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o.tomar ecisoes dificeis Muitas vezes na vida vocé tem de escolher entre o certo e o certo Tradugso Sonia Augusto ot ae ‘rie et gulp hoe ri ah ke Tedd cae ‘utente ‘Semin catanaresn rendsemame mt geese unite rp se "Chm enn ah Rat Hier hiss era ‘ei Hw pe eh eee ‘Bev nsarrsocare ae el eee D Dani: Aaa Para meus pais, Ruth e George Kidder, ‘que nos ensinaram étia pelo exemplo Capitulo Um encaramos eseolhas difcis. ns as evitamos. Outras, ns as enfentamos. Porém, do as enfrentamos, nem sempre decidimos rsolv-las. iplesmenterepassamos incesantemente os possveis ‘unos debatemos quanto ao camino a seguir. mo se tentamos resolv-la, nem sempre ofazemos por meio “autoteflexto enérgiea. As vezes, simplesmente abrimos para uma conclusio por pura impaciéneia ou vontade as- ‘como se conseguir nesolvé-la fosse mais importante do audecstocerta dlificeis por meio de uma auto-relleio enézgien. Afinal {reqientemente pensamos nessa pessoas como sendo so boas, dizemos, porque parecem ter algum nsclente de visio, algum nleo profundo de valores éticas a coragem para afirmar suas escolhasdificeis.1ss0 no que enfrentem menos escolhas do que os outros. Ao eon- vive préximo de seus valores bisicos vai se debater as que para outras pessoas, que se delxam levar na su- da ya, talver nem se configurem como problemas. Valores 16 Foi isso que acontecen com uma bibliotecitia que, hi varios ‘anos, trabalhava no plantio de dlividas e consultas da biblioteca pbliea em sua comunidade, O telefone tocou, O homem que ligoo pediraalgumas informagSes sobre a legislago referent aestupro. A biblioteca fer virias perguntas para esclarecer qual era a divida ele. Depois,seguindo as normas da biblioteca de manter as linha {elefOnicas livres, explion a ele que retormaria a ligagao em alguns ‘minutos, assim que realizasse a pesquisa. Ela anotou o nome e um -nimero de telefone dele, edesligou. “Enguanto se levantava para fazer a pesquisa, um homem que es- tavasentado na rea deleitura, pertoda mesa do plantio de dvidas ‘econsultas, aroximou-se dela, Mostrando.um distintivo de poical, le perguntou o nome eo telefone do homem que telefonara.Fazia {sso porque a conversa que havia ouvido levars-o a suspeitar de que home fosse um estuprador que atacara na noite anterior. (0 que cla deveria fazer? Por um lado, ela era um memibro da co- ‘munidade, Concordava com a necessidade de manter a Ii ea or dem. Como mulher, ela se preocupava bastante com 0 fato de hax ver um estuprador a sota pelas mas. Como eidada, ela queria fazer qualquer coisa para reduzir a possibilidade de um nove ataque. Afi- nal de contas, ese ela se recusasse a fornecer o nome dele e outro estupro acantevesse naquela noite? Por outro lado ela sentia que sua tica profisional como biblio- tera exigiaa protegao da privacidade das pessoas que telefonavam fem busea de informagies. Achava que o live acesso a informagio cera erucial para o sucesso da democracia e, que se as pessoas que 4 procuravam fossem observadas ou eategorizadas simplesmente pelo tipo de pergunta que faziam, o estado polical nfo ficaria muito tris. O direto a privacidade deveria ser estendido a todos. Afnal de contas, ¢ se esse homem fosse simplesmente um estudante de direto que tivesse de apresentar um trabalho sobre estupro? Acscolha com que ela se defrontava era claramente do tipo certo versus certo. Era certo apoiar @ busca da comunidade por lei eor- ‘dem. Mas também era certo resguardar a privacidad, como exigia ‘su c6digo profissional. O que tornou a escolha tao diffi para ela? 0 fato de seus valores serem tio bem definidos. Caso se preoe~ passe menos eom a protegio da informagio — que, em sua forma Ins elevada, provinha do desejo de respeitar e honrar a todos na ‘omunidade —, ela talvex nem tivesse hesitado em dar 0 nome ao Aetetive. Poderia ter se curvado tao inteiramente & autoridade do olicial ~ ou desejado tanto