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UNIVERSIDADE FEEVALE

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA


MODALIDADE ENSINO MÉDIO (PIBIC-EM/CNPq)

ÁGATHA CRESTANI DO AMARAL

A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PRESENTES NO RIO GRANDE DO


SUL COMO FERRAMENTA ADJUNTA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS
CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

Orientadora: Professora Drª Magda Susana Perassolo

Novo Hamburgo
2021
SUMÁRIO

1 TEMA.................................................................................................................................03
2 PROBLEMA......................................................................................................................03
3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................03
4 HIPÓTESES......................................................................................................................03
5 OBJETIVOS.......................................................................................................................04
5.1 GERAL............................................................................................................................04
5.2 ESPECÍFICOS................................................................................................................04
6 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................04
8 METODOLOGIA DA PESQUISA..................................................................................11
9 CRONOGRAMA..............................................................................................................11
10 REFERÊNCIAS...............................................................................................................13
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1 TEMA

A utilização de Plantas Medicinais presentes no Estado do Rio Grande do Sul como


ferramenta adjunta no tratamento de Doenças Crônicas não transmissíveis.

2 PROBLEMA

O uso de plantas medicinais presentes no Rio Grande do Sul possui potencial de


funcionar como uma ferramenta adjunta no tratamento de Doenças Crônicas não
transmissíveis?

3 JUSTIFICATIVA

No decorrer das últimas décadas, a medicina vem experienciando diversos avanços e


modernizações, contribuindo para o aumento da expectativa de vida na população brasileira e
no mundo. Entretanto, em decorrência deste fato, houve um aumento na existência de
indivíduos portadores de doenças crônicas, ocasionando uma crescente no uso de
medicamentos e também no uso de plantas medicinais.
A utilização de plantas medicinais como auxiliar no tratamento de doenças vem sendo
empregada a milhares e milhares de anos, se demonstrando eficaz, quando usada de forma
adequada. Contudo, na maioria das vezes, por ausência de acesso à informação ou até mesmo
pela falta de estudos relacionados ao assunto, muitas pessoas tratam a si mesmas e a outras
apenas utilizando estas plantas ou utilizando-as de forma inadequada, ou seja, sem a devida
recomendação médica. O presente estudo se faz necessário devido ao fato da necessidade de
um estudo aprofundado sobre o efeito destas plantas na saúde de um paciente portador de
algum tipo de doença crônica. Além disso, há a necessidade de averiguar os perfis
toxicológico e farmacológico destas plantas, visto que a maior parte delas não possuem estes
estudos, podendo então causar reações diversas, desde alergias, até distúrbios
cardiovasculares, respiratórios, metabólicos, gastrintestinais, neurológicos e em alguns casos
a morte.

4 HIPÓTESES
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O uso de plantas medicinais presentes no Rio Grande do Sul tem potencial para atuar
como uma excelente ferramenta adjunta no tratamento doenças crônicas não transmissíveis
O uso de plantas medicinais presentes no Rio Grande do Sul se não utilizados da
forma correta e indicada pode ocasionar danos à saúde do portador da doença crônica.

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral

Verificar se o uso de plantas medicinais presentes no Rio Grande do Sul possuem


potencial de funcionar como uma ferramenta adjunta no tratamento de Doenças Crônicas não
transmissíveis.

5.2 Objetivos Específicos

Pesquisar as plantas nativas que promovem uma possível redução na glicose


sanguínea para fins de tratamento auxiliar a pacientes com Diabetes Mellitus I e II .
Pesquisar as plantas nativas que possuem ação redutora da pressão sanguínea para
fins de tratamento auxiliar a pacientes com hipertensão arterial.
Pesquisar as plantas nativas que possuem potencial de controle dos níveis de
Colesterol e Triglicerídeos no sangue a fim de auxiliar no tratamento de dislipidemias.

