iniciou-se e promoveu-se pela intuição cria-
dora, tendo a inspirar-lhe, além do velho e rico orató- variedade de objetos doados por
rio doméstico, bonitas gravuras à época importadas. fiéis aos santos de sua proteção
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em São Paulo; dentre outros even- Cheguei aqui em 1970, em Teresina. Continuei
a trabalhar, antes disso, eu tive um convite da
tos no Rio de Janeiro, Pernambuco esposa do governador, que era o Dr. Euclides
e Estados Unidos.21 Afirmando a ori- Nunes de Barros, a esposa dele me convidou,
era um trabalho pra o Prefeito lá da minha terra,
gem de sua arte e a inspiração para a [...] Raimundo de Oliveira. Eu apresentei um
produção das peças, Mestre Dezinho trabalho na Feira dos Municípios aqui em Tere-
sina, esse trabalho pegou bem, eu ganhei o pri-
dizia, em entrevista de 1974, ao jor- meiro lugar no serviço manual e essa esposa do
nal O Dia, de Teresina, que sua arte governo me convidou pra vir pra Teresina, ensi-
nar a minha profissão a um grupo de meninos.
era “do povo do Piauí”, uma forma de [...] Eu cheguei aqui em 1970 e fui ensinar um
divulgação de sua terra pelo mundo, grupo de meninos [...]23
através da exportação.22
Entrementes, outros artesãos, Aprendizado de forma espontânea,
como Mestre Expedito e Mestre Araújo, outras vezes incentivada, fez com que
produziam também suas imagens de surgisse, no final dos anos 1970 e início
santos, na capital e no interior do Piauí, dos anos 1980, uma segunda e, pos-
sob o mecenato de padres, bispos e teriormente, uma terceira geração de
políticos, que estimulavam também a artesãos. Vizinhos, familiares dos san-
transmissão do ofício para os jovens. teiros mais velhos, como filhos e sobri-
Como diz Mestre Expedito: nhos, ou mesmo pessoas sem relação
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Imaginemos um artesão, em
siona, na oficina.
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rior, a imburana, mas depois eu vi que não dava No ambiente rústico da oficina, a
porque a imburana de espinho dava pra fazer
peças só de até um metro de altura, é difícil por-
madeira é, inicialmente, medida em suas
que é uma madeira que esgalha muito, nunca dimensões antes de ser cortada no tama-
ela dá, tem uma falha no centro da madeira,
nho próprio para a escultura ou talha que
no lugar daquele miolinho que o cedro tem,
tem um ocozinho, aquele buraco. E o cedro eu será produzida. Alguns artesãos utilizam
achava uma madeira difícil pra mim porque ela lápis, pincel hidrocor, compasso ou fita
tinha uma fibra, ela é muito cheia daquelas bei-
ras, você fica trabalhando, ela nunca pega um métrica para fazer medições e marcas
brilho, é uma coisa difícil. Mas, aí eu continuei, na madeira. Em seguida, para o caso de
a madeira hoje pra mim é o cedro. 28
uma escultura de anjo ou de santo, são
Esses detalhes aqui, nada planejados, as pró- iniciados os cortes mais bruscos com a
prias irregularidades da madeira me conduziram
a tal forma. Por isso que cada obra é diferente da enxó e o serrote, que irão definir as par-
outra. Eu reaproveito o que vem lá da natureza, tes maiores da imagem, como o local
das imperfeições, aqui são troncos velhos que
estava há muito tempo naquelas capoeiras, cheias
da cabeça, dos ombros, do apoio para
de cupins, muitas delas com abelhas. Quiser tam- os pés e do formato das roupas. É mais
bém a gente pode até registrar, tem umas ali com
uma vez Mestre Expedito, cuja experi-
as abelhinhas. Essas eu não mexo, eu deixo ali,
tenho o maior respeito pela natureza, não mato ência se mostrou das mais abrangentes
uma árvore, pode ser a árvore mais bonita do sobre o ofício, quem descreve todas as
mundo, se ela estiver viva, não é minha. Eu pego
troncos secos, porque se tem uma coisa que eu etapas do trabalho com a madeira e as
admiro e respeito é a natureza.29 respectivas ferramentas:
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A escultura eu pego uma madeira, se por acaso eu Depois que eu desbasto ela toda na enxó, eu levo
vou fazer uma peça de um metro e setenta, eu dou a ela pra cima de uma mesa [cavalete] pra eu tra-
dimensão dela [...]. Às vezes eu dou uns riscos rapi- balhar, uma que possa com a madeira. Eu coloco
damente com pincel, eu dou o gesto da cabeça e em cima e vou acabar de tirar na enxó, vou mar-
