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Sumário:

01 Entendendo a lógica dos


Contexto histórico 04 procedimentos periciais

02 Diferenças entre teste


05 Ética e avaliação pericial
psicológico e teste forense forense

A elaboração do relatório
Características da
03 avaliação pericial forense 06 sobre os achados da
avaliação
COMO SURGIU
Possível marco do seu aparecimento no ano de
1922 no “Tribunal de Flandres”, situado na Bélgica ;

Seu aparecimento no Brasil, o qual ocorreu no


decorrer dos anos de 1930, com as atividades
desenvolvidas pelo psicólogo Waclaw Radecki
(1887-1953), no Laborat rio de Psicologia da “Col nia
de Psicopatas de Engenho de Dentro”, no Rio de
Janeiro.


A PSICOLOGIA FORENSE
No auxílio nos processos de
Equipa-se de conhecimentos
avalia o associados a
e técnicas o qual permite dar
v timas e a agressores, bem
soluções mais pertinentes,
como na tomada de decis o
procurando minimizar riscos
dos distintos agentes
judiciais. e impactos.




Os relatórios psicológicos perícias/forenses,
constituem um meio de prova cada vez mais
empregado como elemento adicional dos
relatórios dos médicos-legais ou como recurso
único, no momento de apresentar elementos
probatórios de um determinado acontecimento.
ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE O
CONTEXTO DE AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA CLÍNICA E
O FORENSE:
CONTEXTO CLÍNICO CONTEXTO FORENSE

A “serviço” de quem? Cliente Da justiça

Beneficiar o cliente;
Avaliar e esclarecer questões
Tratamento;
Finalidade legais;
Desenvolvimento pessoal;
Averiguação de fatos;
Enfoque na saúde mental;

Espontânea
Busca Encaminhamento

Em função do caráter de ganho ou


Em geral, não há interesse
Veracidade em mentiras
dano judicial, surgem mentiras e
distorções

Não-confidencialidade
Sigilo Confidencialidade

Posicionamento do Em geral, passivo Ativo e investigativo


Psicólogo
CARACTERÍSTICAS
DA AVALIAÇÃO
PERICIAL FORENSE:
A avaliação psicológica no contexto forense objetiva-se em contribuir
para a elucidação de questões legais;

O avaliador deve ter o conhecimento das leis e focar na subjetividade,
personalidade, assim como buscar informações sobre o funcionamento
psíquico do indivíduo que possuam relevância para a questão jurídica
em discussão;

O avaliador deve esclarecer os objetivos e explicar o funcionamento do


trabalho desde o início da avaliação, de forma que motive o avaliado a
ser mais participativo;
A ocorrência de resistências, mentiras e simulações são
frequentes no discurso do avaliado no contexto forense;

 "Uma apresentação dramatizada ou excessivamente


cautelosa, inconsistência nos relatos dos sintomas ou
confirmação de sintomas óbvios podem ser considerados
como indicadores de possível simulação."
Estratégias na avaliação psicológica forense:
Utilização de instrumentos
Buscar outras psicológicos com o objetivo
fontes de de ter maior número de
informações informações sobre o avaliado;

1 2 3 4
Caso a distorção dos fatos
Realizar entrevistas
estejam presente na
com terceiros
entrevista com terceiros, é 

preciso que o entrevistador
utilize mais perguntas abertas
e prolonguem a entrevista,
gerando cansaço.
A ESCOLHA DO
INSTRUMENTO PSICOLÓGICO
A escolha do teste precisa ser sustentada em sua relevância para a
situação legal em questão;

Deve ser escolhido com base na aceitabilidade pela comunidade que


receberá os resultados;

O uso dos testes, no Brasil, deverá estar regulamentado pelo CFP através
da resolução 09/2018 e pelo SATEPSI.
ENTENDENDO A LÓGICA
DOS PROCEDIMENTOS
PERICIAIS
O QUE É PERÍCIA?
- Perícia vem do latim peritia, derivado de peritus “experto”:
análise técnica de uma situação, fato ou estado redigida por
um especialista (o perito).

- Do ponto de vista jurídico: perícia é um meio de prova


produzida por um especialista na matéria que lhe é submetida e
consiste em um exame de situações ou fatos para elucidar
determinados aspectos técnicos -> visão técnica do problema.

- Necessita de requisição formal por autoridade


competente:
a) Na fase pré-processual ou investigativa: por
delegado ou promotor de Justiça;

b) Na fase processual propriamente dita: pelo juiz.


O QUE O PSICÓLOGO PRECISA
SABER PARA ATUAR COMO PERITO?
- Compreender a dinâmica processual em que será inserida sua avaliação:

a) O princípio do contraditório: art. 5º, LV da Constituição -> “(...) aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”; o princípio da cooperação: art. 6º do CPC ->
“Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.

b) Atenção à normativa (Código de Processo Civil ou Penal, Conselho Federal de Psicologia e


Código de Ética).
CPC XDiferenças,
RESOLUÇÃO 008/2010 DO
considerações e ponderações
CFP:
No CPC: No CFP, Resolução nº 008/2010:

CAPÍTULO I 

Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o REALIZAÇÃO DA PERÍCIA 

encargo que lhe foi cometido, independentemente de


termo de compromisso.
Art. 1º - O Psicólogo Perito e o psicólogo assistente
técnico devem evitar qualquer tipo de interferência
§ 1º Os assistentes técnicos são de con ança da parte durante a avaliação que possa prejudicar o princípio da
autonomia teórico-técnica e ético-pro ssional, e que
e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.

possa constranger o periciando durante o atendimento.