ajudé-lo a prendero eriminoso — que ‘nem teria reparado com que velocidade, em sua mente, “o homem {que ligou” tornou-se "o riminoso”, antes mesmo de ter sido inter- togado. Por outro lado, se ela estivesse apenas comprometida com sua profissio, como guardia da informagio da sociedade, poder ‘nem mesmo ter considerado suas obrigagées para com a. conn dade mais ampla. Poderia simplesmente ter afirmado o principio da, Privacidade sem ver nenhum conflte com a urgéneia de wma neces- Sidade social -Escolhas diffceis nem sempre envolvem eédigos profssionais ou Ieis criminais. E nem sempre envolvem grandes questdes, Muitas vezes acontecem em reas no cobertas por les e regulamentagées, Foi assim com um executivo de uma indistria de émbito nacional, ‘que enfrentou uma escolha dessas logo depois de se tornar gerente de uma das fébricas da empresa, na California, Ele ficou sabendo que, todos os anos, o produtor de um famoso seriado de aventuras de TV em Hollywood filmava algumas cenas no estacionamento da {ibrica. Todos 0s anos, a alta geréncia da sede da empresa permit que a equipe fizesse a flmagem gratuitamente — normalmente, em lum sébado, quando o estacionamento estavavazio. E todos 0s anos, ‘osenhor Gray, antigo gerente da fabri, abria mio de seu fim de se- ‘mana em familia para comparecer ao loal e ajudar a equipe de TV. Entio, o novo gerentefez.0 mesmo, As flmagens ocorreram con forme o planejado. No final do dia, 0 produtor velo até ele, agra- deceu pela ajuda e pergunton em nome de quem o cheque de 500 délares deveria ser feito, Surpreso, o gerente respondeu que deveria 7 18 19 ser feito para a empresa. Surpreso também, o produtor disse: "Sem- pre fizemos o cheque para o senhor Gray. Nio deveriames fazé-lo para.o senhor?” ‘Uma escolha dificil? De certo mode, sim. A empresa, que mio ti- ‘vera despesas nem sofrera perdas devido as flmagens, nunca pedira ‘nem esperara pagamento. O gerente da fabrica, por outro lado, de- sistira de um dia de seu fim de semana sem nenhuma eompensagio ‘onal. Mas as instalagbes que tommaram possives as flmagens ppertenciam & empresa, endo a ele, De quem era esse dinheiro? Era lum pagamento para a empresa ou uma eontribuigio por seu sex- _vgo pessoal? Ness timo caso, seria um suborno para garanti que ‘© mesmo local estivesse disponivel no ano seguinte, ou um gesto ‘de gratido por sua ajuda? Além disso, se ele entregasse o cheque ‘empresa, poderia provocar perguntas sobre © que acontecera com, ‘0 dinheiro dos outros anos e eausar problemas para o gerenteante- rior, que poderia ter pensado sobre a questio de um modo diferente ese sentra bem acetando © pagamento. Ou talver essa investigagao Tevasse & deseoberta de que esse incident era parte de um padrio = tabelcido pelo senor Gray que talvezusasse os bons da empresa para assegurar ganhos pessoas. O gerente sabia que muitas pessoas em seu Ingarteriam aceitadoo cheque com um murmério de agradecimentoe ‘um dar de ombros. Para leno er to simples —devido seus valores centrais de honestidade,integridadee justia, ede seu dese deevitar até mesmo aaparéncia de uma mi ago. Depois de considerar tudo, le chou que havi alg certo nos dis lados — era certo ser ele compen sido, e também certo a empresa reeber os pagamentos.. As escolhas dffeeis, normalmente,sio aquelas que colocam um valor “certo” contra o outro. Tsso é verdadero em todas as éreas da Vida —empresarial, profssional, pessoal civiea, internacional, edu- cacional, religiosa. Pense um pouco: + Berto proteger as espécies ameagadas em florestas — e€ certo protegero trabalho dos madetreiros __ + featoepeitarodirito de una mulher ao tomar decisis em ela soa seu corp ~ 6 certo protege vida dos que sinda no naseram. + certo fomece servigos soca igus todos, independente- mente de raga ou de origem nica ~e 6 certo dar atengio especial Aqueles que podem ter sido privados de oportunidades devido sua orgem ultra + certo deixar no banco 0 