ombros, depois faço o gesto da cintura e a parte da car a base com o serrote, aí passo pro formão,
saia, aí eu tiro no machado, serviço pesado. Depois pra fazer o jeito das mãos, rostos, os olhos, essa
que eu tiro toda ela, ela no chão, eu faço o jeito dos parte que fica do cabelo, o pescoço, tudo. Aí eu vou
braços, aquela posição de mão ou rezando, braço pra [raspilha], o que chamo raspilha tem diversos
solto, conforme seja, assim também em posição de modos, tem onde raspar, quase tipo uma plaina
oração. Eu faço aquele gesto e passo para a enxó. e tem essa que chama [raspilha] e chama [espó],
A enxó é tipo uma enxadinha, pequenininha, cabo que é tipo uma plainazinha, tem uma laminazinha
curto e vai cortando ela e tirando. Depois disso tem pequena, o sujeito raspa e arredonda do jeito que
o serrote, essa parte do pescoço às vezes eu apro- quer, a parte da cabeça e tudo. Vai indo e chega no
fundo a serragem, pra tirar de um lado e tirar do final, quando você acaba de fazer as partes finais
outro pra encontrar, fazer o colo.30 do formão, passa pra faquinha, que é uma faqui-
nha pequena [...]. É uma peça que eu pego, serro
na lâmina, serro o cabo no meio pra ficar dentro
Daí, segue-se a definição de deta- da minha mão. Ela tem que ficar dentro da minha
lhes corporais menores, como mãos, mão porque se eu botar comprida, eu me corto. E
aí vou cortando, vou finalizar, quando eu termino
rosto e cabelos, com o uso de ferra- os detalhes todos, passo pro formão retângulo mais
mentas mais minuciosas e refinadas, fino, de 1 cm ou de meio, e nesse meio tem outros
que eles chamam de triângulo, ele faz tipo assim
dentre as quais os formões, a raspilha, um risco, e aí tem o serrote pequeno, que também
a espó, a faquinha, o serrote pequeno: a gente usa muito pra fazer o cabelo, as partes que
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encontram o toco da madeira, depois eu faço com madeira e uso a despoladeira de madeira pra colo-
a grosa pra ir trabalhando, depois eu venho com a car a lixa no lugar, não vou dizer em todo lugar,
lixa, pra acabar.31 no lugar de uma prega eu lixo com uma faquinha
dentro dela e num lugar reto eu lixo com a despo-
ladeira e em um lugar mais delicado eu lixo com
A etapa final é o acabamento da o dedo e nas partes mais finas, como o olho, eu
peça, feito com lixas de tamanhos lixo com a faquinha e numa parte com a lixa pra
variados. A seguir, a peça recebe a fazer os acabamentos finais do olho. Depois que
aplicação de cera de carnaúba, cera eu termino tudo isso eu aplico a cera, tem a cera
industrializada para assoalho ou o poliflor, eu estou usando aquela cera inglesa, que
tá sendo uma cera boa, aplico ela com um pincel
extrato de nogueira. Mestre Expedito e deixo enxugar de um dia pro outro. No outro dia
ainda faz duas sequências com a lixa, eu lixo a peça todinha. A madeira quando recebe
para só então aplicar a cera: a cera é como quando recebe água, ela sai aque-
las frepas, ela fica toda freposa, aí você lixa pra
tirar aquelas frepas. Quando você lixa que aque-
Quando eu termino todo esse trabalho eu vou pra las frepas se acabam, você aplica outra cera, aí
lixa, eu começo com a lixa 50, uma lixa pesada, quando ela bebe aquela cera já é rápido e não
depois eu vou pra lixa mais fina, a 100, depois levanta mais aquelas frepas não. Você espera
eu vou pra 150 ou até mais fina, por acaso. Aqui secar e torna a lixar, vai fazendo o acabamento
tem algumas pessoas que lixam só a lixa 100, até ficar bonito, afinal de contas, é isso que o tra-
mas eu não acho que seja de acordo porque se balho da gente fica.32
você for lixar com a lixa 100, é o mesmo caso de
um pedreiro, ela pega uma massa e passa numa
parede com uma colher e alisa, alisa, alisa e ela A fala de Mestre Expedito é ape-
fica empolada. Você tem que ter uma despola-
deira ou uma régua pra cortar, tirar tudo, pra ficar
nas uma das muitas formas como os
reta, tudo certinho. Então eu uso uma faquinha de artesãos poderiam descrever as eta-
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pas do ofício e modos de fazer da Arte isso aqui é um formão, é uma ferramenta, uma
Santeira do Piauí. Com menos eta- goiva, ferro também de fábrica que a gente com-
pra no comércio, agora, aqui já muda a história,
pas, com maior ou menor quantidade esse ferro aqui é o formão, esse aqui é feito de