§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar
partes o acesso e o acompanhamento das presente durante a realização dos procedimentos
diligências e dos exames que realizar, com prévia metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo
comunicação, comprovada nos autos, com perito e vice-versa, para que não haja interferência na
antecedência mínima de 5 (cinco) dias. dinâmica e qualidade do serviço realizado.

(...)
fi
fi
ÉTICA E AVALIAÇÃO
PERICIAL FORENSE
O Código de Ética veda ao psicólogo "Ser perito,
avaliador ou parecerista em situações nas quais
seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou
anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a
ser realizado ou a fidelidade aos resultados da
avaliação" (art. 2o, letra “k”, CFP, 2014).
Na prática, essa limitação é especificada na Resolução 08/2010
(CFP, 2010), quando veda ao profissional psicoterapeuta:

Atuar como perito ou assistente Produzir documentos advindos do processo


técnico de pessoas atendidas por psicoterápico com a finalidade de fornecer
ele e/ou de terceiros envolvidos na informações à instância judicial acerca das
mesma situação litigiosa. pessoas atendidas, sem o consentimento
formal destas últimas, com exceção de
Declaração.
O psicólogo está comprometido em manter “a confidencialidade, a intimidade das
pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional"
(art. 9o, CFP, 2014).

Diz o art. 1o, par. “g” (CFP, 2014), que o psicólogo deve "Informar, a quem de direito,
os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente
o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário”.
CUIDADOS NA AVALIAÇÃO
PERICIAL FORENSE:
Pré-avaliação:

Identificar as questões de
relevância legal;

Clarificar suas determinações.


Durante a avaliação:
Esclarecer sobre os objetivos da avaliação, dos limites de sua
abrangência e do sigilo das informações prestadas.
Pós-avaliação:
Interpretação dos dados;
Comunicação dos dados
ELABORAÇÃO DO
RELATÓRIO SOBRE OS
ACHADOS DA AVALIAÇÃO:
- No contexto forense, o tipo de documentos a ser produzido e entregue pelo
perito é o laudo (Segundo o Código de Processo Civil, art 465);

- A elaboração de documentos técnicos está prevista pelo Conselho
Federal de Psicologia, na resolução 006/2019;
- As regras de apresentação, segundo o art 473: é necessário a exposição do
objeto de perícia, a análise técnica ou científica, método utilizado e uma
resposta conclusiva aos quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelos
órgãos do Ministério Público;

- A resolução 009/2019: Princípios norteadores de linguagem escrita (evitar
significações da linguagem popular), redação bem estruturada e concisa,
além de seguir uma ordem que facilite a compreensão do leitor .
ESTRUTURA DO DOCUMENTO:
A ordenação do laudo
corresponde a 5 seções:

Identificação;
Descrição da demanda;
Procedimento;
Análise;
Conclusão.
IDENTIFICAÇÃO:
Precisa conter quem elabora o documento, quem solicita e a razão da
solicitação. Devem ser acrescentadas informações a respeito do processo como:
Número do processo, vara judicial, onde prossegue, o juiz que fez a solicitação,
tal como dados sobre as partes que discordam e o objeto de avaliação.

DESCRIÇÃO:
Onde deve se apresentar os motivos que geraram o pedido de avaliação (No
caso forense, os principais fatos processuais apresentados na petição inicial).

PROCEDIMENTOS:
Detalhamento dos procedimentos e técnicas utilizadas, como também
as fontes que não foram possíveis ser obtidas.
ANÁLISE:
Exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel aos dados que foram colhidos e das
situações vividas relacionadas à conjuntura.

Assim, é necessário ser apresentado os dados brutos, como: uma síntese da história colhida
nas entrevistas e os dados objetivos da testagem. Uma vez que, na segunda subseção será
discorrido a compreensão psicológica dos dados, como possíveis diagnósticos e suas
repercussões no âmbito legal.

CONCLUSÃO:
Apresentar o posicionamento do perito, com base no que foi apresentado anteriormente, contendo
suas hipóteses e relevâncias à matéria legal.

OBS: NÃO DEVE CONSTITUIR EM UMA TOMADA DE DECISÃO JUDICIAL, ISSO
DESRESPEITA A INSTÂNCIA DO JUIZ.
Na Resolução 009/2019, não há referência sobre a
resposta a quesitos do documento de laudo. Todavia,
essas são formuladas pelo perito antes do início da
perícia e são respondidas, após a seção conclusiva,
de modo sintetizado.

Seguindo as normativas da resolução, não irá


encontrar incompatibilidade entre as determinações
legais e do conselho de classe
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Necessário ter atenção:
- Aos cuidados éticos em todas as fases de realização
do processo avaliativo, principalmente nos fatores de
interferência atrelados à capacidade técnica. Já que, o
contexto forense sempre apresentará repercussões aos
direitos legais do avaliado;

- Buscar sempre uma formação de boa qualidade, tanto


na área de avaliação psicológica quanto para
compreender os funcionamentos das instâncias jurídicas;

- É indicado que os primeiros casos seja supervisionado


por profissionais mais experientes.

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