jogaor de futebol que fi pego be- ‘bend com os amigos:na noite anterior a0 jogo docamapeonato — e orto escalaro melhor time possivel par jogo do da sepuinte | sf eerto condenar osacerdote que teve um eas0 com uma pa- Juiaa ~ ¢ & certo ser eompassvo dante do inieo ero verda que ele comet + fecertodescobrir tudo o que puder sobre asestruturas de prego decustos de seu concorrente— e ert obtrinformagbes apenas meio dos canis adequados. + ficertolevar a fama em férias hd muito experadas — e6 certo ‘conomizaro dinheiro para educa das erangas | certo falar em favor de um ponto de vista de uma minoria em ‘se condominio —eé cert deixar que a maioria venga. + fecert apoia principio de liberdade criativae esta do eura- die uma exposigio de fotografias —e & certo respeitaro deseo comunidade de evita a exibigio de obras pornogificas eracal- ofensivas. + certo ser duro com os bons empregads que tomam decsbes colocando a empresa em perigo — e€ crt ter compaixo su tearaaliviara punigéo edar-hes outra chance. ‘O certo versus 0 certo, entio, esté no ceme de nossas escolhas Aifces, Isso significa que nao existem escolhas certo versus 12.0 errado” seria apenas a definigio de outra pessoa em rela- aquilo que ew penso ser “certo”? ‘Nao. O mundo, infelizmente, defronta-se com multas questies tipo certo versus errado, Desde sonegar impostos até menti 20 " ‘sob juramento, de passar no farol vermelho a aumentar a conta ‘das despesas, de comprar meia-entrada no cinema com uma car> ‘wirinha forjada a exagerar sobre os danos eausados a seu carro no aviso de sinistro pare reeeber mais da seguradora ~ 0 mundo std repleto de exemplos que, mesmo ordinérios, so amplamente considerados errados. Mas as escolhas certo versus errado so muito diferentes das escolhas certo versus certo. Estas tocam rnossos valores mais profundos e central, eoloeando uns con- ‘tra 0s outros de uma maneira que nunca seré resolvida simples- ‘mente fazendo de conta que um deles é "errado”, As escolhas ‘certo versus errado, a0 contrério, nfo tém tanta profundidade: ‘quanto mais voc8 se aproxima delas, mais elas comecam a dar sinais de sua natureza. Duas expresses comuns demonstram es- ‘sas diferengas: podemos chamar as escolhas certo versus certo de “dilemas éticos” e reservar a expressio "tentagdes morais” para as escolhas certo versus errado. ‘Quando as pessoas boas se defrontam com escolhas difices,rara- mente 6 porque esto diante de uma tentagio moral S6aqueles que vivern em um vewo moral podem dizer: “De um lado, esté o bom, 0 certo, o verdadeiro, 0 nobre. Do outro, esté 0 ruim, 0 maldoso, 0 falso, 0 vil sinto-me igualmente atraido por ambos". Se ved j defini um lado como claramente "errado", geralmente no vai con- sideré-o seriamente. Diante das alternativas de diseutir com seu chefe ou ameagéclo com um revélver no estacionamento, voeé no ver a diltima como uma opgio. Certamente, podemos ser tentados fazer algo errado — mas $6 porque oerrado parece sero correto, ‘mesmo que s6 por wm momento, A maioria das pessoas s6 precisa ‘de um pouco de reflesio para roconhecer uma tentagio moral dis- fiargada de um dilema ético, Assim, as escolhas realmente difieis no se referem ao certo versus errado, Elas envolvem o certo versus 0 certo. Sio dilemas ‘genuinosjustamente porque cada um dos lados est firmemente en- ralzado em noss0s valores bsics ecentrais. Quatro desses dilemas a so to comuns em nossa experiéneia que se destacam como models ‘paddes ou paradigmas. Sd ces + Verdade versus lealdade + Individuo versus comunidade * Carto prazo versus longo prazo * Justiga versus compaixio ‘Os nomes para esses padres so menos importantes do que as ‘jas que refletem: independentemente de falarmos em lei versus amor, ou eqiidade versus compaixdo, ou justia versus afeigio, ‘estamos falando em alguma forma de justiga versus compaixao. O “mesmo acontece com 0s outros. Mas, embora os nomes possam ser is, 0s eonecitos no sio: