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O Programa Bolsa Família no contexto do Orçamento Público:

análise sobre os repasses aos municípios do Pará


Adamor dos Santos1; Andressa Helena Briglia1; Davi Fernando Gama1; Marcelo
Banks1; Nágila Marina Alves1; Nayara Martinêz Faro1; Jordânio Santos2
1
Graduando em Tecnologia em Gestão Pública, Instituto Federal de Educação, Ciência Tecnologia e do Pará- Campus
Belém, CEP 66093-020, Belém-Pará, Brasil.
2
Orientador, Professor da Disciplina Orçamento Público no Curso de Tecnologia em Gestão Pública, Instituto Federal de
Educação, Ciência Tecnologia e do Pará- Campus Belém, CEP 66093-020, Belém-Pará, Brasil.

Palavras-Chave: Repasses. Políticas Públicas. Bolsa Família.

1 - INTRODUÇÃO

A erradicação da pobreza, a marginalização, a redução das desigualdades sociais e


regionais são sem dúvidas um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
constitucionalizada em seu artigo 3º, inciso III. Deste modo, como metas orientadoras das
políticas governamentais, a erradicação da pobreza deve merecer destaque na elaboração do
Orçamento Público.
O Estado desenvolve um complexo de atividades impostas pela Constituição, as quais
demandam uma massa de recursos econômicos. A esse conjunto de recursos gastos pelo
Estado no escopo de materializar suas finalidades, dá-se o nome de despesa. Quanto à
natureza, as receitas orçamentárias são aquelas previstas no orçamento dos entes públicos
(União, Estados e Municípios), decorrendo da execução da Lei Orçamentária Anual (LOA), o
qual chamamos de orçamento anual de fato. A lei é estruturada em três documentos:
orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e orçamento de investimento das estatais
(CRFB/88).
A grande inovação legislativa foi de que os programas de assistência social foram
unificados e ampliados às políticas públicas anteriores de transferência de renda criados pelo
governo Fernando Henrique Cardoso: Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à
Educação; Cadastramento Único do Governo Federal; Programa Nacional de Renda Mínima
vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação; Programa Auxílio-Gás e o Programa Nacional de
Acesso à Alimentação - Fome Zero do governo Lula. (portal gov.br)
O Programa Bolsa Família foi feito em condicionalidades, criado no primeiro Governo
Lula (2003-2007) pela Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, posteriormente
convertida em lei em 9 de janeiro de 2004 na Lei Federal n. 10.836 e para que ele funcione
efetivamente, os entes federativos – quais sejam - a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios precisam trabalhar de forma compartilhada. Deste modo, todos são
corresponsáveis pela implementação do programa, criando bases de cooperação e a gestão do
programa é descentralizada, com competências específicas para cada ente da Federação, mas
sempre (portal gov.br).
Segundo Dias e Silva (2008), avaliar a atuação do PBF sob a perspectiva das
condicionalidades é poder compreender como as famílias beneficiárias acessam os serviços
sociais básicos, bem como a eficácia da prestação destes. Assim, a avaliação dos impactos do
PBF pode mostrar seus efeitos tanto sobre as condições de vida entre os domicílios pobres,
como apontar possíveis mudanças que podem propiciar maior efetividade do programa.
Faria (2001) acrescenta ainda, que o objetivo precípuo da avaliação de programas
sociais é aprimorar sua capacidade de oferecer adequada atenção aos cidadãos. Assim
entendida, ela é parte essencial da formulação dos programas sociais, contribuindo para o seu
aperfeiçoamento.
Estudos apontam que o desenho do PBF foi ancorado numa visão da pobreza como um
fenômeno multidimensional, pois suas ações perpassam desde aspectos de distribuição
mínima de renda até a formação de capital humano. Dessa forma, conforme Sen (2010), essa
pobreza deve ser combatida mediante a ampliação das liberdades individuais. Dito isto,
observa-se que desde sua implantação os resultados observados pelo Bolsa Família vêm sendo
acompanhados e apresentados como uma estratégia de superação da pobreza e mudança
social.