6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O uso de plantas e ervas como aliadas ao tratamento de doenças é uma prática que
data desde 2000 a.C no Egito, onde um grande número de curandeiros já faziam uso das
propriedades destas plantas para tratar de seu povo. Entretanto, a fitoterapia muito evoluiu de
lá para cá e passou de sua forma mais rudimentar para formas farmacêuticas mais
sofisticadas, devido aos inúmeros ensaios clínicos e pesquisas em torno do assunto.
Explicando o conceito de fitoterapia de forma sucinta, podemos dizer que é a prática de usar
plantas medicinais para tratar determinados tipos de doenças (FARMÁCIA ESCOLA SÃO
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CAMILO, 2010). Hoje em dia, muitos são os que procuram a fitoterapia como alternativa de
tratar suas doenças, devido ao fato de este tipo de tratamento ser de fácil acesso e com o custo
bem mais baixo do que tratamentos medicamentosos. Contudo, esses indivíduos geralmente
não consultam nenhum especialista ou estudioso a fim de verificar quais as plantas indicadas
ou até mesmo a dosagem adequada. Esta desinformação pode resultar em grandes
consequências, desde alergias, até distúrbios cardiovasculares, respiratórios, metabólicos,
gastrintestinais, neurológicos e em alguns casos levar a óbito.
Os tratamentos fitoterápicos também são alternativas frequentes adotadas por
pacientes portadores de doenças crônicas. Doenças essas que para Smeltzer e Bare (1998)
são definidas por exigirem tratamento a longo prazo, chegando a durar uma vida inteira, visto
que em sua grande maioria não há cura. Sobre as doenças que pertencem ao caráter crônico
podemos afirmar que:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as doenças


cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças
respiratórias crônicas e diabetes mellitus. A OMS também inclui nesse rol aquelas
doenças que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, das famílias e da
sociedade, tais como as desordens mentais e neurológicas, as doenças bucais, ósseas
e articulares, as desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas. (BRASIL,
2006, p. 13)

Desde o ano de 2007, o Brasil vem enfrentando uma rápida transição demográfica que
produziu uma pirâmide populacional composta majoritariamente por adultos e idosos. Além
disso, o crescimento da renda, a industrialização e mecanização da produção, a facilidade de
acesso a alimentos em geral, principalmente alimentos processados, e a dispersão de hábitos
não saudáveis produziram rápida transição nutricional, expondo a população a um maior
risco de desenvolvimento doenças crônicas. Segundo dados do IBGE (2016): “45% dos
brasileiros possuem pelo menos uma doença crônica não transmissível e as principais
doenças referidas como causa de morte acima de 60 anos são: doenças osteomusculares,
hipertensão, doenças cardíacas, depressão e doenças metabólicas”. Este dado alarmante abre
espaço para que sejam investigados outros tratamentos, além dos farmacológicos e que sejam
acessíveis a esta população portadora de doenças crônicas. O presente trabalho concentrará
sua análise em apenas três doenças crônicas não transmissíveis: Diabetes mellitus,
hipertensão arterial e dislipidemias.
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Começamos analisando o uso da fitoterapia em relação aos pacientes portadores de


Diabetes Mellitus. De acordo com pesquisa feita pela Secretária de Saúde do estado do Rio
Grande do Sul (2010), aproximadamente 540 mil gaúchos, acima de 20 anos, sofrem da
doença diabete mellitus. Este dado alarmante demonstra a necessidade de averiguar se é
possível utilizarmos a fitoterapia como um tratamento adjunto à terapia medicamentosa.
Conceituamos a Diabete Mellitus como uma síndrome de origem diversa, resultante da falta
de insulina e/ou da impossibilidade deste hormônio (insulina) exercer as suas respectivas
funções. (BRASIL, 2002, p.14). Além do ressaltado anteriormente, a diabetes mellitus possui
uma classificação de dois tipos. Como o destacado abaixo:

DM tipo 1: Resulta primariamente da destruição das células beta pancreáticas e tem


tendência à cetoacidose. Esse tipo ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos. Inclui
casos decorrentes de doença auto-imune e aqueles nos quais a causa da destruição
das células beta não é conhecida, dividindo-se em: imunomediado ou idiopático.
DM tipo 2 Resulta, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina e de
deficiência relativa de secreção de insulina. DM tipo 2: [...] Denomina-se resistência
à insulina o estado no qual ocorre menor captação de glicose por tecidos periféricos
(especialmente muscular e hepático), em resposta à ação da insulina. As demais
ações do hormônio estão mantidas ou mesmo acentuadas. Em resposta a essa
resistência tecidual, há uma elevação compensatória da concentração plasmática de
insulina, com o objetivo de manter a glicemia dentro dos valores normais [...].
(BRASIL, 2002, p.14)