de ferramentas, os modos de fazer as mola de carro [mola de Fusca] que eu mesmo
peças esculpidas e entalhadas têm, fabrico de acordo com o tipo de trabalho que eu
vou desenvolver.33
basicamente, uma sequência muito
semelhante: o desbaste inicial, a con- Aquelas molas de Volks eu fiz uma talhadeira,
fecção minuciosa dos detalhes e o inclusive eu até tenho uma ali, que é no caso, de
tanto andar feito besta, andando nas repartições
acabamento. pedindo ajuda pra comprar formão, essas coisas,
Como Mestre Expedito se refe- eu peguei umas talhadeiras de uma mola de Fusca
riu ao falar da faquinha, algumas fer- que fica ali no eixo e fiz uma talhadeira que nem o
formão, porque não adiantava, já tinham arranjado
ramentas são feitas pelos próprios o espaço pra eu ficar lá com os meninos e material
artesãos. A maioria é comprada, mas nada, eu tive que tomar uma atitude e foi essa, aí a
a faquinha e a goiva, em particular, gente foi fazendo devagarzinho e deu certo.34
são confeccionadas a partir de outros
artefatos, como se deduz das falas do Apesar da manutenção des-
artesão Guilherme, de Parnaíba, e do sas ferramentas básicas, de uso
Mestre Dim, de Teresina: manual e que exigem esforço total-
mente humano, outras ferramen-
A minha ferramenta é muito simples, essa é uma
das principais, é uma faca como qualquer outra
tas foram incorporadas ao longo do
faca industrializada, só que a gente pega, corta tempo pelos santeiros, o que informa
pra ficar no jeito da gente trabalhar. Aí vem goiva, como o ofício e modos de fazer têm
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Agora, você tava falando sobre Arte Santeira e santo, que remetem ao cotidiano de trabalho
aqui em Parnaíba tem pouquíssimas pessoas que
trabalham com santo, na verdade, nós, escultores, e sofrimento das populações pobres
trabalhamos com santo assim, digamos, uma pessoa do Piauí e do Nordeste, os artesãos
quer uma encomenda: olha eu quero um São Fran-
se mostram informados por toda uma
cisco, uma Nossa Senhora [...]. Mas trabalhar assim
mesmo com Santo como lá em Teresina faz, que a herança cultural que inclui o catoli-
demanda só santo, santo, santo aqui em Parnaíba a cismo e a própria experiência e obser-
turma aqui já não faz. Aqui somos mais ou menos,
em atividade mesmo, seis escultores, em Parnaíba, vação que ele faz:
e todos eles trabalham mesmo com o tema regional,
como vocês viram [...].37 Eu gosto muito de interior, sempre que eu posso,
eu viajo pro interior, eu vejo muito assim a pessoa
que sai pra caçar, pegar água no açude, essas
Entretanto, essa nem sempre é figuras mesmo nordestinas. Eu tinha a curiosidade
de fazer pra ver como ficava, sempre que eu via
uma divisão estanque. Há artesãos
uma assim diferente, uma cena curiosa eu tentava
que trabalham com ambos os estilos, retratar na madeira. Aí foi dando certo. Cangaceiro
também, vaqueiro, a gente vê isso muito no inte-
conforme a demanda, a inspiração e
rior, cangaceiro não, porque já passou a época
a criatividade. Em qualquer dos esti- do cangaço. O que me inspira são as pessoas
los com que se identifique, resta que mesmo, pessoas do interior, pessoas sofridas,
no caso eu faço umas mulheres grávidas porque
o artesão se apresenta como um indi- eu tenho no interior de Oeiras um pessoal que eu
víduo com uma percepção singular conheço, sempre que eu ia lá sempre que eu via
a mesma mulher grávida, todo ano que eu ia ela
da dimensão simbólica da realidade estava grávida, passei a fazer muito mulher grá-
e da vida social. Produzindo figuras vida e vendia muito, não tenho nenhuma pra lhe
mostrar. Então é isso, o que inspira são as cenas
de caráter devocional ou litúrgico ou que eu via no interior.38
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oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. etc.] de um processo de interface entre as diversas culturas
VIVA O POVO BRASILEIRO. Artesanato e Anjos do Piauí, Teresina: MW Projetos Socioam- 5 Fontes [entrevistas temáticas]
arte popular. Rio de Janeiro: Museu de Arte bientais Ltda. & 19ª SR/Iphan, 2007. 5.1 Teresina
Moderna, 1992. Exposição de Arte Santeira. Agenda Cultural. In: ABREU, José Cornélio de. Entrevista concedida a
Cadernos de Teresina. Ano X, n. 23, ago 1996. p. 69. Áurea Pinheiro em Teresina [PI] em 26 de junho
