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Política

Relatório da PEC 32 aprovado


na Comissão Especial
harmoniza o 7/9, o neofascismo
e os interesses do capital
Por Roberto Leher

Créditos da foto: (Richard Silva/PCdoB na Câmara)

Em 23/09/21, a Comissão Especial da Reforma Administrativa


aprovou, por 28 votos contra 18, o substitutivo do relator,
deputado Arthur Maia (DEM-Ba), à PEC 32/20[1]. Para isso, o
presidente da Câmara substituiu oito deputados do Centrão e o
relator, que havia apresentado uma versão anterior retirando
alguns aspectos gritantemente privatizantes. Em sua 7a versão
retomou, fundamentalmente, o texto original do governo
Federal, ainda mais neoliberal e coerente com a guerra cultural.
Votaram a favor: Cidadania, DEM, MDB, NOVO, PL, PP,
PROS, PSC, PSD, PSDB, PSL, PTB, REP. Votaram contra:
AVANTE, Patriota, PC do B, PDT, PSB, PSOL, PT, PV,
REDE e SDD[2]. O artigo sustenta que a divisão partidária é
muito relevante para compreender como o bloco no poder atua
no contexto atual.

O presente texto não objetiva realizar uma análise exaustiva e


sistemática, artigo-a-artigo, do substitutivo aprovado[3], mas
indicar algumas nervuras centrais que podem contribuir para
explicar as motivações de sua acelerada tramitação, de sua
radicalidade neoliberal e da explicitação do teor de guerra
cultural. Inicialmente faz considerações sobre o contexto e, a
seguir, discute as citadas nervuras que estruturam a 7ª. versão
aprovada na referida Comissão e pontua breve conclusão.

1. Contexto da retomada da PEC 32

Em 24 de julho de 2021, o editorial de O Globo pareceu, à


primeira vista, destoar da sequência de editoriais e de colunas
que expressam o ponto de vista do jornal pessimista e, de certo
modo, crítico em relação aos rumos do governo Bolsonaro. O
título e o excerto em destaque são autoexplicativos: “Reforma
administrativa deveria ser a prioridade do governo no
Congresso”, “Aprofundamento da aliança com o Centrão dá ao
Planalto plena condição de aprovar projeto este ano”. O teor do
editorial confirma as chamadas: pressupõe que, afinal, com a
aliança formal com o Centrão, o governo poderia corrigir seu
rumo, merecendo um novo crédito de confiança. A mesma
mensagem pode ser encontrada, três meses antes (25 de
fevereiro de 2021), no Manifesto “O Brasil precisa de
mudanças. As mudanças precisam de reforma”[4] no qual,
igualmente, parte relevante das entidades empresariais sinaliza
que, se efetivar as reformas, Bolsonaro pode contar com apoio
de segmentos relevantes do bloco[5]. Os partidos que
aprovaram a PEC na Comissão Especial possuem inequívoca
conexão com os grandes meios e com as entidades empresariais.

As conexões entre grandes burgueses e o fascismo estão


presentes na história. Como é amplamente conhecido, embora
inexista uma correspondência linear em termos de métodos e
agendas entre as diversas frações burguesas e os governos
fascistas na Itália e na Alemanha, ao fim e ao cabo, ambos
regimes contaram com inequívoco e ativo apoio de importantes
frações burguesas; mesmo as frações recalcitrantes se somaram
aos fascistas que, afinal, estavam imbuídos de suprimir as então
intensas lutas de classes (soldando a fogo e sangue a junção dos
‘feixes’ constituídos pelos trabalhadores, patrões e Estado na
forma do Estado orgânico) em prol dos interesses do capital: os
assassinatos e as prisões seletivas da esquerda na Itália e na
Alemanha corroboram sobejamente isso. Desse modo, é
possível concluir que as conexões entre a grande burguesia e as
experiências autocráticas, inclusive de cariz fascista, não são
uma impossibilidade histórica, longe disso como assinalou
Florestan Fernandes ao estabelecer nexos entre o capitalismo
dependente e a autocracia burguesa.