Ou seja, o tipo 1 é resultado da destruição das células produtoras de insulina, devido a


um problema no sistema imunológico onde os anticorpos atacam as células que produzem a
insulina. Enquanto o tipo 2 que acomete 90% dos diabéticos, surge em decorrência da
resistência à insulina e da deficiência na liberação de insulina pelo corpo. (BRASIL, 2009,
np). A diabetes mellitus é uma doença extremamente perigosa, pois pode afetar gravemente a
saúde de seu portador, caso não seja bem tratada, levando a: danos na visão, rins, coração,
nervos e amputação de membros inferiores, além de provocar desidratação e complicações
respiratórias.
Diversos estudos são conduzidos na procura de verificar se determinadas plantas são
benéficas no auxílio ao tratamento da Diabetes Mellitus. Todavia, este trabalho irá focar
apenas nas espécies Bauhinia forficata e Achyrocline satureioides, mais comumente
conhecidos respectivamente como, Pata-de-vaca e Macela. A planta “pata-de-vaca” é
apontada como uma das plantas mais utilizadas por pessoas com Diabetes mellitus na região
sul do Brasil (Trojan-Rodrigues et al., 2012), isso se deve ao fato de ser uma planta muito
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presente nas matas dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nesta pesquisa, será
avaliado os efeitos da Bauhinia forficata em relação a Diabete tipo 2.
A planta “pata-de-vaca” possui como principal utilidade terapêutica a redução da
glicose presente no plasma sanguíneo de portadores de diabetes. Na realidade, esta
3+
propriedade advém do fato de que nesta espécie há uma grande quantidade do cátion 𝐶𝑟 ,
responsável por ativar o GTF (Glucose Tolerance Factor), que facilita a entrada de moléculas
de glicose pela membrana plasmática celular. (KREMER e FILHO, 2008, p.28). Com uma
maior quantidade de glicose entrando na célula, mais rápido estas moléculas vão se
transformando em energia ( em formato de ATP) dentro da mitocôndria celular. A
suplementação de pacientes diabéticos com Cromo demonstrou que o uso de medicamentos
hipoglicemiantes podem ser reduzidos, e alguns poucos casos, até substituí-los. (MODESTO,
1998)
Para a realização de prática fitoterápica com esta planta é indicado o preparo de uma
infusão com as folhas da pata-de-vaca. O preparo desta infusão deve ser feito com uma
quantidade adequada que é citada na pesquisa de Kremer e Filho (2008):

Para preparar o chá deve-se utilizar: 2 xícaras (café) ou 20 gramas de folha seca de
pata-de-vaca e um litro de água fervente. Modo de fazer: Colocar a planta em um
recipiente e sobre ela despejar água em início de ebulição, abafar e deixar em
repouso por no mínimo 10 minutos e coar antes de usar. É importante abafar,
principalmente quando se utilizam folhas e flores, para evitar que percam suas
propriedades medicinais. O chá deve ser utilizado da seguinte forma: Tomar 1
xícara (chá) 3 vezes/dia, 30 min após as refeições. “(KREMER e FILHO, 2008,
p.29)

Quanto ao desempenho da Achyrocline satureioides, apesar de sua ampla utilização,


ela possui baixa predição antidiabética. Entretanto, age excelentemente como um potencial
antioxidante, auxiliando no tratamento de doenças onde há uma alta taxa de estresse
oxidativo. ( SALGUEIRO, 2017, p.112). A diabetes tipo 1 é um dos tipos de doença onde
estresse oxidativo possui forte presença. Como aponta o artigo Estresse oxidativo: revisão da
sinalização metabólica no diabetes tipo 1:

