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• Unidade de Ensino: Filosofia Medieval

Filosofia • Competência da Unidade: Compreender as bases do pensamento


medieval. Analisar as características do pensamento de Agostinho e de
Tomás de Aquino. Conhecer as origens da filosofia medieval e a avaliar
a influência da filosofia grega no pensamento cristão. Analisar o
alcance da filosofia cristã no pensamento medieval.
• Resumo: O surgimento da filosofia medieval. Santo Agostinho: o mais
Filosofia Medieval ilustre representante da patrística. A escolástica e o pensamento de
São Tomás de Aquino.
• Palavras-chave: Filosofia medieval. Pensamento cristão. Correntes
filosóficas medievais.
• Título da Teleaula: Filosofia Medieval
Teleaula nº: 3
Prof. Dr. Leonardo Antonio Silvano Ferreira •

Contextualização
 Idade Média: forte presença da Igreja Católica
em todos os segmentos.
 Marcada por importantes pensadores, que A filosofia
deixaram um legado filosófico que ainda serve
de base para as reflexões acerca dos mais medieval
variados assuntos que permeiam a mente do
homem moderno.

Filosofia medieval Filosofia cristã


• O surgimento da filosofia cristã. • Os apologetas como foram denominados os
• “O helenismo fornece o pano de fundo político primeiros pensadores do cristianismo,
e cultural que permite a aproximação entre a frequentemente lançavam mão da própria
cultura judaica e a filosofia grega, o que tornará filosofia helênica.
possível mais tarde o surgimento de uma • Dentre seus objetivos estava o de desenvolver
filosofia cristã” (MARCONDES, 1997, p. 105). um sistema de pensamento baseado no ideal
cristão.
O que vem a ser a filosofia cristã? Filosofia cristã
• É cristã toda a filosofia que, criada por cristãos • Nasce com os pais da Igreja, período
convictos, distingue entre os domínios da denominado de patrística.
ciência e da fé, demonstra suas proposições • Ainda que os filósofos cristãos façam distinção
com razões naturais, e não obstante, vê na entre ciência e fé, a maioria acredita na relação
revelação cristã um auxílio valioso, e até certo harmoniosa entre elas.
ponto mesmo moralmente necessário para a
• É, portanto, um saber racional que procura
razão (BOEHNER; GILSON, 2012, p. 11).
compreender os fenômenos ligados a fé.

A filosofia medieval A escola de Alexandria


• É muito difícil separar filosofia medieval e • Alexandria: cidade cosmopolita, onde
filosofia cristã, pois o pensamento medieval foi convivem várias culturas.
marcado pela presença das doutrinas cristãs. • Biblioteca de Alexandria.
• “A filosofia medieval corresponde ao longo • Distinção entre a Escola de Alexandria e a
período histórico que vai do final do helenismo Escola Catequética de Alexandria (destaques:
(séculos IV-V) até o Renascimento e o início do Clemente de Alexandria e Orígenes).
pensamento moderno (final do século XV e • O Neoplatonismo.
século XVI), aproximadamente dez séculos,
portanto” (MARCONDES, 1997, p. 103).

Clemente de Alexandria O caráter divino para a filosofia


• Critica aqueles cristãos que veem na filosofia É inconcebível que a filosofia seja má, visto que
uma extensão do paganismo. torna os homens virtuosos. Por isso ela deve ter
• Para Clemente, a filosofia servia aos propósitos sua origem em Deus, que só pode fazer o bem;
de Deus, diferente do que muitos pensavam ser aliás, tudo o que vem de Deus é dado para o bem
a filosofia como obra do diabo. e recebido para o bem. E, por sinal, os
maus não costumam interessar-se pela filosofia
(CLEMENTE apud BOEHNER; GILSON, 2012, p. 35).
Orígenes
• Esforço principal:
• Tornar o acesso ao conhecimento das
escrituras possível a todos, pois acreditava Santo Agostinho
que este conhecimento seria capaz de saciar
a alma humana e tornar o homem virtuoso.

Patrística Santo Agostinho (354-430)

https://commons.wikimedia.org/

o_de_Hipona_e_Doutor_da_Igre
wiki/File:Santo_Agostinho,_Bisp
• Período em que os principais escritos foram • Sua conversão ao cristianismo se deu no ano
concebidos pelos padres da Igreja. 386 (livro Confissões).
• Agostinho torna-se o principal representante da • A intenção foi continuar a buscar a verdade.
Patrística. • Ao tornar-se cristão, o antigo reitor não

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• Agostinho se volta para a ideia da dicotomia tencionava renunciar à herança cultural da qual
platônica e elabora sua própria teoria da até então se servira; impunha-se porém a
iluminação em que atribui a Deus a revelação cristianizá-la, de acordo com a tradição
das verdades eternas necessárias para a vida patrística. [...]
presente e a eternidade.