Seria um grave problema de método estabelecer uma analogia


entre o fascismo dos anos 1920 e 1930 na Itália e na Alemanha
com o Brasil de hoje[6]. O que está em curso no país tem de ser
examinado em suas particularidades. Não resta dúvidas de que o
bloco no poder vive uma crise de hegemonia, embora não como
uma tectônica crise orgânica do capital. Até o momento inexiste
um forte e massivo movimento da classe trabalhadora com
organização e motivação para enfrentar a ordem do capital e,
por isso, as contendas intraburgueses estão se dando no âmbito
das táticas e das disputas econômicas. A inclusão social dos
bilionários na seleta lista da Forbes segue auspiciosa e os
fundamentos do poder burguês seguem sólidos: forças armadas,
aparato policial, robustos aparelhos privados de hegemonia e
controle completo dos grandes meios de comunicação. Por tudo
isso, persiste a força hegemônica burguesa e, no plano
internacional, o núcleo hegemônico do capital não dá margem a
rupturas, nem, tampouco, a concessões em desacordo com a
ordem burguesa capitalista dependente. Não menos importante,
embora com capilaridade de massa, inexiste um conjunto de
ideologias que torne o bolsonarismo um movimento com
um corpus doutrinário orgânico, estruturado como partido. Em
suma, qualquer tentativa de transposição mecânica entre o
fascismo clássico e o contexto atual será artificial e idealista.
Mas isso não significa, de modo algum, que as características
profundas do fascismo não estejam sendo aninhadas pelo
governo Bolsonaro, como o Estado orgânico, o darwinismo
social, a destruição da liberdade de cátedra e de pensamento, o
cerceamento da livre organização dos trabalhadores, a criação
de forças milicianas para silenciar oponentes entre tantas outras
características, destacando-se os nexos de seu governo com o
grande capital.

O objetivo do presente texto não é discutir o 7/9, seu fracasso


ou seu êxito, mas focalizar o objetivo óbvio da “marcha”
fascistizante: avançar na viabilização de um governo
radicalmente autocrático, no qual o judiciário e o legislativo
estivessem subjugados, liberando o governo para fazer “o que
tem que ser feito”. Não se trata aqui, como é evidente, apenas
da agenda econômica. A razão de ser do governo e do amplo
movimento que o apoia é avançar na pauta da guerra cultural, o
que não necessariamente está em harmonia com a agenda
econômica. O que o capital espera que seja feito é o
aprofundamento do golpe de 2016, no rastro da EC 95 e da
contrarreforma trabalhista, objetivando destroçar toda a
dimensão social da Constituição de 1988, o que envolve
reconfigurar de modo profundo e radical o Estado. A despeito
dos conflitos entre o bloco no poder e o governo, do genocídio
em curso, da imensa crise econômica, do negacionismo
reinante, em suma, da guerra cultural, o bloco no poder logrou
muitos êxitos no atual governo: a contrarreforma da
previdência; a flexibilização da legislação ambiental; a EC 109;
as privatizações, a exemplo da venda dos Correios, da venda
fatiada da Petrobras, o avanço na privatização da Eletrobrás e o
edital para leilão do 5G.

De certo modo, as práticas escatológicas do governo, orientadas


pela guerra cultural, são funcionais, pois, com isso, os grandes
meios de comunicação e aparelhos privados de hegemonia
podem bater forte no governo, enfraquecendo-o, exigindo,
como no teor do editorial do Globo que abre este texto, pautas
“racionais”, “construtivas”, “civilizadas” a exemplo do avanço
nas contrarreformas demandadas pelo andar de cima,
ressignificadas como uma agenda “em prol do Brasil” capaz de
propiciar crescimento, empregos e assim por diante. Anunciam
ainda a disposição de manter apoio “vigilante” ao governo,
resguardando um certo distanciamento com o processo em
curso de fascistização.

É justamente nesse contexto de imensa tensão, conflitos e


revezes em relação ao alcance do 7/9 que lideranças e
intelectuais orgânicos do andar de cima estão sinalizando um
maior afastamento em relação ao governo, mas não uma ruptura
explícita e politicamente assumida. Este modo viperino de
atuação é do feitio dos bancos que, em geral, atuam
discretamente. Relevantes frações burguesas criticam a
prevalência da agenda da guerra cultural, em detrimento da
agenda neoliberal extrema que, afinal, motivou o golpe que o
Centrão e o lavajatismo, em sintonia com o capital monopolista
sob dominância financeira, efetivaram em 2016. De fato, existe
uma acentuada redução no ritmo e no profissionalismo das
medidas para suprimir os direitos sociais da Carta de 1988, em
favor da agenda da guerra cultural, gerando insatisfação no
bloco no poder.