esses quatro paradigmas parecem io fundamentais para as escolhas certo versus certo enfrenta- jpor todos que podem ser chamados de paradigmas de dilema. ‘asses paradigmas sio explicados mais detalhadamente nos eapiti- ‘Tos-inco ese, Aqui, contudo, esté um exemplo de cada: + Verdade versus lealdade. Como profissional quetrabalhava ‘uma grande empresa de seguranca eletrinia, Stan viu-se em a uma grande preocupagio sobre corts de pessoal. De tempos tempos, aparentemente,a alta geréncia cortava pessoal quando 10 Fareava — para contratar de novo logo que as coisas Assim, Stan e seus colegas suspetaram do pior quan que os executivos estavam novamente tendo reunides a fochadas. cchefe de Stan, porém, era um bom amigo — e também um Ent, Stan nfo viu nada de mais em perguntar-The sobre ro. Seu chefe explicou detalhadamenteo plano de contingén- tmencionando que, se os eorts fossem nevessérios, Jim, um \de Stan, perderiao emprego. E também deixou claro que Stan, \deveria comentar nada sobre essa informagio contiden 22 Poueo tempo depois dessa conversa, Jim procurou por Stan & perguntou se este poderia confirmar os boatos de que ele estava ameagado de perder 0 emprego. Esse pedido mergulhow Stan no dilema verdade versus laldade. Como ele sabia da verdade, a hones- ‘tidade inclinava-o a responder. Mas havia prometido ao chefe que ‘io quebraria a confidencialidade, e sentia muita lealdade diante esse relacionamento, ‘Qualquer esolha estara “cera”. Eel io podiaescolherambas. + Individuo versus comunidade. Em meados da déeada de 1980, o administrador de uma casa de repouso para idosos na Clima ‘recebeu uma carta de um hospital universitério prximo, para o qual ‘esse idososcostumavam ir quando precisavam de cuidados médicos. ‘A carta lembrava que recentemente cinco idosos haviam sido opera ‘dos no hospital informava sobre as suspitas da equipe médica de ‘que parte do sangue usado em transfusbes no hospital poderia estar ‘contaminada com o virus HIV. Embora deixando claro sobre a proba bilidade de infeeglo ser baixa, a carta pedia-Ihe que telefonasse mediatamente ao hospital e mareasseexames para os eincoidosos. ssa carta trouxe-The uma questio direta: o que dizer e a quem formar? Considerando-se o poueo conhecimento pili e profs sional sobre a aids — lembre-se de que iso aconteceu em meados a década de 1980, quando a doenga era pouco entendida eas nor ‘mas legais no estavam definidas —, ele sentin que, se comtasse & sua equipe, espalharia tanto medo que os atendentes poderiam re- ceusar-se a entrar nos quartos dos cinco idosos, tornando imposstvel, cuidar minimamente dees. Mas suponha que, se ele no contasse cequipe alguém contraisse aids: certamente, ele seria o culpado. ‘Nofim dascontas, os cinco izeram o teste enenhum deles obteve resultado positivo, Mas esse fato erucial nfo era conhecido na hora da decisio. 0 que devera fazer? Por um lado, ele sabia que era certo respeitaro:dieitosindividuais dos cineo idosos — a privacidade de seu histérico médico, a expectativa de um euidado delta qualidade 23 de repouso, sua dignidade como vera certo nlo dizer nada, oto lado, ele sabia que era certo proteger a comunidade diante 8. A equipe nfo havia sido contratada para um trabalho Quase todos se consideravam trabalhadores voluntirios ‘membros de uma profissio que colocam a vida em perigo por ‘isso nobre e que foram preparados por treinamento inten- incio todos ligassem dizendo doentes, eles tinham o diteito de ser protegidos para euidando dos outros idosos. Entio, era certo dizer aces. ols lados estavam certos, mas ele nio podia fazer as dias ividuos. Em outras ps razo versus longo prazo. Quando se formou em na faculdade, Andy encontrou um bom emprego em sua -easou-se teve dois flhos. Doze anos depois, foi para outra a que Ihe prometeu promogées a cargos de geréncin. Sendo ‘Pai devotado, admirava a dedicacio da esposa na eriagio dos Mas também sabia que os ios