Santo Agostinho
• [...] A esta tarefa entregou-se Agostinho, • “Para Santo Agostinho, a verdadeira e legítima
invocando o Livro do Êxodo onde os hebreus, ciência é a teologia, e seus ensinamentos é que
antes de deixar o Egito, receberam de Deus a o homem deve dedicar-se, pois preparam a
ordem de se apropriarem dos objetos de ouro e alma para a salvação e para a visão de Deus,
prata e os levarem consigo Assim deveria, pois que é a sua recompensa” (MARCONDES, 1997,
fazer o pensador cristão: subtrair dos autores p. 111).
antigos, para integrar na sabedoria cristã, todas
as verdades de que a filosofia pagã fosse
possuidora (INÁCIO; LUCA, 1988, p. 22).
A grandeza do pensamento de Santo Agostinho Maniqueísmo
• Agostinho marca o fim de uma era e o início de • Dualismo: mundo composto por duas forças
outra. É o último dos escritores cristãos da antagônicas: um controla o mundo espiritual e
Antiguidade (sic) e o precursor da teologia outro a matéria.
medieval. As principais correntes da teologia da
• Essa explicação pareceu razoável a Agostinho:
Antiguidade convergiram para ele e dele fluíram
responsabilizava o homem por seus erros e o
as correntes, não somente do escolasticismo
recompensava por seus esforços.
medieval, mas também da teologia protestante
do século XVI. (GONZÁLES apud OLSON, 2001,
p. 259).

Distanciamento do maniqueísmo O conhecimento


• Homem é totalmente dependente de Deus, e • Inatista: está presente mesmo antes de ser
por si só é incapaz de alcançar alguma experimentado pelos sentidos. De certa forma,
benevolência da parte de Deus. é resultado do reconhecimento daquilo que já
• A partir desse pensamento é que Agostinho se está presente no intelecto humano.
tornará o teólogo da graça, uma herança de • A verdade está em Deus e ele revela sua
Santo Anselmo de que a justificação é somente verdade por meios naturais (a razão), por meios
por meio da fé, ideia que Lutero irá recorrer especiais (a fé).
para promover a reforma protestante no século
XVI.

Sobre a alma
• Para que o homem compreenda-se e encontre
Deus, ele deve voltar-se para dentro de si, pois
Deus está na alma. Se Deus está na alma, esta São Tomás de
deve servir como instrumento de Deus para
dirigir o corpo.
Aquino
• “Como parte superior do ser humano, a alma
está incumbida de governar o corpo”
(BOEHNER; GILSON, 2012, p. 180).
São Tomás de Aquino (1225-1274) A Escolástica

https://commons.wikimedia.or
g/wiki/File:Gentile_da_Fabrian
• Período áureo da escolástica. • É, portanto, apenas em torno dos séculos XI-XII
• Influências aristotélica. que assistimos ao surgimento da assim
• Seu pensamento renova a Igreja Católica chamada “escolástica”, como ficou conhecida a

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(aspecto filosófico e teológico), suas obras filosofia medieval a partir de então. Esse termo
darão um novo impulso a Igreja como designa, de modo genérico, todos aqueles que
instituição basilar da Idade Média. pertencem a uma escola ou que se vinculam a
uma determinada escola de pensamento e de
ensino. [...]

A Escolástica
[...] Passou a significar também, por esse motivo, • Os escolásticos dos séculos XIII e XIV eram
um pensamento filosófico que compartilha a essencialmente teólogos e incidentalmente
aceitação de certos princípios doutrinários filósofos. Sua lógica se concentrava em
comuns, os dogmas do cristianismo que não desvendar os mistérios da fé cristã; sua filosofia
deveriam ser objeto de discussão filosófica, era serva da teologia. No entanto, é um fato
embora na prática essa discussão não tenha histórico notável que esses grandes teólogos
deixado de acontecer. (MARCONDES, 1997, p. fossem igualmente grandes filósofos. Como
116). teólogos, não lhes interessava desenvolver uma
filosofia completa. [...]

A filosofia na Escolástica
• [...] Em vez disso, desenvolveram uma teologia • Serviu aos interesses dos teólogos, pois o
e filosofia numa integração orgânica, de modo intuito destes pensadores não era desenvolver
que a filosofia fosse constantemente fertilizada um sistema filosófico e sim teológico.
pelas especulações filosóficas e a filosofia • É comum querermos separar a filosofia e a
permanecesse sob a orientação do dogma teologia uma da outra, mas na escolástica isso
cristão (BOEHM apud OLSON, 2001, p. 340). quase é impossível, pois há uma linha muito
tênue que as separam.
• A Escola de Chartres.
São Tomás de Aquino O pensamento tomista
• Nasceu na cidade de Nápolis, no ano de 1224. • Para Aquino, Deus criou o homem dotado de
• Proveniente de uma família nobre, entrou para razão, e, portanto, capaz de usá-lo na busca
a Ordem dos Dominicanos em 1244. pelo entendimento das coisas do Senhor, a
razão capacita o homem a compreender
• Estudou em Paris e recebeu influências do
racionalmente a sabedoria de Deus e nos incita
mestre Alberto Magno que lhe apresentou as
a amá-lo e reverenciá-lo.
obras de Aristóteles.
• Aquele que o conhece profundamente será
• Para Aquino, a filosofia e a teologia são ciências
mais dificilmente enganado pelas sutilezas do
que se completam.
mundo.