Buscando reaglutinar as possíveis dissidências no andar de


cima, Bolsonaro e o Centrão reafirmam a disposição de
intensificar a desconstituição da Constituição, avançando, de
modo ousado, por meio da PEC 32. Com isso, Bolsonaro
pretende sincronizar a fascistização em curso com o apoio do
andar de cima, almejando estancar dissensões e agregar apoios
entre os setores dominantes: a radicalidade da 7a versão do
relator corrobora a proposição.

Com efeito, com a volta da candidatura de Lula da Silva, o risco


eleitoral aumenta exponencialmente. Desse modo, é possível
que, doravante, esta sincronia, expressa simbolicamente pela
entrada em cena do personagem que, afinal, foi a face pública e
institucional do golpe de 2016, Michel Temer, seja um
movimento que pode levar determinadas frações burguesas
dominantes a uma habituação com a escatologia governamental,
seja apoiando a reeleição do atual mandatário, seja um nome
alternativo que represente o mesmo projeto autocrático.

O artigo sustenta, por conseguinte, que a votação da PEC 32


atende, simultaneamente, aos agentes da guerra cultural, ao
grande capital ávido por ampliar o acesso privado-mercantil ao
fundo público, aos organizadores políticos das Forças Armadas,
notadamente seus generais, ao alto judiciário, servindo, por
conseguinte, para coesionar a base de apoio ao governo
Bolsonaro ou de uma alternativa que represente o núcleo duro
do golpe de 2016. É certo que o bloco no poder não tira do foco
o fato de que o governo Bolsonaro possui objetivos que nem
sempre serão os do Estado Maior do Capital. Por isso, para os
dominantes, os meses que restam ao governo Bolsonaro serão
de recomposição e de avanço do capital sobre os direitos da
classe trabalhadora, especialmente desfazendo as bases da
dimensão social do Estado. O artigo propugna que, na
perspectiva da classe trabalhadora, o desfecho do projeto
neofascista dependerá, em última instância, do desdobramento
da agência dos que vivem do próprio trabalho e são explorados.
E, por isso, o foco na luta contra a PEC 32 é tão axial para
alterar a correlação de forças em defesa do serviço público
capaz de assegurar os direitos sociais e humanos de toda gente.

2. PEC 32 é consoante aos objetivos da guerra cultural e do


neoliberalismo extremo
a) Um Estado orgânico

A primeira nervura analisada focaliza a guerra cultural. No art.


37, caput, foram introduzidos, entre outros, três novos
princípios que tornam o Estado desprovido de democracia:
‘imparcialidade’, ‘unidade’ e ‘coordenação’. As finalidades são
apresentadas na Exposição de Motivos (E.M.):

O princípio da imparcialidade difere do princípio da


impessoalidade (...). Trata-se de exigir que todo agente público,
no exercício do seu mister funcional, se conduza de modo
absolutamente imparcial, ainda que possua valorações
internas pré-concebidas a respeito do tema sob
exame. (destaques RL)

O texto é claro: o agente público (a grande maioria não será


mais constituída por servidores, mas por empregados públicos)
não pode realizar escolhas éticas. Como pode ser visto a partir
dos dois outros princípios, o agente público obedece, cumpre
determinações e não pode recontextualizar as prescrições
estatais. Neste prisma, o fim da estabilidade da imensa maioria
da força de trabalho no âmbito da Administração Pública é um
ato ao mesmo tempo econômico e político. Caso o agente
público não se coadune com as prescrições, sua avaliação será
negativa, motivo suficiente para a demissão do trabalhador,
conforme estabelecido na PEC 32.

O princípio da “unidade” é explicado na E.M.:

Pelo princípio da unidade entende-se que quando um agente


público está atuando, qualquer que seja a matéria, o momento
ou o lugar, sua atuação somente será legítima se estiver dirigida
a alcançar as finalidades da Administração. (...) A divisão da
Administração em seus mais diversos níveis, estruturas e
funções se produz apenas para lograr uma divisão racional do
trabalho, à luz da repartição de competências, mas todos esses
níveis, estruturas e funções devem atuar guiados pelos
mesmos fundamentos, com as mesmas finalidades e pelos
mesmos princípios (...), formando um todo harmônico e
coerente. (destaques RL)

O terceiro princípio incluído no caput do art. 37, consolida a


concepção de Estado pretendida:

O princípio da coordenação visa a entrosar as atividades da


Administração, de modo a evitar (...) a divergência de soluções
e outros males característicos de uma burocracia
fragmentada. Coordenar é, portanto, harmonizar todas as
atividades da Administração, submetendo-se ao que foi
planejado (...). De aplicação permanente, a coordenação
impõe-se a todos os níveis e poderes da Administração (em
sentido amplo), obrigando-a a se articular de modo
mais orgânico, inclusive entre os órgãos dos diversos níveis
da federação. (destaque RL)

A concepção de fundo aqui é o Estado orgânico do fascismo[7].