pré-adoleseentes se benefi- muito de sua amizade e de seus conselhos paternos — espe- -quando chegaram ao que ele ea esposa perceberam como perfodo de transigio. Entio, ele se comprometeu a passar ‘tempo com eles, jogando futebol eajudando nas tarefas es- ele também gostava muito do trabalho e sata-se bem nele. ficou visivel que, para subir nos esealdes de geréncia, feursar um MBA. Uma universidade proxima oferecia um. tipo em um formato atraente de noites fins de semanas permitiriacontinuar trabalhando em periodo integral. Mas mmeteria os proximos anos de sua vida e jogaria quase sasatividades da famfla sobre os ombros da esposa. de Andy colocava o curto prazo contra o longo prazo. ia que era certo suprir as necessidades da familia a eurto 24 _pravo—fiear perto de seus filhos num momento em ques influéncia ‘do pal parecia tio importante. Mas tambim era certo cuidardas ne- ‘cessidades da familia a longo prazo — preparar-se com una forma «o que Ihe proporeionaria maiores ganhos no futuro, quando teria, de pagarafaculdade dos filhos. [As duas opges eram certas, mas ele ni podia eseolherambas. + Justica versus compaixiio. Como editor de um grande jornal diéro, eu era encarregado de virios departamentos. Como quase to- os os jornais, tinhamas artigos sobre edueago, ios, cidnca e artes, = além de cares, xadez, celebridades, jardinagem e euliniria. Logo pereebi que o que fizia qualquer um desses departamentos sair-se bem. cera a habildade para escrever — e que, mesmo em freas pelas quai ‘eu nio tna um interesse perceptivel, uma histéria bem contada po- ia prender mina atencio tanto quanto uma manchete de primeira ‘gina, Assim, sempre procurdvamos contratarjovens que, além de ‘qualquer outro talento, fssem bons redatores, Havia uma jovem assim na sego de culinéria. la viera de uma ‘das melhores faculdades do pas, progredira rapidamente atéchegar ‘aassistente editorial eregularmente assinava matéria. Entio, oer to dia de verio, quando soube que ela entregara um artigo sobre (9s morangos do Maine, fiquei eontente ao vélo na fila de artigos a serem publicados. No dia seguinte, minha ateneao fol desviada do monitor de mew computador pela editora de culinéria — uma mulher com déeadas, deexperiéneia, umadas melhores na rea, que estavadepé, silen- ciosa, diante de minha mesa, im uma das maos, ela tazia uma co pia do artigo sobre morangos entregue por sua jovem assistente. E, na outra mio, um livzo de receitas. Colocou ambos na minha mesa Enns paginas do livro encontreio artigo da jovem funcionéria, pa- lavea por palavra. HA poucos pecados mortais no jornalismo, mas um é imper- ofvel: 0 pligio, Nada deve ter mais énfase na mente dos jovens 25 Jornalistas, nada destrt uma earreira mais depressa, nada fraud mais os seus leitores, e nada é mais difil de detectar. Esse no era lum dilema ético certo versus certo, Para nossa jovem colega, era Jum simples easo de tentagio moral, de certo versus errado — e ela ‘optara pelo errado. ‘Para mim, eontudo, era um dilema tio, Vi-me dividido entre dois less confitantes. Uma parte denim queria salar da cadeira, passar editora de eulindsa eirdireto mesa da asstente —viraramess, Ja pelo peseogo, joila na ua egritar:“Nunes jamais ous volar ‘que eu nuneasaiba que voto a trabalhar como jomalista!”. Outra de mim queria iratéa mesa dela, puxar uma eadcracalmamente dizer; “O que deu em voc? Sabe muito bem que sso nio se fa! Hit ‘errado em sua vida pessoal que eu nio eseja sabendo? Vamos “um café — woe e eu temas de conversa”. Em outraspalaveas, parte de mim queria que a justga fosse feta a pro — punigiorpida e cesta um exemplo para os outros jor- =, apesar de que se eu agisse assim metade da redagio pode- ficar resmungando: "Fascista sem coracio, é rigido demais, nem Import. A outra parte de mim queria ser compassiva, estender a em ma situagio que parecia prcisar desesperadamente de com

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