A contribuição de Aquino para a Igreja Católica


Em Tomás de Aquino chegamos ao ponto mais alto [...] Um estudioso bem dedicado de Aristóteles, ele
na realização do escolasticismo. Dotado de uma fez pleno uso desse filósofo em sua tentativa de
mente penetrante e de capacidade de síntese, ele pensar de modo sistemático e de apresentar dessa
aplicou os métodos dos escolásticos à teologia e mesma forma a amplitude da teologia cristã.
empregou Aristóteles de tal modo que produziu o Todavia, ele não o seguiu sem uma tonalidade de
que a Igreja Católica Romana veio a considerar independência. (LATOURETTE, 2006, p. 684).
como sua formulação padrão de teologia. [...]

O conhecimento
• O Aristotelismo no pensamento de São Tomás
de Aquino.
• O conhecimento humano se dá em dois
O pensamento de
momentos sensível e intelectual. Santo Agostinho e
• Sem o conhecimento sensível, o intelectivo não
é capaz de formular princípios.
de São Tomás de
Aquino
Apresentando a SP Apresentando a SP
• Como podemos entender a mudança de Santo • São Tomás de Aquino apresentou cinco
Agostinho sobre o que se entende por maneiras de demonstrar racionalmente a
conhecimento? existência de Deus e todas encontram-se, de
alguma forma, na filosofia de Aristóteles.
• As cinco maneiras apela às experiências que a
mente humana sofre em relação ao mundo
natural e mostram que, se Deus não existisse,
as experiências não teriam sentido ou seriam
impossíveis. (OLSON, 2001).

Problematizando a SP Problematizando a SP
• Santo Agostinho: • Segundo São Tomás de Aquino, quais são as
• Maniqueísmo. cinco maneiras de demonstrar racionalmente a
• Ceticismo. existência de Deus?

• Inatismo.

Resolvendo a SP Resolvendo a SP
• De acordo com o pensamento de Santo • Através de uma atitude filosófica se voltam para
Agostinho, os escritos de alguns filósofos estão um conhecimento que está presente no espírito
em consonância com as escrituras sagradas e, e que, portanto, é verdadeiro, é o
portanto, esses escritos contêm verdades conhecimento inato.
divinas. • “[...] mas depois de ler aqueles livros dos
• O filósofo se difere dos demais no platônicos e de ser induzido por eles a buscar a
conhecimento da verdade porque estes não verdade incorpórea, vi que ‘as vossas
procuram o conhecimento apenas através dos perfeições invisíveis se percebem por meio das
sentidos. coisas criadas’” (AGOSTINHO, 2000, p. 194).
Resolvendo a SP Resolvendo a SP
• Observe que, segundo Santo Agostinho,
• São Tomás de Aquino:
conhecer é indissociável de crer na existência
• A constatação de que no universo existe
de Deus, pois as coisas criadas são uma
movimento e que tudo que se move é movido por
extensão daquilo que há no mundo espiritual
outro.
no qual Deus governa e reparte de alguma
maneira as belezas espirituais de maneira finita • Todas as coisas são efeitos de uma causa.
com os seres criados. • Necessidade e possibilidade.
• Graus de perfeição do ser.
• Todas as coisas convergem para um fim.

Resolvendo a SP Resolvendo a SP
• Essa via nos leva a pensar na ordem existente no • Segundo Tomás de Aquino, é necessária uma
cosmos, pois o que existe no universo segue uma inteligência que tenha projetado todas as coisas,
ordem de funcionamento e, de acordo com o pois assim como uma lança só chega ao seu
pensamento de Aquino, esta ordem converge para destino se alguém a lançar, podemos concluir que
um fim estabelecido por Deus, e este fim último as coisas acontecem no universo porque alguém
para o qual convergem todas as coisas criadas é estabeleceu um fim para o qual ela existe.
Deus.

Recapitulando a aula
Filosofia Medieval
Recapitulando • O surgimento da filosofia medieval.
• Santo Agostinho: o mais ilustre representante
da patrística.
• A escolástica e o pensamento de São Tomás de
Aquino.

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