As ações do Estado são unas, nenhum desvio pode ser tolerado.
O cérebro do líder e as orientações do partido da ordem
governam todo o Estado.

A perspectiva de um Estado orgânico é perseverada na versão


aprovada hipertrofiando as prerrogativas presidenciais.
Coerente com a concepção, a PEC 32 atribui ao presidente o
poder de, por meio de decretos, moldar o Estado aos princípios
orgânicos do Estado. Com a PEC 32, o artigo 84, VI, da
Constituição é substantivamente alterado.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

Embora explícito no texto, é pedagógico ressaltar que a PEC


permite que o Presidente, por meio de decreto, portanto, por ato
monocrático, possa criar, fundir e extinguir entidades da
administração pública autárquica e fundacional. É o que
Bolsonaro está fazendo ao desmembrar Institutos Federais de
Educação Tecnológica para ampliar sua bancada de reitores.
Pela PEC, um Presidente pode extinguir universidades, fundir
instituições, alterar cargos públicos efetivos e até mesmo suas
atribuições. Todas as instituições críticas em relação ao governo
poderão ser remodeladas em função da concepção de
planejamento e de Estado do Presidente que passa a gozar de
um poder hipertrofiado para moldar o “seu” Estado orgânico.
Mussolini, Hitler, Salazar, Franco assim conceberam o Estado e
o poder do líder supremo. Todas essas prerrogativas concedidas
ao Presidente resultam da agenda da guerra cultural: o Estado
torna-se um aparato de casamatas para avançar na reforma
moral, cultural, religiosa e educacional em favor dos
“verdadeiros” “valores” do povo.

b) Estado subsidiário: Um Estado que somente atue nas


esferas em que o setor privado não tem interesse.

O objetivo de instituir o Estado subsidiário é o aceno ao bloco


de poder de que, com a mudança constitucional, poderá atuar no
fornecimento da educação, saúde, previdência, assistência
social e mesmo de atividades como fiscalização, normatização e
regulação. Todas as atividades tidas como não exclusivas
poderão ser transferidas e executadas pelo setor privado-
mercantil, escancarando a transferência do fundo público para
os agentes do capital.

O tema é tão central que o governo e o Centrão introduziram


um novo artigo na Constituição: 37-A.

“Art. 37-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios poderão, na forma da lei, firmar instrumentos de
cooperação com órgãos e entidades, públicos e privados,
para a execução de serviços públicos, inclusive com o
compartilhamento de estrutura física e a utilização de recursos
humanos de particulares, com ou sem contrapartida financeira.

§ 1o Lei federal disporá sobre as normas gerais para a


regulamentação dos instrumentos de cooperação a que se refere
o caput.

§ 4o A utilização de recursos humanos de que trata o caput não


abrange as atividades privativas de cargos típicos de Estado.”
(NR) (Destaques RL)

A E. M. complementa:

[Com as parcerias] garantindo assim que um Estado moderno,


que cumpre sua função estabelecida pela Constituição, esteja
apto a firmar os mais diversos tipos de parceria com
a segurança jurídica necessária a garantir a prestação de
serviços essenciais à população. A utilização de recursos
humanos proposta não abrangerá as atividades privativas
de cargos típicos de Estado. (destaque RL)

O texto é inequívoco: todas as atividades desenvolvidas pelo


Estado, inclusive as essenciais à população, podem ser objeto
de execução pelo setor privado, excetuando aquelas concebidas
como privativas do Estado. Desse modo, por meio de lei
ordinária, toda área social, meio ambiente, pesquisa científica e
tecnológica, universidades poderão ser geridas e executadas por
entes privados. O Estado será uma grande Ebserh, piorada, pois
todas as suas atividades na esfera social serão exploradas pelos
grupos econômicos privados-mercantis. Aqui não são as
organizações sociais, mas as corporações que irão explorar os
ditos serviços essenciais. Isso explica o empenho dos editoriais
dos grandes meios de comunicação e os manifestos
empresariais em prol da PEC 32. Neste sentido, o texto da PEC
32 tem o mérito de explicitar os seus objetivos.