Evidências sugerem que a lesão celular oxidativa causada pelos radicais livres
contribuem para o desenvolvimento das complicações no diabetes tipo 1 (DM1) e a
diminuição das defesas antioxidantes (enzimáticas e não-enzimáticas) parecem
correlacionar-se com a gravidade das alterações patológicas no DM1.
(SEPÚLVEDA, et al., 2008).
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Ou seja, a macela demonstra uma grande atividade antioxidante. Assim, concluímos


que esta planta pode vir a se tornar um potencial agente terapêutico para o tratamento
complementar do estresse oxidativo relacionado a Diabetes tipo 1. ( SALGUEIRO, 2017,
p.113).
O presente estudo também analisou possíveis espécies que poderiam atuar no
tratamento adjunto fitoterápico da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Esta é uma condição
clínica oriunda de múltiplos fatores que se expressa através de taxas elevadas constantes de
pressão arterial (PA), ou seja, a pressão sanguínea exercida nas paredes das artérias é alta.
(BALADI, 2014, p.2). A hipertensão arterial sistêmica quando não tratada da maneira correta
pode resultar em danos inestimáveis a saúde de seus portadores, causando danos nos rins,
aumentando o risco de um acidente vascular cerebral (AVC), problemas de visão por lesões
na retina, entupimento de artérias, aumento da massa muscular do coração e outros mais.
(MACHADO, 2013, p. 29-34).
Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020), 30% da
população brasileira possui hipertensão arterial sistêmica, demonstrando a relevância de
investigar a possibilidade de um tratamento plant-based (fitoterápico). Os parâmetros de
valores de hipertensão arterial sistêmica possuem unidade de medida mmHg e são
estabelecidos pela Sociedade Brasileira de cardiologia (2020):

Hipertensão arterial: para medições em casa, valores acima de 130mmHg X


80mmHg já configuram o descontrole da pressão. Pré-hipertensão: entre 130 e
139mmHg X 85 e 89mmHg. Normal, mas precisa de acompanhamento: faixa entre
120 e 129mmHg X 80 e 84mmHg. Ótima: abaixo de 120mmHg X 80mmHg.
(BARROSO, et al., 2020, p. 539).

Inicia-se abordando estudos sobre a ação do Allium sativum, popularmente conhecido


como alho. Estatísticas fornecidas pelo IBGE em seu levantamento estatístico de produção
(2008), o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de alho a nível nacional. Esta
espécie tem excelentes resultados em relação ao decréscimo da pressão arterial de pacientes
hipertensos. O alho possui uma propriedade que permite a dilatação das artérias, devido a
liberação de óxido nítrico (NO) e também pelo aumento do nucleosídeo endógeno, a
adenosina, já presente no corpo ( DA SILVA et al., 2021). Este último mencionado possui a
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capacidade de dilatar ou expandir os vasos sanguíneos que fornecem sangue ao coração,


facilitando uma maior vazão de sangue e diminuindo a pressão do sangue nas paredes
arteriais. (MANDAL, 2019).

De acordo com uma meta-análise realizada por Wang, J. Yang, Qin, & X.-J. Yang
(2015), o alho também possui a capacidade de inibir as Enzimas Conversoras de
Angiotensina (ECAs), reduzindo a pressão alta. Isto é relevante devido ao fato de que o alho
acaba bloqueando os efeitos da angiotensina II, hormônio que provoca o fenômeno de
vasoconstrição, ou seja, a contração de vasos sanguíneos. Assim, com esse bloqueio ocorre o
relaxamento dos vasos sanguíneos, ocasionando redução da pressão arterial.

Na revisão sistemática realizada por Wang et al. (2015) a dose inicial de 480 mg de
alho não provocou uma redução significativa da pressão arterial. Contudo, os pesquisadores
decidiram aumentar a dose para 1000mg resultando no que foi citado na análise abaixo do
estudo:

Na revisão sistemática de Xiong et al. (2015) foi relatado que processados de alho
em cápsula reduziu significativamente a pressão arterial por uma média de 8,77
mmHg, depois de apenas duas semanas (P < 0,01) e uma média de 8,05 mmHg após
8 semanas (P < 0,01), na qual concluiu-se que consumir 1000mg de alhos
processados em cápsulas durante 8 semanas pode significativamente reduzir a
pressão arterial em pacientes hipertensos. (DA SILVA et al., 2021, p.9)

O estudo citado acima, comprova a eficácia do Allium sativum no tratamento da


hipertensão arterial. No entanto, há alguns efeitos adversos que são relevantes de serem
mencionados citados por Da Silva et al. (2021, p.10): “[...] os efeitos colaterais mais citados
foram desconforto gástrico, eructação, refluxo, flatulência, prisão de ventre, diarreia, dor de
cabeça e halitose, os participantes também relataram dificuldades para ingerir as cápsulas de
alho.”