Após a implantação do Programa Bolsa Família, os impactos sociais, econômicos e


gerais foram notórios, primeiramente deve-se destacar que após um levantamento social da
FGV após a implementação do Bolsa Família em conjunto com outros auxílios o número de
pessoas que viviam na extrema pobreza caiu de 7,70% da população em 2003 para 3,91% em
2018. Ou seja, um número absurdo de pessoas que não tinham como sobreviver passaram a
ter o mínimo possível para sua subsistência.
O que mostra a grande relevância do Bolsa Família, que contribuiu para o combate à
pobreza e à desigualdade pois possui três eixos principais: complemento da renda; acesso a
direitos; e articulação com outras ações a fim de estimular o desenvolvimento das famílias,
através dele a população teve mais acesso aos serviços de assistência social, saúde e à itens
básicos da alimentação. A consequência disso foi promover um retorno e acompanhamento
dessas famílias tanto dentro da escola como fora o que estimula a cadeia Empresa -
Consumidor - Tributo - Estado e consequentemente atuando no desenvolvimento
socioeconômico.
2 - MATERIAL E MÉTODOS

A proposta do trabalho foi analisar o Programa Bolsa Família no Estado do Pará


utilizando ferramentas do Orçamento Público Federal dos anos 2019 e 2020, aliando a análise
de dados extraídos de órgãos governamentais estatísticos. Este trabalho foi proposto aos
alunos do terceiro semestre do curso de Tecnologia em Gestão Pública pelo professor da
disciplina Orçamento Público.
O tema foi desenvolvido durante as aulas ministradas pelo docente, sendo
apresentadas as etapas das pesquisas desenvolvidas pelo grupo, através da apresentação em
slides e o livre debate gradual sobre o tema, para apresentação em sala, a fim de melhorar a
exploração sobre o tema e aprofundar o conhecimento nas questões mais importantes sobre a
temática.
Também foram utilizados dados obtidos das plataformas do portal gov.br, para
geração de gráficos e dados disponibilizados pelo docente e orientador para demonstração dos
impactos no Orçamento Público em relação ao Programa Bolsa Família.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises em quatro municípios do Estado do Pará e que acerca do programa Bolsa


Família correspondem aos selecionados Faro, Santarém Novo, Ananindeua e Belém, haja
vista que são dois municípios do interior do Estado com índices altos de pobreza e outros dois
municípios na região metropolitana também com níveis elevados de pobreza, apesar de
Ananindeua e Belém serem mais desenvolvidos economicamente em relação à Faro e
Santarém Novo.

No que corresponde ao Dado 1, a população analisada nos anos 2019 e 2020,


corresponde em média 23,59% da população total do Estado do Pará, segundo dados da
FAPESPA. Que engloba os municípios de Faro, Santarém Novo, Belém e Ananindeua.
Santarém Novo, localizado na Mesorregião do Nordeste Paraense, no caminho da antiga
estrada de ferro Belém-Bragança. Faro localizado na Mesorregião do baixo Amazonas. Belém
e Ananindeua na região metropolitana do Estado.
No Dado 2, segundo o IBGE o percentual da população de cada município que
sobrevive com renda de ½ salário mínimo. E o gráfico do quantitativo de beneficiários do
programa Bolsa família segundo dados do portal do governo federal. Apurado que o
percentual médio de pessoas consideradas pobres dos municípios do interior (Santarém novo
e Faro) de acordo com o quantitativo de beneficiários do PBF – Programa Bolsa Família,
correspondem em média a 25,91% da população dos municípios. Já em relação aos
municípios considerados da região metropolitana a média é de 7,31%.
Há de notar que esses percentuais estão abaixo do que fora informado pelo IBGE,
evidenciando assim que o PBF não beneficia a maioria da população pobre desses municípios.
O que denota ou um erro por parte do censo feito IBGE ou o programa não alcançou essas
famílias que podem estar em áreas mais afastadas ou não têm acesso à informação e não são
procuradas pelos gestores desses municípios.
Em relação ao Dado 3, sobre relação de repasses do PBF, a região metropolitana
obtém maior volume de repasses, o que já era esperado em relação ao seu contingente
populacional. É notório também que houve uma redução nos repasses de um ano para o outro
visto que em 2020 iniciou-se contexto pandêmico da Covid -19, com a introdução de outros
meios como forma de recursos para a população.
Dentro dessa análise podemos estimar que o público alvo do programa em capitais e
regiões metropolitanas cuja as famílias têm mais acesso aos veículos de informação o
programa consegue abranger o maior número de pessoas possíveis.
Ademais, para concluir a análise de gráfico habitantes versus beneficiários do
Programa Bolsa Família nos municípios do interior do Pará temos que o município de
Santarém Novo possuía em 2019 e 2020 respectivamente em números de beneficiários 1.869
(mil oitocentos e sessenta e nove) e 1.757 (mil setecentos e cinquenta e sete) cadastrados no
programa do Ministério da Cidadania.
O entrave que o programa bolsa família pode ter tido, durante sua implantação foi o
trabalho infantil, que atinge os direitos civis de alguns beneficiários, neste caso, crianças e
adolescentes, pois a insistência desse problema social poderia comprometer diretamente os
objetivos anunciados pelo PBF, pois “o trabalho infantil pode minar os tecidos sociais e
empobrecer e até destruir o capital humano” (OIT, 2013, p.12), e quanto mais precoce é a
entrada no mercado de trabalho, menor é a renda média obtida ao longo da vida adulta
(BRASIL, 2011)
Este problema crítico é muito comum em municípios menores com baixo
desenvolvimento e índices de baixa alfabetização, o que torna comum a evasão escolar e
consequentemente a entrada dessas crianças e adolescentes dentro da condição de trabalho
para que estes consigam ajudar suas famílias no sustento da casa, o que gera a exploração e
por fim eleva mais ainda a condição de pobreza dentro desses municípios.
4 - CONCLUSÃO