2 Publicações Seriadas Ex-voto: símbolo da religião e da magia em Tere- de 2008.
Arte Santeira. Agenda Cultural. In: Cadernos de sina. In: Cadernos de Teresina. Ano X, n. 22, abril ABREU, Leonardo Leal de. Entrevista conce-
Teresina, Ano IX, n. 19, abr de 1995. de 1996. p. 22. dida a Áurea Pinheiro em Teresina [PI] em 26 de
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notas
1
Mestre Expedito, entrevista concedida à Áurea Humanitas, 2006. Pinheiro. José de Freitas [PI], 2008.
Pinheiro, 2007. 7
Os registros audiovisuais de Mestre Kim foram 12
A Igreja Nossa Senhora de Lourdes é conhe-
2
CORSINO, Célia Maria. Apresentação. In: INVEN- produzidos em sua oficina, no Memorial Mestre cida pelo caráter diferenciado de sua composição,
TÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTU- Dezinho [Bairro Vermelha, Teresina, PI]. expresso no repertório sacro de inspiração popu-
RAIS: manual de aplicação. Introdução de Antônio 8
Os registros audiovisuais de Mestre Expedito lar e na qualidade rústica de seu arranjo, que lhe
Augusto Arantes Neto. Brasília: Instituto do Patri- foram produzidos em sua oficina localizada no conferem um aspecto bem pitoresco e regional. É
mônio Histórico e Artístico Nacional, 2000. p. 8. Bairro Piçarra em Teresina. referência da expressão de arte popular conhecida
3
BRASIL. Decreto nº 3.551, de agosto de 2000. 9
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. como Arte Santeira do Piauí.
Disponível em www.iphan.gov.br. Rio de Janeiro: LTC, 1989; GEERTZ, Clifford. 13
CARVALHO JÚNIOR, Dagoberto. Arte sacra
4
O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, visitou o Piauí Obras e vidas. O antropólogo como autor. 2. ed. popular e resistência cultural. Cadernos de Tere-
em 15 de maio de 2008 para assinar acordo de coo- Rio Janeiro: UFRJ, 2005; GEERTZ, Clifford. Nova sina. Ano 7, n. 14, ago, p. 19, 1993.
peração com o governo do Estado para realização luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Jorge 14
Ibidem, p. 20.
do Programa Mais Cultura no Piauí. A solenidade Zahar Editor, 2001; GEERTZ, Clifford. O saber 15
CARVALHO JÚNIOR, Dagoberto. Um santeiro
foi realizada no Theatro 4 de Setembro, no Centro local. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007; CLI- do Médio Parnaíba. Revista Presença. Nº 11, abr/
Histórico da Cidade de Teresina, capital do Estado. FFORD, James. A experiência etnográfica. 2. ed. jun, p. 35-36, 1984.
5
Ibidem. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. 16
ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida
6
ALBERT, Verena. Manual de História Oral. 2. 10
PINHEIRO, Áurea. As tensões entre clericais e doméstica. In: MELO E SOUSA, Laura; NOVAIS,
Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004; ALBERT, anticlericais no Piauí. Teresina: Fundação Cultu- Fernando A. (Orgs.). História da vida privada no
Verena. Ouvir contar. Textos em História Oral; ral Monsenhor Chaves, 2002. PINHEIRO, Áurea e Brasil. Cotidiano e vida privada na América Portu-
THOMPSON, Paul. A voz do passado. História MOURA, Cássia. Celebrações/Celebrations. Tere- guesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREITAS, sina: Educar: artes e ofícios, 2009. p. 103.