Nesta pesquisa, também houve a análise de doenças crônicas dislipidemicas que como
aponta Ribeiro, Cademartori e Rocha (2016, p.12): “As dislipidemias são caracterizadas por
distúrbios no metabolismo dos lipídeos. Estão diretamente relacionadas ao fator de risco de
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sendo esta uma das principais causas de
mortalidade em adultos.”. Estas doenças estão intimamente ligadas à produção excessiva de
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) pelo nosso corpo, visto que por serem menos densas
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que o sangue da corrente sanguínea, resultam em um acúmulo de gordura nas veias e artérias,
bloqueiam a passagem de sangue pelo corpo dificultando sua oxigenação, resultando em
doenças cardiovasculares, como infarto e o conhecido acidente vascular cerebral (AVC).
Além disso, o excesso de triglicerídeos, adquirido através da alimentação, também contribui
para o aparecimento de certas doenças cardiovasculares e atuam da mesma forma que o LDL,
obstruindo as passagens sanguíneas.
No Estado do Rio Grande do Sul, a incidência de dislipidemias é alta devido ao fato
de principalmente nas regiões fronteiriças existir uma cultura muito forte de consumo de
alimentos gordurosos, resultando em uma população mais suscetível a doenças vasculares.
(RIBEIRO, CADEMARTORI e ROCHA, 2016, p.12). Isto demonstra a necessidade de
olharmos para esta doença e pensarmos se há vantagem e necessidade em fazermos uso de
alternativas fitoterápicas, além do uso da terapia medicamentosa.
A partir da constatação de que plantas poderiam auxiliar no controle da produção do
colesterol LDL na corrente sanguínea, listou-se determinadas espécies que serão descritas ao
longo da presente pesquisa. Inicia-se com uma das mais potentes plantas, a Cynara scolymus,
mais popularmente conhecida como alcachofra. Apesar de ser originária do Mediterrâneo e
do norte da África, a alcachofra é amplamente produzida na região sul do Brasil entre os
meses de fevereiro e maio, tornando o acesso à planta aos pacientes dislipidemicos fácil.
(BOTSARIS e ALVES, 2008, p.52).
O extrato seco de alcachofra possui a capacidade de inibir a biossíntese de colesterol
hepático, ou seja, a produção dessas gorduras e seu depósito no fígado, além de impossibilitar
a oxidação do LDL. Os responsáveis por estes fenômenos são os polifenóis e flavonoides que
são moléculas com uma grande potência antioxidante e são os principais constituintes da
alcachofra (BOTSARIS e ALVES, 2008, p.54). Estas propriedades antioxidantes permitem a
prevenção da oxidação do LDL (Low density lipoprotein), visto que quando oxidado a
lipoproteína perde elétrons e se torna um radical livre que pode provocar doenças como
aterosclerose, o acúmulo de gordura nas artérias e a hipercolesterolemia genética, ou seja,
alto nível de colesterol no corpo.
Um estudo Alemão comprovou a eficácia da utilização do extrato seco de alcachofra
Cynara scolymus na diminuição do LDL e também na diminuição do colesterol total como
demonstrado a seguir:
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Já um estudo alemão, realizado em 143 pacientes adultos, demonstrou a eficácia e a


tolerabilidade do extrato seco de alcachofra no tratamento de hipercolesterolemia,
iniciando com o resultado do colesterol total em > 280 mg/dl, que após seis semanas
de tratamento, obteve-se uma alteração significativa do colesterol total e do LDL
(18,5% e 20,2%) sobre o placebo (8,6% e 7,2%) [...]. (RIBEIRO e MORAES,
2020, p.7).