Após essa análise, conclui-se que o extinto Programa Bolsa Família foi sim um
programa efetivo no combate a erradicação da pobreza e que sua extinção nos moldes os quais
fora criado pode colocar em risco os avanços conquistados desde sua criação, no ano de 2003.
Os repasses orçamentários feitos para as políticas públicas de combate á pobreza são
parte da importante intervenção do governo no que se refere à alocação de recursos visto que
a pobreza não se combate apenas com a transferência de renda e sim com um ciclo de fatores
para contribuir a partir da alimentação e com políticas de acesso à saúde e educação na
condição de estímulos para que este indivíduo possa em um determinado período ou momento
sair do programa.
Apesar de críticas negativas de parte da população de desconhece a natureza da
alocação de recursos para as políticas de transferência de renda, o Orçamento Público tem
como prioridade devolver à população parte do que arrecada com as políticas públicas para o
próprio desenvolvimento do indivíduo e consequentemente da própria nação e ainda que
programas como esse, de relevância internacional, culmine em críticas desconstrutivas por
parte dos veículos de comunicação sobre a responsabilidade do Governo com os pobres,
vítimas da desigualdade no país, eles não devem deixar de existir e não representam riscos ao
orçamento público.
As políticas públicas como o bolsa família são essenciais para o desenvolvimento da
economia do país, através da geração de renda para famílias de baixa renda, circulação de
moeda e promoção da economia local e a possibilidade de desenvolvimento de novos
cidadãos contribuintes através de suas políticas de contrapartida para a sociedade e incentivo à
educação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. 2003. Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003. Cria O Programa Bolsa Família e Dá
Outras Providências. Disponível em: . Acesso em: 22 abril 2015.
DIAS, Magda Núcia Albuquerque e SILVA, Maria do Rosário de Fátima e. O programa bolsa família no
município de Bacabal-MA: avaliação do processo de implementação com o foco nas Condicionalidades.
Biblioteca Virtual do Programa Bolsa Família.
FARIA, R. M. Avaliação de programas sociais – Evoluções e Tendências. In: RICO, E. M. Avaliação de
Políticas Sociais: uma questão em debate. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 41-49.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Panorama Macroeconômico: Maio de 2020. Disponível em: . Acesso em: 20
mai. 2020c.

PARÁ. FAPESPA
https://www.fapespa.pa.gov.br/sistemas/anuario2020/tabelas/demografia/tab-1.1-populacao-total-e-estimativas-
populacionais-2016-a-2020.htm

PORTAL GOV.BR. Https://aplicacoes.cidadania.gov.br/ri/pabcad/index.htm


SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SILVA & SILVA ECONOMIA BRASILEIRA PRÉ, DURANTE E PÓS-PANDEMIA DO COVID-19:
IMPACTOS E REFLEXÕES 1

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