A grande força da PEC 32 decorre do fato de que é uma nova


mudança constitucional já lastreada por mudanças anteriores,
especificamente: a EC 95 que, ao discriminar, congelar e
reduzir os gastos primários, criou as condições para que os
neoliberais e os agentes da guerra cultural pudessem atacar os
gastos não discricionários, especialmente pessoal, tema crucial
não abordado no presente texto, mas que serve de amálgama
para todas as medidas aqui discutidas; a EC 109, que
estabeleceu que sempre que as despesas primárias obrigatórias
alcançarem 95%, uma trava é acionada, exigindo cortes nos
gastos obrigatórios; a PEC 32 coroa o processo, pois permite:
fortes cortes nos gastos com pessoal, pois os contratos serão
flexíveis, vulneráveis e, para a grande maioria, sem estabilidade
(excetuando as atividades exclusivas de Estado); fusões e
extinções de órgãos públicos a bel prazer presidencial e,
finalmente, a contratação de entes privados para fornecerem o
que era atividade do serviço público.

Frente de esquerda
A análise, ainda que parcial e preliminar, permite concluir que a
construção da frente de esquerda e democrática, imperiosa e
estratégica para a harmonização da democracia política com a
democracia econômica, terá que incluir com centralidade e
resolutividade o enfrentamento, entre outros, da tríade: EC 95,
EC 109 e PEC 32.

Caso a PEC 32 seja aprovada e entre em vigor estará


sacramentado o fim dos principais dispositivos constitucionais
relativos aos direitos sociais, aos direitos humanos e a
pluralidade de concepções que deve caracterizar o serviço
público. Permitir que a extrema direita consolide o Estado
orgânico é um risco alto demais para a democracia no Brasil. A
conclusão, por conseguinte, é: toda prioridade para barrar a
aprovação dessa mudança constitucional comprometida com o
fascismo e com o fim da dimensão social do Estado.

Rio de Janeiro, 26/9/21

Roberto Leher
Universidade Federal do Rio de Janeiro

***

[1] Comissão especial conclui votação da reforma


administrativa. Agência Câmara de Notícias, 24/09/21,
https://www.camara.leg.br/noticias/809694-comissao-conclui-
votacao-da-reforma-administrativa

[2] https://esquerdaonline.com.br/2021/09/23/pec-32-e-
aprovada-na-comissao-especial-veja-como-cada-deputadoa-
votou/

[3] . Os estudos do DIEESE contribuem de modo relevante para


uma análise sistemática da PEC 32. Ver
https://www.dieese.org.br/outraspublicacoes/2021/sinteseEspeci
al5Pec32.html#:~:text=DIEESE%20%2D%20outras%20public
a%C3%A7%C3%B5es%20%2D%20S%C3%ADntese%20Espe
cial,demandas%20dos%20trabalhadores%20%2D%20setembro
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0%20reforma%20administrativa.&text=principais%20pontos%
20da%20proposta%20original.

[4] Entidades empresariais lançam manifesto favorável à PEC


Emergencial. Redação DC, 25 de fevereiro de 2021,
https://dcomercio.com.br/categoria/brasil/entidades-
empresariais-lancam-manifesto-favoravel-a-pec-emergencial

[5] . Leher, R. Um jantar à luz da autocracia burguesa,


Carta Maior, 13/4/21,
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Um-
jantar-a-luz-da-autocracia-burguesa/4/50353#_ftn17

[6] MATTOS, M.B. Governo Bolsonaro: neofascismo e


autocracia burguesa no Brasil. SP: Usina Editorial, 2020.

[7] Pinto, António Costa. O corporativismo nas ditaduras da


época do Fascismo. Varia Historia [online]. 2014, v. 30, n. 52
[Acessado 26 Setembro 2021] , pp. 17-49. Disponível em: .
Epub 22 Maio 2014. ISSN 1982-4343.
https://doi.org/10.1590/S0104-87752014000100002.

Fonte:
https://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2F
Relatorio-da-PEC-32-aprovado-na-Comissao-Especial-
harmoniza-o-7-9-o-neofascismo-e-os-interesses-do-
capital%2F4%2F51731#.YVM1FwnOuqE.whatsapp

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