Quanto à dosagem de extrato seco de alcachofra indicada para pacientes


hipercolesterolêmicos e portadores de doenças cardiovasculares, de acordo com Botsaris e
Alves (2008) sugere-se uma dose diária média de 6 mg da droga ou dose única de 500 mg do
extrato seco. Contudo, apenas o tratamento fitoterápico não é suficiente para a redução do
colesterol total e LDL, pois deve haver a mudança de hábitos alimentares, a instituição da
prática de atividade física e a cessação de vícios. (RIBEIRO e MORAES, 2020, p.8). Ainda
não há estudos que relacionem a fitoterapia com a alcachofra e a terapia medicamentosa para
hipercolesterolêmicos e portadores de doenças cardiovasculares.
A alta taxa de triglicerídeos na corrente sanguínea, como comentado anteriormente,
também apresenta risco cardiovascular e é conhecida como hipertrigliceridemia. Definimos
os triglicerídeos como:
Pela sua origem classifica-se como endógeno (sintetizado pelo próprio organismo)
ou exógeno (proveniente da alimentação), sendo a origem exógena a que representa
aproximadamente 80% dos quilomicrons circulantes no sangue (partículas esféricas
responsáveis pela lipemia transitória após a ingestão de gorduras). Os triglicérides
exógenos depositam-se no tecido adiposo num processo que dura até 6h após a
formação do quilomicron. Os triglicerídeos endógenos são sintetizados pelo fígado
e transportados por lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL). A síntese e
transporte de triglicérides endógenos são relativamente independentes da dieta
imposta. (MONTEIRO, 2019, p.1)

Quanto à utilização da fitoterapia para a redução do nível dos triglicerídeos no sangue,


podemos fazer uso da espécie Avena sativa, popularmente conhecida como aveia, que é
amplamente utilizada para esse fim. Segundo estudos, a planta provoca uma diminuição do
triacilglicerol, devido ao fato das fibras solúveis presentes na aveia, provocarem retardo no
esvaziamento gástrico, o que pode levar a uma diminuição nos níveis de triacilglicerol após
refeições com alta taxa de gorduras. (MENDES et al., 2003). No entanto, ainda há a
necessidade de mais estudos a serem conduzidos a fim de verificar a quantidade adequada de
ingestão desta planta.
Por fim, a partir das informações mencionadas acima, concluímos que as espécies
estudadas possuem uma resposta positiva como tratamento adjunto em relação às doenças
11

crônicas não transmissíveis citadas acima. Contudo, ainda há de ser feito mais pesquisas em
relação a esse tópico, uma vez que, algumas das plantas citadas possuem efeitos adversos que
talvez não compensam o tratamento. Além disso, a dosagem e a forma de consumo de cada
planta varia bastante de literatura para literatura, trazendo uma grande incerteza com relação
ao modo correto de uso de tratamentos fitoterápicos. Logo, não devemos descartar a
fitoterapia como um potencial ajudante no tratamento de doenças crônicas, mas ainda há a
necessidade de mais estudos serem conduzidos.

7 METODOLOGIA

Segundo o modo de classificação apontado por Castro (1976) a presente pesquisa é


descritiva, uma vez que captura e mostra o cenário de uma situação expressa em números:
Quando se diz que uma pesquisa é descritiva, se está querendo dizer que se limita a
uma descrição pura e simples de cada uma das variáveis,isoladamente, sem que sua
associação ou interação com as demais sejam examinadas. (CASTRO, 1976, p. 66).

No tocante ao objetivo de estudo, este projeto tem o intuito de, através da coleta de dados de
pesquisas previamente já realizadas, avaliar o efeito de determinadas plantas medicinais em
relação às doenças crônicas que o presente estudo investiga, por isso se enquadra em um
estudo de casos múltiplos. Desta forma, as fontes de informação e dados são de livros e
revistas online que possuem informações relacionadas à temática examinada. Ademais, os
materiais consultados foram em sua grande maioria dissertações ou teses de alunos de
universidades, além da utilização de alguns artigos científicos publicados em sites renomados
como o The U.S. National Library of Medicine. Para a consulta destes materiais também
utilizei de algumas palavras chaves como: Fitoterapia; plantas medicinais; doenças crônicas
não transmissíveis; estresse oxidativo e outras mais.

8 CRONOGRAMA

Atividade Set/20 Out/20 Nov/20 Dez/2 Mar/21 Abr/ Mai/2 Jun/ Jul/21 Ago/ Nov
0 21 1 21 21 /21

Início do X
projeto
12

Delimitação X
do tema

Elaboração X X X X X X X
do
pré-projeto

Pesquisa e X X X X X X X X
entrega das
listas das
plantas a
orientadora

Coleta e X X X X
análise de
dados
bibliográfico
s adicionais

Envio do X
projeto a FIP

Fim da X
vigência da
bolsa

Apresentaçã X
o na FIP
13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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