Sônia Maria de. História oral. Possibilidades e pro- 11
Cf., dentre outros exemplos, OLIVEIRA, João 17
MOTT, Luiz. Cotidiano e vivência religiosa:
cedimentos. 2. ed. São Paulo: Associação Editorial Pereira de. Entrevista concedida a Áurea da Paz entre a capela e o calundu. In: MELO E SOUSA,
88
Laura; NOVAIS, Fernando A. (Orgs.). História da O%20patrimonio%20-%20Ivana%20Medeiros. dida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina [PI], 2007.
vida privada no Brasil. Cotidiano e vida privada na pdf>. Acesso em 17 jul. 2008. 31
SANTOS, Expedito Antônio dos. Entrevista conce-
América Portuguesa. São Paulo: Companhia das 22
MORAIS, Menezes de. Dezinho/Expedito: a dida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina [PI], 2007.
Letras, 1997. p. 164. forma e o tempo. O Dia, Teresina, n. 3.904, c. 2, p. 32
SANTOS, Expedito Antonio dos. Entrevista conce-
18
Ibidem 1, 12/13 de maio, 1974. dida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina [PI], 2007.
19
PINHEIRO, Áurea da Paz. Passos de Oeiras. 23
SANTOS, Expedito Antônio dos. Entrevista conce- 33
SANTOS, José Gulerdúcio dos [Guilherme].
Documentário Etnográfico. Rio de Janeiro: Museu dida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina [PI], 2007. Entrevista concedida a Áurea da Paz Pinheiro.
do Folclore do Rio de Janeiro/Petrobras, 2008. 24
Cf. o depoimento de Mestre Kim. ALVES, Joaquim Parnaíba [PI], 2008.
20
Sobre a trajetória dos artesãos santeiros e sua rela- José. Entrevista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. 34
LIMA, Raimundo Ferreira [Mestre Dim]. Entre-
ção com a confecção de ex-votos, cf. MESQUITA, Teresina, 2008. E os depoimentos citados a seguir. vista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina
Aldenora M. V. de. Santeiros do Piauí. Rio de Janeiro: 25
COSTA FILHO, Raimundo Nonato [Costinha]. [PI], 2008.
Fundação Nacional de Arte, 1980. Cf. também, den- Entrevista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. 35
COSTA FILHO, Raimundo Nonato [Costinha].
tre outros, os relatos de Mestre Expedito e de Mestre Teresina [PI], 2008. Entrevista concedida a Áurea da Paz Pinheiro.
Araújo: SANTOS, Expedito Antônio dos. Entrevista 26
LIMA, Raimundo Ferreira [Mestre Dim]. Entre- Teresina [PI], 2008.
concedida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina, 2007; vista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina 36
NASCIMENTO, Adriano Rodrigues do. Entre-
ARAÚJO, José Joaquim de. Entrevista concedida a [PI], 2008. vista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina
Áurea da Paz Pinheiro. Pedro II [PI], 2008. 27
SILVA, Ednaldo [Edy]. Entrevista concedida a [PI], 2008.
21
SILVA, Alberto da Costa e. Mestre Dezinho de Daniel Oliveira da Silva. Teresina [PI], 2008. 37
SILVEIRA, Danilo Castro. Entrevista concedida
Valença do Piauí. Teresina: Fundação Cultural 28
SANTOS, Expedito Antônio dos. Entrevista conce- a Áurea da Paz Pinheiro. Parnaíba [PI], 2008.
Monsenhor Chaves, 1998; CAVALCANTE, Ivana dida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina [PI], 2007. 38
NASCIMENTO, Adriano Rodrigues do. Entre-
Medeiros P. O patrimônio – cara de pau, cara de 29
OLIVEIRA, João Pereira de. Entrevista concedida vista concedida a Áurea da Paz Pinheiro. Teresina
santo. FUMDHAMENTOS VI. Disponível em: <http:// a Áurea da Paz Pinheiro. José de Freitas [PI], 2008. [PI], 2008.
www.fumdham.org.br/fumdhamentos6/artigos/ 30
SANTOS, Expedito Antônio dos. Entrevista conce-
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Expedito Antonio dos Santos [Mestre Expedito] Marcos Fernando R. da Silva [Paquinha]
Rua Rio Grande do Sul, 910, Rua 4, n 1881,
Bairro Piçarra. Bairro Santo Antonio.
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Amarante Floriano
Campo Maior
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José de Freitas
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Parnaíba
Francisco das Chagas Ribeiro [Mestre Chico Ribeiro] José Gulerdúcio dos Santos [Guilherme]
Quadra B, Casa 08, Conjunto Broder Ville, Av. João T. C. Silva, 3980.
Bairro Sabiazal. Bairro Vazantinha.
Ilha Grande de Santa Isabel.
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Pedro II
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